Capítulo Único
O clima gelado, proporcionado pelo outono, obrigou que eles usassem roupas quentes e pesadas a fim de esquentarem os corpos. Mas apesar do vento forte, que judiava das árvores ali em volta, espalhando as folhas secas pelas ruas, o dia estava bonito. O sol brilhava tão forte no céu, livre de nuvens, que poderia facilmente enganar um desavisado que olhasse pela janela sem, contudo, olhar para a marcação da temperatura no celular.
Jongdae havia escolhido um casaco grande, largo e quente. Opções não lhe faltavam, afinal, não era como se o rapaz tivesse colocado muitas opções de roupas na mala — para onde estava indo, ele não precisaria se preocupar com o guarda-roupa pessoal.
Por um momento ele se arrependeu do que estava fazendo. Quer dizer, depois de tanto tempo e de todos os esforços que tivera para se manter afastado da mídia e das redes sociais, era natural que se sentisse inseguro quanto àquela reunião. Não com o encontro em si — Jongdae não via a hora de rever seus amigos, de estarem todos juntos ou, pelo menos, quase todos juntos, uma última vez antes de iniciar o novo capítulo da sua vida — mas com o que ele sabia que viria a seguir.
— Tire o boné, Jongdae.
— Nós queremos ver.
— Eu não quero. — ele disse, meio rindo, andando para trás, tentando se afastar dos amigos.
Sehun e Baekhyun estavam com as mãos erguidas, ambos tentavam tirar o boné que o rapaz usava. O objetivo era muito simples, queriam expor os seus, agora, cabelos curtos, recém raspados, deixando apenas que as pontinhas dos fios emergissem do couro cabeludo.
Baekhyun avançou e tentou segurar a aba do boné de Jongdae, mas como se estivessem em um jogo de pega-pega, o mais novo deu um pulo para trás, fugindo de Baek. Sehun foi mais baixo. Sabendo que não teria chances contra Jongdae, começou a fazer cosquinhas no amigo, o que apenas serviu para lhe arrancar risadas.
Chanyeol estava ali perto, rindo dos amigos, sem se intrometer nas investidas deles contra Jongdae. Sabia que no momento em que ele erguesse o braço, sendo o mais alto de todo o grupo, sem o mínimo esforço, conseguiria lhe arrancar o boné. E ele não queria acabar com a brincadeira, não ainda. O clima estava estava gostoso, divertido, e Chanyeol queria prorrogá-lo o máximo possível antes que do momento da despedida, o motivo pelo qual haviam se reunido após tanto tempo, chegasse.
Junmyeon era o único que não participava da brincadeira. Apesar de sorrir caloroso, saudoso, ele precisava cumprir seu papel ali. E assumindo a postura de responsável do grupo, com um suspiro, interrompeu as risadas dos amigos.
— Pessoal, precisamos nos apressar. O ônibus do Jongdae vai sair em breve, ele não se atrasar.
O riso foi diminuindo aos poucos até cessar completamente. Havia chegado o momento.
A passos pesarosos, Baekhyun e Sehun caminharam para onde Junmyeon estava. Chanyeol também deu os poucos passos que o separava dos amigos, deixando apenas um espaço, no centro da reunião para Jongdae.
— Tire logo esse boné velho, Jongdae. — Junmyeon falou usando um tom mais autoritário, não dando margens para negativa. Mas o mais novo, ainda assim, protestou.
— Ah, mas eu não que...
Mal teve tempo para terminar de falar.
Em um movimento rápido, Chanyeol esticou o braço por trás do corpo do amigo e puxou a peça de roupa, mal dando a ele tempo de reagir. Os amigos começaram a rir, caçoando a falta de cabelos de Jongdae, os fios recém cortados, completamente aparados.
Ainda aos risos, todos levaram a mão até a cabeça dele. Respeitando a tradição criada pelo grupo quando o primeiro membro se alistou no exército, os meninos olharam para a frente, sorrindo, onde um celular era apontado para eles. Ainda rindo, eles ouviram o som da primeira foto sendo tirada.
— Mais uma, meninos!
A segunda foto foi registrada, e então a terceira. A partir daí, Jongdae passou a tentar recuperar seu boné, sendo impedido por Chanyeol que o levantou o mais alto que seu braço comprido permitiu, o que acabou gerando protestos do mais velho e risos dos outros membros.
