Love's Revenge






Corning - New York, 10 anos antes...
Aquele era um dia diferente de todos os outros, era o baile de primavera. Seria o primeiro que eu participaria, o primeiro no qual eu havia sido convidada por um garoto para acompanhá-lo. E tudo era ainda melhor, pois era com ele que eu iria...
.
Minha paixão desde que eu entrei no colegial.
Minha mãe acabava de arrumar o penteado que ela fazia em meu cabelo enquanto eu me olhava no espelho. Eu estava diferente do que eu era no dia a dia. Eu estava maquiada, eu me sentia bonita, mesmo com o aparelho e tendo que manter os óculos já que eu não enxergava direito sem eles.
Assim que ela acabou o penteado eu me levantei sorridente parando em frente ao espelho do meu guarda-roupa. O vestido rosa que ia até os meus joelhos, já que nada mais curto me faria sentir confortável como eu estava. As sapatilhas nude, a maquiagem sem exagero e aquela trança em meu cabelo me deixavam diferente de como eu costumava ser.
- Você está linda, meu amor. – minha mãe fala e eu me viro pra ela enquanto sorria.
- Obrigada, mãe. – vou até ela lhe abraçando em seguida.
Minha mãe sempre foi a minha melhor e única amiga. Era pra ela que eu contava tudo, era com ela que eu passava meus tempos livres, era com ela que eu me divertia. E eu gostava disso, mesmo sendo isolada, a excluída de toda a escola, era bom ter essa relação com a minha mãe.
A campainha toca e eu desço as escadas sendo seguida pela minha mãe. Abro a porta dando de cara com um extremamente lindo. Ele estava com uma camisa social azul clara e uma calça social preta. Seus cabelos bagunçados os deixavam ainda mais atraente.
- Oi. – falo um pouco envergonhada, já que eu não sabia como reagir em frente a um garoto.
- Oi. – ele sorri – Vamos? Nós já estamos um pouco atrasados.
- Divirtam-se. – minha mãe fala fechando a porta quando nós saímos.
Seguimos em direção ao carro dele, entramos e ele logo deu a partida. Fomos o caminho todo em silêncio. Eu estava envergonhada, e ele com certeza não sabia o que falar. Não demoramos muito a chegar, já que o colégio era bem perto. Descemos do carro e fomos em direção à entrada do colégio.
Assim que entramos na quadra onde estava acontecendo o baile, todos os olhares foram direcionados para nós. As pessoas olhavam exclusivamente pra mim e sussurravam algo umas com as outras. Eu olhei pra que sorriu colocando a mão nas minhas costas me levando até uma das mesas.

A noite estava sendo agradável, mas eu e o mal nos falávamos. Eu não entendia bem o porquê, mas ele falava mais com os amigos do que comigo, algumas vezes dirigiam a palavra a mim.
-Boa noite a todos! – Brooke Wright, a capitã das líderes de torcida subia ao palco e falava ao microfone – Acho que está na hora de anunciarmos o rei e a rainha do baile de primavera. – as pessoas gritaram. – Então vamos começar com o rei do baile. – ela pega um envelope com umas de suas amigas que lhe entregava e abre devagar querendo fazer suspense – E o rei do baile é... . – ela fala gritando ao microfone e eu sorrio olhando pro e o aplaudindo.
Ele se levanta e vai até palco onde ele recebeu uma coroa de plástico e foi aplaudido por todos os alunos da escola.
- E a rainha do baile é... – ela abre o outro envelope – . – ela fala e todos os olhares se voltam pra mim.
Eu havia ganhado?
Levantei-me devagar enquanto todas as pessoas me olhavam tão surpresas quanto eu. Andei lentamente em direção ao palco esperando que a Brooke falasse que estava brincando, o que não aconteceu. Subi no palco indo até onde o estava e ele mesmo coloca a outra coroa na minha cabeça. Olhei pra todos a minha frente e um sorriso começou a surgir no meu rosto.
Tudo aconteceu em câmera lenta. Eu senti um liquido escorrer pelo meu rosto, e logo sujando meu vestido enquanto todas as pessoas riam. Olhei pra minha mão vendo todo aquele líquido vermelho que eu deduzi ser tinta e senti meus olhos se encherem de lágrimas.
- Como você é ingênua. – Brooke fala no microfone em meio a risadas – É claro que você nunca ganharia com rainha do baile, olha pra você. – ela faz um movimento com as mãos mostrando todo o meu corpo. – Dá uma olhada aqui no resultado verdadeiro. – ela joga o envelope na minha direção, o fazendo cair na minha frente onde eu pude ler claramente “Brooke Wright”.
- Olha bem pra você garota. – fala enquanto eu mantinha a cabeça olhando pra baixo – Você não tem amigos, vive isolada pelos cantos da escola, ninguém aqui gosta de você. – ele ri – Você achou mesmo que eu iria querer vir com você ao baile? – todas as pessoas riam enquanto minhas lágrimas se misturavam com a tinta em meu rosto – Acha mesmo que eu trocaria a Brooke por você? – ele abraça a Brooke lhe dando um beijo que mais pareciam que ia se engolir – Isso NUNCA acontecerá. – ele dá ênfase no “nunca”.
- , A ESTRANHA. – um menino grita lá de baixo – , A ESTRANHA. – ele grita mais uma vez e as pessoas começam a acompanhá-lo – , A ESTRANHA... , A ESTRANHA... – quando eu dei por mim toda a escola gritava por isso enquanto riam.
Desci do palco correndo enquanto as lagrimas gritava pelo meu rosto e passei dentre as pessoas ouvindo coisas como “Tomem cuidado, ela vai ficar nervosa e matar todo mundo como no filme” ou “Pelo menos a tinta cobriu um pouco da feiura dela”. Passei pela porta da quadra saindo da escola com pressa.
Enquanto eu corria pelo caminho de volta pra casa mais lágrimas escorriam pelo meu rosto. Tropecei em uma pedra e acabei caindo na calçada. Eu me sentia humilhada, eu me sentia um lixo. Eles haviam me humilhado. O havia me humilhado. Ele havia me usado por uma brincadeira idiota. Mas de uma coisa eu tinha certeza...
um dia me pagaria caro por isso.
Eu quebraria o coração dele em mil pedaços, como hoje ele havia feito com o meu.

Corning, dias atuais...
" , 28 anos. Nascido em Corning, New York. Formado em administração pela Universidade de New York. Dono de uma agência de viagens..."
Era a quinquagésima vez que eu lia aqueles arquivos desde que o detetive havia me entregado há duas semanas quando eu voltei para Corning.
Dez anos haviam se passado, e o meu desejo de vingança continuava mais forte do que nunca. A verdade é que eu queria ter feito isso antes, mas eu optei por estabilizar a minha vida primeiro.
Depois daquela humilhação que ele havia me feito passar há dez anos, eu pedi a minha mãe que me deixasse morar com o meu pai na Califórnia, e assim eu fiz. Eu concluir o colegial por lá, fiz faculdade de psicologia também na Califórnia. E depois de um emprego em New York, resolvi voltar para a pequena cidade onde eu nasci. E junto comigo, voltou à sede de vingança.
Por isso um mês antes de voltar coloquei um detetive atrás do , pra que ele descobrisse todas as informações possíveis sobre ele. E o melhor de tudo, ele também havia voltado a morar em Corning.
- , não acredito que ta lendo isso de novo. - minha melhor amiga entra no meu quarto - Esquece um pouco essa história de vingança.
- Não dá, , não mesmo. - fecho a pasta onde estavam os arquivos e a jogo sobre a cama - Eu passei dez anos da minha vida esperando por isso. - a olho.
- Você me fez abrir um escritório de advocacia aqui em Corning, só pra vir morar com você, mas tudo o que você pensa é se vingar de uma ex-paixonite de colegial. - ela se senta na minha frente.
- Eu voltei por causa do emprego de psicóloga no meu antigo colégio. - rio pelo nariz - E também pra me vingar daquele idiota é claro.
- Tudo bem, , eu não vou discutir com você. - levanta os braços mostrando rendimento - Mas vamos sair hoje vai, você precisa tirar um pouco essa história da cabeça.
- Pra onde nós vamos? - ela dá um sorriso vitorioso.

(...)

Havíamos chegado à boate a mais ou menos meia hora, e a cada minuto que passava mais pessoas entravam naquele lugar.
Eu ria de algum comentário bobo que a havia feito quando o vi passar pela porta com um sorriso de orelha a orelha.
Seus cabelos castanhos estavam bagunçados como eram antigamente. Ele estava com um físico ainda mais definido. Ele não era um daqueles homens musculosos, mas tinha um belo físico.
- Acho que a minha vingança começa hoje. - dou um sorriso malvado e viro o shot de tequila.
- Ah não acredito. - bufa - Eu achando que te trouxe aqui pra esquecer isso, e justamente aqui você o encontra. - eu dou uma risada.
- É o destino querendo vingança. - me levanto do banco puxando o vestido um pouco pra baixo já que havia subido.
- Ele é mais gato do que você havia falado. - ela o olha.
Dou ombros e vou andando na direção dele que segurava um copo com alguma bebida. Passei as mãos no cabelo quando estava me aproximando. Eu acabei trombando com ele "sem querer" no caminho.
- Ai me desculpa. - o olho vendo que havia derramado a bebida em sua camisa - Eu sou mesmo uma desastrada. - rio fraco.
- Não tem problema, foi um acidente. - sorri galanteador passando a mão na camisa.
- Eu te conheço de algum lugar? - faço uma cara pensativa como se não lembrasse quem ele era.
- Você também me é familiar. - me olha com a sobrancelha arqueada.
- Você estudou na Corning High School? - eu fazia uma cara de quem realmente tentava lembrar.
- Sim. - ele coloca o copo sobre o balcão - . - sorri tentando se lembrar de quem eu era. - Não consigo me lembrar do seu nome. - coça a nuca e eu estava com vontade de gargalhar.
É claro que ele não se lembrava.
- . - a música estava ainda mais alta então me aproximo dele pra que ele escutasse - . - pude perceber que ele havia engolido a seco.
- ?! - me olha surpreso descendo o olhar por todo o meu corpo e eu faço que sim com a cabeça - É você mesma? - eu concordo com a cabeça enquanto sorria.
A cara de surpresa dele era impagável. Eu estava adorando aquilo.
- Surpreso? - rio.
- Você nem imagina o quanto. - ri fraco. - Por onde você andou durante esses anos?
- Vamos fazer assim, eu te pago outra bebida e a gente conversa. - ele concorda com a cabeça. Peço pro garçom duas bebidas da qual ele bebia antes e eu não fazia ideia do nome. - Você veio sozinho? - o olho lhe entregando a bebida.
- Não, um amigo veio comigo. - aponta pro amigo sentado em uma mesa. - E você? - me olha.
- Vim com a minha amiga. - olho pra que nos observava de longe - Podíamos nos sentar todos juntos e aproveitar a noite. - o olho.
- Ótima ideia. - ele sorri e eu vou andando até a , enquanto ele ia até a mesa que seu amigo estava.
- Eu to adorando isso. - falo ao me aproximar dela que ri - A cara de surpresa dele quando eu disse quem eu era já valeu muito a pena. - rio.
- Que maldade . - ela ri bebendo um pouco da sua bebida.
Saímos do balcão onde estávamos sentadas e fomos até a mesa onde estava com seu amigo. Assim que nos aproximamos eles nos olharam.
- , essa é a , minha melhor amiga. - nós paramos ao lado da mesa - , esse é o .
- Oi. - ela fala como se nunca tivesse ouvido falar dele.
- Esse aqui é . - aponta pro amigo que se levanta pra nos cumprimentar.
- É um prazer meninas. - fala olhando diretamente pra e eu solto uma risadinha a olhando e ele me dá uma fraca cotovelada. - Acho que você gostaria de se sentar aqui. - aponta pro lugar onde estava ao lado do .
- Claro. - olho pro que não tirava os olhos de mim e sorrio me sentando ao seu lado.
- Agora vai me contar o que fez nesses últimos anos? - ele bebe um pouco da sua bebida.
- Eu me mudei pra Califórnia, me formei em psicologia. - cruzei as pernas fazendo com que os olhares dele fossem para minhas coxas já que o vestido havia subido um pouco. - Eu trabalhava em um hospital por lá, mas me ofereceram um emprego como psicóloga no nosso antigo colégio e eu voltei.
- Então você é a nova psicóloga da Corning? - eu faço que sim com a cabeça - Na minha época a psicóloga não era tão bonita assim. - eu rio balançando a cabeça.
"Eu não era tão bonita assim..." falo mentalmente.
- Minha irmã estuda lá, você vai a conhecer quando começar. - bebe mais um pouco da bebida.
- E você? O que fez durante esses anos? - bebo um pouco da minha bebida e o olho.
- Eu me formei em administração na NYU, e voltei pra cá faz uns dois anos pra abrir o meu próprio negócio. - pude notar orgulho em sua voz e em seu sorriso.
- Um empresário... - bebo um gole da bebida - Que excitante. - falo meio sussurrado e mordo o lábio em seguida percebendo seu olhar em minha boca.
Sorrio virando meu olhar pra que segurava a risada com tudo aquilo enquanto sussurrava algo em seu ouvido.

A noite havia passado tranquilamente enquanto eu provocava o , mas não abria uma brecha sequer pra que ele tentasse algo. e já estavam quase se amassando do outro lado da mesa.
- , se importa se eu já for embora? - me olha chamando também a atenção de .
- Ah eu queria ficar mais um pouco. - rio pelo nariz.
- Se você não se importar eu posso te levar pra casa depois. - fala e eu o olho - Ela vai com o seu carro e o a acompanha. - ele olha pro amigo que assente.
- Não vou te incomodar? - o olho como se aquilo realmente me preocupasse.
- Claro que não. - ele sorri e eu olho pra que se levanta acompanhada do .
- A gente se vê amanhã então. - ela vem até mim e eu lhe entrego a chave - Aproveitem o resto da madrugada. - ela intercala o olhar entre eu e o que dá uma risada.
- Boa noite. - fala e os dois se afastam logo em seguida.
- Vamos dançar? - olho pro .
- Eu não sei dançar. - ri.
- Não precisa saber, é só me acompanhar. - me levanto abaixando o vestido e seguro sua mão o puxando pra pista.
Logo começou a tocar "This is what you came for - Calvin Harris ft Rihanna". Paro em sua frente e começo a me mexer no ritmo da música enquanto ele só me olhava. Aproximo-me dele colocando as mãos dele em minha cintura.
Viro-me de costas pra ele aproximando meu corpo do seu enquanto me movia. Seguro os cabelos sentindo a respiração dele bater em meu pescoço.
- Não me provoca assim... - sussurra no meu ouvido e eu solto uma risadinha sem parar de dançar.
Depois que a música acabou dançamos mais algumas e voltamos pra mesa onde nós conversamos por mais um tempo até que eu dissesse que queria ir pra casa, e nós saímos.
Fomos o caminho todo ouvindo músicas sem falar nada um com o outro, por um momento eu me senti no dia do baile de primavera. Fechei os olhos respirando fundo tentando controlar a raiva que eu sentia daquilo.
- Se você quiser posso te fazer companhia. - ele fala me fazendo abrir os olhos percebendo que estávamos em frente ao meu prédio.
- Não precisa. - o olho.
- A deve tá dormindo, isso se não estiver com o . - ri pelo nariz.
- Duvido muito que ela tenha ido com ele na primeira noite, ela provavelmente já chegou há muito tempo e está dormindo. - tiro o cinto.
- Mesmo assim eu posso te fazer companhia. - tira o cinto também.
- Não precisa mesmo, até porque eu vou dormir. - rio pelo nariz e ele suspira derrotado.
- Tudo bem então. - levanta a mão no alto da cabeça se rendendo - Pelo menos podemos nos ver de novo?
- Sim. - abro minha bolsa tirando um papel e ele me dá uma caneta. Anoto meu número e o entrego o papel. - Boa noite . - me aproximo lhe dando um beijo no canto da boca. Quando ele tentou roubar um selinho, eu me afastei abrindo a porta do carro.
- Boa noite. - me olha pela janela quando eu fecho a porta - Foi bom te reencontrar. - sorri e eu devolvo sorriso.
- Foi bom te reencontrar também. - vou em direção à entrada do prédio e ele dá a partida no carro.
Assim que eu chego ao apê vou pro meu quarto percebendo que a já dormia. Entrei no quarto tirando o vestido e indo pro banheiro. Depois de um banho rápido, voltei pro quarto, me vesti e me joguei na cama.
Esse havia sido só o primeiro dia daquela vingança, muito mais estaria por vim.

(...)

Acordo com o toque do meu celular e o pego vendo que não conhecia o número chamado. Era ele, eu tinha certeza.
Fiquei olhando pro celular que tocava loucamente na minha mão. Não pude evitar uma risada quando depois de insistir muito ele havia desistido.
Olhei as horas e já se passavam das 11h30min. Levantei-me da cama e fui até o banheiro. Depois de tomar um banho rápido e fazer minha higiene matinal voltei pro quarto e me vesti. Saí do meu quarto indo até a cozinha onde estava sentada tomando café.
- Não quis te esperar pra tomar café, achei que ia acordar mais tarde. - ela me olha enquanto eu me sentava.
- E ia. - coloco um pouco de suco no copo - Mas o me ligou. - pego uma torrada a mordendo em seguida. - Só que é claro eu ignorei. - dou ombros.
- O que aconteceu ontem depois que ficaram sozinhos? - bebe um pouco do suco.
- Nós dançamos, conversamos e viemos embora. - rio pelo nariz - Ele tentou entrar, mas eu não deixei obviamente, depois de tentar roubar um selinho ele foi embora. - ela ri.
- Eu tenho até um pouco de dó dele. - ela se levanta levando as louças usadas por ela pra pia.
- Eu não. - dou ombros mordendo outro pedaço da torrada e meu celular começa a tocar mostrando o mesmo número de antes. - Por falar no diabo. - olho pro celular e rio voltando a comer.

A noite começava a cair quando meu celular tocou pela quinta vez e eu resolvi atender.

~Ligação on~
Eu:
Alô? - atendo enquanto a me olhava.
: . - ele fala entusiasmado.
Eu: Quem fala? - a ri.
: Não se lembra de mim? Sério? - ri pelo nariz.
Eu: Realmente não. - eu segurava a risada.
: Sou eu, . - faz uma pausa - , nos encontramos ontem à noite. - tão irônico ele não falar que nós estudávamos juntos.
Eu: Aaaaaaaah é verdade. - finjo me lembrar enquanto a ria no outro sofá.
: Eu te liguei mais cedo, mas você não me atendeu.
Eu: Eu estava muito ocupada. - "te ignorando", completo mentalmente.
: Mas eu tava pensando se você não quer sair comigo hoje? - me deito no sofá - Só eu e você.
Eu: Eu adoraria. - me olha com a sobrancelha arqueada - Mas eu já tenho um compromisso hoje à noite.
: Ah, que pena. - pude notar a decepção em sua voz e queria gargalhar - Eu queria mesmo ver você.
Eu: Talvez outro dia.
: Amanhã?
Eu: Se eu não estiver muito cansada de hoje à noite... - deixo aquela frase no ar pra que ele pensasse um pouco - preciso desligar, tenho que me arrumar pro meu compromisso.
: Tudo bem. - ri fraco - Eu te ligo depois.
Eu: Beijos. - e desligo.
~Ligação off~

- Que compromisso você tem hoje, ? - me olha quando eu colocava o celular sobre a mesinha de centro.
- Com a Netflix. - ela cai na risada e eu a acompanho - Eu vou fazer o comer na minha mão. - dou um sorriso malvado seguido de uma risada.
- Credo , você falando e rindo assim me lembra uma bruxa. - eu rio ainda mais.
- Só se for uma bruxa bem boazinha. - ela ri dessa vez. - Eu só quero destruir o coração de quem me fez tão mal.
- Parece a Rainha Má em Once upon a time querendo arrancar o coração das pessoas. - eu me sento novamente a olhando.
- Eu sendo Regina Mills? - ela concorda com a cabeça - Não vou mentir, adoro. - ela ri balançando a cabeça negativamente.

