Lost In The Maze

Última atualização: 06/11/2018

Capítulo 1



Dou inicio a minha nova vida pondo-me de pé, a escuridão me envolvia, o ar do ambiente em que eu me encontrava era poeirento e rançoso. Levei a mão até a altura do nariz, o cheiro desagradável tomava conta do ambiente, como se nunca houvesse batido um vento naquele lugar. Um tremor abalou o chão do local que eu estava, então começou a subir, cada vez mais rápido. Sou derrubada pela pressão e engatinho até a parede fria do lugar, era de metal, então deduzi que estava em algum elevador desgovernado. Encolhi em um canto do elevador, abraçando minhas pernas e esperando que meus olhos se acostumassem com escuridão. Sons ásperos de correntes e polias, como os ruídos de uma velha usina de aço em funcionamento, ecoaram pelo compartimento, abalando as paredes com um lamento vazio e distante. O elevador sem luz oscilava para frente e para trás na subida, o que me causou náuseas; um cheiro semelhante ao de óleo queimado invadia meus sentidos, fazendo-me sentir pior. Sentia vontade de chorar, mas as lágrimas não vinham. Gritei por alguém, mas não ouve resposta. Só continuava a subir e a subir.

“O meu nome é ”, penso. Essa era a única coisa de que conseguia me lembrar. Não entendia como podia ser possível. Minha mente funcionava sem falhas, tentando entender onde me encontrava e qual era a situação. Informações desencontradas inundaram os meus pensamentos, fatos e imagens, lembranças e detalhes do mundo e de como as coisas eram. E ainda assim não sabia de onde vinha, ou como fui parar naquele elevador escuro, ou quem eram os meus pais. Nem sequer lembrava meu próprio sobrenome. Imagens de pessoas vieram ao pensamento, mas não reconheci ninguém, os rostos substituídos por manchas de tonalidades fantasmagóricas. Não era capaz de se recordar de ninguém que conhecesse nem de uma única conversa.

O compartimento continuava a subir, sacolejando; O rangido das correntes que o puxavam para cima não me incomodava mais, o balançar não me causava mais nada, meu corpo acostumara tão rápido com aquela nova atmosfera. Um longo tempo se passou. Os minutos viraram horas, embora fosse impossível saber com certeza o tempo transcorrido, já que cada segundo parecia uma eternidade. Com um rangido seguido de um novo tranco, o compartimento ascendente estancou, a mudança me tirou da posição encolhida e me jogou sobre o chão duro, consegui sentir o gosto metálico do meu sangue e uma dor quando meu rosto se chocou no chão. Quando consegui levantar, senti que o lugar balançava cada vez menos, até que finalmente parou. Tudo mergulhou no silêncio.

Um minuto se passou. Dois. Olhava em todas as direções, mas via apenas a escuridão; apalpei as paredes de novo, procurando um jeito de sair. Porém não havia nada, apenas o metal frio. Gemi de frustração; o eco de minha voz amplificou—se no vazio, como o lamento fantasmagórico da morte. Os ruídos foram sumindo aos poucos e o silêncio retornou. Algo me dizia que eu estava na direção certeira da morte, caso já não estivesse morta. Gritei, clamando por socorro, mas nada. Recuei para o canto mais uma vez, levando minha mão até o machucado do meu nariz devido ao baque, faço uma careta de dor ao encostar, mas logo me acostumo, usando minha blusa como um pano de limpeza.

— Alguém… me… ajude! — Grito, cada palavra saia com um gemido baixo de dor.

Um rangido penetrante acima da minha cabeça roubou minha intenção e, engolindo em seco, olhei para cima. Uma linha reta de luz apareceu no teto do compartimento, fiquei observando enquanto ela se alargava. Um som pesado e desagradável revelou portas duplas de correr sendo abertas à força. Depois de tanto tempo na escuridão, a luz feriou meus olhos, me deixando cega por instantes; desviei o olhar, cobrindo o rosto com as mãos. Ouvia vozes acima e o medo comprimiu o meu peito.

