Desliguei o celular e me levantei da cama. Caminhei até a cozinha e peguei uma maçã para comer. Enquanto voltava ao meu quarto, percebi que as luzes do quarto das meninas estavam acessas.
Entrei no mesmo, o contemplando. Estava lindo o enxoval das minhas princesas. Tudo em detalhes coral. Acabou que tudo ficara pronto rápido. Até as bolsas que levaria para a maternidade já estavam prontas ao ponto de que, quando sentisse algo, era apenas pegá-las. Mas mesmo sem querer deixar transparecer, ainda estava preocupada. Parecia que quanto mais se aproximava do parto delas, mais ainda eu sentia falta do . Mais eu o queria perto, mais queria que ele estivesse comigo na hora do parto, mas como iria pedir isso? E também não poderia forçar nenhuma lembrança e apesar de existir a remota possibilidade dele voltar a lembrar, eu tinha que me conformar com a possibilidade disso nunca acontecer, afinal, tanto já havia acontecido e ele ainda não lembrou. Eu a cada dia cada vez mais perto de conhecer o rostinho delas. Tinha que entender que o futuro era incerto e nele poderia só ter nós três.
O tempo parecia não estar ao meu favor. Antes que percebesse, o tempo passava rápido demais. Dos poucos dias para o tão esperado seis, se tornou o famoso 7 e lá estava eu com uma barriga tão grande que já não podia nem ao menos ver os meus pés, avalie qualquer outra coisa. Agora sentar era a maior dificuldade e ficar em pé, uma ajudinha sempre era bem venda. E era por esse motivo que a Jane havia ido morar comigo até o parto. Afinal qualquer coisinha para mim, agora era missão impossível. Nem pegar as chaves que caiam no chão eu conseguia!
- Daqui a dois meses elas chegam... – A voz da minha amiga me despertou.
Sorri.
- Eu esperei tanto por esse momento...
- Você não é a única. Pode apostar... Eu não vejo a hora de ver elas correndo pela sua casa...
Olhei para ela, ainda sorrindo.
- Quem diria... eu mãe.
- Você, até que não foi uma surpresa tão grande, mas eu... com toda certeza seria. Eu não sei nem trocar uma fralda!
- Eu também não sabia, mas para isso que existem livros para mamães de primeira viagem.
- Você lê aquilo mesmo?
Dei de ombros.
- Coitadas das minhas sobrinhas. Aquilo é pura besteira...
- Claro, dona sei de tudo sobre bebês...
- Eu não disse isso. – Revirou os olhos. – Vai por mim, eu sou melhor estragando as crianças. – Suspirou. – Mas agora... Já para a cama que amanhã... É dia de muito trabalho e... Não se esqueça que você vai ao aeroporto se despedir do .
- Nossa... Já havia me esquecido.
- Eu sei... sou indispensável na sua vida.
- Muito bem... continue se achando...
Minha amiga deu de ombros e saiu do quarto comigo desligando a luz. Eu só esperava de verdade que conseguisse dormir, por que para falar a verdade, era o que eu menos conseguia fazer, tanto pelo tamanho da barriga, quanto por elas passarem a noite se mexendo.
já havia embarcado. Todos estavam ali. Seus pais, irmãos, e claro; eu. Como prometera estava ali. Por tudo que havíamos vivido, por ele ter me apoiado e ser o melhor amigo que poderia ter; havia ido me despedir.
me olhara do momento em que cheguei, até agora, mas não se aproximou e eu não soube dizer o porquê. Mary, por sua vez, viera falar com as sobrinhas, assim como seus pais.
- Como estão? - Ângela me questionou.
- Estão bem. Mas agora que a barriga está ficando pequena e elas mal me deixam dormir.
- Vai se acostumando, querida, que é daí para pior. – Sorriu.
- Para quando é o parto? - O pai do me questionou.
- O médico marcou para daqui a duas semanas começar a ir todos os dias. É difícil gêmeos segurarem por mais de oito meses e ele acha raro ainda não ter tido complicações. Ele não sabe como ainda consigo andar em pleno sete meses completos.
- Mas você está ótima grávida. Está até mais bonita.
Sorri para a tia das meninas.
- E os nomes? Já escolheu? - A avó delas me indagou.
Meu olhar buscou os olhos de . Ele se encontrava distante, falando ao telefone. Ele me encarou no mesmo segundo e sorriu, me fazendo suspirar em desânimo.
- Ainda não. Uma parte minha ainda acredita que ele irá lembrar, mas quanto mais passa o tempo, quanto mais se aproxima do parto, mesmo sabendo que a probabilidade seja mínima, sinto que se escolher sem ele, tudo estará perdido definitivamente. É como se acabasse a esperança. Acho que a ficha só irá cair definitivamente, quando elas nascerem. - Passei a mão na barriga.
Eles me olharam tristes. Para todos aquela situação era difícil, mas para mim era muito mais e todos sabiam.
- Eu já estou indo. , você quer uma carona? - nos arrancou da melancolia.
