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Parte Única



Estava pronta para sair de casa e enfrentar mais um dia de aula na universidade. Certo, que grande mentirosa eu sou. Não estava preparada para merda de aula nenhuma; não queria utilizar transportes públicos para chegar ao meu destino e muito menos levar as cantadas nojentas de velhos pervertidos enquanto me locomovia.
Mas, como todos dizem, a vida é dura. E põe dura nisso.
Olhei-me no espelho meticulosamente para ver se estava ao menos apresentável: um short marrom com uma blusa bege frente única e sandálias baixas de dedos; uma maquiagem só com lápis, rímel e gloss e os cabelos presos num alto rabo devido ao calor insuportável que estava fazendo nessa época do ano.
Joguei minha bolsa – pesada – nos ombros e abri a porta de casa com as chaves na mão, nem um pouco animada pelo que teria que passar até chegar onde estudava – trânsito. Era realmente uma droga eu morar extremamente longe da universidade, mas, como eu já disse antes, a vida é cruel.
Desci os degraus rapidamente, tentando evitar olhar para a casa vizinha. Soltei um suspiro ao perceber a garagem ao lado se abrindo, sentindo meu coração disparar idiotamente e um sorriso pervertido brotar em meus lábios.
Meu dia estava ficando melhor. Afinal, dar de cara com o cara por quem você tem uma queda gigantesca (e ele ainda ser seu vizinho!) não é para todos.
Movimentando-me o mais devagar possível para que ele me visse, observei-o discretamente enquanto fingia guardar as chaves na bolsa. Consegui apenas observar que ele vestia uma camisa social branca, as mangas dobradas até os cotovelos e alguns botões abertos; uma gravata escura amarrada de qualquer jeito no pescoço; os cabelos loiros de um jeito totalmente despojado, mas sexy.
Olhei fixamente em seus olhos mesmo de longe, para depois virar o corpo e começar a andar cautelosamente para frente, desejando com todas as forças que ele ao menos me cumprimentasse. Pisquei idiotamente, sentindo raiva e percebendo minhas bochechas corarem ao ter esse pensamento idiota. Por Deus, era só atração!
Ouvi o motor do carro fazer um pequeno barulho, indicando que já havia começado a andar – para a minha (não) surpresa, em minha direção. Logo ele parou, fazendo com que eu também estagnasse no local e voltasse meu rosto para o motorista, que abaixava a janela do passageiro freneticamente para poder falar comigo.
- Oi, ! – ele abriu um sorriso radiante enquanto eu sentia minhas pernas tremerem compulsivamente de tanto nervoso e ansiedade.
- Oi, ! – exclamei idiotamente, não conseguindo conter a mordida no lábio inferior para não abrir um sorriso maior que a boca só pelo fato dele ter me chamado pelo apelido.
Eu realmente não me entendia. Era certo que ele era super gato, simpático e tudo de bom – além de todas as garotas praticamente caírem aos pés dele -, mas eu achava que eu já havia superado isso tudo. Claro que eu ainda tinha aquela queda catastrófica só de ouvir falar o nome dele, mas isso não fazia jus à minha tremedeira e palpitação no coração e no estômago. Isso era coisa de gente que estava amando. E eu definitivamente não estava amando. Era idiota só de pensar na possibilidade.
Talvez isso acontecesse pelo tempo da nossa “amizade”. Certo, nós não éramos melhores amigos. Nós não éramos ao menos amigos. Éramos... conhecidos. Por morar no mesmo bairro desde que usávamos fraldas e por nossos pais serem relativamente próximos. Ou pelo fato de eu brincar com sua irmã mais nova – que por acaso é somente um ano mais nova que eu – ou por ele brincar com meu irmão mais velho quando eram crianças, por terem a mesma idade.
No entanto, isso não explica o porquê nós éramos tão ligados quando crianças, para depois nos afastarmos enquanto eu o adorava; para depois nós estudarmos na mesma universidade; para chegarmos ao fato dele me olhar desse jeito – cheio de luxúria – mesmo tendo uma namorada.
- ‘Tá indo para a faculdade? – ele perguntou lançando aquele olhar maravilhoso enquanto fitava descaradamente minhas pernas descobertas. Consegui apenas acenar com a cabeça, tentando ignorar os espasmos que estava sentindo. – Quer uma carona? – ele perguntou tentando soar inocente.
Tentei parar o sorriso enviesado que ia surgindo nos meus lábios, mas não consegui. Minha vontade era de gritar e espernear para Deus e o mundo o que havia acontecido, mas contive a reação idiota.
- Não vai te incomodar? – perguntei mordendo os lábios inconscientemente, meus olhos castanhos presos agora aos dele.
- Você nunca me incomoda, . – ele deu mais um daqueles sorrisos radiantes e piscou um dos olhos em minha direção, me fazendo descruzar os braços e soltar um riso baixo, andando em sua direção.
Era incrível como meu nome saía tão bonito quando pronunciado por ele. Nome, não: apelido. Acho que nunca havia ouvido uma vez sequer ele me chamar de . E eu gostava disso.
Ele abriu a porta do carro para que eu entrasse, sabendo que estava adentrando num caminho sem volta.
Seu perfume já havia intoxicado o ambiente, me intoxicando também. Senti tudo rodar a minha volta, mas fiquei feliz com isso. Agora eu não estava mesmo me importando com nada; então, sem mais nem menos, joguei minha bolsa ao chão e me inclinei na direção do jovem, dando um beijo em seu rosto e sentindo sua barba mal feita roçar sensualmente em meu rosto enquanto me inebriava cada vez mais em seu perfume.
Ele passou um dos braços delicadamente pela minha cintura, aproximando nossos corpos quase imperceptivelmente, como se aquilo fosse uma coisa normal e casual que sempre acontecia entre nós dois – o que era, definitivamente, suspeito, vindo da parte dele, se é que você me entende.
Logo aquele contato terminou e nós nos afastamos, ele com um sorriso no rosto e eu tentando evitar a mesma reação, sentindo minhas bochechas corarem. Não que eu não tivesse apreciado aquilo tudo, porque eu realmente tinha, mas não deixava de ser estranho toda essa... tensão entre nós dois.
Quando senti o carro finalmente andar, notei que ele ainda tinha a expressão risonha no rosto enquanto prestava atenção ao tráfego. Eu, por outro lado, não estava conseguindo me recuperar de tudo o que estava acontecendo. Para falar a verdade, eu não estava acreditando e muito menos contendo minhas reações involuntárias de felicidade, então a única coisa que consegui fazer foi olhar para o lado de fora da janela e morder todos os cantos da minha boca, ignorando o sorriso que teimava em se formar no local.
- E então? – sua voz ressoou pelo ar, fazendo com que algo dentro de mim desse um solavanco.
- Hm? – foi a única coisa que eu consegui exclamar ao virar meu rosto rapidamente para ele antes de voltar para a mesma posição. Ouvi-o rir. – O que foi? – perguntei curiosa, agora não fingindo mais que as casas e o trânsito captavam minha atenção.
- Você parece tensa. Aconteceu alguma coisa?
Tive que rir da fala, sentindo meu estômago embrulhar, mas apreciando essa sensação. Ele mantinha uma das mãos no volante e olhava em meus olhos fixamente, uma das sobrancelhas arqueadas e o rosto curioso.
Soltei mais uma risada nasalada e balancei a cabeça negativamente, mas ele continuou me olhando sem mudar a expressão. Revirei os olhos e mantive o sorriso, mas não podia negar que ainda continuava nervosa – e não era só devido à pergunta. Como eu iria falar que estava mesmo tensa porque não estava conseguindo conter minhas mãos e meus pensamentos inapropriados sobre eu, ele e o carro?
- É só o calor. Fico me sentindo cansada todo o tempo. – o que era verdade, mas essa fala não tinha nada a ver com a atual situação. Mas quem disse que ele precisava saber disso?
E então ele abaixou uma das mãos até perto do freio de mão e apertou dois botões, fazendo os vidros instantaneamente subirem enquanto o carro voltava a andar.
Cruzei os braços e continuei a observá-lo, os traços faciais mudavam de curiosidade para felicidade, alternadamente. Não estava entendendo mais nada.
