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Capítulo Único


Minha frieza parece um pouco com a sua
- Professor? – Estava entrando em sala, quando uma aluna me chamou.
- Sim, Nadine? – A encarei, sorrindo.
- Sobre o que será aula de hoje? – Eu era professor de filosofia, tinha um cronograma feito pela escola, no qual tinha que seguir à risca.
- Amor. – Eu disse e todos soltaram um “ah” de reprovação, são muito novos para saber de certas coisas. – Eu sei, classe, tema chato, mas que vale nota. Vamos começar, perguntas? – Já estava cansando de toda aquela baboseira, nunca fui um cara que gosta de falar de sentimentos.
- Professor , já se apaixonou? – Fui surpreendido pela pergunta vinda do fundo da sala, claro que já, mas não gostava do assunto.
- O que te faz achar que nunca me apaixonei, Eduardo? – Perguntei, encarando o menino loiro.
- Bom... – O menino coçou a cabeça, demonstrou medo, mas resolveu soltar o que queria. – O senhor é frio e minha mãe diz que pessoas como o senhor, não sabem o que é o amor. – A frase que vinha escutando de sua mãe todos os dias era quase igual essa.
“Se não tivesse terminado com não seria frio assim”
era um amor de pessoa, ainda é na verdade e você é esse arrogante frio. ”
- Frio? – Sai de meus devaneios. – Bem, sim, Edu, já me apaixonei, e foi uma única vez, porque alguns escritores dizem que amor verdadeiro é só um, e bem eu acredito nisso! Ok, crianças, é estranho, mas quando se têm 27 anos e mora apenas com um cachorro você para e pensa por que não tem alguém?
- Professor, por que o senhor não está mais com ela? – Raquel, a cópia perfeita de , sobrinha de minha ex.
- Porque às vezes nem tudo colabora pra algo dar certo, tá escrito, cada um tem o que merece, e o que eu mereço por ser frio é o nada.
- Nunca pensou em se apaixonar de novo? – Nadine me perguntou, séria.
- Não dá pra se apaixonar quando sua paixão verdadeira continua guardada aqui. – Apontei para meu coração. – Sou frio porque quero, meus queridos, às vezes isso é melhor. – Disse qualquer coisa, para que eles parassem de me irritar com esse assunto, principalmente Raquel. – Bom, conversamos um pouco sobre o assunto, então pra amanhã um texto me dizendo o que é o amor pra vocês, vou ler um desses textos para todos e depois vou falar um pouco sobre minha perspectiva e de alguns autores.
O sinal bateu, todos os alunos se retiraram da sala, recolhi minhas coisas e caminhei até meu carro, estava pronto para passar na casa de minha mãe, pra pegar comida e escutar seus sermões, assim como fazia todos os dias.
- , chegou bem na hora! – Minha mãe disse, toda animada. – Adivinha quem veio nos fazer uma visitinha?
- O presidente da França? – Disse frio, como sempre.
- Não, a ! – Mal escutei seu nome e logo a vi parada no batente da cozinha me olhando, deu um belo sorriso como sempre, seus cabelos agora eram castanhos e suas roupas eram ainda mais comportadas.
- Ah, oi! – Disse passando por ela e indo para a cozinha.
- Sempre amigável hein, ? – Veio até mim e me deu um beijo na bochecha.
- Não posso perder o habito. Mãe, já vou indo, tenho que corrigir as provas! – Gritei da porta da sala. – Foi bom te ver, ! – Na verdade não foi bom.
- Foi bom te ver, ! – Sai indo em direção ao meu carro, passei em um bar perto de casa e comprei algumas bebidas, chegando em casa jantei, corrigi algumas provas e abri um vinho, não podia beber muito, pois tinha aula.
era sempre o motivo de minhas bebedeiras noturnas, nosso relacionamento sempre foi conturbado, eu nunca fui de demonstrar sentimentos, e ela sempre emotiva, queria saber de minha vida, e eu não conseguia ser daquele jeito, então cansada de minhas atitudes, ela resolveu que devíamos nos separar, o problema era que eu amava aquela garota, e tudo vindo dela era como uma bomba.
- Quem é o infeliz que está me ligando? – Acordei de mau humor. – Alô!
- ? – Era voz de mulher, mas a bebida não me deixou reconhecer.
- Ele mesmo, quem é? – A pessoa desligou na minha cara, pouca vergonha isso.
- Ah! Legal me acorda e depois desliga, quem era? – Me troquei e fui em direção à escola. Cheguei um pouco atrasado, afinal a ressaca estava me matando. – Bom dia, turma, fizeram sua lição de casa?
- SIIIM! – Que bosta, to com uma puta dor de cabeça e essas crianças resolvem “sambar”.