(...)

Todos os domingos eram sempre a mesma coisa. Eu e a arrumávamos o apartamento durante a manhã, e passávamos o resto do dia fazendo maratonas das nossas séries favoritas. E é claro que depois de nos mudarmos para Corning nada seria diferente.
- Ah não, ! Nós assistimos The walking dead no último domingo. - me sento no sofá segurando a pipoca.
- Não vamos ver Onde upon a time de novo também. - ela coloca no catálogo de séries.
- Então vamos ver Supernatural. - coloco uma pipoca na boca.
- Gostei da ideia. - coloca na série e se senta ao meu lado colocando uma almofada no colo.
Ficamos assistindo enquanto comentávamos uma coisa ou outra sobre os personagens.
- Essa mulher é um demônio. - falo apontando pra TV.
- Literalmente né? - me olha - Porque a Ruby é mesmo um demônio. - ri.
- Ah , você entendeu. - jogo uma pipoca nela que ri e eu acompanho.
Voltamos a prestar atenção, mas que logo foi tirada pelo som da campainha.
- Você abre. - falo ainda olhando pra TV enquanto ela levantava bufando e jogando a almofada no sofá. - Depois que olhar quem é, faz mais pipoca.
- Você nem é folgada. - rio e volto a olhar pra TV - ? - ela fala e na mesma hora eu olho pra porta.
- Oi. - ele sorri.
O que ele estava fazendo aqui?
- Pode entrar, fica a vontade. - ela dá passagem e ele entra enquanto me olhava e sorria.
- Estou atrapalhando alguma coisa? - olha pra mim jogada no sofá de calça de moletom e regata.
Aquilo não podia estar acontecendo.
- Não, claro que não. - fecha a porta e vem até onde eu estava dando pause na série - Aliás, chegou em ótima hora. - eu a olho confusa - Eu acabei de lembrar que tenho um compromisso.
- Tem? - pergunto enquanto colocava a vasilha de pipoca na mesinha. - Com quem? - cerro os olhos na direção dela, sabendo que era mentira.
- Com o . - ela sorri dando ombros em seguida.
- Ele não me falou que vocês iam sair hoje. - fala olhando também pra .
- Porque nós havíamos combinado não falar com ninguém, mas agora vocês já sabem. - ri pelo nariz - Me deem licença que eu vou me arrumar. - ela sai da sala me deixando com a maior cara de boba.
- Então... - fala me fazendo olhá-lo como se ele fosse uma aberração - Tem certeza que eu não to atrapalhando em nada? - coça a nuca.
- Não, claro que não. - me levanto do sofá pegando as coisas na mesinha sendo seguida pelo olhar dele - Fica a vontade. - me viro pra ele e vou andando pra cozinha - Você quer alguma coisa? - o olho novamente.
- Não, obrigado. - ele vem atrás de mim na cozinha.
O que ele estava fazendo aqui?
Isso não estava nos meus planos.
Ele não devia estar aqui, não mesmo.
Mas como dizem "Se já está no inferno, abraça o capeta..."
- Desculpa os meus trajes, não esperava por alguém hoje. - rio fraco e ele me olha do pé a cabeça.
- Você está ótima assim. - se encosta-se ao balcão - E como foi seu compromisso de ontem à noite? - eu podia jurar que ele estava sendo irônico.
- Ah foi legal. - dou ombros como se não tivesse sido nada importante. - E o que te trouxe aqui? - foi a minha vez de olhá-lo.
- Você. - fala como se aquilo não fosse nada demais.
- Eu? - rio pelo nariz - Veio aqui então só por minha causa? - ele tinha um sorriso em seu rosto.
- A é uma gata, mas ela prefere o . - eu não pude evitar concordar com a cabeça - E você, faz mais o meu tipo. - eu fui obrigada a segurar uma gargalhada. Ele estava mesmo falando aquilo pra mesma garota que ele disse que nunca teria nada? Oh meu Deus, como o mundo gira.
- E quem te garante que você faz o meu? - arqueio uma das sobrancelhas me encostando-se a pia enquanto o encarava.
- Primeiro que na sexta você me provocou a noite toda. - ele se aproxima - Você se esfregou em mim com intenção de me deixar louco, e conseguiu. - mais um passo - No final da noite não me deixou conseguir nem um selinho sequer. - ele já estava bem perto de mim - Ontem demorou horas pra me atender com a desculpa de que estava fazendo algo. - eu solteira uma risada balançando a cabeça negativamente - Fingiu não se lembrar de quem eu era. - seu corpo estava praticamente colado ao meu - E ainda inventou um compromisso, só pra me dar um fora. - eu já segurava na pia me inclinando pra trás pra manter distância - Você só está se fazendo de difícil porque sabe que nós homens preferimos as mulheres na qual não podemos ter. - ele coloca as mãos na pia me deixando presa ali - Mas sabe que isso me faz te querer ainda mais? - eu já sentia sua respiração em meu rosto.
- Quanta pretensão pra uma pessoa só . - rio pelo nariz - O que te faz pensar que eu fiz tudo isso que você disse? - ele ri.
- Sua surpresa quando eu cheguei. - ele pensa um pouco - O jeito que você ficou nervosa de saber que a iria sair e só ficaríamos nós dois aqui. E... - faz uma pausa - E o jeito que você está agora querendo fugir de mim, mas ao mesmo tempo querendo ficar aqui.
Eu queria rir, mas não conseguia. Algo ali me deixava nervosa, me fazia sentir um frio na barriga. Eu diria que era por causa da expectativa que eu havia criado quando mais nova de como seria beijar .
E não era nenhuma mentira que agora ele estava ainda mais lindo do que há dez anos.
- To atrapalhando? - aparece na cozinha nos assustando e fazendo se afastar. É nessas horas que eu agradecia por ter a como melhor amiga - Eu só vim avisar que eu to saindo. - ela me olha querendo entender a cena anterior.
- Vou com você até a porta. - me desencosto da pia e vou até onde ela estava a puxando pra fora da cozinha - Não pergunta nada porque você perdeu esse direito quando inventou esse maldito compromisso. - ela ri.
- Ta com medo de ficar sozinha com ele ? - ela me olha com um sorriso maldoso. - Medo de não resistir?
- Cala a boca, . - ela ri e abre a porta.
- Aproveita essa visita e faça-o ficar ainda mais louco por você. - sai do apê se virando pra mim - Mas só toma cuidado com uma coisa... - faz uma pausa - Cuidado pra não se apaixonar também. - depois de uma risada da parte dela e uma cara fechada da minha parte ela sai disparada pelo corredor e eu fecho a porta.
Respirei fundo e quando estava prestes a voltar pra cozinha entrou na sala me olhando. Ele olhou em volta enquanto andava pela sala, parou ao lado do sofá e me encarou.
- É um belo apartamento. - ele fala e eu só concordo com a cabeça - Quando você voltou?
- Tem duas semanas já que eu e a estamos aqui. - vou até ele me sentando no sofá - Eu só começo a trabalhar amanhã, mas preferi vir antes pra deixar tudo já no lugar. - ele se senta ao meu lado.
- Vocês já dividiam apê antes?- ele me olha.
- Sim. - balanço a cabeça positivamente - Já faz cinco anos que nós moramos juntas. - rio pelo nariz. - A é a pessoa mais incrível que eu conheci na vida. - eu o olho e ele sorri - Mudar pra Califórnia talvez tenha sido a melhor escolha que eu fiz na vida. - ele abaixa a cabeça encarando o chão, provavelmente sabia o motivo da minha mudança, já que minha mãe havia conversado com a diretora na época.
Ficamos os dois em silêncio. Ele encarando o chão, e eu tentando me controlar pra não rir da cara dele ou dar um soco nesse babaca.
- Você realmente mudou muito. - ele fala depois de alguns minutos voltando a me olhar.
- Todo mundo precisa mudar um dia. - dou o sorriso mais forçado que eu podia - Mas você continua a mesma coisa de antes. - solto uma risada nasalada e ele mais uma vez desvia o olhar.
Ele não iria tocar no assunto "escola 10 anos atrás". Eu sabia disso. E saber disso me fazia querer usar mais ainda esse assunto nas nossas conversas, mas eu não podia demonstrar que aquilo ainda me afetava, eu precisava fingir que tudo havia passado, ou então minha vingança acabaria cedo demais.
- Você quer dar uma volta? - ele me olha novamente. Ele estava tentando quebrar o muro que se formava quando algo relacionado ao passado surgia.
- É uma boa ideia. - me levanto - Vou me trocar, volto num minuto. - ele assente e eu corro pro quarto.
Meu um minuto havia se tornado meia hora. Só saí do quarto depois de me sentir adequadamente vestida, maquiada e perfumada. Ao voltar pra sala me analisou do pé a cabeça antes de falar qualquer coisa.
- Espero não ter demorado demais. - ele se levanta do sofá sem tirar os olhos de mim.
- Não demorou não. - ele sorri colocando as mãos no bolso da calça - Podemos ir? - eu concordo com a cabeça e nós saímos do apê.
Descemos até o térreo e eu cumprimentei o porteiro com um aceno de cabeça e um sorriso. Saímos do prédio e entramos no carro dele. Ele logo deu a partida.
- Aonde você quer ir? - ele me olha rapidamente.
- Aonde você quiser me levar. - dou ombros e ele sorri - Me surpreenda.
- Você passou dez anos longe daqui, que tal um tour pela cidade? - fala sem tirar os olhos da rua.
- É uma boa, até porque desde que eu voltei não dei uma volta pela cidade ainda. - rio pelo nariz.
- Então é o que vamos fazer. - sorri.
O primeiro lugar que nós fomos foi na praça da cidade. Era tudo como antes, nada ali havia mudado.
- Isso aqui não mudou nada. - desço do carro e olho em volta.
- Não mesmo. - ele desce logo em seguida e dá a volta no carro parando ao meu lado.
- Sabe que quando eu era criança meu pai me trazia aqui depois de comprar sorvete pra mim e nós passávamos toda à tarde de domingo aqui. - sorrio enquanto andávamos até um banco. - Eu me sujava toda com o sorvete. - rio me lembrando da cena.
- Devia ser uma cena incrível de se ver. - sorri e nós nos sentamos. - Quando eu era pequeno eu também passava muito tempo com o meu pai, mas minha irmã não teve a mesma sorte. - ri sem humor.
- Porque não? - o olho curiosa com aquilo.
- Quando eu tinha 14 anos, e minha irmã 3, meu pai traiu a minha mãe com outra e fugiu com ela. - ele olhava pro chão - Depois disso ele desapareceu por uns anos e quando resolveu se preocupar, eu já estava com 18 anos e minha irmã com 7, nenhum de nós quisemos saber dele.
- Nossa, que chato. - ele concorda com a cabeça. Eu sabia que os pais dele eram separados, só não sabia que a coisa era assim. - Os meus pais se separaram quando eu tinha 12 anos, e ai meu pai foi morar na Califórnia, mas ainda sim continuou muito presente na minha vida.
- Sorte a sua, de verdade. - ele me olha - É péssimo ver alguém que sempre foi um herói pra você indo embora de casa e nem se lembrando da sua existência. - ri pelo nariz - Sabe que eu nunca contei isso pra ninguém?
- Sério? - eu o olho franzindo a testa por ser a primeira a saber daquilo.
- É sério. - balança a cabeça positivamente - Só que com você tudo foi saindo tão naturalmente que eu não me importei em falar. - sorri.
- Deve ser por causa do meu "ar de psicóloga". - falo e ele ri - É sério. - rio.
- Não acho que seja por isso. - ele segura a minha mão que estava sobre a minha perna - Eu acho que é porque eu sei que posso confiar em você, não como psicóloga, mas como alguém que posso contar quando precisar. - acaricia as costas da minha mão com o polegar e eu olho pras nossas mãos.
- Com certeza. - sorrio e ele sorri de volta.
Ficamos ali na pracinha por mais algum tempo enquanto conversávamos e ríamos de alguma bobagem que o outro falava. Depois entramos no carro e voltamos ao nosso tour pela cidade. Fomos a vários outros lugares como o aquário, o parque, fomos ao cinema e resolvemos ir a uma lanchonete quando já era noite.
- O que vai querer? - me olha enquanto segurava o cardápio.
- Eu quero um x-burguer com muita batata-frita e um milk shake de morango. - a garçonete anota e olha pro .
- Eu quero o mesmo, mas milk shake de chocolate. - ele entrega o cardápio e ela sai nos deixando a sós - Você aguenta mesmo comer tudo isso? - me olha.
- É claro que sim. - dou ombros - Se bobear como até as suas batatas. - ele ri.
- Hahaha não vai mesmo comer minhas batatas. - eu rio.
- Tudo bem , hoje eu vou deixar suas batatas em paz. - ele agradece silenciosamente me fazendo ri ainda mais.
- Já te falaram que a sua risada é gostosa de ouvir? - ele me olha como se estivesse me analisando e eu arqueio a sobrancelha ainda rindo.
- Já me falaram que eu tenho uma risada escandalosa. - ele ri balançando a cabeça negativamente.
- Eu não acho. - ele ainda me olhava - Eu poderia te ouvir ri o dia todo e não me importaria nem um pouco.
- Você sempre sabe o que falar assim? - eu deito a cabeça um pouco pro lado o observando - Deve falar a mesma coisa pra todas. - rio pelo nariz.
- Eu juro que sobre a risada você foi a única que já ouviu isso. - ele cruza os dedos e eu rio - Realmente é a única risada que eu ouviria pro resto da vida.
- Você só está falando isso porque quer me levar pra cama, quando conseguir não vai nem se lembrar da minha existência. - ele me olha com uma cara ofendida que tive que segurar uma gargalhada.
- Você pensa que eu sou algum tipo de canalha? - ele fala ofendido e eu dou ombros. Ele ia falar algo quando o celular dele tocou - Oi . - ele atende - Vou sim, não se preocupa eu chego mais tarde. - nossos pedidos chegam - Você sabe o horário de todos os remédios, e se precisarem de alguma coisa é só ligar. - eu o olho - Ta bom maninha, beijos. - e desliga - Desculpa por isso, eu precisava atender. - guarda o celular no bolso e me olha.
- Algum problema? - pergunto.
- É só que minha mãe ta doente e minha irmã queria saber se eu vou dormir em casa hoje. - ele bebe um pouco do milk shake.
- Olha você não precisa me levar em casa, eu posso pegar um táxi ou ir andando mesmo não é longe. - dou ombros - Não precisa se preocupar com isso, não vai estragar o nosso encontro.
- Encontro? - ele não escondia o sorriso em seu rosto - Então isso é um encontro?
- Achei que você já soubesse disso. - rio pelo nariz mordendo uma batata.
- Mas ouvir da sua boca é mais gratificante. - ele coloca uma batata na boca e eu reviro os olhos o fazendo ri.
Nós conversamos enquanto comíamos e eu ria quando ele fazia alguma palhaçada com as batatas. Saímos da lanchonete por volta das 08h00min PM.
- Foi um dia legal. - olho pra ele antes que ele ligasse o carro.
- Aham. - concorda com a cabeça - Não precisava ter se feito de difícil ta vendo. - ele fala bem humorado.
- Eu não me fiz de difícil hora nenhuma. - rio pelo nariz.
- Então você não vai se importar se eu fizer isso. - segura meu rosto colando nossos lábios.
O beijo começou com pequenos selinhos, eu estava prestes a me afastar, mas quando senti sua língua adentrando a minha boca entreaberta e se tocando com a minha, a única coisa que eu consegui fazer foi levar meus braços até o seu pescoço e colocar uma das mãos em seu cabelo. Era um beijo calmo e nós estávamos sintonizados. Nossas línguas dançavam uma com a outra lentamente.
Quando começamos a precisar de ar ele cortou o beijo com selinhos se afastando em seguida, mas eu queria que ele voltasse onde estava. Okay, eu estava ficando louca. Acho que havia comido demais, era isso.
Ele me roubou mais um selinho e se ajeitou no banco enquanto me olhava. Mesmo de olhos fechados eu sabia que ele me encarava. Abri os olhos tentando controlar a minha respiração.
- O beijo foi tão ruim que você precisa ficar em silêncio? - ele fala divertido me arrancando um meio sorriso.
- Só liga esse carro e me leva pra casa. - falo ainda sorrindo e coloco o cinto assim que ele dá a partida.
Não levamos nem dez minutos pra chegar em frente ao meu prédio. Assim que ele estacionou eu tirei o cinto e me virei pra ele.
- Quer subir? - ele me olha também tirando o cinto.
- O ta aqui e pediu uma carona, então quero sim. - eu assinto e descemos do carro.
Entramos no carro e cumprimentamos o porteiro com um "boa noite" e entramos no elevador. Apertei o botão do meu andar e me encostei-me à parede sendo encurralada pelo .
- Não quero que a noite acabe só com um beijo. - fala colando seu corpo ao meu me abraçando pela cintura - E sei que você também não. - acaricia meu rosto.
- Você é tão presunçoso. - ele ri me roubando um selinho me fazendo ri.
Fico em silêncio apenas o olhando e ele faz o mesmo comigo enquanto roubava vários selinhos. Quando ele tentou aprofundar o beijo, a porta do elevador se abriu e eu saí o puxando pra fora.
Fomos até o apartamento e eu abri a porta encontrando o e a se agarrando no sofá.
- Procurem um quarto. - falo e o riu quando eles se assustaram e a empurrou o o fazendo cair no chão. - Não precisa se preocupar com a nossa presença. - ri quando a jogou uma almofada em mim e eu a agarrei. - Você quer sentar? Quer alguma coisa? - olho pro .
- Eu só subi mesmo pra buscar o . - me olha - Eu preciso mesmo ir agora. - segura na minha cintura.
- A gente se vê depois. - ele concorda com a cabeça me dando um selinho demorado.
- Até mais. - dá mais um selinho e se afasta - Tchau . - acena com a mão.
- Tchau . - ela fala dando um selinho no - Tchau. - ele dá outro selinho.
- Tchau pra vocês. - ele acena com a cabeça pra mim e sai do apê junto com o , e eu fecho a porta.
- Se já estão de beijinhos, é porque o dia foi bom. - ela fala maldosa e eu rio - Me conta tudo.
Depois de contar tudo pra , quase tudo na verdade, porque eu acabei não contando sobre os pais do , realmente não era necessário que ela soubesse daquilo. Eu fui pro meu quarto. Tomei um banho um pouco demorado, escovei os dentes e saí do banheiro enrolada na toalha. Visto o meu pijama e me deito na cama abraçando o travesseiro e fechando os olhos.
Por mais que o fosse o idiota que eu queria me vingar pelo passado, aquele havia sido um dia legal. Eu havia realmente me divertido, como eu nunca imaginaria acontecer.
Em meio aqueles pensamentos adormeci.