- O que você ‘tá fazendo? – perguntei referindo-me aos vidros agora fechados e o calor insuportável que estava começando a me abater.
- Hm, achei que nunca ia perguntar! – ele disse e deu aquela risada, me fazendo acompanhá-lo. – Ar condicionado. – ele simplesmente falou e apertou alguns outros botões.
Eu sorri em sua direção, observando meticulosamente seus generosos músculos – os quais transpassavam a camisa branca – e seu pescoço, molhado de suor por causa da gravata.
Logo seus dedos se fincaram no nó mal feito da mesma, puxando para frente tentando se libertar – em vão, se me permitem dizer – enquanto a outra mão estava ocupada em segurar a direção, os olhos presos ao trânsito.
- Quer ajuda com isso aí? – perguntei sem me conter.
Como é que dizem? Ah, sim, se ‘tá no inferno, abraça o capeta! O problema é que aquilo não parecia o inferno – eu e o sozinhos, no mesmo carro -, mas sim o paraíso. No entanto, o paraíso estava desmoronando toda vez que meus dedos coçavam de vontade de arrancar aquela camisa branca desprezível e tocar seus músculos perfeitos sem hesitar.
- Claro. – disse em tom suave, e os cantos de sua boca se movimentaram num sorriso malicioso.
Tirei meu cinto para que conseguisse deixar o corpo totalmente virado para ele, e minhas mãos correram de ponta a ponta da sua gravata, passando pelo seu abdômen e chegando ao seu pescoço.
Tentei ser rápida – até porque meus braços atrapalhavam a sua visão da rua -, mas ele pareceu nem ligar. Muito pelo contrário. Ele parecia estar... apreciando todos esses gestos e carinhos.
Apoiei meus pulsos em seus ombros, fincando meu olhar no nó do acessório e mexendo meus dedos rapidamente para sair logo daquela posição, mas tudo parecia conspirar ao meu terror. Meus olhos idiotas simplesmente saltavam para o pescoço dele, que agora estava mais perto de mim, e minha boca coçava de vontade de marcar aquele lugar inteirinho com chupões.
Ai meu Deus. O que é que eu estou pensando?!
Agradeci mentalmente assim que a gravata soltou e eu consegui mover minhas mãos para longe do corpo do jovem. O que é que eu estava fazendo, por Deus! Aquilo era errado! Muito, muito errado!
Praticamente joguei sua gravata no banco de trás e ajeitei-me no meu lugar, colocando o cinto novamente e tentando ficar o mais longe possível dele. Fechei meus olhos com força num ato impensado, tentando tirar as imagens e os pensamentos pervertidos que estavam embaralhando meu cérebro e refletindo nas minhas ações.
- ‘Tá tudo bem? – notei sua voz muito mais perto de mim do que eu poderia pensar e estremeci.
Abri os olhos lentamente, respirando e contando na cabeça que eu deveria me impor, mas foi em vão. Ao virar a cabeça milímetros para o lado, estava lá, seus olhos cintilantes perfurando os meus, o sorriso brilhante nos lábios da onde tinha saído os sussurros mais sensuais de toda a minha vida.
Sorri desajeitadamente para ele, com medo de que pudesse ouvir meu coração martelando no peito (ou a festa que se dava em meu estômago).
- Tudo certo. – disse num sussurro, levantando os ombros.
Ele piscou para mim e voltou seu olhar para frente, fazendo com que eu quase caísse do banco, como se fosse uma geleia derretida.
Deveria ser proibido existir um cara como esses no mundo! Melhor ainda: deveria ser proibido um cara perfeito desses dar uma carona e piscar desse jeito para garotas como eu. Garotas que tem quedas drásticas por caras super gatos que não dão a mínima para elas porque namoram.
Pois é. Não contei esse detalhe irrelevante?
Olhei discretamente para sentindo meu coração apertar. Em sua mão direita havia uma aliança prata – uma aliança que estava no dedo anelar por mais de dois anos. Então eu me pergunto: por que é que ele está agindo dessa maneira comigo se ele namora há tanto tempo?
Senti meus olhos aguarem ao pensar na possibilidade dele apenas estar brincando comigo, mas não deixei que isso transparecesse. Olhei para o lado contrário, na janela, sentindo o ar resfriar a minha pele enquanto minha mente voava para longe daquele local, embora andasse perpendicularmente ao homem que estava ali comigo.
Como eu disse, extremamente errado. Para começar, eu não deveria ter aceitado essa droga de carona nenhuma. Eu continuaria muito mais sã sem ela.
- E então, , em qual semestre você ‘tá? – ele perguntou tentando puxar algum assunto.
- No quarto. – respondi e ainda devolvi com uma outra pergunta capenga. – E você?
- Sexto, mas ainda falta muito para acabar. – ele choramingou, me fazendo soltar um risinho.
Trocamos mais algumas palavras sem sentido enquanto o carro avançava pelas ruas. Eu não sabia direito o que ele queria com isso, e a tensão não havia se anuviado nem um pouco, mas eu estava gostando bastante de saber mais sobre ele – e mais ainda de saber que ele estava interessado em saber sobre mim também.
Até que o assunto acabou e ele simplesmente decidiu abaixar a cabeça perto das minhas pernas, me deixando nervosa, assustada e curiosa. Uma de suas mãos tocou meu joelho sensualmente, me fazendo prender a respiração.
- O que você está fazendo? – acho que foi mais um gemido do que qualquer outra coisa.
Percebi que o semáforo havia acabado de fechar, me deixando mais nervosa e irritada ainda. O que ele estava fazendo? O que estava querendo? E por que é que eu simplesmente não conseguia, sei lá, levantar o joelho e fazê-lo sair daquela posição?
Após a minha fala, ele se levantou rapidamente, as duas mãos agora apoiadas na minha perna e o rosto bem próximo ao meu.
- Vim pegar um CD. – ele sussurrou, seu hálito batendo direto no meu rosto, me fazendo tremer violentamente.
Espero que ele não tenha percebido essa parte.
Notei que o porta-luvas estava aberto, algumas capas de CDs praticamente caindo no chão, mas ainda assim não consegui me mover. Seus olhos estavam presos aos meus de forma tão intensa que eu só consegui ficar parada, sorrindo mentalmente. Eu nunca havia ficado tão próxima dele como estava acontecendo agora.
Notei seus olhares direcionados a minha boca, e não hesitei em fazer o mesmo. Meu corpo involuntariamente mexeu-se para mais perto de seus braços, mesmo que estivéssemos numa posição totalmente desconfortável.
Existia uma parte na minha cabeça – aquela que os psicólogos geralmente dão o nome de super ego – que me mandava empurrá-lo para longe de mim. Essa parte pedia que eu saísse do carro ou tentasse evitar qualquer outro confronto visual, porque eu sabia que ia perder. Meu corpo já estava todo errado, seguindo as ordens apenas do olhar de .
No entanto, existia também uma outra parte. Aquela que dizia para eu agarrá-lo logo de uma vez, a parte que dizia para eu afundar meus dedos em seus cabelos loiros maravilhosos, que o agarrasse pelos ombros e subisse em seu colo enquanto ele sugava meu lábio e meu pescoço. E, confesso, essa parte era a que estava ganhando. Eu queria isso. Queria muito. Mesmo que fosse errado e completamente indecente da minha parte.
A ligação foi quebrada no momento em que uma buzina idiota chegou aos meus ouvidos – não só do meu, no dele também, já que agora saía de perto de mim e se ajeitava no banco do motorista, observando o sinal já verde para que prosseguisse.
- Deixa comigo. – sorri companheiramente, pegando os CDs que haviam caído e ajeitando em meu colo.
- Escolhe um. – ele sorriu de volta e eu acenei com a cabeça, escolhendo um.
Não parecia que nós havíamos estado prestes a nos beijar segundos antes, então tentei ignorar tudo ao meu redor, me focando em escolher uma banda legal e que eu estivesse a fim de ouvir.
Não tardou muito tempo para o CD do Muse estar dentro do aparelho, Undisclosed Desires saltando pelas caixas de som e inebriando toda a minha mente no momento.
Não importava o carro, nem o quase beijo e muito menos o super gato ao meu lado, me olhando de forma tentadora e desejosa – da mesma forma que eu fazia com ele. Não me importava nada disso. Só a melodia, a letra.

