Capítulo 1 - Convite
Deitada na cama, relaxava enquanto uma música mais calma tocava no youtube. Por ser sábado, a clínica veterinária em que trabalho se manteve com quase todos os horários cheios, mal me dando tempo para almoçar. Mas eu não reclamo, pois amo o que faço e, poder seguir a carreira que desejava desde mais nova, cuidando dos animais, faz todo o esforço dos últimos anos valerem a pena.
Assim que liguei meu notebook, fui até meu e-mail – esperava pelo certificado do fórum internacional de saúde animal que participei há duas semanas, entretanto, ao invés dele, havia uma mensagem da Jefferson High School, a escola na qual estudei no ensino médio há anos atrás:
“Querido ex-aluno!
A cada ano temos a tradição de fazer algo especial para com as turmas que já passaram por nossa escola, com o propósito não só de reunir os ex-estudantes, como também relembrar o passado e celebrar nossas conquistas, trazendo de volta as melhores memórias. E, dessa vez, os homenageados são os terceiros anos de 2006!
Você, eterno pupilo, é nosso convidado especial nessa viagem no tempo! Coloque seu melhor traje para encontrar seus antigos amigos e relembrar as histórias mais duradouras dessa época em um baile de outono, que acontecerá em 24 de outubro, sábado, no salão de festividades da escola. Te esperamos de portas abertas a partir das oito da noite. E não se esqueça, você pode levar alguém especial para compartilhar esse momento com você, se desejar!
Atenciosamente, a direção.”
Desde o começo dos anos 2000 esse era um evento constante na escola, contudo, nunca imaginaria poder voltar a me reunir com todos, especialmente depois de quatorze anos. Na verdade, minha experiência como estudante em meus anos finais não foi dos melhores: Sempre fui tímida, mesmo quando ainda morava no Brasil, minha terra natal, mas, tudo isso se intensificou quando me mudei para Nova York com meus pais, o que me fez sentir-me ainda mais deslocada pois o novo lugar era totalmente desconhecido.
Com o tempo fui acostumando-me com a língua, o inglês, que sabia somente o básico, o clima e, é claro, com a cultura, que é totalmente diferente do país tropical. Todavia, a popularidade passou longe, pois fazia questão de ficar afastada das garotas que, durante o tempo inteiro, só pensavam em uma coisa: Se tornar a rainha da festa que acontecia ao final de todo o ano letivo.
Ao sofrer bullying por ser estrangeira e nerd, como os outros diziam, me fechei ainda mais para as novas amizades, focando a atenção total nos estudos, além de entrar nos clubes de leitura e xadrez, coisas que eu era completamente apaixonada. Mais do que praticar meus hobbies preferidos, essas equipes me trouxeram , que se tornou minha melhor amiga, que tenho contato até hoje, e , meu companheiro de xadrez, no qual esperava ansiosamente para o amanhecer do próximo dia, com o desejo de encontrá-lo para conversar sobre séries policiais que ambos eram viciados.
Refletindo agora, eu e o moreno éramos muito ligados na adolescência, entretanto, depois da formatura, cada um foi para um lado. Eu comecei minha sonhada faculdade de veterinária e Seb foi fazer seu tão sonhado intercâmbio na Argentina, para aprimorar seu espanhol. No primeiro ano mantivemos contato por e-mail, que começava a ser popularizado na maior parte do mundo, mas, depois de um tempo, minhas mensagens não foram mais respondidas, então, teve uma hora que apenas segui a vida, mesmo com o coração despedaçado pelo mesmo ter me esquecido tão rápido.
Ao ver o recado no computador, fiquei na dúvida se iria a esse baile, não só pela oportunidade de rever os poucos amigos que arranjei, como também por todas as memórias ruins que deixei pra trás ao me formar: Prometi a mim mesma que todos que insistiam em me colocar para baixo seriam esquecidos na nova etapa que começava, o que realmente aconteceu e me tornou uma mulher mais forte. Todavia, tenho medo dessas cicatrizes começarem a arder novamente ao reencontrar a todos.
Decidi esquecer essa insegurança nesse momento, apenas colocando um filme na Netflix para ocupar minha mente. No entanto, essa nuvem me seguiu pelo resto dos dias, fazendo-me ficar aérea ao relembrar acontecimentos daquela época, bons e ruins. Cheguei até procurar nas redes sociais, movida pela curiosidade de encontrar meu antigo amigo e crush, mas, entre vários resultados, nada achei que pudesse parecer com seu perfil.
- ...! – me chamou.
Estava com ela e Lauren, minha irmã, em um pub de Manhattan, tomando alguns drinks ao mesmo tempo que uma banda local tocava ao vivo. Enquanto colocávamos o papo em dia, minha mente viajou novamente para o dilema que tem se mantido cada vez mais presente.
- Oi! – respondi, voltando ao planeta Terra.
- Tá bem? Está distraída desde que chegamos aqui!
- E não é de hoje! – Minha irmã interveio – Nessas últimas semanas você tem estado desatenta pra tudo.
- Também não exagera!
- Você me ligou ontem pra perguntar se tinha deixado sua blusa vermelha lá em casa. Você estava vestida com ela! – Levantou as sobrancelhas.
- Tá, tá bem! Estão certas! Estou assim por causa do e-mail que nossa antiga escola me mandou. Você recebeu, ?
- Recebi! – Ela confirmou – Por quê? Você não quer ir?
- Esse é o x da questão – falei, antes de contar para as duas sobre tudo o que vinha me afligindo ultimamente, especialmente sobre o medo de voltar à escola e sofrer mais uma enxurrada de bullying – Além do mais, não há motivos para eu voltar, nunca fui popular ou tive destaque lá. Foi um período que fez parte da minha história, mas passou e, acredito que não é obrigatório a presença na festa– finalizei meu monólogo.
- Sabe o que eu acho... – A psicóloga começou – Se você estivesse realmente certa de que não quer ir, isso não estaria te incomodando tanto. Está inventando barreiras pra se convencer a não ir, mas na verdade, quer estar lá. Quem espera ver lá? – perguntou, antes da própria responder – Ah, claro! É o , não é?
- O que? Claro que não – falei, tentando esconder o nervosismo – Não falo com ele há anos, nossa amizade ficou apenas na época do colégio.
- Mentira! Vocês viviam grudados e você até me confidenciou um dia como era apaixonada por ele. Como perderiam o contato assim?
- Ah, isso é coisa do passado. E foi pra um intercâmbio na Argentina, conversávamos no começo por e-mail, já que redes sociais eram coisas de rico, mas um tempo depois paramos de nos responder.
- Do nada? – Lauren questionou, já que sabia pouco sobre o moreno. Não contei para quase ninguém sobre minha queda pelo meu antigo amigo.
- Na verdade ele que não replicou mais minhas mensagens, então não mandei mais.
- É por isso que quer ir, tem expectativa de encontrá-lo?
- Sei lá! – Fui sincera – Parte de mim quer encontrá-lo e ver como ele está, mas a outra parte tem receio dele ter se tornado uma pessoa totalmente diferente.
- O único jeito de descobrir é você indo ao baile – pronunciou – Se não, vai continuar sofrimento e imaginando como seria falar com pelo resto da sua vida, e isso faz mal.
- Tive uma ideia! – Minha irmã chamou nossa atenção, depois de dar mais um gole em seu drink azul turquesa – Por que não vamos todas? Vocês duas estavam juntas na turma de 2006 e, pelo que sei, cada ex-aluno pode levar um convidado. Assim podemos te dar uma força.
- Você realmente quer ir a essa festa né? – perguntei, já adivinhando as intenções por trás da sugestão da mais nova.
- Esses bailes são sempre históricos, irmã! E o meu vai demorar a acontecer, porque só me formei em 2010. Além do mais, não vou só por mim, quero estar do seu lado – Sorriu.
- Você não me engana! – Cerrei os olhos – Mas sei que se importa comigo o tanto que me importo com você! Obrigada! – disse ao suavizar minha expressão.
- Na verdade, a ideia da Lauren é ótima. Assim você vai poder enfrentar esse medo, além de deixar o passado onde ele realmente deve ficar, no passado. Todos mudam ao longo dos anos, e você se tornou mais confiante e forte, vai tirar tudo isso de letra. Ainda mais se estivermos lá pra te apoiar – falou, dando uma piscadela.
No fim de tudo isso, elas realmente estavam certas. O tempo passou, não sou a mesma garota tímida e medrosa de anos atrás, agora enfrento os desafios de frente e, se para poder viver em paz, sem esses demônios da adolescência me assombrando, devo ir ao baile, então que assim seja. Além do mais, não entrar sozinha na festa é algo que me dá mais segurança de que as coisas podem dar certo.
Com a decisão tomada, mal vi o tempo correndo e, o que antes eram duas semanas, agora se tornaram apenas três dias. Em meio a isso, acompanhada de minhas escudeiras, fui ao shopping comprar o vestido para essa ocasião especial e, depois de uma tarde inteira batendo perna, achamos os trajes perfeitos. Só faltou o sapato – eu iria com uma sandália com um pequeno salto que tenho desde o ano passado, contudo, ao saber disso, surtou e praticamente fez com que nos encontrássemos hoje para resolver esse “grande problema”, segundo as palavras da mesma – Então, assim que atender meus últimos pacientes, irei encontrá-las no lugar marcado.
- Sr Noah? – Chamei ao chegar à porta que dividia os consultórios da sala de espera
- Eu! – Um cara se levantou, me seguindo com um garotinho de pele escura e olhos verdes, que levava um filhote labrador em seu colo.
- Então, o que esse lindinho tá precisando? – perguntei, acariciando a cabeça do mascote quando chegamos a minha sala.
- Pai? – O menor puxou a camisa do seu pai, que me olhava paralisado, o que me fez ficar com a pulga atrás da orelha.
Olhando-o com mais atenção, senti uma familiaridade no homem a minha frente, especialmente nos seus olhos claros. Além de sua barba mais cheia, os cabelos escuros se escondiam embaixo de sua boina azul que, estranhamente, se alinhava ao tom grafite de seu terno. Franzi a testa tentando lembrar de sua face, mas, nada me vinha a cabeça. Resolvi apenas ignorar nesse momento e seguir com meu trabalho.
- Ah! Desculpe! Estou meio aéreo hoje! – falou, com sua voz um pouco rouca – Bucky chegou lá em casa ontem...
- Eu ganhei de aniversário do papai! – o garotinho interrompeu.
- É? Que legal! Quantos anos você fez? – questionei.
- Oito! – falou, confiante.
- Meus parabéns!! – Abri um sorriso, pegando um bombom, que sempre dava para as crianças, da gaveta - Sei que estou atrasada, mas quero te dar essa pequena lembrança pra adoçar seu dia!
- Posso? – O pequeno olhou para o maior.
- Claro, filho! – Noah respondeu e, assim que o menor agradeceu o chocolate, continuou – Viemos para as vacinas que nosso cão precisa!
- Claro! Ele já possui a carteira de vacinação? – questionei, profissional.
A partir daí a consulta de seguiu, comigo dando a primeira dose da vacina contra a “paravirose”, doença que os filhotes podem pegar facilmente, além de marcar a próxima visita para a segunda dose dali a vinte dias. Não trocamos muitas palavras além do necessário, porém a sensação de que ele me era familiar ainda persistia forte, tanto que chequei a ficha que o mesmo preencheu para ver se conseguia algo, mas apenas havia seu nome “Noah ” e seu telefone.
Ao compartilhar meus pensamentos com Lauren e , uma hora mais tarde, depois de nos encontrarmos, minha amiga já pronunciou:
- Noah .... será que ele não é parente do ? Ambos têm o mesmo sobrenome, não pode ser só coincidência.
- Verdade! – disse, pensativa – Isso explicaria o porquê dele me soar tão familiar, deve ser um traço ou outro do .
Assim que liguei meu notebook, fui até meu e-mail – esperava pelo certificado do fórum internacional de saúde animal que participei há duas semanas, entretanto, ao invés dele, havia uma mensagem da Jefferson High School, a escola na qual estudei no ensino médio há anos atrás:
“Querido ex-aluno!
A cada ano temos a tradição de fazer algo especial para com as turmas que já passaram por nossa escola, com o propósito não só de reunir os ex-estudantes, como também relembrar o passado e celebrar nossas conquistas, trazendo de volta as melhores memórias. E, dessa vez, os homenageados são os terceiros anos de 2006!
Você, eterno pupilo, é nosso convidado especial nessa viagem no tempo! Coloque seu melhor traje para encontrar seus antigos amigos e relembrar as histórias mais duradouras dessa época em um baile de outono, que acontecerá em 24 de outubro, sábado, no salão de festividades da escola. Te esperamos de portas abertas a partir das oito da noite. E não se esqueça, você pode levar alguém especial para compartilhar esse momento com você, se desejar!
Atenciosamente, a direção.”
Com o tempo fui acostumando-me com a língua, o inglês, que sabia somente o básico, o clima e, é claro, com a cultura, que é totalmente diferente do país tropical. Todavia, a popularidade passou longe, pois fazia questão de ficar afastada das garotas que, durante o tempo inteiro, só pensavam em uma coisa: Se tornar a rainha da festa que acontecia ao final de todo o ano letivo.
