Capítulo Único
Happy that I'm free
And I can see things
Things I couldn't see”
9.580 km de distância, essa era a quantia exata de distância física entre eles.
730 dias eram a quantia exata de dias em que todos esses 9.580 km estavam entre eles.
Mas aquele seria o dia em que isso terminaria e ambos poderiam finalmente respirar com tranquilidade.
2 anos atrás
– Sinceramente, eu achei que eles conseguiram títulos, ou melhor, matérias mais interessantes. – suspirou, jogando o celular em algum lugar fofo do cômodo.
– Você queria o que? – perguntou, sentando-se no sofá enquanto comia sua pipoca como se nada melhor existisse – O cara é conhecido e você está com ele o tempo todo.
– Eu queria não levar uma bronca do meu chefe. – A garota disse, pegando um pouco de pipoca. – E quando eu digo chefe, você sabe a quem eu me refiro.
– Você acha mesmo que aquele lá – Ela disse, evitando o nome do homem com desgosto. – vai realmente descer do andar dele, construído por egos e exploração, por sinal, – Ela disse com seu tom de desgosto ainda mais exagerado do que antes. – para dar um bronca porque, pela primeira vez, um dos idols da empresa dele foi visto na rua com uma garota? Não se preocupe, ele não fará isso.
– Eu realmente espero que você esteja certa, não posso ser demitida porque saímos para comprar frango. – disse, rindo.
– Se ao menos tivesse uns beijos na história... – disse, rindo. – Aí sim valeria a pena.
– Me respeita, eu nunca prejudicaria nenhum deles. – Respondeu a mais nova, ofendida.
– Mas também não seria louca de negar. – , que continuava o processo de apreciação por sua pipoca, recebeu uns tapinhas da amiga, sabendo que, mesmo não olhando, estaria vermelha de apenas imaginar-se com algum deles, seus amigos, quem tanto ajudou não só na empresa mas também em sua chegada a um país novo.
– Para de besteira! – Ela disse por fim, livrando-se daqueles pensamentos.
Pensamentos esses que sempre rondavam sua cabeça quando o assunto era: .
Todos temos que concordar que ele era algo, ou melhor, alguém que intrigava até mesmo uma formiguinha que passasse por perto de seu pé.
E ela? Ela era tão simples quanto aparentava, talvez “dura demais” em relação a sentimentos também estivesse no vocabulário de quem descrevesse – outros acrescentariam iludida, mas podemos ignorar essa parte.
***
“I can be out every night
No one else holdin' me down
I can do just what I like”
Segunda-feira, fevereiro de 2018.
– Bom dia, ! – Ann, diretora de artes da maioria dos projetos da empresa em que e trabalhavam, disse, entregando um copo de café cheio de chocolate quente.
Era o que a garota gostava de tomar nos seus piores dias e, se Ann estava entregando aquele líquido para ela, definitivamente era um aviso.
– Reunião com Mídias Sociais, e…
– Por favor, não diz que ele também estará por lá. – pediu, desesperada por um “não”, e não foi o que recebeu.
– O chefe! Em cinco minutos, não se atrase. – A mulher completou sua frase entregando um olhar curioso em direção à mais nova.
Suas sobrancelhas arqueadas e o olhar duvidoso a matavam de medo.
Talvez medo não fosse exatamente a palavra para o que ela sentia, mas tão pouco era fácil lembrar de uma que definia melhor a situação. Não que já não tivesse acontecido a mesma coisa xatamente um mês atrás, quando simplesmente decidiu que dar uma volta pelo rio Han em plena luz do dia seria uma boa ideia, arrastando-a junto no mesmo momento. Literalmente, estar na posição de “especulação” sobre estar namorando com o rapaz não a incomodava, ela apenas não sabia como iria agir ou reagir dessa vez.
Afinal, de forma alguma, deixaria que ele se metesse em problemas.
– Pontual como sempre, senhorita ! – Não havia um tom sequer de ironia ou sarcasmo em sua voz, o que era totalmente amedrontador, apesar de ser verdade.
– Senhor Lee! – Ela se curvou para cumprimentá-lo com respeito. – Bom dia a todos.
recebeu um olhar temeroso de assim que seus olhos pousaram nele, do lado oposto da mesa.
