Capítulo 1
Assim que estacionou o carro, eu já conseguia sentir meu coração palpitar acompanhando as batidas da música alta que tocava. O lugar estava bem cheio. Vários carros parados por ali, mulheres dançando nas traseiras das caminhonetes, outras grudadas com alguns dos corredores, enormes caixas de sons espalhadas. Tudo parecia cena de Velozes e Furiosos.
— Isso é incrível. — falei admirada assim que desci do carro.
— Sentiu saudades, maninha? — se escorou no teto do carro, enquanto me olhava com um sorrisinho nos lábios.
— Você nem imagina o quanto. — lhe retribui o sorriso — Eu quero participar de uma corrida. — fechei a porta, e dei a volta indo até ele.
— Não mesmo. — negou com a cabeça — Você tem ideia do quanto é perigoso? — olhou para a pista e em seguida, para mim — Se acontecer alguma coisa com você, o nosso pai me mata. — riu de escárnio e eu bufei.
— Só pra vocês dois saberem... — fiz uma pausa, parando em sua frente — Eu não sou mais aquela menininha que ele mandou pra um internato na Austrália. — balancei a cabeça negativamente.
— Você não devia nem estar aqui comigo, só pra começar. — arqueou a sobrancelha e fechou a porta do seu lado no carro — Você é a garota prodígio da família, qualquer arranhão que tiver, a culpa será minha. — me olhou seriamente — Então não, você não vai correr. — negou com a cabeça e mais uma vez eu bufei — Agora eu preciso fazer minhas apostas, contra o . — tirou três maços de dinheiro do bolso, e deu um sorrisinho convencido.
— Tomara que ele ganhe de você. — cruzei os braços mantendo meu olhar nele, e ele riu debochadamente.
— Sabe a quantas corridas eu estou invicto? — falou com um sorrisinho convencido — Cinco corridas... Cinco corridas que o não ganha de mim. — riu com vontade e eu revirei os olhos — E não vai ser hoje que isso vai mudar. — negou com a cabeça.
— Cuidado maninho, seu ego tá tão alto que você pode cair e quebrar a cara. — dei um sorrisinho irônico e saí andando na direção oposta onde ele estava, mas pude ouvir sua risada de longe.
— Também te amo, irmãzinha. — falou alto para que eu pudesse ouvir, e mais uma vez eu rolei os olhos continuando a andar.
Era um saco essa história dele querer me tratar como criança. Eu já havia crescido o suficiente pra fazer o que eu bem entendesse, mas o e o meu pai, não enxergavam isso. Para eles, eu sempre seria a garotinha de 12 anos, que depois de perder a mãe, foi mandada para um internato na Austrália.
Aproximei-me da pequena tenda de bebidas que havia ali, e quando as pessoas começaram a se afastar, eu me escorei no balcão, e logo uma mulher ruiva, com mais ou menos, 25 anos, veio me atender.
— Posso ajudar? — me olhou, ao parar em minha frente do outro lado do balcão.
— Eu quero uma cerveja. — a olhei, e ela assentiu esticando a mão para que eu lhe desse a minha identidade — Sério? — perguntei incrédula, já que aquilo era um racha, acontecendo no meio de Londres.
— Muito sério. — deu um sorriso, um tanto quanto forçado e eu balancei a cabeça lhe entregando minha identidade — Sinto muito, não posso te vender bebidas alcoólicas. — me entregou novamente meu documento.
— Você não vai me vender bebidas alcoólicas por eu não ter 21, mas acha normal eu estar em um racha? — falei indignada com tudo aquilo, e ela riu.
— Não é pela sua idade, é por ser quem você é. — balançou a cabeça, e focou seu olhar em um ponto atrás de mim, e eu logo tratei de olhar também, vendo o conversando com alguns homens, perto de um carro azul, que no momento eu não lembrava o nome — O deixou avisado que não podíamos vender bebidas alcoólicas para você. — voltou a me olhar e eu bufei mais uma vez naquela noite.
— É claro que ele fez isso. — ri sem humor, e me afastei da tenda sem conseguir comprar bebida alguma, já que a mulher não queria me vender, e me encostei-me a uma caixa de som a poucos centímetros dali.
— Um energético, e uma cerveja, por favor. — ouvi uma voz masculina dizer, e desviei meu olhar para onde vinha à voz.
Ele tinha os cabelos castanhos, e estava um pouco grande, caindo nos olhos. A pele morena, e uma barba rala, que contrastava perfeitamente com o castanho dos seus olhos, que estava iluminado com a luz do farol de um carro um pouco mais a frente.
Pude notar que ele também me olhava, com um sorrisinho um tanto quanto cafajeste nos lábios, e acabei rindo com aquilo e desviando meu olhar para a pista onde havia acabado de começar uma corrida.
Observei um dos carros ultrapassar, e o carro de trás nem se esforçar para passar de volta. Mas o que ela estava fazendo?
— Ela não vai ganhar assim. — falei para mim mesma, enquanto olhava a segunda corredora se manter em segunda posição.
— Ah ela vai sim. — pude ouvir a voz rouca do mesmo homem de antes, agora mais perto de mim e o olhei com a sobrancelha arqueada — Ela vai ultrapassar nos últimos segundos de corrida. — parou ao meu lado, olhando para a pista.
— E como você pode ter tanta certeza? — arqueei a sobrancelha, e ele deu ombros, como se aquilo não importasse — Eu aposto que se continuar assim, ela não vence. — voltei meu olhar à pista.
— Você quer apostar mesmo? — ele soltou uma risada nasalada, e eu voltei a olhá-lo, a tempo de vê-lo virar a latinha de energético na boca de uma forma bastante sexy.
— Por que não? — sustentei seu olhar, e ele passou a língua pelos lábios após acabar de beber, me fazendo morder meu lábio inferior com aquele gesto.
— E o que você quer apostar? — desviou seu olhar para meus lábios sem nenhuma descrição, e bebeu mais um gole do seu energético.
— Se ela perder, como eu acho que vai acontecer... — olhei para a pista por alguns segundos, antes de continuar — Você me ajuda a entrar numa corrida. — voltei meu olhar a ele, e ele concordou com a cabeça.
— E se ela ganhar? — arqueou a sobrancelha, mantendo seu olhar em mim.
— Você escolhe. — dou ombros.
— Um beijo. — falou como quem não queria nada, e voltou seu olhar para a pista — Se ela ganhar, eu quero um beijo de boa sorte. — deu um sorriso de canto, e voltou a me olhar em seguida.
— Tudo bem. — concordei com a cabeça e estendi minha mão para ele, que logo apertou.
Voltamos nosso olhar para a pista, vendo que a corrida já praticamente no final, e no último minuto, a segunda colocada acelerou de uma vez, se tornando então, a primeira.
— E a vencedora, é . — um dos homens falou no microfone, e ela logo parou o carro em frente onde todos estavam, e ao sair do mesmo, todos gritaram enquanto a mesma tinha um sorriso nos lábios.
— Parece que eu perdi. — voltei meu olhar ao homem ao meu lado, e ele sorriu vitorioso.
Antes de ele pensar em falar algo, eu me aproximei e lhe beijei. Era um beijo calmo, sem nenhuma pressa, e que eu comandei todo o tempo. Sua boca tinha um gosto de menta, com nicotina, provavelmente porque ele fumava, e até mesmo um pouco do gosto adocicado do energético.
Afastei-me, puxando seu lábio inferior entre os dentes, e deixei meu olhar pairar sobre o seu.
— Boa sorte. — finalmente me afastei o vendo sorrir e me estender a garrafa de cerveja.
— Não conta pra ninguém, que fui eu quem te dei. — colocou o indicador sobre os lábios, e eu sorri dessa vez, o vendo se afastar.
Eu queria muito ter ganhado aquela aposta, assim poderia correr, mas não foi de todo mal que ele ganhasse. Afinal, eu havia acabado de beijar o homem mais sexy que eu havia visto na minha vida.
Fiquei por mais algum tempo ali encostada na caixa de som, bebericando minha cerveja, enquanto olhava as corridas que aconteciam. Toda aquela adrenalina me empolgava, e eu não sabia decifrar o quanto. Porém, eu queria estar na pista, não ali só observando.
Eu queria correr. Sentir aquela adrenalina na veia. Mas com o fato de todos ali conhecerem o , ninguém me deixaria correr de forma alguma, já que ele provavelmente havia deixado um aviso me proibindo daquilo também.
— E agora a última corrida da noite... — o mesmo homem de todas as outras vezes falou, chamando a atenção de todos — E a corrida mais esperada por todos também. — soltou uma risada nasalada — Mais uma vez, correndo em seu Nissan Skyline GT-R, o nosso vencedor invicto por cinco rodadas... . — assim que ele falou o nome do meu irmão, a multidão foi à loucura e até eu acabei gritando com aquilo, enquanto me livrava do copo e entrava no meio da multidão para conseguir ver melhor — E em seu Dodge Charger, fazendo sempre um tempo maravilhoso... . — e mais uma vez a multidão foi à loucura, e com o olhar eu procurei por ele, curiosa em saber como era o grande rival do meu irmão, mas só consegui ver seu braço estendido pra fora da janela do carro — Nossa maravilhosa Scarlett, vai dar a largada. — apontou para a mulher, que vestia um vestido de oncinha um tanto quanto curto, tinha os cabelos loiros e segurava um sutiã em mãos.
— Preparar... — ela disse e já pôde ser ouvido o ronco dos motores — Apontar... — ela balançou o sutiã de cima para baixo, enquanto todos gritavam — VAI! — gritou e logo os dois deram a partida desesperados pela liderança.
logo saiu na frente e acelerou pegando uma boa distância do tal , mas que logo estava na cola dele, o fazendo ir de um lado para o outro na pista, para que não fosse ultrapassado. Como na corrida da garota, não estava nem um pouco preocupado em acelerar, parecia nem querer ganhar.
Faltavam vinte metros para a linha de chegada, quando foi ultrapassado. E com um liberar de nitro nos últimos segundos, venceu a corrida e deixou a multidão bem agitada.
havia perdido.
Assim que os dois carros pararam próximos ao palanque, desceu do carro e pela sua cara, ele estava claramente frustrado com aquela derrota. Andei até ele, enquanto a multidão rodeava o Dodge preto em bastante alvoroço.
— Parece que você não está mais invicto, irmãozinho. — falei em tom debochado ao me aproximar dele.
— Parece que sua praga deu certo. — falou com ironia, e eu quis rir verdadeiramente daquilo, mas eu ainda era uma boa irmã, não faria aquilo.
— Não se preocupa, . — segurei em seu ombro — A próxima você ganha. — baguncei seu cabelo, e com a cara que ele olhou eu me afastei dois passos para trás, pois ele estava realmente bem puto com aquilo.
— . — aquela voz rouca chamou não só a minha atenção, como também a de , e nós olhamos para a direção de onde vinha — Como foi beijar a minha traseira? — ele falou debochado, se aproximando de nós.
Aquele era o ?
Eu havia beijado o maior rival do meu irmão?
— Você tá feliz não é, ? — parou em sua frente, enquanto um encarava o outro — Pelo menos uma vez na vida conseguiu ganhar uma corrida. — riu com deboche, mas o outro não se deixou abalar, e manteve o sorrisinho nos lábios.
— Essa foi só a primeira de todas as outras vitórias que eu terei sobre você. — seu sorriso aumentou ainda mais quando ele bateu seu olhar em mim, pouco atrás de — Alguma coisa me deu muita sorte hoje. — falou com o olhar fixo em mim, mas eu mantive meu tom sério, ou caso visse aquilo, nós dois estaríamos mortos.
— Cuidado, você tá acostumado com o segundo lugar, logo volta pra lá. — retribuiu a alfinetada, sem nem ao menos notar minha troca de olhares com seu rival.
— Aproveita a posição, . — manteve o tom de deboche e passou por vindo em minha direção.
Meu corpo estremeceu por alguns segundos, se ele parasse, ou soltasse alguma piadinha ali, aquilo podia se tornar bem sério. Mas para minha sorte, ele só sorriu e me mandou uma piscadela, seguindo para o palanque onde pegou seu prêmio.
— , vamos pra casa. — falou enfurecido e logo entrou no carro batendo a porta.
Mantive-me alguns segundos parada, sem saber se olhava para o carro de , o para segurando alguns maços de dinheiro em mãos, enquanto era parabenizado por várias pessoas ali, mas a buzina alta de , soou nos meus ouvidos, me fazendo ir logo até o carro e entrar para que pudéssemos sair dali.
Eu esperava que tudo o que aconteceu naquela noite ficasse em segredo, caso contrário, eu nem conseguiria imaginar o que poderia fazer se descobrisse que eu havia beijado .
Havia se passado uma semana desde a corrida, e toda aquela história do beijo com o tal , não me saía da cabeça.
Pra minha sorte, não havia percebido nada. E do jeito que ele era avoado, aquilo não era nenhuma novidade. Só que em todas as conversas que ele tinha comigo, o acabava surgindo no assunto, e eu acabava desfocando da conversa, pois só conseguia pensar no bendito beijo.
Aquele gosto do cigarro, que mesmo eu não gostando, fazia o beijo dele ser ainda melhor, misturado com o gosto de menta, de um provável chiclete que ele havia mascado antes, o jeito com que sua língua se movia...
— , o nosso pai... — falou entrando em meu quarto, e eu o olhei, sem entender nenhuma palavra que ele havia dito.
— O quê? — balancei a cabeça, tentando voltar meus pensamentos onde deveria, e ele fez uma careta.
— O nosso pai, perguntou se pode mandar trazer o vestido para o seu quarto? — repetiu a pergunta que provavelmente havia feito antes, e eu apenas assenti com a cabeça, e ele se manteve parado ali me olhando — O que tá acontecendo com você? — se sentou na beira da minha cama, e eu arqueei a sobrancelha em confusão — Você anda muito distraída ultimamente, parece que tá até em outro planeta. — riu da sua piada, e eu fiz uma careta.
— Não é nada, tava só pensando em umas coisas da empresa. — neguei com a cabeça, e dei ombros em seguida.
— Você ainda tá brava comigo, por eu não ter te deixado correr não é? — jogou seu corpo para trás, se deitando na minha cama e se virou para me olhar.
— Nem tudo gira em torno de você, . — revirei os olhos e me levantei da cama, andando até a varanda do meu quarto, e me encostando no parapeito e olhando a vista que eu tinha do jardim.
— Por que você não consegue entender que eu só faço isso pro seu bem? — veio atrás de mim — Tem ideia de como tudo seria se algo acontecesse com você? — parou ao meu lado — Foi horrível ver você indo pra Austrália, enquanto eu tinha que ficar aqui sabendo que era tudo por minha causa. — balançou a cabeça negativamente — Tudo foi por minha culpa. — suspirou.
— Nada foi por sua culpa, . — me virei para ele — Nem a morte da mamãe, ou o fato de eu ter ido para Austrália. — neguei com a cabeça — Para de se culpar por isso. — me aproximei dele e segurei suas mãos.
— Se eu não tivesse saído aquele dia, nada disso teria acontecido. — balançou a cabeça e fechou os olhos.
— Não vamos falar disso agora. — puxei para um abraço, e acariciei suas costas — Eu não consigo ficar brava com você de qualquer jeito. — falei baixo e dei um pequeno sorriso.
— Eu sei que não. — falou convencido e eu ri sendo acompanhada por ele.
— Você é ridículo. — me afastei dele ainda rindo e ele deu ombros — Agora sai do meu quarto, porque eu quero dormir um pouco antes dessa festa. — voltei para o quarto, indo o empurrando até a porta.
— Juro que vou descolar alguma bebida pra você, sem que o nosso pai saiba. — deu uma piscadela e saiu do meu quarto, me fazendo rir ao fechar a porta.
Voltei para a minha cama, e deitei na mesma abraçando um travesseiro e fechando os olhos, e acabei voltando a pensar em .
Por um momento antes de adormecer, pude sentir novamente seus lábios tocarem os meus, como se ele estivesse ali.
Acordei por volta das 6pm, e fui direto para o banheiro, já que a festa era às 8pm, e eu precisava me arrumar. Despi-me, e deixei as roupas no cesto, e fui para o box. Liguei o chuveiro, e entrei debaixo da água, começando a tomar um banho morno.
Fiquei um bom tempo ali no banheiro, fazendo a maior hora pra sair da água, que estava tão boa, mas depois de perceber que estava demorando demais, desliguei o chuveiro e me vesti com um roupão, e coloquei uma toalha sobre os cabelos, para que não saíssem molhando todo o meu quarto.
Saí do banheiro e fui direto para a minha penteadeira, me sentando na cadeira em frente à mesma. Soltei a toalha dos cabelos, os deixando cair sobre meus ombros, e depois de passar um pouco de creme para pentear, comecei a desembaraçá-lo. Fiquei ali por mais ou menos, dez minutos desembaraçando meus cabelos, e assim que acabei liguei o secador na tomada, para secá-lo.
Depois de secar todo o cabelo, o prendendo em um coque. Comecei a me maquiar, e finalizei com um olho menos marcado, deixando mais destacado meus cílios, e nos lábios um batom vermelho.
Fui até o meu closet, e peguei apenas a calcinha de uma das minhas lingeries, e a vesti, já que o vestido não era usado com sutiã. Passei hidratante por todo o corpo, e voltei para o quarto, pegando o vestido sobre a poltrona. Abri a capa que o cobria, e o tirei dali, o vestindo em seguida.
Parei em frente ao espelho, para ver se estava tudo arrumado no vestido e assim que confirmei fui calçar meus sapatos.
Depois de devidamente vestida, coloquei alguns acessórios e passei perfume. Peguei a minha bolsa na qual já havia arrumado anteriormente, e peguei o meu celular que estava no carregador e o batom sobre a penteadeira. Os coloquei na bolsa, e em seguida saí do quarto.
Desci as escadas, segurando no corrimão e com a outra mão eu segurava o vestido, para que não corresse o risco de que eu pisasse e causasse algum acidente. Logo que cheguei à sala, pude avistar meu pai e , já bem trajados em seus smokings.
— Estou pronta. — falei chamando suas atenções, e logo os dois olharam para mim.
— Nada mal, maninha. — me olhou e sorriu enquanto se levantava.
— Gostou? Foi a personal stylist do papai que escolheu. — dei uma voltinha para que ele pudesse ver todo o vestido — Porque vamos confessar que sem ela o papai seria bem brega. — voltei a olhá-los e segurou um riso.
— Foi você que escolheu o vestido, . — a voz grave de meu pai soou sem nenhum humor, e eu tive que segurar a risada como .
— Por isso mesmo. — dei ombros e finalmente soltou a risada que prendia, e eu acabei por fazer o mesmo, enquanto meu pai fechou ainda mais a cara.
— Vamos embora logo. — ele falou ainda bravo e saiu andando em direção à porta, eu e nos entreolhamos e rimos mais uma vez.
— Você sempre arranja um motivo pra provocar ele né? — falou, enquanto eu entrelaçava meu braço ao seu e saiamos atrás do nosso pai.
— Ele que me aguente. — dei ombros, e ele riu negando com a cabeça.
Assim que entramos no carro, meu pai foi na frente com o motorista e eu e atrás, então ele logo deu a partida.
O clube no qual seria a festa, ficava apenas a 20 minutos de nossa casa, por isso não demoramos muito a chegar.
Logo que descemos do carro, pude ver várias pessoas bem vestidas entrando no local. Várias mulheres expondo suas joias caras em seus pescoços, orelhas e braços. E os homens mostrando seus carros recém-lançados.
Mantive meu braço entrelaçado ao de , e entramos logo atrás do meu pai que por onde passava alguém o conhecia. As pessoas que sabiam quem éramos me olhavam com um misto de confusão e curiosidade, e não era nenhuma surpresa pra mim, já que eu passei sete anos sem frequentar festas como essa com o meu pai e meu irmão.
— Mark, que bom que você veio. — uma senhora de mais ou menos uns 60 anos, se aproximou de meu pai sorridente.
— Eu não poderia deixar de vir prestigiá—la Abigail. — ele falou em um tom amigável, que ele costumava sempre usar nesses eventos — Esse seu novo clube está deslumbrante. — olhou em volta e sorriu, já eu fui obrigada a segurar a minha careta.
— Obrigada, Mark. — ela retribuiu o sorriso, e voltou seu olhar para mim e para — , você fica cada dia mais bonito, mais parecido com o seu pai. — ela se aproximou de , que a abraçou carinhosamente.
— A senhora que fica mais bonita e elegante a cada ano que passa. — usou o mesmo tom que nosso pai, e eu olhei sem entender.
Desde quando ele havia se tornado tão educado?
— Você, um cavalheiro como sempre. — ela deu um sorriso envergonhado e sorriu de volta — E você é a pequena . — ela me olhou e sorriu calorosamente.
— . — a corrigi, mas não sem receber um olhar repreendedor do meu pai. Eu não era nenhuma pequena , eu tinha nome oras. — É um prazer conhecer a senhora. — sorri tentando disfarçar o mau jeito de antes, só por causa do meu pai, e ela me abraçou sem nem ao menos ligar para meus modos.
— Da última vez que eu te vi, você ainda era uma garotinha. — desfez o abraço para me olhar, ainda mantendo o sorriso nos lábios — Olha pra você agora. — segurou a minha mão, me fazendo girar — Está uma bela mulher. — sorriu e eu fiz o mesmo.
— Obrigada. — ela balançou levemente a cabeça, mantendo o sorriso, que eu não conseguia entender como ela conseguia mantê—lo por tanto tempo — E esse é um maravilhoso Carolina Herrera. — olhei para o seu vestido, que era realmente muito bonito.
— Quando quiser algum modelo dela, ou qualquer outro estilista, é só me procurar. — sorriu descendo seu olhar para o vestido azul marinho, no qual usava.
Assenti com a cabeça e sorri verdadeiramente dessa vez, já que ela havia se mostrado não ser tão chata como parecida, e o meu pai se deu por satisfeito quando ela se afastou.
— Aproveitem a festa, que eu vou falar alguns conhecidos. — meu pai nos olhou, e saiu em direção a uma roda de homens, que eu suponhava serem seus conhecidos.
— O que se tem para fazer, num lugar como esse? — olhei para , e ele riu brevemente.
— Você eu não sei, mas eu tenho muito que fazer. — pegou duas taças de champanhe na bandeja do garçom que passavam, e me entregou uma delas — Só pra você não falar que eu não cumpri com o combinado. — deu uma piscadela e começou a se afastar.
— , aonde você vai? — fui atrás dele andando rápido para alcançá-lo e ele se virou para mim.
— Conhecer pessoas novas. — bebeu um gole do champanhe e voltou a andar, mas parou dois passos depois — Ou melhor... Mulheres novas. — deu um sorriso bem típico de e voltou a seguir seu caminho, me deixando ali sozinha.
Bufei olhando em volta, e virei todo o conteúdo da taça em minha mão, a trocando por uma cheia com o garçom que passava a minha frente.
Segurei o vestido com a mesma mão que segurava a bolsa, e mantive a taça de champanhe em minha mão. Fui andando pelo clube, a procura de um lugar onde não tivesse muita gente e que eu pudesse me sentar.
Não tinha muito que eu fazer naquela festa, afinal de contas, as duas únicas pessoas que eu conhecia, me deixaram sozinha no meio de várias pessoas desconhecidas.
Esqueceram-se de que eu havia acabado de voltar de sete anos morando em outro país.
Parei atrás de uma árvore, observando a vista que o clube tinha. Dava pra ver um pouco de Londres bem iluminada, e até mesmo uma parte do Hyde Park. Era realmente uma bela vista.
— A festa é para o outro lado, você sabe não é? — pude ouvir aquela voz rouca na qual eu só conseguia pensar nos últimos dias.
— Só que aqui está bem mais interessante. — ri pelo nariz, e o vi bem vestido em seu smoking— Aqui é o último lugar que eu esperava te encontrar. — beberiquei a meu champanhe.
— Por que isso te deixa tão surpresa? — arqueou a sobrancelha, mas manteve o tom amigável na voz.
— Você não me parece ser do tipo que frequenta lugares assim. — dei ombros, e ele acabou rindo com aquilo.
— Acredite, eu queria muito não ser desse tipo. — balançou a cabeça negativamente — Mas a família me obriga a participar de eventos como esse. — fez uma careta, e eu me vi obrigada a concordar.
— A dona da festa, acho que é Abigail... — pensei um pouco, mas dei ombros ao perceber que não lembrava ao certo se era aquilo mesmo — Ela é meio exagerada. Pelo que eu entendi, não é a primeira festa desse tipo dada por ela. — bebi mais um pouco do champanhe — Não vejo qual a necessidade de fazer uma festa dessa o tempo todo. — reviro os olhos.
— A dona da festa... — fez uma pausa e me olhou — Ela é minha avó. — eu não sabia como lidar com as minhas bochechas vermelhas, e meu sorriso sem graça, então acabei por virar o resto do champanhe em minha taça.
— Desculpa, eu não sabia. — falei um pouco baixo e acuada, e ele simplesmente riu.
— Ela é mesmo exagerada. — balançou a cabeça e riu — Mas tem uma parte boa nesses eventos... — eu balancei a cabeça para que ele continuasse, e ele tirou uma garrafa de champanhe de dentro do paletó do smoking — Bebida grátis. — olhou para a garrafa e pra mim em seguida.
— Não me surpreende você está com uma garrafa de champanhe, já que a festa é da sua avó, mas como você conseguiu pegar isso na cozinha? — fiz uma careta, e ele riu tirando lacre dourado da garrafa, enquanto tentava equilibrar a sua taça, na outra mão.
— Eu entrei lá, peguei e saí. — deu ombros enrolando o papel em uma bolinha e o jogando próximo a uma árvore — Na verdade, eu só fiz isso depois que vi você se afastar da festa e vim pra cá só com uma taça. — me olhou, e sorriu.
— Você sabe que não vai me conquistar com uma garrafa de champanhe, não é? — me aproximei dele pegando sua taça, para que ele conseguisse abrir a garrafa, e mantive o tom humorado na voz.
— Eu não preciso disso pra te conquistar. — manteve o mesmo tom que eu havia usado — Porque eu tenho outros métodos pra isso. — deu ombros, e logo abriu a champanhe acabando por fazer um leve estouro.
— Espero que sejam bons, porque não é fácil me conquistar. — arqueei a sobrancelha de uma forma desafiadora, e ele sustentou meu olhar, enquanto servia a champanhe em nossas taças.
— Nunca esperei que fosse. — arqueou a sobrancelha no mesmo gesto que eu havia feito, e sorriu.
Sustentei seu olhar por mais algum tempo, até que nós dois acabamos rindo daquilo.
Ele tirou seu paletó e o abriu no chão, se sentando sobre o mesmo, e logo depois bateu a mão no espaço ao seu lado para que eu fizesse o mesmo, e assim eu fiz.
— Eu não pude te parabenizar por ter ganhado a corrida. — o olhei, enquanto bebericava meu champanhe — Você foi mesmo muito bom. — ele sorriu e balançou com a cabeça.
— Seu beijo de boa sorte funcionou. — subiu seu olhar para mim, e bebeu um longo gole do champanhe, fazendo com que eu sorrisse dessa vez — Quem não ficou muito feliz foi seu irmão. — eu acabei por rir.
— Ele não ficou nada feliz. — balancei a cabeça e ele riu dessa vez — Ele foi emburrado até em casa, enquanto eu tive que me segurar pra não soltar alguma piadinha sobre aquilo. — bebi um pouco de champanhe, e ri em seguida — Ainda mais que antes da corrida, ele estava se vangloriando por ter ganhado cinco vezes seguida de você. — revirei os olhos e ele riu fracamente dessa vez.
— Esse é o grande problema dele. — acabou com todo o conteúdo de sua taça — Ele se acha muito quando vence, e quando perde fica todo bravinho. — riu pelo nariz, e serviu mais champanhe em nossos copos, mesmo sem que eu acabasse.
— Ele sempre foi assim, desde criança. — bebi um longo gole do champanhe — Mas ele não faz por mal. — balancei a cabeça e ele concordou ficando em silêncio em seguida.
Desviei meu olhar dele, para a vista em nossa frente, e ele fez o mesmo, pois eu conseguia ver pelo canto do olho. Uma brisa acabou por bater, e logo eu senti seu perfume maravilhoso entrar pelas minhas narinas, e fechei os olhos suspirando em seguida.
— Obrigada por não ter contado a ele sobre nosso beijo. — falei depois de algum tempo, enquanto arrumava uma mecha do meu cabelo, que havia se soltado com o vento.
— Se eu tivesse contado ele brigaria comigo, e com você também. — parou seu olhar em meu rosto — E eu não deixaria isso acontecer. — negou com a cabeça.
— E por falar nisso... — fiz uma pausa e o olhei — Por que você não me falou quem você era? — arqueei a sobrancelha.
— Porque você não perguntou. — deu ombros e riu pelo nariz.
— Mas você sabia quem eu era? — semicerrei os olhos em sua direção, e ele riu desviando o olhar.
— Eu ouvi a moça das bebidas falando, e todo mundo já tava sabendo que a irmã do tava ali com ele. — voltou a me olhar, como se aquilo não importasse.
— E ainda sim, você deixou tudo aquilo acontecer? — perguntei indignada e mais uma vez ele riu.
— Eu só ia te entregar a bebida, mas você quis apostar comigo, e quando perdeu não me deu tempo de falar nada porque me beijou. — deu ombros, e eu me vi obrigada a concordar.
— Por falar em aposta... — fiz uma pausa acabando de beber a meu champanhe — Como você sabia o que ela iria fazer para ganhar? — peguei a garrafa, enchendo novamente nossas taças.
— Ela é da minha equipe. — riu baixo — Essa é uma técnica que a usa há muito tempo, e ela é realmente muito boa. — sorriu.
— Ela é incrível. — retribui o sorriso e ele concordou.
— Todos na minha equipe são. — falou orgulhoso e eu não pude deixar de alargar meu sorriso com aquilo — Inclusive... — me olhou — Você ainda quer correr? — bebeu um gole da sua bebida.
— Eu sempre quero correr, mas o não deixa, e parece que todo mundo lá escuta ele. — revirei os olhos e bufei.
— Eu não o escuto. — deu ombros — Posso te conseguir uma corrida, se quiser. — voltou seu olhar para a vista em nossa frente.
— Você tá falando sério? — mantive meu olhar nele que concordou com a cabeça.
— Eu te coloco como uma nova corredora da minha equipe, ninguém precisa saber que é você. — me olhou sugestivo e eu sorri.
— E eu poderia te beijar agora. — falei empolgada, e ele arqueou a sobrancelha com um sorrisinho nos lábios.
— Não tenho nenhuma objeção. — balançou a cabeça e eu ri com aquilo o empurrando de leve o fazendo rir junto.
— E quando eu vou poder correr? — voltei à empolgação de antes.
— Amanhã mesmo. — bebeu o resto do champanhe em seu copo, mais uma vez, e acabou de virar o resto da bebida em nossas taças — É só você procurar por quando chegar, e ele vai te informar tudo. — eu assenti com a cabeça.
— E por que não você? — falei confusa e ele balançou a cabeça.
— Porque seria muito mais fácil do seu irmão descobrir. — falou com obviedade e eu concordei.
— Então eu procuro por . — repeti o que ele havia falado sentindo meu celular vibrar na bolsa e o peguei para olhar, vendo que era uma mensagem de , dizendo que já estávamos indo embora — Preciso ir. — acabei a minha champanhe e me levantei — A gente se vê amanhã então. — o olhei e ele sorriu em concordância.
— Você conseguiu tornar essa festa menos chata que todas as outras. — se levantou também, pegando seu paletó no chão e o limpando, enquanto eu sorria.
— Posso dizer o mesmo. — lhe dei um beijo na bochecha que acabou pegando no canto de sua boca, mas nenhum de nós se importou com aquilo — Nos vemos na corrida. — saí em direção à festa novamente.
— Nos vemos na corrida. — pude ouvi-lo repetir com a voz mais distante, e sorri.
Eu já conseguia sentir a adrenalina percorrer o meu corpo, só em passar nessa corrida.
Assim que entramos no carro, e o motorista deu a partida, meu pai se virou para trás com uma cara nada feliz.
— Por onde você andou durante toda a noite? — falou para mim, com um tom claramente repreensivo.
— Aproveitando a festa. — dei ombros e me virei para a janela, olhando as ruas de Londres passarem como um borrão.
— Tinha algumas pessoas que eu queria que você conhecesse. — manteve o seu tom, e eu me limitei a revirar os olhos, já que ele não podia ver o meu rosto.
— Foi você que mandou a gente aproveitar a festa e saiu pra um lado, não venha me culpar por nada agora. — falei sem nem ao menos me dar ao trabalho de olhá-lo.
Ele manteve seu olhar em mim por alguns segundos, mas logo voltou a se virar para frente, passando o resto do caminho em silêncio. também não falou nada, pois pela sua cara aprontou alguma durante a festa, e qualquer resposta errada poderia sobrar para ele.
Pra minha felicidade o resto do caminho foi todo em silêncio, e eu pude "curtir" um pouco da vista da cidade de dentro do carro, até chegarmos.
Assim que chegamos em casa, eu apenas entrei e subi indo direto para o meu quarto e me trancando lá. Não queria que o meu pai viesse falar nada, ou que quisesse saber onde eu estava durante a noite.
Depois de me trocar, e tirar a maquiagem, eu me joguei na cama, e dormi já começando a sentir a empolgação tomar conta de mim, pois eu iria correr no dia seguinte.
Quando eu acordei no dia seguinte, eu não podia me aguentar de tanta agitação que eu estava. Era tanta que eu acabei saindo de casa, e correndo 10 km e ainda depois fui para o meu quarto fazer algumas abdominais e alguns agachamentos. Não que eu fosse fissurada por malhar, na verdade eu raramente fazia isso, porque na verdade eu amava comer e não deixaria que a sociedade dissesse como deveria ser o meu corpo, quanto eu deveria pesar. Eu malhava quando eu quisesse, e se eu quisesse. E também comia o que e quando bem entendesse.
Depois de confirmar ao que iríamos à corrida mais tarde, eu passei o resto do dia ajudando meu pai com as contabilidades da empresa. Pra minha felicidade, nunca dizia não a um racha, então minha corrida estava de pé, pois nunca que ele me deixaria ir sozinha, e meu pai também não me deixaria sair tão tarde sem o .
Por volta das 08:30pm PM eu fui me arrumar. E depois de um banho não muito demorado, eu vesti a lingerie e passei hidrante em todo o corpo. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo, e vesti uma calça jeans de lavagem clara rasgada, e uma bota over knee de salto, já que não me preocupava nem um pouco em correr assim, uma regata branca e uma jaqueta jeans. Fiz uma maquiagem básica, e finalizei com um batom vermelho. Guardei meu celular e minha identidade no bolso, e coloquei algum dinheiro por dentro da minha bota. Eu não me atreveria levar bolsa, afinal, nunca saberíamos quando era preciso correr num lugar assim.
Saí do quarto, vendo que o quarto do meu pai estava fechado e a luz de lá acesa, na qual eu podia ver por debaixo da porta, então desci as escadas e encontrei na sala conversando com alguém por mensagem no celular.
— Podemos ir? — me olhou e eu assenti, e nós logo fomos em direção à porta da garagem.
Assim que acendeu a luz para irmos até seu carro, os quatro carros na garagem ficaram bem evidentes. A BMW preta na qual usávamos para eventos como o de ontem, a Mercedes prata que o meu pai usava todos os dias para ir ao trabalho, o meu volvo branco que estava praticamente novo, já que havia só uma semana que eu havia o comprado, e o Nissan Skyline GT-R azul que o só usava para sair durante as noites, inclusive para correr, mas que o papai não fazia ideia disso.
Entramos no carro, e logo abriu deu a partida saindo da garagem, e em seguida passando pelo portão da nossa casa. Ele parecia empolgado com alguma coisa, e eu não sabia dizer o porquê, já que dá outra vez não estava assim.
— Que empolgação é essa? — o olhei arqueando a sobrancelha e ele riu.
— Empolgação nenhuma. — deu ombros, mas manteve o sorriso em seu rosto.
— E eu sou a Lady Gaga. — ri pelo nariz e ele gargalhou.
— Eu só não pretendo voltar pra casa hoje, vou estender a noite. — me olhou rapidamente acelerando o carro, pelas ruas movimentadas de Londres.
— E você acha que eu vou voltar como? — semicerrei os olhos em sua direção.
— Você podia passar a noite em algum hotel da cidade, assim o nosso pai não vai reclamar por você voltar sozinha. — me olhou enquanto parava no sinal.
— Espero que isso seja uma piada de mau gosto. — falei já mal humorada e ele negou com a cabeça — Eu vou ter que passar a noite em um hotel, porque você quer sair pra dormir com alguma mulher por aí? — falei incrédula e ele riu.
— Bom... É mais ou menos isso. — deu ombros e eu bufei.
— Sorte a sua que hoje eu estou de muito bom humor e vou fazer o que você está me pedindo. — dei ombros e ele sorriu vitorioso.
— Você é a melhor. — deu uma piscadela e voltou a dirigir a caminho do racha.
— Você podia lembrar disso e me deixar correr. — falei como quem não quer nada.
— Não mesmo. — negou com a cabeça e eu revirei os olhos — Nem que você me pagasse, eu deixaria você colocar sua vida em risco numa pista de racha. — riu sem humor.
— Tudo bem, , tudo bem. — ri pelo nariz, mas sem me deixar abalar com aquilo, já que eu correria de qualquer jeito.
Depois de uns 25 minutos nós chegamos ao local do racha e como da outra vez parou o carro e nós descemos, depois de trancar o mesmo, ele se despediu de mim brevemente, e saiu para a direção oposta.
Esperei que ele se afastasse e andei até a tenda de bebidas, e mesma mulher da outra noite veio me atender.
— Posso ajudar? Desde que não seja com nenhuma bebida alcoólica. — me olhou com ironia, mas com um sorriso nos lábios, e eu neguei com a cabeça.
— Você sabe onde eu posso encontrar ? — a olhei e ela fez uma cara pensativa, me olhando um pouco duvidosa.
— É aquele ali. — apontou para um homem alto, e que tinha os cabelos raspados. Vestia uma camisa preta, com um colete jeans por cima. Ao seu lado estava à corredora da noite anterior, que pelo que eu me lembrava se chamava .
— Obrigada. — a olhei e ela assentiu, eu logo andei em direção ao tal — ? — falei assim que me aproximei e tanto ele, quanto a garota voltaram seu olhar para mim.
— Quem me procura? — falou com um tom curioso, e eu parei em sua frente.
— O disse que era pra te procurar, e saber sobre a corrida. — falei enquanto vagava meu olhar por ali discretamente, a procura do .
— Então você é a corredora misteriosa. — falou parecendo se lembrar de algo.
— Você não é a irmã do ? — a garota me olhou, eu apenas assenti com a cabeça.
— A corredora do é a irmã do ? — olhou de mim, para e ambas concordamos com a cabeça — O tá querendo arrumar problema? — voltou seu olhar para a garota, e ela riu, enquanto eu estava confusa.
— Até parece que você não o conhece. — ela o olhou e ele concordou com a cabeça rindo junto, mas logo voltou sua atenção para uma mensagem no celular.
— Parece que ouve uma mudança de planos. — ele me olhou e eu balancei a cabeça para que ele continuasse — Procura por um lamborghini aventador vermelho atrás daquele galpão. — apontou para um galpão a nossa esquerda — Aqui está a chave. — me entregou a chave — E lá você vai ter o resto das informações. — eu assenti, mas sem entender muito que estava acontecendo.
— Okay... Obrigada. — falei completamente confusa, ele assentiu, e eu logo fui para onde dele havia falado.
Assim que cheguei atrás do balcão, avistei o lamborghini e fui até o lado do motorista entrando no mesmo em seguida. Logo que me sentei, vi que ele estava ali no carro, praticamente escondido no escuro.
— Se você queria me assustar, você conseguiu. — coloquei a mão no peito, enquanto fechava a porta e ele riu baixo.
— Não achei que fosse tão feio a esse ponto. — falou com humor, e eu o olhei com deboche o fazendo rir novamente — Está pronta pra corrida? — me olhou acendendo a luz de teto para que tivéssemos uma visão melhor. E só então eu pude notar o quão bonito ele estava. Ele usava uma calça preta com um rasgo no joelho, uma camisa do nirvana e uma jaqueta também preta. Seu cabelo estava um pouco bagunçando, e sua barba por fazer.
— Eu sempre estarei pronta. — dei ombros e ele sorriu.
— Bom saber que você tá confiante. — balançou a cabeça — Porque eu apostei muito alto em você. — voltou a se encostar no banco de forma relaxada e olhou para frente — Apostei muita grana, e o meu carro. — assim que ele falou, meus olhos se arregalaram.
— Você apostou seu Dodge em mim? — falei desacreditada e ele assentiu com a cabeça — O que te faz ter certeza que eu vou ganhar? — mantive o meu tom.
— Não tenho certeza. — deu ombros — Eu precisava acreditar em quem eu colocava no meu time. — me olhou — E se você perder vai ter uma dívida enorme comigo.
— Você sabe que dinheiro não é problema pra mim. — falei me encostando também no banco, e ele riu pelo nariz.
— Não é dinheiro que você vai me pagar. — negou com a cabeça, enquanto um sorrisinho malicioso surgiu em seus lábios, e eu fui obrigada a apertar as pernas uma à outra, só de imaginar o duplo sentido que podia ter aquela frase.
— Agora eu não consigo definir se você quer que eu ganhe, ou que eu perca. — devolvi a provocação e seu sorriso se tornou ainda mais maldoso.
— Sabe que eu também não? — falou pensativo, mas sem tirar a malícia da voz.
— Agora a segunda corrida da noite... — pudemos ouvir o "apresentador" falar e acabamos desviando o olhar para frente do carro.
— Quando você vencer, eu vou pegar o prêmio em seu nome pra manter o sigilo de quem você é. — voltou a me olhar, e eu concordei.
— E você realmente tem certeza que eu vou ganhar. — falei com humor na voz, mas segurando a vontade de sorrir por ele botar tanta confiança assim em mim.
— E você é realmente muito confiante. — falou no mesmo tom, mas sem evitar o sorriso, e eu acabei sorrindo junto.
— É melhor eu ir agora. — falei e ele concordou com a cabeça e se desencostou do banco, mas ao invés de sair, ele segurou na minha nuca e me beijou.
Como o nosso outro beijo, esse era tranquilo, mas parecia ter bem mais vontade que o primeiro. O gosto de nicotina e menta eram evidentes em sua boca, como da outra vez, e aquilo queria me fazer não parar o beijo nunca, mas ele o fez.
— Só pra te devolver a sorte que você me deu no outro dia. — puxou meu lábio inferior entre os dentes, e abriu a porta descendo do carro em seguida, e me deixando ali, olhando para o lugar no qual ele estava antes.
Ri com a sua cara de pau, e me ajeitei no banco colocando o cinto e deixando meu celular no lado do carro. Liguei o carro e o levei até o começo da pista, onde os meus três concorrentes já estavam a tempo de ouvir me apresentarem para corrida.
— E representando a equipe do , e correndo com o lamborghini aventador... — o homem falou, mas fez uma pequena pausa, que até eu achei estranho — A corredora misteriosa. — ele falou completando sua frase, e eu não pude evitar rir com aquele nome. Com certeza era coisa do — E nosso ultimo corredor, correndo pela equipe , em seu Ford Gran Torino Sport... Patrick McKinley. — pude ouvir o alvoroço das pessoas, que não havia tido para mim, mas aquilo não me intimidava nem um pouco — E para dar a largada nossa maravilhosa Lauren. — pude ver a morena parar entre os quatro carros, com um sutiã vermelho nas mãos.
— Preparar... — sua voz fina soou, e todos rodaram a chave — Apontar... — já eram ouvidos os roncos dos diferenciados motores — VAI! — assim que ela levantou o sutiã para o alto, eu e os corredores demos a largada.
O Camaro Yenko amarelo saiu na frente, seguindo pelo Gran Torino da equipe do meu irmão, e logo depois o Mitsubishi Eclipse preto, eu acabei largando por último.
Na primeira curva eu consegui ultrapassar o Eclipse, enquanto o corredor da equipe do ultrapassou o Camaro ganhando a primeira posição. Apertei o pé no acelerador e acabei conseguindo ultrapassar o Camaro, conseguindo ficar na segunda posição.
Acelerei mais um pouco, mas o tal McKinley era bem rápido, e conseguiu pegar uma boa distância ao soltar seu nitro.
— Droga! — bati no volante, mas voltei a acelerar o carro, chegando aos 130 km/h.
Consegui me aproximar novamente dele, já estava bem próxima a sua traseira, quando vi o Camaro se aproximando de mim. Assim que ele me alcançou ficando lado a lado comigo, e ao conseguir me ultrapassar poucos centímetros, mas o suficiente para o corredor da frente o fechá-lo, acabando por derrapar na pista e atrasando os dois, eu apertei o botão do nitro ajustado no freio de mão, ganhando distância dos dois e passando a linha de chegada.
De longe pude ouvir os gritos das pessoas, e ao me aproximar deixei que o carro girasse algumas vezes na pista para causar um pouco de fumaça, e em seguida tirei-o da pista levando novamente para longe do galpão onde me esperava.
— INCRÍVEL! — pude ouvir o "apresentador" falar — Ela saiu em último, mas alcançou o primeiro deixando todos os outros corredores comendo poeira. — ele completou e eu automaticamente sorri, vendo a porta do meu lado se abrir, revelando o sorridente.
— Você é boa. — me olhou, enquanto eu descia do carro com o celular — Tá explicado porque o apostou tão alto em você. — sorriu e eu fiz o mesmo.
— Obrigada. — ri fracamente e ele riu balançando a cabeça.
— Parece que agora teremos uma nova concorrente tão boa quanto nossos melhores corredores. — ouvi o homem falar depois de um tempo — Agora vamos nos preparar para a próxima corrida da noite. — ele falou e todos gritaram.
— Avisa o , que eu o encontro aqui depois da ultima corrida, okay? — voltei a olhar para e ele assentiu, e eu logo saí em direção a onde todos estavam.
A adrenalina ainda percorria todo o meu corpo de uma forma surreal, meu coração batia em uma velocidade fora do normal. Fazia algum tempo que eu não sentia aquilo. Desde a minha ultima corrida na Austrália, há meses atrás.
— , onde você tava? — minha atenção foi tomada, por que surgiu na minha frente no meio das pessoas.
— Bem aqui, assistindo a corrida. — fiz uma careta e dei ombros — Você viu essa nova corredora? Ela é ótima. — falei empolgada — Ela ganhou do cara da sua equipe, e dos outros dois que correram. — mantive meu tom, e ele revirou os olhos.
— Foi sorte de principiante. — falou sem muita vontade, e eu ri.
— Você não sabe se ela já corria antes. — rebati e mais uma vez ele revirou os olhos — Poderia ser eu no lugar dela. — falei como quem não queria nada, e ele me olhou seriamente.
— Mas não é. — riu sem humor — Você já sabe pra onde vai depois daqui? — mudou rapidamente o assunto.
— Eu vou pra algum hotel da cidade. — dei ombros — Eu trouxe dinheiro, não se preocupa. — ele concordou com a cabeça.
— Eu duvido que a gente volte a se ver, então não apronta nada, porque eu sei de tudo o que acontece aqui. — apontou em volta, e por um momento eu queria gargalhar, mas me segurei.
— Eu não sou você, . — falei e ele riu balançando a cabeça.
— Te vejo em casa amanhã. — beijou a minha testa e logo se afastou.
Assim que ele se afastou, eu voltei a me virar para assistir as outras corridas, mas sem conseguir realmente prestar atenção, de tão agitada que eu estava. Era bem provável que eu nem conseguisse dormir a noite de tanta empolgação.
Depois das últimas corridas, que foi uma da , na qual ela mais uma vez ganhou, e eu não pude deixar de gritar empolgada com aquilo, e a outra a do e do , e que mais uma vez o que ganhou. Mas dessa vez, pelo que eu vi não estava tão bravo por ter perdido, ele estava realmente aprontando alguma essa noite.
Após acabar a última corrida, que era a do , eu saí do meio da multidão e fui novamente para trás do balcão, e de longe pude ouvir a voz animada da .
— Hoje nossa equipe foi muito foda. — ela falou toda sorridente e eu pude ver abrir um sorriso — Aquela garota que você colocou pra correr é incrível. — ela falou e eu não pude deixar de sorrir.
— Obrigada. — falei alto chamado a atenção dos três, inclusive a do que veio na minha direção.
Por um impulso eu acabei lhe dando um selinho, mas ele pareceu não se importar, pois logo que eu me afastei, ele sorriu.
— Isso tudo é adrenalina? — falou com humor e eu ri dando ombros — Vem cá. — segurou minha mão, me guiando até e — O você já conhece. — olhou para o garoto — E essa aqui é a . — apontou para ele que me olhou com um sorriso.
— Não havíamos sido apresentadas formalmente. — falou me abraçando calorosamente e eu sorri.
— Essa aqui é a nossa corredora misteriosa. — me olhou e sorriu — . — se encostou no seu Dodge colocando as mãos no bolso da calça.
— Ela é ótima. — me olhou e sorriu empolgado.
— Vocês dois também são. — intercalei meu olhar entre e — E você, eu não te vi correr, então... — fiz uma careta e ele riu balançando a cabeça.
— Na realidade, eu raramente corro. — deu ombros — Cuido mais das apostas da equipe. — mostrou um maço de dinheiros.
— Por falar em aposta... — falou e abriu a porta do carro — Isso é seu. — me entregou quatro maços de notas de cem.
— Isso tudo por uma corrida? — olhei para o dinheiro, e pra ele em seguida que concordou — Bom, obrigada. — ri pelo nariz.
— , a gente se encontra na sua casa? — o olhou e ele concordou — Por que não vem com a gente? — me olhou.
— Porque ela precisa voltar com o . — falou com obviedade, e revirou os olhos.
— Na verdade... — falei chamando atenção deles para mim — O já até foi embora. — rio pelo nariz.
— E como você voltaria pra casa? — me olhou sem entender.
— Eu ia pegar um táxi, e ir pra um hotel, se eu chegar sozinha em casa, meu pai provavelmente mata o e eu teria que ouvir ele por dias. — revirei os olhos entediada com aquilo.
— Então você vem com a gente. — falou empolgada sem me deixar dizer que não — Nos vemos na casa do . — puxou em direção ao Lamborghini e logo os dois entraram e saíram dali.
— Tudo bem pra você? — olhei para o .
— Sério que você tá me perguntando isso? — riu pelo nariz, e eu ri negando com a cabeça — Vamos. — abriu a porta do carro, e eu dei a volta entrando no mesmo.
Assim que me ajeitei no banco, coloquei os maços de dinheiro sobre o pequeno espaço no painel e ele logo deu a partida saindo dali.
— Obrigada por me ajudar a correr. — o olhei e ele negou com a cabeça.
— O e a concordaram, e pensamos em colocar você na equipe. — me olhou rapidamente — Você pode continuar como corredora misteriosa, não tem nenhum problema. — balançou a cabeça.
— Você tá falando sério? — o olhei sem acreditar naquilo.
— Você ganhou de vários corredores muito bons, teve um tempo incrível, além de passar por cima do seu irmão pra correr... Quer mais justificativas? — deu um pequeno sorriso, e eu fiz o mesmo.
— Vai ser um prazer fazer parte da sua equipe. — falei empolgada e ele me olhou, passando direto por um sinal vermelho.
— Prazer eu te dou em outro lugar. — falou com malícia e deu uma piscadela, e eu mordi o lábio.
— Quando e onde você quiser. — devolvi a brincadeira falando no mesmo tom.
Dessa vez ele não riu, e eu também não e toda aquela energia sexual ficou no ar, e eu não podia negar o quanto aquilo era excitante.
— Isso é incrível. — falei admirada assim que desci do carro.
— Sentiu saudades, maninha? — se escorou no teto do carro, enquanto me olhava com um sorrisinho nos lábios.
— Você nem imagina o quanto. — lhe retribui o sorriso — Eu quero participar de uma corrida. — fechei a porta, e dei a volta indo até ele.
— Não mesmo. — negou com a cabeça — Você tem ideia do quanto é perigoso? — olhou para a pista e em seguida, para mim — Se acontecer alguma coisa com você, o nosso pai me mata. — riu de escárnio e eu bufei.
— Só pra vocês dois saberem... — fiz uma pausa, parando em sua frente — Eu não sou mais aquela menininha que ele mandou pra um internato na Austrália. — balancei a cabeça negativamente.
— Você não devia nem estar aqui comigo, só pra começar. — arqueou a sobrancelha e fechou a porta do seu lado no carro — Você é a garota prodígio da família, qualquer arranhão que tiver, a culpa será minha. — me olhou seriamente — Então não, você não vai correr. — negou com a cabeça e mais uma vez eu bufei — Agora eu preciso fazer minhas apostas, contra o . — tirou três maços de dinheiro do bolso, e deu um sorrisinho convencido.
— Tomara que ele ganhe de você. — cruzei os braços mantendo meu olhar nele, e ele riu debochadamente.
— Sabe a quantas corridas eu estou invicto? — falou com um sorrisinho convencido — Cinco corridas... Cinco corridas que o não ganha de mim. — riu com vontade e eu revirei os olhos — E não vai ser hoje que isso vai mudar. — negou com a cabeça.
— Cuidado maninho, seu ego tá tão alto que você pode cair e quebrar a cara. — dei um sorrisinho irônico e saí andando na direção oposta onde ele estava, mas pude ouvir sua risada de longe.
— Também te amo, irmãzinha. — falou alto para que eu pudesse ouvir, e mais uma vez eu rolei os olhos continuando a andar.
Era um saco essa história dele querer me tratar como criança. Eu já havia crescido o suficiente pra fazer o que eu bem entendesse, mas o e o meu pai, não enxergavam isso. Para eles, eu sempre seria a garotinha de 12 anos, que depois de perder a mãe, foi mandada para um internato na Austrália.
Aproximei-me da pequena tenda de bebidas que havia ali, e quando as pessoas começaram a se afastar, eu me escorei no balcão, e logo uma mulher ruiva, com mais ou menos, 25 anos, veio me atender.
— Posso ajudar? — me olhou, ao parar em minha frente do outro lado do balcão.
— Eu quero uma cerveja. — a olhei, e ela assentiu esticando a mão para que eu lhe desse a minha identidade — Sério? — perguntei incrédula, já que aquilo era um racha, acontecendo no meio de Londres.
— Muito sério. — deu um sorriso, um tanto quanto forçado e eu balancei a cabeça lhe entregando minha identidade — Sinto muito, não posso te vender bebidas alcoólicas. — me entregou novamente meu documento.
— Você não vai me vender bebidas alcoólicas por eu não ter 21, mas acha normal eu estar em um racha? — falei indignada com tudo aquilo, e ela riu.
— Não é pela sua idade, é por ser quem você é. — balançou a cabeça, e focou seu olhar em um ponto atrás de mim, e eu logo tratei de olhar também, vendo o conversando com alguns homens, perto de um carro azul, que no momento eu não lembrava o nome — O deixou avisado que não podíamos vender bebidas alcoólicas para você. — voltou a me olhar e eu bufei mais uma vez naquela noite.
— É claro que ele fez isso. — ri sem humor, e me afastei da tenda sem conseguir comprar bebida alguma, já que a mulher não queria me vender, e me encostei-me a uma caixa de som a poucos centímetros dali.
— Um energético, e uma cerveja, por favor. — ouvi uma voz masculina dizer, e desviei meu olhar para onde vinha à voz.
Ele tinha os cabelos castanhos, e estava um pouco grande, caindo nos olhos. A pele morena, e uma barba rala, que contrastava perfeitamente com o castanho dos seus olhos, que estava iluminado com a luz do farol de um carro um pouco mais a frente.
Pude notar que ele também me olhava, com um sorrisinho um tanto quanto cafajeste nos lábios, e acabei rindo com aquilo e desviando meu olhar para a pista onde havia acabado de começar uma corrida.
Observei um dos carros ultrapassar, e o carro de trás nem se esforçar para passar de volta. Mas o que ela estava fazendo?
— Ela não vai ganhar assim. — falei para mim mesma, enquanto olhava a segunda corredora se manter em segunda posição.
— Ah ela vai sim. — pude ouvir a voz rouca do mesmo homem de antes, agora mais perto de mim e o olhei com a sobrancelha arqueada — Ela vai ultrapassar nos últimos segundos de corrida. — parou ao meu lado, olhando para a pista.
— E como você pode ter tanta certeza? — arqueei a sobrancelha, e ele deu ombros, como se aquilo não importasse — Eu aposto que se continuar assim, ela não vence. — voltei meu olhar à pista.
— Você quer apostar mesmo? — ele soltou uma risada nasalada, e eu voltei a olhá-lo, a tempo de vê-lo virar a latinha de energético na boca de uma forma bastante sexy.
— Por que não? — sustentei seu olhar, e ele passou a língua pelos lábios após acabar de beber, me fazendo morder meu lábio inferior com aquele gesto.
— E o que você quer apostar? — desviou seu olhar para meus lábios sem nenhuma descrição, e bebeu mais um gole do seu energético.
— Se ela perder, como eu acho que vai acontecer... — olhei para a pista por alguns segundos, antes de continuar — Você me ajuda a entrar numa corrida. — voltei meu olhar a ele, e ele concordou com a cabeça.
— E se ela ganhar? — arqueou a sobrancelha, mantendo seu olhar em mim.
— Você escolhe. — dou ombros.
— Um beijo. — falou como quem não queria nada, e voltou seu olhar para a pista — Se ela ganhar, eu quero um beijo de boa sorte. — deu um sorriso de canto, e voltou a me olhar em seguida.
— Tudo bem. — concordei com a cabeça e estendi minha mão para ele, que logo apertou.
Voltamos nosso olhar para a pista, vendo que a corrida já praticamente no final, e no último minuto, a segunda colocada acelerou de uma vez, se tornando então, a primeira.
— E a vencedora, é . — um dos homens falou no microfone, e ela logo parou o carro em frente onde todos estavam, e ao sair do mesmo, todos gritaram enquanto a mesma tinha um sorriso nos lábios.
— Parece que eu perdi. — voltei meu olhar ao homem ao meu lado, e ele sorriu vitorioso.
Antes de ele pensar em falar algo, eu me aproximei e lhe beijei. Era um beijo calmo, sem nenhuma pressa, e que eu comandei todo o tempo. Sua boca tinha um gosto de menta, com nicotina, provavelmente porque ele fumava, e até mesmo um pouco do gosto adocicado do energético.
Afastei-me, puxando seu lábio inferior entre os dentes, e deixei meu olhar pairar sobre o seu.
— Boa sorte. — finalmente me afastei o vendo sorrir e me estender a garrafa de cerveja.
— Não conta pra ninguém, que fui eu quem te dei. — colocou o indicador sobre os lábios, e eu sorri dessa vez, o vendo se afastar.
Eu queria muito ter ganhado aquela aposta, assim poderia correr, mas não foi de todo mal que ele ganhasse. Afinal, eu havia acabado de beijar o homem mais sexy que eu havia visto na minha vida.
Fiquei por mais algum tempo ali encostada na caixa de som, bebericando minha cerveja, enquanto olhava as corridas que aconteciam. Toda aquela adrenalina me empolgava, e eu não sabia decifrar o quanto. Porém, eu queria estar na pista, não ali só observando.
Eu queria correr. Sentir aquela adrenalina na veia. Mas com o fato de todos ali conhecerem o , ninguém me deixaria correr de forma alguma, já que ele provavelmente havia deixado um aviso me proibindo daquilo também.
— E agora a última corrida da noite... — o mesmo homem de todas as outras vezes falou, chamando a atenção de todos — E a corrida mais esperada por todos também. — soltou uma risada nasalada — Mais uma vez, correndo em seu Nissan Skyline GT-R, o nosso vencedor invicto por cinco rodadas... . — assim que ele falou o nome do meu irmão, a multidão foi à loucura e até eu acabei gritando com aquilo, enquanto me livrava do copo e entrava no meio da multidão para conseguir ver melhor — E em seu Dodge Charger, fazendo sempre um tempo maravilhoso... . — e mais uma vez a multidão foi à loucura, e com o olhar eu procurei por ele, curiosa em saber como era o grande rival do meu irmão, mas só consegui ver seu braço estendido pra fora da janela do carro — Nossa maravilhosa Scarlett, vai dar a largada. — apontou para a mulher, que vestia um vestido de oncinha um tanto quanto curto, tinha os cabelos loiros e segurava um sutiã em mãos.
— Preparar... — ela disse e já pôde ser ouvido o ronco dos motores — Apontar... — ela balançou o sutiã de cima para baixo, enquanto todos gritavam — VAI! — gritou e logo os dois deram a partida desesperados pela liderança.
logo saiu na frente e acelerou pegando uma boa distância do tal , mas que logo estava na cola dele, o fazendo ir de um lado para o outro na pista, para que não fosse ultrapassado. Como na corrida da garota, não estava nem um pouco preocupado em acelerar, parecia nem querer ganhar.
Faltavam vinte metros para a linha de chegada, quando foi ultrapassado. E com um liberar de nitro nos últimos segundos, venceu a corrida e deixou a multidão bem agitada.
havia perdido.
Assim que os dois carros pararam próximos ao palanque, desceu do carro e pela sua cara, ele estava claramente frustrado com aquela derrota. Andei até ele, enquanto a multidão rodeava o Dodge preto em bastante alvoroço.
— Parece que você não está mais invicto, irmãozinho. — falei em tom debochado ao me aproximar dele.
— Parece que sua praga deu certo. — falou com ironia, e eu quis rir verdadeiramente daquilo, mas eu ainda era uma boa irmã, não faria aquilo.
— Não se preocupa, . — segurei em seu ombro — A próxima você ganha. — baguncei seu cabelo, e com a cara que ele olhou eu me afastei dois passos para trás, pois ele estava realmente bem puto com aquilo.
— . — aquela voz rouca chamou não só a minha atenção, como também a de , e nós olhamos para a direção de onde vinha — Como foi beijar a minha traseira? — ele falou debochado, se aproximando de nós.
Aquele era o ?
Eu havia beijado o maior rival do meu irmão?
— Você tá feliz não é, ? — parou em sua frente, enquanto um encarava o outro — Pelo menos uma vez na vida conseguiu ganhar uma corrida. — riu com deboche, mas o outro não se deixou abalar, e manteve o sorrisinho nos lábios.
— Essa foi só a primeira de todas as outras vitórias que eu terei sobre você. — seu sorriso aumentou ainda mais quando ele bateu seu olhar em mim, pouco atrás de — Alguma coisa me deu muita sorte hoje. — falou com o olhar fixo em mim, mas eu mantive meu tom sério, ou caso visse aquilo, nós dois estaríamos mortos.
— Cuidado, você tá acostumado com o segundo lugar, logo volta pra lá. — retribuiu a alfinetada, sem nem ao menos notar minha troca de olhares com seu rival.
— Aproveita a posição, . — manteve o tom de deboche e passou por vindo em minha direção.
Meu corpo estremeceu por alguns segundos, se ele parasse, ou soltasse alguma piadinha ali, aquilo podia se tornar bem sério. Mas para minha sorte, ele só sorriu e me mandou uma piscadela, seguindo para o palanque onde pegou seu prêmio.
— , vamos pra casa. — falou enfurecido e logo entrou no carro batendo a porta.
Mantive-me alguns segundos parada, sem saber se olhava para o carro de , o para segurando alguns maços de dinheiro em mãos, enquanto era parabenizado por várias pessoas ali, mas a buzina alta de , soou nos meus ouvidos, me fazendo ir logo até o carro e entrar para que pudéssemos sair dali.
Eu esperava que tudo o que aconteceu naquela noite ficasse em segredo, caso contrário, eu nem conseguiria imaginar o que poderia fazer se descobrisse que eu havia beijado .
Havia se passado uma semana desde a corrida, e toda aquela história do beijo com o tal , não me saía da cabeça.
Pra minha sorte, não havia percebido nada. E do jeito que ele era avoado, aquilo não era nenhuma novidade. Só que em todas as conversas que ele tinha comigo, o acabava surgindo no assunto, e eu acabava desfocando da conversa, pois só conseguia pensar no bendito beijo.
Aquele gosto do cigarro, que mesmo eu não gostando, fazia o beijo dele ser ainda melhor, misturado com o gosto de menta, de um provável chiclete que ele havia mascado antes, o jeito com que sua língua se movia...
— , o nosso pai... — falou entrando em meu quarto, e eu o olhei, sem entender nenhuma palavra que ele havia dito.
— O quê? — balancei a cabeça, tentando voltar meus pensamentos onde deveria, e ele fez uma careta.
— O nosso pai, perguntou se pode mandar trazer o vestido para o seu quarto? — repetiu a pergunta que provavelmente havia feito antes, e eu apenas assenti com a cabeça, e ele se manteve parado ali me olhando — O que tá acontecendo com você? — se sentou na beira da minha cama, e eu arqueei a sobrancelha em confusão — Você anda muito distraída ultimamente, parece que tá até em outro planeta. — riu da sua piada, e eu fiz uma careta.
— Não é nada, tava só pensando em umas coisas da empresa. — neguei com a cabeça, e dei ombros em seguida.
— Você ainda tá brava comigo, por eu não ter te deixado correr não é? — jogou seu corpo para trás, se deitando na minha cama e se virou para me olhar.
— Nem tudo gira em torno de você, . — revirei os olhos e me levantei da cama, andando até a varanda do meu quarto, e me encostando no parapeito e olhando a vista que eu tinha do jardim.
— Por que você não consegue entender que eu só faço isso pro seu bem? — veio atrás de mim — Tem ideia de como tudo seria se algo acontecesse com você? — parou ao meu lado — Foi horrível ver você indo pra Austrália, enquanto eu tinha que ficar aqui sabendo que era tudo por minha causa. — balançou a cabeça negativamente — Tudo foi por minha culpa. — suspirou.
— Nada foi por sua culpa, . — me virei para ele — Nem a morte da mamãe, ou o fato de eu ter ido para Austrália. — neguei com a cabeça — Para de se culpar por isso. — me aproximei dele e segurei suas mãos.
— Se eu não tivesse saído aquele dia, nada disso teria acontecido. — balançou a cabeça e fechou os olhos.
— Não vamos falar disso agora. — puxei para um abraço, e acariciei suas costas — Eu não consigo ficar brava com você de qualquer jeito. — falei baixo e dei um pequeno sorriso.
— Eu sei que não. — falou convencido e eu ri sendo acompanhada por ele.
— Você é ridículo. — me afastei dele ainda rindo e ele deu ombros — Agora sai do meu quarto, porque eu quero dormir um pouco antes dessa festa. — voltei para o quarto, indo o empurrando até a porta.
— Juro que vou descolar alguma bebida pra você, sem que o nosso pai saiba. — deu uma piscadela e saiu do meu quarto, me fazendo rir ao fechar a porta.
Voltei para a minha cama, e deitei na mesma abraçando um travesseiro e fechando os olhos, e acabei voltando a pensar em .
Por um momento antes de adormecer, pude sentir novamente seus lábios tocarem os meus, como se ele estivesse ali.
Acordei por volta das 6pm, e fui direto para o banheiro, já que a festa era às 8pm, e eu precisava me arrumar. Despi-me, e deixei as roupas no cesto, e fui para o box. Liguei o chuveiro, e entrei debaixo da água, começando a tomar um banho morno.
Fiquei um bom tempo ali no banheiro, fazendo a maior hora pra sair da água, que estava tão boa, mas depois de perceber que estava demorando demais, desliguei o chuveiro e me vesti com um roupão, e coloquei uma toalha sobre os cabelos, para que não saíssem molhando todo o meu quarto.
Saí do banheiro e fui direto para a minha penteadeira, me sentando na cadeira em frente à mesma. Soltei a toalha dos cabelos, os deixando cair sobre meus ombros, e depois de passar um pouco de creme para pentear, comecei a desembaraçá-lo. Fiquei ali por mais ou menos, dez minutos desembaraçando meus cabelos, e assim que acabei liguei o secador na tomada, para secá-lo.
Depois de secar todo o cabelo, o prendendo em um coque. Comecei a me maquiar, e finalizei com um olho menos marcado, deixando mais destacado meus cílios, e nos lábios um batom vermelho.
Fui até o meu closet, e peguei apenas a calcinha de uma das minhas lingeries, e a vesti, já que o vestido não era usado com sutiã. Passei hidratante por todo o corpo, e voltei para o quarto, pegando o vestido sobre a poltrona. Abri a capa que o cobria, e o tirei dali, o vestindo em seguida.
Parei em frente ao espelho, para ver se estava tudo arrumado no vestido e assim que confirmei fui calçar meus sapatos.
Depois de devidamente vestida, coloquei alguns acessórios e passei perfume. Peguei a minha bolsa na qual já havia arrumado anteriormente, e peguei o meu celular que estava no carregador e o batom sobre a penteadeira. Os coloquei na bolsa, e em seguida saí do quarto.
Desci as escadas, segurando no corrimão e com a outra mão eu segurava o vestido, para que não corresse o risco de que eu pisasse e causasse algum acidente. Logo que cheguei à sala, pude avistar meu pai e , já bem trajados em seus smokings.
— Estou pronta. — falei chamando suas atenções, e logo os dois olharam para mim.
— Nada mal, maninha. — me olhou e sorriu enquanto se levantava.
— Gostou? Foi a personal stylist do papai que escolheu. — dei uma voltinha para que ele pudesse ver todo o vestido — Porque vamos confessar que sem ela o papai seria bem brega. — voltei a olhá-los e segurou um riso.
— Foi você que escolheu o vestido, . — a voz grave de meu pai soou sem nenhum humor, e eu tive que segurar a risada como .
— Por isso mesmo. — dei ombros e finalmente soltou a risada que prendia, e eu acabei por fazer o mesmo, enquanto meu pai fechou ainda mais a cara.
— Vamos embora logo. — ele falou ainda bravo e saiu andando em direção à porta, eu e nos entreolhamos e rimos mais uma vez.
— Você sempre arranja um motivo pra provocar ele né? — falou, enquanto eu entrelaçava meu braço ao seu e saiamos atrás do nosso pai.
— Ele que me aguente. — dei ombros, e ele riu negando com a cabeça.
Assim que entramos no carro, meu pai foi na frente com o motorista e eu e atrás, então ele logo deu a partida.
O clube no qual seria a festa, ficava apenas a 20 minutos de nossa casa, por isso não demoramos muito a chegar.
Logo que descemos do carro, pude ver várias pessoas bem vestidas entrando no local. Várias mulheres expondo suas joias caras em seus pescoços, orelhas e braços. E os homens mostrando seus carros recém-lançados.
Mantive meu braço entrelaçado ao de , e entramos logo atrás do meu pai que por onde passava alguém o conhecia. As pessoas que sabiam quem éramos me olhavam com um misto de confusão e curiosidade, e não era nenhuma surpresa pra mim, já que eu passei sete anos sem frequentar festas como essa com o meu pai e meu irmão.
— Mark, que bom que você veio. — uma senhora de mais ou menos uns 60 anos, se aproximou de meu pai sorridente.
— Eu não poderia deixar de vir prestigiá—la Abigail. — ele falou em um tom amigável, que ele costumava sempre usar nesses eventos — Esse seu novo clube está deslumbrante. — olhou em volta e sorriu, já eu fui obrigada a segurar a minha careta.
— Obrigada, Mark. — ela retribuiu o sorriso, e voltou seu olhar para mim e para — , você fica cada dia mais bonito, mais parecido com o seu pai. — ela se aproximou de , que a abraçou carinhosamente.
— A senhora que fica mais bonita e elegante a cada ano que passa. — usou o mesmo tom que nosso pai, e eu olhei sem entender.
Desde quando ele havia se tornado tão educado?
— Você, um cavalheiro como sempre. — ela deu um sorriso envergonhado e sorriu de volta — E você é a pequena . — ela me olhou e sorriu calorosamente.
— . — a corrigi, mas não sem receber um olhar repreendedor do meu pai. Eu não era nenhuma pequena , eu tinha nome oras. — É um prazer conhecer a senhora. — sorri tentando disfarçar o mau jeito de antes, só por causa do meu pai, e ela me abraçou sem nem ao menos ligar para meus modos.
— Da última vez que eu te vi, você ainda era uma garotinha. — desfez o abraço para me olhar, ainda mantendo o sorriso nos lábios — Olha pra você agora. — segurou a minha mão, me fazendo girar — Está uma bela mulher. — sorriu e eu fiz o mesmo.
— Obrigada. — ela balançou levemente a cabeça, mantendo o sorriso, que eu não conseguia entender como ela conseguia mantê—lo por tanto tempo — E esse é um maravilhoso Carolina Herrera. — olhei para o seu vestido, que era realmente muito bonito.
— Quando quiser algum modelo dela, ou qualquer outro estilista, é só me procurar. — sorriu descendo seu olhar para o vestido azul marinho, no qual usava.
Assenti com a cabeça e sorri verdadeiramente dessa vez, já que ela havia se mostrado não ser tão chata como parecida, e o meu pai se deu por satisfeito quando ela se afastou.
— Aproveitem a festa, que eu vou falar alguns conhecidos. — meu pai nos olhou, e saiu em direção a uma roda de homens, que eu suponhava serem seus conhecidos.
— O que se tem para fazer, num lugar como esse? — olhei para , e ele riu brevemente.
— Você eu não sei, mas eu tenho muito que fazer. — pegou duas taças de champanhe na bandeja do garçom que passavam, e me entregou uma delas — Só pra você não falar que eu não cumpri com o combinado. — deu uma piscadela e começou a se afastar.
— , aonde você vai? — fui atrás dele andando rápido para alcançá-lo e ele se virou para mim.
— Conhecer pessoas novas. — bebeu um gole do champanhe e voltou a andar, mas parou dois passos depois — Ou melhor... Mulheres novas. — deu um sorriso bem típico de e voltou a seguir seu caminho, me deixando ali sozinha.
Bufei olhando em volta, e virei todo o conteúdo da taça em minha mão, a trocando por uma cheia com o garçom que passava a minha frente.
Segurei o vestido com a mesma mão que segurava a bolsa, e mantive a taça de champanhe em minha mão. Fui andando pelo clube, a procura de um lugar onde não tivesse muita gente e que eu pudesse me sentar.
Não tinha muito que eu fazer naquela festa, afinal de contas, as duas únicas pessoas que eu conhecia, me deixaram sozinha no meio de várias pessoas desconhecidas.
Esqueceram-se de que eu havia acabado de voltar de sete anos morando em outro país.
Parei atrás de uma árvore, observando a vista que o clube tinha. Dava pra ver um pouco de Londres bem iluminada, e até mesmo uma parte do Hyde Park. Era realmente uma bela vista.
— A festa é para o outro lado, você sabe não é? — pude ouvir aquela voz rouca na qual eu só conseguia pensar nos últimos dias.
— Só que aqui está bem mais interessante. — ri pelo nariz, e o vi bem vestido em seu smoking— Aqui é o último lugar que eu esperava te encontrar. — beberiquei a meu champanhe.
— Por que isso te deixa tão surpresa? — arqueou a sobrancelha, mas manteve o tom amigável na voz.
— Você não me parece ser do tipo que frequenta lugares assim. — dei ombros, e ele acabou rindo com aquilo.
— Acredite, eu queria muito não ser desse tipo. — balançou a cabeça negativamente — Mas a família me obriga a participar de eventos como esse. — fez uma careta, e eu me vi obrigada a concordar.
— A dona da festa, acho que é Abigail... — pensei um pouco, mas dei ombros ao perceber que não lembrava ao certo se era aquilo mesmo — Ela é meio exagerada. Pelo que eu entendi, não é a primeira festa desse tipo dada por ela. — bebi mais um pouco do champanhe — Não vejo qual a necessidade de fazer uma festa dessa o tempo todo. — reviro os olhos.
— A dona da festa... — fez uma pausa e me olhou — Ela é minha avó. — eu não sabia como lidar com as minhas bochechas vermelhas, e meu sorriso sem graça, então acabei por virar o resto do champanhe em minha taça.
— Desculpa, eu não sabia. — falei um pouco baixo e acuada, e ele simplesmente riu.
— Ela é mesmo exagerada. — balançou a cabeça e riu — Mas tem uma parte boa nesses eventos... — eu balancei a cabeça para que ele continuasse, e ele tirou uma garrafa de champanhe de dentro do paletó do smoking — Bebida grátis. — olhou para a garrafa e pra mim em seguida.
— Não me surpreende você está com uma garrafa de champanhe, já que a festa é da sua avó, mas como você conseguiu pegar isso na cozinha? — fiz uma careta, e ele riu tirando lacre dourado da garrafa, enquanto tentava equilibrar a sua taça, na outra mão.
— Eu entrei lá, peguei e saí. — deu ombros enrolando o papel em uma bolinha e o jogando próximo a uma árvore — Na verdade, eu só fiz isso depois que vi você se afastar da festa e vim pra cá só com uma taça. — me olhou, e sorriu.
— Você sabe que não vai me conquistar com uma garrafa de champanhe, não é? — me aproximei dele pegando sua taça, para que ele conseguisse abrir a garrafa, e mantive o tom humorado na voz.
— Eu não preciso disso pra te conquistar. — manteve o mesmo tom que eu havia usado — Porque eu tenho outros métodos pra isso. — deu ombros, e logo abriu a champanhe acabando por fazer um leve estouro.
— Espero que sejam bons, porque não é fácil me conquistar. — arqueei a sobrancelha de uma forma desafiadora, e ele sustentou meu olhar, enquanto servia a champanhe em nossas taças.
— Nunca esperei que fosse. — arqueou a sobrancelha no mesmo gesto que eu havia feito, e sorriu.
Sustentei seu olhar por mais algum tempo, até que nós dois acabamos rindo daquilo.
Ele tirou seu paletó e o abriu no chão, se sentando sobre o mesmo, e logo depois bateu a mão no espaço ao seu lado para que eu fizesse o mesmo, e assim eu fiz.
— Eu não pude te parabenizar por ter ganhado a corrida. — o olhei, enquanto bebericava meu champanhe — Você foi mesmo muito bom. — ele sorriu e balançou com a cabeça.
— Seu beijo de boa sorte funcionou. — subiu seu olhar para mim, e bebeu um longo gole do champanhe, fazendo com que eu sorrisse dessa vez — Quem não ficou muito feliz foi seu irmão. — eu acabei por rir.
— Ele não ficou nada feliz. — balancei a cabeça e ele riu dessa vez — Ele foi emburrado até em casa, enquanto eu tive que me segurar pra não soltar alguma piadinha sobre aquilo. — bebi um pouco de champanhe, e ri em seguida — Ainda mais que antes da corrida, ele estava se vangloriando por ter ganhado cinco vezes seguida de você. — revirei os olhos e ele riu fracamente dessa vez.
— Esse é o grande problema dele. — acabou com todo o conteúdo de sua taça — Ele se acha muito quando vence, e quando perde fica todo bravinho. — riu pelo nariz, e serviu mais champanhe em nossos copos, mesmo sem que eu acabasse.
— Ele sempre foi assim, desde criança. — bebi um longo gole do champanhe — Mas ele não faz por mal. — balancei a cabeça e ele concordou ficando em silêncio em seguida.
Desviei meu olhar dele, para a vista em nossa frente, e ele fez o mesmo, pois eu conseguia ver pelo canto do olho. Uma brisa acabou por bater, e logo eu senti seu perfume maravilhoso entrar pelas minhas narinas, e fechei os olhos suspirando em seguida.
— Obrigada por não ter contado a ele sobre nosso beijo. — falei depois de algum tempo, enquanto arrumava uma mecha do meu cabelo, que havia se soltado com o vento.
— Se eu tivesse contado ele brigaria comigo, e com você também. — parou seu olhar em meu rosto — E eu não deixaria isso acontecer. — negou com a cabeça.
— E por falar nisso... — fiz uma pausa e o olhei — Por que você não me falou quem você era? — arqueei a sobrancelha.
— Porque você não perguntou. — deu ombros e riu pelo nariz.
— Mas você sabia quem eu era? — semicerrei os olhos em sua direção, e ele riu desviando o olhar.
— Eu ouvi a moça das bebidas falando, e todo mundo já tava sabendo que a irmã do tava ali com ele. — voltou a me olhar, como se aquilo não importasse.
— E ainda sim, você deixou tudo aquilo acontecer? — perguntei indignada e mais uma vez ele riu.
— Eu só ia te entregar a bebida, mas você quis apostar comigo, e quando perdeu não me deu tempo de falar nada porque me beijou. — deu ombros, e eu me vi obrigada a concordar.
— Por falar em aposta... — fiz uma pausa acabando de beber a meu champanhe — Como você sabia o que ela iria fazer para ganhar? — peguei a garrafa, enchendo novamente nossas taças.
— Ela é da minha equipe. — riu baixo — Essa é uma técnica que a usa há muito tempo, e ela é realmente muito boa. — sorriu.
— Ela é incrível. — retribui o sorriso e ele concordou.
— Todos na minha equipe são. — falou orgulhoso e eu não pude deixar de alargar meu sorriso com aquilo — Inclusive... — me olhou — Você ainda quer correr? — bebeu um gole da sua bebida.
— Eu sempre quero correr, mas o não deixa, e parece que todo mundo lá escuta ele. — revirei os olhos e bufei.
— Eu não o escuto. — deu ombros — Posso te conseguir uma corrida, se quiser. — voltou seu olhar para a vista em nossa frente.
— Você tá falando sério? — mantive meu olhar nele que concordou com a cabeça.
— Eu te coloco como uma nova corredora da minha equipe, ninguém precisa saber que é você. — me olhou sugestivo e eu sorri.
— E eu poderia te beijar agora. — falei empolgada, e ele arqueou a sobrancelha com um sorrisinho nos lábios.
— Não tenho nenhuma objeção. — balançou a cabeça e eu ri com aquilo o empurrando de leve o fazendo rir junto.
— E quando eu vou poder correr? — voltei à empolgação de antes.
— Amanhã mesmo. — bebeu o resto do champanhe em seu copo, mais uma vez, e acabou de virar o resto da bebida em nossas taças — É só você procurar por quando chegar, e ele vai te informar tudo. — eu assenti com a cabeça.
— E por que não você? — falei confusa e ele balançou a cabeça.
— Porque seria muito mais fácil do seu irmão descobrir. — falou com obviedade e eu concordei.
— Então eu procuro por . — repeti o que ele havia falado sentindo meu celular vibrar na bolsa e o peguei para olhar, vendo que era uma mensagem de , dizendo que já estávamos indo embora — Preciso ir. — acabei a minha champanhe e me levantei — A gente se vê amanhã então. — o olhei e ele sorriu em concordância.
— Você conseguiu tornar essa festa menos chata que todas as outras. — se levantou também, pegando seu paletó no chão e o limpando, enquanto eu sorria.
— Posso dizer o mesmo. — lhe dei um beijo na bochecha que acabou pegando no canto de sua boca, mas nenhum de nós se importou com aquilo — Nos vemos na corrida. — saí em direção à festa novamente.
— Nos vemos na corrida. — pude ouvi-lo repetir com a voz mais distante, e sorri.
Eu já conseguia sentir a adrenalina percorrer o meu corpo, só em passar nessa corrida.
Assim que entramos no carro, e o motorista deu a partida, meu pai se virou para trás com uma cara nada feliz.
— Por onde você andou durante toda a noite? — falou para mim, com um tom claramente repreensivo.
— Aproveitando a festa. — dei ombros e me virei para a janela, olhando as ruas de Londres passarem como um borrão.
— Tinha algumas pessoas que eu queria que você conhecesse. — manteve o seu tom, e eu me limitei a revirar os olhos, já que ele não podia ver o meu rosto.
— Foi você que mandou a gente aproveitar a festa e saiu pra um lado, não venha me culpar por nada agora. — falei sem nem ao menos me dar ao trabalho de olhá-lo.
Ele manteve seu olhar em mim por alguns segundos, mas logo voltou a se virar para frente, passando o resto do caminho em silêncio. também não falou nada, pois pela sua cara aprontou alguma durante a festa, e qualquer resposta errada poderia sobrar para ele.
Pra minha felicidade o resto do caminho foi todo em silêncio, e eu pude "curtir" um pouco da vista da cidade de dentro do carro, até chegarmos.
Assim que chegamos em casa, eu apenas entrei e subi indo direto para o meu quarto e me trancando lá. Não queria que o meu pai viesse falar nada, ou que quisesse saber onde eu estava durante a noite.
Depois de me trocar, e tirar a maquiagem, eu me joguei na cama, e dormi já começando a sentir a empolgação tomar conta de mim, pois eu iria correr no dia seguinte.
Quando eu acordei no dia seguinte, eu não podia me aguentar de tanta agitação que eu estava. Era tanta que eu acabei saindo de casa, e correndo 10 km e ainda depois fui para o meu quarto fazer algumas abdominais e alguns agachamentos. Não que eu fosse fissurada por malhar, na verdade eu raramente fazia isso, porque na verdade eu amava comer e não deixaria que a sociedade dissesse como deveria ser o meu corpo, quanto eu deveria pesar. Eu malhava quando eu quisesse, e se eu quisesse. E também comia o que e quando bem entendesse.
Depois de confirmar ao que iríamos à corrida mais tarde, eu passei o resto do dia ajudando meu pai com as contabilidades da empresa. Pra minha felicidade, nunca dizia não a um racha, então minha corrida estava de pé, pois nunca que ele me deixaria ir sozinha, e meu pai também não me deixaria sair tão tarde sem o .
Por volta das 08:30pm PM eu fui me arrumar. E depois de um banho não muito demorado, eu vesti a lingerie e passei hidrante em todo o corpo. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo, e vesti uma calça jeans de lavagem clara rasgada, e uma bota over knee de salto, já que não me preocupava nem um pouco em correr assim, uma regata branca e uma jaqueta jeans. Fiz uma maquiagem básica, e finalizei com um batom vermelho. Guardei meu celular e minha identidade no bolso, e coloquei algum dinheiro por dentro da minha bota. Eu não me atreveria levar bolsa, afinal, nunca saberíamos quando era preciso correr num lugar assim.
Saí do quarto, vendo que o quarto do meu pai estava fechado e a luz de lá acesa, na qual eu podia ver por debaixo da porta, então desci as escadas e encontrei na sala conversando com alguém por mensagem no celular.
— Podemos ir? — me olhou e eu assenti, e nós logo fomos em direção à porta da garagem.
Assim que acendeu a luz para irmos até seu carro, os quatro carros na garagem ficaram bem evidentes. A BMW preta na qual usávamos para eventos como o de ontem, a Mercedes prata que o meu pai usava todos os dias para ir ao trabalho, o meu volvo branco que estava praticamente novo, já que havia só uma semana que eu havia o comprado, e o Nissan Skyline GT-R azul que o só usava para sair durante as noites, inclusive para correr, mas que o papai não fazia ideia disso.
Entramos no carro, e logo abriu deu a partida saindo da garagem, e em seguida passando pelo portão da nossa casa. Ele parecia empolgado com alguma coisa, e eu não sabia dizer o porquê, já que dá outra vez não estava assim.
— Que empolgação é essa? — o olhei arqueando a sobrancelha e ele riu.
— Empolgação nenhuma. — deu ombros, mas manteve o sorriso em seu rosto.
— E eu sou a Lady Gaga. — ri pelo nariz e ele gargalhou.
— Eu só não pretendo voltar pra casa hoje, vou estender a noite. — me olhou rapidamente acelerando o carro, pelas ruas movimentadas de Londres.
— E você acha que eu vou voltar como? — semicerrei os olhos em sua direção.
— Você podia passar a noite em algum hotel da cidade, assim o nosso pai não vai reclamar por você voltar sozinha. — me olhou enquanto parava no sinal.
— Espero que isso seja uma piada de mau gosto. — falei já mal humorada e ele negou com a cabeça — Eu vou ter que passar a noite em um hotel, porque você quer sair pra dormir com alguma mulher por aí? — falei incrédula e ele riu.
— Bom... É mais ou menos isso. — deu ombros e eu bufei.
— Sorte a sua que hoje eu estou de muito bom humor e vou fazer o que você está me pedindo. — dei ombros e ele sorriu vitorioso.
— Você é a melhor. — deu uma piscadela e voltou a dirigir a caminho do racha.
— Você podia lembrar disso e me deixar correr. — falei como quem não quer nada.
— Não mesmo. — negou com a cabeça e eu revirei os olhos — Nem que você me pagasse, eu deixaria você colocar sua vida em risco numa pista de racha. — riu sem humor.
— Tudo bem, , tudo bem. — ri pelo nariz, mas sem me deixar abalar com aquilo, já que eu correria de qualquer jeito.
Depois de uns 25 minutos nós chegamos ao local do racha e como da outra vez parou o carro e nós descemos, depois de trancar o mesmo, ele se despediu de mim brevemente, e saiu para a direção oposta.
Esperei que ele se afastasse e andei até a tenda de bebidas, e mesma mulher da outra noite veio me atender.
— Posso ajudar? Desde que não seja com nenhuma bebida alcoólica. — me olhou com ironia, mas com um sorriso nos lábios, e eu neguei com a cabeça.
— Você sabe onde eu posso encontrar ? — a olhei e ela fez uma cara pensativa, me olhando um pouco duvidosa.
— É aquele ali. — apontou para um homem alto, e que tinha os cabelos raspados. Vestia uma camisa preta, com um colete jeans por cima. Ao seu lado estava à corredora da noite anterior, que pelo que eu me lembrava se chamava .
— Obrigada. — a olhei e ela assentiu, eu logo andei em direção ao tal — ? — falei assim que me aproximei e tanto ele, quanto a garota voltaram seu olhar para mim.
— Quem me procura? — falou com um tom curioso, e eu parei em sua frente.
— O disse que era pra te procurar, e saber sobre a corrida. — falei enquanto vagava meu olhar por ali discretamente, a procura do .
— Então você é a corredora misteriosa. — falou parecendo se lembrar de algo.
— Você não é a irmã do ? — a garota me olhou, eu apenas assenti com a cabeça.
— A corredora do é a irmã do ? — olhou de mim, para e ambas concordamos com a cabeça — O tá querendo arrumar problema? — voltou seu olhar para a garota, e ela riu, enquanto eu estava confusa.
— Até parece que você não o conhece. — ela o olhou e ele concordou com a cabeça rindo junto, mas logo voltou sua atenção para uma mensagem no celular.
— Parece que ouve uma mudança de planos. — ele me olhou e eu balancei a cabeça para que ele continuasse — Procura por um lamborghini aventador vermelho atrás daquele galpão. — apontou para um galpão a nossa esquerda — Aqui está a chave. — me entregou a chave — E lá você vai ter o resto das informações. — eu assenti, mas sem entender muito que estava acontecendo.
— Okay... Obrigada. — falei completamente confusa, ele assentiu, e eu logo fui para onde dele havia falado.
Assim que cheguei atrás do balcão, avistei o lamborghini e fui até o lado do motorista entrando no mesmo em seguida. Logo que me sentei, vi que ele estava ali no carro, praticamente escondido no escuro.
— Se você queria me assustar, você conseguiu. — coloquei a mão no peito, enquanto fechava a porta e ele riu baixo.
— Não achei que fosse tão feio a esse ponto. — falou com humor, e eu o olhei com deboche o fazendo rir novamente — Está pronta pra corrida? — me olhou acendendo a luz de teto para que tivéssemos uma visão melhor. E só então eu pude notar o quão bonito ele estava. Ele usava uma calça preta com um rasgo no joelho, uma camisa do nirvana e uma jaqueta também preta. Seu cabelo estava um pouco bagunçando, e sua barba por fazer.
— Eu sempre estarei pronta. — dei ombros e ele sorriu.
— Bom saber que você tá confiante. — balançou a cabeça — Porque eu apostei muito alto em você. — voltou a se encostar no banco de forma relaxada e olhou para frente — Apostei muita grana, e o meu carro. — assim que ele falou, meus olhos se arregalaram.
— Você apostou seu Dodge em mim? — falei desacreditada e ele assentiu com a cabeça — O que te faz ter certeza que eu vou ganhar? — mantive o meu tom.
— Não tenho certeza. — deu ombros — Eu precisava acreditar em quem eu colocava no meu time. — me olhou — E se você perder vai ter uma dívida enorme comigo.
— Você sabe que dinheiro não é problema pra mim. — falei me encostando também no banco, e ele riu pelo nariz.
— Não é dinheiro que você vai me pagar. — negou com a cabeça, enquanto um sorrisinho malicioso surgiu em seus lábios, e eu fui obrigada a apertar as pernas uma à outra, só de imaginar o duplo sentido que podia ter aquela frase.
— Agora eu não consigo definir se você quer que eu ganhe, ou que eu perca. — devolvi a provocação e seu sorriso se tornou ainda mais maldoso.
— Sabe que eu também não? — falou pensativo, mas sem tirar a malícia da voz.
— Agora a segunda corrida da noite... — pudemos ouvir o "apresentador" falar e acabamos desviando o olhar para frente do carro.
— Quando você vencer, eu vou pegar o prêmio em seu nome pra manter o sigilo de quem você é. — voltou a me olhar, e eu concordei.
— E você realmente tem certeza que eu vou ganhar. — falei com humor na voz, mas segurando a vontade de sorrir por ele botar tanta confiança assim em mim.
— E você é realmente muito confiante. — falou no mesmo tom, mas sem evitar o sorriso, e eu acabei sorrindo junto.
— É melhor eu ir agora. — falei e ele concordou com a cabeça e se desencostou do banco, mas ao invés de sair, ele segurou na minha nuca e me beijou.
Como o nosso outro beijo, esse era tranquilo, mas parecia ter bem mais vontade que o primeiro. O gosto de nicotina e menta eram evidentes em sua boca, como da outra vez, e aquilo queria me fazer não parar o beijo nunca, mas ele o fez.
— Só pra te devolver a sorte que você me deu no outro dia. — puxou meu lábio inferior entre os dentes, e abriu a porta descendo do carro em seguida, e me deixando ali, olhando para o lugar no qual ele estava antes.
Ri com a sua cara de pau, e me ajeitei no banco colocando o cinto e deixando meu celular no lado do carro. Liguei o carro e o levei até o começo da pista, onde os meus três concorrentes já estavam a tempo de ouvir me apresentarem para corrida.
— E representando a equipe do , e correndo com o lamborghini aventador... — o homem falou, mas fez uma pequena pausa, que até eu achei estranho — A corredora misteriosa. — ele falou completando sua frase, e eu não pude evitar rir com aquele nome. Com certeza era coisa do — E nosso ultimo corredor, correndo pela equipe , em seu Ford Gran Torino Sport... Patrick McKinley. — pude ouvir o alvoroço das pessoas, que não havia tido para mim, mas aquilo não me intimidava nem um pouco — E para dar a largada nossa maravilhosa Lauren. — pude ver a morena parar entre os quatro carros, com um sutiã vermelho nas mãos.
— Preparar... — sua voz fina soou, e todos rodaram a chave — Apontar... — já eram ouvidos os roncos dos diferenciados motores — VAI! — assim que ela levantou o sutiã para o alto, eu e os corredores demos a largada.
O Camaro Yenko amarelo saiu na frente, seguindo pelo Gran Torino da equipe do meu irmão, e logo depois o Mitsubishi Eclipse preto, eu acabei largando por último.
Na primeira curva eu consegui ultrapassar o Eclipse, enquanto o corredor da equipe do ultrapassou o Camaro ganhando a primeira posição. Apertei o pé no acelerador e acabei conseguindo ultrapassar o Camaro, conseguindo ficar na segunda posição.
Acelerei mais um pouco, mas o tal McKinley era bem rápido, e conseguiu pegar uma boa distância ao soltar seu nitro.
— Droga! — bati no volante, mas voltei a acelerar o carro, chegando aos 130 km/h.
Consegui me aproximar novamente dele, já estava bem próxima a sua traseira, quando vi o Camaro se aproximando de mim. Assim que ele me alcançou ficando lado a lado comigo, e ao conseguir me ultrapassar poucos centímetros, mas o suficiente para o corredor da frente o fechá-lo, acabando por derrapar na pista e atrasando os dois, eu apertei o botão do nitro ajustado no freio de mão, ganhando distância dos dois e passando a linha de chegada.
De longe pude ouvir os gritos das pessoas, e ao me aproximar deixei que o carro girasse algumas vezes na pista para causar um pouco de fumaça, e em seguida tirei-o da pista levando novamente para longe do galpão onde me esperava.
— INCRÍVEL! — pude ouvir o "apresentador" falar — Ela saiu em último, mas alcançou o primeiro deixando todos os outros corredores comendo poeira. — ele completou e eu automaticamente sorri, vendo a porta do meu lado se abrir, revelando o sorridente.
— Você é boa. — me olhou, enquanto eu descia do carro com o celular — Tá explicado porque o apostou tão alto em você. — sorriu e eu fiz o mesmo.
— Obrigada. — ri fracamente e ele riu balançando a cabeça.
— Parece que agora teremos uma nova concorrente tão boa quanto nossos melhores corredores. — ouvi o homem falar depois de um tempo — Agora vamos nos preparar para a próxima corrida da noite. — ele falou e todos gritaram.
— Avisa o , que eu o encontro aqui depois da ultima corrida, okay? — voltei a olhar para e ele assentiu, e eu logo saí em direção a onde todos estavam.
A adrenalina ainda percorria todo o meu corpo de uma forma surreal, meu coração batia em uma velocidade fora do normal. Fazia algum tempo que eu não sentia aquilo. Desde a minha ultima corrida na Austrália, há meses atrás.
— , onde você tava? — minha atenção foi tomada, por que surgiu na minha frente no meio das pessoas.
— Bem aqui, assistindo a corrida. — fiz uma careta e dei ombros — Você viu essa nova corredora? Ela é ótima. — falei empolgada — Ela ganhou do cara da sua equipe, e dos outros dois que correram. — mantive meu tom, e ele revirou os olhos.
— Foi sorte de principiante. — falou sem muita vontade, e eu ri.
— Você não sabe se ela já corria antes. — rebati e mais uma vez ele revirou os olhos — Poderia ser eu no lugar dela. — falei como quem não queria nada, e ele me olhou seriamente.
— Mas não é. — riu sem humor — Você já sabe pra onde vai depois daqui? — mudou rapidamente o assunto.
— Eu vou pra algum hotel da cidade. — dei ombros — Eu trouxe dinheiro, não se preocupa. — ele concordou com a cabeça.
— Eu duvido que a gente volte a se ver, então não apronta nada, porque eu sei de tudo o que acontece aqui. — apontou em volta, e por um momento eu queria gargalhar, mas me segurei.
— Eu não sou você, . — falei e ele riu balançando a cabeça.
— Te vejo em casa amanhã. — beijou a minha testa e logo se afastou.
Assim que ele se afastou, eu voltei a me virar para assistir as outras corridas, mas sem conseguir realmente prestar atenção, de tão agitada que eu estava. Era bem provável que eu nem conseguisse dormir a noite de tanta empolgação.
Depois das últimas corridas, que foi uma da , na qual ela mais uma vez ganhou, e eu não pude deixar de gritar empolgada com aquilo, e a outra a do e do , e que mais uma vez o que ganhou. Mas dessa vez, pelo que eu vi não estava tão bravo por ter perdido, ele estava realmente aprontando alguma essa noite.
Após acabar a última corrida, que era a do , eu saí do meio da multidão e fui novamente para trás do balcão, e de longe pude ouvir a voz animada da .
— Hoje nossa equipe foi muito foda. — ela falou toda sorridente e eu pude ver abrir um sorriso — Aquela garota que você colocou pra correr é incrível. — ela falou e eu não pude deixar de sorrir.
— Obrigada. — falei alto chamado a atenção dos três, inclusive a do que veio na minha direção.
Por um impulso eu acabei lhe dando um selinho, mas ele pareceu não se importar, pois logo que eu me afastei, ele sorriu.
— Isso tudo é adrenalina? — falou com humor e eu ri dando ombros — Vem cá. — segurou minha mão, me guiando até e — O você já conhece. — olhou para o garoto — E essa aqui é a . — apontou para ele que me olhou com um sorriso.
— Não havíamos sido apresentadas formalmente. — falou me abraçando calorosamente e eu sorri.
— Essa aqui é a nossa corredora misteriosa. — me olhou e sorriu — . — se encostou no seu Dodge colocando as mãos no bolso da calça.
— Ela é ótima. — me olhou e sorriu empolgado.
— Vocês dois também são. — intercalei meu olhar entre e — E você, eu não te vi correr, então... — fiz uma careta e ele riu balançando a cabeça.
— Na realidade, eu raramente corro. — deu ombros — Cuido mais das apostas da equipe. — mostrou um maço de dinheiros.
— Por falar em aposta... — falou e abriu a porta do carro — Isso é seu. — me entregou quatro maços de notas de cem.
— Isso tudo por uma corrida? — olhei para o dinheiro, e pra ele em seguida que concordou — Bom, obrigada. — ri pelo nariz.
— , a gente se encontra na sua casa? — o olhou e ele concordou — Por que não vem com a gente? — me olhou.
— Porque ela precisa voltar com o . — falou com obviedade, e revirou os olhos.
— Na verdade... — falei chamando atenção deles para mim — O já até foi embora. — rio pelo nariz.
— E como você voltaria pra casa? — me olhou sem entender.
— Eu ia pegar um táxi, e ir pra um hotel, se eu chegar sozinha em casa, meu pai provavelmente mata o e eu teria que ouvir ele por dias. — revirei os olhos entediada com aquilo.
— Então você vem com a gente. — falou empolgada sem me deixar dizer que não — Nos vemos na casa do . — puxou em direção ao Lamborghini e logo os dois entraram e saíram dali.
— Tudo bem pra você? — olhei para o .
— Sério que você tá me perguntando isso? — riu pelo nariz, e eu ri negando com a cabeça — Vamos. — abriu a porta do carro, e eu dei a volta entrando no mesmo.
Assim que me ajeitei no banco, coloquei os maços de dinheiro sobre o pequeno espaço no painel e ele logo deu a partida saindo dali.
— Obrigada por me ajudar a correr. — o olhei e ele negou com a cabeça.
— O e a concordaram, e pensamos em colocar você na equipe. — me olhou rapidamente — Você pode continuar como corredora misteriosa, não tem nenhum problema. — balançou a cabeça.
— Você tá falando sério? — o olhei sem acreditar naquilo.
— Você ganhou de vários corredores muito bons, teve um tempo incrível, além de passar por cima do seu irmão pra correr... Quer mais justificativas? — deu um pequeno sorriso, e eu fiz o mesmo.
— Vai ser um prazer fazer parte da sua equipe. — falei empolgada e ele me olhou, passando direto por um sinal vermelho.
— Prazer eu te dou em outro lugar. — falou com malícia e deu uma piscadela, e eu mordi o lábio.
— Quando e onde você quiser. — devolvi a brincadeira falando no mesmo tom.
Dessa vez ele não riu, e eu também não e toda aquela energia sexual ficou no ar, e eu não podia negar o quanto aquilo era excitante.
Capítulo 2
Não demoramos muito a chegar ao prédio do , onde e nos esperavam dentro do carro no lado de fora, mas assim que abriu a garagem do prédio, entrou com seu carro logo atrás do dele.
— Você mora em um apartamento? — arqueei a sobrancelha, e ele riu com a obviedade da minha pergunta. — Achei que morava com seus pais. — me expliquei soltando uma risada nasalada e ele negou com a cabeça.
— Eu não moro com eles desde os 16 anos. — me olhou rapidamente enquanto parava o carro em sua vaga. — Eu era problema demais pra eles, e aí me mandaram pra morar com a minha vó. — riu de escárnio, e eu mantive meu olhar nele. — Quando eu tava com 18 anos, minha vó achou que eu merecia um pouco de privacidade e me deu esse apartamento, mas eu continuo indo sempre a casa dela, e algumas vezes até passo a noite lá. — parou o carro e me olhou.
Não falei nada, apenas balancei a cabeça dizendo que entendi, pois não queria parecer Invasiva, até porque a gente não se conhecia o suficiente para conversar sobre aquelas coisas.
Assim que ele desligou o carro, nós descemos e logo e fizeram o mesmo do nosso lado, e nós quatro seguimos para o elevador.
— A gente sempre acaba as noites de corrida aqui, no apartamento do . — me olhou enquanto apertava o botão do último andar. — E agora você vai poder vir sempre com a gente. — falou empolgada e eu acabei rindo com aquilo. — É bom não ser a única garota da equipe. — sorriu, e eu fiz o mesmo.
— Não vai ser possível eu vir com vocês, por causa do . — suspirei me encostando ao lado de no fundo de vidro do elevador.
— Você sabe que o não pode te impedir de fazer nada, não é? — me olhou arqueando a sobrancelha.
— O fato não é ele não poder me impedir não é ponto disso. — balancei a cabeça e o elevador parou no vigésimo andar. — Os problemas da minha família são muito mais complexos do que isso. — ri fraco, enquanto olhava a porta de metal se abrir.
— Você pode falar que vai dormir na casa de alguma amiga. — sugeriu me olhando, enquanto saiamos do elevador.
— Não vão acreditar, porque eu passei meus últimos sete anos na Austrália, eu não tenho amigos aqui. — o olhei, os seguindo para o apartamento do . — Mas não se preocupem, com o passar do tempo eu vou ter uma justificativa pra sair de casa sem o . — intercalei meu olhar entre o três, mantendo-o por mais tempo em que o sustentou enquanto abria a porta.
— Bom, depois a gente pensa em desculpas pra você vir ficar com a gente. — me olhou e eu concordei, antes de passar por para entrar no apartamento. — Agora nós vamos comemorar as vitórias da nossa equipe. — levantou os braços e soltou um gritinho animado.
— Eu vou pegar as bebidas. — saiu em direção à cozinha, que era separada da sala apenas por um balcão de mármore.
Olhei em volta reparando na decoração simples, e neutras. O que realmente se destacava por todo apartamento eram os desenhos nas paredes. Alguns coloridos, outros em apenas preto e branco. Era tudo lindo.
— Esses desenhos são demais. — me aproximei de uma das paredes, passando a mão sobre a mesma.
— Obrigado. — se aproximou de mim, e parou alguns centímetros atrás.
— Foi você quem fez? — me virei para ele surpresa com aquilo, e ele assentiu com a cabeça rindo baixo — Ual! — foi tudo o que eu consegui dizer, de tão admirada que estava com o talento que ele tinha.
— Tem outros espalhados pelo apartamento. — apontou para trás, e olhou em seguida. — Pode ficar a vontade pra ver todos. — voltou a me olhar, e eu me aproximei dele.
— Você não vai me apresentar o resto do apartamento? — falei me fazendo de ofendida, e ele deu um sorrisinho irônico aproximando seus lábios do meu ouvido.
— O meu quarto eu faço questão de te apresentar, mais especificamente a minha cama. — sussurrou de uma forma sexy e eu mordi o lábio com aquilo.
— Você sempre leva tudo pro lado sexual? — o olhei arqueando a sobrancelha, e ele deu ombros se afastando e se sentando no sofá.
— Só quando você tá perto de mim. — deu uma piscadela, e eu ri me divertindo com essa história, me sentando em seu lado em seguida — E você correspondeu em todos os momentos. — se virou pra mim, dando um sorrisinho irônico.
— Achou que eu ia ficar vermelha com suas frases de duplos sentidos? — retribui seu sorrisinho e sustentei seu olhar, como se o desafiasse.
— Não acho que isso faça seu estilo. — manteve seu olhar no meu.
— Vocês dois tão tendo um caso? — falou voltando pra sala com três garrafas de cerveja em mãos.
— . — o repreendeu, dando-lhe um tapa em seu peito, e eu ri.
— A gente não tem nada. — olhei para que me entregava uma cerveja, e a outra para o .
— É só sexo casual. — falou e eu o olhei incrédula, e ele gargalhou sendo acompanhado dos outros.
— Idiota. — lhe empurrei levemente e ri junto com eles, bebericando minha cerveja em seguida.
— Na verdade, ela quer me levar pra cama, mas eu não quero. — ele falou ainda com humor bebendo um gole da sua cerveja.
— É claro que eu quero. — entrei na brincadeira — Quero possuir todo esse seu corpinho, . — passei a mão em seu peito, e ele arqueou a sobrancelha, mas nós dois rimos em seguida.
— E o encontrou alguém que retribui as brincadeiras sexuais dele. — falou nos olhando, e concordou rindo.
— Eu disse que ela podia superar nossas expectativas. — falou bebendo um gole da cerveja e eu o olhei não evitando um sorriso.
Depois que tomamos algumas — várias — cervejas e conversamos sobre várias coisas aleatórias, e muitas delas envolvendo corridas, como por exemplo, como a equipe foi formada, ou quando ganhou sua primeira corrida, foi para a varanda, onde se sentou em uma poltrona que havia lá, e acendeu um cigarro.
— Acho que devíamos ir embora. — falou para , que eu descobri que eles namoravam há algum tempo, e ele concordou.
— Vocês não vão passar a noite aqui? — olhei para eles sem entender — Vocês não estão em muitas condições de dirigir. — fiz uma cara confusa.
— Eu bebi só duas cervejas, já dirigi pior do que isso. — riu enquanto se levantava do sofá — Não se preocupe, nós vamos chegar bem em casa. — beijou a minha bochecha.
— A gente se vê na próxima corrida, . — também beijou a minha bochecha, e se levantou, mas voltou a cair no sofá em seguida me fazendo rir.
— A gente se vê, . — falei ainda rindo, e o ajudei a se levantar com , e fomos até a porta.
— Diz pro que eu falo com ele amanhã. — me olhou antes de sair, e eu assenti com a cabeça.
Logo que os dois foram para o elevador, eu fechei a porta e voltei para dentro. Vi que ainda estava na metade do cigarro, então resolvi ir até ele.
— Você sabe que isso vai te matar, não né? — falei ao entrar na varanda e me encostei do parapeito.
— Da mesma forma que eu posso sofrer um acidente de carro, ou morrer afogado em uma banheira. — ele me olhou voltando a tragar o cigarro, e eu arqueei a sobrancelha.
— Você sabe a probabilidade de se morrer afogado numa banheira? — falei soltando uma risada baixa e ele deu ombros rindo junto — De acordo com as minhas fontes, é mais ou menos, uma em cada 11.000 pessoas morrem afogadas na banheira. — voltei meu olhar para a vista que havia ali, e era muito bonita por sinal, enquanto mantinha minha cara pensativa — Isso equivale a aproximadamente 0,009%. — voltei a olhá-lo e ele arqueou a sobrancelha dessa vez.
— Eu vou ignorar o fato de você saber quantas pessoas, em quantas morrem afogadas numa banheira, porque eu quero muito entender como você calculou a probabilidade tão rápido. — manteve seu olhar em mim, tragando mais uma vez o cigarro.
— Talvez você não soubesse, mas eu sou um prodígio da matemática. — fiz uma careta que eu diria ser um tanto quanto engraçada, enquanto o olhava soltar a fumaça de uma forma que o deixava bem sexy.
— Você está falando sério? — me olhou duvidoso, e eu concordei com a cabeça rindo — Então, quanto é 1.758 multiplicados por 583? — acabou o cigarro, o apagando no cinzeiro ao lado da poltrona.
— Jura? — falei incrédula e ele deu ombros como se aquilo não fosse nada demais.
— É, você estava mesmo debo... — começou a falar, mas eu o interrompi.
— Um milhão, vinte e quatro mil, novecentos e quatorze. — respondi a sua pergunta, e ele me olhou por alguns segundos tentando raciocinar o que eu havia acabado de falar. Em seguida, tirou o celular do bolso, e entrou no que eu deduzi ser a calculadora, pois a cara que ele me olhou em seguida foi impagável.
— Como você...? Não é possível. Você está bêbada. — balançou a cabeça negativamente e eu ri com vontade daquilo — Cara, isso é bem surreal. — soltou uma risada nasalada, ainda me olhando incrédulo.
— Me dizem isso desde que eu tinha 10 anos, e conseguia ajudar o com a matemática da escola dele. — andei até ele e me sentei no braço da poltrona na qual ele estava — Acredite, ou não, mas eu acabei o colegial aos 15 anos, e como eu estava no internato e não podia parar de estudar, meu pai mandou um tutor para que eu pudesse me formar em contabilidade. — ri pelo nariz balançando a cabeça, ao pensar no quão absurdo aquilo era.
— Você estava num internato? — me olhou sem entender mais nada do que eu falava — O que você fez de tão grave pra ser mandada pra um internato? — soltou uma risada nasalada.
— Eu não fiz nada de errado. — dou ombros — Pelo contrário, eu era bem quieta nessa época, adorava estudar, matemática principalmente... — dei um sorriso fraco ao me lembrar daquilo. E não era mentira, matemática sempre foi a minha matéria favorita. — Só que depois que a minha mãe morreu, meu pai me mandou para esse internato na Austrália. — ri sem humor, e suspirei em seguida — E quando começou essa história de tutor, fazer faculdade antes da hora, eu comecei a ficar sobrecarregada e comecei a fazer coisas bem loucas, como fugir durante a noite com uns amigos mais velhos também do internato, beber todas as bebidas que eu queria, e foi quando eu descobri as corridas. — o olhei, percebendo que ele manteve seu olhar o tempo todo em mim de uma forma curiosa, a espera que eu continuasse — A minha primeira corrida foi aos 17 anos, e eu não ganhei se você quer saber, mas foi quando eu decidi que amava correr. — ri com aquilo, e ele me acompanhou — Desde então, eu cansei de ser a certinha da família, mas é claro que nem o , e muito menos o meu pai, sabem desse meu outro lado. — me encolhi um pouco, e abracei meu corpo, pois ventava um pouco ali.
— Olhando pra você, e todo esse seu jeito, não dá nem pra desconfiar de toda essa história. — negou com a cabeça se encostando na poltrona — Mas se você quer saber, faz muito sentido cada parte disso. — riu pelo nariz e voltou a me olhar.
— Nem todo mundo nasce rebelde como você, . — falei com humor e ele riu manejando a cabeça em concordância.
— É algo para poucos. — deu uma piscadela e passou a mão pelos cabelos de uma forma convencida, me fazendo rir com aquilo — Mas o lado rebelde, combina com você. — me olhou e deu um sorrisinho de canto.
— Sabe que eu também acho? — riu com a minha resposta — Porque se eu fosse a garota certinha de antes, eu com certeza não daria um beijo de boa sorte em um estranho. — ri pelo nariz, e ele concordou mantendo o sorrisinho em seus lábios.
— Mas agora você pode beijar um conhecido. — falou como quem não queria nada, e olhou nos meus olhos deixando com que eu encarasse aqueles belos olhos castanhos que ele tinha.
— É uma opção. — mordi o lábio inferior, fazendo seu olhar descer dos meus olhos para os meus lábios, e sem nenhum aviso prévio ele me puxou para seu colo, e me beijou.
Não precisei de muito tempo para retribuir o beijo, e embrenhar uma das minhas mãos em seus cabelos, enquanto a outra mantinha firme em sua nuca. Dessa vez o seu beijo estava com ainda mais gosto de nicotina, isso porque ele havia acabado de fumar um cigarro. Porém, o gosto de menta também estava bem presente ali, o que me deixava curiosa em saber como ele conseguia manter sempre aquele gosto em sua boca, pelo menos estava ali nas três vezes que nos beijamos.
Ele mordeu meu lábio inferior o puxando levemente, mas sem intenção de cortar o beijo, o que eu confirmei quando ele espalmou sua mão na minha bunda, fazendo meu corpo se encaixar ao dele naquela pequena poltrona, e envolveu meus lábios novamente com os seus, mas dessa vez em um beijo mais quente, e com muito mais intensidade.
Soltei o ar em sua boca ao sentir sua mão apertar minha bunda com vontade, e sem nenhum pudor, não que precisasse. Passei minhas unhas por sua nuca, mas não de uma forma delicada, e sim com um pouco mais de agressividade, o que ele não pareceu se importar.
Dessa vez, fui eu quem segurou seu lábio inferior entre os dentes, e dei uma leve sugada antes de soltá-lo. O que lhe deu a deixa para descer os beijos para o meu pescoço, onde ele começou a dar beijos bem molhados. Senti seus dentes roçarem contra a minha pele, ao mesmo tempo em que sua mão gelada adentrou a minha regata e tocou as minhas costas quentes, ambos me fazendo arquear o corpo para trás, deixando meu pescoço completamente livre para ele.
Ele chupava, mordia, lambia meu pescoço com vontade e eu já conseguia sentir o efeito disso em minha intimidade. Para não ser a única ali me sentindo daquela forma, comecei a me mover em seu colo, fazendo movimentos de vai e vem, que eu percebi dar certo, já que ele me mordeu com mais força e em seguida soltou um gemido baixo ali.
Ao ter certeza de que aquilo já estava demorando muito a acontecer, me levantei o fazendo me olhar com reprovação e confusão, e eu não pude evitar uma risada com aquilo, o puxando pela mão e o fazendo se levantar.
— Calma, eu só quero ir pra um lugar mais confortável que essa poltrona. — falei antes de voltar a enlaçar os braços em seu pescoço, enquanto o empurrava para dentro do apartamento.
— Seria bem frustrante se você me deixasse duro como eu estou e parasse logo depois. — falou próximo ao meu ouvido, me fazendo soltar um risinho, mas sentir os efeitos surgidos com aquela frase, entre as minhas pernas.
— Eu não faria isso. — sussurrei de volta o sentindo voltar a beijar o meu pescoço, enquanto o empurrava a cegas até o seu quarto, que eu ainda não fazia menor ideia de qual era — Porque eu quero muito sentir o quão duro você está. — mordi o lóbulo da sua orelha, dando uma leve puxada entre os dentes.
Num gesto quase que involuntário, ele girou meu corpo e eu logo senti minhas costas chocarem contra a parede de uma forma nada delicada e acabei soltando um gemido de dor com aquilo, e o encarei.
— Você não imagina o quão excitante é te ouvir falar isso. — me olhou nos olhos, onde eu podia ver suas íris queimarem de luxúria.
Antes que eu pudesse responder algo, ele levou as mãos à barra da minha regata e a puxou para cima, me fazendo levantar os braços para que ele pudesse tirá-la. Assim que o fez, ele a jogou para qualquer canto e encarou meus seios com um sorriso malicioso brincando em seus lábios.
Voltei a puxá-lo para mim, não aguentando mais a vontade que eu estava de ter seus lábios contra os meus novamente, e o beijei com certa pressa, enquanto ele me puxava pela cintura para que voltássemos a seguir o caminho para o seu quarto. Eu nem vi quando, ou como chegamos lá, e só fui perceber onde estava, quando meu corpo foi jogado agressivamente contra sua cama, e a porta bateu em seguida.
Ele tirou sua camisa e a jogou para o lado, deixando seu abdômen completamente exposto, me fazendo morder o lábio ao encará-lo. Ele não era sarado, ou cheio de músculos e a barriga trincada, pelo contrário, seu corpo magro e tatuado era o que me excitava. E pra ser sincera, eu nunca havia tido desejo por homens musculosos e muito maiores do que eu.
Logo ele se deitou sobre mim e voltou a me beijar, mas não sem antes se livrar do meu sutiã e envolver um dos meus seios com sua mão. Enquanto nossas línguas desesperadas se moviam em nossas bocas, sua mão brincava com o meu seio, ora ele o massageava, outra ele apertava meu mamilo entre os dedos, de uma forma um tanto quanto excitante.
Mais uma vez ele soltou meus lábios, e ao aproximar dos meus seios, ele mordiscou meus seios e voltou a descer os beijos, passando pela minha barriga até chegar ao cós da minha calça, onde ele passou direto para tirar as minhas botas, ou então não conseguiria tirar minha calça. Assim que o fez, ele voltou para o cós da minha calça e o abriu, a descendo devagar pelas minhas pernas e ganhando completa visão da minha intimidade, coberta apenas por uma pequena lingerie de renda roxa.
Ele deu um sorriso bastante malicioso, e me encarou arqueando a sobrancelha como se quisesse saber se eu estava esperando por aquilo, e eu apenas ri um pouco, antes de respondê-lo.
— A gente nunca sabe quando vai rolar um sexo casual. — dei ombros e ele riu dessa vez balançando a cabeça.
Ao contrário do que eu pensava, ele logo voltou a ficar sério e focado no que estava fazendo anteriormente, e desceu a minha calcinha, que teve o mesmo destino do resto das roupas, e se encaixou entre minhas pernas. Antes que eu pudesse pensar em algo, senti sua respiração contra minha intimidade, que já estava bastante úmida e ele não demorou muito a começar estimular meu clitóris com a língua.
Ele não demorou muito a penetrar dois dedos em minha intimidade, os movendo numa velocidade razoável e fazendo com que eu soltasse vários gemidos roucos. A medida que ele foi aumentando os movimentos, eu fui me vendo obrigada a fechar os olhos e morder o lábio para não gemer ainda mais alto, e dar a ele aquele gostinho de vitória por conseguir me deixar naquele estado.
— Vai lá, pode gritar. — falou com um tom debochado, trocando sua língua em meu clitóris, pelo polegar — Não precisa se reprimir. — parou os movimentos com os dedos, mas segundos depois, abocanhou minha intimidade penetrando sua língua, e sugando o meu clitóris com vontade.
Acabei não conseguindo segurar o gemido alto que escapou pelos meus lábios, e ele se manteve ali entre minhas pernas por mais algum tempo, mas assim que eu segurei seu cabelo, ele parou o que fazia, fazendo com que eu o olhasse com reprovação.
— Eu adoraria que você gozasse na minha boca, mas seria tão fácil. — riu pelo nariz, sem tirar o tom de deboche na sua voz, e por um segundo eu quis socá-lo, mas ao invés disso eu me sentei, e o fiz deitar na cama, ficando por cima dele.
— Se você pode brincar, eu também posso. — um sorrisinho travesso se abriu em meus lábios, e foi retribuído por ele.
Mordi seu pescoço, e dei um chupão forte em seu peito antes de descer por todo seu abdômen até chegar a sua calça. Pra minha felicidade, ele já havia se livrado dos sapatos e também das meias, que horas, eu não fazia ideia, mas facilitou todo o processo. Tirei sua calça com pressa, o deixando vestido apenas com sua cueca box azul, da Calvin Klein e acabei parando um tempo para olhá-lo.
Dava entender o porquê eu o achava sexy em praticamente tudo. Aquele homem era praticamente o tesão em forma humana.
— Tá gostando do que tá vendo? — falou mantendo o tom debochado em sua voz, enquanto me olhava com um sorrisinho.
— Vou gostar mais, quando você tiver sem nada. — devolvi sua piadinha, mas ele manteve o sorrisinho debochado.
Já não aguentando mais aquilo, eu tirei sua cueca e a joguei para trás, tendo completa visão do seu membro já bem ereto e senti minha intimidade contrair ao imaginar ele dentro de mim.
Antes que ele pudesse soltar mais alguma piadinha, eu envolvi seu membro com uma das minhas mãos e comecei a masturbá-lo lentamente o fazendo jogar a cabeça para trás.
Homens, era tão fácil enlouquecê-los.
Abaixei-me entre suas pernas, e passei a língua por sua glande, sem parar os movimentos com a mão. Assim que comecei a chupá-lo, um gemido rouco saiu da sua garganta, e eu comecei a fazer aquilo com ainda mais vontade.
Eu fazia movimentos ora rápidos, ora lentos, e o que não cabia em minha boca, eu mantinha em minhas mãos ainda as movimentando, e sugava sua glande algumas vezes. Percebi que estava conseguindo o que eu queria, quando ele segurou meus cabelos com força, e soltou um gemido alto e estridente.
— Chega... — falou com dificuldade, puxando minha cabeça para encará-lo, fazendo com que eu parasse o que eu fazia — Eu não aguento mais. — me jogou novamente na cama, e abriu a gaveta tirando de lá uma camisinha — Eu preciso foder você. — falou me olhando com certa intensidade enquanto abria a camisinha com a boca, e eu pude sentir um arrepio percorrer minha espinha.
Ele voltou a subir na cama, e se encaixou entre minhas pernas e me penetrou com uma lentidão um tanto quanto exagerada, me fazendo soltar um gemido baixo. Envolveu um dos braços na minha cintura e me puxou mais pra ele, e assim que colou nossos corpos, ele começou a se mover com vontade.
Segurei em sua nuca e colei nossos lábios com pressa, pois ansiava por sentir o gosto de sua boca novamente. E não podia deixar de pensar o quanto seu beijo me era viciante, era como uma droga, e quanto mais eu o beijava, mas eu queria beijá-lo. Com ele parecia não ser diferente, já que nós mal nos separávamos, ele já estava ali, de novo, com seus lábios sobre os meus, com sede daquele beijo.
Ele se movia rápido dentro de mim, o que me obrigava a separar nossos lábios algumas vezes para gemer, e ele acabava tendo que fazer o mesmo. Espalmei minhas mãos por suas costas, e desci as unhas ali com vontade, sem me preocupar com as marcas que deixaria, e ele logo descontou os arranhões com um chupão forte em meu ombro. Se fosse em meu pescoço, eu o mataria.
Nossos corpos se chocavam em uma completa sincronia, e tudo que se ouvia no quarto era os nossos gemidos, e o barulho da cama se movendo junto com a gente. Imagina como não estariam bravos os vizinhos de baixo, com o barulho às três da manhã. E quem se importava com vizinhos mesmo? Bom, eu não.
— É só o que você consegue fazer, ? — falei o fazendo parar o que fazia no meu pescoço, para me olhar desacreditado que eu havia falado aquilo. — Eu faço melhor com os dedos. — o provoquei, e ele deu um risinho debochado, logo em seguida deu uma estocada forte e funda que acabou me fazendo gemer alto. E outra, e mais outra, e assim ele fez mais algumas vezes, fazendo com que fosse impossível não gemer alto.
— O que você disse mesmo? — falou em deboche, voltando a se mover como antes e eu balancei a cabeça o ignorando, e me concentrando em chupar e morder seu pescoço.
Ele nos girou na cama me deixando por cima, e eu me sentei em seu colo, começando a rebolar sobre seu membro, enquanto ele me observava. Aproveitando que ele só me olhava, eu levei minhas mãos em meus seios, e os massageei enquanto o encarava com um sorrisinho malicioso, que logo foi retribuído por ele.
— Você adora provocar não é? — soltou uma risada nasalada, e eu dei ombros. Logo em seguida, ele levou uma das mãos até minha intimidade e pressionou meu clitóris, voltando a estimulá-lo — Eu vou fazer você gozar de uma forma que você nunca vai esquecer. — falou de uma maneira extremamente sexy, me fazendo estremecer e morder o lábio inferior.
— E você vai lembrar disso de qualquer forma. — segurei sua outra mão a levando até o meu seio, e ele logo entendeu o que eu queria começando a massageá-lo. Tirei sua mão da minha intimidade, a segurando e levando os dois dedos que ele antes usava, e os levei a boca os chupando lentamente.
— Caralho, garota! — falou alto e voltou a nos girar na cama, ficando novamente por cima — Você é extremamente gostosa. — sussurrou próximo ao meu ouvido, e mordeu o lóbulo da minha orelha em seguida — Eu preciso te fazer gozar logo, antes que você acabe comigo. — falou e eu soltei um gemido rouco em sua orelha, e ele soltou o ar em minha boca antes de voltar a me beijar.
Os movimentos se tornaram ainda mais intensos que antes, e dessa vez ele levantou minha perna esquerda a colocando em volta de seu quadril para se mover melhor. O que resultou em um gemido alto da minha parte, que era mais parecido com um grito, ao atingir meu orgasmo. E não demorou muito para que ele fizesse o mesmo, e deixasse lentamente de se mover, até que parou completamente os movimentos.
Nossas respirações estavam ofegantes e nossos corpos completamente suados quando acabamos. Nossos lábios se manteram colados em um beijo mais calmo, e minha mão desceu da sua nuca para as suas costas se juntando a outra, mas ele manteve sua mão em meu seio, e colocou a outra em minha cintura a acariciando.
Assim que cortamos o beijo ele me olhou, e nenhum de nós dois precisou falar nada pra saber que havia sido maravilhoso aquilo. Não era nada difícil admitir que ele havia sido um dos melhores sexos da minha vida, senão o melhor, mas eu não daria aquele gostinho a ele. Não por enquanto.
Ele saiu de cima de mim, e se levantou tirando a camisinha e em seguida foi para o banheiro. Ele demorou um pouco lá, e eu me ajeitei debaixo do lençol me deitando com a cabeça em seu travesseiro. Logo que ele voltou, ele se deitou ao meu lado debaixo do lençol, e colocou sua mão na minha bunda.
— Boa noite. — falei após rir um pouco com seu gesto, e lhe dei um beijo rápido, voltando a me deitar.
— Boa noite. — respondeu antes que eu fechasse os olhos, e assim que eu fiz senti meu corpo pesar, então logo dormi.
Quando acordei naquela manhã, eu estava sozinha na cama e com o lençol jogado sobre o meu corpo. O cheiro de estava bem visível em meu olfato, se misturando com o meu próprio cheiro, e aquilo fazia com que eu quisesse repetir a noite anterior.
Aquilo não podia se repetir, nunca mais.
Respirei fundo enquanto abria os olhos e me sentei na cama, não me preocupei em segurar o lençol para cobrir meus seios, eu estava sozinha ali no quarto e mesmo se não tivesse, já havia visto e tocado em tudo mesmo. Passei as mãos pelo rosto, e arrumei o cabelo da melhor forma que conseguia e me levantei da cama em seguida.
Primeiro vesti o meu sutiã, que foi a primeira coisa que eu achei. Depois fui a procura da minha calcinha, mas não a encontrei em lugar algum.
Droga, !
Eu não podia demorar ali, precisava dar um jeito de encontrar o para chegarmos juntos em casa, então desisti de tentar encontrar a calcinha e acabei de me vestir sem ela mesmo. Depois de vestir a calça e calçar as botas, fui para o banheiro, lavei o rosto e penteei o cabelo com um pente do que estava sobre a pia, e consegui dar um jeito de não parecer tão descabelada. Escovei os dentes com o dedo mesmo, só pra não ficar com o hálito ruim, e aproveitei para fazer xixi enquanto estava ali.
Saí do banheiro atrás da minha regata, que não estava no quarto e fui para o corredor, mas acabei a encontrada na sala. Como havia ido parar ali, eu não fazia ideia, estava tão extasiada que nem percebi para onde ela havia sido jogado. Depois de pegá-la, a vesti e notei que me olhava da cozinha, enquanto bebericava algo de sua xícara, que eu deduzi ser café, por causa do cheiro forte.
— Bom dia. — soltei uma risada nasalada, e me aproximei do balcão o encarando do meu lado oposto.
— Bom dia. — falou após beber um gole do líquido em sua xícara, e a estendeu na minha direção. Ao ter certeza de que era café, eu fiz uma careta enojada e neguei com a cabeça. Não conseguia entender como as pessoas bebiam aquilo, era horrível.
— Eu preciso ir embora. — olhei a mensagem de em meu celular, na qual dizia para encontrá-lo na lanchonete a três quarteirões de nossa casa — Preciso encontrar o para irmos juntos pra casa. — bloqueei o celular e voltei a olhá-lo enquanto ele acabava seu café.
— Quer que eu te leve até lá? — me olhou enquanto ia até a pia começando a lavar sua xícara.
— Não precisa, eu pego um táxi. — balancei a cabeça e ele assentiu — E acho que precisamos falar sobre ontem... — falei deixando a frase no ar, e ele acabou de lavar a xícara a deixando de lado na pia para secar. Aproximou-se do balcão me olhando, a espera que eu continuasse — A noite foi ótima, foi tudo incrível. Você é maravilhoso... — ele me interrompeu.
— Mas? — falou me fazendo olhá-lo confusa, então continuou — Sempre vem um 'mas' depois de tantos elogios, como agora. — explicou parecendo um pouco entediado com tudo aquilo.
— Mas não pode se repetir. — completei a minha frase de ontem, e ele saiu de trás do balcão, saindo da cozinha e indo para sala — Você é o rival do , tipo inimigo número 1. Seria bem errado que nós nos envolvêssemos. — me virei para olhá-lo, e ele soltou uma risada nasalada, mas a feição em seu rosto não demonstrava surpresa. Era como se ele já esperasse aquilo.
— Você não faz as coisas por você? — se virou para me olhar — É só pelo ? Porque você sempre o usa como justificativa nas coisas que você não "pode" fazer. — balançou a cabeça negativamente.
— Não é bem assim. — soltei uma risada nasalada e andei alguns passo até chegar ao sofá, praticamente no lado oposto ao qual ele estava — Ontem a noite foi apenas sexo, não tinha nada mais do que desejo e atração entre a gente. Caso continuemos com isso, vamos começar a nutrir sentimentos um pelo outro, pelo menos eu sei que vou, eu tenho um coração, e por mais que não te conheça o suficiente, tenho certeza que você também tem um. — comecei a me explicar, enquanto o olhava, e ele mantinha seu olhar em mim, tentando entender o que eu falava — E isso me faria ter que escolher entre você ou o . — ri fracamente — Eu não quero ter que escolher. — neguei com a cabeça, suspirando em seguida.
— Por que é claro que você escolheria seu irmão, não é? — riu de escárnio e mais negou com a cabeça — Todo mundo sempre escolhe o . Afinal, ele é bem melhor do que eu. — falou com um tom que me parecia mágoa, e eu me vi sem respostas para aquilo. Algo me dizia que não era só de hoje que ele estava falando — Não precisa falar mais nada. — me deu as costas e saiu pelo corredor — Fecha a porta quando sair. — falou alto para que eu ouvisse, antes de entrar para seu quarto e bater a porta com força.
Fiquei parada ali onde estava por um tempo, encarando o lugar onde estava anteriormente tentando entender o porquê de ele ter reagido daquela forma. Eu sabia que tinha algo de muito errado dessa história dele com o , só não fazia ideia do que era.
Balancei a cabeça negativamente, disposta a não me meter naquilo para não deixar pior do que estava, caso o descobrisse minha noite com o . Eu nem conseguia imaginar como ele reagiria.
Peguei a minha jaqueta e a vesti, arrumando os maços de dinheiro da corrida de ontem em meus bolsos, e Saí, mas não sem antes de olhar para o corredor a procura de . Ele continuava no quarto, e pelo visto não sairia de lá enquanto eu estivesse ali em seu apartamento. Saí e fechei a porta como ele havia me pedido, e assim eu fui pra casa.
Peguei um táxi e disse para onde ia, assim ele seguiu para meu destino. não morava tão longe da minha casa, então foi questão de 10 minutos até o táxi parar em frente a lanchonete.
— Fica com o troco. — lhe entreguei uma nota de vinte libras, e desci do carro ouvindo seu 'obrigado' sair baixo.
Fui até a entrada da lanchonete e logo que passei pela porta o sininho soou, e eu vi que estava sentado no fundo levantando o braço para que eu o vi, então logo fui até lá.
— Bom dia. — me sentei em sua frente enquanto ele mordia seu hambúrguer.
— Bom dia. — falou com a boca cheia enquanto me olhava, e eu fiz uma careta enojada com aquele gesto — Qual hotel você passou a noite? — perguntou curioso acabando de engolir a comida em sua boca.
— Vai conferir se eu passei a noite lá mesmo? — falei um pouco mal humorada, e ele arqueou a sobrancelha.
— Eu só queria saber. — levantou os braços na altura de sua cabeça — Parece que alguém acordou de mau humor. — falou com deboche e cutucou a minha bochecha.
— Vai se foder, . — lhe dei um tapa na mão e revirei os olhos, sem muita paciência para aquilo.
— O que aconteceu com você, hein? — bebeu um pouco de suco, e voltou a comer.
— Não aconteceu nada. Só não tô com paciência pra ouvir seus deboches, e muito menos pra você querer investigar a minha vida. — bufei me encostando contra a cadeira, e cruzando os braços em frente ao corpo.
— Não tá mais aqui quem falou. — deu ombros e riu pelo nariz se concentrando apenas em comer.
Enquanto ele comia, eu o olhava criando várias teorias em minha cabeça sobre o que o falava. Nada me parecia fazer sentido, então acabei desviando os pensamentos para o milk shake que o havia pedido, e que eu acabei comendo, mesmo com ele reclamando.
Aquilo estava ótimo, ele que pedisse outro.
Depois que comemos ele pagou a conta e nós saímos indo direto para o seu carro. Logo que entrei eu pude sentir o cheiro enjoativo de perfume que estava dentro de seu carro. Parecia que alguém havia derrubado um vidro de perfume ali dentro.
Fomos todo o caminho ouvindo algumas músicas na rádio, já que havia desistido de falar comigo, o que era ótimo, porque eu não queria falar.
Chegamos em casa, e pra minha felicidade não encontramos com meu pai. Eu não estava nenhum pouco a fim de ter que dar satisfações pra ele, então subi logo para o meu quarto e me tranquei lá dentro.
Tirei todo o dinheiro que havia ganhado na corrida, e me abaixei ao lado da minha cama. Levantei uma das tabuas do chão, e coloquei o dinheiro dentro de um saco plástico que eu deixava ali. Eu havia descoberto aquele lugar aos 10 anos, quando tive uma cárie e minha mãe me proibiu de comer doces, então eu escondia tudo ali para comer quando bem entendesse. E minha mãe nunca havia descoberto.
Depois de guardar o dinheiro ali, onde eu sabia que ninguém acharia, me levantei e tirei as botas. Fui para o banheiro, me despi e entrei no box.
Acabei demorando bem mais do que esperava no banho, já que não conseguia parar de pensar no . Não só na nossa briga de hoje, mas também na nossa noite. O que acabou me fazendo rir com nossas provocações, que não pararam nem quando já estávamos ocupados na cama.
O que será que ele faria quando encontrasse minha calcinha em seu quarto?
Balancei a cabeça negativamente, tentando afastar todos os pensamentos que eram envolvidos a ele da minha cabeça. Acabei o banho e saí do banheiro vestida com o meu roupão e os cabelos enrolados em uma toalha. Vesti uma lingerie, passei hidratante e deixei o roupão de lado. Desembaracei meus cabelos, o que demorou um pouco, já que por causa da noite de ontem estava ainda um pouco demorado e o deixei secar naturalmente.
Fui para a cama e me deitei. Como não estava com sono, fiquei apenas olhando para o teto. O que resultou em voltar a pensar no , e tudo o que ele havia falado.
— Você mora em um apartamento? — arqueei a sobrancelha, e ele riu com a obviedade da minha pergunta. — Achei que morava com seus pais. — me expliquei soltando uma risada nasalada e ele negou com a cabeça.
— Eu não moro com eles desde os 16 anos. — me olhou rapidamente enquanto parava o carro em sua vaga. — Eu era problema demais pra eles, e aí me mandaram pra morar com a minha vó. — riu de escárnio, e eu mantive meu olhar nele. — Quando eu tava com 18 anos, minha vó achou que eu merecia um pouco de privacidade e me deu esse apartamento, mas eu continuo indo sempre a casa dela, e algumas vezes até passo a noite lá. — parou o carro e me olhou.
Não falei nada, apenas balancei a cabeça dizendo que entendi, pois não queria parecer Invasiva, até porque a gente não se conhecia o suficiente para conversar sobre aquelas coisas.
