CAPÍTULO 01 –
Hoje não era o dia de sorte de , já era a terceira vez que o chamavam dizendo que algum bêbado tinha esbarrado em sua Harley Davidson preta. Aquilo o irritava tanto que ele mal enxergava quem estava em sua frente. Ele empurrou várias garotas que lotavam a sala de sua casa cara até chegar no jardim da frente.
— Ainda quer continuar vivo? — disse, puxando o pescoço de um garoto que alucinava olhando para o céu — O que eu disse sobre não chegar perto da minha moto? Você não sabe as regras?
Todos em volta olhavam apreciando a briga que estaria prestes a acontecer, eles gritavam cada vez mais alto pedindo sangue. O pobre garoto magro, que agora estava sobre as mãos firmes e fortes do valentão de cabelos escuros engoliu em seco quando percebeu que iria sair dali machucado. Ele estava sobre efeito de alguma droga, não muito diferente de todos dali. A maioria dos jovens naquele lugar estavam chapados e loucos.
— Por favor, eu não sei das regras. Eu acabei de me mudar e essa é a minha primeira festa, eu não vi sua moto. — o garoto suplicava pela sua vida enquanto apertava cada vez mais seu pescoço. O bad boy ria toda vez que escutava as súplicas do garoto assustado.
— , deixa ele. Tem duas gostosas na sua cama, por que não volta pra lá? — Lewis, o melhor amigo de , falava calmamente enquanto encostava sua mão no ombro do amigo fora de si. — Vamos lá! Não vale a pena. — Lewis insistiu.
— Qual é, ! Nunca te vi deixar alguém fazer isso com a sua moto e sair ileso. Acaba com ele! — a voz de um dos caras de sua turma insana se sobressaiu sobre a multidão.
O garoto espremido às mãos firmes quase não conseguia respirar, mas mesmo assim com sua pouca força conseguia suplicar por sua vida. Os olhos de estavam a pontos de pegar fogo, suas veias saltaram de seus braços e pescoço de uma forma sobrenatural. A raiva exalava nele, ele esmagaria-o com uma só mão. Os seus lábios formaram uma linha fina e suas sobrancelhas se curvaram, enquanto ele o encarava com ódio.
— Lewis, saia daqui, eu não vou deixá-lo escapar. — a voz rasgada e rouca de se dirigia para o amigo que estava do seu lado. Lewis não hesitou e tratou logo de sair dali.
— Acaba com ele, ! Mata logo essa lombriga! — vozes vinham de todos os lados do imenso círculo que tinha se formado ao redor dos dois no jardim.
Um soco preciso acertou o queixo do garoto que mal conseguia se mover após cair atordoado no chão. Os punhos de se fechavam fortemente e o sorriso malicioso respingando ódio saía de seu rosto perfeitamente esculpido. Vê-lo caído na grama, implorando para que parasse, e o sangue escorrendo de sua boca, o fez observá-lo de mais perto. Foi preciso dois longos passos para que seus pés estivessem perto demais do garoto caído, um chute forte foi feito na cabeça que agora jorrava sangue em sua volta.
— Agora você conhece as regras, não é mesmo?
O seu rosto não conseguia conter o prazer de ver o que ele acabara de fazer, porque tudo aquilo era obra dele e tinha gostado. Um outro ponta pé na cabeça já machucada, seguido de mais um chute nas costelas frágeis em sua frente podia ser visto de todos os ângulos dali. Ele não parou por aí. continuou distribuindo socos, chutes, e logo suas mãos fortes apertaram com o ódio que ele já vinha sentindo nesses últimos anos, esmagavam cada veia e cada local possível que o garoto conseguia respirar.
— ! ! — Lewis gritava ao lado de seu amigo, que agora estava irreconhecível. Ele não podia tocá-lo, senão seria o próximo a ser esmagado pelas mãos sombrias do homem que ele conhecia desde criança. — Ele vai morrer, cara. , pare!
Não estava adiantando, o garoto magro no chão quase não se contorcia mais e sua pele já estava em um tom um tanto roxo. Ele precisava fazer algo, suas mãos frias puxaram com toda a força que possuía no seu corpo musculoso e alto. O loiro chamava os outros dois amigos ao seu lado, que olhavam assustados, mas que rapidamente caminharam até aquela bagunça e ajudaram-no a puxar para longe do menino. Ele ainda tinha um semblante assustador em seu rosto e suas mãos sujas de sangue mantidas fechadas.
— Chamaram a polícia, cara, você tem que sair logo daqui. Pega o meu carro e some logo. — Lewis o entregou as chaves do carro enquanto o empurrava para longe dele. Ele sabia que o amigo estava fora de si, chapado e mal conseguia lembrar seu nome. Mas ele não tinha outra opção senão limpar toda essa bagunça.
As mãos apertavam fortemente o couro do volante em sua frente, ele acelerava com bastante vontade o Mustang preto de Lewis. não sabia pra onde estava indo, ele só conseguia escutar a voz de seu pai.
"Você é fraco, pequeno e feio. Você não é meu filho, por isso merece apanhar. Vou te bater até não lembrar mais seu nome."
Ele resmungava segurando as lágrimas que ele prometera que não soltaria nunca mais, lembrar de sua infância não era algo muito animador. Sua cabeça girava e ele só acelerava. O barulho do motor era cada vez mais alto e emocionante, e ele não fazia ideia de onde estava. As ruas apagadas eram iluminadas apenas pelos faróis do carro potente. Por um instante avistou um pequeno carro em sua direção e tentou frear, mas foi tudo em vão. Flashes de luzes, gritos e choros invadiam sua cabeça. Ele levantou sua mão até a cabeça e sentiu um corte profundo na testa, sua perna estava dolorida demais, enquanto ele tentava sair do carro. O automóvel em sua frente estava totalmente destruído, mas assim que ele se aproximou conseguiu ouvir um gemido fraco da mulher no banco do carro destruído. Ele chegou o mais perto possível e quase não conseguindo ver nada diante dele, viu o olhar apavorado da mulher agonizando.
— Por... por fa-favor... meu filho... salva meu filho.
Ele se permitiu olhar para trás, mas seu estômago revirou de uma forma enlouquecida, fazendo-o vomitar quando viu o pequeno garotinho. sentou-se no chão e não conseguia respirar. Sua cabeça doía como o inferno e suas mãos puxavam com uma força extrema seus cabelos. Ele não sabia o que fazer. Logo viu que o seu celular estava no seu bolso e o puxou rapidamente, fazendo uma ligação para Robert Walker, delegado da cidade e seu tio, o único parente vivo da família.
"Não saia daí, vou chegar antes da viaturas"
desligou e permaneceu ali imóvel até que seu tio chegasse. Duas mãos o puxaram e rapidamente ele recebeu um soco no nariz.
— Que porra você fez? Tem uma criança que pode estar morta ali! — a voz aterrorizante de seu tio invadiu seus ouvidos o fazendo acordar, não era um pesadelo. Tudo estava acontecendo. — Entre no meu carro e me espere. De quem é esse carro?
O garoto estava em choque, não se mexia e nem sequer falava.
— Droga, ! De quem é esse carro? — as mãos de Robert sacudiam o garoto desesperadamente.
— Lewis. — sua voz foi seca e baixa, ele se virou e entrou no automóvel enquanto via seu tio fazer ligações em frente a lata amassada que um dia tinha sido um carro de uma família feliz que ele acabara de destruir em segundos.
— Eu não sei a merda que você se meteu, mas eu vou consertar isso. Você vai para Lakewood, uma cidade distante daqui, no interior. Eu tenho um amigo lá, Daniel Carter, o Pastor local. Ele vai te abrigar até eu resolver tudo por aqui. Você vai ajudá-lo em tudo, você vai trabalhar. — Robert dizia entrando no carro e dirigindo para longe dali.
— Minha faculdade? Meus jogos? — a voz de era de uma tristeza profunda e tão baixa que mal conseguia ouvi-la.
— Não terá nada disso agora, volte diferente e quem sabe posso te devolver isso. — enquanto ele dirigia rumo ao hospital mais próximo, conseguiram ver duas ambulâncias indo em direção ao acidente.
O carro parou e eles desceram apressados até a portaria. A cabeça do garoto não se levantava e ele não conseguia pensar em mais nada a não ser na voz fraca da mulher suplicando pela vida de seu filho. A recepcionista o levou até a área de emergências, enquanto Robert esperava impaciente na recepção. Algum tempo depois, voltou com seu pé envolto em uma armadura.
— Foi só uma luxação. — ele disse ao seu tio.
— Isso foi muito pouco pelo que fez, não deveria nem estar vivo. — o homem que tinha seu sangue nem se preocupou em ajudá-lo, eles entraram no carro rumo a sua cobertura beira mar.
— Você dorme aqui hoje, não posso te levar agora. Amanhã você pega sua moto e some daqui. Me ouviu bem? — Robert deu um tapa na nuca de seu sobrinho que entrava em sua casa. Ele balançou a cabeça concordando e entrou no quarto. Seria uma longa noite e um longo dia.
XXX
O seu corpo todo doía como se ele tivesse sido amassado por um trator em chamas, sua cabeça com vários pontos e sua perna imobilizada também doíam. Um bilhete com algum tipo de endereço estava em cima do criado-mudo ao seu lado. Ele o pegou, tentando ler suas costas.
"Sua moto está na garagem, quero você fora daqui antes que eu volte para o almoço. SE VIRE!"
respirou fundo e se levantou com um pouco de dificuldade. Ele pegou seu telefone e olhou cada contato da sua agenda lotada, boa parte eram de mulheres que ele pegava em uma só noite e nunca mais retornava. Amigos? Eram poucos. Ele não saberia como explicar para seu velho amigo Lewis o que havia acontecido. Sem pensar duas vezes, ele retirou o que imobilizava sua perna e colocou o pé no chão frio. Um choque de dor percorreu seu corpo, seguido de um grito alto. Ele precisava sair dali. Sua mochila estava pendurada em sua moto, ele colocou a bota que sustentava sua perna dentro dela e se sentou com dificuldade.
— Não acredito que tocaram em você, eles te maltrataram? — ele dizia ao mesmo tempo que acariciava a motocicleta. Assim que deu partida, seu pé pulou em repulsa. A dor o atingiu, mas ele continuou, pegou a estrada rumo a pequena cidade onde viveria nos próximos meses.
— Ainda quer continuar vivo? — disse, puxando o pescoço de um garoto que alucinava olhando para o céu — O que eu disse sobre não chegar perto da minha moto? Você não sabe as regras?
Todos em volta olhavam apreciando a briga que estaria prestes a acontecer, eles gritavam cada vez mais alto pedindo sangue. O pobre garoto magro, que agora estava sobre as mãos firmes e fortes do valentão de cabelos escuros engoliu em seco quando percebeu que iria sair dali machucado. Ele estava sobre efeito de alguma droga, não muito diferente de todos dali. A maioria dos jovens naquele lugar estavam chapados e loucos.
— Por favor, eu não sei das regras. Eu acabei de me mudar e essa é a minha primeira festa, eu não vi sua moto. — o garoto suplicava pela sua vida enquanto apertava cada vez mais seu pescoço. O bad boy ria toda vez que escutava as súplicas do garoto assustado.
— , deixa ele. Tem duas gostosas na sua cama, por que não volta pra lá? — Lewis, o melhor amigo de , falava calmamente enquanto encostava sua mão no ombro do amigo fora de si. — Vamos lá! Não vale a pena. — Lewis insistiu.
— Qual é, ! Nunca te vi deixar alguém fazer isso com a sua moto e sair ileso. Acaba com ele! — a voz de um dos caras de sua turma insana se sobressaiu sobre a multidão.
O garoto espremido às mãos firmes quase não conseguia respirar, mas mesmo assim com sua pouca força conseguia suplicar por sua vida. Os olhos de estavam a pontos de pegar fogo, suas veias saltaram de seus braços e pescoço de uma forma sobrenatural. A raiva exalava nele, ele esmagaria-o com uma só mão. Os seus lábios formaram uma linha fina e suas sobrancelhas se curvaram, enquanto ele o encarava com ódio.
— Lewis, saia daqui, eu não vou deixá-lo escapar. — a voz rasgada e rouca de se dirigia para o amigo que estava do seu lado. Lewis não hesitou e tratou logo de sair dali.
— Acaba com ele, ! Mata logo essa lombriga! — vozes vinham de todos os lados do imenso círculo que tinha se formado ao redor dos dois no jardim.
Um soco preciso acertou o queixo do garoto que mal conseguia se mover após cair atordoado no chão. Os punhos de se fechavam fortemente e o sorriso malicioso respingando ódio saía de seu rosto perfeitamente esculpido. Vê-lo caído na grama, implorando para que parasse, e o sangue escorrendo de sua boca, o fez observá-lo de mais perto. Foi preciso dois longos passos para que seus pés estivessem perto demais do garoto caído, um chute forte foi feito na cabeça que agora jorrava sangue em sua volta.
— Agora você conhece as regras, não é mesmo?
O seu rosto não conseguia conter o prazer de ver o que ele acabara de fazer, porque tudo aquilo era obra dele e tinha gostado. Um outro ponta pé na cabeça já machucada, seguido de mais um chute nas costelas frágeis em sua frente podia ser visto de todos os ângulos dali. Ele não parou por aí. continuou distribuindo socos, chutes, e logo suas mãos fortes apertaram com o ódio que ele já vinha sentindo nesses últimos anos, esmagavam cada veia e cada local possível que o garoto conseguia respirar.
— ! ! — Lewis gritava ao lado de seu amigo, que agora estava irreconhecível. Ele não podia tocá-lo, senão seria o próximo a ser esmagado pelas mãos sombrias do homem que ele conhecia desde criança. — Ele vai morrer, cara. , pare!
Não estava adiantando, o garoto magro no chão quase não se contorcia mais e sua pele já estava em um tom um tanto roxo. Ele precisava fazer algo, suas mãos frias puxaram com toda a força que possuía no seu corpo musculoso e alto. O loiro chamava os outros dois amigos ao seu lado, que olhavam assustados, mas que rapidamente caminharam até aquela bagunça e ajudaram-no a puxar para longe do menino. Ele ainda tinha um semblante assustador em seu rosto e suas mãos sujas de sangue mantidas fechadas.
— Chamaram a polícia, cara, você tem que sair logo daqui. Pega o meu carro e some logo. — Lewis o entregou as chaves do carro enquanto o empurrava para longe dele. Ele sabia que o amigo estava fora de si, chapado e mal conseguia lembrar seu nome. Mas ele não tinha outra opção senão limpar toda essa bagunça.
As mãos apertavam fortemente o couro do volante em sua frente, ele acelerava com bastante vontade o Mustang preto de Lewis. não sabia pra onde estava indo, ele só conseguia escutar a voz de seu pai.
"Você é fraco, pequeno e feio. Você não é meu filho, por isso merece apanhar. Vou te bater até não lembrar mais seu nome."
Ele resmungava segurando as lágrimas que ele prometera que não soltaria nunca mais, lembrar de sua infância não era algo muito animador. Sua cabeça girava e ele só acelerava. O barulho do motor era cada vez mais alto e emocionante, e ele não fazia ideia de onde estava. As ruas apagadas eram iluminadas apenas pelos faróis do carro potente. Por um instante avistou um pequeno carro em sua direção e tentou frear, mas foi tudo em vão. Flashes de luzes, gritos e choros invadiam sua cabeça. Ele levantou sua mão até a cabeça e sentiu um corte profundo na testa, sua perna estava dolorida demais, enquanto ele tentava sair do carro. O automóvel em sua frente estava totalmente destruído, mas assim que ele se aproximou conseguiu ouvir um gemido fraco da mulher no banco do carro destruído. Ele chegou o mais perto possível e quase não conseguindo ver nada diante dele, viu o olhar apavorado da mulher agonizando.
— Por... por fa-favor... meu filho... salva meu filho.
Ele se permitiu olhar para trás, mas seu estômago revirou de uma forma enlouquecida, fazendo-o vomitar quando viu o pequeno garotinho. sentou-se no chão e não conseguia respirar. Sua cabeça doía como o inferno e suas mãos puxavam com uma força extrema seus cabelos. Ele não sabia o que fazer. Logo viu que o seu celular estava no seu bolso e o puxou rapidamente, fazendo uma ligação para Robert Walker, delegado da cidade e seu tio, o único parente vivo da família.
"Não saia daí, vou chegar antes da viaturas"
desligou e permaneceu ali imóvel até que seu tio chegasse. Duas mãos o puxaram e rapidamente ele recebeu um soco no nariz.
— Que porra você fez? Tem uma criança que pode estar morta ali! — a voz aterrorizante de seu tio invadiu seus ouvidos o fazendo acordar, não era um pesadelo. Tudo estava acontecendo. — Entre no meu carro e me espere. De quem é esse carro?
O garoto estava em choque, não se mexia e nem sequer falava.
— Droga, ! De quem é esse carro? — as mãos de Robert sacudiam o garoto desesperadamente.
— Lewis. — sua voz foi seca e baixa, ele se virou e entrou no automóvel enquanto via seu tio fazer ligações em frente a lata amassada que um dia tinha sido um carro de uma família feliz que ele acabara de destruir em segundos.
— Eu não sei a merda que você se meteu, mas eu vou consertar isso. Você vai para Lakewood, uma cidade distante daqui, no interior. Eu tenho um amigo lá, Daniel Carter, o Pastor local. Ele vai te abrigar até eu resolver tudo por aqui. Você vai ajudá-lo em tudo, você vai trabalhar. — Robert dizia entrando no carro e dirigindo para longe dali.
— Minha faculdade? Meus jogos? — a voz de era de uma tristeza profunda e tão baixa que mal conseguia ouvi-la.
— Não terá nada disso agora, volte diferente e quem sabe posso te devolver isso. — enquanto ele dirigia rumo ao hospital mais próximo, conseguiram ver duas ambulâncias indo em direção ao acidente.
O carro parou e eles desceram apressados até a portaria. A cabeça do garoto não se levantava e ele não conseguia pensar em mais nada a não ser na voz fraca da mulher suplicando pela vida de seu filho. A recepcionista o levou até a área de emergências, enquanto Robert esperava impaciente na recepção. Algum tempo depois, voltou com seu pé envolto em uma armadura.
— Foi só uma luxação. — ele disse ao seu tio.
— Isso foi muito pouco pelo que fez, não deveria nem estar vivo. — o homem que tinha seu sangue nem se preocupou em ajudá-lo, eles entraram no carro rumo a sua cobertura beira mar.
— Você dorme aqui hoje, não posso te levar agora. Amanhã você pega sua moto e some daqui. Me ouviu bem? — Robert deu um tapa na nuca de seu sobrinho que entrava em sua casa. Ele balançou a cabeça concordando e entrou no quarto. Seria uma longa noite e um longo dia.
O seu corpo todo doía como se ele tivesse sido amassado por um trator em chamas, sua cabeça com vários pontos e sua perna imobilizada também doíam. Um bilhete com algum tipo de endereço estava em cima do criado-mudo ao seu lado. Ele o pegou, tentando ler suas costas.
"Sua moto está na garagem, quero você fora daqui antes que eu volte para o almoço. SE VIRE!"
respirou fundo e se levantou com um pouco de dificuldade. Ele pegou seu telefone e olhou cada contato da sua agenda lotada, boa parte eram de mulheres que ele pegava em uma só noite e nunca mais retornava. Amigos? Eram poucos. Ele não saberia como explicar para seu velho amigo Lewis o que havia acontecido. Sem pensar duas vezes, ele retirou o que imobilizava sua perna e colocou o pé no chão frio. Um choque de dor percorreu seu corpo, seguido de um grito alto. Ele precisava sair dali. Sua mochila estava pendurada em sua moto, ele colocou a bota que sustentava sua perna dentro dela e se sentou com dificuldade.
— Não acredito que tocaram em você, eles te maltrataram? — ele dizia ao mesmo tempo que acariciava a motocicleta. Assim que deu partida, seu pé pulou em repulsa. A dor o atingiu, mas ele continuou, pegou a estrada rumo a pequena cidade onde viveria nos próximos meses.
CAPÍTULO 02 – VISTA DOS CÉUS
A cidade antiga e pequena exalava perfume de rosas por toda a parte. Provavelmente deveria ser pela maioria da população idosa do local. andava pelas ruas procurando o endereço que não seria muito difícil de encontrar, as ruas eram extremamente apertadas e curtas. A cada rua que ele passava, conseguia ver um casal de idosos caminhando sorridentes pelas praças que eram comuns por ali.
Algumas barracas de venda sobre a calçada, mais idosos jogando xadrez em uma outra praça pouco movimentada. O bad boy em cima da moto, venerada por ele, ainda não acreditava que viveria um inferno ali. Ele acabara de perder sua vida, sua faculdade, seus jogos de futebol, suas festas e o que ele mais temia perder: suas mulheres.
— Vamos ter que aprender a gostar de velhas. — resmungou para sua moto. Ele era incapaz de amar alguém que não fosse sua motocicleta ou ele mesmo.
Frio e cheio de si, estacionou-a em frente a velha casa de madeira que dava arrepios só de olhar. Talvez ela não vê uma reforma há bastante tempo. Ele pegou o bilhete amassado, dentro de sua jaqueta preta de couro, e confirmou o número do local. Era ali mesmo. Assim que estacionou, percebeu que estava tudo tão quieto e as janelas fechadas. deu três passos em direção a pequena escada velha a sua frente, ele parou por um instante e voltou para a moto.
— O Pr. Carter está no seu escritório, fica lá em cima. — um velho com um chapéu enorme sentado na sombra de uma árvore gritou para o rapaz desconhecido. — Pode subir.
concordou, agradecendo-o com um aceno e voltou a caminhar para a entrada da casa. O seu interior era completamente o que ele esperava, velha e sinistra. Aquilo era feio aos seus olhos, nenhum porta-retrato, nenhum enfeite, nada. Ele era sozinho, com certeza. Um velho rabugento e fedorento, pensou. O garoto estava decidido que não receberia ordens de um idoso solitário e muito menos frequentaria sua igreja aos domingos, para ouvir sermões sobre que quem não seguia os mandamentos da bíblia arderia no fogo do inferno. Ele não estava a fim disso. Após esbarrar-se no sofá velho, mas incrivelmente limpo da sala de estar, um barulho vindo do segundo andar o fez subir os degraus barulhentos. A cada passo, um rangido mais forte. Uma voz incrivelmente doce e macia fez o jovem parar de caminhar em direção a porta fechada que estava escrito com letras pretas "Escritório Pr. Carter" e virar no sentido da melodia. A porta de onde vinha a música acolhedora, com notas de seda, estava entreaberta, e o garoto não hesitou para olhar entre ela. Cabelos excepcionalmente lisos, que batiam até a cintura desenhada, escorriam através da água, que fazia o percurso no corpo esculpido da garota em sua frente. Ela estava de costas debaixo do chuveiro e cantava ainda mais alto. Sua voz era tão doce e linda, que não conseguia parar de olhá-la. Seus cabelos castanhos deslizavam sobre sua bunda pequena e delicada enquanto ela se ensaboava. O garoto engoliu seco, obcecado pelo que via. Ele queria aquilo.
— Safado! O velho é casado com uma gostosinha dessa, não acredito. — cochichou para ele mesmo.
A porta em suas costas se destrancou e o rapaz pulou assustado, interrompendo sua vista dos céus. Ele saiu apressado antes que alguém o visse ali.
— Tem alguém aí? — a voz doce saiu do banheiro.
caminhou rapidamente até onde indicava ser o escritório, e antes que pudesse bater e se anunciar, a porta abriu saindo dali um imenso homem que aparentava ter pouco mais que cinquenta anos. Sua pele um pouco destruída pelo sol e pela idade, seus cabelos grisalhos e ralos, um suéter cinza e muito feio, o fazia aparentar ser um senhor reservado e rigoroso.
— Você é o famoso ? — a voz grossa e intimidante do homem a sua frente o fez olhá-lo.
— Bom, famoso eu não sei, mas gostoso sim, sou eu. — deu um meio sorriso malicioso e ergueu uma de suas sobrancelhas enquanto estendia sua mão direita.
Pr. Carter não se deu o trabalho de levantar sua mão e cumprimentar o garoto, ele apenas pigarreou e virou as costas adentrando em sua sala.
— Temos regras aqui, não sei se você vai se adequar a elas. — o Pastor caminhou até se sentar na poltrona cinza atrás de uma mesa. se aproximou sentando na cadeira da frente. — Eu não sei o que você fez de tão grave para o seu tio te mandar para cá, mas eu sei que você não vale o chão que pisa. Já estou ciente disso, você não presta. Eu só te aceitei aqui por um motivo, eu devo um favor a seu tio. — a voz fria do homem a sua frente não o incomodava, dava risadas por dentro. O garoto cruzou as pernas relaxado e arqueou as sobrancelhas.
— Interessante, continue. — ele passou uma das pernas por cima da mesa e deixou sua bota encostar na madeira antiga. Encarando o homem a sua frente sem nenhum medo ou submissão, ele balançou suas mãos para que o mesmo continuasse.
— Eu não estou nem aí pra quem você é ou deixa de ser, só te digo uma coisa. Me cause algum problema e eu arranco as suas bolas para longe daqui. Você terá trabalho pesado todos os dias na obra social em minha fazenda e aos domingos, vai me ajudar na igreja.
Uma gargalhada alta e debochada saiu de . Ele abaixou sua perna, se acomodando na cadeira.
— Igreja? Eu não piso em igrejas, não faz meu tipo. Pode me mandar limpar cocô de vaca, mas na igreja eu não piso.
O Pastor se endireitou rapidamente na poltrona e o seu semblante mudou.
— Meu jovem, você tem muito o que aprender. Pegue suas coisas, eu vou te levar para a fazenda. — o velho homem se levantou e caminhou em direção a porta.
— Fazenda? Eu não vou dormir aqui na sua casa velha? — se levantou espantado enquanto caminhava ao lado do Pastor.
— Nem na nova e nem na velha, você vai dormir no celeiro. — Pr. Carter trancou a porta da sala e se direcionou à escada.
— Pensei que o senhor era pastor, não comediante. — riu alto.
Ele percebeu que a porta do banheiro agora estava fechada, continuou descendo as escadas olhando ao redor tentando encontrar a garota. Assim que saíram da casa sem mais nenhum deslumbre da dona da voz mais sedosa que já tinha escutado, o Pastor apontou para a moto parada e nem sequer mudou seu olhar para o garoto.
— Você veio nisso? De qualquer forma, você não vai usá-la por aqui. Me siga com ela — o Pastor entrou em sua caminhonete vermelha antiga e começou a dirigir.
sentiu uma dor imensa invadir sua perna enquanto tentava subir na motocicleta. Ele respirou fundo enquanto via o pastor já um pouco distante. O caminho não muito longo de estrada de chão, estava quase impossível de andar por causa da lama. Havia chovido na noite anterior e o barro estava invadindo as rodas de sua moto. A fazenda, não muito grande a sua frente, parecia tranquila. Algumas vacas pastavam no campo a frente do lugar e uma lagoa do outro lado apresentava alguns patos se refrescando nela. O local parecia acolhedor, mas não estava nada satisfeito em entrar ali. Flashes da noite passada invadiam sua cabeça agora, ele sentia algo que nunca havia sentido: remorso. Ele estava sentindo uma dor que talvez ele nunca imaginava que sentiria, o garoto afastou as lembranças da cabeça enquanto estacionava sua moto. Ele sentou sobre ela esperando o homem descer da caminhonete e pegou seu celular, sem área.
— Se quiser telefonar para alguém, tem um telefone na cozinha. Não vai precisar disso aqui. Tem meu número e o da igreja ao lado do aparelho, alguns outros que talvez você precise também. — o velho homem caminhava ao redor da fazenda mostrando cada lugar pro garoto, explicando cada detalhe.
Assim que chegaram no celeiro, jogou sua mochila sobre a pequena cama no pequeno quarto nos fundos. O cheiro de estrume era terrível naquela região, ele tampou seu nariz enquanto olhava para o pastor.
— Com o tempo você se acostuma. — ele deu as costas para o garoto e estava prestes a sair dali, mas antes que ele saísse disse algo. — José, Stone e Judi foram a cidade fazer compras. Eles só voltam à tarde e você já tem tarefas hoje. Deixei um papel aqui com seus afazeres. Está tudo detalhado, espero que não me cause problemas. Estarei no meu escritório.
E foi assim que ficou sozinho no celeiro abafado e com o cheiro terrível em suas narinas. Ele se sentou, suspirando forte e passando as mãos na cabeça. Mais uma lembrança da mulher no carro o ocorreu. Ele se levantou rapidamente e caminhou em direção a cozinha da casa. Foi até o telefone e discou o número do tio. Ele não queria falar com o homem que o odiava desde criança, na verdade todos o odiavam, mas ele precisava tirar um peso desconhecido de seu peito.
"Tio Robert? Sou eu, ."
"Já conseguiu algum problema aí? Não posso acreditar, ! Não irei te pegar" — a voz deixava o ódio transparecer pelo telefone.
"Não, ainda não estou no clima de fazer algo. Eu só liguei pra saber sobre o acidente. Tem alguma notícia?" — disse um pouco receoso, ele não sabia o que fazer.
Uma gargalhada vinda do homem do outro lado da linha podia ser ouvida na outra sala da casa.
"Você está preocupado? O que você tem? Este lugar já está te fazendo bem, seu bastardo"
"Eu só quero saber o que deu, será que você pode me falar? O garotinho está bem? Eles têm família?"
"Eu não sei o porquê está tão interessado, você só liga pra sua bunda e sua moto idiota. Não, eles não têm. Se quer saber, eles acabaram de se mudar da Flórida. O pai era militar e faleceu há poucos meses. Satisfeito?"
"E o garoto?" — disse.
"Quebrou alguns ossos, cortou a cabeça e vai ficar internado por alguns dias. Se não tivesse chamado a ambulância rápido, ele tinha morrido. Mas agora ele não está morto."
Um suspiro de alívio correu pelo corpo do garoto. sabia que isso não iria aliviá-lo, mas saber que não machucaria outras pessoas o fez um pouco mais leve. Isso era novo pra ele, um sentimento que ele nunca havia sentido. Tristeza. Ele estava ciente que tinha machucado duas pessoas, três naquela noite. Aquilo estava o consumindo de uma forma nunca vista como antes, nem mesmo quando ele tinha 11 anos.
Algumas barracas de venda sobre a calçada, mais idosos jogando xadrez em uma outra praça pouco movimentada. O bad boy em cima da moto, venerada por ele, ainda não acreditava que viveria um inferno ali. Ele acabara de perder sua vida, sua faculdade, seus jogos de futebol, suas festas e o que ele mais temia perder: suas mulheres.
— Vamos ter que aprender a gostar de velhas. — resmungou para sua moto. Ele era incapaz de amar alguém que não fosse sua motocicleta ou ele mesmo.
Frio e cheio de si, estacionou-a em frente a velha casa de madeira que dava arrepios só de olhar. Talvez ela não vê uma reforma há bastante tempo. Ele pegou o bilhete amassado, dentro de sua jaqueta preta de couro, e confirmou o número do local. Era ali mesmo. Assim que estacionou, percebeu que estava tudo tão quieto e as janelas fechadas. deu três passos em direção a pequena escada velha a sua frente, ele parou por um instante e voltou para a moto.
— O Pr. Carter está no seu escritório, fica lá em cima. — um velho com um chapéu enorme sentado na sombra de uma árvore gritou para o rapaz desconhecido. — Pode subir.
concordou, agradecendo-o com um aceno e voltou a caminhar para a entrada da casa. O seu interior era completamente o que ele esperava, velha e sinistra. Aquilo era feio aos seus olhos, nenhum porta-retrato, nenhum enfeite, nada. Ele era sozinho, com certeza. Um velho rabugento e fedorento, pensou. O garoto estava decidido que não receberia ordens de um idoso solitário e muito menos frequentaria sua igreja aos domingos, para ouvir sermões sobre que quem não seguia os mandamentos da bíblia arderia no fogo do inferno. Ele não estava a fim disso. Após esbarrar-se no sofá velho, mas incrivelmente limpo da sala de estar, um barulho vindo do segundo andar o fez subir os degraus barulhentos. A cada passo, um rangido mais forte. Uma voz incrivelmente doce e macia fez o jovem parar de caminhar em direção a porta fechada que estava escrito com letras pretas "Escritório Pr. Carter" e virar no sentido da melodia. A porta de onde vinha a música acolhedora, com notas de seda, estava entreaberta, e o garoto não hesitou para olhar entre ela. Cabelos excepcionalmente lisos, que batiam até a cintura desenhada, escorriam através da água, que fazia o percurso no corpo esculpido da garota em sua frente. Ela estava de costas debaixo do chuveiro e cantava ainda mais alto. Sua voz era tão doce e linda, que não conseguia parar de olhá-la. Seus cabelos castanhos deslizavam sobre sua bunda pequena e delicada enquanto ela se ensaboava. O garoto engoliu seco, obcecado pelo que via. Ele queria aquilo.
— Safado! O velho é casado com uma gostosinha dessa, não acredito. — cochichou para ele mesmo.
A porta em suas costas se destrancou e o rapaz pulou assustado, interrompendo sua vista dos céus. Ele saiu apressado antes que alguém o visse ali.
— Tem alguém aí? — a voz doce saiu do banheiro.
caminhou rapidamente até onde indicava ser o escritório, e antes que pudesse bater e se anunciar, a porta abriu saindo dali um imenso homem que aparentava ter pouco mais que cinquenta anos. Sua pele um pouco destruída pelo sol e pela idade, seus cabelos grisalhos e ralos, um suéter cinza e muito feio, o fazia aparentar ser um senhor reservado e rigoroso.
— Você é o famoso ? — a voz grossa e intimidante do homem a sua frente o fez olhá-lo.
— Bom, famoso eu não sei, mas gostoso sim, sou eu. — deu um meio sorriso malicioso e ergueu uma de suas sobrancelhas enquanto estendia sua mão direita.
Pr. Carter não se deu o trabalho de levantar sua mão e cumprimentar o garoto, ele apenas pigarreou e virou as costas adentrando em sua sala.
— Temos regras aqui, não sei se você vai se adequar a elas. — o Pastor caminhou até se sentar na poltrona cinza atrás de uma mesa. se aproximou sentando na cadeira da frente. — Eu não sei o que você fez de tão grave para o seu tio te mandar para cá, mas eu sei que você não vale o chão que pisa. Já estou ciente disso, você não presta. Eu só te aceitei aqui por um motivo, eu devo um favor a seu tio. — a voz fria do homem a sua frente não o incomodava, dava risadas por dentro. O garoto cruzou as pernas relaxado e arqueou as sobrancelhas.
— Interessante, continue. — ele passou uma das pernas por cima da mesa e deixou sua bota encostar na madeira antiga. Encarando o homem a sua frente sem nenhum medo ou submissão, ele balançou suas mãos para que o mesmo continuasse.
— Eu não estou nem aí pra quem você é ou deixa de ser, só te digo uma coisa. Me cause algum problema e eu arranco as suas bolas para longe daqui. Você terá trabalho pesado todos os dias na obra social em minha fazenda e aos domingos, vai me ajudar na igreja.
Uma gargalhada alta e debochada saiu de . Ele abaixou sua perna, se acomodando na cadeira.
— Igreja? Eu não piso em igrejas, não faz meu tipo. Pode me mandar limpar cocô de vaca, mas na igreja eu não piso.
O Pastor se endireitou rapidamente na poltrona e o seu semblante mudou.
— Meu jovem, você tem muito o que aprender. Pegue suas coisas, eu vou te levar para a fazenda. — o velho homem se levantou e caminhou em direção a porta.
— Fazenda? Eu não vou dormir aqui na sua casa velha? — se levantou espantado enquanto caminhava ao lado do Pastor.
— Nem na nova e nem na velha, você vai dormir no celeiro. — Pr. Carter trancou a porta da sala e se direcionou à escada.
— Pensei que o senhor era pastor, não comediante. — riu alto.
Ele percebeu que a porta do banheiro agora estava fechada, continuou descendo as escadas olhando ao redor tentando encontrar a garota. Assim que saíram da casa sem mais nenhum deslumbre da dona da voz mais sedosa que já tinha escutado, o Pastor apontou para a moto parada e nem sequer mudou seu olhar para o garoto.
— Você veio nisso? De qualquer forma, você não vai usá-la por aqui. Me siga com ela — o Pastor entrou em sua caminhonete vermelha antiga e começou a dirigir.
sentiu uma dor imensa invadir sua perna enquanto tentava subir na motocicleta. Ele respirou fundo enquanto via o pastor já um pouco distante. O caminho não muito longo de estrada de chão, estava quase impossível de andar por causa da lama. Havia chovido na noite anterior e o barro estava invadindo as rodas de sua moto. A fazenda, não muito grande a sua frente, parecia tranquila. Algumas vacas pastavam no campo a frente do lugar e uma lagoa do outro lado apresentava alguns patos se refrescando nela. O local parecia acolhedor, mas não estava nada satisfeito em entrar ali. Flashes da noite passada invadiam sua cabeça agora, ele sentia algo que nunca havia sentido: remorso. Ele estava sentindo uma dor que talvez ele nunca imaginava que sentiria, o garoto afastou as lembranças da cabeça enquanto estacionava sua moto. Ele sentou sobre ela esperando o homem descer da caminhonete e pegou seu celular, sem área.
— Se quiser telefonar para alguém, tem um telefone na cozinha. Não vai precisar disso aqui. Tem meu número e o da igreja ao lado do aparelho, alguns outros que talvez você precise também. — o velho homem caminhava ao redor da fazenda mostrando cada lugar pro garoto, explicando cada detalhe.
Assim que chegaram no celeiro, jogou sua mochila sobre a pequena cama no pequeno quarto nos fundos. O cheiro de estrume era terrível naquela região, ele tampou seu nariz enquanto olhava para o pastor.
— Com o tempo você se acostuma. — ele deu as costas para o garoto e estava prestes a sair dali, mas antes que ele saísse disse algo. — José, Stone e Judi foram a cidade fazer compras. Eles só voltam à tarde e você já tem tarefas hoje. Deixei um papel aqui com seus afazeres. Está tudo detalhado, espero que não me cause problemas. Estarei no meu escritório.
E foi assim que ficou sozinho no celeiro abafado e com o cheiro terrível em suas narinas. Ele se sentou, suspirando forte e passando as mãos na cabeça. Mais uma lembrança da mulher no carro o ocorreu. Ele se levantou rapidamente e caminhou em direção a cozinha da casa. Foi até o telefone e discou o número do tio. Ele não queria falar com o homem que o odiava desde criança, na verdade todos o odiavam, mas ele precisava tirar um peso desconhecido de seu peito.
"Tio Robert? Sou eu, ."
"Já conseguiu algum problema aí? Não posso acreditar, ! Não irei te pegar" — a voz deixava o ódio transparecer pelo telefone.
"Não, ainda não estou no clima de fazer algo. Eu só liguei pra saber sobre o acidente. Tem alguma notícia?" — disse um pouco receoso, ele não sabia o que fazer.
Uma gargalhada vinda do homem do outro lado da linha podia ser ouvida na outra sala da casa.
"Você está preocupado? O que você tem? Este lugar já está te fazendo bem, seu bastardo"
"Eu só quero saber o que deu, será que você pode me falar? O garotinho está bem? Eles têm família?"
"Eu não sei o porquê está tão interessado, você só liga pra sua bunda e sua moto idiota. Não, eles não têm. Se quer saber, eles acabaram de se mudar da Flórida. O pai era militar e faleceu há poucos meses. Satisfeito?"
"E o garoto?" — disse.
"Quebrou alguns ossos, cortou a cabeça e vai ficar internado por alguns dias. Se não tivesse chamado a ambulância rápido, ele tinha morrido. Mas agora ele não está morto."
Um suspiro de alívio correu pelo corpo do garoto. sabia que isso não iria aliviá-lo, mas saber que não machucaria outras pessoas o fez um pouco mais leve. Isso era novo pra ele, um sentimento que ele nunca havia sentido. Tristeza. Ele estava ciente que tinha machucado duas pessoas, três naquela noite. Aquilo estava o consumindo de uma forma nunca vista como antes, nem mesmo quando ele tinha 11 anos.
CAPÍTULO 03 – CONHECENDO
Uma fina linha de suor escorria sobre seu abdômen musculoso, era difícil ficar parado sem algum tipo de proteção. Ele caminhou até o velho armário em seu quartinho e abriu uma gaveta que rangia de tão velha. Uma pilha de camisetas brancas exatamente iguais, estavam ali dobradas ao lado de uma pilha de calças jeans extremamente largas. balançou a cabeça em reprovação com as calças tão largas, ele nunca as usariam. Pegou uma camiseta branca e a vestiu enquanto continuou com seu jeans apertado e surrado, tirou suas botas e colocou a bota que ganhara no hospital, sua perna ainda doía. Ele olhava a longa lista de tarefas a sua frente e debochava, pensando que o reverendo estava imaginando que ele iria fazer todas as obrigações. Depois de um longo suspiro, se jogou na pequena cama ao seu lado. Ela era horrível, nada comparado a sua imensa cama box. já estava decidido, ele voltaria logo pra casa.
Pouco tempo depois de fechar seus olhos para um cochilo, ele ouviu um barulho ensurdecedor. Se levantou rapidamente caminhando até o estábulo, onde uma égua estava estirada no chão relinchando de dor. Ele não sabia o que estava acontecendo, ele nem sequer tinha visto um cavalo em toda a sua vida. Quando era criança, as poucas vezes que conseguiu assistir televisão na casa do seu velho vizinho Will, via um programa com um grupo enorme de cavalos lindamente maravilhosos correndo sobre um monte verde. Era o sonho do garotinho ter um igual. Tinha uma égua em sua frente, gemendo de dores e ele não sabia o que fazer. Tratou logo de correr o mais rápido que podia enquanto mancava, até o telefone na cozinha. Ele discou o número do Pr. cinco vezes ou mais, mas não obtia respostas. Ninguém atendia. Ele ligou para um número da lista que dizia "Se a vaca for pro brejo ligue para mim. José.", ele não fazia ideia de quem era, mas definitivamente a vaca tinha ido pro brejo. Uma voz alegre atendeu a ligação e respondeu desesperado.
"Alô? A égua do Pr. está machucada e eu não sei o que fazer"
"Quem está falando?" — José respondeu.
"Foda-se quem está falando, eu só quero saber o que fazer antes que aquela maldita égua morra. Eu não quero mais sangue nas minhas mãos" — a voz fria de fez o cara da outra linha se calar por uns segundos.
"Tem uma veterinária na cidade, vá até lá e traga-a até a fazenda. Você deve ser o garoto problemático que o velho Daniel disse, não ligo com jeito que você fala comigo, criança. Tenha um bom dia"
O homem do outro lado da linha, que quando atendeu tinha uma voz alegre, agora era vazia e triste. não se importou, ele desligou o telefone e tentou falar com Pr. novamente. Sem respostas, ele decidiu pegar a moto e ir até a pequena cidade. Sua perna doía muito mais agora. Ele queria logo que aquela dor passasse, não só essa, ele ainda sentia algo no peito quando lembrava da noite passada. O céu que antes estava ensolarado, agora estava acinzentado e com nuvens negras. Talvez uma chuva cairia mais à noite. Assim que chegou na casa do pastor, ele viu que não tinha ninguém lá. Bateu palmas e nenhuma alma viva apareceu, ele girou a maçaneta e viu que a porta estava destrancada. No momento em que pisou no velho assoalho, lembrou da pequena amostra do paraíso que teve mais cedo. Aquela mulher era algo que ele nunca tinha visto igual, apesar de ter experimentado tantas outras. gritou o mais alto que podia.
— Pr. ? Você poderia parar um pouco o seu divertimento aí em cima e descer aqui? — dizia rindo quando imagens da garota em cima do velho veio a sua cabeça. Ele balançou-a tentando mandar aquelas informações para longe. — Que nojo! — disse de costas se dirigindo para a porta.
— Pois não? — a voz aveludada que ele tanto amou, estava se direcionando a ele.
O garoto virou rapidamente para olhá-la, um belo par de pernas e um corpo extremamente delicado mas com um toque de sedução descia as escadas. Ela era maravilhosa. Seus cabelos já secos desciam sobre seu rosto até quase chegar na cintura. Sua face um tanto angelical, lábios inchados e perfeitos, mas o que mais viciara ele foram os olhos. Um brilho forte e uma chama provocativa, saía daquele olhar que agora o olhava de volta.
A garota nunca tinha visto algo igual antes, ela nunca tinha visto um homem em sua frente com uma beleza tão perfeita como a dele. Cabelos negros bagunçados, o rosto marcado e os olhos de um tom azul acinzentado quentes como o inferno a olhava sem desviar. Respirou fundo tentando achar algo em que podia se apoiar. Ela observou uma última vez suas pernas musculosas se mostrando em pequenos pedaços da calça jeans rasgada.
— O seu marido está aí? — a voz sexy e rasgada de saiu como se fosse um deus do rock cantando uma canção quente. A garota se ajeitou no lugar e engoliu seco, percebeu que ela estava sem jeito. Ele ainda não conseguia imaginar que ela era mulher daquele velho.
— Desculpa, marido? Acho que você está na casa errada, eu não tenho marido. — a voz doce da garota em sua frente foi como se ele estivesse nas nuvens, ele queria chegar mais perto, ele queria tocá-la. Um sorriso estampou seu rosto quando ele se deu conta de que a garota tinha falado, ela não era casada.
— Pr. , eu procuro ele. — disse com um sorriso malicioso no seu rosto.
— Ah! Meu pai! — arregalou os olhos espantado, ela não podia ser filha dele.
— Droga! — ele resmungou baixo, mas a garota conseguiu ouvir.
— O que você disse? — ela terminou de descer os degraus, mas incapaz de se aproximar do rapaz. — O que você quer com o meu pai?
— É... a égua dele, quer dizer, a égua da fazenda está machucada. — o garoto mal fechou a boca e a menina abriu a boca assustada.
— Hanna? Hanna está machucada?
— Eu não sei o nome da maldita égua, eu só quero que ela pare de relinchar. Será que você podia avisar seu velho pra dar um jeito nela? Sei lá, só não quero passar a noite ouvindo os berros dela. — disse insensível enquanto a garota chorava. Ele se aproximou dela. — O que foi que eu disse? Não chora, é só uma égua.
— É a minha égua, minha mãe me deu ela antes de... deixa pra lá. Ela não vai morrer vai? — A menina engolia seco tentando não chorar.
— Olha só, lindinha, eu não sou um veterinário pra saber se ela vai morrer ou não. Você sabe onde é o consultório da doutora?
A garota balançou a cabeça concordando, então virou as costas e abriu a porta. Ele percebeu que a garota nem se mexeu.
— Você não vai me mostrar onde é?
Ela concordou e se virou indo até um telefone na sala. Seus dedos finos discaram algum número que em poucos segundos a atendeu. Ela falava tão baixo que ele mal conseguia ouvir o que ela dizia. Depois de desliga-lo, a menina voltou caminhando lentamente até a porta.
— Meu pai me deixou ir com você até a veterinária. Ele disse que você deve levá-la até lá.
— Quantos anos você tem? Sete? — disse indignado. Ele não conseguia entender como uma garota grande como ela ainda tinha que pedir permissões para o pai.
Ele balançou a cabeça rindo e se sentou na moto. Pegou seu capacete e estendeu para a garota, que permaneceu imóvel.
— Não trouxe outro capacete, mas pega o meu. — a menina não se moveu. arqueou as sobrancelhas para ela como se perguntasse o que tinha acontecido.
— Eu vou andando e você me segue.
— O quê? — riu tentando entendê-la. — Você é maluca.
A garota caminhou alguns poucos passos e ligou a moto indo até ela.
— Sobe logo, santinha. — ela continuou se movendo sem ao menos olhar para ele. Respirando fundo ele desligou a moto e desceu dela. — Se você não vem por bem, você vem por mal. — agarrou suas mãos firmes sobre a cintura fina da menina e a puxou até estar sentada em sua moto. Ele nunca deixava ninguém sentar nela, somente ele podia pilotá-la.
A garota não retrucou, ficou sentada imóvel enquanto colocava seu capacete nela. Ela respirava de uma forma pesada e com dificuldade. Os dedos do desconhecido a tocando gerava arrepios e percebeu isso. Um sorriso de malícia apareceu no seu rosto, ele sabia que ela também o queria. Subiu na moto com facilidade, ele já nem se lembrava de seu pé. Segurou as mãos frias e delicadas e as puxaram em volta de seu abdômen enrijecido. Ele se virou tentando olhá-la e percebeu suas bochechas vermelhas, ele gostava disso.
— Pode apertar, eu gosto assim. — terminou de dizer apertando os braços da garota em sua volta, ela nem se mexeu.
XXX
Depois de dar voltas e voltas no mesmo lugar, já estava ficando nervoso. A garota não sabia onde ficava a clínica e eles se perderam.
— Essa cidade tem o quê? Três ruas! Três ruas e você conseguiu se perder? — dizia um pouco exaltado.
Ele mal sabia que a garota sabia exatamente onde a clínica ficava, mas ela estava concentrada demais naquilo em que ela estava agarrada. Ela nunca havia andado de moto e muito menos com um cara como , ela só queria aproveitá-lo.
— Acho que é ali. — a menina disse envergonhada enquanto apontava para um pequeno lugar.
Ela desceu da moto com cuidado e chamou diversas vezes, ninguém a atendia. Depois de muito chamar, ela voltou pra moto.
— A Dra. Jones não está aqui. Acho que vou ter que ir dar uma olhada na minha égua.
— Você é algum tipo de especialista no assunto por acaso? — disse, a analisando subir na moto um tanto desajeitada.
— Faço faculdade de Veterinária, acho que posso ajudar. Você me leva? — era impossível negar algo para a dona da voz mais sexy e doce que já tinha escutado. Ele podia passar horas a ouvindo falar.
— Com certeza, lindinha. — podia ver sua cor passar de branco para vermelho. Ela estava tão envergonhada e ele gostava do que via.
— Meu nome não é lindinha e muito menos santinha. Meu nome é , . — a garota disse apertando o abdômen de .
