CAPÍTULOS: [Prólogo] [1]


Postada: 30/07/2017

Prólogo


Eu não podia abrir os olhos. Não quando havia acabado de pegar no sono, mas aquele maldito telefone parecia não querer parar de tocar. E não era a primeira vez.
Eu não fazia idéia das horas e muito menos se realmente estava acordado. Eu só queria que aquele aparelho parasse de tocar e me deixasse voltar a dormir, mas não foi bem assim que aconteceu. Mais uma vez, insistentemente, ele voltou a tocar e contra vontade resolvi esticar os braços, procurando por ele em cima do criado mudo ao meu lado.
Bocejei, soltando um resmungo e esfreguei os olhos tentando ler o nome que indicava o display, porém ao lê-lo senti meu coração palpitar rapidamente. Era e algo me dizia que, para toda essa insistência, tinha alguma coisa errada.
Rapidamente levei o dedo na tela, mas antes de atender a ligação havia encerrado. E só então eu pude perceber no pequeno número nas notificações.
07 chamadas perdidas de Minha Garota.
Pisquei algumas vezes, percebendo que o sono nem estava mais comigo e retornei a chamada, sentindo o estômago embrulhar ao perceber a demora dos toques.
- ? – perguntei preocupado. O silêncio permaneceu até eu ouvir uma fungada.
- ... – sua voz era fraca. Ah, isso não é bom...
- ? O que houve? Você me deixou preocupado. – cocei a nuca, sentindo a preocupação crescer. Ela agora chorava baixinho do outro lado e eu tive certeza que ao ouvi-la senti meu coração despedaçar. – , por favor, eu preciso que você me conte...
- Kevin. – pronunciou o nome do namorado e um vinco logo se formou em minha testa. – Ele... Ele ferrou comigo... – parecia um pouco alterada e falava alto. O que ela dissera foi o suficiente para eu sentir meu sangue esquentar por completo.
- O que foi que ele te fez, ? – perguntei entre dentes. Ela ficou muda outra fez. – Só me responde isso.
Ela continuou muda do outro lado e eu já podia imaginar o estado da minha melhor amiga. Respirou fundo e fez um barulho estranho com a boca.
- Ele quebrou meu coração.

01.


Algumas semanas depois...

