Capítulo Único
- Mas, oniichan, não quero ir nesse passeio. - Disse para meu irmão, mas ele olhou-me da mesma forma que nosso pai olhava para nos repreender quando pequenos.
- Não irei deixar você sozinha, oneesan - Meu irmão disse e bufei.
Talvez não estejam entendendo muita coisa, mas explico. Estou morando no Japão com meu irmão há uns 8 meses, claro que meu irmão conseguiu fazer amizade na faculdade rapidamente, já eu, não consegui dar ‘Bom Dia’ nem para um professor, imagine para algum colega. Sou a irmã mais velha, mas tenho o costume de chamar meu irmão de oniichan, pois ele tem esse instinto protetor comigo, que é engraçado e fofo. E ele por ser bem mais alto que eu, acaba parecendo que ele é o mais velho e eu a caçula.
Enfim, voltando à minha conversa com meu irmão, ele e os amigos vão sair e ele quer que eu vá junto. Só que tenho alguns motivos para não querer ir: já começou a nevar, estou terminando um trabalho da faculdade e não sou uma pessoa de conversar muito. Para que sair nesse frio, com um trabalho incompleto e sem ninguém para conversar?
Mas meu irmão não pensa dessa forma.
- Já se arrumou, ? - Perguntou do corredor. Olhei para a porta com os olhos semicerrados.
- Não! - E ele apareceu na porta com os braços cruzados.
-Colabora, você não é assim! - Comentou e bufei. Isso é verdade, mas tinha mais um motivo nisso tudo também. Jeon.
-Onii…
- Não, sem manha, apenas se arrume. Prometo que irei ficar pertinho de você e não lhe deixarei sozinha. - O olhei desconfiada, mas me dei por vencida e fui me arrumar.
Actually after our first meeting
Saying I like you
Isn’t something easy for me
If I don’t contact you first
I’m afraid of missing you
I type out the text, hesitate a bit, then delete it again
I keep repeating this process over and over
Só faltou colocar a coberta para me aquecer, porque o vento estava super forte. Agarrei o braço do meu irmão e ele riu.
- Não era você que diz ser amante do frio? – ironia era bem visível em sua fala, o olhei de lado e vi seus lábios contorcidos para o lado.
- Quer que te castre agora ou quando chegarmos em casa? - Perguntei e ele começou a gargalhar.
- E como fica os netos de nossa mãe e seus sobrinhos? - Comenta ainda com ar de riso. - Ainda existe a adoção. - Retruco e ele gargalhar mais ainda.
- Você é única baixinha - Ele bagunça meu cabelo com a mão, me afasto e lhe dou um soco no braço.
- Você sabe o quanto demora pra cuidar desses cachos? Ainda mais manter eles alinhados? - Perguntei e ele negou. - Então não se atreva a mexer neles novamente se tem amor a seu amigo de baixo. - Ele começou a rir.
Estávamos caminhando pelas ruas de Meguro até o centro de Tóquio. O bom de morar perto do centro é que você chega em instantes em qualquer lugar, estação, mercado, loja de games e mangás. É um sonho morar aqui.
- Ei, estamos aqui! - Gritaram e olhamos para o lado e vimos os cinco amigos do meu irmão: Lucas, Jean, Kyoto, Akira e Jeon. Esse último fez meu coração disparar desenfreadamente. Caminhamos mais um pouco e logo estávamos nos cumprimentando da forma asiática, a formal reverência. Olhei para os garotos, mas parei os olhos em Jeon que me olhava de forma intensa, tinha certeza que meus pelos se levantaram conforme minha pele ia se arrepiando.
- Vamos! - Ouvi meu irmão colocar seu braço em volta de meu pescoço, o olhei e confirmei. Precisava parar de olhá-lo desse jeito.
If my love for you gets any deeper
It will only result in getting hurting
My fears are filling my mind
This is the truth
Praying with all my heart, the person I’m yearning for
I believe that person is you
- Quero mais uma e vocês? - Kyoto levantou seu copo de saquê.
- Quero mais desse shochu! - Lucas quase gritou e tentou se levantar, mas caiu de bunda e começou a rir.
- Eu vou querer mais - Jean mostrando seu pequeno copo de shochu.
- Eu quero mais também - Pediu meu irmão e o olhei de rabo de olho e ele piscou para mim. Ele sabia que odiava quando bebia desse jeito. Voltei a comer meu sunomono e sushi, peguei meu saquê que estava bebendo aos poucos, pois a última coisa que desejo é ficar bêbada, e dei um pequeno gole.
