Última atualização: 26/08/2020

Capítulo Único

- Bom dia, Chunji. – cumprimentei a loira de peitos grandes que ficava na recepção.
- Bom dia, . – ela respondeu com seu desdém característico.
Minha rotina era essa. Saía de casa, comprava um café na cafeteria mais próxima e ia para a empresa.
Eu tinha ido para a Coreia estudar, mas acabei conseguindo um emprego e aumentei meu tempo de permanência. Fui ficando, ficando... E acabei aqui, na AOMG. Temporariamente como estagiária.
Todos os dias eu passava pela recepção e ia direto para os elevadores que ficavam nos fundos. Não gostava dos elevadores principais.
O co-CEO da empresa subia por lá. Os rappers da empresa subiam por lá. As dançarinas e os dançarinos subiam por lá. O próprio Jay subia por lá.
Não queria esbarrar com ele. Já era tentador demais saber que ele estava no mesmo prédio. Já era bem difícil estar sendo treinada para ajudar a maquiadora na turnê. Imagina ficar no elevador junto dele.
Isso me lembrou que eu tenho que atualizar minhas histórias.
O fato era que, por estar bem próxima a Jay Park, por ver todas as suas atitudes, todos os sorrisos que ele lançava às meninas, somado ao meu sonho de ser autora, eu havia me tornado escritora de fanfics, e, na maioria das histórias, o Jay era meu personagem principal. Minhas leitoras nem sonhavam que eu trabalhava na empresa. Apenas me perguntavam insistentemente como eu sabia tanto sobre ele ou como eu podia falar com tanta certeza. "Eu apenas sei", era tudo o que respondia.
Não era nada saudável escrever cenas quentes e ver ele passeando pelos corredores ou treinando na sala de prática, com aquele sorriso ladino que ele sustentava ou com aquela cara concentrada que ele tinha quando estava dançando. Ou ainda quando ele resolvia tirar a camisa no meio do ensaio. Não sei... talvez ele fosse alérgico a elas, porque elas não paravam no corpo dele de forma alguma.
Balancei a cabeça, espantando tais pensamentos e percebi que estava andando devagar demais. Me apressei para chegar ao elevador e apertei o botão para subir. Esperei pacientemente até que ele chegasse e entrei, encostando-me à parede oposta às portas e esperando que elas fechassem.
Vi uma pessoa correndo na direção do elevador e me preocupei em segurar a porta para que ela pudesse embarcar. Percebi que tinha sido uma má ideia quando estreitei os olhos e me dei conta de que era o fruto das minhas melhores histórias correndo.
Jay estava vindo na direção do elevador e eu não sabia se soltava a porta ou se continuava segurando. Quando estava quase desistindo, deslizando os dedos para soltar a maldita porta, Jay venceu todo o caminho e colocou sua mão quente sobre a minha, segurando a porta junto comigo.
- Obrigado. – ele disse com a voz entrecortada por conta da corrida. Sorriu com aqueles dentes enormes todos à mostra e estreitou os olhos para ler meu crachá. – .
Apenas meneei a cabeça. Não sei se conseguiria encontrar voz para lhe responder.
Jay tirou sua mão de cima da minha e eu a recolhi para perto do corpo imediatamente. Precisava segurar o copo de café com as duas mãos ou ele deslizaria pelos meus dedos. Minhas mãos suavam. Por Deus! Eu estava tão nervosa.
As portas se fecharam, nos encerrando naquele pequeno espaço e eu pude reparar nele. Jay usava um tênis cano alto vermelho, um short moletom preto e uma camisa cinza sem mangas, que deixava seus braços tatuados e a lateral de seu corpo à mostra. Um casaco preto jazia de qualquer jeito na bolsa que ele carregava no ombro. Olhei para ele tentando ser discreta e fui pega no flagra. Quis enfiar a cabeça num buraco. Pude ver ele esboçando um pequeno sorriso.