(...)

Em duas semanas eu e o já havíamos ido ao cinema, sorveteria, restaurante, parque e até mesmo feito uma viagem rápida pra outra cidade, na qual fomos durante a manhã e voltamos à noite só pra assistir a um show do Maroon 5 que era uma das minhas bandas favoritas, e por coincidência dele também.
Era sexta-feira e eu estava na minha sala do colégio lendo a ficha de alguns alunos que a diretora havia me pedido. Ela havia me falado sobre o que fizeram com uma das garotas na entrada, e por alguns minutos eu havia relembrado do passado. Com isso ela me pediu pra que falasse com os alunos, e teríamos uma palestra depois do intervalo onde eu conversaria com eles. E isso seria em cinco minutos.
Saio da minha sala com o notebook indo direto pro auditório onde alguns alunos entravam. Vou até o pequeno palco ligando o notebook no projetor onde eu mostraria alguns slides.
- Bom dia pra vocês. - falo no microfone quando todos já estavam sentados - Já vi que muitos de vocês preferiam estar fazendo qualquer coisa ao invés de estar aqui me vendo falar. - me encosto-me à mesa - Vou confessar que eu entendo vocês, porque eu também não gostava nada disso quando eu estudava. - algumas pessoas riem - Mas hoje eu tenho um assunto sério e importante pra falar com vocês, e por mais que tudo isso seja entediante vai mudar muito o pensamento de alguns de vocês. - me encosto-me à mesa que ficava no palco - Bullying como todos vocês sabem é coisa séria, mas acho que a maioria de vocês aqui não imagina o quanto. - olho em volta vendo que alguns alunos nem ligavam pro que eu falava, o que eu já sabia que ia acontecer. - O bullying é uma coisa horrível, não pra quem faz, mas pra quem sofre. Às vezes até mesmo pra quem pratica, vocês sabiam? Porque uma pessoa que pratica o bullying pode estar fazendo isso como autodefesa pra não ser o alvo, ou porque sofre com algo em casa, em algumas das vezes porque a pessoa não tem mais o que fazer é claro. - eu me levanto andando pelo palco - Mas isso não é nem a metade do que é pra quem sofre. - balanço a cabeça positivamente - É, acreditem o bullying pode levar pessoas a baixa autoestima, depressão, automutilação e em alguns casos mais graves, suicídio. - com isso a atenção de algumas pessoas que não estavam nem ai se voltaram pra mim - Olhem essa garota. - vou até o computador colocando a foto de uma garota com a reportagem ao lado intitulada "Garota se mata por ser alvo de brincadeiras maldosas". - Isso é uma reportagem real feita pelo New York Times há sete anos. Eu lembro bem dela, porque eu a usei pra um trabalho na faculdade, e ela realmente me chamou atenção. Essa garota - aponto pra imagem atrás de mim feita pelo projetor - ela era zoada no colégio por não ter o corpo que todos julgavam ideal, para eles ela estava acima do peso. E isso a fez começar a se cortar, e descontar sua "dor" na comida, e isso acabava a deixando ainda pior. As pessoas colocavam vários apelidos nela, e isso abaixava cada vez mais a autoestima dela. - vou andando até a mesa me sentando sobre a mesma - Chegou um dia em que ela não aguentou mais e se suicidou, e os pais dela só descobriram tudo porque a melhor amiga dela os contou, caso contrário eles nunca saberiam o motivo dela ter feito aquilo. - eu já havia conseguido prender a atenção de metade das pessoas ali - E vocês sabiam que várias pessoas que hoje são famosas sofreram bullying quando mais novos? Pois é, não é nenhuma mentira. - coloco na foto da primeira famosa que era Miley Cyrus. - A Miley já foi trancada no armário do colégio, haviam criado até um clube chamado "Clube Anti-Miley". - passo pra próxima foto que era da Demi Lovato - Demi Lovato também foi alvo de bullying no colégio, ela era chamada de gorda, e foi o que a fez desenvolver transtorno alimentar. E hoje elas são duas grandes cantoras da atualidade.
Eles me olhavam alguns com surpresas nos rostos, outros que provavelmente sabiam disso por talvez serem fãs delas.
Fui até ao computador e coloquei a próxima foto que era a Mila Kunis de um lado e Chris Rock do outro.
- Aqui eu tenho mais dois exemplos. - olho pras imagens atrás de mim - Mila Kunis sofreu bullying por ter olhos grandes demais, vocês têm noção disso? Eles a zoavam por causa dos olhos, e eu particularmente queria ter os olhos dela. - solto uma risadinha sendo acompanhada pelos alunos - Chris Rock também sofreu bullying por ser o único negro do colégio, mas ele usou isso pra desenvolver o seu humor, se tornando hoje um dos melhores comediantes do mundo. - me levanto voltando a andar pelo palco - Outros famosos como Megan Fox, Tom Cruise, Madonna e muitos outros também sofreram bullying no colégio, e hoje são grandes ídolos mundiais.
Vou andando de volta até a mesa colocando em uma foto minha na adolescência que eu havia colocado nos slides.
- Agora me falem... - olho pra eles - Vocês têm alguma noção de quem é essa? - olho pra imagem na tela.
- Não consigo imaginar nenhuma famosa com essa cara. - um menino fala e alguns amigos deles riem.
- Muito engraçado esse seu comentário. - olho diretamente pro garoto forçando uma risada - Essa garota da foto, hoje é essa mulher aqui... - coloco uma foto minha tirada há pouco tempo.
- Isso não é verdade. - outro garoto grita - Não pode ser você. - eu rio.
- Porque não pode? - olho pro garoto - Pode acreditar, era eu mesma. E eu já sofri bullying. Eu ouvia coisas horríveis todos os dias, e era horrível. Eu precisei fazer muito tempo de terapia pra recuperar a minha autoestima, e por isso acabei me apaixonando pela psicologia. - sorrio - O que eu queria passar pra vocês aqui hoje é que o bullying não deve ser praticado. Não devemos julgar as pessoas pelo que elas são, cor dos olhos, cor da pele, escolha sexual, ou por qualquer outra coisa. Como eu disse antes pode ter consequências graves. - desligo o computador - Espero que isso mude um pouco a cabeça de todos vocês, ou pelo menos da grande maioria. Bullying é coisa séria. - repito o que havia falado antes - E pras vocês que são vítimas de bullying eu quero deixar um recado especial, vocês nunca estão sozinhos, podem contar com amigos, seus pais, a direção da escola, e até mesmo com psicólogos que sempre estarão dispostos a te ajudar. Não deixem que os comentários maldosos te afetem, porque características físicas mudam com o tempo, já o que vocês são por dentro é para sempre. Obrigado por terem me escutado e tenham um bom dia. - sorrio e os alunos aplaudem sendo acompanhados pela diretora e algumas professoras presentes.
Depois de sair do auditório fui pra minha sala percebendo que já estava no fim da aula. Peguei as minhas coisas e saí em direção ao estacionamento.
Eu estava satisfeita com aquilo, com o que havia falado. Talvez isso ajudasse um pouco tanto aqueles que praticam o bullying como os que sofrem. Entrei no carro dando a partida satisfeita com aquilo.

Eu já entrava no apê quando recebi uma mensagem do , que dizia: "Oi... Como você está?".
Eu: "Bem e você?" - respondi trancando a porta e indo pro meu quarto.
: "Vou ficar melhor à noite quando formos sair" - eu rio com a mensagem balançando a cabeça negativamente.
Eu: "Não vamos sair hoje, lindo" - me jogo na cama sem me preocupar com nada.
: "Tá brincando? Não nos vermos desde terça, hoje é sexta".
Eu: "Eu disse que não vamos sair, não nos vermos..."
Eu: "O vem pra cá mais tarde, você podia vir também e nós ficarmos os quatro vendo filme aqui mesmo..."
Eu: "O que acha?"
: "Uma ótima ideia..."
: "Chego aí as 07h00min PM..."
Eu: "Okay baby..."
: "Até a noite..."
Eu: "Até a noite..." - coloquei emojis de beijos e ele fez o mesmo.
Bloqueei meu celular e o coloquei na escrivaninha. Abri uma das gavetas pegando uma pasta amarela. A abri vendo todos os dados do ali.
A cada dia que passava eu estava mais perto de conseguir a minha vingança contra .

- , acorda logo. - me sacudia na cama.
- Me deixa dormir . - falo sonolenta sem ao menos abrir os olhos
- , anda logo. – ela me puxa me fazendo cair da cama e soltar um gemido de dor, enquanto ela gargalhava.
- Filha de uma boa mãe, porque sua mãe não tem culpa de você ser assim. – olho pra ela ainda no chão a fazendo ri ainda mais. - Para de ri idiota. – me sento passando a mão no braço.
- Desculpa... – fala tentando parar de rir – Você machucou? – ela fica séria quando percebe que eu massageava o ombro.
- Eu só bati o ombro no chão, nada demais. – me levanto me sentando na cama – Porque você me acordou? – ela se senta ao meu lado.
- Porque daqui a pouco os meninos chegam, e eu tenho certeza que você não vai querer ver o com esse rímel todo borrado parecendo um panda. – ri enquanto me olhava.
- ainda é... – pego o celular olhando as horas – 06h45min PM. – me levanto em um pulo – O disse que chegaria as 07h00min PM. – jogo meu celular na cama tirando a blusa e a jogando na poltrona no canto do quarto.
Corro pro banheiro enquanto a estava na minha cama rindo de mim. Tomei um banho não muito rápido aproveitando pra lavar os cabelos. Enquanto estava no banheiro usando o secador pra secar os cabelos ouvi a campainha tocar. Acelerei as coisas, saindo do banheiro e indo me vestir. Optei por um short jeans e uma regata. Passei meu hidratante e o perfume. Guardei a pasta com os arquivos sobre o de volta na gaveta, e fui pra sala apenas com o celular. estava em um sofá, enquanto e estavam no outro.
- Oi. - paro ao lado de onde estava sentado.
- Oi. - me puxa pela cintura me fazendo sentar de lado no colo dele e me dá um cheirinho - Esse perfume todo é pra mim? - me olha e eu rio.
- Não, é pra mim mesmo. - ele cerra os olhos me fazendo ri ainda mais.
- Oi , eu estou aqui também. - fala e eu o olho.
- Oi , que bom que você está aqui, melhor ainda pra . - ri e joga uma almofada acertando meu rosto - Não finge que é mentira. - rio.
- Sabe antes de você chegar a tava dormindo, e chamando seu nome, o sonho tava tão bom que ela caiu da cama. - ela fala e e gargalham.
- Para de ser mentirosa . - jogo a almofada de volta nela, mas ela se esconde atrás do e acabo acertando ele - Foi você que me jogou no chão. - ela ria junto com - E eu não estava chamando o . - os três ainda riam - Affs, seus idiotas. - me levanto do colo do - Vou fazer pipoca que eu ganho mais. - vou pra cozinha ouvindo as risadas se cessar aos poucos.
- Nós vamos escolher um filme. - grita da sala.
Pego duas pipocas de micro-ondas no armário, abrindo-as e colocando uma no microondas enquanto a outra eu deixei no balcão. Peguei dois baldes de pipoca que a havia comprado e também os coloquei no balcão. Abri a geladeira pegando uma garrafa de coca-cola. Pego quatro copos e os levo pra sala junto com a coca o deixando na mesinha de centro. Volto pra cozinha tirando a pipoca do microondas e colocando a outra.
Depois que a segunda pipoca ficou pronta a coloquei em um dos baldes como havia feito com a outra e as levei pra sala, onde os três discutiam por algo.
- , escolhe um. - segura um DVD- Meu porto seguro.
- Ou Carrie, a estranha. - segurava o outro.
Ouvir o nome daquele filme me causou um nó no estômago. Era como se eu tivesse voltado no tempo e pudesse ver a cena do baile de primavera. Eu no palco, aquela tinta toda, as palavras do , as risadas dos outros alunos. Tudo estava ali na minha frente.
- ? - me chama e eu a olho colocando as pipocas na mesa.
- Esqueci uma coisa na cozinha. - saio da sala indo pra cozinha sem deixar que ninguém falasse algo.
- Ta tudo bem? - a voz da ecoa baixo ao meu lado e eu faço que sim com a cabeça.
- É que esse filme me lembra de tudo o que aconteceu no colégio. - respiro fundo - Me lembra de que eu to aqui pra me vingar. - a olho - A gente já passou tanto tempo juntos, nos divertimos tanto que eu acabo me esquecendo disso. - rio pelo nariz - Isso não devia ser divertido .
- , por mais que ele tenha feito aquilo ele tá sendo muito legal com você, então é normal você se divertir. - ela me olha - Você sabe o que eu acho dessa vingança né? Você deveria esquecer essa história e tentar viver sua vida.
- Não . - balanço a cabeça negativamente - Eu não vou esquecer. O vai me pagar pela humilhação que ele me fez passar. - ela bufa.
- Você quem sabe . - dá ombros - Se você quer isso, tem que parar de reclamar pelo que acontece. - eu assinto - Agora vamos voltar pra sala. - segura meu braço - Coloca um sorriso nesse rosto. - e eu forço um sorriso.
Voltamos pra sala e nos sentamos, ela ao lado do e eu ao lado do . Acabamos escolhendo ver Meu porto seguro.
- Tá tudo bem? - sussurra e eu o olho.
- Tá sim. - sorrio colocando uma pipoca na boca.
Ele beija a minha bochecha e nós começamos a prestar atenção na TV.

(...)

Sábado de manhã sempre tem aquela preguicinha de levantar da cama. Porém, quando tem alguém ao seu lado te observando dormir, você sempre acaba acordando.
- , para de me olhar. - cubro o rosto com as mãos.
- Você é linda até dormindo. - tira as minhas mãos do meu rosto.
- Ah é claro, olhos inchados, cabelo bagunçado, rosto amassado. - rio pelo nariz enquanto falava sonolenta - Isso é ser linda. - ele ri.
- Sabe que é? - continua me olhando e eu abro os olhos devagar - Eu tenho um convite pra te fazer, por isso ainda não fui embora.
- Qual o convite? - coço os olhos voltando a olhá-lo.
- Hoje é aniversário da minha mãe, e eu queria que você fosse até lá comigo. - fala me olhando. - Eu tinha falado pra ela que te levaria, ela adorou a ideia. - solta uma risada fraca - E então?
- Não. - falo de uma vez o olhando - Eu não vou ir à sua casa.
- Porque não? - arqueia a sobrancelha.
- A gente ta saindo só há duas semanas, não acho que é hora de conhecer sua família. - rio pelo nariz.
- Por favor, , minha mãe não se importa com isso. - faz uma cara fofa.
- Não. - balanço a cabeça negativamente.
- Tudo bem. - dá ombros e começa a me fazer cócegas.
- ... Para... - falo meio a risadas.
- Não. - balança a cabeça enquanto ria.
- Por... Favor... Para... - tento tirar as mãos dele de mim ainda rindo.
- Só se você falar que vai comigo. - me olha.
- Ta bem... Eu... Vou... - falo rindo e ele para de fazer cócegas - Isso foi chantagem. - dou um tapa no braço dele.
- Era o único jeito de te convencer. - dá ombros e ri.
- Você é um babaca . - reviro os olhos.
- Eu venho te buscar mais tarde, okay? - se levanta da cama calçando o tênis.
- Não tenho escolha mesmo. - bufo e ele se abaixa me dando um selinho.
- Foi bom passar a noite aqui. - sorri - Até mais tarde. - dá outro selinho e sai do meu quarto.
Depois da nossa sessão de filmes, e acabaram passando a noite aqui, mas nós só dormimos, nada mais.
Minutos depois de ouvir a porta da sala batendo entrou no meu quarto e se jogou ao meu lado na cama se enfiando debaixo do meu cobertor.
- E aí, como foi sua noite? - ela me olha.
- Normal, dormi muito bem. - rio pelo nariz - E a sua?
- Foi boa. - cobre o rosto enquanto ria.
- Imaginei. - rio - O me chamou pra ir conhecer a mãe dele. - a olho.
- E você vai? - me olha novamente.
- Ele conseguiu me convencer. - rio pelo nariz.
- Vai conhecer a sogrinha. - ela cutuca a minha barriga e ri - Daqui a pouco ele está te pedindo em casamento.
- Para de ser idiota . - rio.
- É a verdade. - dá ombros.
- Agora me deixa dormir, já que o idiota do me acordou. - fecho os olhos.
- Vamos dormir então. - ela fala e logo tudo fica em silêncio e eu pego no sono.

