Prólogo
- O ácido desoxirribonucleico é um composto orgânico que contém as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento de funcionamento de todos os seres vivos... – Revirei os olhos, abaixando a cabeça para o meu caderno novamente, voltando a fazer rabiscos no mesmo.
Senti um toque em meus ombros e um papel foi jogando em minha mesa, me fazendo franzir a testa. Virei o rosto para trás, vendo alguns meninos apontando para trás, para Chris que tinha um sorriso de leve no rosto, balancei a cabeça e virei para frente novamente, vendo que minha amiga do meu lado sorria para mim.
Abaixei a cabeça para a mesa e desdobrei o papel, vendo uma letra cursiva no mesmo, com poucos escritos: “Quer sair comigo sexta à noite após o jogo? – Chris”. Kate tirou o bilhete da minha mão e sorriu, animada. Virei para trás e olhei para Chris que tinha voltado a prestar atenção na aula e fiquei pensativa.
Virei meu caderno até a última página e tirei um pedaço da folha do mesmo, escrevendo rapidamente para minha amiga. “O que você acha?” Olhei para a professora rapidamente que continuava falando sobre DNA e joguei o papel na mesa da minha amiga, acompanhando-a abrir o mesmo embaixo da mesa e virar para mim de olhos arregalados.
Ela rabiscou alguma coisa no papel e jogou de volta, quase caindo da cadeira com a força, me fazendo segurar a risada para não ecoar pela sala sonolenta. Coloquei as mãos na boca, respirando fundo e relaxei o corpo.
- Algum problema, senhorita ? – Virei para a professora.
- Não senhora, Davis, nenhum problema. – Ela assentiu com a cabeça.
- Se importa em falar quantas são as bases do DNA e nomeá-las? – A sala inteira se virou para mim e eu puxei o ar profundamente.
- São quatro, senhora. Adenina, citosina, guanina e timina. – Falei, vendo-a ficar quieta.
- Olhos no quadro, sala. Olhos no quadro. – A senhora Davis falou e eu estiquei a mãe para Kate, sentindo-a bater na mesma, me fazendo rir.
Peguei o papel novamente na mesa e o abri, vendo a letra feia de Kate. “Mas é claro que sim, ele é amigo dos atletas, popular e ainda é gatinho”. Franzi a testa, virando discretamente para trás, dando uma checada disfarçada para Chris e suspirei, escrevendo novamente. “Mas eu nunca falei com ele”. Joguei o papel novamente.
Pude notar claramente os olhos de Kate se revirarem e ela escreveu algo fortemente, que deu até para ouvir o barulho da caneta rabiscando no papel e ele retornou para mim. “Esse é um ótimo jeito de conhecer”.
Soltei um longo suspiro e amassei o papel que ela havia me enviado e joguei dentro da minha bolsa, junto com vários outros provavelmente. Virei para o papel que Chris havia me enviado inicialmente e eu respirei fundo, pegando a caneta em cima da mesa e respirei fundo antes de escrever “Claro, por que não? Onde nos encontramos?” Dobrei o papel novamente e estiquei em direção aos meus ombros, vendo o aluno de trás pegá-lo e virei para Chris que já tinha o mesmo na mão.
Ele abriu o bilhete rapidamente, passando os olhos pelo mesmo e se virou para mim, dando um pequeno sorriso e vi um colega dele puxar o bilhete da sua mão, me fazendo rir e virar para a aula novamente, ouvindo o sinal tocar de forma estridente em seguida.
Senti um toque em meus ombros e um papel foi jogando em minha mesa, me fazendo franzir a testa. Virei o rosto para trás, vendo alguns meninos apontando para trás, para Chris que tinha um sorriso de leve no rosto, balancei a cabeça e virei para frente novamente, vendo que minha amiga do meu lado sorria para mim.
Abaixei a cabeça para a mesa e desdobrei o papel, vendo uma letra cursiva no mesmo, com poucos escritos: “Quer sair comigo sexta à noite após o jogo? – Chris”. Kate tirou o bilhete da minha mão e sorriu, animada. Virei para trás e olhei para Chris que tinha voltado a prestar atenção na aula e fiquei pensativa.
Virei meu caderno até a última página e tirei um pedaço da folha do mesmo, escrevendo rapidamente para minha amiga. “O que você acha?” Olhei para a professora rapidamente que continuava falando sobre DNA e joguei o papel na mesa da minha amiga, acompanhando-a abrir o mesmo embaixo da mesa e virar para mim de olhos arregalados.
Ela rabiscou alguma coisa no papel e jogou de volta, quase caindo da cadeira com a força, me fazendo segurar a risada para não ecoar pela sala sonolenta. Coloquei as mãos na boca, respirando fundo e relaxei o corpo.
- Algum problema, senhorita ? – Virei para a professora.
- Não senhora, Davis, nenhum problema. – Ela assentiu com a cabeça.
- Se importa em falar quantas são as bases do DNA e nomeá-las? – A sala inteira se virou para mim e eu puxei o ar profundamente.
- São quatro, senhora. Adenina, citosina, guanina e timina. – Falei, vendo-a ficar quieta.
- Olhos no quadro, sala. Olhos no quadro. – A senhora Davis falou e eu estiquei a mãe para Kate, sentindo-a bater na mesma, me fazendo rir.
Peguei o papel novamente na mesa e o abri, vendo a letra feia de Kate. “Mas é claro que sim, ele é amigo dos atletas, popular e ainda é gatinho”. Franzi a testa, virando discretamente para trás, dando uma checada disfarçada para Chris e suspirei, escrevendo novamente. “Mas eu nunca falei com ele”. Joguei o papel novamente.
Pude notar claramente os olhos de Kate se revirarem e ela escreveu algo fortemente, que deu até para ouvir o barulho da caneta rabiscando no papel e ele retornou para mim. “Esse é um ótimo jeito de conhecer”.
Soltei um longo suspiro e amassei o papel que ela havia me enviado e joguei dentro da minha bolsa, junto com vários outros provavelmente. Virei para o papel que Chris havia me enviado inicialmente e eu respirei fundo, pegando a caneta em cima da mesa e respirei fundo antes de escrever “Claro, por que não? Onde nos encontramos?” Dobrei o papel novamente e estiquei em direção aos meus ombros, vendo o aluno de trás pegá-lo e virei para Chris que já tinha o mesmo na mão.
Ele abriu o bilhete rapidamente, passando os olhos pelo mesmo e se virou para mim, dando um pequeno sorriso e vi um colega dele puxar o bilhete da sua mão, me fazendo rir e virar para a aula novamente, ouvindo o sinal tocar de forma estridente em seguida.
Parte 1
Capítulo 1
Fui uma das primeiras a sair da sala depois que o sinal tocou. Kate veio logo atrás de mim espoleta, falando sobre o convite de Chris para sair e eu realmente não estava muito empolgada. Sei lá, éramos pessoas totalmente diferentes que mal trocávamos um oi na escola. O que será que tinha mudado agora?
Ignorei o falatório de Kate e andei por alguns corredores, seguindo para o meu armário. Abri o mesmo com uma rápida batida na porta de metal, macete que funcionava com quase todos os armários deste colégio, e joguei meu livro de biologia lá dentro. Dei uma rápida conferida no horário para saber qual era a próxima aula e troquei os livros, pegando o de redação.
- Então! – Vi Kate aparecer ao meu lado e revirei os olhos.
- Eu não sei. – Suspirei. – Eu não gosto dele.
- Isso é fácil resolver. – Ela se apoiou no armário. – Saia com ele e descubra.
- Não, sério! Eu nunca fui com a cara desses atletas. – Ela riu, olhando para os lados para ver se não tinha chamado atenção.
- Você é a aluna mais bonita da escola, . As líderes de torcida te odeiam só por você não querer fazer parte do grupinho delas e ainda ser mais bonita que a Amber. – Dei um pequeno sorriso. - Tem que aproveitar as oportunidades que a vida te dá. – Suspirei, olhando para ela.
- Por que você não sai com ele? – Perguntei.
- Porque ele não me chamou para sair. – Suspirei.
- Mas ele é o mascote, Kate. – Balancei a cabeça.
- E o braço direito do técnico e amigo dos atletas. – Ela ficou de costas para mim por um tempo. – Além de ser gatinho. – Ela suspirou.
- Brad Pitt é gatinho, ele é ajeitado.
- Bem, você já disse sim, certo? Descobre, qualquer coisa você joga fora. – Revirei os olhos.
- Odeio quando você fala isso dos garotos. A gente odeia ser materializada, eles também não deveriam ser. – Falei.
- Então, viva um longe e duradouro relacionamento com ele. – Balancei a cabeça.
- Ah, Deus, não! – Balancei a cabeça.
- Bem, você já disse sim. – Ela se virou para mim novamente. – E ele está vindo em nossa direção em três, dois... – Empurrei-a de lado, vendo-a começar a andar e virei o rosto, vendo Chris se aproximar de mim.
- ... – Ele se aproximou e eu fechei a porta do armário, olhando para ele.
- Ei. – Falei, ouvindo o sinal tocar.
- Então... Sobre o bilhete. – Ri fraco.
- Você poderia vir falar direto comigo, sabe? – Falei baixo e ele riu, me acompanhando em direção à sala.
- Se não fosse daquele jeito, eu não conseguiria! – Ele colocou as mãos no bolso e eu ri.
- Bem, você chegou até mim agora, não?! – Dei de ombros e ele assentiu com a cabeça.
- É... – Ele riu sozinho.
- Mas, então, após o jogo? – Perguntei, dando a chance que Kate queria.
- Pode ser? Você vem ao jogo? Ou eu te pego depois? – Ele perguntou, se embolando com as palavras. – Eu nunca te vejo. – Ri baixo com o nervosismo dele.
- Eu estarei aqui. – Falei com um pequeno sorriso. – A gente se encontra embaixo das arquibancadas. – Ele assentiu com a cabeça, dando um pequeno sorriso.
- Combinado! – Ele sorriu.
- Aula de redação agora? – Falei quando cheguei à porta da sala.
- Não! – Ele falou, colocando as mãos na cabeça. – Droga! – Ri fraco. – Até sexta. – Acenei para ele e ri fraco, vendo-o correr pelos corredores.
- Com licença! – Falei para a professora que estava na sala e ela fez um aceno de cabeça e eu me coloquei na cadeira vazia, na mesa redonda da sala.
Me olhei no espelho e suspirei, puxando a blusa branca com detalhe no decote para baixo. Balancei a cabeça para um lado e peguei minha jaqueta de couro preta atrás da porta e a vesti, me olhando novamente no espelho.
- Acho que está bom. - Jeans escuros, blusa branca, jaqueta preta e uma bota de cano baixo nos pés.
Coloquei meus acessórios e saí do quarto, seguindo para o banheiro. Passei um lápis preto nos olhos e bastante rímel. Finalizei a maquiagem com um batom rosa claro nos lábios. Não estava em nenhuma sessão de fotos, era só um cara.
- Querida, Kate está aqui. – Minha mãe apareceu na porta do banheiro e eu assenti com a cabeça.
- Estou descendo! – Falei para ela que assentiu com a cabeça.
Voltei para meu quarto e me olhei rapidamente no espelho. Ponderei com a cabeça por alguns segundos e balancei a cabeça. Abri minha bolsa, peguei duas notas de 20 da minha carteira, minhas chaves e saí do quarto, puxando a porta.
Desci as escadas de casa rapidamente e encontrei meus pais assistindo TV enquanto meu irmãozinho de cinco anos brincava com LEGOS no tapete.
- Eu vou sair. - Falei e meus pais olhavam para mim.
- Vai para o jogo? – Meu pai perguntou, se sentando no sofá.
- Vou sim. – Falei, suspirando. – E vou sair com um garoto depois.
- Quer falar sobre isso? – Minha mãe perguntou.
- Não é nada, acho que nem vai dar em nada. – Eles assentiram com a cabeça.
- Tem dinheiro? – Meu pai perguntou.
- Tenho sim. – Falei. – Do meu último trabalho. – Eles assentiram com a cabeça.
- Bem, divirta-se, querida! – Minha mãe falou e eu sorri.
- Tentarei voltar antes da meia-noite. – Falei e ambos assentiram com a cabeça.
- Até mais! – Eles falaram juntos e eu segui para a porta aberta, onde Kate chutava algumas pedras do meu jardim. Puxei a porta e Kate olhou para mim.
- Ei! – Kate falou e eu assenti.
- Ei! – Falei, começando a andar ao seu lado em direção ao colégio.
- Animada? – Ela perguntou e eu revirei os olhos.
- Meu Deus, Kate! Você está mais empolgada do que eu. – Falei, vendo-a andar de costas para a rua, virada para mim. – Quer sair com ele? Eu deixo! – Ela riu.
- Não é isso, sua idiota! – Ela falou. – É que, sei lá, ele é gatinho, você é maravilhosa. Imagina isso daqui alguns anos...
- Kate! – A repreendi. – Não sei nem se eu vou querer sair com ele de novo depois de hoje. – Suspirei. – Eu nem deveria estar saindo, deveria focar na minha carreira, não em caras.
- Algo de novo na sua carreira? – Ela falou em tom de desdém.
- Tenho uma sessão de fotos para a GAP e um comercial de TV para a Banana Republic semana que vem, ok?! – Ela franziu os lábios, surpresa.
- É isso aí, garota! – Ela falou, esticando a mão e eu bati na mesma.
- Eu tô sentindo que vai decolar, sabe? Então, eu realmente não queria sair com ninguém agora. – Balancei a cabeça.
- Então, por que você aceitou? – Ela perguntou.
- Por outro lado, tirando minha carreira, eu não tenho mais nada de interessante na minha vida. – Dei de ombros.
- Tenha o melhor dos dois mundos, então! – Ela sorriu, voltando a andar ao meu lado.
- Vamos ver! – Falei, começando a ver o burburinho de pessoas chegando à escola.
Entramos pela porta do ginásio e logo fui ensurdecida pelo barulho da banda e das líderes de torcida. Amber, a chefe da líder de torcida parou o que estava fazendo para dar uma bela checada em mim e eu dei um pequeno sorriso, acenando com a mão e segui Kate que pedia educadamente, caham, para as pessoas a deixarem passar.
- Aqui! – Ela falou, depois de subir quase todos os degraus e eu me sentei ao seu lado, pedindo licença para uma das pessoas que torciam loucamente.
Sentei-me na arquibancada e Kate já se levantou para caçar o vendedor de amendoins e eu apoiei meus cotovelos em minhas coxas e observei o jogo se preparando lá em baixo. Vi uma ola acontecendo próximo a mim e franzi a testa, sendo empurrada pelas pessoas que a fizeram.
Olhei para baixo novamente e vi quem tinha puxado a ola, o mascote da escola em formato de raposa. Nada mais do que o cara que eu sairia essa noite. Ele corria de um lado para o outro diante á arquibancada, fazendo com que o povo gritasse e se animasse com ele.
Franzi a testa, pensando onde eu tinha me metido e vi a raposa acenar para mim, me deixando roxa, na melhor das hipóteses. Respirei fundo e balancei a cabeça, tentando manter os ânimos erguidos. Vi Kate voltando para seu lugar e notei que pelo menos não estaria sozinha.
- Quer? – Ela me ofereceu o amendoim e eu balancei a cabeça, afastando o pacote de perto do meu rosto.
Fiquei alguns minutos sentada em meu lugar esperando o local esvaziar após o jogo. Havíamos perdido de 50x47. Nosso time não era o melhor da região, mas dava para o gasto, não que eu me importasse muito com isso.
Observei as pessoas saindo aos poucos, os times, os jogadores e os mascotes. Kate disse que sairia com um pessoal do grupo de laboratório dela e nos despedimos rapidamente. Esperei alguns minutos e desci as arquibancadas, me colocando atrás delas, onde era ponto de encontro para a maioria das coisas. Tanto que tinha alguns jogadores e algumas meninas ali atrás.
Segurei minha jaqueta com as mãos, já que eu havia tirado no começo do jogo e esperei um pouco. Chris logo surgiu embaixo da arquibancada. Ele estava com uma calça caqui, uma blusa de manga comprida e tênis nos pés.
- Ei! – Ele falou e eu dei um pequeno sorriso.
- Ei!
- Demorei demais? – Ele perguntou.
- Não! – Assenti com a cabeça.
- Vamos? – Ele falou, indicando o espaço para sair de baixo das arquibancadas e eu o segui.
- Então, para onde vamos? – Perguntei.
- Estava pensando em ir ao cinema, você gosta de filmes? – Ele perguntou, andando com as mãos no bolso ao meu lado.
- Sim, eu gosto! – Atravessamos o corredor da escola. – Bem, dependendo do gênero e do filme.
- Romance? – Ele perguntou e eu ri fraco.
- Oh, eu não sou tão óbvia assim, Chris! – Saímos para a rua, onde algumas pessoas saíam com carros, motos e bicicletas.
- Me diga, então. Do que você gosta? – Ri fraco.
- Eu sou simples. – Dei de ombros. – Só tenho meus sonhos e ambições como todo mundo. – Olhei para ele rapidamente que sorriu.
- Ah! – Ele parou rapidamente. – Você se importa em ir a pé? Eu não tenho carro, sabe? – Ri fraco, balançando a cabeça.
- Não se preocupe. Estou acostumada a andar a pé. – Soltei o ar pelo nariz, sentindo um cheiro forte por perto. – Eu moro por aqui.
- Eu também! – Ele falou sorrindo.
- Ahm... – Balancei a cabeça, sentindo o cheiro novamente e olhei em volta vendo se não tinha nada na rua. – E você? O que você gosta?
- Filmes, principalmente. – Ele riu fraco. – Teatro, toda essa parte de atuação. – Ele sorriu. – Quero se ator.
- Sério? Que legal! – Sorri. – Que tipo de ator? Indie? Blockbuster? – Perguntei.
- O que der dinheiro! – Rimos juntos e eu senti meu nariz incomodar novamente. – Você é modelo, não é? Já te vi em alguns outdoors pela cidade. – Dei um pequeno sorriso.
- Sim. Desde os nove anos... – Respirei fundo novamente. – Chris, desculpa ser inconveniente, mas, por acaso, esse cheiro vem de você? – Perguntei, não conseguindo me segurar. Ele puxou a gola da blusa, como se a cheirasse e fechou os olhos, como quando você não percebe algo que está óbvio.
- Me desculpa! – Ele balançou a cabeça. – Eu me esqueci de trazer uma troca de roupa e a roupa do mascote é quente, eu suo demais... – Ele bufou alto. – Me desculpe.
- Bem... – Dei de ombros. – Você disse que mora perto, porque eu não finjo que esse não está sendo o pior encontro que eu já fui e vamos à sua casa, você toma um banho, troca de roupa e continuamos nossos planos. – Ele riu fraco.
- O pior encontro? Mesmo? – Ele me olhou e eu dei de ombros.
- Você não tomou banho e está com a roupa que você suou o jogo inteiro. – Suspirei. – Você não começou bem. – Ele riu nervoso.
- Você vai me dar outra chance? – Ele perguntou e eu dei um pequeno sorriso.
- Vamos ver se você acerta dessa vez. – Coloquei minha jaqueta novamente. – Para onde é sua casa? – Falei e ele apontou para uma das ruas que cruzava a rotatória. – Vamos lá! – Falei, seguindo na sua frente.
Ele passou em minha frente quando chegamos a uma casa amarela com jardineira na janela. Fomos o caminho inteiro em silêncio. Acho que eu havia sido um pouco direta demais sobre o cheiro ruim. Mas também, mancada! Eu nem queria sair com ele, e agora ele me sai fedendo suor? Desculpa, mas isso eu não aceitaria. Eu podia esperar ele tomar um banho.
- É aqui! – Ele falou, procurando pelas chaves no bolso e eu assenti com a cabeça, esperando que ele abrisse a porta. - Pode entrar.
- Com licença! – Falei, passando em sua frente e ele veio atrás de mim.
- Mamãe, cheguei! – Franzi a testa ao ouvir aquilo e olhei novamente para ele que passou por mim, andando pela sua sala.
Mamãe? Que idade ele tinha? Calma, , relaxa! Balancei a cabeça e dei alguns passos para dentro, ficando próxima a ele.
- Você já chegou? – Uma senhora loira e rechonchuda apareceu em uma das portas e eu respirei fundo. Primeiro encontro e eu já conheceria a família toda dele?
- Eu vou tomar um banho antes de sairmos. – Ele falou e cochichou alguma coisa para a mãe que eu não consegui ouvir.
- Muito bom! – Sua mãe falou sorrindo.
- Essa é , mãe. – Ele falou, estendendo a mão em minha direção e eu tirei as mãos do casaco, estendendo para ela.
- Olá, , tudo bem? – Ela apertou minha mão. – Sou Lisa, mãe do Chris.
- Um prazer, senhora! – Sorri educada.
- O prazer é meu! – Ela sorriu e notei que ela deu uma analisada em mim de cima a baixo. – Você me parece familiar... Já nos conhecemos?
- Eu sou modelo. – Falei. – Apareço em alguns comerciais e outdoors pela cidade. – Ela abriu os lábios como se entendesse.
- Acho que é isso mesmo então! – Ela sorriu.
- Ahm, mãe. Vamos subir para o meu quarto. – Chris falou intervindo e sua mãe assentiu com a cabeça.
- Beleza! – Ele falou. – Mas deixe a porta aberta. – Dei um pequeno sorriso.
- Mamãe! – Ele reclamou e senti aquilo doer em meus ouvidos novamente. – Vamos? – Ele falou para mim e eu assenti a cabeça, vendo-o andar em direção às escadas e o segui. Ele subiu de dois em dois degraus e eu fui devagar atrás dele.
- Desculpa por isso, minha mãe é superprotetora demais. – Assenti com a cabeça.
- Não se preocupe, creio que meus pais fariam a mesma coisa. – Falei, chegando ao segundo andar e andamos pelo corredor que tinha lá em cima. Eu contei sete portas, facilmente. – Uau! – Falei. – Sua casa é grande! – Ele riu fraco.
- Eu tenho mais três irmãos, mas não se espante pelas portas, os quartos são pequenos. – Ele falou, seguindo para o último quarto do corredor e abriu a mesma. – Ignore a bagunça. – Ele falou e eu o segui, entrando em seu quarto e foi impossível não notar a bagunça. Ela estava em todo lugar.
Engoli em seco ao ver as roupas, sapatos, skate, mochilas, livros e mais algumas coisas espalhadas pelo quarto e ele seguiu rapidamente para o armário, provavelmente procurando uma troca de roupa.
- Fica à vontade! – Ele falou e eu entrei em seu quarto, empurrei algumas roupas com as pontas dos dedos para longe e me sentei em uma pontinha no canto da cama, encarando o local inteiro.
O único pensamento na minha cabeça era: Kate eu vou te matar.
- Eu já volto! – Ele falou com algumas roupas em suas mãos e eu assenti com a cabeça, vendo-o sair pelo quarto e fechar a porta.
Ele não demorou mais que 10 minutos, mas confesso que eu fiquei tentada a arrumar seu quarto. Aquilo conseguia ultrapassar os limites normais de adolescentes bagunceiros e estava parecendo um chiqueiro. Preferi nem me mexer muito, vai que saía um rato por ali.
Chris apareceu decente na próxima vez. Ele cheirava a sabonete, tinha os cabelos molhados e penteados e usava uma roupa parecida com a de mais cedo, mas limpa. Ela estava levemente amassada, mas ainda sim limpa. Ele voltou com as roupas sujas em seus braços e jogou em um cesto de roupa embaixo da escrivaninha. Então, tem um cesto, é?
Ele seguiu para sua escrivaninha, procurando por sua carteira e olhou dentro da mesma rapidamente e guardou no bolso da calça. Ele se olhou no pequeno espelho colado na parede e eu dei um pequeno sorriso. Limpinho ele era até ajeitado.
- Vamos? – Ele se virou para mim e eu fiquei feliz em me levantar da cama. Estava sentada de mau jeito há um tempinho.
- Claro! – Falei, me colocando à frente, saindo de seu quarto.
- Eu só vou falar com a minha mãe, é rapidinho. – Ele disse.
- Tudo bem! – Falei, descendo as escadas de volta para a sala e segui para a porta da frente novamente.
- Já vão? – Sua mãe apareceu novamente.
- Já sim! – Falei, com um pequeno sorriso no rosto.
- Apareça sempre que quiser, . – Assenti com a cabeça.
- Obrigada! – Sorri e ela assentiu com a cabeça.
- Ei, mãe! – Chris se aproximou dela. – Tem dinheiro para me emprestar? Eu estou duro. – Virei em direção a ambos, me contendo em não colocar as mãos na cabeça de indignação e vi sua mãe seguir para uma bolsa em cima da mesa e pegar sua carteira.
Nessa hora eu me virei. Nossa Kate! Eu vou te matar e te quebrar em um milhão de pedaços. Esse é o pior encontro de todos. E ele nem ao menos começou.
- Pronto! – Chris apareceu, guardando a carteira no bolso novamente.
- Vamos lá! – Falei, tentando dar um meio sorriso e acenei para sua mãe que sorria para nós.
- Se cuidem, hein?! – Ela falou sorrindo e Chris abriu a porta para mim, fazendo com que eu agradecesse por sair dali.
- Ok! – Falei quando a porta se fechou. – Aonde vamos?
Acabamos indo assistir Mulan, a animação da Disney que tinha lançado há alguns dias. Com o dinheiro que a mãe dele tinha dado. O filme era muito legal, era sensacional, para falar a verdade. Uma moça que tomava o lugar de seu pai para que ele não morresse na guerra e salvava toda a China.
Mas o que não estava muito legal era o silêncio entre nós. Eu não estava muito empolgada com isso, confesso. Depois das duas situações, eu havia ficado quieto no meu canto. Ele também não tentou dar nenhuma investida... Não que eu quisesse que ele desse alguma investida, mas traria um pouco mais de emoção à situação.
Saímos do cinema em silêncio. Eu tinha as mãos enfiadas no bolso da jaqueta e ele no bolso da calça. Voltamos pelo caminho que viemos, seguindo em direção à minha casa.
Kate deveria estar com as orelhas vermelhas. Vou me lembrar de nunca fazer isso novamente. Pelo menos tentar conhecer a pessoa antes de aceitar sair com ela. Assim eu saberia como ela era, o que ela gostava ou pelo menos se tínhamos o mínimo de afinidade para ter um papo decente.
- Então... – Falei, suspirando.
- Hoje foi... – Ele começou a falar.
- Interessante! – Falei, antes dele finalizar e ele riu fraco ao meu lado.
- Se quiser dizer assim. – Balancei a cabeça, respirando fundo.
- Desculpa, Chris. É que eu não consigo achar papo sendo que eu não sei do que você gosta. – Dei de ombros e ele assentiu com a cabeça.
- Você poderia me dar outra chance? – Ele perguntou e eu franzi a testa, fazendo-o rir.
- Vamos ver durante essa semana, ok? – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Podemos almoçar juntos um dia. – Assenti com a cabeça.
- Sim! – Dei um sorriso. – Assim eu consigo saber os assuntos para o próximo encontro. – Ele gargalhou.
- Posso planejar uns cartões de assunto para nós. – Foi minha vez de gargalhar.
- Parece o Ross de Friends. – Ele balançou a cabeça.
- Ele e a Rachel estavam ou não dando um tempo? – Ele perguntou e eu ri fraco.
- Oh, Deus! Não vamos começar com isso! – Falei e ele riu. - Aquela é minha casa. – Falei, seguindo em direção à porta.
- A gente se vê na escola? – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça, subindo os dois degraus da varanda.
- Uhum.
- Tenha uma boa noite. – Ele falou, com as mãos afundadas no bolso.
- Você também. – Dei um pequeno sorriso e ele balançou o corpo e não sabia o que fazia.
Para não deixar aquilo mais desconfortável do que já estava, eu me aproximei dele rapidamente e depositei um curto beijo em sua bochecha, me afastando devagar. Ele deu um pequeno sorriso, assentindo com a cabeça.
- Legal! – Ele falou e eu dei um pequeno sorriso.
- Boa noite, Chris! – Falei, dando meia volta e empurrando a porta de casa. Dando uma rápida olhada nele antes de fechar a mesma.
Encostei meu corpo na porta e fechei os olhos, respirando fundo. Haviam sido às três horas mais tortuosas da minha vida, pior do que acompanhar ao jogo de basquete até o fim... E eu nem gosto de basquete.
- Chegou cedo! – Abri os olhos ao ver minha mãe na bancada da cozinha e eu respirei fundo, me aproximando dela. – Como foi o encontro?
- Um desastre! – Falei, fazendo-a rir.
- Foi tão mal assim? – Ela perguntou e eu suspirei.
- Não tinha clima, mãe. – Franzi a testa. – Ele me levou na casa dele, porque ele estava fedendo, eu conheci sua mãe, ele a chamou de mamãe como se tivesse cinco anos ainda e ainda pediu dinheiro para sair. – Ela riu fraco. – Pelo menos o filme é legal.
- Ah, querida! Mas nem todo mundo tem um emprego como você. E vai ver é questão de costume ele chamar a mãe dele assim. – Suspirei, tirando a jaqueta.
- Você acha que eu estou exagerando? – Cruzei os braços.
- Sobre a parte de ele estar fedendo, não. – Ela balançou a cabeça. – Mas sobre o resto sim. – Ela se aproximou de mim. – As pessoas são diferentes e temos que conviver com isso. – Ela deu de ombros. – Ele pode não ser seu príncipe encantando...
- Com certeza não é! – Ela riu.
- Mas ele só foi criado de forma diferente. – Suspirei.
- Acho que eu devo desculpas para ele, então. – Minha mãe deu um beijo em minha testa.
- Talvez sim, talvez não. Você pode dar outra chance a ele e tentar de novo. – Ela deu de ombros, seguindo novamente de volta para a escada e eu suspirei.
- Vamos ver! – Falei e ela assentiu com a cabeça, subindo pelas escadas e eu fiquei sozinha na sala novamente.
Vamos ver. Pensei comigo mesma e segui escadas acima, entrando no quarto novamente. Enquanto me trocava para o meu pijama, eu já comecei a pensar sobre o que eu faria amanhã e em que momento do meu sábado eu encheria Kate de porrada.
Ignorei o falatório de Kate e andei por alguns corredores, seguindo para o meu armário. Abri o mesmo com uma rápida batida na porta de metal, macete que funcionava com quase todos os armários deste colégio, e joguei meu livro de biologia lá dentro. Dei uma rápida conferida no horário para saber qual era a próxima aula e troquei os livros, pegando o de redação.
- Então! – Vi Kate aparecer ao meu lado e revirei os olhos.
- Eu não sei. – Suspirei. – Eu não gosto dele.
- Isso é fácil resolver. – Ela se apoiou no armário. – Saia com ele e descubra.
- Não, sério! Eu nunca fui com a cara desses atletas. – Ela riu, olhando para os lados para ver se não tinha chamado atenção.
- Você é a aluna mais bonita da escola, . As líderes de torcida te odeiam só por você não querer fazer parte do grupinho delas e ainda ser mais bonita que a Amber. – Dei um pequeno sorriso. - Tem que aproveitar as oportunidades que a vida te dá. – Suspirei, olhando para ela.
- Por que você não sai com ele? – Perguntei.
- Porque ele não me chamou para sair. – Suspirei.
- Mas ele é o mascote, Kate. – Balancei a cabeça.
- E o braço direito do técnico e amigo dos atletas. – Ela ficou de costas para mim por um tempo. – Além de ser gatinho. – Ela suspirou.
- Brad Pitt é gatinho, ele é ajeitado.
- Bem, você já disse sim, certo? Descobre, qualquer coisa você joga fora. – Revirei os olhos.
- Odeio quando você fala isso dos garotos. A gente odeia ser materializada, eles também não deveriam ser. – Falei.
- Então, viva um longe e duradouro relacionamento com ele. – Balancei a cabeça.
- Ah, Deus, não! – Balancei a cabeça.
- Bem, você já disse sim. – Ela se virou para mim novamente. – E ele está vindo em nossa direção em três, dois... – Empurrei-a de lado, vendo-a começar a andar e virei o rosto, vendo Chris se aproximar de mim.
- ... – Ele se aproximou e eu fechei a porta do armário, olhando para ele.
- Ei. – Falei, ouvindo o sinal tocar.
- Então... Sobre o bilhete. – Ri fraco.
- Você poderia vir falar direto comigo, sabe? – Falei baixo e ele riu, me acompanhando em direção à sala.
- Se não fosse daquele jeito, eu não conseguiria! – Ele colocou as mãos no bolso e eu ri.
- Bem, você chegou até mim agora, não?! – Dei de ombros e ele assentiu com a cabeça.
- É... – Ele riu sozinho.
- Mas, então, após o jogo? – Perguntei, dando a chance que Kate queria.
- Pode ser? Você vem ao jogo? Ou eu te pego depois? – Ele perguntou, se embolando com as palavras. – Eu nunca te vejo. – Ri baixo com o nervosismo dele.
- Eu estarei aqui. – Falei com um pequeno sorriso. – A gente se encontra embaixo das arquibancadas. – Ele assentiu com a cabeça, dando um pequeno sorriso.
- Combinado! – Ele sorriu.
- Aula de redação agora? – Falei quando cheguei à porta da sala.
- Não! – Ele falou, colocando as mãos na cabeça. – Droga! – Ri fraco. – Até sexta. – Acenei para ele e ri fraco, vendo-o correr pelos corredores.
- Com licença! – Falei para a professora que estava na sala e ela fez um aceno de cabeça e eu me coloquei na cadeira vazia, na mesa redonda da sala.
Me olhei no espelho e suspirei, puxando a blusa branca com detalhe no decote para baixo. Balancei a cabeça para um lado e peguei minha jaqueta de couro preta atrás da porta e a vesti, me olhando novamente no espelho.
- Acho que está bom. - Jeans escuros, blusa branca, jaqueta preta e uma bota de cano baixo nos pés.
Coloquei meus acessórios e saí do quarto, seguindo para o banheiro. Passei um lápis preto nos olhos e bastante rímel. Finalizei a maquiagem com um batom rosa claro nos lábios. Não estava em nenhuma sessão de fotos, era só um cara.
- Querida, Kate está aqui. – Minha mãe apareceu na porta do banheiro e eu assenti com a cabeça.
- Estou descendo! – Falei para ela que assentiu com a cabeça.
Voltei para meu quarto e me olhei rapidamente no espelho. Ponderei com a cabeça por alguns segundos e balancei a cabeça. Abri minha bolsa, peguei duas notas de 20 da minha carteira, minhas chaves e saí do quarto, puxando a porta.
Desci as escadas de casa rapidamente e encontrei meus pais assistindo TV enquanto meu irmãozinho de cinco anos brincava com LEGOS no tapete.
- Eu vou sair. - Falei e meus pais olhavam para mim.
- Vai para o jogo? – Meu pai perguntou, se sentando no sofá.
- Vou sim. – Falei, suspirando. – E vou sair com um garoto depois.
- Quer falar sobre isso? – Minha mãe perguntou.
- Não é nada, acho que nem vai dar em nada. – Eles assentiram com a cabeça.
- Tem dinheiro? – Meu pai perguntou.
- Tenho sim. – Falei. – Do meu último trabalho. – Eles assentiram com a cabeça.
- Bem, divirta-se, querida! – Minha mãe falou e eu sorri.
- Tentarei voltar antes da meia-noite. – Falei e ambos assentiram com a cabeça.
- Até mais! – Eles falaram juntos e eu segui para a porta aberta, onde Kate chutava algumas pedras do meu jardim. Puxei a porta e Kate olhou para mim.
- Ei! – Kate falou e eu assenti.
- Ei! – Falei, começando a andar ao seu lado em direção ao colégio.
- Animada? – Ela perguntou e eu revirei os olhos.
- Meu Deus, Kate! Você está mais empolgada do que eu. – Falei, vendo-a andar de costas para a rua, virada para mim. – Quer sair com ele? Eu deixo! – Ela riu.
- Não é isso, sua idiota! – Ela falou. – É que, sei lá, ele é gatinho, você é maravilhosa. Imagina isso daqui alguns anos...
- Kate! – A repreendi. – Não sei nem se eu vou querer sair com ele de novo depois de hoje. – Suspirei. – Eu nem deveria estar saindo, deveria focar na minha carreira, não em caras.
- Algo de novo na sua carreira? – Ela falou em tom de desdém.
- Tenho uma sessão de fotos para a GAP e um comercial de TV para a Banana Republic semana que vem, ok?! – Ela franziu os lábios, surpresa.
- É isso aí, garota! – Ela falou, esticando a mão e eu bati na mesma.
- Eu tô sentindo que vai decolar, sabe? Então, eu realmente não queria sair com ninguém agora. – Balancei a cabeça.
- Então, por que você aceitou? – Ela perguntou.
- Por outro lado, tirando minha carreira, eu não tenho mais nada de interessante na minha vida. – Dei de ombros.
- Tenha o melhor dos dois mundos, então! – Ela sorriu, voltando a andar ao meu lado.
- Vamos ver! – Falei, começando a ver o burburinho de pessoas chegando à escola.
Entramos pela porta do ginásio e logo fui ensurdecida pelo barulho da banda e das líderes de torcida. Amber, a chefe da líder de torcida parou o que estava fazendo para dar uma bela checada em mim e eu dei um pequeno sorriso, acenando com a mão e segui Kate que pedia educadamente, caham, para as pessoas a deixarem passar.
- Aqui! – Ela falou, depois de subir quase todos os degraus e eu me sentei ao seu lado, pedindo licença para uma das pessoas que torciam loucamente.
Sentei-me na arquibancada e Kate já se levantou para caçar o vendedor de amendoins e eu apoiei meus cotovelos em minhas coxas e observei o jogo se preparando lá em baixo. Vi uma ola acontecendo próximo a mim e franzi a testa, sendo empurrada pelas pessoas que a fizeram.
Olhei para baixo novamente e vi quem tinha puxado a ola, o mascote da escola em formato de raposa. Nada mais do que o cara que eu sairia essa noite. Ele corria de um lado para o outro diante á arquibancada, fazendo com que o povo gritasse e se animasse com ele.
Franzi a testa, pensando onde eu tinha me metido e vi a raposa acenar para mim, me deixando roxa, na melhor das hipóteses. Respirei fundo e balancei a cabeça, tentando manter os ânimos erguidos. Vi Kate voltando para seu lugar e notei que pelo menos não estaria sozinha.
- Quer? – Ela me ofereceu o amendoim e eu balancei a cabeça, afastando o pacote de perto do meu rosto.
Fiquei alguns minutos sentada em meu lugar esperando o local esvaziar após o jogo. Havíamos perdido de 50x47. Nosso time não era o melhor da região, mas dava para o gasto, não que eu me importasse muito com isso.
Observei as pessoas saindo aos poucos, os times, os jogadores e os mascotes. Kate disse que sairia com um pessoal do grupo de laboratório dela e nos despedimos rapidamente. Esperei alguns minutos e desci as arquibancadas, me colocando atrás delas, onde era ponto de encontro para a maioria das coisas. Tanto que tinha alguns jogadores e algumas meninas ali atrás.
Segurei minha jaqueta com as mãos, já que eu havia tirado no começo do jogo e esperei um pouco. Chris logo surgiu embaixo da arquibancada. Ele estava com uma calça caqui, uma blusa de manga comprida e tênis nos pés.
- Ei! – Ele falou e eu dei um pequeno sorriso.
- Ei!
- Demorei demais? – Ele perguntou.
- Não! – Assenti com a cabeça.
- Vamos? – Ele falou, indicando o espaço para sair de baixo das arquibancadas e eu o segui.
- Então, para onde vamos? – Perguntei.
- Estava pensando em ir ao cinema, você gosta de filmes? – Ele perguntou, andando com as mãos no bolso ao meu lado.
- Sim, eu gosto! – Atravessamos o corredor da escola. – Bem, dependendo do gênero e do filme.
- Romance? – Ele perguntou e eu ri fraco.
- Oh, eu não sou tão óbvia assim, Chris! – Saímos para a rua, onde algumas pessoas saíam com carros, motos e bicicletas.
- Me diga, então. Do que você gosta? – Ri fraco.
- Eu sou simples. – Dei de ombros. – Só tenho meus sonhos e ambições como todo mundo. – Olhei para ele rapidamente que sorriu.
- Ah! – Ele parou rapidamente. – Você se importa em ir a pé? Eu não tenho carro, sabe? – Ri fraco, balançando a cabeça.
- Não se preocupe. Estou acostumada a andar a pé. – Soltei o ar pelo nariz, sentindo um cheiro forte por perto. – Eu moro por aqui.
- Eu também! – Ele falou sorrindo.
- Ahm... – Balancei a cabeça, sentindo o cheiro novamente e olhei em volta vendo se não tinha nada na rua. – E você? O que você gosta?
- Filmes, principalmente. – Ele riu fraco. – Teatro, toda essa parte de atuação. – Ele sorriu. – Quero se ator.
- Sério? Que legal! – Sorri. – Que tipo de ator? Indie? Blockbuster? – Perguntei.
- O que der dinheiro! – Rimos juntos e eu senti meu nariz incomodar novamente. – Você é modelo, não é? Já te vi em alguns outdoors pela cidade. – Dei um pequeno sorriso.
- Sim. Desde os nove anos... – Respirei fundo novamente. – Chris, desculpa ser inconveniente, mas, por acaso, esse cheiro vem de você? – Perguntei, não conseguindo me segurar. Ele puxou a gola da blusa, como se a cheirasse e fechou os olhos, como quando você não percebe algo que está óbvio.
- Me desculpa! – Ele balançou a cabeça. – Eu me esqueci de trazer uma troca de roupa e a roupa do mascote é quente, eu suo demais... – Ele bufou alto. – Me desculpe.
- Bem... – Dei de ombros. – Você disse que mora perto, porque eu não finjo que esse não está sendo o pior encontro que eu já fui e vamos à sua casa, você toma um banho, troca de roupa e continuamos nossos planos. – Ele riu fraco.
- O pior encontro? Mesmo? – Ele me olhou e eu dei de ombros.
- Você não tomou banho e está com a roupa que você suou o jogo inteiro. – Suspirei. – Você não começou bem. – Ele riu nervoso.
- Você vai me dar outra chance? – Ele perguntou e eu dei um pequeno sorriso.
- Vamos ver se você acerta dessa vez. – Coloquei minha jaqueta novamente. – Para onde é sua casa? – Falei e ele apontou para uma das ruas que cruzava a rotatória. – Vamos lá! – Falei, seguindo na sua frente.
Ele passou em minha frente quando chegamos a uma casa amarela com jardineira na janela. Fomos o caminho inteiro em silêncio. Acho que eu havia sido um pouco direta demais sobre o cheiro ruim. Mas também, mancada! Eu nem queria sair com ele, e agora ele me sai fedendo suor? Desculpa, mas isso eu não aceitaria. Eu podia esperar ele tomar um banho.
- É aqui! – Ele falou, procurando pelas chaves no bolso e eu assenti com a cabeça, esperando que ele abrisse a porta. - Pode entrar.
- Com licença! – Falei, passando em sua frente e ele veio atrás de mim.
- Mamãe, cheguei! – Franzi a testa ao ouvir aquilo e olhei novamente para ele que passou por mim, andando pela sua sala.
Mamãe? Que idade ele tinha? Calma, , relaxa! Balancei a cabeça e dei alguns passos para dentro, ficando próxima a ele.
- Você já chegou? – Uma senhora loira e rechonchuda apareceu em uma das portas e eu respirei fundo. Primeiro encontro e eu já conheceria a família toda dele?
- Eu vou tomar um banho antes de sairmos. – Ele falou e cochichou alguma coisa para a mãe que eu não consegui ouvir.
- Muito bom! – Sua mãe falou sorrindo.
- Essa é , mãe. – Ele falou, estendendo a mão em minha direção e eu tirei as mãos do casaco, estendendo para ela.
- Olá, , tudo bem? – Ela apertou minha mão. – Sou Lisa, mãe do Chris.
- Um prazer, senhora! – Sorri educada.
- O prazer é meu! – Ela sorriu e notei que ela deu uma analisada em mim de cima a baixo. – Você me parece familiar... Já nos conhecemos?
- Eu sou modelo. – Falei. – Apareço em alguns comerciais e outdoors pela cidade. – Ela abriu os lábios como se entendesse.
- Acho que é isso mesmo então! – Ela sorriu.
- Ahm, mãe. Vamos subir para o meu quarto. – Chris falou intervindo e sua mãe assentiu com a cabeça.
- Beleza! – Ele falou. – Mas deixe a porta aberta. – Dei um pequeno sorriso.
- Mamãe! – Ele reclamou e senti aquilo doer em meus ouvidos novamente. – Vamos? – Ele falou para mim e eu assenti a cabeça, vendo-o andar em direção às escadas e o segui. Ele subiu de dois em dois degraus e eu fui devagar atrás dele.
- Desculpa por isso, minha mãe é superprotetora demais. – Assenti com a cabeça.
- Não se preocupe, creio que meus pais fariam a mesma coisa. – Falei, chegando ao segundo andar e andamos pelo corredor que tinha lá em cima. Eu contei sete portas, facilmente. – Uau! – Falei. – Sua casa é grande! – Ele riu fraco.
- Eu tenho mais três irmãos, mas não se espante pelas portas, os quartos são pequenos. – Ele falou, seguindo para o último quarto do corredor e abriu a mesma. – Ignore a bagunça. – Ele falou e eu o segui, entrando em seu quarto e foi impossível não notar a bagunça. Ela estava em todo lugar.
Engoli em seco ao ver as roupas, sapatos, skate, mochilas, livros e mais algumas coisas espalhadas pelo quarto e ele seguiu rapidamente para o armário, provavelmente procurando uma troca de roupa.
- Fica à vontade! – Ele falou e eu entrei em seu quarto, empurrei algumas roupas com as pontas dos dedos para longe e me sentei em uma pontinha no canto da cama, encarando o local inteiro.
O único pensamento na minha cabeça era: Kate eu vou te matar.
- Eu já volto! – Ele falou com algumas roupas em suas mãos e eu assenti com a cabeça, vendo-o sair pelo quarto e fechar a porta.
Ele não demorou mais que 10 minutos, mas confesso que eu fiquei tentada a arrumar seu quarto. Aquilo conseguia ultrapassar os limites normais de adolescentes bagunceiros e estava parecendo um chiqueiro. Preferi nem me mexer muito, vai que saía um rato por ali.
Chris apareceu decente na próxima vez. Ele cheirava a sabonete, tinha os cabelos molhados e penteados e usava uma roupa parecida com a de mais cedo, mas limpa. Ela estava levemente amassada, mas ainda sim limpa. Ele voltou com as roupas sujas em seus braços e jogou em um cesto de roupa embaixo da escrivaninha. Então, tem um cesto, é?
Ele seguiu para sua escrivaninha, procurando por sua carteira e olhou dentro da mesma rapidamente e guardou no bolso da calça. Ele se olhou no pequeno espelho colado na parede e eu dei um pequeno sorriso. Limpinho ele era até ajeitado.
- Vamos? – Ele se virou para mim e eu fiquei feliz em me levantar da cama. Estava sentada de mau jeito há um tempinho.
- Claro! – Falei, me colocando à frente, saindo de seu quarto.
- Eu só vou falar com a minha mãe, é rapidinho. – Ele disse.
- Tudo bem! – Falei, descendo as escadas de volta para a sala e segui para a porta da frente novamente.
- Já vão? – Sua mãe apareceu novamente.
- Já sim! – Falei, com um pequeno sorriso no rosto.
- Apareça sempre que quiser, . – Assenti com a cabeça.
- Obrigada! – Sorri e ela assentiu com a cabeça.
- Ei, mãe! – Chris se aproximou dela. – Tem dinheiro para me emprestar? Eu estou duro. – Virei em direção a ambos, me contendo em não colocar as mãos na cabeça de indignação e vi sua mãe seguir para uma bolsa em cima da mesa e pegar sua carteira.
Nessa hora eu me virei. Nossa Kate! Eu vou te matar e te quebrar em um milhão de pedaços. Esse é o pior encontro de todos. E ele nem ao menos começou.
- Pronto! – Chris apareceu, guardando a carteira no bolso novamente.
- Vamos lá! – Falei, tentando dar um meio sorriso e acenei para sua mãe que sorria para nós.
- Se cuidem, hein?! – Ela falou sorrindo e Chris abriu a porta para mim, fazendo com que eu agradecesse por sair dali.
- Ok! – Falei quando a porta se fechou. – Aonde vamos?
Acabamos indo assistir Mulan, a animação da Disney que tinha lançado há alguns dias. Com o dinheiro que a mãe dele tinha dado. O filme era muito legal, era sensacional, para falar a verdade. Uma moça que tomava o lugar de seu pai para que ele não morresse na guerra e salvava toda a China.
Mas o que não estava muito legal era o silêncio entre nós. Eu não estava muito empolgada com isso, confesso. Depois das duas situações, eu havia ficado quieto no meu canto. Ele também não tentou dar nenhuma investida... Não que eu quisesse que ele desse alguma investida, mas traria um pouco mais de emoção à situação.
Saímos do cinema em silêncio. Eu tinha as mãos enfiadas no bolso da jaqueta e ele no bolso da calça. Voltamos pelo caminho que viemos, seguindo em direção à minha casa.
Kate deveria estar com as orelhas vermelhas. Vou me lembrar de nunca fazer isso novamente. Pelo menos tentar conhecer a pessoa antes de aceitar sair com ela. Assim eu saberia como ela era, o que ela gostava ou pelo menos se tínhamos o mínimo de afinidade para ter um papo decente.
- Então... – Falei, suspirando.
- Hoje foi... – Ele começou a falar.
- Interessante! – Falei, antes dele finalizar e ele riu fraco ao meu lado.
- Se quiser dizer assim. – Balancei a cabeça, respirando fundo.
- Desculpa, Chris. É que eu não consigo achar papo sendo que eu não sei do que você gosta. – Dei de ombros e ele assentiu com a cabeça.
- Você poderia me dar outra chance? – Ele perguntou e eu franzi a testa, fazendo-o rir.
- Vamos ver durante essa semana, ok? – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Podemos almoçar juntos um dia. – Assenti com a cabeça.
- Sim! – Dei um sorriso. – Assim eu consigo saber os assuntos para o próximo encontro. – Ele gargalhou.
- Posso planejar uns cartões de assunto para nós. – Foi minha vez de gargalhar.
- Parece o Ross de Friends. – Ele balançou a cabeça.
- Ele e a Rachel estavam ou não dando um tempo? – Ele perguntou e eu ri fraco.
- Oh, Deus! Não vamos começar com isso! – Falei e ele riu. - Aquela é minha casa. – Falei, seguindo em direção à porta.
- A gente se vê na escola? – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça, subindo os dois degraus da varanda.
- Uhum.
- Tenha uma boa noite. – Ele falou, com as mãos afundadas no bolso.
- Você também. – Dei um pequeno sorriso e ele balançou o corpo e não sabia o que fazia.