- Ah, claro. A Jane não deixa mais que dirija. Também... Nem poderia. - Me aproximei de sua mãe e irmã, as abraçando.
- Cuide bem delas. – Ângela falou antes que saíssemos.
- Pode deixar. – Sorri.
- Isso não foi para você, querida.
Sorri envergonhada.
Ele me olhou vermelho e sorriu.
Nos despedimos de todos e seguimos para seu carro.
me ajudou a sentar quando chegamos ao automóvel e logo tomou o seu lugar no carro, dando partida.
O silêncio cortante era a única coisa que se ouvia no carro e aquilo já começava a me incomodar.
Me mexi desconfortável no meu banco e ele me olhou de rabo de olho.
- Está sentindo alguma coisa?
Neguei.
Ele voltou a olhar para o caminho. parecia incomodado com alguma coisa, que eu não sabia o que era.
- Eu falei com o meu médico. - O olhei mais atentamente, sem saber onde aquela história iria dar. - Ele me contou que eu devo ter esquecido você ou porque foi uma pessoa muito importante na minha vida, ou porque não era tão importante. – Soltou e eu engoli tudo em seco.
- E o que você quer com tudo isso?
- Apenas entender por que só me esqueci de você.
- Eu não sei a resposta. – Fui sincera.
- Pode não saber, mas só você pode me dizer o que fora para mim.
- Há mais nisso do que você imagina, . Se eu contar... Tudo estaria perdido.
- Tudo o que?
- Você. - Fui sincera. Aquela história toda de mentir já me cansava há tanto tempo...
Ele me olhou nos olhos enquanto parávamos em um semáforo.
- Eu?
- É melhor deixar tudo isso para lá. Isso não tem tanta importância. Não mais. - Menti. - Por que não esquece de uma vez por todas?
- Por que você trata isso como se não fosse nada?
Dei de ombros.
- Talvez seja porque não fora importante. - Me provocou.
Engoli em seco.
- Você está certo. Não fora.
Ele bufou.
- Estou cansado de você tratar isso como se fosse irrelevante, mas se quer fazer isso, eu desisto. - Estacionou o carro. - Eu não me importo mais. Eu juro que tentei me lembrar de você, mas você não ajuda! E se você acha mesmo que não tem importância, para mim também não terá.
- Talvez eu faça tudo isso porque eu não queira ser lembrada!
- Está ótimo! Se é o que quer... Não irei atrapalhar mais.
O olhei e ele mantinha as feições sérias.
E naquele segundo algo se quebrou em meu peito, mas desta vez não teria mais remendo.
havia se afastado e cumprira o que prometera. Havia pedido licença da empresa e havia viajado. Há alguns dias não sabia dele e nem sabia se queria saber. Mas a falta que me fazia... Como tudo poderia ser tão injusto? Eu continuava ali. As semanas se passavam e o oitavo mês estava cada vez mais perto. Já havia me afastado da empresa devido às dores nas costas que estavam cada vez mais frequentes.
Meu estado de uma hora para a outra se tornara crítico. As meninas começaram a crescer mais e a barriga não. O espaço estava limitado e elas começaram a se deslocarem para as costelas, o que me fizera ter que abandonar tudo e me dedicar a descansar. Mas como sempre era monitorada, nada era para se preocupar demais. Os medicamentos que tomava entorpeciam a dor e controlavam o crescimento das meninas. O fato era que o hospital era a minha nova moradia e aquilo já começava a me irritar.
As histórias que inventam sobre as comidas serem péssimas, não é mentira.
Todos os dias todos vinham me visitar e quanto mais o parto se aproximava, mais eu me preocupava com as minhas pequenas.
Nos últimos meses eu tentara ser positiva. Tentara fazer o melhor para todos e para nós três, mas ao ver tantas famílias recém compostas aqui, o vazio se fazia presente em mim. A quem eu queria enganar? Estava tão insegura com o futuro... Não havia um porto seguro. Por mais que todos me "ajudassem" essa barra seria só minha no final e eu não sabia como a suportaria.
Eu não sei o que havia pensado nesse tempo todo. Na verdade sabia. Me agarrei a ideia de que no final tudo daria certo. Mas me esquecera que conforme o tempo passa, os caminhos se tornam diferentes e propensos para outras pessoas. Mas não fora isso que o mandei fazer?
Porém era apenas para que parasse de me pressionar. E por fim eu dei um tiro no pé.
A porta do quarto fora aberta e eu encarei a pessoa a minha frente.
A última pessoa que esperava ali, era ele.
Sorriu.
- O que...
- Precisamos conversar.
- Mais do que já fizemos?
- Desta vez com as verdades.
- Eu não posso.
Ele se aproximou da cama e segurou em minha mão.
- Nós temos um problema.
O olhei confusa.
- Elas não podem crescer sem um pai.
Arregalei os olhos.
- O que você...
- Eu precisava lembrar, e foi isso que fiz.
- Você... - Senti as lágrimas se formarem.
- Me lembrei? Sim, . Eu lembrei de tudo. Principalmente daquilo que fora irrelevante. - Me olhou reprovativo.
