CAPÍTULOS: [Prólogo] [1]









Prólogo


A pequena de cabelos cacheados na altura da cintura sorri ao pegar uma grande rosa branca no jardim da sua casa. Vira-se para seu pai que estava na beira da piscina.
— O que você tem aí, meu anjo? — O homem jovem de cabelos negros e pele clara tira os óculos escuros, mostrando o olhar atencioso que tinha sobre a filha.
Ela se aproxima dele com passos delicados. O vento sopra o vestido amarelo de pano fino e arremessa os cachos para trás dos ombros. Ela lhe mostra a grande rosa branca e o sorriso que falta um dente na parte superior se forma novamente.
— É apenas um rosa para mamãe — ela responde inocente e ele sorri, vendo o quanto a pequena parecia com sua mãe.
—Tenho certeza de que ela vai adorar, querida. — Ele faz um gesto para ela se sentar ao lado dele e assim ela obedeceu. Uma mulher alta com cabelos extremamente cacheados e volumosos abre a porta de vidro. O sol faz sua pele morena brilhar, ela carrega uma bandeja com uma jarra de suco e três copos.
— Ela vai ficar bonita assim pra sempre, papai? — A pequena encara a rosa entre as pernas e rola o talo nos dedos delicadamente. O homem, que ainda observava a mulher com um olhar apaixonado, responde:
— Vai sim, querida, ela sempre foi linda e, mesmo se um dia envelhecer, continuará com sua beleza de forma diferente. Apenas terá traços mais fortes e belos que a vida deu de presente. — A morena se aproxima e sorri, coloca a bandeja em cima da mesa branca e pega a pequena nos braços.
— O que é isso, meu amor? — Ela tem olhos castanhos brilhantes que observavam os mínimos detalhes da filha de sete anos.
— É pra você, mamãe, ela é linda como você. — A morena a beija no rosto e senta ao lado do marido, selando os lábios em um beijo doce.

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O coronel grita as ordens para os cabos, que respondem na mesma altura. É final de treinamento físico, os cabos e soldados dão o máximo de si. Os superiores não querem moleza, preferem tirar até a última gota de suor. O sol do meio dia não perdoa ninguém que fique exposto a ele.
DISPENSADOS — o coronel grita e os cabos e soldados agradecem mentalmente.
— Major e 1° Tenente , minha sala agora. — Ele ordena passando pela fila de oficiais superiores. A morena olha para o marido e os dois seguem atrás do coronel, entrando na sala e se sentando.
— O tráfico de drogas está descontrolado nas favelas do Rio. A disputa pelas bocas já matou mais de quinze pais de família em apenas dois meses. Os moradores estão entrando em pânico, quero vocês na linha de frente de tudo isso. Quero que vocês não tenham dó de matar esses filhos da puta que estão tirando a vida de inocentes. Irão viajar hoje às quatro da tarde, vamos tomar o morro nessa madrugada. — Os olhos azuis acinzentados deixam a raiva transparecer.
— Sim, senhor Coronel, estaremos nas primeiras viaturas. — A major disse firme.
— Vou montar os planos de invasão e por onde descer as famílias em segurança. — O 1° tenente contrai os lábios numa expressão séria.

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O caos toma conta do morro. Tiros e gritos desesperados ecoam entre os barracos. Os degraus estão forrados de sangue e corpos. Traficantes de diferentes bocas se uniram contra os policiais. A major , a PM que tinha um reconhecimento por operações grandiosas como essa, sempre de grande sucesso, adentra os becos e se esconde dos tiros entre muros mal acabados, tem uma submetralhadora MT-40. Sempre foi a melhor no treinamento de tiros, a mira era certeira e mortal, sempre atira para matar, sempre profissional no que fazia. Acompanhada pelo marido, 1° tenente , eles sobem para os últimos barracos de madeira fina. O sereno molha o rosto da major que se mantém em silêncio, a adrenalina percorria seu sangue. Faz um sinal para que seu marido e os tenentes que a acompanham parassem. Todos ficam apreensivos, era a última casa do morro, o laboratório das drogas onde se encontrava o chefão. Ela sente uma mão tocar o seu pescoço levemente e olha para trás, o 1° tenente sorri, a tranquilizando. Dá o sinal e eles derrubaram a porta, se assustam. O laboratório do crime se encontra vazio, um vulto loiro e pequeno passou a direita da major. Uma garota que aparentava quinze anos aponta para trás assustada, todos se viram.
