Finalizada em: 28/11/2019

Prólogo

Chequei meu relógio mais uma vez antes de olhar as diversas pessoas entrando no CT do Parma e respirei fundo, bufando mais uma vez. Faltava cinco minutos para as oito, ele já deveria ter chegado. Revirei os olhos e segui em direção à fila, se ele queria perder essa chance, eu não perderia. Esperei a minha vez, segurando minha mochila e o homem do outro lado da mesa me recepcionou com um sorriso.
- Buongiorno, nome? – Ele perguntou.
- , . – Falei rapidamente. – Feminino. – Ele procurou meu nome entre os crachás e me entregou um com meu nome.
- Pode seguir pela arquibancada e esperar lá embaixo, logo começaremos. – Confirmei com a cabeça e ouvi um ronco alto de moto quando eu estava na porta.
Observei parar em um lugar claramente proibido e descer da mesma com sua mochila nas costas, nem capacete esse infeliz usava. Ele piscou em minha direção quando passou por mim e foi para a fila. Revirei os olhos e segui pelo caminho indicado, vendo vários concorrentes pela vaga no time oficial do Parma, feminino ou masculino.
- Podia ter me esperado. – Ouvi sua voz atrás de mim e revirei os olhos.
- Você está atrasado! – Falei rispidamente. – Falei sete e meia, já são oito horas. – Bufei e me sentei no primeiro degrau, puxando meus tênis para fora e pegando as chuteiras na minha mochila.
- Adoro você irritadinha. – Ele estalou um beijo em minha bochecha e eu virei o rosto para o lado contrário.
- Foca, ! Isso é sério! – Bufei. – Nossas carreiras dependem disso.
- Eu sei, mas eu não estou nervoso, vai dar tudo certo. – Virei o olhar para ele, vendo-o jogar os cabelos cumpridos para trás e suspirei.
- Também, nem sei por que está aqui, você joga nas categorias de base do Parma desde que nasceu, praticamente. – Suspirei.
- Desde os 13 anos, não exagera! – Suspirei.
- Mesmo assim, você está dentro. Certeza!
- Você também! – Ele disse. – Você é a melhor atacante que eu já vi jogar. Tem uma arrancada que deixa as categorias de base do Parma no chinelo. – Ri fracamente e o vi sorrir.
- Eu sei, mas não tenho toda essa experiência que você tem, comecei faz três anos, você joga desde... Quantos anos mesmo?
- Seis! – Ele disse e eu assenti com a cabeça.
- Exatamente. – Ele passou o braço pelos meus ombros e eu suspirei.
- Relaxa, garota. – Ele disse e eu sacudi os ombros, tentando copiá-lo.
- Isso é muito importante para mim, ! Eu não posso falhar, minha mãe disse que essa é a minha última chance, se essa não der certo, eu volto para Inglaterra. – Fechei os olhos. – E vou estudar economia. – Senti meu corpo arrepiar. – Argh! – Reclamei e ele riu, apoiando a cabeça em meu queixo.
- Vai dar certo, afinal, não podem nos separar. Estamos juntos há, o quê? Três anos?
- Cinco meses. – Falei sem ânimo e ele riu fracamente.
- Vai dar certo! – Assenti com a cabeça. – Agora, vai! Me dá um beijo decente! – Virei o rosto ainda a contragosto e segurei seu rosto com uma das mãos e colei nossos lábios rapidamente. – Agora sim estamos prontos. – Sorri e assenti com a cabeça, voltando a focar em amarrar minhas chuteiras.
Terminei e tirei o casaco, já ficando a postos com minha roupa já surrada de jogo. fez a mesma coisa do meu lado, mas, diferente de mim, vestiu as luvas de goleiro também. Assim que finalizou, ele passou o braço pelo meu ombro e me trouxe para perto de si.
Eu estava na Itália há um ano lutando pela chance de me tornar uma jogadora de futebol. A Itália tinha um dos maiores e mais tradicionais futebóis da Europa e era aqui que eu queria começar minha carreira profissional. Inglaterra tinha seu futebol, mas não era nada comparado com aqui. Na Itália era tudo diferente e mais emocionante.
Eu viajava pelas cidades e times mais tradicionais para fazer testes, já havia recebido alguns nãos, outras chamadas, mas acabei conhecendo quando cheguei em Parma. Ele já jogava futebol há muito tempo e estava há quatro anos nas categorias de base do time da cidade, além de ter um talento fora do comum. Acabamos nos envolvendo de forma totalmente não planejada, mas ele acabou mexendo uns pauzinhos e me inscreveu no teste para o time feminino.
Mas o pior de tudo era o meu prazo. Ou eu passava nesse teste, ou teria que voltar para casa e fazer o que minha mãe queria. Eu não podia fazer isso, voltar significava assumir minha derrota e talvez nunca viver do futebol, eu não aceitava isso. Precisava de uma força maior que para me ajudar a passar nesse teste.
- Vamos começar! – O organizador falou. – Teste feminino do lado esquerdo e masculino do direito.
Eu e nos entreolhamos e ele deu mais um beijo em minha bochecha antes de se levantar. Segui atrás dele e soltamos nossas mãos quando entramos no campo, seguindo para lados diferentes.
- Faremos exercícios de treino e um jogo, no final decidiremos os nomes para a próxima fase. – O mesmo organizador falou e eu e diversas meninas ao meu lado confirmamos.
- Vamos lá, meninas! – O treinador falou. – Quero vocês divididas pelas suas posições, caso você não saiba a sua, não deveria nem estar aqui. – Ele falou firme.
O teste correu o dia inteiro. Corremos, pulamos, saltamos, caímos e jogamos! Eu não sabia dizer se as meninas deram tudo de si, assim como eu, mas eu havia dado meu melhor. Os cabelos haviam bagunçado no rabo de cavalo, o suor escorria em meu rosto e embaixo dos seios, além da respiração ter bagunçado após cinco horas seguidas de trabalho extremo.
- Muito bom, meninas! Vi bastante garra aqui hoje, não via isso há bastante tempo. – Ele falou. – Nós selecionaremos cinco de vocês para a próxima fase, as demais, agradecemos pelo teste, mas vocês podem continuar treinando para os testes do ano que vem. – Suspirei, conhecendo já aquele discurso de cor. – Vamos às aprovadas: Pietra, Giovanna, Katherine, Françoise e Luiza! – Ele falou e eu suspirei, colocando a mão na minha testa. – Parabéns! Às demais, obrigada pela garra, quem sabe no ano que vem? – Ele falou e eu engoli em seco.
Era isso. Meu sonho havia acabado antes mesmo de começar.
Suspirei e vi as meninas comemorando e só tirei o colete do treino e entreguei para o treinador, saindo do campo. Queria correr e chorar até amanhã, mas nem isso eu era capaz agora. Olhei do outro lado do campo sendo cumprimentado pelo treinador do time masculino e revirei os olhos. Era óbvio!
Não me dei ao trabalho nem de tirar as chuteiras, só peguei minha mochila e subi à arquibancada de novo, querendo sair dali o mais rápido possível, sentindo os pés deslizarem no chão com areia do lado de fora e me segurei em um primeiro poste para evitar que eu ainda caísse de bunda no chão ao deslizar.
- ! – Ouvi alguém gritar meu nome e suspirei, respirando fundo. – , espera!
- O quê? – Falei um pouco alto, vendo em minha frente.
- Aonde você vai? – Ele perguntou.
- Para casa, eu não passei, caso não tenha ficado claro. – Suspirei.
- Como assim? Você foi a melhor hoje! – Ele me segurou pelos ombros.
- Aparentemente não, talvez eu nem seja tão boa quanto acho. – Suspirei, passando as mãos no rosto.
- Você é! – Ele falou firme. – Pare de não acreditar em si mesma, certeza que isso foi comprado, devem ser jogadoras já do Parma.
- Como você?! – Falei rapidamente sem pensar e vi a confusão em seu olhar, me arrependendo do que havia falado.
- Você realmente acha que eu comprei meu lugar aqui?
- Você que disse, qual seria a diferença do feminino para o masculino? – Falei, ajeitando a mochila das costas e abanei a cabeça.
- Não posso acreditar nisso. – Ri fracamente.
- Você realmente não pode acreditar nisso, ? Quando as mulheres tiveram algum tipo de prioridade nesse esporte? Quando elas conseguiram algo pelo seu mérito? – Neguei com a cabeça. – O sonho já é difícil, mas para nós é muito pior. – Suspirei.
- Talvez, mas você não pode ir embora. – Ele me segurou pelos ombros.
- Acabou, ! – Dei de ombros. – Era minha última chance. Minhas oportunidades acabaram, meu tempo acabou e meu dinheiro também. – Puxei a respiração, tentando não chorar.
- Têm vários outros times no mundo, . Espanha, França, até na Inglaterra, não faça isso. – Engoli em seco.
- Eu prometi minha mãe que voltaria caso isso não desse certo. – Arqueei os ombros. – Não deu certo, hora de voltar para casa.
- E a gente? Qual é! – Ele segurou meu rosto com as mãos.
- Eu não tenho dinheiro, até eu recuperar em algum emprego leva um tempo, e não quero depender de você, nós mal nos conhecemos. – Ele deu uma risada sarcástica.
- Achei que éramos algo sério. – Ele falou. – Que estávamos chegando em algum lugar. – Franzi os lábios.
- Talvez, mas eu não consigo mais. Preciso assumir a derrota e ir embora. – Suspirei.
- É isso, então? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Não sei, mas não é agora que eu vou decidir isso.
- Sabe, dessa forma parece que você me usou. – Bufei alto, revirando os olhos. – Para conseguir esse teste.
- Claro, porque foi totalmente intencional. – Fui irônica, sentindo os olhos arderem de tanto rolá-los. – Vê se me erra, ! – Falei firme.
- Sempre vai ser o futebol para você, não é mesmo?
- Se eu tiver uma chance, sim! – Falei firmemente.
- Bom saber! – Ele riu fracamente, se afastando.
- Me diga, então. Se fosse o contrário, você não escolheria também? – Perguntei e ele virou para mim uma última vez, mas se manteve calado. – Foi o que eu pensei! – Falei rapidamente e segui andando pelo meu caminho.