Respirei fundo, massageando as têmporas. Eu não conseguia parar de pensar em apenas uma coisa: . Eu já devia estar acostumado, isso sempre acontecia, porém dessa vez estava sendo diferente. Ela, minha melhor amiga e também a garota que eu tenha nutrido sentimentos que iriam além de uma simples amizade, estava mal. Muito mal. Mal por causa de outro cara.
Eu não conseguia entender. Ela tinha tudo em vista, sabia o boçal que Kevin era e insistiu continuar com isso. Ele acabou fazendo o que todos sabiam que iria acontecer. E aconteceu.
Desci da moto um pouco irritado com meus pensamentos e observei a casa a poucos passos de mim. O lugar estava silencioso e eu podia ouvir claramente o assobio dos pássaros ao redor. Caminhei a passos rápidos até a varanda e dei algumas batidas na porta, mas como não teve alguma resposta, adentrei a casa procurando por .
- , cheguei. – disse alto para que ela ouvisse. O lugar continuava num silencio enorme.
Suspirei apoiando o capacete na bancada da cozinha e olhei em volta. Nenhum sinal da garota. Onde ela havia se enfiado? Ergui o olhar para a escada assim que ouvi o barulho de algo caindo e logo soube onde ela estaria. Rapidamente segui até seu quarto, observando a porta trancada. Não fiz esforço em girar a maçaneta, mas assim que o fiz observei a cena que ocorria. Pisquei algumas vezes e senti o coração apertar.
- Oh, , você não ‘tá falando sério... – disse calmo, a olhando. Ela se assustou de imediato, deixando os olhos arregalados e vermelhos cair em mim.
- ? O que você... Ah... – começou com a voz embargada, abaixando o tom de voz assim como seu olhar, logo já estava fungando e havia enfiado seu rosto no travesseiro que abraçava antes.
- Ei, eu já disse que você não precisa ficar chorando pelos cantos. – caminhei em sua direção, sentando ao seu lado na cama. Ele suspirou e deu de ombros. – Ainda mais por um motivo desses.
- Não é você que está com o coração partido. – Ah, pode ter certeza que estou sim, quis dizer, mas apenas a olhei sorrindo triste. Ela não sabia como aquilo me machucava. – Desculpa, eu não quis ser grossa.
- Não foi. – neguei. – Olha, , você sabe que eu odeio te ver dessa forma. – ela afirmou minimamente. – E sabe que eu faço qualquer coisa pra ver um sorriso nesse teu rosto.
Ela sorriu fraco, ainda com o olhar focado em suas mãos. Esse pequeno ato me fez sorrir também.
- Bom, tudo fica mais complicado. – iniciou baixo. – E mesmo não estando com ele, é muito ruim estar nessa situação. – apontou para o rosto imerso em lágrimas. Ergui seu rosto com os dedos e enxuguei uma das lágrimas que desciam por sua bochecha.
- Eu sei o quanto deve estar sendo ruim pra você. – respirei fundo. – Seu coração está partido, eu sei... Mas sei de uma coisa maior ainda. – ela me olhou com um vinco de dúvida na testa. – Eu sei que vou juntar todos os pedaços do seu coração. Se você deixar, claro. E logo... – sorri de canto e observei seu rosto em minha frente. – Logo vai estar pronta para amar novamente.
Ela estava parada, me observando o tempo inteiro. Então pude perceber um sorriso crescer nos lábios da garota e sorri involuntariamente, sentindo seus braços enlaçarem meu pescoço.
- Você é incrível. – disse abafado por conta do rosto colado em minha camisa.
- Ah, , me diga algo que eu não saiba. – comentei fazendo graça. Ela se afastou fazendo uma careta que eu podia considerar bonitinha e deu um leve tapa em meu braço. encostou o corpo na cabeceira da cama e ficou ali, encarando o que passava na televisão que estava ligada. Minutos depois, começamos a conversar coisas aleatórias e pude perceber que ela parecia esquecer o ocorrido. Sorria abertamente, ria com vontade e com isso mal sabia que estava me conquistando ainda mais.
- Hm... ? – a chamei enquanto recebia um pequeno cafuné da mesma. Ela tinha a atenção presa no filme que passava e apenas resmungou como resposta. Estava quase implorando mentalmente para que ela não parasse com aquele carinho. – Você quer sair?
- Eu não sei... – murmurou, olhando de relance para mim. – Eu ‘tô desanimada. Não podemos deixar pra outro dia?
Estreitei os olhos e virei meu corpo para ela, arqueando uma das sobrancelhas. Eu sabia exatamente o que ela tinha em mente.
- Não vai me dizer que seu objetivo é ficar em casa, assistindo esses filmes românticos que, sinceramente, são péssimos, tomando sorvete e se desidratando com lágrimas, não é? – a observei ficar em silêncio. – Já faz semanas.
- Esse era meu plano. – disse emburrada. Deixei uma risada fraca escapar e dei impulso com os braços, me levantando da cama. – Aonde você vai?
- Aonde nós vamos. – consertei a olhando. – Eu não vou deixar você fazer isso. Vou te dar vinte minutos pra estar pronta, certo? Eu te espero lá em baixo.
- Eu não quero, . Eu não estou em uma boa condição de...
- Você não vai ficar trancada nesse quarto chorando pelo Kevin ter sido idiota com você. – me aproximei ficando ao seu lado. – Então, se não quer fazer isso por você, faça pelo seu melhor amigo aqui, pode ser?
Ela pareceu pensar alguns segundos e bufou, voltando a encostar-se à cabeceira.