NÃO! — Um grito é dado e três disparos o acompanham, mas já era tarde.

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A pequena chegava da escola, entra correndo em casa, esperançosa. Era, afinal, seu aniversário de doze anos e queria ver seus pais que viajaram na noite anterior.
“Prometemos chegar a tempo, querida.”
A voz do seu pai ecoava na sua mente, dando espaço a um sorriso angelical. Mas algo estava errado, ela procura em todos os cômodos, eles ainda não tinham chegado. Vai até o jardim com uma tesoura e com cuidado tira algumas rosas brancas. Sorri ao tirar todas sem se machucar com os espinhos. Ela vira para a porta de vidro, indo em direção a casa novamente, então toma um susto. Sua avó aparece na porta com olhos inchados, expressão triste. Ela corre até a senhora de pele morena e cabelos esbranquiçados e, quieta, lhe oferece uma rosa branca em meio a um sorriso desconcertado.
— Cadê meus pais, vovó? Eles prometeram chegar a tempo do meu aniversario. — A senhora a toma nos braços em meio a soluços descontrolados. A pequena não entendia o que estava acontecendo. A senhora separa os corpos e a encara nos olhos, toca os cachos da pequena.
— Querida, eu sinto muito... Eles não irão chegar... Nunca mais. — A senhora diz entre pausas, cortando o coração da pequena que deixa as rosas brancas caírem ao chão e a dor da perda consumir seu pequeno corpo.

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O loiro de cabelos bagunçados que possui olhos da cor do céu de verão abre a porta de casa para ele e entrarem.
— Então, você mora sozinho? — ela pergunta, atropelando as palavras e caindo no sofá.
— Sim, e vamos para o quarto agora. — Ele tinha autoridade na voz, apesar de tão novo. Nota que ela cochilou no sofá e tem que carregá-la até a cama do seu quarto. Para na beira da mesma e a observa, pele morena, com grandes cabelos cacheados e castanhos, tinha curvas delirantes principalmente nas pernas, ele repreendeu seus pensamentos.
— Você não vai transar comigo? — ela pergunta de olhos fechados com expressão doce.
— Não, querida, hoje não. — Ele tinha vontade, mas tinha outros planos para a morena de curvas delirantes em sua cama, ela senta na cama e suspira desapontada, ele ri.
— Eu tenho uma vida nova pra te oferecer, eu só preciso saber se você quer.
— Eu quero, sim, eu quero uma vida nova. — Um sorriso cruza os lábios vermelhos da pequena que foi destruída quando criança e se tornou uma adolescente em busca de novas experiências. Sem medo das conseqüências e liberta de qualquer sentimento que a pudesse destruir.


Capítulo 1


A neblina da madrugada cobre as ruas do subúrbio de Manchester. A música alta e o som de pneus gritantes tiram o silêncio da noite fria. O lugar infestado de carros modificados, prostitutas baratas e drogas de todos os tipos é o habitat natural da sensual , que fuma um cigarro encostada ao capô do seu Dodge Challerger RT 1970, tem a expressão carrancuda e um olhar de grandes olhos castanhos capaz de seduzir qualquer homem que quisesse. Dona de si mesma, não se importa com o que dizem a seu respeito, noites em camas diferentes e corpo marcado pelo sexo bem feito nunca foi algo que ela se importava de esconder. Observa Christian dando a comanda do racha que está prestes a acontecer enquanto Enzo recolhe o dinheiro das apostas. Christian vinha na sua direção com os cabelos loiros bagunçados e os olhos azuis acinzentados enquanto os barulhentos motores se distanciam.
