Like a Virgin

Finalizada Em: 18/08/2018

Capítulo Único

Eu estava andando pela rua sem um rumo fixo. Sabia que não poderia me afastar muito porque Richard seria avisado. Infelizmente eu tinha de prestar contas a ele. Não importava quanto dinheiro eu já lhe tivesse dado, eu sentia que minha dívida seria eterna. Ele nunca me deixaria sair daquele lugar horrível. Eu nunca mais poderia ver meus irmãos brincando no jardim ou então escutar minha mãe me dizendo para voltar cedo. Santo Deus, como eu sentia saudades.
Engoli o nó que se formou em minha garganta e continuei caminhando, deixando que o leve vento brincasse com meus cabelos. Já estava escuro o suficiente para que a lua estivesse a vista. Torcia mentalmente para que apenas ela fosse minha companheira esta noite, mas sabia que não seria assim.
Um suspiro escapou por entre meus lábios e dei meia volta sentindo como se o peso do mundo estivesse em meus ombros. Voltei a andar e dobrei a esquina, encontrando-me com meu "lar", pensei sarcasticamente. Não desejava nem ao meu pior inimigo a vida que levava.
Não tinha para onde fugir, então apenas levantei a cabeça e deixei que a máscara de sempre invadisse meu rosto. Eu não ligava para nada, essa era a vida que eu merecia. Mulheres como eu não devem ter um final feliz.
Adentrei o lugar, vendo que tudo já estava pronto para mais um dia de trabalho. Não me importei em olhar mais detalhadamente e subi para meus aposentos. O lugar começava a ficar movimentado às 21 e de acordo com meu relógio de pulso não me restava mais do que meia hora.
Assim que entrei no quarto tranquei a porta e olhei ao redor. Como eu daria tudo o que tenho e o que não tenho para poder sair desse lugar. Revirei os olhos tentando não me deixar abater e fui me desfazendo das roupas enquanto caminhava até o banheiro, torcendo para que todas as frustrações fossem levadas pela água ralo abaixo.
Uma hora depois, eu já me encontrava acomodada em uma das cadeiras do bar, tomando um pouco de vodca para ver se melhorava meu ânimo. John, o barman, alternava entre me olhar preocupado, pelo silêncio, e checar o meu decote. Estava quase me irritando com isso, mas quem era eu para dizer que ele não podia olhar? Por Deus, eu era uma prostituta! Por que deveria me incomodar?
Virei o copo drenando todo o resto que tinha ali e me pus a rodar pelo lugar procurando outro lugar para me sentar e esperar pelo cliente da noite. Eu sabia que não tinha que me jogar nos homens como as outras estavam fazendo nesse momento. Eu não precisava de nada disso. Eles sempre vinham até mim. Sempre. E essa noite não seria diferente.
Eu estava completamente distraída vendo o modo de atuar dos homens e mulheres dali. O lugar exalava sexo. Mas não era pra menos, estávamos em um prostíbulo no final das contas. Estranho seria se fosse diferente. Até que a silhueta de Richard tirou minha visão. Não sabia se me irritava por sua presença ou lhe agradecia por não ter mais que acompanhar aquela orgia que não parecia ter fim.
Ele parecia extremamente sério essa noite, mas eu vi que seus olhos tinham uma faísca diferente. Pelo tempo que o conheço, posso dizer que ele tinha fechado um excelente negócio. E por alguma maneira isso me fez estremecer. Eu era o negócio.
Depois de um silêncio que me pareceu durar horas, vi que ele tinha estendido sua mão. Aceitei sem reclamar e ele me puxava delicadamente, o que era estranho, até um grupo de homens sentados em um dos cantos mais escuros do salão. "Seja boazinha, ", ele sussurrou durante o caminho, enquanto apertava forte minha cintura.
Quando chegamos não foi necessário que ele falasse nada para o grupo. Eles já tinham o olhar cravado em mim e soltavam risinhos maliciosos. Me senti desnuda e suja. Mas era justamente assim que eu ficaria, por isso não dei muita importância e lhes correspondi com um sorriso sacana.
– Então essa é a famosa, ?! - Disse um dos homens do grupo, me mirando de cima a baixo, enquanto sorria abertamente. Senti vontade de vomitar quando encontrei seu olhar, mas felizmente tinha autocontrole. Anos e anos de prática.
– Justamente ela, . - Respondeu Richard, antes que eu pudesse emitir qualquer som. - Tenho certeza que ela é a indicada para o seu menino. - Ele disse batendo amigavelmente nas costas do homem e eu comecei a ficar curiosa com a situação.
– Espero mesmo que sim, meu Carson precisa de um excelente começo. - Ah não, eu sabia o que aquela frase significava. - Acredito que ela conseguirá dar conta. - , como Richard o tinha nomeado, levantou e parou na minha frente, segurando com certa força meu queixo erguendo-o para que eu o olhasse. Ele se aproximou de minha orelha e disse no tom mais baixo e imundo que eu já tinha escutado - Porque gostosa podemos ver que é. - Riu roucamente em meu ouvido, antes de se afastar e voltar a se sentar.
