Juntos Até o Fim

Última atualização: 10/07/2023

Capítulo Único

Los Angeles, Califórnia.


Jaz Sinclair.


Acordei pela manhã, tocando a cama ao meu lado, vazia. Fiz uma careta rápida e memórias de um dia desses praticamente me transportaram para o momento.
— Você não entende? — questionei, ferozmente. — Eu vou ter que me mudar pra poder gravar essa série, Ross, é um dos meus maiores sonhos. E vai ser incrível e...
Lambi o meu lábio superior, já sentindo uma vontade imensa de chorar.
Olhei pro loiro posto à minha frente e como a expressão em seu rosto era confusa. Suspirei pesadamente e neguei com a cabeça.
— Eu não posso ir com você, Jaz. Tenho a banda. Estamos começando a fazer mais shows atualmente pelos Estados Unidos e...

Nós tínhamos a mesma mania de falar, falar e meter um e quando certo medo predominava em nosso corpo.
Já de barriga pra cima, olhando pro teto, me perguntava se valia realmente a pena eu passar os próximos meses longe dele.
Nos conhecemos na pré-produção da série que fizemos juntos, O Mundo Sombrio de Sabrina, e tudo aconteceu rápido demais. As trocas de palavras, as casualidades, as trocas de olhares, os toques, tudo. A partir do primeiro toque, das primeiras faíscas, tudo queimou rapidamente entre nós.
Suspirei pesadamente, me lembrando do nosso primeiro beijo com gosto de chocolate, pelo milkshake que dividíamos naquela tarde fria de gravações. Senti meu coração doer, no entanto, minha atenção foi tirada para a campainha do apartamento, que começou a tocar freneticamente.
Pensei em Ross. Então me coloquei de pé tão ligeiramente que senti leve tontura, e da mesma forma caminhei até a porta sentindo o nervosismo tomar conta do meu peito. Com meu coração batendo mais fortemente, me aproximei, nem me dei ao trabalho de olhar no olho mágico, apenas abri.
— Nós te ligamos!
Meus pais passaram por mim e eu acompanhei seus passos para dentro do apartamento, não conseguindo tirar a expressão de chateação em meu rosto, fechei a porta e os olhei.
— Onde você estava?
— Dormindo! — respondi, calma, e cruzei meus braços.
Suspirei pesadamente e passei por eles, caminhando em passos pesados até a cozinha. O conceito aberto facilitava o fato de eu poder ficar de olho neles.
— Seu pai precisa te contar uma coisa, querida.
Enquanto colocava grande quantidade de café na minha caneca favorita, olhei pro meu pai, que estava ao lado da minha mãe e com uma expressão tensa.
Observei com atenção ele estralar os dedos das mãos e eu sabia o que aquilo significava.
— É algo sério? — os questionei, e bebi um gole do líquido.
— Um asteroide vai nos atingir. Dentro de algumas horas.
As palavras dele entraram pelos meus ouvidos da mesma forma na época em que fazia francês e não entendia nada.
Fechei os olhos rapidamente, fazendo uma careta, no entanto, logo os abri.
— Hã? — Deixei uma risada escapar.
— Durante o último ano, o governo norte americano e governos de outros países esconderam a vinda iminente de um asteroide em direção à Terra. Era esperado que uma missão o parasse, mas não foi o que aconteceu. Nos últimos dias, recebemos a notícia de que a missão falhou e é esperado que, quando ele passar pela atmosfera da Terra, ele se desintegre e caia em partes no oceano.
Parecia que eu estava ouvindo as palavras do meu pai em câmera lenta, tanto que tudo que saía pela boca dele entrava pelo meu ouvido e saía sem sentido nenhum pelo outro. Os olhei, já sentindo as lágrimas arderem os meus olhos, e levei uma das minhas mãos até a minha testa.
Mas, antes disso, a caneca caiu da minha mão, espatifando no chão.
O barulho me sobressaltou.
Vi minha mãe se aproximar e levar uma das suas mãos até o meu ombro.
— Nós estamos com você.
No mesmo instante, pensei em Ross, precisava ligar pra ele, falar o que estava acontecendo e tentar alertá-lo, mas parte da minha mente estava petrificada.
— Eu preciso ligar pra ele — falei baixinho, quase num fio de voz, lágrimas já escorriam pelo meu rosto sem ao menos conseguir contê-las.
Não esperei que meus pais respondessem, apenas caminhei, sem saber como, até o quarto. Minhas pernas simplesmente se moviam, parecia que eu estava no automático a partir daquele momento. Ouvi passos vindo atrás de mim, e assim que entrei no cômodo, peguei o aparelho que eu havia deixado sobre a cama.
Com as mãos trêmulas, procurei pelo contato marcado como “Pessoa favorita” na minha agenda, e deixei que a ligação se completasse ao trazer o aparelho até a minha orelha.
Apenas toques.
— Nós precisamos ir. — Ouvi meu pai falar ao entrar no quarto.
Porra! — resmunguei chorosa.
Olhei para o celular em minhas mãos e digitei algo qualquer a fim que visse. Me lembrei que na noite anterior eu havia visto nas redes sociais da banda que eles estariam voltando para Los Angeles hoje pela manhã.
— Ele deve estar no avião. Por isso não consigo falar com ele — expliquei, ao olhar para os meus pais.
Minha mãe concordou com a cabeça, juntou as mãos e se aproximou de mim, beijando a minha cabeça e eu respirei fundo.
— Vem que eu te ajudo a separar uma roupa.


