Capítulo Único
O clima implacável de Salvador era amenizado pela brisa agradável do mar, desde turistas aos habitantes da cidade estavam na praia para curtir o show de fogos que celebravam a noite de Natal. No entanto, eu não estava ali porque queria, preferia o conforto da minha casa com a mesa posta da ceia de Natal; o problema fora que o responsável por vigiar o Chester deixou o frango quase queimar, o coitado ficou completamente esturricado. Brasileiro que se preze vê oportunidade em tudo! Aproveitou o desastre do frango para levar a ceia a praia e, quem sabe, conseguir o prato principal de alguém da orla?!
Assim, ali estávamos: a tenda era uma mera decoração para caso a chuva surgisse inesperadamente, a ceia estava entre potes e pratos utilizados apenas em ocasiões especiais, a sobremesas dividiam espaço com as bebidas nos coolers e isopores. Era possível ouvir conversas e músicas por todos os lados, crianças corriam de um lado para o outro, havia adolescentes e adultos que mergulhavam no mar e alguns casais aqui e ali andando tranquilamente pela areia.
E como preparação, as vozes foram diminuindo gradativamente enquanto a meia-noite se aproximava; com o primeiro rojão subindo pelo céu iluminando-nos com sua luz esverdeada, houve gritos de comemoração e um coro de Feliz Natal para todos os lados. Os "vizinhos" de barraca nunca vistos antes se tornaram companheiros nas trocas de felicitações e alegria, quando o som de pratos e vasilhas sendo abertas soaram como um coro por toda a praia, um grupo errante surgiu procurando espaço na orla da praia. Minha mãe com seus olhos de águia avisou o peru vistoso e não hesitou em oferecer um espaço na tenda; afinal o Natal era sobre "compartilhar". Eles foram se ajeitando, colocando umas cadeiras aqui, umas bebidas ali de modo que no fim estavam quase todos sentados à mesa.
Entre me apertar por um espaço e ficar sobre a manta estendida na areia... Não pensei duas vezes em fazer o meu prato e sentar-me confortavelmente ali. Enquanto segurava a coxa do frango com uma mão, uma figura sentou ao meu lado, quando os desconhecidos chegaram não havia olhado mais que uma vez para as suas faces. Deveria! Porque entre eles estavam os integrantes de uma das minhas bandas favoritas.
— Posso me sentar ao seu lado? — Ele me perguntou de forma educada.
A coxa de frango caiu sobre o meu colo, a surpresa me fez parecer estabanada e com vergonha demais apenas concordei enquanto pegava uma ponta da manta limpando a pele desnuda.
— Obrigado por receber meus amigos hoje. — Ele buscou me deixar confortável.
— É o espírito natalino. — Devolvi a sentença mantendo meus olhos em meu prato.
— Eu sei que você deve ter belos olhos, então não precisa ficar com vergonha. — Ele utilizou um tom brincalhão atraindo meu olhar e me fazendo rir da sua "comemoração" espalhafatosa. — Consegui te fazer sorrir, agora falta saber o seu nome.
— , mas ninguém me chama assim, pode me chamar de . — O respondi após parar de rir.
— Como quiser, , me chamo , mas isso você parecia saber. — Ele piscou um olho antes de se levantar buscando algumas bebidas antes de retornar a se sentar ao meu lado. — Servida? — me estendeu uma das garrafas que segurava.
— Obrigada. — Agradeci com um sorriso enquanto deixava-a ao meu lado.
Conforme os minutos se seguiam, a conversa fluiu sem qualquer dificuldade entre nós, comentei sobre meu amor pela banda e as músicas e ele me explicou coisas aqui e ali. De fato, o Chester esturricado fora um ótimo pedido ao Papai Noel.
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Em determinado momento, sentimos os olhares sobre nós, o que foi a razão de perguntar se ele queria dar uma volta. Os shows de fogos haviam se encerrado, mas a lua brilhante sobre o mar era um espetáculo à parte! e eu então sentamos perto de umas pedras acompanhando o vai e vem das marés, naquele momento o silêncio me pareceu uma boa escolha.
— Hey, ! Cara, estávamos te procurando por todos os lados! — Um dos amigos dele o chamou.
