CAPÍTULOS: [1]









Capítulo único.


9 DE FEVEREIRO DE 2011 – 7:31 PM – LOS ANGELES, CA

" é flagrado em boate strip-tease com loira misteriosa! Será que os boatos sobre a separação com eram verdade e a fila andou para o astro?"
"Após passar a noite com uma mulher desconhecida, ela e o cantor, , são vistos saindo de hotel juntos!’

fechou as páginas da internet onde o nome do namorado (ou agora ex) estavam estampadas em letras grafais. Desconectou-se da sua conta no Twitter antes de ler mais dos milhares de comentários que chegavam por minuto. Alguns a apoiavam, outros a difamavam, dizendo que ela mereceu a traição e que ela não era boa para . Ela não chorou. Estava acostumada e ciente de que algum dia isso aconteceria. Havia muitas coisas no seu namoro que não dava mais certo. E ela sabia, acima de tudo, que era homem. E homens procuravam em outras mulheres quando não encontravam o que queriam nas suas namoradas. Isso não a incomodou. Por mais que ele tenha sido considerado o amor da sua vida até ela ler as manchetes, agora ela não queria mais ouvir falar no seu nome. O que mais a incomodava era a frente da sua casa estar cheia de fotógrafos intrometidos que esperavam o momento que saísse para a rua com a cara inchada, demonstrando ter chorado por horas com a notícia. Bem, eles poderiam esperar sentados, se quisessem, porque ela não se daria o luxo de aparecer daquela maneira. Não daria a notícia que eles tanto esperavam. E também odiava estar com o rosto estampado em todos os tablóides como a mulher que traiu. Não era nem o fato de ser traída, mas de ter aquilo exposto para o mundo todo. Algo que era tão particular e que adoraria que ficassem em segredo. Então, nos próximos minutos em que ficou sentada na sua cadeira, olhando para a parede, sentiu-se imprestável. Nem o seu próprio namoro conseguia fazer durar.
Seu celular apitou inúmeras vezes. O nome de sua melhor amiga, Natalie, apareceu na tela. apertou no botão vermelho, recusando todas as ligações. Teria a vida inteira para conversar sobre isso com a sua amiga e com a sua família. Não era algo que esqueceria tão cedo. O tempo pareceu parar quando viu o nome de no visor. A foto dos dois, que tinha escolhido para ele como contato, estava se sobressaindo na tela, ou era apenas impressão. Cogitou em atender e falar os tantos palavrões que estavam prestes a sair caso ela ficasse em silêncio por mais algum tempo. Apertou no botão vermelho. Não choraria na frente de . Era bastante forte para lidar com aquilo com maturidade, embora tivesse apenas 18 anos.
, até onde ela sabia, estava na Tailândia, cumprindo a sua agenda lotada de shows. Era muito longe de Los Angeles, cidade onde a garota atualmente morava. Apesar de ter nascido no interior do Arizona, quando fez 12 anos, mudou-se para a cidade dos anjos. Lá foi onde a sua vida começou. Onde ela conheceu e as coisas pareciam ter começado a dar certo. Agradeceu mentalmente por ele estar tão longe a ponto de não poder pegar um avião e chegar em menos de duas horas até a capital da Califórnia. Ela precisava desse momento sozinha. No instante em que o astro pusesse os pés na mesma cidade que ela, os burburinhos começariam para valer. Não teria mais paz.
Pegou o seu celular e discou o número um tanto quanto conhecido. Esperou alguns segundos até que a pessoa do outro lado da linha atendesse.
- Alô?
Sua voz máscula era confortante. Ela se sentiu como se estivesse de volta a Holbrook.
- Oi. Você tem um tempo para conversar?
- Não muito. Estou um pouco atarefado. Ouvi o que aconteceu com você e... . Sinto muito. Mas, eu te avisei que ele era um idiota e que você magoaria no fim disso tudo — Oliver respondeu de maneira áspera, parecendo muito ocupado para falar com a garota naquele momento.
- Eu queria que você estivesse aqui — confessou, apoiando a cabeça nas mãos e fechando os olhos por alguns instantes — Quero voltar para casa. Não sei se esse ainda é o meu lugar. É muito para que eu possa aguentar... essas pessoas, essas traições, tudo.
- Então volte para cá. Mamãe fala de você todos os dias. Nós sentimos a sua falta. Você continua sendo a nossa garotinha, mesmo com a distância.
- E a minha vida aqui? Por outro lado, eu não posso deixar tudo que conquistei.
- Eu não tenho muito tempo para falar com você sobre isso. Você sabe o certo a fazer. Eu tenho alguns assuntos que preciso resolver e não estou podendo te dar atenção nesse momento. Volte para cá. Você pode conquistar muitas outras coisas aqui. Seu lugar não é nessa cidade, com essas pessoas. Está cercada de coisas que não te fazem bem. Por que continuar insistindo? Volte para casa, . É o único conselho que posso te dar como seu irmão.
- É que dói tanto ir embora. Não acho que esteja pronta para isso. Meus sonhos... Droga, Oliver, por que ele tem que ser assim? Por que ele não pode se contentar somente comigo? Por que ele tem que estar nos tablóides com outra mulher?
- Você tem sido idiota de aceitar as desculpas de um idiota como ele. Ele continuará te machucando, essa é a verdade. Volte para ele e se magoará novamente. Todos veem isso, menos você. Por um lado, eu te entendo. Está apaixonada por alguém que não merece o seu amor – ele a defendeu, deixando o seu jeito paternal aparecer. Oliver sempre foi como um pai para a garota, a defendendo de todos e todas até que ela resolveu ir embora. – Mas faça algo por si mesma. Olhe, eu preciso desligar agora, estou no fim do meu intervalo e logo tenho que voltar a sala de aula. Pense com carinho, certo? E me ligue caso tenha decidido alguma coisa.
não precisou pensar muito e decidiu o seu futuro naquela mesma tarde nublada de fevereiro, onde a neve caía tranquilamente: iria embora de Los Angeles, a cidade onde pensava que pertencia, mas que realmente nunca pertenceu.

Ele nunca tinha sentido a dor de uma perda. Embora as coisas no ínicio da sua vida, até a ascensão da sua carreira, tenham sido difíceis, ele mal se lembrava da época em que não tinha milhões de dólares em sua conta bancária e que não tinha o mundo na palma da sua mão. Não se importava, também. O passado tinha ficado para trás, como gostava de dizer quando a sua mãe o questionava se esse era o rumo que queria levar para o seu futuro. Digamos que sair quase todos os dias envolvido em alguma confusão não era o que a sua mãe queria e nem era esse o garoto que tinha conhecido, há dois anos. Pessoas mudam e às vezes se tornam aquilo que você desejava que elas nunca se tornassem. É o ciclo da vida. Mudanças.
Tinha voltado do continente asiático a pouco mais de uma semana. Decidira que tiraria alguns dias de folga. Precisava se resolver com a namorada e arrumar as coisas que tinha estragado. Amava a garota com todo o seu coração, mas nunca achou que fosse o melhor para ela. Ela merecia coisa melhor, sem dúvidas. E ele também não sabia se estava pronto para continuar no relacionamento. A distância era grande e era um milagre quando conseguiam se falar todos os dias pelo Skype ou Facetime. Às vezes ficavam mais de uma semana sem comunicação e o estava na sua adolescência, onde os hormônios estavam a flor da pele e milhares de garotas no mundo inteiro dariam qualquer coisa para passar uma noite ao lado dele. Tinham saído boatos de traição, obviamente. Por sorte, nada nunca foi confirmado. Só que é uma mulher e mulheres sabem quando seus namorados a estão traindo. Ela tinha certeza que algo estava acontecendo quando toda vez que tentava chamá-lo para conversarem, ele se esquivava, dizendo que estava muito cansado e que tinha tido um dia cheio. A sua paciência tinha se esgotado. Estava cansada de ter o título de aquela que foi traída. Era muito mais do que aquilo. Nunca que deixaria que um homem comandasse a sua vida, seja ele quem fosse. Era independente e tinha aguentado demais ao lado de seu namorado. Era a hora de pôr o fim no relacionamento desgastado.