— Duzentos e cinquenta libras no corredor da direita. — Ela estende o dinheiro, confiante na sua aposta, e puxa a erva do seu cigarro que já não tem tanto efeito em seu corpo.
— Confiante. Aposto o mesmo valor no da esquerda. — Christian pega o dinheiro e tira o valor da sua aposta do bolso.
— Vai perder sua grana. — Ela sorri levemente, olhando fixamente pra ver quem será o primeiro a cruzar a linha de volta.
— Acho que não, em. — Ele abre um sorriso sapeca nos lábios rosados, encosta-se ao capô e divide o cigarro. O corredor da direita cruza a linha de chegada e os apostadores vão à loucura. Christian balança a cabeça negativamente e entrega o dinheiro para , que levanta a sobrancelha em um gesto irônico de um "eu te avisei" não dito.
— Eu criei um monstro — ele diz brincalhão.
— Talvez tenha criado mesmo. — Ela sorri.
— Então, Frankenstein, quantos rachas já ganhou hoje?
— Três pegas e consegui dez mil libras — responde e vira para olhá-lo.
— Realmente, eu criei um monstro. — Ele a encara negativamente.
— Você sabe que não me criou, apenas me apresentou o caminho certo e eu fui uma boa aluna, não fui? — Ela brinca com um cacho, mordendo o lábio inferior, e empina-se no capô. Chris deixa os olhos caírem ao corpo esculpido da brasileira e se repreende. Ela sorri ao notar o efeito que mesmo depois de todos esses anos possuía sobre ele.
— Preciso beber algo. — Christian sai irritado pelas provações. Ela nunca corria de um bom sexo, mas adorava dizer não só para vê-lo irritado. Suspira satisfeita e volta a se apoiar no capô. Abrem espaço para as corridas de quatro carros, a preferida dela, que brinca com as chaves, mas tem a atenção atraída ao Toyota Supra RZ, que canta pneus na esquina atraindo o olhar de todos ali. Ele acelera, mostrando o poder do seu motor modificado e exibindo o modelo preto com neons vermelhos, rodas cromadas e brilhantes e vidros filmados. Estaciona em uma das vagas de quatro carros que acabaram de abrir, a porta se abre. Em um simples ato, a atenção de todas as mulheres foi sugada. Poderia ser o caminho para o paraíso em forma humana, mas era quente como o inferno, os belos cabelos negros bem cuidados e o tom branco da sua pele dão destaque aos olhos castanhos misturado em um tom de verde esmeralda, um rosto esculpido e braços com inúmeras tatuagens. Ninguém sabia quem ele era, mas já havia ganhado um fã clube de prostitutas e corredoras presentes. deixa que uma sombra de sorriso curve seus lábios, já sabendo quem acabaria na sua cama nessa noite e ficaria muito satisfeita em dispensar todas as mulheres presentes.
— Christian Buckholz. — O tom irônico na voz grossa soa um tanto sensual. Chris levanta a sobrancelha e o mede dos pés a cabeça.
— Eu mesmo. Seu nome? — Ele dá alguns passos a frente.
. — Sorri satisfeita por escutar o nome do grande premiado da noite e se aproxima suavemente. — Soube que comanda os maiores pegas daqui, quero entrar.
— 5 paus. — A tensão aumenta entre eles, então o novato tira as notas presas com um elástico do bolso e joga para Christian. Todos ali chegaram mesma conclusão: é apenas mais um playboy que queria brincar com a própria vida, mais um playboy debochado que queria sentir o sangue queimar ao acionar o nitro de Nòs e quase morrer numa curva mal feita, e a pessoa perfeita pra desbancar a marra do novato seria a dona das pistas. Christian lança um olhar maldoso para , que entende o recado e joga 5 mil libras para ele e volta para o carro estacionado ao lado do atrevido desafiante. Não demora para que outros dois participantes do pega se junte a eles. Enzo caminha na frente dos carros, os motores acelerados prontos para o sinal, ele levanta os braços e fala a comanda.