— Olhem o que a maré nos trouxe.
— Quantos anos será que ela tem?
— Parece mais um filhotinho assustado.
— Filhotinho assustado é você, otária.
— Tomara que tenha gostado do passeio só de vinda, bebita.

Fui tomada por uma onda de confusão, dominada pelo famigerado pânico. As vozes eram estranhas como se tivessem eco; algumas eram totalmente desconhecidas - outras pareciam familiares. De olhos semicerrados, esforço para enxergar na direção da luz e daquelas que falavam. A princípio só consigo ver sombras se movendo, mas elas logo ganharam a forma de corpos - pessoas inclinadas sobre a abertura no teto, olhando para baixo na sua direção e apontando. E então, conto se as lentes de uma câmera tivessem encontrado o foco, as faces tornaram-se nítidas. Eram garotas, todas elas - algumas mais novas e outras mais velhas. Fiquei bastante confusa ao ver todos aqueles rostos e sorrisos voltados para mim. Eram apenas adolescentes. Meninas.

Alguém jogou uma corda lá de cima, a extremidade amarrada em um grande laço. Hesitei, depois coloquei o pé direito no laço e agarrei à corda enquanto era içada. Mãos estenderam-se para baixo, uma porção delas, alcançando-me, agarrando-me pelas roupas, puxando-me para cima. O mundo pareceu girar, uma névoa rodopiante de rostos, cores e luz. Uma tempestade de emoções fez meu estômago se contrair, contorcer, revirar. Quando me puxaram pela borda áspera da caixa escura o coro de vozes se calou, ressaltando uma voz doce e gentil, sorrindo para mim e tocando meu rosto de leve.

— Legal conhecer você, lindinha, vamos cuidar desse seu machucado. — Disse a garota. — Bem-vinda à sua nova casa.

As mãos que me puxaram só pararam de se agitar ao seu redor quando me levantei e sacudi a poeira da camisa e das calças. Ainda atordoada pela claridade, apoiei o braço em uma garota que estava ao meu lado, ela passou sua mão em minha cintura quando percebeu que eu ainda estava tonta. Estava morrendo de curiosidade, mas sentia-me muito enjoada para observar o local mais atentamente. Minhas novas companheiras não disseram nada quando girava a cabeça de um lado para o outro, tentando assimilar tudo. Deviam ser pelo menos umas vinte ao todo, as roupas sujas e amassadas, como se tivessem interrompido algum trabalho importante, uma garota diferente da outra, de vários tamanhos e raças, o cabelo de comprimentos variados. Sento-me atordoada, os olhos indo e voltando das garotas para aquele lugar bizarro em que me encontrava. Estávamos em um vasto pátio, várias vezes maior do que um campo de futebol, cercado por quatro muros enormes de pedra cinzenta, cobertos por uma hera espessa que se espalhava em manchas desiguais. As paredes pareciam ter mais de cem metros de altura e formavam um quadrado perfeito ao redor daquele espaço. Cada lado era dividido exatamente ao meio por uma abertura tão alta quanto os próprios muros e que levava a passagens e corredores compridos que se estendiam a perder de vista.

— Olhem só a novata — Zombou uma voz fanhosa, que eu não consegui distinguir de onde vinha. — Vai quebrar o pescoço inspecionando seu novo cafofo.

Várias garotas riram.

. — Anunciei, surpresa ao ouvir minha própria voz pela primeira vez até onde conseguia lembrar. Ela soava um pouco estranha… mais aguda do que tinha imaginado. — Meu nome é , não é Novata.