Era sempre assim quando estavam juntos, não importava o motivo e nem nem quando se reuniam, eles sempre acabavam se divertindo. Mas ali, naquela tarde ensolarada de outono, apesar da algazarra feita pelos cinco rapazes e de suas risadas escandalosas, o que chamou a atenção foi um som diferente de todos os que eles estavam habituados a ouvir. Um som baixinho, estridente. O tipo de som que pararia qualquer coisa, qualquer reunião, mesmo que essa reunião fosse a de cinco melhores amigos que não se viam há muito tempo.
— Oh, Jongdae, a mini você acordou! — Baekhyun comentou.
Ali, a apenas alguns metros deles, Yerin ria com a bagunça que via à sua frente. A pequena não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que se seu papai estava rindo, era porque se tratava de algo engraçado. E, bem, não era exatamente difícil distrair Yerin — Jongdae acabou percebendo isso eventualmente.
Com um sorriso no rosto, ele caminhou até a filha. Estendeu os braços para ela e a bebê logo se jogou no colo do pai. Jongdae a aninhou no peito como aprendera a fazer nos últimos meses e admirou aquele ser humaninho que o olhava de volta com os olhos brilhando.
Yerin era a principal responsável pelas noites mal dormidas de Jongdae e, consequentemente, pelas olheiras embaixo dos olhos do rapaz. Também era a responsável pela mudança brusca de rotina que ele precisou ter nos últimos meses, afinal de contas, cuidar de uma recém nascida não era tarefa fácil e Jongdae precisou aprender a ser papai ao tempo em que Yerin aprendia a ser sua filha.
— Oh, ela é a sua cara, Jongdae! — Sehun comentou atrás dele.
— E, de alguma forma, ainda assim, ela é linda. — Chanyeol falou, recebendo como resposta as risadinhas dos amigos e um olhar atravessado de Jongdae.
O rapaz voltou a olhar para a pequena nos seus braços. A atenção dela, contudo, agora estava dividida entre os rapazes que estavam à sua volta, fascinada em receber atenção, saudosa em poder rever aqueles rapazes que, outrora, fora ensinada a chamar de “titios”. Não que Yerin soubesse o significado da palavra. Na verdade, ela ainda era muito nova para saber o significado da maioria das palavras que ouvia, mas Jongdae sabia que, assim que ela começasse a pronunciar suas primeiras palavras, os amigos fariam questão de estarem por perto para ensiná-la a chamarem por eles.
Baekhyun fez alguma careta que Jongdae não viu, mas que não passou despercebida por Yerin, e isso foi o bastante para arrancar mais uma deliciosa gargalhada da pequena. E aquilo foi o bastante para esquentar o coração de Jongdae. Se ele pudesse escolher voltar no tempo, voltar um ano no passado, o rapaz, definitivamente, escolheria fazer tudo igual, apenas para ter o prazer de ter nos seus braços a pessoa que lhe ensinou o significado de amor incondicional, a mesma pessoa que lhe apresentou o seu som favorito no mundo todo.
Ouvir Yerin rir era contagiante, era impossível não rir junto, e prova disso era o fato de que todos os amigos, até mesmo Junmyeon, que estava mais quieto que o normal, estava rindo junto da garota.
E sim, sua filha era realmente linda. Mesmo que ela parecesse consigo, tivesse seus olhos e seu nariz, era o sorriso o seu maior traço característico, traço este que Yerin — Jongdae dava graças a deus a isso — não herdara dele.
— Ela é linda porque puxou à mãe dela.
Os quatro rapazes soltaram um sonoro e “woooow” e levaram as mãos à cabeça e aos ombros de Jongdae, na clara intenção de deixá-lo sem graça pela declaração feita, mas é claro que não tiveram muito sucesso nisso.
estava acostumada a ouvir as declarações de Jongdae, declarações estas que vinham sem aviso, em qualquer momento do dia. Elas já eram comuns no tempo de namoro do casal e acabaram se intensificando quando a mulher anunciou a gravidez. Jongdae era do tipo que gostava de se fazer presente, de reforçar seu sentimento de carinho e admiração. Não poupava palavras de afeto e de amor para com a, agora, esposa. E, bem, se antes ele tinha uma mulher perfeita em sua vida, agora ele podia afirmar que tinha duas mulheres incríveis, e Jongdae nunca se cansaria de gritar aos quatro ventos o quão sortudo era por tê-las ao seu lado.
ainda segurava o celular com que tirou as fotos dos meninos segundos atrás. Prometeu que enviaria a eles assim que possível, assim como o vídeo de Yerin dizendo suas primeiras palavras, vídeo este que havia gravado no último final de semana.
— Jongdae gosta de acreditar que Yerin estava tentando dizer o nome dele, mas eu acho que ela apenas estava repetindo os sons que ouviu na televisão. — comentou.
