Girl at Home

Finalizada em: 08/01/2018

Capítulo Único

It would be a fine proposition If I hadn't once been just like her.

Eu estava parada no lado direito do altar, o longo vestido verde-água escolhido por estava me incomodando muitíssimo, mas continuava a sorrir largamente esperando que minha melhor amiga entrasse logo pela grande porta da igreja. Não que eu estivesse pouco me lixando para o casamento da minha melhor amiga, muito longe disso, eu estava mais que honrada de estar ali como madrinha e muito feliz por poder fazer parte desse dia tão especial na vida de dois grandes amigos meus, e , mas eu não gostava de igrejas e muito menos de ficar em pé com um longo vestido de veludo me pinicando. Mas tudo bem. Respirei fundo e repeti pela trigésima vez dentro de minha cabeça pela , faça isso pela .
A cerimônia havia começado. Desde o momento que entrou pela igreja e desfilou tão graciosamente pelo tapete vermelho, , que era o meu par como padrinho, começou a chorar. Era engraçado, todas as vezes em que eu olhava para ele, o rapaz estava secando as lágrimas com as costas da mão. Um de seus braços estava entrelaçados com um dos meus e eu carinhosamente fazia uma carícia em sua mão como dizendo que era para ele manter a calma. Sério, nunca vi alguém chorar tanto em um casamento como chorou no de e . Nem os próprios pais de e os de estavam tão emocionados como meu par. Era, no mínimo, cômico.
Estávamos nos momentos finais, ainda chorava, e o padre dizia o que tinha que repetir no microfone. Foi quando eu desviei o olhar de e fui observar sua fileira de padrinhos. Tinha alguns primos e primas, tinha e sua namorada e, claro, Mali-Koa e sendo um dos casais de padrinhos. Meus olhos se encontraram com os de e eu congelei. Ele mordia o lábio inferior e me encarava de uma forma que faria qualquer garota se derreter por inteira.
Ah, eu sabia no que isso ia dar, e eu não gostava nada de pensar sobre isso.
ainda chorava quando e saíam juntos da igreja e eram bombardeados de arroz pelos convidados.
Os padrinhos, ou seja, eu, saíram em fileiras do mesmo jeito que entraram um pouco antes dos noivos, deveriam sair logo depois dos noivos, então esperamos que e já tivessem saído e ido para a limousine que os levariam para a grande festa para finalmente podermos sair.
Eu iria para a festa junto de em seu carro, mas preferi ficar afastada enquanto ele ia cumprimentar seus outros amigos. Vi e Wendy, sua namorada, me cumprimentarem de longe com um aceno de mão e eu os respondi com o mesmo ato.
Não que eu não gostasse de e Wendy, muito pelo contrário, eu os adorava, mas encontrar por agora não seria uma boa idéia, e eu sabia que se fosse para perto deles iria encontrá-lo ali.
Assim que entrou no carro e deu partida, me olhou significativo.
— Pare já com isso, ! — eu pedi e ele riu.
— Você sabe que isso não vai impedir ele de vir até você hoje, não é? — ele perguntou e eu resolvi não responder. — , você sabe o que tem que fazer caso isso venha a acontecer…
— Eu sei. — respondi quase que em um sussurro.
— Eu sei que é difícil, , mas…
— Não precisa fazer o mesmo discurso que você faz toda vez que nos encontramos, . — eu o cortei e respondi seca. — Só dirija.
Ok, talvez eu tenha sido grossa demais com ele, mas o que eu disse não deixava de ser verdade.
Desde que e eu concluímos nossa tão sonhada faculdade de Medicina, eu decidi sair de Sydney e ir para a Inglaterra. continuou na Austrália enquanto os garotos bombavam em todo o país com suas músicas e suas turnês de sucesso.
O silêncio no carro estava constrangedor, então decidi puxar assunto.
— Por que ela não veio?
— Tem uma série de motivos, . — riu. — A primeira é porque ela não queria sair de Los Angeles para vir para cá, e a segunda é porque ela não foi convidada mesmo. — eu ri e anotei mentalmente que assim que chegasse na festa agradeceria e por serem tão legais comigo.
Não que eu não gostasse dela, quer dizer, eu nem a conhecia, mas vê-la com um vestido lindo ao lado dele de terno… Acho que seria demais para mim. É, acho que vocês já entenderam mas se não, deixe-me dizer que sou loucamente e estupidamente apaixonada por desde o colegial. E ele sabia disso. Todos sabiam. E o pior era que ele também era por mim. Todos sabiam. Inclusive ela.
O carro parou e um chofer abriu a porta do carro para mim. Observei o carro prata de ser levado até o estacionamento pelo chofer. Eu sorri abertamente assim que vi o loiro parar ao meu lado e arrumar sua gravata borboleta e estender o braço para mim. Entrelacei mais uma vez meu braço com o dele.
— Está pronta? — ele sussurrou para mim.
— Sempre. — eu respondi.
Entramos no salão e vi uma das mais belas decorações de festa da minha vida. Era tudo tão lindo e sofisticado, gracioso e detalhado, eu estava tão feliz por , por ela finalmente estar realizando seu sonho. O salão já estava cheio de convidados, as milhares de mesas já ocupadas, o palco já tinha uma banda contratada tocando música dos anos 90 e os garçons já serviam aperitivos de variados tipos.
Pude ver de longe a mão pálida de se erguer no ar e chacoalhar, ele estava na mesa exclusiva para padrinhos junto de Wendy, Mali-Koa e , e estava nos chamando para se juntar a eles. me encarou como se estivesse me perguntando se estava tudo bem irmos até ela e passarmos a noite encarando . Eu sorri para ele e caminhamos até a mesa.
! — gritou. — Sua mal-educada, ignorante e feia! Nem veio falar comigo na igreja.
. — eu ri dando o abraço mais apertado que pude nele. — Me desculpa, ‘tá? Mas agora eu estou aqui, então aproveite esta noite, pois amanhã eu já volto para Londres.
— Tem mesmo que ir amanhã? — perguntou, claramente aborrecido.
— Vida de médica não é fácil não , é plantão todos os dias. — eu respondi. — Tive sorte de me liberarem dois dias para que eu pudesse vir ao casamento.
— Ah, senta aqui , vamos fofocar! — Mali disse rindo. — Há tantos anos que não te vejo.
Eu sentei entre Mali e , enquanto se sentou entre Wendy e . Eu acho que tive muito azar em me sentar justo na frente dele. O que eu menos queria esta noite era o olhar de pairando sobre mim, mas pelo visto, isso era o que eu mais iria ter hoje.