Procurei identificar alguém em meio às dezenas de estranhas ao meu redor. Sabia que devia parecer muito deslocada - sentia como se tivesse sido drogada. Uma garota alta, de cabelo louro e queixo quadrado, franziu o nariz na minha direção, o rosto inexpressivo. Uma outra, baixinha e rechonchuda, inquietava-se, oscilando para frente e para trás em pé, fixando seus olhos arregalados em meu rosto. Uma garota de pele escura franziu as sobrancelhas - a mesma que me dera as boas vindas. Várias outras a observavam.

— Onde estou? — Quis saber, cruzando os braços.

— Um lugar nada bom. — A resposta partiu da garota de pele escura. — Agora procure relaxar e acalmar-se.

Diferentes emoções se chocavam em minha cabeça, atordoando a mente e sufocando o coração. Confusão. Curiosidade. Pânico. Medo. Mas todas essas emoções eram permeadas por uma sombria sensação de desamparo absoluto, como se o mundo tivesse acabado, como se tivesse sido arrancado de minha memória e substituído por algo sinistro. A vontade era sair correndo e se esconder daquela gente.

A garota de voz fanhosa voltara a falar:

— Ela vai chorar, a novatinha vai chorar; aposto o meu fígado que ela sairá correndo assustada. — Eu ainda não conseguia ver o rosto dela, mas sentia uma vontade enorme de socar o seu rosto.

— Por Deus, Betty, cale a matraca! — Gritou a garota de pele escura. — Continue agindo como uma vadia e eu te deixo sem comida.

Ela devia ser a líder, conclui. Detestei a maneira como ela debochava de mim, procurei concentrar em avaliar o lugar que estava. Adiante havia um pátio cujo chão era composto de enormes blocos de pedra, muitos deles rachados e entranhados de grama e flores crescidas. Perto de um dos cantos do quadrado, uma estranha construção de madeira, meio decadente, contrastava completamente com as pedras acinzentadas. Era cercada por algumas árvores, as suas raízes parecidas com mãos encarquilhadas embrenhando-se no chão rochoso em busca de alimento.

Em outro canto do conjunto via-se uma espécie de plantação, reconhecei uns pés de milho, alguns tomateiros, árvores frutíferas. Do outro lado do pátio, alinhavam-se currais de madeira, em que eram guardados ovelhas, porcos e vacas. Um bosque amplo ocupava todo o último canto; as árvores mais próximas estavam cheias de vidas, como se fossem cuidadas diariamente. O céu não tinha nuvens, era muito azul, mas vi nem sinal do sol, apesar da claridade do dia. As sombras difusas dos muros não revelavam a hora nem a direção dos raios solares - podia ser de manhã cedo ou final de tarde.

Respirei fundo, numa tentativa de acalmar os nervos, e uma mistura de cheiros o invadiu. Lixo recente, estrume, perfume de pinheiros, um aroma podre e adocicado. De algum modo sabia que aqueles eram os cheiros de uma fazenda. Corri os olhos pelos rostos de todas as garotas presentes, apreendendo cada expressão, avaliando-as. Tantos segredos escondidos por trás daqueles olhos, tantas histórias roubadas. Sinto minha cabeça doer mais, levo as mãos nas têmporas, massageando-as.

— Por que eu não me lembro de nada? — Pergunto, sentindo um vazio dentro do meu peito.

— É uma longa história, . — Disse a líder. — Pouco a pouco, você vai descobrir… Vou conversar com você amanhã, no Passeio. Até lá, procure não quebrar nada. — Estendeu a mão. — Meu nome é Harriet, aquela é Sonya, ela que manda quando eu estou fora.

Cumprimentei as duas, um tanto relutante. Sonya me acompanhou até um dormitório bem organizado e com um cheiro muito agradável de flores, ela chamou alguma outra menina, que deveria ter 13 anos, senti um aperto no coração ao pensar nisso - estava tão perdida que nem sequer lembrava minha própria idade. A garota que se chamava Juliet, ela cuidou do machucado em meu rosto e me deu um chá. Algo nela me lembrava alguém ou alguma coisa, minha mente buscava de quem ela me lembrava, mas o rosto da pessoa tinha um borrão e a voz que ecoava em minha cabeça oscilava. Afastei meus pensamentos, prestando atenção nos detalhes no rosto de Juliet. O cabelo preto caia sobre seus ombros com os cachos perfeitos nas pontas, os olhos eram tão escuros como o mar de noite, algo me dizia que éramos parecidas e pelo que podia lembrar-se da minha aparência, parecíamos mesmo.

