CAPÍTULOS: [Capítulo Único]





My new old love






Capítulo Único


Kansas City; Sete anos antes...

Sabe aqueles dias que você acorda e tem a certeza de que alguma coisa ruim vai acontecer? Então, hoje é um desses dias.
Resolvi não sair com meus pais, mas os abracei com toda a minha força pensando no meu péssimo pressentimento. Liguei pra e nós conversamos por no máximo dez minutos, e eu só falei o quanto a amava. Ela achou estranha a minha atitude, mas não me questionou.
Só faltava o , meu namorado, mas ele estava a poucos minutos de chegar pra ficarmos o dia todo juntos.
Arrumei-me da maneira mais simples possível, sem nenhuma maquiagem, porque ele dizia que eu era muito mais bonita sem, então eu tentava passar o máximo de tempo sem nada no rosto. Passei perfume, e desci as escadas indo pra sala.

Uma hora se passou e nada dele chegar, eu já estava ficando preocupada. Tentei ligar para seu celular, mas só caía na caixa postal. Na casa dos pais dele só dava ocupado.
A campainha tocou e eu só faltei dar um pulo de alivio do sofá. Corri até lá e abri a porta dando de cara com a irmã do .
- Kim?! - a olho confusa - O que você tá fazendo aqui? - mil possibilidades se passavam pela minha cabeça - Aconteceu alguma coisa com o ? - eu já estava afobada.
- Não, , ele tá bem, quer dizer fisicamente sim. - tira uma coisa do bolso - Ele pediu pra eu te entregar isso. - me entrega um papel.
- Essa é mais umas das surpresas dele? - rio me lembrando de que ele sempre me fazia alguma surpresa.
- Na verdade, não. - hesitou em falar - O agora deve está dentro do avião, indo pro Canadá. - eu senti meu coração parar depois dessa.
- Mas... Você... Não... - eu não conseguia formar uma frase completa - Por quê?
- Ele aceitou a bolsa de estudos de uma faculdade de lá, e hoje se mudou. - me olha.
- Mas ele nem comentou isso comigo. - minha voz já estava falha - Ele nem se despediu de mim. - as lágrimas começam a formar em meus olhos.
- Sinto muito. - me olha com pena - Eu preciso ir pra casa, você vai ficar bem? - eu faço que sim com a cabeça - Então, até mais. - e logo ela já não estava mais a minha frente.
Como assim ele foi embora? Ele nem se despediu. Ele nem comentou comigo sobre essa bolsa no Canadá. Eu estava inconformada.
Olhei o papel em minha mão e fechei a porta me encostando-se à mesma e escorregando até sentar no chão. Abri o papel, e tudo o que eu conseguia ver eram letras embaçadas pelas minhas lágrimas. Passei as mãos no rosto deixando tudo mais visível.

"
Eu não faço ideia de como começar a escrever isso, mas eu preciso começar de alguma forma, então... Você deve está se perguntando o porquê de ir pra outro país assim do nada, mas eu precisava fazer isso, por mim e principalmente por você. Não posso te explicar o motivo, porque eu não quero que venha me procurar, não quero você atrás de mim.
Você deve me odiar nesse momento, mas eu espero que um dia você entenda que tudo isso foi pro nosso próprio bem. Eu tive que escolher entre nosso namoro e meu futuro, acredite nosso namoro não teria futuro nenhum.
Não quero que pense que o nosso namoro não significou nada pra mim, por que na verdade significou muito. Você é e sempre será importante pra mim. E mesmo que você me odeie agora, eu amo você e sempre vou te amar.
Aonde quer que eu vá, sempre me lembrarei de você.
Xx"


As lágrimas caíam pelo meu rosto sem cessar. Ele havia mesmo ido embora. Estava tudo acabado entre a gente.
Como assim o nosso namoro não tinha futuro?
E todas as vezes que fazíamos plano parar o futuro juntos, não significou nada?
Ele realmente estava certo...
- EU TE ODEIO, . - gritei em meio às lágrimas.