- . Belo nome. Estrangeira? – ele perguntou ainda sorrindo. Apenas confirmei com a cabeça. – Nós já nos conhecemos? Seu rosto me parece familiar. – ele perguntou incerto.
Ah, Jay... se nós nos conhecêssemos, poderíamos trocar uns beijos, como eu tenho quase certeza que você faz com as suas dançarinas.
Tinha que encontrar voz para responder. Agora eu não podia apenas menear a cabeça ou ele acharia que eu era muda.
- E... eu. – gaguejei. Droga! Olha meu nervosismo fazendo minha voz sumir. Pigarreei para que ela voltasse ao normal e tentei novamente. – Eu trabalho na área de marketing e eventos. Estou me preparando para auxiliar a Seomin na AOMG Tour. – respondi sorrindo. Seomin era a maquiadora das meninas. Ela precisava de uma auxiliar e eu, como amante de makes, me candidatei para ajudar.
- Deve ser isso. – ele sorriu de novo. Cada sorriso era uma morte para mim. – Você vai adorar a tour. É incrív... – ele começou a falar mas se interrompeu quando o elevador deu um solavanco. Nos olhamos assustados e o elevador deu outro tranco, quase me fazendo derrubar o café que eu carregava, e então parou de vez, as luzes piscando até apagarem por completo, nos lançando na escuridão.
- Que ótimo. – resmunguei. Eu e Jay no elevador parado por sabe-se lá quanto tempo.
- Você tá bem? – ele perguntou com uma pitada de preocupação na voz.
- Sim. – sorri sozinha no escuro. E, de repente, as luzes de emergência se acenderam. – Ótimo. Pelo menos tem luz.
Jay sacou o celular do bolso e checou alguma coisa.
- Tem luz mas não tem sinal. – ele resmungou insatisfeito. Peguei meu celular no bolso de trás da calça. Realmente não tinha sinal. Sentei no chão do elevador, completamente frustrada, e comecei a beber meu café.
- O que você está fazendo? – ele perguntou.
- Já que não sabemos quanto tempo vamos ficar aqui, acho que é melhor esperar sentada. – respondi. Terminei de tomar meu café sob o olhar atento de um Jay que ainda esperava de pé.
- Vou tentar o telefone de emergência. – ele soltou. Não tinha tentado porque sabia que provavelmente não funcionaria. Os elevadores secundários não recebiam manutenção há muito tempo. – Sem sinal. Merda. – ele se irritou e eu sorri. – Por que está sorrindo?
- É que eu sabia que não ia funcionar. Os elevadores daqui não recebem manutenção há algum tempo. Vocês que usam os elevadores principais só não sabem disso. – respondi.
- E por que você não usa os principais? – perguntou se referindo aos elevadores.
- Não gosto de me misturar aos poderosos. E não gosto de ficar entre as meninas. Elas são bonitas demais. Me sinto uma batata. – respondi séria. Jay gargalhou alto e eu achei a risada dele bem fofa. Nota mental: acrescentar a risada do Jay às histórias.
- Você é linda, . Não tem porque se sentir uma batata. Você poderia ser uma dançarina, sabia? – ele comentou. Corei de vergonha na hora. Minhas bochechas esquentaram e eu meti a cabeça entre os joelhos, que estavam recolhidos junto ao corpo, quase em posição fetal. – E agora, o que fazemos? – ele perguntou sentando no chão do elevador, no lado oposto ao que eu estava.
- Esperamos que alguém sinta sua falta, e eles vão sentir, e comecem a te procurar. Alguém deve ter te visto entrar por aqui. – respondi e respirei fundo.
- O cara do estacionamento me viu entrar. – ele respondeu pensativo.
- Ótimo. Agora é só uma questão de tempo. Seu carro tá no prédio, uma hora eles te acham. – rebati.
- Você fala como se ninguém fosse sentir sua falta. – ele comentou.
