CAPÍTULOS: [Capítulo Único]









Capítulo Único


Peguei uma rosa dentre as várias que havia naquele jarro e a fitei. Não, muito tradicional. Devolvi a rosa ao jarro e andei até o outro lado da floricultura. Lírios. Isso, mamãe iria adorar lírios.
- Me lembra de pedir um carro novo para a mamãe depois que isso acabar, ok? – avisei, apontando para Zachary, meu irmão mais novo. Ele riu, levantando a sobrancelha.
- , carro novo? Compra um, né? – enfiou um chiclete na boca. – Você é a bem-sucedida da família, tá velha já.
- Velha? – abri a boca, horrorizada. – Eu não tô velha!
- Tá, sim. – voltou a afirmar. – Você já tem vinte e seis anos.
- Vinte e seis anos não é velha. – rebati, revirando os olhos. Ele ia falar algo, mas eu o interrompi. – E fica quieto. Vem, vamos pedir as flores e vamos pra casa.
- Velha e resmungona. – falou baixo.
- Eu ouvi. – falei, arrastando-o para o caixa da floricultura. Meus pais estavam comemorando trinta anos de casados e resolveram fazer uma enorme festa para celebrar isso. E claro, minha mãe deixou para resolver isso tudo na última hora, e claro que sobrou pra mim, a filha mais velha, a que tem um milhão de coisas para revolver, mas vamos deixar isso nas mãos dela, ela resolve, ela se virava sozinha. Então, eu tive que parar tudo no escritório e deixar a semana inteira para a organizar a cerimônia dos meus pais. Mas como eu não era boba e nem nada, arrastei o meu irmão, Zach, para me ajudar com tudo aquilo. O que já estava me arrependendo, porque ele só sabia me irritar. Aliás, ele só fazia aquilo desde que nasceu. Três anos depois de mim. – A gente tem que ir olhar um coral para a cerimônia. – comentei já dentro do carro, dirigindo para a casa dos meus pais.
- Coral? – ele riu. – A mamãe não te disse? – o olhei, confusa. Neguei. – A minha banda vai tocar.
- Você deve tá brincando, né? – ri, irônica. – É claro que a mamãe não faria uma coisa dessas.
- Mas ela fez. – deu de ombros, olhando para fora da janela, fitou uma loira peituda, correndo. Revirei os olhos.
- Zachary! – o chamei alto.
- Ah, , você nunca ouviu a minha banda e sempre falou mal. – rebateu, cruzando os braços. – Você só é implicada.
- Não sou implicada. – me defendi. – Só não acho que o estilo de vocês seja propício para esse tipo de festa, oras.
- Sei. – balançou a cabeça, sarcástico. – Você podia ir ao ensaio na quinta. – suspirou baixo, encarando as mãos. – Ou podia pelo menos tentar. – o fitei. Meu coração se apertou. É, ele tinha razão, eu sempre inventava algo para não ouvir as barulheiras dele e dos amigos no porão quando éramos mais novos. Eu podia dar uma chance, não é?
- Certo, eu vou aparecer. Só me mandar o endereço depois, ok? – pedi, tirando a mão do volante e bagunçando o seu cabelo.
- Para com isso! – ele riu, tirando a minha mão de lá. – Anda, vamos embora, tô morrendo de fome.
- Por isso tá gordo! – balancei a cabeça, negativamente. – Você não disse que ia começar a academia com um amigo seu lá.
- Ia, mas não pude. – falou, dando de ombros.
- Por que não? – perguntei, estacionando o carro na entrada da casa dos meus pais.
- Porque eu não quis. – rebateu, rindo. Fiz uma cara de desdém pra ele.
- Como você é engraçadinho. – ironizei, pegando a minha bolsa e descendo do carro, Zach me acompanhou. Assim que entrei em casa, mamãe estava ao telefone, falando rapidamente com alguém, e papai estava assistindo algum tipo de documentário sobre coalas, ou algo do gênero. – Oi, pai. – sentei-me ao seu lado, encostando a cabeça em seu ombro. Ele sorriu, beijando minha testa.
- Oi, abelhinha! – falou, chamando-me pelo meu apelido de infância. É, ele me chamava assim desde que uma abelha picou meu rosto e minha bochecha inchou. Não foi bonito, não queria mais lembrar, mas meu pai fazia questão de me lembrar dessa história toda vez que me chamava assim. Mas deixei, até porque abelhinha era fofo e quase ninguém sabia da história mesmo. – Como foi o seu dia?
- Corrido! – choraminguei. Ele riu de alguma coisa que o coala havia feito, e eu ri, revirando os olhos.
- Mãe, tem comida? – Zach perguntou alto, indo para a cozinha. Mamãe não respondeu, continuou falando ao telefone. – Mããe!
- Ok, Jackie, eu te ligo mais tarde. – mamãe falou, desligando o telefone em seguida. – Você já olhou os armários e a geladeira, Zachary? – cruzou os braços.
- Mas fácil perguntar. – ele respondeu, rindo.
- Vou te doar para a caridade, menino! – avisou, falando alto.
- Vai nada, você me ama. – ele apareceu na sala novamente, segurando um pacote de cheetos. Abraçou a minha mãe de lado e beijou sua testa. – Te amo, mãe.
- Tá, ok. Agora vai arrumar o seu quarto! – mandou, dando um tapinha no bumbum dele. Ri, minha família era louca. Mamãe sorriu e veio até mim. – Oi, querida!
- Oi, mãe. – se sentou no sofá, ao meu lado e de papai.
- Conseguiu organizar alguma coisa hoje? – perguntou ansiosa. Assenti, pegando a minha bolsa e tirando uma agenda de lá. – Já arrumei as flores, a decoração, já encomendei uma pouco da comida... – falava e apontava na minha agenda os itens citados. – Ainda tenho que arranjar uma cerimonialista, confirmar a data e essas coisas.... – dei de ombros. – Mas é coisa básica. Mas, no geral, está tudo nos conformes. – sorri, satisfeita. – Sua filha é demais, dona Lydia!
- Ela é mesmo! – sorriu, agradecida, abraçando-me de lado. – Obrigada, querida. Sem você essa festa não iria acontecer. – beijou minha bochecha.
- Não iria mesmo. – brinquei. Suspirei. – Argh, eu preciso ligar para o escritório e saber se as coisas estão indo bem sem mim por lá.
- Você vai ficar louca de tanto trabalhar, filha. – minha mãe alertou. Assenti, balançando a cabeça.
- E eu não sei? – me levantei. – Vou usar seu telefone, mãe. – avisei, pegando o telefone de seu colo, disquei os números do ramal da minha secretária e fui para o meu antigo quarto.
- Escritório de , Jenny falando. – ela atendeu.
- Jen, sou eu. – me joguei na minha antiga cama, fitando o teto branco. – Perdi muita coisa importante?
- Nada, hoje isso aqui tá parado! – avisou. – Só o Mark que perguntou de você hoje uma três vezes.
- Hm. – fiz, sem emoção. Mark era um cara do meu trabalho que havia me chamado pra sair umas cem vezes e eu sempre falava que não podia, e ele nunca se mancava.
- E aí, como estão os preparativos para a festa? – perguntou animada.
- Estão correndo bem. Ainda tenho muito o que organizar, mas, no mais, estão indo bem. – sorri. – Ok, Jen, eu vou desligar agora. Qualquer novidade, não hesite em me ligar.
- Pode deixar, chefa! – brincou. – Até mais, .
- Até. – e eu desliguei. Joguei o telefone do lado e abri meus braços, me espalhando na cama. Nossa, como eu sentia falta dessa casa, dessa cama, desse quarto. Passei os melhores anos da minha vida nesse lugar. Girei os olhos até encontrar meu antigo closet. Ainda tinha marcas dos pôsteres que estavam pregados ali. Ah, Nick Carter. Me encolhi na cama, fechando os olhos por um momento, deixando o cansaço bater finalmente.


Abri os olhos rapidamente assim que ouvi um barulho. Cocei os olhos, percebendo que havia caído num sono. Droga, não era pra eu ter dormido. Levantei-me rapidamente e desci para a sala, procurando alguém.
- Mãe? Pai? – chamei, mas não obtive respostas. Andei até a cozinha, vi Zach parado de costas, enquanto procurava algo na geladeira. Olha, aí, não para de comer o moleque. – Cadê o papai e a mamãe? – ele nada se respondeu. – Zach, eu tô falando com você. – falei mais alto. Ele fechou a geladeira e se virou pra mim.
- Oi, . – e não era Zach. Quem diabos era aquele garoto? Ele sorriu, abrindo uma garrafinha de água. Tomou um gole da água e secou a boca com o dorso da mão. Ficou me fitando com aqueles olhos , esperando alguma reação minha. Ah, é, reação, claro.
- Quem é você? – perguntei enfim.
- Ah, qual é, não faz tanto tempo assim que a gente se viu. – ele falou, sorrindo. Franzi o cenho, balançando cabeça.
- Não, desculpe. Eu realmente não me lembro de você. – avisei, dando de ombros. – É algum amigo do meu irmão? – perguntei, passando por ele e indo à geladeira, pegando também uma garrafinha de água.
- Sim, eu sou um dos melhores amigos do seu irmão. – falou, cruzando os braços e esperando que eu adivinhasse o resto.
- E...? – falei, gesticulando para que ele terminasse de se apresentar.
- . Eu sou o , seu vizinho nos últimos, sei lá, doze anos? – falou incrédulo. Jesus, como ele era sensível.
- Ok, desculpa. – levantei os braços, me rendendo. – Não fico muito aqui depois que me mudei.
- É, mas a gente se viu no Natal, lembra-se? – instigou minha mente. Fiz uma cara pensativa, tentando me lembrar. É, acho que tinha uma vaga memória daquele dia. Mas eu estava tão animada por Josh, meu ex-namorado, ter vindo que eu não estava ligando pra ninguém. Aquele cretino!
- É, acho que sim. – forcei um sorriso. – Então, como vai?
- Vou bem. – sorriu, encostando-se na mesa. – E você? Como tá indo os negócios?
- Vão bem, obrigada. – sorri, tomando a minha água em seguida. – Cadê o meu irmão?
- Saiu com os seus pais. – avisou.
- E você tá aqui por que...? – perguntei. Ele riu.
- Ele me pediu pra esperar. – explicou, como se fosse obvio.
- Certo. Claro. – balancei a cabeça, concordando. Então o silêncio caiu entre nós. Ele batucou os dedos sobre a mesa.
- Então, você ainda está com aquele cara? – perguntou de repente. O fitei, e ele também me fitava. Como eu consegui esquecer esses malditos olhos? Claro, . . O garoto que vivia brincando com o meu irmão e vivia me infernizando também. Eu e minhas amigas. É, devo admitir que ele havia mudado muito. Cresceu, cresceu bastante. Acho que Zach deveria ir para a academia com ele. Ok, o que foi que ele perguntou mesmo?
- Ahm, não. – neguei, dando um sorriso amarelo. – Nós não estamos mais juntos.
- Sinto muito. – falou.
- Ah, tudo bem, ele era um cretino mesmo. – falei, dando de ombros. Ele riu alto, concordando.
- Eu notei isso. – comentou, ainda rindo. Levantei uma sobrancelha, intrigada.
- Como é? – perguntei, virando-me para ele, esperando uma explicação.
- Estava na cara que ele não prestava, . – falou simplesmente. Minha cara de interrogação deve ter sido evidente, porque ele logo emendou. – Eu via como ele olhava para a suas primas. E acredite, não era admiração e respeito.
- Arght! Filho da puta! – falei, passando a mão no rosto. – Só me deu dor de cabeça, aquele imbecil.
- Se tivesse pedido meu conselho, eu tinha te avisado. – falou, jogando uma piscadinha. – E de graça.
- Ah, valeu. Mas agora tá meio tarde, não? – falei, sendo óbvia. Ele riu, se desencostando da mesa.
- Nunca é tarde, . – avisou, andando para fora da cozinha. – Fala para o Zach me procurar lá em casa depois.
- Ok. – falei apenas, e ele sumiu da minha frente. Minutos bem mais tarde, meus pais e meu irmão estavam de volta. Aparentemente, mamãe me deixou dormir enquanto iam resolver sobre o local da festa. Ok, eu não iria protestar, eu estava realmente cansada pra resolver mais isso ainda. – Então, onde vai ser? Algum salão de festas aqui perto? – perguntei, sentando-me no sofá, colocando as pernas sobre o colo de Zach, que protestou, mas acabou por ceder.
- Não, muito melhor! – mamãe sorriu, animada. Papai a abraçou pelo pescoço, sorrindo junto. – Lembra que a gente queria fazer lá no Plaza?
- Ah, mentira! Conseguiram lá? – falei, animada e com os olhos brilhando.
- Na verdade, não. – mamãe fez uma careta, e eu murchei o sorriso. – Eu queria muito também, mas estava muito em cima da hora. Mas nós conseguimos naquela chácara perto da cidade, sabe? Aquela que vocês adoravam ir quando crianças.
- Sério? Aquele lugar não está meio... Morto? – perguntei, fazendo uma careta.
- Não, eles reformaram lá. – Zach avisou. – A gente foi lá agora e tá tudo novo.
- Bom, nesse caso, que bom! – sorri. – Vai ser ótimo fazer num lugar familiar.
- Você vai adorar lá, filha. – mamãe falou, suspirando. – Vai ser tudo lindo. – sorri, fitando-a. Parecia uma adolescente falando do seu primeiro casamento. Eu adorava vê-la assim. – Eu avisei que você poderia querer ver ou arrumar algo por lá, então, a sua entrada está liberada.
- Ótimo, porque eu realmente vou querer ir lá antes. – avisei, encostando a minha cabeça no ombro de Zach. É, eu tinha essa mania. – Mãe, posso dormir aqui hoje?
- Claro, querida. – ela sorriu. – Inclusive, vou preparar o seu prato preferido hoje... – sorri largamente já sabendo o que ela falaria a seguir. – Frango italiano com molho branco.
- Jura, mãe? – só de pensar minha boca salivava. Ela assentiu, sorrindo. Me levantei rapidamente e pulei no pescoço dela. – Eu te amo!
- Você e seu irmão só me amam pela comida. – falou, apertando as minhas bochechas. Fiz bico, negando. – Mas também amo vocês, criaturas.
- Mãe, posso chamar o pra comer com a gente? – Zach perguntou de repente. Fitei mamãe.
- Claro, filho. já é praticamente da família. – falou com aquele sorriso doce que ela sempre tinha. Minha mãe era uma pessoa boa demais, às vezes me irritava. É sério.
- Por falar no seu amigo, ele te esperou um tempo aqui e depois foi embora, disse que era pra você procurar ele depois. – avisei Zach, que concordou, levantando-se.
- Vou lá, então. – foi em direção a porta da sala. – Volto na hora do rango.
- Claro que volta! – mamãe e eu falamos juntas, e depois rimos.
- Vou tomar um banho. – avisei, soltando-me dela. – Ainda tem aquelas roupas antigas minhas aqui, né?
- Estão no seu armário, como sempre estiveram. – falou, batendo o indicador levemente sobre o meu nariz. – Ah, depois me dá essas suas roupas pra eu colocar na máquina pra lavar.
- Sim, senhora! – bati continência. Pouco depois, voltei ao meu quarto, tirei a minha roupa, peguei uma toalha e fui para o banheiro. Tomei um longo banho quente, daqueles que limpam até a alma mesmo. Quando voltei, fui dar uma olhada nas roupas que ainda tinham guardadas no meu armário. Encontrei umas quatro minissaias, duas blusas com um baita decote, um vestido super colado... – Nossa, como eu era vadia! – falei, descartando as roupas. No final, achei um antigo vestido, soltinho, florido escondido no fundo. É, até que ele ficou bonitinho. Quando desci, ouvi vozes e risos. Meu irmão e estavam jogando videogame. Quantos anos eles tinham? Doze? – Vocês não crescem nunca?
- Ih, lá vem! – Zach murmurou sem tirar os olhos da TV. – Caralho, , era pra você me defender. Presta atenção!
- Foi mal, me distrai aqui. – falou, sorrindo sem jeito. me fitou e sorriu. – Você fica melhor nesse vestido do que aquelas roupas engomadinhas.
- Engomadinhas? – eu tive que rir. – São Armani, .
- Oh, você lembrou meu sobrenome! – falou, sorrindo. Dei de ombros.
- Eu sei exatamente quem você é. – alertei, colocando as mãos na cintura. – Sei exatamente como vocês dois me infernizavam na adolescência. – ele riu alto.
- Deixa ela, cara. Foco aqui no jogo! – Zach resmungou, estapeando o amigo.
- Calma, aí, Zach. – ele falou, pausando o jogo e recebendo xingamentos do meu irmão. Comecei a rir da cara de pasmo dele. – Eu te infernizava? Você que sempre implicava com tudo o que a gente fazia, !
- Ah, que audácia! – balancei a cabeça, negativamente. – Eu trazia as minhas amigas aqui, e vocês ficavam nos perturbando o tempo todo.
- Claro que não! Vocês que enchiam o nosso saco falando que o som tava alto, que tinha que se maquiar, experimentar roupas e esses trecos de mulher. – rebateu com um sorrisinho malicioso. – E suas amigas me amavam.
- Sonha, ! – ri, desdenhando.
- Calem a boca os dois! – meu irmão falou alto. Nós dois o fitamos, surpresos. - tinha uma queda por você, . E, cara, você infernizava sim as amigas dela. – falou de repente. – Podemos voltar a jogar agora?
- Fica quieto, Zachary! - mandou, sem graça. Segurei um riso, desviando o olhar para outro lado. – Vai, vamos jogar isso logo.
- Ahm, eu vou ajudar a dona Lydia. – avisei, saindo de lá e rumando para a cozinha. Ri sozinha, balançando a cabeça. tinha uma queda por mim? Por essa eu não esperava.
- Qual é a graça, ? – minha mãe perguntou, franzindo o cenho. Dei de ombros.
- Nada de mais, mami. – falei, aproximando-me dela. – Quer alguma ajuda?
- Quero, obrigada. Mexe esse molho aqui, enquanto eu termino as outras coisas? – pediu, entregando-me a colher. Peguei e continuei a mexer o molho. Hm, adorava aquele cheirinho.
- Mãe, o passa muito tempo aqui em casa? – perguntei, casualmente. Sim, foi casual, ok? Ok.
- Ele sempre tá aqui ou o seu irmão tá lá, passam a maior parte do tempo juntos. – explicou, enquanto cortava uma batata. – Esse menino é um amor. Cresceu tanto!
- É, cresceu bastante mesmo. – comentei, lembrando-me de mais cedo, na cozinha. – Ele tem a idade do Zach, né?
- Não, é dois anos mais velho que o seu irmão. – falou rapidamente.
- Sério? Eu não fazia ideia. – falei, surpresa. – Ah, outra coisa. Ô, mãe, que história é essa de deixar a banda do Zach tocar na cerimônia?
- Ah, querida, ele pediu tanto. Por que não? Seria uma honra ter o meu menininho cantando no dia do meu casamento. – sorriu toda meiga. Aff, mãe, para de ser fofa. Assim não dá pra brigar.
- Mas e se eles cantarem... – abaixei o tom. – Se eles cantarem mal? – ela riu.
- Você nunca ouviu seu irmão tocando, né? – perguntou retoricamente.
- Erm, não. – respondi, dando de ombros. – Por que vocês ficam jogando isso na minha cara? Sou tão péssima irmã assim?
- Claro que não, filha. – ela se aproximou de mim. – Mas você poderia dar uma chance para o seu irmão, não é? Aposto que se surpreenderia.
- É, eu sei. – me dei por vencida. – Eu disse a ele que vou à um ensaio da banda dele na quinta. Prometo que farei isso!
- Fico feliz! – sorriu, voltando a fazer o que estava fazendo. Continuei mexendo o molho, fiz uma careta, observando-o ficar de outra cor. Ops.
- Mãe, quando eu sei que o molho tá pronto? – perguntei, em dúvida. Ela se aproximou novamente e fez uma careta, desligando o fogo.
- Um minuto antes dele ficar assim. – falou, fitando-me. Tampei a boca com as mãos.
- Fiz merda, né? – perguntei, já sabendo a resposta.
- Quando você não faz? – Zach falou, entrando na cozinha junto com o amigo.
- Zach, maninho, vai te catar! – mandei, quase mostrando o dedo do meio, mas me contive pela minha mãe.
- Crianças, parem! – minha mãe mandou, falando alto. – Ninguém fez merda aqui. – avisou, pegando a panela com o molho estragado e colocando na pia. – Só vai demorar mais um pouco pra sair o jantar. Tenho que começar tudo de novo.
- Eu posso fazer o molho se quiser, Lydia. - falou, se oferecendo. Zach e eu nos entreolhamos e depois o fitamos. – O que é? Eu sei fazer, oras.
- Sabe desde quando? – Zach perguntou, tão surpreso quanto eu.
- Já vi sua mãe fazendo várias vezes, Zach. Acabei aprendendo! – explicou, dando de ombros. Foi até a pia, que estava ao meu lado, e lavou as mãos. Enxugou-as no pano de prato sobre o balcão e foi pegando os ingredientes sobre a mesa.
- Então, você é prendado? – brinquei, cruzando os braços.
- Bom, pelo menos eu nunca queimei um molho branco. – rebateu, sorrindo. Fiz uma careta pra ele, que riu.
- E ainda é metido a comediante. – debochei, encostando-me à pia. Observei pegar cada ingrediente e colocar na panela, parecendo realmente saber o que estava fazendo. Acho eu que precisava fazer um curso de culinária.
- Zach, larga esse salgadinho! – mamãe mandou, fuzilando o meu irmão com olhar, que já estava comendo de novo. – Senão você não vai jantar, menino.
- Até parece. – falei, cruzando os braços. – Esse aí pode comer uma baleia que não fica satisfeito. Por isso tá gordo desse jeito.
- Se enxerga, ! – Zach falou alto. – Você acha que tá muito magra, né? Cuidado, se não vai rolar.
- O quê? – abri a boca indignada. – Cala a boca, eu não tô gorda!
- Mas tá gostosa... - sussurrou ao meu lado. Lancei um olhar sem graça para ele, que riu. Desviei o olhar e sai de perto dele.
- Ahm, erm.... – falei, fitando minha mãe, que terminava de preparar o restante das coisas. – Você vai comigo amanhã à chácara?
- Querida, eu adoraria... – sorri. – Mas não posso.
- Mas por quê? – fiz um bico.
- Eu tenho muita coisa pra arrumar aqui, . – explicou, fazendo uma careta fofa. Tá vendo? Não dava pra discutir com a minha mãe. Fofa ao excesso. – Chama o seu irmão pra ir.
- Vou nem, viu? Combinei de ajudar o papai amanhã com uma parada, aí. – falou, ainda comendo o salgadinhos.
- Ótimo, vou sozinha. – falei, chateada. – E eu queria levar a cerimonialista lá, porque temos que conversar sobre todo o processo da cerimônia, obviamente.
- Já achou uma? – minha mãe perguntou, fitando-me.
- Mais ou menos. Estou entre duas, mas vou me decidir e marcar um encontro com ela amanhã na chácara. – respondi, indo até Zach e roubando um salgadinho dele. – Ah, vamos comigo, Zachary, por favorzinho?
- Não dá, . – deu de ombros.
- Eu vou. – ouvi a voz de se pronunciar. Todo mundo olhou pra ele, que sorriu. – Eu te faço companhia, . Te dou essa honra!
- Pronto, querida. Achou uma ótima companhia! – mamãe falou, animada e sorridente.
- Ahm, ok. Tem certeza? – perguntei, franzindo o cenho. Ele assentiu, enquanto mexia a colher. – Ok, amanhã eu te aviso o horário, pode ser?
- Vou ficar esperando ansiosamente. – brincou, piscando os olhos exageradamente. Eu tive que rir. – Certo, Lydia. Voilà! - falou, desligando o fogo. – Está pronta mais uma obra prima. A segunda maior criação já feita.
- Segunda? – perguntei, levantando a sobrancelha.
- Claro. A primeira fui eu. – e jogou uma piscada pra mim. Revirei os olhos, rindo.
- Certo, crianças, lavem as mãos! – minha mãe pediu, apontando para nós. – E , me ajuda a colocar a mesa.
- Claro, mãe. – falei, indo pegar os pratos.
- Mas não quebre nada, sim? – pediu, sorrindo.
- Mãe, poxa!