Deixei algumas lágrimas escorrerem.
Tudo aquilo só poderia ser um sonho...
Abri os olhos assustada. Mais um de tantos sonhos com ele.
Me mexi na cama desconfortável. Aquela seria mais uma noite mal dormida. Mas não era aquilo que me afligia. Mas sim o que havia conversado com o mais cedo.
O havia tirado definitivamente de nossas vidas. E tudo aquilo, parecia injusto para elas. Minhas filhas não mereciam não ter um pai. E tentando fazer tudo certo, eu fiz tudo errado.
O estava certo todo aquele tempo... Eu deveria ter insistido para ele lembrar, mas invés disso, apenas desisti.
Que boa mãe eu já estava sendo... Ensinando as minhas filhas a desistirem de tudo tão facilmente...
Mas não importava o quanto eu quisesse. Tudo já estava perdido e era tarde demais para se arrepender.
- Você não vai acreditar! – Jane entrou na minha sala esbaforida.
A olhei.
- Por acaso está acontecendo a terceira guerra mundial?
- Não. Mas... O e a senhorita puta terminaram.
- O quê?!
Ela sorriu vitoriosa.
- Ela está no banheiro chorando e a empresa em peso está comentando.
- Mas eu achei que ele a amasse...
- Pelo visto ele ama outra pessoa. – Sorriu maliciosa para mim.
Revirei os olhos.
- Acredite em mim, eu sou a última pessoa que ele quer ver.
- Não seja boba... Você vai deixar um homem lindo daquele escapar de você? Cuidado que do jeito que ele é gato, não vai passar muito tempo sozinho.
Revirei os olhos.
- O que você acha? Que eu gravidíssima, vou arranjar alguém?
- As filhas são dele!
- Mas ele não sabe!
- Isso não o impediu de se oferecer para as assumir.
Bufei.
- Por que uma vezinha você não faz o que mando?
- Porque você só me mete em encrenca!
- Nós já tivemos essa conversa antes.
- E eu continuo irreversível!
- Você vai acabar criando suas filhas sozinha porque é muito cabeça dura!
- Será que é tão difícil assim para você entender?
- É!
- Pois quando você arrumar um namorado e estiver grávida, a gente conversa. – Voltei a mexer em meu computador.
Ela bufou.
- Depois que perder ele pela terceira vez, não reclame! – bateu a porta.
Ah se ela soubesse que eu já o havia perdido...
Última semana de trabalho... Os oito meses se aproximavam e eu ao mesmo tempo que ansiava em tê-las em meus braços, eu temia pelo que o mundo resguardaria para elas.
- Aqui estão os relatórios que me pediu. - Jane entrou em minha sala.
Peguei a pasta de suas mãos e analisei as planilhas.
- Eu não sei o que vou fazer quando não for mais trabalhar.
- Simples. Vai cuidar dessas duas princesas.
Sorri, passando a mão em minha barriga.
- Você tem que levar para ele. É ele que irá substituí-la enquanto estiver de licença.
Suspirei.
- Eu sei, mas ainda não falei com ele desde aquele dia.
Ela me olhou com cara de quem fala “se você fizesse o que eu mando...”
- Mas... eu tenho que agir com profissionalismo.- Me levantei com dificuldade da cadeira.
- Toma cuidado. Você ainda está com sete meses, mas a barriga já está grande. – Segurou meu braço, me ajudando.
- Pode deixar. – Puxei o vestido, o ajeitando.
Sai de minha sala e andei pelos corredores calmamente, retardando cada vez mais minha entrada.
Assim que cheguei a frente de sua sala percebi que sua secretaria não se encontrava. Revirei os olhos.
Desde o dia em que a vira com ele, nunca mais simpatizara com ela. Mas isso não era motivo suficiente para demiti-la. Apesar de tudo que ela já havia feito, eu não estava com cabeça nenhuma de arrumar outra secretária.
Balancei a cabeça, tentando tirar aquilo de minha mente.
Eu não tinha o direito de achar aquilo ruim. Eu tinha que ser ciente que se eles reatassem mais uma vez, não poderia fazer nada.
Bati na porta de seu escritório e apenas entrei quando foi consentido.
- Eu trouxe os relatórios para analisar. – Percebi que ela não se encontrava em sua sala.
No mínimo já deveria estar sentada no colo de outro acionista.
- Obrigado, Srta. . - Ele pegou o relatório, o folheando. - Quando vai tirar a licença?
- A partir de segunda tudo será por sua conta.
Ele assentiu.
- Tudo bem. A senhorita poderia enviar tudo que irei precisar para o meu e-mail?
- Claro.
- Obrigado.
O silêncio incômodo se instalou na sala. Ele estava sendo tão frio, que era como se existisse um iceberg entre a gente e aquilo fez meu coração doer.
Eu tinha que parar com aquilo... já não tinha direito nenhum de sentir tudo que sentia.
O olhei e ele continuava a olhar os relatórios me ignorando por completo.
Aquilo era o que seríamos um para o outro dali em diante. Apenas colegas de trabalho.