Para não deixar aquilo mais desconfortável do que já estava, eu me aproximei dele rapidamente e depositei um curto beijo em sua bochecha, me afastando devagar. Ele deu um pequeno sorriso, assentindo com a cabeça.
- Legal! – Ele falou e eu dei um pequeno sorriso.
- Boa noite, Chris! – Falei, dando meia volta e empurrando a porta de casa. Dando uma rápida olhada nele antes de fechar a mesma.
Encostei meu corpo na porta e fechei os olhos, respirando fundo. Haviam sido às três horas mais tortuosas da minha vida, pior do que acompanhar ao jogo de basquete até o fim... E eu nem gosto de basquete.
- Chegou cedo! – Abri os olhos ao ver minha mãe na bancada da cozinha e eu respirei fundo, me aproximando dela. – Como foi o encontro?
- Um desastre! – Falei, fazendo-a rir.
- Foi tão mal assim? – Ela perguntou e eu suspirei.
- Não tinha clima, mãe. – Franzi a testa. – Ele me levou na casa dele, porque ele estava fedendo, eu conheci sua mãe, ele a chamou de mamãe como se tivesse cinco anos ainda e ainda pediu dinheiro para sair. – Ela riu fraco. – Pelo menos o filme é legal.
- Ah, querida! Mas nem todo mundo tem um emprego como você. E vai ver é questão de costume ele chamar a mãe dele assim. – Suspirei, tirando a jaqueta.
- Você acha que eu estou exagerando? – Cruzei os braços.
- Sobre a parte de ele estar fedendo, não. – Ela balançou a cabeça. – Mas sobre o resto sim. – Ela se aproximou de mim. – As pessoas são diferentes e temos que conviver com isso. – Ela deu de ombros. – Ele pode não ser seu príncipe encantando...
- Com certeza não é! – Ela riu.
- Mas ele só foi criado de forma diferente. – Suspirei.
- Acho que eu devo desculpas para ele, então. – Minha mãe deu um beijo em minha testa.
- Talvez sim, talvez não. Você pode dar outra chance a ele e tentar de novo. – Ela deu de ombros, seguindo novamente de volta para a escada e eu suspirei.
- Vamos ver! – Falei e ela assentiu com a cabeça, subindo pelas escadas e eu fiquei sozinha na sala novamente.
Vamos ver. Pensei comigo mesma e segui escadas acima, entrando no quarto novamente. Enquanto me trocava para o meu pijama, eu já comecei a pensar sobre o que eu faria amanhã e em que momento do meu sábado eu encheria Kate de porrada.
Capítulo 2
- E aí, como foi? – Ouvi Kate falando e ergui os olhos do meu almoço para encará-la. – Acho que não foi tão bem.
- Eu vou te matar. – Falei, respirando fundo e ela se sentou em minha frente.
- Ah, não pode ter sido tão mal assim. – Revirei os olhos.
- Sair com Matt LeBlanc não seria tão mal. Foi um desastre, Kate. – Apoiei meu garfo no prato e ela suspirou.
- Conta tudo. – Suspirei, olhando para os lados, para ver se não encontrava o motivo da conversa e me aproximei dela, abaixando o rosto.
- Confesso que eu nem sei por onde começar. – Suspirei. – Foi uma série de fatores que eu comecei a notar que, das duas uma, ou os homens são totalmente imaturos ou eu que sou um pouco para frente demais.
- Sabemos que você é um pouco para frente demais, , mas, poxa, é o Chris! – Suspirei, coçando a testa.
- Ele é uma graça, fofo, meio desengonçado, mas ele é muito despreparado. – Ri fraco.
- Como? – Ela perguntou e eu bufei alto.
- Ele saiu do vestiário fedendo, Kate.
- Eca! – Ela falou e eu franzi o rosto, sentindo minhas bochechas corarem.
- Depois a gente foi para casa da mãe dele para ele se arrumar e o quarto dele parecia o quarto do meu irmãozinho. – Balancei a cabeça. – Depois ele pediu dinheiro para a mãe dele...
- Ei, nem todo mundo tem emprego como você. – Ri fraco.
- Minha mãe disse a mesma coisa. – Suspirei. – Depois ele a chamou de “mamãe”, como meu irmãozinho de novo. – Ela riu fraco.
- Ok, existem algumas coisas que podem e devem ser melhoradas, mas você também quer demais, não é, meu amor? – Ri fraco, suspirando. – Ensino médio, 17 anos... – Ela deu de ombros. – Deus ainda não fez com que os homens amadurecessem mais rápido, mas não quer dizer que não podemos nos divertir com os errados, enquanto isso. – Ri fraco, jogando o guardanapo nela.
- Você é tonta e ridícula. – Falei, fazendo-a rir.
- Obrigada, muito obrigada! – Ela deu uma primeira garfada em seu almoço e eu ri. – Ah, lá vem! – Ela comentou irônica sobre algo atrás de mim e eu preferi esperar, ao invés de olhar para ver.
- Problemas? – Perguntei.
- Amber e os minions. – Suspirei, puxando o ar fortemente.
- ! – Virei para o lado, vendo Amber e seu grupo de líderes de torcidas se aproximarem de mim e suspirei.
- Amber. – Falei, apoiando os braços na mesa.
- Vi que veio ao jogo sexta-feira. – Franzi os lábios.
- É, mas não se engane achando que eu vim ver vocês, não tenho tanto tempo livre assim. – Ri fraco.
- Claro, você deve ser uma pessoa muito ocupada. – Dei um pequeno sorriso. – Mas não vamos esquecer que os jogos e jogadores são nosso território. – Franzi a testa e me levantei, fazendo-a dar dois passos para trás.
- Território? Estamos na União Soviética ou na escola Grove? – Olhei em volta rapidamente. – Não espere que eu entre nos seus joguinhos igual as coitadas que você abusa psicologicamente. – Dei de ombros. – Você sempre vai perder. – Suspirei.
- Se mantenha longe ou terá problemas. – Suspirei, fingindo que coçava o queixo.
- Com inveja que os jogadores estão dando bola para mim?
- Os jogadores não, querida. Chris, o mascote. – Ri fraco.
- Se até a atenção que o mascote está me dando, te incomoda, vemos que seu taco está fraco. – Dei de ombros.
- Não falarei de novo. – Ela se aproximou de mim e eu dei outro passo à frente.
- Falará sim! – Sorri. – Porque você não sabe se colocar no seu lugar. – Pisquei para ela que me encarou por mais alguns segundos.
- Meninas, meninas. – Me afastei quando Chris apareceu entre nós. – Sem estresses. – Amber me fuzilou por mais alguns segundos e se afastou de nós. - Não sabia que causava problemas. – Olhei para Chris com o mesmo olhar e ele ergueu as mãos.
- Não é esse tipo de problema que eu gosto de causar. – Suspirei, voltando a me sentar e ele se sentou ao meu lado.
- Olha! Acabei de perceber que esqueci a sobremesa. – Kate se levantou e sumiu dali em segundos.
- Você deve gostar de causar outros problemas também. – Chris falou, apoiando o braço na mesa e eu revirei os olhos.
- O que você quer, Evans? – Perguntei, suspirando.
- Outra chance. – Ele falou baixo e eu ri fraco.
- Não precisa cochichar, seus amigos não se importam com isso. – Falei, virando para ele.
- Por favor! – Ele falou. – Eu sei que não foi o melhor encontro, mas eu posso melhorar.
- Ah, Chris. – Suspirei. – Eu não estou pensando nisso agora. – Dei de ombros. – Estou em outra fase, focada em outras coisas. – Soltei um suspiro alto.
- Por favor... – Ele falou e eu virei o olhar para ele, notando uma cara de cachorro sem dono. – Você tem olhos lindos, sabia? – Gargalhei mais alto do que devia, balançando a cabeça.
- Isso que você chama de flertar? – Perguntei e ele riu envergonhado.
- Não era uma tentativa de flerte, para falar a verdade. – Suspirei, vendo-o dar um pequeno sorriso e eu bufei alto, virando de frente para ele.
- Eu tenho uma sessão de fotos na quarta-feira, quatro da tarde...
- Oh, importante. – Revirei os olhos.
- Foca! – Falei. - Se você estiver livre lá pelas seis e quiser dar uma volta, passa na Dynasty, agência de modelos na Newbury, talvez possamos tomar um sorvete.
- Modelos tomam sorvete? – Ele perguntou e eu ri.
- Não me faça mudar de ideia, Chris. – Ele ergueu as mãos, se levantando da mesa.
- Até quarta. – Ele falou e eu acenei com a mão, voltando a encarar minha comida.
- E aí? – Me assustei com Kate novamente, revirando os olhos.
- Vamos sair quarta novamente. – Balancei a cabeça. – Eu devo estar com muita dó dele para repetir a dose.
- Ou gostando dele. – Ergui os olhos para Kate. - Não está mais aqui quem falou. – Ela disse, voltando a comer. – Ah, já gelou! – Ela fez uma careta e eu ri, imaginando que a minha estaria igual.
- Você está demais! – O fotógrafo falou quando eu fiz outra pose e os flashes foram estourados novamente em meu rosto. – Ergue um pouco a blusa, isso! – Fiz o que ele pediu, brincando com a barra do pijama que eu usava e joguei o cabelo para o lado, dando um sorriso divertido.
- Por que não fazemos algumas sentadas? – A publicitária da marca perguntou. – Para mostrar as pantufas.
- Claro! – Falei, me sentando na poltrona confortável que tinha no estúdio, erguendo as pernas para a mesma.
- Isso, . Linda! – Os flashes voltaram a estourar em meu rosto enquanto eu brincava com as pantufas de flamingo. – Carinha de sono agora. – Suspirei, abraçando as pernas e apoiando o rosto nos joelhos. – Fantástico! – Ele sorriu, disparando mais alguns flashes espontâneos. – O que acha, Becka? – Ele virou para a publicitária.
- Eu adorei! – Ela sorriu. – Você é demais! – Assenti com a cabeça, jogando os cabelos para trás, me assustando com outro flash.
- Craig! – Reclamei e ele riu.
- Você é muito fotogênica, preciso aproveitar. – Ri fraco, negando com a cabeça.
- Eu estava dizendo que gostamos muito de você, . – A publicitária voltou a falar e eu me levantei, vendo o assistente do fotógrafo me entregar um roupão e eu o vesti. – Nós teremos a campanha do dia dos namorados, tenho certeza que eles vão querer continuar trabalhando contigo. – Sorri.
- Obrigada, Becka! Vocês sabem onde me encontrar. – Ela mexeu rapidamente na bolsa e me entregou um envelope.
- Seu pagamento. – Peguei o envelope, assentindo com a cabeça.
- Obrigada! – Sorri.
- Nos falamos na segunda. – Ela disse e eu sorri. – Tchau, gente! – Ela falou, acenando para a representante da minha agência e para os fotógrafos e se retirou do estúdio na Dynasty.
Segui rapidamente para a minha bolsa e coloquei o envelope na mesma, olhando meio por cima as notas de cem e fechei a bolsa novamente, seguindo para o banheiro e tirando as roupas da marca e vestindo meus conhecidos jeans e camiseta. Passei uma escova rápida em meu cabelo, tentando tirar o laquê e fiz um rabo de cavalo alto para evitar que ele formasse mais nós. A maquiagem estava discreta para sair na rua, então a manteria.
- , podemos conversar um pouco? – Blake, representante da minha agência me chamou e eu me aproximei dela, me sentando ao lado da minha mochila.
- O que achou? – Perguntei.
- Você é sempre fantástica, é a nossa número um, sabe que não temos nada a reclamar. – Sorri, assentindo com a cabeça. – É por isso que eu gostaria de conversar contigo. – Suspirei.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei.
- Achamos que está na hora da sua carreira sair daqui de Boston e Nova York. – Franzi a testa. – Se você quiser, é claro.
- O que está acontecendo? De verdade? – Ela riu fraco.
- Recebemos alguns pedidos de modelos para marcas internacionais. E pensamos em você. – Mordi meu lábio inferior.
- Quão internacionais?
- Japão e China, inicialmente. – Arregalei os olhos e os lábios, surpresa.
- Uau! – Ri fraco.
- Esse mercado está expandindo bastante no oriente e, se você quiser realmente fazer sua carreira decolar, é para lá que você deve ir. – Suspirei.
- Uau, realmente não pensava nisso!
- Por que eu não te indico uma assessoria de imprensa e você começa a pensar? Conversa com seus pais? É uma daquelas ofertas únicas na vida e eu não gostaria de ver minha garota favorita perder essa oportunidade. – Suspirei.
- É muito estranho pensar nisso, é o Japão! – Ri fraco. – Essa oferta tem data de validade? – Perguntei.
- O que te prende aqui?
- A escola, para falar a verdade. – Ri fraco. – Eu me formo em menos de um mês, não quero perder o ensino médio inteiro só por causa de um mês. – Ela ponderou com a cabeça.
- Vou conversar com eles. Talvez consigamos atrasar algumas coisas, mas uma assessoria é imprescindível para você nesse momento, você já é figurinha carimbada em grandes marcas daqui e o negócio está expandindo. – Ela falou e eu afirmei com a cabeça. – As empresas ainda estão montando as propostas, ofertas e acordos contratuais, mas te aconselho a ir conversando na sua casa. – Assenti com a cabeça, suspirando.
- Sim! – Suspirei. – Meus pais apoiam bastante a minha carreira, mas Japão é do outro lado do mundo. – Balancei a cabeça. – Eu vou falar com eles.
- Podemos voltar a conversar na segunda-feira?
- Claro! – Falei, sorrindo. – Preciso voltar para falar sobre a sessão de fotos de hoje, emendamos o assunto.
- Perfeito! Espero notícias boas de você. – Ri fraco.
- Também espero.
- O nome dela é Stephanie. – A assistente da Dynasty me falou. – Ela é assessora freelancer, nada grandioso, mas ela é muito profissional, entende o mercado e tenho certeza que cabe no seu orçamento. – Assenti com a cabeça, pegando o cartão. – Fale com ela.
- E o que eu falo? – Perguntei.
- Explique sua situação, que você e nós estamos querendo investir na sua carreira e veja o que ela pode te oferecer. Você sabe que saindo do país sua carreira vai quase começar do zero, mas seu portfólio é bom, os trabalhos vão aparecer. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Obrigada, Minnie. – Suspirei. – Até segunda.
- Até, . Bom descanso. – Sorri para ela e virei para a porta espelhada da Dynasty, respirando fundo quando vi o menino me esperando lá fora.
- Droga! Ele veio. – Falei baixo, observando Chris com o mesmo estilo de sempre e as mãos enfiadas até o fundo nas calças largas, deixando o corpo levemente arqueado. Contei até três e empurrei a porta da agência, vendo-o virar o rosto imediatamente para mim.
- Ei! – Ele falou, abrindo um largo sorriso.
- Ei. – Falei, com certeza com menos entusiasmo.
- Você está bonita. – Ri fraco.
- Maquiagem da sessão de fotos. – Ele sorriu.
- Como foi?
- Nada fora do comum. – Sorri. – Então, aonde vai me levar?
- Como modelo você tem permissão para comer besteiras?
- Acho que minha dieta permite uma extrapolada ao longo da semana. – Sorri. – O que tem em mente?
- Não sei se ficou sabendo daquele bistrô que abriu perto do Fenway Park, eles tem uma sobremesa bem interessante que é bolo, sorvete, calda, morangos, castanhas...
- Acho que engordei cinco quilos só de pensar. – Rimos juntos.
- Ou podemos ir a outro lugar...
- Oh não! Agora eu quero comer isso de bolo, sorvete, calda, morangos e tudo mais. – Ele riu. – Táxi? Ônibus? Metrô? – Perguntei.
- Eu estou com o carro da minha mãe aqui, se você confiar em mim. - Ele agitou as chaves.
- É, não deve ser tão ruim. – Falei e ele riu, seguindo para um dos carros estacionados ali na frente.
Entramos lado a lado e seguimos em silêncio absoluto pelas ruas da cidade. Fenway Park era perto de casa, a Dynasty que ficava mais perto do centro, então acabou levando cerca de 25 minutos para voltarmos para a área em que morávamos.
Ele parou em frente a um pequeno bistrô, o qual eu realmente não daria nada do lado de fora. Uma construção simples, com uma pequena placa vermelha com escritos em dourado. Saí do mesmo, puxando minha bolsa junto e aguardei Chris dar a volta no carro e se colocar ao meu lado.
Entramos juntos no restaurante e o local era bastante claro, com diversas claraboias espalhadas pelos ambientes. Chris parecia que sabia onde estava indo, seguimos para um ambiente externo e ele puxou a cadeira para eu me sentar e eu dei um pequeno sorriso tímido, vendo-o se sentar em minha frente.
- Boa tarde, senhores. – Um garçom apareceu. – Gostariam de olhar o cardápio? – Ele o estendeu para nós.
- A gente veio atrás daquela maravilha de chocolate.
- Ah sim, o gran gateau. – Ele sorriu. – Um para cada ou...
- Acho que um para nós dois. – Falei, olhando para Chris.
- Sim, vamos ver o tamanho dele antes. – Chris concordou comigo e o garçom assentiu.
- Ah, uma água também, por favor.
- Claro! – Ele sorriu. – Um segundo! – Ele se retirou e eu suspirei, apoiando os braços na mesa.
- Então... – Chris falou. – Você estava tirando fotos?
- Sim. – Sorri. – É uma campanha de fim de ano para uma marca de pijamas. Algo mais despojado. – Ele assentiu com a cabeça.
- Você pretende seguir a carreira de modelo depois da escola ou faz só para ganhar uma grana extra e por ser muito bonita? – Ri fraco, abaixando a cabeça.
- As pessoas dizem que é fútil e tudo mais, mas eu realmente gosto disso. – Suspirei. – Eu me sinto bem em frente às câmeras, desfilando... – Dei de ombros. – Se tudo der certo, eu vou seguir carreira nisso.
- Nova York? Londres? Paris? – Ele perguntou e eu ri.
- Ironicamente, acabaram de me oferecer um trabalho no Japão. – Ele arregalou os olhos. – Pois é, do outro lado do mundo.
- Para quando? – Dei de ombros.
- Não sei, acabaram de me contar isso, não é nada certo. – Suspirei. – Mas dizem que esse mercado está crescendo muito por lá e minha agência realmente gosta de mim, acho que eu sou a que mais têm trabalhos, atualmente.
- Nossa! – Ele sorriu. – Isso é muito bacana! Eu adoro atuar, fazer as peças da escola, mas não me vejo seguindo carreira nisso. – Franzi a testa.
- Por quê?
- Ah, não é uma carreira fácil. – Ele mexeu as mãos. – Seria como nadar e morrer na praia.
- Você já tentou? – Falei firme e ele me encarou. – Nada na minha carreira veio do céu, eu já fiz trabalhos bem porcarias para conseguir esse agenciamento pela Dynasty. Fiz muitos trabalhos em que eu não ganhei nada, ou lugares muito tensos, mas eu não desisti. – Suspirei. – E não vou desistir agora. Você tem que se arriscar, Chris. – Dei de ombros.
- Eu realmente não saberia por onde começar. – Ele riu nervoso.
- Eu comecei mandando cartas para pequenas marcas, oferecendo meus trabalhos fotográficos. Deu certo para mim. – Dei de ombros.
- Isso demanda tempo e...
- Isso me parece preguiça. – Franzi os lábios. – Você nem está trabalhando, Chris. – Falei brava. – Arranje um emprego no teatro voluntário da cidade, vá fazer cursos em Nova York ou até aqui em Boston mesmo, mas se mexa! – Bufei, balançando a cabeça. – Desculpa, me empolguei.
- Reparei. – Ele riu.
- É que quando eu decidi ser modelo, foi uma confusão lá em casa, ninguém achava que daria certo, mas eu fui atrás, eu apanhei, eu ainda levo alguns tropeções, mas ninguém me impediu.
- Você acha que eu daria certo como ator? – Ele perguntou e eu dei de ombros.
- Eu já vi suas peças na escola, apesar das temáticas serem bem tontas, você parece se sentir confortável no palco. Além de ser um bom mascote. – Vi suas bochechas avermelharem.
- Valeu! – Ele falou e eu sorri.
- Enfim, espero ver o nome Chris Evans em alguns filmes no futuro. – Ele riu.
- E o seu em grandes passarelas mundiais. – Ergui os olhos para cima.
- Deus te ouça. – Suspirei.
- Qual seu foco? – Ele perguntou e eu franzi a testa.
- Como assim?
- Se eu for ator, meu foco vai ser ganhar um Oscar, e o seu? Qual o ponto mais alto de uma modelo? – Suspirei, mas eu não precisei nem pensar.
- Victoria’s Secret fashion show, usando o fantasy bra. – Falei. – É o palco onde as modelos mais famosas do mundo se encontram.
- Você desfilaria de lingerie? – Ele perguntou com a testa franzida.
- Eu já uso meu corpo para trabalhar, o que diferenciaria eu estar de pijama ou de lingerie? Ou até nua? – Ele ponderou com a cabeça. – Meu pai só não sabe desse meu sonho, mas creio que ele entenderá quando chegar a hora. – Ele riu fraco.
- Isso é bem legal. – Ele falou. – Muita sorte para você, sério. – Sorri.
- Aqui, senhores. – O garçom voltou com um prato com a sobremesa mais linda que eu vi na vida, e a mais gorda.
Tinha uma travessa com um pote que parecia um petit gateau, um picolé tipo magnum enfiado dentro dele, muita calda de chocolate, morangos, castanhas e creme branco espalhados pelo prato. Além disso, o garçom deu uma colher para Chris e para mim e a minha água.
- Boa sorte! – Ele falou e eu e Chris nos entreolhamos rindo.
- Acho que minha dieta já era. – Falei e Chris riu.
- Atacar! – Ele falou e começamos devagar pela sobremesa.
- Deus, isso é muito bom! – Falei, pegando um pouco do bolo, sentindo-o desmanchar na minha boca e fazer o chocolate escorrer pelo meu queixo. – Ah, que divino! – Suspirei.
- Bom demais! Meu Deus! – Chris falou, com a boca igualmente suja e rimos juntos. – Então, eu queria te fazer uma pergunta. – Ergui os olhos para ele, quando ele falou isso.
- Claro! – Sorri. – Diga!
- A formatura está chegando e vai ter o baile e... – Suspirei, sabendo onde aquilo levaria. – Queria saber se você gostaria de ir comigo? Se você me deixaria acompanhá-la. – Dei um pequeno sorriso, abaixando a colher e cruzando os braços em cima da mesa.
- Eu adoraria ir ao baile contigo, Chris. – Falei, fazendo-o arregalar os olhos. – Mas...
- Ah, sem “mas”. – Ele falou e eu ri, colocando minha mão por cima da dele na mesa.
- Eu não sei se eu vou estar aqui. – Suspirei. – Se lembra do que eu falei sobre um contrato internacional, no Japão? – Falei e ele assentiu com a cabeça. – Talvez seja mais cedo do que eu esperava. – Ele assentiu com a cabeça.
- Meu Deus, já? – Assenti com a cabeça.
- Sim. Eu pedi para aguardarem até a formatura, mas não sei nem se isso vai ser possível.
- É chato, mas eu realmente não pediria para você desistir dos seus sonhos, principalmente por causa de um baile escolar. – Sorri.
- E me deixa muito feliz você não pedir. – Ele colocou a mão por cima da minha.
- Você tem um grande futuro pela frente, . Tenho certeza que nos veremos novamente. – Sorri.
- Convide outra pessoa, hoje até que foi legal, melhor do que sexta-feira, então eu realmente iria contigo, mas minha vida está incerta. – Ri fraco. - Mas tenho certeza que outras garotas adorariam te acompanhar. – Ele sorriu discreto.
- Obrigado! – Ele falou e eu afastei minha mão, voltando a pegar minha colher.
- Até amanhã! – Me virei para o seu lado, depositando um curto beijo em sua bochecha e abri a porta do carro, saindo do mesmo.
- Até! – Ele sorriu e logo o carro se afastou lentamente.
Suspirei, pensando em todas as informações que eu recebi hoje e procurei a chave pela bolsa, colocando-a no buraco na porta e empurrando a mesma, vendo meus pais assistindo TV e meu irmão brincando com seus LEGOs.
- Oi, filha! Demorou a chegar. – Minha mãe falou e eu sorri.
- Eu saí com aquele menino que eu falei. – Dei de ombros.
- E como foi?
- Melhor que a última vez. – Sorri.
- Viu?! Falei que seria diferente. – Ri fraco.
- Podemos conversar? – Perguntei. – Com vocês dois? – Meu pai se ajeitou em sua poltrona e desligou a TV.
- Claro! – Ele falou, prontamente. – Aconteceu alguma coisa? – Me aproximei de ambos, me sentando no espaço vazio no sofá, entre os dois.
- Blake veio falar comigo sobre futuros trabalhos, carreira e tudo mais.
- E aí? – Minha mãe perguntou.
- Algumas empresas internacionais foram até a Dynasty à procura de modelos para trabalhos fora do país.
- E eles te indicaram? – Meu pai perguntou animado.
- Sim, ela até disse que é uma boa eu ir atrás de uma assessora de imprensa para eu começar a pensar em expandir minha carreira, porque eles realmente acreditam no meu potencial.
- Ah, querida, isso é incrível. – Minha mãe me abraçou fortemente e eu respirei fundo.
- É no Japão, mãe. – Falei, sentindo o choro subir à garganta e ela me afastou pelos ombros, me encarando.
- Oh! – Ela disse e eu suspirei, mordendo o lábio inferior.
- Ah, querida. – Meu pai falou, segurando minha mão.
- Vocês sabem que isso é o que eu mais quero na vida, mas... – Engoli em seco. – É muito longe. – Suspirei.
- Ah, querida! – Minha mãe me abraçou novamente e eu apertei-a fortemente.
- Vamos pensar devagar. – Meu pai falou. - Vamos falar com Blake, ir atrás dessa assessora para você e analisar as opções. Tenho certeza que terão contratos envolvidos e tudo mais.
- Sim, sim! – Me afastei de minha mãe, passando as mãos embaixo dos olhos. – Pediram para eu voltar segunda-feira para analisarmos algumas opções.
- Então, pronto. – Meu pai falou. – Nós vamos contigo, vamos conversar direitinho, analisar as opções e, se for o caso, vamos contigo para o Japão. – Abri um pequeno sorriso.
- Mesmo? – Perguntei.
- Claro que sim! – Ele disse. – É seu sonho, minha querida. E você está tão perto. – Ele sorriu com os olhos marejados. – Vai dar tudo certo, prometo. – Sorri.
- Obrigada, pai. – Suspirei. – Obrigada, mãe.
- Estamos aqui para o que você precisar, minha querida.
- Isso quer dizer que a vai se mudar? – Nathan perguntou, me fazendo rir.
- Vamos ver, seu pestinha! – Baguncei seus cabelos e ele riu.
- Posso ficar com seu quarto? – Gargalhei, apertando-o em meus braços.
- Vamos devagar. – Minha mãe falou e eu assenti com a cabeça. – Um dia de cada vez. – Suspirei.
- Falando em um dia de cada vez, eu tenho que dar uma revisada para a prova de cálculo amanhã. – Me levantei prontamente. – Boa noite! – Eles riram.
- Boa noite, querida! Durma bem e sonhe sempre. – Meus pais falaram quase em coro e eu peguei minha bolsa no chão, subindo escadas acima, feliz por ter os pais mais incríveis do mundo.
- Eu vou te matar. – Falei, respirando fundo e ela se sentou em minha frente.
- Ah, não pode ter sido tão mal assim. – Revirei os olhos.
- Sair com Matt LeBlanc não seria tão mal. Foi um desastre, Kate. – Apoiei meu garfo no prato e ela suspirou.
- Conta tudo. – Suspirei, olhando para os lados, para ver se não encontrava o motivo da conversa e me aproximei dela, abaixando o rosto.
- Confesso que eu nem sei por onde começar. – Suspirei. – Foi uma série de fatores que eu comecei a notar que, das duas uma, ou os homens são totalmente imaturos ou eu que sou um pouco para frente demais.
- Sabemos que você é um pouco para frente demais, , mas, poxa, é o Chris! – Suspirei, coçando a testa.
- Ele é uma graça, fofo, meio desengonçado, mas ele é muito despreparado. – Ri fraco.
- Como? – Ela perguntou e eu bufei alto.
- Ele saiu do vestiário fedendo, Kate.
- Eca! – Ela falou e eu franzi o rosto, sentindo minhas bochechas corarem.
- Depois a gente foi para casa da mãe dele para ele se arrumar e o quarto dele parecia o quarto do meu irmãozinho. – Balancei a cabeça. – Depois ele pediu dinheiro para a mãe dele...
- Ei, nem todo mundo tem emprego como você. – Ri fraco.
- Minha mãe disse a mesma coisa. – Suspirei. – Depois ele a chamou de “mamãe”, como meu irmãozinho de novo. – Ela riu fraco.
- Ok, existem algumas coisas que podem e devem ser melhoradas, mas você também quer demais, não é, meu amor? – Ri fraco, suspirando. – Ensino médio, 17 anos... – Ela deu de ombros. – Deus ainda não fez com que os homens amadurecessem mais rápido, mas não quer dizer que não podemos nos divertir com os errados, enquanto isso. – Ri fraco, jogando o guardanapo nela.
- Você é tonta e ridícula. – Falei, fazendo-a rir.
- Obrigada, muito obrigada! – Ela deu uma primeira garfada em seu almoço e eu ri. – Ah, lá vem! – Ela comentou irônica sobre algo atrás de mim e eu preferi esperar, ao invés de olhar para ver.
- Problemas? – Perguntei.
- Amber e os minions. – Suspirei, puxando o ar fortemente.
- ! – Virei para o lado, vendo Amber e seu grupo de líderes de torcidas se aproximarem de mim e suspirei.
- Amber. – Falei, apoiando os braços na mesa.
- Vi que veio ao jogo sexta-feira. – Franzi os lábios.
- É, mas não se engane achando que eu vim ver vocês, não tenho tanto tempo livre assim. – Ri fraco.
- Claro, você deve ser uma pessoa muito ocupada. – Dei um pequeno sorriso. – Mas não vamos esquecer que os jogos e jogadores são nosso território. – Franzi a testa e me levantei, fazendo-a dar dois passos para trás.
- Território? Estamos na União Soviética ou na escola Grove? – Olhei em volta rapidamente. – Não espere que eu entre nos seus joguinhos igual as coitadas que você abusa psicologicamente. – Dei de ombros. – Você sempre vai perder. – Suspirei.
- Se mantenha longe ou terá problemas. – Suspirei, fingindo que coçava o queixo.
- Com inveja que os jogadores estão dando bola para mim?
- Os jogadores não, querida. Chris, o mascote. – Ri fraco.
- Se até a atenção que o mascote está me dando, te incomoda, vemos que seu taco está fraco. – Dei de ombros.
- Não falarei de novo. – Ela se aproximou de mim e eu dei outro passo à frente.
- Falará sim! – Sorri. – Porque você não sabe se colocar no seu lugar. – Pisquei para ela que me encarou por mais alguns segundos.
- Meninas, meninas. – Me afastei quando Chris apareceu entre nós. – Sem estresses. – Amber me fuzilou por mais alguns segundos e se afastou de nós. - Não sabia que causava problemas. – Olhei para Chris com o mesmo olhar e ele ergueu as mãos.
- Não é esse tipo de problema que eu gosto de causar. – Suspirei, voltando a me sentar e ele se sentou ao meu lado.
- Olha! Acabei de perceber que esqueci a sobremesa. – Kate se levantou e sumiu dali em segundos.
- Você deve gostar de causar outros problemas também. – Chris falou, apoiando o braço na mesa e eu revirei os olhos.
- O que você quer, Evans? – Perguntei, suspirando.
- Outra chance. – Ele falou baixo e eu ri fraco.
- Não precisa cochichar, seus amigos não se importam com isso. – Falei, virando para ele.
- Por favor! – Ele falou. – Eu sei que não foi o melhor encontro, mas eu posso melhorar.
- Ah, Chris. – Suspirei. – Eu não estou pensando nisso agora. – Dei de ombros. – Estou em outra fase, focada em outras coisas. – Soltei um suspiro alto.
- Por favor... – Ele falou e eu virei o olhar para ele, notando uma cara de cachorro sem dono. – Você tem olhos lindos, sabia? – Gargalhei mais alto do que devia, balançando a cabeça.
- Isso que você chama de flertar? – Perguntei e ele riu envergonhado.
- Não era uma tentativa de flerte, para falar a verdade. – Suspirei, vendo-o dar um pequeno sorriso e eu bufei alto, virando de frente para ele.
- Eu tenho uma sessão de fotos na quarta-feira, quatro da tarde...
- Oh, importante. – Revirei os olhos.
- Foca! – Falei. - Se você estiver livre lá pelas seis e quiser dar uma volta, passa na Dynasty, agência de modelos na Newbury, talvez possamos tomar um sorvete.
- Modelos tomam sorvete? – Ele perguntou e eu ri.
- Não me faça mudar de ideia, Chris. – Ele ergueu as mãos, se levantando da mesa.
- Até quarta. – Ele falou e eu acenei com a mão, voltando a encarar minha comida.
- E aí? – Me assustei com Kate novamente, revirando os olhos.
- Vamos sair quarta novamente. – Balancei a cabeça. – Eu devo estar com muita dó dele para repetir a dose.
- Ou gostando dele. – Ergui os olhos para Kate. - Não está mais aqui quem falou. – Ela disse, voltando a comer. – Ah, já gelou! – Ela fez uma careta e eu ri, imaginando que a minha estaria igual.
- Você está demais! – O fotógrafo falou quando eu fiz outra pose e os flashes foram estourados novamente em meu rosto. – Ergue um pouco a blusa, isso! – Fiz o que ele pediu, brincando com a barra do pijama que eu usava e joguei o cabelo para o lado, dando um sorriso divertido.
- Por que não fazemos algumas sentadas? – A publicitária da marca perguntou. – Para mostrar as pantufas.
- Claro! – Falei, me sentando na poltrona confortável que tinha no estúdio, erguendo as pernas para a mesma.
- Isso, . Linda! – Os flashes voltaram a estourar em meu rosto enquanto eu brincava com as pantufas de flamingo. – Carinha de sono agora. – Suspirei, abraçando as pernas e apoiando o rosto nos joelhos. – Fantástico! – Ele sorriu, disparando mais alguns flashes espontâneos. – O que acha, Becka? – Ele virou para a publicitária.
- Eu adorei! – Ela sorriu. – Você é demais! – Assenti com a cabeça, jogando os cabelos para trás, me assustando com outro flash.
- Craig! – Reclamei e ele riu.
- Você é muito fotogênica, preciso aproveitar. – Ri fraco, negando com a cabeça.
- Eu estava dizendo que gostamos muito de você, . – A publicitária voltou a falar e eu me levantei, vendo o assistente do fotógrafo me entregar um roupão e eu o vesti. – Nós teremos a campanha do dia dos namorados, tenho certeza que eles vão querer continuar trabalhando contigo. – Sorri.
- Obrigada, Becka! Vocês sabem onde me encontrar. – Ela mexeu rapidamente na bolsa e me entregou um envelope.
- Seu pagamento. – Peguei o envelope, assentindo com a cabeça.
- Obrigada! – Sorri.
- Nos falamos na segunda. – Ela disse e eu sorri. – Tchau, gente! – Ela falou, acenando para a representante da minha agência e para os fotógrafos e se retirou do estúdio na Dynasty.
Segui rapidamente para a minha bolsa e coloquei o envelope na mesma, olhando meio por cima as notas de cem e fechei a bolsa novamente, seguindo para o banheiro e tirando as roupas da marca e vestindo meus conhecidos jeans e camiseta. Passei uma escova rápida em meu cabelo, tentando tirar o laquê e fiz um rabo de cavalo alto para evitar que ele formasse mais nós. A maquiagem estava discreta para sair na rua, então a manteria.
- , podemos conversar um pouco? – Blake, representante da minha agência me chamou e eu me aproximei dela, me sentando ao lado da minha mochila.
- O que achou? – Perguntei.
- Você é sempre fantástica, é a nossa número um, sabe que não temos nada a reclamar. – Sorri, assentindo com a cabeça. – É por isso que eu gostaria de conversar contigo. – Suspirei.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei.
- Achamos que está na hora da sua carreira sair daqui de Boston e Nova York. – Franzi a testa. – Se você quiser, é claro.
- O que está acontecendo? De verdade? – Ela riu fraco.
- Recebemos alguns pedidos de modelos para marcas internacionais. E pensamos em você. – Mordi meu lábio inferior.
- Quão internacionais?
- Japão e China, inicialmente. – Arregalei os olhos e os lábios, surpresa.
- Uau! – Ri fraco.
- Esse mercado está expandindo bastante no oriente e, se você quiser realmente fazer sua carreira decolar, é para lá que você deve ir. – Suspirei.
- Uau, realmente não pensava nisso!
- Por que eu não te indico uma assessoria de imprensa e você começa a pensar? Conversa com seus pais? É uma daquelas ofertas únicas na vida e eu não gostaria de ver minha garota favorita perder essa oportunidade. – Suspirei.
- É muito estranho pensar nisso, é o Japão! – Ri fraco. – Essa oferta tem data de validade? – Perguntei.
- O que te prende aqui?
- A escola, para falar a verdade. – Ri fraco. – Eu me formo em menos de um mês, não quero perder o ensino médio inteiro só por causa de um mês. – Ela ponderou com a cabeça.
- Vou conversar com eles. Talvez consigamos atrasar algumas coisas, mas uma assessoria é imprescindível para você nesse momento, você já é figurinha carimbada em grandes marcas daqui e o negócio está expandindo. – Ela falou e eu afirmei com a cabeça. – As empresas ainda estão montando as propostas, ofertas e acordos contratuais, mas te aconselho a ir conversando na sua casa. – Assenti com a cabeça, suspirando.
- Sim! – Suspirei. – Meus pais apoiam bastante a minha carreira, mas Japão é do outro lado do mundo. – Balancei a cabeça. – Eu vou falar com eles.
- Podemos voltar a conversar na segunda-feira?
- Claro! – Falei, sorrindo. – Preciso voltar para falar sobre a sessão de fotos de hoje, emendamos o assunto.
- Perfeito! Espero notícias boas de você. – Ri fraco.
- Também espero.
- O nome dela é Stephanie. – A assistente da Dynasty me falou. – Ela é assessora freelancer, nada grandioso, mas ela é muito profissional, entende o mercado e tenho certeza que cabe no seu orçamento. – Assenti com a cabeça, pegando o cartão. – Fale com ela.
- E o que eu falo? – Perguntei.
- Explique sua situação, que você e nós estamos querendo investir na sua carreira e veja o que ela pode te oferecer. Você sabe que saindo do país sua carreira vai quase começar do zero, mas seu portfólio é bom, os trabalhos vão aparecer. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Obrigada, Minnie. – Suspirei. – Até segunda.
- Até, . Bom descanso. – Sorri para ela e virei para a porta espelhada da Dynasty, respirando fundo quando vi o menino me esperando lá fora.
- Droga! Ele veio. – Falei baixo, observando Chris com o mesmo estilo de sempre e as mãos enfiadas até o fundo nas calças largas, deixando o corpo levemente arqueado. Contei até três e empurrei a porta da agência, vendo-o virar o rosto imediatamente para mim.
- Ei! – Ele falou, abrindo um largo sorriso.
- Ei. – Falei, com certeza com menos entusiasmo.
- Você está bonita. – Ri fraco.
- Maquiagem da sessão de fotos. – Ele sorriu.
- Como foi?
- Nada fora do comum. – Sorri. – Então, aonde vai me levar?
- Como modelo você tem permissão para comer besteiras?
- Acho que minha dieta permite uma extrapolada ao longo da semana. – Sorri. – O que tem em mente?
- Não sei se ficou sabendo daquele bistrô que abriu perto do Fenway Park, eles tem uma sobremesa bem interessante que é bolo, sorvete, calda, morangos, castanhas...
- Acho que engordei cinco quilos só de pensar. – Rimos juntos.
- Ou podemos ir a outro lugar...
- Oh não! Agora eu quero comer isso de bolo, sorvete, calda, morangos e tudo mais. – Ele riu. – Táxi? Ônibus? Metrô? – Perguntei.
- Eu estou com o carro da minha mãe aqui, se você confiar em mim. - Ele agitou as chaves.
- É, não deve ser tão ruim. – Falei e ele riu, seguindo para um dos carros estacionados ali na frente.
Entramos lado a lado e seguimos em silêncio absoluto pelas ruas da cidade. Fenway Park era perto de casa, a Dynasty que ficava mais perto do centro, então acabou levando cerca de 25 minutos para voltarmos para a área em que morávamos.
Ele parou em frente a um pequeno bistrô, o qual eu realmente não daria nada do lado de fora. Uma construção simples, com uma pequena placa vermelha com escritos em dourado. Saí do mesmo, puxando minha bolsa junto e aguardei Chris dar a volta no carro e se colocar ao meu lado.
Entramos juntos no restaurante e o local era bastante claro, com diversas claraboias espalhadas pelos ambientes. Chris parecia que sabia onde estava indo, seguimos para um ambiente externo e ele puxou a cadeira para eu me sentar e eu dei um pequeno sorriso tímido, vendo-o se sentar em minha frente.
- Boa tarde, senhores. – Um garçom apareceu. – Gostariam de olhar o cardápio? – Ele o estendeu para nós.
- A gente veio atrás daquela maravilha de chocolate.
- Ah sim, o gran gateau. – Ele sorriu. – Um para cada ou...
- Acho que um para nós dois. – Falei, olhando para Chris.
- Sim, vamos ver o tamanho dele antes. – Chris concordou comigo e o garçom assentiu.
- Ah, uma água também, por favor.
- Claro! – Ele sorriu. – Um segundo! – Ele se retirou e eu suspirei, apoiando os braços na mesa.
- Então... – Chris falou. – Você estava tirando fotos?
- Sim. – Sorri. – É uma campanha de fim de ano para uma marca de pijamas. Algo mais despojado. – Ele assentiu com a cabeça.
- Você pretende seguir a carreira de modelo depois da escola ou faz só para ganhar uma grana extra e por ser muito bonita? – Ri fraco, abaixando a cabeça.
- As pessoas dizem que é fútil e tudo mais, mas eu realmente gosto disso. – Suspirei. – Eu me sinto bem em frente às câmeras, desfilando... – Dei de ombros. – Se tudo der certo, eu vou seguir carreira nisso.
- Nova York? Londres? Paris? – Ele perguntou e eu ri.
- Ironicamente, acabaram de me oferecer um trabalho no Japão. – Ele arregalou os olhos. – Pois é, do outro lado do mundo.
- Para quando? – Dei de ombros.
- Não sei, acabaram de me contar isso, não é nada certo. – Suspirei. – Mas dizem que esse mercado está crescendo muito por lá e minha agência realmente gosta de mim, acho que eu sou a que mais têm trabalhos, atualmente.
- Nossa! – Ele sorriu. – Isso é muito bacana! Eu adoro atuar, fazer as peças da escola, mas não me vejo seguindo carreira nisso. – Franzi a testa.
- Por quê?
- Ah, não é uma carreira fácil. – Ele mexeu as mãos. – Seria como nadar e morrer na praia.
- Você já tentou? – Falei firme e ele me encarou. – Nada na minha carreira veio do céu, eu já fiz trabalhos bem porcarias para conseguir esse agenciamento pela Dynasty. Fiz muitos trabalhos em que eu não ganhei nada, ou lugares muito tensos, mas eu não desisti. – Suspirei. – E não vou desistir agora. Você tem que se arriscar, Chris. – Dei de ombros.
- Eu realmente não saberia por onde começar. – Ele riu nervoso.
- Eu comecei mandando cartas para pequenas marcas, oferecendo meus trabalhos fotográficos. Deu certo para mim. – Dei de ombros.
- Isso demanda tempo e...
- Isso me parece preguiça. – Franzi os lábios. – Você nem está trabalhando, Chris. – Falei brava. – Arranje um emprego no teatro voluntário da cidade, vá fazer cursos em Nova York ou até aqui em Boston mesmo, mas se mexa! – Bufei, balançando a cabeça. – Desculpa, me empolguei.
- Reparei. – Ele riu.
- É que quando eu decidi ser modelo, foi uma confusão lá em casa, ninguém achava que daria certo, mas eu fui atrás, eu apanhei, eu ainda levo alguns tropeções, mas ninguém me impediu.
- Você acha que eu daria certo como ator? – Ele perguntou e eu dei de ombros.
- Eu já vi suas peças na escola, apesar das temáticas serem bem tontas, você parece se sentir confortável no palco. Além de ser um bom mascote. – Vi suas bochechas avermelharem.
- Valeu! – Ele falou e eu sorri.
- Enfim, espero ver o nome Chris Evans em alguns filmes no futuro. – Ele riu.
- E o seu em grandes passarelas mundiais. – Ergui os olhos para cima.
- Deus te ouça. – Suspirei.
- Qual seu foco? – Ele perguntou e eu franzi a testa.
- Como assim?
- Se eu for ator, meu foco vai ser ganhar um Oscar, e o seu? Qual o ponto mais alto de uma modelo? – Suspirei, mas eu não precisei nem pensar.
- Victoria’s Secret fashion show, usando o fantasy bra. – Falei. – É o palco onde as modelos mais famosas do mundo se encontram.
- Você desfilaria de lingerie? – Ele perguntou com a testa franzida.
- Eu já uso meu corpo para trabalhar, o que diferenciaria eu estar de pijama ou de lingerie? Ou até nua? – Ele ponderou com a cabeça. – Meu pai só não sabe desse meu sonho, mas creio que ele entenderá quando chegar a hora. – Ele riu fraco.
- Isso é bem legal. – Ele falou. – Muita sorte para você, sério. – Sorri.
- Aqui, senhores. – O garçom voltou com um prato com a sobremesa mais linda que eu vi na vida, e a mais gorda.
Tinha uma travessa com um pote que parecia um petit gateau, um picolé tipo magnum enfiado dentro dele, muita calda de chocolate, morangos, castanhas e creme branco espalhados pelo prato. Além disso, o garçom deu uma colher para Chris e para mim e a minha água.
- Boa sorte! – Ele falou e eu e Chris nos entreolhamos rindo.
- Acho que minha dieta já era. – Falei e Chris riu.
- Atacar! – Ele falou e começamos devagar pela sobremesa.
- Deus, isso é muito bom! – Falei, pegando um pouco do bolo, sentindo-o desmanchar na minha boca e fazer o chocolate escorrer pelo meu queixo. – Ah, que divino! – Suspirei.
- Bom demais! Meu Deus! – Chris falou, com a boca igualmente suja e rimos juntos. – Então, eu queria te fazer uma pergunta. – Ergui os olhos para ele, quando ele falou isso.
- Claro! – Sorri. – Diga!
- A formatura está chegando e vai ter o baile e... – Suspirei, sabendo onde aquilo levaria. – Queria saber se você gostaria de ir comigo? Se você me deixaria acompanhá-la. – Dei um pequeno sorriso, abaixando a colher e cruzando os braços em cima da mesa.
- Eu adoraria ir ao baile contigo, Chris. – Falei, fazendo-o arregalar os olhos. – Mas...
- Ah, sem “mas”. – Ele falou e eu ri, colocando minha mão por cima da dele na mesa.
- Eu não sei se eu vou estar aqui. – Suspirei. – Se lembra do que eu falei sobre um contrato internacional, no Japão? – Falei e ele assentiu com a cabeça. – Talvez seja mais cedo do que eu esperava. – Ele assentiu com a cabeça.
- Meu Deus, já? – Assenti com a cabeça.
- Sim. Eu pedi para aguardarem até a formatura, mas não sei nem se isso vai ser possível.
- É chato, mas eu realmente não pediria para você desistir dos seus sonhos, principalmente por causa de um baile escolar. – Sorri.
- E me deixa muito feliz você não pedir. – Ele colocou a mão por cima da minha.
- Você tem um grande futuro pela frente, . Tenho certeza que nos veremos novamente. – Sorri.
- Convide outra pessoa, hoje até que foi legal, melhor do que sexta-feira, então eu realmente iria contigo, mas minha vida está incerta. – Ri fraco. - Mas tenho certeza que outras garotas adorariam te acompanhar. – Ele sorriu discreto.
- Obrigado! – Ele falou e eu afastei minha mão, voltando a pegar minha colher.
- Até amanhã! – Me virei para o seu lado, depositando um curto beijo em sua bochecha e abri a porta do carro, saindo do mesmo.
- Até! – Ele sorriu e logo o carro se afastou lentamente.
Suspirei, pensando em todas as informações que eu recebi hoje e procurei a chave pela bolsa, colocando-a no buraco na porta e empurrando a mesma, vendo meus pais assistindo TV e meu irmão brincando com seus LEGOs.
- Oi, filha! Demorou a chegar. – Minha mãe falou e eu sorri.
- Eu saí com aquele menino que eu falei. – Dei de ombros.
- E como foi?
- Melhor que a última vez. – Sorri.
- Viu?! Falei que seria diferente. – Ri fraco.
- Podemos conversar? – Perguntei. – Com vocês dois? – Meu pai se ajeitou em sua poltrona e desligou a TV.
- Claro! – Ele falou, prontamente. – Aconteceu alguma coisa? – Me aproximei de ambos, me sentando no espaço vazio no sofá, entre os dois.
- Blake veio falar comigo sobre futuros trabalhos, carreira e tudo mais.
- E aí? – Minha mãe perguntou.
- Algumas empresas internacionais foram até a Dynasty à procura de modelos para trabalhos fora do país.
- E eles te indicaram? – Meu pai perguntou animado.
- Sim, ela até disse que é uma boa eu ir atrás de uma assessora de imprensa para eu começar a pensar em expandir minha carreira, porque eles realmente acreditam no meu potencial.
- Ah, querida, isso é incrível. – Minha mãe me abraçou fortemente e eu respirei fundo.
- É no Japão, mãe. – Falei, sentindo o choro subir à garganta e ela me afastou pelos ombros, me encarando.
- Oh! – Ela disse e eu suspirei, mordendo o lábio inferior.
- Ah, querida. – Meu pai falou, segurando minha mão.
- Vocês sabem que isso é o que eu mais quero na vida, mas... – Engoli em seco. – É muito longe. – Suspirei.
- Ah, querida! – Minha mãe me abraçou novamente e eu apertei-a fortemente.
- Vamos pensar devagar. – Meu pai falou. - Vamos falar com Blake, ir atrás dessa assessora para você e analisar as opções. Tenho certeza que terão contratos envolvidos e tudo mais.
- Sim, sim! – Me afastei de minha mãe, passando as mãos embaixo dos olhos. – Pediram para eu voltar segunda-feira para analisarmos algumas opções.
- Então, pronto. – Meu pai falou. – Nós vamos contigo, vamos conversar direitinho, analisar as opções e, se for o caso, vamos contigo para o Japão. – Abri um pequeno sorriso.