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No dia seguinte, acordei disposta. Dormi como há tempos não dormia. Vi minhas roupas lavadas e passadas penduradas no meu armário, peguei minha camisa vinho e a fitei.
- Hm, não. – falei, soltando-a. Abri o armário e procurei outra roupa lá dentro. Achei uma saia simples e uma regata, o dia estava quente mesmo. – Pronto, não estou engomadinha. – falei para o meu reflexo no espelho. Engomadinha? Quem ele pensava que era? Depois de resmungar sozinha, resolvi descer para a cozinha, tomar um café e depois ir até a chácara. – Bom dia, família.
- Bom dia, filha. – papai falou, sem tirar os olhos do celular, enquanto tomava seu café. Esses pais modernos.
- Bom dia, querida. – mamãe falou, vindo até mim e beijando o topo da minha cabeça. Sorri. – Quer comer o quê?
- Tem mamão? Ou alguma fruta? – perguntei, sentando-me à mesa ao lado de papai. Zach, que estava ao meu lado, começou a rir.
- Fruta? É isso que você come de manhã? – perguntou ainda rindo.
- Sim, ok? Saiba que é muito mais saudável. – rebati, mostrando língua pra ele.
- Mas não enche ninguém, né? – mamãe falou, pegando uma das torradas sobre a mesa e colocando no prato a minha frente junto com um pedaço de queijo branco e uma xícara de chá. – Come isso, depois te dou um iogurte.
- Mãe, carboidratos logo de manhã? – fiz uma careta, fitando aquele prato venenoso e tão delicioso ao mesmo tempo. – E a minha dieta?
- Na minha casa não tem esse negócio de dieta, não. – avisou, sentando-se ao meu lado.
- É, eu sei. É só olhar para o Zach e o papai. – comentei, fitando os dois. Papai nem me ouviu, Zach, pelo contrário, me lançou um olhar mortal. Dei de ombros.
- , come logo! Você não sai daqui sem comer direito. – mamãe falou, pegando a torrada e querendo colocar na minha boca. Comecei a rir, pegando a torrada da mão dela e dando uma mordida.
- Satisfeita? – falei, mastigando. É, não foi educado.
- Bem mais. – sorriu, feliz. – Meu bem, temos que ir experimentar o seu terno hoje, não se esqueça.
- É, meu bem, não se esqueça! – brinquei, rindo.
- Não esquecerei, minhas lindas! – papai falou, sorrindo. – E Zachary, daqui a pouco a gente tá de saída.
- Ok, pai. Só vou achar o outro pé do meu tênis. – avisou, levantando-se e sumindo das nossas vistas.
- Aonde vocês vão? – mamãe perguntou, curiosa, enquanto tomava seu chá. Papai sorriu, levantando-se e indo até ela, beijando sua bochecha.
- Surpresa, Ly. – e saiu. Mamãe e eu nos entreolhamos, curiosas.
- Não sei também o que é, mãe. – falei, antes que ela perguntasse se eu sabia de algo.
- Seu pai está aprontando. – comentou baixo, com o olhar perdido, tomando o chá. Ih, lá vem as suposições.
- Mami, relaxa, ok? Papai não faria nada que te desagradasse. – falei, pegando o pedaço de queijo e me levantando. – Agora eu preciso ir. Combinei às dez com a cerimonialista.
- É a Jane mesmo? – assenti, comendo o queijo. – Ótimo, adoro ela.
- Que bom, então. – sorri, indo até ela e beijando sua bochecha. – Até mais tarde, dona Ly.
- Até, querida. Divirta-se! – falou, mandando beijos.
- Ah, sim, será muito divertido passar um tempo com o e sua arrogância. – revirei os olhos, rindo.
- Não fale assim, . é um ótimo rapaz, sabia? Vocês deviam se conhecer melhor. – sorriu, piscando pra mim. – Ah, , ele tá solteiro, pelo o que sei.
- Mãe! – repreendi, balançando a cabeça. – Olha, eu vou embora, você não está bem. Tchauzinho! – acenei, saindo de casa e rumando para à casa ao lado. Respirei fundo várias vezes antes de apertar a campainha. Segundos depois, a porta foi aberta por uma jovem senhora com um sorriso enorme. – Miranda!
- Oh, Deus! ? – ela sorriu, vindo me abraçar. Retribui. – Como você está linda, menina.
- Ah, imagina. – falei sem graça, soltando-me dela. – Você que está cada dia mais jovem.
- Oh, que isso, querida. – sorriu, abanando o ar. – Vamos entrar.
- Vou deixar para uma próxima, Miranda. Na verdade, eu só vim ver se o ainda vai comigo à chácara.
- Ah, sim. Então era por isso que ele tava se arrumando todo? – comentou, rindo. Ri junto. – Eu vou ver se ele está pron... – antes que ela terminasse, apareceu na porta, passando a mão no cabelo.
- Tô aqui. – beijou a bochecha da mãe. – Tchau, mãe. – se postou ao meu lado. – Oi, . Vamos?
- Ahm, ok. – ri, achando engraçando o jeito apressado dele. – Foi um prazer te rever, Miranda.
- O prazer foi meu, . Volte aí depois. – pediu, acenando. Concordei com um aceno de cabeça, andando até o meu carro com no meu encalço.
- Achei que você fosse desistir. – confessei, abrindo o carro e entrando, sendo seguida por . Ele riu, sentando-se e colocando o cinto.
- Obrigado pelo confiança. – foi irônico. Ri, sem jeito, ligando o carro e o colocando nas ruas de Oxford. – Posso perguntar o que você vai exatamente fazer lá?
- Eu vou me encontrar com a cerimonialista lá, vamos discutir os passos da cerimônia: entrada da noiva, dama, alianças e essas coisas. – expliquei, segurando o volante com uma mão e gesticulando com a outra.
- Ah, vai ser um casamento mesmo? Achei que seria uma festa comemorando e só. – confessou, dando de ombros. Ri.
- Sim, será um segundo casamento para renovação dos votos deles. – falei, pegando a estrada para a chácara. – Eu serei uma das damas de honra, inclusive.
- Quem vai entrar com você? – perguntou, fitando-me.
- Meu primo Nate. – respondi, sorrindo. – Zach vai entrar com a irmã de Nate, Liv.
- Liv a loira? – assenti. – Aquela com uns peit...- ele se interrompeu quando eu lancei um olhar nada bonzinho pra ele. – Com um coração enorme?
- Sim, essa mesma. – falei, fitando a estrada. – Vocês homens são todos iguais mesmo.
- Não fique com ciúmes, . – ele falou, fitando-me. – Você também tem um coração enorme. – riu.
- Cala a boca, ! – mandei, sem tirar os olhos da direção. – Vou te largar aqui no meio da estrada.
- Ok, fiquei quieto! – avisou, sentando-se direito no banco. – Posso ligar o som?
- Pode, claro. – apontei para o objeto. – Escolhe algo legal.
- Deixa eu ver o que você anda ouvindo. – falou, apertando para ligar o som. Segundos depois Sugar do Maroon 5 começou a tocar. – É, até que tem bom gosto.
- Evidentemente. – constatei. começou a cantar junto com Adam Levine. Sorri, ouvindo-o aumentar o tom. Olha, tinha que admitir, tinha uma ótima voz. Entrei na onda e comecei a cantar junto. - Sugar? Yes, please! Won’t you come and put it down on me?
- Estragou a música. – falou, balançando a cabeça. Mostrei a língua pra ele.
- Exibido. – falei, visualizando a estrada que levava até a chácara. Virei nela. – Mas, confesso, , você canta bem.
- Evidentemente. – me imitou. Ri, balançando a cabeça. Meu celular começou a tocar.
- Droga! – resmunguei. Minha bolsa estava no banco de trás, e eu estava dirigindo, então obviamente não podia atender.
- Quer que eu pegue? – se ofereceu. Assenti com um sorriso. pegou a minha bolsa, abriu e, pasme, atendeu o meu telefone. – Michê da . Em que posso ajudar?
- Ei! – reclamei, querendo pegar o celular dele, mas ele se esquivou.
- Sim, mas está ocupada agora. – falou, ainda se esquivando de mim. Riu, me fitando. – Ah, claro! Eu aviso, sim. – respondeu quem quer se fosse. – Tudo bem, até. – e desligou. O fitei, esperando uma explicação. – Era a Jane, ela disse que vai se atrasar um pouco.
- Ah, certo. – concordei, finalmente avistando a entrada para a chácara. Sorri, animada. Assim que nos aproximamos do portão, observei um interfone ao lado. Então, obviamente, apertei um botão, chamando.
- Olá, quem é?! – alguém atendeu do outro lado.
- Oi, eu sou a , filha da Lydia e do Carl . Eles reservaram a chácara para esse final de semana, eu queria dar uma olhada. – pedi, aproximando um pouco o rosto do interfone.
- Hmm... – fez, segundos depois soltou um “ahh”. – Ok, pode entrar.
- Obrigada. – agradeci, e finalmente o portão foi aberto. – Não tinha isso quando eu era criança.
- Quando você era criança não tinha nem internet, . - falou, zombando.
- Então, estamos quites nisso, não é? – falei, rebatendo. Ele riu.
- Ouch! Você me pegou! – se deu por vencido. Entrei na propriedade e observei o local. É, realmente ali tinha mudado muito. Estava mais sofisticado. Na época em que eu frequentava aquele local, cara, isso aqui era só terra, praticamente. Mas era divertido subir nas árvores e roubar fruta. Parei o carro no estacionamento, descendo finalmente. Um senhor de meia-idade veio até nós.
- Olá, você deve ser a , certo? – perguntou, estendendo a mão. Eu balancei a cabeça, confirmando. – Eu sou Jim, o caseiro.
- Ah, sim. É um prazer, Jim. – aceitei o aperto de mão. – Esse é , um amigo. Nós viemos dar uma olhada no local, e daqui a pouco uma outra pessoa chegará, tudo bem?
- Claro, sem problemas. – sorriu. – Fiquem à vontade para olhar. Se precisarem de mim, é só chamar. Estarei naquela casinha ali. – apontou para uma casinha colorida mais à frente.
- Ok, obrigada. – agradeci, e ele saiu. Deixando-nos à sós.
- Então, quer dar uma volta? - perguntou, apontando para um caminho de pedras mais à frente.
- Claro. – sorri, assentindo e andando até o caminho junto com ele. No caminho havia árvores de diversos frutos, flores, grama verde... Aquele lugar era lindo. Sorri, animada. Minha mãe havia escolhido um ótimo lugar. – Então, , o que você tem feito? – perguntei, de repente. Ele pareceu surpreso com a pergunta, sorriu e respondeu.
- Bom, eu trabalho com o meu pai algumas vezes na semana, faço alguns trabalhos freelancer e nos finais de semana, eu toco em Pubs com a banda. – falou, enfiando as mãos dentro dos bolsos da calça.
- Você trabalha? – perguntei mais surpresa do que deveria. Ele riu.
- Trabalho, . Eu não sou nenhum vagabundo que depende dos pais. – explicou, fitando-me.
- Ok, desculpe. – mordi os lábios, sem jeito. – Você faz o quê?
- Eu sou designer. – respondeu.
- É, você tem jeito de artista mesmo. – brinquei. Ele riu, balançando a cabeça.
- Obrigado? – perguntou em dúvida. Ri.
- De nada. – respondi, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Enquanto andávamos, observei uma árvore mais a frente e tive um déjàvu. – Eu conheço aquela árvore. – comentei, andando até ela. me seguiu.
- Conhece como? Já a encontrou em alguma festa? – perguntou sarcástico.
- Não, seu bobo! – falei, aproximando-me da árvore. – Espera! – falei, fitando o tronco da mesma, procurando algo que eu sabia que poderia ainda estar ali. Sorri, quando achei. – Aqui. – apontei para um ponto mais ao lado. Lá havia um coração e dentro dele a inicial do meu nome. – Meu pai fez pra mim quando eu era pequena.
- Puxa! – falou, surpreso, passando os dedos sobre a marca. Fiz o mesmo.
- Isso aqui é muito nostálgico pra mim. – observei em volta. – Isso fez parte de quem eu sou.
- Você gostava mesmo daqui, não é? – perguntou, encostando-se à árvore. Imitei seu gesto.
- Sim, bastante. – confessei, fitando-o. virou a cabeça, fitando-me também. Seus olhos se encontraram com os meus, mas estava indeciso entre meus olhos e minha boca. Mordi o lábio inferior. – Ahm, acho melhor darmos uma olhada por aí. – me afastei dele. Sorri sem jeito, passando mão no cabelo. Ele riu, balançando a cabeça.
- É claro. – concordou, dando passagem para eu passar. E foi o que eu fiz. Por final, demos uma olhada breve na chácara e ele me ajudou a decidir onde a cerimonia aconteceria. Jane apareceu um pouco mais tarde e finalmente pudemos conversar sobre os detalhes do casamento. Quando estávamos nos encaminhando para o meu carro, entrou na minha frente, sorrindo.
- Que susto, menino! – falei, colocando a mão no peito, rindo.
- Foi mal. – fez uma careta. - , deixa eu te levar num lugar?
- Que lugar? – perguntei, confusa.
- Um lugar. – falou, apenas. – Só, me dá as chaves e confia em mim.
- Confiar em você? – levantei a sobrancelha, desconfiada.
- Qual é, vai. – estendeu a mão. – Confia.
- Hmm... fiz, fitando-o. – Ok. – dei-me por vencida, entregando as chaves pra ele. – Você sabe dirigir, né?
- É claro, né? – falou óbvio. Entramos e finalmente ele pôs o carro na estrada para onde quer que seja o lugar que ele estava nos levando.
- Você nunca pensou em sair de Oxford? – perguntei, enquanto ele dirigia. Ele dirigia bem, diga-se de passagem.
- Na verdade, eu consegui um trabalho em Londres. – confessou sem tirar os olhos da estrada. – Mas ainda não sei se aceito.
- E por que não? – perguntou a intrometida.
- Eu não sei. Eu estou acostumado as rotinas de Oxford, as pessoas daqui, minha família. Seria um passo muito grande. – deu de ombros, fitando-me rapidamente. – Lá eu estaria sozinho.
- Eu te entendo. – suspirei, ajeitando-me no banco. – Eu também senti esse medo quando me mudei daqui. Eu tinha uma tremenda insegurança e uma certeza de que eu iria me ferrar sozinha. – ri da minha própria desgraça. – Mas de alguma forma, isso não aconteceu. No começo não foi fácil, mas eu queria tanto conseguir me virar sozinha que eu coloquei minha cara a tapa. Bom, deu certo. Eu finalmente me sinto realizada no que eu faço. Me sinto feliz por ter conquistado as coisas sozinha. – confessei, sorrindo. me olhou com um sorrisinho no canto dos lábios. – O que foi?
- Nada. – balançou a cabeça, olhando pra frente. – Eu gosto quando você fala assim. – deu de ombros. – Me passa confiança.
- Passo? – perguntei em dúvida. Ele concordou, balançando a cabeça. – Bom, de qualquer forma, eu acho que você deveria pelo menos tentar. – opinei, enfim. – E você não vai estar totalmente sozinho em Londres.
- Não vou? – me fitou, levantando a sobrancelha.
- Não, você tem a mim lá. – sorri. – A gente cresceu juntos. Somos família, certo?
- Família? – ele riu, balançando a cabeça.
- Não somos? – perguntei, me sentindo uma boba.
- É claro, . Somos uma família. – concordou, continuando a dirigir.
- Para onde a gente tá indo? – perguntei, tentando tirar algo dele. Ele soltou um risinho.
- Você é muito ansiosa. – falou.
- Sou mesmo. – confessei, dando de ombros.
- É, eu lembro. – falou.
- Lembra de quê? – perguntei, esperando uma explicação.
- Lembro que sua mãe queria fazer uma festa de surpresa pra você nos seus dezoito anos e quase não conseguiu, porque você quase estragou. – explicou, rindo. Comecei a rir também, lembrando-me.
- Nossa, aquela festa! – ri ainda mais. – Eu lembro dela. É, realmente eu quase estraguei tudo. – confessei, fazendo uma careta. – Ei, eu lembro que você ajudou na mentira. – apontei pra ele. – Você queria me levar para algum lugar, porque disse que queria me dizer algo importante. – ri, balançando a cabeça. – Mentiroso!
- Não era mentira isso. Eu realmente queria te dizer algo naquele dia. – confessou, tirando uma mão do volante e passando no cabelo.
- O que era? – perguntei, finalmente.
- Bom, naquela época eu ainda era... – ele foi interrompido pelo meu celular tocando. Riu sem humor. – Melhor atender.
- Depois eu retorno. – falei, interessada na história, mas o maldito celular insistia em tocar alto e claro. – Arght! Um minuto. – pedi, atendendo finalmente. – Alô?
- , preciso de você no escritório às três. Temos uma reunião com o pessoal da seguradora. – Jenny avisou. Rolei os olhos, assentindo.
- Ok, Jen. Eu estarei aí. Pode confirmar. – suspirei, fitando de soslaio, que batucava os dedos no volante, parecendo nervoso.
- Certinho. Até lá, . – falou, despedindo-se.
- Até. – e desligou. – Minha assistente. – expliquei, guardando o celular na bolsa. – Tenho uma reunião mais tarde.
- A gente já tá chegando, não vamos demorar. – avisou, virando numa esquina.
- Então, continua o que você estava dizendo antes. – pedi, virando-me para ele, ansiosa. Ele riu, dando de ombros.
- Outro dia eu te conto. – avisou, olhando mais à frente e sorrindo. – Chegamos. – olhei em volta, localizando-me.
- Que lugar é esse? – perguntei, observando o lugar. Era uma praça enorme. Havia muitas pessoas ali, rindo, desenhando, outras tocando violão, sentadas e cantando. Outros apenas encostados numa árvore, abraçados e apreciando a presença um do outro. Sorri.
- Esse é o meu santuário. – falou, descendo do carro. Fiz o mesmo. – Eu venho para cá às vezes, quando quero ficar sozinho, pensar ou simplesmente encontrar com uns amigos. – ele acenou de volta pra alguém. – Eu já escrevi algumas músicas nesse lugar.
- Você compõe? – perguntei novamente surpresa.
- Sim, às vezes. – deu de ombros, encostando-se no carro. – Você deveria ir ver a gente tocar, qualquer dia.
- É, já me falaram isso algumas vezes. – comentei, encostando-me no carro também. – Eu vou na quinta. Zach me falou que vocês têm ensaio nesse dia.
- Temos, sim. É na casa da Jackie. – explicou, cruzando os braços sobre o peito. – Você deveria mesmo ir.
- Eu vou, eu prometo. – sorri, roçando o ombro no braço dele. – Mas por que você me trouxe aqui?
- Bom, você me mostrou um lugar que você gostava, que te fazia bem e feliz. E eu te trouxe ao meu. – falou, sorrindo. – O pessoal aqui é bem legal. Quando tiver uma chance, deveria voltar aqui.
- Farei isso. – falei, ainda observando as pessoas ali. Elas realmente pareciam felizes por estarem ali. Dei uma olha no meu relógio e fiz uma careta. – Eu preciso ir, .
- Tudo bem. – ele concordou, voltando para o carro. Fiz o mesmo. – Você vai voltar para Oxford hoje?
- Eu não sei. Tudo depende de como vão ser as coisas em Londres. – expliquei, passando o cinto de segurança. – Por quê?
- Eu ia te chamar para ir à um lugar comigo. – confessou, ligando o carro. Segurei um sorriso.
- Talvez eu consiga voltar. – falei, fitando-o. me olhou, sorrindo.
- Ótimo. – disse.
- Ótimo. – o imitei. – Eu te aviso.
- Aqui, coloca seu número. – pediu, tirando o celular do bolso e me entregando.
- Ah, ok. – peguei o aparelho e digitei rapidamente o meu número, devolvendo pra ele.
- Eu te mando uma mensagem depois, aí você grava o meu número. Pode ser? – perguntou. Assenti, concordando. Minutos mais tarde, finalmente chegamos em casa. estacionou o carro em frente à casa dos meus pais. Suspirei.
- Bom, muito obrigada pela companhia e pelo passeio hoje. – agradeci, sendo sincera.
- Imagina, foi um prazer. – sorriu, tirando o cinto de segurança. – Se precisar, pode me chamar de novo.
- Ok, pode deixar. – falei, rindo. se aproximou de mim e depositou um beijo na minha bochecha.
- Tchau, . – desceu do carro. Acenei brevemente.
- Tchau, . – e ele se afastou. Soltei a respiração que nem sabia que prendia. Fechei os olhos e encostei a cabeça no banco do carro. – O que foi isso?
- Oi, esquisita! – ouvi, levando um susto.
- Caramba, Zachary! – falei alto, pegando as minhas coisas e saindo do carro. – Vai assustar a mãe.
- Mamãe não gosta de levar susto. – falou obvio.
- Como você sabia que eu estava aqui? – perguntei, rumando-me para dentro de casa. Zachary estava logo atrás de mim.
- Ouvi o carro chegando. – avisou. – Tava falando sozinha?
- Não te interessa! – falei, desviando-me dele. – Cadê a mamãe?
- Saiu com o papai.- avisou, jogando-se no sofá.
- Certo. Avisa pra ela que eu fui pra Londres, mas à noite eu volto. – pedi, subindo para o meu quarto. Peguei minhas roupas limpas e voltei para a sala. – Tchau, pivete.
- Tchau, pentelha. – acenou, ligando a TV. Pouco depois, estava eu, voltando para a minha casa em Londres.