— Ela estava assistindo a alguma entrevista minha? — Jongdae perguntou.
— Não, meu amor, ela estava vendo um comercial brinquedos.
Os meninos voltaram a rir da situação, tentando decidir qual nome, entre os deles, seria mais fácil para Yerin pronunciar.
— Baekhyun, o seu vai ser o último que ela vai aprender. — Chanyeol disse.
— Ei!
— O meu vai ser o meu fácil, não tem segredo nenhum. — Sehun disse confiante. — Yerin, olhe para mim, olhe aqui. Diga, Sehun. Devagar, vamos… Sehun…
Mas Yerin apenas continuou encarando o titio Sehun com os olhos confusos e a boca aberta, sem entender realmente o que ele estava dizendo. De qualquer forma, ter todos os amigos do papai em volta dela, prestando atenção nela e disputando a sua atenção era o suficiente para fazer com Yerin se sentisse feliz o bastante para soltar outra de suas gargalhadas gostosas, levando todos os presentes a rirem também, ainda que ninguém entendesse o porquê.
Mas o motivo para o riso — ainda que o motivo, em si, fosse apenas porque estavam juntos — precisava chegar ao fim. E o fim estava mais próximo do que eles imaginaram.
— Jongdae, está na hora.
O aviso veio de um soldado. Este estava mais afastado do grupo, dando tempo para que eles se despedisse como mereciam. Mas o tempo de Jongdae estava chegando ao fim, e ele precisava levar idol para a concentração dos novos alistados em alguns minutos.
O momento da despedida, então, finalmente chegara.
— Bem, acho que devemos começar a nos despedir então. — ele disse para os amigos. E apesar da sua frase ter soado triste, Jongdae carregava um sorriso corajoso no rosto, ainda que este sorriso não refletisse em nada os sentimentos que lhe dominavam o peito.
Mas ele tinha que ser forte. Afinal de contas, Jongdae sempre soube que aquele dia chegaria uma hora ou outra. Todo homem coreano tinha o dever cívico de se alistar no exército e prestar serviços para o país em algum momento da vida, e Jongdae estava vivendo o seu.
A verdade era que o homem não se importava em ter que ficar fora dos palcos por algum tempo, cortar o cabelo e passar a usar roupa camuflada pelos próximos dois anos. Quer dizer, era uma honra ir para o exército, aquilo era certo. Só que Jongdae nunca imaginou que quando o seu momento de partida chegasse ele tivesse que deixar para trás não apenas o seu grupo e seus amigos, mas também sua filha. E ele, definitivamente, não estava preparado para deixar Yerin.
Depois de receber alguns abraços meio sem jeito e tapinhas nas costas, Jongdae deu as costas para os rapazes e se voltou para que, como ele, estava forte. Apesar de temerosa e sensível com a despedida, se esforçava para segurar as lágrimas. tinha que ser forte por Jongdae, da mesma forma que ele estava dando tudo de si para se manter forte por e Yerin.
— Não quero deixar vocês. — ele confessou baixinho, de modo que apenas escutasse.
A mulher precisou respirar fundo, os olhos, agora, ardendo mais forte.
— Você não vai nos deixar, apenas… Apenas vai trabalhar. E é temporário, você nem vai ver o tempo passar.
Jongdae automaticamente olhou para Yerin, ainda em seus braços, que prestava atenção na conversa dos pais. A pequena ainda não havia completado um ano, mas Jongdae se lembrava do dia do seu nascimento como se fosse hoje. A ansiedade, os preparativos, o embrulho no estômago, o medo de não ser bom o bastante para ela ao tempo em que tinha certeza que seria a melhor mãe do mundo. Ainda assim, o tempo havia passado tão rápido, mas tão rápido, que ele se perguntava por quanto tempo havia dormido.
Sua bebê já não era mais uma recém nascida e, antes de começar a se preparar para ir para o exército, Jongdae estava ajudando a decidir os detalhes para o aniversário de um ano de Yerin.
— Além disso, você vai poder nos visitar sempre que tiver uma folga. E nós também vamos te visitar sempre que for permitido. — continuou tentando se manter positiva. — Vai dar tudo certo.
Jongdae olhou para a esposa e sorriu. Um sorriso triste porque sabia que sim, tudo daria certo, tudo ficaria bem, mas ele não estaria por perto. teria que se virar sozinha, teria que lidar com Yerin sem o apoio dele. Mais do que isso, Jongdae perderia momentos importantes do crescimento da filha e isso o chateava.
— Fico preocupado com você, . Não quero que fique sozinha.
