Capítulo Único
— Sério, Mark! Não tinha como ser menos atento? — Reclamei furioso, as correntes soavam extremamente altas no galpão vazio.
O chão estava recoberto de poeira, revelando que o lugar estava em desuso. O luar iluminava porcamente o ambiente, a luz entrava pelas telhas quebradas; o lugar parecia ser capaz de desmoronar a qualquer momento sobre nós. O som metálico das correntes contra o chão de concreto retumbava como uma batida ritmada. Haviam ganchos que prendiam as correntes ao chão de modo que não conseguíssemos chegar perto um do outro para nos libertar. Elas estavam dispostas de modo diagonal como um X para barrar nossos movimentos.
Minha irritação estava fora de controle, porém a frustração se sobressaía. Estava indefeso e não havia nada que odiasse mais do que esse sentimento. Meus jeans pretos estavam marcados com a sujeira devido a posição em que me encontrava. Encarei Mark, seus olhos refletiam o mesmo sentimento de fúria que eu. Como eu, ele odiava estar naquele estado.
— Não foi erro meu, aqueles bastardos me cercaram antes que eu pudesse reagir. — Ele cuspiu as palavras revoltado. Seu semblante estava sombrio.
— Com alguma sorte sairemos dessa. — Resolvi tentar acalmar os ânimos.
— Somente se um milagre acontecer. — Mark retrucou, seus olhos revelavam descrença.
— Vejo que estão bem falantes.
Uma voz interrompeu nossa conversa, a origem era desconhecida e poderia ter vindo de qualquer lugar. Era noite e naquele balcão vazio qualquer coisa soaria alta demais. Então, como batidas de um coração, os passos foram ouvidos. Aos poucos, provindos das sombras, surgiu um amontoado negro. Eram figuras intimidadoras com semblantes inexpressivos, com apenas um olhar eu pude identificar que estávamos ferrados. No entanto, exatamente entre eles estava uma bela jovem.
Seu corpo era encoberto por um terno cinza risca de giz, a camisa escarlate destacava-se no ambiente monótono. Era a única cor em meio há tanto cinza. Seus olhos eram encobertos pelo chapéu em sua cabeça, ele estava levemente inclinado para a direita. Seus saltos eram o que comandava o ritmo do grupo. Seu andar era único e fascinante, como uma cobra prestes a dar o bote...
— Impressionante. — Mark deixou escapar completamente fascinado pela visão. Embora desejasse repetir a sentença de meu parceiro, me contive. Estávamos diante de um inimigo que nunca havíamos enfrentado antes, a tropa que a acompanhava indicava que não deveria ser subestimada.
— Johnny Suh. — A figura feminina tomou a frente, seu tom carregava um sotaque italiano embora sua pronúncia fosse polida e soasse como navalha. Ela era capaz de soar como se degolasse alguém só de pronunciar o nome.
— Sim? — Indaguei confuso e intrigado. No entanto, quando menos esperava, senti minha cabeça ser acertada com um chute.
— Eu não disse que você poderia falar, cão sarnento! — Ela ergueu minha cabeça entremeando suas unhas entre os fios de meu cabelo, seu aperto era cruel. — Fui clara?
— O que... — Não tive a oportunidade de finalizar a frase quando fui acertado por uma joelhada certeira.
— Eu realmente não queria estragar esse seu rostinho, mio caro... — Sua língua estalou contra o céu da boca com falso pesar. — Você tem sido uma mosca irritante ultimamente.
— O que você quer? — Mark questionou com fúria. Sua face estava vermelha, embora eu desconfiasse que estivesse vendo nesse tom pelo sangue que escorria pela minha face.
Meu nariz estava latejando enquanto sangrava, havia uma ardência por todo meu rosto e sentia meu sangue verter em cima do meu olho esquerdo; o olho direito eu mal conseguia abrir.
Senti o aperto da desconhecida afrouxar, libertando minha cabeça de suas garras. Acompanhei, ainda grogue por causa da joelhada levada, Mark sendo atingido sem piedade por um homem com o dobro do seu tamanho. A desconhecida observou calmamente a cena, sua frieza e inexpressividade que chegava a impressionar.
Em um suspiro entediado ela levantou seu indicador, sinal captado pelo grandalhão que estacou e se afastou da figura de Mark. Ele estava em um estado deplorável. O grandalhão retirou um lenço de seu paletó e limpou o sangue de suas mãos tranquilamente.
— É uma pena que isso tem sempre que se repetir. — Ela comentou entediada. Por um breve momento, entre as sombras que encobriam sua face, vi um relampejo de um sorriso sádico. Isso gelou a minha alma. — Espero que tenham aprendido uma importante lição.
Meus olhos a observaram com horror ela tirar um canivete do bolso de um de seus homens. Com lentidão ela se abaixou diante de mim e gravou um M no ombro de Mark. O ouvi grunhir incapaz de fazer qualquer coisa.
— Não se invade o território da Matrona e sai ileso. Como moscas, vocês têm me perturbado. — Ela levantou a face de Mark para que eu olhasse dentro dos olhos dele, ele mal conseguia abrir seus olhos e estava completamente destruído.
— O que pretende fazer, sua louca desgraçada? — Gritei desesperado. As correntes sacudiam com as minhas tentativas de escapar e matá-la. Fui acertado por uma série de socos.
— Basta, Kouichi. — Ela se pronunciou firme. O meu carrasco se afastou me deixando observar a então intitulada Matrona, parar o canivete próximo a jugular de meu melhor amigo e companheiro nos negócios...
Mark e eu nos encontramos por acaso, ele fora levado para minha casa muito novo. Ao que parecia, seus pais foram assassinados por uma milícia israelita que buscava controlar o oeste da capital sul coreana.
Filho único do “dono” da área central do país, o coloquei sobre as minhas asas. Nossa relação de irmandade fora construída entre tantas brigas e risadas. Havíamos participado de muitas aventuras e lutamos juntos para manter o controle do território.
Meu pai chefiava todos os negócios ilegais no coração do país. Tarefas eram o que menos faltava, e entre tantas missões, acabamos nos aventurando em uma área pouco explorada, e com um potencial enorme se bem administrada. Era o território do chefe fantasma, ninguém sabia de fato quem era que o controlava. Tudo ocorria no mais puro mistério; haviam rumores que ninguém de fato havia conquistado o lugar e quando um desajuizado tentava a sorte era encontrado com um grande Mgravado em seu corpo nas margens do rio Han.
O frio da noite entremeava meus ossos com o mais puro desespero, meus olhos acompanhavam ela deslizar superficialmente a lâmina do canivete sobre a pele de Mark enquanto ele se debatia tentando fugir.
