Finalizada em: 05/02/2017




Capítulo Único



Quando entrou em sua sala de Espanhol naquela segunda-feira de manhã, a última pessoa que ele pensaria em encontrar ali estava. Para ser franco consigo mesmo, se permitiu admitir que seu lado obscuro vagou para o resto de sua mente e tamanha surpresa não era porque a garota em questão em uma aula de Espanhol era improvável, mas porque esquecera completamente da existência de em sua escola.
Ele sentou-se em seu lugar usual: o canto esquerdo do fundo da sala, totalmente oposto à porta do local. E ele jura que tentou se concentrar na aula, entretanto sentou-se na segunda carteira da terceira fileira da direita para a esquerda, posicionando-se em um ponto estratégico do campo de visão de .
Ao fazer seu trajeto até sua cadeira, ele viu rindo de algo muito engraçado que alguma outra aluna havia lhe dito. O cabelo estava solto e o sorriso espalhava-se por todo o seu semblante. Mesmo sem lembrar dela, sabia que alguma coisa havia mudado, pois aquela cena corriqueira podia ser o suficiente para qualquer poeta escrever um livro inteiro.
De fato, mudara desde a última vez que se deu ao trabalho de reparar nela. Sua confiança se fortaleceu, a autoestima aumentou. começara a frequentar a academia e, mesmo que a fisionomia não havia mudado em nada ainda, ela sentia-se diferente. Colocou para fora suas inseguranças e suavizou seus traços e jeitos. Fala sério, odiava exercícios com todas as suas forças, os efeitos que eles faziam, no entanto...
Pelos minutos seguintes, por mais que tentasse voltar a prestar atenção em sua maestra, tudo estava desfocado, era um grande borrão. Apenas uma coisa, uma pessoa estava nítida.
As semanas se seguiram e já não conseguia sequer se lembrar de que deveria se atentar às lições de Espanhol. Estava naufragado em enormes ondas de cabelo castanho e, durante a noite, grandes olhos femininos perseguiam seus sonhos. Ele decorou o formato da ponta do nariz de e sabia exatamente como sua pele refletia a luminosidade da manhã no segundo e quarto período, que era quando tinham aula de Espanhol.
Não era saudável que ele desenvolvesse sentimentos por uma miragem e ele sabia disso. se esforçou para falar com a garota que parecia reluzir, porém ela era a última a chegar na aula e a primeira a ir embora, como se fosse alérgica a matéria.
Demorou um mês e meio até que finalmente tivesse sua chance. se relacionava principalmente com duas garotas, Genevieve e Beatrice, que, pelo trabalho passado ser em dupla, não estavam disponíveis para acompanharem a novata de Espanhol.
Quando a professora anunciou o trabalho e explicou seu problema de parceria, ele prontamente se voluntariou.
- Eu posso fazer par com , maestra.
A professora levantou uma sobrancelha para a atitude dele.
- Tudo bem então.
pegou a folha de instruções do trabalho com um sorriso consideravelmente anormal para uma tarefa escolar. Bem, obviamente sua empolgação não era exatamente sobre isso.
- Você tem certeza que não quer fazer o trabalho com o Mike? - confirmou ao andarem até o lugar de .
- O quê? - ele perguntou, sendo tirado de seus devaneios que ele denominava planos.
- Você usualmente faz trabalhos com Mike, não é? - Ela perguntou ao puxar uma cadeira para ficar ao lado da de . - Foi isso que Vi e Bea me falaram.
O garoto ajudou-a e levantou o canto direito da boca, em um meio sorriso que julgou ser o seu melhor.
- Mike vai ficar bem.
sorriu e ironizou:
- Dado que ele é o melhor da turma de Espanhol? É, acho mesmo que ele vai ficar legal. - Ela olhou para Mike e o punhado de pessoas que discutiam loucamente sobre quem seria a dupla dele, argumentando no volume de sua dificuldade e desejo de passar na matéria de língua estrangeira.
- Ei - deu uma piscadela -, sorte a sua então não ter que competir pelo segundo melhor da turma.
Ela levantou uma sobrancelha.
- Você é o segundo melhor?
- Não pareça tão surpresa. - Ele fingiu estar ofendido. - A novata em Espanhol é você.
- Touché. - Ela suspirou e pegou a folha de instruções que ainda estava nas mãos de , franzindo a testa para o texto. - Isso me leva a alertá-lo que eu odeio Espanhol e sou horrível nisso.
- Por que você começou a fazer Espanhol neste ano então?
deu de ombros, desanimada:
- Não havia gente o suficiente para completar uma turma de Francês, logo eu tive que me transferir e… Bem, parei aqui.
tentou parecer animado com o cenário:
- Que ótimo! - Ela olhou-o com uma sobrancelha franzida e ele deu um sorriso convencido. - Agora você pode desfrutar da minha incrível companhia no trabalho deste trimestre.
Ela riu.
- Você é bem metido, sabia disso?
deu de ombros:
- Eu posso ser, sou quase o melhor da turma. - Então ele deu uma piscadela. - É só para fins humorísticos.
- Ser o melhor da turma ou ser metido? - indagou, entretida com seu novo parceiro.
- Eu diria que sou metido pelo bom humor, mas não posso negar que ser o segundo melhor me concede privilégios para quando os professores acham que estou… Hum… Sendo humorístico demais.
riu outra vez. “Tudo bem então, vamos terminar logo o que a nossa querida maestra está pedindo” ela disse e ele concordou. Claro que ele concordaria, ele não percebia ainda que ele faria qualquer coisa que ela pedisse.