A mulher sorriu doce e levou a mão à nuca dele, fazendo um carinho ali.
— Não vou ficar sozinha. Yerin estará comigo, seremos uma a companhia da outra.
Ele suspirou.
— Não gosto da ideia de deixar vocês…
estava pronta para garantir ao marido que tudo ficaria bem, para deixá-lo confortável com a sua viagem, quando foi interrompida. Eles nem tinham percebido que a conversava particular do casal estava sendo ouvida pelo grupinho atrás deles.
— Não se preocupe, Jongdae, nós vamos cuidar delas. — Sehun garantiu com a voz confiante. — Qualquer coisa de precisarem, estaremos a postos.
Jongdae virou-se para Sehun com os olhos cerrados.
— Sehun, você não faz ideia de como se cuida de um bebê.
— É verdade, eu não sei. Mas o Kai sabe, ele tem sobrinhos. E Baekhyun adora crianças, então não se preocupe. Além disso, prometo que vou supervisioná-los o tempo todo, nada de mal vai acontecer com Yerin.
Jongdae soltou uma risada.
— Você vai garantir a segurança da minha filha?
— Ah, eu não. vai garantir a segurança dela. Eu apenas vou ficar de olho e continuar indo almoçar todas as sextas-feiras na sua casa.
— Ah, boa ideia. — Chanyeol comentou. — Estávamos falando sobre isso mais cedo. , podemos continuar indo na sua casa mesmo com Jongdae no exército?
— Ei…!
— Mas é claro que podem, Yerin vai ficar feliz de continuar vendo a casa cheia.
— Vocês são inacreditáveis! — Jongdae falou rindo, ignorando o fato que os amigos passaram a falar sobre os planos para a próxima semana, quando iriam para a casa dele, mesmo que ele estivesse ausente. E por ter sido facilmente esquecido pelo grupo atrás dele, Jongdae voltou-se para a esposa que agora sorria mais leve e realmente confiante.
E então ele percebeu que, de fato, tudo ficaria bem.
Até porque ele teria suas folgas no exército e faria questão de usar cada uma delas para passar o dia em casa com a sua família. As coisas não seriam como antes, mas eles dariam um jeito, eles sempre davam um jeito.
— Eu vou voltar, você sabe, não é?
— Eu sei. — ela o abraçou. — Nós sabemos.
ficou na ponta dos pés e encostou os lábios nos de Jongdae, dando-lhe um beijo leve, o último que dariam antes da sua partida — a despedida mesmo, a que levou horas a fio, eles haviam feito na noite passada depois que Yerin caíra no sono.
— Ei, tem crianças aqui! — Baekhyun gritou atrás deles.
— Vocês deviam fazer isso em outro lugar! — Chanyeol acompanhou o amigo nas provocações.
Junmyeon foi até o casal, estendeu os braços para Yerin e a trouxe para si, dando a Jongdae e a oportunidade de se abraçarem uma última vez. Ou, pelo menos, uma última vez antes de poderem se encontrar novamente.
— Eu vou voltar, . Vou voltar para vocês.
— Eu sei. — ela sorriu. — Nós vamos estar aqui esperando por você, Jongdae.
E ainda segurando as lágrimas que insistiam em não deixar os seus olhos, acenou para o amado que entrava no carro militar, tendo o soldado como motorista, o mesmo soldado que o levaria para a concentração dos novos alistados. Yerin estava no seu colo dessa vez. Tinha sido abraçada e beijada por Jongdae e, mesmo não entendendo o motivo daquilo, ela gostou. Viu o papai entrar em um carro estranho e partir para longe, acenando para ela pelo vidro, momento em que a pequena acenou de volta. Diferente da mamãe, Yerin não estava triste com a partida do papai, afinal de contas, o papai sempre saia de casa para trabalhar, mas, no final, ele sempre voltava para elas.
Jongdae havia escolhido um casaco grande, largo e quente. Opções não lhe faltavam, afinal, não era como se o rapaz tivesse colocado muitas opções de roupas na mala — para onde estava indo, ele não precisaria se preocupar com o guarda-roupa pessoal.
Por um momento ele se arrependeu do que estava fazendo. Quer dizer, depois de tanto tempo e de todos os esforços que tivera para se manter afastado da mídia e das redes sociais, era natural que se sentisse inseguro quanto àquela reunião. Não com o encontro em si — Jongdae não via a hora de rever seus amigos, de estarem todos juntos ou, pelo menos, quase todos juntos, uma última vez antes de iniciar o novo capítulo da sua vida — mas com o que ele sabia que viria a seguir.
