CAPÍTULOS: [1]





I Kissed A Girl And I Liked It






Última atualização: 10/03/2017

Capítulo 1


Como era bom ser acordada com beijinhos cheios de amor do seu namorado gostoso, depois de uma noite de muito sexo, drogas e rock’roll. Exclui a parte das drogas. Depois de uma semana tumultuada, cheia de provas e entregas de trabalhos, finalmente hoje era sábado... Obrigada, Deus!
Decidi parar de fingir que estava dormindo e puxei para um beijo de verdade, e como sempre, foi um beijo cheio de luxúria e amor, nossas línguas travavam uma batalha. Era incrível, mesmo depois de dois anos de namoro, eu não cansava de seu beijo e de como suas mãos ágeis sabiam onde pegar, como me enlouquecer, céus, eu o amava mesmo!

- Uaau! – exclamou ofegante quando me empurrou levemente. – Bom dia, meu amor!
- Bom dia, ! – Sorri para ele. Nos beijamos novamente, e senti o amiguinho de começando a dar sinais de vida.

Homens, tsc, tsc. Nos separamos por falta de ar.

- Olha o que eu fiz pra você. – levantou da cama, foi até a cozinha e trouxe uma bandeja com o café da manhã. Tinha de tudo ali: torradas, pãozinho francês, uvas, margarina, nutella e bolo. – Gostou?
- Claro que sim. – O abracei e fiz carinho em seu rosto já pegando um pãozinho francês e passando margarina. – Obrigada, amor! – Dei-lhe um selinho.
- De nada. – Sorriu para mim. Estranho... Quando começava a me agradar assim, alguma coisa tinha.
- O que você quer, amor? – Arqueei a sobrancelha levemente, enquanto comia o pãozinho francês com muita margarina.
- Eu não quero nada, eu não posso agradar minha namorada? – O olhei desconfiada. – Ok... Hum... Você sabe que hoje é o aniversário de casamento dos meus avós, né? – Respondi de forma afirmativa balançando a cabeça, enquanto pegava mais um pão francês, o recheando com muita manteiga. Não me leve à mal, eu estava morrendo de fome. – Eu tenho que ir, você sabe, são cinquenta anos de casamento, e eu sei que tem o aniversário da , que também será essa noite, e eu... - O interrompi.
- Não, , eu não vou pra casa dos seus avós. Sinto muito. – Ele me olhou de forma decepcionada. - Minha melhor amiga está fazendo aniversário, não vou passar essa data longe dela. Nós já conversamos sobre isso. – e eu éramos amigas há muitos anos, a considerava a irmã que não tinha. Eu não podia simplesmente viajar e passar essa data longe dela.
- Mas, , eu não quero passar o fim de semana longe de você. Você sabe, eles moram longe. – e eu morávamos em New York, já seus avós, moravam no Texas. Para chegar lá o tempo de viagem de avião era por volta de quase seis horas.
- Então não vai, ué. Vamos pro aniversário da . – O respondi, enquanto pegava algumas uvas. Nossa, elas estavam uma delícia.
- Eu não posso simplesmente deixar de ir, , poxa, meus avós estão completando cinquenta anos de casamento... – pegou nutella e passou torrada nela. Não, vocês não leram errado, amava nutella, e simplesmente enfiou a torrada no pote de nutella. – Faz muito tempo que não os vejo, estou com saudades dos meus velhos. – Respondeu de boca cheia. Eu não podia culpá-lo, eu faria a mesma escolha.
- Ok, , relaxa. Eu entendo. – Peguei mais uvas. Eu já disse que essas uvas estavam uma delícia?
- Eu comprei duas passagens, achei que você pudesse mudar de ideia. O voo está marcado para as 11h30min. – Olhei para o relógio e vi que eram 09h42min.
- Nops, não mudarei de ideia. – Arqueei a sobrancelha. – Sentirei saudades de você. – fiz biquinho.
- Eu também. - Ele apertou meu bico e suspirou. - , ...
- Que foi? – Recebi como resposta seu olhar inquisidor. Eu sabia o que aquele olhar significava, fiquei puta com isso. – Ah, , pelo amor de Deus, eu não vou te trair! Você não confia em mim? – Explodi. Eu não era muito paciente, principalmente quando ele tinha esse tipo de comportamento. Por isso a insistência para que eu vá para casa dos avós dele.
- Lógico que confio. Eu não confio é nos caras que dão em cima de você.
- Não começa com essa frase clichê porque eu não quero brigar com você. – Respondi irritada. Qual é? às vezes me irritava com esse papinho furado. – Quem ama, confia! – Ele bufou.
- Ok, você tá certa, eu preciso confiar. É difícil, pois você é uma mulher linda e...
- Nunca te dei motivos para se quer desconfiar de mim. Já você... – O interrompi. Balancei os ombros, enquanto empurrava a bandeja. Eu tinha perdido a fome.
- Eu o quê, ?
- Você, nada, , você, nada. – Como uma pessoa conseguia te deixar animada e depois destruir seu bom humor com meia dúzia de palavras? tinha esse dom.
- Não, agora eu quero saber. – O ignorei. Levantei da cama indo ao banheiro escovar os dentes, o senti vindo atrás de mim. – Vamos, , fala! – Ele gritou.
- E aquela sua coleguinha de trabalho? Todo cheio de não me toques com ela. – Peguei a pasta e coloquei um pouco na minha escova.
- Essa história de novo? , eu já te expliquei, ela é minha assistente. - Ele exclamou. Teve como resposta apenas o meu silêncio. trabalhava como engenheiro de software em uma empresa de TI, porém, como era muita demanda, tinha uma assistente. No mês passado teve uma confraternização na empresa e eu vi como ela olhava para ele, aquilo me incomodou profundamente. – Eu amo você, quantas vezes eu tenho que repetir?
- O jogo virou, não é mesmo? Viu como é ruim a desconfiança? – Soltei um risinho sarcástico. - Quem ama confia, . – O vi ir para o quarto bufando horrores para arrumar sua mala de viagem. era extremamente orgulhoso, ele sabia que estava errado, mas não daria o braço a torcer.