- Está tão ruim assim o saquê? - Levantei a cabeça e olhei para a pessoa que me perguntou sobre a bebida.
- Não, só não quero ficar no mesmo estado que eles - E apontei para meu irmão e os amigos. Jeon riu.
- Fique tranquila, eu cuido de você caso beba muito. - Deu-me uma piscadela e tenho certeza que virei um pequeno tomate cereja.
- Deixa que eu cuido dela. - Meu irmão abraçou-me de lado e beijou-me a cabeça.
- Cuidará de mim, da mesma forma que se encontra agora? - Perguntei e ouvi Jeon rir. Meu irmão fez biquinho e revirei os olhos voltando a comer.
- É uma tatuagem? - Perguntou-me Jean apontado para minha mão. E lembrei-me do pequeno desenho de um personagem de mangá que fiz enquanto assistia a MV de um grupo K-pop qualquer.
- Não, é apenas um desenho feito a caneta. - Respondi e então eles começaram a falar de animes e mangás.
- É lindo o desenho. - Olhei para Jeon e o mesmo olhava minha mão, virei para que pudesse observar melhor, mas ele se aproximou pegando minha mão. Fiquei tensa por alguns minutos com o toque de sua mão na minha. - Poderia fazer um desses para mim? - Perguntou e confirmei com um aceno.
- Só dizer que personagem quer. - Comento e ele confirma sorrindo.
- Pode ser do Shota do Kimi ni Todoke. Conhece? - Confirmo, não podia acreditar que ele assistiu esse anime ou que lê os mangás. - Gosto do Shota Kazehaya.
-Também gosto, mas prefiro a Sawako - Comento e rimos.
- Você bem que parece com ela. - Olho para ele confusa. Como iria me parecer com uma personagem tão linda de cabelos lisos e pretos como a noite, se sou morena de cabelos cacheados? - Estava dizendo em relação a personalidade. - Ele comenta e ri.
- Entendi... e você parece o Shota. - Digo e ele me olha curioso. - Personalidades idênticas - Contínuo e o mesmo se aproxima mais.
- Por quê? - Engoli em seco com sua proximidade e sua voz rouca a pergunta-me sobre a minha opinião.
- Ei, ei, do que vocês estão falando? - Kioto me abraçou e puxou-me para mais perto de si. Por fora eu estava com um sorriso de lado, mas por dentro estava querendo matá-lo.
- Estamos falando sobre um anime que gostamos e que ela vai desenhar na minha mão. - Jeon disse de forma simplista e olhou-me, seu rosto tinha mudado. Estava muito sério e olhava para o braço de Kyoto em minha cintura.
- Isso. Iria começar agora a desenhar. - Comento e meu irmão me olha desconfiado.
- E cadê a caneta? - Pronto, ferrou. Não tinha caneta.
- Aqui! - Olhei para Jeon e ele estava com uma caneta em mãos. Surpreendi-me. - Pode começar - entregou-me a caneta e confirmei. Soltei-me de Kyoto e fui para mais perto de Jeon, peguei sua mão que estava quente e tentei me concentrar em fazer o desenho de Shota em sua mão.
Ouvi sua respiração e sentir seu perfume, que era tão bom para meu olfato, tão perto de mim que me fazia tremer um pouco.
- Está com frio? - Neguei, não estava com frio, estava mais do que quente. Fervendo. - Então por que treme? - Continuou e parei o desenho e fiquei encarando o desenho pela metade. O que iria responder? Devia ter respondido que era frio.
- E-eu apenas estou com medo de te machucar - Machucar? De onde tirei isso? Ele riu baixo.
- Fique tranquila, não está me machucando. - Confirmei e continuei o desenho. - Tome - levantei a cabeça e ele estava com os hashis em mãos, nas pontas se encontrava o sushi. Fiquei olhando por alguns segundos e ele riu. - Abra a boca. - Assim fiz e ele colocou o sushi e comi. - Viu, simples. - Disse e sorriu. Como gostaria que fosse simples assim Jeon Jungkook.
Woo… I’m in love
Woo… I’ll fall in love
Never feel any more fear
As long as I’m with you
The world is so beautiful
Conta paga e os únicos sóbrios eram Jean, Jeon e eu, pois o resto estava mais para cá do que para lá. Já passava da 1 da manhã e começara a nevar novamente, porém um pouco mais forte.
Olhei para meu irmão e ele estava quase babando, revirei os olhos, cuidar de gente bêbada é um saco, ainda mais quando essa pessoa é meu irmão, ele parece um bebezão.