Assim que ele desligou o carro, nós descemos e logo e fizeram o mesmo do nosso lado, e nós quatro seguimos para o elevador.
— A gente sempre acaba as noites de corrida aqui, no apartamento do . — me olhou enquanto apertava o botão do último andar. — E agora você vai poder vir sempre com a gente. — falou empolgada e eu acabei rindo com aquilo. — É bom não ser a única garota da equipe. — sorriu, e eu fiz o mesmo.
— Não vai ser possível eu vir com vocês, por causa do . — suspirei me encostando ao lado de no fundo de vidro do elevador.
— Você sabe que o não pode te impedir de fazer nada, não é? — me olhou arqueando a sobrancelha.
— O fato não é ele não poder me impedir não é ponto disso. — balancei a cabeça e o elevador parou no vigésimo andar. — Os problemas da minha família são muito mais complexos do que isso. — ri fraco, enquanto olhava a porta de metal se abrir.
— Você pode falar que vai dormir na casa de alguma amiga. — sugeriu me olhando, enquanto saiamos do elevador.
— Não vão acreditar, porque eu passei meus últimos sete anos na Austrália, eu não tenho amigos aqui. — o olhei, os seguindo para o apartamento do . — Mas não se preocupem, com o passar do tempo eu vou ter uma justificativa pra sair de casa sem o . — intercalei meu olhar entre o três, mantendo-o por mais tempo em que o sustentou enquanto abria a porta.
— Bom, depois a gente pensa em desculpas pra você vir ficar com a gente. — me olhou e eu concordei, antes de passar por para entrar no apartamento. — Agora nós vamos comemorar as vitórias da nossa equipe. — levantou os braços e soltou um gritinho animado.
— Eu vou pegar as bebidas. — saiu em direção à cozinha, que era separada da sala apenas por um balcão de mármore.
Olhei em volta reparando na decoração simples, e neutras. O que realmente se destacava por todo apartamento eram os desenhos nas paredes. Alguns coloridos, outros em apenas preto e branco. Era tudo lindo.
— Esses desenhos são demais. — me aproximei de uma das paredes, passando a mão sobre a mesma.
— Obrigado. — se aproximou de mim, e parou alguns centímetros atrás.
— Foi você quem fez? — me virei para ele surpresa com aquilo, e ele assentiu com a cabeça rindo baixo — Ual! — foi tudo o que eu consegui dizer, de tão admirada que estava com o talento que ele tinha.
— Tem outros espalhados pelo apartamento. — apontou para trás, e olhou em seguida. — Pode ficar a vontade pra ver todos. — voltou a me olhar, e eu me aproximei dele.
— Você não vai me apresentar o resto do apartamento? — falei me fazendo de ofendida, e ele deu um sorrisinho irônico aproximando seus lábios do meu ouvido.
— O meu quarto eu faço questão de te apresentar, mais especificamente a minha cama. — sussurrou de uma forma sexy e eu mordi o lábio com aquilo.
— Você sempre leva tudo pro lado sexual? — o olhei arqueando a sobrancelha, e ele deu ombros se afastando e se sentando no sofá.
— Só quando você tá perto de mim. — deu uma piscadela, e eu ri me divertindo com essa história, me sentando em seu lado em seguida — E você correspondeu em todos os momentos. — se virou pra mim, dando um sorrisinho irônico.
— Achou que eu ia ficar vermelha com suas frases de duplos sentidos? — retribui seu sorrisinho e sustentei seu olhar, como se o desafiasse.
— Não acho que isso faça seu estilo. — manteve seu olhar no meu.
— Vocês dois tão tendo um caso? — falou voltando pra sala com três garrafas de cerveja em mãos.
— . — o repreendeu, dando-lhe um tapa em seu peito, e eu ri.
— A gente não tem nada. — olhei para que me entregava uma cerveja, e a outra para o .
— É só sexo casual. — falou e eu o olhei incrédula, e ele gargalhou sendo acompanhado dos outros.
— Idiota. — lhe empurrei levemente e ri junto com eles, bebericando minha cerveja em seguida.
— Na verdade, ela quer me levar pra cama, mas eu não quero. — ele falou ainda com humor bebendo um gole da sua cerveja.
— É claro que eu quero. — entrei na brincadeira — Quero possuir todo esse seu corpinho, . — passei a mão em seu peito, e ele arqueou a sobrancelha, mas nós dois rimos em seguida.
— E o encontrou alguém que retribui as brincadeiras sexuais dele. — falou nos olhando, e concordou rindo.
— Eu disse que ela podia superar nossas expectativas. — falou bebendo um gole da cerveja e eu o olhei não evitando um sorriso.
Depois que tomamos algumas — várias — cervejas e conversamos sobre várias coisas aleatórias, e muitas delas envolvendo corridas, como por exemplo, como a equipe foi formada, ou quando ganhou sua primeira corrida, foi para a varanda, onde se sentou em uma poltrona que havia lá, e acendeu um cigarro.
— Acho que devíamos ir embora. — falou para , que eu descobri que eles namoravam há algum tempo, e ele concordou.
— Vocês não vão passar a noite aqui? — olhei para eles sem entender — Vocês não estão em muitas condições de dirigir. — fiz uma cara confusa.
— Eu bebi só duas cervejas, já dirigi pior do que isso. — riu enquanto se levantava do sofá — Não se preocupe, nós vamos chegar bem em casa. — beijou a minha bochecha.
— A gente se vê na próxima corrida, . — também beijou a minha bochecha, e se levantou, mas voltou a cair no sofá em seguida me fazendo rir.
— A gente se vê, . — falei ainda rindo, e o ajudei a se levantar com , e fomos até a porta.
— Diz pro que eu falo com ele amanhã. — me olhou antes de sair, e eu assenti com a cabeça.
Logo que os dois foram para o elevador, eu fechei a porta e voltei para dentro. Vi que ainda estava na metade do cigarro, então resolvi ir até ele.
— Você sabe que isso vai te matar, não né? — falei ao entrar na varanda e me encostei do parapeito.
— Da mesma forma que eu posso sofrer um acidente de carro, ou morrer afogado em uma banheira. — ele me olhou voltando a tragar o cigarro, e eu arqueei a sobrancelha.
— Você sabe a probabilidade de se morrer afogado numa banheira? — falei soltando uma risada baixa e ele deu ombros rindo junto — De acordo com as minhas fontes, é mais ou menos, uma em cada 11.000 pessoas morrem afogadas na banheira. — voltei meu olhar para a vista que havia ali, e era muito bonita por sinal, enquanto mantinha minha cara pensativa — Isso equivale a aproximadamente 0,009%. — voltei a olhá-lo e ele arqueou a sobrancelha dessa vez.
— Eu vou ignorar o fato de você saber quantas pessoas, em quantas morrem afogadas numa banheira, porque eu quero muito entender como você calculou a probabilidade tão rápido. — manteve seu olhar em mim, tragando mais uma vez o cigarro.
— Talvez você não soubesse, mas eu sou um prodígio da matemática. — fiz uma careta que eu diria ser um tanto quanto engraçada, enquanto o olhava soltar a fumaça de uma forma que o deixava bem sexy.
— Você está falando sério? — me olhou duvidoso, e eu concordei com a cabeça rindo — Então, quanto é 1.758 multiplicados por 583? — acabou o cigarro, o apagando no cinzeiro ao lado da poltrona.
— Jura? — falei incrédula e ele deu ombros como se aquilo não fosse nada demais.
— É, você estava mesmo debo... — começou a falar, mas eu o interrompi.
— Um milhão, vinte e quatro mil, novecentos e quatorze. — respondi a sua pergunta, e ele me olhou por alguns segundos tentando raciocinar o que eu havia acabado de falar. Em seguida, tirou o celular do bolso, e entrou no que eu deduzi ser a calculadora, pois a cara que ele me olhou em seguida foi impagável.
— Como você...? Não é possível. Você está bêbada. — balançou a cabeça negativamente e eu ri com vontade daquilo — Cara, isso é bem surreal. — soltou uma risada nasalada, ainda me olhando incrédulo.
— Me dizem isso desde que eu tinha 10 anos, e conseguia ajudar o com a matemática da escola dele. — andei até ele e me sentei no braço da poltrona na qual ele estava — Acredite, ou não, mas eu acabei o colegial aos 15 anos, e como eu estava no internato e não podia parar de estudar, meu pai mandou um tutor para que eu pudesse me formar em contabilidade. — ri pelo nariz balançando a cabeça, ao pensar no quão absurdo aquilo era.
— Você estava num internato? — me olhou sem entender mais nada do que eu falava — O que você fez de tão grave pra ser mandada pra um internato? — soltou uma risada nasalada.
— Eu não fiz nada de errado. — dou ombros — Pelo contrário, eu era bem quieta nessa época, adorava estudar, matemática principalmente... — dei um sorriso fraco ao me lembrar daquilo. E não era mentira, matemática sempre foi a minha matéria favorita. — Só que depois que a minha mãe morreu, meu pai me mandou para esse internato na Austrália. — ri sem humor, e suspirei em seguida — E quando começou essa história de tutor, fazer faculdade antes da hora, eu comecei a ficar sobrecarregada e comecei a fazer coisas bem loucas, como fugir durante a noite com uns amigos mais velhos também do internato, beber todas as bebidas que eu queria, e foi quando eu descobri as corridas. — o olhei, percebendo que ele manteve seu olhar o tempo todo em mim de uma forma curiosa, a espera que eu continuasse — A minha primeira corrida foi aos 17 anos, e eu não ganhei se você quer saber, mas foi quando eu decidi que amava correr. — ri com aquilo, e ele me acompanhou — Desde então, eu cansei de ser a certinha da família, mas é claro que nem o , e muito menos o meu pai, sabem desse meu outro lado. — me encolhi um pouco, e abracei meu corpo, pois ventava um pouco ali.
— Olhando pra você, e todo esse seu jeito, não dá nem pra desconfiar de toda essa história. — negou com a cabeça se encostando na poltrona — Mas se você quer saber, faz muito sentido cada parte disso. — riu pelo nariz e voltou a me olhar.
— Nem todo mundo nasce rebelde como você, . — falei com humor e ele riu manejando a cabeça em concordância.
— É algo para poucos. — deu uma piscadela e passou a mão pelos cabelos de uma forma convencida, me fazendo rir com aquilo — Mas o lado rebelde, combina com você. — me olhou e deu um sorrisinho de canto.
— Sabe que eu também acho? — riu com a minha resposta — Porque se eu fosse a garota certinha de antes, eu com certeza não daria um beijo de boa sorte em um estranho. — ri pelo nariz, e ele concordou mantendo o sorrisinho em seus lábios.
— Mas agora você pode beijar um conhecido. — falou como quem não queria nada, e olhou nos meus olhos deixando com que eu encarasse aqueles belos olhos castanhos que ele tinha.
— É uma opção. — mordi o lábio inferior, fazendo seu olhar descer dos meus olhos para os meus lábios, e sem nenhum aviso prévio ele me puxou para seu colo, e me beijou.
Não precisei de muito tempo para retribuir o beijo, e embrenhar uma das minhas mãos em seus cabelos, enquanto a outra mantinha firme em sua nuca. Dessa vez o seu beijo estava com ainda mais gosto de nicotina, isso porque ele havia acabado de fumar um cigarro. Porém, o gosto de menta também estava bem presente ali, o que me deixava curiosa em saber como ele conseguia manter sempre aquele gosto em sua boca, pelo menos estava ali nas três vezes que nos beijamos.
Ele mordeu meu lábio inferior o puxando levemente, mas sem intenção de cortar o beijo, o que eu confirmei quando ele espalmou sua mão na minha bunda, fazendo meu corpo se encaixar ao dele naquela pequena poltrona, e envolveu meus lábios novamente com os seus, mas dessa vez em um beijo mais quente, e com muito mais intensidade.
Soltei o ar em sua boca ao sentir sua mão apertar minha bunda com vontade, e sem nenhum pudor, não que precisasse. Passei minhas unhas por sua nuca, mas não de uma forma delicada, e sim com um pouco mais de agressividade, o que ele não pareceu se importar.
Dessa vez, fui eu quem segurou seu lábio inferior entre os dentes, e dei uma leve sugada antes de soltá-lo. O que lhe deu a deixa para descer os beijos para o meu pescoço, onde ele começou a dar beijos bem molhados. Senti seus dentes roçarem contra a minha pele, ao mesmo tempo em que sua mão gelada adentrou a minha regata e tocou as minhas costas quentes, ambos me fazendo arquear o corpo para trás, deixando meu pescoço completamente livre para ele.
Ele chupava, mordia, lambia meu pescoço com vontade e eu já conseguia sentir o efeito disso em minha intimidade. Para não ser a única ali me sentindo daquela forma, comecei a me mover em seu colo, fazendo movimentos de vai e vem, que eu percebi dar certo, já que ele me mordeu com mais força e em seguida soltou um gemido baixo ali.
Ao ter certeza de que aquilo já estava demorando muito a acontecer, me levantei o fazendo me olhar com reprovação e confusão, e eu não pude evitar uma risada com aquilo, o puxando pela mão e o fazendo se levantar.
— Calma, eu só quero ir pra um lugar mais confortável que essa poltrona. — falei antes de voltar a enlaçar os braços em seu pescoço, enquanto o empurrava para dentro do apartamento.
— Seria bem frustrante se você me deixasse duro como eu estou e parasse logo depois. — falou próximo ao meu ouvido, me fazendo soltar um risinho, mas sentir os efeitos surgidos com aquela frase, entre as minhas pernas.
— Eu não faria isso. — sussurrei de volta o sentindo voltar a beijar o meu pescoço, enquanto o empurrava a cegas até o seu quarto, que eu ainda não fazia menor ideia de qual era — Porque eu quero muito sentir o quão duro você está. — mordi o lóbulo da sua orelha, dando uma leve puxada entre os dentes.
Num gesto quase que involuntário, ele girou meu corpo e eu logo senti minhas costas chocarem contra a parede de uma forma nada delicada e acabei soltando um gemido de dor com aquilo, e o encarei.
— Você não imagina o quão excitante é te ouvir falar isso. — me olhou nos olhos, onde eu podia ver suas íris queimarem de luxúria.
Antes que eu pudesse responder algo, ele levou as mãos à barra da minha regata e a puxou para cima, me fazendo levantar os braços para que ele pudesse tirá-la. Assim que o fez, ele a jogou para qualquer canto e encarou meus seios com um sorriso malicioso brincando em seus lábios.
Voltei a puxá-lo para mim, não aguentando mais a vontade que eu estava de ter seus lábios contra os meus novamente, e o beijei com certa pressa, enquanto ele me puxava pela cintura para que voltássemos a seguir o caminho para o seu quarto. Eu nem vi quando, ou como chegamos lá, e só fui perceber onde estava, quando meu corpo foi jogado agressivamente contra sua cama, e a porta bateu em seguida.
Ele tirou sua camisa e a jogou para o lado, deixando seu abdômen completamente exposto, me fazendo morder o lábio ao encará-lo. Ele não era sarado, ou cheio de músculos e a barriga trincada, pelo contrário, seu corpo magro e tatuado era o que me excitava. E pra ser sincera, eu nunca havia tido desejo por homens musculosos e muito maiores do que eu.
Logo ele se deitou sobre mim e voltou a me beijar, mas não sem antes se livrar do meu sutiã e envolver um dos meus seios com sua mão. Enquanto nossas línguas desesperadas se moviam em nossas bocas, sua mão brincava com o meu seio, ora ele o massageava, outra ele apertava meu mamilo entre os dedos, de uma forma um tanto quanto excitante.
Mais uma vez ele soltou meus lábios, e ao aproximar dos meus seios, ele mordiscou meus seios e voltou a descer os beijos, passando pela minha barriga até chegar ao cós da minha calça, onde ele passou direto para tirar as minhas botas, ou então não conseguiria tirar minha calça. Assim que o fez, ele voltou para o cós da minha calça e o abriu, a descendo devagar pelas minhas pernas e ganhando completa visão da minha intimidade, coberta apenas por uma pequena lingerie de renda roxa.
Ele deu um sorriso bastante malicioso, e me encarou arqueando a sobrancelha como se quisesse saber se eu estava esperando por aquilo, e eu apenas ri um pouco, antes de respondê-lo.
— A gente nunca sabe quando vai rolar um sexo casual. — dei ombros e ele riu dessa vez balançando a cabeça.
Ao contrário do que eu pensava, ele logo voltou a ficar sério e focado no que estava fazendo anteriormente, e desceu a minha calcinha, que teve o mesmo destino do resto das roupas, e se encaixou entre minhas pernas. Antes que eu pudesse pensar em algo, senti sua respiração contra minha intimidade, que já estava bastante úmida e ele não demorou muito a começar estimular meu clitóris com a língua.
Ele não demorou muito a penetrar dois dedos em minha intimidade, os movendo numa velocidade razoável e fazendo com que eu soltasse vários gemidos roucos. A medida que ele foi aumentando os movimentos, eu fui me vendo obrigada a fechar os olhos e morder o lábio para não gemer ainda mais alto, e dar a ele aquele gostinho de vitória por conseguir me deixar naquele estado.
— Vai lá, pode gritar. — falou com um tom debochado, trocando sua língua em meu clitóris, pelo polegar — Não precisa se reprimir. — parou os movimentos com os dedos, mas segundos depois, abocanhou minha intimidade penetrando sua língua, e sugando o meu clitóris com vontade.
Acabei não conseguindo segurar o gemido alto que escapou pelos meus lábios, e ele se manteve ali entre minhas pernas por mais algum tempo, mas assim que eu segurei seu cabelo, ele parou o que fazia, fazendo com que eu o olhasse com reprovação.
— Eu adoraria que você gozasse na minha boca, mas seria tão fácil. — riu pelo nariz, sem tirar o tom de deboche na sua voz, e por um segundo eu quis socá-lo, mas ao invés disso eu me sentei, e o fiz deitar na cama, ficando por cima dele.
— Se você pode brincar, eu também posso. — um sorrisinho travesso se abriu em meus lábios, e foi retribuído por ele.
Mordi seu pescoço, e dei um chupão forte em seu peito antes de descer por todo seu abdômen até chegar a sua calça. Pra minha felicidade, ele já havia se livrado dos sapatos e também das meias, que horas, eu não fazia ideia, mas facilitou todo o processo. Tirei sua calça com pressa, o deixando vestido apenas com sua cueca box azul, da Calvin Klein e acabei parando um tempo para olhá-lo.
Dava entender o porquê eu o achava sexy em praticamente tudo. Aquele homem era praticamente o tesão em forma humana.
— Tá gostando do que tá vendo? — falou mantendo o tom debochado em sua voz, enquanto me olhava com um sorrisinho.
— Vou gostar mais, quando você tiver sem nada. — devolvi sua piadinha, mas ele manteve o sorrisinho debochado.
Já não aguentando mais aquilo, eu tirei sua cueca e a joguei para trás, tendo completa visão do seu membro já bem ereto e senti minha intimidade contrair ao imaginar ele dentro de mim.
Antes que ele pudesse soltar mais alguma piadinha, eu envolvi seu membro com uma das minhas mãos e comecei a masturbá-lo lentamente o fazendo jogar a cabeça para trás.
Homens, era tão fácil enlouquecê-los.
Abaixei-me entre suas pernas, e passei a língua por sua glande, sem parar os movimentos com a mão. Assim que comecei a chupá-lo, um gemido rouco saiu da sua garganta, e eu comecei a fazer aquilo com ainda mais vontade.
Eu fazia movimentos ora rápidos, ora lentos, e o que não cabia em minha boca, eu mantinha em minhas mãos ainda as movimentando, e sugava sua glande algumas vezes. Percebi que estava conseguindo o que eu queria, quando ele segurou meus cabelos com força, e soltou um gemido alto e estridente.
— Chega... — falou com dificuldade, puxando minha cabeça para encará-lo, fazendo com que eu parasse o que eu fazia — Eu não aguento mais. — me jogou novamente na cama, e abriu a gaveta tirando de lá uma camisinha — Eu preciso foder você. — falou me olhando com certa intensidade enquanto abria a camisinha com a boca, e eu pude sentir um arrepio percorrer minha espinha.
Ele voltou a subir na cama, e se encaixou entre minhas pernas e me penetrou com uma lentidão um tanto quanto exagerada, me fazendo soltar um gemido baixo. Envolveu um dos braços na minha cintura e me puxou mais pra ele, e assim que colou nossos corpos, ele começou a se mover com vontade.
Segurei em sua nuca e colei nossos lábios com pressa, pois ansiava por sentir o gosto de sua boca novamente. E não podia deixar de pensar o quanto seu beijo me era viciante, era como uma droga, e quanto mais eu o beijava, mas eu queria beijá-lo. Com ele parecia não ser diferente, já que nós mal nos separávamos, ele já estava ali, de novo, com seus lábios sobre os meus, com sede daquele beijo.
Ele se movia rápido dentro de mim, o que me obrigava a separar nossos lábios algumas vezes para gemer, e ele acabava tendo que fazer o mesmo. Espalmei minhas mãos por suas costas, e desci as unhas ali com vontade, sem me preocupar com as marcas que deixaria, e ele logo descontou os arranhões com um chupão forte em meu ombro. Se fosse em meu pescoço, eu o mataria.
Nossos corpos se chocavam em uma completa sincronia, e tudo que se ouvia no quarto era os nossos gemidos, e o barulho da cama se movendo junto com a gente. Imagina como não estariam bravos os vizinhos de baixo, com o barulho às três da manhã. E quem se importava com vizinhos mesmo? Bom, eu não.
— É só o que você consegue fazer, ? — falei o fazendo parar o que fazia no meu pescoço, para me olhar desacreditado que eu havia falado aquilo. — Eu faço melhor com os dedos. — o provoquei, e ele deu um risinho debochado, logo em seguida deu uma estocada forte e funda que acabou me fazendo gemer alto. E outra, e mais outra, e assim ele fez mais algumas vezes, fazendo com que fosse impossível não gemer alto.
— O que você disse mesmo? — falou em deboche, voltando a se mover como antes e eu balancei a cabeça o ignorando, e me concentrando em chupar e morder seu pescoço.
Ele nos girou na cama me deixando por cima, e eu me sentei em seu colo, começando a rebolar sobre seu membro, enquanto ele me observava. Aproveitando que ele só me olhava, eu levei minhas mãos em meus seios, e os massageei enquanto o encarava com um sorrisinho malicioso, que logo foi retribuído por ele.
— Você adora provocar não é? — soltou uma risada nasalada, e eu dei ombros. Logo em seguida, ele levou uma das mãos até minha intimidade e pressionou meu clitóris, voltando a estimulá-lo — Eu vou fazer você gozar de uma forma que você nunca vai esquecer. — falou de uma maneira extremamente sexy, me fazendo estremecer e morder o lábio inferior.
— E você vai lembrar disso de qualquer forma. — segurei sua outra mão a levando até o meu seio, e ele logo entendeu o que eu queria começando a massageá-lo. Tirei sua mão da minha intimidade, a segurando e levando os dois dedos que ele antes usava, e os levei a boca os chupando lentamente.
— Caralho, garota! — falou alto e voltou a nos girar na cama, ficando novamente por cima — Você é extremamente gostosa. — sussurrou próximo ao meu ouvido, e mordeu o lóbulo da minha orelha em seguida — Eu preciso te fazer gozar logo, antes que você acabe comigo. — falou e eu soltei um gemido rouco em sua orelha, e ele soltou o ar em minha boca antes de voltar a me beijar.
Os movimentos se tornaram ainda mais intensos que antes, e dessa vez ele levantou minha perna esquerda a colocando em volta de seu quadril para se mover melhor. O que resultou em um gemido alto da minha parte, que era mais parecido com um grito, ao atingir meu orgasmo. E não demorou muito para que ele fizesse o mesmo, e deixasse lentamente de se mover, até que parou completamente os movimentos.
Nossas respirações estavam ofegantes e nossos corpos completamente suados quando acabamos. Nossos lábios se manteram colados em um beijo mais calmo, e minha mão desceu da sua nuca para as suas costas se juntando a outra, mas ele manteve sua mão em meu seio, e colocou a outra em minha cintura a acariciando.
Assim que cortamos o beijo ele me olhou, e nenhum de nós dois precisou falar nada pra saber que havia sido maravilhoso aquilo. Não era nada difícil admitir que ele havia sido um dos melhores sexos da minha vida, senão o melhor, mas eu não daria aquele gostinho a ele. Não por enquanto.
Ele saiu de cima de mim, e se levantou tirando a camisinha e em seguida foi para o banheiro. Ele demorou um pouco lá, e eu me ajeitei debaixo do lençol me deitando com a cabeça em seu travesseiro. Logo que ele voltou, ele se deitou ao meu lado debaixo do lençol, e colocou sua mão na minha bunda.
— Boa noite. — falei após rir um pouco com seu gesto, e lhe dei um beijo rápido, voltando a me deitar.
— Boa noite. — respondeu antes que eu fechasse os olhos, e assim que eu fiz senti meu corpo pesar, então logo dormi.
Quando acordei naquela manhã, eu estava sozinha na cama e com o lençol jogado sobre o meu corpo. O cheiro de estava bem visível em meu olfato, se misturando com o meu próprio cheiro, e aquilo fazia com que eu quisesse repetir a noite anterior.
Aquilo não podia se repetir, nunca mais.
Respirei fundo enquanto abria os olhos e me sentei na cama, não me preocupei em segurar o lençol para cobrir meus seios, eu estava sozinha ali no quarto e mesmo se não tivesse, já havia visto e tocado em tudo mesmo. Passei as mãos pelo rosto, e arrumei o cabelo da melhor forma que conseguia e me levantei da cama em seguida.
Primeiro vesti o meu sutiã, que foi a primeira coisa que eu achei. Depois fui a procura da minha calcinha, mas não a encontrei em lugar algum.
Droga, !
Eu não podia demorar ali, precisava dar um jeito de encontrar o para chegarmos juntos em casa, então desisti de tentar encontrar a calcinha e acabei de me vestir sem ela mesmo. Depois de vestir a calça e calçar as botas, fui para o banheiro, lavei o rosto e penteei o cabelo com um pente do que estava sobre a pia, e consegui dar um jeito de não parecer tão descabelada. Escovei os dentes com o dedo mesmo, só pra não ficar com o hálito ruim, e aproveitei para fazer xixi enquanto estava ali.
Saí do banheiro atrás da minha regata, que não estava no quarto e fui para o corredor, mas acabei a encontrada na sala. Como havia ido parar ali, eu não fazia ideia, estava tão extasiada que nem percebi para onde ela havia sido jogado. Depois de pegá-la, a vesti e notei que me olhava da cozinha, enquanto bebericava algo de sua xícara, que eu deduzi ser café, por causa do cheiro forte.
— Bom dia. — soltei uma risada nasalada, e me aproximei do balcão o encarando do meu lado oposto.
— Bom dia. — falou após beber um gole do líquido em sua xícara, e a estendeu na minha direção. Ao ter certeza de que era café, eu fiz uma careta enojada e neguei com a cabeça. Não conseguia entender como as pessoas bebiam aquilo, era horrível.
— Eu preciso ir embora. — olhei a mensagem de em meu celular, na qual dizia para encontrá-lo na lanchonete a três quarteirões de nossa casa — Preciso encontrar o para irmos juntos pra casa. — bloqueei o celular e voltei a olhá-lo enquanto ele acabava seu café.
— Quer que eu te leve até lá? — me olhou enquanto ia até a pia começando a lavar sua xícara.
— Não precisa, eu pego um táxi. — balancei a cabeça e ele assentiu — E acho que precisamos falar sobre ontem... — falei deixando a frase no ar, e ele acabou de lavar a xícara a deixando de lado na pia para secar. Aproximou-se do balcão me olhando, a espera que eu continuasse — A noite foi ótima, foi tudo incrível. Você é maravilhoso... — ele me interrompeu.
— Mas? — falou me fazendo olhá-lo confusa, então continuou — Sempre vem um 'mas' depois de tantos elogios, como agora. — explicou parecendo um pouco entediado com tudo aquilo.
— Mas não pode se repetir. — completei a minha frase de ontem, e ele saiu de trás do balcão, saindo da cozinha e indo para sala — Você é o rival do , tipo inimigo número 1. Seria bem errado que nós nos envolvêssemos. — me virei para olhá-lo, e ele soltou uma risada nasalada, mas a feição em seu rosto não demonstrava surpresa. Era como se ele já esperasse aquilo.
— Você não faz as coisas por você? — se virou para me olhar — É só pelo ? Porque você sempre o usa como justificativa nas coisas que você não "pode" fazer. — balançou a cabeça negativamente.
— Não é bem assim. — soltei uma risada nasalada e andei alguns passo até chegar ao sofá, praticamente no lado oposto ao qual ele estava — Ontem a noite foi apenas sexo, não tinha nada mais do que desejo e atração entre a gente. Caso continuemos com isso, vamos começar a nutrir sentimentos um pelo outro, pelo menos eu sei que vou, eu tenho um coração, e por mais que não te conheça o suficiente, tenho certeza que você também tem um. — comecei a me explicar, enquanto o olhava, e ele mantinha seu olhar em mim, tentando entender o que eu falava — E isso me faria ter que escolher entre você ou o . — ri fracamente — Eu não quero ter que escolher. — neguei com a cabeça, suspirando em seguida.
— Por que é claro que você escolheria seu irmão, não é? — riu de escárnio e mais negou com a cabeça — Todo mundo sempre escolhe o . Afinal, ele é bem melhor do que eu. — falou com um tom que me parecia mágoa, e eu me vi sem respostas para aquilo. Algo me dizia que não era só de hoje que ele estava falando — Não precisa falar mais nada. — me deu as costas e saiu pelo corredor — Fecha a porta quando sair. — falou alto para que eu ouvisse, antes de entrar para seu quarto e bater a porta com força.
Fiquei parada ali onde estava por um tempo, encarando o lugar onde estava anteriormente tentando entender o porquê de ele ter reagido daquela forma. Eu sabia que tinha algo de muito errado dessa história dele com o , só não fazia ideia do que era.
Balancei a cabeça negativamente, disposta a não me meter naquilo para não deixar pior do que estava, caso o descobrisse minha noite com o . Eu nem conseguia imaginar como ele reagiria.
Peguei a minha jaqueta e a vesti, arrumando os maços de dinheiro da corrida de ontem em meus bolsos, e Saí, mas não sem antes de olhar para o corredor a procura de . Ele continuava no quarto, e pelo visto não sairia de lá enquanto eu estivesse ali em seu apartamento. Saí e fechei a porta como ele havia me pedido, e assim eu fui pra casa.
Peguei um táxi e disse para onde ia, assim ele seguiu para meu destino. não morava tão longe da minha casa, então foi questão de 10 minutos até o táxi parar em frente a lanchonete.
— Fica com o troco. — lhe entreguei uma nota de vinte libras, e desci do carro ouvindo seu 'obrigado' sair baixo.
Fui até a entrada da lanchonete e logo que passei pela porta o sininho soou, e eu vi que estava sentado no fundo levantando o braço para que eu o vi, então logo fui até lá.
— Bom dia. — me sentei em sua frente enquanto ele mordia seu hambúrguer.
— Bom dia. — falou com a boca cheia enquanto me olhava, e eu fiz uma careta enojada com aquele gesto — Qual hotel você passou a noite? — perguntou curioso acabando de engolir a comida em sua boca.
— Vai conferir se eu passei a noite lá mesmo? — falei um pouco mal humorada, e ele arqueou a sobrancelha.
— Eu só queria saber. — levantou os braços na altura de sua cabeça — Parece que alguém acordou de mau humor. — falou com deboche e cutucou a minha bochecha.
— Vai se foder, . — lhe dei um tapa na mão e revirei os olhos, sem muita paciência para aquilo.
— O que aconteceu com você, hein? — bebeu um pouco de suco, e voltou a comer.
— Não aconteceu nada. Só não tô com paciência pra ouvir seus deboches, e muito menos pra você querer investigar a minha vida. — bufei me encostando contra a cadeira, e cruzando os braços em frente ao corpo.
— Não tá mais aqui quem falou. — deu ombros e riu pelo nariz se concentrando apenas em comer.
Enquanto ele comia, eu o olhava criando várias teorias em minha cabeça sobre o que o falava. Nada me parecia fazer sentido, então acabei desviando os pensamentos para o milk shake que o havia pedido, e que eu acabei comendo, mesmo com ele reclamando.
Aquilo estava ótimo, ele que pedisse outro.
Depois que comemos ele pagou a conta e nós saímos indo direto para o seu carro. Logo que entrei eu pude sentir o cheiro enjoativo de perfume que estava dentro de seu carro. Parecia que alguém havia derrubado um vidro de perfume ali dentro.
Fomos todo o caminho ouvindo algumas músicas na rádio, já que havia desistido de falar comigo, o que era ótimo, porque eu não queria falar.
Chegamos em casa, e pra minha felicidade não encontramos com meu pai. Eu não estava nenhum pouco a fim de ter que dar satisfações pra ele, então subi logo para o meu quarto e me tranquei lá dentro.
Tirei todo o dinheiro que havia ganhado na corrida, e me abaixei ao lado da minha cama. Levantei uma das tabuas do chão, e coloquei o dinheiro dentro de um saco plástico que eu deixava ali. Eu havia descoberto aquele lugar aos 10 anos, quando tive uma cárie e minha mãe me proibiu de comer doces, então eu escondia tudo ali para comer quando bem entendesse. E minha mãe nunca havia descoberto.
Depois de guardar o dinheiro ali, onde eu sabia que ninguém acharia, me levantei e tirei as botas. Fui para o banheiro, me despi e entrei no box.
Acabei demorando bem mais do que esperava no banho, já que não conseguia parar de pensar no . Não só na nossa briga de hoje, mas também na nossa noite. O que acabou me fazendo rir com nossas provocações, que não pararam nem quando já estávamos ocupados na cama.
O que será que ele faria quando encontrasse minha calcinha em seu quarto?
Balancei a cabeça negativamente, tentando afastar todos os pensamentos que eram envolvidos a ele da minha cabeça. Acabei o banho e saí do banheiro vestida com o meu roupão e os cabelos enrolados em uma toalha. Vesti uma lingerie, passei hidratante e deixei o roupão de lado. Desembaracei meus cabelos, o que demorou um pouco, já que por causa da noite de ontem estava ainda um pouco demorado e o deixei secar naturalmente.
Fui para a cama e me deitei. Como não estava com sono, fiquei apenas olhando para o teto. O que resultou em voltar a pensar no , e tudo o que ele havia falado.
Capítulo 3
Acordei ouvindo meu celular tocar, e tateei a mão pela cama a procura dele, e acabei o encontrando debaixo da minha perna. Não fazia nem ideia de como havia ido parar ali. Pra falar a verdade, eu nem lembrava de como eu peguei no sono. A última coisa que eu lembro era de estar pensando em todo ocorrido com o , depois disso mais nada.
Olhei pra tela do celular, vendo que era um número desconhecido, mas quando eu fui atender, parou de tocar.
Sentei-me na cama, ainda com o celular na mão esperando que ligassem novamente, mas não aconteceu, então eu deixei pra lá. Provavelmente era engano.
No relógio, já marcavam 08:00 PM, e só então eu fui percebi no quanto estava com fome. Já estava quase na hora do jantar, então me levantei e fui me vestir, já que continuava só de lingerie. Vesti uma calça de moletom, e uma blusa de manga. Calcei meu chinelo, e destranquei a porta do quarto em seguida.
Assim que desci, encontrei sentado na sala, assistindo a um filme que eu não fazia ideia de qual era. Fui até ele e me joguei no sofá ao seu lado, deitando a cabeça na almofada em seu colo.
— Melhorou o humor? — desviou seu olhar do filme pra mim e soltou uma risada nasalada.
— Eu não estava de mau humor, só não acho que tenha que ficar te dando satisfações de tudo na minha vida. — dei ombros.
— Eu só queria saber se você estava com alguém, não te vi saindo ontem da corrida. — se explicou, e eu ri em concordância. Eu sabia!
— Eu sabia que era algo desse tipo. — balancei a cabeça negativamente, e ele deu ombros como se aquilo não importasse. — Você sabe que eu já tô bem grandinha pra saber o que eu devo ou não fazer, não é? — arqueio a sobrancelha, ainda o olhando.
— Mas você continua sendo minha irmã mais nova, não consigo te imaginar saindo com um cara por aí. — fez uma careta, e balançou a cabeça negativamente.
— ... — fiz uma pausa, e ele balançou a cabeça para que eu continuasse. — Você sabe que eu não sou mais virgem, não é? — seus olhos se arregalaram de uma forma, que parecia que iam sair do rosto e sair rolando pela sala.
— Você tá brincando, não é? — falou em tom desaprovador, e eu quase ri, mas achei melhor não fazer isso. — , isso é sério. — balança a cabeça negativamente e eu me sentei no sofá o olhando.
— Minha virgindade é coisa séria? — fiz uma careta confusa, e ele me olhou com reprovação. — Bom, eu não sou mais virgem desde os meus 17 anos. — ri fracamente, e pela terceira vez em menos de cinco minutos, ele balançou a cabeça negativamente.
— Eu ainda espero que esteja zoando da minha cara. — soltou uma risada sem humor.
— Eu não estou zoando. — falei com seriedade. — E você não devia se importar com isso, porque você não é virgem há muito tempo, e eu também não sou obrigada a ser. — dei ombros e ele passou as mãos pelo rosto.
— É só que quando você saiu daqui, você era uma criança, e agora que voltou já não é mais. — me olhou. — Eu não sei de muitas coisas sobre você nos últimos sete anos, nós perdemos muito da vida um do outro. — depois de ele falar aquilo, eu me vi obrigada a concordar.
— Eu sei disso, mas não precisa se preocupar com essas coisas. — o olhei mantendo a minha voz calma. — Eu sei colocar uma camisinha muito bem. — falei com humor na voz, e quando ele fez uma cara enojada eu gargalhei alto e me levantei indo pra sala de jantar, ainda rindo.
A mesa já estava posta quando eu me sentei e veio logo atrás. Nem fiz muita questão de esperar meu pai pra comer, pois eu estava com muita fome e ele tava trancado no escritório. também se serviu, e logo nós dois começamos a apreciar aquela lasanha maravilhosa feita por Sara.
— Como eu sentia falta dessa lasanha. — falei fechando os olhos para apreciar melhor aquela comida incrível. — Sara, está ótima essa lasanha. — a olhei enquanto ela servia o suco em nossos copos.
— Obrigada, . — sorriu maternalmente e me olhou. — Espero que você coma direito, já que nem almoçou hoje. — falou em seriedade e eu sorri com seu jeito de mãe.
— Se depender da minha fome, eu como toda essa travessa. — ri bebendo um pouco do suco em seguida, e ela balançou a cabeça rindo também e foi para a cozinha em seguida.
— Que bom que vocês estão aqui. — a voz grave do meu pai soou na sala de jantar, e eu parei de comer para olhá-lo. — Onde foi que passaram a noite? — olhou de mim para e se sentou na ponta da mesa.
— Em um hotel?! — falei com obviedade, apesar de aquilo ser uma grande mentira. E então ele me olhou.
— E por que não voltaram para casa? — arqueou a sobrancelha, começando a se servir.
— Porque estava tarde, e eu achei melhor irmos para um hotel. — respondeu antes que eu pudesse falar algo, e o meu pai o olhou.
— Você deveria parar de levar a sua irmã para essas festas que você vai. — falou com seriedade, e por um momento eu consegui ver revirar os olhos, mas ele não o fez. — E você, deveria se preocupar mais em estudar do que seguir seu irmão. — voltou seu olhar a mim e eu soltei uma risada nasalada.
— Nesses últimos sete anos, tudo o que eu fiz foi estudar. — o olhei mantendo o mesmo tom que ele usava. — Eu perdi uma parte da minha infância, e perdi praticamente toda a minha adolescência trancada na merda de um internato, estudando bem mais do que uma criança deveria estudar. — balancei a cabeça negativamente, e ele mais uma vez arqueou a sobrancelha.
— Eu te fiz estudar tanto, para ser alguém nessa vida. Ou você prefere ser uma ninguém como seu irmão? — olhou para , que só abaixou a cabeça se mantendo calado. — Eu quero que você assuma a minha empresa um dia. Eu quero que você seja como eu. — voltou a me olhar, e eu acabei fazendo uma cara incrédula com todas aquelas palavras.
— E o que eu quero? Não é importante? — soltei uma risada nasalada e neguei com a cabeça. — Ser igual a você? — dessa vez eu ri com vontade, fazendo me olhar em confusão. — Eu não quero ser igual a você. — fiz uma careta um tanto quanto enojada. — E o não é um ninguém... — balancei a cabeça e olhei para . — Ele é tudo o que eu tenho nessa casa, e fora daqui também. E se você quer saber... — fiz uma pausa voltando a olhar para o meu pai. — Eu prefiro mil vezes ser como ele, do que ser como você. — ele me olhou com uma cara nada feliz e negou com a cabeça.
— Eu só trouxe você de volta porque preciso de você na empresa, caso contrário, eu teria te deixado na Austrália. — falou com a voz grave ainda me olhando.
— Poderia ter me deixado lá, era melhor do que tá nessa casa, onde eu me sinto mais presa do que no internato. — dei ombros e me levantei jogando o guardanapo na mesa. — Eu perdi a fome. — saí da sala de jantar, e fui para o quintal, andei um tempo pela grama e me sentei debaixo de uma árvore.
Eu não iria deixar meu pai me tratar daquela forma, só porque vivia na mesma casa que ele, e ele me "sustentava". E muito menos, falar daquela forma do . Ele não merecia nada daquilo, e eu não deixaria acontecer.
Fiquei sentada ali no quintal por um bom tempo, tudo o que eu tinha para fazer era ficar olhando o céu, que estava nublado naquele dia. Eu não voltaria pra dentro até que tivesse a certeza de que meu pai estaria dormindo. Não fazia questão de ver a cara dele mais uma vez hoje.
Deitei-me na grama e fechei os olhos, então por um momento pude sentir o cheiro do perfume que usava na noite anterior.
Droga, eu precisava esquecer o .
— Não é melhor você ir deitar na sua cama? — a voz de chamou a minha atenção, e eu abri os olhos para olhá-lo.
— Enquanto aquele homem, que a gente chama de pai, estiver acordado, eu não entro pra essa casa. — falei com indiferença e ele balançou a cabeça, se sentando ao meu lado. — Não sei como você aguenta tudo o que ele fala de você, calado. — o olhei negando com a cabeça.
— Porque eu entendo o motivo de não ser o filho favorito, na verdade, eu nem sei como ele ainda me deixou morar aqui todo esse tempo. — riu fraco e se deitou ao meu lado.
— Depois de hoje, nem eu sou a filha favorita. — dei ombros e ele gargalhou. — Ele te deixou morar aqui, porque ele sabe que a culpa não foi sua. — o olhei mantendo a seriedade na voz. — Você não devia deixar ele te tratar dessa forma. — balancei a cabeça e pude o ouvir suspirar.
— Eu não tenho mais opção, . — me olhou. — É por trabalhar com ele que eu tenho dinheiro e outras coisas, sozinho eu não conseguiria nada, porque como ele disse... — fez uma pausa. — Eu não sou ninguém. — soltou uma risada nasalada e eu senti uma vontade imensa de socá-lo naquela hora.
— Você vai mesmo acreditar no que ele fala? — falei incrédula. — Olha pra você, . Você é um dos melhores naquelas corridas, e já ganhou muitas delas que eu sei. — me sentei ainda o olhando. — Você pode muito bem conseguir o que quiser sem o nosso pai, você não é nada do que ele falou. — balancei a cabeça.
— Não é o que parece com o ganhando de mim agora. — falou com desdém e se sentou também. — Você não imagina a vontade que eu tive de socar ele nessas duas últimas corridas. — fechou os olhos e negou com a cabeça.
— Tenho certeza que ele também quis te socar todas as vezes que você ganhou dele. — ri pelo nariz e ele me olhou.
— Você quer defender o justamente agora? — falou incrédulo e eu dei ombros.
— Qual é o problema de vocês? — falei como quem não queria nada, mas na verdade eu estava bastante curiosa. — Ninguém se odeia dessa forma por causa de nada. — ele riu de escárnio.
— Somos rivais nas corridas. — deu de ombros, mas eu sabia que ele mentia.
— Quer mentir justamente pra mim? — falei com ironia e ele riu verdadeiramente dessa vez.
— Esqueci que você é minha irmãzinha. — falou também com ironia e eu o empurrei na grama.
— Fala logo, . — revirei os olhos com sua enrolação e ele voltou a ficar sério, mas sem me olhar.
— Até um ano atrás, mais ou menos, eu e o éramos amigos... — antes de ele acabar de falar, eu acabei soltando um "sério?" um tanto quanto desacreditado e ele concordou. — Nós éramos da mesma equipe, só que inventaram de nos colocar pra disputarmos, só pra saber quem viraria o líder da equipe. — balançou a cabeça. — Ele não queria correr contra mim, mas eu insisti em correr com ele, porque eu queria provar que era o melhor. — deu ombros e riu pelo nariz. — Mas o acabou ganhando a corrida, e quando acabou eu fiquei muito puto por isso, e saí de lá pra encher a cara. — riu sem humor.
— E por isso vocês se odeiam? — falei em um tom de confusão, porque aquilo realmente não fazia sentido, então ele negou.
— Ele tinha uma namorada na época, Brooke. E bom, ela vivia dando em cima de mim, mas eu nunca dei bola porque ele era meu amigo, né. — eu concordei com a cabeça para que ele continuasse. — Mas depois daquela corrida, eu fiquei muito puto com o ganhando de mim, e acabei dormindo com ela. — ele riu fracamente e eu fiquei incrédula. Então o havia dormido com a namorada do ? Era aquilo mesmo que eu havia ouvido? — No dia seguinte, ele nos pegou na cama dela, só com um lençol nos cobrindo, e aí a gente brigou. — fez uma careta que eu não consegui decifrar o que ela descrevia. — Eu tava de ressaca, e acabei apanhando mais que batendo. E então, a gente não se falou mais. — balançou a cabeça.
— E como ficou a equipe? — o olhei curiosa em saber o resto da história, pois eu queria saber todo o resto da história da maior rivalidade dos rachas em Londres.
— A gente vivia brigando antes das corridas, e aí decidiram que não podíamos continuar assim. Ou a gente parava de brigar, ou teriam que escolher um de nós pra continuar na equipe. — colocou os braços nas costas, apoiando seu corpo nos braços.
— E aí escolheram você. — eu falei baixo completando sua história e ele concordou, me olhando confuso, mas eu dei ombros como se tivesse sido um chute.
— Me escolheram porque ele sempre foi muito impulsivo e fazia as coisas sem pensar. — riu baixo e negou com a cabeça.
— Você dormiu com a namorada dele, só porque ele ganhou de você na corrida, e ainda escolheram você? — falei incrédula com tudo aquilo, e ele deu ombros. — Queria poder te defender, mas você foi um babaca. — neguei com a cabeça.
— E você acha que fez alguma diferença pra ele? Porque a Brooke me disse que ele a traiu várias vezes, nos seis meses que namoraram. — riu pelo nariz e me olhou. — Inclusive, ela disse que queria dar o troco.
— Só não precisava ser com o amigo dele. — me levantei limpando a parte de trás da minha calça.
— Você ficou brava comigo por causa do ? — fez uma careta incrédula e se manteve sentado na grama.
— Eu tenho motivos pra isso? — arqueei a sobrancelha e ele deu de ombros. — Na verdade, eu já vou entrar, nosso pai já dormiu. — apontei para a janela do quarto do nosso pai, onde a luz já estava apagada. — Boa noite. — mandei beijos no ar e fui em direção a casa.
— Boa noite. — respondeu alto para que eu ouvisse, e falou mais alguma coisa que eu não entendi, pois já havia entrado.
Entrei em casa e subi direto pro quarto, tranquei a porta e me joguei na cama.
Então era por isso que os dois se odiavam. O havia dormido com a namorada do . E pra melhorar tudo, escolheram o , mesmo o tendo ganhado, para manter na equipe.
Era disso que ele falava!
A ex dele escolheu o , e a equipe dele também.
Agora eu conseguia entender o motivo dele ter me falado aquilo mais cedo. Ele não me parecia errado agora.
Assim que cheguei naquela corrida, falei alguma coisa com , que eu não lembrava o que era, e saí por ali à procura do . Claro que não sem antes distrair , para que ele não pudesse ver aonde eu ia.
Não demorei muito a avistar atrás do galpão onde nos encontramos na outra corrida, mas ele não estava sozinho, estava com uma loira alta que falava algo para ele, ainda sim, eu me aproximei.
— O é meu amigo agora, quer dormir com ele também? — pude ouvir o tom irônico na voz de , e em seguida vê-lo negar com a cabeça.
— Ainda com dor no cotovelo, ? Supera isso logo. — ela falou em tom de deboche, e riu em seguida.
— Dor de cotovelo por sua causa? — ele usou o mesmo tom que ela. — Minhas noites estão sendo incríveis sem você, e te garanto que não passo elas sozinho. — negou com a cabeça e deu um sorrisinho vitorioso, típico dele. — Por que não vai procurar o ? Ou ele não era tão bom na cama? — arqueou a sobrancelha, e então me viu alguns metros atrás da garota. Pelo jeito que ele falava, eu deduzi que aquela era a tal Brooke.
— Ele é bem melhor que você, se você quer saber. — ela continuou com o tom debochado, mas manteve o sorrisinho nos lábios, mesmo que em seu olhar a raiva era evidente.
— Então por que não vai ficar com ele? Ele não te quis, não foi? — balançou a cabeça e soltou um risinho um tanto quanto debochado. — É claro que não, você foi só mais uma pra ele, na verdade... É o que você é para todos. — e o estalo do tapa que ela deu em seu rosto, soou estridente. — Irônico isso, não é? — ele falou sem se deixar abalar pelo tapa. — Você me traiu com o meu amigo, mas quando eu te falo a verdade você me dá um tapa? — riu de escárnio. — Tá tentando provar que ainda resta um pouquinho de dignidade? — ela levantou a mão para lhe dar outro tapa, mas eu a impedi segurando seu braço.
— Garota, sai daqui e mantém o que te resta de vergonha na cara, se é que ainda resta. — falei com indiferença e ela me olhou com os olhos cerrados.
— Quem você pensa que é para me falar o que eu devo ou não fazer? — puxou seu braço com força o fazendo se soltar da minha mão, e se virou para mim.
— Ninguém que você queira se meter. — mantive o tom sério na minha voz, e ela riu.
— Você não é ninguém, e tá querendo me botar medo? — falou com deboche apontando o dedo para mim, e balançou a cabeça.
— Acredite em mim, eu posso ser a pior pessoa da sua vida. — falei a olhando nos olhos, e abaixei seu dedo apontado para mim, e seu sorrisinho se fechou.
— Nos falamos depois, . — ela falou o olhando e em seguida saiu rebolando e batendo seu salto em direção as outras pessoas.
— Tá tudo bem? — falei após ter certeza que ela não voltaria, e o olhei.
— Estava ótimo, até você chegar. — falou com indiferença e eu arqueei a sobrancelha. — Eu não preciso que você me defenda, e muito menos que se meta na minha vida. — manteve seu tom, e também seu olhar em mim — Minha vida sempre foi ótima sem nenhum , primeiro veio o seu irmão, e dormiu com a minha namorada. — apontou para a direção onde Brooke havia ido — Aí apareceu você para, literalmente, foder ainda mais com a minha vida. — riu sem humor e voltou a me olhar.
— Caramba... — soltei uma risada nasalada e balancei a cabeça — Bem que o disse que você era impulsivo. — ri sem humor.
— É claro que a culpa é sempre minha. — balançou a cabeça e riu de escárnio. — Você é tão hipócrita quanto seu irmão. — ele praticamente cuspiu aquelas palavras na minha cara, e eu quis lhe dar um belo tapa na cara, mas não o fiz.
— O errou, eu sei, mas você não precisa ser babaca a esse ponto. — falei entre dentes, e soltei uma risada nasalada. — Nada justifica ele ter dormido com sua namorada, mas isso é passado, .
— Por que não me surpreende você defender seu irmão? — negou mais uma vez com a cabeça e andou um pouco ali onde estávamos — Se ele é tão bom assim, por que você não o pede para entrar na equipe dele? — me olhou com a sobrancelha arqueada. — Ele não vai deixar, não é? Porque você é a irmãzinha dele, que ele precisa tanto proteger, mas que ele não faz ideia de que pode ser pior do que ele. — soltou uma risada nasalada e balançou a cabeça.
— Eu nunca pedi pra entrar na sua equipe, você me ofereceu uma corrida e depois quis me colocar na equipe, eu não precisava da sua ajuda pra conseguir correr. — falei com desdém, enquanto apontava o dedo pra ele.
— Olha pra você. — me olhou de cima a baixo. — Você é uma garota mimada, que só começou a ser rebelde porque queria ir contra o papaizinho. — falou a última palavra com ironia. — Você não consegue nem ser você mesma perto deles. — balançou a cabeça.
— Cala a merda da boca. — falei entre dentes, enquanto cerrava o punho de tanta raiva que estava. — E você não passa de um badboy, impulsivo, repugnante, que desconta em todo mundo suas frustrações. — cuspi as palavras em sua cara.
— Ei, ei, vamos parar com isso aqui. — falou se aproximando da gente e entrou entre nós. — Eu não sei o que está acontecendo, mas ouvi o suficiente para saber que não é nada bom. — balançou a cabeça negativamente. — Só que aqui não é lugar de vocês lavarem roupa suja. — nos olhou com repreensão.
— Tá na hora da sua corrida. — se aproximou, sem saber o que acontecia ali, e me entregou a chave.
— Você não pode correr assim. — falou com um tom sério, e me olhou enquanto se encostava em seu Dodge. — Não depois de uma briga como essa. — negou com a cabeça.
— Que briga? — perguntou confuso, intercalando seu olhar entre nós três.
— Eu já corri em situações piores. — ignorei a pergunta do , e a olhei. — Por exemplo, quando meu namorado me traiu com a minha melhor amiga, e ainda disse que a culpa era minha, que não estava sendo o suficiente para ele. — falei olhando para , que levantou seu olhar para mim, com uma feição surpresa e soltei uma risada nasalada. — Não é uma briguinha ridícula como essa, que vai me impedir de ganhar essa corrida. — balancei a cabeça e dei a volta no lamborghini, abrindo a porta do motorista. — E, ? — o olhei. — Não se preocupa, essa é a minha última corrida pela sua equipe. — falei antes de entrar no carro, e em seguida saí em direção a pista.
Assim que cheguei à pista, apresentaram todos os concorrentes, mas eu nem havia prestado atenção, a única coisa que havia ouvido era que tinha um corredor da equipe do , e eu já devia imaginar. Logo uma garota quase seminua, de tão curta que era sua roupa, parou entre os carros e nos deu a deixa para partir.
Eu consegui sair na frente, e pegar uma boa distância dos outros carros. Eu estava com tanta raiva do , que acabei descontando no acelerador. O que não era de todo ruim.
Quando fomos fazer a primeira curva, um dos carros acertou a minha traseira, me fazendo perder a direção e ir direto para as pedras.
— Filho da puta! — falei entre dentes batendo as mãos no volante, e logo vi o carro ultrapassar. Eu tinha quase certeza, de que era o corredor da equipe do .
Girei o volante e acelerei com vontade para que o carro saísse das pedras, mas não sem antes os outros dois carros me ultrapassarem.
Ótimo! Agora eu estava em último lugar.
Faltavam alguns minutos de corrida, e pela velocidade que eu ia, eu conseguia ultrapassar. Ativei o botão do nitro, e comprovei a minha teoria, após passar de uma vez entre o Camaro e o MAZDA RX-7. Eles pareciam ter entrado em uma competição contra o outro, e estavam tão dispostos a ganhar, que seus carros corriam lado a lado, com pouca diferença de distância.
Depois de fazer a curva, avistei o Gran Torino verde, o mesmo da última corrida. Eu sabia que era um corredor do .
Acelerei ainda mais o carro, e troquei a marcha, assim consegui alcançá-lo e correr lado a lado com ele. Olhei para o lado direito onde seu carro estava, e pude ver sua feição nada feliz. E com uma risada um tanto quanto debochada, eu acelerei o carro ao máximo e ganhei a corrida, o deixando em segundo lugar.
Diferente da outra corrida, enquanto todos gritavam animados, eu não fui com o carro até lá, apenas o levei de volta para trás do galpão, onde e me esperavam.
— Você correu muito bem. — falou enquanto eu descia do carro, e eu sorri, mas sem muita vontade daquilo.
— Desculpa pelo carro. — olhei para , enquanto ia até a parte de trás olhar o estrago que a batida havia me causado.
— Tá tudo bem, . — ela balançou a cabeça e me olhou em seguida.
— Usa o dinheiro dessa corrida pra consertar. — lhe entreguei a chave.
— Você tem certeza que quer sair da equipe? — falou com um pouco de pesar na voz, e eu apenas concordei com a cabeça.
— O que aconteceu entre vocês? Vocês estavam bem na semana passada. — falou se aproximando da gente, e eu o olhei, mas em seguida desviei meu olhar para um canto qualquer.
— Bem até de mais. — soltei uma risada nasalada e balancei a cabeça em seguida. — Foi bom correr na equipe de vocês. — voltei a olhá-los e sorri. apenas me olhou, e pelo seu olhar eu sabia que ela me perguntava se eu tinha certeza, e mais uma vez, eu concordei.
Despedi-me deles e sai de trás do galpão, indo para onde estavam todas aquelas pessoas, esperando pela próxima corrida. Porém, um murmurinho próximo à barraca de bebidas, chamou a minha atenção, não só a minha, como a de grande parte das pessoas ali. Então me dirigi até lá, e logo avistei socando o rosto do corredor da equipe do , o que havia corrido comigo.
O outro até tentava reagir, mas o máximo que conseguiu, foi acertar um soco na boca de , que não se deixou abalar por aquilo, e continuou a bater.
Não demorou muito para que outro homem, que eu deduzi ser amigo do que apanhava, ir até lá e acertar com um chute na costela, o fazendo parar de bater no amigo. logo se meteu na briga, batendo no homem que havia acabado de aparecer.
O alvoroço ali se tornou maior, e logo todos estavam gritando em apoio a briga. Eu não sabia o que fazer, ou para onde ir, até que senti meu braço ser puxado no meio da multidão e foi quando eu vi .
— Vamos embora daqui, isso pode ficar bem pior. — ele falou com seriedade, e eu voltei meu olhar para a briga, onde algumas pessoas já haviam os separados, e pude ver , bem machucado, mas o cara da equipe do estava bem pior.
Voltei meu olhar para , e concordei com a cabeça, então logo saímos dali e entramos em seu carro, onde ele logo deu a partida se afastando do racha.
— Eu te disse que o era impulsivo. — me olhou rapidamente, mas em seguida voltou seu olhar as ruas.
— Pode até ser, mas aquele cara da sua equipe mereceu cada soco recebido. — o olhei falando com uma completa indiferença.
— O Patrick só estava correndo, e usou a tática pra ganhar. — deu ombros acelerando ainda mais o carro.
— Na verdade, ele estava com medo de perder de novo e bateu no carro da corredora do , pra tentar ganhar... — balancei a cabeça negativamente. — Mas ainda sim ele perdeu. — ri pelo nariz. — Vamos confessar que ela é melhor do que qualquer um da sua equipe, não é? — ele me olhou com a sobrancelha arqueada.
— Melhor do que eu, ela com certeza não é. — falou convencido, e por um momento eu quis rir, só não o fiz, porque não estava nada feliz. — Talvez algum dia eu tenha a chance de correr com ela. — voltou seu olhar para rua, e eu balancei a cabeça.
— Isso não será mais possível. — falei baixo para que ele não ouvisse, e confirmei que ele não havia ouvido, quando ele não falou mais nada, e apenas seguiu o caminho para casa.
(...)
~ pov's on~
Entrei no pub, onde estava tudo com uma luz mais escura, e várias pessoas espalhadas pelo local, rindo e bebendo suas bebidas, parecendo não ter nada o que se preocupar.
Aproximei-me do bar, onde a única pessoa que estava sentada, era um homem de mais ou menos, uns 40 anos, que bebia seu whisky, mas pela sua cara, já havia bebido uns três a quatro, ou mais que isso. Pelo menos alguém ali não parecia extremamente feliz e sem nenhum problema, pelo contrário, ele parecia completamente frustrado, bem parecido com meu estado.
— Um whisky puro... Duplo. — falei me sentando em um dos bancos em frente ao balcão, e passei a mão no cabelo olhando em volta.
Balancei a cabeça negativamente, e me voltei para o copo que o barman já havia colocado a minha frente, e o peguei virando o líquido de uma só vez, o sentindo descer queimando pela minha garganta. Minha noite já estava uma droga, uma ressaca no dia seguinte, não a deixaria pior.
Desde a minha briga com a , eu só conseguia me sentir assim. Depois que ela falou sobre a traição do namorado dela, eu não sabia o que sentir. Ela havia passado o mesmo que eu, e eu havia dito coisas horríveis pra ela.
Parabéns, ! Você conseguiu ser extremamente idiota.
Já havia se passado duas semanas que eu não a via... Duas semanas e eu não conseguia parar de pensar em toda aquela discussão. Nela correndo, muito bem, mesmo com tudo aquilo. E ainda conseguir ganhar a corrida, mesmo depois de tentarem atrapalharem-na. Ela era mesmo incrível.
Eu não sabia o que aquela mulher estava fazendo comigo, mas eu não costumava agir daquela forma por mulher nenhuma. Mas aquela garota era diferente de todas, eu não sabia dizer em quê, ou o porquê, mas ela era.
— Mais uma dose, por favor. — falei para o barman empurrando meu copo em sua direção e ele logo serviu mais uma dose do whisky.
O segundo copo, eu não virei de uma só vez, eu o beberiquei enquanto descascava um amendoim que estava em cima do balcão, jogando as cascas no compartimento, e fazendo o mesmo com o amendoim em seguida.
Olhei para o homem ao meu lado, e ele saia da cadeira, caindo para os lados. Tirou uma nota de cinquenta libras do bolso do paletó e colocou sobre o balcão, ao lado do copo vazio, e em seguida saiu cambaleando pub a fora.
Eu provavelmente iria sair da mesma forma, era possível que até pior. Eu não planejava fazer nada, além de encher a cara, até não aguentar mais.
— Uma tequila, por favor. — ouvi aquela voz que eu conhecia bem falar, e olhei para o lado, vendo curvada sobre o balcão brincando com a pulseira em seu braço.
Ela vestia um vestido preto colado ao corpo, que tinha um decote um tanto quanto sexy, e batendo na metade de suas coxas deixando aquelas belas pernas à mostra. Seu cabelo estava solto, e com alguns cachos na ponta, e usava um batom vermelho nos lábios, que os faziam chamar ainda mais atenção.
Assim o barman lhe serviu a tequila, ela a bebeu de uma só vez após lamber o limão de sua mão, e em seguida chupou o limão, fazendo uma careta em seguida. Soltou um gritinho e levantou os braços voltando para a pista, e começando a dançar.
Peguei o meu copo e fui para uma mesa no canto, onde tinha uma mesa que eu poderia observá-la, sem que ela me visse. E era tudo o que eu mais queria fazer.
Ela dançava jogando os braços para cima, no meio de outras garotas, nas quais ela provavelmente nem conhecia, mas não se importava. Tudo o que ela queria era dançar.
A cada música que acabava ela ainda continuava na pista. Eu não fazia ideia de como ela ainda se aguentava naqueles saltos tão altos.
Depois da quarta, ou quinta música que ela dançava, ela foi até o bar novamente. Pediu algo ao barman, e ele logo trouxe um drink rosa, e mais uma tequila, que ela virou sem nem pensar, e voltou para a pista bebericando o drink.
O jeito no qual ela ria sozinha na pista, e cambaleava algumas vezes na volta do bar, só me fazia ter certeza de que ela estava bêbada. E pelo visto, eu não era o único que queria encher a cara e esquecer até do meu nome. Ela estava no mesmo caminho, só que fazendo isso direito, porque eu só conseguia olhá-la, tanto que ainda me mantinha em meu segundo copo de whisky. Era engraçado, porque eu queria beber por causa dela, e por estar olhando pra ela, eu não conseguia beber.
Irônico...
Olhei as horas no celular depois de receber uma mensagem de , e já passava das 02:00 AM. Voltei a guardar o celular e pedi uma cerveja no bar, e olhei para o lado vendo novamente encostada no balcão, pedindo outra bebida. Eu já havia perdido a conta do quanto ela tinha bebido, isso porque eu não sabia quanto ela bebeu antes que eu chegasse.
Tocava uma música eletrônica agitada, e ela se balançava no ritmo, mas sem sair do balcão a espera da sua bebida. Foi quando um cara que parecia ser um pouco mais velho do que eu, se aproximou e espalmou a mão na bunda dela, a apertando com força.
Meu sangue ferveu com aquilo.
Antes que eu pudesse levantar para fazer algo, ela se virou e acertou em cheio o nariz do cara com um soco, fazendo com que seu corpo fosse para trás.
Eu não conseguia parar de olhá-la e repetir mentalmente o quanto aquela garota era incrível, o quanto ela me encantava cada vez mais. E no quanto eu estava louco por ela. No quanto eu a queria, não só por uma noite, mas em todos os momentos possíveis. Eu a desejava, como nunca desejei ninguém.
— Você tá louca, sua vadia? — saí dos meus devaneios com o cara falando, indo para cima de , que estava encurralada entre ele e o balcão, e tentava se defender com tapas.
— Louco é você que fica pegando na bunda de uma mulher sem o consentimento dela. — ela falou com a voz firme, e nem parecia estar bêbada.
— Se você não quisesse, não estaria empinando a bunda pra mim. — ele falou deixando seu tom de voz entre o raivoso e o malicioso, e pude notar ela revirar os olhos.
— Cara, sai daqui antes que você tome outro soco. — me aproximei e empurrei o homem, dando espaço para ela sair.
— Não devia deixar sua namorada solta por aí. — ele me olhou antes de se afastar, e bufou com indignação.
— Eu não sou namorada dele, idiota. — ela falou alto para que o cara ouvisse, e me olhou com indiferença se virando novamente para o balcão e virando o drink que havia pedido anteriormente de uma só vez.
— Você devia parar de beber. — me encostei no balcão ao lado dela, e a olhei.
— Quem é você? Meu pai? — ela falou sem me olhar, pedindo outra bebida para o garçom.
Soltei uma risada nasalada e balancei a cabeça me mantendo ali sentado ao lado dela, apesar de que ela me ignorou o tempo todo. Era como se eu não estivesse ali perto dela. E pra melhorar, ela resolveu ir pra pista de dança, e começar a dançar de uma forma completamente sexy, enquanto me olhava.
Ela passava as mãos pelo corpo, e balançava o corpo no ritmo da música. Jogava o cabelo para o lado, deixando o pescoço completamente exposto, e mordia o lábio inferior de uma forma que me deixava completamente louco. E eu logo pude sentir minha calça começar a apertar, pelo volume que crescia entre minhas pernas.
Droga, !
Quando dei por mim, ela estava subindo em uma mesa e ameaçando a tirar o vestido, enquanto vários homens faziam uma roda ao redor da mesa, e gritavam para que ela tirasse a roupa. Ótimo!
Levantei-me, de onde estava e andei até a mesa, a vendo gargalhar enquanto descia as alças do vestido, mas as voltava para o lugar, deixando os homens frustrados.
— , desce daí e vamos pra casa. — falei me aproximando da mesa, a fazendo me olhar.
— Eu não vou pra casa com você, você não é nada meu. — ela me olhou e subiu um pouco do vestido, bebericando uma garrafa de cerveja que alguém a deu. — Liga pro meu pai, diz pra ele que a garotinha mimada dele, está dançando em cima de uma mesa. — ela falou com ironia e indiferença ao mesmo tempo, fazendo os caras gritarem e me olharem.
— Você tá parecendo mesmo uma garotinha mimada agora. — mantive meu olhar nela, sabendo que hora ou outra ela desceria dali pra me xingar. — Uma garotinha que bebeu mais do que consegue, e agora está querendo chamar atenção em cima de uma mesa. — balancei a cabeça e ela logo desceu da mesa, andando na minha direção, com um olhar furioso.
— Eu não preciso chamar atenção de ninguém, e não quero isso também. — falou entre dentes, enquanto eu andava de costas em direção ao balcão.
— Eu sei que não, só que eu precisava tirar você ali de cima. — dei ombros, e tirei o dinheiro do bolso, o colocando no balcão. — Cobra o dela também e fica com o troco. — olhei rapidamente para o barman e voltei o olhar para ela. — Me deixa te tirar daqui? — falei baixo dessa vez, e ela bufou concordando com a cabeça. Eu coloquei a mão em suas costas, a guiando para fora, mas ela parou no caminho.
— Minha bolsa, e meu casaco. — olhou para o armário atrás do balcão, onde havia vários casacos.
— Vou buscar pra você. — fui até o barman, e o pedi para pegar, e assim ele fez, me entregando tudo e eu voltei até onde ela estava, lhe ajudando a vestir o casaco, e segurando sua bolsa. Assim saímos do pub.
Fomos em direção ao meu carro, e logo que entramos, eu a ajudei a colocar o cinto, enquanto tomava alguns tapas por sem querer, me aproximar demais de seu decote.
— Eu já disse que não foi por querer. — falei segurando sua mão, quando ela foi me acertar mais um tapa no braço. — Eu só queria te ajudar a colocar o cinto. — voltei a me ajeitar no banco, colocando o meu cinto.
— Eu não preciso de ajuda, eu sei fazer isso. — revirou os olhos, de uma forma entediada. — Nem preciso de você pra me levar pra casa. — abriu a porta, mas ao tentar sair do carro, foi puxada de volta pelo cinto, o que a fez bufar de raiva. Eu quase ri com aquilo, mas achei melhor me segurar.
— Eu só queria te ajudar a não fazer nenhuma besteira lá dentro, ainda mais depois de ver aquele homem pegando na sua bunda, aproveitado que você estava bêbada. — a olhei, esperando que ela voltasse a se ajeitar no banco.
— Isso é porque homens, só respeitam as mulheres quando elas estão com outro homem. — puxou a porta novamente, a batendo com força e eu fechei os olhos para não brigar por aquilo. — Acham que só porque estamos um pouquinho bêbadas, podem fazer o que bem entendem. — ela falou abrindo um espaço entre o indicador e o polegar para mostrar o pouquinho, que não era nem perto do quanto ela realmente estava bêbada. — Mas eu não preciso que você me defenda. — voltou a me olhar, cerrando os olhos para seguida. — Eu não preciso que homem nenhum me defenda, posso fazer isso sozinha. — falou com um tom enfurecido e eu dei a partida, antes que ela pensasse em descer novamente. — E só pra você saber... — fez uma pausa para me olhar enquanto encostava a cabeça no banco. — Eu não sou nenhuma garotinha mimada, que faz essas coisas por causa do pai, ou pra chamar atenção. — balançou a cabeça tantas vezes, que logo ficaria com dor de cabeça. — Eu só faço tudo isso porque me privaram de ser como as outras crianças e adolescentes, e se eu não podia fazer normalmente, eu faria escondida. — ela riu pelo nariz, e deu ombros em seguida. — Mas você não precisa saber disso, na verdade, você nem quer saber. — fez uma careta de desdém, ainda me olhando e eu retribui seu olhar por alguns segundos, atravessando por um sinal vermelho. — Você só queria me levar pra cama não é? Por isso me deixou entrar na sua equipe? — cerrou os olhos novamente, e eu neguei com a cabeça.
— Claro que não. — falei incrédulo com sua acusação, prestando atenção na rua. — Eu só queria mesmo saber se você era tão boa quanto parecia, e se você quer saber... — voltei meu olhar a ela. — Você é a melhor corredora que eu já vi. — voltei a olhar para o caminho que fazia. — É melhor até que eu e seu irmão juntos. — soltei uma risada nasalada. Eu não estava falando aquilo para agradá-la, ainda mais que ela não se lembraria de nada amanhã, era a verdade. Ela era mesmo melhor do que nós dois juntos.
— E por isso você me falou todas aquelas coisas. — ela falou com ironia, mantendo seu olhar na rua a nossa frente.
— Eu falei aquilo sem pensar, foi tudo na hora da raiva. — balancei a cabeça negativamente, e o olhei rapidamente, voltando a prestar atenção no caminho.
— Porque você é impulsivo, idiota, babaca, sem noção, e muito mais que eu não consigo pensar agora. — ela fez uma careta um tanto quanto engraçada, e que demonstrava o quanto ela estava bêbada. Eu até riria, se ela não estivesse me xingando. — Você ficou bravo porque eu disse que não podia acontecer mais nada entre a gente. — ela balançou a cabeça, e virou seu rosto para a janela ao seu lado.
— Eu fiquei bravo por você usar o como desculpa pra isso, não por você ter me dado um fora. Todo mundo já levou um fora na vida. — soltei uma risada nasalada. — Mas você usar a desculpa de se o descobrisse, foi demais. Você não estava fazendo por você, mas por ele. — troquei a marcha e passei por mais um sinal vermelho.
— Não foi por ele, foi por que... — fez uma pausa e me olhou. — Porque eu não queria ter que escolher entre você e o meu irmão, seria uma escolha impossível pra mim. — falou com um tom de voz baixo, mantendo sua voz em mim. — E eu fui falar com você na corrida, porque ele me contou tudo o que aconteceu com a sua ex. — soltou uma risada fraca. — Eu fui dizer que entendia o seu lado, sua raiva do , mas você me tratou como um nada. — ela suspirou e voltou a olhar para frente.
— Eu me arrependo muito por isso... — falei baixo e imitei seu suspiro. — De verdade. — completei a olhando enquanto virava a rua.
Ela assentiu, e não falou mais nada. Eu também não o fiz, não estava nem um pouco a fim de fazer ou falar mais alguma besteira, que a levaria a voltar a me xingar.
Fomos o resto do caminho em silêncio, e quando eu entrei no estacionamento do meu prédio, ela me olhou confusa.
— Por que você me trouxe pra sua casa? — falou sem entender, encostando a cabeça no banco pra me olhar.
— Porque se eu chegasse com você bêbada, na sua casa, há essa hora, provavelmente o iria ficar uma fera, achando que eu te embebedei. — parei o carro na minha vaga, e a olhei, então ela concordou com a cabeça.
— O ia te matar. — ela fez uma careta e riu em seguida, eu acabei por fazer o mesmo e concordar.
— Vamos subir? — falei depois de um tempo que ficamos em silêncio, e ela assentiu. Tirei meu cinto e abri a porta tirando a chave da ignição, saindo do carro em seguida.
— ? — pude ouvir me chamar um pouco baixo, e me abaixei para olhá-la. — Me ajuda a tirar o cinto? — ela fez uma careta, e eu ri baixo concordando com a cabeça.
Fechei a porta, e dei a volta no carro, indo até o lado do passageiro onde ela estava. Abri a porta e me abaixei na altura dela, tirei seu cinto a ajudei descer, pegando sua bolsa de seu colo. Ela desceu cambaleando um pouco, e segurando no meu braço, mas os sapatos continuavam em seus pés.
— Não quer tirar isso? — apontei para os sapatos dela, enquanto fechava a porta e trancava o carro.
— Não. — balançou a cabeça e deu ombros, como se aquilo não a incomodasse, e eu fiz uma careta seguindo o caminho para o elevador em seguida.
Entramos no elevador, e ela se encostou no vidro de trás, e se escorou em meu braço, deitando a cabeça em meu ombro. Por mais que os saltos a deixassem maior do que eu, ela conseguiu se equilibrar com facilidade, mesmo curvada. O que eu nunca ia entender como uma mulher bêbada como ela estava, conseguia se equilibrar num salto tão alto e fino daquela forma.
Assim que chegamos ao meu andar, saímos do elevador e fomos para o meu apartamento. Entramos, e eu a guiei até o meu quarto. Deixei sua bolsa na poltrona, e quando fui a acompanhar para cama, ela tropeçou nos próprios pés e caiu na cama, me puxando junto. Então ela gargalhou, gargalhou gostosamente, e eu não pude deixar de rir junto.
Enquanto nossas risadas se cessavam, ela me olhava atentamente, enquanto passava seu polegar em meu rosto, terminando a trilha em meus lábios.
— Você é tãooo bonito. — falou séria, arrastando o "tão" de uma forma engraçada.
— E você é linda, muito linda. — coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha, ela mordeu o lábio inferior, me fazendo voltar o olhar para seus lábios vermelhos.
— E também é gostoso. — ela falou com um sorrisinho malicioso, e eu acabei rindo e balançando a cabeça.
— Você também é gostosa, . — a chamei por seu apelido, e ela deu um sorrisinho antes de morder minha boca e puxar meu lábio inferior entre os dentes.
Antes que eu pudesse falar algo, ela iniciou um selinho prolongado, pedindo passagem para língua em seguida. Eu não demorei nada a ceder, até porque eu queria muito beijá-la. Eu sentia falta de beijá-la.
Era um beijo calmo, mas com muito desejo, e dava pra ver que ela também sentia falta daquilo. Logo que sua mão começou a subir minha blusa para tirá-la, eu cortei o beijo e me levantei. Aquilo não podia acontecer... Não com ela bêbada daquela forma.
— Você não quer? — ela falou de uma forma inocente, e eu até riria, se não estivesse tentando me manter centrado. — Não quer repetir a nossa outra noite? — ela se sentou na cama, ainda me olhando. — Não quer me foder como você fez aquele dia? — ela falou, mudando sua voz para um tom extremamente sujo, e logo ficou de pé, abrindo a lateral do vestido, o deixando cair em seus pés. E ficando apenas de calcinha.
Ela não estava usando sutiã, pra piorar toda a minha vida.
— , você tá bêbada. — balancei a e fechei os olhos para não olhar para seus seios completamente expostos para mim. — Eu quero muito foder com você... — me aproximei dela, e ela deu um sorrisinho malicioso. — Mas quando você estiver sóbria, e não puder se esquecer. — peguei seu casaco na cama, e coloquei na frente de seu corpo, a fazendo suspirar e fazer um bico, que ficava entre o fofo e o engraçado.
— Eu não sou tão boa como as outras, ? — ela fez uma voz magoada, e eu a olhei, segurando em seus ombros.
— Você é bem melhor que todas elas. — coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. — Eu juro. — cruzei os dedos em frente ao rosto, e ela sorriu. — Mas nós não vamos transar hoje... — balancei a cabeça. — Porque você não está em condições de escolher, e seria bem errado da minha parte. — beijei sua bochecha.
— Eu posso escolher... E eu escolho fazer sexo. — ela falou dando ombros e jogando o casaco de volta na cama, e eu acabei rindo da sua atitude.
— Você precisa de um banho. — a olhei e ela deu um sorrisinho empolgado, e eu balancei a cabeça a levando para o banheiro.
Logo que chegamos ao banheiro, a levei para o box e liguei o chuveiro deixando na água fria, o que a fez gritar, mas era só assim pra passar um pouco sua embriaguez.
Depois de gritar que a água tava gelada, me xingar, e me molhar todo, ela se acalmou, e eu finalmente a tirei de debaixo do chuveiro. A enrolei na minha toalha, que estava pendurada, e voltamos para o quarto com ela batendo o queixo.
— Você... Foi... Muito... Mal... — ela falou pausadamente por causa do frio, e eu não disse nada, apenas ri e levei para a cama, e a coloquei sentada lá.
Peguei uma camisa minha, e voltei até onde ela estava, lhe ajudando a vestir, enquanto ela ainda batia o queixo, e tremia. Sequei seu cabelo com a toalha, e em seguida com o secador para que ela não pegasse uma pneumonia, e a ajudei a se deitar, e se cobrir com o meu edredom.
— Você não vai dormir comigo? — ela me olhou, fazendo uma cara um tanto quanto fofa, e eu sorri.
— É melhor não, porque você vai acordar e querer me matar. — ri pelo nariz, e ela novamente fez bico. O que eu percebi ser uma mania, mesmo que só quando ela estava bêbada.
— Mas você vai ficar aqui até eu dormir? — deitou a cabeça para o lado, e piscou algumas vezes, a deixando com uma carinha bastante infantil.
— Eu vou ficar. — me deitei ao seu lado, e fiquei lhe fazendo cafuné, e não demorou pra que ela fechasse os olhos.
— ? — me chamou baixinho, e eu respondi com um "oi" quase sem som, mas ela ouviu. — Eu não estou mais brava com você... — falou e em seguida pegou no sono, me fazendo sorrir.
A olhei dormir por um tempo, e continuei lhe fazendo cafuné. Ela dormia tão serenamente, que nem parecia estar me batendo no carro. Ri baixo ao pensar no quão contraditória ela foi, ao me bater por ficar muito perto de seu decote, e depois tirar toda a sua roupa, me pedindo para fazer sexo.
Ela realmente mexia comigo de uma forma que nenhuma outra mulher havia feito. E eu não sabia como, ou o porquê de ser assim, mas era uma sensação que eu gostava.
Beijei sua testa levemente, e me levantei. Coloquei suas coisas sobre a poltrona e saí do quarto encostando a porta. Fui para o quarto de hóspedes, e me joguei na cama da forma que eu estava.
Quem diria que os meus planos de me embebedar por uma mulher, seriam estragados justamente por essa mulher, e ela acabaria dormindo na minha cama? Bom, eu nunca imaginei que isso aconteceria... Contanto, era melhor daquela forma.
~ pov's off~
Olhei pra tela do celular, vendo que era um número desconhecido, mas quando eu fui atender, parou de tocar.
Sentei-me na cama, ainda com o celular na mão esperando que ligassem novamente, mas não aconteceu, então eu deixei pra lá. Provavelmente era engano.
No relógio, já marcavam 08:00 PM, e só então eu fui percebi no quanto estava com fome. Já estava quase na hora do jantar, então me levantei e fui me vestir, já que continuava só de lingerie. Vesti uma calça de moletom, e uma blusa de manga. Calcei meu chinelo, e destranquei a porta do quarto em seguida.
Assim que desci, encontrei sentado na sala, assistindo a um filme que eu não fazia ideia de qual era. Fui até ele e me joguei no sofá ao seu lado, deitando a cabeça na almofada em seu colo.
— Melhorou o humor? — desviou seu olhar do filme pra mim e soltou uma risada nasalada.
— Eu não estava de mau humor, só não acho que tenha que ficar te dando satisfações de tudo na minha vida. — dei ombros.
— Eu só queria saber se você estava com alguém, não te vi saindo ontem da corrida. — se explicou, e eu ri em concordância. Eu sabia!
— Eu sabia que era algo desse tipo. — balancei a cabeça negativamente, e ele deu ombros como se aquilo não importasse. — Você sabe que eu já tô bem grandinha pra saber o que eu devo ou não fazer, não é? — arqueio a sobrancelha, ainda o olhando.
— Mas você continua sendo minha irmã mais nova, não consigo te imaginar saindo com um cara por aí. — fez uma careta, e balançou a cabeça negativamente.
— ... — fiz uma pausa, e ele balançou a cabeça para que eu continuasse. — Você sabe que eu não sou mais virgem, não é? — seus olhos se arregalaram de uma forma, que parecia que iam sair do rosto e sair rolando pela sala.
— Você tá brincando, não é? — falou em tom desaprovador, e eu quase ri, mas achei melhor não fazer isso. — , isso é sério. — balança a cabeça negativamente e eu me sentei no sofá o olhando.
— Minha virgindade é coisa séria? — fiz uma careta confusa, e ele me olhou com reprovação. — Bom, eu não sou mais virgem desde os meus 17 anos. — ri fracamente, e pela terceira vez em menos de cinco minutos, ele balançou a cabeça negativamente.
— Eu ainda espero que esteja zoando da minha cara. — soltou uma risada sem humor.
— Eu não estou zoando. — falei com seriedade. — E você não devia se importar com isso, porque você não é virgem há muito tempo, e eu também não sou obrigada a ser. — dei ombros e ele passou as mãos pelo rosto.
— É só que quando você saiu daqui, você era uma criança, e agora que voltou já não é mais. — me olhou. — Eu não sei de muitas coisas sobre você nos últimos sete anos, nós perdemos muito da vida um do outro. — depois de ele falar aquilo, eu me vi obrigada a concordar.
— Eu sei disso, mas não precisa se preocupar com essas coisas. — o olhei mantendo a minha voz calma. — Eu sei colocar uma camisinha muito bem. — falei com humor na voz, e quando ele fez uma cara enojada eu gargalhei alto e me levantei indo pra sala de jantar, ainda rindo.
A mesa já estava posta quando eu me sentei e veio logo atrás. Nem fiz muita questão de esperar meu pai pra comer, pois eu estava com muita fome e ele tava trancado no escritório. também se serviu, e logo nós dois começamos a apreciar aquela lasanha maravilhosa feita por Sara.
— Como eu sentia falta dessa lasanha. — falei fechando os olhos para apreciar melhor aquela comida incrível. — Sara, está ótima essa lasanha. — a olhei enquanto ela servia o suco em nossos copos.
— Obrigada, . — sorriu maternalmente e me olhou. — Espero que você coma direito, já que nem almoçou hoje. — falou em seriedade e eu sorri com seu jeito de mãe.
— Se depender da minha fome, eu como toda essa travessa. — ri bebendo um pouco do suco em seguida, e ela balançou a cabeça rindo também e foi para a cozinha em seguida.
— Que bom que vocês estão aqui. — a voz grave do meu pai soou na sala de jantar, e eu parei de comer para olhá-lo. — Onde foi que passaram a noite? — olhou de mim para e se sentou na ponta da mesa.
— Em um hotel?! — falei com obviedade, apesar de aquilo ser uma grande mentira. E então ele me olhou.
— E por que não voltaram para casa? — arqueou a sobrancelha, começando a se servir.
— Porque estava tarde, e eu achei melhor irmos para um hotel. — respondeu antes que eu pudesse falar algo, e o meu pai o olhou.
— Você deveria parar de levar a sua irmã para essas festas que você vai. — falou com seriedade, e por um momento eu consegui ver revirar os olhos, mas ele não o fez. — E você, deveria se preocupar mais em estudar do que seguir seu irmão. — voltou seu olhar a mim e eu soltei uma risada nasalada.
— Nesses últimos sete anos, tudo o que eu fiz foi estudar. — o olhei mantendo o mesmo tom que ele usava. — Eu perdi uma parte da minha infância, e perdi praticamente toda a minha adolescência trancada na merda de um internato, estudando bem mais do que uma criança deveria estudar. — balancei a cabeça negativamente, e ele mais uma vez arqueou a sobrancelha.
— Eu te fiz estudar tanto, para ser alguém nessa vida. Ou você prefere ser uma ninguém como seu irmão? — olhou para , que só abaixou a cabeça se mantendo calado. — Eu quero que você assuma a minha empresa um dia. Eu quero que você seja como eu. — voltou a me olhar, e eu acabei fazendo uma cara incrédula com todas aquelas palavras.
— E o que eu quero? Não é importante? — soltei uma risada nasalada e neguei com a cabeça. — Ser igual a você? — dessa vez eu ri com vontade, fazendo me olhar em confusão. — Eu não quero ser igual a você. — fiz uma careta um tanto quanto enojada. — E o não é um ninguém... — balancei a cabeça e olhei para . — Ele é tudo o que eu tenho nessa casa, e fora daqui também. E se você quer saber... — fiz uma pausa voltando a olhar para o meu pai. — Eu prefiro mil vezes ser como ele, do que ser como você. — ele me olhou com uma cara nada feliz e negou com a cabeça.
— Eu só trouxe você de volta porque preciso de você na empresa, caso contrário, eu teria te deixado na Austrália. — falou com a voz grave ainda me olhando.
— Poderia ter me deixado lá, era melhor do que tá nessa casa, onde eu me sinto mais presa do que no internato. — dei ombros e me levantei jogando o guardanapo na mesa. — Eu perdi a fome. — saí da sala de jantar, e fui para o quintal, andei um tempo pela grama e me sentei debaixo de uma árvore.
Eu não iria deixar meu pai me tratar daquela forma, só porque vivia na mesma casa que ele, e ele me "sustentava". E muito menos, falar daquela forma do . Ele não merecia nada daquilo, e eu não deixaria acontecer.
Fiquei sentada ali no quintal por um bom tempo, tudo o que eu tinha para fazer era ficar olhando o céu, que estava nublado naquele dia. Eu não voltaria pra dentro até que tivesse a certeza de que meu pai estaria dormindo. Não fazia questão de ver a cara dele mais uma vez hoje.
Deitei-me na grama e fechei os olhos, então por um momento pude sentir o cheiro do perfume que usava na noite anterior.
Droga, eu precisava esquecer o .
— Não é melhor você ir deitar na sua cama? — a voz de chamou a minha atenção, e eu abri os olhos para olhá-lo.
— Enquanto aquele homem, que a gente chama de pai, estiver acordado, eu não entro pra essa casa. — falei com indiferença e ele balançou a cabeça, se sentando ao meu lado. — Não sei como você aguenta tudo o que ele fala de você, calado. — o olhei negando com a cabeça.
— Porque eu entendo o motivo de não ser o filho favorito, na verdade, eu nem sei como ele ainda me deixou morar aqui todo esse tempo. — riu fraco e se deitou ao meu lado.
— Depois de hoje, nem eu sou a filha favorita. — dei ombros e ele gargalhou. — Ele te deixou morar aqui, porque ele sabe que a culpa não foi sua. — o olhei mantendo a seriedade na voz. — Você não devia deixar ele te tratar dessa forma. — balancei a cabeça e pude o ouvir suspirar.
— Eu não tenho mais opção, . — me olhou. — É por trabalhar com ele que eu tenho dinheiro e outras coisas, sozinho eu não conseguiria nada, porque como ele disse... — fez uma pausa. — Eu não sou ninguém. — soltou uma risada nasalada e eu senti uma vontade imensa de socá-lo naquela hora.
— Você vai mesmo acreditar no que ele fala? — falei incrédula. — Olha pra você, . Você é um dos melhores naquelas corridas, e já ganhou muitas delas que eu sei. — me sentei ainda o olhando. — Você pode muito bem conseguir o que quiser sem o nosso pai, você não é nada do que ele falou. — balancei a cabeça.
— Não é o que parece com o ganhando de mim agora. — falou com desdém e se sentou também. — Você não imagina a vontade que eu tive de socar ele nessas duas últimas corridas. — fechou os olhos e negou com a cabeça.
— Tenho certeza que ele também quis te socar todas as vezes que você ganhou dele. — ri pelo nariz e ele me olhou.
— Você quer defender o justamente agora? — falou incrédulo e eu dei ombros.
— Qual é o problema de vocês? — falei como quem não queria nada, mas na verdade eu estava bastante curiosa. — Ninguém se odeia dessa forma por causa de nada. — ele riu de escárnio.
— Somos rivais nas corridas. — deu de ombros, mas eu sabia que ele mentia.
— Quer mentir justamente pra mim? — falei com ironia e ele riu verdadeiramente dessa vez.
— Esqueci que você é minha irmãzinha. — falou também com ironia e eu o empurrei na grama.
— Fala logo, . — revirei os olhos com sua enrolação e ele voltou a ficar sério, mas sem me olhar.
— Até um ano atrás, mais ou menos, eu e o éramos amigos... — antes de ele acabar de falar, eu acabei soltando um "sério?" um tanto quanto desacreditado e ele concordou. — Nós éramos da mesma equipe, só que inventaram de nos colocar pra disputarmos, só pra saber quem viraria o líder da equipe. — balançou a cabeça. — Ele não queria correr contra mim, mas eu insisti em correr com ele, porque eu queria provar que era o melhor. — deu ombros e riu pelo nariz. — Mas o acabou ganhando a corrida, e quando acabou eu fiquei muito puto por isso, e saí de lá pra encher a cara. — riu sem humor.
— E por isso vocês se odeiam? — falei em um tom de confusão, porque aquilo realmente não fazia sentido, então ele negou.
— Ele tinha uma namorada na época, Brooke. E bom, ela vivia dando em cima de mim, mas eu nunca dei bola porque ele era meu amigo, né. — eu concordei com a cabeça para que ele continuasse. — Mas depois daquela corrida, eu fiquei muito puto com o ganhando de mim, e acabei dormindo com ela. — ele riu fracamente e eu fiquei incrédula. Então o havia dormido com a namorada do ? Era aquilo mesmo que eu havia ouvido? — No dia seguinte, ele nos pegou na cama dela, só com um lençol nos cobrindo, e aí a gente brigou. — fez uma careta que eu não consegui decifrar o que ela descrevia. — Eu tava de ressaca, e acabei apanhando mais que batendo. E então, a gente não se falou mais. — balançou a cabeça.
— E como ficou a equipe? — o olhei curiosa em saber o resto da história, pois eu queria saber todo o resto da história da maior rivalidade dos rachas em Londres.
— A gente vivia brigando antes das corridas, e aí decidiram que não podíamos continuar assim. Ou a gente parava de brigar, ou teriam que escolher um de nós pra continuar na equipe. — colocou os braços nas costas, apoiando seu corpo nos braços.
— E aí escolheram você. — eu falei baixo completando sua história e ele concordou, me olhando confuso, mas eu dei ombros como se tivesse sido um chute.
— Me escolheram porque ele sempre foi muito impulsivo e fazia as coisas sem pensar. — riu baixo e negou com a cabeça.
— Você dormiu com a namorada dele, só porque ele ganhou de você na corrida, e ainda escolheram você? — falei incrédula com tudo aquilo, e ele deu ombros. — Queria poder te defender, mas você foi um babaca. — neguei com a cabeça.
— E você acha que fez alguma diferença pra ele? Porque a Brooke me disse que ele a traiu várias vezes, nos seis meses que namoraram. — riu pelo nariz e me olhou. — Inclusive, ela disse que queria dar o troco.
— Só não precisava ser com o amigo dele. — me levantei limpando a parte de trás da minha calça.
— Você ficou brava comigo por causa do ? — fez uma careta incrédula e se manteve sentado na grama.
— Eu tenho motivos pra isso? — arqueei a sobrancelha e ele deu de ombros. — Na verdade, eu já vou entrar, nosso pai já dormiu. — apontei para a janela do quarto do nosso pai, onde a luz já estava apagada. — Boa noite. — mandei beijos no ar e fui em direção a casa.
— Boa noite. — respondeu alto para que eu ouvisse, e falou mais alguma coisa que eu não entendi, pois já havia entrado.
Entrei em casa e subi direto pro quarto, tranquei a porta e me joguei na cama.
Então era por isso que os dois se odiavam. O havia dormido com a namorada do . E pra melhorar tudo, escolheram o , mesmo o tendo ganhado, para manter na equipe.
Era disso que ele falava!
A ex dele escolheu o , e a equipe dele também.
Agora eu conseguia entender o motivo dele ter me falado aquilo mais cedo. Ele não me parecia errado agora.
Assim que cheguei naquela corrida, falei alguma coisa com , que eu não lembrava o que era, e saí por ali à procura do . Claro que não sem antes distrair , para que ele não pudesse ver aonde eu ia.
Não demorei muito a avistar atrás do galpão onde nos encontramos na outra corrida, mas ele não estava sozinho, estava com uma loira alta que falava algo para ele, ainda sim, eu me aproximei.
— O é meu amigo agora, quer dormir com ele também? — pude ouvir o tom irônico na voz de , e em seguida vê-lo negar com a cabeça.
— Ainda com dor no cotovelo, ? Supera isso logo. — ela falou em tom de deboche, e riu em seguida.
— Dor de cotovelo por sua causa? — ele usou o mesmo tom que ela. — Minhas noites estão sendo incríveis sem você, e te garanto que não passo elas sozinho. — negou com a cabeça e deu um sorrisinho vitorioso, típico dele. — Por que não vai procurar o ? Ou ele não era tão bom na cama? — arqueou a sobrancelha, e então me viu alguns metros atrás da garota. Pelo jeito que ele falava, eu deduzi que aquela era a tal Brooke.
— Ele é bem melhor que você, se você quer saber. — ela continuou com o tom debochado, mas manteve o sorrisinho nos lábios, mesmo que em seu olhar a raiva era evidente.
— Então por que não vai ficar com ele? Ele não te quis, não foi? — balançou a cabeça e soltou um risinho um tanto quanto debochado. — É claro que não, você foi só mais uma pra ele, na verdade... É o que você é para todos. — e o estalo do tapa que ela deu em seu rosto, soou estridente. — Irônico isso, não é? — ele falou sem se deixar abalar pelo tapa. — Você me traiu com o meu amigo, mas quando eu te falo a verdade você me dá um tapa? — riu de escárnio. — Tá tentando provar que ainda resta um pouquinho de dignidade? — ela levantou a mão para lhe dar outro tapa, mas eu a impedi segurando seu braço.
— Garota, sai daqui e mantém o que te resta de vergonha na cara, se é que ainda resta. — falei com indiferença e ela me olhou com os olhos cerrados.
— Quem você pensa que é para me falar o que eu devo ou não fazer? — puxou seu braço com força o fazendo se soltar da minha mão, e se virou para mim.
— Ninguém que você queira se meter. — mantive o tom sério na minha voz, e ela riu.
— Você não é ninguém, e tá querendo me botar medo? — falou com deboche apontando o dedo para mim, e balançou a cabeça.
— Acredite em mim, eu posso ser a pior pessoa da sua vida. — falei a olhando nos olhos, e abaixei seu dedo apontado para mim, e seu sorrisinho se fechou.
— Nos falamos depois, . — ela falou o olhando e em seguida saiu rebolando e batendo seu salto em direção as outras pessoas.
— Tá tudo bem? — falei após ter certeza que ela não voltaria, e o olhei.
— Estava ótimo, até você chegar. — falou com indiferença e eu arqueei a sobrancelha. — Eu não preciso que você me defenda, e muito menos que se meta na minha vida. — manteve seu tom, e também seu olhar em mim — Minha vida sempre foi ótima sem nenhum , primeiro veio o seu irmão, e dormiu com a minha namorada. — apontou para a direção onde Brooke havia ido — Aí apareceu você para, literalmente, foder ainda mais com a minha vida. — riu sem humor e voltou a me olhar.
— Caramba... — soltei uma risada nasalada e balancei a cabeça — Bem que o disse que você era impulsivo. — ri sem humor.
— É claro que a culpa é sempre minha. — balançou a cabeça e riu de escárnio. — Você é tão hipócrita quanto seu irmão. — ele praticamente cuspiu aquelas palavras na minha cara, e eu quis lhe dar um belo tapa na cara, mas não o fiz.
— O errou, eu sei, mas você não precisa ser babaca a esse ponto. — falei entre dentes, e soltei uma risada nasalada. — Nada justifica ele ter dormido com sua namorada, mas isso é passado, .
— Por que não me surpreende você defender seu irmão? — negou mais uma vez com a cabeça e andou um pouco ali onde estávamos — Se ele é tão bom assim, por que você não o pede para entrar na equipe dele? — me olhou com a sobrancelha arqueada. — Ele não vai deixar, não é? Porque você é a irmãzinha dele, que ele precisa tanto proteger, mas que ele não faz ideia de que pode ser pior do que ele. — soltou uma risada nasalada e balançou a cabeça.
— Eu nunca pedi pra entrar na sua equipe, você me ofereceu uma corrida e depois quis me colocar na equipe, eu não precisava da sua ajuda pra conseguir correr. — falei com desdém, enquanto apontava o dedo pra ele.
— Olha pra você. — me olhou de cima a baixo. — Você é uma garota mimada, que só começou a ser rebelde porque queria ir contra o papaizinho. — falou a última palavra com ironia. — Você não consegue nem ser você mesma perto deles. — balançou a cabeça.
— Cala a merda da boca. — falei entre dentes, enquanto cerrava o punho de tanta raiva que estava. — E você não passa de um badboy, impulsivo, repugnante, que desconta em todo mundo suas frustrações. — cuspi as palavras em sua cara.
— Ei, ei, vamos parar com isso aqui. — falou se aproximando da gente e entrou entre nós. — Eu não sei o que está acontecendo, mas ouvi o suficiente para saber que não é nada bom. — balançou a cabeça negativamente. — Só que aqui não é lugar de vocês lavarem roupa suja. — nos olhou com repreensão.
— Tá na hora da sua corrida. — se aproximou, sem saber o que acontecia ali, e me entregou a chave.
— Você não pode correr assim. — falou com um tom sério, e me olhou enquanto se encostava em seu Dodge. — Não depois de uma briga como essa. — negou com a cabeça.
— Que briga? — perguntou confuso, intercalando seu olhar entre nós três.
— Eu já corri em situações piores. — ignorei a pergunta do , e a olhei. — Por exemplo, quando meu namorado me traiu com a minha melhor amiga, e ainda disse que a culpa era minha, que não estava sendo o suficiente para ele. — falei olhando para , que levantou seu olhar para mim, com uma feição surpresa e soltei uma risada nasalada. — Não é uma briguinha ridícula como essa, que vai me impedir de ganhar essa corrida. — balancei a cabeça e dei a volta no lamborghini, abrindo a porta do motorista. — E, ? — o olhei. — Não se preocupa, essa é a minha última corrida pela sua equipe. — falei antes de entrar no carro, e em seguida saí em direção a pista.
Assim que cheguei à pista, apresentaram todos os concorrentes, mas eu nem havia prestado atenção, a única coisa que havia ouvido era que tinha um corredor da equipe do , e eu já devia imaginar. Logo uma garota quase seminua, de tão curta que era sua roupa, parou entre os carros e nos deu a deixa para partir.
Eu consegui sair na frente, e pegar uma boa distância dos outros carros. Eu estava com tanta raiva do , que acabei descontando no acelerador. O que não era de todo ruim.
Quando fomos fazer a primeira curva, um dos carros acertou a minha traseira, me fazendo perder a direção e ir direto para as pedras.
— Filho da puta! — falei entre dentes batendo as mãos no volante, e logo vi o carro ultrapassar. Eu tinha quase certeza, de que era o corredor da equipe do .
Girei o volante e acelerei com vontade para que o carro saísse das pedras, mas não sem antes os outros dois carros me ultrapassarem.
Ótimo! Agora eu estava em último lugar.
Faltavam alguns minutos de corrida, e pela velocidade que eu ia, eu conseguia ultrapassar. Ativei o botão do nitro, e comprovei a minha teoria, após passar de uma vez entre o Camaro e o MAZDA RX-7. Eles pareciam ter entrado em uma competição contra o outro, e estavam tão dispostos a ganhar, que seus carros corriam lado a lado, com pouca diferença de distância.
Depois de fazer a curva, avistei o Gran Torino verde, o mesmo da última corrida. Eu sabia que era um corredor do .
Acelerei ainda mais o carro, e troquei a marcha, assim consegui alcançá-lo e correr lado a lado com ele. Olhei para o lado direito onde seu carro estava, e pude ver sua feição nada feliz. E com uma risada um tanto quanto debochada, eu acelerei o carro ao máximo e ganhei a corrida, o deixando em segundo lugar.
Diferente da outra corrida, enquanto todos gritavam animados, eu não fui com o carro até lá, apenas o levei de volta para trás do galpão, onde e me esperavam.
— Você correu muito bem. — falou enquanto eu descia do carro, e eu sorri, mas sem muita vontade daquilo.
— Desculpa pelo carro. — olhei para , enquanto ia até a parte de trás olhar o estrago que a batida havia me causado.
— Tá tudo bem, . — ela balançou a cabeça e me olhou em seguida.
— Usa o dinheiro dessa corrida pra consertar. — lhe entreguei a chave.
— Você tem certeza que quer sair da equipe? — falou com um pouco de pesar na voz, e eu apenas concordei com a cabeça.
— O que aconteceu entre vocês? Vocês estavam bem na semana passada. — falou se aproximando da gente, e eu o olhei, mas em seguida desviei meu olhar para um canto qualquer.
— Bem até de mais. — soltei uma risada nasalada e balancei a cabeça em seguida. — Foi bom correr na equipe de vocês. — voltei a olhá-los e sorri. apenas me olhou, e pelo seu olhar eu sabia que ela me perguntava se eu tinha certeza, e mais uma vez, eu concordei.
Despedi-me deles e sai de trás do galpão, indo para onde estavam todas aquelas pessoas, esperando pela próxima corrida. Porém, um murmurinho próximo à barraca de bebidas, chamou a minha atenção, não só a minha, como a de grande parte das pessoas ali. Então me dirigi até lá, e logo avistei socando o rosto do corredor da equipe do , o que havia corrido comigo.
O outro até tentava reagir, mas o máximo que conseguiu, foi acertar um soco na boca de , que não se deixou abalar por aquilo, e continuou a bater.
Não demorou muito para que outro homem, que eu deduzi ser amigo do que apanhava, ir até lá e acertar com um chute na costela, o fazendo parar de bater no amigo. logo se meteu na briga, batendo no homem que havia acabado de aparecer.
O alvoroço ali se tornou maior, e logo todos estavam gritando em apoio a briga. Eu não sabia o que fazer, ou para onde ir, até que senti meu braço ser puxado no meio da multidão e foi quando eu vi .
— Vamos embora daqui, isso pode ficar bem pior. — ele falou com seriedade, e eu voltei meu olhar para a briga, onde algumas pessoas já haviam os separados, e pude ver , bem machucado, mas o cara da equipe do estava bem pior.
Voltei meu olhar para , e concordei com a cabeça, então logo saímos dali e entramos em seu carro, onde ele logo deu a partida se afastando do racha.
— Eu te disse que o era impulsivo. — me olhou rapidamente, mas em seguida voltou seu olhar as ruas.
— Pode até ser, mas aquele cara da sua equipe mereceu cada soco recebido. — o olhei falando com uma completa indiferença.
— O Patrick só estava correndo, e usou a tática pra ganhar. — deu ombros acelerando ainda mais o carro.
— Na verdade, ele estava com medo de perder de novo e bateu no carro da corredora do , pra tentar ganhar... — balancei a cabeça negativamente. — Mas ainda sim ele perdeu. — ri pelo nariz. — Vamos confessar que ela é melhor do que qualquer um da sua equipe, não é? — ele me olhou com a sobrancelha arqueada.
— Melhor do que eu, ela com certeza não é. — falou convencido, e por um momento eu quis rir, só não o fiz, porque não estava nada feliz. — Talvez algum dia eu tenha a chance de correr com ela. — voltou seu olhar para rua, e eu balancei a cabeça.
— Isso não será mais possível. — falei baixo para que ele não ouvisse, e confirmei que ele não havia ouvido, quando ele não falou mais nada, e apenas seguiu o caminho para casa.
~ pov's on~
Entrei no pub, onde estava tudo com uma luz mais escura, e várias pessoas espalhadas pelo local, rindo e bebendo suas bebidas, parecendo não ter nada o que se preocupar.
Aproximei-me do bar, onde a única pessoa que estava sentada, era um homem de mais ou menos, uns 40 anos, que bebia seu whisky, mas pela sua cara, já havia bebido uns três a quatro, ou mais que isso. Pelo menos alguém ali não parecia extremamente feliz e sem nenhum problema, pelo contrário, ele parecia completamente frustrado, bem parecido com meu estado.
— Um whisky puro... Duplo. — falei me sentando em um dos bancos em frente ao balcão, e passei a mão no cabelo olhando em volta.
Balancei a cabeça negativamente, e me voltei para o copo que o barman já havia colocado a minha frente, e o peguei virando o líquido de uma só vez, o sentindo descer queimando pela minha garganta. Minha noite já estava uma droga, uma ressaca no dia seguinte, não a deixaria pior.
Desde a minha briga com a , eu só conseguia me sentir assim. Depois que ela falou sobre a traição do namorado dela, eu não sabia o que sentir. Ela havia passado o mesmo que eu, e eu havia dito coisas horríveis pra ela.
Parabéns, ! Você conseguiu ser extremamente idiota.
Já havia se passado duas semanas que eu não a via... Duas semanas e eu não conseguia parar de pensar em toda aquela discussão. Nela correndo, muito bem, mesmo com tudo aquilo. E ainda conseguir ganhar a corrida, mesmo depois de tentarem atrapalharem-na. Ela era mesmo incrível.
Eu não sabia o que aquela mulher estava fazendo comigo, mas eu não costumava agir daquela forma por mulher nenhuma. Mas aquela garota era diferente de todas, eu não sabia dizer em quê, ou o porquê, mas ela era.
— Mais uma dose, por favor. — falei para o barman empurrando meu copo em sua direção e ele logo serviu mais uma dose do whisky.
O segundo copo, eu não virei de uma só vez, eu o beberiquei enquanto descascava um amendoim que estava em cima do balcão, jogando as cascas no compartimento, e fazendo o mesmo com o amendoim em seguida.
Olhei para o homem ao meu lado, e ele saia da cadeira, caindo para os lados. Tirou uma nota de cinquenta libras do bolso do paletó e colocou sobre o balcão, ao lado do copo vazio, e em seguida saiu cambaleando pub a fora.
Eu provavelmente iria sair da mesma forma, era possível que até pior. Eu não planejava fazer nada, além de encher a cara, até não aguentar mais.
— Uma tequila, por favor. — ouvi aquela voz que eu conhecia bem falar, e olhei para o lado, vendo curvada sobre o balcão brincando com a pulseira em seu braço.
Ela vestia um vestido preto colado ao corpo, que tinha um decote um tanto quanto sexy, e batendo na metade de suas coxas deixando aquelas belas pernas à mostra. Seu cabelo estava solto, e com alguns cachos na ponta, e usava um batom vermelho nos lábios, que os faziam chamar ainda mais atenção.
Assim o barman lhe serviu a tequila, ela a bebeu de uma só vez após lamber o limão de sua mão, e em seguida chupou o limão, fazendo uma careta em seguida. Soltou um gritinho e levantou os braços voltando para a pista, e começando a dançar.
Peguei o meu copo e fui para uma mesa no canto, onde tinha uma mesa que eu poderia observá-la, sem que ela me visse. E era tudo o que eu mais queria fazer.
Ela dançava jogando os braços para cima, no meio de outras garotas, nas quais ela provavelmente nem conhecia, mas não se importava. Tudo o que ela queria era dançar.
A cada música que acabava ela ainda continuava na pista. Eu não fazia ideia de como ela ainda se aguentava naqueles saltos tão altos.
Depois da quarta, ou quinta música que ela dançava, ela foi até o bar novamente. Pediu algo ao barman, e ele logo trouxe um drink rosa, e mais uma tequila, que ela virou sem nem pensar, e voltou para a pista bebericando o drink.
O jeito no qual ela ria sozinha na pista, e cambaleava algumas vezes na volta do bar, só me fazia ter certeza de que ela estava bêbada. E pelo visto, eu não era o único que queria encher a cara e esquecer até do meu nome. Ela estava no mesmo caminho, só que fazendo isso direito, porque eu só conseguia olhá-la, tanto que ainda me mantinha em meu segundo copo de whisky. Era engraçado, porque eu queria beber por causa dela, e por estar olhando pra ela, eu não conseguia beber.
Irônico...
Olhei as horas no celular depois de receber uma mensagem de , e já passava das 02:00 AM. Voltei a guardar o celular e pedi uma cerveja no bar, e olhei para o lado vendo novamente encostada no balcão, pedindo outra bebida. Eu já havia perdido a conta do quanto ela tinha bebido, isso porque eu não sabia quanto ela bebeu antes que eu chegasse.
Tocava uma música eletrônica agitada, e ela se balançava no ritmo, mas sem sair do balcão a espera da sua bebida. Foi quando um cara que parecia ser um pouco mais velho do que eu, se aproximou e espalmou a mão na bunda dela, a apertando com força.
Meu sangue ferveu com aquilo.
Antes que eu pudesse levantar para fazer algo, ela se virou e acertou em cheio o nariz do cara com um soco, fazendo com que seu corpo fosse para trás.
Eu não conseguia parar de olhá-la e repetir mentalmente o quanto aquela garota era incrível, o quanto ela me encantava cada vez mais. E no quanto eu estava louco por ela. No quanto eu a queria, não só por uma noite, mas em todos os momentos possíveis. Eu a desejava, como nunca desejei ninguém.
— Você tá louca, sua vadia? — saí dos meus devaneios com o cara falando, indo para cima de , que estava encurralada entre ele e o balcão, e tentava se defender com tapas.
— Louco é você que fica pegando na bunda de uma mulher sem o consentimento dela. — ela falou com a voz firme, e nem parecia estar bêbada.
— Se você não quisesse, não estaria empinando a bunda pra mim. — ele falou deixando seu tom de voz entre o raivoso e o malicioso, e pude notar ela revirar os olhos.
— Cara, sai daqui antes que você tome outro soco. — me aproximei e empurrei o homem, dando espaço para ela sair.
— Não devia deixar sua namorada solta por aí. — ele me olhou antes de se afastar, e bufou com indignação.
— Eu não sou namorada dele, idiota. — ela falou alto para que o cara ouvisse, e me olhou com indiferença se virando novamente para o balcão e virando o drink que havia pedido anteriormente de uma só vez.
— Você devia parar de beber. — me encostei no balcão ao lado dela, e a olhei.
— Quem é você? Meu pai? — ela falou sem me olhar, pedindo outra bebida para o garçom.
Soltei uma risada nasalada e balancei a cabeça me mantendo ali sentado ao lado dela, apesar de que ela me ignorou o tempo todo. Era como se eu não estivesse ali perto dela. E pra melhorar, ela resolveu ir pra pista de dança, e começar a dançar de uma forma completamente sexy, enquanto me olhava.
Ela passava as mãos pelo corpo, e balançava o corpo no ritmo da música. Jogava o cabelo para o lado, deixando o pescoço completamente exposto, e mordia o lábio inferior de uma forma que me deixava completamente louco. E eu logo pude sentir minha calça começar a apertar, pelo volume que crescia entre minhas pernas.
Droga, !
Quando dei por mim, ela estava subindo em uma mesa e ameaçando a tirar o vestido, enquanto vários homens faziam uma roda ao redor da mesa, e gritavam para que ela tirasse a roupa. Ótimo!
Levantei-me, de onde estava e andei até a mesa, a vendo gargalhar enquanto descia as alças do vestido, mas as voltava para o lugar, deixando os homens frustrados.
— , desce daí e vamos pra casa. — falei me aproximando da mesa, a fazendo me olhar.
— Eu não vou pra casa com você, você não é nada meu. — ela me olhou e subiu um pouco do vestido, bebericando uma garrafa de cerveja que alguém a deu. — Liga pro meu pai, diz pra ele que a garotinha mimada dele, está dançando em cima de uma mesa. — ela falou com ironia e indiferença ao mesmo tempo, fazendo os caras gritarem e me olharem.
— Você tá parecendo mesmo uma garotinha mimada agora. — mantive meu olhar nela, sabendo que hora ou outra ela desceria dali pra me xingar. — Uma garotinha que bebeu mais do que consegue, e agora está querendo chamar atenção em cima de uma mesa. — balancei a cabeça e ela logo desceu da mesa, andando na minha direção, com um olhar furioso.
— Eu não preciso chamar atenção de ninguém, e não quero isso também. — falou entre dentes, enquanto eu andava de costas em direção ao balcão.
— Eu sei que não, só que eu precisava tirar você ali de cima. — dei ombros, e tirei o dinheiro do bolso, o colocando no balcão. — Cobra o dela também e fica com o troco. — olhei rapidamente para o barman e voltei o olhar para ela. — Me deixa te tirar daqui? — falei baixo dessa vez, e ela bufou concordando com a cabeça. Eu coloquei a mão em suas costas, a guiando para fora, mas ela parou no caminho.
— Minha bolsa, e meu casaco. — olhou para o armário atrás do balcão, onde havia vários casacos.
— Vou buscar pra você. — fui até o barman, e o pedi para pegar, e assim ele fez, me entregando tudo e eu voltei até onde ela estava, lhe ajudando a vestir o casaco, e segurando sua bolsa. Assim saímos do pub.
Fomos em direção ao meu carro, e logo que entramos, eu a ajudei a colocar o cinto, enquanto tomava alguns tapas por sem querer, me aproximar demais de seu decote.
— Eu já disse que não foi por querer. — falei segurando sua mão, quando ela foi me acertar mais um tapa no braço. — Eu só queria te ajudar a colocar o cinto. — voltei a me ajeitar no banco, colocando o meu cinto.
— Eu não preciso de ajuda, eu sei fazer isso. — revirou os olhos, de uma forma entediada. — Nem preciso de você pra me levar pra casa. — abriu a porta, mas ao tentar sair do carro, foi puxada de volta pelo cinto, o que a fez bufar de raiva. Eu quase ri com aquilo, mas achei melhor me segurar.
— Eu só queria te ajudar a não fazer nenhuma besteira lá dentro, ainda mais depois de ver aquele homem pegando na sua bunda, aproveitado que você estava bêbada. — a olhei, esperando que ela voltasse a se ajeitar no banco.
— Isso é porque homens, só respeitam as mulheres quando elas estão com outro homem. — puxou a porta novamente, a batendo com força e eu fechei os olhos para não brigar por aquilo. — Acham que só porque estamos um pouquinho bêbadas, podem fazer o que bem entendem. — ela falou abrindo um espaço entre o indicador e o polegar para mostrar o pouquinho, que não era nem perto do quanto ela realmente estava bêbada. — Mas eu não preciso que você me defenda. — voltou a me olhar, cerrando os olhos para seguida. — Eu não preciso que homem nenhum me defenda, posso fazer isso sozinha. — falou com um tom enfurecido e eu dei a partida, antes que ela pensasse em descer novamente. — E só pra você saber... — fez uma pausa para me olhar enquanto encostava a cabeça no banco. — Eu não sou nenhuma garotinha mimada, que faz essas coisas por causa do pai, ou pra chamar atenção. — balançou a cabeça tantas vezes, que logo ficaria com dor de cabeça. — Eu só faço tudo isso porque me privaram de ser como as outras crianças e adolescentes, e se eu não podia fazer normalmente, eu faria escondida. — ela riu pelo nariz, e deu ombros em seguida. — Mas você não precisa saber disso, na verdade, você nem quer saber. — fez uma careta de desdém, ainda me olhando e eu retribui seu olhar por alguns segundos, atravessando por um sinal vermelho. — Você só queria me levar pra cama não é? Por isso me deixou entrar na sua equipe? — cerrou os olhos novamente, e eu neguei com a cabeça.
— Claro que não. — falei incrédulo com sua acusação, prestando atenção na rua. — Eu só queria mesmo saber se você era tão boa quanto parecia, e se você quer saber... — voltei meu olhar a ela. — Você é a melhor corredora que eu já vi. — voltei a olhar para o caminho que fazia. — É melhor até que eu e seu irmão juntos. — soltei uma risada nasalada. Eu não estava falando aquilo para agradá-la, ainda mais que ela não se lembraria de nada amanhã, era a verdade. Ela era mesmo melhor do que nós dois juntos.
— E por isso você me falou todas aquelas coisas. — ela falou com ironia, mantendo seu olhar na rua a nossa frente.
— Eu falei aquilo sem pensar, foi tudo na hora da raiva. — balancei a cabeça negativamente, e o olhei rapidamente, voltando a prestar atenção no caminho.
— Porque você é impulsivo, idiota, babaca, sem noção, e muito mais que eu não consigo pensar agora. — ela fez uma careta um tanto quanto engraçada, e que demonstrava o quanto ela estava bêbada. Eu até riria, se ela não estivesse me xingando. — Você ficou bravo porque eu disse que não podia acontecer mais nada entre a gente. — ela balançou a cabeça, e virou seu rosto para a janela ao seu lado.
— Eu fiquei bravo por você usar o como desculpa pra isso, não por você ter me dado um fora. Todo mundo já levou um fora na vida. — soltei uma risada nasalada. — Mas você usar a desculpa de se o descobrisse, foi demais. Você não estava fazendo por você, mas por ele. — troquei a marcha e passei por mais um sinal vermelho.
— Não foi por ele, foi por que... — fez uma pausa e me olhou. — Porque eu não queria ter que escolher entre você e o meu irmão, seria uma escolha impossível pra mim. — falou com um tom de voz baixo, mantendo sua voz em mim. — E eu fui falar com você na corrida, porque ele me contou tudo o que aconteceu com a sua ex. — soltou uma risada fraca. — Eu fui dizer que entendia o seu lado, sua raiva do , mas você me tratou como um nada. — ela suspirou e voltou a olhar para frente.
— Eu me arrependo muito por isso... — falei baixo e imitei seu suspiro. — De verdade. — completei a olhando enquanto virava a rua.
Ela assentiu, e não falou mais nada. Eu também não o fiz, não estava nem um pouco a fim de fazer ou falar mais alguma besteira, que a levaria a voltar a me xingar.
Fomos o resto do caminho em silêncio, e quando eu entrei no estacionamento do meu prédio, ela me olhou confusa.
— Por que você me trouxe pra sua casa? — falou sem entender, encostando a cabeça no banco pra me olhar.
— Porque se eu chegasse com você bêbada, na sua casa, há essa hora, provavelmente o iria ficar uma fera, achando que eu te embebedei. — parei o carro na minha vaga, e a olhei, então ela concordou com a cabeça.
— O ia te matar. — ela fez uma careta e riu em seguida, eu acabei por fazer o mesmo e concordar.
— Vamos subir? — falei depois de um tempo que ficamos em silêncio, e ela assentiu. Tirei meu cinto e abri a porta tirando a chave da ignição, saindo do carro em seguida.
— ? — pude ouvir me chamar um pouco baixo, e me abaixei para olhá-la. — Me ajuda a tirar o cinto? — ela fez uma careta, e eu ri baixo concordando com a cabeça.
Fechei a porta, e dei a volta no carro, indo até o lado do passageiro onde ela estava. Abri a porta e me abaixei na altura dela, tirei seu cinto a ajudei descer, pegando sua bolsa de seu colo. Ela desceu cambaleando um pouco, e segurando no meu braço, mas os sapatos continuavam em seus pés.
— Não quer tirar isso? — apontei para os sapatos dela, enquanto fechava a porta e trancava o carro.
— Não. — balançou a cabeça e deu ombros, como se aquilo não a incomodasse, e eu fiz uma careta seguindo o caminho para o elevador em seguida.
Entramos no elevador, e ela se encostou no vidro de trás, e se escorou em meu braço, deitando a cabeça em meu ombro. Por mais que os saltos a deixassem maior do que eu, ela conseguiu se equilibrar com facilidade, mesmo curvada. O que eu nunca ia entender como uma mulher bêbada como ela estava, conseguia se equilibrar num salto tão alto e fino daquela forma.
Assim que chegamos ao meu andar, saímos do elevador e fomos para o meu apartamento. Entramos, e eu a guiei até o meu quarto. Deixei sua bolsa na poltrona, e quando fui a acompanhar para cama, ela tropeçou nos próprios pés e caiu na cama, me puxando junto. Então ela gargalhou, gargalhou gostosamente, e eu não pude deixar de rir junto.
Enquanto nossas risadas se cessavam, ela me olhava atentamente, enquanto passava seu polegar em meu rosto, terminando a trilha em meus lábios.
— Você é tãooo bonito. — falou séria, arrastando o "tão" de uma forma engraçada.
— E você é linda, muito linda. — coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha, ela mordeu o lábio inferior, me fazendo voltar o olhar para seus lábios vermelhos.
— E também é gostoso. — ela falou com um sorrisinho malicioso, e eu acabei rindo e balançando a cabeça.
— Você também é gostosa, . — a chamei por seu apelido, e ela deu um sorrisinho antes de morder minha boca e puxar meu lábio inferior entre os dentes.
Antes que eu pudesse falar algo, ela iniciou um selinho prolongado, pedindo passagem para língua em seguida. Eu não demorei nada a ceder, até porque eu queria muito beijá-la. Eu sentia falta de beijá-la.
Era um beijo calmo, mas com muito desejo, e dava pra ver que ela também sentia falta daquilo. Logo que sua mão começou a subir minha blusa para tirá-la, eu cortei o beijo e me levantei. Aquilo não podia acontecer... Não com ela bêbada daquela forma.
— Você não quer? — ela falou de uma forma inocente, e eu até riria, se não estivesse tentando me manter centrado. — Não quer repetir a nossa outra noite? — ela se sentou na cama, ainda me olhando. — Não quer me foder como você fez aquele dia? — ela falou, mudando sua voz para um tom extremamente sujo, e logo ficou de pé, abrindo a lateral do vestido, o deixando cair em seus pés. E ficando apenas de calcinha.
Ela não estava usando sutiã, pra piorar toda a minha vida.
— , você tá bêbada. — balancei a e fechei os olhos para não olhar para seus seios completamente expostos para mim. — Eu quero muito foder com você... — me aproximei dela, e ela deu um sorrisinho malicioso. — Mas quando você estiver sóbria, e não puder se esquecer. — peguei seu casaco na cama, e coloquei na frente de seu corpo, a fazendo suspirar e fazer um bico, que ficava entre o fofo e o engraçado.
— Eu não sou tão boa como as outras, ? — ela fez uma voz magoada, e eu a olhei, segurando em seus ombros.
— Você é bem melhor que todas elas. — coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. — Eu juro. — cruzei os dedos em frente ao rosto, e ela sorriu. — Mas nós não vamos transar hoje... — balancei a cabeça. — Porque você não está em condições de escolher, e seria bem errado da minha parte. — beijei sua bochecha.
— Eu posso escolher... E eu escolho fazer sexo. — ela falou dando ombros e jogando o casaco de volta na cama, e eu acabei rindo da sua atitude.
— Você precisa de um banho. — a olhei e ela deu um sorrisinho empolgado, e eu balancei a cabeça a levando para o banheiro.
Logo que chegamos ao banheiro, a levei para o box e liguei o chuveiro deixando na água fria, o que a fez gritar, mas era só assim pra passar um pouco sua embriaguez.
Depois de gritar que a água tava gelada, me xingar, e me molhar todo, ela se acalmou, e eu finalmente a tirei de debaixo do chuveiro. A enrolei na minha toalha, que estava pendurada, e voltamos para o quarto com ela batendo o queixo.
— Você... Foi... Muito... Mal... — ela falou pausadamente por causa do frio, e eu não disse nada, apenas ri e levei para a cama, e a coloquei sentada lá.
Peguei uma camisa minha, e voltei até onde ela estava, lhe ajudando a vestir, enquanto ela ainda batia o queixo, e tremia. Sequei seu cabelo com a toalha, e em seguida com o secador para que ela não pegasse uma pneumonia, e a ajudei a se deitar, e se cobrir com o meu edredom.
— Você não vai dormir comigo? — ela me olhou, fazendo uma cara um tanto quanto fofa, e eu sorri.
— É melhor não, porque você vai acordar e querer me matar. — ri pelo nariz, e ela novamente fez bico. O que eu percebi ser uma mania, mesmo que só quando ela estava bêbada.
— Mas você vai ficar aqui até eu dormir? — deitou a cabeça para o lado, e piscou algumas vezes, a deixando com uma carinha bastante infantil.
— Eu vou ficar. — me deitei ao seu lado, e fiquei lhe fazendo cafuné, e não demorou pra que ela fechasse os olhos.
— ? — me chamou baixinho, e eu respondi com um "oi" quase sem som, mas ela ouviu. — Eu não estou mais brava com você... — falou e em seguida pegou no sono, me fazendo sorrir.
A olhei dormir por um tempo, e continuei lhe fazendo cafuné. Ela dormia tão serenamente, que nem parecia estar me batendo no carro. Ri baixo ao pensar no quão contraditória ela foi, ao me bater por ficar muito perto de seu decote, e depois tirar toda a sua roupa, me pedindo para fazer sexo.
Ela realmente mexia comigo de uma forma que nenhuma outra mulher havia feito. E eu não sabia como, ou o porquê de ser assim, mas era uma sensação que eu gostava.
Beijei sua testa levemente, e me levantei. Coloquei suas coisas sobre a poltrona e saí do quarto encostando a porta. Fui para o quarto de hóspedes, e me joguei na cama da forma que eu estava.
Quem diria que os meus planos de me embebedar por uma mulher, seriam estragados justamente por essa mulher, e ela acabaria dormindo na minha cama? Bom, eu nunca imaginei que isso aconteceria... Contanto, era melhor daquela forma.
~ pov's off~
Capítulo 4
Abri os olhos sentindo a claridade do quarto os fazer doer, então os fechei novamente, colocando as mãos sobre o rosto. Minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento. E meu estômago parecia que iria pular pra fora a qualquer hora.
Levantei-me correndo da cama e fui para o banheiro, me abaixei em frente à privada e vomitei todas as bebidas que havia ingerido na noite anterior. E eram muitas, porque eu estava numa ressaca terrível.
Malditas bebidas!
Depois de colocar tudo pra fora, me levantei e abri todas as gavetas possíveis atrás de uma escova de dente, e logo achei uma embalagem fechada e a abri sem me preocupar se o dono da casa acharia ruim. Coloquei um pouco de creme dental na escova, e escovei os dentes enquanto me olhava no espelho. Meus olhos estavam borrados por causa do rímel, meu rosto estava um pouco inchado, meus olhos fundos e meu cabelo bem bagunçado. Eu estava péssima. Parecia ter sido atropelada por um ônibus.
Acabei de escovar os dentes, então lavei o rosto tirando os vestígios de maquiagem, e prendi o cabelo em um coque. Eu não tinha muita opção, já que ele estava uma merda.
Sequei as mãos e o rosto na toalha, que tinha um perfume conhecido, mas que eu não me lembrava de onde. E foi só então que eu notei que estava vestindo uma camisa masculina do Gun's n roses, que tinha o mesmo perfume da toalha.
Que merda eu havia feito ontem à noite?
Foi o que eu pensei antes de balançar a cabeça negativamente e voltar para o quarto. Olhei em volta, e só então reconheci o lugar. Era o quarto do , eu estava na casa dele. E pior, havia dormido na cama dele, vestindo apenas a camisa dele e a minha calcinha.
Eu não sabia dizer se aquilo era bom ou ruim. Bom porque eu não havia passado a noite com um desconhecido, mas ruim porque eu havia passado a noite com o , mesmo depois de ter prometido para mim que nunca mais chegaria nem perto dele depois daquela briga.
Balancei a cabeça negativamente e suspirei, peguei meu celular dentro da bolsa na poltrona e o liguei, já que havia desligado quando saí de casa na noite anterior para que o não me enchesse, então saí do quarto, ouvindo alguns barulhos de talher. Assim que cheguei à cozinha, avistei sentado sobre o balcão, de costas para porta onde eu estava.
— Bom dia. — ele falou assim que notou a minha presença levando uma colher do cereal à boca.
— É um péssimo dia. — fiz uma careta e passei as mãos pelo rosto. — Parece que fui atropelada por um caminhão. — falei com a voz abafada pelas minhas mãos, podendo ouvir sua risada nasalada.
— Imaginei que você não acordaria nada bem. — desceu do balcão, e pegou um copo colocando água, pegou algo sobre o pote de açúcar, e veio na minha direção. — Aqui tem um remédio pra dor de cabeça e um pra enjoo, que eu imagino que também é um problema. — me entregou os dois comprimidos e a água.
— Obrigada. — falei antes de colocar os dois remédios de uma só vez na boca, e bebi a água, fazendo uma careta quando o comprimido dissolveu e deixou um gosto amargo na minha boca. — E como você está tão bem? Não tá de ressaca também? — voltei a olhá-lo, e ele balançou a cabeça.
— Eu estaria de ressaca se tivesse bebido como eu pretendia quando fui para aquele pub. — riu pelo nariz e pegou o copo da minha mão o levando para a pia e o deixou lá. — Mas graças a certa pessoa, eu perdi o foco em encher a cara, e só consegui beber dois copos de whisky a noite toda. — voltou a se aproximar, parando a poucos centímetros a minha frente, me fazendo prender a respiração por alguns segundos, mas ele não fez nada, apenas pegou seu cereal e se afastou.
— Eu preciso perguntar... — balancei a cabeça fazendo uma pausa, e ele assentiu comendo mais uma colherada do cereal. — O que aconteceu ontem à noite? — mordi a parte interna do meu lábio inferior, sem ter certeza que queria mesmo saber a resposta.
— Do começo? — me olhou, acabando de comer o cereal e bebendo um bom gole do seu café, e eu assenti. — Eu tinha ido para o pub encher a cara, mas eu te vi no meu segundo copo de whisky, e aí me perdi te observando e acabei esquecendo de beber. — riu fraco balançando a cabeça, e eu balancei a cabeça para que ele te continuasse. — Você dançou muitas músicas, depois foi pedir mais bebidas, foi quando um cara apareceu atrás de você e apertou sua bunda. — ele falou e eu fiz uma careta incrédula. — Fui te ajudar, mas você já tinha dado um soco no nariz dele. — ele riu balançando a cabeça.
— Esses homens não sabem respeitar as mulheres. — revirei os olhos e ele concordou bebendo mais um pouco de café. — Mas continua. — fui até a mesa e me sentei em uma das cadeiras, ainda o olhando.
— Eu fui até lá pra mandar o cara embora, antes que ele fizesse algo pior, já que você não estava em muita condição de se defender... — ele começou a falar, mas eu o interrompi.
— Eu dei um soco no cara porque ele apertou a minha bunda, e você acha que eu não tinha condição de me defender? E quem me defenderia? Você? — falei com ironia e ele revirou os olhos balançando a cabeça. — Eu não preciso que homem nenhum me defenda. — bufei e ele acabou o café levando a xícara para a pia.
— Eu sei que você não precisa, mas eu achei melhor interferir antes que ele te forçasse a algo que você não queria, e não conseguisse impedir. — falou sem me olhar enquanto começava a lavar a louça, e eu pude me sentir uma idiota. Ele só queria me ajudar.
— E depois? — falei um pouco baixo, devido ao que havia feito anteriormente.
— Eu fiquei com você no balcão te fazendo companhia, mesmo contra sua vontade, até você ir dançar e resolver subir numa mesa e ameaçar tirar a roupa. — riu sem humor, e eu podia até dizer que ele demonstrava ciúmes, mas provavelmente estava enganada. — Foi difícil fazer você parar, eu tive que te chamar de garotinha mimada pra você descer e me xingar, e só assim te convenci a vir embora. — acabou de lavar a louça suja, mas se manteve de costas para guardá-las.
— Não foi a primeira vez que você me chamou de garotinha mimada. — ri sem vontade, e ele se virou para me olhar com pesar nos olhos.
— Fomos para o carro, e quando eu fui te ajudar a colocar o cinto, você começou a me estapear e falar que eu estava perto demais dos seus seios. — continuou, ignorando o que eu havia falado, e eu acabei rindo um pouco daquilo. — E veio me xingando por todo o caminho, mesmo sem conseguir lembrar-se dos xingamentos que queria. — fez uma careta e riu balançando a cabeça negativamente. — Quando chegamos aqui, você me perguntou por que eu te trouxe pro meu apartamento... — eu o interrompi novamente.
— Porque se você me levasse pra minha casa o te mataria. — completei sua frase, fazendo uma careta em seguida e ele riu.
— Foi exatamente o que você disse ontem. — voltou a encostar-se ao balcão e continuou me olhando. — Eu tive que te ajudar a tirar o cinto, porque nem isso você conseguia fazer... — fez uma careta engraçada e eu acabei por rir daquilo. Eu estava tão bêbada a ponto de nem conseguir tirar o cinto. — E nós subimos até aqui, e quando eu te levei pro quarto, você tropeçou e caiu na cama me levando junto. — soltou uma risada nasalada.
— E aconteceu alguma coisa no quarto? — falei com receio, e ele se sentou no balcão antes de voltar a falar.
— Depois de falar que eu era bonito, e gostoso, você me beijou e começou a tentar tirar a minha roupa... — fez uma pausa soltando uma risada fraca, e eu conseguia sentir minha cabeça doer ainda mais com aquilo. Aquela era a parte que eu provavelmente não gostaria muito de ouvir. — Mas eu parei com tudo antes que tomasse proporções maiores. — voltei meu olhar para ele, ficando claramente surpresa com aquilo. Alguns homens se aproveitariam daquilo. — Depois disso você tirou o vestido, ficando só de calcinha, e começou a me perguntar se eu não queria você... — parou de falar, rindo pelo nariz e balançou a cabeça, mais uma vez.
— Eu fiquei só de calcinha pra você, perguntando se você me queria? — falei um pouco desacreditada e ele concordou com a cabeça. Fiz uma pausa, mas em seguida gargalhei, o fazendo rir junto comigo. Quão bêbada eu estava?
— Eu confesso que foi bem difícil resistir aos seus seios completamente expostos. — fechou os olhos e passou as mãos no rosto, bagunçando os cabelos em seguida. — Mas eu resisti e te levei pra tomar um banho frio, pra passar um pouco o efeito da bebida. — voltou a abrir os olhos me encarando novamente. — Você me xingou, disse que eu era mal, mas eu deixei pra lá e te vesti com essa camisa, que é mais confortável que seu vestido. — apontou para a camisa que eu vestia com a cabeça, e eu me vi obrigada a concordar. — E aí você perguntou se eu dormiria com você, mas como eu sabia que você me mataria hoje, eu disse que não. Te coloquei pra dormir e fui para o quarto de hóspedes. — deu ombros, me fazendo olhá-lo sem saber o que falar por alguns segundos.
— Então não aconteceu nada? — falei depois de alguns segundos em silêncio e ele concordou, me fazendo suspirar aliviada.
Pelo menos assim, eu não havia feito nada, enquanto não tinha consciência das minhas escolhas.
— Obrigada por não me deixar fazer nenhuma besteira. — mantive meu olhar nele, agora os dirigindo para seus olhos.
— Eu não ia deixar nada de ruim acontecer com você, e muito menos te fazer algo sem que você tivesse em perfeito juízo para me autorizar. — falou com sinceridade e desceu do balcão, mantendo seu olhar no meu.
Fiquei em silêncio sem saber o que falar, mas não consegui quebrar o contato visual. Parecia que um imã prendia nossos olhares um no outro.
— Por que você bebeu tanto assim? — ele quebrou o silêncio, claramente curioso e eu ri pelo nariz.
— Por sua causa. — balancei a cabeça e ele arqueou a sobrancelha em dúvida. — Depois que você me falou todas aquelas coisas há duas semanas, eu não queria mais te ver, mas não conseguia te tirar da cabeça. — soltei uma risada fraca, e ele desviou o olhar para a parede atrás de mim, então eu me levantei indo para frente da mesa, na frente dele.
— Me desculpa por tudo aquilo, eu fui um grande babaca com você. — voltou seu olhar para mim, e eu acabei concordando com a parte dele ser um babaca. — Eu fiquei com raiva por você usar o como desculpa, e acabei descontando todas as minhas frustrações com ele, em você. E você não tinha culpa de nada. — balançou a cabeça e suspirou em seguida.
— Tá tudo bem, . — repeti seu gesto e balancei a cabeça também. — Depois de tudo o que fez por mim essa noite, acho que você não é tão idiota como eu havia dito. — soltei uma risada nasalada e ele riu.