— Quanto mais tentam lutar pela vida... Maior é minha vontade de sufocar esse espírito guerreiro. — E num rompante ela cortou o pescoço de Mark.
Meu grito soou esganiçado, quase como que sufocando. O brilho de vida nos olhos de Mark se apagou com seu último suspiro. A lentidão de como a cena se sucedeu fora perturbador.
Ao longe eu sentia meu corpo sendo atingido por golpes, entretanto estava amortecido... Quase que como estivesse fora do meu corpo. Não sentia o aprisionamento das correntes em meus membros, ou o latejar constante da minha face ferida... Nada além da perda. Um sabor metálico banhava minha boca enquanto fitava a face sem vida de Mark. Seu corpo estava paralelamente com o chão. Ele pendia para frente incapaz de cair por conta das correntes que o prendiam.
Horas atrás, estávamos em seu restaurante favorito; apreciando seu aniversário com nossos amigos; Tayeong e Ten haviam lhe presenteado com um arsenal de pistolas. Lucas e Yuta o presentearam com garrafas caras de whiskey e soju. Os presentes foram diversos por um descuido ao retornarmos para a sede, talvez por culpa do álcool, acabamos os dois presos nesse balcão e agora ele estava morto.
— Eu a matarei...
5 anos depois...
O perturbador M gravado em meu antebraço não me permitia esquecer do horror sentido cinco anos atrás.
A morte de meu melhor amigo me deixou perturbado; o que mais me incomodava fora a falta de pistas para encontrar a assassina. Sua origem não era clara, sua identidade não fora revelada e sua face era um completo mistério. A promessa que fizera para mim mesmo ainda se cumpriria! Em algum momento da minha inconsciência ela me soltara e sumira com o corpo de Mark tornando impossível prestar-lhe um funeral. Meu pai morrera um ano após Mark e minha mãe abandonara a Coreia logo após a morte dele. Tudo o que me sobrara fora uma organização para comandar.
Minha vida se baseava em gerir o que meu pai construiu e encontrar a assassina de Mark. Não havia espaço para mais nada em minha vida.
Evitei todos os meus amigos, preferindo o distanciamento. Emoções não eram mais úteis; não quando havia uma louca solta pelas ruas de Seul. Naquele momento, observava a cidade em meu helicóptero. Estava seguindo para uma reunião geral com possíveis aliados. Grupos estrangeiros estavam tomando alguns pontos estratégicos próximos à fronteira com a China.
— Chegaremos em cinco minutos, senhor Suh.
Fui informado pelo piloto enquanto prestava atenção na vista dos prédios próximos de nós.
— Vamos expulsar esses malditos bastardos. — Cuspi as palavras enquanto sentia o helicóptero pousar.
— Então eles pegaram Caius e Kouichi.
— Conforme solicitou, mio signore.
— Isso está prestes a ficar interessante...
A reunião seguiu-se em meio ao caos e gritos. Objetos cortantes foram exibidos como forma de intimidação, embora todos os líderes ali soubessem que estavam de mãos atadas quando um nome era colocado em evidência: Matrona.
Cinco anos... Ela era como um fantasma e ninguém sabia como encontrá-la. Matrona nem ao menos dava o ar da graça da sua presença quando invadiam o seu território; as máquinas de matar sob seu comando realizavam o trabalho sem problemas. Era um mistério como tal mulher liderava toda parte leste do país; seu principal foco era a capital embora fosse barrada... Não, muito pelo contrário! Ela escolherá permanecer no leste e não tomar Seul.
O caos prosseguiu por mais duas horas. Permaneci todo o tempo em silêncio.
Lucas e Sungchan permaneciam as minhas costas; enquanto em cada canto da sala estava Hendery, Yuta, Xiaojun e Kun. Eles observavam atentamente tudo o que ocorria. Eu sabia que Chenle e Shotaro estariam do lado de fora à minha espera; Patrulhando pelo quarteirão estariam Ten e Taeyeong, enquanto Winwin e Yangyang estariam de prontidão no heliponto.
Jeno e Haechan estariam provavelmente perto dos carros jogando conversa fora, enquanto esperavam a reunião acabar. Mark estaria na sala de controle vigiando todas as câmeras... Se ele não tivesse morrido é claro! No lugar dele estavam Renjun e Jisung. Suspirei entediado; aquilo estava me deixando entediado. Meu alvo não estava ali presente...
— Estarei indo primeiro.
Me levantei ajeitando meu paletó enquanto dava as costas à confusão. Nada ali teria algum benefício; todos ali sabiam do que eu era capaz de fazer se tramassem algo pelas minhas costas. Eles viviam sob o meu controle; eu não poderia deixar nada escapar.
— Você trouxe a sua moto, Yuta? — Me virei para meu subordinado enquanto afrouxava a gravata me sentindo sufocado naquele lugar.
— Sim, algo urgente? — Yuta questionou preparado para qual fosse minha ordem, como se lhe fosse passar uma missão.
— Preciso dela por algumas horas. — O respondi retirando a gravata e a jogando na lixeira.
— Senhor, acho que isso não é uma boa ideia. — Yuta iniciou calmamente tentando me convencer a desistir.
— Estamos sob ataque de gangues rivais, hyung. — Hendery tocou meu ombro com cautela.
— Eu pedi a droga da opinião de vocês? — Afastei Hendery bruscamente me virando para eles, seus semblantes iam de preocupação à irritação. — Cuidem da própria vida.
Ao fim, Yuta me entregou as chaves e saímos do prédio em silêncio; eu estava irritado, frustrado... Desconfiava que havia cada vez mais estrangeiros no país graças à MATRONA. Não poder confrontá-la hoje havia acabado com o meu humor.
— Por hoje vocês estão livres. — Comentei subindo sobre a Kawasaki de Yuta. Ele possuía um bom gosto para veículos e claro que escolheria uma moto de seu país. Coloquei o capacete após ligar a moto, o motor ronronava abaixo de mim. — Não façam nenhuma besteira enquanto estiver fora. — Comentei antes de seguir para longe dali.
Seguia em direção ao único local em que poderia abaixar a guarda, todo o trajeto fora feito em minutos, com o vento cortante me ferindo como pequenas navalhas. Da próxima vez, usaria uma jaqueta ao invés de paletó.
O prédio de me aguardava de forma austera. Ela havia entrado na organização havia três anos; sua origem era simples e nada fora do normal; sua família era mais uma das inúmeras vítimas da pobreza; embora com a sua entrada e todo o trabalho que lhe dera fora possível assim conseguir condições melhores para eles viverem.
Retirei um maço de cigarros do bolso interno de meu paletó; peguei um e estava prestes a acendê-lo quando surgiu arrancando-o da minha mão para colocá-lo em seus lábios, me pedindo com um olhar para acendê-lo.