•••


- Eu me sinto genuinamente mal por te deixar fazendo o trabalho inteiro sozinho. - falou enquanto segurava a franja para que não caísse em seu rosto.
não duvidava que ela se sentisse assim, só que também não ignorava que alguma parte de apreciava não ter de lidar com aquele monte de Espanhol que estava sendo jogado em cima deles.
- Tudo bem. - Ele falou com um sorriso no rosto. - Além disso você está… - sua expressão desmoronou um pouco. - Cuidando de toda a parte artística de nosso projeto.
- Ah, muito obrigada por não me deixar sentir que sou uma completa inútil nisso daqui. - entrou na brincadeira de e ele riu.
- Ei, é isso que fará o nosso A virar um A+. - apontou.
ia falar que ele estava sendo otimista demais, contudo os dois passaram a olhar para a professora.
- Chicos, eu lhes farei apenas mais esta aula para terminar o trabalho. Se vocês quiserem tempo extra, terão de se reunir fora da escola. Lembrem-se que…
Foi neste momento em que o cérebro de concluiu que já havia armazenado a parte que importava do discurso da maestra e que podia avançar para continuar escrevendo o texto na folha de rascunho que mais tarde passaria para o trabalho definitivo em sua caligrafia bonita.
- Eu posso pegar o trabalho com você amanhã, pode ser? - perguntou ao fim do comunicado da professora.
- Quê? - tirou sua concentração do que escrevia e encarou a nova… amiga? Companheira de trabalho temporária?
levantou as sobrancelhas.
- O trabalho? Amanhã? - Ela viu que ele ainda estava perdido e revirou os olhos, já havia notado na atenção extremamente seletiva de (que selecionava a própria todas as vezes, apesar de que a garota nunca notara isso). - A maestra disse que o trabalho é para segunda. Hoje é quinta e você já está terminando toda a parte escrita. Eu já comecei a escrever a parte pronta. Você pode terminar tudo hoje e amanhã você me entrega para eu deixar nosso trabalho lindo e merecedor do tal A+. - Ela sorriu e deu uma piscadela em nome da cumplicidade.
retribuiu o sorriso e assentiu com a cabeça, mesmo que os planos que ele fez naquele momento não envolviam um rascunho pronto sendo entregue no almoço como estava pensando e sim um pequeno esquecimento do caderno de Espanhol em sua mesa ao lado de sua cama, com direito a uma passada rápida da residência dos para “deixar o trabalho” (e talvez um milk shake com a própria depois).

•••


- E aí? - perguntou ao puxar a cadeira ao lado de , que passara a se sentar no fundo como o amigo. - Animada para o seu segundo trimestre de Espanhol?
Tudo o que ela fez foi olhá-lo pelo canto de olho, sem uma palavra dita. Também, não é como se ela precisasse. Seus ombros estavam caídos e seus lábios estavam praticamente curvados para baixo, os olhos praticamente rolando sozinhos a cada aluno que entrava na sala. odiava Espanhol.
riu e abriu o saco de papel que segurava após se acomodar. Tirou de lá um donuts de creme e outro de geleia, estendendo o de creme para a amiga, que abriu um sorriso finalmente.
Com o novo trimestre, os horários de suas aulas mudaram, sendo no primeiro período de quarta-feira e logo antes do almoço às sextas. Sabendo que o humor de era péssimo ao acordar, se preparou para a ocasião. Pegou um pequeno desvio de seu caminho, passando na Dunkin Donuts para munir-se de um dos doces favoritos da amiga.
Após o fim do trabalho, revelou que falava com Genevieve e Beatrice por uma questão muito mais de necessidade que afinidade. Se não bastasse fazer Espanhol, ela não podia nem sequer ter caído na turma de algum de seus amigos. se aproximou no momento certo.
Ao contrário dela, tinha um ótimo astral no começo do dia e péssimo ao fim da noite. Duas semanas após começarem a se falar, em uma segunda-feira, ele achou que era uma boa ideia passar no armário de antes de ir até sua aula de Álgebra que era a primeira de todas. Pra quê, Deus? Ela praticamente o expulsou de lá. E sempre madrugava aos fins de semana, mandando inúmeras mensagens para às duas horas e sendo respondida com palavras com no máximo 5 letras.
- Vamos lá. - Ele disse animado após dar os 10 segundos de para apreciar a primeira mordida em seu donuts. - Vai ser legal.
- Não vai não, . - ela respondeu com a boca cheia. - Eu odeio Espanhol. - ela reclamou. - Você só gosta disso porque sua abuela fez questão de que você aprendesse quando você era pequeno.
Foi a vez de apreciar seu donuts, sentindo a massa e a geleia virarem uma coisa só em sua boca. Hmmm.
- Bom, sim, eu sei. - Ele falou, sem poder retrucar. - Mas olha só você já falando que minha avó é minha abuela. - apontou.
levantou uma sobrancelha.
- Você chama-a assim, o que você quer que eu faça? Eu não vou começar a falar que tu abuela te ensinou Español desde que era un niño.
- Eras. - corrigiu automaticamente e a amiga fez careta, como se dissesse “Está vendo? É disso que eu estou falando”. Ele deu de ombros. - Você vai pegar o jeito.
- Não vou não. - acompanhou a professora entrando na sala. - Eu odeio Espanhol. - resmungou mais para si, em reforço de que odiaba Español (mesmo). - A única coisa relacionada a Espanhol que eu gosto é você.
riu e ignorou o pulo que seu coração deu ao ouvir essas palavras. Vai com calma.
- Ah, você e eu também acho o Cristiano Ronaldo bonito. O que não conta porque ele é do Real, mas é português, então…
A animação recém revigorada do garoto murchou um pouco. Eu disse para você ir com calma. E ele deu outra mordida no donuts.
deu uma risada.
- O que foi? - perguntou, de repente era ele quem não estava no melhor humor de todos.
- Sua boca está toda branca com açúcar. - ela informou e estendeu a mão, passando o polegar na bochecha dele, lambendo o doce de morango. - E tem geleia até na sua bochecha. Como você consegue? - perguntou, mas nem respondeu.
O movimento foi rápido e casual, entretanto, para , o toque da mão da garota demorou muitos segundos a mais, o coração voltando a brincar de pular corda. Depois disso ela lambeu a geleia, os olhos brilhando de diversão e o sorriso dançando no rosto.
Foi nessa ação que se dissolveu em vento, deixando os sentimentos serem um furacão pelo resto do dia. Só naquele dia, depois ele teria de controlá-los de novo e colocá-los na sala especial que criou dentro de si. Um cômodo monitorado, com controle de temperatura e paredes acolchoadas, sem contar na porta de tranca dupla, não permitia que eles escapassem outra vez.