- E não vão. Talvez Seomin sinta. Mas ela não liga muito. Quem sentiria falta da estagiária? – perguntei sorrindo. Rindo da minha própria desgraça.
- Em breve você fará parte da tour dos "principais". – ele disse fazendo as aspas com os dedos no ar. – E aí as pessoas vão passar a sentir a sua falta tanto quanto sentem a minha. – ele sorriu no fim da frase. Se eu não soubesse que aquilo tudo era só para me animar, eu teria ficado mais feliz. – Eu não vou aguentar ficar aqui parado.
- Jay, não tem para onde ir. – respondi sorrindo. – Dorme um pouco aí. É o máximo que dá pra fazer.
Ele suspirou derrotado e ajeitou o corpo da melhor forma possível no pouco espaço que tínhamos. Sacou uma toalha da bolsa e apoiou a cabeça nela, fechando os olhos em seguida.
Contemplei ele tentado dormir por um tempo. Tinha vontade de tirar uma foto e registrar aquele momento. Poderia ser útil depois. Ao invés disso, lhe observei com atenção. Guardei cada detalhe daquele rosto sereno que nem se comparava àquele Jay de sorriso sacana quando dançava Mommae.
Percebi que não conseguiria dormir como ele, então peguei o celular, abri o aplicativo que usava para escrever e comecei, meus dedos voando pelo teclado. Vinte minutos de inspiração me fizeram terminar o capítulo que estava pela metade. Suspirei satisfeita e passei para o próximo. O anterior tinha terminado nas preliminares, se é que me entende. Sei que não deveria escrever com Jay ali, tão próximo. Não quando era ele o personagem principal da história.
Não resisti e comecei. Aquela cena ficaria tão rica em detalhes que eu já estava prevendo o surto das leitoras. Eu podia ver nitidamente cada linha do rosto dele, cada traço das tatuagens que se espalhavam pelo seu corpo forte.
Estava tão concentrada no que estava fazendo que não percebi ele se mexendo e acordando.
- O que está fazendo? – ele perguntou, a voz rouca preenchendo o pequeno espaço do elevador. Dei um pulo no lugar e quase derrubei o celular no chão.
- Nada. – respondi rapidamente e bloqueei o celular, guardando ele no bolso de trás da calça, as bochechas vermelhas de vergonha.
- Temos sinal? – ele perguntou esperançoso.
- Não. Infelizmente. – respondi.
- E o que você digitava com tanta agilidade? Não pense que eu não estava ouvindo o clique do seu teclado e seus dedos batendo na tela. – ele sorriu e eu baixei a cabeça, ainda envergonhada. – Por que está vermelha, ?
Droga! Minhas bochechas estavam me denunciando.
- Na... Não é nada. – respondi.
- , não minta para mim. – ele disse e se aproximou, engatinhando para perto de mim. – O que estava digitando com tanto interesse? – ele perguntou com o rosto próximo ao meu.
- Nada, Jay. Já disse. – menti novamente.
- Vamos lá, . Estamos só eu e você aqui. Não tem problema. Pode me mostrar. – ele estava tão próximo, que eu já sentia sua respiração batendo no meu rosto. Seus lábios deslizaram por minha bochecha e ouvi sua voz rouca no meu ouvido. – Prometo não contar para ninguém.
Senti sua mão deslizando por minha coxa e, em um movimento rápido demais para a minha mente lenta acompanhar, Jay tirou meu celular do meu bolso e se levantou, tão rápido quanto.
- Jay, isso foi jogo sujo! – gritei irritada. Levantei do chão e me aproximei dele. – Devolve. – ordenei.
- Ainda não. – ele respondeu. – Como se desbloqueia isso? – ele perguntou apertando o botão de bloqueio.
- Park Jaebum, não se atreva. – rosnei. Jay se atreveu. Deslizou o dedo pela tela e ela se desbloqueou. Mantinha aquele tipo de bloqueio porque era mais fácil, e eu estava sempre precisando do celular.
