Jogando os Dados - Frio







- Você pode acender a lareira, por favor?
estava emburrado feito uma porta.
Desde o primeiro momento, ele odiou a ideia de ir para um lugar mais frio, embora essa fosse a minha diversão maior. E mesmo com todas as chantagens dizendo que era a viagem no mês do aniversário dele, ele obviamente não conseguiu me convencer. Ele queria ir para fora do país, para Miami ou qualquer outro lugar ensolarado onde ele me teria de biquíni. Eu só revirei os olhos para o seu pedido e comprei nosso pacote de viagens para Gramado mesmo assim.
Juntando isso ao fato de que, quando chegamos à cidade, encontramos um clima congelantemente abaixo de zero, obrigando , a contragosto, vestir sua jaqueta de couro completamente insuficiente para o gelo.
O carro, porém, ficava bem quentinho. Demos uma volta pela cidade ainda com as malas dentro do veículo e convenci-o a descer e comer alguma coisa bem quente. Estávamos em um restaurante pequeno e acolhedor, eu tomando uma xícara de chocolate quente bem tranquilamente, enquanto se mantinha zangado, encarando a televisão e sem querer muito papo. Eu tinha certeza de que ele deveria estar morto de frio só com aquela jaqueta, mas tinha sido teimoso demais para escolher alguma coisa mais quentinha ou colocar outro casaco por cima. Não reclamei porque ele ficava uma delícia vestido assim, mas insisti sobre um cachecol, que ele se recusou a usar por ser coisa de bicha. Enfiei nele mesmo assim.
Tomei uma longa lufada de ar, tentando manter a paciência com aquele ali e encarei a janela, certa de que a paisagem daquela cidade fosse me ajudar a ter calma. Eis que eu vi pequenos floquinhos brancos caindo do céu.
- Está nevando! - certamente eu não poderia estar mais feliz.
Nevou por cerca de dois minutos e eu tenho certeza que eu pareci uma criança durante eles. ainda parecia devidamente zangado, mas quando voltamos para o carro, ele segurava um sorriso. Que tinha desaparecido quando chegamos ao nosso quarto do hotel e eu lhe pedi para acender a lareira.
- Claro. Você quis pagar mais caro pelo maldito quarto com lareira, então vamos acender a lareira! - tentou fazer uma piada, mas só conseguiu parecer mais ridículo e mal-humorado.
Revirei os olhos para ele e o vi sumir para a area maior do cômodo, onde ficava a lareira. Marchei minhas botas para o quarto e comecei a me despir calmamente. Tinha planejado vestir alguma coisa mais quente, mas o quarto não estava gelado e... Ainda era nosso aniversário.
Eu não tinha muita coisa à minha disposição, mas tinha uma camisola longa e preta que iria servir. Não que fosse difícil deixar animado e duro - se eu aparecesse nua ao lado dele, ele iria gostar o bastante.
Vesti-a rapidamente e caminhei de volta para e a lareira antes que ele pusesse fogo em todo o hotel, mas quando cheguei lá, o fogo queimava tranquilamente enquanto ele o encarava com as mãos dentro dos bolsos da calça. Parei atrás dele e ele virou-se para mim, olhando-me de cima abaixo, e eu já senti sua respiração se alterar.
Uma de suas mãos foi com tudo ao meu quadril, subindo a camisola lentamente, enquanto seu nariz se afundava em meu pescoço.
Os arrepios me dominaram por inteiro e eu tomei uma grande lufada de ar para manter a calma e não perder a cabeça.
- Eu quero um pouco de vinho - murmurei.
Senti-o respirar fundo em meu pescoço conforme se acalmava para realizar meu pedido. Acabou por concordar com a cabeça e se afastar devagar. Eu tinha quase certeza que ele esquecera nosso aniversário, mas estava fazendo todos os meus pedidos sem reclamar... E eu estava começando a achar que não, ele não tinha esquecido.
Ele serviu-nos vinho com uma rapidez impressionante, voltando ao meu lado com sua taça e a minha. Peguei-a e brindamos.
- Feliz aniversário - murmurei, encarando-o e notando que não havia surpresa nenhuma em sua expressão. Por outro lado, até, ele parecia divertido com o meu tom e sorriu levemente em minha direção.
- Mal posso acreditar que já tem seis meses que eu amarrei você, baby - riu.
- Quem que amarrou quem? - brinquei, enquanto bebericava o meu vinho.
