Capítulo Único
“Você está linda.” eu disse olhando para a mulher em minha frente com um vestido branco de noiva improvisado.
“Você não está nada mal.” ela disse ajeitando a minha gravata com os olhos marejados.
“Sei que não era essa a sua ideia de casamento ideal, mas-”
“É perfeito.” ela me interrompeu, “Estamos juntos e é isso que importa.” Eu sorri e olhei para frente, enquanto Monstro realizava a nossa pequena cerimônia.
Mesmo diante da guerra que estávamos vivendo, conseguimos fugir um pouco da realidade para nos casarmos em segredo, numa vila longe e distante de todos. Um Black, um comensal, casando com uma nascida trouxa? O que as pessoas iriam pensar?
Nesse momento, eu não me importava com o que os outros iriam pensar, na verdade eu não deveria nunca ter me importado com isso.
Estávamos só nós dois, num momento só nosso. Régulos e . Minha , a mulher com quem eu irei passar o resto dos meus dias, que um dia será mãe dos meus filhos. Não havia guerra, não havia preconceitos, éramos só nós.
Passei anos repetindo os pensamentos dos meus pais de que nascidos trouxas eram a escória da sociedade bruxa. Durante os meus anos em Hogwarts fui o Black perfeito, que nunca foi contra os ideais dos puritanos, que via meu irmão convivendo com aqueles nascidos trouxas e traidores de sangue com nojo e, mesmo não gostando da ideia de deserdar o meu irmão, estava presente quando queimaram ele da nossa árvore genealógica. Eu tinha a certeza de que era superior...
Até conhecer ela. , a garota que mudou o meu mundo. Mudou tudo o que eu achava que sabia e me fez ver os nascidos trouxas com outros olhos. Lembro-me como se fosse ontem do dia em que anunciaram que ela, uma ‘sangue ruim’, estaria na Sonserina. Eu vi os olhares de nojo e superioridade dos nossos colegas de casa. Admito ter ficado intrigado com ela. Ela tinha uma beleza única e aparentava ter uma alma muito boa, o que, alguns anos mais tarde, pude conhecer de perto.
1977; Hogwarts, salão comunal da Sonserina.
“Estúpido, estúpido” Régulos repetia para si mesmo ao entrar no salão comunal da sonserina, até então vazio. “É claro que Sirius conseguiu a garota.”
, que estava encolhida ao lado da lareira escutava tudo em silêncio. Não era surpresa que ninguém da Sonserina gostava do fato de ter uma nascida trouxa entre eles e sempre ficava escondida entre seus livros para evitar o bullying dos colegas de casa.
Ela sempre achou Régulos curioso. Ele sempre andava com as mesmas pessoas, os futuros comensais. Mesmo assim ela nunca conseguiu ver Régulos como um comensal, ele parecia mais ser um garoto assustado e com medo de tomar uma atitude como o seu irmão.
Mesmo sabendo o que poderia acontecer se aproximou do garoto, que estava com algumas lágrimas caindo em seu rosto.
“Por que está chorando?”
Régulos levantou assustado e limpando as lágrimas do rosto com a manga da camisa.
“Eu não estou chorando, sangue ruim. Eu sou um puro sangue, não choro” ele disse com um olhar de nojo que não convenceu muito a garota.
“Não sabia que sangues puros eram tapados" ela disse se sentando no sofá, recebendo um olhar confuso do garoto “e isso ainda não explica porque você está chorando.”
“Você não reparou que eu acabei de te xingar? Não quero falar com ninguém.” ele se sentou na poltrona próxima.
“Se isso fosse verdade você iria direto para o seu quarto se isolar igual aos outros comensais.” Ela disse olhando para o garoto. “Mas eu sei que você não é como eles.”
“Você tem me seguido?”
Ela riu.