Capítulo Único

Atravessei o corredor quando ouvi a campainha tocar e baguncei os cabelos do meu filho quando passei por ele e quase saltitei até a porta, checando pelo olho mágico antes de abrir a porta, encontrando minha irmã mais nova ofegante na porta.
- Estou atrasada. – Ela falou e eu afirmei com a cabeça.
- Está mesmo, entra aí, ele está na cozinha desenhando! – Saí em sua frente e ouvi a porta bater.
- Desculpa, o professor acabou enrolando para liberar. – Ela suspirou e voltamos para a cozinha. – Quem é o lindo da tia? – Ela falou com voz de criança para Sebastian e eu ri fracamente, revirando os olhos.
- Tia Kelly! – Sebastian falou animadamente, largando seus lápis de cor e pulando na tia mais nova.
- E aí, menino? O que faremos hoje? – Ela o abraçou fortemente e eu sorri.
- Sorvete? – Ele fez uma careta engraçada e eu ri fracamente, revirando os olhos.
- Estou sabendo que alguém acabou de parar de tossir, melhor não, hein?! – Sorri e ela o colocou no chão novamente.
- Parquinho, então? – Ele falou sorridente e ela assentiu com a cabeça.
- E um croissant de chocolate, que tal? – Sorri. Kelly só tinha 25, ela entendia Sebastian muito mais do que eu.
- Sim! – Ele falou animado.
- Eu preciso ir, já estou atrasada. – Falei, pegando minha mochila e ela encostou no batente da porta.
- Vai para onde hoje? – Ela cruzou os braços.
- Madrid, Santiago Bernabéu. – Suspirei.
- Hum, meu time? – Ela falou tentada e eu ri fracamente.
- Não é porque você acha o Cristiano Ronaldo gato, que é seu time. – Ela ponderou com a cabeça. – Mas é, Real Madrid e Juventus, válido pelas quartas da Champions League.
- Juventus? – Ela franziu a testa. – Espera aí, Juventus não é do time daquele goleiro que você namorou quando morou na Itália lá atrás?
- Dessa forma você faz eu me sentir velha, mas é sim.
- Temos 15 anos de diferença, irmãzinha. Você é velha para mim. – Revirei os olhos e ela riu abertamente. – Mas pode?
- Faz mais de 20 anos, Kelly, nunca mais nos vimos. – Ela me encarou. – Acho que esse é o primeiro jogo da Juventus que eu apito na vida.
- Será? – Ela perguntou.
- Eu entrei na liga de juízes da UEFA faz um ano, antes eu só apitava aqui na Inglaterra mesmo. – Dei de ombros. – Começaram a valorizar juízas nos jogos masculinos agora. – Revirei os olhos.
- Que orgulho da minha irmã. – Ela falou sonhadora e ficou séria novamente. – Mas eu acho que você não pode apitar, pode? Tipo, faz tempo, mas, mesmo assim, você teve uma relação com ele.
- Bom, agora é tarde demais.
- . – Ela me chamou firme. – Você precisa denunciar, pode dar problemas. Sua carreira alavancou agora, não faz merda.
- Que problema vai dar, Kelly? Que problemas poderia dar para um goleiro? – Coloquei as mãos na cintura.
- Não sei, mas não faz besteira, ok?! Seja o mais imparcial possível. – Ela falou com as mãos coladas.
- Eu tento sempre. – Suspirei. – Eu tenho que ir, volto amanhã hoje à noite ou amanhã cedo, depende do horário que acabar, ok?! – Abracei-a rapidamente e segui até meu filho de oito anos. – Mamãe está indo, amor. Se comporta e obedeça a tia Kelly, ok?!
- Ok, mamãe. Amo você. – Sorri.
- Também te amo, pequeno. – Senti ele estalar um beijo em minha bochecha. – Tchau, gente!
- Você também precisa dar um jeito no seu ex-marido, ele não podia ficar com o garoto? - Kelly bufou, sussurrado.
- Atualmente, estou querendo Alexander o mais longe possível de Sebastian. – Revirei os olhos. – Aquele foi o pior lugar em que eu poderia amarrar meu burro e você sabe disso.
- Sei bem! – Ela riu fracamente. – Até a volta.
- Até, qualquer coisa me liga! – Dei mais um beijo em sua bochecha e saí porta afora, pegando o celular em busca de um Uber para me levar ao aeroporto.