Abri a porta e sai dali.
Naquele momento me questionei como um sentimento tão grande havia se tornado nada. E eu descobri que não havia sido do nada. Tudo acontecera pouco a pouco e quando notamos, já era tarde demais e a principal culpada era eu.
Havia insistido para a Jane ir na frente, mas naquele instante me arrependera.
Pedi que me esperasse no carro enquanto terminava de arrumar minhas coisas e assim ela fez, mas se soubesse que essa bendita dor nas costas pioraria, ao ponto de não conseguir me levantar não teria pedido. E como se já não bastasse, sentia que havia algo de muito errado comigo.
Eu havia começado a soar frio e me sentia mais pesada que nunca.
Comecei a me preocupar, tirando o meu celular da bolsa afim de ligar para a minha amiga. Mas para a minha total surpresa, estava sem bateria.
Que maravilhoso!
Desci minha mão até minhas pernas e não senti nada molhado. Aquilo era um bom sinal. Pelo menos eu esperava que fosse.
Me apoiei na mesa e coloquei toda a força que tinha em meus braços, me levantando. Porém assim que fiquei de pé, logo fui atingida por uma tontura que nunca senti antes. Me segurei com forças e pedi a Deus força para conseguir sair daquela empresa.
Fiquei parada por alguns instantes até que me senti um pouco melhor e me apoiando nas coisas, sai de minha sala. Assim que cheguei na porta minha vista começou a embaçar e eu sentia minhas pernas fracas. Eu não podia desmaiar ali sozinha. E foi quando senti uma dor forte em meu ventre.
- Ah! – Gritei, me contorcendo e me segurando na porta para não despencar, mas eu ainda não sabia quanto eu aguentaria.
As lágrimas de preocupação já começavam a escorrer de minha face. Eu não sabia o que estava acontecendo, apenas sabia que não havia entrado em trabalho de parto porque a bolsa ainda não havia estourado. O que de fato eu não sabia se era pior.
- ? ! O que aconteceu? – Ele correu até mim, me pegando no colo.
- Eu preciso de um hospital... – Eu a tal altura apenas fazia chorar. Não pela dor, mas sim por medo.
- Calma, eu estou aqui... Tudo vai ficar bem. – beijou o topo da minha cabeça.
Ele foi até o elevador comigo em seus braços e apesar de tentar manter a calma, era perceptível que ele estava apreensivo.
Ele correu pela garagem comigo em seu colo. Me colocou em seu carro e saiu cantando pneu. Ele desviava dos carros e não se importou em parar nos semáforos vermelhos. Enquanto isso eu apenas chorava e olhava minha barriga, me questionando se elas estariam bem.
- O que eu fiz de errado, ? Eu apenas queria ser uma boa mãe.
- E você vai ser! Elas vão estar bem. Vai ter sido apenas um susto. Eu te prometo.
O olhei. Ele tirou sua mão que estava na marcha e a colocou em cima da minha barriga, fazendo um carinho. Imediatamente as senti chutar.
Ele sorriu.
- O que eu disse? Se elas não estivessem bem, não fariam isso.
Olhei para a minha barriga. Talvez ele tivesse razão...
Não demorou muito para estarmos no hospital e assim que ele parou o carro de qualquer jeito em frente à emergência, correu até o meu lado e me pegou no colo.
- Por favor, a minha mulher está grávida de gêmeas e está muito mal. – Gritou, passando pela porta e logo enfermeiros trouxeram uma maca e começaram a examinar minha pressão ali mesmo.
Um médico veio até nós e começou a me examinar.
- O que aconteceu? – Me questionou.
- Eu estou sentindo muitas dores no útero. – Reclamei.
- Levem ela para a obstetrícia. – Pediu.
segurou em minha mão e beijou o topo de minha cabeça.
- Você não pode ir com ela. – Um enfermeiro o informou.
Ele assentiu.
- Tudo ficará bem.
E escutando aquelas suas últimas palavras eu fui levada para longe dele.
- Eu não disse? – Sorriu, se aproximando da cama.
Sorri para ele.
- E você estava certo. – Suspirei aliviada. – Obrigada por estar quando eu precisei. Eu nunca vou ter como te agradecer.
Foi a vez dele de sorrir.
- Eu até poderia te cobrar um favor por outro, mas como sei que não irá contar, nem vou gastar saliva. – Suspirou. – É bom saber que elas estão bem.
- Verdade. – Passei a mão na barriga. - Foi apenas um susto. Mas agora de verdade eu terei que me afastar da empresa e você vai ter que ficar cuidando de lá mais cedo do que pretendíamos.
- Pode ficar tranquila que quando você voltar, eu não a terei falido.
Sorri.
Duas batidas na porta nos fizeram encara-la.
- Bom dia... Vejo que já está melhor pela sua carinha.
Sorri.
- Eu apenas vim te liberar e passar alguns medicamentos para ajudar a segurar as garotas, mais elas estão bem e você apenas tem que ter total repouso. Papai, fica de olho na mamãe.
Ele sorriu olhando para mim e eu fique vermelha.