“Claro que não, eu sou só observadora. Eu vejo como você ainda olha com admiração para seu irmão, mesmo não admitindo, eu sei que você não concorda com as ideias dos seus pais, mas tem medo de ser queimado de sua tão preciosa tapeçaria dos Black, e eu sei.” ela pausou, se aproximando mais de Régulos e sussurrando, “Eu sei que você é diferente.” Ele observava para ela com os olhos arregalados.
“Como sabe de tudo isso? Não que seja verdade, eu nunca disse que era...”
“Sua prima, Andrômeda.” ela respondeu, dando de ombros. “Nos falamos algumas vezes, mas o fato é que agora você precisa desabafar e não tem problema ser comigo.” E sussurrando novamente, ela acrescentou: “O salão comunal está vazio, ninguém vai saber.”
Régulos encarou a garota. Ninguém nunca tinha se importado verdadeiramente com os seus sentimentos. Seus pais só sabiam o comparar com Sirius, dizendo o quanto ele era mais educado que o irmão e que era o orgulho da família, mas nunca quiseram saber, de fato, como o garoto se sentia.
Naquele dia, ele sentiu um calor no peito… um calor bom…
Desde aquele momento, os dois mantiveram uma secreta amizade que mais tarde logo se tornou em algo mais.
Mesmo com todo o amor que sentia pela , Régulos não conseguiu ir contra a vontade dos pais e da pressão dos ‘amigos’ e se tornou um comensal. Após sair de Hogwarts ficou focado em ser o melhor comensal de Voldemort… pelo menos até perceber o que realmente aquilo significava...
Régulos viu com horror as mortes sem sentido que Voldemort ordenava. Ele sabia que em breve seria o dia da sua amada, mesmo que ele não entrasse em contato para evitar que a encontrassem, era questão de tempo até que a matassem.
Por isso, Régulos tinha decidido deixar o grupo assim que conseguisse algo para destruir o Lord das Trevas.
Ele a observava de longe sempre que podia, e sabia que ela não tinha se casado e nem tinha ninguém especial na vida dela, o que era um alívio para ele.
Ficou a observando até o dia em que foi pego no flagra.
1979; Localização desconhecida.
“Régulos? O que está fazendo aqui?” abriu a porta de casa ao observar o ex na sua janela. “Se veio me matar, devo dizer que eu nem arrumei o meu cabelo para essa ocasião.”
Ele riu.
“Eu não vim te matar, nunca iria conseguir.” Ele respondeu, se aproximando e observando melhor as feições que ainda permaneciam vivas em sua mente “Eu desisti deles , desisti de tudo. Eu quero viver ao seu lado.”
“Eu não entendo.” Ela deu um passo pra frente, se colocando no espaço de Régulos. “Ano passado você me disse coisas horríveis e agora… agora você aparece aqui e espera que eu te perdoe? Régulos, você é um comensal. Matou pessoas inocentes-”
“Eu nunca matei ninguém, .” Ele interrompeu, se aproximando ainda mais. “Eu nunca fiz isso, nunca consegui. Eu… eu olhava para os trouxas e só conseguia pensar em você. Imaginava você naquele lugar e eu não sei o que faria se realmente fosse você ali.”
“Deveria ter pensado nisso antes de ter se juntado ao careca sem nariz.” Ela disse, sem emoção. “Régulos, eu te amo, desde a nossa primeira conversa verdadeira. Eu te amo, mas não vou conseguir ficar com você sabendo que pela manhã está se divertindo vendo seus amiguinhos matando trouxas.”
“, eu estou falando sério. Eu quero sair disso, de verdade, e preciso da sua ajuda, por favor...”
Eles se encararam por alguns instantes, que mais pareciam uma eternidade. Régulos estava prestes a se ajoelhar quando ouviu suspirar.
“Mas é claro que eu te ajudo, Régulos.” Ela disse, finalmente. “Porque não entra um pouco e me conta o que realmente está acontecendo?”
Eles entraram na casa, que era mais aconchegante do que espaçosa, e se sentaram no pequeno sofá antes de Régulos começar a falar.