Entrei no estádio escoltada por três seguranças e segui de cabeça baixa por entre os corredores. Pelo horário, as duas equipes já deveriam estar treinando no campo, então não teria encontros inesperados. Segui para o vestiário da arbitragem e entrei na mesma, encontrando os outros dois bandeirinhas, além do auxiliar, que me acompanhariam naquele dia.
- Boa noite. – Acenei para todos, cumprimentando-os com a mão.
- Bom te ver novamente, . – O que eu reconheci falou e eu sorri.
- É bom estar aqui. – Sorri, colocando minha mochila na área reservada para mim e peguei a roupa preta estendida ali e entrei em uma das cabines para me trocar sem os olhares curiosos dos homens no vestiário.
Troquei o sutiã pelo top de ginástica e vesti o short e a blusa, bagunçando os cabelos com esse feito. Saí descalça da cabine e me sentei no meu local para colocar as caneleiras, meias e calcei as chuteiras pretas. Me levantei com os olhares atentos de um dos bandeirinhas e evitei revirar os olhos. Me aproximei do espelho na pia, e fiz um alto e forte rabo de cavalo, molhando rapidamente as mãos na água e enrolando o cabelo para que ele não espanasse.
Voltei para meu lugar e comecei a fazer alguns alongamentos de braços, quadris e pernas. Aproveitei e fiz algumas corridas no lugar, além de esticar todos os movimentos do corpo possíveis. Havia comido uma banana no caminho para cá, mas nunca era demais evitar cãibras.
- Sabe, queria eu estar no seu lugar. – Martin falou. – Mas fico feliz que uma mulher ganhe espaço nessa competição e nesse esporte.
- Obrigada, é muito importante para todas as mulheres. – Batemos as mãos rapidamente umas na outra e vimos a porta ser aberta.
- Prontos? – Um organizador perguntou e eu puxei o ar fortemente e segui para os outros itens da arbitragem, apito, cartões, ponto e microfone, além de checar meu relógio mais uma vez.
- Horários sincronizados? – Perguntei. – 21 horas e 39 minutos. – Falei.
- Confere! – Os outros três falaram juntos e assentimos com a cabeça.
- Estamos prontos! – Falei para o organizador e ele abriu a porta, me fazendo seguir na frente e respirei fundo ao ver alguns jogadores de branco e amarelo já na concentração.

Puxei o ar fortemente e suspirei, vendo Martin assentir com a cabeça e sorrir. Retribuí o gesto e me senti grata pelo apoio. Era difícil ser juíza nesse esporte, ainda mais no futebol masculino, pelos olhares, parecíamos que não éramos valorizadas e eu sabia há mais de 20 anos que essa luta era diária e ainda estávamos longe de conquistá-la.
Observei do fundo do túnel o alto tomando o primeiro lugar na fila da Juventus, de capitão, conversando com seus colegas de time e respirei fundo. Ele não havia mudado nada. Continuava bonito e sorridente, realmente só havia ficado velho, mas isso eu também. Confesso que eu odiava como ele havia conquistado o mundo e grandes coisas em sua carreira, enquanto eu desisti aos 17 anos e só voltei como árbitra depois dos 28. Eu sabia que isso era inveja, mas eu lembro o quão difícil foi deixar o futebol e ele para trás, mas eu tinha feito uma escolha, só não sabia que seria para sempre.
Percebi que estava parada há um longo tempo e segui em frente, passando entre a fila dos dois times e notei olhares de todo jogador que eu passava, independente do time, me fazendo arrepiar um pouco. Quando passei por , percebi seu olhar confuso, só não sabia dizer se ele havia me reconhecido ou só compartilhava a surpresa de ter uma mulher bonita como juíza em um jogo masculino.
Respirei fundo e pensei no peso desse jogo. O Real Madrid havia vencido de três a zero na Itália, para a Juventus passar, eles precisavam pelo menos de quatro gols, ou três e levar para a prorrogação. Era difícil, mas já havia visto o difícil acontecer em outras oportunidades nessa temporada. Fiz um rápido sinal da cruz, pedindo paciência e claridade para dar um jogo justo para o estádio lá fora.
- Em três, dois, um... – O organizador falou e eu coloquei as mãos nos ombros da loirinha cacheada em minha frente e começamos a andar em frente, quando passamos pela bola do jogo, ela pegou a mesma e eu tentei não parecer surpresa quando saímos para a luz dos holofotes.
O estádio estava verdadeiramente lotado e gritavam com a entrada dos jogadores. As câmeras filmavam loucamente e eu engoli em seco, respirando fundo. Me coloquei ao centro do campo e vi os outros árbitros e os times se abrirem nas minhas laterais junto das crianças. Mantive as mãos apoiadas nos ombros da criança e o hino da Champions League começou a tocar em alto e em bom som, fazendo meu corpo arrepiar.
Tentei manter meu rosto fixo para frente, respirando fundo enquanto a música tocava, tentando espairecer de tudo, limpar a mente e esquecer tudo o que havia acontecido na minha vida, na minha carreira, até entre mim e o goleiro do meu lado esquerdo.
O hino acabou e o estádio começou a gritar animado, as crianças saíram e o time da Juventus foi o primeiro a cumprimentar e o capitão foi o primeiro a chegar em mim. Seu olhar estava fixo no meu, como se procurasse o meu, mas foi rápido demais para isso. Ele tocou minha mão rapidamente e seguiu em frente, trazendo o resto do time atrás de si. Após isso foi a vez do capitão Marcelo iniciar os cumprimentos do Real Madrid e seguiram para o lado contrário.
Coloquei a bola no chão e vi os dois capitães vindo em minha direção. tinha me reconhecido, seus olhos estavam estreitos e focados nos meus. Engoli em seco e parecia que seus olhos queriam perguntar se era eu mesma ou o que eu estava fazendo ali, mas desviei o olhar quando Marcelo também chegou e eu puxei a moeda de meu bolso. Eles se abraçaram fortemente sorrindo e quis sorrir também.
- Boa noite, senhores. Esquerda cara, direita coroa. – Apontei para ambos os lados e joguei a moeda para cima, pegando-a no ar e colocando nas costas da minha mão. – Cara, campo ou bola?
- Bola. – Marcelo falou e eles sorriram.
- Ficaremos aqui mesmo. – falou como era de praxe e Marcelo brincou por estar bem do lado esquerdo.
- Podem se organizar. – Falei e franzi o rosto novamente quando se afastou para o gol ainda me encarando.
- Boa sorte, pessoal. – Falei e a arbitragem se cumprimentou e cada um seguiu para o seu canto.
- Boa sorte, . – Martin falou e eu acenei com a cabeça, seguindo para o meio de campo, aonde os jogadores já estavam posicionados.
Olhei para o céu mais uma vez e coloquei o apito na boca, checando o horário mais uma vez e coloquei a mão no ponto.
- Em suas marcas? – Perguntei no microfone.
- Sim.
- Sim.
- Sim.
- Vamos lá! – Os quatro confirmaram e eu assoprei o apito, ouvindo o estádio voltar a gritar e Isco sair com a bola para o Real Madrid.

