Finalizada em:26/08/2020

Capítulo Único

A praia do Leblon estava cheia naquela manhã de sábado, e estava lá, como acontecia em quase todos os finais de semana de sol, junto com algumas meninas com quem estudava na faculdade de psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Ela e a melhor amiga frequentavam sempre o mesmo ponto da praia e já conheciam os rapazes que jogavam futevôlei bem em frente ao local onde estavam. As demais estavam olhando para eles e fazendo comentários.
estava deitada em sua canga, ouvindo duas das meninas falarem sobre um dos garotos, que usava uma sunga verde. Segundo as duas, ele era o mais gato, mas para a terceira das amigas que a acompanhavam, que entrou na conversa de repente, o de bermuda vermelha era uma delícia e tinha cara de ser ótimo na cama! Melhor que o favorito das outras duas.
A melhor amiga de foi a última a falar e concordou com a avaliação, o que as deixou em um impasse.
— O que você acha, ? — Ela perguntou, querendo obter um desempate na disputa da qual os dois jovens nem sabiam estar participando.
— Do quê? — se fez de desentendida, principalmente porque a amiga sabia muito bem o que ela pensava, mas também que ela não diria. Apesar disso (ou talvez por isso mesmo), sentou-se para participar melhor da conversa. Assim disfarçaria melhor.
— Quem é mais gostoso? O Edu ou o Beto?
As amigas não se surpreenderam que elas soubessem os nomes deles, pois o fato de e terem um lugar cativo nas areias do Leblon era conhecido de todas.
— Ah, os dois são bonitos — respondeu , olhando na direção em que ambos estavam, jogando em dupla contra e Artur. Seu tom foi indiferente, e pensou em como ela era um talento perdido, fazendo psicologia. As novelas da Globo estavam tardando em descobrir uma grande atriz pois ninguém jamais teria sonhado que ela já tinha saído com os dois! Tinha confidenciado a ela que Edu, o da sunga verde, era provavelmente um dos caras mais lindos com quem tinha ficado, mas ele fora uma decepção na cama, enquanto Beto, o de vermelho, estava na lista dos poucos com quem ela topara ter mais de um encontro. Ele realmente sabia o que fazer com uma mulher!
— Ai, , cruzes! Que falta de empolgação! — Uma das meninas falou.
— A nunca entrega o jogo — pontuou uma das outras. — Ela faz jus mesmo à fama dos mineiros.
pensou que elas não tinham ideia de quanto aquilo era verdadeiro e riu.
era de Minas Gerais e morava no Rio havia três anos. Tinha se mudado para estudar na Cidade Maravilhosa (e para viver de um jeito mais livre, como sempre quisera, mas ninguém precisava saber disso).
Todas as outras eram cariocas e, coincidência ou não, elas gostavam de falar mais do que de fazer. Viviam contando sobre seus crushs e sobre detalhes dos encontros que tinham. Enquanto isso, nunca contava quando estava interessada em alguém e, se tinha um encontro, normalmente apenas ficava sabendo. A melhor amiga às vezes tinha dúvida se até para ela contava mesmo tudo.
— Ai, gente! É meu jeito, uai — ela retrucou, ficando sem graça com o desvio da conversa para si.
— E esse de azul, hein?
— Eu fazia e muito!
As meninas falaram coisas pecantes e riram de si mesmas. , por sua vez, ficou feliz que o assunto tivesse voltado a ser os meninos e mais ainda porque pode olhar para em sua sunga azul, fingindo apenas interesse em acompanhar o que estava sendo dito.
Eles tinham saído um dia antes para tomar alguns chopps, comer alguma coisa e trocar uns beijos, mas tinha ficado só nisso. E esse era um erro a ser corrigido, na opinião dela. Considerando os beijos, era possível prever que as coisas pegariam ainda mais fogo que com Beto.
Quando os rapazes pararam de jogar, e escolheram um lugar do outro lado da rede de vôlei para sentar e tomar uma cerveja, o assunto delas já era outro. então pegou o celular, abriu o whatsapp e mandou uma mensagem.
Oi, estranho!
Ela viu quando pegou o iPhone nas coisas dele, um pouco depois, e riu.
Ela o chamou assim porque não havia passado despercebido, durante os papos da noite anterior, o fato de serem estranhos um para o outro, apesar de se verem quase toda semana na praia.
, e os jogadores amadores de futevôlei trocavam “ois” e sabiam os nomes uns dos outros, porque era inevitável escutar uma conversa aqui e outra ali, mas não costumavam bater papo.
Ela e só tinham se aproximado e marcado de sair, ao se encontrar em um dos quiosques da praia quando ambos estavam sozinhos.
Com Edu e Beto não tinha sido tão diferente.
Edu e ela tinham se encontrado em uma festa, na qual ela estava com a amiga com quem dividia apartamento. Naquela mesma noite eles tinham ido parar no motel, mas ele não tivera interesse em manter nenhum tipo de contato com ela, depois que seu convite para um segundo encontro fora recusado.
Beto morava no mesmo condomínio que ela e eles se viam na academia, de vez em quando. Um dia, trocaram telefones e começaram a conversar por whatsapp. Saíram algumas vezes, mas na praia apenas se cumprimentavam como conhecidos, porque ele tinha terminado um namoro pouco tempo antes, e a ex também tomava sol no Posto 12 e conhecia um monte de gente por lá. E depois pararam de ficar tão rápido quanto começaram, porque nenhum dos dois queria um relacionamento.
Oi, mineirinha
A resposta de chegou, ilustrada com um emoji sorridente.
Quanto tempo!
Ela teve vontade de sorrir com a brincadeira, mas se manteve com sua poker face. Não queria perguntas por parte das meninas.
É verdade
Tempo de mais!