SERÃO DUAS CURVAS EM DIREÇÃO A HULME, PAREM NO FAROL! SIGAM DIRETO PARA ÚLTIMA CURVA, CHARLOTTE ESTARÁA ESPERA DO CAMPEÃO COM AS 20 MIL LIBRAS NAS MÃOS.
Por um momento, se perde em seus pensamentos, o peito sobe e desce em um suspiro forte e ela sussurra um inaudível “Pai, mãe, me perdoem mais uma vez, eu já não consigo mais parar.”As mãos de Enzo descem, os carros gritam e saem disparados. Os lábios de secam, ela tem certeza que irá ganhar, quer mais um título no seu grande currículo vitorioso. Está à frente de todos, concentrada, a reta está livre. Escuta um barulho ensurdecedor das latarias se arranhando, quebrando sua concentração. Desvia a atenção da reta para olhar o retrovisor, via os outros corredores travarem uma batalha com suas laterais. Sorriu, pensando como eram inexperientes. O barulho das latas ficam para trás dando lugar ao belíssimo som do motor V8 modificado. Ela já pode enxergar a curva. O sangue queima nas suas veias, o coração pulsa desesperado, sente seu estômago gélido diante de todas as reações diferentes no corpo de uma vez só. Olhos rápidos no contagiro, que marcava 378 km/h, e os pés ágeis nos pedais é algo provocante que deixa o corpo dela em chamas, o vento contra a pele dando calafrios. Oh, sim, aquele era o seu lugar no mundo, atrás do volante. Segura firme o freio de mão, se aproximando da curva, e então o puxa. A traseira é jogada e ela retoma o controle, os pneus gritam levantando fumaça, mais um reta e então avista o Toyota Supra RZ preto com as luzes neons vermelhas e os olhos concentrados do Playboy. Ele tem esperanças que ela adoraria arrancar ferozmente sem nenhuma dó. Ele ganha velocidade e a próxima curva se aproxima. Ela se concentra no volante e segura o freio de mão, repetindo os movimentos da curva anterior, mas, dessa vez, viu a visão de reta vazia ganhar a traseira do Supraz RZ.
— PORRA! — Ele faz zig zag à frente da garota, o que a deixa completamente fora de si. — Filho da puta! Eu vou matar esse desgraçado.
O farol vermelho está logo à frente e ela se posiciona ao lado e não o encara. Está apreensiva, quer sair à frente do novato. Concentrada, pensa na forma de como deixá-lo para trás.
— Belos cachos. — Uma voz a tira do transe, ele só pode estar brincando. O sinal fica verde, eles saem emparelhados. A reta é um tanto longa, mas já dava pra avistar a curva da vitória. Será ali que irão definir o que ela tanto quer, e espera que possa estar certa sobre a previsão. O som estridente de pneus contra o asfalto só a deixa mais nervosa. Continua em chamas, precisa vencer aquele Playboy de merda, provar que não era o lugar dele, manter o título de melhor corredora feminina da cidade. Ela aperta o nitro e passa a sua frente, essa é a visão certa de uma reta vazia. Ele a acompanha, colado, a curva se aproxima cada vez mais, ela já sente o delicioso gosto da vitória nos lábios, assim abre um grande sorriso antecipado. Estavam lá em cima da decisão, a curva da vitória. vira o volante e se concentra, mas abre demais e ele consegue emparelhar na curva.
— HOJE NÃO, BEBÊ. — Ele grita com um sorriso nos lábios.
O sangue dela ferve. Estavam emparelhados, passando em cima da curva. Charlotte com sua mini-saia, que dava uma bela visão da calcinha branca rendada, os espera. PORRA, PORRA, PORRA! Era a única palavra que invadia sua mente ao estacionar o carro, descendo furiosa e caminhando até Charlotte. O novato tem um sorriso brilhante nos lábios bem contornados naturalmente, sai do carro e caminha até elas.
— Boa corrida — ele diz em um tom de deboche a irritando profundamente.
— Cuidado, Garoto, não é o tipo que se controla — Charlotte diz separando o dinheiro, metade para cada.