Nós morávamos juntos fazia quase seis meses, o chamei para morar comigo quando saiu o financiamento do meu apartamento e sem pensar duas vezes, ele aceitou. A sensação de vê-lo todos os dias era indescritível, porém as brigas também se tornaram mais constantes, mas no fim tudo dava certo e nós fazíamos as pazes.
O vi terminar de arrumar as malas, vestir uma blusa, sua calça jeans e colocar seu boné, ele tinha uma coleção deles.

- Fui. – Voltei a olhá-lo, ele simplesmente bateu a porta e sequer se despediu direito de mim. Joguei-me no sofá e suspirei, pensando em como meu dia seria longo e que, mais uma vez, havíamos brigado.

***

Tinha dado um pulo no shopping, pois tinha olhado o meu guarda roupa e vi que nada que tinha prestava para a balada de hoje, aproveitei para passar na livraria para comprar um livro que havia falado que queria, “como eu era antes de você”, para lhe presentear. Aproveitei e dei uma passadinha no Mc’Donalds para almoçar.
Estava extremamente feliz por rever e minha outra amiga, Maite, àquela noite. Eu me prometi que nada tiraria minha animação, nem mesmo o mini surto de ciúmes de logo pela manhã.
Cheguei em casa e deixei as compras em cima da mesa, olhei no relógio e vi que ainda era cedo para me arrumar, então decidi ir pra cozinha para fazer pipoca, liguei o notebook na tv, coloquei na netflix, lá decidi fazer maratona de The Vampire Diaries, já que infelizmente a série acabaria neste ano e eu não estava preparada para o fim.
No meio de um dos episódios, peguei meu celular e mandei mensagem para o :

Quando chegar avisa! ;*

A quem eu queria enganar? Eu já não estava mais com tanta raiva dele assim.