Ao sofrer bullying por ser estrangeira e nerd, como os outros diziam, me fechei ainda mais para as novas amizades, focando a atenção total nos estudos, além de entrar nos clubes de leitura e xadrez, coisas que eu era completamente apaixonada. Mais do que praticar meus hobbies preferidos, essas equipes me trouxeram , que se tornou minha melhor amiga, que tenho contato até hoje, e , meu companheiro de xadrez, no qual esperava ansiosamente para o amanhecer do próximo dia, com o desejo de encontrá-lo para conversar sobre séries policiais que ambos eram viciados.
Refletindo agora, eu e o moreno éramos muito ligados na adolescência, entretanto, depois da formatura, cada um foi para um lado. Eu comecei minha sonhada faculdade de veterinária e Seb foi fazer seu tão sonhado intercâmbio na Argentina, para aprimorar seu espanhol. No primeiro ano mantivemos contato por e-mail, que começava a ser popularizado na maior parte do mundo, mas, depois de um tempo, minhas mensagens não foram mais respondidas, então, teve uma hora que apenas segui a vida, mesmo com o coração despedaçado pelo mesmo ter me esquecido tão rápido.
Ao ver o recado no computador, fiquei na dúvida se iria a esse baile, não só pela oportunidade de rever os poucos amigos que arranjei, como também por todas as memórias ruins que deixei pra trás ao me formar: Prometi a mim mesma que todos que insistiam em me colocar para baixo seriam esquecidos na nova etapa que começava, o que realmente aconteceu e me tornou uma mulher mais forte. Todavia, tenho medo dessas cicatrizes começarem a arder novamente ao reencontrar a todos.
Decidi esquecer essa insegurança nesse momento, apenas colocando um filme na Netflix para ocupar minha mente. No entanto, essa nuvem me seguiu pelo resto dos dias, fazendo-me ficar aérea ao relembrar acontecimentos daquela época, bons e ruins. Cheguei até procurar nas redes sociais, movida pela curiosidade de encontrar meu antigo amigo e crush, mas, entre vários resultados, nada achei que pudesse parecer com seu perfil.
- ...! – me chamou.
Estava com ela e Lauren, minha irmã, em um pub de Manhattan, tomando alguns drinks ao mesmo tempo que uma banda local tocava ao vivo. Enquanto colocávamos o papo em dia, minha mente viajou novamente para o dilema que tem se mantido cada vez mais presente.
- Oi! – respondi, voltando ao planeta Terra.
- Tá bem? Está distraída desde que chegamos aqui!
- E não é de hoje! – Minha irmã interveio – Nessas últimas semanas você tem estado desatenta pra tudo.
- Também não exagera!
- Você me ligou ontem pra perguntar se tinha deixado sua blusa vermelha lá em casa. Você estava vestida com ela! – Levantou as sobrancelhas.
- Tá, tá bem! Estão certas! Estou assim por causa do e-mail que nossa antiga escola me mandou. Você recebeu, ?
- Recebi! – Ela confirmou – Por quê? Você não quer ir?
- Esse é o x da questão – falei, antes de contar para as duas sobre tudo o que vinha me afligindo ultimamente, especialmente sobre o medo de voltar à escola e sofrer mais uma enxurrada de bullying – Além do mais, não há motivos para eu voltar, nunca fui popular ou tive destaque lá. Foi um período que fez parte da minha história, mas passou e, acredito que não é obrigatório a presença na festa– finalizei meu monólogo.
- Sabe o que eu acho... – A psicóloga começou – Se você estivesse realmente certa de que não quer ir, isso não estaria te incomodando tanto. Está inventando barreiras pra se convencer a não ir, mas na verdade, quer estar lá. Quem espera ver lá? – perguntou, antes da própria responder – Ah, claro! É o , não é?
- O que? Claro que não – falei, tentando esconder o nervosismo – Não falo com ele há anos, nossa amizade ficou apenas na época do colégio.
- Mentira! Vocês viviam grudados e você até me confidenciou um dia como era apaixonada por ele. Como perderiam o contato assim?
- Ah, isso é coisa do passado. E foi pra um intercâmbio na Argentina, conversávamos no começo por e-mail, já que redes sociais eram coisas de rico, mas um tempo depois paramos de nos responder.
- Do nada? – Lauren questionou, já que sabia pouco sobre o moreno. Não contei para quase ninguém sobre minha queda pelo meu antigo amigo.
- Na verdade ele que não replicou mais minhas mensagens, então não mandei mais.
- É por isso que quer ir, tem expectativa de encontrá-lo?
- Sei lá! – Fui sincera – Parte de mim quer encontrá-lo e ver como ele está, mas a outra parte tem receio dele ter se tornado uma pessoa totalmente diferente.
- O único jeito de descobrir é você indo ao baile – pronunciou – Se não, vai continuar sofrimento e imaginando como seria falar com pelo resto da sua vida, e isso faz mal.
- Tive uma ideia! – Minha irmã chamou nossa atenção, depois de dar mais um gole em seu drink azul turquesa – Por que não vamos todas? Vocês duas estavam juntas na turma de 2006 e, pelo que sei, cada ex-aluno pode levar um convidado. Assim podemos te dar uma força.
- Você realmente quer ir a essa festa né? – perguntei, já adivinhando as intenções por trás da sugestão da mais nova.
- Esses bailes são sempre históricos, irmã! E o meu vai demorar a acontecer, porque só me formei em 2010. Além do mais, não vou só por mim, quero estar do seu lado – Sorriu.
- Você não me engana! – Cerrei os olhos – Mas sei que se importa comigo o tanto que me importo com você! Obrigada! – disse ao suavizar minha expressão.
- Na verdade, a ideia da Lauren é ótima. Assim você vai poder enfrentar esse medo, além de deixar o passado onde ele realmente deve ficar, no passado. Todos mudam ao longo dos anos, e você se tornou mais confiante e forte, vai tirar tudo isso de letra. Ainda mais se estivermos lá pra te apoiar – falou, dando uma piscadela.
No fim de tudo isso, elas realmente estavam certas. O tempo passou, não sou a mesma garota tímida e medrosa de anos atrás, agora enfrento os desafios de frente e, se para poder viver em paz, sem esses demônios da adolescência me assombrando, devo ir ao baile, então que assim seja. Além do mais, não entrar sozinha na festa é algo que me dá mais segurança de que as coisas podem dar certo.
Com a decisão tomada, mal vi o tempo correndo e, o que antes eram duas semanas, agora se tornaram apenas três dias. Em meio a isso, acompanhada de minhas escudeiras, fui ao shopping comprar o vestido para essa ocasião especial e, depois de uma tarde inteira batendo perna, achamos os trajes perfeitos. Só faltou o sapato – eu iria com uma sandália com um pequeno salto que tenho desde o ano passado, contudo, ao saber disso, surtou e praticamente fez com que nos encontrássemos hoje para resolver esse “grande problema”, segundo as palavras da mesma – Então, assim que atender meus últimos pacientes, irei encontrá-las no lugar marcado.
- Sr Noah? – Chamei ao chegar à porta que dividia os consultórios da sala de espera
- Eu! – Um cara se levantou, me seguindo com um garotinho de pele escura e olhos verdes, que levava um filhote labrador em seu colo.
- Então, o que esse lindinho tá precisando? – perguntei, acariciando a cabeça do mascote quando chegamos a minha sala.
- Pai? – O menor puxou a camisa do seu pai, que me olhava paralisado, o que me fez ficar com a pulga atrás da orelha.
Olhando-o com mais atenção, senti uma familiaridade no homem a minha frente, especialmente nos seus olhos claros. Além de sua barba mais cheia, os cabelos escuros se escondiam embaixo de sua boina azul que, estranhamente, se alinhava ao tom grafite de seu terno. Franzi a testa tentando lembrar de sua face, mas, nada me vinha a cabeça. Resolvi apenas ignorar nesse momento e seguir com meu trabalho.
- Ah! Desculpe! Estou meio aéreo hoje! – falou, com sua voz um pouco rouca – Bucky chegou lá em casa ontem...
- Eu ganhei de aniversário do papai! – o garotinho interrompeu.
- É? Que legal! Quantos anos você fez? – questionei.
- Oito! – falou, confiante.
- Meus parabéns!! – Abri um sorriso, pegando um bombom, que sempre dava para as crianças, da gaveta - Sei que estou atrasada, mas quero te dar essa pequena lembrança pra adoçar seu dia!
- Posso? – O pequeno olhou para o maior.
- Claro, filho! – Noah respondeu e, assim que o menor agradeceu o chocolate, continuou – Viemos para as vacinas que nosso cão precisa!
- Claro! Ele já possui a carteira de vacinação? – questionei, profissional.
A partir daí a consulta de seguiu, comigo dando a primeira dose da vacina contra a “paravirose”, doença que os filhotes podem pegar facilmente, além de marcar a próxima visita para a segunda dose dali a vinte dias. Não trocamos muitas palavras além do necessário, porém a sensação de que ele me era familiar ainda persistia forte, tanto que chequei a ficha que o mesmo preencheu para ver se conseguia algo, mas apenas havia seu nome “Noah ” e seu telefone.
Ao compartilhar meus pensamentos com Lauren e , uma hora mais tarde, depois de nos encontrarmos, minha amiga já pronunciou:
- Noah .... será que ele não é parente do ? Ambos têm o mesmo sobrenome, não pode ser só coincidência.
- Verdade! – disse, pensativa – Isso explicaria o porquê dele me soar tão familiar, deve ser um traço ou outro do .
Capítulo 2 - O Baile
O frio em minha barriga se mantinha presente: O grande dia da festa tinha chegado. Até esse momento eu ainda me enganava sobre a expectativa que estava quanto ao que poderia acontecer, entretanto, meu corpo gritava por conta do nervosismo. Ao mesmo tempo que quero estar lá, rever as poucas pessoas que considerava na época da escola e mostrar para mim mesma como mudei e evolui quanto a minha insegurança, tenho vontade de desistir de tudo e me trancar no quarto com um belo filme da Netflix, por conta daquilo que ainda me aflige, o medo do inesperado.
Lembrando que minhas duas escudeiras estariam comigo, enclausurei esses últimos pensamentos no fundo da mente para apenas aproveitar essa noite porque, segundo , coisas assim apenas acontecem uma vez na vida. Então, depois de horas de preparação - Com direito a maquiagem profissional de minha irmã – já estávamos a caminho da instituição que, assim que vi, percebi que não mudou em quase nada.
O vestido cor de vinho tinha caimento perfeito em meu corpo, mas, com o tempo que ainda se mantinha frio por conta do outono, preferi colocar um sobretudo até que chegasse ao local. Depois de conseguir colocar meu carro no estacionamento – que posso dizer, já estava praticamente lotado – seguimos para a quadra coberta, já decorada devidamente para esse evento tão importante.
A música tocava a todo vapor enquanto todos se espalhavam pelo salão, seja bebendo, conversando em algumas mesas postas nas laterais, ou arriscando passos de dança em diferentes ritmos. Olhando ao redor enquanto esperávamos por nossos drinks no bar – precisava de um pouco de álcool no sangue para a coragem não sumir tão rápido – comecei a encontrar alguns rostos conhecidos.
A juventude daqueles que mais praticavam bullying comigo tinham desaparecido completamente, dando lugar a barrigas de chopp, botox por todo o lado e muita maquiagem, que cobria as rugas que já começavam a aparecer. Alguns professores também se espalhavam pelo local, nos quais cumprimentei com o maior prazer, pois foram eles que fizeram com que eu chegasse onde estou hoje. Também conversei com um ou outro ex-colega que fiz amizade na época, sendo atualizada sobre suas vidas, os sonhos realizados e planos que seguiram outra direção, porém, a leveza do momento acabou quando segui para pedir outra bebida no bar – dessa vez sem álcool, pois eu era a motorista da rodada – e senti meu coração dar um solavanco quando o vi á duas banquetas de distância.
Ele estava ainda mais lindo do que me lembrava e, dessa vez sem barba escondendo parte do seu rosto, e com seu cabelo a mostra em um perfeito topete, tive certeza de que era meu antigo melhor amigo. Me amaldiçoei internamente por não tê-lo reconhecido antes, ou talvez me negasse a achar que o cara que encontrei fosse mesmo . Contudo, por que ele não disse nada quando esteve há dias atrás em meu consultório? Ou será que também não se lembrou de mim naquela tarde? Com dois segundos de súbita coragem, me aproximei do moreno:
- Então quer dizer que esteve comigo e não me reconheceu? Sou tão esquecível assim? – pronunciei, fazendo-o arregalar os olhos ao me olhar.
- Ah! – coçou a nuca, em visível ação de nervosismo – Oi ! Desculpe! Eu sei que não nos víamos há anos, mas, eu não estava esperando aquele encontro.
- Como assim? – perguntei, ao me sentar no banco vazio ao seu lado – Você foi ao lugar que trabalho. Aliás, por que não me procurou mais cedo quando descobriu? Nossa amizade era tão insignificante assim? – Estava magoada
- Porque eu não sabia. Pedi para a secretária do meu departamento marcar uma consulta em algum veterinário, por causa do Bucky, ela só me passou o horário e que seria com a doutora Bennet mas, ao chegar lá, fui surpreendido ao te encontrar. Queria ter dito algo, porém, paralisei.