— Já encontro vocês. — o respondeu com tranquilidade. — Eu sei que pode ser meio surpreendente o pedido que tenho a dizer, mas, por favor, considere as opções. — Seu olhar havia cativado o meu, seu sorriso sem jeito enfeitava-lhe os lábios rosados.
— Tudo bem, eu o ouvirei. — O respondi em partes curiosa e por gostar de sua presença.
— A banda sairá em viagem para um festival de réveillon no Rio, eu sei que te pedir para me acompanhar é algo absurdo, já que nos conhecemos hoje. — Ele foi apresentando sua proposta sem desviar seu olhar de seriedade e calidez. — Eu só sei que o tempo é algo precioso; e são poucas as oportunidades que a vida apresenta pessoas que podemos criar verdadeiras conexões, eu não sei o que pode ter te colocado aqui nesta noite mas não acredito em acasos. — Ele havia diminuído a distância que nos separava.
O silêncio se fez presente enquanto processava as palavras ditas por , eu não entendia ou acreditava em superstições, mas era algo irreal demais para acreditar em uma proposta tão agradável.
— Qual a sua resposta, ? — A forma que ele pronunciou meu apelido fez um calor agradável se espalhar pelo meu peito.
— Oportunidades como essa são únicas… — A incerteza e o nervosismo permeavam meu tom de voz.
— Sim. — Ele não negou ou me pressionou.
— E nós acabamos de nos conhecer. — Prossegui ainda divagando de forma reticente.
— Exatamente. — Ele concordou sem qualquer hesitação.
— Eu não sei o que te responder. — Olhei para ele enquanto transmitia minhas palavras com sinceridade.
— Eu sei que é difícil de acreditar em mim, mas seja lá o que futuro nos reserva, eu não quero me arrepender das minhas escolhas, e você, ? Está disposta a não ter arrependimentos?! — Com apenas uma frase, ele havia me vencido, acabei apenas balançando a cabeça concordando.
me abraçou enquanto sussurrada um feliz Natal que desfez qualquer insegurança sobre o que o amanhã nos reservava; me preocuparia com o futuro quando ele chegasse, nesta noite apenas teria que explicar meus novos planos para minha mãe e arrumar as malas para a viagem inesperada.
Assim, ali estávamos: a tenda era uma mera decoração para caso a chuva surgisse inesperadamente, a ceia estava entre potes e pratos utilizados apenas em ocasiões especiais, a sobremesas dividiam espaço com as bebidas nos coolers e isopores. Era possível ouvir conversas e músicas por todos os lados, crianças corriam de um lado para o outro, havia adolescentes e adultos que mergulhavam no mar e alguns casais aqui e ali andando tranquilamente pela areia.
E como preparação, as vozes foram diminuindo gradativamente enquanto a meia-noite se aproximava; com o primeiro rojão subindo pelo céu iluminando-nos com sua luz esverdeada, houve gritos de comemoração e um coro de Feliz Natal para todos os lados. Os "vizinhos" de barraca nunca vistos antes se tornaram companheiros nas trocas de felicitações e alegria, quando o som de pratos e vasilhas sendo abertas soaram como um coro por toda a praia, um grupo errante surgiu procurando espaço na orla da praia. Minha mãe com seus olhos de águia avisou o peru vistoso e não hesitou em oferecer um espaço na tenda; afinal o Natal era sobre "compartilhar". Eles foram se ajeitando, colocando umas cadeiras aqui, umas bebidas ali de modo que no fim estavam quase todos sentados à mesa.
Entre me apertar por um espaço e ficar sobre a manta estendida na areia... Não pensei duas vezes em fazer o meu prato e sentar-me confortavelmente ali. Enquanto segurava a coxa do frango com uma mão, uma figura sentou ao meu lado, quando os desconhecidos chegaram não havia olhado mais que uma vez para as suas faces. Deveria! Porque entre eles estavam os integrantes de uma das minhas bandas favoritas.
— Posso me sentar ao seu lado? — Ele me perguntou de forma educada.
A coxa de frango caiu sobre o meu colo, a surpresa me fez parecer estabanada e com vergonha demais apenas concordei enquanto pegava uma ponta da manta limpando a pele desnuda.