– Agradeço que tenha comparecido a essa reunião! – Lee começou a falar. – Dessa vez, estão presentes, hoje, ambos os responsáveis de Mídias Sociais que estiveram ausentes em nossa última conversa. Ainda assim, não é a primeira vez em que a senhorita está em contato com eles, correto?
– Sim, senhor! – Ela balançou a cabeça, constrangida. – A primeira vez foi assim que entrei para a empresa, o que gerou especulações sobre minha vida antes de chegar aqui. Não eram ruins ou algo tipo, apenas tinham que ser esclarecidas.
– Entendo! – Ele disse, dobrando as mãos juntas sobre a mesa. – Da primeira vez, não foi necessária a vinda de ambos aqui porque pensamos que uma retificação de em suas redes sociais deixaria as coisas claras.
– E isso aconteceu! – Jun, um dos responsáveis por mídias sociais, disse enquanto mudava um dos slides na televisão à nossa frente .– Não tivemos mais notícias e nem mesmo algum tipo de apoio chegou a acontecer, pois vazamos propositalmente informações sobre o solo de .
Jun era, na realidade, um dos amigos de ali dentro. Sua esposa e sua filha de cinco anos eram pessoas com quem ela costumava passar uma grande parte de seus tempo assim que chegou no país. Ele foi quem apresentou-lhe – secretamente – a vaga de produtora musical e compositora que estava livre, na época.
– Porém... – Yerin surgiu falando, outra responsável pelo mesmo departamento, e digamos que não muito favorável para . – Dessa vez, obtivemos baixas no rendimento, as fotos liberadas foram realmente algo indiscreto da parte de vocês.
– Está bem, Yerin! – O senhor Lee a interrompeu. – Eu apenas gostaria de avisar de algo.
Todos assentiram quietos, principalmente que, até o momento, não havia aberto a boca para nada, ele sequer parecia estar respirando.
– Gostaria de dizer minha resolução para esse caso! – Todos continuaram quietos, escutando. – Senhorita , na realidade, seus esforços para essa empresa são extraordinários.
“Por favor, não diga um porém”, era tudo que conseguia pensar no momento.
– Porém... – Ele fez uma pausa rápida, olhou para os dois e continuou a falar. – Como castigo, adiaremos seu debut como oficialmente uma artista dessa empresa. – Ele disse, apoiando-se na mesa com uma cara tão séria quanto ela gostaria. – Estávamos dispostos e ponderando com cuidado fazer sobre seu debut acontecer por agora, com essa canção, com a letra romântica que você está para nos apresentar no próximo mês e com , porém não será possível depois desse incidente. Se quisermos soltá-la como uma artista no futuro, precisamos da colaboração do público e isso – Ele apontou para as fotos no telão. – acontecendo duas vezes seguidas não será bom para a reputação dele, sua ou da empresa.
O mais velho respirou fundo e ajustou seus óculos.
– Chamaremos outra solista para fazer parte desse projeto! – Ele terminou dizendo, juntou os papéis em sua frente e levantou, fez menção de protestar mas foi impedido pela amiga. – Espero que estejamos entendidos, essa situação não pode mais acontecer.
– Eu… – tentou dizer mais uma vez, mas o cortou, falando um alto “entendido” que fez com que Lee saísse satisfeito.
– Jun, Yerin, sigam-me, por favor! – Disse, já saindo pela porta.
– Até mais, ! – Jun disse sorrindo, mesmo que triste com a decisão anterior do chefe.
– Você teve sorte. Na próxima, não passa! – Yerin disse antes de retirar-se do lado de , fazendo com que a garota fizesse uma careta.
Sabe-se lá o porquê, de alguma maneira, a mulher tinha problema com ela. Desde que foi contratada, apenas via Yerin de cara amarrada por todo canto.
Assim que todos deixaram a sala, tirou do rosto o sorriso forçado que trazia antes, sentou e suspirou alto, aliviada – pelo menos, feliz de não ter sido demitida ou de não levar uma bronca mais séria. Esqueceu que ele ainda estava ali.
– , eu… – Foi impossível terminar a frase ,sendo cortado por ela no mesmo momento, ele continuava sentado no mesmo lugar sem se mover.