— Preciso te confessar uma coisa... — voltou a ficar sério e me olhou novamente, então eu assenti pra ele continuar. — Eu só saí ontem pra beber, porque eu também não conseguia parar de pensar em você, em querer saber como você estava depois da nossa briga, porque eu não te via há duas semanas. — coçou a nuca, e desviou o olhar em seguida, mas o voltou para mim logo depois. — Mas quando eu te vi naquele pub, nada mais parecia fazer sentido, nem mesmo aquelas bebidas, porque tudo o que eu queria era você na minha cama mais uma vez... Eu queria você ao meu lado. — deu alguns passos e parou na minha frente.
— Você foi beber por minha causa, mas por minha causa não conseguiu beber? — falei em tom de confusão, mas fazendo uma careta divertida.
— Pra você ver o quanto você bagunça a minha vida. — deu um meio sorriso, me fazendo sorrir junto.
Era engraçado aquilo que estava sentindo, até ontem à noite eu não queria nem vê-lo, mas agora eu estava ali frente a frente com ele, e tudo o que eu mais queria era beijá-lo, e não parar mais.
O toque do meu celular me tirou dos meus devaneios, o peguei sobre a mesa vendo que era uma ligação do , e que havia várias outras perdidas, então logo atendi.
— Oi, . — falei ao atender, e olhei para que voltava a se afastar, parecendo entediado.
— , onde você está? Você saiu ontem sem avisar e não voltou até agora pra casa. — ele falou em tom sério e autoritário, me fazendo querer rir.
— Achei que nosso pai tinha viajado. — falei com ironia e acabei revirando os olhos.
— Mas você não devia sair sem me falar pra onde vai, eu ainda sou seu irmão. — manteve seu tom de voz, e mais uma vez eu revirei os olhos.
— E eu não sou mais uma criança. — falei no mesmo tom que ele e pude ouvi-lo bufar. — Eu ainda não vou pra casa, então nem precisa ficar me esperando. Até mais tarde. — pude ouvi-lo me chamar, antes de encerrar a ligação e me olhou com a sobrancelha arqueada.
— Resolveu desafiar seu irmão? — falou em ironia, mas eu não fiquei brava com aquilo, então dei ombros.
— Não tenho que ficar dando a ele satisfações de tudo o que eu faço. — deixei o celular novamente sobre a mesa e andei até ele. — Já tenho quase 20 anos, ele precisa parar de agir como se eu fosse criança. — parei em sua frente e ele concordou – E, além do mais, ele não me deixaria beber se estivesse junto, por isso era melhor fugir. – dei ombros e ele concordou levemente com a cabeça.
— Você é mais louca do que eu imaginava. — balançou a cabeça e riu pelo nariz, colocando sua mão em minha cintura.
— Quer saber de uma coisa? — me aproximei um pouco mais dele e ele concordou. — Eu não usei o como desculpa pra não ter mais nada com você, mas só porque se caso eu começasse a gostar de você, ficaria difícil escolher entre vocês dois. E eu não queria ter que passar por isso. — balancei a cabeça, e olhei em seus olhos. — Porque por mais que ele seja meu irmão, se eu nutrisse sentimentos por você, não conseguiria deixá-los de lado para escolher o . — falei um pouco mais baixo que antes e ele concordou com a cabeça.
— Então não pensa em quem você vai ter que escolher, não pensa no que pode ou não acontecer. — negou com a cabeça e me puxou para mais perto colando nossos corpos. — Porque eu não consigo pensar em mais nada com você aqui. — falou baixo, antes de finalmente me beijar.
Eu logo retribui ao beijo, envolvendo meus braços em seu pescoço. Era um beijo calmo, mas havia muito mais do que atração nele, não era mais apenas desejo de ambas as partes. E por mais que eu houvesse dito antes que aquilo nunca mais aconteceria, eu não queria mais parar aquele beijo, e sabia que ele não seria o último.
Passamos o resto da manhã juntos ali no apartamento dele, e foi tudo agradável. A gente conversava, se zoava e gargalhávamos todo o tempo. Era bom estar de bem com ele, e poder conversar com alguém que não me julgaria, ou me proibiria de fazer algo. Talvez fosse por isso que eu estava encantada por ele, pelo fato de que com ele, eu tinha liberdade para ser quem eu realmente era. Sem precisar fingir.
— ... — ele me olhou enquanto entravamos em seu carro. — Volta pra equipe. — se ajeitou no banco, mas manteve seu olhar em mim.
— Eu não sei, . — balancei a cabeça. — Eu não quero acabar brigando com você de novo, e ter isso jogado na minha cara. — ri fraco, mas mantive a sinceridade na voz, o fazendo suspirar.
— Eu não quis jogar na sua cara, eu juro. — dessa vez, ele balançou a cabeça. — E sem você a equipe tá perdendo nossa melhor corredora. — falou também com sinceridade, e eu arqueei a sobrancelha o fazendo rir baixo. — Eu te falei isso ontem, mas duvido que você lembre... — fez uma careta, e eu ri dessa vez, mas ainda mantendo a confusão em meu rosto. — Você é a melhor da equipe, é melhor do que eu, e melhor do que seu irmão. Você é a melhor corredora que eu já vi. — ele manteve o tom sincero, e eu mantive meu olhar nele, um pouco sem reação.
— Você tá falando isso só pra me conseguir de volta na equipe? — falei com humor na voz, e ele negou com a cabeça rindo.
— Eu não tenho nenhum problema em assumir que você é melhor do que eu. Não aflige meu ego. — deu ombros. — Talvez, o tenha esse problema. — falou pensativo, e eu gargalhei ao concordar com a cabeça. Com certeza isso afetaria o ego do . — Você é a mulher mais foda que eu conheço. — olha nos meus olhos. — Ter você na minha equipe é uma grande honra pra mim.
— Nossa! — exclamei surpresa, balançando a cabeça. — Eu não esperava ouvir algo assim, ainda mais de você. — ri pelo nariz, e ele arqueou a sobrancelha. — É que pra todo mundo que te conhece, você é um cara metido a badboy que só quer aprontar e brigar, mas quando te conhecem de verdade... — fiz uma pausa e sorri. — Quando eu te conheci de verdade, eu vi que você era bem mais que isso, e a cada dia que passa, vejo que tem mais coisas ao seu respeito que eu ainda vou me surpreender. — o olhei e ele sorriu dessa vez.
— Você também é bem mais do que uma garota mimada. — falou com humor e eu o empurrei levemente antes de colocar o cinto. — E acredite, eu me surpreendo com você a cada vez que te olho. — deu um meio sorriso, o que o deixava completamente atraente e eu sorri.
— Estamos num momento super fofo, mas eu acho melhor você ligar o carro e me levar pra casa, antes que o me ligue pela quinta vez. — falei com humor, fazendo uma careta ao ver as chamadas perdidas do no meu celular, e ele riu.
— sempre atrapalhando minha vida. — soltou um suspiro cansado, revirando os olhos, mas gargalhou em seguida me fazendo rir junto com ele.
Ele colocou o cinto e deu à partida no carro, logo eu liguei o rádio e abaixei o vidro. Não demorou muito pra que ele saísse do estacionamento e seguisse pelas ruas de Londres, a caminho da minha casa.
— Como você ficou depois daquela briga com o cara da equipe do ? — o olhei, ao me lembrar da ultima corrida e como havia sido o final dela.
— Com um olho roxo e um corte na boca, mas nada que eu não pudesse aguentar. — me olhou rapidamente e deu ombros voltando seu olhar a rua.
— Você não devia ter ido brigar com ele por causa daquilo, sério, podia ter deixado pra lá. — balancei a cabeça negativamente, e ele mais uma vez deu ombros.
— Antes que você ache ruim por eu ter te defendido... — parou no sinal e me olhou. — Eu faria isso por qualquer um na minha equipe, até porque, o que ele fez foi jogo sujo e podia ter causado um acidente e você ter se machucado. — desviou seu olhar para o retrovisor, olhando o carro de trás e aproveitando para arrumar seu cabelo, o que me fez soltar uma risada baixa. — E eu só quis deixar claro pra ele, que se isso se repetir, ele vai se arrepender. — soltou uma risada nasalada e voltou a me olhar me fazendo balançar a cabeça negativamente. Ele adorava mesmo uma briga, e isso ficava cada vez mais claro.
— Nem precisava, porque mesmo trapaceando ele perdeu. — eu dei de ombros dessa vez, e ele riu concordando.
— É só mais um prova de que você é a melhor corredora daquele lugar. — deu uma piscadela me fazendo rir, e assim que o sinal ficou vermelho ele voltou a dirigir.
— Você me convenceu a voltar pra equipe. — falei me dando por vencida e ele sorriu vitorioso. — Mas tem um problema... — pontuei e ele fez um gesto com a cabeça para que eu continuasse e me olhou rapidamente. — Se eu for com o pra corrida, ele pode desconfiar de algo, porque nas duas vezes que eu não fui, a corredora misteriosa não correu. — constatei e ele concordou com a cabeça.
— O que você sugere? — me olhou por alguns segundos enquanto trocava a marcha.
— Você pode me pegar em casa? — o olhei já tendo uma ideia em mente, e ele deu um sorrisinho malicioso me fazendo rir. — Ignorando a malícia que teve nisso, você pode? — falei cessando o riso e ele concordou rindo junto. — Então eu vou falar pro que não vou com ele de novo, e depois que ele sair, você me pega na rua de trás de casa, aí eu corro e volto antes do , assim ele não vai desconfiar de nada. — encostei-me ao banco mantendo o tom pensativo, como se tivesse acabado de formular o melhor plano do mundo.
— Você já é bem acostumada a criar planos de fuga, não é? — falou com humor e eu dei ombros, rindo em seguida.
— Não vou mentir que já criei muitos. — falei e ele riu dessa vez, balançando a cabeça.
— Chegamos. — parou o carro um quarteirão antes da minha casa, como nós havíamos combinado quando eu aceitei a carona.
— Obrigada pela carona. — tirei o cinto e peguei a minha bolsa no banco de trás, então o olhei. — A gente se vê a noite. — ele se virou no banco para me olhar.
— Eu vou esperar nessa rua aqui, aí você me avisa quando o sair e eu te espero na rua de trás da sua casa. — falou e eu concordei com a cabeça.
— Por que você não chama o pelo nome, mas me chama de ? — arqueei a sobrancelha e mordi o lábio, e ele deu ombros.
— Porque chamá-lo pelo nome é muito íntimo, e ele ainda é meu rival. — ele falou com humor, mas eu sabia que tinha uma verdade daquilo.
— Ainda? Tem chance de acabar essa rivalidade? — brinquei com a gola de sua jaqueta, perguntando como quem não quer nada.
— Sempre existe uma chance. — deu ombros e colocou a mão na minha perna.
— Okay... — deixei o assunto pra lá, afinal não queria forçar algo como aquilo, e mordi seu lábio inferior o puxando levemente. Ele segurou a minha nuca e colou nossos lábios começando um beijo com vontade.
Embreei minha mão em seu cabelo, apesar de saber que ele acharia aquilo ruim, mas eu não ligava, e retribui na mesma intensidade. Ele subiu sua mão da minha perna para a minha cintura, e me puxou para mais perto dele. Baguncei seu cabelo com os dedos, e ele cortou o beijo puxando meu lábio inferior entre os dentes.
— Você fica muito sexy com o cabelo bagunçado. — sussurrei em seus lábios, e me afastei para olhá-lo, comprovando o que havia falado.
— Eu deixo você bagunçar quando a gente tiver na cama. — sussurrou de volta e arrumou o cabelo no retrovisor, me fazendo rir daquela mania.
— É uma pena que não podemos ir pra cama agora. — fiz um bico, me fazendo de desapontada e ele suspirou concordando com a cabeça.
— Não precisa ser especificamente na cama. — olhou sugestivo para o banco de trás e deu um sorrisinho malvado me fazendo rir.
— Agora eu realmente preciso ir pra casa. — fiz uma careta e lhe dei mais um selinho. — Mas talvez dê tempo de aproveitarmos um pouquinho a noite. — devolvi seu sorrisinho de antes, e ele concordou com a cabeça. — Até mais tarde. — lhe dei um último selinho e abri a porta do carro.
— Até mais tarde. — se ajeitou no banco, mas manteve o olhar em mim. — E se prepara pra ganhar mais uma corrida. — falou enquanto eu saía do carro.
— Pode deixar. — dei uma piscadela pra ele e fechei a porta do carro, seguindo em direção a minha casa.
Assim que virei à rua pude ouvi-lo dar a partida com o carro. Arrumei o coque em meu cabelo, e segui o caminho até chegar ao portão dourado da minha casa. Logo que cheguei, falei com o segurança que liberou a minha entrada, e fui em direção à porta principal e a empurrei, já que eu tinha certeza que estava aberta. Ao entrar em casa, fui direto pra sala encontrando no sofá com uma cara nada boa enquanto olhava a TV.
— Bom dia. — o olhei enquanto me livrava do meu casaco, já que o aquecedor da casa me fazia não necessitar de tantas vestes assim.
— Bom dia? São quase duas da tarde. — ele falou me olhando com a aquela cara de poucos amigos, e eu fiz careta olhando as horas no celular. Ele estava mesmo certo.
— Então, boa tarde. — dei ombros e me sentei no sofá oposto ao que ele estava.
— Onde você passou a noite? — cruzou os braços e manteve seu olhar em mim, então eu ri. — Qual a graça? — arqueou a sobrancelha e eu balancei a cabeça cessando o riso.
— Você sabe que eu não tenho obrigação nenhuma de te dar satisfações, não é? — falei com ironia e ele revirou os olhos encostando-se ao sofá. — Mas eu encontrei com uma velha amiga na boate, ela me reconheceu e foi conversar comigo, aí eu acabei bebendo muito e ela me levou pra casa. — menti na maior cara de pau que podia, mas ao parar pra analisar, só a parte de ser uma amiga que era mentira.
— Uma amiga de quando você tinha 12 anos? — falou em tom de confusão, e mais uma vez eu dei ombros.
— Eu também achei estranho quando ela me reconheceu, mesmo depois de tanto tempo. — soltei uma risada nasalada e ele balançou a cabeça negativamente. — Mas foi bom encontrar alguém conhecido e poder conversar um pouco. — falei dessa vez com sinceridade, porque era mesmo bom poder conversar com o . — Mas eu vou subir e tirar esse vestido, porque estou me sentindo sufocada já. — me levantei puxando o pano do vestido um pouco para frente do meu corpo, e fiz uma careta.
— Hoje você vai à corrida comigo? — me olhou, enquanto eu pegava minha bolsa sobre o sofá.
— Não... Como eu saí ontem, vou ficar em casa essa noite me recuperando da minha ressaca. — soltei uma risada fraca e ele riu pelo nariz balançando a cabeça negativamente. — Mas eu vou estar aqui torcendo pra você. — ou uma parte de mim torceria por ele, porque eu não podia negar que não conseguia ficar bem empolgada quando o ganhava as corridas. Fui até ele e beijei a sua bochecha, em seguida dei a volta no sofá e subi as escadas o ouvindo falar algo que eu não entendi, pois estava já no alto da escada, mas também não me dei ao trabalho de voltar para saber o que era.
Entrei no meu quarto e fechei a porta, mas dessa vez sem trancar, pois não tinha motivos pra me trancar no quarto, eu só fazia isso para não ter meu pai me enchendo por algo sobre a empresa, ou sobre alguma chatice que ele costumava me falar.
Como já havia tomado banho mais cedo na casa do , eu só tirei o casaco, o vestido e os joguei na poltrona, vestindo uma camisa de mangas que batia até a metade das minhas coxas, era longa para uma camisa, mas curta para um vestido. Enrolei meu cabelo em um coque mal feito, e me joguei na minha cama pegando meu notebook. O abri e coloquei no Netflix dando play no episódio cinco da oitava temporada de Grey's Anatomy, que eu já estava assistindo pela vigésima vez. Eu amava aquela série.
Coloquei os fones e fiquei prestando atenção no episódio, rezando pra que nada ou ninguém me atrapalhasse.
Passei boa parte da tarde assistindo a série, só parei pra ir ao banheiro e também para pegar algo pra comer na cozinha, e no caminho pude ouvir combinando algo pelo celular com alguém, sem nem ao menos notar que eu passava na sala.
— Minha irmã não vai hoje, acho que a gente pode se encontrar sim. — ele falou e em seguida acabou rindo com a resposta da pessoa do outro lado. — Não, ela disse que precisa se recuperar da ressaca de ontem. — soltou uma risada nasalada, enquanto eu me mantinha para na porta da sala ouvindo aquilo. Com quem ele estava falando sobre mim? Era o que eu estava me perguntando. — Você nem a conhece, como pode não ir com a cara dela? — falou em confusão, e eu fiz uma careta querendo saber mais ainda com quem ele falava. — Mas por que ela teria um caso com o ? — assim que ele falou aquela frase eu pude sentir meu corpo resetar, e meu sangue esfriou. — Não, você está imaginando coisas. — soltou uma risada fraca, e eu resolvi parar de ouvir sua conversa e subir.
Subi as escadas o mais rápido que conseguia sem fazer barulho, e assim que entrei no quarto fechei a porta e encostei-me à mesma soltando o ar pela boca.
Quem era aquela pessoa?
E por que ela estava desconfiada sobre o meu caso com o ?
Balancei a cabeça negativamente e comecei a andar de um lado para o outro no quarto. O não poderia saber do meu caso com o , pelo menos não ainda. Eu não sabia o que ele podia ser capaz de fazer caso descobrisse.
Meu cabelo estava todo bagunçado de tanto que eu passava as mãos nele em desespero, só de pensar no descobrindo a verdade. Eu não queria brigar com meu irmão por aquilo, como também não queria parar o que eu tinha com o . Eu estava tendo o maior dilema da minha vida, quando a porta abriu, me dando visão de um claramente preocupado.
— O que foi? — perguntei tentando manter minha voz calma enquanto o olhava entrar no quarto.
— Eu é que pergunto, por que você tá assim? — apontou para mim de cima a baixo, parando em meus cabelos bagunçados e riu pelo nariz.
— Esqueci de fazer uma planilha da empresa, e nosso pai vai acabar comigo quando vir. — menti balançando a cabeça negativamente e ele fez uma careta.
— Você ainda tem tempo para resolver isso. — deu ombros como se aquilo não fosse importante e eu acabei concordando com a cabeça. — Não é isso que eu queria falar com você. — andou até a minha sacada e se virou pra mim com uma feição séria, então eu assenti com a cabeça para que ele falasse. — Você está tendo um caso com o ? — falou de uma vez mantendo seu olhar em mim, como quem pudesse ler todos os meus pensamentos.
— É claro que não. — menti mais uma vez, com tanta firmeza na voz, que até eu acreditaria se não soubesse da verdade. — De que lugar você tirou essa história? — arqueei a sobrancelha o olhando com incredulidade.
— Não importa. — deu ombros e se desencostou do parapeito voltando a vir na minha direção. — Eu vou me arrumar pra ir à corrida. — beijou a minha testa e foi em direção à porta.
— Você vai voltar tarde da corrida? — me virei para ele que parou na porta para me olhar.
— Talvez. — deu ombros mais uma vez e saiu do quarto puxando a porta, acabando por me fazer soltar o ar pela boca.
O precisava saber daquilo e me ajudar a descobrir quem era essa pessoa com quem o falava, mas eu não podia fazer aquilo por telefone, tinha que ser pessoalmente.
Levantei-me correndo da cama e fui para o banheiro, me abaixei em frente à privada e vomitei todas as bebidas que havia ingerido na noite anterior. E eram muitas, porque eu estava numa ressaca terrível.
Malditas bebidas!
Depois de colocar tudo pra fora, me levantei e abri todas as gavetas possíveis atrás de uma escova de dente, e logo achei uma embalagem fechada e a abri sem me preocupar se o dono da casa acharia ruim. Coloquei um pouco de creme dental na escova, e escovei os dentes enquanto me olhava no espelho. Meus olhos estavam borrados por causa do rímel, meu rosto estava um pouco inchado, meus olhos fundos e meu cabelo bem bagunçado. Eu estava péssima. Parecia ter sido atropelada por um ônibus.
Acabei de escovar os dentes, então lavei o rosto tirando os vestígios de maquiagem, e prendi o cabelo em um coque. Eu não tinha muita opção, já que ele estava uma merda.
Sequei as mãos e o rosto na toalha, que tinha um perfume conhecido, mas que eu não me lembrava de onde. E foi só então que eu notei que estava vestindo uma camisa masculina do Gun's n roses, que tinha o mesmo perfume da toalha.
Que merda eu havia feito ontem à noite?
Foi o que eu pensei antes de balançar a cabeça negativamente e voltar para o quarto. Olhei em volta, e só então reconheci o lugar. Era o quarto do , eu estava na casa dele. E pior, havia dormido na cama dele, vestindo apenas a camisa dele e a minha calcinha.
Eu não sabia dizer se aquilo era bom ou ruim. Bom porque eu não havia passado a noite com um desconhecido, mas ruim porque eu havia passado a noite com o , mesmo depois de ter prometido para mim que nunca mais chegaria nem perto dele depois daquela briga.
Balancei a cabeça negativamente e suspirei, peguei meu celular dentro da bolsa na poltrona e o liguei, já que havia desligado quando saí de casa na noite anterior para que o não me enchesse, então saí do quarto, ouvindo alguns barulhos de talher. Assim que cheguei à cozinha, avistei sentado sobre o balcão, de costas para porta onde eu estava.
— Bom dia. — ele falou assim que notou a minha presença levando uma colher do cereal à boca.
— É um péssimo dia. — fiz uma careta e passei as mãos pelo rosto. — Parece que fui atropelada por um caminhão. — falei com a voz abafada pelas minhas mãos, podendo ouvir sua risada nasalada.
— Imaginei que você não acordaria nada bem. — desceu do balcão, e pegou um copo colocando água, pegou algo sobre o pote de açúcar, e veio na minha direção. — Aqui tem um remédio pra dor de cabeça e um pra enjoo, que eu imagino que também é um problema. — me entregou os dois comprimidos e a água.
— Obrigada. — falei antes de colocar os dois remédios de uma só vez na boca, e bebi a água, fazendo uma careta quando o comprimido dissolveu e deixou um gosto amargo na minha boca. — E como você está tão bem? Não tá de ressaca também? — voltei a olhá-lo, e ele balançou a cabeça.
— Eu estaria de ressaca se tivesse bebido como eu pretendia quando fui para aquele pub. — riu pelo nariz e pegou o copo da minha mão o levando para a pia e o deixou lá. — Mas graças a certa pessoa, eu perdi o foco em encher a cara, e só consegui beber dois copos de whisky a noite toda. — voltou a se aproximar, parando a poucos centímetros a minha frente, me fazendo prender a respiração por alguns segundos, mas ele não fez nada, apenas pegou seu cereal e se afastou.
— Eu preciso perguntar... — balancei a cabeça fazendo uma pausa, e ele assentiu comendo mais uma colherada do cereal. — O que aconteceu ontem à noite? — mordi a parte interna do meu lábio inferior, sem ter certeza que queria mesmo saber a resposta.
— Do começo? — me olhou, acabando de comer o cereal e bebendo um bom gole do seu café, e eu assenti. — Eu tinha ido para o pub encher a cara, mas eu te vi no meu segundo copo de whisky, e aí me perdi te observando e acabei esquecendo de beber. — riu fraco balançando a cabeça, e eu balancei a cabeça para que ele te continuasse. — Você dançou muitas músicas, depois foi pedir mais bebidas, foi quando um cara apareceu atrás de você e apertou sua bunda. — ele falou e eu fiz uma careta incrédula. — Fui te ajudar, mas você já tinha dado um soco no nariz dele. — ele riu balançando a cabeça.
— Esses homens não sabem respeitar as mulheres. — revirei os olhos e ele concordou bebendo mais um pouco de café. — Mas continua. — fui até a mesa e me sentei em uma das cadeiras, ainda o olhando.
— Eu fui até lá pra mandar o cara embora, antes que ele fizesse algo pior, já que você não estava em muita condição de se defender... — ele começou a falar, mas eu o interrompi.
— Eu dei um soco no cara porque ele apertou a minha bunda, e você acha que eu não tinha condição de me defender? E quem me defenderia? Você? — falei com ironia e ele revirou os olhos balançando a cabeça. — Eu não preciso que homem nenhum me defenda. — bufei e ele acabou o café levando a xícara para a pia.
— Eu sei que você não precisa, mas eu achei melhor interferir antes que ele te forçasse a algo que você não queria, e não conseguisse impedir. — falou sem me olhar enquanto começava a lavar a louça, e eu pude me sentir uma idiota. Ele só queria me ajudar.
— E depois? — falei um pouco baixo, devido ao que havia feito anteriormente.
— Eu fiquei com você no balcão te fazendo companhia, mesmo contra sua vontade, até você ir dançar e resolver subir numa mesa e ameaçar tirar a roupa. — riu sem humor, e eu podia até dizer que ele demonstrava ciúmes, mas provavelmente estava enganada. — Foi difícil fazer você parar, eu tive que te chamar de garotinha mimada pra você descer e me xingar, e só assim te convenci a vir embora. — acabou de lavar a louça suja, mas se manteve de costas para guardá-las.
— Não foi a primeira vez que você me chamou de garotinha mimada. — ri sem vontade, e ele se virou para me olhar com pesar nos olhos.
— Fomos para o carro, e quando eu fui te ajudar a colocar o cinto, você começou a me estapear e falar que eu estava perto demais dos seus seios. — continuou, ignorando o que eu havia falado, e eu acabei rindo um pouco daquilo. — E veio me xingando por todo o caminho, mesmo sem conseguir lembrar-se dos xingamentos que queria. — fez uma careta e riu balançando a cabeça negativamente. — Quando chegamos aqui, você me perguntou por que eu te trouxe pro meu apartamento... — eu o interrompi novamente.
— Porque se você me levasse pra minha casa o te mataria. — completei sua frase, fazendo uma careta em seguida e ele riu.
— Foi exatamente o que você disse ontem. — voltou a encostar-se ao balcão e continuou me olhando. — Eu tive que te ajudar a tirar o cinto, porque nem isso você conseguia fazer... — fez uma careta engraçada e eu acabei por rir daquilo. Eu estava tão bêbada a ponto de nem conseguir tirar o cinto. — E nós subimos até aqui, e quando eu te levei pro quarto, você tropeçou e caiu na cama me levando junto. — soltou uma risada nasalada.
— E aconteceu alguma coisa no quarto? — falei com receio, e ele se sentou no balcão antes de voltar a falar.
— Depois de falar que eu era bonito, e gostoso, você me beijou e começou a tentar tirar a minha roupa... — fez uma pausa soltando uma risada fraca, e eu conseguia sentir minha cabeça doer ainda mais com aquilo. Aquela era a parte que eu provavelmente não gostaria muito de ouvir. — Mas eu parei com tudo antes que tomasse proporções maiores. — voltei meu olhar para ele, ficando claramente surpresa com aquilo. Alguns homens se aproveitariam daquilo. — Depois disso você tirou o vestido, ficando só de calcinha, e começou a me perguntar se eu não queria você... — parou de falar, rindo pelo nariz e balançou a cabeça, mais uma vez.
— Eu fiquei só de calcinha pra você, perguntando se você me queria? — falei um pouco desacreditada e ele concordou com a cabeça. Fiz uma pausa, mas em seguida gargalhei, o fazendo rir junto comigo. Quão bêbada eu estava?
— Eu confesso que foi bem difícil resistir aos seus seios completamente expostos. — fechou os olhos e passou as mãos no rosto, bagunçando os cabelos em seguida. — Mas eu resisti e te levei pra tomar um banho frio, pra passar um pouco o efeito da bebida. — voltou a abrir os olhos me encarando novamente. — Você me xingou, disse que eu era mal, mas eu deixei pra lá e te vesti com essa camisa, que é mais confortável que seu vestido. — apontou para a camisa que eu vestia com a cabeça, e eu me vi obrigada a concordar. — E aí você perguntou se eu dormiria com você, mas como eu sabia que você me mataria hoje, eu disse que não. Te coloquei pra dormir e fui para o quarto de hóspedes. — deu ombros, me fazendo olhá-lo sem saber o que falar por alguns segundos.
— Então não aconteceu nada? — falei depois de alguns segundos em silêncio e ele concordou, me fazendo suspirar aliviada.
Pelo menos assim, eu não havia feito nada, enquanto não tinha consciência das minhas escolhas.
— Obrigada por não me deixar fazer nenhuma besteira. — mantive meu olhar nele, agora os dirigindo para seus olhos.
— Eu não ia deixar nada de ruim acontecer com você, e muito menos te fazer algo sem que você tivesse em perfeito juízo para me autorizar. — falou com sinceridade e desceu do balcão, mantendo seu olhar no meu.
Fiquei em silêncio sem saber o que falar, mas não consegui quebrar o contato visual. Parecia que um imã prendia nossos olhares um no outro.
— Por que você bebeu tanto assim? — ele quebrou o silêncio, claramente curioso e eu ri pelo nariz.
— Por sua causa. — balancei a cabeça e ele arqueou a sobrancelha em dúvida. — Depois que você me falou todas aquelas coisas há duas semanas, eu não queria mais te ver, mas não conseguia te tirar da cabeça. — soltei uma risada fraca, e ele desviou o olhar para a parede atrás de mim, então eu me levantei indo para frente da mesa, na frente dele.
— Me desculpa por tudo aquilo, eu fui um grande babaca com você. — voltou seu olhar para mim, e eu acabei concordando com a parte dele ser um babaca. — Eu fiquei com raiva por você usar o como desculpa, e acabei descontando todas as minhas frustrações com ele, em você. E você não tinha culpa de nada. — balançou a cabeça e suspirou em seguida.
— Tá tudo bem, . — repeti seu gesto e balancei a cabeça também. — Depois de tudo o que fez por mim essa noite, acho que você não é tão idiota como eu havia dito. — soltei uma risada nasalada e ele riu.
— Preciso te confessar uma coisa... — voltou a ficar sério e me olhou novamente, então eu assenti pra ele continuar. — Eu só saí ontem pra beber, porque eu também não conseguia parar de pensar em você, em querer saber como você estava depois da nossa briga, porque eu não te via há duas semanas. — coçou a nuca, e desviou o olhar em seguida, mas o voltou para mim logo depois. — Mas quando eu te vi naquele pub, nada mais parecia fazer sentido, nem mesmo aquelas bebidas, porque tudo o que eu queria era você na minha cama mais uma vez... Eu queria você ao meu lado. — deu alguns passos e parou na minha frente.
— Você foi beber por minha causa, mas por minha causa não conseguiu beber? — falei em tom de confusão, mas fazendo uma careta divertida.
— Pra você ver o quanto você bagunça a minha vida. — deu um meio sorriso, me fazendo sorrir junto.
Era engraçado aquilo que estava sentindo, até ontem à noite eu não queria nem vê-lo, mas agora eu estava ali frente a frente com ele, e tudo o que eu mais queria era beijá-lo, e não parar mais.
O toque do meu celular me tirou dos meus devaneios, o peguei sobre a mesa vendo que era uma ligação do , e que havia várias outras perdidas, então logo atendi.
— Oi, . — falei ao atender, e olhei para que voltava a se afastar, parecendo entediado.
— , onde você está? Você saiu ontem sem avisar e não voltou até agora pra casa. — ele falou em tom sério e autoritário, me fazendo querer rir.
— Achei que nosso pai tinha viajado. — falei com ironia e acabei revirando os olhos.
— Mas você não devia sair sem me falar pra onde vai, eu ainda sou seu irmão. — manteve seu tom de voz, e mais uma vez eu revirei os olhos.
— E eu não sou mais uma criança. — falei no mesmo tom que ele e pude ouvi-lo bufar. — Eu ainda não vou pra casa, então nem precisa ficar me esperando. Até mais tarde. — pude ouvi-lo me chamar, antes de encerrar a ligação e me olhou com a sobrancelha arqueada.
— Resolveu desafiar seu irmão? — falou em ironia, mas eu não fiquei brava com aquilo, então dei ombros.
— Não tenho que ficar dando a ele satisfações de tudo o que eu faço. — deixei o celular novamente sobre a mesa e andei até ele. — Já tenho quase 20 anos, ele precisa parar de agir como se eu fosse criança. — parei em sua frente e ele concordou – E, além do mais, ele não me deixaria beber se estivesse junto, por isso era melhor fugir. – dei ombros e ele concordou levemente com a cabeça.
— Você é mais louca do que eu imaginava. — balançou a cabeça e riu pelo nariz, colocando sua mão em minha cintura.
— Quer saber de uma coisa? — me aproximei um pouco mais dele e ele concordou. — Eu não usei o como desculpa pra não ter mais nada com você, mas só porque se caso eu começasse a gostar de você, ficaria difícil escolher entre vocês dois. E eu não queria ter que passar por isso. — balancei a cabeça, e olhei em seus olhos. — Porque por mais que ele seja meu irmão, se eu nutrisse sentimentos por você, não conseguiria deixá-los de lado para escolher o . — falei um pouco mais baixo que antes e ele concordou com a cabeça.
— Então não pensa em quem você vai ter que escolher, não pensa no que pode ou não acontecer. — negou com a cabeça e me puxou para mais perto colando nossos corpos. — Porque eu não consigo pensar em mais nada com você aqui. — falou baixo, antes de finalmente me beijar.
Eu logo retribui ao beijo, envolvendo meus braços em seu pescoço. Era um beijo calmo, mas havia muito mais do que atração nele, não era mais apenas desejo de ambas as partes. E por mais que eu houvesse dito antes que aquilo nunca mais aconteceria, eu não queria mais parar aquele beijo, e sabia que ele não seria o último.
Passamos o resto da manhã juntos ali no apartamento dele, e foi tudo agradável. A gente conversava, se zoava e gargalhávamos todo o tempo. Era bom estar de bem com ele, e poder conversar com alguém que não me julgaria, ou me proibiria de fazer algo. Talvez fosse por isso que eu estava encantada por ele, pelo fato de que com ele, eu tinha liberdade para ser quem eu realmente era. Sem precisar fingir.
— ... — ele me olhou enquanto entravamos em seu carro. — Volta pra equipe. — se ajeitou no banco, mas manteve seu olhar em mim.
— Eu não sei, . — balancei a cabeça. — Eu não quero acabar brigando com você de novo, e ter isso jogado na minha cara. — ri fraco, mas mantive a sinceridade na voz, o fazendo suspirar.
— Eu não quis jogar na sua cara, eu juro. — dessa vez, ele balançou a cabeça. — E sem você a equipe tá perdendo nossa melhor corredora. — falou também com sinceridade, e eu arqueei a sobrancelha o fazendo rir baixo. — Eu te falei isso ontem, mas duvido que você lembre... — fez uma careta, e eu ri dessa vez, mas ainda mantendo a confusão em meu rosto. — Você é a melhor da equipe, é melhor do que eu, e melhor do que seu irmão. Você é a melhor corredora que eu já vi. — ele manteve o tom sincero, e eu mantive meu olhar nele, um pouco sem reação.
— Você tá falando isso só pra me conseguir de volta na equipe? — falei com humor na voz, e ele negou com a cabeça rindo.
— Eu não tenho nenhum problema em assumir que você é melhor do que eu. Não aflige meu ego. — deu ombros. — Talvez, o tenha esse problema. — falou pensativo, e eu gargalhei ao concordar com a cabeça. Com certeza isso afetaria o ego do . — Você é a mulher mais foda que eu conheço. — olha nos meus olhos. — Ter você na minha equipe é uma grande honra pra mim.
— Nossa! — exclamei surpresa, balançando a cabeça. — Eu não esperava ouvir algo assim, ainda mais de você. — ri pelo nariz, e ele arqueou a sobrancelha. — É que pra todo mundo que te conhece, você é um cara metido a badboy que só quer aprontar e brigar, mas quando te conhecem de verdade... — fiz uma pausa e sorri. — Quando eu te conheci de verdade, eu vi que você era bem mais que isso, e a cada dia que passa, vejo que tem mais coisas ao seu respeito que eu ainda vou me surpreender. — o olhei e ele sorriu dessa vez.
— Você também é bem mais do que uma garota mimada. — falou com humor e eu o empurrei levemente antes de colocar o cinto. — E acredite, eu me surpreendo com você a cada vez que te olho. — deu um meio sorriso, o que o deixava completamente atraente e eu sorri.
— Estamos num momento super fofo, mas eu acho melhor você ligar o carro e me levar pra casa, antes que o me ligue pela quinta vez. — falei com humor, fazendo uma careta ao ver as chamadas perdidas do no meu celular, e ele riu.
— sempre atrapalhando minha vida. — soltou um suspiro cansado, revirando os olhos, mas gargalhou em seguida me fazendo rir junto com ele.
Ele colocou o cinto e deu à partida no carro, logo eu liguei o rádio e abaixei o vidro. Não demorou muito pra que ele saísse do estacionamento e seguisse pelas ruas de Londres, a caminho da minha casa.
— Como você ficou depois daquela briga com o cara da equipe do ? — o olhei, ao me lembrar da ultima corrida e como havia sido o final dela.
— Com um olho roxo e um corte na boca, mas nada que eu não pudesse aguentar. — me olhou rapidamente e deu ombros voltando seu olhar a rua.
— Você não devia ter ido brigar com ele por causa daquilo, sério, podia ter deixado pra lá. — balancei a cabeça negativamente, e ele mais uma vez deu ombros.
— Antes que você ache ruim por eu ter te defendido... — parou no sinal e me olhou. — Eu faria isso por qualquer um na minha equipe, até porque, o que ele fez foi jogo sujo e podia ter causado um acidente e você ter se machucado. — desviou seu olhar para o retrovisor, olhando o carro de trás e aproveitando para arrumar seu cabelo, o que me fez soltar uma risada baixa. — E eu só quis deixar claro pra ele, que se isso se repetir, ele vai se arrepender. — soltou uma risada nasalada e voltou a me olhar me fazendo balançar a cabeça negativamente. Ele adorava mesmo uma briga, e isso ficava cada vez mais claro.
— Nem precisava, porque mesmo trapaceando ele perdeu. — eu dei de ombros dessa vez, e ele riu concordando.
— É só mais um prova de que você é a melhor corredora daquele lugar. — deu uma piscadela me fazendo rir, e assim que o sinal ficou vermelho ele voltou a dirigir.
— Você me convenceu a voltar pra equipe. — falei me dando por vencida e ele sorriu vitorioso. — Mas tem um problema... — pontuei e ele fez um gesto com a cabeça para que eu continuasse e me olhou rapidamente. — Se eu for com o pra corrida, ele pode desconfiar de algo, porque nas duas vezes que eu não fui, a corredora misteriosa não correu. — constatei e ele concordou com a cabeça.
— O que você sugere? — me olhou por alguns segundos enquanto trocava a marcha.
— Você pode me pegar em casa? — o olhei já tendo uma ideia em mente, e ele deu um sorrisinho malicioso me fazendo rir. — Ignorando a malícia que teve nisso, você pode? — falei cessando o riso e ele concordou rindo junto. — Então eu vou falar pro que não vou com ele de novo, e depois que ele sair, você me pega na rua de trás de casa, aí eu corro e volto antes do , assim ele não vai desconfiar de nada. — encostei-me ao banco mantendo o tom pensativo, como se tivesse acabado de formular o melhor plano do mundo.
— Você já é bem acostumada a criar planos de fuga, não é? — falou com humor e eu dei ombros, rindo em seguida.
— Não vou mentir que já criei muitos. — falei e ele riu dessa vez, balançando a cabeça.
— Chegamos. — parou o carro um quarteirão antes da minha casa, como nós havíamos combinado quando eu aceitei a carona.
— Obrigada pela carona. — tirei o cinto e peguei a minha bolsa no banco de trás, então o olhei. — A gente se vê a noite. — ele se virou no banco para me olhar.
— Eu vou esperar nessa rua aqui, aí você me avisa quando o sair e eu te espero na rua de trás da sua casa. — falou e eu concordei com a cabeça.
— Por que você não chama o pelo nome, mas me chama de ? — arqueei a sobrancelha e mordi o lábio, e ele deu ombros.
— Porque chamá-lo pelo nome é muito íntimo, e ele ainda é meu rival. — ele falou com humor, mas eu sabia que tinha uma verdade daquilo.
— Ainda? Tem chance de acabar essa rivalidade? — brinquei com a gola de sua jaqueta, perguntando como quem não quer nada.
— Sempre existe uma chance. — deu ombros e colocou a mão na minha perna.
— Okay... — deixei o assunto pra lá, afinal não queria forçar algo como aquilo, e mordi seu lábio inferior o puxando levemente. Ele segurou a minha nuca e colou nossos lábios começando um beijo com vontade.
Embreei minha mão em seu cabelo, apesar de saber que ele acharia aquilo ruim, mas eu não ligava, e retribui na mesma intensidade. Ele subiu sua mão da minha perna para a minha cintura, e me puxou para mais perto dele. Baguncei seu cabelo com os dedos, e ele cortou o beijo puxando meu lábio inferior entre os dentes.
— Você fica muito sexy com o cabelo bagunçado. — sussurrei em seus lábios, e me afastei para olhá-lo, comprovando o que havia falado.
— Eu deixo você bagunçar quando a gente tiver na cama. — sussurrou de volta e arrumou o cabelo no retrovisor, me fazendo rir daquela mania.
— É uma pena que não podemos ir pra cama agora. — fiz um bico, me fazendo de desapontada e ele suspirou concordando com a cabeça.
— Não precisa ser especificamente na cama. — olhou sugestivo para o banco de trás e deu um sorrisinho malvado me fazendo rir.
— Agora eu realmente preciso ir pra casa. — fiz uma careta e lhe dei mais um selinho. — Mas talvez dê tempo de aproveitarmos um pouquinho a noite. — devolvi seu sorrisinho de antes, e ele concordou com a cabeça. — Até mais tarde. — lhe dei um último selinho e abri a porta do carro.
— Até mais tarde. — se ajeitou no banco, mas manteve o olhar em mim. — E se prepara pra ganhar mais uma corrida. — falou enquanto eu saía do carro.
— Pode deixar. — dei uma piscadela pra ele e fechei a porta do carro, seguindo em direção a minha casa.
Assim que virei à rua pude ouvi-lo dar a partida com o carro. Arrumei o coque em meu cabelo, e segui o caminho até chegar ao portão dourado da minha casa. Logo que cheguei, falei com o segurança que liberou a minha entrada, e fui em direção à porta principal e a empurrei, já que eu tinha certeza que estava aberta. Ao entrar em casa, fui direto pra sala encontrando no sofá com uma cara nada boa enquanto olhava a TV.
— Bom dia. — o olhei enquanto me livrava do meu casaco, já que o aquecedor da casa me fazia não necessitar de tantas vestes assim.
— Bom dia? São quase duas da tarde. — ele falou me olhando com a aquela cara de poucos amigos, e eu fiz careta olhando as horas no celular. Ele estava mesmo certo.
— Então, boa tarde. — dei ombros e me sentei no sofá oposto ao que ele estava.
— Onde você passou a noite? — cruzou os braços e manteve seu olhar em mim, então eu ri. — Qual a graça? — arqueou a sobrancelha e eu balancei a cabeça cessando o riso.
— Você sabe que eu não tenho obrigação nenhuma de te dar satisfações, não é? — falei com ironia e ele revirou os olhos encostando-se ao sofá. — Mas eu encontrei com uma velha amiga na boate, ela me reconheceu e foi conversar comigo, aí eu acabei bebendo muito e ela me levou pra casa. — menti na maior cara de pau que podia, mas ao parar pra analisar, só a parte de ser uma amiga que era mentira.
— Uma amiga de quando você tinha 12 anos? — falou em tom de confusão, e mais uma vez eu dei ombros.
— Eu também achei estranho quando ela me reconheceu, mesmo depois de tanto tempo. — soltei uma risada nasalada e ele balançou a cabeça negativamente. — Mas foi bom encontrar alguém conhecido e poder conversar um pouco. — falei dessa vez com sinceridade, porque era mesmo bom poder conversar com o . — Mas eu vou subir e tirar esse vestido, porque estou me sentindo sufocada já. — me levantei puxando o pano do vestido um pouco para frente do meu corpo, e fiz uma careta.
— Hoje você vai à corrida comigo? — me olhou, enquanto eu pegava minha bolsa sobre o sofá.
— Não... Como eu saí ontem, vou ficar em casa essa noite me recuperando da minha ressaca. — soltei uma risada fraca e ele riu pelo nariz balançando a cabeça negativamente. — Mas eu vou estar aqui torcendo pra você. — ou uma parte de mim torceria por ele, porque eu não podia negar que não conseguia ficar bem empolgada quando o ganhava as corridas. Fui até ele e beijei a sua bochecha, em seguida dei a volta no sofá e subi as escadas o ouvindo falar algo que eu não entendi, pois estava já no alto da escada, mas também não me dei ao trabalho de voltar para saber o que era.
Entrei no meu quarto e fechei a porta, mas dessa vez sem trancar, pois não tinha motivos pra me trancar no quarto, eu só fazia isso para não ter meu pai me enchendo por algo sobre a empresa, ou sobre alguma chatice que ele costumava me falar.
Como já havia tomado banho mais cedo na casa do , eu só tirei o casaco, o vestido e os joguei na poltrona, vestindo uma camisa de mangas que batia até a metade das minhas coxas, era longa para uma camisa, mas curta para um vestido. Enrolei meu cabelo em um coque mal feito, e me joguei na minha cama pegando meu notebook. O abri e coloquei no Netflix dando play no episódio cinco da oitava temporada de Grey's Anatomy, que eu já estava assistindo pela vigésima vez. Eu amava aquela série.
Coloquei os fones e fiquei prestando atenção no episódio, rezando pra que nada ou ninguém me atrapalhasse.
Passei boa parte da tarde assistindo a série, só parei pra ir ao banheiro e também para pegar algo pra comer na cozinha, e no caminho pude ouvir combinando algo pelo celular com alguém, sem nem ao menos notar que eu passava na sala.
— Minha irmã não vai hoje, acho que a gente pode se encontrar sim. — ele falou e em seguida acabou rindo com a resposta da pessoa do outro lado. — Não, ela disse que precisa se recuperar da ressaca de ontem. — soltou uma risada nasalada, enquanto eu me mantinha para na porta da sala ouvindo aquilo. Com quem ele estava falando sobre mim? Era o que eu estava me perguntando. — Você nem a conhece, como pode não ir com a cara dela? — falou em confusão, e eu fiz uma careta querendo saber mais ainda com quem ele falava. — Mas por que ela teria um caso com o ? — assim que ele falou aquela frase eu pude sentir meu corpo resetar, e meu sangue esfriou. — Não, você está imaginando coisas. — soltou uma risada fraca, e eu resolvi parar de ouvir sua conversa e subir.
Subi as escadas o mais rápido que conseguia sem fazer barulho, e assim que entrei no quarto fechei a porta e encostei-me à mesma soltando o ar pela boca.
Quem era aquela pessoa?
E por que ela estava desconfiada sobre o meu caso com o ?
Balancei a cabeça negativamente e comecei a andar de um lado para o outro no quarto. O não poderia saber do meu caso com o , pelo menos não ainda. Eu não sabia o que ele podia ser capaz de fazer caso descobrisse.
Meu cabelo estava todo bagunçado de tanto que eu passava as mãos nele em desespero, só de pensar no descobrindo a verdade. Eu não queria brigar com meu irmão por aquilo, como também não queria parar o que eu tinha com o . Eu estava tendo o maior dilema da minha vida, quando a porta abriu, me dando visão de um claramente preocupado.
— O que foi? — perguntei tentando manter minha voz calma enquanto o olhava entrar no quarto.
— Eu é que pergunto, por que você tá assim? — apontou para mim de cima a baixo, parando em meus cabelos bagunçados e riu pelo nariz.
— Esqueci de fazer uma planilha da empresa, e nosso pai vai acabar comigo quando vir. — menti balançando a cabeça negativamente e ele fez uma careta.
— Você ainda tem tempo para resolver isso. — deu ombros como se aquilo não fosse importante e eu acabei concordando com a cabeça. — Não é isso que eu queria falar com você. — andou até a minha sacada e se virou pra mim com uma feição séria, então eu assenti com a cabeça para que ele falasse. — Você está tendo um caso com o ? — falou de uma vez mantendo seu olhar em mim, como quem pudesse ler todos os meus pensamentos.
— É claro que não. — menti mais uma vez, com tanta firmeza na voz, que até eu acreditaria se não soubesse da verdade. — De que lugar você tirou essa história? — arqueei a sobrancelha o olhando com incredulidade.
— Não importa. — deu ombros e se desencostou do parapeito voltando a vir na minha direção. — Eu vou me arrumar pra ir à corrida. — beijou a minha testa e foi em direção à porta.
— Você vai voltar tarde da corrida? — me virei para ele que parou na porta para me olhar.
— Talvez. — deu ombros mais uma vez e saiu do quarto puxando a porta, acabando por me fazer soltar o ar pela boca.
O precisava saber daquilo e me ajudar a descobrir quem era essa pessoa com quem o falava, mas eu não podia fazer aquilo por telefone, tinha que ser pessoalmente.
Capítulo 5
Logo depois que tomei banho, vesti a lingerie e uma regata, colocando por cima da mesma a camisa na qual usava antes. Penteei o cabelo, e o deixei solto, joguei minha calça jeans na poltrona e me deitei na cama à espera que passasse ali no meu quarto antes de sair, eu sabia que ele faria isso, então precisava deixar tudo pronto, mas de uma maneira na qual ele não pudesse desconfiar de nada e achasse que eu fosse mesmo passar o resto da noite ali na cama como havia o falado.
Enquanto esperava eu não conseguia parar de pensar na ligação que o havia recebido mais cedo, na pessoa que não gostava de mim e que desconfiava sobre o meu caso com o . E eu também não fazia a menor ideia de quem podia ser, já que além de mim e do , só a e o que sabiam que nós já havíamos nos envolvido, mas também não sabiam que havíamos voltado a nos envolver, até porque tudo aconteceu na noite anterior.
Saí dos meus pensamentos com uma batida na porta que logo foi aberta, me dando visão do meu irmão já bem arrumado para sair.
— Eu só vim te avisar que estou indo. — andou até a cama onde eu estava e se sentou ao meu lado — Qualquer coisa você me liga que eu venho correndo. — eu me sentei e então ele beijou a minha testa logo após eu concordar com a cabeça.
— Boa sorte na corrida, vou ficar torcendo por você. — falei o olhando e ele sorriu. Tudo bem que aquilo não era de total verdade, até porque parte de mim torcia pelo , e era inevitável, ele era tão bom. Porém, a outra parte torcia pelo , que além de ser meu irmão, também era um ótimo corredor.
— Eu ganhei as duas últimas, então não será essa que eu vou perder. — falou convencido e em seguida deu ombros me fazendo rir e revirar os olhos com sua resposta — Até mais tarde. — falou depois de algum tempo e bagunçou meus cabelos com a mão, voltando a se levantar.
— Até mais tarde. — lhe mandei beijos no ar antes de ele sair e fechar a porta do meu quarto.
Esperei alguns minutos até ter a certeza que ele havia se afastado e abri a porta para confirmar, assim que o fiz, a fechei novamente e tirei a camisa que vestia, em seguida fui vestir minha calça que estava na poltrona. Sentei-me na cama para calçar o tênis, já que dessa vez não seria possível eu ir de salto, pois eu precisaria pular o muro duas vezes naquela noite, e olhei pela janela vendo o carro do sair pelo portão.
" saiu, pode vir pra cá e me esperar na rua de trás como combinamos."
Enviei a mensagem para o e deixei o celular sobre a cabeceira enquanto ia até o espelho passar lápis, rímel e batom, nos quais não dava para sair sem. Assim que acabei, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e peguei minha jaqueta a vestindo por cima da minha regata. Peguei o celular vendo a resposta de , que dizia já estar vindo, e saí do quarto trancando a porta por fora. Assim caso o chegasse primeiro, ele acharia que eu estava dormindo, e iria para seu quarto. Ou pelo menos era o que eu esperava que acontecesse.
Desci rapidamente as escadas, e andei devagar pela casa esperando não encontrar nenhum funcionário ali, não sabia se algum deles podia me entregar ao , ou para o meu pai, mas pra minha sorte não havia ninguém, provavelmente todos já haviam ido descansar, até porque já se passava de 11pm.
Antes de sair pela porta da cozinha, meu celular vibrou em minha mão e eu olhei vendo a mensagem de no visor.
"Cheguei aqui..."
E então eu respondi apenas com um ‘okay’ e saí de casa, indo em direção aos fundos onde ficava o muro. Assim que me aproximei do muro, coloquei o celular no bolso da jaqueta no qual eu fechei. Olhei por um tempo em volta procurando como pularia aquele muro, e logo encontrei uma forma ao avistar a árvore um pouco mais a frente de onde eu estava.
Eu não era expert em subir em árvores, mas eu havia feito umas duas vezes no colégio na Austrália para sair de lá, isso quando não conseguimos achar um jeito de sair pela porta mesmo.
Segurei no galho mais baixo da árvore e me impulsionei para subir, e logo que o fiz, subi no galho e em seguida passei para o mais alto já sentindo minhas pernas tremerem.
Maldito medo de altura!
Sentei-me sobre o galho ainda com medo de cair, e me estiquei até conseguir alcançar o muro e assim que eu fiz me sentei no mesmo olhando para baixo, tentando calcular a altura. Devia ter pelo menos uns 3,5 m, o que não me confortava muito, porque aquilo era alto demais pra mim, mas era mais baixo que o muro do colégio, então pensando nisso eu segui com minha "fuga".
Olhei para a rua que estava pouco iluminada pelas luzes dos postes, e avistei o carro do parado do outro lado, enquanto ele estava encostado no mesmo distraído com alguma coisa no celular, e foi quando eu pulei sobre a lixeira de metal, acabando por fazer um estrondo um pouco alto, e lhe chamando atenção. Agradeci a coleta de lixo por ter passado mais cedo e deixado à lixeira fechada, caso contrário eu teria que pular direto no chão, e não alguns metros sobre a lixeira, e aquilo com certeza não daria certo.
— É isso que você chama de fugir sem chamar a atenção? — falou atravessando a rua e vindo à minha direção com uma careta no rosto.
— Dá próxima vez me lembra de colocar travesseiros aqui em cima. — falei em ironia e ele riu balançando a cabeça, antes de me ajudar a descer daquela lixeira.
— Dá próxima vez nós vamos achar uma maneira mais fácil do que pular um muro desse tamanho. — eu ri e ele me deu um selinho rápido antes de irmos para o carro — Você está pronta pra correr depois de duas semanas? — falou logo depois que entramos no carro e me olhou rapidamente ligando o mesmo.
— Eu sempre estou pronta para correr. — falei lhe dando uma piscadela e ele concordou com a cabeça dando um sorriso em seguida.
— É assim que se fala. — falou sem me olhar, enquanto trocava a marcha para acelerar o carro.
Encostei-me no banco e olhei para a frente, sem conseguir conter o suspiro que saiu pela minha boca, acabando por chamar sua atenção. Eu sabia que precisava contá-lo sobre o que havia acontecido mais cedo.
— Tá tudo bem? — ele falou me fazendo olhá-lo — Você parece tensa. — me olhou antes de atravessar correndo um sinal que acabara de ficar vermelho — É por causa da corrida? ... Você é ótima, não precisa ficar nervosa por isso. — colocou sua mão sobre o meu joelho logo depois de trocar a marcha.
— Eu sei disso, mas... — fiz uma pequena pausa antes de continuar — Tem uma coisa que eu preciso te contar. — mordi o lábio inferior, mantendo o meu olhar nele.
— Você está grávida? — falou receoso sem deixar de arregalar os olhos, e eu quase ri com sua cara, só não o fiz, pois estava nervosa com a notícia que veio a seguir.
— Bom, não. — fiz uma careta e soltei uma risada anasalada logo depois dele respirar aliviado — Hoje mais cedo eu desci pra comer alguma coisa e acabei ouvindo uma conversa do no telefone, e a pessoa no qual ele falava, especulou que nós, eu e você, temos um caso. — falei de uma vez, já esperando sua reação, como por exemplo, frear o carro de uma vez fazendo com que nossos corpos fossem jogados para frente, mas não aconteceu, pelo contrário, ele parecia até bem tranquilo com aquela notícia.
— E ele desconfiou de algo? — me olhou rapidamente, enquanto trocava a marcha mais uma vez.
— Ele foi me perguntar depois, mas eu neguei com todas as letras e o mais incrédula que eu consegui, e acho que ele acreditou. — o olhei.
— Você tem alguma ideia com quem ele estava falando? — falou sem tirar os olhos da rua, enquanto entrava no quarteirão do racha.
— Era isso que eu ia te perguntar. — tirei o cinto enquanto ele parava o carro atrás do galpão onde nós nos encontrávamos.
— Nós vamos descobrir. — também tirou seu cinto, e se virou pra mim, ainda deixando o carro ligado — Mas agora vai se preparar pra sua corrida que é a próxima, e mostra pra eles que você é a melhor. — se aproximou de mim ficando a poucos centímetros do meu rosto.
— Eu sou a melhor? — perguntei em um tom baixo desviando meu olhar dos seus olhos para os seus lábios, mas aquela pergunta não era só relacionada à corrida.
— Você é a melhor. — ele respondeu no mesmo tom entendendo o sentido da minha pergunta, e eu tive que segurar o sorrisinho convencido que queria surgir em meus lábios, o que se tornou fácil quando ele puxou minha nuca e colou nossos lábios.
Ele me beijou de uma forma calma, mas ao mesmo tempo com vontade e eu retribui o beijo da mesma forma, afinal era um tanto quanto difícil não retribui aquele beijo.
Eu cortei o beijo dando algumas mordidinhas em seus lábios, e mantive os olhos fechados por alguns segundos o sentindo me olhar, o que me fez abrir os olhos para encará-lo, então ele sorriu e eu acabei fazendo o mesmo, mas um pouco confusa com aquela sua reação.
— Boa sorte na corrida. — falou antes de me dar mais um selinho.
— Boa sorte pra você também, até porque a corrida mais difícil é a sua. — me ajeitei no banco e ele balançou a cabeça.
— Tenho que concordar. — riu pelo nariz e eu ri abrindo a porta em seguida.
— Nos vemos depois da sua corrida. — lhe mandei um beijo no ar e saí do carro indo até onde estava com um McLaren MP4-12C branco — Oi, . — o cumprimentei com um beijo no rosto.
— Eu me surpreendi quando o me pediu pra trazer um carro pra você. — ele falou me entregando a chave do carro — Esse aqui é o seu carro a partir de hoje. — bateu a mão levemente no capô do carro, e eu tinha certeza que meus olhos estavam brilhando naquele momento.
— Avisa para o , que se eu ganhar essa corrida hoje, ele vai ganhar o melhor beijo da vida dele. — falei com empolgação, parecendo uma criança que acabara de ganhar um brinquedo novo, e ele riu, provavelmente da minha cara de boba. O havia realmente conseguido me surpreender.
Enquanto eu admirava o "meu" novo companheiro de corrida, parou com seu lamborghini próximo a onde nós estávamos, e logo desceu vindo à nossa direção.
— Uaaaaal! — ela falou olhando para o carro com uma cara bem parecida com a que eu havia feito anteriormente — O caprichou mesmo na escolha do carro, hein. — me olhou e eu concordei sorridente.
— Eu que o diga. — soltei uma risada nasalada passando a mão sobre a lataria do carro.
— Agora é só ir lá e ganhar essa corrida. — ela me olhou novamente e nós fizemos um high-5.
Entrei no carro e me dirigi para a pista enquanto anunciavam a minha corrida. Mais do que nas outras duas vezes eu estava empolgada, e a adrenalina vagava pelo meu corpo me deixando eletrizada. Talvez pelo fato de fugir de casa, ou por correr depois de duas semanas sem nem ao menos ir a uma corrida, ou então por fazer ambas as coisas e ainda poder dirigir um carro como aquele. A terceira opção era a bem mais provável.
— E depois de duas semanas sem participar de nossas corridas, e dessa vez correndo com um McLaren MP4-12C... — o apresentador das corridas falou após apresentar dois dos meus três adversários, sendo que o segundo deles era o Patrick, da equipe do , o mesmo das outras duas corridas. Ele não desistia mesmo — Da equipe do ... A corredora misteriosa. — assim que ele falou o codinome, no qual eu usava para manter minha identidade em sigilo, a multidão foi à loucura e aquilo só aumentou mais a minha adrenalina. Eu adorava a empolgação daquelas pessoas ao ouvirem meu "nome" ser anunciado — E a nossa última competidora, mas não menos importante, está aqui pela primeira vez, correndo com seu BMW M5, e por enquanto, sem nenhuma equipe... — ele fez uma pausa dramática e fizeram barulhos de tambores — Crystal Hemmings. — e assim como quando o meu "nome" foi falado, a multidão entrou em alvoroço, e eu imaginava que era pelo fato dela ser competidora nova, até porque não tinha como ela se tornar a preferida tendo acabado de chegar.
Logo que ele acabou de apresentar minha nova adversária, seu carro parou ao lado do meu, e pelo seu vidro aberto eu pude ver seus cabelos ruivos e completamente lisos, e seu rosto de perfil, ela era muito bonita, isso eu não podia negar.
Como se pudesse me ver através do meu vidro fechado, ela olhos para o meu carro e encarou o mesmo por alguns segundos e deu um sorrisinho irônico balançando a cabeça negativamente. Naquele momento eu já tinha certeza que não iria com a cara dela.
Enquanto me distraía com a nova concorrente, a garota que daria a partida na corrida já estava posicionada em seu lugar, segurando um sutiã roxo nas mãos, e logo começou a fazer a contagem regressiva.
— Três... Dois... Um... VAI! — ela gritou levantando os braços e deixando o sutiã no alto, e Hemmings foi a primeira a sair, comigo logo atrás.
Os outros dois corredores ficaram para trás e parecia que a corrida era só entre nós duas, de tão acirrada que estava.
Diminuí um pouco a velocidade para fazer a primeira curva, mas ela foi de uma vez o que a fez derrapar na pista, deixando com que eu passasse em sua frente e pegasse a liderança. Pisei fundo no acelerador e aumentei a marcha ganhando um pouco de distância dela. Porém, ao diminuir um pouco na segunda curva, ela acabou me alcançando, voltando a ficar lado a lado comigo. E dessa vez ela parecia ter entendido que não adiantava passar acelerando em curvas tão fechadas como aquelas, ou ela correria o risco de bater o carro.
Ela aprendia rápido.
Depois da terceira e ultima curva com nós duas literalmente empatadas, passando na frente uma da outra por pequenas diferenças, nos últimos dez segundos de corrida eu ativei o nitro passando finalmente, de uma vez em sua frente e ganhando a corrida.
Como havia ativado o nitro nos últimos segundos, eu fui com o carro até próximo à multidão, e como na minha primeira corrida eu derrapei rodando na pista e soltando um pouco de fumaça, em seguida saí da pista voltando a ir para trás do galpão, enquanto a Hemmings parava próximo aos outros carros.
— E com uma disputa super acirrada, nossa vencedora invicta, continua sendo a Corredora Misteriosa. — o apresentador falou e novamente a multidão voltou a gritar, mas dessa vez nem todas as pessoas gritavam, era como se a metade delas tivesse ido para o time da Hemmings, mas aquilo não me afetou em nada.
Assim que parei o carro e desci do mesmo, encontrei parado lá me esperando. Joguei a chave para ele e me encostei em uma parede no canto, já que não podia voltar para a multidão para assistir as outras corridas, ou podia ser pega pelo .
— Quem é essa nova corredora? — o olhei enquanto arrumava uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— Eu não a conhecia até agora. — se aproximou se sentando em alguns caixotes que havia ali — Mas ela é tão boa quanto você. — me olhou e eu bufei concordando com a cabeça, até porque não era nenhuma mentira.
— Só que pra ganhar de mim, ela vai ter que ser muito melhor. — dei ombros e ele riu provavelmente da minha cara que não estava muito feliz depois daquela corrida, apesar de ter ganhado. Agora eu entendia a rivalidade entre o e o .
Depois da corrida da , na qual ela acabou perdendo, pela primeira vez desde que eu cheguei, ela também veio para a parte de trás do galpão e desceu do carro, um pouco desanimada em comparação em todas as vezes que eu a vi.
— O que aconteceu? — a olhei sem entender o que havia acontecido, até por que eu não havia visto a corrida.
— A minha embreagem estava agarrando, e sempre que eu ia trocar a marcha acabava perdendo um pouco de tempo. — suspirou balançando a cabeça negativamente — Mas tudo bem, nem todo mundo precisa ganhar sempre. — deu ombros e se aproximou de que lhe abraçou e beijou seus cabelos.
— Como você consegue perder e ficar assim numa boa? — falei incrédula e ela riu dando de ombros novamente.
— Pra você é tão difícil porque você é uma , e vamos confessar que o lado competitivo é de família. — ela fez uma careta, e em seguida riu levando a rir junto.
— Sem contar que você é namorada do , e ele também é bastante competitivo. — completou e concordou ainda rindo.
— Eu não sou namorada do . — falei e os dois me olharam com sobrancelhas arqueadas e concordaram com a cabeça, mas de uma forma duvidosa — E, por falar nele, vai começar a corrida. — apontei para o outro lado de onde estavam mudando de assunto.
— Você quer ver a corrida? — me olhou enquanto se afastava do namorado.
— Como? Eu não posso ir lá pra multidão, o não pode saber que eu estou aqui. — a olhei e em seguida revirei os olhos com toda aquela história.
— Quem disse que você precisa ir pra lá? — deu um sorrisinho travesso e me puxou até a lateral do galpão, onde nós subimos uma escada de ferro e fomos parar no teto do lugar tendo vista completa de tudo.
— Por que eu só descobri isso aqui hoje? — a olhei me fazendo de ofendida, mas era só uma cena mesmo e ela sabia.
— Porque não tem nem dois meses que você chegou!? — falou com obviedade e eu dei ombros rindo daquilo.
— E a corrida mais esperada da noite... — o apresentador falou chamando nossa atenção e nós duas olhamos para baixo olhando onde estavam os carros, e tendo vista de tudo — , que ganhou as duas últimas corridas... — anunciou o meu irmão que logo parou seu carro na pista levando boa parte das pessoas a gritarem — E , que ganhou três corridas anteriores seguidas... — ele deu ênfase no "seguidas" e eu imaginava ficando puto com aquilo, então logo parou seu Dodge ao lado do carro do e a outra parte da multidão gritou por ele.
Assim que a garota que daria a partida daquela corrida se posicionou em frente aos carros, começaram a contagem regressiva e logo foi dada a largada da corrida. E como na minha corrida com a Hemmings, os dois saíram bem acirrados, lado a lado.
estava a poucos centímetros na frente de , quando ele perdeu um pouco de velocidade na ultima curva, sendo ultrapassado. logo ativou o nitro ganhando distância, e logo em seguida também ativou, mas quando ele alcançou a traseira de , o mesmo ultrapassou a linha de chegada ganhando a corrida.
— ISSO! — vibrei com animação batendo palmas silenciosas e me olhou fazendo uma careta — O que foi? — a olhei repetindo sua careta.
— Você aí tão feliz pelo ter ganhado do seu irmão. — riu pelo nariz e eu dei ombros.
— Eu ficaria feliz igualmente caso o tivesse ganhado. — me defendi.
— Claro que sim. — ela falou com ironia, e voltou a olhar para baixo.
Eu fiz o mesmo tendo completa visão de e provavelmente discutindo sobre algo, quando a tal Crystal se aproximou dos dois e parou em frente ao . Ela falou algo para ele, e em seguida se aproximou dele lhe dando um selinho um pouco demorado, e ele não fez nada para impedir aquilo. E como se aquilo não fosse nada, logo depois ela foi até o e lhe entregou um papel e também lhe falou algo, deixando com um sorrisinho idiota enquanto a olhava se afastar, provavelmente olhava para sua bunda, e continuava parado sem nenhuma expressão em seu rosto.
Tinha uma coisa me incomodando dentro do peito, era um sentimento no qual eu não havia sentido por ninguém. E eu tinha a leve impressão de que sabia do que se tratava, mas não assumiria nem se eu quisesse.
— ... — chamou a minha atenção, e eu a olhei sem demostrar sentimento algum — Eu sei o que você tá pensando, mas você viu que ele não fez nada... — ela apontou para baixo, e eu me vi obrigada a concordar dando uma risada sem humor. Afinal, ele podia ter impedido aquilo — Você não precisa se preocupar em relação a ele e traição, porque ele não vai fazer isso com você. — balançou a cabeça negativamente.
— Bom, de acordo com coisas que eu fiquei sabendo, ele traiu a namorada dele, por isso ela dormiu com meu irmão. — falei com indiferença e olhei para baixo onde pegava o dinheiro das nossas corridas.
— Isso foi coisa que a Brooke inventou para se fazer de inocente, ela sempre faz essas coisas. — revirou os olhos parecendo entediada ao falar da ex do , e eu entendia o porquê — Você pode não acreditar, mas o nunca a traiu. — balançou a cabeça novamente — Ele pode até ter esse estilo badboy e essa fama de "galinha", quando ele está solteiro eu até concordo com isso... — fez uma careta e riu pelo nariz — Mas quando ele está com alguém, ele fica só com essa pessoa, e agora que ele está com você, eu tenho certeza de que não tem mais ninguém nesse mundo que ele se interesse. — falou com sinceridade, e eu voltei a olhá-la — Pelo contrário, eu acho que por você, ele seria até capaz de acabar com essa rivalidade com seu irmão, e olha que isso é uma coisa que ele leva bem a sério. — me olhou e eu apenas balancei a cabeça antes de sair do telhado.
Por mais que tivesse me falado aquilo tudo, nada diminuía o sentimento que estava dentro de mim. Crystal havia o beijado e ele não havia feito nada, só ficou parado deixando aquilo acontecer.
Quando cheguei ao último degrau da escada o avistei falando com , e fui até eles tentando máximo disfarçar, mas era difícil, porque eu queria lhe dar um soco. desceu logo atrás de mim, e também se aproximou dos dois.
— Você precisa olhar esse problema na sua embreagem. — olhou para e ela concordou com a cabeça — E você... — se virou para mim — Como sempre, correu muito bem, apesar de que aquela nova corredora é ótima. — fez uma careta e eu me segurei para não revirar os olhos.
— Obrigada. — falei sem muita vontade — Podemos ir pra casa? Não quero que o chegue antes de mim. — o olhei e ele concordou a cabeça, mas com uma feição confusa — Até mais. — abracei .
— Esquece o que aconteceu, não vale a pena remoer isso. — sussurrou em meu ouvido e eu assenti me afastando.
— Tchau, . — beijei sua bochecha, e ele beijou a minha em seguida.
— Tchau, . — sorriu e fez um toque com o — Até mais, cara.
— Tchau, . — beijou a bochecha de , e nós fomos em direção ao seu carro — Esse aqui é o seu dinheiro. — me entregou três maços de dinheiro quando entramos no carro e eu apenas concordei pegando o dinheiro.
Ele ligou o carro e logo saiu dali onde fazíamos o racha e seguiu o caminho em direção a minha casa. Ligou o rádio deixando em uma música do Nirvana que eu não conseguia me recordar do nome.
— Tá tudo bem com você? — me olhou rapidamente, passando por um sinal vermelho, o que não foi difícil já que mal havia carros na rua.
— Está tudo ótimo. — falei com uma falsa empolgação e sem o olhá-lo, deixando meu olhar voltado para frente.
Pelo canto do olho pude vê-lo arquear a sobrancelha e assentir com a cabeça, mas dava pra ver que aquilo o incomodava só que o que estava me incomodando era muito pior do que alguém não querer falar comigo.
— Você gostou do novo carro? — falou entrando no quarteirão da minha casa, como ele havia chegado tão rápido ali, nem eu fazia ideia.
— Gostei sim. — concordei com a cabeça, e nem aquilo que havia me animado tanto quando eu cheguei à corrida conseguia me animar agora.
— O me falou o que você disse pra ele... — parou o carro na rua de trás da minha casa — Que se caso você ganhasse, você me daria o melhor beijo da minha vida. — tirei o cinto podendo ver o sorrisinho malicioso em seus lábios.
— Parece que você já ganhou um beijo hoje. — falei com ironia sem conseguir controlar a indiferença dessa vez, e desci do carro colocando os maços de dinheiro no bolso da jaqueta.
— , eu não sei o que você viu, mas eu posso explicar. — desceu logo atrás, enquanto eu andava até uma árvore próxima ao muro.
— Não precisa explicar nada, eu vi tudo, e não quero saber o que você tem pra falar, pelo menos não agora. — continuei agora o sentindo no meu encalço e subi na árvore com um pouco de dificuldade dessa vez, pois era mais alta para melhorar ainda mais meu humor.
Quando consegui subir no galho da árvore, e o olhei parado no meio da rua me olhando com uma feição que beirava decepção e inocência, mas eu não liguei para aquilo e continuei a subir até chegar ao galho na altura do muro. Passei para cima do muro, e pra minha felicidade, havia um pequeno galpão onde o caseiro guardava suas coisas, e ele ficava apenas a 1,5 m de onde eu estava, e dois metros do chão, era bem mais acessível que a maldita lixeira.
Pulei em cima do galpão, e consegui cair de pé, mas ao pular para a grama acabei torcendo o pé e caindo na mesma soltando um gemido. As coisas só pioravam para o meu lado nessa noite. Cheguei até a pensar que teria valido mais a pena passar a noite em casa, como havia dito para o que faria.
Levantei sentindo o meu pé doer e mancando andei até a porta da cozinha, e foi quando ouvi o barulho do carro do entrando na garagem.
— Mas que merda ele tá fazendo aqui? — me perguntei enquanto fechava a porta devagar para não fazer barulho.
Antes de descobrir a resposta da minha pergunta corri pela cozinha, passei pela sala e subi as escadas indo para o meu quarto, e mesmo com a dor que eu sentia, consegui fazer isso rapidamente, podendo ouvir o destrancar a porta da frente quando cheguei ao último degrau.
Cheguei ao quarto tirando os tênis, e jogando a jaqueta de lado, tirando apenas o meu celular do bolso. Encostei a porta lentamente, já podendo ouvir o subindo as escadas, quando comecei a tirar a calça, a deixando pelo chão e fui para a cama me escondendo debaixo das cobertas. Antes que o pudesse abrir a porta, soltei o cabelo e o baguncei um pouco com as mãos, para parecer que eu estava deitada há bastante tempo e me mantive deitada na cama até ele abrir a porta.
— , ainda está acordada? — ele entrou no quarto e me olhou na cama, quando comprovou sua pergunta, ele entrou.
— Achei que você não chegaria agora. — falei tentando fazer a melhor voz de sono que eu conseguia.
— Acabei desmarcando meu compromisso. — deu ombros e andou até a cama se sentando na ponta da mesma.
— Você desmarcando uma noite de sexo? — falei com humor e ele riu fracamente balançando a cabeça.
— Na verdade... — fez uma pequena pausa coçando a nuca — Não fui eu quem desmarcou. — se explicou e eu acabei rindo.
— Tá explicado. — falei ainda rindo e ele revirou os olhos bufando em seguida — Como foi à corrida? — me sentei na cama, puxando o travesseiro para o meu colo e o abracei.
— O ganhou... — revirou os olhos novamente, entediado ao falar aquilo — Só que apareceu uma nova corredora, e além dela ser muito gata, ela é muito boa na corrida. — ele falou sobre a Hemmings, e eu me segurei para não revirar os olhos ou fazer uma cara enojada.
— Ela é melhor que a corredora misteriosa? — perguntei realmente curiosa com sua resposta, e ele manejou a cabeça em um "talvez".
— Bom, hoje ela não ganhou, mas por muito pouco. Porém, eu tenho certeza que ela pode ser muito melhor que ela. — ele falou confiante, e eu conseguia sentir a raiva aumentar dentro de mim. Não conseguia acreditar que ele a achava melhor do que eu, mesmo sem saber que era eu.
— Eu duvido muito que ela seja melhor, porque o fez um bom investimento na corredora misteriosa, ela não perdeu nenhuma corrida desde que apareceu. — me defendi, ou melhor, defendi a "corredora misteriosa", sem esconder o meu desdém ao falar da nova corredora.
— Isso porque você não assistiu a corrida hoje. — soltou uma risada anasalada — E se você quer saber, ela vai entrar para a minha equipe. — falou e eu não pude evitar arregalar os olhos. Como assim ela ia entrar para a equipe dele?
— Como assim ela vai entrar para a sua equipe? — reproduzi a pergunta que eu me fiz mentalmente, e ele me olhou fazendo uma careta confusa, provavelmente não entendendo minha reação.
— Depois da minha corrida com o , ela veio falar com a gente e me pediu para entrar em contato com ela, caso quisesse uma nova integrante na minha equipe. — deu um sorrisinho convencido e tirou um papelzinho do bolso — E o melhor de tudo, foi quando ela falou com o que a equipe dele era boa, mas não o suficiente para ela. — ele riu com aquilo e balançou a cabeça olhando o papel em sua mão.
— Ela falou isso pra ele? — o olhei incrédula com aquilo e ele concordou. Quem ela achava que era para se achar melhor do que a equipe do ?
— E depois o beijou. — fez uma careta enojada e eu acabei por repetir, e como ele não me olhava, não reparou naquilo. Finalmente havia uma coisa nessa noite que nós concordávamos. — Por que você ainda está acordada? — me olhou mudando de assunto depois de alguns minutos em silêncio.
— Eu acabei de assistir série agora, e estava indo dormir quando você chegou. — menti apontando para a televisão e ele assentiu dizendo que havia entendido.
— E por que você está de maquiagem? — arqueou a sobrancelha falando em tom de confusão, e eu me senti a pessoa mais idiota do mundo. Como eu havia esquecido de tirar a maquiagem?
— É que... — fiz uma pequena pausa tentando pensar em uma justificativa plausível, e logo voltei a falar — É porque eu comprei umas coisas novas e resolvi testar, aí fiquei com preguiça de tirar na hora e acabei esquecendo. — menti novamente e fiz uma careta lhe arrancando uma risada.
— Você e suas manias. — riu e se levantou da cama, ficando de frente pra mim — Dorme bem, maninha. — beijou a minha testa — Boa noite. — bagunçou meu cabelo e me fazendo soltar um gritinho e lhe dar alguns tapas o fazendo rir.
— Idiota. — falei entre dentes lhe jogando uma almofada enquanto ele ria.
— E arruma esse quarto. — fez uma careta olhando em volta do meu quarto, onde várias peças de roupas estavam jogadas pelo chão e em seguida saiu do quarto fechando a porta.
Assim que ele fechou a porta eu me joguei de costas na cama e soltei o ar pela boca. Pelo menos o não havia descoberto que eu estava na corrida e não ali no quarto como havia dito. E no pouco tempo que ele havia ficado aqui, ele havia conseguido me deixar um pouco melhor, apesar de ter falado sobre a Crystal com maior vontade desse mundo. Era uma coisa que o sempre conseguia fazer, ele sempre havia conseguido me deixar melhor.
Levantei-me da cama e tranquei a porta, fui até a minha jaqueta e tirei o dinheiro de dentro do bolso o guardando no mesmo local que havia guardado da outra vez. Deixei todas as roupas no cesto de roupas sujas no banheiro, tirei a maquiagem, escovei os dentes e voltei para a cama. Deitei-me e peguei o celular vendo no visor várias mensagens do .
"... Por favor, me deixa explicar..."
"Eu não fiz nada, foi ela quem me beijou..."
"Eu nunca a beijaria, ainda mais sabendo que você estava ali..."
"E eu estou com você, não quero ficar com outra pessoa..."
"Me responde, por favor..."
"..."
Acabei de ler as mensagens, e mesmo que ainda estivesse bem puta com aquele maldito beijo entre ele e a Hemmings, eu não podia negar que gostava de ler aquelas coisas, mesmo sem saber de deveria mesmo acreditar no que ele havia dito.
Deixei o celular sobre a mesinha, e não me dei ao trabalho de responder as mensagens. Virei-me na cama ficando de lado, puxei o cobertor e fechei os olhos. E antes de pegar no sono, acabei repassando a cena daquele maldito beijo em minha mente.
Maldita Crystal Hemmings!
Enquanto esperava eu não conseguia parar de pensar na ligação que o havia recebido mais cedo, na pessoa que não gostava de mim e que desconfiava sobre o meu caso com o . E eu também não fazia a menor ideia de quem podia ser, já que além de mim e do , só a e o que sabiam que nós já havíamos nos envolvido, mas também não sabiam que havíamos voltado a nos envolver, até porque tudo aconteceu na noite anterior.
Saí dos meus pensamentos com uma batida na porta que logo foi aberta, me dando visão do meu irmão já bem arrumado para sair.
— Eu só vim te avisar que estou indo. — andou até a cama onde eu estava e se sentou ao meu lado — Qualquer coisa você me liga que eu venho correndo. — eu me sentei e então ele beijou a minha testa logo após eu concordar com a cabeça.
— Boa sorte na corrida, vou ficar torcendo por você. — falei o olhando e ele sorriu. Tudo bem que aquilo não era de total verdade, até porque parte de mim torcia pelo , e era inevitável, ele era tão bom. Porém, a outra parte torcia pelo , que além de ser meu irmão, também era um ótimo corredor.
— Eu ganhei as duas últimas, então não será essa que eu vou perder. — falou convencido e em seguida deu ombros me fazendo rir e revirar os olhos com sua resposta — Até mais tarde. — falou depois de algum tempo e bagunçou meus cabelos com a mão, voltando a se levantar.
— Até mais tarde. — lhe mandei beijos no ar antes de ele sair e fechar a porta do meu quarto.
Esperei alguns minutos até ter a certeza que ele havia se afastado e abri a porta para confirmar, assim que o fiz, a fechei novamente e tirei a camisa que vestia, em seguida fui vestir minha calça que estava na poltrona. Sentei-me na cama para calçar o tênis, já que dessa vez não seria possível eu ir de salto, pois eu precisaria pular o muro duas vezes naquela noite, e olhei pela janela vendo o carro do sair pelo portão.
" saiu, pode vir pra cá e me esperar na rua de trás como combinamos."
Enviei a mensagem para o e deixei o celular sobre a cabeceira enquanto ia até o espelho passar lápis, rímel e batom, nos quais não dava para sair sem. Assim que acabei, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e peguei minha jaqueta a vestindo por cima da minha regata. Peguei o celular vendo a resposta de , que dizia já estar vindo, e saí do quarto trancando a porta por fora. Assim caso o chegasse primeiro, ele acharia que eu estava dormindo, e iria para seu quarto. Ou pelo menos era o que eu esperava que acontecesse.
Desci rapidamente as escadas, e andei devagar pela casa esperando não encontrar nenhum funcionário ali, não sabia se algum deles podia me entregar ao , ou para o meu pai, mas pra minha sorte não havia ninguém, provavelmente todos já haviam ido descansar, até porque já se passava de 11pm.
Antes de sair pela porta da cozinha, meu celular vibrou em minha mão e eu olhei vendo a mensagem de no visor.
"Cheguei aqui..."
E então eu respondi apenas com um ‘okay’ e saí de casa, indo em direção aos fundos onde ficava o muro. Assim que me aproximei do muro, coloquei o celular no bolso da jaqueta no qual eu fechei. Olhei por um tempo em volta procurando como pularia aquele muro, e logo encontrei uma forma ao avistar a árvore um pouco mais a frente de onde eu estava.
Eu não era expert em subir em árvores, mas eu havia feito umas duas vezes no colégio na Austrália para sair de lá, isso quando não conseguimos achar um jeito de sair pela porta mesmo.
Segurei no galho mais baixo da árvore e me impulsionei para subir, e logo que o fiz, subi no galho e em seguida passei para o mais alto já sentindo minhas pernas tremerem.
Maldito medo de altura!
Sentei-me sobre o galho ainda com medo de cair, e me estiquei até conseguir alcançar o muro e assim que eu fiz me sentei no mesmo olhando para baixo, tentando calcular a altura. Devia ter pelo menos uns 3,5 m, o que não me confortava muito, porque aquilo era alto demais pra mim, mas era mais baixo que o muro do colégio, então pensando nisso eu segui com minha "fuga".
Olhei para a rua que estava pouco iluminada pelas luzes dos postes, e avistei o carro do parado do outro lado, enquanto ele estava encostado no mesmo distraído com alguma coisa no celular, e foi quando eu pulei sobre a lixeira de metal, acabando por fazer um estrondo um pouco alto, e lhe chamando atenção. Agradeci a coleta de lixo por ter passado mais cedo e deixado à lixeira fechada, caso contrário eu teria que pular direto no chão, e não alguns metros sobre a lixeira, e aquilo com certeza não daria certo.
— É isso que você chama de fugir sem chamar a atenção? — falou atravessando a rua e vindo à minha direção com uma careta no rosto.
— Dá próxima vez me lembra de colocar travesseiros aqui em cima. — falei em ironia e ele riu balançando a cabeça, antes de me ajudar a descer daquela lixeira.
— Dá próxima vez nós vamos achar uma maneira mais fácil do que pular um muro desse tamanho. — eu ri e ele me deu um selinho rápido antes de irmos para o carro — Você está pronta pra correr depois de duas semanas? — falou logo depois que entramos no carro e me olhou rapidamente ligando o mesmo.
— Eu sempre estou pronta para correr. — falei lhe dando uma piscadela e ele concordou com a cabeça dando um sorriso em seguida.
— É assim que se fala. — falou sem me olhar, enquanto trocava a marcha para acelerar o carro.
Encostei-me no banco e olhei para a frente, sem conseguir conter o suspiro que saiu pela minha boca, acabando por chamar sua atenção. Eu sabia que precisava contá-lo sobre o que havia acontecido mais cedo.
— Tá tudo bem? — ele falou me fazendo olhá-lo — Você parece tensa. — me olhou antes de atravessar correndo um sinal que acabara de ficar vermelho — É por causa da corrida? ... Você é ótima, não precisa ficar nervosa por isso. — colocou sua mão sobre o meu joelho logo depois de trocar a marcha.
— Eu sei disso, mas... — fiz uma pequena pausa antes de continuar — Tem uma coisa que eu preciso te contar. — mordi o lábio inferior, mantendo o meu olhar nele.
— Você está grávida? — falou receoso sem deixar de arregalar os olhos, e eu quase ri com sua cara, só não o fiz, pois estava nervosa com a notícia que veio a seguir.
— Bom, não. — fiz uma careta e soltei uma risada anasalada logo depois dele respirar aliviado — Hoje mais cedo eu desci pra comer alguma coisa e acabei ouvindo uma conversa do no telefone, e a pessoa no qual ele falava, especulou que nós, eu e você, temos um caso. — falei de uma vez, já esperando sua reação, como por exemplo, frear o carro de uma vez fazendo com que nossos corpos fossem jogados para frente, mas não aconteceu, pelo contrário, ele parecia até bem tranquilo com aquela notícia.
— E ele desconfiou de algo? — me olhou rapidamente, enquanto trocava a marcha mais uma vez.
— Ele foi me perguntar depois, mas eu neguei com todas as letras e o mais incrédula que eu consegui, e acho que ele acreditou. — o olhei.
— Você tem alguma ideia com quem ele estava falando? — falou sem tirar os olhos da rua, enquanto entrava no quarteirão do racha.
— Era isso que eu ia te perguntar. — tirei o cinto enquanto ele parava o carro atrás do galpão onde nós nos encontrávamos.
— Nós vamos descobrir. — também tirou seu cinto, e se virou pra mim, ainda deixando o carro ligado — Mas agora vai se preparar pra sua corrida que é a próxima, e mostra pra eles que você é a melhor. — se aproximou de mim ficando a poucos centímetros do meu rosto.
— Eu sou a melhor? — perguntei em um tom baixo desviando meu olhar dos seus olhos para os seus lábios, mas aquela pergunta não era só relacionada à corrida.
— Você é a melhor. — ele respondeu no mesmo tom entendendo o sentido da minha pergunta, e eu tive que segurar o sorrisinho convencido que queria surgir em meus lábios, o que se tornou fácil quando ele puxou minha nuca e colou nossos lábios.
Ele me beijou de uma forma calma, mas ao mesmo tempo com vontade e eu retribui o beijo da mesma forma, afinal era um tanto quanto difícil não retribui aquele beijo.
Eu cortei o beijo dando algumas mordidinhas em seus lábios, e mantive os olhos fechados por alguns segundos o sentindo me olhar, o que me fez abrir os olhos para encará-lo, então ele sorriu e eu acabei fazendo o mesmo, mas um pouco confusa com aquela sua reação.
— Boa sorte na corrida. — falou antes de me dar mais um selinho.
— Boa sorte pra você também, até porque a corrida mais difícil é a sua. — me ajeitei no banco e ele balançou a cabeça.
— Tenho que concordar. — riu pelo nariz e eu ri abrindo a porta em seguida.
— Nos vemos depois da sua corrida. — lhe mandei um beijo no ar e saí do carro indo até onde estava com um McLaren MP4-12C branco — Oi, . — o cumprimentei com um beijo no rosto.
— Eu me surpreendi quando o me pediu pra trazer um carro pra você. — ele falou me entregando a chave do carro — Esse aqui é o seu carro a partir de hoje. — bateu a mão levemente no capô do carro, e eu tinha certeza que meus olhos estavam brilhando naquele momento.
— Avisa para o , que se eu ganhar essa corrida hoje, ele vai ganhar o melhor beijo da vida dele. — falei com empolgação, parecendo uma criança que acabara de ganhar um brinquedo novo, e ele riu, provavelmente da minha cara de boba. O havia realmente conseguido me surpreender.
Enquanto eu admirava o "meu" novo companheiro de corrida, parou com seu lamborghini próximo a onde nós estávamos, e logo desceu vindo à nossa direção.
— Uaaaaal! — ela falou olhando para o carro com uma cara bem parecida com a que eu havia feito anteriormente — O caprichou mesmo na escolha do carro, hein. — me olhou e eu concordei sorridente.
— Eu que o diga. — soltei uma risada nasalada passando a mão sobre a lataria do carro.
— Agora é só ir lá e ganhar essa corrida. — ela me olhou novamente e nós fizemos um high-5.
Entrei no carro e me dirigi para a pista enquanto anunciavam a minha corrida. Mais do que nas outras duas vezes eu estava empolgada, e a adrenalina vagava pelo meu corpo me deixando eletrizada. Talvez pelo fato de fugir de casa, ou por correr depois de duas semanas sem nem ao menos ir a uma corrida, ou então por fazer ambas as coisas e ainda poder dirigir um carro como aquele. A terceira opção era a bem mais provável.
— E depois de duas semanas sem participar de nossas corridas, e dessa vez correndo com um McLaren MP4-12C... — o apresentador das corridas falou após apresentar dois dos meus três adversários, sendo que o segundo deles era o Patrick, da equipe do , o mesmo das outras duas corridas. Ele não desistia mesmo — Da equipe do ... A corredora misteriosa. — assim que ele falou o codinome, no qual eu usava para manter minha identidade em sigilo, a multidão foi à loucura e aquilo só aumentou mais a minha adrenalina. Eu adorava a empolgação daquelas pessoas ao ouvirem meu "nome" ser anunciado — E a nossa última competidora, mas não menos importante, está aqui pela primeira vez, correndo com seu BMW M5, e por enquanto, sem nenhuma equipe... — ele fez uma pausa dramática e fizeram barulhos de tambores — Crystal Hemmings. — e assim como quando o meu "nome" foi falado, a multidão entrou em alvoroço, e eu imaginava que era pelo fato dela ser competidora nova, até porque não tinha como ela se tornar a preferida tendo acabado de chegar.
Logo que ele acabou de apresentar minha nova adversária, seu carro parou ao lado do meu, e pelo seu vidro aberto eu pude ver seus cabelos ruivos e completamente lisos, e seu rosto de perfil, ela era muito bonita, isso eu não podia negar.
Como se pudesse me ver através do meu vidro fechado, ela olhos para o meu carro e encarou o mesmo por alguns segundos e deu um sorrisinho irônico balançando a cabeça negativamente. Naquele momento eu já tinha certeza que não iria com a cara dela.
Enquanto me distraía com a nova concorrente, a garota que daria a partida na corrida já estava posicionada em seu lugar, segurando um sutiã roxo nas mãos, e logo começou a fazer a contagem regressiva.
— Três... Dois... Um... VAI! — ela gritou levantando os braços e deixando o sutiã no alto, e Hemmings foi a primeira a sair, comigo logo atrás.
Os outros dois corredores ficaram para trás e parecia que a corrida era só entre nós duas, de tão acirrada que estava.
Diminuí um pouco a velocidade para fazer a primeira curva, mas ela foi de uma vez o que a fez derrapar na pista, deixando com que eu passasse em sua frente e pegasse a liderança. Pisei fundo no acelerador e aumentei a marcha ganhando um pouco de distância dela. Porém, ao diminuir um pouco na segunda curva, ela acabou me alcançando, voltando a ficar lado a lado comigo. E dessa vez ela parecia ter entendido que não adiantava passar acelerando em curvas tão fechadas como aquelas, ou ela correria o risco de bater o carro.
Ela aprendia rápido.
Depois da terceira e ultima curva com nós duas literalmente empatadas, passando na frente uma da outra por pequenas diferenças, nos últimos dez segundos de corrida eu ativei o nitro passando finalmente, de uma vez em sua frente e ganhando a corrida.
Como havia ativado o nitro nos últimos segundos, eu fui com o carro até próximo à multidão, e como na minha primeira corrida eu derrapei rodando na pista e soltando um pouco de fumaça, em seguida saí da pista voltando a ir para trás do galpão, enquanto a Hemmings parava próximo aos outros carros.
— E com uma disputa super acirrada, nossa vencedora invicta, continua sendo a Corredora Misteriosa. — o apresentador falou e novamente a multidão voltou a gritar, mas dessa vez nem todas as pessoas gritavam, era como se a metade delas tivesse ido para o time da Hemmings, mas aquilo não me afetou em nada.
Assim que parei o carro e desci do mesmo, encontrei parado lá me esperando. Joguei a chave para ele e me encostei em uma parede no canto, já que não podia voltar para a multidão para assistir as outras corridas, ou podia ser pega pelo .
— Quem é essa nova corredora? — o olhei enquanto arrumava uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— Eu não a conhecia até agora. — se aproximou se sentando em alguns caixotes que havia ali — Mas ela é tão boa quanto você. — me olhou e eu bufei concordando com a cabeça, até porque não era nenhuma mentira.
— Só que pra ganhar de mim, ela vai ter que ser muito melhor. — dei ombros e ele riu provavelmente da minha cara que não estava muito feliz depois daquela corrida, apesar de ter ganhado. Agora eu entendia a rivalidade entre o e o .
Depois da corrida da , na qual ela acabou perdendo, pela primeira vez desde que eu cheguei, ela também veio para a parte de trás do galpão e desceu do carro, um pouco desanimada em comparação em todas as vezes que eu a vi.
— O que aconteceu? — a olhei sem entender o que havia acontecido, até por que eu não havia visto a corrida.
— A minha embreagem estava agarrando, e sempre que eu ia trocar a marcha acabava perdendo um pouco de tempo. — suspirou balançando a cabeça negativamente — Mas tudo bem, nem todo mundo precisa ganhar sempre. — deu ombros e se aproximou de que lhe abraçou e beijou seus cabelos.
— Como você consegue perder e ficar assim numa boa? — falei incrédula e ela riu dando de ombros novamente.
— Pra você é tão difícil porque você é uma , e vamos confessar que o lado competitivo é de família. — ela fez uma careta, e em seguida riu levando a rir junto.
— Sem contar que você é namorada do , e ele também é bastante competitivo. — completou e concordou ainda rindo.
— Eu não sou namorada do . — falei e os dois me olharam com sobrancelhas arqueadas e concordaram com a cabeça, mas de uma forma duvidosa — E, por falar nele, vai começar a corrida. — apontei para o outro lado de onde estavam mudando de assunto.
— Você quer ver a corrida? — me olhou enquanto se afastava do namorado.
— Como? Eu não posso ir lá pra multidão, o não pode saber que eu estou aqui. — a olhei e em seguida revirei os olhos com toda aquela história.
— Quem disse que você precisa ir pra lá? — deu um sorrisinho travesso e me puxou até a lateral do galpão, onde nós subimos uma escada de ferro e fomos parar no teto do lugar tendo vista completa de tudo.
— Por que eu só descobri isso aqui hoje? — a olhei me fazendo de ofendida, mas era só uma cena mesmo e ela sabia.
— Porque não tem nem dois meses que você chegou!? — falou com obviedade e eu dei ombros rindo daquilo.
— E a corrida mais esperada da noite... — o apresentador falou chamando nossa atenção e nós duas olhamos para baixo olhando onde estavam os carros, e tendo vista de tudo — , que ganhou as duas últimas corridas... — anunciou o meu irmão que logo parou seu carro na pista levando boa parte das pessoas a gritarem — E , que ganhou três corridas anteriores seguidas... — ele deu ênfase no "seguidas" e eu imaginava ficando puto com aquilo, então logo parou seu Dodge ao lado do carro do e a outra parte da multidão gritou por ele.
Assim que a garota que daria a partida daquela corrida se posicionou em frente aos carros, começaram a contagem regressiva e logo foi dada a largada da corrida. E como na minha corrida com a Hemmings, os dois saíram bem acirrados, lado a lado.
estava a poucos centímetros na frente de , quando ele perdeu um pouco de velocidade na ultima curva, sendo ultrapassado. logo ativou o nitro ganhando distância, e logo em seguida também ativou, mas quando ele alcançou a traseira de , o mesmo ultrapassou a linha de chegada ganhando a corrida.
— ISSO! — vibrei com animação batendo palmas silenciosas e me olhou fazendo uma careta — O que foi? — a olhei repetindo sua careta.
— Você aí tão feliz pelo ter ganhado do seu irmão. — riu pelo nariz e eu dei ombros.
— Eu ficaria feliz igualmente caso o tivesse ganhado. — me defendi.
— Claro que sim. — ela falou com ironia, e voltou a olhar para baixo.
Eu fiz o mesmo tendo completa visão de e provavelmente discutindo sobre algo, quando a tal Crystal se aproximou dos dois e parou em frente ao . Ela falou algo para ele, e em seguida se aproximou dele lhe dando um selinho um pouco demorado, e ele não fez nada para impedir aquilo. E como se aquilo não fosse nada, logo depois ela foi até o e lhe entregou um papel e também lhe falou algo, deixando com um sorrisinho idiota enquanto a olhava se afastar, provavelmente olhava para sua bunda, e continuava parado sem nenhuma expressão em seu rosto.
Tinha uma coisa me incomodando dentro do peito, era um sentimento no qual eu não havia sentido por ninguém. E eu tinha a leve impressão de que sabia do que se tratava, mas não assumiria nem se eu quisesse.
— ... — chamou a minha atenção, e eu a olhei sem demostrar sentimento algum — Eu sei o que você tá pensando, mas você viu que ele não fez nada... — ela apontou para baixo, e eu me vi obrigada a concordar dando uma risada sem humor. Afinal, ele podia ter impedido aquilo — Você não precisa se preocupar em relação a ele e traição, porque ele não vai fazer isso com você. — balançou a cabeça negativamente.
— Bom, de acordo com coisas que eu fiquei sabendo, ele traiu a namorada dele, por isso ela dormiu com meu irmão. — falei com indiferença e olhei para baixo onde pegava o dinheiro das nossas corridas.
— Isso foi coisa que a Brooke inventou para se fazer de inocente, ela sempre faz essas coisas. — revirou os olhos parecendo entediada ao falar da ex do , e eu entendia o porquê — Você pode não acreditar, mas o nunca a traiu. — balançou a cabeça novamente — Ele pode até ter esse estilo badboy e essa fama de "galinha", quando ele está solteiro eu até concordo com isso... — fez uma careta e riu pelo nariz — Mas quando ele está com alguém, ele fica só com essa pessoa, e agora que ele está com você, eu tenho certeza de que não tem mais ninguém nesse mundo que ele se interesse. — falou com sinceridade, e eu voltei a olhá-la — Pelo contrário, eu acho que por você, ele seria até capaz de acabar com essa rivalidade com seu irmão, e olha que isso é uma coisa que ele leva bem a sério. — me olhou e eu apenas balancei a cabeça antes de sair do telhado.
Por mais que tivesse me falado aquilo tudo, nada diminuía o sentimento que estava dentro de mim. Crystal havia o beijado e ele não havia feito nada, só ficou parado deixando aquilo acontecer.
Quando cheguei ao último degrau da escada o avistei falando com , e fui até eles tentando máximo disfarçar, mas era difícil, porque eu queria lhe dar um soco. desceu logo atrás de mim, e também se aproximou dos dois.
— Você precisa olhar esse problema na sua embreagem. — olhou para e ela concordou com a cabeça — E você... — se virou para mim — Como sempre, correu muito bem, apesar de que aquela nova corredora é ótima. — fez uma careta e eu me segurei para não revirar os olhos.
— Obrigada. — falei sem muita vontade — Podemos ir pra casa? Não quero que o chegue antes de mim. — o olhei e ele concordou a cabeça, mas com uma feição confusa — Até mais. — abracei .
— Esquece o que aconteceu, não vale a pena remoer isso. — sussurrou em meu ouvido e eu assenti me afastando.
— Tchau, . — beijei sua bochecha, e ele beijou a minha em seguida.
— Tchau, . — sorriu e fez um toque com o — Até mais, cara.
— Tchau, . — beijou a bochecha de , e nós fomos em direção ao seu carro — Esse aqui é o seu dinheiro. — me entregou três maços de dinheiro quando entramos no carro e eu apenas concordei pegando o dinheiro.
Ele ligou o carro e logo saiu dali onde fazíamos o racha e seguiu o caminho em direção a minha casa. Ligou o rádio deixando em uma música do Nirvana que eu não conseguia me recordar do nome.
— Tá tudo bem com você? — me olhou rapidamente, passando por um sinal vermelho, o que não foi difícil já que mal havia carros na rua.
— Está tudo ótimo. — falei com uma falsa empolgação e sem o olhá-lo, deixando meu olhar voltado para frente.
Pelo canto do olho pude vê-lo arquear a sobrancelha e assentir com a cabeça, mas dava pra ver que aquilo o incomodava só que o que estava me incomodando era muito pior do que alguém não querer falar comigo.
— Você gostou do novo carro? — falou entrando no quarteirão da minha casa, como ele havia chegado tão rápido ali, nem eu fazia ideia.
— Gostei sim. — concordei com a cabeça, e nem aquilo que havia me animado tanto quando eu cheguei à corrida conseguia me animar agora.
— O me falou o que você disse pra ele... — parou o carro na rua de trás da minha casa — Que se caso você ganhasse, você me daria o melhor beijo da minha vida. — tirei o cinto podendo ver o sorrisinho malicioso em seus lábios.
— Parece que você já ganhou um beijo hoje. — falei com ironia sem conseguir controlar a indiferença dessa vez, e desci do carro colocando os maços de dinheiro no bolso da jaqueta.
— , eu não sei o que você viu, mas eu posso explicar. — desceu logo atrás, enquanto eu andava até uma árvore próxima ao muro.
— Não precisa explicar nada, eu vi tudo, e não quero saber o que você tem pra falar, pelo menos não agora. — continuei agora o sentindo no meu encalço e subi na árvore com um pouco de dificuldade dessa vez, pois era mais alta para melhorar ainda mais meu humor.
Quando consegui subir no galho da árvore, e o olhei parado no meio da rua me olhando com uma feição que beirava decepção e inocência, mas eu não liguei para aquilo e continuei a subir até chegar ao galho na altura do muro. Passei para cima do muro, e pra minha felicidade, havia um pequeno galpão onde o caseiro guardava suas coisas, e ele ficava apenas a 1,5 m de onde eu estava, e dois metros do chão, era bem mais acessível que a maldita lixeira.
Pulei em cima do galpão, e consegui cair de pé, mas ao pular para a grama acabei torcendo o pé e caindo na mesma soltando um gemido. As coisas só pioravam para o meu lado nessa noite. Cheguei até a pensar que teria valido mais a pena passar a noite em casa, como havia dito para o que faria.
Levantei sentindo o meu pé doer e mancando andei até a porta da cozinha, e foi quando ouvi o barulho do carro do entrando na garagem.
— Mas que merda ele tá fazendo aqui? — me perguntei enquanto fechava a porta devagar para não fazer barulho.
Antes de descobrir a resposta da minha pergunta corri pela cozinha, passei pela sala e subi as escadas indo para o meu quarto, e mesmo com a dor que eu sentia, consegui fazer isso rapidamente, podendo ouvir o destrancar a porta da frente quando cheguei ao último degrau.
Cheguei ao quarto tirando os tênis, e jogando a jaqueta de lado, tirando apenas o meu celular do bolso. Encostei a porta lentamente, já podendo ouvir o subindo as escadas, quando comecei a tirar a calça, a deixando pelo chão e fui para a cama me escondendo debaixo das cobertas. Antes que o pudesse abrir a porta, soltei o cabelo e o baguncei um pouco com as mãos, para parecer que eu estava deitada há bastante tempo e me mantive deitada na cama até ele abrir a porta.
— , ainda está acordada? — ele entrou no quarto e me olhou na cama, quando comprovou sua pergunta, ele entrou.
— Achei que você não chegaria agora. — falei tentando fazer a melhor voz de sono que eu conseguia.
— Acabei desmarcando meu compromisso. — deu ombros e andou até a cama se sentando na ponta da mesma.
— Você desmarcando uma noite de sexo? — falei com humor e ele riu fracamente balançando a cabeça.
— Na verdade... — fez uma pequena pausa coçando a nuca — Não fui eu quem desmarcou. — se explicou e eu acabei rindo.
— Tá explicado. — falei ainda rindo e ele revirou os olhos bufando em seguida — Como foi à corrida? — me sentei na cama, puxando o travesseiro para o meu colo e o abracei.
— O ganhou... — revirou os olhos novamente, entediado ao falar aquilo — Só que apareceu uma nova corredora, e além dela ser muito gata, ela é muito boa na corrida. — ele falou sobre a Hemmings, e eu me segurei para não revirar os olhos ou fazer uma cara enojada.
— Ela é melhor que a corredora misteriosa? — perguntei realmente curiosa com sua resposta, e ele manejou a cabeça em um "talvez".
— Bom, hoje ela não ganhou, mas por muito pouco. Porém, eu tenho certeza que ela pode ser muito melhor que ela. — ele falou confiante, e eu conseguia sentir a raiva aumentar dentro de mim. Não conseguia acreditar que ele a achava melhor do que eu, mesmo sem saber que era eu.
— Eu duvido muito que ela seja melhor, porque o fez um bom investimento na corredora misteriosa, ela não perdeu nenhuma corrida desde que apareceu. — me defendi, ou melhor, defendi a "corredora misteriosa", sem esconder o meu desdém ao falar da nova corredora.
— Isso porque você não assistiu a corrida hoje. — soltou uma risada anasalada — E se você quer saber, ela vai entrar para a minha equipe. — falou e eu não pude evitar arregalar os olhos. Como assim ela ia entrar para a equipe dele?
— Como assim ela vai entrar para a sua equipe? — reproduzi a pergunta que eu me fiz mentalmente, e ele me olhou fazendo uma careta confusa, provavelmente não entendendo minha reação.
— Depois da minha corrida com o , ela veio falar com a gente e me pediu para entrar em contato com ela, caso quisesse uma nova integrante na minha equipe. — deu um sorrisinho convencido e tirou um papelzinho do bolso — E o melhor de tudo, foi quando ela falou com o que a equipe dele era boa, mas não o suficiente para ela. — ele riu com aquilo e balançou a cabeça olhando o papel em sua mão.
— Ela falou isso pra ele? — o olhei incrédula com aquilo e ele concordou. Quem ela achava que era para se achar melhor do que a equipe do ?
— E depois o beijou. — fez uma careta enojada e eu acabei por repetir, e como ele não me olhava, não reparou naquilo. Finalmente havia uma coisa nessa noite que nós concordávamos. — Por que você ainda está acordada? — me olhou mudando de assunto depois de alguns minutos em silêncio.
— Eu acabei de assistir série agora, e estava indo dormir quando você chegou. — menti apontando para a televisão e ele assentiu dizendo que havia entendido.
— E por que você está de maquiagem? — arqueou a sobrancelha falando em tom de confusão, e eu me senti a pessoa mais idiota do mundo. Como eu havia esquecido de tirar a maquiagem?
— É que... — fiz uma pequena pausa tentando pensar em uma justificativa plausível, e logo voltei a falar — É porque eu comprei umas coisas novas e resolvi testar, aí fiquei com preguiça de tirar na hora e acabei esquecendo. — menti novamente e fiz uma careta lhe arrancando uma risada.
— Você e suas manias. — riu e se levantou da cama, ficando de frente pra mim — Dorme bem, maninha. — beijou a minha testa — Boa noite. — bagunçou meu cabelo e me fazendo soltar um gritinho e lhe dar alguns tapas o fazendo rir.
— Idiota. — falei entre dentes lhe jogando uma almofada enquanto ele ria.
— E arruma esse quarto. — fez uma careta olhando em volta do meu quarto, onde várias peças de roupas estavam jogadas pelo chão e em seguida saiu do quarto fechando a porta.
Assim que ele fechou a porta eu me joguei de costas na cama e soltei o ar pela boca. Pelo menos o não havia descoberto que eu estava na corrida e não ali no quarto como havia dito. E no pouco tempo que ele havia ficado aqui, ele havia conseguido me deixar um pouco melhor, apesar de ter falado sobre a Crystal com maior vontade desse mundo. Era uma coisa que o sempre conseguia fazer, ele sempre havia conseguido me deixar melhor.
Levantei-me da cama e tranquei a porta, fui até a minha jaqueta e tirei o dinheiro de dentro do bolso o guardando no mesmo local que havia guardado da outra vez. Deixei todas as roupas no cesto de roupas sujas no banheiro, tirei a maquiagem, escovei os dentes e voltei para a cama. Deitei-me e peguei o celular vendo no visor várias mensagens do .
"... Por favor, me deixa explicar..."
"Eu não fiz nada, foi ela quem me beijou..."
"Eu nunca a beijaria, ainda mais sabendo que você estava ali..."
"E eu estou com você, não quero ficar com outra pessoa..."
"Me responde, por favor..."
"..."
Acabei de ler as mensagens, e mesmo que ainda estivesse bem puta com aquele maldito beijo entre ele e a Hemmings, eu não podia negar que gostava de ler aquelas coisas, mesmo sem saber de deveria mesmo acreditar no que ele havia dito.
Deixei o celular sobre a mesinha, e não me dei ao trabalho de responder as mensagens. Virei-me na cama ficando de lado, puxei o cobertor e fechei os olhos. E antes de pegar no sono, acabei repassando a cena daquele maldito beijo em minha mente.
Maldita Crystal Hemmings!
Capítulo 6
Acordei na manhã seguinte sentindo meu pé latejar de dor, e quando o olhei pude ver o quanto estava inchado. Bufei e peguei meu celular na mesinha olhando as horas que marcavam 06:30 AM. Levantei-me da cama e fui mancando até o guarda roupas, logo peguei uma roupa de ginástica e fui para o banheiro. Eu precisava ter uma justificativa para aquele pé inchado, caso contrário, eu estava ferrada.
Depois de escovar os dentes, lavar o rosto e fazer minha higiene matinal, vesti a roupa e prendi o cabelo em um coque. Saí do banheiro, calcei um tênis de corrida e peguei meu celular e o fone de ouvido, em seguida saí do quarto.
Desci as escadas com dificuldade já que meu pé doía e aquele tênis o apertava, pois estava inchado. Passei pela cozinha onde Sara já estava preparando o café da manhã, mas acabou parando o que fazia para me olhar.
— O que você está fazendo acordada essa hora? — perguntou em confusão e eu a olhei.
— Só não consegui mais dormir. — dei ombros e peguei uma maçã na fruteira — E agora vou correr, um pouco. — lhe mandei beijos no ar e saí da cozinha, tentando ao máximo não mancar para que nem ela descobrisse sobre o meu pé.
Logo que saí para o quintal, andei ali pela a grama, indo para o fundo da casa e me sentei debaixo de uma árvore ficando do lado oposto a vista da casa, para que assim ninguém pudesse me ver ali. Coloquei os fones no ouvido e coloquei as músicas para tocar no aleatório e fiquei comendo a maçã enquanto ouvia as músicas que tocavam.
Fiquei ali encostada na árvore ouvindo as minhas músicas, e em algumas delas me lembrando do , como quando tocava alguma do Nirvana, Guns n' roses e outras bandas que ele já havia me falado que gostava, inclusive muitas das músicas estavam ali desde a noite que fui para sua casa e no meio das conversas com e Maria, citamos algumas bandas que gostamos. E eu nem era tão fã de rock assim.
Quando olhei no relógio, já havia passado um pouco mais de uma hora que eu estava ali, nem havia notado o tempo passar enquanto pensava na maldita noite anterior. A única parte boa havia sido a minha vitória na corrida, mas todo o resto foi desastroso, principalmente... Aquele beijo.
Balancei a cabeça parar de pensar no maldito selinho que a Hemmings deu em , e me levantei dando pause nas músicas.
Entrei em casa novamente pela cozinha, onde Sara acabava de colocar a mesa. Passei direto por ela, e ao chegar à sala, encontrei e o meu pai descendo as escadas. Eu nem sabia que ele estava ali.
— Bom dia. — ele me olhou acabando de passar pelo ultimo degrau.
— Quando você chegou de viagem? — fiz uma careta, ignorando sua tentativa de ser educado.
— Agora pouco. — se aproximou de mim, e parou a minha frente.
Apenas balancei a cabeça e esperei descer, para ir até ele e lhe dar um beijo na bochecha, em seguida fui para o sofá, sem me importar em mancar dessa vez.
— Por que você está mancando? — me olhou confuso.
— Eu fui correr e acabei torcendo o pé. — revirei os olhos e suspirei, apesar daquilo ser mentira, a torção havia sido real, e doía de verdade.
— Então trate de colocar um gelo nisso, porque amanhã eu preciso de você na empresa. — meu pai falou autoritário e se dirigiu para seu escritório.
— Agora é o nosso pai. — dei um sorrisinho de escárnio o olhando entrar em seu escritório e balancei a cabeça.
— Vai lá colocar gelo, o vai piorar. — me olhou e depois que eu assenti foi para o escritório atrás do nosso pai.
Tirei o tênis, já que não aguentava mais aquele treco apertando o meu pé, e andei até a cozinha com um pouco de dificuldade, já que doía bem mais do que antes. Claro que pelo fato de que eu o forcei tanto para inventar uma mentira, mas era a forma que eu havia achado de esconder o que havia feito na noite anterior, que por sinal era outra mentira. Minha vida estava virando uma bola de neve feita de mentiras, e por mais que fosse pelo bem de todos, eu odiava mentir para o .
— O que houve com seu pé? — Sara me olhou confusa, enquanto eu me sentava em uma das cadeiras.
— Eu machuquei o pé enquanto corria. — falei simplesmente servindo um pouco do suco de laranja em um copo.
— Enquanto corria, ou quando pulava o muro pra voltar pra casa ontem à noite? — arqueou a sobrancelha cruzando os braços, e eu engoli a seco.
— Como você...? — antes que eu completasse a frase, ela me interrompeu.
— Eu ouvi um barulho ontem na porta da cozinha e o havia acabado de sair, aí eu fui olhar o que era e te vi em cima do muro pronta pra pular, e aí veio o estrondo da lixeira lá fora. — ela falou enquanto colocava pedras de gelo em uma bolsinha térmica azul.
— Você não vai contar isso pra ninguém, não é? — fiz uma careta, que eu diria que poderia ser nomeada como súplica, e ela riu.
— É claro que eu não vou contar. — balançou a cabeça e se aproximou novamente da mesa, colocando meu pé sobre outra a cadeira, e colocando a bolsa de gelo nele — Mas você pode me contar porque estava pulando o muro àquela hora?
— Eu estava indo para a corrida. — falei e logo depois levei um pedaço da panqueca à boca, e a mastiguei e engoli antes de voltar a falar — O não podia saber que eu ia dessa vez, porque ele não sabe que eu estou correndo. — completei respondendo a pergunta que tinha certeza de que ela me faria em seguida.
— E por que ele não pode saber? — levantou o meu pé e se sentou na cadeira o colocando em seu colo, e ainda segurando a bolsa de gelo sobre ele.
— Porque ele não quer que eu corra. — balancei a cabeça e bebi um gole do suco — De acordo com ele é muito perigoso, e ele não quer me colocar em risco. — soltei uma risada nasalada e balancei a cabeça negativamente — Mas da mesma forma que é perigoso para mim, é para ele, e por que ele pode e eu não? — a olhei e ela riu baixo dessa vez.
— O seu irmão é protetor, e você é independente, isso acaba gerando um conflito entre vocês. — falou colocando a bolsa na lateral do meu pé dessa vez, me fazendo soltar um murmúrio de dor — Mas você não pode manter isso escondido dele, e se acontecer alguma coisa, como ele vai saber que era você? — perguntou e por um momento eu consegui me sentir mal por esconder do que eu estava correndo.
— O problema é que isso não envolve somente a mim. — balancei a cabeça, e comi um dos morangos da panqueca, voltando a olhá-la — O tem um rival nas corridas, que é tão bom quanto ele... — falei e ela balançou a cabeça, mostrando que já sabia daquela história — Como você já sabia disso? E das corridas? — fiquei realmente confusa com aquilo.
— Quando o começou, eu o peguei fugindo, e ele me pediu pra não contar pro seu pai, aí eu perguntei o que ele tanto fazia na rua tão tarde da noite e ele me contou tudo. No começo eu não concordei muito, mas se eu tentasse o impedir de sair ele daria um jeito, e faria de qualquer jeito... — soltou uma risada nasalada e balançou a cabeça — E aí eu o ajudei a sair várias vezes, e ele chegava empolgado pra me contar sobre as corridas. — deu um sorriso materno e eu acabei sorrindo com aquilo — E quando ele conheceu o , ele me contou também, inclusive quando eles brigaram e se tornaram rivais, até mesmo o motivo disso. — trocou a bolsa de gelo mais uma vez de lado, me fazendo soltar outro murmúrio de reprovação. Aquilo doía.
— Eu só descobri sobre a briga com o há três semanas. — ri pelo o nariz e balancei a cabeça — Eu sabia que eles eram rivais desde a minha primeira corrida, mas quando eu conheci o eu não fazia a menor ideia de quem ele era... — neguei com a cabeça e ri fraco — E aí eu o beijei. — a olhei e ela arqueou a sobrancelha — Eu não o beijei simplesmente porque tive vontade, quer dizer, é impossível não ter vontade de beijar ele, mas foi tudo por uma aposta... — fiz uma pausa e ri baixo bebendo um pouco do suco em seguida — Estava tendo uma corrida e nós apostamos se uma das corredoras ia ganhar ou não, e se ele perdesse, me ajudaria a participar de uma corrida, caso contrário, eu o daria um beijo de boa sorte... — mordi o lábio inferior me lembrando daquele dia. Parando para analisar aquela era uma história engraçada, porque eu havia beijado um cara que eu nem sabia o nome, e nem estava bêbada.
— E esse beijo de boa sorte serviu pra alguma coisa? — ela perguntou bem alheia do que estava se passando pela a minha cabeça, e eu ri.
— Depois de cinco corridas seguidas que ele havia perdido para o , ele ganhou. — a olhei e acabei dando um sorrisinho ao pensar naquilo.
Pelo menos eu o havia dado sorte.
— E como ficaram as coisas entre vocês depois disso? — ela perguntou enquanto eu levava um pedaço da panqueca e dessa vez com um morango à boca, e em seguida parei para mastigar.
Contei para ela toda a história com o depois daquela primeira corrida. Contei sobre a festa da avó dele, em que eu havia o encontrado. Falei também sobre a proposta da corrida, que eu não precisei nem de um minuto para aceitar. Sobre a corrida e o resto da noite depois dela, inclusive sobre o sexo maravilhoso que havíamos feito naquele dia. E contei sobre a briga, que há deixou um pouco brava com ele, até eu dizer que estava mesmo fazendo o que ele falara, usando o e a rivalidade deles, para fugir de sentir alguma coisa.
Talvez naquele dia eu não tivesse percebido aquilo, mas agora eu via claramente o que havia feito.
Eu usei o como desculpa, para que não me apaixonasse pelo .
— E depois dessa briga ficamos duas semanas sem e nos falarmos, até nos encontrarmos num pub, quer dizer... Ele me encontrou, porque eu estava tão bêbada que mal me lembro daquela noite. — fiz uma careta, que foi repetida por ela, mas com incredulidade, o que acabou me fazendo rir — Ele cuidou de mim naquela noite, e impediu que algum cara fizesse algo comigo, inclusive ele, mesmo depois de eu tirar o vestido e ficar apenas de calcinha em sua frente, o pedindo pra transar comigo. — fiz outra careta, mas dessa vez incrédula com o quão submissa dele eu estava naquela noite. Mesmo bêbada eu não fazia isso pra ninguém, não me oferecia pra homem algum, mas com ele era diferente.
Eu o queria até mesmo sóbria.
— E como você tem a certeza de que ele não fez nada com você? — ela arqueou a sobrancelha e eu dei ombros.
— Ele foi sincero quando me contou sobre aquela noite, eu podia ver em seus olhos, sem contar que se ele tivesse feito algo comigo, eu provavelmente teria acordado com algumas dores, porque vamos confessar que sexo causa dores, com dele principalmente... — deixei aquela frase no ar e ri fracamente balançando a cabeça negativamente.
— E vocês se resolveram depois disso? — perguntou, ignorando o comentário que eu havia feito anteriormente.
— Sim, a gente conversou, e aí ficou tudo bem. — encarei o último pedaço de panqueca em meu prato e suspirei antes de continuar — Até ontem quando surgiu uma nova corredora para disputar contra mim, e o beijou... E ainda por cima, se ofereceu para entrar na equipe do . — mais uma vez fiz uma careta incrédula, e neguei com a cabeça. Aquilo já estava se tornando comum naquela história toda.
— E seu maior incômodo é por ela entrar na equipe do ou por ter beijado o ? — ela moveu a bolsa de gelo mais uma vez, e dessa vez eu mal senti, pois de tanto colocar o gelo meu pé já estava um pouco dormente.
— Eu não sei dizer... — respondi baixo e empurrei o prato para frente, ao perceber que não estava mais a fim de comer.
— Vou reformular a pergunta... — fez uma pausa e olhou para o prato, voltando a me olhar em seguida — Em qual das duas coisas você não conseguiu parar de pensar até agora? — manteve seu olhar em mim, como quem já soubesse a resposta e só me esperasse confirmar.
Demorei alguns segundos para responder, até porque assumir aquilo me levava a assumir o sentimento que havia tido na noite anterior, e eu não queria ter que assumir.
— No beijo dela com o ... — falei tão baixo que saiu quase sem nenhum som, e mantive o olhar na mesa, dessa vez já sem prato algum ali.
— Você sabe o que isso significa, não é? — ela pegou a minha mão sobre a minha perna, e a segurou entre a suas, então eu neguei com a cabeça — Você está com ciúmes. E se está sentindo isso, é porque você realmente gosta dele, isso se já não estiver apaixonada... — eu fechei os olhos e mais uma vez neguei com a cabeça. Era daquilo que eu tinha medo durante todo esse tempo, me apaixonar por ele. — Não sinta medo de se apaixonar, . — falou maternalmente enquanto acariciava as costas da minha mão — Isso é uma coisa boa, e esse garoto parece também gostar de você. — abri os olhos e a encarei.
— Meu medo não é me apaixonar, meu medo é me apaixonar justamente pelo rival do meu irmão. — soltei uma risada nasalada — O é tudo pra mim, e saber que isso pode fazer com que ele me odeie me faz não querer sentir isso. — suspirei pesadamente.
— Não dá pra escolher o que vamos sentir, ou por quem sentir. Você não fez isso pra provocar o e eu duvido muito que ele vá te odiar por algo algum dia. — ela falou ainda mantendo minha mão entre as suas — Então não deixa esse medo te impedir de ser feliz, ou de pelo menos tentar algo que você queira. — balançou a cabeça negativamente e sorriu ternamente — Fala com o , e deixe as coisas resolvidas entre vocês, se não for pra dar certo, paciência. — manteve sua voz calma, como uma mãe aconselhando a filha, e aquilo me confortava, pois por muitos anos eu não sentia aquilo — Agora eu vou voltar ao trabalho, antes que seu pai venha tomar café e me dê uma bronca. — riu fracamente e se levantou levando consigo a bolsa de gelo.
— Sara? — a chamei e ela se virou para me olhar — Obrigada. — dei um pequeno sorriso.
— Sempre que precisar, criança. — ela falou, me chamando da forma que me chamava até os meus 12 anos quando eu havia ido para o internato, e sorriu saindo da cozinha.
Sara sempre foi como uma mãe para mim, e ainda mais para o , já que em todos esses sete anos ela que esteve ali por ele, o consolando todas as vezes que nosso pai o dizia algo ruim sobre a morte da nossa mãe. sempre me contava das conversas que tinha com ela, e era aquilo que me confortava estando tão longe.
— Hey, como tá o pé? — falou entrando na cozinha seguido de nosso pai, e se sentou na cadeira onde antes Sara estava, deixando meu pé em seu colo.
— No momento está dormente por causa de tanto gelo. — fiz uma careta e ele riu balançando a cabeça.
— Espero que isso não te impeça de ir para a empresa amanhã, eu preciso de você lá. — meu pai me olhou, enquanto se sentava na cadeira da ponta, e eu me limitei a revirar os olhos — E não revire os olhos para mim, eu sou o seu pai e exijo respeito. — falou autoritário e eu dei um sorrisinho cínico, batendo continência e me levantei.
— Me deem licença porque eu já tomei café e preciso me arrumar pra ir falar com uma pessoa. — beijei o topo da cabeça de , enquanto meu pai ainda me olhava com uma cara nada feliz.
Saí da cozinha antes de algum dos dois falar algo, e peguei o meu tênis ao passar pela sala, subindo as escadas em seguida. Entrei no quarto e encostei a porta, joguei meu tênis em um canto e peguei meu celular abrindo a conversa com o , e em seguida abri o teclado, parando um pouco antes de digitar.
"Preciso falar com você..."
"Pode me encontrar no Hyde Park daqui às 1h?"
Depois de enviar as mensagens, bloqueei o celular e fui para o banheiro deixando o mesmo sobre a bancada da pia. Tirei as roupas as deixando sobre o cesto de roupas e entrei no box soltando o cabelo e ligando o chuveiro.
Tomei um banho demorado aproveitando para lavar os cabelos, e enquanto tirava o shampoo ouvi meu celular apitar duas vezes, e pude imaginar quem era. Só quando acabei o banho e me vesti com o roupão colocando uma toalha nos cabelos, que eu fui olhar as mensagens, e como eu imaginava era o .
"Bom... Eu posso sim..."
"Então nos vemos lá"
Saí do banheiro e fui para o quarto jogando o celular sobre a cama, vesti uma calça jeans, uma regata e uma blusa de moletom por cima. Optei por calçar um chinelo, já que o meu pé não estava ajudando muito para calçar algo fechado, e fui pentear os cabelos. Demorei um pouco a desembaraçar, mas assim que o fiz, o deixei solto para que pudesse secar naturalmente. Peguei apenas o celular, e algum dinheiro e saí do quarto.
Desci as escadas devagar por causa do meu pé, e então chamei um uber pelo aplicativo já que não tinha condições de dirigir. Não demorou nem cinco minutos para que avisasse que o carro já me esperava na porta, então eu saí.
— Hyde Park, por favor. — falei ao entrar na parte de trás do carro e o motorista assentiu dando a partida.
Eu nem fazia ideia do que iria falar com o , mas depois da conversa com a Sara, eu tinha certeza que nós precisávamos conversar.
Quando cheguei ao Hyde Park comecei a andar pelo local a procura do . O encontrei sentado em um banco, vestindo uma jaqueta de couro, uma calça jeans preta rasgada no joelho, seu típico coturno e óculos escuros. Ele fumava um cigarro enquanto olhava para um menininho que brincava com um filhotinho de pastor alemão do outro lado de onde ele estava.
Aproximei-me devagar, ainda mancando e me sentei ao seu lado no banco chamando sua atenção. Ele me olhou, voltando a olhar para frente em seguida para que pudesse soltar a fumaça, pelo menos eu queria acreditar que ele não estava me ignorando como eu havia feito com ele.
— Eu me atrasei um pouco do horário combinado, porque o motorista do uber se perdeu no caminho... Acho que ele não é daqui. — quebrei o silêncio soltando uma risada anasalada.
— Achei que tivesse vindo de carro. — falou enquanto jogava a pequena bituca do cigarro no chão e o apagava com a sola do sapato.
— Não posso dirigir nessas condições. — levantei um pouco o meu pé e ele olhou para o mesmo — Eu machuquei ontem quando fui pular o muro de volta e agora está assim. — olhei para o meu pé por alguns segundos, e voltei a abaixá-lo.
— Você deveria estar em casa, e não forçando mais o pé. — ele falou em um tom sério, mas ao mesmo tempo preocupado.
— Mas eu precisava mesmo falar com você. — o olhei mantendo meu olhar ali em seu rosto.
— Se você quer falar sobre ontem, eu realmente não fiz nada errado e não impedi o beijo porque aconteceu tudo muito rápido e eu achei que essa fosse uma boa coisa pra que o esquecesse sobre nosso suposto caso. — me olhou enquanto se explicava e eu apenas assenti com a cabeça.
— Eu sei... — falei baixo e fiz uma pequena pausa — Mas não é sobre isso que eu quero falar. — mordo o lábio inferior puxando dali uma pelinha que estava soltando, e por mais que aquilo doesse eu tinha mania de sempre arrancar.
— E sobre o que é? — tirou os óculos e o pendurou na gola da sua camisa.
— É sobre a gente... — novamente fiz uma pausa, e desviei meu olhar para o céu — Eu nem sei como começar a falar isso. — ri fraco e balancei a cabeça negativamente voltando a olhá-lo — Eu e você começamos um relacionamento complicado, isso pelo fato de que eu sou irmã do seu rival, e não é só nas corridas. E eu sei não tem nem dois meses, mas cada dia que passa parece que essa nossa história se complica cada vez mais, e... — antes que eu pudesse continuar, ele me interrompeu.
— Eu já até posso imaginar o que você vai falar, mas antes me deixa falar uma coisa, tá? — ele falou enquanto tirava a mão do bolso e abria a tampinha de metal do isqueiro e a fechava nervosamente — Eu nunca pretendi ter um caso com a irmã do , isso nem mesmo quando nós éramos amigos. Eu sabia da sua existência, mas nunca nem havia visto uma foto sua pra saber como você era, eu realmente descobri naquela corrida em que nos conhecemos, mas aconteceu que a gente foi fazer aquela aposta, e por mais que eu tenha pedido um beijo eu achei que você não me daria, mas eu já comecei errando, porque você mostrou ter palavra e ser uma mulher de atitude. — deu um sorriso fraco e balançou a cabeça — E por mais que eu tivesse pedido um beijo de boa sorte, eu não esperava que realmente fosse ganhar aquela corrida, mas depois que você chegou, sem contar as duas corridas em que nós estávamos brigados, eu ganhei todas as outras, e algo me diz que não são as ultimas, porque você... Você é como o meu amuleto da sorte. Sempre que você estiver por perto, eu vou ganhar as corridas. — ele desviou o olhar para um cachorro que corria para pegar uma bolinha, mas voltou a me olhar — Sim, não tem nem dois meses que a gente se conhece, mas eu tenho certeza de que não quero ficar com nenhuma outra pessoa, eu tenho certeza de que eu quero você. Ninguém me fez sentir metade do que você me faz todos os dias. — negou com a cabeça e riu pelo nariz — Quando eu disse que você chegou pra foder com a minha vida, não era mentira, mas também não era no mal sentido, porque você realmente tá fodendo cada vez mais com a minha vida. Você é irmã do cara que era meu amigo, e agora é praticamente meu inimigo, mas ainda que isso seja um tanto quanto irônico, eu não consigo te esquecer e muito menos não te querer, porque você é como um vício, mas um vício pior do que o que eu tenho com cigarros... — tirou um cigarro do bolso e começou a brincar com ele entre os dedos — Porque você é um vício no qual é impossível parar. E mesmo se eu pudesse parar, eu não iria querer, por que... Caralho... — fez uma pausa e passou a mão pelo cabelo nervosamente — Porque eu estou completamente apaixonado por você. — falou ele por fim, e olhou em meus olhos como se quisesse que eu tivesse a certeza de que aquilo era a verdade.
E eu tinha.
Fiquei o olhando por algum tempo, enquanto piscava várias vezes e tentava abrir a boca para falar algo, mas nada saía. Ele manteve seu olhar em mim, e só o desviou para acender o cigarro o levando a boca. Ele estava nervoso, e eu sabia disso por ser o segundo cigarro dele em menos de meia hora ali.
— , eu... — falei depois de um tempo, mas parei por não saber como continuar — Eu não sei o que falar. — soltei uma risada nervosa e balancei com a cabeça.
— Fala o que você tinha vindo falar, pode acabar com tudo como você ia fazer. Não precisa ficar comigo só pelo o que eu disse. — riu pelo nariz e tragou o cigarro logo depois.
— Mas eu não vim acabar com nada. — neguei com a cabeça e ele me olhou confuso após soltar a fumaça pela boca — Eu... — mas uma vez não consegui continuar, então o olhei — Que se foda todo o resto. — falei antes de segurar em seu rosto e o beijar, fazendo questão de deixar claro ali que sentia o mesmo por ele.
Ele levou uma das mãos a minha cintura me puxando para mais perto dele no banco, e jogou o cigarro fora, pois colocou sua outra mão em minha nuca aprofundando o beijo.
Eu não havia imaginado que seria tão difícil dizer para alguém que estava apaixonada, mas o que eu estava tendo com o era difícil explicar, não seria aquilo uma coisa fácil nisso tudo. Porém, nós havíamos achado um jeito perfeito de dizer o que sentíamos, e apesar dele já ter falado com palavras, era ali que eu realmente conseguia sentir.
Depois de escovar os dentes, lavar o rosto e fazer minha higiene matinal, vesti a roupa e prendi o cabelo em um coque. Saí do banheiro, calcei um tênis de corrida e peguei meu celular e o fone de ouvido, em seguida saí do quarto.
Desci as escadas com dificuldade já que meu pé doía e aquele tênis o apertava, pois estava inchado. Passei pela cozinha onde Sara já estava preparando o café da manhã, mas acabou parando o que fazia para me olhar.
— O que você está fazendo acordada essa hora? — perguntou em confusão e eu a olhei.
— Só não consegui mais dormir. — dei ombros e peguei uma maçã na fruteira — E agora vou correr, um pouco. — lhe mandei beijos no ar e saí da cozinha, tentando ao máximo não mancar para que nem ela descobrisse sobre o meu pé.
Logo que saí para o quintal, andei ali pela a grama, indo para o fundo da casa e me sentei debaixo de uma árvore ficando do lado oposto a vista da casa, para que assim ninguém pudesse me ver ali. Coloquei os fones no ouvido e coloquei as músicas para tocar no aleatório e fiquei comendo a maçã enquanto ouvia as músicas que tocavam.
Fiquei ali encostada na árvore ouvindo as minhas músicas, e em algumas delas me lembrando do , como quando tocava alguma do Nirvana, Guns n' roses e outras bandas que ele já havia me falado que gostava, inclusive muitas das músicas estavam ali desde a noite que fui para sua casa e no meio das conversas com e Maria, citamos algumas bandas que gostamos. E eu nem era tão fã de rock assim.
Quando olhei no relógio, já havia passado um pouco mais de uma hora que eu estava ali, nem havia notado o tempo passar enquanto pensava na maldita noite anterior. A única parte boa havia sido a minha vitória na corrida, mas todo o resto foi desastroso, principalmente... Aquele beijo.
Balancei a cabeça parar de pensar no maldito selinho que a Hemmings deu em , e me levantei dando pause nas músicas.
Entrei em casa novamente pela cozinha, onde Sara acabava de colocar a mesa. Passei direto por ela, e ao chegar à sala, encontrei e o meu pai descendo as escadas. Eu nem sabia que ele estava ali.
— Bom dia. — ele me olhou acabando de passar pelo ultimo degrau.
— Quando você chegou de viagem? — fiz uma careta, ignorando sua tentativa de ser educado.
— Agora pouco. — se aproximou de mim, e parou a minha frente.
Apenas balancei a cabeça e esperei descer, para ir até ele e lhe dar um beijo na bochecha, em seguida fui para o sofá, sem me importar em mancar dessa vez.
— Por que você está mancando? — me olhou confuso.
— Eu fui correr e acabei torcendo o pé. — revirei os olhos e suspirei, apesar daquilo ser mentira, a torção havia sido real, e doía de verdade.
— Então trate de colocar um gelo nisso, porque amanhã eu preciso de você na empresa. — meu pai falou autoritário e se dirigiu para seu escritório.
— Agora é o nosso pai. — dei um sorrisinho de escárnio o olhando entrar em seu escritório e balancei a cabeça.
— Vai lá colocar gelo, o vai piorar. — me olhou e depois que eu assenti foi para o escritório atrás do nosso pai.
Tirei o tênis, já que não aguentava mais aquele treco apertando o meu pé, e andei até a cozinha com um pouco de dificuldade, já que doía bem mais do que antes. Claro que pelo fato de que eu o forcei tanto para inventar uma mentira, mas era a forma que eu havia achado de esconder o que havia feito na noite anterior, que por sinal era outra mentira. Minha vida estava virando uma bola de neve feita de mentiras, e por mais que fosse pelo bem de todos, eu odiava mentir para o .
— O que houve com seu pé? — Sara me olhou confusa, enquanto eu me sentava em uma das cadeiras.
— Eu machuquei o pé enquanto corria. — falei simplesmente servindo um pouco do suco de laranja em um copo.
— Enquanto corria, ou quando pulava o muro pra voltar pra casa ontem à noite? — arqueou a sobrancelha cruzando os braços, e eu engoli a seco.
— Como você...? — antes que eu completasse a frase, ela me interrompeu.
— Eu ouvi um barulho ontem na porta da cozinha e o havia acabado de sair, aí eu fui olhar o que era e te vi em cima do muro pronta pra pular, e aí veio o estrondo da lixeira lá fora. — ela falou enquanto colocava pedras de gelo em uma bolsinha térmica azul.
— Você não vai contar isso pra ninguém, não é? — fiz uma careta, que eu diria que poderia ser nomeada como súplica, e ela riu.
— É claro que eu não vou contar. — balançou a cabeça e se aproximou novamente da mesa, colocando meu pé sobre outra a cadeira, e colocando a bolsa de gelo nele — Mas você pode me contar porque estava pulando o muro àquela hora?
— Eu estava indo para a corrida. — falei e logo depois levei um pedaço da panqueca à boca, e a mastiguei e engoli antes de voltar a falar — O não podia saber que eu ia dessa vez, porque ele não sabe que eu estou correndo. — completei respondendo a pergunta que tinha certeza de que ela me faria em seguida.
— E por que ele não pode saber? — levantou o meu pé e se sentou na cadeira o colocando em seu colo, e ainda segurando a bolsa de gelo sobre ele.