- Aqui está – Ela entregou para ele. – Finalmente te conheci senhor...?
- . – Ele sorriu.
- É maravilhoso saber que o senhor está com ela agora. Não imagina pelo que ela já passou enquanto você estava no coma.
Engoli em seco ficando vermelha. Ela não podia contar para ele.
Ele me olhou confuso e eu já podia presumir o que ele estava tentando fazer naquela cabecinha... Ele estava tentando entender tudo.
- Ela nem ao menos queria descobrir o sexo das meninas sem você. – Ela sorriu. – Ela ama muito você... E agora, já escolheram o nome das garotas?
Olhei para eles branca igual a um papel.
- Er...
- Está se sentindo mal ? Está branca. – Ela se aproximou, olhando o monitor ao meu lado.
- Não eu... Deve ser por causa do hospital. Eu quero ir para casa.
- Ah, claro. Mas já sabe, se sentir algo me liga. Você agora está liberada e já sabe... muito descanso.
Assenti.
- Novamente, foi um prazer conhecê-lo, Sr. . – Ela apertou a mão dele e saiu do quarto.
Ele me olhou.
- Por que ela falou... , eu sou o pai das meninas?
Engoli em seco. Como eu sairia daquela? Eu não queria mentir.
- Se eu responder... Tenho medo que você... – Senti meus olhos marejarem.
- Não, por favor, você não pode ter fortes emoções. Esqueça, tudo bem? – Fez um carinho em meu rosto secando as lágrimas. - Eu irei levá-la para casa. Jane já me ligou umas mil vezes perguntando como você estava.
- Tudo bem apenas me dê a receita que depois peço para Jane comprar os remédios.
- De jeito nenhum... Eu compro.
- O quê? Mas isso não tem nem cabimento!
- Eu compro e está resolvido. Quem está cuidando de você agora sou eu e se elas forem minhas filhas... Me desculpe por passar por seu marido, eu apenas achei que assim...
- Tudo bem, na verdade obrigada por fazer isso. – Passei a mão na barriga e ele olhou meu gesto.
Ele sorriu se aproximando de mim sentando na cama ao meu lado. O olhei. colocou a mão na minha barriga e logo elas mexeram.
Eu sorri.
- Acho que alguém gosta de mim...
- Elas amam você.
- Você quer mesmo me matar do coração! Só pode ser isso... Eu quase enfartei quando voltei a empresa porque você estava demorando muito e quando cheguei a sua sala, você não estava lá! Deu para imaginar o susto que tomei?
sorriu da minha amiga.
- A culpa foi minha. Me desculpe por não ter te avisado antes, mas eu tive que correr com a para o hospital e depois eu estava tão preocupado que não lembrei. – Me defendeu.
Ela serrou os olhos.
- Tudo bem. Desta vez eu desculpo os dois por ter sido por uma causa maior, mas agora elas estão bem, não é?
- A médica apenas recomendou descanso e passou uns remédios que ele já comprou. – Respondi.
Ela me olhou sugestiva.
- Então quer dizer que vocês se acertaram? Eu super apoio.
Revirei os olhos.
Ele me olhou divertido.
- Ele apenas foi gentil, amiga. Nada demais. – Esclareci.
- você é mesmo muito lenta. – Revirou os olhos.
riu.
Eu não acredito que ela falou mesmo aquilo.
- Jane! – Protestei.
Ela deu de ombros.
- Já que está por aqui... O que acha de tomar café com a gente? É o mínimo que podemos fazer depois que passou a noite em claro em um hospital cuidando da chatinha aqui.
- Por que não? – Ele sorriu.
- Ótimo! A mesa já está posta e você vai ficar bem não é?
Eu assenti desconfiando do que ela faria.
- Você fique a vontade. Agora eu já vou indo para a empresa. Tenho que terminar alguns relatórios e se cuida . – Me abraçou.
Aquela puta que eu chamo de amiga... Aquilo era invenção dela para me deixar sozinha com ele, porque eu bem sabia que não havia relatório nenhum.
- Tchau, , até mais tarde e cuida dela.
- Pode deixar! - Ele sorriu e ela saiu, levando a chave extra.
- Vamos? – Me levantei do sofá com um pouco de dificuldade e ele todo atencioso me ajudou.
Sentamos a mesa e começamos a nos servir.
- Obrigada, por estar me ajudando tanto nesta reta final da minha gravidez. Não só por ontem, mas na empresa.
Ele sorriu.
- Isso não é nada demais. Qualquer um faria a mesma coisa e para mim é um prazer te ajudar. Sempre que precisar, saiba que pode me ligar e contar comigo.
- Obrigada.
- Sabe, eu sei que não deveria estar falando disso agora. Não quero te estressar, mas por que você não pode me contar nada? O que eu tenho?
Suspirei cansada.
- Se eu contar ...- O olhei nos olhos. – Você nunca poderá saber por mim. Foi uma promessa que eu fiz, me perdoa, mas você nunca poderá saber por mim. Isso custaria sua vida. Eu não posso correr esse risco.
Ele assentiu.