--x--

Assim que entrei em casa, larguei minha bolsa sobre o sofá. Eu não era um exemplo de organização, confesso. Tirei meus sapatos e os chutei para o lado.
- John? – chamei alto. – Amor, cadê você? – perguntei, sem obter nenhuma resposta. Rumei para a cozinha, encontrando-o comendo perto da geladeira. – Oi, meu amor. – falei, sorrindo, aproximando-me dele. Me agachei e peguei o bichano. Sim, John era o meu gato. Na verdade, o nome dele era John Mayer. É, o cantor. – Mamãe estava com saudades. – afaguei sua cabeça, enquanto ele miava e ronronava. – Como estão as coisas por aqui, hein? – perguntei, pegando a tigela de água dele e indo colocar uma água nova e fresca. – Bom, o meu dia foi muito interessante. – falei, sorrindo. Lembrando-me da manhã com . – Reencontrei alguém da minha infância. – contei, soltando-o no chão novamente. Ele miou e foi beber a água. – Ele sempre fez parte da minha vida, mas eu nunca dei muita importância para isso. – dei de ombros, encostando-me à geladeira. – Eu sempre o vi como o amigo chato do meu irmão. Mas hoje, não sei, eu o vi diferente, sabe? Ele não parece ser mais aquele moleque implicante de quando a gente era criança. – John miou, roçando os pelos na minha perna. – É, eu sei que ele cresceu, John. Não precisa jogar na minha cara. – falei, encaminhando para o meu quarto. – Ok, vamos deixar isso de pra lá, eu tenho uma reunião para focar. – abri meu closet, fitando minhas roupas, decidindo qual usaria para a reunião. Camisas, blazers, terninhos. Cara, como eu era careta. – Preciso fazer compras. – conclui. Faria isso depois da reunião, por enquanto, usaria um daqueles terninhos sem graça. Olhei o horário no meu relógio e notei que tinha que correr. Então, tomei um banho relativamente rápido, me arrumei e peguei minha bolsa, rumando para o escritório. Quando peguei meu celular para ligar para Jenny, avisar que já estava a caminho, havia uma nova mensagem na tela. Número desconhecido. Abri e li.

“Anota meu número, aí. Tô esperando sua confirmação. ;)
xx, .”


Sorri, adicionando o número a minha agenda e respondendo-o logo sem seguida.

“Número anotadíssimo, mister. Te confirmo mais tarde. :*”


Finalmente liguei para Jenny e segui para o escritório. Assim que cheguei lá, fui cercada por Mark.
- Oi, , quanto tempo! – falou, andando ao meu lado. Sorri amarelo, fingindo estar mais interessada no meu celular.
- Oi, Mark. Tudo bem? – tentei ser educada.
- Tudo bem. Sentimos sua falta aqui essa semana. – comentou, ainda no meu encalço. Mark era um cara legal, trabalhador e tudo mais. Mas era muito insistente, nunca se mancava de nada. Na real, ele era bem sem noção. Dei uma risadinha sem graça. Avistei o elevador e sorri, aliviada.
- Que bom. Então, eu tenho uma reunião agora. A gente se fala depois, Mark. – avisei, apontando para o elevador. Ele sorriu, assentindo.
- Claro. – parou de andar quando chegamos em frente ao elevador. – Ei, , ainda estou esperando a resposta daquele convite para jantar, hein?
- Vou pensar. – falei, entrando no elevador e acenando brevemente. Assim que o elevador começou a subir, respirei aliviada. Realmente tinha gente que não tinha aquele negocinho chamado “semancol”, né? Quando cheguei no meu andar, logo avistei Jenny, sentada à sua mesa. Ela sorriu ao me ver.
- ! – sorriu, levantando-se. – Senti sua falta, menina.
- É, já ouvi isso hoje. – rolei os olhos, rindo.
- Encontrou o Mark, né? – assenti, fazendo uma careta. Ela riu, vindo até mim, entregando-me uma pasta azul. – Tudo o que você precisa para se situar na reunião de hoje.
- Muito obrigada. – sorri, agradecida. – Não sei o que faria sem você.
- Verdade. – sorriu, piscando pra mim. Rimos. Enfim, a reunião aconteceu, foi tudo tranquilo e demorou menos do que eu esperava. Decidi dar a mim a tarde de folga e ir ao shopping, eu precisava atualizar o meu closet urgente. Enquanto passeava pelas lojas, peguei meu celular e mandei uma mensagem para .