Dois dias depois das notícias de que ele estava a traindo e com fotos que comprovavam o boato, voltou a cidade onde morava. Tinha uma agenda a cumprir e esperou que o último show acabasse para voar direto de volta para casa.
- Não se preocupe, cara, ela com certeza deve estar lá e vocês vão ter tempo para conversar – seu amigo disse na ocasião enquanto ele observava as nuvens da janela do seu avião – Aliás, você ainda quer continuar com ela? Tudo bem que ela é bonita, mas tem muita mulher muito mais bonita por aí.
pensou nas palavras do seu buddy. sempre esteve lá quando precisou. Foi a primeira garota por quem se apaixonou de verdade. Ela o conhecia como ninguém jamais o conheceu, ou pelo menos costumava conhecer. Automaticamente isso a tornava a garota mais bonita que ele conhecia. Sim, mesmo que ele visse milhares de garotas de todas as culturas e etnias todos os dias, tinha algo diferente, que a sobressaía em todas as mulheres que conhecera. Algo em como ela parecia ter uma paz e em como era sempre bom ouvir a sua voz tranquila depois de um longo dia. Era nesses poucos momentos em que estava arrependido de seus atos impensados que pensava no quanto ele a amava e pouco demonstrava. Estava na hora de mudar, se ele ainda quisesse que ela continuasse ao seu lado.
O avião aterrisou na cidade no fim da tarde e pôde adivinhar que deveria estar voltando da faculdade. Era uma sexta-feira e ela deveria estar feliz em ter o final de semana inteiro para poder fazer o que quisesse. Ele a conhecia tão bem. Após passar em casa, tomar um banho, se vestir decentemente para encontrar a namorada e no meio do caminho parar para comprar um buquê de flores, dirigiu rumo a casa dela, que ficava num bairro nobre da cidade, diferentemente do que a maioria das pessoas pensavam. Ela não tinha dinheiro como o namorado tinha e gostava de ter que lutar para conseguir o que queria. Ambos tinham opiniões muito divergentes sobre alguns assuntos.
subiu até o quinto andar pelo elevador e se olhou mais uma vez no espelho, arrumando o cabelo e vendo se estava mesmo com uma boa aparência. Ele gostou do que viu. Caminhou no corredor que levava a tão conhecida porta 505. Apertou a campainha duas vezes, impaciente. Acostumado a ter as coisas sempre prontas e a não esperar nada, os dois minutos parados em frente a porta os deixou estressado. Que diabos ela não aparecia de uma vez? Tudo bem que deveria estar chateada e magoada, não querendo ver o namorado na sua frente, mas ela geralmente costumava dizer alguma coisa, como ‘’Vá embora!’’ ou algum outro recado que o dava-lhe certeza de que ela continuava ali, independente de tudo. Agora tudo parecia diferente e se pegou imaginando com a possibilidade de a namorada ter se mudado ou ido embora.
Ligou para o celular dela, que caiu na caixa postal. Tentou o celular de Natalie e ela também não atendeu. O universo parecia estar contra ele. Então ele tentou o de Oliver, que tinha bloqueado as suas chamadas, e o da irmã de , que era a única com quem ele se dava bem na família dela e que considerava uma grande amiga. Holly era ótima e apoiava muito o namoro da irmã com ele. , por sua vez, adorava quando ia visitar os pais da namorada e a irmã dela estava lá. Gostavam de conversar os três juntos. Dessa vez, quando ele ligou para Holly e ela o atendeu, ao invés de receber algumas palavras amigáveis, apenas recebeu uma palavra de baixo calão e desligou o telefone na sua cara.
Nervoso e arrependido de suas ações, como sempre ficava depois que percebia que tinha feito algo errado, direcionou-se até a porta da vizinha, uma senhora chamada Pearl, que ele conhecia desde que a garota se mudara para esse edifício. Apitou uma vez no seu apartamento, tentando fingir um sorriso animado ao encontrá-la e diferentemente do que aconteceu no apartamento da namorada, Pearl abriu a porta quase que imediatamente, exibindo uma feição triste ao encontrar a sua frente.
- Menino, há quanto tempo não vejo você! Como você está bonito! – Ela deixou escapar, tocando no ombro dele com carinho – Você tem que aparecer mais por aqui! A gente só sabe notícias suas quando fala alguma coisa ou lemos numa revista. Como está a vida?
- Ocupada. Faz mais de um ano que estou com a agenda lotada de shows, percorrendo todos os lugares do mundo. É cansativo, mas no final, vale a pena. Acaba que quase não tenho tempo para aparecer por aqui. Como a senhora está? É sempre bom vê-la novamente. As coisas estão diferentes por aqui. Na última vez em que vim, estavam reformando os andares. Agora definitivamente está melhor – ele notou que a escada tinha sido reparada e que as cores das paredes tinham mudado. Quase nunca notava essas coisas. Agora, queria puxar um assunto com Pearl para parecer simpático quando percebeu que mesmo tendo o telefone da vizinha de , nunca tinha reservado um tempo para ligar e perguntar como ela estava.
- Sim, algumas coisas mudaram mesmo. Entre – ela abriu passagem para que ele entrasse no seu apartamento acolhedor. recusou, dizendo que estava de passagem rápida, mas que adoraria voltar para conversar com ela com mais calma, mesmo sabendo que isso não aconteceria. – O que te traz aqui, filho?
- Eu queria ver a . Sinto falta dela. Agora que eu tenho um tempo, resolvi que deveria fazer uma surpresa. Parece que ela não está em casa, no final de contas. A senhora a viu sair?
- A última vez que a vi foi na quarta-feira, se bem me lembro. Holly apareceu e fazia mais de ano que eu não a via! A saiu em silêncio, só me cumprimentou assim que nos vimos no corredor e sumiu junto com a irmã, o que é muito esquisito da parte dela já que eu nunca conheci alguém que gosta tanto de conversar – a senhora riu e a acompanhou, achando tudo aquilo muito estranho. – Não se preocupe, querido, ela deve ter saído para fazer alguma coisa e logo está de volta.
Por um momento, perdeu a respiração. Esqueceu-se de tudo a sua volta. Do dinheiro, da fama, das mulheres, e focou-se apenas na possibilidade, na pequena possibilidade, de ter perdido . Estava certo de que ela estava magoada. Sabia que tinha errado mais uma vez. Mas também era humano, não era? Podia errar. Ela tinha quer perdoá-lo. Os dois eram novos, mas sabiam o que era o amor e sabiam o que sentiam um pelo outro. O que sentiam era algo grande e para não era apenas um caso temporário. Já tinha se pegado pensando no futuro com ela e nos filhos que os dois teriam juntos. Então arrependeu-se mais uma vez das suas ações.
- Posso pedir uma coisa para a senhora? – Ele pediu, começando a imaginar que o pior tinha acontecido. A mãe dele já tinha dito que uma hora cansaria. Ele só não imaginou que a hora pudesse ter chegado.
- Claro que sim! Ok, entre, não vou te deixar parado em pé aqui – ela o convidou mais uma vez e ele teve que ceder, entrando no pequeno apartamento de Pearl. Os móveis da sala tinham mudado de lugar e aquele sofá velho tinha sido trocado por um novo – Do que você precisa?
- Você pode ligar para Holly para mim e perguntar onde que a está? Porque claramente ela não está querendo falar comigo, já que eu liguei minutos atrás e ela simplesmente desligou sem falar nada.
largou o buquê em cima da mesa de jantar e sentou-se ao lado da senhora no sofá novo. Ele tocou no estofado e então riu, lembrando dos velhos tempos em que ele e a namorada vinham visitar sua vizinha. Naquele segundo, o coração de doeu. Tentou ser positivo e focar-se nas possibilidades positivas que haviam. Talvez ela só estivesse saído e logo voltaria. Talvez Holly estivesse a visitando. Ela não estar em casa por um dia não significava que a garota estivesse voltado para Holbrook, significava?
- Oi, querida – Pearl falou no microfone do telefone, lançando um olhar cúmplice para . Gostava muito dos dois juntos e não cogitara a possibilidade de que ela poderia ter ido embora sem ao menos se despedir – Está tudo bem? Não vejo você há algum tempo no seu apartamento.