- Ah, claro! – disse, me lembrando – Chloe divide o consultório comigo e teve que sair mais cedo naquele dia, então fiquei com seus últimos pacientes. Mas, por que Noah?
-É meu nome do meio: Noah , o utilizo as vezes – Sorriu, desconcertado – Então, estou desculpado? Sabe que as vezes não sei me expressar e acabo fugindo da situação, mas senti muito sua falta.
- Claro que sei, porque sou igualzinha! – afirmei – Desculpo se me contar tudo o que aconteceu em sua vida, começando por seu filho. Não era você que dizia que não pensava em formar uma família? – curvei meus lábios, sendo sacana.
- Pois então...as coisas mudam! – falou, sem graça – Na verdade Ian não foi planejado. Namorei com Naomi, mãe dele, quando estava na faculdade e, um pouco antes de me formar, só...aconteceu. Porém, mesmo já estando separado dela há alguns anos, estou cada vez mais apegado ao meu filho, ele foi um presente divino – Sua felicidade transparecia em seus olhos.
- Ele parece ser um garoto muito esperto!
-E é! Mas não se engane, ele pode ser muito arteiro quando quer! – concluiu – E você? Se casou, teve filhos...?
- Nah! Sabe que nunca tive sorte no amor! – confidenciei – Acabei focando mais em minha carreira. Falando nisso, voce sabe minha profissão, mas eu não sei a sua. Que caminho seguiu? Lembro que na nossa época estava em dúvida entre matemática e virar policial, já que amava essas duas áreas.
-Acabei indo para o ramo da investigação criminal. Sabe como sempre fui fissurado por CSI, adorava vê-los resolvendo os casos na televisão.
-Sim!!! – disse animada – Acredita que faz anos que não assisto? Esses tempos vi Criminal Minds e me lembrei das nossas conversas, não perdíamos um episódio!
- Bons tempos! Fazíamos questão de chegar mais cedo na escola pra conversar sobre o caso da última noite, isso quando não tinha parte dois para achar o assassino.
- Verdade! Nessas vezes passávamos a noite no telefone confabulando teorias de quem seria o matador serial da vez. Amava isso! Nunca mais achei alguém pra conversar sobre, até tentou assistir uma vez, mas seu gênero nunca foi investigação.
- Pera, você conseguiu manter contato com ela?
A partir daí, o papo seguiu noite a dentro, conosco falando sobre nossas experiências: contou como foi seu tempo de intercâmbio na Argentina, aprendendo não só a língua espanhola, mas também a cultura, os costumes e, até falou sobre algumas pessoas que conheceu, como se tornaram bons amigos, mantendo contato até hoje. Esclareceu, depois que introduzi o assunto sobre o moreno ter me esquecido, que esqueceu seu celular em algum lugar e não lembrou mais a senha de seu e-mail, perdendo todos os seus contatos, porém, sempre pensava em mim cada vez que jogava uma partida de xadrez com os colegas de quarto.
A cada gole de bebida, eu me soltava ainda mais – até deixei de lado o compromisso de motorista da rodada, as garotas já tinham arrumado companhias e eu com certeza pediria um uber ao fim da festa – deixando-me flertar com o cara em minha frente, o que o fazia gargalhar, pois estava mais embriagado que eu. Quando começou uma música animada, não hesitei ao puxá-lo até o meio da pista para dançar comigo e, me envolvendo, balancei as curvas do corpo conforme o ritmo, enquanto fechava os olhos para sentir o sangue fervendo em minhas veias, especialmente quando tomou a dianteira e grudou-nos enquanto a música ainda tocava, fazendo-me entrar em combustão.
- Que tal sairmos daqui? – O moreno sussurrou depois de alguns minutos, mordendo o lóbulo de minha orelha em seguida, o que fez-me arrepiar por inteira – Essa noite tá incrível demais para terminarmos tão cedo!
Se estivesse em meu juízo perfeito, recusaria sem pestanejar, pois nunca fui daquelas garotas que “ficava” sem compromisso com o sexo oposto nas festas, sempre preferi relacionamentos sérios e lugares mais calmos - eventos mais agitados eram só pra se divertir com minhas amigas - Todavia, os drinks em meu sangue juntamente com esse reencontro com aquele que tive um crush na adolescência, me fizeram assentir no mesmo segundo, deixando o sorriso tomar conta de minha face.
Midnight memories, oh, oh, oh, oh, oh, oh
Baby, you and me
Stumbling in the street
Singing, singing, singing, singing
Midnight memories, oh oh oh, oh, oh, oh
Baby, where we go?
Never say no
Just do it, do it, do it, do it
No taxi, seguimos para minha casa e, assim que a porta principal foi fechada, os beijos ardentes começaram de forma desenfreada, fazendo com que nos esbarrássemos em alguns móveis enquanto as roupas eram arrancadas de nossos corpos, sem nenhuma delicadeza. Os dois adultos do início do baile foram substituídos por jovens com os hormônios à flor da pele, que não tinham qualquer controle sobre seus atos.
Ao amanhecer, os corpos caíram na cama e, completamente suados e cansados, mantemos apenas o barulho de nossas respirações até que o sono chegasse. Assim que acordei, encontrei o outro lado do colchão ainda bagunçado, mas completamente vazio, me levando a pensar que tudo aquilo não passou de um louco sonho, porém, ao ver o pequeno bilhete ao lado de um remédio para dor de cabeça em minha escrivaninha, a felicidade momentânea murchou:
“!
Te reencontrar foi demais e nossa noite foi incrível, mas não deveria ter terminado daquele jeito! Espero que entenda que foi um erro, pois não quero me envolver em nenhum relacionamento por enquanto. Desejo toda a felicidade para você e que possamos nos reencontrar num futuro próximo!
P.S: Desculpe por não ficar, tive uma emergência no trabalho! Deixei um remédio para sua ressaca, que tenho certeza de que deve estar tão ruim quanto a minha.
Att.”
Lembrando que minhas duas escudeiras estariam comigo, enclausurei esses últimos pensamentos no fundo da mente para apenas aproveitar essa noite porque, segundo , coisas assim apenas acontecem uma vez na vida. Então, depois de horas de preparação - Com direito a maquiagem profissional de minha irmã – já estávamos a caminho da instituição que, assim que vi, percebi que não mudou em quase nada.
O vestido cor de vinho tinha caimento perfeito em meu corpo, mas, com o tempo que ainda se mantinha frio por conta do outono, preferi colocar um sobretudo até que chegasse ao local. Depois de conseguir colocar meu carro no estacionamento – que posso dizer, já estava praticamente lotado – seguimos para a quadra coberta, já decorada devidamente para esse evento tão importante.
A música tocava a todo vapor enquanto todos se espalhavam pelo salão, seja bebendo, conversando em algumas mesas postas nas laterais, ou arriscando passos de dança em diferentes ritmos. Olhando ao redor enquanto esperávamos por nossos drinks no bar – precisava de um pouco de álcool no sangue para a coragem não sumir tão rápido – comecei a encontrar alguns rostos conhecidos.
A juventude daqueles que mais praticavam bullying comigo tinham desaparecido completamente, dando lugar a barrigas de chopp, botox por todo o lado e muita maquiagem, que cobria as rugas que já começavam a aparecer. Alguns professores também se espalhavam pelo local, nos quais cumprimentei com o maior prazer, pois foram eles que fizeram com que eu chegasse onde estou hoje. Também conversei com um ou outro ex-colega que fiz amizade na época, sendo atualizada sobre suas vidas, os sonhos realizados e planos que seguiram outra direção, porém, a leveza do momento acabou quando segui para pedir outra bebida no bar – dessa vez sem álcool, pois eu era a motorista da rodada – e senti meu coração dar um solavanco quando o vi á duas banquetas de distância.
Ele estava ainda mais lindo do que me lembrava e, dessa vez sem barba escondendo parte do seu rosto, e com seu cabelo a mostra em um perfeito topete, tive certeza de que era meu antigo melhor amigo. Me amaldiçoei internamente por não tê-lo reconhecido antes, ou talvez me negasse a achar que o cara que encontrei fosse mesmo . Contudo, por que ele não disse nada quando esteve há dias atrás em meu consultório? Ou será que também não se lembrou de mim naquela tarde? Com dois segundos de súbita coragem, me aproximei do moreno:
- Então quer dizer que esteve comigo e não me reconheceu? Sou tão esquecível assim? – pronunciei, fazendo-o arregalar os olhos ao me olhar.
- Ah! – coçou a nuca, em visível ação de nervosismo – Oi ! Desculpe! Eu sei que não nos víamos há anos, mas, eu não estava esperando aquele encontro.
- Como assim? – perguntei, ao me sentar no banco vazio ao seu lado – Você foi ao lugar que trabalho. Aliás, por que não me procurou mais cedo quando descobriu? Nossa amizade era tão insignificante assim? – Estava magoada
- Porque eu não sabia. Pedi para a secretária do meu departamento marcar uma consulta em algum veterinário, por causa do Bucky, ela só me passou o horário e que seria com a doutora Bennet mas, ao chegar lá, fui surpreendido ao te encontrar. Queria ter dito algo, porém, paralisei.
- Ah, claro! – disse, me lembrando – Chloe divide o consultório comigo e teve que sair mais cedo naquele dia, então fiquei com seus últimos pacientes. Mas, por que Noah?
-É meu nome do meio: Noah , o utilizo as vezes – Sorriu, desconcertado – Então, estou desculpado? Sabe que as vezes não sei me expressar e acabo fugindo da situação, mas senti muito sua falta.
- Claro que sei, porque sou igualzinha! – afirmei – Desculpo se me contar tudo o que aconteceu em sua vida, começando por seu filho. Não era você que dizia que não pensava em formar uma família? – curvei meus lábios, sendo sacana.
- Pois então...as coisas mudam! – falou, sem graça – Na verdade Ian não foi planejado. Namorei com Naomi, mãe dele, quando estava na faculdade e, um pouco antes de me formar, só...aconteceu. Porém, mesmo já estando separado dela há alguns anos, estou cada vez mais apegado ao meu filho, ele foi um presente divino – Sua felicidade transparecia em seus olhos.
- Ele parece ser um garoto muito esperto!
-E é! Mas não se engane, ele pode ser muito arteiro quando quer! – concluiu – E você? Se casou, teve filhos...?
- Nah! Sabe que nunca tive sorte no amor! – confidenciei – Acabei focando mais em minha carreira. Falando nisso, voce sabe minha profissão, mas eu não sei a sua. Que caminho seguiu? Lembro que na nossa época estava em dúvida entre matemática e virar policial, já que amava essas duas áreas.
-Acabei indo para o ramo da investigação criminal. Sabe como sempre fui fissurado por CSI, adorava vê-los resolvendo os casos na televisão.
-Sim!!! – disse animada – Acredita que faz anos que não assisto? Esses tempos vi Criminal Minds e me lembrei das nossas conversas, não perdíamos um episódio!
- Bons tempos! Fazíamos questão de chegar mais cedo na escola pra conversar sobre o caso da última noite, isso quando não tinha parte dois para achar o assassino.
- Verdade! Nessas vezes passávamos a noite no telefone confabulando teorias de quem seria o matador serial da vez. Amava isso! Nunca mais achei alguém pra conversar sobre, até tentou assistir uma vez, mas seu gênero nunca foi investigação.
- Pera, você conseguiu manter contato com ela?
A partir daí, o papo seguiu noite a dentro, conosco falando sobre nossas experiências: contou como foi seu tempo de intercâmbio na Argentina, aprendendo não só a língua espanhola, mas também a cultura, os costumes e, até falou sobre algumas pessoas que conheceu, como se tornaram bons amigos, mantendo contato até hoje. Esclareceu, depois que introduzi o assunto sobre o moreno ter me esquecido, que esqueceu seu celular em algum lugar e não lembrou mais a senha de seu e-mail, perdendo todos os seus contatos, porém, sempre pensava em mim cada vez que jogava uma partida de xadrez com os colegas de quarto.
A cada gole de bebida, eu me soltava ainda mais – até deixei de lado o compromisso de motorista da rodada, as garotas já tinham arrumado companhias e eu com certeza pediria um uber ao fim da festa – deixando-me flertar com o cara em minha frente, o que o fazia gargalhar, pois estava mais embriagado que eu. Quando começou uma música animada, não hesitei ao puxá-lo até o meio da pista para dançar comigo e, me envolvendo, balancei as curvas do corpo conforme o ritmo, enquanto fechava os olhos para sentir o sangue fervendo em minhas veias, especialmente quando tomou a dianteira e grudou-nos enquanto a música ainda tocava, fazendo-me entrar em combustão.
- Que tal sairmos daqui? – O moreno sussurrou depois de alguns minutos, mordendo o lóbulo de minha orelha em seguida, o que fez-me arrepiar por inteira – Essa noite tá incrível demais para terminarmos tão cedo!
Se estivesse em meu juízo perfeito, recusaria sem pestanejar, pois nunca fui daquelas garotas que “ficava” sem compromisso com o sexo oposto nas festas, sempre preferi relacionamentos sérios e lugares mais calmos - eventos mais agitados eram só pra se divertir com minhas amigas - Todavia, os drinks em meu sangue juntamente com esse reencontro com aquele que tive um crush na adolescência, me fizeram assentir no mesmo segundo, deixando o sorriso tomar conta de minha face.