— Tire o boné, Jongdae.
— Nós queremos ver.
— Eu não quero. — ele disse, meio rindo, andando para trás, tentando se afastar dos amigos.
Sehun e Baekhyun estavam com as mãos erguidas, ambos tentavam tirar o boné que o rapaz usava. O objetivo era muito simples, queriam expor os seus, agora, cabelos curtos, recém raspados, deixando apenas que as pontinhas dos fios emergissem do couro cabeludo.
Baekhyun avançou e tentou segurar a aba do boné de Jongdae, mas como se estivessem em um jogo de pega-pega, o mais novo deu um pulo para trás, fugindo de Baek. Sehun foi mais baixo. Sabendo que não teria chances contra Jongdae, começou a fazer cosquinhas no amigo, o que apenas serviu para lhe arrancar risadas.
Chanyeol estava ali perto, rindo dos amigos, sem se intrometer nas investidas deles contra Jongdae. Sabia que no momento em que ele erguesse o braço, sendo o mais alto de todo o grupo, sem o mínimo esforço, conseguiria lhe arrancar o boné. E ele não queria acabar com a brincadeira, não ainda. O clima estava estava gostoso, divertido, e Chanyeol queria prorrogá-lo o máximo possível antes que do momento da despedida, o motivo pelo qual haviam se reunido após tanto tempo, chegasse.
Junmyeon era o único que não participava da brincadeira. Apesar de sorrir caloroso, saudoso, ele precisava cumprir seu papel ali. E assumindo a postura de responsável do grupo, com um suspiro, interrompeu as risadas dos amigos.
— Pessoal, precisamos nos apressar. O ônibus do Jongdae vai sair em breve, ele não se atrasar.
O riso foi diminuindo aos poucos até cessar completamente. Havia chegado o momento.
A passos pesarosos, Baekhyun e Sehun caminharam para onde Junmyeon estava. Chanyeol também deu os poucos passos que o separava dos amigos, deixando apenas um espaço, no centro da reunião para Jongdae.
— Tire logo esse boné velho, Jongdae. — Junmyeon falou usando um tom mais autoritário, não dando margens para negativa. Mas o mais novo, ainda assim, protestou.
— Ah, mas eu não que...
Mal teve tempo para terminar de falar.
Em um movimento rápido, Chanyeol esticou o braço por trás do corpo do amigo e puxou a peça de roupa, mal dando a ele tempo de reagir. Os amigos começaram a rir, caçoando a falta de cabelos de Jongdae, os fios recém cortados, completamente aparados.
Ainda aos risos, todos levaram a mão até a cabeça dele. Respeitando a tradição criada pelo grupo quando o primeiro membro se alistou no exército, os meninos olharam para a frente, sorrindo, onde um celular era apontado para eles. Ainda rindo, eles ouviram o som da primeira foto sendo tirada.
— Mais uma, meninos!
A segunda foto foi registrada, e então a terceira. A partir daí, Jongdae passou a tentar recuperar seu boné, sendo impedido por Chanyeol que o levantou o mais alto que seu braço comprido permitiu, o que acabou gerando protestos do mais velho e risos dos outros membros.
Era sempre assim quando estavam juntos, não importava o motivo e nem nem quando se reuniam, eles sempre acabavam se divertindo. Mas ali, naquela tarde ensolarada de outono, apesar da algazarra feita pelos cinco rapazes e de suas risadas escandalosas, o que chamou a atenção foi um som diferente de todos os que eles estavam habituados a ouvir. Um som baixinho, estridente. O tipo de som que pararia qualquer coisa, qualquer reunião, mesmo que essa reunião fosse a de cinco melhores amigos que não se viam há muito tempo.
— Oh, Jongdae, a mini você acordou! — Baekhyun comentou.
Ali, a apenas alguns metros deles, Yerin ria com a bagunça que via à sua frente. A pequena não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que se seu papai estava rindo, era porque se tratava de algo engraçado. E, bem, não era exatamente difícil distrair Yerin — Jongdae acabou percebendo isso eventualmente.
Com um sorriso no rosto, ele caminhou até a filha. Estendeu os braços para ela e a bebê logo se jogou no colo do pai. Jongdae a aninhou no peito como aprendera a fazer nos últimos meses e admirou aquele ser humaninho que o olhava de volta com os olhos brilhando.
Yerin era a principal responsável pelas noites mal dormidas de Jongdae e, consequentemente, pelas olheiras embaixo dos olhos do rapaz. Também era a responsável pela mudança brusca de rotina que ele precisou ter nos últimos meses, afinal de contas, cuidar de uma recém nascida não era tarefa fácil e Jongdae precisou aprender a ser papai ao tempo em que Yerin aprendia a ser sua filha.