•••

Estava sendo uma tarefa quase impossível ficar no mesmo ambiente que , sério. Ele me encarava de uma forma que só faltavam lazers saírem de seus olhos.
Então eu me perguntei, como melhorar a situação? Bebendo, mas é claro. Me juntei a Wendy e , que estavam virando copos sem parar.
Ficar bêbada era o único jeito de eu não ficar pensando em .
Mas ficar bêbada era a única maneira de eu render a ele.
MERDA!
, vamos dançar. — puxei o garoto pela mão e o levei para perto do palco, onde a banda da noite tocava Twist And Shout, aquela música agitada e divertida dos Beatles.
Estávamos dançando animados como dois bêbados fariam quando sinto uma respiração contra meu pescoço.
... — ele sussurrou no meu ouvido.
O ouvir chamando meu nome depois de anos me fez voltar ao Colegial, onde tudo ainda eram rosas e o que mais importava na época era que tipo de roupa você usava. O ouvir chamando meu nome depois de anos me fez lembrar de quando nós namorávamos e tudo que queríamos era crescer e nos casar.
— Não faça isso. — eu pedi.
Ele me virou para si e colocou as mãos em minhas costas, puxou meu braço direito para cima e quando vi estávamos dançando uma música lenta qualquer.
— Você está...— ele sorriu. Ah, as covinhas! As malditas covinhas. — Maravilhosa, como sempre.
— Não faça isso, . — eu repeti. — Não podemos.
— Você sabe muito bem que quer.
— Você não… — deixei a frase morrer no ar quando me girou e me puxou de volta para junto de si.
Paramos de dançar e ele puxou minha mão com delicadeza, me guiando para fora do buffet.
— Acho que precisamos conversar, não acha? — ele perguntou. Eu engoli em seco.
NÃO PRECISAMOS NÃO! minha cabeça gritava, mas eu continuei calada. Eu não sabia o que dizer, muito menos como agir. Sabia que um dia eu iria ter essa tão temida conversa com , mas não queria que fosse hoje e nem que eu estivesse mais pra lá do que pra cá quando acontecesse.
, olhe… — foi interrompido pelo toque de seu celular. Ele bufou e o tirou de dentro do paletó. Era uma ligação e eu lia claramente no visor “Namorada”. Rapidamente, desligou o celular e o voltou no bolso.
— Por que eu vim até aqui com você mesmo? Eu vou embora.
, ESPERE. — ele puxou meus braços e colou seu corpo no meu. — Você sabe… que eu não a amo… É você… Sempre foi você. — ele sussurrava. — E você sabe disso.
— Não. — eu sussurrei de volta.
foi se aproximando cada vez mais, e cada passo que ele dava em minha direção eu dava um passo para trás. Ele estava passando de todos os limites de segurança que eu tinha posto em minha cabeça. Eu queria, ah, como eu queria sentir seus lábios macios juntos dos meus novamente, sentir suas mãos apertando minha cintura, ouvir sua risada gostosa bem perto do meu ouvido de novo, mas eu não podia!
Eu nem conhecia sua namorada, mas eu não podia fazer isso com ela, parecia que eu tinha a responsabilidade de fazer tudo certo para não magoá-la. É como um código, sabe? Não pegue o homem de outra mulher. Na verdade, é mais como uma lei sagrada que todos deveriam seguir. Não cobiçar as coisas alheias, não cobiçar o homem alheio, está na Bíblia.
Os olhos brilhantes e o sorriso meigo de me diziam com toda a certeza do mundo o que ele ainda sentia por mim, meu coração me dizia que o que ele sentia por mim era correspondido, mas uma voz irritante em minha cabeça continuava repetindo sem parar "Isso é errado, ele não é mais seu, ele pertence a outra pessoa". E era isso que me fazia recuar todas as vezes que tentava avançar.
— Você quer, , eu sei que quer. — ele dizia. — Você sabe, eu t….
— NÃO! — eu o cortei. Ouvir isso só dificultaria mais. — Não me olhe assim, … Você tem uma garota em casa, e todos sabem disso.
