CAPÍTULOS: [Prólogo] [1] [2]





Heaven Knows






Prólogo


Taste him was like poison
Taste her was like using drugs
He’s my medicine, she’s my disease
I need him, I need her.


Duas batidas seguidas na porta de madeira ecoaram no grande cômodo que era aquele escritório, logo depois, uma voz fraca e baixa foi ouvida.
– Sr. Young, queria falar comigo?
, que bom que veio. Sente-se, por favor. – o senhor que agora estava virado para a porta, sorriu fracamente e apontou para a cadeira em sua frente. A pequena garota de cabelos castanhos avermelhados deu alguns passos e sentou aonde foi indicado. – Como a senhorita sabe, é uma das melhores agentes mirins que essa empresa tem, mas como todos sabem, é boa demais para ser apenas uma agente mirim, então, eu estou pensando em mudar a senhorita de nível. – um grande sorriso se alargou pela face de que parecia um tanto radiante com a ideia. – Mas não vai ser fácil assim, por mim, eu elevaria seu nível agora mesmo, mas não sou eu quem mando aqui. Ross quer te dar uma última missão como agente mirim. Uma missão muito simples no meu ponto de vista. Como um teste, se você passar, vai ser promovida, se não conseguir, vai continuar no mesmo nível.
– Posso pelo menos saber que missão é essa? – seu tom de voz era curioso, ela arqueou a sobrancelha e inclinou o corpo para frente, mostrando seu interesse no assunto.
– Já ouviu falar no caso Melanie Lex? – assentiu com a cabeça. – Ela se matou por motivos aparentemente desconhecidos, mas precisamos descobrir que motivos foram esses. Pelo que indica, ela era uma garota bonita, feliz e não tinha motivos para tirar a própria vida. Um mês antes de cometer suicídio, Melanie fez Eurotour com uma companhia de excursão e algumas semanas atrás, conseguimos a informação que ela uma relação secreta com um dos guias. Ele poderia ser um dos suspeitos para a morte dela, se ao menos soubéssemos qual deles era o namorado dela...
– Desculpe o interromper, mas eu sei toda essa história. Sem querer ser ignorante, mas aonde eu entro nisso tudo?
– Ah, muito simples senhorita . Você vai viajar daqui há um mês nessa mesma excursão, como uma adolescente comum de 16 anos. Mas seu objetivo vai ser fazer amizade com os guias e com os superiores e fazer de tudo para descobrir qual deles era o namorado da Melanie, nem que tenha que usar métodos que eu particularmente não aprove.
– Acho que não precisarei usar esses métodos que mencionou, eu ainda tenho um cérebro que uso muito bem.
– Então você está dentro?
– Sempre estive, Sr. Young.


Capítulo 1


puxou o celular prateado do bolso e checou mais uma vez a lista de coisas que ela precisaria para essa viagem. Tudo estava ali como a mesma já sabia, mas era organizada demais para checar mais de duas vezes. Suspirou baixo, encostando a cabeça no colchão de solteiro que era sua companhia todas as noites. Fechou os olhos e sentiu o corpo cansar, passara o dia inteiro comprando coisas e roupas para que parecesse uma adolescente de 16 anos, suas roupas da adolescência ainda cabiam, mas ela não tinha certeza se eram ideais para uma adolescente supostamente moderna vestir. não tinha nem 20 anos, faria o mesmo em duas semanas, mas já agia como uma adulta séria e responsável desde os 13, quando perdeu os pais num acidente de carro, que meses mais tarde, descobriu sozinha que fora planejado e que toda sua vida não passava de uma mentira. era filha de Gabriel e Aimeé , um casal comum aos olhos da garota, mas não era essa a verdade. Os pais de eram agentes que estavam investigando um caso de bombas clandestinas em países que não eram muito visados pelo comércio e até mesmo pela NSA, mas onde mafiosos sabiam esconder suas coisas. Mas o casal era bom demais no que fazia, porém foi toda essa sabedoria que deixou órfã de pai e de mãe. E essa sabedoria da garota, tão jovem e tão sofrida, que a fez ser quem é hoje. E ela não se orgulha disso, se os pais estivessem vivos, ela provavelmente estaria fazendo alguma faculdade comum, ainda desconheceria da profissão verdadeira daqueles que a colocaram no mundo, mas ainda teria uma família. Não