Seattle; Dias atuais...
- ... - e ela gritava meu nome pela vigésima vez no dia.
Levantei-me rápido da minha mesa e corri até a sala dela, batendo rapidamente na porta e entrando. Ela me olhou por alguns segundos e voltou à atenção a revista de noivas que estava em suas mãos.
- Eu não te pago pra ser tão lenta. - ela fala com desdém enquanto virava uma folha da revista e eu reviro os olhos.
- Eu demorei menos de trinta segundos. - falo me encostando à cadeira em frente à mesa dela.
- Não devia ter demorado nem dez, . - vira outra folha com um pouco de agressividade.
- Vou começar a me teletransportar então. - falo baixo, com uma voz quase inaudível.
- O que disse? - me olha com a sobrancelha arqueada.
- Que da próxima vez eu chego em cinco. - sorrio o mais falsamente possível - Do que a senhora precisa?
- Essa semana eu tenho aquela viagem para Itália pra resolver coisas de negócio. - balanço a cabeça me lembrando da viagem que ela já havia me pedido pra organizar tudo há duas semanas - Mas eu preciso ir com o meu noivo até San Francisco aonde vamos nos casar. - vira a cadeira ficando de costas pra mim e de frente pra grande janela que tinha uma vista incrível de Seattle. - E você vai ao meu lugar.
- Eu vou? - falo confusa - Eu vou pra Itália no seu lugar? - ela gargalha e eu deito a cabeça um pouco pro lado tentando entender o motivo da graça.
- Claro que não. - se levanta e anda até a janela ainda olhando a paisagem - Você vai até San Francisco com o meu noivo. - se vira pra mim com um sorriso irônico.
- Você tá falando sério? - ela dá uma risada sem humor, provavelmente por causa da cara de boba que eu estava.
- Eu tenho cara de quem está brincando, ? - me olhava seriamente e eu balanço a cabeça negativamente - Eu preciso que você acompanhe o , e ajude a escolher o terno, a decoração, e tudo mais o que ele precisar. - se senta novamente virando a cadeira pra mim.
Agora só faltava pedir que eu fosse pro altar e pra lua de mel com ele. Ah, isso ela não pede.
O que é uma pena, porque dizem pelo escritório que ele é um Deus grego.
Eu não o conhecia, mas algumas pessoas que trabalhavam por aqui há mais tempo sempre comentavam isso.
- Se me permite perguntar... - faço uma pausa e ela arqueia a sobrancelha - Porque você não cancela a viagem para Itália e vai até San Francisco resolver seu casamento?
- Eu não posso deixar meus negócios de lado por causa de uma coisa tão boba como essa. - boba? Mas é o seu casamento. - E você é a minha secretária tem a obrigação de fazer isso por mim, porque sou eu quem manda aqui e posso te mandar pra rua a qualquer hora. - sorri cinicamente.
- Mas... - ela me interrompe.
- Você vai nessa viagem, ou você está demitida. - dá um sorriso vitorioso - Pode escolher.

(...)

Meu despertador tocou e eu só queria poder me jogar daquele apartamento. E o estrago seria grande, porque eu estou no décimo segundo andar. Porém, eu não podia fazer isso então só peguei o despertador o joguei do outro lado do quarto fazendo um barulho alto quando o mesmo encontrou a parede.
Puxei o edredom cobrindo o rosto e fechando os olhos pra tentar dormir mais um pouco. Mas logo começou a fazer um barulho na porta do meu quarto, e eu já sabia quem era.
- ME DEIXA DORMIR, MERDA. - grito enfiando o rosto no travesseiro.
- , se você não sair dessa cama agora. - fala entrando no quarto e puxando o edredom pra fora da cama - e for pra casa da em meia hora, pode dizer adeus ao seu emprego. - solto um grito alto e nervoso batendo as mãos na cama.
- Esqueci que aquela bruaca prefere ir pra Itália a organizar o próprio casamento. - me levanto da cama rapidamente sentindo uma tonteira pelo movimento brusco e coloco a mão no rosto.
- Você sabe que quando você levanta rápido te dá essas tonteiras, não sei por que faz isso. - ela joga o edredom de volta na cama - Vai pro banho que eu vou preparar seu café da manhã. - ela fala saindo do quarto e eu vou pro banheiro.
Tomei um banho tão rápido que não deu tempo nem de pensar direito. Escovei os dentes e saí enrolada na toalha. Vesti a lingerie, a calça jeans e uma regata. Calço uma sapatilha e vou pra frente do espelho pentear o cabelo. Faço um rabo de cavalo e faço uma make bem rápida só pra disfarçar a minha cara de sono. Pego meu celular e saio do quarto indo até a cozinha, encontrando a fazendo suco de maracujá.
- Nem adianta, porque não vai ser isso que vai melhorar meu humor. - me sento em uma das cadeiras e ela me olha.
- É pra você se acalmar e não matar a . - ela me entrega o suco e eu rio.
- Não seria uma má ideia matar ela e aproveitar a lua de mel com o noivo dela. - pego uma torrada que ela havia feito e mordo a mesma.
- Você nunca nem o viu. - ela ri e eu dou ombros.
- Quem se importa? - mordo mais um pedaço da torrada e me levanto - Pode me levar até lá? Se eu for pegar um táxi vou me atrasar.
- Claro. - bebe o resto do suco em seu copo e nós saímos.
Eu conheço a desde pequena, nós crescemos juntas no Kansas, e sempre falávamos que moraríamos juntas um dia. Quando eu estava com 20 anos e ela com 18 compramos um apartamento em Seattle e três anos depois aqui estamos nós dividindo o apartamento.