- Ótimo, vou sortear uma pessoa. – Sorteei, merda. – Raquel. – Tinha mesmo que ser a Raquel?
- Posso ler, professor? – Raquel pediu.
- Claro! – Me sentei em meu lugar.
- Ontem quando cheguei em casa conversei com minha mãe e minha tia sobre a aula. – Ela me olhou ao dizer tia. – Bom, minha mãe é casada com meu pai, então o que ela basicamente me disse foi, que amor à primeira vista é sempre bom, mas minha tia discordou, ela disse que amor não é algo que acontece na primeira vez que se vê alguém. Amor é quando um tempo se passa e todos os dias você vê a pessoa e se apaixona mais, disse também que amor conturbado é algo que acontece, e que às vezes as pessoas fazem certas coisas para se poupar de uma dor grande. Então eu perguntei quem era a pessoa que a fez sentir isso, acredita que ela disse a mesma coisa que você, professor?
- E o que ela disse, Raquel? – A olhei interessado.
- Ela me disse que acredita em alguns escritores, acredita que amor verdadeiro é só uma vez, e por ser verdadeiro o amor não acaba. Ela ficou tão feliz que disse que ia ligar pra esse tal amor dela, e adivinha? Ele não reconheceu a voz dela, então eu te pergunto, professor, amor verdadeiro também é quando esquecemos cada detalhe da pessoa amada? – Raquel sabia, eu a olhei sem palavras, não sabia o que responder, eu amava tanto , mas nunca havia me dado conta que não sabia nada sobre ela, sua voz era tão vaga para mim, que eu fiz com que ela pensasse que eu não a amo. – Ah, ela tá na livraria perto da praça, comprando alguns livros. – Raquel me olhou sincera, eu pedi desculpa e pedi para sala responder algumas questões do livro, pedi a diretora uma licença e falei que estava mal, ela me disse para ir e voltar quando melhorar, agradeci e corri até meu carro.
Estacionei na porta da maldita livraria, entrei e procurei por , a achei perto dos livros de romance, típico dela, me aproximei e fiquei a admirando.
- Aí que susto, ! – Sua voz foi fria ao dizer meu nome.
- Desculpa, mas Raquel me disse que estaria aqui, precisava falar com você. – Ela foi até o caixa, pagou tudo e logo que ia sair começou a chover. – Viu no que dá me ignorar?
- Viu o que dá você não lembrar quem te ligou? – Ela disse andando naquela chuva e eu atrás dela, puxei seu braço a fazendo virar pra mim.
- QUAL É O SEU PROBLEMA? – Ela gritou.
- VOCÊ! – Gritei também e ela me olhou assustada. – Você é a porra do meu problema! – Abaixei o tom, e ela me olhava com lágrimas em seus olhos.
- Não sou seu problema há muito tempo, !
- Esse é o grande problema, você não ser o meu problema. – Disse sincero, e ela pareceu sorrir.
- O que quer dizer com isso? – Ela se soltou de mim e ficou parada na minha frente.
- Eu te quero, sempre te quis, mas tive que te perder para aprender isso e porra tá doendo. Tento me passar de frio, mas nunca dá certo, e é tão difícil escutar minha mãe dizer que o culpado de eu estar assim frio sou eu mesmo... Desculpe-me ter que me tocar agora, desculpe-me ser um completo idiota, desculpa não reconhecer sua voz, mas é que depois de beber pra caralho e acordar de ressaca não dá pra saber muita coisa, e me desculpa por falar tanto...
- Cala a boca!
- Como que é? Eu to aqui me declarando e você me manda calar a boca?! – Eu não acredito. Como ela é louca.
- Cala boca! – Ela disse e se aproximou. – Você sabe que eu sempre fui sua, pra que ficar fazendo papel de idiota? Você não é assim, eu me apaixonei pelo cara ogro, grosso, palhaço e frio.
Me aproximei dela, a puxei pela cintura e a beijei, quem diria que uma lição de casa iria me fazer descobrir que a amo tanto.



Fim!



Nota da autora: (26.06.2016) Olá, mais um fic minha, na verdade minha primeira short fic! Então espero que tenham gostado, é uma fic muito antiga minha, mas que eu amo muito por ser baseada em fatos reais hahha. Quaisquer coisas entrem no grupo pra acompanhar outras fics minhas
Beijos de luz, Aline Tavares (Line).

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xoxo
Aline Tavares.


Nota da Beta: Menina, que fic mais fofa. Amei como você soube desenvolver a história, as personagens, enfim gostei de tudo. Como assim baseada em fatos reais, Line? Uaaau hahaha <3




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