— Mas não é ela que eu amo, todos sabem disso. — ele retrucou passando sua mão por minha bochecha. — É você, .
— Não podemos fazer isso com ela, , você não vê que é errado? — eu perguntei.
— Pra mim, eu e você nunca vai ser errado. — ele deu um beijo de leve em meu pescoço. Ai, meu Deus. — Eu nunca faria isso com ela, mas você… Ah, você é uma exceção, , uma bela exceção.
Eu tirei com certa brutalidade sua mão, que ainda repousava em minha bochecha esquerda.
— Fique você sabendo que eu não sou exceção de ninguém, ! — falei, claramente ofendida. Ele estava achando que eu era o quê?!
Não deu tempo para eu pensar em nada e nem fazer nada. Ele me prensou em uma das grandes portas de vidro de entrada e invadiu minha boca com sua língua. segurava meus pulsos sobre minha cabeça e me beijava tão intensamente que fui perdendo o ar muito rápido. Ele não iria parar de me beijar tão fácil e não havia nada que eu poderia fazer, meu corpo que ansiava por esse beijo desde o dia que deixei Sydney há cinco anos, já estava completamente entregue a .
ALERTA VERMELHO, ALERTA VERMELHO! , ESTE NÃO É UM SONHO! ELE TEM UMA GAROTA EM CASA! E mais uma vez meu cérebro me mandava fazer o que era certo.
Sinceramente, não sei de onde me veio forças para conseguir quebrar o beijo e empurrar para longe de mim de vez. Afobada e sem ar, peguei meu celular dentro de minha pequena bolsa preta e liguei o mais rápido que pude para um táxi. e que me desculpassem, mas eu não conseguiria ficar naquela festa sabendo que poderia me agarrar a qualquer momento que quisesse.
Argh! Eu odeio isso.
— VOCÊ É UM ESTÚPIDO! — gritei apontando o dedo em sua cara. — VOCÊ NÃO PODIA FAZER ISSO COMIGO!
— Pare com isso, , temos que ficar juntos, você sabe disso. — eu virei de costas para ele e limpei as malditas lágrimas que teimavam em cair. Merda! — Eu tenho o seu número.
— ENTÃO O DELETE! — respondi grossa. — Você tem uma namorada, , uma garota em casa, que provavelmente te ama, e isso — abrangi a situação fazendo gestos com a mão. —, não é certo. Mesmo que nós queiramos.
ficou calado por uns bons minutos. Ele havia colocado suas mãos nos bolsos da calça social e estava me encarando. Eu não sabia o que estava se passando em sua cabeça e nem o que ele estava planejando em fazer, e isso me deixava louca.
Vi um bendito táxi chegar e tentei correr até ele o mais rápido que dava usando esses saltos enormes.
! — eu ouvi ele gritar.
Antes de entrar no carro, olhei para trás e vi as lágrimas que se formavam em seus olhos.
— ESQUEÇA TUDO, FIQUE COMIGO. — eu sorri triste ao ouvir suas palavras.
Isso seria uma boa proposta, se eu não tivesse sido como ela uma vez. — eu lhe dei uma piscadela e finalmente entrei no táxi. — Greeny Avenue, por favor. — pedi ao motorista.
Vi por um dos retrovisores um ficar para trás e me lembrei da vez que tinha sido igual a ela. Ser traída é uma das piores coisas que podia acontecer com uma pessoa, quando alguém que você ame demais trai sua confiança é como se uma parte de você tivesse sido quebrada em milhares de pedaços, ou como se alguém tivesse lhe apunhalado pelas costas, é horrível. Eu não desejo essa dor para ninguém, muito menos para ela.
Eu iria me odiar para sempre por ter perdido essa chance com o amor da minha vida, mas pelo menos ela não foi traída como eu fui, eu havia feito a coisa certa, no final das contas.




Fim.



Nota da autora: Hey, xuxus! Se você leu até aqui, obrigada. Espero que tenha se divertido com a história. Ela é bem curtinha e bem simples, mas eu a amo. Aliás, sorry pelo final não tão feliz, mas essa é a vida, não é mesmo? Obrigada mais uma vez! Comentem e me deixem feliz.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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