que a NSA não fosse uma família para ela, afinal, eles a criaram, descobriram que ela não tinha morrido no acidente e a trouxeram para a empresa, na intuição de fazer uma agente melhor do que os pais juntos. E assim conseguiram, apesar da pouca idade, conseguia ser uma das melhores agentes que aquela empresa vira em 40 anos. Naquela empresa, ela tivera os melhores momentos de sua vida, todas as coisas banais de uma adolescente, apesar de todo o trabalho a sua volta, ela tivera. Conseguia conciliar sua felicidade e seu trabalho. – ? – uma voz ecoou pelo quarto, chamando a atenção da garota que virou a cabeça para ver quem a tirava dos seus devaneios. – As coisas estão prontas, querida? – Só falta eu fechar a mala e separar a roupa que eu vou viajar. Mas a preguiça está tão grande, que estou quase deitando nessa maldita e dormindo ai mesmo. – ela soltou uma risada abafada. – Eu estou cansada. – Quem não ficaria? – a mulher caminhou até a cama de e sentou na mesma, rindo da cara que a menina fazia. – Afinal, deve ser muito exaustivo passar o dia inteiro comprando coisas com um cartão de crédito ilimitado. – Mari. – revirou os olhos e pousou a cabeça nas pernas da mulher, recebendo um carinho em troca. – Você sabe que eu estou querendo me matar por ter que ir nessa missão. Deus sabe como quero passar quase um mês com aquelas patricinhas que pensam em roupas e garotos o dia todo. – Vamos trazê-las para cá então, para elas pensarem em armas, bandidos, assassinos e em como desarmar uma granada. – Marina falou num tom sarcástico, arrancando varias gargalhadas da garota. Marina Ross era mulher de Robert Ross, dono da National Security of America. Ela era diretora da equipe de resgate, mas não foi assim que ela começou na empresa, muito distante da posição de escala alta. Ela era auxiliar dos médicos, uma garota de cabelos pretos e olhos escuros, meiga e doce. Muito diferente do que seu marido, na época ainda desconhecido, era. Ross era um filho de papai mimado, que sempre tinha o que queria. Era o desgosto do pai, antigo dono da NSA, sua mãe o desprezava e nenhum dos irmãos mantinha contato com ele. O que mais seria? Alguns dizem que Marina foi interesseira, outros dizem que ela foi muito esperta. Depois de trinta anos, ela ainda insistia em responder aos comentários maldosos, afirmando que sim, era amor. Amor comparado ao que nutria pela pequena , desde o dia que chegara a empresa. Era magrela, pequena – não que ela fosse alta agora –, com cabelos que engoliam o corpo e olhos assustados. Ficara ainda mais fascinada pela garota quando a informação de que ela solucionara o caso dos pais e descobrira tudo sobre eles sozinha, chegou aos seus ouvidos. Aquilo dizia apenas uma coisa: ela era uma verdadeira . Marina, agora, aos cinquenta e cinco anos, não era tão diferente da garota meiga e doce que fizera Robert Ross se apaixonar pela primeira vez, mas agora, ela tinha um item na lista que não podia ser dispensado: podia muito bem matar uma pessoa com um tiro em sua testa a qualquer distância. – Posso te pedir uma coisa, querida? – seus dedos faziam uma trança nos cabelos castanhos avermelhados e se sentia relaxada, ao ponto de apenas assentir com a cabeça e fechar os olhos. – Aproveite essa viagem. – Não é uma viagem, Mari. – falou de imediato. – É uma missão onde me infiltrarei como uma adolescente de dezesseis anos para descobrir qual dos guias de viagem foi o responsável pelo pseudo-suícidio de Melanie Lex. Para passar por isso, eu deveria ganhar bem mais. – . – seu tom de voz estava baixo, como quem dá uma regulagem. – Você vai viajar por vinte e seis dias para lugares maravilhosos, vai conhecer pessoas, que por mais que sejam mais novas, também serão maravilhosas. Além do mais, eu tenho uma surpresa para você. – de repente, seu sorriso se alargou pelo rosto e ela foi até a porta, saindo do quarto e sumindo do campo de visão de . Segundos mais tarde, seu corpo estava encostado no canto da porta, ela segurava alguma coisa com a mão que não conseguia enxergar. – Pronta? – Sim. – ela sorriu, um tanto empolgada pela surpresa da mulher.
