Esperando

Fanfic finalizada

Primeiro ato

I


A jovem, bela e mortalmente afiada era uma companhia aprazível, seus olhos sempre reluziam diante as chamas dos castiçais que iluminavam o casarão. Seus vestidos extravagantes, dos tecidos mais nobres, envolviam seu físico no qual eu me perdia em noites envolvidas pela névoa prazerosa da fome de sangue previamente saciada, álcool que não causavam efeitos sobre meu estado, não como a jovem imortal diante os meus olhos…
Havia um quê de crueldade envolvida sobre o belo adorno de uma nobre figura de New Orleans, casada com um duque do Reino Unido, mas ainda se divertindo entre os cômodos reservados apenas a convidados especiais, escondidos da face mais conservadora. De dia, uma agradável dama, lisonjeia, boa esposa, caridosa e afável, mas à noite…Sobre o brilho do luar, entre os recantos e jardins proibidos, sua verdadeira face surgia, lábios carmesim feito as mais belas e puras rosas selvagens, olhos perspicazes como uma águia, sua inteligência não era algo que se devia questionar. Suas histórias, inúmeras, envolviam reinos e civilizações que já não mais existiam, ela não era tão jovem como sua aparência, a origem da inestimável dama? Só os mais antigos ventos poderiam responder.


— Sua mente está distante, .


A melodiosa voz me tirou dos devaneios enquanto a desenhava, sua figura exuberante, espreguiçava-se feito um felino, analisando além da superfície, mas relaxando os após chegar a uma conclusão, arqueou levemente seu pescoço ajustando o vestido diáfano, feito de um tecido fino e quase transparente, revelando partes que eram encobertas pelos inúmeros tecidos durante os raios solares, em seu dedo anelar esquerdo estava o círculo dourado de ouro, junto a uma pedra de lápis-lazúli que garantia sua habilidade de andar enquanto o astro rei estava no céu.


— Apenas admirando sua beleza, minha lady, não consigo fazer jus à musa diante meus olhos. – A respondi, ouvindo sua risada agradável envolver o cômodo, se movendo rapidamente em um piscar de olhos, ela suavemente se sentou em meu colo, suas mãos retiraram o pincel das minhas para então levá-las ao seu torço deixando o vestido escorrer por seus braços parando em sua cintura.


Outro traço dela que me deleitava, sua ousadia, ela sabia exatamente o que queria e não tinha qualquer pudor em ir atrás de seus desejos. Antes que ela sobpusesse seus lábios nos meus, a carreguei para a cama. Eu queria tomá-la, mesmo que eu não tivesse das melhores reputações, eu tratava todas as minhas damas muito bem.
Frenesi, clímax, devaneios primitivos…
Não havia nada que eu quisesse mais do que já possuía: poder, controle sobre New Orleans, minha família por perto e aquela mulher…

Quão instável e volátil pode ser os desejos do coração de uma mulher ?!?!



Segundo Ato

II


Olhos , brilhantes, mas distantes, concentrados, no entanto, não em mim. O sangue fervilhava sobre minhas veias, não que eu o assim possuísse, porém, aquela bela e selvagem rosa, olhava completamente fascinada para o novo forasteiro, roupas simples, trajes de um músico, dedos ágeis sobre o piano colocado no centro do inestimável, quase inalcançável jardim da viúva Heroux. O coração pulsante do humano acompanhava o som do piano, era difícil de admitir, mas ele possuía talento. Sua classe social inferior gerava uma comoção entre as damas mais requisitadas, provar algo talentoso, exótico, experimentar o que a plebe havia de oferecer.
Ela não perdia qualquer chance, os olhos aguçados, a boca avermelhando-se num tom profundamente carmim, olhar nublado de desejo…Ele era de !



Por dias incontáveis, assisti envolta de Jesse, eu poderia matá-lo, eu ansiava por destruí-lo, porém a situação no Quartel estava fugindo do meu controle. Entre tudo o que eu priorizava, o poder vinha antes de e talvez isso tenha sido o primeiro sinal de minha ruína.