( música. )

I know you suffered
But I don't want you to hide
It's cold and loveless
I won't let you be denied

Eu sei que você sofreu
Mas eu não quero que você esconda
Está frio e sem amor
Eu não deixarei você se negar

Ele não podia saber que eu nutria esses sentimentos por ele. Certo, não eram sentimentos coisa nenhuma, era apenas uma queda, uma queda catastrófica e que um dia acabaria. É, eu tenho que confiar nisso, já que, para mim, chega de relacionamentos.
Eles têm uma tendência a me machucar de forma inescrupulosa.

Soothe me
I'll make you feel pure
Trust me
You can be sure

Calmamente
Eu farei você se sentir pura
Confie em mim
Você pode ter certeza

No entanto, ele me deixava completamente confusa. Com seus gestos, suas atitudes, o jeito que falava comigo... Como eu já disse, eu e não somos tão próximos assim como você pensa. Nós temos... sei lá, um relacionamento estranho e a parte – se é que pode se chamar isso de um relacionamento.
Ele me deixava confusa, mas alguma coisa me dizia que ele pedia para que eu confiasse nele. Se eu fosse uma maluca, com certeza faria isso de olhos vendados. Mas, como eu não sou, fico pensando sobre essa coisa inútil.

I want to reconcile the violence in your heart
I want to recognize your beauty's not just a mask
I want to exorcize the demons from your past
I want to satisfy the undisclosed desires in your heart

Eu quero reconciliar a violência em seu coração
Eu quero reconhecer que sua beleza não é só uma máscara
Eu quero exorcizar os demônios do seu passado
Eu quero satisfazer os desejos secretos em seu coração

- Por que você só me chama de ? – ouvi-o perguntar de forma curiosa e logo dei um salto assustado.
- O quê? – Entendem o que eu estou falando agora? Confusão mental. ... é igual a minha confusão mental. Por que raios ele queria saber por que eu só o chamava de ?
- Eu prefiro . – disse como se fosse a coisa mais interessante do mundo.
- Hm... Ok, mas é que eu não vejo diferença. É o seu nome.
O que era uma grande mentira. Eu simplesmente não conseguia chamá-lo de porque... Porque não estava acostumada com isso! Era estranho, eu não era tão íntima dele assim, mas ele me chamava pelo apelido sem problema nenhum, e eu adorava tanto esse fato...
- Você preferia que eu te chamasse de ?
- Não! – praticamente gritei, fazendo-o soltar uma gargalhada. Senti que estava corando.
- Então... Me chama de . – ele pediu com um sorriso avassalador que eu não consegui negar.
- Ok... . – soltei, percebendo o quanto também soava bonito seu apelido saindo de meus lábios.

You trick your lovers that you're wicked and devine
You may be a sinner
But your innocence is mine

Você engana seus amores dizendo que é maldosa e divina
Você pode ser uma pecadora
Mas sua inocência é minha

Continuei batucando os dedos e cantando mentalmente a música, tentando relevar que estava ao meu lado e sorrindo como nunca havia feito antes. Parecia que estava extremamente feliz.
Adorei esse fato.
Logo viramos numa esquina, onde havia uma fileira de carros até chegar ao cruzamento com uma outra avenida. Estava tudo parado.
Frisei os olhos – havia feito o mesmo que eu - tentando ver se havia acontecido um acidente ou algo do tipo, mas só consegui visualizar que o trânsito naquela rua era devido ao congestionamento da outra avenida, ou seja: nós demoraríamos pelo menos uns dez minutos para sair daquele local.
percebeu o mesmo que eu e desligou o carro, seus olhos faiscando para mim.

Please me
Show me how it's done
Tease me
You are the one

Agrade-me
Me mostre como se faz
Provoque-me
Você é a única

De repente, num ato direto – e provavelmente impensado -, o loiro arrancou o cinto e me puxou pela cintura com força, fazendo com que nossas testas se encontrassem e eu apoiasse minhas duas mãos em seus ombros totalmente moldados por Deus.
E a única coisa que eu fiz foi ficar com os olhos arregalados, pensando que estava sonhando acordada com aquilo tudo.
Provavelmente eu estava, só não tinha o entendimento daquilo.

I want to reconcile the violence in your heart
I want to recognize your beauty's not just a mask
I want to exorcize the demons from your past
I want to satisfy the undisclosed desires in your heart

Eu quero reconciliar a violência em seu coração
Eu quero reconhecer que sua beleza não é só uma máscara
Eu quero exorcizar os demônios do seu passado
Eu quero satisfazer os desejos secretos em seu coração

Não consegui produzir nenhum som plausível, mas sentia que minha pele já estava queimando por baixo das roupas, e não era nem devido à temperatura ambiente: mas sim pelos efeitos de .
Entendi e não entendi o que ele queria com aquilo, mas também a minha reação de tentar desviar o olhar do dele foi negativa. Era impossível. Ele era lindo e estava ali, nos meus braços.
Mesmo que pertencesse à outra. O que era irônico. Porque quem era a outra da história ali era eu. Embora ele parecesse reconhecer e querer satisfazer todos os desejos secretos que estavam plantados no meu coração.