- Oh... tão fácil. – ele pareceu surpreso. Tentei pegar o aparelho, mas ele o ergueu à altura da sua cabeça, me impedindo de pegar. – Calma, gatinha selvagem. Eu só quero ver.
- Jay, isso é invasão de privacidade. Devolve. – me estiquei de novo, colando meu corpo ao dele na tentativa de pegar o aparelho de volta.
- Calma, gatinha. – ele me segurou junto de seu corpo, segurando meus braços com a mão livre. – Vamos ver o que tem aqui.
E começou a ler. A história na qual ele era o personagem principal. Bem na cena hot que eu estava quase acabando.
Seus olhos se arregalaram por uma fração de segundos, mas logo voltaram ao normal e um sorriso malicioso surgiu em seu rosto. Corei de vergonha mais uma vez e suspirei pesado. Aquilo não podia estar acontecendo.
- Esse... sou eu? – ele perguntou assim que terminou de ler e bloqueou o aparelho de novo, me entregando em seguida. Me soltou de repente e eu quase caí no chão.
- Você não é o único Park Jaebum da Coreia. – respondi desafiadora e guardei o celular no vão entre os seios. Ele não se atreveria a tirar o celular dali, não é?
- Com essa quantidade de tatuagens, talvez sim. – ele respondeu.
- Eu gosto de caras tatuados. – respondi e me arrependi em seguida. Que merda eu estava dizendo? Havia acabado de confessar que gostava dele?
- É mesmo? – ele perguntou com um sorriso convencido. – E do que mais você gosta? – senti suas mãos deslizando por meus braços. – De caras que te pegam de jeito, assim? – suas mãos encontraram minha cintura e me puxaram em sua direção, colando nossos corpos num movimento rápido. Arfei alto pelo contato repentino e brutal.
Quando me preparei para responder, as luzes piscaram e o elevador deu um solavanco, assim como tinha feito quando parou. Soltei um grito surpresa e escondi o rosto no peito de Jay. Inalei seu perfume amadeirado e o cheiro me deixou levemente tonta. Cheirava "a homem bonito", como diria minha mãe, o perfume forte e contagiante.
- Acho que estamos salvos. – me soltei rapidamente de seus braços e dei passos curtos até onde eu estava parada antes de tudo isso começar. Jay permaneceu em silêncio, me observando com um sorriso ladino.
Assim que as portas se abriram, demos de cara com o assessor de Jay.
- Cara, você não sabe o quanto ficamos preocupados. – ele cumprimentou Jay.
- Como me acharam? – Jay perguntou. Tentei sair sorrateiramente e ele olhou para mim com uma cara séria, como se me mandasse ficar exatamente onde estava.
- O porteiro disse que você parou o carro e pegou o elevador com a . Como ela só sobe por aqui, suspeitamos que vocês estavam presos. – o assessor continuou. Jay sorriu vitorioso para mim. Afinal, alguém além de Seomin sabia meu nome por ali.
- Valeu, cara. Ah, por favor, lembra de pedir a alguém para olhar os elevadores daqui e dar uma geral nesses telefones. – o assessor assentiu levemente. – Eu vou só dar uma palavra com a e já vou. – ele usou meu sobrenome para se referir a mim e aquilo foi bem estranho. O assessor saiu, nos deixando a sós e Jay virou em minha direção. – Vamos conversar mais tarde. Não saia sem antes falar comigo. – ele ordenou e saiu.
Aquilo definitivamente não era bom.


****


Passei o resto do dia trabalhando como uma louca, tentando manter minha mente ocupada e longe dos pensamentos que envolviam fanfictions, elevadores, Jays sem camisa e sexo.
Já estava bem tarde, mas eu não me importava. Terminaria tudo que tinha que fazer naquele dia, depois chamaria um táxi e iria para casa, relaxar.