Pouco tempo depois de fechar seus olhos para um cochilo, ele ouviu um barulho ensurdecedor. Se levantou rapidamente caminhando até o estábulo, onde uma égua estava estirada no chão relinchando de dor. Ele não sabia o que estava acontecendo, ele nem sequer tinha visto um cavalo em toda a sua vida. Quando era criança, as poucas vezes que conseguiu assistir televisão na casa do seu velho vizinho Will, via um programa com um grupo enorme de cavalos lindamente maravilhosos correndo sobre um monte verde. Era o sonho do garotinho ter um igual. Tinha uma égua em sua frente, gemendo de dores e ele não sabia o que fazer. Tratou logo de correr o mais rápido que podia enquanto mancava, até o telefone na cozinha. Ele discou o número do Pr. cinco vezes ou mais, mas não obtia respostas. Ninguém atendia. Ele ligou para um número da lista que dizia "Se a vaca for pro brejo ligue para mim. José.", ele não fazia ideia de quem era, mas definitivamente a vaca tinha ido pro brejo. Uma voz alegre atendeu a ligação e respondeu desesperado.
"Alô? A égua do Pr. está machucada e eu não sei o que fazer"
"Quem está falando?" — José respondeu.
"Foda-se quem está falando, eu só quero saber o que fazer antes que aquela maldita égua morra. Eu não quero mais sangue nas minhas mãos" — a voz fria de fez o cara da outra linha se calar por uns segundos.
"Tem uma veterinária na cidade, vá até lá e traga-a até a fazenda. Você deve ser o garoto problemático que o velho Daniel disse, não ligo com jeito que você fala comigo, criança. Tenha um bom dia"
O homem do outro lado da linha, que quando atendeu tinha uma voz alegre, agora era vazia e triste. não se importou, ele desligou o telefone e tentou falar com Pr. novamente. Sem respostas, ele decidiu pegar a moto e ir até a pequena cidade. Sua perna doía muito mais agora. Ele queria logo que aquela dor passasse, não só essa, ele ainda sentia algo no peito quando lembrava da noite passada. O céu que antes estava ensolarado, agora estava acinzentado e com nuvens negras. Talvez uma chuva cairia mais à noite. Assim que chegou na casa do pastor, ele viu que não tinha ninguém lá. Bateu palmas e nenhuma alma viva apareceu, ele girou a maçaneta e viu que a porta estava destrancada. No momento em que pisou no velho assoalho, lembrou da pequena amostra do paraíso que teve mais cedo. Aquela mulher era algo que ele nunca tinha visto igual, apesar de ter experimentado tantas outras. gritou o mais alto que podia.
— Pr. ? Você poderia parar um pouco o seu divertimento aí em cima e descer aqui? — dizia rindo quando imagens da garota em cima do velho veio a sua cabeça. Ele balançou-a tentando mandar aquelas informações para longe. — Que nojo! — disse de costas se dirigindo para a porta.
— Pois não? — a voz aveludada que ele tanto amou, estava se direcionando a ele.
O garoto virou rapidamente para olhá-la, um belo par de pernas e um corpo extremamente delicado mas com um toque de sedução descia as escadas. Ela era maravilhosa. Seus cabelos já secos desciam sobre seu rosto até quase chegar na cintura. Sua face um tanto angelical, lábios inchados e perfeitos, mas o que mais viciara ele foram os olhos. Um brilho forte e uma chama provocativa, saía daquele olhar que agora o olhava de volta.
A garota nunca tinha visto algo igual antes, ela nunca tinha visto um homem em sua frente com uma beleza tão perfeita como a dele. Cabelos negros bagunçados, o rosto marcado e os olhos de um tom azul acinzentado quentes como o inferno a olhava sem desviar. Respirou fundo tentando achar algo em que podia se apoiar. Ela observou uma última vez suas pernas musculosas se mostrando em pequenos pedaços da calça jeans rasgada.
— O seu marido está aí? — a voz sexy e rasgada de saiu como se fosse um deus do rock cantando uma canção quente. A garota se ajeitou no lugar e engoliu seco, percebeu que ela estava sem jeito. Ele ainda não conseguia imaginar que ela era mulher daquele velho.
— Desculpa, marido? Acho que você está na casa errada, eu não tenho marido. — a voz doce da garota em sua frente foi como se ele estivesse nas nuvens, ele queria chegar mais perto, ele queria tocá-la. Um sorriso estampou seu rosto quando ele se deu conta de que a garota tinha falado, ela não era casada.
— Pr. , eu procuro ele. — disse com um sorriso malicioso no seu rosto.
— Ah! Meu pai! — arregalou os olhos espantado, ela não podia ser filha dele.
— Droga! — ele resmungou baixo, mas a garota conseguiu ouvir.
— O que você disse? — ela terminou de descer os degraus, mas incapaz de se aproximar do rapaz. — O que você quer com o meu pai?
— É... a égua dele, quer dizer, a égua da fazenda está machucada. — o garoto mal fechou a boca e a menina abriu a boca assustada.
— Hanna? Hanna está machucada?
— Eu não sei o nome da maldita égua, eu só quero que ela pare de relinchar. Será que você podia avisar seu velho pra dar um jeito nela? Sei lá, só não quero passar a noite ouvindo os berros dela. — disse insensível enquanto a garota chorava. Ele se aproximou dela. — O que foi que eu disse? Não chora, é só uma égua.
— É a minha égua, minha mãe me deu ela antes de... deixa pra lá. Ela não vai morrer vai? — A menina engolia seco tentando não chorar.
— Olha só, lindinha, eu não sou um veterinário pra saber se ela vai morrer ou não. Você sabe onde é o consultório da doutora?
A garota balançou a cabeça concordando, então virou as costas e abriu a porta. Ele percebeu que a garota nem se mexeu.
— Você não vai me mostrar onde é?
Ela concordou e se virou indo até um telefone na sala. Seus dedos finos discaram algum número que em poucos segundos a atendeu. Ela falava tão baixo que ele mal conseguia ouvir o que ela dizia. Depois de desliga-lo, a menina voltou caminhando lentamente até a porta.
— Meu pai me deixou ir com você até a veterinária. Ele disse que você deve levá-la até lá.
— Quantos anos você tem? Sete? — disse indignado. Ele não conseguia entender como uma garota grande como ela ainda tinha que pedir permissões para o pai.
Ele balançou a cabeça rindo e se sentou na moto. Pegou seu capacete e estendeu para a garota, que permaneceu imóvel.
— Não trouxe outro capacete, mas pega o meu. — a menina não se moveu. arqueou as sobrancelhas para ela como se perguntasse o que tinha acontecido.
— Eu vou andando e você me segue.
— O quê? — riu tentando entendê-la. — Você é maluca.
A garota caminhou alguns poucos passos e ligou a moto indo até ela.
— Sobe logo, santinha. — ela continuou se movendo sem ao menos olhar para ele. Respirando fundo ele desligou a moto e desceu dela. — Se você não vem por bem, você vem por mal. — agarrou suas mãos firmes sobre a cintura fina da menina e a puxou até estar sentada em sua moto. Ele nunca deixava ninguém sentar nela, somente ele podia pilotá-la.
A garota não retrucou, ficou sentada imóvel enquanto colocava seu capacete nela. Ela respirava de uma forma pesada e com dificuldade. Os dedos do desconhecido a tocando gerava arrepios e percebeu isso. Um sorriso de malícia apareceu no seu rosto, ele sabia que ela também o queria. Subiu na moto com facilidade, ele já nem se lembrava de seu pé. Segurou as mãos frias e delicadas e as puxaram em volta de seu abdômen enrijecido. Ele se virou tentando olhá-la e percebeu suas bochechas vermelhas, ele gostava disso.
— Pode apertar, eu gosto assim. — terminou de dizer apertando os braços da garota em sua volta, ela nem se mexeu.
Depois de dar voltas e voltas no mesmo lugar, já estava ficando nervoso. A garota não sabia onde ficava a clínica e eles se perderam.
— Essa cidade tem o quê? Três ruas! Três ruas e você conseguiu se perder? — dizia um pouco exaltado.
Ele mal sabia que a garota sabia exatamente onde a clínica ficava, mas ela estava concentrada demais naquilo em que ela estava agarrada. Ela nunca havia andado de moto e muito menos com um cara como , ela só queria aproveitá-lo.
— Acho que é ali. — a menina disse envergonhada enquanto apontava para um pequeno lugar.
Ela desceu da moto com cuidado e chamou diversas vezes, ninguém a atendia. Depois de muito chamar, ela voltou pra moto.
— A Dra. Jones não está aqui. Acho que vou ter que ir dar uma olhada na minha égua.
— Você é algum tipo de especialista no assunto por acaso? — disse, a analisando subir na moto um tanto desajeitada.
— Faço faculdade de Veterinária, acho que posso ajudar. Você me leva? — era impossível negar algo para a dona da voz mais sexy e doce que já tinha escutado. Ele podia passar horas a ouvindo falar.
— Com certeza, lindinha. — podia ver sua cor passar de branco para vermelho. Ela estava tão envergonhada e ele gostava do que via.
— Meu nome não é lindinha e muito menos santinha. Meu nome é , . — a garota disse apertando o abdômen de .
CAPÍTULO 04 – ATOLADOS NA LAMA
Não demorou muito para que descobrisse que algum animal na fazenda tinha mordido a pata da pobre égua. A garota correu para pegar alguns curativos e remédios. apenas a olhava atentamente, cada detalhe que suas mãos faziam, cada expressão que o rosto perfeito da garota fazia, era como se ele estivesse admirando uma rara peça de arte. Ele nunca tinha visto algo tão parecido como aquilo, ela era única.
— Você pode me levar em casa? — a voz de tirou do transe.
— Não quer me fazer companhia? — um sorriso surgiu no canto do rosto do garoto. A menina não disse nada, as suas bochechas arderam na hora. — Eu estou brincando, mas se você quiser ficar...
— Não, obrigada. Meu pai está me esperando. — se virou caminhando até a moto muito bem cuidada.
— Que pena, lindinha. — passou por ela e parou em sua frente, ele apertou seu queixo delicado. Ele queria tocá-la, ele precisava disso. Subiu em sua moto e entregou o capacete para a garota.
XXX
A chuva caindo nos dois corpos grudados em cima da moto fez acelerar na estrada barrenta. Ele não queria que aquele momento passasse rápido, ele não queria que as mãos de saíssem de seu abdômen. Ela as apertavam em volta do corpo musculoso e molhado. Um silêncio constrangedor tomava conta daquela viagem. A estrada tornava cada vez mais barrenta e ocasionalmente, impossível de andar por lá.
— Droga! — gritou em meio a chuva batendo em seu rosto.
— O que foi? — disse sob o capacete.
— Não consigo enxergar nada! Acho que a gasolina está acabando, sabe onde estamos?
— Não faço ideia. — a tempestade só aumentava e se apertava cada vez mais ao corpo de , ele estava adorando aquilo.
Sentir seu corpo molhado espremendo-se contra ele o fazia sentir no céu, ele queria mais daquilo. Sua moto desligou em meio a rua barrenta cheia de árvores, os relâmpagos ficavam cada vez mais constantes e o barulho dos trovões se tornavam mais fortes. não conseguia se desprender de e apertava mais forte.
— Se quiser pode me soltar agora. — ele sorriu maliciosamente.
— Desculpa, eu não notei que estava te apertando. — desprendeu seus braços do corpo frio de . — Por que parou?
— Não dá pra continuar, a gasolina acabou. Acho que vi um posto ali atrás. Podemos voltar. — desceu da moto com dificuldade, sua perna incendiou com uma dor aguda. Seu rosto não deixou de demonstrar o sentimento, a garota viu, mas não disse nada. — Vamos, não é muito longe.
desceu da moto apressada e esperou que a guiasse, ele voltou até a moto e começou a empurrá-la. A garota longe, o olhou curiosa.
— De jeito nenhum deixo minha bebê aqui sozinha, acha que sou louco? — ele riu enquanto a empurrava pro meio do matagal.
Eles andaram um pouco até encontrarem um posto totalmente abandonado. As bombas de gasolina estavam completamente destruídas e não havia telhado ali.
— Acho que não funciona. — disse, chutando um pedaço de ferro velho.
— Também acho que não, lindinha. — gargalhou quando viu as bochechas de ficarem rosa. O garoto avistou um pequeno prédio escuro em sua frente e acenou com a cabeça para a menina. — Tem um hotel ali, veja.
ficou na ponta dos pés tentando olhar o prédio em meio a escuridão.
— Acho que isso também não funciona. — ela disse baixinho.
— Mas pelo menos tem um teto, vem. — começou a empurrar sua moto até a porta de entrada do hotel abandonado. A garota hesitou por alguns segundos até acompanhar o rapaz.
— Precisamos ir embora, não posso ficar aqui. — ficou parada olhando para a porta enferrujada.
deixou a moto encostada debaixo de uma marquise e caminhou de volta até a garota.
— Quer voltar a pé? Se quiser, vá em frente lindinha. — ele estava tão perto que podia sentir a respiração quente de batendo em sua boca.
— Não me chame assim. — a menina mal conseguia respirar e suas pernas tremiam, nunca esteve tão perto assim de um garoto. Ela se desviou dele e foi em direção a porta, tentando abri-la desesperadamente. a observava achando aquilo uma cena muito engraçada.
— Sai daí. — ela nem sequer hesitou quando escutou a voz sexy do homem atrás dela. Com um chute certeiro, arrebentou a porta. Ele olhou para a garota que estava com os pequenos olhos castanhos arregalados. — Você vem, lindinha? — ele gostava de irritá-la. Sorriu debochado e arqueou uma sobrancelha.
acompanhou , amedrontada no completo escuro dentro daquele lugar.
— Não tem luz aqui? — encostou sem querer no braço musculoso a sua frente. Ela voltou para trás e ficou esperando uma resposta.
nunca tinha sentido algo como aquilo, sentiu um choque percorrer todo seu corpo com aquele único toque. Ele sabia que aquela garota iria deixá-lo maluco, ele já estava ficando. Engoliu seco enquanto ficava calado por alguns segundos.
— Acho que não entendeu que isso aqui está abandonado. Não acredito que fantasmas possam pagar a conta de luz. — ele abriu uma porta e com o pouco de claridade que invadia o quarto, viu que tinha uma única cama. — Está no seu quarto, lindinha, vou procurar um pra mim.
Ele sabia que se ficasse no mesmo quarto que a menina, ele não aguentaria. Ela era ingênua demais e ele sabia que garotas assim não serviam pra uma só noite. Assim que entrou no quarto escuro, ele fechou a porta e saiu procurando por uma outra cama. Depois de abrir dezenas de portas, não conseguiu achar uma cama, sofá ou colchão qualquer. Nada por ali a não ser aquela única cama onde deixou . Ele sabia que ela não o deixaria dormir ali, ele também sabia que não iria conseguir ficar perto demais da garota.
— Não tem mais cama por aqui. — disse enquanto abria lentamente a porta.
se virou assustada enquanto olhava a sombra de um corpo que ela passou apertando por um bom tempo.
— Você pode dormir no chão se quiser. — ela estava com medo de ficar sozinha, mesmo que não quisesse tê-lo no mesmo lugar. Por mais que ela não conseguisse admitir, ela o queria ali com ela.
— Qual é? Tem uma cama bem grande aqui, dá até pra fazer um ménage à trois. — a voz de parecia mais provocativa, ele a olhava de uma forma quente enquanto deitava na cama. A garota ficou calada. — Espera, você não sabe o que é isso? — riu. Seu semblante ficou sério quando percebeu que ela realmente não sabia do que se tratava. — Qual é? Sexo a três, lindinha!
Os olhos de arregalaram e ela se virou olhando a chuva pela janela. levantou, se aproximando da menina.
— Eu esqueci que você é a filha do Pastor. — suas mãos frias tocaram o pescoço da menina tímida enquanto afastava os longos fios dali. Ela se mexeu, arrepiada. — Não precisa sentir vergonha. — a voz rouca de queimou a orelha de . — , meu nome é .
— Você pode me levar em casa? — a voz de tirou do transe.
— Não quer me fazer companhia? — um sorriso surgiu no canto do rosto do garoto. A menina não disse nada, as suas bochechas arderam na hora. — Eu estou brincando, mas se você quiser ficar...
— Não, obrigada. Meu pai está me esperando. — se virou caminhando até a moto muito bem cuidada.
— Que pena, lindinha. — passou por ela e parou em sua frente, ele apertou seu queixo delicado. Ele queria tocá-la, ele precisava disso. Subiu em sua moto e entregou o capacete para a garota.
A chuva caindo nos dois corpos grudados em cima da moto fez acelerar na estrada barrenta. Ele não queria que aquele momento passasse rápido, ele não queria que as mãos de saíssem de seu abdômen. Ela as apertavam em volta do corpo musculoso e molhado. Um silêncio constrangedor tomava conta daquela viagem. A estrada tornava cada vez mais barrenta e ocasionalmente, impossível de andar por lá.
— Droga! — gritou em meio a chuva batendo em seu rosto.
— O que foi? — disse sob o capacete.
— Não consigo enxergar nada! Acho que a gasolina está acabando, sabe onde estamos?
— Não faço ideia. — a tempestade só aumentava e se apertava cada vez mais ao corpo de , ele estava adorando aquilo.
Sentir seu corpo molhado espremendo-se contra ele o fazia sentir no céu, ele queria mais daquilo. Sua moto desligou em meio a rua barrenta cheia de árvores, os relâmpagos ficavam cada vez mais constantes e o barulho dos trovões se tornavam mais fortes. não conseguia se desprender de e apertava mais forte.
— Se quiser pode me soltar agora. — ele sorriu maliciosamente.
— Desculpa, eu não notei que estava te apertando. — desprendeu seus braços do corpo frio de . — Por que parou?
— Não dá pra continuar, a gasolina acabou. Acho que vi um posto ali atrás. Podemos voltar. — desceu da moto com dificuldade, sua perna incendiou com uma dor aguda. Seu rosto não deixou de demonstrar o sentimento, a garota viu, mas não disse nada. — Vamos, não é muito longe.
desceu da moto apressada e esperou que a guiasse, ele voltou até a moto e começou a empurrá-la. A garota longe, o olhou curiosa.
— De jeito nenhum deixo minha bebê aqui sozinha, acha que sou louco? — ele riu enquanto a empurrava pro meio do matagal.
Eles andaram um pouco até encontrarem um posto totalmente abandonado. As bombas de gasolina estavam completamente destruídas e não havia telhado ali.
— Acho que não funciona. — disse, chutando um pedaço de ferro velho.
— Também acho que não, lindinha. — gargalhou quando viu as bochechas de ficarem rosa. O garoto avistou um pequeno prédio escuro em sua frente e acenou com a cabeça para a menina. — Tem um hotel ali, veja.
ficou na ponta dos pés tentando olhar o prédio em meio a escuridão.
— Acho que isso também não funciona. — ela disse baixinho.
— Mas pelo menos tem um teto, vem. — começou a empurrar sua moto até a porta de entrada do hotel abandonado. A garota hesitou por alguns segundos até acompanhar o rapaz.
— Precisamos ir embora, não posso ficar aqui. — ficou parada olhando para a porta enferrujada.
deixou a moto encostada debaixo de uma marquise e caminhou de volta até a garota.
— Quer voltar a pé? Se quiser, vá em frente lindinha. — ele estava tão perto que podia sentir a respiração quente de batendo em sua boca.
— Não me chame assim. — a menina mal conseguia respirar e suas pernas tremiam, nunca esteve tão perto assim de um garoto. Ela se desviou dele e foi em direção a porta, tentando abri-la desesperadamente. a observava achando aquilo uma cena muito engraçada.
— Sai daí. — ela nem sequer hesitou quando escutou a voz sexy do homem atrás dela. Com um chute certeiro, arrebentou a porta. Ele olhou para a garota que estava com os pequenos olhos castanhos arregalados. — Você vem, lindinha? — ele gostava de irritá-la. Sorriu debochado e arqueou uma sobrancelha.
acompanhou , amedrontada no completo escuro dentro daquele lugar.
— Não tem luz aqui? — encostou sem querer no braço musculoso a sua frente. Ela voltou para trás e ficou esperando uma resposta.
nunca tinha sentido algo como aquilo, sentiu um choque percorrer todo seu corpo com aquele único toque. Ele sabia que aquela garota iria deixá-lo maluco, ele já estava ficando. Engoliu seco enquanto ficava calado por alguns segundos.
— Acho que não entendeu que isso aqui está abandonado. Não acredito que fantasmas possam pagar a conta de luz. — ele abriu uma porta e com o pouco de claridade que invadia o quarto, viu que tinha uma única cama. — Está no seu quarto, lindinha, vou procurar um pra mim.
Ele sabia que se ficasse no mesmo quarto que a menina, ele não aguentaria. Ela era ingênua demais e ele sabia que garotas assim não serviam pra uma só noite. Assim que entrou no quarto escuro, ele fechou a porta e saiu procurando por uma outra cama. Depois de abrir dezenas de portas, não conseguiu achar uma cama, sofá ou colchão qualquer. Nada por ali a não ser aquela única cama onde deixou . Ele sabia que ela não o deixaria dormir ali, ele também sabia que não iria conseguir ficar perto demais da garota.
— Não tem mais cama por aqui. — disse enquanto abria lentamente a porta.
se virou assustada enquanto olhava a sombra de um corpo que ela passou apertando por um bom tempo.
— Você pode dormir no chão se quiser. — ela estava com medo de ficar sozinha, mesmo que não quisesse tê-lo no mesmo lugar. Por mais que ela não conseguisse admitir, ela o queria ali com ela.
— Qual é? Tem uma cama bem grande aqui, dá até pra fazer um ménage à trois. — a voz de parecia mais provocativa, ele a olhava de uma forma quente enquanto deitava na cama. A garota ficou calada. — Espera, você não sabe o que é isso? — riu. Seu semblante ficou sério quando percebeu que ela realmente não sabia do que se tratava. — Qual é? Sexo a três, lindinha!
Os olhos de arregalaram e ela se virou olhando a chuva pela janela. levantou, se aproximando da menina.
— Eu esqueci que você é a filha do Pastor. — suas mãos frias tocaram o pescoço da menina tímida enquanto afastava os longos fios dali. Ela se mexeu, arrepiada. — Não precisa sentir vergonha. — a voz rouca de queimou a orelha de . — , meu nome é .
CAPÍTULO 05 – PARTE I
A pele dela estava tão quente, ela tremia a cada toque. Eu não entendia o que estava sentindo, era diferente. Não queria apenas levá-la pra cama e sentir o prazer de estar dentro dela, eu queria mais. se afastou quando sussurrei em seu ouvido, ela engoliu seco e não disse uma palavra.
— Está tudo bem? — minha voz era rouca.
Sua cabeça balançou concordando com o que eu dizia. Por que ela tinha que ser tão perfeita? Eu sabia que talvez ela nunca tinha se deitado com alguém, qual é? Ela é filha do pastor, mal deve sair de casa a não ser para ir à igreja. Eu preciso ter calma, mas calma, não é algo que eu tenho agora. Eu não ia conseguir me segurar com ela ali na minha frente. Droga! Eu estava tendo o paraíso, mas estava começando a me arrepender de ter fingido sobre a gasolina da moto ter acabado. Sua roupa ainda estava molhada da chuva e suas longas pernas, muito malditas pernas longas e suaves estavam na minha frente. Eu queria apertar aquilo, eu as queria em volta de mim. Aquele olhar inocente, me chamava pra uma imensidão que eu não conseguia desviar. Não sei se era seu cabelo perfeitamente liso e longo, ou essas malditas pernas, alguma coisa me prendia a essa garota. Merda, eu nunca tinha ficado assim por alguém. Eu me aproximei dela, eu estava perto demais. Minha mão levantou-se tocando sua bochecha rosada, eu precisava senti-la. Seu cheiro era tão bom. Enrolei meus dedos no cabelo macio da menina a minha frente. Seus olhos se fecharam com o meu toque e seus dentes mordiscaram o seu lábio cheio. Puta merda! Eu estou perdido. Eu quero morder essa boca pra caramba. Sorri pra ela encarando aqueles lábios, eu iria beijá-la. Um toque alto vindo do meu bolso me fez cair dos céus. O nome de Lewis estava na tela.
"Cara, eu te odeio muito agora!" — eu disse enquanto me afastava da perdição ao meu lado.
"Você some com o meu carro e ainda fala que me odeia? Por favor, !" — Lewis tinha uma voz séria, mas com um pouco de sarcasmo.
"Eu sei que você me ama, seu gostosão" — era assim que nos relacionávamos desde quando eu tinha 12 anos. Ele era como um irmão pra mim.
"Seu idiota! Me deixou com vergonha agora. Onde você está? Cadê o meu carro?"
"Está tudo bem comigo, obrigado por perguntar. E sobre o seu carro, longa história e eu não estou muito a fim de contar. Pode escolher qualquer um da minha garagem pra você" — eu olhei para trás e pude ver me olhando assustada. Ela examinava cada parte do meu corpo, aquilo estava me matando.
"Merda, ! Seu tio disse que foi assaltado e agora você foi pra um retiro espiritual em alguma cidade com pouco mais de 5 habitantes" — Lewis terminou rindo.
"Mais ou menos isso. Bom, você me interrompeu de um momento interessante. Se me permite, preciso voltar" — eu voltei meu olhar para a janela à minha frente, não podia ficar olhando aquela obra de arte por muito tempo.
"Você está no meio de uma foda? Caramba! Parou só pra me atender? Tô me sentindo importante."
"É"
"Onde você está, cara? Preciso do meu carro e você não vai acreditar na quantidade de mulher que eu..."
Não ouvi mais nenhuma palavra do meu velho amigo. Joguei o telefone na mesa velha ao meu lado e voltei a olhar .
— Você desligou na cara dessa pessoa? — ela me olhava espantada.
— Eu estava entediado, tenho coisas melhores para fazer por aqui. — arqueei uma sobrancelha enquanto a observava morder seu lábio de novo. — Não faça isso, lindinha.
— Isso o quê? — aquela testa se enrugando por causa da dúvida era tão sexy.
— Não morda isso, eu também quero mordê-la. — me aproximei colocando meu dedo sobre sua boca macia. não recuou, ela ficou paralisada. Seus olhos estreitos me olhavam com desejo, eu sabia que ela me queria.
— Posso avisar meu pai que estou aqui? — o quê? Sua mão apontou para o telefone em cima da mesa. O que ela estava fazendo? Tentando me deixar louco?
— Vá em frente. — saí do caminho da menina. Ela saiu com passos lentos enquanto levava sua bunda até a mesa.
O que ela estava fazendo comigo? Não sabia que ela gostava de joguinhos. Aquilo estava ficando cada vez mais interessante. Me encostei na porta a observando discar o número.
"Pai? Sou eu, !" — sua voz era tão meiga e suave.
"É de , ele está comigo" — eu não podia escutar o que seu pai a perguntava, mas pela cara dela, ele não estava muito contente de ter a filhinha comigo.
"Está tudo bem papai, tem muita lama na estrada. Já estamos indo pra casa" — ela se permitiu olhar pra mim por alguns segundos e ela parecia tensa.
"Sim, papai, ele está sendo respeitoso comigo" — não posso acreditar que o velho estava preocupado comigo. Eu sou um lorde, quando se trata das mocinhas. Sou mentiroso também. Sorri comigo mesmo enquanto a observava no celular.
"Preciso desligar, eu te amo" — minhas sobrancelhas se levantaram e eu me desencostei da porta. Caramba, ela ainda fala que ama o velho? Fui até que não me olhava, seu olhar estava ainda sobre o meu telefone.
— Prontinho. Onde a gente estava mesmo? — coloquei minhas mãos sobre a mesa velha, prendendo a garota sob o meu corpo. Ela nem sequer me olhava, sua respiração era pesada e descoordenada. estava tremendo. Eu estava a assustando? — O que foi? Está tudo bem?
Sua cabeça balançou negativamente enquanto seus olhos subiam para encontrar os meus. Ela é tão ingênua. Sua boca se moveu devagar tentando formar algum tipo de palavra.
— Você pode me soltar? — disse tão baixo que eu mal pude ouvir.
O que ela está tentando fazer? Eu só sei que estou ficando louco. Eu estava amando esse joguinho, mas ela está dura demais comigo. Dei um sorriso fraco e tirei minhas mãos dali, soltando-a. Ela caminhou em direção a cama e eu me apressei antes mesmo que ela se deitasse.
— Você está molhada, tire a blusa e vista a minha. — tirei rapidamente minha jaqueta e a camisa que não estava tão molhada por baixo. Ela hesitou um momento antes de me olhar. Ela me analisava e eu só queria jogá-la por cima da cama e rasgar toda a sua roupa. Estendi a camisa para a garota e ela pegou, mas não se trocou. Me sentei na cama esperando que ela fizesse, mas nada da menina se mexer. — Tire logo antes que ganhe um resfriado.
O olhar dela pra mim era de vergonha. Caramba, essa garota não existe. Ela está com vergonha de tirar a merda de uma blusa perto de mim?
— Está escuro aqui, , não vou ficar olhando seus peitos. Já vi uma coisa melhor. — eu estava dizendo sobre sua bundinha delicada que havia visto pela manhã. Ela não fazia ideia disso. A menina se virou no mesmo instante. Dei uma risada baixa achando graça da sua vergonha.
Assim que vi partes de suas costas nuas, um arrepio passou pelo meu corpo. Eu quero tocá-la, eu quero beijá-la.
— Dá pra se vestir mais depressa? — eu disse deitando na cama. Tirei minhas botas e me aconcheguei na cama empoeirada. A chuva estava cada vez mais forte e eu sabia que não iria passar tão cedo.
CAPÍTULO 05 – PARTE II
O clarão da enorme lua em nossa frente, invadia as grandes janelas velhas do quarto. Um feixe de luz estava sobre meu abdômen. vestiu minha camisa que batia em suas coxas divinas. Aquilo só me fazia querê-la mais. Percebi quando ela tirou seu short jeans que envolvia suas longas pernas e colocou sobre a cadeira, provavelmente para secar até irmos embora. Não imaginei que ela o tirasse. Assim que me viu deitado ali, a garota esfregou suas mãos com tanta força que pareciam querer quebrá-las.
— Acho que vamos ter que dormir aqui. Não vai me deixar dormir no chão, vai? — eu disse dando leves batidas no lado vazio do colchão.
— É que... é... será que não tem outro colchão pra você? — ela olhava para suas mãos espremidas.
— Qual é, lindinha? Essa cama aqui cabe nós dois e eu não mordo. — me sentei, chegando mais perto dela — Eu não vou te tocar, se você não quiser, é claro. Deita logo.
caminhou com um pouco de receio até mim. Meu Deus, como ela pode ser assim? Eu cheguei um pouco para o lado enquanto a observava deitar. Minha camisa levantou um pouco em seu corpo deixando suas coxas à mostra. é pequena demais, minha camisa quase cobria seus joelhos. Ela me pegou a olhando e deixou seu olhar cair sobre meu peito. Droga, não faça isso!
— O que são essas cicatrizes? — eu não estava lembrando de tê-las ali, o que era estranho. Não havia um dia sequer que eu não me lembrasse de como as ganhei. Movi minha cabeça até conseguir olhá-la.
— Marcas de guerras. — sorri rapidamente.
— Dói? — eu vi quando sua pequena mão se levantou, mas logo se abaixou. Ela ia me tocar.
— Não mais. — seu olhar doce me olhou intensamente como se precisasse de uma resposta. — Você quer tocar?
Sua cabeça balançou no mesmo instante. Segurei uma de suas mãos e coloquei sobre a maior delas. Dia 23/07/2002.
— Eu tinha seis anos. — eu parei quando senti seu dedilhar sobre meu estômago. Minha respiração ficou pesada.
— Continue, , por favor.
— Eu estava fazendo um sanduíche com sobras de pão da minha mãe, ela tinha acabado de dormir e eu estava com fome. — engoli seco quando percebi que ela olhava pra mim e ainda continuava explorando minha barriga — Senti um estralo nas minhas costas e virei. Ele tinha uma garrafa de cerveja em sua mão. Eu comecei a chorar como sempre fazia, mas ele não se importou. Me fez sentar no chão e fincou a garrafa quebrada bem aí onde você está com a sua mãozinha. — ela tirou como se sentisse que estava me machucando.
— Oh, ! Eu sinto muito. Era o seu pai? — seus olhos estavam carregados de lágrimas. Eu nunca sequer tinha aberto minha porcaria de boca pra contar a alguém sobre isso. Por todos esses anos, eu nunca consegui contar a ninguém. Lewis sabia que ele me batia, mas não sabia de tudo. Balancei minha cabeça, confirmando — E todas essas outras?
— Posso te falar todas as datas, de cada uma.
Sua boca se abriu em um "o", ela estava arrasada. Eu não podia saber o que ela estava pensando, mas eu sabia que estava realmente triste por mim. Eu me abri pra ela, que merda está acontecendo comigo? Eu acabei de conhecê-la e já estava me abrindo pra ela.
— Por que ele fazia isso com você? Não acho que você era tão horrível a ponto de merecer isto. — seu semblante doce e angelical tinha sido substituído por um triste e com um tanto de raiva que eu nunca pensei que conseguiria ver nela.
— Ele não era meu pai de verdade. Eu não tenho pai. Minha mãe foi estuprada e ficou grávida de mim. — eu tive que parar por um segundo e olhar para a primeira e única pessoa que iria saber toda a verdade sobre mim — Ele não sabia disso, mas quando eu nasci ela o contou. Eu tinha 4 dias quando ele me bateu pela primeira vez. Minha mãe me tirou antes mesmo que ele me matasse, então ele acabou batendo nela também. Dia após dia nós dois apanhávamos daquele monstro bêbado ordinário. Cada dia que passava, era pior. Eu apanhava por respirar. Ele não me deixava ir à escola. Sempre que ele saía, minha mãe dormia. Eu saía correndo de casa até meu velho vizinho Will. Ele era velho, mas me tratava bem, eu o amava. Will me ensinou a ler, ele me deixava ver televisão, mas eu nunca o contava sobre o que acontecia lá em casa.
— Eu não sei o que dizer. — droga! A menina estava chorando, eu não queria fazê-la chorar.
— Não chore, lindinha. Acho melhor você dormir um pouco. Quando a chuva passar, eu te acordo. — eu disse a olhando mais uma vez, ela é ainda mais linda chorando.
— Não, por favor. Me conta, eu preciso saber. — ela segurou minha mão a apertando firme. Maldição! Se ela me pedisse para pular em um abismo, eu pularia. Eu não negaria nada para aquela menina perfeita à minha frente.
— Minha mãe já não me tratava como antes, ela me odiava assim como ele. Ela me culpava por todas as vezes que ele nos batia. Foram vários dias sem comer, eu só bebia água. Com pouco mais de 7 anos, eu odiava tanto os dois que tinha vontade de me matar. Ele me deixava desacordado quase todas as vezes que me batia. Eu fui criando um ódio tão grande dentro de mim que não conseguia sentir mais nada. Eu já estava com a dor dentro de mim, não me importava mais se iria apanhar ou não. Eu só aceitava. — eu olhava com seus olhos presos a mim. Aquilo era tão simples mas tão tentador. Eu queria parar de falar e beijar aqueles lábios inchados — Ele morreu quando eu tinha 11 anos. Cirrose. Minha mãe foi embora com o primeiro cara que encontrou na rua e me deixou sozinho. Eu aprendi a me virar depois que o velho Will também se foi. Me criei na rua, fazendo o que eu queria e o que eu tinha vontade. Tive minha primeira mulher com 13 anos, assim que o velho se foi. Ela era mais velha, e eu gostei daquilo. Conheci Lewis, meu melhor amigo. Criamos uma turma e hoje eu já não me lembro daqueles vagabundos que fingiam ser meus pais.
— Você precisa perdoá-los. — limpou as lágrimas que insistiam em cair e encostou seu cotovelo no colchão macio.
— Por favor, lindinha, não venha me dar um sermão de igreja. Acho que esse assunto já está encerrado. Vá dormir. — eu a olhei nos olhos esperando que ela se abrisse pra mim e enterrasse seu corpo no meu. Mas ela não o fez. Ficou imóvel me olhando. Desviei meu olhar e me aconcheguei no travesseiro. Droga de menina! Eu estou ficando louco.
— ? — escutei sua voz macia me chamar, eu iria ouvi-la durante todo meu sonho essa noite.
— Sim? — eu disse sem me mover.
— Obrigada por me contar isso. — sua cabeça encostou no meu peito descoberto que agora levantava com dificuldade por causa da aproximação. Seus braços envolveram minha barriga e ela continuou ali, até adormecer.
CAPÍTULO 06 – ELE VAI ME BEIJAR
— ! ! — aquilo já não parecia mais meu sonho, parecia real — Lindinha, acorde.
Meus olhos se abriram preguiçosamente até encontrar o olhar acinzentado de . Aqueles olhos tinham me perseguido durante toda a noite, eu nunca tinha tido um sonho como esse. Ele estava com o cabelo mais bagunçado do que o normal, seu corpo se espreguiçava em minha frente enquanto me sacudia tentando me despertar.
— O seu velho está no telefone. — a voz de manhã do homem a minha frente era mais sexy do que ontem. Ele parecia ter saído de um CD de rock extremamente quente. Eu não percebi que estava sorrindo. Sua grande mão me entregou um telefone — Eu disse pra ele que estávamos hospedados em um hotel, quartos diferentes, claro. — ele me deu uma piscada. MEU. DEUS. Ele piscou pra mim e algo em meu corpo que eu não conhecia tremeu no mesmo instante. O que estava acontecendo? Peguei o telefone de sua mão sem dizer uma palavra. — Ele obviamente não acredita em mim, fale pra ele.
— Eu não vou mentir pro meu pai. — eu disse me sentando na cama. Eu devia estar uma bagunça. Passei a mão em meu cabelo e pude sentir que estava horrível. Eu não queria que ele me visse assim. Desde quando comecei a me preocupar com que os caras pensam de mim? ficou imóvel me olhando. Jesus! Eu estava tão terrível assim?
— Você não vai mentir, estamos em um hotel.
— Mas não em quartos diferentes. — eu disse, então ele caminhou para fora do quarto e entrou na porta da frente.
— Agora estamos. — percebi seu sorriso torto que me deixava louca.
Tirei o telefone do mudo e coloquei-o sobre minha orelha.
"Papai?" — eu olhava do outro lado me encarando de uma forma que nunca ninguém havia me olhado. Eu queria correr dali, não quero que ele me ache mais feia do que o normal.
"! Onde você está, minha filha? Não estou gostando de você com esse rapaz. Venha já pra casa. A chuva já passou desde às três da manhã, já são seis" — aquela era a voz que eu conhecia quando eu fazia algo errado.
"Estamos em um hotel na estrada, quartos diferentes, é claro" — tentei piscar para , mas eu não era muito boa com isso. Acho que meus dois olhos fecharam juntos. Eu sou um desastre.
"Venha agora, não fique mais um minuto com ele" — a ligação foi cancelada e eu percebi quando caminhou se sentando do meu lado na cama.
Seu cheiro amadeirado estava sobre os meus cabelos, eu não fazia ideia por que eu tinha me deitado em seu peito. Eu fiquei tão comovida com a sua história, eu não podia imaginar no quanto aquele menininho tinha sofrido nas mãos daquele monstro. Eu queria cuidar dele.
— Eu nunca tinha mentido pra ele, na verdade nunca menti pra ninguém. — minha voz era baixa, mas eu nunca tirei meus olhos daquele olhar quente e penetrante diante de mim.
— Pra tudo tem uma primeira vez, não é mesmo? Parabéns, lindinha. — seu sorriso era algo que fazia meu estômago querer saltar pela boca, aquilo combinado com o olhar e aquela voz me deixava louca. Suspirei e abaixei minha cabeça — Ei, nem foi uma mentira assim. Não precisa ficar mal por isso. — ele tocou meu rosto me obrigando a olhá-lo. Eu não estava triste por mentir, eu estava triste por querê-lo. Eu nunca quis algo tanto como queria , agora. Mas não me queria, eu sabia que eu não fazia o tipo de mulheres que ele provavelmente saía. Eu não era uma mulher, eu era apenas uma menina. Eu nunca sequer tinha beijado alguém.
— Tudo bem, precisamos ir. Meu pai está furioso e você precisa trabalhar.
Me levantei da cama indo em direção ao meu short jeans e minha camiseta. Arrumei meu cabelo em um coque e olhei para que ainda permanecia com seus olhos em mim.
— Você tem vergonha, né? Eu já vi muito do que você tem, eu já sei como é. — por que aquelas palavras me fizeram corar? Ele queria me ver? não se moveu, ele permaneceu ali me olhando. Eu não trocaria de roupa em sua frente, ele não ficaria feliz com o que iria ver em mim. Eu não sou bonita, muito menos possuo curvas que ele tanto admira.
Andei até o quarto da frente e fechei a porta. Cheirei sua camisa tão fundo, que eu estaria com seu cheiro por dias. Vesti rapidamente minha roupa e voltei até onde ainda estava. Dobrei a camisa com cuidado e entreguei a ele.
— Obrigada. — sorri.
— Ela fica melhor em você. Fique com ela. — ele me entregou novamente e sorriu. Aquele sorriso, ai aquele sorriso.
XXX
Eu passei toda a viagem agarrada em . Aproveitei que não me sentia segura e que queria tocá-lo de novo, então envolvi meus braços no seu abdômen forte. Jesus, como ele era grande e musculoso. Eu gostava daquilo. Meus olhos brilharam em admiração quando ele tirou sua camisa na noite passada, ela era minha agora. Assim que chegamos em casa, estava tudo fechado, mas eu sabia que papai estaria no escritório. A moto desligou e nós descemos.
— Você é boa em cima dela. — eu corei na hora. Como eu odiava que minhas bochechas fizessem isso todas as vezes que ele sorria, olhava, falava ou apenas chegava perto de mim.
Caminhei até a porta e eu pensei que ele não me seguiria, mas ele seguiu. Quando minha mão tocou a maçaneta, senti um puxão no meu braço. Ele me segurou de uma forma que me fez tremer. Meu corpo estava sobre a porta e o dele estava prensado ao meu. Eu podia sentir sua respiração ofegante. O que ele estava fazendo?
— Eu não vou conseguir ir sem antes provar uma coisa. — o que ele estava falando?
Meu coração estava tão acelerado que eu podia senti-lo na minha cabeça. MEU. DEUS. Ele vai me beijar, ele vai me bei... Minhas costas caíram pra trás e se eu não sentisse o corpo do meu pai, eu provavelmente teria caído no chão. Quando vi seu olhar intimidante e raivoso que eu não via há anos, me estremeci de medo. Ele tinha nos visto ali na porta antes de abri-la?
— , vá para o quarto. — eu olhei na direção de , que não parecia assustado. Ele estava totalmente relaxado. — Agora, ! — subi correndo as escadas, eu não queria deixá-lo sozinho com meu pai.
Eu fiquei muitos minutos tentando ouvir o que o meu pai falava com , mas eu não conseguia ouvir nada. Eles conversaram por um longo tempo na porta. Meu pai subiu as escadas e veio até mim.
— Eu te disse pra ficar longe dele. Ele não é boa pessoa. Não vale o chão que pisa. — eu odiei o jeito que ele estava falando sobre , ele não o conhecia.
— Ele tem um bom coração. — eu disse me sentando na cama.
— Bom coração? Ele nem sequer tem um coração. Seu tio me conta horrores do garoto, ele é um moleque. — eu percebia que meu pai estava com raiva, seu olhar era feroz — Eu não quero você perto dele, me ouviu bem? Ele vai me ajudar na igreja e eu não quero você por lá. O único dia que você será obrigada a vê-lo, será nos domingos. Tirando isso, não quero que você respire o mesmo ar que ele. Estamos entendidos, mocinha? — eu odiava como ele me tratava como uma criança. Eu já tenho dezenove anos mas ele me trata como se eu tivesse cinco.
Por que ele estava me proibindo de vê-lo? Eu não vou conseguir ficar tão longe, eu o queria mais perto. Não entendia por que meu pai o tratava assim tão frio. Eu sabia que era uma boa pessoa. Meu pai saiu de casa e eu pude observar pela janela que ele estava caminhando para a igreja. A moto de estava lá. Meu coração acelerou. Ele estava logo à frente e eu não podia vê-lo. Isso não ia ficar assim. Deitei na cama e a imagem dos olhos selvagens do homem que eu estava completamente obcecada veio a minha mente. Ele ia me beijar, Santo Cristo! Eu ia ser beijada.
CAPÍTULO 07 –
DIGA O QUE VOCÊ QUER
Já fazia duas semanas que eu não via . Depois de quase ter provado daqueles lábios rechonchudos eu fiquei cada vez mais louco por ela. Todas as minhas noites eram as mesmas, com aquela voz falando meu nome repetidas vezes enquanto suas pernas estavam em volta de mim e eu estava dentro dela. O sabor dela parecia ser tão doce como ela, droga! Eu estava dentro de uma igreja e mesmo assim, tinha pensamentos "pecaminosos" com a doce filha do Pastor. Eu só queria tê-la em meus braços mais uma vez. Uma foda casual com estava longe de acontecer, eu nunca a teria por uma só noite e eu nunca me amarro em uma mulher mais do que uma noite. Era só sexo e nada mais. Eu estava tão obcecado por ela, que mesmo ali, enquanto limpava os pisos sagrados da sala do pastor na igreja, eu conseguia ouvir sua doce e suave voz. Caramba, isso me faz lembrar daquele maldito rosto perfeito. Aquelas pernas longas que caíam perfeitamente no seu corpo delicado e delicioso. Curvas maravilhosamente deliciosas. Santo Cristo, eu tinha que esquecer essa merda.
— , você está me ouvindo? — senti seus dedos tocarem minhas costas, então me virei num impulso. Ela estava aqui há quanto tempo? Seus cabelos estavam soltos e livres pelo seu corpo, por que ela era tão malditamente linda?
— Uh... Sim, lindinha. — ela pareceu corar com a minha voz, ela adorava a minha voz sexy.
— Eu vim te trazer o almoço, papai foi para a fazenda. — ela era tão delicada enquanto falava, que eu queria agarrá-la com as minhas enormes mãos e morder cada parte do corpo dela.
— Sentiu minha falta? — arqueei minhas sobrancelhas dando um sorriso torto, que eu estava ciente que a deixava louca. Ela não disse nada, apenas esticou seus bracinhos pálidos que seguravam uma vasilha grande até mim. Abri a vasilha e me assustei com a quantidade de comida — Wow, lindinha, quanta comida! Você me trouxe esse monte só por causa do meu tamanho, foi? — sim, eu como muito, mas a quantidade ali dentro era exorbitante.
— Me desculpe, eu só não sabia como você gostava. — ela apertava suas mãos como se estivesse constrangida, e ela estava. Deixei a vasilha sobre a mesa e me aproximei da menina.
— Eu gosto assim, . Tudo que você faz, está perfeito. Maravilhosamente perfeito, assim como você. — minha mão apertou a bochecha quente da garota que tremeu. Seus olhos se fecharam e eu pude ver quando sua boca abriu — Você me quer, doce menina? — acariciei meus dedos na sua maçã do rosto e logo depois tracei meus dedos até seus cabelos, eles eram tão macios quanto eu imaginava. Eu estava jogando com ela e droga, isso estava doendo pra caramba. Ela permaneceu imóvel, então eu dei um leve puxão em seus cabelos — Diga que quer e você me terá. Fale. — sua boca se mexeu na mesma hora e eu pude ouvir a voz que me estremecia.
— Sim. — ela permanecia com os olhos fechados e seu corpo estava se inclinando pra mim.
— Sim, o quê? Diga, , diga o que você quer. — eu apertava cada vez mais duro seus cabelos.
— Eu quero você, . Me beije.
Isso já era muito mais que o bastante. Minha boca grudou tão rápido na dela que eu mal percebi que já estava lá. Quando a minha língua tocou seus lábios, ela abriu pra mim. O sabor doce, mas ao mesmo tempo quente, me consumia. Nossos corpos se grudaram com uma impressionante vontade de chegar mais perto, parecíamos um só corpo. Eu podia senti-la. tinha o gosto mais doce que eu já havia provado. Droga, eu estou completamente viciado naquilo. Seu gosto ia me matar. Minhas mãos desceram até sua cintura que se mexia enquanto eu mordiscava seu lábio inchado. Ela era minha agora. A encostei na parede mais próxima de nós. Inferno, eu iria arrancar suas roupas com meus dentes ali mesmo se ela não ficasse quieta. Seu corpo se mexia tanto que eu mal conseguia respirar. Merda, ela era tão quente. Fiz um caminho de sua boca até seu pescoço, eu a beijava com tanta vontade que ela teve que se agarrar a mim. Suas mãos seguraram minhas costas e então eu pude ouvir o barulho engasgado que saiu de sua garganta. Maldito barulho! A soltei me afastando do corpo que estava me levando a loucuras. Eu não iria fodê-la aqui. Não que eu me importasse com religião, mas droga! Ela era virgem. Eu tive certeza quando vi rubor em seu rosto quando ela ouviu o gemido que saiu dela.
— Vá pra casa, . — eu conseguia ouvir a respiração da garota de longe, ela estava louca, assim como eu. Preciso dela longe de mim, agora. Ela não se moveu. Dei alguns passos até sumir com o espaço que tinha entre nós — , você agora é a minha garota. Vá para casa, não quero fazer isso com você aqui. — desde quando eu me importava com os sentimentos delas? — Apenas não fique aqui com essa sua maldita boquinha sexy. Assim que seu pai se deitar, pule a janela e me encontre na porta de sua casa. Eu vou estar te esperando lá, meu bem. — ela conseguiu assentir enquanto ainda trabalhava duro para manter sua respiração.
Ver aquela bundinha rebolar até saída foi difícil pra mim. Deus, como eu a queria muito mais agora. Eu nunca tinha ficado tão descontrolado antes, nenhuma mulher tinha sido capaz de me deixar tão louco como havia deixado. Foi difícil conseguir me concentrar no trabalho sem que eu me aliviasse. Eu queria essa noite mais do que tudo em minha vida. seria só minha e de mais ninguém.