Ross Lynch.


Quatro horas e cinquenta minutos haviam se passado e eu não consegui descansar um segundo. Tirei o objeto guardado, com cuidado, no bolso do meu agasalho, e o deixei em cima de uma das minhas coxas.
Em determinado momento, dei uma olhada rápida pela janela e notei que já estávamos chegando a Los Angeles, e isso me confortava de certa forma.
— Para de olhar pra esse negócio! — Rocky falou, ao meu lado.
Eu ri fraco ao olhá-lo, ele estava com um tapa olho para viagem e com a cabeça tombada pra trás.
— Como... — Ia perguntar como ele sabia que eu estava com aquilo nas mãos.
O avião deu uma balançada mais intensa e segurei com firmeza no braço de uma das poltronas, vi a caixinha cair do meu joelho.
Merda! — Me curvei para pegá-la.
— Dá pra sentir que você está olhando pra isso.
— Você acha que pode dar certo? — apenas o questionei.
— Se você não fizer nenhuma burrada, sim.
Ri soprado e concordei com a cabeça. Ele estava 100% certo, se eu não fizesse nenhuma burrada, como a qual havia feito há algumas semanas, tudo ficaria bem.
Enquanto guardava a caixinha dentro do meu bolso, ouvi o recado do piloto em virtude de estarmos chegando a Los Angeles. Um breve nervosismo se apossou do meu corpo.
— Vai dar tudo certo, relaxa. — A sua voz ecoou em meus ouvidos. Concordei com a cabeça.
— Certo! — falei, após respirar fundo.
Alguns minutos depois, o voo finalmente aterrissou. Como de costume, eu, Rocky e os outros esperamos que a maioria dos passageiros saíssem para que pudéssemos sair.
Enquanto desembarcava, tirei meu celular do bolso da jaqueta jeans que usava e comecei a receber algumas mensagens, a maioria eram algumas notificações do Instagram da banda e do meu perfil pessoal, no entanto, uma em particular, me chamou a atenção.
Era Jaz.

“Ross. Me liga. É urgente!”