- Vou chamar um táxi para vocês - Jeon disse e eu assenti.
Não demorou muito e apareceu um táxi, Jeon o parou, colocou o meu irmão no banco e ele caiu para o lado. Virei-me para agradecê-lo e surpreendi-me quando vejo ele perto demais de mim e se aproximando mais ainda.
- Obrigado pelo desenho. - Agradeceu e sorri.
- Imagina, espero que tenha gostado.
- Gostei muito. - Confirmou e se afastou para olhar em meus olhos e balancei a cabeça confirmando. Entrei no carro e logo o motorista estava pegando a rota de minha casa.
[...]
- Estou acabada. - Joguei-me em minha cama e fiquei olhando o teto. Meu irmão tinha dado um trabalhão, não tinha jeito, ele só tinha tamanho, por dentro ainda era a criança que sempre cuidei. Ouvi a campainha tocar e estranhei, olhei o relógio na mesa ao lado da cama e marcava 4:30 da manhã. Levantei e caminhei até a porta, toquei na maçaneta e olhei pelo olho mágico. Jeon. Arregalei os olhos e fiquei olhando a porta por alguns segundos até a campainha tocar novamente e me acordar do mundo da lua em que me encontrava. Abri e encontrei um Jeon com bochechas vermelhas, neve na cabeça e ombros.
- Espero que não tenha lhe acordado. - Neguei e ele sorriu. - Queria sair com você, aceita? - Perguntou e confirmei.
- Só irei pegar a jaqueta e colocar a bota. - Ele confirmou sorrindo.
I thought I’m never gonna fall in love
But I’m in love, cause I wanna love you baby
Estávamos caminhando fazia alguns minutos no absoluto silêncio, apenas uma vez ou outra pegávamo-nos um olhando o outro de rabo de olho e sorriamos como resposta. Sempre era assim com Jeon, ficávamos nos olhando e quando nos falávamos sempre aparecia alguém para atrapalhar, nos restava ficar um olhando o outro como dois bestas. Mas dessa vez era diferente, poderíamos falar o que quisermos, mas quem disse que conseguimos falar alguma coisa? Não que o silêncio esteja sendo um incomodo, só que no momento que temos o livre arbítrio de dizer tudo, nada saía.
Não caia mais neve, porém ventava um pouco. Em outros momentos estaria pedindo para o Universo que a pessoa desistisse do passeio e falasse “vamos para casa”, mas o momento que me encontrava era totalmente o contrário, mesmo com frio, queria estar com Jeon.
Actually from the first time I met you
Somewhere deep in my heart
You crashed in like a strong wave
You’re the only thing in my mind all day
I can be your good lover
Wanna be your four-leafed clover
I’ll make you the happiest woman in the world
- Por aqui. - Comentou baixo e o segui. E não demorou muito para chegarmos Happoen Garden, caminhamos mais um pouco e ele sentou num banco e sentei-me ao seu lado. Silêncio e mais silêncio. Quando pensei em abrir a boca, Jeon o fez.
- Você fica linda vermelha. - Comentou e foi aí que fiquei vermelha mesmo. Pensei que poderia ser um comentário banal do tempo, mas não. Oh menino atrevido.
- Obrigada. - Sério que agradeci? Ouvi ele rir e por vergonha cobri o rosto com as mãos. Senti elas sendo afastadas, olhei para o lado e Jeon estava sorrindo.
- Não cubra seu rosto, gosto de olhá-lo - Comentou. Qual era a desse Jeon?
- Fica difícil não querer cobrí-lo quando quero escondê-lo num buraco no chão de tanta vergonha. - Comento e ele ri.
- Também fico com vergonha. - Confessa. - Ainda mais quando estou com você. - Como se respira mesmo? Acabei de desaprender. Ficamos nos olhando e ele se aproximou. - Não aguento guardar isso dentro de mim - Parou e respirou fundo - Pode parecer estranho, mas quero você só para mim. Não gosto de ver outros caras perto de você e não poder afastá-la deles. - Ele parecia procurar as palavras certas para dizer-me, só que isso estava me deixando nervosa. Levantei e ele também.
- Jeon, eu…
- Por favor, apenas me escute. - Ele segurou minha mão e olhei para elas, o toque de sua mão na minha a aquecia de uma forma incrível, pois o calor não estava apenas ali, mas em meu corpo também. Olhei novamente em seus olhos e vi desespero. Esperei ele continuar, mas ele não continuou, afastou sua mão da minha e as colocou no bolso da blusa. Esse ato fez meu corpo esfriar, do mesmo jeito que pegar um palito de fósforo o acender e o colocar de baixo da corrente de água. - Desculpa, acho que você não corresponde! - Disse e foi se afastando mais. E quando percebo ele está caminhando para longe, não pensei duas vezes e fui atrás dele, gritando o seu nome várias e várias vezes. Por que fui levantar? Isso tudo era nervoso!