CAPÍTULO 08 –
UMA COCA, POR FAVOR
Eu ainda não consigo entender como consegui terminar meu trabalho depois que me deixou ali sem mais nenhuma provinha de seu corpo. Ela se foi e eu continuei, mal conseguia me conter em saber que a veria logo. Assim que subi em minha moto, meu telefone tocou. Era Lewis. Já fazia alguns dias que ele não me ligava, eu estava dormindo no celeiro daquela maldita fazenda e lá não tem área alguma de celular.
"E aí, gostosão? Anda sentindo a minha falta?" — eu disse assim que atendi a ligação.
"Volta logo, cara! As mulheres estão perguntando sobre você. Quer dizer, não volta não. Tem muito mais bundas pra mim, sem você por aqui" — eu pude ouvir a risada de algumas mulheres ao fundo.
"Você não está na minha cama, está?" — eu saltei da moto e me encostei nela.
"Fica tranquilo, elas preferem a minha" — Lewis deu uma gargalhada e eu sorri.
"Certo, gostosão. Por que me ligou?" — eu disse apressado. Queria logo ver .
"Quando volta desse tal retiro espiritual?" — ele cochichou.
"Sem data de volta. Aqui é um saco"
"Ah, cara! Não me fale uma coisa dessas, preciso do meu cara de volta" — eu ri quando ele disse isso. Caramba! Eu sinto falta das festas com ele.
"Lew, aquele garoto daquele dia. Como ele está?" — eu não sei por que perguntei isso.
"Que garoto? O que você deixou em coma?"
"Coma?" — minhas mãos gelaram e eu saltei de perto da moto.
"Sim, não é o primeiro que você deixou assim. Por que a surpresa? Não estou te entendendo" — uma voz feminina ao fundo chamava o nome de Lewis.
"Ele ainda está em coma?"
"Não, cara. Ele já está em casa. Por que está me perguntando isso? Eu não estou entendendo" — um alívio correu sobre meu peito. A voz feminina o chamou de novo, então, desliguei o telefone.
O garoto estava bem. Eu não sabia por que estava aliviado, eu nunca senti isso. Subi na minha moto assim que lembrei de , preciso buscá-la. O ar fresco daquela cidade era o que me fazia bem enquanto pilotava. Saber que daqui algumas horas minhas mãos estariam tocando , me fez melhor ainda. Eu a queria tanto que não parava de pensar naquela garota um segundo sequer do meu dia. Droga! Eu nunca me senti assim. O que está acontecendo comigo? A janela do quarto de era a única acessa na casa. Eu estacionei minha moto e assobiei para ela. Eu não queria acordar o cão bravo do pai dela, ele me mataria com certeza.
— ? — eu escutava uma voz baixinha em algum lugar na estreita rua. O som vinha de uma das árvores.
— Quem está aí? — eu sussurrei quando cheguei mais perto.
— Sou eu. — eu vi saindo de trás de uma árvore imensa. Ela estava linda. Ela estava maravilhosa. Um vestido azul corria até o meio de suas coxas. Ela não estava usando sutiã, eu conseguia ver isso. Maldição, essa garota vai me enlouquecer.
— Você está de calcinha, né? — ela corou assim que eu disse. Santo Cristo! Se ela estivesse sem, eu não não aguentaria — Tudo bem, sobe na moto.
Coloquei meu capacete na cabeça dela e tirei a minha jaqueta.
— Não percebeu que está frio? — entreguei a jaqueta bastante usada pra ela e sorri. Eu não queria que ela tivesse com esse vestido, metade dos caras no bar iria olhá-la. Droga.
Ela não disse sequer uma palavra o caminho todo. me apertava tão forte que eu mal conseguia respirar. Eu gostava disso. Eu gostava de tê-la me tocando. Pilotar sabendo que ela estava sem sutiã e talvez até sem calcinha, me fez ir mais rápido. Aquilo estava me deixando maluco. Partimos para fora da cidadezinha, o bar era no meio da rodovia. Metade dos caras me conheciam por lá. Eu sempre ia quando estava cheio das festas em casa. Parei minha moto atrás do bar, no muro de concreto e desci. Assim que ela desceu, pude ver quando um pequeno pedaço da luz passou sobre suas pernas. Droga! Eu queria tocá-la, eu queria beijá-la.
— Podemos entrar agora? — eu disse apressado. Se não entrássemos, eu iria rasgar aquele vestido ali mesmo. balançou a cabeça assentindo e então eu a conduzi na entrada do bar com minha mão em suas costas.
Como eu havia imaginado, mais da metade dos ogros lá dentro olhavam pra ela. Eu fazia uma carranca pra cada cara que a encarava. Merda, ela é minha garota. Eu percebi quando suas mãos estavam apertadas uma sobre a outra, ela estava com vergonha.
— Baby, você está com vergonha de alguma coisa? — eu me aproximei dela enquanto chegava na mesa.
— Eu só nunca vim a um lugar como esse. — ela disse me olhando — Tem muitos homens aqui.
O lugar não era tão grande, mas a maioria das pessoas estavam debaixo do pequeno palco montado onde a banda de um dos meus amigos estava tocando. Outras pessoas se concentravam nas mesas bebendo suas cervejas. Me sentei na cadeira e ela se sentou na minha frente.
— Eu conheço o vocalista. — apontei para o loiro com cabelos até os ombros que cantava loucamente para as garotas em sua frente — Dustin Foster.
Ela sorriu por alguns segundos enquanto observava a banda. Eles estavam no final de sua apresentação. Dustin já estava sem sua camisa, o que fazia as mulheres ficarem loucas.
— Ele é seu amigo? — gritou pra mim.
— Meio que sim. — eu pisquei — Você quer beber algo? — eu não sabia se ela bebia.
— Eu não bebo. — agora eu sei.
— Nem uma Coca-Cola? — eu sorri pra ela.
— Pode ser. — caramba, aquele sorriso. Me levantei para buscar uma cerveja pra mim e uma coca pra ela.
CAPÍTULO 09 –
EU PERTENÇO A ELE?
Eu já tinha desviado o meu olhar umas quatro vezes, mas toda vez que eu voltava a olhá-lo, ele estava me encarando. Aqueles olhos azuis do cara loiro em cima do palco, não parava de me devorar. Por que ele estava me olhando? Não tinha mais ninguém atrás de mim ou na minha frente, nós estávamos na última mesa no canto da parede. voltou com nossas bebidas e eu me senti aliviada, acho que agora o cara iria parar de me olhar.
— Ficou bem sozinha? — ele estava dando aquele sorriso torto que me deixava louca. Minha bochecha estava corando de novo.
Já não bastava eu ter que ficar sem meu sutiã por causa desse maldito vestido, também tinha reparado que eu estava sem calcinha. Eu estava tão envergonhada que mal conseguia olhá-lo. Aquele beijo mais cedo tinha mexido completamente comigo. CARAMBA, EU FUI BEIJADA. Eu fui beijada por ! Eu estava completamente feliz durante todo o dia e papai percebeu isso. Eu nunca havia sentido nada parecido como aquilo. Meu corpo inteiro se estremeceu quando ele me tocou, eu precisava de mais dele.
— Você quer dançar? — me disse se levantando.
— Dançar? Não! Eu não sei. — eu sabia dançar. No meu quarto. Sozinha.
— Vem comigo. Não consigo ficar te olhando por muito tempo sem poder te tocar. — aquilo fez meu coração acelerar.
Me levantei quando ele me puxou pela cintura e me arrastou para o meio do bar. Estávamos em frente ao palco, eu estava de costas para a banda. Eu tinha a certeza que o cara loiro havia acabado de cantar a última música e descido na multidão. Respirei fundo e tentei não passar vergonha ao lado de .
— Você é uma péssima mentirosa. Caramba! Você dança quente como o inferno. — o corpo de estava colado demais ao meu.
Suas mãos me puxavam com mais força pra perto dele. Meus olhos se arregalaram quando senti algo sobre minhas pernas. Ele riu e beijou minha bochecha.
— Você cheira bem. Quero te provar, você deve ser muito doce. — o que ele estava falando? Uma de suas mãos segurou meu cabelo e minha boca se abriu — Eu preciso da sua boca agora.
A língua de estava dentro dela, eu me abri pra ele e o beijei com vontade. Esperei durante todo o dia depois que saí da sala do meu pai. O seu beijo me fazia tremer, eu me estremecia em seu corpo. Minhas mãos apertavam suas fortes costas.
— Olha se não é ! — uma voz que não me soava estranha, atrapalhou aquele momento quando parou de me beijar para olhá-lo. Droga, eu realmente queria matar quem havia chegado ali.
— Dustin Foster. — o loiro que cantava alguns minutos atrás, ainda me olhava. O olhar intenso daqueles olhos azuis estava me analisando. não parecia muito amigável com ele.
— Não vai me apresentar? — por que diabos ele não tirava os olhos de mim? Será que tinha alface no meu dente?
— Não! Cai fora. — o quê? Por que estava tão grosso? Eu o olhei tentando entender, e ele segurou firme minha mão.
— Ah, qual é? Vou ter que me apresentar sozinho. — ele sorriu pra mim e eu pude ver cada dente perfeito daquela boca. Vendo-o assim de perto, me fazia entender o porquê de tantas mulheres estavam jogando suas calcinhas enquanto ele cantava.
me puxava para trás dele como se estivesse me escondendo de algo. Eu não estava entendendo o comportamento dele, se Dustin era seu amigo.
— Ela é minha, Dustin. Ainda não entendeu? — ouvir dizendo que eu era dele me fez ter um arrepio sobre todo meu corpo. Ele acabara de dizer que eu era dele. Eu pertencia a ele?
— Você é dele, princesa? — ele virou sua cabeça tentando me ver sobre as costas de . Eu não disse nada, apenas o encarei.
— Viu? Agora vai embora, você tem dezenas de mulheres famintas por você no seu camarim. — eu não estava entendendo por que estava tão possessivo comigo.
— Ela não disse nada. Eu nunca vi tão possessivo assim, mas eu entendo por quê. Eu também ficaria assim se tivesse você. — ele chegou mais perto de mim e se abaixou — A gente se vê depois.
O que foi aquilo? Por que meu coração disparou quando ele chegou mais perto? , me virou e segurou minha cabeça.
— Você quer jogar sinuca?
CAPÍTULO 10 –
UMA VOLTA PELO BAR
Droga de Dustin! Ele estava a devorando lá de cima. Quando fui pegar as bebidas e a deixei sozinha, eu percebi como ele a encarava. Eu tentei ir para o meio da pista para fazê-lo entender que ela estava comigo, mas o bastardo não entendeu. Filho da mãe! Eu não era assim, droga! Por que eu estou assim? Nunca senti ciúmes de uma mulher sequer na minha porcaria de vida toda. Por que eu estava assim com ? Eu sentia tanto ódio vendo Dustin a olhar. Eu queria quebrar a cara dele. Enquanto eu a via sorrindo tentando acertar alguma bola na sinuca, eu estava me acalmando. Ela me acalmava.
— Se continuar assim, vai ganhar de mim um dia. — eu ri pra ela.
— Mas eu não acertei nenhuma. — ela é tão incrível. Me aproximei por trás daquele corpinho e me inclinei segurando suas mãos sobre o taco. Meu nariz cheirou seu pescoço enquanto minha mão se movia com a dela. Eu precisava tê-la, agora.
— Você não quer ir embora? — eu disse no seu ouvido.
— Já quer ir agora? — ela fez um beicinho que me deixou mais louco ainda, se era possível.
Antes que eu respondesse algo, uma voz interrompeu meu momento.
— Sr. , já faz muito tempo que não vem aqui. Burke quer ver você. — era Russell, um dos seguranças do lugar.
Merda, eu não queria sair de perto de . Eu não posso deixá-la sozinha no meio de tantos caras. Larguei o corpo da garota e olhei para o homem de pouco mais que cinquenta anos a minha frente.
— Russell! Quanto tempo. Será que eu não posso ir depois? É que... Você sabe, eu estou com ela agora. — eu tentei me explicar, eu não queria ver Burke.
— Acho que o chefe não vai gostar disso. Você tem que ir agora. — eu olhei para e pude ver seu pequeno olhar confuso.
— Está tudo bem se você ficasse alguns minutos aqui? Não vou demorar. — ela me olhou assustada e assentiu — Não converse com ninguém, ok? — droga, eu odiava saber que ela estava morrendo de medo. Não podia levá-la comigo até Burke. Dei um beijo nela e segui Russell. Eu precisava voltar logo pra minha garota.
CAPÍTULO 11 –
DOCE TRAIÇÃO
Ter aqueles caras me olhando me fazia ter arrepios de medo. Eu tinha devolvido a jaqueta de assim que chegamos, mas eu desejava tê-la agora. Eu achei aquilo muito estranho. Quem era Burke? E por que ele queria falar com ? Ele podia ter me levado com ele. Já havia se passado mais de vinte minutos e eu ainda estava sentada sozinha na parte de baixo do bar. Cada perna que eu via descendo as escadas, eu suspirava pensando ser . Minha coca tinha acabado e eu estava com tanta sede. Eu não queria me mover, mas eu realmente precisava pegar outra garrafa. Minhas mãos congelaram quando me levantei e comecei a caminhar para o andar de cima. Saber que centenas de pessoas que eu não conheço estariam me olhando, me dava medo. Tentei andar o mais rápido que eu conseguia. Quando estava quase chegando, uma mão segurou meu braço e me virou. Fui obrigada a olhar para o rosto que tinha estado me encarando por muito tempo, mais cedo. Era Dustin.
— Por que te deixou sozinha? — ele não tirava aquele olhar malditamente sexy do rosto dele? Eu não queria falar, me pediu pra não falar — Você não é muda, te vi falando com . Vamos, fale comigo.
— Ele precisou encontrar um amigo, mas já está voltando. Me solta? — ele não estava me machucando, mas eu não queria ficar perto dele.
— Você não faz o tipo dele. — isso eu já sabia, ele não precisava jogar na minha cara — é só um monte de merda. Você merece alguém melhor do que ele.
Eu realmente não entendia onde ele queria chegar. Eu observava cada músculo do pescoço dele enquanto ele falava. Por que eu estava fascinada naquilo?
— Me solta. — ele riu.
— Você quer que eu te solte? — será que ele é surdo?
— Se eu estou te pedindo. — eu fiquei nervosa, geralmente as pessoas não me deixavam nervosa.
Sua mão me soltou devagar e eu suspirei aliviada. Acho que não ia gostar nada se me visse com ele aqui.
— Obrigada, agora eu preciso voltar e esperar por . — eu disse tentando me mover, mas ele me segurou pela cintura. Um aperto forte me fez parar.
— Olha pra cima. — o quê? Olhar pra cima? Esse cara é louco?
— Pra quê? — eu disse enquanto meu rosto ficava a poucos centímetros do dele.
— Só olha pra cima. — eu movi minha cabeça por cima dos ombros de Dustin.
Eu não queria ter feito isso. Tinha um vidro sobre uma sala por cima do bar. Eu consegui ver dois caras em pé na porta, um homem mais velho sentado em uma cadeira ao fundo. Mas o que eu não queria ter visto, era uma mulher sentada no colo de . Aquilo não podia estar acontecendo. Ela estava rindo em cima dele. Suas mãos estavam sobre o peito de . Eu não conseguia respirar. Por que ele estava com aquela mulher? Eu estava sozinha aqui.
— Ainda quer esperar por ele? — a voz suave de Dustin bateu nos meus ouvidos. Eu estava apertando seus ombros com tanta força que devo ter os machucado. Desci meu olhar até encontrar os olhos intensos que me olhavam.
— Por que me mostrou isso? — eu engoli em seco tentando não chorar.
— Acho que você não conhece . Ele não fica só com uma. — eu queria correr pra longe dali.
— Eu não me importo, nós não somos namorados. Ele só me trouxe aqui. — é claro que eu estava mentindo, eu me importava sim. E muito.
— Sua boca é bonita.
— O quê? — eu disse confusa.
Ele não disse nada. Minhas mãos ainda estavam sobre seus ombros e as suas ainda sobre minha cintura. Ele me puxou tão forte contra ele, que minha respiração parou. Eu senti sua boca na minha. Eu senti sua mão puxando meu cabelo. Ele me queria e por incrível que pareça, eu também queria ele. Eu tentei me esquivar, mas imagens de com aquela mulher no colo me fez ficar. Foi um beijo doce, quente e instigante. Foi maravilhoso, mas ele não era . Aquela boca não era de . Em segundos eu senti um impulso me puxando para trás. Quando consegui abrir meus olhos, Dustin estava no chão. O que estava acontecendo? Pessoas se juntaram em nossa volta, elas estavam gritando por briga. Eu não conseguia ver nada. Alguém estava batendo em Dustin. Estiquei meus pés tentando ver algo entre as cabeças. Oh, Meu Deus! Era .
CAPÍTULO 12 –
PEQUENO CORPO FRÁGIL
Desde quando Burke me chamou até sua sala, eu sabia o que era. Eu sabia que ele tinha mulheres pra mim como todas as vezes que eu vinha aqui. Mas hoje, eu não queria isso. Eu não queria duas ou mais mulheres sem roupa dançando pra mim, eu queria só uma do meu lado. Eu só queira . Quanto mais eu tentava ir embora, mais Burke me obrigava a sentar. Eu tinha uma dívida com ele e eu sabia muito bem que se não o obedecesse, eu com certeza ficaria sem meus olhos. Enquanto conseguia pensar em algo para tirar aquelas pernas de mim, eu pude ver lá em baixo. Eu pude ver . O sangue pulsava em minha cabeça enquanto a raiva tomava conta do meu corpo. Quando vi as mãos imundas de Dustin sobre , deixei o homem das cavernas tomar conta de mim. Eu não conseguia ver nada, a não ser o sorriso irônico no rosto de Dustin. Eu me abaixei antes mesmo que ele conseguisse se levantar. Minha mão socou sua cara diversas vezes. Por que o idiota ainda continuava rindo? Eu estava arrancando a merda fora de seu corpo e ele ainda ria. Eu queria matá-lo com minhas próprias mãos, mas eu não podia. Eu não podia fazer isso. O garoto que eu havia deixado em coma veio em minha mente. estava ali me olhando, eu não queria que ela me visse assim.
— Por que parou, ? — o filho da mãe mal conseguia falar e ainda conseguia me pedir para socá-lo mais? Imbecil.
Minhas mãos estavam fechadas em punho enquanto meu sangue fervia para apagá-lo em poucos segundos. Seria só um chute e ele estaria bem longe daqui. Eu não conseguia entender o ódio em vê-lo com . Eu nunca tinha sentido isso, era diferente pra mim.
— Caramba! Nunca vi você bater em ninguém por causa de garotas. Ela deve ser uma belezinha na cama. — ele disse com dificuldade e assim que eu escutei, foi como um impulso.
Meu pé se retraiu e eu iria dar um chute nas suas costelas. Eu iria apagá-lo. Mas não foi bem assim. Eu escutei a voz dela. Eu não pude parar. Ela se enfiou na minha frente. Meu corpo gelou. Ver aquele pequeno corpo frágil caído em minha frente, me fez perder o ar. Eu não conseguia me mover, eu não conseguia respirar. Vozes gritavam ao meu redor, me empurrando. As vozes corriam até ela. Eu via minha garota ser carregada por alguém. Eu senti um impacto nas minhas costelas, seguido de um murro no rosto. Meus olhos se fecharam e eu deixei que todas aquelas mãos e todos aqueles pés me enchessem.
CAPÍTULO 13 – VOCÊ VIU ?
Meu corpo todo doía. A luz que batia forte em meus olhos, seguida de vários ruídos que pareciam ser vozes, me fez abrir os olhos. Eu não sabia onde estava. Assim que meus olhos estavam completamente abertos, pude ver olhares de pessoas sobre que mim que eu nem mesmo conhecia.
— Você está bem, garota? — o cara grande a minha frente, que eu acho ter visto na sala grande de vidro com , me perguntou.
— Eu pensei que ela estivesse morta. — uma mulher com um vestido tão pequeno, disse com a voz estridente.
Tentei me levantar enquanto eles ainda falavam.
— Porra, menina! Você levou um chute que te apagou. Dá pra ficar quieta? — o homem que havia chamado na sinuca, segurou em meus ombros me impedindo de levantar.
— ... Onde está ? — eu consegui dizer com dificuldade.
A mulher no canto da sala começou a rir. Eu virei meu olhar para vê-la. Era ela que estava em cima de .
— Ela é uma criança. Não acredito que veio com meu . — o que ela estava dizendo? Raiva veio até mim e eu me segurei para não gritar com ela. Respirei fundo e olhei para o grande homem que parecia simpático.
— Você viu ? — eu estava quase implorando para que me levassem até ele.
— Garota, ele foi embora. — o quê? Não! não iria me deixar sozinha.
— Me deixe vê-la! — uma voz conhecida gritava de fora da sala. Era Dustin.
Eu me virei para trás enquanto via a porta se abrir e o garoto entrar com o rosto machucado. Ele estava mancando. Droga. tinha feito isso. Eu estava me lembrando. Minhas costelas doeram e eu coloquei a mão sobre elas. Ele havia me chutado, mas não foi por querer. nunca me machucaria. Ele iria acabar com Dustin, a primeira coisa que eu consegui fazer foi me jogar na frente. Eu não sabia que ele iria chutá-lo.
— Você está bem? — Dustin disse chegando até mim.
— Eu preciso ver . — ele me olhou por alguns segundos enquanto eu podia escutar algumas risadas da mulher no canto da sala.
— Coitadinha. Ele te deixou, querida. Na verdade ele te chutou. Literalmente. — aquela risada estava me enlouquecendo.
— Cale a porra da boca, Tris. — Dustin gritou e eu me assustei. Ele se agachou do meu lado com bastante dificuldade e sorriu pra mim.
— Você está com dor? Preciso te levar ao hospital. — por que ninguém me levava até ? Será que não viram que foi tudo um acidente? Ele nunca iria me machucar.
Balancei minha cabeça, negando. Eu estava com dor, mas não podia ir ao hospital. Meu pai me mataria. Suspirei e tentei me levantar. A dor aguda sobre meu corpo me fez soltar um barulho.
— Droga, menina. Você está mal. — Dustin socou o puff ao seu lado e me encarou.
— Está tudo bem. Preciso ir pra casa. Você me leva até ?
— Santo Cristo! Ela ainda não entendeu que ele a deixou aqui? — a mulher que parecia me odiar, desencostou da parede e caminhou até a mesa.
— Tris, se você não calar, eu juro que vou te fazer calar. — a voz de Dustin era dura e ela bufou enquanto cruzava seus braços.
— É melhor ficar quieta. Não viu que a menina está machucada? — a outra mulher que parecia ser um pouco mais simpática que Tris, cochichou.
— Eu estou bem, Dustin. Só quero ir até , preciso ir pra casa. — eu ainda não acreditava que ele tinha ido embora, ele não podia.
— Olha, seu nome é , certo? — eu assenti — Eu vou te levar pra casa, foi embora. — isso só podia ser mentira. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu segurei. Não iria chorar na frente de todos. Ele tinha me deixado.
— Você devia ir a um hospital olhar esses ferimentos. — eu disse o olhando.
— Eu já olhei, estou bem.
— Já chega de caridade aqui nessa sala. Vocês dois, pra fora. — o homem grande apontou para os outros dois caras que estavam parados como duas muralhas na porta. Os dois saíram apressados — O casal também tem que sair. — ele colocou as mãos nos bolsos da calça e caminhou até mim — é um garoto bom, mas não pra você. — ele sorriu pra mim, mas não era um sorriso bom. Era um sorriso que me dava arrepios.
— Era o que eu estava tentando dizê-la, Burke. — então este era Burke, ele tinha chamado .
— Agora vão. Tenho alguns assuntos para tratar com essas duas mulheres aqui.
As duas sentaram na cadeira esperando que saíssemos logo. Dustin se levantou. Ele apoiou meus braços sobre ele e me levantou em seguida. Estávamos saindo até que escutei a loira gritar.
— Ele vai vir pra mim. sempre vem pra mim. — o olhar de Dustin fechou e ele respirou fundo antes de me soltar.
CAPÍTULO 14 – EU NÃO A TOQUEI
Eu não conseguia me levantar. Minha respiração era fraca e eu só conseguia pensar nela. Meu peito doía tanto que eu não sabia se iria aguentar. Eles haviam a levado de mim e me jogado para fora do bar. Eu merecia ter sido apagado por todos aqueles caras. Eu chutei ela. Droga! Eu não tinha visto que ela estava na minha frente. Minha cabeça girava enquanto eu estava deitado no chão perto da porta de saída. Ela ainda estava lá e eu precisava dela.
— ! Por favor! ! — eu usava toda a minha força para tentar gritar por ela.
A porta se abriu e eu tentei me levantar, mas não consegui. estava ali. No colo de Dustin. Filho da mãe! Será que ela estava desmaiada? Ela é minha. Eu preciso dela.
— ! Por favor, fale alguma coisa. ! — ela levantou a cabeça e quando aquele olhar vazio foi sobre mim, meu estômago fez um nó. Ela não estava bem.
O idiota não parou quando eu chamei. Ele continuou a levando para seu carro. Eu juntei todas as minhas forças para ir atrás dela quando consegui me levantar. Caminhei devagar enquanto ele a colocava no banco de trás. Eles não tinham me visto ali.
— Santo Deus! Você está bem, ? Por favor, só me diga que está bem. — eu não conseguia respirar. Vê-la assim me deu enjoos. Estava doendo pra caramba. Eu nunca iria me perdoar.
— Qual é ? É melhor você sair. Ela não quer você perto dela. Eu estou a levando pra casa. — não! Droga, ele não ia a levar pra casa.
— Não! Você não vai. Eu preciso dela. Me deixe vê-la. — ele fechou a porta do carro e nem sequer levantou sua cabeça. Isso estava me matando — Ela está acordada? Ela está bem? — eu estava desesperado e com ódio correndo em mim.
— Ela não quer te ver. Você a machucou. Ela te viu com Tris. Eu estou a levando pra casa. Chame um táxi, você está terrível.
Meu mundo parou. me viu com Tris. Maldição! Eu não a toquei. Aquela cadela subiu no meu colo quando me viu, mas eu não a toquei. Eu a empurrei para longe quando ela começou a tirar a roupa.
— O quê? Não! Eu não a toquei. — eu puxava meus cabelos desesperado. Bati várias vezes no vidro tentando fazer falar comigo — , eu não a toquei. Por favor, fale alguma coisa.
Ela não se mexia, nem sequer me olhava. Eu sou um merda. Merda de imbecil. Dustin entrou no carro e bateu a porta com força. Eu não me mexi. Ele ligou o carro e dirigiu pra longe, enquanto eu não conseguia me mover dali. O que estava acontecendo? O que essa garota tinha que me deixava assim?
CAPÍTULO 15 – SANTA
Ele ainda estava lá. não tinha ido embora como eles tinham falado. Ele esperou por mim. Quando eu o vi todo machucado, não consegui me mover. Não consegui gritá-lo. O que tinham feito com ele? Ele estava tão machucado. Meu coração doeu. Quando Dustin ligou o carro e partiu, eu comecei a chorar.
— O que foi? Está doendo alguma coisa? — ele disse enquanto dirigia.
— Estou bem. — eu estava mentindo.
— Então não chore. Você pode me explicar como chegar em sua casa? — eu disse que sim e comecei a explicá-lo.
Estava doendo tanto. Eu não podia estar apaixonada. Eu não podia. estava preocupado comigo, eu não consegui falar. Era mentira. Eu queria vê-lo, mas Dustin mentiu pra ele.
— Dustin, eu quero falar com .
— Acho melhor você dar um tempo, ele está fora de si. — a voz de Dustin ecoava na minha cabeça. Eu não me importava, eu só queria vê-lo.
— Por que ele está todo machucado? Você bateu nele? — se ele falasse que sim, eu iria descer do carro.
— Não, princesa. — eu respirei aliviada. Mas quem teria feito isso? — Foram os outros caras que o viram te chutando. — ele me respondeu como se lesse meus pensamentos.
"Outros caras". Eu comecei a chorar novamente.
— Ele está muito machucado. Você pode voltar e pegá-lo? — Dustin riu e eu queria socá-lo.
— Caramba, você é uma santa. Depois de tudo que ele te fez, ainda quer ir pegá-lo? — eu assenti com a cabeça, engolindo o choro.
— Por favor!
— Não dá. Já estamos chegando na cidade. Ele se vira por lá. — eu odiava pensar que ele estava sozinho e machucado.
Não dei mais nenhuma palavra até chegarmos em casa. Dustin me perguntou algumas coisas, mas eu fingi que estava dormindo. Quando o carro desligou, ele desceu e abriu a porta de trás.
— Meu anjo, acho que chegamos na sua casa. — ele disse com uma voz baixa e tranquila.
Eu me levantei devagar, sentindo uma dor forte nas costelas. Coloquei minha mão sobre elas e fiz uma careta.
— Tem certeza que não quer ir ao hospital? — a mão de Dustin segurou minha cintura e me tirou com cuidado dali. Eu balancei a cabeça.
— Não precisa. Eu só preciso que me ajude a entrar em casa. — ele me carregou até a porta — Tente não fazer barulho, meu pai não sabe que eu estou fora.
Ele não parecia ser tão meigo quando eu o vi lá em cima, cantando para todas aquelas mulheres. Seu cabelo bagunçado em um coque estava com alguns fios soltos sobre seu ombro. Ele era um cara muito bonito e eu gostava de olhá-lo.
— Seu rosto está bem machucado. — eu sussurrei enquanto entrávamos no meu quarto.
— Nada demais. Seu namoradinho estava bem nervoso. — ele sussurrou de volta enquanto me colocava na cama.
— Ele não é meu namoradinho.
— Eu sei, não namora. Você não tem namorado? — ele estava sentando na minha cama, mas permanecia falando baixo.
— Não. — eu respirei fundo mudando meu olhar. Eu não conseguia ficar olhando para aqueles olhos intensos que me encaravam sem parar — Acho melhor você ir.
— Também acho. — ele se levantou e beijou o topo da minha cabeça. Ele não parecia o tipo de cara que fazia isso. Eu o observei caminhar até minha mesinha — Vou deixar meu número aqui. Quando precisar, você me chama. Tudo bem? — eu concordei.
Eu o vi saltando pela janela, mas antes que ele fizesse, eu recebi uma piscadela. Ele piscou pra mim. Se eu não estivesse tão nervosa por causa de , eu com certeza estaria desmaiando.
CAPÍTULO 16 – UMA CARONA NADA AGRADÁVEL
Nada fazia sentido. Estava tudo vazio. O olhar aterrorizado de , estava de volta em minha mente. Meu peito doía em saber que ela havia me deixado. Eu não entendia o que estava acontecendo. Coloquei minhas mãos sobre meus cabelos e comecei a deixar o soluços se soltarem. Eu não iria chorar. Eu não podia.
— Que porra é essa? Você está chorando? Está chorando por uma merda de garota? – a voz extremamente irritante de Tris me fez levantar a cabeça e olhá-la.
— Pense bem antes de falar de , se você deseja ter sua língua dentro de sua boca. – ela engoliu seco e arregalou os olhos, surpresa.
— Oh, Deus. Isto está pior do que eu pensava. – eu escutei os cliques de seus saltos percorrerem até seu carro caro — Levante-se. Você está terrível, vou te levar pra casa.
— Não. – eu disse friamente.
— Eu estou te fazendo um favor.
— Não preciso de seus favores. – eu deixei cair meu olhar em minhas mãos.
— Tem certeza? Da última vez que nos vimos, não era assim que você pensava. Você gostava bastante dos meus favores. – meu estômago se virou em um nó.
— Cale a boca. – eu cuspi as palavras.
Ouvi o barulho do alarme enquanto ela destrancava o carro. Eu sabia que ela ainda estava de fora, me olhando.
— , você está machucado. Levanta essa bunda gostosa daí e suba já no meu carro. – ela tentava parecer confiante, mas eu não me importava com nada vindo dela.
— Eu já estou indo. Minha moto está aqui, não vou com você.
— Droga de garoto teimoso. – ela se moveu até o beco de trás onde estava minha moto — Me dê as chaves. – sua mão se estendeu para mim quando ela voltou.
— O quê? – eu ri.
— Me dê as chaves. Vou pilotá-la. – eu ri alto.
— De jeito nenhum. – ela cruzou seus braços sobre seus seios falsos e me olhou com uma carranca.
— Olha, não estou gostando de ser boazinha. Sobe logo na merda do meu carro ou eu chamo Burke para chutar seu traseiro até lá. – eu não conseguiria me mover até minha moto, mas eu também não podia deixá-la sozinha atrás do bar.
— Você me leva até ? – eu poderia ir até ela, me certificar que ela estaria bem e depois voltava para buscar minha moto.
— Você é um babaca, . Ela não quer te ver. Entre logo no carro, eu quero tirar essas porcarias de sapatos. Meus pés estão me matando.
Eu não acreditava que ela não queria me ver. Nunca me perdoaria por hoje. Eu precisava vê-la.
— Se você ousar tocar em mim, eu juro que me mando do carro. – eu disse enquanto me levantava. Tudo doía.
— Você costumava ser mais carinhoso comigo. Pra falar a verdade, você adorava os meus carinhos. – ela se moveu até mim tentando me ajudar.
— Eu sei andar sozinho até o banco. – eu caminhei com dificuldade até a porta, tentando não parecer dolorido.
Tris se sentou do meu lado e não disse nada.
— Eu não estou na minha casa. Estou numa fazenda. – ela me olhou confusa e eu continuei. Assim que a dei o endereço, ela o colocou no GPS.
— Que merda é essa? Está cuidando de vacas? Ah! Espere, a garotinha mora no celeiro? Junto com suas amiguinhas. – eu engoli seco. Eu juro que estava prestes a cometer um assassinato.
— Tris. Se. Não. Calar. A. Porra. Da. Sua. Boca. Eu. Juro. Que. Vou. Arrancar. A. Sua. Língua. – eu disse tudo muito pausadamente enquanto permaneci com meu olhar na estrada. Meus punhos estavam fechados e meu sangue fervia pela cabeça. Eu não gostava quando ela falava de .
CAPÍTULO 17 – TEM COMIDA PARA UM BATALHÃO
Eu tinha perdido meu celular naquela bagunça de dias atrás. não tinha me procurado em casa. Será que ele tinha me ligado? Será que ele estava bem? Eu não gostava de pensar que ele estava machucado. Papai havia trabalhado duro esses últimos dois dias. Ele sempre saía cedo de casa e voltava quando já estava escuro. Eu tentava permanecer acordada e perguntá-lo sobre , mas nunca conseguia. Meu corpo ainda estava dolorido, mas meu peito doía ainda mais quando me lembrava de .
— ? Está tudo bem? Você não tem saído muito do quarto. – como ele sabia? Eu não o via muito esses dias.
— Estou, papai. Deve ser um resfriado. – eu disse me sentando na cama.
— Oh! – ele passou a mão na nuca parecendo desapontado.
— O que foi? Aconteceu algo? – seria ? Será que ele foi embora?
— Não. Eu só ia te pedir pra fazer algo para mim, mas já que está se sentindo mal... – ele fez uma pausa e eu me levantei da cama.
— Eu faço. Pode me falar que eu faço. – tentei sorrir, mas era falso.
— Não posso ir a fazenda hoje. Será que você poderia ir até a casa de José pedi-lo que vá ajudar o garoto? – meu peito se encheu e meu coração acelerou.
— Ajudá-lo? está bem?
— Nada demais. Ele caiu do cavalo, algo assim. Está machucado. – eu engoli seco. Ele ainda estava machucado — Preciso resolver algumas coisas na igreja. Você pode chamá-lo?
Assenti com a cabeça e sorri. Eu iria vê-lo. Eu precisava disso.
O sol que atravessava sobre o carro batia no meu rosto e ardia pra caramba. José me olhava curioso. Eu fui até a casa dele o mais rápido que consegui, pedindo que viesse até a fazenda comigo. Um sorriso largo estava em meu rosto. Eu estava feliz que veria , mas ao mesmo tempo, eu tinha medo. Não queria vê-lo ferido.
— Quanta comida. Você fez para um batalhão? – José disse num tom brincalhão.
— Uh... Acho que não fiz muita. – eu disse nervosa enquanto apertava a vasilha em minha mão.
— Vai ficar aqui hoje? Faz tempo que não aparece por aqui. Desde quando a Sra. ... – eu não podia ouvir isso, não agora.
— Sim. Vou ficar. – ele não continuou. O carro parou perto da lagoa que me trazia lembranças de quando eu era criança. Eu amava esse lugar.
Eu saltei do carro e me deparei com em pé. Ele estava me observando. Suas calças apertadas e um tanto surradas, combinavam perfeitamente com a camiseta branca suada no seu corpo. Eu sorri pra ele, caminhando depressa.
— ! Você está bem? – ele me analisou por completo. Seus olhos eram de espanto e de dor.
Eu queria que ele tivesse me procurado. Vendo-o ali tão ferido, me partiu o coração. Seu rosto estava coberto de vários hematomas e ele estava mancando.
— Você está dolorido? – eu disse querendo tocá-lo.
— , você está bem? Me responda. – sua voz era mais séria agora. Concordei com a cabeça e estendi a vasilha de comida.
— Desculpe se trouxe muito. Eu me empolguei hoje cedo. – disse com um sorriso torto. Ele me olhou enquanto pegava a vasilha e sorriu pra mim de volta.
— Você cozinhou pra mim? – ele me encarava e meu estômago parecia dançar.
— Sim. Papai não sabe que eu estou aqui. Coma tudo. – ele sorriu balançando a cabeça. Eu queria beijá-lo agora.
— Não posso comer agora. Tenho coisas pra fazer. – ele olhou para José parado nos olhando de longe.
— Você está mal, não pode trabalhar. Me deixe ajudar. – eu não iria deixá-lo fazer as coisas hoje. Ele estava acabado.
— Não precisa, fique aqui me esperando. Entre no meu quarto... Quer dizer, no meu celeiro. – ele riu e eu neguei com a cabeça.
— Acho que ainda tenho algumas roupas que servem por aqui. Me espere, não se mova. – eu disse correndo até a casa que me trazia algumas lembranças que eu não podia lembrar agora.
CAPÍTULO 18 – ALIMENTANDO OS PATOS
Eu não tinha me levantado da cama esses dois dias. Desde quando machuquei , eu não consegui fazer mais nada. Pensei que ela nunca iria querer me ver novamente. Eu disse para seu pai que eu tinha caído do cavalo e não conseguia me colocar de pé. Eu não iria conseguir fazer alguma coisa pensando que ela estava mal. Seu celular não atendeu nenhuma das trinta vezes que eu liguei, muito menos respondeu meus recados. Ela estava longe de mim e eu senti que a estava perdendo. Eu não podia. Eu não queria. Nunca iria me perdoar. Quando a vi chegar até mim, meu peito quase explodiu. Eu estava tão feliz de vê-la sorrir.
Puta merda! Vê-la descendo naquele shorts me fez querer saltar até ela e puxar suas pernas até mim. Aquela roupa mal tapava seu corpo. Eu passei a mão sobre meu rosto e virei para me certificar se José ainda estava ali. Ele tinha saído. Bom. Ele não a veria assim. O top branco pequeno que mal cobria sua barriga, me fez ter arrepios. Eu iria sonhar com isso essa noite. Ela estava usando botas. Merda. Eu estava acabado.
— Estão um pouco pequenas. Faz alguns anos que eu não as uso. Acho que cresci. — ela disse e eu não consegui prestar atenção no que ela dizia. Caramba!
— O que, meu anjo? — eu engoli em seco tentando não olhar para baixo.
— Não é nada demais. O que preciso fazer? — que tal pular no meu colo e acabar comigo em cima daquela cama quebrada?
— Não precisa fazer nada. — eu respondi.
— Diga, . Eu faço qualquer coisa. — vendo-a falar assim não ajudou muito. Eu podia pedir tantas coisas. Eu precisava parar de pensar sobre isso. Passei a mão sobre meus cabelos e a encarei.
— Comida para os patos. — ela sorriu. Droga! Ela sorriu. Ela me mataria algum dia.
Vê-la caminhando toda animada até as rações me fez delirar. Ela é tão incrível. Não conseguia imaginar que podia existir uma garota como . Eu a encarei por alguns segundos enquanto a via colocar a ração com atenção no balde grande em sua frente. Eu não queria atrapalhar esse momento, ela parecia concentrada. Caminhei até ela e parei.
— Quer ajuda? — eu estava uma merda de dolorido, mas eu não me importava.
— Não precisa. Eu já fiz muito disso. Adoro alimentar os patos. — seu cabelo caía sobre seu rosto e ela com tamanha agilidade, apanhou seus fios compridos fazendo um coque. Santo Cristo!
Eu me virei tentando não encará-la, seria difícil me segurar vendo isso. Judi estava vindo a nosso encontro. Ela é mulher de José e foi bem educada comigo. Estava sempre trazendo maçãs e um café à tarde pra mim, eu gostava dela.
— Menina ! Quanto tempo! — ela sorriu enquanto caminhava até a envolvendo em um abraço.
— Não faz muito tempo. — não parecia muito contente com Judi.
— Vejo que está indo alimentar os patos. Fico feliz que esteja fazendo isso de novo. Louise iria amar vê-la fazendo isso. — abaixou seus olhos e eu percebi tristeza neles. Ela assentiu com a cabeça e deu um sorriso que não alcançou seus olhos. Merda! O que essa Louise tem que ela não gostou?
— Com licença Sra. Judi, vou alimentar os patos. — não nos olhou. Ela fez o caminho no velho píer de madeira até a beirada do lago. A menina estava chateada.
— Ela não gosta de falar de sua mãe. Vá ajudá-la garoto, não fique aí parado. — mãe? Eu não sabia que ela tinha uma mãe. Na verdade, eu não sabia de nada dela e eu me odiava por isso.
Acenei para Judi e caminhei até . Ela estava sentada no píer enquanto jogava as rações no lago. Ela não disse nada. Me sentei ao seu lado e peguei um pouco da ração no balde.
— Belo dia para se alimentar patos. — eu disse olhando para frente. continuou calada. Virei meu olhar pra ela e percebi uma lágrima escorrendo sobre seu rosto — O que foi, meu anjo? Está doendo algo?
— Não é nada. — eu sabia que não. Eu sabia que ela estava chateada.
— Quer falar comigo? — eu coloquei minha mão sobre a sua. apenas negou com a cabeça — Quando estiver pronta, estarei aqui. — ela assentiu e continuou jogando a ração no lago.
CAPÍTULO 19 – FOGO NA ÁGUA
Sabe quando tudo em volta não faz mais sentido? Quando tudo parece sumir? Ver Judi, fez isso. Eu a amava desde sempre. Ela mora na fazenda desde antes mesmo que eu estivesse viva. Judi era a melhor amiga da minha mãe. Minha mãe. Estava tudo silencioso. Eu não gostava de sentir a falta dela. Respirei fundo tentando tirar as imagens da minha cabeça. Eu não podia pirar aqui perto de .
— Sinto a falta dela. — eu consegui dizer.
— Da sua mãe? — apertou forte a minha mão, me encarando. Eu concordei com a cabeça.
— Eu e ela adorávamos vir até aqui alimentar os patos. — um soluço saiu sem que eu ao menos pudesse segurá-lo. não disse nada, então eu continuei — Ela era linda. Meu pai diz que eu tenho os olhos dela. — eu sorri, mas ainda não conseguia encarar .
— Então, ela era linda! — eu virei para olhá-lo e ele estava sorrindo. Dei um breve sorriso e ele estendeu sua mão para tocar minha bochecha — Seus olhos são os mais lindos que eu já vi. — ele não estava sendo sincero, eu sabia. Ele estava dizendo isso apenas por eu estar triste pela minha mãe. Afastei minha cabeça de sua mão e continuei a olhar pro lago.
— Ela morreu quando eu tinha quinze anos. — eu não ia chorar. Não ia. — Aquele dia que viemos aqui, por Hanna, foi a primeira vez desde a morte dela. — eu me levantei. Não conseguiria falar mais nada. Eu sabia que ele iria falar algo, mas eu o interrompi — Quero nadar, você consegue ou ainda sente muita dor?
— Eu vou nadar com você. — ele estava muito machucado, mas ia nadar comigo. Que droga, agora ele sente pena de mim.
— Eu não quero que sinta pena de mim. — eu disse me recuando.
— Eu vou nadar com você porque eu quero nadar com você. Não estou fazendo isso por pena. — ele se levantou e segurou em minha mão — Você tem um biquini aqui? Que sirva. — eu o encarei e concordei. O que ele quis dizer com "que sirva"?
— Acho que sim. Vou me trocar. — ele sorriu quando eu disse.
— Tudo bem. Eu vou te esperar aqui. — ele não ia vestir uma bermuda ou algo do tipo? Esperei ele dizer algo mais, mas ele não disse. Caminhei pelo píer de madeira que eu costumava correr quando era criança.
Tudo naquela casa me lembrava ela. Eu tentei passar correndo pelos cômodos até meu antigo armário onde ficava minhas roupas de banho. Procurei por todo lado, mas só consegui achar um biquini amarelo. Ele seria o único que serviria em mim. Meus peitos tinham crescido desde a última vez que estive aqui. Quando os vesti, tentei puxar o máximo para que não mostrasse algo mais. Ajeitei meu cabelo em um rabo e desci indo até . Eu não me importava se meu cabelo estava uma bagunça naquele rabo, não olha pra mim como olha para todas aquelas mulheres. Ele nunca ia me querer como elas. Dei de ombros pro meu pensamento enquanto caminhava até o lago. Ele estava lá quando me viu. Seu abdômen perfeitamente emoldurado estava à mostra. Ele ainda estava de calça jeans, mas sem as botas. Seu olhar em mim era como se tivesse algo errado. Parei por alguns segundos e me analisei. Por um momento imaginei que meu pequeno biquini tinha escorregado e mostrado algo. Segurei meus braços sobre meus peitos e olhei pra ele. Seus olhos estavam vidrados em mim.
— Tem algo errado? — minhas bochechas coraram.
— Eu te disse pra vestir algo que servisse. — ele passou as mãos sobre seu cabelo bagunçado parecendo confuso.
Eu estava me sentindo ridícula agora. Esse foi o maior que encontrei.
— Me desculpe. Vou me trocar. Acho que não quero mais nadar. — eu dei dois passos pra trás e vi correndo até mim.
Seus braços me seguraram e pude ver cada músculo do seu abdômen se movendo. Eu queria tocá-lo.
— Não se desculpe, eu gostei do que vi. — ele tinha gostado? Eu sorri sem perceber — Você, vem nadar comigo.
Ele me puxou até a ponta do píer e parou. Abaixou suas calças ficando só de cueca enquanto olhava pra mim. Oh, Deus. Eu não conseguia parar de olhá-las. Essas pernas iam muito além do que eu podia imaginar. Elas eram perfeitas e musculosas. Eu balancei a minha cabeça e tentei olhar no rosto de .
— Gostou do que viu? — o quê? Eu engoli seco.
— Do que você está falando? — eu disse calmamente tentando não gaguejar.
— Das minhas pernas. Você está as devorando com seus olhos. — eu estava totalmente envergonhada — Você fica ainda mais irresistível quando fica com vergonha.
Por que ele estava falando isso? Eu sabia que ele não gostava de meninas como eu. Ele curtia mulheres com peitões.
— Acho melhor irmos nadar. — eu olhei pro lago e ele concordou.
— Também acho. — ele se sentou no píer e entrou na água que eu conhecia mais do que conhecia a mim mesmo. Eu percebi sua careta, ele sentiu dor. — A água está uma delícia, vem !
Eu sorri e pulei perto dele. Eu estava tão animada em saber que ele estava rindo, ele não estava chateado comigo por causa do bar. Mergulhei para molhar os cabelos e antes que eu pudesse subir, os braços fortes de me puxou junto a ele. Sua respiração estava pesada e ele encarava sem parar minha boca.
— Por que você me deixa assim? — o que ele estava falando?
— Assim como? — eu consegui dizer.
— Sem fôlego. Louco pra provar nem que seja só um pouco de você. — eu não o entendia.
Nossa respiração estava ofegante e nossos corpos estavam tão colados que eu podia senti-lo. Uma de suas mãos estava apertando firme meu quadril e a outra ele puxou meu cabelo, fazendo com que meu rosto se levantasse pra ele. Eu permaneci imóvel e calada.
— Eu preciso de você, .
Ele não disse mais nada. Sua mão me puxou para sua boca e sua língua escorregou para a minha. Aquele beijo me deixava fraca. Meu corpo todo estremecia com louvor. Ele agarrou meu quadril com força me forçando a cruzar as pernas em volta seu corpo. Estávamos entrelaçados dentro d'água. Senti-lo na minha boca era incrivelmente maravilhoso. fazia meu corpo tremer e meu coração acelerar. Eu estava completamente viciada naquilo. Eu precisava de mais. Comecei a me mexer sem que ao menos conseguisse parar. Ele mordeu meu lábio e eu soltei um gritinho espremido.
— Oh, ! — eu escutei sua voz e o agarrei com mais força. Eu estava completamente ansiosa por senti-lo me tocar. Sentir suas mãos sobre meu corpo me fazia querer gritar.
— Posso me juntar a vocês? — eu conhecia essa voz. Me virei rapidamente para ver Dustin, parado em pé no píer. Franzi a testa tentando entender como ele estava aqui.
— O que está fazendo aqui? — a voz de era fria. Ele permaneceu me segurando.
— , amor. Você poderia vir até aqui? Tenho uma coisa pra você.
CAPÍTULO 20 – DEIXADO
Vê-la sair da água com aquele biquini minúsculo que mal tampava sua curvas, me fez estremecer de raiva. Eu não queria que Dustin a visse. E que diabos ele está fazendo aqui? Eu não podia sair da água agora. tinha feito loucuras comigo. Eu não estava em condições de sair agora.
— Santa merda! Que corpo é esse, meu anjo? — droga! Eu ia quebrar a cara dele.
Estendi minha mão até o píer e peguei minha camisa. Joguei para .
— , vista a minha camisa. Agora! — eu gritei.
Ela me olhou assustada e Dustin riu.
— Você parece um homem das cavernas defendendo um pedaço de carne. — eu definitivamente queria voar no pescoço dele.