Ela concordou, sem rodeios, acompanhando sua mensagem de um emoji também: uma piscadinha sugestiva.
Vai fazer alguma coisa hoje?
Ele também não tinha razões para não ir direto ao ponto.
Ia te perguntar a mesma coisa
Minha mãe me mandou umas receitas dela e eu to pensando em fazer alguma
Interessado em provar o tempero mineiro?
A pergunta repleta de sentidos quase o fez ficar excitado, ali mesmo na praia, sem nem tocar nela.
É claro!
É só dizer o lugar e a hora
Dessa vez não conseguiu não sorrir, mas ignorou as perguntas das colegas, rindo quando elas voltaram a dizer que ela era muito sem graça por nunca compartilhar nada. Deu o endereço a , eles marcaram por volta das oito da noite e ele se despediu, dizendo que ia dar um mergulho.
Ela observou discretamente o material, enquanto ele caminhava para o mar, se deliciando com a ideia de que aquilo tudo seria dela, em algumas horas.

chegou ao apartamento dez minutos depois das oito: um atraso protocolar, para não parecer desesperado. o recebeu com um beijo, e disse para ele entrar e ficar à vontade.
— Apartamento legal, hein! — Ele comentou, observando o lugar, que ela e a amiga vinham decorando, aos poucos, havia três anos. Estava mesmo ficando exatamente (e finalmente) como elas sonhavam.
— Obrigada! Deu um pouco de trabalho, mas acho que valeu mesmo à pena.
— Com certeza! — Ele reforçou.
— Cerveja?
— Claro.
Ela foi buscar uma garrafa e duas tulipas, colocou tudo na mesa e serviu a bebida.
— À nossa! — Ele levantou o copo, propondo um brinde.
— Saúde — ela respondeu, batendo o copo no dele.
Ambos beberam, mas o gole dele foi tão longo que quase acabou com o conteúdo todo da tulipa, de uma única vez. Isso fez perceber que ele estava ansioso, o que a deixou ainda mais animada.
— Hoje você tava com umas amigas diferentes na praia, né? — Ele puxou assunto, colocando o copo na mesa.
— Uhum… Colegas da faculdade — confirmou, tomando mais um pouco da própria cerveja, antes de se desfazer do copo também. — Elas não moram no Leblon e não costumam vir pra cá, mas eu tenho a impressão de que elas vão voltar, sabe? Vocês fizeram sucesso!
— Nós?
— Você e os outros meninos. O futevôlei foi a atração principal do dia. Elas apreciaram a vista, e não foi do mar — explicou, rindo. — Não paravam de falar de vocês!
— E você? Também? — questionou, olhando nos olhos dela e fazendo um carinho em seu rosto.
— Eu apreciei a vista, claro — disse, com um sorrisinho travesso nos lábios. — Mas eu sou de fazer, não sou de falar.
— Que danadinha!
A tensão sexual entre eles a essa altura estava impossível de ignorar, mesmo que ele tivesse acabado de chegar e não tivesse terminado a primeira cerveja, nem experimentado nenhuma das receitas da mãe dela. O semblante provocativo da garota foi a deixa para que ele a beijasse intensamente.
Um beijo levou a outros e mais outros, e não demorou muito para que ela estivesse no colo dele, para que suas roupas estivessem espalhadas pelo chão e suas mãos por toda parte. O sexo foi realmente incrível, exatamente como ela tinha previsto! Ele talvez não fosse tão hábil quanto Beto, mas a química entre eles era fortíssima!
— Eu não sei você, mas eu to morrendo de fome — ela disse, depois de um tempo deitada no peito dele, enfim se levantando, colocando a calcinha e vestindo a camisa dele, em vez do próprio vestido, sem nenhuma cerimônia.
Antes de partir para a cozinha, para fritar alguns bolinhos de carne assada e assar uns pães de queijo, colocou uma playlist com músicas do mineiríssimo Só Pra Contrariar. Como bom carioca da gema, ele também adorava um bom pagode e amou a escolha. E, como o cavalheiro que julgava ser, vestiu a parte de baixo da roupa para ir fazer companhia a ela na cozinha.
— O cheiro já está maravilhoso, sem eles estarem nem prontos — comentou.
— Temperinho de família — ela disse, orgulhosa.
E eram mesmo uma delícia os bolinhos e os pãezinhos de queijo! Assim como o queijo minas com doce de abóbora que ela o fez provar, apesar de não combinarem nada com cerveja.
Então eles ficaram um tempo batendo papo, petiscando e bebendo, ao som de um pagodinho gostoso.
Mas a verdade é que nenhum deles era tão bom em conversar, o clima entre eles logo esquentava, e a temperatura não baixava nem com a bebida estupidamente gelada.
E ele até gostara dos aperitivos tipicamente mineiros que ela fizera, mas já tinha provado do tempero mineiro que havia nela, tinha se amarrado… e queria muito, muito mais!




Fim



Nota da autora: Uma ficzinha beeeeeem curtinha, só pra não deixar passar esse especial tão gostoso que o FFOBS fez pra gente. Queria desenvolver um pouco mais, mas o prazo não deixou (rs). Espero que tenham gostado!

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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