1° Perder .

2° Marcel e estavam tendo um romance bem abaixo do meu nariz.

3° A família estava se desfazendo.
.
.
.
Caçado, traído, largado, humilhado…

Lá estava o bastardo.

Lá estava o miserável.

Ali estava o desesperançado.

Coração quebrado…

Que coração?

Um órgão movido pelo sangue.

Sangue?

Fome
Desespero
Alucinações
Pânico

Ali eu estava.

Envolvido na mais doce, inesquecível, intragável, insondável, viciante, torturante, vivificante, extenuante LOUCURA.

INSANO? Talvez, mas como o ditado já diz minhas caras milady's: De médico e louco, todos tem um pouco.


Terceiro Ato

III


New Orleans, décadas se passaram, histórias iniciaram entre as vielas iluminadas por lamparinas esquecidas, obsoletas, tal como os antigos instrumentos de iluminação. Ruas de lajotas substituídas por asfalto, das casas mais antigas a residências com designers impressionantes…
A cidade histórica, repleta de misticismo, o local em que chamei de lar um dia, e que estava determinado a chamar outra vez. Histórias sempre me pareceram interessante demais para serem ignoradas, não que eu pudesse às negar, afinal, a criatura mais bela, mortal e interessante, minha mãe pensava ser a primeira a criar vampiros, era o que nós, pensávamos, os Originais. Toda história possuí mais de um lado a ser contado.
Poder, eu estava determinado a dominar a cidade novamente, mas havia uma história em particular que eu não poderia ignorar, uma história sobre uma estátua, uma estátua que parecia estar viva demais para ser apenas uma estátua, uma estátua que velava o túmulo de um famoso músico, um estátua que não era apenas uma estátua!
Autorização, foi algo necessário para entrar no cemitério, bruxas nunca foram apenas contos… Acordos, nada do que era feito poderia ser realizado sem receber algo em troca.

" Século XXI, GRANDE AVANÇO!"


Chamados, sussurros de velhos conhecidos e então, em um canto distante. Olhos serenos, , vivos e atentos, mas que se dirigiam à placa do mausoléu. Uma mão esticada como se pudesse tocar aquele que se fora, que não viveria outra vez.

"A grana rosa selvagem fora domada, colocada em uma redoma e esquecida com o tempo após a morte de seu cuidador. "
, a impetuosa dama, olhando fixamente para a placa, sem nunca levantar, imóvel, e possivelmente sedenta.

— Já faz algum tempo, Love. — A saudei, apesar de realmente parecer que eu estava falando com uma estátua de fato.

— Você veio. — Quando ela se moveu, o que eu achei ser a primeira vez em décadas, devido à relva que crescia abaixo dela, e suas articulações estalarem por falta de uso.

— Você me chamou. — Estiquei meus braços e então estava enfim em meus braços. — O vento carrega mensagens, Love.

— Ele se foi cedo demais, meu marido também, não sobrou ninguém . — A voz suave de soou baixa, sufocando a dor novamente para o seu interior.

— Chore, durma, faça o que quiser, eu não irei a lugar algum. — Retirei um lenço dos meus bolsos para limpar a fuligem da face de .

— Bem vindo de volta. — Ela abriu um sorriso, fraco, mas ainda era ela. — Por quanto tempo pretende ficar? — Ela questionou, ainda exercitando sua voz com um leve tom fantasmagórica pela falta de uso.

— Eu não a deixarei outra vez, Love.

Exceto que eu a deixei!
Sem que eu tivesse qualquer controle sobre a situação.
Havia muito a se perder além da minha vida, mas isso como vocês, meus caros, já sabem, é uma outra história…


( " O começo nem sempre é a melhor parte ! " — KPRB)




Fim



Nota da autora: Olá a todos, como vocês estão? Espero que estejam bem. Escrevi essa short imaginando como uma oneshot, porém ficou mais teatral do que eu pensei e então por que não transformar em capítulos menores mas que se ajustassem a proposta teatral?! Enfim, aqui temos o resultado, muito obrigada por ler Esperando.


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.



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