“Vou conseguir voltar para Oxford ainda hoje. Então, aonde vamos? :)”


- Posso ajudá-la? – uma vendedora aproximou-se de mim, sorridente. Dei uma olhada nas roupas ao redor.
- Você pode me mostrar umas roupas mais... Jovens? – perguntei, meio que rindo. – Algo mais colorido e menos sem graça?
- É claro, só me acompanhar. – pediu, andando a minha frente. A segui. Senti meu celular vibrar, avisando uma mensagem recebida. Era .

“Que ótimo! Nós vamos à um Pub que eu gosto bastante aqui, se chama Raoul’s. Acho que você vai gostar. ;)”


- Pub? – falei alto. A vendedora me olhou.
- Desculpe, falou algo, senhora? – pediu, educadamente.
- Hm, esqueça as roupas coloridas. – abanei o ar. – O que você tem de sexy aqui?


Depois de uma hora escolhendo roupas, peguei a estrada direto para Oxford. Quase duas horas depois eu estava chegando à casa dos meus pais. Estacionei o carro e pulei fora dele, entrando apressadamente em casa.
- Oi, família. – falei, assim que entrei. Mamãe estava sentada no sofá com Zach deitado em seu colo.
- Oi, querida. – falou, sorrindo. – Como foi o seu dia?
- Foi bom, mami. – me sentei ao seu lado. Batuquei os dedos sobre a testa do meu irmão. – Alguém procurou por mim, Zach?
- Obviamente, não. – falou, sem tirar os olhos da TV. Rolei os olhos, mal educado.
- Cadê o papai? – perguntei, pegando umas das sacolas de roupas e colocando sobre o meu colo.
- Ainda está no trabalho. – mamãe avisou. – Roupas novas?
- Sim, comprei umas hoje. – sorri, satisfeita. – Quis dar uma mudada no visual.
- Você fica linda de qualquer jeito, filha. – avisou, segurando a minha mão. - Pois deveria, não estou mentindo. – rebateu, usando aquele tom de voz autoritária dela. Ri, assentindo.
- Ok, então. – me dei por vencida, levantando-me. – Vou tomar um banho e sair.
- Sair? Você? – Zach perguntou, surpreso. Assenti. – Em Oxford? Com quem? E aonde?
- Que tanto de perguntas. Larga de ser intrometido, garoto. – mandei, subindo para o meu quarto. Me joguei na cama, pegando o meu celular e já havia uma mensagem lá.

“Consegue ficar pronta às oito?”

”Consigo, sim. :)”

”Ótimo. Eu passo, aí. Até lá, linda.”


- Linda? – falei sozinha, rindo. Joguei o telefone na cama e me pus a começar a me arrumar. Tomei um banho, me maquiei, nada muito forte, e depois peguei uma das sacolas de roupas. Optei por um vestido preto tubinho que eu havia comprado. Era clássico e não tinha como errar. Olhei meu reflexo no espelho. É, eu tava bonitinha. Peguei minha bolsa menor e coloquei identidade, cartão de crédito e meu celular, então desci. Meu pai assobiou assim que me viu. Sorri, jogando o cabelo para o lado.
- Que princesinha! – ele falou, vindo até mim e beijando minha testa. – Vai sair, filha?
- Vou dar uma volta, pai. – expliquei, sentando-me no sofá ao lado de Zach.
- É alguém que eu conheça, filha? – minha mãe perguntou, parando a minha frente. Mordi a boca, assentindo. – Pode falar o nome?
- Ah, mãe, não é nada demais. É só o... – fui interrompida por alguém batendo na porta, e entrando.
- Com licença! – era . Ele estava bem arrumado também, e bem cheiroso, diga-se de passagem. Tá, ok, vai. Ele tava bem gato.
- Fala, cara! – Zach falou, levantando-se. – A gente tinha combinado de sair? Eu não lembro. – perguntou, coçando a cabeça.
- Ahm, na verdade, não. - falou, sem jeito. Me olhou, esperando que eu o ajudasse.
- Ele veio me buscar, Zach. – falei, enfim, levantando-me. Todos olharam pra mim, surpresos. – Parem de me encarar!
- Ah, mas que noticia ótima! – mamãe falou, sorridente. – Divirtam-se, crianças.
- Valeu, Lydia. - falou, jogando uma piscadinha pra ela. – Então, vamos?
- Por favor. – falei baixinho, rindo. Ele ouviu e riu também. – Tchau, seus curiosos.
- ? – meu pai o chamou, engrossando a voz.
- Sim, sr. ? - respondeu, receioso.
- Tome conta da minha abelhinha, sim? Não invente nada! – continuou com a voz empostada. Prendi um riso, olhando para baixo. apenas assentiu com a cabeça, sem tirar os olhos dele.
- Pai, para! – pedi, pegando a mão de e puxando-o para fora de casa. Assim que saímos e ouvimos a porta se fechar, nos entreolhamos e caímos na risada. – Por essa eu não esperava.
- Muito menos eu. – confessou, respirando aliviado. Me fitou por um tempo e sorriu. – Você tá linda.
- Ah, obrigada. – sorri, agradecida. Mordi a boca e abaixei a cabeça.
- Vem, vamos lá. – pediu, estendendo a mão para que eu a pegasse. Sorri, aceitando-a. nos guiou até um carro que estava estacionada na frente de sua casa. Abriu a porta do carona pra mim, e depois foi se sentar no banco do motorista.
- O carro é seu? – perguntei, curiosa.
- Sim. Ele tava na oficina, peguei essa tarde. – respondeu, dando partida. Soltei um risinho.- O que foi?
- Nada, não. – falei, balançando a cabeça. Ele levantou a sobrancelha.
- Fala logo! – pediu, colocando o carro nas ruas.
- Ok. Eu falo, mas você não pode ficar bravo. – pedi, virando-me para ele.
- E por que eu ficaria? – perguntou, fazendo uma cara confusa.
- Tá, lá vai. – suspirei. – Eu confesso que achava que você era um crianção. – soltei, fazendo uma careta. Ele riu alto.
- Um crianção? Como assim? – perguntou, ainda rindo. Ri junto.
- Bom, eu achava que você era do tipo que dependia cem por cento dos pais, que não fazia nada, só sabia jogar videogame e comer, que era irresponsável e essas coisas. – confessei, mordendo o lábio inferior.
- Muito obrigado pela parte que me toca, . – foi irônico.
- Desculpe, eu estava errada, ok? Eu confesso. – sorri. – E fico feliz por isso.
- A gente erra no julgamento de algumas pessoas às vezes. Tá perdoada. – falou, segurando a minha mão de leve. – Confesso também que achava que você era muito arrogante e metida.
- Olha, aí! – falei, estapeando o ombro dele, que riu. – Estamos quites, né?
- Mais ou menos. – falou com um sorrisinho.
- O que quer dizer com isso? – perguntei, esperando uma explicação.
- A gente vê isso depois. – falou apenas.
- Você adora falar isso, né? – cruzei os braços sobre o peito.
- Sim, senhorita ansiosa. – riu, ligando o som. Uma música desconhecida começou a tocar. A batida era boa, muito boa. A letra era muito bonita também.
- Nossa, adorei. – aumentei um pouco mais. – Quem canta?
- . – respondeu, rindo. Abri a boca levemente.
- Tá brincando! – falei alto. – Jura que é você? – ele assentiu. Sorri. – Ok, eu admito, você canta muito bem.
- Na verdade, a banda completa é muito boa. Esse solinho de guitarra, aí. É seu irmão, sabia? – avisou, apontando brevemente para o aparelho.
- Cara, eu realmente deveria ter ido ouvir vocês antes. – confessei, animada. – Vocês têm talento.
- Valeu, ! – sorriu, agradecido. Pouco depois, estacionou o carro perto do tal pub. Tinha uma fila bem considerável lá fora.
- Será que a gente vai conseguir entrar? – perguntei em dúvida.
- Vai, sim. Fica tranquila. – avisou, descendo do carro e vindo até mim. – Senhorita advogada, pronta para se divertir? – perguntou, estendendo novamente a mão.
- Sim, senhor designer! – sorri, aceitando a mão. E lá fomos nós, de mãos dadas, até a porta do pub. furou toda a fila e foi direto em um segurança parado na porta.
- E aí, Matt?! – falou, fazendo uns toques de mãos um com o outro.
- Fala, ?! – respondeu o segurança, que mais parecia um armário de tão grande. Meio que me encolhi atrás de .
- O Chris tá aí? – perguntou. O tal Matt assentiu, confirmando.
- Tá, sim. Entra, aí. – falou, abrindo passagem pra ele passar. Abri a boca, surpresa.
- Beleza. Valeu, parceiro! – agradeceu, puxando-me junto com ele.
- Então, você é o rei do pedaço? – perguntei, rindo. Ele deu de ombros, fazendo uma cara esnobe. – Cachorro!
- Ei, cachorro não! – falou, desgrudando nossas mãos e colocando uma na minha cintura, enquanto me guiava para uma mesa mais à frente. – Senta, aí. Eu vou buscar umas bebidas pra gente. O que você quer beber?
- Pode ser uma cerveja mesmo. – pedi, dando de ombros. Ele assentiu e foi até o bar, logo a esquerda de nós. O observei cumprimentar os dois barmen que estavam lá. Ele parecia realmente muito entrosado com o lugar. O local era agradável, a música não estava muito alta, não tinha muita gente, e mais à frente tinha um palco e, ao que tudo indicava, iria rolar um show mais tarde ali. voltou até a mesa segurando duas garrafinhas de cerveja, entregando-me uma. Sorri, agradecida. Ele se sentou ao meu lado e, pasme, voltou a segurar a minha mão. Ele tinha gostado desse lance, né? Ok, eu também, vai. – Vai ter algum show ali?
- Vai, sim. Uma banda de amigos meus vão tocar. – respondeu, tomando um gole de sua cerveja logo após. – Os caras são bons, você vai gostar.
- , posso te fazer uma pergunta? – perguntei, deixando a cerveja sobre a mesa. Ele me fitou.
- Já fez, mas deixo você fazer outra. – respondeu, rindo. Fiz uma careta e continuei.
- Por que você me chamou pra sair hoje? – perguntei enfim. Ele sorriu, deixando a cerveja sobre a mesa também.
- Sinceramente? – perguntou. Eu assenti. – Porque te acho uma garota super legal, de verdade. A gente tem algumas coisas em comum. Gosto do seu senso de humor, gosto do seu cheiro, gosto quando você fica bolada com algo... Fica bonitinha. – apertou o meu nariz. Ri, sem graça. – E também porque eu queria tentar algo.
- Tentar o quê? – perguntei, confusa. me fitou por alguns segundos.
- Isso. – e me beijou. Sim, ele me beijou. colocou a mão na minha nuca e aprofundou o beijo, puxando-me para mais perto dele. Apoiei minha mão sobre a sua perna, deixando que ele me beijasse. Tá, eu confesso: sabia como deixar uma garota de pernas bambas. Uma de suas mãos foi para a minha cintura, apertando-a levemente. Mordeu e puxou meu lábio inferior com os dentes, depois deu um selinho na minha boca e um beijinho na ponta do meu nariz. Encostou a testa na minha e sorriu. – E valeu muito a pena.
- Você me beijou. – falei, bobamente. Ele riu, assentindo.
- Isso é ruim? – perguntou, sem desgrudar de mim. Sorri, negando e beijando seus lábios levemente.
- De jeito nenhum. – enlacei minhas mãos em seu pescoço. – Só nunca pensei que beijaria o melhor amigo do meu irmão.
- Detalhes, . – falou, dando de ombros. – Eu, pelo contrário, sempre quis dar uns pegas na irmã mais velha do meu melhor amigo.
- Olha, aí, safado demais! – rimos e nos beijamos de novo. É, isso eera realmente bom. Isso rolou durante à noite toda, só pra deixar claro.
- Olha, o James chegou! – falou, apontando para um cara barbudo em frente ao palco. – Vamos lá, quero te apresentar a ele. – concordei, levantando-me e sendo puxada por até o tal James. – Jimmy!
- , caralho! – o cumprimentou animado, dando um abraço em . – Quanto tempo, cara.
- Pois, é. Dei uma sumida. – avisou, colocando a mão na minha cintura e me puxando para frente. – James, essa aqui é a .
- Opa, prazer, . – falou, estendendo a mão.
- Prazer, James. – sorri, aceitando.
- Você me parece familiar. – ele falou, franzindo o cenho.
- Ela é irmã do Zach. - explicou. James soltou um “ahh” em compreensão.
- Moleque de talento aquele. – falou, pegando uma guitarra que estava sobre o palco e a ajeitando sobre o seu corpo. – Cara, o show vai começar. Preciso me posicionar ali, mas fica esperto que vou te chamar pra dar uma palhinha pra gente ali em cima.
- Que isso, Jimmy. Não me faz pagar mico na frente das pessoas, né? – pediu, apontando pra mim, que ri.
- Por favor, faça isso! – pedi, juntando as mãos como se estivesse implorando.
- Viu, só? A gatinha pediu, vou ter que atender o pedido. – falou, dando de ombros.
- Me paga! - falou pra mim, beliscando a minha cintura.
- Já até sei como. – sussurrei pra ele. Ele riu, mordendo o lábio inferior.
- Erm, falou, Jimmy. Bom show! – se despediu rapidamente, puxando-me para um cantinho mais ao lado, meio escuro. Ri, quando ele me beijou com urgência. – Adora provocar, né?
- Só às vezes. – falei, me fingindo de inocente. Segundos depois, já estava com a boca grudada na minha novamente. Quem se importava, não é mesmo? Assistimos ao show pelas metades: metade nos beijando, metade cantando, metade nos beijando, outra metade também.... Bom, e assim foi até que James parou de cantar e começou a falar.
- E hoje aqui, temos um grande amigo da banda presente. – começou a dizer. – Ajudou muito a banda quando ainda estava no começo, tocou com a gente algumas temporadas, resumindo, um grande parceiro. – James apontou para nós. - , sobe aqui, garoto. - riu, soltando-me e indo até o palco. Observei, sorrindo.
- E aí, galera do Raoul’s?! – ele falou no microfone. O pessoal vibrou, animado. E claro, eu também. – É um prazer fazer parte da história dessa banda. Esses caras arrebentam, não é mesmo? – e o pessoal vibrou novamente. Era incrível, parecia ter um dom para falar com as pessoas e de se sentir confortável fazendo isso.
- Vamos de música, amigo? – James falou no outro microfone. assentiu e cochichou algo no ouvido dele. James virou para o resto da banda e falou algo que não deu pra ouvir. Os primeiros acordes de uma música começou a tocar. colocou o microfone no pedestal e se aproximou dele.
- Quero oferecer essa música à uma pessoa especial aqui essa noite. – falou, olhando pra mim. Sorri, sem graça. – Quero dizer que essa noite está sendo incrível. – mandei beijos pra ele, que sorriu. – Essa é pra você, . – falou, fechando os olhos depois. - -I could stay awake just to hear you breathing... - começou a cantar e imediatamente eu reconheci a música. I Don’t Want to Miss a Thing do Aerosmith. -- Watch you smile while you are sleeping, while you're far away and dreaming... - todo mundo começou a cantar com ele, inclusive eu. Quando chegou ao refrão, ele arrebentou nas notas mais altas. Todo mundo se entregava e cantava alto. - I don't wanna close my eyes.I don't wanna fall asleep, ‘cause I'd miss you, babe and I don't wanna miss a thing. - cantava e olhava pra mim, e eu, toda boba, sorria idiotamente. Nunca ninguém tinha feito isso por mim. Sim, eu tinha que confessar, eu estava encantada com aquele garoto implicante.

