Finalizada em: 16/05/2019

Capítulo Único

A vida de havia virado de cabeça para baixo nas últimas semanas. Ela nunca esperava que pudesse estar na arena do 68° Jogos Vorazes viva, muito menos que pudesse estar entre os oito finalistas da competição mortífera e principalmente não acreditava que pudesse ser seu maior aliado ali.
Ambos vinham do Distrito 11, a região responsável em Panem pela produção agrícola de todo o país. Mesmo vivendo próximos, os jovens eram de diferentes bairros.
, apesar de ter passado grande parte dos seus 16 anos em meio a áreas de plantio e coleta de alimentos, inventava meios inteligentes de sustentar sua família já que seu pai havia sido assassinado pelos Pacificadores em meio a um mal-entendido em um dia de colheita. Trabalhar em meio aos alimentos não era garantia de comida na mesa, tudo o que plantavam ia para os celeiros da Capital, apenas uma pequena porção era cedida aos trabalhadores. Com quatro irmãos, e sua mãe lançavam mão da criatividade para completar a alimentação da família. Assim a garota aprendera rápido técnicas de agilidade para realizar furtos nos depósitos das famílias mais abastadas.
, não era ágil como a companheira de distrito, porque fazia parte do grupo de indivíduos abastados da região, por isso nunca trabalhou um dia sequer ou nem mesmo precisou se preocupar com fome ou problemas familiares. Seu pai era prefeito e sua mãe tinha uma loja de antiguidades no centro comercial.
era apenas um rapaz que tinha uma paixão pela natureza, um gosto grande por livros e uma má sorte incrível. Esta última confirmada na semana anterior, já que ninguém apostaria que seu nome pudesse ser escolhido na Cerimônia dos Jogos, mas mesmo assim isso ocorreu.
Adolescentes tão diferentes, unidos por um destino semelhante. Talvez seja por isso que, no momento que entraram no trem rumo a Capital, suas diferenças foram deixadas de lado.
e desde o início resolveram apoiar-se, deixando com que o destino decidisse o fazer com suas vidas, eles usariam suas habilidades e a companhia um do outro para sobreviverem o máximo que podiam.
acreditava que a postura confiante de havia a conquistado, ela se impressionara com isso desde que o vira pela primeira vez, porque a forma que o outro falava mostrava o quão inteligente era. Já tinha toda certeza que seu coração fora conquistado por um único fator: a aura gostosa e atraente que emanava, isso junto com um sorriso tão lindo que o faria enfrentar tudo para que pudesse eternamente admirar.
A união clara que demonstraram não havia rendido grandes apostas neles. Não conquistaram o público geral, muito menos grandes patrocinadores. Todas as chances lhes eram contrárias, mas ainda estavam ali porque a agilidade de para explorar a selva complementava a inteligência de para arquitetar planos e os manter a salvos.
pensava sobre tudo o que haviam conseguido enfrentar até o momento. Tinha saído ainda de madrugada para conferir se suas arapucas haviam pego algum animal em torno da colina que estavam acampados temporariamente, e estava feliz pelo resultado: 2 coelhos e 1 pequeno gato do mato. Estava animado para mostrar a caça a , com certeza o mais alto lhe daria um beijo para expressar sua felicidade. E simplesmente amava sentir os lábios quentes dele em meio a terra fria que estavam presos.
Próximo do acampamento, viu o rapaz abaixado na terra, colhendo sem jeito algumas raízes comestíveis. Haviam adentrado na mata há alguns dias e foi ao longo tempo ensinando o que podia colher aqui e ali. Ela era responsável pela caça e por livra-los dos perigos a maioria das vezes. Já o companheiro estava se aprimorando na coleta de alimentos e montava guarda no local que resolveram se instalar.
Mesmo de longe, dava para observar que algumas gotas de suor molhavam a parte da frente dos fios loiros de e parecia que por alguns instantes seu rosto brilhava sobre os raios de sol que lhe atingiam.
Sua mãe definitivamente amaria o garoto, porque ele era bonito, alto, charmoso e tinha ombros largos maravilhosos. Mas não só por isso, sabia que sua mãe iria gostar dele porque o jeito que o olhava fazia lembrar o olhar dela.
via amor nos olhos dele, um amor sincero e puro como o que sua mãe demonstrava por ele e seus irmãos. Algo que nunca acreditou que outra pessoa além de sua família poderia lhe dar.
Pensar em sua família fez apertar seu coração. Mas então percebeu sua presença e abriu um sorriso na direção de , e por um momento ela pôde esquecer toda a preocupação acerca de sobrevivência, luta, preconceitos, opressões... Eles olhavam um para o outro com os olhos cheios de amor. E o amor fazia com que seus corações se enchessem.
O menino vira sair da penumbra há poucos metros com as mãos repletas de caça, isso mais a presença dela lhe fez sorrir involuntariamente e levantar limpando os joelhos de terra. Ele estava pensando quantos segundos ainda faltavam para poder dar um beijo na dona do sorriso que era o motivo da sua esperança em meio a todo aquele caos.
Feito uma boba apaixonada, resolveu largar os animais no chão, assim como sua mochila, e percorrer a distância que os separava com mais velocidade. Hoje comeriam bem, sobreviveriam juntos e pensariam em um jeito de sair dali lado a lado.
vendo sua ágil e amada caçadora correr em sua direção, soltou uma risada baixa e resolveu fazer o mesmo. Sua ansiedade para beija-la impediu que ouvisse a movimentação atrás de si proveniente de um competidor saindo dos arbustos.
Os jovens do Distrito 11 não viram o estranho invasor de seu acampamento se aproximar, muito menos ouviram o som da lança cortando o ar próximo deles.
só teve consciência de que o amor não importava em Panem quando viu o corpo de desabar ao chão, e o rompante do canhão anunciar a morte de seu amado e o fim deles.


Fim.


Nota da autora: Sem nota.




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