- Oi! – a voz de Holly soou muito mais simpatico do que na vez em que tinha telefonado para ela – Desculpe não nos despedirmos. As decisões foram rápidas, nem tivemos tempo de processar… está aí, não está?
- Sim, ele está. Nós estamos preocupados com vocês. Aonde vocês estão, meninas? Aposto que adoraria vê-lo. Ela estava esperando ansiosamente pelo momento em que ele voltasse para casa.
- Eu sei que sim. Enfim, outra hora nós conversamos melhor, você me perdoa? Sinto muito, de verdade. E diga para que não é mais para ele procurar a minha irmã e que ela não quer mais vê-lo. Eu ainda o amo, e ele continuará sendo o meu amigo, mas pelo bem da minha família, não gostaria que ele insistisse e que respeitasse a nossa privacidade nesse momento. Você pode repassar esse recado? Nós amamos muito você e agradecemos por todo esse cuidado que você teve com durante esse tempo em que ela morou aí. Não temos palavras para agradecer. Você foi incrível em todos os momentos e ela agradece por todo carinho.
O telefone desligou-se bruscamente sem chances de Pearl se manifestar. Também, se se manifestasse, não satisfazeria Holly. era mais como um filho para Pearl e ela não estava pronta para dar uma notícia dessas para ele. Não sabia o que tinha acontecido entre os dois e também achava que não era da sua conta, mas sempre pareceu amar tanto a garota que parecia uma injustica que os dois se separassem. Tinha certeza que e eram um daqueles casais que víamos nos filmes, aqueles que terminariam juntos no final, independente dos obstáculos que viriam no meio do caminho.
- E então? – Ele perguntou ansioso, olhando para a cara triste da senhora a sua frente. Ela não sabia como começar a falar.
- Pelo que parece, ela se mudou daqui. Não sei se ainda continua pela cidade, elas não deram detalhes. E é… para você não a procurar mais. Eu sei que pode parecer um tanto particular, mas o que aconteceu com vocês dois, hein? Essa garota… ela ama você, . De verdade – Pearl diz, sentindo-se mal por ter que repassar um recado como aquele – Ela ficou imaginando durante todos esses meses o dia em que você voltaria para vê-la.
, antes de sair do imóvel de Pearl, pediu a chave do apartamento de . Ele aguentou firme, disse que estava bem e que eles se resolveriam em breve – mesmo sabendo que haviam grandes chances de isso não ser verdade – e foi acompanhado no apartamento da namorada pela senhora, que fez questão de não o deixar sozinho. Estar sozinho era a coisa que ele mais queria no momento. Precisava raciocionar sobre como continuar a vida sem , o que pareceu, à primeira vista, impossível. Entrou no apartamento conhecido que ainda tinha o cheiro do perfume dela. Estava diferente do que lembrava. Direcionou-se para o quarto dela, deixando Pearl na sala, olhando com tristeza para aqueles as paredes. Entrou num canto particular de e deixou sentir-se triste. Pelo menos conseguia sentir alguma coisa.
Olhou para a cama e lembrou das boas noites em que passaram ali juntos. Fazia algum tempo, era verdade. Tornara-se uma memória distante a última vez em que esteve ali. Agora o que ele enxergava era apenas o colchão, sem lençóis ou sem nada que indicasse que alguém ainda dormia ali. Abriu um dos armários e deparou-se com tudo vazio. Tentou encontrar algum vestígio da garota que amava, alguma coisa que lembrasse ela, um pedaço de roupa. Naquele momento, qualquer coisa valeria. Nada. Ela tinha empacotado tudo de importante e ido embora para algum lugar que ele não sabia. Tinha quase certeza que tinha voltado para Holbrook e sentiu a necessidade de pegar um vôo direto para ir encontrá-la. De repente, se tornou uma necessidade. Ele simplesmente precisava dela, era simples. Como que para se manter de pé, precisava vê-la. Precisava beijá-la, tocá-la, ter certeza de que ela ainda era dele.
Foi naquelas horas sombrias no apartamento da namorada que se viu solitário e que começou a imaginar o seu futuro sem . Sem ela, a vida não fazia sentido. Não haviam motivos para seguir em frente. Mas é como dizem. Algumas vezes é preciso estar no fundo do poço para se dar conta do que se tinha.

21 DE JUNHO DE 2014 – 09:05a.m – HOLBROOK, AR

Holly encontrou o amor da sua vida logo depois que voltou para a sua cidade natal com a irmã. Deixou claro para dos riscos que ela estava tomando quando trancou a matrícula na faculdade em Los Angeles e resolveu se arriscar nos arredores do Arizona. As chances de um futuro mais estável estava em Los Angeles e agora abandonou tudo para trás quando voltou para casa. , por mais que ela insistisse ao contrário, ajudava com que as mensalidades do curso fossem pagas, já que eram caríssimas. Agora que estava sozinha, arranjou um emprego a noite num bar local, e assim que saía da nova faculdade, ia direto para o trabalho. Isso lhe deu pouco tempo para pensar em outra coisa a não ser os estudos, que tomavam boa parte do seu tempo. Lembrou-se dos tempos em que não namorava com e que tinha que trabalhar pesado para ajudar a família com as despesas. Agora parece que tinha regredido e voltara a sua vida anterior. Como se a vida ao lado de tivesse sido apenas um sonho e agora ela tivesse que encarar a realidade que a cercara.
Falando sobre o noivo de Holly, ele não era nada parecido com um galã de cinema aos olhos de muitos, mas para Holly era o único cara que já a tinha feito se sentir amada e desejada. O casamento estava marcado. Depois de mais de dois anos de namoro, ela se casaria. Seu casamento era um de seus sonhos que estava se tornando realidade. Desde criança a mulher sonhou com o dia em que o seu momento chegaria. Era agora e ela não podia estar mais feliz ao lado do homem da sua vida. Até , que nunca teve muita vontade de entrar de branco na igreja, se imaginou no lugar da irmã e se um dia esse momento chegaria para ela. Enquanto não chegava, ela esperaria ansiosamente.
mudou nesses três anos em que ficou distante de Los Angeles. Ela sequer pisou lá novamente durante todos esses 36 meses e se orgulhava todos os dias de suas escolhas. Não se arrependia. Claro que nos primeiros meses tinha sofrido. Mudou o número de telefone diversas vezes, escondia-se cada vez que via um paparazzi na rua e procurava não pesquisar por nenhuma notícia de na internet. O que quer que ele estivesse fazendo da sua vida, não a interessava mais. Ignorar era a única maneira de seguir em frente. Ela odiaria caso ainda estivesse presa ao passado. Cogitou até a possibilidade de mudar de nome no começo, quando sofria diariamente com a presença de fotógrafos intrometidos que a abordavam no meio da rua para saber como ela estava após o término ou porquê tinha deixado Los Angeles, mesmo que o motivo fosse óbvio. Claro que mudar de nome não adiantaria nada, era apenas uma ideia ridícula que se pensa irracionalmente no calor das emoções. Na verdade, ela tinha orgulho de ser e se orgulhava também de ter namorado . Ele lhe apresentou às melhores coisas que ela já pode ter experimentado, mas agora tinha ficado para trás e a cada dia ela estava mais conformada disso. se tornara uma lembrança distante. Ela não o viu nem um dia desses anos. Quando ele apareceu em Holbrook, dias depois dela ter se mudado, ela o ignorou e ameaçou chamar a polícia caso ele continuasse a importunando. Ele desistiu de vê-la pessoalmente, mas ligava quase que semanalmente para Holly e pedia para falar com . Ela nunca cedeu, por mais que as vezes doesse muito não o ter por perto.
A previsão dizia que o dia seria nublado e, consequentemente, chuvoso. Ao acordar de manhã cedo, se surpreendeu ao ver o sol batendo contra a janela, exibindo um dia muito bonito, diferentemente do que previam as previsões de tempo. Ela colocou alguma música animada no seu celular enquanto se arrumava em frente ao espelho, feliz por estar em casa. Meses depois de voltar para Holbrook, alugou um apartamento só para si em Benson já que estudava em Tucson, há quatro horas da cidade natal. Compensava morar numa cidade mais próxima de onde estudava. De qualquer maneira, isso não a impedia de ir dois fins de semana por mês para casa para passar um tempo com a família. No dia do casamento da sua irmã, todos os familiares estavam dormindo na casa dos pais. Ela estava no mesmo quarto que costumava chamá-lo de ‘’seu’’ e sentiu-se infinitamente feliz por estar ali.