Please me
Show me how it's done
Trust me
You are the one

Agrade-me
Me mostre como se faz
Provoque-me
Você é a única

E então, sem mais delongas, ele me beijou, me fazendo voar até as alturas e ficar por lá mesmo.
Era o nosso primeiro contato dessa forma íntima, então tudo pareceu rodar em câmera lenta. Meus olhos se fecharam para sentir com vigor todas aquelas sensações inovadoras que ele me proporcionava.
Não pensei que aquilo era algo totalmente errado. Só pensei que eu deveria abrir ainda mais a minha boca para receber aqueles lábios quentes e girar sua língua na minha de forma prazerosa e única.
Só que não deu tempo de fazer isso, então nossos lábios apenas colidiram de forma rápida antes que o celular dele tocasse e eu o empurrasse para longe de mim, respirando lenta e longamente, inalando toda a quantidade de oxigênio que eu conseguia de uma vez só.

I want to reconcile the violence in your heart
I want to recognize your beauty's not just a mask
I want to exorcize the demons from your past
I want to satisfy the undisclosed desires in your heart

Eu quero reconciliar a violência em seu coração
Eu quero reconhecer que sua beleza não é só uma máscara
Eu quero exorcizar os demônios do seu passado
Eu quero satisfazer os desejos secretos em seu coração

Eu tinha certeza que estava perdida. Ele havia me desvendado por completo, tirando todas as máscaras que eu teimava em usar perto dele.
Algo em meu peito palpitava de forma audível e dolorosa, e minha boca agora estava escancarada de tanto pavor. Aquilo não era apenas uma queda, uma paixão que iria passar... definitivamente não. Eu gostava dele. Gostava de verdade. Mas seria eu corajosa o suficiente para confessar que estava amando um homem todo errado e impossível para mim?

***

Minha respiração ainda estava irregular, da mesma forma que meus lábios ainda pareciam queimar, deixando rastros de fogo que chegavam em camadas pelas outras partes de meu corpo.
Sentia que tremia involuntária e imperceptivelmente, mas não conseguia parar. O toque dos lábios dele nos meus ainda estava quente, guarnecendo minha mente. Minha pele parecia pedir para ser tocada pelas mãos carinhosas dele, e eu queria mais daquilo.
Queria, mas não poderia ter. Por que as coisas têm de ser tão complicadas?
Olhei com o canto dos olhos na direção de , que olhava diretamente para frente com os olhos pequenos. Uma de suas mãos apertava o volante, os nós dos dedos embraquecidos devido à força que aplicava. Seu celular estava na orelha e ele respondia a pessoa do outro lado de forma bruta, não parecendo feliz. Parecia que ele havia ficado incomodado que o toque indicando a ligação tivesse quebrado o nosso pseudo-beijo (porque não podemos chamar aquilo de beijo de verdade).
Não posso negar que também fiquei incomodada, afinal, eu ainda sentia os efeitos daquele toque singelo em apenas uma parte do meu corpo. Entretanto, acho que também fiquei aliviada. Aliviada por saber que aquilo que eu queria que acontecesse não aconteceria, porque eu já estava cônscia de meus movimentos e pensamentos.
Eu tinha que sair dali agora e evitar uma catástrofe antes que fosse tarde demais.
Assim que o carro deu mais uma brusca parada – mesmo perto de seu destino -, enlacei minha bolsa em meu ombro, nem olhando para o jovem ao meu lado. Tirei meu cinto, abri a trava de segurança e, quando estava pronta para abrir a porta do carro, senti uma mão segurando um de meus pulsos.
Estanquei violentamente, sentindo minha cabeça girar devido às reações idiotas do meu corpo ao toque dele. Girei meu rosto para fitá-lo com raiva, porém minha expressão se anuviou ao ver o olhar dele.
Os orbes castanhos de fitavam o meu rosto de forma suplicante, como se num pedido de desculpas pelo que havia acontecido. Mas que droga, eu não queria desculpas! Eu queria mais! Ai... Eu não sabia o que eu queria!
Só sabia que não estava mais satisfeita com a situação. Estava completamente confusa.
Ele continuou falando palavras monossilábicas no celular, os olhos ainda nos meus e a mão agora soltando meu pulso de forma desajeitada. Logo depois balançou a cabeça, coçando os cabelos como se tivesse embaraçado e parou de me olhar, guiando o carro para dentro de um estacionamento.
Graças a Deus aquilo tudo estava acabando.
Segundos depois desligou o celular, cumprimentando o homem do estacionamento e tentando ignorar que eu também estava presente no carro – por culpa dele, devo ressaltar.
- Bom dia, Bob. – ele disse enquanto abria o vidro e pegava um papel.
- Olá, . – o homem magricela de bigodes sorriu.
- Lá no último andar? – perguntou.
- Sim, você é um dos primeiros mesmo. – o velho homem sorriu e o loiro arrancou com o carro, o medo tomando conta lentamente de meu corpo, como se fosse sangue passando pelas veias.
O silêncio incômodo havia permanecido no carro, e nós não nos olhávamos. Ele subiu dois andares por diversas rampas, chegando ao último andar coberto do estacionamento, que estava literalmente vazio, a não ser por dois carros.
fez a baliza e o carro parou numa das primeiras vagas, ao lado de uma parede escura sem portas e de um poste que continha um extintor de incêndio. Fechou os vidros enegrecidos pelo insufilme e voltou o rosto confuso para mim.
Não consegui olhar em sua direção, então o máximo que fiz foi cruzar os dedos das mãos no colo e fitá-los como se fossem a coisa mais interessante do mundo, minha garganta seca e meu coração falhando batidas dentro do meu peito.
- ? – ele chamou meu nome, o corpo virado para mim.
- Hm? – foi o que saiu dos meus lábios. Era isso ou eu podia agarrá-lo a qualquer momento.
- Se eu te pedir para me deixar fazer uma coisa, você deixaria? – ele continuou me olhando, fazendo minhas sobrancelhas se erguerem em sinal de confusão.
- Depende. – estremeci com seu olhar. – Se for uma coisa do tipo o que aconteceu há minutos atrás, não.
- E por que não? – ele agora dava um meio sorriso e me puxava delicadamente pelo queixo, para que fitasse seus olhos.
- Porque é errado. – falei num sussurro que não tive consciência de como ele poderia ter ouvido.
Suas mãos permaneceram em meu maxilar, acariciando-o, enquanto seus olhos corriam pelo meu rosto. Estremeci mais uma vez e ele segurou uma risada, seus lábios chegando perto de mim.
- Não faz isso. Por favor. – fechei meus olhos para não ter que visualizar mais aqueles orbes tentadores, mas foi em vão, porque agora era o seu cheiro que me inebriava por completo.
- Se quiser que eu pare, me impeça. - E então me puxou pelo pescoço e selou seus lábios nos meus.
Eu sabia que estava completamente perdida. Por mais que eu quisesse, não teria forças para fazê-lo parar.