– Não se preocupe! – Ela disse no melhor tom possível. – Eu estou feliz que você não levou uma bronca como da última vez e, além disso, estou mais do que satisfeita com você cantando a música.
– Ele sabia que não poderia me tirar ou eu faria um escândalo. – Ele piscou o que fez rir.
– , você sequer estava respirando durante a reunião. – Disse rindo, o que fez com que ele fechasse a cara, lembrando que não fez nada para impedir que ela levasse toda a culpa. – , você já tem uma carreira. Não adianta, eu já sabia que era bem mais fácil a minha pessoa levar uma punição do que você. – Ela suspirou, apoiando na mesa e olhando-o. – Na realidade, eu estou dando pulinhos de alegria internamente porque não fui demitida.
– Você sabe que isso não melhora o meu estado de culpa, não é? – perguntou, sorrindo fraco.
– E quem disse que eu quero melhorar seu estado de culpa? – Ela respondeu, levantando da cadeira e recolhendo os papéis espalhados pela mesa. – A culpa foi sua! Eu disse que não era uma boa ideia sair para comprar frango naquele dia e você me escutou, por acaso? Não, ainda me arrastou junto com você.
– Me desculpa! – Ele disse, encolhendo um pouco os ombros, e aquilo fez com que ela se sentisse mal porque, na realidade, ela havia ido com ele porque queria. – Não fica brava, eu vou te recompensar.
– Estou brincando! – Ela respondeu, seu coração se sentia mal de fazer com que alguém que era tão próximo a ela dissesse aquele tipo de coisa porque, quando decidiu ser amiga de cada um deles, sabia que teriam “riscos”. – Não estou brava e você não precisa me recompensar, minha música na sua voz já é o suficiente para mim.
– E quando você vai me mostrar ela, hein? – Ele contornou a mesa, aproximando-se dela, entregando o restante dos papéis que ele havia ajudado a recolher.
– Preciso ajustar algumas coisas na melodia primeiro. Essa semana, eu te deixo escutar uma parte. – Ela disse, saindo pela porta, sendo acompanhada por ele.
Como se já não fosse o suficiente um dos “donos” da empresa ter passado pela mesma porta alguns minutos atrás, todos que estavam ali do lado de fora encararam, de uma forma espantosa, os dois.
Era horrível ficar pensando a todo momento sobre o que passava pela cabeça de cada um deles. se martirizava muito quando coisas assim aconteciam, tinha certeza de que palavras como "oportunista", "sem vergonha" e "aproveitadora" rondavam por suas cabeças.
– Ei, tudo bem? – Ele perguntou, vendo-a perder um pouco o foco da conversa.
– Hm, sim! – Disse com seu sorriso forçado que não enganava uma alma viva sequer.
– Vem, vamos para o estúdio! – Ele disse, guiando-a com as mãos em seus ombros. – Não deixe que eles entrem em sua cabeça, tudo o que eles querem é ser você, afinal, sou eu o envolvido no escândalo. – Ele disse orgulhoso, sabendo que ela daria risada do seu tom convencido. – Viu, eu te fiz dar risada!
– Você é tão convencido! – Ela disse ainda com um sorriso fraco no rosto. – Me admira que todos os seus escândalos vieram depois que eu entrei para essa empresa.
– De verdade, ...
Ele a parou em meio ao corredor. Encontravam-se sozinhos, ali então ele não via motivo para preocupar-se. Ficou de frente para ela, ainda com ambas as mãos sobre seus ombros.
– Eu sinto muito pelo que aconteceu, já passava da uma da manhã e nós apenas fomos buscar algo para comer. – No mesmo instante, a imagem de ele a arrancando de suas horas extras dentro de seu estúdio para comer alguma coisa apareceram. – Eu concordo que talvez eu tenha feito um pouco de palhaçada demais, mas foi para tirar sua cara de emburrada aquele dia. – Ele fez careta ao lembrar. – Por causa daquele babaca que eu não citarei o nome pois a minha honra não permite, óbvio. Mas, ainda assim, eu não achei que eles fossem adiar seu debut. Eu espero realmente que, até o final do processo da música, isso possa mudar e que possamos cantar juntos.