“Eu descobri uma coisa. Uma coisa que pode destruir você-sabe-quem” ele coçou levemente o nariz, um tique nervoso que ela conhece desde a adolescência. “Eu só preciso falar com Dumbledore.”
Depois daquele dia, conseguiu que Régulos tivesse um encontro secreto com Dumbledore, que se dispôs a fazer os encantamentos para escondê-la na casa que um dia fora dos Black.
Sobre o que mais eles conversaram, ela não sabe. Além de explicar a existência das Horcruxes, Régulos não entrou em muitos detalhes, e vendo como ele parecia odiar o rumo sombrio da conversa, não o pressionou.
Meses depois, Régulos tomou coragem e pediu a mão de em casamento, o que levou ao dia de hoje.
Monstro levou os dois para uma praia deserta e distante de todos, apesar de resmungar muito, ele fez o casamento por medo de ganhar roupas do seu dono.
Régulos estava com sua camisa de mangas compridas para esconder a marca negra, que virou um símbolo de nojo no braço do rapaz e só era usada quando estava infiltrado entre os comensais para saber mais detalhes sobre as Horcruxes.
estava deslumbrante com seu vestido branco improvisado e com uma coroa de flores em sua cabeça.
“Senhora Black.” Ele disse oferecendo o braço para a sua, agora, esposa.
“Senhor Black” Ela aceitou o convite sorrindo, e os dois apartaram para a antiga casa dos Black.
“Sinto em não poder te dar a festa que merece.” Ele dizia enquanto deitava na cama.
“Reg, eu estou feliz só por estar com você.” Ela respondeu, segurando o rosto do marido entre as mãos. “Um tempo atrás você estava com os comensais e tinha ódio de todos os nascidos trouxas. Você evoluiu tanto e eu estou tão orgulhosa do homem que se tornou.” Ela sorriu e começou a plantar vários beijos no rosto de Régulos, o que o fez sorrir também. “E eu tenho certeza,” mais um beijo, dessa vez mais demorado, “Eu tenho certeza que nosso pacotinho vai achar o mesmo.”
Ele parou.
“Você está...?” Ele apontou para a barriga dela, que acenou a cabeça em concordância. “Eu vou ser pai?”
“Parabéns, papai!” Ela respondeu, rindo da reação do marido.
“Eu não acredito.” Régulos passou alguns segundos admirando a esposa e processando a informação de que eles teriam um filho.
Então ele acordou de seus devaneios.
“Temos que fazer alguma coisa. Qual é o sexo do bebê? Não, esquece, eu realmente não ligo, será lindo de qualquer jeito. Por Merlin, eu nem sei como trocar uma fralda. Espera, qual o tamanho normal de um bebê? Eles geralmente são muito pequenos, não é? E se eu acabar machucando-o, Jes? Não, isso não vai acontecer. Espera, com quantos anos eles começam a brincar com aqueles bonequinhos que-”
“Régulos!” Ela o interrompeu, rindo. “Só tem 3 meses, não precisa se precipitar tanto.”
Ele soltou um suspiro que nem sabia que estava segurando pra início de conversa, e ela continuou. “Vai demorar um pouquinho, mas tenho certeza que você será um grande pai.” deu mais um selinho nele, e eles voltaram a se beijar.
[...]
Meses depois e a pequena Black tinha nascido numa linda tarde de Junho. Régulos fingia estar numa missão no norte do país para que os comensais não desconfiassem de nada. Tudo para conhecer sua filha.
Enquanto isso, ele tinha descoberto a exata localização da horcrux e tinha mandado Monstro tentar destruí-la sem chamar atenção, para que não soubesse de nada.
“Eu acho que ela tem o meu nariz.” Disse Régulos, observando a filha no berço pela milésima vez somente naquele dia.
“Mas definitivamente puxou os meus olhos.” acrescentou, abraçando de lado o marido.