- ? – ela me chamou baixinho assim que fiz menção de ir à porta. Reprimi um sorriso nos lábios e virei o rosto. – Eu vou precisar de trinta minutos para estar apresentável. Você sabe disso. Eu tenho que ficar pelo menos bonita.
- Bonita você já está com esse pijama do Pooh e essas pantufas nos pés. O mínimo que você pode ficar é maravilhosa. – pisquei para a vendo sorrir sem graça. – Eu vou te esperar lá em baixo, ‘tá bem?
Ela assentiu e eu saí do quarto, deixando a porta encostada. Desci as escadas sem pressa alguma e decidi ficar pela sala enquanto não terminava. E enquanto eu a esperava tentei reorganizar meus pensamentos em relação ao que estava acontecendo.
Eu odiava vê-la daquele jeito, ainda mais se fosse por causa de outra pessoa. Eu odiava ver que ela chorava por outro cara, que amava outro cara... Eu queria que fosse por mim, mas não podia fazer nada e se fizesse poderia por em risco muitas coisas, e uma das mais importantes era nossa amizade. E mesmo receoso com tudo isso, eu a queria. Eu queria minha melhor amiga e como queria... Eu sabia que não era coisa da minha imaginação.
Passei as mãos pelo cabelo descendo até a nuca e respirei fundo, sentindo meu coração acelerar. Eu precisava fazer alguma coisa em relação a isso. E faria isso hoje.
- Eu preciso de mais tempo, . – dizia resmungando enquanto descia as escadas. Ela vestia um short jeans escuro, uma blusa que mostrava seus ombros e um tênis cinza. – Não deu nem pra disfarçar essa cara de choro. – apontou para o próprio rosto, fazendo um biquinho.
, não, você não pode beijá-la.
- , não é como se fossemos a uma festa. – comentei em sua frente. – E cá entre nós, eu te prefiro mil vezes assim. Sem todo aquele negócio no rosto.
Ela riu graciosamente e colocou as mãos na cintura.
- “Aquele negócio” – fez aspas com as mãos. – É maquiagem e me deixa bem melhor.
- Discordo. Você fica linda sem. – passei os dedos pela sua bochecha, piscando maroto. Ela sorriu fraco e balançou a cabeça seguindo até a porta. Resolvi ir junto a ela e antes de sair peguei o capacete na cozinha, entregando-a. – Pode colocar, afinal, não vamos ficar por perto.
Ela pegou o capacete e me olhou antes de colocá-lo.
- E pelo menos posso saber aonde vamos? – tinha um olhar desconfiado e divertido.
- Você é muito curiosa, . – balancei a cabeça rindo e subi na moto, a esperando. Ela piscou algumas vezes e se sentou atrás de mim, se acomodando. Assim que senti suas mãos em minha cintura, virei o rosto para o lado com um sorriso nos lábios. – E você sequer vai se lembrar dele.
- Quem? – perguntou aérea e isso me fez soltar uma risada alta.
- ‘Tá vendo? Já nem se lembra mais. – liguei a ignição, dando partida e já podendo sentir o vento entre nós dois.
- Eu não acredito que você falou isso! – falou um pouco mais alto devido ao barulho da moto e do vento. Segundos depois pude sentir a mesma encostando a cabeça em minhas costas.
Passamos pelo centro da cidade que não era muito longe, mas tomou parte de nosso tempo devido ao trânsito e movimentação. parecia bem mais leve e despreocupada com o acontecido, estava até um pouco mais sorridente e isso me deixava da mesma forma.
Demorou um pouco para que chegássemos ao lugar desejado, mas assim que avistei o campo amplo mais a frente, sorri de canto. Poucas pessoas estavam por lá naquele momento e eu pude me sentir aliviado. A placa era grande e suja de tinta colorida, tinha o nome ainda maior e chamativo. War Bladder.
- Eu não fazia idéia de que tinha um desses aqui! – disse animada no momento em que estacionei a moto em frente ao local. – Eu sempre quis vir aqui.
- E olha só, parece que eu adivinhei. – Descemos da moto e assim que a olhei pus as mãos no bolso, sorrindo convencido. – Só que esse é um pouco diferente dos demais.
- E como é?
Ela me olhou intrigada e animada, eu diria. Parecia realmente querer jogar, seus olhos estavam focados no cenário dentro do campo.
- Só tenha em mente que você não vai ficar dolorida, mas... – passei meus braços em volta de seus ombros. – Vai sair daqui completamente suja de tinta.
Ela me olhou espantada, mas logo relaxou os ombros ao meu lado até a entrada no lugar. Esperamos como todos que estavam na pequena fila e assim que chegou nossa vez, fomos direcionados a uma bancada onde os “equipamentos” eram distribuídos. Uma espécie de macacão branco, óculos transparentes e uma bolsa média onde continha inúmeras bolas cheias de tinta.
- Por um momento eu achei que iria ter que atirar em você. – comentou rindo e fazendo uma careta ao me olhar. – Que pena.
Fez um bico e eu a olhei torto, sorrindo de canto.
- Eu te disse que era um pouco diferente. – disse enquanto caminhávamos em direção ao campo, já podia sentir a grama em meus pés. Próximos a nós dois havia grandes placas que serviam de escudo, alguns sacos de areia empilhados e alguns morrinhos também. Andamos um pouco mais, quase para o meio do campo. – Você ‘tá preparada?
Ela olhou em minha direção e franziu o cenho, sorrateiramente levei uma das mãos até a bolsa e segurei uma bola.
- Ah, é? E para o quê?
- Pra isso. – puxei a bola, levando-a em direção aos cabelos de . No mesmo instante, a garota abriu a boca não acreditando no que havia acontecido. A tinta azul da bola escorria por sua testa.