A realidade era que ele ali, de frente para ela, falando palavras como aquelas e com as suas mãos também sobre as dela, não era saudável para ninguém que visse a cena, muito menos para ela. Afinal, aquilo, a proximidade e toda a sinceridade, era algo bem comum entre eles. Ainda sim, pareceu cozinhar seu coração.
"Prometo não fritar a sua cuca se não cozinhar o meu coração" – Disse Alice à Lagarta.
Ela lembrou imediatamente da frase à qual eles se atentaram quando leram “Alice no País das Maravilhas” juntos em um dia qualquer na sala de descanso da empresa. Talvez ele não lembrasse mais, porém ela guardou bem a cena e a frase em sua mente.
Ela prometeu não fritar a cuca dele e ele prometeu não cozinhar seu coração.
Quinta-feira, fevereiro de 2018.
Enquanto , com toda certeza, se sentia totalmente em bloqueio para terminar a música que teria que entregar na mão do chefe em algumas semanas, o sofá de seu estúdio parecia a melhor opção de conforto no momento. Todos os seus amigos estavam ocupados e ela sabia, exatamente por isso que não se preocupou em tentar contato com ninguém, apenas deitou, encarando o teto de madeira, e tentou imaginar algo que faria sua mente voltar à ativa o mais rápido possível.
“Talvez uma hora de sono funcione”, pensou assim que sentiu suas pálpebras pesarem e não era para menos, o sofá era consideravelmente grande e confortável e seu cansaço nos últimos dias triplicou. Então decidiu que apagar as luzes e tirar um cochilo não era uma má ideia.
Mas, antes, ouviu seu celular emitir um som e sua tela acender, era uma mensagem.
“Saímos mais cedo, você já foi embora?”
“Os garotos estão perguntando se você não quer ir jantar com a gente.”
Mesmo não tendo muita certeza do que estava lendo pois sua visão parecia um pouco mais distorcida do que ela imaginou pelo sono, piscou algumas vezes antes de responder.
“Estúdio”
Respondeu sem pensar muito, não esperava que fosse aparecer ali de qualquer forma. Achava que ele entenderia sua resposta como um “não, estou ocupada”. Por isso, não se preocupou. Segundos depois, entrou em sono profundo e com direito a sonhos sem nenhum sentido.
Não demorou muito, entrou no estúdio um pouco mais confuso que o normal, mas não sabia se era pela resposta que havia recebido alguns minutos antes ou se era por chegar e encontrar todas as luzes apagadas, inclusive as do computador.
– , porque você…– Assim que acendeu as luzes e entrou no local, vendo a cena da garota dormindo profundamente no sofá, apagou rapidamente outra vez, fechou a porta, evitando o barulho do lado de fora caso alguém passasse, e ficou quieto para não acordá-la.
– Hm? ? – E com toda certeza não havia funcionado, ele era ciente de que seu sono era leve mas não imaginava que fosse tanto.
– Quieta! – Ele disse, aproximando-se dela. – Volta a dormir, desculpa te incomodar, eu só queria saber se você ia ou não jantar.
– Você nunca incomoda. – Ela murmurou sonolenta, não estava totalmente acordada e ele notou assim que a garota agarrou sua mão, que antes fazia um carinho cuidadoso em sua cabeça, e segurou em um abraço confortável.
– Você quer que eu te faça companhia? – Ele perguntou, sentando no chão próximo a ela, tratando de não a acordar.
Sorriu assim que viu assentir fraco, deitando sobre seu braço. Ele se preocupou com a dor que sentiria depois, mas não o suficiente para tirá-lo dali, daquele conforto.
“Ela não pode ir e vou ficar também, para ajudar a resolver algumas coisas da música em que ela vem trabalhando para o projeto do mês que vem, espero que se divirtam e nos tragam algo”
Foi a mensagem que ele enviou a um dos garotos do grupo. Observou-a por alguns minutos dormir tranquilamente – mesmo que estivesse escuro –, ele podia sentir sua respiração leve.
Não demorou muito para que o cansaço também atingisse-o e ele dormisse daquela forma desconfortável mas, pelo menos, com ela próxima dele.
Para ele, era normal vê-la daquela forma. Já fazia um tempo desde que começou a nutrir algo por ela – que, por certo, até o momento, não entendia. Não até vê-la ali, deitada sobre seu braço, tão próxima dele.