“E eu agradeço todos os dias por isso.” Ele sorriu, apaixonado para a mulher. “Vou ver por onde Monstro se meteu. Já volto.” Ele deu um último beijo na mulher antes de sair do quarto da filha e seguir para a sala.
Monstro se encontrava num estado deplorável.
“Monstro tentou fazer o que o mestre mandou,” o elfo falava ofegante, “Mas é muito perigoso, e definitivamente mortal.”
“O que exatamente aconteceu?” Régulos se sentou no sofá, esperando que seu elfo lhe contasse tudo.
Monstro contou que se deve beber um líquido para encontrar a horcrux, mas que o tal líquido faz com que aquele que o bebe sofra com delírios, e seja guiado para uma morte nada interessante no mar de inferis.
“Isso deve ser feito, Monstro. O futuro do mundo bruxo depende disso… O futuro da minha filha e da minha esposa depende disso…”
“Entendo, meu senhor, monstro tentará novamente.” O elfo se retirava, mas foi parado por seu dono.
“Não, Monstro, eu tenho que fazer isso. Você irá me acompanhar e não irá contar nada para ninguém. Se eu não consegui destruir a horcrux, você terá que fazer isso e me prometer que sempre irá cuidar da e da minha filha. Elas são as únicas coisas boas que a vida me deu.”
Monstro assentiu e se retirou.
Régulos ficou pensativo. Durante todo o dia ele tentou passar o máximo de tempo com sua filha e com sua esposa. Tentou memorizar o máximo dos traços da sua filha e se perguntava se, se realmente existisse vida após a morte, ele se lembraria daquela perfeita combinação dele com sua esposa…
E por falar nela, ele esperava que ela tivesse uma vida longa, afinal, era por isso que iria fazer o que seria melhor para todos.
"All we see is sky for forever
We let the world pass by for forever
Feels like we could go on for forever this way, this way"
Já de noite, observava a mulher ninar sua filha pela porta do quarto com um sorriso bobo no rosto. Valeria a pena morrer por aqueles que ama.
“E aquele ali, querida, é o seu papai babão.” apontava para Régulos com a pequena Black no colo, que sorriu ao ver o pai.
“Eu sou babão, mesmo.” Ele disse se aproximando das duas, dando um beijo na testa da filha e olhando para a mulher “Olha o que nós fizemos. A mais perfeita combinação de nós dois.”
“Mas está claro que ela é a minha cara.” falou com um sorriso convencido.
“E somos todos agradecidos por isso, não é?” Os dois riram, mas logo Régulos virou para sua esposa com um olhar sério.
“, me promete que se algum dia algo acontecer comigo, você e a nossa bonequinha vão seguir em frente e serem felizes.”
“Por que está dizendo isso do nada? Nós vamos sair vivos dessa guerra, Reg.” Ela disse pegando a filha e colocando no berço. “Vamos passar por isso juntos, nós dois, vai dar tudo certo.”
“Eu…” Ele odiava ter que mentir, principalmente pra ela. “Sei que sim, mas eu ainda sou um comensal, pode acontecer alguma coisa comigo.”
“Dumbledore irá nos ajudar, eu sei que sim.” Ela respondeu, segurando o marido pelos braços. “Vamos passar por isso juntos.”
Ele não respondeu, só sorriu e beijou a mulher uma última vez.
Régulos esperou até que dormisse e a observou uma última vez, lhe dando um beijo demorado na testa. Seguiu para o quarto da filha, tentando memorizar todos os detalhes do pacotinho dele e também lhe deu um beijo demorado na testa.
Ele desceu para a sala, onde Monstro se encontrava esperando o mestre.
“Não importa o que aconteça, Monstro, diga para elas que eu as amo. E que fiz tudo isso para que tenham uma vida longa e feliz.”
E assim, Régulos seguiu para o que seria o seu fim, mas que significaria o começo para para sua pequena e tão amada família.
“Você não está nada mal.” ela disse ajeitando a minha gravata com os olhos marejados.