Franzi o cenho com a mensagem, a última vez que nos falamos a nossa conversa não acabou bem, decidimos que eu iria com a banda pra New York pra turnê e ela focaria em seu futuro trabalho, tendo em vista que as gravações iriam ser feitas em Vancouver.
Por mais que estivesse carregando em meu bolso o que chamaria do nosso possível futuro, não estava pronto pra vê-la e falar com ela hoje.
Talvez devesse deixar pra amanhã, entretanto a palavra urgente me incomodava.
— Tá tudo bem? — Rocky se aproximou de mim.
— É a Jaz. Ela tá pedindo pra eu ligar. Urgente.
— Deixa pra ligar lá em casa, vamos.
Fiquei breves segundos ainda encarando meu celular em mãos, mas acabei concordando com Rocky. Estava faminto e morrendo de sono.
Na van, fui à janela, como de costume, notei o céu inteiramente azul de Los Angeles e acabei franzindo o cenho ao ver algo no céu, na parte mais ao leste, que me chamou a atenção.
— Ei. — Rocky cutucou o meu ombro e me assustei com isso, o olhando imediatamente. — Você quer ir lá pra casa mesmo? Se quiser, te deixo no apartamento de vocês — ele sussurrou.
Pensei a respeito e acabei negando.
— Acho melhor eu ir ao seu apartamento. Chegando lá, ligo pra ela.
Voltei meu olhar para onde estava antes, o tal objeto não identificado parecia estar a quilômetros de distância, mesmo assim era visto a olho nu.
Chegando ao apartamento de Rocky, alguns minutos depois, nós subimos apenas com as malas e as guitarras, os outros instrumentos ficariam com o restante da banda, já que teríamos ensaio no dia seguinte.
— Fica à vontade. — Ouvi meu irmão mais velho dizer assim que abriu a porta da sua cobertura e ri disso, Rocky sempre dizia que a casa dele era minha. — Minha casa é sua.
Concordei com a cabeça, ainda rindo, e tirei o celular do bolso da jaqueta, reli a mensagem de Jaz e uma vontade imensa de ligar pra ela se apossou do meu corpo.
Achei o seu nome, que estava como “Pessoa favorita” em meus contatos e deixei que tocasse.
A ligação não se concretizou e franzi o cenho com isso, tirei o aparelho de perto da minha orelha e olhei para a tela. Fora de área.
— Seu celular tá fora de área também? — o questionei, ao me aproximar do sofá.
Rocky tirava os seus sapatos e me olhou. Pegou o celular de dentro do bolso da calça e vi suas sobrancelhas se juntarem. Ele me olhou confuso, fiz um bico rápido e me aproximei mais do sofá, me sentando ao tirar a mochila das minhas costas.
Peguei o controle remoto da TV e fui pra ligar, a imagem de uma repórter falando sobre algo dramaticamente apareceu na enorme tela e eu só consegui ouvir as suas últimas palavras antes do aparelho desligar repentinamente.

“Para não criar caos...”

— Eu vou tomar um banho. Você sabe como é Los Angeles, é um caos. — Rocky se colocou de pé e eu o olhei. — Pode ter sido algum terremoto. — Ele deu de ombros.
Eu estava quase acreditando, quando a luz do apartamento inteiro, que já estava acesa, caiu. A sensação que pairava no ar era de estranheza, primeiro os celulares estavam sem sinal, a repórter apavorada, e agora as luzes? Me levantei, indo até a enorme janela que dava para a sacada, a abrindo.
O calor de fora me abraçou imediatamente. Caminhei até o parapeito, colocando as mãos e voltando meus olhos pro céu que havia adquirido uma coloração avermelhada e alguns tons de laranja.
— Vamos embora daqui! — falei sério, saindo dali e vendo Rocky parado na sala.
— Ir pra onde? — ele me questionou, levemente desesperado.
— Não sei, mas vamos. Nós estamos no topo de um prédio e...
Peguei a minha mochila que estava no sofá, a colocando nas costas e indo em direção à porta. Não fazia ideia do que fazer e principalmente o que estava acontecendo, mas o sentimento que tinha era de que deveria sair dali o mais rápido possível.


Jaz Sinclair.