Midnight memories, oh, oh, oh, oh, oh, oh
Baby, you and me
Stumbling in the street
Singing, singing, singing, singing
Midnight memories, oh oh oh, oh, oh, oh
Baby, where we go?
Never say no
Just do it, do it, do it, do it
No taxi, seguimos para minha casa e, assim que a porta principal foi fechada, os beijos ardentes começaram de forma desenfreada, fazendo com que nos esbarrássemos em alguns móveis enquanto as roupas eram arrancadas de nossos corpos, sem nenhuma delicadeza. Os dois adultos do início do baile foram substituídos por jovens com os hormônios à flor da pele, que não tinham qualquer controle sobre seus atos.
Ao amanhecer, os corpos caíram na cama e, completamente suados e cansados, mantemos apenas o barulho de nossas respirações até que o sono chegasse. Assim que acordei, encontrei o outro lado do colchão ainda bagunçado, mas completamente vazio, me levando a pensar que tudo aquilo não passou de um louco sonho, porém, ao ver o pequeno bilhete ao lado de um remédio para dor de cabeça em minha escrivaninha, a felicidade momentânea murchou:
“!
Te reencontrar foi demais e nossa noite foi incrível, mas não deveria ter terminado daquele jeito! Espero que entenda que foi um erro, pois não quero me envolver em nenhum relacionamento por enquanto. Desejo toda a felicidade para você e que possamos nos reencontrar num futuro próximo!
P.S: Desculpe por não ficar, tive uma emergência no trabalho! Deixei um remédio para sua ressaca, que tenho certeza de que deve estar tão ruim quanto a minha.
Att.”
Capítulo 3 - Conversa Séria
Minha cabeça começou a girar e flashs da noite passada apareceram picotados na memória enquanto eu massageava minhas têmporas, a dor de cabeça estava insuportável. Fechei os olhos, tentando dormir mais um pouco, entretanto, os pensamentos estavam a mil, então me levantei, indo até a cozinha preparar um café forte, pois o domingo parece que vai ser longo.
Depois de um tempo, já tinha relido o mesmo bilhete mais de duzentas vezes, no entanto, as perguntas em minha mente ainda não tinham sido respondidas. Tê-lo reencontrado, conversado e relembrado nossos melhores momentos foi realmente espetacular, mas qual o problema de termos nos beijado? Se deixado levar pelo momento? Nós dois somos adultos e solteiros, pelo que bem sei.
Ao ir embora, me deixando apenas um papel contendo palavras duras, fez-me sentir uma qualquer, que só serviu para sexo sem compromisso, não uma antiga amiga que acabou de rever. O bolo estava entalado na garganta, contudo eu respirei fundo, não deixando que as lágrimas saíssem – Bem, ao menos até minha irmã chegar, quando desabafei com ela.
- Você ainda gosta do , não é?
- Ah, não sei, sis! Quando o vi ontem foi tão bom, como se eu tivesse voltado aos meus dezoito anos, quando conversávamos e jogávamos xadrez sem preocupação. Eu tive uma paixonite, mas foi na adolescência, talvez tenha sido só a bebida e a situação.
- E seus hormônios! A quanto tempo você não pega ninguém? Não esqueceu como era beijar? – perguntou, rindo.
- Para de ser debochada! – A acompanhei. A melhor coisa de Lauren é que, além de ser minha confidente, sabe aliviar a tensão como ninguém, seja com piadas toscas ou suas risadas descontroladas que me fazem gargalhar junto – Sério! Eu só me senti mal, como se fosse descartável. Sabe que odeio isso, principalmente se for tratada assim por alguém que considero muito.
-Eu sei, mas não sabe. Por que não liga pra ele e fala como se sente? - Sugeriu – Vai ser bom colocar os pingos nos is ao invés de ficar só imaginando e remoendo sobre as possibilidades.
- Tá convivendo muito com a , sabia? Se tornando filósofa igual a ela – disse – Mas, quer saber? É isso mesmo que vou fazer, encontrá-lo para esclarecer tudo – Decidi, jogando a menina dentro de mim que queria correr dos próprios problemas para escanteio.
Com uma mensagem, pedi um encontro na cafeteria perto da escola, onde não só costumávamos ir depois das aulas, como também vendem, até hoje, o melhor cappuccino de Nova York. No horário marcado, entrei no estabelecimento, sentindo o frio da parte de fora se dissipar por conta do ar quente no lugar e, ao passar os olhos procurando uma mesa vazia, avistei o moreno já sentado, ajeitando seu sobretudo.
- Atrasei muito? – questionei, ao me sentar.
- Nah! Eu que cheguei cedo. Sei que um bilhete não seria o suficiente, te devo algumas explicações, né?
- Eu não ia te chamar, mas poxa, fiquei chateada com o jeito duro que você deixou o recado. Você se arrependeu de tudo o que aconteceu ontem?
- A questão não é essa, ! – Ele estava sério – Nosso papo tava ótimo, fazia tempo que não me sentia tão confortável em falar com alguém. Porém, me deixei levar pelo momento...
- E qual é o problema? Somos adultos e desimpedidos. Você mesmo disse que faz alguns anos que se separou da Naomi! – relembrei.
- Sim, mas não quero relacionamentos. No momento, minha maior preocupação é Ian, meu filho é tudo o que eu tenho e, mesmo não estando mais junto da mãe dele, quero fazer parte de cada passo.
- Entendo! Mas não namorou mais ninguém depois do divórcio? – Estava curiosa.
-Na verdade sim, entretanto, depois de alguns meses ela se revelou alguém completamente diferente do que eu pensava, marginalizando meu pequeno quando eu não estava presente. Foi aí que decidi que o melhor é cuidar dele, mais tarde poderei pensar em mim.
- Ela cometia preconceito? Ian parece ser uma criança tão especial, pelo que vi aquele dia, como essa mulher teve coragem? – Me indignei.
- As pessoas podem ser fingidas quando querem! – disse – Enfim, quero que entenda que o problema não é você, sou eu!
- Agora me senti num filme cliché, quando o cara vai terminar o namoro – pronunciei, rindo, o que fez me acompanhar.
- Verdade, né? – Relaxou sua expressão, antes tensa – Sério! Quero me desculpar, sei que não deveria ter escrito o bilhete daquele jeito, sem maiores explicações...
- Depois de ler me senti uma qualquer, porém consigo entender seus motivos agora! Ian tem sorte de ter você!
- Eu que tenho sorte em tê-lo!
- Só te desculpo com uma condição!
- Qual?
- Que possamos passar uma borracha nisso e voltar a ter um na vida do outro! – falei – Sempre tive muito carinho por você, e realmente gostei de te reencontrar e conversar sobre tudo.
- Já está aceito! Desde que nos separamos, nunca mais encontrei alguém que entendesse meu vício em xadrez como você! – Sorriu – Não quero perder isso jamais!
Depois de um tempo, já tinha relido o mesmo bilhete mais de duzentas vezes, no entanto, as perguntas em minha mente ainda não tinham sido respondidas. Tê-lo reencontrado, conversado e relembrado nossos melhores momentos foi realmente espetacular, mas qual o problema de termos nos beijado? Se deixado levar pelo momento? Nós dois somos adultos e solteiros, pelo que bem sei.
Ao ir embora, me deixando apenas um papel contendo palavras duras, fez-me sentir uma qualquer, que só serviu para sexo sem compromisso, não uma antiga amiga que acabou de rever. O bolo estava entalado na garganta, contudo eu respirei fundo, não deixando que as lágrimas saíssem – Bem, ao menos até minha irmã chegar, quando desabafei com ela.
- Você ainda gosta do , não é?
- Ah, não sei, sis! Quando o vi ontem foi tão bom, como se eu tivesse voltado aos meus dezoito anos, quando conversávamos e jogávamos xadrez sem preocupação. Eu tive uma paixonite, mas foi na adolescência, talvez tenha sido só a bebida e a situação.
- E seus hormônios! A quanto tempo você não pega ninguém? Não esqueceu como era beijar? – perguntou, rindo.
- Para de ser debochada! – A acompanhei. A melhor coisa de Lauren é que, além de ser minha confidente, sabe aliviar a tensão como ninguém, seja com piadas toscas ou suas risadas descontroladas que me fazem gargalhar junto – Sério! Eu só me senti mal, como se fosse descartável. Sabe que odeio isso, principalmente se for tratada assim por alguém que considero muito.
-Eu sei, mas não sabe. Por que não liga pra ele e fala como se sente? - Sugeriu – Vai ser bom colocar os pingos nos is ao invés de ficar só imaginando e remoendo sobre as possibilidades.
- Tá convivendo muito com a , sabia? Se tornando filósofa igual a ela – disse – Mas, quer saber? É isso mesmo que vou fazer, encontrá-lo para esclarecer tudo – Decidi, jogando a menina dentro de mim que queria correr dos próprios problemas para escanteio.
Com uma mensagem, pedi um encontro na cafeteria perto da escola, onde não só costumávamos ir depois das aulas, como também vendem, até hoje, o melhor cappuccino de Nova York. No horário marcado, entrei no estabelecimento, sentindo o frio da parte de fora se dissipar por conta do ar quente no lugar e, ao passar os olhos procurando uma mesa vazia, avistei o moreno já sentado, ajeitando seu sobretudo.
- Atrasei muito? – questionei, ao me sentar.
- Nah! Eu que cheguei cedo. Sei que um bilhete não seria o suficiente, te devo algumas explicações, né?
- Eu não ia te chamar, mas poxa, fiquei chateada com o jeito duro que você deixou o recado. Você se arrependeu de tudo o que aconteceu ontem?
- A questão não é essa, ! – Ele estava sério – Nosso papo tava ótimo, fazia tempo que não me sentia tão confortável em falar com alguém. Porém, me deixei levar pelo momento...
- E qual é o problema? Somos adultos e desimpedidos. Você mesmo disse que faz alguns anos que se separou da Naomi! – relembrei.
- Sim, mas não quero relacionamentos. No momento, minha maior preocupação é Ian, meu filho é tudo o que eu tenho e, mesmo não estando mais junto da mãe dele, quero fazer parte de cada passo.
- Entendo! Mas não namorou mais ninguém depois do divórcio? – Estava curiosa.
-Na verdade sim, entretanto, depois de alguns meses ela se revelou alguém completamente diferente do que eu pensava, marginalizando meu pequeno quando eu não estava presente. Foi aí que decidi que o melhor é cuidar dele, mais tarde poderei pensar em mim.
- Ela cometia preconceito? Ian parece ser uma criança tão especial, pelo que vi aquele dia, como essa mulher teve coragem? – Me indignei.
- As pessoas podem ser fingidas quando querem! – disse – Enfim, quero que entenda que o problema não é você, sou eu!
- Agora me senti num filme cliché, quando o cara vai terminar o namoro – pronunciei, rindo, o que fez me acompanhar.
- Verdade, né? – Relaxou sua expressão, antes tensa – Sério! Quero me desculpar, sei que não deveria ter escrito o bilhete daquele jeito, sem maiores explicações...
- Depois de ler me senti uma qualquer, porém consigo entender seus motivos agora! Ian tem sorte de ter você!
- Eu que tenho sorte em tê-lo!
- Só te desculpo com uma condição!
- Qual?
- Que possamos passar uma borracha nisso e voltar a ter um na vida do outro! – falei – Sempre tive muito carinho por você, e realmente gostei de te reencontrar e conversar sobre tudo.
- Já está aceito! Desde que nos separamos, nunca mais encontrei alguém que entendesse meu vício em xadrez como você! – Sorriu – Não quero perder isso jamais!
Capítulo 4 - Festa do Bucky
Seis meses haviam se passado em um piscar de olhos, e eu não poderia estar mais feliz por conta dos rumos que a vida estava tomando. Ao final do último ano minha clínica recebeu o prêmio destaque do nosso ramo aqui em Nova York, o que me deu fôlego para seguir com meus objetivos: Começar uma especialização em animais selvagens – algo que tinha vontade de fazer, mas sempre ficava com um pé atrás.
Além disso, minha amizade com se fortificou muito desde o último bate-papo, conosco conversando praticamente toda a hora, além de algumas saídas para o cinema e até festa de criança – O moreno me pediu para ir com ele pois era o aniversário do amiguinho do Ian, e ele não queria se sentir deslocado no meio de tantos pais. Em troca disso, o fiz ser meu par ao menos nas primeiras aulas de Jazz, o que nos rendeu vários momentos cômicos, pois éramos os alunos mais desajeitados.
Convivi um pouco mais com Ian e percebi quão inteligente o garoto é, sempre curioso com assuntos diversos e entendendo até um pouco sobre as problemáticas adultas, habilidoso no skate e, é claro, descobri que puxou o amor pelo xadrez de seu pai, dando um baile até em mim quando arrisquei uma partida com ele – Confesso que estava enferrujada, pois fazia tempo que não jogava um jogo de tabuleiro. Também tive oportunidade de conhecer Naomi, uma advogada competente com beleza de modelo, que se revelou ser uma mulher sincera e batalhadora, conseguindo minha admiração através do tempo.