***

Estava terminando de arrumar meu cabelo quando meu celular vibrou, dei uma olhada e vi que tinha duas mensagens diferentes, uma de e outra de .Dei uma olhada na primeira mensagem que era de minha amiga:

Sis, você vem que horas? Dependendo, eu passo na sua casa para irmos juntas. Love you!

Rapidamente a respondi:

Às 22h00min estou pronta. Love you!

Olhei a outra mensagem:

Cheguei!

Como era grosso e orgulhodo, aff... Já havia ficado com raiva de novo! Meu celular tocou e fui na esperança que fosse mais uma mensagem dele, mas era apenas me dizendo que passaria aqui em casa.
Terminei de me arrumar, me olhei no espelho e gostei do que vi, estava com um vestidinho tubinho preto, um scarpin rosa, e pra fechar o look, uma bolsa, também rosa, de mão. No rosto estava com uma sombra roxa esfumaçada, delineador com traço tipo gatinho, cílios bem trabalhados na máscara preta, blush na cor pêssego, e pra finalizar, um batom vermelho. Estava bem básica, mas estava linda.
Meu celular vibrou, era dizendo para que eu descesse, tranquei a casa e desci. Cumprimentei seu Carlos, o porteiro, e sai do prédio já vendo o carro da minha amiga estacionado.

- Sis, parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidade e muitos anos de vida! Que todos os seus sonhos se realizem e todo esse blá, blá, blá, aí. – Rimos. – Te amo muito! – Nos abraçamos apertadamente. – Como a minha amiga tá gata. – A olhei, ela estava com uma saia lápis, uma blusinha de alçinhas, e uma bolsa de mão preta. No rosto, uma maquiagem básica e um batom roxo quase preto. Nos pés, uma sandália de salto preta, ela estava muito gata.
- Também te amo. – Ela me soltou, se ajeitou no banco e me olhou. – Você também está linda, amiga! - Ela colocou o cinto de segurança, a imitei também colocando, deu partida no carro. Percebi que ela me olhava enquanto estávamos paradas em um semáforo. – Você tá estranha, o que houve?
- Briguei com . – Bufei e ela rolou os olhos.
- Novidade... Qual foi motivo da vez? Ah, ele foi pra casa dos avós, por isso não veio, né?
- Sim, ele foi. O motivo basicamente foi você. – Ela me olhou com os olhos arregalados, ri da cara dela. – Ele queria que eu fosse pra casa dos avós dele, ele estava enciumado de eu ir para festa sozinha, como se eu fosse traí-lo. – Rolei os olhos.
- Mas vocês estão se falando? – Ela perguntou enquanto mantinha sua atenção voltada ao trânsito.
- O básico, você o conhece, sabe bem como ele um poço de orgulho. – Falei ironicamente e ela riu levemente.
- Brigaram por besteira, como vocês são cabeças duras. – Suspirei concordando com ela. Na maioria das vezes, brigávamos por besteiras, nenhum dos dois gostavam de ceder.
- Enfim, não quero falar sobre isso. – Olhei pra minhas unhas. - Comprei seu presente, espero que goste e é pra abrir agora!
- Chataaa! – Ela puxou o embrulho e o abriu com rapidez. – Aeee, eu amei, , obrigada! Eu o queria muito. – Apertou minha bochecha, jogou o livro no meu colo voltando a dirigir.
- De nada, você havia dito que o queria, não consegui pensar em um presente melhor. – Ela balançou a cabeça com um sorriso gigante no rosto, coloquei o livro no banco de trás.
- Chegamos, sis! – Ela alertou alegremente estacionando o carro, sorri de sua animação.