— Garoto, isso é sorte de principiante. Acredite em mim, essa não é a sua estrada — fala, pegando as 10 mil libras na mão e se virando de volta para o carro.
— Agora essa também é minha área, bebê. Se acostume comigo, ainda vamos nos encontrar muito. — Escuta a voz dele atrás dela, apenas se vira e sorri.
—Eu acho que não, afinal gente igual a você não dura muito por aqui. Volte pra sua mansão e aproveite o dinheiro da mesada que seu pai te dá. — Completamente irritada, entra no carro e canta os pneus. Segue para casa, as corridas de hoje já foram o suficiente, está realmente frustrada. Estaciona o carro na garagem, pega no banco de trás o único saquinho de Heroína que tem, aquilo manteria a adrenalina o resto da noite. Entra em casa, jogando a jaqueta na mesa da cozinha, as botas na sala e sobe as escadas de madeira que rangem. Tira a blusa e joga em cima da cama, organização não era uma palavra que combinava com ela. Tira o jeans e prende os cabelos num coque que a alivia muito por conta do volume. Entra no banheiro e deixa a banheira encher enquanto faz a preparação da droga. Mistura a Heroína num pouco de água e coloca na colher, ferve com um isqueiro, vendo o líquido mudar de cor, sinalizando que a droga é pura. Pega a seringa e puxa o líquido, amarrando seu braço com o elástico com ajuda da boca, fazendo pressão com o sangue. A veia salta e ela aplica na mesma cicatriz pequena da última dose que usou. Sente o corpo entrar em um êxtase: coração disparado e respiração ofegante, é tudo que ela precisa no momento. Derrama algumas gotas de óleo de lavanda na banheira e entra na água morna e relaxante, e apenas sente a droga se espalhar dentro dela com a esperança de encontrar seus pais num universo paralelo, como se a morte a aproximasse cada vez mais de estar em seus braços novamente. Por alguns instantes, o Playboyzinho veio a sua cabeça e, ao mesmo tempo, como ele morreria se não voltasse pra onde veio ou ela mesmo teria a honra de atravessar um tiro na sua cabeça. E pensar que há quase duas horas ela queria sentir o gosto do suor dele escorrendo nos lábios. Ela sai do banheiro relaxada, sentindo o corpo pesar por conta da Heroína que já passava o efeito. Ela passa a toalha nos pingos de água que correm na pele assim parando na frente do espelho observando o corpo nu e molhado, reparando os detalhes que o tempo deu a ela, as tatuagens são significativas: a arma na cintura traz as lembranças dos seus pais com formação policial, a cruz no pescoço por causa da morte, pois a cada dia estava aprendendo melhor a lidar com ela, e uma águia nas costelas é a sua preferida, um símbolo de liberdade. O pensamento de que talvez eles nunca aceitassem essas marcas e nem metade do que ela já tinha feito. O telefone toca, cortando os ligeiros pensamentos angustiantes que a torturavam.
— Alô?
— Alô, ? — A voz doce de Chris sai do outro lado.
— Pode falar. Está tudo bem? Por que me ligou essa hora? — Responde incrédula. Christian não costuma ligar, apesar de que sempre se preocupa com ela desde que se conheceram numa festa quando ela era somente uma adolescente bêbada.
— Você foi embora depois do pega com o , queria saber se está tudo bem — ele diz de forma carinhosa e preocupada, chegando a ser estranho.
— Estou bem. Fui embora porque fiquei meio frustrada, empatei o pega. Não é nada com o que deva se preocupar — ela responde, fria.
— Tudo bem então. Amanhã deveria vir pra cá, eu gostaria de te ver. — Conhecia a peça, sabia que ele queria uma boa transa. Ela está correndo há um ano e meio e ele não pode mais aguentar suas provocações.
— Tudo bem, amanhã cedo eu passo aí. — Revira os olhos, não suportando essa carência. Apego definitivamente não é para ela.
— Boa noite, querida. — Escuta carinhosamente.
— Boa noite, Chris – responde e já desliga.