- I'm never gonna look back, never gonna give it up, no, please, don't wake me now, this is gonna be the best day of my life! – Holly cantarolou pelos corredores da casa, mais feliz do que achou que poderia ser.
contagiou-se com tanta animação. Após passar um batom em seus lábios, saiu do quarto, encontrando a família inteira na mesa da cozinha. Sua irmã, seu irmão e seus pais.
- O dia está lindo! – Disse, sentando-se ao lado de seus irmãos – Eu não falei? É claro que seria um dia maravilhoso! É o seu casamento!
Oliver bufou e Holly o cutucou, rindo. Ele não aguentava mais ouvir falar sobre a cerimônia. Tinham sido meses de preparação.
- Eu nunca estive tão feliz em toda a minha vida – Holly disse, servindo-se de um pedaço de panqueca que estava em cima de um prato. Colocou um pouco maple syrup por cima da comida e a comeu vagarosamente. – Daqui a pouco é a sua vez, .
- Bem, acho que vai demorar um pouco – deu uma risadinha envergonhada. Ainda não pensava em se casar com Connor. Eles estavam no sétimo mês de namoro. Havia muita coisa pela frente.
- É bom mesmo! – Oliver se manifestou, tomando um gole de leite – Você ainda é muito nova para se comprometer dessa maneira.
- Apenas sete anos mais nova do que você – mostrou a língua para o irmão que sempre teve a mania de achar que podia mandar nas suas irmãs – Praticamente formada em Inglês com um futuro comprometedor pela frente. Posso me casar agora mesmo.
- Talvez você ache alguém melhor do que Connor… nunca se sabe o dia de amanhã.
- Oh meu Deus, Oliver! Só porque ele não torce pelo mesmo time de futebol que você torce não quer dizer que ele não seja incrível – ela disse, mantendo-se bem-humorada para não estragar o clima. Os pais só observavam os filhos e se entreolhavam. – E o Bulls é uma droga mesmo, ele tem razão. Patriots é mil vezes melhor.
- Ok, crianças, não vamos discutir por causa disso! – A mãe entrou no meio da conversa, acalmando os ânimos.
- Ela não é a minha filha! – o pai brincou, fingindo estar bravo com e depois riu na companhia dos outros filhos.
Tomaram o café da manhã tranquilamente, comentando sobre os compromissos do dia. como madrinha de casamento tinha que acompanhar a noiva até um salão onde todas teriam um dia de beleza. Seu vestido já estava pronto para ser usado e ela o deixara pendurado em um cabide no seu quarto. O vestido caira perfeitamente no seu corpo e se sentia bem em usá-lo.
Conferiu o celular uma última vez antes de sair de casa e deixá-lo lá para que não se distraísse durante o resto do dia. Se ficasse com o aparelho por perto provavelmente ficaria trocando mensagens com Connor e não era isso que ela queria para um dos dias mais importantes da vida da irmã. Deslocaram-se de carro até um dos três salões de beleza que a cidade tinha. Era uma pequena cidade, não era surpresa de não se encontrar grandes negócios ali. notou que um carro com um paparazzi se aproximou assim que ela desceu do próprio carro e a câmera estava apontada na sua direção. Percebeu que era o foco das fotos. Tapou o rosto com a blusa e recebeu a ajuda da mãe para ir em frente. A mãe pediu que eles parassem de segui-las e depois que entraram no ambiente, fecharam a porta com força. estranhou que eles estavam na cidade. Há mais de três meses que não via um dos paparazzis a seguindo.
- Eles são insuportáveis! – a mãe falou, visivelmente irritada com a presença daqueles seres abomináveis que ninguém gostava.
- Tudo bem – a filha mais nova disse, passando a mão pelo seu ombro para confortá-la. Pensou rapidamente em e no quanto ele tinha que aguentar aquilo diariamente. Não pensava nele há tanto tempo que ele pareceu ser uma figura muito distante. Chegou a conclusão de que nunca o esqueceria, por mais que tentasse. Parou de pensar nele e continuou a fazer os seus afazeres.
A cerimônia seria às seis horas da tarde e elas tinham praticamente o dia inteiro pela frente. Tiveram um bom tempo juntas. Todas as madrinhas de casamento estavam lá, o que significava que o salão estava cheio, e elas começaram a se arrumar logo que chegaram visto que todas tinham que fazer o cabelo e fazer a maquiagem. não imaginava como a irmã arcaria com todas as despesas que iria ter ao pagar todos os serviços para todas as mulheres presentes. Mark era bem de vida e trabalhava numa empresa de construção, o que lhes garantiria uma vida boa. A sua irmã era, certamente, sortuda de ter um marido daqueles.

Era estranho estar de volta ali. Foi a primeira coisa que pensou quando o seu carro parou em frente a casa da família . Sozinho, sem a companhia de seu assistente ou de ninguém que o lembrasse da sua vida de famoso, estava de volta em Holbrook como um cara normal. Ali ninguém se importava se ele era ou qualquer outra pessoa. Lembrou-se de e de como ela estaria. Pesquisara pela garota quase todos os dias, tentando encontrar notícias sobre ela. Doía não saber como estava. queria estar presente. Queria saber se ela continuou os estudos, se estava namorando com alguém, queria fazer parte da sua vida. Não bastava apenas ser o ex-namorado. Nunca realmente a superou. Nunca conseguiu se relacionar com ninguém como com ela. Ainda tinha a esperança de que teria a garota de volta. Não se via vivendo sem ela. Tinha que saber se havia um espaço para ele no futuro da garota. Como alguém podia sumir sem dar explicações e achar que tudo estava bem? Como ela conseguia ser tão sem coração?
Não bateria na porta nem daria sinal de que estava passando pela cidade. Holly havia pedido para que ele chegasse de surpresa na hora da cerimônia. Ela respeitava que a irmã e o antigo cunhado tinham acabado, mas isso não significava que também tinha que cortar relações com ele. Por consideração, o convidou para o seu casamento, um momento marcante que queria compartilhar com ele. Sabia que já tinha superado esse capítulo passado e sabia que a irmã entenderia, no final das contas. E se não entendesse era tarde demais para voltar atrás, o cantor já estava na cidade e não tinha pretensões de ir embora tão cedo. Zayn não acreditava que um amor como aquele poderia ir embora tão facilmente. Eles tinham uma história juntos. Não havia um dia que ele não havia pensado nela. estava sempre presente em seus pensamentos e ele não via a hora de reencontrá-la. Precisava também de explicações, afinal, ela foi embora sem dizer nada.
parou no único posto de gasolina da cidade e utilizou o banheiro imundo do local para se trocar. Acreditava que se aparecesse na casa de e o pai dela estivesse lá, era capaz de sair com o olho roxo. O homem desgostava do antigo namorado da filha por tê-la feito sofrer tanto, porque, querendo ignorar ou não a dor, durante muito tempo, tocar no nome de doía e ninguém podia impedir. Foi preciso de uma grande força interior para superá-lo. Levou meses, até que um certo dia, ela conseguiu se livrar da dor da separação. A vida não parou para o seu sofrimento e conforme os anos iam passando, se tornou alguém que havia marcado o seu passado, e nada mais do que isso. Não doía mais lembrar dos momentos que os dois tiveram juntos. Não doía mais olhar nas revistas e ver a foto dele com outras mulheres. Ela tinha amadurecido e estava orgulhosa de estar onde estava. Tinha um orgulho especial quando se dava conta de que não precisara de ninguém para chegar onde chegara.