Depois de ser convidada pelo próprio Ian para o aniversário de Bucky, que está fazendo um ano, coloquei meu vestido de alcinhas – A primavera trouxe dias lindos e ensolarados para o nosso país – e levei Luna, minha shitzu de dois anos, para aproveitar a festa com os outros animais. Como é minha primeira vez em uma celebração de cães, sei que vai ser interessante, e, pude descobrir, assim que cheguei à grande casa, que estava certa. A decoração seguia por todo o enorme pátio, com circuitos montados de um lado, almofadas para descanso e uma mesa repleta de bolinhas e brinquedos caninos no outro, além, da parte coberta, onde haviam duas bancadas, uma para os humanos – com uma torta, doces e salgadinhos temáticos – e outra mais baixa, para os próprios cães, com um bolo feito para eles, acompanhado de muitos petiscos de todos os formatos e sabores.
Num painel localizado no centro também haviam várias fotos de Bucky coladas, seja com a família ou os amigos caninos, que seu dono de oito anos fez questão de me mostrar assim que dei o presente do aniversariante em suas mãos – uma roupinha do soldado invernal, da Marvel, personagem no qual o nome do mesmo foi inspirado.
- E nessa, somos nós brincando no parque. Ele adora pegar o frisbee! – O menor me contou animado, apontando para uma das figuras na qual ambos estavam se divertindo.
- E o que você mais gosta de fazer com ele? – perguntei
- Ah! Várias coisas! Mas quando ele corre atrás de mim pelo pátio, ou brincamos de esconde-esconde é demais!
- Se você deixar, esse tagarela vai contar todas as histórias possíveis dele e do Bucky! – pronunciou, ao se aproximar.
- Pode contar, eu tô amando! – Sorri, fazendo Ian dar a língua para seu pai antes de ir até o pátio, onde o resto das crianças e seus mascotes estavam – Ele é uma figura! – falei.
- Você não viu nada! – pronunciou – E como foi a aula de dança sem mim ontem? Pisou no pé de muitos homens? – debochou. Em três meses de aulas, se agradou e continuou suas lições ao meu lado, ele teve que faltar pela primeira vez, para levar seu filho em uma consulta médica.
- Que engraçadinho! – Dei uma risada irônica – Mas não, foi até tranquilo! Relembramos os passos da aula anterior, ainda lembra deles?
- Obvio, minha memória é de elefante! – Piscou o olho, fazendo um movimento com os pés, que fazia parte da coreografia.
Depois de me confirmar que iria na próxima semana, seguimos conversando sobre assuntos aleatórios, desde a festa, que Ian fez um acordo para ter – teria que juntar seus brinquedos e dar banho em seu cachorro por um mês, esse último com a supervisão de um adulto – até suas férias, que chegariam em duas semanas. Falei para ele sobre minha família, que passou o fim de semana em minha casa e, até do encontro por aplicativo que foi um desastre:
- Fomos jantar, mas ele passou a noite toda falando dele, como era o mais inteligente do seu trabalho, o mais rápido das maratonas, o melhor jogador do time de futebol, o mais bonito dos seus irmãos...Ah! Teve uma hora que nem ouvia mais, só assentia com a cabeça.
- Te avisei que esses aplicativos de namoro são roubada!
- me convenceu a tentar, sabe como ela consegue ser persuasiva quando quer, mas depois disso, já desinstalei – pronunciei.
Durante a tarde ainda houve a parte do parabéns, com todos rodeando a mesa, com seus cachorros eufóricos que, depois da metade da canção, já tinham voltado correndo para o pátio. As crianças ainda participaram do circuito com seus mascotes e, ao assistir com Luna – que já estava cansada – ao meu lado, pude constatar que os animais tinham tanto fôlego quanto seus donos mais jovens. Tudo estava indo perfeitamente bem, até que uma mulher chegou furiosa procurando por seu filho.
- Arthur Junior, onde você está? – gritou veemente.
- Estou aqui, mãe! – Um garotinho loiro da mesma idade de Ian se aproximou da mais velha, ainda com um cupcake em suas mãos. Ele possuía uma expressão apreensiva.
- O que eu disse sobre vir nessa festa de gente remelenta e preta? Não devemos conviver com a ralé! – falou, com desprezo.
No mesmo segundo, abri a boca em indignação, o que ela acha que está fazendo? Vir a uma celebração cheia de crianças e semear o ódio e preconceito? Senti meu sangue ferver. Olhei ao redor, todos os pais a olhavam estáticos, mas, não enxerguei nem , nem Naomi, então, sem pensar, segui com passos duros até a loira de salto alto que exprimia seu silicone em um vestido tubinho:
- Algum problema aqui, senhora? – Tentei ser cordial.
- Depois que eu tirar meu filho do meio dessa festinha.. – Olhou ao redor – chinfrim, tudo ficará bem! Vamos Arthur! – Começou a puxar o menor.
- Ele é muito bem vindo aqui, só quem não é, é a madame, que não tem um pingo de respeito por todos que estão aqui!
- Quem você pensa que é, menininha? Eu não permito que meu filho conviva com a negritude, quero que ele cresça e se torne bem-sucedido, sem influência dos hábitos desse tipo de gente! – pronunciou, áspera.
- Está se ouvindo? A maior lesão do seu filho vai ser viver com a senhora, que é uma preconceituosa de marca maior. Essa família é maravilhosa, assim como tantas outras pessoas que têm a cor mais escura, e racismo, ainda mais de forma gratuita, é crime! Se quiser destilar seu veneno, que seja longe daqui, onde todos estão se divertindo em harmonia!
- Eu nunca fui tão humilhada! Você é branca como eu, deveria zelar pelos seus filhos, não os jogar aos leões que destruirão toda a sua reputação. Deve ser da ralé como o resto dessa gente! Isso não é preconceito, é perseverança! Ninguém pode me prender por isso! – disse, sínica.
- Na verdade, isso é racismo nítido – chegou até nós, com a mandíbula trancada – E você não tem o direito de vir até minha casa ofender meus convidados e minha família! Como policial, mesmo que de folga, tenho o prazer de dizer que você está presa por agressão verbal e preconceito á comunidade alheia. Tem o direito de permanecer calada e tudo o que você disser poderá ser usado contra você no tribunal! – Pegou as algemas que um de seus colegas, que estava a trabalho, mas passou para entregar para alguns papeis há minutos atrás, e ajudou a conduzi-la até o carro dele, onde a mesma daria esclarecimentos.
Assim que a mulher saiu, conseguir soltar o ar que nem percebi que estava segurando. Em pleno século XXI ainda não acredito que existem pessoas de nariz empinado, que olham apenas para seus próprios umbigos e insistem em insultar os outros só porque são de classes sociais, raças ou religiões diferentes. O preconceito enraizado ainda impede muita gente de conhecer outras culturas e pessoas maravilhosas que vivem por aí.
Com esse escândalo, a comemoração chegou ao fim, fazendo com que todos os presentes fossem até a delegacia para dar seus depoimentos assim que o moreno fez uma queixa formal para o delegado do distrito. Isso levou algumas horas e, assim que consegui sair, a noite já tinha tomado o céu e, como vim de carona com , iria pedir um uber para ir até sua casa e pegar Luna, juntamente com meu carro que tinha ficado estacionado por lá.
- Ei! Espera! Eu te levo! – Meu amigo apareceu na porta da delegacia.
- Ah, oi! Pensei que ficaria mais um tempo por lá!
- Já apresentei a queixa e o depoimento, por hora não há muito mais a fazer.
Depois de uma parte do percurso em total silêncio dentro do automóvel, pigarreou:
- Queria te agradecer por ter defendido minha família! Ben me segurou no escritório com aqueles documentos para assinar, só consegui ver o alvoroço quando desci. Mas vi no vídeo que gravaram, como você foi incrível!
- Não poderia ficar quieta, aquela mulher estava sendo má, espalhando seu preconceito por todos os lados, até as crianças estavam assustadas! E você chegou na hora certa, mais um pouco e pularia no pescoço dela, aí a presa seria eu! – Tentei aliviar a tensão, fazendo-o rir fraco.
- Eu te tiraria de lá em dois tempos! Esqueceu que conhece um detetive? – Levantou as sobrancelhas, com cara de esperto. Balancei a cabeça negativamente.
Assim que estacionamos, iria abrir a porta para descer, mas ela ainda estava travada.
- ...
- Antes de sairmos, só queria dizer que você é realmente especial pra mim e estou feliz de te ter em minha vida de novo. Não sabe como fiquei com o coração partido quando perdemos o contato, ainda era apaixonado por você!
- Você também é muito importante na...Espera, era apaixonado por mim? - perguntei, sentindo as borboletas voarem por todo o meu estômago.
- Nunca percebeu? Eu te seguia para todo o lado e até deixei um bilhete no seu armário me declarando.
- Ai meu deus! Pensei que era apenas uma brincadeira da , estava sem nome e ela adorava pregar peças – disse – Por que não me contou? Também era apaixonada por você desde o primeiro ano – confidenciei.
- Sempre ficava tímido quando esse era o assunto!
- Bem, isso foi no passado né? O que importa é que agora somos melhores...
Antes que eu terminasse minha fala, se aproximou de supetão, beijando-me sem aviso nenhum. Pega de surpresa, travei no mesmo instante, entretanto, assim que sua língua pediu passagem e pude sentir o sabor doce de seus lábios misturado com o frescor de hortelã, relaxei, me permitindo entregar-se a aquele momento que desejava com todas as forças na adolescência.
So, get out, get out, get out of my head
And fall into my arms instead
I don't, I don't, don't know what it is
But I need that one thing and
You've got that one thing
O tempo parou assim que entramos na bolha que nos permitiu aproveitar esse instante mágico. Nesse momento, constatei que todo aquele sentimento que nutria por ele há anos atrás não desapareceu, só se escondeu num canto da alma, mas, não dá mais pra me enganar, pois tem aquela coisa que mexe com todas as minhas estruturas, não dando chance para que eu fuja dessa paixão que me faz sentir como se estivesse com quinze anos novamente.
Além disso, minha amizade com se fortificou muito desde o último bate-papo, conosco conversando praticamente toda a hora, além de algumas saídas para o cinema e até festa de criança – O moreno me pediu para ir com ele pois era o aniversário do amiguinho do Ian, e ele não queria se sentir deslocado no meio de tantos pais. Em troca disso, o fiz ser meu par ao menos nas primeiras aulas de Jazz, o que nos rendeu vários momentos cômicos, pois éramos os alunos mais desajeitados.
Convivi um pouco mais com Ian e percebi quão inteligente o garoto é, sempre curioso com assuntos diversos e entendendo até um pouco sobre as problemáticas adultas, habilidoso no skate e, é claro, descobri que puxou o amor pelo xadrez de seu pai, dando um baile até em mim quando arrisquei uma partida com ele – Confesso que estava enferrujada, pois fazia tempo que não jogava um jogo de tabuleiro. Também tive oportunidade de conhecer Naomi, uma advogada competente com beleza de modelo, que se revelou ser uma mulher sincera e batalhadora, conseguindo minha admiração através do tempo.
Depois de ser convidada pelo próprio Ian para o aniversário de Bucky, que está fazendo um ano, coloquei meu vestido de alcinhas – A primavera trouxe dias lindos e ensolarados para o nosso país – e levei Luna, minha shitzu de dois anos, para aproveitar a festa com os outros animais. Como é minha primeira vez em uma celebração de cães, sei que vai ser interessante, e, pude descobrir, assim que cheguei à grande casa, que estava certa. A decoração seguia por todo o enorme pátio, com circuitos montados de um lado, almofadas para descanso e uma mesa repleta de bolinhas e brinquedos caninos no outro, além, da parte coberta, onde haviam duas bancadas, uma para os humanos – com uma torta, doces e salgadinhos temáticos – e outra mais baixa, para os próprios cães, com um bolo feito para eles, acompanhado de muitos petiscos de todos os formatos e sabores.
Num painel localizado no centro também haviam várias fotos de Bucky coladas, seja com a família ou os amigos caninos, que seu dono de oito anos fez questão de me mostrar assim que dei o presente do aniversariante em suas mãos – uma roupinha do soldado invernal, da Marvel, personagem no qual o nome do mesmo foi inspirado.
- E nessa, somos nós brincando no parque. Ele adora pegar o frisbee! – O menor me contou animado, apontando para uma das figuras na qual ambos estavam se divertindo.
- E o que você mais gosta de fazer com ele? – perguntei
- Ah! Várias coisas! Mas quando ele corre atrás de mim pelo pátio, ou brincamos de esconde-esconde é demais!
- Se você deixar, esse tagarela vai contar todas as histórias possíveis dele e do Bucky! – pronunciou, ao se aproximar.
- Pode contar, eu tô amando! – Sorri, fazendo Ian dar a língua para seu pai antes de ir até o pátio, onde o resto das crianças e seus mascotes estavam – Ele é uma figura! – falei.
- Você não viu nada! – pronunciou – E como foi a aula de dança sem mim ontem? Pisou no pé de muitos homens? – debochou. Em três meses de aulas, se agradou e continuou suas lições ao meu lado, ele teve que faltar pela primeira vez, para levar seu filho em uma consulta médica.