•••


Na primeira sexta-feira que começou a nevar, o assunto de e se estendeu até depois de o sinal bater. Àquela altura, não fazia mais questão de ser a última a chegar e a primeira a sair das aulas de Espanhol, facilitava bastante aquelas duas aulas na semana dela. Logo, quando o inconfundível trrrrim soou naquele dia, ela não correu para fora da sala.
No lugar da correria, ambos guardaram seu material e calmamente caminharam ao refeitório, sem irem até seus armários para deixarem suas coisas, já que isso interromperia a discussão seríssima que estavam tendo. O assunto? Ah, sim, o que os dois fariam se ocorresse um apocalipse zumbi exatamente naquela hora.
nem percebeu o que estava colocando em sua bandeja, ele não ligava. Adorava quando atingia aquele seu nível de empolgação por algo. Ela começava a falar rápido demais para ser interrompida e as bochechas ficavam coradas de tanto entusiasmo. O volume da voz aumentava e ela gesticulava como se sua família tivesse mesmo uma ramificação na Itália (não tinha).
Quando se deu conta, estava acompanhando até a mesa em que ela se sentava com seus amigos. Ele já os conhecia, só que nunca tivera muito papo com eles (e nem se esforçara, na realidade. Os encontros sempre eram rápidos demais).
percebeu a hesitação de ao se sentar com eles.
- Vamos, , seus amigos não te matarão por se sentar com a gente um dia do ano. - Ela falou, supondo erroneamente o motivo da pausa do amigo.
- É… Pode ser. - ele concordou e se sentou timidamente.
- Pessoal, vocês conhecem o . - sorriu para os demais alunos sentados na mesa.
quase se encolheu quando os amigos de se viraram para ele. Não que fossem muitos ou que fossem maiores que ele. Sim, os amigos de eram amigOs mesmo, sem uma generalização, pois só tinha amigos homens. Bem, não homens, homens, já que as quatro figuras que se viraram para pareciam ser até mais novos que ele. O que assustou o garoto foi que todos eles não pareciam minimamente felizes com a presença dele ali. Era quase eufemismo falar que estavam “descontentes”.
- Oi, gente. - deu um sorriso amarelo, o qual foi respondido com cumprimentos claramente pronunciados em nome da boa educação.
voltou a conversa do cenário imaginário dos dois, porém não conseguiu acompanhá-la. Ele entendia exatamente porque todos os outros cinco integrantes do grupo não gostavam de seu companhia.
Ele observou Tom encarar como se ela tivesse explicando um novo teorema matemático revolucionário que descobriu sozinha e Dylan estava mais entretido do que o normal com a teoria dos zumbis, tendo em vista que ele não gostava minimamente dessa possibilidade e universos em que ela existia. Já Bruce lançava olhares para que não eram minimamente amigáveis, apoiando um braço no encosto da cadeira de sem que ela percebesse ou estranhasse. imaginou que Dean e Henry não gostavam dele em solidariedade aos amigos.
fez de tudo para não demonstrar que estava decepcionada pela total falta de atenção de ao que ela estava falando, se esforçando para continuar a sua narração de contra ataque aos zumbis. O orgulho falava mais alto, estando ferido e inflado. Ela nem se deu conta de que deveria corrigir o seu defeito principal…
Tom notou que a voz dela se tornou superficial e a interrompeu brevemente, aproveitando sua oportunidade de deixar claro teria um longo caminho a percorrer.
- Está tudo certo para hoje a noite, ? - Ele perguntou.
- Hum? - Ela franziu as sobrancelhas, esquecendo-se por um momento do quê Tom estava se referindo. - Ah, sim… Tudo certo.
- O que vocês farão hoje? - quis saber, de repente antenado no que eles estavam falando, tentando ao máximo parecer desinteressado.
- Vamos a casa de . - Tom informou, acenando para os outros garotos na mesa.
Ela se envergonhou.
- Não será nada demais, na realidade. - Falou e pigarreou. - É só pizza e filme… - Se encolheu em sua cadeira e fingiu que não estava ligeiramente ferido (o que era ridículo, ele saía com e não tinha ideia do porquê ela o chamaria em uma sessão de cinema com seus outros amigos). - Se você quiser, ir… Eu sei que está meio em cima da hora, vai que você não tem nada para fazer! Vai ser legal! - Ela sorriu com o convite, que pareceu bem espontâneo sem o contexto.
abriu a boca para dizer que sim, porém pensou nos outros convidados e se ânimo reduziu a zero. Além disso, estava mesmo em cima da hora e era sexta-feira. Que adolescente legal do Ensino Médio estava livre para sair diante dessas circunstâncias? Mas você nem é legal mesmo, ué.
- Vou passar, . - forçou um sorriso. - Meu irmão nos visitará esse fim de semana, você sabe, é o primeiro ano de faculdade dele…
E isso nem era mentira. Tudo bem, não ligava muito para o irmão e tinha certeza que era recíproco. Não estava morrendo de saudades, nem nada do tipo. Sobreviveria a dar um oi e um tchau por agora, eles se veriam novamente no feriado de Natal e Ano Novo. Claro, mesmo não sendo 100% verdade, isso soou como um motivo razoável para e foi nisso que ela tentou se ater:
- Ah, okay… Bom, se é para você ficar com o seu irmão…
Então se entusiasmou. Seu irmão! Cara, eu te devo uma. O convite que deveria parecer totalmente comum para ele, como se saísse toda hora com os amigos mais velhos do irmão, se formou em sua mente. Ele nem sequer lembrou-se do resto das pessoas da mesa.
- Ei, ele fará uma festa dia 28, você disse que vai ficar na cidade não é? Você totalmente deveria vir! É basicamente para ele reencontrar seus amigos de escola e nem vai ser algo grandioso mas…
sorriu, colocando o cabelo atrás da orelha:
- Parece ótimo para mim, eu adoraria ir.