O garoto colocou o seu melhor terno Calvin Klein e arrumou seu cabelo de um jeito diferente de antigamente. Com seus 22 anos, assumira uma postura adulta, deixando de lado o seu olhar de criança que costumava ter. Tinha passado por muita coisa nesses anos. Foi até o inferno e voltou, como costumavam dizer. Envolveu-se em polêmicas, dormiu com mais mulheres do que deveria, experimentou tudo o que não deveria. Não era algo de que se orgulhava. Tinha mudado, também. Deixava esses momentos vergonhosos da sua carreira para trás. Tentava ser o melhor que podia nos dias atuais. E em cada entrevista que realizava, quando citavam a sua vida amorosa, não deixava de falar sobre e sobre o quão sentia falta dela e que a amaria para sempre. Muitas pessoas sempre se questionavam como uma garota normal como podia ser inesquecível. Ela era a única coisa que tinha. Sem muitos amigos, ela era alguém em que podia se apoiar e que, independente da situação, sempre estaria lá para ele. Não se tratava de beleza, mesmo que a garota tivesse o rosto mais bonito que ele já vira, e sim do amor e da confiança que ele tinha por ela. Escrevera até mesmo músicas inspiradas no relacionamento deles. era a melhor coisa que tinha acontecido para ele e esses amores são difíceis de esquecer.
Olhou no relógio de pulso mais uma vez, conferindo o horário. Não queria chegar atrasado. O celular não parava de tocar. Ele não tinha paz. Pegou o aparelho eletrônico, acessou o Instagram e tirou uma foto para dar uma explicação para as fãs, visto que havia sumido da rede social há quatro dias e elas perguntavam onde ele tinha se metido. ’’A special day” foi a legenda da foto e era possível ver um sorrisinho esperançoso nos seus lábios. Uma hora para a cerimônia começar, saiu em direção ao seu carro, tentando ser o mais invisível que podia. Entrou no automóvel e acelerou para longe do posto de gasolina, indo em direção ao endereço que estava no convite. Era longe de onde estava e assim que chegou no seu destino final, deparou-se com um cenário diferente do que esperava. Eles se casariam ao ar-livre, não numa igreja, como o convencional. Estacionou o seu Porsche numa das vagas não ocupadas, vendo que tinha o carro mais luxuoso do local. Os convidados olhavam para ele e alguns ficavam espantados, não conseguindo acreditar que estivesse no mesmo lugar que eles. A maioria sabia da história dele com a irmã da noiva, mas nunca imaginariam que ele apareceria ali. Ele acenou simpaticamente para todos, cumprimentando alguns que não tinham vergonha em se aproximar. Fora até questionado se iria cantar na cerimônia e não achou uma má ideia, só não tinha uma música ideal para cantar. Não, não, era melhor manter-se em anônimo. Já chamara muita atenção só por ser quem era, quem diria se cantasse.
Avistou de longe alguns paparazzis que estavam em barcos num rio próximo dali, procurando alguém conhecido. Quem diabos havia avisado que ele estaria ali? Como eles podiam seguir todos os passos do cantor sem que ele percebesse?
- Ei, o que você está fazendo aqui? – Uma voz feminina conhecida o parou no meio do caminho. Era Laura, sua ex-sogra, que ele não havia a anos. Ele virou-se para encará-la e ao contrário do que pensava, a mais velha o encarava com um sorriso nos lábios – Quanto tempo, garoto! Nunca imaginaria que você fosse aparecer por aqui.
- É, eu também não pensei que viria – ele a abraçou rapidamente – Como você está com o casamento da Holly? Foi uma surpresa saber que ela estava noiva.
- Eu sei! Foi uma surpresa para nós também. Pelo menos, ele é ótimo! Você vai conhecê-lo mais tarde. É uma ótima companhia e ela está muito feliz ao lado dele, então nós estamos contente por ela, e apoiamos a sua decisão – Laura deu um sorrisinho sem graça ao lembrar dos motivos que levaram a não fazer mais parte da família – Você não mudou nada, continua bonito como sempre foi. É um prazer te ter por aqui. Você já encontrou alguém conhecido? Fique a vontade.
Ela nunca guardou mágoas de . Sabia que ele era adolescente e irresponsável e até preferia que se mantesse distante da sua filha, porém, assim como com Holly, jamais o trataria diferente por causa do que aconteceu. O que ele tinha com não era da sua conta, era entre os dois; ele continuaria sendo um bom amigo, ainda que não mais genro. Laura se despediu temporariamente dele pois tinha que ver outros convidados e em menos de cinco minutos a cerimônia começaria, então ela sugestionou que ele arranjasse um lugar para se sentar.
procurou uma cadeira vaga não tão ao fundo, queria que Holly percebesse que ele estava ali, cumprindo com a sua promessa de que arranjaria um tempo para vir e fazer parte desse momento. Procurou por todos os lugares que conseguia enxergar e não a encontrou. Também quase não conseguia se sentar, suas mãos suavam e ele nunca esteve tão nervoso para encontrar alguém antes. Esperava por tanto tempo que não conseguiria sossegar até encontrá-la.
Logo que uma música clássica começou a tocar, todos se levantaram. estava na terceira fileira, quase perto de onde os noivos passariam, e sorriu para os convidados que cochichavam entre si e apontavam discretamente para ele, dizendo que aquele era em carne e osso. Porém todos olharam em direção a entrada quando a primeira madrinha e o primeiro padrinho entraram juntos, ela trazendo um buquê pequeno de flores na mão e ele esbanjando um sorriso simpático. Não era . Quem não gostara muito da presença de foi o pai de , que sentado na primeira fileira, o fuzilava com o olhar. Mesmo assim, o cantor sorriu para o velho, esquecendo momentaneamente das desavenças entre os dois. Querendo ou não, Zayn sentia-se em casa.
foi a terceira madrinha a entrar junto com seu namorado, Connor. Ela estava linda. não conseguiu tirar os olhos dela desde o momento em que apareceu até o momento em que se postou ao lado das outras madrinhas no altar. Era, sem dúvidas, a mulher mais bonita dali. Sorria com tanta felicidade pela irmã, apertando forte a mão de Connor, envergonhada por todos estarem a observando. Assim que seus olhos fixaram-se com os de , num milésimo de segundo até que ela desviasse o olhar, sentiu-se mal. Depois de todos esses anos, olhar para dava um mal estar. Queria matar Holly também. Tinha feito a irmã prometer que não traria ninguém que elas duas não estivessem em acordo, e a única pessoa que não concordaria em trazer era seu ex-namorado. Não conseguiu prestar atenção nele e só o que conseguiu foi sorrir em sua direção, mostrando que tinha conseguido superá-lo e que olhar para ele não era um problema. Connor piscou para ela assim que os dois se separaram e cada um foi para um lado. Ela acenou rapidamente, não conseguindo tirar os olhos do seu namorado, o que foi percebido por , que cerrou os punhos, pensando que um cara como aqueles não seria um obstáculo para os dois. Connor não parecia fazer o tipo de e quase riu sozinho por ter se sentindo inseguro.
A única coisa que a incomodava era que não parava de olhar para ela. Holly estava radiante e o cantor não conseguiu tirar os olhos da ex-namorada para observar a amiga. Não importava se o padre estivesse falando ou se algum paparazzi intrometido tivesse tirando foto, o mundo só se resumia naquela garota. Tinha sido assim durante todo o tempo que estiveram separados. Não teve um só momento em que sentiu por outra pessoa o que ele sentia por ela.
- Eu, Holly , recebo você, Connor Hunt, como meu marido, – a noiva disse com as lágrimas escorrendo, fazendo com alguns convidados também se emocionassem – E prometo estar contigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te, respeitando-te e sendo-te fiel em todos os dias de minha vida, até que a morte nos separe.
Pela primeira vez, olhou para Connor e imaginou-se dizendo essas palavras que entrelaçavam o destino de duas pessoas. Pensou no quão apaixonada estava por ele e que, caso se cassasse em breve, não se arrependeria. Connor era um homem bom. Daqueles que sabe quando você está mal e pergunta o porquê de você estar desse jeito. Ele se preocupava.
- Eu vos declaro, marido e mulher – o padre finalizou a cerimônia, deixando que os noivos, agora recém-casados, se beijassem.
As pessoas aplaudiram e os amigos mais intímos até assobiaram. No momento em que Holly passou pelo tapete branco que ficava em meio das duas fileiras de cadeiras, os convidados jogaram arroz nela e no noivo, que pareciam estar hipnotizados com tudo que estava acontecendo. Com 28 anos, Holly estava desacreditada de que encontraria alguém a quem confiasse a vida. Estava se acostumando com um futuro solitário, e não que isso fosse ruim, mas para uma mulher que tinha sonho em construir uma família o mais breve possível, não ter ninguém ao seu lado era algo que a deprimia.