— Cale a boca, Foster. — eu sentei no píer saindo da água e indo em direção a . Ela estava vestindo minha camisa e o homem possessivo dentro de mim explodiu de felicidade.
— Como você chegou até aqui? — disse calmante pra ele e eu não gostei disso.
— Tris me passou o endereço. — ele olhou pra mim. Maldito. Ele sabia que Tris tinha me trazido até aqui.
— E como ela... — eu a interrompi antes que ele dissesse algo.
— Fale logo o que veio fazer aqui. — eu disse me segurando para não voar em cima dele.
— Calma, cara. Vim devolver seu celular, . Você esqueceu no meu carro aquela noite. — ele piscou pra ela e o ódio subiu em minha cabeça.
— Oh! Eu pensei que tinha perdido no bar. — ela disse feliz pegando o aparelho na sua mão.
— Que bom que guardei pra você, meu anjo. — "meu anjo", idiota. Ela é meu anjo.
— Que bom. Agora pode ir embora. — eu disse segurando a cintura de junto a mim.
Ele olhou minha mão no seu corpo e balançou a cabeça.
— , . Não vá ferrar a vida da menina. Ela é uma perfeição. Sabe que não vai achar outra assim. — eu não gostava dele falando dela. Eu sabia disso, eu não iria ferrar com ela.
— Eu não vou. É melhor você ir. — eu disse e ele se aproximou de .
— Você quer que eu vá? — ele encostou no rosto de e eu a puxei pra mim.
— Qual é, Dustin? — eu respirei fundo tentando me controlar. Eu iria jogá-lo na água e afogá-lo com minhas próprias mãos.
— É bem engraçado te ver assim. Ela está até parecendo a sua moto. Porque até hoje, só te vi assim por causa da moto. — a voz dele estava me tirando do sério.
— Por que Tris tem o endereço daqui? — por que diabos ainda estava pensando nisso?
— Pergunte ao . — Dustin disse e eu bufei. — Queria ficar, mas preciso ensaiar com a banda. Vamos tocar no bar do Burke hoje. Se quiser ir, eu te pego aqui. — ele piscou pra ela e saiu. Eu fiquei imóvel tentando processar a ideia de não chutar a bunda dele pra bem longe daqui.
— . Você está me machucando. — eu escutei a voz de e voltei a respirar. Eu estava a apertando com força.
— Desculpa, lindinha. — eu sorri dando um beijo em seu nariz. — Você não vai, né?
— Onde? No bar? — eu concordei com a cabeça. — Não sei.
— Você não pode ir. — eu afirmei.
— Por que não? — ela se afastou de mim e cruzou os braços na sua frente. — Aliás, como Tris sabe o endereço daqui? — ela parecia com ciúmes e eu ri. Era engraçado vê-la assim.
— Fica toda linda, marrenta assim. — eu a puxei pra mim.
— Eu quero saber, . Por que ela sabia? — droga.
— Ela me trouxe aqui aquela noite. Eu não conseguia pilotar. Eu fiquei acabado, . Quando vi você ir embora com Dustin, eu quebrei. — ela me olhou surpresa.
— Eu não sabia se você queria me ver. — o que significava isso?
— Como assim? Eu te gritei, você nem se mexeu. — eu não tinha a soltado, eu não queria.
— Não gostei de te ver machucado. — ela era tão fofa.
— Eu não toquei Tris. Ela subiu no meu colo, porque Burke não sabia que eu estava com você. — eu fiz uma pausa para olhar em seus olhos. — Todas as vezes que eu vou lá, ele me traz uma mulher. — eu percebi quando sua cabeça abaixou, ela estava triste. — Eu estava com você, lindinha. Mas aí eu te vi com Dustin, eu peguei fogo. Não pensei e você sabe o que aconteceu.
— Está tudo bem, . Acho que você deveria comer o que eu te trouxe. — ela se mexeu tentando sair de perto de mim, ela queria sair. — Eu vou pedir para José me levar pra casa.
Não! Eu não quero que ela vá. Eu a apertei em mim e beijei sua cabeça.
— Eu não estou com fome agora, volta comigo pro lago. — ela balançou a cabeça negando.
— Você pode me soltar? — droga. Eu era um idiota.
— O que foi? — eu a soltei e ela se afastou.
— Eu só preciso ir embora. — tirou minha camisa do seu corpo. Por mais que eu estava louco para vê-la naquele pequeno biquini, eu desejava que ela ficasse na minha camisa.
— Tudo bem. — eu não podia impedi-la. Ela me entregou a blusa e saiu dali. Eu a observei subir até a casa e sumir.
CAPÍTULO 21 – EU SINTO ALGO
Assim que estacionei minha moto na porta de casa, Lewis abriu correndo a porta da entrada. Eu tinha ligado mais cedo, avisando que viria pra cá. Ele estava empolgado. Meu tio não podia saber disso, muito menos o pastor. Ontem, ver se afastar me deixou mais quebrado ainda. Eu precisava tirar alguma coisa da minha cabeça.
— Caramba, cara! Pensei que você ia voltar como um monge. Que bom que não está careca. — ele sorriu me abraçando. Eu estava de óculos escuro, mas sabia que assim que tirasse, ele veria os hematomas.
— Quanta felicidade! Aposto que não consegue pegar mulher nenhuma sem eu por aqui. — eu caminhei até a porta de entrada e estava tudo extremamente limpo.
— Não te ter por aqui ficou fácil deixar tudo limpo. — ele riu e eu dei um tapa em sua cabeça. Tirei meu óculos e ele se assustou. — Droga, ! Se meteu em outra briga? Você nunca apanha, cara. Quem fez isso? — algumas vinte pessoas? Dei de ombros e me sentei no sofá preto.
— Sabe onde o garoto mora? — ele se sentou na minha frente e me encarou enquanto me ouvia.
— Que garoto? , você está estranho.
— O da festa, que estava em coma. — ele abriu a boca se lembrando.
— Dois quarteirões daqui. Por quê? — eu me levantei e coloquei o óculos novamente.
— Você vem comigo? — não escutei sua resposta, apenas subi na moto e esperei que ele subisse na dele também.
A casa perfeitamente arrumada do garoto me dava arrepios. Sua mãe colocou um enorme sorriso no rosto quando eu disse que éramos amigos do menino. Lewis sabia seu nome e assim ficou fácil de entrar.
— Ele acabou de acordar. Vocês podem entrar.
A porta se abriu e eu vi o garoto deitado na cama. Respirei fundo antes de dar dois passos para frente. Eu estava com medo? Eu não sei o que estava sentindo, isso era diferente.
— O que você está fazendo aqui? Por favor, saia daqui. Por favor. — o garoto gritou quando me viu. Ele estava chorando.
— Está tudo bem, ele só veio te ver. — Lewis disse se aproximando do garoto.
Eu não conseguia me mover. Eu não falava. Minhas mãos congelaram e eu observei o garoto se acalmar.
— Droga, . Fale alguma coisa. — Lewis me empurrou até a cama do garoto.
— Oi. — eu consegui dizer.
— Uh... Oi... — o garoto estava tremendo de medo.
— Não precisa ficar com medo. Eu não vou te machucar. — eu engoli seco. — Você está... É... Você está bem? — o que estava acontecendo comigo?
— Agora sim. — o olhar do garoto era de confusão.
— Bem, isso é bom. — desviei meu olhar do garoto e olhei para Lewis enquanto passava a mão no meu cabelo. Eu não conseguia encará-lo. — Vamos embora, Lew. — ele se aproximou de mim.
— Só veio pra isso? — Lewis cochichou no meu ouvido.
Eu queria fazer mais. Eu realmente queria, mas não conseguia. Lembrei de . Uma vez ela me disse que eu teria que perdoar, mas eu também preciso aprender a pedir perdão. Isso seria difícil.
— Joshua seu nome, certo? — o garoto concordou. — Eu queria... Bem... Eu queria te pedir desculpas. Eu sinto muito. — Lewis me olhou com os olhos arregalados e o garoto fez um som de alívio. Será que ele pensou que eu ainda bateria nele? Eu não sou tão covarde assim.
— Obrigado. — ele disse.
Então, me virei. Caminhei o mais rápido que conseguia pra fora da casa. Eu queria minha moto. Eu queria . Lewis correu atrás de mim.
— Oh, Deus! O que foi isso? Santa merda! Você pediu desculpas? Isso definitivamente não está acontecendo. Esse tal retiro espiritual mudou você.
— Cale a boca. — eu só disse isso e subi na moto.
Eu sabia quem estava me mudando. Ela tinha um nome e uma boca linda.
— Tem uma garota nessa história, não tem? — Lewis disse andando atrás de mim na minha casa.
Eu me joguei no sofá e tirei minhas botas.
— Me responde, cara. Você está diferente. — eu movi meu olhar pra ele.
— Sim. Eu estou viciado em . Satisfeito? — eu admiti em voz alta. Eu nunca estive viciado em uma mulher antes.
— Maldição! Isso não pode estar acontecendo. — ele colocou suas mãos sobre seu rosto e eu ri. — Quem é ela? Ela tem uma bundinha sexy? — Lewis podia ser como um irmão pra mim, mas ouvi-lo falar de me fez querer socá-lo.
— Não é da sua conta.
— Oh! Você está perdido. — ele só disse isso e caiu no outro sofá.
— Sim, eu estou. Fodidamente perdido. — eu lembrava dela a cada minuto. Eu não conseguia parar de pensar nela.
— Quer falar sobre isso? Nunca pensei que teria uma conversa assim com .
— Ela é linda. — eu disse e ele riu.
— Com certeza ela tem que ser. — eu balancei a cabeça.
— Mesmo se não fosse, ela seria.
— O quê? — ele estava confuso.
— Ela é incrível. De todas as maneiras. Ela é perfeita.
— , você está apaixonado? — ele fez uma cara de nojo. Eu não respondi.
— Ela tem um enorme cabelo castanho. E os olhos dela, são maravilhosos. O seu sorriso me deixa leve e feliz. — eu suspirei e olhei pra ele. Sua cara de espanto estava realmente engraçada.
— Oh meu Deus! Cala a boca antes que eu vomite. — ele disse. Joguei uma almofada nele e me levantei.
— Preciso ir vê-la. Preciso dizer pra ela o que eu sinto.
— O que você sente? Espera! — ele se levantou ficando de frente a mim. — , você está sentindo algo? Isso é... incrível! — ele me abraçou. Por que ele estava me abraçando? Ele estava feliz por mim, eu sabia disso.
— Eu preciso ir. — eu o soltei e fui embora.
Eu precisava de , agora.
CAPÍTULO 22 – GOSTEI DO CABELO
Passar a noite inteira acordada por causa de já estava ficando frequente e a noite passada não foi diferente. Eu tinha ido embora sem falar nada com ele. A dor que estava no meu peito quando percebi que ele nunca seria meu, foi forte demais pra ficar ali ao lado dele. estava tão possessivo quando Dustin chegou, que eu fiquei um pouco assustada. Por que ele estava fazendo isso? Ele não me queria. Eu não era um de seus objetos.
A voz que eu conhecia estava inundando minha mente e chegava cada vez mais perto. Por que diabos eu estava escutando a voz de Dustin me chamando?
— Meu anjo? — eu o vi entrar no meu quarto e fiquei assustada. — Desculpa entrar assim, eu chamei por muito tempo e a porta estava aberta. — eu respirei aliviada em saber que meu pai não estava aqui. Ele havia ido para algum tipo de seminário e ficaria fora por alguns dias.
— Eu não ouvi, me desculpa. — me levantei da cama tentando entender o que ele estava fazendo aqui.
— Você não foi no bar me ouvir cantar. — o rosto perfeito em minha frente estava triste. Ele estava triste de verdade? — não te deixou ir, não é? — ele se aproximou e eu cruzei meus braços sobre mim, escondendo meu pijama.
— Não foi isso. Eu só estava cansada. — isso não era necessariamente uma mentira. Meu pai estava em casa também, ele não me deixaria ir. Sorri enquanto via ele se aproximar de mim.
Quando olhei Dustin de novo, reparei uma coisa que fez meus olhos brilharem. Ele havia cortado o cabelo. Seu cabelo loiro, agora curto, estava quase raspado. Dustin estava assustadoramente bonito. Eu não conseguia parar de olhá-lo.
— Gostei do cabelo. — eu disse e ele se aproximou mais de mim. Eu permaneci ali. — Que bom que gostou, imaginei que gostaria. — ele estava perto demais. Eu segurei a respiração tentando conter a vontade louca de passar a mão sobre aquele cabelo curto.
— Eu gostei bastante. — eu disse soltando o ar perto demais do seu rosto.
— Maldição! — ele fechou os olhos e respirou fundo. Eu não estava entendendo. — Por que raios você tem que ser tão linda? — eu ri envergonhada. Ele me chamou de linda. — Caramba, você nem sequer precisa de maquiagem. É ainda mais perfeita quando acorda.
Eu estava ficando muito mais que sem graça. Ele era muito mais alto que eu, mas não mais alto que . Seu corpo era forte e perfeito, eu me lembro bem quando o vi sem camisa em cima do palco. Mas eu ainda estava pensando em . Tudo era voltado para . Eu não podia estar apaixonada por ele. Droga! As mãos quentes e fortes de Dustin seguraram meus cabelos até encontrarem minha nuca. Eu arrepiei. Minha respiração estava pesada, mas eu não queria que estivesse assim. Eu não queria beijá-lo de novo, eu queria estar beijando .
— Não faça caretas assim, . Quando morde a sua boca, eu quero morder muito ela. — eu nem sequer reparei que estava mordendo meu lábio. Engoli seco e o encarei. Eu precisava sair dali. — Eu estou falando sério, meu anjo. — eu não me movi.
Sua língua estava dentro da minha boca e suas mãos me agarravam com força junto ao seu corpo. Eu tentava sair dali, mas eu não conseguia. Eu só via em minha mente.
CAPÍTULO 23
A adrenalina que corria em mim enquanto eu pilotava a moto tentando chegar o mais rápido que podia até a casa de , fazia meu peito vibrar. Eu estava feliz pra caramba só de saber que eu iria falar que estava viciado nela. Não só no seu corpo, nem nos seus beijos, mas eu estou viciado em . E eu nunca estive viciado em uma mulher antes. Isso era novo. Isso era tudo muito novo. Pedir desculpas para o garoto, seria uma coisa que eu nunca iria fazer se não fosse . Eu parei minha moto na porta da casa dela, eu não queria saber quem estava lá. Eu só queria agarrá-la e dizê-la o quanto ela era linda. A porta estava aberta e eu estava me cagando se o pastor aparecesse e tentasse me impedir de subir até ela. Eu estava disposto a bater no velho, se fosse preciso. Bem, essa parte de bater acho que podemos pensar mais uma vez. Subi as escadas correndo com a respiração presa, eu não sabia o que iria fazer. Eu só queria . Eu estava sorrindo, porra. Assim que pisei no quarto de , meu sorriso desapareceu, meu corpo ficou tenso e minha mandíbula se prendeu. Meus punhos estavam cerrados agora e minha saliva secou completamente da minha boca. Não conseguia acreditar no que eu estava vendo. Ela estava nos braços dele de novo. Sua boca estava na boca dele. Merda! Esse filho da mãe estava com a língua na boca da minha menina. Eu não sei como consegui me conter e não surrar esse imbecil até a morte. Minhas mãos estavam apertadas enquanto estava concentrado em tentar respirar. Consegui mover meu olhar dali. Dei um chute na porta. Um chute tão forte que devo ter quebrado a porta do quarto de . Eu precisava sair dali, precisava beber.
Minha cabeça latejava em todos os pontos possíveis. Eu já estava bêbado há muito tempo. Meu relógio marcava 03h45 da manhã. A última vez que estive aqui, foi tudo um pesadelo. Eu havia machucado . Meu estômago parecia se enrolar quando eu lembrei do que tinha visto. Dustin não estava apenas com as mãos nela, ele estava a beijando. No quarto dela. Virei mais uma dose de whisky e tentei me levantar. Eu precisava bater em alguém. Um cara do meu lado me segurou perguntando se estava tudo bem, eu o olhei por alguns segundos tentando analisá-lo.
— Você conhece Dustin? — eu o encarava e ele riu.
— Dustin Foster? Claro que conheço! Eu adoro a banda daquele garoto. — minha mão foi direto na sua cara.
Não fazia sentido enchê-lo de porrada. Ele não tinha nem sequer a ver com isso, mas eu não me importava. Meu sangue fervia percorrendo meu corpo, minhas mãos tremiam. Eu realmente queria estar estrangulando Dustin. Dois braços me seguraram com tanta força enquanto eu me debatia.
— Qual é ? Está maluco? — eu escutei a voz que parecia ser de Russell.
— Tire a bunda bêbada desse imbecil do meu lugar. Não quero ele aqui causando mais confusões. — Burke apareceu e eu ri. Ele tinha feito toda a confusão.
— Se não tivesse jogado a merda da bunda de Tris no meu colo, estaria comigo agora! O único imbecil aqui é você. — eu estava gritando com Burke.
Eu conseguia ver ódio nos seus olhos. Ele ia me espancar, eu sabia disso. Ninguém grita com Burke.
— Cara, sai daqui. Se ainda quiser viver, sai daqui. — Russell disse me empurrando no meio da multidão.
Todos me olhavam assustados enquanto eu conseguia ouvir a voz abafada de Burke gritando algo como "Nunca mais pise aqui, seu pedaço de merda". Eu não importava. Nada mais fazia sentido. Russell me jogou para fora do bar e eu pude ver minha moto. Eu estava bêbado e sabia que não podia pilotá-la. Ela não era o carro de Lewis. Eu iria me controlar. Respirei fundo e olhei pra estrada vazia a minha frente. Subi na moto com um único objetivo: achar . ... Eu não podia pilotar essa moto, não desse jeito. Droga! Por que eu estava me sentindo culpado?
— Maldição! — eu saltei da moto e joguei minhas mãos pra cima da cabeça.
— Você ainda não foi? Burke não pode te ver aqui. — a voz feminina que eu conhecia bem se aproximou.
— Sai fora, Tris! — eu olhei para a estrada tentando avistar algum carro.
— Você não pode pilotar nesse estado.
— Eu sei disso. — eu nem sequer a olhava.
— Nem vou te oferecer uma carona, já sei a resposta. Se cuida, . — pude escutar seus sapatos fazendo o caminho de volta pro bar.
— Tris! Cadê a porcaria do seu carro? Me leve até a casa de ! — disse enquanto corri atrás dela.
CAPÍTULO 24 – RESPIRA
Minhas pernas tremiam e eu ainda não conseguia acreditar. Logo depois que apareceu aqui, meu coração não conseguiu mais diminuir o ritmo acelerado. Eu tive que ser persistente fazendo Dustin ir embora. Eu só queria chorar. Meu olhar estava sobre a porta desde quando ele me deixou ali, o barulho forte de quando a chutou ainda ecoava nos meus ouvidos. Seria impossível esquecer de tudo. Vários porquês invadiam minha mente e me fazia querer vomitar. Por que Dustin me beijou e eu gostei? Por que ele me queria? Por que apareceu na minha casa e quebrou a minha porta? Por quê? Minha mente estava longe quando comecei a escutar gritos. Me movi rapidamente tentando chegar o mais rápido que podia até a janela do meu quarto. Era ele. O que ele estava fazendo ali?
— Eu estou viciado em você, ! — o que estava dizendo? Suas mãos balançavam freneticamente no topo de sua cabeça, fazendo seus cabelos se bagunçarem ainda mais.
Eu fiquei parada.
— Me deixa entrar, eu não dou a mínima se o pastor vai me tirar daqui a tiros. Falando nisso, cadê seu pai? — ele se aproximou da sacada e gritou ainda mais alto. — Pastor , eu estou louco pela sua filha.
Minhas pernas começaram a se mexer, eu mal percebi que estava abrindo a porta da frente de casa. Ele estava lá, com um olhar acabado. Seus braços estavam encostados em seu tronco e seus pés estavam inquietos. Ele estava bêbado.
— , você veio. Me desculpe pela porta, é que você me deixou muito puto. — ele caminhou se aproximando de mim e eu pude sentir o cheiro forte de bebida.
Eu não disse nada. deu mais dois passos e se atirou no chão. Ele estava tão bêbado que não conseguia ficar sob seus pés.
— Droga de escadas, droga de pés. — ele disse quase inaudível.
Me movi apressada até ele e o levantei.
— Oh, . Você está girando, por que está girando tanto? Fique aqui comigo. — céus! Ele estava realmente muito bêbado.
Olhei ao redor tentando ver sua moto, mas não a encontrei. Não tinha ninguém, como ele veio parar aqui? Coloquei seus braços sobre meus ombros e tentei caminhar até a varanda. Ele estava pesado.
— Se você não se mover, vai ser difícil chegarmos até a entrada.
Ele me olhou rindo e balançou a cabeça. Seus pés se moviam devagar e ele não parava de rir. Assim que entramos na casa, eu o coloquei no sofá.
— Por que está rindo? — eu disse me aproximando.
Ele se deitou no sofá e ficou me olhando enquanto dava gargalhadas.
— É engraçado.
— O quê? — eu perguntei curiosa.
— Eu me viciar em você. — o que ele estava dizendo? Puxei seus braços fazendo com que ele se levantasse do sofá. Eu não sabia o que fazer, mas esse mau cheiro ficaria ali no estofado.
— Você não sabe o que está falando, é melhor ficar calado antes que diga alguma besteira. — eu queria estar irritada com ele, queria mesmo. Ele arrebentou a minha porta sem motivo algum, mas eu não conseguia.
parou. Suas mãos me soltaram e seguraram meu rosto, me obrigando a olhá-lo. Seu olhar era de súplica.
— , nunca repita isso. Eu sei o que estou dizendo, é só o álcool me fazendo sincero. Eu estou viciado em você, menina. E quando eu vi aquele filho da mãe traíra com as mãos em você, não consegui respirar. Eu juro que te pago uma porta nova, mas me escuta. Eu estou viciado em você e eu nunca estive viciado em alguém.
Respira, respira. Droga, respira! Ele disse que não gostou do beijo que Dustin me deu? Meu ar voltou a circular normalmente e pude me soltar. "Viciado", isso não é tão ruim, é? Um sorriso saiu do meu rosto e viu.
— Eu sei que também sente o mesmo, lindinha. — seu dedo tocou a ponta do meu nariz. — Acho melhor você se afastar de mim, eu quero te beijar.
Eu também.
— Mas eu nem sequer consigo ficar em pé. Preciso sentar.
E no mesmo segundo me lembrei do quão bêbado ele estava. O que eu iria fazer? Meu pai só chega daqui dois dias, e se eu o colocasse pra dormir no quarto de hóspedes? Isso!
— Você vai precisar subir as escadas, consegue?
Ele balançou a cabeça concordando e começou a subir enquanto se segurava no corrimão de madeira. Foram longos minutos, ele parava a cada degrau que subia e olhava pra mim me perguntando se eu ainda estava ali. Uma mistura de raiva e paixão, atingiu o meu corpo quando chegamos no corredor e eu pude ver a porta com um buraco no meio.
— Foi mal, lindinha. Eu vou te dar uma nova. Cadê o pastor? — ele disse enquanto caminhava para dentro do meu quarto.
— Ele está viajando. — se sentou na minha cama e me encarou.
— Isso é bom, isso é muito bom.
Eu juntei as sobrancelhas tentando entender o comentário.
— Vou arrumar o quarto ao lado pra você. Consegue me esperar aqui?
fez um beicinho como se tivesse cinco anos e estivesse em um supermercado com sua mãe pedindo por um brinquedo novo.
— O que foi? — eu disse.
— Quero conversar com você, aqui! — ele apontava pra cama.
Cruzei meus braços e concordei com a cabeça.
— Tudo bem, eu só vou arrumar sua cama.
Saí dali e fui direto pro quarto de hóspedes. Estava tudo arrumado, meu pai o deixava impecável. Quase todo final de mês, alguns missionários que ficam na cidade dormem aqui. Peguei um cobertor e um travesseiro limpo, depois estendi a cama. Sua roupa estava fedendo, então pensei em pegar alguma peça do meu pai para emprestá-lo. Assim que tinha tudo comigo, voltei para o meu quarto e vi uma cena que nunca imaginei que veria. estava encolhido de lado no colchão da minha cama, suas mãos estavam envoltas no meu travesseiro. Ele estava com a cabeça afundada na minha fronha. havia adormecido.
CAPÍTULO 25 – ISSO NÃO PODE SER PAIXÃO
Se eu estava sonhando ou não, a dor de cabeça que persistia em me irritar era bem real. As mãozinhas delicadas de estavam em volta do meu corpo, ela me apertava tão forte. Como eu vim parar aqui? Tudo em minha mente era apenas um borrão. Um borrão que eu queria evitar. Imagens de Dustin com a boca nos lábios de começaram a aparecer em minha mente. Meus punhos se fecharam por cima da cama e a tensão com que eu prendi os braços por cima das mãos de a fez despertar. Seu corpo saiu tão rápido de perto do meu.
— ? Você está bem? — ela disse com aquela voz rouquinha por ter acabado de acordar. Aquilo me fez sorrir.
— Estou. — me levantei sentando na cama, de costas para ela.
— Você não parece muito bem.
Passei as mãos sobre meus cabelos e me hesitei antes de virar para olhá-la.
— De qualquer forma, eu acordei tarde demais. Vou arrumar um café e depois você pode ir embora. — ela disse se afastando da cama.
— O que aconteceu? — eu perguntei ainda de costas.
— Você chegou aqui bastante bêbado.
Droga!
Abaixei meu olhar e percebi que estava usando uma roupa que não era minha. Me virei imediatamente para , que segurava suas mãos a sua frente.
— Como... é... A gente fez o que aqui mesmo? — idiota! Não tinha outro jeito de perguntar se eu tinha transado com ela? Se isso tiver acontecido, eu nunca vou me perdoar por não lembrar.
— Não! Não! — teve pressa em responder e eu pude respirar novamente. — Eu só troquei suas roupas que fediam a vômito. Você estava muito cansado e dormiu aqui. E eu, bem, eu fui arrumar seu cobertor e você me puxou para a cama. Nós só dormimos. — ela falava muito quando estava nervosa.
Me levantei em um impulso e antes que eu pensasse em algo, meu corpo me levou até . Ela estava nervosa por ter acordado ao meu lado, eu sabia. O rubor em seu rosto era evidente e as pequenas sardinhas sobre seu nariz e bochechas eram tão lindas de se ver. Essa menina é a coisa mais interessante que eu já vi em toda a minha vida. Estendi minha mão para tocar seu rosto, ele estava quente. Ela me olhava com aquele par de olhos intensos que me analisava no fundo da alma. Só ela conseguia me ver da maneira que vê. Muitos me dizem que não tenho alma, que sou sem coração, frio e sólido. não. não me vê assim, posso ver isso em seus olhos.
— Você disse coisas ontem. — sua voz saiu baixa e abafada.
Continuei a acariciar sua bochecha com meu polegar e sorri.
— O que eu disse ontem? — perguntei, a encarando.
Os olhos de se desviaram dos meus e eu queria segurar firme seu rosto a obrigando a olhar só pra mim.
— Disse que estava viciado em mim. — sua voz soou tão baixa que eu mal pude escutar.
Me aproximei dela e dei um largo sorriso. Merda, o que eu estava fazendo? Eu não estaria apaixonado por . Estaria? Não! Eu nunca me apaixonei. Isso não deve ser paixão. É apenas um vício incontrolável.
— Eu não menti. — disse, próximo demais da sua boca.
Sua respiração estava pesada e batia no meu queixo. Segurei seu rosto com as minhas duas mãos e a encarei por mais alguns segundos. Eu precisava vê-la. Eu precisava tê-la.
Me inclinei no pouco espaço que restava entre nós e a beijei. A sensação de beijá-la era algo que eu nunca nem sequer tive em toda a minha vida. É algo que eu não posso comparar a nada. Como ela esteve longe por tanto tempo? Como eu ainda não a tenho somente para mim? Nossa bocas se encontravam em completa sincronia. Minhas mãos agarraram sua cintura para que seu pequeno corpo frágil grudasse no meu. Esse era o máximo que eu sentiria dela agora. Uma fisgada em meu peito me fez querê-la mais e mais. seria minha. Ela tem que ser. Custe o que custar!
Nossas bocas foram separadas e eu resmunguei por tê-la tão longe. olhava para baixo parecendo envergonhada. Ela não gostou do beijo?
— O que foi, ? — perguntei.
— Nada. Você quer comer alguma coisa?
Ela ficou tão estranha. O que estaria acontecendo? Eu daria qualquer coisa para saber o que ela estava pensando. Balancei minha cabeça concordando com a sua pergunta. Estava faminto e tudo que cozinha me dá água na boca.
— Vamos lá pra baixo. — segurou minha mão e um choque percorreu todo o meu corpo.
Sua pequena mãozinha me arrastou até a cozinha. Eu me sentei enquanto a observava fazer panquecas, o cheiro estava delicioso.
— Seu pai não chega hoje? — diz que não, por favor!
— Não. — YES! — Acho que daqui a dois dias. Ele me ligou ontem e disse que estava com seu tio, parece que ele fez uma visita junto com os missionários na delegacia onde o Sr. trabalha.
O QUÊ? Mas que merda!
Meu tio não seria capaz de contar tudo que aconteceu para ele, seria? Engoli em seco e percebi que minhas mãos estavam apertadas sobre a mesa, quando as tocou.
— Por que ficou tão tenso? — ela me perguntou.
— Nada. O cheiro está delicioso. Já podemos comer? — perguntei, olhando para os pratos na pia.
— Sim.
nos serviu as panquecas e comemos.
— O que vai fazer hoje? — eu esperava que ela dissesse que nada, eu queria levá-la para conhecer um lugar.
— Arrumar a casa. — ela respondeu e eu olhei ao redor.
Não tinha nada para ser limpo. A casa estava impecável.
— Vou te levar a um lugar hoje. — disse, acabando de comer minha panqueca.
Olhei o relógio de parede que estava a cima da geladeira e pude ver que já passava das duas da tarde. Como pudemos dormir por tanto tempo?
— Dormimos muito. — ela disse, quando percebeu que eu estava encarando os ponteiros.
— Sim. Vá se arrumar. Vou até a fazenda me trocar, fazer alguns trabalhos por lá e volto para te buscar. — enquanto eu dizia me levantando, me lembrei que eu não tinha vindo de moto.
me encarava.
— Você viu meu celular? — perguntei.
Ela se levantou e caminhou até a sala de estar. Logo voltou com o aparelho na mão.
— Você é um anjo. — sorri pra ela e peguei o celular.
Havia várias mensagens, entre muitas, uma de Tris. A abri rapidamente. Ela poderia estar com a minha moto!
"Pedi para Russel deixar sua moto onde te deixei. Talvez pela manhã ela já esteja aí. Não se preocupe, Russel pilota bem. Ah, já ia me esquecendo. Boa sorte com a virgenzinha, você parecia louco por ela. Se ela não te querer, já sabe onde me encontrar"
Bloqueei o celular e olhei para , que estava me encarando apreensiva. O horário da mensagem era de quatro horas da manhã. Corri até a antiga varanda de madeira na entrada da casa. Eu tentava não me contorcer quando me lembrava que alguém pilotou a minha moto. Assim que pisei na grama, avistei ela lá. Perfeita. Sem arranhões e parada bem na porta da casa. Ufa! Respeitei aliviado. Corri até ela e a abracei.
— Fico feliz que está bem! — escutei os risinhos de atrás de mim e me virei. — Do que está rindo? — perguntei sério.
— Do jeito que trata uma moto. Você é muito materialista. — ela cruzou seus braços sobre si e me encarou firmemente. Eu queria agarrá-la.
Me levantei, afastando da moto e dei grandes passos até . Ela não recuou. Segurei seu pescoço e a observei. Ela é tão linda! Mordi levemente seu lábio gordinho e a beijei rapidamente.
— Vá se arrumar, minha menina. — toquei a ponta de seu nariz e me afastei dela. — Te busco mais tarde.
Eu não queria ficar longe de nem por um só segundo. Será que isso é paixão? Ela sorriu pra mim e correu para dentro de casa. Me virei com um grande sorriso no rosto. Que felicidade é essa? Nunca me senti tão vivo! Subi em minha moto e parti em direção a fazenda.
CAPÍTULO 26 – PARTE I
Meus pés já estavam doendo de tanto esperar em pé na varanda. havia dito que não demoraria, mas eu tenho quase a certeza de que estou aqui há mais de duas horas. Será que aconteceu alguma coisa com ele no caminho? Todos os tipos de pensamentos rodeavam a minha mente até que percebi que havia um garoto me encarando no meu gramado. Eu acho que já tinha o visto nos domingos na igreja. Se eu não estiver errada, o nome dele é e ele sempre pede orações pela mãe doente. Por que ele estaria me encarando? E o que ele está fazendo na porta da minha casa? Antes que eu me movesse ele se aproximou de mim um pouco tímido, mas com um pequeno sorriso no rosto.
— É seu nome, certo? — ele disse com as mãos nos bolsos.
— Sim, sou eu. Você está procurando pelo meu pai? — perguntei um tanto tímida. Ele nunca tinha falado comigo.
Apesar da aparência triste, talvez pelo fato de ter amadurecido mais do que os outros meninos da idade dele por ter que cuidar da mãe doente, ele era bem bonito. Cabelos loiros cortados sutilmente perto das orelhas, olhos verdes e sobrancelhas grossas. O fino queixo e a barba por fazer me deixava um pouco pensativa.
— Não, eu não estou procurando pelo Pastor. Eu sei que ele está fora da cidade. — ele sorriu pra mim.
Por que ele está sorrindo?
— Se não está procurando pelo meu pai, por que está na porta da minha casa, então? — perguntei curiosa.
— Eu só estava passando pela rua...
O garoto da minha idade parou de falar e passou a mão nos seus cabelos, parecendo um pouco envergonhado.
— Está com algum problema? — perguntei preocupada, enquanto descia as escadas de madeira da varanda e me aproximava dele.
— Não.
O silêncio se tornou a trilha sonora daquele momento. Ficamos nos encarando por alguns segundos até que ele decidiu falar.
— Meu nome é , me desculpe por não me apresentar. — ele estendeu sua mão e eu rapidamente a peguei.
— Prazer, . Eu sou a .
— É, eu sei...
O silêncio constrangedor tomou conta novamente e aquilo estava bem estranho.
— Bom, eu preciso ir. — ele disse olhando para mim.
Eu apenas sorri.
— Foi bom conversar com você, . — começou a se distanciar e eu levantei minha mão para me despedir dele. — A propósito, você está linda!
Ai meu Deus! Eu preciso aprender a não ficar vermelha quando me elogiarem.
— Uh... obrigada! — disse um tanto sem jeito.
— Quem é esse idiota? — a voz de entrou diretamente em meus ouvidos.
— ! — quando me virei para olhá-lo, ele estava praticamente mastigando com os olhos. Ele iria devorá-lo!
— Esse é o , ele vai à Igreja. Ele apenas estava passando por aqui e resolveu me cumprimentar.
caminhou até o meu lado e me entregou um capacete. estava um pouco assustado e eu estava me irritando com esse jeito violento de .
— Vamos? Estamos atrasados. — ele me disse, enquanto virava as costas para .
Eu afastei o corpo de para o lado para que eu pudesse vê-lo.
— , me perdoe pela grosseria do meu... é... amigo. Esse é . — eu disse, apontando para o grosso ao meu lado.
— E aí? — disse com um aceno de cabeça.
— Tudo bem? — perguntou com um sorriso fraco.
— Agora podemos ir? — a voz de soava um tanto nervosa.
Coloquei o capacete na minha cabeça e me dirigi até o garoto que me encarava.
— Me desculpe por sair assim, volte depois. Meu pai vai adorar te ver por aqui, ele sempre fala muito bem de você! — dei um sorriso amigável e caminhei até a moto.
se despediu com um aceno e saiu dali rapidamente.
Enquanto eu subia desajeitada na moto, se aproximou com uma cara fechada e me deu uma pequena ajuda para subir. Ele soltou uma risada baixa que estava presa quando eu quase caí para o outro lado.
— Você ficou com ciúmes? — perguntei, enquanto ele subia e colocava meus braços ao redor da sua barriga por debaixo da sua jaqueta.
— Não.
O barulho alto da moto cessou qualquer tipo de conversa que poderíamos ter ali. Eu não sabia pra onde ele estava me levando e eu nem sequer me lembrei de perguntá-lo. Gritei sobre o seu ouvido e ele me disse que era surpresa. Estávamos em uma estrada já fora da cidade, não havia muitos carros por ali e parecia um pouco deserta. Longos minutos depois, avistei uma casa que parecia ser uma boate ou algo do tipo. Não acredito que ele estava me levando a um lugar assim de novo! Eu pensei que era algo diferente.
estacionou a moto na entrada do lugar e me ajudou a descer dali.
— Chegamos. — ele disse.
— Chegamos? — perguntei, desapontada.
— Sim!
— Mas... pensei que iria me levar para fazer algo diferente. — comecei a falar.
— Calma, ainda não começamos. Vamos fazer muitas coisas esta noite.
CAPÍTULO 26 – PARTE II
O bar não era o mesmo daquela vez, mas era muito parecido. É claro que ele não me levaria naquele lugar novamente, depois de todo o acontecido. irradiava felicidade. Eu olhava para o seu rosto e seus olhos brilhavam como eu nunca tinha visto antes. Sua mão direita agarrou a minha mão e ele começou a me puxar para o lado de algumas mesas. Não estava tão cheio, mas as pessoas ao nosso redor pareciam amigáveis. A música que tocava era um rock antigo e não tinha um palco com pessoas tocando e cantando, era apenas a música. Tinha algumas três ou quatro pessoas dançando timidamente no meio do bar onde não haviam mesas. continuou me puxando para o fundo do lugar, eu não disse nada. Estava curiosa com o que ele tinha pra mim esta noite, mas fiquei calada.
— Você não vai perguntar nada? — ele disse, chegando perto do meu ouvido.
Balancei a cabeça de forma negativa e deixei um leve sorriso escapar. Se ele estava querendo fazer uma surpresa, eu não iria estragar.
— Você vai gostar da surpresa! — ele gritou, enquanto puxava uma cadeira para que eu me sentasse.
— O que você vai fazer? — pronto. Meu tempo de paciência acabou. Estou curiosa demais para permanecer calada o tempo todo.
riu.
— Pensei que não ia falar nada. — logo depois de falar, ele se sentou a minha frente e começou a me olhar.
— Você está me deixando curiosa. Na verdade, eu já estou muito curiosa.
O sorriso sarcástico não saía de seu rosto.
— Eu já disse que não vou contar nada. Relaxa, você vai gostar.
O tempo passava, mas era como se só existisse nós dois ali naquele bar. Eu não sabia muito da vida de , a não ser aquelas coisas que ele me contou no dia em que atolamos na lama, mas ele me contou algumas outras coisas ali naquela noite. Descobri que ele não tinha irmãos, não que ele saiba. Apenas isso. Eram essas poucas coisas que eu sabia da vida de . Eu não me importava, só de tê-lo ali do meu lado já bastava.
A noite passou tão rápida que nem sequer me dei conta. Passamos o tempo todo dançando, conversando e comendo. Eu me diverti bastante. me fazia sentir feliz. Ainda não sabia qual era a surpresa que ele tinha pra mim, mas nesse momento eu nem me importava mais se fosse pra casa sem ganhar nada.
Nesse exato momento eu estava nos braços de . Meu rosto estava encostado nos seus largos ombros, enquanto suas mãos pousavam na minha cintura.
— . — ele disse, manso.
Respondi com um murmúrio desejando que ele não se mexesse e que aquele momento não terminasse.
— Precisamos ir.
Levantei lentamente a minha cabeça e nossos olhos se alinharam por alguns segundos. Ele segurou em minha mão e me puxou para fora.
O cheiro dela estava tão bom. Se eu não fosse tão louco por ela, não me moveria nem um centímetro naquele momento. Seus cabelos estavam dançando perto do meu rosto e o seu cheiro era de enlouquecer. Isso só me fez querer apressar a surpresa. Hoje, contei mais coisas pra ela sobre mim. Muita coisa que ninguém sabe. Não sei por que. Eu apenas quis que ela soubesse. Como naquele dia do hotel em que eu disparei a contar sobre a minha vida para a menina que eu nem sequer conhecia. é a menina que eu nunca tive, mas que eu sempre sonhei. Nunca pensei que um dia eu teria uma pra mim e agora ela é minha. Ela tem que ser minha. Só minha e de mais ninguém.
Nesse momento, enquanto eu acelerava a minha moto, suas pequenas mãozinhas estavam enroladas em meu corpo. Já estávamos quase chegando, só mais algumas curvas e lá estaria a minha casa. Minha verdadeira casa e não aquela onde tinha festas todos os dias e que diversas mulheres dormiam na minha cama. Estava levando para o lugar onde eu mais me sentia bem. Meu apartamento. Ninguém sabia dele, nem mesmo Lewis. Foi um presente do senhor Will. Sempre usei quando mais precisei. Quando me sentia sozinho. É o meu refúgio. A parte de mim que ninguém conhece se mostra ali.
Assim que minha moto parou em frente ao único prédio da rodovia, desceu cuidadosamente e olhou para o alto.
— Onde estamos? — ela disse, enquanto tirava o capacete.
— Na surpresa! — eu sorri, desligando a moto e me aproximando dela.
— Você comprou um prédio? No meio do nada? — ela perguntou tímida e confusa.
— Não, eu ganhei o prédio do velho Will. Tenho um apartamento só meu, no último andar. — encostei as pontas dos meus dedos nas costas dela e a mostrei o caminho.
não perguntou nada, apenas me acompanhou. Eu sabia que ela estava curiosa, só esperava que ela sentisse o mesmo que eu. A cada passo que ela dava, mais meu coração acelerava. Cada respiração, cada movimento, o seu cheiro, tudo me paralisava. Eu precisava dela. Agora.
A empurrei para dentro do elevador e prendi seu corpo na parede de espelho, enquanto a porta se fechava atrás de mim. Seus olhos me analisavam profundamente. Eu vi um pouco de medo, mas eu sabia que no fundo ela sentia o mesmo. A sua respiração ficou mais pesada e suas mãos caíram. Segurei seu rosto e me aproximei dela. Nossos rostos se tocavam, mas nada acontecia. Sua respiração encontrava a minha e nossos olhares perdidos procuravam por algo mais. Suas mãos subiram pelas minhas costas até encontrarem minha nuca. Seus dedos estavam entre os meus cabelos e dessa vez ela me agarrava forte. Nossas bocas permaneceram encostadas, paradas, por muito tempo. A porta já estava aberta e nem sequer percebemos. Não mora ninguém no prédio, sorte a nossa. Segurei delicadamente a cintura de e a conduzi até o meu apartamento. Estava tudo perfeito como costumava ser. Marta havia passado aqui essa semana, estava tudo muito limpo e cheiroso. Ela permaneceu sem falar nada, mas seus olhos me encaravam pedindo por algo. Ela queria mais, eu sei que queria. Tranquei a porta e a trouxe pra dentro. agora olhava encantada para todo o lugar. Ele não era grande, pequeno até, mas era realmente lindo. Tudo ali me representava. Tudo. Desde o piso até o teto. Este apartamento sou eu.
— É lindo! — ela disse segurando o ar.
Não conseguia parar de olhá-la. Como alguém consegue ser tão linda como ela? Agarrei seu rosto e ela me olhou profundamente.
— Eu estou apaixonado por você, . Completamente apaixonado.
Seus olhos brilharam. Sua boca se abriu e antes que eu pudesse piscar, ela me beijou. estava me beijando. Suas mãos corriam sobre o meu rosto e ela me apertava como se precisasse sugar tudo dentro de mim. O homem das cavernas que tenho preso em mim começou a gritar de alegria. Ela gosta de mim! O mais rápido que consegui pensar, agarrei sua cintura e a puxei para cima. Caminhei com no colo até o sofá da sala. Me sentei e coloquei seu corpo em cima de mim. Ela ainda me beijava com toda força que encontrara. Afastei seus longos fios de cabelo do rosto e a segurei junto a mim. Eu precisava dela. também queria mais, eu podia sentir. Seu corpo começou a se mover lentamente e ela apressou seu beijo. Aquilo estava ficando quente demais que eu mal conseguia respirar. Segurei seu rosto e o tirei de perto de mim. Quando eu fiz isso? Nunca! Ela parou e me olhou confusa.
— Tem certeza que quer fazer isso que está fazendo? — perguntei desejando que a resposta fosse "sim".
— Eu nunca quis tanto uma coisa como quero agora. Eu quero você, .
CAPÍTULO 26 – PARTE III
Meus olhos não piscavam por um longo tempo, eles insistiam em encarar os de . O que eu estava fazendo? Passei minha vida toda pensando que só faria todas essas coisas que fiz com com um marido escolhido pelo meu pai. E aqui estou eu. Sentada no colo de um cara. Meu coração não conseguia se controlar e o TUM-TA estava totalmente fora do ritmo. Quando o ouvi perguntar se era realmente o que eu queria, nem esperei um segundo para responder. era tudo o que eu queria. Logo estávamos nos beijando novamente e meu corpo parecia buscar por mais alguma coisa, tudo o que eu estava sentindo era novo. me carregou até um quarto. Eu pude sentir o cheiro dele ali. Nos deitamos na cama e eu comecei a desabotoar cada botão da camisa dele, enquanto isso ele percorria seu olhar por todo o meu corpo e começou a abrir o botão da minha calça. O jeito que ele me beijava me fazia sentir como se eu fosse outra pessoa, era uma sensação que não consigo explicar e muito menos descrever. Suas mãos subiram pelas minhas costas até encontrarem minha nuca. Seus dedos estavam entre os meus cabelos e desta vez eles me agarravam forte. Nossas bocas permaneceram encostadas, paradas, por um tempo.
— Você é tão linda! — a voz de invadiu meus ouvidos, quebrou o silêncio e encheu meu peito, eu estava em um sonho.
Seus olhos não paravam de fazer o caminho sobre o meu corpo e o sorriso bobo no rosto do meu homem me fez sorrir também, ele parecia estar tão feliz.
— Ainda não consigo acreditar que você está aqui comigo, eu sonhei tanto com isso. — dizia olhando para a minha boca. — E essa sua boca é tão perfeita, parece ser desenhada.
Eu não conseguia dizer nada, a única certeza que eu tinha era de que eu estava totalmente certa com a minha decisão. Eu queria sentir . Preciso. Preciso estar com ele, muito mais do que antes. Estávamos totalmente sem roupas e eu gostava do que estava vendo, era muito melhor do que eu podia ter imaginado. com cuidado se ajeitou por cima de mim e segurou o meu rosto com suas mãos. Acho que o medo estava transparecendo em meu rosto, porque ele parecia tentar me acalmar.
— Eu prometo que não vou machucá-la. — ele disse olhando nos meus olhos e se acomodando em mim. — Você é tão linda, !
Eu estava sentindo de todas as formas. Eu podia senti-lo e isso era incrível! Quanto mais ele me beijava, mais nossos corpos sentiam a necessidade de se aproximarem e se sentirem. Nossos movimentos pareciam perfeitamente cronometrados. Eu fui feita para e ele foi feito pra mim.
Meus olhos mal conseguiam se abrir, enquanto eu sentia os dedos de afastarem alguns fios de cabelo da minha bochecha. Já era dia e a luz que entrava no quarto pelas frestas da cortina fazia meus olhos quererem se fechar novamente. Essa noite não foi um sonho?
— Bom dia, lindinha. Dormiu bem? — a voz matinal de era ainda melhor do que sua voz normal, se é que isso era possível.
— Quase não dormimos essa noite. — eu ri.
— Ainda bem! — ele soltou uma risada. — Você está com fome? Posso fazer algo pra gente comer.
— Estou faminta!
sorriu e me beijou, sua boca tinha gosto de menta, mesmo de manhã. Ele se levantou e jogou sua camisa pra mim.
— Não importo se você quiser ficar sem nada, mas se estiver sentindo vergonha, pode vestir. Apesar de que não acho que sinta vergonha depois de tudo que fizemos essa noite.
Na mesma hora pude sentir minhas bochechas corarem.
— Ai meu Deus, você ainda tem vergonha de mim! Se eu não te amasse eu não sei o que seria de mim.
Ele acabou de dizer que me ama? Foi isso mesmo que ouvi?
Antes que eu perguntasse ou falasse algo, saiu em direção a cozinha calado. Ele parecia feliz, estava cantarolando, enquanto cozinhava. Vesti sua camisa e caminhei até ele, mas as palavras que havia dito ainda estava na minha cabeça.
— O cheiro está bom, não sabia que cozinhava. — falei, me sentando no balcão.
— Fui eu que criei aquele programa MasterChef, conhece?
pegou a frigideira que havia feito panquecas e as colocou sobre os dois pratos ao meu lado.
— Tem suco de laranja na geladeira, pedi à Marta que trouxesse um novinho porque os outros estavam todos podres. — ele foi me falando e pegando os garfos e a calda de caramelo.
Me levantei e peguei o suco na geladeira, olhei a data de validade e realmente estava novo. Enchi os dois copos e me sentei na cadeira bem ao lado dele.
— Eu poderia congelar esse momento e a noite que passamos juntos.
Sorri quando o ouvi dizer isso, estava prestes a dar uma mordida na panqueca e quando senti o gosto tentei não cuspir tudo na cara dele. Estava horrível!
— Gostou? — ele perguntou.
Tentei fazer uma cara agradável e balancei a cabeça concordando. Não queria entristecê-lo, então só menti. colocou um pedaço na boca e na mesma hora cuspiu longe.
— QUE HORRÍVEL! Isso tá uma merda! Como você gostou disso? — ele berrou.
Comecei a rir e cuspi também o pedaço que estava segurando na boca.
— Eu não gostei disso. — eu não conseguia controlar a risada e também não.
— Tem pizza que a Marta comeu ontem, ela deixou um bilhete que colocou as sobras na geladeira. Você quer?
Arregalei os olhos e concordei como nunca, estava faminta.
— Quem é Marta? — perguntei, enquanto ele deixava a pizza na nossa frente.
— É a moça que ajeita as coisas aqui pra mim, ela cuida da minha casa.