— Por que eu não consigo me lembrar de nada? — Pergunto, chamando a atenção das duas. — Eu estou com amnésia?

Sonya riu e sentou ao meu lado.

— Não, você não está com amnésia. — Respondeu ela, segurando minhas mãos. — Nenhuma de nós se lembra da nossa vida passada. A Beth diz que é porque somos criminosas e estamos em uma espécie de cadeia. Já outras acreditam que se trate de um reality show para vermos como funcionaríamos em sociedade.

— As duas opções me parecem horríveis. — Falei, fazendo-as rir. — Por que aceitaríamos vir para um local sem nos lembrar de nada? É horrível.

— Harriet conversará com você melhor amanhã, hoje procure descansar. — Sonya levantou. — Juliet ficará com você, tudo que precisar, você pode pedir à ela.

Meus olhos começaram a pesar com o passar do tempo, em meus sonhos estou em uma sala branca, os únicos móveis eram uma maca de consultório médico e uma cadeira de ferro. Uma mulher e um homem entraram na sala alguns segundos depois, eles tinham o rosto fechado e cansado.

— Você deve ser a . — Falou a médica, sua voz era um tanto irritante. — Acabamos de conhecer o , ele disse muito sobre você.

— Bom, meu nome é….

. — Interrompeu o homem. — Seu nome é . Olha, garota, será muito mais fácil se você aceitar. Seus pais confiaram vocês a nós e vocês aceitaram mudar o nome, então, por favor, não dificulte o nosso trabalho.

A voz cansada do médico e a forma que seus olhos pediam para que eu abandonasse meu antigo nome, me fizeram tomar a decisão de aceitar. A antiga eu havia morrido, estava na hora de nascer. Abandonei tudo aquilo que pertenceu ao meu passado, menos ele, não, ele não. Ele eu não deixaria nunca.

— Eu posso vê-lo? — Pergunto. — Eu aceito ser a , mas tem que me deixar vê-lo sempre. Nós temos que ficar juntos.

— Claro, algumas aulas vocês farão juntos. — Respondeu a mulher, com um sorriso gentil.

A cena mudou para uma sala de aula, havia um garoto ao meu lado, não conseguia identificar seu rosto, era como se meus olhos não estivessem com foco. O professor saiu da sala e numa fração de segundos o garoto se virou na minha direção, ele parecia uma criança assustada.

— Eu te amo. — Falou ele, com a voz firme. — E nós vamos sair daqui… Vamos achar mamãe e papai. Já tenho um plano com os rapazes do meu dormitório.

— Eu te amo, . — Segurei a mão dele de leve. — Mas mamãe e papai já faleceram. Eles nos entregaram pro CRUEL para que tenhamos pelo menos um resto de vida descente.

— VOCÊ ESTÁ MENTINDO! — Ele se levantou, batendo as mãos na mesa. — VOCÊ É UMA MENTIROSA, VOCÊ É UMA MENTIROSA DE MERDA!

Os guardas entraram na sala e o puxaram pelos seus braços, enquanto ele continuava a gritar e espernear. Um vazio tomou conta do meu peito, me mantive parada por muito tempo, só quando uma guarda me chamou, Katie MacVoy, que consegui mexer meu corpo. Assim que cheguei ao corredor vi os guardas o puxando para fora, naquele momento eu soube, eu soube que nunca mais iria vê-lo. “Adeus, irmão.” pensei.