Era por volta das 03h00min PM quando o passou pra me buscar. Antes de irmos para casa dele eu o fiz passar numa floricultura, pois não queria chegar a casa dele, justo no aniversário da mãe dele de mãos abanando.
A casa dele não era muito longe, dentro de uns 20 minutos ele estacionou. Olhei pela janela, e aquela casa me lembrava a minha há dez anos. Desci do carro segurando o buquê enquanto se aproximava.
Entramos na casa dele e um cachorro veio correndo na minha direção. Era um Golden retriever, que eu diria ter uns 5 anos no máximo.
- Thor, não faz isso. - fala olhando pro cachorro.
- Segura. - o entrego o buquê e me abaixo na frente do cão - Oi coisa linda, você gosta de brincar né? - eu acariciava os pelos dele - Você é muito lindo sabia? - continuo falando com o cachorro na minha frente.
- Não sabia que gostava de cachorros. - fala e eu o olho.
- Eu sempre quis um cachorro, mas a minha mãe era alérgica, e desde que eu fui morar com a não podíamos ter no prédio. - eu continuava acariciar os pelos do Thor.
- Até que enfim vocês chegaram. - uma voz feminina ecoa na sala e eu olho a adolescente que eu tinha certeza ser a irmã do - Então é verdade que o tá saindo com a psicóloga do colégio. - ela fala e eu rio - Eu sou . - se aproxima enquanto eu me levantava.
- Eu sou a , o que você já deve saber. - rio a cumprimentando com dois beijinhos no rosto.
- Aquela sua palestra ontem foi incrível. - eu sorrio.
- Obrigada. - ela sorri - Eu espero que os outros tenham achado o mesmo.
- Com certeza a maioria achou. - se senta no sofá e o Thor vai até ela.
- Vamos ir ver a minha mãe. - fala e eu assinto indo até ele e pegando o buquê.
Subimos as escadas, e ele abre a porta de um dos quartos. Nós entramos e eu olho a mulher deitada sobre a cama. Ela tinha os cabelos raspados, a pele pálida, os olhos fundos. Ao lado da cama tinha alguns aparelhos médicos, e muitos remédios. Ela estava com câncer, não havia me contado aquilo.
- Você parece surpresa. - ela fala dando uma risada em seguida.
- Talvez um pouco. - rio fraco - Me desculpa por isso, é que o não havia me contado. - ela sorri.
- Não se preocupa. - com ajuda do ela se senta na cama - Muito prazer, eu sou a . - estende a mão.
- . - aperto a mão dela - Eu trouxe isso pra senhora. - lhe entrego o buquê - Ah, e feliz aniversário. - ela sorri.
- Obrigada. - segura as flores - Eu amo flores. - eu sorrio.
- Então eu acertei no presente. - uma moça de branco, que eu deduzi ser enfermeira pegou as flores as levando pra fora do quarto.
- Sabe que o fala muito de você? - ela olha pro e depois pra mim.
- Ah, fala? - olho pro - Espero que fale bem. - falo com humor e ela ri.
- Ah ele fala muito bem. - eu volto a olhá-la.
- Que bom saber. - sorrio e ela faz o mesmo. Eu não pude deixar de reparar que ele havia puxado o sorriso dela.
- Dona , vou te ajudar no banho e nós vamos descer. - a enfermeira volta pro quarto.
- Mãe, nós vamos esperar lá embaixo. - fala e ela assente. Ele coloca a mão nas minhas costas e nós saímos do quarto. - Olha, eu não falei de você tanto como ela disse. - ele me olha coçando a nuca.
- Sério? Porque não pareceu isso quando ela disse. - rio.
- Mães são exageradas, você sabe. - descemos as escadas.
- Elas são verdadeiras. - o olho. - Assume logo que falou muito de mim pra ela.
- Mas eu não falei. - ele dá ombros e senta no sofá.
- Falou sim, ele fala de você o tempo todo com a mamãe. - fala quando eu me sento e eu rio.
- Ninguém te chamou na conversa. - joga uma almofada nela e ela gargalha. - Mas você decidiu se vai à casa da sua amiga? - ele a olha.
- Eu não vou. - ela fala - Já falei pra ela que amanhã eu a vejo.
- a mamãe me pediu pra te convencer a ir, é aniversário da sua amiga também, ela vai ficar bem. - ele se levanta do meu lado e senta ao lado dela.
- Não importa . - ela o olha - Até dois meses atrás tudo estava normal, mas depois que a mamãe ficou doente tudo mudou. - os olhos dela já se enchiam de lágrimas - Eu não quero mais passar nem um minuto longe dela, eu quero ficar com ela o máximo possível. - também segurava as lágrimas, e estava sendo impossível eu também não me emocionar com aquilo - A gente não sabe quanto tempo ela tem, pode ser um ano, um mês, ou um dia. Eu só quero aproveitar enquanto ainda a tenho. - às lágrimas caíam pelo rosto dela.
Eu não podia ficar ali vendo aquela cena, eu não conseguia. Levantei-me e saí pela porta do quintal que estava aberta. Assim que senti o vento bater contra meu rosto as lágrimas que antes eu segurava escorreram pelo meu rosto.
Como eu podia pensar em vingança depois de saber de tudo o que o havia passado? Que tipo de pessoa eu seria fazendo isso? Sento-me na grama e passo a mão no rosto e levanto a cabeça pra controlar as lágrimas. Eu não conseguiria nem imaginar se eu estivesse no lugar dele.
- Ei. - se senta ao meu lado - Tá tudo bem? - me olha e eu faço que sim com a cabeça.
- Porque você não me contou? - o olho e ele tinha os olhos vermelhos.
- Eu não consigo falar sobre isso sabe? - ele olha pra frente - Parece que a cada vez que eu tenho que tocar nesse assunto, algo me faz lembrar que eu vou perder a minha mãe. Então não fica brava por eu não ter contado.
- Você não vai a perder. - coloco a mão no braço dele o fazendo me olhar - E eu não estou brava, eu no seu lugar acho que faria o mesmo. - rio pelo nariz - Mas eu posso te falar uma coisa? - ele assente com a cabeça - Você é incrível. - ele sorri - De verdade, não é uma coisa que eu estou falando pra te consolar. - sorrio - É a verdade. - ele segura meu rosto me dando um selinho.
- Você que é incrível. - me dá outro selinho.
Ficamos sentados no quintal os dois em silêncio apenas olhando pro céu, e algumas vezes ele roubava alguns selinhos.
Voltamos pra dentro encontrando a mãe dele, a e a enfermeira na sala junto com o Thor. e a irmã foram até a cozinha voltando minutos depois com um bolo, com algumas velas e cantando "Parabéns pra você". Eles se aproximaram da mãe que tinha um sorriso no rosto, aproveitei a cena e tirei uma foto com o celular.
- Que história é essa de tirar foto e você ficar fora? - me olha, coloca o bolo na mesinha e me puxa pro sofá me colocando de lado em seu colo - Karen, você pode tirar pra gente? - pergunta a enfermeira que assente pegando meu celular.
Depois que ela tirou a foto de nós quatro e o Thor, ela me devolveu o celular que o pegou tirando uma selfie onde ele beijava a minha bochecha e eu sorria.
- Então vamos partir esse bolo? - fala.
- Vamos. - sorri e com ajuda da filha parte o primeiro pedaço de bolo - O primeiro pedaço é... - ela olha pros filhos - Se eu der pra algum de vocês dois o outro vai reclamar que eu já os conheço. - eu rio - Então, é pra você . - me entrega e eu sorrio.
- Obrigado dona . - ela sorri.
- Você a conheceu hoje, ao invés de dá pro seu filho você deu pra ela? - faz uma cara ofendida fazendo que eu e a mãe dele ríssemos.
- , você está muito grandinho pra ter ciúmes da sua namorada com sua mãe. - ela fala rindo e eu olho pro , pedindo explicação pelo "namorada" e ele apenas ri.
- Eu não estou com ciúmes, eu só queria bolo. - ele fala e eu gargalho.
- Toma aqui. - pego um pouco na colher colocando na boca dele - Agora para de ser chato. - a mãe dele ri.
Nós comemos o bolo enquanto conversávamos e ríamos de alguma bobeira. Quando demos conta à noite já havia caído, estava escuro do lado de fora.
- Vocês se conheceram no colégio né? - me olha - O comentou comigo. - eu olho pro - É bom saber que vocês eram amigos e agora são namorados. - ela sorri.
- Nós não éramos amigos... - falo parando logo em seguida - Nós éramos só colegas, conversávamos um pouco. - sorrio e me olha confuso.
- Dona , você quer ir pra cama? - Karen a olha.
- Quero sim, estou cansada. - ela se levanta com a ajuda da Karen - Porque você não passa a noite aqui? - me olha.
- Não quero incomodar. - rio pelo nariz.
- E não vai. - ela sorri.
- Então eu fico. - sorrio.
- Mãe, eu já subo pra te dar boa noite, só vou ajudar a com essas coisas. - fala ajudando a a levar a louça suja pra cozinha.
- Eu ajudo a senhora a subir. - seguro no outro braço dela e ajudo Karen a levar pra cima.
- Karen, pode nos dar licença um minuto? - ela olha pra enfermeira que assente saindo do quarto. - Eu sei que não te conheço há muito tempo, mas meu filho gosta mesmo de você, e dá pra ver que você gosta dele também. - ela sorri e eu faço o mesmo. - Eu queria te fazer um pedido. - eu faço um movimento com a cabeça pra que ela continuasse - Se acontecer alguma coisa comigo, quer dizer, se caso eu morrer... - ela faz uma pausa - Me promete que cuida do ? E da também. - eu engulo a seco.
- Eu... - eu não sabia o que falar - A senhora vai ficar bem logo. - ela dá um sorriso triste balançando a cabeça negativamente - Mas eu... - faço uma pausa. Eu não podia dizer não, eu não conseguiria dizer não. - Eu prometo.
- Obrigado. - sorri um pouco mais aliviada.
- Eu posso te dar um abraço? - pergunto meio acanhada e ela sorri ainda mais assentindo com a cabeça e eu a abraço.
- Estamos atrapalhando algo? - pergunta entrando no quarto e eu desfaço o abraço.
- Era só uma conversa de sogra e nora. - falo meio debochada e ele ri com aquilo.
- Agora a senhora vai descansar, porque já fez muita farra hoje. - ele beija a testa dela enquanto sentava na cama - Qualquer coisa pode me chamar que eu venho correndo. - ele puxa o cobertor colocando sobre ela - Boa noite. - ele beija o topo da cabeça dela - Boa noite maninha. - olha pra .
- Boa noite. - sorrio enquanto as olhava.
- Boa noite pra vocês. - fala.
- Boa noite. - fala e eu e saímos do quarto indo pro dele onde Thor estava deitado sobre a cama.
- Hoje você não pode dormir aí garotão. - ele acaricia os pelos dele - Eu tenho companhia hoje. - me olha.
- Você pode dormir no chão, e me deixar dormir que essa coisa linda. - acaricio Thor.
- Vai me trocar pelo Thor? - fala ofendido - Me senti muito ofendido agora. - eu rio.
- Idiota. - ele ri - Eu preciso de um banho, pode me emprestar uma camisa? - ele assente se levantando da cama.
- Minha irmã deixou esse short aqui pra você, deve ficar meio curto, mas nada demais. - joga um short de pijama e uma camisa dele pra mim.
Vou pro banheiro e tomo um banho não muito demorado. Visto a lingerie, com a roupa que o havia me entregado. O short havia ficado curto, mas eu não me importava. Voltei pro quarto e me olha do pé a cabeça.
- Você deveria vestir sempre minhas camisas, ficam ótimas em você. - eu rio.
- Obrigada . - vou até a cama me sentando em seguida.
- Eu vou tomar banho também, não demoro. - se levanta indo pro banheiro e eu me deito junto com Thor.
Minutos depois voltou pro quarto vestindo apenas uma calça de moletom deixando aquele abdômen a mostra.
- Você poderia vestir uma camisa? - o olho.
- Por quê? Não vai resistir? - fala debochando passando a mão no abdômen e eu reviro os olhos.
- É só porque ta frio. - falo e ele ri vindo até a cama se deitando ao meu lado enquanto Thor ia pro chão.
- Frio? - arqueia a sobrancelha - Você tá com as pernas completamente de fora e me fala que tá frio? - ri.
Reviro os olhos e ele me abraça ainda rindo. Retribuo o abraço dando um beijo em seu pescoço e o olhando em seguida.
- Obrigado por ter me feito vir hoje. - acaricio seus cabelos - De verdade, foi bom eu ter vindo. - sorrio.
- Porque falou pra minha mãe que nós éramos "colegas" no colégio? - faz aspas em colegas.
- Porque dá pra ver nos olhos dela o quanto ela tem orgulho de falar de você, e o quanto ela estava feliz hoje, eu nunca seria capaz de estragar isso. - ele sorri.
- Agora eu me sinto um babaca. - ri pelo nariz - O que eu... - eu coloco o indicador em seus lábios o fazendo parar de falar.
- Não vamos falar disso okay? - ele assente - Pelo menos não hoje, não agora. - lhe dou um selinho.
O selinho se tornou um beijo calmo. Sua mão acariciava meu corpo, e quando desceu pras minhas coxas eu cortei o beijo.
- Não fica bravo, eu não quero apressar as coisas. - o olho - E eu não quero fazer isso sabendo que sua mãe e sua irmã estão no quarto ao lado. - solto uma risada fraca.
- Não se preocupa, eu não vou ficar bravo com você. - sorri.
- Então vamos dormir, já to cansada demais. - lhe dou mais um selinho e deito a cabeça em seu peito - Boa noite . - ele acariciava meus cabelos.
- Boa noite. - beija minha testa.
Fecho os olhos, e com o cafuné dele fui pegando no sono devagar, até adormecer completamente.


(...)

Acordei e o ainda dormia ao meu lado. Sua boca entreaberta, sua respiração calma, e sua mão sobre a barriga o davam um ar de tranquilidade enquanto dormia. Ele era lindo até mesmo enquanto dormia.
Balancei a cabeça afastando os pensamentos. Eu não podia pensar daquele jeito. Eu não podia me apaixonar pelo .
Ouvi batidas na porta e me levantei a abrindo e dando de cara com a .
- Bom dia. - ela sorri - Espero não ter te acordado.
- Bom dia. - sorrio - Não acordou não, eu já estava acordada há algum tempo.
- E o ? - eu dou espaço e ela o olha na cama - Não vou deixar ele dormir mais não. - entra no quarto pulando sobre o na cama o fazendo acordar assustado enquanto eu ria.
- Puta que pariu . - ele passa as mãos no rosto e a irmã ria - Não tem mais o que fazer não? - ele a olhava bravo, mas ela nem ligava.
- Eu também te amo irmãozinho. - ela o abraça de lado e beija a bochecha dele.
Ele a deita na cama lhe fazendo cócegas enquanto ela implorava pra parar. Thor sobe na cama enquanto olhava pra eles e latia. Eu apenas ria olhando aquilo.
- Senhor . - Karen entra no quarto ganhando toda a atenção - Desculpa incomodar, mas a sua mãe não acordou muito bem hoje. - ela fala receosa e se ajeita na cama tomando uma postura séria - Ela está bastante indisposta, sentindo muito enjoo, nem o remédio está parando no estômago dela.
- Ela não devia ir pro hospital? - fala olhando a mulher ao meu lado.
- Não, eu já liguei pro Dr. Edward e ele que não tem necessidade e ele passa aqui mais tarde pra dar uma olhava. - ela falava com calma, mas dava pra ver e não estavam na mesma situação. - Vocês podem ficar tranquilos, que ela vai ficar bem logo. - se levanta saindo do quarto e indo pro da mãe, foi logo em seguida.
- Isso é normal? - Karen me olha - Digo, ontem ela estava ótima, muito alegre e bem disposta.
- É sim, é tudo por causa da quimioterapia, por causa dos remédios. - ela olha pra porta e olha de volta pra mim - Desde que ela voltou do hospital há três semanas isso não tinha acontecido ainda, quer dizer, claro que sempre acontece de está cansada demais e não querer fazer nada, mas hoje ela está mais indisposta que normal, fora o enjoo.
- Mas vai ficar tudo bem né? - eu a olho.
- Eu não sei. - ela balança a cabeça negativamente. - Eu vou ir ver se ela precisa de algo, você vem?
- Não, vou ficar aqui mesmo. - me sento na cama e Thor coloca a cabeça no meu colo - Não quero atrapalhar nada por lá. - acaricio os pelos do cachorro no meu colo.
Eu fiquei naquele quarto por quase uma hora e meia sentada na cama com o Thor. A verdade é que eu não queria ir até o quarto da pra vê-la daquele jeito, e eu não queria estragar o momento dela com os filhos.
- Ei. - olho pro que entrava no quarto meio pra baixo.
Ele não me respondeu, apenas se sentou na poltrona na frente da cama e passa as mãos pelo rosto. Levantei-me e fui até ele me ajoelhando em sua frente.
- , vai ficar tudo bem com ela. - seguro sua mão - Ela vai ficar boa logo.
- Há três meses, eu tinha um apartamento só meu, era só eu e o Thor. - ele não me olhava - Até que em um dia que tinha tudo pra ser um domingo feliz com um almoço junto a minha mãe e minha irmã, se tornou um pesadelo quando a minha mãe nos deu a notícia de que ela havia sido diagnosticada com câncer de mama. - ele fecha os olhos por alguns minutos e os abre cheios de lágrima - Até aquele dia, o pior dia da minha vida havia sido quando o meu pai foi embora sem nem ao menos falar comigo, mas aquele momento superava sem dúvidas nenhuma qualquer definição de dia ruim que eu tinha. - sua voz estava embargada - Eu não sabia o que fazer sabe? Eu não sabia como reagir aquilo, eu não consegui nem ao menos chorar quando ela me falou, mas durante a noite que a minha ficha caiu. Eu não comi, eu não dormi, eu só conseguia chorar e pensar no que seria de mim se eu perdesse a minha mãe, no que seria minha irmã. - uma lágrima escorre pelo meu rosto e eu a seco rapidamente - Ela não merecia isso, ela sempre foi uma mãe maravilhosa, ela me deu todo amor e carinho à vida inteira, ela ficou do meu lado quando meu pai foi embora e quando ele voltou anos depois como se nada tivesse acontecido. - eu acariciava as costas da sua mão com o polegar - E quer saber? Eu nunca vou entender porque isso está acontecendo com ela. - fecha os olhos pra que as lágrimas não caíssem.
Porém eu, não impedia que algumas lágrimas caíssem. Eu sentia o meu coração se apertar a cada palavra que ele falava.
- Eu não sei o que te falar agora. - eu realmente não sabia - Mas olha pra mim... - seguro o rosto dele o fazendo me olhar com os olhos marejados - Eu to aqui com você, pra qualquer coisa que você precisar. - acaricio seu rosto com o polegar - Não importa o que aconteça entre a gente no futuro, você sempre pode contar comigo, sempre mesmo.
Ele balança a cabeça positivamente e me levanta devagar me puxando pra um abraço. Eu o aperto naquele abraço como se fosse à última vez que eu faria isso na vida.
- Às vezes eu acho que tudo isso acontecendo é um castigo pra mim. - eu afrouxo um pouco o abraço e o olho - Eu era uma péssima pessoa na época do colégio, eu me achava melhor que o resto das pessoas, eu brinquei e humilhei alguém que não merecia isso. - ele me olha - Isso é tudo pra eu sofra o que eu fiz as pessoas sofrerem.
- não fala isso. - balanço a cabeça negativamente - Você pode ter feito o que for há dez anos, mas você também sofreu muito. Talvez todas as bobagens que você fez, foi pra descontar a dor que você sentia por ter sido abandonado por alguém que você amava tanto. - acaricio o rosto dele - E isso que sua mãe tá passando não é sua culpa, não é um castigo. É só um problema que a vida sempre coloca nos nossos caminhos. - ele desvia o olhar - Então para de se culpar por algo que você não tem nada a ver. - o faço me olhar novamente - Nunca mais fale uma coisa dessas okay? - ele assente com a cabeça - Ninguém merece passar por isso, mas se aconteceu é porque tinha que acontecer. - volto a abraçá-lo apertado.
Ele não falou mais nada apenas retribui o abraço. Fechei os olhos e ficamos os dois ali abraçados por um bom tempo.
A manhã havia sido tão agitada que ninguém tomou café, mas na hora do almoço eu consegui fazer o comer um pouco, já que ele dizia não estar com fome. O dia todo se baseou em entrar e sair do quarto da pra saber como ela estava, e mesmo estando tão indisposta ela sorria o tempo todo enquanto falava algo pros filhos, ou até mesmo pra mim.
A noite havia começado a cair, e o médico já havia ido embora dando certeza de que essa indisposição logo passaria.
- , eu preciso ir pra casa. - me sento na cama dele onde estávamos deitados.
- Eu te levo. - se senta também.
- Não precisa, eu chamo um táxi. - o olho - É melhor você ficar e tentar descansar um pouco, você teve um dia complicado hoje.
- Tem certeza? - me olha.
- Tenho sim. - sorrio lhe dando um selinho - Eu te aviso assim que eu chegar lá.
- Obrigado por tudo o que você fez por mim hoje. - acaricia meu rosto - Obrigado por ter ficado aqui. - me dá um selinho.
- Não precisa me agradecer. - sorrio - Só fica bem e me liga se precisar de alguma coisa, a qualquer hora. - ele assente e eu me levanto.
Ele sai comigo do quarto, passamos pela sala enquanto eu me despedia da e do Thor ele chamava um táxi e saímos da casa. Enquanto o táxi não chegava ficamos abraçados em frente a casa enquanto nos beijávamos. Assim que o táxi chegou eu entrei e passei meu endereço indo pra casa.
Não demorei a chegar, e logo subi pro apê. Assim que entrei encontrei vendo algo no notebook ao lado de . Falei com eles rapidamente e me despedi indo pro quarto. Depois de um banho rápido, escovei os dentes, me vesti e fui pra cama.
Enquanto eu procurava algo no celular eu vi as fotos tiradas ontem, e ali pensando em todo o final de semana que eu havia chegado a uma conclusão.
Eu não podia mais fazer aquilo, eu não queria mais. O já estava sofrendo tanto, não precisava de mais alguma coisa que o fizesse sofrer ainda mais. Ele não merecia nada daquilo.
Era aquilo... Eu havia desistido da vingança que havia jurado há dez anos. E era definitivo.