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Mais tarde, bem mais tarde, depois do show, depois de sairmos para comer algo, voltamos para casa. Na verdade, estávamos dando uns amassos encostados no carro de .
- Nossa, quantas horas? – perguntei, pegando o pulso de e verificando seu relógio. Dei um pulo pra trás. – Meu Jesus! São três horas da manhã já. – ri, porque nem vi o tempo passar. – Meus pais já devem tá dormindo. Terei que acordar a minha mãe para abrir a porta pra mim. - me abraçou, aproximando o seu corpo do meu.
- Tenho uma ideia melhor. – soprou, beijando meus lábios rapidamente. – Que tal... – outro beijo. – Se você.... – mais um beijo. – Dormir lá em casa hoje? – levantei a sobrancelha. – E antes que você pense algo errado, é só pra dormir.
- Seus pais não vão achar ruim? – fiz uma careta.
- , eu não tenho mais quinze anos, ok? – riu.
- Tudo bem, então. – sorri, entrelaçando nossas mãos. – Me leve ao seu mausoléu.
- Mausoléu? Que coisa triste, ! – ele riu, guiando-nos até a porta da sua casa.
- Castelo, então? – tentei mais uma vez.
- Meu quarto mesmo. – decidiu, fazendo-me rir. Ele abriu a porta e andamos pé ante pé até o quarto de . – Não repara a bagunça.
- Tarde demais, já reparei. – falei, fitando o quarto dele. Era um quarto médio, uma cama king size, uma estante lotada de CDs, discos e livros, um violão fora da case, algumas roupas espalhadas pelo canto, perto de um banheiro. Não estava muito arrumado mesmo, mas o meu também não, então dei um desconto.
- Vem cá! – me puxou até o seu closet, abrindo-o e pegando uma camiseta e um short dele. – Veste isso pra dormir. Ali é o banheiro. – apontou para o banheiro que eu havia notado.
- Obrigada. – sorri, dando um selinho nele e indo até o banheiro me trocar. Tirei meu vestido e dobrei, deixando sobre o pequeno armário ao lado da pia, junto com a minha bolsa. Vesti as roupas de e me olhei no espelho. Minha maquiagem estava horrível. Borrei meu rímel e meu batom já não existia nem sinal. Passei os dedos sobre o meu cabelo e sai. estava sentado com as pernas sobre a cama, com o violão no colo, dedilhando baixo algumas notas. Ele vestia uma regata e uma calça de moletom. Fui até ele, deitando ao seu lado, ouvindo-o cantarolar alguma coisa. Fechei meus olhos, aproveitando a situação. Meus músculos se relaxaram por completo. parou de tocar e cantar, então abri os olhos, ele estava me fitando. Sorri.
- Obrigada pela noite, foi incrível. – falei enfim. Ele deixou o violão no chão e se deitou ao meu lado. Me virei para ele, ficando cara a cara com aquele par de olhos tão serenos. Toquei seu rosto, assistindo-o apreciar o carinho. Ele segurou minha mão e beijou a mesma.
- O prazer foi todo meu. – beijou minha testa. Me virou para ficar de costas para ele, abraçando-me por trás, encaixando o rosto na curva do meu pescoço. Depositou um beijo ali, fazendo-me arrepiar e sussurrou no meu ouvido. – Boa noite, linda.
- Boa noite. – respondi, mole e encolhida. Fechei os olhos e rapidamente peguei num profundo sono. Acordei no dia seguinte com o sol batendo no meu rosto. Abri vagarosamente os olhos, coçando-os fracamente. Senti um peso na minha cintura, fitei e vi a mão de ali. Sorri, lembrando-me da noite anterior. Virei-me para ele, que ainda dormia. Olhei para o despertador dele sobre o criado-mudo, assustando-me com o horário. Dei um pulo, acordando-o. – Hmm, dorme, .
- Não posso, . Já é quase uma hora da tarde! – falei, levantando-me. – Eu deveria estar em Londres agora. – avisei, entrando no banheiro e trocando de roupa, rapidamente.
- Você tem alguma reunião hoje? – perguntou alto, do outro lado.
- Não, mas tenho outros casos para ir atrás. – respondi, terminando de fechar o vestido, pegando minha bolsa e saindo de lá de dentro. – Sinto muito, mas eu realmente tenho que ir agora. À noite eu volto para o ensaio, eu prometo. – sorri, aproximando-me dele. – Até mais tarde, baby. – falei, dando-lhe um selinho.
- Não, calma, aí. – ele falou, puxando-me de volta quando ia me afastar. Ri. me jogou sobre ele, prendendo-me pela cintura.
- , me solta, eu preciso ir. – choraminguei sem querer sair dali. mordeu meu lábio inferior e deu início a um beijo de verdade.
- Agora sim, bom dia. – falou, soltando-se de mim.
- Tchau, espertinho. – falei, saindo de cima dele. Ele sorriu, pousando a cabeça atrás dos braços, observando-me sair correndo dali. Quando estava quase saindo pela porta, ouvi uma voz me chamar.
- ? – Miranda, mãe de , me chamou, meio confusa.
- Oi, Miranda. – acenei, abrindo a porta. - Tchau, Miranda. Depois eu volto aqui, eu prometo. – falei, mandando beijos e saindo de lá, deixando a pobre senhora com cara de interrogação. Enquanto voltava pra casa, peguei meu celular dentro da bolsa. Seis chamadas perdidas e três mensagens. Duas chamadas de Jenny e as outras da minha mãe, e as mensagens também. – Ela vai me matar. – constatei, abrindo a porta devagar.
- Olha só quem apareceu! – Zach falou alto, me observando entrar em casa. Minha mãe correu até a sala, me pegando no flagra.
- , eu estava preocupada, menina. – avisou, falando rápido. – Você não deu notícias, não avisou que dormiria fora.
- Desculpe, mãe. Eu esqueci de avisar! – pedi, fazendo uma careta.
- Estava com até agora? – perguntou, desconfiada. Assenti com a cabeça. Ela cruzou os braços. – Dormiu na casa dele? – assenti novamente. Ela sorriu. – Essa é a minha menina.
- Mãe! – eu e Zach falamos juntos.
- Ok, eu vou subir, pegar minhas coisas e ir para Londres. – avisei, subindo rapidamente antes que houvesse mais perguntas. Parecia que eu tinha voltado aos meus quinze anos. Catei as minhas coisas e logo estava descendo de novo. – Mãe, eu tô indo pra Londres resolver algumas coisas no escritório e à noite eu volto, ok? Amanhã é o grande dia!
- Pode deixar, querida. Já estão todos cientes! – sorriu, animada. – Te espero mais tarde. Quero saber das novidades!
- Arght! – Zach fez com voz de nojo. Rolei os olhos.
- Se controle, mãezinha. – ri, indo até ela e beijando sua bochecha. – Bom dia e tchau. – desejei. – Tchau, seu chato. – falei, acenando para Zach que nem me deu moral. – Te encontro no seu ensaio hoje.
- Você vai? – perguntou animado. Assenti, sorrindo. Ele sorriu de volta. – Ok, eu te espero pra gente ir juntos.
- Fechado, maninho. Agora eu preciso mesmo ir! Fui! – falei, saindo apressada de casa e entrando no carro, jogando minhas coisas de qualquer jeito no banco do passageiro. Logo em seguida, fui rumo à Londres.


- , se eu tiver que te chamar mais uma vez, te dou um peteleco na nuca. – Jenny falou, estalando os dedos na minha cara. Balancei a cabeça, acordando do meu transe momentâneo.
- Desculpa, Jen. Estava meio perdida em pensamentos! – falei, voltando a arrumar a papelada sobre a minha mesa.
- É, eu percebi. Você ficou o dia todo assim. – comentou, levantando-se e me ajudando a organizar a mesa. – É por causa do boy, né?
- “Boy”? – ri de como ela disse. Jenny era minha assistente há uns três anos, às vezes nem parecia que eu era a chefe dela. Ela se formava esse ano em Direito, tinha vinte e três anos e morava em Londres há sete. – Não, não era por causa do “boy”. – fiz aspas com os dedos.
- Duvido. – falou, fazendo uma cara de “confessa logo”. Rolei os olhos, largando os documentos sobre a mesa.
- Tá, eu confesso. – falei, dando-me por vencida. – Eu fiquei o dia todo pensando no . Tá feliz?
- E muito! – falou, batendo palminhas. – Você merece um cara legal depois do cafajeste do Josh.
- Não é nada demais, Jenny. – avisei, levantando-me. – É só um casinho. Não começa a fantasiar.
- Nem adianta! Já me imaginei de madrinha do seu casamento. – falou, girando pela sala, segurando um vestido imaginário. Comecei a rir.
- Você é muito viajada! – avisei, pegando a minha bolsa e meu celular. Olhei o horário. – Melhor eu ir, ainda tenho que pegar a estrada. – falei, guardando o celular e saindo da minha sala, sendo seguida por Jenny. – Se cuida, baixinha. – a abracei, rapidamente. – Te vejo segunda.
- Boa festa, . – desejou. – Ah, e se lembre, não faça nada do que eu não faria, hein?
- Ah, tá. – falei irônica, andando até o meu carro, seguindo para a minha casa logo após. Minha mala já estava pronta, tinha feito assim que voltei à Londres. Coloquei ração e água suficiente para John, peguei a mala e voltei para o carro, rumando para Oxford outra vez. Pelo menos ficaria o final de semana todo. Durante o trajeto, fiquei pensando sobre o que Jenny havia dito. Será que pensava que isso iria dar em algo mais? Ou pensava que seria só mais um casinho? Tentei não pensar nisso, só me fazia mal essas coisas. Assim que cheguei à casa dos meus pais, Zach já estava pronto, só me esperando. – Dá tempo de eu trocar de roupa? – perguntei, apontando para o meu conjunto de calça social e camisa. Ele negou. – Jura?
- , eu tô atrasado! Você vem ou não? – perguntou, já se encaminhando para a porta.
- Ai, tá bom. Vamos! – falei, jogando as minhas malas na sala, que estavam dentro do carro, e andando para fora de casa de novo. Zach guardou a guitarra no banco de trás e entrou no meu carro, me guiando até onde seria o ensaio, na casa dessa tal de Jackie. – Ela é vocalista?
- Baterista. – explicou. – É ali. – apontou para uma casa onde a porta da garagem estava aberta, e podia se ver um pessoal lá dentro com instrumentos. Estacionei quase em frente à casa, Zach desceu e logo eu desci também, meio relutante. Parecia que eu estava fora do meu contexto ali. Mas logo avistei , ele conversava com uma garota de cabelo rosa, uma conversa bem animada. Ela deu um pulinho e o abraçou pelo pescoço. Ele riu, beijando a bochecha dela. Mordi a boca, desconfortável. – Fala, galera! – Zach se aproximou falando e cumprimentando todo mundo. – Eu trouxe a minha irmã para assistir ao ensaio, tudo bem?
- Seja bem-vinda, irmã do Zach! – um cara segurando uma guitarra, falou. Sorri.
- Meu nome é . – avisei. – Finjam que eu nem estou aqui. Só vim assistir mesmo.
- Oi, , eu sou a Jackie. – a menina de cabelo rosa se apresentou.
- Olá, Jackie. – falei, cruzando os braços.
- Fica à vontade, tá? Tem um sofázinho bem ali, se quiser se sentar. – avisou, apontando para o objeto logo ao lado.
- Obrigada. – agradeci, sorrindo e ela saiu. Enfim, se aproximou de mim.
- Oi, engomadinha! – falou, aproximando-se de mim e segurando a minha cintura. Sorri sem jeito, tirando as mãos dele de lá. Ele franziu o cenho, sem entender a minha reação.
- Meu irmão, né? – falei, apenas.
- O que tem? Ele não vai se importar, . – falou como se fosse óbvio.
- Eu não me sinto confortável com ele presente. – fiz uma careta. Ele balançou a cabeça, se afastando.
- Você que sabe. – avisou. – Senta, aí, a gente já vai começar.
- Ok. – concordei, indo me sentar no sofá onde Jackie havia indicado. Jackie ainda continuava de risinhos e abracinhos com , e ele parecia adorar e retribuir. Estava começando a pegar raiva daquela garota. Mas o que eu estava falando? Foco, , foco no seu irmão. Olha que gracinha ele tocando. Tinha que concordar com e James, meu irmão tinha muito talento na guitarra. A cada música, eu parecia uma retardada batendo palmas pra ele, que morria de vergonha, ficava até vermelho. Mas irmãs mais velhas servem pra isso, não é? Passar vergonha. No final do ensaio, o pessoal combinou de sair pra comer uma pizza. Eu ainda estava decidindo se ia ou não.
- Você vai com a gente, ? – Zach perguntou, guardando a guitarra na case.
- Eu não sei, maninho. – fiz uma careta. - Eu tô bem cansada. O dia hoje foi puxado e ainda tenho que ajudar a mamãe a terminar de organizar a cerimônia de amanhã.
- Bom, você que sabe. Mas seria divertido se você fosse. – falou, dando de ombros. Sorri, achando fofo.
- Eu sei, e obrigada pelo convite. – fui até ele, abraçando-o. Zach estava maior que eu, é, eu estava ficando velha mesmo. apareceu do nosso lado.
- E aí, vamos comer pizza? – falou, esfregando as mãos uma na outra.
- Eu vou, mas a vai pra casa. – Zach avisou, ainda abraçado a mim. – Ou seja, vou pegar carona com você.
- Por que você não vai? - perguntou, ignorando completamente o meu irmão.
- Tenho que ajudar a minha mãe com alguns preparativos. – expliquei. Ele me fitou por alguns instantes e depois falou.
- Zach, pega! – falou, jogando a chave do carro para ele.
- Mas o quê? – ele falou, segurando a chave. – Vai me deixar dirigir?
- Vou, pode ir pra pizzaria com o pessoal com o meu carro. Eu vou pra casa com a . – avisou sem tirar os olhos de mim. E eu, os meus dele.
- Ah, não, cara! – Zach falou. – Vocês vão se pegar, né?
- Zachary! – repreendi, estapeando-o. riu e eu lancei um olhar mortal pra ele, que parou na hora. – Você deveria ir, . São seus amigos.
- Você tá me dispensando? – perguntou, levantando a sobrancelha.
- Não, só acho que você não deveria furar com os seus amigos. – expliquei, dando de ombros.
- É, ela tem razão. – Zach falou, apoiando-me. Cruzei os braços.
- Viu, só? – comentei.
- Você vai? – perguntou.
- Não, eu falei que não posso. – repeti. Ele balançou a cabeça, concordando.
- Então é isso mesmo, Zach. Vai com a galera que eu vou com a sua irmã pra casa. – concluiu. Eu ia protestar, mas ele me interrompeu. – E você vai ter que me aguentar. – avisou, pegando-me de surpresa no colo. Soltei um gritinho, chamando a atenção do resto da banda.
- Que vergonha! – falei, cobrindo o rosto. – Eu te mato.
- Tchau, pessoal. A gente se vê amanhã! – ele falou, ignorando-me. Ouvi risadinhas e vários “hmmm” maliciosos vindo deles. Senti meu rosto queimar de vergonha. Assim que chegamos em frente ao meu carro, me colocou no chão de novo. Estapeei seu peito.
- Idiota! – falei, batendo o pé, parecendo uma criança de cinco anos. Ele cruzou os braços e me olhou sem rir.
- Vai me falar porque você tá me evitando? – perguntou enfim.
- Não estou de evitando. – rebati, desviando o olhar dele.
- Fala sério! Desde que você chegou não olhou direito na minha cara. – falou mais alto. – Fiz alguma coisa errada? Me fala, poxa! – suspirei, fitando-o, finalmente. me olhava aflito, sem saber o que fazer.
- Eufiqueicomciumes. – falei rapidamente.
- O quê? Eu não entendi nada. – falou, fazendo uma careta. Respirei fundo e repeti.
- Eu fiquei com ciúmes, tá bom? – confessei enfim, desviando o olhar para a rua. riu. – Não ri, não tem graça.
- Tem sim. – ele continuou rindo. – Você ficou com ciúmes da Jackie? – assenti com a cabeça. - ? – ele me chamou, mas eu não olhei. - , olha aqui! – puxou meu rosto para fitá-lo. – A Jackie é lésbica.
- Ai, caralho! – soltei sem querer. – É sério? – ele assentiu. Escondi meu rosto entre minhas mãos. – Que vergonha! - me abraçou, depositando um beijo na minha testa.
- Tudo bem, isso acontece. – tentou me tranquilizar, abraçando-me forte. – Então, ainda não quer ir à pizzaria?
- Eu realmente preciso ajudar a minha mãe. – falei, fazendo uma careta. Ele assentiu, compreendendo. – E se você quiser, pode ir com eles. É sério.
- E se eu falar que eu quero ficar com você ao invés disso? – falou, segurando o meu rosto. Sorri.
- Eu vou falar que eu sinto muito pelos seus amigos, mas vou adorar. – confessei. Ele riu, encostando a boca na minha. Ouvimos alguém pigarrear.
- Mais respeito, por favor? – Zach falou alto, fechando a cara. riu, levantando as mãos, dando-se por vencido.
- Foi mal, cara. Mas eu sinto muito se você tem uma irmã gostosa! – avisou, abraçando-me pelo pescoço e me dando um selinho.
- Eu sei que o genes da família são muito bons, . – Zach falou, piscando pra mim, que ri.
- Te amo, lindo! – falei pra ele, fazendo um coraçãozinho com as mãos. Ele riu e voltou para junto dos amigos.
- Posso dirigir? - pediu, estendendo a mão. Concordei, entregando a chave do carro.
- Você adora dirigir meu carro, né? – falei, rindo e entrando no carro.
- Adoro estar no comando. – me corrigiu, jogando uma piscadinha maliciosa pra mim. Abaixei a cabeça, sem graça. entrou e deu partida no carro, nos guiando até a casa dos meus pais. – O que você e sua mãe vão arrumar ainda?
- Vamos conferir o buffet, vê se não tem nada faltando, confirmar com o pessoal da decoração e essas coisas. – falei, gesticulando rápido. – Vai ser bem chato e você vai ficar entediado.
- Você vai tá lá, impossível ficar entediado. – falou, tirando uma mão do volante e pegando a minha, depositando um beijo no dorso da mesma. Sorri toda boba.
- E minha mãe também, não se esqueça. – alertei.
- Ótimo, amo a sua mãe. – falou normalmente, soando verdadeiro. – Aprendi muita coisa com ela, sabia? Ela já ensinou várias receitas, já me ajudou quando me machuquei, cuidando dos meus machucados quando eu era criança. – sorriu, lembrando-se. – Sua mãe é uma ótima pessoa.
- Ela realmente é. – concordei, sorrindo. – Porém é muito curiosa. Se prepare, porque ela vai te encher de perguntas.
- Já imaginava. – riu. - Como foi em Londres hoje depois que você saindo correndo da minha cama?
- Não sai correndo da sua cama. – rebati. – Só estava atrasada e tinha que correr.
- Então, você confessa que saiu correndo! – falou, todo espertinho.
- Ah, fica quieto! – mandei, ajeitando-me no banco. – Mas, respondendo a sua pergunta, foi tudo bem. Resolvi o que precisava resolver e estou livre até segunda. – sorri, animada com a ideia.
- Sem mais interrupções? – assenti, concordando. Ele sorriu largamente. – Isso é realmente uma boa notícia. Podemos pedir comida na sua casa pra comemorar.
- Ai, como você é bobo! – ri, mas por dentro achando muito fofo. - , por que só agora? Digo, por que não me chamou pra sair antes?
- Sempre tinha algo impedindo. – confessou, dando de ombros. – Seu irmão, seu ex-namorado, a minha própria imaturidade, a distância... – explicou, fitando-me entre uma frase e outra. – Mas, aí, sei lá, dessa vez eu quis arriscar tudo.
- E valeu a pena? – perguntei, temendo a resposta. Ele sorriu.
- Muito. – sorri junto, aliviada. – Espero que pra você também.
- Sim, valeu a pena esperar você tomar coragem. – confessei. Pouco depois, chegamos ao nosso destino. Assim que entramos em casa, minha mãe já estava ao telefone e meu pai também. – É, chegamos na hora certa.
- Sim, querida. Amanhã às oito no endereço que eu te falei. – ela falava com alguém do outro lado da linha. – Ok, te aguardo. Até. – e desligou. Mamãe nos fitou e sorriu, maliciosa. – Meus queridos! – andou até nós, abraçando-nos apertadamente. – Meu casal favorito.
- Ai, mãe, não faz isso! – pedi, indo até papai e dando um beijo no topo da sua cabeça, enquanto ele falava ao telefone.
- Então, , está cuidando bem da minha filhinha? – mamãe me ignorou, perguntando a ele. Rolei os olhos, sentando-me no sofá. riu, sentando-se ao meu lado, entrelaçando nossos dedos.
- Pode ficar tranquila, Lydia. Sua filhinha está em boas mãos. – avisou, piscando pra ela. Ri, porque sabia que ele estava se divertindo com a situação. – Inclusive, e eu estávamos discutindo sobre te dar netos em breve.
- O quê? – perguntei alto.
- Ah, mas isso seria uma maravilha! – mamãe falou, entusiasmada.
- , cala a boca! – mandei. – Mãe, não é nada disso. Pode ficar menos animada com isso. Ele tá brincando.
- Poxa, , assim você machuca os meus sentimentos. – falou, se fingindo de ofendido, colocando a mão sobre o peito. – Eu tenho sentimentos, sabia?
- Aham, sentimentos de babaca! – avisei, levantando-me. – Mãe, já ligou para o buffet?
- Ainda não, querida. Pode fazer isso? – pediu, olhando-me com aquele olhar de cachorro que caiu da mudança. Assenti, pegando o telefone e a agenda dela. – Não liga, filho. A às vezes é meio grossa, mas é uma ótima menina.
- Eu ouvi isso. – falei, discando os números e colocando pra chamar. – E eu não sou grossa, vocês que são um bando de doidos... Alô? Oi, aqui é a , eu encomendei um buffet para amanhã à noite. – falei, ouvindo atentamente a moça do outro lado da linha falar. – Isso, isso mesmo. Então está tudo certo, né? – sorri. – Ótimo, obrigada. É, sim. Esse local e horário mesmo. Ok, até e obrigada. – desliguei e já fui discando os números da confeitaria. Chamou, mas ninguém atendeu. – O pessoal da confeitaria não quer atender.
- Deve estar fechada, . Já está tarde. – mamãe avisou, olhando brevemente pela janela, constando já estar escuro.
- Você tem razão. – concordei com ela, andando até meu pai. – Precisa de alguma ajuda?
- Não, abelhinha. Já resolvi tudo! – avisou, orgulhoso de si mesmo. Sorri, dando uns tapinhas nas suas costas.
- Bom trabalho, paizinho. – falei, encorajando-o. Andei de volta à minha mãe e . – O que mais precisa fazer?
- Preciso que você relaxe, filhota. – mamãe sorriu, abraçando-me de lado. – Eu já fiz tudo o que faltava, agora só nos resta aguardar.
- Opa, isso quer dizer que você está livre? - perguntou, levantando-se rapidamente.
- Podem ir se divertir, crianças. – ela falou, piscando pra nós.
- Tem certeza, mãe? – perguntei em dúvida.
- Cem por cento, meu amor. – concordou, empurrando-me para a escada. – Sobe, toma um banho e depois sai pra dar uma volta com o .
- Assim que se fala, dona Lydia. - falou, animado. Ri, concordando.
- Certo. Eu vou tomar um banho mesmo, porque estou morta de cansada. – avisei, fazendo uma careta.
- Beleza, eu também vou. - avisou. Eu, mamãe e papai olhamos pra ele. – Mas na minha casa. – consertou, rindo sem graça. – Eu passo aqui daqui a pouco. A gente sai pra comer qualquer coisa.
- Ok, então. – sorri, despedindo-me e subindo para o meu antigo quarto. Minhas malas já estavam lá, mamãe deve tê-las colocado aqui em cima. Ao invés de ir para o banheiro, apenas me joguei na minha cama, estava exausta. Essa correria desses dias tinha me cansado bastante. Meus olhos pesavam, minhas costas estavam me matando e meus pés também. Mas eu tinha me criar forças e ir tomar um banho... – Só cinco minutos. – falei para mim mesma, fechando os olhos devagar.