“But I can't fall in love without you
I can't fall in love without you
Please, don't fall in love without me”
1 hora depois
Os olhos de piscaram três vezes de forma pesada. “Quantas horas haviam se passado desde que adormeci” era com o quê sua cabeça se preocupava, sem ter notado a presença do mais velho no ambiente. A esse ponto, seu braço já não estava mais alinhado ao dele então, com as luzes apagadas, não o viu de primeira. Assim que pegou seu celular, checando o horário, que passavam das dez horas da noite, fez luz pelo cômodo, enxergando deitado não muito longe de si. Não fazia ideia do porquê de ele estar ali, adormecido de forma torta entre o chão e o sofá.
– ? – Ela disse baixo, porém alto o suficiente para que ele a escutasse.
– Hm... – Ele murmurou ainda de olho fechado. – Você acordou, oi.
Seus olhos continuavam fechados mesmo depois de ele arrumar sua posição, seus cabelos um pouco bagunçados e sua cara serena eram realmente insuportáveis de ve, de tão bonito que ele se encontrava.
– O que você está fazendo aqui? Pensei que tinha ido jantar com os garotos. – Ela disse baixinho, quase em um sussurro.
– Você me pediu para ficar. – Continuou murmurando, sonolento. – Eu fiquei.
– Eu pedí? – Ela perguntou confusa e ele apenas balançou a cabeça.
– Abraçou meu braço e não soltou mais. – Seu sorriso lento apareceu e ela, com a luz do celular ainda iluminando, pôde ver perfeitamente a cena. – Volta a dormir, você tá precisando.
Sua mão foi em direção à mão dela, que estava próxima, deixando ali um carinho leve e aconchegante, que fez com que seu coração acelerasse sem sua permissão.
Segunda-feira, março 2018.
O clima daquela primeira segunda-feira de março era totalmente agradável, se não fosse pelo nervosismo que habitava o corpo de por conta da reunião final sobre o projeto que estava em suas mãos.
– Fica tranquila! – disse, massageando os ombros da amiga, vendo o quão tensa ela estava. – , relaxa. Desse jeito, você vai ter um treco antes do fim dessa reunião.
– Eu tô tranquila! – Ela disse, balançando o pescoço de um lado para o outro. – Você acha que ainda tem possibilidade de eles me deixarem cantar com ele?
– Se não tiver, eu juro que faço um escândalo naquela sala. – Disse a amiga, andando em direção à sala ao fim do corredor em que ambas deveriam estar em menos de cinco minutos. – Sério, , fica tranquila, vai dar tudo certo! Entra naquela sala e mostra quem manda, mostra quem você realmente é.
– Ok! – respirou fundo e pisou confiante em direção à sala mas, antes, viu Yerin parada em frente à porta, olhando em direção a elas com um sorriso maldoso nos lábios.
– Credo! – disse, quase ameaçando orar o Pai nosso ali mesmo depois da olhada que ambas haviam levado da outra. – Eu me pergunto todos os dias como ela continua aqui.
– Porque ela é competente no trabalho dela. – A mais nova afirmou.
– Você também e que se dane ela! – respondeu. – Vamos.
A amiga costumava ser bem irritada e já era acostumada, sempre fazia com que ela desse risada em momentos de tensão e agradecia por isso.
O caminho até a sala definitivamente pareceu mais curto do que deveria, para quem gostaria que fosse em outro prédio. Seus tênis de couro na cor preta batiam com um pouco mais de firmeza do que o normal, ela estava determinada a fazer com que seu trabalho desse certo. Porque, até então, não havia escutado nenhum rumor sobre quem dividiria a música que ela escrevera com . Isso queria dizer que ainda havia esperanças.
Ao menos, na cabeça dela, – e talvez na de – sim!
– Aí está ela, sempre pontual! – A voz do chefe soou assim que sua figura apareceu na porta com o sorriso mais falso do mundo, coisa que não gostaria de forma alguma de ter visto, mesmo não sendo a única coisa que incomodaria-a naquele dia.