- Que engraçadinho! – Dei uma risada irônica – Mas não, foi até tranquilo! Relembramos os passos da aula anterior, ainda lembra deles?
- Obvio, minha memória é de elefante! – Piscou o olho, fazendo um movimento com os pés, que fazia parte da coreografia.
Depois de me confirmar que iria na próxima semana, seguimos conversando sobre assuntos aleatórios, desde a festa, que Ian fez um acordo para ter – teria que juntar seus brinquedos e dar banho em seu cachorro por um mês, esse último com a supervisão de um adulto – até suas férias, que chegariam em duas semanas. Falei para ele sobre minha família, que passou o fim de semana em minha casa e, até do encontro por aplicativo que foi um desastre:
- Fomos jantar, mas ele passou a noite toda falando dele, como era o mais inteligente do seu trabalho, o mais rápido das maratonas, o melhor jogador do time de futebol, o mais bonito dos seus irmãos...Ah! Teve uma hora que nem ouvia mais, só assentia com a cabeça.
- Te avisei que esses aplicativos de namoro são roubada!
- me convenceu a tentar, sabe como ela consegue ser persuasiva quando quer, mas depois disso, já desinstalei – pronunciei.
Durante a tarde ainda houve a parte do parabéns, com todos rodeando a mesa, com seus cachorros eufóricos que, depois da metade da canção, já tinham voltado correndo para o pátio. As crianças ainda participaram do circuito com seus mascotes e, ao assistir com Luna – que já estava cansada – ao meu lado, pude constatar que os animais tinham tanto fôlego quanto seus donos mais jovens. Tudo estava indo perfeitamente bem, até que uma mulher chegou furiosa procurando por seu filho.
- Arthur Junior, onde você está? – gritou veemente.
- Estou aqui, mãe! – Um garotinho loiro da mesma idade de Ian se aproximou da mais velha, ainda com um cupcake em suas mãos. Ele possuía uma expressão apreensiva.
- O que eu disse sobre vir nessa festa de gente remelenta e preta? Não devemos conviver com a ralé! – falou, com desprezo.
No mesmo segundo, abri a boca em indignação, o que ela acha que está fazendo? Vir a uma celebração cheia de crianças e semear o ódio e preconceito? Senti meu sangue ferver. Olhei ao redor, todos os pais a olhavam estáticos, mas, não enxerguei nem , nem Naomi, então, sem pensar, segui com passos duros até a loira de salto alto que exprimia seu silicone em um vestido tubinho:
- Algum problema aqui, senhora? – Tentei ser cordial.
- Depois que eu tirar meu filho do meio dessa festinha.. – Olhou ao redor – chinfrim, tudo ficará bem! Vamos Arthur! – Começou a puxar o menor.
- Ele é muito bem vindo aqui, só quem não é, é a madame, que não tem um pingo de respeito por todos que estão aqui!
- Quem você pensa que é, menininha? Eu não permito que meu filho conviva com a negritude, quero que ele cresça e se torne bem-sucedido, sem influência dos hábitos desse tipo de gente! – pronunciou, áspera.
- Está se ouvindo? A maior lesão do seu filho vai ser viver com a senhora, que é uma preconceituosa de marca maior. Essa família é maravilhosa, assim como tantas outras pessoas que têm a cor mais escura, e racismo, ainda mais de forma gratuita, é crime! Se quiser destilar seu veneno, que seja longe daqui, onde todos estão se divertindo em harmonia!
- Eu nunca fui tão humilhada! Você é branca como eu, deveria zelar pelos seus filhos, não os jogar aos leões que destruirão toda a sua reputação. Deve ser da ralé como o resto dessa gente! Isso não é preconceito, é perseverança! Ninguém pode me prender por isso! – disse, sínica.
- Na verdade, isso é racismo nítido – chegou até nós, com a mandíbula trancada – E você não tem o direito de vir até minha casa ofender meus convidados e minha família! Como policial, mesmo que de folga, tenho o prazer de dizer que você está presa por agressão verbal e preconceito á comunidade alheia. Tem o direito de permanecer calada e tudo o que você disser poderá ser usado contra você no tribunal! – Pegou as algemas que um de seus colegas, que estava a trabalho, mas passou para entregar para alguns papeis há minutos atrás, e ajudou a conduzi-la até o carro dele, onde a mesma daria esclarecimentos.
Assim que a mulher saiu, conseguir soltar o ar que nem percebi que estava segurando. Em pleno século XXI ainda não acredito que existem pessoas de nariz empinado, que olham apenas para seus próprios umbigos e insistem em insultar os outros só porque são de classes sociais, raças ou religiões diferentes. O preconceito enraizado ainda impede muita gente de conhecer outras culturas e pessoas maravilhosas que vivem por aí.
Com esse escândalo, a comemoração chegou ao fim, fazendo com que todos os presentes fossem até a delegacia para dar seus depoimentos assim que o moreno fez uma queixa formal para o delegado do distrito. Isso levou algumas horas e, assim que consegui sair, a noite já tinha tomado o céu e, como vim de carona com , iria pedir um uber para ir até sua casa e pegar Luna, juntamente com meu carro que tinha ficado estacionado por lá.
- Ei! Espera! Eu te levo! – Meu amigo apareceu na porta da delegacia.
- Ah, oi! Pensei que ficaria mais um tempo por lá!
- Já apresentei a queixa e o depoimento, por hora não há muito mais a fazer.
Depois de uma parte do percurso em total silêncio dentro do automóvel, pigarreou:
- Queria te agradecer por ter defendido minha família! Ben me segurou no escritório com aqueles documentos para assinar, só consegui ver o alvoroço quando desci. Mas vi no vídeo que gravaram, como você foi incrível!
- Não poderia ficar quieta, aquela mulher estava sendo má, espalhando seu preconceito por todos os lados, até as crianças estavam assustadas! E você chegou na hora certa, mais um pouco e pularia no pescoço dela, aí a presa seria eu! – Tentei aliviar a tensão, fazendo-o rir fraco.
- Eu te tiraria de lá em dois tempos! Esqueceu que conhece um detetive? – Levantou as sobrancelhas, com cara de esperto. Balancei a cabeça negativamente.
Assim que estacionamos, iria abrir a porta para descer, mas ela ainda estava travada.
- ...
- Antes de sairmos, só queria dizer que você é realmente especial pra mim e estou feliz de te ter em minha vida de novo. Não sabe como fiquei com o coração partido quando perdemos o contato, ainda era apaixonado por você!
- Você também é muito importante na...Espera, era apaixonado por mim? - perguntei, sentindo as borboletas voarem por todo o meu estômago.
- Nunca percebeu? Eu te seguia para todo o lado e até deixei um bilhete no seu armário me declarando.
- Ai meu deus! Pensei que era apenas uma brincadeira da , estava sem nome e ela adorava pregar peças – disse – Por que não me contou? Também era apaixonada por você desde o primeiro ano – confidenciei.
- Sempre ficava tímido quando esse era o assunto!
- Bem, isso foi no passado né? O que importa é que agora somos melhores...
Antes que eu terminasse minha fala, se aproximou de supetão, beijando-me sem aviso nenhum. Pega de surpresa, travei no mesmo instante, entretanto, assim que sua língua pediu passagem e pude sentir o sabor doce de seus lábios misturado com o frescor de hortelã, relaxei, me permitindo entregar-se a aquele momento que desejava com todas as forças na adolescência.
And fall into my arms instead
I don't, I don't, don't know what it is
But I need that one thing and
You've got that one thing
Capítulo 5 - Alguém precisa ceder
Assim que saí do carro fugida, demorei para absorver o que aconteceu: Eu beijei o meu crush que não sabia que ainda era crush e, o mais surpreendente, estávamos completamente sóbrios! Porém, joguei essa parte adolescente surtada para escanteio assim que conversamos sobre isso e decidimos esquecer – as lembranças e o sentimento nos tomaram de súbito naquele momento – para que nossa amizade não virasse algo estranho e, mesmo incerta, aceitei para não perder essa nossa cumplicidade, pois, melhores amigos é melhor do que apenas desconhecidos.
Mas, isso não adiantou muito, pois a cada vez que nossos olhares se cruzavam, a tensão voltava para o ambiente, fazendo-me sorrir sempre envergonhada, como uma jovem apaixonada, culpa dos queridos hormônios! Um desses momentos foi a aula de jazz que, pela primeira vez, fez-me sentir insegura por tê-lo como parceiro.
Em uma das partes da coreografia, quando ele me pegou no colo para me girar, nossos rostos ficaram a centímetros de distância, fazendo-me olhar diretamente para sua boca, que parecia tão atrativa naquele instante. Percebi que também havia paralisado, pois só se mexeu novamente após o grito de nossa instrutora – nossa sorte é que éramos uma das duplas que estava atrás, não chamando muita atenção dos casais que estavam concentrados.
Entretanto, foi na outra semana, quando ele me convidou para ir ao parque de diversões com ele e Ian – sabe como sou apaixonada por esses lugares – que a tensão entre nós realmente explodiu. Depois de nos divertirmos nos brinquedos, como a montanha russa e os carros bate-bate – esse último houve uma pequena competição onde os garotos me deram um baile em seu carro rosa choque – damos uma parada para comer antes de voltarmos para casa:
- Papai, podemos comprar algodão doce depois? – Ian perguntou.
- Mas você ainda nem terminou seu cachorro quente! – O mais velho protestou.
- Depois da janta, precisa ter a sobremesa! – disse com esperteza.
- Ele tem um ponto! – Apoiei.
- Até você, ? Estou perdido no meio de duas crianças! – falou, olhando para nós que fazíamos carinha de cachorro que caiu da mudança – Tá bom! Porém, é a última coisa, depois vamos para casa!
- Ah! Esse dia poderia durar para sempre de tão bom que está! – O menor pronunciou, sonhador.
- Prometo que te trago mais vezes aqui, mas hoje precisamos ir, se não sua mãe me mata por estar com você até tarde na rua! – Revirou os olhos, nos fazendo rir.
Assim que deixamos o pequeno na casa de sua mãe, o moreno me deu carona até em casa, onde seguimos com uma conversa leve sobre séries e músicas – Confessei que ainda sou fã de One Direction, mesmo a banda estando ainda em pausa.
- O que posso fazer? São garotos, mas cantam bem pra caramba!
- Sou obrigado a concordar! Fui num programa uma vez e assisti aquele mais alto, o Harry, cantando, o cara é bom!
- Pera, você o viu cantando?
- Fui por conta de um dos caras brilhantes do meu ramo que era um dos convidado no Jimmy Fallon, Harry também estava lá!
- Que demais! O mais perto que cheguei foi em um dos shows que fui, mas ainda espero que voltem para uma última turnê, eles disseram que farão uma surpresa esse ano, mas estão só na promessa!
Me acompanhando até a soleira da porta, depois de chegarmos, já falávamos sobre o dia no parque:
- Obrigada por me convidar! – Agradeci, já tímida por estar tão perto – Foi um passeio maravilhoso!
- Como poderia levar uma criança ao parque de diversões e esquecer da outra? – brincou.
- Idiota! – Soquei fraco seu ombro, rindo.
- Ian fica feliz quando você vai! – pronunciou.
- E você não? – questionei de forma brincalhona.
- Sabe que gosto de sua companhia! – Chegou mais perto, olhando fixamente para meus olhos, descendo para a boca, o que fez com que eu repetisse seus movimentos, desejando experimentar de novo o sabor de seus lábios.
- Eu...acho melhor entrar! – disse, saindo do transe, antes que fizesse alguma besteira – Está ficando frio!
- Então...boa noite!
- Boa noite! – Entrei corrida em casa, ainda com o coração disparado. O que diabos acabou de acontecer? Eu não posso desejá-lo, é meu melhor amigo e só.
Se passaram dois minutos e eu ainda estava encostada á porta, processando os últimos acontecimentos, quando a campainha tocou. Estranhei, olhando no olho mágico: Era . Arregalei os olhos. Abri a porta e, antes que eu perguntasse algo, o mesmo avançou em mim, colando nossas bocas em um beijo selvagem.
- Dane-se o que os outros pensam, eu quero você! – Foi a única coisa que disse enquanto beijava meu pescoço, me arrepiando por inteira.
Some things gotta give now
'Cause I'm dying just to make you see
That I need you here with me now
'Cause you've got that one thing
Mãos boas estavam por todos os lados, assim como nossos corpos que se encaixaram várias vezes durante a longa noite, fazendo nossas respirações se entrecortarem enquanto o desejo nos tomava por inteiro. Nem o passado, nem o futuro importavam naquele momento, somente cada segundo que estávamos vivendo dentro daquele quarto escuro.
Assim que meus olhos se abriram no dia seguinte, esperava mais um bilhete sob a escrivaninha, mas fui surpreendida pelo cheiro de café vindo da cozinha. Ainda meio sonolenta, segui até lá, encontrando meu companheiro de tronco nu enquanto virava uma panqueca na frigideira.
- O cheiro está delicioso! – Chamei sua atenção.
- Bom dia! Pensei em comermos antes de conversarmos sobre ontem!
- Bom dia! Quer que esqueçamos, não é? Tá tudo bem! Até pensei que iria embora cedinho hoje! – Sorri fraco.