Senti alguém passando a mão no meu cabelo. Sorri, apreciando o carinho. Eu amava cafuné. Abri os olhos lentamente, dando de cara com , todo arrumado. Puta que pariu! Ele sorriu.
- Acordou, bela adormecida? – falou, fitando-me. Esfreguei os olhos, numa tentativa de despertar. Me sentei na cama, ainda meio zonza e perdida.
- Que horas são? – perguntei, enfim.
- Quase meia-noite. - respondeu, olhando no celular.
- Ah, meu Deus! Eu sinto muito, . – pedi, fazendo uma cara triste. – Eu não achei que fosse dormir tanto.
- Tudo bem, relaxa. Você estava cansada! – falou, tranquilizando-me, passando a mão no meu rosto.
- Há quanto tempo você tá aqui? – perguntei, enrolando meu cabelo para cima.
- Tem um tempinho. – confessou, fazendo uma careta. – Tava te assistindo roncar.
- Ei, eu não ronco. – falei alto.
- Ronca e baba. – falou, apontando para uma mini-poça de baba no meu travesseiro. Fiz uma cara de nojo, passando o dorso da minha mão no canto da minha boca, limpando qualquer coisa que estivesse ali ainda.
- Poxa, você deve estar com fome, né? – perguntei, me sentindo uma pessoa horrível. – Tá bom. Eu já sei, vamos procurar algo aberto ainda e vamos sair. – me levantei da cama.
- , não precisa. – falou, puxando-me pela mão, fazendo-me voltar a me sentar na cama. – Eu como qualquer coisa lá em casa.
- Mas você está pronto, arrumado. – falei, sentindo-me ainda mais terrível. Ele riu,
- E daí? – deu de ombros. – Relaxa, linda, tá tudo bem.
- Cadê meus pais? – perguntei, me aconchegando ao seu lado, encostando minha cabeça em seu ombro.
- Foram dormir. Estavam cansados também, disseram que amanhã será um longo dia pra eles. – explicou, pegando a minha mão e brincando com os meus dedos. Apenas o observei fazendo isso. – Sua mãe deixou eu subir.
- ? – o chamei.
- Fala. – pediu. Virei meu rosto para fitá-lo. Ele fez o mesmo.
- Dorme aqui hoje? – pedi, estudando o rosto dele, esperando uma reação. Ele sorriu, puxando meu queixo com o dedo indicador para mais perto dele.
- Vai ser um prazer. – e me beijou. Me agarrei na cintura de com força, sentindo ele aumentar a intensidade do beijo, enquanto empurrava o corpo contra o meu, fazendo-me deitar na cama. Quando dei por mim, ele estava sobre mim, me beijando alternadamente entre minha boca e pescoço. Concentração, , você estava na casa dos seus pais. segurou minha mão acima da minha cabeça, pressionando fortemente, a outra mão estava apertando delicadamente a minha cintura. Senti os dedos quentes de entrar por debaixo da minha camisa. Me arrepiei até o ultimo fio de cabelo. Ele desceu os beijos para o meu queixo, pescoço e colo. Mas parou, me fitando, em dúvida. Suspirou alto e caiu do meu lado, colocando a mão sobre o rosto. – Caralho!
- O que foi? – perguntei, virando-me para ele.
- Quase fiz uma besteira. – confessou, ainda escondendo o rosto entre as mãos. Mordi o lábio inferior, puxando suas mãos, fazendo com que ele me olhasse.
- Você não ia fazer sozinho, . – avisei, encostando o meu queixo em seu peito, fitando-o. Ele passou o dedão sobre a minha boca, sorrindo.
- Você me deixa meio fora de mim, sabia? Isso é não é muito normal. – falou, sem tirar os olhos dos meus.
- Se isso te conforta, você tem o mesmo efeito sobre mim, bonitinho. – avisei, beijando seu dedo e me levantando da cama. – Vou tomar banho.
- Posso ir junto? – perguntou, se sentando na beirada da cama e puxando-me pelas pernas.
- Só se você quiser levar um soco na cara. – sorri, soltando-me dele.
- Ouch! – falou, jogando-se novamente na cama. – Como é duro ser homem.
- Não é fácil ser mulher também, meu bem. – alertei, indo até o meu armário e pegando o meu roupão. – Comporte-se enquanto eu estou lá. – apontei para o banheiro. – Já volto. – avisei, entrando no banheiro e trancando a porta. Homens, nunca se sabe, né? Me despi rapidamente e liguei a ducha. Ajustei numa temperatura quente e joguei meu corpo debaixo daquela deliciosa água. Ah, era como se tivesse tirado cem quilos das minhas costas. Passei o sabonete pelo meu corpo, passando os dedos pelo meu pescoço e colo, lembrando de alguns minutos atrás. Um sorriso involuntário escapou nos meus lábios. Como eu queria que ele tivesse continuado. Ah, qual é?! Eu não iria bancar a santa. Eu não tinha um encontro bom há meses. Olhei fixamente para um ponto na cerâmica do banheiro, pensando. Esse garoto deveria ter um corpo maravilhoso, porque pegada ele tinha e de mais. Ri sozinha com as minhas taradices. Terminei o meu banho, escovei os meus dentes e vesti meu roupão, saindo de lá, logo após. estava no celular, deitado na minha cama. Mordi o lábio inferior e me sentei ao seu lado. Ele me olhou, sorrindo.
- Hm, tá cheirosa. – comentou, passando o nariz pelo meu braço.
- Meu bem, eu sou sempre cheirosa. – falei, dando-lhe um selinho demorado. Soltei meu cabelo do nó que eu havia feito e me deitei ao lado dele.
- Você é bem malvada, né? – ele falou, virando de frente pra mim.
- Eu não, por quê? – perguntei, fingindo inocência. Era claro que eu sabia do que ele estava falando.
- , você está só de roupão perto de um cara que está louco pra te agarrar. Isso não é muito aconselhável. – avisou, brincando com o laço do meu roupão. Fitei seus dedos fazendo os movimentos, como se fosse desfazer a amarração.
- Ah, mas ele é um cavalheiro, não é? Ele nunca faria nada que eu não quisesse. – falei, segurando a mão dele. Ele riu, me fitando. Ai, aqueles olhos.
- E você não quer? – ele perguntou, aproximando o rosto do meu.
- Sabe o que eu quero? Dormir. – falei, tomando folego e me afastando dele. Ele gemeu, desapontado.
- Junior quer sair pra brincar, . – ele falou, e eu comecei a rir.
- Pois o Junior vai ficar dentro da casinha hoje, sem brincadeiras pra ele. – falei, apontando para .
- Fazer o quê, né? – se deu por vencido. – Tem alguma roupa do seu irmão para me emprestar? Não vou dormir de calça jeans.
- Vou buscar alguma coisa pra você no quarto dele, calma. – avisei, abrindo a porta e indo até o quarto ao lado. Bati duas vezes na porta, mas não houve resposta. Encostei a orelha na porta, tentando ouvir algo, mas não consegui. Então abri a porta. Não tinha ninguém lá. Mas onde, diabos, estava o meu irmão a essa hora? Entrei no quarto, fui até closet dele e abri as gavetas, atrás de algo para vestir. Acabei pegando uma bermuda e uma regata. Voltei para o meu quarto, fechando e trancando a porta. – Meu irmão ainda não voltou para casa. Você sabe aonde ele foi?
- Aham, eu falei com ele mais cedo. – avisou, levantando-se e vindo até mim. – Ele foi para a casa da namoradinha dele.
- Meu irmão tem namorada? – perguntei surpresa. riu, pegando as peças de roupas da minha mão.
- Tá bem informada! – ironizou, jogando as roupas sobre a minha cama. – Tem pouco tempo que eles estão juntos.
- Poxa, o Zachary não comentou nada comigo sobre isso. – falei, sentindo-me excluída da vida do meu irmão mais novo. Fiz um bico, cruzando os braços. – Fiquei chateada.
- Não fique, . - falou, vindo até mim. – Talvez ele ainda não contou, porque esteja esperando ficar mais sério.
- Mesmo assim. Eu queria que ele tivesse me dito. – falei, ainda emburrada. riu, segurando meu rosto com as duas mãos, fazendo-me olhar pra ele.
- Relaxa, mulher! Seu irmão já é bem crescidinho e sabe o que faz. – me alertou, dando-me um selinho. – Pelo menos alguém tá aproveitando a noite, né?
- ! – repreendi, estapeando o seu peito.
- Ok, ok. – levantou as mãos, dando-se por vencido. – Vou me trocar. – avisou, pegando as roupas e indo para o banheiro. Suspirei baixo. Aproveitei que estava no banheiro e fui me trocar, assim que terminei de vestir a minha camisola, saiu, passando a mão no cabelo, bagunçando-o. Sorriu malicioso pra mim, fitando as minhas pernas. – Você tem belas pernas.
- Para de olhar para as minhas pernas. – pedi, tentando escondê-las, sem sucesso. Ele riu, sentando-se na minha cama e me chamando para juntar-se a ele.
- Deixa eu te falar uma coisa: impossível não olhar para as suas pernas, dá vontade mordê-las. Aliás, queria morder você toda. – confessou, sem pudor nenhum. Apenas mordi o meu lábio inferior, ouvindo-o. – Eu lembro bem que da última vez que eu te vi de biquíni, você tinha um corpo maravilhoso, . Não me culpe por te desejar tanto. Pra ser bem sincero, eu tô me contendo aqui só por sua causa, porque a qualquer sinal que você desse, positivo, eu juro que ia ser aqui e agora. - desabafou enfim. Eu não sabia o que responder, eu sentia meu corpo vibrar. Então eu fiz o que qualquer mulher, madura e bem resolvida teria feito diante dessa declaração. Eu o beijei. Eu o beijei mesmo, com toda a vontade que me consumia. correspondeu de imediato, segurando a minha cintura fortemente. Empurrei na cama, até fazê-lo deitar. Passei minhas pernas uma de cada lado da sua cintura. Ele deslizou suas mãos para as minhas coxas, dando leves apertadas à medida que eu aprofundava o beijo. Puxei para cima a regata que ele vestia, relevando enfim o que eu sempre suspeitei: barriga maravilhosa. Passei as unhas com tudo o que eu tinha direito. gemeu no meu ouvido, voltando a me beijar, a distribuir beijos pelo meu pescoço e colo. Me afastei um pouco dele e levantei os braços. sorriu, entendendo o recado. Segurou nas pontas da minha camisola e a puxou para cima, revelando enfim o meu corpo semi nu, coberto por somente uma calcinha. me fitou por tanto tempo, que eu comecei a ficar vermelha de vergonha. Mas logo passou, porque ele resolveu beijar cada parte descoberta do meu corpo, e aquilo sim era maravilhoso. Mordeu minha barriga, beijou minha virilha, beijou-me sobre a calcinha. Eu tremi até a ponta do pé. Com a mão tateando a parede, encontrei, com dificuldade, o interruptor, desligando a luz do quarto. A partir dali, eu havia me esquecido totalmente quem era a garota boba que viva implicando com o amigo chato do irmão mais novo. Naquele momento, éramos somente e . Dois corpos que queriam muito estar juntos.