- Mesmo? – Perguntei.
- Claro que sim! – Ele disse. – É seu sonho, minha querida. E você está tão perto. – Ele sorriu com os olhos marejados. – Vai dar tudo certo, prometo. – Sorri.
- Obrigada, pai. – Suspirei. – Obrigada, mãe.
- Estamos aqui para o que você precisar, minha querida.
- Isso quer dizer que a vai se mudar? – Nathan perguntou, me fazendo rir.
- Vamos ver, seu pestinha! – Baguncei seus cabelos e ele riu.
- Posso ficar com seu quarto? – Gargalhei, apertando-o em meus braços.
- Vamos devagar. – Minha mãe falou e eu assenti com a cabeça. – Um dia de cada vez. – Suspirei.
- Falando em um dia de cada vez, eu tenho que dar uma revisada para a prova de cálculo amanhã. – Me levantei prontamente. – Boa noite! – Eles riram.
- Boa noite, querida! Durma bem e sonhe sempre. – Meus pais falaram quase em coro e eu peguei minha bolsa no chão, subindo escadas acima, feliz por ter os pais mais incríveis do mundo.
Capítulo 3
- Pode entrar. – Jack, assistente de Blake, falou.
- Obrigada! – Me levantei e segui até a sala de Blake, onde a porta estava entreaberta.
- Oi, , como está? – Sorri ao ver Blake indicar a cadeira em sua frente. – Sente, por favor. – Me aproximei da mesa e me sentei na cadeira em sua frente.
- Tudo bem. – Apoiei minha bolsa ao lado.
- É hoje à noite, hein?! – Dei uma risada fraca. – Empolgada?
- Mais nervosa do que empolgada, para falar a verdade. – Soltei um suspiro. – Eu fiz um intensivão de mandarim nessas últimas semanas, mas... – Suspirei.
- Vai dar tudo certo, hoje em dia todo mundo fala inglês, então já te ajuda. – Assenti com a cabeça.
- Sim, vai dar certo.
- Arranjou alguém para receber seu diploma por você? – Blake perguntou.
- Minha mãe vai à escola amanhã. – Assenti com a cabeça. – Ela disse que me manda algumas fotos depois.
- Isso é muito bom e fico feliz por você não abandonar esse sonho. – Sorri.
- Me disseram que a única coisa que você não deve negar na vida são oportunidades. E eu luto para uma oportunidade dessas desde os 12... – Ela sorriu.
- E você vai ver! Em dez, 15, 20 anos, você vai voltar para Boston para nos visitar e vai me agradecer por tudo isso. Vai se sentir tonta por ter medo, indecisão, mas estar vivendo o melhor momento da sua vida. – Ri fraco.
- 20 anos? Provavelmente estarei me aposentando até lá. – Ela deu de ombros.
- Talvez! – Ela deu de ombros. – Mas aposto que vai se aposentar no topo. – Rimos juntas.
- Obrigada mesmo, Blake, mas vamos pensar no presente, 20 anos é muita coisa. – Ela sorriu.
- Bom, , antes de você ir, eu tenho alguns documentos para te entregar. – Ela puxou uma pasta grossa de sua gaveta e colocou na mesa. – Aqui tem seu contrato com a agência de lá, seu contrato de moradia e o endereço de onde você vai ficar, sua passagem aérea, informações de voo, além do seu visto de trabalho, o qual você deve ficar atenta caso for ficar lá por mais tempo, enfim, tudo o que você vai precisar para realmente começar a trabalhar lá.
- Beleza, obrigada! – Sorri.
- Se tiver algum problema, você pode me ligar o horário que for, mas não é para ter nada de errado.
- Tudo bem! – Assenti com a cabeça.
- Você vai sozinha? – Blake perguntou.
- Sim, meus pais não conseguem tirar férias tão em cima da hora, além da passagem que é meio cara. – Ela assentiu com a cabeça.
- Vai dar tudo certo. – Blake segurou minha mão em cima da mesa.
- Vai sim. – Suspirei, me levantando e ela fez o mesmo. – É só isso?
- Sim, querida. É só isso! – Ela se aproximou de mim e me abraçou fortemente. – Boa sorte, ok?! – Sorri, apertando-a fortemente. – No momento em que precisar, quando precisar, estaremos de braços abertos para te receber de volta, ok?
- Obrigada, Blake. – Sorri, sentindo algumas lágrimas escaparem de meu rosto. – Por todos os trabalhos, por toda confiança, foi ótimo começar aqui.
- Eu que agradeço por ter nos dado essa chance. – Sorri, passando as mãos em meus olhos. – Mas posso apostar contigo que você não precisará voltar. – Rimos juntas.
- Vocês estão apostando muito em mim. – Suspirei.
- Eu só faço isso com quem eu tenho certeza que será um sucesso, e você já é, senhorita . – Ri fraco e ela me deu um rápido abraço novamente.
- Obrigada, Blake! Foi muito bom! – Sorri.
- Que isso, qualquer coisa, não importa o horário, a Dynasty sempre estará aqui para você, ok?! – Assenti com a cabeça.
- Muito obrigada! – Me afastei devagar, suspirando. – Foi ótimo! – Ela assentiu com a cabeça.
- Sim, agora vá! Aposto que ainda tem algumas coisas para fazer.
- Sim! – Rimos juntas. – Obrigada, eu mando postais de Tóquio. – Ela sorriu.
- Vou esperar ansiosamente! – Acenei para ela, saindo da sala com algumas lágrimas nos olhos, me lembrando de todas as minhas idas e vindas nessas salas e estúdios, sabendo que tudo mudaria agora.
Me despedi rapidamente de todos na Dynasty, feliz por saber que eu tinha feito um bom trabalho lá e que todos me desejavam boa sorte nessa minha nova vida. Senti meus olhos insistirem em ficar marejados e saí da agência, acenando para todos lá dentro e segui cabisbaixa até o ponto de ônibus, esperando pelo próximo ônibus que me levaria de volta para casa.
Desci do ônibus agradecendo ao motorista e andei mais dois quarteirões até chegar em casa. Era pouco mais de sete da noite e o sol começava a ser por em Boston. Procurei pelas chaves em minha bolsa, equilibrando as pastas que Blake tinha me dado, e sequei os olhos mais uma vez antes de empurrar a porta.
- Mãe, cheguei! – A vi atrás da bancada na cozinha.
- Olha quem veio te ver! – Virei o rosto para o sofá e olhei surpresa para Kate que estava toda linda no seu curto vestido preto.
- Kate? O que você está fazendo aqui? – Perguntei, largando minha mochila no chão e abraçando a mais baixa fortemente.
- Eu vim me despedir, é claro! – Ela falou contra meus ombros.
- Mas eu achei que...
- Ah não! – Ela me segurou pelos ombros. – Você realmente achou que eu me despediria da minha melhor amiga só com aquele abraço tonto de mais cedo? – Ela riu. – Nem a pau. – Abri um largo sorriso.
- Você está muito bonita! – Ela se virou, parando como se fosse uma modelo e colocou as mãos na cintura dramaticamente, como eu fazia nos meus desfiles. – Sua boba! – Ela gargalhou.
- Aprendi com a melhor! – Rimos juntas. - Ah, como eu vou sentir sua falta! – Ela me apertou forte novamente. – Prometo que vou escrever uma carta por dia com tudo o que aconteceu no meu dia, na formatura, nas férias, na faculdade, até a gente se ver de novo.
- Você vai precisar de muitos selos! – Brinquei e ela riu, me apertando novamente.
- Eu não ligo. – Ela sorriu para mim. – Eu vou sentir sua falta, senhorita ! Mas eu te desejo muito sucesso nessa vida, sério! Você merece, a gente sabe o quanto você batalhou para chegar aqui e você vai ser um sucesso! Daqui uns anos eu te verei nas televisões da Times Square, em propagandas em revistas famosas, marcas famosas... – Sorri, sentindo meus olhos marejar de novo. – Vai dar tudo certo, ok?! E quem sabe você não se apaixona por um japonês lá? – Rimos juntas.
- Quem sabe? – Brinquei.
- Como se isso fosse acontecer. – Ela me apertou pelos ombros. – Prometa que vai tentar se abrir mais, ok?! Mas não seja tonta, porque você vai ser um sucesso e as pessoas vão querer abusar de você.
- Kate! – Minha mãe a repreendeu e rimos junto.
- É verdade! – Ela cochichou só para mim e eu assenti com a cabeça, suspirando.
- Acho que está na hora de você ir. – Falei. – Você precisa ir ao baile. – Ela suspirou. – Algum par?
- Não, meu par vai para Tóquio! – Sorri, suspirando.
- Por que você não vai um pouco com Kate, querida? Seu voo é só às duas da manhã, se a gente sair daqui até umas dez e meia, está bom! Você vai ter que esperar no aeroporto mesmo. – Minha mãe falou e eu franzi a testa. – Suas coisas estão arrumadas, não estão?
- Falta só fechar as caixas. – Falei.
- Eu faço isso para você! – Ela disse. – Você já vai perder a sua formatura, se divirta um pouco.
- Vamos, ! Vai ser legal! – Kate disse. – Bom, vai ser bem mais legal contigo lá. – Sorri e olhei rapidamente no relógio.
- Acho que posso ficar umas horinhas! – Falei e Kate sorriu animada.
- Vamos, precisamos te deixar um arraso! – Kate falou e me puxou pelo braço escadas acima.
- Obrigada! – Falei para minha mãe que sorriu, abanando com a mão.
Eu queria ir ao baile, dançar um pouco com Kate e me despedir de outros amigos da escola, mas eu achei que não fosse dar, então aproveitei as últimas aulas hoje e já me despedi de todo mundo, bom, menos de Chris.
Depois da última vez que saímos, nós acabamos nos afastando um pouco. Ou melhor, ele se afastou completamente, parece que não tinha gostado de levar dois foras meus seguidos. Tirando alguns rápidos acenos de cabeça, ele seguiu sua vida com seus amigos e eu finalizei essas últimas três semanas focada nas provas finais, não podia pensar em pegar recuperação e atrasar minha viagem. Meu contrato no Japão começava na terça-feira, era pouco tempo para eu me preparar, principalmente por causa do fuso horário.
Honestamente, eu não queria vê-lo, não queria ter que me despedir dele. Apesar de não termos dado muito bem, tinha sido legal, poderia rolar algo a mais se eu tentasse, mas eu preferi escolher meu sonho desde os meus oito anos, não podia ficar por uma suposição. Meu sonho falava mais alto.
- Meu Deus! – Kate falou ao entrar em meu quarto e eu ri, minhas malas e caixas que eu levaria para Tóquio ocupavam o chão. – Você vai levar tudo isso?
- A maioria, mas algumas coisas minha mãe pediu para eu encaixotar para ela guardar no porão. – Falei. – Têm muitas roupas de sessões de fotos, coisas que eu não vou levar e não vou usar. – Ela riu, se sentando na minha cama que estava vazia.
- E com que roupa você vai agora? – Ela me perguntou e eu suspirei. – Tem que ser algo digno de , modelo internacional.
- Tonta! – Empurrei-a de lado, fazendo-a tombar na cama. - Eu vou encontrar algo, tenho algumas caixas que não subiram ainda.
Eu não esperava realmente que eu fosse ao baile de formatura no fim do último quarto, então realmente não tinha me preocupado em procurar uma roupa adequada, por isso, acabei procurando por uma das roupas que eu ganhei na minha última sessão de fotos em uma das caixas.
Achei um dos meus vestidos favoritos, verde escuro, curto, estilo Marylin Monroe e preso no pescoço. Ele era simples, mas era realmente bonito. Fui ao banheiro, passando pelo menos uma maquiagem básica no rosto, sem encher de base e pó. Eu não ficaria muito mesmo, e agradeci por sempre cuidar da minha pele desde cedo para não pegar a parte ruim da adolescência.
Puxei meu cabelo em um rabo de cabelo alto, deixando alguns fios soltos na lateral do rosto e voltei para o quarto, vendo Kate ficar boquiaberta ao me ver, como ela sempre fazia questão de demonstrar. Fui até meu armário e abri o mesmo, só encontrando alguns chinelos antigos e o tênis branco que eu usaria para viajar. Virei o rosto para minhas malas e caixas onde tinha todos meus saltos e suspirei, eu não abriria aquilo por causa de um sapato.
- Vai ter que ser esse. – Falei para Kate.
- Você está um arraso! – Ela falou. – Até de tênis vai estar um arraso! – Ela riu. – Ainda bem que você vai, votei em você umas 20 vezes para rainha do baile.
- Ah, Kate, para de falar besteira! – Rimos juntas. – Já falei que você não deveria ter me inscrito. – Ela deu de ombros.
- Se eu não o fizesse, aposto que outra pessoa o faria. – Ela deu de ombros e eu finalizei de amarrar meus tênis, me levantando.
- O que acha? – Virei para ela, colocando a mão na cintura e ela sorriu.
- Digna de modelo. – Rimos juntas. – Agora vamos, você precisa aproveitar nem se for um pouco! – Ela disse e saiu rapidamente de meu quarto.
Peguei minha jaqueta de couro que estava em cima de tudo com minha bolsa e vesti a mesma. O vestido era inteiro aberto nas costas e aposto que daqui a pouco começaria a ventar. Desci as escadas, encontrando Kate já na porta e segui até o balcão da cozinha, apoiando no mesmo.
- Eu volto lá pelas dez, pode ser? – Perguntei para minha mãe que assentiu com a cabeça.
- Pode sim. Dá tempo de sobra! – Ela beijou rapidamente minha bochecha e eu retribuí, pegando a chave na porta e saindo de casa. – Divirtam-se, meninas! – Ela gritou.
- Obrigada, senhora , te vejo na colação amanhã? – Kate perguntou na porta.
- Com certeza, querida! Vou sentar do seu lado e fazer você e suas amigas passarem vergonha.
- Mãe! – A repreendi.
- Eu vou adorar! – Kate disse e eu a empurrei.
- Tchau, mãe! – Falei, puxando a porta. – Você é uma tonta! – Kate riu, tropeçando nos seus pés enquanto eu vestia minha jaqueta.
- Ah, qual é! Vai ser divertido! Vamos fingir por uma tarde que sua mãe é você, depois eu revelo as fotos e te mando. – Ela passou os braços pela minha cintura e eu fiz o mesmo em seus ombros. - Ah, eu vou sentir muito por não ter ido. – Suspirei e ela me abraçou com os dois braços.
- Se lembra de quando fomos à formatura do meu irmão e que ficamos muito empolgadas em usar aquelas becas? Tirar várias fotos? – Ela se virou para mim e eu assenti com a cabeça.
- Não me faça chorar, Kate. – Suspirei.
- Não, não estou dizendo por causa disso. – Ela se virou para mim. – Estou dizendo como é maravilhoso não saber o que vai acontecer na vida. – Ela sorriu. – Você vai perder sua colação de grau para ir para Tóquio. – Ela me segurou pelos ombros. – Tóquio! – Ela repetiu. – Isso é loucura! – Ri com ela. – Me diz se não é demais! – Suspirei. – Você precisa tirar essa cara de enterro. – Dei um pequeno sorriso.
- Eu sei. – Respirei fundo. – Eu só... – Segurei suas mãos. – Eu vou sentir muita falta de todos vocês! – Ela me abraçou fortemente, se jogando em meus braços como fazia, pelo fato de eu ser bem mais alta.
- Mas pensa pelo lado positivo, você vai fazer trabalhos incríveis, ganhar bastante dinheiro e, quem sabe, em um ano ou dois, você não tem dinheiro para voltar, ou melhor, me levar para te visitar em Tóquio? – Ela brincou, mostrando a língua em seguida.
- Fácil assim, não? – Abracei-a novamente, voltando a andar em direção a escola. – E você? Decidiu se vai fazer faculdade ou ser a skatista mais famosa do mundo? – Ela gargalhou alto.
- Meu pai quebrou meu skate em dois quando eu falei que queria ir para o X Games e ainda fez questão de jogar na casa do vizinho. – Soltei uma risada.
- No vizinho velho? – Perguntei e ela revirou os olhos.
- É! E eu descobri que ele é surdo! – Ela falou alto e eu gargalhei. – Agora estou pensando se trabalho para conseguir grana para o X Games e para uma prancha nova ou se eu vou para Califórnia começar o semestre especial em Berkeley na primavera. – Ponderei com a cabeça.
- O X Games foi em San Diego no ano passado, certo? – Perguntei para ela que afirmou com a cabeça.
- Sim, nós até fomos, lembra? Aproveitamos aquele seu trabalho para a Eckō Unlimited e sumimos por alguns dias. – Rimos juntos.
- Eu sei, sua boba! – Suspirei. – Por que você não vê a data, fala para o seu pai que vai para Berkeley e dá um pulo em San Diego? Se for no mesmo lugar, é óbvio. – Ela me olhou de esguio e eu sorri.
- Ok, espertinha, mas Berkely fica perto de São Francisco, San Diego é umas 10 horas de carro e eu não tenho dinheiro para pagar passagem de avião. – Rimos juntas.
- Por isso que eu acho que você precisará de muitas horas de trabalho, se quiser ir. – Me virei para ela. – Mas vá mesmo para Berkeley, ok?! Nunca sabemos o que vai dar certo ou não. – Rimos juntas.
- Você sabe! – Ri fraco.
- Não sei, eu estou tentando pensar em outras coisas que eu goste, caso não dê certo. – Dei de ombros. – Fotografia, talvez. – Dei de ombros.
- Vai dar certo! Confia! – Ela me abraçou novamente quando chegamos à escola. – Você estará em todos os holofotes do mundo em poucos anos. – Rimos juntas. – Tóquio, Londres, Nova York, Sydney, Rio... Ah, que sonho! – Ela estalou um beijo em minha bochecha. – Vai ser demais! Vou poder dizer: “olha, gente! Aquela é minha amiga!”- Sorri, assentindo com a cabeça. – “Eu já a vi pelada!” – Gargalhei e soquei seu ombro, fazendo-a rir. – Fala, , é um sonho. – Sorri.
- Te conto na carta que eu te enviar terça-feira. – Ela riu.
- É quando você começa?
- Sim! – Suspirei. – Vai ser meu primeiro dia na agência!
- Eu quero saber tudo. – Ela riu. – Principalmente se têm alguns modelos japoneses gatos! – Rimos junto.
- No aguardo! – Brinquei e empurrei as portas duplas da escola, entrando no corredor da mesma, já ouvindo o barulho da música alta.
- Você veio? – Virei o rosto, vendo Chris e seu grupinho de jogadores de futebol encostados nos armários e fumando, franzi a testa.
- Sim, eu... – Tentei falar, mas ele me interrompeu.
- Você poderia ter dito que não queria vir comigo, sabia. – Ele jogou o cigarro no chão e pisou em cima. – Eu ficaria chateado, mas pelo menos seria verdade.
- Primeiro de tudo, pegue essa coisa nojenta agora e jogue no lixo. Segundo, você fuma? – Balancei a cabeça. – Que nojo! E terceiro, sobrou alguns minutos antes do meu voo, achei que seria legal me despedir propriamente de algumas pessoas, inclusive de você. – Cruzei os braços.
- Você realmente se acha melhor que os outros, não?! – Arregalei os olhos, bufando em seguida. – Sempre com o nariz em pé, se achando melhor que todos nessa escola. Você não pode fazer isso com as pessoas...
- Fazer... – Kate me interrompeu.
- Fazer o quê, seu idiota? – Ela me afastou com a mão quando tentei me aproximar. – Ela vai para o Japão realizar o sonho dela e você tá se sentindo todo ofendidinho por ela não vir ao baile com você? Ela nem ia vir! – Ela gritou e eu me assustei. – Pare de se achar a última bolacha do pacote. Ela não está aqui por causa de você mesmo!
- Ah, lá vem! Agora você quer me dar lição de moral? – Ele tentou revidar, mas eu só apoiei uma mão em seu ombro.
- Você já está sendo idiota o suficiente comigo, não seja com a minha amiga, ok?! Não se discute com a minha amiga comigo por perto. – Revirei os olhos. – Vamos, Kate! Vamos falar com pessoas que realmente importam! – A puxei pelo braço e senti vontade de socá-lo naquele momento.
Olhei para trás rapidamente e o vi sair estressado com seu grupo de amigos e bater as portas duplas da escola. Balancei a cabeça e respirei fundo. Não era para ter sido desse jeito.
- Eu vou sentir muita sua falta, sabia? – Greg falou e eu sorri, apertando-o fortemente.
- Todos vamos! – Lola falou e eu me afastei do Greg. – Mas é o que a Kate disse, é o seu sonho, você merece tudo isso!
- Obrigada, gente! – Sorri para Greg, Lola, Paul e Kate, sentindo os dois últimos me abraçar pelos ombros.
- Vai fazer sucesso, . Faça todos os homens babarem por você e todas as mulheres quererem ser você! – Paul beijou minha testa e eu assenti com a cabeça.
- Obrigada mesmo! Vocês sempre me apoiaram tanto! – Eles sorriram.
- E vamos te apoiar até no Japão. Dê notícias, ok?! – Lola me abraçou novamente e eu assenti com a cabeça.
- Vou tentar, ainda não sei como vou me comunicar com minha família, mas minha mãe dá notícias. – Eles sorriram e todos entraram no abraço novamente, me fazendo suspirar e sentir uma lágrima deslizar pelo meu olho.
- Bom, vamos parar de drama! – Greg secou os olhos. – Quem quer ponche?
- Eu quero! – Kate falou rapidamente.
- Eu não! – Falei rindo. – Já devem ter batizado o ponche e não acho legal aparecer no aeroporto bêbada. – Eles riram.
- Já volto! – Ele falou e Paul foi atrás.
- Imagina passar pela imigração? Vai ser bem legal! – Kate brincou e eu ri.
- Claro, por que não?! – Brinquei e elas riram.
- Ah, meu Deus, será quê?! – Kate e Lola se entreolharam quando começou a tocar o maior hit do ano passado.
- A nossa música! – Ambas gritaram quando Spice Up Your Life começou a tocar e Kate me puxou pela mão.
Saí correndo para o meio do salão quase tropeçando em meus pés, empurrando algumas pessoas para abrir espaço, incluindo Amber e seus minions, fazendo várias pessoas reclamarem, mas não estávamos nem aí. Nós pulávamos e cantávamos a plenos pulmões, acompanhando a banda que tocava no baile temático da escola.
- É agora! – Lola gritou e eu e Kate nos entreolhamos.
- Slam it to the left. – Elas gritaram.
- If you're havin' a good time. – Completei.
- Shake it to the right. – Elas continuaram gritando.
- If ya know that you feel fine. – Nós fazíamos poses conforme o ritmo.
- Chicas to the front! – Gritamos juntos. – Ha, ha, go round! – Mexemos nossos quadris circularmente.
- Slam it to the left. – Seguimos novamente!
- If you're havin' a good time. – Gritei, abraçando-as pelos ombros.
- Shake it to the right. – Andamos para a direita.
- If ya know that you feel fine. – Dei uma rebolada.
- Chicas to the front! – Rimos juntos. – Ha, ha, go round! – Repetimos os movimentos nos quadris. – Hai Si Ja, hold tight! – Gritamos juntas e giramos, me fazendo parar ao ver Chris em minha frente, com as mãos dentro dos bolsos do terno largo.
- Podemos conversar? – Ele disse em meio ao som e eu virei para minhas amigas.
- Já volto! – Falei e Kate deu um olhar bem sugestivo em direção a Chris. – O que você quer? – O puxei para perto das arquibancadas, um pouco afastado da galera dançando.
- Você quer dançar comigo? – Ele perguntou e eu cruzei os braços.
- Não veio com nenhum par? – Falei.
- Até vim, mas ela me largou e voltou com o namorado. – Ele olhou sugestivamente para um canto e vi uma menina agarrando um cara que eu nunca tinha visto na vida.
- Oh! – Franzi os olhos. – Essa é difícil! – Ele deu de ombros.
- Tudo bem, não é a primeira vez. – Revirei os olhos.
- Não começa! – Falei me sentando na parte mais baixa da arquibancada e ele se sentou ao meu lado.
- Me desculpe por antes, eu achei que não fosse te ver. – Dei de ombros.
- E você não queria mais me ver? – Perguntei.
- Eu fiquei chateado por você não ter aceitado...
- Eu realmente não sabia que vinha, mas meu voo é só as duas da madrugada, minha mãe achou que eu podia vir me divertir com minhas amigas. – Olhei meu relógio. – Eu vou embora daqui uns 40 minutos. – Ele assentiu com a cabeça. – Além do mais, você não precisava ficar chateado, são coisas da vida. Não precisamos perder a amizade por causa disso.
- Eu sei e me sinto um idiota agora. – Assenti com a cabeça.
- Está tudo bem. – Suspirei.
- Você está muito bonita. – Ele falou e eu virei o rosto para ele.
- Obrigada! – Suspirei. – Você também está. – Ele sorriu.
- Então, você vai mesmo para o Japão? – Rimos junto.
- Pior que vou! – Suspirei. – Viver uma vida totalmente diferente, enfrentar dificuldades, realizar sonhos. – Sorri. – Estou animada e com medo ao mesmo tempo.
- Acho que é essa a questão, não é?! – Ele sorriu. – O desconhecido, tudo o que você vai encontrar. – Assenti com a cabeça. – Além de a cultura ser totalmente diferente.
- Sim, exatamente, e a língua que eu não sei falar. – Ri fraco. – Mas aposto que vai ser legal.
- Te desejo muita boa sorte, viu?! – Ele falou. – Aposto que você vai fazer muito sucesso. – Dei um pequeno sorriso de lado.
- Obrigada mesmo, Chris.
- Alguém vai pegar seu boletim amanhã? – Ele perguntou e assenti com a cabeça.
- Minha mãe vai. Eles não vão conseguir ir comigo agora, talvez nem vão, é muito caro, sabe? – Suspirei. – A agência pagou metade da passagem e vai pagar o primeiro mês do aluguel, o que já ajudou, mas depois eu vou ter que me virar.
- Você já tem trabalhos ou...
- Eu fui meio que transferida para outra agência, então vou começar a receber o trabalho deles. Começo terça-feira. – Ele sorriu.
- Vai dar certo! – Assenti com a cabeça, sorrindo.
- Sim, estou tentando me manter confiante. – Suspirei.
- Me concede uma dança, pelo menos? – Ri fraco.
- Sim, acho que eu te devo isso. – Ele riu e segurou minha mão, me puxando para a pista de dança.
- Obrigado! – Ele me disse e eu passei a mão em seu ombro, sentindo as mãos deles em minha cintura e ouvindo a música dar uma desacelerada.
Eu fiquei bem mais do que uma música com Chris, nós conversamos pouco. Dançávamos colados enquanto as músicas mudavam de lentas para rápidas e de rápidas para lentas novamente. Ele era bom de dança, o que eu com certeza me demonstrei bem surpresa quando ele começou a mexer o corpo mais agitadamente e a realmente me liderar durante as músicas mais lentas. Com isso, acabei descobrindo que sua mãe era professora de dança e ele e seus irmãos faziam todas as aulas possíveis.
Acho que ali, naqueles 40 minutos de dança e conversas ao pé do ouvido, eu realmente percebi que não tinha dado o valor a ele com as pequenas coisas que eu tinha percebido em nossos encontros. Ele era o segundo irmão, de três. Tinha uma irmã mais velha, ele, um irmão mais novo e sua mãe estava na fila de adoção de mais uma criança. Seus pais se separaram a pouco mais de um ano e seu pai era dentista.
Aquilo foi legal, ele perguntava sobre mim, eu perguntava sobre ele. Foi algo realmente diferente de todas as chances que eu tinha dado para ele. Eu estava realmente interessada em ouvi-lo, queria saber dele, de sua família, de seu cachorro East, de tudo. Não estava preocupada com meu trabalho ou em julgar ele pelas coisas que ele fazia errado. Hoje tinha sido legal! E eu percebi que não tinha dado valor a um cara legal nesses meus últimos meses, mas agora estava na hora de ir.
- Eu preciso ir! – Falei em seu ouvido, sentindo-o apertar mais as mãos em minhas costas.
- Queria que pudéssemos aproveitar mais. – Ele falou e eu me afastei devagar, olhando em seus olhos azuis.
- Eu também! – Fui honesta, dando um pequeno sorriso. – Foi legal! – Sorrimos e ele deu um rápido beijo em minha bochecha, me fazendo sorrir.
- Foi! – Ele tirou meu cabelo do rosto.
- Eu vou me despedir das minhas amigas! – Falei e ele me segurou pela mão.
- Eu posso te levar ao aeroporto? – Mordi meu lábio inferior, ponderando com a cabeça.
- Acho que não vai ter problema! – Falei e ele sorriu.
- ! – Me assustei ao ver Kate aparecer tropeçando ao meu lado.
- Ei! – Falei rindo, sentindo-a se apoiar em meus ombros. – Está na minha hora!
- Eu sei, eu sei! – Ela me falou. – Mas vão falar quem é a rainha do baile. Vai que você ganha? – Balancei a cabeça.
- Eu realmente não estou preocupada com isso, Kate. Sério! Eu preciso ir.
- Cinco minutos, é só o que eu peço! – Ela insistiu.
- Eu acho que não teria problema. – Chris falou. – Eu votei em você. – Revirei os olhos.
- Vai, ! – Kate insistiu e olhei para o palco, vendo o diretor parar com a música.
- Ok, cinco minutos! – Falei e ela me abraçou de lado, me trazendo para mais perto e eu ri fraco.
- Olá, alunos! – O diretor falou. – Vamos anunciar o rei e rainha do baile desse ano! – Ele falou e os alunos gritaram comemorando e aplaudindo.
- Você precisa ganhar! – Kate me chacoalhou.
- Primeiro o rei. – Ele pegou o papel. – Os candidatos são John Stephan! – Aplaudimos um dos jogadores de basquete. – Ned Crawford! – Ele falou e aplaudimos novamente outro jogador de basquete. – E Andrew Jacob! – Aplaudimos novamente o terceiro jogador. Todos amigos de Chris.
- Em quem você votou? – Perguntei para Chris e ele deu de ombros.
- Ninguém! – Ele falou, me fazendo rir. – Você?
- Eu nem sabia quem estava concorrendo! – Ri fraco.
- E o vencedor é... – O diretor abriu o envelope. – Ned Crawford! – Aplaudimos um dos amigos de Chris. – Venha pegar sua coroa! – Ele subiu no palco animado, acenando para o pessoal.
- Você estava um pouco fora nessas últimas semanas. – Suspirei.
- Tive alguns trabalhos para finalizar na agência, além das provas que estavam me enlouquecendo, eu precisava passar sem recuperação.
- E conseguiu? – Ele perguntou.
- Estou indo para Tóquio em quatro horas, o que acha? – Ele riu, assentindo com a cabeça.
- Isso, pode descer! – O diretor falou, empurrando Ned para fora, nos fazendo rir. – Agora a rainha do baile! – Ele falou, fazendo os alunos gritarem mais. – As indicadas são Amber Martins. – Poucas pessoas aplaudiram, me fazendo rir. – . – Meus amigos gritaram ao meu lado, me fazendo rir. – Mila Barks. – Aplaudimos também a última e Kate me abraçou fortemente.
- , , ! – Ela falava em mantra com Lola, Greg e Paul, me fazendo rir.
- E a rainha do baile é... – O diretor abriu o envelope. – .
- Ah! – Meus amigos e Chris gritaram, me abraçando fortemente e eu gargalhei.
- Venha receber sua coroa! – Kate me empurrou e eu ri, andando em direção ao palco.
Vi alguns alunos aplaudindo e sorrindo para mim e retribuí alguns sorrisos até ver Amber de cara feia e braços cruzados. Acenei para ela, dando uma leve piscada e ri sozinha, subindo no palco e encontrando o diretor lá em cima. Ele me guiou até o centro do palco e colocou a coroa de plástico na minha cabeça, me fazendo sorrir.
- Parabéns! E boa sorte na sua nova jornada. – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
- Obrigada! – Sorri e desci do palco novamente, ouvindo as pessoas aplaudirem e segui novamente em direção a meus amigos.
- Que recomecem a festa! – O diretor falou, fazendo a música voltar a tocar.
- Eu vou agora. – Falei e Kate deu um sorriso triste.
- Vamos lá fora para nos despedir sem essa música horrível! – Ela falou quando a música MMMBop começou a tocar, me fazendo rir.
Kate me deu a mão, passando o braço pela minha cintura e eu pelos seus ombros e seguimos com Chris, Lola, Greg e Paul até a parte de fora da escola, onde agora estava vazia e só era possível ouvir o som da música ao fundo.
- Eu vou contigo até em casa. – Kate disse, parando em minha frente.
- Não, você vai aproveitar seu baile, Chris disse que me leva até em casa. – Pisquei para Chris que assentiu com a cabeça, não queria que Kate ficasse com ciúmes agora.
- Ok... – Ela disse, olhando para Chris rapidamente. – Promete que vai ficar bem? Que vai me dar notícias? Que não vai sumir quando se tornar a maior supermodelo do mundo? – Rimos juntas nessa última parte e senti as lágrimas começarem a deslizar pelo meu rosto.
- Eu prometo, Kate Jordan. Eu nunca vou me esquecer de você! – Ela me abraçou fortemente, enterrando o rosto em meu ombro e eu fechei os olhos por alguns segundos, respirando fundo. – Eu te amo.
- Eu também te amo, minha amiga! – Ela repetiu e eu me afastei, secando os olhos.
- Vocês também! – Falei para Lola, Paul e Greg, abraçando cada um rapidamente. – Fiquem bem, ok?! – Falei, me afastando um pouco e vendo os quatro parados lado a lado.
- Você também! – Greg disse. – Dê notícias! – Assenti com a cabeça, passando a mão em meu rosto.
- Direto do Japão! – Brinquei e eles riram. – Amo vocês! – Acenei lentamente e olhei para Chris que acenou com a cabeça. – Vamos! – Falei para ele.
Ele começou a andar ao meu lado enquanto eu dei alguns passos de ré, guardando na memória aqueles quatro rostos chorosos ali e suspirei, erguendo a mão por alguns segundos e acenando para eles, até que tive coragem de virar para trás e perdê-los de vista, sentindo as lágrimas voltarem a cair de meu rosto. Chris passou o braço em meus ombros e me aproximou dele, me permitindo chorar de verdade em seus braços. Ele me levou até seu carro e eu fui quieta até em casa.
Chegamos em casa e eu tirei as chaves do bolso, sentindo as mãos tremerem ao abrir a porta. Empurrei a mesma e encontrei meus pais e meu irmão me esperando, me fazendo dar um sorriso triste para eles.
- Ah, você chegou! – Minha mãe falou se levantando. – Precisamos ir logo, você tem que chegar três horas antes do voo... Ganhou de rainha do baile? – Ela sorriu se aproximando de mim. – Ah, você está acompanhada! – Ela falou quando Chris chegou atrás.
- Mãe, pai, Nate, esse é o Chris, um amigo da escola.
- Tudo bem? – Meu pai o cumprimentou e minha mãe deu um sorriso tendencioso, me fazendo rir.
- Ele gostaria de me levar ao aeroporto. – Meus pais se entreolharam, suspirando.
- Tem certeza, querida? – Minha mãe perguntou, colocando meus cabelos atrás da orelha.
- Talvez seja melhor para evitar todo drama. – Falei e ela riu me dando um rápido beijo na testa.
- Você que sabe. – Ela disse, me olhando com os olhos. – O que acha, Ben? – Ela se virou para meu pai.
- Acho que ela pode sim ir com ele. – Meu pai falou. – Vai evitar que ela me veja chorando. – Ele disse com a voz já embargada e eu me aproximei dele, apertando-o fortemente em meus braços. – Fique bem, ok?! Boa viagem, se cuida, não dê bola para qualquer um e qualquer problema, vá até a polícia, vá até a embaixada, fale conosco, ok?! Vamos tentar ir no fim do ano. – Assenti com a cabeça, sentindo-o dar um beijo em minha testa. – Eu te amo, ok, minha pequena?
- Também te amo, pai! – Falei, sentindo-o limpar as lágrimas em minha bochecha.
- Minha querida! – Minha mãe me abraçou fortemente. – Se lembre de que você merece tudo isso, ok?! – Ela falou. – Você é bonita, inteligente, especial e vai atrás do seu sonho. Não deixe ninguém mudar isso, tá? Mamãe te ama muito e sentirá muitas saudades. – Ela já chorava. – Mas eu entendo o quanto isso é importante para ti.
- Obrigada, mamãe! – Falei baixo, respirando fundo. – Eu te amo muito.
- Eu também, minha querida, eu também. – Ela me apertou fortemente, me fazendo suspirar.
- Você não vai se esquecer de mim, não é? – Nate perguntou quando eu me abaixei para ficar da sua altura.
- Nunca! – Coloquei seus cabelos cacheados atrás da orelha. – E eu sempre vou te amar, ok?! Não importando quanto tempo eu demore em te ver de novo.
- Eu também, irmãzinha! – Ele me abraçou fortemente e eu me levantei, segurando-o em meus braços. – Amo muito, muito, muito!
- Eu também, meu pestinha! – Estalei um beijo em sua bochecha, antes de colocá-lo no chão novamente, me fazendo suspirar. – Guarda isso para mim? – Tirei e entreguei minha coroa para Nate que assentiu com a cabeça.
- Pode deixar! – Ele disse com a cabeça baixa.
- Você quer ir com o carro ou... – Meu pai perguntou.
- Eu estou de carro, não tem problema.
- Vamos colocar as coisas lá. – Meu pai falou sobre as duas malas grandes, minha bolsa e as quatro caixas que iriam junto.
Fiquei abraçada em minha mãe e Nate enquanto Chris e meu pai colocavam as coisas no carro de Chris e tentei fazer com que minha respiração ficasse mais compassada, mas era a primeira vez que eu viajaria para longe de verdade, desacompanhada. Na maioria das vezes meus pais foram comigo ou foram excursões da escola aqui perto ou que a própria agência levava. Eu iria encarar um mundo totalmente novo e sozinha, era isso que fazia meu coração ficar bem pequeno.
- Eu os amo demais, ok?! – Falei parada na porta do carro de Chris. – Darei notícias sempre. – Eles assentiram com a cabeça, fazendo meu pai abraçar minha mãe, que segurava Nathan.
- Nos também, querida, se cuida, tá? – Assenti com a cabeça, mandando um beijo para eles.
- Boa sorte, irmãzinha! – Nathan gritou e eu senti um aperto no peito, me fazendo respirar fundo.
- Até breve! – Falei, entrando no carro e passando o cinto pelo meu corpo, acenando para eles que estavam cada vez mais perto da janela.
- Até breve, meu amor.
- Podemos ir. – Falei essas palavras com a voz fraca e respirei fundo. – Amo vocês!
- Também te amamos, querida! – Minha mãe gritou e eu respirei fundo, vendo o carro se afastar aos poucos, fazendo meu choro ficar cada vez mais alto no carro.
Seguimos pelas ruas de Boston em silêncio, saindo do nosso pequeno subúrbio em Sudbury, até realmente cair nas ruas movimentadas de Boston. Era sexta-feira à noite, então a cidade estava agitada, vários carros passavam de lá para cá, mas Chris ia com atenção e dirigia bem.
Alguns quarteirões depois de sair de casa, meu choro cessou, mas eu ainda não queria falar nada, meu coração estava doendo e eu já estava sentindo falta dos meus pais. Parece que ter ficado com eles essas últimas semanas não tinha adiantado muita coisa.
- Eu... – Chris começou a falar e eu virei para ele.
- O quê? – Perguntei.
- Eu consegui um estágio em Nova York, me mudo para lá em agosto. – Abri um largo sorriso.
- Mesmo, Chris? – Falei feliz. – Isso é muito bom.
- Eu fiz o que você me indicou e mandei algumas cartas, tive uma resposta. – Sorri.
- Ah, isso vai ser ótimo, Chris. – Suspirei. – Corra atrás dos seus sonhos, se é isso você quer.
- Sim! Com certeza! – Ele falou sorrindo. – Você me ensinou que nada cai em nossas cabeças. – Sorri, assentindo com a cabeça. – Obrigado!
- Não precisa agradecer. – Sorri, segurando sua mão.
- Quem sabe a gente não se encontra em algum tapete vermelho? – Rimos juntos.
- Talvez. – Dei de ombros. – Vai ser legal! – Sorri.
Seguimos novamente em silêncio até o Aeroporto Internacional de Boston Logan e ele seguiu pela área de embarque e desembarque, que estava um tanto apinhada de carros, era a hora que boa parte dos aviões saiam e chegavam.
- Eu vou parar no estacionamento...
- Não, Chris! Pode me deixar aqui. – Falei.
- Eu te espero até seu voo sair. – Neguei com a cabeça.
- Não, sério! Vai ser pior. – Suspirei. – Melhor nos despedirmos aqui. – Ele mordeu seu lábio inferior e assentiu com a cabeça. – Além de que pode aproveitar mais um pouco do seu baile.
- Ok, me deixe pelo menos pegar um carrinho para colocar suas coisas. – Ele falou e ligou o farol de alerta do carro e saímos do mesmo.
Ele seguiu correndo para dentro do aeroporto e eu comecei a tirar as caixas e as malas do carro. Ele voltou rapidamente com um carrinho e me ajudou a colocar as malas em pé e as caixas empilhadas, prendendo-as com um elástico do próprio carrinho.
- Pronto, vai ficar fácil para você andar por aí até despachar isso. – Ele me entregou minha bolsa de mão, a qual eu coloquei na parte menor do carrinho.
- Obrigada! – Falei para ele. – E desculpa por não insistir mais em nós dois.
- Que isso, acho que se tivéssemos insistido, essa despedida seria bem pior! – Ele falou, me fazendo rir. – E me desculpe de mais cedo.
- Tá tudo bem, você estava irritado. – Falei e pulei em seus braços, abraçando-o fortemente. – Obrigada, viu?! – Falei, respirando fundo e voltando a encará-lo.
- Não precisa agradecer. – Ele disse. – Divirta-se, ok?! Faça sucesso, ganhe dinheiro, apareça em jornais, revistas, outdoors, o que a vida lhe trouxer. – Sorri, agradecendo com a cabeça.
- Você também. – Falei, respirando fundo. – Melhor eu entrar ou vou começar a chorar. – Falei e ele riu.
- Tudo bem. – Ele disse. – Mas antes... – Ele me puxou pelo pescoço e colou os lábios nos meus, me fazendo relaxar a mão em cima do carrinho.
Coloquei a mão livre em sua nuca, deixando com que ele aprofundasse o beijo e soltei leves suspiros, sentindo meu coração bater mais forte por conta disso e respirei levemente decepcionada quando ele nos afastou devagar, colando nossas testas.
- Eu não poderia deixar que fosse sem antes...
- Tudo bem! – Falei, abrindo os olhos devagar e encontrando seus olhos azuis. – Fico feliz que tenha feito. – Dei um pequeno sorriso, colando seus lábios nos meus novamente. – Obrigada! – Falei e ele riu.
- Boa viagem, ok?! – Ele disse e eu assenti com a cabeça. – Faça sucesso, senhorita . É só o que eu te peço. – Ri fraco.
- Farei meu máximo! – Sorri. – E você também. – Ele acenou com a cabeça.
- Pode ter certeza! – Ele abriu um largo sorriso, erguendo a mão para acenar.
Girei o carrinho em direção às grandes portas do aeroporto e comecei a empurrá-lo em direção a elas. Antes de entrar pela porta de sensor, eu olhei para trás mais uma vez, vendo Chris com um sorriso tristonho no rosto, mas com os olhos brilhando, como se ele realmente quisesse que eu fosse realizar meu sonho. Acenei rapidamente mais uma vez, vendo-o retribuir e soltei um suspiro alto, empurrando o carrinho para dentro do aeroporto e seguindo para o guichê onde seria a primeira parada do meu próximo destino.
- Obrigada! – Me levantei e segui até a sala de Blake, onde a porta estava entreaberta.
- Oi, , como está? – Sorri ao ver Blake indicar a cadeira em sua frente. – Sente, por favor. – Me aproximei da mesa e me sentei na cadeira em sua frente.
- Tudo bem. – Apoiei minha bolsa ao lado.
- É hoje à noite, hein?! – Dei uma risada fraca. – Empolgada?
- Mais nervosa do que empolgada, para falar a verdade. – Soltei um suspiro. – Eu fiz um intensivão de mandarim nessas últimas semanas, mas... – Suspirei.
- Vai dar tudo certo, hoje em dia todo mundo fala inglês, então já te ajuda. – Assenti com a cabeça.
- Sim, vai dar certo.
- Arranjou alguém para receber seu diploma por você? – Blake perguntou.
- Minha mãe vai à escola amanhã. – Assenti com a cabeça. – Ela disse que me manda algumas fotos depois.
- Isso é muito bom e fico feliz por você não abandonar esse sonho. – Sorri.
- Me disseram que a única coisa que você não deve negar na vida são oportunidades. E eu luto para uma oportunidade dessas desde os 12... – Ela sorriu.
- E você vai ver! Em dez, 15, 20 anos, você vai voltar para Boston para nos visitar e vai me agradecer por tudo isso. Vai se sentir tonta por ter medo, indecisão, mas estar vivendo o melhor momento da sua vida. – Ri fraco.
- 20 anos? Provavelmente estarei me aposentando até lá. – Ela deu de ombros.
- Talvez! – Ela deu de ombros. – Mas aposto que vai se aposentar no topo. – Rimos juntas.
- Obrigada mesmo, Blake, mas vamos pensar no presente, 20 anos é muita coisa. – Ela sorriu.
- Bom, , antes de você ir, eu tenho alguns documentos para te entregar. – Ela puxou uma pasta grossa de sua gaveta e colocou na mesa. – Aqui tem seu contrato com a agência de lá, seu contrato de moradia e o endereço de onde você vai ficar, sua passagem aérea, informações de voo, além do seu visto de trabalho, o qual você deve ficar atenta caso for ficar lá por mais tempo, enfim, tudo o que você vai precisar para realmente começar a trabalhar lá.
- Beleza, obrigada! – Sorri.
- Se tiver algum problema, você pode me ligar o horário que for, mas não é para ter nada de errado.
- Tudo bem! – Assenti com a cabeça.
- Você vai sozinha? – Blake perguntou.
- Sim, meus pais não conseguem tirar férias tão em cima da hora, além da passagem que é meio cara. – Ela assentiu com a cabeça.
- Vai dar tudo certo. – Blake segurou minha mão em cima da mesa.
- Vai sim. – Suspirei, me levantando e ela fez o mesmo. – É só isso?
- Sim, querida. É só isso! – Ela se aproximou de mim e me abraçou fortemente. – Boa sorte, ok?! – Sorri, apertando-a fortemente. – No momento em que precisar, quando precisar, estaremos de braços abertos para te receber de volta, ok?
- Obrigada, Blake. – Sorri, sentindo algumas lágrimas escaparem de meu rosto. – Por todos os trabalhos, por toda confiança, foi ótimo começar aqui.
- Eu que agradeço por ter nos dado essa chance. – Sorri, passando as mãos em meus olhos. – Mas posso apostar contigo que você não precisará voltar. – Rimos juntas.
- Vocês estão apostando muito em mim. – Suspirei.
- Eu só faço isso com quem eu tenho certeza que será um sucesso, e você já é, senhorita . – Ri fraco e ela me deu um rápido abraço novamente.
- Obrigada, Blake! Foi muito bom! – Sorri.
- Que isso, qualquer coisa, não importa o horário, a Dynasty sempre estará aqui para você, ok?! – Assenti com a cabeça.
- Muito obrigada! – Me afastei devagar, suspirando. – Foi ótimo! – Ela assentiu com a cabeça.
- Sim, agora vá! Aposto que ainda tem algumas coisas para fazer.
- Sim! – Rimos juntas. – Obrigada, eu mando postais de Tóquio. – Ela sorriu.
- Vou esperar ansiosamente! – Acenei para ela, saindo da sala com algumas lágrimas nos olhos, me lembrando de todas as minhas idas e vindas nessas salas e estúdios, sabendo que tudo mudaria agora.
Me despedi rapidamente de todos na Dynasty, feliz por saber que eu tinha feito um bom trabalho lá e que todos me desejavam boa sorte nessa minha nova vida. Senti meus olhos insistirem em ficar marejados e saí da agência, acenando para todos lá dentro e segui cabisbaixa até o ponto de ônibus, esperando pelo próximo ônibus que me levaria de volta para casa.
Desci do ônibus agradecendo ao motorista e andei mais dois quarteirões até chegar em casa. Era pouco mais de sete da noite e o sol começava a ser por em Boston. Procurei pelas chaves em minha bolsa, equilibrando as pastas que Blake tinha me dado, e sequei os olhos mais uma vez antes de empurrar a porta.
- Mãe, cheguei! – A vi atrás da bancada na cozinha.
- Olha quem veio te ver! – Virei o rosto para o sofá e olhei surpresa para Kate que estava toda linda no seu curto vestido preto.
- Kate? O que você está fazendo aqui? – Perguntei, largando minha mochila no chão e abraçando a mais baixa fortemente.
- Eu vim me despedir, é claro! – Ela falou contra meus ombros.
- Mas eu achei que...
- Ah não! – Ela me segurou pelos ombros. – Você realmente achou que eu me despediria da minha melhor amiga só com aquele abraço tonto de mais cedo? – Ela riu. – Nem a pau. – Abri um largo sorriso.
- Você está muito bonita! – Ela se virou, parando como se fosse uma modelo e colocou as mãos na cintura dramaticamente, como eu fazia nos meus desfiles. – Sua boba! – Ela gargalhou.
- Aprendi com a melhor! – Rimos juntas. - Ah, como eu vou sentir sua falta! – Ela me apertou forte novamente. – Prometo que vou escrever uma carta por dia com tudo o que aconteceu no meu dia, na formatura, nas férias, na faculdade, até a gente se ver de novo.
- Você vai precisar de muitos selos! – Brinquei e ela riu, me apertando novamente.
- Eu não ligo. – Ela sorriu para mim. – Eu vou sentir sua falta, senhorita ! Mas eu te desejo muito sucesso nessa vida, sério! Você merece, a gente sabe o quanto você batalhou para chegar aqui e você vai ser um sucesso! Daqui uns anos eu te verei nas televisões da Times Square, em propagandas em revistas famosas, marcas famosas... – Sorri, sentindo meus olhos marejar de novo. – Vai dar tudo certo, ok?! E quem sabe você não se apaixona por um japonês lá? – Rimos juntas.
- Quem sabe? – Brinquei.
- Como se isso fosse acontecer. – Ela me apertou pelos ombros. – Prometa que vai tentar se abrir mais, ok?! Mas não seja tonta, porque você vai ser um sucesso e as pessoas vão querer abusar de você.
- Kate! – Minha mãe a repreendeu e rimos junto.
- É verdade! – Ela cochichou só para mim e eu assenti com a cabeça, suspirando.