- Eu vou cumprimentar alguns conhecidos. Você vem comigo? – perguntou para o namorado assim que as pessoas começaram a ficar mais a vontade e começaram a se direcionar ao salão, que ficava a uns metros de onde todos estavam.
- Espere! – Ele interrompeu os passos da moça, puxando-a delicadamente pelo braço – Acho que o fotógrafo quer tirar uma foto de todos as madrinhas e padrinhos. Vou falar com alguém sobre isso. Não suma de vista.
Ele se despede dela com um selinho rápido, afastando-se de e deixando-a sozinha, olhando para a multidão, tentando encontrar algum rosto conhecido. O sapato começara a machucar o seu pé e estava ficando difícil se locomover rapidamente sem que seu dedo doesse. Tinha que procurar um band-aid no kit de emergência que a mãe tinha trazido. Era incrível como as mães sempre pensavam em tudo.
Encontrou não tão longe, conversando com algum convidado e assinando um pedaço de papel. Revirou os olhos, incomodada com o fato de que ele estava sendo a celebridade do casamento quando na verdade quem deveria ser celebridade era os noivos. Por isso que sempre temeu a vinda dele. Sempre chamava atenção onde estava e o foco principal naquele dia não era ele. Não mesmo.
- Você – ela o chamou, erguendo a mão para cumprimentá-lo. Esquecera então de todas as mágoas passadas. Era hora de virar a página. – Nunca imaginaria que você viesse.
parou de conversar quando ouviu a voz de na sua direção. Era uma miragem? Ela estava mesmo falando com ele, quando o resolveu ignorar durante todos esses anos? O garoto parou o que estava fazendo e virou-se na direção dela, observando-a sem se preocupar com a cara de espanto que fez assim que a viu na sua frente pela primeira vez durante tanto tempo.
- Nem eu sabia que viria – ele apertou a sua mão sem intenção de largá-la. – Mas acho que não seria capaz de perder uma festa dessas – parou um pouco de falar para respirar. Meio que perdia a respiração sempre que se aproximava dela – Você está linda.
- O tempo também fez bem para você – brincou, sorrindo sem querer. Não queria parecer idiota perto dele. Queria mostrar o quanto tinha crescido nesse tempo em que ficaram separados – Tudo bem?
- Sim, sim. E você, está bem? Não tenho notícias suas a… três anos? – Ele deu uma risada cheia de mágoa. – O que tem feito?
- Eu estou ótima. Estou no último ano do curso de Língua Inglesa pela Universidade do Arizona. Me formo em menos de dois meses. Isso não é incrível? – Ela não pode deixar de se gabar diante do ex-namorado. Tinha que mostrar que conseguira ir para frente sem ele. Que o término dos dois não tinha a afetado. – Tenho trabalhado num bar a noite para conseguir pagar o curso. As mensalidades são um pouco salgadas. Mamãe tem sido excepcional, tem me dado muita força. Finalmente achei algo com o que me identifico. Ok, estou falando demais – ela ri, nervosa, sentindo-se confortável para conversar com ele. Como nos velhos tempos, em que ela adorava passar horas papeando com . – O que você tem feito?
- Minha vida não é um mistério – ele riu, sendo acompanhada pela moça – É um livro aberto. Dei um tempo nas turnês, estou tirando umas férias, apesar de estar trabalhando em um novo CD. Precisava tirar um tempo da loucura que é fazer um show todos os dias. E você sabe que podia ter conversado comigo sobre isso. Eu posso te ajudar a pagar o curso.
- Não se preocupe, está tudo bem. Eu gosto de trabalhar lá. Fiz alguns amigos. Não é tão ruim quanto você está pensando.
- É bom ver você – ele disse, sincero. Sentia muita falta de conversar com ela. Sentia falta do som da sua voz e da sua risada. – Eu sinto...
- Querida, eles estão nos chamando para as fotos – Connor apareceu no momento em que ia completar a frase e agradeceu por ele ter aparecido e a tirado daquela situação constrangedora – Vamos?
pousou os olhos nas mãos entrelaçadas do casal a sua frente. Entrelaçadas da mesma maneira que ele costumava entrelaçar quando podia chamar a garota de sua, e uma parte dentro de si, morreu. Saber que a garota não precisava dele e que era feliz com outro era muito mais do que achou que podia aguentar.
- Sim – ela riu, prestando total atenção no seu namorado. Quando virou-se para , que a encarava com as sobrancelhas curvadas, esqueceu-se temporariamente do que iria falar. Ficou desconcentrada com o seu aparecimento. – Você... nós podemos conversar mais tarde?
- Claro. Eu estarei por aí – respondeu, acompanhando os dois saírem de mãos dadas, dando risada de alguma coisa que Connor falou. Antes de se afastar completamente a ponto de que perdesse de vista, olhou para trás e seu olhar se encontrou com o de . Ela se sentiu bem por ele estar ali. Ainda se sentia bem com a sua companhia e duvidava de que se algum dia não se sentiria. Não sentia falta dele como seu namorado e sim como seu melhor amigo, como sempre fora. Zayn, por mais que tenha sido seu namorado, era uma das únicas pessoas em quem ela confiava qualquer coisa. Olhando para trás, se deu conta de que sempre foram melhores como amigos, não como um casal.
Todos os padrinhos e as madrinhas do agora novo casal oficial foram para o meio da mata, se estabelecendo num local onde o fotógrafo achara que seria bom para ser o fundo das fotos. Era definitivamente bonito. A cara de Holly, que adorava a natureza. Demorou um pouco até que se sentirem à vontade com o fotógrafo, mas quando viram que não precisavam ter vergonha para tirar as fotos, posaram o melhor que puderam, fazendo caretas e até mesmo os padrinhos carregando o noivo, que ria sem parar. nunca fora muito fã dos flashes. Lembrava de que quando namorava fazia tudo o que podia para manter-se no anonimato e não gostava quando alguém a identicava na rua, chamando-a ou gritando por seu nome, pedindo para tirar uma fotografia. Não queria parecer antipática, já tinha gente demais que a odiava só pelo fato de namorar com ele. Agora que os tempos mudaram, conseguia se sentir mais a vontade em frente a grande lente do fotógrafo. Sabia que as fotos ficariam apenas para a família, não correriam perigo de serem divulgadas para que o mundo inteiro visse. Tinha certas coisas que eram particulares demais para se dividir com todos.
Em menos de 40 minutos, todos, exceto Holly e Mark, estavam liberados para que fossem para a festa. Os dois ficariam ali, tirando mais fotos para uma sessão só dos dois. , pela primeira vez em muito tempo, se divertiu em tirar aquelas fotos. Conseguiu relaxar ao ter uma câmera apontada diretamente para o seu rosto. Connor a ajudara a relaxar. Não parava de fazer piadas para que ela conseguisse rir naturalmente e sair ainda mais bonita nas fotos. Enquanto parecia ser bonito demais para ser real, Connor não era tão bonito quanto ele, ela tinha que confessar. nunca se contentou com beleza. Não se apaixonou por porque ele era bonito. Connor era lindo por dentro, embora por fora tivesse um charme que arrancava alguns olhares das mulheres. Nunca se sentira tão plenamente feliz ao lado de alguém. Com Connor ela não tinha que se preocupar com o que os outros pensariam dos dois, não tinha que se preocupar com os comentários ofensivos que receberia, e não tinha motivos para se preocupar no que ele fazia a noite quando os dois não estivessem juntos.