Ele estava faminto também, mal respondeu e já estava abocanhando um belo pedaço de pizza. Eu também não hesitei e fui logo mordendo um pedaço. Estava uma delícia.
Depois de nos alimentarmos, e eu tomamos um banho e tivemos outro momento por um bom tempo ali no chuveiro. Eu não queria ir embora.
— Podemos ficar aqui? — perguntei, enquanto nos vestíamos.
— Podemos voltar à noite, mas agora quero passar o dia com você fazendo algumas coisas. Apesar que eu estou louco pra te jogar nessa cama e passar o resto do dia aqui com você.
— Nós podemos fazer isso. — falei com um sorriso bobo.
— Não brinca comigo, !
agarrou minhas pernas e me jogou na cama, caí na gargalhada.
— Não me dê ideias, preciso te mostrar mais coisas hoje. Mais tarde voltamos, agora vamos antes que eu mude de ideia.
CAPÍTULO 27 – ALGEMADO
A volta pra casa não foi tão longa, se agarrou ao meu corpo com suas delicadas mãozinhas, como sempre faz, por todo o trajeto. Eu já tinha planejado todo o nosso dia de hoje, iria apenas pegar algumas roupas em sua casa e depois iríamos para a fazenda. Eu estava sozinho lá hoje, já que todo o resto do pessoal tinha viajado com o pastor . Depois de passar a tarde na fazenda, eu a levaria para o boliche da cidade ao lado e mais a noite ela iria no cinema pela primeira vez. Isso tudo é uma novidade pra mim, eu nunca fiz isso com nenhuma mulher. E caramba, eu estava gostando. Quando estacionei minha moto próximo a velha sacada dos Carters, tirei da garupa e desabotoei o capacete dela. Tudo estava tão feliz, ela sorria como se sua boca não fechasse mais e ela precisasse mostrar todos os seus dentes. A minha garota esticou seus braços e colocou seus dedos sobre o meu rosto. A pontinha de cada um deles deslizava na minha pele e eu queria que aquele momento congelasse, que merda, eu estou muito apaixonado!
— ? — a voz que eu odiava ouvir passou pelos meus ouvidos e me deixou paralisado.
— Papai? O que você está fazendo aqui? — se soltou de mim e caminhou para o lado do pastor, que estava parado na porta de sua casa.
— Onde você estava? E o que está acontecendo aqui?
Larguei os capacetes na moto e caminhei para o lado dos dois.
— Você fique aí! Nem mais um passo. , vá agora para o seu quarto e não saia de lá até eu ordenar!
começou a chorar e nem sequer se moveu, ela olhava pra mim e aquele olhar de medo me deixou com muita raiva.
— Vem comigo, ! — eu gritei, antes que ela se fosse.
— Quanta audácia! Não ouse se mover, suba agora! — ele gritou para a menina assustada.
— Por favor, papai. Vamos conversar. Eu estou apaixonada!
— Apaixonada? Por esse daí? Minha filha não queira me ver nervoso, suba já. Não vou falar de novo!
— Mas, papai...
— Suba!
O grito do homem furioso a minha frente ecoou por todo canto da pequena Lakewood. subiu as escadas chorando, nem sequer conseguiu olhar pra mim. Eu estava me segurando. Juntei toda a força que tinha e me concentrei em não quebrar a cara desse velho e subir para buscar a minha garota.
— Agora o meu assunto é com você! — ele começou a falar, diminuindo o espaço entre a gente.
— Sr. , podemos conversar lá dentro? Eu realmente gosto muito da sua filha. — não sei de onde consegui manter a calma e fiz sair esse conjunto de palavras educadamente.
— Nem ouse terminar de falar. O meu assunto com você é único e claro. Você nunca terá .
Aquelas palavras foram como um ferro atravessando a minha cara. Eu não podia estar mais furioso. Continuei tentando controlar a minha respiração antes que eu matasse o velho. Eu só conseguia imaginar .
— Eu aceitei te ajudar aqui, pelo seu tio, mas agora já chega! Não te quero mais por perto da minha filha. Ainda falta algumas semanas do que eu tinha prometido a Robert, mas se você colocar um pé pra fora da fazenda você vai embora! E não é só isso, se você se aproximar de , eu entro em contato com o delegado e mando te buscarem na hora! Eu sei de tudo que você fez na capital. Você é um criminoso e não vai ousar chegar perto da minha menininha.
Minha respiração já tinha sumido quando ele começou a falar. Meus olhos resistiam em não piscar e meu coração já estava saltando pela boca. O que ele estava falando? Eu não podia mais ver ? Continuei imóvel.
— Está me ouvindo? Você é um criminoso! Se aparecer novamente eu ligo para a delegacia da capital e eles te buscam na mesma hora! Você irá terminar tudo com , tudo! Deixe um bilhete falando que não quer mais vê-la e que está indo embora para o lugar que você pertence. Entregue hoje a José e ele me entregará. Vá embora antes que eu mude de ideia e ligue para o delegado.
O homem mal terminou de falar e se virou fechando a porta. O barulho da porta se batendo e logo depois o silêncio fez minha cabeça desmoronar. Subi na moto sem ao menos pensar o que estava fazendo e pilotei sem saber para onde estava indo. Cada palavra daquele carrasco ecoava em minha mente, martelando coisas cruéis. Eu nunca senti o que estava sentindo agora. Meu peito queimava e ardia. Era como se eu estivesse sendo apunhalado. Eu preciso dela, preciso de !
A luz brilhante do meu celular me mostrava que já era um pouco mais de cinco da manhã. Eu tinha acabado de chegar e despenquei na cama. Não lembro de mais nada dessa noite, só lembro de ter ido pro bar. O primeiro que vi na estrada. Só saí de lá quando o dono me disse que precisava fechar e me expulsou. Minha cabeça estava girando e eu mal conseguia abrir os olhos. A porta se abriu lentamente e José entrou assustado.
— , vi que você chegou, preciso pegar a carta. O pastor me pediu para levar pra ele ontem à noite, mas eu passei o dia todo sem te ver. Por onde você se meteu? Fiquei preocupado.
Sem me mover ou sequer dirigir meu olhar para José, falei:
— Preocupado comigo? Quem fica preocupado com um lixo como eu? Ou melhor, com um criminoso!
— Do que você está falando, rapaz? Sabe que todos nós da fazenda somos muito preocupados com você. Agora preciso da carta, estou indo para a cidade.
— Não fiz e nem vou fazer carta nenhuma! Eu amo a , entendeu?
José caminhou para mais perto de mim.
— Você está bêbado! É melhor tomar um banho frio e beber muita água. O dia já está amanhecendo e você precisa trabalhar.
José tentou me levantar da cama e eu comecei a me debater.
— Vai embora! Me deixa! Eu não vou escrever carta porcaria nenhuma. Pode falar pro velho que eu vou casar com a filha dele! Só vou dormir e depois vou lá naquela casa buscar a minha menina.
Ele arregalou os olhos e saiu do quarto balançando a cabeça.
A luz que batia na minha cara e a voz grossa gritando pelo meu nome me fizeram acordar.
— Anda! Seu merda! Não acredito que você me fez passar por essa vergonha. Pensei que tinha deixado de ser idiota! Levanta logo dessa porcaria de cama!
Meu tio estava aqui? Sim, ele estava. E muito furioso.
— O que está acontecendo? — falei, enquanto estava sendo arrastado para fora.
— Junte todas as suas coisas, você vem embora comigo agora mesmo. O delegado está esperando no carro.
O QUÊ?
Eu só podia estar sonhando.
— Tio Robert? O que você está fazendo aqui?
— Recebemos uma denúncia, temos que te levar pra delegacia. Vira que eu vou colocar as algemas em você. , você está sendo preso, e sabe todas as baboseiras que tenho que te falar porque você já foi preso mais de uma vez. Nada fora do comum. Agora entra na viatura sem escândalos.
Quando as algemas se fecharam nos meus punhos eu percebi que não estava sonhando. Eu estava sendo preso.
CAPÍTULO 28 – CADÊ ELE?
Passei o dia todo tentando fazer com que meu pai me levasse até . Eu não sabia o que eles tinham falado, mas eu sabia que boa coisa não era. tinha saído bem bravo com a sua moto e papai bateu a porta da sala com força, ele nunca faz isso. Ele nem sequer me deixou sair do quarto ontem e eu passei o resto do dia e da noite chorando. Acordei com os olhos inchados e o nariz entupido, quase não dormi essa noite e minha cabeça estava começando a doer. Desci as escadas correndo esperando que papai estivesse tomando seu café e me levasse até a fazenda. Fui até a cozinha, mas não tinha ninguém lá.
— Papai! — gritei. Nenhuma resposta. — Papai! Está em casa?
— Estou no escritório. — ele gritou do segundo andar.
Subi correndo desejando que ele estivesse acordado contente hoje. Assim que abri a porta, a cara fechada que ele sabia muito bem fazer estava bem a minha frente.
— Eu não a deixei sair do quarto.
— Eu não tenho mais idade pra ficar de castigo. — meu Deus! Eu nunca disse isso pro meu pai.
— O que foi isso, ? O que está acontecendo com você? É aquele menino, né? Aquele pecador! Ainda bem que ele já foi embora.
Papai se levantou da cadeira e começou a caminhar bravo em minha direção. O que ele tinha acabado de dizer? Meus ouvidos se fecharam como se eu estivesse em uma bolha e nada mais passava dentro deles. A boca do meu pai se mexia, mas eu não ouvia som. O que ele disse?
— ! ! — meu pai me sacudia como se eu estivesse morta.
— O que você disse? — consegui dizer depois de uma respiração profunda. — O que você disse sobre ?
— Eu disse que ele é um pecador!
— Não! Depois. O que você disse?
— Que ele foi embora? — Papai cruzou os braços e ficou me olhando. — Graças a Deus! O tempo dele aqui já tinha passado e ele quis voltar para a faculdade.
As palavras que saíam da boca dele nunca me machucaram tanto. Não podia ser verdade. Não consigo acreditar que me deixou depois da noite que tivemos. É impossível. Ele disse que estava apaixonado por mim.
— Você está mentindo pra mim! — eu disse, enquanto algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto.
— O que você disse, mocinha? — meu pai perguntou bravo.
— nunca iria me deixar. Estamos apaixonados! — gritei aos prantos.
— Você já está passando dos limites, ! É melhor ir para o seu quarto antes que se arrependa do que está dizendo.
Papai começou a caminhar até a porta do seu escritório e apontou para fora, me fazendo sair.
— Vamos! Para o quarto, agora.
Eu não estava entendendo. não faria isso comigo, faria? Ele disse que eu era diferente, que estava apaixonado.
— Me leve até , papai. Por favor! Eu o amo.
Antes que eu terminasse de falar qualquer outra coisa, senti o calor no meu rosto. A mão pesada de meu pai bateu contra a minha bochecha esquerda. Fiquei parada tentando fazer a dormência passar e tentando não imaginar que o homem que eu tinha me entregado e que estava totalmente apaixonada, tinha me deixado.
— Oh, meu Deus, ! Olha o que você me fez fazer! Não diga isso nunca mais! Ele não presta e já foi embora. Ele já te esqueceu como faz com todas as outras. Vá logo para o seu quarto antes que isso aqui piore.
Meu pai nunca havia me batido, mas as palavras que ele acabara de dizer doeram muito mais do que a bofetada. Eu não sei o que aconteceu, mas quando eu acordei já estava anoitecendo e meu pai batia na porta do meu quarto.
— , se arrume para irmos à igreja. Vou agora mais cedo para terminar de preparar a palavra, mas daqui meia hora quero ver você no banco da frente.
Eu não queria pensar em . Na verdade, eu não queria acreditar no que havia escutado de meu pai. Sem vontade e sem força de fazer nada, caminhei até o banheiro e me arrumei depressa. Eu me entreguei para ele, eu me entreguei.
O culto já havia acabado, mas como sempre espero que todas as pessoas miseráveis e falsas possam ir até o meu pai contar das suas vidas medíocres e pedir ajuda a ele, estava sentada em um dos bancos esperando por ele. Uma mulher chamada Joane e seu marido Bill, estavam em pé conversando com meu pai bem a minha frente. O filho do casal, , também estava parado ao lado deles. Me lembrei do dia em que ele estava parado na porta da minha casa me encarando. Ele parecia ser um cara legal, mas bem estranho.
— , venha aqui minha filha. — meu pai me chamou por mais de três vezes até que me levantei e caminhei até eles.
— Quero que conheça o , filho de Bill e Joane.
— Eu já o conheço, ou o senhor já se esqueceu que fomos criados nessa igreja? — eu disse, não muito contente.
Meu pai ficou sem graça. Eu podia ver a vergonha em seu rosto. O casal a minha frente me olhava como se eu fosse algo de outro mundo e o menino parecia segurar o riso.
— Ora, minha filha. — ele dava risadas envergonhadas — Eu sei bem disso, mas quis dizer que quero apresentá-los. E pelo que Joane estava me dizendo, irá começar a faculdade semana que vem. Você pode ajudá-lo!
Dei um sorriso sem graça e me virei indo me sentar no banco novamente. Eu sabia muito bem o que meu pai estava fazendo e eu não queria participar disso. Passei direto pelo banco e decidi não me sentar, eu iria esperá-lo lá fora bem longe disso tudo. Pouco depois o garoto apareceu.
— Me desculpe por tudo aquilo. Meus pais te acham uma menina maravilhosa. Todos os dias depois do culto eu só escuto falar de você lá em casa. — tinha uma voz tranquila, mas parecia um bobão.
— Não acho que vão falar bem de mim depois de agora.
— Também acho que não. — ele riu, mas eu continuei séria. — Se você quiser fazer algo algum dia, pode me mandar uma mensagem.
me entregou um papel dobrado e eu só enfiei no bolso do meu casaco.
Escutei a voz do meu pai vindo acompanhado dos pais de e logo fomos embora. No caminho eu não disse nada, mas tudo o que eu consegui ouvir foi papai falando sobre o garoto e de como ele é um bom rapaz. Eu não queria saber de nada disso, eu só queria que ele estivesse mentindo sobre . Eu precisava vê-lo.
— Preciso ir na fazenda, o senhor está indo pra lá agora? — perguntei quando chegamos em casa.
— Sim, vou levar alguns remédios para José. Você quer ir?
Por que ele estava me chamando para ir? Ele não me queria longe de ? Será que era então uma verdade? havia ido embora?
O caminho até a fazenda foi silencioso, exceto pelo rádio ligado o tempo todo, tirando isso não foi possível ouvir uma palavra sequer das nossas bocas. Assim que o carro estacionou corri até o celeiro e ele estava vazio. Fui até o pasto e não havia ninguém lá.
— Onde está ? — gritei para que todos me ouvissem. Ninguém disse nada.
Então eu corri para trás do celeiro onde ele acostumava ficar no seu tempo livre e encontrei sua moto lá. Uma pontada de alegria correu por todo meu corpo. ainda está aqui! Voltei para onde Judi, José, Stone e meu pai estavam.
— Onde ele está? O que vocês estão escondendo de mim? está aqui!
Judi veio até mim tentando me abraçar e segurando as lágrimas me disse:
— Ele se foi, querida.
— Não! — eu gritei me afastando. — Impossível! A moto dele está aqui, nunca iria sem sua moto. Vocês estão mentindo pra mim! A moto dele está aqui! Até a chave ele deixou na ignição.
Judi começou a chorar e correu para casa. Eu estava no meio da fazenda, gritando, pedindo alguma explicação e ninguém falava ou fazia nada. Era apenas meu pai, Stone e José me olhando como se eu fosse louca. Continuei gritando quando vi José se aproximar do meu pai e dizer algo para ele.
— José, você sabe de algo?
— Pastor ...
Ele olhou para o meu pai como se soubesse de algo.
— É melhor contar para a menina.
— O quê? Contar o quê? — perguntei desesperada.
— Contar que o imbecil foi embora sem dar satisfações? Eu já disse isso a ela! Diga, José, diga que ele foi embora. — meu pai gritou.
José ficou calado me olhando. Tinha algo de errado nisso. Caminhei até ele e chorando perguntei:
— foi mesmo embora? Sem sua moto?
— Sim, senhorita. O garoto foi embora ontem mesmo. Às pressas. Nem sequer deu alguma satisfação. Sinto muito.
Eu engoli em seco e José subiu as escadas da casa balançando a cabeça em negação.
Me sentei no chão de terra e chorei. Chorei por ter sido burra ao ponto de me entregar para o cara que me enganou e me tratou como uma outra qualquer. Uma parte de mim queria acreditar que havia acontecido algo, pois até a sua moto ainda estava aqui e nunca a deixaria, mas outra parte gritava me chamando de idiota. Eu já sabia desde o início com quem estava me metendo.
CAPÍTULO 29 – EU IRIA VER
Duas semanas sem ter nenhuma notícia de . Eu nunca fiquei assim, impotente. Sem saber o que fazer ou simplesmente o que sentir. Não sabia se sentia raiva por ele ter me deixado ou saudade de não tê-lo mais por perto. me despedaçou. Mal deixei meu quarto nesses últimos dias, mas quase todos os dias vinha me visitar. Não sei por qual motivo. Talvez fosse pela enorme disposição de papai tentando fazer com que nos apaixonássemos e casarmos. Talvez ele esteja vindo me visitar pelo simples motivo de ser obrigado pelo pastor da sua igreja a vir me ver. Ele é um menino legal até. Educado, sempre traz algo pra mim, como flores e chocolates. Ele não sabe como eu odeio receber flores. sabia. Gosto das flores do jeito que são, enraizadas no chão, onde elas têm que ficar. Sempre quando aparecia no meu quarto, carregava um sorriso tímido no rosto. Aos poucos ele foi ficando por mais tempo. Nos primeiros dias ele simplesmente me entregava os presentes, perguntava se eu estava bem e logo ia embora. Hoje ele já fica quase uma hora conversando comigo. Até que passar um tempo com está sendo legal. Já disse pra ele que nossa relação não vai ser nada além de amizade, ainda amo e sou incapaz de deixá-lo agora.
— Está animada pra volta às aulas? — ele me perguntou, se sentando na beirada da cama.
— Nem um pouco.
O silêncio tomou conta do quarto, isso acontecia às vezes.
— Papai me disse que você vai começar a estudar Veterinária lá também, vai ser o meu calouro então? — tentei quebrar o gelo. Pela primeira vez eu estava querendo puxar algum assunto com ele.
— Ah, eu ia te contar isso hoje. Fiz a minha matrícula, estou bem animado. O bom é que a Universidade é próxima daqui, dá pra fazer igual você, ir e voltar todos os dias.
Ele me deu um sorriso sincero. Parecia empolgado.
Nossa universidade era bem perto mesmo, na cidade vizinha, e eu sempre fazia o percurso em quarenta minutos ou menos.
— As aulas começam na segunda.
— Sim. — falei desanimada.
— Você vai no culto amanhã? Já tem duas semanas que não te vejo lá.
Amanhã já era domingo de novo?
— Acho que não vou.
Não estava querendo ouvir os sermões de papai, eu já os ouvia aqui praticamente todos os dias. Meu relacionamento com todos estava bem distante, inclusive com Deus. A única coisa que eu sabia pedir a Ele era que fizesse com que voltasse pra mim.
— Uma pena. — ele se levantou e olhou para a janela. — Fui outro dia na fazenda com seu pai. Vi a moto dele lá. — por que ele estava falando de ? — Você sabe pilotá-la?
Fiquei alguns segundos pensando o que ia falar e se iria falar algo.
— Não. Ele não deixava ninguém pilotar. — respondi seca.
— Humm. Por que você não aprende? Assim vai poder levar de volta pra ele.
Em um pulo me levantei da cama e fiquei bem na frente de .
— Você não acha que se ele quisesse me ver já teria buscado sua moto preferida? Alguma coisa aconteceu, ele nunca a deixaria.
— A moto eu entendo, mas você? Quem te deixaria? — encostou a palma de sua mão direita em meu rosto e eu me esquivei. Qual era a dele?
— O que está fazendo? Eu já te disse que não vai acontecer nada entre a gente.
— Calma, eu não fiz nada. Só quis dizer o quanto esse cara é idiota por ter te deixado.
— Não fale mais de ! É melhor ir embora. Quero ficar sozinha.
sem dizer nada, caminhou até a porta e depois parou ainda de costas pra mim.
— Me desculpe, eu não quis te deixar triste.
Eu já não o via mais no meu quarto depois de suas palavras. O que ele tinha na cabeça ao falar aquelas coisas? A maior loucura foi ter falado pra aprender a pilotar a moto de . Se fosse pra aprender, teria que ser com o dono dela, mas não existe mais na minha vida. Ele me deixou. Por mais que eu queira acreditar que algo aconteceu e ele ainda me ama de verdade, minha cabeça estava me enchendo com pensamentos negativos sobre ele. Mas algo ainda me dizia que nunca me deixaria, não depois da noite que tivemos. O resto do dia foi igual a todos os outros. Eu deitada na cama, papai me levando comida, quase não tocava nela e depois voltava a dormir. Eu sabia que meu velho estava preocupado, mas também sabia que tudo que ele queria aconteceu: foi embora, pra bem longe de mim. Então ele estava feliz.
No outro dia, apareceu abrindo as cortinas e deixando o sol me acordar. Eu não sei quando dei essa intimidade pra ele, mas comecei a perceber que estávamos bem próximos ultimamente e eu estava gostando de tê-lo como amigo.
— O que você está fazendo? — eu disse, tentando ajustar meus olhos a claridade.
— Hoje é nosso último dia de férias! Vamos nadar no lago. Estou com o carro do meu pai, trouxe comida pra gente fazer piquenique lá. Anda, ! O dia está lindo.
Não sei como ele estava tão animado assim logo cedo, mas por algum motivo eu estava um pouco empolgada em sair de casa. Ele me esperou lá embaixo e eu me arrumei depressa. O caminho até chegarmos a fazenda não foi nem um pouco falante. Não falamos nada. Era apenas nossas respirações e a música chata que tocava no carro. O dia estava realmente lindo e muito quente. Lembrei da última vez que nadei no lago com . Nos divertimos tanto. Segurei a vontade de chorar o máximo que consegui. Quando vi Judi ela correu para me abraçar e me encheu de perguntas. Disse que eu estava magra demais desde a última vez que me viu, também me achou abatida. Ela logo nos deixou sozinhos e voltou para a casa onde estava fazendo seu trabalho.
— Vou pegar as coisas no carro e colocá-las na grama. — gritou, enquanto eu caminhava rumo ao celeiro.
A figura baixinha do homem que eu conhecia desde quando tinha dois anos apareceu na porta.
— José!
Corri para abraçá-lo e ele me retribuiu o abraço quente.
— Como você está magra, menina!
— É o que todos estão dizendo.
Antes que ele falasse qualquer coisa, já abri minha boca e o enchi de perguntas.
— voltou aqui? Teve alguma notícia dele? Tem certeza que ele não disse nada antes de ir embora?
José ficou calado por um tempo e me deu outro abraço. Eu não queria chorar, mas senti algumas lágrimas escorrendo nas minhas bochechas.
— Ah, menina. Isso acontece na vida da gente, às vezes é melhor deixar pra lá.
Eu estava com raiva de todos. Estavam me escondendo alguma coisa, eu sentia. Antes de me soltar do abraço de José, vi um pano que cobria algo alto atrás do celeiro. Era a moto. Me afastei dele e tirei o pano que a cobria. Ela estava lá, do mesmo jeito que a vi, limpa e com a chave. Ele tinha lavado a moto, não fazia sentido. No mesmo instante, joguei o pano branco longe e gritei por . José ficou me observando de longe e veio correndo, preocupado.
— Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou assustado.
— Você sabe pilotar? — perguntei.
— Sim. Meu pai tem uma e me ensinou, mas nunca nem subi em uma dessas.
— Você não vai subir, quem vai subir nela sou eu! Quero que me ensine. Podemos vir todos os dias antes das aulas e eu te dou carona pra universidade.
José não estava mais lá, era só eu, e a moto de .
aceitou me ensinar a pilotá-la. Eu tinha planos pra isso, iria devolver sua moto o mais rápido possível. Eu iria ver !
CAPÍTULO 30 – A FESTA
Já tinha mais de uma semana que minhas aulas haviam começado e estava me ensinando a pilotar a moto de . Aquilo era pesado pra caramba e difícil de lidar, mas logo eu já podia pilotá-la. Mais uma semana sentindo falta dele. Mais uma semana pensando que o cara que disse que me amava me enganou. Nossa vida em casa estava voltando ao normal, eu estava saindo do quarto aos poucos e minhas conversas com papai estavam ficando cada vez maiores. Quando chegou em casa para me levar até a fazenda, eu o arrastei até a varanda de casa onde papai não pudesse nos ver e falei baixinho.
— O que acha de embarcar em uma aventura comigo hoje?
Ele ficou confuso e colocou a mochila na cadeira de balanço.
— Do que está falando?
— Vou até a cidade de . Planejo encontrar com ele em sua casa. Eu invadi o escritório do papai e os documentos dele ainda estavam lá arquivados. Achei seu endereço da capital.
— Você está louca? — ele disse caminhando de um lado para o outro.
— louca? Isso é novidade. — a voz de Lana, minha amiga da faculdade, invadiu meus ouvidos e eu sorri, correndo para abraçá-la.
— O que está fazendo aqui? — perguntei curiosa.
Lana tem sido minha única amiga na faculdade por anos, agora que está estudando lá estamos nós três juntos. Ela mora muito perto da universidade, por isso estranhei de vê-la aqui.
— Ué, esqueceu que me convidou pra ir conhecer o seu amor secreto de verão?
— Convidei? — perguntei confusa. Eu mal tinha contado a ela sobre .
— Claro! Você começou a me contar sobre o garoto e depois disse "vou até a casa dele amanhã quando meu pai estiver fora".
— E cadê o convite nessa frase? — perguntou atrás de nós.
— Na verdade eu me convidei. Me senti mais que convidada para ir com você. Já fiquei chateada por você não ter nem sequer me mandado uma mensagenzinha falando sobre... Qual é o nome dele mesmo?
— É . — falei rindo.
Lana era engraçada e eu amava passar um tempo com ela.
— Foi o que eu disse! Agora vamos que temos pouco tempo.
balançava a cabeça como se não concordasse com isso. Entramos na sua caminhonete e ele dirigiu devagar por todo o caminho e isso fez com que demorasse mais do que o normal. Lana e eu fomos cantando a estrada toda. Dava pra ver escrito na testa de que ele só queria pular fora do carro e esperar que um caminhão passasse por cima dele. A capital não era tão longe como eu imaginava, mas já era noite e a quantidade de luz que iluminava as ruas cheias fazia meus olhos brilharem. Com o endereço bem anotado, Lana colocou em seu GPS e seguimos as instruções corretamente. Chegamos em um subúrbio nobre. As casas eram enormes! Exatamente como eu via pela TV. Eu estava encantada até com os postes de eletricidade. O número da casa de dava pra última mansão da rua e se estivesse mesmo certo estava tendo uma baita de uma festa lá.
— Sabia que eu não viria aqui por nada! UHUL!!! — Lana gritou empolgada, enquanto abria as janelas do carro.
— Tem certeza que é essa a casa? — perguntou apreensivo.
— É o que tá escrito no papel, bobinho. Vamos lá nos divertir! — Lana colocou a cabeça pra fora do carro e cumprimentou alguns rapazes que estavam no gramado da casa.
Ela era uma menina muito bonita. Com seus vinte e um anos esbanja beleza e simpatia. Seus longos cabelos loiros fazem qualquer garoto prender toda a atenção nela. Seus olhos azuis cor de piscina eram acompanhados de enormes cílios loiros e sua boca cheia e rosada era o desejo de qualquer mulher.
— Nem pensar! Vocês ficam aqui no carro, enquanto vou procurar por ele. Por favor, não saiam daqui. — abri a porta do carro e mal ouvi eles reclamarem sobre eu ir sozinha ou não aproveitarem a festa.
Eu estava me sentindo fora do mundo ali. Meu vestido azul que dava quase nos joelhos era um pedaço de pano de chão se comparado as roupas que as garotas dali usavam. Vestidos vermelhos, muita maquiagem, salto alto e cabelos exuberantes. Nada nessa festa fazia sentido pra mim. Uma garota passou na minha frente, me olhou com desgosto, riu e derrubou um copo de bebida em mim. Estavam todos bêbados. Ela fingiu se desculpar, mas eu sabia que tinha sido de propósito. Não liguei. Afinal, meu único propósito aqui era achar . Depois de dar várias voltas pelo primeiro andar da casa e tentar parar algumas pessoas para perguntar sobre ele e nenhuma delas responder com palavras que faziam sentido, resolvi subir as escadas e procurar pelos quartos. Isso não era . Não parecia a vida que ele levava. Eu estava assustada. De repente senti duas mãos firmes segurarem a minha bunda e me prenderem debaixo de um corpo forte e suado contra a parede. O cara usava uma jaqueta colegial e tinha muito bafo de cerveja. Ele segurou o meu rosto com uma mão e com a outra continuou apertando a minha bunda com muita força. Eu tentei me soltar dele, mas era como se eu estivesse lutando contra um trator.
— Nunca vi essa gatinha por aqui. Carne nova é sempre bom apreciar. Já que está aqui em cima disponível pra mim, vamos entrar nesse quarto que deve estar vazio pra eu poder lamber os seus peitinhos.
Quando ele disse isso, meu coração pareceu parar de bater e toda a força que eu tinha dentro de mim sumiu. Era como se a minha alma tivesse ido embora e meu corpo tivesse sido preenchido por blocos de concreto. Tudo o que eu conseguia expressar era medo. Não consegui gritar. Não consegui sair debaixo dele. Com aquelas mãos nojentas, ele me empurrou contra a porta e a abriu com um dos pés. Ele começou a beijar o meu rosto, me deixando toda babada. O que seria de mim agora eu não sabia, mas quando ele tocou a minha boca foi como se algo em mim tivesse acendido e eu lembrei de que o único homem que tinha me tocado ou me beijado era e eu não podia deixar que esse doente me tocasse. No mesmo instante, juntei a pouca força que me restava e chutei as bolas dele. Ele me soltou na hora e eu gritei tentando fugir, mas ele segurou a minha perna.
— Desgraçada! Eu sei que você quer.
Enquanto ele me puxava eu só conseguia gritar. Quando comecei a querer desistir e chorar, a porta se abriu e um cara apareceu. Ele viu o que estava acontecendo e correu para cima do homem que me segurava. Sua mão bateu em cheio o rosto do nojento e ele me soltou.
— Que porra é essa, Hills? — ele gritou, enquanto chutava as costas do grandalhão.
— Ela queria! Não fiz nada sem a vontade dela!
O quê?
Eu comecei a chorar assustada e só queria que o estivesse ali para me abraçar.
— Eu quero o . Por favor, me leve até ele!
Entre os soluços e o choro consegui dizer e o garoto que me salvou arregalou os olhos me encarando.
— Você é a ?
Depois que eu disse que era , Lewis me levou até um quarto silencioso onde não tinha ninguém. Ele queria acabar com a festa, mas eu disse que não precisava, que eu só queria encontrar . Coincidência ou não, quem me salvou de algo pior foi o melhor amigo do cara que eu estou completamente apaixonada e não conseguia esquecer. me falou um pouco sobre ele e tudo o que eu conseguia ver nos seus olhos coloridos era curiosidade. Ele estava surpreso por me ver ali e provavelmente estava se perguntando o motivo da minha presença.
— Como sabia quem eu sou? — perguntei, depois de dar um gole na água que ele havia trago.
— É simples! não parava de falar sobre você e eu decorei cada pedacinho do seu corpo.
Fiquei vermelha na hora. Então ele falava de mim para o amigo! Eu sabia que não tinha sido uma mentira.
— Cadê ele?
— O desgraçado do ? — ele riu.
Não entendi por que ele chamava seu melhor amigo assim.
— Olha, eu acho melhor você ir pra casa.
— O quê? Eu viajei até aqui atrás dele. Onde ele está? — deixei o copo na mesinha ao lado e me levantei nervosa.
— Você precisa de carona para voltar pra casa? Se quiser eu posso te levar.
O que ele estava falando?
— Chame ! Eu já disse que preciso dele.
— Olha, lindinha. Não queria te magoar, mas já que não vai desistir vou te falar. O não quer saber mais de você. Além do mais ele já está com outra pessoa.
O quê? Eu estava tonta e tive que me segurar para não cair. Não podia ser verdade. Por que todos insistiam em mentir pra mim?
— Quer que eu te leve pra casa? — ele me segurou.
— Me solta! Você está mentindo pra mim! Ele disse que me amava.
— disse que te amava? — ele deu algumas gargalhadas e eu só queria chorar. — não ama, ele destrói.
Nesse momento foi como se tudo que existisse em mim tivesse sido quebrado, queimado e destruído. Realmente, destruiu a minha vida.
Saí do quarto cambaleando e juntando a pouca força que eu tinha para me manter em pé e afastar as pessoas que passavam na minha frente. Fiquei confusa tentando encontrar o carro de , mas vi Lana correndo em minha direção. Eu desmaiei. Literalmente. Que bom que os braços compridos de Lana me seguraram antes que eu caísse no chão.
CAPÍTULO 31 – PRECISA SABER DISSO
Meus dias estavam mais do que monótonos desde quando voltei da casa de . Ultimamente venho tentando não pensar nele ou em tudo que Lewis disse pra mim. Basicamente eu tenho acordado, ido pro meu estágio, visitado meu pai e depois vou pra faculdade. e Lana são tudo que tenho agora e eles têm feito o impossível pra me tirar da cama. Lana não para um minuto de me checar, enquanto estamos na aula de anatomia.
— Você tá bem mesmo? Está pálida há dias! — ela me cutucou e falou baixinho.
— Eu já disse que estou bem, Lana. Agora é melhor você parar de conversar comigo, antes que a Sra. Clarke reclame.
— Tá bom, mas antes, hoje vamos na festa do Carl né? Ele te chamou! Você sabe o que significa isso? — ela disse empolgada demais.
— Não estou querendo festa nenhuma, ainda mais do Carl.
— O quê? Como assim? Para com esse luto como se alguém tivesse morrido! Já chega! Aquele imbecil te largou sim! Te trocou por outra sim! Mas você ainda tá viva! Acorda, !
— Não precisava ter falado assim.
Me levantei para sair da sala e antes que eu conseguisse passar pela porta, a Sra. Clarke gritou.
— Isso mesmo, . Saia as duas da sala e vão resolver a relação amorosa de vocês bem longe da minha aula!
Quando olhei para trás Lana estava correndo atrás de mim e eu não queria falar nada com ela agora, então corri. Corri para o laboratório onde eu sabia que estava. Eu precisava do meu amigo.
— Já tem dois meses, .
A voz de soou como uma batida na minha cabeça. Quando o tirei da aula pensei que ele fosse me ajudar, não agir como a Lana.
— Acho melhor eu ir pra casa, não estou me sentindo muito bem.
— Você parou de se alimentar de novo? — parecia muito preocupado.
Estamos passando mais tempo juntos do que eu imaginava, ele tem sido o meu melhor amigo. Até mais que Lana.
— Não, eu estou comendo até mais do que estou acostumada a comer. — respondi me levantando do gramado gelado.
— Quer que eu te leve pra casa? — ele disse, se levantando também.
— Não precisa.
Dei um beijo em sua bochecha e comecei a caminhar para o estacionamento.
— , tenta não pensar no idiota, por favor!
gritou, logo depois que eu saí de perto dele.
Meus amigos estavam certos. Já estava mais que na hora de parar de pensar nele. Nunca pensei que seria assim, tão difícil esquecer alguém. Por mais que eu tentasse, todos os dias eu sentia aquele vazio, era como se algum pedaço em mim faltasse. Tenho fingido pra papai e para mim mesma que eu estou feliz, mas não estou. Passei o tempo todo que estava na estrada lembrando das palavras duras de Lewis. Ainda não acreditava que aquilo era verdade e eu ainda queria vê-lo e escutar de sua própria boca que ele não me amava. Pensei várias vezes em voltar lá para tentar encontrá-lo, mas não tive coragem. Não quero me magoar mais ainda. Quando cheguei em casa papai estava na sala lendo sua bíblia.
— Chegou mais cedo, filha?
— Sim, não estava me sentindo muito bem. Acho que não dormi direito essa noite. — dei um beijo em seu rosto e comecei a subir a escada.
— Quer que eu te leve ao médico?
— Não, vou dormir um pouco. Estou morrendo de sono. — e realmente estava.
— ! — só ele me chamava assim, era .
Levantei devagar depois de ter desmontado na cama. Acho que dormi demais porque já era noite.
— Credo, que sono pesado! Custei a te acordar.
Me sentei na cama e olhei pro rosto de . Ele estava bonito. Seu cabelo estava um pouco desarrumado. Estava usando uma jaqueta preta e uma calça jeans apertada. Nunca o vi usar roupas assim. Seu cheiro também estava gostoso.
— Ainda não se arrumou pra festa do Carl? — ele me perguntou, me tirando do meu objetivo de observá-lo.
— Eu não vou, já disse pra Lana.
— Certo. Você tem o direito de escolher ficar aí se lamentando por alguém que não te merece, mas você também pode ir se divertir com seus amigos que te amam.
Ele estava parado na porta me olhando e eu me levantei da cama. estava certo. Está na hora de deixá-lo. Preciso esquecer .
Nunca vi meus amigos tão felizes assim, Lana pulou de alegria quando me viu chegar na casa de Carl com . A festa estava lotada, vários estudantes de diversos cursos conversavam e bebiam. Tinha algumas pessoas no gramado jogando alguns jogos que envolviam bebidas, é claro.
— Toma, trouxe pra você relaxar um pouco. — Lana me entregou um copo vermelho com um líquido que tinha um cheiro muito forte.
— Argh, o que é isso?
— Não pergunte, apenas beba. — ela entregou um copo para também e os dois viraram de uma vez fazendo caretas.
— Eu não bebo, você sabe. — estendi a minha mão a entregando o copo e Lana fez um biquinho de tristeza.
— Chata! — ela se virou para trás e viu Carl com seus outros dois amigos, John e Marcus. — Eu disse que ele está a fim de você! Olha lá! Ele não para de te olhar.
— E o Marcus tá olhando pra você. — disse a ela.
— Sério isso? — ela disse toda empolgada.
— Ele tá te comendo com os olhos.
— Sério? — perguntou novamente.
— Para de dizer isso e vai logo atrás do seu boy.
riu, balançando a cabeça.
— Só vou se você for comigo para conversar com o Carl.
— Então sinto muito, mas você vai ficar sem falar com Marcus.
parecia estar assistindo algum show de piadas porque pelos seus risos ele estava escutando algo muito engraçado.
— Meu Deus! Meu Deus! Minha santa protetora das meninas bonitas, mas tímidas! Eles estão vindo pra cá! Eles tão vindo...
— Oi, .
A voz de Carl era forte, combinava com seus músculos. Ele era o quarterback do time de futebol da universidade e era venerado por todas as garotas. Menos por mim, eu só acho que ele não passa de um babaca atrás de garotas.
— Oi. — respondi.
No mesmo instante, Marcus puxou Lana para o lado e ela saiu dando alguns risinhos bobos. Vi quando John se aproximou de e achei aquilo estranho. Fiquei sozinha com Carl, era só o que me faltava.
— Você está bonita hoje, .
— Meu nome é .
— Ai. Você não precisa ser grossa. Fiquei sabendo que você não namora. Antes das férias eu quase não prestava atenção em você, mas agora você tá bem bonitinha.
Eu não era obrigada a ficar ouvindo isso.
— Preciso ir embora. A festa tava ótima.
Me virei antes mesmo de terminar a frase. Ele nem tentou ir atrás de mim, ainda bem.
Tentei achar ou Lana pra chamá-los para irmos embora, porque só viemos em um carro, já que era em outra cidade. Não achei nenhum deles, então resolvi esperar lá fora, longe de todos. Quando coloquei meus pés no gramado da frente da casa, mal segurei meus cabelos quando senti que iria vir um vômito. Meu estômago estava horrível e eu coloquei tudo que eu tinha comido pra fora. Foi como se minha alma estivesse indo junto de tão forte. Uma menina passou do meu lado se esquivando e reclamando do mau cheiro. Eu não tive culpa, não sabia que ia chegar, foi tão rápido. Agora minha cabeça estava girando e meu estômago parecia não existir mais.
— Não sabe beber, não? — um garoto me empurrou em meio aos arbustos.
Tentei limpar a boca e o rosto com a minha jaqueta, mas o cheiro fedido estava me incomodando mais ainda e eu acabei vomitando de novo. Dessa vez consegui segurar os cabelos.
— ? — Lana me segurou desesperada. — O que está acontecendo com você? Carl disse que você tinha ido embora. Aquele idiota te deu algo?
— Não. — consegui falar em meio ao vômito. Aquilo só estava piorando e eu queria ir pra casa. — Me leva pra casa.
— Vou chamar o . Desse jeito acho melhor levarmos você pra algum hospital, tem um aqui perto.
— Não precisa, deve ter sido algo que comi.
— Fique aqui, vou chamá-lo.
Obedeci a minha amiga e fiquei esperando aquele mal-estar horrível passar. Fazia um bom tempo que eu não passava tão mal assim. O gosto na minha boca estava horrível. Tentei lembrar todas as comidas que eu tinha comido no dia anterior e hoje, nada de diferente. Como sempre as mesmas comidas e nunca passei mal, aquilo era estranho. Me sentei na escadinha, enquanto esperava chegar para me levar pra casa. Eu só queria tomar um banho e tirar esse cheiro horrível de mim, estava só me fazendo ter mais vontade de vomitar de novo. chegou assustado com Lana bem atrás dele. Ele me deu seu casaco, eu estava tremendo de frio e mal tinha percebido.
— Ela está pálida demais, me dê o endereço do hospital que você disse. Vamos levá-la. — me segurou, me levando até o carro.
— Eu tô bem aqui e já disse que não preciso de um médico. Sei muito bem me cuidar sozinha de uma intoxicação.
— Mas você nem sabe se é isso mesmo, nunca te vi doente. — Lana disse, enquanto ajudava a me colocar dentro do carro.
— Não tem como ser outra coisa. Talvez foi o queijo que comi no almo...
Antes que eu terminasse de falar, empurrei o corpo da minha amiga e coloquei a cabeça pra fora do carro. Lana deu um pulo pra trás, quase acertei os seus sapatos.
— Eu disse! Foi só eu lembrar daquilo que passei mal de novo. — a cara dos meus amigos não estava nada contente.
Eles demoraram longos minutos tentando me convencer de ir a um hospital até desistirem e me levarem pra casa. Paramos mais umas três ou quatro vezes no meio do caminho para que eu pudesse vomitar, meu corpo estava fraco e eu já não aguentava mais. nos deixou em casa e Lana decidiu que dormiria comigo esta noite, ela estava muito preocupada e não queria me deixar sozinha. Quando entramos em casa, papai já estava dormindo. Ótimo, porque eu não o havia contado sobre a festa e se ele me visse desse jeito iria ficar arrasado. Lana me esperou tomar banho e ficava o tempo todo perguntando se eu estava melhor. mandou umas quarenta mensagens pra ela, perguntando se eu havia melhorado. Depois do banho, me deitei e eu já estava me sentindo bem melhor.
— Você assustou a gente, meu Deus do céu! — Lana disse, se deitando ao meu lado.
— Me desculpa por ter atrapalhado você e o Marcus.
— Não atrapalhou, ele pegou meu número! Vamos sair amanhã.
Ela parecia muito feliz.
— As coisas com Carl não deram muito certo? — ela perguntou, curiosa.
— Não. Eu já te disse que não quero ninguém.
— Você precisa tentar, . Por mim! Por favor, dê uma chance a ele.
— Ele é um babaca, não sei nem como entrou pra faculdade. Na verdade eu sei, com o dinheiro do seu papaizinho.
— Xingando o Carl? É, você melhorou mesmo. Voltou ao seu normal. — Lana riu.
Ficamos um tempo conversando, mas não me lembro muito bem até quando, porque quando eu menos percebi já havia apagado. Acordei pela manhã com um cheiro forte de bacon invadindo o meu quarto, até ontem esse cheiro era o meu preferido, papai sempre fez pra mim todas as manhãs, mas hoje esse cheiro me deixou com uma enorme vontade de correr para o banheiro. O que estava acontecendo comigo? Mal consegui chegar na privada e colocar tudo pra fora, não sei como havia algo dentro de mim ainda, depois de ter passado a noite toda vomitando na estrada. Lana correu até o banheiro, assustada.
— Você está bem?
Eu estava ajoelhada no chão, segurando meu cabelo com uma das mãos e a minha outra mão abraçava a privada. Então não, eu não estava nada bem. Balancei a cabeça negando e ela se aproximou de mim.
— Eu já disse que é melhor irmos ao hospital. Chega de agir como uma criança, você não é mais uma!
Quem sou eu pra passar por cima dela? Seria melhor ir até o hospital com ela e assim Lana pararia de me incomodar com isso. Eu nunca vou a um hospital, acho que é por isso que eu estava com tanto medo. A última vez que fui não me deixou boas recordações. Foi o último lugar que vi minha mãe.
— Tudo bem, só não conte para o meu pai, porque senão ele vai ficar preocupado. E feche a porta, enquanto eu tomo um banho, esse cheiro horrível está me matando.
— Cheiro horrível? Mas é bacon!
Lana correu para fechar a porta e eu fui tomar um banho rápido para acabar com tudo isso rápido.
Fomos ao hospital da cidade de Lana, já que em Lakewood ainda não tem nenhum. Fiquei o caminho todo sem vomitar, mas eu ainda estava enjoada.
— Maldito queijo! — eu disse dando ânsias.
— Rose . — uma moça morena e alta me chamou para entrar no consultório e eu a acompanhei. Lana perguntou se queria que ela entrasse comigo e eu disse que não precisava.
A médica me fez algumas perguntas, que a enfermeira já tinha me feito lá fora e começou a me examinar. Depois, voltamos para a sua mesa e ela me olhou com uma cara estranha, nada agradável. Isso estava me preocupando.
— Vinte anos, certo? — ela me perguntou.
— Sim, fiz semana passada.
— Você está sozinha, querida? — o que ela quis dizer com isso?
— Não, eu vim com uma amiga.
— Certo, vou pedir alguns exames e você já poderá fazê-los agora mesmo. E depois volte aqui para que eu possa analisá-los.
Ela me entregou uma papelada e se despediu de mim. Quando coloquei a mão na maçaneta, escutei sua voz.
— Se quiser, volte com a sua amiga.
Não demorou muito para que eu pudesse pegar os resultados dos exames, o hospital estava vazio. A enfermeira me entregou os papéis e me mostrou a sala para que eu pudesse entrar, não quis acordar Lana para entrar comigo também, ela tinha apagado na cadeira da recepção. Assim que a médica me viu, abriu um sorriso e disse "Vamos lá". Entreguei os meus exames a ela e cada vez que eu via sua testa se enrugar um pouco eu estremecia de medo. O que estava acontecendo?
— Eu estou bem? — perguntei, apreensiva.
— Sim, você está mais do que bem.
— Eu disse! Foi só algo estragado que eu comi.
— Na verdade não, minha querida. Há quanto tempo você não menstrua?
Oi?
— Eu não sei, não anoto em nada. Talvez dois meses ou mais. Meu ciclo é todo irregular, eu nunca sei quando vem.
— Você está sozinha?
Por que ela está perguntando isso de novo?
— Minha amiga está dormindo na recepção, por quê?
— Não é isso, quero dizer, você tem um namorado?
Que rumo essa conversa está levando?
— Não, eu não tenho um. Não entendo suas perguntas, o que está acontecendo?
— Oh, é que os exames comprovaram o que eu estava pensando que fosse. Você está grávida! Parabéns!
O que ela estava dizendo? Parei de escutar o que ela falava, nenhuma palavra fazia sentido na minha cabeça. O mundo estava girando. Abri a porta e saí sem rumo, Lana me parou na entrada principal do Hospital quando eu estava prestes a atravessar a rua. Ela me sacudia tentando tomar a minha atenção, mas eu não consegui falar nada. Meus olhos encheram de água e eu olhei pra ela.
— Estou grávida. O precisa saber disso.
CAPÍTULO 32 – CASA COMIGO?
estava batendo na minha porta há horas. Eu não queria atendê-lo, na verdade eu não queria ver ninguém. A única pessoa que eu suportaria ver agora, não me quer mais, na verdade eu nem sei se já me quis algum dia. Simples. Pretendo ficar sozinha neste quarto até que eu acorde desse pesadelo terrível. Quando Lana me deixou em casa ontem à noite, eu não estava raciocinando. Papai percebeu que eu não estava nada bem e Lana disse que eu estava com uma virose, ele ficou bastante preocupado e nos seguiu até o quarto. Eu estava em choque, não conseguia dizer uma palavra. Como isso podia acontecer comigo? foi embora, mas deixou um pedacinho dele em mim.
Não dormi a noite toda, mal me mexi. O que seria de mim agora? Como vou ter essa criança? Papai vai me expulsar de casa quando souber da verdade. Como isso pôde acontecer comigo? Deus, eu sempre fiz tudo certo. Tudo que me mandaram. Por que isso está acontecendo comigo? Meu choro era baixo e eu segurava toda vez que ele tentava escapulir, já chorei demais esses dias e não quero que isso se torne algo ruim. Eu tenho uma vida dentro de mim. Há dois meses.
— Por favor, ! — escutei de novo a voz de atrás da porta. — Me deixe te ver.
— Ela não está nada bem, não comeu nada hoje. Tente fazer com que ela levante da cama, vocês são bons amigos. — a voz grossa de papai acompanhava os sons de .
Um silêncio seguiu e logo após pude ouvir as súplicas do meu amigo novamente. Neste momento é bem provável que ele já saiba da notícia, sei bem que Lana não consegue guardar nada dele. Me levantei devagar e segui até a porta, girei a chave que me deixava presa dentro do meu quarto e abri a porta. Papai não estava mais lá, estava sozinho e seu rosto mudou quando me viu.
— , você conseguiu comer hoje?
Balancei a cabeça respondendo que não e voltei a me deitar na cama.