— Porque ele não quer que eu corra. — balancei a cabeça e bebi um gole do suco — De acordo com ele é muito perigoso, e ele não quer me colocar em risco. — soltei uma risada nasalada e balancei a cabeça negativamente — Mas da mesma forma que é perigoso para mim, é para ele, e por que ele pode e eu não? — a olhei e ela riu baixo dessa vez.
— O seu irmão é protetor, e você é independente, isso acaba gerando um conflito entre vocês. — falou colocando a bolsa na lateral do meu pé dessa vez, me fazendo soltar um murmúrio de dor — Mas você não pode manter isso escondido dele, e se acontecer alguma coisa, como ele vai saber que era você? — perguntou e por um momento eu consegui me sentir mal por esconder do que eu estava correndo.
— O problema é que isso não envolve somente a mim. — balancei a cabeça, e comi um dos morangos da panqueca, voltando a olhá-la — O tem um rival nas corridas, que é tão bom quanto ele... — falei e ela balançou a cabeça, mostrando que já sabia daquela história — Como você já sabia disso? E das corridas? — fiquei realmente confusa com aquilo.
— Quando o começou, eu o peguei fugindo, e ele me pediu pra não contar pro seu pai, aí eu perguntei o que ele tanto fazia na rua tão tarde da noite e ele me contou tudo. No começo eu não concordei muito, mas se eu tentasse o impedir de sair ele daria um jeito, e faria de qualquer jeito... — soltou uma risada nasalada e balançou a cabeça — E aí eu o ajudei a sair várias vezes, e ele chegava empolgado pra me contar sobre as corridas. — deu um sorriso materno e eu acabei sorrindo com aquilo — E quando ele conheceu o , ele me contou também, inclusive quando eles brigaram e se tornaram rivais, até mesmo o motivo disso. — trocou a bolsa de gelo mais uma vez de lado, me fazendo soltar outro murmúrio de reprovação. Aquilo doía.
— Eu só descobri sobre a briga com o há três semanas. — ri pelo o nariz e balancei a cabeça — Eu sabia que eles eram rivais desde a minha primeira corrida, mas quando eu conheci o eu não fazia a menor ideia de quem ele era... — neguei com a cabeça e ri fraco — E aí eu o beijei. — a olhei e ela arqueou a sobrancelha — Eu não o beijei simplesmente porque tive vontade, quer dizer, é impossível não ter vontade de beijar ele, mas foi tudo por uma aposta... — fiz uma pausa e ri baixo bebendo um pouco do suco em seguida — Estava tendo uma corrida e nós apostamos se uma das corredoras ia ganhar ou não, e se ele perdesse, me ajudaria a participar de uma corrida, caso contrário, eu o daria um beijo de boa sorte... — mordi o lábio inferior me lembrando daquele dia. Parando para analisar aquela era uma história engraçada, porque eu havia beijado um cara que eu nem sabia o nome, e nem estava bêbada.
— E esse beijo de boa sorte serviu pra alguma coisa? — ela perguntou bem alheia do que estava se passando pela a minha cabeça, e eu ri.
— Depois de cinco corridas seguidas que ele havia perdido para o , ele ganhou. — a olhei e acabei dando um sorrisinho ao pensar naquilo.
Pelo menos eu o havia dado sorte.
— E como ficaram as coisas entre vocês depois disso? — ela perguntou enquanto eu levava um pedaço da panqueca e dessa vez com um morango à boca, e em seguida parei para mastigar.
Contei para ela toda a história com o depois daquela primeira corrida. Contei sobre a festa da avó dele, em que eu havia o encontrado. Falei também sobre a proposta da corrida, que eu não precisei nem de um minuto para aceitar. Sobre a corrida e o resto da noite depois dela, inclusive sobre o sexo maravilhoso que havíamos feito naquele dia. E contei sobre a briga, que há deixou um pouco brava com ele, até eu dizer que estava mesmo fazendo o que ele falara, usando o e a rivalidade deles, para fugir de sentir alguma coisa.
Talvez naquele dia eu não tivesse percebido aquilo, mas agora eu via claramente o que havia feito.
Eu usei o como desculpa, para que não me apaixonasse pelo .
— E depois dessa briga ficamos duas semanas sem e nos falarmos, até nos encontrarmos num pub, quer dizer... Ele me encontrou, porque eu estava tão bêbada que mal me lembro daquela noite. — fiz uma careta, que foi repetida por ela, mas com incredulidade, o que acabou me fazendo rir — Ele cuidou de mim naquela noite, e impediu que algum cara fizesse algo comigo, inclusive ele, mesmo depois de eu tirar o vestido e ficar apenas de calcinha em sua frente, o pedindo pra transar comigo. — fiz outra careta, mas dessa vez incrédula com o quão submissa dele eu estava naquela noite. Mesmo bêbada eu não fazia isso pra ninguém, não me oferecia pra homem algum, mas com ele era diferente.
Eu o queria até mesmo sóbria.
— E como você tem a certeza de que ele não fez nada com você? — ela arqueou a sobrancelha e eu dei ombros.
— Ele foi sincero quando me contou sobre aquela noite, eu podia ver em seus olhos, sem contar que se ele tivesse feito algo comigo, eu provavelmente teria acordado com algumas dores, porque vamos confessar que sexo causa dores, com dele principalmente... — deixei aquela frase no ar e ri fracamente balançando a cabeça negativamente.
— E vocês se resolveram depois disso? — perguntou, ignorando o comentário que eu havia feito anteriormente.
— Sim, a gente conversou, e aí ficou tudo bem. — encarei o último pedaço de panqueca em meu prato e suspirei antes de continuar — Até ontem quando surgiu uma nova corredora para disputar contra mim, e o beijou... E ainda por cima, se ofereceu para entrar na equipe do . — mais uma vez fiz uma careta incrédula, e neguei com a cabeça. Aquilo já estava se tornando comum naquela história toda.
— E seu maior incômodo é por ela entrar na equipe do ou por ter beijado o ? — ela moveu a bolsa de gelo mais uma vez, e dessa vez eu mal senti, pois de tanto colocar o gelo meu pé já estava um pouco dormente.
— Eu não sei dizer... — respondi baixo e empurrei o prato para frente, ao perceber que não estava mais a fim de comer.
— Vou reformular a pergunta... — fez uma pausa e olhou para o prato, voltando a me olhar em seguida — Em qual das duas coisas você não conseguiu parar de pensar até agora? — manteve seu olhar em mim, como quem já soubesse a resposta e só me esperasse confirmar.
Demorei alguns segundos para responder, até porque assumir aquilo me levava a assumir o sentimento que havia tido na noite anterior, e eu não queria ter que assumir.
— No beijo dela com o ... — falei tão baixo que saiu quase sem nenhum som, e mantive o olhar na mesa, dessa vez já sem prato algum ali.
— Você sabe o que isso significa, não é? — ela pegou a minha mão sobre a minha perna, e a segurou entre a suas, então eu neguei com a cabeça — Você está com ciúmes. E se está sentindo isso, é porque você realmente gosta dele, isso se já não estiver apaixonada... — eu fechei os olhos e mais uma vez neguei com a cabeça. Era daquilo que eu tinha medo durante todo esse tempo, me apaixonar por ele. — Não sinta medo de se apaixonar, . — falou maternalmente enquanto acariciava as costas da minha mão — Isso é uma coisa boa, e esse garoto parece também gostar de você. — abri os olhos e a encarei.
— Meu medo não é me apaixonar, meu medo é me apaixonar justamente pelo rival do meu irmão. — soltei uma risada nasalada — O é tudo pra mim, e saber que isso pode fazer com que ele me odeie me faz não querer sentir isso. — suspirei pesadamente.
— Não dá pra escolher o que vamos sentir, ou por quem sentir. Você não fez isso pra provocar o e eu duvido muito que ele vá te odiar por algo algum dia. — ela falou ainda mantendo minha mão entre as suas — Então não deixa esse medo te impedir de ser feliz, ou de pelo menos tentar algo que você queira. — balançou a cabeça negativamente e sorriu ternamente — Fala com o , e deixe as coisas resolvidas entre vocês, se não for pra dar certo, paciência. — manteve sua voz calma, como uma mãe aconselhando a filha, e aquilo me confortava, pois por muitos anos eu não sentia aquilo — Agora eu vou voltar ao trabalho, antes que seu pai venha tomar café e me dê uma bronca. — riu fracamente e se levantou levando consigo a bolsa de gelo.
— Sara? — a chamei e ela se virou para me olhar — Obrigada. — dei um pequeno sorriso.
— Sempre que precisar, criança. — ela falou, me chamando da forma que me chamava até os meus 12 anos quando eu havia ido para o internato, e sorriu saindo da cozinha.
Sara sempre foi como uma mãe para mim, e ainda mais para o , já que em todos esses sete anos ela que esteve ali por ele, o consolando todas as vezes que nosso pai o dizia algo ruim sobre a morte da nossa mãe. sempre me contava das conversas que tinha com ela, e era aquilo que me confortava estando tão longe.
— Hey, como tá o pé? — falou entrando na cozinha seguido de nosso pai, e se sentou na cadeira onde antes Sara estava, deixando meu pé em seu colo.
— No momento está dormente por causa de tanto gelo. — fiz uma careta e ele riu balançando a cabeça.
— Espero que isso não te impeça de ir para a empresa amanhã, eu preciso de você lá. — meu pai me olhou, enquanto se sentava na cadeira da ponta, e eu me limitei a revirar os olhos — E não revire os olhos para mim, eu sou o seu pai e exijo respeito. — falou autoritário e eu dei um sorrisinho cínico, batendo continência e me levantei.
— Me deem licença porque eu já tomei café e preciso me arrumar pra ir falar com uma pessoa. — beijei o topo da cabeça de , enquanto meu pai ainda me olhava com uma cara nada feliz.
Saí da cozinha antes de algum dos dois falar algo, e peguei o meu tênis ao passar pela sala, subindo as escadas em seguida. Entrei no quarto e encostei a porta, joguei meu tênis em um canto e peguei meu celular abrindo a conversa com o , e em seguida abri o teclado, parando um pouco antes de digitar.
"Preciso falar com você..."
"Pode me encontrar no Hyde Park daqui às 1h?"
Depois de enviar as mensagens, bloqueei o celular e fui para o banheiro deixando o mesmo sobre a bancada da pia. Tirei as roupas as deixando sobre o cesto de roupas e entrei no box soltando o cabelo e ligando o chuveiro.
Tomei um banho demorado aproveitando para lavar os cabelos, e enquanto tirava o shampoo ouvi meu celular apitar duas vezes, e pude imaginar quem era. Só quando acabei o banho e me vesti com o roupão colocando uma toalha nos cabelos, que eu fui olhar as mensagens, e como eu imaginava era o .
"Bom... Eu posso sim..."
"Então nos vemos lá"
Saí do banheiro e fui para o quarto jogando o celular sobre a cama, vesti uma calça jeans, uma regata e uma blusa de moletom por cima. Optei por calçar um chinelo, já que o meu pé não estava ajudando muito para calçar algo fechado, e fui pentear os cabelos. Demorei um pouco a desembaraçar, mas assim que o fiz, o deixei solto para que pudesse secar naturalmente. Peguei apenas o celular, e algum dinheiro e saí do quarto.
Desci as escadas devagar por causa do meu pé, e então chamei um uber pelo aplicativo já que não tinha condições de dirigir. Não demorou nem cinco minutos para que avisasse que o carro já me esperava na porta, então eu saí.
— Hyde Park, por favor. — falei ao entrar na parte de trás do carro e o motorista assentiu dando a partida.
Eu nem fazia ideia do que iria falar com o , mas depois da conversa com a Sara, eu tinha certeza que nós precisávamos conversar.
Quando cheguei ao Hyde Park comecei a andar pelo local a procura do . O encontrei sentado em um banco, vestindo uma jaqueta de couro, uma calça jeans preta rasgada no joelho, seu típico coturno e óculos escuros. Ele fumava um cigarro enquanto olhava para um menininho que brincava com um filhotinho de pastor alemão do outro lado de onde ele estava.
Aproximei-me devagar, ainda mancando e me sentei ao seu lado no banco chamando sua atenção. Ele me olhou, voltando a olhar para frente em seguida para que pudesse soltar a fumaça, pelo menos eu queria acreditar que ele não estava me ignorando como eu havia feito com ele.
— Eu me atrasei um pouco do horário combinado, porque o motorista do uber se perdeu no caminho... Acho que ele não é daqui. — quebrei o silêncio soltando uma risada anasalada.
— Achei que tivesse vindo de carro. — falou enquanto jogava a pequena bituca do cigarro no chão e o apagava com a sola do sapato.
— Não posso dirigir nessas condições. — levantei um pouco o meu pé e ele olhou para o mesmo — Eu machuquei ontem quando fui pular o muro de volta e agora está assim. — olhei para o meu pé por alguns segundos, e voltei a abaixá-lo.
— Você deveria estar em casa, e não forçando mais o pé. — ele falou em um tom sério, mas ao mesmo tempo preocupado.
— Mas eu precisava mesmo falar com você. — o olhei mantendo meu olhar ali em seu rosto.
— Se você quer falar sobre ontem, eu realmente não fiz nada errado e não impedi o beijo porque aconteceu tudo muito rápido e eu achei que essa fosse uma boa coisa pra que o esquecesse sobre nosso suposto caso. — me olhou enquanto se explicava e eu apenas assenti com a cabeça.
— Eu sei... — falei baixo e fiz uma pequena pausa — Mas não é sobre isso que eu quero falar. — mordo o lábio inferior puxando dali uma pelinha que estava soltando, e por mais que aquilo doesse eu tinha mania de sempre arrancar.
— E sobre o que é? — tirou os óculos e o pendurou na gola da sua camisa.
— É sobre a gente... — novamente fiz uma pausa, e desviei meu olhar para o céu — Eu nem sei como começar a falar isso. — ri fraco e balancei a cabeça negativamente voltando a olhá-lo — Eu e você começamos um relacionamento complicado, isso pelo fato de que eu sou irmã do seu rival, e não é só nas corridas. E eu sei não tem nem dois meses, mas cada dia que passa parece que essa nossa história se complica cada vez mais, e... — antes que eu pudesse continuar, ele me interrompeu.
— Eu já até posso imaginar o que você vai falar, mas antes me deixa falar uma coisa, tá? — ele falou enquanto tirava a mão do bolso e abria a tampinha de metal do isqueiro e a fechava nervosamente — Eu nunca pretendi ter um caso com a irmã do , isso nem mesmo quando nós éramos amigos. Eu sabia da sua existência, mas nunca nem havia visto uma foto sua pra saber como você era, eu realmente descobri naquela corrida em que nos conhecemos, mas aconteceu que a gente foi fazer aquela aposta, e por mais que eu tenha pedido um beijo eu achei que você não me daria, mas eu já comecei errando, porque você mostrou ter palavra e ser uma mulher de atitude. — deu um sorriso fraco e balançou a cabeça — E por mais que eu tivesse pedido um beijo de boa sorte, eu não esperava que realmente fosse ganhar aquela corrida, mas depois que você chegou, sem contar as duas corridas em que nós estávamos brigados, eu ganhei todas as outras, e algo me diz que não são as ultimas, porque você... Você é como o meu amuleto da sorte. Sempre que você estiver por perto, eu vou ganhar as corridas. — ele desviou o olhar para um cachorro que corria para pegar uma bolinha, mas voltou a me olhar — Sim, não tem nem dois meses que a gente se conhece, mas eu tenho certeza de que não quero ficar com nenhuma outra pessoa, eu tenho certeza de que eu quero você. Ninguém me fez sentir metade do que você me faz todos os dias. — negou com a cabeça e riu pelo nariz — Quando eu disse que você chegou pra foder com a minha vida, não era mentira, mas também não era no mal sentido, porque você realmente tá fodendo cada vez mais com a minha vida. Você é irmã do cara que era meu amigo, e agora é praticamente meu inimigo, mas ainda que isso seja um tanto quanto irônico, eu não consigo te esquecer e muito menos não te querer, porque você é como um vício, mas um vício pior do que o que eu tenho com cigarros... — tirou um cigarro do bolso e começou a brincar com ele entre os dedos — Porque você é um vício no qual é impossível parar. E mesmo se eu pudesse parar, eu não iria querer, por que... Caralho... — fez uma pausa e passou a mão pelo cabelo nervosamente — Porque eu estou completamente apaixonado por você. — falou ele por fim, e olhou em meus olhos como se quisesse que eu tivesse a certeza de que aquilo era a verdade.
E eu tinha.
Fiquei o olhando por algum tempo, enquanto piscava várias vezes e tentava abrir a boca para falar algo, mas nada saía. Ele manteve seu olhar em mim, e só o desviou para acender o cigarro o levando a boca. Ele estava nervoso, e eu sabia disso por ser o segundo cigarro dele em menos de meia hora ali.
— , eu... — falei depois de um tempo, mas parei por não saber como continuar — Eu não sei o que falar. — soltei uma risada nervosa e balancei com a cabeça.
— Fala o que você tinha vindo falar, pode acabar com tudo como você ia fazer. Não precisa ficar comigo só pelo o que eu disse. — riu pelo nariz e tragou o cigarro logo depois.
— Mas eu não vim acabar com nada. — neguei com a cabeça e ele me olhou confuso após soltar a fumaça pela boca — Eu... — mas uma vez não consegui continuar, então o olhei — Que se foda todo o resto. — falei antes de segurar em seu rosto e o beijar, fazendo questão de deixar claro ali que sentia o mesmo por ele.
Ele levou uma das mãos a minha cintura me puxando para mais perto dele no banco, e jogou o cigarro fora, pois colocou sua outra mão em minha nuca aprofundando o beijo.
Eu não havia imaginado que seria tão difícil dizer para alguém que estava apaixonada, mas o que eu estava tendo com o era difícil explicar, não seria aquilo uma coisa fácil nisso tudo. Porém, nós havíamos achado um jeito perfeito de dizer o que sentíamos, e apesar dele já ter falado com palavras, era ali que eu realmente conseguia sentir.
Capítulo 7
Virei-me na cadeira e coloquei os pés sobre a mesa do meu escritório, ainda faltava meia hora pra que eu pudesse sair dali, só que eu já não tinha mais nada para fazer e mesmo que tivesse eu não faria. Desbloqueei o celular e entrei em um dos joguinhos de corrida que eu tinha ali. Até em um jogo eu era uma ótima corredora, falando modestamente, é claro.
Fiquei jogando várias vezes o jogo, até que olhei para o relógio vendo que já marcava p.m. Coloquei os pés de volta no chão e me levantei da cadeira pegando minha bolsa sobre a mesa. Peguei a chave do carro e ouvi o toque do meu celular soar alto na sala vazia. Olhei para o visor e logo que vi quem era, eu deslizei o dedo pela tela para atender.
— Hey. — atendi tentando conter um pouco a empolgação na minha voz, ele não precisava saber que eu estava tão empolgada em falar com ele, apesar de ter certeza que ele deduziria isso.
— Não precisa conter a felicidade em falar comigo. — falou convencido e eu ri ao perceber que ele havia praticamente lido meus pensamentos.
— Modesto você, hein. — falei no mesmo tom enquanto saía do escritório e ele riu dessa vez.
— Mas vai dizer que não está feliz em falar comigo? — mantém o tom convencido e eu quase revirei os olhos, mas acabei sorrindo com aquilo.
— Bom, meu dia estava um saco, então é bom falar com você. — falei como se aquilo não fosse importante, ouvindo a sua gargalhada gostosa soar do outro lado da linha.
— Que bom que eu tirei o tédio do seu dia. — falou enquanto seu riso cessava e eu andei em direção ao elevador.
— Eu agradeço. — ri e apertei o botão que apontava para baixo do elevador — A gente pode se ver hoje? — perguntei depois de alguns segundos em silêncio.
— Claro que sim! Aon você quer ir? — perguntou enquanto eu me encostava na parede lateral para esperar o elevador chegar.
— Vamos nos encontrar no Hyde Park, aí a gente vê se faz alguma coisa. — falei enquanto encarava o esmalte vermelho da minha unha que ainda estava em perfeito estado.
— Okay... — ele fez um barulho com a boca, e eu avistei se aproximando de onde eu estava, junto com nosso pai.
— Tudo bem, a gente se encontra no shopping, Lizzie. — falei endireitando minha postura para manter uma mentira mais real, e pude ouvi-lo sussurrar um "o quê?" em confusão — Eu vou sair daqui da empresa e te encontro lá então, okay? — a porta do elevador se abriu e nós três entramos, logo o apertou o botão do subsolo.
— Okay... — falou ainda sem entender e eu tive que me segurar pra não rir daquilo, era engraçado fingir que ele era uma amiga.
— Até daqui a pouco, beijos. — mandei vários beijos antes de encerrar a ligação.
— Quem é Lizzie? — me olhou confuso, e foi acompanhado pelo nosso pai, que eu acabei ignorando.
— Uma amiga da Austrália que veio passar uns dias em Londres e me chamou pra sair. — dei ombros, e guardei o celular na bolsa. Todas as mentiras já estavam se tornando naturais, apesar de que eu não gostava daquilo.
— E você vai voltar tarde do shopping? — meu pai perguntou, enquanto algumas outras pessoas entravam no elevador em outro andar.
— Não sei. — dei ombros mais uma vez e olhei para o visor do elevador vendo que ainda estávamos no 18° andar e o elevador já estava praticamente lotado.
— Quer que eu vá com você? — me olhou fraternalmente, e eu dei um pequeno sorriso.
— Não precisa, eu vou no meu carro então não tenho nenhum problema com a hora de voltar pra casa. — o olhei e ele concordou com a cabeça.
O elevador demorou um pouco a chegar no subsolo, ainda mais que parou no térreo e várias pessoas desceram, mas logo que chegou eu saí do mesmo e fui direto para o meu carro, logo depois de dar um beijo na bochecha do meu irmão.
Entrei no carro, deixei a minha bolsa no banco de trás e dei a partida saindo do estacionamento. Assim que saí fui a caminho do Hyde Park, mas acabei pegando um pequeno engarrafamento de 20 minutos, e cheguei ao meu destino quase p.m. Estacionei o carro em frente ao parque e tirei o cinto deitando a cabeça no encosto do carro. Quando peguei o celular para enviar uma mensagem para o , alguém bateu no vidro ao meu lado, me fazendo levar um leve susto. Abaixei o vidro e vi que era o ali, ele deu um sorrisinho debochado por ter me assustado, e a minha vontade era lhe dar um soco, mas eu acabei rindo e balançando a cabeça.
Ele deu a volta no carro e entrou ao lado do passageiro, assim que ele bateu a porta eu me virei pra ele e ele me puxou pela nuca me beijando com vontade. Retribui o beijo na mesma intensidade enquanto embrenhava a mão em seu cabelo. Eu sabia que ele detestava quando eu bagunçava seu cabelo, mas eu adorava fazer aquilo, porque depois do beijo ele ficava realmente sexy.
O beijo tinha gosto de cigarro como sempre, e menta do chiclete que ele tinha na boca, e se misturava com o gosto do chocolate que eu havia comido enquanto estava no trânsito. Era o melhor beijo da minha vida. O beijo com mais sabor, mas não só pelos gostos que tinha, mas pela intensidade que havia ali.
Cortei o beijo com selinhos e ele segurou meu lábio inferior entre os dentes enquanto me olhava nos olhos, o que me levou a sorrir.
— Oi. — falei depois de me afastar um pouco dele e ele riu pela ironia de que eu lhe cumprimentei só depois de um beijo daquele e eu o acompanhei.
— Você precisa parar com essa mania de bagunçar meu cabelo. — fez uma careta abaixando o quebra sol para arrumar seu cabelo.
— Mas você fica extremamente sexy com o cabelo bagunçado. — dei ombros mantendo meu olhar nele.
— Você fica extremamente sexy sem as roupas, mas nem por isso eu fico tirando elas. — me olhou com a sobrancelha arqueada, e eu gargalhei.
— Bem que você queria tirar toda hora. — dei um sorrisinho debochado e ele gargalhou dando ombros.
— Você nem imagina o quanto. — me puxou novamente e me deu um selinho demorado.
— Vamos ao Mcdonalds? Eu tô com fome. — coloquei a mão na barriga e fiz uma careta.
— Vamos sim, já estava esperando você falar essa frase. — riu e eu fiz língua pra ele, me ajeitando no banco e colocando o cinto — Você parece uma criancinha mimada quando faz isso. — falou ainda rindo e eu revirei os olhos, mas rindo junto.
— Idiota. — lhe empurrei levemente enquanto ele colocava o cinto e dei a partida no carro em seguida.
— E o seu pé? Está melhor? — me olhou enquanto eu saía da vaga onde estava.
— Está sim, até ontem eu estava indo pra empresa com o , porque não dava pra dirigir. — soltei uma risada anasalada e olhei no retrovisor antes de sair pela rua.
— Por falar nele, nós não vamos pro shopping, amiga? — frisou o ‘amiga’ e eu ri alto daquele comentário.
— Foi à única coisa que eu consegui pensar na hora, ele e o meu pai estavam na minha frente, eu não tive muita opção. — dei ombros ainda rindo e ele balançou a cabeça.
— E você acha que eles não desconfiaram de nada? — voltou a me olhar, mas agora mais sério do que antes.
— Bom, eu não tenho certeza... — o olhei rapidamente — Mas o perguntou se eu queria que ele viesse comigo, porém eu acho que foi só preocupação com a hora de voltar mesmo.
— Não tem nenhuma chance de que ele tenha te seguido, não é? — fez uma careta e eu acabei a repetindo ao pensar naquela hipótese.
— Ele não faria isso. — neguei com a cabeça — Ele não tem motivos para desconfiar de mim a ponto de me seguir. — o olhei novamente e ele balançou a cabeça.
— Se você está dizendo. — levantou os braços em rendição e eu fiquei prestando atenção na rua, porque eu sabia que se rendesse assunto nós brigaríamos, e eu não queria aquilo.
Parei o carro no sinal vermelho, e depois de colocar na primeira marcha eu liguei o rádio deixando em uma música qualquer que passava. Deixei as duas mãos sobre o volante, e levantei a cabeça para descansar o pescoço, quando percebi que me olhava.
— O que foi? — o olhei com a sobrancelha arqueada.
— É engraçado ver você dirigindo assim calmamente, respeitando os sinais e tudo mais. — soltou uma risada nasalada e balançou a cabeça enquanto eu acelerava o carro, já que o sinal havia ficado verde — Nem parece que é aquela corredora, que dirige a mais de 100 km/h e ganha todas as corridas. — ele manteve seu olhar em mim — E eu acho incrível o quão diferente você pode ser, mas sem perder sua personalidade. — deu um pequeno sorriso que eu vi pelo canto do olho.
— Eu preciso respeitar as leis antes de meia noite, não é? — falei divertida e ele riu concordando — Tudo bem que eu gosto de quebrar regras, mas eu não quero ser presa por causar um acidente nas ruas. — fiz uma careta.
— Você quebra todas as regras que existem pra você. — ele falou e riu em seguida.
— Elas foram feitas para quê? — o olhei rapidamente arqueando — Para serem quebradas. — falei dando ombros e ele riu novamente — Além do mais, você não segue regra nenhuma, não tem por que falar de mim. — fiz uma careta e ele manejou a cabeça em concordância.
— Eu nunca segui. — deu ombros e eu ri dessa vez concordando.
— Uma vez badboy, sempre badboy. — constatei e ele riu alto jogando a cabeça para trás me fazendo rir junto enquanto parava atrás de um carro no drive-thrur do Mcdonalds.
Abaixei um pouco o volume do rádio, ao me aproximar do "interfone" e logo a atendente começou a falar.
— Bem vindo ao Mcdonalds, posso anotar seu pedido? — a voz feminina soou chiada do outro lado do interfone.
— O que você vai querer? — olhei para o , puxando minha bolsa do banco de trás, e ele deu ombros dizendo que não se importava. — Eu quero dois BigMac's, duas batatas grandes com cheddar e bacon, e dois milk shakes grandes de baunilha. — falei e segundos depois uma nota fiscal saiu por um buraquinho que havia ali, eu a peguei e voltei a seguir o caminho para pegar nossos pedidos.
Nosso pedido ficou pronto depois de uns cinco minutos, peguei tudo deixando com e entreguei o dinheiro ao atendente dizendo que ele podia ficar com o troco, logo em seguida eu dei a partida para sair dali.
Deixei a minha carteira sobre o "porta-treco" que havia no carro, deixando uma das mãos no volante e com a outra segurei o milk shake o levando até a boca e sugando um pouco do conteúdo pelo canudo.
— Você não tem nenhum problema com comer no seu carro? — fez uma careta enquanto eu parava no sinal, e abria o pacote onde estava uma das batatas.
— Desde que não limpem as mãos no meu estofado e tenham cuidado pra não cair nada, eu não me importo. — dei ombros e ele soltou uma risada nasalada concordando com a cabeça.
— Sabia que você não era tão de boa quanto estava parecendo. — riu pegando a batata da minha mão e a comendo.
— Mas eu tenho problema com quem rouba minha comida. — o olhei com os olhos cerrados e ele deu um sorrisinho debochado.
— Opa. — deu ombros e bebericou seu Milk shake mantendo o sorrisinho nos lábios.
— Eu só não te dou um soco, porque estou dirigindo. — coloquei o Milk shake no porta-copos deixando as duas mãos no volante e ele riu.
— Você brava por causa de comida é bem engraçado. — falou ainda rindo, e eu revirei os olhos.
— O meu signo não permite dividir comida. — me defendi soltando uma risada baixa e ele gargalhou.
— É claro que a culpa é do signo. — falou em ironia, mas ainda com humor na voz e eu acabei rindo.
— Ah, cala a boca. — o empurrei levemente e ele se manteve rindo e me zoando por todo o caminho de volta até o Hyde Park.
Quando parei novamente em frente o Hyde Park, tirei o cinto e dobrei as pernas sobre o banco, puxando a minha batata e o meu BigMac começando a comê-los enquanto fazia o mesmo.
— Você vai correr no sábado? — ele me olhou antes de bebericar seu Milk shake.
— O que você acha? — o olhei com um sorrisinho convencido e ele sorriu de volta balançando a cabeça — Eu não vou dar pra àquela tal Crystal, um gostinho de desistência, nem se eu quisesse. — falei com desdém ao citar o nome dela, e revirei os olhos novamente.
— Você não vai dar esse gostinho a ela, porque você claramente é melhor do que ela. — falou me olhando e em seguida mordeu o seu BigMac.
— É claro que eu sou. — falei um pouco convencida e ele riu baixo daquilo — Sem contar, que além dela entrar pra equipe do , ela te beijou na frente de todo mundo. — falei entediada e fiz uma careta.
— Você não imagina o quanto fica linda com ciúmes. — ele manteve seu olhar em mim e eu não sabia se ele estava zoando com a minha cara, ou se falava sério, mas eu conseguia ver em seu rosto que ele se divertia com aquilo. Então, pela décima vez naquela noite, eu revirei os olhos.
— Eu não estou com ciúmes. — bufei e mordi o meu BigMac com vontade pra que ficasse com a boca cheia e não pudesse falar nada.
— Você não quer é assumir, é diferente. — falou ainda debochando da minha cara.
— ... Vai se foder. — falei após engolir a comida em minha boca, e ele soltou um risinho.
— Se você for comigo. — deu ombros e uma piscadela, me levando a rir com aquela frase.
— Idiota. — falei ainda rindo e joguei uma batata nele, que bateu em seu peito e caiu em seu colo, e ele riu me acompanhando.
Comemos enquanto conversávamos sobre várias coisas aleatórias, na realidade, a gente zoava mais um do outro do que qualquer coisa, mas aquele tempinho ali com ele era maravilhoso, e por mais que eu não assumisse, ele melhorava 100% do meu dia.
desceu do carro para jogar as embalagens vazias no lixo e quando ele voltou para o carro, eu passei do meu banco para o seu colo, e ele logo envolveu os braços em minha cintura.
— Você fica extremamente sexy vestida assim socialmente. — falou descendo seus olhos pelo meu corpo e eu dei um sorrisinho — Só faltava um óculo, e aí você seria o meu mais novo fetiche. — passou a mão pela lateral do meu corpo, e eu dei um sorrisinho divertido puxando minha bolsa do banco de trás. Peguei a caixinha dos meus óculos de leitura na bolsa, e o coloquei jogando a bolsa novamente no banco de trás — Você quer realmente me foder. — falou ele olhando dos meus olhos para a minha boca.
— Na verdade... — falei sussurrando aproximando meus lábios de sua orelha, mordendo o lóbulo da mesma o fazendo soltar o ar quente em meu pescoço — Eu quero é que você me foda. — falei da forma mais sexy que eu conseguia e senti ele apertar minha cintura com força, antes de me beijar de uma vez.
You're not the type of man to shake my hand like, nice to meet ya
You pulled me in and then begin to let your body say
All is possible, now I know
Segurei em sua nuca com uma das mãos e a outra deixei espalmada em seu peito. Ele envolveu o braço em minha cintura prendendo o meu corpo mais ao seu, me fazendo sentir o começo de sua excitação, o que me fez soltar um gemido baixo em seus lábios.
Ele cortou o beijo com mordidas em meu lábio, e logo foi para o meu pescoço onde distribuiu beijos, mordidas e chupões. Embrenhei a minha mão em seu cabelo no mesmo momento em que o senti apertar a minha bunda com vontade.
Afastei um pouco meu corpo do dele e comecei a desabotoar botão por botão da minha camisa enquanto ele me olhava atentamente com um sorrisinho malicioso nos lábios.
The lights are dimmed and takes my limit up a million meters
Your breakin' my chain again
But nothin' remains the same
Now I'm hypnotised, realised
When we touch, I can feel we've got the chemistry
Can't get enough, watch ya when you stand so close to me
I've got you under my skin
— Você sabe que se formos pegos, vamos ser presos por atentado ao pudor não é? — ele falou mantendo seu olhar em mim, mais especificamente em meus seios que já estavam expostos, já que faltavam apenas três botões para abrir toda a blusa.
— Foi você mesmo quem disse que eu não gosto de seguir as regras. — dei um sorrisinho travesso e acabei de abrir a camisa, a tirando e a deixando escorregar pelos meus braços e cair próxima aos seus pés.
Ele não disse mais nada, apenas alargou seu sorriso de pura malícia e afundou seu rosto em meus seios, enquanto tateava as mãos pelas minhas costas a procura da abertura do meu sutiã. Assim que ele o arrancou, ele o jogou para qualquer canto do carro e abocanhou um dos meus seios com vontade, me fazendo jogar a cabeça para trás em aprovação.
Ele beijava, mordiscava e chupava o meu seio enquanto tinha o outro em sua mão livre o massageando, sem parar o que fazia com a boca.
When we touch, I can feel we've got the chemistry
Can't get enough, watch ya when you stand so close to me
I`ve got youuu under my skin
It turns me on when I'm your pupil you're my teacher (teacher)
Get in position that's my mission on the floor tonight
I've been exercised, sensitised
Novamente, embrenhei a mão em seu cabelo, o puxando entre os dedos, enquanto mordia meu lábio inferior. Ele desceu a mão para o cós da minha calça, e com uma facilidade quase surreal, ele a desabotoou e me levantou um pouco em seu colo para abaixá-la. Assim que o fez, eu acabei de tirar o resto, a jogando para o banco do lado e ficando apenas de calcinha em seu colo.
— Eu não vou ser a única a ficar pelada aqui. — falei e o empurrei para longe dos meus seios, suspirando quando eu o obriguei a parar o que fazia e subi a sua camisa pelo seu corpo e a tirei com a sua ajuda, a levando a tomar o mesmo rumo que as minhas roupas.
— Você é muito apressadinha. — soltou uma risada nasalada, e eu arqueei a sobrancelha passando as unhas em seu abdômen.
— Só pra te lembrar, estamos em um carro, atrás do Hyde Park as... — fiz uma pausa e olhei no visor do meu celular — Às 11:45pm. — voltei a olhá-lo e ele levantou os braços em rendição.
The way that you perform the close, I clone right of the rictor
Shakin' the room again
Untinning the beast within
And if they ask me why, can't deny
When we touch, I can feel we've got the chemistry
Can't get enough, watch ya when you stand so close to me
I've got youuu under my skin
Ele não falou mais nada, apenas me deixou continuar o que eu fazia, mantendo suas mãos em minha bunda. Desabotoei sua calça, e ele me ajudou a descê-la até seus pés, sem precisar tirá-la. Olhei para seu membro já bem animado debaixo da cueca preta, e mordi meu lábio inferior com um sorrisinho vitorioso por deixá-lo daquela forma com tanta facilidade.
— Não sou apenas eu que estou bastante excitado. — levou uma das suas mãos até a minha intimidade a acariciando por cima da calcinha — Você está aqui, toda 'molhada' por minha causa. — devolveu o sorrisinho vitorioso, e eu mordi seu lábio inferior o puxando entre os dentes.
You set me off
I can't wait to feel your hands on me
And when we rock
Feels just like the devil's ridin' me
I've got you under my skin
Over here, boy (oh)
I want you one on one
And make it clear, boy
I want to have some fun
I want you, I want you
I've got this feelin'
And it just won't stop
It's gettin' so hard
Come help me take this off
I've got you
I want you
Under my skin
Antes que eu pudesse falar algo, ele afastou uma das laterais da minha calcinha para o lado, e logo penetrou um dedo ali, me fazendo soltar um gemido baixo. Com o polegar ele estimulou meu clitóris, enquanto eu apertava seus ombros com a unha, não demorou muito para que ele penetrasse um segundo dedo na minha intimidade e aumentasse a velocidade dos movimentos.
Encostei a minha testa em seu ombro e comecei a distribuir beijos ali, indo para o seu pescoço onde eu depositei um chupão forte, o fazendo soltar um gemido baixo em minha orelha.
Ele se mantinha com os dedos em minha intimidade, sem nenhuma vontade de parar aquilo, quando eu coloquei uma das mãos por dentro de sua cueca começando a massagear seu membro.
— Porra!!! — falou ele entre dentes e mordeu meu ombro em seguida.
— Eu quero você dentro de mim... Agora. — falei me afastando para olhá-lo nos olhos, e ele apenas assentiu tirando os dedos da minha intimidade me levantando um pouco para tirar a minha calcinha e abaixar sua cueca.
Assim que seu membro saltou para fora, já completamente duro, ele me puxou novamente para ele e me penetrou de uma vez me fazendo soltar um gemido estridente e puxá-lo para um beijo.
When we touch, I can feel we've got the chemistry
Can't get enough, watch ya when you stand so close to me
I've got you under my skin
Enquanto o beijava apressada, eu me movia em seu colo com sua ajuda, já que ele segurava a minha cintura para que eu me impulsionasse melhor. Sua mão vagava pelas minhas costas desnudas, enquanto a outra se alternava entre a minha bunda e a minha coxa. Já eu, tinha uma das mãos em seu cabelo, o prendendo entre os dedos, e a outra eu segurava sua nuca para aprofundar mais o beijo.
Nossos corpos se moviam em perfeita sincronia. Ele subiu uma de suas mãos para o meu seio e ficou o massageando e logo depois passou para o outro seio. Quando cansou daquilo, ele desceu sua mão pela a minha barriga, e a deixou em minha intimidade estimulando o meu clitóris. Deitei o meu corpo para trás, cortando o beijo e fechei os olhos soltando alguns gemidos nos quais eu tentava conter, mas não estava dando muito certo. Tateei a mão pelo painel do carro, até alcançar o rádio e o aumentei para que ninguém pudesse ouvir o que acontecia ali, apesar de que, os movimentos que o carro provavelmente estava fazendo, não esconderiam nada. E eu não ligava.
— Você não imagina o quanto é excitante te ver assim, tentando se controlar. — ele falou com a voz rouca e sexy, e logo depois depositou um beijo entre meus seios dando um chupão forte ali.
— Não preciso imaginar, porque eu estou sentindo. — falei entre alguns gemidos e segurei em seu ombro rebolando em seu colo — E quero sentir ainda mais. — puxei seu cabelo entre os dedos o fazendo me olhar, logo depois mordisquei seu lábio inferior o puxando entre os dentes.
Os movimentos se tornaram ainda mais intensos, quando ele colocou nossos corpos e abraçou a minha cintura me fazendo mover mais rápido. Eu não estava me importando se alguém estava passando pela rua e vendo, ou ouvindo o que acontecia ali. Eu só sabia que eu queria cada vez mais.
You set me off
I can't wait to feel your hands on me
And when we rock
Feels just like the devil's ridin' me
I've got you under my skin
Nossos corpos estavam soados, e nossas respirações ofegantes, os vidros do carro já estavam completamente abafados, mas nenhum de nós dois estava se importando com aquilo naquele momento. A verdade era que em momento algum havíamos preocupado.
Senti espasmos pelo meu corpo, que indicavam que eu estava próxima ao meu ápice, então aumentei a velocidade, enquanto rebolava sobre seu colo e voltava a beijá-lo com certa necessidade. Quando ele puxou meu cabelo para trás e distribuiu mordidas pelo meu pescoço enquanto apertava o meu seio, eu cheguei ao meu orgasmo.
Me movi por mais algum tempo em seu colo, até ele chegasse em seu ápice, o que não demorou muito, já que ele jogou a cabeça para trás, soltando um gemido rouco assim que gozou.
Segurei seu rosto entre as mãos e o olhei nos olhos dando um sorrisinho sapeca antes de lhe beijar, mas dessa vez com um pouco mais de calma.
When we touch, I can feel we've got the chemistry
Can't get enough, watch ya when you stand so close to me
I've got you under my skin
— Eu preciso ir pra casa. — falei baixinho ao cortar o beijo, mas mantive nossos lábios colados e ele suspirou.
— Depois de um sexo como esse, essa é a primeira coisa que você fala? — fez uma careta, que eu vi, pois me afastei para olhar, e acabei soltando uma risada.
— Você é incrível, . E é surpreendente no sexo. — falei o olhando, mas com um tom debochado na voz, e ele riu pelo nariz balançando a cabeça.
— Você é bem engraçadinha. — usou o mesmo tom que eu havia usado e eu dei ombros rindo em seguida.
— Mas é sério, eu preciso ir pra casa. — falei e acabei fazendo um bico, que eu só notei que fazia porque ele abriu um sorrisinho de lado enquanto olhava a minha boca.
— Você realmente tem umas manias bem infantis. — ele riu e mordeu meu lábio, me fazendo parar de fazer bico.
— E você continua sendo um chato. — revirei os olhos e ele riu ainda mais. Eu tinha que concordar que tinha horas que eu agia feito uma criança.
— É assim que você vai embora? — apontou para o nossos corpos indicando que eu ainda estava sentada em seu colo, completamente nua.
— Vai dizer que você quer que eu saia daqui? — dei um sorrisinho travesso e arqueei a sobrancelha.
— Por mim nós estaríamos transando de novo, e não aqui conversando sobre você ter que ir pra casa. — deu ombros e eu ri daquilo negando com a cabeça.
— Por mim também, mas eu preciso mesmo ir pra casa. — lhe dei um ultimo selinho e me curvei sobre ele para pegar meu sutiã no banco de trás e pude senti-lo beijar meu seio e acabei rindo com aquilo.
— Desse jeito você não vai mesmo ir embora daqui. — falou enquanto eu voltava a me ajeitar em seu colo vestindo o sutiã e colocando as mãos nas costas para abotoá-lo.
— Você não consegue pensar em outra coisa além de sexo? — fiz uma careta e ele arqueou a sobrancelha em ironia.
— Como você quer que eu pense em qualquer outra coisa com você nua no meu colo e esfregando os peitos na minha cara agora pouco? — soltou uma risada nasalada e eu levantei os braços em rendição soltando um risinho.
— Não seja por isso. — peguei a minha calcinha que por algum motivo estava pendurada no retrovisor e passei para o banco do motorista a vestindo — Isso me lembrou que eu deixei uma calcinha na sua casa. — o olhei enquanto vestia minha calça com um pouco de dificuldade por estar sentada dentro de um carro.
— É, eu achei. — ele me olhou e deu ombros enquanto subia sua cueca e logo depois suas calças por suas pernas — Achei logo depois que você foi embora naquele dia, até pensei em jogar fora, tacar fogo, ou algo assim... — fez uma pequena pausa e eu fiz uma careta incrédula — Mas o fato de estar bravo com você, não me impediu de a deixar guardada nas minhas coisas. — deu de ombros novamente e eu balancei a cabeça negativamente com toda aquela história.
— Por que você não me falou quando eu voltei lá? — arqueei a sobrancelha e ele deu um sorrisinho debochado.
— Eu te devolvo quando você deixar outra no lugar. — deu uma piscadela e eu acabei rindo com aquilo.
— Você é realmente muito cara de pau. — falei ainda rindo enquanto procurava minha blusa na parte de trás do carro.
— Não é como se você fosse diferente. — riu e eu lhe mostrei o dedo o fazendo rir ainda mais, o que o fez dá um tapa na minha bunda com vontade.
— Só não te dou um soco porque tenho pena de estragar esse rostinho lindo que você tem. — falei e ele gargalhou enquanto puxava sua camisa para seu colo.
— O rostinho que você adora. — falou convencido e eu revirei os olhos voltando a me sentar no banco com a blusa já em mãos.
— Nos vemos no sábado. — o olhei enquanto abotoava minha blusa, e ele me olhou com uma careta indignada, mas que eu poderia facilmente achar a coisa mais fofa desse mundo.
— Nos vemos no sábado. — repetiu a minha frase e bufou em seguida, e eu estava mesmo achando aquilo fofo da parte dele. Antes de tudo aquilo eu nunca diria que ele pudesse ser fofo daquela forma, como ficar chateado por eu ter que ir embora, mas agora ali eu conseguia ver que por dentro daquele badboy que ele era por fora, tinha um cara fofo e até romântico nele.
— Eu te mando uma mensagem quando chegar lá. — deixo os botões de lado e seguro em seu rosto o puxando para um selinho demorado.
Ele segurou em minha nuca e aprofundou o beijo com calma. Diferente dos beijos anteriores, aquele era calmo e por mais que eu tivesse que ir pra casa, não tínhamos pressa nenhuma pra parar. Ele colocou sua mão por trás do meu cabelo o juntando em sua mão, mas nada de forma agressiva, era carinhoso até. Enquanto sua outra mão vagava lentamente pelas minhas costas cobertas pelo fino tecido da minha blusa.
O toque desesperador do meu celular nos fez parar o beijo, mas contra a nossa vontade e quando eu olhei no visor vi que era o . Desliguei o celular e o coloquei de volta onde estava antes voltando a olhar para .
— Até mais. — falei baixinho voltando a aproximar meus lábios dos seus e ele acabou dando um sorrisinho, mas não havia deboche dessa vez.
— Você também não quer ir embora não é? — falou mantendo o sorrisinho enquanto se afastava para me olhar nos olhos com aqueles seus maravilhosos olhos castanhos, aos quais eu sabia que qualquer mulher se perderia.
— Não... — falei quase num fio de voz — Mas eu preciso. — suspirei pesadamente e ele assentiu contra sua vontade.
— Até mais. — me deu um ultimo selinho e abriu a porta do carro saindo do mesmo.
Enquanto acabava de abotoar minha blusa o olhei se afastar do meu carro e ir até o seu pelo retrovisor, logo ele entrou no mesmo e saiu dali pisando firme no acelerador.
Tirei o óculos do meu rosto, só me lembrando que antes o havia colocado naquele momento e arrumei meus cabelos com ajuda do retrovisor da melhor forma que eu conseguia. O cheiro de sexo estava impregnado no carro e provavelmente em mim, mas a verdade era que naquele momento eu nem estava me importando com aquilo, então simplesmente dei a partida voltando para casa.
Quando eu cheguei em casa já se passava de 1am, eu nem havia visto a hora passar enquanto estava com o , e também pudera, tínhamos algo muito melhor pra fazer. Estacionei o carro depois de entrar pelo portão de casa, e desci pegando minha bolsa e meu celular tranquei o carro com o alarme e fui direto para dentro passando pela porta da frente mesmo.
Ao chegar na sala, dei de cara com que estava sentado no sofá, com a maior cara de sono, mas se despertou assim que me viu entrar.
— Por que você não tá dormindo ainda? — me aproximei do sofá enquanto o olhava e ele balançou a cabeça.
— Fiquei te esperando voltar, e você demorou. — cerrou os olhos e eu acabei dando ombros.
— Depois que saímos do shopping fomos pra um pub, e acabamos nos empolgando com as músicas e tudo mais. — menti, mas aquela era uma coisa que eu fazia muito desde que havia voltado para Londres — Mas a Lizzie vai voltar pra Austrália amanhã à noite e nem vamos nos ver mais. — fiz uma careta que foi imitada por ele.
— Nem vou ter tempo de conhecer ela então? — falou enquanto passava a mão pelo rosto e terminou com ela no cabelo.
— Infelizmente não. — fiz uma cara de inconformada, mas era uma falsa inconformação, é claro — Maninho, vou ir pro meu quarto, tomar um banho e cair na cama, porque eu estou super cansada. — falei e fui até ele lhe dando um beijo na bochecha e o fazendo se levantar.
— Boa noite. — ele beijou de volta a minha bochecha e juntos nós fomos até as escadas.
— Boa noite. — lhe mandei beijos no ar ao chegar ao final da escada e segui em direção ao meu quarto, enquanto ele fazia o mesmo para o dele. Não demorou para que eu ouvisse a porta do seu quarto bater, e logo depois a minha tomou o mesmo rumo ao ser fechada.
Deixei minha bolsa sobre a poltrona e chutei os saltos para qualquer canto do quarto. Fui para o banheiro e deixei minhas roupas no cesto de roupas sujas enquanto seguia já nua para o box.
Não demorei muito no banho, pois era mesmo só pra relaxar antes de dormir e para tirar todo o suor que meu encontro com o havia causado. Saí do banheiro enrolada em uma toalha, logo depois de tirar o excesso de maquiagem com o demaquilante e de escovar os dentes, fui direto para o meu guarda roupas e peguei uma calça de moletom e uma regata velha qualquer, e os vesti logo depois de vestir a calcinha, já que dormir de sutiã era um pouco — demais — desconfortável.
Me deitei na cama e puxei o fio do meu carregador que estava pendurado sobre a mesinha de cabeceira já arrastando pelo chão e o liguei no celular, que eu havia acabado de ligar e visto que estava com 15% de bateria. O carregador havia vindo na hora certa. Assim que o WiFi foi conectado várias mensagens do surgiram na minha tela, e eu acabei rindo com seu desespero sobre eu voltar pra casa.
"..."
"Cadê você???"
"Por que não atende o telefone???"
"Vai demorar a voltar para casa???"
"!?"
"Me responde..."
"Eu vou chamar a polícia para ir atrás de você..."
E logo depois de todas essas mensagens, haviam quatro emojis com o bonequinho batendo na testa. Eu gargalhei com todo aquele exagero de proteção, e até achei estranho ele não comentar nada sobre aquilo quando estávamos na sala. Então eu o respondi, sim, eu respondi a mensagem do meu irmão que estava a duas portas do meu quarto.
"Já estou em casa... E o meu celular havia descarregado."
E coloquei um emoji da carinha rindo fracamente, logo recebi sua resposta com emojis revirando os olhos e lhe mandei vários corações vermelhos. Logo depois entrei na janela do e lhe enviei uma mensagem.
"Só pra avisar que já estou em casa..."
"Na verdade, estou quase dormindo..."
"Mas queria te dar boa noite da mesma forma..."
“Então... Boa noite!"
Depois da ultima mensagem lhe mandei um emoji mandando beijo e ri com o fato de que aquilo havia sido extremamente idiota, até pra mim e já conseguia o ver me zoar por aquelas mensagens, mas já havia ido eu não tinha mais opção.
Esperei pela resposta por uns dez minutos enquanto vagava pelo twitter, mas ela não veio, então bloqueei o celular e me virei para o canto puxando o cobertor sobre as minhas pernas. Não demorou para que eu pegasse no sono.
Fiquei jogando várias vezes o jogo, até que olhei para o relógio vendo que já marcava p.m. Coloquei os pés de volta no chão e me levantei da cadeira pegando minha bolsa sobre a mesa. Peguei a chave do carro e ouvi o toque do meu celular soar alto na sala vazia. Olhei para o visor e logo que vi quem era, eu deslizei o dedo pela tela para atender.
— Hey. — atendi tentando conter um pouco a empolgação na minha voz, ele não precisava saber que eu estava tão empolgada em falar com ele, apesar de ter certeza que ele deduziria isso.
— Não precisa conter a felicidade em falar comigo. — falou convencido e eu ri ao perceber que ele havia praticamente lido meus pensamentos.
— Modesto você, hein. — falei no mesmo tom enquanto saía do escritório e ele riu dessa vez.
— Mas vai dizer que não está feliz em falar comigo? — mantém o tom convencido e eu quase revirei os olhos, mas acabei sorrindo com aquilo.
— Bom, meu dia estava um saco, então é bom falar com você. — falei como se aquilo não fosse importante, ouvindo a sua gargalhada gostosa soar do outro lado da linha.
— Que bom que eu tirei o tédio do seu dia. — falou enquanto seu riso cessava e eu andei em direção ao elevador.
— Eu agradeço. — ri e apertei o botão que apontava para baixo do elevador — A gente pode se ver hoje? — perguntei depois de alguns segundos em silêncio.
— Claro que sim! Aon você quer ir? — perguntou enquanto eu me encostava na parede lateral para esperar o elevador chegar.
— Vamos nos encontrar no Hyde Park, aí a gente vê se faz alguma coisa. — falei enquanto encarava o esmalte vermelho da minha unha que ainda estava em perfeito estado.
— Okay... — ele fez um barulho com a boca, e eu avistei se aproximando de onde eu estava, junto com nosso pai.
— Tudo bem, a gente se encontra no shopping, Lizzie. — falei endireitando minha postura para manter uma mentira mais real, e pude ouvi-lo sussurrar um "o quê?" em confusão — Eu vou sair daqui da empresa e te encontro lá então, okay? — a porta do elevador se abriu e nós três entramos, logo o apertou o botão do subsolo.
— Okay... — falou ainda sem entender e eu tive que me segurar pra não rir daquilo, era engraçado fingir que ele era uma amiga.
— Até daqui a pouco, beijos. — mandei vários beijos antes de encerrar a ligação.
— Quem é Lizzie? — me olhou confuso, e foi acompanhado pelo nosso pai, que eu acabei ignorando.
— Uma amiga da Austrália que veio passar uns dias em Londres e me chamou pra sair. — dei ombros, e guardei o celular na bolsa. Todas as mentiras já estavam se tornando naturais, apesar de que eu não gostava daquilo.
— E você vai voltar tarde do shopping? — meu pai perguntou, enquanto algumas outras pessoas entravam no elevador em outro andar.
— Não sei. — dei ombros mais uma vez e olhei para o visor do elevador vendo que ainda estávamos no 18° andar e o elevador já estava praticamente lotado.
— Quer que eu vá com você? — me olhou fraternalmente, e eu dei um pequeno sorriso.
— Não precisa, eu vou no meu carro então não tenho nenhum problema com a hora de voltar pra casa. — o olhei e ele concordou com a cabeça.
O elevador demorou um pouco a chegar no subsolo, ainda mais que parou no térreo e várias pessoas desceram, mas logo que chegou eu saí do mesmo e fui direto para o meu carro, logo depois de dar um beijo na bochecha do meu irmão.
Entrei no carro, deixei a minha bolsa no banco de trás e dei a partida saindo do estacionamento. Assim que saí fui a caminho do Hyde Park, mas acabei pegando um pequeno engarrafamento de 20 minutos, e cheguei ao meu destino quase p.m. Estacionei o carro em frente ao parque e tirei o cinto deitando a cabeça no encosto do carro. Quando peguei o celular para enviar uma mensagem para o , alguém bateu no vidro ao meu lado, me fazendo levar um leve susto. Abaixei o vidro e vi que era o ali, ele deu um sorrisinho debochado por ter me assustado, e a minha vontade era lhe dar um soco, mas eu acabei rindo e balançando a cabeça.
Ele deu a volta no carro e entrou ao lado do passageiro, assim que ele bateu a porta eu me virei pra ele e ele me puxou pela nuca me beijando com vontade. Retribui o beijo na mesma intensidade enquanto embrenhava a mão em seu cabelo. Eu sabia que ele detestava quando eu bagunçava seu cabelo, mas eu adorava fazer aquilo, porque depois do beijo ele ficava realmente sexy.
O beijo tinha gosto de cigarro como sempre, e menta do chiclete que ele tinha na boca, e se misturava com o gosto do chocolate que eu havia comido enquanto estava no trânsito. Era o melhor beijo da minha vida. O beijo com mais sabor, mas não só pelos gostos que tinha, mas pela intensidade que havia ali.
Cortei o beijo com selinhos e ele segurou meu lábio inferior entre os dentes enquanto me olhava nos olhos, o que me levou a sorrir.
— Oi. — falei depois de me afastar um pouco dele e ele riu pela ironia de que eu lhe cumprimentei só depois de um beijo daquele e eu o acompanhei.
— Você precisa parar com essa mania de bagunçar meu cabelo. — fez uma careta abaixando o quebra sol para arrumar seu cabelo.
— Mas você fica extremamente sexy com o cabelo bagunçado. — dei ombros mantendo meu olhar nele.
— Você fica extremamente sexy sem as roupas, mas nem por isso eu fico tirando elas. — me olhou com a sobrancelha arqueada, e eu gargalhei.
— Bem que você queria tirar toda hora. — dei um sorrisinho debochado e ele gargalhou dando ombros.
— Você nem imagina o quanto. — me puxou novamente e me deu um selinho demorado.
— Vamos ao Mcdonalds? Eu tô com fome. — coloquei a mão na barriga e fiz uma careta.
— Vamos sim, já estava esperando você falar essa frase. — riu e eu fiz língua pra ele, me ajeitando no banco e colocando o cinto — Você parece uma criancinha mimada quando faz isso. — falou ainda rindo e eu revirei os olhos, mas rindo junto.
— Idiota. — lhe empurrei levemente enquanto ele colocava o cinto e dei a partida no carro em seguida.
— E o seu pé? Está melhor? — me olhou enquanto eu saía da vaga onde estava.
— Está sim, até ontem eu estava indo pra empresa com o , porque não dava pra dirigir. — soltei uma risada anasalada e olhei no retrovisor antes de sair pela rua.
— Por falar nele, nós não vamos pro shopping, amiga? — frisou o ‘amiga’ e eu ri alto daquele comentário.
— Foi à única coisa que eu consegui pensar na hora, ele e o meu pai estavam na minha frente, eu não tive muita opção. — dei ombros ainda rindo e ele balançou a cabeça.
— E você acha que eles não desconfiaram de nada? — voltou a me olhar, mas agora mais sério do que antes.
— Bom, eu não tenho certeza... — o olhei rapidamente — Mas o perguntou se eu queria que ele viesse comigo, porém eu acho que foi só preocupação com a hora de voltar mesmo.
— Não tem nenhuma chance de que ele tenha te seguido, não é? — fez uma careta e eu acabei a repetindo ao pensar naquela hipótese.
— Ele não faria isso. — neguei com a cabeça — Ele não tem motivos para desconfiar de mim a ponto de me seguir. — o olhei novamente e ele balançou a cabeça.
— Se você está dizendo. — levantou os braços em rendição e eu fiquei prestando atenção na rua, porque eu sabia que se rendesse assunto nós brigaríamos, e eu não queria aquilo.
Parei o carro no sinal vermelho, e depois de colocar na primeira marcha eu liguei o rádio deixando em uma música qualquer que passava. Deixei as duas mãos sobre o volante, e levantei a cabeça para descansar o pescoço, quando percebi que me olhava.
— O que foi? — o olhei com a sobrancelha arqueada.
— É engraçado ver você dirigindo assim calmamente, respeitando os sinais e tudo mais. — soltou uma risada nasalada e balançou a cabeça enquanto eu acelerava o carro, já que o sinal havia ficado verde — Nem parece que é aquela corredora, que dirige a mais de 100 km/h e ganha todas as corridas. — ele manteve seu olhar em mim — E eu acho incrível o quão diferente você pode ser, mas sem perder sua personalidade. — deu um pequeno sorriso que eu vi pelo canto do olho.
— Eu preciso respeitar as leis antes de meia noite, não é? — falei divertida e ele riu concordando — Tudo bem que eu gosto de quebrar regras, mas eu não quero ser presa por causar um acidente nas ruas. — fiz uma careta.
— Você quebra todas as regras que existem pra você. — ele falou e riu em seguida.
— Elas foram feitas para quê? — o olhei rapidamente arqueando — Para serem quebradas. — falei dando ombros e ele riu novamente — Além do mais, você não segue regra nenhuma, não tem por que falar de mim. — fiz uma careta e ele manejou a cabeça em concordância.
— Eu nunca segui. — deu ombros e eu ri dessa vez concordando.
— Uma vez badboy, sempre badboy. — constatei e ele riu alto jogando a cabeça para trás me fazendo rir junto enquanto parava atrás de um carro no drive-thrur do Mcdonalds.
Abaixei um pouco o volume do rádio, ao me aproximar do "interfone" e logo a atendente começou a falar.
— Bem vindo ao Mcdonalds, posso anotar seu pedido? — a voz feminina soou chiada do outro lado do interfone.
— O que você vai querer? — olhei para o , puxando minha bolsa do banco de trás, e ele deu ombros dizendo que não se importava. — Eu quero dois BigMac's, duas batatas grandes com cheddar e bacon, e dois milk shakes grandes de baunilha. — falei e segundos depois uma nota fiscal saiu por um buraquinho que havia ali, eu a peguei e voltei a seguir o caminho para pegar nossos pedidos.
Nosso pedido ficou pronto depois de uns cinco minutos, peguei tudo deixando com e entreguei o dinheiro ao atendente dizendo que ele podia ficar com o troco, logo em seguida eu dei a partida para sair dali.
Deixei a minha carteira sobre o "porta-treco" que havia no carro, deixando uma das mãos no volante e com a outra segurei o milk shake o levando até a boca e sugando um pouco do conteúdo pelo canudo.
— Você não tem nenhum problema com comer no seu carro? — fez uma careta enquanto eu parava no sinal, e abria o pacote onde estava uma das batatas.
— Desde que não limpem as mãos no meu estofado e tenham cuidado pra não cair nada, eu não me importo. — dei ombros e ele soltou uma risada nasalada concordando com a cabeça.
— Sabia que você não era tão de boa quanto estava parecendo. — riu pegando a batata da minha mão e a comendo.
— Mas eu tenho problema com quem rouba minha comida. — o olhei com os olhos cerrados e ele deu um sorrisinho debochado.
— Opa. — deu ombros e bebericou seu Milk shake mantendo o sorrisinho nos lábios.
— Eu só não te dou um soco, porque estou dirigindo. — coloquei o Milk shake no porta-copos deixando as duas mãos no volante e ele riu.
— Você brava por causa de comida é bem engraçado. — falou ainda rindo, e eu revirei os olhos.
— O meu signo não permite dividir comida. — me defendi soltando uma risada baixa e ele gargalhou.
— É claro que a culpa é do signo. — falou em ironia, mas ainda com humor na voz e eu acabei rindo.
— Ah, cala a boca. — o empurrei levemente e ele se manteve rindo e me zoando por todo o caminho de volta até o Hyde Park.
Quando parei novamente em frente o Hyde Park, tirei o cinto e dobrei as pernas sobre o banco, puxando a minha batata e o meu BigMac começando a comê-los enquanto fazia o mesmo.
— Você vai correr no sábado? — ele me olhou antes de bebericar seu Milk shake.
— O que você acha? — o olhei com um sorrisinho convencido e ele sorriu de volta balançando a cabeça — Eu não vou dar pra àquela tal Crystal, um gostinho de desistência, nem se eu quisesse. — falei com desdém ao citar o nome dela, e revirei os olhos novamente.
— Você não vai dar esse gostinho a ela, porque você claramente é melhor do que ela. — falou me olhando e em seguida mordeu o seu BigMac.
— É claro que eu sou. — falei um pouco convencida e ele riu baixo daquilo — Sem contar, que além dela entrar pra equipe do , ela te beijou na frente de todo mundo. — falei entediada e fiz uma careta.
— Você não imagina o quanto fica linda com ciúmes. — ele manteve seu olhar em mim e eu não sabia se ele estava zoando com a minha cara, ou se falava sério, mas eu conseguia ver em seu rosto que ele se divertia com aquilo. Então, pela décima vez naquela noite, eu revirei os olhos.
— Eu não estou com ciúmes. — bufei e mordi o meu BigMac com vontade pra que ficasse com a boca cheia e não pudesse falar nada.
— Você não quer é assumir, é diferente. — falou ainda debochando da minha cara.
— ... Vai se foder. — falei após engolir a comida em minha boca, e ele soltou um risinho.
— Se você for comigo. — deu ombros e uma piscadela, me levando a rir com aquela frase.
— Idiota. — falei ainda rindo e joguei uma batata nele, que bateu em seu peito e caiu em seu colo, e ele riu me acompanhando.
Comemos enquanto conversávamos sobre várias coisas aleatórias, na realidade, a gente zoava mais um do outro do que qualquer coisa, mas aquele tempinho ali com ele era maravilhoso, e por mais que eu não assumisse, ele melhorava 100% do meu dia.
desceu do carro para jogar as embalagens vazias no lixo e quando ele voltou para o carro, eu passei do meu banco para o seu colo, e ele logo envolveu os braços em minha cintura.
— Você fica extremamente sexy vestida assim socialmente. — falou descendo seus olhos pelo meu corpo e eu dei um sorrisinho — Só faltava um óculo, e aí você seria o meu mais novo fetiche. — passou a mão pela lateral do meu corpo, e eu dei um sorrisinho divertido puxando minha bolsa do banco de trás. Peguei a caixinha dos meus óculos de leitura na bolsa, e o coloquei jogando a bolsa novamente no banco de trás — Você quer realmente me foder. — falou ele olhando dos meus olhos para a minha boca.
— Na verdade... — falei sussurrando aproximando meus lábios de sua orelha, mordendo o lóbulo da mesma o fazendo soltar o ar quente em meu pescoço — Eu quero é que você me foda. — falei da forma mais sexy que eu conseguia e senti ele apertar minha cintura com força, antes de me beijar de uma vez.
You pulled me in and then begin to let your body say
All is possible, now I know
Segurei em sua nuca com uma das mãos e a outra deixei espalmada em seu peito. Ele envolveu o braço em minha cintura prendendo o meu corpo mais ao seu, me fazendo sentir o começo de sua excitação, o que me fez soltar um gemido baixo em seus lábios.
Ele cortou o beijo com mordidas em meu lábio, e logo foi para o meu pescoço onde distribuiu beijos, mordidas e chupões. Embrenhei a minha mão em seu cabelo no mesmo momento em que o senti apertar a minha bunda com vontade.
Afastei um pouco meu corpo do dele e comecei a desabotoar botão por botão da minha camisa enquanto ele me olhava atentamente com um sorrisinho malicioso nos lábios.
Your breakin' my chain again
But nothin' remains the same
Now I'm hypnotised, realised
When we touch, I can feel we've got the chemistry
Can't get enough, watch ya when you stand so close to me
I've got you under my skin
— Você sabe que se formos pegos, vamos ser presos por atentado ao pudor não é? — ele falou mantendo seu olhar em mim, mais especificamente em meus seios que já estavam expostos, já que faltavam apenas três botões para abrir toda a blusa.
— Foi você mesmo quem disse que eu não gosto de seguir as regras. — dei um sorrisinho travesso e acabei de abrir a camisa, a tirando e a deixando escorregar pelos meus braços e cair próxima aos seus pés.
Ele não disse mais nada, apenas alargou seu sorriso de pura malícia e afundou seu rosto em meus seios, enquanto tateava as mãos pelas minhas costas a procura da abertura do meu sutiã. Assim que ele o arrancou, ele o jogou para qualquer canto do carro e abocanhou um dos meus seios com vontade, me fazendo jogar a cabeça para trás em aprovação.
Ele beijava, mordiscava e chupava o meu seio enquanto tinha o outro em sua mão livre o massageando, sem parar o que fazia com a boca.
Can't get enough, watch ya when you stand so close to me
I`ve got youuu under my skin
It turns me on when I'm your pupil you're my teacher (teacher)
Get in position that's my mission on the floor tonight
I've been exercised, sensitised
Novamente, embrenhei a mão em seu cabelo, o puxando entre os dedos, enquanto mordia meu lábio inferior. Ele desceu a mão para o cós da minha calça, e com uma facilidade quase surreal, ele a desabotoou e me levantou um pouco em seu colo para abaixá-la. Assim que o fez, eu acabei de tirar o resto, a jogando para o banco do lado e ficando apenas de calcinha em seu colo.
— Eu não vou ser a única a ficar pelada aqui. — falei e o empurrei para longe dos meus seios, suspirando quando eu o obriguei a parar o que fazia e subi a sua camisa pelo seu corpo e a tirei com a sua ajuda, a levando a tomar o mesmo rumo que as minhas roupas.
— Você é muito apressadinha. — soltou uma risada nasalada, e eu arqueei a sobrancelha passando as unhas em seu abdômen.
— Só pra te lembrar, estamos em um carro, atrás do Hyde Park as... — fiz uma pausa e olhei no visor do meu celular — Às 11:45pm. — voltei a olhá-lo e ele levantou os braços em rendição.
Shakin' the room again
Untinning the beast within
And if they ask me why, can't deny
When we touch, I can feel we've got the chemistry
Can't get enough, watch ya when you stand so close to me
I've got youuu under my skin
Ele não falou mais nada, apenas me deixou continuar o que eu fazia, mantendo suas mãos em minha bunda. Desabotoei sua calça, e ele me ajudou a descê-la até seus pés, sem precisar tirá-la. Olhei para seu membro já bem animado debaixo da cueca preta, e mordi meu lábio inferior com um sorrisinho vitorioso por deixá-lo daquela forma com tanta facilidade.
— Não sou apenas eu que estou bastante excitado. — levou uma das suas mãos até a minha intimidade a acariciando por cima da calcinha — Você está aqui, toda 'molhada' por minha causa. — devolveu o sorrisinho vitorioso, e eu mordi seu lábio inferior o puxando entre os dentes.
I can't wait to feel your hands on me
And when we rock
Feels just like the devil's ridin' me
I've got you under my skin
Over here, boy (oh)
I want you one on one
And make it clear, boy
I want to have some fun
I want you, I want you
I've got this feelin'
And it just won't stop
It's gettin' so hard
Come help me take this off
I've got you
I want you
Under my skin
Antes que eu pudesse falar algo, ele afastou uma das laterais da minha calcinha para o lado, e logo penetrou um dedo ali, me fazendo soltar um gemido baixo. Com o polegar ele estimulou meu clitóris, enquanto eu apertava seus ombros com a unha, não demorou muito para que ele penetrasse um segundo dedo na minha intimidade e aumentasse a velocidade dos movimentos.
Encostei a minha testa em seu ombro e comecei a distribuir beijos ali, indo para o seu pescoço onde eu depositei um chupão forte, o fazendo soltar um gemido baixo em minha orelha.
Ele se mantinha com os dedos em minha intimidade, sem nenhuma vontade de parar aquilo, quando eu coloquei uma das mãos por dentro de sua cueca começando a massagear seu membro.
— Porra!!! — falou ele entre dentes e mordeu meu ombro em seguida.
— Eu quero você dentro de mim... Agora. — falei me afastando para olhá-lo nos olhos, e ele apenas assentiu tirando os dedos da minha intimidade me levantando um pouco para tirar a minha calcinha e abaixar sua cueca.
Assim que seu membro saltou para fora, já completamente duro, ele me puxou novamente para ele e me penetrou de uma vez me fazendo soltar um gemido estridente e puxá-lo para um beijo.
Can't get enough, watch ya when you stand so close to me
I've got you under my skin
Enquanto o beijava apressada, eu me movia em seu colo com sua ajuda, já que ele segurava a minha cintura para que eu me impulsionasse melhor. Sua mão vagava pelas minhas costas desnudas, enquanto a outra se alternava entre a minha bunda e a minha coxa. Já eu, tinha uma das mãos em seu cabelo, o prendendo entre os dedos, e a outra eu segurava sua nuca para aprofundar mais o beijo.
Nossos corpos se moviam em perfeita sincronia. Ele subiu uma de suas mãos para o meu seio e ficou o massageando e logo depois passou para o outro seio. Quando cansou daquilo, ele desceu sua mão pela a minha barriga, e a deixou em minha intimidade estimulando o meu clitóris. Deitei o meu corpo para trás, cortando o beijo e fechei os olhos soltando alguns gemidos nos quais eu tentava conter, mas não estava dando muito certo. Tateei a mão pelo painel do carro, até alcançar o rádio e o aumentei para que ninguém pudesse ouvir o que acontecia ali, apesar de que, os movimentos que o carro provavelmente estava fazendo, não esconderiam nada. E eu não ligava.
— Você não imagina o quanto é excitante te ver assim, tentando se controlar. — ele falou com a voz rouca e sexy, e logo depois depositou um beijo entre meus seios dando um chupão forte ali.
— Não preciso imaginar, porque eu estou sentindo. — falei entre alguns gemidos e segurei em seu ombro rebolando em seu colo — E quero sentir ainda mais. — puxei seu cabelo entre os dedos o fazendo me olhar, logo depois mordisquei seu lábio inferior o puxando entre os dentes.
Os movimentos se tornaram ainda mais intensos, quando ele colocou nossos corpos e abraçou a minha cintura me fazendo mover mais rápido. Eu não estava me importando se alguém estava passando pela rua e vendo, ou ouvindo o que acontecia ali. Eu só sabia que eu queria cada vez mais.
I can't wait to feel your hands on me
And when we rock
Feels just like the devil's ridin' me
I've got you under my skin
Nossos corpos estavam soados, e nossas respirações ofegantes, os vidros do carro já estavam completamente abafados, mas nenhum de nós dois estava se importando com aquilo naquele momento. A verdade era que em momento algum havíamos preocupado.
Senti espasmos pelo meu corpo, que indicavam que eu estava próxima ao meu ápice, então aumentei a velocidade, enquanto rebolava sobre seu colo e voltava a beijá-lo com certa necessidade. Quando ele puxou meu cabelo para trás e distribuiu mordidas pelo meu pescoço enquanto apertava o meu seio, eu cheguei ao meu orgasmo.
Me movi por mais algum tempo em seu colo, até ele chegasse em seu ápice, o que não demorou muito, já que ele jogou a cabeça para trás, soltando um gemido rouco assim que gozou.
Segurei seu rosto entre as mãos e o olhei nos olhos dando um sorrisinho sapeca antes de lhe beijar, mas dessa vez com um pouco mais de calma.
Can't get enough, watch ya when you stand so close to me
I've got you under my skin
— Eu preciso ir pra casa. — falei baixinho ao cortar o beijo, mas mantive nossos lábios colados e ele suspirou.
— Depois de um sexo como esse, essa é a primeira coisa que você fala? — fez uma careta, que eu vi, pois me afastei para olhar, e acabei soltando uma risada.
— Você é incrível, . E é surpreendente no sexo. — falei o olhando, mas com um tom debochado na voz, e ele riu pelo nariz balançando a cabeça.
— Você é bem engraçadinha. — usou o mesmo tom que eu havia usado e eu dei ombros rindo em seguida.
— Mas é sério, eu preciso ir pra casa. — falei e acabei fazendo um bico, que eu só notei que fazia porque ele abriu um sorrisinho de lado enquanto olhava a minha boca.
— Você realmente tem umas manias bem infantis. — ele riu e mordeu meu lábio, me fazendo parar de fazer bico.
— E você continua sendo um chato. — revirei os olhos e ele riu ainda mais. Eu tinha que concordar que tinha horas que eu agia feito uma criança.
— É assim que você vai embora? — apontou para o nossos corpos indicando que eu ainda estava sentada em seu colo, completamente nua.
— Vai dizer que você quer que eu saia daqui? — dei um sorrisinho travesso e arqueei a sobrancelha.
— Por mim nós estaríamos transando de novo, e não aqui conversando sobre você ter que ir pra casa. — deu ombros e eu ri daquilo negando com a cabeça.
— Por mim também, mas eu preciso mesmo ir pra casa. — lhe dei um ultimo selinho e me curvei sobre ele para pegar meu sutiã no banco de trás e pude senti-lo beijar meu seio e acabei rindo com aquilo.
— Desse jeito você não vai mesmo ir embora daqui. — falou enquanto eu voltava a me ajeitar em seu colo vestindo o sutiã e colocando as mãos nas costas para abotoá-lo.
— Você não consegue pensar em outra coisa além de sexo? — fiz uma careta e ele arqueou a sobrancelha em ironia.
— Como você quer que eu pense em qualquer outra coisa com você nua no meu colo e esfregando os peitos na minha cara agora pouco? — soltou uma risada nasalada e eu levantei os braços em rendição soltando um risinho.
— Não seja por isso. — peguei a minha calcinha que por algum motivo estava pendurada no retrovisor e passei para o banco do motorista a vestindo — Isso me lembrou que eu deixei uma calcinha na sua casa. — o olhei enquanto vestia minha calça com um pouco de dificuldade por estar sentada dentro de um carro.
— É, eu achei. — ele me olhou e deu ombros enquanto subia sua cueca e logo depois suas calças por suas pernas — Achei logo depois que você foi embora naquele dia, até pensei em jogar fora, tacar fogo, ou algo assim... — fez uma pequena pausa e eu fiz uma careta incrédula — Mas o fato de estar bravo com você, não me impediu de a deixar guardada nas minhas coisas. — deu de ombros novamente e eu balancei a cabeça negativamente com toda aquela história.
— Por que você não me falou quando eu voltei lá? — arqueei a sobrancelha e ele deu um sorrisinho debochado.
— Eu te devolvo quando você deixar outra no lugar. — deu uma piscadela e eu acabei rindo com aquilo.
— Você é realmente muito cara de pau. — falei ainda rindo enquanto procurava minha blusa na parte de trás do carro.
— Não é como se você fosse diferente. — riu e eu lhe mostrei o dedo o fazendo rir ainda mais, o que o fez dá um tapa na minha bunda com vontade.
— Só não te dou um soco porque tenho pena de estragar esse rostinho lindo que você tem. — falei e ele gargalhou enquanto puxava sua camisa para seu colo.
— O rostinho que você adora. — falou convencido e eu revirei os olhos voltando a me sentar no banco com a blusa já em mãos.
— Nos vemos no sábado. — o olhei enquanto abotoava minha blusa, e ele me olhou com uma careta indignada, mas que eu poderia facilmente achar a coisa mais fofa desse mundo.
— Nos vemos no sábado. — repetiu a minha frase e bufou em seguida, e eu estava mesmo achando aquilo fofo da parte dele. Antes de tudo aquilo eu nunca diria que ele pudesse ser fofo daquela forma, como ficar chateado por eu ter que ir embora, mas agora ali eu conseguia ver que por dentro daquele badboy que ele era por fora, tinha um cara fofo e até romântico nele.
— Eu te mando uma mensagem quando chegar lá. — deixo os botões de lado e seguro em seu rosto o puxando para um selinho demorado.
Ele segurou em minha nuca e aprofundou o beijo com calma. Diferente dos beijos anteriores, aquele era calmo e por mais que eu tivesse que ir pra casa, não tínhamos pressa nenhuma pra parar. Ele colocou sua mão por trás do meu cabelo o juntando em sua mão, mas nada de forma agressiva, era carinhoso até. Enquanto sua outra mão vagava lentamente pelas minhas costas cobertas pelo fino tecido da minha blusa.
O toque desesperador do meu celular nos fez parar o beijo, mas contra a nossa vontade e quando eu olhei no visor vi que era o . Desliguei o celular e o coloquei de volta onde estava antes voltando a olhar para .
— Até mais. — falei baixinho voltando a aproximar meus lábios dos seus e ele acabou dando um sorrisinho, mas não havia deboche dessa vez.
— Você também não quer ir embora não é? — falou mantendo o sorrisinho enquanto se afastava para me olhar nos olhos com aqueles seus maravilhosos olhos castanhos, aos quais eu sabia que qualquer mulher se perderia.
— Não... — falei quase num fio de voz — Mas eu preciso. — suspirei pesadamente e ele assentiu contra sua vontade.
— Até mais. — me deu um ultimo selinho e abriu a porta do carro saindo do mesmo.
Enquanto acabava de abotoar minha blusa o olhei se afastar do meu carro e ir até o seu pelo retrovisor, logo ele entrou no mesmo e saiu dali pisando firme no acelerador.
Tirei o óculos do meu rosto, só me lembrando que antes o havia colocado naquele momento e arrumei meus cabelos com ajuda do retrovisor da melhor forma que eu conseguia. O cheiro de sexo estava impregnado no carro e provavelmente em mim, mas a verdade era que naquele momento eu nem estava me importando com aquilo, então simplesmente dei a partida voltando para casa.
Quando eu cheguei em casa já se passava de 1am, eu nem havia visto a hora passar enquanto estava com o , e também pudera, tínhamos algo muito melhor pra fazer. Estacionei o carro depois de entrar pelo portão de casa, e desci pegando minha bolsa e meu celular tranquei o carro com o alarme e fui direto para dentro passando pela porta da frente mesmo.
Ao chegar na sala, dei de cara com que estava sentado no sofá, com a maior cara de sono, mas se despertou assim que me viu entrar.
— Por que você não tá dormindo ainda? — me aproximei do sofá enquanto o olhava e ele balançou a cabeça.
— Fiquei te esperando voltar, e você demorou. — cerrou os olhos e eu acabei dando ombros.
— Depois que saímos do shopping fomos pra um pub, e acabamos nos empolgando com as músicas e tudo mais. — menti, mas aquela era uma coisa que eu fazia muito desde que havia voltado para Londres — Mas a Lizzie vai voltar pra Austrália amanhã à noite e nem vamos nos ver mais. — fiz uma careta que foi imitada por ele.
— Nem vou ter tempo de conhecer ela então? — falou enquanto passava a mão pelo rosto e terminou com ela no cabelo.
— Infelizmente não. — fiz uma cara de inconformada, mas era uma falsa inconformação, é claro — Maninho, vou ir pro meu quarto, tomar um banho e cair na cama, porque eu estou super cansada. — falei e fui até ele lhe dando um beijo na bochecha e o fazendo se levantar.
— Boa noite. — ele beijou de volta a minha bochecha e juntos nós fomos até as escadas.
— Boa noite. — lhe mandei beijos no ar ao chegar ao final da escada e segui em direção ao meu quarto, enquanto ele fazia o mesmo para o dele. Não demorou para que eu ouvisse a porta do seu quarto bater, e logo depois a minha tomou o mesmo rumo ao ser fechada.
Deixei minha bolsa sobre a poltrona e chutei os saltos para qualquer canto do quarto. Fui para o banheiro e deixei minhas roupas no cesto de roupas sujas enquanto seguia já nua para o box.
Não demorei muito no banho, pois era mesmo só pra relaxar antes de dormir e para tirar todo o suor que meu encontro com o havia causado. Saí do banheiro enrolada em uma toalha, logo depois de tirar o excesso de maquiagem com o demaquilante e de escovar os dentes, fui direto para o meu guarda roupas e peguei uma calça de moletom e uma regata velha qualquer, e os vesti logo depois de vestir a calcinha, já que dormir de sutiã era um pouco — demais — desconfortável.
Me deitei na cama e puxei o fio do meu carregador que estava pendurado sobre a mesinha de cabeceira já arrastando pelo chão e o liguei no celular, que eu havia acabado de ligar e visto que estava com 15% de bateria. O carregador havia vindo na hora certa. Assim que o WiFi foi conectado várias mensagens do surgiram na minha tela, e eu acabei rindo com seu desespero sobre eu voltar pra casa.
"..."
"Cadê você???"
"Por que não atende o telefone???"
"Vai demorar a voltar para casa???"
"!?"
"Me responde..."
"Eu vou chamar a polícia para ir atrás de você..."
E logo depois de todas essas mensagens, haviam quatro emojis com o bonequinho batendo na testa. Eu gargalhei com todo aquele exagero de proteção, e até achei estranho ele não comentar nada sobre aquilo quando estávamos na sala. Então eu o respondi, sim, eu respondi a mensagem do meu irmão que estava a duas portas do meu quarto.
"Já estou em casa... E o meu celular havia descarregado."
E coloquei um emoji da carinha rindo fracamente, logo recebi sua resposta com emojis revirando os olhos e lhe mandei vários corações vermelhos. Logo depois entrei na janela do e lhe enviei uma mensagem.
"Só pra avisar que já estou em casa..."
"Na verdade, estou quase dormindo..."
"Mas queria te dar boa noite da mesma forma..."
“Então... Boa noite!"
Depois da ultima mensagem lhe mandei um emoji mandando beijo e ri com o fato de que aquilo havia sido extremamente idiota, até pra mim e já conseguia o ver me zoar por aquelas mensagens, mas já havia ido eu não tinha mais opção.
Esperei pela resposta por uns dez minutos enquanto vagava pelo twitter, mas ela não veio, então bloqueei o celular e me virei para o canto puxando o cobertor sobre as minhas pernas. Não demorou para que eu pegasse no sono.
Capítulo 8
Naquele sábado eu estava mais empolgada que o normal para correr, talvez fosse pelo fato de que agora eu tinha uma concorrente e por mais que não fosse com a cara dela, aquilo me trazia uma adrenalina mais forte do que antes.
Quando eu e chegamos à corrida, foi o mesmo de sempre, conversamos um pouco e fomos cada um para seu lado. Esperei que se afastasse para que pudesse falar com , logo que ele sumiu da minha vista e eu segui para de trás do galpão onde sempre me encontrava com ele. Ao chegar, avistei encostado no capô do seu carro enquanto fumava seu tão amado cigarro. Soltei uma risada nasalada e balancei a cabeça indo até ele.
— Você precisa mesmo largar esse vício, seu pulmão já não deve tá valendo nada. — falei ao me aproximar chamando sua atenção e ele soltou uma risada nasalada me olhando enquanto soprava a fumaça de sua boca pra longe.
— Se não vale mais nada, não tem porque eu parar. — deu ombros e eu revirei os olhos e neguei com a cabeça.
— Não demora muito você ter câncer no pulmão. — me encostei no capô ao lado dele, e ele me olhou arqueando as sobrancelhas em deboche.
— Você fazendo a preocupada é bem engraçado. — riu baixo e negou com a cabeça jogando a ‘bituca’ do cigarro longe, soltando a fumaça pela boca.
— Ah, cala a boca. — revirei os olhos e cruzei os braços o fazendo rir ainda mais e me puxar pra frente dele, envolvendo os braços na minha cintura.
— É uma princesinha mimada mesmo. — falou debochado e mordeu meu lábio inferior o puxando levemente.
— É um idiota mesmo. — afinei a minha voz um pouco para "imitá-lo" e ele gargalhou, mantendo as mãos na minha cintura, enquanto eu mantinha os braços cruzados.
— Hey, casal. — falou se aproximando de nós com duas latinhas de red bull em mãos, uma na qual ela estava tomando e a outra estava fechada em sua outra mão ela entregou para , mas eu peguei antes e abri a lata.
— Oi, . — a olhei enquanto me olhava com os olhos cerrados por estar bebendo o seu energético, mas eu o ignorei.
— Tá pronta pra correr hoje? — perguntou após beber um grande gole do seu energético enquanto me olhava.
— Estou sempre pronta. — repeti seu gesto bebendo também um gole do meu energético — ou do — e ela revirou os olhos, silabando um "claro". — E você? Está pronta? — perguntei enquanto tomava a latinha da minha mão e tomava um grande gole, e eu lhe fiz uma careta.
— Agora que o meu carro está em ótimo estado, eu estou pronta sim. — olhou para seu carro parado há poucos metros atrás de mim.
— Isso aí, garota! Mostra pra eles quem a melhor. — falei empolgada e ela retribuiu minha empolgação quando fizemos um high-5.
— Seu carro chegou. — falou apontando com a cabeça para direção oposta onde estávamos e onde estava estacionando o McLaren MP4-12C ao lado do lamborghini da , e logo desceu do mesmo vindo em nossa direção.
— Está tudo certo com o carro, só falta você correr. — falou jogando a chave do carro para mim e eu me soltei de para pegar. Apesar de quê, só ele que me abraçava, eu continuava com os braços ao lado do meu corpo.
— Vou mostrar pra eles o real significado de comer poeira. — falei olhando para a chave na minha mão e dei um sorrisinho convencido com aquilo. Modéstia a parte, eu era realmente boa naquilo.
— Chegou a hora. — falou olhando para trás logo depois de anunciarem a minha corrida, que era a segunda ali, e em seguida voltou a me olhar — Boa sorte na corrida. — sorriu amigavelmente e eu retribui o sorriso.
— Obrigada. — ela assentiu e eu olhei para , puxando a lata de red bull da sua mão e acabando com o resto do liquido que havia ali.
— Não vou te desejar sorte, porque quem vai precisar de sorte são eles pra ganhar de você, ou pelo menos tentar. — falou me olhando, e eu segurei o sorrisinho que queria surgir em meus lábios — Você é a melhor, não precisa de sorte pra mostrar isso. — manteve seu olhar em mim e dessa vez eu dei um sorrisinho, e em seguida lhe dei um selinho demorado.
— Isso que é estimulo antes da corrida. — pude ouvir sussurrar para , e cortei o beijo para olhá-los.
— O sabe me estimular de várias maneiras. — dei uma piscadela pra ela, que me olhou incrédula, enquanto e gargalhavam.
Os deixei ali comentando sobre a minha frase de duplo, triplo, sêxtuplo sentido e fui em direção ao carro. Entrei no mesmo, e logo saí dali de trás do galpão.
Eu estava mais do que pronta para aquela corrida.
Levei o carro até o inicio da pista e logo Crystal parou o carro ao meu lado, sendo seguida dos nossos outros concorrentes que logo foram anunciados.
— Da equipe ... Crystal Hemmings. — o apresentador a anunciou, e eu revirei os olhos ao perceber que ela havia mesmo entrado na equipe do meu irmão. Era uma maravilha saber que minha maior concorrente era da equipe do . — E da equipe , ela que é sempre bem aclamada, mesmo sem que ninguém conheça seu rosto, ou nome, campeã invicta... A corredora misteriosa. — quando ele acabou de falar e a multidão gritou, a adrenalina percorreu por todo o meu corpo de uma forma inexplicável. Eu amava aquela sensação, e iria mostrar que toda aquela empolgação deles, valia a pena.
Logo que a garota na frente dos carros deu a deixa para que pudéssemos começar a corrida, todos demos a partida e começamos a correr. Crystal e eu estávamos lado a lado, enquanto os outros dois ficavam para trás.
Ela aproximou a lateral de seu carro ao meu, mas eu acelerei o suficiente pra que ela não conseguisse fazer o que pretendia fazer.
Como na outra vez, nós duas ficamos praticamente todo o tempo lado a lado, mas no final eu ganhei a corrida por mais ou menos, uns 15 segundos de diferença. E claro que eu não pude deixar de terminar a corrida como sempre fazia, derrapando em círculos em frente ao público que gritava animado.
Quando fui para a parte de trás do galpão, avistei indo em direção ao "apresentador", provavelmente para buscar o meu dinheiro, mas antes que eu pudesse parar o carro o barulho das sirenes de polícia chamou a minha atenção, apenas abrir o vidro e parei ao lado o Dodger do , onde estava com .
— Leva o carro do pra casa dele. — o olhei e ele assentiu enquanto ia para seu carro — Não se preocupa que eu tiro ele daqui. — antes que ele pudesse responder eu acelerei e saí dali dando a volta pelo galpão.
Entrei novamente na pista, onde as pessoas corriam para o lado oposto de onde eu estava, e várias se amontoavam em alguns carros para que pudessem sair dali. Avistei , se afastando do pequeno palco montado ali, e indo em direção ao galpão, acelerei até onde ele estava e me curvei um pouco para o lado para abrir a porta do passageiro. Assim que o fiz, ele pulou para dentro do carro e eu voltei a acelerar.
— Precisamos sair daqui, e rápido. — me olhou e eu concordei com a cabeça pisando ainda mais no acelerador.
Quando chegamos a esquina, um carro de policia surgiu atrás de nós e começou a nos seguir. Ótima hora para ele aparecer.
Pisei fundo no acelerador ganhando um pouco de distância do carro que nos seguia, mas ele ainda se mantinha em nosso encalço e para melhorar ainda mais, um segundo carro apareceu ao lado do outro continuando a perseguição.
— Mas de onde essa merda saiu? — perguntei indignada com aquele segundo carro que eu não fazia a menor ideia de onde havia saído — , acho melhor você se segurar. — o olhei rapidamente e ele fez uma careta confusa, tendo seu corpo jogado para trás no banco quando eu acelerei o carro no máximo.
Entramos numa avenida e tínhamos ainda os carros atrás da gente, e se continuasse daquele jeito logo seríamos pegos e levados, os dois, para a delegacia. Uma ideia surgiu na minha mente, mas eu não tinha certeza se daria certo, antes que pudesse pensar nessa possibilidade girei o carro a 180° graus na rua, e voltei a acelerar.
— , acho que essa não é uma boa ideia. — falou, mas antes que ele pudesse me impedir eu já estava passando entre as duas viaturas e seguindo no caminho oposto, pela contra mão de onde vinham vários carros na nossa direção.
Desviei dos carros da melhor forma que conseguia, enquanto eles buzinavam desesperadamente e alguns até chegaram a parar o carro no acostamento, o que facilitou nossa passagem. Por mais que as viaturas tentassem, já havíamos conseguido uma boa distância, então não conseguiram nos pegar.
Entrei na primeira rua onde eu consegui fazer o retorno para a cidade, e voltei a dirigir normalmente, mas ainda mais acelerado do que eu costumava dirigir no dia a dia, em direção ao apartamento do .
— Essa foi por pouco. — soltei o ar que havia prendido por todo o trajeto desde que saímos do local do racha e relaxei sobre o banco do motorista.
— Você é completamente louca. — ele falou soltando uma risada nasalada e balançou a cabeça negativamente.
— Se com isso você quer dizer "Obrigada por me livrar de ir para delegacia", então de nada. — dei ombros e ele gargalhou gostosamente jogando a cabeça para trás, e eu acabei o acompanhado.
É, talvez eu fosse um pouquinho louca.
— Onde você aprendeu a dirigir assim? E como sabia que isso daria certo? — perguntou me olhando com curiosidade, e eu atravessei um sinal vermelho ouvindo alguns carros buzinarem e o olhei rapidamente.
— Então... — soltei uma risada fraca, enquanto prestava atenção na rua — Eu não sabia se daria certo, eu só lembrei de ter visto algo assim em um filme e fiz, o máximo que podia acontecer era a gente bater de frente com eles e acabar capotando o carro. — dei ombros e ele fez uma careta incrédula balançando com a cabeça.
— Você é mesmo louca. — riu pelo nariz se jogando largadamente na poltrona, e eu soltei um risinho por causa daquilo.
— Pensa pelo lado bom... — fiz uma pequena pausa, e o olhei enquanto entrava na rua de seu prédio — Não deu errado. — dei uma piscadela que acabou o fazendo rir, e entrei com o carro no estacionamento.
Logo que parei o carro em uma das vagas, avistamos e encostados no capô do lamborghini da , enquanto pareciam preocupados com algo, mas a preocupação em seus rostos se dissipou quando eu e descemos do carro.
— Eu achei que você tinha sido preso... De novo. — falou olhando para , como uma irmã mais nova preocupada, da mesma forma que eu agiria com .
— Você já foi preso? — o olhei confusa e ele soltou uma risada anasalada.
— Longa história. — me olhou enquanto pegava a chave de seu carro com — Não tinha nem chance de eu ser preso com a no volante. — balançou a cabeça negativamente — Vocês não imaginam as coisas que essa garota é capaz de fazer atrás de um volante. — apontou pra mim, mas continuou olhando para os amigos, eu não pude deixar de me achar com aquela frase.
— Agora que vocês estão aqui, vamos subir? Preciso de algumas cervejas. — falou abraçando pelos ombros e concordou os seguindo até o elevador.
Peguei meu celular, e o desbloqueei para ver se havia alguma mensagem, ligação, ou qualquer outra coisa de , mas não havia nada. Entrei na sua caixa de mensagem, e logo digitei:
"... Me liga o mais rápido possível."
"Estou preocupada com você..."
"Preciso ter certeza de que você saiu bem daquele lugar"
— ? — pude ouvir me chamar e desviei o olhar para ele, o vendo parado me olhando em confusão enquanto segurava a porta do elevador — Vamos? — apontou com a cabeça pelo elevador e mais uma vez eu olhei para o celular, mas voltei a olhá-lo concordando com a cabeça.
Fui até ele e nós dois entramos no elevador junto a e , que logo apertou o botão do ultimo andar, que era o do e começamos a subir. Eu estava tão desnorteada e preocupada com , que nem notei que já havíamos chegado ao andar, só percebi quando colocou a mão em minhas costas, me "empurrando" para fora do elevador.
Entramos no apartamento do , e foi se jogando no sofá, enquanto foi para a cozinha e abriu a geladeira. Eu segui para a varanda, voltando a olhar a tela do celular que continuava vazia.
— O que tá acontecendo? — falou aparecendo por trás de mim, e eu me virei pra ele mantendo o celular em minha mão.
— Eu não sei... — respondi suspirando e ele fez uma careta de confusão — É o , ele não ligou, não me mandou mensagem, nem nada. Não sei se ele está bem. — o olhei e ele se aproximou colocando uma de suas mãos em minha cintura.
— Com certeza está tudo bem com ele, ele é . — colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha — Se alguém nesse mundo sabe fugir da polícia, esse alguém é seu irmão... — fez uma pausa — Bom, e você, isso deve ser coisa de família. — falou com humor e acabou me arrancando uma breve risada.
— Você falando assim, nem parece que se odeiam. — arqueei a sobrancelha e ele riu fracamente balançando a cabeça.
— Você adora dificultar as coisas né? Eu tô aqui tentando te ajudar, e você aí preocupada em zoar da minha cara. — revirou os olhos e eu ri envolvendo os braços em seu pescoço.
— Obrigada. — lhe dei um selinho demorado.
— Vem, vamos ver se a e o viram ele por lá. — segurou na minha mão e me guiou para dentro, onde lhe entregou uma cerveja e estendeu outra para mim, mas eu neguei — Um de vocês viu o saindo da corrida quando a polícia chegou? — os olhos, e ambos negaram com a cabeça.
— Eu nem o vi hoje. — falou bebericando sua cerveja em seguida.
— Eu o vi quando vocês chegaram, mas você foi falar com o e ele sumiu no meio de todo mundo. — falou jogando as pernas no colo de , então eu suspirei.
— Eu preciso saber onde ele tá. — falei andando nervosamente de um lado para o outro, até deixar sua cerveja na mesinha de centro e me segurou fazendo com que eu parasse — Se tivesse tudo bem com ele, ele já teria mandado várias mensagens e ligado várias vezes pra saber onde, como e com quem eu estou. — olhei para os três, parando o olhar em . Aquilo era verdade, o era preocupado demais para não me encher até saber que eu estava 100% bem — Vou ligar pra um dos amigos dele e ver se têm noticias. — falei e rapidamente encontrei o número na minha agenda do celular, e deslizei o dedo na tela para ligar, não demorou nem um minuto pra que ele atendesse.
— Alô? — falou com uma voz arrastada, eu não sabia se era sono ou se era álcool.
— Jesse, é a . — falei enquanto , e me olhavam atentamente.
— ? — a confusão ficou evidente em sua voz.
— Não sei quantas 's você conhece, mas é, sou eu mesma. — soltei uma risada nasalada.
— O que traz a honra dessa ligação? — pude notar o sorrisinho que surgia no meio de sua voz — Finalmente resolveu aceitar o meu convite? — revirei os olhos ao me recordar do que ele falava.
— Não, eu não vou sair com você. — falei e cerrou os olhos com aquilo — Eu liguei pra perguntar se você sabe do meu irmão? — perguntei diretamente, porque era aquela resposta mesmo que eu queria.
— Por que eu saberia? — falou com ironia e eu fechei os olhos por um segundo, pois queria socá-lo.
— Porque ele é seu amigo!? — falei no mesmo tom, tentando controlar a raiva na minha voz.
— Eu vi o quando cheguei na corrida, ele falou pra mim e para os caras que tinha uma coisa pra fazer antes de enfrentar o na pista, depois eu não o vi mais, e quando a polícia chegou eu fui embora, não ficaria lá pra encontrar seu irmão. — soltou uma risada nasalada e eu bufei nervosamente. Belos amigos que havia arrumado.
— Nenhum de vocês pensou em procurar ele? — perguntei já ficando furiosa com ele e os outros amigos do .
— , meu amor, não sei se você percebeu, mas estava cheio de polícia naquele lugar, era cada um por si pra não ser preso. — eu conseguia o ver dá de ombros claramente naquele momento — Se a própria irmã não se preocupou em procurá-lo, por que eu me preocuparia? — falou com a voz transbordando ironia.
— Obrigada por não me ajudar em nada. — falei e desliguei o telefone em seguida, levantei o braço para jogá-lo no chão, mas segurou a minha mão.
— , liga pra quem você conseguir e pergunta se alguém sabe algo sobre o . — o olhou e ele concordou já pegando o celular e discando o primeiro número — E você, vem comigo. — tirou o celular da minha mão e me levou para seu quarto.
— Eu nem me preocupei em ajudá-lo, . Na verdade, eu nem consegui me lembrar que estava com o quando fui te buscar pra fugir da polícia. — o olhei enquanto entravamos no quarto, e me sentei na cama segurando meus cabelos entre as mãos — Que tipo de irmã esquece do próprio irmão nessa situação? — soltei uma risada nasalada e neguei com a cabeça.
— O tipo de irmã que sabe que o irmão pode se virar sozinho, e melhor do que ninguém. — se sentou ao meu lado e pegou uma das minhas mãos — Nós vamos achar ele, e você vai ver que tudo está bem. — me abraçou de lado e beijou o topo da minha cabeça.
Ficamos ali no quarto em silêncio, com apenas tentando me tranquilizar em relação ao , não estava dando certo, mas era bom ter ele ali. Depois de praticamente me arrastar para o banheiro para tomar um banho, nós dois voltamos para sala e nos falou que a única noticia que tinham sobre o , era que viram o carro dele saindo de lá, mas não era ele que o dirigia.
E aquilo me deixava ainda mais preocupada.
Era por volta de 3am, quando e foram para o quarto de hóspedes dormir, e logo depois de arrumar a sala, porque eu não conseguia ficar quieta, eu e fomos para o quarto dele. Nos deitamos na cama e ele ligou a TV, deixando em um filme que passava, mas que eu sequer havia prestado atenção no nome.
— É estranho ter você na minha cama vestida. — ele falou chamando a minha atenção e eu não pude evitar a risada.
— É realmente estranho. — falei fazendo uma careta que ele imitou antes de rir.
— ... Eu sei que você tá preocupada demais com o agora, mas eu preciso te fazer uma pergunta... — fez uma pausa e eu arqueei a sobrancelha movimentando a cabeça dizendo que ele podia continuar — Naquele dia no carro, nós não usamos camisinha, e depois ambos esquecemos desse detalhe, você... — antes que ele acabasse de falar, eu o interrompi.
— Eu comprei uma pílula no outro dia antes de ir pra empresa, não se preocupa. — o tranquilizei o fazendo soltar o ar aliviado — Engravidar agora é algo que eu realmente pretendo evitar. — ri pelo nariz e ele concordou.
— Não podemos ficar esquecendo a camisinha, eu não quero mesmo ter filhos, não agora. — me olhou e dessa vez eu concordei, deitando de vez na cama e colocando a cabeça no travesseiro olhando para o teto — Você precisa dormir e parar de ficar pensando no pior sobre o seu irmão. — falou ainda me olhando.
— Eu tô surtada demais pra conseguir dormir. — passei a mão pelo rosto e respirei fundo.
— Então eu vou ficar aqui com você. — se deitou ao meu lado, também olhando pro teto e eu segurei o sorrisinho que queria surgir em meus lábios.
Ficamos ali deitado ouvindo as falas do filme na TV, porque nenhum de nós olhávamos para o que acontecia, eu olhava para o teto e olhava para mim, e por mais que eu estivesse tentada, não perguntei o que tanto ele olhava.
Já se passava de 4am quando começou a cochilar ao meu lado, mas fazia de tudo pra se manter acordado, o que para mim era completamente em vão, já que logo em seguida ele voltava a cochilar.
— , vai dormir. — o olhei enquanto me virava na cama para ficar de frente para ele — Não se preocupa comigo. — falei baixinho enquanto cobria seus lábios com os meus.
— Eu não... — ele começou a falar, mas eu coloquei meu dedo inferior em seus lábios.
— Shhh... — sussurrei enquanto fazia carinho em seus cabelos o levando a fechar completamente os olhos, o que ajudou a fazê-lo pegar mais rapidamente no sono.
Olhei novamente meu celular, e ainda continuava sem nenhuma resposta do , algo me dizia que todo aquele meu pressentimento não era atoa.
Fiquei observando dormir por algum tempo, e observando o quão bonito ele era. Sua pele na cor de mel, e seus traços bem feitos. Dava claramente para ver que ele tinha suas descendências muçulmanas, o que o tornava ainda mais bonito a meu ver. Ele parecia tão sereno ali, que ninguém que o olhasse naquele momento o imaginaria como o badboy impulsivo que ele era. Eu conseguia ver perfeitamente o que eu conhecia, mas poucas pessoas viam. O que eu havia me apaixonado.
E foi ali o olhando, que eu acabei pegando no sono quase ao amanhecer.
Acordei com o toque alto do meu celular e logo tratei de tatear a mão pela mesinha de cabeceira até encontrá-lo. Assim que o peguei, olhei o número no visor e eu não o conhecia, mas da mesma forma deslizei o dedo na tela para atender.
— ? — ouvi a voz de o meu irmão soar do outro lado, e me sentei na cama suspirando aliviada por finalmente ter notícias dele.
— , por onde você andou? Eu te mandei várias mensagens, te liguei várias vezes e ninguém sabia nada sobre onde você estava. — falei de uma vez, sem deixá-lo responder, e se remexeu ao meu lado na cama com todo o meu alvoroço, e abriu os olhos lentamente em seguida me olhando.
— , primeiro se acalma. — ele falou calmamente como se nada do que eu tinha falado fosse importante — Eu preciso que você me faça um favor, então me deixa falar porque só tenho 5 minutos de ligação. — manteve seu tom e eu concordei com a cabeça, apesar de que ele não podia me ver — Eu preciso que você venha até a delegacia e pague a minha fiança pra que eu saia daqui. — soltou uma risada fraca.
— Como assim? Você foi preso? — falei um pouco desesperada, e apesar de que as respostas fossem óbvias eu havia perguntado da mesma forma. se sentou ao meu lado, tentando acompanhar a conversa com meu irmão.
— Não, só vim fazer um tour na delegacia da cidade. — falou com ironia, e eu acabei revirando os olhos com aquilo — Vai vir ou não pagar a minha fiança? — perguntou um pouco apressado, e eu sabia que era porque o tempo de ligação estava acabando.
— , eu não tenho dinheiro aqui, e não posso ligar pro nosso pai e pedir ele, porque ele te mata antes de pagar sua fiança. — soltei uma risada nasalada e me olhou, em seguida se levantou e foi até seu guarda roupas, abriu uma gaveta e tirou de lá alguns maços de dinheiro e os jogou na minha frente na cama — Mas não se preocupa que eu vou dar um jeito e te tirar daí. — falei olhando para o dinheiro na minha frente.
— Tá bom, eu vou te esperar então, até porque eu não tenho pra onde ir aqui. — riu de escárnio e eu balancei a cabeça, não demorou muito pra que a ligação fosse encerrada. Seu tempo deveria ter acabado.
— Tudo bem pra você pagar a fiança do ? — olhei para , enquanto deixava o celular sobre a cama, em meio aos lençóis — Quer dizer, vocês dois se odeiam, você não precisa fazer isso. — neguei com a cabeça e ele andou até mim na cama.
— , você não tem dinheiro algum aqui pra pagar essa fiança, e por mais que seja o eu não vou deixar de te ajudar. — se sentou na minha frente — Até porque ontem eu não consegui pegar o seu dinheiro da corrida, e você ainda me livrou de ser preso. — coçou a nuca soltando uma risada nasalada.
— Eu te devolvo esse dinheiro depois, e nem vem me dizer que não, porque não é você que tem que pagar a minha vitória na corrida. — falei o olhando, e ele concordou contra a sua vontade.
— Vamos nos trocar, eu vou com você na delegacia. — me puxou pra fora da cama, e em seguida até o banheiro.
Antes que eu pudesse falar ou fazer algo, já estava tirando sua camisa do meu corpo, me deixando apenas de calcinha, o que não demorou nada a sumir também. Ele tirou suas roupas e nós fomos para o box tomar banho.
Não posso dizer que tomamos um banho rápido, mas não fizemos nada mais do que nos beijar no chuveiro, quer dizer, não se contentou em simplesmente me beijar, sua mão precisou apalpar todo o meu corpo, principalmente minha bunda e os meus seios, mas a verdade era que eu gostava daquilo, então nem interrompi.
Quando saímos do banho, nos trocamos e eu vesti a mesma roupa que estava na noite anterior. Peguei todas as minhas coisas, que eram apenas o celular, a habilitação e um batom, junto com o dinheiro que estava sobre a cama. Assim que fiquei pronta, fui para a cozinha onde já tomava café com e , eu peguei apenas uma meia torrada que estava na mão de e o puxei para sairmos de seu apartamento.
— Bom dia pra você também, . — gritou enquanto eu batia a porta do apartamento e eu ri ao notar que nem havia os dado 'bom dia'.
chamou o elevador, que não demorou a chegar, e logo nós descemos até o subsolo para pegar seu carro. Entramos em seu carro e ele logo deu a partida saindo de seu prédio.
— O não vai gostar nada de me ver com você quando sair da delegacia. — me olhou rapidamente e eu fui obrigada a concordar com a cabeça — Mas eu realmente não me importo. — deu ombros e eu ri.
— É claro que você não se importa, vocês adoram importunar um ao outro. — falei com ironia e ele gargalhou concordando com a cabeça — Mas ele não vai ter muita escolha, você está pagando a fiança dele. — dei ombros e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. apenas concordou.
Fomos conversando durante todo o trajeto a delegacia, sobre coisas aleatórias, mudávamos tanto de assunto que eu nem imaginava como uma coisa podia ter levado a outra. Quando chegamos à delegacia, estacionou o carro do outro lado da rua e nós descemos do mesmo.
— Eu vou te esperar aqui fora, porque se o me vir lá dentro vamos acabar ficando os dois por lá. — falou se encostando na lateral do carro, e eu concordei com a cabeça enquanto atravessava a rua.
Entrei na delegacia, ouvindo alguns gritos e alvoroços por lá, é claro que ali não era nada pacífico. Assim que cheguei à recepção pediram pra que eu esperasse em uma das cadeiras e eu me sentei.
— Ei, garota? — um homem sentado a duas cadeiras distantes de mim, me olhou e eu acabei o olhando de volta. Ele tinha uma barba por fazer, a pele clara, mas escurecida pela sujeira que cobria seu rosto, e vestia uma calça jeans, uma regata e uma jaqueta. E por mais simples que parecesse, ele conseguia até ser um pouco assustador, ou nem estaria algemado àquela cadeira. — Pode me fazer um favor? — perguntou com uma — falsa — inocência na voz, e eu ao invés de responder, apenas arqueei a sobrancelha — Me ajuda a me soltar daqui. — levantou seu braço esquerdo que estava algemado ao braço da cadeira — Se você me ajudar, prometo que te deixo sair daqui sem nenhum arranhãozinho. — deu um sorrisinho maldoso, e eu acabei fazendo uma careta com aquilo — Se não me ajudar, eu te procuro quando sair daqui. — falou mudando sua expressão para uma completamente malvada, e eu acabei me levantando e voltando a recepção.
— Moço, vai demorar muito? — falei um pouco apressada mantendo o olhar atento ao homem da cadeira.
— Não tá acostumada com esse tipo de lugar, não é? — falou com deboche e eu arqueei a sobrancelha em confusão — É sempre assim, as riquinhas e mimadas que podem ter tudo, se apaixonam por vagabundos e acabam vindo pagar a fiança deles, e aqui é um lugar bem assustador pra garotas como você. — manteve seu tom e soltou uma risada nasalada balançando a cabeça negativamente.
— É realmente assustador... — fiz uma pausa, e ele me olhou como quem dissesse "eu sabia" — Principalmente por ver "policiais" que ao invés de cumprir suas obrigações com a cidade ficam julgando e debochando das pessoas que vêm aqui pra ajudar alguém. — suspirei falsamente frustrada e ele automaticamente fechou a cara.
— Mais uma palavra e você será presa por desacato à autoridade. — falou furioso e com um sorrisinho debochado eu levantei os braços em rendição — De quem é a fiança que você veio pagar? — me olhou entrando em alguma coisa no computador.
— . — falei tirando o dinheiro dos bolsos da minha jaqueta e o colocando sobre o balcão, enquanto ele me olhava um pouco surpreso — Pois é, ele não é um vagabundo, e nem meu namorado. — dei um sorrisinho de escárnio e ele bufou digitando algo no computador.
— Espera um minuto que eu já mando buscar ele. — falou pegando o dinheiro sobre o balcão e eu assenti.
Fiquei encostada ao balcão a espera de , enquanto outras pessoas chegavam ali para resolver algo. Fiquei observando a cena um pouco perturbada de dois policias tentando controlar uma mulher, que parecia tão acabada, provavelmente pela quantidade de drogas na qual deveria usar.
— ? — ouvi falar e me virei para ele, enquanto o policial lhe entregava seu relógio, que era seu único pertence ali.
— EU JÁ FALEI QUE AQUELAS DROGAS NA MINHA CALCINHA, NÃO ERAM MINHAS! — a mulher segurada pelos policiais gritou, e eu a olhei um pouco horrorizada com aquela cena.
— Vamos sair logo daqui. — segurei a mão de e o puxei para fora da delegacia, podendo ouvir os gritos mais distantes cada vez que nos aproximávamos da porta.
Logo que passamos pela porta da delegacia, com rindo do meu desespero pra sair daquele lugar, eu parei em sua frente e o abracei apertado.
— Graças a Deus tá tudo bem com você. — falei sussurrando enquanto ele retribuía o abraço me apertando de volta — Você não imagina o quão desesperada eu fiquei quando não conseguia notícias suas. — respirei aliviada e ele soltou uma risada fraca.
— Não se preocupa, . Eu tô bem. — falou no mesmo tom que eu usava enquanto acariciava minhas costas, e se afastou para me olhar — Você está com uma cara péssima, precisa dormir. — fez uma careta e riu.
— E você está fedendo, precisa de um banho. URGENTEMENTE! — dei ênfase na última frase, e me afastei dele torcendo o nariz.
— Me desculpa se eu estava na cadeia, não em um hotel cinco estrelas onde eu teria banho de banheira sempre que quisesse. — falou com ironia revirando os olhos, e eu o imitei em seu gesto. O conseguia ser bem dramático quando queria. — O que ele está fazendo aqui? — falou olhando para um ponto atrás de mim, e finalmente notou a presença de ali e eu acabei o olhando também. Ele nos olhava, enquanto tragava o seu cigarro.
— Ele me ajudou a chegar aqui, e vai nos ajudar a ir pra casa. — me virei definitivamente para o lado onde se encontrava, e segui em sua direção.
— Nós não vamos a lugar algum com ele. — falou se mantendo parado onde estava, e eu parei no meio da rua para olhá-lo.
— Você está de carro? — perguntei cruzando os braços em frente ao corpo e arqueando a sobrancelha, então ele negou com a cabeça — Você tem algum dinheiro para pagar um táxi até em casa? — mantive a pose e mais uma vez ele negou — Bom, eu também não estou de carro, e acabei de pagar sua fiança, então nós vamos com ele sim. — descruzei os braços e voltei a andar em direção a e seu carro, enquanto ele tentava conter o sorrisinho de diversão em seus lábios. É claro que ele estava se divertindo com aquilo.
— Eu não vou pegar uma carona com o . — falou e pela distância da sua voz, ele se mantinha no mesmo lugar.
— Então você já pode começar a andar, porque são muitos quilômetros até em casa. — falei sem olhá-lo, e abri a porta do passageiro quando se afastou do carro, rindo e balançando a cabeça.
Entrei no carro, e jogou o resto do cigarro fora, dando a volta no carro e entrando ao lado do motorista. Me ajeitei no banco colocando cinto, e quando fazia o mesmo começou a andar em nossa direção.
— Eu sabia que ele não iria querer andar. — soltei uma risada baixa, e acabou me acompanhando, mas paramos de rir quando entrou no carro. Porém, se mantinha segurando o riso.
— Eu só vou aceitar isso, porque quero chegar logo em casa. — falou emburrado e cruzou os braços se encostando no banco de trás, eu revirei os olhos com sua atitude, e logo deu a partida.
Fomos o caminho todo em um silêncio mórbido, era a primeira vez que eu estava em um carro com e não estávamos falando alguma bobagem, ou no carro com e não estávamos nos irritando. Aquilo era bem estranho, nenhum de nós três sabíamos como agir ali, mas era pior para mim e o , porque o estava mesmo emburrado demais para conversar com alguém, até mesmo comigo.
Depois de quase meia hora, parou o carro em frente nossa e casa, e enquanto eu tirava o cinto desceu sem nem ao menos falar uma palavra.
— Obrigada pela carona, e também pelo dinheiro. — olhei para enquanto estava próximo ao portão da nossa casa, tocando o interfone — E me desculpa pela falta de educação do . — fiz uma careta e olhei rapidamente.
— Quanto a isso, eu já me acostumei. — ele falou e riu pelo nariz negando com a cabeça — Mais tarde a gente se fala. — me olhou e eu concordei com a cabeça abrindo a porta do carro.
— Até mais. — lhe mandei um beijo no ar enquanto descia do carro, e ele deu um meio sorriso.
— , anda logo. — falou impaciente e eu finalmente desci do carro fechando a porta.
Enquanto eu e entravamos pelo portão que havia sido aberto pelo segurança, deu a partida com o carro e logo sumiu pela rua. Eu e entramos e seguimos o caminho até a porta de casa.
Logo que entramos, fomos direto pelo pequeno corredor até a sala, onde encontramos nosso pai sentado ao sofá com uma cara nada feliz.
Esse dia realmente não podia estar sendo melhor.
— Resolveram voltar pra casa? — meu pai falou enfurecido, ficando de pé em nossa frente e cruzando os braços.
— Tivemos alguns problemas ontem e não deu pra voltar antes. — falou coçando a nuca e rindo fracamente.
— Problemas como você ter sido preso? — meu pai falou com ironia arqueando a sobrancelha, e eu pude ver a feição surpresa de . Eu não estava surpresa, com a quantidade de capacho que o meu pai tinha em Londres, algum deles seria da polícia e teria o avisado — Não se faça de desentendido, porque me ligaram às 01:30am dizendo que você estava na delegacia por estar no local onde acontecia um racha. — ele continuou com a sua pose, olhando atentamente para . Eu sabia que alguém havia o contado. — É, eu podia ter ido te tirar de lá, mas você entrou nessa sozinho, que se virasse para sair. Porque eu não criei filho pra virar vagabundo e ficar indo parar na cadeia. — ele falou já com a voz um pouco mais alta, e deu um passo para trás, acabando por me empurrar, já que eu estava atrás dele.
— Que bom que você não me criou. — falei baixo, rindo sem humor, mas era uma altura na qual ele podia ouvir. E eu queria mesmo que ele ouvisse.
— Hoje eu não vou tolerar suas gracinhas. — se virou para mim, mantendo o tom que usava com — O estava preso, por que você não voltou para casa? — arqueou novamente a sobrancelha, e eu dei ombros — Presa eu sei que não foi, porque eu perguntei por você quando ligaram pra falar do .
— Não que seja da sua conta, mas eu estava ocupada demais pra pensar em voltar pra casa, e tinha coisas melhores pra fazer com a minha boca do que vir pra cá discutir com você, como eu sabia que aconteceria. — passei para frente de , e dei um sorrisinho bem provocativo. Apesar de que aquilo fosse mentira, eu queria mesmo deixá-lo bem irritado, assim talvez ele me deixava em paz. Atrás de mim, pude ouvir sussurrar um "o quê?". — Minha noite foi incrível, e ainda sim eu tive a decência de ir tirar o da prisão, porque é isso que família faz, não fica humilhando um ao outro como você sempre fez. — ri pelo nariz e balancei a cabeça negativamente.
— Um filho vagabundo, e uma filha vadia que dorme com qualquer um por aí, que ótimos filhos eu criei. — riu de escárnio, e eu o imitei com um toque imenso de ironia na minha risada — Eu sabia que você ficar saindo com o se tornaria em algo desse tipo, não podia esperar menos do que isso. — negou com a cabeça.
— Eu realmente prefiro ser "uma vadia que dorme com qualquer um", do que ser uma assassina como você é. — falei deixando minha voz, no mesmo tom que a dele, e me aproximei ainda mais de onde ele estava — Você acha que eu não sei que foi você quem matou minha mãe? Você culpa o desde aquela noite, mas tanto eu, quanto você, sabemos quem é o verdadeiro culpado dessa história. — falei já sentindo a raiva subindo pelo meu peito, só em tocar naquele assunto e pude notar o quão irritada estava sua feição — Você. É. Um. Assassino! — silabei as palavras as cuspindo em sua cara, e foi quando eu pude sentir o estalo da sua mão batendo contra o meu rosto.
— Eu falei que hoje não toleraria suas gracinhas, e ainda sim você continuou a provocar. — falou com a voz mais alta e mais grave, mas sem realmente gritar, enquanto me puxava para trás e eu tinha a mão sobre o rosto onde ele havia batido — Não fale coisas que você não sabe, e nem acusações que você não possa provar. Você ainda era uma criança quando aconteceu, e ainda é uma criança que não sabe o que está falando. — balançou a cabeça negativamente, e suas pupilas estavam completamente dilatadas — Agora vai para seu quarto e trate de me respeitar enquanto estiver dentro dessa casa. — apontou para escada, e apesar de ter os olhos cheios de lágrimas. eu sorri ironicamente.
— Agora você realmente está mostrando quem você é. — falei entre dentes e dei as costas subindo as escadas e indo para o meu quarto, mas antes de chegar ao final da mesma pude ouvi-lo dizer a .
— Sua irmã está proibida de sair com você. A partir de agora, nem dirigir ela vai mais, só sairá dessa casa comigo, ou com o motorista, e só daqui para o trabalho e nada mais. — ele falou alto e autoritário e eu balancei a cabeça negativamente tentada a voltar, mas não o fiz.
Não ouvi o que o respondeu, pois segui para o meu quarto. Entrei trancando a porta por dentro e fui para o banheiro, parei em frente ao espelho e conseguir ver a marca de sua mão em minha bochecha que estava avermelhada. Respirei fundo e segurei as lágrimas que queriam cair, eu não deixaria nenhuma lágrima cair por causa daquele homem, ele não merecia nem ao menos isso.
Quando eu e chegamos à corrida, foi o mesmo de sempre, conversamos um pouco e fomos cada um para seu lado. Esperei que se afastasse para que pudesse falar com , logo que ele sumiu da minha vista e eu segui para de trás do galpão onde sempre me encontrava com ele. Ao chegar, avistei encostado no capô do seu carro enquanto fumava seu tão amado cigarro. Soltei uma risada nasalada e balancei a cabeça indo até ele.
— Você precisa mesmo largar esse vício, seu pulmão já não deve tá valendo nada. — falei ao me aproximar chamando sua atenção e ele soltou uma risada nasalada me olhando enquanto soprava a fumaça de sua boca pra longe.
— Se não vale mais nada, não tem porque eu parar. — deu ombros e eu revirei os olhos e neguei com a cabeça.
— Não demora muito você ter câncer no pulmão. — me encostei no capô ao lado dele, e ele me olhou arqueando as sobrancelhas em deboche.
— Você fazendo a preocupada é bem engraçado. — riu baixo e negou com a cabeça jogando a ‘bituca’ do cigarro longe, soltando a fumaça pela boca.
— Ah, cala a boca. — revirei os olhos e cruzei os braços o fazendo rir ainda mais e me puxar pra frente dele, envolvendo os braços na minha cintura.
— É uma princesinha mimada mesmo. — falou debochado e mordeu meu lábio inferior o puxando levemente.
— É um idiota mesmo. — afinei a minha voz um pouco para "imitá-lo" e ele gargalhou, mantendo as mãos na minha cintura, enquanto eu mantinha os braços cruzados.
— Hey, casal. — falou se aproximando de nós com duas latinhas de red bull em mãos, uma na qual ela estava tomando e a outra estava fechada em sua outra mão ela entregou para , mas eu peguei antes e abri a lata.
— Oi, . — a olhei enquanto me olhava com os olhos cerrados por estar bebendo o seu energético, mas eu o ignorei.
— Tá pronta pra correr hoje? — perguntou após beber um grande gole do seu energético enquanto me olhava.
— Estou sempre pronta. — repeti seu gesto bebendo também um gole do meu energético — ou do — e ela revirou os olhos, silabando um "claro". — E você? Está pronta? — perguntei enquanto tomava a latinha da minha mão e tomava um grande gole, e eu lhe fiz uma careta.
— Agora que o meu carro está em ótimo estado, eu estou pronta sim. — olhou para seu carro parado há poucos metros atrás de mim.
— Isso aí, garota! Mostra pra eles quem a melhor. — falei empolgada e ela retribuiu minha empolgação quando fizemos um high-5.
— Seu carro chegou. — falou apontando com a cabeça para direção oposta onde estávamos e onde estava estacionando o McLaren MP4-12C ao lado do lamborghini da , e logo desceu do mesmo vindo em nossa direção.
— Está tudo certo com o carro, só falta você correr. — falou jogando a chave do carro para mim e eu me soltei de para pegar. Apesar de quê, só ele que me abraçava, eu continuava com os braços ao lado do meu corpo.
— Vou mostrar pra eles o real significado de comer poeira. — falei olhando para a chave na minha mão e dei um sorrisinho convencido com aquilo. Modéstia a parte, eu era realmente boa naquilo.
— Chegou a hora. — falou olhando para trás logo depois de anunciarem a minha corrida, que era a segunda ali, e em seguida voltou a me olhar — Boa sorte na corrida. — sorriu amigavelmente e eu retribui o sorriso.
— Obrigada. — ela assentiu e eu olhei para , puxando a lata de red bull da sua mão e acabando com o resto do liquido que havia ali.
— Não vou te desejar sorte, porque quem vai precisar de sorte são eles pra ganhar de você, ou pelo menos tentar. — falou me olhando, e eu segurei o sorrisinho que queria surgir em meus lábios — Você é a melhor, não precisa de sorte pra mostrar isso. — manteve seu olhar em mim e dessa vez eu dei um sorrisinho, e em seguida lhe dei um selinho demorado.
— Isso que é estimulo antes da corrida. — pude ouvir sussurrar para , e cortei o beijo para olhá-los.
— O sabe me estimular de várias maneiras. — dei uma piscadela pra ela, que me olhou incrédula, enquanto e gargalhavam.
Os deixei ali comentando sobre a minha frase de duplo, triplo, sêxtuplo sentido e fui em direção ao carro. Entrei no mesmo, e logo saí dali de trás do galpão.
Eu estava mais do que pronta para aquela corrida.
Levei o carro até o inicio da pista e logo Crystal parou o carro ao meu lado, sendo seguida dos nossos outros concorrentes que logo foram anunciados.
— Da equipe ... Crystal Hemmings. — o apresentador a anunciou, e eu revirei os olhos ao perceber que ela havia mesmo entrado na equipe do meu irmão. Era uma maravilha saber que minha maior concorrente era da equipe do . — E da equipe , ela que é sempre bem aclamada, mesmo sem que ninguém conheça seu rosto, ou nome, campeã invicta... A corredora misteriosa. — quando ele acabou de falar e a multidão gritou, a adrenalina percorreu por todo o meu corpo de uma forma inexplicável. Eu amava aquela sensação, e iria mostrar que toda aquela empolgação deles, valia a pena.
Logo que a garota na frente dos carros deu a deixa para que pudéssemos começar a corrida, todos demos a partida e começamos a correr. Crystal e eu estávamos lado a lado, enquanto os outros dois ficavam para trás.
Ela aproximou a lateral de seu carro ao meu, mas eu acelerei o suficiente pra que ela não conseguisse fazer o que pretendia fazer.
Como na outra vez, nós duas ficamos praticamente todo o tempo lado a lado, mas no final eu ganhei a corrida por mais ou menos, uns 15 segundos de diferença. E claro que eu não pude deixar de terminar a corrida como sempre fazia, derrapando em círculos em frente ao público que gritava animado.
Quando fui para a parte de trás do galpão, avistei indo em direção ao "apresentador", provavelmente para buscar o meu dinheiro, mas antes que eu pudesse parar o carro o barulho das sirenes de polícia chamou a minha atenção, apenas abrir o vidro e parei ao lado o Dodger do , onde estava com .
— Leva o carro do pra casa dele. — o olhei e ele assentiu enquanto ia para seu carro — Não se preocupa que eu tiro ele daqui. — antes que ele pudesse responder eu acelerei e saí dali dando a volta pelo galpão.
Entrei novamente na pista, onde as pessoas corriam para o lado oposto de onde eu estava, e várias se amontoavam em alguns carros para que pudessem sair dali. Avistei , se afastando do pequeno palco montado ali, e indo em direção ao galpão, acelerei até onde ele estava e me curvei um pouco para o lado para abrir a porta do passageiro. Assim que o fiz, ele pulou para dentro do carro e eu voltei a acelerar.
— Precisamos sair daqui, e rápido. — me olhou e eu concordei com a cabeça pisando ainda mais no acelerador.
Quando chegamos a esquina, um carro de policia surgiu atrás de nós e começou a nos seguir. Ótima hora para ele aparecer.
Pisei fundo no acelerador ganhando um pouco de distância do carro que nos seguia, mas ele ainda se mantinha em nosso encalço e para melhorar ainda mais, um segundo carro apareceu ao lado do outro continuando a perseguição.
— Mas de onde essa merda saiu? — perguntei indignada com aquele segundo carro que eu não fazia a menor ideia de onde havia saído — , acho melhor você se segurar. — o olhei rapidamente e ele fez uma careta confusa, tendo seu corpo jogado para trás no banco quando eu acelerei o carro no máximo.
Entramos numa avenida e tínhamos ainda os carros atrás da gente, e se continuasse daquele jeito logo seríamos pegos e levados, os dois, para a delegacia. Uma ideia surgiu na minha mente, mas eu não tinha certeza se daria certo, antes que pudesse pensar nessa possibilidade girei o carro a 180° graus na rua, e voltei a acelerar.
— , acho que essa não é uma boa ideia. — falou, mas antes que ele pudesse me impedir eu já estava passando entre as duas viaturas e seguindo no caminho oposto, pela contra mão de onde vinham vários carros na nossa direção.
Desviei dos carros da melhor forma que conseguia, enquanto eles buzinavam desesperadamente e alguns até chegaram a parar o carro no acostamento, o que facilitou nossa passagem. Por mais que as viaturas tentassem, já havíamos conseguido uma boa distância, então não conseguiram nos pegar.
Entrei na primeira rua onde eu consegui fazer o retorno para a cidade, e voltei a dirigir normalmente, mas ainda mais acelerado do que eu costumava dirigir no dia a dia, em direção ao apartamento do .
— Essa foi por pouco. — soltei o ar que havia prendido por todo o trajeto desde que saímos do local do racha e relaxei sobre o banco do motorista.
— Você é completamente louca. — ele falou soltando uma risada nasalada e balançou a cabeça negativamente.
— Se com isso você quer dizer "Obrigada por me livrar de ir para delegacia", então de nada. — dei ombros e ele gargalhou gostosamente jogando a cabeça para trás, e eu acabei o acompanhado.
É, talvez eu fosse um pouquinho louca.
— Onde você aprendeu a dirigir assim? E como sabia que isso daria certo? — perguntou me olhando com curiosidade, e eu atravessei um sinal vermelho ouvindo alguns carros buzinarem e o olhei rapidamente.
— Então... — soltei uma risada fraca, enquanto prestava atenção na rua — Eu não sabia se daria certo, eu só lembrei de ter visto algo assim em um filme e fiz, o máximo que podia acontecer era a gente bater de frente com eles e acabar capotando o carro. — dei ombros e ele fez uma careta incrédula balançando com a cabeça.
— Você é mesmo louca. — riu pelo nariz se jogando largadamente na poltrona, e eu soltei um risinho por causa daquilo.
— Pensa pelo lado bom... — fiz uma pequena pausa, e o olhei enquanto entrava na rua de seu prédio — Não deu errado. — dei uma piscadela que acabou o fazendo rir, e entrei com o carro no estacionamento.
Logo que parei o carro em uma das vagas, avistamos e encostados no capô do lamborghini da , enquanto pareciam preocupados com algo, mas a preocupação em seus rostos se dissipou quando eu e descemos do carro.
— Eu achei que você tinha sido preso... De novo. — falou olhando para , como uma irmã mais nova preocupada, da mesma forma que eu agiria com .
— Você já foi preso? — o olhei confusa e ele soltou uma risada anasalada.
— Longa história. — me olhou enquanto pegava a chave de seu carro com — Não tinha nem chance de eu ser preso com a no volante. — balançou a cabeça negativamente — Vocês não imaginam as coisas que essa garota é capaz de fazer atrás de um volante. — apontou pra mim, mas continuou olhando para os amigos, eu não pude deixar de me achar com aquela frase.
— Agora que vocês estão aqui, vamos subir? Preciso de algumas cervejas. — falou abraçando pelos ombros e concordou os seguindo até o elevador.
Peguei meu celular, e o desbloqueei para ver se havia alguma mensagem, ligação, ou qualquer outra coisa de , mas não havia nada. Entrei na sua caixa de mensagem, e logo digitei:
"... Me liga o mais rápido possível."
"Estou preocupada com você..."
"Preciso ter certeza de que você saiu bem daquele lugar"
— ? — pude ouvir me chamar e desviei o olhar para ele, o vendo parado me olhando em confusão enquanto segurava a porta do elevador — Vamos? — apontou com a cabeça pelo elevador e mais uma vez eu olhei para o celular, mas voltei a olhá-lo concordando com a cabeça.
Fui até ele e nós dois entramos no elevador junto a e , que logo apertou o botão do ultimo andar, que era o do e começamos a subir. Eu estava tão desnorteada e preocupada com , que nem notei que já havíamos chegado ao andar, só percebi quando colocou a mão em minhas costas, me "empurrando" para fora do elevador.
Entramos no apartamento do , e foi se jogando no sofá, enquanto foi para a cozinha e abriu a geladeira. Eu segui para a varanda, voltando a olhar a tela do celular que continuava vazia.
— O que tá acontecendo? — falou aparecendo por trás de mim, e eu me virei pra ele mantendo o celular em minha mão.
— Eu não sei... — respondi suspirando e ele fez uma careta de confusão — É o , ele não ligou, não me mandou mensagem, nem nada. Não sei se ele está bem. — o olhei e ele se aproximou colocando uma de suas mãos em minha cintura.
— Com certeza está tudo bem com ele, ele é . — colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha — Se alguém nesse mundo sabe fugir da polícia, esse alguém é seu irmão... — fez uma pausa — Bom, e você, isso deve ser coisa de família. — falou com humor e acabou me arrancando uma breve risada.
— Você falando assim, nem parece que se odeiam. — arqueei a sobrancelha e ele riu fracamente balançando a cabeça.
— Você adora dificultar as coisas né? Eu tô aqui tentando te ajudar, e você aí preocupada em zoar da minha cara. — revirou os olhos e eu ri envolvendo os braços em seu pescoço.
— Obrigada. — lhe dei um selinho demorado.
— Vem, vamos ver se a e o viram ele por lá. — segurou na minha mão e me guiou para dentro, onde lhe entregou uma cerveja e estendeu outra para mim, mas eu neguei — Um de vocês viu o saindo da corrida quando a polícia chegou? — os olhos, e ambos negaram com a cabeça.
— Eu nem o vi hoje. — falou bebericando sua cerveja em seguida.
— Eu o vi quando vocês chegaram, mas você foi falar com o e ele sumiu no meio de todo mundo. — falou jogando as pernas no colo de , então eu suspirei.
— Eu preciso saber onde ele tá. — falei andando nervosamente de um lado para o outro, até deixar sua cerveja na mesinha de centro e me segurou fazendo com que eu parasse — Se tivesse tudo bem com ele, ele já teria mandado várias mensagens e ligado várias vezes pra saber onde, como e com quem eu estou. — olhei para os três, parando o olhar em . Aquilo era verdade, o era preocupado demais para não me encher até saber que eu estava 100% bem — Vou ligar pra um dos amigos dele e ver se têm noticias. — falei e rapidamente encontrei o número na minha agenda do celular, e deslizei o dedo na tela para ligar, não demorou nem um minuto pra que ele atendesse.
— Alô? — falou com uma voz arrastada, eu não sabia se era sono ou se era álcool.
— Jesse, é a . — falei enquanto , e me olhavam atentamente.
— ? — a confusão ficou evidente em sua voz.
— Não sei quantas 's você conhece, mas é, sou eu mesma. — soltei uma risada nasalada.
— O que traz a honra dessa ligação? — pude notar o sorrisinho que surgia no meio de sua voz — Finalmente resolveu aceitar o meu convite? — revirei os olhos ao me recordar do que ele falava.
— Não, eu não vou sair com você. — falei e cerrou os olhos com aquilo — Eu liguei pra perguntar se você sabe do meu irmão? — perguntei diretamente, porque era aquela resposta mesmo que eu queria.
— Por que eu saberia? — falou com ironia e eu fechei os olhos por um segundo, pois queria socá-lo.
— Porque ele é seu amigo!? — falei no mesmo tom, tentando controlar a raiva na minha voz.
— Eu vi o quando cheguei na corrida, ele falou pra mim e para os caras que tinha uma coisa pra fazer antes de enfrentar o na pista, depois eu não o vi mais, e quando a polícia chegou eu fui embora, não ficaria lá pra encontrar seu irmão. — soltou uma risada nasalada e eu bufei nervosamente. Belos amigos que havia arrumado.
— Nenhum de vocês pensou em procurar ele? — perguntei já ficando furiosa com ele e os outros amigos do .
— , meu amor, não sei se você percebeu, mas estava cheio de polícia naquele lugar, era cada um por si pra não ser preso. — eu conseguia o ver dá de ombros claramente naquele momento — Se a própria irmã não se preocupou em procurá-lo, por que eu me preocuparia? — falou com a voz transbordando ironia.
— Obrigada por não me ajudar em nada. — falei e desliguei o telefone em seguida, levantei o braço para jogá-lo no chão, mas segurou a minha mão.
— , liga pra quem você conseguir e pergunta se alguém sabe algo sobre o . — o olhou e ele concordou já pegando o celular e discando o primeiro número — E você, vem comigo. — tirou o celular da minha mão e me levou para seu quarto.