Passamos pela revista básica, o segurança conferiu os nomes e nos deu a pulseira com passe vip para o camarote. Entramos, e sinceramente o lugar era fantástico, tinha uma pista de dança enorme, o bar com muita variedade de bebidas, me lembrando que assim que me acomodasse correria pra lá, já que a balada era open bar, banheiro em locais estratégicos, ao fundo tinha o DJ que tocava animadamente para as pessoas que se acabavam na pista. Sorriu abertamente, fazia muito tempo que não vinha para balada. Minha amiga nos conduzia para o camarote, onde havia uma mesa reservada para ela e seus convidados. Cumprimentamos alguns convidados que haviam chegado e minha amiga dividia a atenção com eles. Puxei meu celular e não havia nenhuma mensagem dele. Bufei frustrada, eu não o chamaria no whats, eu era orgulhosa demais.
Vi Maite chegar, sorri feliz demais, como eu estava com saudades dela. Nos abraçamos.

- Como você está linda! – Eu a elogiei. Ela estava com um vestidinho florido e rodado. Nos cabelos, um rabo de cavalo alto, sua franja jogada levemente para o lado, um batom nude, cílios bem alongados. No pé, uma melissa de salto. Simples, mas linda.
- Você também não está nada mal. – Ela piscou levemente.

Ela cumprimentou , lhe entregando seu presente de aniversário, falou com os amigos dela. Maite me chamou para descer com ela para o bar, aceitei sem pensar duas vezes. Gesticulei para lhe avisando que desceria, ela meneou a cabeça levemente em concordância.
Chegamos ao bar, nos olhamos e pedimos tequila, porque tequila era tequila, né? O barman logo nos atendeu, pegamos sal, limão e finalmente abrimos os trabalhos da noite. A tequila desceu queimando tudo, como sempre. Logo pedi mais uma, e Maite me acompanhou, rimos e fizemos mais uma vez o ritual.

- , você terminou o namoro? – Maite me perguntou curiosa, já levemente alterada.
- Nops, ele não pode vir, tinha o aniversário de casamento de cinquenta anos dos seus avós. – Sorri forçadamente.
- Por que eu sinto que tem algo a mais nessa história? – Quando ia respondê-la, apareceu me abraçando de lado.
- Minhas meninas já começaram os trabalhos sem mim? – Fez biquinho, achei a coisa mais fofa. – Eu quero tequila, também. – Rimos. Já estava sentindo minha cabeça um pouco pesada.
- Barman, traz mais três tequilas, por favor. Hoje é o aniversário da nossa amiga aqui. – Maite apontou pra , sabia que ela já estava bem mal, ela sempre foi fraca pra bebidas.
Logo ele nos trouxe os drinks e novamente fizemos o ritual rindo levemente da careta de . Àquela noite seria muito louca.

***

Já estava muito alterada, eu tinha bebido demais e o pior de tudo era que eu tinha misturado as coisas: tequila, espanhola, caipirinha (uma bebida brasileira maravilhosa) e Skol Beats. Com certeza amanhã estaria com uma ressaca daquelas, mas sinceramente, eu não me importava com isso, naquele momento tudo o que eu queria era dançar.

- Gente, vamos dançar? – As chamei e logo elas assentiram me acompanhando.

Decidi puxar um espelhinho da bolsa para retocar meu batom vermelho enquanto caminhava para a pista. Tocava uma música eletrônica, quando começamos a dançar, eu já estava bem crazy então comecei a sensualizar, logo as meninas me imitaram, Maite quase foi ao chão e e eu quase passamos mal de tanto rir. Nós estávamos muito mal mesmo. Alguns caras chegaram nas meninas, elas começaram a dançar com eles e eu percebi que estava sobrando ali.

This was never the way I planned
(Isso nunca foi como eu planejei)
Not my intention
(Não era minha intenção)
I got so brave, drink in hand
(Eu fiquei tão corajosa, bebida na mão)
Lost my discretion
(Perdi minha discrição)

Alguns caras também se aproximaram de mim, mas eu não os queria, ninguém me interessava.
Continuei dançando quando eu me senti sendo observada, procurei até que eu a vi. Ela me olhava com cara de quem aprovava o que via, eu simplesmente pisquei para ela e continuei dançando sensualmente, eu passava a mão por todo o meu corpo. Com certeza a bebida tinha me deixado mais corajosa.