— Está pálida demais, precisa comer e se hidratar para que sua virose passe logo. Não pode ficar perdendo aula assim. Estamos chegando na semana de provas.
— Não precisa ficar falando assim, meu pai já foi embora.
fechou a porta e se sentou na beirada da minha cama.
— Falando assim como? — ele parecia confuso.
— Oh, Lana não te contou?
— Não! Ela não disse nada, só pediu pra vir te ver e seu pai me disse que você está com uma forte virose. Mas eu não entendo, porque a gente se...
— Eu estou grávida.
Nesse mesmo momento, se levantou da cama e colocou suas mão sobre sua cabeça. Ele me olhava como se eu não fosse a mesma que ele conhecia. O olhar de estava vazio e ele não disse nada. Seus passos se apressaram em volta do quarto até parar de frente a janela. Ele continuou calado.
— Diga alguma coisa. Eu preciso que diga alguma coisa! Estou aterrorizada! Meu pai vai me expulsar de casa assim que souber e como vou fazer com essa criança se nem pai ela vai ter? O que eu vou fazer agora? Por favor, , diga algo! — eu disse como se minha vida dependesse desse meu desabafo. Eu precisava de respostas.
O quarto permaneceu em silêncio e eu senti que tinha perdido o meu melhor amigo. Suas mãos se fecharam como se ele fosse dar um murro nas janelas e ele resmungou algo que eu não consegui entender completamente, mas acho que foi mais um "Aquele idiota!". Eu sabia que ele estava falando de . Me sentei na cama e estava prestes a falar algo, mas foi então que resolveu falar.
— Case-se comigo!
O QUÊ? Ele estava ficando louco?
— Case-se comigo, , e assim seu pai não vai te expulsar de casa.
Ele se aproximou de mim e começou a olhar no fundo dos meus olhos.
— Você está ficando louco? — consegui dizer.
— Não! Claro que não! Eu só quero te ajudar. — ele se levantou e começou a andar pelo quarto desesperado. — Pense bem, ! É a única coisa que irá fazer com que seu pai não te expulse. Ele sempre quis o nosso casamento.
— É claro que você está ficando louco! Eu não vou me casar com você. E mesmo que eu casasse, meu pai continuaria com raiva de mim por ter um filho com .
— Eu não disse que o seu filho precisa ser de .
O que ele quis dizer com isso? Tem como ter mais loucura em suas ideias?
— Do que está falando?
— Eu posso ser o pai do seu filho, posso amá-lo assim como amo você. Nós somos amigos e amigos se ajudam. — segurou o meu rosto com tanta vontade.
— O que você ganharia com isso?
— Você.
Fiquei calada. Eu sabia que tinha sentimentos por mim, mas eu sempre o vi como um amigo. Não sei como se casar comigo fosse o ajudar em algo, eu nunca daria o que ele precisa.
— Não funciona assim, ! O bebê é de . — me libertei das suas mãos e me levantei da cama.
— Mas ele não te quer, é um babaca e vai pagar por isso!
— O filho continua não sendo seu, mesmo se ele não me quer.
Eu estava cansada dos meus próprios amigos jogarem na minha cara que não me quis mais e só me usou para brincar com meus sentimentos. Caramba! Só eu sei o que passei com ele, eu sei no fundo da minha alma que foi sincero com tudo. No fundo eu acredito nisso, eu conseguia ver em seus olhos. Eles eram como janelas abertas pra mim, bem transparente e tudo que eu via era verdade nos seus sentimentos.
— Me escuta pelo menos uma vez. Eu posso cuidar de vocês dois! E você sabe o quanto gosto de você, sabe o que sinto por você.
Eu não queria acreditar no que estava acontecendo, estava mesmo me pedindo em casamento?
— Eu não posso dar o que você quer, sabe que eu ainda o amo.
— Não estou te pedindo para me amar, não estou te pedindo isso. — foi até mim e segurou meus braços. — Casa comigo, eu prometo que vou cuidar de vocês. Vou dar meu nome ao seu filho e todos os seus problemas vão ser resolvidos.
— E como você acha que isso pode dar certo? Onde vamos morar? Com que dinheiro vamos nos sustentar? Acha que papai vai acreditar que o filho é seu? Não temos tempo pra isso!
— Nos casamos semana que vem! Seu pai pode fazer o casamento, não precisa de muita coisa! Vai dar certo.
— Ah, você se esqueceu que o bebê vai nascer um dia? Os meses não vão bater.
— Depois pensamos nisso. Por favor! Não temos tempo, . Pense nisso, vai te ajudar.
Minha cabeça estava girando e eu estava sentindo minhas pernas enfraquecerem aos poucos. Um ronco no meu estômago fez se assustar e eu me segurei nele.
— Você está fraca! Deite-se que vou te preparar algo. O que está querendo comer?
me colocou na cama e passou os dedos sobre o meu rosto. O que ele estava fazendo?
— Quero panquecas.
Ele assentiu e correu para fora do quarto.
ainda estava no meu quarto e permaneceu ali por um bom tempo. Ele não disse mais nada sobre sua ideia louca e eu não sei se eram os hormônios, mas eu comecei a pensar em aceitar sua proposta. Ele tinha razão, se não fosse isso eu seria expulsa de casa e sabe lá como vou sustentar essa criança.
— Tudo bem, eu aceito a sua ideia maluca. Mas com uma condição, você vai me levar até e vou contar tudo pra ele. Ele tem o direito de saber. — eu disse sem pensar em mais nada e pulou da cama com um sorriso no rosto.
— Eu sabia que iria perceber que vai ser melhor assim! Eu vou dar a minha vida por vocês. Vou terminar a faculdade e até lá vou trabalhar nos negócios de papai, consigo um bom dinheiro com ele. Então vamos criar o seu bebê como o meu filho e ele vai ser... Espera! Você disse que quer contar a ? Está maluca?
— Não estou maluca, ele precisa saber! É o pai.
— Se vamos fazer isso, vamos fazer direito. E se ele quiser tomar o bebê de você?
— nunca faria isso! Ou você me leva até ele ou eu não aceito a sua proposta.
Consegui ver todas as linhas de expressão do rosto de quando ele fechou a cara pra mim. A escolha era minha e ele tem que aceitar. Sei que vai estar me ajudando, mas eu preciso contar a .
— Podemos ir amanhã depois da minha aula. Você vai estar bem pra viagem? — ele não estava nada contente, mas eu sim. Eu iria ver o pai do meu filho.
— Claro! Quanto antes melhor.
— Fique aqui, vou falar com seu pai. Preciso pedir a mão da filha dele em casamento.
Quando ele disse isso, algo em mim que ainda existia se quebrou. Eu pensei que ouviria isso de , não do meu melhor amigo. A última esperança que eu tinha de ainda tê-lo pra mim se foi. saiu do quarto e me deixou na cama. Eu estava cansada demais pra esperá-lo voltar e ouvir tudo que ele ainda falaria sobre o casamento. Será que a gravidez está me deixando louca? Eu não quero brincar de casinha com , eu quero me casar por amor. Meus olhos começaram a ficar pesados demais e foram se fechando lentamente. Me entreguei nessa batalha e acabei pegando no sono.
CAPÍTULO 33 – PEDACINHO
Hoje fazia exatos quatro dias que aceitei casar com o meu melhor amigo. Quatro dias que ele me prometeu que me levaria até o pai do meu filho, o verdadeiro amor da minha vida. Todos os dias papai tem prendido e nós quase não nos vimos durante esses dias. Desde que meu pai descobriu que sua filha iria se casar as pressas ele enlouqueceu. Acho que estava tão cego em fazer com que eu me casasse com que colocou em sua cabeça que por todo esse tempo, nós temos o enganado e que estamos totalmente apaixonados. Graças a Deus ele pensa assim. Pelo menos não iria desconfiar por que de nos casarmos correndo. Lana ainda estava incrédula do que iria acontecer daqui dois dias. Dois dias e eu me caso. Dois dias e eu jogo fora todas as esperanças que eu ainda tinha com . O que estou fazendo? Eu sei que joguei minha felicidade fora depois dessa decisão e até a própria felicidade de . Ele nunca seria feliz comigo, não sou capaz de amá-lo. Nesses quatro dias tentei não pensar muito a respeito, não quero acabar sozinha com um filho pra criar. A velha cadeira de balanço da varanda fazia barulho, enquanto eu balançava. Gosto de ficar sentada aqui no fim da tarde. Gosto do cheiro do gramado e do barulho dos pequenos pássaros nas árvores. Também gosto de ver o velho Ross e a sua esposa discutindo, enquanto jogam uma forte partida de xadrez. Ela sempre fica nervosa quando está perdendo. Os dois se amam muito. Não sei se consigo me ver assim com um dia. Na verdade não.
— Me diz que desistiu dessa ideia. — a voz de Lana alcançou meus ouvidos e a minha mente, quando a vi subindo a escadinha. — Vim aqui te convencer a não fazer essa burrice.
— Por quê? Está sempre me dizendo que tenho que ter alguém.
— Alguém, e não o . Ele gosta de você, mas você não. Se aceitar isso vai se machucar e machucá-lo pra sempre. Não precisa disso! Seu bebê nunca vai ser dele.
— Fale baixo! Meu pai está na cozinha.
Ela se sentou ao meu lado e me olhou com piedade. Ela estava com pena de mim? No mesmo instante eu percebi um sorriso em seu rosto e ela esticou sua grande mão até minha barriga.
— O que está fazendo? Alguém pode ver. — retruquei, enquanto tirava a mão dela dali. — Não vou mudar de ideia, já fiz a minha escolha.
— Tudo bem, só não diga que eu não avisei.
Lana deu um beijo na minha testa e saiu, indo em direção ao seu carro. Eu queria gritar pra que ela ficasse e me abraçasse. Precisava da minha amiga.
Eu não queria um casamento de verdade. Só queria os documentos assinados e pronto. Mas papai e insistiram que eu me vestisse de noiva e entrasse na igreja. Eu não queria nada disso, não com ele. Meu enjoos estavam ficando cada vez mais constantes e piorava a cada vômito. Eu quase não conseguia comer nada, estava me alimentando na base do limão, alface e batata. Nada mais conseguia entrar na minha boca. Respirei fundo quando me olhei no espelho e vi o vestido em mim. Estava tudo muito lindo, menos meu rosto, menos meu olhar. Eu não estava feliz, mas eu precisava fingir para todos lá fora. Papai entrou na sala onde eu estava e disse que estava na hora. Dei um sorriso pra ele e ele me disse que eu estava linda. Eu estava vestindo o vestido de mamãe e aquilo só me magoou mais. Me lembro dos seus últimos dias quando ela me disse que deixou seu vestido pra mim. Ela disse que eu o usaria quando encontrasse o amor da minha vida assim como ela encontrou o dela. Eu não queria usá-lo com , mas papai insistiu. Quando entrei na igreja, tentei não olhar para ninguém. Havia poucas pessoas ali, já que disse que queria algo muito simples. Papai quis chamar a cidade toda, mas eu não deixei. Já tinha homem demais fazendo decisões no meu lugar e isso eu não iria deixar. Quando olhei Lana no altar ela estava tão linda! estava do outro lado e o sorriso em seu rosto era enorme. Não era pra ser ele ali. Não era. Tentei sorrir, mas chorei. Fiz todo o trajeto até o altar chorando. Ouvi algumas pessoas dizendo "Oh, que linda ela está emocionada". Não estava emocionada, estava triste.
me pediu para que me acompanhasse no primeiro ultrassom do bebê. Eu já estou na décima terceira semana de gestação e ainda não tinha feito nenhum. A médica me disse que talvez conseguiríamos saber o sexo do meu filho e eu estava bastante animada. Decidimos esperar mais um mês para contar ao meu pai e a família de . Minha barriga nem sequer tinha aumentado de tamanho. Tinha se passado quase um mês desde que me casei com e eu ainda não tinha me acostumado com isso. É estranho desde que mudamos para a fazenda, como presente de papai, ver chegar do trabalho. Nesse momento só resta eu e ele. Não posso reclamar, realmente está cumprindo com suas promessas, exceto uma. Ele tem trabalhado muito para conseguir dinheiro pra gente e tem sido muito carinhoso comigo. Não dormimos na mesma cama e nem sei se algum dia iremos dormir. Ele sempre chega durante a noite e me ajuda nos meus enjoos matinais. é atencioso. Todos os dias quando me sento no píer do lago, é impossível não lembrar de e daquele dia que tivemos lá. Ainda sinto muita dor por ter sido abandonada e muitas saudades. Não sei se fiz a escolha certa em me casar, mas por enquanto tem dado certo em esconder meus segredos. Judi percebeu que eu estava diferente. Ela e Jose ainda cuidam da casa e sempre que peço algo para comer ela me olha estranho como se soubesse de algo. Outro dia me deu algumas indiretas, disse que meu rosto estava redondinho e que estava com desejos de grávida. Fiquei sem saber o que fazer.
— Vamos, sua consulta é agora. — disse pegando a minha bolsa.
— Não precisa entrar comigo, pode me esperar aqui no carro.
— Eu sou o pai e sou seu marido.
— Você não é o pai, . Sabe muito bem disso. Sabe também que não me levou até o pai de verdade. Quando vai me levar até ele? Você prometeu!
— Não vamos brigar agora, . Tudo bem se não quiser que eu entre na sala com você, mas vou te esperar na recepção.
Descemos do carro sem trocar mais nenhuma outra palavra. Estava sendo assim durante toda essa semana. Quase não nos falamos. Assim que entrei na clínica, não demorou muito para que me chamassem. ficou sentado e eu segui sozinha. Seria o meu primeiro ultrassom e eu estava ansiosa. Minha médica foi cuidadosa comigo e me deixou à vontade na maca. Ela me perguntou se o pai não viria e eu respondi que não. Quando senti o gel gelado meu coração disparou.
— Vamos ouvir o coraçãozinho? — ela disse e eu quase saltei dali.
— Não sabia que já iria ouvir. — falei contendo o choro.
Antes que ela pudesse falar algo, as batidas invadiram a sala e o meu peito. ELE ESTAVA BATENDO. O PEDACINHO DE ESTAVA BATENDO DENTRO DE MIM. Comecei a chorar emocionada. Nunca pensei que pudesse me sentir tão feliz assim. A cada TUM-TA, mais meu coração se enchia de alegria, mais eu queria gritar. Queria que estivesse aqui comigo, segurando a minha mão.
— Está tudo bem com a sua menininha.
MENININHA?
— Eu tenho uma menininha dentro de mim? — disse eu em meio aos choros.
— Sim! E ela está perfeita.
Eu não podia estar mais feliz! O meu pedacinho é uma menina. me deu uma filha.
CAPÍTULO 34 – MENTIRAS
LEWIS
— Quem tá querendo quebrar a porcaria da minha porta uma hora dessas? — olhei no relógio e não era nem meio-dia ainda. Meu sono estava só começando e me fizeram sair dele.
Caminhei furioso até a maldita porta da casa onde eu e moramos e quando vi aquele amontoado de cabelos castanhos pelo vidro desejei não ter levantado do sofá. Era ela. De novo. Era a garota de . Pensei que quando disse pra ela que ele não a queria mais eu nunca mais veria aquele rostinho bonito de novo, mas eu estava errado. Alguns meses depois ela aparece na porta de casa. Abri a porta do jeito que eu estava, sem camisa e de cueca boxer. Ela ia gostar do que veria. Eu sou um pedacinho do céu na terra. Meu abdomen trincadinho deixaria a caipira sem fôlego.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, percebendo que ela encarava sem parar o meu corpo. Sabia! Ninguém consegue desviar o olhar de mim. Nem mesmo ela, que tanto dizia que era uma santa. Sei!
— Vim falar com o . — ela estava envergonhada com certeza, suas bochechas pareciam mais duas maçãs vermelhinhas. Hmmm, gostei disso.
— Não se lembra da nossa última conversa, gracinha? Se não se lembra, vou te ajudar a lembrar. não dá a mínima pra você, provavelmente nem lembra seu nome agora. — ah, como eu sou um canalha.
Ela ficou um tempo calada olhando para seus pés e eu estava pronto pra fechar a porta na cara dela.
— Não importo. Se ele não quer mais saber de mim vai ter que falar na minha cara. Não quero ouvir de você. Vim aqui para falar com !
Droga, ela estava mais bonitinha ainda com essa pose de bravinha. Agora entendo por que diz estar apaixonado por ela. Impossível resistir a isso. Quando ela falou aquilo fiquei pensando o que mais eu podia falar pra ela ir embora e nada mais me vinha a cabeça. Eu só quero que ela volte pra maldita roça de onde veio.
— Ele não está aqui.
— Tudo bem, eu espero. Posso entrar? — que merda. Ela está mesmo querendo falar com ele.
— Não vai rolar, eu tenho visitas aqui. Sabe como é, né? — mentira. Eu estava sozinho hoje.
— Não, eu não sei. Eu espero aqui fora. — caramba, ela não vai desistir?
— Você não entende? Estou tentando ser amigável com você. Ou vai embora agora ou eu chamo a polícia!
— Que chame! Mas eu não vou embora sem antes falar com .
Não me lembro de ouvir falar que ela é tão bravinha e insistente assim. Ele sempre disse que ela era calma e tímida. Meu amigo estava cego, com certeza. Olhei para o outro lado da rua e vi a moto de parada. O que essa vaca estava fazendo com a moto dele?
— O que está fazendo com a Diane?
— Quem? — ela preguntou confusa.
— A moto de . — apontei para o outro lado da rua, furioso.
— Vim devolvê-la. Oh, a moto tem um nome?
Não consigo acreditar que ela pilotou Diane! Ah, se souber vai matar essa garota e eu vou fazer questão que ele saiba. Estendi minha mão para ela e me segurei para não empurrá-la para bem longe daqui.
— Me dê a chaves, anda.
— Não, eu só entrego pra .
Filha da mãe! Ela não vai desistir né? Ok.
— Bem que disse que você era irritante. Ele está bem certo nisso. Também acertou quando disse que você era feia pra caramba, não tem espelho na sua casa não?
Quando olhei pro rosto da menina, seus olhos estavam repletos de lágrimas e seu semblante não era nada agradável. Ninguém mandou ela continuar me cutucando. Só espero que ela desista e vá logo embora, não sei mais o que falar pra ela desistir do meu melhor amigo.
— Ele disse isso? — sua voz era muito baixa e fraca, eu mal ouvi.
— Disse. Eu não falo mentiras. Agora vai viver a sua vida bem longe daqui, bem longe de ! — a empurrei para fora da varanda e ela caiu no gramado.
No mesmo instante ela se levantou depressa e assustada. Então, quando menos percebi, um garoto mais ou menos da minha idade saiu de não sei onde e a pegou no colo. Ele era alto e loiro, mas magrelo demais. não mencionou um irmão. Ele me olhou como se fosse me matar e eu já estava preparado se ele viesse pra cima de mim.
— Seu idiota! Ela está grávida! — QUE MERDA É ESSA?
— Grávida? — eu perguntei, indo até eles.
Ela estava assustada no colo do cara e me olhava como se tivesse medo de mim. Merda. Merda. Merda. O que eu fiz?
— Cala a boca, ! Ele não sabe. — ela disse baixinho, mas foi o suficiente para que eu pudesse ouvir.
— De quem é o filho? — não podia ser de . Impossível, ele nunca deixaria isso acontecer.
Os dois me olharam como se eu estivesse falando uma loucura. A menina estava chorando, mas nesse momento quando me ouviu parou na hora e segurou o choro.
— Seu imbecil! Eu só não quebro a sua cara porque estou com a minha esposa no colo. — pera aí, ele disse esposa? O que essa garota tá aprontando?
— É dele? Desse magrelo? Coitada da criança. — graças a Deus não é de .
Me virei caminhando até a porta novamente.
— Tenham um bom dia vocês e boa sorte com o catarrento.
— É de ! — a menina gritou. — Estou com quase cinco meses de gestação.
Só podia ser mentira! Ela deve estar fazendo isso porque descobriu da enorme quantia de grana que ele tem.
— Sua mentirosa. Como eu disse, é melhor ir embora antes que eu chame a polícia. Você não vai conseguir o dinheiro de . Não por cima de mim.
— Dinheiro? Que dinheiro? — por que diabos ela parecia confusa?
Estava deixando os dois golpistas do lado de fora da casa e fechando a porta, quando de repente a pequena mão da garota impediu que a porta se fechasse.
— Espere! Entregue isso a ele. — ela não estava me entregando o que eu estava pensando que fosse, né?
— Uma bíblia? — gargalhei.
— Por favor, essa bíblia é minha. Já que não quer me deixar vê-lo, apenas o entregue e conte pra ele que estou grávida. Não quero o dinheiro dele e muito menos que ele venha procurar a minha filha. Ele tem o direito de saber que vai ser pai, apenas diga a ele. Por favor. No meio da bíblia tem uma foto do último ultrassom que fiz. O nome dela vai ser Aurora. Apena diga.
Ela nem ao menos me deixou respirar e já se virou para ir embora. A observei caminhar de encontro ao loiro magrelo e aquilo me deixou abalado. Ela está mesmo grávida de ? Quando ouvi o nome, meu coração gelou. Aurora era o nome que sempre dizia que se algum dia na vida ele tivesse uma filha, esse seria o nome. Não lembro muito bem por qual motivo, mas lembro dele contar de uma namorada daquele velho que o criou. Foi como um soco no estômago lembrar tudo o que falei a garota e agora essa notícia, vai ser papai.
XXX
Mal pude esperar para dar o horário de visitas. Estava ansioso para ver o meu irmão. Sim, irmão. Passei tantas coisas na vida que é como um irmão que eu nunca tive. O guarda da penitenciária me olhou rabugento e me informou que eu poderia entrar na sala onde os presos ficavam para ver seus familiares. Quase cinco meses que ele está aqui e isso me irrita pra caramba não poder fazer nada pra soltá-lo, desde que o juiz negou a fiança. Sentei correndo na cadeira em frente a . Ele estava mais magro da última vez que o vi e seu cabelo ainda estava raspado. Duas olheiras enormes cobriam seu rosto e eu sabia que ele não estava dormindo nada.
— E aí? Conseguiu falar com ela? — ele nem sequer disse oi e já está perguntando dessa garota?
— Uau! Eu estou bem, obrigado. Ah, que legal! Também estou com saudade!
Dei um abraço apertado nele e o guarda gritou nos fundos "Sem contato físico com o preso". Idiota.
— Qual é, Lewis! Você sabe que estou com saudades de você irmão, mas eu preciso saber da minha garota. — não teve um dia sequer que ele não me perguntou dela.
— Acho que ela não é mais a sua garota.
— Do que está falando? — ele se levantou da cadeira.
— se casou e está grávida.
— Cala a boca, maldito! Por que está falando isso?
— Por que é a verdade, sabe que não falo mentiras. Não queria que você soubesse, mas não aguento te ver correndo assim atrás de uma garota que não dá a mínima pra você.
— Como você sabe disso? — ele gritou e o guarda já veio pra cima de nós, mas eu disse que estava tudo bem e ele nos deixou.
— Por que eu fui na casa dela, como você me pediu.
— Não acredito em você.
Tirei do meu bolso a foto do ultrassom onde mostrava o bebê e o nome de . Tudo bem que ele podia não acreditar que aquele feto feioso ali na foto tinha poucas semanas de vida, mas eu e ele não sabíamos sobre bebês. Ele não desconfiaria.
— O filho é meu? — ele perguntou ansioso e eu juro que pude ver lágrimas nos olhos de . Incrível!
— Do marido dela, oras! De quem mais seria? Está grávida de dois meses, se não me engano. Espertinha ela, nem esperou o defunto esquentar. — gargalhei e antes que eu parasse, me segurou pela gola da camisa e me levantou da cadeira.
— Cale a sua maldita boca e nunca mais fale de assim, está me ouvindo?
Tentei balançar a cabeça concordando e ele me soltou. nunca fez isso comigo. O que essa garota fez com ele? Dois guardas vieram correndo e o levaram para longe dali. Nunca o vi assim. O importante agora é que ele não vai mais me perguntar dela e ela não vai mais aparecer em casa o procurando. Pronto! Agora eu tenho o meu irmão de volta.
— Quem tá querendo quebrar a porcaria da minha porta uma hora dessas? — olhei no relógio e não era nem meio-dia ainda. Meu sono estava só começando e me fizeram sair dele.
Caminhei furioso até a maldita porta da casa onde eu e moramos e quando vi aquele amontoado de cabelos castanhos pelo vidro desejei não ter levantado do sofá. Era ela. De novo. Era a garota de . Pensei que quando disse pra ela que ele não a queria mais eu nunca mais veria aquele rostinho bonito de novo, mas eu estava errado. Alguns meses depois ela aparece na porta de casa. Abri a porta do jeito que eu estava, sem camisa e de cueca boxer. Ela ia gostar do que veria. Eu sou um pedacinho do céu na terra. Meu abdomen trincadinho deixaria a caipira sem fôlego.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, percebendo que ela encarava sem parar o meu corpo. Sabia! Ninguém consegue desviar o olhar de mim. Nem mesmo ela, que tanto dizia que era uma santa. Sei!
— Vim falar com o . — ela estava envergonhada com certeza, suas bochechas pareciam mais duas maçãs vermelhinhas. Hmmm, gostei disso.
— Não se lembra da nossa última conversa, gracinha? Se não se lembra, vou te ajudar a lembrar. não dá a mínima pra você, provavelmente nem lembra seu nome agora. — ah, como eu sou um canalha.
Ela ficou um tempo calada olhando para seus pés e eu estava pronto pra fechar a porta na cara dela.
— Não importo. Se ele não quer mais saber de mim vai ter que falar na minha cara. Não quero ouvir de você. Vim aqui para falar com !
Droga, ela estava mais bonitinha ainda com essa pose de bravinha. Agora entendo por que diz estar apaixonado por ela. Impossível resistir a isso. Quando ela falou aquilo fiquei pensando o que mais eu podia falar pra ela ir embora e nada mais me vinha a cabeça. Eu só quero que ela volte pra maldita roça de onde veio.
— Ele não está aqui.
— Tudo bem, eu espero. Posso entrar? — que merda. Ela está mesmo querendo falar com ele.
— Não vai rolar, eu tenho visitas aqui. Sabe como é, né? — mentira. Eu estava sozinho hoje.
— Não, eu não sei. Eu espero aqui fora. — caramba, ela não vai desistir?
— Você não entende? Estou tentando ser amigável com você. Ou vai embora agora ou eu chamo a polícia!
— Que chame! Mas eu não vou embora sem antes falar com .
Não me lembro de ouvir falar que ela é tão bravinha e insistente assim. Ele sempre disse que ela era calma e tímida. Meu amigo estava cego, com certeza. Olhei para o outro lado da rua e vi a moto de parada. O que essa vaca estava fazendo com a moto dele?
— O que está fazendo com a Diane?
— Quem? — ela preguntou confusa.
— A moto de . — apontei para o outro lado da rua, furioso.
— Vim devolvê-la. Oh, a moto tem um nome?
Não consigo acreditar que ela pilotou Diane! Ah, se souber vai matar essa garota e eu vou fazer questão que ele saiba. Estendi minha mão para ela e me segurei para não empurrá-la para bem longe daqui.
— Me dê a chaves, anda.
— Não, eu só entrego pra .
Filha da mãe! Ela não vai desistir né? Ok.
— Bem que disse que você era irritante. Ele está bem certo nisso. Também acertou quando disse que você era feia pra caramba, não tem espelho na sua casa não?
Quando olhei pro rosto da menina, seus olhos estavam repletos de lágrimas e seu semblante não era nada agradável. Ninguém mandou ela continuar me cutucando. Só espero que ela desista e vá logo embora, não sei mais o que falar pra ela desistir do meu melhor amigo.
— Ele disse isso? — sua voz era muito baixa e fraca, eu mal ouvi.
— Disse. Eu não falo mentiras. Agora vai viver a sua vida bem longe daqui, bem longe de ! — a empurrei para fora da varanda e ela caiu no gramado.
No mesmo instante ela se levantou depressa e assustada. Então, quando menos percebi, um garoto mais ou menos da minha idade saiu de não sei onde e a pegou no colo. Ele era alto e loiro, mas magrelo demais. não mencionou um irmão. Ele me olhou como se fosse me matar e eu já estava preparado se ele viesse pra cima de mim.
— Seu idiota! Ela está grávida! — QUE MERDA É ESSA?
— Grávida? — eu perguntei, indo até eles.
Ela estava assustada no colo do cara e me olhava como se tivesse medo de mim. Merda. Merda. Merda. O que eu fiz?
— Cala a boca, ! Ele não sabe. — ela disse baixinho, mas foi o suficiente para que eu pudesse ouvir.
— De quem é o filho? — não podia ser de . Impossível, ele nunca deixaria isso acontecer.
Os dois me olharam como se eu estivesse falando uma loucura. A menina estava chorando, mas nesse momento quando me ouviu parou na hora e segurou o choro.
— Seu imbecil! Eu só não quebro a sua cara porque estou com a minha esposa no colo. — pera aí, ele disse esposa? O que essa garota tá aprontando?
— É dele? Desse magrelo? Coitada da criança. — graças a Deus não é de .
Me virei caminhando até a porta novamente.
— Tenham um bom dia vocês e boa sorte com o catarrento.
— É de ! — a menina gritou. — Estou com quase cinco meses de gestação.
Só podia ser mentira! Ela deve estar fazendo isso porque descobriu da enorme quantia de grana que ele tem.
— Sua mentirosa. Como eu disse, é melhor ir embora antes que eu chame a polícia. Você não vai conseguir o dinheiro de . Não por cima de mim.
— Dinheiro? Que dinheiro? — por que diabos ela parecia confusa?
Estava deixando os dois golpistas do lado de fora da casa e fechando a porta, quando de repente a pequena mão da garota impediu que a porta se fechasse.
— Espere! Entregue isso a ele. — ela não estava me entregando o que eu estava pensando que fosse, né?
— Uma bíblia? — gargalhei.
— Por favor, essa bíblia é minha. Já que não quer me deixar vê-lo, apenas o entregue e conte pra ele que estou grávida. Não quero o dinheiro dele e muito menos que ele venha procurar a minha filha. Ele tem o direito de saber que vai ser pai, apenas diga a ele. Por favor. No meio da bíblia tem uma foto do último ultrassom que fiz. O nome dela vai ser Aurora. Apena diga.
Ela nem ao menos me deixou respirar e já se virou para ir embora. A observei caminhar de encontro ao loiro magrelo e aquilo me deixou abalado. Ela está mesmo grávida de ? Quando ouvi o nome, meu coração gelou. Aurora era o nome que sempre dizia que se algum dia na vida ele tivesse uma filha, esse seria o nome. Não lembro muito bem por qual motivo, mas lembro dele contar de uma namorada daquele velho que o criou. Foi como um soco no estômago lembrar tudo o que falei a garota e agora essa notícia, vai ser papai.
Mal pude esperar para dar o horário de visitas. Estava ansioso para ver o meu irmão. Sim, irmão. Passei tantas coisas na vida que é como um irmão que eu nunca tive. O guarda da penitenciária me olhou rabugento e me informou que eu poderia entrar na sala onde os presos ficavam para ver seus familiares. Quase cinco meses que ele está aqui e isso me irrita pra caramba não poder fazer nada pra soltá-lo, desde que o juiz negou a fiança. Sentei correndo na cadeira em frente a . Ele estava mais magro da última vez que o vi e seu cabelo ainda estava raspado. Duas olheiras enormes cobriam seu rosto e eu sabia que ele não estava dormindo nada.
— E aí? Conseguiu falar com ela? — ele nem sequer disse oi e já está perguntando dessa garota?
— Uau! Eu estou bem, obrigado. Ah, que legal! Também estou com saudade!
Dei um abraço apertado nele e o guarda gritou nos fundos "Sem contato físico com o preso". Idiota.
— Qual é, Lewis! Você sabe que estou com saudades de você irmão, mas eu preciso saber da minha garota. — não teve um dia sequer que ele não me perguntou dela.
— Acho que ela não é mais a sua garota.
— Do que está falando? — ele se levantou da cadeira.
— se casou e está grávida.
— Cala a boca, maldito! Por que está falando isso?
— Por que é a verdade, sabe que não falo mentiras. Não queria que você soubesse, mas não aguento te ver correndo assim atrás de uma garota que não dá a mínima pra você.
— Como você sabe disso? — ele gritou e o guarda já veio pra cima de nós, mas eu disse que estava tudo bem e ele nos deixou.
— Por que eu fui na casa dela, como você me pediu.
— Não acredito em você.
Tirei do meu bolso a foto do ultrassom onde mostrava o bebê e o nome de . Tudo bem que ele podia não acreditar que aquele feto feioso ali na foto tinha poucas semanas de vida, mas eu e ele não sabíamos sobre bebês. Ele não desconfiaria.
— O filho é meu? — ele perguntou ansioso e eu juro que pude ver lágrimas nos olhos de . Incrível!
— Do marido dela, oras! De quem mais seria? Está grávida de dois meses, se não me engano. Espertinha ela, nem esperou o defunto esquentar. — gargalhei e antes que eu parasse, me segurou pela gola da camisa e me levantou da cadeira.
— Cale a sua maldita boca e nunca mais fale de assim, está me ouvindo?
Tentei balançar a cabeça concordando e ele me soltou. nunca fez isso comigo. O que essa garota fez com ele? Dois guardas vieram correndo e o levaram para longe dali. Nunca o vi assim. O importante agora é que ele não vai mais me perguntar dela e ela não vai mais aparecer em casa o procurando. Pronto! Agora eu tenho o meu irmão de volta.
CAPÍTULO 35 – AURORA
Desde o dia em que eu implorei para que me levasse até a casa de para que eu pudesse contar a ele sobre a bebê e Lewis acabou me jogando no chão, não me deixa sozinha. Ele ficou muito preocupado e quase me arrastou para o hospital, depois de muito tentar eu acabei cedendo e fomos ver se estava tudo bem com meu pedacinho que agora não está tão pedacinho assim. Oito meses. Daqui alguns dias entro para o meu nono mês de gestação e sinto que posso explodir a qualquer momento. Dizer que esqueci seria uma mentira. Não o esqueci, apenas aceitei a verdade, mesmo ela não sendo dita pela própria boca dele. Queria tê-lo visto, queria ter entregado todas as fotos que enviei para seu endereço nas mãos dele, mas não pude. Toda vez que tirava uma foto da minha barriga crescendo, revelava e escrevia uma mensagem atrás, eu lembrava do seu olhar. Lembrava daquele sorriso. Ninguém sabia das fotos. Só eu e Aurora. Ele nunca respondeu nenhuma. Nenhuma. Por que existe pessoas burras como eu? Por que eu continuo acreditando que ainda me ama? Por que, Deus? Desde quando ele apareceu na minha sala com aquela calça rasgada e aquele sorriso torto no rosto eu sabia que um dia eu ainda pertenceria a ele. Mas nunca imaginei que fosse por pouco tempo.
— Sua barriga está linda, minha filha! Está parecendo muito com a sua mãe quando ela engravidou de você, até parece que foi ontem mesmo. — papai me tirou dos meus pensamentos, enquanto eu o servi uma xícara de chá.
— Obrigada, papai. — eu disse, dando um sorriso fraco.
Meus pés estavam doendo mais do que o normal nesses últimos dias e eu acabei me sentando ao lado dele.
— Ela ficaria orgulhosa da mulher que está se tornando, assim como eu.
Doeu meu coração quando ouvi isso. Primeiramente por saber que Aurora nunca conheceria a avó e que mamãe nunca iria brincar com a neta, depois, me dói cada vez que vejo a alegria nos olhos do meu pai. Estou mentindo pra ele, e ele não merece isso. Eu não disse nada. Apenas dei um bom gole do suco de limão que eu tinha feito. chegou na cozinha e meu pai se levantou no mesmo instante para abraçá-lo, ele realmente gosta dele.
— Eu estava aqui falando como está linda! Mais do que sempre foi. — papai disse orgulhoso.
— Ela sabe que é linda, sim. Ainda mais quando anda pela casa descalça e descabelada. — seus olhos se prenderam aos meus e eu odiava quando o sorriso de bobo apaixonado aparecia. Por que ele fazia isso? Eu sempre o avisei e continuo avisando que nunca teremos nada a não ser a nossa amizade que tanto amo. deu sua vida para nos ajudar e sem sombras de dúvidas eu também daria a minha para salvá-lo.
Me levantei da mesa e deixei o copo sujo na pia.
— Licença vocês dois, mas eu preciso descansar. Não dormi muito bem a noite e meus pés estão me matando. — isso não era mentira, mas eu só não queria que esse papo progredisse.
Dei um beijo na cabeça de papai e segui em direção ao meu quarto. Sim, meu quarto. tem o seu e eu tenho o meu. Semanas atrás ele veio com a mesma conversa de sempre dizendo que tínhamos que dormir no mesmo quarto, pois se acontecesse algo comigo ele estaria por perto. Eu disse a ele que gritaria. E foi assim que fiz. Cumpri minha promessa. Quando abri meus olhos percebi pelos vilumbres do que eu via que já era noite. Enquanto a dor incendiava meu corpo e minha alma eu gritava por socorro. Trinta e seis semanas e Aurora não quer mais esperar nem um segundo. Senti minhas pernas molhadas e assim percebi que ela estava disposta a vir ao mundo. Gritei como se tudo em mim gritasse junto comigo e senti as mãos de agarrarem meu corpo mole e dolorido. Ele estava desesperado, muito mais que eu. Gritava dizendo que ainda não estava na hora. Depois disso foi tudo um flash. Gritos e dores. Tudo que eu consigo resumir até chegarmos ao hospital. A enfermeira Nic, que eu conhecia bem, segurou minha mão e sussurou que iria ficar tudo bem. Ela também perguntou se eu queria que o pai entrasse comigo na sala de parto. Eu disse que sim. Mas percebi que não estava ali e gritei para que não deixassem entrar. Só seria eu e o meu pedacinho ali. Nic permaneceu ao meu lado me ajudando pelas próximas longas horas. Aurora queria nascer, mas ao mesmo tempo ainda resistia para ficar no conforto do meu útero.
— Força, ! Você consegue, Aurora está vindo, ela está vindo para os seus braços. — Nic disse confiante, com um sorriso no rosto.
Quando ouvi um choro estridente invadir as minhas orelhas e encher meu peito de alegria, explodi em lágrimas! Foi como se eu sentisse a vida pela primeira vez. Não conseguia parar de chorar e muito mesmo sorrir. Nic colocou o pedacinho de gente no meu colo e quando olhei pela primeira vez o rosto da minha filha eu percebi que ganhei a vida. Deus me deu o melhor presente, ele me deu a vida. Os olhinhos pequenos de Aurora estavam piscando pra mim e a boquinha se mexia sem parar procurando por comida. Rapidamente a enfermeira me ajudou a colocá-la em meu seio e como se ela já soubesse disso começou a sugá-lo com toda força do mundo.
— Ela é forte! — Nic disse me fazendo rir.
Sim, ela é forte. E linda.
Pedi que tirassem fotos de nós durante todo o parto e enquanto ela mamava também, me disseram que conseguiram gravar exatamente o momento que ela nasceu e eu só pensava em enviar a . Queria que ele visse tudo e não perdesse um minuto sequer da filha, mesmo não querendo.
Quando papai, e Lana vieram até o quarto nos visitar, eu só conseguia ver lágrimas e dentes. Parecia uma competição de quem chorava mais ou de quem tinha mais dentes na boca. O rostinho inchado de Aurora ainda fazia com que todos que viessem vê-la, falar que ela era a minha cara e não tinha nada parecido com . Realmente ela nunca se pareceria com o "pai", mas ela também não se parecia comigo. Ela era a cara de .
Os olhos acinzentados do meu pedacinho ficaram ainda mais lindos na fotografia que acabei de tirar. Aurora está fazendo dois meses hoje e está ficando cada vez mais espertinha. E cada dia que passa eu mais vejo dele nela. Seus olhos são capazes de me filtrar e me descobrir, assim como os de seu pai faziam. A única coisa que ela realmente herdou de mim foi a boca. Papai sempre diz quando a vê "Minha netinha tem a boquinha da mamãe!". Lana e Judi tem me ajudado muito com ela e eu tenho aprendido muita coisa com esse pequeno serzinho. Nunca pensei que fosse capaz de amar algo tanto como a amo. Ela é tudo pra mim.
Cada dia que eu passava ao lado da minha filha era um aprendizado, um amadurecimento. Aurora crescia rápido demais e eu sofria cada vez que a via se tornar mais independente. Eu queria minha bebê no meu colo pra sempre, mas infelizmente a vida não é assim. Eu me via mais cuidadosa e protetora cada vez que ela caía ou tentava fazer algo que me deixava com medo. Seus primeiros passos quase matou eu e seu pai de susto. Sim, seu pai. tem sido um verdadeiro pai para Aurora. Me entristeceu um pouco quando ouvi a minha filha falar algo que fizesse sentido pela primeira vez. "Papai". Ela apontou para e o abraçou forte. Eu chorei, confesso. Ainda penso em , não parei de enviar fotos da nossa menina. Podem me chamar do que quiser, mas quebraria ainda mais o meu coração saber que se algum dia ele se arrepender, não teria nenhuma foto da menina. Todos os grandes momentos do meu pedacinho me faziam chorar, por dois motivos: vê-la crescer e a ausência de . sentia isso e fazia o possível e o impossível para melhorar isso. Ele é um grande paizão. Aurora o ama e eu também. Todos os dias percebo que no fundo de seus olhos que ele ainda tem esperança de nos ver como um casal de verdade. Eu não.
No aniversário de um aninho dela, foi o momento que mais chorei de felicidade. Eu sou mesmo uma mamãe chorona e babona. Mas o momento que mais fiquei aflita foi quando as pequenas mãozinhas de Aurora se soltaram das minhas e ela caminhou até a sua nova e primeira professora. Passei o dia todo ligando para saber se estava tudo bem com ela e me chamando de louca. Hoje, na sua festinha do seu aniversário de quatro anos foi também uma baita surpresa! Ela puxou um garotinho bem maior que ela e disse a mim e ao seu pai "Mamãe e papai, quero que conheçam meu namorado!" O QUÊ? A reação de com certeza foi pior que a minha. Ele acabou se engasgando com o pedaço de bolo e Rori saiu correndo agarrada na mão do menininho. Eu não sabia o que fazer, apenas ri. Minha garotinha está crescendo e ficando cada vez mais parecida com seu pai . Passei um bom tempo sem pensar nele, nunca deixei de enviar fotos dela, mas sempre que a olhava o via ali. Juntamente com , decidimos contar a ela a verdade ontem. Tentamos da melhor forma explicar a uma criança de quatro anos que seu pai de sangue não era o que ela conhecia, mas como Rori é uma garota inteligente ela soube o que queríamos dizer. Não disse muita coisa e só perguntou "Ele não quis a gente?". Não soube o que dizer, apenas disse que não era isso e que o importante era que ela tinha um papai de coração que a amava muito! Ela sorriu e disse que nos amava. Nunca conheci uma criança tão inteligente como a minha filha, quase sempre ela me surpreende. Gosta de conversar com adultos e como uma adulta. Nos mata de rir cada vez que abre a boca.
— Vou levar meus pais em casa, tudo bem vocês duas ficarem sozinhas por algum tempo? — me entregou Rori.
— Tudo bem sim, vamos acabar de guardar as coisas. Judi já está guardando tudo lá dentro. Vamos ficar bem.
— Quero abrir meus presentes! — Rori gritou, pulando no píer. Era o seu lugar favorito e o meu também.
— Te amo muito, minha pequena. — beijou a cabeça dela e saiu indo em direção a sua caminhonete.
— Também te amo, papai urso! — era assim que ela o chamava, talvez pelo tamanho dele, era engraçado.
Rori, como a chamamos, correu até mim e se agarrou em meu pescoço. Comecei a girá-la e sua risada me fazia rir com ela. Aurora é a minha felicidade.
Passamos longos momentos brincando na ponta do píer amarelo e ela estava começando a ficar cansada. Foi um dia longo, sua festa de aniversário ficou exatamente como ela queria e todos que ela amava estavam presentes lá. Estávamos indo embora para casa quando suas mãozinhas firmes me puxaram e me giraram com ela. A gargalhada da minha filha podia ser ouvida por vários quilômetros e alegraria qualquer um que a ouvisse. Caímos no chão dando boas risadas e de repente um par de pernas apareceu para nos fazer companhia.
— ?
Eu conheço essa voz e eu não a ouço a exatos quatro anos e nove meses.
— ? O que está fazendo aqui?
CAPÍTULO 36 – MINHAS GAROTAS
Algumas horas antes...
Eu ainda estava sem acreditar que esse dia tinha chegado. Quatro anos e nove meses preso. Desde quando o juiz negou a fiança eu sonho todos os dias com esse momento. Quando os portões se abriram e eu vi o sorriso no rosto de Lewis, meu coração pareceu saltar pela boca. Só me faltava uma coisa pra esse dia ser perfeito, . Eu sabia que ela provavelmente nem sequer deve lembrar o meu nome e que não deve querer me ver nem pintado de ouro, mas a primeira coisa que vou fazer é ir atrás dela. Sim, ainda não a esqueci. passou a porcaria de todos esses anos na minha cabeça. Não teve um segundo que aquela garota saiu da minha mente. Sempre me perguntei por que dela nunca ter vindo me visitar, eu sei que lá não era lugar pra ela, mas caramba! Eu precisava vê-la e tê-la mais uma vez em mim. Eu mal pude sentir o gosto de ter o céu no meu inferno direito, quando o pai dela me tirou o paraíso no mesmo dia.
— Cara, você pode pelo menos fingir que está prestando atenção no que estou falando? — Lewis me tirou dos meus pensamentos.
— Desculpa, Lew. É que ainda não caiu a ficha que vou vê-la.
Saí do carro assim que ele parou na porta da nossa casa. Ah, como eu senti saudade desse lugar.
— O que você disse? — ele me perguntou, enquanto entrávamos.
— Que ainda não consigo acreditar que vou ver depois de todo esse tempo.
— Eu entendi isso, só não entendi por que você insiste em vê-la. Depois de tudo que ela fez e falou de você.
— Eu não me importo! E eu sou tudo isso que você me disse que ela falou, ela tem toda razão. Sou um idiota, tive que pagar pelo que fiz. Ela merecia ter escutado de mim todas essas coisas que me deixaram preso e não do pai dela. Cara, ele com certeza acabou com a minha raça.
Joguei a sacola com minhas coisas no chão da sala e me joguei no sofá. Eu preciso de um bom banho para ver a minha garota.
— Ah, como eu senti saudade desse lugar e desse conforto.
Lewis se jogou em cima de mim e eu o empurrei para o chão. Que saudade do meu irmão.
— Eu que estava morrendo de saudade de morar com esse idiota. — Lewis disse, enquanto se levantava ajeitando suas roupas.
— Vejo que cuidou da casa direitinho. — me levantei do sofá e comecei a caminhar rumo as escadas. — Vou tomar um banho de verdade que não tomo há anos e enquanto isso você pede alguma comida bem gordurosa pra gente. Depois disso, pé na estrada. Eu vou ver a minha menina!
Não escutei o que Lewis disse, provavelmente estava reclamando da minha decisão. Merda! Ele não entende o que é amar alguém. Infelizmente meu melhor amigo nunca experimentou o amor, eu sim e não pretendo perdê-lo.
Tomei um banho demorado, apreciei cada segundo dele. Eu senti muita falta disso, caramba. Ter o meu enorme chuveiro só pra mim e mais ninguém. Perfeito. Me arrumei depressa, pois não queria perder nenhum segundo longe dela. Quando desci até o primeiro andar, Lewis estava sentado no balcão com sacos de comida. Sanduíche, batata frita, onion rings e refri! Estou no céu! A cara dele não estava nada legal e eu sabia o motivo.
— Qual é, cara? Olha pra sua frente e vê bem essas comidas. Isso é a porcaria de um paraíso!
Me sentei e devorei tudo que tinha ali, quase não deixei para Lewis. Eu estava faminto. Ele não disse uma palavra comigo, enquanto comíamos e foi bom assim. Não queria ouvir seus sermões. Assim que acabei de comer tudo, me levantei e o chamei para irmos. E novamente sua cara não estava nada legal. Coloquei as mãos no bolso e o encarei como se estivesse o avaliando.
— Eu sei que você não gosta dela, mas quem tem que gostar sou eu.
— Mas cara, ela fez tanta merda pra você. Quando fui até a casa dela tentar avisar e falar o que você me pediu, ela jogou tanto na minha cara que você era um imbecil e que ela não te queria nunca mais. Eu odiei aquela garota. Ela se casou! Porra. Ela se casou com outro cara assim que você foi preso. Não duvido nada que foi ela que te denunciou quando o papai dela contou a verdade sobre você!
Eu não queria escutar isso.
— Você não sabe o que está falando. Da última vez que você disse isso a nossa briga foi feia, eu te deixei machucado.
— Você só precisa entender... — Lewis se levantou e começou a andar até mim.
— Eu não preciso entender nada, eu vou atrás dela e vou tirar minhas próprias conclusões e não as suas. Cadê a chave do meu carro?
Ele me olhou assustado como se não me conhecesse.
— Está na gaveta da minha cômoda. Deixa que eu pego pra você. — ele começou a caminhar para subir as escadas, mas eu o parei.
— Não, você fica aqui e eu pego.
Subi o mais rápido que podia, eu não iria ficar aqui esperando nem mais um segundo. Assim que cheguei na bagunça do quarto de Lewis vi a cômoda e me agachei para procurar a chave. Eu sabia que minha moto estava na fazenda e eu também iria buscá-la, espero encontrá-la inteira ou cabeças vão rolar. Abri a primeira gaveta e só tinha uma quantidade exorbitante de camisinhas e papéis aleatórios com números de telefones, a segunda tinha uma tesoura e um brinco de mulher, eu ri daquilo. A terceira e última gaveta parecia estar emperrada e eu tive que fazer uma enorme força para abrir e só depois que ela quebrou eu percebi que ela não estava emperrada e sim trancada. Por que Lewis teria uma gaveta trancada, nós nunca escondemos nada um do outro. Estranho. Um saco de papel estava lotado de fotos e eu o abri. Acho que meu coração parou de bater no segundo em que eu coloquei os olhos na barriga de grávida na foto. Era . Por que diabos ele teria fotos dela grávida ali? Eram muitas! Conforme eu ia passando, mais meu peito se enchia e mais feliz eu ficava. De repente, paro meus olhos em um bebê, era a filha de . Tinha algo escrito atrás da foto que dizia: "Quando abri os meus olhinhos iguais os do papai pela primeira vez".