Depois de vinte minutos que saímos de casa, ela estacionou em frente à casa da minha chefe. Eu estava atrasada, e a com toda a certeza me mataria.
- Me liga quando chegar a San Francisco. - ela fala depois de tirar a minha mala do banco de trás.
- Ligo sim. - beijo a bochecha dela - Me deseje sorte. - ela ri.
- Acho que você vai precisar. - fala olhando fixamente pra porta.
Viro-me e olhando na mesma direção que ela.
Eu só podia estar bêbada.
- O que você colocou naquele suco? - sussurro olhando o homem na minha frente - Porque eu acho que estou ficando louca.
- Se você estiver vendo o mesmo que eu não se preocupa, vamos pro hospício juntas. - sussurra de volta.
O homem na porta levanta seu olhar até a gente e me olha fixamente dando um sorriso logo em seguida.
Era ele!
Depois de ver esse sorriso eu tinha certeza que era ele.
, meu ex-namorado do colegial.
Meu primeiro namorado.
Meu primeiro amor.
Não podia ser ele o noivo da .
- Amor. - ela aparece ao lado dele lhe dando um selinho. É era ele mesmo o noivo dela - . - me olha - Você está atrasada. - fala irônica.
- O trânsito estava péssimo. - minto na maior cara de pau. Era domingo, 07h00min AM ninguém saía de casa a essa hora, sendo assim não tinha trânsito nenhum.
- Eu não me importo, sua obrigação era sair mais cedo. - ela vira de costas - Aprenda a ser mais competente. - eu reviro os olhos e mostro o dedo do meio pra ela fazendo arquear a sobrancelha.
- , você quer perder o emprego? - me olha com cara de repreensão - Olha o vendo tudo ali.
- Foda-se o . - falo já nervosa - Eu quero voltar pra casa agora. - me viro pro carro.
- Mas não vai voltar. - segura meu braço e eu respiro fundo - Vai dá tudo certo. - beija minha bochecha - Nos vemos em uma semana. - entra no carro e eu sorrio antes dela dar a partida e sair.
Viro-me de volta pra onde o estava ainda me olhando. Respiro fundo e vou andando na direção dele enquanto puxava a minha mala.
- Pode ficar a vontade. - me dá passagem e eu entro na casa da que eu já havia entrado umas duas vezes - Eu só vou pegar minha mala, e a chave do carro e nós vamos embora. - fala indo em direção à escada e eu respondo com um "Ok" quase sem som.
Depois que ele sobe as escadas eu me sento no sofá e tiro os óculos de sol do rosto. Passo a mão no rosto respirando fundo.
Isso só podia ser um pesadelo.
Tinha que ser justo ele?
Depois de tudo o que ele fez, eu demorei quase dois anos pra conseguir esquecê-lo. E num passe de mágica ele aparece na minha vida. E o pior de tudo é que eu serei obrigada a passar uma semana inteira com ele, e sozinha.
Só eu e ele.
- Não se esquece de me ligar quando chegar. - a voz irritante da me tira dos meus pensamentos.
- Pode deixar, amor. - coloco os óculos de volta no rosto e me levanto do sofá - Eu te amo. - fala sussurrado pra ela, mas eu ainda podia ouvir.
- Eu também. - ela sussurra de volta e logo não ouço mais a voz dele. Provavelmente porque estavam se agarrando atrás de mim - ? - me viro pra ela que estava pendurada no pescoço dele - Espero que você faça tudo perfeito, senão já sabe. - desvencilha os braços do pescoço dele e se afasta.
- Você tem alguma lista com os tipos de flores, essas coisas que prefere? - coloca os óculos e vai andando até a porta com a mala.
- Não, é sua obrigação saber disso. - fala subindo as escadas.
Ah, é claro que era a minha obrigação, porque agora eu sou vidente.
abre a porta me dando passagem e eu saio puxando a minha mala pra fora da casa. Vamos até o carro dele do outro lado da rua e ele coloca nossas malas no porta malas e nós entramos no carro. Não demora muito ele dá a partida.