Veste-se, pensando em dormir, mas senta na beirada da cama e olha o relógio que marca vinte para as três. Fita o quarto e se lembra de quando era uma menininha cheia de sonhos, criando expectativas, pensando: Como o destino muda as coisas dessa forma? Quem seria ela se nada disso tivesse acontecido? Se seus pais ainda estivessem vivos, provavelmente estaria na faculdade cursando Direito para ser uma boa advogada. Quer fugir dessas lembranças que assombram sua mente, o álcool poderia fazer esse favor de mandar pensamentos indesejáveis para fora, porque não é isso que as pessoas fazem para esquecer seus problemas? Ela só quer chutar as lembranças para fora de si. Coloca um short preto e um tênis de cano alto roxo. Pega o moletom preto de capuz, joga no ombro e solta os cabelos que estão num volume médio. Desce os degraus que rangem conforme seus pés os acertam, com as chaves do carro em mãos, sai de casa. Uma garoa fina molha o vidro do carro. Liga o som tentando desfocar os pensamentos das lembranças, que são tão fortes que parece escutar as vozes dos seus pais no corredor bege dos quartos a chamando para ir para escola. Desce o vidro e, sentindo o vento frio gelar seu delicado rosto avermelhado, congelando as lágrimas grossas que caem, para na porta do Pub favorito e abaixa a cabeça encostando-a no volante. Passa uma das mãos sobre o rosto molhado, a dor de perdê-los a machuca. É o único sentimento que conhece a não ser raiva, essa maldita dor que a faz gritar por dentro e ser quem é por fora, uma grande parede de ignorância e sensualidade, com o único objetivo de aproveitar do corpo de alguém e depois sair no meio da noite, desapegada e sem nenhum ressentimento, livre com o carma que recebeu quando criança de se manter sozinha. Desce do carro e coloca o capuz, observa a grande fachada de madeira escura e bem detalhada com o nome piscando em amarelo. Empurra a porta e não encara ninguém, não queria ser reconhecida. Caminha insegura até o balcão e pede uma Budweiser de garrafa, assim que a recebe, vai até a última mesa do canto direito da janela. Arabella, do Artic Monkeys, ecoa nas pequenas caixas de som ambiente, a luz fraca deixa o ambiente aconchegante e particular.
Ela observa a chuva engrossar do lado de fora e degusta sua cerveja. Luta com os próprios pensamentos, os afastando para não sentir dor. Entre as grossas lágrimas, um mínimo sorriso surge ao se lembrar de como Christian a ensinou tudo que sabe, desde carros a longas aulas de sexo, bêbados ou drogados, inconseqüentes correndo dos policiais dentro dos becos. Ele deu a ela o presente do saber e ela nunca soube o porquê da ajuda e nunca ousou perguntar. Levanta a cabeça e segue os olhos por cada mesa, alguns casais e outras pessoas sozinhas em estado crítico do álcool acorrentados a suas vidas normais e serem capazes de se queixar. Ela nunca se adaptaria a uma vida onde cuidar de uma família seria a prioridade, acredita que a adrenalina jogada ao seu sangue seria o portal da liberdade onde ninguém poderia roubar dela, sozinha numa reta sem destino, assim como a vida dela é.
A porta do Pub se abre, o vento frio bate contra sua pele. Ela leva a cerveja à boca, olha quem entrou e o corpo se apodera de uma raiva automática. Balança a cabeça em reprovação ao ver entrar todo molhado. Ele a encara e um sorriso fino toma conta dos seus lábios. Ela revira os olhos, não sabia o que esse garoto tinha, mas ele trazia a ela um desejo enorme de fazê-lo bambear entre as pernas, derretendo-se nos lábios, e o desejo de atravessar uma faca no estômago. Mas entre a raiva e o desejo, a raiva consegue ser maior. se senta no banco à sua frente, mantém os olhos cruzados com ela, um olhar de predador observando à presa e se preparando para o bote. Parecem movimentos calculados. Levanta-se e caminha até a mesa dela, que sentia a raiva queimar a cada passo dele. — Posso sentar? — Pergunta, incrivelmente educado.