***

Depois daquele primeiro contato, tudo ficou mais fácil. Minha mente pareceu clarear de certezas e meu instinto simplesmente aflorou, ignorando qualquer parte pensante que cismava em se apoderar do meu cérebro.
Sua boca faminta capturava a minha enquanto suas mãos rodeavam a minha cintura e me puxavam mais perto, ao mesmo tempo em que eu mantinha meus braços apoiados em seus ombros para poder passar a mão em todo seu cabelo, puxando-o da forma que quisesse.
Que tudo se danasse. Eu não estava mais ligando para nada, a não ser ele ali, comigo; seu corpo moldado ao meu, exatamente como deveria ter acontecido há muito tempo. Eu mal podia esperar.
Abracei-o pelo pescoço enquanto a ponta de seus dedos percorria toda a extensão das minhas costas por debaixo da blusa, me fazendo tremer devido aos calafrios que me eram proporcionados. Ele sorriu entre o beijo e mordeu meu lábio inferior, fazendo com que eu cravasse minhas unhas na pele descoberta de seu pescoço.
soltou um gemido devido ao ato, fazendo com que dessa vez eu sorrisse por entre o beijo, afastando nossas bocas enquanto ele tentava incansavelmente fundir nossos corpos – o que era difícil, até porque o freio de mão atrapalhava a nossa... posição.
- Mas que droga de carro. – ele balbuciou entre meus lábios, me fazendo gargalhar.
- Não ponha a culpa no coitado, ele não serve para essas coisas. – disse referindo-me ao que estávamos fazendo e ele puxou minha boca para a sua novamente, impedindo que eu falasse.
Cansei de toda aquela situação – e daquela posição completamente torta e desconfortável – e fiz o que queria fazer há tempos: apoiei-me em seus ombros e passei uma perna por cima do freio e dos botões do vidro. Fiz o mesmo com a outra perna, sentando-me sensualmente no colo de , que estava aconchegado no banco do motorista, ao mesmo tempo em que sua língua acariciava a minha de forma lasciva.
- Agora sim. – foi o que ele conseguiu sussurrar enquanto sua boca escorregava pelo meu maxilar e pescoço.
Gemi e apertei-me fortemente a ele enquanto meu pescoço era marcado. Mais tarde seria a minha vez, mas, até lá, eu queria aproveitar tudo o que ele estava me oferecendo.
Logo as roupas pareciam atrapalhar tudo o que estávamos vivendo. Estava calor e os vidros estavam embaçados, mas eu não estava satisfeita e sabia exatamente o que estava faltando: os músculos de à mostra.
Então eu realmente não me importei quando ele passou a dar mordidas e chupões na curvatura de um dos meus seios, porque eu estava mais preocupada em abrir todos aqueles botões capengas de sua camisa branca, a fim de apalpar seus músculos inexoráveis de forma direta e sem panos para atrapalhar.
- Você é tão bonito... – escapou dos meus lábios de forma sincera enquanto eu apalpava tudo o que conseguia pegar daqueles braços maravilhosos.
Assim que aquela peça de roupa voou para o banco de trás, percebi que minha blusa frente única tinha tomado a mesma direção e que se divertia beijando meus seios por cima do sutiã enquanto apertava minhas coxas por debaixo do short curto.
Abri os olhos por um curto segundo até perceber o que estava fazendo. Minha pele parecia estar em carne-viva, os rastros de saliva em meu pescoço e busto me fazendo ter um lapso de responsabilidade.
Empurrei-o para longe de mim delicadamente, sentindo sua excitação num nível já bastante avançado, me fazendo pasmar no poder que eu tinha sobre ele.
semicerrou os olhos e franziu a testa, olhando diretamente para o meu rosto de forma curiosa e de quem não estava entendendo absolutamente nada.
- O que aconteceu? – ele perguntou balançando a cabeça. – Você não... quer? – ele pareceu desolado, como se eu tivesse atacando sua virilidade. O que era algo que eu definitivamente não estava fazendo.
- Não! – apressei-me em dizer. – Não é isso. – olhei para o lado e passei as mãos em torno de seu pescoço para que não ficasse retraído. Mordi os lábios em seguida, nervosa. O que eu tinha feito? E se... ele não me quisesse mais?
- Não faz isso, , pelo amor de Deus. – ele girou os olhos para em seguida fechá-los, apoiando a cabeça no banco, relaxando.
- Isso o quê? – sussurrei em seu ouvido.
- Essa coisa com os lábios. – ele abriu os olhos, me encarando, e sua testa tocou a minha de forma delicada.
- Isso? – mordi os lábios novamente sem entender direito. Ele gemeu e fechou os olhos de novo, me fazendo rir. – Por quê?
- Porque você fica sexy demais e pede para ser agarrada, aí eu não consigo me conter. – ele suplicou me fazendo dar mais uma risada verdadeira e encostando nossos narizes.
- ? – chamei-o enquanto passava as mãos por todo seu braço e a região do seu abdômen.
- Sim? – ele respondeu num tom amigável, ainda de olhos fechados (mas com as mãos bem hábeis, se vocês querem saber mesmo).
- Alguém pode nos ver. – falei baixo e encolhi os ombros.
Os braços dele logo se apertaram contra a minha cintura firmemente, e seus olhos brilhantes se abriram para fitar meu rosto.
- O estacionamento ‘tá vazio, amor. – disse sorrindo casualmente, como se ele falasse aquilo para todas as garotas que conhecia – Além disso, o vidro é escurecido. Ninguém enxerga de fora.
E deu mais um daqueles sorrisos brilhantes que deveriam ser proibidos em qualquer lugar do mundo.
- Mas se você não quiser mais... – ele logo falou segurando o riso.
- Não! – praticamente gritei, fazendo-o soltar a gargalhada e me deixando extremamente constrangida.
Que raios de homem era aquele que atiçava minha sanidade e depois fazia com que eu mesma fosse a pervertida e ninfomaníaca da história?
- Ai, que tal você fazer alguma coisa mais útil com essa boca além de falar? – exclamei cruzando os braços e revirando os olhos, enquanto os dele sorriam e brilhavam na minha direção.
- Acho que vou atender o seu pedido. – ele sussurrou contra meus lábios, fazendo com que eu ficasse praticamente bêbada e inebriada em seu perfume, escorando minhas mãos em suas costas e nas famosas “entradinhas”.
- Ótimo. – resmunguei enquanto ele puxava meu tronco para mais perto de si e sugava meus lábios com força.
Era como se nós nem tivéssemos parado para trocar essas mínimas palavras, a luxúria instalada novamente em nossos corpos, mas com uma força muito mais devastadora do que antes.
O loiro mordeu novamente meus lábios, quase os fazendo sangrar, enquanto suas mãos apalpavam todo o desenho de meus seios, friccionando com os dedos e me fazendo gemer de prazer.
Logo depois, foi a minha vez de deixar marcas pelo seu pescoço, enquanto ele tentava de todas as formas arrancar meu sutiã para longe para abocanhar meus seios com a boca, me estimulando com a língua.
Sapatos e sandálias já estavam perdidos dentro do carro e eu me sentia febril, precisando de um espaço maior para completar aquilo tudo. Não era nem de longe a minha primeira vez, mas sem dúvidas estava se saindo a melhor de todas.
Eu tinha certeza de que o iria bater todos os recordes estabelecidos por mim.
Não que eu estivesse prestando atenção nessa parte, só que era impossível não sentir tudo aquilo quando eu estava com ele. Toda a tensão, todos os batimentos cardíacos acelerados, as festas revolucionárias no estômago, o brilho nos olhos, as mãos suadas, a garganta seca... Tudo isso poderia ser considerado indício de que ele tinha um efeito devastador sobre mim, e não havia nada que eu pudesse fazer.
A não ser aproveitar o momento.
E então, sem mais nem menos, abaixou o assento em que estávamos e me puxou para o banco traseiro, me espremendo entre seu peitoral maravilhoso e o acolchoado do banco.
Abri as pernas para enlaçá-lo pela cintura com força, minha genitália batendo contra a dele de forma precisa mesmo por cima das roupas, me fazendo ofegar.
Com isso, suas mãos voaram para o botão de meu short, abrindo-o e jogando-o para qualquer lado, exatamente como havia feito com minha blusa e meu sutiã.
olhou-me ternamente antes de descer seus beijos até a minha barriga, pulando para minhas coxas e subindo novamente até a virilha.
Não havia mais volta e nada mais me importava, nem mesmo se eu estava sendo a vadia da situação. Aquilo tudo parecia tão profundo, tão necessário, tão harmonioso, tão... certo, mesmo que do modo errado. Porque a situação era ilícita. Mas era esse pequeno detalhe que fazia tudo melhor.
Era como se eu estivesse sendo queimada viva, mas de um jeito maravilhoso. E ele não podia parar agora porque eu já tinha ficado completamente... maluca.
não parou os movimentos circulares com a língua nem quando chegou ao ponto principal, por cima da minha calcinha rendada – a qual ele tirou com os dentes de forma rápida e sem hesitação, segundos depois.
De súbito e sem permissão, me penetrou com a língua, fazendo com que eu sufocasse um grito com um gemido histérico, que não foi resistido quando ele inseriu mais alguns dedos poderosos, me atiçando.
Apertei seus cabelos de forma nada gentil, enlouquecendo com o que estava se passando comigo. Ele era definitivamente o melhor de todos.
Senti que estava quase chegando ao ápice depois de poucos minutos, a familiar sensação de estremecimento violenta se apoderando de mim enquanto eu tentava inutilmente agarrar para mais perto de mim.
- Oh... Eu ‘tô quase lá... Não para... – gemi entre dentes, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás.
- Geme pra mim, amor. – ele pediu deixando seus movimentos mais longos e vagarosos.
- ... – palavras desconexas saíram da minha boca, mas eu não estava mais pensando em nada, apenas queria que ele acabasse com aquela tortura logo – Oh, ...
- Nós já conversamos sobre isso. – falou num tom recriminador, mas pude ouvir a malícia por trás daquilo tudo.
- ... – não tive consciência em como diminuir o nome dele, então essas letras foram as primeiras coisas que passaram pela minha cabeça enquanto uma sensação de tremor passava por todo meu corpo – Oh céus! ! , por favor! – pedi inutilmente para que ele acelerasse os movimentos.
Um segundo depois, eu havia atingido o meu primeiro orgasmo daquela manhã.