•••


tentou não olhar para a porta a cada 15 segundos desde a mensagem de que informava que ela já estava saindo de sua casa, tentou mesmo. Parecia que o trânsito em sua cidadezinha de repente se tornara catastrófico, já que a amiga não chegava nunca… Até que ela chegou.
Quando bateu na porta, esperou abrir, mas no lugar foi o irmão mais velho dele. Ela se apresentou educadamente, tímida pelo desconhecido que já parecia bem familiarizado com ela.
Foi só colocar o pé para dentro da casa que o amigo conseguiu localizá-la. Podia até falar aqueles papos de você é ainda mais bonita sem maquiagem, porém estava linda. Talvez fosse a noite de inverno, ou qualquer bobagem dessas. Vestida toda de preto, encantou a tal ponto que ele nem parecia estar ansioso para vê-la ali, pois demorou para se mover e ir recebê-la.
- Oi, estranha. - Ele falou ao se aproximar sorrindo.
- Oi para você também. - Ela cumprimentou e pegou o copo que ele lhe ofereceu.
A casa estava mais cheia do que havia dito que estaria, em parte para evitar que se sentisse pressionada e em parte para que ela não se animasse muito e depois se decepcionasse.
- Quanta gente… - Ela comentou e deu um gole no conteúdo do copo descartável, fazendo careta.
- É, acho que meu irmão se empolgou um pouquinho. - imitou o gesto da amiga e bebeu também.
- Que nojo, . - ela reclamou. - Você me deu cerveja? - Ela estendeu a mão e pegou o copo dele, despejando o líquido do seu no dele. - Eu odeio cerveja, eca. - Informou ao devolver o objeto ao seu dono e segurou o seu vazio.
O garoto revirou os olhos, é uma fresca mesmo.
- Venha. - Ele pegou sua mão e começou a puxá-la para a cozinha. - Vamos te arranjar outra coisa.

•••


sentia o corpo quente pela bebida, o copo em sua mão estava cheio e ela o bebericava ocasionalmente, tomando cuidado com o tamanho de seus goles pois a última coisa que queria era ficar bêbada demais.
havia desaparecido depois de ter sido chamado por uma garota que “não sabia onde as bebidas estavam”. Fala sério. Como o bom anfitrião que era, o caçula da família da propriedade foi ajudar a anônima, o que deixou a garota mais nova da festa meio perdida entre os convidados.
Encontrou um sofá e sentou-se ali, olhando para a tela de seu celular como se ela tivesse notificações muito mais interessantes que a festa.
- Ei, eu não te conheço. - Disse um garoto que sentou-se ao lado dela, acompanhado de mais um amigo.
levantou o olhar e deu um sorrisinho, não se interessou por ele.
- Eu sou Billy, este é Julian.
Já que era educada, ela manteve seu sorriso e disse-lhe seu nome, notando que Julian era muito mais legal que seu amigo.
- Você é da faculdade de… - Billy tentou iniciar um assunto, que cortou (apesar de ter se adiantado sem querer).
- Sou amiga de . - ela deu de ombros. Merda, não era para se agir como se é, com certeza, faculdade?
- Jura? - Julian se impressionou. - Não parece.
Esse foi o comentário que fez arrumar a postura e mexer no cabelo. Seu sorriso educado se transformando em falsamente lisonjeado. Era uma festa, afinal de contas.
- Sorte sua isso ser mais um elogio quando você tem 17.
- Ah, então você é mais velha que ?
Não.
- Sim. É meu último ano.
não se lembrava de ter cruzado com Julian antes, então concluiu que era algum amigo de uma cidade vizinha. Onde ela e moravam era tão pequeno que em menos de duas dezenas de minutos, você chegava a outra cidade. Não era difícil ter amigos de cidades próximas. Sendo assim, a idade era só… Uma pequena mentirinha branca.
E quando foi ver, Billy havia evaporado e Julian era quem estava sentado ao seu lado, muito mais próximo do que deveria.
- Nós vamos na Night Starter amanhã para a edição de feriado, você deveria vir com a gente. - Julian disse casualmente.
- É… - ela disse, avaliando as chances de sua mãe deixar. - Quem sabe?
- ! - ela ouviu ser chamada e virou-se para onde a voz vinha, perto da porta de entrada. Era , claro. - Vem! Nós vamos acender a fogueira!
A garota olhou para o amigo e depois para Julian.
- Eu já vou, .
- Tudo bem. - Ele olhou para Julian desconfiado. - Estarei te esperando.