- , estou saindo primeiro. – a voz de Seomin preencheu a sala. – Se certifique de fechar tudo antes de ir. Até amanhã. – e saiu sem ao menos me dar tempo de responder. Voltei a analisar os papéis que estavam sobre a mesa. Aquele nem mesmo era meu trabalho, mas como estagiárias não têm vez aqui, tive que fazer o que me mandaram. Ouvi a porta ser aberta e virei a cadeira naquela direção. Seomin devia ter esquecido alguma coisa.
- Esqueceu algo, unnie? – perguntei com a cara enfiada no papel.
- Vi as luzes do andar apagadas e pensei que você tinha ignorado minha ordem. – a voz de Jay ecoou pela sala quase vazia e eu dei um pulo no lugar por conta do susto.
- Porra, Jay! Quase me matou do coração. – gritei.
- Vamos conversar, . Senta aqui. – ele entrou, sentou em uma cadeira e bateu na outra à sua frente para que eu me sentasse. Relutei em me levantar e obedecer. Jay me lançou um olhar que me dizia "Não me contrarie". Suspirei derrotada e caminhei até ele. Sentei onde ele indicou e o vi relaxar na cadeira, cruzando as pernas, assumindo uma pose de quem estava me analisando.
- Há quanto tempo? – ele perguntou.
- Há quanto tempo o quê? – perguntei confusa.
- Há quanto tempo escreve aquele tipo de coisa? – ele perguntou se referindo às fics.
- Sou autora há algum tempo. – respondi.
- E todas as suas histórias... são comigo? – um sorriso convencido estampou seu rosto.
- Você não é o único homem da Coreia, Jay. E eu já disse que aquele não é você. – menti. Cruzei os braços sobre o peito e ergui uma sobrancelha em sua direção.
- A descrição parecia bem real. – ele continuava sorrindo e aquela conversa já estava me deixando nervosa. – Se aproveita que trabalha aqui e me usa como personagem? Tem sonhos eróticos comigo, senhorita ?
Não esbocei nenhuma reação. Qualquer coisa poderia me denunciar naquele momento.
- , eu te fiz uma pergunta. – ele insistiu.
- Não. Para as duas perguntas. – respondi com uma confiança que não era minha.
- Então não se importaria se eu lesse mais algumas páginas, não é? – ele agitou o próprio celular na mão.
- Esse celular é seu, Jay. O meu está aqui. – saquei o celular do bolso.
- Mas não é você a arroba ?
Assim que ouvi meu username do Wattpad, meu coração parou. Tentei não parecer surpresa, mas acho que falhei. Ouvi a risada contida de Jay.
- Ora se não é você mesmo. – ele iniciou e desbloqueou o celular. – Vejamos o que temos aqui. Temos... uma, duas.. quatro, seis histórias com "Jay Park" nas tags. Qual delas você estava escrevendo hoje?
Não consegui responder. Não conseguia reagir. Estava completamente em pânico. Assustada demais até para negar que aquele era mesmo meu perfil.
- Tenho que dizer que você escreve muito bem. Poderia ser uma autora de sucesso. – ele comentou.
- Você... – tentei falar, mas minha voz saiu esganiçada.
- Sim. Eu li duas delas hoje. Duas que já estão completas. – ele sorriu malicioso. – Andou perguntando alguma coisa a alguém que saiu comigo? – ele perguntou e eu neguei com a cabeça, altamente confusa. – Nós saímos alguma vez? – neguei novamente. – Garota, você sabe o que escreve. – passou o dedo pela tela e clicou em alguma coisa. – "Jay segurou meus cabelos com força e fez com que eu abandonasse seu membro." – ele começou a ler. – "Nos beijamos novamente e eu sentei em seu membro, suas mãos me dando apoio e o guiando para que pudesse me preencher". Eu gosto da ideia. É uma bela cena. – ele comentou.
Levei as mãos à boca, completamente chocada. Aquilo definitivamente não deveria estar acontecendo.