- Na verdade... – Sentou-se na bancada, colocando as caldas em cima da mesa, onde haviam frutas e as panquecas quentinhas – Depois que dormiu, amanheci pensando: Somos amigos, adultos e está explícito que há uma tensão desde o dia da festa. Não dá mais pra esconder!
- Achei que era a única que sentiu isso durante essas últimas semanas...
- Não foi! E queria te propor algo! – Me olhou sério – Eu amo estar com você, não procuro relacionamento ainda, pelos motivos que já sabe, mas também não quero que isso acabe – As borboletas em meu estômago já estavam eufóricas a cada palavra proferida pelo moreno – O que acha de continuarmos isso, como uma amizade colorida?
- , eu...- Fui pega de surpresa – também adoro cada instante que estamos juntos, seja conversando ou nos beijando – Senti minhas bochechas pegarem fogo – Não tem como não aceitar, essa proposta é irrecusável – Dei um sorriso de lado.
Mas, isso não adiantou muito, pois a cada vez que nossos olhares se cruzavam, a tensão voltava para o ambiente, fazendo-me sorrir sempre envergonhada, como uma jovem apaixonada, culpa dos queridos hormônios! Um desses momentos foi a aula de jazz que, pela primeira vez, fez-me sentir insegura por tê-lo como parceiro.
Em uma das partes da coreografia, quando ele me pegou no colo para me girar, nossos rostos ficaram a centímetros de distância, fazendo-me olhar diretamente para sua boca, que parecia tão atrativa naquele instante. Percebi que também havia paralisado, pois só se mexeu novamente após o grito de nossa instrutora – nossa sorte é que éramos uma das duplas que estava atrás, não chamando muita atenção dos casais que estavam concentrados.
Entretanto, foi na outra semana, quando ele me convidou para ir ao parque de diversões com ele e Ian – sabe como sou apaixonada por esses lugares – que a tensão entre nós realmente explodiu. Depois de nos divertirmos nos brinquedos, como a montanha russa e os carros bate-bate – esse último houve uma pequena competição onde os garotos me deram um baile em seu carro rosa choque – damos uma parada para comer antes de voltarmos para casa:
- Papai, podemos comprar algodão doce depois? – Ian perguntou.
- Mas você ainda nem terminou seu cachorro quente! – O mais velho protestou.
- Depois da janta, precisa ter a sobremesa! – disse com esperteza.
- Ele tem um ponto! – Apoiei.
- Até você, ? Estou perdido no meio de duas crianças! – falou, olhando para nós que fazíamos carinha de cachorro que caiu da mudança – Tá bom! Porém, é a última coisa, depois vamos para casa!
- Ah! Esse dia poderia durar para sempre de tão bom que está! – O menor pronunciou, sonhador.
- Prometo que te trago mais vezes aqui, mas hoje precisamos ir, se não sua mãe me mata por estar com você até tarde na rua! – Revirou os olhos, nos fazendo rir.
Assim que deixamos o pequeno na casa de sua mãe, o moreno me deu carona até em casa, onde seguimos com uma conversa leve sobre séries e músicas – Confessei que ainda sou fã de One Direction, mesmo a banda estando ainda em pausa.
- O que posso fazer? São garotos, mas cantam bem pra caramba!
- Sou obrigado a concordar! Fui num programa uma vez e assisti aquele mais alto, o Harry, cantando, o cara é bom!
- Pera, você o viu cantando?
- Fui por conta de um dos caras brilhantes do meu ramo que era um dos convidado no Jimmy Fallon, Harry também estava lá!
- Que demais! O mais perto que cheguei foi em um dos shows que fui, mas ainda espero que voltem para uma última turnê, eles disseram que farão uma surpresa esse ano, mas estão só na promessa!
Me acompanhando até a soleira da porta, depois de chegarmos, já falávamos sobre o dia no parque:
- Obrigada por me convidar! – Agradeci, já tímida por estar tão perto – Foi um passeio maravilhoso!
- Como poderia levar uma criança ao parque de diversões e esquecer da outra? – brincou.
- Idiota! – Soquei fraco seu ombro, rindo.
- Ian fica feliz quando você vai! – pronunciou.
- E você não? – questionei de forma brincalhona.
- Sabe que gosto de sua companhia! – Chegou mais perto, olhando fixamente para meus olhos, descendo para a boca, o que fez com que eu repetisse seus movimentos, desejando experimentar de novo o sabor de seus lábios.
- Eu...acho melhor entrar! – disse, saindo do transe, antes que fizesse alguma besteira – Está ficando frio!
- Então...boa noite!
- Boa noite! – Entrei corrida em casa, ainda com o coração disparado. O que diabos acabou de acontecer? Eu não posso desejá-lo, é meu melhor amigo e só.
Se passaram dois minutos e eu ainda estava encostada á porta, processando os últimos acontecimentos, quando a campainha tocou. Estranhei, olhando no olho mágico: Era . Arregalei os olhos. Abri a porta e, antes que eu perguntasse algo, o mesmo avançou em mim, colando nossas bocas em um beijo selvagem.
- Dane-se o que os outros pensam, eu quero você! – Foi a única coisa que disse enquanto beijava meu pescoço, me arrepiando por inteira.
'Cause I'm dying just to make you see
That I need you here with me now
'Cause you've got that one thing
Assim que meus olhos se abriram no dia seguinte, esperava mais um bilhete sob a escrivaninha, mas fui surpreendida pelo cheiro de café vindo da cozinha. Ainda meio sonolenta, segui até lá, encontrando meu companheiro de tronco nu enquanto virava uma panqueca na frigideira.
- O cheiro está delicioso! – Chamei sua atenção.
- Bom dia! Pensei em comermos antes de conversarmos sobre ontem!
- Bom dia! Quer que esqueçamos, não é? Tá tudo bem! Até pensei que iria embora cedinho hoje! – Sorri fraco.
- Na verdade... – Sentou-se na bancada, colocando as caldas em cima da mesa, onde haviam frutas e as panquecas quentinhas – Depois que dormiu, amanheci pensando: Somos amigos, adultos e está explícito que há uma tensão desde o dia da festa. Não dá mais pra esconder!
- Achei que era a única que sentiu isso durante essas últimas semanas...
- Não foi! E queria te propor algo! – Me olhou sério – Eu amo estar com você, não procuro relacionamento ainda, pelos motivos que já sabe, mas também não quero que isso acabe – As borboletas em meu estômago já estavam eufóricas a cada palavra proferida pelo moreno – O que acha de continuarmos isso, como uma amizade colorida?
- , eu...- Fui pega de surpresa – também adoro cada instante que estamos juntos, seja conversando ou nos beijando – Senti minhas bochechas pegarem fogo – Não tem como não aceitar, essa proposta é irrecusável – Dei um sorriso de lado.
Capítulo 6 - Perdendo a cabeça
Depois dessa tomada de decisão, os meses passaram em um piscar de olhos. O relacionamento sem compromisso nos permitiu viver um dia de cada vez, sem se preocupar com a pressão do namoro tradicional, apenas aproveitando as partes boas, como os beijos, as saídas, a intimidade, que aumentou gradativamente, além da nossa cumplicidade um com o outro, pois começamos a ter conversas que não tínhamos anteriormente.
Porém, toda essa parte boa tem o seu lado ruim, principalmente porque ao longo de todo esse tempo, meus sentimentos por se afloraram completamente e, na noite do meu aniversário, pude constatar o quão perdida eu estava, pois ele já tinha roubado meu coração para si sem que eu percebesse.
Com a intenção de comemorar meus 35 anos, seguimos em direção ao Brazilian Taste - o restaurante que era apaixonada, pois lembra meu país natal - tudo estava indo perfeitamente bem, estávamos conversando em um clima leve, enquanto comíamos pratos típicos, no entanto, foi na sobremesa, quando uma garçonete bonitona apareceu, que as coisas saíram dos trilhos:
- Aproveitem nosso creme de paçoca! – Colocou as taças na mesma, deixando um papel com – Pode me ligar quando quiser! – Piscou o olho.
- Você está aqui para paquerar ou trabalhar, queridinha? – Cerrei os olhos, sentindo o sangue borbulhar dentro de mim.
- Não posso deixar um homem bonito passar despercebido! Principalmente quando ele não para de olhar pra mim! – Sorriu sacana.
- Ora sua...- Me levantei assim que ela se afastou, respirando fundo enquanto contava até dez para não explodir de ciúmes. Assim que vi alguns olhares sobre nós, sentei-me novamente, olhando para o moreno que permanecia rindo baixinho – Tá rindo de que? Estava de olho nela? Sou um nada pra você, é isso?
- Você toda ciumenta é fofo! – falou – E não, nem reparei na garçonete!
- Esqueça! Somos só amigos coloridos, você não me deve nenhuma explicação! – disse com expressão mais séria, sentindo a angústia me dominar ao perceber a realidade de minhas palavras.
Guardando esses pensamentos só para mim, apenas percebi como havia um sentimento a mais por parte de , quando o mesmo surtou ao me ver conversando com Bryan, o novo veterinário, ao entrar em minha sala trazendo flores:
- O que diabos está fazendo com minha garota? – Avançou no ruivo enquanto o mesmo estava me abraçando, por conta da cirurgia do cão de sua filha que acabei de fazer, e foi um sucesso.
- Ei! Calma ai, cara! – Recebeu um soco antes de dizer algo mais.
- ! – Ralhei – Pare com isso! Não está aconteceu nada demais!
- Não é isso que eu vi aqui, ninguém se abraça assim se não for íntimo. Está me traindo? – O ciúmes estava estampado em sua face.
- Está se ouvindo? – Olhei-o perplexa – Bryan, desculpe por isso! Vá colocar um gelo nesse nariz para não ficar tão feio, preciso ter uma conversa séria com o senhor ! – disse para o doutor que estava com um pequeno hematoma. Assim que o mesmo saiu, voltei-me para o moreno – Agora, pode me explicar que surto foi esse, ou vai continuar agindo como uma criança mimada?
- Me diz, você! Vim te fazer uma surpresa, mas encontro esse cara grudado em você como carrapato! – acusou.
- Bryan só veio me agradecer! – disse mais mansa – Não tenho nada com ele! – Cheguei mais perto, beijando seu rosto.
- Não é o que pareceu! – Estava irredutível.
– Quer saber? – Me afastei, irritada – Não há motivos para esse ciúmes, não somos namorados!
- Isso é uma coisa que eu pretendo corrigir! – pronunciou mais calmo, depois de um minuto calado. Logo em seguida, me beijou sem aviso. Nunca vou me cansar disso!
Com a porta trancada, seu pedido de desculpas foi além de palavras, fazendo meu coração palpitar e a pele arrepiar a cada beijo e mordida que fazia questão de marcar em cada centímetro do meu corpo, conseguindo suspiros saídos de minha boca, que eu tentava segurar, pois ainda estávamos em meu consultório.
Some things gotta give now
'Cause I'm dying just to know your name
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'Cause you've got that one thing
Porém, toda essa parte boa tem o seu lado ruim, principalmente porque ao longo de todo esse tempo, meus sentimentos por se afloraram completamente e, na noite do meu aniversário, pude constatar o quão perdida eu estava, pois ele já tinha roubado meu coração para si sem que eu percebesse.
Com a intenção de comemorar meus 35 anos, seguimos em direção ao Brazilian Taste - o restaurante que era apaixonada, pois lembra meu país natal - tudo estava indo perfeitamente bem, estávamos conversando em um clima leve, enquanto comíamos pratos típicos, no entanto, foi na sobremesa, quando uma garçonete bonitona apareceu, que as coisas saíram dos trilhos:
- Aproveitem nosso creme de paçoca! – Colocou as taças na mesma, deixando um papel com – Pode me ligar quando quiser! – Piscou o olho.
- Você está aqui para paquerar ou trabalhar, queridinha? – Cerrei os olhos, sentindo o sangue borbulhar dentro de mim.
- Não posso deixar um homem bonito passar despercebido! Principalmente quando ele não para de olhar pra mim! – Sorriu sacana.
- Ora sua...- Me levantei assim que ela se afastou, respirando fundo enquanto contava até dez para não explodir de ciúmes. Assim que vi alguns olhares sobre nós, sentei-me novamente, olhando para o moreno que permanecia rindo baixinho – Tá rindo de que? Estava de olho nela? Sou um nada pra você, é isso?
- Você toda ciumenta é fofo! – falou – E não, nem reparei na garçonete!
- Esqueça! Somos só amigos coloridos, você não me deve nenhuma explicação! – disse com expressão mais séria, sentindo a angústia me dominar ao perceber a realidade de minhas palavras.
Guardando esses pensamentos só para mim, apenas percebi como havia um sentimento a mais por parte de , quando o mesmo surtou ao me ver conversando com Bryan, o novo veterinário, ao entrar em minha sala trazendo flores:
- O que diabos está fazendo com minha garota? – Avançou no ruivo enquanto o mesmo estava me abraçando, por conta da cirurgia do cão de sua filha que acabei de fazer, e foi um sucesso.
- Ei! Calma ai, cara! – Recebeu um soco antes de dizer algo mais.