•••


E estava mesmo esperando . Como ela havia prometido, em pouco tempo já estava fora da casa dele. A fogueira estava começando a crepitar.
Os irmãos haviam retirado boa parte da neve naquele local durante a tarde e pediram ajuda ao pai para empilhar a lenha para a grande fogueira. Era uma espécie de ritual do irmão mais velho dar uma festa entre o Natal e o Ano Novo, adquirido no segundo ano quando os pais foram passar a virada na casa da tia chata deles e os meninos combinaram de passar com os vizinhos. Desde então, os pais ajudavam a preparar as coisas e iam viajar após isso.
- Oi de novo. - disse ao chegar até .
- E aí?
Ela sentou-se no tronco com o amigo, se aconchegando.
- Meu Deus, que frio. Como você está aguentando?
sorriu e chamou o irmão, parecendo ignorar a pergunta dela.
- Ela precisa de um, mano. - Informou.
O mais velho sorriu e puxou a mão do bolso, revelando um copo de vidro de shot, que encheu com a garrafa de tequila que estava na outra mão.
- Aqui está, maninho.
sorriu para o líquido transparente, esquecendo-se da cautela de não ficar bêbada. Era a primeira vez que a via beber, tinha que pegar leve.
- O limão e o sal ficarão em falta. - Ele brincou ao entregar o copinho que foi virado em um estalar de dedos.
- Uh, ela é boa. - o mais velho dos três disse rindo, ao pegar o copo e ir embora. - Finalmente você trouxe alguém que sabe beber, .
franziu as sobrancelhas e olhou para o companheiro de trabalho, que deu de ombros.
- Mike passou mal da última vez.
Ela riu.
- Ele não vinha hoje?
- Ele está por aí.
Depois disso iniciou-se uma longa conversa sobre os amigos de espalhados pela festa, que evoluiu para como conheceu os dela, o que levou a contar suas histórias… Tudo isso sendo interrompido de tempos em tempos pelo irmão de certificando-se que eles estavam aquecidos pelos shots.
Quatro shots depois, falava arrastado e parecia um bobão ao olhá-la. A garota ficava ligeiramente mais atrevida com a tequila. Alguns áudios foram mandados para contatos aleatórios no WhatsApp, algo que não era minimamente recomendado, entretanto nenhum dos dois conseguiu se lembrar disso. E talvez a temperatura lá de fora tinha aumentado, porque ninguém mais sentia frio, ou talvez fosse a fogueira…
As pessoas que antes estavam ali para ver a lenha pegar fogo logo se entediaram, sobrando um casal do outro lado da fogueira e um mais afastado. Os convidados foram se retirando para dentro da casa, a música foi desligada para nenhum vizinho chamar a polícia, o crepitar da fogueira aumentou e as chamas dançavam uma melodia esquecida.
A garota que mais importava para levantou-se, pegou um cobertor que alguém havia deixado dobrado em outro tronco e estendeu-o mais próximo do fogo, chamando o amigo com a cabeça. Ele foi e sentou-se de pernas cruzadas acima do tecido, ela sentou-se ao seu lado direito, depois deitou-se e apoiou a cabeça em suas pernas sem pedir licença. Ela não precisa.
O garoto já não era o mais realista a respeito dela em perfeitas condições, embriagado, ele deixou a porta de tranca dupla entreaberta. Os sentimentos tomaram-lhe o corpo e a mente. Ele podia ficar assim para sempre, parecia que não havia mais outros três garotos disputando aquela que descansava em seu colo (potencialmente quatro, se contasse com o cara lá de dentro com quem ela estava conversando ao sair). Ele podia ensina-la a falar espanhol para quando fosse apresentá-la a sua abuela e a cativaria mesmo quando ela errasse e resmungasse 3 vezes seguidas que odiava espanhol.
- Eu sei, . - confessou num suspiro vindo de lugar algum.
Ele pousou seus pés no chão lentamente, sendo resgatado de seus devaneios.
- Sabe o quê?
Ela fechou olhos e disse misteriosamente:
- Eles acham que eu não sei, mas eu sei sim.
- O quê, ?
Ela abriu os olhos antes de falar e agora estava inteiramente concentrado nela, em sua fala, em seus gestos, em sua respiração.
- Eu sei que Tom, Dylan e Bruce gostam de mim.
se surpreendeu.
- E…? - Perguntou, tentando entender onde ela queria chegar com isso.
- E eu sou uma pessoa horrível. - seus olhos voltaram a se fechar.
- Por que você é uma pessoa horrível, ? - indagou suavemente, quase em tom de deboche, para aliviar um pouco o clima.
- Porque eu deixo. - ela encarou , seus grandes olhos castanhos mirando exatamente nos dele. - Eu deixo, sabia? - Ela deu um sorriso infeliz. - Eu deixo que eles gostem de mim mais do que deveriam... E quando eu sinto que eles estão se afastando, eu abraço o braço deles e falo com voz manhosa, chamo-os pelo apelido e estendo as conversas que temos. Só porque eu me acostumei a tê-los por perto. Só por vaidade. Só por orgulho. - Seu sorriso se desfez e a encarou seriamente. - Eu me esforço mesmo para tentar dar uma chance para algum, mesmo. Sobretudo a Dylan, porque ele é tão doce… - ela suspirou. - Eu não quero prendê-los a mim, só que quando eu vejo, eu já estou fazendo isso. Eu sou horrível.
Lágrimas encheram-lhe os olhos e segurou o choro. sabia que era coisa da bebida, sabia que a revelação era o álcool se manifestando e sabia que as lágrimas eram parte dos efeitos colaterais da tequila. Mesmo assim, jamais tinha visto tão bonita e se deixou levar pelos pensamentos que tentavam convencer o próprio que se fosse qualquer outro garoto ali, não se abriria daquela maneira.
- Não é não. - contestou. - Se você é tão horrível, ninguém teria o porquê gostar tanto assim de você.
sorriu novamente, as lágrimas, pequenas e tímidas, escaparam-lhe e correram pelo seu rosto, molhando alguns fios de cabelo. Obrigada. Ela se ergueu um pouquinho, só o suficiente para encostar os lábios nos de , que teria certeza que aquilo era um sonho se não fosse pelo coração saltando no peito. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito segundos se passaram com eles assim até voltar e descansar a cabeça sob a perna dele novamente.
- Eles não gostam de verdade de mim, . - ela fechou os olhos. - Eles só acham isso, porque eu fui a primeira garota a reparar neles, a falar com eles sem receio. Eu fui a primeira que prestou atenção no que eles estavam dizendo. Eu só dei sorte de ser a primeira. - Seu volume de voz abaixou até que ela murmurou: - definitivamente não serei a única, ou a última. - e adormeceu.