“Sei que não era essa a sua ideia de casamento ideal, mas-”
“É perfeito.” ela me interrompeu, “Estamos juntos e é isso que importa.” Eu sorri e olhei para frente, enquanto Monstro realizava a nossa pequena cerimônia.
Mesmo diante da guerra que estávamos vivendo, conseguimos fugir um pouco da realidade para nos casarmos em segredo, numa vila longe e distante de todos. Um Black, um comensal, casando com uma nascida trouxa? O que as pessoas iriam pensar?
Nesse momento, eu não me importava com o que os outros iriam pensar, na verdade eu não deveria nunca ter me importado com isso.
Estávamos só nós dois, num momento só nosso. Régulos e . Minha , a mulher com quem eu irei passar o resto dos meus dias, que um dia será mãe dos meus filhos. Não havia guerra, não havia preconceitos, éramos só nós.
Passei anos repetindo os pensamentos dos meus pais de que nascidos trouxas eram a escória da sociedade bruxa. Durante os meus anos em Hogwarts fui o Black perfeito, que nunca foi contra os ideais dos puritanos, que via meu irmão convivendo com aqueles nascidos trouxas e traidores de sangue com nojo e, mesmo não gostando da ideia de deserdar o meu irmão, estava presente quando queimaram ele da nossa árvore genealógica. Eu tinha a certeza de que era superior...
Até conhecer ela. , a garota que mudou o meu mundo. Mudou tudo o que eu achava que sabia e me fez ver os nascidos trouxas com outros olhos. Lembro-me como se fosse ontem do dia em que anunciaram que ela, uma ‘sangue ruim’, estaria na Sonserina. Eu vi os olhares de nojo e superioridade dos nossos colegas de casa. Admito ter ficado intrigado com ela. Ela tinha uma beleza única e aparentava ter uma alma muito boa, o que, alguns anos mais tarde, pude conhecer de perto.
1977; Hogwarts, salão comunal da Sonserina.
“Estúpido, estúpido” Régulos repetia para si mesmo ao entrar no salão comunal da sonserina, até então vazio. “É claro que Sirius conseguiu a garota.”
, que estava encolhida ao lado da lareira escutava tudo em silêncio. Não era surpresa que ninguém da Sonserina gostava do fato de ter uma nascida trouxa entre eles e sempre ficava escondida entre seus livros para evitar o bullying dos colegas de casa.
Ela sempre achou Régulos curioso. Ele sempre andava com as mesmas pessoas, os futuros comensais. Mesmo assim ela nunca conseguiu ver Régulos como um comensal, ele parecia mais ser um garoto assustado e com medo de tomar uma atitude como o seu irmão.
Mesmo sabendo o que poderia acontecer se aproximou do garoto, que estava com algumas lágrimas caindo em seu rosto.
“Por que está chorando?”
Régulos levantou assustado e limpando as lágrimas do rosto com a manga da camisa.
“Eu não estou chorando, sangue ruim. Eu sou um puro sangue, não choro” ele disse com um olhar de nojo que não convenceu muito a garota.
“Não sabia que sangues puros eram tapados" ela disse se sentando no sofá, recebendo um olhar confuso do garoto “e isso ainda não explica porque você está chorando.”
“Você não reparou que eu acabei de te xingar? Não quero falar com ninguém.” ele se sentou na poltrona próxima.
“Se isso fosse verdade você iria direto para o seu quarto se isolar igual aos outros comensais.” Ela disse olhando para o garoto. “Mas eu sei que você não é como eles.”
“Você tem me seguido?”
Ela riu.
“Claro que não, eu sou só observadora. Eu vejo como você ainda olha com admiração para seu irmão, mesmo não admitindo, eu sei que você não concorda com as ideias dos seus pais, mas tem medo de ser queimado de sua tão preciosa tapeçaria dos Black, e eu sei.” ela pausou, se aproximando mais de Régulos e sussurrando, “Eu sei que você é diferente.” Ele observava para ela com os olhos arregalados.