’s POV

Acordei no dia seguinte com vários beijinhos sendo distribuídos pelas minhas costas. Sorri, virando-me para ela. sorriu, alcançando minha boca num rápido selinho.
- Bom dia, implicante! – falou com a voz rouca. A puxei para mais perto de mim.
- Bom dia, chatinha! – respondi no mesmo tom. – Dormiu bem?
- Dormi igual pedra. – falou, coçando os olhos e bocejando. – Porém, ainda estou meio cansada.
- Por que será, hein? – falei, fazendo uma cara de pensativo. Acabei levando um tapinha no peito. Essa mulher ama me bater.
- Fica quietinho, aí. – mandou, sentando-se na cama e enrolando o lençol em volta do corpo. – Vou tomar um banho, quer vir?
- Agora você me convida, né? – falei, apontando pra ela, que riu.
- Se quiser. Senão, eu vou sozinha. – falou, levantando-se da cama.
- Espera! – a puxei pela mão, fazendo-a rir e cair no meu colo. Houve batidas na porta. Ela me fitou, arregalando os olhos e segurando o riso.
- Filha, já acordou? – a mãe de perguntou.
- Já, mãe. Daqui a pouco eu desço! – respondeu, falando alto.
- Não demore, querida. Temos que buscar nossos vestidos. – ela avisou. – Te espero na cozinha. O café da manhã já está na mesa.
- Ok, mãe. – respondeu novamente. me fitou, fazendo uma careta. – Nosso banho furou.
- A gente resolve isso depois. – falei, levantando-me. – Eu vou tomar um banho em casa mesmo. Pode ir se arrumar.
- Ei, não. Você vai tomar café da manhã com a gente. – ela falou, puxando-me pela mão até o banheiro. – Nosso banho só precisa ser mais rápido. – riu, fechando a porta atrás de mim. Ok, não foi tão rápido assim o banho. E quem disse que a gente se importou. Depois de nos vestirmos e estamos apresentáveis. e eu descemos para a cozinha, de mãos dadas, onde encontrei a família dela reunida, tomando o desjejum. Lydia me fitou, sorrindo. Carl me lançou um olhar mortal. Zachary sorriu.
- E aí, cara?! – falou, puxando a cadeira ao seu lado. – Senta, aí.
- Valeu, Zach. – agradeci, sentando-me ao lado dele, e ao meu lado. – Bom dia, pessoal.
- Bom dia, filho. – Lydia falou, puxando um prato de panquecas para a minha frente. – Café ou chá?
- Café mesmo, obrigado. – agradeci, aceitando a xícara com café dentro. O pai de ainda me fitava sem dizer nada.
- Carl, pare de encarar o menino! – Lydia o repreendeu. Zach riu. estava mais interessada em devorar o pedaço de pão a sua frente.
- Cadê a dieta, maninha? – Zach a cutucou. o fitou, fazendo uma careta.
- Come seu lanchinho aí, Zachary. – mandou, gesticulando com a mão.
- , a gente vai buscar os nossos ternos daqui a pouco, quer ir conosco e já pegar o seu? – Zach perguntou, apontando para o pai e ele.
- Claro, seria ótimo. – sorri, agradecido. – Primeiro eu vou lá em casa, preciso dizer a minha mãe que estou vivo. – ri, tomando um gole de café e me levantando. – Eu encontro vocês na porta.
- Beleza, então. – Zach concordou, balançando a cabeça.
- Eu vou com você até a porta. - avisou, levantando-se também. Concordei.
- Te vejo à noite, Lydia. – acenei, entrelaçando os meus dedos nos de , e nos guiando até a porta de entrada. – Te vejo à noite também, linda. – abracei sua cintura. Ela ficou nas pontinhas dos pés e me deu um beijo rápido.
- Até lá. – falou, soltando-se de mim. Me afastei, andando de costas. Ela sorriu, acenando. Logo ela voltou para dentro de casa e eu segui até a minha. Assim que entrei, dei de cara com minha mãe toda apressada pela casa.
- Bom dia, mãe. – falei, indo até ela.
- Oi, meu bem! – ela sorriu, dando-me um beijo na bochecha. – Como foi a noite?
- Ótima! – sorri, verdadeiro. Realmente tinha sido. – Tá com pressa por quê?
- Tenho horário no salão agora e não acho a chave do carro. – falou, vasculhando debaixo das almofadas todas do sofá. Levantei uma sobrancelha.
- Mãe? – a chamei, cruzando os braços.
- Sim, filho? – perguntou, continuando a procurar a chave.
- A sua chave está pendurada na sua calça. – avisei, apontando para a mesma. Ela riu, dando um tapinha na própria testa.
- Estou cada dia pior. – admitiu. – Te vejo mais tarde, querido.
- Cadê o meu pai? – perguntei, lembrando-me.
- Está na empresa. À tarde ele está de volta. – avisou, abrindo a porta. – Beijos. – e saiu. A casa caiu num silêncio. Fui até o meu quarto e troquei de roupa, rapidamente. Logo já estava saindo de casa novamente, encontrando com Zach e o pai, esperando-me perto do carro de Carl. Zach abriu a porta do carona para se sentar, mas Carl o impediu.
- Não, filho. Deixe o sentar aí hoje. Quero ter uma conversinha com ele. – ele pediu. E eu engoli seco. Isso não bom. Zach riu, concordando e se sentando atrás.
- Eu avisei. – ele cochichou pra mim. Então, finalmente estávamos nos encaminhando para a loja de ternos.
- , sabe que sempre te considerei um outro filho, não é mesmo? – ele começou falando.
- Claro, senhor. E eu fico honrado por isso. – falei, ajeitando a minha postura.
- Agora, no momento em que você decide se envolver com a minha filha. Bom, aí, eu sou obrigado a ter outro tipo de conversa com você. – explicou, sem olhar pra mim. – Saiba que apesar da ser uma mulher adulta, ela ainda é minha filhinha e sempre será. Então, caso você pense, ou pelo menos cogite a ideia de machucá-la. Pense nisso antes: eu servi por anos no exército. Eu sei fazer com que pareça um acidente. – avisou, fitando-me dentro dos olhos. Juro que senti um frio na espinha.
- Sim, senhor. Pode deixar, eu me lembrarei disso. – falei sério.
- Tirando isso, fico feliz que vocês tenham se ajeitado. – ele sorriu, finalmente, tranquilizando-me.
- Também fico, pode acreditar. – sorri, sentindo-me mais relaxado.
- Ei, ? – Zach me chamou, cutucando o meu ombro. Olhei para ele. – Posso parecer seu amigo, mas ainda sou o irmão da . – avisou, dando uns tapinhas no meu ombro. – Só pra deixar claro. – assenti, fazendo uma cara confusa. Eu estava ferrado com aquele pessoal, mas por ela, valia a pena.

’s POV Off

--x--


Passei as mãos pelo vestido e me olhei no espelho. Era um vestido tomara que caia, transpassado no busto, num tom cinza, cor de gelo, sei lá. Coloquei meu cabelo para cima, tentando imaginar o penteado.
- Está tão linda, querida. – mamãe disse, colocando a mão sobre o peito, toda sorridente. Sorri, observando seu reflexo no espelho.
- Eu amei esse vestido. É simples e bonito. – comentei, sendo sincera. – A tia Kate deu alguma notícia?
- Ela me ligou agora a pouco, disse que ela e Liv estão chegando aqui. – explicou, cruzando os braços, ainda me observando.
- Ok, certo. – concordei, virando-me para ela. – Cadê o seu vestido?
- A vendedora disse que foi buscar. – avisou.
- Senhora , poderia vir comigo? – a vendedora apareceu, segurando um vestido em seus braços.
- Vai lá, mãe. – falei, empurrando-a para ir com ela. – Quero ver depois, hein?
- Ok. – concordou, sorrindo. Ela era só sorrisos hoje. Enquanto minha mãe provava o vestido, me sentei no sofá branco, confortavelmente, passando os dedos pelo tecido do meu vestido.
- ?! – uma loira me chamou. Sorri, levantando-me.
- Liv! – falei, indo abraçá-la. – Quanto tempo, prima.
- Nem fala! – segurou minhas mãos. – Você está tão linda.
- Olha quem fala, a rainha do baile de formatura do ensino médio. – falei, rindo. Ela abanou o ar, dando de ombros.
- Como você está? Como está a vida? Os negócios? Ei, como vai o Josh? – perguntou, sorrindo. Fiz uma careta, quando ela falou o nome do meu ex.
- Tudo vai bem, só não essa parte do Josh. Nós não estamos mais junto, Liv. – falei, voltando a me sentar. Liv fez o mesmo.
- Eu sinto muito, . – falou, fazendo uma cara triste.
- Ah, tudo bem. Não ia dar certo mesmo. – falei, sorrindo pra ela. – E você, como tá?
- Estou ótima! – respondeu animada. – Consegui um trabalho em Paris.
- Paris? – falei, surpresa. Ela assentiu. – Que ótimo, Liv.
- Estou tão animada. Não vejo a hora de estar naquela cidade! – comentou, com cara de sonhadora. Sorri, feliz por ela. O celular de Liv começou a tocar. – É o Nate. – comentou, atendendo. – Oi, Nathan. – falou sorrindo, mas logo seu sorriso sumiu. Liv se levantou, apressada. – Mas o quê? Por quê? Jura, Nate? – ela andava de um lado para o outro. – Ah, mas você é cabeção de mais, né? – ela falou, revirando os olhos. – Tá, eu vou avisar. Não sei que o faremos. Tá bom, se cuida. Tchau.
- O que houve? – perguntei, aflita.
- Nate perdeu o voo. – fez uma careta, bufando. – Ele só conseguiu outro de madrugada.
- Não acredito! – falei, triste. – Mamãe vai ficar arrasada. E, cara, ele era o meu par. – choraminguei. – Vou ter que entrar sozinha.
- Como o irmão é meu, eu assumo a responsabilidade. – falou, pegando a minha mão. – Pode entrar com o Zach, eu entro sozinha.
- Imagina, Liv. – falei, apertando a sua mão. – Pode entrar com o Zach, como combinamos. Eu vou dar um jeito. – sorri, tendo uma ideia. – Na verdade, eu tenho alguém perfeito pra fazer a substituição.
- Sério? Isso é ótimo! – falou animada. – Posso saber quem é?
- Hmm... – fiz, mordendo a boca. – Você vai saber na hora. – avisei, piscando pra ela.
- Ok, sua misteriosa! – riu. Mamãe apareceu na porta junto com a vendedora, finalmente. Nós a olhamos, boquiabertas. Ela estava linda.
- Mãe, você está maravilhosa! – falei, levantando-me e indo até ela. Peguei em sua mão e a fiz dar uma voltinha. – Papai vai babar quando te ver.
- Ah, para com isso, menina. – ela falou, rindo. Andou até o espelho e sorriu. – Nossa, eu estou maravilhosa. – rimos. – É, você tem razão, filha.
- Eu sempre tenho. – falei, cruzando os braços.
- Realmente está linda, tia. – Liv concordou, aproximando-se dela.
- Liv, querida! – mamãe sorriu, abraçando-a. – Que bom que chegou! Cadê a Kate?
- Estava estacionando o carro, deve estar entrando já. – avisou. – Onde está o meu vestido? Eu preciso experimentá-lo.
- Me acompanhe, senhorita. Eu vou levá-la até ele. – a vendedora pediu. Liv concordou, seguindo-a.
- Mami, tenho algo para te contar. – comecei, parando atrás dela, olhando-a através do espelho.
- Ai, meu Deus! O que houve? – perguntou, virando-se para mim.
- Nate perdeu o voo e não vai conseguir chegar a tempo do casamento. – contei, fazendo uma careta. Coloquei uma mecha de cabelo dela atrás da orelha. – Mas não se preocupe. Tudo vai sair como planejamos, ok? Eu já sei o que fazer.
- Ah, que ótimo, filha. – me abraçou. – Obrigada por cuidar disso pra mim.
- Imagina, mãe. Hoje é o seu dia! – sorri, beijando sua bochecha.
- Então, como estou? – Liv retornou. Colocou a mão na cintura e rodopiou. Ela estava linda, usava um vestido idêntico ao meu, mas num tom mais escuro. É, eu nunca tinha reparado que ela tinha um... coração enorme mesmo. Olhei para os meus e fiz uma careta.
- Está deslumbrante, meu amor. – Kate, minha tia, apareceu, batendo palmas.
- Concordo com ela! – falei, sorrindo e indo até titia. – Oi, tia.
- Oi, . – me abraçou.
- Meninas, temos salão daqui a pouco. Vamos agilizar aqui? – mamãe avisou, apressando-nos.
- Vou trocar de roupa e já vamos. – falei, segurando as pontas do meu vestido e correndo para o provador. Antes de trocar de roupa, peguei a minha bolsa e meu celular. Digitei rapidamente uma mensagem para e enviei.

“Tenho uma tarefa importantíssima pra você hoje: ser meu par para entrar no casamento. Nate não pôde vir. Será que você pode substitui-lo?”


Troquei de roupa e as demais garotas também, logo menos estávamos indo para o salão, para terminar de nos arrumar para o grande dia. O fotografo que nós contratamos já estava lá, nos esperando. Ele fotografava tudo, desde a preparação dos cabelos à nossa maquiagem. Depois de terem feito a minha maquiagem e de ser servida com uma taça de champanhe, dei uma escapada daquela bagunça de mulheres falando o tempo todo, peguei meu celular e vi a resposta de .