- Jay, por favor, para. – pedi quase desesperada.
- Por que, ? Ouvir o que você escreveu te deixa excitada? – ele descruzou as pernas e inclinou o corpo para frente. – É minha voz, o tom que eu uso? – ele perguntou sensual.
- Não é você nessa história! – menti novamente.
- E por que eu estou na capa? – ele agitou o celular na minha frente.
Merda! Eu já não sabia mais o que fazer. Então me levantei e abri a porta.
- Jay, por favor, vá embora. Preciso terminar de ler aquilo ainda hoje. – apontei para a mesa cheia de papéis.
- Eu tenho uma ideia melhor. – ele se levantou e veio em minha direção. Suas mãos seguraram minha cintura e seus lábios tocaram meu pescoço em um selar leve, me causando um arrepio. – Que tal nós praticarmos uma das suas cenas? Assim, você vai poder escrever com mais realismo. – ele sussurrou no meu ouvido. – O que me diz?
Por todos os heróis! Aquilo não podia ser real. Não estava acreditando.
- Jay, sai. – tentei lhe afastar e falhei.
- Achei que o sonho de uma autora fosse encontrar sua fonte de inspiração. – ele comentou.
- Você não é minha fonte de inspiração. – menti de novo. Foram muitas mentiras para uma noite.
- Isso pode te render uma boa história depois. – ele insistiu e selou seus lábios em meu pescoço novamente. Mais um pouco e eu acabaria cedendo. Senti suas mãos adentrarem minha blusa e tocarem minha barriga. – , uma cena. Só uma. Não vou machucar você, eu prometo. Vai lhe render uma boa cena de sexo de reconciliação. Vamos lá. – seus lábios tocaram meu pescoço de novo e eu suspirei. Nem precisei dizer nada. Jay entendeu aquilo como um sim.
Ele puxou minha mão que segurava a porta e a colocou em seu pescoço, chutou a porta e ela se fechou com um baque surdo no silêncio do andar vazio. Jay começou a me beijar e nos guiar pela sala e eu sabia para onde ele estava indo.
- Fique longe da minha mesa. – ordenei ofegante cortando aquele beijo afoito.
- Ah, ... ia ser divertido. – ele resmungou e mudou de direção, nos levando ao sofá.
- Bagunçar meu trabalho não é divertido. – rebati. Senti minhas costas tocarem o estofado sem nem um pouco de delicadeza. Jay separou minhas pernas e se posicionou entre elas. Tirou aquela camisa larga, me dando uma belíssima visão de seu torso, e se deitou sobre mim, me beijando novamente.
Traçou uma linha de beijos pelo meu queixo e desceu até encontrar o primeiro dos três botões da minha camisa. Seus dedos ágeis adentraram por baixo da peça e a levaram para cima, na intenção de tirá-la. Levantei os braços e o corpo afim de facilitar o processo. Assim que se desfez da minha blusa, senti meus seios serem libertos do aperto do sutiã e os lábios dele tocaram meu mamilo esquerdo.
Não consegui conter o gemido que atravessou minha garganta. Jay sorriu e intensificou seus movimentos, quase me levando à loucura.
- É assim que você imagina enquanto escreve, ? – ele perguntou rouco, os lábios tocando minha pele a cada palavra.
- Mais... mais embaixo. – me atrevi a responder. Jay abandonou meus seios e desceu mordendo minha barriga.
- Aqui? – ele passou a língua bem abaixo do meu umbigo. Neguei com a cabeça. Senti seus dedos no botão da minha calça e o vi descer o corpo e beijar meu íntimo por cima do jeans. – Aqui? – ele perguntou e meu corpo estremeceu. Senti ele puxar as laterais da calça e ergui o quadril para me livrar dela, percebendo que minha calcinha tinha ido junto. – Você é linda, . – ele disse. Parecia sincero. Eu quase esqueci o que estávamos fazendo ali. Quase esqueci que estava nua na frente da fonte dos meus sonhos mais molhados.