- Acho que está na hora de você ir. – Falei. – Você precisa ir ao baile. – Ela suspirou. – Algum par?
- Não, meu par vai para Tóquio! – Sorri, suspirando.
- Por que você não vai um pouco com Kate, querida? Seu voo é só às duas da manhã, se a gente sair daqui até umas dez e meia, está bom! Você vai ter que esperar no aeroporto mesmo. – Minha mãe falou e eu franzi a testa. – Suas coisas estão arrumadas, não estão?
- Falta só fechar as caixas. – Falei.
- Eu faço isso para você! – Ela disse. – Você já vai perder a sua formatura, se divirta um pouco.
- Vamos, ! Vai ser legal! – Kate disse. – Bom, vai ser bem mais legal contigo lá. – Sorri e olhei rapidamente no relógio.
- Acho que posso ficar umas horinhas! – Falei e Kate sorriu animada.
- Vamos, precisamos te deixar um arraso! – Kate falou e me puxou pelo braço escadas acima.
- Obrigada! – Falei para minha mãe que sorriu, abanando com a mão.
Eu queria ir ao baile, dançar um pouco com Kate e me despedir de outros amigos da escola, mas eu achei que não fosse dar, então aproveitei as últimas aulas hoje e já me despedi de todo mundo, bom, menos de Chris.
Depois da última vez que saímos, nós acabamos nos afastando um pouco. Ou melhor, ele se afastou completamente, parece que não tinha gostado de levar dois foras meus seguidos. Tirando alguns rápidos acenos de cabeça, ele seguiu sua vida com seus amigos e eu finalizei essas últimas três semanas focada nas provas finais, não podia pensar em pegar recuperação e atrasar minha viagem. Meu contrato no Japão começava na terça-feira, era pouco tempo para eu me preparar, principalmente por causa do fuso horário.
Honestamente, eu não queria vê-lo, não queria ter que me despedir dele. Apesar de não termos dado muito bem, tinha sido legal, poderia rolar algo a mais se eu tentasse, mas eu preferi escolher meu sonho desde os meus oito anos, não podia ficar por uma suposição. Meu sonho falava mais alto.
- Meu Deus! – Kate falou ao entrar em meu quarto e eu ri, minhas malas e caixas que eu levaria para Tóquio ocupavam o chão. – Você vai levar tudo isso?
- A maioria, mas algumas coisas minha mãe pediu para eu encaixotar para ela guardar no porão. – Falei. – Têm muitas roupas de sessões de fotos, coisas que eu não vou levar e não vou usar. – Ela riu, se sentando na minha cama que estava vazia.
- E com que roupa você vai agora? – Ela me perguntou e eu suspirei. – Tem que ser algo digno de , modelo internacional.
- Tonta! – Empurrei-a de lado, fazendo-a tombar na cama. - Eu vou encontrar algo, tenho algumas caixas que não subiram ainda.
Eu não esperava realmente que eu fosse ao baile de formatura no fim do último quarto, então realmente não tinha me preocupado em procurar uma roupa adequada, por isso, acabei procurando por uma das roupas que eu ganhei na minha última sessão de fotos em uma das caixas.
Achei um dos meus vestidos favoritos, verde escuro, curto, estilo Marylin Monroe e preso no pescoço. Ele era simples, mas era realmente bonito. Fui ao banheiro, passando pelo menos uma maquiagem básica no rosto, sem encher de base e pó. Eu não ficaria muito mesmo, e agradeci por sempre cuidar da minha pele desde cedo para não pegar a parte ruim da adolescência.
Puxei meu cabelo em um rabo de cabelo alto, deixando alguns fios soltos na lateral do rosto e voltei para o quarto, vendo Kate ficar boquiaberta ao me ver, como ela sempre fazia questão de demonstrar. Fui até meu armário e abri o mesmo, só encontrando alguns chinelos antigos e o tênis branco que eu usaria para viajar. Virei o rosto para minhas malas e caixas onde tinha todos meus saltos e suspirei, eu não abriria aquilo por causa de um sapato.
- Vai ter que ser esse. – Falei para Kate.
- Você está um arraso! – Ela falou. – Até de tênis vai estar um arraso! – Ela riu. – Ainda bem que você vai, votei em você umas 20 vezes para rainha do baile.
- Ah, Kate, para de falar besteira! – Rimos juntas. – Já falei que você não deveria ter me inscrito. – Ela deu de ombros.
- Se eu não o fizesse, aposto que outra pessoa o faria. – Ela deu de ombros e eu finalizei de amarrar meus tênis, me levantando.
- O que acha? – Virei para ela, colocando a mão na cintura e ela sorriu.
- Digna de modelo. – Rimos juntas. – Agora vamos, você precisa aproveitar nem se for um pouco! – Ela disse e saiu rapidamente de meu quarto.
Peguei minha jaqueta de couro que estava em cima de tudo com minha bolsa e vesti a mesma. O vestido era inteiro aberto nas costas e aposto que daqui a pouco começaria a ventar. Desci as escadas, encontrando Kate já na porta e segui até o balcão da cozinha, apoiando no mesmo.
- Eu volto lá pelas dez, pode ser? – Perguntei para minha mãe que assentiu com a cabeça.
- Pode sim. Dá tempo de sobra! – Ela beijou rapidamente minha bochecha e eu retribuí, pegando a chave na porta e saindo de casa. – Divirtam-se, meninas! – Ela gritou.
- Obrigada, senhora , te vejo na colação amanhã? – Kate perguntou na porta.
- Com certeza, querida! Vou sentar do seu lado e fazer você e suas amigas passarem vergonha.
- Mãe! – A repreendi.
- Eu vou adorar! – Kate disse e eu a empurrei.
- Tchau, mãe! – Falei, puxando a porta. – Você é uma tonta! – Kate riu, tropeçando nos seus pés enquanto eu vestia minha jaqueta.
- Ah, qual é! Vai ser divertido! Vamos fingir por uma tarde que sua mãe é você, depois eu revelo as fotos e te mando. – Ela passou os braços pela minha cintura e eu fiz o mesmo em seus ombros. - Ah, eu vou sentir muito por não ter ido. – Suspirei e ela me abraçou com os dois braços.
- Se lembra de quando fomos à formatura do meu irmão e que ficamos muito empolgadas em usar aquelas becas? Tirar várias fotos? – Ela se virou para mim e eu assenti com a cabeça.
- Não me faça chorar, Kate. – Suspirei.
- Não, não estou dizendo por causa disso. – Ela se virou para mim. – Estou dizendo como é maravilhoso não saber o que vai acontecer na vida. – Ela sorriu. – Você vai perder sua colação de grau para ir para Tóquio. – Ela me segurou pelos ombros. – Tóquio! – Ela repetiu. – Isso é loucura! – Ri com ela. – Me diz se não é demais! – Suspirei. – Você precisa tirar essa cara de enterro. – Dei um pequeno sorriso.
- Eu sei. – Respirei fundo. – Eu só... – Segurei suas mãos. – Eu vou sentir muita falta de todos vocês! – Ela me abraçou fortemente, se jogando em meus braços como fazia, pelo fato de eu ser bem mais alta.
- Mas pensa pelo lado positivo, você vai fazer trabalhos incríveis, ganhar bastante dinheiro e, quem sabe, em um ano ou dois, você não tem dinheiro para voltar, ou melhor, me levar para te visitar em Tóquio? – Ela brincou, mostrando a língua em seguida.
- Fácil assim, não? – Abracei-a novamente, voltando a andar em direção a escola. – E você? Decidiu se vai fazer faculdade ou ser a skatista mais famosa do mundo? – Ela gargalhou alto.
- Meu pai quebrou meu skate em dois quando eu falei que queria ir para o X Games e ainda fez questão de jogar na casa do vizinho. – Soltei uma risada.
- No vizinho velho? – Perguntei e ela revirou os olhos.
- É! E eu descobri que ele é surdo! – Ela falou alto e eu gargalhei. – Agora estou pensando se trabalho para conseguir grana para o X Games e para uma prancha nova ou se eu vou para Califórnia começar o semestre especial em Berkeley na primavera. – Ponderei com a cabeça.
- O X Games foi em San Diego no ano passado, certo? – Perguntei para ela que afirmou com a cabeça.
- Sim, nós até fomos, lembra? Aproveitamos aquele seu trabalho para a Eckō Unlimited e sumimos por alguns dias. – Rimos juntos.
- Eu sei, sua boba! – Suspirei. – Por que você não vê a data, fala para o seu pai que vai para Berkeley e dá um pulo em San Diego? Se for no mesmo lugar, é óbvio. – Ela me olhou de esguio e eu sorri.
- Ok, espertinha, mas Berkely fica perto de São Francisco, San Diego é umas 10 horas de carro e eu não tenho dinheiro para pagar passagem de avião. – Rimos juntas.
- Por isso que eu acho que você precisará de muitas horas de trabalho, se quiser ir. – Me virei para ela. – Mas vá mesmo para Berkeley, ok?! Nunca sabemos o que vai dar certo ou não. – Rimos juntas.
- Você sabe! – Ri fraco.
- Não sei, eu estou tentando pensar em outras coisas que eu goste, caso não dê certo. – Dei de ombros. – Fotografia, talvez. – Dei de ombros.
- Vai dar certo! Confia! – Ela me abraçou novamente quando chegamos à escola. – Você estará em todos os holofotes do mundo em poucos anos. – Rimos juntas. – Tóquio, Londres, Nova York, Sydney, Rio... Ah, que sonho! – Ela estalou um beijo em minha bochecha. – Vai ser demais! Vou poder dizer: “olha, gente! Aquela é minha amiga!”- Sorri, assentindo com a cabeça. – “Eu já a vi pelada!” – Gargalhei e soquei seu ombro, fazendo-a rir. – Fala, , é um sonho. – Sorri.
- Te conto na carta que eu te enviar terça-feira. – Ela riu.
- É quando você começa?
- Sim! – Suspirei. – Vai ser meu primeiro dia na agência!
- Eu quero saber tudo. – Ela riu. – Principalmente se têm alguns modelos japoneses gatos! – Rimos junto.
- No aguardo! – Brinquei e empurrei as portas duplas da escola, entrando no corredor da mesma, já ouvindo o barulho da música alta.
- Você veio? – Virei o rosto, vendo Chris e seu grupinho de jogadores de futebol encostados nos armários e fumando, franzi a testa.
- Sim, eu... – Tentei falar, mas ele me interrompeu.
- Você poderia ter dito que não queria vir comigo, sabia. – Ele jogou o cigarro no chão e pisou em cima. – Eu ficaria chateado, mas pelo menos seria verdade.
- Primeiro de tudo, pegue essa coisa nojenta agora e jogue no lixo. Segundo, você fuma? – Balancei a cabeça. – Que nojo! E terceiro, sobrou alguns minutos antes do meu voo, achei que seria legal me despedir propriamente de algumas pessoas, inclusive de você. – Cruzei os braços.
- Você realmente se acha melhor que os outros, não?! – Arregalei os olhos, bufando em seguida. – Sempre com o nariz em pé, se achando melhor que todos nessa escola. Você não pode fazer isso com as pessoas...
- Fazer... – Kate me interrompeu.
- Fazer o quê, seu idiota? – Ela me afastou com a mão quando tentei me aproximar. – Ela vai para o Japão realizar o sonho dela e você tá se sentindo todo ofendidinho por ela não vir ao baile com você? Ela nem ia vir! – Ela gritou e eu me assustei. – Pare de se achar a última bolacha do pacote. Ela não está aqui por causa de você mesmo!
- Ah, lá vem! Agora você quer me dar lição de moral? – Ele tentou revidar, mas eu só apoiei uma mão em seu ombro.
- Você já está sendo idiota o suficiente comigo, não seja com a minha amiga, ok?! Não se discute com a minha amiga comigo por perto. – Revirei os olhos. – Vamos, Kate! Vamos falar com pessoas que realmente importam! – A puxei pelo braço e senti vontade de socá-lo naquele momento.
Olhei para trás rapidamente e o vi sair estressado com seu grupo de amigos e bater as portas duplas da escola. Balancei a cabeça e respirei fundo. Não era para ter sido desse jeito.
- Eu vou sentir muita sua falta, sabia? – Greg falou e eu sorri, apertando-o fortemente.
- Todos vamos! – Lola falou e eu me afastei do Greg. – Mas é o que a Kate disse, é o seu sonho, você merece tudo isso!
- Obrigada, gente! – Sorri para Greg, Lola, Paul e Kate, sentindo os dois últimos me abraçar pelos ombros.
- Vai fazer sucesso, . Faça todos os homens babarem por você e todas as mulheres quererem ser você! – Paul beijou minha testa e eu assenti com a cabeça.
- Obrigada mesmo! Vocês sempre me apoiaram tanto! – Eles sorriram.
- E vamos te apoiar até no Japão. Dê notícias, ok?! – Lola me abraçou novamente e eu assenti com a cabeça.
- Vou tentar, ainda não sei como vou me comunicar com minha família, mas minha mãe dá notícias. – Eles sorriram e todos entraram no abraço novamente, me fazendo suspirar e sentir uma lágrima deslizar pelo meu olho.
- Bom, vamos parar de drama! – Greg secou os olhos. – Quem quer ponche?
- Eu quero! – Kate falou rapidamente.
- Eu não! – Falei rindo. – Já devem ter batizado o ponche e não acho legal aparecer no aeroporto bêbada. – Eles riram.
- Já volto! – Ele falou e Paul foi atrás.
- Imagina passar pela imigração? Vai ser bem legal! – Kate brincou e eu ri.
- Claro, por que não?! – Brinquei e elas riram.
- Ah, meu Deus, será quê?! – Kate e Lola se entreolharam quando começou a tocar o maior hit do ano passado.
- A nossa música! – Ambas gritaram quando Spice Up Your Life começou a tocar e Kate me puxou pela mão.
Saí correndo para o meio do salão quase tropeçando em meus pés, empurrando algumas pessoas para abrir espaço, incluindo Amber e seus minions, fazendo várias pessoas reclamarem, mas não estávamos nem aí. Nós pulávamos e cantávamos a plenos pulmões, acompanhando a banda que tocava no baile temático da escola.
- É agora! – Lola gritou e eu e Kate nos entreolhamos.
- Slam it to the left. – Elas gritaram.
- If you're havin' a good time. – Completei.
- Shake it to the right. – Elas continuaram gritando.
- If ya know that you feel fine. – Nós fazíamos poses conforme o ritmo.
- Chicas to the front! – Gritamos juntos. – Ha, ha, go round! – Mexemos nossos quadris circularmente.
- Slam it to the left. – Seguimos novamente!
- If you're havin' a good time. – Gritei, abraçando-as pelos ombros.
- Shake it to the right. – Andamos para a direita.
- If ya know that you feel fine. – Dei uma rebolada.
- Chicas to the front! – Rimos juntos. – Ha, ha, go round! – Repetimos os movimentos nos quadris. – Hai Si Ja, hold tight! – Gritamos juntas e giramos, me fazendo parar ao ver Chris em minha frente, com as mãos dentro dos bolsos do terno largo.
- Podemos conversar? – Ele disse em meio ao som e eu virei para minhas amigas.
- Já volto! – Falei e Kate deu um olhar bem sugestivo em direção a Chris. – O que você quer? – O puxei para perto das arquibancadas, um pouco afastado da galera dançando.
- Você quer dançar comigo? – Ele perguntou e eu cruzei os braços.
- Não veio com nenhum par? – Falei.
- Até vim, mas ela me largou e voltou com o namorado. – Ele olhou sugestivamente para um canto e vi uma menina agarrando um cara que eu nunca tinha visto na vida.
- Oh! – Franzi os olhos. – Essa é difícil! – Ele deu de ombros.
- Tudo bem, não é a primeira vez. – Revirei os olhos.
- Não começa! – Falei me sentando na parte mais baixa da arquibancada e ele se sentou ao meu lado.
- Me desculpe por antes, eu achei que não fosse te ver. – Dei de ombros.
- E você não queria mais me ver? – Perguntei.
- Eu fiquei chateado por você não ter aceitado...
- Eu realmente não sabia que vinha, mas meu voo é só as duas da madrugada, minha mãe achou que eu podia vir me divertir com minhas amigas. – Olhei meu relógio. – Eu vou embora daqui uns 40 minutos. – Ele assentiu com a cabeça. – Além do mais, você não precisava ficar chateado, são coisas da vida. Não precisamos perder a amizade por causa disso.
- Eu sei e me sinto um idiota agora. – Assenti com a cabeça.
- Está tudo bem. – Suspirei.
- Você está muito bonita. – Ele falou e eu virei o rosto para ele.
- Obrigada! – Suspirei. – Você também está. – Ele sorriu.
- Então, você vai mesmo para o Japão? – Rimos junto.
- Pior que vou! – Suspirei. – Viver uma vida totalmente diferente, enfrentar dificuldades, realizar sonhos. – Sorri. – Estou animada e com medo ao mesmo tempo.
- Acho que é essa a questão, não é?! – Ele sorriu. – O desconhecido, tudo o que você vai encontrar. – Assenti com a cabeça. – Além de a cultura ser totalmente diferente.
- Sim, exatamente, e a língua que eu não sei falar. – Ri fraco. – Mas aposto que vai ser legal.
- Te desejo muita boa sorte, viu?! – Ele falou. – Aposto que você vai fazer muito sucesso. – Dei um pequeno sorriso de lado.
- Obrigada mesmo, Chris.
- Alguém vai pegar seu boletim amanhã? – Ele perguntou e assenti com a cabeça.
- Minha mãe vai. Eles não vão conseguir ir comigo agora, talvez nem vão, é muito caro, sabe? – Suspirei. – A agência pagou metade da passagem e vai pagar o primeiro mês do aluguel, o que já ajudou, mas depois eu vou ter que me virar.
- Você já tem trabalhos ou...
- Eu fui meio que transferida para outra agência, então vou começar a receber o trabalho deles. Começo terça-feira. – Ele sorriu.
- Vai dar certo! – Assenti com a cabeça, sorrindo.
- Sim, estou tentando me manter confiante. – Suspirei.
- Me concede uma dança, pelo menos? – Ri fraco.
- Sim, acho que eu te devo isso. – Ele riu e segurou minha mão, me puxando para a pista de dança.
- Obrigado! – Ele me disse e eu passei a mão em seu ombro, sentindo as mãos deles em minha cintura e ouvindo a música dar uma desacelerada.
Eu fiquei bem mais do que uma música com Chris, nós conversamos pouco. Dançávamos colados enquanto as músicas mudavam de lentas para rápidas e de rápidas para lentas novamente. Ele era bom de dança, o que eu com certeza me demonstrei bem surpresa quando ele começou a mexer o corpo mais agitadamente e a realmente me liderar durante as músicas mais lentas. Com isso, acabei descobrindo que sua mãe era professora de dança e ele e seus irmãos faziam todas as aulas possíveis.
Acho que ali, naqueles 40 minutos de dança e conversas ao pé do ouvido, eu realmente percebi que não tinha dado o valor a ele com as pequenas coisas que eu tinha percebido em nossos encontros. Ele era o segundo irmão, de três. Tinha uma irmã mais velha, ele, um irmão mais novo e sua mãe estava na fila de adoção de mais uma criança. Seus pais se separaram a pouco mais de um ano e seu pai era dentista.
Aquilo foi legal, ele perguntava sobre mim, eu perguntava sobre ele. Foi algo realmente diferente de todas as chances que eu tinha dado para ele. Eu estava realmente interessada em ouvi-lo, queria saber dele, de sua família, de seu cachorro East, de tudo. Não estava preocupada com meu trabalho ou em julgar ele pelas coisas que ele fazia errado. Hoje tinha sido legal! E eu percebi que não tinha dado valor a um cara legal nesses meus últimos meses, mas agora estava na hora de ir.
- Eu preciso ir! – Falei em seu ouvido, sentindo-o apertar mais as mãos em minhas costas.
- Queria que pudéssemos aproveitar mais. – Ele falou e eu me afastei devagar, olhando em seus olhos azuis.
- Eu também! – Fui honesta, dando um pequeno sorriso. – Foi legal! – Sorrimos e ele deu um rápido beijo em minha bochecha, me fazendo sorrir.
- Foi! – Ele tirou meu cabelo do rosto.
- Eu vou me despedir das minhas amigas! – Falei e ele me segurou pela mão.
- Eu posso te levar ao aeroporto? – Mordi meu lábio inferior, ponderando com a cabeça.
- Acho que não vai ter problema! – Falei e ele sorriu.
- ! – Me assustei ao ver Kate aparecer tropeçando ao meu lado.
- Ei! – Falei rindo, sentindo-a se apoiar em meus ombros. – Está na minha hora!
- Eu sei, eu sei! – Ela me falou. – Mas vão falar quem é a rainha do baile. Vai que você ganha? – Balancei a cabeça.
- Eu realmente não estou preocupada com isso, Kate. Sério! Eu preciso ir.
- Cinco minutos, é só o que eu peço! – Ela insistiu.
- Eu acho que não teria problema. – Chris falou. – Eu votei em você. – Revirei os olhos.
- Vai, ! – Kate insistiu e olhei para o palco, vendo o diretor parar com a música.
- Ok, cinco minutos! – Falei e ela me abraçou de lado, me trazendo para mais perto e eu ri fraco.
- Olá, alunos! – O diretor falou. – Vamos anunciar o rei e rainha do baile desse ano! – Ele falou e os alunos gritaram comemorando e aplaudindo.
- Você precisa ganhar! – Kate me chacoalhou.
- Primeiro o rei. – Ele pegou o papel. – Os candidatos são John Stephan! – Aplaudimos um dos jogadores de basquete. – Ned Crawford! – Ele falou e aplaudimos novamente outro jogador de basquete. – E Andrew Jacob! – Aplaudimos novamente o terceiro jogador. Todos amigos de Chris.
- Em quem você votou? – Perguntei para Chris e ele deu de ombros.
- Ninguém! – Ele falou, me fazendo rir. – Você?
- Eu nem sabia quem estava concorrendo! – Ri fraco.
- E o vencedor é... – O diretor abriu o envelope. – Ned Crawford! – Aplaudimos um dos amigos de Chris. – Venha pegar sua coroa! – Ele subiu no palco animado, acenando para o pessoal.
- Você estava um pouco fora nessas últimas semanas. – Suspirei.
- Tive alguns trabalhos para finalizar na agência, além das provas que estavam me enlouquecendo, eu precisava passar sem recuperação.
- E conseguiu? – Ele perguntou.
- Estou indo para Tóquio em quatro horas, o que acha? – Ele riu, assentindo com a cabeça.
- Isso, pode descer! – O diretor falou, empurrando Ned para fora, nos fazendo rir. – Agora a rainha do baile! – Ele falou, fazendo os alunos gritarem mais. – As indicadas são Amber Martins. – Poucas pessoas aplaudiram, me fazendo rir. – . – Meus amigos gritaram ao meu lado, me fazendo rir. – Mila Barks. – Aplaudimos também a última e Kate me abraçou fortemente.
- , , ! – Ela falava em mantra com Lola, Greg e Paul, me fazendo rir.
- E a rainha do baile é... – O diretor abriu o envelope. – .
- Ah! – Meus amigos e Chris gritaram, me abraçando fortemente e eu gargalhei.
- Venha receber sua coroa! – Kate me empurrou e eu ri, andando em direção ao palco.
Vi alguns alunos aplaudindo e sorrindo para mim e retribuí alguns sorrisos até ver Amber de cara feia e braços cruzados. Acenei para ela, dando uma leve piscada e ri sozinha, subindo no palco e encontrando o diretor lá em cima. Ele me guiou até o centro do palco e colocou a coroa de plástico na minha cabeça, me fazendo sorrir.
- Parabéns! E boa sorte na sua nova jornada. – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
- Obrigada! – Sorri e desci do palco novamente, ouvindo as pessoas aplaudirem e segui novamente em direção a meus amigos.
- Que recomecem a festa! – O diretor falou, fazendo a música voltar a tocar.
- Eu vou agora. – Falei e Kate deu um sorriso triste.
- Vamos lá fora para nos despedir sem essa música horrível! – Ela falou quando a música MMMBop começou a tocar, me fazendo rir.
Kate me deu a mão, passando o braço pela minha cintura e eu pelos seus ombros e seguimos com Chris, Lola, Greg e Paul até a parte de fora da escola, onde agora estava vazia e só era possível ouvir o som da música ao fundo.
- Eu vou contigo até em casa. – Kate disse, parando em minha frente.
- Não, você vai aproveitar seu baile, Chris disse que me leva até em casa. – Pisquei para Chris que assentiu com a cabeça, não queria que Kate ficasse com ciúmes agora.
- Ok... – Ela disse, olhando para Chris rapidamente. – Promete que vai ficar bem? Que vai me dar notícias? Que não vai sumir quando se tornar a maior supermodelo do mundo? – Rimos juntas nessa última parte e senti as lágrimas começarem a deslizar pelo meu rosto.
- Eu prometo, Kate Jordan. Eu nunca vou me esquecer de você! – Ela me abraçou fortemente, enterrando o rosto em meu ombro e eu fechei os olhos por alguns segundos, respirando fundo. – Eu te amo.
- Eu também te amo, minha amiga! – Ela repetiu e eu me afastei, secando os olhos.
- Vocês também! – Falei para Lola, Paul e Greg, abraçando cada um rapidamente. – Fiquem bem, ok?! – Falei, me afastando um pouco e vendo os quatro parados lado a lado.
- Você também! – Greg disse. – Dê notícias! – Assenti com a cabeça, passando a mão em meu rosto.
- Direto do Japão! – Brinquei e eles riram. – Amo vocês! – Acenei lentamente e olhei para Chris que acenou com a cabeça. – Vamos! – Falei para ele.
Ele começou a andar ao meu lado enquanto eu dei alguns passos de ré, guardando na memória aqueles quatro rostos chorosos ali e suspirei, erguendo a mão por alguns segundos e acenando para eles, até que tive coragem de virar para trás e perdê-los de vista, sentindo as lágrimas voltarem a cair de meu rosto. Chris passou o braço em meus ombros e me aproximou dele, me permitindo chorar de verdade em seus braços. Ele me levou até seu carro e eu fui quieta até em casa.
Chegamos em casa e eu tirei as chaves do bolso, sentindo as mãos tremerem ao abrir a porta. Empurrei a mesma e encontrei meus pais e meu irmão me esperando, me fazendo dar um sorriso triste para eles.
- Ah, você chegou! – Minha mãe falou se levantando. – Precisamos ir logo, você tem que chegar três horas antes do voo... Ganhou de rainha do baile? – Ela sorriu se aproximando de mim. – Ah, você está acompanhada! – Ela falou quando Chris chegou atrás.
- Mãe, pai, Nate, esse é o Chris, um amigo da escola.
- Tudo bem? – Meu pai o cumprimentou e minha mãe deu um sorriso tendencioso, me fazendo rir.
- Ele gostaria de me levar ao aeroporto. – Meus pais se entreolharam, suspirando.
- Tem certeza, querida? – Minha mãe perguntou, colocando meus cabelos atrás da orelha.
- Talvez seja melhor para evitar todo drama. – Falei e ela riu me dando um rápido beijo na testa.
- Você que sabe. – Ela disse, me olhando com os olhos. – O que acha, Ben? – Ela se virou para meu pai.
- Acho que ela pode sim ir com ele. – Meu pai falou. – Vai evitar que ela me veja chorando. – Ele disse com a voz já embargada e eu me aproximei dele, apertando-o fortemente em meus braços. – Fique bem, ok?! Boa viagem, se cuida, não dê bola para qualquer um e qualquer problema, vá até a polícia, vá até a embaixada, fale conosco, ok?! Vamos tentar ir no fim do ano. – Assenti com a cabeça, sentindo-o dar um beijo em minha testa. – Eu te amo, ok, minha pequena?
- Também te amo, pai! – Falei, sentindo-o limpar as lágrimas em minha bochecha.
- Minha querida! – Minha mãe me abraçou fortemente. – Se lembre de que você merece tudo isso, ok?! – Ela falou. – Você é bonita, inteligente, especial e vai atrás do seu sonho. Não deixe ninguém mudar isso, tá? Mamãe te ama muito e sentirá muitas saudades. – Ela já chorava. – Mas eu entendo o quanto isso é importante para ti.
- Obrigada, mamãe! – Falei baixo, respirando fundo. – Eu te amo muito.
- Eu também, minha querida, eu também. – Ela me apertou fortemente, me fazendo suspirar.
- Você não vai se esquecer de mim, não é? – Nate perguntou quando eu me abaixei para ficar da sua altura.
- Nunca! – Coloquei seus cabelos cacheados atrás da orelha. – E eu sempre vou te amar, ok?! Não importando quanto tempo eu demore em te ver de novo.
- Eu também, irmãzinha! – Ele me abraçou fortemente e eu me levantei, segurando-o em meus braços. – Amo muito, muito, muito!
- Eu também, meu pestinha! – Estalei um beijo em sua bochecha, antes de colocá-lo no chão novamente, me fazendo suspirar. – Guarda isso para mim? – Tirei e entreguei minha coroa para Nate que assentiu com a cabeça.
- Pode deixar! – Ele disse com a cabeça baixa.
- Você quer ir com o carro ou... – Meu pai perguntou.
- Eu estou de carro, não tem problema.
- Vamos colocar as coisas lá. – Meu pai falou sobre as duas malas grandes, minha bolsa e as quatro caixas que iriam junto.
Fiquei abraçada em minha mãe e Nate enquanto Chris e meu pai colocavam as coisas no carro de Chris e tentei fazer com que minha respiração ficasse mais compassada, mas era a primeira vez que eu viajaria para longe de verdade, desacompanhada. Na maioria das vezes meus pais foram comigo ou foram excursões da escola aqui perto ou que a própria agência levava. Eu iria encarar um mundo totalmente novo e sozinha, era isso que fazia meu coração ficar bem pequeno.
- Eu os amo demais, ok?! – Falei parada na porta do carro de Chris. – Darei notícias sempre. – Eles assentiram com a cabeça, fazendo meu pai abraçar minha mãe, que segurava Nathan.
- Nos também, querida, se cuida, tá? – Assenti com a cabeça, mandando um beijo para eles.
- Boa sorte, irmãzinha! – Nathan gritou e eu senti um aperto no peito, me fazendo respirar fundo.
- Até breve! – Falei, entrando no carro e passando o cinto pelo meu corpo, acenando para eles que estavam cada vez mais perto da janela.
- Até breve, meu amor.
- Podemos ir. – Falei essas palavras com a voz fraca e respirei fundo. – Amo vocês!
- Também te amamos, querida! – Minha mãe gritou e eu respirei fundo, vendo o carro se afastar aos poucos, fazendo meu choro ficar cada vez mais alto no carro.
Seguimos pelas ruas de Boston em silêncio, saindo do nosso pequeno subúrbio em Sudbury, até realmente cair nas ruas movimentadas de Boston. Era sexta-feira à noite, então a cidade estava agitada, vários carros passavam de lá para cá, mas Chris ia com atenção e dirigia bem.
Alguns quarteirões depois de sair de casa, meu choro cessou, mas eu ainda não queria falar nada, meu coração estava doendo e eu já estava sentindo falta dos meus pais. Parece que ter ficado com eles essas últimas semanas não tinha adiantado muita coisa.
- Eu... – Chris começou a falar e eu virei para ele.
- O quê? – Perguntei.
- Eu consegui um estágio em Nova York, me mudo para lá em agosto. – Abri um largo sorriso.
- Mesmo, Chris? – Falei feliz. – Isso é muito bom.
- Eu fiz o que você me indicou e mandei algumas cartas, tive uma resposta. – Sorri.
- Ah, isso vai ser ótimo, Chris. – Suspirei. – Corra atrás dos seus sonhos, se é isso você quer.
- Sim! Com certeza! – Ele falou sorrindo. – Você me ensinou que nada cai em nossas cabeças. – Sorri, assentindo com a cabeça. – Obrigado!
- Não precisa agradecer. – Sorri, segurando sua mão.
- Quem sabe a gente não se encontra em algum tapete vermelho? – Rimos juntos.
- Talvez. – Dei de ombros. – Vai ser legal! – Sorri.
Seguimos novamente em silêncio até o Aeroporto Internacional de Boston Logan e ele seguiu pela área de embarque e desembarque, que estava um tanto apinhada de carros, era a hora que boa parte dos aviões saiam e chegavam.
- Eu vou parar no estacionamento...
- Não, Chris! Pode me deixar aqui. – Falei.
- Eu te espero até seu voo sair. – Neguei com a cabeça.
- Não, sério! Vai ser pior. – Suspirei. – Melhor nos despedirmos aqui. – Ele mordeu seu lábio inferior e assentiu com a cabeça. – Além de que pode aproveitar mais um pouco do seu baile.
- Ok, me deixe pelo menos pegar um carrinho para colocar suas coisas. – Ele falou e ligou o farol de alerta do carro e saímos do mesmo.
Ele seguiu correndo para dentro do aeroporto e eu comecei a tirar as caixas e as malas do carro. Ele voltou rapidamente com um carrinho e me ajudou a colocar as malas em pé e as caixas empilhadas, prendendo-as com um elástico do próprio carrinho.
- Pronto, vai ficar fácil para você andar por aí até despachar isso. – Ele me entregou minha bolsa de mão, a qual eu coloquei na parte menor do carrinho.
- Obrigada! – Falei para ele. – E desculpa por não insistir mais em nós dois.
- Que isso, acho que se tivéssemos insistido, essa despedida seria bem pior! – Ele falou, me fazendo rir. – E me desculpe de mais cedo.
- Tá tudo bem, você estava irritado. – Falei e pulei em seus braços, abraçando-o fortemente. – Obrigada, viu?! – Falei, respirando fundo e voltando a encará-lo.
- Não precisa agradecer. – Ele disse. – Divirta-se, ok?! Faça sucesso, ganhe dinheiro, apareça em jornais, revistas, outdoors, o que a vida lhe trouxer. – Sorri, agradecendo com a cabeça.
- Você também. – Falei, respirando fundo. – Melhor eu entrar ou vou começar a chorar. – Falei e ele riu.
- Tudo bem. – Ele disse. – Mas antes... – Ele me puxou pelo pescoço e colou os lábios nos meus, me fazendo relaxar a mão em cima do carrinho.
Coloquei a mão livre em sua nuca, deixando com que ele aprofundasse o beijo e soltei leves suspiros, sentindo meu coração bater mais forte por conta disso e respirei levemente decepcionada quando ele nos afastou devagar, colando nossas testas.
- Eu não poderia deixar que fosse sem antes...
- Tudo bem! – Falei, abrindo os olhos devagar e encontrando seus olhos azuis. – Fico feliz que tenha feito. – Dei um pequeno sorriso, colando seus lábios nos meus novamente. – Obrigada! – Falei e ele riu.
- Boa viagem, ok?! – Ele disse e eu assenti com a cabeça. – Faça sucesso, senhorita . É só o que eu te peço. – Ri fraco.
- Farei meu máximo! – Sorri. – E você também. – Ele acenou com a cabeça.
- Pode ter certeza! – Ele abriu um largo sorriso, erguendo a mão para acenar.
Girei o carrinho em direção às grandes portas do aeroporto e comecei a empurrá-lo em direção a elas. Antes de entrar pela porta de sensor, eu olhei para trás mais uma vez, vendo Chris com um sorriso tristonho no rosto, mas com os olhos brilhando, como se ele realmente quisesse que eu fosse realizar meu sonho. Acenei rapidamente mais uma vez, vendo-o retribuir e soltei um suspiro alto, empurrando o carrinho para dentro do aeroporto e seguindo para o guichê onde seria a primeira parada do meu próximo destino.
Fim da primeira parte.
Parte 2
Capítulo 4
Observei a Tower Bridge se fechar do meu apartamento no The Shard, após um barco passar pelo mesmo, e me afastei das janelas de vidro, pegando minha xícara na minha mesa no quarto e dei um gole no chá de camomila, soltando um suspiro com a quentura do mesmo.
Ouvi um apito vindo do meu computador e segui até a cama novamente, me sentando na ponta da mesma e virando o notebook para mim. Tinha um novo e-mail na minha caixa de entrada. Ri fraco ao ver o nome de Kate no mesmo. Não deu tempo de eu abri-lo, quando meu telefone começou a tocar também, com o mesmo nome no visor.
- Até parece que nasceu de cinco meses, não é?! – Falei e ela gargalhou do outro lado.
- Sempre dramática, . – Ri fraco. – Viu o e-mail que eu te enviei?
- Como se tivesse dado tempo, ele acabou de chegar. – Falei.
- Então, abra agora!
- Um segundo, vou te colocar no viva-voz. – Falei e o fiz, apoiando o celular na cama e abri o e-mail que ela havia dito, vendo uma imagem carregar.
- “Reencontro de turma”? – Falei um pouco mais alto.
- Legal, não é?! – Ela falou animada e eu fiz uma careta, dando uma olhada melhor no mesmo.
“O comitê de formatura de 98 convida todos os ex-alunos para um baile para comemorar os 20 anos da melhor turma que Sudbury já viu! Escolha sua melhor roupa, se arrume para arrasar e confirme presença até 20 de julho e venha dia três de agosto para relembrar aqueles momentos felizes. Jogos, brincadeiras, lembranças de 98 e muito mais”.
- Ah, Kate. – Franzi a testa, vendo a foto de formatura de 98, a qual eu obviamente não estava lá, mas minha mãe ocupava meu lugar com Kate abraçando-a fortemente pelo pescoço, me fazendo rir.
- Qual é, . Vamos! Vai ser legal! – Ri fraco.
- Kate, tirando você, eu não falei com mais ninguém desde... – Fingi pensar um pouco. – 1998. – Ela riu fraco.
- Ah, qual é! Vai ser legal! – Ri fraco.
- Você é muito espirituosa! – Apoiei a xícara na mesa de cabeceira, me deitando na cama.
- Ah, vai dizer que você tem algo para fazer? – Quase a vi cruzar os braços e bater o pé.
- Bem...
- Você anunciou sua aposentadoria ontem! – Ela adiantou brigando comigo.
- É, e hoje eu fechei meu último Victoria’s Secret Fashion Show.
- Ah, ! – Ela reclamou comigo, me fazendo rir.
- É para completar 10 anos! – Ela bufou.
- Seu último desfile foi em 2009, que graça é essa agora? – Ri fraco.
- Eu fiz a coletiva ontem e hoje o presidente da empresa me ligou perguntando se eu topava usar o fantasy bra mais uma vez. – Ela riu fraco.
- Você é incrível, !
- Ei, eu disse que ia me aposentar das passarelas, mas não vou parar totalmente de trabalhar. – Respirei fraco.
- Mas Victoria’s Secret é o quê?
- Tenho 38, Kate. Não estou morta! – Ela riu fraco.
- Ok, ok! Mas vamos conversar ainda.
- Ah, cala a boca, Kate! – Disse. – O que você quer?
- Que você venha para o reencontro de turma. – Suspirei.
- Ah, Kate, você é a única pessoa que realmente importa e eu te vi mês passado. – Ela riu fraco.
- Sério, venha! Você nem deve ter muito o que fazer, pode pegar seu jatinho e dar um pulinho em Boston. – Suspirei.
- Ah, como eu quero te matar algumas vezes. – Disse e ela suspirou.
- Sempre, meu amor! Mas, então? – Suspirei.
- Acho que posso arranjar um espaço na minha agenda! – Falei ironicamente e ela bufou alto no telefone.
- Vou confirmar a presença para você e se eu não te ver aqui no dia três, eu mesma vou te buscar e ainda te faço pagar minha passagem aérea. – Sorri.
- Ok, irritadinha, relaxa! – Falei. – Estou devendo uma viagem para meus pais mesmo, além de que Nathan quer me apresentar sua noiva. – Suspirei.
- Espera! Você ainda não conheceu a Georgia? – Revirei os olhos.
- Nem vem, ele conheceu a moça e decidiu se casar com ela em seis meses, a última vez que eu o vi foi no Natal, está bem? – Suspirei.
- Além de que seu irmão de 25 anos vai se casar antes que você, interessante, não? – Revirei os olhos.
- Achei que já tivéssemos falado sobre eu ter um relacionamento longo e duradouro de 20 anos com o meu trabalho.
- Talvez, mas você acabou de se divorciar dele e aposto que vai querer ter uns remembers logo, logo. – Ri fraco.
- Isso eu não vou negar. – Rimos juntas.
- Te espero aqui, então? – Suspirei.
- Talvez, mas farei questão de chegar aí só dia três para te deixar irritada. – Ela riu.
- Contanto que você venha! – Sorri.
- Pode deixar, vou pedir para minha assistente reservar minha passagem.
- Perfeito! – Ela falou animada. – Agora eu vou almoçar, tenho outra aula em uma hora.
- Vai lá, professora! – Falei, fazendo-a rir.
- Não é todo mundo que se aposenta aos 38, . – Ri fraco. – Nos falamos mais tarde?
- Como sempre! – Respondi. – Beijos.
- Beijos, beijos! – Ela falou e desligamos o telefone juntas.
Observei o e-mail novamente, aumentando a foto de formatura e dando uma rápida olhada em Chris ali, sendo apertado por Kate pelo pescoço, me fazendo rir de sua cara de desespero. Mudei a aba e digitei rapidamente no campo de pesquisa “Chris Evans”, a página carregou rapidamente e vi as notícias mais recentes dele aparecer.
“Christopher Robert Evans é um ator estadunidense”. Dei um pequeno sorriso ao ver que os anos tinham feito muito bem a ele e fechei as abas. Olhei minha foto e de Kate em Tóquio na virada do milênio no papel de parede e sorri. Muita coisa tinha mudado nesses anos. Abaixei a tela do notebook e deitei na cama novamente, fechando os olhos por alguns segundos.
- Obrigada! – A menina disse após tirar a foto e se afastar.
- Que isso! – Sorri e ela se afastou.
Observei minha mala rosa andando pela esteira do aeroporto e tirei a mesma, abaixando meus óculos escuros novamente e ajeitando o boné na cabeça. Assim que as portas para o desembarque foram abertas, vi várias pessoas esperando seus conhecidos. Passei por elas despercebida de cabeça baixa, mas fui pega por alguns paparazzi do outro lado, me fazendo suspirar, mas dar sorrisos de leve.
Eu tinha ficado quase oito horas dentro de um avião e sentia meu corpo cansado, não estava no pique para tirar fotos e afins. Acenei rapidamente para eles, dando um sorriso simpático e saí do aeroporto, seguindo para a longa fileira de táxis que tinha ali. Era pouco mais de meio-dia, então o aeroporto nem estava tão caótico.
- Olá, boa tarde! – Falei entrando no primeiro taxi livre.
- Meu Deus, no meu táxi! – Ela falou se virando para trás e eu ri. – Você é muito mais bonita pessoalmente! – Rimos juntas.
- Obrigada! – Sorri.
- Para onde, senhorita? – Ela perguntou.
- Para Sudbury, por favor, subúrbio de Boston. Pode pegar a I-93 via Sudbury St. Eu pago o pedágio. – Ela assentiu com a cabeça.
- É para já, senhorita! – Ela falou e se virou para frente novamente, ligando o taxímetro e eu peguei meu celular, encontrando uma mensagem de Kate.
“Já chegou?” – Ela perguntava.
“Cheguei em Boston, estou indo para casa”. – Suspirei, me sentindo em casa novamente.
“Ah, que bom!” – Ela respondeu animada. – “Te vejo mais tarde”. – Ri fraco, balançando a cabeça e suspirei.
Encostei a cabeça no banco, me preparando para mais uns 40 minutos de viagem até meu subúrbio favorito. A motorista acabou fazendo algumas perguntas sobre eu e minha carreira, se eu era de Boston e afins. Ela acabou ficando surpresa quando falei que era de Boston e que estava voltando para visitar meus parentes.
Assim que entramos em Sudbury, eu passei o endereço da casa de meus pais. Observei todos os pontos conhecidos da cidade, que não mudaram nada pelos últimos 20 anos, mesmo vindo passar quase todos os Natais aqui, as coisas não mudavam. O carro parou em frente à casa amarela de dois andares e suspirei, feliz por estar de volta.
- Obrigada! – Entreguei os dólares para ela que sorriu.
- Eu que agradeço! A viagem foi agradável! – Ela disse e desci do carro, puxando minha mala, que eu não tinha dado trabalho de colocar no porta-malas.
Andei pelo caminho que dava para a porta, não cortando pela grama dessa vez e respirei fundo, antes de pressionar o dedo na campainha de casa. Apoiei as mãos no puxador da minha mala e tirei o boné da cabeça, jogando meus cabelos para trás.
- Ah! – Ouvi o grito da minha mãe antes dela abrir a porta e vi a senhora abrir um largo sorriso, me abraçando fortemente. – Ah, querida! Você veio! – Acariciei o cabelo da mais velha.
- A Kate não parou de me encher até que eu entrasse no avião! – Ela riu, abrindo espaço para eu entrar em casa.
- Não importa, você está aqui! – Sorri, abraçando-a. – Mas falando na Kate, aquela menina parou no tempo, não é mesmo? – Rimos juntas.
- Ainda parece que tem 18 anos! Deve ser por isso que os alunos gostam tanto da aula dela. – Ela sorriu, dando mais um beijo em sua bochecha. – Cadê o papai? – Coloquei minha bolsa no sofá e tirei os óculos escuros, colocando ali em cima também.
- Está tentando consertar um vazamento lá na pia da varanda. – Revirei os olhos.
- Ah pai! Só ele mesmo! – Abracei-a pelos ombros. – E Nate?
- Em Boston, disse que vem amanhã para te ver. – Assenti com a cabeça.
- Finalmente vou conhecer sua namorada?
- Noiva! – Ela falou, me fazendo rir.
- Meu Deus! Isso é loucura! – Ela falou e eu ri. – Ele não engravidou essa menina, certo?
- Não que eu saiba. – Ela falou, me fazendo rir. – E você, querida? Te vi no jornal da noite. Realmente se aposentou? É isso que você quer. – Suspirei.
- Não sei, mãe. Honestamente! – Suspirei. – Mas eu achei melhor sair enquanto estou por cima, sabe? Tipo o jogador que se aposenta com as pessoas querendo mais? Acho que é mais ético assim.
- Espero que você esteja feliz assim. – Ri fraco.
- Bem, eu já fui convidada pelo presidente da Victoria’s Secret para fazer um último desfile com o fanstasy bra e eu aceitei. – Ela riu.
- Só você mesmo.
- Sim, mas depois é só. – Suspirei. – Claro que vou me aposentar só das passarelas, ainda farei fotos, comerciais, propagandas... Estou pensando em algo na área de agenciamento ou de maquiagem... – Dei de ombros. – Não sei, mas por agora, eu vou tirar umas férias! Talvez viajar. – Ela riu, assentindo com a cabeça.
- E você merece! 20 anos trabalhando, poucas férias... Descanse, minha querida! – Ela me beijou na testa.
- Eu vou lá falar com o papai.
- Eu vou finalizar o almoço, vai almoçar com a gente, não vai? – Ela perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Claro! Especialmente que depois de 20 anos, eu vou poder relaxar um pouco da dieta! – Ela gargalhou.
- Te ofereço um pedaço de chocolate? – Suspirei.
- Vamos começar adoçando o café novamente, acho que ir direto para o chocolate vai ser exagero. – Ela riu.
- É a voz da minha modelo favorita que eu ouço? – Virei para o lado, vendo meu pai vir com as mãos nas costas.
- Ah, senhor ! – Falei, me aproximando dele e sentindo o mesmo me apertar fortemente com os braços.
- Como você está, querida? – Ele sorriu, segurando meu rosto com as mãos. – E a aposentadoria? Fez mesmo, então? – Ri fraco.
- Estava na hora! – Sorri.
- Ah, minha fila se aposentando antes que eu, deveria ter virado modelo! – Abracei-o de lado, dando um beijo em sua cabeça.
- Aposto que seria um sucesso, pai! – Ele riu e me deu um beijo na bochecha.
- Eu vou lavar as mãos para gente comer! – Ele falou e eu ri.
- Eu ajudo a mãe com a mesa! – Falei, vendo-o sair.
- O que você vai fazer hoje? Tirando ir ao reencontro a noite? – Suspirei, me sentando na banqueta alta.
- Acho que eu vou dormir, honestamente! – Suspirei. – Stephanie me mandou algumas entrevistas por e-mail, fiquei respondendo algumas durante a viagem, dormi pouco.
- Dorme sim, eu arrumei sua cama, os lençóis estão limpos e a reforma acabou depois da última vez que você veio. – Sorri.
- Mesmo, então agora temos uma piscina para relaxar? – Ela riu, revirando os olhos.
- Falou a menina que vive nos melhores hotéis do mundo... – Pisquei para ela, rindo fraco.
- Em casa eu posso usar sem me preocupar se meu biquíni está enrolado ou se as pessoas estão tirando foto dos meus seios. – Ela riu.
- Está limpa e pronta para o uso! – Sorri.
- Talvez amanhã! – Falei rindo.
- Vai, me ajuda com a mesa, você precisa dormir e eu preciso ver algumas encomendas da loja! – Saí da banqueta, seguindo para o armário de pratos.
- E como está a loja? – Comecei a ajeitar a mesa.
- Tendo você como garota propaganda torna tudo mais fácil. – Ri fraco, me lembrando. – Começamos a vender os sabonetes em escala nacional, mas ainda não achei a caixa adequada para os aromatizadores de ambiente. Enviei um para sua tia em Boston e chegou tudo vazando... – Franzi os lábios.
- Eu vou ajudar a pensar nisso. Acho que o problema principal é o serviço de postagem que é um desastre! – Ela riu.
- Provavelmente! – Ela falou, colocando um refratário de macarrão na mesa, me fazendo suspirar por aquela felicidade em forma de carboidrato.
Após o almoço, eu procurei pelo álbum de formatura, repassando o rosto de algumas pessoas que eu veria ali. Kate disse que boa parte das pessoas havia confirmado, incluindo nossa turminha, mas tirando Kate, Lola, Greg, Paul e Chris, eu realmente não me lembrava de mais ninguém. Oh, Amber, é claro. Como se esquecer do calo no meu sapato?
Eu acabei ficando em Tóquio por dois anos, trabalhando na agência de lá, logo fui para Londres contratada pela Victoria’s Secret para algumas campanhas e depois fui convidada para ser uma angel no fashion show. Meu sonho maior se realizou logo em 2000. Três anos depois desfilei com o fantasy bra pela primeira vez. Tive viagens esporádicas de trabalhos por todos esses anos, mas acabei fazendo de Londres meu lar. Eu estava no centro do mundo, então era muito mais fácil me deslocar para os lugares.
Além de muitos comerciais, propagandas e desfiles ao redor do mundo, eu acabei fazendo algumas pontas em filmes e seriados famosos, estava realmente experimentando as coisas. Mas depois de ver uma colega de trabalho se matar por conta da ansiedade e atenção da mídia, eu decidi ficar cada vez mais na minha e só aparecer para fazer meu trabalho. Tem funcionado bem.