– Tenha certeza que ele terá. - Eu disse o mais segura possível, surpresa que minha voz não tenha saído quebrada como eu esperava.
– Então a gatinha está ciente das suas habilidades? - falou fazendo todos os homens rirem. Era notável quem mandava ali, quem pagaria a conta no final. Ele voltou a se pôr de pé e se aproximar, puxando com força minha cintura até que eu estivesse bem junto ao seu corpo. Só naquele momento notei que Richard tinha se retirado. Como eu não tinha visto antes?! - Talvez eu devesse testar primeiro antes de mandar meu filho, não acredita? - Eu podia sentir seu hálito levemente ácido por conta do álcool em meu pescoço e isso me fez estremecer. Mas não de nojo. De prazer.
Eu olhava em seus olhos verdes e vi que eles estavam nublados pelo desejo. Não conseguia fazer com que minha voz saísse, não conseguia me mexer. Apenas sentia, pela proximidade, seu começo de ereção.
Ele me sorriu e desfez o aperto que nos mantinha unidos. Segurou na minha mão e apenas com um aceno de cabeça se despediu dos companheiros de mesa. Eu ainda não conseguia articular uma frase coerente. Eu não tinha que ter nojo dele? Que classe de homem traz o filho pra um prostíbulo para que perca a virgindade com uma prostituta? Eu deveria ter batido a cabeça enquanto dormia para estar agora aproveitando a sensação de ter a mão dele na minha.
Não sei de que forma, mas estávamos parados no segundo andar. Eu podia ver os casais correndo apressados pros quartos. As molas das camas se movimentando, os gritos de mulheres e homens ao chegarem ao orgasmo. Sabia que muitos dos ruídos eram forçados, eu os forçava. Tinha alguma experiência nisso.
Mas um forte aperto em meus dedos me fez recobrar a consciência e reparar onde e com quem estava. Ele olhava pra mim, perguntando com os olhos onde era meu quarto. Não precisei de mais nada para me lembrar o que estava acontecendo e puxá-lo pela mão até minha tão conhecida porta.
Abri, deixando que ele adentrasse primeiro e fui em seguida, nos trancando ali. Senti minhas mãos tremerem enquanto segurava a chave e ele também deve ter percebido. Cobriu minhas mãos com as suas e me virou bruscamente para si, atacando meus lábios sem a menor delicadeza.
Sua língua invadiu minha boca com uma brutalidade que já me era familiar. Muitos homens faziam isso todos os dias. Mas pela primeira vez senti prazer e gemi entre seus lábios, sem poder me conter.
Ele foi descendo as mãos para a minha cintura, apertando possessivamente cada espacinho que encontrava. Segurou firme em minha bunda e me fez dar o impulso que eu precisava para contornar seu corpo com as minhas pernas e ali me prender.
me prensou contra a porta, sem nunca deixar de devorar minha boca, e a cada toque eu sentia o quão perto eu estava chegando do meu limite. Quando ele finalmente abandonou meus lábios, começou a dar atenção ao meu pescoço. Mordendo, lambendo, chupando. Eu só conseguia gemer enquanto ele subia a mão pela minha barriga e terminava apertando meu seio com uma delicadeza que eu ainda não tinha visto no homem.
Senti que a pressão em minhas costas tinha sumido quando o vi se movimentar até a cama para me colocar aqui calmamente, enquanto se sentava na borda do colchão, um pouco afastado de onde eu estava.
Meu coração se acelerou naquele momento. Será que eu tinha feito alguma coisa errada?! Por Deus, o que eu estava pensando?! Por que eu estava tão interessada assim?!
Um maldito suspiro de alívio saiu sem que eu pudesse controlar quando eu vi que ele estava apenas tirando os sapatos. Resolvi aceitar a deixa e fiz o mesmo. Assim que terminei, voltei a olhar em sua direção, esperando que ele estivesse pronto para começar de onde paramos, mas não. Ele estava de costas, em uma postura completamente séria. Isso só me fez querê-lo ainda mais.
Tomada por uma coragem que eu não sabia que tinha, fui engatinhando até chegar ao seu colo. Sentei com uma perna de cada lado, enquanto abraçava seu pescoço. – Achei que íamos continuar de onde paramos. – Disse em seu ouvido e fiquei feliz ao vê-lo arrepiado. – E não parar nunca mais. – ri em sua orelha, mordendo de leve o local. Ele engoliu em seco, apertando as mãos em minha cintura. Sua respiração pesada em meu pescoço era a melhor sensação do mundo.
Não deixei que ele falasse nada e distribui beijos em seu pescoço, deixando um rastro de fogo por onde passava, ignorando as batidas aceleradas do meu coração. Eu não precisava pensar nisso agora. Cheguei ao lugar que queria. Colei nossos lábios em um beijo nada calmo. Eu estava no controle da situação por agora.