— Oh, ela é a sua cara, Jongdae! — Sehun comentou atrás dele.
— E, de alguma forma, ainda assim, ela é linda. — Chanyeol falou, recebendo como resposta as risadinhas dos amigos e um olhar atravessado de Jongdae.
O rapaz voltou a olhar para a pequena nos seus braços. A atenção dela, contudo, agora estava dividida entre os rapazes que estavam à sua volta, fascinada em receber atenção, saudosa em poder rever aqueles rapazes que, outrora, fora ensinada a chamar de “titios”. Não que Yerin soubesse o significado da palavra. Na verdade, ela ainda era muito nova para saber o significado da maioria das palavras que ouvia, mas Jongdae sabia que, assim que ela começasse a pronunciar suas primeiras palavras, os amigos fariam questão de estarem por perto para ensiná-la a chamarem por eles.
Baekhyun fez alguma careta que Jongdae não viu, mas que não passou despercebida por Yerin, e isso foi o bastante para arrancar mais uma deliciosa gargalhada da pequena. E aquilo foi o bastante para esquentar o coração de Jongdae. Se ele pudesse escolher voltar no tempo, voltar um ano no passado, o rapaz, definitivamente, escolheria fazer tudo igual, apenas para ter o prazer de ter nos seus braços a pessoa que lhe ensinou o significado de amor incondicional, a mesma pessoa que lhe apresentou o seu som favorito no mundo todo.
Ouvir Yerin rir era contagiante, era impossível não rir junto, e prova disso era o fato de que todos os amigos, até mesmo Junmyeon, que estava mais quieto que o normal, estava rindo junto da garota.
E sim, sua filha era realmente linda. Mesmo que ela parecesse consigo, tivesse seus olhos e seu nariz, era o sorriso o seu maior traço característico, traço este que Yerin — Jongdae dava graças a deus a isso — não herdara dele.
— Ela é linda porque puxou à mãe dela.
Os quatro rapazes soltaram um sonoro e “woooow” e levaram as mãos à cabeça e aos ombros de Jongdae, na clara intenção de deixá-lo sem graça pela declaração feita, mas é claro que não tiveram muito sucesso nisso.
estava acostumada a ouvir as declarações de Jongdae, declarações estas que vinham sem aviso, em qualquer momento do dia. Elas já eram comuns no tempo de namoro do casal e acabaram se intensificando quando a mulher anunciou a gravidez. Jongdae era do tipo que gostava de se fazer presente, de reforçar seu sentimento de carinho e admiração. Não poupava palavras de afeto e de amor para com a, agora, esposa. E, bem, se antes ele tinha uma mulher perfeita em sua vida, agora ele podia afirmar que tinha duas mulheres incríveis, e Jongdae nunca se cansaria de gritar aos quatro ventos o quão sortudo era por tê-las ao seu lado.
ainda segurava o celular com que tirou as fotos dos meninos segundos atrás. Prometeu que enviaria a eles assim que possível, assim como o vídeo de Yerin dizendo suas primeiras palavras, vídeo este que havia gravado no último final de semana.
— Jongdae gosta de acreditar que Yerin estava tentando dizer o nome dele, mas eu acho que ela apenas estava repetindo os sons que ouviu na televisão. — comentou.
— Ela estava assistindo a alguma entrevista minha? — Jongdae perguntou.
— Não, meu amor, ela estava vendo um comercial brinquedos.
Os meninos voltaram a rir da situação, tentando decidir qual nome, entre os deles, seria mais fácil para Yerin pronunciar.
— Baekhyun, o seu vai ser o último que ela vai aprender. — Chanyeol disse.
— Ei!
— O meu vai ser o meu fácil, não tem segredo nenhum. — Sehun disse confiante. — Yerin, olhe para mim, olhe aqui. Diga, Sehun. Devagar, vamos… Sehun…
Mas Yerin apenas continuou encarando o titio Sehun com os olhos confusos e a boca aberta, sem entender realmente o que ele estava dizendo. De qualquer forma, ter todos os amigos do papai em volta dela, prestando atenção nela e disputando a sua atenção era o suficiente para fazer com Yerin se sentisse feliz o bastante para soltar outra de suas gargalhadas gostosas, levando todos os presentes a rirem também, ainda que ninguém entendesse o porquê.
Mas o motivo para o riso — ainda que o motivo, em si, fosse apenas porque estavam juntos — precisava chegar ao fim. E o fim estava mais próximo do que eles imaginaram.
