As preocupações era algo comum, eu sabia que uma separação poderia ocorrer entre nós; ele iria se formar na primavera e me restaria apenas lembranças dos momentos em que passamos juntos. Suspirei pesadamente observando o lado externo ao invés de dedicar alguma atenção a aula, minha mente repleta de preocupações não conseguia focar nas explicações repassadas pelo professor. Em minha nuca sentia o olhar de Kenma queimar, ele poderia parecer desinteressado com qualquer coisa, exceto jogos, mas, na realidade, Kenma se importava verdadeiramente com seus amigos. Em mais de um treino da equipe masculina de vôlei permaneci distraída; minhas noites eram insólitas e não era incomum ser desperta por professores insatisfeitos ou ser repreendida por meu atual estado.
— Quando você vai falar com o Kuroo? — Kenma apareceu em minha frente quando estava enchendo as garrafas de água do time. Embora seu tom de voz não fosse alto havia a insatisfação e preocupação clara nela.
— Por que eu deveria? — Indaguei fingindo desentendimento, meus olhos não haviam desviado da minha tarefa.
— Todos perceberam seu comportamento atípico, . — Kenma deixou o quão obviamente estava agindo. — Kuroo pensa que fora algo que ele fez, ele está mais irritante do que o comum.
O riso escapou enquanto um alívio bobo espalhava por meu peito. Ao retornar a quadra, deixei as garrafas alinhadas enquanto observava com afeto o responsável por fazer meu coração bater mais rápido.
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Kenma me lançava olhares de tempos em tempos, um aviso para que eu falasse logo com Kuroo, pedia a ele paciência com o olhar a cada intimação.
— O que há com vocês dois? — Kuroo indagou parando de andar, ele nos olhava com preocupação.
— Porque vocês dois não conversam logo de uma vez, para que eu possa enfim jogar em paz. — Kenma foi direto ao assunto sem alterar seu comumente tom de voz. — Só fale logo o que preocupa um ao outro! — Ele falou antes de seguir em direção a estação de trem.
O silêncio se estendeu por um tempo enquanto acompanhamos Kenma com o olhar, havia um constrangimento tácito por ter o assunto explicitamente exposto. Tomando uma golfada de ar me preparei para falar quando flocos de neve começou a cair, meus olhos encontraram o olhar admirado de Kuroo diante a primeira neve do ano. O sorriso surgiu a em meus lábios naturalmente, eu era completamente apaixonada por ele. A inteligência e perspicácia de Kuroo me fascinava, mas havia o lado infantil dele que se alegrava com algo como a primeira neve do ano, como ele era adorável quando se envergonhava todas as vezes que ia a casa dele, e ele estava com seus óculos de estudo enquanto a sua mesa estava repleta de anotações. Kuroo Tetsuro não havia me ganhado por sua beleza, mas sim pela determinação em fazer o que amava, na forma que lutava pelo que acreditava, sua maneira de pensar e a forma que tratava a todos ao seu redor.
Sem dizer uma palavra, me coloquei na ponta dos pés alcançando seus lábios, depositando ali um casto e breve beijo. Podia sentir minha face esquentar conforme ia enrubescendo, os olhos de meu namorado encontraram os meus olhares envergonhados enquanto em seus lábios alargavam em um sorriso feliz, como uma criança ao ganhar seu brinquedo favorito no Natal. Ao terminar esse pensamento, senti um estalo, durante todo o dia havia me esquecido da data.
— É Natal! — Comentei com surpresa, cobrindo minha face ainda envergonhada pela minha ação anterior.
— Sim e eu acabei de receber o meu presente. — Kuroo me respondeu segurando meus pulsos com delicadeza. — Por que está se escondendo? — Sua voz possuía uma genuína curiosidade.
— Eu não sei. — Abaixei minhas mãos rendida.
— Você enfim me olhou nos olhos. — A voz dele ficou mais grave enquanto sua face se aproximava da minha. — O que está te preocupando?
— Podemos falar sobre isso em outro lugar? — Comentei sinalizando o local em que nós estávamos.
Ele balançou a cabeça em acordo, segurando uma das minhas mãos enquanto nos dirigia a estação. Conversamos sobre normalidades enquanto seguíamos para a minha casa, meus pais estavam mais uma vez ocupados com o trabalho. A casa vazia e escura me recebeu em seu abraço gélido, como para espantar a falta de calor do lugar, Kuroo acendeu as luzes preenchendo o vazio por sua presença. Seguimos em direção a cozinha e antes que percebemos estávamos cozinhando juntos, ele havia iniciado um assunto confortável de modo a me deixar a vontade enquanto prosseguia a preparar o jantar. Nos sentamos a mesa, o olhar repleto de afeto espantava as minhas preocupações.
— Estive distraída com coisas inúteis. — Pensei em voz alta.
— O que são essas coisas? — Ele deixou sua refeição de lado, completamente atento ao que eu dizia.
— O que vai acontecer conosco após a sua formatura; era sobre isso que estive refletindo durante as últimas semanas. — As mãos de Kuroo alcançaram as minhas me fazendo olhar diretamente em seus olhos.
— Você sabe que não precisa ter vergonha em me dizer suas preocupações, . — Ele não banalizou ou colocou o que eu dissera como algo bobo.
— Eu sei, é só que eu não queria te preocupar com isso, já que você tem os nacionais e os exames de admissão para se concentrar. — Justifiquei, sentindo seu olhar se tornar ainda mais intenso.
— Quando eu penso eu que não poderia me sentir mais amado, você surge com algo novo. — Ele riu feliz se levantando e parando a minha frente enquanto colocava o som para tocar algo.
Ele me estendeu a mão com um olhar de diversão, ria desacreditada enquanto ele me conduzia conforme as batidas da música. Eu poderia nos imaginar daqui alguns anos dançando da mesma maneira.
— Eu não quero que terminemos com a formatura, quando penso no futuro eu vejo você ao meu lado. — Kuroo disse cada palavra olhando diretamente em meus olhos antes de me beijar com todo o amor que sentia.
Em uma noite de Natal,
Dois corações se tornaram um.
Preocupações foram deixadas de lado mesmo que o futuro fosse imprevisível...
Afinal tudo é possível se você acreditar de todo o coração!

Nota da autora: Eu escrevi essa história como um presente, espero que apreciem ela de coração. Obrigada a todos que chegaram até aqui 💕💕.





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