(...)

Quinta-feira. Já era quinta- feira e eu não havia visto o desde domingo, mas nos falávamos todos os dias.
Eu havia mesmo tomado à decisão de acabar com a vingança, mas não havia nem ao menos comentado com a sobre isso. A verdade é que desde que eu havia chegado da casa do no domingo, eu mal falava com ela. Sempre que ela perguntava o que estava acontecendo eu mudava o assunto.
- . - fala estralando o dedo na frente do meu rosto e eu a olho - Você ta ouvindo o que eu to falando? - eu balanço a cabeça negativamente afastando os pensamentos.
- Desculpa , o que você tava falando? - passo a mão no rosto e ela suspira.
- O que aconteceu com você em? - se senta ao meu lado ficando de frente pra mim - Você tá estranha essa semana, mal fala comigo. - fala preocupada.
- A vingança acabou. - me viro pra ela - Eu não quero mais me vingar do .
- Isso é bom né? - ela me olha a espera de uma resposta que não veio - Mas porque você desistiu assim do nada? Há uma semana você disse que não desistiria... Você... - faz uma pausa - Você se apaixonou pelo ?
- Eu não me apaixonei pelo . - rio pelo nariz. - É só que... - faço uma pausa - Eu não consigo fazer isso com ele, eu não consigo machucar o . - balanço a cabeça - Ele já ta passando por tanta coisa, não precisa passar por uma vingança ridícula como essa.
- Do que você tá falando? - me olha confusa.
- A mãe do tem câncer de mama. - eu a olho enquanto ela fazia uma cara surpresa - Eu presenciei no domingo o quanto ela ta mal, e o quanto ele ta sofrendo com isso. O , ele... - suspiro - Ele praticamente chorou na minha frente enquanto falava da mãe. Ele acha que é tudo um castigo pelo que ele fez na adolescência. - nego com a cabeça - Nesse pouco tempo com ele eu percebi o quanto ele mudou, no quanto ele é uma pessoa maravilhosa. E eu tive a certeza disso nesse último final de semana. - dou um sorriso triste - Tudo o que ele menos merece é um coração partido.
- Não sei nem o que dizer. - balança a cabeça desacreditada - E o que você pretende fazer?
- Eu vou acabar tudo isso que a gente tem, falar que eu não posso ter um relacionamento agora, que eu vou me mudar, sei lá, só não posso machucar ele. - abraço uma almofada.
- E você acha que isso também não vai doer pra ele? - ela se encosta-se ao sofá ainda me olhando.
- Até vai, mas não tanto quanto fazer ele se apaixonar e humilhar ele como ele fez comigo. - rio pelo nariz - Eu pretendo acabar com isso logo.
- Você tá fazendo certo. - segura minha mão - Eu to feliz que você tenha tomado essa decisão. - a campainha toca - Deixa que eu abro. - se levanta indo abrir a porta. - Oi . - ela fala e eu olho pra porta avistando com um buquê de rosas vermelhas na mão.
- Eu sei que cheguei de surpresa e sem avisar, mas eu precisava te ver. - entra andando até mim no sofá - E essas flores são um jeito de agradecer tudo o que você fez por mim no final de semana. - me entrega o buquê. - Não é muita coisa, mas precisava de um jeito pra te agradecer. - sorri - E pra vim te ver também. - podia ser loucura minha, mas meu coração havia disparado.
- Elas são lindas. - sorrio enquanto olhava pras flores - Obrigado, e você não precisava me agradecer por nada. - o olho - E é bom você ter vindo. - me levanto ficando de frente pra ele.
- Eu senti sua falta. - segura na minha cintura e me dá um selinho demorado.
- Eu precisava mesmo te ver. - olho pra que me olhava com um pouco de pena - , você pode colocar em um vaso pra mim? - entrego pra ela o buquê e ela vai pra cozinha entendendo o que eu estava prestes a fazer - Eu preciso te falar uma coisa. - o olho novamente.
- Pode falar. - coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Eu não... - faço uma pausa respirando fundo - Eu preciso... - e quando eu ia falar o celular dele começou a tocar.
- Só um minuto. - atende o celular - Oi . - ele ainda me olhava - Como assim hospital? O que aconteceu? - ele já ficava nervoso e se afastava de mim - Tudo bem, eu encontro vocês no hospital. - desliga o celular - Eu preciso ir. - me olha - Minha mãe foi pro hospital. - ele estava afobado.
- Eu vou com você, só espera eu me trocar. - ele assente e eu corro pro quarto.
Me visto rapidamente, arrumo o cabelo e calço uma sapatilha. Pego meu celular e volto pra sala encontrando a e o .
- Me dá a chave, você não vai dirigir nervoso desse jeito. - me aproximo de que me entrega a chave - eu vou com ele, qualquer coisa eu ligo pra você. - ela assente e nós saímos do apê.
estava tão nervoso que acabava me deixando do mesmo jeito. Eu não sabia o que fazer, ou como agir com ele naquele estado.
Chegamos ao hospital e andava de um lado pro outro enquanto Karen tentava acalmá-la. Assim que ela nos viu correu na direção do e o abraçou apertado.
- Algum médico já falou alguma coisa? - pergunta pra Karen.
- Não, nada. - ela nega com a cabeça - O médico pediu pra esperarmos aqui que logo volta com alguma notícia. - assente e guia até uma cadeira se sentando ao lado dela.
Sentei-me ao lado de Karen e ficamos os quatro esperando por uma notícia. Quase meia hora depois o médico veio e avisou que já estava medicada e só estava dormindo, que logo ela acordaria. Ele nos levou até o quarto onde ela estava.
- Karen, a comeu alguma coisa hoje? - sussurro pra Karen olhando e do outro lado do quarto.
- Não, ela chegou do colégio e não quis almoçar, depois passou a tarde inteira no quarto com a mãe sem comer também, e viemos pra cá. - ela sussurra também.
- Ei. - fui até onde os dois estavam - Vamos sair pra comer alguma coisa? Tem uma lanchonete aqui pertinho. - olho pra ela.
- Eu não quero, estou sem fome. - ela fala ainda olhando a mãe deitada na cama.
- Olha, eu sei que você ficou sem comer o dia todo. Você está até pálida. - ela me olha - O médico já falou que tá tudo bem, e qualquer coisa seu irmão me liga e a gente volta correndo. - a olha - Não faz bem ficar sem comer, você precisa. - ela suspira.
- Tudo bem. - se levanta - Eu vou com você. - fica ao meu lado e eu a abraço pelo pescoço.
- A gente não demora. - olho pro que assente.
Nós saímos do quarto e do hospital logo em seguida. Como eu estava com a chave do carro do , entramos nele e eu dirigi até a lanchonete. Fomos todo o caminho todo em silêncio. Entramos na lanchonete e fizemos nossos pedidos enquanto esperávamos numa das mesas.
- . - ela me olha - Eu sei que a gente mal se conhece, mas sempre que você precisar conversar pode me chamar okay? - ela assente - Eu não quero que você ache que eu to falando isso por ser psicóloga e estar acostumada a ouvir as pessoas, e muito menos por está saindo com o seu irmão, eu quero que você me veja como uma amiga na qual você pode falar qualquer coisa. - nosso pedido chega.
- O não gosta muito de falar sobre esse assunto. - ri pelo nariz - E é horrível falar com minhas amigas porque elas sempre me falam que é melhor não falarmos sobre isso que é o melhor pra mim, mas na verdade eu só preciso de alguém pra desabafar.
- Você quer falar agora? - nossos pedidos chegam - Se quiser eu to aqui pra te ouvir, ou podemos deixar pra depois.
- Nós vamos ter muito tempo pra conversar, então deixamos isso pra depois. - eu assinto enquanto bebia um pouco do meu suco - E obrigado por se preocupar. - sorri.
- Não precisa agradecer. - sorrio.
- Anteontem eu escutei uma conversa do com a minha mãe, e eles falavam de você. - ela morde um pedaço do hambúrguer - Minha mãe falou que te achou uma mulher maravilhosa, tanto por fora quanto por dentro. - eu sorrio - E o ... - faz uma pausa enquanto bebia um pouco do suco - O falou pra minha mãe que estava apaixonado por você. - eu a olhava como se ela tivesse falado algo muito assustador. - Eu falei alguma bobagem? - ri fraco.
- Não, é que... - rio pelo nariz - Eu sabia que o gostava de mim, mas apaixonado? Isso é meio louco. - eu fazia movimentos com a mão - Quer dizer, a gente ta saindo não tem nem um mês, é possível alguém se apaixonar tão rápido? - é possível? Eu me perguntava mentalmente.
- Eu não sei, mas meu irmão está mesmo apaixonado. - sorri - E eu posso dizer, nem a última namorada dele que ele passou quase três anos com ela o deixou assim como você deixa.
- Eu... - solto uma risada completamente sem jeito - Eu não sei nem o que eu deveria falar agora. - ela ri.
- Talvez você também esteja apaixonada, só não percebeu isso ainda. - sorri e volta a comer enquanto eu pensava naquilo.
Assim que ela acabou de comer e eu acabei meu suco, fui até o caixa fazendo mais um pedido pra que eu pudesse levar pro que eu tinha certeza que também não havia comido direito, e paguei a conta. Saímos da lanchonete e entramos no carro e dirigi em direção ao hospital enquanto conversava com a sobre várias coisas.
Chegamos ao hospital e fomos direto pro quarto da . Assim que chegamos só o estava lá junta a mãe que ainda dormia, provavelmente havia mandado Karen pra casa.
- Ela acordou? - o olha.
- Não, o médico disse que só amanhã provavelmente. - ele fala e ela se senta numa cadeira ao lado oposto que ele estava.
- Trouxe pra você. - o entrego a sacola e o suco - E nem adianta falar que não precisava, porque eu tenho certeza absoluta que você não se alimentou direito o dia todo.
- Você vai insistir até eu comer não é? - me olha e eu faço que sim com a cabeça - Então o jeito é eu comer. - eu rio - Mas obrigado.
- Não precisa agradecer. - dou a volta no quarto e me sento ao lado da .
Ficamos os três no quarto. Enquanto comia me contava sobre as cenas engraçadas que já haviam passado em família. A noite foi passando enquanto conversávamos, quase não falava, mas parecia mais calma do mais cedo e isso era bom. acabou pegando no sono no sofá que havia no quarto, com a cabeça no meu colo, eu não me importei, na verdade eu havia falado pra que ela se deitasse ali.
- Você quer ir pra casa? - fala me fazendo olhá-lo - Eu posso te levar. - tiro a cabeça da do meu colo devagar a deitando no sofá e fui até o do outro lado do quarto.
- Você acha mesmo que eu vou pra casa? - o olho - Eu vou ficar aqui com você. - ele me puxa colocando-me sentada de lado em seu colo - Não vou te deixar "sozinho" agora. - ele acaricia minha cintura.
- Obrigado por ter feito a comer alguma coisa. - olha pra irmã encolhida no sofá - Você conseguiu acalmá-la, e isso é ótimo porque ela estava muito nervosa. - volta a me olhar - E obrigado por se preocupar comigo, mesmo que eu não mereça tanto assim. - ri pelo nariz.
- , você é um ótimo irmão, um ótimo filho, um ótimo amigo... - faço uma pausa - Você é uma ótima pessoa, porque não merecia isso? E não vale falar que é pelo passado, ele está lá atrás, já passou, não importa mais. - acaricio seu rosto - Aquele dia quando eu disse que você não havia mudado nada, eu estava completamente errada. - balanço a cabeça negativamente soltando uma risada nasalada - Você mudou e muito desde o colegial. E você mudou pra muito melhor, pode acreditar. - ele sorri e eu lhe dou um selinho.
- Você ta tornando tudo isso mais fácil. - acaricia minhas costas - Se você não estivesse aqui agora eu não saberia como agir, principalmente com a . - suspira - Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. - fala olhando nos meus olhos.
Meu coração estava completamente acelerado, eu não conseguia falar nada apenas olhá-lo. Meu estômago se revirava várias vezes, não como uma coisa ruim, mas boa. Antes talvez não conseguisse dizer aquilo, mas agora eu sabia, eu tinha certeza. Eu não havia desistido da vingança apenas pelo que o estava passando, eu havia desistido porque eu estava apaixonada.
É oficial!
EU ESTOU APAIXONADA POR !!!

(...)

Já havia se passado uma semana desde que foi pro hospital e ela não havia saído, mas estava bem melhor.
não saía daqui, não ia pro trabalho, ou sequer ficava em casa, o máximo que ele fazia é ir em casa tomar banho e sair pra comer porque eu o obrigava a ir comigo. ia todos os dias pro colégio, e vinha pro hospital durante a tarde, à noite eu a levava pra casa ou pro meu apartamento onde nós passávamos a noite.
- , vai pra casa descansar. - fala olhando pro filho de pé ao meu lado - Tem uma semana que você não dorme direito, que você não trabalha, e só sai pra comer porque a praticamente te arrasta.
- Mãe, eu só vou sair daqui quando a senhora sair. - ele a olha - Nem adianta insistir.
- , me ajuda. - ela me olha.
- , vamos comigo pro meu apê. - eu o olho - Sua mãe vai ficar bem, a vai passar a noite com ela e a Karen também ta aqui. - olho pra e a Karen.
- Não, eu vou ficar aqui mesmo. - me olha e eu reviro os olhos - Vai você pra casa e descansa, amanhã a gente se fala.
- Vamos, por favor. - o olho fazendo cara de cachorro que caiu da mudança - A viajou hoje pra uma audiência de um antigo cliente, e eu não quero passar a noite de sábado sozinha. - me levanto ficando na frente dele.
- Leva a com você. - aponta pra irmã e eu bufo.
- Eu não vou não. - fala - Todos os dias você ficou aqui, hoje eu vou ficar.
- você é muito teimoso. - rio pelo nariz - Mas eu sou mais que você, então você vai comigo. - seguro na mão dele - E vai sem reclamar. - ele bufa e a mãe dele ri.
- Mãe, amanhã eu volto então. - ele a olha - Amanhã bem cedo. - ele beija a testa dela - Qualquer coisa você me liga okay? - olha pra .
- Okay irmãozinho. - manda beijos pra ele.
- , eu vou cuidar pra que ele durma e coma direitinho. - beijo a bochecha dela - E a senhora trate de melhorar logo. - ela sorri. - Boa noite pra vocês. - olha pra e pra Karen.
Saímos do hospital e entramos no carro dele que o mesmo foi dirigindo. No caminho até o meu apartamento nós passamos em um restaurante japonês e compramos a comida e fomos pra casa.
Assim que chegamos ao prédio, entramos cumprimentando o porteiro e fomos pro elevador. Entramos no apê e eu joguei minha bolsa no sofá e fomos pra cozinha colocar a comida.
- Você quer tomar um banho? - o olho.
- Não, eu fui em casa um pouco antes de você chegar. - me olha também.
- Se importa se eu for antes de comermos? - falo e ele faz que não com a cabeça - Eu não demoro. - lhe dou um selinho e vou pro quarto.
Tomei um banho rápido sem deixar que meus cabelos molhassem. Saí do banheiro enrolada na toalha, passei creme, vesti a lingerie, um short de pijama e uma camisa grande que o cobria. Voltei pra cozinha e me sentei ao lado de na mesa que ele já havia arrumado pra que pudéssemos comer.
- A foi mesmo viajar? - me olha enquanto eu comia e eu faço que sim com a cabeça.
- Sim, ela volta amanhã cedo. - falo quando já havia engolido - E você como tá? - o olho.
- Eu to bem. - me olha - Mas vou ficar melhor quando a minha mãe estiver livre dessa doença e bem longe do hospital. - suspira.
- Entendo. - bebo um pouco de suco - Eu sei que é a sua mãe, mas você deveria voltar a trabalhar pelo menos meio período pra ocupar um pouco a cabeça e esquecer pelo menos um pouquinho dessas preocupações.
- Eu sei. - afirma com a cabeça - O tá precisando de mim lá na agência.
- E qualquer coisa que você precisar pode falar comigo, você sabe. - ele sorri concordando com a cabeça - Eu não me importo nem um pouco em ficar com a sua irmã, nem ficar com sua mãe no hospital.
- Ou me fazer companhia. - se vira de frente pra mim.
- Ou te fazer companhia. - rio lhe dando um selinho - Vamos deixar essas coisas aqui, amanhã eu arrumo tudo. - ele assente e se levanta me puxando junto com ele.
Fomos pro quarto com ele me abraçando por trás e sentamos na cama ficando de frente pro outro conversando sobre a gente.
- Sua comida favorita? - eu o pergunto.
- Pizza. - ri - E a sua?
- Comida japonesa. - rio pelo nariz.
- Uma fantasia? - me olha curioso.
- Banheiras. - rio e ele me acompanha - E você?
- Minha cama, com você nela vestindo só uma lingerie vermelha e um salto bem fino e alto. - fala com um sorriso maroto nos lábios.
- Sua fantasia sou eu? - rio meio desacreditada - Você é louco não é? - ele ri balançando a cabeça negativamente.
- Acho que você ainda não se deu conta do quanto eu sou louco por você. - sorri me olhando nos olhos - Eu não sei explicar como, e porque, mas desde que nos encontramos naquela boate eu não parei de pensar em você um dia sequer. - ri pelo nariz sem tirar os olhos dos meus - E depois do nosso primeiro beijo isso ficou ainda pior, porque eu te desejava a cada vez mais. - eu sorrio - Você não imagina o quão apaixonado eu estou por você. - segura meu rosto entre as mãos. - Um mês pode ser pouco tempo pra alguns, mas pra mim foi tempo suficiente.
- É hora de fazer declarações? - falo divertida e ele ri enquanto revira os olhos.
- Você estraga os momentos. - ri balançando a cabeça negativamente.
- Quando eu faço isso é porque eu não sei o que falar. - rio pelo nariz - Quando eu fico sem jeito.
- Então não fala nada. - se ajoelha na cama me fazendo fazer o mesmo e me beija calmamente.
Diferente de todos os beijos esse havia desejo, e muito desejo de ambas as partes. Não era só ele que queria aquilo, eu também queria e mais do que nunca.
Ele segura na minha cintura me puxando pra mais perto e colando ainda mais nossos corpos. Seguro em seu cabelo com uma das mãos e a outra eu mantinha em sua nuca acariciando a mesma.
Sua mão segura na barra da camisa que eu vestia enquanto ele mordisca meu lábio bem devagar. Ele corta o beijo e me olha, sem saber se continuava aquilo ou não. Sem esperar que ele perguntasse me desvencilhei dele e tirei a minha blusa jogando em qualquer canto e ele sorriu voltando a me beijar.
Seguro na barra da camisa dele a puxando pra cima e separando nossos lábios para tirá-la. Assim que a tiro a jogo junto a minha no chão do quarto e ele desce os beijos para meu pescoço. Enquanto beijava meu pescoço ele leva a mão até o meu sutiã desabotoando o mesmo sem nenhuma pressa, e o tirou lentamente o jogando em qualquer canto. Levo minhas mãos até o botão da sua calça desabotoando a mesma e voltando a beijá-lo.
Ele segura na minha cintura me fazendo deitar na cama e se deita sobre mim voltando a me beijar, agora com um pouco mais de pressa. Ele desce os beijos pelo meu pescoço, até chegar aos meus seios e me olha com um sorriso malicioso. Ele beija entre os meus seios e leva uma mão até um deles o massageando devagar. Beija o outro dando leves mordidas me fazendo soltar um gemido baixo. Depois de fazer o mesmo no outro seio, ele desceu os beijos pela minha barriga até chegar ao meu short. Ele desceu o mesmo lentamente enquanto beijava cada centímetro da minha perna até tirar o short de uma vez.
Ele olha meu corpo de cima a baixo me deixando envergonhada, pude sentir minhas bochechas ruborizarem.
- Não fica envergonhada. - se aproxima do meu rosto - Você é linda. - sorri me dando um selinho - Muito linda. - dá outro selinho e eu sorrio.
Eu nunca havia me sentido envergonhada com nenhum outro homem no qual eu havia dormido, mas com o tudo estava sendo diferente.
Ele desce os beijos novamente até chegar a minha calcinha na qual ele tira jogando pelo quarto. Ele dá um beijo no interior da minha coxa e se aproxima da minha intimidade deixando um beijo ali. Ele penetra um dedo em mim me fazendo segurar no lençol e soltar um gemido baixo. Ele faz movimentos lentos me fazendo apertar o lençol com um pouco mais de força. Depois de alguns minutos movimentando ele penetra outro dedo e aumenta a velocidade dos movimentos me fazendo soltar vários gemidos.
Ele intercalava os movimentos, ora rápidos, ora lentos, ora circulares enquanto estimulava meu clitóris com o polegar. Eu já tinha os olhos entreabertos enquanto mordia o lábio pra tentar me conter.
- ... - falo entre um gemido sem conseguir completar a frase.
Ele solta uma risadinha entendendo o que eu queria dizer. Ele movimenta os dedos mais um pouco e os tira da minha intimidade. Procura sua calça pelo chão pegando sua carteira e tirando de lá uma camisinha.
Ele tira a cueca e coloca a camisinha voltando pra cama deitando sobre mim e me penetrando devagar. Soltei um gemido alto quando ele começou a se mover rapidamente.
Envolvo uma das pernas em seu quadril e o puxo pra mim lhe dando um beijo afobado. Ele se movia cada vez mais rápido e eu parava o beijo há todos os segundos para recuperar o fôlego. Soltávamos vários gemidos no lábio do outro e eu arranhava suas costas sem nenhuma dó.
Depois de um tempo naquela posição ele se virou me deixando por cima. Sentei-me em seu colo e comecei a me movimentar rapidamente. Apoiei as mãos em seu abdômen enquanto "cavalgava" em seu membro.
Nós não quebrávamos o contato visual por nenhum segundo sequer. Os únicos barulhos que ouvíamos no quarto, era dos nossos gemidos e dos nossos corpos se chocando. Já estávamos completamente suados e a essa altura meu cabelo já estava completamente bagunçado. Ele me puxa pra ele me beijando agressivamente, enquanto segurava meus cabelos.
Soltei um gemido alto ao atingir meu orgasmo, mas continuei me movendo pra que ele atingisse o ápice dele, o que foi questão de poucos minutos depois. Sua mão em meus cabelos se afrouxou enquanto o beijo ia se tornando mais calmo.
Cortei o beijo e mantive nossos rostos próximos. Nossas respirações estavam aceleradas, iam normalizando aos poucos.
- Vou confessar que eu já imaginava que esse dia seria incrível. - respira fundo pra recuperar o fôlego - Mas você me surpreendeu. - eu solto uma risada levantando a cabeça pra o olhar.
- Preciso confessar que eu também imaginava esse dia. - rio pelo nariz - E posso dizer que foi ainda melhor do que imaginei. - ele sorri me dando um selinho.
Saio de cima dele me levantando pra me vestir. Pego a calcinha e me visto, e coloco a blusa dele. Ele volta do banheiro sacudindo a mão pra que secasse e já vestido com a sua cueca. Deito-me na cama, e ele faz o mesmo me abraçando por trás.
- Eu disse que ia cuidar direitinho de você. - falo bocejando e ele ri - Mas você me cansou muito. - ele beija a minha nuca enquanto ria.
- Pode acreditar que você também me cansou muito. - eu dou uma risada quase não mantendo os olhos abertos - Mas eu vou deixar você descansar, porque você já tá precisando. - dá outro beijo no meu pescoço.
- Boa noite. - falo já bem sonolenta.
- Boa noite. - sussurra, mas eu já quase não ouvia sua voz. - Eu amo você. - pude ouvir as três palavras segundos antes de pegar no sono.