- Eu - murmurou. Encarou-me avidamente com aquela fome que me arrepiava todos os pelos e eu soube que ele estava pensando na nossa primeira vez juntos. - Eu que amarrei você.
Quando ele apoiou a sua taça em cima da mesinha atrás de mim, eu sabia que não daria para adiar aquilo por nem mais cinco minutos. Antes que ele investisse, porém, desvencilhei-me e caminhei até a lareira, sentando-me no chão, com a taça de vinho ao meu lado. Ele seguiu-me e sentou atrás de mim. Não senti nada além de sua respiração em minha nuca e fechei os olhos, sentindo os arrepios de antecipação, mesmo que ele nem tivesse me tocado ainda.
Era incompreessível. Eu tinha aquele homem dentro de mim quase todos os dias há seis meses. E eu ainda conseguia sentir o mesmo nervosismo antes do nosso primeiro beijo, da nossa primeira transa. Nunca tinha parado e, naquela altura, eu já duvidava que um dia iria acabar.
- Então era isso... - murmurou, soprando através dos meus cabelos. - É uma fantasia, baby? Você quer na lareira?
Dignei-me a concordar com a cabeça. Desde que a ideia de viajar para um lugar frio se fixara na minha mente, eu só conseguia pensar em transar com em frente uma lareira. Eu tinha imaginado um pouco mais gelado do que estava, o maldito aquecedor atrapalhando meus planos, mas a ideia de sentir seus toques queimando minha pele ao mesmo tempo que o calor do fogo da lareira...
- E devagar - murmurei, totalmente perdida.
Senti sua risada atrás de mim e ele puxou meus cabelos para um lado só, deixando meu pescoço livre, com uma brutalidade repreensível. Então senti a mesma mão tomar pose de um de meus seios quando seus dentes se cravaram em minha orelha, me fazendo gemer.
- Ah, é? - murmurou, provocante. - Você queria romântico, ? Me enfiar numa cidade fria feito gelo, com uma maldita lareira e ainda me foder devagar? - ele apertou meu seio com força e a outra mão puxou a alça do outro lado da camisola para baixo, me deixando meio vestida. Um gemido de adoração escapou de seus lábios e refletiu direto em minha virilha. - Fiz tudo do seu jeito até aqui, . Mas agora vai ser do meu. Vai ser duro, forte e rápido e você vai gostar porque é minha.
A mão que antes estivera em meu seio tomou posse da minha virilha ainda por cima do tecido e eu arqueei minhas costas, sugando o ar e desejando desesperadamente que ele não estivesse afim de me torturar. Agarrei seu pulso com força, quase implorando pelo desaparecimento do tecido que os impedia de grudar pele com pele e ele riu.
- Ah, essas mãos - ele suspirou. - Eu me lembro muito bem do que podemos fazer com elas.
Mordi o lábio inferior, sentindo meus pulsos formigarem pela lembrança de estarem amarrados com aquela corda bruta.
me prendeu algumas poucas vezes depois daquilo, mas nunca mais com uma corda e eu não tinha me tocado do quanto eu queria aquilo.
Ele me soltou e empurrou a alça que restava para baixo, escorregando minha camisola até o quadril. O momento em que ele ficou parado olhando para mim foi o suficiente para que eu escorregasse para longe dele e me deitasse o mais próximo possível da lareira. Ouvi sua risada enquanto ele se aproximava, abrindo o próprio jeans. Escorregou a calça para longe e a ereção ficou claramente vista pelo pano fino da cueca. Mordi o lábio, esperando que ele terminasse de se despir, mas quando ele abriu o zíper da jaqueta, eu segurei-a pelas bordas e decidi que eu não queria que ele a tirasse.
- Não - pedi. - Gosto dela.
Ele sorriu de lado e sabia que tinha uma piada pronta para sair de seus lábios enquanto ele se encaixava no meio das minhas pernas. Mas quando eu levei meus pés para a barra de sua cueca e puxei-a para baixo, a piada se perdeu conforme nossas peles se tocavam.
- Romance - ele debochou, levando a boca para minha orelha, sua ereção já apontando em minha virilha. Eu estava perdida. Totalmente. - No nosso aniversário.
Mesmo com a mente nublada e o corpo em brasa, pude entender que aquela era a piada anterior.
- Não é assim que a gente funciona - murmurei.
Senti-o aspirar o ar todo em meu pescoço e soube que, tal como eu, seu pensamento tinha sido levado ao nosso primeiro jantar.
- Não - confirmou, em tom rude.
E meteu-se todo dentro de mim, sem mais nem menos. O gemido desesperado escapou de meus lábios e apertei meus olhos com força, apenas para senti a mordida cruel de em meu queixo.
- Abertos - exigiu.
Eu sabia que aquele era um conhecido fetiche dele e não era incomum que ele me pedisse. Na verdade, eu já tinha aprendido a me controlar o suficiente para encará-lo durante o sexo sem muito esforço e isso sempre o deixava ainda mais doido de tesão. Ali, porém, não estva conseguindo. Perdi o foco rapidamente quase os fechei, para senti-lo beliscar o bico do meu seio em reprimenta, me fazendo querer gemer mais alto e apertar meus olhos com força.
Cravei minhas unhas em sua nuca, levantando meu rosto para deixar meus olhos mais próximos dos seus e, assim, tentar lhe dar o que ele me pedia. Porém, logo, ele parou de se movimentar e agarrou minhas mãos com as suas, empurrando-as de volta uma para cada lado da minha cabeça e encaixando nossos dedos. Quando voltou a se movimentar, o fez devagar e eu não me contive. Apertei meus olhos e senti o infeliz do nó em meu ventre começar a se desfazer e o orgasmo vindo.
A reprimenda de se iniciou em uma mordida em minha orelha, mas parou por aí; ele sentiu meu prazer e gemeu baixinho, agraciado.
- Minha - murmurou, embasbacado e gemendo. - Minha . Só minha.
O orgasmo explodiu intensamente dentro de mim e minhas pernas dobraram-se e esticaram-se desesperadamente, enquanto eu tentava lhe responder.
- Su... S... Sua - e saiu assim, em gritos, enquanto eu gozava e gozava infinitamente. Quando acabei, senti-o chegar ao seu prazer também e procurei seus lábios para ter seus gemidos em minha boca. - Meu. - Exigi, me sentindo preenchida pelo seu prazer.
Ele riu baixinho e beijou-me a boca com uma doçura inesperada.
- Seu - respondeu, suspirando. Soltou minhas mãos e eu envolvi seu pescoço rapidamente, vendo o sorriso no canto da sua boca. Seus lábios passaram por cada cantinho do meu rosto antes de voltarem, ainda mais doces, aos meus. - Eu amo você.
Prendi a respiração ao ouvi-lo dizer as palavras quando ele nunca dizia. Era comum que ele respondesse às minhas declarações com um "eu também", mas nunca dizia. Era apenas a terceira vez que eu escutava e as duas primeiras tinham sido há muito tempo atrás e por pura pressão.
Era a primeira vez que saía assim, na calmaria e não no desespero ou no medo, e eu senti meus olhos se encherem de lágrimas de felicidade.
Se eu queria romance, ele me dava. Do jeito dele, mas me dava.
- Não chora, - pediu, enfiando o rosto no meu pescoço, envergonhado com minha intensidade.
Queria não chorar, mas não conseguia. Respirei fundo e levei minhas mãos aos seus cabelos ralos, mas existentes desde que eu o pedira para não cortar mais tão curto.
- E eu amo você tanto... - sussurrei, enquanto começava a lhe fazer cafuné.
Senti seu sorriso em minha pele e sua respiração foi ficando cada vez mais calma e leve até que ele dormiu com a cabeça sobre o meu colo. Escorreguei-o para o lado e deixei-me aconchegar em seus braços dorminhocos, que me apertaram pelo costume, sem que nem o despertasse. E dormimos, satisfeitos, apaixonados e no chão, com a lareira queimando a madeira lentamente noite adentro.



Nota da autora: (04.01.2015) Desculpa, gente, preciso confessar: eu sempre quis transar ao lado de uma lareira, tomando vinho e de preferência com o Ta... Não, Mila, desculpa, não foi isso que eu quis dizer.
Bom, essa é a terceira de uma série de shorts que vai levar a gente em um caminho encantado até a Jogando os Dados 2 – No Limite #simvaitersegundatemporada! Hahahaha
Espero que vocês tenham gostado da brincadeira e até a próxima!
Lista das Shorts de Jogando os Dados:
#Short1 – Colisão
#Short2 – Morando Juntos
#Short3 – Frio < Estamos aqui!
#Short4 – Menage
#Short5 – Calor
#Short6 – Longe de Casa
#Short7 – Vermelho
#Short8 – Bebê a bordo

Beijos rosados :*
Letícia Black




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