– Eu achei meio triste você viajar sozinha. Pensei em pessoas que eu poderia mandar com você na viagem, mas achei que a maioria iria te atrapalhar, então lembrei daquele tempo que você passou treinando na Rússia, e lembrei que você fez um grande amigo lá...
– Você só pode estar brincando! – sua voz saiu mais empolgada do que esperava, ela não se sentia cansada e muito menos com sono, seu corpo estava como se adrenalina tivesse sido injetada nele.
Marina puxou a surpresa que esperava do outro lado da porta, quando viu que suas conclusões estavam corretas, não podia explicar a felicidade que estava sentindo naquele momento.
– Viktor! – gritou, atirando-se contra o garoto em sua frente. Bem, não era um garoto, mas para ela, ainda era. Viktor Kuznetsov foi o único garoto que conseguiu se aproximar de verdade de . Ele era um dos garotos que foi treinado com quando ela foi enviada para treinar na Rússia, afinal, os melhores agentes saem de lá. Ela tinha acabado de completar quinze anos e o menino tinha dezessete, foi quase a primeira vista, se deram bem e continuaram com essa amizade durante o ano que ela passara lá, e mesmo depois que ela tivera que voltar para os Estados Unidos, dava um jeito de manter contato com ele. Nos último ano, ela perdera totalmente o contato com Viktor, aumentando ainda mais a felicidade dela ao vê-lo em sua frente.
Sua altura não mudara em nada, ele continuava com o mesmo exagero de tamanho que cinco anos atrás, as espinhas não faziam mais parte do seu rosto e o cabelo parecia mais claro, os olhos azuis eram raros, pois sua íris era contornada de um verde escuro. O sorriso ainda era acolhedor e branco, não tão branco quanto a pele de Viktor, que parecia não ver sol há uns bons anos. Mas ele é russo, o que tem de estranho nisso?
! – ele apertou a garota contra seus braços e afundou o rosto no cabelo dela, sentindo a sensação boa e que ele tinha sentido falta da familiaridade com ela. – Como você está maravilhosa! – ela sorriu e tentou não rir do sotaque do garoto. Seu R sempre foi um pouco estranho e ele se embolava em algumas palavras. – Eu? Olhe você! Eu quero casar com você! – abraçou Viktor mais uma vez e se afastou, olhando para as feições alegres dele. Atrás do homenzarrão, lembrou que ainda existia uma coisa incompleta naquele reencontro. – Marina! Já comentei o quanto minha vida seria um saco sem você? – abraçou a mulher com toda a força que pôde. – Obrigada.
– De nada, querida. Vejo que como não está tão cansada agora, vai poder conversar com seu amigo em paz. Eu vou para casa, nos vemos amanhã. – deu um beijo na testa de e acenou para Viktor.
suspirou antes de falar:
– Você não parece um garoto de dezesseis anos.
– Homens têm suas exceções, esqueceu? – ele deu de ombros. – Nessa viagem, os meninos podem ter até dezenove anos, depois disso, eles têm que viajar com adultos.
– As meninas só podem até dezessete! Que absurdo! – reclamou, fazendo Viktor rir. Ela sempre foi feminista demais, sempre quis direitos iguais para todos, coisa que ela conseguia apenas dentro da NSA. – Você está como agente mesmo? Tipo, vai ser uma missão no mesmo patamar para mim e para você? Se for, podemos revisar o protocolo da missão e o histórico da família Lex e...
. – ele a interrompeu, coçando a barba rala no queixo. Sua feição estava um pouco incomodada, como se alguma coisa estivesse errada ali. – Sua missão é um pouco diferente da minha. Você vai como uma proposta para analisarem se você merece ou não ser elevada na categoria que trabalha. Já passei por isso, eu não vou como um agente mirim ou coisa do gênero.
– Ah. – pareceu decepcionada. – Então, você vai como?
– Você não vai ficar com raiva, certo? – confirmou, não entendendo o que Viktor queria dizer. – Eu vou ser seu supervisor. Serei eu quem dará o seu relatório no fim da missão para Ross, dizendo se você merece ou não ser promovida.
– Então, quer dizer que...