Fui empurrando levemente pra trás, fazendo-o se deitar na cama. Interrompi o beijo antes que ficássemos sem ar e me pus a explorar o resto do corpo. Comecei a distribuir beijos por todo seu peito, olhando sempre pra seu rosto, que estava contorcido em prazer. Ele tentava se manter de olhos abertos, mas não estava tendo sucesso. Quanto mais me abaixava, mais sentia sua excitação. Sua respiração estava cada vez mais falha.
Usando a língua, descobri todo seu peitoral, chegando ao botão da calça que parecia muito apertada pelo seu estado. Não era só ele que estava animado. Eu estava a ponto de explodir. Mas não o faria antes de dar prazer a ele. Olhei em seus olhos sedutoramente enquanto abria calmamente o botão e o zíper do jeans.
Desci a peça, lentamente, junto com a boxer preta, em uma tortura maravilhosa. Passei a língua, por toda sua perna, mas ao chegar à virilha, onde seu membro estava totalmente ereto, passei direto. Ouvi um resmungo e não pude deixar que rir. Ele aproveitou meu momento de distração e inverteu as posições, me deitando na cama. Não teve o mínimo cuidado com minha blusa, que ficou em pedaços no chão. Beijou meu pescoço, desregulando a minha respiração. Foi descendo até chegar ao meu sutiã que teve o mesmo destino da blusa. Ele não parou, distribuindo beijos até chegar a minha saia.
– Não vai destruir ela também né? – Disse com dificuldade de controlar a voz. Ele nada disse, apenas deu um sorriso sacana em minha direção.
Tirou a saia rapidamente, mas sem rasgar, me deixando apenas com a calcinha, que foi tirada com os dentes, enquanto eu arfava. Distribuiu beijos por todo meu corpo e se colocou em cima de mim, abocanhando o seio direito, massageando o esquerdo. Levando-me aos céus. Não, alguém como eu não poderia ir para o Paraíso. Na verdade eu poderia estar indo ao inferno que não me importaria. Desde que ele estivesse comigo.
Subiu a boca pelo meu pescoço deixando mordidas por onde passava. Colou nossos lábios com fúria enquanto passeava com a mão pela lateral do meu corpo, chegando lentamente a minha entrada, me fazendo gemer em seus lábios. Passou os dedos levemente, em uma carícia superficial.
– O que você quer agora? – Disse em meu ouvido, introduzindo um dedo dentro de mim.
– Você. Dentro de mim. – Respondi ofegante. Ele introduziu outro dedo. – Agora. - Ele tirou os dedos de dentro de mim e apertou meu quadril com força. Abriu gentilmente as minhas pernas e se posicionou entre elas. Penetrou de uma vez, estocando forte, enquanto beijava meu pescoço. Gemi baixo em sua orelha, sentindo seu coração ir mais rápido a cada estocada, batendo no mesmo ritmo do meu.
– Olhe pra mim. – Ele disse quase chegando ao clímax, segurando meu rosto, enquanto ainda investia contra mim. Minhas pernas presas em sua cintura, eu tinha mergulhado em seus olhos, enquanto sentia-o chegar ao ápice, assim como eu. Ele se deixou cair em cima de mim, ofegante e cansado. Ele ia nos separar, mas prendi com mais força minhas pernas em seu quadril, fazendo com que ele deitasse a cabeça em meu peito, enquanto eu acariciava seus cabelos, agora suados pelo esforço.
Aos poucos a minha respiração ia se normalizando assim como a dele e eu senti as suas mãos irem em direção as minhas pernas, me fazendo afrouxar o aperto. Ele saiu de mim, sem dizer uma palavra ou fazer qualquer som. O único que eu ouvi foi o barulho pequeno dos nossos corpos se desconectando e depois o dele juntando as roupas no chão e começando a se vestir.
Eu não disse nada. Afinal, o que eu poderia dizer? Falar: “Fique, nós temos uma conexão incrível!” Isso soaria piegas demais para se falar depois da transa. Era apenas isso, uma transa.
Reparei que ele tinha terminado de colocar sua roupa e estava me encarando completamente nua, com um sorriso no rosto. Pensei em me cobrir, mas de que adiantaria?
Vi quando ele tirou a carteira do bolso e eu prendi a respiração por um segundo. Como eu poderia ter esquecido. Era apenas o meu trabalho. Só mais uma transa paga como qualquer outra que estava acontecendo dentro daquele maldito prédio.
Estava me preparando para ter o que restava do meu orgulho esmagado por aquelas notas nojentas, quando o vi procurar algo. Ele pegou um cartão e o deixou sobre a cama. Me dedicou uma piscadela e sorriu sacana, para logo depois sair do quarto.
Eu me aproximei do papel com certo receio do que estaria escrito ali. O peguei em minhas mãos e vi o que era. Um nome e um telefone.
.
Não pude conter o riso que escapou dos meus lábios e pendi para trás, caindo na cama, segurando o cartão perto do peito.
Meu coração batia freneticamente. Eu me sentia como uma virgem.




Fim.



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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