Fiquei um longo tempo ofegante apenas com os braços apoiados em , que mantinha a testa colada em meu pescoço, sem muitas movimentações. No entanto, eu sabia exatamente do que ele precisava – e queria. E eu estava pronta para oferecer.
Levantei-o pelo maxilar e dei um meio sorriso – aquele classificado como tarado – e empurrei-o para o lado, fazendo suas costas irem em direção ao gelado do vidro. Ele permaneceu no local enquanto eu mordia o lábio e engatinhava por cima dele.
Passei minhas unhas compridas pelo seu pescoço, arranhando-o, para depois descer lentamente por toda a extensão de seus músculos abdominais, chegando ao zíper de sua calça.
Abri o pequeno botão e puxei o zíper, jogando as calças para algum lugar – com a ajuda dele – e expondo o seu volume infinito que fez com que eu arregalasse os olhos.
Dei alguns selinhos por cima de seus lábios enquanto suas mãos passavam por todo o contorno de meu corpo, desde o pescoço até a bunda, e não quis esperar mais para o que iria fazer.
Brinquei com o elástico de sua boxer enquanto mordia e chupava seu peitoral, fazendo com que ele arquejasse e sussurrasse alguma profanidade em meu ouvido.
- ... – ele gemeu o meu nome quando eu desci a sua última peça de roupa e capturei delicadamente seu membro com as duas mãos. – Você... Você não...
- Fica quietinho e me deixa fazer o que tenho de fazer, certo? – sussurrei perto de seus lábios enquanto começava a masturbá-lo lentamente.
Comecei fazendo movimentos vagarosos e ouvi-o gemer em meu ouvido, pedindo que acelerasse. Dei resposta a seu pedido assim que ele cravou as unhas curtas em meus braços, ajudando nos movimentos, para depois abaixar-me e estimulá-lo oralmente.
acariciou meus cabelos enquanto eu tinha em mente proporcionar a ele todo o prazer que conseguia, da mesma forma que ele havia oferecido para mim.
Eu não precisava de qualquer estímulo a não ser ele, seu corpo viril exalando sensualidade e suas carícias fazendo com que eu perdesse a sanidade – quando na verdade era ele quem deveria estar prestes a ficar maluco. Sem mais delongas... Ele era o cara, e eu não podia acreditar que estava junto a ele naquela situação.
Não que eu não tivesse apreciando, porque eu realmente estava.
- ... Eu não vou aguentar muito... mais. – ele sussurrou entre gemidos e eu terminei de sugar seu membro pulsante, levantando-me e lhe dando um beijo estalado nos lábios.
- Camisinha. – sussurrei sentindo suas mãos deslizarem pelo meu corpo.
Com dificuldade, ele me tirou de seu colo e passou a procurar a calça perdida – o preservativo estava na carteira, que se encontrava no bolso da calça -, os olhos apertados e a testa suada.
Sorri idiotamente enquanto observava-o pegar o pacote, minhas fantasias sexuais quase totalmente realizadas.
Ele sentou-se ofegante no banco e me puxou para o seu colo, sem realmente me penetrar, e entregou a camisinha em minhas mãos, sorrindo.
Seus olhos brilhantes fizeram com que meu coração soltasse um pulo grande e desnecessário em meu peito, e sorri para ele em forma de companheirismo.
Droga. Eu estava mesmo apaixonada pelo cara sexy e proibido.
- Sou todo seu. – ele disse de forma fofa me fazendo abrir um sorriso maior ainda. Como podia existir um cara desses no mundo? Fofo, simpático e misterioso, apesar de tudo?
- Pode apostar que é. – sussurrei em seu ouvido, mordendo seu lóbulo segundos depois e coloquei o preservativo, enquanto ele passeava as mãos por todas as partes alcançáveis do meu corpo.
me içou pela cintura apenas para guiar seu membro até a minha entrada, e eu desci sôfrega e lentamente, agarrando seu pescoço e sentindo meu coração explodir para fora de meu corpo, que estava pegando fogo.
Subi e desci lentamente, rebolando em seu membro ereto, nossos lábios apenas encostados um no outro enquanto eu o abrigava por inteiro.
E então, rapidamente e sem que eu ao menos percebesse, eu já estava deitada no banco, ele por cima de mim dando estocadas fortes e rápidas, quase tirando seu membro totalmente de dentro de mim para em seguida colocá-lo com muito mais força e velocidade, me fazendo gemer alto.
Enlacei-o com as pernas pela cintura para facilitar a penetração e senti-lo melhor, e continuamos os movimentos de vai-e-vem, sussurrando coisas sem nexos para qualquer um ouvir.
Gememos juntos, ofegamos juntos e chegamos ao ápice da mesma forma.
Logo senti meu corpo dolorido, no entanto, a felicidade imensa que radiava de mim suportava qualquer outra dor ou sentimento de vazio. continuou dentro de mim e me abraçou suavemente pela cintura, fazendo com que eu deitasse minha cabeça em seu pescoço e escorasse minhas mãos pela curvatura de seus braços musculosos.
Senti minhas pálpebras pesadas e o corpo exausto, mas um enorme sorriso pintava meu rosto. Será que ele também se sentia realizado como eu?
- Dorme, linda. – ele sussurrou e me deu um selinho.
- Você vai ficar aqui? – perguntei um pouco amedrontada, olhando agora em seus olhos cintilantes.
- Eu não tenho para onde ir a não ser ficar aqui com você. – ele sorriu ternamente e, de alguma forma, eu tinha certeza de que ele se sentia exatamente da mesma forma que eu.
Realmente, havia sido uma manhã adorável.