– Quer dizer que você vai dividir os quartos com três meninas, supostamente. O meu estará ao lado do seu, separado por uma porta. Nossos quartos serão conjugados em todos hotéis que passaremos, mas eu não dividirei o meu com ninguém, sendo assim, tudo o que precisamos estará nele. Você terá uma chave reserva para ele e vai poder entrar quando quiser. Nossos equipamentos serão levados por aviões particulares algumas horas antes da gente, então não iremos nos preocupar com isso. A empresa vai pagar por qualquer coisa que fizermos lá e teremos todo dinheiro disponível para podermos gastar com o que bem entendermos. Apenas nós dois, como passageiros, poderemos sair a qualquer hora depois do horário de recolher, também estaremos sempre equipados com alguma coisa, caso aconteça uma emergência, o que é quase desnecessário. Ah, e faremos essa missão da maneira mais real possível, sendo quase obrigação da gente, aproveitar as partes boas dela.
piscou algumas vezes para processar todas aquelas informações que tinha acabado de receber, ele estava falando sério? Ela não queria acreditar, mas por que diabos Viktor mentiria para ela?
– Eu não entendi muito bem. – foi a única coisa que conseguiu dizer sem parecer uma completa retardada.
– Para simplificar sua vida: você tem dezesseis anos, muito dinheiro e vai fazer uma turnê na Europa com pessoas que você nunca viu em toda sua vida. – ele se afastou até ficar na porta, puxou para mais um abraço e beijou o topo de sua testa. – Estou aqui por causa da Marina, ela me pediu apenas uma coisa. Para fazer disso uma viagem, não um trabalho. Então, amanhã começa a festa. – a porta foi fechada por um Viktor que não estava mais no quarto. arregalou os olhos e ficou assim até entender o que estava se passando ali naquele momento.
A missão não era só dela, era de Viktor. Ela não estava em uma missão séria, estava de férias.
Bufou e se jogou na cama, enterrando o rosto no travesseiro para poder gritar sem ninguém ouvir.

Amanhã ela teria uma séria conversa com Robert e Marina Ross.


Capítulo 2


Os cabelos avermelhados estavam amarrados num coque com vários fios soltos, deixando bem clara a rebeldia dele. estava tentada a colocar seus fones e ouvir de uma música boa até narração de algum jogo, qualquer coisa que não fosse aquele barulho irritante que todas aquelas pessoas estavam fazendo no aeroporto. Passageiras gritavam eufóricas, sem saber medir o tom de voz das palavras. Guias gritavam com passageiras, já irritados pela quantidade de barulho que estava ali presente.Monitores e supervisores já estavam num nível quase digno de loucura, por estarem passando por aquela situação mais uma vez.
apenas olhava tudo atentamente, agora o barulho já era tanto que ela não conseguia se irritar com ele. Já estava ali há tanto tempo que parecia fazer parte do lugar. A mulher olhou para a bagagem ao seu lado e soltou um muxoxo baixo, sua mala estava quase vazia. Na verdade, ela estava com outra mala por dentro, pois todas suas roupas tinham ido mais cedo que as outras, junto com as roupas de Viktor e alguns dispositivos que os dois iam precisar.
, o que acha? – ouviu a voz do amigo a chamar e virou o rosto em direção a ele, ainda perdida em devaneios.
– Acho que estou com sono, amor. – respondeu, bocejando e fazendo um bico para o garoto, que aos poucos se aproximava dela. – Quero fazer o check-in logo e dormir um pouco no voo.
– Você não está animada? – uma das meninas perguntou, rindo de forma irritante em seguida. – Que tipo de pessoa não fica animada? É a Europa! Eu estava quase contando os dias.
– Eu já fui para a Europa tantas vezes que poderia ser uma das guias. – ela respondeu cínica, e apoiou o rosto no peito de Viktor, logo depois ele passou os braços ao redor do corpo de e apoiou seu queixo na cabeça dela. – Eu vim porque o Vik insistiu. Também porque vamos comemorar nosso aniversário de namoro.
De imediato, uma careta de nojo apareceu no rosto das duas meninas e então, como num passe de mágica, elas se despediram e saíram para algum lugar.
– Marina disse que você deveria fazer amigas, não as espantar. – o tom de voz do homem era de reprovação, mas ainda com uma pitada de sarcasmo escondida. Ele ainda mantinha seus braços na garota e falava entre os cabelos dela, quem olhasse os dois, pensaria que realmente eram um casal.
– Marina também disse que você não deveria comer ninguém, mas mesmo assim você estava marcando um ménage com duas crianças. – respondeu um tanto azeda.
– Ciúmes, amor? – ele perguntou, falando o apelido com certa malicia.
– A namorada dentro de mim está incomodada com a ideia do seu pau em outra pessoa. – a garota gargalhou, recebendo uma careta engraçada como resposta. – Não me pergunte de onde saiu essa ideia. Só que Regina1 e Regina2 estavam me irritando pra cassete.
Pau? Cassete? – Viktor se distanciou alguns centímetros, olhando estático para a amiga. – Onde está a que eu conheço? Desde quando sua boca é tão suja? – foi a coisa que mais chamara atenção dele, pois não tinha o costume de xingar.
– Desde quando eu não estou falando com meu chefe, um embaixador ou algum presidente. Posso parar de falar palavras difíceis. E, aliás, eu não sou uma adolescente irritada de dezesseis anos? Adolescentes xingam.
– É sério isso? – ele perguntou, atônito.
– Claro que não! Eu xingo na frente de todo mundo. Você que nunca viu antes. – sorriu selvagem, revirando os olhos e mostrando a língua em seguida. Virou o rosto ao ouvir alguém chamar seu nome. – Aquele é o...?
– Adrian. Nosso segundo guia. Ele tem vinte e cinco anos, é dentista e tem uma noiva.
– Chances de ele ser nosso assassino/namorado? – perguntou num sussurro, sorrindo para Adrian.
– Metade a metade. Ele é noivo de Elizabeth Lex, também conhecida como a querida irmã de Melanie Lex.
Oh, oh... Ligações demais. Ele era o guia dela?
– Ele e a gostosa da Giovana...
– Vik! – o repreendeu, dando um tapa em seu ombro. – Ela ainda é nossa guia? Quer dizer, eles ainda trabalham no mesmo ônibus?
– Não. – Ele pegou sua bolsa de mão e pendurou nas costas, segurando sua mala com as mãos e estendendo a mão restante para . – Ela é do ônibus vermelho agora.
– Vermelho? – Viktor assentiu ao ouvir a pergunta dela. – O nosso é o verde, não é? Os guias são Lucian e Adrian, 52 pessoas... – falou, como se avisasse aquilo para si mesma – Alguém aqui viajou ano passado?
– No nosso ônibus, não.
– Quantos meninos?
– Na verdade... Eu sou o único.
– O quê? – sua voz soou desesperada. – Tem 50 meninas viajando comigo? Que inferno! Eu vou dormir no seu quarto, dar a desculpa que fazemos sexo todas as noites. Vou me mudar para lá. Ai Deus, eu não devia ter aceitado isso.
, meninas não são tão ruins quanto você acha...
– Você fala isso porque fode com elas. – interrompeu o amigo, rolando os olhos e fazendo uma cara feia.
– Não me interrompa garotinha, eu estou falando e sou mais velho, mostre um pouco de respeito. – assim que Viktor falou, um dedo malcriado e pequeno apareceu na frente do seu rosto, arrancando uma gargalhada alta dele. – Quanto mais amizades fizermos, menos suspeitos traremos. Assim, conseguiremos mais informações, elas não podem ter viajado nos anos anteriores, mas nunca duvide da capacidade das pessoas de fofocarem. Todas devem saber coisas demais, logo assim, dando em cima delas ou fazendo amizades. – falou, como se estivesse lidando com uma criança. – As coisas serão bem mais fáceis. – concluiu, colocando a mala na balança, pegando a de e a colocando na balança ao lado.
– Descobrimos informações demais. – entregou o passaporte para a moça do check-in. – Ou vamos nos foder por confiar em informações de crianças. Obrigada, Viktor, isso realmente é muito inteligente. Ainda bem que é você quem manda aqui, não eu.
, eu estava brincando...
– Não Viktor, não é uma brincadeira. É uma missão. Eu tenho que passar por esse teste no fim disso tudo, você não. Você tem uma família quando sair daqui, tem dois pais agentes que vão ficar bastante contentes com o resultado do filho dele em mais uma missão, eu não. Minha única família é aquela empresa, minha única vida está naquela empresa. – a garota não estava irritada, como ficava na maioria das vezes, era só uma pontada de raiva que estava começando a consumi-la. – Você pode ser meu supervisor, Viktor, mas eu ainda sou a garota de treze anos que descobriu onde estavam as bombas clandestinas dos italianos. Eu sou a garota de treze anos que descobriu que o acidente dos pais não foi nada acidental. Eu sou a garota que recebeu o prêmio de melhor agente do ano por cinco anos seguidos. Eu sou a agente de apenas dezenove anos que tem mais prêmios na parede por mérito do que metade das pessoas que trabalham na NSA. Eu sou a agente que nunca falhou em uma missão. Eu sou a agente que nunca errou um suspeito. Eu sou a agente que matou mais pessoas do que se orgulha e, eu sou a agente que está puta por ter que lidar com crianças. – parou de falar e olhou nos olhos dele, respirando fundo. – Então, não tente mandar no meu jeito de trabalhar. Eu sou , mostre um pouco de respeito. Viktor não falou nada. O que ia falar? Apenas engoliu em seco e puxou a amiga para um abraço, apertando seu corpo contra o dela. não deixava ninguém ver o que existia debaixo de toda aquela pose de agente, mas no fim de tudo, ela era apenas uma garotinha assustada.