Deixa eu explicar um pouco sobre o trabalho de um árbitro: eu preciso marcar todos os lances de conflito, correr aonde a bola corre, mas ficar fora do movimento dos jogadores, só que perto o bastante para que eu possa marcar corretamente. Além de que eu também precisava correr tão ou mais rápido que os jogadores e, quando o jogo era masculino, eles acabavam correndo uma média um pouco maior que das mulheres. Não fazia muita diferença, mas eu corria de um a dois quilômetros a mais em jogos masculinos.
O Real Madrid começou recuando a bola para Navas, goleiro deles, devagar. A bola recuou e foi para o pé da Juventus, passando por Douglas Costa, Khedira que atravessou para Mandžukić que deu uma cabeceada para dentro do gol, fazendo parte do estádio comemorar.
Olhei o relógio, dois minutos e um gol totalmente válido. Acho que a Juventus estava a fim de vencer hoje.
O jogo seguiu e Douglas Costa veio em outra arrancada, dessa vez eu estava um pouco mais afastada, ele tentou fazer o cruzamento, mas Navas formou uma parede para a bola e ela acabou saindo para Varane que a devolveu para Marcelo, fazendo o jogo seguir.
Dessa vez a bola foi para o lado merengue e Modrić fez o passe para Cristiano que devolveu para Modrić e passou para Bale que fez o chute. se jogou no chão e evitou que a bola passasse. Bale deu de calcanhar tentando o rebote, mas bateu na rede do lado de fora, causando alívio da torcida da Juventus. O assistente marcou saída de bola e foi tiro de meta de .
A bola logo voltou para o campo da Velha Senhora, Cristiano conseguiu driblar Benatia e fez um chute, se jogou novamente e formou uma parede para a bola não passar, Isco tentou o rebote, acertando para dentro do gol, mas eu apitei, declarando o gol como impedido. Isco estava na frente de Higuaín e Douglas antes do lance, sem chances.
O jogo seguiu e foi a vez da bola ir para o campo do Real Madrid, Isco tentou uma arrancada para o campo preto e branco, mas Pijanić deu uma entrada perigosa e eu apitei novamente, me aproximando do jogador bósnio e procurei pelo cartão amarelo do bolso e ergui para o mesmo, recebendo aquele olhar de conformação do mesmo.
O técnico da Juventus aproveitou a parada e fez uma substituição, tirando o número dois Mattia De Sciglio e colocando o 26 Stephan Lichtsteiner.
Carvajal deu uma entrada violenta em Mandžukić, deixando-o jogado no campo por longos minutos. A equipe médica da Juventus entrou no campo com minha permissão e fiquei próxima para ver se aquilo era fingimento ou se era de verdade. Quando percebi que era para valer, me aproximei de Carvajal e ergui o segundo cartão amarelo da noite. Após dois minutos a partida foi recomeçada e algum tempo depois Mandžukić deu o troco e deu uma entrada perigosa em Carvajal, me fazendo levantar o terceiro cartão naquele dia.
O jogo recomeçou e o Real Madrid perdeu duas oportunidades de gol seguidas: uma de Marcelo que foi para fora, outra de Isco, a qual defendeu para fora. Além disso, Lichtsteiner fez uma falta em Cristiano e Khedira sofreu uma de Toni Kroos. Quando Lichtsteiner cometeu uma segunda entrada perigosa em Cristiano, eu ergui outro cartão amarelo.
A falta foi cobrada, mas a bola logo voltou para a Juventus, para os pés de Khedira que passou para o recém-entrado que fez uma longa passada e mandou para Mandžukić novamente. Ele cabeceou e mandou para o fundo do gol novamente, me fazendo arregalar os olhos. Dois gols idênticos logo no primeiro tempo. Realmente, a Juventus estava a fim de passar, mais um e ele tinha um hat-trick e um jogo totalmente empatado.
Passando os 45 minutos, pedi pelo microfone um acréscimo de três minutos e Chiellini acabou cometendo uma falta em Cristiano ao tentar impedir uma arrancada. Marquei a falta e Kroos a cobrou, Varane a encontrou na pequena área e deu uma cabeceada, fazendo-a encontrar o travessão. Isco tentou o rebote, mas explodiu na defesa da Juventus e Pijanić fez a arrancada para o outro lado.
Alex Sandro sofreu uma falta cometida por Casemiro e eu chequei o relógio antes de apitar o fim do primeiro tempo, me fazendo respirar fundo um pouco. Saí juntos dos auxiliares pelo túnel e seguimos para o vestiário dos juízes antes que os jogadores chegassem no mesmo. Aproveitamos para respirar fundo e nos hidratar. 15 minutos era pouco para fazer isso, mas era para isso que eu treinava exaustivamente e melhorava minha condição física cada dia mais.

Voltamos para o segundo tempo e antes do apito, o Real Madrid tirou o Bale 11 e colocou o Asensio 20, e tirou Casemiro 14 e colocou Vázquez 17. A Juventus saiu com a bola dessa vez, fazendo eu e os jogadores seguirmos para o lado do Real Madrid, mas a história mudou de figura quando voltamos e Vázquez fez um passe longo demais para Asensio e eu apitei, encontrando-o em posição irregular.
A bola voltou para o campo do Real Madrid e Higuaín fez a passada para Douglas Costa que mandou para fora. Depois desse lance, eu marquei oito faltas seguidas por entradas violentas e vinda dos dois lados, então não poderia ser só a Juventus que estava lutando. A bola foi para os pés de Vázquez e ele fez o longo passe para Cristiano Ronaldo e o mesmo finalizou, mas defendeu a mesma, mandando-a para o lado esquerdo do campo.
Ok, eu assumo, ele era bom para valer. Era bem diferente vê-lo jogar na TV e ao vivo.
A bola voltou para a Juventus e Pijanić fez o passe para Higuaín e esse finalizou, fazendo o goleiro Navas defender a bola. Higuaín tentou outro logo em seguida, mas Matuidi estava em posição irregular. Navas fez um tiro de meta muito longo para Cristiano e eu marquei o impedimento novamente.
Essa era difícil de acontecer: marcar impedimento vindo de assistência de goleiro.
A bola voltou para a Juventus e Douglas Costa fez a arrancada, dando o passe em profundidade e a bola encontrou Navas que a segurou, em um esbarrão de Matuidi, ele soltou a bola e o Juventino aproveitou a confusão de Varane e botou para dentro do gol.
Os jogadores do Real declararam mão, mas não vi nada, então desconsiderei a reclamação, seguindo de volta para o centro do campo. A Juventus havia conseguido empatar com o Real Madrid, agora era de quem conseguisse fazer. Ambos tinham três gols e a mesma quantidade em campo inimigo. Tudo podia acontecer agora.
O tempo foi passando e eu marcava faltas muito perto uma da outra. Alex Sandro cometeu uma entrada perigosa em Cristiano e eu dei um amarelo, Asensio tentou fazer uma finalização, mas a defendeu no cantinho da esquerda e Douglas recebeu um cartão amarelo por dar uma entrada perigosa em Asensio.
Ambos os times estavam perdendo bastante chances do gol, o nervosismo deveria estar começando a dar sinais reais de vida e começando a bagunçar a cabeça deles: Varane perdeu uma após escanteio de Kroos, Alex Sandro também perdeu após assistência de Khedira. Khedira tentou finalizar com uma assistência de Mandžukić, mas nada também.
Aos 77 minutos, Douglas Costa tentou um passe em profundidade para Pijanić, mas esse estava em posição irregular e eu marquei o impedimento. A bola voltou para o Real Madrid e Isco tentou uma finalização, mas defendeu a bola no cantinho do gol, mandando-a para fora e foi possível ver nitidamente seu alívio com esse lance.
O escanteio foi cobrado e Isco tentou driblar a defesa de Juve e Varane chutou muito forte, mandando-a para fora. Chequei o relógio e faltavam 10 minutos, mais possíveis acréscimos, ainda não havia decidido, mas estava empatado, qualquer coisa para evitar a prorrogação.
Douglas Costa sofreu uma falta de Marcelo e eu levantei outro amarelo para o jogador merengue. Real teve outra oportunidade por Cristiano com cruzamento de Carvajal, mas esse cabeceou para fora. Aos 90 minutos cravados, Benatia fez falta em Kroos e eu achei que tinha dado meu último cartão amarelo do jogo.
Achava.
Vendo a dificuldade em fazer gols, indiquei para o auxiliar levantar a tela de três minutos de acréscimo. Talvez um descanso seja o que eles estavam precisando para converter esse último gol antes de chegar aos pênaltis.
O jogo recomeçou e perto do final dos acréscimos, a bola voltou para o campo da Juventus, Kroos levantou a bola, Cristiano cabeceou e Vázquez correu já dentro da pequena área, colado em , para só dar o toque final, e era isso. Mas Benatia apareceu, tentando tirar a bola dos pés de Vázquez e acabou empurrando-o com tudo para frente.
Minha reação foi imediata: eu marquei o pênalti*.
A bola foi para as mãos de , mas sua reação também foi imediata: ele e todo o time da Juventus vieram para cima de mim, além de alguns do Real Madrid.
Tentei evitar o conflito direto, mas eu fui praticamente levada pela multidão de jogadores da Juventus que tentavam segurar um raivoso de não... Bem, me encher de porrada, talvez? Minha reação foi extrema, mas era um pênalti nos 93 minutos de jogo, ele queria que eu fizesse o quê?
- Você não pode fazer isso. Isso não é justo, isso não é certo, caralho! – Ele gritava para mim. Meu italiano estava um tanto travado, mas ele xingava e muito. – Você sabe que isso errado, você sabe que isso vai definir o jogo inteiro. Não faz essa merda, porra! – Ele gritava alto e seus companheiros de time tentavam afastá-lo de mim. Fiquei surpresa com a reação, não o via há anos, mas nunca havia visto-o dessa forma, não era assim que eu esperava falar com ele após o jogo.
Tentei andar para trás, vendo seis ou sete jogadores Juventinos ainda à minha volta, mas só conseguia focar nos olhos azuis de com algumas rugas já se formando entre eles.
- Isso é pessoal, não é?! Eu sei quem você é. Você não deveria estar aqui, porra! Você está fazendo de propósito. – Ele continuava gritando. – Vai, caralho, muda isso. Faça a porra do seu trabalho e mude.
Chega! Aquilo era a gota d’água, eu estava dando meu melhor na porcaria desse jogo, não havia mexido com questão de equipes e agora ele queria jogar nas minhas costas essa culpa? Fala para o jogador do seu time, idiota. Senti a mão escorregar para dentro do bolso da calça e eu peguei o segundo cartão, encaixando-o em meus dedos e levantei o cartão vermelho para ele.
Eu não queria respondê-lo para não dar para problemas, mas senti vontade de falar: esse é meu trabalho, seu idiota.
Os outros jogadores da Juventus até mudaram de direção, seguindo em minha frente novamente, tentando formar uma barreira entre mim e , mas ele desviou de todos e se colocou em minha frente de novo.
- Agora isso ficou pessoal. Você está ferrada, filha de uma puta. – Ele gritou e foi minha vez de aproximar bem o rosto do dele e gritar:
- Sai do meu campo agora! – Falei firme, apontando para fora e repeti os movimentos para os jogadores à sua volta. – Vai! – Vi eles dispersarem e virei o rosto para o reserva da Juventus, vendo o que eles fariam.

foi puto para o banco e o técnico optou por tirar Higuaín da linha e colocar o goleiro reserva Szczesny para fazer a defesa do pênalti. Voltei a marca de pênalti, vendo Cristiano Ronaldo se colocar na posição e acenei para ambos, dando as instruções tanto para a defesa, quanto para o possível rebote.
Afastei alguns passos para trás, saindo da possível linha de rebote e apitei, vendo Cristiano dar uma grande puxada de ar. Ele deu uma corrida rápida e meteu o pé direito na bola. Szczesny até foi para o lado certo, mas rasteiro, fazendo a bola sacudir o gol. Ele saiu correndo desesperado, arrancando a blusa e correndo para ficar em sua ridícula pose comemorativa.
Hum, homens. Era muito para minha cabeça.
Me aproximei do mesmo, erguendo um cartão amarelo para ele por comemoração excessiva, mas ele não estava nem aí. Alguns jogadores da Juventus ainda vieram em minha direção, mas era isso. Já estávamos quase em 100 minutos por duas cagadas da Juventus, minha cabeça já havia lidado muito com isso.
Pedi pela bola no centro do campo novamente e logo que a Juventus saiu com ela, eu apitei o fim de jogo, ouvindo o Santiago Bernabéu ir abaixo e eu respirei aliviada pelo final. Martin, o outro assistente, apareceu quase imediatamente ao meu lado para checar se eu estava bem.
- Tá tudo certo? – Ele perguntou e eu só sentia minha cabeça doer.
- Lá dentro. – Falei com ele e deixei a comemoração madrilenha lá fora e segui em direção ao túnel, tentando não parecer que eu estava correndo para fora dali.
Mas eu estava, os torcedores e jogadores da Juventus pareciam querer me comer viva e, apesar de estar certa, eu não queria pagar para ver. Desci pelo túnel, encontrando no último degrau, mas só desviei do mesmo, fingindo que nem o vi, e segui para o vestiário dos árbitros, fechando a porta quando entramos no mesmo.
- Como você está? – Stuart perguntou.
- Com medo. – Falei honesta, respirando fundo. – Eu achei que fosse apanhar.
- Todos achamos, eu quase invadi o campo com medo. – Martin falou e eu respirei fundo.
- Vocês acham que eu fiz certo? – Perguntei.
- Sim, o pênalti foi claro. – Martin falou. – Benatia empurrou Vázquez. Qualquer um viu.
- Eu acho certo também, mas foi loucura fazer isso nos acréscimos. – Simon falou e eu bufei alto.
- O jogo estava valendo, o lance era válido, eu dei. Além de que evitou mais 30 minutos de firula e pelo menos duas sequências de pênaltis. – Suspirei. – Temos dois dos maiores goleiros da história aqui hoje, não seria fácil. – Sentei em meu espaço, puxando as chuteiras para fora. – Acabou.
- Eu concordo contigo. – Stuart falou. – Foi bom. – Ele disse e eu assenti com a cabeça.
- Eu só preciso respirar fundo, relaxar a cabeça um pouco. Talvez precise de algo para dor de cabeça. – Passei a toalha no rosto.
- Quer ir tomar banho antes? – Andre perguntou.
- Podem ir antes, eu não vou conseguir sair daqui tão rápido mesmo. – Falei e os quatro afirmaram com a cabeça, pegando suas coisas e seguindo para o outro lado do vestiário. Encostei a cabeça e fechei os olhos, tentando normalizar a respiração e parar de tremer.

- , estamos indo. Quer que te espere? – Martin gritou enquanto a água caía pelo meu corpo no chuveiro.
- Podem ir, obrigada! Até a próxima. – Gritei de volta e minha audição foi abafada novamente pela água caindo em minha cabeça, tirando o resto de condicionador e sabonete que ainda tinha em meu corpo.
Saí do banheiro e me enrolei na toalha, prestando atenção no barulho da outra sala para ver se eles realmente haviam ido embora e coloquei a cabeça rapidamente para fora, checando se a barra estava limpa. O problema desse emprego era isso: dividir vestiário com homens. Dessa vez o jogo havia sido de boa, estava com um colega que eu já havia trabalhado antes e outros que pelo menos valorizaram meu trabalho, talvez não de juíza principal em uma competição desse tamanho, mas não tive problemas.
Voltei para o banheiro e escancarei minha mala, procurando minha lingerie e a roupa que eu havia vindo. Dificilmente eu trazia outra troca, o suor era com a roupa oficial, então era fácil. Me vesti rapidamente, esfregando a toalha nos cabelos e me abaixei para prendê-la na cabeça para secar mais rápido.
Peguei minha necessaire, procurando por desodorante, lápis de olho, batom e meu pequeno pote de creme e baguncei tudo em cima da bancada, começando a usá-los em ordem. Quando enchi a mão de creme, ouvi um barulho vindo da porta, me fazendo franzir o rosto.
- Oi? – Gritei, tentando evitar minha ida antes de acabar. – Tem alguém aí? – Bufei, passando o creme rapidamente por meus braços e andei até a sala principal, parando ao encontrar sentado no local que seria meu, já com roupas tradicionais e os cabelos igualmente molhados. – Você não deveria estar aqui. – Falei firme, sentindo meu corpo dar um passo automaticamente para trás.
- E você não deveria ter apitado esse jogo. – Ele se levantou.
- Por que não? Eu não te vejo há mais de 20 anos, o que tivemos foi um rolo bem antes de nossas carreiras começar. – Revirei os olhos.
- Claramente 20 anos não foram o suficiente, seu julgamento estava comprometido. – Ele se aproximou mais.
- Você vai me atacar de novo? – Perguntei e ele riu fracamente, afastando um passo.
- Desculpe pelo meu ataque de raiva, mas você ferrou meu time. – Ele cruzou os braços e deixei escapar um pequeno sorriso com o movimento.
- Seu defensor ferrou seu time. O pênalti é claro, . – Voltei para o banheiro, voltando a organizar minhas coisas, queria tentar voltar para casa hoje mesmo.
- Ainda me chama assim? – Revirei os olhos.
- O mundo te chama assim, mas, profissionalmente, para mim você é . – Fechei a mochila, seguindo para o outro cômodo e ele apoiou a mão entre as duas salas, impedindo minha passagem.
- Parece que sua carreira acabou dando certo. – Ele falou e eu passei por baixo do braço do mais alto, voltando para meu lugar e checando as últimas coisas.
- Não da forma que eu queria. – Engoli em seco. – Nem sempre aqueles que sonham ser médicos conseguem, as vezes alguns se tornam dentistas, psicólogos ou enfermeiros. – Dei de ombros. – Eu virei árbitra. – Dobrei os itens do jogo e deixei arrumado para o organizador.
- Desde quando? – Ele perguntou.
- 2005. – Suspirei.
- Nossa, tarde!
- Tive que lutar algumas batalhas para fazer o que eu queria antes. – Dei de ombros.
- E quais foram essas?
- Me formar em economia na faculdade de Oxford, fazer pós-graduação, mestrado e doutorado. – Suspirei. – Defendi meu doutorado e joguei tudo para o alto. – Dei um pequeno sorriso, me lembrando da forma que eu havia me libertado de minha mãe.
- Por que você não olha para mim? – Ele me perguntou e eu virei rapidamente para ele.
- Não deveríamos estar tendo essa conversa, . – Olhei fundo em seus olhos azuis. – E confesso que hoje você me mostrou um lado seu que eu nunca tinha visto. Me deu medo. – Ele ergueu os olhos, bufando.
- Você não pode falar isso, faz 20 anos que a gente não se vê. Eu mudei.
- Eu sei, só que eu lembro de você como um cara bom aqui dentro. – Toquei seu peito levemente.
- Esqueça tudo o que sabe de mim, faz muito tempo. – Ele abanou a mão. – Veja quem eu sou agora, não o cara de 20 anos atrás.
- Se for baseado em hoje, você já começou com pontos negativos. – Dei de ombros e ele riu fracamente.
- Ok, a partir de agora, então. – Rimos juntos e ele sorriu abertamente.
- A idade te fez bem, . Continue assim, profissional e fisicamente. – Falei e ele riu fracamente.
- Desculpe pelo o que eu falei mais cedo, eu fiquei surpreso por ser uma mulher apitando hoje, mas fiquei genuinamente feliz quando percebi que era você e que você tinha feito sucesso.
- Em partes. – Falei e ele apoiou a mão em meu ombro.
- Pode não ser exatamente aonde você quis, mas você apitou um jogo da Champions League masculina, . Orgulhe-se disso.
- Obrigada. – Sorri, dando um passo para trás. – Bom, é melhor eu ir, quero ver se consigo voltar para Londres ainda hoje.
- Está lá ainda? – Dei de ombros.
- Foi aonde eu instalei minha vida. Tem dado certo desde então. – Peguei minha mochila e a coloquei nas costas. – Foi bom te ver, parabéns pela carreira e por tudo. – Suspirei.
- Você também. – Ele se aproximou, passou os braços pelo meu corpo em um abraço apertado e, quando nos separamos, estalou um beijo acidentalmente no canto da minha boca. – Desculpe. – Ele falou rindo.
- Bem italiano, não é mesmo? – Ri fracamente e seu olhar encontrou o meu.
- Você ficaria surpresa com o que eu aprendi ao longo dos anos. – Neguei com a cabeça, soltando uma risada nasalada.
- Me cantando, ? – Perguntei e ele sorriu.
- Está funcionando? – Ele perguntou e eu dei de ombros. – Vou levar isso com um sim. – Ele disse e colou os lábios nos meus.