- Então eu irei descobrir. Me desculpe, mas não dá mais para aguentar sem saber. É como se algo muito importante faltasse e você , eu não posso assegurar como sei, mas eu apenas sei que foi muito importante para mim, porque eu ainda sinto que te amo. Você e nossas filhas. – Sorriu.
O olhei surpresa. Eu esperava tudo, menos aquilo.
- ... – Ele me olhou.
Eu me levantei de minha cadeira e me aproximei da dele. Ele ficou em pé e me encarou. Passei a mão em seu rosto fazendo um carinho e me aproximei de seu rosto.
Eu queria tanto beija-lo... Um turbilhão de emoções se passava em meu coração naquele instante.
- Você não lembra de tanta coisa... – Encostei nossas testas. – E você só saberá quando lembrar.
Ele olhou nos meus olhos e roçou nossos lábios.
- Eu apenas te asseguro que eu irei lembrar de nós. É uma promessa.
- Você deveria ter pelo menos contado do passado...
- Eu não posso, Jane. Não posso pelo bem dele. Que droga!
- Calma, não fica assim. Ele vai lembrar. Ele prometeu, não foi?
Assenti.
- Eu tenho medo dele piorar tudo.
- Ele não vai amiga. Confia...
- Ele disse que me ama. Eu quase morri. Temos tanto o que esclarecer ainda...
- Eu nem posso imaginar o que está se passando com você. Deve está tão confusa...
- E estou, amiga. – Suspirei. – Eu não sei nem por onde prosseguir!
- Você confia nele?
Assenti.
- Então não se preocupe. Ele dará um jeito. Ele sempre deu.
- Já vai! – Gritei do quarto enquanto as batidas na portas ecoavam pelo apartamento.
Me levantei com mais dificuldade ainda por estar com oito meses e fui atender a porta.
A abri sem olhar quem era.
- ? Entre. – Dei passagem para ele passar.
Ele entrou.
- Eu fui ao meu médico. – Disparou sem ao menos se sentar. – Ele confirmou o que você havia me falado. Eu sou como uma bomba relógio prestes a estourar se alguém me contar demais sobre nós. Era por isso que você nunca quis me falar?
Eu assenti.
- Droga! Como irei lembrar agora? – Ele parecia tão atordoado...
- Calma... – Segurei seu rosto fazendo ele me encarar. – Você não precisa lembrar tudo de uma vez eu tive uma ideia. Se voltarmos a todos os lugares especiais que já estivemos antes para ajudar a sua memória? Quando você esteve na minha casa naquele dia, você lembrou, se fizermos do mesmo jeito...
- É muito arriscado. Você está grávida. Não pode me acompanhar.
Suspirei.
- Eu não quero que se sinta na obrigação de se lembrar.
- Se esse for o preço para te ter em minha vida...
- Não é. – O olhei nos olhos. – Eu quero começar do zero com você. Se aceitar, se me quiser, a partir de hoje faremos uma nova história.
Ele sorriu.
- Então... Você está me pedindo em namoro?
Ri.
- Por quê? Você aceitaria?
Ele fez menção de pensar.
- Claro! – Fez um carinho em meu rosto. – Eu te amo tanto...
- Eu também. – Me aproximei mais dele.
Ele me puxou mais para ele e logo senti seus lábios se moldarem aos meus, iniciando um beijo calmo e completo de sentimento. Seus lábios macios se fechando sobre os meus era como se sentisse uma explosão de sentimentos.
Já estávamos juntos há algumas semanas e eu estava finalmente feliz. Parecia que tudo agora sim iria a nosso favor. Mesmo ainda morando no apartamento que fora do irmão, ele passava agora mais tempo dormindo no meu e era um verdadeiro pai para as meninas. Já havia comprado tantas coisas para elas e ficava me enlouquecendo com as escolhas dos nomes. Mas sim, eu estava feliz.
A empresa prosperava e tudo estava percorrendo um curso maravilhoso em minha vida, o que mais poderia desejar?
Me olhei no espelho, contemplando meu
vestido
Aquela seria uma noite muito importante para mim. Era a festa de fim de ano da empresa e como ex -presidente e namorada do atual presidente, teria que estar lá.
Apoiei as mãos nas curvas das costas, sentindo um leve incomodo.
Ignorei aquilo e prometi a mim mesma que caso a dor voltasse, retornaria imediatamente para casa.
Escutei meu celular apitar, avisando que havia uma mensagem nova.
Peguei ele, vendo que era a mensagem do .
“Já estou te esperando. - ”
Sai do quarto e peguei minha bolsa. Tranquei a casa e desci pelo elevador até o hall. Sai do prédio cumprimentando o porteiro na guarita e fui até o carro do meu namorado. Entrei em seu automóvel e ele logo me olhou sorrindo.
- Está linda. – Se aproximou, depositando um selinho em meus lábios.
- Obrigada. Você também. – Sorri.
Ele deu partida, seguindo até o local onde seria a festa.
Demoramos uns vinte minutos para chegar e enquanto isso conversávamos animadamente em seu carro, ao ponto de até eu esquecer um pouco as dores em minhas costas.