– Eu não sou louco de tentar mandar em você, acho que deceparia meu melhor amigo se o fizesse. – Viktor falou baixo, arrancando uma gargalhada da amiga. Ela apenas assentiu com a cabeça e soltou o ar longamente.
– Desculpe pelo surto. – ela se afastou, passando as mãos no cabelo e pegando o celular no bolso. – Eu fiz uma lista dos guias que estiveram no ano passado e que estão esse ano, mudaram cinco ou seis e... – ela parou de imediato ao ver um tumulto mais à frente. Várias garotas usando camisetas verdes iguais ao que eles dois usavam. Trocaram olhares cumplices antes de andarem rapidamente até a multidão – O que aconteceu? – perguntou a uma garota qualquer.
– Lucian estava atrasado, mas acabou de ligar para a monitora e informar que o apêndice dele inflamou e que ele terá de fazer uma cirurgia ainda essa semana, ficando de repouso em seguida. – ela respondeu, olhando para Viktor e . – A monitora Júlia vai viajar com o ônibus rosa, não pode mudar o voo. A supervisora acabou de pegar o avião, e então o Adrian vai ter que tomar conta do nosso ônibus, sozinho.
Certo, isso era péssimo. 52 pessoas e ele sozinho? E para piorar, todas elas estavam parecendo mais desesperadas do que deviam.
– Vik, venha cá, nosso voo é em quatro horas, certo? – ele assentiu com a cabeça e uma ideia passou pela mente de . Ela viu o balcão de sugestões de viagens e correu até ele, pulando a catraca e subindo na superfície lisa, parando em pé.
– GALERA! – quando sua voz soou para todos ali, o barulho cessou instantaneamente e as garotas pareciam prestar atenção nela. – Quem já fez o check-in? – algumas meninas levantaram as mãos. – Fiquem naquele canto, agora! Quem não fez o check-in, vão para a fila, agora! Não façam tumulto, não fiquem gritando, não se percam!
Quando todas fizerem o check-in, vão para o canto com as outras meninas.
Todos olhavam impressionados para a garota, inclusive a monitora e o guia. O silêncio que estava presente nas garotas era tão bom, que ninguém fazia questão de reclamar pela súbita ação dela.Segundos depois, todas elas ficaram separadas em dois grupos. Um dos seguranças do aeroporto se aproximava e em seguida, ela pulou do balcão para evitar confusões. Ajeitou a roupa, caminhando em direção a Adrian.
– Os passaportes serão entregues a você no final do check-in, certo? – ela perguntou, não importando se pareceria intrometida demais. Adrian apenas fez que sim com a cabeça. – Pegue uma folha em branco e mande todas que fizeram o check-in, assinar. Eu recolho os passaportes para você e depois pegaremos a lista de frequência para ver se falta alguma passageira. Ou melhor, fazemos todas assinarem na lista de primeira e vamos vendo quem assinou ou não, tendo uma noção de quanto tempo temos.
– E você é...? – Ele perguntou, ainda um tanto estático.
, sua salvação. – Brincou, convencida – Qual é? Eu sou uma passageira só, com muita maturidade e pouca paciência. Posso te ajudar como já disse, ainda peço ajuda para meu namorado e aí você fica com menos trabalho, mas se você não quiser, posso deixar todo o trabalho para fazer sozinho... – Ela falou a última parte com descaso e deu de ombros, saindo lentamente e sorrindo ao ouvir o grito de Adrian.
– Fique com a lista de frequência e eu vou atrás dos passaportes com as meninas. – Ele pegou uma bolsa aparentemente vazia, abriu e esperou colocar o passaporte dela lá e assim ela o fez. A ruiva pegou a lista de frequência e deixou a bolsa de mão pendurada junto com uma pequena maleta do guia.