Os noivos se ausentaram por longos minutos. No salão, perfeitamente decorado com toalhas brancas sob as mesas e buquês caríssimos enfeitando o ambiente, tirava algumas fotos com fãs e dava autógrafos muitas vezes em guardanapos para aqueles que não tinham papel. Queria passar uma boa imagem e por isso não recusou nenhum dos pedidos. Seu empresário o auxiliou, falando que deveria ser o mais simpático possível. Não queria dar um motivo para falarem mal dele. Quando pediu licença gentilmente para todos aqueles que o cercavam, foi procurar a sua mesa, sendo observado por praticamente todos ali presente. queria poder pelo menos ser anônimo por algumas horas. Seu nome estava escrito num pedaço de papel junto com o nome de mais quatro desconhecidos. Gostaria de se sentar ao lado de para que eles pudessem conversar. Queria saber mais sobre o que a garota estava fazendo. Interessava-se em ouvir tudo o que ela quisesse dizer. Claro que a garota não toparia sentar ao lado dele. Sabia quais eram suas reais intenções em aparecer de surpresa ali. Ouvira, semanas atrás, algumas das suas músicas do seu novo CD, descaradamente dedicado a ela, com músicas que narravam o antigo relacionamento conturbado. Estava explícito nas letras o quanto ele ainda a amava e que ainda não tinha seguido em frente. Muitos pensavam que era uma quebradora de corações. Mal eles sabiam que o seu coração tinha sido quebrado muito antes de ter o seu. Como ela deveria se sentir a cada vez que via foto dele saindo de uma casa noturna, ou de boatos de que ele passara a noite com prostitutas, esquecendo-se completamente de que estava comprometido com alguém?
apareceu no salão minutos depois que chegara na sua mesa. Ela então procurara um lugar para se sentar e tirar um pouco o calçado dos pés, que ardiam muito. Sentou-se na mesa reservada para ela e para a família, perto do palco, onde no meio da noite uma banda contratada iria tocar. Connor sumiu momentaneamente para cumprimentar aqueles que conhecia e ela ficou sozinha naqueles poucos segundos, esperando a irmã chegar. No fundo do salão, pôde enxergar sozinho, observando a janela que dava para um gramado verde e bem cuidado. Pensou em se aproximar, mas achou melhor ficar distante. Não queria dar esperanças a ele.
- Você viu que ele veio? – A mãe apareceu com pressa, ofegante, numa pequena pausa entre receber os cumprimentos dos convidados pelo casamento da filha mais velha – Ele parece ter amadurecido desde a última vez que o vimos. Continua querido, pelo menos.
sorriu ao ouvir as palavras. Achava que sempre teria aquela personalidade que só aqueles que realmente eram próximos tinham o privilégio de conhecer. Ele ainda continuava especial para ela, apesar de tudo o que tinha acontecido entre eles.
- Mas a fama o estragou, mamãe – ela completou – O que é uma pena, porque eu realmente acho que ele é bom demais para tudo isso. Ele merece tudo o que tem, só que vai chegar uma hora em que ele vai perceber que está sozinho, e quando essa hora chegar, vai se arrepender de ter afastado aqueles que o amam.
- É só errando para aprendermos, querida.
Ela desapareceu em questão de segundos, fazendo a garota revirar os olhos, irritada com o fato de que todos estavam a deixando para trás. Sentira falta de Natalie, com quem não mantinha contato desde que havia ido embora. Natalie nunca havia perdoado a a garota por desaparecer sem se despedir, apenas a telefonando três semanas depois da mucança. Embora ambas ainda mantessem um carinho especial uma pela outra e tivessem uma grande vontade de voltar a se falarem, não dariam o braço a torcer. havia perdido muita coisa com o passar dos anos, e também. Perdera os anos que cursara a faculdade, a amizade de Natalie e o seu primeiro amor.
- Ok, o que você está fazendo aqui? – abordou , aproximando-se da sua mesa e puxando uma das cadeiras, sentando ao lado do garoto, que olhava atentamente para algo distante, perdido em pensamentos.
- Nós estamos bem um com o outro? – Ele perguntou, escolhendo cuidadosamente as palavras. Como ela o ignorara por tanto tempo e agora agira naturalmente, como se nada tivesse acontecido?
- Eu costumo deixar as mágoas do passado para trás. Não fico remoendo o que já passou. Conte-me. O que você achou da cerimônia religiosa? Eles não são ótimos um para o outro? Eu estou tão feliz por ela. Holly sempre sonhou em encontrar o cara ideal, e finalmente chegou a sua hora.
- Claro que gostei. Ela está muito bonita – opinou, movendo seus olhos pelo vestido da garota a sua frente, nervoso pela próxima pergunta: – Você está feliz? – Ele deixou no ar que se trataria sobre ela e o namorado, sobre o relacionamento dos dois.
- Oh, eu estou, acredite. Ele me faz muito bem – ela suspirou como uma jovem apaixonada. – Nós somos bons juntos, sabe?
- Sei. Nós costumávamos ser.
Silêncio. não sabia como responder, optou apenas por concordar com a cabeça. Ela e costumavam ser ótimos juntos, isso era algo que ela não podia negar. Se sentiu nostálgica ao lá dentro sentir falta dos momentos em que tiveram. Queria que tudo fosse mais fácil.
- Você está planejando cantar ou qual é o motivo da sua aparição repentina? – Ela insistiu na pergunta do porquê ele estar ali. – Você era a última pessoa no mundo que eu pensei que apareceria por aqui.
- Por que? Por que você pediu para que ela não me convidasse? – a alfinetou, tentando controlar os impulsos de se aproximar dela. Ela estava tão perto que ele estava prestes a cometer uma bobagem.
- Eu a deixei à vontade para convidar quem quisesse – ela mentiu, escondendo dele o quão tinha implorado para a irmã para não o convidar. Achava que não estava pronta para vê-lo novamente na sua frente. – Eu superei você, . Sinceramente? Pensei que não superaria, mas superei, e agora estou feliz com outra pessoa. Você também deveria seguir em frente.
- O que você pretende fazer depois que se formar? Não pensa em voltar para Los Angeles? – Mudou de assunto, sem vontade de falar sobre aquilo com a garota. Não queria desperdiçar os poucos minutos que tinha perto dela para discutir o motivo dele não conseguir seguir em frente. Ele ainda a amava, e duvidaria de que algum dia pudesse deixar de amá-la.
- Não. Vou continuar morando por aqui. Não quero me distanciar da minha família e Connor trabalha numa cidade vizinha. Não há nada mais que me prenda na Califórnia – ela sorriu tristemente, afastando-se quando ele ameaçou se aproximar para tocar a sua mão.
- Não é justo… - ele soltou um muxoxo desanimado. - Eu ainda amo você, você ainda me ama, por que não podemos ficar juntos? Nada mais nos impede.
- Eu estou apaixonada por outra pessoa, . Ao contrário de você, eu não fiquei trancada no passado, e posso dizer que é a melhor coisa a se fazer. Você é lindo e tem todas as características que uma garota procura em alguém. Infelizmente, não funcionou para nós. Isso não significa que não funcionará com mais ninguém. Você vai encontrar alguém que te amará com todo o coração e te dará aquilo que você procura. Acabou para nós dois.
- Não acabou, . Não para mim. Você não pode ir embora, ignorar as minhas ligações, sumir sem explicações. Eu não segui em frente porque você nunca de fato terminou esse relacionamento. Nesses três anos que ficamos separados, não teve um sequer dia em que eu não pensei em você. Sei que não acredita. Eu juro que tentei com outras pessoas; nunca encontrei alguém que fosse tão boa quanto você é. Para mim ainda não acabou.
- Eu fui embora porque essa é a sua vida, não a minha! Fama, pessoas te seguindo na rua e estranhos tirando foto de momentos particulares? Não é para mim. Você sabe que odeio isso e ter uma vida inteira assim… eu não suportaria. Quer dizer, eu suportei por dois anos, não porque eu gostava, mas porque eu amava você. Eu te amei e teve momentos em que você pareceu não me amar de volta. Não com tanta intensidade. Connor me ama do mesmo jeito que eu o amo… e é bom saber que eu não sou aquela que ama mais.
- Você pode parar de me comparar com esse imbecil? – se exaltou por um momento, erguendo o tronco e olhando para com raiva. Raiva e desejo. Queria agarrar a garota ali e mostrar para ela o quanto ele ainda a amava. – Você não pode comparar o que nós tivemos com esse seu namoro com esse cara que não te ama nem um porcento comparado com o quanto eu te amo.
não se importava. Sabia que estava errado. Não conhecia Connor, e se conhecesse, saberia o quanto ele a fazia bem. E ele deveria estar feliz com isso.