— Não. — Ela não o encara e ele sorri.
— Muito educada. — Ele se senta à sua frente.
— O que você quer? — tem uma expressão séria, contraindo os lábios e se controlando pra não quebrar sua garrafa na cabeça dele.
— De você, muita coisa, mas no momento só quero te fazer companhia, aqui e agora. — Ele olha no fundo dos olhos dela e morde o lábio inferior. A malícia escorre naqueles lábios de tom rosado.
— Pelo visto você não tem medo de morrer mesmo, não é? — Ela sorri inevitavelmente pela ousadia do rapaz.
— Quem iria me matar? Você? — Ele solta uma risada exagerada e toma um pouco da cerveja.
— No momento, matar você é meu maior desejo. Você não me conhece, então é melhor não me provocar. — Ela leva a mão ao queixo e sorri discreta.
, 22 anos, brasileira, dirigi um DODGE CHALLENGER R/T 1970 preto, melhor amiga e por muito tempo foi envolvida com Christian Buckholz. — Ele sorri ironicamente ao pronunciar cada informação.
— Fez a lição de casa direitinho, ganhou o que com isso? Um carro novo do papai ou uns mil a mais na sua conta bancária que guarda mesada? — É incrível como vê ele se irritar cada vez que insinua que ele não passa de um playboy, isso é delicioso para ela.
— Acho que não fomos apresentados direito. — Ele estende a mão e ela não retribui o aperto.
— Nem vamos. Vaza, playboy. — Ela toma um gole da sua cerveja e ele recolhe o braço para si.
. , querida, eu não só mais um playboy. — Ele sorri.
— Então me diga, meu caro , o que você é? Estou intrigada em saber. — Ela se curva para frente, colocando um braço sobre outro, olhando aqueles grandes olhos de um castanho esplendido.
— Sou , é tudo que você precisa saber de mim. — Ele arqueia a sobrancelha num breve sorriso que não atinge os olhos. Ela o encara por um minuto, a resposta surpreende, ele ri ao perceber isso. Irritada, se levanta. — Boa noite, querida. — O sarcasmo grita nas suas palavras.
— Vai se foder!
Ela sai do pub correndo, a chuva está forte. Entra no carro e segue para casa. O relógio marca três e quinze da madrugada quando entra na garagem. Entra em casa, tira a roupa e se joga na cama caindo num sono profundo.
Uma luz forte a faz abrir os olhos lentamente. "Porra", pensa ao se lembrar que esqueceu a cortina aberta. Um barulho forte vem da garagem, fazendo-a saltar da cama. Ela pega uma blusa grande e um taco de baseball de ferro dentro do guarda roupas. Desce devagar as escadas numa tentativa frustrada de não fazer barulho, vai insegura até garagem apontando o taco para a porta e não vê ninguém. Entra na garagem e sente alguém agarrá-la forte pela cintura, abre as pernas e, em um golpe certeiro, atinge a pessoa atrás dela.
— Minhas bolas, cacete! — Reconhece a voz de Chris, tendo o corpo afrouxado e se virando para ver a cena dele jogado no chão com o rosto vermelho e agora molhado por lágrimas. Ela o levanta, rindo descontroladamente e ajuda ele a caminhar até a cozinha.
— Aceita gelo? — Fala tentando controlar o riso.
— Não, obrigado, tem como você parar de rir? Você não faz ideia como dói — ele fala se contorcendo na banco preto do balcão da cozinha.
— Posso imaginar. — Ela oferece um copo de água gelada.
— Uma massagem é sempre bem-vinda. — Ele sorri maliciosamente, as lágrimas sumiram. Ele não parece sentir mais tanta dor.
arqueia as sobrancelhas observando o cabelo loiro bagunçado, os olhos azuis na cor do céu e o sorriso malicioso que ele mantém nos lábios que são muito sedutores, por sinal. Tem que admitir, é difícil resistir a tudo isso. Ele se levanta e a cerca na parede da cozinha, ele ainda acredita que pode prendê-la. Ele toma seus lábios em um beijo desesperado, um tanto esquisito, é algo possessivo, envolvente e delicioso. Ela leva as mãos ao cabelo macio do loiro, mordisca seu lábio inferior, ele sorri e a olha dando total sinal do desejo que escorre naqueles olhos azul céu. Ela o afasta, ele com um olhar confuso a encara. Em tantos anos, como ele ainda pode estar confuso dessa forma? Ela descola as costas da parede gelada e empurra levemente Christian para mais perto dela e trocam de lugar. Agora preso entre ela e a parede, onde recebe em seu pescoço beijos molhados.