“Como sabe de tudo isso? Não que seja verdade, eu nunca disse que era...”
“Sua prima, Andrômeda.” ela respondeu, dando de ombros. “Nos falamos algumas vezes, mas o fato é que agora você precisa desabafar e não tem problema ser comigo.” E sussurrando novamente, ela acrescentou: “O salão comunal está vazio, ninguém vai saber.”
Régulos encarou a garota. Ninguém nunca tinha se importado verdadeiramente com os seus sentimentos. Seus pais só sabiam o comparar com Sirius, dizendo o quanto ele era mais educado que o irmão e que era o orgulho da família, mas nunca quiseram saber, de fato, como o garoto se sentia.
Naquele dia, ele sentiu um calor no peito… um calor bom…
Desde aquele momento, os dois mantiveram uma secreta amizade que mais tarde logo se tornou em algo mais.
Mesmo com todo o amor que sentia pela , Régulos não conseguiu ir contra a vontade dos pais e da pressão dos ‘amigos’ e se tornou um comensal. Após sair de Hogwarts ficou focado em ser o melhor comensal de Voldemort… pelo menos até perceber o que realmente aquilo significava...
Régulos viu com horror as mortes sem sentido que Voldemort ordenava. Ele sabia que em breve seria o dia da sua amada, mesmo que ele não entrasse em contato para evitar que a encontrassem, era questão de tempo até que a matassem.
Por isso, Régulos tinha decidido deixar o grupo assim que conseguisse algo para destruir o Lord das Trevas.
Ele a observava de longe sempre que podia, e sabia que ela não tinha se casado e nem tinha ninguém especial na vida dela, o que era um alívio para ele.
Ficou a observando até o dia em que foi pego no flagra.
1979; Localização desconhecida.
“Régulos? O que está fazendo aqui?” abriu a porta de casa ao observar o ex na sua janela. “Se veio me matar, devo dizer que eu nem arrumei o meu cabelo para essa ocasião.”
Ele riu.
“Eu não vim te matar, nunca iria conseguir.” Ele respondeu, se aproximando e observando melhor as feições que ainda permaneciam vivas em sua mente “Eu desisti deles , desisti de tudo. Eu quero viver ao seu lado.”
“Eu não entendo.” Ela deu um passo pra frente, se colocando no espaço de Régulos. “Ano passado você me disse coisas horríveis e agora… agora você aparece aqui e espera que eu te perdoe? Régulos, você é um comensal. Matou pessoas inocentes-”
“Eu nunca matei ninguém, .” Ele interrompeu, se aproximando ainda mais. “Eu nunca fiz isso, nunca consegui. Eu… eu olhava para os trouxas e só conseguia pensar em você. Imaginava você naquele lugar e eu não sei o que faria se realmente fosse você ali.”
“Deveria ter pensado nisso antes de ter se juntado ao careca sem nariz.” Ela disse, sem emoção. “Régulos, eu te amo, desde a nossa primeira conversa verdadeira. Eu te amo, mas não vou conseguir ficar com você sabendo que pela manhã está se divertindo vendo seus amiguinhos matando trouxas.”
“, eu estou falando sério. Eu quero sair disso, de verdade, e preciso da sua ajuda, por favor...”
Eles se encararam por alguns instantes, que mais pareciam uma eternidade. Régulos estava prestes a se ajoelhar quando ouviu suspirar.
“Mas é claro que eu te ajudo, Régulos.” Ela disse, finalmente. “Porque não entra um pouco e me conta o que realmente está acontecendo?”
Eles entraram na casa, que era mais aconchegante do que espaçosa, e se sentaram no pequeno sofá antes de Régulos começar a falar.
“Eu descobri uma coisa. Uma coisa que pode destruir você-sabe-quem” ele coçou levemente o nariz, um tique nervoso que ela conhece desde a adolescência. “Eu só preciso falar com Dumbledore.”
Depois daquele dia, conseguiu que Régulos tivesse um encontro secreto com Dumbledore, que se dispôs a fazer os encantamentos para escondê-la na casa que um dia fora dos Black.