Tive alguns namorados esporádicos, mas nada sério. O mais sério que eu tive foi com o modelo cubano Juan Betancourt, mas era mais sexo do que amor. Ficamos oito meses juntos, depois terminamos, depois mais dois meses, até eu criar vergonha na cara em terminar com ele. 10 anos de diferença era muita coisa. Tínhamos o mesmo emprego, as mesmas responsabilidades, mas ele ainda parecia uma criança. Era do tipo que pegava e contava, não era para mim.
Sei que 38 anos é praticamente uma sentença de morte para uma modelo, ainda mais para uma modelo que ficou 20 anos no topo, uma hora o sucesso acaba, por isso decidi me aposentar enquanto estava nesse topo. Mas mesmo com essa idade, eu ainda esperava casar e ter filhos, ou talvez adotar, dependendo de quanto tempo isso demorasse, mas eu precisava de alguém da minha idade, que entendesse minha vida e que, preferencialmente, procurasse as mesmas coisas que eu.
Talvez depois de trabalhar por tanto tempo, estava na hora de eu começar a viver!
Acabei dormindo por algumas horas, minha mãe não mexia no meu quarto desde que eu saí de casa, então todos os pôsteres, decoração e fotos continuavam da mesma forma desde 1998. O toque especial de Kate me acordou assustada.
- Onde você está? – Virei o rosto para o relógio para ver se eu tinha perdido tanta hora assim.
- Em casa, por quê? – Perguntei.
- Vem logo!
- Mas não é as oito? – Me sentei na cama, passando as mãos nos cabelos bagunçados.
- É que muita gente veio antes para ajudar, então a festa começou mais cedo. – Revirei os olhos.
- Eu estava dormindo, vou tomar banho, me arrumar, depois eu apareço aí...
- Ok, já sei que chega só as oito! – Rimos juntas.
- Eu preciso me arrumar.
- Você é uma modelo! Já acorda bonita! Para de ser chata! – Rimos juntas.
- Eu tenho uma reputação a zelar! – Falei rindo.
- Vem logo! – Ela disse e a ligação ficou muda.
- Sempre um prazer! – Falei, abaixando o celular.
Saí do quarto e segui para o banheiro, tomando meu banho completo, aproveitando para me livrar da preguiça da soneca da tarde e da viagem. Voltei para meu quarto com uma toalha enrolada em meus cabelos e outra em meu corpo. Fechei a porta e sequei meu corpo direito, procurando por um conjunto de lingerie em minha mala. O vesti e me sentei na minha penteadeira.
Sequei e alisei meu cabelo, passando o spray e o pente para baixar alguns fiozinhos mais rebeldes e peguei minha nécessaire, fazendo minha maquiagem completa, mas tentando ficar no básico: tons de nude e rosa claro. Era só um encontro de escola, não uma sessão de fotos ou desfile de modas.
Finalizei a mesma tentando não enrolar muito e me levantei da mesma, seguindo para minha mala e a abri por completo em cima da cama, pegando os diversos saquinhos plásticos ali do mesmo, à procura dos vestidos que eu tinha trazido para cá. Ponderei um pouco entre um azul e um dourado, estendendo ambos em cima da cama e pensando por um tempo.
O azul era um pouco mais curto e acentuava meus seios e pernas, mas o dourado falava muito mais “mulher, modelo bem-sucedida, aposentada e chique”. Vesti o mesmo, me olhando no espelho de meu quarto e voltei para a mala, pegando um scarpin nude do Christian Louboutin. Feliz com o look.
Voltei para a penteadeira e abusei do rímel preto e passei o batom, passando os lábios um no outro delicadamente. Fui para meu armário, abrindo a parte de bolsas e feliz por encontrar uma dourada ali também, coloquei rapidamente meus documentos e meu celular e respirei fundo. Estava na hora.
Saí do quarto, levando minhas toalhas novamente para o banheiro, pendurando-as e desci os degraus, encontrando meus pais em frente à televisão aguardando o jornal noturno. Ambos se distraíram com o barulho dos saltos e abriram largos sorrisos para mim.
- O que acham? – Perguntei, dando um pequeno sorriso e minha mãe se levantou.
- Linda, como sempre! – Sorri, abraçando minha mãe rapidamente.
- Obrigada! – Sorri.
- Está maravilhosa, querida! Bem adequado. – Meu pai falou, me fazendo rir fraco.
- Vocês vão usar o carro? Posso pegar um deles? – Perguntei.
- Claro, filha! – Meu pai falou. – Vai com o Volvo, mandei lavar.
- Obrigada! – Falei. – Eu sei que é estranho, mas eu não tenho hora para voltar! – Falei e eles riram.
- Quando minha filha de quase 40 anos me fala que não tem hora para voltar, eu consigo não me sentir mais com 70. – Minha mãe falou e eu ri.
- Quase 40 anos e quase 70, senhora ! – Rimos juntas. – Até mais.
- Até! – Eles acenaram e eu peguei a chave na gaveta de sempre e segui pela porta da garagem.
Abri o carro e entrei no mesmo, tirando meus sapatos enquanto o portão abria e saí com o carro da garagem. Dirigi na maior calma do mundo, a escola era ali do lado mesmo. Poderia ir a pé, mas esses saltos 15 não aguentariam por muito tempo. Entrei no estacionamento da escola, vendo que nada mudara durante esses anos e que não tinham muitas pessoas ali. Afinal, meio das férias, sexta-feira a noite, não era todo mundo que gostaria de voltar à escola em uma dessas ocasiões.
Calcei meus sapatos novamente e saí do carro, acionando o alarme. Virei para a escola Grove e vi que nada havia mudado nesse tempo todo, talvez as flores do jardim e a pintura recente, mas tirando isso, somente um grande banner dizendo “Bem-vinda, turma de 1998”. Ri fraco, percebendo quanto tempo tinha passado e suspirei, feliz por ser alguém muito melhor hoje.
Passei pelos corredores, conferindo que já passava uns 20 minutos das oito horas e empurrei as portas duplas, ouvindo a música alta pelos corredores. Passei pelo mesmo, tentando lembrar os pontos do meu armário e do de Kate e segui até o fim do corredor, parando em frente à porta da quadra e suspirei.
Estava tudo decorado como se fosse 98 novamente, o tema encantamento no fundo do mar nunca me pareceu tão atual com essa popularidade de sereias. Uma banda tocava Taylor Swift e um grupo de 20 ou 30 pessoas estavam em rodas pelo local, mais conversando do que dançando.
Dei alguns passos para dentro da quadra, me aproximando devagar da turma que se formou comigo e engoli em seco ao notar alguns olhares se virarem para mim. Relaxei ao ver Kate sair do meio da multidão e vir desesperada em minha direção.
- Ah, você veio! – Ela me abraçou forte, fazendo com que eu inclinasse o corpo para baixo um pouco, rindo fraco. – Que saudades de você!
- Ah, sua dramática! – Falei, apertando-a igualmente. – Também senti sua falta. – Sorrimos felizes e ela desceu o olhar sobre meu corpo.
- ainda sabe fazer uma entrada triunfante, não é? – Ri fraco, dando uma voltinha ao redor do corpo e rimos juntas. - Você está ótima!
- E a festa? Uau! Realmente parece nossa formatura.
- E eu resgatei algumas fotos da nossa festa e colação de formatura. Obviamente você não está em nenhuma porque não tirou fotos e não estava, mas eu te coloquei lá no meio. Além do anuário que eu refiz e obviamente coloquei várias fotos suas.
- Ah, Kate, só você. – Sorri.
- O quê? Você foi a que recebeu mais votos de “Mais propícia em ser famosa”. E nós temos dois famosos nessa turma, legal, não é? – Ri fraco.
- E ele? Falou com ele?
- Mas é claro! – Ela riu. – Ele disse que viria, mas ainda não apareceu. – Ela deu de ombros. – Agora venha! Vamos ver o resto do pessoal legal! – Ela me puxou pelo braço e seguimos para dentro da roda novamente. - Olha quem está aqui! – Kate disse e reconheci as outras três pessoas que sempre estavam por aqui.
- Senhorita ! – Paul falou, me fazendo rir. – Cara, como o tempo te fez melhor ainda, hein?
- Ah, seu tonto! – Falei rindo, abraçando-o fortemente. – Que saudade que eu estava de vocês! – Segui para Greg, depois para Lola.
- A gente não se vê há realmente 20 anos, não é?! – Lola perguntou e eu a abracei de lado.
- Acho que sim! – Falei. – Vocês foram para caminhos diversos, eu vinha direto pela minha família.
- Mas também foi para caminhos diversos, . – Greg falou, me fazendo rir.
- Sim! – Ri fraco. – Boston virou só ponto de passagem! – Brinquei.
- Ah, mas meus parabéns, viu?! Você arrasou! – Lola disse.
- Confesso que disse para muitas pessoas que eu estudei contigo e fazia questão de mostrar nossas fotos tontas! – Paul disse, me fazendo gargalhar.
- Tudo bem! Kate faz isso até hoje! – Falei e eles riram.
- Ei! – Kate reclamou, me fazendo rir.
- ! – Virei para trás ao ouvir uma voz conhecida e suspirei ao encontrar Amber ali. Ela estava bem diferente do que de anos atrás.
- Amber? – Falei em tom de pergunta e ela deu um pequeno sorriso.
- Você está ótima! – Ela disse, me fazendo sorrir e assentir com a cabeça.
- Obrigada! – Sorri. – Você também.
- Me desculpe por... – Ela balançou a cabeça. – Tudo. – Me surpreendi.
- Não se preocupe! – Dei um sorriso de lado. – Isso já ficou para trás há muito tempo! – Falei e ela assentiu com a cabeça. – Mas obrigada mesmo assim. – Ela sorriu e se retirou para trás com outras meninas, há 20 anos conhecida como minions. Atualmente até tinham feito um filme disso.
- Quatro anos zoando contigo e agora ela vem se desculpar? – Kate cochichou em minha orelha, me fazendo rir.
- 20 anos se passaram, Kate! – Virei para ela. – 20 anos sem me lembrar de Amber Martins, escola Grove e todo o resto. Não vai ser agora que eu vou lembrar. – Ela riu.
- Isso é que é ser evoluído! – Ela me abraçou de lado e eu dei de ombros.
- Eu cresci, senhorita! A diferença é essa! – Ela riu, franzindo os lábios.
- Engraçadinha!
- Bom te ver também, Ned! – Dei um sorriso falso, voltando a dar atenção para Kate. – Ele mal falava comigo no ensino médio! – Revirei os olhos e ela e Lola riram.
- Você é famosa, querida! – Lola disse. – Todo mundo quer achar uma desculpa para vir falar contigo.
- E eles devem, honestamente! – Kate disse, me fazendo rir.
- Mas é tão falso! – Revirei os olhos e eles riram.
- Relaxa, agora eles vão dar uma trégua para você! – Ela falou e percebi que ela olhava para outro lado.
Girei o corpo para trás e dei um sorriso discreto ao ver Chris entrando no salão. Bem, não o Chris, mas o Chris Evans. Ele estava de jeans, camiseta, sapatênis e uma jaqueta de couro por cima de tudo. Os cabelos jogados para trás, o sorriso sério e o olhar longe. 20 anos tinham feito muito bem a ele. Ele estava todo galante e de tirar o fôlego.
Eu poderia dizer isso se não o tivesse conhecido na época do ensino médio. Ele ainda parecia aquele menino perdido, levemente desajustado e envergonhado por chegar em um local com muitas pessoas. A diferença é que agora, como eu, ele não conseguia passar despercebido por nenhum lugar.
- Oh, meu Deus! – Ouvi Lola ao meu lado.
- Esse encontro de turma é muito melhor do que de filmes! – Kate disse, me fazendo rir. – Vai falar com ele?
- Espera ele entrar antes. – Falei e Kate revirou os olhos.
- Bom, eu vou! – Ela disse e começou a andar, parando alguns passos à frente. – Não vai me impedir?
- Por que eu deveria? É só o Chris! – Falei.
- Não, não, meu bem. Da mesma forma que você não é só a , ele não é só o Chris! – Ela disse e eu revirei os olhos, virando novamente para a entrada e percebendo que estava sendo observada.
- Ok, então, eu vou! – Falei, vendo que Chris falava alguma coisa com seus amigos de escola e seguia em minha direção.
- Vai lá, gata! – Kate disse e eu revirei os olhos.
Dei alguns passos em direção a Chris com um sorriso tímido no rosto. Ele tinha a mesma feição e ambos demos risadas nervosas ao nos encaramos. Parei alguns passos antes, deixando com que ele seguisse o resto do caminho em minha direção.
- Chris! – Falei, dando um largo sorriso e ele riu.
- ! – Ele disse e eu ri, passando os braços pelo seu pescoço, abraçando-o fortemente, sentindo suas mãos em minha cintura.
- Quanto tempo! – Falei rindo, me afastando dele um pouco.
- 20 longos anos! – Ele disse, me fazendo franzir o rosto. – Você está ótima!
- Você também! – Rimos juntos.
- Você cumpriu minha promessa, não? – Franzi a testa.
- Qual? – Ri fraco.
- Ser um sucesso! – Gargalhei, negando com a cabeça.
- Para você ver! – Sorri. – E você também. Decidiu o que queria da vida e está aí, senhor Capitão América! – Ele sorriu, assentindo com a cabeça.
- Acho que eu cheguei ao ponto mais alto da minha carreira, falta só o Oscar. – Sorri, cruzando os braços.
- Eu cheguei ao ponto da minha carreira várias vezes por sinal, mas cheguei ao fim!
- Vi que se aposentou. – Assenti com a cabeça.
- Sim! – Sorri. – Melhor se aposentar no topo do que em fim de carreira. – Ele riu.
- Está certa, apesar de que eu acho que você está incrível! Pode desfilar por muitos e muitos anos. – Suspirei.
- Eu gostaria também, mas sei que sair enquanto estou em alta eu deixo um gosto de “quero mais” ao invés de “ainda bem”! – Ele sorriu.
- Não imagino algum dia alguém falando “ainda bem” para você. – Sorri, abraçando-o rapidamente mais uma vez.
- Senhor Evans! – Virei o rosto, encontrando Kate ao nosso lado. – Tá bonitão, hein?! – Revirei os olhos, fazendo Chris rir.
- Você se lembra de Kate, não é? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça.
- Como poderia me esquecer da sua primeira guarda-costas? – Ele falou, abraçando Kate rapidamente. – Vocês não mudaram nada!
- Você mudou! – Kate disse e eu a empurrei pelos ombros.
- Cai fora daqui! – Falei e ela saiu gargalhando.
- Então, a pergunta que não quer calar. – Ele disse e eu o encarei, cruzando os braços.
- Diga! – Falei.
- Você continua chata? – Gargalhei, abrindo um largo sorriso, fazendo-o sorrir também.
- Sim! – Confirmei. – Acho que sou mais chata do que antes. – Ele negou com a cabeça. – E você? Continua mimado?
- Bem... – Ele pensou por um momento e eu ri. – Eu adoro passar as férias na casa da minha mãe, então, acho que sim.
- Homem de família! – Ele ponderou com a cabeça, rindo.
- Talvez! Falta só a minha própria família! – Ri fraco.
- Decidiu casar com seu emprego também?
- Casamento feliz e duradouro há 18 anos! – Ele disse, me fazendo sorrir.
- Eu já completei bodas de prata, contando com meus dias de modelo mirim.
- É um casamento meio solitário, não é? – Ponderei com a cabeça.
- Um pouco, mas pelo menos não tem ninguém para brigar! – Ele riu.
- Justo! – Ele sorriu. – Quer um ponche?
- Eu vou aceitar, mas não me conformo das pessoas ainda servirem ponche em festa de formatura ou reunião. – Ele estendeu a mão para mim e eu a segurei, andando até a mesa com ele.
- Aposto que é mais álcool do que suco dessa vez. – Ele disse, me fazendo rir.
- Então, onde você está morando? – Ele perguntou.
- Estou com residência fixa em Londres há uns seis ou sete anos, mas sempre morei por lá. – Ponderei com a cabeça.
- Ah, legal! Londres é uma cidade muito bonita. – Assenti com a cabeça.
- Sim, falo que me dá inspirações para seguir um dia de cada vez. – Ele sorriu. – E você?
- O mundo do cinema acontece em Los Angeles, então estou lá, mas qualquer folga ou férias, eu venho visitar minha família. – Assenti com a cabeça.
- Se faz presente mais do que eu. – Ri fraco. – Eu não vinha desde o Natal. – Suspirei.
- Não sente falta? – Ele perguntou e eu dei de ombros.
- Você em um voo de três horas está aqui, eu demoro oito horas. Cansa demais. – Suspirei. – Normalmente quando eu chego, eu durmo, não tenho bastante tempo, então às vezes prefiro nem vir, ou minha família ir. – Deu de ombros, dando um gole no meu ponche e abaixando-o logo em seguida. – Nossa! Álcool puro! – Chris riu, abaixando seu copo também.
- Agora você se aposentou... Meu Deus! É estranho falar isso. – Sorri.
- A vida de modelo! – Sorri. – Provavelmente vou virar uma Heidi Klum ou Tyra Banks e apresentar algum programa de televisão! – Franzi a testa e ele riu.
- Mesmo?
- Não sei, eu pedi um tempo para minha agente antes de ela me passar as opções. Mas sabe que minha aposentadoria é só das passarelas, não sabe?
- Sim, sim! Eu vi sua coletiva inteira. – Ele confirmou com a cabeça. – Mas tem alguma ideia do que fazer agora? – Ponderei com a cabeça.
- Eu tenho alguns contratos para finalizar ainda, então nada é urgente, mas realmente não sei.
- Se você realmente for seguir os passos de Heidi ou Tyra, você pode vir para os Estados Unidos. – Dei de ombros.
- Quem sabe? Até ano que vem eu descubro o que quero dessa nova vida. É hora de me reinventar. – Ele assentiu com a cabeça, roubando um pedaço de queijo da mesa.
- Você tem que fazer o que te faz feliz.
- Sempre! – Sorri.
- Atenção! Atenção! – Virei para o palco, ouvindo a música cessar e vi Kate em cima do mesmo.
- Ah, meu Deus! – Coloquei a mão no rosto.
- Por que eu tenho a impressão de que ela não cresceu? – Chris perguntou e eu ri.
- Impressão? Ela é professora de bioquímica em Harvard e ainda age como se tivesse 18 anos.
- Sério? – Chris olhou surpreso para mim.
- Sim! – Suspirei. – Acho que é por isso que os alunos gostam tanto dela. – Ele sorriu.
- Acho que para bioquímica precisa ter um pouco de jogo de cintura!
- Ela tem!
- Bom, como algumas pessoas demoraram para confirmar presença se vinham ou não, nós do comitê de reencontro decidimos escolher e coroar novamente o rei e a rainha do baile. – Revirei os olhos.
- Ah, essa Kate! – Suspirei, virando de frente para o palco.
- Bem, vamos para os homens! – Kate disse e eu dei alguns passos em direção ao palco, ficando mais perto do pessoal na pista de dança. – Como não é surpresa, nosso rei do baile do reencontro é: Chris Evans! – Ela falou e eu virei o rosto, vendo Chris rir sozinho.
- Eu vou matá-la! – Ele falou.
- Vai nada! – Falei, empurrando-o para frente, vendo-o se dirigir para cima do palco.
Aplaudi o mesmo, ouvindo alguns amigos dele gritar e balancei a cabeça. Só Kate mesmo para querer reviver tudo isso como se ainda tivéssemos 18 anos. Além de que obviamente Chris ganharia hoje. Ele não tinha mudado muito desde o ensino médio, somente a barba que havia crescido e os cabelos estavam mais longos, mas se você olhasse bem, ele ainda era o mesmo Chris que eu conhecia.
- Fica aqui! – Kate falou para Chris, me fazendo rir. - E agora, para a rainha do reencontro... – Kate disse. – Como já é de se esperar: ! – O pessoal aplaudiu e eu revirei os olhos.
Segui em direção ao palco, ouvindo os aplausos do pessoal e subi no mesmo, me colocando ao lado de Kate e neguei com a cabeça para ela, fazendo-a dar um sorriso sem graça. Ela colocou a coroa em minha cabeça e eu ri.
- Que continue a festa! – Ela disse no microfone e ela veio em minha direção.
- Vem! – Ela disse, me puxando junto de Chris e saímos do palco.
- Eu vou te matar! – Falei.
- Eu disse! – Chris disse, me fazendo rir.
- Ah, para! – Ela revirou os olhos. – Vocês dois foram os que mais evoluíram e fizeram sucesso...
- Você virou professora de Harvard com 32 anos! – Falei.
- Ok, que ficaram famosos! – Ela disse, abanando a mão. – Precisamos abusar desse momento! Agora se coloquem aí no fundo e deixa eu tirar umas fotos para o encontro de 30 anos! – Ela disse, cutucando o fotógrafo que estava entediado.
- Eu nem tenho fotos da minha formatura porque eu fui embora cedo! – Falei.
- Isso, então, vamos criar memórias! – Ela me empurrou para frente do fundo que imitava o mar e eu ri, virando para Chris.
- Pose tipo formatura? – Perguntei e ele sorriu.
- Você está mais alta do que eu com esses saltos.
- Eu te abraço, então! – Brinquei e ele mostrou a língua.
- Nem vem! – Ele disse e eu joguei os cabelos para o lado, ficando de costas para ele que me abraçou pela cintura.
- Turma de 1998! – Kate falou e eu ri, olhando para o fotógrafo e vi alguns flashes estourando em meu rosto. – Pronto! Nem doeu, vai!
- O que vai doer, vai ser meu pulso entrando na...
- Acho que ela continua brava! – Chris disse, me fazendo dar um tapa nele.
- Algumas coisas nunca mudam! – Brinquei, puxando a coroa da cabeça, e sentindo alguns fios sendo puxados e baguncei os cabelos, ajeitando tudo.
- Quer dançar? – Virei para Chris que também tirara sua coroa da cabeça.
- Claro! – Falei ao ouvir uma música do Ed Sheeran começar a tocar. – Segura isso para mim! – Entreguei minha coroa para Kate e Chris fez o mesmo, me levando para mais perto da pista de dança.
Ele passou as mãos ao redor da minha cintura e eu passei as minhas pelo seu pescoço, ouvindo a música mais famosa do Ed sendo tocada pela banda calmamente. Apoiei minha cabeça no ombro de Chris, ouvindo Chris cantando a música baixinho em meu ouvido, me fazendo abrir um sorriso tímido em meu rosto.
- 'Cause we were just kids when we fell in love, not knowing what it was, I will not give you up this time. But darling, just kiss me slow, your heart is all I own, and in your eyes you're holding mine. Baby, I'm dancing in the dark with you between my arms... – Afastei meu rosto do dele, olhando para seus olhos azuis e ele riu fracamente.
- Você canta também? – Perguntei baixo, sentindo minha voz quase sumir.
- Só de vez em quando! – Ele respondeu e eu ri fraco. – Só para quem merece.
- Eu mereço? – Perguntei.
- A de 20 anos atrás merecia e eu imagino que ela ainda esteja escondida em algum lugar. – Ele comentou e eu sorri, sentindo nossos narizes roçarem por um momento.
- Talvez em algum lugar lá no fundo! – Sorri, sentindo-o passar a mão em meu rosto e ele suspirou.
- Você quer sair daqui e descobrir? – Virei para trás por alguns segundos, vendo que várias pessoas nos encaravam e eu suspirei.
- Claro! – Falei. – Por que não? – Disse e ele se afastou um pouco, me segurando pela mão e me puxando para fora do baile.
- Ei, ei! – Vi Kate entrar em nossa frente, me fazendo parar bruscamente. – Aonde vão? Relembrar 98? – Ri fraco.
- A festa estava ótima, parabéns pelo esforço, mas estamos indo! – Chris falou e eu afirmei com a cabeça.
- Mas, mas... – Ela franziu os lábios.
- Te ligo amanhã? – Perguntei para ela que riu.
- Claro! – Ela disse abanando a mão e se afastando novamente.
- Para aonde? – Perguntei, seguindo para o corredor da escola.
- Não sei. – Ele falou honestamente. – Só quero conversar contigo em algum lugar que não tenha várias pessoas nos encarando.
- Aprovo! – Falei sorrindo e seguindo para fora da escola, e Chris entrelaçou nossos dedos.
Ouvi um apito vindo do meu computador e segui até a cama novamente, me sentando na ponta da mesma e virando o notebook para mim. Tinha um novo e-mail na minha caixa de entrada. Ri fraco ao ver o nome de Kate no mesmo. Não deu tempo de eu abri-lo, quando meu telefone começou a tocar também, com o mesmo nome no visor.
- Até parece que nasceu de cinco meses, não é?! – Falei e ela gargalhou do outro lado.
- Sempre dramática, . – Ri fraco. – Viu o e-mail que eu te enviei?
- Como se tivesse dado tempo, ele acabou de chegar. – Falei.
- Então, abra agora!
- Um segundo, vou te colocar no viva-voz. – Falei e o fiz, apoiando o celular na cama e abri o e-mail que ela havia dito, vendo uma imagem carregar.
- “Reencontro de turma”? – Falei um pouco mais alto.
- Legal, não é?! – Ela falou animada e eu fiz uma careta, dando uma olhada melhor no mesmo.
“O comitê de formatura de 98 convida todos os ex-alunos para um baile para comemorar os 20 anos da melhor turma que Sudbury já viu! Escolha sua melhor roupa, se arrume para arrasar e confirme presença até 20 de julho e venha dia três de agosto para relembrar aqueles momentos felizes. Jogos, brincadeiras, lembranças de 98 e muito mais”.
- Ah, Kate. – Franzi a testa, vendo a foto de formatura de 98, a qual eu obviamente não estava lá, mas minha mãe ocupava meu lugar com Kate abraçando-a fortemente pelo pescoço, me fazendo rir.
- Qual é, . Vamos! Vai ser legal! – Ri fraco.
- Kate, tirando você, eu não falei com mais ninguém desde... – Fingi pensar um pouco. – 1998. – Ela riu fraco.
- Ah, qual é! Vai ser legal! – Ri fraco.
- Você é muito espirituosa! – Apoiei a xícara na mesa de cabeceira, me deitando na cama.
- Ah, vai dizer que você tem algo para fazer? – Quase a vi cruzar os braços e bater o pé.
- Bem...
- Você anunciou sua aposentadoria ontem! – Ela adiantou brigando comigo.
- É, e hoje eu fechei meu último Victoria’s Secret Fashion Show.
- Ah, ! – Ela reclamou comigo, me fazendo rir.
- É para completar 10 anos! – Ela bufou.
- Seu último desfile foi em 2009, que graça é essa agora? – Ri fraco.
- Eu fiz a coletiva ontem e hoje o presidente da empresa me ligou perguntando se eu topava usar o fantasy bra mais uma vez. – Ela riu fraco.
- Você é incrível, !
- Ei, eu disse que ia me aposentar das passarelas, mas não vou parar totalmente de trabalhar. – Respirei fraco.
- Mas Victoria’s Secret é o quê?
- Tenho 38, Kate. Não estou morta! – Ela riu fraco.
- Ok, ok! Mas vamos conversar ainda.
- Ah, cala a boca, Kate! – Disse. – O que você quer?
- Que você venha para o reencontro de turma. – Suspirei.
- Ah, Kate, você é a única pessoa que realmente importa e eu te vi mês passado. – Ela riu fraco.
- Sério, venha! Você nem deve ter muito o que fazer, pode pegar seu jatinho e dar um pulinho em Boston. – Suspirei.
- Ah, como eu quero te matar algumas vezes. – Disse e ela suspirou.
- Sempre, meu amor! Mas, então? – Suspirei.
- Acho que posso arranjar um espaço na minha agenda! – Falei ironicamente e ela bufou alto no telefone.
- Vou confirmar a presença para você e se eu não te ver aqui no dia três, eu mesma vou te buscar e ainda te faço pagar minha passagem aérea. – Sorri.
- Ok, irritadinha, relaxa! – Falei. – Estou devendo uma viagem para meus pais mesmo, além de que Nathan quer me apresentar sua noiva. – Suspirei.
- Espera! Você ainda não conheceu a Georgia? – Revirei os olhos.
- Nem vem, ele conheceu a moça e decidiu se casar com ela em seis meses, a última vez que eu o vi foi no Natal, está bem? – Suspirei.
- Além de que seu irmão de 25 anos vai se casar antes que você, interessante, não? – Revirei os olhos.
- Achei que já tivéssemos falado sobre eu ter um relacionamento longo e duradouro de 20 anos com o meu trabalho.
- Talvez, mas você acabou de se divorciar dele e aposto que vai querer ter uns remembers logo, logo. – Ri fraco.
- Isso eu não vou negar. – Rimos juntas.
- Te espero aqui, então? – Suspirei.
- Talvez, mas farei questão de chegar aí só dia três para te deixar irritada. – Ela riu.
- Contanto que você venha! – Sorri.
- Pode deixar, vou pedir para minha assistente reservar minha passagem.
- Perfeito! – Ela falou animada. – Agora eu vou almoçar, tenho outra aula em uma hora.
- Vai lá, professora! – Falei, fazendo-a rir.
- Não é todo mundo que se aposenta aos 38, . – Ri fraco. – Nos falamos mais tarde?
- Como sempre! – Respondi. – Beijos.
- Beijos, beijos! – Ela falou e desligamos o telefone juntas.
Observei o e-mail novamente, aumentando a foto de formatura e dando uma rápida olhada em Chris ali, sendo apertado por Kate pelo pescoço, me fazendo rir de sua cara de desespero. Mudei a aba e digitei rapidamente no campo de pesquisa “Chris Evans”, a página carregou rapidamente e vi as notícias mais recentes dele aparecer.
“Christopher Robert Evans é um ator estadunidense”. Dei um pequeno sorriso ao ver que os anos tinham feito muito bem a ele e fechei as abas. Olhei minha foto e de Kate em Tóquio na virada do milênio no papel de parede e sorri. Muita coisa tinha mudado nesses anos. Abaixei a tela do notebook e deitei na cama novamente, fechando os olhos por alguns segundos.
- Obrigada! – A menina disse após tirar a foto e se afastar.
- Que isso! – Sorri e ela se afastou.
Observei minha mala rosa andando pela esteira do aeroporto e tirei a mesma, abaixando meus óculos escuros novamente e ajeitando o boné na cabeça. Assim que as portas para o desembarque foram abertas, vi várias pessoas esperando seus conhecidos. Passei por elas despercebida de cabeça baixa, mas fui pega por alguns paparazzi do outro lado, me fazendo suspirar, mas dar sorrisos de leve.
Eu tinha ficado quase oito horas dentro de um avião e sentia meu corpo cansado, não estava no pique para tirar fotos e afins. Acenei rapidamente para eles, dando um sorriso simpático e saí do aeroporto, seguindo para a longa fileira de táxis que tinha ali. Era pouco mais de meio-dia, então o aeroporto nem estava tão caótico.
- Olá, boa tarde! – Falei entrando no primeiro taxi livre.
- Meu Deus, no meu táxi! – Ela falou se virando para trás e eu ri. – Você é muito mais bonita pessoalmente! – Rimos juntas.
- Obrigada! – Sorri.
- Para onde, senhorita? – Ela perguntou.
- Para Sudbury, por favor, subúrbio de Boston. Pode pegar a I-93 via Sudbury St. Eu pago o pedágio. – Ela assentiu com a cabeça.
- É para já, senhorita! – Ela falou e se virou para frente novamente, ligando o taxímetro e eu peguei meu celular, encontrando uma mensagem de Kate.
“Já chegou?” – Ela perguntava.
“Cheguei em Boston, estou indo para casa”. – Suspirei, me sentindo em casa novamente.
“Ah, que bom!” – Ela respondeu animada. – “Te vejo mais tarde”. – Ri fraco, balançando a cabeça e suspirei.
Encostei a cabeça no banco, me preparando para mais uns 40 minutos de viagem até meu subúrbio favorito. A motorista acabou fazendo algumas perguntas sobre eu e minha carreira, se eu era de Boston e afins. Ela acabou ficando surpresa quando falei que era de Boston e que estava voltando para visitar meus parentes.
Assim que entramos em Sudbury, eu passei o endereço da casa de meus pais. Observei todos os pontos conhecidos da cidade, que não mudaram nada pelos últimos 20 anos, mesmo vindo passar quase todos os Natais aqui, as coisas não mudavam. O carro parou em frente à casa amarela de dois andares e suspirei, feliz por estar de volta.
- Obrigada! – Entreguei os dólares para ela que sorriu.
- Eu que agradeço! A viagem foi agradável! – Ela disse e desci do carro, puxando minha mala, que eu não tinha dado trabalho de colocar no porta-malas.
Andei pelo caminho que dava para a porta, não cortando pela grama dessa vez e respirei fundo, antes de pressionar o dedo na campainha de casa. Apoiei as mãos no puxador da minha mala e tirei o boné da cabeça, jogando meus cabelos para trás.
- Ah! – Ouvi o grito da minha mãe antes dela abrir a porta e vi a senhora abrir um largo sorriso, me abraçando fortemente. – Ah, querida! Você veio! – Acariciei o cabelo da mais velha.
- A Kate não parou de me encher até que eu entrasse no avião! – Ela riu, abrindo espaço para eu entrar em casa.
- Não importa, você está aqui! – Sorri, abraçando-a. – Mas falando na Kate, aquela menina parou no tempo, não é mesmo? – Rimos juntas.
- Ainda parece que tem 18 anos! Deve ser por isso que os alunos gostam tanto da aula dela. – Ela sorriu, dando mais um beijo em sua bochecha. – Cadê o papai? – Coloquei minha bolsa no sofá e tirei os óculos escuros, colocando ali em cima também.
- Está tentando consertar um vazamento lá na pia da varanda. – Revirei os olhos.
- Ah pai! Só ele mesmo! – Abracei-a pelos ombros. – E Nate?
- Em Boston, disse que vem amanhã para te ver. – Assenti com a cabeça.
- Finalmente vou conhecer sua namorada?
- Noiva! – Ela falou, me fazendo rir.
- Meu Deus! Isso é loucura! – Ela falou e eu ri. – Ele não engravidou essa menina, certo?
- Não que eu saiba. – Ela falou, me fazendo rir. – E você, querida? Te vi no jornal da noite. Realmente se aposentou? É isso que você quer. – Suspirei.
- Não sei, mãe. Honestamente! – Suspirei. – Mas eu achei melhor sair enquanto estou por cima, sabe? Tipo o jogador que se aposenta com as pessoas querendo mais? Acho que é mais ético assim.
- Espero que você esteja feliz assim. – Ri fraco.
- Bem, eu já fui convidada pelo presidente da Victoria’s Secret para fazer um último desfile com o fanstasy bra e eu aceitei. – Ela riu.
- Só você mesmo.
- Sim, mas depois é só. – Suspirei. – Claro que vou me aposentar só das passarelas, ainda farei fotos, comerciais, propagandas... Estou pensando em algo na área de agenciamento ou de maquiagem... – Dei de ombros. – Não sei, mas por agora, eu vou tirar umas férias! Talvez viajar. – Ela riu, assentindo com a cabeça.
- E você merece! 20 anos trabalhando, poucas férias... Descanse, minha querida! – Ela me beijou na testa.
- Eu vou lá falar com o papai.
- Eu vou finalizar o almoço, vai almoçar com a gente, não vai? – Ela perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Claro! Especialmente que depois de 20 anos, eu vou poder relaxar um pouco da dieta! – Ela gargalhou.
- Te ofereço um pedaço de chocolate? – Suspirei.
- Vamos começar adoçando o café novamente, acho que ir direto para o chocolate vai ser exagero. – Ela riu.
- É a voz da minha modelo favorita que eu ouço? – Virei para o lado, vendo meu pai vir com as mãos nas costas.
- Ah, senhor ! – Falei, me aproximando dele e sentindo o mesmo me apertar fortemente com os braços.
- Como você está, querida? – Ele sorriu, segurando meu rosto com as mãos. – E a aposentadoria? Fez mesmo, então? – Ri fraco.
- Estava na hora! – Sorri.
- Ah, minha fila se aposentando antes que eu, deveria ter virado modelo! – Abracei-o de lado, dando um beijo em sua cabeça.
- Aposto que seria um sucesso, pai! – Ele riu e me deu um beijo na bochecha.
- Eu vou lavar as mãos para gente comer! – Ele falou e eu ri.
- Eu ajudo a mãe com a mesa! – Falei, vendo-o sair.
- O que você vai fazer hoje? Tirando ir ao reencontro a noite? – Suspirei, me sentando na banqueta alta.
- Acho que eu vou dormir, honestamente! – Suspirei. – Stephanie me mandou algumas entrevistas por e-mail, fiquei respondendo algumas durante a viagem, dormi pouco.
- Dorme sim, eu arrumei sua cama, os lençóis estão limpos e a reforma acabou depois da última vez que você veio. – Sorri.
- Mesmo, então agora temos uma piscina para relaxar? – Ela riu, revirando os olhos.
- Falou a menina que vive nos melhores hotéis do mundo... – Pisquei para ela, rindo fraco.
- Em casa eu posso usar sem me preocupar se meu biquíni está enrolado ou se as pessoas estão tirando foto dos meus seios. – Ela riu.
- Está limpa e pronta para o uso! – Sorri.
- Talvez amanhã! – Falei rindo.
- Vai, me ajuda com a mesa, você precisa dormir e eu preciso ver algumas encomendas da loja! – Saí da banqueta, seguindo para o armário de pratos.
- E como está a loja? – Comecei a ajeitar a mesa.
- Tendo você como garota propaganda torna tudo mais fácil. – Ri fraco, me lembrando. – Começamos a vender os sabonetes em escala nacional, mas ainda não achei a caixa adequada para os aromatizadores de ambiente. Enviei um para sua tia em Boston e chegou tudo vazando... – Franzi os lábios.
- Eu vou ajudar a pensar nisso. Acho que o problema principal é o serviço de postagem que é um desastre! – Ela riu.
- Provavelmente! – Ela falou, colocando um refratário de macarrão na mesa, me fazendo suspirar por aquela felicidade em forma de carboidrato.
Após o almoço, eu procurei pelo álbum de formatura, repassando o rosto de algumas pessoas que eu veria ali. Kate disse que boa parte das pessoas havia confirmado, incluindo nossa turminha, mas tirando Kate, Lola, Greg, Paul e Chris, eu realmente não me lembrava de mais ninguém. Oh, Amber, é claro. Como se esquecer do calo no meu sapato?
Eu acabei ficando em Tóquio por dois anos, trabalhando na agência de lá, logo fui para Londres contratada pela Victoria’s Secret para algumas campanhas e depois fui convidada para ser uma angel no fashion show. Meu sonho maior se realizou logo em 2000. Três anos depois desfilei com o fantasy bra pela primeira vez. Tive viagens esporádicas de trabalhos por todos esses anos, mas acabei fazendo de Londres meu lar. Eu estava no centro do mundo, então era muito mais fácil me deslocar para os lugares.
Além de muitos comerciais, propagandas e desfiles ao redor do mundo, eu acabei fazendo algumas pontas em filmes e seriados famosos, estava realmente experimentando as coisas. Mas depois de ver uma colega de trabalho se matar por conta da ansiedade e atenção da mídia, eu decidi ficar cada vez mais na minha e só aparecer para fazer meu trabalho. Tem funcionado bem.
Tive alguns namorados esporádicos, mas nada sério. O mais sério que eu tive foi com o modelo cubano Juan Betancourt, mas era mais sexo do que amor. Ficamos oito meses juntos, depois terminamos, depois mais dois meses, até eu criar vergonha na cara em terminar com ele. 10 anos de diferença era muita coisa. Tínhamos o mesmo emprego, as mesmas responsabilidades, mas ele ainda parecia uma criança. Era do tipo que pegava e contava, não era para mim.
Sei que 38 anos é praticamente uma sentença de morte para uma modelo, ainda mais para uma modelo que ficou 20 anos no topo, uma hora o sucesso acaba, por isso decidi me aposentar enquanto estava nesse topo. Mas mesmo com essa idade, eu ainda esperava casar e ter filhos, ou talvez adotar, dependendo de quanto tempo isso demorasse, mas eu precisava de alguém da minha idade, que entendesse minha vida e que, preferencialmente, procurasse as mesmas coisas que eu.
Talvez depois de trabalhar por tanto tempo, estava na hora de eu começar a viver!
Acabei dormindo por algumas horas, minha mãe não mexia no meu quarto desde que eu saí de casa, então todos os pôsteres, decoração e fotos continuavam da mesma forma desde 1998. O toque especial de Kate me acordou assustada.
- Onde você está? – Virei o rosto para o relógio para ver se eu tinha perdido tanta hora assim.
- Em casa, por quê? – Perguntei.
- Vem logo!
- Mas não é as oito? – Me sentei na cama, passando as mãos nos cabelos bagunçados.
- É que muita gente veio antes para ajudar, então a festa começou mais cedo. – Revirei os olhos.
- Eu estava dormindo, vou tomar banho, me arrumar, depois eu apareço aí...
- Ok, já sei que chega só as oito! – Rimos juntas.
- Eu preciso me arrumar.
- Você é uma modelo! Já acorda bonita! Para de ser chata! – Rimos juntas.
- Eu tenho uma reputação a zelar! – Falei rindo.
- Vem logo! – Ela disse e a ligação ficou muda.
- Sempre um prazer! – Falei, abaixando o celular.
Saí do quarto e segui para o banheiro, tomando meu banho completo, aproveitando para me livrar da preguiça da soneca da tarde e da viagem. Voltei para meu quarto com uma toalha enrolada em meus cabelos e outra em meu corpo. Fechei a porta e sequei meu corpo direito, procurando por um conjunto de lingerie em minha mala. O vesti e me sentei na minha penteadeira.
Sequei e alisei meu cabelo, passando o spray e o pente para baixar alguns fiozinhos mais rebeldes e peguei minha nécessaire, fazendo minha maquiagem completa, mas tentando ficar no básico: tons de nude e rosa claro. Era só um encontro de escola, não uma sessão de fotos ou desfile de modas.
Finalizei a mesma tentando não enrolar muito e me levantei da mesma, seguindo para minha mala e a abri por completo em cima da cama, pegando os diversos saquinhos plásticos ali do mesmo, à procura dos vestidos que eu tinha trazido para cá. Ponderei um pouco entre um azul e um dourado, estendendo ambos em cima da cama e pensando por um tempo.
O azul era um pouco mais curto e acentuava meus seios e pernas, mas o dourado falava muito mais “mulher, modelo bem-sucedida, aposentada e chique”. Vesti o mesmo, me olhando no espelho de meu quarto e voltei para a mala, pegando um scarpin nude do Christian Louboutin. Feliz com o look.
Voltei para a penteadeira e abusei do rímel preto e passei o batom, passando os lábios um no outro delicadamente. Fui para meu armário, abrindo a parte de bolsas e feliz por encontrar uma dourada ali também, coloquei rapidamente meus documentos e meu celular e respirei fundo. Estava na hora.
Saí do quarto, levando minhas toalhas novamente para o banheiro, pendurando-as e desci os degraus, encontrando meus pais em frente à televisão aguardando o jornal noturno. Ambos se distraíram com o barulho dos saltos e abriram largos sorrisos para mim.
- O que acham? – Perguntei, dando um pequeno sorriso e minha mãe se levantou.
- Linda, como sempre! – Sorri, abraçando minha mãe rapidamente.
- Obrigada! – Sorri.
- Está maravilhosa, querida! Bem adequado. – Meu pai falou, me fazendo rir fraco.
- Vocês vão usar o carro? Posso pegar um deles? – Perguntei.
- Claro, filha! – Meu pai falou. – Vai com o Volvo, mandei lavar.
- Obrigada! – Falei. – Eu sei que é estranho, mas eu não tenho hora para voltar! – Falei e eles riram.
- Quando minha filha de quase 40 anos me fala que não tem hora para voltar, eu consigo não me sentir mais com 70. – Minha mãe falou e eu ri.
- Quase 40 anos e quase 70, senhora ! – Rimos juntas. – Até mais.
- Até! – Eles acenaram e eu peguei a chave na gaveta de sempre e segui pela porta da garagem.
Abri o carro e entrei no mesmo, tirando meus sapatos enquanto o portão abria e saí com o carro da garagem. Dirigi na maior calma do mundo, a escola era ali do lado mesmo. Poderia ir a pé, mas esses saltos 15 não aguentariam por muito tempo. Entrei no estacionamento da escola, vendo que nada mudara durante esses anos e que não tinham muitas pessoas ali. Afinal, meio das férias, sexta-feira a noite, não era todo mundo que gostaria de voltar à escola em uma dessas ocasiões.
Calcei meus sapatos novamente e saí do carro, acionando o alarme. Virei para a escola Grove e vi que nada havia mudado nesse tempo todo, talvez as flores do jardim e a pintura recente, mas tirando isso, somente um grande banner dizendo “Bem-vinda, turma de 1998”. Ri fraco, percebendo quanto tempo tinha passado e suspirei, feliz por ser alguém muito melhor hoje.
Passei pelos corredores, conferindo que já passava uns 20 minutos das oito horas e empurrei as portas duplas, ouvindo a música alta pelos corredores. Passei pelo mesmo, tentando lembrar os pontos do meu armário e do de Kate e segui até o fim do corredor, parando em frente à porta da quadra e suspirei.
Estava tudo decorado como se fosse 98 novamente, o tema encantamento no fundo do mar nunca me pareceu tão atual com essa popularidade de sereias. Uma banda tocava Taylor Swift e um grupo de 20 ou 30 pessoas estavam em rodas pelo local, mais conversando do que dançando.
Dei alguns passos para dentro da quadra, me aproximando devagar da turma que se formou comigo e engoli em seco ao notar alguns olhares se virarem para mim. Relaxei ao ver Kate sair do meio da multidão e vir desesperada em minha direção.
- Ah, você veio! – Ela me abraçou forte, fazendo com que eu inclinasse o corpo para baixo um pouco, rindo fraco. – Que saudades de você!
- Ah, sua dramática! – Falei, apertando-a igualmente. – Também senti sua falta. – Sorrimos felizes e ela desceu o olhar sobre meu corpo.
- ainda sabe fazer uma entrada triunfante, não é? – Ri fraco, dando uma voltinha ao redor do corpo e rimos juntas. - Você está ótima!
- E a festa? Uau! Realmente parece nossa formatura.
- E eu resgatei algumas fotos da nossa festa e colação de formatura. Obviamente você não está em nenhuma porque não tirou fotos e não estava, mas eu te coloquei lá no meio. Além do anuário que eu refiz e obviamente coloquei várias fotos suas.
- Ah, Kate, só você. – Sorri.
- O quê? Você foi a que recebeu mais votos de “Mais propícia em ser famosa”. E nós temos dois famosos nessa turma, legal, não é? – Ri fraco.
- E ele? Falou com ele?
- Mas é claro! – Ela riu. – Ele disse que viria, mas ainda não apareceu. – Ela deu de ombros. – Agora venha! Vamos ver o resto do pessoal legal! – Ela me puxou pelo braço e seguimos para dentro da roda novamente. - Olha quem está aqui! – Kate disse e reconheci as outras três pessoas que sempre estavam por aqui.
- Senhorita ! – Paul falou, me fazendo rir. – Cara, como o tempo te fez melhor ainda, hein?
- Ah, seu tonto! – Falei rindo, abraçando-o fortemente. – Que saudade que eu estava de vocês! – Segui para Greg, depois para Lola.
- A gente não se vê há realmente 20 anos, não é?! – Lola perguntou e eu a abracei de lado.
- Acho que sim! – Falei. – Vocês foram para caminhos diversos, eu vinha direto pela minha família.
- Mas também foi para caminhos diversos, . – Greg falou, me fazendo rir.
- Sim! – Ri fraco. – Boston virou só ponto de passagem! – Brinquei.
- Ah, mas meus parabéns, viu?! Você arrasou! – Lola disse.
- Confesso que disse para muitas pessoas que eu estudei contigo e fazia questão de mostrar nossas fotos tontas! – Paul disse, me fazendo gargalhar.
- Tudo bem! Kate faz isso até hoje! – Falei e eles riram.
- Ei! – Kate reclamou, me fazendo rir.
- ! – Virei para trás ao ouvir uma voz conhecida e suspirei ao encontrar Amber ali. Ela estava bem diferente do que de anos atrás.
- Amber? – Falei em tom de pergunta e ela deu um pequeno sorriso.
- Você está ótima! – Ela disse, me fazendo sorrir e assentir com a cabeça.
- Obrigada! – Sorri. – Você também.
- Me desculpe por... – Ela balançou a cabeça. – Tudo. – Me surpreendi.
- Não se preocupe! – Dei um sorriso de lado. – Isso já ficou para trás há muito tempo! – Falei e ela assentiu com a cabeça. – Mas obrigada mesmo assim. – Ela sorriu e se retirou para trás com outras meninas, há 20 anos conhecida como minions. Atualmente até tinham feito um filme disso.
- Quatro anos zoando contigo e agora ela vem se desculpar? – Kate cochichou em minha orelha, me fazendo rir.
- 20 anos se passaram, Kate! – Virei para ela. – 20 anos sem me lembrar de Amber Martins, escola Grove e todo o resto. Não vai ser agora que eu vou lembrar. – Ela riu.
- Isso é que é ser evoluído! – Ela me abraçou de lado e eu dei de ombros.
- Eu cresci, senhorita! A diferença é essa! – Ela riu, franzindo os lábios.
- Engraçadinha!
- Bom te ver também, Ned! – Dei um sorriso falso, voltando a dar atenção para Kate. – Ele mal falava comigo no ensino médio! – Revirei os olhos e ela e Lola riram.
- Você é famosa, querida! – Lola disse. – Todo mundo quer achar uma desculpa para vir falar contigo.
- E eles devem, honestamente! – Kate disse, me fazendo rir.
- Mas é tão falso! – Revirei os olhos e eles riram.
- Relaxa, agora eles vão dar uma trégua para você! – Ela falou e percebi que ela olhava para outro lado.
Girei o corpo para trás e dei um sorriso discreto ao ver Chris entrando no salão. Bem, não o Chris, mas o Chris Evans. Ele estava de jeans, camiseta, sapatênis e uma jaqueta de couro por cima de tudo. Os cabelos jogados para trás, o sorriso sério e o olhar longe. 20 anos tinham feito muito bem a ele. Ele estava todo galante e de tirar o fôlego.
Eu poderia dizer isso se não o tivesse conhecido na época do ensino médio. Ele ainda parecia aquele menino perdido, levemente desajustado e envergonhado por chegar em um local com muitas pessoas. A diferença é que agora, como eu, ele não conseguia passar despercebido por nenhum lugar.
- Oh, meu Deus! – Ouvi Lola ao meu lado.
- Esse encontro de turma é muito melhor do que de filmes! – Kate disse, me fazendo rir. – Vai falar com ele?
- Espera ele entrar antes. – Falei e Kate revirou os olhos.