— Eu nem me preocupei em ajudá-lo, . Na verdade, eu nem consegui me lembrar que estava com o quando fui te buscar pra fugir da polícia. — o olhei enquanto entravamos no quarto, e me sentei na cama segurando meus cabelos entre as mãos — Que tipo de irmã esquece do próprio irmão nessa situação? — soltei uma risada nasalada e neguei com a cabeça.
— O tipo de irmã que sabe que o irmão pode se virar sozinho, e melhor do que ninguém. — se sentou ao meu lado e pegou uma das minhas mãos — Nós vamos achar ele, e você vai ver que tudo está bem. — me abraçou de lado e beijou o topo da minha cabeça.
Ficamos ali no quarto em silêncio, com apenas tentando me tranquilizar em relação ao , não estava dando certo, mas era bom ter ele ali. Depois de praticamente me arrastar para o banheiro para tomar um banho, nós dois voltamos para sala e nos falou que a única noticia que tinham sobre o , era que viram o carro dele saindo de lá, mas não era ele que o dirigia.
E aquilo me deixava ainda mais preocupada.
Era por volta de 3am, quando e foram para o quarto de hóspedes dormir, e logo depois de arrumar a sala, porque eu não conseguia ficar quieta, eu e fomos para o quarto dele. Nos deitamos na cama e ele ligou a TV, deixando em um filme que passava, mas que eu sequer havia prestado atenção no nome.
— É estranho ter você na minha cama vestida. — ele falou chamando a minha atenção e eu não pude evitar a risada.
— É realmente estranho. — falei fazendo uma careta que ele imitou antes de rir.
— ... Eu sei que você tá preocupada demais com o agora, mas eu preciso te fazer uma pergunta... — fez uma pausa e eu arqueei a sobrancelha movimentando a cabeça dizendo que ele podia continuar — Naquele dia no carro, nós não usamos camisinha, e depois ambos esquecemos desse detalhe, você... — antes que ele acabasse de falar, eu o interrompi.
— Eu comprei uma pílula no outro dia antes de ir pra empresa, não se preocupa. — o tranquilizei o fazendo soltar o ar aliviado — Engravidar agora é algo que eu realmente pretendo evitar. — ri pelo nariz e ele concordou.
— Não podemos ficar esquecendo a camisinha, eu não quero mesmo ter filhos, não agora. — me olhou e dessa vez eu concordei, deitando de vez na cama e colocando a cabeça no travesseiro olhando para o teto — Você precisa dormir e parar de ficar pensando no pior sobre o seu irmão. — falou ainda me olhando.
— Eu tô surtada demais pra conseguir dormir. — passei a mão pelo rosto e respirei fundo.
— Então eu vou ficar aqui com você. — se deitou ao meu lado, também olhando pro teto e eu segurei o sorrisinho que queria surgir em meus lábios.
Ficamos ali deitado ouvindo as falas do filme na TV, porque nenhum de nós olhávamos para o que acontecia, eu olhava para o teto e olhava para mim, e por mais que eu estivesse tentada, não perguntei o que tanto ele olhava.
Já se passava de 4am quando começou a cochilar ao meu lado, mas fazia de tudo pra se manter acordado, o que para mim era completamente em vão, já que logo em seguida ele voltava a cochilar.
— , vai dormir. — o olhei enquanto me virava na cama para ficar de frente para ele — Não se preocupa comigo. — falei baixinho enquanto cobria seus lábios com os meus.
— Eu não... — ele começou a falar, mas eu coloquei meu dedo inferior em seus lábios.
— Shhh... — sussurrei enquanto fazia carinho em seus cabelos o levando a fechar completamente os olhos, o que ajudou a fazê-lo pegar mais rapidamente no sono.
Olhei novamente meu celular, e ainda continuava sem nenhuma resposta do , algo me dizia que todo aquele meu pressentimento não era atoa.
Fiquei observando dormir por algum tempo, e observando o quão bonito ele era. Sua pele na cor de mel, e seus traços bem feitos. Dava claramente para ver que ele tinha suas descendências muçulmanas, o que o tornava ainda mais bonito a meu ver. Ele parecia tão sereno ali, que ninguém que o olhasse naquele momento o imaginaria como o badboy impulsivo que ele era. Eu conseguia ver perfeitamente o que eu conhecia, mas poucas pessoas viam. O que eu havia me apaixonado.
E foi ali o olhando, que eu acabei pegando no sono quase ao amanhecer.
Acordei com o toque alto do meu celular e logo tratei de tatear a mão pela mesinha de cabeceira até encontrá-lo. Assim que o peguei, olhei o número no visor e eu não o conhecia, mas da mesma forma deslizei o dedo na tela para atender.
— ? — ouvi a voz de o meu irmão soar do outro lado, e me sentei na cama suspirando aliviada por finalmente ter notícias dele.
— , por onde você andou? Eu te mandei várias mensagens, te liguei várias vezes e ninguém sabia nada sobre onde você estava. — falei de uma vez, sem deixá-lo responder, e se remexeu ao meu lado na cama com todo o meu alvoroço, e abriu os olhos lentamente em seguida me olhando.
— , primeiro se acalma. — ele falou calmamente como se nada do que eu tinha falado fosse importante — Eu preciso que você me faça um favor, então me deixa falar porque só tenho 5 minutos de ligação. — manteve seu tom e eu concordei com a cabeça, apesar de que ele não podia me ver — Eu preciso que você venha até a delegacia e pague a minha fiança pra que eu saia daqui. — soltou uma risada fraca.
— Como assim? Você foi preso? — falei um pouco desesperada, e apesar de que as respostas fossem óbvias eu havia perguntado da mesma forma. se sentou ao meu lado, tentando acompanhar a conversa com meu irmão.
— Não, só vim fazer um tour na delegacia da cidade. — falou com ironia, e eu acabei revirando os olhos com aquilo — Vai vir ou não pagar a minha fiança? — perguntou um pouco apressado, e eu sabia que era porque o tempo de ligação estava acabando.
— , eu não tenho dinheiro aqui, e não posso ligar pro nosso pai e pedir ele, porque ele te mata antes de pagar sua fiança. — soltei uma risada nasalada e me olhou, em seguida se levantou e foi até seu guarda roupas, abriu uma gaveta e tirou de lá alguns maços de dinheiro e os jogou na minha frente na cama — Mas não se preocupa que eu vou dar um jeito e te tirar daí. — falei olhando para o dinheiro na minha frente.
— Tá bom, eu vou te esperar então, até porque eu não tenho pra onde ir aqui. — riu de escárnio e eu balancei a cabeça, não demorou muito pra que a ligação fosse encerrada. Seu tempo deveria ter acabado.
— Tudo bem pra você pagar a fiança do ? — olhei para , enquanto deixava o celular sobre a cama, em meio aos lençóis — Quer dizer, vocês dois se odeiam, você não precisa fazer isso. — neguei com a cabeça e ele andou até mim na cama.
— , você não tem dinheiro algum aqui pra pagar essa fiança, e por mais que seja o eu não vou deixar de te ajudar. — se sentou na minha frente — Até porque ontem eu não consegui pegar o seu dinheiro da corrida, e você ainda me livrou de ser preso. — coçou a nuca soltando uma risada nasalada.
— Eu te devolvo esse dinheiro depois, e nem vem me dizer que não, porque não é você que tem que pagar a minha vitória na corrida. — falei o olhando, e ele concordou contra a sua vontade.
— Vamos nos trocar, eu vou com você na delegacia. — me puxou pra fora da cama, e em seguida até o banheiro.
Antes que eu pudesse falar ou fazer algo, já estava tirando sua camisa do meu corpo, me deixando apenas de calcinha, o que não demorou nada a sumir também. Ele tirou suas roupas e nós fomos para o box tomar banho.
Não posso dizer que tomamos um banho rápido, mas não fizemos nada mais do que nos beijar no chuveiro, quer dizer, não se contentou em simplesmente me beijar, sua mão precisou apalpar todo o meu corpo, principalmente minha bunda e os meus seios, mas a verdade era que eu gostava daquilo, então nem interrompi.
Quando saímos do banho, nos trocamos e eu vesti a mesma roupa que estava na noite anterior. Peguei todas as minhas coisas, que eram apenas o celular, a habilitação e um batom, junto com o dinheiro que estava sobre a cama. Assim que fiquei pronta, fui para a cozinha onde já tomava café com e , eu peguei apenas uma meia torrada que estava na mão de e o puxei para sairmos de seu apartamento.
— Bom dia pra você também, . — gritou enquanto eu batia a porta do apartamento e eu ri ao notar que nem havia os dado 'bom dia'.
chamou o elevador, que não demorou a chegar, e logo nós descemos até o subsolo para pegar seu carro. Entramos em seu carro e ele logo deu a partida saindo de seu prédio.
— O não vai gostar nada de me ver com você quando sair da delegacia. — me olhou rapidamente e eu fui obrigada a concordar com a cabeça — Mas eu realmente não me importo. — deu ombros e eu ri.
— É claro que você não se importa, vocês adoram importunar um ao outro. — falei com ironia e ele gargalhou concordando com a cabeça — Mas ele não vai ter muita escolha, você está pagando a fiança dele. — dei ombros e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. apenas concordou.
Fomos conversando durante todo o trajeto a delegacia, sobre coisas aleatórias, mudávamos tanto de assunto que eu nem imaginava como uma coisa podia ter levado a outra. Quando chegamos à delegacia, estacionou o carro do outro lado da rua e nós descemos do mesmo.
— Eu vou te esperar aqui fora, porque se o me vir lá dentro vamos acabar ficando os dois por lá. — falou se encostando na lateral do carro, e eu concordei com a cabeça enquanto atravessava a rua.
Entrei na delegacia, ouvindo alguns gritos e alvoroços por lá, é claro que ali não era nada pacífico. Assim que cheguei à recepção pediram pra que eu esperasse em uma das cadeiras e eu me sentei.
— Ei, garota? — um homem sentado a duas cadeiras distantes de mim, me olhou e eu acabei o olhando de volta. Ele tinha uma barba por fazer, a pele clara, mas escurecida pela sujeira que cobria seu rosto, e vestia uma calça jeans, uma regata e uma jaqueta. E por mais simples que parecesse, ele conseguia até ser um pouco assustador, ou nem estaria algemado àquela cadeira. — Pode me fazer um favor? — perguntou com uma — falsa — inocência na voz, e eu ao invés de responder, apenas arqueei a sobrancelha — Me ajuda a me soltar daqui. — levantou seu braço esquerdo que estava algemado ao braço da cadeira — Se você me ajudar, prometo que te deixo sair daqui sem nenhum arranhãozinho. — deu um sorrisinho maldoso, e eu acabei fazendo uma careta com aquilo — Se não me ajudar, eu te procuro quando sair daqui. — falou mudando sua expressão para uma completamente malvada, e eu acabei me levantando e voltando a recepção.
— Moço, vai demorar muito? — falei um pouco apressada mantendo o olhar atento ao homem da cadeira.
— Não tá acostumada com esse tipo de lugar, não é? — falou com deboche e eu arqueei a sobrancelha em confusão — É sempre assim, as riquinhas e mimadas que podem ter tudo, se apaixonam por vagabundos e acabam vindo pagar a fiança deles, e aqui é um lugar bem assustador pra garotas como você. — manteve seu tom e soltou uma risada nasalada balançando a cabeça negativamente.
— É realmente assustador... — fiz uma pausa, e ele me olhou como quem dissesse "eu sabia" — Principalmente por ver "policiais" que ao invés de cumprir suas obrigações com a cidade ficam julgando e debochando das pessoas que vêm aqui pra ajudar alguém. — suspirei falsamente frustrada e ele automaticamente fechou a cara.
— Mais uma palavra e você será presa por desacato à autoridade. — falou furioso e com um sorrisinho debochado eu levantei os braços em rendição — De quem é a fiança que você veio pagar? — me olhou entrando em alguma coisa no computador.
— . — falei tirando o dinheiro dos bolsos da minha jaqueta e o colocando sobre o balcão, enquanto ele me olhava um pouco surpreso — Pois é, ele não é um vagabundo, e nem meu namorado. — dei um sorrisinho de escárnio e ele bufou digitando algo no computador.
— Espera um minuto que eu já mando buscar ele. — falou pegando o dinheiro sobre o balcão e eu assenti.
Fiquei encostada ao balcão a espera de , enquanto outras pessoas chegavam ali para resolver algo. Fiquei observando a cena um pouco perturbada de dois policias tentando controlar uma mulher, que parecia tão acabada, provavelmente pela quantidade de drogas na qual deveria usar.
— ? — ouvi falar e me virei para ele, enquanto o policial lhe entregava seu relógio, que era seu único pertence ali.
— EU JÁ FALEI QUE AQUELAS DROGAS NA MINHA CALCINHA, NÃO ERAM MINHAS! — a mulher segurada pelos policiais gritou, e eu a olhei um pouco horrorizada com aquela cena.
— Vamos sair logo daqui. — segurei a mão de e o puxei para fora da delegacia, podendo ouvir os gritos mais distantes cada vez que nos aproximávamos da porta.
Logo que passamos pela porta da delegacia, com rindo do meu desespero pra sair daquele lugar, eu parei em sua frente e o abracei apertado.
— Graças a Deus tá tudo bem com você. — falei sussurrando enquanto ele retribuía o abraço me apertando de volta — Você não imagina o quão desesperada eu fiquei quando não conseguia notícias suas. — respirei aliviada e ele soltou uma risada fraca.
— Não se preocupa, . Eu tô bem. — falou no mesmo tom que eu usava enquanto acariciava minhas costas, e se afastou para me olhar — Você está com uma cara péssima, precisa dormir. — fez uma careta e riu.
— E você está fedendo, precisa de um banho. URGENTEMENTE! — dei ênfase na última frase, e me afastei dele torcendo o nariz.
— Me desculpa se eu estava na cadeia, não em um hotel cinco estrelas onde eu teria banho de banheira sempre que quisesse. — falou com ironia revirando os olhos, e eu o imitei em seu gesto. O conseguia ser bem dramático quando queria. — O que ele está fazendo aqui? — falou olhando para um ponto atrás de mim, e finalmente notou a presença de ali e eu acabei o olhando também. Ele nos olhava, enquanto tragava o seu cigarro.
— Ele me ajudou a chegar aqui, e vai nos ajudar a ir pra casa. — me virei definitivamente para o lado onde se encontrava, e segui em sua direção.
— Nós não vamos a lugar algum com ele. — falou se mantendo parado onde estava, e eu parei no meio da rua para olhá-lo.
— Você está de carro? — perguntei cruzando os braços em frente ao corpo e arqueando a sobrancelha, então ele negou com a cabeça — Você tem algum dinheiro para pagar um táxi até em casa? — mantive a pose e mais uma vez ele negou — Bom, eu também não estou de carro, e acabei de pagar sua fiança, então nós vamos com ele sim. — descruzei os braços e voltei a andar em direção a e seu carro, enquanto ele tentava conter o sorrisinho de diversão em seus lábios. É claro que ele estava se divertindo com aquilo.
— Eu não vou pegar uma carona com o . — falou e pela distância da sua voz, ele se mantinha no mesmo lugar.
— Então você já pode começar a andar, porque são muitos quilômetros até em casa. — falei sem olhá-lo, e abri a porta do passageiro quando se afastou do carro, rindo e balançando a cabeça.
Entrei no carro, e jogou o resto do cigarro fora, dando a volta no carro e entrando ao lado do motorista. Me ajeitei no banco colocando cinto, e quando fazia o mesmo começou a andar em nossa direção.
— Eu sabia que ele não iria querer andar. — soltei uma risada baixa, e acabou me acompanhando, mas paramos de rir quando entrou no carro. Porém, se mantinha segurando o riso.
— Eu só vou aceitar isso, porque quero chegar logo em casa. — falou emburrado e cruzou os braços se encostando no banco de trás, eu revirei os olhos com sua atitude, e logo deu a partida.
Fomos o caminho todo em um silêncio mórbido, era a primeira vez que eu estava em um carro com e não estávamos falando alguma bobagem, ou no carro com e não estávamos nos irritando. Aquilo era bem estranho, nenhum de nós três sabíamos como agir ali, mas era pior para mim e o , porque o estava mesmo emburrado demais para conversar com alguém, até mesmo comigo.
Depois de quase meia hora, parou o carro em frente nossa e casa, e enquanto eu tirava o cinto desceu sem nem ao menos falar uma palavra.
— Obrigada pela carona, e também pelo dinheiro. — olhei para enquanto estava próximo ao portão da nossa casa, tocando o interfone — E me desculpa pela falta de educação do . — fiz uma careta e olhei rapidamente.
— Quanto a isso, eu já me acostumei. — ele falou e riu pelo nariz negando com a cabeça — Mais tarde a gente se fala. — me olhou e eu concordei com a cabeça abrindo a porta do carro.
— Até mais. — lhe mandei um beijo no ar enquanto descia do carro, e ele deu um meio sorriso.
— , anda logo. — falou impaciente e eu finalmente desci do carro fechando a porta.
Enquanto eu e entravamos pelo portão que havia sido aberto pelo segurança, deu a partida com o carro e logo sumiu pela rua. Eu e entramos e seguimos o caminho até a porta de casa.
Logo que entramos, fomos direto pelo pequeno corredor até a sala, onde encontramos nosso pai sentado ao sofá com uma cara nada feliz.
Esse dia realmente não podia estar sendo melhor.
— Resolveram voltar pra casa? — meu pai falou enfurecido, ficando de pé em nossa frente e cruzando os braços.
— Tivemos alguns problemas ontem e não deu pra voltar antes. — falou coçando a nuca e rindo fracamente.
— Problemas como você ter sido preso? — meu pai falou com ironia arqueando a sobrancelha, e eu pude ver a feição surpresa de . Eu não estava surpresa, com a quantidade de capacho que o meu pai tinha em Londres, algum deles seria da polícia e teria o avisado — Não se faça de desentendido, porque me ligaram às 01:30am dizendo que você estava na delegacia por estar no local onde acontecia um racha. — ele continuou com a sua pose, olhando atentamente para . Eu sabia que alguém havia o contado. — É, eu podia ter ido te tirar de lá, mas você entrou nessa sozinho, que se virasse para sair. Porque eu não criei filho pra virar vagabundo e ficar indo parar na cadeia. — ele falou já com a voz um pouco mais alta, e deu um passo para trás, acabando por me empurrar, já que eu estava atrás dele.
— Que bom que você não me criou. — falei baixo, rindo sem humor, mas era uma altura na qual ele podia ouvir. E eu queria mesmo que ele ouvisse.
— Hoje eu não vou tolerar suas gracinhas. — se virou para mim, mantendo o tom que usava com — O estava preso, por que você não voltou para casa? — arqueou novamente a sobrancelha, e eu dei ombros — Presa eu sei que não foi, porque eu perguntei por você quando ligaram pra falar do .
— Não que seja da sua conta, mas eu estava ocupada demais pra pensar em voltar pra casa, e tinha coisas melhores pra fazer com a minha boca do que vir pra cá discutir com você, como eu sabia que aconteceria. — passei para frente de , e dei um sorrisinho bem provocativo. Apesar de que aquilo fosse mentira, eu queria mesmo deixá-lo bem irritado, assim talvez ele me deixava em paz. Atrás de mim, pude ouvir sussurrar um "o quê?". — Minha noite foi incrível, e ainda sim eu tive a decência de ir tirar o da prisão, porque é isso que família faz, não fica humilhando um ao outro como você sempre fez. — ri pelo nariz e balancei a cabeça negativamente.
— Um filho vagabundo, e uma filha vadia que dorme com qualquer um por aí, que ótimos filhos eu criei. — riu de escárnio, e eu o imitei com um toque imenso de ironia na minha risada — Eu sabia que você ficar saindo com o se tornaria em algo desse tipo, não podia esperar menos do que isso. — negou com a cabeça.
— Eu realmente prefiro ser "uma vadia que dorme com qualquer um", do que ser uma assassina como você é. — falei deixando minha voz, no mesmo tom que a dele, e me aproximei ainda mais de onde ele estava — Você acha que eu não sei que foi você quem matou minha mãe? Você culpa o desde aquela noite, mas tanto eu, quanto você, sabemos quem é o verdadeiro culpado dessa história. — falei já sentindo a raiva subindo pelo meu peito, só em tocar naquele assunto e pude notar o quão irritada estava sua feição — Você. É. Um. Assassino! — silabei as palavras as cuspindo em sua cara, e foi quando eu pude sentir o estalo da sua mão batendo contra o meu rosto.
— Eu falei que hoje não toleraria suas gracinhas, e ainda sim você continuou a provocar. — falou com a voz mais alta e mais grave, mas sem realmente gritar, enquanto me puxava para trás e eu tinha a mão sobre o rosto onde ele havia batido — Não fale coisas que você não sabe, e nem acusações que você não possa provar. Você ainda era uma criança quando aconteceu, e ainda é uma criança que não sabe o que está falando. — balançou a cabeça negativamente, e suas pupilas estavam completamente dilatadas — Agora vai para seu quarto e trate de me respeitar enquanto estiver dentro dessa casa. — apontou para escada, e apesar de ter os olhos cheios de lágrimas. eu sorri ironicamente.
— Agora você realmente está mostrando quem você é. — falei entre dentes e dei as costas subindo as escadas e indo para o meu quarto, mas antes de chegar ao final da mesma pude ouvi-lo dizer a .
— Sua irmã está proibida de sair com você. A partir de agora, nem dirigir ela vai mais, só sairá dessa casa comigo, ou com o motorista, e só daqui para o trabalho e nada mais. — ele falou alto e autoritário e eu balancei a cabeça negativamente tentada a voltar, mas não o fiz.
Não ouvi o que o respondeu, pois segui para o meu quarto. Entrei trancando a porta por dentro e fui para o banheiro, parei em frente ao espelho e conseguir ver a marca de sua mão em minha bochecha que estava avermelhada. Respirei fundo e segurei as lágrimas que queriam cair, eu não deixaria nenhuma lágrima cair por causa daquele homem, ele não merecia nem ao menos isso.
Capítulo 9
Passei o resto daquele dia trancada no quarto conversando com por mensagem, apesar de tudo eu preferi não o contar sobre o tapa que havia levado do meu pai, mas quanto à parte de que estava proibida de sair de casa, isso eu lhe contei.
- Acredite, não bastou ele me prender por sete anos em um internato, agora ele quer me prender em casa também. - soltei uma risada nasalada enquanto falava com ele ao telefone.
- E você vai aceitar isso assim, numa boa? - ele perguntou parecendo tão indignado quanto eu estava.
- Claro que não, mas por enquanto eu vou o deixar achar que sim. - abri um sorrisinho maléfico em meu rosto, e percebeu, porque acabou rindo.
- Imaginei que você não fosse abaixar a cabeça assim. - soltou uma risada nasalada e eu pude vê-lo perfeitamente negar com a cabeça.
- Mas de qualquer forma, não vamos poder nos ver essa semana, só na sexta, na festa da sua vó. - fiz um barulho com a boca, e acabei fazendo um bico por não poder vê-lo durante toda uma semana.
- Essa ideia do seu pai de te prender em casa, é uma péssima ideia. - bufou e eu concordei com a cabeça, apesar dele não poder me ver - Mas tudo bem, vou tentar me conformar com só te ver em uma festa onde não vou poder nem te beijar. - ele fez uma voz extremamente dramática e eu ri baixo com aquilo.
- A gente dá um jeito. - falei e ouvi batidas na porta, tinha certeza de que era o Harry - preciso desligar, mas a gente se fala amanhã. - sentei-me na cama mantendo o celular na orelha.
- Tudo bem. - falou ele, ainda mantendo uma voz dramática e eu sabia que aquilo era só pra fazer graça - Vou ter um sonho onde você está tirando as roupas pra mim hoje. - falou com a voz rouca, e senti um arrepio percorrer meu corpo. Mordi o lábio inferior com aquilo.
- Isso, tenha um sonho erótico comigo, mas imagina que eu esteja usando minhas mãos e a boca pra várias coisas além de gemer. - usei o mesmo tom que ele usava, e pude ouvi-lo suspirar do outro lado.
- Puta que pariu, ! - ele falou com a voz um pouco falha e eu dei um sorrisinho vitorioso - Você conseguiu me deixar duro só de imaginar isso.
- Usa as mãos, amor. - falei com deboche e antes que ele pudesse falar algo, desliguei o celular rindo com aquilo.
- , eu tô ouvindo sua risada, pode abrir pra mim, por favor? - Harry perguntou do outro lado da porta e só então eu lembrei que alguém havia batido na porta.
Joguei o celular na cama e me levantei indo até a porta, destranquei-a e dei passagem para que ele entrasse, voltando a trancá-la em seguida. Ele entrou indo se deitar na minha cama e colocou meu celular na minha mesinha de cabeceira. Deitei-me ao seu lado e ficamos os dois de costas pra cama, olhando para o teto.
- Você está bem? - ele falou quebrando o silêncio, mantendo seu olhar no teto.
- Claro que sim, porque eu não estaria? - falei como se não me importasse com nada do que havia acontecido.
- Você sabe que não precisa mentir pra mim, não é? - olhou-me, e me mantive olhando para o teto.
- Você quer que eu fale o quê? Que estou me sentindo mal com aquele tapa? Ou por ele me prender em casa? - virei meu rosto para ele, o encarando - Ele faz isso pra tornar a minha vida um inferno, mas se ele quer mesmo isso, eu vou mostrar pra ele que posso ser o verdadeiro capeta. - soltei uma risada nasalada e Harry balançou a cabeça.
- , não o provoque, isso pode acabar piorando sua situação aqui. - ele falou com seriedade, mantendo seu olhar em mim. Até pensei em dar ombros, mas não o fiz.
- Eu não estou provocando, Harry. - neguei com a cabeça - Só que eu não vou ficar vendo ele falar aquelas coisas pra você e ficar calada. Ele não pode te humilhar daquela forma. - me sentei na cama e o olhei falando no mesmo tom que ele havia usado.
- Isso acontece desde que a mamãe morreu, não é como se eu discutir fosse fazer alguma diferença, então eu prefiro deixar tudo pra lá e continuar em paz na minha vida. - também se sentou e explicou-se me olhando.
- Eu queria poder ser tão paciente assim como você, Harry. - fiz uma careta e ele riu balançando a cabeça - Mas eu vou tentar deixar as coisas pra lá, só não prometo nada. - dei de ombros e ele concordou, puxando-me para deitar em seu peito.
- Posso te fazer uma pergunta? - ele falou depois de alguns segundos em silêncio, e eu apenas concordei - Você transou com o ? - ele perguntou com certo nojo na voz e soltei uma risada nasalada.
- Eu não transei com o essa noite, Harry. - levantei a cabeça para olhá-lo e ele respirou aliviado. Aquela noite não, mas outras sim, só que ele não precisava saber disso - Eu só passei a noite no apartamento dele porque não tinha como voltar pra casa sem você, e passamos a noite praticamente toda procurando por você. - expliquei e ele balançou a cabeça em concordância - Inclusive, eu liguei para seus "amigos" e eles nem estavam se importando com seu sumiço. Ótimos amigos você arrumou. - falei com ironia e revirei os olhos, gesto que acabou sendo repetido por eles.
- Quando tem polícia envolvida é cada um por si, . - ele falou como se aquilo não importasse, e eu deixei claro com a careta que fiz o quão incrédula estava.
- Por isso que só você foi preso. Na equipe do , ficou todo mundo unido e ainda me ajudaram a tentar descobrir sobre seu paradeiro. - soltei uma risada nasalada e ele arqueou a sobrancelha demonstrando confusão.
- O te ajudou a me procurar? - falou demonstrando completa surpresa e eu concordei com a cabeça.
- E não só isso, ele também pagou a sua fiança. - dei um sorrisinho um pouco irônico com tudo aquilo, e os olhos do Harry quase pularam pra fora de seu rosto de tanto que ele os arregalou.
- E por que diabos o pagaria a minha fiança? - perguntou claramente confuso, e eu acabei cerrando os olhos por vê-lo chamá-lo pelo primeiro nome, já que os dois só se tratavam pelo sobrenome.
- Talvez ele não seja um babaca como você julga que ele é. - dei ombros e voltei a me deitar em seu peito dando aquele assunto por acabado para que o Harry pudesse pensar a respeito. Se tivesse o mínimo que fosse de chance de eles pararem com a briga, eu faria de tudo para que isso acontecesse.
- Eu tenho uma coisa pra te mostrar. - ele falou depois de um tempo em silêncio, enquanto acariciava o meu braço.
- O que é? - falei me mantendo deitada em seu peito e aproveitando o carinho que ele me fazia.
- Eu achei isso no quarto que era da mamãe há uns três anos, e mantive guardada comigo. - colocou uma foto na minha frente, e eu a olhei reparando bem em qual foto era. Na foto estava eu, sentada entre as pernas da minha mãe e Harry a abraçando por trás no pescoço. Eu deveria ter uns três anos no máximo naquela foto, e Harry por volta de uns sete. Nós três estávamos bem sorridentes e dava pra ver o quanto estávamos felizes ali.
- Eu sinto falta dela. - falei baixinho pegando a foto em minhas mãos e passando o indicador sobre a imagem da minha mãe.
- Eu também. - ele falou no mesmo tom e acariciou meus cabelos de uma forma fraternal.
- Se ela estivesse aqui, tudo seria diferente. - mantive o tom baixo e pude ouvi-lo concordar com o que eu havia falado.
- Fica com essa foto, no momento você precisa mais dela do que eu. - ele falou segurando na lateral da foto e eu levantei a cabeça para olhá-lo.
- Obrigada. - beijei a sua bochecha e ele sorriu - Pode ficar aqui comigo? Pelo menos até eu dormir, como você fazia antes quando éramos mais novos. - fiz a cara mais fofa que podia, e ele riu com aquilo.
- Tudo bem. - concordou com a cabeça e me fez deitar novamente em seu peito, fazendo cafuné em meus cabelos.
- Você tem razão, eu não estou nada bem. - falei quase sussurrando e fechei os olhos em seguida, já sentindo o sono pesar em meu corpo.
- Boa noite, . - pude ouvir sua voz já longe falar e finalmente peguei no sono.
Com toda aquela história de só poder ir ao trabalho e voltar para casa, minha semana estava parecendo ser ainda mais longa do que já era. Sentei-me no sofá para esperar o jantar enquanto conversava com a através de mensagens, pra ver se o tempo passava mais rápido.
"Sério, , eu preciso ir ao shopping comprar alguma coisa para vestir no meu aniversário de namoro com o , e preciso da sua ajuda pra isso..."
"Difícil te ajudar, já que eu nem posso sair de casa, pois sou uma presidiária" - mandei um emoji revirando os olhos.
"Aaaaaaaaah, eu não tenho a quem pedir pra ir comigo" - mandou três emojis chorando.
"Você vai dar um jeito, "
- Com quem você está conversando? - pude ouvir a voz grave do meu pai soar da porta do escritório, olhei-o arqueando a sobrancelha.
- Quer pegar meu celular também? Assim você me mantém em cárcere privado definitivamente. - falei com ironia e dessa vez ele arqueou a sobrancelha, já pronto para rebater.
- Sr. , o jantar está pronto. - a voz de Sarah o interrompeu de falar qualquer coisa, e nós dois a olhamos.
- Nós já vamos, Sarah. - olhou dela para mim, e me levantei do sofá.
- Vou pro meu quarto. - andei até Sarah e depositei um beijo em sua bochecha - Não vou colaborar com essa hipocrisia de jantar de família feliz. - olhei para o meu pai e soltei uma risada nasalada subindo as escadas, enquanto Harry descia. Apenas lhe lancei um sorrisinho e continuei o caminho até o meu quarto.
Entrei em meu quarto e tranquei a porta por dentro como andava fazendo nos últimos dias, então fui direto para a cama e me deitei, ligando a TV. Coloquei no aplicativo do Netflix e dei play no episódio que havia parado da série “Lúcifer”.
Passei o resto da noite trancada no quarto acabando de assistir toda a temporada disponível. Assim que o fiz, deixei o aplicativo aberto e resolvi sair do quarto para comer. Já se passava de uma da manhã, e eu nem havia visto a hora passar tão rápido assim.
Saí do quarto olhando para a porta do quarto do meu pai, e percebi que ele já dormia, pois havia uma leve pequena fresta de luz debaixo da porta, e eu sabia que essa luz só ficava assim quando ele dormia. Mais aliviada por saber que não o encontraria pela casa, desci as escadas e fui para cozinha notando que todos os funcionários já haviam se retirado também, era apenas eu ali acordada àquela hora.
Fui até a geladeira pegando a jarra de suco e a manteiga de amendoim, peguei o pão no armário e comecei a passar a manteiga de um lado e a geleia do outro. Enquanto guardava as coisas novamente em seus devidos lugares para que pudesse comer, ouvi um barulho na porta que dava pra fora da casa, e quando olhei para ela, a maçaneta começava a girar. Não era nenhum funcionário, porque nenhum deles entrava na cozinha àquela hora da noite.
Ótima hora para um ladrão invadir a casa!
Peguei a primeira coisa que estava ao meu alcance e segurei a espera de quem quer que fosse ali, abrisse a porta. Assim que a porta de abriu completamente, me dando visão de quem estava ali, minha feição ficou entre alívio e confusão.
- ? - falei sem entender o que ele fazia ali, e ele me olhou repetindo a minha careta ao olhar para a forma na qual eu estava - O que você está fazendo aqui? Eu quase te machuquei. - balancei a cabeça e ele arqueou a sobrancelha com um toque de ironia.
- Você acha que mesmo que machucaria alguém com uma colher? - olhou para a minha mão e eu acabei fazendo mesmo, vendo que havia pegado uma colher e não uma faca, ou até mesmo um garfo, então ele riu baixo negando com a cabeça.
- Tudo bem, vamos esquecer que essa cena aconteceu. - coloquei a colher de volta no balcão e voltei a olhá-lo - Seja lá o que for que você esteja fazendo aqui, acho melhor subirmos para o meu quarto para não corrermos o risco de você ser pego. - falei e ele concordou com a cabeça.
Peguei o meu suco e o prato com o sanduíche e devagar nós subimos as escadas. Eu tratei de me certificar que ninguém ali nos veria, principalmente Harry e o meu pai. Quando tive a certeza disso, seguimos para o meu quarto e ele trancou a porta enquanto eu deixava as coisas em minha mesinha de cabeceira.
Ele deu dois passos em minha direção, acabei de andar o que faltava até alcançá-lo e logo colei meus lábios aos seus, pressionando-os um contra o outro num selinho demorado.
- Isso tudo era saudade? - ele falou divertido enquanto afastávamos nossos lábios.
- Não tanta a ponto de invadir sua casa só para te ver. - falei no mesmo tom e ele levantou os braços em rendição - E por falar nisso, como você entrou? - deitei a cabeça para o lado fazendo uma careta.
- Eu pulei o muro da mesma forma que você fez para a corrida, e quanto à porta da cozinha, eu usei isso para entrar. - levantou um clipe que estava aberto em sua mão e eu ri pelo nariz com aquilo - Eu não aguentei esperar até sexta pra te ver. - ele falou de uma forma que eu julgava ser extremamente fofa, e me vi obrigada a colar nossos lábios novamente, começando um beijo calmo.
Ele largou o clipe no chão, pois fez um leve barulho quando chocou contra a madeira, e envolveu seus braços na minha cintura, me puxando para mais perto dele e deixando nossos corpos colados. Ele pediu passagem para a língua, e eu logo cedi sentindo o gosto de cigarro invadir a minha boca. Por mais que eu odiasse cigarros, eu amava aquele gosto na boca dele, principalmente misturado com o gosto de menta, fazia do beijo dele único e diferente de todos os outros.
O puxei até a minha cama sem cortar o beijo, ele logo me deitou ficando por cima colocando minhas pernas em volta de seu quadril, e só então cortou o beijo, puxando meu lábio inferior entre os dentes.
Ele desceu os beijos para o meu pescoço, onde distribuiu alguns chupões e mordidas e tateou sua mão pela minha coxa até chegar a minha bunda, na qual ele agarrou com força. Soltei um gemidinho baixo quando senti seus dentes passarem em meu pescoço e fechei os olhos tentando não me dar por vencida tão fácil assim, mas estava complicado.
- Agora eu consigo ver o quanto você estava com saudades. - ele falou roucamente próximo ao meu ouvido e eu soltei o ar pela boca após sentir o arrepio pelo meu corpo.
- Não tem como não sentir saudades de você tocando o meu corpo. - falei acabando por me dar por vencida. Ele me olhou arqueando a sobrancelha com ironia e deu um sorrisinho vitorioso.
- Você não imagina o quanto me excita te ver falando assim. - falou olhando fundo em meus olhos, e pressionou sua intimidade contra a minha, me fazendo gemer baixinho.
- Então me mostra o quanto você está excitado. - sustentei o seu olhar ao falar e o puxei novamente para mim o beijando com vontade, já aproveitando para tirar sua jaqueta que foi jogada pelo meu quarto.
Sua mão adentrou a parte de baixo do meu short tocando realmente a minha bunda, o que me fez soltar um baixo e leve gemido em seus lábios, pois sua mão estava bastante gelada, mas aquilo só me deixava mais excitada. Separei nossos lábios para finalmente arrancar sua camisa e jogá-la em qualquer canto, como havia feito a jaqueta anteriormente, e foi a deixa que ele precisou para tirar a minha blusa, deixando meus seios expostos, já que eu não usava sutiã, e começou a beijá-los.
- Eu amo essa sua mania de não usar sutiã na maioria das vezes. - ele falou levantando seu olhar para meu rosto enquanto mordiscava meu seio de uma forma extasiante.
- Eles me apertam. - dei ombros enquanto tentava segurar o gemido que queria sair pelos meus lábios.
- Vamos combinar que peitos como esses não cabem em quase sutiã algum, e merecem ficarem expostos. - ele parou o que fazia para falar, e admirou meus seios por alguns segundos, me fazendo dar um sorrisinho orgulhoso. Eu amava ouvir o quanto meus seios eram maravilhosos, eu já sabia disso, mas ouvir da boca de um homem, principalmente do , era extremamente excitante. Antes que pudesse falar algo, ele abocanhou meu seio com vontade, se concentrando dessa vez, só naquilo.
Ele passou algum tempo ali brincando com meus seios, até eu puxar seus cabelos dizendo que não aguentava mais e nos girei na cama ficando por cima, enquanto passava as unhas pelo seu abdômen. Fiz uma trilha de beijos e mordidas pelo seu corpo, até chegar ao cós da sua calça que eu logo tratei de começar a desabotoa-la. Não foi difícil tirar suas calças, já que ele havia tirado os sapatos e as meias, eu queria mesmo saber como ele fazia isso e eu nunca via.
Encarei seu membro coberto pela sua box verde e acabei por morder o lábio, sentindo minha intimidade se contrair só de imaginá-lo sem nenhuma daquelas roupas, e sem aguentar mais aquela enrolação, tirei sua cueca e segurei seu membro entre minhas mãos.
- Lembra quando eu te falei para imaginar o que eu faria com minhas mãos e com a boca além de gemer? - falei da forma mais sexy que conseguia e ele assentiu enquanto eu começava a masturbá-lo lentamente - Então, agora eu vou te mostrar o que eu posso fazer. - falei antes de me abaixar e colocar seu membro na boca começando a chupá-lo.
Não demorou pra que eu ouvisse um gemido baixo soar pelo quarto, fazendo com que eu me sentisse vitoriosa por deixá-lo daquela forma com tão pouco. Tirei seu membro da boca, sem parar o movimento das mãos e passei a língua pela sua glande lentamente, a sugando em seguida. Senti sua mão se embrenhar em meus cabelos e voltei a colocar seu membro na boca e fazer movimentos leves, apesar dele pedir o contrário com suas mãos, eu não o obedecia.
- Puta que pariu! - pude ouvi-lo silabar enquanto fazia movimentos ainda mais leves e o sentia apertar ainda mais as mãos em meus cabelos.
Fiquei mais um tempo ali brincando com seu membro, e quando ele começava a dar sinais de que gozaria, parei o que fazia e me levantei da cama o deixando com uma feição frustrada e confusa.
Tirei meu short, e o olhei deitado na cama por cima dos ombros dando um sorrisinho maldoso. Tirei a calcinha, jogando-a para ele que a segurou em suas mãos, me olhando com um pouco de raiva por ter parado o que fazia antes de deixá-lo gozar.
- Acho que eu preciso de um banho. - falei com uma falsa inocência e segui para o banheiro, soltando um risinho ao ligar o chuveiro.
Entrei debaixo da água morna e usei meus próprios dedos para me tocar, enquanto esperava que ele viesse atrás de mim. Fechei os olhos, me encostando contra a parede gelada e com a mão livre eu massageava os meus seios para que pudesse ser ainda mais excitante para mim. Estimulei meu clitóris, e em seguida penetrei dois dedos em minha intimidade, fazendo movimentos ágeis.
- Você quer mesmo acabar com minha vida. - abri os olhos para encará-lo, enquanto ele me olhava e tocava seu membro fazendo movimentos com as mãos.
- Foi você quem quis invadir a minha casa. - falei com a voz baixa e um pouco ofegante devido aos gemidos que soltava, e o olhei se aproximar.
- Eu vou foder você, até você pedir para parar. - ele falou se aproximando enquanto ainda se masturbava e eu senti meu corpo se contrair, aumentando a velocidade dos dedos.
- É mais fácil que você peça para parar. - lhe dei um sorrisinho e voltei a fechar os olhos enquanto deixava a boca entreaberta soltando alguns gemidos.
Senti sua mão tocar a minha tirando-a de minha intimidade e soltei um gemido de reprovação, mantive os olhos fechados respirando um pouco ofegante. Ele abriu minhas pernas e envolveu um dos braços na minha cintura me impulsionando um pouco para cima, então me penetrou de uma vez fazendo com que eu gemesse alto.
Envolvi os braços em seu pescoço e deitei a cabeça para trás sentindo a água cair em meus seios, enquanto ele se movia com vontade dentro de mim. Impulsionou-me para cima, fazendo com que eu envolvesse as pernas em seu quadril, e começou a estimular meu clitóris com o polegar.
- ... - falei entre gemidos entreabrindo os olhos para olhá-lo - Não me faça gritar, porque tem outras pessoas em casa. - falei baixo e ele arqueou a sobrancelha em deboche.
- Eu não ligo. - falou firme e aproximou seus lábios do meu ouvido - Ninguém mandou você me provocar. - mordeu o lóbulo da minha orelha - Agora eu quero é que você grite. - sussurrou ali e deu uma estocada forte me fazendo gritar.
E ele repetiu aquilo mais algumas vezes até que eu chegasse a meu ápice, e não demorou pra que ele logo despejasse seu líquido em mim. Tirei as pernas de seu quadril as sentindo bambas, apesar de não termos prolongado muito aquilo. Segurei seu rosto entre as mãos e encarei seus olhos castanhos por alguns segundos e o beijei em seguida. Ele acariciou minhas costas com certa delicadeza, apesar do sexo não ter sido nada delicado, aquele momento era diferente, só queríamos aproveitar que ele estava ali no meu chuveiro comigo. O beijo era calmo, e com vontade, enquanto nossas línguas brincavam dentro de nossas bocas, nossas mãos vagavam pelo corpo um do outro tentando alcançar cada parte ali.
- Você ainda vai me deixar louco. - ele sussurrou em meus lábios logo depois de cortar o beijo - Assim fica difícil não querer transar toda hora. - mordeu meu lábio inferior o puxando levemente entre seus dentes.
- Não seria uma má ideia. - falei no mesmo tom embrenhando meus dedos em seus cabelos - Desde que seja só comigo. - coloquei meu rosto na curva de seu pescoço dando beijinhos ali enquanto ele acariciava minhas costas.
- Não sabia que você era possessiva assim. - riu pelo nariz mordendo meu ombro levemente.
- Eu só não quero acabar sendo segunda opção. - falei baixo e me afastei ficando de costas pra ele e começando a me ensaboar.
- , desde que eu te conheci, eu não quero mais ninguém na minha cama além de você. - me abraçou por trás e beijou meu pescoço - Nenhuma outra mulher me deixa da forma da forma que você deixa. - riu fraco e eu acabei dando um sorrisinho com aquilo, me certificando de que ele não veria - Então acredite, você nunca será uma segunda opção para mim, porque pra ser a primeira ela precisa ser melhor do que você em todos os sentidos, e eu duvido que exista alguém assim. - me olhou de lado e eu virei o rosto para ele, lhe dando um selinho demorado.
- Eu ainda quero que você me foda, até que eu peça para parar. - falei sussurrando em seus lábios e dei um sorrisinho sacana, não demorou para que ele me jogasse contra a parede e começássemos tudo novamente.
Quando voltamos para meu quarto naquela madrugada, tratamos de nos vestir e deitamos na minha cama. Eu sabia que logo teria que ir para casa, então optei por ficar acordada aproveitando aquele tempinho ali.
- Os funcionários começam a vagar pela casa por volta de seis horas, então você pode ir umas cinco e meia. - falei o olhando após olhar o relógio e vê que marcava quatro e vinte e cinco da manhã.
- Então ainda temos mais um tempinho. - se virou na cama ficando de lado e de frente para mim, e concordei.
- Você precisava ver a cara do Harry quando eu contei pra ele que você pagou a fiança. - ri baixo e ele balançou a cabeça negativamente acabando por rir também.
- Eu daria tudo o que eu tenho pra ter visto essa cena. - fez uma careta e dessa vez eu neguei com a cabeça.
- Algum dia vocês vão parar com essa briga idiota de vocês? - perguntei me deitando da mesma forma que ele, deixando que ficássemos frente a frente um para o outro.
- Não é exatamente uma briga idiota, levando em consideração que seu irmão dormiu com a minha namorada mesmo sendo meu amigo, só porque eu ganhei uma corrida. - falou com ironia e riu pelo nariz, então eu revirei os olhos.
- Você ainda sente alguma coisa por ela? - perguntei como quem não queria nada e ele arqueou a sobrancelha - Porque pra que essa briga continue por tanto tempo assim, você deve estar nutrindo algum sentimento por ela até hoje, ninguém guarda essa mágoa por todo esse tempo. - ri pelo nariz e balancei a cabeça negativamente.
- Você ainda sente alguma coisa pelo seu ex? - perguntou de volta sem responder a minha pergunta, e eu dei um sorrisinho de escárnio com sua atitude.
- Meu ex está lá na Austrália, ele é um grande babaca, mas eu não vou ficar remoendo mágoa porque ele me traiu. Desejo pra ele toda a felicidade desse mundo, e bom... - fiz uma pequena pausa e acabei rindo - Que ele queime nos fogos do inferno. - dei um sorrisinho irônico e ele gargalhou gostosamente.
- Você não existe. - balançou a cabeça negativamente enquanto seu riso cessava - E só pra você saber, eu não sinto mais nada por ela, nada além de desprezo. - falou voltando ao seu tom sério - Só que eu e o éramos amigos, não dá pra simplesmente deixar isso pra lá e voltar tudo como se nada tivesse acontecido. - soltou uma risada nasalada e eu me vi obrigada a concordar com a cabeça - Mas eu não diria que é impossível que nós dois voltemos a nos falar algum dia, ainda mais que eu estou em um relacionamento com a irmã dele. - me olhou e eu ri fracamente desviando o olhar.
Eu não sabia o que falar ali, aquela palavra era muito forte até mesmo para mim. Além do fato de que meus últimos relacionamentos haviam fracassado, era o ali, o cara que meu irmão mais abominava nesse mundo todo, e mesmo com o meu histórico de relacionamentos ruins, o que me preocupava era só o segundo ponto. Aquilo não era certo, mentir daquela forma pra pessoa que eu mais amava nesse mundo, mas eu não conseguia negar que gostava do , e também amava aquela adrenalina que era ter um caso escondido com ele. Tudo estava se tornando cada vez mais confuso, e eu não estava sabendo lidar com nada daquilo.
- Você calada assim é uma coisa bem estranha. - falou chamando minha atenção e soltou uma risada nasalada.
- Eu só estava pensando em uma coisa. - dei ombros rolando na cama e acabando por ficar de bruços na mesma com a cara enfiada no travesseiro - Mas não é nada de importante. - falei com a voz abafada por estar afundada no travesseiro.
- Você quer que eu vá embora pra você descansar? - ele falou ainda me olhando, o que eu sabia por sentir que ele me olhava, então eu levantei a cabeça.
- Não, fica. - falei com a voz um pouco manhosa e me aproximei dele, deixando nossos rostos a poucos centímetros um do outro - Depois que você sair tudo vai voltar a ser o inferno que é, mesmo com o Harry aqui, não dá pra me sentir bem nessa casa. - fiz uma careta e em seguida suspirei.
- Você sabe que se precisar sair daqui, pode ficar no meu apartamento, não é? - colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e eu concordei com a cabeça.
- Se eu ficar no seu apartamento, não vamos fazer nada além de sexo a cada hora. - falei com humor e ele riu gostosamente fechando os olhos e jogando a cabeça para trás.
- Isso não seria algo ruim. - deu ombros e eu ri balançando a cabeça negativamente.
- Vou pensar na sua proposta. - encostei o rosto ao lado do seu, deixando-o bem colado com a lateral de seu rosto.
Ficamos ali deitados sem falar nada, o que se ouvia no quarto era apenas a respiração um do outro. Apesar de que algumas pessoas pudessem achar aquele um momento estranho, eu gostava, pois era ali que eu sabia que poderia contar com o sempre que precisasse, pois ele estaria ao meu lado.
- ? - ele falou chamando a minha atenção e eu levantei a cabeça para olhá-lo - Está na hora de ir. - olhou as horas no pequeno relógio na minha cabeceira e fez uma careta.
- Passou tão rápido a hora. - fiz uma careta e ele concordou com a cabeça - Vou te levar lá embaixo pra não correr o risco de encontrar com alguém no caminho. - passei por cima dele na cama e fiquei de pé. Quando dei o primeiro passo, senti meu braço ser puxado e logo meu corpo foi chocado contra o dele, que já estava de pé.
Sem que eu tivesse a chance de falar algo, ele segurou meu queixo com uma das mãos e a outra a agarrou em minha cintura e então me beijou. Beijou-me com calma, sem nenhuma pressa de sair dali. Nem parecia que tínhamos pressa pra que ele fosse embora sem ser pego. Era como se o mundo tivesse parado ali, naquele exato momento. Cortei o beijo com selinhos e o olhei tentando entender o que havia sido aquilo, ele abriu um belo sorriso e me deu um selinho antes de me puxar em direção à porta. Descemos as escadas, comigo indo na frente e tomando cuidado para que ninguém aqui o visse. Certifiquei-me de que não havia ninguém na sala e nós seguimos para a cozinha.
- Posso saber o que está acontecendo aqui? - a voz de Sara soou atrás de nós, e acabamos os dois virando para olhá-la.
- Sara, oi. - dei um sorriso fraco e cocei a nuca em seguida. Então ela cruzou os braços em frente ao corpo e arqueou a sobrancelha.
- Então, quem vai começar a falar? - intercalou o olhar entre nós dois. me olhou por alguns segundos sem saber o que fazer.
- Não conta pro pai dela, a culpa foi toda minha. - ele se apressou em falar e Sara me olhou em seguida pedindo uma explicação.
- Esse aqui é o . - olhei dela para ele que estendeu-lhe a mão - , essa é a Sara, minha segunda mãe. - voltei a olhá-la e ela demorou um pouco, mas apertou a mão dele em seguida - Ele veio me ver de madrugada e estávamos lá no quarto até agora pouco, mas ele já está indo embora, então não precisa se preocupar. - expliquei e ela assentiu.
- Eu não vou contar nada para o seu pai, não se preocupa. - balançou a cabeça negativamente e abanou o ar com a mão - Mas vão logo antes que alguém o veja aqui. - olhou rapidamente para trás e voltou a nos olhar, então eu concordei com a cabeça e voltei a abrir a porta - E ... - o chamou e nós dois olhamos - Foi um prazer te conhecer, depois de tanto ouvir falar de você. - sorriu amigavelmente e ele me olhou com um sorrisinho irônico.
- O Harry que fala muito de você aqui, não eu. - tratei de me defender rapidamente e tanto ele quanto Sara riram, então eu o puxei para fora da cozinha e de casa, olhando se não tinha ninguém ali no jardim dos fundos - Então a gente se vê na sexta. - virei para ele assim que nos aproximamos do muro de onde ele pularia.
- Nos vemos na sexta. - se aproximou e me deu um selinho demorado, voltando a se afastar - E não precisa fingir que não fala de mim, eu sei que você é apaixonada por mim. - soltou uma risada debochada e eu arqueei a sobrancelha enquanto ele se afastava e começava a subir na árvore.
- Talvez o Harry tenha uma paixão secreta por você, e você não sabe disso. - falei numa altura que ele conseguisse me ouvir claramente e ele riu negando com a cabeça antes de pular o muro e desaparecer da minha vista, e logo eu ouvi um pequeno estrondo na lixeira da rua.
- Senhorita , o que faz aqui a essa hora da manhã? - um dos seguranças da casa, o qual eu não fazia a menor ideia do nome, se aproximou.
- Eu precisava tomar um ar, não estava conseguindo mais dormir. - dei ombros e passei a mão no cabelo o tirando do rosto.
- Pelo o que me pareceu você estava conversando com alguém? - olhou para o muro um pouco duvidoso e eu ri pelo nariz.
- Mas eu estava falando com alguém. - falei e ele me olhou com curiosidade, em seguida - Estava conversando com um esquilo que estava ali na árvore. - apontei para a árvore e ele voltou a olhá-la rapidamente, mas me olhou com ironia.
- E o que foi aquele barulho um pouco antes de eu chegar aqui? - cruzou os braços em frente ao corpo e eu fiz uma careta.
- O esquilo era um pouco lerdo, e caiu do galho da árvore, deve ter acertado a lixeira. - dei ombros mais uma vez e comecei a traçar o caminho de volta para casa.
- Foi um barulho um pouco alto para um esquilo, não acha? - falou com ironia ainda duvidando do que eu falava e eu soltei uma risada nasalada.
- Era um esquilo gordo. - dei um sorrisinho irônico e entrei novamente para cozinha - Eu preciso dormir. - passei por Sara lhe dando um beijo na bochecha e fui saindo da cozinha.
- Ninguém mandou passar a noite fazendo coisas erradas. - pude a ouvir falar e acabei rindo enquanto passava pela sala.
Subi direto para o meu quarto, e entrei no mesmo trancando a porta. Fui para a cama e me joguei na mesma abraçando com o travesseiro. Eu sabia que em menos de 1 hora, meu pai viria me encher para ir à empresa, mas eu havia tido uma madrugada boa demais para me preocupar com aquilo no momento, então eu fechei os olhos e logo peguei no sono.
- Acredite, não bastou ele me prender por sete anos em um internato, agora ele quer me prender em casa também. - soltei uma risada nasalada enquanto falava com ele ao telefone.
- E você vai aceitar isso assim, numa boa? - ele perguntou parecendo tão indignado quanto eu estava.
- Claro que não, mas por enquanto eu vou o deixar achar que sim. - abri um sorrisinho maléfico em meu rosto, e percebeu, porque acabou rindo.
- Imaginei que você não fosse abaixar a cabeça assim. - soltou uma risada nasalada e eu pude vê-lo perfeitamente negar com a cabeça.
- Mas de qualquer forma, não vamos poder nos ver essa semana, só na sexta, na festa da sua vó. - fiz um barulho com a boca, e acabei fazendo um bico por não poder vê-lo durante toda uma semana.
- Essa ideia do seu pai de te prender em casa, é uma péssima ideia. - bufou e eu concordei com a cabeça, apesar dele não poder me ver - Mas tudo bem, vou tentar me conformar com só te ver em uma festa onde não vou poder nem te beijar. - ele fez uma voz extremamente dramática e eu ri baixo com aquilo.
- A gente dá um jeito. - falei e ouvi batidas na porta, tinha certeza de que era o Harry - preciso desligar, mas a gente se fala amanhã. - sentei-me na cama mantendo o celular na orelha.
- Tudo bem. - falou ele, ainda mantendo uma voz dramática e eu sabia que aquilo era só pra fazer graça - Vou ter um sonho onde você está tirando as roupas pra mim hoje. - falou com a voz rouca, e senti um arrepio percorrer meu corpo. Mordi o lábio inferior com aquilo.
- Isso, tenha um sonho erótico comigo, mas imagina que eu esteja usando minhas mãos e a boca pra várias coisas além de gemer. - usei o mesmo tom que ele usava, e pude ouvi-lo suspirar do outro lado.
- Puta que pariu, ! - ele falou com a voz um pouco falha e eu dei um sorrisinho vitorioso - Você conseguiu me deixar duro só de imaginar isso.
- Usa as mãos, amor. - falei com deboche e antes que ele pudesse falar algo, desliguei o celular rindo com aquilo.
- , eu tô ouvindo sua risada, pode abrir pra mim, por favor? - Harry perguntou do outro lado da porta e só então eu lembrei que alguém havia batido na porta.
Joguei o celular na cama e me levantei indo até a porta, destranquei-a e dei passagem para que ele entrasse, voltando a trancá-la em seguida. Ele entrou indo se deitar na minha cama e colocou meu celular na minha mesinha de cabeceira. Deitei-me ao seu lado e ficamos os dois de costas pra cama, olhando para o teto.
- Você está bem? - ele falou quebrando o silêncio, mantendo seu olhar no teto.
- Claro que sim, porque eu não estaria? - falei como se não me importasse com nada do que havia acontecido.
- Você sabe que não precisa mentir pra mim, não é? - olhou-me, e me mantive olhando para o teto.
- Você quer que eu fale o quê? Que estou me sentindo mal com aquele tapa? Ou por ele me prender em casa? - virei meu rosto para ele, o encarando - Ele faz isso pra tornar a minha vida um inferno, mas se ele quer mesmo isso, eu vou mostrar pra ele que posso ser o verdadeiro capeta. - soltei uma risada nasalada e Harry balançou a cabeça.
- , não o provoque, isso pode acabar piorando sua situação aqui. - ele falou com seriedade, mantendo seu olhar em mim. Até pensei em dar ombros, mas não o fiz.
- Eu não estou provocando, Harry. - neguei com a cabeça - Só que eu não vou ficar vendo ele falar aquelas coisas pra você e ficar calada. Ele não pode te humilhar daquela forma. - me sentei na cama e o olhei falando no mesmo tom que ele havia usado.
- Isso acontece desde que a mamãe morreu, não é como se eu discutir fosse fazer alguma diferença, então eu prefiro deixar tudo pra lá e continuar em paz na minha vida. - também se sentou e explicou-se me olhando.
- Eu queria poder ser tão paciente assim como você, Harry. - fiz uma careta e ele riu balançando a cabeça - Mas eu vou tentar deixar as coisas pra lá, só não prometo nada. - dei de ombros e ele concordou, puxando-me para deitar em seu peito.
- Posso te fazer uma pergunta? - ele falou depois de alguns segundos em silêncio, e eu apenas concordei - Você transou com o ? - ele perguntou com certo nojo na voz e soltei uma risada nasalada.
- Eu não transei com o essa noite, Harry. - levantei a cabeça para olhá-lo e ele respirou aliviado. Aquela noite não, mas outras sim, só que ele não precisava saber disso - Eu só passei a noite no apartamento dele porque não tinha como voltar pra casa sem você, e passamos a noite praticamente toda procurando por você. - expliquei e ele balançou a cabeça em concordância - Inclusive, eu liguei para seus "amigos" e eles nem estavam se importando com seu sumiço. Ótimos amigos você arrumou. - falei com ironia e revirei os olhos, gesto que acabou sendo repetido por eles.
- Quando tem polícia envolvida é cada um por si, . - ele falou como se aquilo não importasse, e eu deixei claro com a careta que fiz o quão incrédula estava.
- Por isso que só você foi preso. Na equipe do , ficou todo mundo unido e ainda me ajudaram a tentar descobrir sobre seu paradeiro. - soltei uma risada nasalada e ele arqueou a sobrancelha demonstrando confusão.
- O te ajudou a me procurar? - falou demonstrando completa surpresa e eu concordei com a cabeça.
- E não só isso, ele também pagou a sua fiança. - dei um sorrisinho um pouco irônico com tudo aquilo, e os olhos do Harry quase pularam pra fora de seu rosto de tanto que ele os arregalou.
- E por que diabos o pagaria a minha fiança? - perguntou claramente confuso, e eu acabei cerrando os olhos por vê-lo chamá-lo pelo primeiro nome, já que os dois só se tratavam pelo sobrenome.
- Talvez ele não seja um babaca como você julga que ele é. - dei ombros e voltei a me deitar em seu peito dando aquele assunto por acabado para que o Harry pudesse pensar a respeito. Se tivesse o mínimo que fosse de chance de eles pararem com a briga, eu faria de tudo para que isso acontecesse.
- Eu tenho uma coisa pra te mostrar. - ele falou depois de um tempo em silêncio, enquanto acariciava o meu braço.
- O que é? - falei me mantendo deitada em seu peito e aproveitando o carinho que ele me fazia.
- Eu achei isso no quarto que era da mamãe há uns três anos, e mantive guardada comigo. - colocou uma foto na minha frente, e eu a olhei reparando bem em qual foto era. Na foto estava eu, sentada entre as pernas da minha mãe e Harry a abraçando por trás no pescoço. Eu deveria ter uns três anos no máximo naquela foto, e Harry por volta de uns sete. Nós três estávamos bem sorridentes e dava pra ver o quanto estávamos felizes ali.
- Eu sinto falta dela. - falei baixinho pegando a foto em minhas mãos e passando o indicador sobre a imagem da minha mãe.
- Eu também. - ele falou no mesmo tom e acariciou meus cabelos de uma forma fraternal.
- Se ela estivesse aqui, tudo seria diferente. - mantive o tom baixo e pude ouvi-lo concordar com o que eu havia falado.
- Fica com essa foto, no momento você precisa mais dela do que eu. - ele falou segurando na lateral da foto e eu levantei a cabeça para olhá-lo.
- Obrigada. - beijei a sua bochecha e ele sorriu - Pode ficar aqui comigo? Pelo menos até eu dormir, como você fazia antes quando éramos mais novos. - fiz a cara mais fofa que podia, e ele riu com aquilo.
- Tudo bem. - concordou com a cabeça e me fez deitar novamente em seu peito, fazendo cafuné em meus cabelos.
- Você tem razão, eu não estou nada bem. - falei quase sussurrando e fechei os olhos em seguida, já sentindo o sono pesar em meu corpo.
- Boa noite, . - pude ouvir sua voz já longe falar e finalmente peguei no sono.
Com toda aquela história de só poder ir ao trabalho e voltar para casa, minha semana estava parecendo ser ainda mais longa do que já era. Sentei-me no sofá para esperar o jantar enquanto conversava com a através de mensagens, pra ver se o tempo passava mais rápido.
"Sério, , eu preciso ir ao shopping comprar alguma coisa para vestir no meu aniversário de namoro com o , e preciso da sua ajuda pra isso..."
"Difícil te ajudar, já que eu nem posso sair de casa, pois sou uma presidiária" - mandei um emoji revirando os olhos.
"Aaaaaaaaah, eu não tenho a quem pedir pra ir comigo" - mandou três emojis chorando.
"Você vai dar um jeito, "
- Com quem você está conversando? - pude ouvir a voz grave do meu pai soar da porta do escritório, olhei-o arqueando a sobrancelha.
- Quer pegar meu celular também? Assim você me mantém em cárcere privado definitivamente. - falei com ironia e dessa vez ele arqueou a sobrancelha, já pronto para rebater.
- Sr. , o jantar está pronto. - a voz de Sarah o interrompeu de falar qualquer coisa, e nós dois a olhamos.
- Nós já vamos, Sarah. - olhou dela para mim, e me levantei do sofá.
- Vou pro meu quarto. - andei até Sarah e depositei um beijo em sua bochecha - Não vou colaborar com essa hipocrisia de jantar de família feliz. - olhei para o meu pai e soltei uma risada nasalada subindo as escadas, enquanto Harry descia. Apenas lhe lancei um sorrisinho e continuei o caminho até o meu quarto.
Entrei em meu quarto e tranquei a porta por dentro como andava fazendo nos últimos dias, então fui direto para a cama e me deitei, ligando a TV. Coloquei no aplicativo do Netflix e dei play no episódio que havia parado da série “Lúcifer”.
Passei o resto da noite trancada no quarto acabando de assistir toda a temporada disponível. Assim que o fiz, deixei o aplicativo aberto e resolvi sair do quarto para comer. Já se passava de uma da manhã, e eu nem havia visto a hora passar tão rápido assim.
Saí do quarto olhando para a porta do quarto do meu pai, e percebi que ele já dormia, pois havia uma leve pequena fresta de luz debaixo da porta, e eu sabia que essa luz só ficava assim quando ele dormia. Mais aliviada por saber que não o encontraria pela casa, desci as escadas e fui para cozinha notando que todos os funcionários já haviam se retirado também, era apenas eu ali acordada àquela hora.
Fui até a geladeira pegando a jarra de suco e a manteiga de amendoim, peguei o pão no armário e comecei a passar a manteiga de um lado e a geleia do outro. Enquanto guardava as coisas novamente em seus devidos lugares para que pudesse comer, ouvi um barulho na porta que dava pra fora da casa, e quando olhei para ela, a maçaneta começava a girar. Não era nenhum funcionário, porque nenhum deles entrava na cozinha àquela hora da noite.
Ótima hora para um ladrão invadir a casa!
Peguei a primeira coisa que estava ao meu alcance e segurei a espera de quem quer que fosse ali, abrisse a porta. Assim que a porta de abriu completamente, me dando visão de quem estava ali, minha feição ficou entre alívio e confusão.
- ? - falei sem entender o que ele fazia ali, e ele me olhou repetindo a minha careta ao olhar para a forma na qual eu estava - O que você está fazendo aqui? Eu quase te machuquei. - balancei a cabeça e ele arqueou a sobrancelha com um toque de ironia.
- Você acha que mesmo que machucaria alguém com uma colher? - olhou para a minha mão e eu acabei fazendo mesmo, vendo que havia pegado uma colher e não uma faca, ou até mesmo um garfo, então ele riu baixo negando com a cabeça.
- Tudo bem, vamos esquecer que essa cena aconteceu. - coloquei a colher de volta no balcão e voltei a olhá-lo - Seja lá o que for que você esteja fazendo aqui, acho melhor subirmos para o meu quarto para não corrermos o risco de você ser pego. - falei e ele concordou com a cabeça.
Peguei o meu suco e o prato com o sanduíche e devagar nós subimos as escadas. Eu tratei de me certificar que ninguém ali nos veria, principalmente Harry e o meu pai. Quando tive a certeza disso, seguimos para o meu quarto e ele trancou a porta enquanto eu deixava as coisas em minha mesinha de cabeceira.
Ele deu dois passos em minha direção, acabei de andar o que faltava até alcançá-lo e logo colei meus lábios aos seus, pressionando-os um contra o outro num selinho demorado.
- Isso tudo era saudade? - ele falou divertido enquanto afastávamos nossos lábios.
- Não tanta a ponto de invadir sua casa só para te ver. - falei no mesmo tom e ele levantou os braços em rendição - E por falar nisso, como você entrou? - deitei a cabeça para o lado fazendo uma careta.
- Eu pulei o muro da mesma forma que você fez para a corrida, e quanto à porta da cozinha, eu usei isso para entrar. - levantou um clipe que estava aberto em sua mão e eu ri pelo nariz com aquilo - Eu não aguentei esperar até sexta pra te ver. - ele falou de uma forma que eu julgava ser extremamente fofa, e me vi obrigada a colar nossos lábios novamente, começando um beijo calmo.
Ele largou o clipe no chão, pois fez um leve barulho quando chocou contra a madeira, e envolveu seus braços na minha cintura, me puxando para mais perto dele e deixando nossos corpos colados. Ele pediu passagem para a língua, e eu logo cedi sentindo o gosto de cigarro invadir a minha boca. Por mais que eu odiasse cigarros, eu amava aquele gosto na boca dele, principalmente misturado com o gosto de menta, fazia do beijo dele único e diferente de todos os outros.
O puxei até a minha cama sem cortar o beijo, ele logo me deitou ficando por cima colocando minhas pernas em volta de seu quadril, e só então cortou o beijo, puxando meu lábio inferior entre os dentes.
Ele desceu os beijos para o meu pescoço, onde distribuiu alguns chupões e mordidas e tateou sua mão pela minha coxa até chegar a minha bunda, na qual ele agarrou com força. Soltei um gemidinho baixo quando senti seus dentes passarem em meu pescoço e fechei os olhos tentando não me dar por vencida tão fácil assim, mas estava complicado.
- Agora eu consigo ver o quanto você estava com saudades. - ele falou roucamente próximo ao meu ouvido e eu soltei o ar pela boca após sentir o arrepio pelo meu corpo.
- Não tem como não sentir saudades de você tocando o meu corpo. - falei acabando por me dar por vencida. Ele me olhou arqueando a sobrancelha com ironia e deu um sorrisinho vitorioso.
- Você não imagina o quanto me excita te ver falando assim. - falou olhando fundo em meus olhos, e pressionou sua intimidade contra a minha, me fazendo gemer baixinho.
- Então me mostra o quanto você está excitado. - sustentei o seu olhar ao falar e o puxei novamente para mim o beijando com vontade, já aproveitando para tirar sua jaqueta que foi jogada pelo meu quarto.
Sua mão adentrou a parte de baixo do meu short tocando realmente a minha bunda, o que me fez soltar um baixo e leve gemido em seus lábios, pois sua mão estava bastante gelada, mas aquilo só me deixava mais excitada. Separei nossos lábios para finalmente arrancar sua camisa e jogá-la em qualquer canto, como havia feito a jaqueta anteriormente, e foi a deixa que ele precisou para tirar a minha blusa, deixando meus seios expostos, já que eu não usava sutiã, e começou a beijá-los.
- Eu amo essa sua mania de não usar sutiã na maioria das vezes. - ele falou levantando seu olhar para meu rosto enquanto mordiscava meu seio de uma forma extasiante.
- Eles me apertam. - dei ombros enquanto tentava segurar o gemido que queria sair pelos meus lábios.
- Vamos combinar que peitos como esses não cabem em quase sutiã algum, e merecem ficarem expostos. - ele parou o que fazia para falar, e admirou meus seios por alguns segundos, me fazendo dar um sorrisinho orgulhoso. Eu amava ouvir o quanto meus seios eram maravilhosos, eu já sabia disso, mas ouvir da boca de um homem, principalmente do , era extremamente excitante. Antes que pudesse falar algo, ele abocanhou meu seio com vontade, se concentrando dessa vez, só naquilo.
Ele passou algum tempo ali brincando com meus seios, até eu puxar seus cabelos dizendo que não aguentava mais e nos girei na cama ficando por cima, enquanto passava as unhas pelo seu abdômen. Fiz uma trilha de beijos e mordidas pelo seu corpo, até chegar ao cós da sua calça que eu logo tratei de começar a desabotoa-la. Não foi difícil tirar suas calças, já que ele havia tirado os sapatos e as meias, eu queria mesmo saber como ele fazia isso e eu nunca via.
Encarei seu membro coberto pela sua box verde e acabei por morder o lábio, sentindo minha intimidade se contrair só de imaginá-lo sem nenhuma daquelas roupas, e sem aguentar mais aquela enrolação, tirei sua cueca e segurei seu membro entre minhas mãos.
- Lembra quando eu te falei para imaginar o que eu faria com minhas mãos e com a boca além de gemer? - falei da forma mais sexy que conseguia e ele assentiu enquanto eu começava a masturbá-lo lentamente - Então, agora eu vou te mostrar o que eu posso fazer. - falei antes de me abaixar e colocar seu membro na boca começando a chupá-lo.
Não demorou pra que eu ouvisse um gemido baixo soar pelo quarto, fazendo com que eu me sentisse vitoriosa por deixá-lo daquela forma com tão pouco. Tirei seu membro da boca, sem parar o movimento das mãos e passei a língua pela sua glande lentamente, a sugando em seguida. Senti sua mão se embrenhar em meus cabelos e voltei a colocar seu membro na boca e fazer movimentos leves, apesar dele pedir o contrário com suas mãos, eu não o obedecia.
- Puta que pariu! - pude ouvi-lo silabar enquanto fazia movimentos ainda mais leves e o sentia apertar ainda mais as mãos em meus cabelos.
Fiquei mais um tempo ali brincando com seu membro, e quando ele começava a dar sinais de que gozaria, parei o que fazia e me levantei da cama o deixando com uma feição frustrada e confusa.
Tirei meu short, e o olhei deitado na cama por cima dos ombros dando um sorrisinho maldoso. Tirei a calcinha, jogando-a para ele que a segurou em suas mãos, me olhando com um pouco de raiva por ter parado o que fazia antes de deixá-lo gozar.
- Acho que eu preciso de um banho. - falei com uma falsa inocência e segui para o banheiro, soltando um risinho ao ligar o chuveiro.
Entrei debaixo da água morna e usei meus próprios dedos para me tocar, enquanto esperava que ele viesse atrás de mim. Fechei os olhos, me encostando contra a parede gelada e com a mão livre eu massageava os meus seios para que pudesse ser ainda mais excitante para mim. Estimulei meu clitóris, e em seguida penetrei dois dedos em minha intimidade, fazendo movimentos ágeis.
- Você quer mesmo acabar com minha vida. - abri os olhos para encará-lo, enquanto ele me olhava e tocava seu membro fazendo movimentos com as mãos.
- Foi você quem quis invadir a minha casa. - falei com a voz baixa e um pouco ofegante devido aos gemidos que soltava, e o olhei se aproximar.
- Eu vou foder você, até você pedir para parar. - ele falou se aproximando enquanto ainda se masturbava e eu senti meu corpo se contrair, aumentando a velocidade dos dedos.
- É mais fácil que você peça para parar. - lhe dei um sorrisinho e voltei a fechar os olhos enquanto deixava a boca entreaberta soltando alguns gemidos.
Senti sua mão tocar a minha tirando-a de minha intimidade e soltei um gemido de reprovação, mantive os olhos fechados respirando um pouco ofegante. Ele abriu minhas pernas e envolveu um dos braços na minha cintura me impulsionando um pouco para cima, então me penetrou de uma vez fazendo com que eu gemesse alto.
Envolvi os braços em seu pescoço e deitei a cabeça para trás sentindo a água cair em meus seios, enquanto ele se movia com vontade dentro de mim. Impulsionou-me para cima, fazendo com que eu envolvesse as pernas em seu quadril, e começou a estimular meu clitóris com o polegar.
- ... - falei entre gemidos entreabrindo os olhos para olhá-lo - Não me faça gritar, porque tem outras pessoas em casa. - falei baixo e ele arqueou a sobrancelha em deboche.
- Eu não ligo. - falou firme e aproximou seus lábios do meu ouvido - Ninguém mandou você me provocar. - mordeu o lóbulo da minha orelha - Agora eu quero é que você grite. - sussurrou ali e deu uma estocada forte me fazendo gritar.
E ele repetiu aquilo mais algumas vezes até que eu chegasse a meu ápice, e não demorou pra que ele logo despejasse seu líquido em mim. Tirei as pernas de seu quadril as sentindo bambas, apesar de não termos prolongado muito aquilo. Segurei seu rosto entre as mãos e encarei seus olhos castanhos por alguns segundos e o beijei em seguida. Ele acariciou minhas costas com certa delicadeza, apesar do sexo não ter sido nada delicado, aquele momento era diferente, só queríamos aproveitar que ele estava ali no meu chuveiro comigo. O beijo era calmo, e com vontade, enquanto nossas línguas brincavam dentro de nossas bocas, nossas mãos vagavam pelo corpo um do outro tentando alcançar cada parte ali.
- Você ainda vai me deixar louco. - ele sussurrou em meus lábios logo depois de cortar o beijo - Assim fica difícil não querer transar toda hora. - mordeu meu lábio inferior o puxando levemente entre seus dentes.
- Não seria uma má ideia. - falei no mesmo tom embrenhando meus dedos em seus cabelos - Desde que seja só comigo. - coloquei meu rosto na curva de seu pescoço dando beijinhos ali enquanto ele acariciava minhas costas.
- Não sabia que você era possessiva assim. - riu pelo nariz mordendo meu ombro levemente.
- Eu só não quero acabar sendo segunda opção. - falei baixo e me afastei ficando de costas pra ele e começando a me ensaboar.
- , desde que eu te conheci, eu não quero mais ninguém na minha cama além de você. - me abraçou por trás e beijou meu pescoço - Nenhuma outra mulher me deixa da forma da forma que você deixa. - riu fraco e eu acabei dando um sorrisinho com aquilo, me certificando de que ele não veria - Então acredite, você nunca será uma segunda opção para mim, porque pra ser a primeira ela precisa ser melhor do que você em todos os sentidos, e eu duvido que exista alguém assim. - me olhou de lado e eu virei o rosto para ele, lhe dando um selinho demorado.
- Eu ainda quero que você me foda, até que eu peça para parar. - falei sussurrando em seus lábios e dei um sorrisinho sacana, não demorou para que ele me jogasse contra a parede e começássemos tudo novamente.
Quando voltamos para meu quarto naquela madrugada, tratamos de nos vestir e deitamos na minha cama. Eu sabia que logo teria que ir para casa, então optei por ficar acordada aproveitando aquele tempinho ali.
- Os funcionários começam a vagar pela casa por volta de seis horas, então você pode ir umas cinco e meia. - falei o olhando após olhar o relógio e vê que marcava quatro e vinte e cinco da manhã.
- Então ainda temos mais um tempinho. - se virou na cama ficando de lado e de frente para mim, e concordei.
- Você precisava ver a cara do Harry quando eu contei pra ele que você pagou a fiança. - ri baixo e ele balançou a cabeça negativamente acabando por rir também.
- Eu daria tudo o que eu tenho pra ter visto essa cena. - fez uma careta e dessa vez eu neguei com a cabeça.
- Algum dia vocês vão parar com essa briga idiota de vocês? - perguntei me deitando da mesma forma que ele, deixando que ficássemos frente a frente um para o outro.
- Não é exatamente uma briga idiota, levando em consideração que seu irmão dormiu com a minha namorada mesmo sendo meu amigo, só porque eu ganhei uma corrida. - falou com ironia e riu pelo nariz, então eu revirei os olhos.
- Você ainda sente alguma coisa por ela? - perguntei como quem não queria nada e ele arqueou a sobrancelha - Porque pra que essa briga continue por tanto tempo assim, você deve estar nutrindo algum sentimento por ela até hoje, ninguém guarda essa mágoa por todo esse tempo. - ri pelo nariz e balancei a cabeça negativamente.
- Você ainda sente alguma coisa pelo seu ex? - perguntou de volta sem responder a minha pergunta, e eu dei um sorrisinho de escárnio com sua atitude.
- Meu ex está lá na Austrália, ele é um grande babaca, mas eu não vou ficar remoendo mágoa porque ele me traiu. Desejo pra ele toda a felicidade desse mundo, e bom... - fiz uma pequena pausa e acabei rindo - Que ele queime nos fogos do inferno. - dei um sorrisinho irônico e ele gargalhou gostosamente.
- Você não existe. - balançou a cabeça negativamente enquanto seu riso cessava - E só pra você saber, eu não sinto mais nada por ela, nada além de desprezo. - falou voltando ao seu tom sério - Só que eu e o éramos amigos, não dá pra simplesmente deixar isso pra lá e voltar tudo como se nada tivesse acontecido. - soltou uma risada nasalada e eu me vi obrigada a concordar com a cabeça - Mas eu não diria que é impossível que nós dois voltemos a nos falar algum dia, ainda mais que eu estou em um relacionamento com a irmã dele. - me olhou e eu ri fracamente desviando o olhar.
Eu não sabia o que falar ali, aquela palavra era muito forte até mesmo para mim. Além do fato de que meus últimos relacionamentos haviam fracassado, era o ali, o cara que meu irmão mais abominava nesse mundo todo, e mesmo com o meu histórico de relacionamentos ruins, o que me preocupava era só o segundo ponto. Aquilo não era certo, mentir daquela forma pra pessoa que eu mais amava nesse mundo, mas eu não conseguia negar que gostava do , e também amava aquela adrenalina que era ter um caso escondido com ele. Tudo estava se tornando cada vez mais confuso, e eu não estava sabendo lidar com nada daquilo.
- Você calada assim é uma coisa bem estranha. - falou chamando minha atenção e soltou uma risada nasalada.
- Eu só estava pensando em uma coisa. - dei ombros rolando na cama e acabando por ficar de bruços na mesma com a cara enfiada no travesseiro - Mas não é nada de importante. - falei com a voz abafada por estar afundada no travesseiro.
- Você quer que eu vá embora pra você descansar? - ele falou ainda me olhando, o que eu sabia por sentir que ele me olhava, então eu levantei a cabeça.
- Não, fica. - falei com a voz um pouco manhosa e me aproximei dele, deixando nossos rostos a poucos centímetros um do outro - Depois que você sair tudo vai voltar a ser o inferno que é, mesmo com o Harry aqui, não dá pra me sentir bem nessa casa. - fiz uma careta e em seguida suspirei.
- Você sabe que se precisar sair daqui, pode ficar no meu apartamento, não é? - colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e eu concordei com a cabeça.
- Se eu ficar no seu apartamento, não vamos fazer nada além de sexo a cada hora. - falei com humor e ele riu gostosamente fechando os olhos e jogando a cabeça para trás.
- Isso não seria algo ruim. - deu ombros e eu ri balançando a cabeça negativamente.
- Vou pensar na sua proposta. - encostei o rosto ao lado do seu, deixando-o bem colado com a lateral de seu rosto.
Ficamos ali deitados sem falar nada, o que se ouvia no quarto era apenas a respiração um do outro. Apesar de que algumas pessoas pudessem achar aquele um momento estranho, eu gostava, pois era ali que eu sabia que poderia contar com o sempre que precisasse, pois ele estaria ao meu lado.
- ? - ele falou chamando a minha atenção e eu levantei a cabeça para olhá-lo - Está na hora de ir. - olhou as horas no pequeno relógio na minha cabeceira e fez uma careta.
- Passou tão rápido a hora. - fiz uma careta e ele concordou com a cabeça - Vou te levar lá embaixo pra não correr o risco de encontrar com alguém no caminho. - passei por cima dele na cama e fiquei de pé. Quando dei o primeiro passo, senti meu braço ser puxado e logo meu corpo foi chocado contra o dele, que já estava de pé.
Sem que eu tivesse a chance de falar algo, ele segurou meu queixo com uma das mãos e a outra a agarrou em minha cintura e então me beijou. Beijou-me com calma, sem nenhuma pressa de sair dali. Nem parecia que tínhamos pressa pra que ele fosse embora sem ser pego. Era como se o mundo tivesse parado ali, naquele exato momento. Cortei o beijo com selinhos e o olhei tentando entender o que havia sido aquilo, ele abriu um belo sorriso e me deu um selinho antes de me puxar em direção à porta. Descemos as escadas, comigo indo na frente e tomando cuidado para que ninguém aqui o visse. Certifiquei-me de que não havia ninguém na sala e nós seguimos para a cozinha.
- Posso saber o que está acontecendo aqui? - a voz de Sara soou atrás de nós, e acabamos os dois virando para olhá-la.
- Sara, oi. - dei um sorriso fraco e cocei a nuca em seguida. Então ela cruzou os braços em frente ao corpo e arqueou a sobrancelha.
- Então, quem vai começar a falar? - intercalou o olhar entre nós dois. me olhou por alguns segundos sem saber o que fazer.
- Não conta pro pai dela, a culpa foi toda minha. - ele se apressou em falar e Sara me olhou em seguida pedindo uma explicação.
- Esse aqui é o . - olhei dela para ele que estendeu-lhe a mão - , essa é a Sara, minha segunda mãe. - voltei a olhá-la e ela demorou um pouco, mas apertou a mão dele em seguida - Ele veio me ver de madrugada e estávamos lá no quarto até agora pouco, mas ele já está indo embora, então não precisa se preocupar. - expliquei e ela assentiu.
- Eu não vou contar nada para o seu pai, não se preocupa. - balançou a cabeça negativamente e abanou o ar com a mão - Mas vão logo antes que alguém o veja aqui. - olhou rapidamente para trás e voltou a nos olhar, então eu concordei com a cabeça e voltei a abrir a porta - E ... - o chamou e nós dois olhamos - Foi um prazer te conhecer, depois de tanto ouvir falar de você. - sorriu amigavelmente e ele me olhou com um sorrisinho irônico.
- O Harry que fala muito de você aqui, não eu. - tratei de me defender rapidamente e tanto ele quanto Sara riram, então eu o puxei para fora da cozinha e de casa, olhando se não tinha ninguém ali no jardim dos fundos - Então a gente se vê na sexta. - virei para ele assim que nos aproximamos do muro de onde ele pularia.
- Nos vemos na sexta. - se aproximou e me deu um selinho demorado, voltando a se afastar - E não precisa fingir que não fala de mim, eu sei que você é apaixonada por mim. - soltou uma risada debochada e eu arqueei a sobrancelha enquanto ele se afastava e começava a subir na árvore.
- Talvez o Harry tenha uma paixão secreta por você, e você não sabe disso. - falei numa altura que ele conseguisse me ouvir claramente e ele riu negando com a cabeça antes de pular o muro e desaparecer da minha vista, e logo eu ouvi um pequeno estrondo na lixeira da rua.
- Senhorita , o que faz aqui a essa hora da manhã? - um dos seguranças da casa, o qual eu não fazia a menor ideia do nome, se aproximou.
- Eu precisava tomar um ar, não estava conseguindo mais dormir. - dei ombros e passei a mão no cabelo o tirando do rosto.
- Pelo o que me pareceu você estava conversando com alguém? - olhou para o muro um pouco duvidoso e eu ri pelo nariz.
- Mas eu estava falando com alguém. - falei e ele me olhou com curiosidade, em seguida - Estava conversando com um esquilo que estava ali na árvore. - apontei para a árvore e ele voltou a olhá-la rapidamente, mas me olhou com ironia.
- E o que foi aquele barulho um pouco antes de eu chegar aqui? - cruzou os braços em frente ao corpo e eu fiz uma careta.
- O esquilo era um pouco lerdo, e caiu do galho da árvore, deve ter acertado a lixeira. - dei ombros mais uma vez e comecei a traçar o caminho de volta para casa.
- Foi um barulho um pouco alto para um esquilo, não acha? - falou com ironia ainda duvidando do que eu falava e eu soltei uma risada nasalada.
- Era um esquilo gordo. - dei um sorrisinho irônico e entrei novamente para cozinha - Eu preciso dormir. - passei por Sara lhe dando um beijo na bochecha e fui saindo da cozinha.
- Ninguém mandou passar a noite fazendo coisas erradas. - pude a ouvir falar e acabei rindo enquanto passava pela sala.
Subi direto para o meu quarto, e entrei no mesmo trancando a porta. Fui para a cama e me joguei na mesma abraçando com o travesseiro. Eu sabia que em menos de 1 hora, meu pai viria me encher para ir à empresa, mas eu havia tido uma madrugada boa demais para me preocupar com aquilo no momento, então eu fechei os olhos e logo peguei no sono.
Capítulo 10
Depois de arrumar meu cabelo e deixá-lo solto com os cachos modelados com o babyliss, e também acabar a minha maquiagem a finalizando com um batom matte escuro, me levantei desamarrando o roupão da minha cintura ficando apenas com a calcinha da lingerie e fui para o banheiro. Peguei um dos hidratantes que estavam sobre a pia, coloquei um pouco em minha mão e comecei a espalhar pela minha perna. Depois de repetir o processo em todo o corpo, voltei para o quarto e fui até a poltrona pegando o meu vestido (https://www.flickr.com/photos/160190116@N07/48644246797) e o vesti indo para a frente do espelho. Olhei o meu reflexo e sorri com o resultado, por mais que eu odiasse ser convencida, eu estava incrível.
- I'm a motherfucking woman, baby, alright. - cantarolei a música da Ke$ha enquanto rebolava na frente do espelho e gargalhei gostosamente com aquilo.
Eu tinha praticamente certeza de que o meu pai surtaria com a minha roupa, e era o que mais me deixava animada em usá-la.
Entrei no instagram e gravei um boomerang na frente do espelho e o postei na rede social usando apenas um emoji de boquinha como legenda. Voltei para a cama e me sentei na mesma para calçar os sapatos que havia escolhido e assim que o fiz, me levantei novamente e voltei para o banheiro. Espirrei um pouco do perfume atrás de cada orelha, e em um dos pulsos o esfregando contra ao outro. Joguei um pouco de perfume para o alto, fazendo as gotículas voarem pelo ar e girei debaixo das mesmas soltando uma risada com aquela mania. Eu fazia aquilo desde pequena, alguns hábitos não mudariam por eu ter crescido.
Voltei para o quarto e me sentei na cama lendo os comentários do meu último post, e acabei rindo com as coisas que lia de alguns amigos da Austrália, e até mesmo de alguns desconhecidos que me seguiam.
- ... - ouvi me chamar do corredor e logo depois ouvi as batidas na porta - Nosso pai está perguntando se você já está pronta, porque já estamos atrasados. - ele continuou e eu soltei uma risada nasalada enquanto bloqueava o celular.
- Só um minuto. - gritei de volta e me levantei da cama pegando a bolsa sobre a poltrona. Peguei o batom na penteadeira, e junto com o celular coloquei sobre a pequena bolsa de mão, então destranquei a porta do quarto e saí dando de cara com meu irmão.
- Wooow! - silabou ele me olhando do pé a cabeça, e eu dei uma voltinha antes de trancar a porta do quarto por fora, afinal não queria que ninguém entrasse ali - Não sei se é proposital, mas quando ele te ver, ele vai ter um infarto. - ele sussurrou para mim apontando para o andar de baixo, enquanto se referia ao nosso pai.
- Qual é, ! Eu nunca o provoco. - fiz um biquinho inocente e ele riu negando com a cabeça - Não que eu deseje que ele tenha um infarto, mas eu espero que ele surte bastante. - dei um sorrisinho travesso, fazendo meu irmão negar novamente com a cabeça.
- Você é impossível, , impossível. - falou enquanto entrelaçava seu braço ao meu e eu dei ombros enquanto seguíamos o corredor para as escadas.
Descemos as escadas em silêncio, o único barulho que se ouvia na sala era dos meus sapatos contra o piso e das pedrinhas de gelo no whisky do meu pai, que chocavam levemente contra o copo. Ao notar nossa presença no cômodo, ele se levantou do sofá e virou em nossa direção, parando completamente seus movimentos ao pairar seu olhar em mim.
- O que você acha que está fazendo? - ele falou com todo aquele seu ar autoritário olhando diretamente para mim, mais especificamente em minha roupa.
- Estou indo para uma festa? - falei com obviedade, deitando um pouco a cabeça para o lado, fazendo-me de desentendida.
- Você vai a uma festa beneficente em um lugar muito bem frequentado, não dançar em uma boate de stripper. - ele manteve seu tom, tentando não se deixar abalar pela minha gracinha anterior.
- Não sabia que strippers usavam Elie Saab, eu jurava que elas usavam praticamente nada. Ficavam quase nuas, sabe? - fiz uma careta pensativa, tentando ao máximo disfarçar o deboche em minha voz, mas era difícil. - Acho que já sei qual será meu futuro emprego. - soltei uma risada nasalada, e podia jurar que suas narinas dilataram iguais às de um touro raivoso.
- Você vai subir e tirar isso agora, e rápido porque vamos nos atrasar. - ele aumentou a voz, ficando ainda mais autoritário e apontou para a escada com sua mão livre.
- Já estamos atrasados, se eu subir pra me trocar provavelmente não chegaremos a tempo, e aí não serei eu a ter uma imagem ruim na frente de toda Londres. - fiz um bico que seria até bem engraçado, se meu pai não estivesse tentando me matar com os olhos.
- Então você fica. - ele deu seu ultimato e eu segurei um sorrisinho debochado com aquilo.
- Tudo bem. - dei ombros enquanto soltava meu braço ao de que me olhou com confusão - Você pode dizer a Abigail que na próxima eu a ajudo com o leilão, porque dessa vez você me proibiu de ir, por causa da minha roupa de stripper. - suspirei pesadamente, fazendo um leve drama com tudo aquilo, e arqueou a sobrancelha, quase me fazendo gargalhar e sair do papel - Ou então, conta pra todo mundo que eu sou sua prisioneira e não posso mais sair de casa pra nada. - nessa hora eu abri o sorrisinho debochado, realmente o fazendo bufar de raiva.
- Só espero que você não apronte nada nessa festa. - ele falou entre dentes, se dando por vencido e bebeu o restante de sua bebida em um único gole. Quando deixou o copo sobre a mesinha, suas mãos estavam vermelhas com a força que ele o segurava.
Olhei para com um sorriso vitorioso e ele negou com a cabeça rindo pelo nariz, entrelaçou novamente seu braço ao meu e nós saímos de casa atrás do meu pai, seguindo para o carro que estava parado em frente a porta. Entramos os dois atrás, e meu pai na frente com o motorista e então ele seguiu para fora da casa e rumo a festa.
Fomos durante todo o caminho em um mórbido silêncio, eu preferi não falar nada para não correr o risco dele querer voltar para casa e estragar meus planos para a noite.
Quando chegamos ao clube onde seria a festa, que por um acaso - ou não - era o mesmo da outra festa, o motorista parou o carro em frente a entrada e nós três descemos. Meu pai, como sempre, se dirigiu na frente, subindo as escadas com os convites em mãos e eu subi logo atrás ainda de braços dados com .
- Você vai mesmo participar do leilão? - sussurrou para mim enquanto acabávamos de subir as escadas, eu apenas dei ombros e soltei uma risada baixa.
Passamos pelos seguranças e eu os cumprimentei com um leve “boa noite” e um sorriso simpático nos lábios, e entramos no clube. Seguimos por um pequeno caminho asfaltado, e logo mais a frente, Abigail estava recebendo os convidados, acompanhada de seu neto. Eles acabavam de cumprimentar um casal que entrava, quando olhou em nossa direção, até que seu olhar cruzou o meu, no qual eu fiz questão de sustentar.
- Mark, querido! - Abigail falou assim que meu pai se aproximou e ele a abraçou levemente lhe dando um leve beijinho nas costas da mão.
- É sempre um prazer te ver, Abigail. - meu pai falou com aquele tom amigável e suave que ele usava com praticamente todos à sua volta, mas não em casa, e ela sorriu cordialmente.
- Seus filhos ficam cada dia mais bonitos. - ela nos olhou por alguns segundos, e logo depois olhou para o meu pai que deu um sorriso fechado, sem mostrar nenhum dos dentes, e balançou a cabeça - , como vai, querido? - ela se dirigiu ao meu irmão que a abraçou levemente repetindo o gesto de nosso pai e beijando as costas de sua mão.
- Eu vou muito bem, e a senhora? - falou com seu tom de voz doce, que ele também não usava muito, só quando ele queria conquistar alguma mulher, mas não era o caso ali.
- Eu também vou muito bem, obrigada. - ela sorriu e ele retribuiu seu sorriso, então ela se virou para mim, que por pouco não fui pega trocando olhares com seu neto, que por um acaso estava extremamente gostoso em seu smoking (https://www.flickr.com/photos/160190116@N07/48644111391) - Sabe que você foi a primeira a aparecer aqui sem um longo? - ela me olhou encarando a minha roupa, e eu sorri levemente.
- Sinceramente, eu odeio ser igual a todo mundo. - soltei uma risada nasalada, fazendo uma careta e meu pai me olhou com repreensão. - Eu sabia que todas as mulheres viriam de longo, afinal de contas é uma festa formal, mas quem disse que um Elie Saab não é formal só por ser curto? - olhei para baixo encarando meu vestido, e sorri.
- Se todas as mulheres tivessem essa segurança para se arriscar dessa forma, não haveria tantas decepções. - ela falou e eu me vi obrigada a concordar, porque era verdade. Muitas mulheres ainda não tinham confiança em si, e acabavam se arrumando mais para os homens, do que para elas mesmas, o que no final acabava sendo só mais uma decepção. - E se você quer saber, você conseguiu ficar mais deslumbrante que todas elas juntas. - retribuiu o meu sorriso de antes, e então me abraçou calorosamente em cumprimento.
- Obrigada, Abigail! - retribui seu abraço, encarando meu pai com a sobrancelha arqueada, para ele ver como ele estava errado. - É um prazer estar aqui novamente. - desfiz o abraço para olhá-la.
- Eu quero que você conheça alguém... - ela me olhou e se afastou um pouco olhando para que se aproximou de nós - Esse é o meu neto . - ela olhou dele para mim, e eu olhei para sorrindo - , essa é . - ela voltou a olhá-lo e ele retribuiu o meu sorriso com aquele seu jeito galanteador.
- É um prazer te conhecer. - falei lhe estendendo a mão para que pudesse apertá-la.
- Acredite, o prazer é todo meu. - falou me olhando nos olhos, e eu obviamente entendi o duplo sentido daquela frase. Era irônico aquilo, pois já nos conhecíamos, e muito bem.
- O Mark e o , você já conhece. - Abigail voltou a olhá-lo, e em seguida olhou para meu pai e meu irmão.
- É um prazer reencontrá-lo, Sr. . - estendeu a mão para o meu pai que logo a apertou - , faz tempo que não nos vemos. - ele se virou para o meu irmão, falando como se fossem velhos amigos, ou melhor, como se ainda fossem velhos amigos.
- Pois é, não te vi aqui na outra festa. - falou sem muita vontade, só mesmo para disfarçar aquele momento.
- Bom, eu estava aqui, mas não estava sozinho. - ele soltou uma risada nasalada e me olhou rapidamente, o que me fez segurar um sorrisinho idiota.
- Que pena, podíamos ter batido um bom papo. - falou com a maior hipocrisia do mundo e concordou se fazendo de desapontado, o que acabou me arrancando uma risada baixa.
- , por que você não faz companhia a ? - Abigail interrompeu a conversa deles, olhando para .
- Se ela não se incomodar. - ele me olhou à espera de uma resposta, que veio do .
- Não precisa, ela vai ficar comigo. - ele falou me abraçando pelo pescoço, e eu o olhei arqueando a sobrancelha.
- A quem você quer enganar, ? - ele me olhou sem entender - Você vai sumir com alguma garota como da outra vez, meu pai vai passar a noite falando de negócios com alguém, porque é o que ele faz, e eu ficarei vagando sozinha pelo clube. - constatei saindo de seu “abraço” enquanto recebia os olhares furiosos dos dois homens da família. - Eu aceito a companhia. - olhei para e logo enlacei meu braço ao dele, e seguimos em direção onde realmente estava a festa.
- Eu podia jurar que o me mataria quando minha vó pediu pra que eu te fizesse companhia. - ele falou baixo enquanto entrávamos no salão, mas sem deixar de demonstrar a diversão em sua voz.
- Se o não te matar primeiro, o meu pai me mata antes. - falei no mesmo tom e nós demos risada. - O melhor de tudo foi a cara dele quando sua avó elogiou a minha roupa, porque ele disse que eu estava parecendo uma stripper. - fiz uma careta e ri em seguida me lembrando daqueles fatos.
- Se você quiser dançar enquanto tira a roupa para mim, eu realmente não vou me importar. - ele falou com aquele seu típico tom malicioso e me olhou dando um sorrisinho de lado.
- Infelizmente não dá pra fazer isso aqui, porque eu adoraria tirar a roupa para você. - falei no mesmo tom e fiz um bico desapontado em seguida.
- Por falar em roupa... Você se vestiu assim com a intenção de provocar seu pai, ou a mim? - arqueou a sobrancelha enquanto parávamos na entrada e me olhou de cima a baixo.
- Ambos. - respondi diretamente dando ombros em seguida, e dei um sorrisinho travesso. - Porque eu tinha certeza que você ficaria louco quando me visse vestida assim. - olhei para a minha roupa e peguei uma taça de champanhe na bandeja do garçom que passava próximo a gente.
- Você não imagina o quão louco está me deixando. - falou pegando também uma taça de champanhe, e se aproximou de mim ficando a poucos centímetros de distância. - Eu queria muito poder te beijar agora mesmo. - falou sussurrando intercalando o olhar entre meus olhos e meus lábios. Eu até teria lhe beijado naquele momento, mas se aproximava junto com meu pai e Abigail.
- , sério, você é muito engraçado. - ri um pouco quando os três realmente se aproximaram e ele me olhou em confusão, mas entendeu quando sua avó parou em seu lado. Eu estava parecendo uma idiota, mas precisava disfarçar.
- Você não deveria estar com isso. - meu pai falou apontando para a taça de champanhe, e eu olhei para a mesma. - Me dá sua taça. - ele falou tentando não parecer autoritário, mas era impossível. Então pegou a taça da minha mão, e eu peguei a de bebendo todo o conteúdo que havia nela, o fazendo cerrar os olhos em minha direção.
- É uma festa, papaizinho, seja menos careta. - me aproximei dele e arrumei sua gravata, e em seguida me virei para . - Me mostra a área da piscina que você tinha falado? - ele logo entendeu o que eu queria dizer com aquilo e concordou com a cabeça.
- Nos dêem licença. - olhou para sua vó, meu pai e , e entrelaçou nossos braços. Logo saímos dali, indo em direção a saída do salão que dava na piscina. - Mais um pouquinho seu pai surta. - ele falou para mim, soltando uma risada nasalada.
- Essa é a intenção. - peguei duas taças de champanhe com o garçom que passava e entreguei uma para ele. - Só pra não ficar te devendo uma taça. - o olhei e ele deu uma risada negando com a cabeça, enquanto saímos indo para a área da piscina.
- Eu aceitaria um beijo em troca. - falou como quem não queria nada e deu ombros.
- Acho que aqui não tem problema algum. - olhei em volta vendo que não havia ninguém ali, e fui me aproximando para lhe beijar.
- ? - ouvi a voz do meu irmão e me afastei de dando um passo para trás, já frustrada com aquelas interrupções na hora errada. - Posso falar com você? - o olhou enquanto se aproximava da gente, e concordou com a cabeça sem entender o que acontecia.
- Você quer que eu saia? - olhei para , que negou com a cabeça e eu não podia negar que estava curiosa para saber o que ele tinha para falar para o .
- Fiquei sabendo que você pagou a minha fiança... - começou e concordou com a cabeça bebericando sua champanhe. - Não sei porque você fez isso, mas eu... - ele fez uma pausa, e pelo que eu o conhecia tava com o orgulho entalado na garganta para falar o que ele tinha que falar. - Eu queria te agradecer. - ele desviou o olhar para a água cristalina da piscina e coçou a nuca em seguida.
- me agradecendo por algo? Isso parece até ironia do universo. - falou debochado, soltando uma risada em seguida, e o olhou raivoso, enquanto eu o olhava com repreensão.
- Já entendi... - balançou a cabeça negativamente e me olhou - Você só fez isso para se fazer de bonzinho para minha irmã, e depois debochar da minha cara. - soltou uma risada sem humor, e voltou a olhar seu rival.
- Por que eu iria querer me fazer de bonzinho para sua irmã? - fez uma careta que eu diria ser confusa, e balançou a cabeça. - Mas enfim, eu não fiz nada demais por pagar sua fiança. Só queria poder ajudar de alguma forma. - deu ombros e bebeu mais um gole da sua champanhe, então concordou com a cabeça.
- Pode deixar que quando eu ganhar a próxima corrida, eu te devolvo esse dinheiro. - falou com aquele seu jeito convencido de sempre e riu.
- Você quer dizer a próxima corrida que eu também vou ganhar como todas as outras? - rebateu sua provocação, e cerrou os punhos para não lhe dar um soco. - Não se preocupa com o dinheiro. - ele negou com a cabeça e se afastou concordando, claramente enfurecido e logo sumiu para dentro do salão.
Assim que desapareceu da vista, eu olhei para com os olhos cerrados, e ele bebericou a champanhe arqueando a sobrancelha em confusão.
- Ele veio até aqui te agradecer numa boa, engolindo o orgulho pra isso e você debocha da cara dele assim? - falei incrédula negando com a cabeça.
- Você queria que eu abraçasse ele e o convidasse para ser meu melhor amigo de novo? - falou com ironia e riu pelo nariz.
- Caramba, ! - bufei enquanto andava em direção a piscina - Nessa situação que a gente está, se você e pelo menos agissem decentemente um com o outro, tudo seria mais fácil. - encarei a água a minha frente e o senti se aproximar.
- ... É impossível que eu e seu irmão voltemos a ser amigos. - ele parou ao meu lado e olhou para água por alguns segundos, me olhando em seguida.
- Vocês deveriam colaborar, porque já tá ficando difícil manter o que a gente tem escondido do . - bebi um longo gole de champanhe, e suspirei em seguida. Aquilo era verdade, uma hora ou outra ele descobria sobre a gente, e provavelmente ele surtaria.
- Você pode falar relacionamento, a palavra não morde. - ele falou com humor rindo em seguida, e eu o olhei rindo fracamente e o empurrando levemente.
- Essa palavra assusta um pouco. - fiz uma careta e andei um pouco em volta da piscina me sentando em um dos bancos de pedra que ficava ali, e coloquei a taça e minha bolsa sobre a mesa também de pedra.
- Você sempre tão destemida, tem medo de relacionamento? - ele falou ainda mantendo o tom bem humorado e foi até onde eu estava se sentando na minha frente.
- Não tenho medo de relacionamentos, tenho medo do nosso relacionamento. - soltei uma risada fraca e o olhei em seguida - Tudo isso é muito louco, porque você é você e tem toda essa história com o meu irmão. - balancei a cabeça negativamente e voltei a encarar a piscina.
- Olha, minha história com o não interfere em nada no que nós temos. - negou com a cabeça e deu a volta na mesa se sentando ao meu lado, então segurou a minha mão - Eu sei que é loucura isso, e acredite em mim, eu nunca imaginei que aconteceria... - riu pelo nariz, e me olhou - Mas aconteceu, e sinceramente? Foi ótimo ter acontecido. - sorriu e colocou uma de suas mãos em meu rosto.
Balancei a cabeça novamente e acabei sorrindo antes de aproximar meu rosto do dele e colar nossos lábios, iniciando um beijo calmo. Aquela altura não estávamos preocupados que ninguém nos visse ali, só precisávamos daquele momento.
Ele me puxou para seu colo, fazendo com que eu deixasse uma perna de cada lado de seu corpo e me beijou com mais vontade que antes. Sem pudor algum ele enfiou uma das mãos por dentro do meu vestido, e a deixou sobre minha bunda, que ele logo apertou, me fazendo suspirar em seus lábios. Mordi seu lábio inferior o puxando levemente e cortei o beijo o olhando nos olhos, então deixei que uma das alças do vestido escorregasse pelo meu braço, fazendo com que meu seio ficasse praticamente exposto.
- Opa! - falei me fazendo de inocente e ele desceu seu olhar para o meu colo mordendo o lábio em seguida.
- Puta que pariu, ! - ele apertou minha bunda com um pouco mais de força me fazendo soltar um gritinho - Você quer me deixar duro, sabendo que não podemos fazer nada aqui? - desceu os beijos para o meu pescoço, onde deu algumas mordidas me fazendo gemer baixinho.
- Quem disse que não podemos fazer nada? Não estou vendo mais ninguém aqui além de nós dois. - falei como quem não quer nada, e joguei meu corpo para trás o encostando na mesa. Foi a oportunidade que ele precisava para abaixar um pouco mais o meu vestido e abocanhar meu seio com vontade.
Ele levou a mão da minha bunda para minha intimidade e colocou a minha calcinha um pouco para o lado começando a estimular meu clitóris, me fazendo soltar alguns gemidos.
- ... - falei sussurrando enquanto continha os gemidos que queriam sair altos pela minha boca.
Ele não me respondeu, pelo contrário, penetrou um dedo em minha intimidade e começou a fazer movimentos lentos, enquanto mordiscava meu seio. Ele penetrou o segundo dedo e aumentou a velocidade dos movimentos, me fazendo gemer um pouquinho mais alto, então ele parou o que fazia no meu seio e me olhou.
- Não faz barulho, senão vão nos pegar aqui. - ele falou, mas sem realmente se mostrar preocupado com aquilo, e voltou a fazer o que fazia antes.
Ele movia os dedos rapidamente em minha intimidade, enquanto estimulava meu clitóris com o polegar, e sugou meu seio me fazendo morder o lábio inferior para não soltar um grito alto ali.
- Mas cara eu já te falei que os Sharks vão ganhar, porque... - uma voz masculina começou a falar atrás da gente, mas logo se interrompeu. - Puta que pariu! - o ouvimos sussurrar, mas não baixo o suficiente e logo parou o que fazia e o encarou por cima do meu ombro, me fazendo levantar rapidamente de seu colo e ajeitar o meu vestido. - Eu não queria atrapalhar, só queria fumar. - ele riu fraco e mostrou o cigarro em uma das mãos enquanto mantinha o celular na orelha o segurando com a outra. Era um garoto jovem, devia ter uns 18 anos no máximo e pela sua roupa eu diria que ele estava ali trabalhando como garçom.
- Precisa de um isqueiro? - perguntou tirando o isqueiro do bolso, e olhou para o garoto e que apenas assentiu. Acho que ele estava tão envergonhado, que provavelmente nem se lembrava onde enfiara seu próprio isqueiro.
- Eu vou ao banheiro retocar o batom, você me encontra lá dentro? - olhei para enquanto ele ia em direção ao garoto para acender seu cigarro e ele assentiu. - Só lembra de limpar sua boca antes, e tirar os vestígios do meu batom daí. - soltei uma risada nasalada, e ele riu negando com a cabeça, então eu peguei minha bolsa e saí dali.
Entrei pela porta da cozinha por onde o garoto havia passado, e fui direto para o banheiro para não correr o risco de me ver naquela situação. Ao entrar no banheiro, havia apenas duas mulheres lá dentro, que me olharam do pé a cabeça.
- Gostaram? É um Elie Saab. - dei um sorrisinho irônico e fui em direção a pia, as deixando sem o que falar, o que as fez sair do banheiro me deixando ali sozinha.
Peguei um pedaço do papel toalha e limpei o excesso do meu batom que estava borrado, enquanto encarava meu reflexo no espelho. Não consegui evitar uma risada ao olhar o meu estado, e me lembrar da cara que o garoto havia feito. A única parte triste nisso tudo, é que não terminou o que fazia, por causa da interrupção, e eu sentia que poderia explodir se ele não me fizesse ter logo um orgasmo como o que eu deveria ter tido minutos antes.
Depois de tirar todo o batom borrado, peguei-o dentro da bolsa e o passei sobre meus lábios, os deixando novamente como estavam antes de me atracar com o na piscina. Aproveitei para retocar o rímel também, e arrumar novamente o cabelo que havia bagunçado um pouco com a empolgação. Joguei o papel usado na lixeira e em seguida saí do banheiro, voltando para onde dava a festa, e logo avistei conversando com sua avó, então segui em sua direção.
- Querida, está pronta para o leilão? - Abigail me olhou assim que eu me aproximei e fez o mesmo.
- Vim preparada para isso. E pode ter certeza de que faremos esse leilão bombar. - falei com firmeza dando meu melhor sorriso. - Principalmente com o meu “Grand Finale”. - procurei meu pai com o olhar e o achei conversando com alguns outros homens, e provavelmente falavam de negócios, o que me fez querer rir ao imaginar como ficaria sua cara.
- Do que vocês estão falando? - falou em tom de confusão olhando de mim, para sua avó.
- Você vai descobrir. - o olhei e dei um sorrisinho que foi retribuído por Abigail, o deixando ainda mais confuso.
- Vamos para nossos lugares, porque vai começar o leilão. - ela falou e nós dois concordamos a seguindo até onde seria o leilão, sendo seguidos pelos outros convidados.
- Vou ir sentar com o e meu pai, mas a gente se fala durante o leilão. - olhei para que apenas concordou com a cabeça, mas antes que eu pudesse me afastar ele me segurou pelo braço, e se aproximou.
- É uma pena que aquele garoto interrompeu nossa foda. - sussurrou em meu ouvido, de uma forma suja, porém sexy.
- Nem me fale. - balancei a cabeça negativamente e suspirei frustrada - Saiba que você está me devendo um orgasmo. - sussurrei de volta para ele, lhe dando uma piscadela, então saí andando em direção onde estava se sentando com meu pai e me encarando com uma cara nada boa.
Assim que passei entre as pessoas já sentadas em suas cadeiras para conseguir chegar a meu respectivo lugar, sentei-me ao lado de , do lado oposto ao do meu pai para a minha felicidade, e deixando a plaquinha do leilão em meu colo.
- O que o estava sussurrando para você? - falou baixo para mim, provavelmente para que meu pai não escutasse nossa conversa e descobrisse a briga dele com o neto de Abigail, que era uma fonte de dinheiro para ele.
- Ele só estava me perguntando se eu queria me sentar com ele, nada demais. - menti e dei ombros como se aquilo não me importasse.
Ele apenas assentiu e voltou a olhar para frente, e eu fiz o mesmo, vendo sentar a duas fileiras na frente da que eu estava, e três cadeiras para direita, o que facilitava nossas trocas de olhares cúmplices, que já começaram naquela hora.
Peguei meu celular na bolsa, e o desbloqueei entrando nas mensagens com o , então logo digitei e enviei a mensagem.
"Me dá um único motivo pra não ir até aí te beijar e continuar o que estávamos fazendo na piscina..."
Demorou alguns segundos para que ele visse a mensagem, enquanto prestava atenção na "apresentação" que sua avó fazia no palco improvisado a frente. Mas logo que olhou para o celular, virou a cabeça um pouco para me olhar, arqueando a sobrancelha. Sustentei seu olhar, enquanto mordia o lábio inocentemente, e ele voltou a se virar na cadeira, o que me levou a concluir que era para responder minha mensagem.
"Sinceramente, eu queria que você viesse aqui, mas o não iria gostar disso, e seu pai muito menos... O que provavelmente causaria uma confusão nesse lugar..."
Li sua resposta e soltei uma risada nasalada acabando por concordar com a cabeça. Quando pensei em responder, a outra mensagem apareceu na tela, me fazendo levantar a cabeça e ver que ele me olhava daquele jeito sedutor de sempre. "Mas nada me impede de invadir sua casa hoje de novo, e repetirmos a dose da última noite..."
- , guarda esse celular. Você não está em casa, tenha um pouco de decência e educação. - meu pai falou autoritário como sempre, e eu revirei os olhos bloqueando o celular o guardando de volta.
me olhava com confusão, mas eu preferi atender ao pedido de meu pai, porque ele não perdia por esperar pelo que viria logo, logo.
- Vamos começar o leilão com esse maravilhoso colar de Garnet Azul, que como a maioria deve saber um quilate dessa pedra vale no mínimo U$ 1.5 milhão. - ela mostrou o belo colar dentro da pequena caixa preta, e deu claramente para ouvir os suspiros das mulheres no salão. Eu não podia negar que estava da mesma forma. - Então podemos dar início aos lances, começando por esse sugerido valor. - ela falou colocando a caixa sobre a mesa ao seu lado, e logo uma mulher levantou a plaquinha, e eu levantei em seguida aumentando o lance para U$ 2 milhões. - Alguém dá mais? - ela olhou para todos, e para minha surpresa levantou sua plaquinha e me olhou com diversão. Para não ficar para trás levantei novamente a minha placa, e a mulher fez o mesmo, levando uma terceira entrar na disputa também.
A primeira mulher desistiu quando a disputa chegou a U$ 10 milhões em um lance dado pelo , mas seu marido entrou na disputa por ela, não se dando satisfeito por a mulher não ter o colar que queria.
- Vinte e cinco milhões de dólares. - falou passando o lance de U$ 20 milhões que havia sido dado pela outra mulher que bufou em seguida, desistindo da competição.
- O que você tá fazendo? - silabei sem som e ele riu dando de ombros, então eu levantei a plaquinha novamente aumentando o lance, enquanto o encarava.
- Alguém dá mais que U$ 30 milhões dados pela Senhorita ? - Abigail perguntou olhando para todos, e automaticamente eu e olhamos para o homem. - Cinquenta milhões de dólares. - ele falou sério levantando sua plaquinha, e sua mulher abriu um sorriso vitorioso encarando a mim e a outra mulher. Eu teria revirado os olhos, ou algo do tipo, se não tivesse dado todos aqueles lances para movimentar ainda mais o leilão como havia combinado com Abigail. Afinal de contas, todo aquele dinheiro iria ser doado para a caridade, quanto mais conseguíssemos arrecadar, melhor.
- Mais ninguém? - Abigail voltou a perguntar e ninguém se pronunciou, nem mesmo . - Dou-lhe uma... Dou-lhe duas... Dou-lhe três... Vendido! - ela bateu o pequeno martelo na madeira e as pessoas aplaudiram.
O leilão continuou com vários itens diferenciados, um quadro famoso, um vaso de flores, móveis antigos que valiam milhões, relógios, pulseiras e várias outras coisas que mesmo que não valessem tanto, acabaram valendo milhões apenas por deixarem as pessoas competindo entre si para saberem quem podia pagar mais.
- Para finalizar o nosso leilão, eu vou precisar da ajuda de uma pessoa. , você pode vir até aqui, por favor? - Abigail me olhou e algumas pessoas fizeram o mesmo, então eu me levantei e fui em direção a frente do salão, recebendo os olhares confusos de meu pai, e .
- Boa noite a todos! - falei no microfone ganhando a atenção de todos. - Esse leilão maravilhoso, onde estamos conseguindo arrecadar bastante fundos para a caridade, não poderia ser melhor, não é? - olhei para Abigail que concordou com a cabeça sorrindo - Pensando em como todo mundo aqui deve ter uma vida agitada, baseada nos negócios, como meu pai, por exemplo... - olhei para o meu pai, que cerrou os olhos em minha direção, mas logo continuei. - Eu e a Abigail conversamos sobre algo diferente para se leiloar, e pensamos “por que não leiloar uma pequena viagem onde se poderia descansar e esquecer um pouco da rotina do dia-a-dia?”. E com isso, o último item do leilão de hoje é um final de semana em Rocamadour, na França. - falei sorrindo e entreguei o microfone para que Abigail continuasse.
- A hospedagem será feita na minha casa em Rocamadour, o transporte também será por minha conta, a única coisa que o ganhador deverá fazer é se divertir. - ela continuou o que eu falava, e também sorriu em seguida, me devolvendo o microfone.
- Praticamente ninguém aqui deve conhecer a cidade, então para facilitar tudo o comprador dessa viagem, pode ter a minha companhia durante todo o final de semana, como guia turística e também alguém para se divertir. - dei um sorrisinho divertido, que só aumentou quando olhei para a feição furiosa do meu pai. - O lance inicial é de U$ 20 mil. - finalizei e Abigail deu a deixa para começarem os lances, e foi o primeiro a levantar a plaquinha.
o olhou, nada feliz com aquela história e levantou sua plaquinha em seguida, me querendo fazer rir. aumentou o lance, e mais um homem entrou na disputa aumentando também o último lance dado. O homem me olhava com um sorrisinho malicioso nos lábios, o que acabou me arrancando uma careta enojada, e o que me fez rezar para que , ou até mesmo vencesse aquilo.
- Quarenta mil dólares. - o homem falou aumentando o lance de U$25 mil, e eu acabei arregalando os olhos. Eu havia feito aquilo para provocar meu pai, não para acabar tendo que passar um final de semana com um velho cheio da grana e tarado.
- Cinquenta mil dólares. - aumentou o lance para minha felicidade, e o olhou recebendo um sorrisinho debochado. Por mais que fosse meu irmão, eu esperava que ganhasse aquilo, pois seria ótimo poder passar um final de semana todo apenas com ele, e parecendo ter lido meu pensamento ele levantou sua plaquinha.
- Cem mil dólares. - ele falou com aquele seu tom rouco e extremamente sexy, e eu só queria pular em seu pescoço e lhe beijar até me cansar, mas precisei me controlar.
- Mais algum lance? - perguntei e quando pensou em levantar sua plaquinha novamente, meu pai segurou seu braço falando algo com ele em seguida e ele abaixou novamente o braço. O outro homem também não se pronunciou, para a minha imensa felicidade. - Dou-lhe uma... Dou-lhe duas... Dou-lhe três... - falei olhando para o enquanto batia o martelo - Vendido para esse belo cavalheiro aqui na frente. - sorri com aquilo e retribuiu meu sorriso. Enquanto estava vermelho e bufando de raiva por aquilo, meu pai não estava diferente.
- Todo o dinheiro arrecadado será convertido em Libras, e doado para as instituições associadas. Conseguimos arrecadar bem mais do que esperávamos, eu só tenho a agradecer a todos pela ajuda, principalmente dessa garota maravilhosa aqui... - ela me olhou e sorriu, e eu acabei fazendo o mesmo - Ela me ajudou a organizar tudo isso aqui, e foi tudo melhor do que esperado. - ela segurou minha mão, e eu mantive apenas o sorriso no rosto. - Espero imensamente que todos presentes tenham se divertido essa noite. Tenham todos uma boa noite. - ela finalizou e sorriu desligando o microfone e se virando para mim. - Obrigada por toda ajuda, sem você nada teria saído dessa forma. - segurou minha mão entre as suas.
- Não precisa me agradecer, Abigail. Sempre amei organizar eventos, e principalmente poder ajudar alguém que está precisando. - falei sinceramente e ela sorriu.
- Por mais que eu tenha percebido que 99% das coisas que você fez hoje foi para provocar seu pai, eu tenho certeza que você é uma pessoa incrível, e que está sempre disposta a ajudar ao próximo. - eu concordei com a cabeça e acabei sorrindo com aquilo. Por algum motivo aquelas palavras dela havia mexido comigo, era algo meio materno, e como eu havia perdido aquilo cedo, quando tinha a oportunidade de ouvir algo assim, ficava um pouco comovida.
- Desde quando vocês duas viraram cúmplices de leilões? - falou se aproximando e chamando nossa atenção nos fazendo rir brevemente.
- Eu consegui o número da sua avó há alguns dias na empresa do meu pai, e ofereci a minha ajuda com a festa. - me expliquei enquanto Abigail concordava.
- E aí ela me deu a ideia de leiloar essa viagem, e eu não vi motivos para negar. - ela completou e dessa vez eu quem concordei.
- Por falar em viagem, quando posso receber meu prêmio? - olhou diretamente para mim e eu ri baixo.
- Você pode viajar para Rocamadour quando você quiser, afinal sua avó tem uma casa lá, nem sei porque você insistiu em comprar essa viagem. - fiz uma careta confusa, e ele riu balançando a cabeça.
- Eu não comprei pela viagem, mas pela companhia. - ele falou me olhando nos olhos e eu sorri levemente negando com a cabeça.
- Sabe que a minha companhia foi apenas uma sugestão, não é? - falei me fazendo de desentendida, e Abigail riu levemente achando graça daquilo.
- E eu estou aceitando a sugestão. - deu ombros dando um sorrisinho de lado, e mais uma vez naquela noite eu só queria beijá-lo.
- Não sei porque, mas vocês dois fariam um belo casal. Teriam a minha bênção. - Abigail falou ganhando nossa atenção, e tanto como eu, tivemos que se segurar para não rir naquele momento. Coitada, mal sabia ela que nós já tínhamos um caso há algum tempo.
- Talvez. - manejei a cabeça e olhei para que acabou me olhando de volta, e soltando uma risada nasalada.
- Abigail, como sempre seus leilões acabam esplêndidos. - meu pai falou se aproximando e segurando as mãos de Abigail entre as suas.
- Ah, Mark, não teria sido tão esplêndido assim se não fosse pelas ideias da . - ela me olhou gratificada e sorriu, me levando a fazer o mesmo. - Leiloar essa viagem de fim de semana, e ainda com a companhia dela, foi uma ótima ideia.
- Essa foi só mais uma das loucuras da minha filha. - meu pai falou soltando uma risada sem humor, e eu o olhei arqueando a sobrancelha.
- Até porque loucura é uma coisa de família, não é pai? - falei com ironia deixando aquela frase no ar, rezando pra que ele entendesse que eu a ligava com a morte da minha mãe. Ele não me respondeu, apenas me olhou com a feição enfurecida, enquanto travava o maxilar de raiva. O clima havia ficado tenso ali, porque todos ficaram calados, enquanto procuravam para onde olhar. Já eu, estava tranquila encarando o meu pai o desafiando a reagir a minha provocação ali na frente de todos.
- O que você acha de ser no próximo final de semana? - perguntou quebrando o clima tenso e chamando minha atenção. O que me fez olhá-lo com confusão. - Nossa viagem para Rocamadour. - ele completou soltando uma risada nasalada, e eu concordei com a cabeça entendendo o que era.
- Podemos sair no final da tarde de sexta e voltamos no domingo a noite, de preferência o mais tarde possível. Pode ser? - falei e dessa vez foi ele quem concordou com a cabeça.
- Vamos para a casa então. - meu pai falou seriamente me olhando, e eu apenas dei ombros enquanto ele se despedia de Abigail.
- , a gente se vê na sexta então. - ele concordou e eu o abracei, e ele logo retribuiu - Se eu sobreviver até lá. - sussurrei em seu ouvido soltando uma risada nasalada.
- Qualquer coisa sabe que pode me ligar, e se for preciso eu vou até lá. - ele sussurrou de volta e eu concordei desfazendo o abraço para o olhá-lo. - Foi um prazer te conhecer. - ele falou agora já alto para que todos pudessem ouvir e se aproximou novamente beijando a minha bochecha.
- Realmente foi um enorme prazer. - o olhei nos olhos, deixando bem claro o que eu queria dizer com aquilo, e ele deu um sorrisinho malicioso com aquilo, que por sorte eu fui a única a notar.
Quando olhei para , ele nos olhava nada satisfeito com o que estava vendo ali. Suas pupilas estavam dilatadas de raiva, e eu sabia que aquilo não era nada bom, mas resolvi ignorar, por hora.
Depois de me despedir de Abigail, nós três fomos em direção a entrada, deixando com sua avó no salão. Meu pai saiu na frente como sempre, deixando eu e para trás.
- Você e o estão muito amiguinhos. - falou e me olhou enquanto seguíamos atrás do meu pai - Vão até passar um final de semana juntos. - riu sem humor e balançou a cabeça negativamente.
- ... - fiz uma pausa e parei em sua frente o fazendo parar de andar - Nós estávamos conversando como duas pessoas decentes fazem, não é porque você odeia ele que eu também devo odiar. Eu sou sua irmã, mas nem por isso tenho que tomar todas as suas dores, ainda mais quando o errado da briga é você. - coloco o meu dedo indicador em seu peito. - Então, por favor, para de tentar fazer com que toda a família crie uma rivalidade com o , porque sinceramente isso não é uma briga entre Capuletos e ele um Montecchios. - balancei a cabeça negativamente e dei as costas para ele seguindo para fora do clube. Podia até não ser uma briga entre Capuletos e Montecchios, mas com certeza meu relacionamento com era quase uma versão atualizada de Romeu e Julieta.
Logo que entrei no carro sentando no banco de trás, logo atrás de onde estava meu pai, entrou do outro lado sentando atrás do motorista, que não demorou a dar a partida. O clima no carro não era nada bom, estava emburrado pela nossa pequena discussão minutos atrás, meu pai estava furioso com tudo o que havia acontecido durante a noite - mais especificamente, comigo - e eu estava irritada com toda essa história de ser uma prisioneira na minha própria casa, e ser tratada como uma criança, um ser frágil, pelo meu pai e meu irmão.
- Onde é que você estava com a cabeça, quando pensou em pagar milhares de dólares para passar um final de semana com a sua irmã? - meu pai olhou para o banco de trás, encarando , me fazendo desviar o olhar da janela do carro para o que acontecia ali dentro - Você passa todos os dias com ela, não tem porque gastar o meu dinheiro com coisas tão inúteis assim. - ele continuou falando em seu costumeiro tom autoritário e irritado.
- Eu só estava tentando impedir de que ela passasse um final de semana com quem não devesse, ou que fosse vista de alguma forma errada. - se defendeu, parecendo mais irritado do que estava antes, o que me fez bufar entediada com tudo aquilo.
- Impedindo de que ela fosse vista como uma stripper? Ou melhor dizendo, como uma garota de programa? - meu pai falou soltando uma risada nasalada.
- Se eu não te conhecesse, ficaria surpresa por ouvir algo tão machista assim saindo da sua boca. - falei repetindo sua risada nasalada o fazendo me encarar pelo retrovisor central - Mas se você quer saber, strippers e garotas de programa têm mais dignidade do que um falso filantrópico, hipócrita e machista que causou a destruição e morte daquela na qual ele dizia ser a sua esposa. - o encarei pelo retrovisor, tentando ao máximo controlar o volume e o sarcasmo em minha voz, podendo notar seu rosto tomar um tom avermelhado, e suas pupilas se dilatarem - É ridículo a forma no qual você tenta rebaixar a mim e ao como se não fôssemos nada, como se você fosse melhor do que a gente. Mas você é simplesmente um ser sem humanidade, que teve a coragem de trancar a filha em um internato por sete anos em outro continente, e o pior, mandar seu próprio filho para um reformatório o tratando como culpado de algo que você causou. - olhei rapidamente para , vendo que ele me encarava com confusão e um pouco de receio de tudo o que eu falava. E foi o que me fez não continuar aquela discussão, porque eu sabia que era algo difícil para ele.
O motorista continuava estático em seu lugar, mantendo a direção segura do carro, o que seria algo a se questionar, se eu já não soubesse que por ser um funcionário do meu pai, ele se tornava praticamente surdo, cego e mudo naquela, ou em qualquer outra condição. Meu pai ficou calado pelos outros dois quarteirões que se seguiram até que chegássemos em casa. Quando o motorista parou o carro em frente a casa, antes que eu pudesse pensar em algo, a porta a frente da minha foi aberta, e logo em seguida a do meu lado foi aberta, por onde eu fui literalmente arrancada com um puxão no braço.
- Eu já te disse uma vez, e essa será a última que vou dizer... - ele fez uma pausa enquanto me fazia subir a escada me segurando fortemente pelo braço em direção a porta - Pare de insinuar coisas que não aconteceram, e que você não sabe. - ele abriu a porta, me puxando para dentro, até a sala enquanto vinha correndo logo atrás da gente com um pouco de desespero - Eu posso suportar as coisas que você faz, como seu modo inapropriado de se vestir, e suas intenções de me envergonhar em frente a todos, mas não vou aceitar que você fale algo que você não tem conhecimento à respeito. Na verdade, eu estou começando a pensar a respeito sobre você estar indo para o mesmo caminho que sua mãe, sobre você está ficando tão louca como ela e ser a próxima a cortar os próprios pulsos. - falou entre dentes, e eu pude ver seus olhos ficarem mais raivosos do que nunca quando ele me atirou contra o sofá com força, me fazendo soltar um gemido de dor, pelo impacto e pela força na qual ele segurava o meu braço. Antes que eu tivesse a oportunidade de responder aquilo, ele seguiu em direção ao seu escritório e logo o som da tranca foi ouvido na sala.
Me mantive sentada no sofá, enquanto acariciava meu braço onde aquele no qual eu chamava de pai havia segurado, e apertei meus olhos com força tentando segurar as lágrimas que queriam surgir ali. Logo senti o espaço ao meu lado se afundar, e se aproximar de mim para me abraçar desajeitadamente.
- , me desculpa... - ele sussurrou baixo encostando seu rosto em meus cabelos, me fazendo encolher ainda mais ali. - Eu não sabia como te ajudar. - continuou e soltou um suspiro pesado.
Apenas balancei a cabeça negativamente, e saí de seus braços dando a volta no sofá e subindo as escadas rapidamente em direção ao meu quarto. Destranquei a porta, e entrei trancando a mesma novamente, ouvindo se aproximando dali, então me encostei na mesma escorregando até o chão, enquanto sentia as grossas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
"Na verdade, eu estou começando a pensar a respeito sobre você estar indo para o mesmo caminho que sua mãe, sobre você está ficando tão louca como ela e ser a próxima a cortar os próprios pulsos."
Aquelas palavras repetiam em minha mente, como um CD quando estava arranhado, e era só o que me fazia odiar ainda mais aquele homem. Naquele momento, foi o qual eu decidi que iria fazer da vida dele um inferno, até descobrir toda a verdade a respeito da minha mãe.
- I'm a motherfucking woman, baby, alright. - cantarolei a música da Ke$ha enquanto rebolava na frente do espelho e gargalhei gostosamente com aquilo.
Eu tinha praticamente certeza de que o meu pai surtaria com a minha roupa, e era o que mais me deixava animada em usá-la.
Entrei no instagram e gravei um boomerang na frente do espelho e o postei na rede social usando apenas um emoji de boquinha como legenda. Voltei para a cama e me sentei na mesma para calçar os sapatos que havia escolhido e assim que o fiz, me levantei novamente e voltei para o banheiro. Espirrei um pouco do perfume atrás de cada orelha, e em um dos pulsos o esfregando contra ao outro. Joguei um pouco de perfume para o alto, fazendo as gotículas voarem pelo ar e girei debaixo das mesmas soltando uma risada com aquela mania. Eu fazia aquilo desde pequena, alguns hábitos não mudariam por eu ter crescido.
Voltei para o quarto e me sentei na cama lendo os comentários do meu último post, e acabei rindo com as coisas que lia de alguns amigos da Austrália, e até mesmo de alguns desconhecidos que me seguiam.
- ... - ouvi me chamar do corredor e logo depois ouvi as batidas na porta - Nosso pai está perguntando se você já está pronta, porque já estamos atrasados. - ele continuou e eu soltei uma risada nasalada enquanto bloqueava o celular.
- Só um minuto. - gritei de volta e me levantei da cama pegando a bolsa sobre a poltrona. Peguei o batom na penteadeira, e junto com o celular coloquei sobre a pequena bolsa de mão, então destranquei a porta do quarto e saí dando de cara com meu irmão.
- Wooow! - silabou ele me olhando do pé a cabeça, e eu dei uma voltinha antes de trancar a porta do quarto por fora, afinal não queria que ninguém entrasse ali - Não sei se é proposital, mas quando ele te ver, ele vai ter um infarto. - ele sussurrou para mim apontando para o andar de baixo, enquanto se referia ao nosso pai.
- Qual é, ! Eu nunca o provoco. - fiz um biquinho inocente e ele riu negando com a cabeça - Não que eu deseje que ele tenha um infarto, mas eu espero que ele surte bastante. - dei um sorrisinho travesso, fazendo meu irmão negar novamente com a cabeça.
- Você é impossível, , impossível. - falou enquanto entrelaçava seu braço ao meu e eu dei ombros enquanto seguíamos o corredor para as escadas.
Descemos as escadas em silêncio, o único barulho que se ouvia na sala era dos meus sapatos contra o piso e das pedrinhas de gelo no whisky do meu pai, que chocavam levemente contra o copo. Ao notar nossa presença no cômodo, ele se levantou do sofá e virou em nossa direção, parando completamente seus movimentos ao pairar seu olhar em mim.
- O que você acha que está fazendo? - ele falou com todo aquele seu ar autoritário olhando diretamente para mim, mais especificamente em minha roupa.
- Estou indo para uma festa? - falei com obviedade, deitando um pouco a cabeça para o lado, fazendo-me de desentendida.
- Você vai a uma festa beneficente em um lugar muito bem frequentado, não dançar em uma boate de stripper. - ele manteve seu tom, tentando não se deixar abalar pela minha gracinha anterior.
- Não sabia que strippers usavam Elie Saab, eu jurava que elas usavam praticamente nada. Ficavam quase nuas, sabe? - fiz uma careta pensativa, tentando ao máximo disfarçar o deboche em minha voz, mas era difícil. - Acho que já sei qual será meu futuro emprego. - soltei uma risada nasalada, e podia jurar que suas narinas dilataram iguais às de um touro raivoso.
- Você vai subir e tirar isso agora, e rápido porque vamos nos atrasar. - ele aumentou a voz, ficando ainda mais autoritário e apontou para a escada com sua mão livre.
- Já estamos atrasados, se eu subir pra me trocar provavelmente não chegaremos a tempo, e aí não serei eu a ter uma imagem ruim na frente de toda Londres. - fiz um bico que seria até bem engraçado, se meu pai não estivesse tentando me matar com os olhos.
- Então você fica. - ele deu seu ultimato e eu segurei um sorrisinho debochado com aquilo.
- Tudo bem. - dei ombros enquanto soltava meu braço ao de que me olhou com confusão - Você pode dizer a Abigail que na próxima eu a ajudo com o leilão, porque dessa vez você me proibiu de ir, por causa da minha roupa de stripper. - suspirei pesadamente, fazendo um leve drama com tudo aquilo, e arqueou a sobrancelha, quase me fazendo gargalhar e sair do papel - Ou então, conta pra todo mundo que eu sou sua prisioneira e não posso mais sair de casa pra nada. - nessa hora eu abri o sorrisinho debochado, realmente o fazendo bufar de raiva.
- Só espero que você não apronte nada nessa festa. - ele falou entre dentes, se dando por vencido e bebeu o restante de sua bebida em um único gole. Quando deixou o copo sobre a mesinha, suas mãos estavam vermelhas com a força que ele o segurava.
Olhei para com um sorriso vitorioso e ele negou com a cabeça rindo pelo nariz, entrelaçou novamente seu braço ao meu e nós saímos de casa atrás do meu pai, seguindo para o carro que estava parado em frente a porta. Entramos os dois atrás, e meu pai na frente com o motorista e então ele seguiu para fora da casa e rumo a festa.
Fomos durante todo o caminho em um mórbido silêncio, eu preferi não falar nada para não correr o risco dele querer voltar para casa e estragar meus planos para a noite.
Quando chegamos ao clube onde seria a festa, que por um acaso - ou não - era o mesmo da outra festa, o motorista parou o carro em frente a entrada e nós três descemos. Meu pai, como sempre, se dirigiu na frente, subindo as escadas com os convites em mãos e eu subi logo atrás ainda de braços dados com .
- Você vai mesmo participar do leilão? - sussurrou para mim enquanto acabávamos de subir as escadas, eu apenas dei ombros e soltei uma risada baixa.
Passamos pelos seguranças e eu os cumprimentei com um leve “boa noite” e um sorriso simpático nos lábios, e entramos no clube. Seguimos por um pequeno caminho asfaltado, e logo mais a frente, Abigail estava recebendo os convidados, acompanhada de seu neto. Eles acabavam de cumprimentar um casal que entrava, quando olhou em nossa direção, até que seu olhar cruzou o meu, no qual eu fiz questão de sustentar.
- Mark, querido! - Abigail falou assim que meu pai se aproximou e ele a abraçou levemente lhe dando um leve beijinho nas costas da mão.
- É sempre um prazer te ver, Abigail. - meu pai falou com aquele tom amigável e suave que ele usava com praticamente todos à sua volta, mas não em casa, e ela sorriu cordialmente.
- Seus filhos ficam cada dia mais bonitos. - ela nos olhou por alguns segundos, e logo depois olhou para o meu pai que deu um sorriso fechado, sem mostrar nenhum dos dentes, e balançou a cabeça - , como vai, querido? - ela se dirigiu ao meu irmão que a abraçou levemente repetindo o gesto de nosso pai e beijando as costas de sua mão.