It's not what I'm used to
(Não é o que eu estou acostumada a fazer)
Just wanna try you on
(Só quero te experimentar)
I'm curious for you
(Eu estou curiosa sobre você)
caught my attention
(Atraiu minha atenção)

Aquilo foi repentinamente estranho, mas eu havia me interessado por alguém naquela noite, porém fugia de todos os padrões de pessoas que eu já fiquei em toda a minha vida. Eu nunca havia ficado com mulheres, mas aquela tinha algo que me instigava, eu queria experimentá-la de todas as maneiras possíveis.
Tomei coragem e fiz sinal com as mãos para que ela se aproximasse, logo ela veio graciosamente. Eu a olhava com expectativa e curiosidade, o que ela tinha que a diferenciava das outras mulheres? Afinal, nenhuma outra havia despertado minha atenção durante os meus 23 anos.
Finalmente ela havia chegado até mim. Peguei em sua cintura e começamos a dançar de forma muito sensual, ela passou a mão em minha cintura também, mas foi descendo até parar em minha bunda e a apertou levemente, sorrindo de forma safada. Eu simplesmente pisquei para ela, aprovando seu gesto.
Eu olhei para seus cabelos pretos, tão pretos que pareciam meio azulados, seu cabelo era lindo.
Olhei para seu rosto começando pelos seus olhos castanhos claros, descendo pelo seu nariz arrebitado, parando em sua boca. Meu Deus, que boca era aquela? Os lábios dela se assemelhavam aos de Angelina Jolie, e tudo o que eu queria era experimentá-los. Quando eu percebi estava me aproximando de seu rosto, ela também estava bem próxima e não tirava os olhos de minha boca.
Faltavam milímetros para que nos beijássemos, minha respiração estava descompassada, assim como a dela. Enfim, ela tomou a iniciativa e acabou com o espaço que nos separava, encostando nossas bocas.

I kissed a girl and I liked it
(Eu beijei uma garota e gostei disso)
The taste of her cherry chapstick
(Do gosto do brilho labial de cereja dela)
I kissed a girl just to try it
(Eu beijei uma garota só para experimentar)
I hope my boyfriend don't mind it
(Espero que meu namorado não se importe)

A principio só tínhamos encostando nossas bocas, mas eu a senti contornar meus lábios com sua língua, pedindo passagem, que eu logo dei. Começamos a movimentar nossas bocas de forma sincronizada, ela explorava cada canto de minha boca de forma experiente, eu só a correspondia com fervura. Senti suas mãos apertarem levemente os meus seios, logo após ela as desceu para a minha bunda também a apertando levemente. Eu só queria que o mundo girasse devagar para manter ampliada essas sensações que ela me proporcionava.
Seu brilho labial de cereja tornava esse beijo totalmente diferente de tudo o que eu havia experimentando. O choque inicial que havia me deixado paralisada havia passado, pois eu comecei a também explorar o seu corpo com minhas mãos, tentei me aproximar mais ainda dela, se é que isso era possível, passando a mão por sua cintura, descendo para sua bunda e subindo para seus cabelos o puxando com um pouco de força.
Em um lapso de consciência lembrei-me de , meu Deus, o que ele acharia disso? Afinal, eu estava o traindo com uma garota. De verdade, eu espero que ele não se importe, ou sinceramente, que ele nunca saiba.

It felt so wrong, it felt so right
(Pareceu tão errado, pareceu tão certo)
Don't mean I'm in love tonight
(Não significa que estou apaixonada essa noite)
I kissed a girl and I liked it
(Eu beijei uma garota e gostei disso)
I liked it
(Eu gostei disso)