- Bom, eu vou! – Ela disse e começou a andar, parando alguns passos à frente. – Não vai me impedir?
- Por que eu deveria? É só o Chris! – Falei.
- Não, não, meu bem. Da mesma forma que você não é só a , ele não é só o Chris! – Ela disse e eu revirei os olhos, virando novamente para a entrada e percebendo que estava sendo observada.
- Ok, então, eu vou! – Falei, vendo que Chris falava alguma coisa com seus amigos de escola e seguia em minha direção.
- Vai lá, gata! – Kate disse e eu revirei os olhos.
Dei alguns passos em direção a Chris com um sorriso tímido no rosto. Ele tinha a mesma feição e ambos demos risadas nervosas ao nos encaramos. Parei alguns passos antes, deixando com que ele seguisse o resto do caminho em minha direção.
- Chris! – Falei, dando um largo sorriso e ele riu.
- ! – Ele disse e eu ri, passando os braços pelo seu pescoço, abraçando-o fortemente, sentindo suas mãos em minha cintura.
- Quanto tempo! – Falei rindo, me afastando dele um pouco.
- 20 longos anos! – Ele disse, me fazendo franzir o rosto. – Você está ótima!
- Você também! – Rimos juntos.
- Você cumpriu minha promessa, não? – Franzi a testa.
- Qual? – Ri fraco.
- Ser um sucesso! – Gargalhei, negando com a cabeça.
- Para você ver! – Sorri. – E você também. Decidiu o que queria da vida e está aí, senhor Capitão América! – Ele sorriu, assentindo com a cabeça.
- Acho que eu cheguei ao ponto mais alto da minha carreira, falta só o Oscar. – Sorri, cruzando os braços.
- Eu cheguei ao ponto da minha carreira várias vezes por sinal, mas cheguei ao fim!
- Vi que se aposentou. – Assenti com a cabeça.
- Sim! – Sorri. – Melhor se aposentar no topo do que em fim de carreira. – Ele riu.
- Está certa, apesar de que eu acho que você está incrível! Pode desfilar por muitos e muitos anos. – Suspirei.
- Eu gostaria também, mas sei que sair enquanto estou em alta eu deixo um gosto de “quero mais” ao invés de “ainda bem”! – Ele sorriu.
- Não imagino algum dia alguém falando “ainda bem” para você. – Sorri, abraçando-o rapidamente mais uma vez.
- Senhor Evans! – Virei o rosto, encontrando Kate ao nosso lado. – Tá bonitão, hein?! – Revirei os olhos, fazendo Chris rir.
- Você se lembra de Kate, não é? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça.
- Como poderia me esquecer da sua primeira guarda-costas? – Ele falou, abraçando Kate rapidamente. – Vocês não mudaram nada!
- Você mudou! – Kate disse e eu a empurrei pelos ombros.
- Cai fora daqui! – Falei e ela saiu gargalhando.
- Então, a pergunta que não quer calar. – Ele disse e eu o encarei, cruzando os braços.
- Diga! – Falei.
- Você continua chata? – Gargalhei, abrindo um largo sorriso, fazendo-o sorrir também.
- Sim! – Confirmei. – Acho que sou mais chata do que antes. – Ele negou com a cabeça. – E você? Continua mimado?
- Bem... – Ele pensou por um momento e eu ri. – Eu adoro passar as férias na casa da minha mãe, então, acho que sim.
- Homem de família! – Ele ponderou com a cabeça, rindo.
- Talvez! Falta só a minha própria família! – Ri fraco.
- Decidiu casar com seu emprego também?
- Casamento feliz e duradouro há 18 anos! – Ele disse, me fazendo sorrir.
- Eu já completei bodas de prata, contando com meus dias de modelo mirim.
- É um casamento meio solitário, não é? – Ponderei com a cabeça.
- Um pouco, mas pelo menos não tem ninguém para brigar! – Ele riu.
- Justo! – Ele sorriu. – Quer um ponche?
- Eu vou aceitar, mas não me conformo das pessoas ainda servirem ponche em festa de formatura ou reunião. – Ele estendeu a mão para mim e eu a segurei, andando até a mesa com ele.
- Aposto que é mais álcool do que suco dessa vez. – Ele disse, me fazendo rir.
- Então, onde você está morando? – Ele perguntou.
- Estou com residência fixa em Londres há uns seis ou sete anos, mas sempre morei por lá. – Ponderei com a cabeça.
- Ah, legal! Londres é uma cidade muito bonita. – Assenti com a cabeça.
- Sim, falo que me dá inspirações para seguir um dia de cada vez. – Ele sorriu. – E você?
- O mundo do cinema acontece em Los Angeles, então estou lá, mas qualquer folga ou férias, eu venho visitar minha família. – Assenti com a cabeça.
- Se faz presente mais do que eu. – Ri fraco. – Eu não vinha desde o Natal. – Suspirei.
- Não sente falta? – Ele perguntou e eu dei de ombros.
- Você em um voo de três horas está aqui, eu demoro oito horas. Cansa demais. – Suspirei. – Normalmente quando eu chego, eu durmo, não tenho bastante tempo, então às vezes prefiro nem vir, ou minha família ir. – Deu de ombros, dando um gole no meu ponche e abaixando-o logo em seguida. – Nossa! Álcool puro! – Chris riu, abaixando seu copo também.
- Agora você se aposentou... Meu Deus! É estranho falar isso. – Sorri.
- A vida de modelo! – Sorri. – Provavelmente vou virar uma Heidi Klum ou Tyra Banks e apresentar algum programa de televisão! – Franzi a testa e ele riu.
- Mesmo?
- Não sei, eu pedi um tempo para minha agente antes de ela me passar as opções. Mas sabe que minha aposentadoria é só das passarelas, não sabe?
- Sim, sim! Eu vi sua coletiva inteira. – Ele confirmou com a cabeça. – Mas tem alguma ideia do que fazer agora? – Ponderei com a cabeça.
- Eu tenho alguns contratos para finalizar ainda, então nada é urgente, mas realmente não sei.
- Se você realmente for seguir os passos de Heidi ou Tyra, você pode vir para os Estados Unidos. – Dei de ombros.
- Quem sabe? Até ano que vem eu descubro o que quero dessa nova vida. É hora de me reinventar. – Ele assentiu com a cabeça, roubando um pedaço de queijo da mesa.
- Você tem que fazer o que te faz feliz.
- Sempre! – Sorri.
- Atenção! Atenção! – Virei para o palco, ouvindo a música cessar e vi Kate em cima do mesmo.
- Ah, meu Deus! – Coloquei a mão no rosto.
- Por que eu tenho a impressão de que ela não cresceu? – Chris perguntou e eu ri.
- Impressão? Ela é professora de bioquímica em Harvard e ainda age como se tivesse 18 anos.
- Sério? – Chris olhou surpreso para mim.
- Sim! – Suspirei. – Acho que é por isso que os alunos gostam tanto dela. – Ele sorriu.
- Acho que para bioquímica precisa ter um pouco de jogo de cintura!
- Ela tem!
- Bom, como algumas pessoas demoraram para confirmar presença se vinham ou não, nós do comitê de reencontro decidimos escolher e coroar novamente o rei e a rainha do baile. – Revirei os olhos.
- Ah, essa Kate! – Suspirei, virando de frente para o palco.
- Bem, vamos para os homens! – Kate disse e eu dei alguns passos em direção ao palco, ficando mais perto do pessoal na pista de dança. – Como não é surpresa, nosso rei do baile do reencontro é: Chris Evans! – Ela falou e eu virei o rosto, vendo Chris rir sozinho.
- Eu vou matá-la! – Ele falou.
- Vai nada! – Falei, empurrando-o para frente, vendo-o se dirigir para cima do palco.
Aplaudi o mesmo, ouvindo alguns amigos dele gritar e balancei a cabeça. Só Kate mesmo para querer reviver tudo isso como se ainda tivéssemos 18 anos. Além de que obviamente Chris ganharia hoje. Ele não tinha mudado muito desde o ensino médio, somente a barba que havia crescido e os cabelos estavam mais longos, mas se você olhasse bem, ele ainda era o mesmo Chris que eu conhecia.
- Fica aqui! – Kate falou para Chris, me fazendo rir. - E agora, para a rainha do reencontro... – Kate disse. – Como já é de se esperar: ! – O pessoal aplaudiu e eu revirei os olhos.
Segui em direção ao palco, ouvindo os aplausos do pessoal e subi no mesmo, me colocando ao lado de Kate e neguei com a cabeça para ela, fazendo-a dar um sorriso sem graça. Ela colocou a coroa em minha cabeça e eu ri.
- Que continue a festa! – Ela disse no microfone e ela veio em minha direção.
- Vem! – Ela disse, me puxando junto de Chris e saímos do palco.
- Eu vou te matar! – Falei.
- Eu disse! – Chris disse, me fazendo rir.
- Ah, para! – Ela revirou os olhos. – Vocês dois foram os que mais evoluíram e fizeram sucesso...
- Você virou professora de Harvard com 32 anos! – Falei.
- Ok, que ficaram famosos! – Ela disse, abanando a mão. – Precisamos abusar desse momento! Agora se coloquem aí no fundo e deixa eu tirar umas fotos para o encontro de 30 anos! – Ela disse, cutucando o fotógrafo que estava entediado.
- Eu nem tenho fotos da minha formatura porque eu fui embora cedo! – Falei.
- Isso, então, vamos criar memórias! – Ela me empurrou para frente do fundo que imitava o mar e eu ri, virando para Chris.
- Pose tipo formatura? – Perguntei e ele sorriu.
- Você está mais alta do que eu com esses saltos.
- Eu te abraço, então! – Brinquei e ele mostrou a língua.
- Nem vem! – Ele disse e eu joguei os cabelos para o lado, ficando de costas para ele que me abraçou pela cintura.
- Turma de 1998! – Kate falou e eu ri, olhando para o fotógrafo e vi alguns flashes estourando em meu rosto. – Pronto! Nem doeu, vai!
- O que vai doer, vai ser meu pulso entrando na...
- Acho que ela continua brava! – Chris disse, me fazendo dar um tapa nele.
- Algumas coisas nunca mudam! – Brinquei, puxando a coroa da cabeça, e sentindo alguns fios sendo puxados e baguncei os cabelos, ajeitando tudo.
- Quer dançar? – Virei para Chris que também tirara sua coroa da cabeça.
- Claro! – Falei ao ouvir uma música do Ed Sheeran começar a tocar. – Segura isso para mim! – Entreguei minha coroa para Kate e Chris fez o mesmo, me levando para mais perto da pista de dança.
Ele passou as mãos ao redor da minha cintura e eu passei as minhas pelo seu pescoço, ouvindo a música mais famosa do Ed sendo tocada pela banda calmamente. Apoiei minha cabeça no ombro de Chris, ouvindo Chris cantando a música baixinho em meu ouvido, me fazendo abrir um sorriso tímido em meu rosto.
- 'Cause we were just kids when we fell in love, not knowing what it was, I will not give you up this time. But darling, just kiss me slow, your heart is all I own, and in your eyes you're holding mine. Baby, I'm dancing in the dark with you between my arms... – Afastei meu rosto do dele, olhando para seus olhos azuis e ele riu fracamente.
- Você canta também? – Perguntei baixo, sentindo minha voz quase sumir.
- Só de vez em quando! – Ele respondeu e eu ri fraco. – Só para quem merece.
- Eu mereço? – Perguntei.
- A de 20 anos atrás merecia e eu imagino que ela ainda esteja escondida em algum lugar. – Ele comentou e eu sorri, sentindo nossos narizes roçarem por um momento.
- Talvez em algum lugar lá no fundo! – Sorri, sentindo-o passar a mão em meu rosto e ele suspirou.
- Você quer sair daqui e descobrir? – Virei para trás por alguns segundos, vendo que várias pessoas nos encaravam e eu suspirei.
- Claro! – Falei. – Por que não? – Disse e ele se afastou um pouco, me segurando pela mão e me puxando para fora do baile.
- Ei, ei! – Vi Kate entrar em nossa frente, me fazendo parar bruscamente. – Aonde vão? Relembrar 98? – Ri fraco.
- A festa estava ótima, parabéns pelo esforço, mas estamos indo! – Chris falou e eu afirmei com a cabeça.
- Mas, mas... – Ela franziu os lábios.
- Te ligo amanhã? – Perguntei para ela que riu.
- Claro! – Ela disse abanando a mão e se afastando novamente.
- Para aonde? – Perguntei, seguindo para o corredor da escola.
- Não sei. – Ele falou honestamente. – Só quero conversar contigo em algum lugar que não tenha várias pessoas nos encarando.
- Aprovo! – Falei sorrindo e seguindo para fora da escola, e Chris entrelaçou nossos dedos.
Capítulo 5
- Eu tenho uma ideia! – Chris falou, pulando da murada da escola.
- O quê? – Ele me ajudou a descer e eu abaixei a saia do vestido.
- Um lugar que podemos conversar em particular e com bebidas melhores! – Ele disse, me fazendo rir.
- Acho que eu estou precisando, depois de toda aquela puxação de saco! – Falei, sentindo-o me puxar pela mão.
- Você está de carro? – Ele perguntou enquanto andávamos em direção ao estacionamento.
- Sim. – Tirei a chave do carro da bolsa, chacoalhando-a em sua direção.
- Se lembra de onde eu morava? – Ponderei com a cabeça.
- Acho que sim, por quê? – Perguntei.
- Meus pais se mudaram para a cidade depois de alguns anos, mas eu mantive a casa, deve estar ajeitada! – Ri fraco.
- A fim de me deixar doente por alergia a pó, senhor Evans? – Brinquei, seguindo para meu carro e ele riu.
- Podemos tentar algum hotel aqui na cidade, onde amanhã estaremos nas páginas do jornal local! – Ele brincou, me fazendo rir.
- Eu te sigo! – Falei, vendo-o confirmar com a cabeça alguns carros mais para frente.
Entrei no carro e saí da vaga, encontrando Chris me esperando fora do estacionamento. Segui poucos minutos com ele, lembrando-me de que era perto chegar em sua casa. Tinha ido uma vez antes do desastroso primeiro encontro. Parei atrás do seu carro na entrada da garagem e reconheci a casa, mas agora sentia que a pintura estava diferente. Desci do carro, ajeitando os sapatos nos pés e vi Chris sair do seu.
- Um Volvo? – Ele perguntou, me fazendo rir.
- Era o sonho do meu pai. Eu dei para ele de aniversário! – Ele riu. – Bom, eu dei um Volvo para ele em 2004, ele só foi trocando por outros ao longo do tempo. – O segui pela entrada da casa.
- Você se apega bem às datas. Eu mal lembro a data do meu primeiro filme! – Ri fraco, vendo-o procurar pela chave e abrir a porta, ligando a luz em seguida.
- Cada ponto da minha carreira foi importante para mim. Eu sempre anotava e comemorava de diversas formas. – Dei de ombros, entrando na casa.
Fisicamente a casa não tinha mudado nada, mas a organização dos móveis, até os móveis em si, estavam diferentes. O local não estava inteiro empoeirado, como eu imaginaria que estaria, Chris com certeza vinha com frequência para cá.
- Aqui é seu lugar feliz? – Perguntei.
- Por que pergunta? – Ele se virou, tirando a jaqueta e jogando-a em cima do sofá mais próximo.
- Aqui está muito limpo... – Ele deu de ombros.
- Venho aqui quando quero ficar sozinho! – Ele disse, se sentando no sofá. – Senta!
- Parece que quer ficar sozinho com frequência. – Falei, tirando os saltos antes de pisar no tapete felpudo e me sentei ao seu lado, do outro lado do sofá.
- Eu tenho... – Ele engoliu antes de dizer. – Ansiedade. – Ele passou a mão no rosto ao falar. - Por isso não me mantenho exposto na mídia, não faço mais que dois trabalhos ao ano, não passo férias em Bahamas ou Jamaica... – Ele deu de ombros.
- Quando isso começou? – Perguntei.
- Logo após Quarteto Fantástico 2, eu fiz muita divulgação, muitos filmes, eu estava ficando louco. – Ele suspirou.
- Eu tive uma colega que faleceu por isso. – Engoli em seco. – Ela se matou.
- Nossa! Como foi isso? – Suspirei.
- Foi na época de um dos meus últimos Victoria’s Secrets Fashion Show. – Balancei a cabeça. – Estávamos ensaiando, fazendo provas dos trajes e sessões de fotos e ela não apareceu. – Suspirei. – Eu e outras duas amigas fomos à casa dela, a porta estava fechada, ela não atendia, não atendia o celular. Um vizinho apareceu, arrombou a porta, quando entramos, ela estava na banheira afogada no próprio vômito, depois de ter uma reação alérgica ao injetar heroína. – Engoli em seco.
- Você a encontrou? – Assenti com a cabeça.
- Foi o pior momento da minha vida. – Suspirei. – Acabou com toda alegria e coisa boa do desfile. – Engoli em seco.
- E como você superou isso? – Relaxei os ombros, apoiando os braços no sofá.
- Terapia e o tempo. Só o tempo realmente cura as coisas. – Suspirei.
- É por isso que eu me cuido, me preocupo. – Ele disse.
- Por favor, não seja um suicida. – Ele negou com a cabeça.
- Acho que eu sou muito covarde em tirar minha própria. – Ele disse e eu sorri.
- Bem, e as outras partes da sua vida? – Me ajeitei no sofá, colocando a perna embaixo da outra.
- Fora o profissional, você diz? – Ele perguntou e eu dei de ombros.
- Pode ser o profissional também! – Sorri, fazendo-o rir baixo.
- Nada fora do comum, sabe. – Ele deu de ombros, esticando o braço em cima do sofá também, encostando sua mão à minha. – Eu vivo entre Boston e Los Angeles, acabo ficando mais aqui porque eu tenho alguns amigos de infância e a gente se vê sempre.
- Povo da escola?
- Ah, não! – Ele disse, rindo em seguida. – Eu sempre tive uns amigos aqui da rua, fomos crescendo, eles foram me acompanhando, a gente se encontra até hoje.
- Ah, que bom! – Sorri. – Eu só tenho a Kate, para falar a verdade. – Ri fraco.
- Só?
- Ah, eu tenho minhas colegas de profissão, Gisele, Alessandra, Adriana, Miranda, Kate Moss, além de algumas mais novas...
- Imagina uma festa do pijama com essas mulheres! – Ele falou, levemente surpreso, me fazendo rir.
- Já fizemos muitas e algumas têm até online.
- Mesmo? – Ele falou empolgado.
- Sim, se chama Victoria’s Secrets Fashion Show. – Ele revirou os olhos, me fazendo rir.
- Ah, pensei que era sério.
- Ah, mas não é? – Cruzei os braços, rindo. – Várias mulheres bem maquiadas, usando pijamas e lingeries. – Dei de ombros, fazendo-o rir.
- Ok, está valendo. – Ele sorriu.
- Você chegou a ver algum?
- Sim! – Ele deu um sorriso tímido. – Eu sempre te acompanhei, sabe? Enquanto a internet estava surgindo ainda, foi mais difícil, mas já para 2002, 2003, as coisas começaram a ficar mais frequentes. – Assenti com a cabeça. – Você é incrível.
- Obrigada! – Sorri.
- Sabe, eu nunca te esqueci. – O senti acariciar minha mão e eu dei um sorriso discreto. – Não digo do jeito romântico e tal... – Rimos juntos. – Digo na sua carreira mesmo, eu sempre soube que era só questão de tempo para você estourar, para eu te ver nas revistas... Na Times Square. – Ele falou, me fazendo rir.
- Quando eu apareci eu estava no Japão ainda, mas fiz um comercial para a...
- Hugo Boss! – Falamos juntos e eu franzi a testa.
- Como sabe?
- Foi quando eu soube da sua existência como modelo internacional. – Abri um sorriso, mordendo meu lábio inferior em seguida. – Eu saí daqui e fui estagiar em Nova York em uma produtora independente. – Assenti com a cabeça. – Era muita figuração, mas eu era um assistente, um dia eu precisei ir na Times Square, não lembro fazer o quê, no que eu estava atravessando a rua, eu te vi em um dos telões. – Ele sorriu e eu suspirei. – Eu quase fui atropelado, porque parei no meio da rua, mas no momento em que você apareceu, eu soube que era você. – Ri fraco.
- Obrigada! – Sorri, rindo fraco. – Não pelo quase atropelamento, mas você entendeu.
- Entendi sim. – Ele sorriu.
- Eu me sinto mal por falar que eu só soube de você no MTV Movie Awards de 2005. – Ele abriu a boca surpreso. – Foi no Japão, não foi?
- Foi! – Ele falou, rindo em seguida. – Você estava lá ainda?
- Quando aconteceu não, mas eu ainda me considerava moradora de lá! Então, ainda via noticiários de lá, assinava o jornal...
- Foi em Urayasa. – Ele disse rindo.
- Em meia hora você está em Tóquio. – Sorri. – Eu lembro que fui convidada para isso. – Suspirei. – Eu era convidada para qualquer evento popular que fosse daquele lado do mundo.
- Isso quer dizer...
- A gente poderia ter se reencontrado em 2005. – O interrompi e ele riu.
- Talvez alguém tenha um motivo para nos encontrar agora. – Ele falou dando de ombros, me fazendo sorrir.
- Tudo tem seu propósito, todos temos nosso destino traçado, Chris.
- Eu gosto de acreditar nisso! – Ele sorriu.
- Cortando o assunto um pouco...
- Diga! – Ele disse.
- Aonde é o banheiro? – Perguntei, fazendo-o rir.
- Ali naquele corredor! – Ele apontou para um cantinho ao lado da cozinha e eu me levantei, seguindo para lá.
- Então... – Voltei, pisando no tapete novamente e me sentando no sofá novamente. – O que está abrindo aí?
- Pensei em bebermos um pouco de vinho, afinal, foi para isso que viemos, certo? – Ele abriu o vinho e serviu em duas taças em cima da mesa de centro com o líquido claro. - Aqui! – Ele disse e me entregou uma taça, se sentando ao meu lado novamente. – O que estava fazendo?
- Ia te perguntar sobre vida pessoal, relacionamentos, crianças... – Ele riu quando falei a última palavra. – O quê? – Ele riu fraco.
- Eu não...
- Você não gosta de crianças? – Perguntei, franzindo a testa.
- Calma, também não é assim! – Ri fraco quando ele mexeu a mão. – É que... – Ele suspirou.
- São crianças, poxa! – Entortei o pescoço, piscando os olhos, fazendo-o rir.
- Eu tenho três sobrinhos, eles são ótimos, mas filho dos outros...
- Ah, você não precisa gostar de crianças dos outros, assumo que alguns são pequenos demônios. – Ele gargalhou, bebendo mais um gole de seu vinho. – Mas elas são fofas.
- Você quer ter filhos? – Ele me perguntou e eu dei um longo suspiro.
- Vontade eu tenho. – Suspirei. – Mas eu já estou com 38 anos, talvez não esteja predestinado para mim. – Ele deu um sorriso de lado, assentindo com a cabeça. – Você eu não preciso nem perguntar, não é? – Ele riu.
- Quem sabe? – Deu de ombros, me fazendo rir.
- Agora, sobre relacionamentos... – Dei um sorriso sugestivo e ele fez o mesmo.
- Eu terminei um relacionamento curto em março. – Ele falou. – Ela era atriz também, totalmente diferente de mim, mas depois que relacionamentos com pessoas parecidas não deram certo, achei que fosse dar certo... – Ele deu de ombros. – Não deu.
- Não é assim... – Suspirei, apoiando a taça vazia na mesa novamente. – É destino, só não aconteceu ainda. – Dei de ombros, puxando a barra da saia para baixo e subi uma das pernas para o sofá.
- Talvez, só estou ficando um pouco velho para o velho amor. – Rimos juntos.
- Ah, não precisa ser tão dramático. Assista alguns filmes de idosos encontrando o amor, é fofo. – Ele gargalhou. – Mas é isso? O grande e lindo Capitão América não tem mais ninguém?
- Se eu tivesse, eu não te chamaria para vir na minha casa, certo? – Ele deu um sorriso sacana e eu neguei com a cabeça, rindo. – E a modelo mais gata da atualidade? Ninguém?
- Eu... – Suspirei. – Minha vida é complicada, eu passo nove meses viajando, fazendo eventos, desfiles, sessões de fotos ao redor do mundo inteiro... – Dei de ombros. – Não é fácil encontrar alguém que aceite esse tipo de relacionamento. – Ele assentiu com a cabeça.
- Mas não teve ninguém? – Ele perguntou.
- Eu namorei um modelo uma época, mas ele era 10 anos mais novo do que eu. – Ele arregalou os olhos, me fazendo rir.
- Alguém gosta de um novinho... – Gargalhei com ele.
- Ele era gato e o sexo era bom! – Ergui as mãos e ele riu. – Mas eu terminei exatamente por isso, é uma diferença muito grande, por mais que eu aparente estar no começo dos meus 30 e não no fim, eu não queria fingir que estava quando estava com ele. – Ele assentiu com a cabeça.
- Vai ver ele era seu príncipe encantado e você o deixou escapar. – Ri fraco.
- Só se fosse o Navin de “A Princesa e o Sapo”, bem metido e arrogante. – Ele fez uma careta.
- Talvez não seja a combinação perfeita.
- Ainda bem, não sou paga para ser babá de ninguém! – Ele se levantou, deixando sua taça na mesinha e deslizou seu corpo de volta no sofá, um pouco mais perto de mim.
- Como você foi quase minha? – Ele brincou e eu segurei sua mão.
- Não, você só precisava de um pouco de tato. – Ele riu.
- Como poderia ter tato com uma mulher de 18 anos que aparentava e agia como uma de 30? – Ele perguntou, me fazendo rir.
- Também não precisa exagerar!
- Eu não estou! – Ele se ajeitou no sofá, se colocando mais perto. – Eu demorei quase um mês para ter coragem de te mandar aquele bilhete.
- Mas a gente se falava...
- Não! – Ele me cortou. – A gente se cumprimentava. Nunca fomos próximos. – Suspirei, rindo. – Você sempre foi a rainha da escola, sem ser a patricinha que fazia bullyings com todos.
- Nem vem!
- É verdade! Para você, você era uma modelo pequena, fazia alguns trabalhos aqui e ali em Boston, mas você para uma escola de ensino médio era a Angelina Jolie. Todos te olhavam, todos te desejavam...
- Ah, não acredito!
- Não estou zoando. Tanto que quando falei para meus colegas que queria te chamar para sair, todos acharam que você não aceitaria. – Ri fraco. – Afinal, por que você aceitou? – Dei de ombros. – Ah, pode falar!
- Na verdade, eu fui porque Kate meio que insistiu que eu precisava parar de trabalhar um pouco e focar na vida real...
- Vemos como isso deu certo! – Ri fraco.
- Enfim, o primeiro encontro foi desastroso, podemos concordar com isso? – Ergui as mãos e ele ponderou com a cabeça.
- Ok! – Ele disse rindo. – Eu errei um pouco.
- Mas o segundo foi legal. – Sorri. – O baile também foi legal, mas...
- Mas você escolheu ir atrás do seu sonho e me acordou para ir atrás do meu também. – Assenti a cabeça, sentindo sua mão subir pela minha perna.
- Viu? E olhe onde estamos. – Ele sorriu, se aproximando de mim. – Sempre confie em uma mulher.
- Agora não. – Ele disse baixo e eu fechei meus olhos ao sentir sua respiração tocar a minha.
Ele colou os lábios nos meus lentamente e foi muito diferente de 20 anos atrás. Ele segurou minha nuca e me aproximou dele, colocando uma mão em seu peitoral e a outra apoiou na barra da sua camisa. Ele colocou a outra mão no fim das minhas costas, me apertando pela cintura, fazendo com que eu contraísse meu corpo em direção ao dele.
Nos separei por alguns momentos para me ajeitar no sofá e passei uma perna em cima da sua, ajoelhando no sofá, sentindo meu vestido subir até a cintura. Ele se afastou um pouco, mordendo meu lábio inferior, me olhando por alguns segundos e eu aproximei meu rosto do seu, dando curtos beijos em sua bochecha, roçando os lábios em sua barba e descendo para sua boca. Dei um curto beijo na mesma e desci para seu pescoço, distribuindo curtos beijos ali.
Ele subiu a mão por baixo do meu vestido, subindo até o começo das minhas costas, à procura do zíper do mesmo. Guiei uma de suas mãos até meu pescoço e tirei os cabelos do lado, afastando meus lábios de seu pescoço por um tempo, colando nossas testas e ele sorriu, mordendo meu lábio inferior.
Coloquei os pés no chão novamente e ele se levantou logo atrás. Passou as mãos em minhas coxas, puxando o vestido para cima e eu ergui os braços, ajudando-o a tirar. Ele secou meu corpo por um tempo sem a menor vergonha e eu sorri, passando minhas mãos pelos seus ombros e colando meus seios nus em seu peito, sentindo-o apertar minhas costas e colar seus lábios nos meus novamente.
Desci minhas mãos pelo seu corpo, segurando a barra de sua blusa e puxei a mesma para cima, também abrindo um sorriso que fez com que ambos ríssemos. Ele passou as mãos em meu rosto e eu o segurei pelo cós da sua calça, puxando seu cinto e ele se deu ao trabalho em finalizar o processo abaixando suas calças.
- Cueca branca, hum? – Perguntei, passando meus braços pelos seus ombros novamente e aproximando nossos lábios.
- É... – Ele sussurrou, me fazendo sorrir.
- É para chamar atenção para o tanquinho, é?! – Brinquei e ele se separou um pouco.
- Esse não é o melhor momento para falar isso. – Ele falou e eu ri fraco.
- Eu só estou brincando. – Me afastei do mesmo um pouco, apoiando minhas mãos em seu peito.
- Não assim e não agora. – Respirei fundo, dando dois passos para trás e abracei meu corpo, escondendo meus seios.
- Eu sou assim. – Falei.
- Pelo visto isso não mudou pelos últimos 20 anos. – Ele procurou pelas suas calças, tentando esconder sua ereção e eu bufei, pegando meu vestido em cima do sofá e vestindo-o desengonçadamente.
- Você que veio atrás de mim! – Falei um pouco mais alto. – Eu só voltei para Boston por causa de Kate.
- Ah, Kate, é tudo a Kate. Você não tem nem ideia que tem outras pessoas que gostam de você e que te querem bem, não é?!
- Se você estiver falando de si, está arranjando ótimos motivos para demonstrar. – Fui irônica, esticando o vestido no corpo e puxando parte do zíper, me bagunçando com o final.
- Por que eu deveria demonstrar? Você não deixa.
- Como eu não deixo? – Perguntei. – Você sempre soube quem eu era, não é porque eu cresci e amadureci que eu preciso ficar chata. – Engoli em seco. – Tanto que quando eu fiquei sabendo dessa reunião, a primeira pessoa que eu pensei foi você. – Suspirei. – Não para ficar, namorar e ter o final que a gente merecia, mas compartilhar acontecimentos, memórias, talvez até sentimentos. – Suspirei.
- Você acabou com todo clima.
- Claro que sim, você começou a brigar comigo porque eu ri da sua cueca! – Balancei a cabeça, respirando fundo. – Você veio atrás de mim, Chris, eu pensei que talvez seria a hora perfeita para dar a chance ideal para aquele garoto magrinho que mal sabia como agir em um encontro. – Engoli em seco. – Se não fosse o ideal, pelo menos você é gostoso, então, por que não? – Respirei fundo. – Eu posso literalmente ter qualquer cara no mundo, mas eu preciso de um cara que aja como homem, que me ame por quem eu sou. – Dei de ombros. – Mas você ainda continua o mesmo babaca de antes! – Puxei minha bolsa com força do sofá.
- Então, vá encontrá-los! – Balancei a cabeça, respirando fundo, ouvindo meu celular tocar.
- I can’t feel my face when I’m with you... – Procurei o celular rapidamente dentro da minha bolsa, segurando-o em minha mão.
- The Weekend? – Ele perguntou franzindo a testa e eu revirei os olhos.
- Me deixa adivinhar, você não gosta? – Perguntei irônica, bufando em seguida e peguei meus saltos na ponta do tapete, abrindo a porta de sua casa e batendo-a com força.
Fui até o carro ouvindo a voz do Abel no meu toque e entrei no carro com pressa, vendo o nome de Kate no visor e respirei fundo, batendo a mão no volante várias vezes, sentindo as lágrimas caírem de meu rosto, antes de atender sua ligação.
- Fala, Kate! – Perguntei, engolindo em seco.
- Ei, onde você está? Tá com o bonitão? – Ri fraco.
- Podemos conversar depois? Estou no meio de algo! – Passei a mão em meu nariz, puxando o ar fortemente e ela riu.
- Claro, amiga! Desculpe! – Ela disse rindo e eu desliguei o telefone, jogando no banco do lado.
Coloquei a chave no contato e liguei o carro. Olhei rapidamente para a porta da casa mais uma vez, vendo o rosto de Chris nas janelinhas de vidro nas laterais da porta. Neguei com a cabeça, respirando fundo e dei ré com o carro, saindo dali o mais rápido possível.
Como eu fui burra! Burra o suficiente para achar que tudo continuaria de onde parou em 98, mas o tempo passou e nenhum dos dois mudou! Tornando aquela lembrança muito pior do que o esperado. Estávamos quase lá, seria novo, bom e uma grande diversão, mas...
Bufei alto, batendo a mão no volante novamente e entrei no recuo da garagem de casa, respirando fundo. Me olhei no espelho e passei a mão embaixo dos olhos, tentando tirar a cara de choro e joguei os cabelos para trás, arrumando-os. Respirei fundo e abri a porta do carro. Segurei a bolsa e os sapatos e fechei o mesmo, seguindo para a porta de casa.
Abri a mesma devagar e coloquei a cabeça para dentro antes do resto do corpo. A sala estava vazia. Meus pais já tinham ido dormir. Fechei a porta e segui escadas acima, entrando em meu quarto e deixando a bolsa e os saltos na cama, antes de voltar para o banheiro e jogar bastante água gelada em meu rosto.
Me olhei no espelho, respirando sob as gotas de água que escorriam de meu nariz e aproveitei para tirar a maquiagem de meu rosto, esfregando bastante sabonete no mesmo. Passei o lenço de papel, checando se não tinha mais base em meu rosto e voltei para meu quarto, encostando a porta.
Sentei na cama novamente e peguei meu celular, checando se tinha alguma ligação ou mensagem, mas me lembrei de que não tinha passado meu telefone para Chris. Respirei fundo por esse feito e deixei o celular na cama novamente.
- Toc, toc! – Virei o rosto, vendo minha mãe abrir a porta, enrolada no roupão.
- Oi, mãe! – Falei, tentando dar meu melhor sorriso.
- E aí, como foi? – Ela perguntou e eu dei de ombros.
- Um desastre, para variar. – Fui irônica e ela franziu o rosto, se sentando ao meu lado na cama.
- Por quê? O que aconteceu? – Dei de ombros, sentindo-a me abraçar pelos ombros e me aproximar dela.
- Vai, querida! Me conte! – Ela disse e eu senti algumas lágrimas deslizarem pelo meu rosto.
- Eu encontrei Chris lá. – Suspirei.
- Hum, e aí? – Ela falou calmamente.
- Eu estraguei tudo. – Respirei fundo. – Ele apareceu na reunião, ficamos conversando, dançando, até ganhamos de rei e rainha da reunião. – Minha mãe riu fracamente e eu suspirei. – Até que a gente decidiu ir para outro lugar para...
- Sei bem! – Ela falou, me fazendo rir.
- Estávamos conversando, nos beijando e quando estávamos chegando lá, eu acabei fazendo uma piada em um momento errado. – Engoli em seco.
- E então? – Ri fraco.
- Começamos a brigar, obviamente. – Dei de ombros, respirando fundo. – Confesso que nem me lembro o que falamos, mas teve gritaria e mais gritaria. – Suspirei. – Agora eu estou mal. – Me levantei, passando as mãos em meus cabelos. – Achei que pudéssemos continuar de onde paramos, mas aparentemente nenhum dos dois mudou a ponto de conseguir fazer com que isso aconteça. – Ela riu fraco e eu franzi o rosto em sua direção. – O quê?
- Querida, faz 20 anos. – Ela me olhou sugestivamente. – Você não é mais aquela garotinha de antes, ele não é mais aquele garotinho de antes. – Ela deu de ombros. – Apesar de você achar que nenhum dos dois mudou por essa briga, aposto que vocês mudaram muito. – Ela se levantou também, seguindo em minha direção. – 20 anos é muito tempo para você querer continuar de onde parou. – Ela segurou minhas mãos. – Vocês vão ter que praticamente começar tudo de novo. – Ela sorriu. – Vocês se conhecem o ensino médio inteiro, mas só começaram a conviver no fim do último ano. Vocês mal se conheceram! Não é mais fácil começar de novo do que se prender ao passado? – Suspirei.
- Você acha? – Ela deu de ombros.
- Eu acho mais fácil, sendo bem honesta. – Ri fraco, passando as mãos nos cabelos.
- Essa é boa, eu estou recebendo dicas de relacionamento da minha mãe aos 38 anos! – Ela gargalhou e me abraçou fortemente, me fazendo rir.
- Se dê uma chance, querida. – Ela acariciou meu rosto. – Eu ainda quero netinhos, ok?! – Ri fraco, apertando-a mais uma vez.
- Acho que você vai ter que esperar pelo Nate! – Ela riu, negando com a cabeça.
- Ele já vai se casar cedo, não precisa ser pai cedo também! – Sorri, apertando-a em meus braços. – Mas vai dormir, querida. Pense um pouco e dê uma chance ao rapaz novamente. – Engoli em seco.
- Talvez. – Ela beijou meu rosto.
- Boa noite! – Ela falou e eu acenei.
- Boa noite, mãe! – Suspirei, vendo-a sair do quarto e encostar a porta, me fazendo suspirar.
- Nate está aqui! – Minha mãe falou ao ouvir a campainha e eu olhei sugestivamente para Kate, fazendo-a rir.
- Eu já volto! – Falei para ela, ficando em pé na parte rasa piscina e saí da mesma, seguindo em direção ao meu pai que fazia hambúrgueres na churrasqueira e peguei a toalha no banco de madeira, passando-a rapidamente em minhas pernas, enrolando-a na cintura em seguida.
- Olha quem chegou! – Vi meu irmão mais novo aparecer na varanda da casa de meus pais e abri um largo sorriso, soltando um suspiro inevitável.
- Nate! – Senti meus olhos se encherem de lágrimas e ele veio correndo em minha direção como se tivesse cinco anos e me abraçou fortemente. – Ah, seu pestinha! – Falei baixo, fazendo-o rir.
- Como você está, irmãzinha? – Ele se afastou, me segurando pelos ombros, me fazendo rir.
- Eu estou ótima e você? – Ele riu, ponderando com a cabeça.
- Está tudo certo! – Dei um beijo em sua bochecha e ele riu.
- Você está lindo, irmão. – Ele ponderou com a cabeça, me fazendo rir.
- Olha quem fala! – Ele riu. – Há quanto tempo eu não te vejo? – Ele perguntou.
- Há um ano e meio, mais ou menos. Natal de 2016. – Ele fez uma careta.
- Ah, isso é péssimo! – Ele falou rindo. – Vem, tenho uma fã para te apresentar.
- Fã? – Falei baixo e notei uma mulher morena com os cabelos cacheados próxima de minha mãe. – Sua noiva!
- Viu o que dá demorar para vir para casa? Você perde todas as coisas boas!
- Coias boas? Você está noivo aos 25 anos e poderia ter ido me visitar. – Ele riu fraco.
- Faculdade, estágio, namorada. – Ele ponderou com a cabeça e eu baguncei seus cabelos.
- Isso não é desculpa! – Falei e ele riu, me empurrando.
- Você está aposentada agora, eu me formo no fim do ano, vamos ter menos desculpas para nos ver.
- Espero que sim, irmãozinho! – Parei ao lado dele, me aproximando de minha mãe e de sua noiva.
- Irmãzinha, quero te apresentar alguém especial para mim. – Sorri para a menina que tinha o rosto já enrubescido. – Georgia, minha noiva! – Sorri para a moça.
- É um prazer incrível te conhecer, Georgia! – Falei para ela, abraçando-a e notei que ela chorava, me afastando devagar. – Você está bem?
- Eu... – Ela falou, apoiando as mãos em meu rosto e olhei para Nate que deu de ombros. – Eu sou muito sua fã. – Ela falou, passando as mãos nos olhos e eu abri um largo sorriso.
- Ah, então é por isso! – Abracei apertado novamente, sentindo-a retribuir dessa vez. – Olha que legal, você vai ser minha cunhada em breve. – Ela riu fraco, voltando a esconder o rosto nas mãos.
- É um prazer incrível te conhecer, mesmo! – Ela riu. – E você é mais bonita ainda pessoalmente. – Ri com ela.
- Já gostei dela! – Virei para Nate.
- Ela é incrível! – Ele disse, me fazendo sorrir.
- Eu quero saber tudo sobre vocês...
- Vocês podem até fazer isso, mas os hambúrgueres já estão saindo. – Meu pai nos interrompeu. – Peguem um prato e se ajeitem.
- E aí, Kate? – Nate falou batendo na mão de minha amiga na piscina.
- Como está, maninho? – Kate falou e eu revirei os olhos.
- Filha, vem cá, por favor? – Minha mãe me chamou e segui até ela que estava com o notebook aberto e me sentei ao seu lado. – Eu estava falando com a Gail que faz o marketing do meu site e pensei em fazermos uma campanha para o fim do ano, o que acha?
- Acho bem legal, mãe. Posso falar com o pessoal da Dynasty se topam fazer uma sessão de fotos. – Dei de ombros. – Seus produtos são ótimos para o fim do ano. Talvez até uma promoção para pacotes. – Ela se virou para mim.
- Como assim?
- Ah, na compra de tantos produtos, desconto de tantos por cento. Ou na compra de tantos produtos, alguns vão de graça. – Dei de ombros. – No fim do ano muitas pessoas precisam de lembrancinha para trabalho, professores...
- É uma boa isso! – Assenti com a cabeça. – Obrigada, querida! – Sorri. – Você aceita fazer uma sessão de fotos?
- Claro que sim! Eu sou sua garota propaganda, não é? – Apoiei a mão no rosto e sorri, fazendo-a gargalhar.
- Eu não ia gostar que fosse diferente, meu amor.
- Então, irmãzinha, agora que se aposentou, vai voltar a morar em Londres ou vai ficar mais perto da sua família? – Vi Nate perguntar, mordendo seu lanche em seguida e suspirei.
- Eu não sei ainda. – Me levantei e segui até a mesa, sentando ao seu lado. – Eu sei que vou ficar até o fim do ano, pelo menos. Depois estou indecisa do que fazer.
- Você pode vir e ficar conosco... – Kate disse aleatoriamente e se virou para mim rapidamente. – Por que a gente não mora juntas? – Ela falou animada e eu gargalhei. – Seria meu sonho de vida acontecendo!
- Eu aposto que te mataria em poucos dias. – Ela fez careta, me fazendo rir.
- Podemos dar certo, vai! – Ri fraco.
- Se vocês morarem juntas, por favor, me digam onde, que eu faço questão de morar com Georgia lá só para ver vocês brigando! – Fiz uma careta, empurrando meu irmão. – Mas seria bom se você voltasse, irmãzinha! – Suspirei, ponderando com a cabeça.
- Vamos ver. Eu tenho alguns trabalhos pendentes ainda e só estou me aposentando das passarelas, ainda pretendo fazer comerciais, trabalhos fotográficos e afins. – Nate e Kate ponderaram com a cabeça.
- E um novo Victoria’s Secrets Fashion Show no fim do ano! – Kate cantarolou e minha mãe olhou surpresa para mim.
- Mesmo? – Ela perguntou, me fazendo rir.
- Sim! O Jester, presidente da empresa, me ligou logo após o anúncio da minha aposentadoria. – Sorri. – Perguntou se eu gostaria de usar o fantasy bra mais uma vez.
- E você aceitou? – Georgia quase gritou.
- Obviamente! – Falei rindo e minha mãe e cunhada gritaram comemorando. – Mas vai ser meu último, eu prometo.
- Você pode fazer quantos você quiser, é sempre bom te ver! – Georgia falou e minha mãe me abraçou, me fazendo rir.
- Eu adoro te ouvir falando de trabalho, mas sente-se e coma, filha! – Meu pai falou e eu ri, ouvindo a campainha tocar.
- Quem será? – Minha mãe perguntou.
- Eu vou! – Falei, conferindo se meu corpo estava seco e coloquei os chinelos antes de entrar em casa novamente.
Atravessei o corredor, ouvindo a campainha tocar mais uma vez e cheguei à sala. Destravei a porta e abri a mesma, me afastando dois passos ao encontrar Chris. Ele passou os olhos pelo meu corpo sem vergonha e eu apoiei as mãos na cintura.
- O que está fazendo aqui? – Perguntei.
- Primeiro de tudo, oi. – Ele falou, me fazendo rir. – Segundo, que recepção! – Ri fracamente, balançando a cabeça. – E terceiro, eu sou Chris Evans, não sei se lembra de mim, mas estudamos juntos no ensino médio. – Ele esticou a mão e eu franzi a testa.
- Quê? – Ele riu fraco.
- Eu pensei que pudéssemos começar tudo de novo, ao invés de tentar continuar de onde paramos. – Assenti com a cabeça, segurando sua mão e o cumprimentando.
- Eu sou , acho que me lembro um pouco de você. – Ele sorriu. - O que faz da vida, Chris?
- Eu sou ator. – Ele sorriu. – E você?
- Modelo!
- Percebi! – Rimos juntos e eu passei os braços pelos seus ombros, abraçando-o fortemente, sentindo suas mãos em minha cintura.
- Por que veio atrás de mim? – Perguntei. – Eu errei. – Suspirei.
- Eu imaginei que você seria orgulhosa o suficiente para ir atrás de mim. – Ri fraco, me afastando dele. – E eu vou viajar em outubro para gravar um filme, queria que ficássemos resolvidos até lá. – Sorri.
- Até parece que você me conhece. – Brinquei e ele sorriu.
- Um pouco. – Ele sorriu.
- Quer entrar? Meu pai está fazendo hambúrgueres.
- Claro. Vai ser bom! – Ele disse e eu estendi a mão para ele, sentindo-o segurar e o levei para dentro, fechando a porta em seguida.
Atravessei a casa novamente, percebendo seus olhares em minha nuca e passei pela porta do quintal, vendo minha família e Kate junta na larga mesa de jardim enquanto meu pai fritava mais hambúrgueres.
- Gente... – Chamei a atenção deles. – Esse é o Chris, estudamos juntos no ensino médio.
- Oh, meu Deus! – Meu irmão surtou ao ver o ator do seu herói favorito e minha mãe se levantou, apoiando as mãos nos ombros de Nate para que ele se sentasse novamente.
- Então, você é o famoso, Chris? – Minha mãe falou e eu sabia que ela se referia aos meus encontros de 98. – Eu sou Charlie, mãe da . – Ela se apresentou.
- Sente-se, filho. – Meu pai falou. – Fique à vontade.
- Aquele é o Dan, meu pai. – Apontei para o homem da churrasqueira. – Meu irmão Nate, minha cunhada Geogia e Kate, que você já conhece.
- Oi, gente, tudo bem?
- Georgia surtou por causa de você, agora eu vou surtar por causa do seu namorado. – Nate falou, fazendo com que eu e Chris ríssemos.
- Não somos namorados. – Eu e Chris falamos juntos, sorrindo cúmplices.
- Nós só... – Chris me olhou e eu sorri.
- Estamos nos conhecendo melhor. – Retribuí o sorriso e rimos fracamente.
- Se conhecer melhor, é?! – Kate falou e eu bati em sua cabeça. – Ei! – Ela reclamou.
- Sente-se, querido! – Minha mãe falou.
- Eu vou pegar um prato para você! – Falei, seguindo para a porta de casa novamente e parei por um segundo, vendo Chris se sentar entre minha mãe e irmão, me fazendo rir ao ver Nate quase em cima de Chris, querendo saber tudo sobre Marvel e seu personagem.
Balancei a cabeça sozinha, dei um pequeno sorriso e entrei em casa.
- O quê? – Ele me ajudou a descer e eu abaixei a saia do vestido.
- Um lugar que podemos conversar em particular e com bebidas melhores! – Ele disse, me fazendo rir.
- Acho que eu estou precisando, depois de toda aquela puxação de saco! – Falei, sentindo-o me puxar pela mão.
- Você está de carro? – Ele perguntou enquanto andávamos em direção ao estacionamento.
- Sim. – Tirei a chave do carro da bolsa, chacoalhando-a em sua direção.
- Se lembra de onde eu morava? – Ponderei com a cabeça.
- Acho que sim, por quê? – Perguntei.
- Meus pais se mudaram para a cidade depois de alguns anos, mas eu mantive a casa, deve estar ajeitada! – Ri fraco.
- A fim de me deixar doente por alergia a pó, senhor Evans? – Brinquei, seguindo para meu carro e ele riu.
- Podemos tentar algum hotel aqui na cidade, onde amanhã estaremos nas páginas do jornal local! – Ele brincou, me fazendo rir.
- Eu te sigo! – Falei, vendo-o confirmar com a cabeça alguns carros mais para frente.
Entrei no carro e saí da vaga, encontrando Chris me esperando fora do estacionamento. Segui poucos minutos com ele, lembrando-me de que era perto chegar em sua casa. Tinha ido uma vez antes do desastroso primeiro encontro. Parei atrás do seu carro na entrada da garagem e reconheci a casa, mas agora sentia que a pintura estava diferente. Desci do carro, ajeitando os sapatos nos pés e vi Chris sair do seu.
- Um Volvo? – Ele perguntou, me fazendo rir.
- Era o sonho do meu pai. Eu dei para ele de aniversário! – Ele riu. – Bom, eu dei um Volvo para ele em 2004, ele só foi trocando por outros ao longo do tempo. – O segui pela entrada da casa.
- Você se apega bem às datas. Eu mal lembro a data do meu primeiro filme! – Ri fraco, vendo-o procurar pela chave e abrir a porta, ligando a luz em seguida.
- Cada ponto da minha carreira foi importante para mim. Eu sempre anotava e comemorava de diversas formas. – Dei de ombros, entrando na casa.
Fisicamente a casa não tinha mudado nada, mas a organização dos móveis, até os móveis em si, estavam diferentes. O local não estava inteiro empoeirado, como eu imaginaria que estaria, Chris com certeza vinha com frequência para cá.
- Aqui é seu lugar feliz? – Perguntei.
- Por que pergunta? – Ele se virou, tirando a jaqueta e jogando-a em cima do sofá mais próximo.
- Aqui está muito limpo... – Ele deu de ombros.
- Venho aqui quando quero ficar sozinho! – Ele disse, se sentando no sofá. – Senta!
- Parece que quer ficar sozinho com frequência. – Falei, tirando os saltos antes de pisar no tapete felpudo e me sentei ao seu lado, do outro lado do sofá.