- Eu vou muito bem, e a senhora? - falou com seu tom de voz doce, que ele também não usava muito, só quando ele queria conquistar alguma mulher, mas não era o caso ali.
- Eu também vou muito bem, obrigada. - ela sorriu e ele retribuiu seu sorriso, então ela se virou para mim, que por pouco não fui pega trocando olhares com seu neto, que por um acaso estava extremamente gostoso em seu smoking (https://www.flickr.com/photos/160190116@N07/48644111391) - Sabe que você foi a primeira a aparecer aqui sem um longo? - ela me olhou encarando a minha roupa, e eu sorri levemente.
- Sinceramente, eu odeio ser igual a todo mundo. - soltei uma risada nasalada, fazendo uma careta e meu pai me olhou com repreensão. - Eu sabia que todas as mulheres viriam de longo, afinal de contas é uma festa formal, mas quem disse que um Elie Saab não é formal só por ser curto? - olhei para baixo encarando meu vestido, e sorri.
- Se todas as mulheres tivessem essa segurança para se arriscar dessa forma, não haveria tantas decepções. - ela falou e eu me vi obrigada a concordar, porque era verdade. Muitas mulheres ainda não tinham confiança em si, e acabavam se arrumando mais para os homens, do que para elas mesmas, o que no final acabava sendo só mais uma decepção. - E se você quer saber, você conseguiu ficar mais deslumbrante que todas elas juntas. - retribuiu o meu sorriso de antes, e então me abraçou calorosamente em cumprimento.
- Obrigada, Abigail! - retribui seu abraço, encarando meu pai com a sobrancelha arqueada, para ele ver como ele estava errado. - É um prazer estar aqui novamente. - desfiz o abraço para olhá-la.
- Eu quero que você conheça alguém... - ela me olhou e se afastou um pouco olhando para que se aproximou de nós - Esse é o meu neto . - ela olhou dele para mim, e eu olhei para sorrindo - , essa é . - ela voltou a olhá-lo e ele retribuiu o meu sorriso com aquele seu jeito galanteador.
- É um prazer te conhecer. - falei lhe estendendo a mão para que pudesse apertá-la.
- Acredite, o prazer é todo meu. - falou me olhando nos olhos, e eu obviamente entendi o duplo sentido daquela frase. Era irônico aquilo, pois já nos conhecíamos, e muito bem.
- O Mark e o , você já conhece. - Abigail voltou a olhá-lo, e em seguida olhou para meu pai e meu irmão.
- É um prazer reencontrá-lo, Sr. . - estendeu a mão para o meu pai que logo a apertou - , faz tempo que não nos vemos. - ele se virou para o meu irmão, falando como se fossem velhos amigos, ou melhor, como se ainda fossem velhos amigos.
- Pois é, não te vi aqui na outra festa. - falou sem muita vontade, só mesmo para disfarçar aquele momento.
- Bom, eu estava aqui, mas não estava sozinho. - ele soltou uma risada nasalada e me olhou rapidamente, o que me fez segurar um sorrisinho idiota.
- Que pena, podíamos ter batido um bom papo. - falou com a maior hipocrisia do mundo e concordou se fazendo de desapontado, o que acabou me arrancando uma risada baixa.
- , por que você não faz companhia a ? - Abigail interrompeu a conversa deles, olhando para .
- Se ela não se incomodar. - ele me olhou à espera de uma resposta, que veio do .
- Não precisa, ela vai ficar comigo. - ele falou me abraçando pelo pescoço, e eu o olhei arqueando a sobrancelha.
- A quem você quer enganar, ? - ele me olhou sem entender - Você vai sumir com alguma garota como da outra vez, meu pai vai passar a noite falando de negócios com alguém, porque é o que ele faz, e eu ficarei vagando sozinha pelo clube. - constatei saindo de seu “abraço” enquanto recebia os olhares furiosos dos dois homens da família. - Eu aceito a companhia. - olhei para e logo enlacei meu braço ao dele, e seguimos em direção onde realmente estava a festa.
- Eu podia jurar que o me mataria quando minha vó pediu pra que eu te fizesse companhia. - ele falou baixo enquanto entrávamos no salão, mas sem deixar de demonstrar a diversão em sua voz.
- Se o não te matar primeiro, o meu pai me mata antes. - falei no mesmo tom e nós demos risada. - O melhor de tudo foi a cara dele quando sua avó elogiou a minha roupa, porque ele disse que eu estava parecendo uma stripper. - fiz uma careta e ri em seguida me lembrando daqueles fatos.
- Se você quiser dançar enquanto tira a roupa para mim, eu realmente não vou me importar. - ele falou com aquele seu típico tom malicioso e me olhou dando um sorrisinho de lado.
- Infelizmente não dá pra fazer isso aqui, porque eu adoraria tirar a roupa para você. - falei no mesmo tom e fiz um bico desapontado em seguida.
- Por falar em roupa... Você se vestiu assim com a intenção de provocar seu pai, ou a mim? - arqueou a sobrancelha enquanto parávamos na entrada e me olhou de cima a baixo.
- Ambos. - respondi diretamente dando ombros em seguida, e dei um sorrisinho travesso. - Porque eu tinha certeza que você ficaria louco quando me visse vestida assim. - olhei para a minha roupa e peguei uma taça de champanhe na bandeja do garçom que passava próximo a gente.
- Você não imagina o quão louco está me deixando. - falou pegando também uma taça de champanhe, e se aproximou de mim ficando a poucos centímetros de distância. - Eu queria muito poder te beijar agora mesmo. - falou sussurrando intercalando o olhar entre meus olhos e meus lábios. Eu até teria lhe beijado naquele momento, mas se aproximava junto com meu pai e Abigail.
- , sério, você é muito engraçado. - ri um pouco quando os três realmente se aproximaram e ele me olhou em confusão, mas entendeu quando sua avó parou em seu lado. Eu estava parecendo uma idiota, mas precisava disfarçar.
- Você não deveria estar com isso. - meu pai falou apontando para a taça de champanhe, e eu olhei para a mesma. - Me dá sua taça. - ele falou tentando não parecer autoritário, mas era impossível. Então pegou a taça da minha mão, e eu peguei a de bebendo todo o conteúdo que havia nela, o fazendo cerrar os olhos em minha direção.
- É uma festa, papaizinho, seja menos careta. - me aproximei dele e arrumei sua gravata, e em seguida me virei para . - Me mostra a área da piscina que você tinha falado? - ele logo entendeu o que eu queria dizer com aquilo e concordou com a cabeça.
- Nos dêem licença. - olhou para sua vó, meu pai e , e entrelaçou nossos braços. Logo saímos dali, indo em direção a saída do salão que dava na piscina. - Mais um pouquinho seu pai surta. - ele falou para mim, soltando uma risada nasalada.
- Essa é a intenção. - peguei duas taças de champanhe com o garçom que passava e entreguei uma para ele. - Só pra não ficar te devendo uma taça. - o olhei e ele deu uma risada negando com a cabeça, enquanto saímos indo para a área da piscina.
- Eu aceitaria um beijo em troca. - falou como quem não queria nada e deu ombros.
- Acho que aqui não tem problema algum. - olhei em volta vendo que não havia ninguém ali, e fui me aproximando para lhe beijar.
- ? - ouvi a voz do meu irmão e me afastei de dando um passo para trás, já frustrada com aquelas interrupções na hora errada. - Posso falar com você? - o olhou enquanto se aproximava da gente, e concordou com a cabeça sem entender o que acontecia.
- Você quer que eu saia? - olhei para , que negou com a cabeça e eu não podia negar que estava curiosa para saber o que ele tinha para falar para o .
- Fiquei sabendo que você pagou a minha fiança... - começou e concordou com a cabeça bebericando sua champanhe. - Não sei porque você fez isso, mas eu... - ele fez uma pausa, e pelo que eu o conhecia tava com o orgulho entalado na garganta para falar o que ele tinha que falar. - Eu queria te agradecer. - ele desviou o olhar para a água cristalina da piscina e coçou a nuca em seguida.
- me agradecendo por algo? Isso parece até ironia do universo. - falou debochado, soltando uma risada em seguida, e o olhou raivoso, enquanto eu o olhava com repreensão.
- Já entendi... - balançou a cabeça negativamente e me olhou - Você só fez isso para se fazer de bonzinho para minha irmã, e depois debochar da minha cara. - soltou uma risada sem humor, e voltou a olhar seu rival.
- Por que eu iria querer me fazer de bonzinho para sua irmã? - fez uma careta que eu diria ser confusa, e balançou a cabeça. - Mas enfim, eu não fiz nada demais por pagar sua fiança. Só queria poder ajudar de alguma forma. - deu ombros e bebeu mais um gole da sua champanhe, então concordou com a cabeça.
- Pode deixar que quando eu ganhar a próxima corrida, eu te devolvo esse dinheiro. - falou com aquele seu jeito convencido de sempre e riu.
- Você quer dizer a próxima corrida que eu também vou ganhar como todas as outras? - rebateu sua provocação, e cerrou os punhos para não lhe dar um soco. - Não se preocupa com o dinheiro. - ele negou com a cabeça e se afastou concordando, claramente enfurecido e logo sumiu para dentro do salão.
Assim que desapareceu da vista, eu olhei para com os olhos cerrados, e ele bebericou a champanhe arqueando a sobrancelha em confusão.
- Ele veio até aqui te agradecer numa boa, engolindo o orgulho pra isso e você debocha da cara dele assim? - falei incrédula negando com a cabeça.
- Você queria que eu abraçasse ele e o convidasse para ser meu melhor amigo de novo? - falou com ironia e riu pelo nariz.
- Caramba, ! - bufei enquanto andava em direção a piscina - Nessa situação que a gente está, se você e pelo menos agissem decentemente um com o outro, tudo seria mais fácil. - encarei a água a minha frente e o senti se aproximar.
- ... É impossível que eu e seu irmão voltemos a ser amigos. - ele parou ao meu lado e olhou para água por alguns segundos, me olhando em seguida.
- Vocês deveriam colaborar, porque já tá ficando difícil manter o que a gente tem escondido do . - bebi um longo gole de champanhe, e suspirei em seguida. Aquilo era verdade, uma hora ou outra ele descobria sobre a gente, e provavelmente ele surtaria.
- Você pode falar relacionamento, a palavra não morde. - ele falou com humor rindo em seguida, e eu o olhei rindo fracamente e o empurrando levemente.
- Essa palavra assusta um pouco. - fiz uma careta e andei um pouco em volta da piscina me sentando em um dos bancos de pedra que ficava ali, e coloquei a taça e minha bolsa sobre a mesa também de pedra.
- Você sempre tão destemida, tem medo de relacionamento? - ele falou ainda mantendo o tom bem humorado e foi até onde eu estava se sentando na minha frente.
- Não tenho medo de relacionamentos, tenho medo do nosso relacionamento. - soltei uma risada fraca e o olhei em seguida - Tudo isso é muito louco, porque você é você e tem toda essa história com o meu irmão. - balancei a cabeça negativamente e voltei a encarar a piscina.
- Olha, minha história com o não interfere em nada no que nós temos. - negou com a cabeça e deu a volta na mesa se sentando ao meu lado, então segurou a minha mão - Eu sei que é loucura isso, e acredite em mim, eu nunca imaginei que aconteceria... - riu pelo nariz, e me olhou - Mas aconteceu, e sinceramente? Foi ótimo ter acontecido. - sorriu e colocou uma de suas mãos em meu rosto.
Balancei a cabeça novamente e acabei sorrindo antes de aproximar meu rosto do dele e colar nossos lábios, iniciando um beijo calmo. Aquela altura não estávamos preocupados que ninguém nos visse ali, só precisávamos daquele momento.
Ele me puxou para seu colo, fazendo com que eu deixasse uma perna de cada lado de seu corpo e me beijou com mais vontade que antes. Sem pudor algum ele enfiou uma das mãos por dentro do meu vestido, e a deixou sobre minha bunda, que ele logo apertou, me fazendo suspirar em seus lábios. Mordi seu lábio inferior o puxando levemente e cortei o beijo o olhando nos olhos, então deixei que uma das alças do vestido escorregasse pelo meu braço, fazendo com que meu seio ficasse praticamente exposto.
- Opa! - falei me fazendo de inocente e ele desceu seu olhar para o meu colo mordendo o lábio em seguida.
- Puta que pariu, ! - ele apertou minha bunda com um pouco mais de força me fazendo soltar um gritinho - Você quer me deixar duro, sabendo que não podemos fazer nada aqui? - desceu os beijos para o meu pescoço, onde deu algumas mordidas me fazendo gemer baixinho.
- Quem disse que não podemos fazer nada? Não estou vendo mais ninguém aqui além de nós dois. - falei como quem não quer nada, e joguei meu corpo para trás o encostando na mesa. Foi a oportunidade que ele precisava para abaixar um pouco mais o meu vestido e abocanhar meu seio com vontade.
Ele levou a mão da minha bunda para minha intimidade e colocou a minha calcinha um pouco para o lado começando a estimular meu clitóris, me fazendo soltar alguns gemidos.
- ... - falei sussurrando enquanto continha os gemidos que queriam sair altos pela minha boca.
Ele não me respondeu, pelo contrário, penetrou um dedo em minha intimidade e começou a fazer movimentos lentos, enquanto mordiscava meu seio. Ele penetrou o segundo dedo e aumentou a velocidade dos movimentos, me fazendo gemer um pouquinho mais alto, então ele parou o que fazia no meu seio e me olhou.
- Não faz barulho, senão vão nos pegar aqui. - ele falou, mas sem realmente se mostrar preocupado com aquilo, e voltou a fazer o que fazia antes.
Ele movia os dedos rapidamente em minha intimidade, enquanto estimulava meu clitóris com o polegar, e sugou meu seio me fazendo morder o lábio inferior para não soltar um grito alto ali.
- Mas cara eu já te falei que os Sharks vão ganhar, porque... - uma voz masculina começou a falar atrás da gente, mas logo se interrompeu. - Puta que pariu! - o ouvimos sussurrar, mas não baixo o suficiente e logo parou o que fazia e o encarou por cima do meu ombro, me fazendo levantar rapidamente de seu colo e ajeitar o meu vestido. - Eu não queria atrapalhar, só queria fumar. - ele riu fraco e mostrou o cigarro em uma das mãos enquanto mantinha o celular na orelha o segurando com a outra. Era um garoto jovem, devia ter uns 18 anos no máximo e pela sua roupa eu diria que ele estava ali trabalhando como garçom.
- Precisa de um isqueiro? - perguntou tirando o isqueiro do bolso, e olhou para o garoto e que apenas assentiu. Acho que ele estava tão envergonhado, que provavelmente nem se lembrava onde enfiara seu próprio isqueiro.
- Eu vou ao banheiro retocar o batom, você me encontra lá dentro? - olhei para enquanto ele ia em direção ao garoto para acender seu cigarro e ele assentiu. - Só lembra de limpar sua boca antes, e tirar os vestígios do meu batom daí. - soltei uma risada nasalada, e ele riu negando com a cabeça, então eu peguei minha bolsa e saí dali.
Entrei pela porta da cozinha por onde o garoto havia passado, e fui direto para o banheiro para não correr o risco de me ver naquela situação. Ao entrar no banheiro, havia apenas duas mulheres lá dentro, que me olharam do pé a cabeça.
- Gostaram? É um Elie Saab. - dei um sorrisinho irônico e fui em direção a pia, as deixando sem o que falar, o que as fez sair do banheiro me deixando ali sozinha.
Peguei um pedaço do papel toalha e limpei o excesso do meu batom que estava borrado, enquanto encarava meu reflexo no espelho. Não consegui evitar uma risada ao olhar o meu estado, e me lembrar da cara que o garoto havia feito. A única parte triste nisso tudo, é que não terminou o que fazia, por causa da interrupção, e eu sentia que poderia explodir se ele não me fizesse ter logo um orgasmo como o que eu deveria ter tido minutos antes.
Depois de tirar todo o batom borrado, peguei-o dentro da bolsa e o passei sobre meus lábios, os deixando novamente como estavam antes de me atracar com o na piscina. Aproveitei para retocar o rímel também, e arrumar novamente o cabelo que havia bagunçado um pouco com a empolgação. Joguei o papel usado na lixeira e em seguida saí do banheiro, voltando para onde dava a festa, e logo avistei conversando com sua avó, então segui em sua direção.
- Querida, está pronta para o leilão? - Abigail me olhou assim que eu me aproximei e fez o mesmo.
- Vim preparada para isso. E pode ter certeza de que faremos esse leilão bombar. - falei com firmeza dando meu melhor sorriso. - Principalmente com o meu “Grand Finale”. - procurei meu pai com o olhar e o achei conversando com alguns outros homens, e provavelmente falavam de negócios, o que me fez querer rir ao imaginar como ficaria sua cara.
- Do que vocês estão falando? - falou em tom de confusão olhando de mim, para sua avó.
- Você vai descobrir. - o olhei e dei um sorrisinho que foi retribuído por Abigail, o deixando ainda mais confuso.
- Vamos para nossos lugares, porque vai começar o leilão. - ela falou e nós dois concordamos a seguindo até onde seria o leilão, sendo seguidos pelos outros convidados.
- Vou ir sentar com o e meu pai, mas a gente se fala durante o leilão. - olhei para que apenas concordou com a cabeça, mas antes que eu pudesse me afastar ele me segurou pelo braço, e se aproximou.
- É uma pena que aquele garoto interrompeu nossa foda. - sussurrou em meu ouvido, de uma forma suja, porém sexy.
- Nem me fale. - balancei a cabeça negativamente e suspirei frustrada - Saiba que você está me devendo um orgasmo. - sussurrei de volta para ele, lhe dando uma piscadela, então saí andando em direção onde estava se sentando com meu pai e me encarando com uma cara nada boa.
Assim que passei entre as pessoas já sentadas em suas cadeiras para conseguir chegar a meu respectivo lugar, sentei-me ao lado de , do lado oposto ao do meu pai para a minha felicidade, e deixando a plaquinha do leilão em meu colo.
- O que o estava sussurrando para você? - falou baixo para mim, provavelmente para que meu pai não escutasse nossa conversa e descobrisse a briga dele com o neto de Abigail, que era uma fonte de dinheiro para ele.
- Ele só estava me perguntando se eu queria me sentar com ele, nada demais. - menti e dei ombros como se aquilo não me importasse.
Ele apenas assentiu e voltou a olhar para frente, e eu fiz o mesmo, vendo sentar a duas fileiras na frente da que eu estava, e três cadeiras para direita, o que facilitava nossas trocas de olhares cúmplices, que já começaram naquela hora.
Peguei meu celular na bolsa, e o desbloqueei entrando nas mensagens com o , então logo digitei e enviei a mensagem.
"Me dá um único motivo pra não ir até aí te beijar e continuar o que estávamos fazendo na piscina..."
Demorou alguns segundos para que ele visse a mensagem, enquanto prestava atenção na "apresentação" que sua avó fazia no palco improvisado a frente. Mas logo que olhou para o celular, virou a cabeça um pouco para me olhar, arqueando a sobrancelha. Sustentei seu olhar, enquanto mordia o lábio inocentemente, e ele voltou a se virar na cadeira, o que me levou a concluir que era para responder minha mensagem.
"Sinceramente, eu queria que você viesse aqui, mas o não iria gostar disso, e seu pai muito menos... O que provavelmente causaria uma confusão nesse lugar..."
Li sua resposta e soltei uma risada nasalada acabando por concordar com a cabeça. Quando pensei em responder, a outra mensagem apareceu na tela, me fazendo levantar a cabeça e ver que ele me olhava daquele jeito sedutor de sempre. "Mas nada me impede de invadir sua casa hoje de novo, e repetirmos a dose da última noite..."
- , guarda esse celular. Você não está em casa, tenha um pouco de decência e educação. - meu pai falou autoritário como sempre, e eu revirei os olhos bloqueando o celular o guardando de volta.
me olhava com confusão, mas eu preferi atender ao pedido de meu pai, porque ele não perdia por esperar pelo que viria logo, logo.
- Vamos começar o leilão com esse maravilhoso colar de Garnet Azul, que como a maioria deve saber um quilate dessa pedra vale no mínimo U$ 1.5 milhão. - ela mostrou o belo colar dentro da pequena caixa preta, e deu claramente para ouvir os suspiros das mulheres no salão. Eu não podia negar que estava da mesma forma. - Então podemos dar início aos lances, começando por esse sugerido valor. - ela falou colocando a caixa sobre a mesa ao seu lado, e logo uma mulher levantou a plaquinha, e eu levantei em seguida aumentando o lance para U$ 2 milhões. - Alguém dá mais? - ela olhou para todos, e para minha surpresa levantou sua plaquinha e me olhou com diversão. Para não ficar para trás levantei novamente a minha placa, e a mulher fez o mesmo, levando uma terceira entrar na disputa também.
A primeira mulher desistiu quando a disputa chegou a U$ 10 milhões em um lance dado pelo , mas seu marido entrou na disputa por ela, não se dando satisfeito por a mulher não ter o colar que queria.
- Vinte e cinco milhões de dólares. - falou passando o lance de U$ 20 milhões que havia sido dado pela outra mulher que bufou em seguida, desistindo da competição.
- O que você tá fazendo? - silabei sem som e ele riu dando de ombros, então eu levantei a plaquinha novamente aumentando o lance, enquanto o encarava.
- Alguém dá mais que U$ 30 milhões dados pela Senhorita ? - Abigail perguntou olhando para todos, e automaticamente eu e olhamos para o homem. - Cinquenta milhões de dólares. - ele falou sério levantando sua plaquinha, e sua mulher abriu um sorriso vitorioso encarando a mim e a outra mulher. Eu teria revirado os olhos, ou algo do tipo, se não tivesse dado todos aqueles lances para movimentar ainda mais o leilão como havia combinado com Abigail. Afinal de contas, todo aquele dinheiro iria ser doado para a caridade, quanto mais conseguíssemos arrecadar, melhor.
- Mais ninguém? - Abigail voltou a perguntar e ninguém se pronunciou, nem mesmo . - Dou-lhe uma... Dou-lhe duas... Dou-lhe três... Vendido! - ela bateu o pequeno martelo na madeira e as pessoas aplaudiram.
O leilão continuou com vários itens diferenciados, um quadro famoso, um vaso de flores, móveis antigos que valiam milhões, relógios, pulseiras e várias outras coisas que mesmo que não valessem tanto, acabaram valendo milhões apenas por deixarem as pessoas competindo entre si para saberem quem podia pagar mais.
- Para finalizar o nosso leilão, eu vou precisar da ajuda de uma pessoa. , você pode vir até aqui, por favor? - Abigail me olhou e algumas pessoas fizeram o mesmo, então eu me levantei e fui em direção a frente do salão, recebendo os olhares confusos de meu pai, e .
- Boa noite a todos! - falei no microfone ganhando a atenção de todos. - Esse leilão maravilhoso, onde estamos conseguindo arrecadar bastante fundos para a caridade, não poderia ser melhor, não é? - olhei para Abigail que concordou com a cabeça sorrindo - Pensando em como todo mundo aqui deve ter uma vida agitada, baseada nos negócios, como meu pai, por exemplo... - olhei para o meu pai, que cerrou os olhos em minha direção, mas logo continuei. - Eu e a Abigail conversamos sobre algo diferente para se leiloar, e pensamos “por que não leiloar uma pequena viagem onde se poderia descansar e esquecer um pouco da rotina do dia-a-dia?”. E com isso, o último item do leilão de hoje é um final de semana em Rocamadour, na França. - falei sorrindo e entreguei o microfone para que Abigail continuasse.
- A hospedagem será feita na minha casa em Rocamadour, o transporte também será por minha conta, a única coisa que o ganhador deverá fazer é se divertir. - ela continuou o que eu falava, e também sorriu em seguida, me devolvendo o microfone.
- Praticamente ninguém aqui deve conhecer a cidade, então para facilitar tudo o comprador dessa viagem, pode ter a minha companhia durante todo o final de semana, como guia turística e também alguém para se divertir. - dei um sorrisinho divertido, que só aumentou quando olhei para a feição furiosa do meu pai. - O lance inicial é de U$ 20 mil. - finalizei e Abigail deu a deixa para começarem os lances, e foi o primeiro a levantar a plaquinha.
o olhou, nada feliz com aquela história e levantou sua plaquinha em seguida, me querendo fazer rir. aumentou o lance, e mais um homem entrou na disputa aumentando também o último lance dado. O homem me olhava com um sorrisinho malicioso nos lábios, o que acabou me arrancando uma careta enojada, e o que me fez rezar para que , ou até mesmo vencesse aquilo.
- Quarenta mil dólares. - o homem falou aumentando o lance de U$25 mil, e eu acabei arregalando os olhos. Eu havia feito aquilo para provocar meu pai, não para acabar tendo que passar um final de semana com um velho cheio da grana e tarado.
- Cinquenta mil dólares. - aumentou o lance para minha felicidade, e o olhou recebendo um sorrisinho debochado. Por mais que fosse meu irmão, eu esperava que ganhasse aquilo, pois seria ótimo poder passar um final de semana todo apenas com ele, e parecendo ter lido meu pensamento ele levantou sua plaquinha.
- Cem mil dólares. - ele falou com aquele seu tom rouco e extremamente sexy, e eu só queria pular em seu pescoço e lhe beijar até me cansar, mas precisei me controlar.
- Mais algum lance? - perguntei e quando pensou em levantar sua plaquinha novamente, meu pai segurou seu braço falando algo com ele em seguida e ele abaixou novamente o braço. O outro homem também não se pronunciou, para a minha imensa felicidade. - Dou-lhe uma... Dou-lhe duas... Dou-lhe três... - falei olhando para o enquanto batia o martelo - Vendido para esse belo cavalheiro aqui na frente. - sorri com aquilo e retribuiu meu sorriso. Enquanto estava vermelho e bufando de raiva por aquilo, meu pai não estava diferente.
- Todo o dinheiro arrecadado será convertido em Libras, e doado para as instituições associadas. Conseguimos arrecadar bem mais do que esperávamos, eu só tenho a agradecer a todos pela ajuda, principalmente dessa garota maravilhosa aqui... - ela me olhou e sorriu, e eu acabei fazendo o mesmo - Ela me ajudou a organizar tudo isso aqui, e foi tudo melhor do que esperado. - ela segurou minha mão, e eu mantive apenas o sorriso no rosto. - Espero imensamente que todos presentes tenham se divertido essa noite. Tenham todos uma boa noite. - ela finalizou e sorriu desligando o microfone e se virando para mim. - Obrigada por toda ajuda, sem você nada teria saído dessa forma. - segurou minha mão entre as suas.
- Não precisa me agradecer, Abigail. Sempre amei organizar eventos, e principalmente poder ajudar alguém que está precisando. - falei sinceramente e ela sorriu.
- Por mais que eu tenha percebido que 99% das coisas que você fez hoje foi para provocar seu pai, eu tenho certeza que você é uma pessoa incrível, e que está sempre disposta a ajudar ao próximo. - eu concordei com a cabeça e acabei sorrindo com aquilo. Por algum motivo aquelas palavras dela havia mexido comigo, era algo meio materno, e como eu havia perdido aquilo cedo, quando tinha a oportunidade de ouvir algo assim, ficava um pouco comovida.
- Desde quando vocês duas viraram cúmplices de leilões? - falou se aproximando e chamando nossa atenção nos fazendo rir brevemente.
- Eu consegui o número da sua avó há alguns dias na empresa do meu pai, e ofereci a minha ajuda com a festa. - me expliquei enquanto Abigail concordava.
- E aí ela me deu a ideia de leiloar essa viagem, e eu não vi motivos para negar. - ela completou e dessa vez eu quem concordei.
- Por falar em viagem, quando posso receber meu prêmio? - olhou diretamente para mim e eu ri baixo.
- Você pode viajar para Rocamadour quando você quiser, afinal sua avó tem uma casa lá, nem sei porque você insistiu em comprar essa viagem. - fiz uma careta confusa, e ele riu balançando a cabeça.
- Eu não comprei pela viagem, mas pela companhia. - ele falou me olhando nos olhos e eu sorri levemente negando com a cabeça.
- Sabe que a minha companhia foi apenas uma sugestão, não é? - falei me fazendo de desentendida, e Abigail riu levemente achando graça daquilo.
- E eu estou aceitando a sugestão. - deu ombros dando um sorrisinho de lado, e mais uma vez naquela noite eu só queria beijá-lo.
- Não sei porque, mas vocês dois fariam um belo casal. Teriam a minha bênção. - Abigail falou ganhando nossa atenção, e tanto como eu, tivemos que se segurar para não rir naquele momento. Coitada, mal sabia ela que nós já tínhamos um caso há algum tempo.
- Talvez. - manejei a cabeça e olhei para que acabou me olhando de volta, e soltando uma risada nasalada.
- Abigail, como sempre seus leilões acabam esplêndidos. - meu pai falou se aproximando e segurando as mãos de Abigail entre as suas.
- Ah, Mark, não teria sido tão esplêndido assim se não fosse pelas ideias da . - ela me olhou gratificada e sorriu, me levando a fazer o mesmo. - Leiloar essa viagem de fim de semana, e ainda com a companhia dela, foi uma ótima ideia.
- Essa foi só mais uma das loucuras da minha filha. - meu pai falou soltando uma risada sem humor, e eu o olhei arqueando a sobrancelha.
- Até porque loucura é uma coisa de família, não é pai? - falei com ironia deixando aquela frase no ar, rezando pra que ele entendesse que eu a ligava com a morte da minha mãe. Ele não me respondeu, apenas me olhou com a feição enfurecida, enquanto travava o maxilar de raiva. O clima havia ficado tenso ali, porque todos ficaram calados, enquanto procuravam para onde olhar. Já eu, estava tranquila encarando o meu pai o desafiando a reagir a minha provocação ali na frente de todos.
- O que você acha de ser no próximo final de semana? - perguntou quebrando o clima tenso e chamando minha atenção. O que me fez olhá-lo com confusão. - Nossa viagem para Rocamadour. - ele completou soltando uma risada nasalada, e eu concordei com a cabeça entendendo o que era.
- Podemos sair no final da tarde de sexta e voltamos no domingo a noite, de preferência o mais tarde possível. Pode ser? - falei e dessa vez foi ele quem concordou com a cabeça.
- Vamos para a casa então. - meu pai falou seriamente me olhando, e eu apenas dei ombros enquanto ele se despedia de Abigail.
- , a gente se vê na sexta então. - ele concordou e eu o abracei, e ele logo retribuiu - Se eu sobreviver até lá. - sussurrei em seu ouvido soltando uma risada nasalada.
- Qualquer coisa sabe que pode me ligar, e se for preciso eu vou até lá. - ele sussurrou de volta e eu concordei desfazendo o abraço para o olhá-lo. - Foi um prazer te conhecer. - ele falou agora já alto para que todos pudessem ouvir e se aproximou novamente beijando a minha bochecha.
- Realmente foi um enorme prazer. - o olhei nos olhos, deixando bem claro o que eu queria dizer com aquilo, e ele deu um sorrisinho malicioso com aquilo, que por sorte eu fui a única a notar.
Quando olhei para , ele nos olhava nada satisfeito com o que estava vendo ali. Suas pupilas estavam dilatadas de raiva, e eu sabia que aquilo não era nada bom, mas resolvi ignorar, por hora.
Depois de me despedir de Abigail, nós três fomos em direção a entrada, deixando com sua avó no salão. Meu pai saiu na frente como sempre, deixando eu e para trás.
- Você e o estão muito amiguinhos. - falou e me olhou enquanto seguíamos atrás do meu pai - Vão até passar um final de semana juntos. - riu sem humor e balançou a cabeça negativamente.
- ... - fiz uma pausa e parei em sua frente o fazendo parar de andar - Nós estávamos conversando como duas pessoas decentes fazem, não é porque você odeia ele que eu também devo odiar. Eu sou sua irmã, mas nem por isso tenho que tomar todas as suas dores, ainda mais quando o errado da briga é você. - coloco o meu dedo indicador em seu peito. - Então, por favor, para de tentar fazer com que toda a família crie uma rivalidade com o , porque sinceramente isso não é uma briga entre Capuletos e ele um Montecchios. - balancei a cabeça negativamente e dei as costas para ele seguindo para fora do clube. Podia até não ser uma briga entre Capuletos e Montecchios, mas com certeza meu relacionamento com era quase uma versão atualizada de Romeu e Julieta.
Logo que entrei no carro sentando no banco de trás, logo atrás de onde estava meu pai, entrou do outro lado sentando atrás do motorista, que não demorou a dar a partida. O clima no carro não era nada bom, estava emburrado pela nossa pequena discussão minutos atrás, meu pai estava furioso com tudo o que havia acontecido durante a noite - mais especificamente, comigo - e eu estava irritada com toda essa história de ser uma prisioneira na minha própria casa, e ser tratada como uma criança, um ser frágil, pelo meu pai e meu irmão.
- Onde é que você estava com a cabeça, quando pensou em pagar milhares de dólares para passar um final de semana com a sua irmã? - meu pai olhou para o banco de trás, encarando , me fazendo desviar o olhar da janela do carro para o que acontecia ali dentro - Você passa todos os dias com ela, não tem porque gastar o meu dinheiro com coisas tão inúteis assim. - ele continuou falando em seu costumeiro tom autoritário e irritado.
- Eu só estava tentando impedir de que ela passasse um final de semana com quem não devesse, ou que fosse vista de alguma forma errada. - se defendeu, parecendo mais irritado do que estava antes, o que me fez bufar entediada com tudo aquilo.
- Impedindo de que ela fosse vista como uma stripper? Ou melhor dizendo, como uma garota de programa? - meu pai falou soltando uma risada nasalada.
- Se eu não te conhecesse, ficaria surpresa por ouvir algo tão machista assim saindo da sua boca. - falei repetindo sua risada nasalada o fazendo me encarar pelo retrovisor central - Mas se você quer saber, strippers e garotas de programa têm mais dignidade do que um falso filantrópico, hipócrita e machista que causou a destruição e morte daquela na qual ele dizia ser a sua esposa. - o encarei pelo retrovisor, tentando ao máximo controlar o volume e o sarcasmo em minha voz, podendo notar seu rosto tomar um tom avermelhado, e suas pupilas se dilatarem - É ridículo a forma no qual você tenta rebaixar a mim e ao como se não fôssemos nada, como se você fosse melhor do que a gente. Mas você é simplesmente um ser sem humanidade, que teve a coragem de trancar a filha em um internato por sete anos em outro continente, e o pior, mandar seu próprio filho para um reformatório o tratando como culpado de algo que você causou. - olhei rapidamente para , vendo que ele me encarava com confusão e um pouco de receio de tudo o que eu falava. E foi o que me fez não continuar aquela discussão, porque eu sabia que era algo difícil para ele.
O motorista continuava estático em seu lugar, mantendo a direção segura do carro, o que seria algo a se questionar, se eu já não soubesse que por ser um funcionário do meu pai, ele se tornava praticamente surdo, cego e mudo naquela, ou em qualquer outra condição. Meu pai ficou calado pelos outros dois quarteirões que se seguiram até que chegássemos em casa. Quando o motorista parou o carro em frente a casa, antes que eu pudesse pensar em algo, a porta a frente da minha foi aberta, e logo em seguida a do meu lado foi aberta, por onde eu fui literalmente arrancada com um puxão no braço.
- Eu já te disse uma vez, e essa será a última que vou dizer... - ele fez uma pausa enquanto me fazia subir a escada me segurando fortemente pelo braço em direção a porta - Pare de insinuar coisas que não aconteceram, e que você não sabe. - ele abriu a porta, me puxando para dentro, até a sala enquanto vinha correndo logo atrás da gente com um pouco de desespero - Eu posso suportar as coisas que você faz, como seu modo inapropriado de se vestir, e suas intenções de me envergonhar em frente a todos, mas não vou aceitar que você fale algo que você não tem conhecimento à respeito. Na verdade, eu estou começando a pensar a respeito sobre você estar indo para o mesmo caminho que sua mãe, sobre você está ficando tão louca como ela e ser a próxima a cortar os próprios pulsos. - falou entre dentes, e eu pude ver seus olhos ficarem mais raivosos do que nunca quando ele me atirou contra o sofá com força, me fazendo soltar um gemido de dor, pelo impacto e pela força na qual ele segurava o meu braço. Antes que eu tivesse a oportunidade de responder aquilo, ele seguiu em direção ao seu escritório e logo o som da tranca foi ouvido na sala.
Me mantive sentada no sofá, enquanto acariciava meu braço onde aquele no qual eu chamava de pai havia segurado, e apertei meus olhos com força tentando segurar as lágrimas que queriam surgir ali. Logo senti o espaço ao meu lado se afundar, e se aproximar de mim para me abraçar desajeitadamente.
- , me desculpa... - ele sussurrou baixo encostando seu rosto em meus cabelos, me fazendo encolher ainda mais ali. - Eu não sabia como te ajudar. - continuou e soltou um suspiro pesado.
Apenas balancei a cabeça negativamente, e saí de seus braços dando a volta no sofá e subindo as escadas rapidamente em direção ao meu quarto. Destranquei a porta, e entrei trancando a mesma novamente, ouvindo se aproximando dali, então me encostei na mesma escorregando até o chão, enquanto sentia as grossas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
"Na verdade, eu estou começando a pensar a respeito sobre você estar indo para o mesmo caminho que sua mãe, sobre você está ficando tão louca como ela e ser a próxima a cortar os próprios pulsos."
Aquelas palavras repetiam em minha mente, como um CD quando estava arranhado, e era só o que me fazia odiar ainda mais aquele homem. Naquele momento, foi o qual eu decidi que iria fazer da vida dele um inferno, até descobrir toda a verdade a respeito da minha mãe.
Capítulo 11
Aquela noite havia sido horrível para dormir, porque além de tudo o que já havia me acontecido antes, eu estava com uma dor de cabeça horrível, e parecia ter um concerto de Rock no meu cérebro. Por mais que não quisesse, acabei ignorando as mensagens de . Naquele ponto do dia, a única coisa na qual eu queria fazer era ficar sozinha.
Passei um bom tempo daquela noite deitada na cama, vestida apenas com uma lingerie enquanto olhava para o teto branco do meu quarto até que conseguisse pegar no sono no alto da madrugada.
Acordei na manhã seguinte sentindo uma intensa dor na barriga, que parecia ter um infeliz de um dinossauro dançando lambada no meu útero. Como se não bastasse a dor de cabeça, tinha a cólica para ajudar.
Sentei-me na cama, choramingando de dor enquanto passava as mãos pelo rosto para acordar de verdade, e quando abri os olhos, enxerguei a mancha vermelha no lençol. Eu precisava mesmo estar "naqueles dias", justamente quando tudo já estava péssimo. Porém, aquilo era um sinal de que eu realmente não estava grávida, levando em consideração meus deslizes com , pelo menos não estava atrasada, o que era uma preocupação a menos.
Me levantei da cama e peguei uma lingerie limpa no guarda-roupa, seguindo para o banheiro, e tirei a lingerie, entrando e a deixando no chão enquanto entrava no box. Tomei um banho um pouco demorado, tentando fazer com que aquilo me deixasse um pouquinho melhor, se não melhorasse as dores, pelo menos que melhorasse o humor, ou vice-versa.
Acabei nem lavando o cabelo, lembrando-me do que Sara sempre me dizia, que lavar cabelo quando se estava menstruada fazia mal, não que eu levasse muito aquelas coisas a sério, mas naquele momento eu estava tão esgotada que resolvi ouvir aquele sábio conselho que nunca havia ouvido na vida.
Quando saí do chuveiro, me sequei e vesti a lingerie colocando um absorvente ali, afinal de contas, nós mulheres não tínhamos escolhas senão os usar. Em seguida, parei em frente à pia e encarei minha face no espelho, vendo que não estava nada bem e a marca roxa em meu braço, devido a força com que meu pai havia me segurado. Fiz uma careta, e passei um lenço demaquilante no rosto, tirando o que restava da minha maquiagem não tirada da noite anterior, e em seguida escovei os dentes.
Saí do banheiro à procura de um remédio, achando apenas o último da cartela que eu acabei engolindo sem água mesmo e fui me vestir. Depois que vesti uma roupa velha qualquer, sem me preocupar muito com moda naquele momento, fui até a cama e peguei meu celular que estava na cabeceira ligado ao carregador, e olhei as mensagens do da noite anterior.
"Espero que tenha ficado tudo bem com o seu pai, porque você provocou bastante essa noite." - enviada às 12:35 am
"Se não tiver tudo bem, e precisar de alguma coisa já sabe onde me encontrar" - enviada às 12:35 am
"Ei, você já foi dormir?" - enviada às 01:10 am
"Parece que sim..." - enviada às 01:15 am
"Então, até amanhã" - enviada às 01:16 am
"Boa noite :)" - enviada às 01:16 am
Depois de ler aquelas mensagens, acabei me sentindo um pouco melhor com tudo aquilo, eu sabia que se tudo desse errado eu ainda teria o comigo, apesar de qualquer coisa.
"Bom dia!" - enviada às 10:20 am
"Acabei nem olhando as mensagens ontem a noite, então me desculpa..." - enviada às 10:20 am
"Mas ficou tudo bem, não precisa se preocupar :)" - enviada às 10:21 am
Bloqueei o celular e saí do quarto, trancando a porta por fora como sempre, então desci as escadas indo direto para a cozinha, pois precisava falar com Sara. Porém, para completar o desastre que estava sendo meu dia, e meu pai estavam na sala de jantar tomando café da manhã, o que era uma surpresa pra mim, já que àquela hora da manhã, mesmo sendo sábado, meu pai já teria tomado seu café e estaria trancado em seu escritório até o almoço.
- Bom dia! - falou me olhando enquanto bebia um gole de seu suco de uva, e eu apenas acenei com a cabeça passando direto pela mesa e indo ao encontro de Sara do outro lado da mesma.
- Bom dia, criança! - ela falou me olhando maternalmente e eu dei um pequeno sorriso com aquilo.
- Bom dia, Sara! - beijei sua bochecha levemente e voltei para olhá-la - Mais tarde você pode me fazer uma compressa quente para colocar na barriga? - deitei a cabeça um pouco para o lado, fazendo uma careta de dor.
- Faço agora mesmo para você. - ela acariciou meu braço levemente, parando ao encarar a marca roxa que havia ali, no local onde havia sido segurada na noite anterior, mas eu balancei a cabeça para que ela deixasse aquilo pra lá.
- Agora não dá, porque eu preciso sair. - suspirei e senti meu celular vibrar em minha mão.
- Aonde você pensa que vai? - a voz do meu pai, finalmente surgiu na sala de jantar.
- Preciso ir até a farmácia. - falei sem olhá-lo e dei ombros enquanto olhava a tela do celular vendo que era uma mensagem de .
"Bom dia!" - enviada às 10:36 am
"Pelo menos ficou tudo bem, mas como estão as coisas hoje?" - enviada às 10:36 am
- Não vai não. - negou e eu o olhei a tempo de vê-lo negar com a cabeça - O Carter vai para você. - falou se referindo ao motorista que surgiu como um passe de mágica na sala de jantar, ao ouvir seu nome. Era mesmo um capacho do meu pai.
- Tudo bem. - dei ombros, como se aquilo não importasse, recebendo olhares confusos de todos ali, por não estar desafiando meu pai como sempre. - Eu preciso de remédio para enxaqueca, remédio para cólica, alguns chocolates e também... - fiz uma pequena pausa e dei um sorrisinho irônico - Absorventes. - sorri satisfeita ao olhar os olhos arregalados de Carter na minha frente.
- Absor... Absorventes? - ele questionou como se aquilo fosse algo de outro mundo, e eu concordei com a cabeça revirando os olhos com toda aquela frescura dos homens com absorventes, menstruação, cólicas e todas essas coisas que só nós mulheres sofremos. - Eu não sei comprar absorventes. - olhou de mim para o meu pai nervosamente, enquanto eu digitava a mensagem para que já havia ficado no vácuo há alguns minutos.
"Aqui está tudo péssimo..." coloquei um emoji revirando os olhos - enviada às 10:42 am
"Mas e aí?" - enviada às 10:42 am
- Não posso fazer nada por você, já que eu sou a prisioneira e você o capacho do meu pai. - dei ombros subindo meu olhar para ele que me olhou raivoso. Eu não estava mentindo, se o meu pai o mandasse me algemar para andar na rua, ele o fazia.
- Mas eu não... - ele silabou nervosamente, mas foi interrompido por Sara.
- Eu vou até a farmácia para você, e trago tudo o que você precisa. - Sara falou me olhando e eu concordei com a cabeça, me dando por satisfeita com aquilo. Até porque, eu não queria mesmo sair de casa.
- Você pode levar no quarto para mim quando chegar? – olhei-a enquanto pegava uma taça de salada de frutas na mesa junto com a colher e ela apenas concordou.
- Você vai comer só isso? - perguntou apontando para a taça em minha mão, e eu dei ombros agradecendo Sara silenciosamente e em seguida saí da cozinha voltando para o meu quarto. Entrei no quarto, trancando a porta novamente por dentro e me dirigi até a cama, sentindo o celular vibrar em minha mão. Coloquei a taça na mesinha de cabeceira, e abri a mensagem, cruzando as pernas sobre a cama.
"Aqui está tudo bem... Mas o que houve?" - enviada às 10:48 am
"TPM!!!!!" coloquei um emoji revirando os olhos - enviada às 10:49 am
Peguei a minha taça na cabeceira e liguei a TV colocando diretamente no Netflix, e comecei a comer a salada de frutas. Enquanto procurava algo interessante para assistir, o celular vibrou novamente.
"Tenso... Mas está tão ruim assim?" - enviada às 10:51 am
"Ainda não tentei matar ninguém, mas a cólica está acabando comigo, a dor de cabeça nem se fale, mas o principal de tudo é que eu estou extremamente sensível ao mundo..." coloquei um emoji entediado - enviada às 10:51 am
"EU ODEIO ISSO!" coloquei vários emojis chorando - enviada às 10:51 am
Deixei o celular sobre a cama, comi mais um pouco da salada de frutas e voltei a procurar algo para ver. Optei por assistir a um filme, e consequentemente pelo meu estado no dia, acabei indo parar em “Simplesmente Acontece” com a Lily Collins e o Sam Claflin, apesar de já tê-lo visto milhões de vezes.
Enquanto o filme começava eu comia minha salada de frutas e esperava a resposta de que já estava demorando para vir. Logo que acabei de comer, coloquei a taça na mesinha e me deitei na cama de uma forma que a dor não me incomodasse tanto - o que havia sido um desafio - e prestei atenção no filme.
Quando passava a cena em que a Rosie e o Alex brigavam após ela ir visitá-lo em NY, ouvi batidas em minha porta e logo me levantei. Apesar de ter sido muito rápido, poderia ser Sara com as minhas coisas. Porém, quando abri acabei fazendo uma careta de decepção.
- Posso ajudar? - olhei para meu irmão parado em minha frente.
- Eu vim saber como você tá. - ele falou receoso ainda me olhando um pouco vago.
- Não é como se essa fosse a primeira vez que eu passo por isso. - dei ombros em sinal de indiferença, mas não sabia dizer se falava especificamente da TPM, ou do que havia acontecido na noite anterior com meu pai.
- Você vai mesmo ficar assim comigo por causa do que eu te falei ontem sobre o ? - soltou uma risada nasalada e negou com a cabeça.
- , sinceramente, se você acha que eu tô agindo assim com você por causa do que você insinuou sobre o , você é ou se faz de cego. - rebati balançando a cabeça negativamente - Eu fiquei irritada por você querer controlar tudo na minha vida, sim, e principalmente por querer me tratar como um criança, quando eu consigo ser mais madura do que você... - antes que eu pudesse continuar ele me interrompeu.
- Eu só quero te proteger daquele imbecil. Você não sabe das coisas que ele pode ser capaz. - ele aumentou um pouco a voz, me fazendo arquear a sobrancelha.
- Você tá querendo me proteger da pessoa errada. - soltei uma risada fraca e sem humor - Porque enquanto você quer me proteger do , que não está fazendo nada, aquele homem, que chamamos de pai, me agride dentro da nossa própria casa, e você nem reage a isso. - balancei a cabeça sentindo um nó se formar em minha garganta e as lágrimas em meus olhos. Era uma droga estar sensível daquela forma.
- Eu tento te ajudar, mas você o provoca. - ele se defende, e eu faço uma careta incrédula - Você sempre arruma um motivo para irritá-lo, não é como se eu pudesse impedir algo. - negou novamente com a cabeça, e eu apenas concordei.
- Você é tão ridículo quanto ele, principalmente de falar que eu dou motivo para que ele me machuque dessa forma. - apontei para o roxo em meu braço e ri com incredulidade - Por favor, só me deixa em paz aqui no meu quarto. – olhei-o e voltei a entrar no quarto em seguida, trancando novamente a porta. Fui até a cama pegando meu celular, e novamente nenhuma mensagem de . Disquei seu número e fiquei à espera de que ele atendesse.
- Celular do ! Não posso atender agora, mas deixe seu recado após o bip que talvez eu ligue depois... Bip! - a gravação de sua caixa postal tocou, me fazendo bufar e desligar sem deixar mensagem alguma.
Porra, !
Eu não sabia porque estava tão irritada com ele, mas levando em consideração a minha TPM, não era surpresa alguma aquele sentimento. Voltei a me deitar na cama, e fiquei assistindo ao que restava do filme, tentando prestar atenção, mas eu só conseguia pensar na minha briga com , que não deveria ter chegado a esse ponto, e nos motivos pra que não me atendesse nem me respondesse.
(...)
~ pov's~
Parei o carro na rua de trás da casa, mas não desci, continuei ali observando a escuridão da rua. Olhei para meu celular ainda descarregado, como havia passado todo o dia logo depois que saí de casa, e o que me fez deixar no vácuo com suas mensagens. Eu só conseguia imaginar o quão brava ela deveria estar com isso.
Era bem provável que naquele momento ela não queria me ver, além de seu temperamento no dia, eu ainda havia a deixado falando sozinha, ela deveria estar surtando. Pelo menos Brooke era assim quando estava de TPM, e era só ela citar essa palavra com uma mudança pequena que fosse de humor, eu já me escondia até que melhorasse. Só que não era ela ali, era a , que não era nem 1% parecida com ela. Apesar do momento frágil em que estava, ela não era do tipo de garota que surtaria por coisas bobas, como fazia Gigi.
Eu não fazia a menor ideia do que fazia ali, mas eu queria estar com naquele momento, e algo me dizia que ela precisava de mim. Aquilo foi o que me motivou a sair do carro, em seguida trancá-lo e pular o muro para dentro da propriedade dos .
Assim que pulei na grama, olhei em volta do quintal escuro para ter certeza de que não havia nenhum segurança ali e segui em direção à porta da cozinha. Já era quase 01:00 am, provavelmente não tinha mais ninguém acordado ali. Aproximei-me da porta e tirei um clipe do bolso, como da última vez, e logo o enfiei na fechadura da porta a destrancando logo em seguida.
Como era de se imaginar, a luz da cozinha estava apagada como a do resto da casa, então segui com cuidado para não trombar em nada e acabar fazendo um barulho que pudesse acordar toda a casa. Com um pouco de dificuldade, pela falta de luz ali, consegui chegar à escada e subir com muita cautela para evitar barulhos. Aquela era uma ótima hora para ter a lanterna do celular para ajudar a enxergar o caminho que eu fazia.
Assim que cheguei no final da escada, segui devagar pelo corredor já sabendo exatamente como chegar ao quarto da . Mesmo no escuro, eu já sabia o caminho, até porque não dava para esquecer. Ao me aproximar da porta, tentei abri-la, mas como era de se imaginar, estava trancada. Pensei em bater, mas isso poderia chamar atenção de no quarto da frente.
Parei um pouco para pensar no que fazer, e logo avistei a porta ao lado aberta, e tive uma ideia. Entrei no quarto olhando em volta para saber se havia alguém, e como não vi sinal algum, segui com o meu plano. Fui até a sacada, e olhei para o lado avistando a sacada do quarto da , vendo as suas cortinas brancas voando na janela. Para minha felicidade, sua janela estava aberta. Olhei para baixo vendo a altura em que estava e fechei os olhos por um momento para repensar no que estava fazendo. Eu odiava altura, e nem fazia a menor ideia do porquê estava ali.
Respirei fundo voltando a abrir os olhos para decidir como passaria para a sacada da . Encontrei alguns pequenos buracos pela parede, mas que era suficiente para que eu pudesse me pendurar.
- Vamos lá, . Você consegue fazer isso. - sussurrei para mim mesmo, e soltei o ar pela boca me escorando no parapeito da sacada.
Naquele momento eu só esperava não cair dali, porque se eu caísse, não iria apenas me quebrar todo, também seria preso por invadir uma propriedade durante a madrugada.
Ah, , olha o que você me fazia passar. Segurei-me no primeiro buraco, apoiando o pé num tijolo um pouco mais abaixo e logo em seguida me pendurei em outro buraco. Aquilo era loucura, e eu sabia disso. Eu estava a mais de 20 metros do chão, pendurado em uma parede de tijolos por causa de uma mulher, mas eu sabia que por ela aquilo valia a pena, mesmo que eu me arrebentasse no chão.
A distância entre uma sacada e outra era de mais ou menos dois metros, mas pendurado ali parecia quase cem. Quando me aproximava da outra sacada, vi que não havia mais nenhum buraco, então me segurei em um tijolo, que para o meu azar estava um pouco solto. O que por pouco não me fez cair dali.
Assim que me aproximei o suficiente pulei para a sacada me pendurando no parapeito onde logo tratei de passar para dentro. Assim que entrei, me sentei no chão e respirei fundo limpando os vestígios de suor em minha testa. Aquela havia sido por pouco.
Olhei para dentro do quarto, vendo a TV ligada em um filme qualquer, e deitada na cama. Ela não havia me notado ali, o que me fez deduzir que ela dormia.
Entrei em seu quarto devagar e me dirigi até a cama, vendo algumas cartelas de remédios, e uma chaleira com uma xícara em sua cabeceira. Ela estava deitada de lado na cama, abraçada com o travesseiro e com a feição retorcida, provavelmente por causa da dor. Tirei os sapatos, e me sentei na ponta da cama, enquanto a olhava. Tirei uma mecha de cabelo de seu rosto, e me deitei junto a ela. O que a fez se remexer na cama.
- , eu não quero você aqui. - ela falou sonolenta sem me olhar, e eu soltei uma risada nasalada, mas sem falar nada - , é sério, vai embora daqui. Eu não quero falar com você. - ela continuou agora já um pouco mais dispersa e brava com a situação, então se virou na cama e me olhou - ? O que você está fazendo aqui? - falou baixo e com imensa confusão na voz.
- Eu achei que talvez você fosse precisar de companhia. - falei baixo também a olhando, e sorri fracamente.
- Você me deixou no vácuo o dia todo, e vem até a minha casa saber se eu preciso de companhia? Sério? Deixa de ser hipócrita. - fez uma careta nada feliz e balançou a cabeça negativamente.
- ... - segurei seu rosto a fazendo me olhar - Eu só te deixei no vácuo, porque meu celular havia descarregado e eu havia saído com minha avó. - rio fracamente, fazendo-a me olhar com os olhos cerrados em dúvida.
- E não tinha nenhuma tomada onde você estava? - ela falou com completa ironia na voz e tirou minha mão de seu rosto.
- Devia ter, só que eu não parei para procurar ou perguntar. - falei com sinceridade e dei ombros a fazendo bufar.
- Você como qualquer outro homem só precisou descobrir que eu estava nos meus "maravilhosos" dias para fugir de mim e me ignorar pelo resto do dia. - ela se sentou na cama e fez uma careta de dor colocando a mão sobre a barriga em seguida.
- Se eu quisesse mesmo fugir de você eu com certeza não estaria aqui agora. - rebati e abri os braços me sentando ao seu lado na cama, fazendo-a me olhar de uma forma mortal. Não era nada bom provocar uma mulher naquele estado. - Minha vó resolveu fazer umas mudanças na casa dela, vai doar os móveis antigos e comprar tudo novo para uma outra decoração, e eu estava com ela a ajudando escolher tudo o que precisava. – expliquei-me calmamente, tomando seu olhar agora mais passivo.
- Você podia ter dado um jeito de me avisar sobre isso, não simplesmente me deixar no vácuo. - ela falou cruzando os braços em frente ao corpo e fazendo um bico, igual uma criança mimada faria.
- Eu sei, me desculpa. - falei calmo me dando por vencido naquela briga e a puxei para mim lhe envolvendo em um abraço - Agora eu vou ficar aqui com você durante toda a noite para tentar melhorar um pouquinho seu dia. - beijei a curva de seu pescoço a fazendo se encolher por causa do arrepio que deve ter percorrido seu corpo.
- Que bom que você está aqui. - ela sussurrou bem baixinho e aninhou seu corpo ao meu. Chegava até ser engraçado como o humor dela mudou de um segundo para o outro, numa hora faltava quase me matar, na outra se entregava dizendo que era boa a minha presença ali.
- Não sei muito o que fazer nesses momentos, porque não tenho experiência com TPM's, mas tudo o que você quiser ou precisar, eu faço por você. - acariciei suas costas levemente.
- Não há muito o que você possa fazer, mas você pode assistir filmes comigo e me fazer cafuné até que eu pegue no sono. - ela falou se afastando para me olhar, e eu assenti lhe dando um selinho rápido.
Nos deitamos na cama, e ela começou a procurar um filme na TV, e logo colocou "Um amor para recordar", deixou o controle de lado. Ela deitou a cabeça em meu peito e eu a abracei para que pudéssemos prestar atenção no filme.
Quando o filme acabou, chorava incontrolavelmente a ponto de soluçar. Sentei-me na cama, e a olhei enquanto ela secava as lágrimas.
- É muito injusto ela morrer, porque os dois deveriam ficar juntos. - ela falou com a voz chorosa também se sentando na cama - Eu não deveria estar chorando, eu pareço uma idiota. - ela falou, voltando a chorar em seguida.
- Você não parece uma idiota, só está sensível. – puxo-a para mim e a abraço.
- Eu preciso de um banho. - ela desfez o abraço depois de um tempo, e com certa pressa se levantou da cama - Você não vai embora né? - ela se virou para me olhar e eu sorri negando com a cabeça.
- Eu só sairei daqui quando você tiver bem o suficiente para me mandar pra casa. - falei e ela assentiu com a cabeça, mordendo seu lábio inferior, e seguiu para o banheiro.
Soltei uma risada baixa com aquilo, e balancei a cabeça. Era de se imaginar que ela agiria daquela forma, porque até mais do que eu, tinha medo de demonstrar o que sentia, independente de qual fosse o sentimento, e naquele dia especialmente, ela parecia não estar para baixo apenas pela TPM, mas eu tinha certeza que tinha mais alguma coisa por trás daquilo.
~ pov's off~
Saí do banheiro enrolada na toalha, e já vestida com a calcinha. Abri meu guarda roupa e peguei uma calça de moletom cinza, e a vesti, colocando uma regata branca em seguida. Como era madrugada, eu não quis molhar o cabelo, então o mantive preso em um coque.
Virei-me para , que me encarava sentado em minha cama. Voltei ao banheiro, só para poder passar desodorante, e fui de volta para o quarto indo direto para a cama.
- O que é isso no seu braço? - ele falou se referindo a marca roxa em meu braço.
- Ah isso? - olhei para o meu braço, e ele assentiu - Eu tava arrumando algumas coisas e acabei batendo o braço na quina da mesa. - menti, mas sem conseguir olhá-lo, porque eu sabia que no estado que eu estava, eu choraria e a mentira iria por água abaixo.
- Você precisa tomar cuidado. - para minha surpresa, ele não aprofundou no assunto, apenas segurou meu braço levemente, passando o polegar ali.
- Obrigada por ter vindo aqui. - falei quase sussurrando e o olhei.
- Não precisa agradecer. - ele balançou a cabeça negativamente - Você estava precisando de companhia, e aqui estou eu. - deu um pequeno sorriso, e eu acabei mordendo o lábio para encará-lo.
Apesar de todo seu lado bad boy, de querer sempre parecer que não tinha sentimentos, aquele lado fofo no qual ele agia muitas vezes comigo, como ali naquele momento, trazia em mim uma coisa a qual eu não conseguia definir. Porém, eu gostava de sentir aquilo.
Dei-lhe um selinho demorado e o puxei para que pudéssemos deitar na cama. Ele nos cobriu com o meu edredom, e colocou minha cabeça em seu peito, fazendo carinho nos meus cabelos até que eu pegasse no sono.
Acordei na manhã de domingo com batidas na minha porta, então me levantei com cuidado para não acordar , e cambaleando de sono fui até lá, sem nem me dar ao trabalho de arrumar os cabelos, que estavam completamente bagunçados. Abri a porta dando de cara com parado ali do lado de fora, apenas me limitei a revirar os olhos.
- , quantas vezes eu preciso repetir que não quero falar com você? - falei sem disfarçar o tom de indiferença.
- , você pode parar de ser uma menina mimada e me deixar falar com você? - ele perguntou impaciente.
- Menina mimada? Justo você falando isso para mim? - soltei uma risada irônica e balancei a cabeça - Você aguenta as humilhações do meu pai há 7 anos, porque ele que te banca. Você não o enfrenta com medo do que ele pode fazer, principalmente em relação ao seu dinheiro. Você quer fazer o rebelde, mas qualquer coisa que ele te fala ou faz, seja o maior absurdo do mundo, você apenas abaixa o rabo e concorda com isso. - soltei uma risada nasalada, e balancei a cabeça negativamente - Então eu é quem sou a menina mimada? Você tem certeza disso? - arqueei a sobrancelha, e podia notar pelo tom avermelhado em seu rosto que ele estava furioso comigo.
- Você foi morar em outro país por 7 anos, não sabe a metade do que eu passei aqui. Você é a última pessoa que pode me julgar. - ele falou entre dentes olhando em meus olhos - Você não imagina o que é carregar o peso da morte da sua mãe nas costas durante todo esse tempo, sendo julgado por isso. E principalmente ter que ouvir essas palavras vindas de seu pai. - ele falava enquanto gesticulava com as mãos.
- Não , eu não imagino. - neguei novamente com a cabeça - Só não fale como se eu tivesse ido a outro país por diversão, ou por vontade própria. Eu fui obrigada a me mudar para um internato em outro continente com menos de um mês da morte da minha mãe, só para ficar longe de você. - naquele momento eu já conseguia sentir o nó se formar em minha garganta. Eu odiava aquela sensibilidade na qual eu me encontrava. - Eu passei todos esses anos presa em uma escola, onde tudo o que eu podia fazer era estudar, estudar e estudar. Eu nunca tive a opção de sair de lá para poder viver uma vida diferente. - soltei uma risada fraca, e respirei fundo para continuar sem deixar nenhuma lágrima cair - Você poderia sair daqui quando quisesse, mas não saiu por medo de não ter alguém para te bancar. Então não pense que eu sou obrigada a aguentar o que acontece aqui dentro e me manter calada, porque eu só não fui embora ainda por sua causa, mas da forma que as coisas estão, não acho que vá fazer diferença para você se sua "irmãzinha mimada" for embora. - dei um sorriso cínico, sentindo a lágrima se formar em meus olhos, então fechei a porta, mas ele a segurou.
- ... Eu... - ele começou a falar, mas se interrompeu - Eu só quero conversar com você e resolver tudo isso. - ele falou já num tom mais calmo, e eu ri de escárnio.
- Você teve a oportunidade agora, e você conseguiu estragar tudo... Mais uma vez... - balancei a cabeça por uma última vez antes de finalmente fechar a porta.
Tranquei a porta novamente e segui direto para o banheiro onde eu podia chorar sem correr o risco de que me visse daquela forma. Encostei-me na porta do armário de toalhas, e deixei que as lágrimas caíssem. Eu não sabia se estava 100% certa, mas havia sido injusto comigo, aquilo era certo.
Sentei-me na cama e observei dormir tranquilamente, era como se naquele momento todo o seu lado bad boy sumisse e no lugar sobrasse apenas um menino, pelo qual qualquer mulher se apaixonaria só de olhá-lo. Não que isso já não acontecesse normalmente, mas parecia que aquele seu lado ninguém conseguia ver além de mim... E talvez sua avó.
- Normalmente as pessoas acham psicótico acordar e ter alguém te observando, mas se eu pudesse acordar assim todos os dias, sabendo que a pessoa me olhando é você, eu ficaria satisfeito. - ele falou com a voz rouca, e eu soltei uma risada fraca e sem jeito por ter sido pega o olhando dormir. sendo fofo era algo que eu nunca imaginei, mas começava a me acostumar.
- Você ficando sem jeito por algo é uma coisa que eu nunca esperava que veria quando te conheci. - ele falou com um tom de humor na voz, se virando de costas pra cama, mas sem tirar os olhos de mim.
- Eu nunca imaginei ter você na minha cama, mas olha que ironia. - falei com sarcasmo e revirei os olhos, enquanto ele semicerrava os seus - Quem eu quero enganar? Eu tinha certeza, desde o primeiro momento, que você acabaria na minha cama. - dei um sorrisinho convencido e ele riu balançando a cabeça - Ou eu acabaria na sua. - falei um pouco sussurrado e me abaixei pra lhe dar um selinho rápido.
- Bom dia. - ele sussurrou em meus lábios prolongando o selinho.
- Bom dia. - respondi no mesmo tom, começando um beijo calmo.
Ele levou a mão até a minha nuca e a acariciou levemente, mas segundos depois cortou o beijo me fazendo soltar um grunhido de reprovação.
- Como você está? - ele falou com seriedade sem parar com o carinho que fazia em minha nuca.
- Com raiva porque você parou de me beijar. - falei no mesmo tom e ele riu levemente negando com a cabeça.
- Eu estou falando sério, . - colocou uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha.
- E você acha que eu estou brincando? - semicerrei os olhos, e ele revirou os seus, me fazendo bufar.
- Nem precisa mais responder... Já respondeu o que eu precisava com isso. - falou impaciente e soltou uma risada nasalada, se levantando da cama.
- Você consegue ser fofo, e segundos depois consegue ser um babaca, na mesma intensidade. - falei o encarando ir em direção ao banheiro e me ignorar completamente.
Joguei meu corpo para trás caindo deitada sobre a cama, puxei um travesseiro e o apertei sobre o meu rosto soltando um grito abafado e logo em seguida um gemido de dor, devido a cólica que voltara a sentir.
Ouvi batidas leves na porta, e pela forma que soaram eu sabia que não era o , meu pai era uma possibilidade nula de estar ali batendo em minha porta, para minha imensa felicidade. Então, já tendo plena convicção de que era Sara ali, me levantei e fui abrir.
- Bom dia, criança! - ela falou sorridente como sempre, mas sua feição mudou ao me encarar - me contou que vocês discutiram mais uma vez hoje. , vocês precisam se acertar, não podem ficar assim. - ela falou maternalmente e eu suspirei.
- Vai ser bom para nós dois ficarmos um pouco sem nos falar, quem sabe assim ele não se toca de que eu não sou mais uma criança. - soltei uma risada nasalada e ela negou com a cabeça.
- Bom, eu vim trazer seu café. - levantou a bandeja em sua mão e empurrando em minha direção - O seu, e do seu convidado... - sussurrou apontando com a cabeça para a comida a mais na bandeja - Só não trouxe mais um copo para ninguém desconfiar, mas tenho certeza que vocês não têm problemas em usarem o mesmo. - falou com um pouco de humor, e eu ri fracamente por ela saber que estava ali.
- Como você...? - antes que eu pudesse terminar a frase, ela me respondeu.
- A porta da cozinha destrancada, e eu o vi pular o muro ontem à noite. - explicou ela, e eu balancei a cabeça em concordância - E levando em consideração todo o seu final de semana, eu achei bom você ter alguém pra conversar e te fazer companhia. - deu um meio sorriso e eu fiz o mesmo.
- Obrigada, Sara! Você é a melhor. – dei-lhe um beijo na bochecha e logo em seguida peguei a bandeja.
- Diga ao , que eu lhe mandei um bom dia. - ela sussurra e dá uma piscadela, fazendo-me assentir enquanto ela se afastava.
Quando ela se afastou, eu fechei a porta com o pé, levei a bandeja para a mesinha e voltei para trancar a porta.
Sentei-me na cama pegando meu celular e servi um pouco de suco no copo, enquanto ouvia a descarga do banheiro, em seguida saiu de lá e logo veio até mim na cama.
- Eu não estou bem... - falei num fio de voz enquanto ele se sentava do meu lado - Tive uma briga com hoje mais cedo, e já não estávamos muito bem. Essa merda de cólica não passa, a TPM que era para ser antes da menstruação, está durando até hoje e me deixando super sensível e irritada com o mundo. Eu não posso descontar em você, sabendo que você não fez nada de errado e está aqui para que eu me sinta melhor. - falei o tempo todo encarando o celular, mas antes de terminar a frase o encarei rapidamente e ele me olhava atentamente.
- , eu é que preciso me desculpar... - falou soltando um suspiro pesado - De manhã eu não sou uma pessoa muito boa de lidar, e você também fica tentando me esconder as coisas... - fez uma pausa - Mas tá tudo bem, você não precisa me contar nada, só precisa saber que pra qualquer coisa que precisar, eu estarei aqui com você. - ele me olhou e eu assenti, mordendo o lábio para segurar o sorriso que queria surgir em meus lábios.
- A Sara te mandou um bom dia. - o olhei enquanto pegava o copo de suco e o levava a boca.
- Como ela...? Você contou? - ele falou confuso e eu soltei uma risada nasalada.
- Ela é a pessoa mais esperta e observadora dessa casa, mas vamos combinar que você não foi muito discreto para entrar. – olhei-o e ele cerrou os olhos fazendo uma feição ofendida.
- Eu tive que pular da sacada do quarto ao lado para o seu, pendurar-me na parede, mesmo com alguns tijolos soltos, porque se eu batesse na porta chamaria muita atenção. E você vem me dizer que eu não fui discreto? - ele falou com uma falsa repreensão e eu acabei gargalhando com aquilo.
- Você é realmente louco. - falei cessando o riso, e ele deu ombros. Tirou o copo da minha mão o colocando na mesinha e me puxou para seu colo me dando um beijo demorado.
Só o fato dele estar ali comigo, já melhorava grande parte do meu mau humor.
Passei um bom tempo daquela noite deitada na cama, vestida apenas com uma lingerie enquanto olhava para o teto branco do meu quarto até que conseguisse pegar no sono no alto da madrugada.
Acordei na manhã seguinte sentindo uma intensa dor na barriga, que parecia ter um infeliz de um dinossauro dançando lambada no meu útero. Como se não bastasse a dor de cabeça, tinha a cólica para ajudar.
Sentei-me na cama, choramingando de dor enquanto passava as mãos pelo rosto para acordar de verdade, e quando abri os olhos, enxerguei a mancha vermelha no lençol. Eu precisava mesmo estar "naqueles dias", justamente quando tudo já estava péssimo. Porém, aquilo era um sinal de que eu realmente não estava grávida, levando em consideração meus deslizes com , pelo menos não estava atrasada, o que era uma preocupação a menos.
Me levantei da cama e peguei uma lingerie limpa no guarda-roupa, seguindo para o banheiro, e tirei a lingerie, entrando e a deixando no chão enquanto entrava no box. Tomei um banho um pouco demorado, tentando fazer com que aquilo me deixasse um pouquinho melhor, se não melhorasse as dores, pelo menos que melhorasse o humor, ou vice-versa.
Acabei nem lavando o cabelo, lembrando-me do que Sara sempre me dizia, que lavar cabelo quando se estava menstruada fazia mal, não que eu levasse muito aquelas coisas a sério, mas naquele momento eu estava tão esgotada que resolvi ouvir aquele sábio conselho que nunca havia ouvido na vida.
Quando saí do chuveiro, me sequei e vesti a lingerie colocando um absorvente ali, afinal de contas, nós mulheres não tínhamos escolhas senão os usar. Em seguida, parei em frente à pia e encarei minha face no espelho, vendo que não estava nada bem e a marca roxa em meu braço, devido a força com que meu pai havia me segurado. Fiz uma careta, e passei um lenço demaquilante no rosto, tirando o que restava da minha maquiagem não tirada da noite anterior, e em seguida escovei os dentes.
Saí do banheiro à procura de um remédio, achando apenas o último da cartela que eu acabei engolindo sem água mesmo e fui me vestir. Depois que vesti uma roupa velha qualquer, sem me preocupar muito com moda naquele momento, fui até a cama e peguei meu celular que estava na cabeceira ligado ao carregador, e olhei as mensagens do da noite anterior.
"Espero que tenha ficado tudo bem com o seu pai, porque você provocou bastante essa noite." - enviada às 12:35 am
"Se não tiver tudo bem, e precisar de alguma coisa já sabe onde me encontrar" - enviada às 12:35 am
"Ei, você já foi dormir?" - enviada às 01:10 am
"Parece que sim..." - enviada às 01:15 am
"Então, até amanhã" - enviada às 01:16 am
"Boa noite :)" - enviada às 01:16 am
Depois de ler aquelas mensagens, acabei me sentindo um pouco melhor com tudo aquilo, eu sabia que se tudo desse errado eu ainda teria o comigo, apesar de qualquer coisa.
"Bom dia!" - enviada às 10:20 am
"Acabei nem olhando as mensagens ontem a noite, então me desculpa..." - enviada às 10:20 am
"Mas ficou tudo bem, não precisa se preocupar :)" - enviada às 10:21 am
Bloqueei o celular e saí do quarto, trancando a porta por fora como sempre, então desci as escadas indo direto para a cozinha, pois precisava falar com Sara. Porém, para completar o desastre que estava sendo meu dia, e meu pai estavam na sala de jantar tomando café da manhã, o que era uma surpresa pra mim, já que àquela hora da manhã, mesmo sendo sábado, meu pai já teria tomado seu café e estaria trancado em seu escritório até o almoço.
- Bom dia! - falou me olhando enquanto bebia um gole de seu suco de uva, e eu apenas acenei com a cabeça passando direto pela mesa e indo ao encontro de Sara do outro lado da mesma.
- Bom dia, criança! - ela falou me olhando maternalmente e eu dei um pequeno sorriso com aquilo.
- Bom dia, Sara! - beijei sua bochecha levemente e voltei para olhá-la - Mais tarde você pode me fazer uma compressa quente para colocar na barriga? - deitei a cabeça um pouco para o lado, fazendo uma careta de dor.
- Faço agora mesmo para você. - ela acariciou meu braço levemente, parando ao encarar a marca roxa que havia ali, no local onde havia sido segurada na noite anterior, mas eu balancei a cabeça para que ela deixasse aquilo pra lá.
- Agora não dá, porque eu preciso sair. - suspirei e senti meu celular vibrar em minha mão.
- Aonde você pensa que vai? - a voz do meu pai, finalmente surgiu na sala de jantar.
- Preciso ir até a farmácia. - falei sem olhá-lo e dei ombros enquanto olhava a tela do celular vendo que era uma mensagem de .
"Bom dia!" - enviada às 10:36 am
"Pelo menos ficou tudo bem, mas como estão as coisas hoje?" - enviada às 10:36 am
- Não vai não. - negou e eu o olhei a tempo de vê-lo negar com a cabeça - O Carter vai para você. - falou se referindo ao motorista que surgiu como um passe de mágica na sala de jantar, ao ouvir seu nome. Era mesmo um capacho do meu pai.
- Tudo bem. - dei ombros, como se aquilo não importasse, recebendo olhares confusos de todos ali, por não estar desafiando meu pai como sempre. - Eu preciso de remédio para enxaqueca, remédio para cólica, alguns chocolates e também... - fiz uma pequena pausa e dei um sorrisinho irônico - Absorventes. - sorri satisfeita ao olhar os olhos arregalados de Carter na minha frente.
- Absor... Absorventes? - ele questionou como se aquilo fosse algo de outro mundo, e eu concordei com a cabeça revirando os olhos com toda aquela frescura dos homens com absorventes, menstruação, cólicas e todas essas coisas que só nós mulheres sofremos. - Eu não sei comprar absorventes. - olhou de mim para o meu pai nervosamente, enquanto eu digitava a mensagem para que já havia ficado no vácuo há alguns minutos.
"Aqui está tudo péssimo..." coloquei um emoji revirando os olhos - enviada às 10:42 am
"Mas e aí?" - enviada às 10:42 am
- Não posso fazer nada por você, já que eu sou a prisioneira e você o capacho do meu pai. - dei ombros subindo meu olhar para ele que me olhou raivoso. Eu não estava mentindo, se o meu pai o mandasse me algemar para andar na rua, ele o fazia.
- Mas eu não... - ele silabou nervosamente, mas foi interrompido por Sara.
- Eu vou até a farmácia para você, e trago tudo o que você precisa. - Sara falou me olhando e eu concordei com a cabeça, me dando por satisfeita com aquilo. Até porque, eu não queria mesmo sair de casa.
- Você pode levar no quarto para mim quando chegar? – olhei-a enquanto pegava uma taça de salada de frutas na mesa junto com a colher e ela apenas concordou.
- Você vai comer só isso? - perguntou apontando para a taça em minha mão, e eu dei ombros agradecendo Sara silenciosamente e em seguida saí da cozinha voltando para o meu quarto. Entrei no quarto, trancando a porta novamente por dentro e me dirigi até a cama, sentindo o celular vibrar em minha mão. Coloquei a taça na mesinha de cabeceira, e abri a mensagem, cruzando as pernas sobre a cama.
"Aqui está tudo bem... Mas o que houve?" - enviada às 10:48 am
"TPM!!!!!" coloquei um emoji revirando os olhos - enviada às 10:49 am
Peguei a minha taça na cabeceira e liguei a TV colocando diretamente no Netflix, e comecei a comer a salada de frutas. Enquanto procurava algo interessante para assistir, o celular vibrou novamente.
"Tenso... Mas está tão ruim assim?" - enviada às 10:51 am
"Ainda não tentei matar ninguém, mas a cólica está acabando comigo, a dor de cabeça nem se fale, mas o principal de tudo é que eu estou extremamente sensível ao mundo..." coloquei um emoji entediado - enviada às 10:51 am
"EU ODEIO ISSO!" coloquei vários emojis chorando - enviada às 10:51 am
Deixei o celular sobre a cama, comi mais um pouco da salada de frutas e voltei a procurar algo para ver. Optei por assistir a um filme, e consequentemente pelo meu estado no dia, acabei indo parar em “Simplesmente Acontece” com a Lily Collins e o Sam Claflin, apesar de já tê-lo visto milhões de vezes.
Enquanto o filme começava eu comia minha salada de frutas e esperava a resposta de que já estava demorando para vir. Logo que acabei de comer, coloquei a taça na mesinha e me deitei na cama de uma forma que a dor não me incomodasse tanto - o que havia sido um desafio - e prestei atenção no filme.
Quando passava a cena em que a Rosie e o Alex brigavam após ela ir visitá-lo em NY, ouvi batidas em minha porta e logo me levantei. Apesar de ter sido muito rápido, poderia ser Sara com as minhas coisas. Porém, quando abri acabei fazendo uma careta de decepção.
- Posso ajudar? - olhei para meu irmão parado em minha frente.
- Eu vim saber como você tá. - ele falou receoso ainda me olhando um pouco vago.
- Não é como se essa fosse a primeira vez que eu passo por isso. - dei ombros em sinal de indiferença, mas não sabia dizer se falava especificamente da TPM, ou do que havia acontecido na noite anterior com meu pai.
- Você vai mesmo ficar assim comigo por causa do que eu te falei ontem sobre o ? - soltou uma risada nasalada e negou com a cabeça.
- , sinceramente, se você acha que eu tô agindo assim com você por causa do que você insinuou sobre o , você é ou se faz de cego. - rebati balançando a cabeça negativamente - Eu fiquei irritada por você querer controlar tudo na minha vida, sim, e principalmente por querer me tratar como um criança, quando eu consigo ser mais madura do que você... - antes que eu pudesse continuar ele me interrompeu.
- Eu só quero te proteger daquele imbecil. Você não sabe das coisas que ele pode ser capaz. - ele aumentou um pouco a voz, me fazendo arquear a sobrancelha.
- Você tá querendo me proteger da pessoa errada. - soltei uma risada fraca e sem humor - Porque enquanto você quer me proteger do , que não está fazendo nada, aquele homem, que chamamos de pai, me agride dentro da nossa própria casa, e você nem reage a isso. - balancei a cabeça sentindo um nó se formar em minha garganta e as lágrimas em meus olhos. Era uma droga estar sensível daquela forma.
- Eu tento te ajudar, mas você o provoca. - ele se defende, e eu faço uma careta incrédula - Você sempre arruma um motivo para irritá-lo, não é como se eu pudesse impedir algo. - negou novamente com a cabeça, e eu apenas concordei.
- Você é tão ridículo quanto ele, principalmente de falar que eu dou motivo para que ele me machuque dessa forma. - apontei para o roxo em meu braço e ri com incredulidade - Por favor, só me deixa em paz aqui no meu quarto. – olhei-o e voltei a entrar no quarto em seguida, trancando novamente a porta. Fui até a cama pegando meu celular, e novamente nenhuma mensagem de . Disquei seu número e fiquei à espera de que ele atendesse.
- Celular do ! Não posso atender agora, mas deixe seu recado após o bip que talvez eu ligue depois... Bip! - a gravação de sua caixa postal tocou, me fazendo bufar e desligar sem deixar mensagem alguma.
Porra, !
Eu não sabia porque estava tão irritada com ele, mas levando em consideração a minha TPM, não era surpresa alguma aquele sentimento. Voltei a me deitar na cama, e fiquei assistindo ao que restava do filme, tentando prestar atenção, mas eu só conseguia pensar na minha briga com , que não deveria ter chegado a esse ponto, e nos motivos pra que não me atendesse nem me respondesse.
(...)
~ pov's~
Parei o carro na rua de trás da casa, mas não desci, continuei ali observando a escuridão da rua. Olhei para meu celular ainda descarregado, como havia passado todo o dia logo depois que saí de casa, e o que me fez deixar no vácuo com suas mensagens. Eu só conseguia imaginar o quão brava ela deveria estar com isso.
Era bem provável que naquele momento ela não queria me ver, além de seu temperamento no dia, eu ainda havia a deixado falando sozinha, ela deveria estar surtando. Pelo menos Brooke era assim quando estava de TPM, e era só ela citar essa palavra com uma mudança pequena que fosse de humor, eu já me escondia até que melhorasse. Só que não era ela ali, era a , que não era nem 1% parecida com ela. Apesar do momento frágil em que estava, ela não era do tipo de garota que surtaria por coisas bobas, como fazia Gigi.
Eu não fazia a menor ideia do que fazia ali, mas eu queria estar com naquele momento, e algo me dizia que ela precisava de mim. Aquilo foi o que me motivou a sair do carro, em seguida trancá-lo e pular o muro para dentro da propriedade dos .
Assim que pulei na grama, olhei em volta do quintal escuro para ter certeza de que não havia nenhum segurança ali e segui em direção à porta da cozinha. Já era quase 01:00 am, provavelmente não tinha mais ninguém acordado ali. Aproximei-me da porta e tirei um clipe do bolso, como da última vez, e logo o enfiei na fechadura da porta a destrancando logo em seguida.
Como era de se imaginar, a luz da cozinha estava apagada como a do resto da casa, então segui com cuidado para não trombar em nada e acabar fazendo um barulho que pudesse acordar toda a casa. Com um pouco de dificuldade, pela falta de luz ali, consegui chegar à escada e subir com muita cautela para evitar barulhos. Aquela era uma ótima hora para ter a lanterna do celular para ajudar a enxergar o caminho que eu fazia.
Assim que cheguei no final da escada, segui devagar pelo corredor já sabendo exatamente como chegar ao quarto da . Mesmo no escuro, eu já sabia o caminho, até porque não dava para esquecer. Ao me aproximar da porta, tentei abri-la, mas como era de se imaginar, estava trancada. Pensei em bater, mas isso poderia chamar atenção de no quarto da frente.
Parei um pouco para pensar no que fazer, e logo avistei a porta ao lado aberta, e tive uma ideia. Entrei no quarto olhando em volta para saber se havia alguém, e como não vi sinal algum, segui com o meu plano. Fui até a sacada, e olhei para o lado avistando a sacada do quarto da , vendo as suas cortinas brancas voando na janela. Para minha felicidade, sua janela estava aberta. Olhei para baixo vendo a altura em que estava e fechei os olhos por um momento para repensar no que estava fazendo. Eu odiava altura, e nem fazia a menor ideia do porquê estava ali.
Respirei fundo voltando a abrir os olhos para decidir como passaria para a sacada da . Encontrei alguns pequenos buracos pela parede, mas que era suficiente para que eu pudesse me pendurar.
- Vamos lá, . Você consegue fazer isso. - sussurrei para mim mesmo, e soltei o ar pela boca me escorando no parapeito da sacada.
Naquele momento eu só esperava não cair dali, porque se eu caísse, não iria apenas me quebrar todo, também seria preso por invadir uma propriedade durante a madrugada.
Ah, , olha o que você me fazia passar. Segurei-me no primeiro buraco, apoiando o pé num tijolo um pouco mais abaixo e logo em seguida me pendurei em outro buraco. Aquilo era loucura, e eu sabia disso. Eu estava a mais de 20 metros do chão, pendurado em uma parede de tijolos por causa de uma mulher, mas eu sabia que por ela aquilo valia a pena, mesmo que eu me arrebentasse no chão.
A distância entre uma sacada e outra era de mais ou menos dois metros, mas pendurado ali parecia quase cem. Quando me aproximava da outra sacada, vi que não havia mais nenhum buraco, então me segurei em um tijolo, que para o meu azar estava um pouco solto. O que por pouco não me fez cair dali.
Assim que me aproximei o suficiente pulei para a sacada me pendurando no parapeito onde logo tratei de passar para dentro. Assim que entrei, me sentei no chão e respirei fundo limpando os vestígios de suor em minha testa. Aquela havia sido por pouco.
Olhei para dentro do quarto, vendo a TV ligada em um filme qualquer, e deitada na cama. Ela não havia me notado ali, o que me fez deduzir que ela dormia.
Entrei em seu quarto devagar e me dirigi até a cama, vendo algumas cartelas de remédios, e uma chaleira com uma xícara em sua cabeceira. Ela estava deitada de lado na cama, abraçada com o travesseiro e com a feição retorcida, provavelmente por causa da dor. Tirei os sapatos, e me sentei na ponta da cama, enquanto a olhava. Tirei uma mecha de cabelo de seu rosto, e me deitei junto a ela. O que a fez se remexer na cama.
- , eu não quero você aqui. - ela falou sonolenta sem me olhar, e eu soltei uma risada nasalada, mas sem falar nada - , é sério, vai embora daqui. Eu não quero falar com você. - ela continuou agora já um pouco mais dispersa e brava com a situação, então se virou na cama e me olhou - ? O que você está fazendo aqui? - falou baixo e com imensa confusão na voz.
- Eu achei que talvez você fosse precisar de companhia. - falei baixo também a olhando, e sorri fracamente.
- Você me deixou no vácuo o dia todo, e vem até a minha casa saber se eu preciso de companhia? Sério? Deixa de ser hipócrita. - fez uma careta nada feliz e balançou a cabeça negativamente.
- ... - segurei seu rosto a fazendo me olhar - Eu só te deixei no vácuo, porque meu celular havia descarregado e eu havia saído com minha avó. - rio fracamente, fazendo-a me olhar com os olhos cerrados em dúvida.
- E não tinha nenhuma tomada onde você estava? - ela falou com completa ironia na voz e tirou minha mão de seu rosto.
- Devia ter, só que eu não parei para procurar ou perguntar. - falei com sinceridade e dei ombros a fazendo bufar.
- Você como qualquer outro homem só precisou descobrir que eu estava nos meus "maravilhosos" dias para fugir de mim e me ignorar pelo resto do dia. - ela se sentou na cama e fez uma careta de dor colocando a mão sobre a barriga em seguida.
- Se eu quisesse mesmo fugir de você eu com certeza não estaria aqui agora. - rebati e abri os braços me sentando ao seu lado na cama, fazendo-a me olhar de uma forma mortal. Não era nada bom provocar uma mulher naquele estado. - Minha vó resolveu fazer umas mudanças na casa dela, vai doar os móveis antigos e comprar tudo novo para uma outra decoração, e eu estava com ela a ajudando escolher tudo o que precisava. – expliquei-me calmamente, tomando seu olhar agora mais passivo.
- Você podia ter dado um jeito de me avisar sobre isso, não simplesmente me deixar no vácuo. - ela falou cruzando os braços em frente ao corpo e fazendo um bico, igual uma criança mimada faria.
- Eu sei, me desculpa. - falei calmo me dando por vencido naquela briga e a puxei para mim lhe envolvendo em um abraço - Agora eu vou ficar aqui com você durante toda a noite para tentar melhorar um pouquinho seu dia. - beijei a curva de seu pescoço a fazendo se encolher por causa do arrepio que deve ter percorrido seu corpo.
- Que bom que você está aqui. - ela sussurrou bem baixinho e aninhou seu corpo ao meu. Chegava até ser engraçado como o humor dela mudou de um segundo para o outro, numa hora faltava quase me matar, na outra se entregava dizendo que era boa a minha presença ali.
- Não sei muito o que fazer nesses momentos, porque não tenho experiência com TPM's, mas tudo o que você quiser ou precisar, eu faço por você. - acariciei suas costas levemente.
- Não há muito o que você possa fazer, mas você pode assistir filmes comigo e me fazer cafuné até que eu pegue no sono. - ela falou se afastando para me olhar, e eu assenti lhe dando um selinho rápido.
Nos deitamos na cama, e ela começou a procurar um filme na TV, e logo colocou "Um amor para recordar", deixou o controle de lado. Ela deitou a cabeça em meu peito e eu a abracei para que pudéssemos prestar atenção no filme.
Quando o filme acabou, chorava incontrolavelmente a ponto de soluçar. Sentei-me na cama, e a olhei enquanto ela secava as lágrimas.
- É muito injusto ela morrer, porque os dois deveriam ficar juntos. - ela falou com a voz chorosa também se sentando na cama - Eu não deveria estar chorando, eu pareço uma idiota. - ela falou, voltando a chorar em seguida.
- Você não parece uma idiota, só está sensível. – puxo-a para mim e a abraço.
- Eu preciso de um banho. - ela desfez o abraço depois de um tempo, e com certa pressa se levantou da cama - Você não vai embora né? - ela se virou para me olhar e eu sorri negando com a cabeça.
- Eu só sairei daqui quando você tiver bem o suficiente para me mandar pra casa. - falei e ela assentiu com a cabeça, mordendo seu lábio inferior, e seguiu para o banheiro.
Soltei uma risada baixa com aquilo, e balancei a cabeça. Era de se imaginar que ela agiria daquela forma, porque até mais do que eu, tinha medo de demonstrar o que sentia, independente de qual fosse o sentimento, e naquele dia especialmente, ela parecia não estar para baixo apenas pela TPM, mas eu tinha certeza que tinha mais alguma coisa por trás daquilo.
~ pov's off~
Saí do banheiro enrolada na toalha, e já vestida com a calcinha. Abri meu guarda roupa e peguei uma calça de moletom cinza, e a vesti, colocando uma regata branca em seguida. Como era madrugada, eu não quis molhar o cabelo, então o mantive preso em um coque.
Virei-me para , que me encarava sentado em minha cama. Voltei ao banheiro, só para poder passar desodorante, e fui de volta para o quarto indo direto para a cama.
- O que é isso no seu braço? - ele falou se referindo a marca roxa em meu braço.
- Ah isso? - olhei para o meu braço, e ele assentiu - Eu tava arrumando algumas coisas e acabei batendo o braço na quina da mesa. - menti, mas sem conseguir olhá-lo, porque eu sabia que no estado que eu estava, eu choraria e a mentira iria por água abaixo.
- Você precisa tomar cuidado. - para minha surpresa, ele não aprofundou no assunto, apenas segurou meu braço levemente, passando o polegar ali.
- Obrigada por ter vindo aqui. - falei quase sussurrando e o olhei.
- Não precisa agradecer. - ele balançou a cabeça negativamente - Você estava precisando de companhia, e aqui estou eu. - deu um pequeno sorriso, e eu acabei mordendo o lábio para encará-lo.
Apesar de todo seu lado bad boy, de querer sempre parecer que não tinha sentimentos, aquele lado fofo no qual ele agia muitas vezes comigo, como ali naquele momento, trazia em mim uma coisa a qual eu não conseguia definir. Porém, eu gostava de sentir aquilo.
Dei-lhe um selinho demorado e o puxei para que pudéssemos deitar na cama. Ele nos cobriu com o meu edredom, e colocou minha cabeça em seu peito, fazendo carinho nos meus cabelos até que eu pegasse no sono.
Acordei na manhã de domingo com batidas na minha porta, então me levantei com cuidado para não acordar , e cambaleando de sono fui até lá, sem nem me dar ao trabalho de arrumar os cabelos, que estavam completamente bagunçados. Abri a porta dando de cara com parado ali do lado de fora, apenas me limitei a revirar os olhos.
- , quantas vezes eu preciso repetir que não quero falar com você? - falei sem disfarçar o tom de indiferença.
- , você pode parar de ser uma menina mimada e me deixar falar com você? - ele perguntou impaciente.
- Menina mimada? Justo você falando isso para mim? - soltei uma risada irônica e balancei a cabeça - Você aguenta as humilhações do meu pai há 7 anos, porque ele que te banca. Você não o enfrenta com medo do que ele pode fazer, principalmente em relação ao seu dinheiro. Você quer fazer o rebelde, mas qualquer coisa que ele te fala ou faz, seja o maior absurdo do mundo, você apenas abaixa o rabo e concorda com isso. - soltei uma risada nasalada, e balancei a cabeça negativamente - Então eu é quem sou a menina mimada? Você tem certeza disso? - arqueei a sobrancelha, e podia notar pelo tom avermelhado em seu rosto que ele estava furioso comigo.
- Você foi morar em outro país por 7 anos, não sabe a metade do que eu passei aqui. Você é a última pessoa que pode me julgar. - ele falou entre dentes olhando em meus olhos - Você não imagina o que é carregar o peso da morte da sua mãe nas costas durante todo esse tempo, sendo julgado por isso. E principalmente ter que ouvir essas palavras vindas de seu pai. - ele falava enquanto gesticulava com as mãos.
- Não , eu não imagino. - neguei novamente com a cabeça - Só não fale como se eu tivesse ido a outro país por diversão, ou por vontade própria. Eu fui obrigada a me mudar para um internato em outro continente com menos de um mês da morte da minha mãe, só para ficar longe de você. - naquele momento eu já conseguia sentir o nó se formar em minha garganta. Eu odiava aquela sensibilidade na qual eu me encontrava. - Eu passei todos esses anos presa em uma escola, onde tudo o que eu podia fazer era estudar, estudar e estudar. Eu nunca tive a opção de sair de lá para poder viver uma vida diferente. - soltei uma risada fraca, e respirei fundo para continuar sem deixar nenhuma lágrima cair - Você poderia sair daqui quando quisesse, mas não saiu por medo de não ter alguém para te bancar. Então não pense que eu sou obrigada a aguentar o que acontece aqui dentro e me manter calada, porque eu só não fui embora ainda por sua causa, mas da forma que as coisas estão, não acho que vá fazer diferença para você se sua "irmãzinha mimada" for embora. - dei um sorriso cínico, sentindo a lágrima se formar em meus olhos, então fechei a porta, mas ele a segurou.
- ... Eu... - ele começou a falar, mas se interrompeu - Eu só quero conversar com você e resolver tudo isso. - ele falou já num tom mais calmo, e eu ri de escárnio.
- Você teve a oportunidade agora, e você conseguiu estragar tudo... Mais uma vez... - balancei a cabeça por uma última vez antes de finalmente fechar a porta.
Tranquei a porta novamente e segui direto para o banheiro onde eu podia chorar sem correr o risco de que me visse daquela forma. Encostei-me na porta do armário de toalhas, e deixei que as lágrimas caíssem. Eu não sabia se estava 100% certa, mas havia sido injusto comigo, aquilo era certo.
Sentei-me na cama e observei dormir tranquilamente, era como se naquele momento todo o seu lado bad boy sumisse e no lugar sobrasse apenas um menino, pelo qual qualquer mulher se apaixonaria só de olhá-lo. Não que isso já não acontecesse normalmente, mas parecia que aquele seu lado ninguém conseguia ver além de mim... E talvez sua avó.
- Normalmente as pessoas acham psicótico acordar e ter alguém te observando, mas se eu pudesse acordar assim todos os dias, sabendo que a pessoa me olhando é você, eu ficaria satisfeito. - ele falou com a voz rouca, e eu soltei uma risada fraca e sem jeito por ter sido pega o olhando dormir. sendo fofo era algo que eu nunca imaginei, mas começava a me acostumar.
- Você ficando sem jeito por algo é uma coisa que eu nunca esperava que veria quando te conheci. - ele falou com um tom de humor na voz, se virando de costas pra cama, mas sem tirar os olhos de mim.
- Eu nunca imaginei ter você na minha cama, mas olha que ironia. - falei com sarcasmo e revirei os olhos, enquanto ele semicerrava os seus - Quem eu quero enganar? Eu tinha certeza, desde o primeiro momento, que você acabaria na minha cama. - dei um sorrisinho convencido e ele riu balançando a cabeça - Ou eu acabaria na sua. - falei um pouco sussurrado e me abaixei pra lhe dar um selinho rápido.
- Bom dia. - ele sussurrou em meus lábios prolongando o selinho.
- Bom dia. - respondi no mesmo tom, começando um beijo calmo.
Ele levou a mão até a minha nuca e a acariciou levemente, mas segundos depois cortou o beijo me fazendo soltar um grunhido de reprovação.
- Como você está? - ele falou com seriedade sem parar com o carinho que fazia em minha nuca.
- Com raiva porque você parou de me beijar. - falei no mesmo tom e ele riu levemente negando com a cabeça.
- Eu estou falando sério, . - colocou uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha.
- E você acha que eu estou brincando? - semicerrei os olhos, e ele revirou os seus, me fazendo bufar.
- Nem precisa mais responder... Já respondeu o que eu precisava com isso. - falou impaciente e soltou uma risada nasalada, se levantando da cama.
- Você consegue ser fofo, e segundos depois consegue ser um babaca, na mesma intensidade. - falei o encarando ir em direção ao banheiro e me ignorar completamente.
Joguei meu corpo para trás caindo deitada sobre a cama, puxei um travesseiro e o apertei sobre o meu rosto soltando um grito abafado e logo em seguida um gemido de dor, devido a cólica que voltara a sentir.
Ouvi batidas leves na porta, e pela forma que soaram eu sabia que não era o , meu pai era uma possibilidade nula de estar ali batendo em minha porta, para minha imensa felicidade. Então, já tendo plena convicção de que era Sara ali, me levantei e fui abrir.
- Bom dia, criança! - ela falou sorridente como sempre, mas sua feição mudou ao me encarar - me contou que vocês discutiram mais uma vez hoje. , vocês precisam se acertar, não podem ficar assim. - ela falou maternalmente e eu suspirei.
- Vai ser bom para nós dois ficarmos um pouco sem nos falar, quem sabe assim ele não se toca de que eu não sou mais uma criança. - soltei uma risada nasalada e ela negou com a cabeça.
- Bom, eu vim trazer seu café. - levantou a bandeja em sua mão e empurrando em minha direção - O seu, e do seu convidado... - sussurrou apontando com a cabeça para a comida a mais na bandeja - Só não trouxe mais um copo para ninguém desconfiar, mas tenho certeza que vocês não têm problemas em usarem o mesmo. - falou com um pouco de humor, e eu ri fracamente por ela saber que estava ali.
- Como você...? - antes que eu pudesse terminar a frase, ela me respondeu.
- A porta da cozinha destrancada, e eu o vi pular o muro ontem à noite. - explicou ela, e eu balancei a cabeça em concordância - E levando em consideração todo o seu final de semana, eu achei bom você ter alguém pra conversar e te fazer companhia. - deu um meio sorriso e eu fiz o mesmo.
- Obrigada, Sara! Você é a melhor. – dei-lhe um beijo na bochecha e logo em seguida peguei a bandeja.
- Diga ao , que eu lhe mandei um bom dia. - ela sussurra e dá uma piscadela, fazendo-me assentir enquanto ela se afastava.
Quando ela se afastou, eu fechei a porta com o pé, levei a bandeja para a mesinha e voltei para trancar a porta.
Sentei-me na cama pegando meu celular e servi um pouco de suco no copo, enquanto ouvia a descarga do banheiro, em seguida saiu de lá e logo veio até mim na cama.
- Eu não estou bem... - falei num fio de voz enquanto ele se sentava do meu lado - Tive uma briga com hoje mais cedo, e já não estávamos muito bem. Essa merda de cólica não passa, a TPM que era para ser antes da menstruação, está durando até hoje e me deixando super sensível e irritada com o mundo. Eu não posso descontar em você, sabendo que você não fez nada de errado e está aqui para que eu me sinta melhor. - falei o tempo todo encarando o celular, mas antes de terminar a frase o encarei rapidamente e ele me olhava atentamente.
- , eu é que preciso me desculpar... - falou soltando um suspiro pesado - De manhã eu não sou uma pessoa muito boa de lidar, e você também fica tentando me esconder as coisas... - fez uma pausa - Mas tá tudo bem, você não precisa me contar nada, só precisa saber que pra qualquer coisa que precisar, eu estarei aqui com você. - ele me olhou e eu assenti, mordendo o lábio para segurar o sorriso que queria surgir em meus lábios.
- A Sara te mandou um bom dia. - o olhei enquanto pegava o copo de suco e o levava a boca.
- Como ela...? Você contou? - ele falou confuso e eu soltei uma risada nasalada.
- Ela é a pessoa mais esperta e observadora dessa casa, mas vamos combinar que você não foi muito discreto para entrar. – olhei-o e ele cerrou os olhos fazendo uma feição ofendida.
- Eu tive que pular da sacada do quarto ao lado para o seu, pendurar-me na parede, mesmo com alguns tijolos soltos, porque se eu batesse na porta chamaria muita atenção. E você vem me dizer que eu não fui discreto? - ele falou com uma falsa repreensão e eu acabei gargalhando com aquilo.
- Você é realmente louco. - falei cessando o riso, e ele deu ombros. Tirou o copo da minha mão o colocando na mesinha e me puxou para seu colo me dando um beijo demorado.
Só o fato dele estar ali comigo, já melhorava grande parte do meu mau humor.
Capítulo 12
Acordei naquela sexta mais animada do que eu imaginava que estaria. Para minha felicidade, eu e viajaríamos para Rocamadour naquela tarde, e eu não podia estar mais animada pra sair do meu suposto cativeiro.
Desci as escadas com uma completa empolgação, já vestida adequadamente para ir à empresa. Deixei minha bolsa na sala, e apenas com o celular na mão fui para a cozinha, especificamente sala de jantar, onde o homem o qual eu chamava de pai e já se encontravam tomando seus desjejuns.
- Bom dia. - falei empolgada olhando diretamente para Sara que servia o café na xícara de meu pai, e me sentei de frente para que me olhou com a sobrancelha arqueada.
- Bom dia. - respondeu ainda confuso sem tirar os olhos de mim, como se houvesse algo de errado com meu rosto.
- Bom dia, criança. - Sara falou sorridente me olhando ali na mesa. Provavelmente por ser a primeira vez desde que eu havia brigado com e meu pai no final de semana que eu me juntava a eles naquela mesa.
- Finalmente resolveu nos dar a graça da sua presença. - meu pai falou com completa ironia me olhando, enquanto eu sorria também ironicamente pegando a taça de iogurte com granola e morango na mesa.
- Hoje é um dia mais que especial, não podia deixar de compartilhar minha animação com vocês. - mantive o sorriso no rosto e levei uma colherada do iogurte a boca.
- E por que é um dia especial? Não estou me lembrando de nenhuma data comemorativa. - falou mantendo a confusão em seu tom, e eu o olhei.
- Porque hoje eu e o vamos para a França e só voltarei para essa prisão, que eu chamo de casa, no domingo à noite. - expliquei e por um momento pude notar seu rosto enrubescer, provavelmente de raiva por escutar o nome de seu grande rival, vindo da boca de sua irmãzinha.
- Você não vai a lugar algum. - meu pai falou autoritário chamando a minha atenção, e eu quase revirei os olhos, mas me contive - Você não sai dessa casa sem a minha permissão, e como eu não lhe concedi a mesma, você não irá a essa viagem. - ele me olhou mantendo o tom e sua feição séria. Logo pude ouvir a risadinha vitoriosa de do outro lado da mesa, aí sim revirei os olhos.
- Tudo bem. - suspirei me dando falsamente por vencida, trazendo confusão no rosto de todos - Mas você liga para a Abigail e diz isso pra ela, porque não serei eu a contar que o meu pai me mantém como refém em minha própria casa. - dei ombros, voltando a tomar meu iogurte, apenas sentindo seu olhar pesar em mim.
- Ela compreenderá que você precisa ficar aqui para me ajudar com os negócios da empresa. Não vejo problema algum em falar com ela. - ele falou enquanto limpava sua boca no guardanapo.
Por coincidência - ou não - meu celular começou a tocar sobre a mesa, e logo que li o nome no visor, acabei por sorrir largamente.
- Bom, você pode se explicar agora, então. - mostrei meu celular a ele, onde constava o nome de Abigail na tela, então antes que ele pudesse se impor, eu deslizei o dedo na tela atendendo a ligação - Abigail, é sempre bom começar o dia com ligações tão importantes como a sua. - falei amigável, e pude ouvi-la rir do outro lado.
- , querida, como você está? Pronta para viajar com o meu neto? - ela perguntou doce como sempre, e eu acabei suspirando pesadamente.
- Sabe o que é, eu estava sim pronta para viajar, mas o meu pai acabou de decidir que eu não irei mais. - falei desapontada enquanto encarava meu pai, que me fuzilava com o olhar - Infelizmente vamos ter que deixar essa viagem para a próxima, talvez depois que acabar meu castigo. - soltei uma risada fraca, enquanto notava meu pai ficar ainda mais enfurecido.
- Não se preocupe com isso, deixa que eu me resolvo com o seu pai. - ela falou calmamente, e eu quase sorri vendo que os planos estavam correndo como o combinado - Passe o telefone para ele, querida. Por favor. - ela pediu com sua imensa educação de sempre, e eu apenas respondi com um "okay", entregando o celular ao meu pai, que estava mais raivoso do que eu podia imaginar.
- Abigail, é sempre uma honra falar com você. - ele falou após esperar alguns segundos para colocar o celular na orelha - Não, é claro que não... Você viu no dia do leilão como ela é, como ela faz de tudo pra chamar atenção. - ele falou me olhando, e eu apenas segui servindo um pouco do suco em meu copo, enquanto também me encarava - É que eu preciso muito da ajuda dela com as contas da empresa, os contatos e tudo isso. Entende? - ele se explicou e eu apenas me limitei a revirar os olhos com aquela mentira - Eu sei que é final de semana, e sei também que ela é jovem e precisa se divertir, mas eu realmente... - ele não concluiu sua frase, e eu deduzi que Abigail o interrompeu - Eu também faria gosto se ela e o seu neto, , certo? Então, eu também faria completo gosto se eles namorassem. - na mesma hora que meu pai falou isso, quase morreu engasgado com o suco, e precisei me segurar para não gargalhar daquilo. - Tudo bem, ela pode ir para a França com seu neto... - se deu por vencido, e eu quase pulei da cadeira em comemoração, enquanto Sara ajudava , lhe dando alguns tapinhas nas costas - Então a gente se fala, e nos vemos na sua próxima festa beneficente. Um abraço, Abigail. - ele falou passando o celular novamente para mim, mantendo sua feição raivosa no rosto.
- Oi, Abigail. - falei com completa inocência na voz, enquanto me encarava e meu pai balançava negativamente a cabeça.
- Tudo certo com a viagem. Mais tarde o motorista passa na sua casa pra te buscar e te levar para se encontrar com o no jatinho. Espero que se divirtam bastante nessa viagem, e quem sabe não nasce algo além de uma amizade. - ela falou e eu apenas soltei uma risada fraca com aquilo.
- Tudo bem, obrigada. - a agradeci e lhe mandei beijos para me despedir, então logo desliguei o celular me levantando da mesa enquanto limpava a boca com o guardanapo.
- Eu acho bom que você não apronte nenhuma gracinha nessa viagem. Abigail apoia bastante seu namoro com o neto, e apesar de eu achar que esse garoto não é flor que se cheire, seria de grande lucro um relacionamento de vocês. - meu pai falou também se levantando, e eu revirei os olhos com aquilo. É claro que ele apoiava pelo lucro que teria, e não por minha causa.
- Eu não acho que seria bom a se envolver com o , tenho certeza que ele é uma péssima influência. - falou já de pé, e tanto eu quanto meu pai o olhamos. Eu apenas arqueei a sobrancelha, e meu pai bufou.
- Pior do que você, ele com certeza não é. - meu pai falou grosseiramente com , como sempre falava, e o mesmo "murchou" completamente abaixando a cabeça e saindo da cozinha atrás de meu pai.
- Criança, você ainda causará muita confusão nessa família. - Sara sussurrou pra mim, e eu apenas dei ombros enquanto soltava uma risada baixa.
- Volto na hora do almoço pra acabar de arrumar minhas coisas da viagem. - dei a volta na mesa e beijei sua bochecha - Até mais tarde, Sara. - fui saindo da cozinha.
- Até mais tarde, criança. - a ouvi dizer antes de sair da cozinha.
Passei pela sala, peguei a minha bolsa e saí em direção a garagem para encontrar meu pai e no carro, junto ao motorista. Estava tão empolgada naquele dia que nada poderia mudar o meu humor.
Assim que deu o meu horário de almoço na empresa, juntei as minhas coisas e saí da minha sala. Fui em direção a sala do meu pai e abri a porta tendo visão dele, e um homem que trabalhava na empresa, mas que eu não me recordava do nome.
- , não é possível que você não sabe bater na porta antes de entrar. - meu pai me repreendeu, e eu me limitei a fingir que não estava ouvindo.
- Só passei pra entregar isso... - vou até sua mesa deixando a pasta com as planilhas que havia revisado durante a manhã - E para dizer que vejo vocês no domingo. - dei o meu melhor sorriso e saí de sua sala, antes que qualquer um ali pudesse protestar.
Fui direto para o elevador e apertei o botão para descer, enquanto pegava meu celular na bolsa e via que havia uma mensagem de .
"Eu acho bom que você e o se divirtam muito esse final de semana..."
"Ele não para de me infernizar" colocou um emoji revirando os olhos.
Eu acabei rindo daquelas mensagens e logo a respondi:
"Não sei se ele vai parar de te infernizar, mas com certeza vamos aproveitar..." coloquei uma carinha com o sorrisinho de lado.
Saí do elevador, e logo em seguida passei pelo hall de entrada do prédio até a portaria. Abri o aplicativo do uber no celular, inseri o endereço para onde eu iria, no caso a minha casa, e solicitei um carro, que acabou sendo mais rápido do que eu imaginava.
Entrei no carro dando 'boa tarde' ao motorista, e ele logo deu a partida. Olhei meu celular, vendo que havia respondido minha mensagem.
"Pervertidaaaa" colocou um emoji de diabinho.
- "Eu não tenho culpa, se meu rolo com o é escondido do mundo, nem do meu pai me manter em cativeiro. Então só podemos nos encontrar bem raramente, e é claro que vamos fazer sexo..." - gravei um áudio e lhe mandei. Logo observei que o motorista me olhava pelo retrovisor, e apenas revirei os olhos voltando a prestar atenção no celular.
Continuei conversando com o pelo resto do caminho, falávamos a respeito da minha viagem com . Logo o motorista parou em frente minha casa, eu o paguei e desci, esperando no portão para que o porteiro pudesse abrir para mim.
Quando entrei em casa, subi correndo pelas escadas, joguei minha bolsa na cama, liguei o celular no carregador e fui para o banheiro. Me despi e entrei debaixo do chuveiro pra lavar o cabelo.
Depois que lavei, o desembaracei e passei uma máscara hidratante e o enrolei em um coque. Aproveitando o tempo que tinha que esperar para a máscara agir, eu fui me depilar.
Após acabar de me depilar, e a máscara já agir em meu cabelo por tempo suficiente, voltei para debaixo do chuveiro e o liguei novamente tirando todo o creme do meu cabelo. Assim que acabei o banho, saí do box me enrolando em uma toalha e colocando a outra nos cabelos e logo saí do banheiro.
Abri uma das minhas gavetas e peguei uma calcinha de renda azul bebê e a vesti. Voltei para o banheiro, tirei a toalha do cabelo e desembaracei o mesmo, logo em seguida o sequei levemente com o secador para que não saísse pingando pelo quarto. Optei por não passar maquiagem, passei apenas rímel e voltei novamente para o quarto.
Depois que me vesti, calcei um all star e prendi o cabelo em um rabo de cavalo no alto da cabeça. Conferi as minhas malas, apesar de ser apenas um final de semana, eu não fazia a menor ideia do que faríamos nessa viagem, precisava levar roupa para todas as possíveis ocasiões. Peguei meu celular, e o coloquei no bolso de minha calça Jeans, guardei o carregador na mala menor, coloquei uma jaqueta jeans pendurada em meu braço, caso sentisse frio no jatinho, e coloquei meus óculos escuros na cabeça. Assim que tranquei meu quarto, desci com as malas e as deixei na sala, junto a jaqueta, enquanto ia até a cozinha falar com Sara.
- Eu passei aqui pra me despedir da única pessoa que se importa comigo nessa casa. - a abracei pelo ombro, enquanto ela picava umas folhinhas verdes, que eu não fazia a menor ideia do que era.
- Não fala assim. - ela falou com repreensão me olhando e parando de fazer o que fazia - Seu irmão se importa com você, não é porque estão brigados que isso muda. - limpou as mãos em um pano de prato que estava sobre a bancada.
- Não tenho tanta certeza disso. - fiz uma careta, e fui até a fruteira pegando uma maçã - Mas de qualquer forma, eu precisava despedir de você antes de passar o final de semana longe. - mordi a maçã e ela sorriu maternalmente.
- O está empolgado com o final de semana? - ela virou novamente para o balcão, voltando a picar as folhinhas.
- Até ontem estava, hoje eu não falei com ele, então não faço a menor ideia. - dei ombros, e fiz uma careta ao perceber que eu e não havíamos trocado uma mensagem sequer durante todo o dia - Minha animação maior é por poder ficar longe dessa casa até domingo à noite. - levantei as mãos para o alto, em sinal de gratidão e ela voltou a me olhar com desconfiança.
- Vai me dizer que não está animada para passar todo o final de semana na França com o seu namorado? - arqueou a sobrancelha e sorriu divertida, o que me levou a fazer outra careta.
- Ele não é meu namorado. - constatei e ela riu, apenas assentindo, mas mantendo a feição desconfiada.
- Srta. ? - um dos seguranças da casa entrou na cozinha, se dirigindo a mim - O motorista está te esperando na entrada. - ele falou me olhando.
- Leva as minhas malas pro carro, eu já estou indo. - falei e ele concordou saindo da cozinha - Sara, nos vemos na segunda de manhã. - fui até ela e beijei sua bochecha - Porque eu pretendo voltar o mais tarde possível no domingo. - dei um sorrisinho travesso e ela riu negando com a cabeça.
- Comporte-se, criança. - ela falou e beijou minha testa numa forma materna - E aproveite cada segundo desse final de semana. - eu concordei com a cabeça e saí da cozinha acabando de comer a maçã.
Peguei a jaqueta que estava no sofá e saí de casa indo direto para entrada. Assim que cheguei ao portão, avistei a BMW preta, igual à que usávamos em casa. Passei pelo portão, o motorista abriu a porta de trás para que eu pudesse entrar, e o agradecendo eu entrei. Ele deu a volta no carro, entrou e logo deu a partida.
Fui todo o caminho conversando com Charlie, o motorista de Abigail, diferente do motorista e dos outros funcionários do meu pai, ele era super educado e engraçado. Acabei nem vendo o tempo passar, e logo chegamos ao heliporto, onde eu me encontraria com e iríamos pegar o jatinho de sua avó até Rocamadour.
- Charlie, obrigada pela conversa. - falei enquanto descíamos do carro. Acabei vestindo a jaqueta, pois por ser um lugar mais alto, acabava ventando um pouco. Sem contar que eu não estava a fim de segurar nada.
- Eu é que agradeço. - ele sorriu simpático - Pode deixar que eu levo as malas pra você. - falou e eu apenas concordei agradecendo.
Dei a volta no carro, e logo avistei o enorme jatinho, com "" escrito de preto na lateral. Eu sabia que o meu pai tinha um jatinho, só não lembrava se era tão grande como aquele.
Andei em direção à escada que dava para a entrada do veículo, e assim que me aproximei saiu lá de dentro e parou no último degrau. Ele vestia uma calça cinza, uma camisa preta com uns desenhos já desbotados e uma jaqueta jeans. E tinha óculos escuros em seu rosto, cobrindo seus olhos castanhos.
- Já estava achando que você havia desistido de viajar comigo. - ele falou numa altura que dava pra eu ouvir, já que o barulho do vento atrapalhava um pouco.
- Você acha mesmo que eu perderia a chance de passar praticamente três dias longe do meu irmão e do meu pai? - falei na mesma altura e fiz uma careta. Então comecei a subir a escada.
- Na verdade, eu tinha certeza que você não perderia a oportunidade de passar o final de semana comigo, afinal, não se tem essa oportunidade todos os dias. - falou convencido, enquanto arrumava seu cabelo que era bagunçado pelo vento.
- Meu Deus, como não morre sufocado com tanto ego? - falei debochada e logo parei no degrau na frente do que ele estava, colocando o óculos de volta na cabeça.
- Você fala isso, mas eu sei que sentiria a minha falta. - manteve o tom convencido, enquanto tirava seus óculos.
Arqueei a sobrancelha encarando aqueles olhos castanhos, e ele sorriu, não de uma forma convencida, ou debochada, ele sorriu verdadeiramente, o que me levou a fazer o mesmo e pular em seu pescoço para abraçá-lo. Por um minuto acabei esquecendo que estava em uma escada, e quase voltei para baixo, mas ele envolveu um dos seus braços em minha cintura retribuindo ao abraço e evitando que eu caísse. Ficamos assim por alguns segundos, até que ele espalmou sua mão livre em minha bunda e a apertou, me fazendo rir daquilo, pois era mais a cara dele.
- Estava mesmo com saudades, em. - falei sussurrando em seu ouvido, e mordi o lóbulo de sua orelha, o fazendo me apertar mais contra ele.
- Eu que o diga. - ele falou também sussurrando e eu me afastei para olhá-lo novamente - Você provoca e se afasta? - ele fez uma careta em reprovação, e negou com a cabeça.
- Não tenho culpa se homem não sabe controlar o que tem entre as pernas, e qualquer coisinha já deixa vocês excitados. - dei ombros, e dei um sorrisinho debochado o fazendo arquear a sobrancelha.
- Como se você também já não tivesse excitada. - ele falou olhando diretamente para os meus seios, onde meus mamilos marcavam claramente na blusa, já que eu não usava sutiã.
- Isso é porque aqui está frio. - me defendi, mesmo que aquilo fosse mentira, e ele acabou rindo, sendo acompanhado por mim.
- Vem. - estendeu a mão para que eu pudesse segurar e entramos no jatinho. Foi o que fizemos, e logo fomos para a parte onde ficavam as poltronas.
- Esse jatinho é incrível. - falei olhando tudo enquanto andava por ali.
- O do seu pai não é assim? - perguntou enquanto me seguia, e eu me virei pra ele.
- Eu não sei mais como é o jatinho do meu pai, a última vez que entrei nele foi pra ir pro colégio interno. - fiz uma careta e ele repetiu - Quando eu voltei, acabei voltando de voo comercial, mas foi melhor do que ter que aguentar horas no mesmo avião que meu ele. - soltei uma risada nasalada e ele apenas balançou a cabeça.
- Por falar nisso, ele não tentou te impedir de vir? - arqueou a sobrancelha, e eu concordei com a cabeça.
- Como eu te disse ontem, ele ia tentar me impedir, mas sua avó ligaria pra falar comigo e eu faria ela falar com ele. Saiu exatamente como o planejado. - dei um sorrisinho vitorioso, e ele acabou rindo - A única coisa que eu não previ foi sua avó falar pra ele sobre a possibilidade de um relacionamento entre a gente, e ele concordar com isso. - fiz uma careta e neguei com a cabeça.
- O seu pai concordou com você ter um relacionamento comigo? - repetiu minha careta, e se jogou no sofá, enquanto eu assenti.
- Ele ainda teve a coragem de me dizer que apesar de ele achar que você não é flor que se cheire, um relacionamento entre a gente traria lucros para ele. - fui até ele e me sentei ao seu lado.
- Como se ele fosse o homem mais sensato da face da Terra. - ele falou em ironia e eu acabei concordando com aquilo, mais do que eu queria. - E quanto ao ? - me olhou novamente.
- Bom, ele não falou muito, já que ainda estamos brigados, mas não gostou nada dessa viagem, muito menos do meu pai apoiar eu me envolvendo com você. - o olhei e ele concordou com a cabeça rindo.
- Pelo menos uma reação que eu previa. - falou com humor e eu acabei rindo também.
- Eu quero te pedir uma única coisa pra essa viagem. - falei o olhando, mas dessa vez voltando ao tom sério e ele balançou a cabeça para que eu pudesse continuar - Não vamos falar da minha família? Por favor? - fiz um bico, que quem o visse acharia que era drama, mas era mesmo implorando pelo pedido.
- Não precisamos falar deles, a não ser que você queira. - ele me olhou, e eu concordei com a cabeça - Mas eu também preciso te pedir uma coisa... - falou pensativo.
- O que seria? - falei em confusão, afinal de contas não fazia ideia do que poderia ser.
- Vem aqui. - chamou com a mão e eu me aproximei dele, imaginando o que aconteceria em seguida - Eu preciso mesmo te beijar agora, ou eu vou surtar até chegarmos na França. - ele sussurrou em meus lábios, e eu ri antes dele me puxar pra um beijo.
Assim que nossas bocas se encontraram em um selinho demorado, não demorou para que eu pedisse passagem para a língua. Logo o gosto forte do cigarro tocou a minha língua, misturado com o chiclete de menta que estava em sua boca. Sua mão foi direto para a minha nuca, e adentrou seus dedos em meu cabelo, bagunçando meu rabo de cavalo, mas eu não estava me importando com aquilo. Deixei uma de minhas mãos em seu ombro, enquanto a outra eu bagunçava seus cabelos. Com sua mão livre ele me puxou para mais perto, pela cintura, enquanto mordiscava meu lábio inferior.
Ele cortou o beijo por alguns segundos, mas tempo suficiente para me puxar para seu colo, e voltar a me beijar da forma que fazia. Estávamos animados pela viagem, pelo final de semana, mas o beijo era calmo, e demonstrava claramente a saudade que estávamos um do outro.
Não sei ao certo quanto tempo gastamos para chegar em Rocamadour, eu e estávamos mais preocupados em nos beijar do que prestar atenção no tempo em que estávamos no avião. Não fizemos nada demais no tempo em que ficamos ali, apenas nos beijamos e nos provocamos, o que não podia ser diferente vindo de nós dois.
Assim que o piloto avisou que íamos pousar, nos ajeitamos nos nossos devidos lugares e colocamos o cinto como o recomendado, e não demorou para que o avião pousasse.
Quando descemos do jatinho, havia uma Mercedes conversivel SLK 300 vermelha parada logo na frente do jatinho.
- Eu saí de Londres para dirigir um conversível na França? - falei me aproximando do carro e acabou rindo.
- Eu pedi esse carro realmente porque sabia que você iria gostar. - se aproximou parando ao meu lado e eu o olhei.
- Você me deixa mal acostumada com esses carros. - soltei uma risada nasalada e ele deu ombros - Eu posso dirigir? - falei empolgada e por um momento eu parecia uma criança perto do seu brinquedo dos sonhos.
- É todo seu. - jogou a chave em minha direção, e eu a segurei enquanto ele ria, provavelmente da minha cara - A cada dia que passa eu tenho certeza que você parece uma criança. - balançou negativamente a cabeça e deu a volta no carro entrando no lado do passageiro.
- Com um brinquedinho desses na minha frente, você quer que eu fique como? - falei o olhando enquanto entrava ninguém carro e ele manejou a cabeça em concordância.
Como nossas malas já haviam sido colocadas no carro, eu o liguei e não demorei para dar a partida, acelerando o carro.
foi me guiando pelo caminho até onde ficava a casa de sua avó. Apesar de eu conhecer um pouco Rocamadour, só havia ido ali uma única vez, e aos 10 anos. Só havia oferecido minha companhia, realmente porque queria irritar meu pai, não por achar que arremataria a viagem.
O caminho do heliporto, até a casa da Abigail não era longo, mas nos fez dar algumas voltas a mais para que eu pudesse aproveitar o carro. O que eu não havia achado ruim.
Estacionei o carro na vaga reservada em frente à casa e soltei o ar pela boca mostrando a adrenalina que corria pelo meu corpo. Aquele carro era incrível.
- Não preciso nem perguntar o que você achou do carro, porque a sua cara já me diz tudo. - falou me olhando e eu acabei rindo.
- Podemos fazer de novo? - o olhei quase suplicando por aquilo e ele quem riu dessa vez.
- Teremos o fim de semana todo pra isso, agora vamos ver a casa. - ele me roubou um selinho e pulou para fora do carro, me levando a fazer o mesmo.
Alguns funcionários da casa estavam de pé na entrada quando entramos, e por mais que eu já tivesse acostumada, aquilo ainda parecia cena de filme para mim.
- Boa tarde, senhor . - um dos funcionários falou se dirigindo a .
- Me chame de , por favor. - falou simpaticamente e ele assentiu.
- Deixamos tudo arrumado, como foi pedido por sua avó, e qualquer coisa que precisarem podem falar conosco. - ele falou se referindo a ele e aos outros ao seu lado, e assentiu dessa vez.
Entramos pela casa, enquanto os funcionários se dispersaram para a cozinha, e foi me apresentando a casa.
Não era uma mansão, mas era uma casa bem grande. Era toda rústica, com construções de pedras, bastante medieval e uma decoração mais estilo de casa de campo. Era tudo muito bonito e aconchegante.
- Essa casa é incrível. - falei indo até a varanda do quarto onde ficaríamos, que dava para uma bela vista de toda cidade, já que a casa estava bem no topo.
- Fazia tempo que eu não vinha aqui. - falou se aproximando de onde eu estava e parando ao meu lado - Aqui é realmente um lugar incrível. - falou olhando a vista e eu concordei.
- Tem algum plano pra gente hoje? - o olhei, me mantendo escorada no ferro da varanda.
- Eu pensei em andarmos um pouco pela vila e jantarmos em um restaurante ótimo que tem do outro lado da cidade. - me olhou, e se aproximou ficando a poucos centímetros de mim - O que você acha? - falou colocando um braço de cada lado do meu corpo, para segurar no ferro.
- Eu gosto da ideia, mas eu preciso me arrumar antes. - falei apoiando minhas mãos em seus ombros.
- Você está linda como está, mas eu acho que podemos tomar um banho antes. - falou com um sorrisinho malicioso, que eu acabei por retribuir e concordar com a cabeça.
Antes que eu falasse mais alguma coisa, ele aproximou seu rosto do meu depositando um selinho demorado em meus lábios, que retribui, começando um beijo calmo.
Suas mãos passaram do ferro para minha cintura, onde com um impulso ele me colocou em seu colo e eu envolvi as pernas em sua cintura e os braços em seu pescoço.
Apesar de ser bem magrinho, tinha bastante força, e era isso uma das coisas que mais me excitava nele.
Ele cortou o beijo puxando meu lábio inferior entre os dentes e me encarou por alguns segundos antes de mudar seu foco para o meu pescoço, onde ele depositou mordidas, beijos e chupões fazendo com que eu me encolhesse em seu colo devido aos arrepios que ele me causava.
andou comigo em seu colo de volta para o quarto, e assim que nos aproximamos da cama ele me jogou contra a mesma, deixando com que eu o encarasse enquanto arrancava sua camisa.
Aproveitei para tirar meu tênis com os pés mesmo, e as meias foram junto. Logo estava novamente em cima de mim, voltando a me beijar com vontade só parando para tirar a minha blusa.
- Obrigada por facilitar a minha vida. - ele falou roucamente encarando meus seios completamente descobertos, já que eu não usava sutiã, e eu acabei soltando uma risada com aquilo.
Ele não esperou nem mais um minuto para abocanhar um dos meus seios, e massagear o outro com sua mão, fazendo com que eu soltasse alguns gemidos baixos devido ao estímulo.
- ? - o chamei e ele murmurou sem parar o que fazia, pedindo para que eu falasse - A porta está aberta e tem vários funcionários aqui na casa. - falei enquanto agarrava seu cabelo entre os dedos.
Ele parou o que fazia, e eu acabei soltando um muxoxo de reprovação, mas ao contrário do que eu achava, ele não parou para fechar a porta, mas para tirar a minha calça para continuarmos o que havíamos começado.
Antes que eu pudesse mostrar alguma objeção, ele tirou a minha calcinha e logo começou a beijar a parte interna da minha coxa, fazendo com que vários arrepios percorressem pelo meu corpo.
Era claro o quanto meu corpo e a minha mente pediam por aquilo há dias, o quanto eu sentia falta dos seus toques e da reação do meu corpo a eles.
Senti o ar quente de sua boca tocando em minha intimidade e automaticamente meu corpo se curvou na cama, dando sinais do quão excitada eu já estava. Aquilo só empolgou ainda mais, pois ele não demorou mais nenhum segundo sequer para estimular meu clitóris com a língua.
- Porra, ! - falei entre dentes, soltando o ar pela boca, enquanto meu corpo se contraía com seus estímulos.
Ele fazia movimentos intercalados, ora rápidos, ora lentos, ora circulares. Meu corpo respondia a 100% dos estímulos feitos por ele.
segurou uma das minhas pernas, a colocando sobre o seu ombro, para que assim conseguisse um melhor resultado do que fazia, mesmo que eu achasse que não tinha como ficar melhor do que já estava.
Soltei um gemido alto quando penetrou dois dedos na minha intimidade e começou a movê-los com certa velocidade, enquanto ainda estimulava meu clitóris com a língua.
No estado que eu estava, não demorei muito a chegar ao meu orgasmo. Afinal, além da saudade que estava daquilo, me provocara desde que o encontrei no avião. E ele sabia me enlouquecer como ninguém.
Ele se levantou da cama para tirar sua calça, enquanto eu recuperava o fôlego na cama, mas foi só olhá-lo duro na cueca box preta, lambendo seus lábios cobertos com o meu gozo, que minhas energias estavam 100% recuperadas, e eu acabei me levantando da cama e andando até ele.
- Acho que tá na hora do nosso banho. - sussurrei em seu ouvido, e ele mordeu o lábio inferior de uma forma extremamente sexy.
Segurei em sua mão e o puxei para o banheiro onde eu logo tratei de empurrá-lo contra uma parede e beijá-lo com extrema vontade e intensidade.
Sua mão espalmou contra a minha bunda, de uma forma que eu sabia que depois ficaria vermelho, mas eu não achava ruim, na verdade, me excitava ainda mais.
Aproveitei minhas mãos livres para descer sua cueca, e fui descendo os beijos pelo seu pescoço, peitoral, abdômen, cintura e logo que cheguei ao seu membro já completamente duro, passei a língua por toda sua extensão e o enfiei na boca com gosto.
Fiz movimentos lentos, pois eu sabia que o enlouqueceria bem mais. Eu o colocava e tirava da boca com uma certa lentidão exagerada, enquanto o ouvia arfar baixinho pelo banheiro, se segurando para não soltar um gemido alto.
Percebi que estava atingindo meu resultado, quando sua mão enroscou em meu cabelo, tentando aumentar a velocidade, mas eu não cedi.
Tirei seu membro da boca e enquanto o masturbava, balancei a cabeça negativamente.
- Por mais que eu ame te enlouquecer, nesse momento eu preciso muito de ter você dentro de mim. - falei e antes de me levantar, ele me puxou pelos cabelos, e logo cobriu meus lábios com o seus.
Me jogou contra a parede, levantando uma de minhas, ele me penetrou de uma vez começando movimentos ágeis e fortes, que acabaram me fazendo gemer alto ali no banheiro.
Envolvi meus braços em seu pescoço, e embreei uma de minhas mãos em seu cabelo, o puxando entre os dedos, enquanto ele segurava minha coxa com força.
- Você não faz ideia do quanto eu sentia falta de disso. - ele falou em meus lábios, e eu me limitei a concordar com a cabeça e morder seu lábio inferior soltando o ar ali.
Ele me guiou em direção a pia, onde ele me colocou sentada sobre a mesa e continuou seus movimentos enquanto eu entrelaçava as pernas em sua cintura, prendendo seu corpo contra o meu.
Com uma das mãos livres, ele segurou meu cabelo, puxando minha cabeça para trás e fazendo com que eu largasse seus lábios e fechasse os olhos com força, ao sentir sua boca molhada em contato com o meu pescoço.
- Você. Me. Deixa. Completamente. Louco. - ele falou separando as palavras com beijos e mordidas, fazendo um caminho do meu pescoço até o meu seio, sem parar de se mover dentro de mim.
Abri os olhos para encará-lo, a tempo de vê-lo morder seu lábio inferior para segurar um gemido que queria escapar. Passei minhas unhas com força por suas costas, fazendo com que o gemido que antes ele segurava, saísse pelos seus lábios e ele me encarasse com a sobrancelha arqueada.
- Pardon... - falei em francês, com um falso arrependimento e ele soltou uma risada fraca, provavelmente pelo esforço físico que já fazíamos ali.
- Porra, garota. - ele balançou a cabeça negativamente - Você realmente fode comigo. - ele falou olhando nos meus olhos, e acabei deixando escapar um sorrisinho convencido antes de colar meus lábios aos dele.
continuou se movendo com intensidade e segurava firme em minha cintura. Eu sabia que ali teria uma dorzinha depois, mas eu não me importava.
Ele cortou o beijo, mas manteve seus lábios com os meus e nos encaramos a tempo de que ele gozasse, mas manteve o ritmo em que estávamos. Eu também não estava longe do meu ápice, mas poderia ficar ali por horas.
Foi com um chupão no pescoço e uma estocada forte que eu gemi alto, quase gritando, quando cheguei ao meu segundo orgasmo do dia.
Lentamente ele parou o que fazia e voltou a me beijar, mas agora com calma, deixando com que nossas línguas brincassem em nossas bocas.
Sua mão acariciou a lateral de meu corpo até alcançar a minha nuca, que ele segurou com tranquilidade para aprofundar o beijo.
Me separei dele para recuperar meu fôlego e encostei a cabeça em seu ombro para normalizar minha respiração.
- Isso que eu chamo de viagem. - falei baixo, mas numa altura que ele conseguisse ouvir e nós rimos.
- Agora realmente precisamos de um banho. - falou me tirando de cima da pia e me abraçando por trás para irmos para o box.
Eu sabia que aquela viagem seria inesquecível desde o começo, mas ali havia tido ainda mais certeza de que aproveitaria 100% cada momento com .
Desci as escadas com uma completa empolgação, já vestida adequadamente para ir à empresa. Deixei minha bolsa na sala, e apenas com o celular na mão fui para a cozinha, especificamente sala de jantar, onde o homem o qual eu chamava de pai e já se encontravam tomando seus desjejuns.
- Bom dia. - falei empolgada olhando diretamente para Sara que servia o café na xícara de meu pai, e me sentei de frente para que me olhou com a sobrancelha arqueada.
- Bom dia. - respondeu ainda confuso sem tirar os olhos de mim, como se houvesse algo de errado com meu rosto.
- Bom dia, criança. - Sara falou sorridente me olhando ali na mesa. Provavelmente por ser a primeira vez desde que eu havia brigado com e meu pai no final de semana que eu me juntava a eles naquela mesa.
- Finalmente resolveu nos dar a graça da sua presença. - meu pai falou com completa ironia me olhando, enquanto eu sorria também ironicamente pegando a taça de iogurte com granola e morango na mesa.
- Hoje é um dia mais que especial, não podia deixar de compartilhar minha animação com vocês. - mantive o sorriso no rosto e levei uma colherada do iogurte a boca.
- E por que é um dia especial? Não estou me lembrando de nenhuma data comemorativa. - falou mantendo a confusão em seu tom, e eu o olhei.
- Porque hoje eu e o vamos para a França e só voltarei para essa prisão, que eu chamo de casa, no domingo à noite. - expliquei e por um momento pude notar seu rosto enrubescer, provavelmente de raiva por escutar o nome de seu grande rival, vindo da boca de sua irmãzinha.
- Você não vai a lugar algum. - meu pai falou autoritário chamando a minha atenção, e eu quase revirei os olhos, mas me contive - Você não sai dessa casa sem a minha permissão, e como eu não lhe concedi a mesma, você não irá a essa viagem. - ele me olhou mantendo o tom e sua feição séria. Logo pude ouvir a risadinha vitoriosa de do outro lado da mesa, aí sim revirei os olhos.
- Tudo bem. - suspirei me dando falsamente por vencida, trazendo confusão no rosto de todos - Mas você liga para a Abigail e diz isso pra ela, porque não serei eu a contar que o meu pai me mantém como refém em minha própria casa. - dei ombros, voltando a tomar meu iogurte, apenas sentindo seu olhar pesar em mim.
- Ela compreenderá que você precisa ficar aqui para me ajudar com os negócios da empresa. Não vejo problema algum em falar com ela. - ele falou enquanto limpava sua boca no guardanapo.
Por coincidência - ou não - meu celular começou a tocar sobre a mesa, e logo que li o nome no visor, acabei por sorrir largamente.
- Bom, você pode se explicar agora, então. - mostrei meu celular a ele, onde constava o nome de Abigail na tela, então antes que ele pudesse se impor, eu deslizei o dedo na tela atendendo a ligação - Abigail, é sempre bom começar o dia com ligações tão importantes como a sua. - falei amigável, e pude ouvi-la rir do outro lado.
- , querida, como você está? Pronta para viajar com o meu neto? - ela perguntou doce como sempre, e eu acabei suspirando pesadamente.
- Sabe o que é, eu estava sim pronta para viajar, mas o meu pai acabou de decidir que eu não irei mais. - falei desapontada enquanto encarava meu pai, que me fuzilava com o olhar - Infelizmente vamos ter que deixar essa viagem para a próxima, talvez depois que acabar meu castigo. - soltei uma risada fraca, enquanto notava meu pai ficar ainda mais enfurecido.
- Não se preocupe com isso, deixa que eu me resolvo com o seu pai. - ela falou calmamente, e eu quase sorri vendo que os planos estavam correndo como o combinado - Passe o telefone para ele, querida. Por favor. - ela pediu com sua imensa educação de sempre, e eu apenas respondi com um "okay", entregando o celular ao meu pai, que estava mais raivoso do que eu podia imaginar.