(...)

Abri os olhos devagar sentindo o braço de ainda me abraçando. O afastei devagar pra que ele não acordasse e me sentei na cama o olhando.
"Eu amo você"
Ele havia mesmo falado aquilo, ou havia sonhado? Eu não tinha muita certeza, mas acho que não havia sido um sonho, ele havia mesmo falado.
Sorri me lembrando daquelas palavras e me levantei da cama devagar. Fui ao banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto e saí do quarto logo em seguida. Fui pra cozinha encontrando a com uma xícara de café na mão.
- Eu achei que você ia chegar só depois das 10h00min. - a olho enquanto ia até a geladeira.
- Acabei chegando mais cedo. - bebe um pouco do café - Mas que carinha de felicidade é essa? - me olha sorrindo - E o que você ta vestindo? - ri enquanto olhava minhas roupas.
- O veio passar a noite aqui porque a mãe dele insistiu pra ele ir pra casa e eu o arrastei pra cá. - rio pelo nariz enquanto pegavas as coisas no armário que eu precisava pra fazer panquecas - A gente comeu, e fomos pro quarto. Nós conversamos sobre a gente, coisas que o outro não sabia, até que ele se declarou apaixonado por mim. - sorrio enquanto colocava farinha na tigela - Começou com um beijo calmo que foi se intensificando e aí acabou rolando. - olho pra ela enquanto mexia a massa.
- AH MEU DEUS. - solta um gritinho colocando a mão na boca se lembrando de que o estava no quarto - Quem diria não é ? - me olha - Olha pra você toda sorridente, toda feliz por ter passado a noite com ele. - sorri - Há um mês você repetia todos os dias o quanto odiava . O quanto queria fazê-lo pagar por ter feito o que fez com você no passado. Que era tudo vingança. - ela fala tentando imitar minha voz enquanto eu ria.
- O que ela ta falando? - entra na cozinha me fazendo assustar e deixar a tigela cair no chão - É verdade tudo isso? - ele aponta pra , mas não tirava os olhos de mim.
Minhas pernas estavam bambas, a qualquer minuto eu poderia cair ali.
- , calma. - fala intercalando o olhar entre nós dois - Eu só estava brincando. - ele nem ao menos a olhava. Pelo olhar dele, eu sabia que ele não estava acreditando no que ela falava, eu tinha dúvidas se ele até mesmo a ouvia.
Respirei fundo e fechei os olhos pra tentar não encará-lo.
- Não. - abro os olhos enquanto me segurava na pia pra que eu pudesse me aguentar em pé - Nada do que a falou é mentira, é tudo verdade. - eu não conseguia olhá-lo - Eu queria me vingar de você pelo que você fez passar no baile de primavera. Eu queria partir seu coração, te fazer se sentir humilhado como eu me senti. - ele balança a cabeça negativamente.
- Você tá mesmo falando sério? - ele ainda me olhava e eu faço que sim com a cabeça - QUAL É O SEU PROBLEMA? - grita fazendo com que eu me encolhesse - O que leva uma pessoa a fazer isso? - ri sem nenhum humor.
- Eu só queria que você sofresse pelo menos um pouco do que eu sofri há dez anos. - minha voz se mantinha baixa, e eu não via motivos pra ser diferente - Eu queria que você sentisse um pouco da minha dor.
- Sabe o problema dessa história toda? - ele fala tentando controlar a sua voz - Eu me apaixonei por você como nunca havia feito por mulher alguma. - ri pelo nariz - Caramba! Você me deixou dizer "eu te amo" pra você sem nem ao menos ser minha namorada, com menos de um mês, o que com a minha ultima namorada eu mal conseguia falar passando três anos com ela. - estava estática ao lado dele, sem ao menos saber o que dizer.
- , tenta me entender, por favor. - minha voz estava falha - O que você fez comigo... - ele me interrompe.
- Eu sei que o que eu te fiz passar foi horrível, mas a diferença entre nós dois é que eu era um adolescente frustrado que queria descontar meus problemas nas pessoas, já você... - faz uma pausa e eu o olho - Você não passa de uma vadia sem coração. - aquilo foi como um soco no estômago.
Lágrimas começaram a se formar nos meus olhos, minhas pernas estavam ainda mais bambas que antes. Eu tentava falar alguma coisa, mas nenhuma palavra saía da minha boca.
- Se o que você queria era partir meu coração, parabéns. - bate palmas - Você conseguiu fazer isso direitinho. - e pela primeira vez ele desvia o olhar - Agora não precisa me procurar nunca mais. - pude sentir a primeira lágrima escorrer pelo meu rosto - Eu vou pra casa, não tenho mais o que fazer aqui. - dá alguns passos e antes de sair da cozinha me olha - E quanto a essa camisa... - aponta pra camisa que eu vestia - Fica com ela, não quero ter nada que me lembre de que eu já me envolvi com você. - sai da cozinha e eu fechei os olhos escorregando até chegar ao chão.
Segurei nos cabelos com as duas mãos enquanto as lágrimas caíam descontroladamente pelo meu rosto.
Eu sentia uma dor enorme no peito com aquilo tudo, com todas aquelas palavras dele. O que eu tinha na cabeça pra fazer aquilo com alguém? estava certo, eu não passava de uma vadia sem coração.
Era o que eu mais queria quando resolvi aceitar o emprego em Corning, e agora que consegui era como se estivesse um vazio dentro de mim. Era uma dor ainda pior do quê a que eu havia sentido no baile de primavera.
O baque da porta batendo me fez chorar ainda mais enquanto sentia os braços da me envolverem num abraço. Ele havia ido embora, e eu não podia consertar aquilo.
Eu o machuquei, ele estava certo em não querer olhar na minha cara nunca mais.
- Eu não devia ter falado nada. - fala enquanto passava a mão nos meus cabelos - É tudo culpa minha. - eu levanto a cabeça a olhando.
- Não , a culpa é minha. - ela me olha - Fui eu que inventei essa história de vingança. - rio pelo nariz - Eu consegui o que eu queria desde o começo, porque eu não poderia simplesmente estar feliz com isso?
- Porque quando você inventou isso, você não esperava que fosse se apaixonar. - me abraça fazendo com que eu deitasse a cabeça em seu ombro - Mas você se apaixonou , por isso ta doendo tanto em você também.
Não falo mais nada, apenas fico deitada em seu ombro enquanto chorava. Ela acariciava meus cabelos e repetia várias vezes pra que eu parasse de chorar, pra que eu me acalmasse, mas não dava certo.

Nós passamos o dia todo no apê vendo filmes enquanto a tentava me fazer comer algo. Eu já havia me acalmado, não estava mais chorando como mais cedo, mas as palavras do se repetiam na minha cabeça.
"Você não passa de uma vadia sem coração..."
"Não precisa me procurar nunca mais..."
"Não quero ter nada que me lembre de que eu me envolvi com você..."
Eu olhava pra TV, mas era como se estivesse no mudo, às únicas coisas que eu ouvia era a voz do na minha cabeça.
- ? - me balança devagar e eu a olho vendo que o estava ali com ela, eu nem havia o visto chegar - O que você acha da gente pedir uma pizza e ficarmos aqui vendo alguma coisa na TV? O já topou. - ela o olha e volta a me olhar.
- Vocês decidem. - me levanto colocando a almofada no sofá - Eu vou pro quarto, preciso ver umas coisas do trabalho. - era mentira, e eu sabia que a não acreditaria.
- Você quer que eu leve um pedaço de pizza pra você? - ela me olha - Você precisa comer alguma coisa.
- Eu to sem fome . - forço um sorriso - Boa noite pra vocês, eu não devo sair mais do quarto hoje. - pego meu celular na mesinha de centro e vou pro quarto.
Entrei no quarto olhando em volta enquanto fechava a porta. Meu quarto ainda estava bagunçado de ontem à noite, e depois do que aconteceu eu não tive nenhuma vontade de arrumar.
Fui pro banheiro e me despi colocando a roupa no cesto e entro no box. Abro o chuveiro deixando a água cair pelo meu corpo enquanto eu mantinha meus olhos fechados.
Depois do banho, voltei pro quarto, vesti a lingerie, um short de pijama e a blusa do que eu estava de manhã. Eu havia a tirado e deixado sobre a cama.
Deitei-me abraçando o travesseiro e sentindo o perfume dele adentrar as minhas narinas e fechei os olhos pra evitar que alguma lágrima ousasse a cair.
Ontem estava tudo maravilhoso, nosso jantar, nossa conversa, nossos beijos. Já hoje eu estou aqui sozinha, abraçada com o travesseiro usado por ele, apenas pra sentir o seu perfume enquanto segurava às lágrimas e ele não quer me ver nunca mais.

~ pov's on~
Depois de descobrir toda a verdade por trás do meu "relacionamento" com a , era como se faltasse algo dentro de mim.
Sempre que eu falava com ela, ouvia sua voz, eu conhecia o significado de "paz interior", porque era o que ela me dava. Eu me apaixonei por ela tão rápido, e tão facilmente que quando eu me dei conta disso acabei me assustando. Perguntei-me várias vezes, como era possível se apaixonar por alguém em duas semanas? Eu nunca encontrei a resposta, mas eu nunca tive dúvidas sobre estar apaixonado, até contei pra minha mãe sobre isso.
Quando eu acordei no domingo eu via um momento perfeito pra pedi-la em namoro, ter algo ainda mais firme e mais sério com ela. Porém, meus planos foram por água abaixo quando ouvi a falar que eu era uma vingança, e pior ainda a ainda confirmou tudo.
Mesmo tendo feito o que eu fiz no baile de primavera há dez anos, eu não conseguia entender porque ela havia chegado a esse ponto. Como ela podia ser tão fria a ponto de querer brincar assim com o coração de alguém?
Eu realmente não a entendia. Ela parecia tão apaixonada, mas a verdade é que ela era mesmo uma ótima atriz.
Mas eu não podia ficar pensando nela, na verdade, eu não tinha nem tempo pra isso. Eu precisava me preocupar com a minha mãe, que estava piorando cada vez mais.
- Senhor ? - o médico aparece na sala de espera chamando a minha atenção e a da .
- E como ela está hoje? - eu o olho.
- É exatamente sobre isso que eu precisava conversar com vocês dois. - intercala o olhar entre mim e a - A mãe de vez reagiu bem à primeira fase da quimioterapia, mas da segunda pra cá ela não reagiu nada bem. - ele nos olhava atentamente sem tirar a postura séria e profissional do rosto - Eu odeio ter que dá esse tipo de notícia pra família, mas o tumor da sua mãe atingiu o pulmão e está a poucos segundos do coração. - me abraça já chorando. Eu sabia o que aquilo significava, mas eu tentava me manter calmo pela minha irmã - Eu recomendo que vocês vão vê-la e falar com ela, porque a mãe de vocês pode não passar de 24 horas.
Era como se o ar faltasse nos meus pulmões. Eu mal conseguia sequer piscar. A minha mãe tinha apenas mais um dia de vida. Isso não podia ser verdade.
me abraçava com toda força que podia enquanto chorava desesperadamente, eu não tinha força nem mesmo para abraçá-la. Eu não sabia o que fazer agora.
Eu passei minutos ali sem ao menos me mover. Quando me dei conta eu e a entravamos no quarto da minha mãe. Havia aparelho por todos os lados. Um para respirar, o outro que levava soro a veia, e mais vários outros que eu não fazia ideia pro que servia. Ela tinha os olhos fechados, sua pele estava mais pálida que o normal.
- Mamãe. - fala segurando a mão dela, mas ela sequer se move - Eu não quero que você vá, eu não quero que você nos deixe aqui. - ela falava entre vários soluços - Eu queria ter um jeito pra te salvar, mas eu não tenho. - eu a olho sentindo lágrimas se formarem nos meus olhos - Eu amo você mamãe, amo muito, mais que tudo nessa vida. - ela leva a outra mão até a da minha mão deixando a dela entre as suas - E eu só quero te agradecer por tudo o que você fez por mim em todos esses anos. - ela beija a mão da minha mãe.
Ficamos no quarto por um tempo enquanto a "conversava" com a minha mãe. Depois eu pedi pra que ela me deixasse a sós com nossa mãe, pra que eu pudesse ter um tempo com ela. Provavelmente o último.
- Mãe, você não pode fazer isso comigo. - eu já podia sentir um forte nó na garganta - Se você for agora, como vai ficar a ? Como eu vou ficar? - eu a olhava naquela cama, e nem sabia se ela podia mesmo me ouvir - Eu não posso cuidar dela, eu não sei cuidar nem de mim. - rio pelo nariz - Mãe, eu preciso de ajuda. Eu não consigo fazer isso sozinho. - lágrimas se formavam nos meus olhos - Você sabe que desde que o papai nos deixou você se tornou a minha heroína, a mulher na qual eu vou ter o prazer de falar pros meus filhos sempre, do quão maravilhosa você é. - sorrio deixando que uma lágrima caísse - Eu não sei o que fazer agora, eu estou tão perdido. Agora eu to sozinho. A verdade, é que toda força que eu encontrei nesses últimos dias vieram de alguém que não está mais ao meu lado. E agora você vai me deixar assim também? - eu me viro de costas pra ela ficando de frente pra uma parede - Isso não é justo mãe, eu não aguento mais ser abandonado pelas pessoas. - encosto a testa na parede - Eu nem sei se você realmente me ouve. - rio sem nem um pingo de humor me virando de volta pra ela - Mas eu te amo demais, e só queria que você ficasse bem. Faz isso pela . - passo a mão em seu rosto pálido - Faz isso por mim. - passo a outra mão no rosto secando as lágrimas.
Talvez aquelas palavras ajudassem em algo, talvez não. Eu tinha certeza de que não mudaria nada, mas eu só ia desistir quando o coração dela parasse de bater. Caso contrário, eu acreditaria até o último minuto.
Fiquei mais um tempo no quarto apenas segurando sua mão e a olhando. Só de pensar que amanhã nesse mesmo horário ela já podia não estar mais aqui, doía mais do que qualquer coisa nesse mundo.
~ pov's off~


Dois dias. Dois dias desde que tudo aconteceu havia se passado, mas parecia que a cada minuto sem ele era uma eternidade da minha vida. Eu podia está exagerando, com certeza estava. Porém, doía tanto em mim que eu não sabia mais o que fazer pra esse vazio acabasse.
Nenhuma ligação, nenhuma mensagem, nem mesmo um encontro inesperado na rua. Bom, acho que essa história de que o mundo é pequeno nunca soou tão mentirosa como agora. Se o mundo fosse mesmo pequeno como dizem, provavelmente o estaria aqui ao meu lado agora.
Eu não conseguia me concentrar em nada, eu mal conseguia comer ou dormir. A todo momento eu pensava nele, em como ele estaria agora com tudo o que está passando.
- ? - ouço alguém falando meu nome me fazendo sair dos meus pensamentos.
- Sim? - olho pra dona da voz, era a diretora Trish.
- O que você acha da nossa proposta? - eu arqueio a sobrancelha sem entender do que ela falava - De fazer um festival de talentos pra que os alunos tivessem a oportunidade de mostrar o que sabem. - eu balanço a cabeça positivamente como se soubesse que ela havia falado sobre isso antes.
- Eu acho... - fui interrompida pelo toque do meu celular. Olhei no visor que aparecia "". - Me dá licença, eu preciso atender. - me levanto e saio da sala.