- Eu tenho... – Ele engoliu antes de dizer. – Ansiedade. – Ele passou a mão no rosto ao falar. - Por isso não me mantenho exposto na mídia, não faço mais que dois trabalhos ao ano, não passo férias em Bahamas ou Jamaica... – Ele deu de ombros.
- Quando isso começou? – Perguntei.
- Logo após Quarteto Fantástico 2, eu fiz muita divulgação, muitos filmes, eu estava ficando louco. – Ele suspirou.
- Eu tive uma colega que faleceu por isso. – Engoli em seco. – Ela se matou.
- Nossa! Como foi isso? – Suspirei.
- Foi na época de um dos meus últimos Victoria’s Secrets Fashion Show. – Balancei a cabeça. – Estávamos ensaiando, fazendo provas dos trajes e sessões de fotos e ela não apareceu. – Suspirei. – Eu e outras duas amigas fomos à casa dela, a porta estava fechada, ela não atendia, não atendia o celular. Um vizinho apareceu, arrombou a porta, quando entramos, ela estava na banheira afogada no próprio vômito, depois de ter uma reação alérgica ao injetar heroína. – Engoli em seco.
- Você a encontrou? – Assenti com a cabeça.
- Foi o pior momento da minha vida. – Suspirei. – Acabou com toda alegria e coisa boa do desfile. – Engoli em seco.
- E como você superou isso? – Relaxei os ombros, apoiando os braços no sofá.
- Terapia e o tempo. Só o tempo realmente cura as coisas. – Suspirei.
- É por isso que eu me cuido, me preocupo. – Ele disse.
- Por favor, não seja um suicida. – Ele negou com a cabeça.
- Acho que eu sou muito covarde em tirar minha própria. – Ele disse e eu sorri.
- Bem, e as outras partes da sua vida? – Me ajeitei no sofá, colocando a perna embaixo da outra.
- Fora o profissional, você diz? – Ele perguntou e eu dei de ombros.
- Pode ser o profissional também! – Sorri, fazendo-o rir baixo.
- Nada fora do comum, sabe. – Ele deu de ombros, esticando o braço em cima do sofá também, encostando sua mão à minha. – Eu vivo entre Boston e Los Angeles, acabo ficando mais aqui porque eu tenho alguns amigos de infância e a gente se vê sempre.
- Povo da escola?
- Ah, não! – Ele disse, rindo em seguida. – Eu sempre tive uns amigos aqui da rua, fomos crescendo, eles foram me acompanhando, a gente se encontra até hoje.
- Ah, que bom! – Sorri. – Eu só tenho a Kate, para falar a verdade. – Ri fraco.
- Só?
- Ah, eu tenho minhas colegas de profissão, Gisele, Alessandra, Adriana, Miranda, Kate Moss, além de algumas mais novas...
- Imagina uma festa do pijama com essas mulheres! – Ele falou, levemente surpreso, me fazendo rir.
- Já fizemos muitas e algumas têm até online.
- Mesmo? – Ele falou empolgado.
- Sim, se chama Victoria’s Secrets Fashion Show. – Ele revirou os olhos, me fazendo rir.
- Ah, pensei que era sério.
- Ah, mas não é? – Cruzei os braços, rindo. – Várias mulheres bem maquiadas, usando pijamas e lingeries. – Dei de ombros, fazendo-o rir.
- Ok, está valendo. – Ele sorriu.
- Você chegou a ver algum?
- Sim! – Ele deu um sorriso tímido. – Eu sempre te acompanhei, sabe? Enquanto a internet estava surgindo ainda, foi mais difícil, mas já para 2002, 2003, as coisas começaram a ficar mais frequentes. – Assenti com a cabeça. – Você é incrível.
- Obrigada! – Sorri.
- Sabe, eu nunca te esqueci. – O senti acariciar minha mão e eu dei um sorriso discreto. – Não digo do jeito romântico e tal... – Rimos juntos. – Digo na sua carreira mesmo, eu sempre soube que era só questão de tempo para você estourar, para eu te ver nas revistas... Na Times Square. – Ele falou, me fazendo rir.
- Quando eu apareci eu estava no Japão ainda, mas fiz um comercial para a...
- Hugo Boss! – Falamos juntos e eu franzi a testa.
- Como sabe?
- Foi quando eu soube da sua existência como modelo internacional. – Abri um sorriso, mordendo meu lábio inferior em seguida. – Eu saí daqui e fui estagiar em Nova York em uma produtora independente. – Assenti com a cabeça. – Era muita figuração, mas eu era um assistente, um dia eu precisei ir na Times Square, não lembro fazer o quê, no que eu estava atravessando a rua, eu te vi em um dos telões. – Ele sorriu e eu suspirei. – Eu quase fui atropelado, porque parei no meio da rua, mas no momento em que você apareceu, eu soube que era você. – Ri fraco.
- Obrigada! – Sorri, rindo fraco. – Não pelo quase atropelamento, mas você entendeu.
- Entendi sim. – Ele sorriu.
- Eu me sinto mal por falar que eu só soube de você no MTV Movie Awards de 2005. – Ele abriu a boca surpreso. – Foi no Japão, não foi?
- Foi! – Ele falou, rindo em seguida. – Você estava lá ainda?
- Quando aconteceu não, mas eu ainda me considerava moradora de lá! Então, ainda via noticiários de lá, assinava o jornal...
- Foi em Urayasa. – Ele disse rindo.
- Em meia hora você está em Tóquio. – Sorri. – Eu lembro que fui convidada para isso. – Suspirei. – Eu era convidada para qualquer evento popular que fosse daquele lado do mundo.
- Isso quer dizer...
- A gente poderia ter se reencontrado em 2005. – O interrompi e ele riu.
- Talvez alguém tenha um motivo para nos encontrar agora. – Ele falou dando de ombros, me fazendo sorrir.
- Tudo tem seu propósito, todos temos nosso destino traçado, Chris.
- Eu gosto de acreditar nisso! – Ele sorriu.
- Cortando o assunto um pouco...
- Diga! – Ele disse.
- Aonde é o banheiro? – Perguntei, fazendo-o rir.
- Ali naquele corredor! – Ele apontou para um cantinho ao lado da cozinha e eu me levantei, seguindo para lá.
- Então... – Voltei, pisando no tapete novamente e me sentando no sofá novamente. – O que está abrindo aí?
- Pensei em bebermos um pouco de vinho, afinal, foi para isso que viemos, certo? – Ele abriu o vinho e serviu em duas taças em cima da mesa de centro com o líquido claro. - Aqui! – Ele disse e me entregou uma taça, se sentando ao meu lado novamente. – O que estava fazendo?
- Ia te perguntar sobre vida pessoal, relacionamentos, crianças... – Ele riu quando falei a última palavra. – O quê? – Ele riu fraco.
- Eu não...
- Você não gosta de crianças? – Perguntei, franzindo a testa.
- Calma, também não é assim! – Ri fraco quando ele mexeu a mão. – É que... – Ele suspirou.
- São crianças, poxa! – Entortei o pescoço, piscando os olhos, fazendo-o rir.
- Eu tenho três sobrinhos, eles são ótimos, mas filho dos outros...
- Ah, você não precisa gostar de crianças dos outros, assumo que alguns são pequenos demônios. – Ele gargalhou, bebendo mais um gole de seu vinho. – Mas elas são fofas.
- Você quer ter filhos? – Ele me perguntou e eu dei um longo suspiro.
- Vontade eu tenho. – Suspirei. – Mas eu já estou com 38 anos, talvez não esteja predestinado para mim. – Ele deu um sorriso de lado, assentindo com a cabeça. – Você eu não preciso nem perguntar, não é? – Ele riu.
- Quem sabe? – Deu de ombros, me fazendo rir.
- Agora, sobre relacionamentos... – Dei um sorriso sugestivo e ele fez o mesmo.
- Eu terminei um relacionamento curto em março. – Ele falou. – Ela era atriz também, totalmente diferente de mim, mas depois que relacionamentos com pessoas parecidas não deram certo, achei que fosse dar certo... – Ele deu de ombros. – Não deu.
- Não é assim... – Suspirei, apoiando a taça vazia na mesa novamente. – É destino, só não aconteceu ainda. – Dei de ombros, puxando a barra da saia para baixo e subi uma das pernas para o sofá.
- Talvez, só estou ficando um pouco velho para o velho amor. – Rimos juntos.
- Ah, não precisa ser tão dramático. Assista alguns filmes de idosos encontrando o amor, é fofo. – Ele gargalhou. – Mas é isso? O grande e lindo Capitão América não tem mais ninguém?
- Se eu tivesse, eu não te chamaria para vir na minha casa, certo? – Ele deu um sorriso sacana e eu neguei com a cabeça, rindo. – E a modelo mais gata da atualidade? Ninguém?
- Eu... – Suspirei. – Minha vida é complicada, eu passo nove meses viajando, fazendo eventos, desfiles, sessões de fotos ao redor do mundo inteiro... – Dei de ombros. – Não é fácil encontrar alguém que aceite esse tipo de relacionamento. – Ele assentiu com a cabeça.
- Mas não teve ninguém? – Ele perguntou.
- Eu namorei um modelo uma época, mas ele era 10 anos mais novo do que eu. – Ele arregalou os olhos, me fazendo rir.
- Alguém gosta de um novinho... – Gargalhei com ele.
- Ele era gato e o sexo era bom! – Ergui as mãos e ele riu. – Mas eu terminei exatamente por isso, é uma diferença muito grande, por mais que eu aparente estar no começo dos meus 30 e não no fim, eu não queria fingir que estava quando estava com ele. – Ele assentiu com a cabeça.
- Vai ver ele era seu príncipe encantado e você o deixou escapar. – Ri fraco.
- Só se fosse o Navin de “A Princesa e o Sapo”, bem metido e arrogante. – Ele fez uma careta.
- Talvez não seja a combinação perfeita.
- Ainda bem, não sou paga para ser babá de ninguém! – Ele se levantou, deixando sua taça na mesinha e deslizou seu corpo de volta no sofá, um pouco mais perto de mim.
- Como você foi quase minha? – Ele brincou e eu segurei sua mão.
- Não, você só precisava de um pouco de tato. – Ele riu.
- Como poderia ter tato com uma mulher de 18 anos que aparentava e agia como uma de 30? – Ele perguntou, me fazendo rir.
- Também não precisa exagerar!
- Eu não estou! – Ele se ajeitou no sofá, se colocando mais perto. – Eu demorei quase um mês para ter coragem de te mandar aquele bilhete.
- Mas a gente se falava...
- Não! – Ele me cortou. – A gente se cumprimentava. Nunca fomos próximos. – Suspirei, rindo. – Você sempre foi a rainha da escola, sem ser a patricinha que fazia bullyings com todos.
- Nem vem!
- É verdade! Para você, você era uma modelo pequena, fazia alguns trabalhos aqui e ali em Boston, mas você para uma escola de ensino médio era a Angelina Jolie. Todos te olhavam, todos te desejavam...
- Ah, não acredito!
- Não estou zoando. Tanto que quando falei para meus colegas que queria te chamar para sair, todos acharam que você não aceitaria. – Ri fraco. – Afinal, por que você aceitou? – Dei de ombros. – Ah, pode falar!
- Na verdade, eu fui porque Kate meio que insistiu que eu precisava parar de trabalhar um pouco e focar na vida real...
- Vemos como isso deu certo! – Ri fraco.
- Enfim, o primeiro encontro foi desastroso, podemos concordar com isso? – Ergui as mãos e ele ponderou com a cabeça.
- Ok! – Ele disse rindo. – Eu errei um pouco.
- Mas o segundo foi legal. – Sorri. – O baile também foi legal, mas...
- Mas você escolheu ir atrás do seu sonho e me acordou para ir atrás do meu também. – Assenti a cabeça, sentindo sua mão subir pela minha perna.
- Viu? E olhe onde estamos. – Ele sorriu, se aproximando de mim. – Sempre confie em uma mulher.
- Agora não. – Ele disse baixo e eu fechei meus olhos ao sentir sua respiração tocar a minha.
Ele colou os lábios nos meus lentamente e foi muito diferente de 20 anos atrás. Ele segurou minha nuca e me aproximou dele, colocando uma mão em seu peitoral e a outra apoiou na barra da sua camisa. Ele colocou a outra mão no fim das minhas costas, me apertando pela cintura, fazendo com que eu contraísse meu corpo em direção ao dele.
Nos separei por alguns momentos para me ajeitar no sofá e passei uma perna em cima da sua, ajoelhando no sofá, sentindo meu vestido subir até a cintura. Ele se afastou um pouco, mordendo meu lábio inferior, me olhando por alguns segundos e eu aproximei meu rosto do seu, dando curtos beijos em sua bochecha, roçando os lábios em sua barba e descendo para sua boca. Dei um curto beijo na mesma e desci para seu pescoço, distribuindo curtos beijos ali.
Ele subiu a mão por baixo do meu vestido, subindo até o começo das minhas costas, à procura do zíper do mesmo. Guiei uma de suas mãos até meu pescoço e tirei os cabelos do lado, afastando meus lábios de seu pescoço por um tempo, colando nossas testas e ele sorriu, mordendo meu lábio inferior.
Coloquei os pés no chão novamente e ele se levantou logo atrás. Passou as mãos em minhas coxas, puxando o vestido para cima e eu ergui os braços, ajudando-o a tirar. Ele secou meu corpo por um tempo sem a menor vergonha e eu sorri, passando minhas mãos pelos seus ombros e colando meus seios nus em seu peito, sentindo-o apertar minhas costas e colar seus lábios nos meus novamente.
Desci minhas mãos pelo seu corpo, segurando a barra de sua blusa e puxei a mesma para cima, também abrindo um sorriso que fez com que ambos ríssemos. Ele passou as mãos em meu rosto e eu o segurei pelo cós da sua calça, puxando seu cinto e ele se deu ao trabalho em finalizar o processo abaixando suas calças.
- Cueca branca, hum? – Perguntei, passando meus braços pelos seus ombros novamente e aproximando nossos lábios.
- É... – Ele sussurrou, me fazendo sorrir.
- É para chamar atenção para o tanquinho, é?! – Brinquei e ele se separou um pouco.
- Esse não é o melhor momento para falar isso. – Ele falou e eu ri fraco.
- Eu só estou brincando. – Me afastei do mesmo um pouco, apoiando minhas mãos em seu peito.
- Não assim e não agora. – Respirei fundo, dando dois passos para trás e abracei meu corpo, escondendo meus seios.
- Eu sou assim. – Falei.
- Pelo visto isso não mudou pelos últimos 20 anos. – Ele procurou pelas suas calças, tentando esconder sua ereção e eu bufei, pegando meu vestido em cima do sofá e vestindo-o desengonçadamente.
- Você que veio atrás de mim! – Falei um pouco mais alto. – Eu só voltei para Boston por causa de Kate.
- Ah, Kate, é tudo a Kate. Você não tem nem ideia que tem outras pessoas que gostam de você e que te querem bem, não é?!
- Se você estiver falando de si, está arranjando ótimos motivos para demonstrar. – Fui irônica, esticando o vestido no corpo e puxando parte do zíper, me bagunçando com o final.
- Por que eu deveria demonstrar? Você não deixa.
- Como eu não deixo? – Perguntei. – Você sempre soube quem eu era, não é porque eu cresci e amadureci que eu preciso ficar chata. – Engoli em seco. – Tanto que quando eu fiquei sabendo dessa reunião, a primeira pessoa que eu pensei foi você. – Suspirei. – Não para ficar, namorar e ter o final que a gente merecia, mas compartilhar acontecimentos, memórias, talvez até sentimentos. – Suspirei.
- Você acabou com todo clima.
- Claro que sim, você começou a brigar comigo porque eu ri da sua cueca! – Balancei a cabeça, respirando fundo. – Você veio atrás de mim, Chris, eu pensei que talvez seria a hora perfeita para dar a chance ideal para aquele garoto magrinho que mal sabia como agir em um encontro. – Engoli em seco. – Se não fosse o ideal, pelo menos você é gostoso, então, por que não? – Respirei fundo. – Eu posso literalmente ter qualquer cara no mundo, mas eu preciso de um cara que aja como homem, que me ame por quem eu sou. – Dei de ombros. – Mas você ainda continua o mesmo babaca de antes! – Puxei minha bolsa com força do sofá.
- Então, vá encontrá-los! – Balancei a cabeça, respirando fundo, ouvindo meu celular tocar.
- I can’t feel my face when I’m with you... – Procurei o celular rapidamente dentro da minha bolsa, segurando-o em minha mão.
- The Weekend? – Ele perguntou franzindo a testa e eu revirei os olhos.
- Me deixa adivinhar, você não gosta? – Perguntei irônica, bufando em seguida e peguei meus saltos na ponta do tapete, abrindo a porta de sua casa e batendo-a com força.
Fui até o carro ouvindo a voz do Abel no meu toque e entrei no carro com pressa, vendo o nome de Kate no visor e respirei fundo, batendo a mão no volante várias vezes, sentindo as lágrimas caírem de meu rosto, antes de atender sua ligação.
- Fala, Kate! – Perguntei, engolindo em seco.
- Ei, onde você está? Tá com o bonitão? – Ri fraco.
- Podemos conversar depois? Estou no meio de algo! – Passei a mão em meu nariz, puxando o ar fortemente e ela riu.
- Claro, amiga! Desculpe! – Ela disse rindo e eu desliguei o telefone, jogando no banco do lado.
Coloquei a chave no contato e liguei o carro. Olhei rapidamente para a porta da casa mais uma vez, vendo o rosto de Chris nas janelinhas de vidro nas laterais da porta. Neguei com a cabeça, respirando fundo e dei ré com o carro, saindo dali o mais rápido possível.
Como eu fui burra! Burra o suficiente para achar que tudo continuaria de onde parou em 98, mas o tempo passou e nenhum dos dois mudou! Tornando aquela lembrança muito pior do que o esperado. Estávamos quase lá, seria novo, bom e uma grande diversão, mas...
Bufei alto, batendo a mão no volante novamente e entrei no recuo da garagem de casa, respirando fundo. Me olhei no espelho e passei a mão embaixo dos olhos, tentando tirar a cara de choro e joguei os cabelos para trás, arrumando-os. Respirei fundo e abri a porta do carro. Segurei a bolsa e os sapatos e fechei o mesmo, seguindo para a porta de casa.
Abri a mesma devagar e coloquei a cabeça para dentro antes do resto do corpo. A sala estava vazia. Meus pais já tinham ido dormir. Fechei a porta e segui escadas acima, entrando em meu quarto e deixando a bolsa e os saltos na cama, antes de voltar para o banheiro e jogar bastante água gelada em meu rosto.
Me olhei no espelho, respirando sob as gotas de água que escorriam de meu nariz e aproveitei para tirar a maquiagem de meu rosto, esfregando bastante sabonete no mesmo. Passei o lenço de papel, checando se não tinha mais base em meu rosto e voltei para meu quarto, encostando a porta.
Sentei na cama novamente e peguei meu celular, checando se tinha alguma ligação ou mensagem, mas me lembrei de que não tinha passado meu telefone para Chris. Respirei fundo por esse feito e deixei o celular na cama novamente.
- Toc, toc! – Virei o rosto, vendo minha mãe abrir a porta, enrolada no roupão.
- Oi, mãe! – Falei, tentando dar meu melhor sorriso.
- E aí, como foi? – Ela perguntou e eu dei de ombros.
- Um desastre, para variar. – Fui irônica e ela franziu o rosto, se sentando ao meu lado na cama.
- Por quê? O que aconteceu? – Dei de ombros, sentindo-a me abraçar pelos ombros e me aproximar dela.
- Vai, querida! Me conte! – Ela disse e eu senti algumas lágrimas deslizarem pelo meu rosto.
- Eu encontrei Chris lá. – Suspirei.
- Hum, e aí? – Ela falou calmamente.
- Eu estraguei tudo. – Respirei fundo. – Ele apareceu na reunião, ficamos conversando, dançando, até ganhamos de rei e rainha da reunião. – Minha mãe riu fracamente e eu suspirei. – Até que a gente decidiu ir para outro lugar para...
- Sei bem! – Ela falou, me fazendo rir.
- Estávamos conversando, nos beijando e quando estávamos chegando lá, eu acabei fazendo uma piada em um momento errado. – Engoli em seco.
- E então? – Ri fraco.
- Começamos a brigar, obviamente. – Dei de ombros, respirando fundo. – Confesso que nem me lembro o que falamos, mas teve gritaria e mais gritaria. – Suspirei. – Agora eu estou mal. – Me levantei, passando as mãos em meus cabelos. – Achei que pudéssemos continuar de onde paramos, mas aparentemente nenhum dos dois mudou a ponto de conseguir fazer com que isso aconteça. – Ela riu fraco e eu franzi o rosto em sua direção. – O quê?
- Querida, faz 20 anos. – Ela me olhou sugestivamente. – Você não é mais aquela garotinha de antes, ele não é mais aquele garotinho de antes. – Ela deu de ombros. – Apesar de você achar que nenhum dos dois mudou por essa briga, aposto que vocês mudaram muito. – Ela se levantou também, seguindo em minha direção. – 20 anos é muito tempo para você querer continuar de onde parou. – Ela segurou minhas mãos. – Vocês vão ter que praticamente começar tudo de novo. – Ela sorriu. – Vocês se conhecem o ensino médio inteiro, mas só começaram a conviver no fim do último ano. Vocês mal se conheceram! Não é mais fácil começar de novo do que se prender ao passado? – Suspirei.
- Você acha? – Ela deu de ombros.
- Eu acho mais fácil, sendo bem honesta. – Ri fraco, passando as mãos nos cabelos.
- Essa é boa, eu estou recebendo dicas de relacionamento da minha mãe aos 38 anos! – Ela gargalhou e me abraçou fortemente, me fazendo rir.
- Se dê uma chance, querida. – Ela acariciou meu rosto. – Eu ainda quero netinhos, ok?! – Ri fraco, apertando-a mais uma vez.
- Acho que você vai ter que esperar pelo Nate! – Ela riu, negando com a cabeça.
- Ele já vai se casar cedo, não precisa ser pai cedo também! – Sorri, apertando-a em meus braços. – Mas vai dormir, querida. Pense um pouco e dê uma chance ao rapaz novamente. – Engoli em seco.
- Talvez. – Ela beijou meu rosto.
- Boa noite! – Ela falou e eu acenei.
- Boa noite, mãe! – Suspirei, vendo-a sair do quarto e encostar a porta, me fazendo suspirar.
- Nate está aqui! – Minha mãe falou ao ouvir a campainha e eu olhei sugestivamente para Kate, fazendo-a rir.
- Eu já volto! – Falei para ela, ficando em pé na parte rasa piscina e saí da mesma, seguindo em direção ao meu pai que fazia hambúrgueres na churrasqueira e peguei a toalha no banco de madeira, passando-a rapidamente em minhas pernas, enrolando-a na cintura em seguida.
- Olha quem chegou! – Vi meu irmão mais novo aparecer na varanda da casa de meus pais e abri um largo sorriso, soltando um suspiro inevitável.
- Nate! – Senti meus olhos se encherem de lágrimas e ele veio correndo em minha direção como se tivesse cinco anos e me abraçou fortemente. – Ah, seu pestinha! – Falei baixo, fazendo-o rir.
- Como você está, irmãzinha? – Ele se afastou, me segurando pelos ombros, me fazendo rir.
- Eu estou ótima e você? – Ele riu, ponderando com a cabeça.
- Está tudo certo! – Dei um beijo em sua bochecha e ele riu.
- Você está lindo, irmão. – Ele ponderou com a cabeça, me fazendo rir.
- Olha quem fala! – Ele riu. – Há quanto tempo eu não te vejo? – Ele perguntou.
- Há um ano e meio, mais ou menos. Natal de 2016. – Ele fez uma careta.
- Ah, isso é péssimo! – Ele falou rindo. – Vem, tenho uma fã para te apresentar.
- Fã? – Falei baixo e notei uma mulher morena com os cabelos cacheados próxima de minha mãe. – Sua noiva!
- Viu o que dá demorar para vir para casa? Você perde todas as coisas boas!
- Coias boas? Você está noivo aos 25 anos e poderia ter ido me visitar. – Ele riu fraco.
- Faculdade, estágio, namorada. – Ele ponderou com a cabeça e eu baguncei seus cabelos.
- Isso não é desculpa! – Falei e ele riu, me empurrando.
- Você está aposentada agora, eu me formo no fim do ano, vamos ter menos desculpas para nos ver.
- Espero que sim, irmãozinho! – Parei ao lado dele, me aproximando de minha mãe e de sua noiva.
- Irmãzinha, quero te apresentar alguém especial para mim. – Sorri para a menina que tinha o rosto já enrubescido. – Georgia, minha noiva! – Sorri para a moça.
- É um prazer incrível te conhecer, Georgia! – Falei para ela, abraçando-a e notei que ela chorava, me afastando devagar. – Você está bem?
- Eu... – Ela falou, apoiando as mãos em meu rosto e olhei para Nate que deu de ombros. – Eu sou muito sua fã. – Ela falou, passando as mãos nos olhos e eu abri um largo sorriso.
- Ah, então é por isso! – Abracei apertado novamente, sentindo-a retribuir dessa vez. – Olha que legal, você vai ser minha cunhada em breve. – Ela riu fraco, voltando a esconder o rosto nas mãos.
- É um prazer incrível te conhecer, mesmo! – Ela riu. – E você é mais bonita ainda pessoalmente. – Ri com ela.
- Já gostei dela! – Virei para Nate.
- Ela é incrível! – Ele disse, me fazendo sorrir.
- Eu quero saber tudo sobre vocês...
- Vocês podem até fazer isso, mas os hambúrgueres já estão saindo. – Meu pai nos interrompeu. – Peguem um prato e se ajeitem.
- E aí, Kate? – Nate falou batendo na mão de minha amiga na piscina.
- Como está, maninho? – Kate falou e eu revirei os olhos.
- Filha, vem cá, por favor? – Minha mãe me chamou e segui até ela que estava com o notebook aberto e me sentei ao seu lado. – Eu estava falando com a Gail que faz o marketing do meu site e pensei em fazermos uma campanha para o fim do ano, o que acha?
- Acho bem legal, mãe. Posso falar com o pessoal da Dynasty se topam fazer uma sessão de fotos. – Dei de ombros. – Seus produtos são ótimos para o fim do ano. Talvez até uma promoção para pacotes. – Ela se virou para mim.
- Como assim?
- Ah, na compra de tantos produtos, desconto de tantos por cento. Ou na compra de tantos produtos, alguns vão de graça. – Dei de ombros. – No fim do ano muitas pessoas precisam de lembrancinha para trabalho, professores...
- É uma boa isso! – Assenti com a cabeça. – Obrigada, querida! – Sorri. – Você aceita fazer uma sessão de fotos?
- Claro que sim! Eu sou sua garota propaganda, não é? – Apoiei a mão no rosto e sorri, fazendo-a gargalhar.
- Eu não ia gostar que fosse diferente, meu amor.
- Então, irmãzinha, agora que se aposentou, vai voltar a morar em Londres ou vai ficar mais perto da sua família? – Vi Nate perguntar, mordendo seu lanche em seguida e suspirei.
- Eu não sei ainda. – Me levantei e segui até a mesa, sentando ao seu lado. – Eu sei que vou ficar até o fim do ano, pelo menos. Depois estou indecisa do que fazer.
- Você pode vir e ficar conosco... – Kate disse aleatoriamente e se virou para mim rapidamente. – Por que a gente não mora juntas? – Ela falou animada e eu gargalhei. – Seria meu sonho de vida acontecendo!
- Eu aposto que te mataria em poucos dias. – Ela fez careta, me fazendo rir.
- Podemos dar certo, vai! – Ri fraco.
- Se vocês morarem juntas, por favor, me digam onde, que eu faço questão de morar com Georgia lá só para ver vocês brigando! – Fiz uma careta, empurrando meu irmão. – Mas seria bom se você voltasse, irmãzinha! – Suspirei, ponderando com a cabeça.
- Vamos ver. Eu tenho alguns trabalhos pendentes ainda e só estou me aposentando das passarelas, ainda pretendo fazer comerciais, trabalhos fotográficos e afins. – Nate e Kate ponderaram com a cabeça.
- E um novo Victoria’s Secrets Fashion Show no fim do ano! – Kate cantarolou e minha mãe olhou surpresa para mim.
- Mesmo? – Ela perguntou, me fazendo rir.
- Sim! O Jester, presidente da empresa, me ligou logo após o anúncio da minha aposentadoria. – Sorri. – Perguntou se eu gostaria de usar o fantasy bra mais uma vez.
- E você aceitou? – Georgia quase gritou.
- Obviamente! – Falei rindo e minha mãe e cunhada gritaram comemorando. – Mas vai ser meu último, eu prometo.
- Você pode fazer quantos você quiser, é sempre bom te ver! – Georgia falou e minha mãe me abraçou, me fazendo rir.
- Eu adoro te ouvir falando de trabalho, mas sente-se e coma, filha! – Meu pai falou e eu ri, ouvindo a campainha tocar.
- Quem será? – Minha mãe perguntou.
- Eu vou! – Falei, conferindo se meu corpo estava seco e coloquei os chinelos antes de entrar em casa novamente.
Atravessei o corredor, ouvindo a campainha tocar mais uma vez e cheguei à sala. Destravei a porta e abri a mesma, me afastando dois passos ao encontrar Chris. Ele passou os olhos pelo meu corpo sem vergonha e eu apoiei as mãos na cintura.
- O que está fazendo aqui? – Perguntei.
- Primeiro de tudo, oi. – Ele falou, me fazendo rir. – Segundo, que recepção! – Ri fracamente, balançando a cabeça. – E terceiro, eu sou Chris Evans, não sei se lembra de mim, mas estudamos juntos no ensino médio. – Ele esticou a mão e eu franzi a testa.
- Quê? – Ele riu fraco.
- Eu pensei que pudéssemos começar tudo de novo, ao invés de tentar continuar de onde paramos. – Assenti com a cabeça, segurando sua mão e o cumprimentando.
- Eu sou , acho que me lembro um pouco de você. – Ele sorriu. - O que faz da vida, Chris?
- Eu sou ator. – Ele sorriu. – E você?
- Modelo!
- Percebi! – Rimos juntos e eu passei os braços pelos seus ombros, abraçando-o fortemente, sentindo suas mãos em minha cintura.
- Por que veio atrás de mim? – Perguntei. – Eu errei. – Suspirei.
- Eu imaginei que você seria orgulhosa o suficiente para ir atrás de mim. – Ri fraco, me afastando dele. – E eu vou viajar em outubro para gravar um filme, queria que ficássemos resolvidos até lá. – Sorri.
- Até parece que você me conhece. – Brinquei e ele sorriu.
- Um pouco. – Ele sorriu.
- Quer entrar? Meu pai está fazendo hambúrgueres.
- Claro. Vai ser bom! – Ele disse e eu estendi a mão para ele, sentindo-o segurar e o levei para dentro, fechando a porta em seguida.
Atravessei a casa novamente, percebendo seus olhares em minha nuca e passei pela porta do quintal, vendo minha família e Kate junta na larga mesa de jardim enquanto meu pai fritava mais hambúrgueres.
- Gente... – Chamei a atenção deles. – Esse é o Chris, estudamos juntos no ensino médio.
- Oh, meu Deus! – Meu irmão surtou ao ver o ator do seu herói favorito e minha mãe se levantou, apoiando as mãos nos ombros de Nate para que ele se sentasse novamente.
- Então, você é o famoso, Chris? – Minha mãe falou e eu sabia que ela se referia aos meus encontros de 98. – Eu sou Charlie, mãe da . – Ela se apresentou.
- Sente-se, filho. – Meu pai falou. – Fique à vontade.
- Aquele é o Dan, meu pai. – Apontei para o homem da churrasqueira. – Meu irmão Nate, minha cunhada Geogia e Kate, que você já conhece.
- Oi, gente, tudo bem?
- Georgia surtou por causa de você, agora eu vou surtar por causa do seu namorado. – Nate falou, fazendo com que eu e Chris ríssemos.
- Não somos namorados. – Eu e Chris falamos juntos, sorrindo cúmplices.
- Nós só... – Chris me olhou e eu sorri.
- Estamos nos conhecendo melhor. – Retribuí o sorriso e rimos fracamente.
- Se conhecer melhor, é?! – Kate falou e eu bati em sua cabeça. – Ei! – Ela reclamou.
- Sente-se, querido! – Minha mãe falou.
- Eu vou pegar um prato para você! – Falei, seguindo para a porta de casa novamente e parei por um segundo, vendo Chris se sentar entre minha mãe e irmão, me fazendo rir ao ver Nate quase em cima de Chris, querendo saber tudo sobre Marvel e seu personagem.
Balancei a cabeça sozinha, dei um pequeno sorriso e entrei em casa.
Capítulo 6
- Você vai levar tudo isso agora? – Chris perguntou, empilhando mais uma caixa, enquanto eu passava a fita crepe pelas que estavam espalhadas no chão do meu quarto.
- Vou sim. – Me levantei, colocando os fios soltos atrás da orelha. – Só têm minhas roupas e alguns itens pessoais, o resto é tudo do apartamento. – Comentei, vendo-o se aproximar das paredes de vidro.
- Isso é loucura! – Ele disse, me fazendo rir e eu o abracei pela cintura, apoiando meu queixo no seu, vendo a London Eye um pouco mais distante. – Como você troca isso por uma casa vitoriana ridícula no sul de Boston? – Ele perguntou, se virando para mim, me fazendo rir.
- Por causa de você. – Falei dando de ombros. – Porque você me pediu e eu aceitei. Além de que temos a vista da Back Bay, vai!
- Mas olha essa vista! – Ele se virou novamente e eu me coloquei ao seu lado.
- Não importa a vista e sim a companhia. – Falei e ele sorriu, dando um beijo em minha cabeça.
- Nenhum pouco brega, não é?! – Ri fraco, voltando a me aproximar das caixas e empilhá-las.
- Você acha que não estamos indo um pouco rápido demais? – Perguntei, me virando para ele.
- Faz 20 anos que a gente tenta fazer isso acontecer, não dá para fugir agora. – Sorri, assentindo com a cabeça. – Além de que já pagamos a casa, acho que a multa de rescisão é meio grande. – Gargalhei, jogando um bicho de pelúcia em forma de flamingo nele.
- Isso é bem fofo! – Ele ergueu o bicho e eu ri.
- São presentes de fãs, alguns eu realmente gosto de manter por perto. – Puxei de volta e o coloquei na caixa.
- Você não vai fugir de mim, senhorita . – Ele disse, me fazendo rir.
- Como poderia? – Revirei os olhos. – Você é chato demais para isso. – O vi colocar a mão no bolso de trás.
- Eu te aguento, posso te garantir que não é fácil! – Ele disse rindo e eu revirei os olhos.
- Se você tirar esse cigarro do bolso, eu juro que jogo lá do topo do The Shard! – Ele revirou os olhos e tirou a mão vazia do bolso.
- Viu? Depois o chato sou eu!
- Não, amor. Isso é nojento! – Falei e segui para dentro do banheiro, jogando todos os itens de cima da pia dentro de uma caixa em cima da privada e saí do mesmo, colocando-a em cima da cama.
- Eu já disse, eu não consigo. – Ele deu de ombros e revirei os olhos, começando a organizar as coisas com mais calma.
- Acho que você não se esforça o suficiente, isso sim! – Continuei a andar pelo quarto, pegando álbuns, porta-retratos, livros e outros itens de decoração e colocando nas devidas caixas, enquanto Chris ficava parado no meio do caminho, me encarando. – O que você está pensando? – Perguntei.
- Estamos indo muito rápido, não é? – Ele falou novamente e eu ri fraco, limpando as mãos uma na outra e me aproximei do mesmo.
- Seremos só dois amigos de longa data morando juntos. – Ele sorriu. - E que se pegam ocasionalmente. – Ergui as mãos para seu rosto, dando leves beijos em seus lábios.
- Acho que já passamos dessa fase.
- Você nunca me pediu para ser algo a mais, saímos de ficantes para morarmos juntos. – Comentei e ele me segurou pela cintura.
- Precisa de convite especial? – Ele perguntou fingindo que pensava e eu sorri.
- Claro que sim! – Brinquei. – Você acha o quê? Que eu sou uma moça qualquer? – Ele gargalhou, passando os lábios em minha bochecha.
- Sei bem que não. Se fosse uma qualquer, eu não teria uma batalha diária para te conquistar. – Sorri, olhando profundamente em seus olhos azuis e joguei seu cabelo para trás.
- Sei bem. – Sorri. – E eu tenho uma batalha de lidar com ciúmes em cima de você sempre.
- Bem-vinda ao meu mundo! – Ele deu de ombros. – Eu sinto ciúmes dos caras te olhando desde o ensino médio, você nem sentia, vai. Nem tinha porquê.
- Mas agora eu sinto. – Dei um beijo na ponta do seu nariz e me afastei novamente, pegando a fita crepe em cima da mesa.
- Vamos morar juntos, acho que isso nos classifica como namorados, não? Pelo menos? – Ele cruzou os braços e eu ri.
- Você está avisando isso ou me perguntando? – Cruzei os braços da mesma forma que ele que riu fraco.
- Ai de mim se eu só avisar. – Ri fraco.
- Acho que sim, senhor Evans. Aceito a classificação de namorados. – Pisquei para ele que riu.
- Sabe o que normalmente acontece quando um casal oficializa uma união? – Ele se aproximou, passando os pés descalços pelas caixas.
- O quê? – Perguntei ingênua e ele riu, me puxando pelo braço e me fazendo apoiar a mão em seu peito.
- Realmente não sabe? – Ele roçou os lábios nos meus, me fazendo rir.
- Não tá dando para transar nessa bagunça, meu amor. – O fiz rir.
- Fazer amor, senhorita. Sem palavras grosseiras! – Gargalhei alto.
- Não importa o nome ou o sentimento, querido. Não tem como. – Me afastei um pouco, sentindo-o me puxar pelos braços. – Está uma bagunça.
- Acho que seu escritório está desocupado. – Ele falou maroto e eu ri.
- Sabe quanto custa aquela mesa do meu escritório? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Custa mais do que a rescisão da casa lá de Boston.
- O tapete persa, então? – Ele franziu a testa e eu ponderei por um tempo.
- Está com tanta vontade assim? – Deslizei a mão pela sua cintura, me aproximando de sua virilha.
- Você está andando só de camiseta desde o começo do dia, um cara não aguenta. – Ri fraco, negando com a cabeça.
- Estamos acabando, prometo que te dou a atenção necessária mais tarde. – Ele fez uma careta e um bico em seguida.
- Por que, Deus? O que eu fiz para merecer? – Ri fraco, dando um tapa em seu braço.
- Dramático! – Falei.
- Eu sou ator, certo? – Revirei os olhos. – Pelo menos me deixa preparar alguma coisa para gente comer.
- Sem comida para mim hoje, amor. Só água até depois do desfile.
- Como você consegue ficar um dia inteiro sem comer? – Ele perguntou surpreso.
- Anos e anos de prática. – Falei. – Ajuda a desinchar e água libera as toxinas do corpo.
- Meu Deus! – Ele balançou a cabeça. – Sorte que eu preciso comer para malhar, não conseguiria ficar sem comer. – Rimos juntos.
- O começo é difícil, depois a gente se acostuma. – Dei de ombros. – Pelo menos agora fazemos isso de forma mais natural, lá em 2000 até 2005, mais ou menos, a gente usava muito laxante ainda. Eram três dias antes do desfile trancadas no quarto.
- Que horror! – Ele falou.
- O lindo mundo das modelos! – Dei de ombros, fazendo-o rir.
- Bom, minha modelo, tenho que dizer que estou muito empolgado com seu desfile amanhã.
- Para me ver em ação ou para ver todas as modelos de lingerie? – Ele fez uma careta.
- Um pouco dos dois? – Bati em seu ombro, gargalhando.
- Para de graça ou a noite ficaremos assistindo Netflix.
- Ah, mas... – Virei para ele que se calou. – Eu mereço.
- Vai merecer mais ainda se me ajudar a organizar e nomear todas as caixas. – Ele fez uma careta. – Vamos, Chris. Quarta podemos estar a caminho de Boston e dormir na nossa casa nova. – Fiz uma carinha de cachorro sem dono e ele bufou, como sempre fazia quando eu ganhava.
- Para a nossa casa vitoriana número...
- 34! – Falei vendo-o rir.
- É isso aí! – Ele abanou a mão e olhou rapidamente em volta, pensando um pouco antes de pegar uma das caixas e o marcador permanente. – Vai ficar me encarando? – Ele perguntou.
- Quero ver se você está fazendo tudo certo! – Falei e ele sorriu em minha direção, dando uma piscadela em seguida.
- Sim, chefe! Estou! – Ele disse e eu ri, voltando a trabalhar também.
- Pronto, querida! – O maquiador falou e eu abri os olhos, me sentando reta na poltrona e olhando para o espelho da penteadeira, vendo meus olhos com tons terrosos, mas o lápis, rímel e delineador pretos bem demarcados, além do batom quase nude.
- Está perfeito, John! – Falei para ele que sorriu, me abraçando de lado.
- Mais uma vez, . – Assenti com a cabeça, puxando o ar fortemente.
- Vamos ver como está? – O diretor criativo do desfile se aproximou e eu me levantei, abrindo o robe, tirando-o e entregando para Stephanie, minha agente.
Ele pediu para eu dar uma volta e eu o fiz, vendo os detalhes do fantasy bra balançarem e fazer um tilintar de leve. Ele ajustou as alças em formas de corrente e outra pessoa ajeitou a calcinha no bumbum e eles sorriram.
- Você está fantástica! – Assenti com a cabeça, sentindo meus olhos marejarem. – Obrigado por aceitar desfilar conosco mais uma vez. – Suspirei, assentindo com a cabeça.
- Não há prazer maior do que usar as asas da VS. – Falei e eles assentiram com a cabeça. O diretor passou a mão embaixo de meus olhos, provavelmente tirando uma lágrima intrusa.
- Cinco minutos para . – Uma assistente falou e respirei fundo, soltando-o devagar.
- Pronta para arrasar? – O diretor perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Sempre! – Falei sorrindo.
- Atenção aqui, por favor! – O diretor falou um pouco mais alto, parando maquiadores, cantores e modelos do fashion show desse ano. – Hoje é, mais uma vez, o último desfile da conosco. – Ele falou, me fazendo rir fraco e lacrimejar ao mesmo tempo. – Ela se aposentou, mas não poderíamos deixar de homenageá-la e tê-la conosco mais uma vez. – Ri fraco, assentindo com a cabeça. – Você sempre foi fenomenal em todos os seus passos dentro e fora da passarela e esperamos vê-la muito mais. – Sorri, assentindo com a cabeça, ouvindo todos aplaudirem fortemente, me fazendo sorrir. – Obrigado!
- Eu que agradeço por tudo, todas as oportunidades e esse convite final, foi realmente inesperado. – Ele sorriu.
- Não fizemos mais que a nossa obrigação. – Sorri.
- Três minutos. – A assistente falou novamente e o diretor me estendeu a mão e eu me coloquei na ponta dos pés, sentindo outro assistente calçar as sandálias azuis em meus pés.
- Vamos lá! – O diretor falou e eu segui até a saída do palco, esperando atrás da última modelo que entraria no ato que estava passando.
Três assistentes e um maquiador começaram a mexer em mim a ajeitar as joias que acompanhavam o fantasy bra e eu me mantive parada, esperando que eles finalizassem os últimos preparos.
- Um minuto! – A assistente falou novamente e o diretor movimentou as mãos.
- Asas! – Ele falou e encaixaram as asas em minhas costas e eu senti o peso das mesmas, mão sendo tão ruim quanto antes, era um pano fino, quase transparente.
- Tudo certo? – A assistente principal perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Tudo certo! – Respondi.
- 30 segundos! – Ela falou novamente.
- Boa sorte, ! – O diretor falou, apoiando uma mão levemente em meu ombro. – Obrigado por todos seus anos na Victoria’s Secrets. – Ele falava enquanto algumas modelos sorriam para mim após voltarem novamente.
- 10 segundos.
- Agora vai lá e arrasa! – Ele falou e eu abri um largo sorriso, respirando fundo.
As luzes do ato anterior se apagaram e eu dei três passos para a saída da passarela, vendo somente alguns pontos de luz dos fotógrafos no final dela e da sincronia da pista de LED no mesmo. Uma música lenta no violino começou a tocar e eu fechei os olhos por alguns segundos. Eu entraria sozinha, sem cantor e sem nada dessa vez.
Assim que a guitarra começou fortemente, os holofotes se acenderam, eu abri um largo sorriso e coloquei uma das mãos na cintura, ouvindo os gritos dos convidados encherem o local. Respirei fundo, ouvindo a música ficar mais frequente e dei o primeiro passo em direção à passarela, como se fosse a primeira vez que eu fazia isso.
A cada passo, eu sentia meu corpo ficar mais leve, como se eu estivesse usando somente uma camiseta velha de Chris e os pés descalços no chão, como ontem. Os saltos cravavam firmemente no vidro, enquanto a música tocava alta pelos amplificadores espalhados por todos os lados do auditório.
As luzes ficaram mais claras e consegui ver meu namorado me aplaudindo em pé da primeira fileira e acenei para ele, vendo que muitas pessoas imitaram seu gesto e se levantaram, me aplaudindo de pé, fazendo com que as lágrimas começassem a rolar de meu rosto, mas o sorriso não se desfez, só crescia, me fazendo até rir sozinha.
Cheguei à ponta da passarela, posando para os diversos fotógrafos que estavam posicionados e fiz três rápidas poses antes de virar o corpo, sentindo as asas flutuarem comigo e voltei a caminhar, agora do lado em que Chris estava. Aproximei uma mão de meus lábios e beijei a mesma, jogando-a em sua direção, vendo-o com um largo sorriso no rosto.
Segui meu caminho até o fim da passarela, ouvindo os gritos e aplausos vindos do pessoal. Aquela era a melhor forma em finalizar essa carreira, mesmo que eu não vá parar completamente. Esse era meu sonho e eu o representei 10 anos para fechar com chaves de ouro.
Virei de frente novamente, ainda ouvindo os aplausos e fiz uma rápida inclinação para frente em forma de agradecimento, acenando rapidamente com a mão e erguendo as mesmas em um coração no ar.
- Uhul! – Gritei, ouvindo os aplausos ficarem cada vez mais fortes e sorri. Respirei fundo antes de virar meu corpo de costas para a passarela e deixá-la graciosamente.
Senti as lágrimas escorrerem com mais agilidade de meus olhos e voltei novamente para a concentração. As pessoas pararam para me aplaudir, fazendo com que meu sorriso se alargasse mais ainda.
Stephanie foi a primeira que eu reconheci. Ela estava 20 anos mais velha, mas também havia me acompanhado em todos os passos. Eu a abracei pelos ombros, sentindo-a me apertar pelas costas e ela sorriu quando nos afastamos.
- Meus parabéns! – Ela disse e eu assenti com a cabeça, suspirando.
- Obrigada! – Cochichei para ela. – Obrigada por tudo! – Virei para as outras pessoas, fazendo uma leve flexão com o olhar, assentindo com a cabeça.
Passei os olhos pela concentração do desfile e olhei para os rostos das pessoas. Eu conhecia mais a produção do que as modelos em si, faziam nove anos desde o meu último desfile pela Victoria’s Secret e muita coisa mudou. Poucas modelos veteranas como eu ainda participavam do desfile, mas a felicidade no rosto das mais novas também era de encher meu coração de orgulho. Elas me conheciam, elas se espelhavam em mim e elas me fizeram feliz com isso.
- Que rainha! – Ouvi atrás de mim e abri um largo sorriso ao ver Chris envergonhado, com as mãos nos bolsos do terno e balancei a cabeça. – Você foi fantástica! – Ele falou e eu passei meus braços pelos seus ombros, colando meus lábios nos seus.
- Obrigada por fazer parte desse momento comigo! – Falei e ele assentiu, acariciando meu rosto levemente.
- Não estive no primeiro, mas estive no último! – Assenti com a cabeça, sentindo-o me abraçar apertado.
- Agora e para sempre! – Cochichei, suspirando.
- Ou enquanto a gente se aguentar! – Rimos juntos e assenti com a cabeça, sentindo-o acariciar meu rosto.
- Pronta? – Chris perguntou e eu fiz uma careta.
- Acredite, eu prefiro que o mundo me veja nua! - Comentei, passando no vestido minhas mãos que suavam.
- O mundo não pode mais, só eu! – Ele falou e eu respirei fundo.
- Para de graça e abre logo! – Falei e o vi colocar a mão na maçaneta e abrir a porta da nossa nova casa.
- Ah! – Ouvi nossos familiares gritando e eu respirei fundo.
- Entrem, entrem! Sejam bem-vindos! – Ele falou, abraçando sua mãe rapidamente.
- Ah, queridos, como estão? – Sua mãe passou pela porta, seguindo em minha direção e dei um rápido beijo na mais baixa. – Onde coloco isso? – Ela perguntou com as sacolas.
- Embaixo da árvore! – Falei apontando e recebi seus três irmãos um atrás do outro, cumprimentando Carly, Scott e Shanna e seus respectivos namorados e maridos.
- Oi, , como está? – Carly sorriu e eu assenti com a cabeça.
- Tudo bem e com vocês? – Distribuí beijos em todas as bochechas e apontei para dentro. – Fiquem à vontade, gente! - Abanei as mãos.
- E aí, cara? – Meu irmão apareceu com Georgia na porta e meus pais vieram logo atrás.
- Como estão? – Chris cumprimentou meus pais com muito mais ânimo do que eu cumprimentei seus familiares e abracei meu irmão e minha cunhada rapidamente, seguindo para meus pais com um largo sorriso no rosto.
- Kate não veio? – Minha mãe perguntou, me fazendo rir.
- Concordamos em convidar só vocês hoje. Fazer algo em família. – Falei e Chris assentiu.
- Deixa eu adivinhar, Kate já ficou bravinha com isso? – Minha mãe perguntou e eu ri.
- Com certeza, mas ela veio mais cedo trazer o presente dela. – Abanei as mãos.
- Kate sendo Kate. – Chris sussurrou e me deu um rápido beijo na cabeça, me fazendo rir.
- Entra, gente! – Falei, fechando a porta após meu pai passar.
- Posso levar para a senhora? – Chris perguntou pegando a bandeja de comida da minha mãe e ele levou até a mesa onde a família do Chris e a minha deixaram outros pratos.
- Como vocês estão? – Minha mãe perguntou tirando seu casaco e pendurou ao lado da porta.
- Está tudo bem, mãe. – Sorri. – Fazem só duas semanas, a gente briga bastante, mas somos eu e Chris, não vamos mudar nunca.
- Pelo menos vocês se aceitaram com as suas diferenças. – Ri fraco, me aproximando da árvore de Natal, vendo Chris brincar com sua sobrinha mais nova de somente três anos.