– Eu gostaria de apresentar uma pessoa! – Yerin se levantou e o olhar de Jun, representante de mídias sociais junto da mulher, olhou preocupado para a amiga ali ainda parada na porta. – Essa…
– Desculpe por te interromper, Yerin! – Jun se pronunciou. – Mas creio que devemos deixar com que a senhorita se acomode primeiro, não? – Seu olhar arrogante diminuiu assim que Lee, seu chefe, também concordou com a atitude de Jun. – Por favor, sente-se, .
– Obrigada! – Ela passou para dentro da sala de uma vez, encontrando seu lugar ao lado de e, de frente para si, uma pessoa que conhecia muito bem de nome.
– Gostaria de que fôssemos breves, se vocês não se importarem! – Lee começou, olhando os papéis devidamente organizados em sua mesa. – Tenho outras duas reuniões sobre esse projeto ainda hoje.
Todos assentiram seriamente, compreendendo o que ele queria dizer, mas a figura sentada na frente de assombrava seus pensamentos. Sabia que, assim que viu-a e congelou, não teria mais chances de “lutar” por aquele projeto.
– Agora sim! – Yerin se levantou. – Gostaria de apresentar a verdadeira artista que realizará esse projeto junto a , .
A mulher, de forma arrogante, enfatizou palavras naquela frase que sabia que, de alguma maneira, magoariam, enquanto olhava com um mínimo sorriso sarcástico no rosto. O problema de Yerin com não tinha muito fundamento, apenas inveja. A mais nova se deu ao luxo de tentar coisas que a mesma nunca havia tomado coragem, como se aproximar de pessoas como .
Já , uma solista de sucesso no país, havia sido uma jogada de mestre da mulher. A mesma não disse uma palavra até ser introduzida e, para muitas pessoas ali naquela sala, que apenas observavam tudo, ela era uma incógnita.
– É um prazer estar aqui hoje! – Seu sorriso foi em direção a , que sorriu apenas de forma educada – Fico feliz de ter sido escolhida como a pessoa que fará parte disso junto a um incrível cantor como . Mesmo não tendo ouvido a música ainda, sei que será ótima.
direcionou um sorriso falso para , que sequer ligou, apenas andava preocupada com a apresentação que estava prestes a realizar. Queria poder mudar o resultado final, onde seria reconsiderada e ela poderia cantar aquela música, sendo a primeira vez em público e, óbvio, com . Mas sabia também como esse tipo de coisa funcionava e, como já havia dito antes, estava feliz que, pelo menos, veria cantando a música que ela escreveu.
– Por favor, a música! – Lee disse, cortando de seus pensamentos, não retribuindo mais do que um sorriso para .
– Claro! – respondeu, respirando fundo antes de levantar, sentindo uma ponta de frustração com decepção fazendo com que seu rosto ficasse com uma expressão um pouco vazia.
teve tempo suficiente para perceber aquele tipo de sentimento nela então, antes que ela se levantasse, esgueirou sua mão por debaixo da mesa até encontrar a dela, segurou com delicadeza e esperou que ela olhasse para ele, lançando um olhar de tranquilidade, o que fez retribuir com outro de agradecimento, sentindo-se pronta para começar.
“I hope you're sorry
Can't find the words to say
Hope you're always worried
Worryin' 'bout me
Don't you think I give a fuck?
Give a fuck 'bout who you fuck?
But I hope you can't get it up
Cause I can't fall in love without you”
– A música se chama “I can’t fall in love without you”. Ela não conta necessariamente a história de duas pessoas que já se envolveram. – se colocou ao lado da tela de apresentação que exibia a letra da canção. – Ela pode indicar isso, mas a real história é a de duas pessoas afastadas por qualquer ato do destino, onde elas se veem livres e vivendo suas vidas mesmo que ambas não tenham deixado o sentimento de lado. Eu diria que se encaixa bem no assunto popular de hoje em dia, almas gêmeas. – disse, soltando o play sem pensar duas vezes.
A música preencheu o cômodo e não se permitiu analisar a reação de cada um ali presente para não se sentir insegura, era seu primeiro trabalho individual e ela não sabia o que faria se não saísse como o esperado.
– Muito bem, senhorita ! – Lee disse, sorrindo fraco. – seu trabalho foi muito bem feito para uma primeira vez trabalhando de forma individual na produção de uma música, estou contente com o resultado.