- Eu não acredito que você fez isso! – disse alto, passando as mãos por onde a tinta escorria. – Você é um homem morto!
E então começou a correr atrás de mim, pegando e jogando as bolas. Nós dois gargalhamos e mesmo entre risadas estávamos nos desafiando.
- Eu vou ficar sem munição e a culpa vai ser toda sua! – gritou, a voz um pouco longe. Olhei para trás de relance e virei o rosto, avistando uma placa preta mais a frente. Não perdi tempo e me agachei, tentando me esconder por completo. Eu podia ouvir claramente as passadas rápidas da garota pelo campo, provavelmente me procurando. – , cadê você, garoto?! Vai mesmo se esconder de mim?
Pressionei os lábios segurando a risada que viria a tona a qualquer momento. Escorei o corpo na placa e vagarosamente cheguei o rosto para o lado, podendo ver uma perdida pelo campo enquanto olhava para os lados.
- Aparece logo, !
Ainda abaixado, pude ouvir suas passadas em minha direção e não demorou muito para que ela passasse por mim, sem nem me perceber agachado ali. Então aproveitei a distração da garota e me levantei, acertando outra bola dessa vez em suas costas.
- Você não sabe procurar, hein, .
Ela virou lentamente e como num vulto tacou uma bola bem na minha cabeça. Fechei os olhos rapidamente e os abri, a vendo sorrir como se fosse gargalhar no instante seguinte.
- Você devia ter corrido. – disse fingindo inocência. Entortei os lábios, ainda a olhando.
- E é melhor você correr agora.
não pensou duas vezes, saiu em disparada no campo e eu, claro, fui logo atrás. Ela tentou desviar de algumas placas, algumas pedras e pilhas de pneus, mas foi logo mais a frente que pude vê-la perder o equilíbrio assim que parou subitamente, fazendo com que, consequentemente, eu batesse meu corpo contra suas costas. O resultado foi pra lá de engraçado. Eu caindo por cima dela no pequeno morro de areia.
Ela não conseguia parar de rir e contagiado pela sua risada, eu ria ainda mais. Tinha os olhos fechados, gargalhando com prazer. E cá entre nós, não tinha vista mais bonita que aquela.
- Olha só pra isso! – disse em meio à risada. Observei como estávamos e sorri de canto, voltando a olhá-la. Eu estava praticamente deitado em cima dela, apenas usando os cotovelos como apoio.
- O que tem? Eu estou te machucando? – perguntei a olhando.
- Não, apesar de você ser um gordo... – deu língua e assim pude observar seus lábios e perceber o quão perto eles estavam. Seria errado eu beijá-la agora?
- O que foi que você disse? – estreitei os olhos, fingindo irritação.
- Eu disse que você é um gord... – a interrompi colando meus lábios nos dela em um selinho demorado. Deixei uma risadinha escapar ainda com os lábios nos delas e me afastei vagarosamente, observando sua feição que para mim fora surpresa. tinha os olhos em mim e estava com uma espécie de sorriso nos lábios.
– Por que fez isso?
Passei a língua pelos lábios e respirei fundo, tirando o corpo de cima dela e ficando de pé.
- Sem perguntas, babe. Vem, temos outros lugares para ir. – estendi minha mão para ela que demorou alguns segundos me encarando antes de segurar e se levantar. Passei meu braço por cima de seus ombros e a puxei para perto enquanto caminhávamos de volta até a recepção, para enfim nos limparmos e trocarmos de roupa.
No curto caminho, não redirecionou seu olhar para mim, mas ainda pude perceber suas bochechas enrubescidas. Ela estava envergonhada e aquilo era bonito de ver, estava calada e toda vez que virava o rosto fazia questão de morder os lábios vagarosamente. Tentação purinha.
Não demorou muito para que estivéssemos parcialmente limpos e apresentáveis. Diferente de mim, parecia nem ter se sujado, não fosse pelos cabelos com pequenas mechas coloridas da tinta. A esperei um pouco mais e seguimos juntos até a moto.
- E então, , vai me dizer o porquê de ter feito aquilo? – disse quebrando o silêncio. Fechei os olhos rapidamente e virei para ela, apoiando o capacete em cima do acento da moto.
- Eu só quis testar uma coisa, sinceramente. – comentei, sorrindo de canto. Ela tinha a expressão séria, os olhos focados nos meus.
- Você não pode fazer isso. É meu melhor amigo. E... – passou as mãos pelo cabelo, respirando fundo e virando o rosto. Parecia agoniada. – Eu não quero que as coisas mudem.
Não era o que eu queria ouvir, não mesmo. E de certa forma, eu podia sentir meu coração bater mais rápido e, infelizmente, era doloroso.
- Não é como se as coisas fossem mudar por causa de um... – ela levantou o indicador, me interrompendo.
- Não, não. ... Você é meu melhor amigo. – deu uma passada, mas não estava muito perto. – É meu melhor amigo há anos. E se não der certo? E se...
- E se... – a interrompi, balançando a cabeça. – Não precisa se explicar, eu posso entender que somos apenas melhores amigos. Mas, você não acha que tem que parar com essa insegurança? – murmurei a olhando atentamente.
- Eu não sei... – disse mais para si mesma. Respirei fundo e acariciei seu rosto.
– As coisas não vão ficar estranhas por conta disso, certo?
- Isso não vai acontecer. – sorriu de canto e se aproximou, beijando meu rosto. Aproveitei a pequena distancia e depositei minhas mãos em sua cintura, a puxando para um abraço apertado. Eu não podia perdê-la, não por aquilo.