- Jay... – chamei baixinho. Estar nua já estava me deixando envergonhada.
- Eu vou cuidar de você, . – ele sorriu safado. Segurou meus joelhos separados e ajustou o corpo, levando a boca até meu íntimo e chupando com força. Meu gemido foi incontornável e eu quase me desfiz ali mesmo. Ele continuou a sugar e, para piorar minha situação, penetrou dois dedos em mim, sem aviso prévio. Me remexi inquieta no sofá e levantei a cabeça para lhe olhar, vendo seu rosto contorcido pelo pequeno esforço que fazia ali.
- Jay... – chamei de novo. Estava sentindo meu corpo tremer. Ele afastou a boca da minha intimidade e sorriu, os dedos ainda em movimento dentro de mim.
- Está vindo, ? – ele perguntou quase inocente. Apenas confirmei com a cabeça, incapaz de responder devido aos gemidos presos em minha garganta. Ele parou os movimentos de repente e me obrigou a sentar, me empurrando para a borda do sofá e se colocando atrás de mim. Penetrou os dedos em mim outra vez, os movimentando mais rápido. – Vem, . Goza gostoso pra mim. – ele sussurrou no meu ouvido. Como se estivesse obedecendo apenas à voz de Jay, meu orgasmo chegou, forte, me fazendo tremer o corpo e apertar o braço de Jay com força, deixando a marca das minhas unhas ali.
Jay tirou os dedos de mim e me abraçou pela cintura. Começou a distribuir selares pela minha nuca até que eu parasse de tremer e conseguisse respirar direito.
- Foi incrível. – ele beijou atrás da minha orelha, me arrepiando. – Mas eu preciso saber o quão quente sua boca é. – ele sussurrou e eu fechei as pernas, esfregando uma coxa na outra, excitada apenas com a ideia do que viria a seguir. Jay soltou o abraço e saiu do sofá, se posicionando bem na minha frente, o quadril na altura do meu rosto, um volume incontestável ali. – Tire, . – ordenou, se referindo ao seu moletom. Levei os dedos ao elástico e baixei a peça de repente, o membro pulsante saltando pela falta da cueca ali.
Ele sorriu diante da minha reação e eu levei uma das mãos até seu membro pulsante e passei o dedo sobre a glande, um sorriso arteiro no rosto. Ele achava que só ele sabia provocar? Estava enganado.
Me aproximei mais ainda dele e deixei um selar na base do seu membro, ouvindo seu arfar baixinho. Coloquei a língua para fora e lambi toda a extensão, sentindo suas veias pulsando contra minha língua. Chupei a glande com vontade e me afastei com um barulhinho estalado.
- Assim, Jay? – perguntei sorrindo. Jay suspirou pesado e passou a língua sobre os lábios.
- Não. Quero estar dentro da sua boca toda. – ele respondeu num sussurro. Coloquei na boca tudo que consegui e voltei a tirar, novamente chupando a glande.
- Assim? – perguntei inocente.
- Foda-se. – Jay praguejou e se afastou de mim rapidamente, se livrando do moletom, indo até sua bolsa e voltando de lá com um pacotinho metálico em mãos. Ele mesmo abriu o pacote e vestiu o preservativo. – De costas. – ele ditou e eu obedeci com um sorriso no rosto. Era bom vê-lo perder o controle. Jay juntou meu cabelo em um rabo de cavalo malfeito e se aproximou do meu ouvido. – Você vai ficar de joelhos nesse sofá e vai empinar bem pra mim, . – ele praticamente gemeu meu apelido.
Fiquei de joelhos no sofá e apoiei as mãos no encosto, empinado a bunda na direção de Jay e lhe olhando por cima do ombro. Vi ele guiar o membro para a minha entrada e meu estômago se contorceu em expectativa. Jay pincelou seu membro em minha entrada e empurrou devagar, gemendo a cada centímetro que entrava. Com uma mão ainda em meus cabelos e a outra em meu quadril, Jay começou a se mexer devagar, tirando todo o comprimento e voltando a empurrar, gemendo sempre, até me tirar a paciência com aquele ritmo lento.