- Abigail, é sempre uma honra falar com você. - ele falou após esperar alguns segundos para colocar o celular na orelha - Não, é claro que não... Você viu no dia do leilão como ela é, como ela faz de tudo pra chamar atenção. - ele falou me olhando, e eu apenas segui servindo um pouco do suco em meu copo, enquanto também me encarava - É que eu preciso muito da ajuda dela com as contas da empresa, os contatos e tudo isso. Entende? - ele se explicou e eu apenas me limitei a revirar os olhos com aquela mentira - Eu sei que é final de semana, e sei também que ela é jovem e precisa se divertir, mas eu realmente... - ele não concluiu sua frase, e eu deduzi que Abigail o interrompeu - Eu também faria gosto se ela e o seu neto, , certo? Então, eu também faria completo gosto se eles namorassem. - na mesma hora que meu pai falou isso, quase morreu engasgado com o suco, e precisei me segurar para não gargalhar daquilo. - Tudo bem, ela pode ir para a França com seu neto... - se deu por vencido, e eu quase pulei da cadeira em comemoração, enquanto Sara ajudava , lhe dando alguns tapinhas nas costas - Então a gente se fala, e nos vemos na sua próxima festa beneficente. Um abraço, Abigail. - ele falou passando o celular novamente para mim, mantendo sua feição raivosa no rosto.
- Oi, Abigail. - falei com completa inocência na voz, enquanto me encarava e meu pai balançava negativamente a cabeça.
- Tudo certo com a viagem. Mais tarde o motorista passa na sua casa pra te buscar e te levar para se encontrar com o no jatinho. Espero que se divirtam bastante nessa viagem, e quem sabe não nasce algo além de uma amizade. - ela falou e eu apenas soltei uma risada fraca com aquilo.
- Tudo bem, obrigada. - a agradeci e lhe mandei beijos para me despedir, então logo desliguei o celular me levantando da mesa enquanto limpava a boca com o guardanapo.
- Eu acho bom que você não apronte nenhuma gracinha nessa viagem. Abigail apoia bastante seu namoro com o neto, e apesar de eu achar que esse garoto não é flor que se cheire, seria de grande lucro um relacionamento de vocês. - meu pai falou também se levantando, e eu revirei os olhos com aquilo. É claro que ele apoiava pelo lucro que teria, e não por minha causa.
- Eu não acho que seria bom a se envolver com o , tenho certeza que ele é uma péssima influência. - falou já de pé, e tanto eu quanto meu pai o olhamos. Eu apenas arqueei a sobrancelha, e meu pai bufou.
- Pior do que você, ele com certeza não é. - meu pai falou grosseiramente com , como sempre falava, e o mesmo "murchou" completamente abaixando a cabeça e saindo da cozinha atrás de meu pai.
- Criança, você ainda causará muita confusão nessa família. - Sara sussurrou pra mim, e eu apenas dei ombros enquanto soltava uma risada baixa.
- Volto na hora do almoço pra acabar de arrumar minhas coisas da viagem. - dei a volta na mesa e beijei sua bochecha - Até mais tarde, Sara. - fui saindo da cozinha.
- Até mais tarde, criança. - a ouvi dizer antes de sair da cozinha.
Passei pela sala, peguei a minha bolsa e saí em direção a garagem para encontrar meu pai e no carro, junto ao motorista. Estava tão empolgada naquele dia que nada poderia mudar o meu humor.
Assim que deu o meu horário de almoço na empresa, juntei as minhas coisas e saí da minha sala. Fui em direção a sala do meu pai e abri a porta tendo visão dele, e um homem que trabalhava na empresa, mas que eu não me recordava do nome.
- , não é possível que você não sabe bater na porta antes de entrar. - meu pai me repreendeu, e eu me limitei a fingir que não estava ouvindo.
- Só passei pra entregar isso... - vou até sua mesa deixando a pasta com as planilhas que havia revisado durante a manhã - E para dizer que vejo vocês no domingo. - dei o meu melhor sorriso e saí de sua sala, antes que qualquer um ali pudesse protestar.
Fui direto para o elevador e apertei o botão para descer, enquanto pegava meu celular na bolsa e via que havia uma mensagem de .
"Eu acho bom que você e o se divirtam muito esse final de semana..."
"Ele não para de me infernizar" colocou um emoji revirando os olhos.
Eu acabei rindo daquelas mensagens e logo a respondi:
"Não sei se ele vai parar de te infernizar, mas com certeza vamos aproveitar..." coloquei uma carinha com o sorrisinho de lado.
Saí do elevador, e logo em seguida passei pelo hall de entrada do prédio até a portaria. Abri o aplicativo do uber no celular, inseri o endereço para onde eu iria, no caso a minha casa, e solicitei um carro, que acabou sendo mais rápido do que eu imaginava.
Entrei no carro dando 'boa tarde' ao motorista, e ele logo deu a partida. Olhei meu celular, vendo que havia respondido minha mensagem.
"Pervertidaaaa" colocou um emoji de diabinho.
- "Eu não tenho culpa, se meu rolo com o é escondido do mundo, nem do meu pai me manter em cativeiro. Então só podemos nos encontrar bem raramente, e é claro que vamos fazer sexo..." - gravei um áudio e lhe mandei. Logo observei que o motorista me olhava pelo retrovisor, e apenas revirei os olhos voltando a prestar atenção no celular.
Continuei conversando com o pelo resto do caminho, falávamos a respeito da minha viagem com . Logo o motorista parou em frente minha casa, eu o paguei e desci, esperando no portão para que o porteiro pudesse abrir para mim.
Quando entrei em casa, subi correndo pelas escadas, joguei minha bolsa na cama, liguei o celular no carregador e fui para o banheiro. Me despi e entrei debaixo do chuveiro pra lavar o cabelo.
Depois que lavei, o desembaracei e passei uma máscara hidratante e o enrolei em um coque. Aproveitando o tempo que tinha que esperar para a máscara agir, eu fui me depilar.
Após acabar de me depilar, e a máscara já agir em meu cabelo por tempo suficiente, voltei para debaixo do chuveiro e o liguei novamente tirando todo o creme do meu cabelo. Assim que acabei o banho, saí do box me enrolando em uma toalha e colocando a outra nos cabelos e logo saí do banheiro.
Abri uma das minhas gavetas e peguei uma calcinha de renda azul bebê e a vesti. Voltei para o banheiro, tirei a toalha do cabelo e desembaracei o mesmo, logo em seguida o sequei levemente com o secador para que não saísse pingando pelo quarto. Optei por não passar maquiagem, passei apenas rímel e voltei novamente para o quarto.
Depois que me vesti, calcei um all star e prendi o cabelo em um rabo de cavalo no alto da cabeça. Conferi as minhas malas, apesar de ser apenas um final de semana, eu não fazia a menor ideia do que faríamos nessa viagem, precisava levar roupa para todas as possíveis ocasiões. Peguei meu celular, e o coloquei no bolso de minha calça Jeans, guardei o carregador na mala menor, coloquei uma jaqueta jeans pendurada em meu braço, caso sentisse frio no jatinho, e coloquei meus óculos escuros na cabeça. Assim que tranquei meu quarto, desci com as malas e as deixei na sala, junto a jaqueta, enquanto ia até a cozinha falar com Sara.
- Eu passei aqui pra me despedir da única pessoa que se importa comigo nessa casa. - a abracei pelo ombro, enquanto ela picava umas folhinhas verdes, que eu não fazia a menor ideia do que era.
- Não fala assim. - ela falou com repreensão me olhando e parando de fazer o que fazia - Seu irmão se importa com você, não é porque estão brigados que isso muda. - limpou as mãos em um pano de prato que estava sobre a bancada.
- Não tenho tanta certeza disso. - fiz uma careta, e fui até a fruteira pegando uma maçã - Mas de qualquer forma, eu precisava despedir de você antes de passar o final de semana longe. - mordi a maçã e ela sorriu maternalmente.
- O está empolgado com o final de semana? - ela virou novamente para o balcão, voltando a picar as folhinhas.
- Até ontem estava, hoje eu não falei com ele, então não faço a menor ideia. - dei ombros, e fiz uma careta ao perceber que eu e não havíamos trocado uma mensagem sequer durante todo o dia - Minha animação maior é por poder ficar longe dessa casa até domingo à noite. - levantei as mãos para o alto, em sinal de gratidão e ela voltou a me olhar com desconfiança.
- Vai me dizer que não está animada para passar todo o final de semana na França com o seu namorado? - arqueou a sobrancelha e sorriu divertida, o que me levou a fazer outra careta.
- Ele não é meu namorado. - constatei e ela riu, apenas assentindo, mas mantendo a feição desconfiada.
- Srta. ? - um dos seguranças da casa entrou na cozinha, se dirigindo a mim - O motorista está te esperando na entrada. - ele falou me olhando.
- Leva as minhas malas pro carro, eu já estou indo. - falei e ele concordou saindo da cozinha - Sara, nos vemos na segunda de manhã. - fui até ela e beijei sua bochecha - Porque eu pretendo voltar o mais tarde possível no domingo. - dei um sorrisinho travesso e ela riu negando com a cabeça.
- Comporte-se, criança. - ela falou e beijou minha testa numa forma materna - E aproveite cada segundo desse final de semana. - eu concordei com a cabeça e saí da cozinha acabando de comer a maçã.
Peguei a jaqueta que estava no sofá e saí de casa indo direto para entrada. Assim que cheguei ao portão, avistei a BMW preta, igual à que usávamos em casa. Passei pelo portão, o motorista abriu a porta de trás para que eu pudesse entrar, e o agradecendo eu entrei. Ele deu a volta no carro, entrou e logo deu a partida.
Fui todo o caminho conversando com Charlie, o motorista de Abigail, diferente do motorista e dos outros funcionários do meu pai, ele era super educado e engraçado. Acabei nem vendo o tempo passar, e logo chegamos ao heliporto, onde eu me encontraria com e iríamos pegar o jatinho de sua avó até Rocamadour.
- Charlie, obrigada pela conversa. - falei enquanto descíamos do carro. Acabei vestindo a jaqueta, pois por ser um lugar mais alto, acabava ventando um pouco. Sem contar que eu não estava a fim de segurar nada.
- Eu é que agradeço. - ele sorriu simpático - Pode deixar que eu levo as malas pra você. - falou e eu apenas concordei agradecendo.
Dei a volta no carro, e logo avistei o enorme jatinho, com "" escrito de preto na lateral. Eu sabia que o meu pai tinha um jatinho, só não lembrava se era tão grande como aquele.
Andei em direção à escada que dava para a entrada do veículo, e assim que me aproximei saiu lá de dentro e parou no último degrau. Ele vestia uma calça cinza, uma camisa preta com uns desenhos já desbotados e uma jaqueta jeans. E tinha óculos escuros em seu rosto, cobrindo seus olhos castanhos.
- Já estava achando que você havia desistido de viajar comigo. - ele falou numa altura que dava pra eu ouvir, já que o barulho do vento atrapalhava um pouco.
- Você acha mesmo que eu perderia a chance de passar praticamente três dias longe do meu irmão e do meu pai? - falei na mesma altura e fiz uma careta. Então comecei a subir a escada.
- Na verdade, eu tinha certeza que você não perderia a oportunidade de passar o final de semana comigo, afinal, não se tem essa oportunidade todos os dias. - falou convencido, enquanto arrumava seu cabelo que era bagunçado pelo vento.
- Meu Deus, como não morre sufocado com tanto ego? - falei debochada e logo parei no degrau na frente do que ele estava, colocando o óculos de volta na cabeça.
- Você fala isso, mas eu sei que sentiria a minha falta. - manteve o tom convencido, enquanto tirava seus óculos.
Arqueei a sobrancelha encarando aqueles olhos castanhos, e ele sorriu, não de uma forma convencida, ou debochada, ele sorriu verdadeiramente, o que me levou a fazer o mesmo e pular em seu pescoço para abraçá-lo. Por um minuto acabei esquecendo que estava em uma escada, e quase voltei para baixo, mas ele envolveu um dos seus braços em minha cintura retribuindo ao abraço e evitando que eu caísse. Ficamos assim por alguns segundos, até que ele espalmou sua mão livre em minha bunda e a apertou, me fazendo rir daquilo, pois era mais a cara dele.
- Estava mesmo com saudades, em. - falei sussurrando em seu ouvido, e mordi o lóbulo de sua orelha, o fazendo me apertar mais contra ele.
- Eu que o diga. - ele falou também sussurrando e eu me afastei para olhá-lo novamente - Você provoca e se afasta? - ele fez uma careta em reprovação, e negou com a cabeça.
- Não tenho culpa se homem não sabe controlar o que tem entre as pernas, e qualquer coisinha já deixa vocês excitados. - dei ombros, e dei um sorrisinho debochado o fazendo arquear a sobrancelha.
- Como se você também já não tivesse excitada. - ele falou olhando diretamente para os meus seios, onde meus mamilos marcavam claramente na blusa, já que eu não usava sutiã.
- Isso é porque aqui está frio. - me defendi, mesmo que aquilo fosse mentira, e ele acabou rindo, sendo acompanhado por mim.
- Vem. - estendeu a mão para que eu pudesse segurar e entramos no jatinho. Foi o que fizemos, e logo fomos para a parte onde ficavam as poltronas.
- Esse jatinho é incrível. - falei olhando tudo enquanto andava por ali.
- O do seu pai não é assim? - perguntou enquanto me seguia, e eu me virei pra ele.
- Eu não sei mais como é o jatinho do meu pai, a última vez que entrei nele foi pra ir pro colégio interno. - fiz uma careta e ele repetiu - Quando eu voltei, acabei voltando de voo comercial, mas foi melhor do que ter que aguentar horas no mesmo avião que meu ele. - soltei uma risada nasalada e ele apenas balançou a cabeça.
- Por falar nisso, ele não tentou te impedir de vir? - arqueou a sobrancelha, e eu concordei com a cabeça.
- Como eu te disse ontem, ele ia tentar me impedir, mas sua avó ligaria pra falar comigo e eu faria ela falar com ele. Saiu exatamente como o planejado. - dei um sorrisinho vitorioso, e ele acabou rindo - A única coisa que eu não previ foi sua avó falar pra ele sobre a possibilidade de um relacionamento entre a gente, e ele concordar com isso. - fiz uma careta e neguei com a cabeça.
- O seu pai concordou com você ter um relacionamento comigo? - repetiu minha careta, e se jogou no sofá, enquanto eu assenti.
- Ele ainda teve a coragem de me dizer que apesar de ele achar que você não é flor que se cheire, um relacionamento entre a gente traria lucros para ele. - fui até ele e me sentei ao seu lado.
- Como se ele fosse o homem mais sensato da face da Terra. - ele falou em ironia e eu acabei concordando com aquilo, mais do que eu queria. - E quanto ao ? - me olhou novamente.
- Bom, ele não falou muito, já que ainda estamos brigados, mas não gostou nada dessa viagem, muito menos do meu pai apoiar eu me envolvendo com você. - o olhei e ele concordou com a cabeça rindo.
- Pelo menos uma reação que eu previa. - falou com humor e eu acabei rindo também.
- Eu quero te pedir uma única coisa pra essa viagem. - falei o olhando, mas dessa vez voltando ao tom sério e ele balançou a cabeça para que eu pudesse continuar - Não vamos falar da minha família? Por favor? - fiz um bico, que quem o visse acharia que era drama, mas era mesmo implorando pelo pedido.
- Não precisamos falar deles, a não ser que você queira. - ele me olhou, e eu concordei com a cabeça - Mas eu também preciso te pedir uma coisa... - falou pensativo.
- O que seria? - falei em confusão, afinal de contas não fazia ideia do que poderia ser.
- Vem aqui. - chamou com a mão e eu me aproximei dele, imaginando o que aconteceria em seguida - Eu preciso mesmo te beijar agora, ou eu vou surtar até chegarmos na França. - ele sussurrou em meus lábios, e eu ri antes dele me puxar pra um beijo.
Assim que nossas bocas se encontraram em um selinho demorado, não demorou para que eu pedisse passagem para a língua. Logo o gosto forte do cigarro tocou a minha língua, misturado com o chiclete de menta que estava em sua boca. Sua mão foi direto para a minha nuca, e adentrou seus dedos em meu cabelo, bagunçando meu rabo de cavalo, mas eu não estava me importando com aquilo. Deixei uma de minhas mãos em seu ombro, enquanto a outra eu bagunçava seus cabelos. Com sua mão livre ele me puxou para mais perto, pela cintura, enquanto mordiscava meu lábio inferior.
Ele cortou o beijo por alguns segundos, mas tempo suficiente para me puxar para seu colo, e voltar a me beijar da forma que fazia. Estávamos animados pela viagem, pelo final de semana, mas o beijo era calmo, e demonstrava claramente a saudade que estávamos um do outro.
Não sei ao certo quanto tempo gastamos para chegar em Rocamadour, eu e estávamos mais preocupados em nos beijar do que prestar atenção no tempo em que estávamos no avião. Não fizemos nada demais no tempo em que ficamos ali, apenas nos beijamos e nos provocamos, o que não podia ser diferente vindo de nós dois.
Assim que o piloto avisou que íamos pousar, nos ajeitamos nos nossos devidos lugares e colocamos o cinto como o recomendado, e não demorou para que o avião pousasse.
Quando descemos do jatinho, havia uma Mercedes conversivel SLK 300 vermelha parada logo na frente do jatinho.
- Eu saí de Londres para dirigir um conversível na França? - falei me aproximando do carro e acabou rindo.
- Eu pedi esse carro realmente porque sabia que você iria gostar. - se aproximou parando ao meu lado e eu o olhei.
- Você me deixa mal acostumada com esses carros. - soltei uma risada nasalada e ele deu ombros - Eu posso dirigir? - falei empolgada e por um momento eu parecia uma criança perto do seu brinquedo dos sonhos.
- É todo seu. - jogou a chave em minha direção, e eu a segurei enquanto ele ria, provavelmente da minha cara - A cada dia que passa eu tenho certeza que você parece uma criança. - balançou negativamente a cabeça e deu a volta no carro entrando no lado do passageiro.
- Com um brinquedinho desses na minha frente, você quer que eu fique como? - falei o olhando enquanto entrava ninguém carro e ele manejou a cabeça em concordância.
Como nossas malas já haviam sido colocadas no carro, eu o liguei e não demorei para dar a partida, acelerando o carro.
foi me guiando pelo caminho até onde ficava a casa de sua avó. Apesar de eu conhecer um pouco Rocamadour, só havia ido ali uma única vez, e aos 10 anos. Só havia oferecido minha companhia, realmente porque queria irritar meu pai, não por achar que arremataria a viagem.
O caminho do heliporto, até a casa da Abigail não era longo, mas nos fez dar algumas voltas a mais para que eu pudesse aproveitar o carro. O que eu não havia achado ruim.
Estacionei o carro na vaga reservada em frente à casa e soltei o ar pela boca mostrando a adrenalina que corria pelo meu corpo. Aquele carro era incrível.
- Não preciso nem perguntar o que você achou do carro, porque a sua cara já me diz tudo. - falou me olhando e eu acabei rindo.
- Podemos fazer de novo? - o olhei quase suplicando por aquilo e ele quem riu dessa vez.
- Teremos o fim de semana todo pra isso, agora vamos ver a casa. - ele me roubou um selinho e pulou para fora do carro, me levando a fazer o mesmo.
Alguns funcionários da casa estavam de pé na entrada quando entramos, e por mais que eu já tivesse acostumada, aquilo ainda parecia cena de filme para mim.
- Boa tarde, senhor . - um dos funcionários falou se dirigindo a .
- Me chame de , por favor. - falou simpaticamente e ele assentiu.
- Deixamos tudo arrumado, como foi pedido por sua avó, e qualquer coisa que precisarem podem falar conosco. - ele falou se referindo a ele e aos outros ao seu lado, e assentiu dessa vez.
Entramos pela casa, enquanto os funcionários se dispersaram para a cozinha, e foi me apresentando a casa.
Não era uma mansão, mas era uma casa bem grande. Era toda rústica, com construções de pedras, bastante medieval e uma decoração mais estilo de casa de campo. Era tudo muito bonito e aconchegante.
- Essa casa é incrível. - falei indo até a varanda do quarto onde ficaríamos, que dava para uma bela vista de toda cidade, já que a casa estava bem no topo.
- Fazia tempo que eu não vinha aqui. - falou se aproximando de onde eu estava e parando ao meu lado - Aqui é realmente um lugar incrível. - falou olhando a vista e eu concordei.
- Tem algum plano pra gente hoje? - o olhei, me mantendo escorada no ferro da varanda.
- Eu pensei em andarmos um pouco pela vila e jantarmos em um restaurante ótimo que tem do outro lado da cidade. - me olhou, e se aproximou ficando a poucos centímetros de mim - O que você acha? - falou colocando um braço de cada lado do meu corpo, para segurar no ferro.
- Eu gosto da ideia, mas eu preciso me arrumar antes. - falei apoiando minhas mãos em seus ombros.
- Você está linda como está, mas eu acho que podemos tomar um banho antes. - falou com um sorrisinho malicioso, que eu acabei por retribuir e concordar com a cabeça.
Antes que eu falasse mais alguma coisa, ele aproximou seu rosto do meu depositando um selinho demorado em meus lábios, que retribui, começando um beijo calmo.
Suas mãos passaram do ferro para minha cintura, onde com um impulso ele me colocou em seu colo e eu envolvi as pernas em sua cintura e os braços em seu pescoço.
Apesar de ser bem magrinho, tinha bastante força, e era isso uma das coisas que mais me excitava nele.
Ele cortou o beijo puxando meu lábio inferior entre os dentes e me encarou por alguns segundos antes de mudar seu foco para o meu pescoço, onde ele depositou mordidas, beijos e chupões fazendo com que eu me encolhesse em seu colo devido aos arrepios que ele me causava.
andou comigo em seu colo de volta para o quarto, e assim que nos aproximamos da cama ele me jogou contra a mesma, deixando com que eu o encarasse enquanto arrancava sua camisa.
Aproveitei para tirar meu tênis com os pés mesmo, e as meias foram junto. Logo estava novamente em cima de mim, voltando a me beijar com vontade só parando para tirar a minha blusa.
- Obrigada por facilitar a minha vida. - ele falou roucamente encarando meus seios completamente descobertos, já que eu não usava sutiã, e eu acabei soltando uma risada com aquilo.
Ele não esperou nem mais um minuto para abocanhar um dos meus seios, e massagear o outro com sua mão, fazendo com que eu soltasse alguns gemidos baixos devido ao estímulo.
- ? - o chamei e ele murmurou sem parar o que fazia, pedindo para que eu falasse - A porta está aberta e tem vários funcionários aqui na casa. - falei enquanto agarrava seu cabelo entre os dedos.
Ele parou o que fazia, e eu acabei soltando um muxoxo de reprovação, mas ao contrário do que eu achava, ele não parou para fechar a porta, mas para tirar a minha calça para continuarmos o que havíamos começado.
Antes que eu pudesse mostrar alguma objeção, ele tirou a minha calcinha e logo começou a beijar a parte interna da minha coxa, fazendo com que vários arrepios percorressem pelo meu corpo.
Era claro o quanto meu corpo e a minha mente pediam por aquilo há dias, o quanto eu sentia falta dos seus toques e da reação do meu corpo a eles.
Senti o ar quente de sua boca tocando em minha intimidade e automaticamente meu corpo se curvou na cama, dando sinais do quão excitada eu já estava. Aquilo só empolgou ainda mais, pois ele não demorou mais nenhum segundo sequer para estimular meu clitóris com a língua.
- Porra, ! - falei entre dentes, soltando o ar pela boca, enquanto meu corpo se contraía com seus estímulos.
Ele fazia movimentos intercalados, ora rápidos, ora lentos, ora circulares. Meu corpo respondia a 100% dos estímulos feitos por ele.
segurou uma das minhas pernas, a colocando sobre o seu ombro, para que assim conseguisse um melhor resultado do que fazia, mesmo que eu achasse que não tinha como ficar melhor do que já estava.
Soltei um gemido alto quando penetrou dois dedos na minha intimidade e começou a movê-los com certa velocidade, enquanto ainda estimulava meu clitóris com a língua.
No estado que eu estava, não demorei muito a chegar ao meu orgasmo. Afinal, além da saudade que estava daquilo, me provocara desde que o encontrei no avião. E ele sabia me enlouquecer como ninguém.
Ele se levantou da cama para tirar sua calça, enquanto eu recuperava o fôlego na cama, mas foi só olhá-lo duro na cueca box preta, lambendo seus lábios cobertos com o meu gozo, que minhas energias estavam 100% recuperadas, e eu acabei me levantando da cama e andando até ele.
- Acho que tá na hora do nosso banho. - sussurrei em seu ouvido, e ele mordeu o lábio inferior de uma forma extremamente sexy.
Segurei em sua mão e o puxei para o banheiro onde eu logo tratei de empurrá-lo contra uma parede e beijá-lo com extrema vontade e intensidade.
Sua mão espalmou contra a minha bunda, de uma forma que eu sabia que depois ficaria vermelho, mas eu não achava ruim, na verdade, me excitava ainda mais.
Aproveitei minhas mãos livres para descer sua cueca, e fui descendo os beijos pelo seu pescoço, peitoral, abdômen, cintura e logo que cheguei ao seu membro já completamente duro, passei a língua por toda sua extensão e o enfiei na boca com gosto.
Fiz movimentos lentos, pois eu sabia que o enlouqueceria bem mais. Eu o colocava e tirava da boca com uma certa lentidão exagerada, enquanto o ouvia arfar baixinho pelo banheiro, se segurando para não soltar um gemido alto.
Percebi que estava atingindo meu resultado, quando sua mão enroscou em meu cabelo, tentando aumentar a velocidade, mas eu não cedi.
Tirei seu membro da boca e enquanto o masturbava, balancei a cabeça negativamente.
- Por mais que eu ame te enlouquecer, nesse momento eu preciso muito de ter você dentro de mim. - falei e antes de me levantar, ele me puxou pelos cabelos, e logo cobriu meus lábios com o seus.
Me jogou contra a parede, levantando uma de minhas, ele me penetrou de uma vez começando movimentos ágeis e fortes, que acabaram me fazendo gemer alto ali no banheiro.
Envolvi meus braços em seu pescoço, e embreei uma de minhas mãos em seu cabelo, o puxando entre os dedos, enquanto ele segurava minha coxa com força.
- Você não faz ideia do quanto eu sentia falta de disso. - ele falou em meus lábios, e eu me limitei a concordar com a cabeça e morder seu lábio inferior soltando o ar ali.
Ele me guiou em direção a pia, onde ele me colocou sentada sobre a mesa e continuou seus movimentos enquanto eu entrelaçava as pernas em sua cintura, prendendo seu corpo contra o meu.
Com uma das mãos livres, ele segurou meu cabelo, puxando minha cabeça para trás e fazendo com que eu largasse seus lábios e fechasse os olhos com força, ao sentir sua boca molhada em contato com o meu pescoço.
- Você. Me. Deixa. Completamente. Louco. - ele falou separando as palavras com beijos e mordidas, fazendo um caminho do meu pescoço até o meu seio, sem parar de se mover dentro de mim.
Abri os olhos para encará-lo, a tempo de vê-lo morder seu lábio inferior para segurar um gemido que queria escapar. Passei minhas unhas com força por suas costas, fazendo com que o gemido que antes ele segurava, saísse pelos seus lábios e ele me encarasse com a sobrancelha arqueada.
- Pardon... - falei em francês, com um falso arrependimento e ele soltou uma risada fraca, provavelmente pelo esforço físico que já fazíamos ali.
- Porra, garota. - ele balançou a cabeça negativamente - Você realmente fode comigo. - ele falou olhando nos meus olhos, e acabei deixando escapar um sorrisinho convencido antes de colar meus lábios aos dele.
continuou se movendo com intensidade e segurava firme em minha cintura. Eu sabia que ali teria uma dorzinha depois, mas eu não me importava.
Ele cortou o beijo, mas manteve seus lábios com os meus e nos encaramos a tempo de que ele gozasse, mas manteve o ritmo em que estávamos. Eu também não estava longe do meu ápice, mas poderia ficar ali por horas.
Foi com um chupão no pescoço e uma estocada forte que eu gemi alto, quase gritando, quando cheguei ao meu segundo orgasmo do dia.
Lentamente ele parou o que fazia e voltou a me beijar, mas agora com calma, deixando com que nossas línguas brincassem em nossas bocas.
Sua mão acariciou a lateral de meu corpo até alcançar a minha nuca, que ele segurou com tranquilidade para aprofundar o beijo.
Me separei dele para recuperar meu fôlego e encostei a cabeça em seu ombro para normalizar minha respiração.
- Isso que eu chamo de viagem. - falei baixo, mas numa altura que ele conseguisse ouvir e nós rimos.
- Agora realmente precisamos de um banho. - falou me tirando de cima da pia e me abraçando por trás para irmos para o box.
Eu sabia que aquela viagem seria inesquecível desde o começo, mas ali havia tido ainda mais certeza de que aproveitaria 100% cada momento com .
Capítulo 13
Enquanto eu acabava de me arrumar, estava sentado na cama mexendo em seu celular, mas vez ou outra em parava para me olhar.
- Estou pronta. - falei me virando de frente para ele, notando que ele tinha seu celular apontado para mim, provavelmente usava sua câmera - De verdade, eu não imaginava que fizesse seu estilo ficar filmando alguém assim. - falei com humor, colocando minha bolsa no ombro e ele riu se levantando da cama.
- E não faz. - falou enfiando seu celular no bolso da calça e eu arqueei a sobrancelha com aquela informação contraditória - Só que normalmente meus relacionamentos não são as escondidas... - falou se aproximando, e eu poderia dizer que me sentia mal com aquilo, mas resolvi ignorar - E eu também nunca encontrei uma mulher tão gata, tão sexy, tão... Gostosa, assim... - sussurrou a última parte em meu ouvido, enquanto espalmava sua mão em minha bunda, fazendo com que eu soltasse o ar pela boca.
- Depois dessa você pode fazer quantos vídeos você quiser. - falei enquanto saíamos do quarto e ele riu.
Descemos as escadas e assim que chegamos a sala, havia uma das funcionárias ali. Ela logo seguiu em nossa direção, mostrando que tinha algo para dizer.
- Vocês querem que eu prepare algo para o jantar? - falou nos olhando, enquanto pegava a chave do carro.
- Não precisa, vamos jantar em um restaurante hoje. - a respondi educadamente e ela assentiu.
- Pode descansar e dispensar os outros funcionários, porque provavelmente voltaremos tarde, ou só amanhã de manhã... - ele me olhou sugestivamente e eu ri cerrando os olhos - Eu vou levar a chave, então não precisa se preocupar. - mostrou a chave e ela concordou.
- Espero que vocês tenham uma boa noite. - ela falou simpaticamente e sorriu, o que me levou a retribuir.
- Uma boa noite pra você também. - respondeu por nós e saímos da casa, onde a mesma Mercedes na qual chegamos, nos esperava do lado de fora.
foi dirigindo dessa vez e eu fiquei ao lado do passageiro apenas aproveitando a vista e o passeio. Poder olhar aquela cidade com calma, sem estar acelerando atrás do volante era tudo o que eu precisava no momento.
Liguei o som do carro e deixei numa música qualquer que tocava na rádio, enquanto me concentrava na paisagem que se passava e sentia a brisa bagunçar os meus cabelos.
Olhei para a tempo de vê-lo sorrir após me olhar rapidamente, e acabei sorrindo de volta balançando a cabeça negativamente, ao pensar no quão cena romântica de filme clichê aquilo parecia.
Depois de mais ou menos uns 30 minutos dentro do carro, parou próximo a um pequeno vilarejo, que ficava do outro lado de onde era a casa de sua avó, então descemos do carro.
- O restaurante fica lá no alto do vilarejo, pensei que pudéssemos caminhar até lá e aproveitar para vermos um pouco da cidade. - ele falou dando a volta no carro e eu concordei. Até porque, turistar de carro não era tão divertido.
Entramos no vilarejo, onde algumas crianças estavam sentadas em uma pequena roda brincando com seus carrinhos e bonecas. O que me levou a sorrir, pois era incrível ver a inocência de uma criança.
Enquanto andávamos, senti a mão de tocar a minha, entrelaçando-a a sua. Olhei para nossas mãos agora entrelaçadas, e em seguida levantei meu olhar para ele, que acabou por me encarar também.
Aquele era um momento tanto quanto estranho, pois nem eu, e nem , éramos de demonstrar nenhum sentimento em público. E de alguma forma, nossas mãos entrelaçadas tornavam o que tínhamos algo mais sério e concreto.
- O que foi? - ele perguntou enquanto eu o olhava com a cara mais idiota de todas por estarmos ali de mãos dadas em frente a várias pessoas.
- Não sei... - balancei negativamente a cabeça e voltei a olhar para frente - Isso só é algo estranho para mim. - soltei uma risada nasalada, que acabou sendo repetida por ele.
- , é a coisa mais normal do mundo andar de mãos dadas quando se está num relacionamento. - ele falou tão tranquilamente, que eu acabei o olhando pra ver se ele falava realmente sério - Pra você isso é tão estranho porque você tem receio em demonstrar seus sentimentos, inclusive por mim. Mas tá tudo bem, aqui ninguém conhece a gente, ninguém pode correr e contar para o seu irmão ou seu pai, que a gente está junto. - falou, soltando uma risada sem humor no final, e eu apenas suspirei.
- Eu sei que parece ridículo o fato de eu não conseguir falar o que eu sinto, mas eu garanto pra você que isso tem a ver exclusivamente comigo e não com o ou meu pai, muito menos com você. - falei intercalando meu olhar entre ele e o chão - Você sabe o quanto eu gosto de você, e eu demonstro isso de outras formas além de palavras. - parei de andar, ficando de frente para ele, que acabou me encarando em confusão quando eu soltei sua mão - Andar de mãos dadas com você não é estranho por causa dos meus sentimentos, é estranho porque é algo que eu nunca imaginei que faríamos, porque não somos um casal comum. - soltei uma risada fraca e logo notei o sorrisinho em seu rosto.
- Então nós somos um casal? - ele falou convencido, e eu acabei rindo com aquilo.
- De tudo o que eu falei essa foi a única parte que você prestou atenção? - cerrei os olhos, mas mantive um sorriso nos lábios.
- Você começou achando estranho estarmos de mãos dadas, mas terminou assumindo que nós somos um casal. - ele falou mantendo o tom convencido na voz e eu revirei os olhos, mas de uma forma brincalhona.
- De acordo com o dicionário, casal não é necessariamente duas pessoas envolvidas amorosamente, pode ser apenas duas pessoas de sexos opostos juntas. - rebati e ele acabou gargalhando com minha justificativa.
- , aceita que nós somos um casal, e para de querer justificar o injustificável. - ele falou vitorioso e eu me dei por vencida, apenas segurei em seu rosto e lhe dei um selinho demorado.
- , você é um péssimo bad boy. - falei entrelaçando novamente nossas mãos e voltando a seguir nosso caminho pelo vilarejo, e ele gargalhou com aquilo.
O restaurante no qual íamos jantar era super tranquilo e confortável. As pessoas ali conversavam e trocavam sorrisos uma com as outras, de uma forma que tornava todo o ambiente agradável.
Optamos por sentar-se em uma mesa no canto do restaurante, onde pelos vidros podíamos ver uma parte do vilarejo, que já estava completamente iluminado.
Pedimos um vinho, que eu acabei escolhendo e pedimos também a comida. Desde que chegamos em Rocamadour não havíamos comido nada, estávamos ocupados demais para nos preocupar com isso.
- Acho que essa é a primeira vez que jantamos juntos. - olhei para ele enquanto bebericava a água.
- Está sendo nossa primeira vez em muitas coisas. - me olhou de volta e eu concordei com a cabeça.
- Talvez isso seja porque nós dois acabamos sempre bastante ocupados quando nos encontramos. - dou um sorrisinho travesso, que ele devolve.
- Que culpa nós temos por não controlar nossa libido? - ele deu ombros, e suspirou de uma forma inocente, e aquilo me arrancou uma risada, o que fez ele retribuir.
O jantar fluiu agradavelmente, eu e conversávamos sobre absolutamente tudo e o que eu mais gostava era que qualquer assunto que ligasse a minha família, mudava o assunto.
Pedimos a sobremesa e eu pulei da cadeira na qual estava sentada na frente de , para uma que estava ao seu lado. A gente já passava tempo demais distantes, não precisamos de mais disso.
- Eu estou sentindo muita falta de correr. - o olhei enquanto fazia uma careta e ele concordou com a cabeça, enquanto bebia um longo gole do vinho - Você tem alguma noção de quanto tempo vai durar essa história? - falei me referindo a chegada da polícia no último racha, o que resultou no adiamento das corridas por algum tempo.
- Da última vez foram mais ou menos dois meses sem corridas. - me olhou - Mas pelo que me falou, eles estão encontrando um outro lugar, aquele provavelmente vai precisar ficar livre por um tempo. - explicou, colocando a taça de volta na mesa, enquanto o garçom se aproximava com nossa sobremesa.
- Obrigada. - falei olhando para o garçom, que acenou com a cabeça antes de se afastar - Pelo menos quando voltar, talvez eu já tenha saído do meu cárcere privado. - soltei uma risada sem humor e apenas desviou o olhar para o prato, mas pela sua cara, eu sabia que ele não estava muito feliz com a minha situação e nem eu estava - Bom, vamos esquecer esse assunto e comer essa belezura aqui... - olhei para a sobremesa e ouvi a risada de ao meu lado.
- Você realmente não existe. - falou entre risadas e pegou uma colher, partindo o Petit gateau, que tinha o interior bem molinho, como eu gostava. Peguei um pedaço do petit gateau e um pouco do sorvete de creme e levei a boca.
- Meu Deus, isso é melhor do que ter um orgasmo. - falei fechando os olhos e apreciando o sabor do doce em minha boca.
- Não é melhor do que os que eu vou te dá depois. - sussurrou em meu ouvido, fazendo com que eu apertasse os olhos, mas não mais por conta do doce - Vou te provar que essa sobremesa nem é tão boa assim. - colocou sua mão em minha coxa e a subiu até próxima minha intimidade apertando minha perna.
- Okay... - soltei o ar pela boca já sentindo meu corpo se aquecer - Talvez seja melhor só que alguns orgasmos que eu já tive. - abri os olhos para encará-lo a tempo de ver o sorrisinho debochado em seus lábios.
- Por que você está assim? - arqueou a sobrancelha subindo um pouco mais a sua mão - Está nervosa? - deu um sorrisinho maldoso.
- , nós estamos em um restaurante. - falei quase sem voz de tão baixo que saiu.
- Não estamos fazendo nada demais. - passou seu dedo indicador por cima do pano da minha calcinha, fazendo com que eu agarrasse seu braço com força - Mas tudo bem. - afastou sua mão, me fazendo soltar um muxoxo de desaprovação.
- Eu preciso ir ao banheiro. - me levantei enquanto ele ria, e me olhava.
Entrei no banheiro e andei até o espelho onde acabei ne escorando na pia para respirar. sabia muito bem como me provocar e normalmente eu me segurava e entrava nos seus joguinhos, mas ali eu havia sido pega de surpresa.
Confesso que não ligaria se ele tivesse continuado...
Depois de conseguir me conter ali no banheiro, retoquei o batom e sai dali voltando para mesa, onde mexia em seu telefone enquanto me esperava.
- Tá tudo bem? - me olhou dando um sorrisinho irônico.
- Você é um filho da puta, . - sussurrei para ele enquanto me sentava.
- Mas você gosta que eu sei. - sussurrou de volta e me roubou um selinho me fazendo rir.
Acabamos com a sobremesa e pagou a conta, de acordo com ele era o certo a se fazer, já que eu estava naquela viagem como sua companhia, como havia sido dito no leilão.
Saímos do restaurante e descemos pelo vilarejo até chegarmos ao carro. Logo que entramos deu a partida, mas não seguiu um trajeto que nos levaria para a casa de sua avó.
- Pra onde nós vamos? - me virei para olhá-lo.
- Você vai ver. - falou mantendo seu olhar no caminho eu apenas fiz o mesmo enquanto ligava o rádio.
Fomos durante todo o caminho conversando sobre a cidade, era tudo lindo ali e eu tinha algumas lembranças de quando havia ido quando era mais nova.
Depois de mais ou menos uns 25 minutos, parou o carro no alto de uma colina, que nos dava visão de toda a cidade, e por já se passar das 10h30 p.m., algumas luzes estavam acesas e tudo estava iluminado pela luz da lua.
- Esse lugar é incrível. - falei olhando para a vista em minha frente e sorri - Você está superando nessa viagem. - olhei para que sorriu.
- Bom, eu pedi algumas sugestões para minha vó, mas aqui eu já conhecia. - ele me olhou, tirando o cinto e ficando mais confortável ali no carro.
- Ah então quer dizer que você trazia suas ficantes pra cá? - falei com um falso tom de raiva, e riu balançando a cabeça.
- Eu vinha pra cá pra fugir dos meus pais. - falou desviando o olhar para frente - Sempre vínhamos para Rocamadour com minha vó, desde que eu era criança, mas eu fui crescendo e as coisas foram se tornando complicadas na minha família. - soltou uma risada nasalada - Eu descobri esse lugar aos 14 anos, quando tive a primeira briga séria com meus pais, porque tinha tirado mais uma nota vermelha na escola. - balançou a cabeça negativamente, e manteve seu olhar bem longe de mim - Meu pai disse que eu era um inútil, que eu vim para esse mundo pra causar desprezo para a família... E minha mãe? Ela simplesmente o deixou falar, a única coisa que ela sempre fazia, era dizer que estava decepcionada comigo. - soltou uma risada sem humor - Essa briga foi numa manhã de sábado, quando tínhamos acabado de chegar aqui... Eu saí de casa logo em seguida, peguei a minha bicicleta e pedalei até chegar aqui. - fez uma pequena pausa e virou seu olhar pra mim - Eu nunca trouxe ninguém aqui, porque esse sempre foi o meu lugar, onde eu não precisava ser outra pessoa, não precisava agradar ninguém. Foi aqui que eu descobri quem eu era e quem eu realmente queria ser. - finalizou, me olhando e eu deitei minha cabeça um pouco para o lado colocando uma de minhas mãos em seu rosto.
- Você não é um inútil, você não causa desprezo pra ninguém nesse mundo. - acaricio seu rosto com o polegar - Você não é motivo pra decepção. - falei aproximando nossos rostos e lhe dando um selinho - Você é um cara incrível e escolheu o caminho certo pra chegar até aqui, você só não sabia disso naquela época. - falei, vendo o pequeno sorriso surgir em seus lábios.
- Eu nem preciso explicar por que trouxe você aqui, não é? - ele falou me olhando ainda com aquele sorrisinho nos lábios.
- , olha, eu sinto em te dizer, mas eu sou muito nova para casar e nossas famílias nunca aceitariam isso. - falei fazendo um breve drama, mas com bastante humor na voz e ele gargalhou gostosamente, me levando a fazer o mesmo.
- e seus trejeitos. - falou balançando a cabeça negativamente enquanto sua risada cessava - Eu trouxe você aqui, porque aqui é o lugar onde eu me sinto mais eu e você é quem me torna cada dia mais eu. - ele explicou, e eu acabei dando o sorriso que tanto queria segurar.
Não falei mais nada pra ele, me limitei a responder colando meus lábios aos dele num selinho demorado, o que logo se tornou um beijo de verdade quando ele pediu passagem para a língua.
Ele levou uma das suas mãos para a minha cintura, puxando meu corpo para mais próximo do dele, e a outra colocou em minha nuca, a firmando ali para intensificar o beijo. Era um beijo calmo e sem nenhuma pressa, mas tinha bastante intensidade, como todos os nossos outros beijos. Eu mantive minha mão em seu rosto, e a outra eu a tinha apoiada ao banco para não acabar caindo ali no carro, mas tudo ficou mais fácil, quando cortou o beijo com uma mordida em meu lábio inferior, e me puxou para seu colo deixando uma perna minha de cada lado do seu corpo.
Fitei seus olhos por alguns segundos e sorri antes de colar meus lábios novamente nos seus. Ele não demorou a retribuir, e logo envolveu meu corpo com seus braços, acariciando a minha cintura.
O beijo durou até que começássemos a precisar de fôlego e foi cortado com selinhos e um sorriso vindo de no final. Me aproximei do rádio, aumentando o volume, e tocava "Versace on the floor - Bruno Mars" e eu comecei a cantar junto com a música e me olhava com um sorrisinho brincando em seus lábios, e eu sabia que era por conta do que dizia a letra.
- Underneath the chandelier... We're dancin' all alone... There's no reason to hide... What we're feelin' inside... Right now. - cantei junto com a música, enquanto olhava para ele e fazia parecer uma atuação letra, o levando a rir.
- So baby, let's just turn down the lights... And close the door... Ooh, I love that dress... - ele começou a cantar, enquanto brincava com o meu vestido como se fosse tirá-lo e eu simplesmente fiquei quieta o encarando - But you won't need it anymore... No, you won't need it no more... Let's just kiss 'til we're naked, baby... - ele parou de cantar e me encarou com a sobrancelha arqueada - O que foi? - riu.
- Você... Sua voz... - falei meio abobada sem saber como continuar aquela frase - Por que você nunca me falou que cantava tão bem? - deitei a cabeça para o lado enquanto piscava algumas vezes, provavelmente estava com a maior cara de boba ali o olhando, mas eu não podia estar diferente, tinha a voz mais bonita que eu já tinha ouvido nessa vida.
- Você nunca me perguntou. - deu ombros e riu, eu apenas empurrei seu ombro - Eu gosto de cantar, sempre gostei. - passou a mão pelo cabelo - É só um hobbie. - deu ombros novamente.
- , você é uma caixinha de surpresas. - falei ainda bastante surpresa e ele riu me puxando para um selinho - Não sei porque, mas ouvir essa música, essa letra, na sua voz, me deixou mais excitada do que eu estava antes. - sussurrei em seus lábios e finalizei a frase com uma mordidinha em seu lábio inferior.
- , , não brinca assim comigo. - apertou a minha cintura com certa força.
- Não tem ninguém aqui. - olhei para os lados completamente vazios - O meu vestido não é um Versace, mas você pode deixá-lo no chão. - deu um sorrisinho malicioso e me respondeu apenas com um sorriso, e logo me beijou.
O beijo foi se intensificando até que nossas roupas ficaram espalhadas pelo carro.
Já era quase cinco da manhã e nós continuávamos ali deitados no banco traseiro do carro, olhando para o céu, enquanto ouvíamos as músicas que tocavam na rádio. Vez ou outra fazíamos algum comentário sobre algo, mas, a maior parte do tempo, passamos em silêncio aproveitando a companhia um do outro.
Os primeiros acordes de "Slipped Away - Avril Lavigne" começaram a tocar, e eu já conseguia sentir o meu coração se apertar só de ouvir o começo da melodia.
I miss you
I miss you so bad
I don't forget you
Oh! It's so sad
I hope you can hear me
I remember it clearly
The day you slipped away
Was the day I found
It won't be the same
Oh!
Aquela letra me trazia à tona várias lembranças de criança, inclusive ali em Rocamadour. Eu, e nossa mãe... Quando tudo ainda ia bem na nossa família, ou parecia que estava bem.
I didn't get around to kiss you
Goodbye on the hand
I wish that I could see you again
I know that I can't
I hope you can hear me
I remember it clearly
Fechei os olhos com força, tentando evitar pensar em tudo o que vinha acontecendo em minha família nos últimos sete anos. A morte da minha mãe, que era o fator principal de tudo, o internato, minha separação do meu irmão, as brigas com meu pai... Tudo aquilo estava sendo trazido à tona. E eu não sabia como controlar.
- The day you slipped away... Was the day I found... It won't be the same... Oh! - cantarolou o refrão e foi tudo o que precisou para que eu tomasse coragem em falar daquilo.
- A única vez que eu vim para Rocamadour, foi com o e a minha mãe... - falei percebendo que havia parado de cantar para provavelmente ouvir o que eu dizia - Eu tinha 10 anos e o tinha 14, passamos uma semana inteira aqui só nós três e provavelmente foi uma das melhores viagens que fizemos em família. E claro, meu pai não se encaixa nisso, porque ele nunca se importou com a família, pra ele tudo o que importa é a empresa. - soltei uma risada sem humor - Quando nós voltamos para casa que todo inferno começou... - fiz uma pausa, respirando fundo antes de continuar - Foi a última viagem da minha mãe antes da depressão. - balancei negativamente a cabeça, sentindo meus olhos arderem - Na verdade, depois disso ela mal saía de casa. E ela adorava ir ao supermercado com a Sara, nem isso ela fazia mais. Você tem noção do que é você ver a sua mãe desmoronar aos poucos? - perguntei, mas era uma pergunta retórica, eu realmente não esperava que ele a respondesse - Eu e fazíamos de tudo para conseguir arrancar um sorriso que fosse dela, e confesso que quando ela estava com a gente, ela parecia mais viva. - dei um sorriso triste sentindo uma lágrima escorrer pelo meu rosto - Foram dois anos, ... Dois anos que ela precisou lutar contra a depressão, mas no final das contas, meu pai estragou tudo... - falei sentindo um nó se formar em minha garganta, mas não por vontade de chorar e sim de gritar, porém, eu não o fiz - Quando ela morreu, eu não entendi direito o que estava acontecendo e fui eu que a encontrei caída no banheiro do quarto, com muito sangue em volta e vários cortes nos pulsos. - engoli a seco antes de continuar, aquela era a parte mais difícil de toda a história - Meu pai tinha saído para o trabalho e dormia, já que havia chegado tarde casa... Eu gritei por ela várias vezes, mas ela não respondia, nem ao menos se mexia, até que a Sara chamou uma ambulância, mas já era tarde. Não tinha mais volta. - senti uma outra lágrima grossa descer pelo meu rosto - Ela e meu pai já não dormiam juntos, porque ela mal conseguia olhar na cara dele, e eu não a julgo, ele consegue sugar as energias de uma pessoa a ponto de ela não querer nem mais olhá-lo. - balancei novamente a cabeça - De acordo com a autópsia, os cortes haviam sido feitos por volta das três da manhã, e eu só a encontrei as sete, então já não tinha mais como salvá-la... - parei de falar, fitando o céu, que já dava sinais do amanhecer.
Fiquei em silêncio por alguns longos minutos, não se atreveu a abrir a boca e eu no lugar dele faria o mesmo, era extremamente difícil digerir aquela conversa.
- Logo depois do enterro, meu pai tratou de se livrar de mim e me mandou para um internato na Austrália... - acabei soltando uma risada de escárnio - Mas antes disso, eu lembro exatamente das palavras que ele havia dito ao ... "Você fez isso com a sua mãe. Se você estivesse em casa, se não tivesse ido encher a cara com seus amigos, se fosse responsável e íntegro como deveria, nada disso teria acontecido. Então saiba que você irá carregar esse peso por toda a sua vida..." - repeti as palavras, da mesma forma na qual meu pai havia falado a , e senti meu corpo estremecer com aquela lembrança - E ele finalizou dizendo ao , que ele ficaria longe de mim, porque só assim pra eu me tornar uma pessoa decente. - balancei negativamente a cabeça e se remexeu desconfortavelmente. Aquela história realmente era horrível até de se ouvir e eu imaginava que nunca havia o contado sobre, mesmo quando eram amigos. E não me surpreendia, nenhum de nós dois conseguíamos falar sobre aquele assunto, mal falávamos entre a gente. - Quando eu fui para Austrália, ele mandou para um reformatório, mas por algum motivo ele o tirou de lá um mês depois. Eu e não podíamos nem ao menos conversar, mas conseguíamos dar um jeito usando e-mails falsos e também usando telefones de amigos. E eu sabia que não tinha culpa de nada. - soltei uma risada fraca - sempre foi meu melhor amigo, sempre foi a pessoa que mais me protegeu e se preocupou comigo nessa vida. Às vezes possessivo demais, mas eu não o julgo, já que ele não tinha mais ninguém e eu também não. - senti meu coração se aquecer ao me lembrar dos momentos com o meu irmão, mesmo com tantos km de distância - Eu acho que além de perder a nossa mãe, a parte mais difícil dessa história pra nós dois, foi termos que ficarmos separados. E é por isso que eu tenho tanto medo de decepcionar o , ele é meu irmão e muito provavelmente a pessoa mais importante desse mundo pra mim. - respirei fundo me lembrando que não estava nem conversando com meu irmão quando viajei com o e aquilo me incomodava bastante - Eu nunca consegui falar sobre isso com ninguém, mas esse lugar, esse momento, essa música e você, principalmente, me fizeram querer me abrir, porque eu me sinto mais confortável e mais segura com você. - falei num tom mais baixo, e me apertou em seus braços.
- Eu tenho certeza de que sua mãe está extremamente orgulhosa da mulher que você é. E que ela sabe que o tempo que ficou aqui, ela fez um ótimo trabalho. - ele falou enquanto afagava meu cabelo - Ela tem orgulho de você e também do , e ela sabe que a culpa não foi dele. - ele falou essa última parte quase num sussurro e eu conseguia sentir verdade em sua voz.
Mesmo odiando como odiava, ele conseguia sentir o que eu havia falado sobre meu irmão em toda essa história. Sem contar, que ele me fazia ter um pouco de paz, depois de finalmente falar sobre aquele assunto depois de sete anos.
Eu e voltamos para a casa quando o dia já havia amanhecido. Depois daquela conversa, eu havia pegado no sono ali nos braços de , acordei com ele dizendo que íamos voltar pra casa, mas eu podia continuar a dormir durante o caminho.
Quando chegamos em casa, tomamos um banho, tomamos café e fomos nos deitar um pouco para descansarmos, afinal, passamos a noite toda em claro.
Acordei por volta de umas 3pm. não estava no quarto, então me levantei e fui até o banheiro, lavei o meu rosto, ajeitei o cabelo e voltei para o quarto. Calcei meu chinelo e sai do quarto a procura de , não o encontrei dentro da casa, então fui até a cozinha pegar uma maçã e encontrei Dorothy, uma das funcionárias da casa.
- Você tá com fome? Posso fazer algo pra você comer. - ela me olhou, falando simpaticamente.
- O comeu? - a olhei e ela negou com a cabeça - Então, acho que você pode nos fazer uns sanduíches e suco, e está ótimo. - ela assentiu e começou a pegar os ingredientes - Por falar nele... - fiz uma careta e ela logo entendeu a minha pergunta antes mesmo de eu fazê-la.
- Ele está lá na garagem. - sorriu gentilmente e eu retribuí.
- Obrigada, Dorothy. - falei já saindo da cozinha e fui até a garagem atrás de .
Assim que cheguei na garagem, parei por alguns segundos para analisar os carros que estavam ali. Havia a Mercedes vermelha que usamos desde que chegamos em Rocamadour, uma outra idêntica, mas na cor azul marinho. Tinha um Jaguar branco conversível, uma BMW preta e um Jeep na cor verde militar. Eu não podia deixar de dizer que estava apaixonada com cada um dos carros.
- Por que você não me apresentou esse lugar quando chegamos ontem? - falei chamando a atenção de que estava mexendo em algo no motor do jipe.
- Porque não tivemos tempo. - deu ombros e riu.
- , sério, os carros são incríveis. - me aproximei de onde ele estava.
- Qual é seu favorito? - limpou a mão em um pano, e se virou para mim.
- São todos incríveis, mas eu acho que pra correr seria o Jaguar... - apontei para o carro - Só que o meu favorito mesmo é esse daqui. - apontei para o jipe - Até a cor dele me agrada. - andei em volta do carro, olhando cada detalhe.
- Acredite se quiser, mas também é o meu favorito. - ele falou soltando uma risada nasalada - Por isso estava dando uma olhada motor. - abaixou o capô.
- Posso dizer que você tem um bom gosto. - dei uma piscadela e ele riu.
- Você disse que estava com saudades de correr... - fez uma pausa enquanto eu me aproximava - O que você acha de uma corrida? - me olhou sugestivo.
- Bom, eu nunca digo não a uma boa corrida. - dei um sorrisinho- Mas tem que valer alguma coisa... - falei sugestiva e ele deu ombros.
- O que você quer? - arqueou a sobrancelha.
- Se eu ganhar, no próximo racha você me deixa correr contra o . - o olhei e ele riu balançando a cabeça.
- Okay. - deu ombros - E se eu ganhar... - se aproximou dando um sorrisinho - Você conta ao sobre a gente. - falou e eu senti meu ar parar no pulmão, por alguns segundos eu parecia não respirar.
- Você sabe o quão arriscado é esse pedido? - soltei uma risada nasalada e ele deu ombros.
- Isso é medo de perder? - deu um sorrisinho debochado e eu só queria socar a sua cara.
- Okay , se você vencer eu conto ao sobre a gente. - concordei com o seu pedi - Mas saiba que você não vai vencer. - devolvi o sorrisinho convencido, mas nada tirou o deboche de seus lábios.
- Escolhe seu carro. - olhou em volta.
- Eu quero o Jaguar. - apontei para o carro branco a sua esquerda, e ele logo andou até o porta chaves e me mandou a chave do carro, pegando uma outra - Eu fico com a Mercedes. - apontou para o carro azul - Vamos daqui até a colina, o primeiro a chegar vence. - me olhou e eu concordei.
- Se prepara para chegar atrás de mim. - falei o olhando e fui até o carro.
- , você não imagina o quanto eu realmente queria chegar atrás de você. - falou maldoso e eu ri com aquele duplo sentido enquanto entrava no carro.
- Te vejo no topo da colina. - falei passando o carro ao lado do dele e saindo da garagem.
saiu logo atrás de mim, e como não tínhamos colocado regras acabamos indo cada um por um caminho diferente. Nós dois queríamos ganhar, então seria uma disputa acirrada.
Enquanto cortou caminho pela cidade, que era mais rápido até a colina, eu fui pelo caminho mais longo, que era o da estrada.
Aproveitei que as ruas estavam vazias e não me limitei a pisar no acelerador. Pra minha felicidade, a estrada tinha poucas curvas, porém, as que tinham eram super fechadas e me obrigavam a desacelerar para não acabar batendo o carro. Os ventos fortes batiam em meu rosto e bagunçava meus cabelos, não podia ser diferente naquela velocidade em que eu estava.
A casa de Abigail era mais ou menos uns quatro quilômetros da colina, mas na velocidade que estava, provavelmente gastaria bem menos tempo que numa velocidade normal.
Quando estava quase chegando na entrada da única estrada para o alto da colina, saiu por uma pequena rua da vila e ficou lado a lado comigo, um pouquinho na frente. Ele me olhou através do vidro e deu um sorrisinho convencido ganhando distância.
Na última curva antes da subida, eu sabia que se não tomasse a frente ali, não teria como recuperar depois, então diminuí a velocidade, deixando com que fizesse a curva alguns segundos antes de mim, mas assim que fiz a curva, liguei o nitro deixando para trás.
Acelerei o carro, para manter distância e subi todo o caminho até o alto, sem me preocupar em me ultrapassar. Ao chegar no nosso destino, derrapei com o carro e o parei sendo seguida pelo carro de .
Desci do carro e me encostei na lataria, vendo sair da Mercedes e andar em minha direção. Cruzei os braços e abri meu sorrisinho mais convencido para recebê-lo.
- Parece que não vai ser dessa vez que o saberá sobre a gente. - falei com um falso desapontamento e ele riu balançando negativamente a cabeça.
- Por um lado eu fico extremamente tranquilizado em saber que não terei mais um motivo para brigar com o por enquanto. - falou tranquilamente e deu ombros - E bom eu já sabia que você ia ganhar. Já te disse que você é muito melhor do que eu e o . - parou em minha frente e colocou as mãos nos bolsos da calça.
- , o fato de você não ter problemas em perder pra mim e nem de assumir que eu corro melhor que você, me deixa completamente excitada. - falei com um sorrisinho nos lábios e ele retribuiu - Sem contar que correr já me deixa assim. - mordi meu lábio inferior.
- , você me deixa excitado só de pensar. - deu ombros e eu ri envolvendo meus braços em seu pescoço o puxando para mais perto de mim - E eu nunca terei problemas em exaltar o quanto você é foda. O quanto você é um mulherão da porra. - falou enquanto segurava em minha cintura, me prendendo entre ele e o carro.
Abri um sorrisinho que se podia ser facilmente definido como excitação, mas também como paixão. Era aquilo que eu sentia naquele momento. me deixava extasiada, excitada e apaixonada.
Voltamos pra casa por volta de uma hora depois, só ficamos ali sentados conversando aleatoriamente sobre a vida. Eu e o andávamos fazendo muito isso, e não era ruim, pelo contrário, era bastante confortável.
Quando chegamos fomos direto para cozinha, estávamos os dois com muita fome, e além do sanduíche que eu a havia pedido, ela também preparou um bolo de chocolate. Aquela mulher era demais.
- O que você acha de a gente ficar um pouco na hidromassagem? - me olhou enquanto bebia um gole de seu suco.
- Acho muito bom. - o olhei - Principalmente porque logo, logo vai chover e não poderemos sair daqui hoje. - ele concordou.
- Então eu vou ir preparando as coisas e você me encontra lá, okay? - me olhou acabando de comer e eu apenas concordei o vendo sair da cozinha.
- Vocês namoram a quanto tempo? - Dorothy me olhou enquanto tirava o que havia usado da mesa.
- A gente não namora. - soltei uma risada nasalada - Nós só temos uma relação complicada que nenhum dos dois sabe definir. - a olhei comendo um pedaço do bolo.
- Vocês claramente gostam muito um do outro. - sorriu sinceramente - Eu vi crescer vindo a essa casa com a Abigail, e acho que nunca o vi como agora. - levou as coisas para a pia.
Fiquei pensando naquilo que ela falara e acabei sorrindo.
Acabei de comer e fui para o quarto me trocar, mas optei apenas em vestir um roupão por cima da lingerie, porque não tinha muito sentido me trocar para um banho de banheira.
Saí do quarto e fui em direção onde ficava a banheira, e já estava dentro dela, deitado com a cabeça na borda.
- Não vou reclamar por você não ter me esperado, porque só assim eu posso ter essa visão privilegiada. - parei na borda da banheira chamando sua atenção, enquanto encarava seu corpo submerso a água.
- Entra aqui, que você será muito mais privilegiada. - respondeu ao meu comentário, dando um sorrisinho no final.
Não falei mais nada, apenas tirei o meu roupão o deixando deslizar pelo meu corpo até o chão, ficando apenas com uma calcinha de renda branca. O que levou a me olhar de cima abaixo, e seus olhos pareciam brilhar de perversão.
- Acho que a minha visão é muito mais privilegiada que a sua. - ele falou, com seu olhar completamente direcionado aos meus seios, já que não havia nada os cobrindo.
- Não duvido que seja. - entrei devagar na banheira e me sentei do lado oposto ao que ele estava, colocando minhas pernas em seu colo, o que o levou a massageá-los.
Ficamos ali nos encarando por alguns segundos enquanto ele brincava com meus pés. O jeito com que trocamos olhares denunciava como acabaríamos a noite, nós dois éramos previsíveis demais quando estávamos juntos.
- Você realmente queria contar para o sobre a gente? - perguntei aleatoriamente e ele me olhou.
- Bom, não acho que a gente possa manter escondido pra sempre. - deu ombros - Mas a gente conta no seu tempo, não tem problema. - falou com sinceridade.
- Você entende o quão complicado é contar pra ele que eu estou tendo um caso com você, não é? - perguntei e ele deu um sorrisinho, me fazendo arquear a sobrancelha.
- Pelo menos você já está assumindo que nós temos algo. - ele falou convencido e riu - Sério, qual o seu problema com relacionamentos? Porque você é destemida para tudo, mas não para isso. - me olhou curioso.
- Histórias complicadas, com fins mais complicados ainda. - fiz uma careta e balancei a cabeça - Digamos que eu tenho problemas em me prender emocionalmente a alguém, mesmo sabendo que isso acontece com mais facilidade do que eu gostaria.
- Lembro que quando a gente discutiu você me disse que provavelmente iria começar a nutrir sentimentos por mim, eu só não achei que fosse tão difícil pra você aceitar isso. - falou se recordando da nossa briga após a primeira noite que passamos juntos.
- Por mais que seja difícil assumir, eu sei que eu tenho sentimentos... - soltei uma risada fraca - E bom, as coisas entre a gente foram intensas desde a primeira vez que nos falamos. - o encarei.
- Não posso discordar. - sorriu.
- E eu achava extremamente errado estar tão atraída pelo inimigo do meu irmão, imagina me apaixonar por ele. - fiz uma careta e ri baixo - Mas a vida é realmente muito irônica. - balancei negativamente a cabeça.
- Eu também achava errado me atrair pela irmã do , mas por algum motivo isso me dava mais vontade ainda de te pegar. - confessou e eu ri - Eu só não imaginava que me apaixonaria e muito menos que me declararia para você. - riu.
- Eu acho que ninguém imaginava isso, . - balancei a cabeça - Mas eu sei que por trás de papel de bad boy que você carrega, existe um cara maravilhoso, com um coração enorme. - dei um pequeno sorriso.
- As pessoas normalmente acham que eu sou um desalmado, sem sentimentos e que nunca vai assumir gostar de alguém. - revirou os olhos e riu - Mas eu nunca tive problemas com isso, . Tudo isso é apenas um estereótipo que a sociedade criou. - balançou a cabeça.
- Estereótipos ridículos, criados por uma sociedade ridícula. - falei e ele concordou com a cabeça - Bom, mas acho que a gente pode voltar para um assunto mais urgente né? - falei dando um sorrisinho de lado e fui até ele do outro lado da banheira, ficando frente a frente com ele.
- Eu realmente prefiro muito mais esse assunto. - levou a suas mãos em minha cintura e me colocou sentada em seu colo.
- Sabe que eu sempre quis transar numa hidromassagem? - falei sugestivamente, enquanto ele passava as mãos por todo o meu corpo, tentando explorar cada pedacinho com os dedos.
- Posso realizar seu desejo. - respondeu no mesmo tom beijando o meu pescoço - Vou te mostrar o quanto essa será uma experiência inesquecível. - deixou uma mordidinha no meu pescoço, fazendo com que um forte arrepio percorresse minha espinha.
- E você está esperando o que para fazer isso? - falei num sussurro e foi a deixa que ele precisava para mudar seus beijos para os meus lábios.
Nos beijávamos calmamente, mas com muita intensidade. segurou minha cintura com um dos braços enquanto sua outra mão deslizou pelo meu corpo, até chegar aos meus seis, que ele começou a "brincar" em seguida.
já se demonstrava muito animado, devido ao volume em sua cueca. Apoiei minhas mãos em seus ombros e comecei a rebolar em seu colo, fazendo com que arfasse em meus lábios.
Ele desceu sua mão até a minha calcinha e logo a adentrou acariciando minha intimidade. Ele massageou meu clitóris lentamente, fazendo com que eu soltasse um leve gemido no meio do beijo. Ele o estimulava com tanta calma, mas que estava me deixando completamente louca.
- ... - falei em seus lábios e ele puxou meus lábios entre os dentes penetrando dois dedos em minha intimidade.
Ele os movia devagar, enquanto ainda estimulava meu clitóris com o polegar e eu jogava meu corpo para trás, rebolando em seus dedos para tornar aquilo ainda mais prazeroso do que já estava.
Enquanto ele movimentava os dedos, ele segurou firme em minha cintura, me puxando para trás e abocanhou um dos meus seios com vontade, dando leves mordidinhas e chupões em meu mamilo, me deixando extremamente extasiada.
- Isso está muito bom... - ele falou largando o meu seio e voltando os beijos para o meu pescoço - Mas eu preciso te foder logo, ou eu vou gozar só de sentir você molhada e completamente excitada por minha causa. - sussurrou em meu ouvindo, parando o que fazia com os dedos e eu suspirei.
- Me fode, ... - falei também sussurrando e ele se remexeu um pouco tirando seu membro da cueca e afastou minha calcinha para o lado me penetrando de uma vez.
Ele segurou em minha cintura e eu comecei a rebolar lentamente em seu colo, fazendo com que ele soltasse um gemido rouco no pé da minha orelha. Por mais que ele mantivesse as duas mãos em minha cintura, ele me deixava controlar os movimentos, mesmo que naquele momento.
Ele colou meu corpo ao seu, enquanto eu mantinha os movimentos lentos em seu colo. Beijou o meu pescoço, e depositou um chupão ali, que eu esperava que não ficasse marcado, ou eu o mataria.
- Eu sei que você está gostando de manter o controle, mas... - ele falou e sem ao menos finalizar a frase, segurou firme em minha cintura e me impulsionou a aumentar a velocidade dos movimentos.
A água e o movimento dela feito pela banheira, tornava tudo aquilo mais gostoso. E eu sabia que não aguentaria muito tempo, mas eu não estava diferente.
Meu coração batia rapidamente, meu corpo suava, e a água balançava bem mais rápido do que estava apenas com o motor da banheira. estava ofegante, e tinha sua cabeça para encostada na borda da banheira e os olhos fechados.
A chuva que caía lá fora, fazia quase uma sinfonia ao bater contra o telhado. Tudo naquele ali parecia propício ao momento e tornava tudo bem mais excitante.
soltou um grunhido alto ao chegar em seu ápice, mas ainda sim, manteve suas mãos firmes em minha cintura me impulsionando para me movimentar. Rebolei algumas vezes em seu colo e ele me encarou, deixando seus olhos fitando os meus.
Quando notei estar chegando ao meu orgasmo, apertei minhas mãos em seus ombros e me rebolei mais rápido, soltando um gemido alto ao atingir meu ápice.
Soltei todo o ar pela boca, sentindo meu coração ofegante e encarei , que abriu um sorrisinho de lado fechando os olhos.
- , você definitivamente é o melhor sexo da minha vida. - falei com a respiração cansada e ele abriu os olhos para me encarar e deu um sorrisinho convencido.
E antes que ele pudesse falar algo, eu segurei em sua nuca e o beijei.
Capítulo 14
No domingo eu e acordamos um pouco mais tarde do que planejávamos, até porque acabamos dormindo tarde. No almoço, resolvemos almoçar ali mesmo, Dorothy havia feito um maravilhoso macarrão ao molho pesto e de sobremesa havia feito um cheesecake de chocolate.
Depois do almoço, saímos para andar pela cidade, apenas para aproveitar o fim da nossa viagem e ficamos fora até o fim da tarde, quando o sol começava a se pôr.
Voltamos para casa de Abigail, tomamos um banho, um tanto quanto demorado, já que estávamos mais preocupados em nos agarrar e aproveitar nossas últimas horas juntos, do que realmente tomar banho.
Assim que saímos do banho, eu me vesti com um roupão e comecei a arrumar minhas coisas para voltarmos para casa. Separei apenas a roupa que vestiria e coloquei o restante das coisas na mala. fez o mesmo, mas terminou bem antes de mim, já que acabou enfiando as coisas de qualquer jeito na mala, enquanto eu me preocupava em realmente arrumar.
- Você tá perdendo tempo arrumando essa mala, enquanto a gente poderia estar fazendo coisa melhor. - ele falou deitado na cama, enquanto me olhava com um sorrisinho malicioso.
- Por mais que eu tenha muito interesse na sua proposta, se eu arrumar a mala de qualquer jeito o meu toc vai falar mais alto. - falei e ele fez uma careta, provavelmente pela minha mania de organização, principalmente com as minhas coisas - Mas eu já estou acabando e logo poderemos aproveitar um pouquinho mais. - o olhei e ele logo abriu o sorrisinho novamente.
- A gente pode sair daqui por volta das 9pm, pode ser? - perguntou e eu concordei com a cabeça.
- Pelo menos assim eu chego em casa e não preciso olhar para a cara do meu pai. - soltei uma risada nasalada.
- Se você quiser pode ir para o meu apartamento. - continuou me olhando enquanto eu fechava o zíper da mala.
- Eu preciso voltar pra casa, preciso muito resolver as coisas com o . - o olhei e ele assentiu - Esse fim de semana serviu não só para passar um tempo com você, mas também para fugir do meu pai e pensar um pouco sobre minha relação com o meu irmão. - suspirei e me sentei na cama ao lado dele.
- Quando vocês conversarem, irão se entender. Vocês são muito próximos e não é uma briga que vai mudar isso. - ele falou me puxando para deitar com ele na cama.
- Por que você é tão compreensivo com o quando está comigo, mas perto dele você é um babaca? - perguntei fazendo uma careta e ele não se preocupou em soltar uma risada.
- Porque eu gosto de você, e não do seu irmão. - falou simplesmente e eu balancei a cabeça soltando uma risada fraca.
- Justo. - respondi e coloquei me virei para ele para que pudesse encará-lo - Obrigada por ter arrematado essa viagem, mesmo sendo a casa da sua avó, e por ter me dado um dos melhores finais de semana da minha vida. - falei dando um sorrisinho, que foi retribuído por ele.
- Eu é que tenho que agradecer por você ser louca e querer provocar seu pai se oferecendo para ser companhia na viagem e ter me dado a oportunidade de arrematar isso. - ele falou me olhando e eu acabei rindo com aquilo. Ele não estava errado - Tudo o que aconteceu aqui, não teria sido possível sem você. E sinceramente? Eu não via outra pessoa no seu lugar. - falou sem tirar os olhos dos meus e eu segurei seu rosto dando um selinho demorado.
Passamos o resto do tempo que nos sobrou da viagem ali na cama, nada de conversas, queríamos mesmo era ficarmos juntos.
Pouco antes das 9pm, nós saímos da casa e fomos para o heliporto onde o jatinho já nos esperava. Logo que eu e nos ajeitamos, o piloto saiu com o avião.
Eu e fomos o caminho todo conversando sobre quando e como nos encontraríamos novamente. Era difícil saber, já que a prisão do meu pai ainda existia e ele nunca me deixaria sair, mas eu daria um jeito, eu sempre dava.
Gastamos mais ou menos uma hora para chegar em Londres, e eu já pensava como seria voltar pra casa e aguentar as atitudes perversas do meu pai.
Assim que saímos do jatinho, o motorista já nos esperava ali no heliporto, então fomos direto para o carro e entramos os dois na parte de trás.
O caminho até minha casa foi menor do que eu imaginava, parecia não ter durado nem ao menos cinco minutos.
- Ainda dá tempo de aceitar minha proposta. - falou assim que o carro estacionou em frente minha casa.
- Se as coisas mudarem, eu te aviso. - falei e me aproximei lhe dando um selinho demorado - Boa noite, . - falei quando o motorista abriu a porta, já com a minha mala do lado de fora.
- Boa noite. - ele falou me olhando e eu saí do carro, me despedindo também do motorista.
Entrei em casa e fui tranquilamente até a porta de entrada, a abri, notando todo o silêncio que estava ali e entrei indo direto para o meu quarto. O destranquei, deixando minha mala lá dentro e fui em direção ao quarto do batendo levemente na porta.
- Posso entrar? - falei o olhando jogado na cama e ele assentiu. Entrei indo em direção a cama, enquanto ele me encarava.
- Como foi a viagem? - falou se sentando, e eu me sentei em sua frente.
- Foi ótima. - dei ombros. Não podia dar muitos detalhes, porque podia desconfiar - Eu pensei muito em você nessa viagem... E na mamãe também. - o olhei.
- Eu lembro de como foi a nossa viagem pra lá. - me olhou e abriu um sorriso triste - E eu também pensei muito em você e na nossa briga. - suspirou - Eu agi bem errado em te acusar daquela forma, principalmente porque você não teve. A culpa nunca foi sua de ter que ir para aquele internato, e muito menos de nada que eu passei aqui. - balançou a cabeça negativamente.
- Você realmente agiu errado em falar isso, mas pelo menos metade do que eu te falei também não foi justo. - balanço o cabeça - Eu só estava com raiva por você não enxergar o que realmente deveria.
- Me desculpa por ter sido um idiota. - falou me puxando para os seus braços - Tudo o que eu menos quero nessa vida é perder a minha irmã. - me apertou.
- Você nunca vai me perder, . - retribuí o abraço - Você é o meu melhor amigo e a pessoa mais importante da minha vida, não é uma briguinha boba que vai mudar isso. - me afastei para olhá-lo - Eu entendo suas preocupações e também a sua proteção, mas acredite em mim, eu sei me cuidar. - ele concordou.
- Eu amo você. - falou me puxando para seus braços novamente - Amo você mais do que qualquer coisa nesse mundo. - afagou meus cabelos.
- Eu também amo você e nada pode mudar isso. - abri um pequeno sorriso.
Ficamos ali no quarto dele conversando por um bom tempo. Ele evitava perguntar sobre a viagem, mas havia ficado feliz em saber que eu havia me divertido, pelo menos nas partes que eu o contei.
Meu celular vibrou no bolso e logo vi que era uma mensagem de , uma foto da minha pulseira, e logo embaixo a mensagem:
"Por algum motivo fiquei com a sua pulseira... Posso usar isso como desculpa para nos vermos essa semana ou ainda é cedo?"
Acabei soltando uma risada nasalada com aquela mensagem, e me olhou curioso.
- Quem é? - perguntou tentando olhar meu celular.
- É o . - falei e ele logo fechou a cara - Minha pulseira caiu no carro e ele só queria me avisar. - mostrei apenas a foto e ele assentiu.
- Menos mal. - falou e eu ri depositando um beijo em sua bochecha.
- Boa noite, . - me levantei de sua cama.
- Boa noite, . - me olhou enquanto eu saía do quarto.
Fui direto para o meu quarto, tranquei a porta e logo respondi a mensagem de .
"Guarda com você por enquanto, mas é uma ótima estratégia..." - coloquei um emoji piscando.
Não sabia dizer quando o veria de novo, mas aquela era realmente uma desculpa para isso acontecer. E aquela noite eu me sentia mais leve, depois de todo o fim de semana com o , que havia sido sem dúvidas um dos momentos mais intensos que tivemos desde que nos conhecemos, e finalmente, minha briga com havia chegado ao fim.
As coisas estavam se acertando, pelo menos naquele momento.
Saí da minha sala segurando todos os relatórios financeiros do mês e meu celular na outra mão. Fui em direção a sala do meu pai, onde ele havia acabado de marcar uma reunião comigo e com , para falar sabe-se lá o quê.
Entrei na sala e já se encontrava sentado na cadeira em frente à mesa e meu pai disposto em seu lugar. Os dois estavam em silêncio e aquilo nem de longe parecia uma relação de pai e filho.
- Você demorou. - meu pai falou me olhando e eu me limitei a revirar os olhos.
- Estava acabando de assinar os relatórios para você assinar e podermos autenticá-los. - soltei as pastas sobre sua mesa e me sentei ao lado de - Por mais que você pense que não, eu faço meu trabalho direito. - o olhei.
- Pelo menos isso você anda fazendo certo. - falou ríspido e eu soltei uma risada nasalada.
- E qual o motivo da reunião? - falei já louca para sair dali.
- Teremos um jantar importante hoje. - nos olhou e eu arqueei a sobrancelha.
- Jantar? Com quem? - perguntou por nós dois.
- Abigail me ligou mais cedo e nos convidou para jantar em sua casa. - ele respondeu enquanto começava a analisar os relatórios que eu havia colocado em sua mesa.
- Assim do nada? - continuou a perguntar e nosso pai apenas assentiu.
- Preciso ir ao shopping. - falei simplesmente, fazendo com que os dois me olhassem.
- Você ainda está de castigo. - ele falou e eu mais uma vez revirei os olhos.
- Tudo bem, já que você insiste eu vou nesse jantar de qualquer jeito, Abigail nem é uma das investidoras mais importantes da empresa. - dei ombros e me levantei já pronta para sair do escritório do meu pai.
- Você pode ir... - ele falou chamando a minha atenção de volta - Mas seu irmão vai com você. - olhou para que logo concordou.
- Não voltaremos para a empresa hoje, então nos vemos em casa. - falei enquanto puxava para fora - Vou pegar minhas coisas, te encontro no elevador em 5 minutos. - o olhei e ele concordou enquanto eu ia para minha sala.
Arrumei a minha bolsa, desliguei o computador e saí da sala segurando o celular. estava encostado ao lado do elevador, mexendo em seu telefone. Eu diria que estava conversando com alguém, pois, ele ficava dando sorrisinhos para a tela.
- Com quem você está falando? - falei chamando sua atenção enquanto apertava o botão do elevador.
- Ninguém importante. - deu ombros e colocou o celular no bolso - O que você quer comprar no shopping? Não tem mil roupas no seu closet? - ele me olhou fazendo careta, enquanto entrávamos no elevador.
- Não quero comprar nada, só não estou aguentando mais o meu cárcere privado. - soltei uma risada nasalada e ele balançou a cabeça.
- Se o nosso pai descobre, ele não vai gostar nada disso. - apertou o botão do estacionamento.
- Mas ele não vai saber. - deu ombros e ele riu concordando com a cabeça.
Descemos até o estacionamento e entramos no carro do . Ele logo deu a partida e saiu dali seguindo o caminho para o shopping.
Desbloqueei meu celular e entrei na conversa com , digitando uma nova mensagem.
"Parece que não precisaremos de um encontro clandestino desta vez..." - mandei uma carinha pensativa e voltei a bloquear o celular.
Assim que chegamos no shopping, eu não perdi a oportunidade de ir em algumas lojas, não queria comprar nada, mas se voltasse para casa de mãos vazias, meu pai ia falar até cansar na minha cabeça.
Eu e passamos toda a tarde no shopping, acabamos almoçando por lá também. E de todos os programas que já havíamos feito desde que eu voltei, aquela era a primeira vez que fazíamos algo "normal" após anos.
Voltamos para casa já no final da tarde, depois que passamos no salão e eu fiz tudo que tinha direito, e aproveitou para cuidar do seu cabelo. O que me fazia ter vontade de socá-lo, porque eu tinha um trabalhão para cuidar do meu e o dele já era incrível sem muito trabalho.
Quando chegamos em casa, meu pai ainda não havia chegado do escritório, então subi direto para o meu quarto, tomei um banho não muito demorado, tomando cuidado para não morar meu cabelo e saí do banheiro vestida com um roupão.
Me deitei na cama, e fiquei olhando as redes sociais percebendo que não havia me respondido.
Por volta das 6:30pm eu fui começar a me maquiar, pois sabia que sairíamos dali uma hora. Fiz uma make caprichada, com apenas um delineado nos olhos, um batom vermelho e bastante iluminador.
Passei um hidratante no corpo e peguei o meu vestido (https://flic.kr/p/2k1H4yt) no guarda-roupas. O analisei bem, e pelo tecido e quanto ele ficaria colado no corpo, optei por não usar uma calcinha. E claramente, eu usaria aquilo para provocar .
Peguei a minha bolsa, colocando apenas o batom e meu celular dentro dela. Calcei um sapato (https://flic.kr/p/2k1Mvfz) com o tom parecido ao do vestido, e finalizei minha arrumação passando um perfume.
Dei uma analisada em meu cabelo e ele estava perfeito, então nem precisei mexer. Peguei a minha bolsa e saí do quarto, descendo as escadas até a sala, onde meu pai e me esperavam.
- Estou pronta. - falei chamando a atenção dos dois que se viraram para me olhar.
- Que bom que dessa vez você escolheu um vestido um pouco mais decente. - meu pai falou me olhando, antes de dar as costas para sair de casa, e eu dei um sorrisinho debochado que arrancou uma risada do .
- Se não fosse um comentário extremamente machista, eu até pensaria que era um elogio. - soltei uma risada nasalada, enquanto eu e saímos de casa.
Entramos no carro, e o motorista deu partida saindo de nossa casa. Fomos o caminho todo em silêncio, enquanto eu olhava o celular. realmente não havia me respondido e aquilo estava muito estranho.
Gastamos uns trinta minutos para chegar na casa de Abigail, pois era quarta-feira e pegamos um pouco do trânsito Londrino. Assim que o motorista parou, já dentro da propriedade, nós descemos do carro e seguimos até a porta de entrada, onde meu pai estava na frente batendo à porta.
Um funcionário da casa abriu para que pudéssemos entrar e nos guiou até a sala de estar, onde Abigail conversava animadamente com , e , que eu não fazia ideia de que estariam presentes, mas que eu estava feliz em vê-los.
- Abigail, é sempre um prazer aceitar os seus convites. - meu pai falou com aquele seu tom simpático que tanto usava com os outros e eu fiz uma careta o olhando abraçar Abigail.
- Mark, você sempre um galanteador. - Abigail falou bem humorada, enquanto desfazia o abraço se virando para mim e .
- . - ela falou enquanto abraçava meu irmão.
- Abigail, é um prazer enorme rever a senhora. - falou beijando a bochecha dela, que sorriu em seguida.
- E aqui está a minha favorita. - ela falou me olhando e eu sorri a abraçando calorosamente - Não sei como você consegue ficar cada dia mais bonita. - ela falou desfazendo o abraço para me olhar, e segurou a minha mão me fazendo dar uma voltinha - Você fica cada dia mais parecida com a sua mãe, tão linda quanto ela. - ela falou com um tom maternal e eu sorri.
- Espero um dia ser a metade da mulher que ela foi. - dei um sorriso triste e percebi que me encarava atrás de sua avó - E você está deslumbrante como sempre. - a olhei, analisando o terninho (https://flic.kr/p/2k1LPeg) que ela usava.
- Obrigada. - ela falou sorrindo e se virou para e - Esses são e , amigos do . - ela apresentou os dois, que logo se aproximaram - Esses são e , e aqui o pai deles, Mark. - ela nos apresentou, e era engraçado aquilo, porque a gente já se conhecia.
- É um prazer conhecer vocês. - falou beijando a bochecha de e em seguida apertando a mão de .
- O prazer é todo nosso. - falou, e se aproximou beijando a minha bochecha.
- Eu estava com saudades. - sussurrou enquanto me abraçava.
- Eu também estava. - sussurrei de volta antes de desfazer o abraço.
cumprimentou meu pai e com um aperto de mão e em seguida parou em minha frente com um sorrisinho de canto, e se aproximou para beijar a minha bochecha.
- Não sei como você consegue ficar cada dia mais gostosa. - falou sussurrando em meu ouvido, a frase que sua avó havia dito, mas no estilo dele, fazendo com que meu corpo arrepiasse.
Assim que ele se afastou, ele me olhou com um sorrisinho debochado que foi retribuído por mim.
- , porque você não mostra a casa para , ela ainda não conhece. - Abigail falou olhando para o neto que logo assentiu.
- , ? Vocês podem fazer companhia ao ? - olhou para e - Vou com o Mark até meu escritório mostrar uns projetos novos.
- Claro, podemos sim. - falou simpaticamente e ela saiu com o meu pai, entrando em um corredor.
- Por que não vamos todos conhecer a casa? - sugeriu, e eu sabia que era porque ele não queria me deixar sozinha com o .
- , essa não é a primeira vez que você vem aqui, você já conhece a casa. - falou o olhando e segurou a minha mão em seguida - Prometo que eu não mordo... - me olhou, mas em seguida voltou seu olhar ao meu irmão com um sorrisinho debochado - Só se ela pedir. - aumentou o sorrisinho e fechou os punhos, já pronto para socar a cara de .
- Vamos logo, . - saí o empurrando pela sala, antes que pudesse acontecer qualquer coisa - Você realmente não aguenta, não é mesmo? - o repreendi enquanto subíamos as escadas.
- Ele pede por esse tipo de coisa. - soltou uma risada nasalada e deu ombros.
- Ai , se eu não gostasse tanto de você, eu quebraria a sua cara. - revirei os olhos e ele riu, antes de me prender contra a parede do corredor.
- Eu deixo você descontar sua raiva em mim de outra forma. - falou sussurrando já próximo dos meus lábios e eu soltei o ar, que nem sabia que estava prendendo.
- Eu adoraria. - falei descendo minha mão pelo seu abdômen e parei no cós de sua calça - Mas hoje, precisamos ser apenas amigos. - lhe empurrei e saí andando em sua frente, mesmo sem conhecer a casa.
- Você só pode estar de brincadeira. - falou inconformado vindo logo atrás de mim, enquanto eu tinha um sorrisinho debochado nos lábios.
- Não quer me apresentar seu quarto? - me virei para olhá-lo com a melhor cara de inocente que eu podia, e ele balançou a cabeça, abrindo um sorrisinho maroto em seguida.
- Achei que seríamos apenas amigos hoje. - falou com ironia e empurrou uma porta, que eu deduzi ser seu quarto, e logo me deu passagem.
- E seremos. - falei passando por ele e deixei a minha bolsa sobre uma cômoda perto da porta - Mas eu estou cansada, quero sentar. - falei inocentemente, me virando para ele, que logo entrou no quarto e trancou a porta atrás dele.
- , , seu irmão não devia se preocupar comigo, mas com você. - balançou a cabeça e veio andando em minha direção.
- Você não respondeu a minha mensagem hoje. - falei enquanto ele parava em minha frente e segurava em minha cintura - Achei estranho, já que você sempre responde, principalmente quando é algo conveniente para você. - fiz uma careta pensativa.
- Sabia que você ficaria encucada com a minha falta de resposta. - soltou uma risada nasalada - Eu só não queria que você desconfiasse que eu pedi a minha vó pra fazer esse jantar. - acariciou a minha cintura, enquanto eu cerrava os olhos - Eu precisava encontrar um jeito de ver, mas precisava ser uma forma mais fácil do que invadindo sua casa no meio da madrugada, já que seu pai provavelmente não te deixaria sair de novo tão facilmente. - revirou os olhos e eu me vi obrigada a concordar.
- , suas habilidades para realizar nossos encontros me deixam extremamente excitada. - falei aproximando meus lábios de seus ouvidos - Tudo o que eu queria agora era que pudéssemos ficar aqui nesse quarto... - falei sussurrando já o sentindo apertar minha cintura - Sem as roupas. - mordi o lóbulo de sua orelha e senti seu ar quente bater em meu pescoço.
- Puta que pariu, garota. - apertou meu corpo contra o dele fazendo com que eu sentisse o volume em suas calças - Você tá fazendo isso porque eu não posso te foder agora mesmo. - falou sussurrando em meu ouvido e desceu sua mão até minha bunda a apertando com vontade e me fazendo soltar um gemido baixo em seu ouvido.
- Na verdade, eu te provoco porque eu sei que quando você puder, você irá me foder com vontade. - subi as minhas mãos por dentro de sua camisa, passando pela extensão de suas costas - Mas, você tem razão... - falei me afastando dele - Não podemos fazer isso agora. - o olhei dando uma leve mordida em meu lábio inferior, e ele fechou os olhos jogando a cabeça para trás.
- Você vai me pagar por isso, pode ter certeza de que vai. - balançou a cabeça negativamente, enquanto eu tinha um sorrisinho nos lábios.
- Eu espero por isso... - passei por ele, parando ao seu lado - É mais um motivo pra eu ter vindo sem calcinha. - falei baixo e segui até a porta com um sorrisinho nos lábios.
Enquanto destrancava a porta, olhei para trás a tempo de vê-lo respirar fundo e passar as mãos pelo rosto. Soltei uma risada baixa e abri a porta olhando em volta antes de sair, mas parei encostada no batente e me virei para .
- Você não vem? - arqueei a sobrancelha enquanto o olhava de costas para mim, e ele se virou me olhando com completa luxúria nos olhos.
- Vamos antes que o suba para saber o que eu estou fazendo com você. - ele soltou uma risada nasalada e passou por mim indo na minha frente pelo corredor.
nem acabou de me mostrar o segundo andar da casa, já que nem eu e nem ele estávamos preocupados com aquilo. Descemos novamente para a sala, onde meu pai e Abigail já estavam sentados no sofá e conversavam sobre algo, que também estava envolvido.
Assim que notou nossa presença, nos observou por alguns segundos, provavelmente procurando algum resquício de que tivéssemos feito algo no tempo em que estávamos no segundo andar, mas quando não encontrou nada seu olhar se tornou aliviado.
- Acho que podemos ir jantar. - Abigail falou se levantando do sofá e logo meu pai e os outros fizeram o mesmo. Fomos para a sala de jantar onde a mesa já estava posta - Acho que vocês deveriam se sentar juntos. - ela falou olhando para mim e , e eu apenas concordei.
Ela sentou na ponta da mesa, meu pai se sentou ao seu lado e ao lado dele. se sentou na frente do meu pai, ao outro lado de sua avó, e eu me sentei ao seu lado com logo em seguida.
Logo o mordomo de Abigail nos serviu na mesa e logo em seguida serviu para todos nós um pouco de vinho nas taças, mas o meu pai não teve nenhuma objeção, e eu imaginava que seria assim, já que ele estava na frente de Abigail.
- teve uma boa ideia quando sugeriu esse jantar. - Abigail falou, chamando a atenção de todos nós - Eu quero dizer que vocês dois já têm a minha bênção. - ela olhou para mim e para o neto, e logo a tosse engasgada do chamou a atenção de todos.
- Vocês estão juntos? - ele falou com a voz engasgada e em seguida voltou a tossir, enquanto batia levemente em suas costas.
- Saiba que eu faço gosto por esse casal. Uma união entre os e os Maliks, seria muito bem-vinda. - meu pai falou intercalando seu olhar entre nós e Abigail. apenas me olhou de canto, com a sobrancelha arqueada.
- Eu e somos apenas amigos. - falei com um sorrisinho no rosto, mas eu queria rir e sabia que também.
- Daqui só sai uma bela amizade. - falou me olhando, carregando o mesmo sorrisinho debochado nos lábios.
- É uma pena, porque eu adoraria ter você como genro. - meu pai falou olhando para o , que logo balançou a cabeça.
- Realmente somos bons amigos. - falou e logo em seguida bebeu seu vinho.
Olhei para ao meu lado e ela se segurava para não rir, do outro lado da mesa fazia o mesmo. , se eu não o conhecesse diria que ele estava tranquilo, mas não estava nem um pouco.
- , seu pai falou sobre o ótimo trabalho que você faz no financeiro da empresa. - Abigail me olhou depois de um tempo, bebendo um gole do seu vinho - Você sempre quis trabalhar com contabilidade? - comeu um pouco de sua comida.
- Nunca quis, na verdade. - falei fazendo uma careta, e bebi um gole de água - Eu sempre quis trabalhar com moda ou produção de eventos, mas eu sempre amei matemática e uma coisa acabou levando a outra. - a olhei e em seguida coloquei um pouco da comida na boca.
- E você não pensa em investir nessa área? - perguntou, parecendo realmente interessado na conversa e eu o olhei.
- Ela gosta muito de trabalhar na empresa e faz um excelente trabalho. - meu pai falou respondendo por mim, e eu apenas me limitei a revirar os olhos. É claro que ele responderia por mim.
- Depois de ter me ajudado no leilão, eu realmente acho que você leva jeito para esse ramo. - Abigail me olhou novamente e eu sorri. Aquela mulher me inspirava apenas com palavras.
Meu pai e Abigail desenrolaram toda uma conversa sobre a empresa, mas que só os dois estavam interessados, na verdade, só o meu pai, Abigail conversava por ser uma mulher extremamente educada.
Bebi um gole do meu vinho e desci a minha mão até a coxa de , que me olhou com a sobrancelha arqueada. Subi a mão, a deixando bem próxima de sua virilha, e o notei resetar o corpo naquele momento.
- Abigail, a comida está ótima. - falei olhando para ela, enquanto mantinha minha mão parada na coxa de , que ainda me olhava.
- O Derrick é um excelente chefe.- ela me olhou, e eu concordei com a cabeça, colocando minha mão sobre a intimidade de , o que fez quase cuspir o vinho no qual tentava beber - , está tudo bem? - sua avó o olhou, quando ele tossiu engasgado na mesa, e ele apenas assentiu.
Logo o mordomo de Abigail tirou a mesa e começou a servir a sobremesa, que era um cheesecake de baunilha com limão.
Olhei para , que parecia meio desnorteado a mesa, e apertei levemente seu membro, já começando a enrijecer, fazendo com que ele passasse a mão pelo rosto.
Ele desceu sua mão também para debaixo da mesa e a colocou sobre a minha, me olhando sugestivamente em seguida.
- , esqueci de te perguntar... - falei como quem não estivesse o provocando segundos antes, e ele me olhou - Você está com a minha pulseira? - perguntei, colocando um pedaço do cheesecake na boca.
- Tá no meu carro. - ele respondeu, arqueando a sobrancelha em seguida.
- Podemos ir buscar? Aquela pulseira é extremamente importante pra mim. - fiz um biquinho, nada inocente e ele assentiu - Podem nos dar licença? - olhei para Abigail que assentiu, e eu me levantei.
- , e você? Me conta sobre o que você gosta ou gostaria de fazer. - Abigail falou se dirigindo ao meu irmão e eu quase a agradeci por ter impedido que ele fosse atrás da gente.
se levantou rapidamente da mesa, provavelmente para ninguém notar o volume em suas calças e nós saímos da sala de jantar, indo direto para o enorme estacionamento da mansão.
- Achei que você não estivesse tão preocupada com a pulseira. - me olhou enquanto abria a porta de seu carro e eu entrei do outro lado.
- E não estou. - dei ombros, fechando a minha porta e me deitando sobre ele para fechar a sua - Só estou querendo te ajudar. - dei um sorrisinho malicioso, e logo comecei a desabotoar sua calça.
Com sua ajuda, a desci o suficiente para colocar seu membro para fora. O acariciei por alguns segundos, o suficiente para provocar , mas logo me abaixei o colocando inteiro na boca.
Fiz movimentos lentos de vai e vem com a cabeça, enquanto ainda o masturbava com a mão. já estava meio "transtornado" desde antes do jantar, de tanto que eu o provocara, então aquilo seria mais rápido do que gostaríamos.
- Porra... - ele sussurrou, mas alto o suficiente para que eu conseguisse ouvir e enfiou uma de suas mãos em meu cabelo, tentando controlar os movimentos, mas eu não o deixei.
Continuei me movimentando lentamente, sabendo que ele estava torturado, mas eu gostava daquilo, porque quanto mais hora eu fizesse, melhor seria no final.
Aumentei a velocidade à medida em que eu percebia que ele estava próximo a chegar em seu ápice. Os gemidos que saiam de sua boca, conseguiam deixar a minha intimidade úmida, e tudo o que eu queria era que ele pudesse resolver aquilo, mas sabia que não tínhamos tempo.
- ... - ele falou entre dentes e arrastado, enquanto apertava sua mão em meu cabelo.
Senti seu corpo tremer, e logo em seguida seu líquido escorreu pela minha boca, enquanto eu sugava cada gota, sua mão relaxou em meu cabelo. Depois que lambi todo seu gozo, levantei a cabeça, passando os dedos pelas laterais da boca, a tempo de vê-lo respirar ofegantemente com a cabeça jogada para trás no banco.
- Me agradeça por isso depois... - me aproximei dele, deixando minha boca próxima a sua, enquanto pegava sua mão - Porque eu estou extremamente excitada nesse momento. - levei sua mão a minha intimidade, só para que ele pudesse sentir minha excitação.
- Me dá um único motivo para não invadir sua casa mais tarde e te dá o que você merece? - ele acariciou minha intimidade, fazendo com que eu jogasse o corpo no encosto do banco.
- Eu não consigo pensar em motivo algum para te impedir disso. - dei um sorrisinho e me aproximei dele, lhe dando um selinho demorado - Precisamos voltar. - falei em seu lábio e abri a porta, mas não sem antes limpar o batom borrado de minha boca pelo espelho do retrovisor.
Saímos do carro e voltamos para dentro da casa, aonde todos já haviam ido para sala e conversavam sobre algo que falava e eu não tinha a menor ideia do que era.
Fui direto para o sofá, e me sentei ao lado de , foi para o outro, se sentando ao lado de e entrosamos na conversa.
- Cadê sua pulseira? - falou baixo olhando para o meu pulso e eu logo olhei também.
- Não achamos no carro de , procuramos por todo canto e não achamos. - suspirei, como se aquilo realmente fosse um problema - Ele disse que provavelmente está na casa dele. - fiz uma careta - Mas eu pego outra hora. - balancei a cabeça e percebi que nos olhava curioso, provavelmente querendo saber o que conversávamos.
Ficamos ali por mais algum tempo conversando sobre vários assuntos aleatórios, Abigail era realmente uma ótima anfitriã, eu não tinha do que reclamar.
Quando meu pai resolver ir, nos despedimos de todos e foi com sua avó nos levar até a porta.
- Muito obrigada pelo jantar. - falei desfazendo o abraço com Abigail - Pra mim a melhor parte foi a sobremesa. - olhei para , que estava logo atrás dela e ele soltou uma risada baixa enquanto balançava a cabeça.
Saímos em direção ao carro e logo o motorista deu a partida, saindo da propriedade e indo a caminho de nossa casa.
- Pela primeira vez você não me envergonhou. - meu pai falou me olhando pelo retrovisor ° Parece que seu castigo está indo bem. - voltou a olhar para frente, e eu me virei, dando um sorrisinho de canto.
Senti meu celular vibrar na bolsa e o peguei, vendo que havia uma mensagem do , então logo a abri.
"Quando quiser mais sobremesa, é só me chamar..." - colocou um emoji dando um sorrisinho de lado.
Mal sabia o meu pai que eu não havia me comportado tão bem quanto ele imaginava.
Depois daquele jantar na casa de Abigail, eu e só tivemos contato por telefone. Na sexta à noite, fizemos uma chamada de vídeo, que acabou se prolongando durante toda a madrugada, já que nós acabamos nos provocando como sempre, e acabou virando uma "sex call". Porém, nós conversamos bastante depois, e só desligamos porque eu acabei pegando no sono.
No sábado passei o dia no quarto assistindo TV, só saí de lá para comer, não estava muito a fim de conviver em família com o meu pai. passou a tarde comigo no quarto, mas durante a noite me avisou que iria sair para encontrar alguém, e provavelmente era a mesma pessoa que ele sempre dizia não estar falando com alguém importante no telefone. Eu queria muito saber quem era, mas ele não iria me contar tão cedo.
Na noite do sábado, eu, , e ficamos conversando pelo nosso grupo no whatsapp, e eu e sempre acabávamos soltando alguma bobeira, que fazia rir e ficar um pouco horrorizada com a forma em que falávamos.
Na manhã de domingo, acordei cedo e saí para correr e me exercitar no quintal mesmo, fazia tempo que eu não fazia aquilo, e estava precisando para relaxar meu corpo.
Me sentei na grama e olhei meu celular vendo que havia mensagens da , então logo fui lê-las.
", eu tô com saudades e quero encontrar com minha amiga..."
"Será que a gente pode se encontrar hoje?"
"Quero muito conversar com você sobre umas coisas que estão acontecendo..."
"Por favor, me encontra hoje?"
Logo que eu acabei de ler as mensagens, eu parei um tempo para pensar, e as coisas andavam mais tranquilas em casa, principalmente após o jantar com Abigail. Eu conseguiria sair, não tinha mais por que ficar presa em casa.
"Podemos nos encontrar no shopping por volta das 3pm"
"Passamos a tarde lá, e podemos conversar bastante..."
A respondi e me levantei entrando para casa. Fui direto para o meu quarto tomar um banho, já que me encontrava extremamente suada pós exercícios. Tomei um banho não muito demorado, já aproveitando para lavar meu cabelo, que mais tarde quando fosse me encontrar com , eu gastasse menos tempo em arrumação.
Desci para a cozinha onde Sara acabava de colocar a mesa do café e me sentei já servindo um pouco de suco em meu copo e pegando uma torrada.
- Bom dia, Sara. - falei a olhando e em seguida passei um pouco de geleia na torrada.
- Bom dia, criança. - ela sorriu maternalmente me olhando.
- Sabe me dizer se voltou muito tarde ontem? - perguntei curiosa e mordi um pedaço da torrada.
- Não muito tarde, era começo da madrugada. - falou enquanto colocava a cesta de frutas na mesa.
- Duvido muito que ele apareça aqui então. - soltei uma risada nasalada, e bebi um pouco de suco.
Meu pai entrou na cozinha e logo foi se sentando na ponta da mesa sem se dirigir a ninguém, ele parecia meio mal humorado, o que já era de se acostumar.
Sara foi para a cozinha, e eu acabei de tomar meu café em silêncio, e assim que terminei me levantei e voltei para o quarto. Com ali eu já evitava meu pai, sem ele era ainda pior.
Fiquei até o horário do almoço arrumando meu guarda-roupas, aproveitando para separar algumas coisas que eu não usava mais e acabei achando uma caixinha de joias, que era da minha mãe. A levei até a cama e me sentei enquanto a encarava.
Abri a caixinha e logo dei de cara com alguns brincos que ela tanto usava, e um colar que eu e havíamos dado a ela no último dia das mães antes dela morrer.
Segurei aquele colar sobre minhas mãos e senti uma vontade imensa de chorar, quando Sara bateu em minha porta me chamando para almoçar.
Guardei tudo de volta e saí do quarto indo direto para a sala de jantar onde meu pai já estava. Me sentei na mesa, sem olhá-lo e começamos a comer em silêncio. Logo ele começou a falar sobre algo da empresa, no qual eu apenas concordava, eu não tinha muito o que fazer também.
não havia almoçado com a gente, provavelmente estava dormindo ou de ressaca da noite anterior.
Depois do almoço, voltei para o quarto e fui direto para o banho, queria chegar antes de no shopping, para tentar relaxar a minha cabeça.
Assim que me arrumei (https://pin.it/2FWsmgg), peguei a chave do meu carro, meu celular e minha bolsa, logo em seguida saí do quarto. Desci as escadas devagar, e não tinha nenhum sinal de ninguém em casa, estava tudo silencioso.
- Onde você pensa que vai? - a voz do meu pai ecoou na sala, quebrando todo o silêncio que estava instaurado.
- Eu vou ao shopping, encontrar uma amiga. - dei ombros e parei no meio da sala.
- E quem te deu autorização para sair? - ele perguntou parando alguns passos de onde eu estava.
- Olha pai, sinceramente, seu cárcere privado vai durar até quando? - revirei os olhos - Porque eu percebi que ele só é liberado quando é algo que pode ser conveniente para você, não é mesmo? - soltei uma risada nasalada.
- Se você não fosse petulante dessa forma e respeitasse a nossa família isso nem teria começado. - ele falou autoritariamente, e eu balancei a cabeça.
- É petulância te dizer a verdade? Ou porque você é um homem extremamente machista e sexista, que quer julgar tudo o que eu falo, faço e visto desapropriado? - soltei uma risada sem humor - Porque olha que engraçado, no mesmo dia em que você resolveu me trancar em casa, você também brigou com , ele só não respondeu, mas ele havia acabado de ser preso, e ainda sim quem recebeu o castigo fui eu... Você consegue me explicar essa diferença de tratamento? - arqueei a sobrancelha, virando de frente para ele.
- Você é a que mais defende seu irmão nesta casa, agora vai querer reclamar pelo que ele faz ou deixa de fazer? - falou com ironia e eu abri um sorrisinho de escárnio.
- O vai ter meu apoio em qualquer ocasião, tudo o que ele precisar eu estarei com ele. A questão não é as atitudes dele, mas sim as suas, que com certeza, trata ele de uma forma mais livre, porque ele é homem. - olhei para o celular, vendo que mandou uma mensagem dizendo que se atrasaria.
- Diferente dele, eu me preocupo com você e com o seu futuro. Se você sair por aí agindo como uma prostituta de esquina, você nunca será ninguém na vida. - ele falou com aquele tom repugnante que eu tanto odiava, e eu senti meu corpo tremer com aquele machismo extremo que ele havia acabado de falar - E mesmo que não pareça, consegue ser mais sensato que você, porque sete anos no internato, não foram o suficiente para te colocar nos eixos. - balançou a cabeça negativamente e eu respirei fundo antes de responder.
- A gente sabe porque age com você com cautela... - fiz uma pausa e o olhei - Porque você passou os últimos sete anos o fazendo acreditar que ele é culpado de algo que você fez. - falei sem o menor receio e o seu olhar raivoso logo tomou conta do seu rosto.
- Cada dia que passa eu tenho mais certeza de que você está ficando louca igual a sua mãe. - soltou uma risada de escárnio.
- Agora eu entendi tudo... - soltei uma risada nasalada e balancei a cabeça - Você está me mantendo presa em casa porque sabe que assim é muito mais fácil de você fazer comigo o que fez com ela, não é mesmo? - cruzei o braço em frente ao corpo e sustentei seu olhar - Você se aproveitou da depressão dela, que por acaso, foi causada por você... - apontei para ele - E a deixava trancada em casa o dia todo, sem querer sair do quarto, e foi muito mais fácil para você assassiná-la. - foi o que precisou para sua mão estalar em meu rosto com força. Logo eu senti o gosto de ferro em minha boca, e a ardência no meu lábio inferior, coloquei a mão a tempo de senti-lo sangrar.
- Cala a sua boca. - ele falou entre dentes, me olhando com fúria - Você não faz a menor ideia do que está falando. Sua mãe era louca, ela cortou os pulsos sozinha no quarto, não teve coragem de cuidar dos próprios filhos. - praticamente cuspiu as palavras e eu me aproximei ficando a poucos centímetros dele.
- Você é o culpado. - silabei pausadamente enquanto apontava para ele - Você sabe que tem provas de que a culpa é sua, por isso tenta alegar que eu estou falando bobagem. - balancei a cabeça e soltei uma risada sem humor em seguida - Você dá tanta liberdade para o , porque você faz ele acreditar que ela se matou por culpa dele, quando na verdade... - fiz uma breve pausa e olhei em seus olhos - Ele não teve culpa, porque ela não se matou, você fez isso por ela. - logo ele segurou em meu braço com força, e me empurrou fazendo com que eu caísse no chão - Existem provas e você sabe disso. Ninguém sabe por que você tem vários capachos pela cidade, que fazem tudo por você. - falei já sentindo meu braço doer, devido à queda - VOCÊ. É. UM. ASSASSINO. - falei alto e pausadamente, fechando os olhos em seguida.
Abri os olhos segundos depois, a tempo de ver o cinto de sua calça vindo em direção a minha perna com força e rapidez, fazendo com que um estalo tomasse conta da sala, junto com a ardência em minha coxa.
- Você vai aprender a não falar o que você não sabe. - falou antes de bater mais uma vez em minha perna com o cinto - Você não tem a menor noção do que realmente acontece. - bateu mais algumas vezes, atingindo ambos os lados de minhas pernas e braços - Enquanto você não se tornar uma pessoa decente, você não terá nada nessa vida. - bateu com mais força, e tudo o que eu conseguia sentir eram as lágrimas se formando em meus olhos, nem mais a ardência em meu corpo, parecia estar anestesiado - E enquanto você morar debaixo do meu teto, comer a minha comida e se sustentar com o meu dinheiro, você terá que me respeitar calada. - bateu mais algumas vezes com força, acertando também a minha barriga.
Logo que ele parou de bater, eu senti meu corpo fraco, e se eu não estivesse no chão, provavelmente eu despencaria. Ele se manteve parado no mesmo lugar, com sua respiração ofegante, o cinto pendurado em sua mão e seu olhar raivoso sobre mim.
- Lembre-se de quem paga as suas contas, de quem te dá todo esse luxo que você tem. - ele falou enquanto eu tentava me sentar no chão com dificuldade devido a dor - Você não seria a metade do que você é hoje se não fosse por mim, então não venha tentar me desafiar. - ele abaixou, deixando seu rosto na altura do meu - O que você chama de machismo, eu chamo de realidade. Mulheres como você, com as suas atitudes, não chegam a lugar nenhum sem ajuda de homens ricos e poderosos. - falou, e eu não me contive em cuspir em sua cara. Ele passou a mão pelo rosto, e em seguida me deu mais um tapa, ainda mais forte, pois me fez voltar ao chão.
Ele se levantou e me olhou por alguns segundos, logo em seguida seguiu em direção ao seu escritório, onde eu consegui ouvir o barulho da tranca.
Depois de um tempo, me levantei com certa dificuldade, e fui praticamente me arrastando pela escada. Gastei muito mais tempo do que o normal para chegar ao meu quarto, e quando entrei, tranquei a porta deixando meu corpo despencar no chão.
Meu corpo latejava, ardia e algumas partes sangravam devido às agressões. Meus olhos ardiam, e um nó estava formado em minha garganta. Eu queria gritar, eu queria berrar, mas eu não conseguia. Minha voz parecia não sair para nada, eu estava completamente indefesa.
Tudo o que eu conseguia fazer naquele momento, era chorar.
Capítulo 15
Passei um bom tempo ali no chão chorando, sem forças para me levantar. Meu celular vibrava desesperadamente na bolsa, e eu imaginava que fosse , já que naquela hora eu deveria me encontrar com ela.
Demorei um tempo para conseguir me levantar do chão, e quando fiz isso, fui direto para minha cama, onde eu me sentei, me encostando na parede e encolhendo meu corpo.
Olhei para minhas pernas, elas estavam completamente marcadas, minha barriga e meus braços não estavam diferentes. Minha boca ardia e eu tinha a impressão de que estava inchada devido ao machucado. Naquele momento, eu não conseguia nem ao menos chorar, não conseguia mais colocar aquele sentimento para fora.
Levantei-me devagar, e peguei a minha bolsa no chão, encontrando várias ligações perdidas de e , e várias mensagens, tanto em nosso grupo, quanto no privado. Disquei o número de e coloquei o celular na orelha esperando-o atender.
- , meu Deus. - ele atendeu já parecendo aliviado - me ligou falando que tinha marcado com você no shopping, mas você não apareceu. Ela ficou te esperando por quase duas horas e você não tinha dado notícias. Aconteceu alguma coisa? - perguntou preocupado, e eu precisei respirar fundo antes de falar.
- Eu tive um problema aqui em casa, não consegui ir e não consegui avisar. - falei um pouco baixo, sentindo a minha voz trêmula - Diz pra que eu falo com ela depois e que eu estou pedindo desculpas por ter feito ela me esperar.
- Eu falo com ela, não se preocupa, mas... - fez uma pausa - Você está bem? A sua voz parece meio estranha. - ele falou ainda claramente preocupado.
- Tá tudo bem... - falei quase num fio de voz, já sentindo um nó em minha garganta - Você pode encontrar comigo na madrugada? - perguntei, fechando os olhos para evitar chorar.
- Claro que eu posso, . - falou, mas pela primeira vez não havia malícia em sua voz, ele estava realmente preocupado - Quer que eu vá direto para o seu quarto?
- Não... - balancei negativamente a cabeça, mesmo sabendo que ele não podia me ver - Você para o carro na rua de trás e eu encontro com você lá, pode ser? - sequei uma lágrima teimosa que escolheu pelo meu rosto.
- Pode sim. - falou, mas com um tom desconfiado - Você tem certeza que está tudo bem? - insistiu mais uma vez naquela pergunta e eu sabia que se continuasse falando com ele eu choraria, e tudo o que eu não precisava era batendo na minha casa para saber o que havia acontecido.
- Está sim... Eu converso com você mais tarde, vou arrumar algumas coisas aqui... Beijos. - desliguei o telefone antes que ele pudesse me questionar mais uma vez.
Deixei o celular de lado na cama, e me deitei na cama, da melhor forma que eu conseguia para evitar contato das áreas machucadas. Meu corpo parecia completamente destruído e tudo doía.
Abri a gaveta na mesinha ao lado da cama e paguei um remédio para dor, o tomei sem água mesmo, só precisava que aquela dor passasse.
Fiquei deitada ali por algum tempo, até que o peso do meu corpo falou mais alto e eu acabei pegando no sono.
Acordei já por volta das 10pm. Meu corpo parecia ter sido atropelado por um caminhão. Peguei meu celular e vi que me enviara uma mensagem dizendo que chegaria por volta de 2am, que era uma hora que todos na casa já estariam dormindo. O respondi com apenas um "okay", e fui em direção ao meu guarda-roupas.
Peguei uma mochila ali dentro e coloquei algumas lingeries, algumas peças de roupa, a caixinha de joias da minha mãe e fui até a minha cama, tirando do piso solto todo o dinheiro que eu tinha ganhado nas corridas e mais algum que eu guardava para emergência.
Coloquei tudo na mochila e voltei para o guarda-roupas, peguei um conjunto de moletom e o vesti, era a única coisa que poderia esconder aquelas marcas, e não me incomodaria pelo contato.
Me sentei na cama e esperei até que chegasse o horário de me encontrar com . As horas pareciam mais longas do que eu gostaria que fossem.
Quando era por volta da 1:30am, me enviou uma mensagem dizendo que havia chegado e que estava me esperando. Peguei a minha mochila, e guardei o celular lá dentro.
Coloquei a mochila nas costas e saí do quarto devagar, o trancando por fora. Guardei a chave no bolso lateral da mochila e saí pelo corredor sem olhar para trás.
Tentei sair de casa o mais rápido que eu conseguia, mas o estado do meu corpo não ajudava muito. Assim que cheguei perto do muro, com bastante dificuldade consegui subir na árvore e cheguei ao alto do muro, onde eu avistei do outro lado da rua, encostado em seu carro, enquanto fumava um cigarro.
Assim que ele me viu, apagou o cigarro e andou na minha direção à espera de que eu acabasse de pular, e por mais medo que eu tivesse de altura, eu pulei de uma vez na lixeira. O máximo que podia acontecer era eu me machucar, mas eu já estava bastante machucada para me importar.
se aproximou da lixeira e esticou os braços para me ajudar a descer, e assim que tocou suas mãos na minha cintura, eu acabei soltando um gemido baixo com aquilo.
- Eu te machuquei? - perguntou ao meu colocar no chão e eu balancei a cabeça negativamente.
- Vamos sair daqui, por favor. - falei e ele assentiu, me abraçou pelo ombro e fomos para o carro dele.
Entramos no carro e eu coloquei a mochila sobre o meu colo. Me encostei no banco e me virei para a janela, encarando a rua. Não sabia como contaria a o porquê estava fugindo de casa, mas eu precisava contar.
Durante todo o caminho foi um silêncio enlouquecedor, mas eu preferia assim, pelo menos até chegarmos a sua casa. Assim que estacionou o carro, ele acendeu a luz interna e se virou para me olhar.
- Você não precisa falar nada que você não se sinta à vontade, okay? - levou sua mão ao meu rosto e eu assenti, sem conseguir olhá-lo - Quando você precisar, eu ficarei do seu lado, independentemente de qualquer coisa. - ele falou, e pela cara que havia feito, ele havia visto o machucado em minha boca, e eu confirmei quando seu dedo passou sobre o meu lábio superior e ele fechou os olhos em seguida.
- A gente pode subir? - falei baixo depois de um tempo e ele abriu os olhos para me encarar enquanto assentiu.
Descemos do carro e ele trancou o mesmo com o alarme, quando parei ao seu lado, ele pegou a minha mochila e nós fomos para o elevador. Parei de uma forma que eu ficasse de costas para ele, pois eu realmente não conseguia olhá-lo sem querer chorar.
Saímos do elevador assim que chegamos em seu andar, fomos para o apartamento dele. Assim que ele abriu a porta, e eu passei por ela, foi impossível segurar o choro. Eu realmente saído da casa do meu pai e eu não pretendia voltar de forma alguma.
- ... - se aproximou de mim, quando percebeu que eu chorava. Ele parou em minha frente e quando segurou em meus braços, eu puxei meu corpo para trás, o que o levou a fazer uma feição confusa. - Eu quero muito te ajudar de alguma forma, mas eu não sei o que fazer. - ele falou baixo, ainda me olhando, mas sem me tocar dessa vez.
Eu não consegui falar nada e nem sabia se conseguiria, então puxei o meu moletom o tirando do corpo e logo em seguida tirei a calça, deixando em evidência todas as marcas das agressões que eu havia sofrido.
largou a minha mochila sobre o sofá, e seu olhar tomou uma expressão que eu não reconhecia dele. Ele estava furioso e parecia transtornado.
Ele deu um passo mais próximo de mim e abriu seus braços, o que me fez encaixar ali e encostar a cabeça em seu ombro, enquanto deixava todo o choro sair. Ele envolveu suas mãos com cuidado em meu corpo, acariciou as minhas costas devagar.
- Eu nunca mais vou deixá-lo ou qualquer outra pessoa encostar em você, ou sequer chegar perto. - ele falou com a voz trêmula e baixa, enquanto tudo o que eu sabia fazer era chorar - Acabou , acabou. - ele falou baixo e levou sua mão ao meu cabelo, que ele logo acariciou - Você não precisa mais voltar para aquele lugar, essa casa é sua agora e eu não vou deixar nada de ruim acontecer com você. - ele beijou o meu ombro, e eu senti algo me molhar em seguida. Ele estava chorando, porque ele estava sentindo a minha dor.
E pela primeira vez no dia eu conseguia me sentir segura. Eu conseguia sentir que o meu pai nunca mais poderia me machucar. E eu sabia que a melhor escolha que eu havia feito naquele momento, era , e que ele poderia me ajudar.
~ pov's on~
estava extremamente vulnerável ali em meus braços, e eu sabia o quanto ela estava machucada. As marcas das agressões eram apenas marcas externas, mas ela estava carregando cicatrizes internas e eu sabia daquilo.
Era difícil controlar meus sentimentos quando eu estava com ela, nem mesmo naquele momento eu podia me esconder. Eu sentia raiva, mas principalmente, eu sentia a dor dela. Era como se uma parte de mim tivesse vivido aquilo, mas eu só me sentia assim, porque era ela ali.
Passei a mão pelo rosto, secando uma lágrima teimosa que insistia em cair, e continuei abraçado com ela até que ela conseguisse se acalmar. Demorou um tempo, e eu sabia que era porque ela carregava muita coisa, e para ela ter chegado àquele ponto, era porque realmente havia a machucado.
Quando ela parou de chorar, e se acalmou, ela mesma se afastou para me olhar, e eu olhei para aquelas marcas em seu corpo, sentindo o meu próprio tremer de ódio.
- Eu vou acabar com ele. - falei, pensando alto, e ela me olhou, balançando a cabeça em seguida - Ele não pode fazer o que ele quer com você assim. Ele te agrediu, e isso é extremamente grave. - a olhei, e ela ainda balançava a cabeça negativamente - Eu vou acabar com ele. - repeti a minha primeira frase, e ela segurou em meu rosto, me fazendo encará-la.
- Por favor, não faça nada. - ela falou com a voz ainda trêmula - Ele vai pagar, eu garanto para você. Mas eu preciso que ele pague não só por isso... - ela olhou para o seu próprio corpo - Eu preciso que ele pague por tudo o que ele fez comigo, com e com a minha mãe. - ela falou e seus olhos brilhavam, eu sabia que era porque logo ela voltaria a chorar, então eu apenas assenti.
- Eu faço o que você quiser, . - segurei em seu rosto e acariciei sua bochecha com o polegar - Eu sei que você não precisa de cuidados, mas eu vou cuidar de você, okay? - falei olhando em seus olhos.
- Eu preciso de você, . - ela falou quase num sussurro - Você é tudo o que eu tenho nesse momento. - uma lágrima grossa escorreu em seu rosto e ela logo a secou, balançando a cabeça - Eu posso tomar um banho? Não consegui fazer antes por causa da dor, mas agora eu me sinto suja, eu preciso tirar isso de mim. - ela falou com a voz chorosa e eu assenti pegando sua mochila.
Fomos para o quarto e ela seguiu para o banheiro. Eu me sentei na cama e esperei até que ela acabasse. Minha vontade era sair naquele momento e quebrar a cara do pai dela, fazê-lo sofrer como ele havia feito com ela e machucá-lo como ele havia a machucado, mas pediu para que eu não fizesse nada e eu não faria. Até porque, ela precisava do meu apoio naquele momento, e ela teria.
Ela saiu do banheiro, com um coque no cabelo, o nariz vermelho e uma toalha enrolada em seu corpo. Foi até sua mochila e pegou uma calcinha, a vestindo sem tirar a toalha e em seguida me olhou fazendo uma cara fofa.
- Eu pego para você. - ri baixo e fui em direção ao meu guarda-roupas onde peguei uma camisa e a entreguei, então ela logo vestiu.
- Eu juro que vou pedir ao para pegar minhas coisas, hoje eu só precisava sair de lá. - ela falou, e se sentou na cama para me olhar.
- Pode usar minhas coisas sempre, não precisa se justificar. - me aproximei beijando sua bochecha, e ela me encarou.
- Obrigada! - ela falou baixinho e nem precisava dizer mais nada para eu saber do que ela falava.
- Não precisa me agradecer. - balancei a cabeça e a abracei de lado - Eu faço qualquer por você. - beijei sua testa e acariciei seu braço devagar.
~ pov's off~
~ pov's~
Acordei naquela segunda revigorado do fim de semana. Eu não havia chegado tarde no sábado, mas o tanto que eu havia bebido, e o quanto minha noite havia sido intensa, havia acabado comigo no dia seguinte.
Passei o domingo inteiro trancado no quarto, só sai de lá para jantar, e acabei jantando apenas com o meu pai, porque não apareceu. Eu imaginava que ela estivesse de TPM, ou que fosse apenas mais um dia que ela não quisesse sair do quarto, então achei melhor não a incomodar.
O jantar foi super silencioso, meu pai não dirigiu uma palavra a mim, como era comum acontecer. Eu já estava tão acostumado com aquele tratamento, que nem me importava mais.
Depois do jantar, passei no quarto de , bati na porta, mas ela não abriu, e pelo silêncio que estava, eu imaginei que ela estivesse dormindo, então acabei não insistindo mais.
Fui para meu quarto e fiquei vendo um pouco de Netflix, enquanto conversava com algumas pessoas por mensagem. Estavam falando da próxima corrida, que deveria acontecer dali duas semanas. Eu estava empolgado, e cada dia com mais vontade de vencer , principalmente depois dos últimos acontecimentos.
Na segunda de manhã, acordei com o meu despertador tocando. Depois de um banho meio demorado, me arrumei e desci para tomar café, mas, mais uma vez, só meu pai se encontrava ali. não estava.
Tomamos café em silêncio e assim que eu acabei, eu me levantei para chamar , porque teríamos que ir para a empresa e ela precisava comer antes. Subi até seu quarto e bati na porta, mas não tive resposta.
Bati mais uma vez e nada. Na terceira vez, insisti um pouco mais, mas ela novamente não apareceu.
Desci novamente para a cozinha, e Sara estava começando a tirar a minha louça, enquanto meu pai acabava de comer.
- Bati no quarto da várias vezes, mas ela não atendeu. - falei olhando para Sara, que parou o que fazia para me olhar.
- Talvez ela tenha cortado os pulsos, como a sua mãe. - meu pai falou, chamando nossa atenção e soltou uma risada nasalada em seguida.
- Eu vou pegar a chave reserva e a gente vai até lá. - Sara falou antes que eu pudesse respondê-lo e saiu dali.
- Espero vocês na empresa depois do almoço, temos uma reunião importante. - ele falou se levantando da mesa e saiu antes que eu pudesse abrir a boca.
Sara logo voltou com a chave e me entregou parando do meu lado em seguida. Ela me olhou por alguns segundos, e tudo o que eu conseguia fazer era encarar a chave e pensar no que o meu pai havia falado.
- , ela não fez isso, eu tenho certeza que não. - Sara falou como se lesse meus pensamentos e eu concordei, saindo da cozinha com ela logo atrás.
Fomos até o quarto de e logo abrimos. Assim que entramos, o quarto estava vazio e silencioso. A cama estava bagunçada, e o resto do quarto estava todo no lugar. Fui até o banheiro e nenhum sinal dela ali também.
Peguei meu celular e disquei seu número à espera de que ela atendesse, o que aconteceu só depois da sexta tentativa.
- , aconteceu alguma coisa? - ela falou com a voz baixa e sonolenta, provavelmente havia acabado de acordar.
- Eu que te pergunto. - soltei um suspiro aliviado, por saber que ela estava bem - Onde você está? - me sentei em sua cama e o silêncio tomou conta da linha - ? Tá aí? - perguntei confuso.
- Eu estou aqui. - ela falou baixo - Você pode me encontrar? Não quero falar sobre isso por telefone. - ela respirou fundo e soltou todo ar em seguida.
- Posso, mas onde a gente se encontra? - perguntei olhando para Sara, que se mantinha parada no meio do quarto.
- Eu te envio uma mensagem com o endereço. - ela respondeu logo em seguida - Nos encontramos em meia hora, só o tempo de eu me arrumar.
- Okay. - respondi e ela logo desligou o telefone - Ela não está bem. Aconteceu alguma coisa com ela. - olhei para Sara.
- Vai se encontrar com ela e vê o que aconteceu. - ela veio até mim e segurou em meu ombro - Vai ficar tudo bem. - acariciou meus cabelos.
Concordei com a cabeça e logo a mensagem de chegou com o endereço de onde íamos nos encontrar. Esperei alguns minutos ali, tranquei seu quarto e logo saí para encontrá-la.
Gastei uns 20 minutos para chegar no local que ela havia falado, mas, menos de cinco minutos depois que estacionei o carro, a porta do passageiro foi aberta e ela se sentou ao meu lado.
Antes que eu falasse qualquer coisa, ela se virou para me olhar, e logo em seguida abriu um sorriso triste e seus olhos ficaram cheios d'água.
- Por que você fugiu de casa? - me virei para ela, já perguntando direto - O que ele fez com você? - eu não tinha dúvidas de que havia sido meu pai o motivo dela ter saído de casa, principalmente depois do comentário dele mais cedo.
- Ele... - ela começou a falar, mas parou em seguida, virando seu olhar para frente. Segurei em sua mão, deixando claro que eu estava do lado dela, e ela se mexeu na cadeira, levantando seu moletom e mostrando as marcas em sua barriga.
- Nosso pai fez isso com você? - falei bastante furioso olhando para os hematomas em sua barriga - Eu vou acabar com ele. - soquei o volante com força, e logo em seguida passei as mãos pelos cabelos. Eu não conseguia acreditar que ele havia feito isso.
- Não faz nada ainda, por favor. - ela falou segurando minhas mãos, praticamente implorando.
- Mas ele te machucou, . Eu não posso aceitar isso. - eu estava completamente indignado com aquilo. Ela não podia estar falando sério.
- Eu preciso que você não faça nada. - ela secou seu rosto com as costas das mãos - Pelo menos por enquanto, eu preciso que você aja normalmente com ele. - voltou a me olhar e eu assenti.
- Onde você está ficando? - perguntei a olhando, enquanto ela arrumava seu moletom.
- Eu estou na casa de uma amiga. - ela respondeu voltando a me olhar - Inclusive, você pode buscar algumas coisas para mim? Eu só consegui pegar uma mochila com poucas coisas, e preciso de roupas, e do meu carro. - ela fez uma careta e balançou a cabeça em seguida.
- Eu posso pegar tudo para você, só fala com a Sara o que você precisa, que ela separa e eu trago para você. - a olhei e ela concordou - Você pode me passar o endereço da sua amiga, eu deixo tudo lá para você.
- É melhor a gente se encontrar naquela lanchonete que a gente gosta, eu prefiro que seja assim por enquanto. Não quero correr o risco de o Mark descobrir onde eu estou. - ela balançou a cabeça e se ajeitou no banco, se mostrando um pouco desconfortável.
- Tudo bem. - concordei, apesar de não gostar muito de não saber onde ela estava ficando - Eu preciso ir para a empresa. - olhei para o relógio no painel do carro - Você vai ficar bem? - a olhei em seguida.
- Quando eu não fiquei? - ela falou abrindo um pequeno sorriso e eu concordei a puxando para um abraço.
- Me desculpa não ter feito nada para impedir isso. Eu podia ter te ajudado, mas eu estava no meu quarto dormindo. - falei fechando os olhos enquanto a apertava em meus braços. Eu realmente me sentia culpado por não ter feito nada e não ter impedido que o meu pai a machucasse.
- A culpa não foi sua, . Não tinha muito o que você pudesse fazer. - ela falou com a voz abafada por estar com seu rosto em meu peito - Isso ia acontecer uma hora ou outra. Ele ia se mostrar em algum momento. - ela suspirou se afastando para me olhar - Se cuida, está bom? Sei que você não é do tipo que enfrenta nosso pai, mas ele é completamente perturbado. - soltou uma risada nasalada e balançou a cabeça.
- Não se preocupa comigo, eu vou ficar bem. - falei beijando sua testa e ficamos em silêncio por alguns minutos - Ele falou que você tinha cortado os pulsos... - fiz uma pausa, engolindo a seco - Igual a nossa mãe. - falei sem conseguir olhá-la, encarando o espaço em minha frente.
- Ele me falou isso algumas vezes ontem também. - ela riu sem nenhum humor - Esse é o tipo de coisa que ele faz. Brincar com o psicológico alheio. - balançou a cabeça e me olhou - Mas não se preocupe, eu não vou fazer isso. - segurou em minha mão - Eu prometo para você. - eu apenas assenti.
Me despedi de e ela saiu do carro indo andando para seu destino. Logo que ela sumiu da minha vista, eu dei partida no carro e fui para a empresa.
Assim que cheguei fui direto para a reunião, que já estava marcada, eu não havia nem ao menos conseguido almoçar, pois ver daquela forma, me tirou completamente o apetite.
Na sala de reuniões havia apenas o meu pai, assim que eu entrei, ele me olhou e pela sua feição, eu sabia que ele procurava pela .
- Onde está a sua irmã? Ela deveria estar aqui. - me olhou, e eu mal conseguia olhar em sua cara.
- Ela não vem e você já deveria saber disso. - falei me sentando em meu lugar, e logo quando ele pensou em responder, os executivos começaram a chegar para a reunião.
Eu estava com raiva, muita raiva. Eu queria que ele pagasse pelo que fez, mas havia pedido para eu me controlar e eu precisava fazer isso por ela.
Por mais difícil que fosse...
~ pov's off~
Depois de me encontrar com na segunda, voltei para casa de e passamos o resto do dia no quarto vendo uma série na Netflix. estava cuidando de mim como se cuidava de uma criança, ele cozinhava para mim, trazia na cama e se eu bobeasse ele colocava a comida na minha boca. Eu sabia que ele queria me deixar confortável, porque ele via como eu estava me sentindo, e eu achava aquilo a coisa mais preciosa do mundo.
Acordei na terça, e não estava mais no quarto. Fui direto para o banheiro, e tomei um banho demorado, aproveitando para lavar meus cabelos. Aproveitei para escovar meus dentes e saí do banheiro com uma toalha no corpo e outra nos cabelos.
Vesti uma lingerie e deixei a toalha sobre a poltrona. Fui até o espelho que tinha no quarto de e comecei a desembaraçar meu cabelo. Mas, meu olhar se distraiu com as marcas em meu corpo, que ainda estavam bem aparentes. Eu não sabia por quanto tempo elas ficariam ali, mas a raiva que eu estava de Mark, não passaria nunca. Pelo menos, não até que eu o fizesse pagar por tudo o que ele havia feito.
Respirei fundo e pelo reflexo do espelho, vi que me olhava escorado no batente da porta e me virei para olhá-lo de volta, deixando o pente sobre a mesinha.
- Bom dia! - ele falou enquanto se aproximava de mim.
- Bom dia! - o olhei, parando em frente ao seu guarda-roupas para pegar algo para vestir - Eu definitivamente preciso pegar minhas coisas, porque eu não posso ficar vestindo suas camisas e, não dá para ficar sem roupa pela casa. - soltei uma risada nasalada e ele se aproximou me abraçando por trás.
- Por mim você poderia ficar sem roupas o dia todo, eu não iria me importar. - sussurrou em meu ouvido, e eu senti meu corpo arrepiar. Desde que eu chegara a sua casa, ele não fazia aquele tipo de comentário, porque ele sempre respeitara meu momento.
- Eu aceitaria ficar sem roupas se eu ficar por cima de você. - respondia no mesmo tom e senti seu risinho, quando ele beijou meu pescoço - Eu sentia falta disso. - me virei para ele, que me olhou confuso - Obrigada por respeitar meu tempo e por ficar do meu lado nesse momento. - o olhei, e ele abriu um sorriso de lado.
- Você não precisa me agradecer. Respeitar você é o mínimo que eu devo fazer, e quanto a ficar do seu lado, eu nunca faria diferente - colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- , eu não sei como eu vou fazer agora para fingir que você não fode com a minha cabeça, já que agora você me vê, literalmente, o tempo todo. - fiz uma careta e ele gargalhou gostosamente.
- Você nunca conseguiu fingir para mim, você acha que sim, mas a verdade é que não dá certo. Eu vejo nos seus olhos o que você sente. - me encarou e eu arqueei a sobrancelha - Eu sei que você é louca por mim. - falou convencido e eu ri.
- Você não se acha nem um pouco né? - falei ainda rindo e ele balançou a cabeça negativamente - Mas eu prefiro não responder a isso. Tenho o direito de permanecer calada. - dei ombros e me afastei dele, vestindo sua camisa.
- Quem cala consente. - falou debochado e nós rimos - Vamos tomar café? - me olhou e eu assenti, logo nós fomos para a cozinha.
havia feito ovos mexidos e torradas, mas também tinha cereal na mesa. Nos sentamos de frente um para o outro, e tomamos café enquanto conversávamos aleatoriamente.
- todos os dias me pergunta se fez algo errado para você, porque você não responde as mensagens dela desde domingo. - ele me olhou, enquanto levava uma colher de cereal a boca.
- Eu não sei se eu consigo falar com ela ainda. - soltei uma risada fraca e balancei a cabeça - Nada do que aconteceu foi culpa dela, mas eu só de pensar em respondê-la, me faz ter calafrios lembrando do que aconteceu. - fechei os olhos.
- Eu tenho certeza de que o tempo que demorar para você falar com ela, ela vai compreender. - ele mantinha seus olhos em mim e eu assenti.
- Mais tarde eu ligo para ela, só para dizer que está tudo bem. - falei bebericando o resto do suco, e ele apenas balançou a cabeça.
Quando acabamos de comer, eu o ajudei a tirar a mesa, enquanto ele lavava a louça, eu as secava e guardava em seus devidos lugares.
Logo em seguida nós fomos para a sala, e eu me sentei no sofá, com ao meu lado. Assim que ele ligou a TV a campainha tocou, e eu o encarei.
- Deve ser a vizinha que veio pedir ajudar com algo. - ele deu ombros e se levantou para abrir, enquanto eu me mantive no sofá, olhando para a TV. - Vó? O que você está fazendo aqui? - o ouvi dizer da porta e logo meu olhar se encontrou com o de Abigail, que estava parada na frente de .
- ? - ela me encarou confusa, e eu apenas continuei da forma que estava no sofá. Ela entrou no apartamento e intercalou seu olhar entre mim e seu neto - Vocês dois estão namorando? - ela arqueou a sobrancelha, e voltou a me olhar. Eu estava apenas com a camisa de e ele estava sem camisa, então ela sorriu - Eu sabia! Isso aconteceu na viagem, não foi? - falou empolgada e andou até o sofá.
- É, foi difícil não acontecer algo. - falei, mas sem muita certeza se fazia o certo. Afinal, eu e já estávamos juntos há mais tempo do que aquilo.
- Saiba que vocês têm a minha bênção. - se sentou comigo no sofá e sorriu - E o seu pai já sabe? Certamente ele ficará bem feliz. - ela falou, e eu senti o arrepio percorrer meu corpo.