Nos separamos por falta de ar. Olhei para ela dos pés a cabeça, e ela era extremamente linda, ela usava uma calça jeans justa de cintura alta, um cropped preto e branco e pra fechar, um scarpin de ponta arredondada preto. Voltei meus olhos para seu rosto e ela me olhava de forma desejosa e respirava de forma ofegante, olhei para sua boca e estava toda borrada com meu batom vermelho, com certeza minha boca não deveria estar diferente. Ela mordeu seus lábios de forma provocante, não resisti e a beijei de novo.
Aquilo de todas as formas me pareceu muito errado, afinal de contas, eu estava traindo , mas ao mesmo tempo era certo, eu queria beijá-la, eu queria tê-la em meus braços.
Definitivamente eu não estava apaixonada, pois meus sentimentos por estavam lá, intocados dentro do meu coração, a verdade era que eu queria curtir àquela noite, e ela me pareceu à companhia certa para isso.
Agora, o beijo era mais calmo, não tínhamos mais tanta pressa, nossas línguas brincavam, às vezes eu puxava sua língua levemente. Minhas mãos não sabiam onde ficar, seu corpo era perfeito demais, acabei dessa vez as deixando em sua bunda, onde eu a apertava de uma forma bruta.
Eu estava beijando uma garota, e eu estava gostando muito disso!

No, I don't even know your name
(Não, eu nem ao menos sei seu nome)
It doesn't matter
(Isso não importa)
You're my experimental game
(Você é meu jogo experimental)
Just human nature
(Apenas natureza humana)

Enquanto nos beijávamos, eu me lembrei que não tinha sequer escutado sua voz, e muito menos sabia o seu nome. E, sinceramente? Eu realmente não queria saber, aquilo não importava de fato, as coisas estavam perfeitas do jeito que estavam. Nós tínhamos química e isso, sim, importava.
Ela explorava o meu corpo de uma forma totalmente nova, eu estava acostumada com as mãos grandes e calejadas de , ao contrário das dela, que eram delicadas e tinham unhas extremamente grandes, que ora me arranhavam, ora me apertavam.
Com certeza aquilo me deixaria marcada, de todas as formas possíveis.

It's not what good girls do
(Não é o que boas garotas fazem)
Not how they should behave
(Não é como elas devem se comportar)
My head gets so confused
(Minha cabeça fica tão confusa)
Hard to obey
(Difícil de obedecer)

Respirações ofegantes e descabeladas, paramos de nos beijar. A conduzi para uma parede próxima de onde estávamos e a joguei bruscamente, ela deu um gritinho surpresa e eu sorri.
Diminui nossa distância e voltamos a nos beijar.
Eu estava em um dilema, aquilo não era certo, boas garotas não o fazem, correto? Boas garotas não traem, definitivamente elas não se comportam dessa forma. Mas eu não queria parar, aquilo era incontrolável, eu precisava demais.

Us girls we are so magical
(Nós garotas somos tão mágicas)
Soft skin, red lips, so kissable
(Pele macia, lábios vermelhos, tão bom de beijar)
Hard to resist so touchable
(Difícil de resistir, tão gostosos de tocar)
Too good to deny it
(Bom demais para ser negado)
Ain't no big deal, it's innocent
(Não é grande coisa, é inocente

Aquele momento era mágico. Sem dúvidas, aquela boca era perfeita demais, seus lábios eram convidativos, tão beijáveis, sua pele exalava uma fragrância levemente adocicada, tinha uma mistura de morango com chocolate, aquilo, definitivamente, me deixava extasiada. Mulheres, ao contrário dos homens, eram criaturas extremamente delicadas.

I kissed a girl and I liked it
(Eu beijei uma garota e gostei disso)
The taste of her cherry chapstick
(Do gosto do brilho labial de cereja dela)
I kissed a girl just to try it
(Eu beijei uma garota só para experimentar)
I hope my boyfriend don't mind it
(Espero que meu namorado não se importe)
It felt so wrong, it felt so right
(Pareceu tão errado, pareceu tão certo)
Don’t mean I'm in love tonight
(Não significa que estou apaixonada essa noite)
I kissed a girl and I liked it
(Eu beijei uma garota e gostei disso)
I liked it
(Eu gostei disso)

Ainda nos beijávamos, dessa vez quem estava encurralada na parede era eu. Decidi quebrar o beijo, me aproximei de seu ouvido direito e sussurrei uma frase de uma música que eu me lembrei e achava que se encaixava perfeitamente para o momento.

