“If tomorrow you won't be mine
Won't you give it to me one last time
Oh baby let me love you goodbye”
Não deveria ser daquele jeito.
Eu nunca fizera nenhum tipo de planejamento para nós dois, mas também não era como se eu quisesse que aquilo – o que quer que fosse aquilo – acabasse.
Eu só... Nunca entendi relacionamentos. Sequer tive algum que durasse mais que um dia. Mas com ela estava sendo diferente. Era diferente.
– .
– .
Por longos minutos – que pareceram uma eternidade – observei a garota de longos cachos acobreados admirar a noite londrina em silencio, assim como eu estava fazendo pouco antes dela chegar.
Enquanto ela olhava para o horizonte, um pouco adiante da London Eye, eu me permiti olhar para seu rosto, memorizando aqueles traços pelo que parecia ser a última vez.
Quando a conheci, não passava de uma garota tímida, que mal olhava nos nossos olhos quando falávamos com ela. Falava baixo, quase sussurrando. Os cabelos eram curtos e escuros. Mas ainda assim, era encantadora.
Agora, pouco mais de um ano depois do primeiro dia, eu olhava para a mulher que foi capaz de mudar tudo em mim, sem que eu ao menos tivesse percebido tal mudança, sem que ao menos ela soubesse disso. Eu não sei quando, nem como passei a precisar de sua presença, de seus abraços e de seu chocolate quente. Eu simplesmente passei a precisar dela.
Talvez o meu erro fosse nunca ter dito isso a ela.
– Obrigada por ter vindo. – Ela disse, sem olhar para mim. Suas mãos pousaram sobre o muro da ponte de Westminster. Tive vontade de por minhas mãos sobre a sua, mas me detive.
– Você disse que precisava falar comigo.
Internamente, desejei que ela só tivesse dito que precisava de mim. Aproximei-me um pouco, o bastante para perceber que seus olhos estavam mais úmidos do que o habitual.
– Eu não sei nem por onde começar.
– Talvez você não precise... – Eu sussurrei, vendo-a olhar pela primeira vez para mim. Meu coração parou de bater naquele exato segundo.
- Não, . – Ela sussurrou de volta. Nem mesmo o som de carros atrás de nós parecia incomodar. – Eu não posso mais continuar... Assim.
Meu coração ainda parecia não ter voltado a bater. Minha respiração parecia mais pesada do que o habitual.
– Assim como, ?
– Sem saber como vai ser o meu futuro, . – fechou os olhos, inclinando a cabeça levemente para trás, como se aquilo fosse a impedir de recuar. – Um futuro que eu nunca sei se você vai estar lá ou não.
– Você sabe que eu vou estar. Eu sempre estive.
– Mas, por quanto tempo mais isso vai durar? – Ela perguntou, fitando-me com seus expressivos olhos castanhos. – Eu sei que nunca prometemos nada um para o outro, eu sei que combinamos de não... De não...
De não nos apaixonarmos.
Foi como levar um soco na boca do estomago.
Eu me lembrei do dia que falamos sobre aquilo. Foi apenas uma conversa banal, num fim de noite depois de uma longa turnê. foi me ver, a meu pedido. E entre alguns beijos e cervejas, havíamos prometido que não nos apaixonaríamos um pelo outro, porque não queríamos que aquela química que sempre rolava quando nos encontrávamos acabasse.
Eu nunca perguntei os motivos dela para que não quisesse se apaixonar, mas para mim, naquele momento, parecia o ideal.
Nada daquilo parecia fazer sentido agora.
– Eu sei o que falamos naquele dia. – Juntei minhas mãos em seu pequeno rosto, impedindo-a de desviar o olhar. Eu queria que ela visse a verdade em meus olhos, caso não conseguisse expressar em palavras. – Mas nada disso importa. Eu não posso ficar sem você, .
Eu vi muitas coisas passarem pelos olhos dela. Foi como ver um filme – o mesmo que se passava em minha cabeça naquele instante. Mas eu não a vi ceder. Senti seus dedos gélidos pousarem sobre os meus. Ela sorriu pelo nariz, fechando brevemente os olhos. Quando os abriu e olhou para mim, eu vi uma lágrima escorrer.
Se não parecia ser aquilo que ela queria, por que estava fazendo aquilo?
– É exatamente o contrário. Tudo importa. Você não entende?
– Não, eu não entendo porque você quer terminar...
– Terminar o quê, ? – Ela riu, tirando minhas mãos de seu rosto. – Nós não temos nada. Não estou te cobrando, mas é que eu não posso mais continuar vivendo esperando por um telefonema que eu nunca sei quando que vai acontecer. Eu não posso mais viver de incertezas.
Eu sei que ela esperava por alguma resposta. Eu sei que deveria dizer tudo o que estava sentindo, deveria contar que eu também estava me apaixonando por ela. Mas eu simplesmente me calei.
sorriu mais uma vez, como se já soubesse que aquilo aconteceria. Ela se aproximou, ficando na ponta dos pés para depositar um longo beijo em meus lábios. Eu a abracei, aprofundando o beijo. Não houve resistência de sua parte e o nosso beijo tinha gosto de suas lágrimas.
Aquele era o gosto do adeus.
Quando eu achei que ficaria sem ar, ela se afastou. Respirou fundo para se recuperar também e, depois de colocar uma mecha atrás da orelha, ela assentiu.
– Adeus, .
Estático, observei atravessar a rua e pegar um taxi. Foi tão rápido quanto o baque que levei ao perceber que deixei partir a única que deveria ficar.
– Adeus.
Sussurrei apenas para mim, sentindo o vento bater em minha nuca. Tinha acabado, então. Não deveria ser daquele jeito...
Fim.
Nota da autora: (13.05.2016)
Bem, dramático eu sei. Mas o que seria da nossa vida sem um pouco de drama? Espero que tenham gostado! :D
Ah, e quem quiser, acompanhe minha outra fic: A História de Nós Dois
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Para saber quando essa linda fic vai atualizar, acompanhe aqui.
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