– Isso pode ser o motivo para voltarem atrás com a decisão da reunião passada. – abriu a boca pela primeira vez, fazendo com que todos olhassem em sua direção de olhos arregalados.
– Não podemos voltar atrás em uma decisão já tomada! – Yerin se pronunciou.
– Isso é escolha do nosso chefe e não sua. – Jun entrou na conversa, recebendo um olhar agradecido de por ajudá-lo.
– Exatamente! – disse. – Vamos, senhor Lee, você sabe que ela deu o melhor dela nesse projeto faz meses e que a culpa do que aconteceu no mês passado foi minha.
– Eu perdi alguma coisa? – disse, entrando na conversa, acomodando-se melhor na cadeira para ouvir aquela conversa com mais atenção.
– Poderia! – Lee respondeu, sincero. – Mas eu não volto atrás em minhas decisões e não se fala mais nesse assunto, pois a senhorita se encontra presente.
– Mas…– estava realmente pronto para lutar pela posição que era, por direto, de naquele projeto, ele não se importava se a outra solista estava ali ou não.
Tentou ao máximo ser cauteloso nas palavras para também não passar a impressão de ser um mal educado ou mimado.
Ele apenas queria que a garota, que trabalhou noites seguidas na música e em todo o desenvolvimento para que aquela reunião estivesse acontecendo, sem dormir ou alimentar-se direito – porque afinal todos sabiam como ela podia ser descuidada quando tratava-se de um trabalho importante – ou sem poder descansar o mínimo possível... Ele queria que ela fosse devidamente recompensada.
– Está tudo bem! – o cortou, fazendo com que ele a olhasse, perdido. – Na próxima oportunidade, eu me sairei melhor que isso, o suficiente para que não tenha dúvidas sobre fazer uma escolha que possivelmente trará arrependimento mais cedo ou mais tarde.
Sua postura era firme, sabia que agir daquela forma poderia ser arriscado, mas agir com subimissão não fazia muito seu estilo também.
– Pois eu estarei disposto a ver isso, senhorita ! – Lee não usou um tom de voz sarcástico ou ofendido, ele apenas concordou.
No final das contas, ele não era um chefe ruim ou desgastante.
Assim que mais detalhes foram definidos, todos da reunião se separaram, menos e .
– Por que você não insistiu? – Ele perguntou em meio ao silêncio que os dois partilhavam dentro do elevador que levava ao terceiro piso do prédio, ao estúdio em que trabalhava incansavelmente. – Digo, nós poderíamos ter convencido ele.
– Porque não era para acontecer. – Ela disse simplesmente. – Além do mais, você soaria como mimado e mal educado, já que haviam outras pessoas na sala que poderiam se sentir desconfortáveis com o que você iria dizer. Se ele estivesse convencido o suficiente do meu bom trabalho na música, não teria relutado em mudar sua opinião, o que não aconteceu.
O elevador não era tão grande quanto parecia normalmente, incrível era como as energias dela e do garoto eram gigantescas e até mesmo “palpáveis” em momentos como aquele, onde viam-se sozinhos.
– . – Ele a chamou em tom baixo mas, assim que a porta do elevador abriu, dando acesso ao corredor, ela saiu, imediatamente sendo seguida por ele – , escuta! – Ele parou e disse assim que adentraram o estúdio. – Sua competência é gigantesca, você é incrivelmente talentosa e aquela música? Aquela música é algo que eu nunca conseguiria dividir com outra pessoa que não fosse você.
não percebeu, mas seu ato de segurá-la pelos ombros fez com que ambos dessem um passo adiante, praticamente colando seus corpos e mudando totalmente o clima da situação.
– Eu... – Ele pareceu aéreo por um minuto, pegou seus olhos passeando pela boca da garota com a proximidade nada incômoda entre eles. – Eu tenho certeza de que ainda podemos fazer algo a respeito.
– O que você pretende fazer a respeito? – Ela disse em tom baixo e no mesmo estado que ele.
– Isso! – Ele disse antes de beijá-la.
Seus lábios se juntaram ao dela sem o mínimo de medo que carregara durante os últimos anos. Sempre teve vontade de beijá-la, mas ela era tão importante em sua vida que sempre decidia deixar aqueles tipos de pensamentos de lado. Além de um beijo, o desejo reprimido também era algo demonstrado por ambas as partes.