A obedeci sem demora.
Ela sorveu a fumaça antes de baforá-la me olhando friamente. Seus olhos eram inexpressivos e sua face possuía uma impassibilidade natural; chegava a me impressionar.
Me perguntava o que a levara a ser dessa forma. Mas então, lentamente abriu um sorriso antes de se pronunciar. Aquele sorriso me mataria um dia pelo impacto que me causava. Não era preciso me olhar, eu sabia o quanto aparentava estar apaixonado por ela. Cravinks me tinha em suas mãos...
— Bom garoto! — Ela falou sem abandonar o sorriso de seus lábios, uma de suas mãos segurava o cigarro e a outra agarrava a gola de minha camisa.
— Eu sou o seu chefe... — A provoquei tirando-a do chão e colocando-a sobre a moto, de imediato ela envolveu suas pernas envolta da minha cintura.
— Quando estamos sozinhos você perde facilmente esse papel. — Ela tragou mais uma vez antes de me devolver o cigarro, colocando-o em meus lábios.
— Não é como se eu me importasse! — Soltei uma mão de sua cintura para retirar o cigarro dos meus lábios, sentia a nicotina entrar em meu sistema. Soltei a fumaça enquanto observava minha namorada.
— Vamos para dentro. — ditou tomando novamente o cigarro o colocando sobre seus lábios carmesins.
Entramos o apartamento dela após pegarmos o elevador, sua postura era firme e confiante; suas roupas casuais indicavam que passara o dia na sede da organização.
não precisava de muito para me deixar encantado; mal adentramos pela porta de seu apartamento quando fui empurrado sem gentileza contra a porta. Seus lábios logo atingiram os meus e de imediato a ergui facilitando o contato; ela trancou a porta sem deixar meus lábios por um segundo, suas mãos desabotoavam minha camisa de forma impaciente; suas unhas deixavam novas marcas ao desfrutar do lhe pertencia.
era como uma força da natureza; ela nunca se submetera aos meus comandos... Muito pelo contrário, sua provocação e jogos de sedução me levaram até aonde estava: rendido em suas mãos. Ela seria minha ruína...
— Johnny...
— Sim ? — Questionei voltando minha atenção para sua face, me observava com um olhar repleto de sentimentos; os quais eu era incapaz de desvendar.
— Vamos para a cama.
Sem que fosse necessário repetir a sentença uma segunda vez, a obedeci. Nossas roupas foram deixadas pelo caminho.
Despertei sentindo minha face fria e molhada, mais uma noite envolvida em meus piores pesadelos.
Ao meu lado encontrava-se um Johnny adormecido, seu semblante era sereno e me trazia uma sensação de paz. Eu realmente compreendia que estava condenada; não deveria ter me colocado na situação atual. Minha FAMIGLIA esperava que eu cumprisse o combinado. Eu estava traindo a confiança de quem me entregava de bandeja seu coração.
O ÓDIO por ele havia desaparecido ao longo dos três anos passados ao lado dele; e em seu lugar surgiu esse sentimento incômodo que me impedia de degolá-lo como fizera com Mark.
Johnny caçava a assassina de seu melhor amigo quando a tinha debaixo dos seus olhos o tempo todo... Ele era um homem frio com as pessoas que lhe queriam bem, enquanto quando estava ao meu lado mostrava sua face mais sincera e real. Eu o transformara nesse tirano, impiedoso e inexpressivo.
Meu pai me mandara até ali para assassinar toda corja Suh; seu pai fora o primeiro quem eu executara, depois sua mãe. A qual ninguém ainda dera falta. Ele era o próximo...
No entanto, a ideia de matá-lo me fazia recuar. Tive inúmeras oportunidades, mas meus dedos não conseguiram apertar o gatilho. A ordem era clara: atirar entre os olhos dele, apenas uma bala.Uma morte rápida e sem deixar vestígios.
Isso tudo iniciou após o pai de Johnny assassinar meu irmão Michèle.
A dor de não tê-lo ao meu lado me acompanhava o tempo inteiro; ele era o mais velho e o herdeiro no comando da FAMIGLIA. Tudo isso iniciou com uma viagem. Papa e mama nos presentearam com viagens ao redor do mundo; estávamos sem supervisão e com dias contados de liberdade. Algo completamente fora do nosso alcance, já que vivíamos com inúmeros seguranças.
Papa era o homem que detinha uma rota comercial de tráfico de drogas e armas que rodavam o planeta inteiro. A rota era mortal e qualquer um que ousasse cruzá-la era morto sem nenhuma misericórdia. Papa era procurado por muitas forças tarefas, mas por ter muitas pessoas em suas mãos, circulava tranquilamente por onde desejasse. A Coreia do Sul fora um negócio arriscado e somente fora possível tomar posse do lado leste com a morte de Michèle.
Nossa viagem dera errado no momento em que pisamos fora da aeronave, no aeroporto de Los Angeles. Homens armados nos cercaram e levaram alguns civis juntos, papa até havia colocado alguns seguranças disfarçados para nos proteger, mas como os nossos sequestradores eram em maior número, os dizimaram.
Carregava as cicatrizes daqueles dias em meus braços. Eles haviam feito cortes em minha carne enquanto usavam-nos como meio de destruir os negócios de nosso pai. Eu vi Johnny e seu amigo assistindo-nos; eles estavam assustados, mas seu pai, o grande senhor Suh, os impedia de saírem.
Fora um show de horrores para eles tanto quanto para mim e Michèle. Hoje era obrigada a usar um nome incomum para esconder minha verdadeira identidade. ... Um personagem assim como Matrona.
Dois personagens distintos, duas personalidades necessárias para suportar o peso das responsabilidades que me acompanhavam.
Suspirei retirando o braço de Johnny de mim, sua pele em contato com a minha me deixava agitada. Horas atrás havia o amado, era irônico como buscava separar o que era emoções forçadas e quais eram reais... Meu verdadeiro eu estava se fundindo à .
Johnny fora o responsável em atirar na cabeça de Michèle.
Eu vi o medo no olhar dele, eu vi meu irmão olhando para mim e me pedindo para fechar os olhos enquanto me dizia o quanto amava a nossa família. Eu lembrava de cada mísero segundo passado sobre as mãos dos homens do Sr. Suh. Eles me venderam aos tubarões do congresso estadunidense.
Embora mal soubessem que haviam criado uma máquina de matar. Eu havia os ouvido falar que estavam conseguindo vencer as gangues rivais na cidade de Busan e estavam quase tomando o cento do país. Eu gravei cada informação que pude. Os homens que haviam nos sequestrados tiveram uma morte lenta e cruel; os “meus donos” foram fuzilados e degolados. E atualmente estava causando um conflito entre os meus aliados estrangeiros e os mafiosos coreanos.