- Ele não pode saber que eu estou aqui. - falei baixo e a encarei, já que ela me olhava confusa - Ninguém pode saber, na verdade. - balancei a cabeça.
- Mas o que vocês dois tem tanto a esconder? - ela olhou para , que me olhou sem saber o que fazer - Eu não saio desse apartamento, até vocês me contarem a verdade. - voltou a me olhar.
- está morando comigo. - falou chamando novamente a atenção da vó - Ela precisou sair de casa, e eu ofereci que ela ficasse aqui. - ele explicou da forma mais sutil que conseguia e fechou a porta, andando até o sofá.
- , eu sei que seu relacionamento com seu pai é meio conturbado, mas fugir de casa é uma atitude muito precipitada. - me olhou, tentando falar da forma mais tranquila que podia, mas a repreensão estava clara em sua voz.
- Seria uma atitude precipitada se eu tivesse feito isso para provocá-lo, mas eu não poderia viver debaixo do mesmo teto de alguém que me agride verbalmente e fisicamente. - falei já me levantando do sofá e mostrando para ela as marcas em minhas pernas - Tudo isso aconteceu porque eu estava indo sair com uma amiga no domingo e ele quis me proibir. - falei sentindo um nó se formar em minha garganta, e apenas me olhava preocupado.
Abigail não falou nada por longos minutos, ela apenas encarava as marcas em minhas pernas desacreditada do que via, e eu não a julgava.
- Você quer denunciá-lo? Eu posso ir com você. - ela falou depois de algum tempo e se levantou parando em minha frente - Isso é algo muito grave, não pode ficar assim.
- Eu não posso fazer isso. - balancei negativamente a cabeça - É a minha palavra contra a dele, quem iria acreditar em mim? - soltei uma risada nasalada - E eu preciso de mais tempo, para dar a ele o que ele merece. Ele precisa pagar pelo que fez com a nossa família.
- Do que exatamente você está falando? - ela mantinha seu olhar em mim e também - Eu conheço seu pai há anos e ele nunca foi o tipo de pessoa capaz de fazer mal a alguém... - ela começou, mas parou o que falava ao olhar novamente para minhas pernas.
- Ele pode até ser uma pessoa boa aos olhos de todos que não convivem com ele. Ele é gentil, é um verdadeiro cavalheiro. - soltei uma risada sem humor - Mas só quem realmente precisa conviver com ele sabe a verdade. Ele não é uma boa pessoa, e nunca foi, mas apenas eu e o provamos desse veneno, e... - fiz uma pausa, fechei os olhos e respirei fundo - E a minha mãe. - falei tão baixo, que não sabia se eles haviam escutado. Abri os olhos e encarei Abigail em minha frente, ela parecia confusa. Senti meus olhos marejarem e borrar a minha visão. - Nunca foi suicídio, Mark, matou a minha mãe. - falei com a voz falha.
O silêncio tomou conta da sala. Tanto Abigail como , me olhavam com os olhos arregalados, mas ambos pareciam confusos e eu não os julgava, mas eu tinha certeza daquilo que eu falava.
- Quando eu voltei da Austrália, a Sara me entregou algumas coisas da minha mãe, que ela havia separado antes de esvaziar o quarto depois que ela morreu. Tinha muita coisa, mas o diário da minha mãe foi o que mais me chamou atenção. - comecei a me explicar, voltando a me sentar no sofá. Minhas pernas estavam bambas, eu poderia desmaiar a qualquer hora - No começo ela escrevia coisas bem felizes, como lembranças minhas e do , mas depois ela começou a escrever tudo o que meu pai fazia com ela. Todos os abusos psicológicos, as agressões e ameaças que ela sofrera dele. E muitas vezes, não foi uma só, ela escreveu uma frase que ele dizia bastante... - engoli a seco, e uma lágrima grossa escorreu pelo meu rosto. Senti a mão se tocar a minha, e o olhei, pronta para continuar - "Se você continuar com essas atitudes, eu mato você e faço todo mundo achar que foi suicídio". - eu sentia meu estômago revirar só de lembrar daquelas palavras que eu lera não uma, mas várias vezes naquele diário. - E a última página que tinha ali, ela falava que ele havia descoberto a verdade, naquela noite, e que ele estava furioso como ela nunca o vira antes. - passei as mãos pelo meu rosto - E a noite na qual ela citava, foi a noite anterior a morte dela...
Eu não tinha mais o que falar, já havia dito tudo o que ligava meu pai a morte da minha mãe e eu sabia que aquilo não podia comprovar nada, mas provavelmente havia mais provas, eu só precisava encontrá-las.
- Isso é completamente doentio. - Abigail falou perplexa se sentando no sofá oposto ao que eu estava com - Onde está o diário? Você precisa entregá-lo à polícia. Ele precisa pagar pelo que fez. - me olhou e eu concordei.
- Eu o guardei fora da mansão, num lugar onde ninguém além de mim tem acesso. Mas eu não posso entregar a polícia ainda, eu preciso encontrar uma prova mais coerente. - a olhei, e ela balançou a cabeça em concordância - Ele sabe que eu sei da verdade, por isso ele me agrediu, mas ele acha que é apenas uma suposição da minha parte. - soltei uma risada fraca - E é por isso eu não posso me vingar dele ainda. Eu quero que ele caia, mas eu vou fazer isso da maneira certa.
- Você pode contar comigo para o que precisar, eu estou do seu lado. - veio até mim e segurou a minha mão.
Eu nunca havia comentado aquilo com ninguém, mas eu sabia que uma hora aconteceria e eu havia contado para as pessoas certas, porque nenhum deles me julgaria, nenhum dos dois me chamariam de louca.
Pelo contrário, Abigail e estavam ao meu lado, eles acreditavam em mim e era aquilo a única coisa que importava no momento.
Assim que me troquei naquela manhã, arrumei meu cabelo o prendendo com um rabo de cavalo e me encarei no espelho. Era até estranho me olhar tão vestida como eu estava, mas as marcas ainda eram bem visíveis, e eu não queria deixá-las à mostra.
Saí do quarto de apenas com meu celular em mãos, e o encontrei jogado no sofá assistindo a um filme na TV, mas ele logo mudou sua atenção para mim.
- Você quer que eu te leve até lá? - falou me olhando.
- Não precisa, eu chamo um Uber e vou voltar com o meu carro, então pode ficar tranquilo. - falei, colocando o celular em meu bolso e ele assentiu.
- Diga ao que eu mandei lembranças. - ele falou debochado e eu ri levemente negando com a cabeça.
- Você é péssimo, . - passei por ele no sofá, e me virei para olhá-lo antes de sair - Não precisa sentir a minha falta, eu volto logo. - dei uma piscadela e ele abriu um sorrisinho.
- É impossível não sentir a sua falta. - devolveu a piscadela e eu sorri antes de deixar o apartamento.
Chamei o Uber enquanto descia de elevador, e quando cheguei ao térreo, se passaram mais ou menos dois minutos e o carro estava ali na porta. Cumprimentei o motorista ao entrar, e logo ele seguiu para o meu destino.
Gastei mais ou menos vinte e cinco minutos para chegar à lanchonete, e assim que entrei, já me esperava em uma mesa, mas ele não estava sozinho, Sara estava com ele e meu corpo estremeceu ao vê-la.
Até pensei em dar meia volta, pois não queria encará-la depois do que o meu pai fizera, mas me viu antes que eu pudesse fugir, e eu me vi obrigada a ir até eles.
- Você não estava pensando em fugir da gente, não é? - me olhou, bebericando sua água e eu dei um sorriso fraco ao me aproximar.
- Criança. - Sara falou e logo se levantou para me dar um abraço apertado, que foi facilmente retribuído por mim. Mas aquele abraço, me trouxe uma imensa vontade de chorar, eu apenas me segurei - Eu não consigo acreditar que seu pai teve coragem de fazer isso com você. - o tom na sua voz era embargado, e não era surpresa se ela estivesse chorando.
- Mas ele fez, e ele não é mais o meu pai. - falei com pesar na voz, desfazendo o abraço e ela me encarou com os olhos lacrimejando - Eu vou ficar bem, Sara. Não se preocupe, eu sempre fiquei. - abri um pequeno sorriso sem mostrar os dentes e ela assentiu.
- Você quer comer alguma coisa? - me olhou, mudando completamente o assunto e eu sorri.
- Sempre. - falei me sentando ao seu lado e ele riu já acenando para a garçonete.
Pedi um hambúrguer e um milk shake de morango, pediu o mesmo e Sara foi a única a ir em uma salada com suco de laranja. Logo que a garçonete anotou nossos pedidos ela foi atender outras mesas.
- Onde você está morando? - Sara me olhou, e fez o mesmo.
- Na casa de uma amiga. - a olhei, já sabendo que ela compreenderia o meu olhar, e ela assentiu.
- Por que você não fica em um hotel ou aluga algum lugar para ficar? - falou ainda me olhando e eu me virei para ele.
- Eu não quero ficar sozinha. - falei mais baixo do que o normal, e ele concordou me abraçando de lado.
logo tratou de mudar de assunto, ele sabia que eu falaria de qualquer coisa que não fosse aquilo. E eu agradecia tanto por ele me compreender daquela forma, eu não teria um irmão melhor do , porque não era possível existir.
- , por que você não assume logo que está saindo com alguém? - o olhei logo depois que ele guardou o telefone e ele me encarou - Já faz um tempo isso, acho que você já pode assumir quem tem alguém. - eu acabei rindo com a careta que ele fez.
- Okay... Eu estou saindo com alguém. - ele falou, e eu arregalei os olhos, juntamente com Sara, porque nenhuma de nós duas esperávamos que ele falasse - Mas por enquanto, vocês não saberão quem é. - deu ombros colocando uma batata na boca e eu revirei os olhos rindo.
- Pelo menos se ele disse "por enquanto", é porque as coisas estão ficando cada vez mais sérias. - Sara disse, e eu concordei enquanto a encarava incrédulo.
- Não precisa negar , a gente sabe que você tem um coração e não o usa apenas comigo. - falei com humor e eu e Sara gargalhamos.
- Vai se foder, . - ele revirou os olhos, mas riu em seguida.
- Olha a boca, garoto. - Sara falou, e ele deu ombros me fazendo rir com o tapa que ela lhe deu.
- E você, ? Está saindo com alguém? - ele falou me olhando, enquanto eu bebia o milk shake que parou na minha garganta e eu quase me sufoquei.
- Ai , não tenho nem cabeça para isso. - balancei a cabeça negativamente e ele apenas riu levemente - Mas isso não quer dizer que eu não tenha transado com ninguém desde que eu cheguei aqui. - fale como quem não queria nada e o choque dele foi tanto, que ele cuspiu o milk shake que bebia e Sara me olhou horrorizada por falar aquilo.
- Me diz que você está apenas zoando com a minha cara? - me olhou, ainda bastante chocado com o que eu falara.
- Não, eu não estou. - dei ombros - Você se lembra do que eu te falei aquela vez sobre minha virgindade, não é? - o olhei e ele concordou contra a sua vontade - Mas não se preocupe, eu tomo as devidas precauções. - comi a última batata em meu prato e ele negou com a cabeça.
- Não quero mais falar sobre isso. - fez uma careta e eu concordei rindo baixo. sabia daquilo, eu tinha certeza, mas ele não imaginava que eu falaria daquela forma.
Ficamos ali conversando até que acabássemos de comer, logo que acabamos pagou a conta e nós saímos para onde estava meu carro. Esperei até que o Uber de e Sara chegasse, me despedi deles, entrei no meu carro e dei a partida.
Quando cheguei no prédio de , coloquei meu carro na vaga ao lado do carro do , peguei as duas malas de rodinha e a de mão, deixando uma outra maior ali no carro, onde vários sapatos também estavam no porta-malas e fui para o elevador.
Assim que cheguei ao andar do apartamento, saí puxando as duas malas, onde a de mão estava apoiada e parei em frente a porta a destrancando com a chave reserva que tinha me entregado, dando de cara com ele, e na sala.
- Oi!? - falei confusa, olhando para que deu ombros se levantando para me ajudar com as malas - Ficaram algumas coisas no carro, mas depois eu busco. - ele assentiu e me deu um selinho.
- Agora eu acho que você não pode mais me ignorar. - falou colocando as mãos na cintura e eu dei um sorriso fraco - O que aconteceu? - me olhou preocupada.
- Os problemas com o Mark foram além de cárcere privado e agressão verbal. - soltei uma risada nasalada, enquanto ela e me encaravam - Eu não queria que você pensasse que eu te dei o bolo, e por isso estava te ignorando, a verdade é que eu não sabia como falar o que houve, eu ainda nem sei. - balancei a cabeça e suspirei.
andou na minha direção e me abraçou apertado. Fechei os olhos e aceitei seu abraço, o retribuindo em seguida. Ela havia sido a única amiga que eu fiz desde que voltara, mesmo com , e até mesmo , era a única capaz de me compreender em qualquer situação.
Uma semana e meia depois, as marcas já não estavam visíveis, então era hora de começar a resolver tudo. Assim que fiquei pronta, passei um batom bem vermelho nos lábios e saí do quarto segurando a minha bolsa e meu celular, encontrando na sala, mas assim que ouviu o barulho dos meus saltos, ele me encarou.
- Puta que pariu! - falou simplesmente, me olhando de cima a baixo e eu sorri - Eu não sei se é possível, mas você está mais linda do que nunca. - se levantou e veio até mim.
- Obrigada! O evento de hoje pede por um look de "matar". - soltei uma risada baixa, e ele riu balançando a cabeça.
- Mark realmente vai te matar quando ver esse vestido. (https://pin.it/6FyDz7H) - eu gargalhei.
- Ou ele vai morrer. - arqueei a sobrancelha e ele gargalhou dessa vez me dando um selinho - Volto mais tarde e deixo você arrancar esse vestido. - lhe dei outro selinho e ele deu um sorrisinho malicioso.
- Eu não vejo a hora. - deu um tapa forte em minha bunda, e eu acabei soltando um gritinho.
Saí do apartamento de , e desci de elevador até o estacionamento e entrei em meu carro e logo dei a partida. Eu estava bastante ansiosa para aquilo, queria muito saber qual seria a reação de Mark.
Gastei mais ou menos trinta minutos para chegar à empresa, e assim que cheguei, deixei meu carro estacionado do outro lado da rua e logo entrei na empresa.
Todos os olhares ali na recepção se voltaram para mim, e eu não me importava nem um pouco com aquilo, ainda mais que quanto mais atenção eu chamasse, mais Mark surtaria. Até porque, aquela era a minha atenção, ou caso contrário, eu não sairia com um vestido daqueles, uma maquiagem pesada, e um salto imenso, às oito da manhã.
Entrei no elevador juntamente com alguns executivos, que não evitaram a me olhar de cima para baixo. Minha vontade era socar a cara de cada um, mas eu gastaria minha energia de outra forma.
Cheguei no último andar, onde ficava minha antiga sala, e fui até lá juntando algumas coisas em uma caixa para levar embora quando eu saísse. Assim que acabei, fui direto para a sala de reunião, levando uma pasta comigo, onde eu sabia que estava acontecendo uma reunião com alguns investidores.
- Perdoem meu atraso, peguei um pouco de trânsito no caminho. - falei já entrando na sala e chamando todas as atenções para mim.
Mark, não podia estar mais indignado comigo, mas eu pretendia aumentar aquela indignação. me olhava, se segurando para não gargalhar, achando aquilo extremamente divertido. Os investidores da empresa, se dividiam entre olhar para minhas pernas e para o meu decote.
- O que você acha que está fazendo? - Mark falou sussurrando enquanto se aproximava de mim, afastado de onde estava a mesa.
- Eu vim para o trabalho, afinal, ninguém me disse para não vir. - dei ombros e segui em direção a mesa, me sentando de frente para .
- Voltemos à discussão. - Mark falou, voltando a se sentar a ponta da mesa, contra a sua vontade.
- Eu preciso de justificativas para investir em vocês, e não em outras empresas, que me ofereceram a mesma coisa. - um homem mais ou menos da idade de Mark falou e eu o olhei - Qual o diferencial dessa empresa? - encarou Mark.
- Essa é a única empresa onde você verá a filha do dono e responsável pelo financeiro, vestida como uma "stripper" em uma reunião. - falei com certo deboche na voz, e o homem fez um careta de reprovação - Sem contar que, eu duvido que as outras empresas levarão um lucro três vezes maior do que o valor repassado em contrato para vocês. - fiz uma careta, e todos eles ficaram indignados com aquilo.
- Mark, o que você tem a dizer sobre isso? - uma moça, de mais ou menos 30 anos, falou.
- claramente não está batendo bem da cabeça, já havia dito que ela não deveria vir trabalhar por um tempo, e o que vocês esperam de alguém que aparece aqui vestida desta forma? - ele me olhou, mas seu olhar carregava uma raiva intensa, e eu queria gargalhar.
- A roupa que eu visto não muda a minha competência. - empurrei a pasta que estava comigo para a mulher que havia falado anteriormente - Veja você mesmo. - a encarei - Um pouco mais de duas semanas atrás, eu encontrei um valor, que não batia com a contabilidade, e aí descobri que esse valor não era para ter sido repassado a empresa, mas para uma conta por fora, já que eu provavelmente não deveria saber disso.
- Mas isso é um absurdo! - ela falou, atirando a pasta sobre a mesa e um outro homem a analisou.
- O que você pensa que você está fazendo? - Mark me olhou, já ficando de pé e meu corpo estremeceu ao me lembrar do que havia acontecido da última vez.
- Você não achou que eu deixaria isso passar, não é? - o encarei - Posso ter o seu DNA, mas eu não tenho o seu mal caráter. - me levantei da mesa - Vocês decidam se vão ou não acreditar nisso, mas lembrem-se, a consequência é de vocês... - olhei para os investidores - E Mark? - voltei a encará-lo - Eu me demito. - abri o meu melhor e mais debochado sorriso, e dei as costas, ouvindo todo o burburinho atrás de mim.
Bati a porta da sala de reunião, fui até a minha sala, pegando a caixa que havia separado e saí dali, bastante satisfeita com aquele resultado. E aquele era apenas o começo do fim do reinado de Mark . Ele iria pagar por tudo, e o dinheiro roubado dos investidores, era apenas o início.
Demorei um tempo para conseguir me levantar do chão, e quando fiz isso, fui direto para minha cama, onde eu me sentei, me encostando na parede e encolhendo meu corpo.
Olhei para minhas pernas, elas estavam completamente marcadas, minha barriga e meus braços não estavam diferentes. Minha boca ardia e eu tinha a impressão de que estava inchada devido ao machucado. Naquele momento, eu não conseguia nem ao menos chorar, não conseguia mais colocar aquele sentimento para fora.
Levantei-me devagar, e peguei a minha bolsa no chão, encontrando várias ligações perdidas de e , e várias mensagens, tanto em nosso grupo, quanto no privado. Disquei o número de e coloquei o celular na orelha esperando-o atender.
- , meu Deus. - ele atendeu já parecendo aliviado - me ligou falando que tinha marcado com você no shopping, mas você não apareceu. Ela ficou te esperando por quase duas horas e você não tinha dado notícias. Aconteceu alguma coisa? - perguntou preocupado, e eu precisei respirar fundo antes de falar.
- Eu tive um problema aqui em casa, não consegui ir e não consegui avisar. - falei um pouco baixo, sentindo a minha voz trêmula - Diz pra que eu falo com ela depois e que eu estou pedindo desculpas por ter feito ela me esperar.
- Eu falo com ela, não se preocupa, mas... - fez uma pausa - Você está bem? A sua voz parece meio estranha. - ele falou ainda claramente preocupado.
- Tá tudo bem... - falei quase num fio de voz, já sentindo um nó em minha garganta - Você pode encontrar comigo na madrugada? - perguntei, fechando os olhos para evitar chorar.
- Claro que eu posso, . - falou, mas pela primeira vez não havia malícia em sua voz, ele estava realmente preocupado - Quer que eu vá direto para o seu quarto?
- Não... - balancei negativamente a cabeça, mesmo sabendo que ele não podia me ver - Você para o carro na rua de trás e eu encontro com você lá, pode ser? - sequei uma lágrima teimosa que escolheu pelo meu rosto.
- Pode sim. - falou, mas com um tom desconfiado - Você tem certeza que está tudo bem? - insistiu mais uma vez naquela pergunta e eu sabia que se continuasse falando com ele eu choraria, e tudo o que eu não precisava era batendo na minha casa para saber o que havia acontecido.
- Está sim... Eu converso com você mais tarde, vou arrumar algumas coisas aqui... Beijos. - desliguei o telefone antes que ele pudesse me questionar mais uma vez.
Deixei o celular de lado na cama, e me deitei na cama, da melhor forma que eu conseguia para evitar contato das áreas machucadas. Meu corpo parecia completamente destruído e tudo doía.
Abri a gaveta na mesinha ao lado da cama e paguei um remédio para dor, o tomei sem água mesmo, só precisava que aquela dor passasse.
Fiquei deitada ali por algum tempo, até que o peso do meu corpo falou mais alto e eu acabei pegando no sono.
Acordei já por volta das 10pm. Meu corpo parecia ter sido atropelado por um caminhão. Peguei meu celular e vi que me enviara uma mensagem dizendo que chegaria por volta de 2am, que era uma hora que todos na casa já estariam dormindo. O respondi com apenas um "okay", e fui em direção ao meu guarda-roupas.
Peguei uma mochila ali dentro e coloquei algumas lingeries, algumas peças de roupa, a caixinha de joias da minha mãe e fui até a minha cama, tirando do piso solto todo o dinheiro que eu tinha ganhado nas corridas e mais algum que eu guardava para emergência.
Coloquei tudo na mochila e voltei para o guarda-roupas, peguei um conjunto de moletom e o vesti, era a única coisa que poderia esconder aquelas marcas, e não me incomodaria pelo contato.
Me sentei na cama e esperei até que chegasse o horário de me encontrar com . As horas pareciam mais longas do que eu gostaria que fossem.
Quando era por volta da 1:30am, me enviou uma mensagem dizendo que havia chegado e que estava me esperando. Peguei a minha mochila, e guardei o celular lá dentro.
Coloquei a mochila nas costas e saí do quarto devagar, o trancando por fora. Guardei a chave no bolso lateral da mochila e saí pelo corredor sem olhar para trás.
Tentei sair de casa o mais rápido que eu conseguia, mas o estado do meu corpo não ajudava muito. Assim que cheguei perto do muro, com bastante dificuldade consegui subir na árvore e cheguei ao alto do muro, onde eu avistei do outro lado da rua, encostado em seu carro, enquanto fumava um cigarro.
Assim que ele me viu, apagou o cigarro e andou na minha direção à espera de que eu acabasse de pular, e por mais medo que eu tivesse de altura, eu pulei de uma vez na lixeira. O máximo que podia acontecer era eu me machucar, mas eu já estava bastante machucada para me importar.
se aproximou da lixeira e esticou os braços para me ajudar a descer, e assim que tocou suas mãos na minha cintura, eu acabei soltando um gemido baixo com aquilo.
- Eu te machuquei? - perguntou ao meu colocar no chão e eu balancei a cabeça negativamente.
- Vamos sair daqui, por favor. - falei e ele assentiu, me abraçou pelo ombro e fomos para o carro dele.
Entramos no carro e eu coloquei a mochila sobre o meu colo. Me encostei no banco e me virei para a janela, encarando a rua. Não sabia como contaria a o porquê estava fugindo de casa, mas eu precisava contar.
Durante todo o caminho foi um silêncio enlouquecedor, mas eu preferia assim, pelo menos até chegarmos a sua casa. Assim que estacionou o carro, ele acendeu a luz interna e se virou para me olhar.
- Você não precisa falar nada que você não se sinta à vontade, okay? - levou sua mão ao meu rosto e eu assenti, sem conseguir olhá-lo - Quando você precisar, eu ficarei do seu lado, independentemente de qualquer coisa. - ele falou, e pela cara que havia feito, ele havia visto o machucado em minha boca, e eu confirmei quando seu dedo passou sobre o meu lábio superior e ele fechou os olhos em seguida.
- A gente pode subir? - falei baixo depois de um tempo e ele abriu os olhos para me encarar enquanto assentiu.
Descemos do carro e ele trancou o mesmo com o alarme, quando parei ao seu lado, ele pegou a minha mochila e nós fomos para o elevador. Parei de uma forma que eu ficasse de costas para ele, pois eu realmente não conseguia olhá-lo sem querer chorar.
Saímos do elevador assim que chegamos em seu andar, fomos para o apartamento dele. Assim que ele abriu a porta, e eu passei por ela, foi impossível segurar o choro. Eu realmente saído da casa do meu pai e eu não pretendia voltar de forma alguma.
- ... - se aproximou de mim, quando percebeu que eu chorava. Ele parou em minha frente e quando segurou em meus braços, eu puxei meu corpo para trás, o que o levou a fazer uma feição confusa. - Eu quero muito te ajudar de alguma forma, mas eu não sei o que fazer. - ele falou baixo, ainda me olhando, mas sem me tocar dessa vez.
Eu não consegui falar nada e nem sabia se conseguiria, então puxei o meu moletom o tirando do corpo e logo em seguida tirei a calça, deixando em evidência todas as marcas das agressões que eu havia sofrido.
largou a minha mochila sobre o sofá, e seu olhar tomou uma expressão que eu não reconhecia dele. Ele estava furioso e parecia transtornado.
Ele deu um passo mais próximo de mim e abriu seus braços, o que me fez encaixar ali e encostar a cabeça em seu ombro, enquanto deixava todo o choro sair. Ele envolveu suas mãos com cuidado em meu corpo, acariciou as minhas costas devagar.
- Eu nunca mais vou deixá-lo ou qualquer outra pessoa encostar em você, ou sequer chegar perto. - ele falou com a voz trêmula e baixa, enquanto tudo o que eu sabia fazer era chorar - Acabou , acabou. - ele falou baixo e levou sua mão ao meu cabelo, que ele logo acariciou - Você não precisa mais voltar para aquele lugar, essa casa é sua agora e eu não vou deixar nada de ruim acontecer com você. - ele beijou o meu ombro, e eu senti algo me molhar em seguida. Ele estava chorando, porque ele estava sentindo a minha dor.
E pela primeira vez no dia eu conseguia me sentir segura. Eu conseguia sentir que o meu pai nunca mais poderia me machucar. E eu sabia que a melhor escolha que eu havia feito naquele momento, era , e que ele poderia me ajudar.
~ pov's on~
estava extremamente vulnerável ali em meus braços, e eu sabia o quanto ela estava machucada. As marcas das agressões eram apenas marcas externas, mas ela estava carregando cicatrizes internas e eu sabia daquilo.
Era difícil controlar meus sentimentos quando eu estava com ela, nem mesmo naquele momento eu podia me esconder. Eu sentia raiva, mas principalmente, eu sentia a dor dela. Era como se uma parte de mim tivesse vivido aquilo, mas eu só me sentia assim, porque era ela ali.
Passei a mão pelo rosto, secando uma lágrima teimosa que insistia em cair, e continuei abraçado com ela até que ela conseguisse se acalmar. Demorou um tempo, e eu sabia que era porque ela carregava muita coisa, e para ela ter chegado àquele ponto, era porque realmente havia a machucado.
Quando ela parou de chorar, e se acalmou, ela mesma se afastou para me olhar, e eu olhei para aquelas marcas em seu corpo, sentindo o meu próprio tremer de ódio.
- Eu vou acabar com ele. - falei, pensando alto, e ela me olhou, balançando a cabeça em seguida - Ele não pode fazer o que ele quer com você assim. Ele te agrediu, e isso é extremamente grave. - a olhei, e ela ainda balançava a cabeça negativamente - Eu vou acabar com ele. - repeti a minha primeira frase, e ela segurou em meu rosto, me fazendo encará-la.
- Por favor, não faça nada. - ela falou com a voz ainda trêmula - Ele vai pagar, eu garanto para você. Mas eu preciso que ele pague não só por isso... - ela olhou para o seu próprio corpo - Eu preciso que ele pague por tudo o que ele fez comigo, com e com a minha mãe. - ela falou e seus olhos brilhavam, eu sabia que era porque logo ela voltaria a chorar, então eu apenas assenti.
- Eu faço o que você quiser, . - segurei em seu rosto e acariciei sua bochecha com o polegar - Eu sei que você não precisa de cuidados, mas eu vou cuidar de você, okay? - falei olhando em seus olhos.
- Eu preciso de você, . - ela falou quase num sussurro - Você é tudo o que eu tenho nesse momento. - uma lágrima grossa escorreu em seu rosto e ela logo a secou, balançando a cabeça - Eu posso tomar um banho? Não consegui fazer antes por causa da dor, mas agora eu me sinto suja, eu preciso tirar isso de mim. - ela falou com a voz chorosa e eu assenti pegando sua mochila.
Fomos para o quarto e ela seguiu para o banheiro. Eu me sentei na cama e esperei até que ela acabasse. Minha vontade era sair naquele momento e quebrar a cara do pai dela, fazê-lo sofrer como ele havia feito com ela e machucá-lo como ele havia a machucado, mas pediu para que eu não fizesse nada e eu não faria. Até porque, ela precisava do meu apoio naquele momento, e ela teria.
Ela saiu do banheiro, com um coque no cabelo, o nariz vermelho e uma toalha enrolada em seu corpo. Foi até sua mochila e pegou uma calcinha, a vestindo sem tirar a toalha e em seguida me olhou fazendo uma cara fofa.
- Eu pego para você. - ri baixo e fui em direção ao meu guarda-roupas onde peguei uma camisa e a entreguei, então ela logo vestiu.
- Eu juro que vou pedir ao para pegar minhas coisas, hoje eu só precisava sair de lá. - ela falou, e se sentou na cama para me olhar.
- Pode usar minhas coisas sempre, não precisa se justificar. - me aproximei beijando sua bochecha, e ela me encarou.
- Obrigada! - ela falou baixinho e nem precisava dizer mais nada para eu saber do que ela falava.
- Não precisa me agradecer. - balancei a cabeça e a abracei de lado - Eu faço qualquer por você. - beijei sua testa e acariciei seu braço devagar.
~ pov's off~
~ pov's~
Acordei naquela segunda revigorado do fim de semana. Eu não havia chegado tarde no sábado, mas o tanto que eu havia bebido, e o quanto minha noite havia sido intensa, havia acabado comigo no dia seguinte.
Passei o domingo inteiro trancado no quarto, só sai de lá para jantar, e acabei jantando apenas com o meu pai, porque não apareceu. Eu imaginava que ela estivesse de TPM, ou que fosse apenas mais um dia que ela não quisesse sair do quarto, então achei melhor não a incomodar.
O jantar foi super silencioso, meu pai não dirigiu uma palavra a mim, como era comum acontecer. Eu já estava tão acostumado com aquele tratamento, que nem me importava mais.
Depois do jantar, passei no quarto de , bati na porta, mas ela não abriu, e pelo silêncio que estava, eu imaginei que ela estivesse dormindo, então acabei não insistindo mais.
Fui para meu quarto e fiquei vendo um pouco de Netflix, enquanto conversava com algumas pessoas por mensagem. Estavam falando da próxima corrida, que deveria acontecer dali duas semanas. Eu estava empolgado, e cada dia com mais vontade de vencer , principalmente depois dos últimos acontecimentos.
Na segunda de manhã, acordei com o meu despertador tocando. Depois de um banho meio demorado, me arrumei e desci para tomar café, mas, mais uma vez, só meu pai se encontrava ali. não estava.
Tomamos café em silêncio e assim que eu acabei, eu me levantei para chamar , porque teríamos que ir para a empresa e ela precisava comer antes. Subi até seu quarto e bati na porta, mas não tive resposta.
Bati mais uma vez e nada. Na terceira vez, insisti um pouco mais, mas ela novamente não apareceu.
Desci novamente para a cozinha, e Sara estava começando a tirar a minha louça, enquanto meu pai acabava de comer.
- Bati no quarto da várias vezes, mas ela não atendeu. - falei olhando para Sara, que parou o que fazia para me olhar.
- Talvez ela tenha cortado os pulsos, como a sua mãe. - meu pai falou, chamando nossa atenção e soltou uma risada nasalada em seguida.
- Eu vou pegar a chave reserva e a gente vai até lá. - Sara falou antes que eu pudesse respondê-lo e saiu dali.
- Espero vocês na empresa depois do almoço, temos uma reunião importante. - ele falou se levantando da mesa e saiu antes que eu pudesse abrir a boca.
Sara logo voltou com a chave e me entregou parando do meu lado em seguida. Ela me olhou por alguns segundos, e tudo o que eu conseguia fazer era encarar a chave e pensar no que o meu pai havia falado.
- , ela não fez isso, eu tenho certeza que não. - Sara falou como se lesse meus pensamentos e eu concordei, saindo da cozinha com ela logo atrás.
Fomos até o quarto de e logo abrimos. Assim que entramos, o quarto estava vazio e silencioso. A cama estava bagunçada, e o resto do quarto estava todo no lugar. Fui até o banheiro e nenhum sinal dela ali também.
Peguei meu celular e disquei seu número à espera de que ela atendesse, o que aconteceu só depois da sexta tentativa.
- , aconteceu alguma coisa? - ela falou com a voz baixa e sonolenta, provavelmente havia acabado de acordar.
- Eu que te pergunto. - soltei um suspiro aliviado, por saber que ela estava bem - Onde você está? - me sentei em sua cama e o silêncio tomou conta da linha - ? Tá aí? - perguntei confuso.
- Eu estou aqui. - ela falou baixo - Você pode me encontrar? Não quero falar sobre isso por telefone. - ela respirou fundo e soltou todo ar em seguida.
- Posso, mas onde a gente se encontra? - perguntei olhando para Sara, que se mantinha parada no meio do quarto.
- Eu te envio uma mensagem com o endereço. - ela respondeu logo em seguida - Nos encontramos em meia hora, só o tempo de eu me arrumar.
- Okay. - respondi e ela logo desligou o telefone - Ela não está bem. Aconteceu alguma coisa com ela. - olhei para Sara.
- Vai se encontrar com ela e vê o que aconteceu. - ela veio até mim e segurou em meu ombro - Vai ficar tudo bem. - acariciou meus cabelos.
Concordei com a cabeça e logo a mensagem de chegou com o endereço de onde íamos nos encontrar. Esperei alguns minutos ali, tranquei seu quarto e logo saí para encontrá-la.
Gastei uns 20 minutos para chegar no local que ela havia falado, mas, menos de cinco minutos depois que estacionei o carro, a porta do passageiro foi aberta e ela se sentou ao meu lado.
Antes que eu falasse qualquer coisa, ela se virou para me olhar, e logo em seguida abriu um sorriso triste e seus olhos ficaram cheios d'água.
- Por que você fugiu de casa? - me virei para ela, já perguntando direto - O que ele fez com você? - eu não tinha dúvidas de que havia sido meu pai o motivo dela ter saído de casa, principalmente depois do comentário dele mais cedo.
- Ele... - ela começou a falar, mas parou em seguida, virando seu olhar para frente. Segurei em sua mão, deixando claro que eu estava do lado dela, e ela se mexeu na cadeira, levantando seu moletom e mostrando as marcas em sua barriga.
- Nosso pai fez isso com você? - falei bastante furioso olhando para os hematomas em sua barriga - Eu vou acabar com ele. - soquei o volante com força, e logo em seguida passei as mãos pelos cabelos. Eu não conseguia acreditar que ele havia feito isso.
- Não faz nada ainda, por favor. - ela falou segurando minhas mãos, praticamente implorando.
- Mas ele te machucou, . Eu não posso aceitar isso. - eu estava completamente indignado com aquilo. Ela não podia estar falando sério.
- Eu preciso que você não faça nada. - ela secou seu rosto com as costas das mãos - Pelo menos por enquanto, eu preciso que você aja normalmente com ele. - voltou a me olhar e eu assenti.
- Onde você está ficando? - perguntei a olhando, enquanto ela arrumava seu moletom.
- Eu estou na casa de uma amiga. - ela respondeu voltando a me olhar - Inclusive, você pode buscar algumas coisas para mim? Eu só consegui pegar uma mochila com poucas coisas, e preciso de roupas, e do meu carro. - ela fez uma careta e balançou a cabeça em seguida.
- Eu posso pegar tudo para você, só fala com a Sara o que você precisa, que ela separa e eu trago para você. - a olhei e ela concordou - Você pode me passar o endereço da sua amiga, eu deixo tudo lá para você.
- É melhor a gente se encontrar naquela lanchonete que a gente gosta, eu prefiro que seja assim por enquanto. Não quero correr o risco de o Mark descobrir onde eu estou. - ela balançou a cabeça e se ajeitou no banco, se mostrando um pouco desconfortável.
- Tudo bem. - concordei, apesar de não gostar muito de não saber onde ela estava ficando - Eu preciso ir para a empresa. - olhei para o relógio no painel do carro - Você vai ficar bem? - a olhei em seguida.
- Quando eu não fiquei? - ela falou abrindo um pequeno sorriso e eu concordei a puxando para um abraço.
- Me desculpa não ter feito nada para impedir isso. Eu podia ter te ajudado, mas eu estava no meu quarto dormindo. - falei fechando os olhos enquanto a apertava em meus braços. Eu realmente me sentia culpado por não ter feito nada e não ter impedido que o meu pai a machucasse.
- A culpa não foi sua, . Não tinha muito o que você pudesse fazer. - ela falou com a voz abafada por estar com seu rosto em meu peito - Isso ia acontecer uma hora ou outra. Ele ia se mostrar em algum momento. - ela suspirou se afastando para me olhar - Se cuida, está bom? Sei que você não é do tipo que enfrenta nosso pai, mas ele é completamente perturbado. - soltou uma risada nasalada e balançou a cabeça.
- Não se preocupa comigo, eu vou ficar bem. - falei beijando sua testa e ficamos em silêncio por alguns minutos - Ele falou que você tinha cortado os pulsos... - fiz uma pausa, engolindo a seco - Igual a nossa mãe. - falei sem conseguir olhá-la, encarando o espaço em minha frente.
- Ele me falou isso algumas vezes ontem também. - ela riu sem nenhum humor - Esse é o tipo de coisa que ele faz. Brincar com o psicológico alheio. - balançou a cabeça e me olhou - Mas não se preocupe, eu não vou fazer isso. - segurou em minha mão - Eu prometo para você. - eu apenas assenti.
Me despedi de e ela saiu do carro indo andando para seu destino. Logo que ela sumiu da minha vista, eu dei partida no carro e fui para a empresa.
Assim que cheguei fui direto para a reunião, que já estava marcada, eu não havia nem ao menos conseguido almoçar, pois ver daquela forma, me tirou completamente o apetite.
Na sala de reuniões havia apenas o meu pai, assim que eu entrei, ele me olhou e pela sua feição, eu sabia que ele procurava pela .
- Onde está a sua irmã? Ela deveria estar aqui. - me olhou, e eu mal conseguia olhar em sua cara.
- Ela não vem e você já deveria saber disso. - falei me sentando em meu lugar, e logo quando ele pensou em responder, os executivos começaram a chegar para a reunião.
Eu estava com raiva, muita raiva. Eu queria que ele pagasse pelo que fez, mas havia pedido para eu me controlar e eu precisava fazer isso por ela.
Por mais difícil que fosse...
~ pov's off~
Depois de me encontrar com na segunda, voltei para casa de e passamos o resto do dia no quarto vendo uma série na Netflix. estava cuidando de mim como se cuidava de uma criança, ele cozinhava para mim, trazia na cama e se eu bobeasse ele colocava a comida na minha boca. Eu sabia que ele queria me deixar confortável, porque ele via como eu estava me sentindo, e eu achava aquilo a coisa mais preciosa do mundo.
Acordei na terça, e não estava mais no quarto. Fui direto para o banheiro, e tomei um banho demorado, aproveitando para lavar meus cabelos. Aproveitei para escovar meus dentes e saí do banheiro com uma toalha no corpo e outra nos cabelos.
Vesti uma lingerie e deixei a toalha sobre a poltrona. Fui até o espelho que tinha no quarto de e comecei a desembaraçar meu cabelo. Mas, meu olhar se distraiu com as marcas em meu corpo, que ainda estavam bem aparentes. Eu não sabia por quanto tempo elas ficariam ali, mas a raiva que eu estava de Mark, não passaria nunca. Pelo menos, não até que eu o fizesse pagar por tudo o que ele havia feito.
Respirei fundo e pelo reflexo do espelho, vi que me olhava escorado no batente da porta e me virei para olhá-lo de volta, deixando o pente sobre a mesinha.
- Bom dia! - ele falou enquanto se aproximava de mim.
- Bom dia! - o olhei, parando em frente ao seu guarda-roupas para pegar algo para vestir - Eu definitivamente preciso pegar minhas coisas, porque eu não posso ficar vestindo suas camisas e, não dá para ficar sem roupa pela casa. - soltei uma risada nasalada e ele se aproximou me abraçando por trás.
- Por mim você poderia ficar sem roupas o dia todo, eu não iria me importar. - sussurrou em meu ouvido, e eu senti meu corpo arrepiar. Desde que eu chegara a sua casa, ele não fazia aquele tipo de comentário, porque ele sempre respeitara meu momento.
- Eu aceitaria ficar sem roupas se eu ficar por cima de você. - respondia no mesmo tom e senti seu risinho, quando ele beijou meu pescoço - Eu sentia falta disso. - me virei para ele, que me olhou confuso - Obrigada por respeitar meu tempo e por ficar do meu lado nesse momento. - o olhei, e ele abriu um sorriso de lado.
- Você não precisa me agradecer. Respeitar você é o mínimo que eu devo fazer, e quanto a ficar do seu lado, eu nunca faria diferente - colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- , eu não sei como eu vou fazer agora para fingir que você não fode com a minha cabeça, já que agora você me vê, literalmente, o tempo todo. - fiz uma careta e ele gargalhou gostosamente.
- Você nunca conseguiu fingir para mim, você acha que sim, mas a verdade é que não dá certo. Eu vejo nos seus olhos o que você sente. - me encarou e eu arqueei a sobrancelha - Eu sei que você é louca por mim. - falou convencido e eu ri.
- Você não se acha nem um pouco né? - falei ainda rindo e ele balançou a cabeça negativamente - Mas eu prefiro não responder a isso. Tenho o direito de permanecer calada. - dei ombros e me afastei dele, vestindo sua camisa.
- Quem cala consente. - falou debochado e nós rimos - Vamos tomar café? - me olhou e eu assenti, logo nós fomos para a cozinha.
havia feito ovos mexidos e torradas, mas também tinha cereal na mesa. Nos sentamos de frente um para o outro, e tomamos café enquanto conversávamos aleatoriamente.
- todos os dias me pergunta se fez algo errado para você, porque você não responde as mensagens dela desde domingo. - ele me olhou, enquanto levava uma colher de cereal a boca.
- Eu não sei se eu consigo falar com ela ainda. - soltei uma risada fraca e balancei a cabeça - Nada do que aconteceu foi culpa dela, mas eu só de pensar em respondê-la, me faz ter calafrios lembrando do que aconteceu. - fechei os olhos.
- Eu tenho certeza de que o tempo que demorar para você falar com ela, ela vai compreender. - ele mantinha seus olhos em mim e eu assenti.
- Mais tarde eu ligo para ela, só para dizer que está tudo bem. - falei bebericando o resto do suco, e ele apenas balançou a cabeça.
Quando acabamos de comer, eu o ajudei a tirar a mesa, enquanto ele lavava a louça, eu as secava e guardava em seus devidos lugares.
Logo em seguida nós fomos para a sala, e eu me sentei no sofá, com ao meu lado. Assim que ele ligou a TV a campainha tocou, e eu o encarei.
- Deve ser a vizinha que veio pedir ajudar com algo. - ele deu ombros e se levantou para abrir, enquanto eu me mantive no sofá, olhando para a TV. - Vó? O que você está fazendo aqui? - o ouvi dizer da porta e logo meu olhar se encontrou com o de Abigail, que estava parada na frente de .
- ? - ela me encarou confusa, e eu apenas continuei da forma que estava no sofá. Ela entrou no apartamento e intercalou seu olhar entre mim e seu neto - Vocês dois estão namorando? - ela arqueou a sobrancelha, e voltou a me olhar. Eu estava apenas com a camisa de e ele estava sem camisa, então ela sorriu - Eu sabia! Isso aconteceu na viagem, não foi? - falou empolgada e andou até o sofá.
- É, foi difícil não acontecer algo. - falei, mas sem muita certeza se fazia o certo. Afinal, eu e já estávamos juntos há mais tempo do que aquilo.
- Saiba que vocês têm a minha bênção. - se sentou comigo no sofá e sorriu - E o seu pai já sabe? Certamente ele ficará bem feliz. - ela falou, e eu senti o arrepio percorrer meu corpo.
- Ele não pode saber que eu estou aqui. - falei baixo e a encarei, já que ela me olhava confusa - Ninguém pode saber, na verdade. - balancei a cabeça.
- Mas o que vocês dois tem tanto a esconder? - ela olhou para , que me olhou sem saber o que fazer - Eu não saio desse apartamento, até vocês me contarem a verdade. - voltou a me olhar.
- está morando comigo. - falou chamando novamente a atenção da vó - Ela precisou sair de casa, e eu ofereci que ela ficasse aqui. - ele explicou da forma mais sutil que conseguia e fechou a porta, andando até o sofá.
- , eu sei que seu relacionamento com seu pai é meio conturbado, mas fugir de casa é uma atitude muito precipitada. - me olhou, tentando falar da forma mais tranquila que podia, mas a repreensão estava clara em sua voz.
- Seria uma atitude precipitada se eu tivesse feito isso para provocá-lo, mas eu não poderia viver debaixo do mesmo teto de alguém que me agride verbalmente e fisicamente. - falei já me levantando do sofá e mostrando para ela as marcas em minhas pernas - Tudo isso aconteceu porque eu estava indo sair com uma amiga no domingo e ele quis me proibir. - falei sentindo um nó se formar em minha garganta, e apenas me olhava preocupado.
Abigail não falou nada por longos minutos, ela apenas encarava as marcas em minhas pernas desacreditada do que via, e eu não a julgava.
- Você quer denunciá-lo? Eu posso ir com você. - ela falou depois de algum tempo e se levantou parando em minha frente - Isso é algo muito grave, não pode ficar assim.
- Eu não posso fazer isso. - balancei negativamente a cabeça - É a minha palavra contra a dele, quem iria acreditar em mim? - soltei uma risada nasalada - E eu preciso de mais tempo, para dar a ele o que ele merece. Ele precisa pagar pelo que fez com a nossa família.
- Do que exatamente você está falando? - ela mantinha seu olhar em mim e também - Eu conheço seu pai há anos e ele nunca foi o tipo de pessoa capaz de fazer mal a alguém... - ela começou, mas parou o que falava ao olhar novamente para minhas pernas.
- Ele pode até ser uma pessoa boa aos olhos de todos que não convivem com ele. Ele é gentil, é um verdadeiro cavalheiro. - soltei uma risada sem humor - Mas só quem realmente precisa conviver com ele sabe a verdade. Ele não é uma boa pessoa, e nunca foi, mas apenas eu e o provamos desse veneno, e... - fiz uma pausa, fechei os olhos e respirei fundo - E a minha mãe. - falei tão baixo, que não sabia se eles haviam escutado. Abri os olhos e encarei Abigail em minha frente, ela parecia confusa. Senti meus olhos marejarem e borrar a minha visão. - Nunca foi suicídio, Mark, matou a minha mãe. - falei com a voz falha.
O silêncio tomou conta da sala. Tanto Abigail como , me olhavam com os olhos arregalados, mas ambos pareciam confusos e eu não os julgava, mas eu tinha certeza daquilo que eu falava.
- Quando eu voltei da Austrália, a Sara me entregou algumas coisas da minha mãe, que ela havia separado antes de esvaziar o quarto depois que ela morreu. Tinha muita coisa, mas o diário da minha mãe foi o que mais me chamou atenção. - comecei a me explicar, voltando a me sentar no sofá. Minhas pernas estavam bambas, eu poderia desmaiar a qualquer hora - No começo ela escrevia coisas bem felizes, como lembranças minhas e do , mas depois ela começou a escrever tudo o que meu pai fazia com ela. Todos os abusos psicológicos, as agressões e ameaças que ela sofrera dele. E muitas vezes, não foi uma só, ela escreveu uma frase que ele dizia bastante... - engoli a seco, e uma lágrima grossa escorreu pelo meu rosto. Senti a mão se tocar a minha, e o olhei, pronta para continuar - "Se você continuar com essas atitudes, eu mato você e faço todo mundo achar que foi suicídio". - eu sentia meu estômago revirar só de lembrar daquelas palavras que eu lera não uma, mas várias vezes naquele diário. - E a última página que tinha ali, ela falava que ele havia descoberto a verdade, naquela noite, e que ele estava furioso como ela nunca o vira antes. - passei as mãos pelo meu rosto - E a noite na qual ela citava, foi a noite anterior a morte dela...
Eu não tinha mais o que falar, já havia dito tudo o que ligava meu pai a morte da minha mãe e eu sabia que aquilo não podia comprovar nada, mas provavelmente havia mais provas, eu só precisava encontrá-las.
- Isso é completamente doentio. - Abigail falou perplexa se sentando no sofá oposto ao que eu estava com - Onde está o diário? Você precisa entregá-lo à polícia. Ele precisa pagar pelo que fez. - me olhou e eu concordei.
- Eu o guardei fora da mansão, num lugar onde ninguém além de mim tem acesso. Mas eu não posso entregar a polícia ainda, eu preciso encontrar uma prova mais coerente. - a olhei, e ela balançou a cabeça em concordância - Ele sabe que eu sei da verdade, por isso ele me agrediu, mas ele acha que é apenas uma suposição da minha parte. - soltei uma risada fraca - E é por isso eu não posso me vingar dele ainda. Eu quero que ele caia, mas eu vou fazer isso da maneira certa.
- Você pode contar comigo para o que precisar, eu estou do seu lado. - veio até mim e segurou a minha mão.
Eu nunca havia comentado aquilo com ninguém, mas eu sabia que uma hora aconteceria e eu havia contado para as pessoas certas, porque nenhum deles me julgaria, nenhum dos dois me chamariam de louca.
Pelo contrário, Abigail e estavam ao meu lado, eles acreditavam em mim e era aquilo a única coisa que importava no momento.
Assim que me troquei naquela manhã, arrumei meu cabelo o prendendo com um rabo de cavalo e me encarei no espelho. Era até estranho me olhar tão vestida como eu estava, mas as marcas ainda eram bem visíveis, e eu não queria deixá-las à mostra.
Saí do quarto de apenas com meu celular em mãos, e o encontrei jogado no sofá assistindo a um filme na TV, mas ele logo mudou sua atenção para mim.
- Você quer que eu te leve até lá? - falou me olhando.
- Não precisa, eu chamo um Uber e vou voltar com o meu carro, então pode ficar tranquilo. - falei, colocando o celular em meu bolso e ele assentiu.
- Diga ao que eu mandei lembranças. - ele falou debochado e eu ri levemente negando com a cabeça.
- Você é péssimo, . - passei por ele no sofá, e me virei para olhá-lo antes de sair - Não precisa sentir a minha falta, eu volto logo. - dei uma piscadela e ele abriu um sorrisinho.
- É impossível não sentir a sua falta. - devolveu a piscadela e eu sorri antes de deixar o apartamento.
Chamei o Uber enquanto descia de elevador, e quando cheguei ao térreo, se passaram mais ou menos dois minutos e o carro estava ali na porta. Cumprimentei o motorista ao entrar, e logo ele seguiu para o meu destino.
Gastei mais ou menos vinte e cinco minutos para chegar à lanchonete, e assim que entrei, já me esperava em uma mesa, mas ele não estava sozinho, Sara estava com ele e meu corpo estremeceu ao vê-la.
Até pensei em dar meia volta, pois não queria encará-la depois do que o meu pai fizera, mas me viu antes que eu pudesse fugir, e eu me vi obrigada a ir até eles.
- Você não estava pensando em fugir da gente, não é? - me olhou, bebericando sua água e eu dei um sorriso fraco ao me aproximar.
- Criança. - Sara falou e logo se levantou para me dar um abraço apertado, que foi facilmente retribuído por mim. Mas aquele abraço, me trouxe uma imensa vontade de chorar, eu apenas me segurei - Eu não consigo acreditar que seu pai teve coragem de fazer isso com você. - o tom na sua voz era embargado, e não era surpresa se ela estivesse chorando.
- Mas ele fez, e ele não é mais o meu pai. - falei com pesar na voz, desfazendo o abraço e ela me encarou com os olhos lacrimejando - Eu vou ficar bem, Sara. Não se preocupe, eu sempre fiquei. - abri um pequeno sorriso sem mostrar os dentes e ela assentiu.
- Você quer comer alguma coisa? - me olhou, mudando completamente o assunto e eu sorri.
- Sempre. - falei me sentando ao seu lado e ele riu já acenando para a garçonete.
Pedi um hambúrguer e um milk shake de morango, pediu o mesmo e Sara foi a única a ir em uma salada com suco de laranja. Logo que a garçonete anotou nossos pedidos ela foi atender outras mesas.
- Onde você está morando? - Sara me olhou, e fez o mesmo.
- Na casa de uma amiga. - a olhei, já sabendo que ela compreenderia o meu olhar, e ela assentiu.
- Por que você não fica em um hotel ou aluga algum lugar para ficar? - falou ainda me olhando e eu me virei para ele.
- Eu não quero ficar sozinha. - falei mais baixo do que o normal, e ele concordou me abraçando de lado.
logo tratou de mudar de assunto, ele sabia que eu falaria de qualquer coisa que não fosse aquilo. E eu agradecia tanto por ele me compreender daquela forma, eu não teria um irmão melhor do , porque não era possível existir.
- , por que você não assume logo que está saindo com alguém? - o olhei logo depois que ele guardou o telefone e ele me encarou - Já faz um tempo isso, acho que você já pode assumir quem tem alguém. - eu acabei rindo com a careta que ele fez.
- Okay... Eu estou saindo com alguém. - ele falou, e eu arregalei os olhos, juntamente com Sara, porque nenhuma de nós duas esperávamos que ele falasse - Mas por enquanto, vocês não saberão quem é. - deu ombros colocando uma batata na boca e eu revirei os olhos rindo.
- Pelo menos se ele disse "por enquanto", é porque as coisas estão ficando cada vez mais sérias. - Sara disse, e eu concordei enquanto a encarava incrédulo.
- Não precisa negar , a gente sabe que você tem um coração e não o usa apenas comigo. - falei com humor e eu e Sara gargalhamos.
- Vai se foder, . - ele revirou os olhos, mas riu em seguida.
- Olha a boca, garoto. - Sara falou, e ele deu ombros me fazendo rir com o tapa que ela lhe deu.
- E você, ? Está saindo com alguém? - ele falou me olhando, enquanto eu bebia o milk shake que parou na minha garganta e eu quase me sufoquei.
- Ai , não tenho nem cabeça para isso. - balancei a cabeça negativamente e ele apenas riu levemente - Mas isso não quer dizer que eu não tenha transado com ninguém desde que eu cheguei aqui. - fale como quem não queria nada e o choque dele foi tanto, que ele cuspiu o milk shake que bebia e Sara me olhou horrorizada por falar aquilo.
- Me diz que você está apenas zoando com a minha cara? - me olhou, ainda bastante chocado com o que eu falara.
- Não, eu não estou. - dei ombros - Você se lembra do que eu te falei aquela vez sobre minha virgindade, não é? - o olhei e ele concordou contra a sua vontade - Mas não se preocupe, eu tomo as devidas precauções. - comi a última batata em meu prato e ele negou com a cabeça.
- Não quero mais falar sobre isso. - fez uma careta e eu concordei rindo baixo. sabia daquilo, eu tinha certeza, mas ele não imaginava que eu falaria daquela forma.
Ficamos ali conversando até que acabássemos de comer, logo que acabamos pagou a conta e nós saímos para onde estava meu carro. Esperei até que o Uber de e Sara chegasse, me despedi deles, entrei no meu carro e dei a partida.
Quando cheguei no prédio de , coloquei meu carro na vaga ao lado do carro do , peguei as duas malas de rodinha e a de mão, deixando uma outra maior ali no carro, onde vários sapatos também estavam no porta-malas e fui para o elevador.
Assim que cheguei ao andar do apartamento, saí puxando as duas malas, onde a de mão estava apoiada e parei em frente a porta a destrancando com a chave reserva que tinha me entregado, dando de cara com ele, e na sala.
- Oi!? - falei confusa, olhando para que deu ombros se levantando para me ajudar com as malas - Ficaram algumas coisas no carro, mas depois eu busco. - ele assentiu e me deu um selinho.
- Agora eu acho que você não pode mais me ignorar. - falou colocando as mãos na cintura e eu dei um sorriso fraco - O que aconteceu? - me olhou preocupada.
- Os problemas com o Mark foram além de cárcere privado e agressão verbal. - soltei uma risada nasalada, enquanto ela e me encaravam - Eu não queria que você pensasse que eu te dei o bolo, e por isso estava te ignorando, a verdade é que eu não sabia como falar o que houve, eu ainda nem sei. - balancei a cabeça e suspirei.
andou na minha direção e me abraçou apertado. Fechei os olhos e aceitei seu abraço, o retribuindo em seguida. Ela havia sido a única amiga que eu fiz desde que voltara, mesmo com , e até mesmo , era a única capaz de me compreender em qualquer situação.
Uma semana e meia depois, as marcas já não estavam visíveis, então era hora de começar a resolver tudo. Assim que fiquei pronta, passei um batom bem vermelho nos lábios e saí do quarto segurando a minha bolsa e meu celular, encontrando na sala, mas assim que ouviu o barulho dos meus saltos, ele me encarou.
- Puta que pariu! - falou simplesmente, me olhando de cima a baixo e eu sorri - Eu não sei se é possível, mas você está mais linda do que nunca. - se levantou e veio até mim.
- Obrigada! O evento de hoje pede por um look de "matar". - soltei uma risada baixa, e ele riu balançando a cabeça.
- Mark realmente vai te matar quando ver esse vestido. (https://pin.it/6FyDz7H) - eu gargalhei.
- Ou ele vai morrer. - arqueei a sobrancelha e ele gargalhou dessa vez me dando um selinho - Volto mais tarde e deixo você arrancar esse vestido. - lhe dei outro selinho e ele deu um sorrisinho malicioso.
- Eu não vejo a hora. - deu um tapa forte em minha bunda, e eu acabei soltando um gritinho.
Saí do apartamento de , e desci de elevador até o estacionamento e entrei em meu carro e logo dei a partida. Eu estava bastante ansiosa para aquilo, queria muito saber qual seria a reação de Mark.
Gastei mais ou menos trinta minutos para chegar à empresa, e assim que cheguei, deixei meu carro estacionado do outro lado da rua e logo entrei na empresa.
Todos os olhares ali na recepção se voltaram para mim, e eu não me importava nem um pouco com aquilo, ainda mais que quanto mais atenção eu chamasse, mais Mark surtaria. Até porque, aquela era a minha atenção, ou caso contrário, eu não sairia com um vestido daqueles, uma maquiagem pesada, e um salto imenso, às oito da manhã.
Entrei no elevador juntamente com alguns executivos, que não evitaram a me olhar de cima para baixo. Minha vontade era socar a cara de cada um, mas eu gastaria minha energia de outra forma.
Cheguei no último andar, onde ficava minha antiga sala, e fui até lá juntando algumas coisas em uma caixa para levar embora quando eu saísse. Assim que acabei, fui direto para a sala de reunião, levando uma pasta comigo, onde eu sabia que estava acontecendo uma reunião com alguns investidores.
- Perdoem meu atraso, peguei um pouco de trânsito no caminho. - falei já entrando na sala e chamando todas as atenções para mim.
Mark, não podia estar mais indignado comigo, mas eu pretendia aumentar aquela indignação. me olhava, se segurando para não gargalhar, achando aquilo extremamente divertido. Os investidores da empresa, se dividiam entre olhar para minhas pernas e para o meu decote.
- O que você acha que está fazendo? - Mark falou sussurrando enquanto se aproximava de mim, afastado de onde estava a mesa.
- Eu vim para o trabalho, afinal, ninguém me disse para não vir. - dei ombros e segui em direção a mesa, me sentando de frente para .
- Voltemos à discussão. - Mark falou, voltando a se sentar a ponta da mesa, contra a sua vontade.
- Eu preciso de justificativas para investir em vocês, e não em outras empresas, que me ofereceram a mesma coisa. - um homem mais ou menos da idade de Mark falou e eu o olhei - Qual o diferencial dessa empresa? - encarou Mark.
- Essa é a única empresa onde você verá a filha do dono e responsável pelo financeiro, vestida como uma "stripper" em uma reunião. - falei com certo deboche na voz, e o homem fez um careta de reprovação - Sem contar que, eu duvido que as outras empresas levarão um lucro três vezes maior do que o valor repassado em contrato para vocês. - fiz uma careta, e todos eles ficaram indignados com aquilo.
- Mark, o que você tem a dizer sobre isso? - uma moça, de mais ou menos 30 anos, falou.
- claramente não está batendo bem da cabeça, já havia dito que ela não deveria vir trabalhar por um tempo, e o que vocês esperam de alguém que aparece aqui vestida desta forma? - ele me olhou, mas seu olhar carregava uma raiva intensa, e eu queria gargalhar.
- A roupa que eu visto não muda a minha competência. - empurrei a pasta que estava comigo para a mulher que havia falado anteriormente - Veja você mesmo. - a encarei - Um pouco mais de duas semanas atrás, eu encontrei um valor, que não batia com a contabilidade, e aí descobri que esse valor não era para ter sido repassado a empresa, mas para uma conta por fora, já que eu provavelmente não deveria saber disso.
- Mas isso é um absurdo! - ela falou, atirando a pasta sobre a mesa e um outro homem a analisou.
- O que você pensa que você está fazendo? - Mark me olhou, já ficando de pé e meu corpo estremeceu ao me lembrar do que havia acontecido da última vez.
- Você não achou que eu deixaria isso passar, não é? - o encarei - Posso ter o seu DNA, mas eu não tenho o seu mal caráter. - me levantei da mesa - Vocês decidam se vão ou não acreditar nisso, mas lembrem-se, a consequência é de vocês... - olhei para os investidores - E Mark? - voltei a encará-lo - Eu me demito. - abri o meu melhor e mais debochado sorriso, e dei as costas, ouvindo todo o burburinho atrás de mim.
Bati a porta da sala de reunião, fui até a minha sala, pegando a caixa que havia separado e saí dali, bastante satisfeita com aquele resultado. E aquele era apenas o começo do fim do reinado de Mark . Ele iria pagar por tudo, e o dinheiro roubado dos investidores, era apenas o início.
Capítulo 16
Capítulo 16
A campainha tocou e eu logo abri a porta encontrando com uma pizza e uma garrafa de vinho. Assim que ela entrou, eu fechei a porta e nós fomos para a cozinha arrumar as comidas para nossa noite das garotas.
e tinham viajado para comprarem algumas peças para os carros, já que as corridas voltariam na semana seguinte. Então, eu e resolvemos fazer uma noite só nossa para que pudéssemos passar um tempo juntas.
- Ainda bem que agora eu tenho companhia quando os dois viajam. - ela me olhou enquanto colocava algumas batatas em uma tigela.
- Esse momento é nosso. - dei uma piscadela pra ela, que riu me levando a fazer o mesmo.
Levamos as coisas pra sala e resolvemos maratonar Grey 's Anatomy, que era uma série que nós duas amávamos. Assistimos vários episódios sempre comentando alguma coisa, já que não era a primeira vez que assistíamos.
Ficamos até 01am assistindo a série, o que foi bastante tempo, levando em consideração que havia chegado por volta das 05pm. Depois arrumamos as coisas e fomos para o quarto, onde dormiríamos.
- Já que não estamos com sono, acho que deveríamos nos conhecer melhor, porque nunca paramos para conversar realmente entre nós duas. - ela me olhou e eu balancei a cabeça em concordância.
- Você é a minha melhor amiga desde que eu cheguei aqui e eu não sei muita coisa sobre você. - fiz uma careta e ela repetiu.
- Bom... Com quantos anos e como foi seu primeiro beijo? - ela cruzou as pernas na cama, se sentando de frente pra mim e eu ri baixo.
- Foi com 14 anos, e não foi muito agradável, levando em consideração que foi muito babado. - fiz uma careta enojada e ela gargalhou - Mas na época eu achei um máximo, porque tinha beijado o menino que eu gostava. - dei ombros e ri em seguida - E o seu?
- Também foi com 14, mas não foi ruim, na verdade, foi estranhamente satisfatório. - riu baixo e eu fiz o mesmo - Qual o seu maior segredo?
- Tirando o fato de que eu divido a cama com o maior rival do meu irmão e corro escondida? - arqueei a sobrancelha e ri fraco.
- Bom, essa pergunta não serve pra você. - ela riu - Mas o meu é que eu só entrei para a faculdade de medicina por pressão dos meus pais. - suspirou.
- Se te consola dizer, eu nunca quis me formar em contabilidade, na verdade, eu fui obrigada. - soltei uma risada nasalada - Mas olha, se você tem outro sonho, vai atrás dele, não deixe ele se perder assim. - a encarei.
- Eu agradeço muito pelo seu apoio, mas apesar de tudo, eu vejo um motivo para continuar na medicina, eu posso fazer diferença na vida de alguém. - sorriu e eu fiz o mesmo.
- Pensando por esse lado. - pensei um pouco sem tirar o sorriso dos lábios - Como foi a sua primeira vez? - dei um sorrisinho malicioso e ela corou - Okay, eu começo... Minha primeira vez, foi aos 17 anos, na sala da diretora do internato com o filho dela, que era um gostoso. - suspirei abanando o ar e a boca de se abriu em um perfeito “o”, mas ela logo gargalhou.
- Meu Deus, garota. Você é demais. - falou entre risos - Ninguém descobriu isso?
- Não, logo depois ele se mudou para o Brasil para fazer intercâmbio e quando voltou um ano depois, voltou comprometido. - dei ombros e ri - Agora me conta você. - a empurrei levemente.
- Bom, eu tive a minha primeira vez aos 18, pouco antes de me formar no colegial. Na verdade, foi mais uma vez que me deixei levar pela pressão, nesse caso das minhas "amigas"... - riu sem humor - Todas elas já não eram mais virgens e sempre começavam a me criticar por isso, e aí aconteceu... - fez uma pausa e me olhou parecendo receosa em continuar - Essa é a parte que você pode não gostar. - riu fraco e coçou a nuca, então eu fiz uma careta confusa - é o meu melhor amigo desde o início do colegial, e como eu ia perder a virgindade por pressão, ele era o único garoto que eu confiaria. Ele tentou de todas as formas tirar isso da minha cabeça, mas eu insisti até ele ceder. E aí, ao contrário do que eu imaginava, ele criou o ambiente perfeito, e foi muito carinhoso comigo durante todo o tempo, sempre perguntando se eu estava bem com aquilo. - ela deu um sorrisinho fraco e me olhou preocupada. Eu não sei o que ela achou que eu faria, mas eu simplesmente sorri.
- É bom saber que você não teve a sua primeira vez com um babaca, que só quis te usar para se vangloriar com os amigos logo em seguida. Sem contar, que é ótimo de cama. - dei uma piscadela e ela gargalhou aliviada.
- Eu achei que você fosse ficar puta comigo. - me olhou.
- Não tenho motivos pra isso. Primeiro que você é minha amiga, segundo, que eu nem conhecia o nessa época, não posso ter ciúmes do passado dele. - dei ombros e ela concordou.
- Alguma coisa muito "fora das regras" que você fez? - ela riu e eu a acompanhei.
- Eu tinha um professor de cálculo, que era um Deus grego, ele era o mais novo dos professores, tinha acabado de se formar. Desde que ele chegou lá no internato eu dava em cima dele descaradamente, mas ele não me dava bola. Nem pra mim e nem pra ninguém. - revirei os olhos - Até que em um fim de semana, estava na balada com meus amigos e encontrei ele lá. Aí eu não estava feliz por ser ignorada e confrontei ele, ele me disse que não se envolvia com menores de 18 anos, e foi quando eu mostrei pra ele minha habilitação com os meus recém completados 18 anos. Ele abaixou a guarda e perguntou se eu queria que ele me levasse de volta para o orfanato. - ri baixo já me lembrando da resposta - E eu simplesmente disse que eu queria ir para casa dele dar pra ele. Nós fomos, e dali em diante, nós namoramos até pouco antes de eu voltar pra cá, porque ele disse que não podia sustentar emocionalmente um relacionamento a distância.
- Como é que você passou todo esse tempo no internato e não foi expulsa por mal comportamento? - ela gargalhou.
- Sempre fui uma boa atriz. - fiz uma carinha inocente e ri - A única vez que eu tive problemas, mas foram relevados, levando consideração o meu bom comportamento, foi quando eu joguei o meu sapato na cabeça do meu ex, que havia me traído com "minha amiga". - fiz uma careta e dei ombros.
- Te inocentaram porque certamente ele mereceu. - ela falou e eu concordei entre risos - Acho que o mais “quebrando as regras” que eu fiz, foi quando experimentei fumar maconha com o antes da aula. Ele já estava acostumado, eu fiquei igual uma idiota rindo sem parar e depois chorei, mas depois disso, nunca mais quis passar nem perto. - fez uma careta e eu gargalhei.
- Você teve muitas primeiras vezes com o . - falei pensativa e nós rimos em seguida.
Ficamos ali conversando por mais um bom tempo, e só acabamos indo dormir por volta de 04am. Mas aquela foi sem dúvidas, uma das noites mais amigáveis da minha vida desde que eu chegara ali, e era um momento que eu precisava depois de tudo o que estava acontecendo na minha vida.
Envolvi meus braços no pescoço de , e ele nos guiou até a cama, onde ele se deitou sobre mim e começou a distribuir beijos em meu pescoço e meu colo. Embrenhei a mão em seu cabelo, e puxei a sua cabeça o fazendo me encarar, então eu o beijei.
Era um beijo lento, sem pressa, mas ao mesmo tempo com muita vontade. Sua mão adentrou a minha blusa, e logo chegou aos meus seios, onde ele começou a "brincar" ali.
Segurei firme em sua nuca e mordisquei seu lábio inferior, me separando dele o suficiente para que ele tirasse a minha blusa e me deixasse apenas de calcinha. Ele me olhou de cima a baixo e sorriu malicioso, descendo os beijos para minha barriga, onde ele depositou uma mordida, que me fez arrepiar.
Ele voltou a subir os beijos pelo meu corpo, e parou em meus seios, onde ele depositou alguns beijos antes de abocanhar um deles com vontade.
Fechei os olhos e deixei que ele fizesse o que bem entendesse ali, mas acabei me distraindo quando ouvi meu celular tocar. levantou levemente a cabeça para me olhar, mas logo voltou ao que fazia e eu voltei a aproveitar o momento. Entretanto, a insistência do meu celular, não me deixou continuar e eu bufei e me levantei contra a minha vontade e, mais ainda, a de .
Olhei no visor e era , e eu logo atendi, porque se ele estava insistindo é porque realmente precisava falar comigo.
- , eu espero que seja extremamente importante, porque eu estava bastante ocupada. - olhei para , que deu ombros e começou a distribuir beijos na parte interna da minha coxa.
- O que de tão importante você tem pra fazer às quatro e meia da tarde de uma quarta-feira? - ele falou e soltou uma risada nasalada, como se eu realmente não fizesse nada da vida.
- Você não vai querer saber o que eu realmente estava fazendo, então não pergunte. - passei a mão pelo rosto, abafando um suspiro ao sentir se aproximar cada vez mais da minha intimidade, como se eu não estivesse falando com a pessoa que mais odiava ele no mundo, vulgo, meu irmão.
- Eu liguei porque precisava te contar o que está acontecendo por aqui. - ele falou num tom de voz mais baixo e eu imaginei que estivesse tentando evitar que alguém escutasse o que ele dizia - A Abigail acabou de sair de uma reunião com nosso pai e ela retirou todo o investimento dela da empresa. Ela não disse nada demais, só falou que não apoiaria as atitudes dele. E ele surtou, e tem certeza de que você a influenciou a fazer isso. - ele explicou, e tudo o que eu consegui fazer foi gargalhar gostosamente, levando até mesmo a parar o que fazia e me encarar curioso.
- , eu não a pedi para fazer nada disso, eu só contei para ela o que realmente aconteceu, o resto foi por conta dela. - expliquei, enquanto se sentou na cama, tentando entender do que eu falava - Mas se você quer saber, eu acho bem-feito que isso esteja acontecendo. Ele nunca fez nada certo, sempre desviou dinheiro que não era dele. Eu descobri isso, coincidentemente, dias antes dele me agredir, mas eu usaria contra ele de qualquer forma. - falei simplesmente e dei ombros, mesmo sabendo que não podia me ver.
- Por que eu sinto que tem muito mais coisa aí e você não quer me contar? - ele perguntou desconfiado.
- Eu prometo que quando eu souber de mais coisas eu falo pra você. Você confia em mim? - perguntei encarando o , pensando em quantas mentiras eu escondia do meu irmão.
- Você é a pessoa que eu mais confio nesse mundo, , não se preocupa com isso. - ele falou e por alguns segundos eu quis chorar - A gente se vê na corrida sexta ou você não vai? - para a minha felicidade, mudou o assunto.
- Estarei lá, maninho. Tô morrendo de saudades de você, eu não perderia a oportunidade de te ver assim. - sorri e imaginei que ele fazia o mesmo.
- Eu posso te ver todos os dias, é só você me falar onde você está ficando e eu vou até aí te ver. - ele falou e eu suspirei.
- , eu juro pra você que é melhor que você não saiba onde eu estou, pelo menos por enquanto. - falei, mas sabendo que era mais uma mentira.
- Tudo bem, maninha. A gente se vê no sábado. Eu amo você e o que precisar, me liga. - ele falou e eu sorri.
- Eu também amo você, . A gente se vê na corrida. - mandei beijos e desliguei deixando o celular de lado e me jogando na cama de olhos fechados - Sua avó tirou todos os investimentos da empresa do Mark. - falei, me virando para olhar .
- Você não deveria estar comemorando essa notícia? - se aproximou, deixando seu rosto ao lado do meu.
- Por que eu sinto que o vai me odiar pra sempre quando ele descobrir a verdade? - suspirei, e passei a mão pelo rosto.
- Eu acho que ele vai me odiar pra sempre, você certamente ele vai perdoar facilmente. Porque você é a irmã dele e ele ama você demais para te odiar um dia. - ele levou sua mão ao meu rosto e acariciou minha bochecha com seu polegar.
- Eu não quero ter que escolher entre vocês dois, . Eu nunca conseguiria fazer essa escolha. - o olhei, sentindo uma vontade imensa de chorar e ele deu um pequeno sorriso.
- Você não vai precisar fazer essa escolha, eu juro. - aproximou seu rosto do meu e me deu um selinho demorado.
- O cortou todo nosso clima, mas a gente pode criar ele de novo? - falei sussurrando e dei um sorrisinho malicioso.
Ele nem me respondeu, só me virou na cama, me colocando por cima dele e eu o beijei de uma vez, voltando para onde paramos antes da ligação de .
~ pov's~
Acordei naquela manhã com o alerta de incêndio do apartamento, e o cheiro de queimado inundava toda a casa. Olhei para o meu lado da cama e não estava ali, então me levantei correndo e saí do quarto em busca dela.
A cozinha estava tomada pela fumaça vinda do fogão, enquanto a água esguichava do sprinklers, na tentativa de combater o "incêndio", e tossia incessantemente, enquanto tentava espalhar a fumaça com um pano de prato.
- Você está bem? O que houve? - perguntei preocupado indo até ela, e segurando em seu rosto a procura de algum machucado.
- Eu estava tentando fazer ovos mexidos e bacon para nosso café da manhã, mas tudo o que eu fiz foi queimar a panela, quase incendiar o prédio e inundar a cozinha. - ela vagou seu olhar para a panela queimada e fez bico, então eu gargalhei - Isso não tem graça, . - ela falou com a voz manhosa e me empurrou levemente, enquanto passava as mãos pelos seus cabelos ensopados.
- , você não precisava cozinhar pra mim. - a tranquilizei enquanto cessava o riso - Deixa que eu faço isso daqui pra frente, okay? - a olhei e puxei uma cadeira para desligar o esguicho d'água.
A campainha tocou e eu logo desci da cadeira, já imaginando o que se tratava, e fui até lá abrindo a porta. Como eu já esperava, o síndico estava ali parado com uma cara nada feliz.
- Bom dia, Sr. . - ele falou com um tom um tanto quanto irônico.
- Bom dia, Sr. Connor. - respondi tranquilamente.
- Os vizinhos reclamaram de um cheiro de queimado fortíssimo e do disparo do alarme de incêndio deste andar. Estou vendo que não tem fogo algum aqui, mas quero saber o que houve. - ele cruzou os braços em frente ao seu corpo, e eu olhei para dentro, vendo preocupada na porta da cozinha me encarando.
- Foi um acidente na cozinha, nada demais. - voltei a olhá-lo e dei ombros - Já foi até resolvido. - expliquei.
- Tem certeza de que não foi um dos seus cigarros? - me olhou desconfiado e eu soltei uma risada nasalada.
- Acredite se quiser, eu sei muito bem como se acende um cigarro e eu não como isso no café da manhã. - falei com ironia e ele cerrou os olhos.
- Já vai se preparando para receber a sua multa de importunação aos moradores. - soltou uma risada nasalada e saiu dali marchando pelo corredor a fora.
- Me desculpa. - falou baixo, fazendo uma careta no mínimo infantil - Eu só não quero ter que depender de você pra tudo. Você já está sendo incrível em me deixar ficar aqui, e ainda sim você cozinha para mim todos os dias, e se bobear leva até a cama e me dá na boca. Eu me sinto inútil sem fazer nada. - ela suspirou.
- , olha, eu sei que você é extremamente independente e autossuficiente, e acredite em mim, isso é incrível, mas você não é inútil por me deixar cuidar de você. Você só é humana. - parei em sua frente e segurei em sua mão - Eu agradeço muito por você se preocupar em cozinhar para mim, para me ajudar, mas você não precisa fazer isso. Nada me ajuda mais do que saber que você está segura aqui. - levei seus dedos aos meus lábios e depositei um beijo sobre eles.
- Eu tenho quase 20 anos e não sei ao menos fritar um ovo, porque vivi a minha vida inteira tendo quem fizesse isso por mim. - ela bufou e revirou os olhos - Talvez se eu não tivesse ido para um internato em outro continente, eu sequer saberia fazer qualquer coisa. - balançou a cabeça - Eu odeio Mark por mais esse motivo.
- Eu te ensino a cozinhar o que você quiser, desde que você me prometa que não vai se martirizar por essas coisas e entender que você não é inútil por não saber cozinhar, e muito menos, por eu estar cuidando de você. - olhei em seus olhos e ela assentiu.
- Eu vou procurar um emprego. Quero voltar a me sentir útil e ocupada durante meus dias. - ela falou e eu sorri.
- Você tem todo o meu apoio para fazer o que decidir. - lhe dei um selinho - Agora, vamos aproveitar que estamos molhados e vamos tirar nossas roupas. - falei malicioso e ela sorriu pulando em meus braços.
~ pov's~
Passei toda aquela sexta atrás de um trabalho, mas ninguém queria ter em suas empresas alguém no qual a única experiência de trabalho era na empresa do próprio pai. E eu não tinha muita escolha, afinal, não sabia fazer muita coisa para que pudessem me contratar, mesmo que tivesse muita força de vontade para aprender.
Quando cheguei em casa, eu estava completamente desanimada. Eu queria trabalhar, queria depender apenas de mim, coisa que nunca havia feito nos meus quase vinte anos de vida. Mesmo que eu trabalhasse na empresa, Mark quem pagava meu salário, então de qualquer forma, eu dependia dele para viver.
Entrei no apartamento e estava na varanda, fumando seu cigarro. Deixei a minha bolsa sobre o sofá, tirei os saltos e fui até ele enquanto desabotoava a camisa social que eu usava.
- Ei, como foi? - ele me olhou assim que eu passei pela porta da varanda e deu uma longa tragada em seu cigarro, enquanto o cheiro invadia as minhas narinas e nem me incomodava mais, de tão comum que era.
- Ninguém quer contratar uma patricinha mimada que não sabe fazer nada. - dei um sorriso de escárnio e me encostei no batente da porta de vidro.
- Eles que estão perdendo todos os seus talentos. - ele soprou a fumaça para o lado oposto ao que eu estava, e me olhou em seguida - Você é extremamente inteligente, uma gênia da matemática. Se formou na faculdade precocemente, e sabe organizar eventos como ninguém. - continuou e eu dei um pequeno sorriso enquanto cruzava os braços em frente aos peitos - Sem contar que só a sua beleza deveria ser considerada um talento, porque pra carregar tudo isso não deve ser fácil sem uma escoliose. - ele deu um sorrisinho de canto, e foi impossível eu não rir com aquilo. era único, feito sob medida e eu amava aquilo.
- , você sabe melhorar o dia de alguém sem precisar de muito. - falei sem tirar o sorriso dos lábios e ele deu ombros convencidamente - Vou me trocar e deitar um pouco, a minha cabeça está explodindo. - fiz uma careta de dor e me desencostei da porta, então ele empurrou o cigarro em minha direção.
- É um ótimo remédio. - ele falou sugestivamente, e arqueou a sobrancelha enquanto eu negava com a cabeça.
- Se você quiser me oferecer outra coisa para colocar na boca, eu não vou negar. - falei no mesmo tom que ele usava e dei uma piscadela, dando as costas antes que ele me respondesse, saindo dali com um sorrisinho vitorioso nos lábios.
Entrei no quarto já deixando a camisa escorregar pelos meus braços e a soltei na poltrona em frente a cama. Tirei a calça e a deixei ali no mesmo lugar, me jogando na cama apenas de lingerie, enquanto encarava o teto branco em minha frente.
Não demorou nem um minuto para que entrasse no quarto carregando minha bolsa e meus sapatos e os deixando em qualquer lugar ali pelo quarto, enquanto caminhava até mim na cama.
- Você não pode falar aquelas coisas e me deixar sozinho com meus pensamentos. - ele se sentou na cama, mas em questão de segundos, estava sentado sobre minhas pernas e prendendo meus braços no alto de minha cabeça.
- Eu não falei nada demais. - o encarei, me fazendo de desentendida - Eu estava falando de chocolate. - dei ombros e ele soltou uma risada nasalada negando com a cabeça.
- Tá aí outro talento. Se fazer de inocente, quando na verdade está longe disso. - falou baixinho e se abaixou distribuindo beijos pelo meu colo.
- Assim você ofende. - falei em meio a um gemido baixo, e joguei a cabeça para trás deixando o meu pescoço livre para ele - Eu sou quase uma virgem de tão santa. - depois daquela fala, nem eu e nem ele conseguimos segurar o riso.
- Você não existe. - ele levantou a cabeça para me olhar, enquanto ainda ria e eu parei para observá-lo. Era engraçado aquilo, porque por mais apaixonada que eu estivesse, eu não assumiria para até menos de um mês antes, e naquele momento, eu sabia que não tinha um lugar melhor para eu estar do que nos braços dele.
- O que foi? - ele falou baixinho enquanto cessava seu riso e analisava a minha feição, que provavelmente estava parecendo de uma boba.
- Não é nada. - balancei negativamente a cabeça e fechei os olhos, tentando segurar o sorriso.
- Você sabe que não dói assumir que está apaixonada por mim, não é? - ele falou, e mesmo de olhos fechados, eu conseguia ver o sorrisinho brincando em seus lábios.
- É hoje que você vai me deixar correr com o ? - abri os olhos para encará-lo, mudando bruscamente de assunto e ele riu baixo.
- Nosso trato foi que seria na primeira corrida, então, é hoje. - ele respondeu, finalmente soltando meus braços e eu os desci para seus ombros.
- Se o ganhar de mim, eu prometo que assumo o que você quiser. - falei acariciando seu rosto com o polegar e ele estreitou os olhos com um sorrisinho em seus lábios.
- Nós já sabemos que isso não vai acontecer. - soltou uma risada nasalada e eu concordei com a cabeça dando um sorrisinho debochado - Mas a melhor parte vai ser ver o indignado por perder. - ele riu e eu fiz o mesmo.
- Ele sempre fala com muita certeza, que ganharia da corredora misteriosa, vulgo, a irmãzinha dele. - fiz uma careta e gargalhou alto.
- Estou ansioso para este evento. - falou debochado e eu balancei a cabeça negativamente.
- Se eu ganhar, eu prometo que nós comemoraremos em grande estilo essa noite. - lhe dei um selinho demorado e ele sorriu em meus lábios.
- É disso que eu gosto. - me olhou e intensificou o beijo acariciando a minha cintura.
Logo que a noite caiu, meu coração já estava completamente acelerado e a minha ansiedade dominava todo o meu ser. De todas as corridas que eu participei, aquela era a que mais me deixava nervosa, afinal, eu correria contra o meu irmão.
Tomei um banho demorado com . Na verdade, o banho durou alguns minutos, nossa pegação é que foi mais demorada. O que era normal, já que eu e juntos, parecíamos uma pilha de teor sexual sem fim.
Penteei e sequei o meu cabelo já no banheiro e fui para o quarto fazer a maquiagem e me vestir. Optei pelo básico, fiz apenas um make leve com um delineado e um batom vermelho, e para vestir escolhi uma calça jeans preta, uma regata também preta e uma jaqueta jeans que peguei do guarda-roupa de . Coloquei um coturno, espirrei um pouco de perfume em meu corpo e me virei para , que estava devidamente arrumado, sentado na cama me esperando.
- É incrível como você consegue ficar cada segundo mais gata. - ele me olhou com um sorrisinho de canto e eu balancei a cabeça negativamente, enquanto sorria.
- Olha quem fala, . - dei uma piscadela e peguei meu celular, e nós saímos do quarto.
- Você vai correr no meu carro hoje, então já avisei para que não precisa levar o seu carro dessa vez. - ele me olhou, enquanto juntava sua chave da mesinha de centro.
- Além de correr com o meu irmão, eu terei o prazer de ganhar dele no seu carro? - dei um sorrisinho debochado e ele riu enquanto concordava com a cabeça - Isso vai deixá-lo ainda mais puto quando perder para aquela que ele sempre desdenhou. - ri baixo e mais uma vez concordou, e nós saímos do apartamento indo para o elevador.
- Confesso que será gratificante assistir essa cena de camarote. - ele falou com deboche e eu não pude segurar o riso naquele momento. Por mais que fosse meu irmão, ele se achava melhor que todo mundo nas corridas, inclusive, desmereceu a vitória da corredora misteriosa várias vezes, como se ela, vulgo eu, não tivesse a capacidade de vencer dele.
Durante todo o caminho até o local da corrida, meu corpo parecia uma bomba de adrenalina prestes a explodir e isso porque eu sequer havia chegado a correr.
Como o lugar da antiga corrida havia sido descoberto pela polícia, a corrida dessa vez seria em um novo local. Era muito menor o movimento ao redor, na verdade, parecia até uma estrada fantasma, rodeada de alguns galpões escuros e sombrios. Mas, com as luzes espalhadas pela organização da corrida, era possível enxergar bem ao redor, mas ainda assim, era difícil correr em um lugar que você nunca esteve antes.
- e acharam um lugar que possamos ficar longe da vista de todos. - falei com , sem tirar os olhos da tela do meu celular, enquanto ele seguia por entre os carros e pessoas que estavam ali.
- Aqui você vai precisar tomar cuidado, não tem muito lugar pra se manter escondida do . - ele me olhou rapidamente e seguiu com o carro na direção que eu lhe guiava.
Ele parou o carro em um pequeno beco escondido que havia ali, logo no canto de um galpão e debaixo de um viaduto. Porém, ainda sim, era um lugar muito visível a qualquer um que chegasse a alguns metros dali. Eu só rezava para que ninguém me reconhecesse e fosse correndo contar para o meu irmão.
- Vou procurar o e volto mais tarde! - depositei um beijo na bochecha de e desci do carro, saindo rapidamente dali para o meio da multidão.
Não foi muito difícil encontrar meu irmão, ele estava bem no meio de todo mundo, chamando a atenção como ele gostava. A única coisa nova ali era a ruiva que estava grudada no pescoço dele, igual a um bicho preguiça preso em uma árvore. E eu a conhecia bem.
- ! - se desvencilhou da garota assim que me viu, e logo veio me abraçar. Era um abraço apertado, que demonstrava que ambos estávamos com saudades de estar perto um do outro. E eu realmente estava morrendo de saudades do meu irmão - Eu nem vi você chegar. - ele falou baixo, enquanto se afastava para me olhar - Como você está? Está se cuidando? Se alimentando? Dormindo bem? - despejou aquele monte de perguntas em minha cabeça e eu me limitei a soltar uma risada. Ele sempre fora muito preocupado comigo, mas ali, estava dez vezes mais.
- Eu estou bem, . Estou me alimentando e dormindo muito bem. - “até melhor do que você imagina”, pensei - E você, como é morar naquele inferno de casa sem a presença de seu anjo da guarda? - baguncei levemente seu cabelo e ele riu revirando os olhos.
- Nosso pai está querendo sua cabeça cada dia mais. - fez uma careta que eu repliquei seguida de um sorriso - E cada vez que ele abre a boca para pronunciar seu nome, eu tenho vontade de matá-lo. - falou com certa indignação na voz, mas completa sinceridade.
- Não faça nada que possa chateá-lo ainda mais, porque se ele ousar encostar um dedo sequer em você, eu mato ele. - falei no mesmo tom e ele sorriu segurando meu rosto entre as mãos.
- Eu não estive lá por você quando você mais precisou de mim, mas eu prometo que mais ninguém nesse mundo vai lhe fazer mal. - ele falou olhando em meus olhos, e eu sentia conforto naquelas palavras vindas de meu irmão, afinal, , sempre fora quem mais cuidou de mim a vida toda, mesmo que a distância.
- Ei, o que você está fazendo com a Crystal? - perguntei a encarando por cima do ombro, enquanto ela nos observava curiosa em saber do que tanto falávamos.
- Enquanto não estava tendo corrida nós dois saímos, conversamos e ela entrou para minha equipe. - ele explicou, mas não o que eu queria saber. Então eu apenas arqueei a sobrancelha, e ele riu baixo - Nós fizemos mais do que conversar e agora estamos nos conhecendo melhor. - deu ombros e deu um sorrisinho de lado, o que me fez revirar os olhos.
- Então era por ela que você estava parecendo um idiota? - fiz uma careta e ele riu alto, chamando a atenção de Crystal e de seus companheiros de equipe.
- Você tem alguma coisa contra ela? - fez uma careta confusa e olhou rapidamente para trás, encarando a ruiva encostada no capô de seu carro.
- N-não! - falei tão rápido que eu sequer pude raciocinar antes - Eu só quero que você seja feliz, . Independentemente de quem você escolher. - me expliquei dando ombros logo em seguida.
- E isso me faz achar ainda mais que você não gosta dela, mas obrigado. - beijou a minha bochecha - Quer que eu apresente vocês?
- Talvez depois. Eu vou buscar algo para beber. - apontei em direção a barraca de bebidas e ele assentiu.
- Ei, não vai perder a minha corrida, em. - segurou meu braço e eu sorri.
- Eu vou assistir de camarote. - dei uma piscadela e saí dali indo até a barraca de bebidas onde comprei dois energéticos e fui em direção onde , e estavam, mas tomando cuidado para não ser vista.
Quando as corridas começaram, ocorreu como o de praxe, primeiro foi a corrida da , que ela ganhou com uma distância de praticamente vinte segundos. Logo depois, foi a minha corrida, que todos acharam estranho eu não participar, e se tornou um burburinho, e que levou Crystal a vitória e a deixou radiante comemorando nos braços de meu irmão.
- E a nossa corrida mais esperada da noite, teve uma pequena mudança, que acabou de ser informada pelo senhor . - o apresentador falou, apontando para , que estava de pé ao seu lado na caminhonete - De um lado, correndo com o seu Nissan Skyline GT-R, . - ele gritou e logo a multidão foi à loucura pelo meu irmão - E do outro lado, correndo com o Dodger Charger, a corredora misteriosa. - ele me anunciou e eu logo fui para o lado de , mantendo o carro todo fechado para não correr o risco de ser vista. E por mais confusa que a plateia estivesse, o alvoroço não foi pequeno - Façam suas apostas, que vai começar uma disputa, no mínimo interessante. Quem leva essa? A corredora misteriosa, que é campeã invicta da segunda categoria, ou o nosso campeão de primeira base, ? - o apresentador falou, e uma chuva de pessoas começou a se amontoar ali perto da caminhonete para apostar. também apareceu, e logo entregou uma boa quantidade de dinheiro para a assistente do apresentador, e olhou em direção ao carro sorrindo.
Levando em consideração a gritaria pelo nome do meu irmão, eu sabia que a maioria ali tinha certeza de que ele ganharia de mim, mas eu daria o meu melhor para entregar o contrário.
Depois de alguns minutos, uma garota apareceu para liberar a corrida. E com a contagem regressiva acontecendo, ela balançou o lenço garantindo que a corrida havia sido iniciada.
saiu em disparada na minha frente, ele certamente já conhecia o lugar. Porém, eu não me dei por vencida, e logo na primeira curva, que era bem estreita, eu consegui alcançá-lo. Assim que saímos da curva, eu precisei passar bem na beirada do abismo que havia ali, correndo o risco de que o carro virasse e eu fosse parar lá embaixo, no meio das pedras. No fim das contas, deu tudo certo. Eu ultrapassei , acelerei o carro novamente, colocando a quinta marcha e ativei o nitro, ganhando uma boa distância do meu irmão.
Mantive a velocidade até a segunda curva, que foi onde ele me alcançou. Entretanto, como a estrada naquela parte era ainda mais estreita, não se arriscou como eu anteriormente e eu consegui novamente me distanciar, finalmente ganhando a corrida.
Com minha típica saída, rodei o carro fazendo com que a fumaça subisse ao meu redor e saí dali levando o carro de volta para o lugar e ouvindo a gritaria da multidão.
- INACREDITÁVEEEEEEL! - gritou o apresentador no microfone, junto a multidão - A corredora misteriosa mantém o seu título de vencedora invicta, e dessa vez, com uma vitória em cima de um de nossos maiores corredores. Parece que temos uma rainha na área. - ele falou, os gritos aumentaram ainda mais, o que me levava a crer, que devia estar espumando de raiva.
Desci do carro de , encontrando uma extremamente empolgada do lado de fora. Só ela estava ali, porque como o foi fazer a mudança da corrida não havia voltado, e provavelmente havia ido buscar o dinheiro da minha vitória.
- Você está entendendo que você é a melhor corredora deste lugar? - ela me olhou sorridente e um concordei animada.
- Não preciso ser a melhor, só queria provar para que a corredora misteriosa é melhor do que ele. - dei ombros e ela riu alto.
- Ele deve estar bem indignado com essa derrota - ela se encostou no capô do carro e eu fiz o mesmo ficando ao seu lado.
- Ele me deixou indignada com o novo relacionamento dele, então estamos quites. - dei um sorrisinho debochado.
- Agora faz todo sentido o porquê de você não gostar da Crystal. - a voz de soou atrás de mim, e o meu corpo gelou. Eu sequer tive coragem de virar para olhá-lo - Você mentiu pra mim durante todo esse tempo. E agora apareceu na corrida apenas para me humilhar. - o tom de sua voz parecia de completa decepção.
- , eu nunca quis te humilhar. - finalmente consegui me virar para olhá-lo, e seu olhar de julgamento, me atingiu em cheio - Você nunca me deixou tentar. Eu sempre te disse que eu conseguiria, mas você sempre me impediu. - fui andando em sua direção e parei em sua frente.
- Eu te impedi porque eu não queria que você se arriscasse. Eu queria te manter segura. Mas você… - soltou uma risada nasalada e balançou negativamente a cabeça - Você mentiu pra mim, e entrou nessa maldita corrida. E hoje quis se mostrar melhor do que eu. Parabéns! - falou irônico e bateu palmas - Eu nunca tive nada que eu pudesse chamar de meu, porque você sempre foi a filha favorita. E a corrida era tudo o que eu tinha, mas isso você também conseguiu tirar de mim. - seu tom de voz estava num misto de decepção, desgosto e tristeza.
- Você sabe que isso não é verdade. - falei, enquanto tentava manter o meu tom de voz normal, sem deixar que uma lágrima caísse - Não transforma isso em algo maior do que realmente é. - balancei negativamente a cabeça e vi e se aproximarem confusos - Eu nunca quis tirar nada de você.
- Você nunca precisou querer, você sempre teve tudo. - ele falou como se estivesse engasgado com aquela fala há muito tempo. Eu sabia que aquela mágoa dele não era exatamente relacionada a mim, mas, naquele momento, ela me atingiu muito - Eu passei os últimos dias preocupado com você e em como estava tudo desde que você fugiu de casa, e enquanto isso, você estava planejando me humilhar na frente de todo mundo aqui. - riu de escárnio - Mas não se preocupe, pode ficar com tudo agora. - falou simplesmente e deu as costas entrando em seu carro.
- , espera! - andei até ele e segurei a porta aberta, enquanto ele sequer me olhava - Eu juro que eu não quero nada se for pra perder você. - falei sentindo uma lágrima grossa escorrer pelo meu rosto.
Ele não falou mais nada, apenas puxou a porta do carro com força e acelerou saindo dali. Eu sabia que a gente precisava conversar, mas eu não tinha condições de ir atrás dele, não naquele momento. Ele precisava de tempo e eu também.
- Vamos pra casa. - falou baixo e claramente muito preocupado, então me guiou para o banco do passageiro no carro e fechou a porta.
Ele falou algo com e , e logo em seguida entrou no carro também. Ele me olhou com pesar, e deu a partida saindo dali em direção a seu apartamento. O caminho estava parecendo mais longo do que o normal, e o silêncio tomava conta do carro. Eu não queria falar nada, e estava segurando a vontade imensa de chorar. Enquanto , parecia querer falar, mas tinha receio da minha reação. Porém, ele estava bem alheio a todos os meus movimentos e suspiros dados naquele carro.
Meu coração batia tão rápido que eu não sabia explicar se era ainda pela adrenalina da corrida ou se pela briga com , mas eu podia dizer que havia um mistos de sensações dentro de mim, e o sentimento que tomava conta ali, era a dor de provavelmente ter perdido o meu irmão.
Quando o parou o carro no estacionamento do prédio, eu simplesmente travei no banco do passageiro. Eu encarava o espaço vazio na minha frente, e me lembrava de cada palavra do . Eu nunca quis o humilhar, nunca quis tirar nada dele, mas aquelas palavras faziam sentido se pensássemos por tudo o que ele passou. Mark sempre jogou na cara de , que eu era melhor que ele, mesmo quando eu estava querendo ser como meu irmão.
- Eu nunca quis tirar nada dele, . Eu nunca quis humilhar ele na frente de todo mundo. - falei com a voz embargada, mas sem coragem de olhar para o homem ao meu lado porque se eu o olhasse, eu choraria - Tudo o que eu queria era mostrar pra ele que eu era capaz, e que eu não sou mais uma criança. - fechei os olhos na tentativa de segurar as lágrimas.
- Olha, é normal que ele queira te proteger, porque pra ele você sempre será a irmãzinha dele. - tirou o seu cinto e se aproximou de mim devagar segurando minha mão - sempre esteve muito magoado e sozinho por você ter ido para um internato. Ele nunca falava sobre isso, mas sempre que citava você, ele deixava isso transparecer mais do que qualquer outro sentimento. Ele passou sete anos longe de você, e pra ele é como se você tivesse ainda doze anos. - ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, e eu respirei fundo - Vocês logo irão se resolver, não se preocupa. Nada do que ele disse foi pra machucar você, eu tenho certeza disso.
parecia estar lendo meus pensamentos em cada palavra dita por ele. E como se fosse um passe de mágica, meu coração foi se acalmando aos poucos e um pontinho de esperança começou a surgir dentro de mim. estava certo, eu e logo nos resolveríamos. E era o que eu tentava me dizer.
A campainha tocou e eu logo abri a porta encontrando com uma pizza e uma garrafa de vinho. Assim que ela entrou, eu fechei a porta e nós fomos para a cozinha arrumar as comidas para nossa noite das garotas.
e tinham viajado para comprarem algumas peças para os carros, já que as corridas voltariam na semana seguinte. Então, eu e resolvemos fazer uma noite só nossa para que pudéssemos passar um tempo juntas.
- Ainda bem que agora eu tenho companhia quando os dois viajam. - ela me olhou enquanto colocava algumas batatas em uma tigela.
- Esse momento é nosso. - dei uma piscadela pra ela, que riu me levando a fazer o mesmo.
Levamos as coisas pra sala e resolvemos maratonar Grey 's Anatomy, que era uma série que nós duas amávamos. Assistimos vários episódios sempre comentando alguma coisa, já que não era a primeira vez que assistíamos.
Ficamos até 01am assistindo a série, o que foi bastante tempo, levando em consideração que havia chegado por volta das 05pm. Depois arrumamos as coisas e fomos para o quarto, onde dormiríamos.
- Já que não estamos com sono, acho que deveríamos nos conhecer melhor, porque nunca paramos para conversar realmente entre nós duas. - ela me olhou e eu balancei a cabeça em concordância.
- Você é a minha melhor amiga desde que eu cheguei aqui e eu não sei muita coisa sobre você. - fiz uma careta e ela repetiu.
- Bom... Com quantos anos e como foi seu primeiro beijo? - ela cruzou as pernas na cama, se sentando de frente pra mim e eu ri baixo.
- Foi com 14 anos, e não foi muito agradável, levando em consideração que foi muito babado. - fiz uma careta enojada e ela gargalhou - Mas na época eu achei um máximo, porque tinha beijado o menino que eu gostava. - dei ombros e ri em seguida - E o seu?
- Também foi com 14, mas não foi ruim, na verdade, foi estranhamente satisfatório. - riu baixo e eu fiz o mesmo - Qual o seu maior segredo?
- Tirando o fato de que eu divido a cama com o maior rival do meu irmão e corro escondida? - arqueei a sobrancelha e ri fraco.
- Bom, essa pergunta não serve pra você. - ela riu - Mas o meu é que eu só entrei para a faculdade de medicina por pressão dos meus pais. - suspirou.
- Se te consola dizer, eu nunca quis me formar em contabilidade, na verdade, eu fui obrigada. - soltei uma risada nasalada - Mas olha, se você tem outro sonho, vai atrás dele, não deixe ele se perder assim. - a encarei.
- Eu agradeço muito pelo seu apoio, mas apesar de tudo, eu vejo um motivo para continuar na medicina, eu posso fazer diferença na vida de alguém. - sorriu e eu fiz o mesmo.
- Pensando por esse lado. - pensei um pouco sem tirar o sorriso dos lábios - Como foi a sua primeira vez? - dei um sorrisinho malicioso e ela corou - Okay, eu começo... Minha primeira vez, foi aos 17 anos, na sala da diretora do internato com o filho dela, que era um gostoso. - suspirei abanando o ar e a boca de se abriu em um perfeito “o”, mas ela logo gargalhou.
- Meu Deus, garota. Você é demais. - falou entre risos - Ninguém descobriu isso?
- Não, logo depois ele se mudou para o Brasil para fazer intercâmbio e quando voltou um ano depois, voltou comprometido. - dei ombros e ri - Agora me conta você. - a empurrei levemente.
- Bom, eu tive a minha primeira vez aos 18, pouco antes de me formar no colegial. Na verdade, foi mais uma vez que me deixei levar pela pressão, nesse caso das minhas "amigas"... - riu sem humor - Todas elas já não eram mais virgens e sempre começavam a me criticar por isso, e aí aconteceu... - fez uma pausa e me olhou parecendo receosa em continuar - Essa é a parte que você pode não gostar. - riu fraco e coçou a nuca, então eu fiz uma careta confusa - é o meu melhor amigo desde o início do colegial, e como eu ia perder a virgindade por pressão, ele era o único garoto que eu confiaria. Ele tentou de todas as formas tirar isso da minha cabeça, mas eu insisti até ele ceder. E aí, ao contrário do que eu imaginava, ele criou o ambiente perfeito, e foi muito carinhoso comigo durante todo o tempo, sempre perguntando se eu estava bem com aquilo. - ela deu um sorrisinho fraco e me olhou preocupada. Eu não sei o que ela achou que eu faria, mas eu simplesmente sorri.
- É bom saber que você não teve a sua primeira vez com um babaca, que só quis te usar para se vangloriar com os amigos logo em seguida. Sem contar, que é ótimo de cama. - dei uma piscadela e ela gargalhou aliviada.
- Eu achei que você fosse ficar puta comigo. - me olhou.
- Não tenho motivos pra isso. Primeiro que você é minha amiga, segundo, que eu nem conhecia o nessa época, não posso ter ciúmes do passado dele. - dei ombros e ela concordou.
- Alguma coisa muito "fora das regras" que você fez? - ela riu e eu a acompanhei.
- Eu tinha um professor de cálculo, que era um Deus grego, ele era o mais novo dos professores, tinha acabado de se formar. Desde que ele chegou lá no internato eu dava em cima dele descaradamente, mas ele não me dava bola. Nem pra mim e nem pra ninguém. - revirei os olhos - Até que em um fim de semana, estava na balada com meus amigos e encontrei ele lá. Aí eu não estava feliz por ser ignorada e confrontei ele, ele me disse que não se envolvia com menores de 18 anos, e foi quando eu mostrei pra ele minha habilitação com os meus recém completados 18 anos. Ele abaixou a guarda e perguntou se eu queria que ele me levasse de volta para o orfanato. - ri baixo já me lembrando da resposta - E eu simplesmente disse que eu queria ir para casa dele dar pra ele. Nós fomos, e dali em diante, nós namoramos até pouco antes de eu voltar pra cá, porque ele disse que não podia sustentar emocionalmente um relacionamento a distância.
- Como é que você passou todo esse tempo no internato e não foi expulsa por mal comportamento? - ela gargalhou.
- Sempre fui uma boa atriz. - fiz uma carinha inocente e ri - A única vez que eu tive problemas, mas foram relevados, levando consideração o meu bom comportamento, foi quando eu joguei o meu sapato na cabeça do meu ex, que havia me traído com "minha amiga". - fiz uma careta e dei ombros.
- Te inocentaram porque certamente ele mereceu. - ela falou e eu concordei entre risos - Acho que o mais “quebrando as regras” que eu fiz, foi quando experimentei fumar maconha com o antes da aula. Ele já estava acostumado, eu fiquei igual uma idiota rindo sem parar e depois chorei, mas depois disso, nunca mais quis passar nem perto. - fez uma careta e eu gargalhei.
- Você teve muitas primeiras vezes com o . - falei pensativa e nós rimos em seguida.
Ficamos ali conversando por mais um bom tempo, e só acabamos indo dormir por volta de 04am. Mas aquela foi sem dúvidas, uma das noites mais amigáveis da minha vida desde que eu chegara ali, e era um momento que eu precisava depois de tudo o que estava acontecendo na minha vida.
Envolvi meus braços no pescoço de , e ele nos guiou até a cama, onde ele se deitou sobre mim e começou a distribuir beijos em meu pescoço e meu colo. Embrenhei a mão em seu cabelo, e puxei a sua cabeça o fazendo me encarar, então eu o beijei.
Era um beijo lento, sem pressa, mas ao mesmo tempo com muita vontade. Sua mão adentrou a minha blusa, e logo chegou aos meus seios, onde ele começou a "brincar" ali.
Segurei firme em sua nuca e mordisquei seu lábio inferior, me separando dele o suficiente para que ele tirasse a minha blusa e me deixasse apenas de calcinha. Ele me olhou de cima a baixo e sorriu malicioso, descendo os beijos para minha barriga, onde ele depositou uma mordida, que me fez arrepiar.
Ele voltou a subir os beijos pelo meu corpo, e parou em meus seios, onde ele depositou alguns beijos antes de abocanhar um deles com vontade.
Fechei os olhos e deixei que ele fizesse o que bem entendesse ali, mas acabei me distraindo quando ouvi meu celular tocar. levantou levemente a cabeça para me olhar, mas logo voltou ao que fazia e eu voltei a aproveitar o momento. Entretanto, a insistência do meu celular, não me deixou continuar e eu bufei e me levantei contra a minha vontade e, mais ainda, a de .
Olhei no visor e era , e eu logo atendi, porque se ele estava insistindo é porque realmente precisava falar comigo.
- , eu espero que seja extremamente importante, porque eu estava bastante ocupada. - olhei para , que deu ombros e começou a distribuir beijos na parte interna da minha coxa.
- O que de tão importante você tem pra fazer às quatro e meia da tarde de uma quarta-feira? - ele falou e soltou uma risada nasalada, como se eu realmente não fizesse nada da vida.
- Você não vai querer saber o que eu realmente estava fazendo, então não pergunte. - passei a mão pelo rosto, abafando um suspiro ao sentir se aproximar cada vez mais da minha intimidade, como se eu não estivesse falando com a pessoa que mais odiava ele no mundo, vulgo, meu irmão.
- Eu liguei porque precisava te contar o que está acontecendo por aqui. - ele falou num tom de voz mais baixo e eu imaginei que estivesse tentando evitar que alguém escutasse o que ele dizia - A Abigail acabou de sair de uma reunião com nosso pai e ela retirou todo o investimento dela da empresa. Ela não disse nada demais, só falou que não apoiaria as atitudes dele. E ele surtou, e tem certeza de que você a influenciou a fazer isso. - ele explicou, e tudo o que eu consegui fazer foi gargalhar gostosamente, levando até mesmo a parar o que fazia e me encarar curioso.
- , eu não a pedi para fazer nada disso, eu só contei para ela o que realmente aconteceu, o resto foi por conta dela. - expliquei, enquanto se sentou na cama, tentando entender do que eu falava - Mas se você quer saber, eu acho bem-feito que isso esteja acontecendo. Ele nunca fez nada certo, sempre desviou dinheiro que não era dele. Eu descobri isso, coincidentemente, dias antes dele me agredir, mas eu usaria contra ele de qualquer forma. - falei simplesmente e dei ombros, mesmo sabendo que não podia me ver.
- Por que eu sinto que tem muito mais coisa aí e você não quer me contar? - ele perguntou desconfiado.
- Eu prometo que quando eu souber de mais coisas eu falo pra você. Você confia em mim? - perguntei encarando o , pensando em quantas mentiras eu escondia do meu irmão.
- Você é a pessoa que eu mais confio nesse mundo, , não se preocupa com isso. - ele falou e por alguns segundos eu quis chorar - A gente se vê na corrida sexta ou você não vai? - para a minha felicidade, mudou o assunto.
- Estarei lá, maninho. Tô morrendo de saudades de você, eu não perderia a oportunidade de te ver assim. - sorri e imaginei que ele fazia o mesmo.
- Eu posso te ver todos os dias, é só você me falar onde você está ficando e eu vou até aí te ver. - ele falou e eu suspirei.
- , eu juro pra você que é melhor que você não saiba onde eu estou, pelo menos por enquanto. - falei, mas sabendo que era mais uma mentira.
- Tudo bem, maninha. A gente se vê no sábado. Eu amo você e o que precisar, me liga. - ele falou e eu sorri.
- Eu também amo você, . A gente se vê na corrida. - mandei beijos e desliguei deixando o celular de lado e me jogando na cama de olhos fechados - Sua avó tirou todos os investimentos da empresa do Mark. - falei, me virando para olhar .
- Você não deveria estar comemorando essa notícia? - se aproximou, deixando seu rosto ao lado do meu.
- Por que eu sinto que o vai me odiar pra sempre quando ele descobrir a verdade? - suspirei, e passei a mão pelo rosto.
- Eu acho que ele vai me odiar pra sempre, você certamente ele vai perdoar facilmente. Porque você é a irmã dele e ele ama você demais para te odiar um dia. - ele levou sua mão ao meu rosto e acariciou minha bochecha com seu polegar.
- Eu não quero ter que escolher entre vocês dois, . Eu nunca conseguiria fazer essa escolha. - o olhei, sentindo uma vontade imensa de chorar e ele deu um pequeno sorriso.
- Você não vai precisar fazer essa escolha, eu juro. - aproximou seu rosto do meu e me deu um selinho demorado.
- O cortou todo nosso clima, mas a gente pode criar ele de novo? - falei sussurrando e dei um sorrisinho malicioso.
Ele nem me respondeu, só me virou na cama, me colocando por cima dele e eu o beijei de uma vez, voltando para onde paramos antes da ligação de .
~ pov's~
Acordei naquela manhã com o alerta de incêndio do apartamento, e o cheiro de queimado inundava toda a casa. Olhei para o meu lado da cama e não estava ali, então me levantei correndo e saí do quarto em busca dela.
A cozinha estava tomada pela fumaça vinda do fogão, enquanto a água esguichava do sprinklers, na tentativa de combater o "incêndio", e tossia incessantemente, enquanto tentava espalhar a fumaça com um pano de prato.
- Você está bem? O que houve? - perguntei preocupado indo até ela, e segurando em seu rosto a procura de algum machucado.
- Eu estava tentando fazer ovos mexidos e bacon para nosso café da manhã, mas tudo o que eu fiz foi queimar a panela, quase incendiar o prédio e inundar a cozinha. - ela vagou seu olhar para a panela queimada e fez bico, então eu gargalhei - Isso não tem graça, . - ela falou com a voz manhosa e me empurrou levemente, enquanto passava as mãos pelos seus cabelos ensopados.
- , você não precisava cozinhar pra mim. - a tranquilizei enquanto cessava o riso - Deixa que eu faço isso daqui pra frente, okay? - a olhei e puxei uma cadeira para desligar o esguicho d'água.
A campainha tocou e eu logo desci da cadeira, já imaginando o que se tratava, e fui até lá abrindo a porta. Como eu já esperava, o síndico estava ali parado com uma cara nada feliz.
- Bom dia, Sr. . - ele falou com um tom um tanto quanto irônico.
- Bom dia, Sr. Connor. - respondi tranquilamente.
- Os vizinhos reclamaram de um cheiro de queimado fortíssimo e do disparo do alarme de incêndio deste andar. Estou vendo que não tem fogo algum aqui, mas quero saber o que houve. - ele cruzou os braços em frente ao seu corpo, e eu olhei para dentro, vendo preocupada na porta da cozinha me encarando.
- Foi um acidente na cozinha, nada demais. - voltei a olhá-lo e dei ombros - Já foi até resolvido. - expliquei.
- Tem certeza de que não foi um dos seus cigarros? - me olhou desconfiado e eu soltei uma risada nasalada.
- Acredite se quiser, eu sei muito bem como se acende um cigarro e eu não como isso no café da manhã. - falei com ironia e ele cerrou os olhos.
- Já vai se preparando para receber a sua multa de importunação aos moradores. - soltou uma risada nasalada e saiu dali marchando pelo corredor a fora.
- Me desculpa. - falou baixo, fazendo uma careta no mínimo infantil - Eu só não quero ter que depender de você pra tudo. Você já está sendo incrível em me deixar ficar aqui, e ainda sim você cozinha para mim todos os dias, e se bobear leva até a cama e me dá na boca. Eu me sinto inútil sem fazer nada. - ela suspirou.
- , olha, eu sei que você é extremamente independente e autossuficiente, e acredite em mim, isso é incrível, mas você não é inútil por me deixar cuidar de você. Você só é humana. - parei em sua frente e segurei em sua mão - Eu agradeço muito por você se preocupar em cozinhar para mim, para me ajudar, mas você não precisa fazer isso. Nada me ajuda mais do que saber que você está segura aqui. - levei seus dedos aos meus lábios e depositei um beijo sobre eles.
- Eu tenho quase 20 anos e não sei ao menos fritar um ovo, porque vivi a minha vida inteira tendo quem fizesse isso por mim. - ela bufou e revirou os olhos - Talvez se eu não tivesse ido para um internato em outro continente, eu sequer saberia fazer qualquer coisa. - balançou a cabeça - Eu odeio Mark por mais esse motivo.
- Eu te ensino a cozinhar o que você quiser, desde que você me prometa que não vai se martirizar por essas coisas e entender que você não é inútil por não saber cozinhar, e muito menos, por eu estar cuidando de você. - olhei em seus olhos e ela assentiu.
- Eu vou procurar um emprego. Quero voltar a me sentir útil e ocupada durante meus dias. - ela falou e eu sorri.
- Você tem todo o meu apoio para fazer o que decidir. - lhe dei um selinho - Agora, vamos aproveitar que estamos molhados e vamos tirar nossas roupas. - falei malicioso e ela sorriu pulando em meus braços.
~ pov's~
Passei toda aquela sexta atrás de um trabalho, mas ninguém queria ter em suas empresas alguém no qual a única experiência de trabalho era na empresa do próprio pai. E eu não tinha muita escolha, afinal, não sabia fazer muita coisa para que pudessem me contratar, mesmo que tivesse muita força de vontade para aprender.
Quando cheguei em casa, eu estava completamente desanimada. Eu queria trabalhar, queria depender apenas de mim, coisa que nunca havia feito nos meus quase vinte anos de vida. Mesmo que eu trabalhasse na empresa, Mark quem pagava meu salário, então de qualquer forma, eu dependia dele para viver.
Entrei no apartamento e estava na varanda, fumando seu cigarro. Deixei a minha bolsa sobre o sofá, tirei os saltos e fui até ele enquanto desabotoava a camisa social que eu usava.
- Ei, como foi? - ele me olhou assim que eu passei pela porta da varanda e deu uma longa tragada em seu cigarro, enquanto o cheiro invadia as minhas narinas e nem me incomodava mais, de tão comum que era.
- Ninguém quer contratar uma patricinha mimada que não sabe fazer nada. - dei um sorriso de escárnio e me encostei no batente da porta de vidro.
- Eles que estão perdendo todos os seus talentos. - ele soprou a fumaça para o lado oposto ao que eu estava, e me olhou em seguida - Você é extremamente inteligente, uma gênia da matemática. Se formou na faculdade precocemente, e sabe organizar eventos como ninguém. - continuou e eu dei um pequeno sorriso enquanto cruzava os braços em frente aos peitos - Sem contar que só a sua beleza deveria ser considerada um talento, porque pra carregar tudo isso não deve ser fácil sem uma escoliose. - ele deu um sorrisinho de canto, e foi impossível eu não rir com aquilo. era único, feito sob medida e eu amava aquilo.
- , você sabe melhorar o dia de alguém sem precisar de muito. - falei sem tirar o sorriso dos lábios e ele deu ombros convencidamente - Vou me trocar e deitar um pouco, a minha cabeça está explodindo. - fiz uma careta de dor e me desencostei da porta, então ele empurrou o cigarro em minha direção.
- É um ótimo remédio. - ele falou sugestivamente, e arqueou a sobrancelha enquanto eu negava com a cabeça.
- Se você quiser me oferecer outra coisa para colocar na boca, eu não vou negar. - falei no mesmo tom que ele usava e dei uma piscadela, dando as costas antes que ele me respondesse, saindo dali com um sorrisinho vitorioso nos lábios.
Entrei no quarto já deixando a camisa escorregar pelos meus braços e a soltei na poltrona em frente a cama. Tirei a calça e a deixei ali no mesmo lugar, me jogando na cama apenas de lingerie, enquanto encarava o teto branco em minha frente.
Não demorou nem um minuto para que entrasse no quarto carregando minha bolsa e meus sapatos e os deixando em qualquer lugar ali pelo quarto, enquanto caminhava até mim na cama.
- Você não pode falar aquelas coisas e me deixar sozinho com meus pensamentos. - ele se sentou na cama, mas em questão de segundos, estava sentado sobre minhas pernas e prendendo meus braços no alto de minha cabeça.
- Eu não falei nada demais. - o encarei, me fazendo de desentendida - Eu estava falando de chocolate. - dei ombros e ele soltou uma risada nasalada negando com a cabeça.
- Tá aí outro talento. Se fazer de inocente, quando na verdade está longe disso. - falou baixinho e se abaixou distribuindo beijos pelo meu colo.
- Assim você ofende. - falei em meio a um gemido baixo, e joguei a cabeça para trás deixando o meu pescoço livre para ele - Eu sou quase uma virgem de tão santa. - depois daquela fala, nem eu e nem ele conseguimos segurar o riso.
- Você não existe. - ele levantou a cabeça para me olhar, enquanto ainda ria e eu parei para observá-lo. Era engraçado aquilo, porque por mais apaixonada que eu estivesse, eu não assumiria para até menos de um mês antes, e naquele momento, eu sabia que não tinha um lugar melhor para eu estar do que nos braços dele.
- O que foi? - ele falou baixinho enquanto cessava seu riso e analisava a minha feição, que provavelmente estava parecendo de uma boba.
- Não é nada. - balancei negativamente a cabeça e fechei os olhos, tentando segurar o sorriso.
- Você sabe que não dói assumir que está apaixonada por mim, não é? - ele falou, e mesmo de olhos fechados, eu conseguia ver o sorrisinho brincando em seus lábios.
- É hoje que você vai me deixar correr com o ? - abri os olhos para encará-lo, mudando bruscamente de assunto e ele riu baixo.
- Nosso trato foi que seria na primeira corrida, então, é hoje. - ele respondeu, finalmente soltando meus braços e eu os desci para seus ombros.
- Se o ganhar de mim, eu prometo que assumo o que você quiser. - falei acariciando seu rosto com o polegar e ele estreitou os olhos com um sorrisinho em seus lábios.
- Nós já sabemos que isso não vai acontecer. - soltou uma risada nasalada e eu concordei com a cabeça dando um sorrisinho debochado - Mas a melhor parte vai ser ver o indignado por perder. - ele riu e eu fiz o mesmo.
- Ele sempre fala com muita certeza, que ganharia da corredora misteriosa, vulgo, a irmãzinha dele. - fiz uma careta e gargalhou alto.
- Estou ansioso para este evento. - falou debochado e eu balancei a cabeça negativamente.
- Se eu ganhar, eu prometo que nós comemoraremos em grande estilo essa noite. - lhe dei um selinho demorado e ele sorriu em meus lábios.
- É disso que eu gosto. - me olhou e intensificou o beijo acariciando a minha cintura.
Logo que a noite caiu, meu coração já estava completamente acelerado e a minha ansiedade dominava todo o meu ser. De todas as corridas que eu participei, aquela era a que mais me deixava nervosa, afinal, eu correria contra o meu irmão.
Tomei um banho demorado com . Na verdade, o banho durou alguns minutos, nossa pegação é que foi mais demorada. O que era normal, já que eu e juntos, parecíamos uma pilha de teor sexual sem fim.
Penteei e sequei o meu cabelo já no banheiro e fui para o quarto fazer a maquiagem e me vestir. Optei pelo básico, fiz apenas um make leve com um delineado e um batom vermelho, e para vestir escolhi uma calça jeans preta, uma regata também preta e uma jaqueta jeans que peguei do guarda-roupa de . Coloquei um coturno, espirrei um pouco de perfume em meu corpo e me virei para , que estava devidamente arrumado, sentado na cama me esperando.
- É incrível como você consegue ficar cada segundo mais gata. - ele me olhou com um sorrisinho de canto e eu balancei a cabeça negativamente, enquanto sorria.
- Olha quem fala, . - dei uma piscadela e peguei meu celular, e nós saímos do quarto.
- Você vai correr no meu carro hoje, então já avisei para que não precisa levar o seu carro dessa vez. - ele me olhou, enquanto juntava sua chave da mesinha de centro.
- Além de correr com o meu irmão, eu terei o prazer de ganhar dele no seu carro? - dei um sorrisinho debochado e ele riu enquanto concordava com a cabeça - Isso vai deixá-lo ainda mais puto quando perder para aquela que ele sempre desdenhou. - ri baixo e mais uma vez concordou, e nós saímos do apartamento indo para o elevador.
- Confesso que será gratificante assistir essa cena de camarote. - ele falou com deboche e eu não pude segurar o riso naquele momento. Por mais que fosse meu irmão, ele se achava melhor que todo mundo nas corridas, inclusive, desmereceu a vitória da corredora misteriosa várias vezes, como se ela, vulgo eu, não tivesse a capacidade de vencer dele.
Durante todo o caminho até o local da corrida, meu corpo parecia uma bomba de adrenalina prestes a explodir e isso porque eu sequer havia chegado a correr.
Como o lugar da antiga corrida havia sido descoberto pela polícia, a corrida dessa vez seria em um novo local. Era muito menor o movimento ao redor, na verdade, parecia até uma estrada fantasma, rodeada de alguns galpões escuros e sombrios. Mas, com as luzes espalhadas pela organização da corrida, era possível enxergar bem ao redor, mas ainda assim, era difícil correr em um lugar que você nunca esteve antes.
- e acharam um lugar que possamos ficar longe da vista de todos. - falei com , sem tirar os olhos da tela do meu celular, enquanto ele seguia por entre os carros e pessoas que estavam ali.
- Aqui você vai precisar tomar cuidado, não tem muito lugar pra se manter escondida do . - ele me olhou rapidamente e seguiu com o carro na direção que eu lhe guiava.
Ele parou o carro em um pequeno beco escondido que havia ali, logo no canto de um galpão e debaixo de um viaduto. Porém, ainda sim, era um lugar muito visível a qualquer um que chegasse a alguns metros dali. Eu só rezava para que ninguém me reconhecesse e fosse correndo contar para o meu irmão.
- Vou procurar o e volto mais tarde! - depositei um beijo na bochecha de e desci do carro, saindo rapidamente dali para o meio da multidão.
Não foi muito difícil encontrar meu irmão, ele estava bem no meio de todo mundo, chamando a atenção como ele gostava. A única coisa nova ali era a ruiva que estava grudada no pescoço dele, igual a um bicho preguiça preso em uma árvore. E eu a conhecia bem.
- ! - se desvencilhou da garota assim que me viu, e logo veio me abraçar. Era um abraço apertado, que demonstrava que ambos estávamos com saudades de estar perto um do outro. E eu realmente estava morrendo de saudades do meu irmão - Eu nem vi você chegar. - ele falou baixo, enquanto se afastava para me olhar - Como você está? Está se cuidando? Se alimentando? Dormindo bem? - despejou aquele monte de perguntas em minha cabeça e eu me limitei a soltar uma risada. Ele sempre fora muito preocupado comigo, mas ali, estava dez vezes mais.
- Eu estou bem, . Estou me alimentando e dormindo muito bem. - “até melhor do que você imagina”, pensei - E você, como é morar naquele inferno de casa sem a presença de seu anjo da guarda? - baguncei levemente seu cabelo e ele riu revirando os olhos.
- Nosso pai está querendo sua cabeça cada dia mais. - fez uma careta que eu repliquei seguida de um sorriso - E cada vez que ele abre a boca para pronunciar seu nome, eu tenho vontade de matá-lo. - falou com certa indignação na voz, mas completa sinceridade.
- Não faça nada que possa chateá-lo ainda mais, porque se ele ousar encostar um dedo sequer em você, eu mato ele. - falei no mesmo tom e ele sorriu segurando meu rosto entre as mãos.
- Eu não estive lá por você quando você mais precisou de mim, mas eu prometo que mais ninguém nesse mundo vai lhe fazer mal. - ele falou olhando em meus olhos, e eu sentia conforto naquelas palavras vindas de meu irmão, afinal, , sempre fora quem mais cuidou de mim a vida toda, mesmo que a distância.
- Ei, o que você está fazendo com a Crystal? - perguntei a encarando por cima do ombro, enquanto ela nos observava curiosa em saber do que tanto falávamos.
- Enquanto não estava tendo corrida nós dois saímos, conversamos e ela entrou para minha equipe. - ele explicou, mas não o que eu queria saber. Então eu apenas arqueei a sobrancelha, e ele riu baixo - Nós fizemos mais do que conversar e agora estamos nos conhecendo melhor. - deu ombros e deu um sorrisinho de lado, o que me fez revirar os olhos.
- Então era por ela que você estava parecendo um idiota? - fiz uma careta e ele riu alto, chamando a atenção de Crystal e de seus companheiros de equipe.
- Você tem alguma coisa contra ela? - fez uma careta confusa e olhou rapidamente para trás, encarando a ruiva encostada no capô de seu carro.
- N-não! - falei tão rápido que eu sequer pude raciocinar antes - Eu só quero que você seja feliz, . Independentemente de quem você escolher. - me expliquei dando ombros logo em seguida.
- E isso me faz achar ainda mais que você não gosta dela, mas obrigado. - beijou a minha bochecha - Quer que eu apresente vocês?
- Talvez depois. Eu vou buscar algo para beber. - apontei em direção a barraca de bebidas e ele assentiu.
- Ei, não vai perder a minha corrida, em. - segurou meu braço e eu sorri.
- Eu vou assistir de camarote. - dei uma piscadela e saí dali indo até a barraca de bebidas onde comprei dois energéticos e fui em direção onde , e estavam, mas tomando cuidado para não ser vista.
Quando as corridas começaram, ocorreu como o de praxe, primeiro foi a corrida da , que ela ganhou com uma distância de praticamente vinte segundos. Logo depois, foi a minha corrida, que todos acharam estranho eu não participar, e se tornou um burburinho, e que levou Crystal a vitória e a deixou radiante comemorando nos braços de meu irmão.
- E a nossa corrida mais esperada da noite, teve uma pequena mudança, que acabou de ser informada pelo senhor . - o apresentador falou, apontando para , que estava de pé ao seu lado na caminhonete - De um lado, correndo com o seu Nissan Skyline GT-R, . - ele gritou e logo a multidão foi à loucura pelo meu irmão - E do outro lado, correndo com o Dodger Charger, a corredora misteriosa. - ele me anunciou e eu logo fui para o lado de , mantendo o carro todo fechado para não correr o risco de ser vista. E por mais confusa que a plateia estivesse, o alvoroço não foi pequeno - Façam suas apostas, que vai começar uma disputa, no mínimo interessante. Quem leva essa? A corredora misteriosa, que é campeã invicta da segunda categoria, ou o nosso campeão de primeira base, ? - o apresentador falou, e uma chuva de pessoas começou a se amontoar ali perto da caminhonete para apostar. também apareceu, e logo entregou uma boa quantidade de dinheiro para a assistente do apresentador, e olhou em direção ao carro sorrindo.
Levando em consideração a gritaria pelo nome do meu irmão, eu sabia que a maioria ali tinha certeza de que ele ganharia de mim, mas eu daria o meu melhor para entregar o contrário.
Depois de alguns minutos, uma garota apareceu para liberar a corrida. E com a contagem regressiva acontecendo, ela balançou o lenço garantindo que a corrida havia sido iniciada.
saiu em disparada na minha frente, ele certamente já conhecia o lugar. Porém, eu não me dei por vencida, e logo na primeira curva, que era bem estreita, eu consegui alcançá-lo. Assim que saímos da curva, eu precisei passar bem na beirada do abismo que havia ali, correndo o risco de que o carro virasse e eu fosse parar lá embaixo, no meio das pedras. No fim das contas, deu tudo certo. Eu ultrapassei , acelerei o carro novamente, colocando a quinta marcha e ativei o nitro, ganhando uma boa distância do meu irmão.
Mantive a velocidade até a segunda curva, que foi onde ele me alcançou. Entretanto, como a estrada naquela parte era ainda mais estreita, não se arriscou como eu anteriormente e eu consegui novamente me distanciar, finalmente ganhando a corrida.
Com minha típica saída, rodei o carro fazendo com que a fumaça subisse ao meu redor e saí dali levando o carro de volta para o lugar e ouvindo a gritaria da multidão.
- INACREDITÁVEEEEEEL! - gritou o apresentador no microfone, junto a multidão - A corredora misteriosa mantém o seu título de vencedora invicta, e dessa vez, com uma vitória em cima de um de nossos maiores corredores. Parece que temos uma rainha na área. - ele falou, os gritos aumentaram ainda mais, o que me levava a crer, que devia estar espumando de raiva.
Desci do carro de , encontrando uma extremamente empolgada do lado de fora. Só ela estava ali, porque como o foi fazer a mudança da corrida não havia voltado, e provavelmente havia ido buscar o dinheiro da minha vitória.
- Você está entendendo que você é a melhor corredora deste lugar? - ela me olhou sorridente e um concordei animada.
- Não preciso ser a melhor, só queria provar para que a corredora misteriosa é melhor do que ele. - dei ombros e ela riu alto.
- Ele deve estar bem indignado com essa derrota - ela se encostou no capô do carro e eu fiz o mesmo ficando ao seu lado.
- Ele me deixou indignada com o novo relacionamento dele, então estamos quites. - dei um sorrisinho debochado.
- Agora faz todo sentido o porquê de você não gostar da Crystal. - a voz de soou atrás de mim, e o meu corpo gelou. Eu sequer tive coragem de virar para olhá-lo - Você mentiu pra mim durante todo esse tempo. E agora apareceu na corrida apenas para me humilhar. - o tom de sua voz parecia de completa decepção.
- , eu nunca quis te humilhar. - finalmente consegui me virar para olhá-lo, e seu olhar de julgamento, me atingiu em cheio - Você nunca me deixou tentar. Eu sempre te disse que eu conseguiria, mas você sempre me impediu. - fui andando em sua direção e parei em sua frente.
- Eu te impedi porque eu não queria que você se arriscasse. Eu queria te manter segura. Mas você… - soltou uma risada nasalada e balançou negativamente a cabeça - Você mentiu pra mim, e entrou nessa maldita corrida. E hoje quis se mostrar melhor do que eu. Parabéns! - falou irônico e bateu palmas - Eu nunca tive nada que eu pudesse chamar de meu, porque você sempre foi a filha favorita. E a corrida era tudo o que eu tinha, mas isso você também conseguiu tirar de mim. - seu tom de voz estava num misto de decepção, desgosto e tristeza.
- Você sabe que isso não é verdade. - falei, enquanto tentava manter o meu tom de voz normal, sem deixar que uma lágrima caísse - Não transforma isso em algo maior do que realmente é. - balancei negativamente a cabeça e vi e se aproximarem confusos - Eu nunca quis tirar nada de você.
- Você nunca precisou querer, você sempre teve tudo. - ele falou como se estivesse engasgado com aquela fala há muito tempo. Eu sabia que aquela mágoa dele não era exatamente relacionada a mim, mas, naquele momento, ela me atingiu muito - Eu passei os últimos dias preocupado com você e em como estava tudo desde que você fugiu de casa, e enquanto isso, você estava planejando me humilhar na frente de todo mundo aqui. - riu de escárnio - Mas não se preocupe, pode ficar com tudo agora. - falou simplesmente e deu as costas entrando em seu carro.
- , espera! - andei até ele e segurei a porta aberta, enquanto ele sequer me olhava - Eu juro que eu não quero nada se for pra perder você. - falei sentindo uma lágrima grossa escorrer pelo meu rosto.
Ele não falou mais nada, apenas puxou a porta do carro com força e acelerou saindo dali. Eu sabia que a gente precisava conversar, mas eu não tinha condições de ir atrás dele, não naquele momento. Ele precisava de tempo e eu também.
- Vamos pra casa. - falou baixo e claramente muito preocupado, então me guiou para o banco do passageiro no carro e fechou a porta.
Ele falou algo com e , e logo em seguida entrou no carro também. Ele me olhou com pesar, e deu a partida saindo dali em direção a seu apartamento. O caminho estava parecendo mais longo do que o normal, e o silêncio tomava conta do carro. Eu não queria falar nada, e estava segurando a vontade imensa de chorar. Enquanto , parecia querer falar, mas tinha receio da minha reação. Porém, ele estava bem alheio a todos os meus movimentos e suspiros dados naquele carro.
Meu coração batia tão rápido que eu não sabia explicar se era ainda pela adrenalina da corrida ou se pela briga com , mas eu podia dizer que havia um mistos de sensações dentro de mim, e o sentimento que tomava conta ali, era a dor de provavelmente ter perdido o meu irmão.
Quando o parou o carro no estacionamento do prédio, eu simplesmente travei no banco do passageiro. Eu encarava o espaço vazio na minha frente, e me lembrava de cada palavra do . Eu nunca quis o humilhar, nunca quis tirar nada dele, mas aquelas palavras faziam sentido se pensássemos por tudo o que ele passou. Mark sempre jogou na cara de , que eu era melhor que ele, mesmo quando eu estava querendo ser como meu irmão.
- Eu nunca quis tirar nada dele, . Eu nunca quis humilhar ele na frente de todo mundo. - falei com a voz embargada, mas sem coragem de olhar para o homem ao meu lado porque se eu o olhasse, eu choraria - Tudo o que eu queria era mostrar pra ele que eu era capaz, e que eu não sou mais uma criança. - fechei os olhos na tentativa de segurar as lágrimas.
- Olha, é normal que ele queira te proteger, porque pra ele você sempre será a irmãzinha dele. - tirou o seu cinto e se aproximou de mim devagar segurando minha mão - sempre esteve muito magoado e sozinho por você ter ido para um internato. Ele nunca falava sobre isso, mas sempre que citava você, ele deixava isso transparecer mais do que qualquer outro sentimento. Ele passou sete anos longe de você, e pra ele é como se você tivesse ainda doze anos. - ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, e eu respirei fundo - Vocês logo irão se resolver, não se preocupa. Nada do que ele disse foi pra machucar você, eu tenho certeza disso.
parecia estar lendo meus pensamentos em cada palavra dita por ele. E como se fosse um passe de mágica, meu coração foi se acalmando aos poucos e um pontinho de esperança começou a surgir dentro de mim. estava certo, eu e logo nos resolveríamos. E era o que eu tentava me dizer.
Continua...
Nota da autora: Oi xuxus! ♥
Começo pedindo perdão pela minha demora em atualizar. Eu comecei uma long nova, e simplesmente travei nessa daqui, sem conseguir continuar, mesmo sabendo o que eu queria fazer na história. Tentei escrever esse capítulo várias vezes, mas sempre apagava no fim das contas. Até que essa última versão eu gostei do resultado final e espero que vocês gostem também! ♥
Preciso dizer também que estamos entrando na reta final da fic, e talvez, só mais 5 capítulos para terminar. O que vocês esperam daqui pra frente? O que vocês acham que vai acontecer, agora que o Harry descobriu um dos segredos da pp e Mark está sendo desmascarado?
Eu voltarei logo com mais atualização, prometo pra vocês tentar não demorar.
XxDebs Trailer da fic (https://www.youtube.com/watch?v=7xovN4GDxCc)
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Começo pedindo perdão pela minha demora em atualizar. Eu comecei uma long nova, e simplesmente travei nessa daqui, sem conseguir continuar, mesmo sabendo o que eu queria fazer na história. Tentei escrever esse capítulo várias vezes, mas sempre apagava no fim das contas. Até que essa última versão eu gostei do resultado final e espero que vocês gostem também! ♥
Preciso dizer também que estamos entrando na reta final da fic, e talvez, só mais 5 capítulos para terminar. O que vocês esperam daqui pra frente? O que vocês acham que vai acontecer, agora que o Harry descobriu um dos segredos da pp e Mark está sendo desmascarado?
Eu voltarei logo com mais atualização, prometo pra vocês tentar não demorar.
XxDebs Trailer da fic (https://www.youtube.com/watch?v=7xovN4GDxCc)
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.