Ele segurou firme em minha cintura e levou meu corpo para trás, me encostando desajeitada na parede, me prensando junto de minha mochila. O empurrei rapidamente, vendo sua feição de desespero e empurrei as alças da mochila nas costas, ouvindo-a cair com um baque no chão.
- Agora sim! – Falei, vendo um sorriso sacana se formar em seu rosto e suas mãos voltaram para minha cintura e sua boca colou na minha.
Ele me encostou na parede, me fazendo chutar minha mochila para o lado e colou seu corpo no meu. Passei as mãos pelos seus ombros, trazendo-o para mais perto de mim, obrigando-o a curvar seu corpo para se igualar à minha altura. Seus lábios se movimentavam sobre os meus, fazendo com que sua barba raspasse em meu queixo sem dó.
Ele desceu os lábios pelo meu queixo, chegando em meu pescoço, e suas mãos seguiram para minhas coxas, puxando-as para cima, me fazendo apoiar as mãos em seus ombros e prender as pernas em sua cintura, sentindo-o pressionar meu corpo contra a parede. Ergui o rosto, dando mais espaço para que ele beijasse e desse algumas chupadas em meu pescoço, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar.
Ele subiu os lábios para os meus novamente, me permitindo dar uma mordida em seu lábio inferior, deixando um sorriso sacana formar em meu rosto. Ele repetiu o gesto e pressionou sua cintura mais contra a minha, me deixando perceber sua ereção. Coloquei minhas mãos em sua nuca e deixei seus lábios para lá e deu uma lambida em sua bochecha, até chegar em sua orelha.
- Ainda te deixo excitado? – Sussurrei, ouvindo uma risada nasalada do mesmo e ele tirou uma mão das minhas pernas e segurou meu rosto.
- Você ainda brinca com fogo, não é mesmo? – Pisquei e o senti soltar minhas pernas, me deixando cair em pé no chão novamente.
Por um momento achei que o negócio havia desandado, mas ele só fez isso para colocar as duas mãos na barra da minha camiseta e puxá-la fortemente para cima, fazendo os cabelos molhados baterem em minhas costas. Puxei-o pelo cós de sua calça jeans, colando sua cintura em mim novamente e passei minhas mãos pela sua bunda, apertando-o contra mim. Ele apoiou um braço na parede e a mão livre em meu rosto, erguendo meu rosto e colando os lábios gentilmente nos meus.
O beijo me distraiu, mas subi as mãos pela sua cintura, encontrando o centro de seu peitoral e começando a puxar os botões um a um. Alguns saíram com delicadeza, outros eu precisei puxar as laterais da blusa, fazendo-os arrebentarem da linha. Ele se afastou de mim ao perceber o que eu fiz e riu fracamente. Aproveitei a deixa e soltei seu cinto, tirando-o do cós da calça.
Deslizei as mãos pela sua barriga definida e tirei o botão da sua calça, ajoelhando no chão e encontrando o objeto do meu desejo. Passei a mão em seu pênis por cima da cueca e puxei a mesma para baixo, antes de encostar meus lábios nele. suspirou alto com isso e eu continuei.
Passei a língua pela extensão antes de abocanhá-lo e sugá-lo com desejo. O ouvi gemer e apoiar uma das mãos em meus cabelos e apoiei a outra em seu pênis antes de fazer movimentos seguidos, ouvindo os gemidos dele ficarem mais altos e espaçosos. Dei um beijo na ponta do mesmo e o soltei, ouvindo-o bufar de frustração.
- Não para. – Ele sussurrou e eu ri fracamente, apoiando as mãos em suas coxas e dei uma última lambida na extensão de seu membro antes de me levantar, lambendo o espaço aberto de sua blusa, até chegar em seu pescoço.
- Relaxa, estamos só começando. – Sussurrei e ele me pressionou na parede novamente, chutando suas roupas para trás e ergui uma das pernas para sua cintura, sentindo-o apertar minha bunda com as mãos.
Ele subiu a mão pelas laterais do meu corpo, me fazendo arrepiar com o toque e chegou em meu sutiã, soltando o fecho. Me livrei logo do objeto entre nossos corpos e sua boca foi sedenta para meus seios. Ele passava os lábios e a língua pelo bico, fazendo com que eu contraísse a barriga arrepiada. Ele desceu a boca pelo meio deles e estalou um beijo, me fazendo suspirar.
Em seguida, foi sua vez de descer as mãos pela minha cintura e procurar pelo botão da minha calça jeans. Ele puxou a mesma e a calcinha em um movimento só, parando-as pouco acima de meus joelhos. Abaixei e puxei ambas para fora, nos deixando de igual para igual. Passei as mãos pelos seus ombros e derrubei sua blusa social para trás, vendo-o sorrir.
Ele desceu a mão pela minha barriga, me fazendo contraí-la pelo arrepio. Suas mãos tocaram minha virilha e seus dedos encontraram a entrada da minha vagina, me fazendo soltar um suspiro pelos lábios. Ergui os olhos para os seus e ele só arqueou as sobrancelhas, me fazendo negar com a cabeça.
- Só dando o troco. – Ele sussurrou contra meu ouvido e apoiou a mão livre na parede atrás de mim.
Ele fez alguns movimentos circulares em meu clitóris, fazendo minhas pernas bambearem. Apoiei minha testa em seu ombro e fechei os olhos, sentindo-o movimentar os dedos magistralmente. Apertei seu braço livre, sentindo as unhas fincarem em sua pele e alguns gemidos acabaram escapando de meus lábios, me fazendo deixar o ar sair pela boca.
De repente seus movimentos pararam e eu soltei um suspiro frustrado, erguendo o rosto, encontrando seu sorriso sacana e ele arqueou uma sobrancelha, me fazendo fechar a cara. Filho de uma puta!
Ele virou seu corpo e me puxou pelas pernas novamente, me pressionando contra parede e dessa vez seu pênis pressionou contra minha entrada e a encontrou, me penetrando de uma vez só. Um gemido alto escapou pelos meus lábios e me preocupei se mais alguém poderia ter ouvido.
também olhou para a porta para ver se mais alguém havia ouvido e ele virou o rosto para mim, sorrindo junto de mim. Apoiei os braços em seus ombros e senti o mesmo começar a fazer movimentos seguidos dentro de mim, acelerando aos poucos. Minhas unhas pressionavam seus ombros e nossos gemidos se misturavam pelo vestiário.
Ele ergueu o rosto para o meu e trocamos um sorriso cúmplice antes dele colar os lábios rapidamente nos meus, impedido de ser alongado pelo movimento de nossos corpos. Em um momento ele parou, pressionando seu corpo contra o meu e nossas respirações se mantiveram descompassadas, fazendo nossos olhares se cruzarem. Ele deu uma última estocada e senti seu líquido quente me preencher, me fazendo suspirar.
Ele encostou sua testa na minha e nossos peitos subiam e desciam cansados, quase em sincronia. Ele pressionou a boca em minha bochecha e eu respirei fundo, apertando-o mais contra meu corpo. Sentia minhas pernas bambas e não tinha condições de colocar os pés no chão novamente.
- Meu Deus. – Deixei escapar pelos meus lábios e ele riu fracamente. – Santo ! – Suspirei. – Posso ver por que você é muito bom no gol. – Ele gargalhou e segurei seu rosto com as mãos, colando nossos lábios novamente, em um beijo mais calmo dessa vez, ainda tentando normalizar nossas respirações.
- Acho que eu estava com saudades desse corpo. – Ele sussurrou contra meus lábios e eu ri.
- Provavelmente o de 17 anos, não de 40. – Ele riu fracamente.
- Acredite, esse é muito melhor. – Sorrimos e ele se afastou de mim devagar, retirando seu pênis de dentro de mim e eu permiti descer as pernas de sua cintura, apoiando no chão devagar.
- Acho que perdi meu voo. – Cochichei e ele sorriu.
- O time deve estar louco atrás de mim ou ficamos presos aqui. – Sorri.
- A segunda opção não seria tão mal. – Dei de ombros e ele sorriu.
- Poderíamos fazer tanta coisa... – Ele deixou no ar e colei meus lábios nos dele mais uma vez.
- Eu sei que você poderia! – Me afastei devagar, procurando minhas roupas pelo chão e segui novamente para o banheiro, e ele veio atrás de mim.
Peguei a toalha que havia caído no chão minutos atrás e coloquei tudo em cima da bancada novamente, me fazendo respirar fundo. Entrei no chuveiro novamente e tomei uma rápida ducha aos olhares atentos de . Movimentei o dedo para que ele viesse em minha direção e ele passou os braços pelo meu corpo, se colocando embaixo da água quente comigo.
Ele me abraçou pelas costas, distribuindo beijos pelos meus ombros, fazendo meu corpo arrepiar. Deixei que a água caísse pelo meu corpo só para tirar o suor e o gozo de minha pele, me deixando apresentável de novo. Desliguei o chuveiro, me colocando de frente para ele novamente e colei nossos lábios novamente em um beijo intenso, sentindo suas mãos passearem pelo meu corpo molhado.
- Agora vai, vamos sair daqui. – Falei e ele assentiu com a cabeça, soltando meu corpo devagar e eu segui para fora do boxe novamente, colocando a toalha nas costas de novo.
Ele me observou enquanto eu me secava, passando desinibidamente os olhos pelo meu corpo e eu estendi a toalha já encharcada para ele quando finalizei, vendo-o começar a se secar também. Fiz todo o movimento de mais cedo, vestindo minha roupa e ajeitando meus cabelos molhados novamente.
me devolveu a toalha e voltou para o vestiário, me parando no meio do caminho para me roubar mais um beijo, me fazendo dar um pequeno sorriso. Peguei minha mochila no chão e dobrei a toalha, colocando-a em cima de tudo e peguei celular, iluminando-o, vendo que era quase meia-noite, me fazendo suspirar.
- E aí? Vamos sair um dia desses? – Virei para o lado, encontrando-o já de cueca, sentado no espaço de um dos árbitros.
- Ah, . – Suspirei, me aproximando dele e acariciando seu rosto. - Eu ainda priorizo minha carreira. – Ele riu fracamente, como se já soubesse minha resposta.
- Ainda escolhendo a bola antes de mim? – Pisquei, dando um pequeno sorriso.
- Existem diversos tipos de bola, querido. – Ele sorriu fracamente. - Quem sabe em um próximo jogo? – Pisquei novamente e coloquei a mochila nas costas. – A gente se vê! - Acenei rapidamente antes de deixá-lo sozinho e nu no vestiário dos árbitros.