Havia prometido 50% do território sul coreano a eles e uma rota exclusiva... Palavras vazias eram minha especialidade!
Para chegar até a Coréia do Sul fora particularmente fácil! Usar uma identificação falsa e me passar de turista em bairros com má fama fora minha estrada para conseguir o território que possuo atualmente. Fora um trajeto sangrento alimentado apenas pela vingança...
Eu não voltei mais para a Itália desde a morte de Michèle! Não conseguia por meus pés em nossa casa. Ele era meu melhor amigo e merecia estar vivo! Havia matado tantas pessoas que suas faces haviam se misturado.
A marca gravada em seus corpos era uma forma de lembrar de Michèle; o grande e escarlate M era para lembrar a família Suh que os Espossito não haviam esquecido. A Itália sabia do ocorrido e muitos rivais da nossa família suporam que a morte de Michèle era um bom momento para nos atacar. Ledo engano... Michèle era o combustível! Não nos renderíamos a nada em memória dele!
Fechei os olhos novamente ao sentir Johnny se movimentar, ele recolocou seu braço sobre minha cintura estreitando o espeço entre nós, mantendo um aperto forte. Sua respiração contínua indicava que estava prestes a despertar. Conhecia seus hábitos como ninguém!
Ele possuía o M gravado em seu braço, aquela cicatriz não permitia esquecer quem eu era e qual era o meu propósito ali. Era fácil demais me render aos seus beijos, ao calor de seu corpo, aos sentimentos que ele me dava. No entanto, o passado não poderia ser mudado e a minha missão também não!
“ estava com os dias contados assim como o tempo de vida de Johnny Suh!”
Os sons da respiração de fora o que acalmara meus batimentos cardíacos; mais uma vez sonhara com Mark.
Minha frustração estava em níveis fora de controle. Cinco anos, nenhuma pista e apenas uma maldita marca! Eram tantos conflitos para se solucionar, inimigos para aniquilar e pesadelos para lidar que eu estava a ponto de enlouquecer!
Havia apenas uma única pessoa capaz de acalmar-me: . Ela era um abismo de mistérios, nada além de seu histórico familiar trágico era conhecido. Sua mente era um enigma, suas atitudes eram impessoais com exceção dos momentos em que estávamos a sós.
Eu a encontrei por acaso, quando investigava um possível caso de vazamento de informações. Ela era destemida e me perseguiu de forma constante até que a aceitasse em minha gangue. Como todos os recrutas, teve um treinamento rígido e cruel; embora demorasse para se adaptar ela conseguiu superar um a um seus treinadores tornando-se nosso “cão de caça”. Nada passava despercebido por ela.
Nosso envolvimento ocorreu após eliminar um dos nossos principais rivais. Ela o localizou e o matou sem titubear; com uma equipe treinada e supervisionada por ela, invadiu pontos estratégicos do centro de comando de Kim Yoon. Ela o cercou de todos os lados e não permitiu qualquer pedido de clemência. Ela invadiu meu escritório com a cabeça de Kim Yoon, a jogando como uma bola de boliche, fora uma cena macabra. Estava em reunião com alguns possíveis aliados quando ela entrou sem ser convidada.
2 anos atrás...
— Então... — A fala de So Ji Sung fora cortada com as portas da sala sendo bruscamente aberta.
— Eu sinto muito Sr. Suh, eu não consegui impedi-la. — Jin Hyo surgiu atrás da figura de , sua face estava pálida e sua respiração estava descompassada indicando que havia corrido para alcançar .
— Sente muito? — Me levantei irritado encarando , ela estava trajada com as vestes negras de sempre. No entanto, haviam coldres em seus quadris e coxas; seu sobretudo encobria as armas que eu tinha a certeza de que carregava. — O seu papel é garantir que ninguém me interrompa senhorita Jin Hyo. — Cuspi as palavras de modo áspero, revirou os olhos com a minha atitude.
— Sajangnim Suh. — deixou sua mochila cair no chão com um som pesado. Ela abriu a mesma tranquilamente e então, como uma bola de boliche, a cabeça de Kim Yoon rolou pela sala até parar aos meus pés. — Vim prestar o relatório conforme ordenado.
Sua postura relaxada não revelava absolutamente nada, todos os homens presentes haviam ficado em silêncio. As posturas de seus seguranças haviam mudado após o ato de . Todos de repente estavam em alerta o que provocou um arquear divertido nas sobrancelhas de . Naquele momento, eu havia me fascinado pela imprevisível . Já a havia visto em combate, a observei durante seu treinamento; tive o cuidado de não permitir que fugisse de minha supervisão.
Ela era imprevisível e todo o cuidado que tomava era pouco mediante sua natureza destrutiva. era uma mulher cheia de truques e sabia que estava sendo vigiada e mesmo assim pouco se importava. Aquele desafio de descobrir como seria domá-la me impedia de focar no que realmente importava.
— Fui claro quanto a esse caso específico! — Me pronunciei calmamente enquanto permanecia impassível diante do meu olhar.
— Você pediu a cabeça dele sajangnim. — comentou sem desviar seus olhos dos meus.
— Eu já lhe disse que todo e qualquer relatório deveria ser prestado após meus compromissos. — Me levantei deixando minha voz elevar-se.
Havia encerrado a reunião com o pretexto de “colocar em seu lugar”. No entanto, agora que estávamos sozinhos, o ambiente havia mudado. Ela me fazia parecer a caça com suas orbes famintas me subjugando.
— Sajangnim...— parou a minha frente e me empurrou de encontro a cadeira em que estava sentado anteriormente. — Você desejava mostrar poder para aqueles imbecis; conseguiu o que desejava. — Ela sussurrou a última sentença em meu ouvido se afastando em seguida com um sorriso satisfeito moldando seus lábios.
— ! — Cuspi o sobrenome dela de forma rude de forma a esconder meu estado real. sorriu e arqueou suas sobrancelhas pousando ambas mãos sob o tampo da mesa diante de mim, seus olhos estavam no mesmo nível que os meus.
— Eu vejo o quanto me observa, sajangnim oppa. — Ela saboreou as palavras deixando um tom lascivo em cada palavra dita. — Seus olhos são como brasas e eu posso ver o quanto desejava-me. — então deu a volta parando diante de mim.
— Muito cuidado com suas palavras, . Você é desprezível. — Usei meu melhor tom para esconder o quanto estava sedento por aquela boca atrevida.
— Sendo ou não, você está completamente sobre meu domínio, Johnny. — segurou meu maxilar deixando que suas unhas fincassem sobre minha pele, soltei um gemido de dor embora estivesse apreciando o ato. — Estive jogando o tempo inteiro com você, oppa. — Ela colocou-se entre minhas pernas, meus braços moveram-se instintivamente na direção dela; no entanto, me barrou com um único olhar.
— Não deveria tratar-me como um bastardo qualquer, . — A respondi num tom de voz grave.
— E não estou. Os outros não me interessam tendo você desesperado para ser controlado. — desfez o nó da minha gravata a tirando de meu pescoço.
Me levantei a colocando sobre a mesa sem nenhuma delicadeza, segurei sua cintura com ambas mãos deixando minha boca pressionar a dela. Sem que eu me desse conta, ela inverteu nossos papéis me deitando contra a longa mesa já que sua altura era inferior a minha.
— Eu não lhe dei permissão para me tocar, sajangnim. — Ela se afastou do meu alcance e então olhou para suas mãos com um sorriso feroz.
— Está sendo insubordinada, . — Me sentei desabotoando os primeiros botões da minha camisa.
— Será prazeroso para ambos, então que tal você abrir sua camisa lentamente e jogá-la para mim? — iniciou sua fala de modo despreocupado.
— Você quer um strip-tease de seu chefe? — Gargalhei me divertindo com a ideia.
manteve sua face inexpressiva e voltou a se aproximar. Com seus olhos fixos nos meus, ela parou diante de mim antes de me puxar pela gola da camisa. Seus lábios esmagaram os meus com intensidade. Soltei um suspiro contra os lábios dela enquanto envolvia sua cintura com os meus braços; minha subordinada era como um incêndio inteiro!
Ela me empurrou contra a minha cadeira se sentando sobre minha coxas. Estava perdido em sua intensidade, envolvido no contato dos nossos corpos; ao ponto de não notar ela prendendo meus pulsos à cadeira com braçadeiras. E então ela se levantou com um sorriso vitorioso nos lábios.
— O que eu faço com você, sajangnim? — Ela se sentou sobre a mesa me observando atentamente.
— Irá apenas observar, ? — Questionei com um sorriso zombeteiro. Minha voz saiu rouca e baixa enquanto deslizava meu olhar por todo o corpo dela.
— Seria um ótimo começo, mas sinceramente... Seria incrível te levar ao seu limite. — pulou da mesa seguindo para as costas da cadeira em que eu estava.
— Eu já estou nele, . — Rolei os olhos impaciente.
— Você está muito sedento, Johnny... — desdenhou beijando a lateral do meu pescoço.
E então colocou minha gravata em meus olhos, seus lábios deixavam uma trilha incandescente enquanto explorava meu pescoço. Suas mãos deslizaram pelo meu tronco enquanto desabotoava lentamente minha camisa. Ela ainda permanecia atrás de mim; seu toque era firme e me mantinha no lugar; a experiência de apenas sentir e estar incapacitado de tocá-la me deixava com uma sensação ambígua.
Ela prosseguiu lentamente, me torturando a cada etapa; seus lábios eram armas sedutoras que me deixavam rendido, suas mãos não eram tímidas em me causar prazer. Ela nem ao menos se importava com o fato de ser o chefe dela. Sua ousadia e indisciplina eram como imã. Eu já estava em suas mãos antes mesmo de me dar conta. Minha pele estava sensível a cada toque e ela parecia saber disso...
— Não se preocupe, sajangnim, eu devorarei sua alma até a última gota...
Meus olhos a observavam adormecida; muitas vezes ela havia me impedido de tocá-la enquanto nos perdíamos no prazer. me empurra ao limite; ela não possuía receios comigo. era uma mulher imprevisível, quando estava em missão seus olhos não se desviavam do seu objetivo. Ela era precisa e fatal com uma arma em suas mãos.
Eram duas versões de uma mesma pessoa; a mulher que dormia em meus braços e a que usávamos como ceifadora eram duas pessoas diferentes. Uma eu conhecia todas as partes visíveis e emoções enquanto a amava, enquanto a ceifadora era uma completa desconhecida.
A aconcheguei mais próxima de mim, beijei seu ombro absorvendo seu perfume que me parecia tão único. Suspirei buscando deixar minhas preocupações de lado. ainda estava ali, e enquanto estivesse ao meu lado minha mente não precisaria perder tempo com bobagens.
— Johnny ? — resmungou sonolenta se virando.
— Está tarde, volte a dormir, querida. — Beijei sua testa enquanto acariciava sua face tranquilamente.
— O que está te preocupando? — Ela estendeu sua mão e tocou minha face também, seus olhos sempre enigmáticos expressavam tristeza; algo não característico dela.
— Eu poderia lhe fazer a mesma pergunta. — Fechei os olhos por um breve momento.
— Eu estou preocupada com você, bobinho. — Ela me respondeu em um tom calmo e leve.
No entanto, aquilo me deixou agitado. Sua melancolia encoberta provocava meus instintos. raramente me contava algo, poucos foram os momentos em que me revelou algo consistente sobre quem era. Suas atitudes atuais me pareciam como uma despedida ao seu modo.
O modo como nos amamos, o modo como ela me tocava e até mesmo como ela me beijava. Ela estava sendo carinhosa e atenciosa, e ao mesmo tempo se afastava lentamente... Não era um jogo! Era algo maior. Sua mente sempre estava distante e seus olhares direcionados a mim sempre carregavam uma mensagem. A qual eu não conseguia desvendar. Ela era tão misteriosa quanto a tudo que me deixava receoso...
— Por que está se escondendo? — Questionei observando-a atentamente, meus braços a mantinham ao meu lado, no entanto tudo o que obtive foi um olhar enigmático e vazio.
— Eu não tenho nada a esconder. — Ela soltou a sentença de forma firme sem desviar seus olhos dos meus.
— E então me conte mais sobre você... Eu não sei absolutamente nada sobre você. — Pedi me sentindo perdido; estar com era como andar de montanha russa.
— O que você deseja saber? — me questionou sem pestanejar, seus dedos traçavam o M em meu braço.
Quando abri meus lábios para lhe perguntar mais sobre ela meu telefone toca; ela indica o aparelho com um olhar que me dizia para atendê-lo. Soltei alguns palavrões antes de encontrá-lo; ele estava debaixo da cama. Como fora parar ali? Eu não fazia ideia. Deslizei a tela atendendo a ligação sem muita paciência.
— Johnny, temos um problema!
Era Lucas, seu tom soava grave e urgente me fazendo frear a enxurrada de palavrões que destinaria ao indivíduo que ousara me ligar tão tarde.
— Reporte. — Me levantei procurando minhas roupas, algo grave havia ocorrido para Lucas me ligar.
— Caius e Kouichi destruíram nossa base no porto. Eles escaparam entre a troca dos turnos de seus carcereiros. — Lucas me reportava com pesar na voz.
— Quantos homens perdemos? — A fúria que sentia toda vez que ouvia o nome da assassina de Mark percorria minhas veias.
— Dois, Taeil e Taeyong foram os únicos mortos na ação. Ambos garantiram a segurança de quem estava lá. Ten, Kun e Winwin saíram feridos ao tentarem impedir a fuga dos homens da Matrona. — A voz de Lucas carregava pesar enquanto o mesmo sentimento de perda me tomava.
— Reúna todos no complexo central. — estava ao meu lado naquele momento me abraçando enquanto aguardava a finalização da chamada. — Hoje faremos Matrona prestar contas sobre seus atos.
Desliguei jogando longe o aparelho. A fúria tomava cada célula do meu corpo. O calor do corpo de minimizava parte do que estava sentindo; no entanto a morte de Taeil e Taeoyng havia me pegado desprevenido. Mais um movimento calculado da Matrona. Ela soube exatamente onde e como me atingir. Deixei um grito sufocado sair enquanto buscava me trazer de volta a realidade.
— Johnny, olha para mim!
— Johnny Suh!
— Johnny!
Voltei meus olhos para , ela havia me sentado sobre seu colchão e estava sobre minhas coxas segurando minha face com ambas as mãos.
Em qualquer outro momento a teria colocado sobre o colchão e a amado; naquele momento só pude a abraçar. Meu coração quebrava-se mais uma vez, havia me afastado dos meninos embora eles teimosamente continuassem ao meu lado.
Taeil e Taeyong eram os mais próximos do que um dia fora Mark para mim. Deixei as lágrimas correrem enquanto me permitia ser abraçado por . Mais um golpe dado por Matrona, mais uma vez sendo ferido por ela.
— Shh vai ficar tudo bem! — ergueu minha face beijando-a de modo cálido enquanto secava as minhas lágrimas.
— Eu não suporto mais perder para ela, . — Sussurrei cansado.
— E você não vai mais perder. — Ela me beijou ternamente.
me empurrou contra o colchão e então buscou me consolar ao seu modo. No fim tudo o que eu tinha era ela!
— Eu irei também! — Me posicionei a frente de Johnny.
— Eu não vou perder você, ! — Johnny me abraçou e me tirou de sua frente sem qualquer dificuldade.
— E eu tenho de ficar aqui esperando por notícias suas? — Questionei o empurrando contra a porta do meu apartamento.
— Se você estiver lutando ao meu lado não conseguirei me concentrar. — Johnny pousou sua cabeça sobre meu ombro enquanto uma de suas mãos abraçava minha cintura.
— Como você acha que me sentirei estando sozinha aqui? — Ergui a face dele o fazendo me olhar em meus olhos.
— Eu sei que estou pedindo muito. Mas eu não posso perder você; estaremos lutando contra uma insana. — Johnnybeijou meus lábios como uma despedida.
— Eu... Eu... Te...— Johnny me calou; era difícil de lhe dizer o que sentia por tantos motivos.
— Eu também te amo. — Com um sorriso amoroso Johnny partiu.
Meus joelhos cederam no mesmo instante em que ele saiu. Meus olhos encheram de lágrimas enquanto meu coração acelerava. Havia chegado a hora. Eu o amava tanto que me odiava naquele instante. Soltei um grito sufocado enquanto abraçava meus joelhos. Em minha mente passava um filme com os momentos preciosos passados ao lado dele.
Eu amava o sorriso dele. Todas as vezes em que despertava ao meu lado era como o meu sol particular. Sua vivacidade em gargalhar de piadas que somente ele entendia, sua arrogância ao seu portar diante seus inimigos. Sua ousadia e ironia em me enfrentar sem saber. Johnny não fazia ideia, mas dormia com sua inimiga durante três anos!
Sequei minhas lágrimas de modo desajeitado antes de começar a destruir o apartamento. Era necessário que tudo parecesse o mais real possível. A morte de deveria ficar implícito e a identidade de Matrona deveria ser preservada.
Rasguei as roupas que não seriam mais usadas; cada canto daquele apartamento continha uma memória de nós dois. Com ódio de mim mesma, tentei destruir a felicidade. Não poderia retornar a essa vida... E Johnny... Só de pensar no que ainda precisava realizar me destruía ainda mais.
Kouichi e Caius não demoraram a aparecer; suas faces carregavam as marcas de dias difíceis passados sobre as mãos dos homens de Johnny.
Sem uma palavra, me entregaram um celular, coloquei o aparelho em minha orelha sem precisar olhar para o visor, eu sabia quem era que estava na linha.
— Papa, tudo está correndo como o planejado. — Me pronunciei calmamente enquanto ocultava meu real estado.
— Figlia mia! Como é bom ouvir sua voz novamente. — Papa me respondeu animado. — Estou orgulhoso do que tem feito por seu irmão; certamente não fora fácil suportar os maledettos Suh.
— Não, papa, mas tudo está se encaminhando para o fim. — Concluí olhando uma última vez para o apartamento destruído.
— Sua mãe e eu estaremos te esperando em casa, mia bambina. — Papa encerrou a ligação com afeto.
Em meio a destruição uma foto minha e de Johnny fora preservada; abaixo dela estava uma mensagem. Era um aviso da Matrona, e uma despedida de .
A área controlada pela Matrona se encontrava deserta. Nem um de seus homens fora encontrado. A área estava realmente preservada e com uma estrutura diferente de cinco anos atrás. Foram dias de viagens pelo lado leste do país, muitas gangues rivais se juntaram por terem um inimigo em comum. Era um evento fora de série! No entanto, nem um único sinal da dama do crime fora encontrado. Era como se ela nunca estivesse estado por ali. Nem uma única pessoa sabia dizer exatamente o que ocorrerá.
Foram quase três semanas atrás de qualquer rastro dela, mais de vinte dias longe de . Eu sentia um aperto em meu peito toda vez que pensava em minha namorada. Seu número só dava fora de área. Por algum motivo só de pensar em meu sangue congelava. Não havia alguém que confiasse para checá-la e os aparelhos dos seguranças que colocara para protegê-la também dava fora de área. Algo havia ocorrido!
No dia em que retornamos para casa, me dirigi diretamente para o apartamento de . Xiaojun e Sungchan tentaram me dissuadir da ideia de ir sozinho, no entanto os proibi de me seguirem. Embora nenhum deles tivesse seguido minhas ordens.
Meus homens cercaram o prédio e Lucas e Shotaro me acompanharam até o apartamento de enquanto o resto vasculhava o prédio. Quando abri a porta da residência dela, senti meu interior quebrar; não havia uma única parte que não tivesse sido destruída. E exatamente no centro do local estava a fotografia de e eu e logo em baixo uma mensagem:
Eu lhe avisei o que acontece com quem cruza o meu caminho, Johnny Suh. Não bastou perder seu melhor amigo? Ainda me lembro da sensação de cortar a garganta de Mark.
Se não deseja que isso ocorra a sua preciosa , me encontre no local em que nos conhecemos. Não preciso lhe dizer para vir sozinho, não é mesmo?
Isso é um assunto entre você e eu!
Matrona
— Maldita!
Gritei chutando parte dos destroços para longe. O sorriso de fora substituído pela imagem dela sendo degolada por aquela insana. Não suportaria perder ! Havia a deixado para trás como forma de protegê-la quando na verdade havia facilitado o trabalho da Matrona!
Encontrei os olhares de Lucas e Sungchan determinado a trazer de volta.
— Vamos para a sede, temos uma operação para montar.
Permaneci no segundo andar do galpão abandonado. Meus homens haviam cercado o local em pontos estratégicos. Alguns deles haviam seguido Johnny e algumas moscas que desejavam meu território.
Durante todo o tempo livre, havia eliminado boa parte dos criminosos como forma de conquistar a capital. Um a um os eliminei; uns foram emboscados enquanto retornavam para casa após a caçada improdutiva em meu território. Observei cada movimento de meus inimigos até o dia de hoje. Trajava novamente minhas roupas usuais antes de me tornar .
O terno da vez era azul-marinho e a camisa verde-esmeralda. Estava muito bem armada embora sentisse o desgosto de ter realizar o trabalho a mim destinado. Meus pais me aguardavam na Itália; eu os entregaria tudo o que havia conquistado nesse país.
Não suportaria viver em um país marcado por lembranças ao lado de Johnny. Eu o vi procurar possíveis cativeiros em que sua amada estaria, o acompanhei traçar meios de deter Matrona e agora o via adentrar o galpão ao lado de Caius e Kouichi.
Apaguei o cigarro e atirei na cabeça dos meus dois homens vendo Johnny se jogar no chão e então Lucas, Hendery, Shotaro e Yuta surgiram das sombras atirando para todos os lados. Balancei a cabeça negativamente enquanto atingia um a um com a metralhadora. Após derrubá-los ajeitei meu chapéu de forma a esconder minha face antes de usar a corda para descer.
O som das minhas botas soou alto demais. Meus homens surgiram imediatamente ao meu lado e, como da vez em que matei Mark, caminhei em direção a Johnny. Seu semblante demonstrava horror ao observar seus amigos mortos no chão.
— Eu fui bem clara, maledetto! — Minha voz soou alta e clara; fazia tempos que não permitia minha verdadeira origem surgir.
— Onde está , maldita! — Johnny apontou um fuzil para mim. Acabei rindo completamente imersa em meu papel como Matrona.
— Você descumpriu o trato, Johnny. — Abri espaço entre meus homens, o luar iluminava a face desgostosa de Johnny enquanto meu chapéu encobria a minha.
— Somente eu e você! Que besteira! Veja você: seus homens a cercam como um escudo. Quem foi que descumpriu o trato primeiro? — Johnny cuspiu as palavras irritado.
Meus homens, naquele momento, estavam por toda parte. Martino agora tomava conta da metralhadora no telhado. Johnny estava cercado e sabia disso; olhei para a face de cada um que me servia e indiquei para que saíssem.
Mantive apenas Martino no alto para garantir minha segurança. Receosos, eles partiram me deixando sozinha com Johnny.
—Enfim sós. — Johnny desdenhou destravando seu fuzil.
Gargalhei enquanto sentia minha face banhar-se em lágrimas. O momento final se aproximava depressa, estava me odiando a cada minuto.
Chequei a pulsação dos homens de Johnny conferindo se estavam mortos e para ganhar um pouco mais de tempo. Tê-lo respirando ainda era importante.
Respirei fundo ficando de costas para Johnny. Deixei meu chapéu cair no mesmo instante em que senti a faca de Johnny me acertar. O colete que usava fez o papel de me proteger corretamente. Soltei um gemido de dor ao revidar a facada. Eu senti a lâmina adentrar a carne dele e seu ofego ao reconhecer minha face.
— ? — Johnny deixou sua arma cair enquanto seus olhos mostravam seu real estado. — Por quê?
— Meu nome não é esse! — Tirei a lâmina vendo Johnny cair aos meus pés, sua camisa estava manchada com o sangue que vertia do ponto em que o acertara.
— Por que está fazendo isso? — Johnny questionou num grito dolorido.
Me ajoelhei à sua frente enquanto chorava copiosamente; matá-lo seria a tarefa mais difícil a se executar. Senti sua mão erguer minha face, seus olhos me olhavam como se estivessem vendo uma estranha. E de fato era! Aquela era uma versão minha que nem mesmo eu conhecia.
— Michèle Espossito. — Retirei a mão dele da minha face, seu toque me inutilizaria. — Reconhece esse nome?
— Não faço a menor ideia de quem seja! — Johnny balançou a cabeça negativamente. — Eu deveria?
Aquela última sentença pronunciada por ele fora como um banho de água fria. Me afastei de forma brusca secando as lágrimas e o encarando friamente.
— Se deveria lembrar? — Cuspi as palavras, furiosa. Chutei o corpo sem vida de Yuta enquanto buscava me acalmar. — Ele era a porra do meu irmão! — O ergui pelo braço marcado com a minha insígnia. — Você o matou diante os meus olhos!
— Eu não me lembro disso! — Johnny segurou meus ombros se livrando do meu aperto. — Então essa é a razão pelo o que está fazendo comigo?
— Ele era o meu irmão; esperava que ficasse de braços cruzados. — O empurrei para longe destravando minha arma.
— O esperado de um Espossito! — Johnny pegou seu fuzil de volta.
— Não ouse usar sua boca para maldizer a minha família! — O respondi num tom frio.
— Era por essa boca que você implorava para lhe dar doses de prazer! — Johnny sorriu ironicamente enquanto me olhava de cima a baixo. — Está linda a propósito!
Sem pestanejar, disparei em sua mão o fazendo largar o fuzil, e então disparei contra ele novamente atingindo seu ombro. Ele soltou uma gargalhada infeliz e sem humor enquanto encolhia-se no chão. Seus olhos derramavam lágrimas enquanto ele encarava o alto do barracão.
Estava prestes a me aproximar quando ouvi disparos, me joguei no chão enquanto ouvia as vozes do lado de fora elevarem-se.
— Então você é verdadeiramente uma Espossito. — Johnny falou sem me direcionar o olhar.
Me arrastei até ele e o arrastei até o canto mais escuro do balcão. Acendi um cigarro após apoiar Johnny contra a parede, ele me encarava sem entender, estávamos atrás de uma área demolida que dava acesso ao lado de fora da construção. Traguei a nicotina para o meu sistema e então ofereci o cigarro a Johnny.
— O que você quer de mim, Espossito? — Johnny questionou derrubando o cigarro.
— ; esse é o meu nome. — Acendi outro cigarro já que Johnny havia jogado o outro.
— Isso não importa agora; e você ainda não me respondeu. — Johnny ergueu seu tom de voz, irado.
— Eu tenho de te matar, mas eu... — Fui interrompida pela risada sem humor de Johnny.
— O quê? Vai me dizer agora que me ama?! — Johnny falou num tom ácido e seus olhos estavam sem vida enquanto sustentavam o meu olhar.
— Cale a porra da sua boca, Johnny! Você não sabe absolutamente nada! Nada... — Sussurrei me deixando cair ao lado dele enquanto minha voz saia fraca, quase inaudível ao finalizar a sentença.
— E você me permitiu saber algo sobre você! — Ele revidou sempre com remorso. Suas mãos seguravam minha face de modo que o encarasse sem poder desviar os olhos.
— Eu não tive muita escolha... — Fechei os olhos por breves segundo sentindo lágrimas quentes deslizando por minha face.
— E nas que teve, escolheu me machucar. — Johnny completou, seu tom de voz revelava que ele estava quebrado por dentro.
— Exatamente. — Repliquei abrindo os olhos para encontrar os dele marejados. — No entanto, algo mudou durante esses três anos passados ao seu lado.
— Por favor, não me fale! — Ele colocou seu indicador sobre meus lábios de forma a me silenciar. Eu sabia que em algum lugar não muito distante meus homens combatiam os dele. Eu precisava acabar com isso de uma vez!
— Não seria justo com você, Johnny. — Entrelacei meus dedos aos dele levando sua mão machucada aos meus lábios, depositei um beijo cálido.
— Eu não preciso ouvir nada, ..— Ele se interrompeu ao perceber que me chamaria pelo nome errado; aquela mulher não era eu. Fora apenas uma identidade que nunca me pertenceu.
— , Espossito. — Sussurrei me aproximando dele. — O plano era conquistar tudo o que lhe pertencia e então te matar.
— Você teve várias oportunidades para me matar, por que não me matou sem que eu descobrisse sua verdadeira identidade? — Johnny questionou me pressionando contra a parede.
— Eu me apaixonei por você, um clichê como pode ver. — Soltei um riso sem graça e então escutei ele rir de verdade. Aquele som, eu amava o som da risada dele e sem que ele se desse conta retirei as armas do coltre dele.
— Um clichê mesmo! — Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha antes de me beijar. — Espossito... — Ele sussurrou de encontro aos meus lábios.
— Em uma outra vida, eu seria sua garota. Se tivéssemos vidas comuns eu não precisaria te matar e meu irmão estaria vivo. — O beijei novamente sentindo que pouco tempo nos restava. — Nós manteríamos todas as nossas promessas, seríamos nós contra o mundo. Em uma outra vida, eu não cumpriria a promessa feita à minha família. — E então com lágrimas nos olhos eu atirei no peito dele.
Foi um tiro a queima roupa, eu gritei quando o senti cair contra mim; minha roupa manchava com o sangue dele. Eu o abraçava enquanto me permitia, por breves segundos, imaginar que estávamos em outro lugar.
Chequei o pulso dele com a face banhada em lágrimas; ele não estava respirando, sua face estava serena como estivesse adormecido. Depositei um beijo em sua tez e então sinalizei para Martino descer. O caos do lado de fora havia cessado. Indiquei o corpo de Johnny, o qual Martino prontamente o pegou. Do lado de fora haviam corpos caídos em todas as direções; em maioria homens que faziam parte da gangue de Johnny.
Ajeitei meu cabelo e arrumei minha postura, os que não haviam caído estavam enfileirados e desarmados. Reconheci as faces dos amigos verdadeiros do homem que eu amava.
— Em memória dele eu os deixarei partir. — Minha voz soava vazia e inexpressiva.
— Então era você o tempo todo. — Chenle cortou o silêncio recebendo um soco de um dos meus homens.
— Não toquem neles, mios caros. Nossos trabalho nesse país está finalizado. — Sinalizei para Martino colocar o corpo de Johnny na frente deles.
— Por qu você fez isso? — Jaemin questionou horrorizado.
— Eu sou a Matrona! O que esperavam? — Sorri de modo sádico antes de dar lhes as costas. — Antes que eu desapareça, mios caros signores, não esqueçam de marcá-los com a minha insígnia.
Sem mais delongas, parti deixando para trás o corpo de meu amado, os homens que me acolheram como parte da família, uma organização inteira. No entanto ouvi uma arma ser engatilhada, com um aceno negativo me virei e atirei vendo então Haechan cair sobre o corpo de Johnny. Agora ambos estavam mortos.
— Não pensem nem por um momento que me conhecem, não terei misericórdia de quem se opor a mim. — E sem mais delongas adentrei no carro que estava à minha espera.
Teria uma longa viagem de volta para Itália.
De fato, a vingança era um prato que se come frio. No entanto ela não possuía nada de bom. Havia perdido o amor da minha vida, pelas minhas próprias mãos. Ao fim era apenas uma casca vazia; passaria o resto da minha vida executando pessoas que se ousassem opor-se aos Espossito.
— Me leve diretamente ao aeroporto, Vincent. — Deitei minha cabeça contra o encosto do carro.
— Como desejar sorella.
FIM
Nota da autora: Obrigada a todos que leram Matrona. Gostaria de agradecer a todas as meninas desse especial pelas ideias e enredos fantásticos e aos leitores dessa história.
A vocês leitores, peço para que não me odeiem! Era necessário que isso ocorresse.
Palavras utilizadas em outros idiomas:
• Sorella: irmã (italiano).
• Papa/Mama: Pai e mãe (italiano).
• Signore: senhor (italiano).
• Sajangnim: chefe (coreano segundo o google).
• Bambina: forma carinhosa de chamar as crianças em italiano, uso: minha pequena, minha querida (italiano).
• Mia cara/Mio caro: minha cara, meu caro (uso formal) (italiano).
• Maledetto: maldito (italiano).
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Palavras utilizadas em outros idiomas:
• Sorella: irmã (italiano).
• Papa/Mama: Pai e mãe (italiano).
• Signore: senhor (italiano).
• Sajangnim: chefe (coreano segundo o google).
• Bambina: forma carinhosa de chamar as crianças em italiano, uso: minha pequena, minha querida (italiano).
• Mia cara/Mio caro: minha cara, meu caro (uso formal) (italiano).
• Maledetto: maldito (italiano).