Eu estava chorando?
Passei cada foto, dentre tantas, e chorei. Lewis me escondeu essas fotos? E por que tinha me enviado aquilo? Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Quando olhei para a gaveta, vi que tinha mais uma coisa ali. Era uma bíblia. Quando a peguei na mão, vi que era a bíblia de . Mas que merda tá acontecendo aqui? Ela estava com uma marcação. "O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." 1 Coríntios 13:4-7. deixou isso pra mim? Se ela deixou isso, então ela ainda me ama! Vi a chave do meu carro no fundo da gaveta, peguei o pacote de fotos, a bíblia e corri para longe dali. Assim que chego na garagem, Lewis estava ao lado do meu carro.
— Não achou a chave né? Deixa que eu vou buscar pra você.
— Na verdade achei sim, e ainda achei isso também. Você pode me explicar o que são essas coisas?
Levantei o pacote de fotos e a bíblia para que ele pudesse ver e seus olhos se arregalaram. Ele estava nervoso e eu sabia, Lewis estava me escondendo algo!
— Na verdade você não precisa me dizer nada, estou indo tirar minhas próprias conclusões, já que as suas podem não ser verdadeiras.
Lewis tentou me parar antes que eu entrasse no carro e eu o empurrei para longe. Estava cansado de mentiras na minha vida e ele não seria mais uma.
Passei a viagem toda tentando colocar a minha cabeça no lugar e não cometer nenhum acidente. Estava difícil tentar me concentrar no trânsito, enquanto eu tinha todas essas merdas na cabeça. Mas eu precisava estar vivo para vê-la. Quando cheguei na varanda da casa que eu via em meus sonhos quase todas as noites durante o tempo em que fiquei preso, meu coração acelerou. Bati na porta e gritei por ela. Não demorou muito para que o seu pai aparecesse ali.
— O que você está fazendo aqui? — a voz grossa e surpresa do velho a minha frente me deu uma pontada de alegria. Nunca pensei que ficaria feliz em vê-lo.
— Boa tarde, Pastor . Sua filha está? — quem sou eu? Por que estou sendo educado com o cara que me colocou na cadeia?
— Quanta audácia vir até a minha casa procurar a minha filha depois de tudo o que aconteceu. — sua cara de velho mal-humorado era a mesma.
— Depois de você ter me colocado na cadeia sem ao menos me deixar despedir de ? Não acho que seja muita audácia, eu fui sincero quando disse que a amava. Você pode não acreditar, mas eu ainda a amo. Mesmo depois de todo esse tempo e espero que o senhor me deixe vê-la.
Ele não disse nada por longos segundos, enquanto ele me analisava. Sua pose de durão malvado parecia ter saído de seu rosto quando ele descruzou os braços. Pensei que ele iria me dar um soco na cara ou chutar a minha bunda para fora de sua propriedade, mas ele apenas disse:
— Se lembra como se chega na fazenda?
Concordei, balançando a cabeça confuso.
— Ela está morando lá agora.
Então ele se virou e fechou a porta.
Foi isso mesmo que acabou de acontecer? O velho acabou de me mandar ir no endereço em que sua filha está? Que merda está acontecendo? Tem algo que eu não estou sabendo? Porque da última vez que eu tive uma conversa com ele, ele me prometeu que daria um tiro no meio das minhas pernas se eu chegasse perto de . Corri até o carro e dirigi o mais rápido possível até a fazenda. Eu lembrava exatamente de todo o caminho até lá e a estrada estava exatamente igual. Quando cheguei na fazenda, me lembrei de cada momento ali. Cada momento que tive com ela. Um sorriso enorme apareceu no meu rosto e eu não conseguia controlá-lo, o que eu estava vendo levou o céu até o meu inferno novamente. estava naquele mesmo píer amarelo brincando com uma garotinha, só podia ser a filha dela. A risada que eu escutava sair daquela menininha era contagiante e me fez rir também, seu sorriso era idêntico ao de sua mãe. Ela é linda! Mais do que nas fotos. Tentei não me aproximar para não estragar aquele momento único, mas minhas malditas pernas me levaram até elas. As duas estavam deitadas de costas e quando me aproximei, se sentou me olhando assustada. Por que ela parecia ter visto um fantasma? Seus olhos me encaravam como se não acreditasse no que estava vendo.
— ? O que está fazendo aqui? — eu escutei sua voz de novo e caramba, eu só queria a agarrar e puxar para algum canto qualquer e beijá-la com toda a vontade que estou segurando nesses últimos quatro anos.
— Mamãe, quem é ele? — a menininha se levantou também e me analisou. Ela se parecia muito com .
a pegou no colo rapidamente e começou a gritar por Judi.
— Judi! Judi! Você pode vir pegar Rori por favor?
Rori?
Eu não consegui dizer nada, estava apenas olhando aquilo tudo e esperando que não fosse um dos meus sonhos.
Judi chegou correndo e me olhou assustada. Caramba! Por que todos estão me olhando assim? Ela sorriu pra mim e levou a menina para dentro da casa e longe de nós. Eu não queria que ela fosse embora, queria olhar mais e conversar com a menininha de .
— Então, . Diga, o que está fazendo aqui?
Ela tinha seus bracinhos enrolados em seu corpo e estava tentando fazer uma cara de brava, mas a única coisa que eu conseguia ver em seus olhos era surpresa. Eu estava tão malditamente feliz em vê-la. Como eu queria puxar esse corpinho pra perto de mim e reivindicá-lo.
— Rori? Esse é o apelido dela? Como ela se chama? — perguntei me aproximando.
— Aurora.
Engoli em seco. Por que ela daria o nome da mulher que o velho Will amava para a filha dela? Me lembro bem quando a contei sobre Aurora. Ela era a única coisa que eu conhecia sobre o amor e tudo que Will me contava sobre o amor de sua vida eu queria pra mim um dia, quando era criança prometi que um dia eu teria uma filha e ela se chamaria Aurora. O velho Will ficou tão feliz. Ela sabia disso!
— Por que deu o nome da sua filha de Aurora?
— É sério que você veio até aqui depois de quatro anos apenas para falar isso?
O que ela estava tentando dizer?
— Olha, , eu estou cansada. Tivemos um dia difícil hoje, foi bem cheio e eu só quero entrar pra minha casa e deitar com a minha filha.
A boca de dizia uma coisa, mas seus olhos não. Não disse nada, apenas deixei que ela falasse.
— Eu esperei por mais de quatro anos uma resposta sua. Uma única explicação e você nunca me deu. Na verdade você nunca quis saber. — que merda ela estava falando? — Depois de alguns anos eu entendi que você não queria mais saber de mim, mas não querer saber da sua própria filha?
QUE PORRA É ESSA?
— O que você está dizendo? Está dizendo que a menina é a minha filha? — minha cabeça estava confusa demais e eu só precisava tocá-la, mas quando me aproximei mais de , ela se afastou chorando.
— Por favor, você já nos machucou demais. Não me toque. Não se aproxime de mim. Não finja que não sabia.
— Eu não sei! Eu vim até aqui exatamente por isso! Foi a primeira coisa que eu quis fazer quando saí da cadeia hoje. Eu estava pensando que você não queria mais saber de mim, por todos esses anos eu pensei nisso, mas quando encontrei aquelas fotos e a bíblia na gaveta de Lewis eu tive uma pontada de dúvida se tudo aquilo que eu ouvi sobre você era verdade. Você não pode me odiar, .
Ela colocava as mãos na cabeça, confusa. Ela parecia tão confusa como eu, ou talvez até mais.
— O que você disse? Disse que estava preso? Que encontrou as fotos na gaveta? Está dizendo que eu te odeio? , eu não estou entendendo.
me olhava desesperada por respostas e eu também queria tê-las.
— Você não sabia que eu estava preso? — perguntei confuso.
— Não. Ficou preso por quanto tempo? E por que não me avisou?
Meu Deus! Ela não sabe de nada?
— Como assim quanto tempo? Eu fui preso na manhã seguinte do melhor dia da minha vida. Eu fiquei quatro anos e nove meses preso, . Saí hoje! E eu não fiquei um dia sequer dentro daquela prisão sem pensar em você! Você não sabia que seu pai mandou me prender?
Ela pareceu chocada com a última frase.
— Meu pai sabia?
— Sim. Ele não te contou? — ela balançou a cabeça em negação. A coisa era pior do que eu pensava.
Os olhos de estavam derretendo em lágrimas e droga, como eu queria poder abraçá-la.
— Eu nunca soube de Aurora, quer dizer, eu nunca soube que ela era minha. Lewis me contou que veio até aqui tentar te explicar por que fui embora sem me despedir e disse que você não quis ouvi-lo. Depois, na segunda vez que ele voltou aqui, disse que você estava grávida e casada. Merda, ! Eu passei todos esses anos pensando que você tinha uma filha com outro cara!
— Espera, Lewis disse o quê? — ela riu, nervosa. — Ele disse mesmo isso? Que veio até aqui e que eu disse todas essas coisas? Meu Deus, ! Ele nunca veio aqui! Eu fui atrás de você na sua casa, eu tentei falar com você, mas ele me disse que você não queria mais saber de mim e que tinha arrumado outra pessoa. Ele disse que você nunca me amou e que era pra eu ir embora e nunca mais voltar. Ele não te contou?
Meu cérebro estava pegando fogo e eu juro que se Lewis estivesse aqui agora eu o mataria com as minhas próprias mãos. Eu pensava que ele era o meu amigo, que ele era o meu irmão. Como ele foi capaz de fazer isso? Como? Eu estava com tanto ódio.
— Você está bem? — a voz calma de entrou em meus ouvidos e uma de suas mãos estava tocando o meu rosto. O seu toque pode fazer tanta coisa comigo.
— Ele mentiu pra mim? E pra você? — perguntei.
— Pelo que parece sim! Por que ele fez isso? Lewis não é seu melhor amigo? Por que ele me faria acreditar que você nos abandonou por todos esses anos? Cada vez que eu enviava uma foto pra você e nunca obtia nenhuma resposta, uma parte do meu coração ia embora.
— Espera! Você nunca recebeu nenhuma carta minha?
me olhou confusa.
— Merda! Eu vou matar aquele infeliz!
— Que carta você está falando?
— Das cartas que te mandei todos os dias, enquanto estive preso! Eu escrevi uma por dia pra você e entreguei a Lewis para que ele mandasse pra você. Todos esses anos e eu nunca recebi nada de você. Era ele! Maldito desgraçado!
— Você me mandou cartas durante todos os dias nesses quatro anos? — ela perguntou, incrédula.
— Mandei.
— Oh, !
deu um passo pra frente, mas logo voltou para onde estava. Ela parecia querer me abraçar, mas algo não a deixava. Ela não me amava mais?
— Posso ver sua filha? Quero conhecê-la. — algo em minha mente começou a fazer sentindo, mas a ficha de que eu tenho uma filha com ainda não caiu.
mordeu a ponta dos dedos e logo depois começou a limpar as lágrimas em seu rosto.
— Isso não sou eu que decido. Rori descobriu sobre você ontem e eu não sei se ela vai querer te ver. Ela é só uma criança.
Só de pensar que a minha filha não sabia de mim e que talvez por causa disso não queria me ver, me fez querer pegar o carro e matar o desgraçado do Lewis.
— Eu entendo, tudo bem, mas eu realmente quero conhecê-la. Eu nunca abandonei vocês, eu apenas não sabia. Por favor, . Você precisa acreditar em mim. Eu ainda te amo.
Ela ficou paralisada por alguns segundos olhando pro chão e depois saiu dali.
— Vou conversar com Aurora.
A mulher da minha vida estava indo falar com a filha dela, que também é a minha filha. Eu tenho uma linda menininha com !
CAPÍTULO 37 – MÚLTIPLAS INFORMAÇÕES
Minha filha estava sentada em sua pequena cama, de costas para a porta de seu quarto amarelo. Aurora ama amarelo e azul, são suas cores preferidas. Ela fez pintar todo o quarto de amarelo e escolheu uma cama azul de aniversário. Que criança escolheria uma cama ao invés de um brinquedo? Na verdade, ela não precisa muito de brinquedos, tem uma fazenda enorme só pra ela e cada graveto que Rori encontra no chão transforma aquilo em uma enorme diversão.
— Está com sono, joaninha? — perguntei, me aproximando dela.
— Não muito, só um pouco cansada. Que dia, né, mamãe? — ela fez uma carinha engraçada de como se tivesse corrido uma maratona embaixo de um sol escaldante. Dei risada dela e ela acabou rindo também.
— Sabe aquele meu amigo que está lá fora?
Rori se levantou da cama e caminhou até a janela sem dizer nada, a acompanhei com os olhos.
— Ele não é o seu amigo.
A voz da minha pequena filha estava séria demais e eu me assustei com aquilo. Caminhei até ela, segurei os seus braços e a virei para que ela me olhasse.
— Por que está dizendo isso? — perguntei.
— Ele é o meu pai, não é? O pai de verdade que vocês me falaram.
Como assim isso saiu da boca de uma criança de quatro anos? Rori me deixou surpresa e eu fiquei a encarando por longos segundos de boca aberta.
— Como sabe disso?
— Eu não sou burra, mamãe. — O que eu perdi?
— Oh, eu não sei o que dizer. — foi apenas o que consegui falar. Ainda estava assustada com a inteligência e a sinceridade da minha filha.
— Eu sou a cara dele!
Santíssimo! Será que essa menina ainda vai soltar mais uma dessa hoje?
Meus sentimentos estavam correndo e se descontrolando dentro da minha cabeça, eu acabei de rever o único homem que me fez sentir amada e o único a qual amei. Eu pensei que nunca iria vê-lo novamente. E agora, minha filha já sabe que ele é o pai de verdade dela sem que ao menos eu precisasse dizer. Sempre sonhei com esse dia, mas nunca acreditei que iria acontecer. quer conhecer a filha e eu não faço ideia de como vou fazer isso.
— Não, você parece comigo. — apertei sua bochecha e ela ensaiou um sorriso torto. — Ele quer te conhecer e conversar um pouco com você.
Rori torceu o nariz em reprovação e continuou me olhando com aqueles grandes olhos.
— Você não precisa fazer isso agora, joaninha. Somente se você quiser, mas ele quer mesmo te conhecer. Vou estar do seu lado o tempo todo!
Nós duas estávamos encarando pela janela, andando de um lado pro outro de frente a varanda de casa. Ele parecia nervoso e ansioso.
— Eu não quero! — Rori se soltou de mim e sentou-se novamente na cama. — Ele nos deixou! — ela disse brava, enquanto cruzava seus braços.
Eu me apressei em alcançá-la e me sentei ao seu lado.
— Não diga isso! Ele não nos deixou! Quem te disse isso?
— Ninguém, eu só sei. Ele foi embora e não me quis, agora eu não quero ele.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e eu não consegui contê-la. Eu só queria que isso não tivesse acontecendo.
— Olhe para mim! — peguei com delicadeza o seu rostinho e fiz com que ela olhasse bem no fundo dos meus olhos, como sempre faço quando quero que ela saiba de algo. — Ele nunca soube de você, por isso nunca te viu. Não diga isso novamente, eu fiquei muito triste com o que você me disse. Ele é um homem bom! Muito bom. E eu tenho certeza que quando você quiser conhecê-lo vai saber disso. Vai saber que ele nunca te abandonou. Ok?
Rori concordou com a cabeça e me deu um beijo na bochecha.
— Eu não quis que você ficasse triste, mamãe. Me perdoa? Eu só não quero falar com ele agora. Tá bom?
— Tudo bem, você não precisa falar com ele agora. Faça isso quando sentir vontade de conhecê-lo, não vamos te obrigar a nada.
— Ele não vai embora? Cadê o papai? Eu quero que ele me conte uma história.
Rori se deitou na cama.
— Vou chamar a Judi para te dar um banho, não vai dormir sem um, sua porquinha. Em breve eu volto, te amo muito.
Dei um beijo na ponta do seu nariz e saí do quarto.
Uma parte de mim estava quebrada. Meu pedacinho não queria conhecer seu pai. Mas a outra parte entendia, ela nunca soube disso. É muita coisa para uma menininha processar.
Assim que abri a porta de vidro da varanda, vi um desesperado. Ele estava com as mãos nos bolsos, depois as tirou de lá e começou a sacudi-las ao lado de seu corpo. Ajeitei meu cabelo em um coque nada bem feito e caminhei até ele, mas não muito próxima, eu não queria sentir o seu cheiro e muito menos ficar perto do seu toque.
— Graças a Deus você chegou! — ele tinha aquele sorriso lindo no rosto. — Cadê ela?
— Ela está cansada. Hoje foi sua festa de aniversário e ela brincou muito com todos. Me desculpa, ela não vem.
Em poucos segundos o sorriso estava desfeito. não parecia estar mais dentro dele.
— O que eu queria também? Que ela viesse correndo, me abraçasse e me chamasse de papai? Eu sou um merda! — ele chutou a pilastra da varanda e começou a xingar nomes feios que só ele sabia falar.
Eu permaneci o olhando. Ele estava ali mesmo, na minha frente, em carne e osso. E que carne! está muito mais forte do que antes. Ele parece ser um novo homem, não tem mais nenhum traço de menino no rosto e muito menos no corpo. Sua camisa cinza estava grudada a cada músculo do corpo e aquilo me fez querer morder a língua antes que eu pudesse soltar alguns gritinhos de alegria. O que eu estava fazendo? Sou uma mulher casada e tudo que estava desejando era que me jogasse contra a parede e fizesse o que ele sabia fazer de melhor. Imagens da última noite que tive com ele veio à minha cabeça e mordi a minha boca.
— Você ouviu o que eu disse?
— Hãn? — perguntei confusa.
me encarou e fez uma cara engraçada, ele deu dois longos passos fechando mais um pouco o espaço entre nós.
— Eu disse que sinto muito.
— Sente pelo quê? — perguntei.
— Sinto muito por tudo. Sinto por ter deixado um cara que eu pensava ser meu irmão nos enganar e estragar quatro anos das nossas vidas. Sinto por ter deixado seu pai nos separar e não ter feito nada para...
— Espera, o que você disse? — o que ele quis dizer com "seu pai nos separar"?
— Em qual parte?
— Você disse que meu pai nos separou? — eu estava confusa.
— Eu não estou te entendendo. Por favor, não me diga que você não sabia disso também! Puta merda! Mas que porcaria aconteceu com a gente?
Eu me aproximei de para que pudesse olhar bem nos olhos dele.
— Fale. — eu disse, segurando o choro.
— O seu pai que nos separou, foi ele que me denunciou. Eu pensava que você sabia de tudo. Foi seu pai que me fez ser preso.
O que ele estava dizendo? Foi como se eu tivesse levado uma pancada na cabeça e de repente tudo girou. me segurou em seus braços quando eu quase caí no chão.
— Você está bem? — ele perguntou preocupado, enquanto corria para nos sentar no grande balanço.
— Eu não estou entendendo. Por que ele faria isso? Por que ele não me contou? Durante todo esse tempo!
— Você teve muita informação hoje, lindinha. É melhor descansar por hoje e amanhã conversamos mais. — a grande mão de estava no meu rosto e meus olhos se fecharam automaticamente e posso jurar que soltei um gemido baixo com apenas um toque daquele homem.
A outra mão dele subiu até o meu cabelo e desfez o coque que eu tinha feito. Eu ainda estava de olhos fechados e se eu não tivesse escutado a voz de , eu juro que tinha continuado ali com ele.
— O que está acontecendo aqui? O que esse homem está fazendo aqui com você?
— ? — pulei do balanço e me afastei das mãos e do calor de .
— Ah, não brinca! Esse é o seu marido? Por favor diga que estou errado. Eu não acredito que você está casada com o cara que ajudou o seu pai a me prender e nem sequer te contou sobre isso!
— O quê?
estava parado a minha frente, sem reação. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo, realmente eu tinha escutado novidades demais hoje e eu esperava fortemente que o que eu tinha acabado de escutar fosse um grande mal-entendido.
— Isso foi um engano, certo, ? Não é você quem ele está pensando que é, não é?
Ele abaixou a cabeça quando me dirigi a ele. estava logo atrás de mim. Minha cabeça estava zonza e eu sabia que poderia apagar a qualquer momento.
— Me responda! — eu gritei.
— Eu não estou enganado, foi ele mesmo. Me lembro também de um dia na varanda da casa do seu pai, quando ele estava te vigiando naquele dia que fui te buscar para sair. Você não se lembra? Diga à ela, idiota! Responde que era você! — começou a caminhar para o lado de e eu fiquei no meio do caminho dos dois.
— Foi você, ? — perguntei em baixo tom, tentando me acalmar. Eu só queria a verdade.
— Me perdoa, eu queria te contar, mas eu...
— Vai embora. — consegui falar antes que eu caísse em prantos. Meu choro era doído. Fui traída pelo meu próprio pai e pelo meu melhor amigo.
— Não, . Por favor! Me deixe explicar! Por favor! Eu te amo! Apenas me deixe explicar. — ele agarrou os meus braços e eu puxei tentando me soltar dele, então apenas se atirou em cima de .
Seu soco foi certeiro no olho esquerdo. caiu no chão e eu gritei.
— Pare com isso!
No próximo segundo, conseguiu revidar com um soco no rosto de e logo os dois estavam trocando chutes e mais socos. Eu estava desesperada. Ainda chorando como se estivessem arrancando meu fígado de mim e imóvel. Não conseguia me mexer, eu apenas gritava implorando para que parassem e chorava. Então percebi quando Jose chegou correndo e conseguiu separar os dois. Eu ainda estava em choque. Havia sangue no rosto dos dois. Havia sangue por todo lado. Os dois homens da minha vida tinham acabado de agir como animais selvagens brigando pelo último pedaço de carne.
— O que vocês pensam que estavam fazendo? — Jose gritou.
— Me escuta, . — ainda tentava me convencer.
— Ela já disse pra ir embora! — ralhou.
— Cala a boca, seu idiota! Não fui eu que a abandonei! Você deveria estar apodrecendo na cadeia! Quem tem que ir embora é você, ela é a minha esposa!
— Chega! — eu explodi. — Vá embora, , por favor! Eu não quero mais ouvir a sua voz hoje. Apenas vá embora.
me olhou triste e concordou com a cabeça.
— Tudo bem, é isso que você quer? — ele perguntou.
— Agora sim. — eu estava conseguindo controlar o choro nesse momento.
— Se é o que você quer, eu vou.
Sem dizer mais nada, ele se foi. Ficamos em silêncio na varanda até que ele entrasse em sua caminhonete e dirigisse em direção a longa estrada de terra.
— Você precisa de mim, ? — Jose perguntou e eu respondi que não. — Qualquer coisa me chame. Estarei por aqui esperando por Judi para irmos embora.
Desde que nos mudamos pra cá, eles não moram mais aqui. Só vem nos ajudar durante o dia e à noite vão para a cidade.
— Obrigada, Jose. Está tudo bem agora.
— Boa noite, menina. Bom te ver novamente, garoto! — Jose acenou para e nos deixou ali.
Eu ainda estava sem entender o que estava acontecendo. Informações demais para a minha cabeça. Tudo que eu via agora em minha frente era um ensanguentado.
— Tem gelo no congelador. Você sabe onde fica o banheiro, se limpe, pegue o gelo e depois vá embora. Estou cansada e não quero saber de mais nada por hoje, só quero o abraço da minha filha.
não disse nada. Eu entrei para a casa e subi as escadas. Eu iria ver minha menina e esquecer de toda essa bagunça.
CAPÍTULO 38 – NÃO PARE
Desde quando deixei na varanda e subi para ficar com Rori, fiquei abraçada ao seu lado em sua cama e apagamos. Não sei como consegui dormir em meio a tanto caos, mas ela tinha esse poder de me acalmar. Estar perto dela sempre foi o meu refúgio. Rori dormia como uma pedra, quando acordei assustada no meio da noite. Pensei que havia apenas cochilado, mas já passava das três da manhã. Minha garganta estava seca demais então decidi descer até a cozinha e me arranjar um pouco de água. Passei pelo quarto de e a cama estava intacta. Ele não voltou pra casa, estávamos sozinhas e essa foi a primeira vez desde que nos mudamos pra cá. Desci as escadas no escuro e entrei sonolenta na cozinha. A luz de fora estava acesa e o reflexo das luzes iluminavam as paredes brancas do cômodo. Me assustei quando vi sentado na cadeira em frente a pia.
— ? O que está fazendo aqui? — perguntei assustada.
Eu ainda estava um pouco sonolenta, mas podia jurar que isso não era um sonho. estava sem camisa e se limpava com um dos meus panos.
— Espero que não se importe, estou usando isso pra limpar o sangue.
— Eu te disse pra ir embora assim que se limpasse, já passa das 3 da manhã. Você não devia estar aqui.
— Eu não podia deixar vocês sozinhas aqui. Seu marido ainda não voltou, estava esperando que ele voltasse. — ele se levantou da cadeira e caminhou até onde eu estava.
Eu me lembrava bem do corpo de , tentei manter vivo cada pedaço dele na minha cabeça, mas eu não me recordava que ele tinha essa quantidade de músculos bem definidos. O que eu suspeitava quando o vi mais cedo em sua camiseta acabei de confirmar, ele realmente estar maior e mais forte. Isso fez com que meus olhos parassem ali na sua barriga e ele estava rindo. Droga, ele conseguiu me pegar, enquanto eu o encarava.
— Merda, ! Eu senti saudade dos seus olhos me analisando assim.
deixou o pano em cima da velha mesa de madeira e se aproximou ainda mais de mim. Eu dei dois passos para trás e acabei presa a parede.
— Por favor, não faça isso. — eu disse em meio aos dentes.
Então ele parou.
Não pensei que fosse tão fácil assim. Ele parou de caminhar em minha direção. Não que eu não queria, eu queria, mas eu me arrependi de ter pedido para que ele parasse. Desde quando ele voltou, meus sentimentos estão uma bagunça e eu nem sequer sei o que estou sentindo. Ter ali parado sem camisa em minha frente não era algo que eu aguentaria por muito tempo.
— Acho melhor você colocar uma camisa. — falei, imóvel.
— Acho melhor você voltar a dormir, lindinha. Eu não vou conseguir me segurar por muito tempo.
Meu peito subia e descia com muito mais intesidade do que o normal e eu precisava sair dali o mais rápido possível. estava tirando o meu ar e provavelmente a minha dignidade.
— Você não vai embora da minha casa, né?
Ele balançou a cabeça em negação.
— Já disse que não vou deixar vocês duas sozinhas nessa fazenda.
— Não precisa disso. Eu sei cuidar de mim e da minha filha muito bem.
— Eu não duvido disso, . Mas não vou embora, posso ficar lá fora no balanço.
Eu nunca o deixaria dormir no frio lá de fora.
— O seu quarto no celeiro ainda existe. — eu disse apontando para o celeiro.
Um sorriso apareceu no rosto do homem perfeito a minha frente e ele se virou para olhar.
— Pode dormir lá se quiser, já que não vai embora. Fique até amanhã, talvez Rori aceite falar com você. Caso contrário, infelizmente eu não posso fazer nada e você terá que voltar a sua vida normal.
bufou.
— Voltar a vida normal? , minha vida não tem sido normal desde o maldito dia em que eu escutei a sua doce voz cantar e a segui até o banheiro. Você girou a merda do meu mundo de ponta a cabeça e me fez sentir coisas que eu nem acreditava que existiam. Depois desse dia minha vida tem sido você, e a partir de hoje, minha vida vai ser você e Rori. Eu não posso voltar para a vida normal. Eu não quero.
Fiquei parada. Eu não sabia disso. Muito menos a parte de me ouvir cantar no banheiro. Meu coração que já estava acelerado, agora entrou em ritmo de fuga e ele estava quase saltando pela boca. Eu precisava correr. Correr para bem longe desse homem.
— Vou trazer roupas de cama para você, tchau. — foi tudo o que eu consegui dizer. Corri como uma adolescente depois de dar o seu primeiro beijo.
Eu corri até o meu quarto e me joguei na cama. Me esqueci completamente do que eu vim fazer ali, pegar lençóis limpos. A única coisa que vinha a minha mente era o corpo de . O jeito que ele me olhava. E a sensação de ter a sua boca por todo o meu corpo. A única coisa que eu podia fazer agora era me tocar. Eu estava a ponto de explodir em hormônios e tudo que eu precisava era que a minha imaginação me ajudasse com isso. Fechei os meus olhos e comecei a pensar nele. Ele estava bem embaixo de mim e na minha casa! Só a ideia de tê-lo em minha casa me fez estremecer. O toque de sua mão em meu rosto, sua pele na minha, sua boca na minha. Tentei me segurar com toda força que tinha para não gritar o nome dele e acordar toda os animais da fazenda e a minha filha, mas falhei. Seu nome saiu dos meus lábios, mas pelo menos só eu conseguiria ouvir. Quando abri meus olhos, em êxtase, satisfeita do que eu tinha acabado de fazer, me assustei com o que vi. estava parado na porta do meu quarto me olhando como se eu tivesse feito a melhor coisa do mundo. Oh, meu Deus! Eu não acredito! Minhas bochechas começaram a colorir a aquarela e se transformaram em várias cores. Meu rosto estava queimando em desespero. Ele não podia ter visto aquilo, ele não podia! Ele permaneceu parado e eu consegui sentar na cama e o encarar.
— É... Você... ... por favor... eu preciso que vá… que vá embora. — eu não estava conseguindo falar algo que fizesse sentido ou que tivesse continuação.
me olhou com aquele grande par de olhos acinzentados e caminhou ferozmente em minha direção. Eu permaneci no meu lugar sem saber o que fazer ou o que falar. Ele se aproximou de mim e olhou todo o meu corpo. Sua respiração estava pesada e ele mal conseguia abrir a boca.
— Por favor... — eu disse o encarando.
— Não pare o que estava fazendo. Por todo o amor que você tenha a vida, continue a fazer o que você estava fazendo.
Eu sentia fogo nos olhos dele. Seu peito subia e descia quase no mesmo instante que o meu. Estávamos perto demais e eu não sabia o que estava sentindo.
— Por favor, . Continue. Eu preciso disso. — disse novamente e eu sem pensar mais uma vez voltei a minha mão para o lugar em que ela estava quando ele chegou no quarto.
— Merda! — ele conseguiu dizer em um sussuro abafado.
Eu comecei a mover meus dedos e fechei meus olhos. Eu não posso acreditar que estou fazendo isso.
— Abre os olhos, , olhe para mim. — ele ordenou e eu fiz.
Seu rosto estava quase colado ao meu e eu podia sentir a sua respiração. Ele me olhou do mesmo jeito que me olhou na nossa primeira e única noite. Ele me olhou com vontade e eu não conseguiria aguentar. Abaixei meu olhar para a cama e ele se sentou do meu lado.
— Olhe pra mim, por favor.
Eu movi novamente os meus olhos para ele e tentei não chorar. Estava errado isso. Eu não podia fazer isso. é o meu marido, mas tudo o que eu conseguia pensar agora era na probabilidade de sentir as mãos de sobre mim novamente.
— Está pensando em mim? — ele perguntou em meio as respirações curtas.
Balancei a cabeça dizendo que sim e ele jogou a cabeça para trás. Seu rosto se aproximou do meu e nossas bocas estavam quase se tocando. Eu não parei de me tocar e logo chegaria lá novamente.
— Eu sei que não posso te tocar, você é casada, merda! Mas caramba, eu preciso sentir o seu gosto novamente. Você é minha, . Só minha! E não está me ajudando nenhum pouco ver você se tocando, enquanto pensa em mim.
Quando ele terminou de dizer isso, tirei minha mão de dentro da minha calcinha e me movi para longe do corpo de .
— Não! Não pare! Pelo amor de Deus! — ele tentou me impedir e segurou a minha mão.
Eu deixei que ele fizesse, eu permiti que levasse a minha mão para dentro da minha calcinha novamente e ele não tirou a sua de cima da minha. guiou meus movimentos e eu não consegui me conter por muito tempo. Ter sua mão ali e seus olhos em cima de mim só fizeram com que eu chegasse mais rápido. Meus olhos se fecharam e minha boca se abriu.
— Oh, ! — eu gritei.
— Puta merda, !
se levantou da cama e saiu do quarto correndo. Ele se foi. Eu estava sonhando? O que foi que aconteceu?
CAPÍTULO 39 – SOL DE DOMINGO
— Puta merda! — era a única coisa que saía da minha boca depois que vi gozar, enquanto gritava o meu nome.
Ela conseguiu me deixar duro sem nem me tocar.
Quando a vi subir desesperada para o seu quarto, resolvi segui-la e entender o que estava acontecendo, mas quando a vi deitada na cama se tocando, não consegui me conter. Ela me deixou tão duro que estava doendo. Se eu não saísse correndo do quarto para vir me aliviar, eu nem sequer estaria vivo agora. me deixou com uma puta ereção e eu tive que tratar logo disso. Eu não posso tocá-la e ela não me ajuda com isso. Sinto uma vontade enorme de matar Lewis por cada ano que ele me fez pensar que ela não me queria mais e por fazê-la acreditar que eu a tinha abandonado. Isso não ficaria assim, ele iria pagar pelo que fez. Se não fosse por ele e pelo pai de , eu não estaria correndo para o banheiro mais próximo que encontrasse, buscando um jeito de me aliviar rapidamente. Era pra eu estar me aliviando nela! Dentro dela!
Depois de um longo tempo sozinho, pensando no que tinha acabado de ver e sentir, saí do banheiro e resolvi ir até o quarto de para conversar. Sei que não era uma boa ideia, mas tive que ir. Assim que entrei em seu quarto, a vi deitada na cama. Ela estava dormindo, apagada. Seu corpo estava jogado sobre a grande cama e eu podia observar essa paisagem por longas horas, mas eu não podia. A cobri com um cobertor que estava dobrado em uma cadeira e tive que juntar toda a força que eu quase não tinha naquele momento para não deixar um beijo em seu rosto. Então, decidi sair dali. Pensei em ir descansar no meu antigo quarto, mas esqueci que não havia me entregado a roupa de cama limpa. Resolvi ficar sentado no balanço da varanda de frente. A vista era linda. Eu estava vendo o lago inteiro dali e a brisa forte que batia no meu rosto era tão refrescante apesar do frio. Vesti minha camisa antes que eu congelasse e encostei minha cabeça na parede.
Eu dormi. Acordei pela manhã com o sol na minha cara e o galo berrando a poucos metros de mim. Eu estava com saudade desse lugar. Meu corpo estava gelado demais e eu estava louco para me aquecer dentro da casa. Dei uma olhada para frente e não vi a caminhonete do desgraçado do . Como ele pôde deixá-las sozinhas nessa porcaria de distância? Esse era o homem que havia casado. Olhei para a porta de vidro da cozinha e não vi ninguém ali, acho que tudo bem entrar um pouco para pode me esquentar, enquanto ela não acorda.
Antes que eu pudesse me mover, a porta se abriu lentamente e um pequeno corpinho pisou no velho assoalho da varanda de madeira.
Era ela. Era a minha filha.
Suas pernas finas estavam flutuando dentro de uma enorme bota de plástico amarela. Rori estava em um pijama de ursinho azul e seus cabelos castanhos estavam ajuntados em duas tranças soltas pelos ombros. Ela me olhou com a cara amassada de quem tinha acabado de acordar e eu sorri pra ela. Meu peito estava em chamas.
— O que você tá fazendo na minha casa? — ela perguntou séria demais pra uma criança da idade dela e aquilo me fez rir.
— Estou vigiando vocês.
— Vigiando? Mas por quê? — ela parecia curiosa, enquanto me analisava e seus olhos fizeram me lembrar dos meus. Ela tinha meus traços. Ontem eu pensei que Aurora era a cara de , mas agora, a vendo assim de perto percebi que a menina é uma cópia perfeita de mim.
— Porque vocês estavam sozinhas nessa casa enorme, é perigoso duas princesas ficarem assim, sem ninguém pra proteger. — eu me agachei perto dela.
— Hum. Não precisamos. O papai faz isso já.
Aquilo doeu no meu coração. Droga! Aquele covarde magrelo não é o seu pai! Eu queria gritar aquilo, mas fiquei quieto dando o meu melhor sorriso.
— Você quer balançar comigo naquele balanço legal?
— Não.
Ela era teimosa.
— Então podemos entrar pra cozinha e comer algo? Estou faminto e aqui está frio pra você.
— Não. Eu não quero conversar com você e você pode ir embora! — Rori fechou a cara pra mim e mal olhou nos meus olhos. Eu fiquei triste, mas eu sabia que seria difícil ter uma conversa de verdade com a minha filha.
— Ok. Apenas entre, então. Não fique nesse frio. Eu posso ficar aqui fora esperando pela sua mamãe acordar? — perguntei me levantando e caminhando até o balanço.
Rori apenas balançou os ombros e entrou para a cozinha.
A observei pela porta de vidro fazer todo um esforço para conseguir subir no enorme banco do balcão. Ela estava empenhada em conseguir e logo se sentou nele. Minha filha era a coisa mais linda que eu já tinha visto. Ela era uma mistura de e de mim. Por mais que ela fosse a minha cara, Rori puxou a beleza e o charme da mãe. Sua personalidade é forte. O pouco que conversei com ela pude saber disso. Será que ela sabe quem eu sou de verdade? Que sou seu verdadeiro pai?
Rori abaixou a cabeça no balcão de mármore e ficou assim por alguns minutos até que decidiu se levantar. Ela começou a encarar o armário e depois moveu o seu olhar para onde eu estava. Eu fingi que não estava olhando pra ela e ela continuou assim por um bom tempo. Foi engraçado. De repente, suas ágeis perninhas caminharam para fora novamente e ela me olhou aflita. Eu permaneci fingindo que não estava olhando para ela.
— Moço, você pode me ajudar por favor? — ela estava falando comigo?
— Está falando comigo? — perguntei olhando pra ela.
— Claro, só tem você aqui. — ela riu rapidamente e logo fechou a cara de novo. Eu segurei o riso.
Rori não parecia ter só quatro anos, ela era esperta demais e estava agindo como uma pequena adulta.
— Certo. O que você precisa? — me levantei e caminhei até ela.
— Você pode pegar a caixa de cereal que está dentro do armário lá no alto pra mim, por favor? É que estou com fome e não alcanço. Mamãe ainda está dormindo, não posso esperar que ela acorde. Minha barriguinha está doendo.
Oh, meu Deus! Ela acabou de fazer o biquinho que fazia pra mim quando queria algo. Meu corpo saltou de alegria.
— Eu pego pra você, mas só se você me deixar comer também. — eu dei um sorriso pra ela, mas ela não me retribuiu.
— Não sei. Eu ainda não quero falar com você. Eu sei que mamãe quer muito que eu converse com você, mas eu acho que ainda não quero. — aquilo me deixou triste.
— Você não precisa falar comigo, é só me deixar comer do seu lado.
Rori estendeu sua mãozinha pra mim e disse:
— Combinado!
Eu juro que me controlei para não esmagar as suas bochechas.
Segurei a sua mão e ela logo se soltou dela. A garotinha foi correndo se sentar onde estava antes e eu fui para o armário que ela apontou me mostrando onde estava a caixa de cereal.
— Deixa que eu pego o leite! Tem que pegar as vasilhinhas pra gente comer, a mamãe deixa aí na pia. — ela apontou para que eu pudesse ver.
Rori saltou do banco e abriu a geladeira pegando a garrafa de leite. Fiz o que ela me disse e peguei as vasilhas e as colheres. Coloquei tudo sobre o balcão e ela subiu animadamente para o banco novamente.
— Eu gosto que coloque o...
— Cereal primeiro e depois o leite. — eu disse, a interrompendo.
— Oh! Como você sabe? — ela perguntou surpresa.
— Eu não sei, também gosto desse jeito. Quem coloca o leite antes do cereal?
Ela deu uma risadinha baixa, mas como sempre faz, parou logo de rir e fechou a cara pra mim. Rori e eu atacamos o cereal em poucos minutos e ela ficou parada ali me encarando.
— Mamãe está desmaiada na cama. Você sabe o que é desmaiada?
Eu queria rir da forma que ela me perguntou, mas fiquei quieto.
— Não, o que é? — menti.
— Eu aprendi na minha escola, é quando a pessoa desmaia.
Não consegui conter a risada.
— Por que está rindo de mim? Não gostei.
Rori juntou seus bracinhos pra junto de seu peito e fez uma cara triste. O que eu fiz?
— Não estou rindo de você, princesa. Obrigado por me contar, agora eu sei o que significa.
— Não me chame de princesa! Só o papai me chama assim! — ela estava brava agora.
— Tudo bem, como quer que eu te chame?
— Aurora. Apenas Aurora. Com a letra A!
— Certo, Aurora com a letra A. Seu nome é bem bonito.
— Eu sei! Minha mamãe que escolheu. Ela disse que era o nome de uma moça muito bonita e que ela era uma moça muito especial. Eu também sou especial, sabia? — Aurora se levantou do banco e caminhou para a pia levando sua vasilha.
Eu estava chorando? Merda. Sim, eu estava chorando. Que porcaria é essa? Limpei rapidamente as lágrimas que escorriam no meu rosto e fui até a pia ao lado da menina.
— Sim, eu sei que você é muito especial. O que você acha da gente se sentar no sol de frente a lagoa? — perguntei, me agachando ao lado dela. Ela era pequenininha demais, mal batia em meus joelhos.
— Acho uma boa ideia.
Ela aceitou? Eu não podia ficar mais feliz!
— Rori? O que faz acordada a essa hora? Não está tratando mal o , está? — apareceu na cozinha com o cabelo atrapalhado e a cara amassada, eu nunca tinha visto algo tão lindo e sexy pela manhã.
— Não, ela não está. Estamos apenas conversando. — eu falei.
me olhou surpresa.
— Mamãe, estamos indo ficar no sol lá na lagoa. Vem com a gente, por favor! — Aurora puxou os braços de a forçando até a saída.
me olhou como se não estivesse entendendo nada e eu apenas sorri para ela. Minhas meninas estavam correndo até o píer e eu estava às seguindo. Esse era o momento mais feliz da minha vida até agora.
CAPÍTULO 40 – SIM
Me assustei quando acordei hoje pela manhã e não encontrei Rori em seu quarto, mas logo me acalmei quando ouvi sua voz vindo da cozinha. Consegui me assustar ainda mais quando cheguei lá em baixo. Rori estava com . Meu peito se apertou só de pensar que a sinceridade da minha filha poderia machucá-lo. Quando ela respondeu que estava apenas conversando com ele e que estavam indo para o píer pegar sol, algo em mim que eu nunca tinha sentido incendiou o meu peito de uma forma boa. Eles estavam se entendendo? Eu não podia ficar mais feliz. Olhei para trás e estava correndo atrás da gente. Ele estava sorrindo, meu Deus. Eu sabia que ainda tinha sentimentos por ele, mas por um curto momento tinha pensado que tinha o esquecido, mas eu estava errada. Muito errada. Eu ainda o amo.
— Vem, moço! — Rori gritou e eu dei uma risada. Por que ela estava chamando ele assim? Que engraçado.
Minha filha me puxou para que eu sentasse bem ao seu lado e assim o fiz.
— Eu amo esse lugar! — Rori deu um berro de braços abertos. Até os pássaros que estavam próximos de nós se assustaram e voaram pra longe.
se aproximou de nós e ele não tirou os olhos dela um segundo sequer. Eu não tinha parado pra me lembrar daquele sonho que tive ontem à noite. Tentei mudar a minha atenção dele para que parasse de desejar o que eu não podia ter.
— O moço aqui também sabe tomar cereal direito. — Aurora disse rindo, enquanto apontava para .
— O que você quis dizer com isso? — perguntei curiosa.
— Não é igual o papai que coloca o leite depois. — ela colocou as mãos sobre a boca e começou a rir sem parar. — Papai bobo!
Eu me lembro que todas as vezes que arruma cereal pra ela, Rori briga por ele estar fazendo da maneira errada. Menina sapeca! Olhei para e o seu olhar permanecia nela, mas ele não estava mais lançando felicidade, ele estava triste. Eu conhecia bem aquele olhar.
— Está tudo bem? — perguntei baixinho.
concordou com a cabeça e logo se sentou ao nosso lado. Pensei que Rori não ia querer que ele ficasse tão perto dela, mas ela nem sequer se mexeu.
Eu estranhei o silêncio que tomava conta do tempo ali, mas gostei. Eu sentia a brisa gelada de outono bater no meu rosto e fechei meus olhos para guardar aquele momento. Estávamos só nós três ali e isso era tudo que eu sempre quis e pensei que nunca teria. Rori deitou a cabeça no meu colo e a levantou para me olhar.
— Mamãe?
— Oi, joaninha.
— Eu te amo infinito.
— E eu te amo infinito vezes infinito.
Dei um sorriso pra ela e beijei a ponta do seu nariz como sempre fazia. Ela respirou fundo e depois falou:
— Isso é muito, UAU!
Dei risada dela e rimos juntos ali. parecia distante, mas permanecia com o seu olhar sobre nós. Eu estava sentindo que talvez ele pudesse estar se sentindo excluído naquele momento e isso fez com que meu coração doesse. Tudo veio à tona, meu pai ter denunciado , ter ajudado, Lewis ter mentido, tudo isso veio à minha cabeça e eu segurei para não chorar. Eu preciso saber mais sobre isso. Preciso de toda e única verdade. Chega de mentiras, isso só fez com que eu me afastasse do amor da minha vida e que a minha filha fosse impedida de crescer com o pai de verdade. Nunca irei reclamar do amor e da dedicação de conosco. Por todos esses anos ele tem sido um ótimo pai e amigo.
— PAPAI! — Aurora se levantou correndo para a estradinha na entrada da fazenda. Era o carro de .
Me levantei depressa e se levantou logo atrás de mim. Comecei a caminhar na direção da minha filha, mas ele segurou o meu braço.
— , precisamos conversar sobre ontem.
— O quê? — perguntei confusa. — Está falando sobre as mentiras contadas pra nós? Vou resolver isso tudo hoje mesmo!
— Não, quero conversar sobre essa madrugada. Aquilo que aconteceu no seu quarto, com a gente.
OI? Aquilo não tinha sido um sonho?
Fiquei sem ar e respirei o mais forte que consegui. Ele me olhou nos olhos e disse:
— Não consigo esquecer aquilo. Eu pensei que você não sentia mais nada por mim, mas quando te vi ali e ainda você disse o meu nome, porra, , você disse o meu nome.
Engoli em seco, enquanto tentava me controlar em cima das minhas pernas. Meu Jesus Cristo todo poderoso. Pai do céu e da Terra! Aquilo tudo não foi um sonho. Minhas bochechas com certeza estão vermelhas agora e tentei me recompor.
— Podemos conversar? Eu sei que você tem muito o que conversar com aquele banana que a minha filha chama de pai, mas eu te espero aqui fora.
— Não o chame assim, é sim um pai para Aurora. Quando você se foi, ele se dispôs a assumir meu bebê. Ele é o meu melhor amigo.
— Agradeço que ele cuidou de vocês esses anos, mas agora eu voltei. Eu quero fazer isso, vocês são minhas!
Um arrepio atravessou o meu corpo quando o ouvi dizer isso. Ele ainda me ama?
— Me espere aqui, vou conversar com primeiro.
me olhou por mais alguns segundos e me soltou, me deixando livre para ir.
Caminhei sem olhar para trás até a varanda de madeira onde segurava Aurora no colo.
— Não acha que está grande demais para ficar no colo? — perguntei.
— Só às vezes.
— Bom dia, . — me olhou desconfiado e depois pôs seu olhar sobre do outro lado da fazenda.
— Papai, eu estava conversando com o moço e ele é um pouquinho legal, sabia? — Rori disse empolgada.
— Princesa, você pode me esperar no seu quarto? Preciso conversar com a mamãe, sozinho.
— Ah, não! Eu quero ficar com você.
— Por favor, Princesa Aurora, vá preparando a sua mesa de chá e eu já vou brincar com você.
a colocou no chão e Rori saiu cabisbaixa dali. Assim que ela subiu as escadas, se sentou na cadeira da velha mesa de madeira da cozinha e me esperou fazer o mesmo.
— Você vai me ouvir agora? — ele perguntou.
— Se você for falar a verdade.
— Eu nunca menti pra você.
— Ah, claro. Só me escondeu um pequeno grande detalhe de que você ajudou o meu pai a prender o amor da minha vida e pai da minha filha! Pelo amor de Deus, ! Eu estive na casa dele por várias vezes me fazendo de trouxa e você nem sequer se deu o favor de me contar que ele estava preso.
— Eu não podia fazer isso com você, por favor entenda.
— Não pensou que um dia a verdade viria à tona?
Eu estava tentando não gritar, mas estava ficando difícil.
— Então ele é o amor da sua vida? — foi tudo o que ele conseguiu dizer.
— Você sempre soube que sim! Tanto é que tentou me afastar dele, mas olha só, não deu certo! Ele voltou e a única certeza que eu tenho é que eu ainda o amo, nunca deixei de amar !
começou a chorar. Ele estava chorando, enquanto me olhava.
— Eu amo vocês duas, não me deixa ficar longe de vocês.
— Você errou, .
— Sim, eu errei em não ter te contado, me perdoa, ! — se levantou e se ajoelhou agarrado as minhas pernas. Ele implorava por perdão.
— Você sabe que eu sou incapaz de não liberar perdão, levanta daí! Eu te perdoo por ter escondido isso de mim. Eu te perdoo por ter sido um idiota.
Ele se levantou rapidamente e me abraçou.
— Você não vai me abandonar, vai? Não posso viver sem vocês duas. Eu preciso de vocês.
Segurei o seu rosto e limpei suas bochechas molhadas.
— Você sempre foi o meu melhor amigo, mas você nunca foi o meu marido. E você sabe disso. Eu preciso te libertar, você precisa ser feliz com alguém que te ame como um homem, como um marido de verdade.