Please you gotta believe me
Make you never gonna leave me
I won’t be suspicious, I’ll trust you
Ahhh… I’m in love
Ahhh… I’ll fall in love
Never feel any more fear
As long as I’m with you
The world is so beautiful
Quando enfim o alcancei, ele estava para atravessar a rua, cheguei na sua frente para impedi-lo de continuar, mas escorreguei e segurei em seu braço, fazendo nós dois cairmos.
- Des-des-desculpa - Gaguejei e ele ficou imóvel. Ele estava por cima e eu debaixo dele, rosto a rosto, respirações juntas e corações acelerados como motor de um carro.
- Eu…
- Eu gosto de você também - Cortei-o e ele ficou em silêncio. - Desculpa se pareceu ao contrário no parque, mas fiquei nervosa, ninguém nunca me disse palavras tão gentis e doces como você. - Continuei. - Às vezes não consigo te tirar da cabeça e quando te vejo na faculdade meu coração dispara, as vezes nem precisa disso, só seu nome já deixa meu coração agitado. - Fechei os olhos e respirei fundo, e junto veio seu perfume.
- Eu sinto o mesmo. - Abri meus olhos e ele sorria. - Melhor levantarmos - Confirmei e ele levantou e depois ajudou-me. - Posso te beijar? - Confirmei e beijou-me a bochecha, depois a ponta do meu nariz, a outra bochecha e desceu um pouco afastando um pouco a gola da minha blusa de lã beijando meu pescoço e suspirei. Ele voltou e deu-me um selinho singelo e delicado. Morango. Esse era o gosto de seus lábios, provavelmente da sobremesa de morango que comemos no restaurante mais cedo.
Nos afastamos aos poucos, abri meus olhos e ele já me olhava sorrindo.
Puxou-me mais e beijou meus lábios. E dessa vez não foi apenas um selinho, foi um beijo profundo no qual estávamos colocando todo os nossos sentimentos ali. Uma coisa eu sei que não queria, era que aquele beijo e que o encanto daquela madrugada acabasse.
Nos afastamos por falta de ar e Jeon encostou sua testa na minha, meu coração estava agitado demais. Deitei minha cabeça em seu ombro e ele me abraçou forte, dessa forma pude sentir seu perfume diretamente de seu pescoço que estava a mostra, mostrando sua pele branca e macia, cheguei perto com meu nariz e toquei, quando me afastei para olhar sua pele, vi que se encontrava arrepiada. Aproximei-me e beijei naquele local, ele suspirou, continuei a beijar aquela região e dei uma mordida de leve, o que resultou num abraço mais forte. Ele se afastou e olhou-me nos olhos, tive vontade de rir, mas Jeon me olhava de forma travessa.
- Você sabe que isso é golpe baixo? Estamos na rua e não posso fazer o que quero agora. - Ri do que ele disse.
- E o que seria? - Perguntei e ele se aproximou.
- Quero te fazer minha. - E beijou-me. Essa pequena frase me fez arrepiar. Nos afastei e olhei em seus olhos.
- Já sou sua. - E só essa conexão de olhares pareceu dizer tudo.
- E eu sou seu. - Sussurrou - Vamos embora, está ficando tarde e você pode ficar doente. - Ele pegou na minha mão e começamos a caminhar para a minha casa.
Woo… I’m in love (I’m so deep in love)
Woo… I’ll fall in love
Never feel any more fear
As long as I’m with you
The world is so beautiful
You are so beautiful
Ele é quem faz meu coração agitar desde o primeiro dia que nos esbarramos na faculdade. Aquele dia parecia cena de filme, ambos se esbarram, livros vão ao chão, as mãos se tocam e então a tão esperada troca de olhares. Mais tarde naquele dia meu irmão o apresentou, dizendo que era seu amigo, ficamos nos olhando surpresos. E ele veio até mim com um sorriso e disse baixo “Oi menina dos olhos de anjo”. Só de lembrar sinto algo no estômago.
E esse momento agora não está diferente de uma cena de filme, ele de mãos dadas comigo, a neve caindo de forma leve, o nosso caminho um tapete branco que está ganhando o rastro de nossos passos e o ambiente que deixa no ar esse momento tão clichê de livro de romance, em que a personagem principal diz a seu amado que está apaixonado por ele, e que esse amor é correspondido.