~Ligação on~
Eu:
Oi, . - atendo.
: . - ela soluçava
Eu: Ei, o que aconteceu?
: É a minha mãe. - a voz chorosa ficava ainda mais nítida - Vem pra cá, por favor.
Eu: Tudo bem, mas tenta se acalmar. - eu já estava ficando preocupada - Eu chego aí em vinte minutos.
: Okay. - ela desliga
~Ligação off~

Olho pro celular por alguns segundos e corro de volta pra sala. Entro indo direto até a minha bolsa e pegando a mesma, junto com alguns papéis que eu deveria analisar.
- Onde você está indo? - Trish me olha.
- Eu preciso ir, é urgente. - coloco a bolsa no ombro e seguro os papéis - Agora não dá pra explicar nada. - não deixo que ela ou alguém fale mais nada e saio da sala.
Vou até o estacionamento, entro no meu carro jogando a bolsa e os papéis no banco do passageiro e dou a partida. Peguei um pouco de trânsito, mas por sorte o hospital não era longe, então não demorei a chegar.
Estacionei o carro na rua ao lado do hospital, desci apenas com o celular na mão e corri em direção à entrada. Assim que entrei avistei sentada ao lado de Karen, enquanto chorava. não estava ali. Assim que ela me viu correu até mim me abraçando apertado.
- Ei, o que aconteceu em? - passo a mão em seus cabelos.
- A minha mãe ta mal, muito mal. - fala entre soluços.
- Vai ficar tudo bem. - sussurro ainda fazendo carinho em seus cabelos - Eu to aqui com você. - ela me aperta tentando controlar o choro.
Eu a abraço mais forte tentando passar alguma segurança pra ela. Eu não sabia o que falar, muito menos o que fazer, mas ela precisava de mim.
- O que você ta fazendo aqui? - a voz de acaba me assustando e eu o olho. Ele tinha os olhos vermelhos, provavelmente estava chorando. A tristeza em seu rosto me fazia querer abraçá-lo. Me fazia me xingar por ter feito mal a ele.
- Eu liguei pra ela. - fala desfazendo o abraço - Eu sei que vocês terminaram há dois dias, mas eu preciso dela aqui. - ele dá ombros como se a minha presença ali não mudasse em nada pra ele, e se senta em uma das cadeiras.
Levo até uma das cadeiras e me sento ao lado dela ainda a abraçando. estava logo a minha frente com os braços cruzados e uma expressão séria no rosto. Ele mal olhava pra mim, já eu não conseguia tirar os olhos dele.

O resto do dia se passou tão devagar que parecia que nunca acabaria. No começo da noite chegou ao hospital junto com a . Ele se sentou ao lado de que estava junto a irmã, e se sentou ao meu lado.
Ninguém aparecia pra falar nada sobre a , já estava ficando nervoso. E todo esse estresse estava passando pra .
- Eu vou ao banheiro. - se levanta junto com Karen e as duas saem indo pro banheiro.
- Cara, você tem que se acalmar. - fala olhando pra - Você tá deixando sua irmã nervosa. - ele olha pra onde a havia ido - Eu sei que ta sendo difícil, mas ela precisa de você.
- Eu sei. - fala passando as mãos no rosto - Eu vou tomar um pouco de ar. - se levanta e sai de dentro do hospital.
me olha, olhando pra porta logo em seguida. Olho pra que assente com a cabeça e me levanto indo atrás dele.
- Oi. - me aproximo me sentando ao lado dele num pequeno muro ao lado da escada - Eu sei que eu sou a pessoa que você menos quer ver agora. - rio pelo nariz - Mas vai ficar tudo bem. - ele nem ao menos me olhava.
- Não vai ficar tudo bem. - solta uma risada sem humor - O médico falou que ela pode ter só mais 24 horas de vida. - balança a cabeça negativamente e eu senti meu coração apertar.
- , você pode contar comigo pro que precisar. - o olho - Eu sei que tudo o que fiz foi horrível, mas quanto a isso eu sempre falei a verdade.
- Esse é o problema . - se levanta me olhando - Eu não sei quando você falou a verdade, na verdade, eu nem tenho certeza se alguma vez em todo esse tempo você fez isso. - entra pro hospital me deixando com a maior cara de boba do lado de fora.
Ele estava certo. Porque deveria acreditar em mim? Eu errei com ele, e errei muito. Respiro fundo e me levanto entrando de volta pro hospital e me sentando novamente ao lado da que agora tinha também ao seu lado.
Durante a madrugada dormiu com a cabeça no meu ombro. e haviam acabado dormindo sentados nas cadeiras também. Karen havia ido pra casa a pedido de . E quanto a nós dois, ficamos um olhando pro outro durante toda a noite.

Já era de manhã quando o médico veio nos informar que havia falecido. entrou em desespero, e por mais que controlasse as lágrimas caíam pelo seu rosto enquanto abraçava a irmã, ele também estava desesperado.
Olhar aquela cena dos dois ali abraçados chorando dava uma dor imensa no coração. Saber que a havia partido doía muito, por mais que não nos conhecíamos há muito tempo, essas últimas semanas eu havia me apegado tanto a ela, quanto a , ao então nem se fale.

(...)

Chegar de um enterro nunca era fácil, mas imagina o quão difícil é quando essa pessoa é a sua mãe. Tudo bem, eu também não entendia essa dor, mas e sim. Os dois estavam completamente desolados.
Com ajuda do eu que organizei tudo do velório e do enterro da . não tinha cabeça pra nada disso.
Entramos na casa dos eu, , , e . Todos se sentaram no sofá e eu e ficamos de pé. Ela não havia dormido direito nos últimos dias, nem . A verdade é que eu também não havia dormido direito desde a minha briga com o , e depois da morte da mãe dele eu não conseguia pegar no sono passando a noite preocupada com o mesmo.
- , sobe pro seu quarto e toma um banho. Eu vou levar algo pra você comer e depois descansar um pouco. - eu a olho e ela assente subindo as escadas - , você deveria fazer o mesmo. - eu o olho - Eu posso fazer algo pra você comer também.
- Eu não preciso da sua ajuda. - ele fala e me olha - Nem a precisa. - ele aponta pra escada que a irmã havia subido - Na verdade, eu não sei nem o que você está fazendo aqui. - me olha novamente - Eu disse que não queria mais te ver. - eu sentia meu coração ser esmagado a cada palavra que ele falava.
- É você disse que não queria mais me ver. - repito as palavras dele - Mas eu não ligo , quando a sua irmã me ligou era porque ela precisava de mim. - e não falavam nada, apenas nos olhavam - Se você não precisa, ótimo. - faço uma pausa - Mas eu vou ficar enquanto a precisar. Eu prometi a sua mãe que iria cuidar de vocês, e não vai ser você que vai me fazer quebrar essa promessa. - vou andando pra cozinha.
- Ah você prometeu isso a minha mãe? - eu podia sentir a ironia na sua voz - Ela sabia o que você estava fazendo? Sabia que os seus únicos planos era brincar com o coração do filho dela? - me viro pra ele que já estava de pé - Com certeza não, porque eu não duvido muito que você é capaz de mentir até pra uma mulher muito doente.
- , quer saber? Eu não vou discutir com você, você está estressado pela perda da sua mãe e eu entendo isso. - passo uma das mãos no rosto - Fale o que você quiser, mas eu só vou embora quando a disser que não precisa mais de mim. - saio da sala e vou pra cozinha.
Eu tinha um nó na garganta. Eu queria gritar, chorar. Eu queria bater no . Porém, estava me segurando pra não fazer nada disso.
Depois de preparar um sanduíche e suco pra saí da cozinha segurando um prato e o copo. Passei pela sala recebendo olhares da e do , mas parecia indignado demais até pra me olhar. Subi as escadas indo pro quarto de e a encontrando sentada sobre a cama olhando uma foto que ela estava com sua mãe.
- Olha aqui, come um pouco. - me sento ao seu lado colocando as coisas na mesinha de cabeceira - Sabe que onde ela estiver ela deve tá bem orgulhosa de você. - ela me olha - Ela sabe que você vai se tornar uma mulher incrível. - ela me olha com os olhos cheios de lágrimas.
- Não faz nem três dias direito e eu já sinto muita falta dela. - fala com a voz embargada e eu a abraço - Eu só queria que ela estivesse aqui agora.
- Ela sempre vai estar com você. - desfaço o abraço - Aqui. - coloco a mão em seu peito - E aqui. - e o indicador em sua testa.
Ela assente com a cabeça e volta a me abraçar. Ficamos um tempo conversando enquanto eu a fazia comer um pouco. Assim que ela acabou lhe entreguei um remédio pra dormir.
- Toma isso que vai te ajudar a dormir. - ela assente e toma o remédio - Eu vou pra casa, porque seu irmão não quer a minha presença aqui. - rio pelo nariz - Mas quando precisar já sabe. - aponto pro telefone.
- Porque vocês terminaram? - me olha enquanto se deitava.
- Eu o magoei, mesmo sem querer. - rio fraco - Mas a gente fala sobre isso outro dia, agora descansa. - beijo a testa dela e sorrio.
- Obrigada, por tudo. - sorri.
Fico com ela no quarto até que ela durma e depois saio com o prato e o copo vazio. Deixo tudo na cozinha, e volto pra sala.
- Ela dormiu, mas se ela precisar é só me ligar. - olho pro que assente com a cabeça.
- Eu já disse que ela não precisa de você. - me olha - Você já conseguiu o que queria, então porque não some da minha vida de vez? - fala irritado.
- quer saber de uma coisa? - pego a minha bolsa no sofá o olhando - Eu não iria querer vingança se você não tivesse feito o que fez, então antes de me culpar, lembre-se que quem começou tudo isso, foi você. - aponto pra ele e abro a porta - Você vem? - olho pra que assente saindo junto comigo.
Saímos da casa do e entramos no carro. Ela foi dirigindo, já que havia cismado que eu estava nervosa demais pra isso, e não era nenhuma mentira.
- Você precisava ter falado aquilo? - me olha rapidamente.
- Eu não ia ficar aguentando desaforos dele e ficar calada. - dou ombros - E não foi nenhuma mentira.
- Vocês deveriam conversar sobre isso , ta na cara que vocês se gostam e tão nessa por orgulho. - ela falava olhando pra rua.
- Orgulho? você ta ouvindo o que você ta falando? - rio pelo nariz - Ele nem ao menos me deixa falar algo.
- Você já teve várias oportunidades pra falar a verdade, só não falou porque é orgulhosa demais pra assumir pra ele que você também está apaixonada. - ela me olha quando para no sinal.
Não falo nada e olho pra rua. Ela podia estar certa. Talvez eu tivesse medo de assumir pra ele que também havia me apaixonado. Ou talvez, a culpa fosse mesmo dele que não me deixava falar.
Um mês depois...
Um mês. Eu já estava um mês sem nem ao menos falar com o . sempre me ligava, e eu encontrava com ela em algum lugar, isso até enquanto ela não voltava pra escola. Quando ela voltou nos víamos durante a manhã e algumas vezes saímos pra conversar durante a tarde.
Eu sempre acabava perguntando do . Sempre queria saber como ele estava, se ele estava bem ou não. até ficava me enchendo pra ir falar com ele, mas é claro que eu nunca a ouvia.
Eu sentia falta dele, muita falta, mas meu orgulho nunca me deixava ir atrás. Todas as vezes que eu ia visitar ele era um babaca comigo, porque eu iria querer ir atrás dele?
Nesse ultimo mês mesmo tendo a eu me sentia sozinha, como se me faltasse uma parte. As letras das músicas pareciam se encaixar perfeitamente a minha vida. Como 'I miss you - Beyoncé" na parte que dizia:
"Words don't ever seem to come up right
But I still mean them
Why is that?
It hurts my pride
To tell you how I feel
But I still need to
Why is that?
I miss you
Like everyday
Wanna be with you
But you're away
I said I miss you
Missing you insane
But if I got with you
Could it feel the same?"

Eu sentia falta dele, e eu sabia disso, e mesmo que eu tentasse falar eu não conseguiria. Como diria a música "Fere meu orgulho, te dizer como eu me sinto". Porquê eu era assim? Eu queria conseguir dizer tudo o que eu sinto, mas simplesmente não saía.
Estacionei o meu carro em frente aquela casa grande. Eu tentava me convencer de todas as formas que estava ali só por , mas será mesmo que isso era verdade? Provavelmente, já que há essa hora estava na agência, por isso eu vim.
Desci do carro com o embrulho em mãos e fui andando até a entrada da casa. Toquei a campainha e fiquei esperando até que ela abrisse. Demorou alguns minutos até que alguém abrisse a porta, quando abriu tudo o que eu menos queria aconteceu. estava em casa. E ele abriu a porta.
- Oi. - falei meio sem graça tentando não encará-lo - Eu vim ver a .
- Ela ainda não chegou. - olha pra dentro de casa - Mas você pode esperar ela aqui se quiser. - dá passagem pra que eu pudesse entrar.
- Obrigada. - passo por ele entrando e me sentando no sofá.
Ele passa por mim se jogando no sofá oposto. Não conseguir evitar que meus olhos corressem pelo seu abdômen completamente descoberto. Balancei a cabeça negativamente olhando pro outro lado.
Thor correu até mim pulando nas minhas pernas enquanto eu brincava com ele acariciando seus pelos. Quando se cansou, voltou pro quintal onde estava.
Ficamos quase uns cinco minutos só ouvindo a televisão que passava algum filme de ação que eu tentava prestar atenção, mas não conseguia. também não conseguia prestar atenção, ele estava inquieto no sofá, toda hora mudava a posição.
- Como você tá? - eu tomei coragem e perguntei.
- Eu to bem, nas circunstâncias possíveis. - ri pelo nariz - E você? - ele brincava com o controle em suas mãos.
- Eu to bem, eu acho. - rio fraco e encaro o embrulho de presente sobre minhas pernas.
Voltamos a ficar em silêncio. Um nem sequer olhava pro outro. Evitávamos ao máximo ter algum tipo de contato.
Eu não aguentava mais aquilo. Eu precisava tentar consertar tudo, e se eu queria uma oportunidade essa era a hora.
- , eu... - coloco o embrulho ao meu lado passando as mãos no rosto. Às palavras não saíam da minha boca.
- Você? - fala pra que eu pudesse continuar.
- Quando tudo aconteceu no baile de primavera eu realmente fiquei mal, eu jurei que me vingaria de você assim que eu saí daquela escola. - rio pelo nariz - Naquele dia quando eu cheguei em casa e minha mãe perguntou o que aconteceu, eu não conseguia falar nada, só chorar. Sabe como é horrível ver a sua mãe chorando junto com você ao descobrir a humilhação que você passou em frente a escola inteira? - balanço a cabeça negativamente me lembrando de como a minha mãe havia ficado quando eu contei a ela. - Eu pedi pra ela me deixar ir morar com o meu pai na Califórnia, ela não hesitou em deixar, porque viu o quanto eu tava sofrendo aqui. - ele me olhava, mas eu não o olhava - Quando eu cheguei à Califórnia eu pedi pra minha madrasta me ajudar a mudar, e eu mudei de verdade. Mudei as minhas roupas, o cabelo, tirei os óculos, o aparelho, tudo. Eu entrei no novo colégio sendo outra pessoa e nunca mais ouvi nenhum apelido de mau gosto de ninguém. - eu olhava pra todos os lados, menos pra ele - Mas eu ainda tinha pesadelo todas as noites com o baile de primavera, eu tive que fazer terapia por muito tempo. E eu acho que você ficou sabendo disso, já que antes da minha mãe ir embora pro Brasil, ela conversou com a diretora sobre o motivo deu ter ido embora da escola e também da cidade. - não tirava os olhos de mim - É horrível você se sentir como um lixo, você se sentir a "estranha" no meio de todos. E de tanto me colocarem pra baixo, eu comecei a me odiar, eu não gostava de nada em mim, eu me colocava pra baixo sempre. - nada daquilo era mentira. Eu demorei anos pra conseguir levantar a minha autoestima, eu me odiava. Não conseguia olhar no espelho e me achar bonita. Hoje em dia eu consigo fazer isso sempre - Quando me ofereceram o emprego de psicóloga no colégio aqui em Corning, eu não pensei duas vezes, era a minha oportunidade de me vingar de você. Um pouco mais de um mês antes de vir, eu pedi um detetive particular pra descobrir tudo o que ele conseguia sobre você. A idade que você tinha agora, o que você fazia, onde trabalhava, onde morava, os lugares que frequentava, e bom ele descobriu. - rio fraco me sentindo uma idiota por ter feito aquilo - Na noite em que nos encontramos, não foi bem por um acaso, porque eu sabia que aquela balada era a que você mais frequentava na cidade, mas eu nem imaginava que você aparecia lá àquela noite. Mas parecia que o destino queria mesmo que eu me vingasse, e você apareceu. Eu não trombei com você porque eu sou desastrada, eu trombei com você porque eu realmente quis. Porque de todas as pessoas envolvidas nisso, a única que me machucou de verdade foi você, porque eu gostava mesmo de você. - balanço a cabeça negando - Eu só não contava com uma coisa nesse tempo... - faço uma pausa - que você estaria passando por tudo aquilo. - não era bem isso que eu ia falar, mas a palavra não saía.
- Eu não imaginava que você tivesse passado por tudo isso. - eu o olho pela primeira vez - Eu fui um idiota. Eu só fiz tudo isso porque meu pai havia voltado na noite anterior com toda história de se aproximar de mim e da minha irmã, e eu queria descontar em alguém. E como a Brooke já havia me falado sobre isso, eu aceitei. Eu fiz isso porque ela disse que dormiria comigo na noite do baile, e dormir com a menina mais popular do colégio era o que todos os meninos mais queriam. - ele ri fraco balançando a cabeça negativamente - Mesmo que ela já tivesse dormido com a metade do colégio. - eu fui obrigada a concordar, porque não era nenhuma mentira - Mas quando a diretora falou que você havia saído do colégio e se mudado por causa do que nós fizemos, eu me senti muito culpado e a verdade é que o meu namoro com a Brooke não durou nem mais duas semanas depois do baile. - ri pelo nariz - Eu entendo que você me odeie, eu só quero de espero que um dia você possa me perdoar.
- Te odiar? - não evito uma risada e ele me olha - , eu não te odeio. - eu o olho - Na verdade, eu acho que é contrário disso... - faço uma pausa e respiro fundo - Eu acho que eu te amo. - ele me olhava como se eu estivesse falando algo absurdo - Eu planejava sim, desde o começo me vingar, eu queria mesmo partir seu coração e te humilhar como você fez comigo. - me levanto andando pela sala e parando na frente dele - Mas estava sendo divertido sair com você, falar com você, ficar com você. E eu comecei a repetir pra mim mesma todos os dias como um mantra na frente do espelho "Eu não posso me apaixonar por ", sim eu fazia isso o tempo todo. - rio balançando a cabeça - Mas essa história de mantra na frente do espelho é muita mentira. - ele ri - Eu ia acabar com tudo depois de ter vindo aqui e conhecido sua mãe e sua irmã, era o que eu ia te falar no dia em que sua mãe foi pro hospital, mas eu não tive coragem, e naquele mesmo dia eu comecei a perceber que estava apaixonada. - ele me olhava atentamente - Quando você descobriu tudo eu tentei te falar tudo isso, mas você não deixava, você só gritava comigo e falava tudo aquilo. - não pude evitar uma lágrima, mas a sequei rapidamente - Mas é isso , a minha vingança acabou se tornando paixão, e que hoje eu percebo o que é amor. - sorrio e ele se levanta ficando na minha frente.
- Pode parecer meio idiota, mas você pode repetir o que você disse? - ele fala e eu rio.
- Você não acha que eu falei coisa demais pra repetir agora? - ele ri revirando os olhos me fazendo gargalhar. - Eu amo você. - falo o que ele queria ouvir e ele sorri segurando na minha cintura.
- Eu amo você. - ele fala e eu sorrio. Ele não havia falado "também" porque não era uma coisa que ele se sentia obrigado a dizer, ele só disse.
- Repete? - coloco os braços em volta do seu pescoço.
- Eu amo você. - fala aproximando seu rosto do meu.
- Só mais uma vez? - ele ri.
- Eu te amo. - me dá um selinho - Eu te amo. - outro selinho - Eu te amo. - um último selinho, mais demorado dessa vez.
Começamos um beijo calmo, sem nenhuma pressa. Nós queríamos matar a saudade que estávamos um do outro, e que não era pouca. Ele se senta no sofá me colocando em seu colo, com uma perna de cada lado do seu corpo.
- Espera. - corta o beijo e eu o encaro - Me desculpa por ter te chamado de vadia sem coração.
- Sabe uma coisa que eu percebi, guardar mágoa não vale a pena, então esquece isso. - lhe dou um selinho rápido.
- Mas eu não devia ter falado aquilo, eu peguei pesado. - ri fraco.
- , esquece tudo o que aconteceu okay? - ele assente - Agora só volta a me beijar, por favor. - ele sorri voltando a me beijar.