Assim que chegamos, ele estacionou o carro e descemos para a casa de eventos. O local já estava lotado de funcionários e seus familiares.
Jane veio até mim e me abraçou.
- Ainda bem que chegaram, agora vão começar as homenagens e vocês precisam ir para mais perto.
- Homenagens? Jane! – Protestei.
- Ai, cala a boca e vamos. - Me arrastou de perto do .
Minha amiga só me soltou depois que estava no canto que ela queria e finalmente as homenagens começaram.
Eu não tinha nenhuma noção de quanto tempo demorou. Apenas sei que chorei. Era tão gratificante saber quantas pessoas te admiram e gostam de você por aquilo que é.
Senti uma leve pontada em meu baixo ventre e acariciei minha barriga. Eu já estava em pé há tanto tempo. Depois das homenagens viveram os discursos e agora que finalmente até o jantar havia sido servido e a festa de verdade começava, poderia me sentar.
Meu pés estavam me matando, porém não podia sair dali antes de tudo terminar. Apesar de saber que eles entenderiam, não podia fazer isso depois das homenagens tão lindas que fizeram.
- Com licença, eu vou tomar um ar. – Falei, saindo enquanto sentia a dor nas costas aumentando.
Meu namorado me olhou.
- Quer que eu vá com você?
Neguei.
- Apenas vou tomar um ar. É rápido. – Sorri agradecida.
Fui até a área de lazer, sentindo a brisa esvoaçar meus cabelos e achei que aquilo me faria sentir melhor.
E até fez por um breve momento. Eu já não aguentava mais. Eu havia tentado ser forte, mas não dava mais, as pontadas cada vez mais aumentavam e o intervalo de tempo entre elas apenas diminuía. Sem falar nas dores das costas que parecia não ter fim.
Estava decidida em me despedir de todos e ir embora quando a vi se aproximar de mim.
- Então você conseguiu, chefinha... Mesmo estando com um barrigão desse conseguiu prender meu homem.
- Ele nunca foi seu, Jazz.
- E ele foi de quem? Seu? – Riu sem gosto.
- Ele não é um objeto para ter dono, e se me dá licença. – Fiz menção de sair, mas ela me segurou.
- Não tão rápido. A gente ainda não terminou aqui.
- Você está louca? – Tentei puxar meu braço, o que só a fazia fechar os dedos ainda mais sobre eles me machucando.
E como se não bastasse às dores só pioravam a cada minuto.
- Você ainda não viu nada, chefinha. – Ela me puxou até o encosto de ferro da área de lazer, onde ninguém poderia nos ver. A senti fazer pressão sobre o meu corpo que apenas tinha a metade do ferro para me sustentar. Enquanto a outra mão dela tampava minha boca para não gritar.
Ela estava pretendendo me jogar da sacada.
Eu segurava em seus pulsos tentando a impedir, enquanto ela forçava ainda mais. E logo outra pontada veio, essa muito mais forte me fazendo me curvar.
Ela aproveitou a deixa e me empurrou mais. Quase que eu caia e as lágrimas vieram aos meus olhos.
- Socorro! – Tentei gritar.
- Ninguém vai te escutar, o som está muito alto. – Sussurrou em meu ouvido. – Como será cair daqui? Deve doer muito, não?
As lágrimas de preocupação já escorriam pela minha face.
- Por favor...
Ela sorriu divertida.
- Agora? Parece um pouco tarde...
Senti as lágrimas descerem com força total. Eu temia por mim e pelas minhas filhas. Eu sabia que ela teria coragem de me jogar dali.
A dor voltou com uma maior intensidade e eu deixei um pequeno resmungo escapar.
Aquilo foi o suficiente para ela me forçar mais uma vez e já sem forças para me segurar devida a dor que sentia, temi por minha vida.
E foi quando o vi. percebeu o que acontecia em um segundo e pediu que eu fizesse silêncio com o dedo. Em um movimento rápido ele a puxou para longe de mim e a segurou em seus braços, a impedindo de se soltar.
Assim que ela me soltou, pelo susto eu desabei no chão e gemi de dor.
- Ah! – Gritei, chorando.
Logo senti uma pontada mais forte e com mais intensidade que as outras e em seguida, senti algo descer por minhas pernas.
Jane correu até mim e foi quando percebi que alguns funcionários se encaminhavam para a área de lazer em agitação.
- Ligue para a polícia! Rápido! – Meu namorado gritou. – Ela tentou matar a !
Enquanto isso a Jazz tentou se soltar dele, mas ele não deixou.
- O que você está sentindo? – Minha amiga me perguntou. - Você está branca! - Falou assustada.
Desci minha mão pelo meu corpo até alcançar meu baixo ventre e senti algo molhado.
As lágrima vieram com força total. Eu não queria olhar porque sabia justamente o que estava acontecendo.
Levantei meus dedos e a Jane gritou antes mesmo que eu pudesse ver.
- Meu Deus!
No segundo seguinte eu já tinha total certeza do que acontecera.