Holly e Mark entraram pela porta do salão. Eles só perceberam que a atração principal de todo o evento estava ali quando ouviram as pessoas batendo palma e assobiando. Não tinham se dado conta de que eles estavam presentes. correu até a sua mesa para receber a irmã, recebendo olhares negativos de Oliver que observara a garota conversando com o ex-namorado. Sabia que ela era fraca e cairia novamente na lábia do sem-vergonha, como ele costumava chamá-lo. Pela primeira vez, olhar para havia doído. Ele estava ali na sua frente, se declarando e implorando para que ela voltasse a ser dele, e simplesmente não conseguia dar o que ele queria. Não podia iludi-lo. Era difícil esquecer o que ele a tinha feito passar durante os últimos meses do namoro turbulado dos dois. Não queria passar por aquilo de novo.
Sentiu o braço de Connor pela sua cintura e se aconchegou no pescoço do namorado enquanto os noivos cumprimentavam os convidados, parando em cada uma das mesas para conversar brevemente com eles.
- Você está bem? – O moreno deu um beijo carinhoso na testa da garota, olhando-a e estranhando as suas feições. Estava tão bem antes e agora parecia triste com algo. – Aconteceu alguma coisa?
- Estou bem – esclareceu.
Nos próximos minutos, Holly e Mark se juntaram a mesa, agradecendo pelo olhar a todos os familiares ali presentes. Mark pegou o microfone e em breve palavras, agradeceu a presença de todos nesse ‘’momento mais importante da vida dos dois’’ e disse o quão especial era todos que faziam parte dessa cerimônia.
- Ver os dois se casando me dá vontade de casar logo – Connor sussurrou perto do ouvido de e a garota riu baixinho, tentando prestar atenção no discurso emocionado da irmã. – O que você acha?
- Eu diria que… daqui a uns três anos. Por que? Você está me pedindo em casamento? – Ela brincou, com um sorriso estampado no rosto.
- Você aceitaria?
- Sim, mas nós ficaríamos noivos por muito tempo antes de nos casarmos. Você sabe que eu quero me formar, encontrar um emprego para só depois pensar num matrimônio – ela deu um selinho rápido nos lábios grossos do homem – Fique tranquilo. Vai chegar a nossa hora.
- Tudo bem.
Os dois riram juntos, em perfeita sincronia. Eram perfeito um para o outro, para a infelicidade de . Ele nunca se contentaria em ser apenas amigo de e olhar para ela sendo feliz com outro homem… simplesmente não parecia certo. Não parecia justo. Ele tinha que ficar ali, parado, observando ela ser feliz com alguém que não fosse ele?
Por respeito, levantou-se de seu assento só quando Holly parou de falar e passou o microfone para os convidados da sua mesa. Começou pela mãe, que agradeceu a todos pela presença e depois fez um discurso emocionado para a filha, seguido pelo pai e pelos outros familiares. caminhou para fora do salão seguido pelos olhos de alguns curiosos. Distanciou-se o máximo que pode de todos, querendo ficar sozinho por alguns minutos. Sentindo uma tristeza incomum tomar conta do seu peito, chutou um banco de metal no meio do gramado e socou um poste. era a única garota por quem ele já chorara alguma vez. Esfregou a mão nos olhos, impedindo que as lágrimas caíssem. Nunca se sentira triste daquela maneira. Parecia irreal que ele, , estivesse chorando porque tinha seu coração partido. Era ele quem supostamente deveria quebrar corações por aí.
- A banda vai começar a tocar. Eles não deveriam deixar os convidados ficarem sentados num banco no lado de fora do evento – a voz de se fez presente. Ela logo se sentou ao lado dele, olhando para o mesmo ponto visual que ele olhava – Eu estou aqui. Vamos voltar lá para dentro.
- Podemos ficar em silêncio só por um minuto? – pediu, passando a mão pelo rosto antes que a garota percebesse que ele estava chorando.
Os dois ficariam quietos, indecisos do que fazer a seguir. fungou, chamando atenção dela, que olhou para ele com uma careta. Não podia acreditar no que estava vendo.
- Você está vendo? – Perguntou, preocupando-se brevemente sobre ter feito alguma coisa errada. Deu então lugar para uma resposta irônica: - Oh, essa é nova. parece ter um coração.
- Eu amo você, estou falando sério. Faço qualquer coisa que você quiser. Apenas volte para casa comigo.
- Quando você está voltando para Los Angeles? – Ela perguntou cuidadosamente, seca o bastante para ele achar que estava interessada em voltar junto.
- Amanhã. Segunda tenho uma entrevista numa rádio local.
pousou a sua cabeça no ombro dele, aspirando seu perfume masculino. De canto, observou o seu rosto bonito, vendo que ele tinha esquecido de enxugar uma lágrima que pousara no seu queixo.
- Você deveria ir embora, então. Para ter tempo de se arrumar.
- Escuta – ele passou a sua mão pelo queixo da menina, a fazendo olhar fixamente para seus olhos escuros – Eu sei que errei no passado e estou arrependido. Não te valorizei o quanto merecia. Sei também que você provavelmente merece coisa muito melhor e que o seu namorado deve ser melhor do que eu. Acontece que não vou desistir de você, . Eu te amo, de verdade. Gostaria de poder me livrar desse sentimento para poder seguir em frente, mas não acho que consigo, especialmente quando sei que ainda há uma chance de nós ficarmos juntos. Quero compartilhar com você todos os momentos dessa minha jornada. Quero que volte para Los Angeles comigo. Esqueça, por um minuto, o que aconteceu no passado. Não significou nada para mim. Eu amadureci, não vou repetir os mesmos erros. Quero que você viaje comigo para todos os lugares que eu for. Há muito para vermos juntos nesse mundo. Preciso que você me dê mais uma chance e eu tenho certeza que vai valer a pena. Por favor.
suspirou. Havia sonhado com esse momento por muitas noites e agora não significava mais nada. Não conseguia sentir nada.
- É tarde demais. Sinto muito. Não chore – ela enxugou com o polegar a lágrima solitária na bochecha – Você vai encontrar alguém e, quando menos perceber, terá seguido em frente.
se levantou bruscamente, deixando a garota incrédula. Ele não mudara. O discurso não a comovia.
- Há algum espaço para mim no seu futuro? – Ele perguntou de uma vez por todas. Se era isso o que ela queria, tudo bem. Ele colocaria um ponto final de vez na relação.
- Não – ela respondeu, convicta.
- Então acho que eu não tenho mais nada para fazer aqui.
Observou se afastar. Sem falar nada, apenas sendo espectadora daquele momento, ficou perplexa ao perceber que ele entrara no seu carro e acelerara sem ao menos olhar para trás ou dizer pelo menos um ‘’adeus’’. Sentiu seu coração apertar, e, quando olhou para trás para ver quem gritava o seu nome sem parar, encontrou Connor. Ele era agora o seu presente. fazia parte de um passado que, por melhor que tivesse sido, jamais voltaria. Decidiu que a partir daquele momento, era alguém que ela nunca conhecera realmente.
E por mais que estivesse certa de que aquela era a coisa certa a se fazer, o ver ir embora doera mais do que imaginara que um dia doeria e as possibilidades de não vê-lo a amendrontavam. Optou por esquecer o que acontecera naquela noite e ignorar os possíveis sentimentos que ainda sentia por ele. Tinha uma vida inteira pela frente e a sua vida nunca se resumiria a ele. Nunca se resumiu.

Fim.



Nota da autora: (06/01/2016) Oi, gente! Essa fic foi escrita para o ficstape do Justin Bieber, mas como ele não foi ao ar, resolvi postar por conta própria porque eu, particularmente, gostei muito da história. O título dessa fanfic é o nome da música em que eu me inspirei, e desde o primeiro momento em que a ouvi, já tinha o enredo na mente, o problema foi passar para o papel. Foi uma experiência muito legal, e eu gostei do resultado, embora não esteja muito acostumada com finais onde o casal principal não fica junto. Ok, talvez num futuro próximo eles tenham se reencontrado, né? Ninguém sabe haha Espero que tenham gostado de ter lido tanto quanto eu gostei de ter escrito. <3 Beijos.




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