- I kissed a girl and I liked i, I liked it.

Ela sorriu em entendimento, acariciou meu rosto e me beijou novamente. Aquilo não tinha hora para acabar.

***

Escutei um barulho ao longe, eu não sabia de onde vinha, só percebia que ele ficava cada vez mais alto, e mais alto. Acabei acordando com meu celular tocando.
Eu não conseguia abrir meus olhos, minhas pálpebras estavam muito pesadas, uma dor de cabeça insuportável. Eu definitivamente bebi além da conta. Lembrem-me de nunca mais tomar um porre desses, por favor!
Finalmente abri meus olhos, e de primeira me bateu um desespero porque eu não reconhecia aquele local. Examinando minuciosamente, eu percebi que estava no apartamento de . A vi jogada de qualquer jeito em sua cama, Maite estava no tapete felpudo que tinha na sala e eu estava no sofá. Sentei-me e, cara, que dor de cabeça era aquela? Fui sentindo um enjoo repentino e só deu tempo de correr para o banheiro e colocar tudo o que eu havia bebido ontem para fora. Lavei meu rosto e minha boca que estava com gosto de ressaca e me olhei no espelho. Meu Deus, eu estava horrível, meu cabelo lembrava um ninho de passarinho, decidi fazer um coque nele, era a melhor solução. Parecia que tinha levado dois socos na cara, pois meu delineador estava todo machado, existiam também alguns arranhões pelos meus braços, parecia que eu tinha brigado com gatos, mas que gatos?
Novamente meu celular começou a tocar, corri para a sala e o achei jogado de baixo do sapato da Maite, nem olhei quem era e já atendi:

- , onde você está? – Reconheci a voz de imediato. Era .
- Bom dia pra você também! – O respondi com a voz bem fraquinha, porém irônica. Minha cabeça ia explodir, fui para cozinha procurar uma aspirina.
- ... – Suspirou. – Eu já cheguei em casa, não te encontrei, liguei pra você por mais de dez vezes, você não atendia. Estou preocupado e...
- Espera, você já está em New York? Oh, meu Deus! Que horas são? – O perguntei. Finalmente eu havia achado a aspirina e já a tomava com um copo de água.
- Você e essa mania de me interromper. – Rolei os olhos, qual é? Ele era muito detalhista, falava demais, já eu, sempre fui muito objetiva. - Sim, eu já cheguei. São exatamente 17h34min. – Dei um pulo com sua resposta já procurando minhas coisas para dar o fora dali, dando de cara com com uma cara mais amassada do que a minha. Balbuciou algo incompressível e se dirigiu ao banheiro. – Você bebeu demais, né, chatinha? Tá na casa da ?
- Sim... – Percebi que ele já não estava mais com raiva de mim, e de verdade nem eu estava dele.
- To indo agora te buscar. – E desligou, nem me dando oportunidade de respondê-lo.

Joguei meu celular na mesa e procurei algo pra eu comer, eu estava morrendo de fome. saiu mais apresentável de dentro do banheiro, eu sorri levemente, lhe entregando a aspirina junto com a água. Ela me agradeceu com um gesto de cabeça.
Acabei achando um pacote de bolachas, e comecei a devorá-lo.

- Desde quando você é bissexual, ? – quebrou o silêncio com uma pergunta que me pegou. – Foi um sacrifício pra te fazer desgrudar daquela menina.

Engasguei. Como assim eu era bissexual? Foi como uma avalanche, minha cabeça começou a doer novamente, vinham flashs da noite passada, e dentre todos eles, eu realmente beijava uma garota. Oh, meu Deus, eu beijei uma garota! Oh, meu Deus eu trai o !

- Eu... – Eu não era bissexual, eu nunca havia me interessado por mulheres até àquela noite. – Eu... – Ou era? Não, eu amava o . – Não, . Continuo hétero. – E se eu fosse? Eu continuaria amando o de qualquer jeito.

Ela suspirou, passando as mãos na cabeça.