Percebi que a música havia parado e todos estavam em silêncio acompanhando tudo.
- Você tem que ir ao hospital. - me pegou no colo.
E foi quando percebi que ele havia passado a Jazz para dois funcionários a segurar e veio até mim aflito.
Tudo em seguida aconteceu muito rápido. Em um segundo eu já estava no carro do com a Jane e ele acelerava cada vez mais rápido para o hospital.
Minha amiga já havia ligado para a minha médica e tudo estaria pronto quando chegasse, mas a única coisa que me importava naquele momento era com as minhas pequenas. Não queria as perder e eu não sabia o que estava acontecendo.
Não demorou para chegarmos ao hospital. Eu ainda sentia dores intensas e assim que adentrei na emergência no colo do pai das minhas filhas, a médica e os enfermeiros me rodearam. me colocou na maca e em um segundo eu fui tirada de perto de todos.
Os minutos pareciam segundos e tudo acontecia tão rápido que era impossível captar.
A doutora fez um exame de toque e constatou o problema.
- Você está em trabalho de parto prematuro.
Aquelas palavras foram o suficiente para me fazer chorar mais. Eu bem sabia que crianças que nasciam com oito meses corriam risco muito maior que qualquer outra.
- Prepare a sala de parto. Ela vai dar a luz a qualquer instante. Ela está dilatando muito rápido. - Informou a um enfermeiro e após escutar isso eu temi por nossas vidas.
- Doutora as salve. Não pense duas vezes, mas as salve. Escolha a elas a mim. - a segurei pelo braço.
- Calma, . Tudo ficará bem. - Tentou me acalmar.
- Por favor...- As lágrimas inundaram minha visão.
- Doutora a sala de parto já está pronta.
A olhei assustada. Eu não queria passar por aquilo só.
- Querida você confia em mim?
Assenti.
- Então tudo dará certo. - Me acalmou.
- O , ele...
- Pode querida. Iremos chamá-lo, agora se acalme porque as dores irão aumentar.
Assenti.
A doutora saiu de meu campo de visão e logo minha maca foi empurrada para uma sala de parto.
Mesmo com a esperança que tudo desse certo eu ainda temia, não queria as perder por motivo nenhum. Elas eram tudo que eu ainda tinha e que era meu.
adentrou a sala vestindo trajes de hospital. Se aproximou de mim e segurou minha mão, se abaixando até ficar na minha altura. Beijou minha testa e naquele segundo eu soube que apesar dele estar com medo, ele não sairia de perto de mim um único instante.
O suor escorria pelo meu rosto. Meus cabelos estavam encharcados de suar e eu nunca me sentira tão exausta na minha vida.
- Mais uma vez, , só mais uma vez.
- Você consegue, . Por elas.
Reuni todas as minhas forças mais uma vez e empurrei. O suor escorreu por minha testa e eu comprimi os olhos fazendo mais força.
- A cabeça saiu! - A doutora informou e eu fiz mais força enfim escutando o choro da minha princesa.
- Quer cortar o umbigo papai?
Ele me olhou preocupado e eu assenti.
Ele me soltou apreensivo e pegou a tesoura da mão da enfermeira e cortou o cordão.
Senti as lágrimas descerem pelo meu rosto e ele olhou para mim, sorrindo.
entregou a tesoura a enfermeira e segui a outra que levou nossa filha. O olhei atentamente enquanto ele via ela de longe, já que o pediatra estava a examinando.
Eu queria vê-la, saber se estava bem, mas não podia. Logo as dores voltaram e eu soube que a minha segunda princesa já estava vindo.
- Força, mamãe...
E após escutar isso voltou ao meu lado. Beijou minha cabeça e segurou minha mão mais uma vez.
Eu sabia que havia ferido sua mão com as unhas e sorri ao saber que nada daquilo para ele importava se era para me ajudar.
Mais uma vez fiz força e apesar de estar completamente exausta e suada, sabia que no fim desde que tivesse minhas duas princesas em meus braços, nada importaria.
Empurrei com força sentindo mais gotículas de suor se formarem em minha testa.
- Você consegue... - Ele me incentivou.
Segurei em sua mão com mais força e empurrei enquanto comprimia os olhos com força.
- Já está vindo... Isso, mamãe, não pare!
Empurrei com toda a força que ainda tinha e finalmente escutei o chorinho da minha segunda princesa.
Foi um alivio saber que estavam bem...
- Papai... - A enfermeira o entregou novamente a tesoura.
Desta vez ele não me questionou e apenas cortou o cordão e fez justamente o que fez com a primeira. Acompanhou tudo.
Eu estava exausta demais para fazer qualquer coisa, mas apenas queria vê-las.
as pegou no colo e as trouxe até mim. As me entregou e eu voltei a chorar.
- Tão lindas... Elas estão bem, né?
- Perfeitas. - Sorriu.
Eu voltei a olha-las e elas pareciam tanto com ele... mas os cabelos eram meus.
Eu finalmente as tinha e me permiti pensar o quanto nossa família seria feliz junta.