- Acho que mesmo que a gente brigue muito e quase saímos no tapa, somos o destino um do outro! – Observei Chris novamente e ri fraco. – E ele diz que não gosta de crianças.
- Vocês dois são contraditórios! – Minha mãe riu e eu dei de ombros.
- Pelo menos encontramos nossos pontos finais um no outro. – Chris sorriu para mim e ele se levantou.
- Eu juro que não achava que acabaria assim, sabia? – Minha mãe falou e eu suspirei. – Você era implicante demais para lidar com ele.
- Ainda sou implicante! – Sorriu e dei de ombros. – Mas agora eu sei lidar com ele.
- Vamos tirar algumas fotos antes da ceia, queridos? – A mãe de Chris falou e segui com minha mãe até nossa sala de jantar onde eu havia arrumado a mesa para celebrarmos. – Primeiro os donos da casa? – Ri fraco e Chris esticou a mão em minha direção e eu desviei de seus sobrinhos no chão e ele me abraçou, me puxando para perto de si.
Apoiei uma mão em seu ombro pelas costas e encostei minha cabeça na sua levemente. Suas mães ergueram os celulares e alguns flashes foram estourados em meu rosto. Chris virou o rosto no meu e deu um leve beijo em meus lábios, me fazendo sorrir e acariciar seu rosto devagar.
- Isso é digno de cartão de Natal. – A mãe de Chris falou, me fazendo sorrir.
- Vamos dar licença para as outras pessoas? – Scott brincou e a gente riu.
Nos afastamos da árvore de Natal, abrindo espaço para os casais tomarem seu lugar e depois acabamos tirando uma da família dos e depois dos Evans. Por fim, meu irmão esticou o celular para tirar uma foto de todos nós juntos.
Segui em direção à cozinha para conferir a carne assada que eu fazia no forno, rezando para que ela não queimasse. Puxei a mesma e a coloquei em cima das grades do fogão, tirando o papel laminado de cima da mesma e respirando aliviada por ela estar perfeita e ainda com caldo borbulhando na assadeira.
- E não é que ficou bonito? – Chris comentou, dando um beijo em minha bochecha, me fazendo rir.
- Está com as fotos? – O observei com dois celulares, o seu e de onde estavam as fotos.
- Sim, quer que eu te passe?
- Por favor, principalmente a de nós dois. – Falei, apontando para meu celular em cima do micro-ondas.
- Beleza, liga o Bluetooth aí! – Ele falou e eu revirei os olhos.
- Ah Chris, manda pelo WhatsApp mesmo, quem usa Bluetooth? – Falei, vendo-o revirar os olhos.
- Não começa, hein?! – Ele falou, me fazendo gargalhar e puxei a assadeira de cima do fogão e segui em direção à sala de jantar, colocando a carne no centro da mesa.
- Você precisa se soltar mais, amor. – Falei, puxando as luvas térmicas e colocando-as de volta na cozinha.
- Acredite, eu me soltei o suficiente para namorar uma mulher que mais parece uma bomba relógio! – Ele brincou e nossos familiares riram, me fazendo revirar os olhos.
- Eu tenho que concordar com ele. – Meu irmão falou e eu fiz uma careta, balançando a cabeça.
- Vocês dois são tontos! – Falei rindo.
- Ah, nem vem, querida. Quando vocês não brigarem por besteiras, é porque terão terminado! – Minha mãe falou e virei para Chris com um sorriso presunçoso.
- O quê? – Ele perguntou.
- Viu? Eu brigar contigo significa que eu te amo. – Falei e ele gargalhou. – Se preocupe quando eu não brigar contigo por besteiras.
- Ok, ok! Obrigada, senhora . Agora ela vai me irritar com isso pelo resto da vida! – Ele comentou com minha mãe, me fazendo revirar os olhos.
- Espero que para sempre! – Falei rindo e ele sorriu.
- Assuntos de casal resolvidos, agora vamos comer? – Nathan falou e joguei uma almofada em sua direção, nos fazendo rir. – O quê? Eu estou com fome! – Ele falou, dando de ombros.
- Obrigada pela ajuda, meninas! – Carly falou depois que eu e Georgia a ajudamos a colocar Ethan e Miles para dormir depois de um dia cheio de brincadeiras.
- Que isso, Carly! – Sorri. – Se vocês quiserem dormir ou tomar banho, fiquem à vontade. Eu vou ver se Chris precisa de ajuda.
- Eu ajudo! – Carly falou.
- Não, vocês já ajudaram bastante lavando a louça! – Abanei a mão para elas. – Fiquem à vontade, se precisarem de toalhas, só pegar no armário do corredor.
- Obrigada, ! – Georgia falou e eu saí do quarto, puxando a porta levemente.
Passei por entre as portas, vendo as pessoas dormindo nos diversos sofás e camas de nossa casa na tarde do dia de Natal, após comermos as sobras do dia anterior. Observei meus pais dormindo em meu quarto e coloquei a cabeça para dentro.
- Dodger! – Chamei o cachorro de Chris que estava deitado na almofada. – Vou fechar, hein?! – Falei e puxei a porta, vendo que ele não se mexeu.
O deixei lá e segui escadas abaixo, encontrando a mesa arrumada e Chris fora da minha visão. Passei pela sala de TV encontrando ele, Kate e Stella, a sobrinha mais nova de Chris, deitada em seu colo.
- Ei, estão aqui? – Me sentei ao lado de Stella, fazendo um carinho em seus pés.
- Stella cochilou antes que eu pudesse levá-la para cima, agora ela acordou e quer ver desenho. – Chris falou, me fazendo rir e eu olhei para TV, vendo um cachorro azul e o reconheci de um desenho de quando eu era mais nova... Bem mais nova.
- Isso é...
- “As Pistas de Blue”. – Kate falou animada. – Se lembra de que a gente assistia quando fazíamos festa do pijama e era a única coisa na TV as seis da manhã? – Ri junto dela.
- Isso ainda passa? – Franzi a testa, olhando para o cachorro fazer as básicas perguntas em programas infantis interativos.
- Só episódios velhos, obviamente! – Kate falou, me fazendo rir.
- Eu tinha medo desse cachorro. – Ouvi Chris falar e virei para ele.
- Você tem medo de “As Pistas de Blue”? – Perguntei, gargalhando em seguida. – Depois brinca que eu te zoo.
- Eu tinha medo, ok?! Era estranho! Esse cara no meio desse cenário estranho. – Coloquei a mão na boca, não contendo a risada.
- Ah, Chris. Você é muito estranho mesmo, meu Deus! Depois ainda briga comigo por eu rir de você.
- Mas você sempre ri de mim. – Ele falou e até Stella gargalhou.
- Você sempre me dá motivo, amor! – Acariciei sua nuca com a ponta dos dedos e ele riu.
- Você que implica comigo. – Ri fraco, negando com a cabeça.
- Parecem duas crianças brigando. – Kate comentou, me fazendo rir.
- Isso nunca vai mudar, Chris. Lide com isso. – Ele ponderou com a cabeça.
- Ok, tudo bem. – Ele se levantou, balançando as mãos. – Eu vou aceitar isso! – Ele falou, me fazendo franzir a testa. – Sabe por quê?
- Por quê? – Perguntei.
- Porque eu quero saber onde isso vai dar. Estou empolgado para saber até onde levaremos essas piadas e brincadeiras!
- Você quer dizer: até onde eu vou zoar contigo, não é?! – Falei e ele riu, balançando a cabeça.
- É! – Falei. – E até aonde meu amor por você vai aguentar isso. – Ri fraco, negando com a cabeça.
- Você é bobo, Chris. Poderia falar que um dia mudaremos isso, mas faz 20 anos e nada mudou. – Dei de ombros.
- Não, você não vai mudar e eu acho que se mudasse, eu não gostaria de você da mesma maneira. – Ele se ajoelhou em minha frente, se apoiando em minhas pernas e eu ri.
- Viu?! Até você assume isso.
- Posso terminar? – Ele falou e eu fechei a boca.
- Achei que já tivesse terminado. – Ele revirou os olhos.
- Cala a boca! – Ele falou e o encarei. – Cala a boca e casa comigo. – Arregalei os olhos.
- O quê? – Kate gritou.
- O quê? – Stella repetiu.
- O quê? – Falei mais fracamente, olhando assustada para ele.
- Você nunca vai mudar, eu nunca vou mudar. E eu te amo desse jeitinho todo: chata, implicante, linda, sexy, inteligente, incrível...
- Você está falando sério? – Perguntei fracamente.
- Sim, . Eu estou! – Ri fraco, abaixando meu rosto em direção ao seu.
- Mas assim, do nada? – Perguntei, passando as mãos em seu rosto.
- É. Do nada! – Ele falou e eu olhei para Kate que estava surpresa demais para falar algo.
- Você sabe que eu...
- Sim, você precisa de um cara que aja como tal, que não tenha que trabalhar de babá e que te ame incondicionalmente. – Ele falou me surpreendo. – É algo assim, não é?! – Ri fraco, colocando as mãos na boca.
- É assim mesmo. – Suspirei, colocando as mãos em seu rosto.
- Acho que estou apto a tudo isso. – Ele disse e eu suspirei, colando meus lábios nos dele desajeitadamente.
- Sim, Chris. Eu aceito me casar contigo. – Sorri, encostando nossas testas.
- Eba! – Stella comemorou ao meu lado, me fazendo rir.
- Você só se esqueceu do anel. – Falei e ele riu, se colocando em pé.
- Acho que estamos velhos demais para isso, não? – Ele perguntou e eu neguei com a cabeça.
- Talvez, mas uma mulher nunca se sente velha quando é pedida em casamento. – Sorri e ele franziu a testa.
- Foi espontâneo, deu a vontade e eu pedi. – Ele falou e eu franzi a testa. – Mas eu vou ajeitar isso. – Ele falou. – Vamos, Kate. Vamos atrás de um anel para essa noiva! – Ele procurou pelos seus sapatos e saiu correndo da sala de TV.
- Ele sabe que... – Cortei Kate.
- Chris! – O chamei.
- Ah, claro! – Ele voltou, colou seus lábios nos meus apressadamente e saiu correndo novamente.
- Não, Chris! – Corri para fora da sala de TV, vendo que a porta para fora já estava aberta. – É Natal, não tem nada aberto! – Gritei e ele voltou gargalhando.
- Estava só te testando! – Ele falou voltando e eu revirei os olhos, sentindo-o passar as mãos em minha cintura.
- Testando? Sei! – Falei e ele riu.
- Mas é sério? Você aceita se casar comigo? Mesmo eu sendo tonto, bobo e tapado? – Ele perguntou, segurando meu rosto com as mãos e eu assenti com a cabeça.
- Sim. Principalmente por você estar disposto a me aguentar pelo resto da sua vida. – Falei com um largo sorriso no rosto, sentindo meus olhos lacrimejarem.
- Somos o destino um do outro, não? – Ele falou baixo e assenti com a cabeça, apertando-o pela cintura e colando nossos lábios novamente.
- Vou sim. – Me levantei, colocando os fios soltos atrás da orelha. – Só têm minhas roupas e alguns itens pessoais, o resto é tudo do apartamento. – Comentei, vendo-o se aproximar das paredes de vidro.
- Isso é loucura! – Ele disse, me fazendo rir e eu o abracei pela cintura, apoiando meu queixo no seu, vendo a London Eye um pouco mais distante. – Como você troca isso por uma casa vitoriana ridícula no sul de Boston? – Ele perguntou, se virando para mim, me fazendo rir.
- Por causa de você. – Falei dando de ombros. – Porque você me pediu e eu aceitei. Além de que temos a vista da Back Bay, vai!
- Mas olha essa vista! – Ele se virou novamente e eu me coloquei ao seu lado.
- Não importa a vista e sim a companhia. – Falei e ele sorriu, dando um beijo em minha cabeça.
- Nenhum pouco brega, não é?! – Ri fraco, voltando a me aproximar das caixas e empilhá-las.
- Você acha que não estamos indo um pouco rápido demais? – Perguntei, me virando para ele.
- Faz 20 anos que a gente tenta fazer isso acontecer, não dá para fugir agora. – Sorri, assentindo com a cabeça. – Além de que já pagamos a casa, acho que a multa de rescisão é meio grande. – Gargalhei, jogando um bicho de pelúcia em forma de flamingo nele.
- Isso é bem fofo! – Ele ergueu o bicho e eu ri.
- São presentes de fãs, alguns eu realmente gosto de manter por perto. – Puxei de volta e o coloquei na caixa.
- Você não vai fugir de mim, senhorita . – Ele disse, me fazendo rir.
- Como poderia? – Revirei os olhos. – Você é chato demais para isso. – O vi colocar a mão no bolso de trás.
- Eu te aguento, posso te garantir que não é fácil! – Ele disse rindo e eu revirei os olhos.
- Se você tirar esse cigarro do bolso, eu juro que jogo lá do topo do The Shard! – Ele revirou os olhos e tirou a mão vazia do bolso.
- Viu? Depois o chato sou eu!
- Não, amor. Isso é nojento! – Falei e segui para dentro do banheiro, jogando todos os itens de cima da pia dentro de uma caixa em cima da privada e saí do mesmo, colocando-a em cima da cama.
- Eu já disse, eu não consigo. – Ele deu de ombros e revirei os olhos, começando a organizar as coisas com mais calma.
- Acho que você não se esforça o suficiente, isso sim! – Continuei a andar pelo quarto, pegando álbuns, porta-retratos, livros e outros itens de decoração e colocando nas devidas caixas, enquanto Chris ficava parado no meio do caminho, me encarando. – O que você está pensando? – Perguntei.
- Estamos indo muito rápido, não é? – Ele falou novamente e eu ri fraco, limpando as mãos uma na outra e me aproximei do mesmo.
- Seremos só dois amigos de longa data morando juntos. – Ele sorriu. - E que se pegam ocasionalmente. – Ergui as mãos para seu rosto, dando leves beijos em seus lábios.
- Acho que já passamos dessa fase.
- Você nunca me pediu para ser algo a mais, saímos de ficantes para morarmos juntos. – Comentei e ele me segurou pela cintura.
- Precisa de convite especial? – Ele perguntou fingindo que pensava e eu sorri.
- Claro que sim! – Brinquei. – Você acha o quê? Que eu sou uma moça qualquer? – Ele gargalhou, passando os lábios em minha bochecha.
- Sei bem que não. Se fosse uma qualquer, eu não teria uma batalha diária para te conquistar. – Sorri, olhando profundamente em seus olhos azuis e joguei seu cabelo para trás.
- Sei bem. – Sorri. – E eu tenho uma batalha de lidar com ciúmes em cima de você sempre.
- Bem-vinda ao meu mundo! – Ele deu de ombros. – Eu sinto ciúmes dos caras te olhando desde o ensino médio, você nem sentia, vai. Nem tinha porquê.
- Mas agora eu sinto. – Dei um beijo na ponta do seu nariz e me afastei novamente, pegando a fita crepe em cima da mesa.
- Vamos morar juntos, acho que isso nos classifica como namorados, não? Pelo menos? – Ele cruzou os braços e eu ri.
- Você está avisando isso ou me perguntando? – Cruzei os braços da mesma forma que ele que riu fraco.
- Ai de mim se eu só avisar. – Ri fraco.
- Acho que sim, senhor Evans. Aceito a classificação de namorados. – Pisquei para ele que riu.
- Sabe o que normalmente acontece quando um casal oficializa uma união? – Ele se aproximou, passando os pés descalços pelas caixas.
- O quê? – Perguntei ingênua e ele riu, me puxando pelo braço e me fazendo apoiar a mão em seu peito.
- Realmente não sabe? – Ele roçou os lábios nos meus, me fazendo rir.
- Não tá dando para transar nessa bagunça, meu amor. – O fiz rir.
- Fazer amor, senhorita. Sem palavras grosseiras! – Gargalhei alto.
- Não importa o nome ou o sentimento, querido. Não tem como. – Me afastei um pouco, sentindo-o me puxar pelos braços. – Está uma bagunça.
- Acho que seu escritório está desocupado. – Ele falou maroto e eu ri.
- Sabe quanto custa aquela mesa do meu escritório? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Custa mais do que a rescisão da casa lá de Boston.
- O tapete persa, então? – Ele franziu a testa e eu ponderei por um tempo.
- Está com tanta vontade assim? – Deslizei a mão pela sua cintura, me aproximando de sua virilha.
- Você está andando só de camiseta desde o começo do dia, um cara não aguenta. – Ri fraco, negando com a cabeça.
- Estamos acabando, prometo que te dou a atenção necessária mais tarde. – Ele fez uma careta e um bico em seguida.
- Por que, Deus? O que eu fiz para merecer? – Ri fraco, dando um tapa em seu braço.
- Dramático! – Falei.
- Eu sou ator, certo? – Revirei os olhos. – Pelo menos me deixa preparar alguma coisa para gente comer.
- Sem comida para mim hoje, amor. Só água até depois do desfile.
- Como você consegue ficar um dia inteiro sem comer? – Ele perguntou surpreso.
- Anos e anos de prática. – Falei. – Ajuda a desinchar e água libera as toxinas do corpo.
- Meu Deus! – Ele balançou a cabeça. – Sorte que eu preciso comer para malhar, não conseguiria ficar sem comer. – Rimos juntos.
- O começo é difícil, depois a gente se acostuma. – Dei de ombros. – Pelo menos agora fazemos isso de forma mais natural, lá em 2000 até 2005, mais ou menos, a gente usava muito laxante ainda. Eram três dias antes do desfile trancadas no quarto.
- Que horror! – Ele falou.
- O lindo mundo das modelos! – Dei de ombros, fazendo-o rir.
- Bom, minha modelo, tenho que dizer que estou muito empolgado com seu desfile amanhã.
- Para me ver em ação ou para ver todas as modelos de lingerie? – Ele fez uma careta.
- Um pouco dos dois? – Bati em seu ombro, gargalhando.
- Para de graça ou a noite ficaremos assistindo Netflix.
- Ah, mas... – Virei para ele que se calou. – Eu mereço.
- Vai merecer mais ainda se me ajudar a organizar e nomear todas as caixas. – Ele fez uma careta. – Vamos, Chris. Quarta podemos estar a caminho de Boston e dormir na nossa casa nova. – Fiz uma carinha de cachorro sem dono e ele bufou, como sempre fazia quando eu ganhava.
- Para a nossa casa vitoriana número...
- 34! – Falei vendo-o rir.
- É isso aí! – Ele abanou a mão e olhou rapidamente em volta, pensando um pouco antes de pegar uma das caixas e o marcador permanente. – Vai ficar me encarando? – Ele perguntou.
- Quero ver se você está fazendo tudo certo! – Falei e ele sorriu em minha direção, dando uma piscadela em seguida.
- Sim, chefe! Estou! – Ele disse e eu ri, voltando a trabalhar também.
- Pronto, querida! – O maquiador falou e eu abri os olhos, me sentando reta na poltrona e olhando para o espelho da penteadeira, vendo meus olhos com tons terrosos, mas o lápis, rímel e delineador pretos bem demarcados, além do batom quase nude.
- Está perfeito, John! – Falei para ele que sorriu, me abraçando de lado.
- Mais uma vez, . – Assenti com a cabeça, puxando o ar fortemente.
- Vamos ver como está? – O diretor criativo do desfile se aproximou e eu me levantei, abrindo o robe, tirando-o e entregando para Stephanie, minha agente.
Ele pediu para eu dar uma volta e eu o fiz, vendo os detalhes do fantasy bra balançarem e fazer um tilintar de leve. Ele ajustou as alças em formas de corrente e outra pessoa ajeitou a calcinha no bumbum e eles sorriram.
- Você está fantástica! – Assenti com a cabeça, sentindo meus olhos marejarem. – Obrigado por aceitar desfilar conosco mais uma vez. – Suspirei, assentindo com a cabeça.
- Não há prazer maior do que usar as asas da VS. – Falei e eles assentiram com a cabeça. O diretor passou a mão embaixo de meus olhos, provavelmente tirando uma lágrima intrusa.
- Cinco minutos para . – Uma assistente falou e respirei fundo, soltando-o devagar.
- Pronta para arrasar? – O diretor perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Sempre! – Falei sorrindo.
- Atenção aqui, por favor! – O diretor falou um pouco mais alto, parando maquiadores, cantores e modelos do fashion show desse ano. – Hoje é, mais uma vez, o último desfile da conosco. – Ele falou, me fazendo rir fraco e lacrimejar ao mesmo tempo. – Ela se aposentou, mas não poderíamos deixar de homenageá-la e tê-la conosco mais uma vez. – Ri fraco, assentindo com a cabeça. – Você sempre foi fenomenal em todos os seus passos dentro e fora da passarela e esperamos vê-la muito mais. – Sorri, assentindo com a cabeça, ouvindo todos aplaudirem fortemente, me fazendo sorrir. – Obrigado!
- Eu que agradeço por tudo, todas as oportunidades e esse convite final, foi realmente inesperado. – Ele sorriu.
- Não fizemos mais que a nossa obrigação. – Sorri.
- Três minutos. – A assistente falou novamente e o diretor me estendeu a mão e eu me coloquei na ponta dos pés, sentindo outro assistente calçar as sandálias azuis em meus pés.
- Vamos lá! – O diretor falou e eu segui até a saída do palco, esperando atrás da última modelo que entraria no ato que estava passando.
Três assistentes e um maquiador começaram a mexer em mim a ajeitar as joias que acompanhavam o fantasy bra e eu me mantive parada, esperando que eles finalizassem os últimos preparos.
- Um minuto! – A assistente falou novamente e o diretor movimentou as mãos.
- Asas! – Ele falou e encaixaram as asas em minhas costas e eu senti o peso das mesmas, mão sendo tão ruim quanto antes, era um pano fino, quase transparente.
- Tudo certo? – A assistente principal perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Tudo certo! – Respondi.
- 30 segundos! – Ela falou novamente.
- Boa sorte, ! – O diretor falou, apoiando uma mão levemente em meu ombro. – Obrigado por todos seus anos na Victoria’s Secrets. – Ele falava enquanto algumas modelos sorriam para mim após voltarem novamente.
- 10 segundos.
- Agora vai lá e arrasa! – Ele falou e eu abri um largo sorriso, respirando fundo.
As luzes do ato anterior se apagaram e eu dei três passos para a saída da passarela, vendo somente alguns pontos de luz dos fotógrafos no final dela e da sincronia da pista de LED no mesmo. Uma música lenta no violino começou a tocar e eu fechei os olhos por alguns segundos. Eu entraria sozinha, sem cantor e sem nada dessa vez.
Assim que a guitarra começou fortemente, os holofotes se acenderam, eu abri um largo sorriso e coloquei uma das mãos na cintura, ouvindo os gritos dos convidados encherem o local. Respirei fundo, ouvindo a música ficar mais frequente e dei o primeiro passo em direção à passarela, como se fosse a primeira vez que eu fazia isso.
A cada passo, eu sentia meu corpo ficar mais leve, como se eu estivesse usando somente uma camiseta velha de Chris e os pés descalços no chão, como ontem. Os saltos cravavam firmemente no vidro, enquanto a música tocava alta pelos amplificadores espalhados por todos os lados do auditório.
As luzes ficaram mais claras e consegui ver meu namorado me aplaudindo em pé da primeira fileira e acenei para ele, vendo que muitas pessoas imitaram seu gesto e se levantaram, me aplaudindo de pé, fazendo com que as lágrimas começassem a rolar de meu rosto, mas o sorriso não se desfez, só crescia, me fazendo até rir sozinha.
Cheguei à ponta da passarela, posando para os diversos fotógrafos que estavam posicionados e fiz três rápidas poses antes de virar o corpo, sentindo as asas flutuarem comigo e voltei a caminhar, agora do lado em que Chris estava. Aproximei uma mão de meus lábios e beijei a mesma, jogando-a em sua direção, vendo-o com um largo sorriso no rosto.
Segui meu caminho até o fim da passarela, ouvindo os gritos e aplausos vindos do pessoal. Aquela era a melhor forma em finalizar essa carreira, mesmo que eu não vá parar completamente. Esse era meu sonho e eu o representei 10 anos para fechar com chaves de ouro.
Virei de frente novamente, ainda ouvindo os aplausos e fiz uma rápida inclinação para frente em forma de agradecimento, acenando rapidamente com a mão e erguendo as mesmas em um coração no ar.
- Uhul! – Gritei, ouvindo os aplausos ficarem cada vez mais fortes e sorri. Respirei fundo antes de virar meu corpo de costas para a passarela e deixá-la graciosamente.
Senti as lágrimas escorrerem com mais agilidade de meus olhos e voltei novamente para a concentração. As pessoas pararam para me aplaudir, fazendo com que meu sorriso se alargasse mais ainda.
Stephanie foi a primeira que eu reconheci. Ela estava 20 anos mais velha, mas também havia me acompanhado em todos os passos. Eu a abracei pelos ombros, sentindo-a me apertar pelas costas e ela sorriu quando nos afastamos.
- Meus parabéns! – Ela disse e eu assenti com a cabeça, suspirando.
- Obrigada! – Cochichei para ela. – Obrigada por tudo! – Virei para as outras pessoas, fazendo uma leve flexão com o olhar, assentindo com a cabeça.
Passei os olhos pela concentração do desfile e olhei para os rostos das pessoas. Eu conhecia mais a produção do que as modelos em si, faziam nove anos desde o meu último desfile pela Victoria’s Secret e muita coisa mudou. Poucas modelos veteranas como eu ainda participavam do desfile, mas a felicidade no rosto das mais novas também era de encher meu coração de orgulho. Elas me conheciam, elas se espelhavam em mim e elas me fizeram feliz com isso.
- Que rainha! – Ouvi atrás de mim e abri um largo sorriso ao ver Chris envergonhado, com as mãos nos bolsos do terno e balancei a cabeça. – Você foi fantástica! – Ele falou e eu passei meus braços pelos seus ombros, colando meus lábios nos seus.
- Obrigada por fazer parte desse momento comigo! – Falei e ele assentiu, acariciando meu rosto levemente.
- Não estive no primeiro, mas estive no último! – Assenti com a cabeça, sentindo-o me abraçar apertado.
- Agora e para sempre! – Cochichei, suspirando.
- Ou enquanto a gente se aguentar! – Rimos juntos e assenti com a cabeça, sentindo-o acariciar meu rosto.
- Pronta? – Chris perguntou e eu fiz uma careta.
- Acredite, eu prefiro que o mundo me veja nua! - Comentei, passando no vestido minhas mãos que suavam.
- O mundo não pode mais, só eu! – Ele falou e eu respirei fundo.
- Para de graça e abre logo! – Falei e o vi colocar a mão na maçaneta e abrir a porta da nossa nova casa.
- Ah! – Ouvi nossos familiares gritando e eu respirei fundo.
- Entrem, entrem! Sejam bem-vindos! – Ele falou, abraçando sua mãe rapidamente.
- Ah, queridos, como estão? – Sua mãe passou pela porta, seguindo em minha direção e dei um rápido beijo na mais baixa. – Onde coloco isso? – Ela perguntou com as sacolas.
- Embaixo da árvore! – Falei apontando e recebi seus três irmãos um atrás do outro, cumprimentando Carly, Scott e Shanna e seus respectivos namorados e maridos.
- Oi, , como está? – Carly sorriu e eu assenti com a cabeça.
- Tudo bem e com vocês? – Distribuí beijos em todas as bochechas e apontei para dentro. – Fiquem à vontade, gente! - Abanei as mãos.
- E aí, cara? – Meu irmão apareceu com Georgia na porta e meus pais vieram logo atrás.
- Como estão? – Chris cumprimentou meus pais com muito mais ânimo do que eu cumprimentei seus familiares e abracei meu irmão e minha cunhada rapidamente, seguindo para meus pais com um largo sorriso no rosto.
- Kate não veio? – Minha mãe perguntou, me fazendo rir.
- Concordamos em convidar só vocês hoje. Fazer algo em família. – Falei e Chris assentiu.
- Deixa eu adivinhar, Kate já ficou bravinha com isso? – Minha mãe perguntou e eu ri.
- Com certeza, mas ela veio mais cedo trazer o presente dela. – Abanei as mãos.
- Kate sendo Kate. – Chris sussurrou e me deu um rápido beijo na cabeça, me fazendo rir.
- Entra, gente! – Falei, fechando a porta após meu pai passar.
- Posso levar para a senhora? – Chris perguntou pegando a bandeja de comida da minha mãe e ele levou até a mesa onde a família do Chris e a minha deixaram outros pratos.
- Como vocês estão? – Minha mãe perguntou tirando seu casaco e pendurou ao lado da porta.
- Está tudo bem, mãe. – Sorri. – Fazem só duas semanas, a gente briga bastante, mas somos eu e Chris, não vamos mudar nunca.
- Pelo menos vocês se aceitaram com as suas diferenças. – Ri fraco, me aproximando da árvore de Natal, vendo Chris brincar com sua sobrinha mais nova de somente três anos.
- Acho que mesmo que a gente brigue muito e quase saímos no tapa, somos o destino um do outro! – Observei Chris novamente e ri fraco. – E ele diz que não gosta de crianças.
- Vocês dois são contraditórios! – Minha mãe riu e eu dei de ombros.
- Pelo menos encontramos nossos pontos finais um no outro. – Chris sorriu para mim e ele se levantou.
- Eu juro que não achava que acabaria assim, sabia? – Minha mãe falou e eu suspirei. – Você era implicante demais para lidar com ele.
- Ainda sou implicante! – Sorriu e dei de ombros. – Mas agora eu sei lidar com ele.
- Vamos tirar algumas fotos antes da ceia, queridos? – A mãe de Chris falou e segui com minha mãe até nossa sala de jantar onde eu havia arrumado a mesa para celebrarmos. – Primeiro os donos da casa? – Ri fraco e Chris esticou a mão em minha direção e eu desviei de seus sobrinhos no chão e ele me abraçou, me puxando para perto de si.
Apoiei uma mão em seu ombro pelas costas e encostei minha cabeça na sua levemente. Suas mães ergueram os celulares e alguns flashes foram estourados em meu rosto. Chris virou o rosto no meu e deu um leve beijo em meus lábios, me fazendo sorrir e acariciar seu rosto devagar.
- Isso é digno de cartão de Natal. – A mãe de Chris falou, me fazendo sorrir.
- Vamos dar licença para as outras pessoas? – Scott brincou e a gente riu.
Nos afastamos da árvore de Natal, abrindo espaço para os casais tomarem seu lugar e depois acabamos tirando uma da família dos e depois dos Evans. Por fim, meu irmão esticou o celular para tirar uma foto de todos nós juntos.
Segui em direção à cozinha para conferir a carne assada que eu fazia no forno, rezando para que ela não queimasse. Puxei a mesma e a coloquei em cima das grades do fogão, tirando o papel laminado de cima da mesma e respirando aliviada por ela estar perfeita e ainda com caldo borbulhando na assadeira.
- E não é que ficou bonito? – Chris comentou, dando um beijo em minha bochecha, me fazendo rir.
- Está com as fotos? – O observei com dois celulares, o seu e de onde estavam as fotos.
- Sim, quer que eu te passe?
- Por favor, principalmente a de nós dois. – Falei, apontando para meu celular em cima do micro-ondas.
- Beleza, liga o Bluetooth aí! – Ele falou e eu revirei os olhos.
- Ah Chris, manda pelo WhatsApp mesmo, quem usa Bluetooth? – Falei, vendo-o revirar os olhos.
- Não começa, hein?! – Ele falou, me fazendo gargalhar e puxei a assadeira de cima do fogão e segui em direção à sala de jantar, colocando a carne no centro da mesa.
- Você precisa se soltar mais, amor. – Falei, puxando as luvas térmicas e colocando-as de volta na cozinha.
- Acredite, eu me soltei o suficiente para namorar uma mulher que mais parece uma bomba relógio! – Ele brincou e nossos familiares riram, me fazendo revirar os olhos.
- Eu tenho que concordar com ele. – Meu irmão falou e eu fiz uma careta, balançando a cabeça.
- Vocês dois são tontos! – Falei rindo.
- Ah, nem vem, querida. Quando vocês não brigarem por besteiras, é porque terão terminado! – Minha mãe falou e virei para Chris com um sorriso presunçoso.
- O quê? – Ele perguntou.
- Viu? Eu brigar contigo significa que eu te amo. – Falei e ele gargalhou. – Se preocupe quando eu não brigar contigo por besteiras.
- Ok, ok! Obrigada, senhora . Agora ela vai me irritar com isso pelo resto da vida! – Ele comentou com minha mãe, me fazendo revirar os olhos.
- Espero que para sempre! – Falei rindo e ele sorriu.
- Assuntos de casal resolvidos, agora vamos comer? – Nathan falou e joguei uma almofada em sua direção, nos fazendo rir. – O quê? Eu estou com fome! – Ele falou, dando de ombros.
- Obrigada pela ajuda, meninas! – Carly falou depois que eu e Georgia a ajudamos a colocar Ethan e Miles para dormir depois de um dia cheio de brincadeiras.
- Que isso, Carly! – Sorri. – Se vocês quiserem dormir ou tomar banho, fiquem à vontade. Eu vou ver se Chris precisa de ajuda.
- Eu ajudo! – Carly falou.
- Não, vocês já ajudaram bastante lavando a louça! – Abanei a mão para elas. – Fiquem à vontade, se precisarem de toalhas, só pegar no armário do corredor.
- Obrigada, ! – Georgia falou e eu saí do quarto, puxando a porta levemente.
Passei por entre as portas, vendo as pessoas dormindo nos diversos sofás e camas de nossa casa na tarde do dia de Natal, após comermos as sobras do dia anterior. Observei meus pais dormindo em meu quarto e coloquei a cabeça para dentro.
- Dodger! – Chamei o cachorro de Chris que estava deitado na almofada. – Vou fechar, hein?! – Falei e puxei a porta, vendo que ele não se mexeu.
O deixei lá e segui escadas abaixo, encontrando a mesa arrumada e Chris fora da minha visão. Passei pela sala de TV encontrando ele, Kate e Stella, a sobrinha mais nova de Chris, deitada em seu colo.
- Ei, estão aqui? – Me sentei ao lado de Stella, fazendo um carinho em seus pés.
- Stella cochilou antes que eu pudesse levá-la para cima, agora ela acordou e quer ver desenho. – Chris falou, me fazendo rir e eu olhei para TV, vendo um cachorro azul e o reconheci de um desenho de quando eu era mais nova... Bem mais nova.
- Isso é...
- “As Pistas de Blue”. – Kate falou animada. – Se lembra de que a gente assistia quando fazíamos festa do pijama e era a única coisa na TV as seis da manhã? – Ri junto dela.
- Isso ainda passa? – Franzi a testa, olhando para o cachorro fazer as básicas perguntas em programas infantis interativos.
- Só episódios velhos, obviamente! – Kate falou, me fazendo rir.
- Eu tinha medo desse cachorro. – Ouvi Chris falar e virei para ele.
- Você tem medo de “As Pistas de Blue”? – Perguntei, gargalhando em seguida. – Depois brinca que eu te zoo.
- Eu tinha medo, ok?! Era estranho! Esse cara no meio desse cenário estranho. – Coloquei a mão na boca, não contendo a risada.
- Ah, Chris. Você é muito estranho mesmo, meu Deus! Depois ainda briga comigo por eu rir de você.
- Mas você sempre ri de mim. – Ele falou e até Stella gargalhou.
- Você sempre me dá motivo, amor! – Acariciei sua nuca com a ponta dos dedos e ele riu.
- Você que implica comigo. – Ri fraco, negando com a cabeça.
- Parecem duas crianças brigando. – Kate comentou, me fazendo rir.
- Isso nunca vai mudar, Chris. Lide com isso. – Ele ponderou com a cabeça.
- Ok, tudo bem. – Ele se levantou, balançando as mãos. – Eu vou aceitar isso! – Ele falou, me fazendo franzir a testa. – Sabe por quê?
- Por quê? – Perguntei.
- Porque eu quero saber onde isso vai dar. Estou empolgado para saber até onde levaremos essas piadas e brincadeiras!
- Você quer dizer: até onde eu vou zoar contigo, não é?! – Falei e ele riu, balançando a cabeça.
- É! – Falei. – E até aonde meu amor por você vai aguentar isso. – Ri fraco, negando com a cabeça.
- Você é bobo, Chris. Poderia falar que um dia mudaremos isso, mas faz 20 anos e nada mudou. – Dei de ombros.
- Não, você não vai mudar e eu acho que se mudasse, eu não gostaria de você da mesma maneira. – Ele se ajoelhou em minha frente, se apoiando em minhas pernas e eu ri.
- Viu?! Até você assume isso.
- Posso terminar? – Ele falou e eu fechei a boca.
- Achei que já tivesse terminado. – Ele revirou os olhos.
- Cala a boca! – Ele falou e o encarei. – Cala a boca e casa comigo. – Arregalei os olhos.
- O quê? – Kate gritou.
- O quê? – Stella repetiu.
- O quê? – Falei mais fracamente, olhando assustada para ele.
- Você nunca vai mudar, eu nunca vou mudar. E eu te amo desse jeitinho todo: chata, implicante, linda, sexy, inteligente, incrível...
- Você está falando sério? – Perguntei fracamente.
- Sim, . Eu estou! – Ri fraco, abaixando meu rosto em direção ao seu.
- Mas assim, do nada? – Perguntei, passando as mãos em seu rosto.
- É. Do nada! – Ele falou e eu olhei para Kate que estava surpresa demais para falar algo.
- Você sabe que eu...
- Sim, você precisa de um cara que aja como tal, que não tenha que trabalhar de babá e que te ame incondicionalmente. – Ele falou me surpreendo. – É algo assim, não é?! – Ri fraco, colocando as mãos na boca.
- É assim mesmo. – Suspirei, colocando as mãos em seu rosto.
- Acho que estou apto a tudo isso. – Ele disse e eu suspirei, colando meus lábios nos dele desajeitadamente.
- Sim, Chris. Eu aceito me casar contigo. – Sorri, encostando nossas testas.
- Eba! – Stella comemorou ao meu lado, me fazendo rir.
- Você só se esqueceu do anel. – Falei e ele riu, se colocando em pé.
- Acho que estamos velhos demais para isso, não? – Ele perguntou e eu neguei com a cabeça.
- Talvez, mas uma mulher nunca se sente velha quando é pedida em casamento. – Sorri e ele franziu a testa.
- Foi espontâneo, deu a vontade e eu pedi. – Ele falou e eu franzi a testa. – Mas eu vou ajeitar isso. – Ele falou. – Vamos, Kate. Vamos atrás de um anel para essa noiva! – Ele procurou pelos seus sapatos e saiu correndo da sala de TV.
- Ele sabe que... – Cortei Kate.
- Chris! – O chamei.
- Ah, claro! – Ele voltou, colou seus lábios nos meus apressadamente e saiu correndo novamente.
- Não, Chris! – Corri para fora da sala de TV, vendo que a porta para fora já estava aberta. – É Natal, não tem nada aberto! – Gritei e ele voltou gargalhando.
- Estava só te testando! – Ele falou voltando e eu revirei os olhos, sentindo-o passar as mãos em minha cintura.
- Testando? Sei! – Falei e ele riu.
- Mas é sério? Você aceita se casar comigo? Mesmo eu sendo tonto, bobo e tapado? – Ele perguntou, segurando meu rosto com as mãos e eu assenti com a cabeça.
- Sim. Principalmente por você estar disposto a me aguentar pelo resto da sua vida. – Falei com um largo sorriso no rosto, sentindo meus olhos lacrimejarem.
- Somos o destino um do outro, não? – Ele falou baixo e assenti com a cabeça, apertando-o pela cintura e colando nossos lábios novamente.
Epílogo
- Depois você não quer que eu te zoe! – Falei para ele enquanto assistíamos “O Homem de Gelo”. - Olha essa barba! Olha esse cabelo! – Falei, gargalhando logo em seguida.
- Ok, ok, não foi a melhor escolha de personagem, mas isso é culpa dos maquiadores, não minha. – Gargalhei, sentindo-o acariciar meu pé e puxei o mesmo quando ele começou a fazer cócegas.
- Para com isso! – Falei. – Tá muito feio! – Senti uma pipoca voando em minha direção. – Você saía assim na rua? – Olhei para ele, cutucando-o com o pé do outro lado do sofá de casa.
- O cabelo era peruca, mas eu usei essa barba por uns três meses. – Coloquei as mãos no rosto, tentando segurar a risada, mas gargalhei alto logo em seguida.
- Você saía para comprar pão assim? Para viajar assim? – Ele jogou mais pipoca em mim.
- Eu tive que regravar a cena extra de “Os Vingadores” assim, eu até estou com a mão escondendo a bochecha. – Ele fez o movimento, me fazendo rir.
- Isso é péssimo! – Sorri.
- Péssimo é você não ter assistido esse filme.
- É bem chatinho, amor. – Virei para ele séria agora. – Não é exatamente o meu tipo de filme.
- Eu sei, você gosta de “Um Laço de Amor” e os fofinhos de romance. – Dei de ombros, sorrindo.
- Pena que você interage com a sua ex estranha! – Dei de ombros e meu celular começou a tocar e eu o procurei pelos cantos do sofá.
- Dá pause! – Falei para ele e peguei meu celular, vendo o nome de Stephanie no mesmo. – Hey, Steph! – Falei animada.
- E aí, , como está? – Ela perguntou.
- Tudo certo e contigo? – Ela falou.
- Ei, eu tenho um trabalho novo para você, caso te interesse.
- Claro, diga aí! – Mordisquei a ponta das unhas.
- Uma empresa de boias temáticas, sabe? Flamingos, unicórnios, melancias, donuts, sorve... – Senti o celular ser puxado da minha mão e Chris colocá-lo em sua orelha.
- Fala aí, Steph! É o Chris! – Ele falou se afastando e eu me levantei, seguindo atrás dele. – É trabalho novo? – Ele falou de um lado do sofá e eu tentei alcançá-lo, vendo-o sempre se afastar mais rápido. – Ela se aposentou! Não entendo essa aposentadoria que ela ainda tem uns cinco trabalhos por mês.
- Me devolve esse celular, Chris! – Falei, cruzando os braços.
- Ela está brava. – Ele comentou na ligação.
- Nem imagino o porquê! – Ouvi a voz de Stephanie do outro lado da ligação.
- Não, pode negar. De biquíni ainda? – Corri em sua direção quando ele se distraiu e pulei em suas costas, apertando-o pelo pescoço. – Ah, espera que ela pulou em cima de mim. – Ele falou e tentou me girar para me tirar de cima dele.
- Ah! – Gritei quando ele caiu no chão e eu fui por cima dele.
- Homem caído! – Ele falou travado no chão e eu me levantei rápido.
- Para de graça! – Falei, me levantando com dor e procurei o celular novamente. – Oi, Steph, é a de novo. Posso te ligar mais tarde?
- Claro, . Depois que acabar o sexo você me liga, mas vou mandar as informações do contrato por e-mail. – Soltei uma risada sarcástica.
- Ok, no aguardo! – Falei e desliguei o telefone.
- Homem caído! – Chris gritou novamente, me fazendo abaixar ao seu lado e passar a mão em seus cabelos.
- Não faça isso de novo! – Falei e ele parou de drama e se sentou no chão, fazendo suas costas estralarem.
- É o único jeito de implicar contigo. – Ele falou e eu revirei os olhos.
- Você é muito tonto, Chris Evans! – Falei e ele riu, dando de ombros.
- Você briga comigo, eu brigo contigo, por isso que vivemos em um casamento perfeito. – Ele falou mostrando a aliança e eu ri.
- Agindo como crianças de 15 anos você quer dizer? – Brinquei e ele riu.
- Ei, você que pulou em cima de mim! – Ele falou e eu neguei com a cabeça.
- E você precisa voltar a malhar, deu de queixo no chão. – Ergui seu rosto, passando a mão no pequeno ralado em seu queixo.
- Vou sobreviver! – Ele falou e eu me preparei para levantar quando ele me segurou.
- Me larga, Chris, eu vou ligar para a Stephanie. – Falei.
- Ela disse para ligar depois que o sexo acabasse, não? – Ele perguntou presunçosamente e eu revirei os olhos. – E então? – Não me contive e gargalhei, erguendo meu corpo rapidamente e me sentei em seu colo, passando as mãos em seu pescoço e colei meus lábios nos seus, sentindo-o pressionar os dedos em minha cintura.
- Ok, ok, não foi a melhor escolha de personagem, mas isso é culpa dos maquiadores, não minha. – Gargalhei, sentindo-o acariciar meu pé e puxei o mesmo quando ele começou a fazer cócegas.
- Para com isso! – Falei. – Tá muito feio! – Senti uma pipoca voando em minha direção. – Você saía assim na rua? – Olhei para ele, cutucando-o com o pé do outro lado do sofá de casa.
- O cabelo era peruca, mas eu usei essa barba por uns três meses. – Coloquei as mãos no rosto, tentando segurar a risada, mas gargalhei alto logo em seguida.
- Você saía para comprar pão assim? Para viajar assim? – Ele jogou mais pipoca em mim.
- Eu tive que regravar a cena extra de “Os Vingadores” assim, eu até estou com a mão escondendo a bochecha. – Ele fez o movimento, me fazendo rir.
- Isso é péssimo! – Sorri.
- Péssimo é você não ter assistido esse filme.
- É bem chatinho, amor. – Virei para ele séria agora. – Não é exatamente o meu tipo de filme.
- Eu sei, você gosta de “Um Laço de Amor” e os fofinhos de romance. – Dei de ombros, sorrindo.
- Pena que você interage com a sua ex estranha! – Dei de ombros e meu celular começou a tocar e eu o procurei pelos cantos do sofá.
- Dá pause! – Falei para ele e peguei meu celular, vendo o nome de Stephanie no mesmo. – Hey, Steph! – Falei animada.
- E aí, , como está? – Ela perguntou.
- Tudo certo e contigo? – Ela falou.
- Ei, eu tenho um trabalho novo para você, caso te interesse.
- Claro, diga aí! – Mordisquei a ponta das unhas.
- Uma empresa de boias temáticas, sabe? Flamingos, unicórnios, melancias, donuts, sorve... – Senti o celular ser puxado da minha mão e Chris colocá-lo em sua orelha.
- Fala aí, Steph! É o Chris! – Ele falou se afastando e eu me levantei, seguindo atrás dele. – É trabalho novo? – Ele falou de um lado do sofá e eu tentei alcançá-lo, vendo-o sempre se afastar mais rápido. – Ela se aposentou! Não entendo essa aposentadoria que ela ainda tem uns cinco trabalhos por mês.
- Me devolve esse celular, Chris! – Falei, cruzando os braços.
- Ela está brava. – Ele comentou na ligação.
- Nem imagino o porquê! – Ouvi a voz de Stephanie do outro lado da ligação.
- Não, pode negar. De biquíni ainda? – Corri em sua direção quando ele se distraiu e pulei em suas costas, apertando-o pelo pescoço. – Ah, espera que ela pulou em cima de mim. – Ele falou e tentou me girar para me tirar de cima dele.
- Ah! – Gritei quando ele caiu no chão e eu fui por cima dele.
- Homem caído! – Ele falou travado no chão e eu me levantei rápido.
- Para de graça! – Falei, me levantando com dor e procurei o celular novamente. – Oi, Steph, é a de novo. Posso te ligar mais tarde?
- Claro, . Depois que acabar o sexo você me liga, mas vou mandar as informações do contrato por e-mail. – Soltei uma risada sarcástica.
- Ok, no aguardo! – Falei e desliguei o telefone.
- Homem caído! – Chris gritou novamente, me fazendo abaixar ao seu lado e passar a mão em seus cabelos.
- Não faça isso de novo! – Falei e ele parou de drama e se sentou no chão, fazendo suas costas estralarem.
- É o único jeito de implicar contigo. – Ele falou e eu revirei os olhos.
- Você é muito tonto, Chris Evans! – Falei e ele riu, dando de ombros.
- Você briga comigo, eu brigo contigo, por isso que vivemos em um casamento perfeito. – Ele falou mostrando a aliança e eu ri.
- Agindo como crianças de 15 anos você quer dizer? – Brinquei e ele riu.
- Ei, você que pulou em cima de mim! – Ele falou e eu neguei com a cabeça.
- E você precisa voltar a malhar, deu de queixo no chão. – Ergui seu rosto, passando a mão no pequeno ralado em seu queixo.
- Vou sobreviver! – Ele falou e eu me preparei para levantar quando ele me segurou.
- Me larga, Chris, eu vou ligar para a Stephanie. – Falei.
- Ela disse para ligar depois que o sexo acabasse, não? – Ele perguntou presunçosamente e eu revirei os olhos. – E então? – Não me contive e gargalhei, erguendo meu corpo rapidamente e me sentei em seu colo, passando as mãos em seu pescoço e colei meus lábios nos seus, sentindo-o pressionar os dedos em minha cintura.
Fim.
Nota da autora: Oi, gente! Chegamos ao final de mais uma história! <3
Confesso que eu acabei me perdendo um pouco na construção dessa história porque a intenção era com que mostrasse mais implicândia entre os pps para seguir mais na música, e que fosse algo mais sexo, do que amor, mas não consegui fugir muito disso!
Apesar de tudo, eu adorei a forma que ficou, ficou fofinha e bem comédia romântica! Espero que vocês tenham gostado também e não se esqueçam de me dizer o que acharam aqui na caixa de comentários!
Obrigada a quem acompanhou e tem mais histórias vindo por aí! Espero que gostem e me acompanhem no meu grupo do Facebook!
Obrigada especial à minha beta Naty por fazer todo o trabalho sujo para mim sempre! Hahahaha
Beijos,
PS: Para quem não conhece a música, ouça aqui.
Nota da beta: Amei muito essa história porque essa temática dela foi algo que nunca tinha visto, ameeei, torci, ri tanto desse casal, porque as picuinhas deles são adoráveis, se não tem uma briguinha boba não são eles hahaha! Parabéns por esse trabalho, fico honrada de ser escolhida por betar essa belezinha! Espero ainda participar de muitos mais trabalhos seus.
Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
Para saber quando essa fic vai atualizar, acompanhe aqui.
Confesso que eu acabei me perdendo um pouco na construção dessa história porque a intenção era com que mostrasse mais implicândia entre os pps para seguir mais na música, e que fosse algo mais sexo, do que amor, mas não consegui fugir muito disso!
Apesar de tudo, eu adorei a forma que ficou, ficou fofinha e bem comédia romântica! Espero que vocês tenham gostado também e não se esqueçam de me dizer o que acharam aqui na caixa de comentários!
Obrigada a quem acompanhou e tem mais histórias vindo por aí! Espero que gostem e me acompanhem no meu grupo do Facebook!
Obrigada especial à minha beta Naty por fazer todo o trabalho sujo para mim sempre! Hahahaha
Beijos,
PS: Para quem não conhece a música, ouça aqui.
Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
Para saber quando essa fic vai atualizar, acompanhe aqui.