Já estávamos ali há um tempo nos beijando. já estava ficando "animadinho". Ele coloca a mão por dentro da minha blusa começando a subir a mesma enquanto eu descia os beijos pro seu pescoço.
- Oi?! - a voz da surge na sala e nós nos assustamos nos separando rapidamente - Eu perdi alguma coisa? - eu viro a cabeça pra poder olhá-la percebendo que ela estava acompanhada de uma menina e um menino que eu os conhecia de vista. Senti minhas bochechas corarem enquanto eles riam.
- Eu vim ver você. - eu estava prestes a me levantar, mas me manteve em seu colo e eu o olhei entendendo o motivo, me deixando ainda mais envergonhada.
- To vendo o quanto você veio ME ver. - ri sendo acompanhada dos amigos - Mas quer saber, fico feliz que vocês se resolveram. - sorri - Vocês se resolveram né? Não é só uma reconciliação momentânea não é? - eu não pude evitar uma risada sendo acompanhada de .
- A gente se resolveu sim. - fala olhando pra irmã - De agora em diante é definitivo. - sorri.
- Ainda bem, não aguentava mais ver os dois separados e sofrendo. - ela ri - Mas , agora você pode sair do colo do meu irmão. - os amigos dela riem e eu olho pro que assente puxando uma almofada pro colo.
- Eu trouxe isso pra você. - me levanto pegando o embrulho em outro sofá - Feliz aniversário. - a abraço - Tudo de melhor pra você. - a aperto um pouco.
- Obrigada, e tudo em dobro pra você. - sorri enquanto desfazia o abraço.
- Eu também comprei um presente pra você, deixei lá no seu quarto. - fala olhando a irmã.
- Vou olhar. - corre até a escada, mas para antes de subir - Espero que não se importe de ter trago visitas. - aponta pros amigos ao seu lado.
- Claro que não, a casa também é sua. - fala e ela sobe correndo com os amigos atrás dela.
- Tive uma ideia. - olho pro o puxando do sofá - Vamos ao seu quarto. - ele se levanta e me olha com um sorriso malicioso - Não é nada disso que você ta pensando. - reviro os olhos - É pra você colocar uma camisa pra gente sair.
- Okay, mas aonde nós vamos? - me olha enquanto subíamos as escadas.
- No supermercado, sua irmã merece um jantar especial de aniversário. - entramos em seu quarto - E eu acho que hoje é um dia muito especial. - me sento em sua cama.
- Tenho que concordar. - me empurra me fazendo deitar na cama e se deita sobre mim.
- . - falo enquanto ele beija meu pescoço - Vai vestir uma camisa. - tento empurrá-lo, mas sem colocar força porque a verdade é que eu não queria que ele saísse.
- Você quer isso tanto quanto eu. - solta uma risadinha dando uma mordida fraca no meu pescoço me fazendo fechar os olhos.
- , nós não estamos sozinhos em casa. - suspiro enquanto sentia seus beijos - E a porta tá aberta. - ele levanta a cabeça olhando pra porta. Eu aproveito pra empurrá-lo o fazendo cair ao meu lado na cama e me levanto - Chega! - passo as mãos no cabelo pra me recompor - Vai se vestir logo. - vou até o guarda-roupa dele e pego uma camisa jogando ao seu lado na cama.
- É bom ver você assim por minha causa. - ele ri se sentando na cama enquanto vestia a camisa.
- Idiota. - reviro os olhos saindo do quarto dele com ele no meu encalço.
- Seu irmão ta mesmo pegando a gata da psicóloga, queria ser ele. - ouvimos o amigo da falar e paramos na porta do quarto dela - Imagina dormir com uma mulher daquela.
- Credo Tom, para de ser pervertido. - a menina fala e empurra a porta.
- Pode ter certeza que é ótimo dormir com ela. - eles se assustam e nos olham na porta - Mas pode parar com essa história de falar e imaginar coisas sobre a minha namorada. - o garoto assente como se estivesse com medo do . e a amiga riem.
Namorada?
Ele havia mesmo falado aquilo?
- A gente vai sair, então tenham juízo. - fala.
- Vocês não precisam sair daqui pra se agarrarem. - fala enquanto ri.
- Nós vamos ao supermercado. - falo - Então pode parar de pensar besteiras.
- Se você diz. - dá ombros e eu rio - E obrigado pelo vestido, é lindo. - sorri colocando o vestido na frente do corpo - E quanto ao seu presente eu nem preciso falar que adorei né? - olha pro irmão enquanto segurava um porta-retratos - Obrigado maninho. - ela o abraça dando vários beijos em sua bochecha.
- Não há de quê. - ri tentando fazer a irmã parar - Agora nós vamos ao supermercado, e vocês não baguncem a casa crianças. - fala e eu rio enquanto revirava os olhos.
Saímos do quarto dela descendo as escadas. Saímos da casa dele e fomos até o meu carro, entramos no mesmo e eu dou a partida. Fomos o caminho todo conversando sobre qualquer besteira que tínhamos pra falar enquanto ríamos iguais dois idiotas.
Assim que chegamos ao supermercado ele pegou um carrinho e nós entramos a procura das coisas que precisávamos pra fazer o jantar. Enquanto pegávamos as coisas realmente necessárias, pegávamos também um monte de besteiras.
- ? - uma voz feminina chama a nossa atenção e nós nos viramos dando de cara com uma mulher.
Eu a conhecia. Era ela, Brooke Wright. Ela tinha os cabelos na altura dos ombros, só que agora estavam pretos. Seu corpo não era mais escultural como há dez anos, ela estava muito magra, nem parecia a mesma de antes.
- Oi Brooke. - sorri simpático, mas dava pra ver que estava incomodado com aquilo.
- Não vai apresentar sua namorada? - olha pra mim.
- Você não se lembra de mim? - rio pelo nariz e ela balança a cabeça negativamente.
- Eu deveria? - ri fraco como se não quisesse ser grossa.
- Só uma dica... - faço uma pausa - Baile de primavera. - o espanto em seu rosto era evidente.
- Não é possível. - ri pelo nariz - ? ? - ela fala desacreditada e eu faço que sim com a cabeça segurando a vontade de rir da cara que ela fazia enquanto me olhava do pé a cabeça - Nossa, comi você ta diferente. - eu rio.
- Não fui só eu que mudou. - a olho de cima a baixo também.
- Quem diria que você iria namorar justo com a nerd que você disse que nunca teria nada. - olha pro .
- Sabe que se me falassem isso há dez anos eu não acreditaria? - ele ri pelo nariz - Naquela época eu fazia escolhas erradas, andava com pessoas erradas, eu era babaca demais pra perceber o quanto ela era uma menina incrível. - me olha e eu sorrio - Pra minha sorte nós nos encontramos de novo e agora estamos juntos. - ele segura minha mão e sorri.
- Nossa, parece que você conquistou mesmo o coração dele. - ela ri fraco.
- , vamos acabar as compras logo? Senão o jantar só vai sair de madrugada. - rio pelo nariz e ele concorda com a cabeça como se também quisesse sair logo dali.
- Vocês estão morando juntos? - pergunta curiosa.
- Você por um acaso é repórter da cidade? - arqueio a sobrancelha e ela faz que não com a cabeça - Porque você não para de querer saber as coisas. - ela me olha indignada e segura à risada - Agora nós precisamos mesmo ir. - forço um sorriso - Foi um prazer te rever. - falo irônica e eu e saímos andando.
- Acho que ela ficou meio espantada em te ver. - ele ri enquanto parávamos na fila do caixa.
- Posso confessar uma coisa? - o olho e ele assente - Foi tão satisfatório poder ver a cara dela quando eu falei o meu nome. - rio enquanto passava as compras - Foi mais engraçada que a sua. - ele ri balançando a cabeça negativamente.
- Você deve ter rido muito da minha cara no começo né? - me olha com os olhos cerrados.
- Não vou mentir, eu ri sim. - rio e ele me acompanha - Ainda mais nos dois primeiros dias, que você estava fazendo de tudo pra chamar a minha atenção. - começo a embrulhar as compras enquanto ele pagava - Mas eu queria que você soubesse de uma coisa... - faço uma pausa pegando uma das sacolas de compras enquanto ele pegava a outra - Eu nunca contei pra ninguém o que você me disse sobre o seu pai, nem mesmo pra . - ele sorri.
- Você não sabia mesmo sobre isso? - me olha.
- Eu sabia que seus pais tinham se separado, mas não sabia que as coisas tinham sido do jeito que você me contou. - o olho enquanto entrava no banco do passageiro com as compras e ele no lado do motorista.
- Eu sempre soube que podia confiar em você. - eu sorrio lhe dando um selinho.
Voltamos pra casa dele com ele dirigindo enquanto ouvíamos e cantávamos as músicas que passavam na rádio, e relembrávamos do show do Maroon 5 que fomos em Manhattan.

Eu e ficamos fazendo o jantar enquanto e seus amigos jogavam videogame na sala. Resolvemos fazer macarrão ao molho pesto que era o prato favorito da , e de sobremesa fizemos torta de chocolate com morango.
- se você continuar comendo o chocolate não vai dar pra fazer à torta. - o olho enquanto mexia o molho do macarrão.
- Tudo bem, eu parei. - acaba de colocar os chocolates por cima da torta e a leva pra geladeira, depois volta me abraçando por trás.
- Deixa eu ver uma coisa. - me viro um pouco de lado lhe dando um beijo rápido - Esse chocolate é mesmo muito bom. - ele ri concordando com a cabeça - Posso te fazer uma pergunta? - ele sussurra um "aham" e me solta se encostando-se ao balcão ao meu lado - Nós... Eu... - eu não sabia como perguntar aquilo - Ai que droga, eu não sei como perguntar isso. - ele ri.
- Me deixa ver se eu adivinho sua pergunta. - faz uma cara pensativa - Mais cedo quando eu falei pro amigo da que você é minha namorada, você ficou meio estática. - ri pelo nariz - É isso que está te incomodando né? - parecia que ele estava lendo meu pensamento.
- Não é que ta me incomodando. - mordo o lábio inferior colocando um pouco de sal no molho - Mas a gente meio que se reconciliou hoje, não acha cedo pra sair falando namorada? - eu o olho.
- Seria se nós já não tivéssemos passado um mês juntos, e depois daquela nossa noite, você pegou no sono e eu fiquei pensando porque não te pedir em namoro. - ele dá um meio sorriso e me olha - E agora não é como se isso fosse diferente, nós acabamos tendo um pequeno desentendimento. - ri fraco coçando a nuca - Mas se você é daquele tipo de mulher tradicional não tem problema... - levanta o polegar pedindo pra que eu esperasse um minuto, sai da cozinha correndo.
Olho pro lugar onde ele estava antes sem entender o que ele estava fazendo. Desligo o fogo onde estava a panela do molho e vou até a travessa de macarrão sobre o balcão colocando o molho sobre o mesmo. Depois de finalizar o prato, levei a travessa até a mesa já posta a colocando no centro. Como não voltava fui até a sala.
- O jantar está pronto. - falo chamando atenção dos três adolescentes no sofá - E depois eu quero jogar uma partida com vocês. - aponto pro videogame.
- Duvido que ganha de mim. - o amigo da fala.
- Para de ser convencido. - o empurra no sofá e eu rio - Cadê o ? - se levanta indo até a cozinha acompanhada de mim e dos amigos.
- Ele saiu da cozinha falando que demorava um minuto, mas já tem mais de cinco. - rio e os três se sentam-se à mesa - Eu vou ir buscá-lo.
- Acho que não precisa mais. - aponta pra algo atrás de mim e eu me viro dando de cara com .
- Como eu dizia antes. - para na minha frente - Se você é do tipo tradicional, não tem nenhum problema... - se ajoelha - , você quer namorar comigo? - abre uma caixinha que tinha duas alianças.
- Eu achei que já fosse sua namorada. - eu não escondia o sorriso em meu rosto - Mas sim, eu quero namorar com você. - ele sorri colocando uma das alianças no meu dedo e se levantando. Coloco a outra no dedo dele e ele segura na minha cintura.
- Eu juro que você não vai se arrepender. - fala olhando nos meus olhos.
- Eu tive a certeza disso quando me apaixonei por você. - coloco os braços em volta do seu pescoço.
- Eu amo você. - sorri.
- Eu também te amo . - sorrio e ele me puxa mais pra ele e me beija de uma vez, enquanto e os amigos aplaudiam a gente.
Não evitamos risadas separando nossos lábios. Eu o olhava enquanto ele ainda ria. Eu estava feliz, talvez mais do que nunca. Só ele me deixava assim e eu sabia disso.
Eu o amava e não tinha nenhuma dúvida sobre isso.


Sete anos depois...
Uma retrospectiva do que aconteceu nesses últimos anos... Um pouco mais de dois meses depois que o me pediu em namoro eu acabei engravidando. Quando eu contei pro , eu achava que ele ia surtar, mas pelo contrário, ele ficou mais feliz do que eu já havia nos visto. Como se formou no colegial e foi pra uma faculdade na Inglaterra, eu fui morar com na casa que era da sua mãe.
Nos casamos quando nosso filho Nicholas estava com seis meses. Quando ele já estava com dois anos resolvemos ter mais um filho, e dessa vez veio uma menina, na qual resolvemos chamar de , em homenagem a mãe de .
Hoje Nicholas está com 7 anos, e com cinco. Ainda moramos em Corning, e Thor ainda está com a gente.
- Mamãe, papai, olha o que eu fiz. - vem correndo até a gente no quintal com um papel na mão.
- O que é isso princesinha? - fala enquanto segurava o papel.
- É a nossa família. - ela olha pro papel - Esse aqui é o papai, essa a mamãe, esse o Nick, essa daqui sou eu e esse é o Thor. - ela mostrava cada um no papel.
- Que lindo meu amor. - sorrio e olho pra ela - Mas ta faltando uma coisa aí. - ela e me olham e Nicholas vem até nós correndo com Thor, e se jogando no colo do pai - Só que na barriga da mamãe. - coloco a mão na barriga.
- Você ta grávida? - me olha e eu faço que sim com a cabeça - Quando você descobriu?
- Hoje de manhã quando você foi ao parquinho com as crianças e o Thor. - acaricio os pelos do Thor que estava com a cabeça no meu colo - Eu acordei meio enjoada hoje e percebi que tava atrasada, aí fui à farmácia, comprei o teste e deu positivo. - sorrio.
- Ta ouvindo filho? - olha pro Nicholas - Você vai ter mais um irmãozinho. - passa a mão na minha barriga.
- Ou irmãzinha. - fala e eu concordo com a cabeça.
- Ou irmãzinha. - repito afagando seus cabelos.
- Você acha que é menina? - se vira pra mim quando as crianças saem correndo pelo quintal acompanhadas de Thor.
- Eu não sei rio. - rio - Mas seja menina, seja menino, eu vou ficar muito feliz. - passo a mão na barriga sorrindo.
- Já tava achando essa casa grande demais pra nós quatro e o Thor. - eu rio - Você me faz o homem mais feliz do mundo sabia? - segura meu rosto enquanto olha nos meus olhos.
- Eu sabia sim. - falo convencida e ele ri - Porque você me faz a mulher mais feliz do mundo. - sorrio lhe dando um selinho.
- Quem diria que você ia se apaixonar pelo babaca do colégio? - eu gargalho.
- E quem diria que você iria se apaixonar pela nerd estranha? - ele ri me puxando mais pra perto - Eu amo você, amo muito, muito e muito. - lhe dou um selinho.
- Eu também amo você muito, muito e muito. - me dá um selinho começando um beijo calmo.
Quem diria que um dia eu me casaria justamente com o garoto no qual eu jurei vingança aos 17 anos? Quem diria que ele me daria filhos lindos? Quem diria que hoje eu me sentiria a mulher mais feliz do mundo?
E o que começou como uma vingança, se tornou amor.


Fim



Nota da autora (15/10/16): Olha eu aqui de novo...
Espero que vocês tenham gostado da história, de verdade. Eu escrevi ela com o Tyler Blackburn (Caleb de PLL) porque ele é um dos meus crush's da vida e eu nunca tinha escrito uma história com ele, então por isso resolvi escrever essa. Eu sei que é uma história bem clichê, mas vou confessar que eu adoro clichês haha e espero que vocês também gostem.
Quero dedicar essa história pra minha melhor amigo Maria, porque ela sempre me dá apoio pra postar as minhas histórias, ela que sempre lê antes de todo mundo pra saber se está mesmo boa pra postar, ou se precisa mudar algo, então acho que não há ninguém que eu deva agradecer mais que ela. Obrigada Mah, de verdade <3
E quero agradecer a Bela por está betando a fic, imagino que não seja nada fácil isso, então Obrigada Bela <3
E agradecer a vocês por terem lido <3 Obrigada de coração <3




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