— Vocês me deixam lá! — falei, exacerbada.
— NÃO! — meus pais gritaram ao mesmo tempo no banco da frente.
Eu me encontrava com a cabeça e o corpo entre os dois bancos onde eles estavam sentados e com a minha perna se movendo ligeiramente pra cima e pra baixo. Não conseguia falar com ele, nem por mensagem, nem por ligação, nada. Agora a energia tinha subitamente acabado em toda a cidade.
— Pai! Mãe! Eu preciso ir até ele. O Ross é o amor da minha vida. Não vou descansar até ao menos ter tentado ir lá e...
O trânsito estava ficando caótico, pessoas sem saber o que acontecia saíam de suas casas e tentavam deixar a cidade de Los Angeles. Meu pai desviou de alguns carros, até que parou em um congestionamento.
Notei ele com a mão trêmula ir até o porta-luvas e pegar algo, não entendi de início, mas, quando ele se virou para mim, eram duas pulseiras de papel.
— Eu já te expliquei tudo. Você tem que estar com ele lá até o horário limite. Eles vão fechar o local antes de tudo acontecer.
Concordei com lágrimas nos olhos e peguei as pulseiras, as guardando em um bolso seguro da minha calça jeans e olhei para minha mãe, me aproximando e a beijando no ombro.
— Eu amo vocês. Tenho muito orgulho de ser filha de vocês. Sei o quanto lutaram por mim, pela minha carreira — murmurei, com a voz embargada. — Eu vou voltar. Prometo. Prometo. Prometo — repeti aquilo e os beijei demoradamente na bochecha.
Queria guardar o cheiro dos dois, caso fosse possível não voltar. Abri a porta do carro, dando uma última olhada neles e saí. Assim que coloquei os pés no chão, me certifiquei onde estava e passei entre os carros já correndo, seriam algumas quadras até o apartamento de Rocky, já que Ross não tinha ido pra casa.
Pelo menos era o que eu achava.
Desviei de algumas pessoas que estavam na calçada, correndo tudo que eu conseguia naquele momento, meu coração batia forte pelo esforço físico, mas também pelo nervosismo que sentia no momento. Um asteroide cairia no centro de Los Angeles e tudo ia mudar.
Era apenas uma previsão, um achismo, que o local conseguido pelo meu pai, que trabalhava pelo governo como meteorologista, suportasse toda a potência daquele objeto gigante. Sei que havia cientistas, pessoas capacitadas, para calcularem tal probabilidade, no entanto, a sensação de que nada daria certo era imensa.
Cheguei à rua na qual Rocky tinha uma cobertura, aquele local estava um caos completo. Ali, não corri, apenas andei um pouco mais devagar e olhei pro prédio, respirando fundo e tentando fazer com que a minha respiração normalizasse.
Olhei de um lado e para o outro, a buzina dos carros, a gritaria das pessoas, o vai e vem deles pra lá e pra cá, ora esbarrando em mim. Me aproximei do interfone, mas me lembrei que estava sem energia.
Merda!
Um carro de soslaio me chamou a atenção, ele estava subindo da garagem e, sem pensar duas vezes, me aproximei, colocando-me na frente e batendo com toda força na lataria para que ele parasse.
Ergui o olhar e vi Ross e Rocky me olhando assustados, principalmente Rocky, que dirigia e possuía uma expressão com receio de que poderia ter me machucado com o carro.
— Jaz, que mer...
Não ouvi o que Rocky ia dizer quando saiu do carro, apenas me aproximei de Ross, que também saía, e o abracei com toda força que consegui reunir. O choro estava entalado na minha garganta há dias, e, imediatamente, meu rosto foi tomado por lágrimas.
— Que caos aqui fora! — Ouvi o mais velho.
Fui pra levantar o rosto e explicar tudo que estava acontecendo, quando um barulho alto ecoou pelo céu. O silêncio predominou naquele momento, porque todos pareciam prestar atenção no que acontecia.
O asteroide rompeu o céu californiano e aquela bola de fogo era vista mais nitidamente pelos nossos olhos. Senti Ross afrouxar o abraço do meu, o olhei e esperei que ele digerisse isso.
Nem eu havia digerido muito bem.
— Isso é...
Sua voz era baixa e tremida quando me olhou. Concordei com a cabeça.
Eu não sabia o que fazer naquele momento, as coisas estavam acontecendo rápido demais e achava que teria mais tempo pra poder chegar até os meus pais. Claramente, não.
Andei até Ross, pegando em uma das suas mãos e o vendo me olhar, olhei para Rocky de um jeito sério.
— Precisamos ir para um local alto!
— O quê? Não! — Ross negou com a cabeça. Ele tirou os olhos de mim e olhou para o irmão.
— VAI COM ELA!
Senti a hesitação na forma como ele segurou a minha mão ao ouvir o irmão gritar, apenas concordei com a cabeça, olhando para Rocky e imediatamente puxando Ross para voltarmos pela garagem.
O plano era péssimo e não daria certo, mas pelo menos estávamos juntos.
Continuei o puxando, sentindo-o apertar a minha mão e fui até as escadas, teríamos muitos andares e em pouquíssimo tempo.