- O que você vai fazer com ? – Bingo, ela fez a pergunta premiada. Nem eu sabia o que faria com .

Se eu contasse, com toda a certeza não me perdoaria, mesmo ficando com uma mulher e não passando de beijos, aquilo foi uma traição. Eu o amava, não jogaria o nosso relacionamento fora. Eu já tinha a resposta:

- Não, sis. Não posso e não vou destruir meu relacionamento por isso.
- Tem certeza, talvez, se você contasse, ele não ficaria bravo... Tem homens que tem fetiche e tal...
- Não, ele não aceitaria. – Suspirei. – Eu o amo, ontem não significou nada, eu gostei, foi uma sensação diferente, mas só isso. Maite viu algo? – Perguntei alarmada.
- Não, só eu sei. – Respirei aliviada. – Ela estava muito mal, não lembra nem o que fez ontem.
- ? – A chamei aflita. Ela me olhou.
- Sim?
- Você promete não contar a ninguém sobre o que aconteceu ontem?
- Mesmo eu não sendo à favor disso, seu segredo está seguro comigo. Eu prometo.
- Promete pela sua vida? – Eu estava desesperada, nunca poderia abrir a boca para o .
- Nossa, , que drama... Eu prometo pela minha vida, satisfeita? – Respirei aliviada.

Ouvimos a campainha tocar, corri para atender sabendo que era ele. Abri a porta e me joguei em seus braços, como a culpa faz a gente se sentir de forma estranha, enterrei meu rosto em seu peito sentindo seu perfume, levantei meu rosto e nos beijamos, o beijo dele era completamente diferente do dela, era mais bruto, mais forte e... Sem comparações, . Ele sorriu docemente.

- Vou viajar todos os dias para ser recepcionado assim. – Nós rimos juntos. – Oi, ! – Minha amiga acenou levemente para ele. – Vamos? – Eu concordei com a cabeça, despedi-me de , e dei um beijinho em Maite, que ainda estava adormecida, e fomos.

Entramos no carro e me questionou:

- Como foi o aniversário da ? – O olhei de lado, sua expressão era tranquila, ele mantinha sua atenção ao trânsito.
- Foi legal, reencontrei a Maite, e alguns amigos dela, bebemos muita tequila. Estou a cara da riqueza, agora. – Sorri levemente enquanto me analisava com olhos de águia. – Não, , eu não te trai com nenhum cara. – Ele olhava para minha expressão procurando resquícios de mentira, virou para frente e somente sorriu, batucando feliz o volante.

De fato, eu realmente não tinha o traído com um cara. Eu estava saindo pior que a encomenda.

- Eu quero te pedir desculpas, eu errei, não tinha quer ter desconfiado de você, você nunca me deu motivos pra isso, e nada justifica minha atitude. Não deveria também ter saído da forma que sai de casa ontem. Me perdoa? – estava com carinha de cachorrinho, nem seu eu quisesse, eu resistiria. Sem contar, que infelizmente suas desconfianças tinham fundamento.
- Claro que te perdoo. Também peço desculpas pelo meu comportamento ontem. – colocou uma de suas mãos em minha coxa e apertou levemente, apertei sua mão.
– Assunto encerrado. – Ele sorriu, tirando a mão de minha coxa para mudar de marcha.

Decidi que por hora não contaria sobre o que realmente aconteceu na noite de ontem, era a decisão mais sensata. nunca me perdoaria. Eu não quero e não devo destruir meu relacionamento com ele por isso, foi só uma vez e não vai mais acontecer, né?
Mas de uma coisa eu tinha certeza, eu não me arrependo de nada do que havia feito ontem, aquilo foi incrível e mesmo bêbada, seus beijos estavam gravados em minha mente. Encostei minha cabeça no encosto do banco, passei minhas mãos em meus lábios enquanto sorria abertamente com meus pensamentos, eu realmente tinha beijado uma garota, e diferente de tudo o que pensava, eu tinha amado!

FIM



Nota da autora: (10/03/2017) Sem nota.




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