•••


Ao entrar na Night Starter, sentia-se confiante. Diferentemente do dia anterior, ela estava energizada. Colocou seu salto alto favorito, o vestido que era uma das duas únicas coisas que gostava da última moda e o casaco de pele sintética que era a outra coisa. Amarrou o cabelo em um coque que sabia que desfaria em algum ponto da noite e passou maquiagem como se tivesse todo o tempo do mundo e não já 40 minutos atrasada para encontrar .
- Você vai hoje? - ela perguntara para ele por mensagem mais cedo.
- Onde?
- Na Night Starter.
- Não sabia que você sabia disso.
- Eu tenho meus contatos. - sabia que aqui era o momento de uma piscadela que não seria levada a sério.
- Não sei.
- Vamos, vai. - pediu. - Aquele amigo do seu irmão, Julian, me convidou.
- Vou pensar.
E nem precisou pensar muito, ele já sabia que iria. Mesmo sentindo que fora espetado por um palito quando mencionou Julian, ele ainda tinha os momentos das primeiras horas daquele dia grudadas em sua mente.
Avistou procurando-o na entrada da única boate da cidade, os olhos varrendo o local e os lábios rosados entreabertos daquele jeito inconsciente dela de quando sentia-se confiante o suficiente. Foi até ela com um sorriso que logo foi retribuído.
- Olá, querido! - disse animada.
Era a primeira vez que ia ali. A cidade era pequena o suficiente para o segurança saber que ou não tinham atingido a maioridade e era pequena o suficiente para ele não ligar. Se as crianças exagerassem, eram colocadas para fora e teriam de aguentar o grande escândalo que só cidades pequenas conseguiam transformar tal cena em.
- Alguém está feliz. - Ele apontou e começou a se dirigir para onde estava sentado antes.
- Claro! Você não está? - ela perguntou e levantou uma sobrancelha. - Vai finalmente ver os meus movimentos na pista de dança.
riu porque sabia que estava brincando, mas era verdade. Quando uma das amigas do irmão dele arrastou a mais nova para a pista de dança, ela fechou os olhos e se entregou à batida, sem se importar se ele ou Julian tinham os olhares presos a cada gesto seu.
Sim, não era a melhor dançarina de todas, no entanto estava longe de ser a pior também. O cabelo se desfez, o casaco foi jogado para o lado, o sorriso alargou e a energia aumentou. Ela nem parecia ser a mesma garota que foi obrigado a acordar de mansinho naquela madrugada, pois sua perna estava doendo e ela tinha que voltar para casa. Será que ela não cansa, não?
Julian levantou-se determinado e torceu para estar errado sobre sua previsão para os movimentos dele, mas Julian andou com passos firmes até a pista de dança... Quando ele e se beijaram, fez questão de desviar o olhar.