— Obrigado por receber meus amigos hoje. — Ele buscou me deixar confortável.
— É o espírito natalino. — Devolvi a sentença mantendo meus olhos em meu prato.
— Eu sei que você deve ter belos olhos, então não precisa ficar com vergonha. — Ele utilizou um tom brincalhão atraindo meu olhar e me fazendo rir da sua "comemoração" espalhafatosa. — Consegui te fazer sorrir, agora falta saber o seu nome.
— , mas ninguém me chama assim, pode me chamar de . — O respondi após parar de rir.
— Como quiser, , me chamo , mas isso você parecia saber. — Ele piscou um olho antes de se levantar buscando algumas bebidas antes de retornar a se sentar ao meu lado. — Servida? — me estendeu uma das garrafas que segurava.
— Obrigada. — Agradeci com um sorriso enquanto deixava-a ao meu lado.
Conforme os minutos se seguiam, a conversa fluiu sem qualquer dificuldade entre nós, comentei sobre meu amor pela banda e as músicas e ele me explicou coisas aqui e ali. De fato, o Chester esturricado fora um ótimo pedido ao Papai Noel.
Em determinado momento, sentimos os olhares sobre nós, o que foi a razão de perguntar se ele queria dar uma volta. Os shows de fogos haviam se encerrado, mas a lua brilhante sobre o mar era um espetáculo à parte! e eu então sentamos perto de umas pedras acompanhando o vai e vem das marés, naquele momento o silêncio me pareceu uma boa escolha.
— Hey, ! Cara, estávamos te procurando por todos os lados! — Um dos amigos dele o chamou.
— Já encontro vocês. — o respondeu com tranquilidade. — Eu sei que pode ser meio surpreendente o pedido que tenho a dizer, mas, por favor, considere as opções. — Seu olhar havia cativado o meu, seu sorriso sem jeito enfeitava-lhe os lábios rosados.
— Tudo bem, eu o ouvirei. — O respondi em partes curiosa e por gostar de sua presença.
— A banda sairá em viagem para um festival de réveillon no Rio, eu sei que te pedir para me acompanhar é algo absurdo, já que nos conhecemos hoje. — Ele foi apresentando sua proposta sem desviar seu olhar de seriedade e calidez. — Eu só sei que o tempo é algo precioso; e são poucas as oportunidades que a vida apresenta pessoas que podemos criar verdadeiras conexões, eu não sei o que pode ter te colocado aqui nesta noite mas não acredito em acasos. — Ele havia diminuído a distância que nos separava.
O silêncio se fez presente enquanto processava as palavras ditas por , eu não entendia ou acreditava em superstições, mas era algo irreal demais para acreditar em uma proposta tão agradável.
— Qual a sua resposta, ? — A forma que ele pronunciou meu apelido fez um calor agradável se espalhar pelo meu peito.
— Oportunidades como essa são únicas… — A incerteza e o nervosismo permeavam meu tom de voz.
— Sim. — Ele não negou ou me pressionou.
— E nós acabamos de nos conhecer. — Prossegui ainda divagando de forma reticente.
— Exatamente. — Ele concordou sem qualquer hesitação.
— Eu não sei o que te responder. — Olhei para ele enquanto transmitia minhas palavras com sinceridade.
— Eu sei que é difícil de acreditar em mim, mas seja lá o que futuro nos reserva, eu não quero me arrepender das minhas escolhas, e você, ? Está disposta a não ter arrependimentos?! — Com apenas uma frase, ele havia me vencido, acabei apenas balançando a cabeça concordando.
me abraçou enquanto sussurrada um feliz Natal que desfez qualquer insegurança sobre o que o amanhã nos reservava; me preocuparia com o futuro quando ele chegasse, nesta noite apenas teria que explicar meus novos planos para minha mãe e arrumar as malas para a viagem inesperada.
Fim.
Nota da autora: Chegamos ao fim de mais uma história, obrigada por ter lido até aqui. Essa história fora escrita com muito carinho e dedicação, espero que tenham apreciado.
Boas festas 🎄✨🎆
Ei, leitoras, vem cá! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso para você deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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