- Jay... – empurrei meu quadril contra sua pélvis.
- Você é tão quente e tão apertadinha, . – ele sussurrou.
- Mais, Jay. Mais rápido. – pedi. Senti a mão que me segurava pelo quadril se dirigir à minha barriga e me puxar em sua direção. Endireitei o corpo e senti sua respiração perto da minha orelha.
- Foi você quem pediu, garota. – ele soltou meus cabelos e levou as mãos grandes aos meus seios, apertando com força. Começou a estocar freneticamente, se chocando contra mim, prensando meu corpo ao seu. Se tivesse mais alguém no andar, provavelmente ouviriam aquele barulho.
- Jay... Jaebum. Eu... – interrompi a frase quando Jay levou uma mão para entre as minhas pernas e pressionou meu clitóris com força.
- Vem, . Goza comigo. – ele quase ordenou.
Cheguei ao ápice com um espasmo forte que balançou meu corpo, e certamente apertei o membro de Jay em minha intimidade, pois ouvi um gemido rouco vindo dele e senti os jatos de seu líquido mesmo estando protegido. Jay rapidamente saiu de mim e se abaixou, sugando minha intimidade e provando do meu prazer que escorria dali.
Caí sentada no sofá, exausta, e vi Jay sorrindo satisfeito. Ele se ajoelhou ao meu lado e me beijou calmo, me fazendo provar meu gosto em seus lábios.
- E então? Não foi ruim, não é? – ele perguntou sorrindo, os lábios ainda próximos do meu.
- Foi incrível. – respondi mole pelo cansaço.
- Se vista, . Vou te levar em casa. Amanhã você termina aquilo. – ele apontou para a mesa cheia de papéis. – Se tiver problemas, me avise. – ele piscou e selou meus lábios mais uma vez. Saiu do sofá e enrolou o preservativo. – Te espero lá fora. Não demore. – juntou suas roupas, vestindo apenas o moletom, e saiu da sala em seguida.
Vesti minhas roupas rapidamente, meu corpo protestando em vários lugares pelo que tínhamos acabado de fazer, e saí, encontrando Jay devidamente arrumado, escorado em uma mesa. Lhe acompanhei até seu carro em completo silêncio e seguimos até meu prédio com apenas minha voz lhe dando as direções. Jay sorria, mas nada dizia.
- Foi um prazer te conhecer melhor, . – ele virou e sorriu para mim quando paramos em frente à minha porta.
Completa e literalmente um prazer. Completei na minha cabeça.
- Digo o mesmo. – respondi. Se tentasse dizer algo mais elaborado, provavelmente falaria o que não devo. Respirei fundo e me preparei para descer do carro.
- Sabe, ... – Jay chamou e sorriu de lado. – Quando precisar de inspiração para suas histórias, sabe onde me encontrar. – ele piscou e eu tive que sorrir.
- Sabe que não podemos continuar com isso, não é? – perguntei.
- Nós podemos qualquer coisa, . – ele respondeu confiante. – Sabe onde me encontrar. – repetiu. Selou meus lábios rapidamente e eu saí do veículo. Jay saiu em disparada, cantando pneu. Respirei fundo mais uma vez e entrei no prédio. Eu tinha histórias para atualizar. Agora com outro nível de realidade.
Enquanto subia para o meu apartamento, pensei na proposta de Jay. Encontrá-lo de novo? É, seria interessante.


FIM



Nota da autora: Espero que tenham gostado. Essa é minha segunda história no site e eu ainda tô muito nervosa. Estou aberta a críticas. Vejo vocês por aí!





Outras Fanfics:
Baby Don't Stop
Baby Don't Stop (Bônus)

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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