Não sei o que o destino nos reserva, mas sei que enquanto o tempo durar quero aproveitar até o último momento. Porque sei que … Apaixonei-me por Jeon.
- Não irei deixar você sozinha, oneesan - Meu irmão disse e bufei.
Talvez não estejam entendendo muita coisa, mas explico. Estou morando no Japão com meu irmão há uns 8 meses, claro que meu irmão conseguiu fazer amizade na faculdade rapidamente, já eu, não consegui dar ‘Bom Dia’ nem para um professor, imagine para algum colega. Sou a irmã mais velha, mas tenho o costume de chamar meu irmão de oniichan, pois ele tem esse instinto protetor comigo, que é engraçado e fofo. E ele por ser bem mais alto que eu, acaba parecendo que ele é o mais velho e eu a caçula.
Enfim, voltando à minha conversa com meu irmão, ele e os amigos vão sair e ele quer que eu vá junto. Só que tenho alguns motivos para não querer ir: já começou a nevar, estou terminando um trabalho da faculdade e não sou uma pessoa de conversar muito. Para que sair nesse frio, com um trabalho incompleto e sem ninguém para conversar?
Mas meu irmão não pensa dessa forma.
- Já se arrumou, ? - Perguntou do corredor. Olhei para a porta com os olhos semicerrados.
- Não! - E ele apareceu na porta com os braços cruzados.
-Colabora, você não é assim! - Comentou e bufei. Isso é verdade, mas tinha mais um motivo nisso tudo também. Jeon.
-Onii…
- Não, sem manha, apenas se arrume. Prometo que irei ficar pertinho de você e não lhe deixarei sozinha. - O olhei desconfiada, mas me dei por vencida e fui me arrumar.
Saying I like you
Isn’t something easy for me
If I don’t contact you first
I’m afraid of missing you
I type out the text, hesitate a bit, then delete it again
I keep repeating this process over and over
- Não era você que diz ser amante do frio? – ironia era bem visível em sua fala, o olhei de lado e vi seus lábios contorcidos para o lado.
- Quer que te castre agora ou quando chegarmos em casa? - Perguntei e ele começou a gargalhar.
- E como fica os netos de nossa mãe e seus sobrinhos? - Comenta ainda com ar de riso. - Ainda existe a adoção. - Retruco e ele gargalhar mais ainda.
- Você é única baixinha - Ele bagunça meu cabelo com a mão, me afasto e lhe dou um soco no braço.
- Você sabe o quanto demora pra cuidar desses cachos? Ainda mais manter eles alinhados? - Perguntei e ele negou. - Então não se atreva a mexer neles novamente se tem amor a seu amigo de baixo. - Ele começou a rir.
Estávamos caminhando pelas ruas de Meguro até o centro de Tóquio. O bom de morar perto do centro é que você chega em instantes em qualquer lugar, estação, mercado, loja de games e mangás. É um sonho morar aqui.
- Ei, estamos aqui! - Gritaram e olhamos para o lado e vimos os cinco amigos do meu irmão: Lucas, Jean, Kyoto, Akira e Jeon. Esse último fez meu coração disparar desenfreadamente. Caminhamos mais um pouco e logo estávamos nos cumprimentando da forma asiática, a formal reverência. Olhei para os garotos, mas parei os olhos em Jeon que me olhava de forma intensa, tinha certeza que meus pelos se levantaram conforme minha pele ia se arrepiando.
- Vamos! - Ouvi meu irmão colocar seu braço em volta de meu pescoço, o olhei e confirmei. Precisava parar de olhá-lo desse jeito.
It will only result in getting hurting
My fears are filling my mind
This is the truth
Praying with all my heart, the person I’m yearning for
I believe that person is you
- Quero mais uma e vocês? - Kyoto levantou seu copo de saquê.
- Quero mais desse shochu! - Lucas quase gritou e tentou se levantar, mas caiu de bunda e começou a rir.
- Eu vou querer mais - Jean mostrando seu pequeno copo de shochu.
- Eu quero mais também - Pediu meu irmão e o olhei de rabo de olho e ele piscou para mim. Ele sabia que odiava quando bebia desse jeito. Voltei a comer meu sunomono e sushi, peguei meu saquê que estava bebendo aos poucos, pois a última coisa que desejo é ficar bêbada, e dei um pequeno gole.