E acho que ela também sentia a mesma coisa. Tanto que ficamos ali, abraçados por um tempo considerável. Pude ouvir seu suspiro longo e demorado, antes de tirar os braços de meu pescoço.
– Obrigada por me entender. – disse por fim. – De verdade.
– Não precisa me agradecer. Você sabe disso.
Coloquei uma das mãos em seu queixo e me aproximei, beijando ternamente sua testa.
Assim que subimos mais uma vez na moto e liguei a ignição, começamos a percorrer para nossa próxima parada. Não muito longe dali, perto do píer de Santa Mônica. Um dos lugares mais bonitos da Califórnia, ficava um pequeno restaurante. Podia até ser considerado como um lugar romântico para se estar com alguém. O fim de tarde caía ao céu, naquela mistura de tons azuis escuros e claros.
Nos aproximamos do estacionamento e estacionei a moto ali, esperando que descesse e assim ela o fez, observando todo o lugar. Parecia estar encantada de tanto que olhava. Parei ao seu lado e observei o mesmo que ela. O restaurante era arejado, tinha uma espécie de varanda que dava para o mar. Suas luzes amarelas iluminavam boa parte da decoração, que se misturava com as flores que estavam espalhadas. As lâmpadas pendiam de fora para dentro.
– Você pode me explicar por que nunca me trouxe aqui? – comentou, com um sorriso reluzente nos lábios.
– Eu não sei... – comecei um pouco incerto. Cocei a nuca. – Eu acho que nunca era o momento certo. Achei que hoje...
– Você é maravilhoso, . Eu te adoro! – jogou os braços novamente em cima de mim e eu não pude deixar de soltar uma pequena risada.
– Eu também adoro você, . – murmurei perto dela, antes da mesma se separar de mim.
Eu queria dizer outra coisa, pra ser sincero.
– Vem. Vamos entrar!
E assim ela pegou a minha mão. Certo. Entrelaçou seus dedos nos meus, como se aquele ato fosse pequeno demais para não fazer meu coração acelerar. Mas fez. E muito.
Andamos lentamente até a entrada do lugar, podendo então ouvir a música acústica dentro do mesmo. Ao canto, um pouco longe das mesas, havia um pequeno palco onde um rapaz e uma moça já estavam. Ele com seu violão e ela com seu microfone. Uma música romântica ressoava por ali e eu me senti um pouco culpado. poderia me matar por aquilo fazê-la lembrar de seu ex. Mas assim que a olhei, pude me surpreender ao ver o sorriso enorme que estava em seus lábios.
Era demais pra mim.
– Boa noite. Sejam bem-vindos ao Sea’s Love St. Monica. Como você servir o casal?
Engoli em seco. Por aquilo eu não esperava. Rapidamente me apressei em primeiro dizer que não éramos um casal, mas havia sido mais rápida e já havia pedido uma mesa para nós dois. Eu estava impressionado com ela. Nada estava saindo como eu imaginava. Estava melhor.
– Preciso confessar que eu estou apaixonada pelo restaurante. É incrível! – comentou assim que nos sentamos de frente um para o outro. Observei atentamente o lugar e pude observar também um pequeno espaço na área coberta para quem quisesse dançar.
– Fico feliz por isso, . Realmente é incrível.
Ela sorriu colocando um dos cotovelos na mesa, e assim apoiou seu rosto em uma das mãos. Os olhos castanhos da garota percorriam todo o restaurante, deslumbrada com cada pedacinho que via.
– Sabe, essa é a primeira vez que venho a um lugar assim... – disse um pouco mais baixo.
– Que tenha essa decoração? – perguntei fazendo graça.
Ela soltou uma pequena risada e negou com a cabeça.
– Não. Que eu venho a um restaurante com alguém especial pra mim. – disse, apenas.
Pisquei algumas vezes e continuei a olhando. Depois de percorrer todo o local, seus olhos pararam em mim. E, assim, sorriu de canto. Ela não fazia idéia de como a visão estava maravilhosa dali.
– E vai ser um prazer te trazer aqui todas as vezes em que tiver vontade, senhorita. – fiz uma pequena referencia, mesmo estando sentado e aquilo tenha ficado estranho. Pude ouvir sua risada gostosa e a olhei mais uma vez.
O garçom veio em seguida e logo já tínhamos feito nossos pedidos. Conversamos por mais um bom tempo, e em cada assunto eu podia perceber o quão leve ela já estava. Em como já não se lembrava mais do ocorrido de semanas atrás.
– Você não sabe como eu ‘tô me sentindo bem aqui. Sério. Você é a melhor companhia que já pude ter. – disse, sorrindo assim que terminou sua última colherada. Era uma sobremesa bem estranha, mas ela tinha adorado.
Balancei a cabeça, sorrindo junto a ela. E antes que pudesse dizer mais alguma coisa, uma música bem lenta começou a tocar.
– Então, já que sou uma ótima companhia, que tal me conceder essa dança? – estendi minha mão, ainda sentado.
Ela sorriu, estendendo a sua para segurar a minha mão. Seus olhos estavam brilhando.
– Você está me saindo um perfeito cavalheiro, .
– Estou fazendo o máximo que posso aqui. – disse, levantando enquanto ainda segurava uma de suas mãos. Andamos vagarosamente até a grande parte coberta, onde alguns casais já dançavam. Parei de frente para ela, e segurei sua outra mão, colocando a outra em sua cintura. Senti seus dedos sobre meu ombro e dei um pequeno sorriso, a puxando para mais perto.