- ! – Ralhei – Pare com isso! Não está aconteceu nada demais!
- Não é isso que eu vi aqui, ninguém se abraça assim se não for íntimo. Está me traindo? – O ciúmes estava estampado em sua face.
- Está se ouvindo? – Olhei-o perplexa – Bryan, desculpe por isso! Vá colocar um gelo nesse nariz para não ficar tão feio, preciso ter uma conversa séria com o senhor ! – disse para o doutor que estava com um pequeno hematoma. Assim que o mesmo saiu, voltei-me para o moreno – Agora, pode me explicar que surto foi esse, ou vai continuar agindo como uma criança mimada?
- Me diz, você! Vim te fazer uma surpresa, mas encontro esse cara grudado em você como carrapato! – acusou.
- Bryan só veio me agradecer! – disse mais mansa – Não tenho nada com ele! – Cheguei mais perto, beijando seu rosto.
- Não é o que pareceu! – Estava irredutível.
– Quer saber? – Me afastei, irritada – Não há motivos para esse ciúmes, não somos namorados!
- Isso é uma coisa que eu pretendo corrigir! – pronunciou mais calmo, depois de um minuto calado. Logo em seguida, me beijou sem aviso. Nunca vou me cansar disso!
Com a porta trancada, seu pedido de desculpas foi além de palavras, fazendo meu coração palpitar e a pele arrepiar a cada beijo e mordida que fazia questão de marcar em cada centímetro do meu corpo, conseguindo suspiros saídos de minha boca, que eu tentava segurar, pois ainda estávamos em meu consultório.
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Capítulo 7 - Um show, um beijo e um desfecho
Seis meses tinham se passado como o sopro do vento e o que eu mais esperava não aconteceria. One Direction finalmente fará seu primeiro show de comeback com apenas uma apresentação em cada país e, o que acontecerá aqui nos Estados Unidos em alguns dias, teve recorde de vendas, fazendo os ingressos acabarem em alguns minutos. Por isso, vou relembrar os velhos tempos assistindo pela internet, já que eles transmitirão cada subida ao palco no youtube.
Com o frio se acentuando na américa do norte, os horários do consultório estavam praticamente cheios, o que apenas me deu margem para fechar mais cedo no grande dia, pois não perderia esse show por nada. Pensamento esse que mudou assim que passou feito um furacão pela porta do meu apartamento:
- Se arruma! Preciso te levar em um lugar!
- Oi amiga! Estou bem, obrigada por perguntar! – ironizei
- ! A situação é séria!
- O que aconteceu?
- Acho que Chris está me traindo, e vai se encontrar com a tal mulher, hoje às oito da noite!
- O que? – Me assustei.
- Sim! Quero que você vá comigo desmascará-lo! Vá tomar seu banho!
- E por que eu...Ah tá! Meu cheiro de cachorro né? – perguntei, vendo-a assentir, rindo.
De toalha, avistei uma calça preta, juntamente com uma blusa escura e um quimono xadrez em cima da cama – coisa de minha amiga, claro – e, depois de terminar de me arrumar, segui para a sala, onde ela me esperava:
- Vamos?
- Você vai assim? - Olhou-me indignada – Precisa no mínimo de uma boa maquiagem.
- Vamos atrás do seu namorado, não num encontro!
- Eu sei! Mas se o pegarmos, depois quero afogar as mágoas! Então, você precisa estar apresentável! – Colocou a mão na cintura, como se tivesse fosse a dona da razão.
Rendida, deixei que ela me maquiasse antes de irmos para o local. Entretanto, na metade do caminho ela parou:
- É aqui?
- Na verdade, eu menti! – pronunciou, sem graça – Chris não tem nada a ver com isso. Eu e a Lauren que queremos fazer uma surpresa pra você!
- Como assim? Meu aniversário já passou faz tempo! Pra que isso agora?
- Você passou aquele dia inteirinho com o ! Além do mais, é a rainha das surpresas, se fizéssemos no seu aniversário você iria descobrir – falou a última parte com desdém – Agora, se vire que vou colocar essa venda em você!
- Pra que?
- Surpresa é surpresa, amiga! Prometo que vai gostar!
- E tenho opção de discordar?
- Sabe que não! – piscou o olho.
Já vendada e, após sair do carro depois de alguns minutos, com um grande fone de ouvido, andamos um pouco mais, com mil e uma hipóteses passando pela minha cabeça. Tá certo que eu que amo surpreender quem eu amo e descubro tudo, mas essa ideia maluca da minha amiga ainda me parecia suspeita.
Subindo lentamente algumas escadas, percebi que tínhamos chegado ao segundo andar e, assim que fui posicionada, quatro mãos, provavelmente de Lauren e , tiraram os acessórios que camuflavam minha visão e audição. Quando consegui enxergar, arregalei os olhos ao mesmo tempo em que cobria a boca com minhas mãos, completamente perplexa.
Estava em uma sala, contudo, atrás do vidro á minha frente, havia um grande palco, além de milhares de fãs eufóricas cobrindo toda a área: Eu estava no show da One Direction! Virei a cabeça, pronta para agradecer minhas confidentes, porém, ambas já tinham sumido, dando lugar a , que me olhava sorrindo. O coração deu um solavanco na mesma hora.
- O que, por que...? – Estava sem fala.
- Era seu maior sonho, apenas comprei os ingressos! As garotas que tiveram o grande plano de fazer mistério!
- Obrigada!!! – Pulei em seu pescoço, o enchendo de selinhos – Não acredito que tô aqui! Como conseguiu? Estavam esgotados!
- Tenho meus contatos! – Sorriu sacana.
Assim que o show começou, os cinco subiram ao palco – sim, Zayn avisou de última hora que participaria da maioria das apresentações, pois era mais do que agradecido aos garotos e, principalmente, aos fãs. Cantando e dançando com músicas da banda, como What Makes You Beautiful, Midnight Memories e One Thing, além de algumas solo de cada integrante, me senti como uma adolescente de novo, e a pessoa mais feliz do mundo. Dando algumas risadas por conta da minha animação, me acompanhou na cantoria.
- Ah! Sou apaixonada por essa música! – Os acordes de History começaram a tocar e, depois de um mini vídeo de toda a trajetória da banda, as luzes da arena se apagaram, deixando só as lanternas do publico, que foram ligadas, fazendo o momento se tornar mágico enquanto todos cantavam.
You and me got a whole lot of history
We could be the greatest team that the world has ever seen
You and me got a whole lot of history
So don't let it go, we can make some more, we can live forever
Assim que as lágrimas surgiram no meu rosto, me abraçou por trás, trazendo uma sensação inebriante dentro de mim.
- Namora comigo? – Ele falou baixinho em meu ouvido, de repente.
- O que? – Me virei para meu melhor amigo, pensando estar em um sonho.
- Não quero mais negar o que eu sinto! – Segurou minhas mãos – Você é uma das pessoas mais inteligentes e maravilhosas que já conheci e a cada segundo posso dizer que me apaixono ainda mais. Pensava que na adolescência só era uma paixão boba, mas te reencontrar naquele baile me fez ter a certeza de que quero você em minha vida e, depois de todos esses meses só ficando, meu maior desejo é te ter não só em meus pensamentos, mas ao meu lado todos os dias, como minha namorada! Então, , me dá a honra de ser seu humilde namorado?
Com o coração palpitando forte e as lágrimas em meu rosto, gritei um sim antes de me jogar em seus braços, imensamente feliz. Ao reencontrá-lo e saber que ele não procurava relacionamentos, aceitei ser somente sua amiga, mesmo toda despedaçada por já estar revivendo essa paixão por , que só cresceu ao longo de nossa convivência. E, após tantas emoções em uma só noite, não tenho dúvidas de que, a partir de agora, esse novo capítulo de minha vida será ainda mais feliz.
Com o frio se acentuando na américa do norte, os horários do consultório estavam praticamente cheios, o que apenas me deu margem para fechar mais cedo no grande dia, pois não perderia esse show por nada. Pensamento esse que mudou assim que passou feito um furacão pela porta do meu apartamento:
- Se arruma! Preciso te levar em um lugar!
- Oi amiga! Estou bem, obrigada por perguntar! – ironizei
- ! A situação é séria!
- O que aconteceu?
- Acho que Chris está me traindo, e vai se encontrar com a tal mulher, hoje às oito da noite!
- O que? – Me assustei.
- Sim! Quero que você vá comigo desmascará-lo! Vá tomar seu banho!
- E por que eu...Ah tá! Meu cheiro de cachorro né? – perguntei, vendo-a assentir, rindo.
De toalha, avistei uma calça preta, juntamente com uma blusa escura e um quimono xadrez em cima da cama – coisa de minha amiga, claro – e, depois de terminar de me arrumar, segui para a sala, onde ela me esperava:
- Vamos?
- Você vai assim? - Olhou-me indignada – Precisa no mínimo de uma boa maquiagem.
- Vamos atrás do seu namorado, não num encontro!
- Eu sei! Mas se o pegarmos, depois quero afogar as mágoas! Então, você precisa estar apresentável! – Colocou a mão na cintura, como se tivesse fosse a dona da razão.
Rendida, deixei que ela me maquiasse antes de irmos para o local. Entretanto, na metade do caminho ela parou:
- É aqui?
- Na verdade, eu menti! – pronunciou, sem graça – Chris não tem nada a ver com isso. Eu e a Lauren que queremos fazer uma surpresa pra você!
- Como assim? Meu aniversário já passou faz tempo! Pra que isso agora?
- Você passou aquele dia inteirinho com o ! Além do mais, é a rainha das surpresas, se fizéssemos no seu aniversário você iria descobrir – falou a última parte com desdém – Agora, se vire que vou colocar essa venda em você!
- Pra que?
- Surpresa é surpresa, amiga! Prometo que vai gostar!
- E tenho opção de discordar?
- Sabe que não! – piscou o olho.
Já vendada e, após sair do carro depois de alguns minutos, com um grande fone de ouvido, andamos um pouco mais, com mil e uma hipóteses passando pela minha cabeça. Tá certo que eu que amo surpreender quem eu amo e descubro tudo, mas essa ideia maluca da minha amiga ainda me parecia suspeita.
Subindo lentamente algumas escadas, percebi que tínhamos chegado ao segundo andar e, assim que fui posicionada, quatro mãos, provavelmente de Lauren e , tiraram os acessórios que camuflavam minha visão e audição. Quando consegui enxergar, arregalei os olhos ao mesmo tempo em que cobria a boca com minhas mãos, completamente perplexa.
Estava em uma sala, contudo, atrás do vidro á minha frente, havia um grande palco, além de milhares de fãs eufóricas cobrindo toda a área: Eu estava no show da One Direction! Virei a cabeça, pronta para agradecer minhas confidentes, porém, ambas já tinham sumido, dando lugar a , que me olhava sorrindo. O coração deu um solavanco na mesma hora.
- O que, por que...? – Estava sem fala.
- Era seu maior sonho, apenas comprei os ingressos! As garotas que tiveram o grande plano de fazer mistério!
- Obrigada!!! – Pulei em seu pescoço, o enchendo de selinhos – Não acredito que tô aqui! Como conseguiu? Estavam esgotados!
- Tenho meus contatos! – Sorriu sacana.
Assim que o show começou, os cinco subiram ao palco – sim, Zayn avisou de última hora que participaria da maioria das apresentações, pois era mais do que agradecido aos garotos e, principalmente, aos fãs. Cantando e dançando com músicas da banda, como What Makes You Beautiful, Midnight Memories e One Thing, além de algumas solo de cada integrante, me senti como uma adolescente de novo, e a pessoa mais feliz do mundo. Dando algumas risadas por conta da minha animação, me acompanhou na cantoria.
- Ah! Sou apaixonada por essa música! – Os acordes de History começaram a tocar e, depois de um mini vídeo de toda a trajetória da banda, as luzes da arena se apagaram, deixando só as lanternas do publico, que foram ligadas, fazendo o momento se tornar mágico enquanto todos cantavam.
We could be the greatest team that the world has ever seen
You and me got a whole lot of history
So don't let it go, we can make some more, we can live forever
- Namora comigo? – Ele falou baixinho em meu ouvido, de repente.
- O que? – Me virei para meu melhor amigo, pensando estar em um sonho.
- Não quero mais negar o que eu sinto! – Segurou minhas mãos – Você é uma das pessoas mais inteligentes e maravilhosas que já conheci e a cada segundo posso dizer que me apaixono ainda mais. Pensava que na adolescência só era uma paixão boba, mas te reencontrar naquele baile me fez ter a certeza de que quero você em minha vida e, depois de todos esses meses só ficando, meu maior desejo é te ter não só em meus pensamentos, mas ao meu lado todos os dias, como minha namorada! Então, , me dá a honra de ser seu humilde namorado?
Com o coração palpitando forte e as lágrimas em meu rosto, gritei um sim antes de me jogar em seus braços, imensamente feliz. Ao reencontrá-lo e saber que ele não procurava relacionamentos, aceitei ser somente sua amiga, mesmo toda despedaçada por já estar revivendo essa paixão por , que só cresceu ao longo de nossa convivência. E, após tantas emoções em uma só noite, não tenho dúvidas de que, a partir de agora, esse novo capítulo de minha vida será ainda mais feliz.