- Está tão ruim assim o saquê? - Levantei a cabeça e olhei para a pessoa que me perguntou sobre a bebida.
- Não, só não quero ficar no mesmo estado que eles - E apontei para meu irmão e os amigos. Jeon riu.
- Fique tranquila, eu cuido de você caso beba muito. - Deu-me uma piscadela e tenho certeza que virei um pequeno tomate cereja.
- Deixa que eu cuido dela. - Meu irmão abraçou-me de lado e beijou-me a cabeça.
- Cuidará de mim, da mesma forma que se encontra agora? - Perguntei e ouvi Jeon rir. Meu irmão fez biquinho e revirei os olhos voltando a comer.
- É uma tatuagem? - Perguntou-me Jean apontado para minha mão. E lembrei-me do pequeno desenho de um personagem de mangá que fiz enquanto assistia a MV de um grupo K-pop qualquer.
- Não, é apenas um desenho feito a caneta. - Respondi e então eles começaram a falar de animes e mangás.
- É lindo o desenho. - Olhei para Jeon e o mesmo olhava minha mão, virei para que pudesse observar melhor, mas ele se aproximou pegando minha mão. Fiquei tensa por alguns minutos com o toque de sua mão na minha. - Poderia fazer um desses para mim? - Perguntou e confirmei com um aceno.
- Só dizer que personagem quer. - Comento e ele confirma sorrindo.
- Pode ser do Shota do Kimi ni Todoke. Conhece? - Confirmo, não podia acreditar que ele assistiu esse anime ou que lê os mangás. - Gosto do Shota Kazehaya.
-Também gosto, mas prefiro a Sawako - Comento e rimos.
- Você bem que parece com ela. - Olho para ele confusa. Como iria me parecer com uma personagem tão linda de cabelos lisos e pretos como a noite, se sou morena de cabelos cacheados? - Estava dizendo em relação a personalidade. - Ele comenta e ri.
- Entendi... e você parece o Shota. - Digo e ele me olha curioso. - Personalidades idênticas - Contínuo e o mesmo se aproxima mais.
- Por quê? - Engoli em seco com sua proximidade e sua voz rouca a pergunta-me sobre a minha opinião.
- Ei, ei, do que vocês estão falando? - Kioto me abraçou e puxou-me para mais perto de si. Por fora eu estava com um sorriso de lado, mas por dentro estava querendo matá-lo.
- Estamos falando sobre um anime que gostamos e que ela vai desenhar na minha mão. - Jeon disse de forma simplista e olhou-me, seu rosto tinha mudado. Estava muito sério e olhava para o braço de Kyoto em minha cintura.
- Isso. Iria começar agora a desenhar. - Comento e meu irmão me olha desconfiado.
- E cadê a caneta? - Pronto, ferrou. Não tinha caneta.
- Aqui! - Olhei para Jeon e ele estava com uma caneta em mãos. Surpreendi-me. - Pode começar - entregou-me a caneta e confirmei. Soltei-me de Kyoto e fui para mais perto de Jeon, peguei sua mão que estava quente e tentei me concentrar em fazer o desenho de Shota em sua mão.
Ouvi sua respiração e sentir seu perfume, que era tão bom para meu olfato, tão perto de mim que me fazia tremer um pouco.
- Está com frio? - Neguei, não estava com frio, estava mais do que quente. Fervendo. - Então por que treme? - Continuou e parei o desenho e fiquei encarando o desenho pela metade. O que iria responder? Devia ter respondido que era frio.
- E-eu apenas estou com medo de te machucar - Machucar? De onde tirei isso? Ele riu baixo.
- Fique tranquila, não está me machucando. - Confirmei e continuei o desenho. - Tome - levantei a cabeça e ele estava com os hashis em mãos, nas pontas se encontrava o sushi. Fiquei olhando por alguns segundos e ele riu. - Abra a boca. - Assim fiz e ele colocou o sushi e comi. - Viu, simples. - Disse e sorriu. Como gostaria que fosse simples assim Jeon Jungkook.
Woo… I’ll fall in love
Never feel any more fear
As long as I’m with you
The world is so beautiful
Conta paga e os únicos sóbrios eram Jean, Jeon e eu, pois o resto estava mais para cá do que para lá. Já passava da 1 da manhã e começara a nevar novamente, porém um pouco mais forte.
Olhei para meu irmão e ele estava quase babando, revirei os olhos, cuidar de gente bêbada é um saco, ainda mais quando essa pessoa é meu irmão, ele parece um bebezão.
- Vou chamar um táxi para vocês - Jeon disse e eu assenti.