I know he hurt you Made you scared of love, too scared to Love
(Eu sei que ele te machucou Te deixou com medo do amor, medo demais para amar)
He didn't deserve you
Cause you're precious heart is a precious
(Ele não merecia você
Porque seu valioso coração é precioso)

Nossos passos estavam lentos e sincronizados, por mais que eu não soubesse dançar bem assim. O silêncio pairava entre nós dois e apenas a música ressoava, mas seus olhos estavam fixos aos meus.
– Eu sei que já te agradeci, mas eu preciso dar ênfase nisso essa noite. – disse bem perto. – Eu sei que tudo tem sido complicado. Que eu tenho sido complicada. Mas você é o único que está aqui comigo. Agora. O único que sempre insistiu em ficar.
Eu ouvia atentamente cada palavra sua, sentindo meu coração apertar de leve. Era aquela sensação de que tudo estava se encaixando aos poucos.
– Obrigada, . – observei seus olhos cheios d’água. – E eu queria muito me desculpar pelo que aconteceu mais...
Nada podia ser mais sincero que aquilo, apenas...
He didn't know what he had and I thank God, oh, oh, oh
And it's gonna take just a little time
But you're gonna see that I was born to love you
(Ele não sabia o que possuía e eu dou graças a Deus, oh, oh, oh
E só vai levar um pouquinho de tempo
Mas você vai ver que eu nasci para te amar)