— Jongdae, está na hora.
O aviso veio de um soldado. Este estava mais afastado do grupo, dando tempo para que eles se despedisse como mereciam. Mas o tempo de Jongdae estava chegando ao fim, e ele precisava levar idol para a concentração dos novos alistados em alguns minutos.
O momento da despedida, então, finalmente chegara.
— Bem, acho que devemos começar a nos despedir então. — ele disse para os amigos. E apesar da sua frase ter soado triste, Jongdae carregava um sorriso corajoso no rosto, ainda que este sorriso não refletisse em nada os sentimentos que lhe dominavam o peito.
Mas ele tinha que ser forte. Afinal de contas, Jongdae sempre soube que aquele dia chegaria uma hora ou outra. Todo homem coreano tinha o dever cívico de se alistar no exército e prestar serviços para o país em algum momento da vida, e Jongdae estava vivendo o seu.
A verdade era que o homem não se importava em ter que ficar fora dos palcos por algum tempo, cortar o cabelo e passar a usar roupa camuflada pelos próximos dois anos. Quer dizer, era uma honra ir para o exército, aquilo era certo. Só que Jongdae nunca imaginou que quando o seu momento de partida chegasse ele tivesse que deixar para trás não apenas o seu grupo e seus amigos, mas também sua filha. E ele, definitivamente, não estava preparado para deixar Yerin.
Depois de receber alguns abraços meio sem jeito e tapinhas nas costas, Jongdae deu as costas para os rapazes e se voltou para que, como ele, estava forte. Apesar de temerosa e sensível com a despedida, se esforçava para segurar as lágrimas. tinha que ser forte por Jongdae, da mesma forma que ele estava dando tudo de si para se manter forte por e Yerin.
— Não quero deixar vocês. — ele confessou baixinho, de modo que apenas escutasse.
A mulher precisou respirar fundo, os olhos, agora, ardendo mais forte.
— Você não vai nos deixar, apenas… Apenas vai trabalhar. E é temporário, você nem vai ver o tempo passar.
Jongdae automaticamente olhou para Yerin, ainda em seus braços, que prestava atenção na conversa dos pais. A pequena ainda não havia completado um ano, mas Jongdae se lembrava do dia do seu nascimento como se fosse hoje. A ansiedade, os preparativos, o embrulho no estômago, o medo de não ser bom o bastante para ela ao tempo em que tinha certeza que seria a melhor mãe do mundo. Ainda assim, o tempo havia passado tão rápido, mas tão rápido, que ele se perguntava por quanto tempo havia dormido.
Sua bebê já não era mais uma recém nascida e, antes de começar a se preparar para ir para o exército, Jongdae estava ajudando a decidir os detalhes para o aniversário de um ano de Yerin.
— Além disso, você vai poder nos visitar sempre que tiver uma folga. E nós também vamos te visitar sempre que for permitido. — continuou tentando se manter positiva. — Vai dar tudo certo.
Jongdae olhou para a esposa e sorriu. Um sorriso triste porque sabia que sim, tudo daria certo, tudo ficaria bem, mas ele não estaria por perto. teria que se virar sozinha, teria que lidar com Yerin sem o apoio dele. Mais do que isso, Jongdae perderia momentos importantes do crescimento da filha e isso o chateava.
— Fico preocupado com você, . Não quero que fique sozinha.
A mulher sorriu doce e levou a mão à nuca dele, fazendo um carinho ali.
— Não vou ficar sozinha. Yerin estará comigo, seremos uma a companhia da outra.
Ele suspirou.
— Não gosto da ideia de deixar vocês…
estava pronta para garantir ao marido que tudo ficaria bem, para deixá-lo confortável com a sua viagem, quando foi interrompida. Eles nem tinham percebido que a conversava particular do casal estava sendo ouvida pelo grupinho atrás deles.
— Não se preocupe, Jongdae, nós vamos cuidar delas. — Sehun garantiu com a voz confiante. — Qualquer coisa de precisarem, estaremos a postos.
Jongdae virou-se para Sehun com os olhos cerrados.
— Sehun, você não faz ideia de como se cuida de um bebê.
— É verdade, eu não sei. Mas o Kai sabe, ele tem sobrinhos. E Baekhyun adora crianças, então não se preocupe. Além disso, prometo que vou supervisioná-los o tempo todo, nada de mal vai acontecer com Yerin.
Jongdae soltou uma risada.
— Você vai garantir a segurança da minha filha?