*Veja esse momento .



Epílogo

Estiquei as mãos para o alto antes de soltá-las na lateral do corpo e senti alguns ossos estalarem, me fazendo respirar fundo. Me virei de volta para minha cabine no vestiário e coloquei o ponto e microfone na orelha, além de colocar os cartões e pendurar o apito no pescoço. Estiquei os braços mais uma vez para o alto e suspirei, pronta.
Mexi em minha mochila, guardando os itens que eu não fosse mais usar e mexi em um dos bolsos, achando um pequeno pedaço de papel. Abri o mesmo, encontrando minha letra em duas pequenas palavras: “janta comigo?” Mordi o lábio inferior, pensando o que faria com aquilo e me assustei com a porta sendo aberta.
- Prontos? – O organizador perguntou e eu amassei o papel, fechando-o em volta da mão.
Eu e os outros cinco assistentes, entre eles duas mulheres, saímos do vestiário, encontrando os jogadores já no túnel, se preparando para o jogo. Fazendo rápidos alongamentos, saltando e se exercitando. Observei de longe o goleiro alto do PSG e puxei o ar fortemente, apertando o papel entre minhas mãos.
Andei pelo centro dos jogadores, me colocando um pouco à frente dos dois capitães e respirei fundo, virando o rosto levemente para o lado esquerdo, cumprimentando rapidamente o capitão do Manchester United Ashley Young, e o goleiro De Gea, recebendo sorrisos de ambos e depois virei para o lado esquerdo, percebendo o sorriso discreto nos lábios de e cumprimentei o capitão do PSG Thiago Silva e o goleiro , deslizando discretamente o papel por entre seus dedos e voltei a virar novamente.
- Oi! – Sorri para o garotinho que entraria comigo e vi o organizador receber alguma informação no ponto.
- Vamos em três, dois, um... – Ele falou e seguimos em frente.
O garoto pegou a bola e seguimos em frente, nos colocando no centro do campo e os dois times se formaram nas nossas laterais. O hino da Champions League tocou imponente como sempre e o time do PSG foi o primeiro a seguir os cumprimentos. Primeiro Thiago Silva me cumprimentou com um aceno de mão, em seguida veio . Percebi que seu rosto se aproximou um pouco demais do meu, mas seu olhar estava longe, como se tentasse distrair.
- Te encontro depois. – Ele cochichou para mim e seguiu pela fila, me deixando com um pequeno sorriso no rosto enquanto seus outros companheiros de time me cumprimentavam.
O Manchester United fez o mesmo movimento e os times se espalharam pelos dois campos. Esperei que os dois capitães se encontrassem em minha frente novamente e fizemos a distribuição. Manchester United escolheu o campo e PSG a bola.
Cumprimentei meus colegas de trabalho hoje e esperei que todos seguissem para suas definitivas posições, além dos jogadores que se arrumavam. Olhei para o lado esquerdo, vendo em seu gol e suspirei, colocando o apito na boca e assoprando o mesmo. Iniciando mais um jogo, dessa vez de volta das oitavas de final da Champions League.




FIM.



Nota da autora: Ah, finalmente essa história saiu! \O/
Eu estou com essa ideia há muito tempo, creio que logo depois desse lance, havia anotado aqui, mas não sou da fanfic restrita, então nunca tive a oportunidade de escrever, mas com esse especial de futebol feminino, finalmente vi a chance de me livrar dessa ideia e saiu essa short!
E aí? O que vocês acharam? Foi inteiramente inspirada naquele jogo do link aí em cima, então caso você não tenha lido com o Buffon, talvez vocês fiquem um pouco confusos. Como Juventina eu fiquei bem puta, mas o pênalti é claro e só serviu de inspiração para mais uma short lindinha!
Espero que tenham gostado, não se esqueçam de comentar e para saber mais novidades das minhas histórias, só entrar no meu grupo do Facebook!
Beijos.



Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.

Ei, leitoras, vem cá! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso para você deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.



comments powered by Disqus