Sobre o que mais eles conversaram, ela não sabe. Além de explicar a existência das Horcruxes, Régulos não entrou em muitos detalhes, e vendo como ele parecia odiar o rumo sombrio da conversa, não o pressionou.
Meses depois, Régulos tomou coragem e pediu a mão de em casamento, o que levou ao dia de hoje.
Monstro levou os dois para uma praia deserta e distante de todos, apesar de resmungar muito, ele fez o casamento por medo de ganhar roupas do seu dono.
Régulos estava com sua camisa de mangas compridas para esconder a marca negra, que virou um símbolo de nojo no braço do rapaz e só era usada quando estava infiltrado entre os comensais para saber mais detalhes sobre as Horcruxes.
estava deslumbrante com seu vestido branco improvisado e com uma coroa de flores em sua cabeça.
“Senhora Black.” Ele disse oferecendo o braço para a sua, agora, esposa.
“Senhor Black” Ela aceitou o convite sorrindo, e os dois apartaram para a antiga casa dos Black.
“Sinto em não poder te dar a festa que merece.” Ele dizia enquanto deitava na cama.
“Reg, eu estou feliz só por estar com você.” Ela respondeu, segurando o rosto do marido entre as mãos. “Um tempo atrás você estava com os comensais e tinha ódio de todos os nascidos trouxas. Você evoluiu tanto e eu estou tão orgulhosa do homem que se tornou.” Ela sorriu e começou a plantar vários beijos no rosto de Régulos, o que o fez sorrir também. “E eu tenho certeza,” mais um beijo, dessa vez mais demorado, “Eu tenho certeza que nosso pacotinho vai achar o mesmo.”
Ele parou.
“Você está...?” Ele apontou para a barriga dela, que acenou a cabeça em concordância. “Eu vou ser pai?”
“Parabéns, papai!” Ela respondeu, rindo da reação do marido.
“Eu não acredito.” Régulos passou alguns segundos admirando a esposa e processando a informação de que eles teriam um filho.
Então ele acordou de seus devaneios.
“Temos que fazer alguma coisa. Qual é o sexo do bebê? Não, esquece, eu realmente não ligo, será lindo de qualquer jeito. Por Merlin, eu nem sei como trocar uma fralda. Espera, qual o tamanho normal de um bebê? Eles geralmente são muito pequenos, não é? E se eu acabar machucando-o, Jes? Não, isso não vai acontecer. Espera, com quantos anos eles começam a brincar com aqueles bonequinhos que-”
“Régulos!” Ela o interrompeu, rindo. “Só tem 3 meses, não precisa se precipitar tanto.”
Ele soltou um suspiro que nem sabia que estava segurando pra início de conversa, e ela continuou. “Vai demorar um pouquinho, mas tenho certeza que você será um grande pai.” deu mais um selinho nele, e eles voltaram a se beijar.
Meses depois e a pequena Black tinha nascido numa linda tarde de Junho. Régulos fingia estar numa missão no norte do país para que os comensais não desconfiassem de nada. Tudo para conhecer sua filha.
Enquanto isso, ele tinha descoberto a exata localização da horcrux e tinha mandado Monstro tentar destruí-la sem chamar atenção, para que não soubesse de nada.
“Eu acho que ela tem o meu nariz.” Disse Régulos, observando a filha no berço pela milésima vez somente naquele dia.
“Mas definitivamente puxou os meus olhos.” acrescentou, abraçando de lado o marido.
“E eu agradeço todos os dias por isso.” Ele sorriu, apaixonado para a mulher. “Vou ver por onde Monstro se meteu. Já volto.” Ele deu um último beijo na mulher antes de sair do quarto da filha e seguir para a sala.
Monstro se encontrava num estado deplorável.
“Monstro tentou fazer o que o mestre mandou,” o elfo falava ofegante, “Mas é muito perigoso, e definitivamente mortal.”