***

Despertei quando senti alguns movimentos perto da região das minhas coxas. Abri os olhos vagarosamente, tentando entender onde eu estava e o que havia acontecido.
Observei dando um jeito no preservativo e sorri, flashes do que havia acontecido entre nós a alguns minutos anteriores – eu sabia que não havia dormido muito - passando pela minha cabeça.
Logo seu rosto voltou-se em minha direção e sua sobrancelha fez um desenho engraçado devido à sua expressão facial, fazendo com e que eu abrisse um sorriso ainda maior.
- Eu te acordei? – ele perguntou passando as mãos pelo meu rosto.
- Não. – menti – Eu dormi muito? – quis ter a certeza.
- Uma meia hora, nem isso. – ele sorriu e me beijou de forma eufórica. Depois parou e ficou olhando para o meu rosto, sorrindo enquanto eu sentia minhas bochechas queimarem.
- O que foi? – perguntei enquanto alcançava uma de suas mãos e brincava com seus dedos, ainda fitando seu rosto maravilhoso.
- Nada. – ele disse e riu, correspondendo aos meus movimentos.
- Fala! – pedi ficando ainda mais vermelha. Como ele podia ser tão... tão... indescritível?
- Acho que eu nunca vou conseguir parar de te olhar. – ele disse apoiando seu rosto na outra mão.
- , você nunca me olhou. – falei verdadeiramente, um pouco nervosa agora – Não sei como isso foi acontecer hoje.
- Pois é aí que você se engana, . – ele frisou meu nome e eu gargalhei.
- Desculpa, , mas não estou entendendo mais nada.
- A gente se conhece há mais de dez anos, você achou que eu nunca iria reparar numa garota como você? – ele explicou achando graça na situação.
- Vai saber, né... – dei de ombros ainda girando meus dedos nos dele, até que percebi que havia alguma coisa errada.
Senti que ficava branca e que alguma coisa invisível apertava meu coração da forma mais dolorosa possível.
O que eu havia feito? Por que eu não havia o impedido de fazer aquilo? Por que eu simplesmente não resisti por mais alguns segundos, alguns segundos que seriam preciosos para que eu saísse do carro e andasse até a minha faculdade sem cometer o pecado da luxúria?
- ? O que foi? – ele perguntou preocupado enquanto eu ofegava, meu coração parecendo esmurrar para fora do peito.
Idiota, idiota, idiota! Tive vontade de me estapear com força e fechei os olhos, não aguentando fitar os orbes desesperados de em meu rosto. Qual era o meu problema?!
Desenlacei minha mão da dele, como se tivesse recebido um choque térmico, e quis sair correndo para longe, sentindo meus olhos aguarem. Isso era tudo minha culpa! Se eu não tivesse aceitado a carona, esse erro não teria acontecido. Mesmo que para mim tivesse sido a melhor coisa do mundo...
- ?! – ele me chocalhou pelos ombros, preocupado – Você ‘tá chorando! O que aconteceu?!
- Oh. – abri os olhos e os senti molhados. – Eu tenho que ir embora.
E então me desvencilhei dele e passei a procurar todas as minhas roupas pelo carro, enquanto ele me olhava assustado e eu mantinha minha cabeça imersa em pensamentos.
Eu havia ficado com um cara que tem namorada! Que tem uma aliança de compromisso há mais de dois anos! Burra, burra, burra, estúpida! Eu não acredito, por que justo comigo? Por que eu simplesmente não consigo amar uma pessoa melhor e menos errada do que ele?
- O quê? , fala comigo! – ele impediu que eu abrisse a porta do carro e saísse correndo, já que nós dois agora estávamos vestidos.
- Não posso, . – logo me senti idiota por chamá-lo pelo apelido novamente. Cadê as minhas forças? – Isso foi errado, não pode acontecer de novo!
- O... O que você ‘tá dizendo? – agora ele parecia ofendido.
Meus olhos continuavam vermelhos e chorosos, e eu o encarava. Por que as palavras simplesmente não saíam? E por que ele fazia aquela cara de sofredor para mim, como se eu fosse a errada da história?
- Não faz assim! – gritei e joguei as mãos no rosto, não querendo fitar seus olhos. Eu não iria conseguir. – Você sabe que isso foi errado!
- Não, olha pra mim! – ele falou em tom severo e puxou minhas mãos do rosto, fazendo com que eu o encarasse. – Quando duas pessoas se amam, é normal que isso aconteça! – ele praticamente gritou.
Sufoquei um grito de pavor ao ouvir aquelas palavras. Ele parecia brincar comigo, brincar com meus sentimentos estúpidos, como se eu fosse uma qualquer com quem ele havia feito sexo dentro do carro, por pura diversão.
- Você não me ama, ! – gritei e mexi minhas mãos, fazendo com que ele me soltasse. – Você tem namorada! – praticamente esperneei.
Foi o que bastou para que ele escancarasse a boca, como se tivesse se lembrado de algo terrível – como o fato de que ele estava comprometido com alguém que não era eu.
- Então o problema é só esse? – ele falou confuso.
- Como esse, ? – gritei embasbacada. – Você a ama! O que aconteceu entre nós foi só... Só um deslize da sua parte. Um deslize que não vai voltar a acontecer nunca mais, por mais que eu queira. – senti mais algumas gotas salgadas descerem pelo meu rosto, e não acreditei no que eu havia dito. Eu havia confessado na frente dele que queria que acontecesse novamente!
- – ele pronunciou meu nome e agarrou minha cintura, colando nossos corpos e fazendo com que eu sentisse seu hálito na minha própria boca – Não foi um deslize. Eu queria isso há muito tempo. – agora quem parecia confessar as coisas era ele.
- O... O quê? – agora eu não estava entendendo mais nada.
- Eu não sinto mais nada pela Melanie há muito tempo, e você é a prova viva disso – ele pegou a aliança em seus dedos e jogou pela janela antes que eu o impedisse – Eu não consigo parar de pensar em você. Não consigo me concentrar durante as aulas, pensando que talvez eu a encontre pelo campus da faculdade. Sempre tento te encontrar durante as saídas rotineiras de casa, mas nunca dá certo. A não ser por hoje.
- O que você quer dizer com isso? – as palavras pareciam não sair da minha boca de tanto que eu tremia. Ele sorriu, passando as mãos pelo meu rosto.
- Em outras palavras, eu quero você pra mim, meu amor. – ele disse sorrindo, seus olhos derretendo os meus, suas mãos percorrendo meu corpo e o fazendo estremecer e esquentar.
- ... Eu... – agora eu estava mais confusa do que antes. Se ele queria ficar comigo, por que estava com outra? E por que ele só demonstrou isso agora, depois de todo esse tempo?
Antes que eu terminasse de tentar falar mais alguma coisa, ele grudou seus lábios nos meus, sua língua pedindo passagem pela minha boca – passagem que eu concedi sem nem pensar duas vezes. Era impossível resistir a ele, simplesmente não dava. Ainda mais agora que eu sabia o que ele estava sentindo.
- Eu sei que é difícil de entender. – ele pareceu ler meus pensamentos. – Mas eu quero que faça uma coisa por mim.
- Qualquer coisa. – sussurrei entre seus lábios, puxando-o pelo pescoço e encostando nossas testas. Eu já estava perdida mesmo.
- Me espera. – pediu de forma desesperada, fazendo com que eu me assustasse. – Não vai ser sempre assim... dessa maneira. Desse jeito visivelmente errado.
Seus orbes castanhos perfuraram os meus, que agora estavam abertos e irradiavam felicidade. Ele estava mesmo pedindo que eu esperasse por ele? Para que nós pudéssemos ficar juntos do jeito certo, sem esconder de ninguém os nossos sentimentos e sem trair ninguém?
Então, sem mais nem menos, eu sabia o que tinha de responder. Eu estava certa dos meus sentimentos, e ele parecia estar certo dos dele também. Então... Por que não tentar? Eu não tinha nada a perder, tinha?
Abri o meu maior sorriso e puxei-o pelo pescoço até mim, esmagando meus lábios nos dele e o abraçando, feliz. Aquilo era tudo o que eu queria – pelo menos no momento.
- Acho que isso é um sim. – ele riu entre o beijo, visivelmente feliz.
- Isso definitivamente é um sim. – encorajei-o.
Nossas bocas não se desgrudaram nenhum minuto em todo o tempo em que permanecemos ali dentro do carro, e também não aconteceu nada a mais depois daquilo. Não precisava acontecer. Eu já me sentia completa.
- Acho que estamos atrasados. – disse depois de um tempo, olhando para o relógio do carro. Dez minutos haviam se passado desde a primeira aula.
- Merda. – ele resmungou me tirando de seu colo. – Eu tenho prova no primeiro período.
- Eu também. – ri e puxei-o pelo pescoço rapidamente, dando um selinho, para depois puxar minha bolsa e sair do carro.
Ele fez o mesmo que eu, ajeitando sua gravata e seu cabelo e saindo pela porta contrária a minha, trancando o carro.
- Eu vou por aqui. – apontei na direção de onde havíamos entrado com o carro. Era o local mais perto do meu prédio, que era totalmente fora do caminho do dele.
- E eu por aqui. – ele indicou uma outra saída e andou na direção contrária a mim, olhando diversas vezes para trás.
- Até a próxima vez, . – falei num tom alto para que ele ouvisse e mordi os lábios de forma sacana. Ele revirou os olhos e sorriu estonteante na minha direção, respondendo:
- Até logo, . – ele deu uma piscadela para mim e nós giramos em direções contrárias com sorrisos safados plantados no rosto.
É claro que haveria uma próxima vez. Até porque ele já não era mais tão proibido assim... Ele era o meu mais novo pecado. E que me queria por completo.