•••


Ele olhou para o horizonte como se fosse culpa da cidade, depois deixou a melancolia tomá-lo. Não, pode parar. respirou fundo, o ar frio entrando em seu pulmão e saindo quente, o vento arrepiando-lhe. Fechou os olhos, contou até cinco, deixou a consciência voltar a si. Relaxe, não é o fim do mundo.
Estava impressionado como podia ser uma garota legal, fingindo que ela era sempre assim, sempre ia em festas, sempre saía com caras mais velhos, sempre se arrumava para sair. Era uma versão tão diferente da garota resmungona das aulas de Espanhol...
- Apreciando a vista?
virou-se para a voz. sorria serenamente, uma parte do cabelo grudado na testa de suor enquanto a outra esvoaçava ao seu redor. Ela estava quase inocente, quase. Mesmo assim, a raiva dele se desfez como em um toque de mágica e ele não foi capaz de evitar derreter com a visão da garota se aproximando.
- Que vista? - Ele perguntou ao olhar ao redor.
O telhado em que estavam era o mais próximo de uma varanda que a Night Starter foi capaz de chegar, com sua construção de dois andares apenas. Era alto o suficiente para poderem avistar os telhados das demais casas do bairro, só não mais que isso.
deu de ombros e foi até o lado dele.
- Obrigada por cuidar de mim noite passada. - Ela agradeceu.
- Não diria que te deixar dormir bêbada no meio de uma festa seja cuidar de você… - brincou, o que a fez revirar os olhos.
- Aceite logo o meu obrigada e não me enche. - Ela disse, fingindo repreende-lo.
Tudo ficou silencioso… A cidade, os dois amigos… Menos a Night Starter.
- Você está legal? - perguntou e soube imediatamente que era sobre Julian.
Ela não precisava pedir permissão, ambos sabiam disso. E ambos sabiam também que ficou implícito no jardim de que sabia de seus verdadeiros sentimentos por ela.
Ele a olhou, virando o corpo para que pudesse ficar de frente para ela, mesmo que ela não estivesse de frente para ele.
- Por que você está fazendo isso?
Ela não lhe respondeu, foi como se ele nada houvesse dito.
- Você sabe, Julian não é nada demais. Ele não é permanente, ele não será meu namorado ou essas coisas.
irritou-se e deu um passo para frente, o ombro esquerdo de encostando em seu peitoral. Vai com calma. Ele respirou fundo e soltou exatamente o que estava pensando:
- Mas eu poderia ser. - Declarou, sincero e exposto.
olhou-o pelo canto de olho e deu um sorrisinho. Com dois passos, se afastou e começou a olhar o telhado.
- Você sabe, meu filme favorito sempre foi High School Musical 3. - Ela disse com os olhos brilhando como se antes os dois estivessem discutindo sobre o dever de Economia ou a mágica da neve no Natal. - Isso só porque o Troy dança com a Gabriella, sabia? - Seu sorriso cresceu e ela deu um giro. - Meu sonho desde então foi que alguém me convidasse para dançar.
, achando que aquela era uma indireta para ele, reduziu novamente a distância entre os dois, dessa vez estando mesmo frente a frente um do outro. O coração batia apressado, mas ele não estava mais bravo. , pelo o que ele havia entendido, queria dançar com ele. Como poderia ficar com raiva assim?
- Então dança comigo. - Sugeriu mansinho, com a voz baixa.
riu divertida, como se fosse uma brincadeira.
- Você notou que lá dentro está tocando música eletrônica?
deu de ombros e estendeu-lhe a mão.
- E daí?
Ela encarou a mão e a pegou depois de alguns segundos de hesitação. Eles começaram a balançar de um lado para o outro.
sentiu o coração apertar, estava fazendo aquilo de novo. Seria culpa dela dar esperanças assim? Não é como se não soubesse onde estava se metendo desde o começo… Ele só sabia o que falar naquela hora, então ela concordou em seguir o roteiro dele.
- Eu não queria que você fosse tão irresistível. - confessou em seu ouvido em um suspiro. permaneceu quieta, com a cabeça apoiada no corpo dele, movendo sua cintura.
Foi neste momento em que ele decidiu dançar de verdade e começou a dar passos para cá e para lá. Se aquilo fosse um baile de escola, os dois sabiam que seria o casal que mais alunos teriam ciúmes e inveja. Não porque eram os mais bonitos ou porque eram a líder de torcida e o capitão do time de futebol, eles só estavam tão envoltos um no outro que não havia como negar a conexão deles, fechados em seu casulo reluzente. Eles davam até rodopios para completar o espetáculo.
Lentamente o ritmo diminuiu, nenhum deles queria encerrar a cena. Quando se separaram, fez questão de que não fosse muito, olhando nos olhos de , que sem receio olhou até o fundo da alma dele também.
- Obrigada pela dança. - Ela disse num sussurro, deslizou sua atenção até os lábios da companheira.
- Não há de que.
fechou os olhos e sabia que podia avançar. O beijo foi lento, os braços não se moveram da posição da falsa valsa. As respirações estavam sincronizadas, a noite acobertou o ato.
- Obrigada. - falou outra vez antes de se virar e ir embora.
Eu que agradeço.
Ele a assistiu andar até a porta que dava de volta para a música alta, os movimentos agitados e, mais tarde, os braços de um cara que nem , nem Julian conheciam.