Ross Lynch.


Tudo acontecia rápido demais e eu não tinha tempo de entender o que era aquilo. Deixei que Jaz me puxasse, afinal, eu confiava nela, mas deixamos Rocky pra trás. Enquanto meus pés simplesmente iam de modo automático por conta das minhas pernas, pensava em minha família.
— Jaz...
— Nós não podemos parar!
— Jaz! — a chamei novamente.
Fiquei sem fôlego e precisei parar, encostei meu corpo na parede, no meio de uma escada, e respirei fundo.
— Que merda tá acontecendo? — a questionei, ofegante.
Senti a minha garganta doer ao engolir seco, passei as mãos suadas pelo rosto, tentando ficar mais calmo, mas de nada adiantou.
— Meu pai disse que o governo escondeu informações das pessoas. E que eles sabiam a respeito disso há muito tempo, uma missão foi enviada pra tentar impedir o que estava acontecendo — ela me respondeu rapidamente, estava nervosa, ansiosa, triste, todas as sensações possíveis. A vi negar com a cabeça e tapar o rosto com as mãos.
Me aproximei dela, segurando os seus braços e fazendo com que ela me olhasse.
— Juntos nisso, tá bom? — Encostei as nossas testas ao falar isso.
Ela apenas concordou com a cabeça e tudo que eu mais queria era pegá-la e correr até a minha família, ficarmos juntos, no entanto, não seria possível. Voltei a unir nossas mãos, entrelacei os dedos e dessa forma subimos os andares que faltavam.
Uma vez lá em cima, no topo do prédio, a força do vento era muito maior do que lá embaixo. A cor do céu estava em um alaranjado, apenas dessa cor, e normalmente eu diria que era algo bonito de ver, mas, ao olhar para a parte esquerda, lá estava ele, cruzando o céu da Califórnia.
Olhei pra baixo, ela era um pouco mais baixa do que eu, e isso me fazia querer protegê-la a qualquer custo. Em um gesto rápido, passei os meus braços pela sua cintura, a deixando mais próxima de mim e escondi meu rosto em seu pescoço.
— Desculpa por não ter entendido de início. Eu quero que você seja feliz, muito feliz, e essa série que você vai começar a gravar é um dos seus maiores sonhos — sussurrei, bem próximo à sua orelha.
Iria falar com ela como se tivéssemos um futuro brilhante pela frente.
— E nós vamos dar um jeito de nos vermos sempre. Uma vez por mês. Porque futuramente você vai ser a minha esposa.
Me afastei um pouco para olhá-la nos olhos, o vento mais forte fazia com que seus fios entrassem na frente, então coloquei as mãos, os segurando.
— Eu te amo. Eu te amo demais. Quero me casar com você, Jaz.
Lá embaixo, o caos era completo, pessoas com seus carros, correndo sozinhas ou em famílias, tentavam de todas as formas se livrar do que estava prestes a acontecer. Lá em cima, diante daquele céu de coloração alaranjada, eu peguei a caixinha com a aliança que estava em meu bolso e me ajoelhei.
— Sinclair. Você aceita se casar comigo?
Com certeza esse era o pior momento para um pedido de casamento na história.
Depois de tudo, e diante de tudo, vi um sorriso brotar em seus lábios e ela apenas meneou a cabeça.
— Eu aceito você pra sempre, Lynch.
Sorri com isso. Era felicidade antes do fim do mundo? Como aquilo poderia existir? Segurei a sua mão, colocando com toda delicadeza do mundo a aliança em seu dedo, deixei um selar, voltei a olhá-la nos olhos e uni nossos lábios.
O beijo era sempre bom, igual ao primeiro, que foi com gosto de milkshake de chocolate. Sorri durante o beijo e levei uma das minhas mãos até a sua nuca, a acariciando.
Mesmo caindo longe dali o asteroide fez um barulho audível e sabia que aquele era o fim. Eu a abracei de lado, fazendo com que ficasse apoiada em meu peito e olhamos pra direção de onde provavelmente a onda viria.
Ela viajaria muito rápido, destruindo tudo pela frente.
— Juntos até o fim.
— Juntos até o fim — Jaz sussurrou, ao me olhar.


FIM



Nota da autora: Sem nota.




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