— Não quero isso! Eu quero vocês. Por favor, não me deixe.
— Eu nunca vou te deixar, você vai continuar sendo o meu melhor amigo que me salvou quando eu mais precisei e também vai continuar sendo o pai de Rori. Serei pra sempre grata com você. Eu te amo, .
Depositei um beijo em sua bochecha e ele segurou o meu rosto ali.
— Você escolheu ele?
— Não me faça escolher entre vocês dois, porque você já sabe quem vai ganhar, sempre. — respondi me afastando dele. — O meu amor por vocês dois é diferente, você sempre soube! Não entendo por que ainda insiste nisso. Vá viver a sua vida de verdade. Sempre terá suas duas princesas aqui, sempre que quiser. Mas essa vida de casados nunca iria dar certo, uma hora ou outra, com ou sem , isso iria acabar.
— Então é isso, estamos nos separando?
— Nunca estivemos juntos, . Não dessa forma.
Ele ficou calado e beijou o topo da minha cabeça.
— Não vou deixar de lutar por você, , nunca. Mas já que é isso que quer, vou brincar um pouco com Rori e depois vou juntar as minhas coisas para ir pra casa dos meus pais. Vou te mostrar que está cometendo um grande erro. Vai se arrepender e vai voltar pra mim, vai me aceitar de volta. Vai ver como eu te amo e como eu te quero.
Abaixei minha cabeça ouvindo tudo o que ele dizia, por todos esses anos tem alimentado essa ilusão de que um dia eu me apaixonaria por ele. Quando o vi virar as costas, logo tratei de correr para fora da casa e ir atrás do meu homem, mas assim que saí na porta da cozinha dei de cara com .
— Então eu sou o amor da sua vida? Você me escolheu? — me perguntou sorrindo. E antes que eu pudesse responder, a boca de estava cobrindo a minha. Ele me beijou da mesma forma intensa e deliciosa que sempre fez, mas talvez agora, esse teria sido o meu preferido. Sentir seu gosto de novo em minha boca, me fez querer saltar e girar ali mesmo. Eu estava soltando fogos de artifícios. — Agora sim você está no lugar que sempre devia estar, nos meus braços, na minha boca. Eu te amo, , e nunca deixei de te amar, nenhum dia sequer da minha vida inteira. Espero poder compensar e tentar pagar por cada dia longe de você. Não vou te abandonar nunca mais, nem você e nem a nossa pequena grande menina. Puta merda, eu estou muito apaixonado! Casa comigo, lindinha! Casa comigo, por favor! Você precisa se casar comigo!
O que ele estava dizendo? Meus olhos estavam cheios de lágrimas. Tudo estava acontecendo rápido demais, eu mal descobri tudo e mal conversei com e já está me pedindo em casamento? Meu Deus! Eu estava explodindo de felicidade!
— Mas eu, eu ainda estou casada! Vamos com calma! — consegui juntar as sílabas e dizer.
— Eu não me importo, caramba! Não precisamos de calma! Já esperei malditos quase cinco anos por isso, já chega. Vamos arrumar logo a anulação desse casamento e você vai se casar comigo na igreja. Quero te ver linda vestida de noiva e quero que a nossa menina leve as nossas alianças até o altar! Por favor, diga que vai se casar comigo ou eu nunca mais vou te soltar.
— Não é uma má ideia você não me soltar nunca mais. — eu disse rindo.
— Não brinque comigo, . Apenas diga que vai me fazer ficar plantado esperando a noiva mais linda entrar e dizer sim. Você sabe que eu nunca iria fazer isso, não sabe? Só se a noiva for você.
Deixei as lágrimas de alívio e felicidade escorrerem sobre o meu rosto e abri o meu melhor sorriso.
— Sim, , eu aceito me casar com você!
CAPÍTULO 41 – FIM
Você pode me chamar de maluco, mas eu estou louco mesmo por ela. Estou maluco e obcecado por . Nunca pensei que em algum dia da minha vida eu me amarraria em uma garota e muito menos me casaria com ela. Ela não é como nenhuma outra que eu já havia conhecido, ela sim é diferente. Eu sempre falava para a mulher que eu tava pegando que ela era especial, mas nunca foi verdade, claro que não. Com sim, ela sim é de verdade, ela é muito mais que especial. E agora que a mulher da minha vida e mãe da minha filha aceitou se casar comigo, meus pés saíram do chão. Não podia acreditar que eu iria me casar! Meu Deus! Quem sou eu? Eu já não sei mais, mas estou gostando dessa minha nova versão. Cinco anos atrás eu era um merda. Eu era totalmente um idiota mal-amado. Não gostava da vida e maltratava todo mundo que passava por ela, inclusive eu. Mas mudou isso. me mudou. Se hoje sou quem sou, é por causa dela.
Quando ela me deixou ali embaixo, na varanda, me disse que estava indo conversar com Aurora e . Eu estava chateado de todos esses anos, minha filha ter um pai que não fosse eu. Estava chateado de pensar que terei que dividir o amor dela com outro pai. Porém, por mais que ele tenha sido um idiota em prejudicar as nossas vidas juntos, ele cuidou delas pra mim. cuidou das minhas meninas. É claro que eu não fico nada contente dele ter se casado com a minha mulher e morar no mesmo teto que ela. De ter criado a minha filha, a visto nos seus momentos mais preciosos, mas ele cuidou delas. Só Deus sabe como eu tento lançar fora os pensamentos de vendo de calcinha pela casa. Espero muito que isso não tenha acontecido.
Depois de um longo tempo esperando por algo, vi descendo chorando. Ele estava com uma mala nas mãos. Eu não sabia o que ele ia fazer, mas meu peito se encheu de alegria quando o vi com aquilo na mão. Ele parou logo quando me viu ali do lado de fora.
— Pensei que tinha ido embora. — ele disse, colocando a mala no chão.
— Eu não vou mais embora, . — respondi me levantando da cadeira.
— Imaginei isso. — ele pegou sua mala de volta e começou a caminhar para a pequena escada de madeira que caía no gramado.
— Ei, espera. — gritei e ele se virou para mim. — Queria te agradecer.
— Me agradecer? — ele perguntou confuso.
— Agradecer por ter cuidado das minhas meninas esses anos. Por ter ajudado . Mesmo tendo feito merda comigo e com ela.
Ele me olhou surpreso. Qual é? Eu sou tão ruim assim?
— Não precisa agradecer, eu fiz o que eu senti que devia fazer. Eu amo e agora amo ainda mais Aurora. Ela é minha filha também e eu não vou abrir mão disso.
Dei uma risada baixa e cruzei meus braços me forçando a encará-lo.
— Eu entendo a sua amizade com e com a minha filha, sei que vai ser difícil pra vocês dois essa mudança agora. Eu não quero que minha filha pare de te ver.
— Oh. — foi tudo o que ele disse.
Caramba, eu realmente sou um novo .
— Eu não amo apenas como você imagina, ela sabe disso. E eu não vou parar de lutar pelo amor dela.
Agora eu ri.
— Poxa, o nosso momento de reconciliação estava tão legal e bonitinho. Você tinha que estragar, né?
— Tudo bem, . Eu não quero ter uma relação complicada com você, isso não seria bom para a Rori. Só quero que saiba que me arrependo muito pelo que fiz. E eu sei que você é um cara muito legal. Me arrependo de ter ajudado o pastor a te denunciar, e me arrependo ainda mais de ter escondido isso de . Espero que um dia vocês dois me perdoem.
O cara era um sujeito difícil de se odiar. Minhas duas garotas tiveram sorte de ter ele por perto. Dei alguns passos em sua direção e ele fechou os olhos, enquanto colocava um braço em frente ao seu rosto. Ele estava pensando mesmo que eu fosse bater nele? Peguei um de seus braços e abracei o corpo magrelo de . Eu não sou de dar abraços, mas eu senti que ele estava precisando de um.
— Eu perdi um amigo. Um irmão. Espero que você possa preencher o lugar dele. — eu disse, enquanto me soltava dele.
ficou sem reação por um bom tempo. Estava até engraçado olhar para ele.
— Você me perdoa? De verdade?
— Perdoo, mas só se você não tiver visto minha mulher de calcinha, ou Deus me livre, sem ela! — comecei a balançar a cabeça em negação e riu.
— Então eu estou perdoado! Obrigado por isso! Só cuida bem delas, por favor.
— Isso é o que eu sei fazer de melhor. — respondi, enquanto o via indo embora.
Agora eu estava sozinho. Sozinho e feliz. Nunca me senti desse jeito antes. Era uma felicidade estranha. O sorriso em meu rosto não sairia tão cedo. A mulher que eu amo vai se casar comigo e ela está lá em cima com a minha filha. Resolvi mais que depressa subir as escadas e procurar por elas. Preciso colocar meu plano de conquistar o amor de Aurora em ação. Assim que parei na porta do quarto da minha filha, a vi chorando sentada no chão e estava ao seu lado a consolando. Aquilo me partiu o coração e eu quis abraçá-la. Quando caminhei para dentro do quarto, fez um sinal para que eu fosse embora.
Ela não queria que eu a ajudasse com Aurora.
Isso me matou por dentro.
Saí dali e desci as escadas correndo, encontrei um bloco de notas e peguei a caneta do pote de florzinha que estava no balcão da cozinha. Escrevi:
", estou indo resolver algumas coisas na minha casa na capital. Judi e Jose estarão aqui com vocês até eu voltar. Fiquem aqui. Volto logo, amo vocês. "
Deixei o bilhete pendurado na geladeira e saí dali. Eu não queria deixá-las, mas eu precisava ir até a minha casa, agora. Peguei a chave do meu carro e fui embora.
O carro de Lewis estava na porta de casa, ótimo, ele estava em casa. Estacionei o carro no jardim da entrada e entrei em casa. Ele estava deitado no meu sofá com uma mulher em cima dele.
— Saiam agora do meu sofá! — eu gritei tentando ser educado.
Não acredito que esse idiota ainda traz essas meninas pra minha casa. E não acredito mais ainda que eu também fazia isso.
— ? Graças a Deus você voltou! — Lewis empurrou a menina para o chão e correu até mim.
— Não encosta. — falei quando ele se aproximou. — Primeiro, faça algo que preste. Trate essa garota com respeito, peça desculpa por ter a empurrado no chão e depois vista-se e a leve pra casa. Eu só vim pegar algumas coisas que me pertencem e te avisar.
— Avisar o quê?
— Você tem uma semana para sair da minha casa.
— Cara, o que você tá falando? Foi aquela caipira né?
Antes que ele terminasse de falar mais alguma merda eu fui pra cima dele, mas lembrei que agora eu não sou mais o mesmo. Me afastei e caminhei até a escada.
— Não vai me bater? Pensei que iria me matar! — Lewis gritou.
— Você não merece isso. Você merece morrer sozinho. E é isso que vai acontecer se não mudar de vida. Já está avisado, uma semana para encontrar outro lugar. Quero minha casa de volta. Tire todas essas suas merdas.
Comecei a subir a escada, mas me lembrei.
— Ah, antes que eu me esqueça, quero todas as cartas que escrevi para a . Antes que você tire essa sua bunda branca e feia da minha casa para levar a moça embora, traga-as para mim. Não vou embora sem elas.
— Mas eu as enviei!
— Não seja um merda, minha paciência não é mais a mesma, mas eu ainda sou humano e a minha raiva por você só está aumentando.
Tentei não escutar o que ele estava falando, então subi para o meu quarto.
Só saí de casa quando consegui as minhas cartas de volta e arrumei uma mala de roupas, peguei somente o necessário e daqui uma semana voltaria pra capital para buscar as chaves da minha casa e me certificar que Lewis estaria bem longe dela. Quando estava prestes a sair da cidade, vi uma loja de brinquedos. Não pensei mais de uma vez pra parar e comprar um presente para Aurora.
Voltei para o carro com uma caixa enorme, Aurora iria amar. A vendedora, depois de me dar várias cantadas e se atirar em cima de mim, deixou bem claro que aquela era a boneca mais vendida na loja e que todas as garotas da idade da minha filha sonham em ter uma. Com certeza ela amaria.
Dirigi rumo a Lakewood ansioso para vê-las e entregar o presente a minha menininha.
Quando cheguei na fazenda, Jose estava consertando uma cerca e assim que me viu, acenou com um sorriso no rosto.
— Vai ficar por aqui, garoto? Nós sentimos a sua falta. Que bom que voltou. — eu não sabia se Jose estava metido na denúncia contra mim que o pastor e tinham feito, mas eu gostava muito dele.
— É o que eu pretendo. Vai ter que ver a minha cara todos os dias que vier aqui. — dei uma risada e entrei para a casa.
estava na sala deitada no sofá e com uma coberta nos pés. Andei mais um pouco e pude ver Aurora deitada no tapete. A TV estava ligada e estava dormindo.
— Oi. — eu disse para a menina.
Ela não me respondeu, apenas olhou para ver quem era.
— Sua mãe está dormindo? — perguntei baixinho, enquanto me aproximava dela.
— Sim.
— Eu te trouxe um presente.
Aurora não disse nada.
— Você não vai querer? — eu disse me agachando ao seu lado.
Ela continuou sem dizer nada.
— Não foi assim que te ensinei, joaninha. — estava acordada no sofá.
— Pensei que estava dormindo, mamãe.
— Estava. Vamos, pegue o presente e o agradeça.
Ela se levantou e tentou pegar a enorme caixa das minhas mãos, era pesada.
— Quer ajuda com isso? — perguntei.
— Eu consigo.
— Tudo bem. — falei me segurando para não rir.
se levantou do sofá e pegou a caixa.
— Venha abri-la, mas antes, o que você precisa dizer a ?
— Obrigada. — a menina disse quase que em um sussurro.
— Nós não conseguimos ouvir o que você disse. — falou.
— Eu disse obrigada! — Aurora falou alto dessa vez.
Me levantei e fiquei observando ajudá-la a abrir a caixa de presente. Fiquei bastante ansioso para saber se ela iria gostar, acho que acertei na boneca.
Quando tirou a boneca da caixa e entregou à Aurora, esperei um gritinho de alegria ou um sorriso, mas não obtive.
— Uau, joaninha! Ela é enorme! Linda! — disse empolgada.
— Eu não gostei.
O quê?
— Aurora! Não diga isso, peça desculpas! — a pegou pelos braços, um pouco brava.
Eu não esperava por isso, não esperava que ela não gostasse do presente.
— Está tudo bem, eu deveria saber do que ela gosta. Eu vou devolver e ela pode escolher outro brinquedo. Não precisa pedir desculpas.
— Não mesmo! Ela vai pedir desculpas sim! E ela ama bonecas, estava me pedindo uma dessa outro dia mesmo. Não é verdade, Aurora?
A menina abaixou a cabeça e ficou calada.
— Aurora?
começou a chorar. Eu não queria que isso tivesse acontecido, não era o meu plano. O meu plano era que a minha filha tivesse amado tanto o presente que pudesse me abraçar e me chamar de pai, queria que ela me amasse como ama . Eu sei que não vai acontecer de um dia pro outro, mas eu queria.
— Não chore, lindinha. Está tudo bem. — eu disse, enquanto abraçava .
Ela se afastou de mim e limpou as lágrimas.
— Eu não queria que fosse assim, ela não é desse jeito. Me desculpa, .
Aurora estava em pé olhando para e com uma carinha de choro. Eu soube ali que a minha filha era forte, ela segurou o choro o tempo todo.
— Não é culpa dela. Está tudo bem! — eu disse me sentando ao seu lado.
— Vou pedir para entregar o brinquedo a alguma criança que não tem, porque você não gostou da boneca. — disse à menina e ela arregalou os olhos acinzentados.
— Não, mamãe. Eu posso pegar outros brinquedos pra levar para essa criança que não tem, mas deixa eu ficar com essa.
Eu pude sentir uma pontada de alegria no meu coração. Ela queria a boneca.
— Você disse que não gostou. — falou, enquanto a entregava a boneca.
— Eu gostei, eu amei.
A menina pegou a boneca e saiu correndo, tentando dividir o peso do seu pequeno corpo junto com o peso da boneca nova.
— Eu disse que está tudo bem, ela é só uma criança.
Não entendi o que acabou de acontecer. Talvez a minha filha me ame de verdade um dia, talvez não. Mas eu vou fazer o possível e o impossível para que ela me aceite e me ame como um pai que eu nunca fui.
olhou pra mim preocupada. Segurei o seu lindo rosto em minha mão e sorri pra ela.
— Não se preocupe comigo, eu só quero poder cuidar de vocês duas e fazer vocês felizes. — enquanto eu falava, tirei um carta do meu bolso e entreguei a ela. — Essa é a primeira carta que te enviei da prisão. Fui buscá-las. Vou te entregar uma a cada manhã.
— Não! Isso vai demorar muito tempo e você sabe como eu sou ansiosa. — eu ri.
— Vai ser uma a cada manhã.
— Não, ! — ela disse, choramingando.
— Vou sair para que você possa ler. — beijei a sua bochecha e me levantei do sofá. — Inclusive, Lewis me disse que você estava com a minha moto, é verdade ou só mais uma mentira daquele imbecil?
— É verdade, cuidei dela pra você. Ela está dentro do celeiro. A chave está na minha gavetinha do quarto. Quer que eu pegue pra você?
— Não precisa, não agora. Fico feliz em saber que você cuidou dela. Vou um pouco lá fora e volto.
Assim que cheguei do lado de fora, vi Jose indo embora em seu carro com Judi. Já era quase noite e eu tinha passado o dia fora resolvendo as coisas. Queria contar a que iria investir um dinheiro na cidade ao lado com um novo negócio. Eu sei que ela tem seu emprego como veterinária, já que terminou a faculdade depois que Aurora nasceu e começou a trabalhar na única clínica de Lakewood, mas eu também preciso de um trabalho. Fiquei um bom tempo sozinho do lado de fora, até que apareceu com seus olhos carregados de lágrimas.
— Eu não sabia. Eu não sabia. — ela começou a falar, enquanto me agarrou em um abraço.
— O que foi? — perguntei preocupado.
— Eu li a sua carta. — ela começou a tentar limpar as lágrimas, mas assim que limpava, outras desciam. — Eu não sabia que me amava e que estava preso. Se eu tivesse percebido isso antes, não teria acontecido nada disso.
Eu segurei seu rosto, levantando para que ela pudesse me ver.
— Estou aqui agora. — eu disse.
— Eu amo você, .
Puxei seu rosto para perto do meu e agarrei sua boca, tentando sentir todo o gosto dos lábios macios de .
Um mês se passou...
Tem sido tão diferente desde que foi embora de casa. Eu pensei que não íamos mais ser os mesmos, mas me enganei. Ele vem todos os dias passar um tempo com Rori e a leva pra sua casa alguns dias no final de semana. Eles estão sempre juntos. Ela também tem ficado bem mais próxima de , pelo menos agora ela está o chamando pelo nome e não de "moço". Eu vejo tentando se aproximar dela todos os dias e eu fico com o coração apertado quando ela não dá muita atenção a ele, mas ele é um cara incrível e paciente e Rori tem demonstrado mais carinho com ele pouco a pouco. Estou feliz com isso tudo que está acontecendo.
Hoje é o nosso casamento. quis apressar as coisas. Eu queria fazer algo mais planejado e isso levaria tempo, mas ele ficou por conta de quase tudo e sinto que está perfeito.
Eu pensei que não teria meu pai entrando comigo aqui hoje, mas por causa de eu o perdoei na semana passada e nós voltamos a nos falar. Passei um bom tempo sem falar com ele, eu estava magoada por tudo que ele fez e por ter escondido o que fez de mim.
— Vamos? — papai me disse, quando me deu seu braço para caminharmos pelo jardim da nossa fazenda. Sim, nosso casamento está acontecendo na linda fazenda onde vivemos.
— Mamãe, mamãe, mamãe, vou entrar agora na sua frente!
Rori estava linda de noivinha, ela estava passando pela parede de madeira que eles haviam colocado para que ninguém que estivesse do outro lado me visse, principalmente .
— Ela está linda, assim como a mãe. — meu pai me disse, ainda com o braço no ar para que eu pegasse.
Passei meu braço por debaixo dele e o agarrei sorrindo. Eu estava nervosa. Totalmente diferente do meu primeiro casamento. Aquilo não era real, isso era. Não podia estar mais feliz.
Antes que a moça do cerimonial desse a ordem para Rori caminhar para o altar, eu pedi para que ela esperasse um pouco.
— Papai, preciso falar algo importante pra você. — eu disse.
— Mas agora?
— Sim. Eu menti pra você. É sobre Aurora.
— Eu já sei o que vai me dizer.
— Como assim já sabe? — fiquei surpresa com que ele disse.
— Eu soube desde o dia que olhei pro rostinho da minha neta e tive a maior certeza quando encontrei uma foto na sua gaveta com um recado atrás que dizia "Para o meu papai ".
Coloquei as mãos sobre a minha boca, surpresa. Eu não estava entendendo.
— Por que não me disse que sabia?
— Não foi preciso.
— Me perdoa, papai.
— Está tudo bem, minha filha. Eu te amo. Sua mãe estaria orgulhosa se visse a mulher que você se tornou.
Nesse momento eu tive que juntar toda a força que eu tenho para não chorar. Eu estaria entrando agora no meu casamento e não queria entrar chorando.
— Podemos ir? — a cerimonialista perguntou.
— Claro, pode deixar Aurora ir.
Então, Aurora se foi, jogando pétalas amarelas pelo chão para que eu pudesse passar. Foi tudo escolha dela. Assim que tiraram a parede de madeira da minha frente, pude ver o rosto de todos que eu amo. Meus amigos, minha família e . O caminho todo estava enfeitado de girassóis, a minha flor preferida. fez tudo ficar perfeito. Lana estava lá na frente como minha madrinha e estava como padrinho do meu homem. Eu estava segurando para não chorar ainda. Quando meu pai me entregou ao meu noivo, eu não aguentei. estava chorando. Seus olhos estavam totalmente encharcados e ele beijou a minha têmpora depois de sussurrar no meu ouvido:
— Eu sou a porcaria de um sortudo! Você é tão linda, minha lindinha!
Estávamos os dois chorando, juntamente com todos os convidados. No final do casamento, pediu para que todos esperassem e Rori o entregou a minha bíblia. A bíblia que eu havia entregado a Lewis. Eu não sabia que ele ainda a tinha. De repente, começou a falar:
— "O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 1 Coríntios 13:4-7 ". Esse pedacinho da sua bíblia que você deixou marcado pra mim, anos atrás, quer resumir exatamente o que é o nosso amor. Ele tudo suporta e tudo espera. Eu te amo, .
E lá estava eu novamente chorando, eu não acredito que estava lendo um versículo da bíblia sagrada.
Eu amei cada momento. Eu amei tudo. Cada perfeito detalhe eu amei.
Juramos amar um ao outro até que a morte nos separe, e agora, eu e estamos oficialmente casados!
A festa já estava quase no fim, quando Rori chegou perto de mim e disse:
— Posso falar com o papai?
Meu coração podia literalmente ter parado de bater. Ela estava se referindo a ? Porque ela estava olhando pra ele quando me disse isso.
— Acho que o papai já foi embora, joaninha. Ele veio até se despedir de você! — eu disse a pegando no colo e dando um beijo na sua bochecha rosinha e suada.
— Não, o papai não, o papai .
Quando ela disse isso, se espantou. Seus olhos pareciam querer saltar de seu rosto e ele ficou paralisado.
— O que você disse? — ele perguntou tentando se manter intacto. Ele estava se segurando e meu peito não podia estar mais cheio de felicidade do que estava.
— Eu disse que quero falar com você, papai .
Ele se jogou em nossa direção e a pegou no colo. começou a girar Rori pela pista de dança. Eu não sabia o que fazer. Eu estava feliz demais para poder me mexer. Os dois dançavam pela pista com giros e balanços. De repente a mãozinha da minha filha começou a acenar para mim, me chamando pra ir até eles. Eu consegui me mover e fui até as duas coisas mais preciosas da minha vida. ainda a segurava no colo e o sorriso no rosto de nós três era inevitável. Ele soltou uma das mãos e me agarrou pela cintura, fazendo com que ficássemos colados.
Esse era o dia mais feliz da minha vida!
CAPÍTULO BÔNUS (PRÓXIMA HISTÓRIA)
TREZE ANOS DEPOIS...
AURORA
Eu estava me mudando para Nova York. Só agora caiu a ficha disso. Desde quando terminei a escola e meu pai me mostrou que eu tinha passado na escola de artes mais famosa de NYC, ainda não tinha entendido que aquilo era real. Só agora, com as minhas malas prontas e meus pais se despedindo de mim na porta de casa eu pude perceber que isso estava realmente acontecendo.
— Me ligue assim que chegar no aeroporto, joaninha. — minha mãe insiste em me chamar assim até hoje. Estou quase fazendo dezoito anos e ela ainda acha que sou a menininha de sempre.
— Graças a Deus eu vou ter o seu quarto só pra mim! — Chloe gritou vindo até nós.
Ela era a minha irmã mais nova, dos outros três que tenho. Chloe tem oito irritantes anos e mesmo assim a amo. Ela é uma menina engraçada, baixinha e magrela. Seus cabelinhos loiros e cacheados são uma gracinha. Ela se parece com a mamãe.
Braxton, tem dez anos e é o meu irmão mais inteligente. Ele também se parece com a mamãe de aparência, mas a personalidade é idêntica a de papai.
E por fim, temos o Nathan. Meu primeiro irmão. Nunca pensei que ficaria tão feliz em ganhar um. Eu tinha cinco anos quando ele nasceu, então hoje ele tem doze anos. Nate é alto e forte para a idade dele. Já vem conquistando várias meninas na escola e mamãe falta perder os cabelos de ciúmes. Ele é uma mistura perfeita dos meus pais. Cabelos do papai, olhos da mamãe e a personalidade também é misturada.
Já eu, sou a cara do meu pai. Nossos olhos são idênticos e a única coisa que é igual a da minha mãe em mim é a minha boca.
— Vamos, princesa. Vai se atrasar! — meu outro pai gritou pela janela do carro.
Sim, meu outro pai. Eu tenho dois. e . é o meu pai biológico e eu só o conheci quando eu tinha quatro anos e me criou durante esses quatro anos e até hoje tem estado em minha vida. É uma longa história e isso eu conto depois. E eu também tenho irmãos que considero por parte dele. Dois. Jason e Crystal. Ele se casou com a melhor amiga da minha mãe e minha madrinha, eles têm um casal de filhos. Jason tem sete anos e Crystal tem cinco.
— Não se esqueça de ligar. — meu pai disse, me abraçando. — Você sabe o quanto te amo, não sabe?
Ele não ia chorar, né? Íamos nos ver em breve, sempre dramático quando se trata de mim.
— Eu sei, papai. Te amo infinito vezes infinito. Você e a mamãe.
— Não ama a gente? — Braxton perguntou, enquanto se enfiava no meio do abraço do meu pai.
— Claro que amo, pirralho. — beijei o topo de sua cabeça e logo depois abracei os outros dois pestinhas. Nate saiu chorando em direção a nossa casa. Ele era fechado demais e odiava despedidas, mas eu sabia que ele sentiria a minha falta.
Dei um último beijo na minha mãe e no meu pai e entrei no carro.
— Você não pode perder o avião, filha. — meu pai disse, dirigindo o carro e se distanciando dos meus pais que acenavam ao lado dos meus dois irmãos.
XXX
Já fazia três dias que eu estava morando sozinha em uma cidade grande. Eu estava sozinha. Nunca tinha ficado sem alguém do meu lado por toda a minha vida e agora eu só tinha eu mesma. Hoje iria conhecer a minha colega de quarto e estava animada com isso. Esperava bastante que ela fosse simpática e gentil, não quero nenhuma encrenca. Moro num apartamento perto da minha escola de artes e era simplesmente perto de tudo. Quando a porta se abriu, uma menina ruiva e cheia de mochilas apareceu. Ela parecia ser desastrada quando derrubou duas mochilas no chão levando junto o seu copo de café.
— Deixa que eu te ajudo. — disse, correndo até ela e pegando algumas das mochilas pesadas que ela estava carregando.
— Eu sou a Carrie. — ela disse tentando estender uma das mãos que claramente estava presa na alça de uma mochila.
— Prazer, eu sou a Aurora. Sua colega de quarto. — eu sorri.
— Caramba, você é tão linda! — Carrie falou, enquanto entrava na casa e deixava suas coisas no sofá.
— Obrigada, você também é. Amei o cabelo e as sardinhas. — ela realmente era linda, parecia até sair de uma tela de desenho.
— Não gosto muito delas, mas obrigada. — ela parecia ser simpática e gentil. Espero que eu esteja certa com isso.
XXX
Depois de alguns dias, eu estava mais que amiga de Carrie. Ela era a minha melhor amiga aqui. Eu realmente estava certa, ela é muito gentil e simpática. Uma amiga e tanto! Nossa aulas já haviam começado e Carrie era da minha sala. Passávamos o dia todo na escola e só à tardinha íamos embora. Quando cheguei em casa, cansada, o telefone fixo estava tocando e eu corri pra atender.
— Alô? — perguntei.
— Filha! Estamos preocupados com você! Eu e sua mãe te ligamos pelo FaceTime e não atendeu. — meu pai parecia estar mesmo preocupado.
— Me desculpa, papai. Meu celular descarregou e eu só cheguei agora em casa.
— Que bom que está bem. — minha mãe gritou do outro lado da linha.
— Estou com saudades de vocês! — eu falei.
— Nós também, acho que conseguimos chegar a tempo no próximo final de semana. O que acha? — meu pai perguntou.
— Acho ótimo!
— Certo, vá fazer as suas coisas e mais tarde ligamos pelo FaceTime, seus irmãos querem te ver. Fica com Deus filha, te amamos. — assim que meu pai terminou de falar, eu me despedi e desliguei o telefone.
Eu sinto muito a falta de todos.
Carrie chegou na sala de casa e me olhou curiosa.
— Está tudo bem?
— Sim, só tô com saudade da minha família. — respondi.
— Eu também. Por que a gente não sai hoje? Precisamos nos divertir um pouquinho.
— Eu sou menor de idade, não entro em lugar nenhum! — falei desanimada.
Carrie abriu sua bolsa que estava jogada na entrada de casa e tirou dois documentos de lá.
— Não é não, senhorita Laurel Stevens. — ela jogou a carteira de identidade na minha mão.
Tinha uma foto minha e lá dizia que eu tinha vinte e um anos.
— Nem pensar! — falei me levantando.
— Vamosssssss. — ela demorou para parar de falar.
— Ok.
— Sério? Você topa?
— Uhum, antes tenho que ligar pros meus pais pela videochamada, depois nós vamos.
Carrie começou a pular de alegria e me encheu de abraços.
XXX
Quando chegamos na porta do bar, eu queria muito voltar atrás e desistir. Isso pode ter sido uma má ideia.
— Eles vão nos pegar. — falei sussurrando no ouvido de Carrie.
— Não vão, relaxa. Eu conheço o barman. Pode ficar tranquila. Vamos curtir, merecemos isso.
Eu tinha mentido para os meus pais e eu não gosto disso. Estava desconfortável ali na fila.
Quando entramos eu pensei estar em outro mundo. Nunca tinha ido a um lugar assim. Claro que já tinha ido em festas, mas nada comparado a isso. Estava lotado. Várias pessoas dançando no meio do lugar, bebida para todo lado.
— Vamos! Pegue uma cerveja. — Carrie me entregou uma garrafa.
Eu já tinha bebido uma vez em uma festa da escola, mas não tinha gostado.
— Fique atrás de mim e não suma. Qualquer coisa vá para o bar que eu te procuro lá. O barman gostoso é o meu primo. Ele que conseguiu os nossos documentos. — Carrie gritava, competindo com a música alta. Era uma banda que estava tocando e eu nunca tinha escutado ou visto esses caras. Estávamos longe demais e eu quis chegar perto para poder ver. As pessoas dançavam enlouquecidas, na verdade, a maioria eram mulheres, de todos os tipos. E elas vibravam por alguém que estava em cima do palco. A voz que cantava era algo surreal. Um tom rouco, mas doce ao mesmo tempo. Ele conseguia me tocar com cada palavra que cantava. Não o via, mas estava curtindo muito a sua voz e a canção que ele estava cantando.
— Você quer ir pra onde? — Carrie berrou.
— Queria chegar mais perto do palco, estou gostando do som dos caras.
— Acho um pouco impossível, Noah deixa as mulheres desmaiadas, nenhuma vai dar o lugar pra você. Elas brigam pra chegar lá na frente.
— Noah? Quem é Noah? — perguntei.
— Noah Peter Collins Reed, ou simplesmente: Noah, o vocalista.
— Você o conhece? Pra saber o nome dele todo.
— Sim, quer dizer, um pouco. Ele mora com o meu primo, o barman. — interessante. — É melhor a gente ir pro bar e se localizar um pouco. É lá que os gatinhos vão nos achar.
— Eu não acho que quero isso, pode ir. Depois te acho, fique com o seu celular. Acho que vou ficar por aqui e escutar um pouco mais das músicas deles.
Carrie se aproximou de mim e me disse com a boca bem colada na minha orelha.
— Não se meta com Noah, ele é problema.
O que ela quis dizer com isso?
— Eu não vou me meter, pode relaxar. Eu só gostei da música.
— Se já está assim só de ouvir a voz, não queira nem vê-lo. Não vou aguentar você depois disso. — Carrie me disse isso, depositou um beijo na minha bochecha e saiu em direção ao bar.
Eu não sei o que ela quis dizer, mas continuei o meu trajeto rumo a frente do palco. Eu não sou muito de gostar de multidões, mas por algum motivo eu quis ficar mais perto daquela voz. As mulheres me empurravam e me xingavam de nomes estranhos e obscenos, enquanto eu tentava passar por elas. Fiquei espremida em meio a corpos suados por um bom tempo, até que consegui ter a visão que eu desejava não ter visto. Eu podia ter escutado Carrie e ter ido para longe dele, mas eu não dei ouvidos. Ele era uma mistura de perdição e céu azul. Eu não estava muito perto para poder analisá-lo, mas estava o bastante para ver sua beleza. Era algo fora do normal. Seus cabelos pretos e o conjunto de dentes brancos contrastavam perfeitamente quando ele sorria. Ele cantava uma canção que dizia:
"Você é o fogo que queima meu peito e me enche de amor.
Eu preciso ter você por perto,
preciso te sentir de novo.
Oh, baby, não se afaste,
Fique comigo."
Ele cantava isso, enquanto olhava pra mim. Seus grandes olhos me encaravam e eu não conseguia evitá-lo. Bem que Carrie avisou, ele era um problema. Antes que a louca tentação dentro de mim me fizesse ficar louca e apaixonada por aquele conjunto de beleza afrodisíaca, tomei todas as minhas forças e caminhei para fora do bar. Eu precisava de ar.
Assim que abri a pesada porta preta, respirei o ar gelado de Nova York. Eu estava apaixonada por essa cidade e o friozinho aqui estava fazendo com que tudo ficasse muito mais apaixonante. Me encostei na parede de tijolos bem ao lado da saída e fiquei observando o estacionamento. Tinha muitos carros legais, eu era obcecada por carros. Tudo isso por causa do meu pai , ele me fez crescer dentro de um Mustang preto. Eu estava com saudades dos meus pais, da minha família e do meu carro.
— Não gostou da minha música? — a porta se abriu e uma voz arrastada chegou em meus ouvidos. Era ele, Noah.
— Ah, não. Quer dizer, gostei. Não foi isso. — eu disse confusa.
Espera, ele estava me observando, enquanto cantava e me viu sair? Pensei que eu era só mais uma naquela multidão de mulheres.
— Então gostou da música? — ele perguntou, enquanto se encostava na parede ao meu lado. Noah era muito alto.
Ele era incrivelmente perfeito. Merda! O sorriso era o mais lindo que eu já tinha visto em toda a minha vida. Seu dentista era um sortudo! Só de ver esses dentes meu coração saltava.
— Sim, é boa. Nunca tinha escutado.
— Claro que não. — ele riu. — É minha, cantei pela primeira vez hoje e pareceu perfeita. Assim que vi seus olhos perdidos na multidão, senti que estava cantando pra você.
Caramba. Bem que Carrie disse que ele era problema. O garoto era bom nisso. Eu cairia direitinho se minha amiga não tivesse me alertado sobre isso. Porque só com essa frase, o maldito conseguiu me arrepiar. O pior é que eu tive a mesma sensação, enquanto ele cantava. Fiquei calada e desviei o meu olhar do dele. Era intenso demais e eu poderia perder a linha a qualquer segundo.
— Você é diferente. — e agora ele usaria isso! Eu sou filha do maior galinha e mulherengo de toda a história e ele quer mesmo fazer isso comigo? Eu conheço essa.
— Caramba, com essa você me pegaria rapidinho. — eu disse sorrindo e ele me olhou surpreso. — Eu posso ter cara de sonsa, mas eu não sou. Acho melhor eu voltar pra dentro, preciso achar a minha amiga.
A verdade era que eu precisava fugir dele. O mais rápido possível.
Assim que alcancei a porta, a mão firme de Noah me segurou e eu olhei para ele.
— Espera, não vai. Podemos conversar? Parei de cantar só pra vir atrás de você.
Aham, sei.
— Acho que não é uma boa ideia. — falei tentando tirar a mão dele de mim e então ele me soltou.
Noah me soltou e eu deixei aquele olhar intenso do lado de fora, enquanto entrei desesperada à procura da minha amiga.
AURORA
Eu estava me mudando para Nova York. Só agora caiu a ficha disso. Desde quando terminei a escola e meu pai me mostrou que eu tinha passado na escola de artes mais famosa de NYC, ainda não tinha entendido que aquilo era real. Só agora, com as minhas malas prontas e meus pais se despedindo de mim na porta de casa eu pude perceber que isso estava realmente acontecendo.
— Me ligue assim que chegar no aeroporto, joaninha. — minha mãe insiste em me chamar assim até hoje. Estou quase fazendo dezoito anos e ela ainda acha que sou a menininha de sempre.
— Graças a Deus eu vou ter o seu quarto só pra mim! — Chloe gritou vindo até nós.
Ela era a minha irmã mais nova, dos outros três que tenho. Chloe tem oito irritantes anos e mesmo assim a amo. Ela é uma menina engraçada, baixinha e magrela. Seus cabelinhos loiros e cacheados são uma gracinha. Ela se parece com a mamãe.
Braxton, tem dez anos e é o meu irmão mais inteligente. Ele também se parece com a mamãe de aparência, mas a personalidade é idêntica a de papai.
E por fim, temos o Nathan. Meu primeiro irmão. Nunca pensei que ficaria tão feliz em ganhar um. Eu tinha cinco anos quando ele nasceu, então hoje ele tem doze anos. Nate é alto e forte para a idade dele. Já vem conquistando várias meninas na escola e mamãe falta perder os cabelos de ciúmes. Ele é uma mistura perfeita dos meus pais. Cabelos do papai, olhos da mamãe e a personalidade também é misturada.
Já eu, sou a cara do meu pai. Nossos olhos são idênticos e a única coisa que é igual a da minha mãe em mim é a minha boca.
— Vamos, princesa. Vai se atrasar! — meu outro pai gritou pela janela do carro.
Sim, meu outro pai. Eu tenho dois. e . é o meu pai biológico e eu só o conheci quando eu tinha quatro anos e me criou durante esses quatro anos e até hoje tem estado em minha vida. É uma longa história e isso eu conto depois. E eu também tenho irmãos que considero por parte dele. Dois. Jason e Crystal. Ele se casou com a melhor amiga da minha mãe e minha madrinha, eles têm um casal de filhos. Jason tem sete anos e Crystal tem cinco.
— Não se esqueça de ligar. — meu pai disse, me abraçando. — Você sabe o quanto te amo, não sabe?
Ele não ia chorar, né? Íamos nos ver em breve, sempre dramático quando se trata de mim.
— Eu sei, papai. Te amo infinito vezes infinito. Você e a mamãe.
— Não ama a gente? — Braxton perguntou, enquanto se enfiava no meio do abraço do meu pai.
— Claro que amo, pirralho. — beijei o topo de sua cabeça e logo depois abracei os outros dois pestinhas. Nate saiu chorando em direção a nossa casa. Ele era fechado demais e odiava despedidas, mas eu sabia que ele sentiria a minha falta.
Dei um último beijo na minha mãe e no meu pai e entrei no carro.
— Você não pode perder o avião, filha. — meu pai disse, dirigindo o carro e se distanciando dos meus pais que acenavam ao lado dos meus dois irmãos.
Já fazia três dias que eu estava morando sozinha em uma cidade grande. Eu estava sozinha. Nunca tinha ficado sem alguém do meu lado por toda a minha vida e agora eu só tinha eu mesma. Hoje iria conhecer a minha colega de quarto e estava animada com isso. Esperava bastante que ela fosse simpática e gentil, não quero nenhuma encrenca. Moro num apartamento perto da minha escola de artes e era simplesmente perto de tudo. Quando a porta se abriu, uma menina ruiva e cheia de mochilas apareceu. Ela parecia ser desastrada quando derrubou duas mochilas no chão levando junto o seu copo de café.
— Deixa que eu te ajudo. — disse, correndo até ela e pegando algumas das mochilas pesadas que ela estava carregando.
— Eu sou a Carrie. — ela disse tentando estender uma das mãos que claramente estava presa na alça de uma mochila.
— Prazer, eu sou a Aurora. Sua colega de quarto. — eu sorri.
— Caramba, você é tão linda! — Carrie falou, enquanto entrava na casa e deixava suas coisas no sofá.
— Obrigada, você também é. Amei o cabelo e as sardinhas. — ela realmente era linda, parecia até sair de uma tela de desenho.
— Não gosto muito delas, mas obrigada. — ela parecia ser simpática e gentil. Espero que eu esteja certa com isso.
Depois de alguns dias, eu estava mais que amiga de Carrie. Ela era a minha melhor amiga aqui. Eu realmente estava certa, ela é muito gentil e simpática. Uma amiga e tanto! Nossa aulas já haviam começado e Carrie era da minha sala. Passávamos o dia todo na escola e só à tardinha íamos embora. Quando cheguei em casa, cansada, o telefone fixo estava tocando e eu corri pra atender.
— Alô? — perguntei.
— Filha! Estamos preocupados com você! Eu e sua mãe te ligamos pelo FaceTime e não atendeu. — meu pai parecia estar mesmo preocupado.
— Me desculpa, papai. Meu celular descarregou e eu só cheguei agora em casa.
— Que bom que está bem. — minha mãe gritou do outro lado da linha.
— Estou com saudades de vocês! — eu falei.
— Nós também, acho que conseguimos chegar a tempo no próximo final de semana. O que acha? — meu pai perguntou.
— Acho ótimo!
— Certo, vá fazer as suas coisas e mais tarde ligamos pelo FaceTime, seus irmãos querem te ver. Fica com Deus filha, te amamos. — assim que meu pai terminou de falar, eu me despedi e desliguei o telefone.
Eu sinto muito a falta de todos.
Carrie chegou na sala de casa e me olhou curiosa.
— Está tudo bem?
— Sim, só tô com saudade da minha família. — respondi.
— Eu também. Por que a gente não sai hoje? Precisamos nos divertir um pouquinho.
— Eu sou menor de idade, não entro em lugar nenhum! — falei desanimada.
Carrie abriu sua bolsa que estava jogada na entrada de casa e tirou dois documentos de lá.
— Não é não, senhorita Laurel Stevens. — ela jogou a carteira de identidade na minha mão.
Tinha uma foto minha e lá dizia que eu tinha vinte e um anos.
— Nem pensar! — falei me levantando.
— Vamosssssss. — ela demorou para parar de falar.
— Ok.
— Sério? Você topa?
— Uhum, antes tenho que ligar pros meus pais pela videochamada, depois nós vamos.
Carrie começou a pular de alegria e me encheu de abraços.
Quando chegamos na porta do bar, eu queria muito voltar atrás e desistir. Isso pode ter sido uma má ideia.
— Eles vão nos pegar. — falei sussurrando no ouvido de Carrie.
— Não vão, relaxa. Eu conheço o barman. Pode ficar tranquila. Vamos curtir, merecemos isso.
Eu tinha mentido para os meus pais e eu não gosto disso. Estava desconfortável ali na fila.
Quando entramos eu pensei estar em outro mundo. Nunca tinha ido a um lugar assim. Claro que já tinha ido em festas, mas nada comparado a isso. Estava lotado. Várias pessoas dançando no meio do lugar, bebida para todo lado.
— Vamos! Pegue uma cerveja. — Carrie me entregou uma garrafa.
Eu já tinha bebido uma vez em uma festa da escola, mas não tinha gostado.
— Fique atrás de mim e não suma. Qualquer coisa vá para o bar que eu te procuro lá. O barman gostoso é o meu primo. Ele que conseguiu os nossos documentos. — Carrie gritava, competindo com a música alta. Era uma banda que estava tocando e eu nunca tinha escutado ou visto esses caras. Estávamos longe demais e eu quis chegar perto para poder ver. As pessoas dançavam enlouquecidas, na verdade, a maioria eram mulheres, de todos os tipos. E elas vibravam por alguém que estava em cima do palco. A voz que cantava era algo surreal. Um tom rouco, mas doce ao mesmo tempo. Ele conseguia me tocar com cada palavra que cantava. Não o via, mas estava curtindo muito a sua voz e a canção que ele estava cantando.
— Você quer ir pra onde? — Carrie berrou.
— Queria chegar mais perto do palco, estou gostando do som dos caras.
— Acho um pouco impossível, Noah deixa as mulheres desmaiadas, nenhuma vai dar o lugar pra você. Elas brigam pra chegar lá na frente.
— Noah? Quem é Noah? — perguntei.
— Noah Peter Collins Reed, ou simplesmente: Noah, o vocalista.
— Você o conhece? Pra saber o nome dele todo.
— Sim, quer dizer, um pouco. Ele mora com o meu primo, o barman. — interessante. — É melhor a gente ir pro bar e se localizar um pouco. É lá que os gatinhos vão nos achar.
— Eu não acho que quero isso, pode ir. Depois te acho, fique com o seu celular. Acho que vou ficar por aqui e escutar um pouco mais das músicas deles.
Carrie se aproximou de mim e me disse com a boca bem colada na minha orelha.
— Não se meta com Noah, ele é problema.
O que ela quis dizer com isso?
— Eu não vou me meter, pode relaxar. Eu só gostei da música.
— Se já está assim só de ouvir a voz, não queira nem vê-lo. Não vou aguentar você depois disso. — Carrie me disse isso, depositou um beijo na minha bochecha e saiu em direção ao bar.
Eu não sei o que ela quis dizer, mas continuei o meu trajeto rumo a frente do palco. Eu não sou muito de gostar de multidões, mas por algum motivo eu quis ficar mais perto daquela voz. As mulheres me empurravam e me xingavam de nomes estranhos e obscenos, enquanto eu tentava passar por elas. Fiquei espremida em meio a corpos suados por um bom tempo, até que consegui ter a visão que eu desejava não ter visto. Eu podia ter escutado Carrie e ter ido para longe dele, mas eu não dei ouvidos. Ele era uma mistura de perdição e céu azul. Eu não estava muito perto para poder analisá-lo, mas estava o bastante para ver sua beleza. Era algo fora do normal. Seus cabelos pretos e o conjunto de dentes brancos contrastavam perfeitamente quando ele sorria. Ele cantava uma canção que dizia:
Eu preciso ter você por perto,
preciso te sentir de novo.
Oh, baby, não se afaste,
Fique comigo."
Assim que abri a pesada porta preta, respirei o ar gelado de Nova York. Eu estava apaixonada por essa cidade e o friozinho aqui estava fazendo com que tudo ficasse muito mais apaixonante. Me encostei na parede de tijolos bem ao lado da saída e fiquei observando o estacionamento. Tinha muitos carros legais, eu era obcecada por carros. Tudo isso por causa do meu pai , ele me fez crescer dentro de um Mustang preto. Eu estava com saudades dos meus pais, da minha família e do meu carro.
— Não gostou da minha música? — a porta se abriu e uma voz arrastada chegou em meus ouvidos. Era ele, Noah.
— Ah, não. Quer dizer, gostei. Não foi isso. — eu disse confusa.
Espera, ele estava me observando, enquanto cantava e me viu sair? Pensei que eu era só mais uma naquela multidão de mulheres.
— Então gostou da música? — ele perguntou, enquanto se encostava na parede ao meu lado. Noah era muito alto.
Ele era incrivelmente perfeito. Merda! O sorriso era o mais lindo que eu já tinha visto em toda a minha vida. Seu dentista era um sortudo! Só de ver esses dentes meu coração saltava.
— Sim, é boa. Nunca tinha escutado.
— Claro que não. — ele riu. — É minha, cantei pela primeira vez hoje e pareceu perfeita. Assim que vi seus olhos perdidos na multidão, senti que estava cantando pra você.
Caramba. Bem que Carrie disse que ele era problema. O garoto era bom nisso. Eu cairia direitinho se minha amiga não tivesse me alertado sobre isso. Porque só com essa frase, o maldito conseguiu me arrepiar. O pior é que eu tive a mesma sensação, enquanto ele cantava. Fiquei calada e desviei o meu olhar do dele. Era intenso demais e eu poderia perder a linha a qualquer segundo.
— Você é diferente. — e agora ele usaria isso! Eu sou filha do maior galinha e mulherengo de toda a história e ele quer mesmo fazer isso comigo? Eu conheço essa.
— Caramba, com essa você me pegaria rapidinho. — eu disse sorrindo e ele me olhou surpreso. — Eu posso ter cara de sonsa, mas eu não sou. Acho melhor eu voltar pra dentro, preciso achar a minha amiga.
A verdade era que eu precisava fugir dele. O mais rápido possível.
Assim que alcancei a porta, a mão firme de Noah me segurou e eu olhei para ele.
— Espera, não vai. Podemos conversar? Parei de cantar só pra vir atrás de você.
Aham, sei.
— Acho que não é uma boa ideia. — falei tentando tirar a mão dele de mim e então ele me soltou.
Noah me soltou e eu deixei aquele olhar intenso do lado de fora, enquanto entrei desesperada à procura da minha amiga.
Fim.
Nota da autora: Sem nota.
Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.