•••


Na segunda feira após o Ano Novo, sentia-se esgotado. Ele havia passado por inúmeros altos e baixos durante aquele período e não se sentia disposto a encarar um punhado de aulas. Certamente não era isso que iria revigorá-lo.
Ao encontrar no intervalo entre a segunda e terceira aula, ela o cumprimentou com um sorriso e um beijo na bochecha como fazia todos os dias. O sorriso nunca pareceu tão perfeito a . Ela deu uma piscadela e se apressou para chegar a sua aula de Química.
Recebeu uma mensagem de texto no começo da aula antes do almoço para que ele fosse sentar-se com ela no refeitório. Ele foi. Quase correu para chegar lá e viu que ela já estava com os seus cinco amigos usuais. Como ela conseguiu realizar tal proeza?
- O professor de Literatura faltou, então tivemos aula livre… Fomos liberados mais cedo. - Ela informou.
- Ah, entendi.
- E ai? - Henry perguntou. - Como foi o feriado de vocês?
sorriu.
- Foi legal. - Ela olhou para . - O irmão de deu uma festa com fogueira e no dia seguinte fomos para a Night Starter. - Falou naturalmente.
- Cindy, da minha aula de Geometria, contou que viu vocês dois juntos. - Bruce jogou na mesa, tentando sondar algo. começou a suar.
- Bem, nós dois fomos juntos. - revirou os olhos. - Aposto que Cindy também foi com um amigo dela.
- E você gostou? - Perguntou Tom.
- Ah, você sabe, eu nunca havia ido lá, então…
E assim a conversa foi desviada para a experiência de e os casos próprios deles a respeito desta ou daquela festa que eles haviam participado.
encarou a garota, perguntado-se o que passava em sua mente. Ele sabia que ela não iria sair contando que eles ficaram, só não estava preparado para tanta indiferença quanto os momentos que passaram.
Ela riu de algo que Dylan disse e sabia que ela estava rindo de verdade. Ela faria qualquer coisa por aqueles cinco e, se desse sorte, faria por ele também. Ninguém poderia jamais ofendê-los ou qualquer coisa do gênero, ela os defenderia com unhas e dentes, achando que eles não conseguiam fazer isso ou que esse era o seu dever. Ela gostava mesmo deles.
Talvez fosse verdade, talvez ela os prendesse, talvez eles só gostassem dela porque não tinham mais nenhuma outra garota por perto para gostar, só que sabia que abaixo disso tudo e, ainda assim, borbulhando na superfície, a turma tinha uma amizade sincera. Se algum deles precisasse de apoio, qualquer tipo de apoio, uma ligação resolveria todos os seus problemas.
O glamour do feriado havia passado e já não sabia qual versão de era sua favorita. Todas? Nenhuma? Não importava. O encantamento das roupas, da maquiagem, das bebidas e da dança ficou para trás. Ela voltou a ser apenas uma garota no Ensino Médio, sem magia. Mas não precisava desse tipo de coisa, ela tinha o seu brilho próprio, reluzia do jeito que ela encontrou.
percebeu que nenhum daqueles três tinha chance com ela, ela os guardara em uma parte de seu coração muito mais especial do que aquela designada para namorados ou coisas do gênero. Será que ele mesmo tinha uma chance? Certamente foi o único daquela mesa a ganhar um beijo.
Ele não fazia ideia se aquilo era só uma paixonite adolescente ou era algo a mais. Ele era mesmo um adolescente, como poderia distinguir? Seus pensamentos rodopiavam diretamente para , entretanto até que ponto isso poderia ser considerado como alguma coisa? Tinha certeza que ela não era a garota de sua vida, com certeza não se casaria com ela… Contudo isso não impedia que fosse seu primeiro amor, impedia?
olhou para sua mesa de almoço de costume, atrás de si, um pouco a esquerda. Já havia acabado de comer e os demais amigos também. Só o sexteto que o acompanhava conseguia ser tão devagar para ingerir um prato de comida.
levantou-se e retirou sua bandeja consigo, como faria se o sinal tivesse tocado e teria de ir embora. Não iria, a outra mesa era logo ali do lado. Tudo bem, . pensou. Até a aula de Espanhol.



Continua...



Nota da autora:
Hey there, migs! Como você vai?
Bom, sendo 100% sincera, eu queria ter tido mais tempo para escrever essa fic. A princípio, eu queria terminá-la para o Mixtape: Girlband x Boyband (caso você não tenha visto, eu tenho duas fics por lá), mas aconteceram mil coisas e não consegui... De qualquer forma, terminei para dá-la de Natal no meu amigo secreto e por isso ela ficou meio corrida... Desculpa!
Fool’s Gold sempre foi uma música bem emotiva para mim, porque eu sempre visualizei essa garota que tem vários amigos que gostam dela, na esperança que ela algum dia os retribua. E tem também esse cara específico que a vê por inteiro, porém não consegue evitar de se apaixonar também. Acho que todo mundo tem ou já teve uma situação que se sentiu nessa música.
Eu também quis deixar claro que a garota não é de todo ruim, que ela tem seus momentos altos... Sim, eu quis dar na cara dela pelo pp, só que fazer o quê, né? É cria minha também, essa daí! Hahahaha
Espero que você tenha gostado, sweetie! E espero de verdade que você tenha se sentido tocada em algum momento, porque eu tive um trabalhão tentando canalizar toda essa sofrência! Hahaha Sério, eu tive que montar uma playlist da bad especial até!
Beijos e até a próxima,
Sa.

Leia também:
[Mixtape Girlband x Boyband] Cheater: romance|finalizada
[Mixtape Girlband x Boyband] Love You Goodbye: romance/drama|finalizada




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