Uma das mãos de subiu para a bochecha esquerda dela e a outra segurou sua cintura com segurança. Imaginava aquela cena tantas vezes em sua mente – mesmo que sem querer – e, ainda assim, não era a mesma coisa. Nada do que ele imaginou parecia igual àquela sensação, era um sentimento irreconhecível e novo, tanto para ela quanto para ele.
– Eu... – Ele começou a dizer algo, mesmo que ofegante pelo beijo, que apenas terminou por falta de ar em ambos.
– Você? – Ela perguntou, respirando descompassada.
Eles, ainda com as testas coladas uma na outra, sem deixar que separassem-se um centímetro que fosse, sentiam a respiração um do outro se unindo. não deixou sua mão longe do rosto da garota um minuto sequer, ele fazia questão de deixar ali um carinho tranquilo e calmo, assim como fazia em sua cintura, puxando-a para si como se quisesse torná-los em um só, afinal, era isso que sentia.
– Eu esperei por isso, eu esperei por todos esses anos. – Ele disse, fechando os olhos enquanto apenas concentrava-se em suas palavras.
– Você esperou? – Ela perguntou, confusa.
Então ele a abraçou pela cintura por completo, apenas separando seus rostos para poder olhá-la, demonstrando todo o carinho que tinha por ela.
Ela percebeu ali, não só carinho mas também o amor que buscou. Amor esse que descreveu em suas músicas e desejou desde que entendeu o significado.
Atualmente
havia mudado para Los Angeles pouco tempo depois de descobrir seus sentimentos a respeito de . Ela não fugiu, apenas não encarou.
Sentiu medo talvez de prendê-lo em algo que, naquele momento, não era o indicado, então partiu. Acabou indo para um programa de estudos nos Estados Unidos que a própria empresa havia oferecido uns meses antes e ela recusou. De última hora, resolveu aceitar sem pensar muito e não voltou desde então.
Ela disse que ele não deveria esperar por ela, que deveria concentrar-se em sua carreira e, se necessário, em suas novas relações que fossem surgir.
Mas ele negou.
E ela partiu de qualquer forma.
Naquele dia, ela voltava ao país e sem saber como tudo estaria quando voltasse, pois manteve-se afastada da maioria das notícias. Realmente, não sabia como tudo havia mudado.
Tudo menos uma coisa, o amor de ambos.
“I can't fall in love without you
Please, don't fall in love without me
I can't fall in love without you
I can't fall in love without you
So please, don't fall in love without me”
– Bem-vinda de volta. – Escutou uma voz soar bem atrás de si enquanto olhava para a frente, procurando por quem iria buscá-la.
Então ela o viu em roupas pretas e jaqueta branca, sorrindo não apenas com os lábios mas também com os olhos, sua felicidade realmente era visível.
Aquelas palavras, por mais simples que fossem, esquentaram seu coração, afinal, ela se sentiu realmente em casa apenas de ouvir pronunciá-las para si.
– Eu senti sua falta! – Ela disse, indo de encontro com seus braços para um abraço longo e saudoso.
Aquilo era como encontrar um lar, um lugar de aconchego, um lugar só dela.
Ele.
Fim.
Nota da autora: "Graças a Deus, saiu! Eu realmente não estava planejando essa fanfic e acabei dando toda atenção para ela do dia para a noite, quase que ela não vem parar nesse especial maravilhoso.
Gostaria de agradecer a Biba por me ajudar no desenvolvimento desse plot fofinho e por escutar - e também surtar comigo - sobre ele. Eu amei curar esses dois. E você? Gostou da história? Se sim, deixe seu comentário aqui embaixo me contando o que você achou, eu agradeço desde já.
Muito obrigado por ter lido! Xoxo"
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Gostaria de agradecer a Biba por me ajudar no desenvolvimento desse plot fofinho e por escutar - e também surtar comigo - sobre ele. Eu amei curar esses dois. E você? Gostou da história? Se sim, deixe seu comentário aqui embaixo me contando o que você achou, eu agradeço desde já.
Muito obrigado por ter lido! Xoxo"