A interrompi.
– Você não precisa se desculpar. Por nada. E eu falo sério. – disse a olhando. – Eu que devo fazer isso, pois fiz o impensável em uma hora errada. Não pra mim, mas pra você. Eu sei que você acabou de sair de um relacionamento de uma forma não muito boa e que fui invasivo em ter te beijado. Mesmo sabendo que eu não me arrependeria disso nunca. – a rodopiei, vendo seu sorriso em seguida. Ela me olhava como se eu fosse a coisa mais importante naquele momento. – E eu não me arrependo. Sei que as coisas têm acontecido muito rápidas, mas eu não posso e nem consigo guardar isso pra mim mais.
, o que...? – perguntou confusa e surpresa. Eu não podia esperar mais. Tinha que fazer aquilo essa noite.

What if I fall?
I won't let you fall
What if I cry?
I'll never make you cry
(E se eu cair?
Eu não vou te deixar cair
E se eu chorar?
Nunca vou te fazer chorar)

And if I get scared?
I'll hold you tighter
When they're tryna get to you
Baby, I'll be the fighter
(E se eu ficar com medo?
Eu vou te abraçar mais forte
Quando eles tentarem chegar em você
Baby, eu serei o guerreiro

– Por favor, eu preciso fazer isso. – quase implorei ao vê-la me questionar. – Nos conhecemos todos esses anos. Eu te conheço e você me conhece até pelo avesso. E em cada segundo que passei ao seu lado, eu não podia deixar de notar o quanto você é linda... – a olhei, vendo sua expressão mudar. Ela parecia estar em choque. – Não podia deixar de notar que você sempre corre atrás de cada objetivo e que é maravilhosamente incrível em cada coisa que faz. Você é incrível, . – pus uma das mãos em seu rosto e ela deu um pequeno soluço, me fazendo perceber que seus olhos estavam imersos em lágrimas. – Você é tudo o que desejei e eu não conseguia parar de pensar em uma forma de te explicar tudo sem parecer inconveniente. Eu tinha que te falar. Ou melhor, mostrar que eu esperei por você e que vou continuar esperando se for o caso. – àquele ponto já tínhamos parado de dançar, mas os que estavam ao redor continuaram.

You're my only one, let me be the one
To heal all the pain that he put you through
It's a love like you never knew
Just let me show you
(Você é minha, me deixe ser seu
Para curar toda a dor em que ele te envolveu
É um amor que você nunca conheceu
Só me deixe te mostrar)

- Eu não estou te pedindo pra me amar de volta. Não estou pedindo para tentar nada comigo se não quiser. Eu só te peço, com todo meu coração, que me deixe amar você. Que você me deixe te mostrar que o amor não machuca. E que se ele machucou você, eu posso concertar tudo. Posso te ajudar a se reerguer. Posso curar toda a dor que ele fez você sofrer. É só você deixar eu te mostrar...

Iria continuar, mas senti suas mãos em meu rosto.