— Oh! Querida você ainda sabe me surpreender — ele diz quase inaudível de olhos fechados, respiração forte. Ele passa a mão nas grossas pernas e puxa a camisa para cima numa tentativa de tirá-la, mas é repreendido. Ela desce beijando seu tórax e a barriga até chegar a barra da calça jeans preta, se ajoelhando diante dela. Pode ver a marca da ereção que está bem aparente. Abre os dois botões e escuta ele gemer baixinho, acredita que aquilo é música para seus ouvidos. A cueca boxer branca parece que vai explodir, não consegue conter o sorriso.
— Por favor, , por favor. — Ele implora quase num choro. Ela deposita dois beijos por cima do pano fino e sua perna estremece. Christian, que está corado e com olhos fechados, parece um anjo esperançoso, ele suspira e ela solta um riso baixo, fechando os botões.
— Pronto, já fiz um carinho. — Chris lança um olhar incrédulo. Ela se levanta e abre um sorriso largo.
— Porra, , você não vai fazer isso comigo! — Ele tem os olhos marejados e irritados.
— Só estava me divertindo um pouco, querido. — Chris balança a cabeça em reprovação, a decepção é clara em seu rosto.
— Não acredito que você fez isso de novo. — Ele se senta no banco novamente, abaixando a cabeça e entrelaçando as mãos no cabelo.
— Você pediu um carinho. — Ela faz a cara mais inocente que consegue e parece funcionar.
— Odeio isso, não basta você ter me machucado uma vez com o taco de baseball. — Ela gargalha alto enquanto ele se mantém sério.
— Calma, isso é só preparação.Qualquer dia você será ser recompensado, acredite — ela diz, tentando convencê-lo em uma tentativa falha. Chris revira os olhos.
— Fiquei esperando você passar lá em casa, mas você não foi, resolvi ver o porquê. — Ele controla a respiração que está descompassada.
— Dormi tarde, que horas são? — Ela pega o leite e o cappuccino no armário.
— Uma e quarenta da tarde – Ele olha em seu relógio dourado. — Porque dormiu tarde?
— Precisava de uma cerveja, noite difícil. — Ela prepara um cappuccino e toma um gole.
, você empatou um racha. Foi apenas um em 3 anos. — Ele a repreende.
— Eu não sou a porra do segundo lugar, você sabe disso. — Ela altera o tom de voz, respira fundo. Não quer começar uma discussão. — Como vão os negócios?
— Bem, tudo tem corrido como planejado essa semana, nenhum carregamento de heroína foi pego pelos tiras. — Chris sempre mantém empolgação ao falar do trabalho.
— Melhor assim, os investimentos acabam valendo à pena — ela responde fria.
— Qualquer investimento que você faça minha querida, sempre vale a pena. — Ele a encara com um sorriso sapeca.
— Você não cansa mesmo, né! — Ela sorri gelado.
— Nem um pouco. Preciso ir nessa, tenho alguns corres pra fazer. Beijos, querida. — Ele tira dos bolsos a chave do seu Audi CLS amg 63 vinho, ou, como chamavam, “O carro disfarce” e sai de casa.
— Tchau.

Continua...



Nota da autora: (03/11/2015) Olá amores, obrigada por escolherem minha fanfic para ler, espero não decepcionar e peço que comentem e indiquem para todos seus amigos, afinal isso me incentiva a melhorar à cada capítulo por vocês. Eu vou colocar oTumblr tumblr aqui caso o site saia do ar. All the love.




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