!!! — acordo com meu próprio grito, as garotas se levantam assustadas e segundos depois Harriet entra no quarto, segurando uma faca.

Minha cabeça começou a girar e o sonho começou a desaparecer. Sonho? Memória? Eu não sabia o que era, mas agarrei o nome “” e não deixei que ele se fosse, mesmo com todo aquele branco invadindo a minha mente. . . . . Fiquei repetindo várias e várias vezes, enquanto as cabeças das meninas se aglomerava atrás de Harriet, algumas inclinando-se em todas as direções para me enxergarem melhor. Deixei meu corpo cair na cama novamente e fiquei olhando para o teto, tentando recuperar aquele sonho.

— Quem é , ? — perguntou Harriet, tocando minha perna. — Você se lembrou de algo?

— Eu não sei. — Respondo, levando as mãos ao meu rosto. — Foi como se tudo ficasse em branco de repente. Eu acho que o amava e que ele era alguém importante pra mim. Harriet, eu estou medo. — Senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

— Se não estiver com medo, — Falou ela, me abraçando. — então não é humana. Agora procure descansar, amanhã conversamos sobre isso. Todas vocês, o show acabou, podem ir para cama.

A noite passou devagar, reverei de um lado para o outro, estava atordoada demais para dormir. Assustada demais para dormir, os barulhos por trás das grandes paredes de pedra eram agonizantes, como se fossem gritos ou uma estranha dança de acasalamento entre bichos selvagens. Meu corpo cedeu ao cansaço e eu dormir perfeitamente, como se o episódio passado nunca tivesse acontecido. Acordei disposta, meu corpo estava relaxado e minha cabeça não doía mais. Juliet me acompanhou até o refeitório e me contou que tudo ali foram construídos por ela, eu as achei um tanto inteligentes e espertas por isso, as construções eram quase perfeitas. A comida também era muito boa, não consegui resistir a repetir o café da manhã.

— É bom ver que está com a aparência melhor. — Falou Harriet, sentando ao meu lado junto de Sonya. — Está pronta para conhecer suas novas irmãs.

Irmãs. A palavra ecoou de forma estranha em minha cabeça, me deixando confusa, mas logo aceitei seu convite e me retirei do refeitório. A brisa que vinha das árvores trazia o cheiro das plantas que se misturava com o cheiro podre.

— Não seria melhor enterrarmos o lixo em uma parte afastada da floresta? — Pergunto. — Ele ficando exposto pode atrair bichos.
— O único bicho que você tem que se preocupar, é o que está lá dentro. — Apontou Harriet, em direção as paredes de pedra. — Aquele é o labirinto. Nossa única saída daqui.

— É, saída para a morte. — Respondeu Beth, atrás de Sonya, o que fez a loira assustar de leve. — O único jeito de sairmos daqui é morrendo.

— Por que você é sempre uma megera? — Pergunta Sonya. — Se você não tem esperança de sairmos daqui, não tente acabar com quem tem.

— Você sabe, Sô. Não tem como sair. — Beth seguiu em direção aos dormitórios enquanto Harriet revirava os olhos.

Harriet e Sonya me mostraram toda a Fazenda que estávamos, elas me contaram sobre todo o mistério que nos cercava e sobre o labirinto. Todas as leis foram ditas e anotadas mentalmente. Todas as “profissões” foram apresentadas, assim como todas as meninas se apresentaram formalmente. Éramos uma comunidade. Uma família.

— Nossa maior regra, e mandamento, é que somos nós por nós. Não importa o que aconteça, sempre defenda sua família.




Continua...



Nota da autora:
Olá, se você leu até aqui, eu fico feliz demais. Eu aceito sugestões e criticas para melhorar a fic. Aliás, fiz um trailer para a fanfic, não ficou muito bom, mas pretendo melhorar. https://www.youtube.com/watch?v=Dfkgh_59aAU Venham falar comigo no Twitter, eu sou legal (@bebellarivers).


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus