Meu Melhor Erro

Finalizada Em: 25/07/2018

Fanfic revisada pela autora.

1. A culpa nem era dele, eu sou a imatura da história.

Segunda Feira, 7h.
Acordei com o alarme do celular tocando desesperadamente. Olhei as horas, desliguei o despertador e suspirei já morrendo de preguiça ao lembrar que dali a pouco tinha que ir para o aeroporto.
Mas na ausência de opção melhor me levantei, fiz minhas higienes, vesti um cropped preto, jeans claro destroyed, allstar branco, me olhei no espelho e falei para o meu reflexo “Pra quem queria estar morta, está ótimo dona ”, ri alto acordando meu irmão que se limitou a me olhar, me chamar de louca e voltar a dormir.
Ajeitei meu cabelo em um rabo de cavalo deprimente de tão mal feito, no rosto nada além das minhas olheiras e espinhas que denunciavam o quanto de chocolate que eu havia comido nesse feriado em família, antes de fechar a mala separei um óculos escuro e deixei por cima dela. Arrumei a cama de baixo do beliche - que havia sido minha por 18 anos – e agora era deposito de zona da Alice, ajeitei umas coisas que eu havia tirado do lugar e caminhei ate a porta, olhei pra traz e sussurrei “Tchau quarto, até o natal!” desci as escadas e fui direto para a cozinha.
- Bom dia família, toda essa felicidade é porque já estou indo embora? – falei enquanto me sentava ao lado da minha irmã mais nova, Alice de 18 anos.
Em uma ponta da mesa estava minha mãe – Dona Cecilia, que na realidade parecia minha irmã - e na outra o meu PaiDrasto – Rafael, ele só é pai biológico da Alice, mas criou a mim e ao Afonso como se fossemos dele, coisa que meu pai e o dele não fez - eles riram alto do que eu havia dito.
- Claro , por que ninguém aqui te suporta! – O Rafael falou e rimos alto – vocês bem que podiam voltar pra cá né? A desculpa era a faculdade... ela já acabou se bem me lembro.
Nessa hora um Afonso mal humorado e de cara amassada - nem parecia que, diferente de mim, ele ainda tinha uma semana de férias antes de voltar pra SP, pro apartamento que a gente divide com mais 2 amigos dele – entrou na cozinha, e se sentou sem falar mais que um bom dia, ele é muito mal humorado pela manha.
- verdade filha, você já está lá a 5 anos – ela disse sorrindo – e você Afonso? – ele a olhou com a cara mais doce do mundo, que como ele sempre dizia, estava reservada pra “única mulher do mundo que merece meu lado bom, além de você e da Alice”.
- Ah mãe, já tenho toda uma vida lá – ele falou colocando uma xicara enorme de café – já são 8 anos né? E duvido que a Alice queira dois intrusos no quarto dela por um período maior que 30 dias!
Foi impossível não rir alto, porque a casa era muito pequena e quando fomos embora ela realizou o sonho de ter um quarto só pra ela.
- eu digo a mesma coisa mãe, já tô construindo uma vida em SP, e por mais que eu ame Curitiba não me vejo morando aqui de novo – olhei para a Alice e ela sorriu cumplice pra mim – e outra, se eu voltar, onde essa pirralha vai empilhar as roupas dela?
- ah calem a boca, vocês não voltam porque São Paulo é muito melhor que Pinhais! – ela era louca pra se mudar pra lá, mas ela trabalhava na Loja do rafa e tinha toda uma vida aqui, eu e o Afonso sempre fomos meio deslocados, ela não. Ela é curitibana e ponto, então querer ir pra São Paulo não era o suficiente pra ela ter coragem de ir – Afonso, você ainda vai me levar pra lá no próximo feriado né? - ela falou fazendo bico igual uma garotinha de 10 anos, e isso derretia o coração do trouxa do Afonso que fazia tudo que ela queria.
- Claro Alice, o que você me pede que eu digo não? – ele respondeu divertido e todos rimos alto.
Todo o restante do café foi assim animado, pouco depois me despedi de todos e fui para o aeroporto de carona com o Rafa, ele me deixou na frente do aeroporto como sempre, me desejando sorte e “até mais piveta”.
Fui para o salão de embarque e recebi a péssima noticia de que devido ao mal tempo – nenhuma novidade no sul – o voo ia atrasar pelo menos uma hora, avisei minha mãe e comecei a fuçar nas redes sociais.
Depois de um longo, mas muito longo tempo – mais conhecido com 45 minutos – o voo foi anunciado e apaguei antes mesmo dele decolar.

***


Cheguei em casa e me joguei no sofá – nenhum dos meninos estava em casa, graças a Deus! - sem nem mesmo desfazer as malas, olhei as redes sociais, respondi alguns e-mails chatos do evento Pré RIR que aconteceria dalí alguns dias – eu estava ansiosa pra ir pro Rio, mesmo que fosse a trabalho, mas lidar com essa galera que acha que são os picas da galáxia é muito cansativo – e dei meu dia por encerrado.

***


Acordei ainda no sofá – saudades de dormir no sofá e acordar na cama – com o celular tocando.

Ligação On

Chefinho: Bom dia , sei que ta cedo, mas preciso de você na agencia em 3h. Reunião extra do Rock’N’Rio – olhei o display da tv a cabo e senti meu sangue ferver.

Puta que pariu Marcelo, são 5h da manhã! – falei, ou melhor, gritei.

Chefinho: eu sei – risos – passo ai às 6:30, esteja pronta. Não vamos fazer as estrelas do Google esperarem, ou vamos?

: não acredito que você me acordou por causa de um monte de mauricinhos e blogueiras. – bufei e por algum motivo isso fez ele rir ainda mais alto – tchau Marcelo, até!

Ligação off

Já que é pra levantar que seja de uma vez.
Pulei do sofá e senti cada osso da coluna estalar, não foi algo agradável, mas beleza, como diz o Thiago “bora seguir esse baile”.
Tomei um banho demorado – depois que desbravei a zona que eles deixaram no banheiro, pelo perfume impregnado tenho certeza que o Renato estava por aqui - já pensando na roupa que ia vestir, as mulheres mais bem vestidas, bem maquiadas e mais bonitas da internet vão estar nessa reunião, então o mínimo que euzinha reles mortal posso oferecer é o meu melhor.
Vesti uma camisa de seda branca com uma regata preta por baixo, uma saia lápis preta que marcava bem minha cintura e quadril – que precisavam urgentemente de uma visita a academia, diga-se de passagem -  arrumei meu cabelo do jeito de sempre – que era solto, jogado para o lado – fiz uma make clássica que consistia em pele quase natural, delineador bem marcado e boca matte, coloquei meus óculos e enquanto calçava os meus chinelos – sim, só ponho o sapato no trabalho, me julguem! - o interfone tocou, nem atendi por que já sabia quem era. Peguei minha bolsa de trabalho com todas as minhas tralhas e desci.
Entrei no carro do Marcelo e ele abriu um sorriso enorme.
- Bom dia minha favorita! – ele falou debochado
- por favorita você quer dizer “a única idiota que atendeu ao telefone”? – ele riu alto acelerando, depois que ligamos o radio meu humor foi se iluminando de um modo que quase esqueci que nem o sol tava acordado direito ainda – eu achei que tava tudo certo pro evento e pra viagem Má, porque essa reunião?
- esses caras adoram começar e terminar namoros , então esse fim de semana aconteceram algumas mudanças e precisamos reorganizar tudo – ele bufou nervoso, ele odeia não conseguir controlar algo – porque vão as mesmas pessoas, mas não podem ficar no mesmo andar, nem nos mesmo eventos e bla bla bla...
- quando eu te falei que esse povo ia encher o saco, tu não botou uma fé! – falei rindo – falta mais de 20 dias pra viagem, porque a gente não aluga uma casa grande e soca todos eles dentro, coloca uns web pontos bem iluminados pra eles fazerem lives rápidas lá e usarem a criatividade, eles vivem disso não é?
- é por isso que te chamei pra gerenciar isso, você tem umas ideias incríveis! – sorri sabendo que o elogio era sincero, ele só elogia se for real – explana essa ideia ai e falamos com eles, e já manda uma mensagem pra e pede pra ela olhar umas casas bem chiques lá no rio, zona sul de preferencia.
Fomos todo o restante do trajeto desenvolvendo o a ideia de emergência, chegamos no prédio e enquanto ele estacionava eu fui subindo pro andar da agencia. Todos os funcionários que encontrei pelo caminho estavam de mau humor – a agencia só abre as 10h, então os que estavam ali estavam contra a vontade – então um bom dia saia quase que rosnado. Cheguei à minha sala e a – minha estagiaria, 20 anos e parece uma Barbie, só que com cérebro, um cérebro fantástico, diga-se de passagem, coisa mais linda e eficiente que tenho na vida – já tinha aberto tudo, ligado o PC e colocado a cafeteira pra funcionar.
- Bom dia Fê, sabia que te amo? – disse divertida pegando um café
- Não , você ama o meu café! – rimos alto enquanto eu colocava minha bolsa na mesa e tirava os chinelos para colocar os saltos e me jogava na minha cadeira, ao mesmo tempo ela ajeitava a mesa dela que ficava na outra ponta da minha sala – o Marcelo mandou um Uber me buscar em casa mais cedo, então ajeitei a sala de reuniões com alguns doces, café e refrigerante – ela disse animada – mas ate agora só duas pessoas chegaram, - ela disse olhando uma agenda que ela não larga pra nada – Gustavo e Christian, se não me engano!
- você nunca se engana Fê! – falei rindo e separando algumas coisas pra reunião – e a parada da casa? Deu tempo de ver algo?
- Ah, eu encontrei uma casa incrível! Tem 14 quartos, você sabe o que são 14? Não tem 14 quartos no meu prédio todo! – ela disse com um misto de empolgação e choque – to te enviando as fotos agora, acho que você vai amar.
- infelizmente não sou só eu que tenho que amar – falei olhando as fotos, o lugar realmente era incrível, com direito a praia particular e tudo - se eles toparem, você escolhe os nosso, pode ser o que você quiser ok? – ela sorriu grande, saudade de quando eu era empolgada assim – obrigada por organizar tudo por aqui, espero que não tenham te escravizado na minha ausência... – falei já imaginando o que ela deve ter passado nesses dias.
- ah não, foi tudo bem tranquilo...  – antes de ela continuar, escutei uma batidinha na porta e de repente uma cabeça aparece no vão.
- vamos meninas? – ela sorriu grande, eu juro que não entendo como ela consegue ser tão simpática as 8h da manhã, deve ser uma mutação ou algo do tipo.
Assenti levantando e fomos ate a sala de reuniões, contei rapidamente e aparentemente – apesar de eu não ter decorado todos os rostos – todos eles estavam lá.
Os cumprimentei com um bom dia em uníssono com a Fê que foi respondido por todos de modo quase silencioso. De longe se via que todos eles se davam muito bem, eles cochichavam um com o outro o tempo todo.
Depois que nos assentamos o Marcelo deu inicio a reunião.

***


Todos eles ficaram muito animados com a ideia, e é claro que vibrei por dentro, afinal a ideia foi minha né? A reunião foi tranquila, exceto por um momento tenso onde uma das meninas – que soube depois era a famosa Kéfera Buchmann – ficou bem alterada com a mínima possibilidade de respirar o mesmo ar que um dos garotos - que também soube depois que se chamava Gustavo Stockler – pelo que entendi, eles foram os responsáveis por todas as mudanças, eles terminaram o namoro de um modo nada amigável e só estão indo pra essa viagem porque a quebra de contrato do Google é altíssima.
Por volta de 10h30 encerramos a reunião, aos poucos eu já sabia mais ou menos quem era quem, uns por estarem em vídeos do Júlio Cocielo e o do Igor Cavalari – que são muito amigos do Thiago e do meu irmão então não tem quem faça eles saírem de lá de casa – e outros por campanhas que já havia visto. Despedi-me deles e me tranquei na minha sala junto com a e fomos trabalhar, a tarde ia ser longa.
Fiquei tão atarefada com as reservas e confirmações que tinha que fazer que só me dei conta da hora quando a se levantou da mesa e saiu da sala. Olhei o relógio e já eram quase 16h e nem tinhamos parado pra comer. Decidi fazer uma pausa e checar o celular, pobrezinho ficou abandonado o dia todo.
Fui direto para o whatsapp.

Mensagem on 10:50 Afonso: o filha da puta, você chegou bem? Falei com os mlk e nenhum deles te viu ai fiquei preocupado.

15:15 Afonso: se você não me responder em meia hora ligo no seu trampo!

nossa nenê, quanta preocupação! Ahhaha to bem, to viva, cheguei inteira apesar daquela merda de avião hahaha e os viadinhos não me viram por que eu sai as 6:30 e nenhum deles tinha chego ainda.

Afonso: finalmente hein, slc! To voltando hoje a noite, me pega no aeroporto?

: ué... por que ta voltando? a mãe te colocou pra fora?

Afonso: comedy central ta com umas ideias pro rock’in’rio e me ligaram, tenho reunião lá amanhã. E ai, me busca? Previsão de chegada pras 20h

pego sim, vou estar no estacionamento, vaga de sempre!

Afonso: ate mais!

Mensagem off

Respondi mais algumas pessoas ate que me assustei com a porta.
- a gente tem que comer, ou vamos morrer a mingua antes da viagem! – falou colocando um saco do Mcdonalds na minha frente – quarterão pão, carne e queijo, batata grande e suco de maracujá.
- na moral Fê, casa comigo? – rimos alto – senta aqui vai, parar meia horinha pra fofocar não vai nos matar - ela se sentou de frente pra mim e fizemos da mesa um piquenique – como foi teu fim de semana?
- ah, foi bom... sem muitas emoções – ela riu tímida – a única coisa diferente foi que sai com um cara, mas ele era bem babaca, deu em nada. E o seu? Agitado?
- serio? Fim de semana agitado em pinhais? – rimos alto – deu pra descansar bastante, mesmo com o Afonso e a Alice enchendo o saco o tempo todo – quando citei o Afonso os olhos dela brilharam, sinto que ela tem um crush nele desde o jantar do meu aniversario, mas ela nunca disse nada.
- adoro os vídeos do seu irmão, ele é muito engraçado! – ela disse quase em um sussurro – em casa ele deve ser um barato.
- ele é um idiota – falei rindo – mas é o melhor irmão do mundo, e me divirto muito em casa, com ele e com os meninos.
- deve ser uma piada morar com Nando Viana, Thiago ventura e Afonso – ela falou meio deslumbrada, tive que rir – posso te perguntar uma coisa?
- claro que pode Fê, a gente é amiga – falei de modo sincero pra ela.
- o Thiago e o Nando são tão maconheiros quanto eles falam? – ela perguntou rindo e eu gargalhei.
- não, eles não chegam nem perto daquilo, se eu disser que o quarto deles não fede a erva seria mentira, mas nem é tanto quanto eles falam – senti meu celular vibrar, olhei o display e o meu sorriso iludido tomou conta da minha cara.
- ih, se não estiver escrito “Renato Albani” nessa tela eu mudo de nome – ela falou rindo – vou voltar pro trabalho!
Mostrei o dedo pra ela rindo e atendi a ligação.

Ligação on

Renato: to sem moral mesmo hein. Chega e nem fala nada? Caralho!

: pra que tanto drama? Você sabia exatamente que dia e hora eu ia chegar, você mesmo comprou a passagem, lembra?

Renato: ah , fiquei esperando você mandar mensagem “to sozinha, vem pra cá?”.

como se você precisasse de convite pra ir à minha casa, me poupa né Renato – ri alto e ele me acompanhou.

Renato: sem os caras lá eu preciso sim, principalmente sem o seu irmão lá de vigia – risos - Perdi a chance né? O filho da puta ta voltando hoje – ele gargalhou e eu revirei os olhos.

tudo isso é saudade? – suspirei com a possibilidade, mesmo sabendo que isso era impossível, vindo de quem vem – vou buscar o Afonso no aeroporto hoje, da pra gente se ver depois...

Renato: muita saudade , você não tem ideia – ele pausou por um momento, certeza que ta coçando a nuca, ele sempre faz isso – a gente vai se ver hoje, só que lá na casa nova do Júlio.

e eu vou na casa do Júlio? – perguntei pesquisando meu cérebro pra ver se tinha esquecido desse compromisso.

Renato: ah você vai, todo mundo vai, você aproveita e leva a “estagi” e conhece a mina do Júlio e as amigas dela – revirei o olho com isso, se forem todas vlogueiras de moda me jogo da janela do apartamento - vai ser bom pra você fazer amizades além dos “4 amigos” – ele disse igual a chamada do show e eu gargalhei.

você tem algum interesse na sr Renato? – falei rindo, mas me mordendo de ciúme por dentro, senti o olhar dela me queimar  – e sim, eu tenho mais amigos além deles, idiota!

Renato: minha única ambição atual é você dona – ele falou e me arrepiei inteira, maldita atração – e quem quer a menininha aí é o Afonso, tenho nada com isso – rimos alto – nos vemos mais tarde então?

vou pensar no seu caso! Preciso trabalhar! Beijo!

Renato: guarda esse beijo e me dá ele hoje ao vivo! – ele disse sério – até mais!

Ligação off

 Precisei de alguns segundos pra me recuperar da bagunça que ele fazia na minha cabeça. Olhei para o lado e a me olhava com a sobrancelha erguida, só ai me lembrei de fazer o convite.
- Fê, que tu vai fazer hoje à noite? – ela semicerrou os olhos e eu ri
- que eu saiba nada , por quê? – a curiosidade era quase palpável na voz dela.
- vamos jantar na casa do Cocielo, e não aceito não como resposta! – ela abriu um sorriso enorme – ele tá no apê novo e de acordo com o Renato vai um pessoal lá inaugurar.
- é sério isso ? Você está me convidando pra sair com vocês? Tipo, eles são famosos e eu – sorri pra ela, tava louca pra ver ela na frente dos meninos.
- Fê, todos eles estavam no meu aniversario, você já conheceu eles, está apavorada por que? – perguntei rindo
- uma coisa é um restaurante onde eu sou sua convidada, outra é me envolver no mundo deles, ai meu coração – ri alto e ela me acompanhou – o que eu visto pra esse evento?
- não é um evento , relaxa – isso fez os ombros dela relaxarem, mas só um pouco – se bem conheço eles, vai ter pizza e pinga.
- to nervosa agora, ai meu Deus! – ela respirou fundo e eu continuava rindo – quem vai estar lá?
- não sei ao certo, mas vou descobrir pera ai – peguei o celular e vi que já eram 16h30, abri o whatsapp e tinha algumas mensagens no grupo do apê, aproveitei pra me informar sobre o tal jantar.

Whats app on – Comedy house Thiago (áudio) , ONDE VOCÊ COLOCOU MEU CHINELO QUE TAVA GUARDADO NO BANHEIRO? Puta que pariu, só você voltar pras coisa sumir!

Nando: KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK VIADO, O SARGENTO TA DE VOLTA

Afonso: vocês acabaram de falar “satanás, eu desafio você!” kkkkkkkkkkkkkkkkk

: guardado ventura? Tava bem guardado sim, penduradinho no chão do box. Ta no seu quarto anta, debaixo da cama, na próxima jogo pela janela seu chinelinho da adidas de 200pila. E sargento é a puta que te pariu Nando! Você tinha mesmo que deixar 2023644 cuecas no banheiro? Só fiquei fora 4 dias, onde você usou tanta cueca? E você Afonso, cala os dedinhos se não eu chamo a mãe pra dar uma volta no seu quarto e ver o que você anda fazendo lá!

Thiago: iii viado, TPM? Kkkkkkkkkkkkkkkkk coitado do batata

Afonso: só pode, ta com o encardido nas costas fia? Kkkkkkkkkk

Nando: tão bonita, quem vê assim nem imagina que ta possuída kkkkkkkkkkkkkk

porque eu ainda falo com vocês mesmo? Kkkkkkkkkkk idiotas! Mudando a pauta antes que eu mate um de vocês. Quem vai estar no Júlio hoje? E porque nenhum de vocês me falou que eu ia?

Thiago: ninguém nem te viu mano, como ia falar com você? Loca kkkkkkkkkkkk

Nando: eu só sei que eu não vou, dia de pegar o Téo!

Thiago: mas respondendo sua pergunta , vai tá nóis, o seu boy, igão, gui, uns cara da quebrada do Júlio, ele e a mina dele e umas amigas dela. A gente vai gravar um vídeo pro canal dele.

Afonso: vem pronta me pegar que vamo direto. Chamou a ?

brigada thi <3 vai precisar de carona? E sim sr Afonso, chamei a e ela ta quase tendo um troço de ansiedade e expectativa, tadinha kkkkkkkkkkkkkkkk

Thiago: quero sim! Cabe a Fernanda?

Suspirei pesadamente antes de responder isso, ela me detesta pelo simples fato de eu morar com eles, mas a gente se atura por que o Thiago é a melhor pessoa do planeta.

Afonso: to indo pro aeroporto, até depois povo. Aaa e fala pra ela ficar calminha (emoji de diabinho)  kkkkkkkkkk

Meu Deus, você só pensa em mulher, Afonso? Kkkk cabe sim thi, ela vai lá pra casa ou vamos buscar ela?

Thiago: esse Afonso não presta kkkkkkkkkk ela vai estar lá em casa.

blz thi, saímos as 19h por que tenho que pegar a antes de irmos pro aeroporto.

Whatsapp off

Combinei tudo com a e a dispensei com um sorriso assustador na cara, achei engraçado por que sempre tem gente famosa na agencia e ela nunca se abala, mas com eles ela ate gaguejava.
Por volta das 17h me despedi do pessoal e fui pra frente do prédio esperar meu Uber – o Marcelo tinha me trazido de carona, então tava sem carro pra ir embora – com 20 minutos já estava na frente do meu prédio cumprimentando o porteiro.
O cansaço tava tão forte que nem percebi e já estava na porta do apê, o barulho de conversa e risadas já tava alto, anunciando que os meninos estavam em casa. Abri a porta e já dei de cara com a Fernanda.
- Ah, oi Nanda – ela sorriu meio tímida – tudo bem?
- Oi – ela me mediu de cima a baixo e eu aproveitei e fiz o mesmo, ela precisava mesmo ser tão bonita? – tudo sim! E você?
- tô bem! – um silêncio constrangedor tomou conta do nosso dialogo, nossas conversas sempre acabavam ai – eu vou me arrumar pra gente ir.
Dei alguns passos em direção ao meu quarto quando senti a mão dela no meu braço, olhei assustada pra trás e o Thiago que vinha pelo corredor olhou tão espantado, ou mais, que eu.
- será que a gente pode conversar um pouco, em particular? – ela disse e senti um gelo descer na minha espinha
- Nanda pelo amor de Deus hein? – ele falou olhando diretamente pra ela, como se eu não estivesse parada bem ali no meio
- relaxa Thiago, coisa de mulher – ele permaneceu tenso e ela voltou a me olhar- pode ser?
- ah, uhun – dei de ombros, não poderia ser pior do que todas as coisas que eu já escutei ela falar nas brigas com o Thiago, infelizmente o apê tem paredes finas - vem aqui no meu quarto - Passei pela porta com ela atrás de mim, e fechei a porta – pode falar dona Fernanda, que ta pegando?
- esses dias que você não tava aqui eu tive uma conversa muito séria com o Thiago – os olhos dela começaram a se encher e automaticamente eu puxei ela pra se sentar do meu lado na cama – e ele me fez entender que não tem nada a ver o meu ciúme.
- eu cansei de te falar isso Nanda, ele é como o Afonso pra mim, só que falando muito mais gírias – ela sorriu fraco.
- eu não quero mais te ver como uma inimiga , então queria te pedir desculpas, o ultimo ano foi bem tenso pra nós – eu ri lembrando de todas as discussões que tivemos ali – mas se põe no meu lugar, se tivesse uma mulher linda morando no apartamento do Renato, como você se sentiria? Mesmo que ele jurasse que eles são como irmãos?
- eu aceito suas desculpas de verdade Nanda, acho que a gente pode começar do zero então! – disse me esquivando da pergunta que ela havia me feito sobre o Renato, eu não falava sobre ele e muito menos sobre a nossa “relação”, si é que da pra chamar assim duas pessoas que se pegam sempre que dá vontade.
- acho que vamos ser boas amigas – pela primeira vez nós sorrimos uma pra outra sem vontade de pular na jugular – e só pra você saber, eu shippo você e ele – rimos alto – agora vou deixar você se arrumar.
Ela saiu do quarto e eu cai de costas na cama. Fechei os olhos na esperança do mundo acabar e eu não precisar sair da cama nunca mais, mas o meu celular vibrando no bolso da minha jaqueta me fez ver que podia ate ser que o mundo acabasse, mas não ia ser agora. Atendi sem nem olhar o display.

Ligação on Chefinho: tira o dia de folga amanhã e quinta. Você e a .

o que você bebeu Marcelo?

Chefinho: aceita e não discute. Vocês vão ter muito trabalho desse fim de semana em diante. Hahahha

obrigada... eu acho! Nos vemos na sexta?

Chefinho: sim, sim, sexta feira! Te cuida, até!

Ligação off.

É obvio que isso iluminou meu humor, de modo que eu pulei da cama e corri pro banho. Eram 18h30 em ponto quando sai do banheiro – com uma leve pressão do Thiago “ se você demorar mais um pouco ai eu vou ter que pegar uma fralda do Théo” – me vesti simples, mas arrumadinha: short jeans larguinho, babylook branca starbucks, oxford preto e nem coloquei casaco, por que lembrei que tinha um jeans básico no carro.
Na make nada de incrível: delineado, pele e batom vermelho.
Assim que terminei, passei no quarto do Nando e dei um monte de beijos no Téo e na Eva, arranquei o casal vinte do quarto e saímos.

***


- porra já tem mais de meia hora que tamo aqui, viado – o Thiago falou enquanto o Afonso entrava ao meu lado no carro – dava pra atrasar mais não?
- ah sim viado, por que eu que controlo as caralha do voo tudo – todos nós rimos alto, pelo espelho retrovisor eu vi a Felipe ficar com a cara mais vermelha que um tomate, ele olhou pra traz e sorriu pra ela – você ta mais bonita ainda hoje!
Todo mundo riu da cara que ela fez, tadinha teve nem voz pra responder.
- beleza gente, onde o Júlio ta morando?  - perguntei saindo do estacionamento.
- lembra do apê antigo? Duas quadras pra frente! – Thiago respondeu rápido e eu sorri já criando um mapa na cabeça.
Fomos conversando animados e aos poucos via voltar a ser ela mesma, é claro que meu irmão e o Thiago monopolizaram a conversa, fazendo a gente rir horrores. Eram quase 21h30 quando chegamos no prédio do Júlio, ele já nos esperava na frente todo arrumadinho, nem parecia aquele moleque maloqueiro que não saia da minha casa a uns 2 anos a trás. Fui tirada dos meus devaneios com um berro na janela do carro.
- AEEE CARAIO, SÓ FALTAVA VOCÊS PORRA! – bom, no fundo ele ainda é um moleque maloqueiro.
- me deixou surda, Júlio! – falei e todo mundo riu – onde eu estaciono?
- , rainha do drama! – ele falou com uma voz afetada que me fez revirar os olhos – pega esse crachá aqui, vai mais uns 100metros e entra no estacionamento de visitas. O moleque ta top caraio! – todo mundo riu alto da cara dele.
- desce ai gente, eu já encontro vocês!
Eles desceram do carro e eu fui estacionar, condomínio de luxo é outra vida né? O estacionamento de visitantes deles é maior que o de moradores do meu prédio! Estacionei na vaga que o moço me indicou e voltei pra frente do prédio, pra minha surpresa quem me esperava lá não era o Júlio e os meninos, era ninguém menos que o Renato. Como sempre, quando o vi todo cheio de pose com cara de marombeiro de porta de academia, meu coração pulou uma batida -  “Disfarça , finge que não tá apaixonada. Lembra?” – repeti isso na minha cabeça um milhão de vezes antes de chegar ate ele. Assim que me aproximei ele se virou e sorriu, ai meu cu que sorriso!
- você precisava mesmo vir assim tão linda? Tem um monte de macho lá em cima mano! – ele disse e me puxou pela cintura e nossos lábios ficaram a um sopro de distancia.
- eu devo encarar isso como um elogio senhor Renato? – ficamos ainda mais próximos.
- elogio é o que eu vou te fazer mais tarde lá em casa, isso é ciúmes mesmo – ele selou nossos lábios do mesmo jeito intenso de sempre.
- e quem falou que eu vou pra sua casa? – falei quando terminamos o beijo
- eu disse – eu ameacei responder, mas ele me cortou - você vai porque você me adora e ta morrendo de saudade de mim.
- você ta meio convencido demais não? – ele me puxou ainda mais contra si, isso me fez arrepiar - daqui ate a hora de ir embora eu vou pensar se vale a pena ir com você tá? – ele riu alto e me deu mais um beijo – vamos subir se não, sabe como é né? O povo vai ficar zuando...
Rimos alto e pela primeira vez em, sei lá 4 meses, entrelaçamos os dedos e entramos no prédio. Não vou mentir que a sensação era boa, mas ele sempre deixou muito claro que ia morrer solteiro, então mantive o bichinho da ilusão bem amarrado no porta malas do carro.
Chegamos no apartamento de Júlio e tinha um bocado de gente lá, assim que a Tata abriu a porta todo mundo olhou pra ver quem tava entrando, e nossas mãos dadas chamaram bastante a atenção das pessoas que já nos conheciam, mas o único que teve coragem de abrir a boca enorme foi o idiota do Igor.
- aê batata, ta na coleira? – ao invés de todo mundo rir da pergunta, geral ficou olhando esperando ele responder. Ele fez uma cara seria, me deu um beijo no rosto e soltou minha mão.
- esse cachorro aqui não tem coleira não viado, mas que tenho dona eu tenho – suspirei enquanto todo mundo ria e fui na direção de onde as meninas estavam.
A Nanda que já conhecia todas as meninas fez a vez de me apresentar, já que todos os meninos já tinham se trancado no estúdio pra gravar o tal video.
- , essa aqui é a Tata noiva do Júlio – sorri grande pra ela, que eu já sabia que era um amor – essa é a Rachel Apollonio, Bruna Unzueta, Gabi Brandt e a Louize irmã da tata – cumprimentei todas elas e emendamos a conversar na sala, ao poucos já estávamos como se fossemos intimas.
Uma hora e algumas doses de vodka depois eu, e Tata começamos uma conversa meio paralela.
- mas se ele não te leva a serio porque você ainda fica com ele? – a tata perguntou e honestamente nem eu tinha resposta pra isso
- não é que ele não me leva a serio tata, ele não leva a vida a serio – respirei fundo, tomei mais um gole – a gente se curte... ele é muito bom em muitas coisas  - elas riram alto
- mas você gosta dele, ta na sua cara – um pequeno frio subiu a minha espinha, odiava saber o quanto isso tava ficando evidente.
- e o que isso muda? – antes que ela pudesse responder eles abriram a porta e invadiram a sala, trazendo todo o barulho de volta.
Como em toda reunião de amigos, aos poucos os grupinhos foram se dividindo, algumas pessoas foram embora, outras já estavam meio bêbadas, mas de um modo geral a noite tava sendo muito boa. A se enturmou tão bem que quando me dei conta ela e o Afonso estavam se pegando lá na varanda, esse moleque não perde tempo mesmo.
Já passava da meia noite e eu tava sentada no sofá mexendo no celular quando senti um baque ao meu lado.
- você decidiu? – ele falou no meu ouvido, se eu não tivesse decidido nessa hora eu cederia com certeza – juro que dessa vez meu apê ta arrumado.
- oque você me pede que eu falo não, Renato? – ele sorriu malicioso – menos isso.
- vamo embora então que não aguento mais de saudade! – tentei me levantar, mas ele me puxou e me beijou.
- se você não me soltar eu não vou poder dar a chave pro Afonso – ele riu alto e me soltou, caminhei ate a varanda onde eles ainda estavam se pegando – não to vendo nadaaaaa – eles riram e se soltaram – Afonso, fica com o carro e leva a direito pra casa.
- você vai pra casa do Renato? – eles eram muito amigos, mas ele não era muito a favor de nós dois – falo mais nada .
- sou adulta Afonso, lembra? – ele assentiu – cuida dos meus tesouros! – abracei a e dei um beijo nele.
- usa camisinha pirralha, o Renato é babaca demais pra se reproduzir! – ele falou me fazendo rir alto.
- eu tô escutando tá Afonso! – ele respondeu da sala rindo também.
Me despedi de todos, agradeci a Tata e ao Júlio pela noite maravilhosa e fui em direção ao Renato. Ele estava conversando com o Guilherme e com o Gustavo – sim, aquele que fodeu meu planejamento de mais de 2 meses, e ate então eu nem tinha reparado que ele tava lá, olha como sou atenta.
- eu conheço você – ele disse e o Renato me olhou com uma sobrancelha erguida e os braços cruzados – Allana, né?
- ele te conhece de onde, Allana? – eu revirei os olhos, mas lá no fundo achei fofo o ciuminho dele.
- na realidade Gustavo, é – sim eu tava puta com ele, mesmo que de certo modo ele não tenha total culpa de nada – ele é um dos youtubers daquele projeto pro RIR que te falei, lembra?
- Lembro sim, se é do trabalho... – ele bufou – você tá pronta pra ir? – assenti com um sorriso – vou no banheiro e a gente já vai.
Nessa o Gui sumiu e ficamos eu o tal Gustavo, naquele silencio constrangedor, do mais absoluto nada ele se aproximou mais um pouco e eu não pude me afastar por que estava no canto, que merda!
- , né? Sou péssimo com nomes – ele deu um sorriso, que apesar de lindo revelou uma bela cara de pilantra – e aquela casa? Você vai pra lá também?
- vou sim, fica mais fácil gerenciar tudo estando lá – respondi rápida
- vamos poder nos conhecer melhor então – agora com ele mais próximo pude sentir o forte cheiro de bebida no hálito dele, ele colocou uma mão na parede me “prendendo”, eu tentei me esquivar, mas ela era bem maior que eu – eu acho que to meio bêbado, mas quero tanto te beijar, aqui e agora – olhei por cima do ombro dele e vi o Renato vindo, meu salvador! Pedi Socorro com o olhar ele veio apressado sendo super “discreto”
- ae cuzao, larga a mina carai! – isso fez ele se afastar e meu coração desacelerar – se você encostar nela sem ela querer de novo, eu juro que acabo com essa sua carinha de galã da malhação! – ele pegou a minha mão e deu pra notar que ele tava tremendo – bora , antes que eu acabe com a festa do Júlio!
Ele foi me puxando porta a fora deixando um bocado de gente de olhos arregalados e queixos caídos. Ele só voltou a falar quando já estávamos no carro.
- se você estivesse de burca isso não ia acontecer – ele falou com o tom sério.
- ele tava bebado Renato, e acabou de terminar um namoro. Ta na bad – falei tentando matar o assunto.
- ah claro, e isso lá é justificativa pra sair agarrando as mina? – paramos no sinaleiro e ele me olhou.
- a gente pode falar de outra coisa? tenho 2 dias de folga e não quero ficar pensando nisso!
- dois? Ah viado, amanhã você é toda minha então! – aparentemente isso fez o humor dele melhorar – mas ai, e dona Cecilia, tá bem?
- tá ótima, meio louca, mas ótima – falei rindo – o Rafa fez ela parar de trabalhar, por que ela tava muito stressada lá na loja e deixando todo mundo maluco.
- sua mãe é um barato! Uma figuraça! – ele falou já entrando na garagem do prédio.
Estacionamos e subimos, ele morava na cobertura em um apartamento de alto padrão, como de prache começamos a nos pegar no elevador, o porteiro deve se divertir com o show a essa hora da madrugada. Entramos no apartamento sem separar o beijo nenhuma vez.
- fica a vontade , a casa é sua, vou tomar uma ducha rapidinho – ele falou e me deu mais um beijo.
Tirei meus sapatos e coloquei no cantinho da sala, e calcei um chinelo dele que estava lá, liguei a tv e me deitei no sofá. Fiquei zapeando os canais sem ver nada em especifico, mais rápido do que de costume – por que ele costuma demorar horrores no banho – ele já estava vindo pra sala com um pacote na mão.
- que é isso?- perguntei já com a minha curiosidade aguçada, ele sentou do meu lado.
- eu fui fazer um show em campinas na sexta, quando o show acabou eu fui tirar fotos com o povo né? Normal - ele pausou e me entregou o pacote – ai uma menina de uns 12 anos me entregou isso e falou “não é pra você, é pra você dar pra alguém especial” – não vou mentir que meu coração tava acelerado, acho que ate tava suando frio – ai eu pensei “Porra, só pode ser pra ”, e ta aqui. Agora abre que eu to curioso!
Eu desembrulhei o pacote rindo alto, ele olhava curioso como uma criança, não vou mentir que fiquei com os olhos marejados quando finalmente terminei de abrir o pacote. Era um quadro preenchido com post-its coloridos que formavam a frase “Pessoa especial. Com você eu divido o Renato!” e uma foto deles em baixo.
- ai que coisa linda! Brigada por me considerar tão especial – falei e ele sorriu.
- você não tem ideia de quanto é especial pra mim – ele disse tirando o embrulho da minha mão e colocando na mesinha de centro e se debruçando sobre mim, quando já estávamos praticamente deitados no sofá ele voltou a falar – você não tem ideia mesmo!
Começamos a nos beijar de um jeito novo, sem pressa. Ele revezava entre minha boca e meu pescoço e isso já tava me levando a loucura, depois de um bom tempo ali ele me puxou pro quarto. E ai sim a festa começou.

***


- você não vai dormir? – eu estava deitada de bruços na cama e ele fazia desenhos invisíveis nas minhas costas, o que me causava leves choquinhos – você disse que tinha acordado cedo pra ir pra reunião.
- ainda tô sem sono – disse, mas um bocejo me traiu e nós rimos – e você?
- como que dorme com tudo isso de mulher pelada na minha cama? – revirei os olhos e ele riu
- do mesmo jeito de sempre Renato – falei rindo me aconchegando no peito dele – que a gente vai fazer mais tarde?
- por mim a gente ficava aqui desse jeitinho, mas a gente pode fazer o que você quiser – ele falou dando um beijo no topo da minha cabeça.
- você ta diferente – ele parou ate de respirar – relaxa, não to reclamando – pude sentir cada musculo dele relaxar e sorri com isso – só observando mesmo.
- tô ficando velho , só isso – rimos alto e ele me abraçou mais apertado – bora dormi? se não vou te atiçar e ai vamos começar tudo de novo!
Me aconcheguei ali sorrindo e apaguei.

***


Acordei e ele não tava na cama mais, escutei o barulho do chuveiro e conclui que ele estava lá. Levantei e vesti uma camisa dele que em mim ficou parecendo um vestido, abri o guarda roupa e peguei uma cacinha e soutien que ficava na “minha gaveta” e deixei sobre a cama pra colocar assim que tomasse banho. Fui pra cozinha, liguei a cafeteira e fui pro banheiro do quarto de visitas. Tomei um belo banho naquele chuveiro foda lembrando de cada momento da noite anterior, eu tô tão na merda por estar apaixonada por ele, e só me restava rir disso. Quando saí tinha um bilhete na cama:

“fui na padaria rapidinho, me espera pro café!”

Com uma flor em cima, meu Deus como ele ta estranho, se for uma técnica pra me deixar maluca ta de parabéns, por que ta dando super certo!
Vesti a lingerie e coloquei a camiseta dele de novo, peguei a flor e cheirei tava com o perfume dele. Igualzinho as toalhas do banheiro quando cheguei em casa na segunda.
Fui ate o outro quarto pegar meu celular, respondi algumas mensagens – principalmente a da minha mãe e da Alice – e voltei pra sala. Cerca de 20 minutos depois ele chegou, com algumas sacolas.
- O que você trouxe de gostoso? – perguntei sem nem levantar do sofá.
- de gostoso só eu – eu ri alto – mas de comer eu trouxe pão de queijo e croissant de peito de perú, por que sou fitness!
- eu deveria seguir seu exemplo, mas nem tempo de ir na academia eu to tendo – fui pra cozinha e ele se sentou pra me observar – to toda gorda, você não acha? – falei de costas pra ele e ele riu.
- desculpa, eu não consigo me concentrar com a sua bunda passando na minha frente assim - joguei agua nele rindo – vem cá, vamos comer.
Tomamos café nesse clima gostoso e depois fomos ver netflix, enquanto estava ali debruçada no peito dele me peguei pensando em como seria se fosse assim, só nós dois... Sem medos e sem inseguranças. Como se ele tivesse lido os meus pensamentos ele deu beijo no alto da minha cabeça me arrancando um sorriso bobo.
- eu adoro a sua companhia – ele falou e eu sorri, aparentemente era só isso que eu tava fazendo hoje – você me faz sentir uns bagulho meio doido.
- não sei o que você tem, mas deixa assim – foi a vez dele de rir – você também me faz sentir uns negocio doido.
Nos abraçamos ainda mais forte e ficamos ali, só fazendo companhia um pro outro. Mas como nada é perfeito – principalmente quando o assunto sou eu, que sou romanticamente fodida - no fim da tarde ele precisou ir ate o carro buscar um cabo pro celular e pá, assim que ele saiu o celular dele deu sinal de mensagem. Olhei a tela e tava lá “Rafa”, é claro que não abri, mas fiquei ansiosa pra ele chegar e ver.
De repente a campainha do apartamento tocou e eu fui atender, quando abri um a loira, alta, gostosa e linda estava lá.
- posso te ajudar? – falei fervendo por dentro.
- ah, é que eu mandei mensagem e o Renato não respondeu – ok, ela deve ser A RAFA – ele esqueceu isso aqui em casa no fim de semana. Ai como moro aqui do lado eu vim trazer...
- Obrigada, pode deixar que eu entrego e peço pra ele te responder – falei com a cueca dele na mão e as lagrimas na garganta.
Fechei a porta, peguei meu celular e mandei uma mensagem pro Afonso "vem me buscar agora, por favor! qd vc chegar eu explico" e fui me trocar, as lagrimas escorriam silenciosas no meu rosto, eu sei que não tenho o direito de exigir dele exclusividade, mas não tenho mais condições de viver assim, não tenho estrutura emocional pra ser tão desprendida.
- ow, que ce ta fazendo? – ele falou entrando no quarto e me vendo trocar de roupa
- to indo embora, Renato – ele estava atônito na porta.
- e eu vou querer saber o porque? – me virei pra ele e tenho certeza que minha cara tava um caos, isso fez a expressão dele mudar – ei, que foi?
- eu gosto demais de você pra te dividir, eu não consigo mais – falei em meio a soluços, peguei a cueca e coloquei na mão dele – a sua vizinha pediu pra te entregar, tu esqueceu lá.
- Ai caralho – ele falou baixo – vamos conversar? Por favor?
- não tem o porque, eu não to te cobrando – ele me puxou e me abraçou, e ali naqueles braços que foram meu paraíso por muito tempo eu chorei – eu não queria que fosse assim...
- nem eu , eu adoro você – ele falou bem baixinho no meu ouvido – fica...
- não da, eu não posso – minha voz saia muito baixa por causa do choro – eu achei que era madura pra me relacionar sem me envolver, sem me machucar – falei enquanto ele beijava o caminho que as lagrimas faziam no meu rosto – mas acho que sou só mais uma guria boba.
- você é maravilhosa , não fala assim! – sorri pra ele – eu que sou babaca e cuzão.
- para você de falar assim - ele segurou meu rosto e ficamos nos olhando - eu vou melhorar, e nós vamos ser amigos de novo.
- mas eu não quero sua amizade , eu quero você - colamos nossas testas, eu fechei meus olhos e mais umas lagrimas escorreram - inteira, só pra mim.
- se um dia a gente tiver que ficar juntos do jeito certo - ainda estávamos com as testas coladas e de olhos fechados - a vida da um jeito de isso acontecer, eu preciso ir.
Dei um selinho nele e sai do apartamento com a sensação de que tava deixando metade do meu coração pra traz.
Não queria encontrar ninguém no caminho então desci os 12 andares de escada, foi tempo suficiente pra já dar de cara com o Afonso assim que saí do prédio. Ele não disse nada, só abriu os braços e me deixou arruinar a camisa dele com as minhas lagrimas. Entramos no carro e ao invés de ir direto pra casa fomos pra uma sorveteria que tinha bem perto.
- fica aqui, eu já volto! – assenti e fiquei olhando as pessoas pela janela, mais rápido do que eu esperava ele voltou – toma aqui, ninho trufado com Nutella. Pode começar a falar... você tem 5 minutos pra me convencer a não voltar lá e socar a cara do Renato.
- acabou tudo Afonso – a expressão dele mudou na hora – ele não fez nada, muito pelo contrario – engoli as novas malditas lagrimas que se formavam na minha garganta – ele foi perfeito ontem e hoje
- agora eu não entendi foi nada, tu não gostava dele piá? Ta doida? – ele falou fazendo carinho na minha cabeça.
- é esse o problema Afonso, eu amo ele demais pra dividir – acho que só ai ele entendeu do que eu tava falando – não sei mais lidar com isso... você tava certo quando disse que eu era uma guria imatura e egoista que não sabia no que tava me metendo.
- cala a boca, eu não sei o que falo – ele disse, mas lá no fundo ele sabia que tava certo desde o inicio.

Flashback on

- Feliz Aniversario pirralha! – acordei com um Afonso descabelado se jogando sobre mim – acorda pra eu te dar teu presente!
- você usa essa tática todo ano, e pirralha é teu nariz! – falei me virando de costas.
- deixa de ser chata, dona crica! – ri alto, ele me chamava assim quando éramos mais novos, me virei pra ele toda descabelada – eu espero de verdade que você goste desse presente, porque deu um trabalho do caralho pra arrumar e quase me custou o cú!
- me dá logo Afonso! – falei fazendo bico, ele riu e me entregou um envelope. Eu abri com cuidado e no envelope havia passagens de ida e volta pra Floripa, com a data do fim de semana, ele já tinha marcado essa viagem a meses com os meninos e eu tinha ficado muito brava por que ele não tinha me chamado – ah... brigada! Eu amei tanto! Você é o melhor irmão mais velho que eu tenho!
- como se você tivesse muitos! – rimos alto e nos abraçamos – vai ser top ter você lá com a gente!
- eu também te amo! – ele revirou os olhos, me deu um beijo e saiu do quarto.

***


- se arrependimento matasse eu estaria morto e enterrado nesse minuto! – ele falou putissimo, si bem que, que irmão não estaria? Ele me pegou no maior amasso com o melhor amigo dele, na viagem que ele planejou – eu sei que você é adulta, eu sei que você acha que sabe o que ta fazendo, mas o Renato? O mais filho da puta de todos?
- ei, calma tá? Nós não temos nada... é só diversão – falei e ele gargalhou.
- tu não sabe onde te se metendo, eu já vi isso acontecer centenas de vezes e nunca imaginei que veria minha irmã passar por isso... – ele sentou do meu lado na cama.
- confia em mim Afonso, vai dar tudo certo. Ok? – ele me olhou com uma pura descrença estampada no olhar.
- sabe o que tu é? Uma guriazinha ingênua, imatura e egoísta demais pra entender o que eu to te falando, quando der merda nem me chama! – ele saiu do quarto batendo a porta.
E eu fiquei lá sentada tentando entender tudo isso, e só agora essas coisas faziam sentido.

Flashback off

- obrigada mesmo por ter ido me buscar – falei depois de um longo silencio – eu to te devendo essa!
- você não me deve nada – ele falou olhando pro nada – eu só me sinto um bosta por não ter conseguido te proteger disso.
- me proteger de que? De mim mesma? – ri fraco – vamos apenas seguir o baile...
- odeio te ver chorar , desde sempre – eu sorri pra ele, e prometi pra mim mesma que no que dependesse de mim ele não ia me ver chorar mais – pronta pra repetir essa historia pros moleques e pra mãe?
- pra mãe? – falei com uma sobrancelha erguida.
- eu tava no Skype com ela quando você mandou mensagem – suspirei já imaginando toda a ladainha que dona Cecilia ia rezar.
- eu sou forte o bastante pra isso! – ri alto, mesmo que minha vontade fosse me jogar na minha cama e chorar ate sentir que o tamanho do buraco que se abriu no meu peito estava estabilizado, por que fechar, eu sei que ele não ia... não tão cedo...


2. O tempo mudou meu status, mas esqueceu de mudar meu coração.

Dois meses depois.

Whatsapp on

Eu: Tô subindo. É bom que seja importante, tu me fez atravessar a cidade no meio da semana.

<3: Meu Deus como você reclama! para de reclamar a vem logo, prometo que vai valer a pena!

Whatsapp off

Abri a porta do apartamento – ultra chique da zona sul – de uma vez, ele nunca trancava a porta. Confesso que meu coração pulou uma batida quando eu vi a cena. A sala estava escura, havia uma musica tocando e muitas velas e pétalas de rosas no chão. Entrei bem lentamente tentando assimilar tudo que tava acontecendo. Ele veio na minha direção com um buquê gigante de rosas – cujo o pólen fez meu nariz coçar – e com um sorriso doce no rosto. Ficamos nos olhando em silencio por alguns minutos, até que ele começou a falar.
- e ai? Valeu a pena vir? – olhei ao redor e entendi a insistência dele pra que eu viesse
- tá tudo lindo, mas eu não to entendendo nada – respirei bem fundo.
- tudo isso aqui , é pra saber se você quer namorar comigo? – engasguei com o susto.
- namorar? Como assim, Gustavo? – é, era a pergunta certa saindo da boca errada, surpreendentemente ele sorriu pra mim e me puxou pro sofá.
- , eu sei que a gente não se conhece a muito tempo, também sei que você não se sente do mesmo jeito que eu e que você ainda gosta do  cara lá – senti um nó se formar na minha garganta – mas me deixa tentar te fazer feliz, nem que seja um pouquinho...
- Gu, você é um amor... a melhor coisa que me aconteceu esse mês – sorri pra ele – mas eu não sei é certo isso... aceitar namorar contigo sem me sentir do mesmo modo que você.
- , eu amo você – juro que senti meus olhos saltarem da orbita – vamos tentar. O que temos a perder?
Mirei o chão por um minuto, me lembrando de tudo que vivi com ele no ultimo mês...

Flashback on

- Não acredito Gustavo, o show do Gun’s acontecendo e a gente preso nessa merda de quarto – ele riu alto o que fez meu ódio aumentar – maldita hora que vim te trazer essa porra de camiseta!
- Ouw calma ai, logo aparece alguém e destrava a porta, ninguém mandou a bonitinha ficar tão puta a ponto de quebrar a chave no trinco! – aparentemente pra ele estava sendo engraçado.
- ah cala a boca vai – sentei emburrada na cama e ele ainda ria.
- pelo menos agora eu consigo falar com você né? Você ta fugindo de mim desde que chegamos...
- você tentou me beijar na casa do Júlio, então não tenho lá muitos motivos pra gostar de você né? – ele respirou fundo e eu fiquei quieta, estava brava demais pra conversar educadamente com gente irritante.
- seu namorado ficou muito bravo aquele dia né? Era sobre isso que eu queria falar – eu me virei pra ele.
- então fala Gustavo, o palco é seu... não tenho como sair daqui mesmo – ele riu.
- você é bem brava né? – revirei os olhos – mas voltando ao assunto, eu tava tão bêbado aquele dia que acordei me odiando por ter feito aquilo, eu não sou assim - mantive-me em silencio, o que deu brecha pra ele continuar – eu queria muito me desculpar com você, eu fui um completo idiota e me arrependo muito disso. Se quiser peço desculpas pro teu namorado também...
- ele não é meu namorado – um leve choque passou pelo rosto dele – e eu aceito suas desculpas. Decepção misturada com álcool nunca dá bom, não é mesmo? – ele sorriu em resposta, um sorriso doce que o deixava ainda mais bonito.
- realmente, nunca mais vou tentar essa mistura – rimos alto, ele pegou o controle da tv e ligou na multishow – vem, vamos ver o show, já que não vai rolar mesmo sair daqui agora!
Passamos a noite conversando sobre mil assuntos, ele realmente era um cara legal.  Eram quase 4h quando o movimento da casa recomeçou, assim que alguém passou pela porta gritei e pra minha sorte era a , ela alegremente buscou as chaves extras e nos tirou de lá – com a cara mais desconfiada do mundo.
- você até que não é tão ruim – falei saindo do quarto.
- você também não é nada má – ele riu e eu revirei os olhos – janta comigo quando voltarmos pra casa? Ai você me conta do seu “não namorado”.
- temos um acordo então – estendi a mão pra ele e ele apertou cordialmente – com a condição de você me contar sobre sua “ex namorada webstar maluca”. – foi minha vez de rir – nos vemos mais tarde.
Sai meio abobada sem entender direito como me sentia, cheguei no quarto e tive que contar tudo que aconteceu pra que me escutou – com o pé meios atrás – mas no fim deu o assunto por encerrado com a frase “Miga, você merece ser feliz... adoro o Rê – sim eles são “bffs” desde que ela e o Afonso se tornaram um casal oficial – mas ele não ta pronto pra ser homem pra você”.

***


- Thiagoooo – gritei do meu quarto e a tropa – Nando, Teo, Afonso e o Thiago -  apareceram – eu chamei só o Thiago gente...
- porra filha da puta, vai me matar do coração – ele respondeu e nós todos rimos – fala logo, que cê quer?
- já que todos vocês vieram, melhor que me ajudam a decidir – os 3 reviraram os olhos e eu ri alto, pegando o Teo no colo – vou jantar fora hoje, o que eu visto?
- depende né – olhei pro Nando enquanto o Teo bagunçava meu cabelo – vai jantar aonde e com quem?
- Gusta Stockler, outback – nenhum deles fez cara de feliz – e ai?
- eu acho que você nem devia ir, tá ligado? – revirei os olhos pro Thiago e olhei de relance pra um Afonso entediado e mudo na porta do quarto – mas sei la... bota aquele vestido que te dei no teu aniversario com o sapato que o Afonso deu... – ele parou por um minuto, pegou o celular e fez uma chamada de vídeo pra Nanda.

Vídeo Chamada  on

- Amor, aquele vestido que eu dei pra no aniversario dela combina com o sapato que o Afonso deu?
- Oi amor, Oi gente – ela falou com um sorrisão – é aquele jantar lá ? – respondi sorrindo – combina sim, vai matar o índio do coração – eu e ela rimos, os demais não viram tanta graça – capricha na lingerie.
- me poupa né Nanda – o Afonso falou – já que o problema foi resolvido, tchau ai pra vocês – ele saiu do quarto, tomei o celular do ventura e coloquei ele e o Nando pra fora também, ficamos só eu e o Teo falando com ela.
- que deu no teu irmão? – ri meio chateada
- ele acha que eu devia insistir no Renato, que eu não esperei nada e já to partindo pra outra e blá, blá, blá...
- eu concordo com ele né, mas a vida é sua – mostrei a língua pra ela e ela riu – tenho uma cliente agora meu bem, vê se não faz merda e me conta tudo depois.
- te amo nega, até!

Vídeo chamada off

Deixei o Teo com o Nando, devolvi o celular do Ventura e voltei pro quarto pra me arrumar, menos de uma hora depois o porteiro ligou avisando que ele estava lá me esperando.
Me despedi dos meninos e fui ate o quarto do Afonso, bati na porta e entrei, ele tava deitado com um livro na mão.
- eu to indo tá? – ele ergueu os olhos de trás do livro e não respondeu – até quando você vai ficar bravo comigo?
- eu não to bravo com você , se tivesse você ia saber – ele sentou e me olhou – só tô preocupado, vai lá e aproveita tua noite, só não faz merda...
- te amo nenê – ele sorriu e deitou de novo – tchau.

***


- já tem umas 2horas que estamos aqui e não sei nada de você – ele falou rindo alto.
- ok, ok senhor Gustavo – tomei um gole do meu suco – o que você quer saber?
- quem é o seu “não namorado”?  - engoli seco – eu avisei que ia perguntar – ele falou rindo.
- fique ciente que é a primeira vez que falo sobre isso, então não me responsabilizo pelo conteúdo da historia – ele assentiu dando uma mordida enorme no hambúrguer – ele é um dos melhores amigos do meu irmão, ele já morou no meu apartamento, ele era meu melhor amigo também e a uns meses a trás nós estragamos tudo ficando, só que nunca foi nada serio, sempre foi aberto... mas eu cometi o erro de me apaixonar por ele... fim da historia.
- ele deixou você escapar? – sorri sentindo meu rosto corar – Deus não me dá uma chance dessa...
- cala a boca Gusta – falei rindo – a culpa nem foi dele sabe? Ele nunca me prometeu nada, eu que esperei demais...
- como ta esse coração ai? Ainda batendo por ele? – engoli seco a pergunta, mastiguei uma batata frita lentamente, tomei mais um gole de suco e decidi ser honesta, afinal nada vai pra frente se for baseado em mentiras, né?
- você quer saber se ainda amo ele? – ele aguardou em silencio – sim, eu ainda amo ele, muito mais do que eu queria.
- depois desse banho de sinceridade eu só tenho mais uma pergunta – sorri para que ele continuasse – eu devo investir em você? Ou é melhor eu só querer a sua amizade?
- nossa, como você é direto – ele riu, enquanto eu pensava na resposta – eu acho que a gente pode se divertir juntos e ver no que dá...
- gosto disso – ele falou se aproximando, meu instinto natural me impeliu a me afastar, mas eu resisti e me mantive no lugar - acho que quero te beijar.
Fechei o espaço entre nós, o beijo foi muito bom... ele era delicado e cuidadoso – como se eu fosse quebrar a qualquer momento – os lábios dele eram leves e ele foi um verdadeiro cavalheiro o tempo todo.
Passamos o restante do jantar ali conversando e rindo, no fim da noite ele me levou ate a porta – antes das 23h – me deu um beijo de boa noite e me deixou ir.
Entrei em casa e o trio parada dura estava no sofá assistindo tv.
- oque? Deve ter sido uma bosta... ta em casa antes das meia noite – o Ventura disse e eles riram alto.
- você acha que todo mundo tenta levar as guria pra cama na primeira noite? – perguntei despeitada, apesar de eu mesma estar achando bem estranho.
- nem precisa ser pra cama, dar uns malho no carro já serve – revirei os olhos pro Nando que se torcia de rir.
- calem a boca, ele foi um perfeito cavalheiro... ah é, esqueci que vocês não sabem como é isso – tirei meus saltos e fui caminhando pro meu quarto enquanto eles riam no sofá.
Assim que entrei no meu quarto o Afonso veio atrás de mim.
- e ai? Como foi? – ele perguntou com meio corpo dentro do quarto.
- ele foi um príncipe, nunca fui tratada assim na vida – ele abriu um sorriso meio desconfiado pra mim – que foi? Não to entendendo essa cara ai.
- cuidado com gente perfeita demais , gente perfeita demais não existe – ele falou saindo – tu não costuma me ouvir, mas...

***


Depois disso nós nos vimos quase todos os dias, ele ia no meu trabalho me pegar pra almoçar, me mandava flores – que atacavam minha rinite – dia sim e dia não. Era muito bom estar com ele, mas sempre parecia que faltava algo.
Ele era aquele tipo de cara romântico a moda antiga, ate na cama ele era fofo e cuidadoso – não sei até onde isso é uma coisa boa – perdi as contas de quantas vezes eu tive que dizer “Gustavo, eu não vou quebrar ok? Fica tranquilo, não sou de porcelana” e ele sempre respondia a mesma coisa “você é uma princesa, vou te tratar como o tal”.

Flashback off

- to começando a ficar preocupado, você vai falar alguma coisa? – só ai eu me lembrei que ainda devia uma resposta pra ele.
- eu aceito namorar com você Gu - o sorriso que ele abriu poderia iluminar o mundo.
- eu vou ser o melhor namorado do mundo! – ele falou animado o que me fez sorrir também – você vai ver, vou te cuidar...
- mais? Você vai me por em uma redoma de vidro então – falei e ele me puxou pra si rindo.
- vou sim, vou te guardar só pra mim! – apesar de a frase me assustar um pouco, ri e decidi que ia simplesmente esperar pra ver no que ia dar.
Pela primeira vez passei a noite no apartamento dele, confesso que foi bem estranho, mas acho que com o tempo eu me acostumo. Acordei com o meu celular dando sinal de mensagem no criado mudo. Ainda meio sonolenta peguei o celular e a mensagem era do Renato, minha boca secou e meu coração disparou, não nos falávamos a alguns dias então achei melhor ir ler no banheiro.
Entrei, tranquei a porta e abri a mensagem.

Whatsapp on

Renato: é sério isso?

bom dia pra você também...

Renato: só me responde se é verdade ...

: depende do que você ta falando Renato...

Renato: *IMAGEM* isso

é verdade sim – respondi com um nó enorme se formando na minha garganta, era um print de um ig de noticias, onde falava que eu e o Gustavo estávamos namorando.

Renato: eu te desejo toda a felicidade do mundo.

rê, você ta bem?

Renato: se você tá eu também tô. Ele deve ta te esperando, fui

volta aqui.
Renato?
Puta que pariu, serio que você vai me dar block?


Whatsapp off

Liguei o chuveiro e me deixei chorar lá por alguns minutos. Decidida a sair desse banho uma nova pessoa.
Assim que sai do banheiro, com os olhos um pouco inchados, o Gú estava sentado na cama, ele sorriu pra mim e não me perguntou nada.

***


E + um mês se passou...
- mas o Júlio e a Tata tão top mesmo hein, olha que casamento chique em hotel e tudo – falei escolhendo uma cadeira na beira da piscina e me sentando.
- tinha que ser aqui ? – olhei pro Gustavo, que andava com o humor bem bagunçado essa semana.
- que? – ele apontou pro outro lado da piscina onde o meu irmão estava sentado com a e com o Renato – é por isso que você ta bravo? Porque o Renato ta aqui?
- não, eu vou estar ótimo sabendo que estamos no mesmo hotel e no mesmo andar que o cara por quem minha namorada morre de amores – essa frase dele me cortou como uma faca.
- eu tô com você Gustavo, não to? – era a única coisa que eu podia dizer, afinal ele não estava errado. Eu ainda amava o Renato, e não tinha a mínima condição de negar isso – senta aqui vai, vamos aproveitar o sol.
Depois de uma meia hora de bico ele começou a relaxar, ficamos ali na espreguiçadeira tirando fotos pro stories dele com aqueles filtros fofos – era o que mais fazíamos quando estávamos juntos – e rindo dos comentários que o pessoal fazia nas fotos. De repente o celular dele tocou e ele saiu pra atender, aproveitei pra me esticar ali, coloquei meus óculos escuros e olhei na direção da mesa onde antes estavam só o Afonso, a e o Renato, agora estava cheia de gente, eles eram visivelmente os mais animados do lugar.
Não vou mentir, eu sentia muita falta de estar ali naquele meio, o Gustavo não gostava deles – de nenhum deles - apesar de sempre fingir ser cordial, coisa que eles todos não faziam a mínima questão de fazer. Então quando ele tava junto comigo eu naturalmente – e pra preservar minha sanidade – ficava afastada dos outros, e depois aguentava firme a zueira quando estava sozinha. Fiquei tão distraída ali olhando pros meus amigos, que só percebi que ele tinha voltado quando ele segurou meu braço bem forte e aproximou os lábios do meu ouvido.
- vai lá ficar com ele, – senti cheio de bebida no hálito dele, só então eu percebi o quanto que ele tinha demorado pra voltar – a gente conversa lá no quarto.
O meu choque foi tão grande que não tive nem palavras pra responder, só esfreguei meu braço onde ele tinha apertado – certeza que ia ficar marcado – e me mantive em silencio. Ele chamou o garçom e pediu uma caipirinha – eu nem sabia que ele gostava - e se manteve quieto e de cara amarrada, exceto quando mexia no celular, aparentemente a conversa estava boa, seja lá com quem era. Estava puta com ele então preferi ignorar.
Recebi uma mensagem no meu celular, peguei pra olhar era da .

Whatsapp on

Cunha : tá tudo bem ai? Vocês tão com uma cara de cu

tá tudo bem sim... vocês tão animados ne

Cunha: só ta faltando tu aqui com a risada de foca

desde quando tu manda msg do celular da minha cunhada hein?

Cunha(Afonso): desde quando ela pegou o meu pra tirar um milhão de fotos jhshhshsh

dá um IPhone pra ela que ela deixa o seu em paz

Cunha(Afonso): no aniversario dela eu dô... mas ta tudo bem msm?

tá sim, eu juro!

Cunha(Afonso): blz!

Whatsapp off

Honestamente não sei ate que ponto isso que eu disse pro meu irmão era verdade, mas ele já não gostava do Gustavo, se eu reclamasse ele ia surtar de vez. Fiquei ali no sol por mais uma hora mais ou menos, mas como o Gustavo estava me ignorando e tava começando a ventar decidi que o melhor a fazer era voltar pro quarto.
- Gustavo, to subindo. Você vem? – ele me olhou com uma expressão que eu nunca tinha visto.
- faz o que você quiser – revirei os olhos e sai caminhando.
Cumprimentei os conhecidos que encontrei pelo caminho, tentando ao máximo disfarçar minha cara de merda. Se eu não amasse tanto o Júlio e a Tata, eu pegaria agora um ônibus qualquer e subiria a serra de volta pra São Paulo, é muita coisa pra minha cabeça.
Cheguei no quarto, sentei na cama tentando decidir o que fazer agora, tava sem clima nenhum pra nada, a cabeça tava a mil... era a primeira vez em 3 meses que eu ficava tão perto do Renato, e se eu disser que isso junto com o chilique do Gusta não me ajudou a ficar ainda mais louca seria mentira. Decidi que ligar pra minha mãe era a melhor opção, afinal se dona Cecilia não tiver um conselho na manga, ninguém mais no mundo tem.

Ligação on

Mãe: alo?

oi mãe, tudo bem? – falei já com vontade de chorar

Mãe: eu to bem sim filha, mas tu parece estar péssima... conta pra mãe que ta acontecendo

: ai mãe, tá tudo uma bagunça – comecei a chorar e perdi minha voz no caminho, então passei a falar bem baixinho – eu to cansada dessa vida de adulto, mãe.

Mãe:  minha filha, tu vai ter que ser um pouquinho mais especifica... se não, não vou conseguir te ajudar... – sorri com isso, essa frase era tão a cara da minha mãe – é seu namorado? Ele ta te magoando?

: não mãe, quer dizer, não desse jeito... acho que eu que to magoando ele – respirei fundo – tô tão confusa... sei nem que estrada tomar

Mãe: tu ainda gosta do Renatinho né? – só minha mãe e a mãe dele no mundo todo que o chamam assim – filha, ficar com alguém que a gente não ama é ruim... faz mal pro coração meu amor...

eu sei mãe, ta doendo tanto... queria colo agora – ela riu e eu me senti braçada com aquele som tão familiar.

Mãe: pega um avião e vem, to aqui - respirei bem fundo, engoli as lagrimas que queriam escorrer – faz o que for certo pra você e tenta não deixar muitas vitimas no caminho...

: brigada mãe, você é a melhor – escutei o barulho do trinco – o Gusta chegou, preciso desligar. Te amo.

Mãe: também te amo, juízo!

Ligação off

Não sei por que – talvez pelo meu braço ter pulsado no local que ele tinha apertado mais cedo – eu senti um pouco de medo quando ele entrou no quarto.
- eu não acredito, puta que me pariu – ele bateu a porta - eu te amo? Foi isso mesmo que eu ouvi? – meu coração disparou, ele tava bêbado e tinha entendido tudo errado – pra mim você nunca falou isso... Mas pro otário que pegava você e a torcida do flamengo ao mesmo tempo você fala...
- Gustavo não é nada disso, vai tomar um banho depois a gente conversa – ele veio andando na minha direção sorrindo de modo assustador, e naturalmente eu me encolhi no canto do quarto – você ta bêbado...
- agora você ta com medo de mim? – ele arremessou uma bolsa que ele encontrou pelo caminho do outro lado do quarto – FALA QUE ME AMA , QUE ESQUECEU O RENATO, QUE É SÓ MINHA...
- eu... – eu estava apavorada, as lagrimas escorriam pelo meu rosto, mas mesmo morrendo de medo eu não era capaz de mentir, não pra ele e não sobre isso – eu não posso Gu...
- eu sabia, sei nem por que perguntei – ele bufou e foi em direção a porta – eu preciso esfriar a cabeça.
Ele saiu batendo a porta e eu fiquei ali estática, tentando entender como foi que eu cheguei nesse ponto da vida, o ponto a onde a gente tem que admitir pro namorado que ainda ama o ex. Depois de alguns minutos ali chorando sequei meu rosto e decidi ir atrás dele, ele tava sendo babaca, mas ainda era meu namorado, talvez se eu explicasse que tava falando com a minha mãe ele se acalmasse e sossegasse ate o efeito do álcool passar.
Com esse pensamento eu abri a porta pra sair do quarto, quando me virei dei de cara com o Renato saindo do quarto dele, PUTA QUE ME PARIU, congelei na hora, coração disparou de um jeito que eu me sentia incapaz de explicar, acho inclusive que nesse frame da vida eu perdi a capacidade de falar, então ficamos nos olhando por alguns segundos ate que ele – que sempre foi o mais corajoso de nós dois – decidiu quebrar o silencio.
- Oi, tá tudo bem? – forcei um sorriso, o que mais eu podia fazer? Falar “ai minha vida ta uma merda?”
- uhuh, achei que não tinha mais ninguém no andar – falei a primeira coisa que me passou na cabeça – você já ta indo?
- ah, é, tô sim – mesmo tentando evitando seu olhar , eu o sentia me analisando – e você? Não vai?
- ah, vou sim. Tô só esperando o Gusta – menti descaradamente, e pela cara dele, ele não acreditou em uma virgula do que eu disse.
- até mais então – ele disse e saiu andando, engoli mais algumas lagrimas que tentaram escorrer e minha única vontade naquela hora era correr pros braços dele, mas ele seguiu em frente e eu preciso ser forte e fazer o mesmo.
Respirei fundo pra me recompor, e fiz um tour rápido pelo andar e não achei nem rastro dele, voltei pro quarto e tentei ligar pra ele varias vezes, mas a única resposta que obtive foi um sms.

Sms on

Gusta: eu sei que to sendo imbecil, me deixa por a cabeça no lugar, vai pro jantar e nos vemos depois.

Sms off

Essa mensagem me acalmou um pouco, pelo menos ele tava acordado e não em coma alcoólico em algum buraco por ai.
Entrei no chuveiro e tentei relaxar, mas a cara de fúria dele não saia da minha cabeça, olhei pro meu braço e um lindo hematoma roxo se formava no formato da mão dele, o que me deixava ainda mais confusa. Se ele foi capaz de fazer isso, o que mais ele não faria? Chorei mais um pouco – aparentemente foi o que eu mais fiz hoje – me lembrando de tudo que eu gostava nele e tudo que faltava, repassei a conversa que tinha tido com a minha mãe “faz o que for certo pra você” e terminei o banho sem ter certeza do que era certo pra mim.
Peguei o vestido que já tinha separado assim que tinha chego, ele era vermelho e longo, justo em todo o corpo, arrumei meu cabelo do jeito de sempre e sem que eu percebesse uma lembrança veio e me atingiu como um soco.

“- quando você poe vermelho acaba comigo, perco o controle... eu sou doido por você!
- cala a boca Renato, você fala isso pra todas! – ele se aproximou de mim e me abraçou pelas costas, estávamos de frente pro espelho de corpo todo do meu quarto.
- nada do que eu falo pra você eu falo pra mais ninguém, você é única”


“Se controla , você já ta com a maquiagem quase pronta, nada de chorar de novo” repeti isso na minha cabeça ate que consegui engolir as lagrimas, passei um pouco de base no meu braço, afinal tava cada vez mais roxo e desci.
Cheguei no salão onde ia ser o jantar, coloquei na cara o melhor sorriso que deu e de longe já achei a mesa onde o Afonso estava, conforme fui me aproximando percebi que só estavam ele o Renato na mesa, olha lá a merda do meu coração dando defeito de novo, respirei fundo quando ele me olhou e continuei caminhando na direção deles.
- noite boa pra beber com os parças? – falei com assim que cheguei na mesa.
- cadê teu príncipe, ô Fiona? – tinha que ser o Afonso pra puxar o único assunto no qual eu não queria tocar, olhei de relance para o Renato que permanecia em silencio encarando o copo que já estava meio vazio.
- dormindo Afonso, posso sentar nessa merda de cadeira e beber com vocês? – menti pela segunda vez na noite, ele apontou a cadeira ao lado do Renato e eu me sentei, antes que eu pudesse pensar minha boca já tava me constrangendo – tá quieto Renato, que houve?
- ah, comigo? – ele respondeu como se não tivesse esperando que eu falasse com ele – nada não, só soube que em silencio a gente fica bêbado mais rápido.
- boa técnica – respondi enquanto o Afonso nos olhava como se fossemos curiosidade do circo do horrores – vou tentar.
Ficamos ali sentados em silencio por tempo suficiente para que eu secasse alguns copos de uma bebida qualquer – tava sem animo pra perguntar pro garçom, então só bebi – olhava pro Renato de canto de olho e ele não tirou os olhos do copo em momento nenhum, de repente me bateu uma saudade de escutar a risada escandalosa dele e a voz dele falando mais alto que a maioria da pessoas, enquanto estava perdida dentro da minha cabeça o povo começou a voltar pra mesa e aparentemente trouxeram nossas vozes junto.
A se sentou do meu lado e fingiu não perceber o climão, mas depois de meia hora ali, quando o Renato levantou e saiu, ela não se conteve.
- – a olhei já me sentindo meio tonta pela bebida – que ta acontecendo? O clima aqui tava tão pesado que dava pra cortar de faca
- eu e o Renato não sabemos mais dividir o espaço Fê – falei sentindo as lagrimas se formarem, me encostei no ombro dela – eu não queria amar ele, queria amar o idiota do Gustavo... ai ficava fácil de resolver
- , ele também queria não amar você – levei uns segundos pra absorver esse tapa – você acha que só você ta sofrendo? Infelizmente o mundo não ta girando ao seu redor nenê... – deixei as lagrimas descerem e pra minha sorte ninguém estava prestando atenção em nós – e você pelo menos tocou sua vida, arrumou o Gustavo, e ele que tá só vivendo um dia de cada vez? Ele nunca mais...
- para , eu não quero escutar isso – falei choramingando.
- Você é como uma irmã pra mim, então se ninguém tem coragem de te falar isso, eu vou falar sim... e você vai me ouvir! – continuei ali chorando no ombro dela, como uma criança que toma bronca e é consolada ao mesmo tempo – vocês são duas mulas teimosas... ele te ama , só que só percebeu isso quando te viu com outro e você ta namorando uma pessoa que não tem nada a ver contigo só pra tentar esquecer ele, são dois idiotas.
Me levantei e sai andando, eu precisava de ar ou eu ia protagonizar um pequeno espetáculo de drama bem ali, enxerguei uma porta que dava pra uma varanda e fui louca nessa direção, quando me aproximei vi que ela estava entreaberta, entrei e notei que duas pessoas estavam lá escoradas no beiral, entes que eu pudesse ser notada escutei a conversa deles e não vou mentir que isso me partiu ao meio.

“- eu não mereço ela Thiago, deixa ela com o cara lá, ela vai ser feliz e é só isso que importa, eu me viro.
- isso foi a coisa mais altruísta que eu escutei sair da sua boca, cuzão, mas não desiste fácil assim não mano, não da aquilo que você quer de mão beijada pra filha da puta nenhum não viado.
- não to dando nada não parça, eu abri a mão e ela foi embora... e eu fui babaca demais pra ir atrás, agora tô aqui vendo ela ser feliz de camarote.
- então o que você precisa é curtir a vida de solteiro, pega umas mina que já já você ta novo cuzão
- cê nem ta ligado que eu trocava essa vida de solteiro fácil só pra ter ela de novo..”

Sai dali batendo a porta atrás de mim, e corri como se não estivesse de salto alto sem rumo, só precisava respirar fora desse mundo louco e complicado, me sentei na areia da orla na lateral do hotel e chorei. Chorei pensando em como eu estava sendo idiota tentando negar o que eu sinto, chorei lembrando de cada momento que eu vivi nesses últimos três meses – e de todos os maravilhosos que vivi antes - pensando que ele nem se importava comigo, chorei ainda mais forte imaginando o quanto o Gusta – meu doce, instável e ciumento Gusta – tinha sofrido nesse tempo, sempre tentando ser o cara certo, mesmo que a errada sempre tivesse sido eu, mesmo que o meu cara certo fosse aquele mais errado de todos, e chorei tentando descobrir o que ia fazer agora ... eu sou uma filha da puta mesmo...
Fiquei ali chorando e olhando o mar por umas duas horas eu acho, levantei da areia com a cabeça no lugar de onde ela nunca devia ter saído e decidida e tomar as rédeas da minha vida. Voltei pra dentro do hotel ignorando os espelhos – minha cara devia estar um caos, pique “a orfã” – peguei o elevador repassando o que ia fazer, texto estava pronto na minha cabeça. Entrei no corredor silencioso e fui em direção ao quarto, parei na porta por alguns segundos reunindo coragem e entrei.
Nem tenho como explicar o que senti quando abri a porta e vi o senhor “eu te amo” Gustavo montado em cima da senhora “eu odeio ele” Kéfera. Levei alguns segundos pra reagir, e pasmem, eles estavam se “divertindo” tanto que nem me notaram.
- Que porra é essa, Gustavo? – falei, ou gritei, depende do ponto de vista, isso o fez sair da cama em um pulo.
- Ai caralho – senti meu rosto esquentar e meus olhos se encherem, acho que tirei o dia pra chorar, só pode – não é nada disso do que parece, eu juro – ele falou tentando vestir a calça, isso fez meu ódio aumentar, e quando isso acontece eu desço o nível sem nem perceber.
- Ah ta, então não é? Você pelado e sua ex gemendo é o que? Me explica, por que eu só posso ter me perdido em alguma curva – ela se encolheu na cama se enrolando no lençol, pelo canto do olho eu pude vê-la sorrir, vaca!
- Calma Amor – ele se aproximou e tentou tocar em mim, eu me esquivei – foi um acidente – ele falou gaguejando e eu não consegui segurar uma grande gargalhada irônica.
- Que merda de acidente é esse? Ela tava andando e caiu sentada na sua piroca? – o riso vinha de modo descontrolado – não, melhor, vocês estavam andando no corredor e se trombaram, ai caíram pelados aqui na cama... Quer saber? Fodam-se vocês! Eu to saindo desse namoro tão integra quanto eu entrei – ele ameaçou falar mas eu cortei – eu nunca menti pra você Gusta, sempre fui honesta sobre como me sentia. Eu nunca nem falei com o Renato depois que começamos a namorar – me sentei na cama, como se houvesse um peso enorme nas minhas costas, por um momento ate me esqueci que ela estava lá – tô decepcionada com você Gusta, não pela traição... to decepcionada por ser com ela... você que tanto disse que não sentia mais nada...
Por um momento – breve – o silencio pairou no quarto. Deixei mais algumas lagrimas escorrerem vazias, só terminando de tirar essa dor estranha que eu estava sentindo.
- , aconteceu sabe? Foi mais forte que a gente! – ela abriu a boca pela primeira vez na noite, eu nem a olhei.
- eu nem to falando com você, ok? – respirei bem fundo, pela milésima vez só hoje, passei a mão nos olhos e isso deve ter terminado de cagar o que tinha sobrado da minha maquiagem. Olhei pro Gustavo e ele estava com uma puta cara de cachorro que caiu da mudança.
- eu não tenho como justificar isso, – ele veio se aproximando lentamente, como se esperasse que eu voasse nele ou algo do tipo – mas agora, aqui nessa situação ridícula, eu consigo entender você. Quando é de verdade não da pra fugir – ele parou bem na minha frente – será que um dia você vai conseguir me perdoar? – eu o abracei bem forte.
- perdoar do que? – soltei o abraço e sorri meio de lado – desejo toda a felicidade do mundo pra ti, só me promete que nunca mais vai deixar uma garota assustada. Eu preciso ir...
Dei as costas pra eles já sabendo exatamente pra onde ia, sai do quarto atravessei o corredor e fiquei alguns segundos parada diante da porta do quarto do Renato criando coragem. Respirei fundo e bati de leve, quase desejando que ele não abrisse. Quando eu estava quase desistindo escutei passos e ele abriu, só de short. Olhei pra cima e o encarei, sentindo com se pudesse desabar ali, me sentindo segura.
- , que aconteceu? – ele falou com a maior das expressões de choque que ele tinha. Eu não falei nada, só me joguei nos braços dele e senti como se ali nada pudesse me atingir. 


3. Seguir o baile parecia tão fácil.

POV Renato

Então é assim que se fica de coração partido? É quando 3 meses da sua vida passam como se fosse naquele filme "Click"?
Vou resumir brevemente como foram esses meses.
Fiz muitos shows, mas muitos mesmo! Conheci gente virado num caraio e sim, apesar de estar sentindo fala da o tempo todo, nos primeiros dois meses eu peguei mulher demais, meu Deus parecia que chovia mulher na minha cara.
Nós dois continuamos amigos e pra mim isso tava bom - quer dizer, eu achei que tava bom né?! - ate um belo dia – exatamente a 1 meses a trás - eu vi uma publicação no instagram, onde estavam a Ale e o babaca do Gustavo numa foto toda fofa e com a legenda "Alesta is real, galeura! nessa noite o youtuber Gustavo Stockler do canal NomeGusta postou em seu Stories o pedido de namoro fofo que fez pra Publicitária , irmã do comediante Afonso " . Levei uns 20 minutos pra conseguir reagir, e nessa hora eu entendi como é ver a pessoa que a gente gosta em outros braços.
Desse dia pra cá – depois que meu ciúme me fez bloquear ela no whatsapp, e a saudade dela começou a me matar aos poucos –  eu passei a ver tudo de um jeito novo, não peguei mais ninguém. De que adiantava eu estar acompanhado na cama se minha cabeça tava em outra pessoa? Pessoa essa que estava na cama de outro cara por pura incompetência minha.
As coisas ficaram meio sem graça, mas é claro que não parei de sair e me divertir, por incrível que pareça todos os meus soldados foram caindo aos poucos, o ultimo foi o Afonso que pediu a em namoro em uma fila de piadas – a cara dele isso – basicamente eu segurava vela pra galera.
Mas voltando aos dias atuais...
- eles precisam mesmo ficar bem aqui na frente? – falei da minha cadeira na beira da piscina vendo a e o Gustavo de melação do outro lado, sequei mais um copo de cerveja.
- eu não entendo o que minha irmã vê nesse cara, puta cuzão – o Afonso falou e me fez rir alto.
- Ah Afonso me poupa né? Ele é um príncipe, e se uns e outros ai tivessem sido mais homem, tava lá no lugar dele – falou e eu queimei ela com meu olhar, eu sabia que ela tava certa, mas pra que jogar na minha cara? – não me olha assim Rê – ela pegou na minha mão, nós tínhamos nos tornado muito amigos - é só verdade, você sabe...
 - ela tem razão Afonso, ele é o tipo de cara que a merece, o filha da puta é bonito, é romântico que dá ate nojo – falei olhando eles tirarem fotos com caras fofas – olha pro maluco viado, eu daria pra ele – nós três começamos a rir alto enquanto o Thiago e a Nanda chegavam na mesa.
- ai cuzão, qual a piada? – eles falaram enquanto se sentavam.
- o batata caraio, pior pessoa – o Afonso respondeu rindo.
- mas vamos falar de algo que não seja eu? Só pra variar o cardápio? – olhei pra traz e vi o Júlio passando com o Igão – afinal a gente tá aqui pra casar o Júlio.
- nem fala, gente que loucura, já to cheia de ideias pro nosso Thi – rasgamos de rir
- para com essas ideias Fernanda, esses bagulho é foda né viado – ventura falou pálido enquanto a gente perdia o ar de rir – os cara faz as merda e sobra pra todo mundo.
Depois de passar toda a sexta feira na piscina nesse clima de piada – por que conforme os amigos chegavam a nossa mesa virou um grande show de standup - e é claro, bebendo por conta dos noivos, fui pro meu quarto, o negocio tava tão chique que ia ter um jantar de “pré-casamento”, tomei um banho pra dar uma amenizada na pinga e fiquei jogado na cama esperando dar o horário. Lá pelas 19h resolvi que era um horário aceitável pra descer. Assim que abri a porta dei de cara com a de pé no corredor, o choque foi tão grande que demorei a notar que ela tava com os olhos meio vermelhos.
- Oi – falei e ela sorriu em resposta, mas era um sorriso meio fake – tá tudo bem?
- uhuh, achei que não tinha mais ninguém no andar – me partiu o coração lembrar do dia que eu fui o responsável por ela derramar essas lagrimas – você já ta indo?
- ah, é, tô sim– ela desviou o olhar, tinha algo muito errado rolando – e você? Não vai?
- ah, vou sim. Tô só esperando o Gusta – ou vai ver tem nada de estranho, só eu que to maluco, né?
- até mais então – virei as costas, mas ainda escutei ela fungar, minha vontade era voltar e abraçar ela, mas esse trabalho não era mais meu, por mais que eu quisesse com todas as minhas forças que fosse.
Cheguei no restaurante ainda abalado com a carinha que ela tava, mas decidi que isso não era problema meu e que isso não ia estragar minha noite, por que se tinha um lugar pra fingir que esqueci ela era aqui. Avistei a mesa do bonde de longe, mas foi eu chegando e quase todo mundo saindo.
- ai caraio, só por que eu cheguei? – falei pra eles rindo, só o Afonso tinha ficado na mesa.
- eles vão dançar – ele falou com o sotaque carregado, eu puxei a cadeira do lado dele e me apossei de um copo que tava lá – vai beber e não vai nem perguntar o que tem dentro do copo?
- preciso apagar um negocio que eu vi – falei rindo - e a borracha da vida é a vodka.
- juro que não entendo como vocês bebem – revirei os olhos.
- eu não entendo como você consegue não beber meu amigo, a pinga foi inventada pra amenizar os impactos da vida – falei secando o copo e pedindo outro pro garçom.
- mas fala ai viado, que tu viu? – pensei rapidamente, e se alguém ali se importava com a Ale além de mim, era ele.
- sei lá velho, colocaram a ale no quarto de frente pro meu ta ligado? – ele escutava atento – ai pa, to saindo do quarto e dou de cara com ela, ela tava meio triste sei la... parecia ate que tava chorando. Mas eu posso ta maluco né viado...
- quando eu falo que esse filho da puta não me convence, vocês me xingam – escutei tomando a bebida que o garçon trouxe – ninguém é tão perfeito, ninguém mesmo.
- mas isso não é da minha conta, e eu vou ficar bem loco – ele riu alto – e sozinho né viado, por que você não bebe!
- enfia a cara pinga então cuzão, só vai – ele falou rindo e acenando pra algo atrás de mim – olha pra traz disfarçadamente...
Olhei de uma vez e ela tava vindo – sozinha, diga-se de passagem – e tava linda, puta que me pariu! Estava num vestido vermelho todo justo, que acentuava cada uma das curvas que eu conhecia tão bem.
- noite boa pra beber com os parças? – ela disse sorrindo
- cadê teu príncipe, ô Fiona? – o Afonso perguntou dando voz aos meus pensamentos.
- dormindo Afonso, posso sentar nessa merda de cadeira e beber com vocês? – ela tava impaciente, sempre ficava quando tava puta, ele apontou a cadeira do meu lado e eu permaneci em silencio, sem reação na realidade – tá quieto Renato, que houve?
- ah, comigo? – não idiota, com o mundo – nada não, só soube que em silencio a gente fica bêbado mais rápido.
- boa técnica – esse era o dialogo mais estranho que a humanidade já havia presenciado, o Afonso se limitou a observar – vou tentar.
Ficamos ali na mesa bebendo em silencio, ate que o restante do povo – Nando, Eva, Ventura, Fernanda, , Patrick e a Mônica – chegaram para quebrar esse clima super esquisito que havia sido estabelecido na mesa.
Meia hora e uma garrafa de Absolut depois, estar ali do lado dela se tornou uma tortura, então só levantei e saí, nem olhei pra traz, não tava com saco pra ficar explicando nada pra ninguém. Caminhei pra uma varanda que havia na lateral, graças a Deus ela tava vazia, me encostei no beiral e dali dava pra escutar as ondas do mar, se o barulho do mar não te acalmar, se mata!
Ri sozinho com o meu pensamento e permaneci ali, de inicio tava otimo, até o momento que me peguei lembrando da viagem que nós tinhamos feito pra Floripa e de repente todo aquece cenário de paz passou a me trazer tristeza.
- ai viado, tá foda né? – me assustei com a voz do Ventura bem do meu lado, tava viajando tanto que nem vi ele entrar – cê ta ligado que pode falar comigo...
- vai passar irmão, isso que dá o cara se apaixonar pela primeira vez na vida depois dos trinta – falei forçando um sorriso – a gente fica meio mole...
- corre atrás caraio, ela gosta de você ainda, a Nanda sempre fala isso – o olhei espantado, nunca imaginei que eu era tema de conversas desse povo.
- eu não mereço ela, Thiago – sequei o copo, decidido que aquele seria o ultimo do dia – deixa ela com o cara lá, ela vai ser feliz e é só isso que importa, eu me viro.
- isso foi a coisa mais altruísta que eu escutei sair da sua boca, cuzão – rimos com isso – mas não desiste fácil assim não mano, não da aquilo que você quer de mão beijada pra filha da puta nenhum não viado.
- não to dando nada não parça, eu abri a mão e ela foi embora... e eu fui babaca demais pra ir atrás – respirei fundo – agora tô aqui vendo ela ser feliz de camarote.
- então o que você precisa é curtir a vida de solteiro, pega umas mina que já já você ta novo cuzão – ele falou e eu respondi sem nem pensar.
- cê nem ta ligado que eu trocava essa vida de solteiro fácil só pra ter ela de novo – a porta da varanda bateu e nós dois olhamos assustados pra traz, mas como não tinha ninguém dei de ombros – mas não da pra ter tudo...
- isso é verdade parça – olhei a hora e já passava da 10h – bora voltar?
- dá boa noite pra galera por mim – falei enquanto caminhávamos de volta pro salão – vou dormi pra amanhã ta novo e beber tudo de novo.
- cê que sabe – ele falou pegando na minha mão – se mudar de ideia vamos estar bem aqui!
Sai rindo, deixando a festa pra traz. Em outros tempos eu ficaria até as luzes serem acesas, mas a presença dela me fez ficar ainda pior do que eu já tava. Cheguei no quarto e só tirei a camisa, me joguei na cama e liguei a televisão – não que eu quisesse assistir algo, liguei mesmo só por que odiava o silencio – peguei o celular e fiquei mexendo no celular, respondi alguns fãs e fiquei fazendo Stories falando da agenda pros próximos shows e fazendo piadas idiotas.
Fiquei fazendo isso até que o celular implorou pelo carregador, conectei na tomada e na ausência de opção fiquei vendo um filme qualquer que já estava na metade, de repente escutei uma porta bater e em seguida umas batidinha de leve, levei alguns segundos pra me tocar que era na minha porta.
Me levantei pra abrir já preparado pra xingar o possível bêbado que estava lá pra encher o saco essa hora. Quando abri levei um choque, não tinha bêbado nenhum na porta.
- , que aconteceu? – ela estava lá na minha porta, com a maquiagem destruída pelo choro.


4. E agora? Como é que a gente fica?

Pov Renato

- , que aconteceu? – ela estava lá na minha porta, com a maquiagem destruída pelo choro.
Ela não disse nada, só se jogou nos meus braços e eu a abracei, como se minha vida dependesse disso. Ela desatou a chorar e eu só a mantive ali presa em meus braços, ela me segurava tão forte que parecia que se eu a soltasse ela ia desmontar. Ficamos assim por alguns minutos, ate que me toquei que ainda estávamos de pé na porta do quarto.
- quer entrar ou vamos ficar aqui assim? – ela olhou pra mim e sorriu fraco, puxei ela pra dentro do quarto e a levei ate o sofá – senta aqui, vou pegar uma agua pra você – antes que eu me afastasse ela segurou minha mão.
- não precisa, só fica aqui comigo – como negar um pedido desse? Como negar um pedido dela? Voltei pro sofá e me sentei ao lado dela, ela se encolheu como uma criança e deitou com a cabeça no meu colo, mesmo sem ter muita certeza de que devia, comecei a fazer carinho no cabelo dela e pude vê-la sorrir com meu toque – eu não sei como explicar por que vim bater aqui na sua porta.
- então não explica, me deixa cuidar de você e se depois você quiser você fala, ou não fala, você que manda – em mim, no meu coração, na minha vida, completei a frase na minha cabeça.
- muito obrigada, de verdade, você é a melhor pessoa que eu conheço – ela falou ainda deitada e de olhos fechados.
- eu sei, tenho essa fama mesmo – falei só pra fazê-la sorrir e deu certo, com ela ali na minha frente a única certeza que eu tinha era que seria capaz de qualquer coisa pra ela nunca mais derramar uma lagrima sequer.

***


Acordei com ela se mexendo, acabamos que dormimos ali no sofá, ela se sentou e me encarou, confesso que fiquei sem saber o que falar, então decidi que esperar ela falar era o ideal.
- posso tomar um banho? – ela perguntou aparentemente muito envergonhada.
- claro que pode, “mi chuveiro és su chuveiro” – ela riu, como senti falta desse som sendo emitido por minha causa.
- você me empresta uma camiseta? – foi minha vez de rir – não quero ir lá enquanto ele tiver lá.
- pega o que quiser , minha mala tá ali do lado da cama – ela mexeu na mala e pegou minha camiseta do South Park e foi pra dentro do banheiro.
Liguei na recepção e pedi pra trazerem o café pra ela e voltei pro sofá, tentando imaginar o que poderia ter acontecido pra ela estar daquele jeito ontem. Escutei meu celular dar sinal de mensagem e corri pegar, olhei o visor era do Afonso.

Whatsapp on

Afonso: a ta com você? Liguei no celular dela e o cuzão do namorado dela disse que ela sumiu ontem.

Renato: ela bateu aqui ontem a noite, atordoada. Tá tomando banho. Que aconteceu?

Afonso: ele não quis falar. To indo pra i.

Renato: relaxa ai, ela ta segura, se você vier ela vai ficar louca. Qualquer coisa te falo e a gente arrebenta esse maluco.

Afonso: blz, obg por cuidar dela.

Whatsapp off

A camareira chegou com o café e serviu em uma mesinha que tinha no canto, agradeci e enquanto ela saia a Ale saiu do banheiro. Não tenho como negar, senti arrepios descerem por toda a minha espinha quando a vi de novo dentro da minha camiseta, fiquei meio abobado a olhando e só voltei pra realidade quando escutei sua voz.
- ainda fica assim quando vê pernas, Senhor Renato? Achei que depois de ver tantas já tinha se acostumado – sorri pra ela, meio com vergonha.
- as suas ainda me deixam assim, não me acostumo, não tem jeito – ela ficou vermelha – tá vendo, eu ainda sei te deixar sem graça! Vem, pedi o café aqui, imaginei que você não ia querer descer assim.
- sabe, você ate que é esperto – ela falou bem humorada se sentando, por um momento parecia que os últimos meses nunca haviam acontecido e que estávamos só em um café da manhã comum, como tantos que já tivemos - você vai tomar café comigo, né?
Assenti e me sentei na cadeira de frente pra ela e começamos a comer em silêncio, eu a observava de canto de olho, não vou mentir, estava esperando ela desabar a qualquer momento. Ficamos assim ate que ela ergueu o braço para pegar algo do outro lado da mesa e eu vi uma marca no braço dela. Estava bem roxa, coloquei a mão delicadamente, mas ela se esquivou.
- diz pra mim que você bateu esse braço em algum lugar, porque se você disser que foi ele que fez isso vou naquele quarto e faço o que eu devia ter feito na casa do Júlio – levantei da mesa, já sentindo minhas mãos tremerem.
- Rê, calma tá? Senta aqui, vou te contar o que aconteceu ontem – sentei com a postura rígida e a deixei continuar – ele segurou meu braço ontem quando estávamos na piscina, ele achou que eu estava olhando demais pra ti e ficou com ciúme.
- você ta namorando com ele, por que esse idiota ia ter ciúme de mim? – bufei, não botando muita fé na historia dela.
- porque eu amo você Renato e ele sabe disso – meu queixo caiu, essa frase dela me desarmou – eu sou uma idiota, e fiz uma enorme sequencia de escolhas ruins e todas elas me trouxeram pra cá... eu não sei bem como te contar, nem por onde começar...
- que tal, pelo começo? – falei meio ríspido – talvez dê certo, por que eu não to entendendo nada – cruzei os braços e me recostei na cadeira.
- ok, pelo inicio – ela respirou bem fundo e me encarou – quando eu e ele começamos a sair eu fui totalmente aberta com ele, nunca escondi como me sentia em relação a você, e ele aceitou numa boa – ergui uma sobrancelha involuntariamente – é eu também achei estranho, mas queria tanto tentar te esquecer e ele parecia tão maravilhoso – involuntariamente fui relaxando a postura e me inclinando na direção dela – depois de uma tempo ele me pediu em namoro e aceitar parecia a coisa certa a fazer, e ai você me bloqueou e tudo virou uma enorme bola neve.
- linda, eu ainda não entendi como você veio parar aqui parecendo que tinha saído de um filme de terror – falei e ela sorriu.
- então, nós brigamos ontem e eu fui pra festa sozinha e depois eu escutei você falando com o Thiago e ai eu tive certeza que tava fazendo merda, passei duas horas na praia decidindo como terminar com ele e vir correndo atrás você e ai quando cheguei no quarto e BUM – ela falava muito rápido, parecendo aquelas crianças que falam sem parar – ele estava com a ex dele... dai pra frente é historia...
- não, pera, o cara perfeito tava na cama com a ex? – ela assentiu parecendo meio chateada – não acredito que esse babaca fez isso, que mal gosto pra homem você tem , meu Pai do céu...
- meu dedo podre não vem ao caso – a olhei e ela sorria – agora eu não sei o que fazer, minhas coisas estão todas lá, eu aqui de penetra no seu quarto...
- Ok, vamos resolver um problema de cada vez – respirei fundo – primeiro você vai lá buscar suas coisas, aproveita e pega seu celular que o seu irmão ta preocupado – ela me olhou assustada como se tivesse acabado de lembrar da existência do resto do mundo – depois você pensa no resto.
- Não quero ir lá sozinha – ela falou fazendo bico, ela sabia que conseguia qualquer coisa de mim com essa cara.
- vamos – levantei da cadeira e ofereci minha mão e ela pegou.
Saímos do quarto e ela bateu na outra porta, eu me mantive um passo atrás dela, de certo modo isso me fazia pensar que eu não podia perder a linha, senão ela ia ser atingida. Depois de alguns minutos ele abriu e fez uma cara que parecia que estava vendo um fantasma.
- vim pegar minhas coisas – ela falou quando ele abriu.
- passou a noite com ele? E eu aqui preocupado – revirei os olhos e entrei logo atrás dela.
- sim, pelo barulho do chuveiro tu deve ter ficado super aflito – eu quase ri, a ironia dela sempre foi bem engraçada.
- você sabe que a gente precisa conversar né? – ele foi com a mão no braço dela, no mesmo lugar onde estava a marca.
- maluco, na moral, deixa ela pegar as coisa, fica na sua – falei e a vi sorrir enquanto juntava algumas coisas que estavam em um canto – não faz eu me arrepender de ignorar aquele roxo no braço dela.
Depois disso ele simplesmente se tornou parte da decoração do quarto, não abriu mais a boca ate a hora que fomos na direção da porta.
- ? – ela olhou pra traz e por puro reflexo eu também – o que a gente vai falar pras pessoas? – não acredito que a maior preocupação desse cuzão era o que ele ia falar pras fãs dele.
- Pra quem me perguntar vou dizer a verdade Gustavo, eu desejo toda a felicidade do mundo pra ti, mas não vou mentir pra ninguém pra esconder as suas cagadas – ela falou e saímos do quarto sem esperar resposta.
Voltamos pro meu quarto e ela não falou mais nada, assim que entramos ela sentou no sofá e começou a digitar rapidamente no celular, preferi respeitar, vai saber a bagunça que estava a cabeça dela.
- , que você vai fazer? – perguntei assim que entramos.
- vou resolver essa historia publicamente – ela falou ainda digitando – já que foi assim que começou...
- pensa bem no que vai fazer doida – ela me olhou e sorriu - vou tomar um banho – avisei indo pro banheiro e ela assentiu se tirar os olhos do celular.
Olhei as horas antes de entrar no chuveiro e pasmem, anda eram 10h da manhã, tarde demais pra fazer alguma coisa e cedo demais pra se arrumar pra cerimônia que só aconteceria as 14h, então decidi só relaxar por alguns minutos. As ultimas horas foram tão cheias de informações que parecia que estava em uma daqueles sonhos loucos que a gente tem quando dorme muito agitado.
A única certeza que eu tinha ate agora era que sim, ela me amava, mas e ai? O que isso ia mudar?


5. Sim, eu amo esse idiota.

POV

Se eu não tivesse acordado com a cabeça no colo do Renato eu poderia jurar que a noite passada tinha sido só um pesadelo. Abri meus olhos e por alguns segundos eu pude observa-lo dormir, mesmo todo torto no sofá, que era pequeno pra ele, sua expressão era de pura paz. A minha paz.
Logo que comecei a me mexer ele acordou, e provavelmente com o mesmo pensamento que eu, o encarei por alguns segundos sem saber bem o que dizer. Resolvi só ser eu mesma, afinal era só o Renato.
- posso tomar um banho? – senti meu rosto queimar de constrangimento, ele abriu um sorriso.
- claro que pode, mi chuveiro és su chuveiro – eu ri, era impossível não rir com ele
- você me empresta uma camiseta? Não quero ir lá enquanto ele tiver la dentro - ele riu da minha pergunta, mas mal sabia que eu queria distancia do Gustavo.
- pega o que quiser , minha mala tá ali do lado da cama – caminhei ate a mala e peguei a camiseta do Solth Park que eu amava, desde sempre.
Fui para o banheiro e me encarei no espelho, meu olhos ainda estavam bem inchados devido a quantidade absurda de lagrimas que eu tinha derramado ontem, o meu braço estava roxo brilhante – eu não tinha noção de que ele tinha apertado tão forte – e meu vestido estava um caos. Entrei no chuveiro e deixei aquela agua quase fria cair por um bom tempo, era como se cada musculo do meu corpo fosse relaxando aos poucos. Não sei bem quanto tempo demorei, mas sei que quando sai do banheiro havia uma linda mesa de café posta.
- ainda fica assim quando vê pernas, senhor Renato? Achei que depois de ver tantas já tinha se acostumado – perguntei rindo quando notei que ele me olhava sem desviar o olhar.
- as suas ainda me deixam assim, não me acostumo, não tem jeito – Meu rosto corou na hora - tá vendo, eu ainda sei te deixar sem graça! Vem, pedi o café aqui, imaginei que você não ia querer descer assim.
- sabe, você ate que é esperto... você vai tomar café comigo, né? – assim que eu disse isso ele se levantou e sentou de frente pra mim, como se estivesse esperando um convite.
O café correu bem ate o momento que por um vacilo ele viu meu braço, é obvio que ele surtou, afinal ele nunca foi a pessoa mais calma da terra. Acho que se eu não tivesse desabafado a respeito de tudo que aconteceu e de como me sentia – inicialmente só para acalma-lo - ele teria ido no quarto da frente e teria jogado o Gustavo da janela.
Mesmo com tudo isso convenci ele a ir no quarto comigo pegar as minhas coisas – mesmo com medo de ele perder a cabeça – bati na porta e depois de alguns minutos o Gustavo abriu e me olhou como se tivesse visto um fantasma. Por mais que eu entenda que ele ama a kefera, uma traição vai sempre ser uma traição.
- vim pegar minhas coisas – falei me sentindo incapaz de olhar ele nos olhos.
- passou a noite com ele? E eu aqui preocupado – ele falou e na mesma hora eu notei que o chuveiro estava ligado, sinal de que alguém ainda estava por ali.
- sim, pelo barulho do chuveiro tu deve ter ficado super aflito – falei em tom irônico, e vi pelo canto do olho o Renato prender o riso.
- você sabe que a gente precisa conversar né? – ele falou vindo com a mão na direção do meu braço, me esquivei.
- maluco, na moral, deixa ela pegar as coisa, fica na sua – ele falou e eu sorri involuntariamente – não faz eu me arrepender de ignorar aquele roxo no braço dela.
O silencio foi estabelecido novamente e eu me concentrei somente em não deixar nada meu ali, quando terminei o Renato pegou minha mala e fomos em direção a porta, ai quando achei que não podia piorar eis que ele decide abrir a boca.
- ? – olhei pra traz – o que a gente vai falar pras pessoas? – o encarei com nada menos que indignação, a sensação era de que eu nunca havia conhecido ele, era tudo um teatro.
- Pra quem me perguntar vou dizer a verdade Gustavo – respondi ainda sem saber se realmente faria isso - eu desejo toda a felicidade do mundo pra ti, mas não vou mentir pra ninguém pra esconder as suas cagadas – sai do quarto batendo a porta atrás de mim.
Assim que entramos no outro quarto uma ideia surgiu e talvez não seja o mais indicado ou correto, mas pra mim parece o melhor modo de resolver as coisas, sentei no sofá, abri o bloco de notas comecei a digitar, simplesmente deixando a emoção sair. Sentia os olhos do Renato em mim, mas ele permaneceu em silencio por um tempo.
- , que você vai fazer? – ele perguntou enquanto eu digitava, sorri e respondi mesmo sem olha-lo.
- vou resolver essa historia publicamente, já que foi assim que começou... – vou tentar pelo menos, corrigi mentalmente.
- pensa bem no que vai fazer doida, vou tomar um banho – o olhei e assenti sorrindo enquanto ele saia do meu campo de visão.
Terminei de escrever o texto e fui na minha galeria, procurei ate que encontrei uma foto minha e do Gustavo onde só pareciam nossas mãos com dedos entrelaçados e depois tirei uma foto da minha mão sozinha sobre a minha perna, na mesma posição que estava a anterior. Abri o Instagram e selecionei pra postar as duas fotos juntas, voltei pro bloco de notas e colei o texto que havia escrito. Não o marquei nem usei hasteg alguma, fiz como as blogueiras sempre falam “postei e saí correndo”.

  “Olá pessoa, tudo bom com vocês?
Não sou de postar muito e nem de dar muita atenção para o que as pessoas falam sobre mim, mas como de uns tempos pra cá apareceu uma galera maravilhosa e carinhosa por aqui, achei digno da minha parte, manter tudo as claras... Bom, eu e o Gusta não estamos mais juntos, tá tudo bem e entre mortos e feridos salvaram-se todos!
Por favor, por amor a ele - por que sei que de 100k, no máximo 10k são seguidores meus hahah “ela tá realista ela” – evitem especulações e julgamentos, somos adultos e decidimos que é melhor assim...
Repito: ESTÁ TUDO BEM, E O QUE ACONTECEU SÓ CABE A NÓS!
PS: vamos seguir o baile, afinal as rabas não vão se balançar sozinhas”


Desliguei a internet do celular, confesso que estava com um pouco de medo das reações, as Stokies tendem a ser MUITO dramáticas. Olhei as horas e acabara de bater 10h, tinha 2h ate precisar ir pro salão do hotel.
Lembrei que ainda estava com a camiseta do Renato e fui até minha mala, peguei um short jeans bem clarinho, uma regata do Hulk e uma havaianas do mesmo personagem. Me vesti, ajeitei o cabelo em um rabo peguei meu celular e disque o numero do Afonso.

Ligação on

Afonso: , eu to velho, porra! Quer me matar do coração?

Ale: não briga comigo, quando te contar tudo você vai entender.

Afonso: desce pra cá, o povo ta fazendo zona aqui no quarto do Ventura.

Ale: assim que o Renato sair do banho eu vou

Afonso: Como assim “Renato"?

Ale: longa história, depois a gente faz um chimas e te conto tudo.

Afonso: ok, te espero. Juizo bocó!

Ligação off

Nem deu tempo de me entreter com o cakeboss que passava na tv ele já tinha saído do banho. Pela primeira vez senti meu rosto queimar ao vê-lo somente com a toalha enrolada na cintura, ele notou e gargalhou alto, me fazendo ficar vermelho escarlate.
- sou só eu caralho – pior que era mesmo, ri alto – vai ficar com vergonha agora?
- para vai Renato, se troca logo pra gente ir la no quarto do ventura – disse desviando o olhar, aparentemente isso o divertia.
- pode olhar vai, ta bom assim? – ele perguntou ainda rindo, estava vestindo uma bermuda jeans escura e uma camiseta branca, nos pés um chinelo da Adidas que eu tinha dado pra ele, sorri com isso e ele correspondeu.
- ta ótimo, vamos? – falei levantando do sofá e indo na direção da porta.
Saímos do quarto conversando sobre nada em especifico, em resumo só falando asneira e rindo, descemos dois andares e o elevador abriu no andar onde os meninos estavam. De longe dava pra ouvir a risada. Assim que abrimos a porta todos nos olharam, alguns curiosos e outros – tipo o Afonso - aliviados.
- não me façam perguntas, me façam ficar bêbada! – todo mundo riu alto, Renato foi pro outro lado do quarto pra falar com o Diih e eu fui em direção a e a Fernanda.
- que tiro foi aquele no seu instagram? – a perguntou e a Nanda replicou a pergunta só com o olhar.
- foi exatamente o que eu escrevi – elas esbugalharam os olhos e eu ri – eu juro que explico tudo, mas bastar saber que o Gustavo é um assunto morto e enterrado.
- ae seus cuzão, bora jogar “eu nunca"?- ventura falou mudando toda aura do ambiente, trocamos um olhar cumplice onde ficou claro que eu estava grata a ele por isso, e rapidamente quase todos se animaram.
Sentamos parte no sofá e outra parte no chão, iam jogar eu, Renato, Nanda, Thiago, Eva, Nando e a , na outra ponta do quarto sentaram o Afonso e o Diih pra assistir e rir das nossas caras.
- como foi você que inventou, você começa Ventura – Nando falou.
- serião? – todos assentimos terminando de encher as nossas doses – beleza, eu nunca sai pelado no corredor do prédio! – Nando me olhou e nós viramos a dose, rindo.
- é uma longa história, um dia eu conto pra vocês – ele falou rindo e tomou a vez – ok, eu nunca peguei irmã de brother – gargalhei e o Renato virou a dose.
- devia tomar a garrafa toda seu cuzão – Afonso falou rindo.
- ta ai me desejando o bem por que me ama - ele me olhou e sorriu – eu nunca dormi com um humorista...- todas as meninas tomaram rindo, a continuou.
- isso foi golpe baixo senhor Renato – ele ergueu o copo rindo e ela revirou o olho – eu nunca estive com uma pessoa na cama e outra na cabeça.
Ele me olhou bem nos olhos, daquele jeito que parecia que estava vendo minha alma e bebeu, imitei seu gesto e bebi.
- acho que agora é minha vez né? – falei pra me esquivar dos olhares – eu nunca tive ciúme da melhor amiga do meu boy – Nanda bebeu me mostrando o dedo e todos rimos alto.
Ficamos assim ate que por volta de meio dia meu celular e das meninas deu sinal de mensagem.

“queridas amigas, venham e disfrutem de um tempinho no spa. Aguardo vocês  lá!
Tata"


- vamos meninas? – levantou meio tonta e foi em direção ao Afonso, deu um selinho nele e deixou ele com cara de idiota, um lindo idiota apaixonado, todas nos levantamos e a acompanhamos – vemos vocês na cerimonia!
Antes de sair do quarto dei uma olhada pro Renato, ele sorriu grande e tomou mais uma dose, eu senti meu rosto queimar e fui atrás das meninas carregando um sorriso idiota.

***


- eu não acredito que ele fez isso com você – Eva falou com o rosto em choque, depois de eu ter contado tudo que havia acontecido na noite anterior, nós nunca fomos muito intimas, mas sempre gostei muito dela – o cara da piti por ciúme e vai dormir com a ex?
- bem que o Afonso sempre falou que ele era bom demais pra ser real – falou subindo o ziper ultra justo do meu vestido enquanto eu segurava a respiração.
- e você Nanda? Não vai falar nada? – ela retocava o rímel diante do espelho, as meninas também se viraram para olha-la pelo reflexo, ela sorriu e se virou para nós.
- vou falar o que? O cara foi babaca sim, mas você tava indo terminar com ele pra bater na porta do ex – gargalhamos – o importante é seguir em frente né gente, chifre doi, mas não mata... bora tirar foto?
Nos juntamos na frente do espelho – todas estávamos lindas, sem falsa modéstia – e ela tirou a foto já postando no instagram com a legenda “vou ali com essas delicias casar o Cocielo e a Tata, gravem esses rostos assim, por que mais tarde vamos dar PT na certa! #CasamentoTacielo”
Rimos disso e fomos para o tão esperado casamento.
Separei-me das meninas assim que pegamos o transporte para ir ate o local do casamento – elas ficaram esperando um que coubesse todos juntos - como eu estava desacompanhada, fui no primeiro que saiu. Estava tudo lindo, natural, simples e lindo, afinal a natureza do local já era fabulosa. Poucos lugares estavam ocupados, mas respeitando a logica, eu que não sou tão intima deles, escolhi uma cadeira em uma das ultimas fileiras e fiquei meio que viajando olhando a paisagem, confesso que essas ocasiões quase me davam vontade de casar.
- você é sempre gostosa assim ou ta fantasiada de lasanha hoje? – segurei uma gargalhada quando o Renato sussurrou isso se sentando ao meu lado.
- obrigada pelo elogio, mas você é um idiota – falei rindo, o que o fez rir também.
- eu sei que sou idiota, isso é um dom! – revirei os olhos e ele continuava rindo cada vez mais alto – mas agora é serio, cê ta muito gata, puta que pariu...
- você também não ta nada mal – na realidade ele estava o próprio sinônimo da tentação, mas falei meio dando de ombros enquanto observando a camisa social azul escuro que ele usava combinada com um jeans quase preto e um chinelo, o mesmo de mais cedo – eu teria colocado o chinelo da Hollister, mas esse ai da adidas também ficou muito bom.
- esse aqui tem valor sentimental, sabe como é né? – ele falou de um modo que me fez corar e isso o divertia, desde sempre – mas e ai? Como você ta com tudo que aconteceu?
- honestamente? Estou muito bem, como não me sinto a um tempo – o restante das pessoas começaram a chegar, e o Gustavo passou por nós e me olhou, sorri de volta e ele foi sentar no lugar dele.
- você sabe que uma hora vão ter que conversar, né? – ele falou em um tom sério, o olhei revirando os olhos e ele riu.
- tá mãe, pode ser depois? – ele riu alto e algumas pessoas nos olharam – fica quieto Renato, que vergonha – falei segurando o riso e ele só ria cada vez mais.

***


Foi tudo tão lindo que não tenho palavras pra descrever, após a cerimonia fomos para o local da festa que era ali na praia mesmo, bem pertinho.
Confesso que já tinha bebido muito – o suficiente pra estar no meio da pista dançando “qual bumbum mais bate” com o Jukanalha e o Inutilismo – mas estava me divertindo tanto, que nem me preocupei com nada. Quando começou a dança dos noivos, me dirigi ao bar e quem tava lá? Te dou um doce se adivinhar.
- e ai? Beleza? – falei quando vi que ele só ia me encarar.
- será que a gente pode bater um papo? – assenti e me sentei na banqueta ao lado dele – achei bem legal sua atitude no insta, não expor a mim e a Ké, ficamos muito gratos por você ter agido assim, mesmo que a gente não merecesse...
- A internet é o teu trabalho... não tem porque misturar as coisas – ele deu um sorriso torto – eu espero que você seja feliz, só isso.
- você foi legal comigo desde sempre e eu fui um babaca, me perdoa por isso – ele disse tocando a marca no meu braço – eu não sei nem como você ta aqui comigo, eu não estaria.
- isso se chama maturidade Gustavo – falei em tom de brincadeira – e isso aqui aconteceu por que eu estava distraída, se tentar de novo te dou um soco na boca.
- eu sei – mesmo que eu tenha falado rindo, ele respondeu triste, arrependido eu diria – obrigada por tudo, seja feliz.
- você também, seja feliz... a vida é boa Gu, a gente que é tudo cuzão – me levantei, dei um beijo na bochecha dele e voltei pra festa, afinal a noite é só uma criança.
Chegando na pista estava tocando “tô com moral no céu”  o Renato me puxou pra dançar - sem ritmo nenhum, somos ambos péssimos dançarinos – e começamos a conversar.
- conversei com ele, mamãe – ele riu baixinho – acho que ta tudo bem agora...
- fico feliz, minha filha esta crescendo – ele falou fazendo voz de velhinha e isso m fez rir alto.
- deixa dona Cecilia ver você imitando ela assim, que ela te mata – falei ainda rindo – obrigada por tudo, ate agora...
- não tem que agradecer por nada – o abracei mais apertado e recostei minha cabeça no seu peito – eu faria quase tudo de novo...
- quase? – perguntei sem sair da posição que estava.
- é, na minha melhor versão eu teria quebrado os dois braços dele por ele ter encostado em ti, mas você não curte violência né – ri com isso, mesmo sabendo que sim, isso tudo era verdade.

***


Eram mais de três da manhã quando voltamos pro quarto dele, assim que ele fechou a porta atrás de nós disparei a falar.
- me desculpa mesmo ter que ficar aqui no teu quarto – falei meio sem graça, a recepção não havia me conseguido um quarto então ele me ofereceu o dele pra ficar - estraguei tua diversão pós festa...
- cala a boca – ele falou rindo – não ia querer dividir esse quarto com ninguém que não fosse você – ate engasguei com a frase, desde o momento que eu havia me declarado não tínhamos tocado mais no assunto, meu silencio fez com que ele mudasse de assunto – se importa se eu ligar a tv? Tem uma luta top essa noite.
- claro que não, adoro UFC lembra? – ele sorriu em resposta, aproveitei a deixa pra pegar um pijama correndo e me trancar no banheiro.
Me olhei no espelho mais uma vez antes de me “desmontar” e fiquei feliz com o que vi, a make tinha ficado legal, o vestido preto e mais justo que a justiça divina tinha ficado bom, o cabelo quase todo preso em um coque também estava apresentável. Mas o que eu mais gostei foi da minha cara de idiota, do sorriso fácil que eu carreguei o tempo todo e do modo como eu estava me sentindo, feliz era uma palavra quase apropriada para o sentimento.
Entrei no chuveiro ainda meio sem saber o que faria – e se faria algo – quando saísse do banheiro, eu estava em um quarto de hotel fabuloso com o meu príncipe desencantado e ainda assim não tinha a mínima ideia de como agir. Poxa Deus, sei que sou uma filha bem meia boca, mas me manda um sinal né? Ri com meu pensamento e escutei a gargalhada escandalosa dele como se ele também tivesse escutado meus pensamentos.
Desliguei o chuveiro e enquanto me enxugava meu celular deu sinal de mensagem – eu nem lembrava de ter levado ele pra lá – terminei de vestir meu pijama super maduro do Mickey e fui olhar a mensagem, nem me espantei ao ver que era da .

Whatsapp on

Cunha: , ta tudo bem? Vocês subiram cedo... mais cedo que o idoso do seu irmão.

: você ta brava por que o Afonso quis dormir? Hahahaha bem vinda a família , onde nenhuma festa ganha do bom e velho sono

Cunha: eu devo amar muito ele msm viu :S mas você não respondeu minha pergunta...

: tá tudo bem sim, eu tava cansada, e ele também... só isso. Vamos buscar a Alice no aeroporto comigo amanhã a noite? a gente sai pra vocês se conhecerem melhor...

Cunha: ai meu Deus ainda tem isso né? E se ela me odiar?

: ela vai te odiar, você tá namorando o adorador dela kkkk relaxa...

Cunha: Obrigada, muito animadora você kkkk , faz o que teu coração mandar tá? Imagino que deve estar uma confusão ai na sua cabeça

: vamos ver se meu coração e o dele tão mandando a mesma coisa, me deseje sorte.

Whatsapp off

Bloqueei a tela do celular e sai, ele estava deitado no sofá sem camisa e isso me fez arrepiar inteira, tudo nele me atraía: o sorriso idiota, a cara de maluco, a voz escandalosa, o jeito de sempre falar a coisa mais inapropriada nos piores momento e a mesma capacidade de virar um engenheiro serio quando era preciso, a paixão que ele tinha pelo trabalho e por tudo que ele fazia... tudo isso sem contar aquele abdômen definido – sem ser maromba – os ombros largos e protetores e até o nariz, que ele tanto odeia, mas que fecham o pacote de tudo que alguém precisa ter pra ser perfeito pra mim. Fui tirada dos meus pensamentos pela risada dele mais uma vez.
Olhei a tela da tv e ele estava assistindo “A culpa é do Cabral”, provavelmente por que ainda não estava no horário da luta, me aproximei e quando entrei em seu campo de visão ele automaticamente me deu espaço no sofá, me sentei e permaneci em silencio por um tempo, até que resolvi simplesmente seguir meu instinto e esperar pra ver o que vai dar.
- Renato – ele me olhou – acho que a gente precisa conversar...
- ok – ele falou se virando pra mim e colocando a tv no mudo – quer conversar sobre oque dona – sorri com a pronuncia dele, sotaque capixaba é o máximo.
- sobre nós... Sobre tudo que aconteceu de ontem pra hoje... sobre oque rolou 3 meses a trás? – despeje de uma vez e ele me olhou sério, se levantou, foi ate o frigobar e pegou um long neck aparentemente muito gelada, abriu e voltou para o sofá, permaneci em silêncio ate ele se sentar.
- não acho que a gente tenha muito o que falar – ele disse dando um gole da sua cerveja - nada que houve de ontem pra trás importa, foi só consequência do seu dedinho podre e da minha falta de vergonha na cara – sorri pra ele – e nós? Tudo que eu preciso saber nega, é se ainda pode existir um nós.
- o que você sente por mim, Renato? O que você quer de mim? – perguntei morrendo de medo da resposta, ele colocou a garrafa sobre a mesa e se aproximou de mim lentamente, como que medindo minhas reações, ate que seus lábios estivessem bem próximos ao meu ouvido.
- eu te amo – ele falou em sussurros que me fizeram estremecer dos pés ate o ultimo fio de cabelo – e de você, eu só quero você. Agora eu preciso saber o que você quer de mim?
- Que você seja todo meu pelo tempo que isso durar – falei em um misto de voz e sussurro, meu único desejo era que ele me tomasse nos braços e me fizesse dele bem ali, naquele sofá, mas ao invés disso ele recuou uns centímetros pra poder me olhar nos olhos, e a essa altura do campeonato não duvidaria que ele estivesse lendo meus pensamentos
- você tem certeza ? Eu sou um cara de trinta e poucos, posso lidar com isso... – ele falou me olhando, só fui capaz de sorrir – por que eu não quero mais ninguém, só você...
Ao invés de responder eu fechei o espaço que havia entre nós, o beijo começou lento e tenho que confessar que só isso foi o suficiente pra me estremecer e abalar todas as barreiras que eu havia construído anti Renato na minha cabeça.
Aos poucos o beijo foi se aprofundando e eu me encaixei em seu colo de modo que facilmente senti sua empolgação se tornar física. Nossos corpos já eram velhos conhecidos, então palavras se tornaram desnecessárias, somente nossas ações eram o suficiente pra fazer transbordar todo o amor que sentíamos e que pela primeira vez era demonstrado abertamente.
Quando nos faltou folego devido aos intensos beijos ele migrou lentamente para o meu pescoço, eu por puro instinto dava algumas leves reboladas em seu colo e sentia na força de suas mãos em mim o prazer que só crescia. Não sei bem quanto ficamos ali de amasso, mas o desejo era desesperador.
- Rê – falei com a respiração entrecortada, enquanto a mão dele andava livremente por todo o meu corpo ainda vestido – vamo pra cama, você ta me torturando...
- pra que pressa? – ele falou com um sorriso safado nos lábios – essa é só a primeira de milhões que virão, a gente não vai transar , é brega, eu sei, mas a gente vai fazer amor!
Ri alto com isso, e decidi entrar no jogo, estar ali com ele era a fusão perfeita entre o novo e o conhecido, ele colocou novamente o volume na tv e aumentou o volume, isso me fez relaxar ainda mais e sentir que mesmo tendo vizinhos, nada era proibido essa noite.

***


Aparentemente estávamos em uma fenda do tempo onde as horas não tinham importância, eu estava deitada de bruços e ele distribuía beijos desde o meu pescoço ate o meu calcanhar e honestamente nem tinha como explicar o quanto isso me deixava excitada.
_ale, vc é linda, da cabeça ate o calcanhar -  ele falou divertido e eu me virei pra ele .
_ ate o calcanhar? - perguntei já deitada de barriga pra cima e puxando ele pela mão pra deitar do meu lado.
_ sim, seu pé é meio esquisito – ele falou ainda rindo e eu o acompanhei, ele fazia desenhos na minha barriga com o dedo indicador, eu estava só de lingeri e ele de cueca box branca, minha perdição. - ainda não acredito que vc ta aqui...
_ vou te provar que tudo isso aqui é real - falei indo pra cima dele e o beijando com intensidade, migrei de seus lábios para o seu pescoço e agora eu tinha o controle da situação, e pela cara sacana dele, ele gostava disso.
Fui descendo mesclando beijos, lambidas e mordidas por todo seu torax, quando cheguei na borda da sua cueca os olhos dele me imploravam pra continuar e eu malvada que sou parei e o encarei.
_ o menina do capeta viu – gargalhei alto – vc vai destruir meu juizo – ele falou se sentando e me tomando em seus braços, cruzei minhas pernas ao seu redor e voltamos a nos beijar.
Lentamente ele abriu meu soutien e colou nossos corpos e em um rompante ele levantou da cama comigo ainda grudada nele – Obrigada Deus do Crossfit, que fez meu boy ser tão forte - e inverteu as posições. Me deitou novamente na cama delicadamente e voltou a beijar meu pescoço e foi descendo, quando chegou aos meus seios, dando uma tenção especial a cada um deles, minhas costas se curvavam de puro prazer, ele desceu lentamente pela minha barriga retribuindo a toda tortura que eu o havia submetido instantes a trás.
Logo ele retirou a minha calcinha e no mesmo pique tirou a sua ultima peça de roupa. Confesso que perdi o ar quando ele se deitou por cima de mim, so então me dei conta do quanto eu sentia falta dele, mas não como namorado – ou seja lá o nome que tínhamos – sentia falta dele como homem, me fazendo mulher.
Voltamos a nos beijar e ele desceu sua mão ate a minha intimidade, eu já estava completamente entregue que só me restou gemer alto quando ele me penetrou com seus dedos. Isso o fez sorrir largo com a pura cara de quem sabia que era foda na cama. Ele soltou dos meus lábios e antes q eu pudesse protestar me penetrou me fazendo gemer ainda mais alto...


6. Final?

- Bom dia! – ele disse no meu ouvido e eu tive certeza que tinha acordado no paraíso.
- Bom dia – respondi sem nem abrir os olhos – que horas são?
- Infelizmente, hora de fazer as malas e ir tomar café com o pessoal – resmunguei e isso o fez rir – e no seu lugar ia ate o Instagram e dava uma olhadinha no rebuliço que tá lá.
- não quero – falei fazendo manha – quero ficar aqui!
- eu também queria, mas... Tenho show hoje lá no Comedians e você tem que pegar a Alice no aeroporto – cobri a cabeça e ele estava gargalhando – vai , levanta...
- odeio quando você banca o adulto – falei levantando, ele riu – preciso mesmo ligar a internet? – ele assentiu me passando o celular, só então reparei que as malas já estavam prontas e o quarto ajeitado, havia inclusive, uma troca completa de roupa em cima da minha mala.
Olhei as horas e mal havia dado 9h, então me permiti ir ao banheiro fazer minhas higienes enquanto meu celular tinha um leve ataque epilético com as notificações.
Os comentários na foto eram os mais variados, mas em sua grande maioria lamentavam o termino e me desejavam sorte pra me recuperar da perda irreparável – ah se eles soubessem a verdade – e é obvio que mais da metade dos seguidores desapareceu e isso me deu um alivio enorme, seja bem vinda vida de irmã anônima de comediante e adeus vida de namorada de web celebridade.
Sai sorrindo do banheiro e o Renato ainda estava jogado na cama mexendo no celular, me debrucei sobre ele e depositei um selinho em seus lábios, ele me prendeu e aprofundou o beijo, nos soltamos rindo quando faltou ar.
- o bom humor esta de volta? – ele perguntou enquanto eu me levantava – não que eu esteja reclamando...
- a minha vida está de volta, você está de volta – ele sorriu grande – como que não fica de bom humor?
Troquei-me e descemos de mãos dadas para o café, já estavam todos nas mesas e a nossa era a mais animada de todas como sempre, ali em meio a risos eu me senti em casa.

***


Voltamos pra São Paulo e a sensação que eu tinha era que os últimos meses não tinham acontecido, voltei pra minha rotina louca.
Cerca de um mês depois do casamento do Júlio, o Renato me pediu oficialmente em namoro, no meio do show dele (em um quadro que se chama The Paletalk show) que ele me chamou para participar.

FlashBack On

- então , você já viu esse quadro um milhão de vezes, né? - ele perguntou enquanto eu estava sentada no palco derretendo de vergonha.
- claro que sim né Albani - a plateia riu alto - eu suponho que depois de me fazer confessar esse monte de coisa vergonhosa, você vai me fazer uma pergunta difícil...
- olha senhoras e senhores, ela ta antenada - gargalhei e o povo também - vamos lá então, considerando que você é a mulher da minha vida - as pessoas gritaram Awn, e eu fiquei muito vermelha - você aceita ser oficialmente a minha namorada?
- que? - eu fiquei em choque, nunca imaginei que ele faria algo assim, todo mundo ria alto.
- é simples , sim ou claro - as risadas continuavam - quer dizer, ou não.
- mas cadê as opções de cortar um braço, nunca mais transar? - falei entrando na brincadeira - é claro que quero ser sua namorada, seu bobo!
Nós nos abraçamos bem forte e eu desabei a chorar enquanto as pessoas aplaudiam.

FalshBack Off

Bom, depois disso, sem perceber meio que me “mudei” para o apartamento dele – que eu costumo falar que moro mais lá que ele, afinal ele esta quase sempre viajando.
Isso tudo aconteceu mais ou menos na mesma época que a saiu da agencia pra trabalhar como auxiliar da Ju – produtora dos meninos – assim ela trabalhava no que amava e ainda acompanhava o Afonso em quase tudo.
Como o meu quarto estava vago e a vaga de estagiaria também, chamei a Alice pra trabalhar comigo e ela topou de imediato, foi morar no apartamento dos meninos e estava vivendo um sonho. Sempre que o Renato viajava na semana eu a trazia pra ficar comigo no apartamento e isso nos fez ficar ainda mais próximas.
Mas voltando aos dias atuais, estávamos eu e a Alice fechando a agência para as tão esperadas férias coletivas de fim de ano
- nem acredito que já tem sete meses que vim pra cá – ela falava fechando a porta – agora eu entendo porque tu e o Afonso não querem voltar pra casa – ela falou rindo.
- Pinhais é o nosso refugio, Lice, nosso lugar sagrado – falei divertida quando chegamos à porta do elevador – eu devo ter comido algo estragado, todas as vezes que eu peguei esse elevador hoje eu fiquei com ânsia...
- isso que tu nem come a comida dos meninos, eles vão morrer de intoxicação qualquer hora dessas – ela falou e eu sorri concordando e me concentrando em não vomitar – mas mudando de assunto, quando o Rê volta?
- amanhã cedo – falei quando a porta se abriu já no estacionamento – ele disse que o show ia acabar muito tarde e era mais seguro dormir umas horas antes de voltar de carro.
- o que tu fez com o Renato? - ela falou rindo alto - porque ele não era o tipo que se preocupava com isso...
- acredite Lice, tô tão chocada quanto você - falei entrando no carro e destravando a porta do passageiro pra ela entrar - mas e ai, tá tudo certo pra festa amanhã?
- tá sim, a Nanda e a estão organizando tudo, a mim só restou fazer os convites e garantir que o Nando e o Thiago não deixem todo o apartamento cheirando a maconha - gargalhei - a primeira parte foi fácil, já a segunda...
- até o traficante tá achando que eles estão pegando pesado - rimos tão alto que as pessoas que estavam no carro do nosso lado nos olharam - ainda bem que sou só convidada pra virada de ano tradicional da ComedyHouse.
- ah tá, tu que não me ajude a lavar a louça depois não, pra ver se não te jogo da varanda!
Rindo disso e de mais um milhão de besteiras fomos pro apartamento, chegamos lá ainda não era 16h e a Marcia estava terminando de passar as camisas do Renato.
- Marcia sua linda, como você tá? – falei a abraçando por traz, o que a fez rir alto – te comprei um negocio, vou pegar.
- to bem , e você? – ela falou rindo – não precisava, to com vergonha agora... não comprei nada pra vocês!
- deixa de ser boba, você conserta a zona que a gente faz e ainda é essa coisa tudo de bom de viver – ela riu alto, Alice já a tinha cumprimentado e ido tomar banho – espero que você goste.
Ela abriu o envelope e a reação foi exatamente o que eu imaginava.
- só você e o Renato pra me darem isso – ela disse rindo, mas com os olhinhos marejados – um vale compra de R$ 1000,00 na Polishop, vou gastar tudo de Flavorstone – ela falou rindo alto e eu a acompanhei.
- sabia que você ia gostar – falei revirando a geladeira até achar a torta que tinha sobrado de ontem – já planejou as férias? - enfiei o prato no micro-ondas e fiquei aguardando terminar de esquentar - conseguiu 30 dias com todo mundo igual você queria?
- graças a Deus , consegui sim! vou com o boy passar a virada na praia e depois dar um pulinho em Minas, nada de mais – assenti dando uma garfada na torta e ela balançou a cabeça em negativa me olhando – vocês dois precisam comer direito, vão acabar ficando doentes.
- pior que eu acho que já tô viu, passei o dia enjoada – ela me olhou meio assustada – que foi? Que cara é essa?
- imagina só você gravida – senti minha garganta secar na hora, nem tinha pensado nisso – iam ser três crianças – ri tentando disfarçar meu súbito medo.
- Nem brinca Marcia, não tenho maturidade pra isso – ela riu alto e eu fui comer minha torta, tentando fingir que não estava preocupada.
Eram quase 18h quando ela foi embora e ficamos só eu e a Alice, ela entretida com o celular e eu vendo um canal qualquer da tv. Lá pelas 20h tomei um belo de um banho e quando saí ela estava trocada
- ei, vai aonde? – falei me jogando na cama de novo, já de pijama
- vou descer ali na Augusta com uns amigos, vamos? – revirei os olhos e ela riu alto – fica ai sua idosa, mais tarde tô de volta!
Saiu jogando um beijo no ar e simultaneamente meu celular tocou, sorri indo atender já tendo certeza de quem seria.

Ligação On

Rê<3: oi amor, você sumiu hoje!

: oi meu bem, correria pra fechar a agencia... como você tá? Já está no teatro?

Rê<3: tô sim, vou te trazer pra cá qualquer hora... cidadezinha linda! – sorri com o tom dele de falar – e você? Como tá?

: ai tem uma vinícola né? Lembro quando o Afonso foi, ele comentou – respirei fundo e senti a ânsia vir, respirei fundo mais uma vez antes de responder – e bem eu não tô, a gente precisa começa a comer comida de verdade – ele riu - só to engordando e agora to aqui morrendo

Rê<3: engordando onde ? – ele falou rindo e eu o acompanhei – e sobre comer comida, isso é verdade... aposto que você ta ruim por que insistiu naquela torta né? – fiquei em silencio – falo nada, Alice tá ai?

: tá nada, foi pra Augusta com uns amigos dela – suspirei e ficamos uns segundos em silêncio só escutando a respiração do outro – tô com saudade, ultima vez que dormimos juntos foi na noite de natal.

Rê<3: dormimos? tenho outras lembranças desse dia - ele falou rindo - também tô amor, muita – sorri com isso – mas vamos ficar 10 dias tão grudados que vamos virar siameses

: só você mesmo – falei rindo alto – eu te amo...

Rê<3: nem metade do tanto que eu te amo, pentelha – ri alto – tenho que ir, lá pelas 9h to em casa!

: quebre a perna amor, bom show! – rimos alto – tchau!

Ligação off

Desliguei o celular e juro que fiquei tentando ser imaginativa, mas o que a Marcia falou ficava fazendo eco na minha cabeça “Imagina você gravida?”, comecei a fazer contas de cabeça e honestamente não conseguia nem lembrar de quando foi a ultima vez a menstruei, podem me chamar de relapsa, não ligo.
Depois de quase fazer um furo no chão do apartamento indo de um lado pra outro decidi que ia fazer um teste, não tinha como dar positivo, afinal a gente se cuida – quase sempre - e já tem muito tempo que somos assim, nunca aconteceu nada.
Liguei na farmácia e pedi pra entregarem um daqueles “Clear Blue”, ok, eu pedi pra trazerem três, e desci lá na portaria pra esperar. Em cerca de meia hora o motoboy chegou e me entregou o pacote, paguei, agradeci e subi, seja o que Deus quiser, né?
Sentei na cama com aquelas três caixinhas na mão e comecei a ler as instruções, era bem simples “faz xixi no palito, espera aparecer escrito e pronto”. Vai dar negativo , confia em mim! Eu repetia isso na minha cabeça de modo insistente – como se um mantra fosse mudar o resultado – e fui pro banheiro.

“Gravida 2 - 3 semanas”

Que? Como assim?
Fiz os outros dois já chorando de medo, alegria, desespero, ansiedade e mais medo. Os dois – obviamente – deram o mesmo resultado. Devo ter chorado por cerca de uma hora sentada no chão do banheiro, pensando em como ia me virar com um filho? O Renato viaja o tempo todo, eu tenho meu trabalho. Ai caramba, minha mãe vai me matar! Sim, ela vai... com certeza ela vai me matar.
“Ok, . Bora ser adulta né? Um nenezinho lindo, sinal do amor de vocês... vai ser difícil, mas vai dar certo” esse pensamento me fez sorrir, sorrir grande e largo.
Já mais animada eu voltei pro quarto, peguei uma caixinha que estava jogada lá tinha um bom tempo, arrumei os três testes dentro, embrulhei e deixei na mesinha de cabeceira, já que tenho que dar essa noticia que seja com estilo.
Ansiedade não estava me deixando dormir, então fui arrumar o guarda roupa, lavei a louça que estava na pia, por um momento fiquei puta por ter deixado a Marcia vir – como eu ia me distrair agora? – e voltei pra cama. Olhei a hora e não era nem meia noite. Que saco!
Continuei trocando de canal da tv insistentemente até achar um filme que eu adoro “todo mundo em pânico”, ajeitei-me confortavelmente e fiquei assistindo.
Acordei com o toque de mensagem do meu celular.

Mensagem on

Lice: ale, to indo dormir no Igor… não fica puta, ok?

Ale: tanto amigo… tinha q ser o mais cuzão! Ok Alice, juízo e respeita a casa da mãe dele como se fosse a nossa.

Lice: ta bom mamãe!

Mensagem off

Fui na agenda e achei o contato do Igor.

Mensagem on

Ale: se minha irmã se machucar eu vou machucar vc. Cuida dela!

Igor: vou cuidar , ela que vai acabar me machucando. Hahaha

Mensagem off

Recado dado voltei a dormir.

POV RENATO

A 3ª sessão acabou já era quase 2h, fui lá fora pra cumprimentar o pessoal e todo esse processo levou mais uma hora. No fim das contas fomos sair do teatro pra ir pro hotel já passava da 3h.
É claro que daria pra voltar pra São Paulo, seriam menos de 2h de carro, mas estávamos vindo de uma semana corrida e pra não correr risco na estrada decidimos dormir umas horas.
Confesso que era muito ruim saber que deixei a lá em casa sozinha – na nossa casa, falo isso com o maior orgulho – mas trabalho é trabalho.
Deitei pensado em como a vida tem sido generosa comigo. A carreira tá indo bem, tô estável, família tá top, e o amor? Esse tá do caralho!
Sorrindo idiotizado com esse pensamento eu apaguei.

***


Como é bom chegar em casa!
Abri a porta e estava tudo em silencio, nem sinal da dela e nem da Alice
- ? – chamei colocando a mochila na cadeira da sala.
- to no banheiro amor, já saio - ela falou com a voz abafada.
Deixei minha mala ao lado do balcão da cozinha e fui em direção ao quarto, ele estava impecavelmente arrumado, janelas abertas com o inicio do sol entrando, a única coisa fora do comum era uma caixinha embrulhada em cima do criado mudo.
Sentei na cama e fiquei esperando ela, pouco depois ela veio na minha direção ainda de pijama – e linda, puta merda como essa mulher é linda – e se jogou em cima de mim.
- ai que saudade! – ela disse entre beijos.
- você ta melhor?- ela assentiu com um sorriso travesso – que cara é essa ?
- bom, eu ia guardar pra te dar a noite, mas como pensei que talvez algo pudesse acontecer e estragar a surpresa, resolvi te dar seu presente agora – ela falou segurando a caixinha na minha frente, confesso que estava bem curioso, mas ela ia enrolar como sempre – eu espero que você goste, e que... ah quer saber, toma isso logo.v Ela me entregou a caixinha e sentou na cama, tive um pouco de dificuldade com o papel, mas depois de um pouco de trabalho consegui abrir, quando vi o conteúdo sentei na cama sem reação.
- , isso é serio? – falei olhando pros três testes de gravidez na caixinha, todos positivos.
- sim, aparentemente é bem serio – a olhei e a alegria tinha sumido dos seus olhos.
- eu vou ser pai, eu não acredito – corri ate a janela do apartamento e ela ficou me olhando atônita – EU VOU SER PAI! – não sei explicar o que estava sentindo, só que era uma felicidade que nunca tinha experimentado – a gente vai ter um filho , um filho – falei com a voz meio embargada, segurando firme o choro, só então notei que ela segurava o choro também – amor, como você ta?
- com medo – ela desabou, eu a acolhi em meus braços e deixei umas lagrimas escorrerem sem que ela visse – a gente não sabe nem se cuidar, Rê, como vai cuidar de uma pessoinha pequeninha? Como isso vai dar certo?
- ei, calma amor, a gente tá junto nessa – falei secando o rosto dela, tentando fingir que não estava com o mesmo medo – eu cuido de você, você cuida de mim e a gente cuida dela – pousei minha mão na barriga dela e sorri.
- dela, Renato? – ela falou finalmente rindo – quem disse que vai ser menina?
- tem que ser , pra ela iludir os filhos de todos os nossos amigos – falei a abraçando, parece mentira, mas parecia que eu a amava ainda mais agora do que antes – eu te amo, e prometo que vai dar tudo certo!
- eu também te amo – ela disse quando ainda estávamos abraçados

***


- pra quem a gente conta primeiro? - perguntei depois de um tempo, já estávamos na cama vendo um filme que não lembrava o nome, ela estava aninhada no meu peito.
- acho que pra nossas mães - ela disse fazendo uma careta e eu sorri - dona Ciça vai matar a Gente, e depois ressuscitar a gente e matar de novo pra queimar os pedaços.
- para de exagero amor - falei rindo e espremendo ela nos meus braços - vai ser o primeiro neto dela - ela riu também - e do seu pai vai ser o nono?
- oitavo amor - ela sentou na cama e pegou o celular - bom, deixa eu ir ali falar com a fera.
Ela levantou visivelmente apavorada é isso me fez fica ansioso pra saber como seria o meu lado da história.
Peguei o celular e disque o número da véia.

Ligação on

Mãe: oi filho, tá tudo bem?

Eu: bênça mãe, aqui tá tudo ótimo, e por aí?

Mae: Deus te abençoe, aqui tá tudo bem também… e a ?

Eu: é sobre ela mesmo que eu queria falar

Mae: não acredito que você terminou com ela Renato, onde você vai achar outra daquela? Fala pra mim pelo amor de Deus… você só pode ser maluco, aposto que foi por causa de piranhagem neh? Ah meu pai…

Eu: mãe, a senhora vai ser avó - só assim ela parou de gritar e me ouviu - é mãe, seu caçula vai ser pai

Mae: ah meu Deus, eu não acredito! Tô tão feliz! Seu pai vai ter um torço - rimos alto

Eu: eu também mãe! Nem tô acreditando ainda!

***


Essa conversa se estendeu por quase 20 minutos, com ela falando sobre responsabilidade e que quando precisasse ela viria pra ajudar é etc…
Assim que vi a vir do quarto de visitas me despedi da minha mãe e a esperei sentar de novo ao meu lado.
- e aí? Como foi? - perguntei, ela suspirou bem fundo antes de responder.

POV

levantei da cama, peguei o celular e fui me esconder no quarto de visitas, desbloqueei a tela e fiquei encarando o aparelho por um tempo, respirei fundo e disquei um numero que eu sabia de cór.

Ligação On

: eu preciso de ajuda, coisa séria! - falei assim que a ligação foi atendida.

Afonso: que o Renato fez? dessa vez eu mato esse filho da puta! - ele falou bravo e eu ri.

: ele não fez nada piá, preciso de ajuda porque tenho que contar uma coisa pra mãe e tô com medo dela - ele riu aliviado - mas agora acho que to com medo de você também..

Afonso: estamos muito longe da mãe, ela não pode te bater - ri alto, só que de nervoso - não é como se você fosse confessar um assassinato, desembucha!

: não grita comigo, por favor - ele permaneceu em silencio, como sempre fazia quando eu travava pra falar - você vai ganhar um filhado ou afilhada...

Afonso: pera, eu acho que não entendi... você tá gravida Mendes ? é isso mesmo?

: uhun - respondi já chorando.

afonso: não chora, você prometeu que não ia chorar mais na minha frente

: você ta bravo comigo, e eu to cheia de hormônios e a mãe vai ficar brava comigo também, mas eu to feliz e to falando um monte de coisas ao mesmo tempo - fui interrompida pela gargalhada dele - que foi?

Afonso: esse é o melhor presente de natal atrasado que eu ja ganhei na vida - respirei aliviada e senti ele fazer o mesmo - a mãe tava falando disso no natal, que queria muito ser avó e que achava que você logo ia dar esse presente pra ela... vai ficar tudo bem .

: obrigada, muito obrigada mesmo - sorri ainda chorando - acho que agora posso ligar pra ela tranquila... não conta pros meninos ainda tá?

Afonso: seu segredo ta seguro, te amo insuportável.

: também te amo, ridículo!

Ligação off

sequei o rosto sentindo uns 50k a menos nas costas, e ja esboçando um sorriso liguei pra dona Ciça.

Ligação on.

mãe: vai dizer que vai pra casa do seu irmão e não vai conseguir me ligar mais tarde? - ela falou tudo isso tão rápido que mal deu pra entender.

: oi mãe, eu to bem sim, e a senhora? - falei rindo e escutei a risada do rafa no fundo, ela sempre atendia no viva voz.

mãe: não, por que todo mundo resolveu me abandonar, a gente cria filho pra eles nem darem as caras nas festas de fim de ano, to eu e Rafael em casa sozinhos, 3 filhos e estamos sozinhos - sim, ela estava muito brava e isso me fazia rir muito - ", relaxa eu acalmo ela depois, sua mãe ta loca"

: mãe, to gravida! - e o silencio repentinamente foi estabelecido - mãe? rafa? alguém pode, por favor, falar alguma coisa?

mãe: tá vendo Rafael, 3 filhos e 1 neto e vamos passar a virada só nos dois, pode isso? - eu gargalhei e ela também - filha eu tô tão feliz, que foi você e não a desmiolada da Alice... tem q fazer o pré natal completo, vou ter que combinar com a mãe do Renatinho, a gente vai ter que ajudar vocês né? trabalham tanto

: mãe calma, eu descobri isso ontem a noite - respirei fundo - dia 2 vou procurar um medico, vou ser responsável, a gente vai decorar o quarto juntas e vamos brigar muito por causa disso... eu liguei logo por que queria te dar a noticia...

mãe: mamãe te ama, e já ama essa coisinha que ta crescendo ai - meus olhos se encheram de novo - "eu só tenho 43 anos, sou muito novo pra ser avô!" tá me chamando de velha Rafael? - fiquei rindo da discussão deles e sentindo o peito apertar de saudade - por que eu tenho 46, algum problema? "Cecilia do céu, você ta mexendo com Drogas?"

: gente eu ainda tô aqui! - eles riram alto - obrigada por tudo, aguardo vocês aqui semana qui vem.

mãe: nos vemos em breve então, feliz ano novo, porque eu sei que você não vai me ligar meia noite... filho é tudo assim mesmo, agora você vai ser mãe vai entender - olha ela puta de novo, ri com isso.

: te amo mãe, amo mesmo que a senhora seja meio doida - rimos alto - agora vou ali contar pro Renato que a senhora não vai matar a gente. beijos!

Ligação Off

Voltei pro quarto e vi ele desligar o celular assim que me viu, sentei na cama quieta
- e aí? Como foi? - fiz alguns segundos de silencio só por que ele ficava lindo quando estava aflito.
- a gente não vai morrer - falei rindo - ela amou, vai ser a avó mais peguenta do mundo, e o Afonso o padrinho mais ciumento do mundo...
- mais peguenta que dona Margareth? isso eu duvido! - rimos alto - já que você escolheu o padrinho, a madrinha é por minha conta, ok?
- fechado! - me joguei em cima dele e comecei a dar beijos no seu pescoço, isso fez ele me segurar mais forte pela cintura.
- amor, assim eu não te resisto! - ele disse retribuindo meus beijos enquanto eu levantava sua camisa.
- é esse o plano, a gente tem umas horinhas antes de sair - falei me fazendo de sexy, e é claro que rimos alto disso.
- vou acabar com vc! - ele falou invertendo nossas posições, ergueu minha camisa e aproximou a boca da minha barriga - e vc ai, fecha o olho! Papai e mamãe tem uns negócios pra resolver!

***


22h00
31/12


- Desse jeito a gente só vai chegar na festa em 2019 - Renato berrou do sofá pela milésima vez.
- "case com um comediante" eles disseram, " ele só vai te fazer rir" eles disseram - resmunguei e pude escutar a risada dele na sala, enquanto colocava meu vestido, já me sentindo gorda e com medo dele não fechar, afinal eu tinha comprado ele mês passado, caminhei ate a sala e me virei de costas - fecha o zíper pra mim? não to dando conta...
- Benza Deus hein - ele disse dando um beijo na minha nuca antes de subir o zíper - vai ser gostosa assim lá em casa! - ri alto e me virei de frente pra ele.
- já to na sua casa, idiota! - nos abraçamos.
- nossa casa , nossa! - me afastei dele uns passos e ele me observou, senti que estava bem vestida só pelo olhar dele que parecia que iria me devorar. Vestia um vestido branco rodado e um salto preto, joguei todo o meu cabelo para o lado ao estilo Jessica Rabbit, batom vermelho matador, olhos bem delineados, um brinco discreto e no dedo a linda aliança que eu havia ganhado no natal.
- e ai? tô aprovada? - falei dando uma volta.
- a gente precisa mesmo sair? - ele falou com um jeito bem sacana na voz eu revirei os olhos - ta maravilhosa amor, vamo?
saímos do apartamento desejando feliz ano novo pros vizinhos que encontramos pelo caminho.
Chegamos na casa dos meninos já era quase 23h e o apartamento parecia apertado de tanta gente que tinha dentro. entramos cumprimentando a todos, mas confesso que meus olhos procuravam pela Alice, assim que a encontrei - com um Igor pendurado na cintura - fui em sua direção.
- Oi gente - ela e as pessoas que a cercavam responderam - Lice, a gente pode conversar um minutinho?
ela me seguiu sem falar nada ate entrarmos no quarto dela.
- Fala - o tom dela me pegou como um soco - algo pra me contar?
- nossa, quem é você e o que fez com a minha irmã? - ela cruzou os braços e me encarou - bom, eu ia te contar que to gravida e que queria que vc soubesse por mim... mas como ontem vc foi dormir no Igor não deu pra te contar - falei ja chorando, dei as costas pra ela e fui em direção a porta.
- Desculpa, - me virei de volta - o Afonso veio todo empolgado me falar e eu fiquei puta...
- eu fiz o teste ontem a noite amorzinha - ela sorriu e veio colocar as mãos na minha barriga - vc vai ser titia Lice, seu primeiro sobrinho!
- a titia já te ama viu, não vou deixar a maluca da sua mãe te enfrescurar e nem o doido do seu pai te jogar pra cima - nos abraçamos bem forte - te amo , obrigada por esse presente!

***


A festa estava super animada, estava na varanda com a , Nanda, Alice, Eva e mais algumas outras meninas conversando animadas e rindo alto quando alguém lá dentro da casa começou:
- 5... 4... 3... 2... 1! FELIZ ANO NOVO - começamos todos a nos abraçar e desejar todas aquelas coisas lindas que falamos todo ano.
depois de uns 30 abraços encontrei com o do Afonso, não dissemos nada, a nossa cumplicidade já dizia tudo.
- juízo! - ele disse quando soltamos o abraço - agora vou te soltar porque tem um pessoa que vai me matar se eu não fizer isso! - separamos o abraço rindo e me virei pra traz.
- feliz ano novo meu amor - eu disse quando o melhor par de braços do mundo me encontrou.
- feliz vida nova mulher da minha vida, mãe do meu filho, minha melhor amiga - olha eu chorando de novo - obrigada por não desistir desse desajustado, ex solteiro de nascença...
- eu te amo Renato, nem que eu não quisesse - ele riu alto.
- acho que essa família que a vida deu pra gente merece saber da nossa novidade - sorri assentindo, ele me abraçou de lado - AÊ CAMBADA, ATENÇÃO AQUI! - todo mundo se virou pra nós.
- Renato vai falar? lá vem bosta! - Ventura falou e todo mundo riu alto.
- Eu não ia falar nada, mas nesse momento estamos excedendo o limite de convidados do prédio! - Afonso e Alice entenderam na hora, e seguraram um risinho.
- tá doido batata? 40 pessoas viado, tá lá nas normas - Um Nando meio chapado falou e todo mundo ficou com uma clássica cara de Ué.
- exato idiota, estamos em 41! - ele falou colocando a mão na minha barriga.
Foi como se tivesse dado meia noite de novo, só que dessa vez os fogos de artificio estouraram só no nosso peito.


7. Epilogo: nunca há um fim, apenas recomeços.

17 de agosto 2019, São Paulo
Teatro Santo Agostinho

POV Renato

- E ai mano? - Ventura disse me dando um abraço assim que entrei no camarim - Obrigada mesmo por ter vindo!
- Obrigada vocês pelo convite, não marquei nenhum show longe esses mês, dona Helena tá de rosca - todo mundo riu alto.
- Fala ai cuzão - Afonso chegou fofo que só ele - e a ?
- Cunhado - ele fica puto quando chamo assim - ficou em casa com a Alice e a sua mãe.
- Como você tá aguentando minha mãe lá? Ela e a são uma formula explosiva - todo mundo riu alto.
- Ela tá de boa viado, as duas tão um grude só - verifiquei o celular e não tinha nenhuma mensagem, não sei isso me deixa tranquilo ou apavorado.
- Essa filha só pode ser sua mesmo Batata - o Diih falou rindo - menina ta mais enrolada que a Alicia! tá de quanto tempo já?
- 39 semanas, o medico disse que a qualquer hora podia nascer - falei sentindo minhas mãos suarem frio - tamo ai né, enquanto a piá não nasce vamos juntando dinheiro pras fraldas!
- Dinheiro? Achei que você tinha vindo pela amizade – o Marcio disse se fazendo de sério – não se faz mais comediante como antigamente mesmo viu!
Todos rimos e continuamos ali conversando ate a hora de começar.
As 21h em ponto show começou, e como sempre foi doidera! Depois de todas as apresentações solo veio o momento da fila de piadas!
"Senhoras e Senhores, nós somos os 4 amigos e começa agora a fila de piadas. Façam muito barulho para Diih Lopes, Marcio Donato e Afonso ! - eu estava lá no canto do palco esperando minha deixa e vi a passar com uma cara séria e o celular no ouvido, olhei questionando e ela sussurrou "ta tudo bem, vai la e arrebenta" voltei minha atenção para o palco onde o Ventura dava continuidade - essa noite temos a honra de contar com ilustre pessoa de um grande amigo da vida e da comédia, Cachorro belga de Santo Amaro, recebam o amigo do menino Ney, o cara de engravidou a irmã do Afonso, o ex pegador Renato Albani - entrei no palco a aquelas palmas eram como combustível, me fizeram ficar ainda mais animado - em homenagem ao Diih e ao Renato, o tema da fila é paternidade"

***


Com a barriga doendo de rir encerramos o show e voltamos pro camarim, assim que a me viu veio na minha direção com a cara mais assustadora do mundo.
- Rê, tá tudo bem ok?
- A sua cara ta falando outra coisa, fala logo - um leve arrepio desceu pela minha coluna, respirei fundo esperando ela continuar.
- Você precisa ir pro Santa Joana, assim que você saiu a bolsa da estourou - eu sabia que isso ia acontecer em algum momento, mas ainda não tava pronto pra ser agora - o Afonso vai com você, assim que encerrar tudo aqui vamos todos pra lá.
- que? - ela me olhava como se eu fosse idiota
- Amor, leva o Renato, ele vai cair duro aqui!
A hora seguinte passou como um flash, fomos em silencio ate o hospital. Assim que entramos avistei a dona Ciça tranquila sentada ao lado de uma Alice apavorada.
- Oi mãe, e ai pirralha - o Afonso falou cumprimentando elas - cadê a gravida?
- Estão preparando ela, daqui a pouco o papai fresco ai pode entrar - isso que ela disse me fez despertar.
- Desculpa dona Ciça, é que não to acreditando que essa fedelha esperou eu virar as costas pra faze isso - eles riram, mas lá no fundo eu estava me sentindo traído pela minha filha que estava pra nascer - mas como a ta?
- Ela ta te xingando em todas as línguas que ela conhece e em algumas que parecem vindas do inferno - Alice disse se divertindo com a minha cara - disse que a culpa é sua dela estar com tanta dor.
- Acho que é um bom momento pra ir comprar cigarro batata - o Afonso falou e rimos num volume que todos ali na sala de espera nos olharam.
- Vocês me dão licença um pouquinho - disse saindo - vou fazer uma ligação ali.
Sai da sala de espera, peguei meu celular e de tanta ansiedade tive que - pela primeira vez na minha vida - procurar o telefone da casa do meus pais na agenda.

Ligação on

- Alô? - respirei aliviado quando vi que tinha sido meu pai a atender.
- E ai seu Severino, tudo bom?
- Renato? tá tudo bem? já é quase meia noite - ele falou visivelmente preocupado - a ta bem? a bebe?
- Fala de horário com sua neta, ela que quis começar a tortura da mãe dela essas horas - falei rindo - daqui a pouco vou entrar lá pro quarto então resolvi ligar antes.
- Margareth corre aqui - ri alto com a animação na voz dele - Heleninha vai nascer - minha mãe pediu o telefone - filho fica calmo tá? Deixa ela te xingar e não desmaia.
- Não vou desmaiar dona Margareth, fica em paz, e vê se faz suas rezas ai viu - falei rindo e escutando meu pai rir também.
- pode deixar filho, nós vamos aguardar noticias - minha mãe disse e ao fundo pude escutar meu pai ligando pros meus irmãos - a gente ama vocês, vai dar tudo certo. Fala pra não ser teimosa e pedir a anestesia se ficar muito difícil.
- Pelo que conheço dela mãe, se pudesse ja estaria sedada e acordaria com a bebe nos braços - rimos alto - amo vocês!


Ligação off

Voltei pra sala de espera e simultaneamente a enfermeira apareceu.
- Acompanhantes da senhora Mendes ? - todos nos levantamos e fomos ao encontro dela - só uma pessoa pode entrar. Quem vai ser?
- Eu vou - falei sem nem pensar - se eu não entrar, ela me capa - Afonso riu.
- Os demais podem ficar no quarto pra onde ela vai depois, me acompanhem, por favor.
A seguimos por um corredor que não perdia em nada pros dos hotéis que já passei por ai, ela parou em uma porta onde havia um enfeite rosa com o nome da minha filha, entregou uma pulseira de identificação pra cada um deles e eu continuei a acompanhando. Entramos no elevador subimos 2 andares, ai sim, saímos em um lugar com aquela cara de hospital, paredes brancas, cheiro de álcool e pessoas muito sérias. Caminhamos por mais um longo corredor e paramos diante de uma porta.
- O senhor é o companheiro dela? Pai da criança? - assenti - como se chama?
- Renato Albani - ela anotou na ficha, me deu um crachá e uma pulseira igual a do pessoal que ficou lá em baixo.
- O medico gostaria de falar com o senhor - mais uma vez o cu trancou de medo - aguarde aqui, ok?
Ela saiu pelo corredor e o desespero começou a tomar conta de mim, logo o tal medico apareceu.
- Eu adoro o seu trabalho - ele falou bem calmo.
- Opa, tu me conhece? - ele assentiu - Eu espero gostar do seu também - ele riu alto.
- Pode ficar calmo Renato, tá tudo bem com e com a bebe - acho que nunca respirei tão aliviado na vida - porem, eu conversei com o grupo medico e como ela já chegou com dor e com a bolsa rompida e mesmo com o medicamento a dilatação não evoluiu, nós recomendamos a cesárea.
- Ta certo, faz o que tiver que ser feito - falei sem pensar duas vezes.
- Tá ai o problema Renato, você vai ter q convencer a sua esposa. Por isso quis falar com você primeiro - ele me entregou uns papeis na mão - caso ela não aceite e vocês decidam insistir no trabalho de parto natural, vão precisar assinar esse termo de responsabilidade.
- Deixa comigo - falei entrando no quarto, estavam ela e uma enfermeira - amor - ela me olhou e juro que senti medo - por que não me ligou quando veio?
- Não queria que você faltasse ao show - ela falou calma, mas estava visivelmente cansada, me aproximei dela, dei um beijo no alto de sua cabeça e ela sorriu - ai, ta vindo mais uma! - e ela gritou, um grito que era o suficiente pra quase me fazer cagar na calça, depois de uns segundos ela respirou fundo e ficou calma novamente - me deixa com ele um pouquinho? - a enfermeira saiu em silencio e ela me olhou - amor, eu não aguento mais, vou morrer!
- O medico quer fazer a cesárea amor, sem dor, olha que top - falei e ela quase riu olhando minha cara de idiota.
- Eu sei, eu só tava enrolando pra dar tempo de você chegar - ela grudou minha mão com uma força que se fosse a minha garganta teria me matado e gritou - chama o medico amor, manda ele me drogar, quero ver unicórnios!
- Você deveria fazer comedia, sabia? - disse alisando a mão e ela rindo - acenei pra enfermeira entrar - avisa o medico que ela topou.

***


18 de agosto 2019. 01h12

- Seja bem vinda a esse mundo louco, filha - sussurrei segurando ela ao lado do rosto da Ale na mesa de cirurgia - essa é a sua mãe, e hoje ela esta mais bonita do que em qualquer outro dia.
- Oi filha, eu te amo e seu pai é um idiota - rimos baixinho, venerando aquele pacotinho de felicidade - seja bem vinda Helena Albani.

POV

- Tá bom mãe, vai dar tudo certo - eu afirmava pela décima vez antes da dona Cecília ir embora.
- Sabe que é só ligar que eu volto, né guria? - ela disse me abraçando – Renatinho vê se cuida direito das minhas meninas viu!
- Pode deixar dona Ciça, vou cuidar, sou o próprio Rodrigo Hilbert - eles se abraçaram rindo e ela pegou a Helena dos braços e a abençoou.
- vamos dona Maria Cecilia, se não a senhora vai perder o avião - Afonso falou depois de encher a bebe de beijos – você vai lá embaixo com a gente, ?
- Vou sim - dei um selinho no Renato - amor, você coloca a Helena pra dormir? - ele assentiu com um sorriso bobo, se despediu de todos mais uma vez e saímos.
Fomos para o elevador - Afonso, minha mãe, , Alice e Eu - conversando e rindo alto, nem parecia que já tinha 50 dias que minha mãe estava aqui - ela só foi embora depois que o Afonso e a batizaram a Helena - meu peito doía só de saber que teria que esperar ate as festas de fim de ano para vê-la novamente, sem duvida nenhuma eu ia morrer de saudade dela.
Chegamos ao estacionamento e continuamos conversando, tava claro que ela não queria ir e eu não queria que ela fosse, mas depois de uns 20 minutos nisso, Afonso - que parecia mais triste que eu pela partida da Mãe - suspirou e falou.
- A gente realmente precisa ir - meus olhos se encheram, abracei ela mais uma vez e também abracei a Alice e a que tem sido tão importantes pra mim e pra minha nova família, todos eles entraram no carro, antes de sair o Afonso abaixou o vidro - , domingo a gente vai lá no mêsversario da Alícia, vocês vão? - ele disse já com o motor ligado.
- Vamos sim, nos vemos lá então! - acenei enquanto ele dava ré para sair da vaga - Vão com Deus, e mãe, vê se não enlouquece o Rafa - falei e eles foram embora rindo.
Voltei para o elevador e rapidamente estava na porta de casa, entrei tentando fazer o mínimo de barulho e pelo silêncio que estava no apartamento o Renato tinha sido bem sucedido na missão de fazer a mocinha dormir.
Entrei no quarto dela de ponta de pé e não a encontrei - ela nunca ficava lá - fui pro meu quarto e como sempre fiquei idiotizada olhando a cena: Helena dormindo toda a vontade no peito do Renato, com certeza ali era o meu paraíso particular, o meu melhor erro!




Fim.



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro no script/layout dessa fanfic, favor avisar no meu e-mail ou twitter.


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