- , você...
- Por favor... – supliquei mais uma vez. – Eu precisava tentar essa noite. Precisava te contar que guardei tudo pra você. Todos os meus sentimentos. Eu não queria despejar tudo assim, tão rápido. Mas é realmente difícil ir devagar quando a situação é essa e...
E foi então que ela fez o impensável.
Impensável por mim. Eu não iria imaginar que iria me beijar naquele momento.
O macio dos seus lábios de encontro aos meus foi a coisa mais incrível que pude sentir naquela noite. O seu gosto era maravilhoso. Ela era maravilhosa. Pressionei sua cintura, puxando-a para mais perto, como se não fosse soltá-la. Nunca mais.
- Você não existe. – murmurou entre o beijo. Dei um pequeno selinho em seus lábios, franzi o cenho com seu comentário.
- O que foi? Fiz algo errado? – perguntei preocupado.
- Não. Não mesmo. – deu uma risadinha. - Mas é perfeito demais para isso.
A olhei pela última vez antes de voltar a beijá-la. Exatamente do jeito que eu imaginava naquela noite. Acariciei seu rosto vagarosamente e só então pudemos perceber que éramos praticamente os únicos naquela pista de dança. E alguns olhares estavam sobre nós.
riu ao perceber o mesmo que eu e deu de ombros, lançando seus braços em meu corpo.
Baguncei seus cabelos e a beijei outra vez, rapidamente. Caminhamos até o apoio mais próximo do restaurante, que dava para o mar. Assim que encostou-se a ele, virou para mim, fazendo nossos corpos ficar praticamente colados um ao outro. Pus minhas mãos em sua cintura.
- Obrigada por ter me falado tudo isso e por me mostrar que posso amar novamente. Eu sei que isso vai ser com o tempo, mas...
Suas mãos vieram de encontro a meu rosto, deixando a frase no ar. Dei um pequeno sorriso, a puxando para perto.
- Garota, eu te disse que você ia estar pronta para amar novamente. – soprei perto de seu rosto. – E eu fico feliz por ser o cara que vai juntar todos os pedacinhos do seu coração.

Fim 🌴



Nota da autora: Pra começar, eu sei que não ficou lá essas coisas, mas eu fiz o meu melhor por você, Ny, e pelo Wesley. (Não me bate!). Eu planejei essa short há um bom tempo, e minha esperança era te entregar no seu aniversário, mas você me conhece bem pra saber que as coisas normalmente não saem como eu planejo. Enfim, eu fiz essa short em homenagem a você e como um presente também. E o motivo? Te agradecer por tudo que fez e faz por mim, e por ser minha melhor amiga. A número um. E eu sei que você vai começar a se achar por isso, mas eu não ligo. Fazer o que? Essa é você! hahaja E outra coisa, sei que você tem andando com nojinho do Stromberg ultimamente, mas você também sabe que eu shippo vocês mais que qualquer coisa nesse mundo. Então, dá uma chance pro rapazinho. Ele te ama e demonstrou isso perfeita e romanticamente!
Bom, tem anos que nos conhecemos, mas nunca nos vimos. E ao longo desse tempo, até já planejamos uma viagem pra Los Angeles. Exatamente pra viver o que sempre sonhamos. Prometo que um dia nós vamos estar lá, tirando uma foto maravilhosa no píer, conhecendo os meninos do E3 e realizando nosso sonho que eu sei bem que ainda não morreu.
Você é minha melhor amiga, minha conselheira, puxa minha orelha quando é necessário, e eu entendo perfeitamente. Obrigada por estar ao meu lado, por levantar meu ânimo quando eu fico bem pra baixo e por surtar comigo na maior parte das vezes. Obrigada por tudo, tudo mesmo, Srta. Stromberg. Eu amo você, muito, muito. Você é a melhor de todas e sempre vai ser.
Um beijo da Isybida que tanto ama você.

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Nota da Beta: Ahhhhh 💙 💙 Eu não tava preparada pra isso não, vou te bater Isabelly, por me fazer amar e odiar esse ser chamado Wesley mais ainda, por me fazer morrer de amores por ele na fic (surreal tá, só em fic mesmo hahaha). Mas, realmente, se tem alguém que vai me fazer dar uma chance mínima pra ele é só tu mesmo, porque nem ele consegue essa proeza.
E obrigada pelo presente, eu fiquei muito feliz e amei bem forte. To me achando só um pouquinho muito ta, relaxa hahaha MAS O SONHO TÁ VIVÍSSIMO MEU AMOR . Vamos realizar ele assim que sair o novo álbum do E3 (ou o sexto álbum do Mcfly hahahaha).
E obrigada por ser minha melhor amiga. Como minha personagem mesmo disse, eu sei que tudo tem sido complicado. Que eu tenho sido complicada. Mas você está aqui comigo. Agora. E insiste em ficar porque é doida mesmo hahaha E é por isso e outras mil coisas que te amo, demais da conta. Nesse momento eu estou te amando quase mais que a mim mesma, porque estou bem chorosa.
E O MUNDO PRECISA VER ESSE AMOR TODO NESSA SHORT!
Então quem ler essa lindeza ignora nossa melação e deixa um comentáriozinho pra gente aqui embaixo, ok?!

Um beijo na bunda e um abraço de urso pra minha Isybida. Xoxo- Ny




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