“Vai ser uma honra entrar com você, moça. ;)”


Sorri, achando-o fofo. Mandei uma mensagem pra ele usar uma gravata cinza, para combinar comigo, claro. O fotografo me achou e posicionou a câmera para mim.
- Um sorriso. – pediu. Sorri e levantei a taça. Eu estava cheia de grampos no cabelo e de roupão. Não ficou bonito. – Estava se escondendo?
- Só uma escapadinha. – falei, rindo. Ele se aproximou, sentando-se ao meu lado. Lorenzo era um jovem fotografo, que veio de Londres só para fotografar o casamento dos meus pais. Seu trabalho era excelente, por isso o contratamos. Enzo, como o pessoal costumava chama-lo, era italiano, veio para o Reino Unido com dezoito anos. Tinha puxado aquele tom bronzeado dos italianos e, claro, o sotaque ainda presente. Não vou mentir, era bem atraente.
- Acho muito bonito isso o que os seus pais estão fazendo. – ele gesticulava com a mão. – Renovar os votos. Lá na Itália, os casais são demasiadamente apaixonados. Fazem isso sempre que podem, demonstram amor aos quatro ventos.
- A Itália é um lugar apaixonante mesmo. – comentei, sorrindo.
- Já foi lá, bella? – perguntou, fitando-me. Ri, negando.
- Não, nunca fui. Mas tenho muita vontade. – confessei. – E meu nome é , não Bella. – ele riu.
- Eu sei. Bella em italiano quer dizer linda, bonita, formosa. – explicou, sorrindo.
- Ahhh! – soltei, sentindo-me uma idiota. Ri, sem graça. – Bom, desse modo, obrigada. – tomei um belo gole do meu champanhe. Lorenzo enfiou a mão dentro do bolso da calça e tirou um cartão de lá.
- Aqui, fica com um cartão meu. – estendeu o cartão.
- Minha mãe já tem o seu número. – expliquei.
- Aqui tem o número do meu telefone pessoal. – falou. – Me liga, vamos marcar algo qualquer dia.
- Ahm, claro. – sorri, pegando o cartão. Ele se levantou.
- Vou voltar ao trabalho. – e mirou a câmera novamente pra mim, tirando outra foto. Olhou no display da câmera. - Bella! - sorri sem graça e ele se afastou. Liv logo veio até mim, sorrindo maliciosa.
- Eu vi isso, hein? – avisou, rindo. Ela também estava com o cabelo cheio de grampos e de roupão.
- Não viu nada, porque não teve nada. – falei, dando de ombros.
- Ah, , qual é?! Ele é um gato! – sussurrou, lançando uma olhadinha para ele, que tirava foto da minha mãe. – Você tá saindo com alguém?
- Hm, sei lá, mais ou menos. – falei, incerta. – A gente saiu poucas vezes, não é nada sério. Só curtição.
- Então, boba? Se eu fosse você, já garantia o meu “fim de festa”. – falou, fazendo aspas. Nós rimos.
- Bom, nesse caso, eu acho que já tenho o meu “fim de festa”.– a imitei.
- Ah, é? E quem é? – perguntou, interessada.
- Lembra do meu vizinho? Amigo do meu irmão? O ? – perguntei, mordendo o lábio inferior.
- Aquele gato do seu antigo vizinho? Claro que lembro! – falou animada. – Mentira que você tá saindo com ele?
- Pois estou! – confirmei, bebericando o champanhe. – A gente saiu umas duas vezes só, mas foi muito legal. A gente meio que se conectou. Foi bom estar com ele, sabe? Foi confortável, parecia que eu estava em casa, com alguém que eu conhecia há anos. E bom, era verdade.
- Ah, que fofos! – falou, apertando as minhas bochechas. Fiquei vermelha de vergonha. – Acho que você está apaixonada.
- Ah, para com isso! – falei, fazendo uma cara de desinteresse. – Só é uma curtição, nada mais.
- Sei, claro. – falou, rindo. – Se você própria não se ouviu, o que eu posso fazer, né? – jogou uma piscadinha pra mim e se levantou, saindo. A fitei se afastar. Mas o que ela queria dizer com isso? Nada a ver isso de estar apaixonada. Ri, balançando a cabeça. Liv estava ficando doida, coitada. Apaixonada, eu? Tá doida.
Horas mais tarde, finalmente estávamos no local do casamento. Todos estavam presentes, todo mundo muito bem arrumado, a decoração da chácara estava linda, os meninos da banda já estavam em seus lugares, a cerimonialista também. Tudo estava indo bem. Apertei o buquê de flores entre meus dedos quando avistei mais a frente, conversando com Zach, animadamente. Sorri, andando até eles.
- Oi, meninos. – falei, parando na frente deles. Zach sorriu. Ele estava lindo. Não o via tão arrumado desde o enterro do tio Paul. Pois, é, péssima lembrança. me fitou de cima a baixo, sorrindo largamente. Ele também estava maravilhoso naquele terno. O cabelo estava penteado para trás, e estava muito cheiroso.
- Uau, tá muito linda. – ele falou, pegando a minha mão e beijando o dorso da mesma.
- Tá bonita mesmo, maninha. – Zach concordou, sorrindo.
- Vocês também, cavalheiros. – sorri, fazendo um falso cumprimento de realeza. Nós rimos. – Cadê o papai, Zach?
- Tá lá atrás falando com alguns convidados. – explicou, apontando com o dedo sobre o ombro. Peguei seu braço e fitei o relógio.
- Pede pra ele ir para o lugar dele, daqui a pouco vamos começar. – falei, e ele assentiu, indo atrás de papai.
- Só não te beijo agora, porque eu tiraria seu batom e você me mataria. - comentou, segurando a minha mão. Ri, balançando a cabeça.
- Ainda bem que você sabe. – concordei, aproximando-me dele. – Mas um selinho pode. – avisei, encostando levemente os meus lábios sobre os dele. Um flash estourou sobre nós, assustando-me. Era Lorenzo, tirando uma foto nossa. Sorri, sem graça.
- Ficaram lindos! – ele falou, piscando pra mim.
- Valeu, cara. - agradeceu, enlaçando a minha cintura. Lorenzo acenou e saiu, tirando mais fotos por aí. Avistei Liv vindo em nossa direção. Ela e seu coração enorme.
- Oi, gente! – falou, sorrindo. - , né? – ele assentiu, estendendo a mão.
- Liv? – ela também assentiu, aceitando a mão dele. – Prazer revê-la.
- O prazer é meu. – sorriu, depois me fitou. - , sua mãe pediu pra gente se posicionar. Ela já vai dar início.
- Ótimo, então. – falei, puxando até a entrada, onde Zach já nos aguardava. Papai já estava no altar, nos aguardando. Liv se posicionou ao lado de Zach, e do meu. Entrelacei meu braço ao dele, segurando o buquê. Ele me fitou e me deu outro selinho. A música instrumental começou a tocar. e eu éramos os primeiros a entrar. Estava tudo tão lindo vendo daquele ângulo. Meus avós adorariam estar presentes se estivessem vivos ainda. Lentamente nos encaminhamos até o final do altar. Várias pessoas tiravam fotos do celular, câmeras e, claro, Enzo estava lá na frente, tirando várias. Liv e Zach estavam logo atrás de mim. Papai estava sorrindo, meio suando também, mas sorrindo. Zach deixou Liv do lado esquerdo do altar e correu para atrás de novo. Ele entraria com a mamãe. foi para o lado direito. A marcha nupcial soou. Todo mundo estava ansioso para ver como mamãe estava. E logo eles a viram. Ela estava ainda mais linda, a sua pele iluminava, seu sorriso era contagiante. Ela e Zach caminhavam até o altar. Fitei papai, ele estava sorrindo e suspirando ao vê-la. Meu coração se encheu de orgulho. Papai andou até eles, logo se encontraram no meio do caminho. Zach entregou mamãe a papai, sorrindo. Papai abraçou Zachary e ele foi para o seu lugar. Meus pais andaram até o altar, até a cerimonialista, postando-se ali. A cerimônia foi maravilhosa, a renovação dos votos ainda mais. Me emocionei várias vezes durante cerimônia. A surpresa que papai preparou para mamãe, foi que ele havia mandado gravar um pedaço dos antigos votos na aliança de casamento. “Para toda a vida”. Mamãe amou e chorou. Todo mundo chorão nessa família. Depois do casamento, todo mundo se dirigiu para o lado da festa. Os meninos foram tocar na banda, finalmente. Eu peguei uma taça de champanhe e belisquei uns docinhos sobre a mesa, perto do bolo. Mamãe cumprimentou algumas pessoas e logo me viu, vindo até mim. – Oi, noiva.
- Oi, minha princesa. – me abraçou. – Você estava linda.
- Tive a quem puxar. – falei, piscando pra ela, que riu. – Estou tão feliz por vocês, mãe.
- Também estou, querida. Não consigo parar de sorrir! – confessou, rindo. Ri junto.
- Que bom, mami. – segurei e apertei sua mão. Ouvimos alguém bater num microfone, chamando nossa atenção. Era Zach em cima do palco. Ele havia abandonado o paletó, pegando a sua guitarra e estava pronto para falar algo.
- Boa noite, pessoal. – ele falou, olhando para os convidados, que prestavam a atenção nele. – Espero que estejam aproveitando essa maravilhosa noite. Mãe e pai, quero que saibam que eu tenho muito orgulho de ser filho de vocês. – falou, apontando para papai mais à frente e depois para mamãe, ao meu lado. – Obrigada também por ter me dado a melhor irmã que alguém poderia ter. – apontou para mim. Sorri, mandando beijos para ele. – Eu preparei uma canção pra vocês, espero que gostem. – avisou, virando-se para os amigos de banda e falando algo. estava logo ao seu lado, segurando um violão. Ele também abandonara o paletó e dobrou a camisa. Sorriu pra mim, jogando uma piscadinha. Os acordes de Somewhere Over the Rainbow começou a tocar. Zach tinha ensaiado muito essa música, ele fez uma versão mais animada da música. Ficou ótima. Mamãe e papai se juntaram, apreciando a homenagem. Alguns casais se juntaram, começando a dançar. Sorri, achando tudo muito bonito. Liv apareceu do meu lado, comendo um docinho.
- não tira os olhos de você. – avisou, fitando-o. Sorri, o fitando também. E ele realmente estava me olhando. – Ele gosta de você, .
- Ai, Liv. – ri. Liv era uma garota muito romântica. Via romance e paixão em tudo. Já eu, estava acostumada com as rasteiras da vida e tinha os pés firmes no chão. Bom, eu achava que tinha, pelo menos. Depois de algumas músicas, desceu do palco e andou até mim, que conversava com dois primos.
- Oi, gente. – ele falou, cumprimentando-os. – Deixa eu roubar a um pouquinho de vocês?
- Fica à vontade, parceiro. – Jake, meu primo, falou. Sorri, deixando ser levado por . Ele segurou a minha cintura, aproximando nossos corpos. Enlacei seu pescoço com os meus braços.
- Vocês estavam ótimos. – falei, sendo sincera. mordeu os lábios, encostando a testa na minha.
- Preciso te falar uma coisa. – avisou.
- Pode falar. – incentivei. Ele me olhou fixamente nos olhos, parecendo tomar coragem para começar a falar. - , fala.
- Ok. – falou, respirando fundo. – Lembra que você me perguntou o que queria te dizer na sua festa de dezoito anos?
- Lembro, sim. O que era? – perguntei, curiosa.
- Naquele dia, eu tinha até comentando com Zach sobre isso. – começou a falar, sem desgrudar os olhos dos meus. – Tinha um tempo que queria ter te falado isso, mas aí, você saiu antes que eu pudesse dizer.
- Dizer o quê, ? Estou ficando aflita! – falei, franzindo o cenho.
- Dizer que eu era apaixonado por você. – confessou enfim. O fitei, sem reação. – Eu sempre tive uma queda por você, acho que dava pra notar. – ele riu, nervoso. – Naquele dia, eu tinha decido te contar sobre isso, mas você teve que sair, porque sua mãe estava organizando a sua festa surpresa.
- Por que você não disse depois? – perguntei, tentando fazer parar minhas pernas pararem de tremer.
- Eu até ia, mas, aí, eu te vi com o Ryan. Então, eu desisti, percebi que não tinha chances com você e que seria burrice continuar sentido aquilo. – confessou, fazendo uma careta.
- ... – falei com pesar na voz. – Eu sinto muito, eu não tinha ideia na época. Eu era muito imatura e não entendia nada disso.
- Mas sabe, valeu a pena esperar até hoje. – falou, tocando o meu rosto. – Quem sabe o que teria acontecido se eu tivesse dito naquela época, não é? – balancei a cabeça, concordando. – Então, eu tenho a oportunidade agora de falar isso de novo. – meu coração acelerou.
- , corre, cara. A próxima música é sua! – um amigo de banda veio avisar, apressando-o.
- Me dá só um minuto. – pediu, fitando-o.
- A música já está acabando. – falou, fazendo uma careta. bufou, soltando-me.
- Ainda não terminei. Me espera! – pediu, me olhando. Me deu um selinho e correu de volta para o palco.
- Vocês são tão fofos juntos. – Liv se aproximou, falando. A olhei, sem saber o que dizer. Eu meio que tinha perdido a fala. Estava sem reação.
- Ele gosta de mim. – falei baixo, finalmente. Sorri, virando-me para Liv. – Ele gosta de mim. – falei mais alto, sorrindo largamente.
- Eu te disse! – avisou, levantando a taça de champanhe que ela estava segurando.
- Mas eu não sei, Liv. – cruzei os braços, fitando-o sobre o palco. Ele estava tocando guitarra agora e estava no microfone, cantando uma música que eu não reconhecia bem qual era. – Ele mora aqui, eu moro em Londres. Ele tem uma vida aqui e eu lá. Isso não daria certo.
- Não seja pessimista, prima. Quando a gente gosta de alguém, a gente faz de tudo para que dê certo. – falou, tocando no meu braço, fazendo-me olhar pra ela. – Você merece tanto ser feliz. Dá uma chance pra si mesma, vai. – ela olhou para e depois pra mim. – Ele parece ser um ótimo cara.
- Ele é. – falei, sorrindo e o fitando. – Ele sempre foi.
- Espera um pouco! – ouvi a voz de falar, parando a música. Todo mundo olhou pra ele, esperando ele continuar. – Eu não posso continuar isso sem antes falar algumas coisas. – ele pegou o microfone, colocando a guitarra do lado. – Parabéns, Lydia e Carl. Felicidades pra vocês. – falou, fitando meus pais, que sorriram. – Mas quero pedir licença pra vocês, porque eu queria dizer algumas palavras pra outra pessoa. – pediu, direcionando o olhar pra mim. Minhas mãos gelaram. – Tem essa garota que eu conheço desde criança. Chata demais, vivia me implicando, mas que sempre que se machucava, eu ia ajudar. Me batia, corria atrás de mim, mas que sempre que precisava de ajuda, eu estava lá por ela. – sorri, boba, ouvindo cada palavra. – Eu não sei isso é possível, mas eu acabo de concluir que eu me apaixonei por ela duas vezes. Uma quando éramos dois adolescentes, e a outra, quando eu descobri a mulher sensacional que ela se tornou. – ele sorriu, bagunçando o cabelo. – Você deve tá querendo me matar por estar te expondo assim, mas eu precisava continuar aquela conversa mesmo que fosse por aqui. – balancei a cabeça, negando. - , fica comigo? Tipo, pra sempre? – as pessoas aplaudiram e gritaram, animados. Sorri, andando até ele, que pulou do palco, me encontrando.
- Você é louco! – falei, parando a sua frente. Ele estava suando de nervoso.
- Você não respondeu a minha pergunta. – falou. Eu respirava com dificuldade, meu coração parecia que iria pular do meu peito.
- E a distância? – perguntei, sendo realista.
- Eu aceitei o emprego em Londres. – ele falou, sorrindo. Abri a boca não acreditando. – Aceitei no mesmo dia que você me disse que eu não estaria sozinho. – segurou meu rosto. – Desde o momento em que você me disse pra correr atrás do que eu quero. – sorriu, grudando as nossas testas. – Eu tô fazendo isso agora. Eu quero você. Eu quero fica com você. Basta você dizer sim.
- Ah, meu Deus! – sorri. – Sim! É claro que sim! – falei rapidamente.
- Sim? – ele perguntou, não acreditando.
- Sim, . Eu quero ficar com você. – falei, pulando em seus braços e o beijando. Ouvi vários “uhuu” vindo dos convidados. Eu não me importei. Na verdade, eu não estava ligando para nada a não ser a pessoa a minha frente naquele momento. Toda a minha vida a minha mãe me ensinou que não existia príncipes encantados, que existia amor, mas ele não era perfeito. Lembro que ela sempre me dizia que às vezes a gente teria que lutar e fazer com que desse certo, mas no final, tudo valeria a pena. Acho que agora eu entendia o que ela queria dizer naquela época. Entendia que o gostinho de vitória no final da batalha era muito melhor que se você se esforçou para que conseguisse chegar até o fim. Eu passei por muitos caras errados, sempre fiquei procurando ser perfeita para os outros, fingia ser o que não era para que eles se apaixonassem por mim. Mas no momento em que eu fui apenas eu mesma, eu acabei tropeçando no meu príncipe nada encantado, que me aceitou com todos os meus defeitos e que gosta de cada um deles.
Ali, no meio da pista, com todos nos olhando, uma música lenta começou a tocar. e eu dançamos lentamente, nos beijando lentamente, deixando qualquer coisa nova para o futuro. Deixando-nos aproveitar o momento que estávamos vivendo. Finalmente eu sentia que estava dentro dos braços certos, dos braços da pessoa que um dia poderia me amar de verdade. No abraço de amor de .

Fim.



Nota da autora: (15/11/2016) AEAE, saiu finalmente a fic. HAHAHA AMEI fazer essa fanfic, sério. Ela vai ser meu novo xodó depois de Johnny. <3 Quis fazer essa fic diferente das que eu estou acostumada. Tentei não colocar drama nela, queria que fosse mais real, queria que fosse amorzinho. Espero que vocês tenham gostado dela tanto quanto eu gostei. Coloquei um pouco de mim nessa história, um pouco do que já vivi nos meus relacionamentos e o que eu ainda quero pra mim.
Bom, é isso. Comentem, digam o que acharam. Beijos, minhas lindas. :)




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