Fim!



Nota da autora: (16/10/2015)
MAS GENTE!!!!!!!!!!!!!! Nem sei por onde começar essa nota, já que preciso dar um milhão e meio de explicações.
Alguns fatos que você precisa saber depois que leu isso aqui:
1. Essa foi a primeira fanfic restrita que eu escrevi NA VIDA.
2. E ela foi escrita em, sei lá, 2011, senão me engano. (por isso está esse lixo)
3. Já tenho outras 6 partes escritas, continuando a história e, obviamente, todas são restritas também.
4. JURO QUE MELHORA COM O TEMPO. Por favor, não desistam de mim! Rs
5. E não, ainda não finalizei a história em si. Preciso escrever mais 2 partes, e farei isso assim que terminar outros projetos de fics.
Agora que vocês já conhecem essa minha longa jornada, eu quero saber o que vocês acharam da história. Tem muita coisa precipitada aí, é lógico, é óbvio, eu mesma sei relendo tudo isso, mas acho que as coisas começam a ficar mais claras a partir das outras partes. E a parte restrita também fica melhor, eu prometo! Haha
Como essa foi a minha primeira, eu lembro que fiquei morrendo de vergonha quando a postei pela primeira vez. Agora como não tenho mais vergonha na cara (mazoq) não ligo pra parte safadinha, mas uma coisa me incomoda sobre a história nessa primeira parte. Maaaaaaaaaaaas, juro que as coisas vão ficando mais claras depois. Muitas revelações. Muitas águas ainda vão rolar rs.
Bom, eu não ia postar isso, mas a Adri fez questão disso, então já começo a agradecer (ou a xingar IUSHADUIASHDIUASHDIAS). Obrigada! <3
Falem pra mim o que acharam, ok? E, se vocês pedirem, não demoro muito para postar a JTV2, hein?! (Que, convenhamos, tá melhor que essa!)
Qualquer coisa vocês me acham no @paula_salmazzo. Até a próxima! <3

Outras fics: Everything will change (McFLY/Finalizada); Remember Me, Remember Us (McFLY/Finalizada) e We’re both confused (McFLY/Finalizada).



Nota da beta: GENTE, PODEM ME AGRADECER POR TER PEDIDO ESSA, SÉRIO HAHAHAHAHAH Adorei! Cê devia ter limites, Paula, a cada fic você arrasa mais um pouco com meu coração. Quero as outras, e quero já!!!!!

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