Não demorou muito e apareceu um táxi, Jeon o parou, colocou o meu irmão no banco e ele caiu para o lado. Virei-me para agradecê-lo e surpreendi-me quando vejo ele perto demais de mim e se aproximando mais ainda.
- Obrigado pelo desenho. - Agradeceu e sorri.
- Imagina, espero que tenha gostado.
- Gostei muito. - Confirmou e se afastou para olhar em meus olhos e balancei a cabeça confirmando. Entrei no carro e logo o motorista estava pegando a rota de minha casa.
- Estou acabada. - Joguei-me em minha cama e fiquei olhando o teto. Meu irmão tinha dado um trabalhão, não tinha jeito, ele só tinha tamanho, por dentro ainda era a criança que sempre cuidei. Ouvi a campainha tocar e estranhei, olhei o relógio na mesa ao lado da cama e marcava 4:30 da manhã. Levantei e caminhei até a porta, toquei na maçaneta e olhei pelo olho mágico. Jeon. Arregalei os olhos e fiquei olhando a porta por alguns segundos até a campainha tocar novamente e me acordar do mundo da lua em que me encontrava. Abri e encontrei um Jeon com bochechas vermelhas, neve na cabeça e ombros.
- Espero que não tenha lhe acordado. - Neguei e ele sorriu. - Queria sair com você, aceita? - Perguntou e confirmei.
- Só irei pegar a jaqueta e colocar a bota. - Ele confirmou sorrindo.
But I’m in love, cause I wanna love you baby
Estávamos caminhando fazia alguns minutos no absoluto silêncio, apenas uma vez ou outra pegávamo-nos um olhando o outro de rabo de olho e sorriamos como resposta. Sempre era assim com Jeon, ficávamos nos olhando e quando nos falávamos sempre aparecia alguém para atrapalhar, nos restava ficar um olhando o outro como dois bestas. Mas dessa vez era diferente, poderíamos falar o que quisermos, mas quem disse que conseguimos falar alguma coisa? Não que o silêncio esteja sendo um incomodo, só que no momento que temos o livre arbítrio de dizer tudo, nada saía.
Não caia mais neve, porém ventava um pouco. Em outros momentos estaria pedindo para o Universo que a pessoa desistisse do passeio e falasse “vamos para casa”, mas o momento que me encontrava era totalmente o contrário, mesmo com frio, queria estar com Jeon.
Somewhere deep in my heart
You crashed in like a strong wave
You’re the only thing in my mind all day
I can be your good lover
Wanna be your four-leafed clover
I’ll make you the happiest woman in the world
- Por aqui. - Comentou baixo e o segui. E não demorou muito para chegarmos Happoen Garden, caminhamos mais um pouco e ele sentou num banco e sentei-me ao seu lado. Silêncio e mais silêncio. Quando pensei em abrir a boca, Jeon o fez.
- Você fica linda vermelha. - Comentou e foi aí que fiquei vermelha mesmo. Pensei que poderia ser um comentário banal do tempo, mas não. Oh menino atrevido.
- Obrigada. - Sério que agradeci? Ouvi ele rir e por vergonha cobri o rosto com as mãos. Senti elas sendo afastadas, olhei para o lado e Jeon estava sorrindo.
- Não cubra seu rosto, gosto de olhá-lo - Comentou. Qual era a desse Jeon?
- Fica difícil não querer cobrí-lo quando quero escondê-lo num buraco no chão de tanta vergonha. - Comento e ele ri.
- Também fico com vergonha. - Confessa. - Ainda mais quando estou com você. - Como se respira mesmo? Acabei de desaprender. Ficamos nos olhando e ele se aproximou. - Não aguento guardar isso dentro de mim - Parou e respirou fundo - Pode parecer estranho, mas quero você só para mim. Não gosto de ver outros caras perto de você e não poder afastá-la deles. - Ele parecia procurar as palavras certas para dizer-me, só que isso estava me deixando nervosa. Levantei e ele também.
- Jeon, eu…
- Por favor, apenas me escute. - Ele segurou minha mão e olhei para elas, o toque de sua mão na minha a aquecia de uma forma incrível, pois o calor não estava apenas ali, mas em meu corpo também. Olhei novamente em seus olhos e vi desespero. Esperei ele continuar, mas ele não continuou, afastou sua mão da minha e as colocou no bolso da blusa. Esse ato fez meu corpo esfriar, do mesmo jeito que pegar um palito de fósforo o acender e o colocar de baixo da corrente de água. - Desculpa, acho que você não corresponde! - Disse e foi se afastando mais. E quando percebo ele está caminhando para longe, não pensei duas vezes e fui atrás dele, gritando o seu nome várias e várias vezes. Por que fui levantar? Isso tudo era nervoso!