“O que exatamente aconteceu?” Régulos se sentou no sofá, esperando que seu elfo lhe contasse tudo.
Monstro contou que se deve beber um líquido para encontrar a horcrux, mas que o tal líquido faz com que aquele que o bebe sofra com delírios, e seja guiado para uma morte nada interessante no mar de inferis.
“Isso deve ser feito, Monstro. O futuro do mundo bruxo depende disso… O futuro da minha filha e da minha esposa depende disso…”
“Entendo, meu senhor, monstro tentará novamente.” O elfo se retirava, mas foi parado por seu dono.
“Não, Monstro, eu tenho que fazer isso. Você irá me acompanhar e não irá contar nada para ninguém. Se eu não consegui destruir a horcrux, você terá que fazer isso e me prometer que sempre irá cuidar da e da minha filha. Elas são as únicas coisas boas que a vida me deu.”
Monstro assentiu e se retirou.
Régulos ficou pensativo. Durante todo o dia ele tentou passar o máximo de tempo com sua filha e com sua esposa. Tentou memorizar o máximo dos traços da sua filha e se perguntava se, se realmente existisse vida após a morte, ele se lembraria daquela perfeita combinação dele com sua esposa…
E por falar nela, ele esperava que ela tivesse uma vida longa, afinal, era por isso que iria fazer o que seria melhor para todos.
We let the world pass by for forever
Feels like we could go on for forever this way, this way"
Já de noite, observava a mulher ninar sua filha pela porta do quarto com um sorriso bobo no rosto. Valeria a pena morrer por aqueles que ama.
“E aquele ali, querida, é o seu papai babão.” apontava para Régulos com a pequena Black no colo, que sorriu ao ver o pai.
“Eu sou babão, mesmo.” Ele disse se aproximando das duas, dando um beijo na testa da filha e olhando para a mulher “Olha o que nós fizemos. A mais perfeita combinação de nós dois.”
“Mas está claro que ela é a minha cara.” falou com um sorriso convencido.
“E somos todos agradecidos por isso, não é?” Os dois riram, mas logo Régulos virou para sua esposa com um olhar sério.
“, me promete que se algum dia algo acontecer comigo, você e a nossa bonequinha vão seguir em frente e serem felizes.”
“Por que está dizendo isso do nada? Nós vamos sair vivos dessa guerra, Reg.” Ela disse pegando a filha e colocando no berço. “Vamos passar por isso juntos, nós dois, vai dar tudo certo.”
“Eu…” Ele odiava ter que mentir, principalmente pra ela. “Sei que sim, mas eu ainda sou um comensal, pode acontecer alguma coisa comigo.”
“Dumbledore irá nos ajudar, eu sei que sim.” Ela respondeu, segurando o marido pelos braços. “Vamos passar por isso juntos.”
Ele não respondeu, só sorriu e beijou a mulher uma última vez.
Régulos esperou até que dormisse e a observou uma última vez, lhe dando um beijo demorado na testa. Seguiu para o quarto da filha, tentando memorizar todos os detalhes do pacotinho dele e também lhe deu um beijo demorado na testa.
Ele desceu para a sala, onde Monstro se encontrava esperando o mestre.
“Não importa o que aconteça, Monstro, diga para elas que eu as amo. E que fiz tudo isso para que tenham uma vida longa e feliz.”
E assim, Régulos seguiu para o que seria o seu fim, mas que significaria o começo para para sua pequena e tão amada família.
Fim!
Nota da autora: Hey gente, esse é meu primeiro oneshot e foi direto para o especial de 20 anos dessa saga maravilhosa! Eu sempre achei o Régulos um cristal injustiçado e sempre me perguntei o porquê ele simplesmente desistiu de ser comensal e foi atrás da horcrux... Tentei fazer jus ao Black mais novo e espero sinceramente que tenham gostado :)
Ah, o trecho que coloquei na fanfic é da música "For Forever" do musical Dear Evan Hansen
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.