– Assina aqui. – Ela pediu para Viktor quando voltou a se aproximar do suposto namorado e assinou no nome dela, deixando a caneta com ele. amarrou o cabelo num coque apertado e suspirou pesadamente, mandando Viktor ir atrás das outras meninas, pegou a lista e se aproximou das garotas que cochichavam no canto – Ei, eu vou deixar a lista aqui e vocês assinam, certo? Ei! Regina1! – ela chamou uma das meninas que estava atracada em Viktor minutos atrás e entregou a lista para ela – Começa e vai passando, mas olha, assina no seu nome, certo? – perguntou com deboche e se aproximou das outras, parando no meio. – Gente, eu sei que vocês não devem me obedecer por ser alguém como vocês, da mesma idade e também, apenas uma passageira. Mas por favor, facilitem o trabalho do Adrian, ele já parece estar bastante estressado e a Júlia já deve sair para pegar o voo com o outro ônibus, sabemos que o Lucian não teve culpa, mas isso é bem perigoso já que estamos indo para um território desconhecido por 90% de vocês, se alguma coisa der errado, a culpa será inteiramente nossa e aí, teremos jogado dinheiro no lixo. Muito dinheiro. – Regina1 entregou a lista de volta para com algumas assinaturas, ela checou os nomes e virou para as outras garotas. – Annabelle? – uma garota de cabelos negros levantou a mão. – Crystal? – outra em seguida e se deu por vencida. – Vão assinando, eu vou falar com a Júlia, alguma dúvida?
– Qual o seu nome? – Annabelle perguntou, olhando fixamente para a ruiva.
. – a agente respondeu, já se afastando das meninas.
– Quem é Viktor? – nem virou para ver quem tinha perguntado, a voz irritante da menina fez ela revirar os olhos e bufar. Já longe, por fim, ela se virou e gritou para todo o aeroporto ouvir:
– Meu namorado, e se você chegar perto dele, eu arranco seus olhos.
Uma hora mais tarde, todos estavam com tudo feito, apenas esperando a hora de embarcar e começar a viagem de suas vidas. As meninas não estavam tão histéricas. O sono misturado ao cansaço de ficar perambulando fez com que todas ficassem reservadas em cantos. Algumas conversavam entre si como se fossem amigas de anos, outras se excluíam mexendo nos aparelhos telefônicos. Júlia já não estava entre eles, e Viktor e Adrian conversavam sobre a viagem, falando de seus lugares favoritos, o que menos gostavam e como todo aquele tempo no avião era cansativo. estava encostada no ombro do suposto namorado, todos só estavam esperando a chamada do voo para embarcarem. Seus olhos fechavam a cada cinco segundos e ela jurava que poderia dormir em cima de qualquer superfície lisa, contando que não fosse acordada nas próximas duas horas iniciais.
O telefone do guia começou a tocar e ele se levantou num pulo, pedindo licença e se afastando dos outros dois. estranhou a atitude do homem e levantou um pouco, ajeitando sua posição e prestando atenção nas palavras dele, parecia estar pedindo algo para a pessoa do outro lado da linha.
– Sei que você pediu demissão, mas precisamos urgentemente de alguém que conheça essas bandas, Lucian vai fazer uma cirurgia e não pode fazer isso. Eu nunca te pedi nada cara, são só alguns dias. – estreitou os olhos ao ouvir e sua atenção foi tomada por Viktor, que estava ao se lado tentando chamar atenção da garota. Ele teve de chamar o nome dela mais uma vez para conseguir transportá-la de volta para aonde estavam.
– Oi, Vik. – ela respondeu, sorrindo fraco.
– Pode deitar, eu te chamo quando for a hora de embarcar. – como os dois estavam sentados no chão, ela apertou o moletom ao redor de si e bocejou mais uma vez, sendo surpreendida por um selinho do garoto. – Vai dormir, namorada.
– Tudo bem, namorado. – gargalhou e deitou em seguida, se aconchegando no peito do menino. Sua atenção ainda estava em Adrian, que estava com uma cara menos desesperada que antes. Ao ouvir sua última fala, se deu por vencida, sabendo que aquele nome ficaria em sua cabeça e ela teria de procurar sobre ele assim que chegassem a Londres.
Querendo ou não, seu guia substituto precisava ser investigado, e foi sendo levada pelo sono que decorou o nome dele: .


Continua...



Nota da autora: (08.03.15) Sem nota.




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