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The world is so beautiful
Quando enfim o alcancei, ele estava para atravessar a rua, cheguei na sua frente para impedi-lo de continuar, mas escorreguei e segurei em seu braço, fazendo nós dois cairmos.
- Des-des-desculpa - Gaguejei e ele ficou imóvel. Ele estava por cima e eu debaixo dele, rosto a rosto, respirações juntas e corações acelerados como motor de um carro.
- Eu…
- Eu gosto de você também - Cortei-o e ele ficou em silêncio. - Desculpa se pareceu ao contrário no parque, mas fiquei nervosa, ninguém nunca me disse palavras tão gentis e doces como você. - Continuei. - Às vezes não consigo te tirar da cabeça e quando te vejo na faculdade meu coração dispara, as vezes nem precisa disso, só seu nome já deixa meu coração agitado. - Fechei os olhos e respirei fundo, e junto veio seu perfume.
- Eu sinto o mesmo. - Abri meus olhos e ele sorria. - Melhor levantarmos - Confirmei e ele levantou e depois ajudou-me. - Posso te beijar? - Confirmei e beijou-me a bochecha, depois a ponta do meu nariz, a outra bochecha e desceu um pouco afastando um pouco a gola da minha blusa de lã beijando meu pescoço e suspirei. Ele voltou e deu-me um selinho singelo e delicado. Morango. Esse era o gosto de seus lábios, provavelmente da sobremesa de morango que comemos no restaurante mais cedo.
Nos afastamos aos poucos, abri meus olhos e ele já me olhava sorrindo.
Puxou-me mais e beijou meus lábios. E dessa vez não foi apenas um selinho, foi um beijo profundo no qual estávamos colocando todo os nossos sentimentos ali. Uma coisa eu sei que não queria, era que aquele beijo e que o encanto daquela madrugada acabasse.
Nos afastamos por falta de ar e Jeon encostou sua testa na minha, meu coração estava agitado demais. Deitei minha cabeça em seu ombro e ele me abraçou forte, dessa forma pude sentir seu perfume diretamente de seu pescoço que estava a mostra, mostrando sua pele branca e macia, cheguei perto com meu nariz e toquei, quando me afastei para olhar sua pele, vi que se encontrava arrepiada. Aproximei-me e beijei naquele local, ele suspirou, continuei a beijar aquela região e dei uma mordida de leve, o que resultou num abraço mais forte. Ele se afastou e olhou-me nos olhos, tive vontade de rir, mas Jeon me olhava de forma travessa.
- Você sabe que isso é golpe baixo? Estamos na rua e não posso fazer o que quero agora. - Ri do que ele disse.
- E o que seria? - Perguntei e ele se aproximou.
- Quero te fazer minha. - E beijou-me. Essa pequena frase me fez arrepiar. Nos afastei e olhei em seus olhos.
- Já sou sua. - E só essa conexão de olhares pareceu dizer tudo.
- E eu sou seu. - Sussurrou - Vamos embora, está ficando tarde e você pode ficar doente. - Ele pegou na minha mão e começamos a caminhar para a minha casa.
Woo… I’ll fall in love
Never feel any more fear
As long as I’m with you
The world is so beautiful
You are so beautiful
Ele é quem faz meu coração agitar desde o primeiro dia que nos esbarramos na faculdade. Aquele dia parecia cena de filme, ambos se esbarram, livros vão ao chão, as mãos se tocam e então a tão esperada troca de olhares. Mais tarde naquele dia meu irmão o apresentou, dizendo que era seu amigo, ficamos nos olhando surpresos. E ele veio até mim com um sorriso e disse baixo “Oi menina dos olhos de anjo”. Só de lembrar sinto algo no estômago.
E esse momento agora não está diferente de uma cena de filme, ele de mãos dadas comigo, a neve caindo de forma leve, o nosso caminho um tapete branco que está ganhando o rastro de nossos passos e o ambiente que deixa no ar esse momento tão clichê de livro de romance, em que a personagem principal diz a seu amado que está apaixonado por ele, e que esse amor é correspondido.
Não sei o que o destino nos reserva, mas sei que enquanto o tempo durar quero aproveitar até o último momento. Porque sei que … Apaixonei-me por Jeon.
Fim
Nota da autora: Obrigada por ler e em breve compartilharei mais minhas historias.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.