— Ah, eu não. vai garantir a segurança dela. Eu apenas vou ficar de olho e continuar indo almoçar todas as sextas-feiras na sua casa.
— Ah, boa ideia. — Chanyeol comentou. — Estávamos falando sobre isso mais cedo. , podemos continuar indo na sua casa mesmo com Jongdae no exército?
— Ei…!
— Mas é claro que podem, Yerin vai ficar feliz de continuar vendo a casa cheia.
— Vocês são inacreditáveis! — Jongdae falou rindo, ignorando o fato que os amigos passaram a falar sobre os planos para a próxima semana, quando iriam para a casa dele, mesmo que ele estivesse ausente. E por ter sido facilmente esquecido pelo grupo atrás dele, Jongdae voltou-se para a esposa que agora sorria mais leve e realmente confiante.
E então ele percebeu que, de fato, tudo ficaria bem.
Até porque ele teria suas folgas no exército e faria questão de usar cada uma delas para passar o dia em casa com a sua família. As coisas não seriam como antes, mas eles dariam um jeito, eles sempre davam um jeito.
— Eu vou voltar, você sabe, não é?
— Eu sei. — ela o abraçou. — Nós sabemos.
ficou na ponta dos pés e encostou os lábios nos de Jongdae, dando-lhe um beijo leve, o último que dariam antes da sua partida — a despedida mesmo, a que levou horas a fio, eles haviam feito na noite passada depois que Yerin caíra no sono.
— Ei, tem crianças aqui! — Baekhyun gritou atrás deles.
— Vocês deviam fazer isso em outro lugar! — Chanyeol acompanhou o amigo nas provocações.
Junmyeon foi até o casal, estendeu os braços para Yerin e a trouxe para si, dando a Jongdae e a oportunidade de se abraçarem uma última vez. Ou, pelo menos, uma última vez antes de poderem se encontrar novamente.
— Eu vou voltar, . Vou voltar para vocês.
— Eu sei. — ela sorriu. — Nós vamos estar aqui esperando por você, Jongdae.
E ainda segurando as lágrimas que insistiam em não deixar os seus olhos, acenou para o amado que entrava no carro militar, tendo o soldado como motorista, o mesmo soldado que o levaria para a concentração dos novos alistados. Yerin estava no seu colo dessa vez. Tinha sido abraçada e beijada por Jongdae e, mesmo não entendendo o motivo daquilo, ela gostou. Viu o papai entrar em um carro estranho e partir para longe, acenando para ela pelo vidro, momento em que a pequena acenou de volta. Diferente da mamãe, Yerin não estava triste com a partida do papai, afinal de contas, o papai sempre saia de casa para trabalhar, mas, no final, ele sempre voltava para elas.
Fim
Nota da autora: Jongdae + baby Jongdae merecem todo o amor do mundo e eu posso provar! Não dava para fazer nada que não fosse muitíssimo soft e amorzinho. A ida dele para o exército foi um dia de choro para as fãs, mas na fanfic a gente deixa a realidade um pouquinho mais leve, haha Espero que tenham gostado! Deixem um comentário cheio de amor, indiquem a fanfic para as amigas e leiam as outras fanfics do Kpop Extreme <3
Outras Fanfics:
Finalizada: Ainda Lembro de Você Em andamento: It’s Always Been You Shortfics: 21 Months ● Accidentally in Love I ● Accidentally in Love II ● Ainda Lembro de Nós ● Another Spellman ● Babá Temporária ● Because of the War ● Café com Chocolate ● Call for You ● Completely in Love ● Elemental ● Give Love a Try ● Little Secret ● Message to You ● Midnight Wind ● My Co-Star ● O Amor da Minha Vida ● O Conto da Sereia ● O Garoto do Metrô ● Reencontro de Natal ● Refrigerante de Cereja ● Rumor ● She Was Pretty ● Sorry Sorry ● Suddenly Love I ● Suddenly Love II ● Welcome to a new word ● When We Met Série 7 First Dates: Terrace Night ● Movie Night ● Show Time ● Surprise Date ● Hot Chocolate Ficstapes: 01. Lullaby ● 02. Cool ● 03. Adore You ● 05. The Man Who Never Lied ● 06. Every Road ● 06. Love Somebody ● 07. Corner of My Mind ● 07. Face ● 09. Those Were The Days ● 09. Who’d Have Known ● <10. Sol Que Faltava ● 10. What If I ● 11. Woke Up in Japan ● 12. Epilogue: Young Forever ● 15. Afterglow ● 15. Does Your Mother Know MVs: MV: Change ● MV: Run & Run ● MV: Hola Hola
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