Já haviam se passado duas horas de viagem de acordo com o meu celular. Agora só faltavam mais dez.
Eu mantinha meus olhos no vidro ao meu lado como se tivesse algo na estrada que me interessasse, mas a verdade era que eu queria menos contato possível com o homem ao meu lado.
- Me desculpa pelo jeito da . - o tom forte da sua voz me fez levar um leve susto, mas mesmo assim eu não o olhei.
- Já me acostumei com isso. - dou ombros.
- Então tá. - volta a dirigir em silêncio.
Ele ligou o rádio e começou a tocar uma música de alguma banda de rock que eu não conhecia. Já conhecia bem porque cantarolava junto à música.
Mais uma hora e meia havia se passado e o carro só não estava em um completo silêncio por causa das músicas. Paramos num posto de gasolina e eu não pensei duas vezes antes de descer do carro.
Fui à lanchonete que tinha ali e comprei um milk shake de morango e um pacote grande de M&M. Voltei pra onde o estava acabando de colocar a gasolina no carro. Encostei-me no capô do carro enquanto bebia o milk shake.
- Podemos ir. - a voz dele ecoa roucamente atrás de mim.
Saio do capô do carro e entro. Coloco o copo no porta copos ao meu lado pra conseguir colocar o cinto. Ele entra no carro e logo dá a partida.
Abri o pacote de M&M e o deixei entre minhas pernas pegando o Milk shake de volta.
- Por que não fomos de avião? - falei colocando um chocolate na boca e olhando pra frente.
- Porque eu prefiro viajar de carro. - ri fraco e coça a nuca.
- Você ainda tem problemas com avião? - pela primeira vez eu o olho.
- É. - ri sem graça - Não consegui superar ainda.
- Ah, foi só uma turbulência. - bebo um pouco do milk shake.
- Que durou quase uma hora. - me olha e eu rio.
- Realmente, aquilo foi tenso. - coloco outro M&M na boca.
- Mas aquela foi a melhor viagem da minha vida. - fala sorrindo e eu concordo.
Quando eu tinha 17 anos e ele 18, nós resolvemos viajar pra Los Angeles por uma semana. Nós morávamos no Kansas, então era duas horas e alguns minutos de avião. Foi difícil convencer meus pais, mas eles confiavam no então me deixaram ir. Fomos nós dois, a e o namorado dela na época, o Dougie. Quando ainda faltava uma hora e meia pra chegarmos o avião teve uma turbulência que durou trinta e cinco minutos. Depois disso o não quis mais viajar de avião, e foi bem difícil convencê-lo a entrar no avião no final da semana pra voltarmos pra casa. E foi nessa viagem onde eu tive a minha primeira vez.
- E da minha também. - sorrio me lembrando da viagem.
Ficamos em silêncio mais uma vez, mas não era ruim como antes, era um silêncio confortável.
- Você ainda é viciada em M&M? - olha pro pacote entre minhas pernas e ri.
- Aham. - pego um M&M verde e o olho na palma da minha mão antes de colocá-lo na boca - Um vício, é sempre um vício. - rio.
- Aquela que estava com você mais cedo é a , não é? - fala mantendo os olhos na estrada.
- Ela mesma. - bebo o milk shake.
- Ela continua tão bonita como antes. - eu concordo com a cabeça - Já você... - me olha - Ficou ainda mais bonita. - dá um meio sorriso.
- Obrigada, eu acho. - rio pelo nariz - Quer? - mostro o pacote de M&M e ele pega algumas.
Ele volta a ficar em silêncio e eu a olhar pra janela ao meu lado.
- Você ainda me odeia pelo que aconteceu? - fala depois de alguns minutos.
Encosto-me no banco e encaro a estrada na minha frente. Eu tinha certeza que uma hora ele tocaria nesse assunto, eu só não estava preparada pra falar.
- Olha, eu não quero falar sobre isso, ok? - falo após um longo suspiro - Isso é passado, você vai se casar agora. Então é melhor deixarmos isso pra trás. - eu mantinha meu olhar pra frente, mas segurava ao máximo pra não deixar uma lágrima cair.
- Ok. - fala um pouco baixo - Me desculpa. - me olha por alguns segundos e volta a olhar pela estrada - Por tudo.
- Por ter tocado no assunto tudo bem. - viro o rosto pra janela ao meu lado - Pelo resto, eu não sei se consigo. - falo baixo controlando a minha voz, e uma lágrima escorre pelo meu rosto.
Ele não fala mais nada e volta a dirigir em silêncio. Seco as lágrimas rapidamente e fico olhando pra janela ao meu lado.

(...)


Chegamos ao hotel já era noite. O resto da viagem foi um completo silêncio, se não fosse às músicas tocadas no rádio seria como se estivéssemos sozinhos, sem a companhia um do outro.
Entramos no hotel e ele fez o check in. Entregou-me a chave do meu quarto e nós fomos para o elevador. Recusamos a ajuda do carregador, já que não tinha muita coisa.
- Você vai mesmo ficar me ignorando assim a semana toda? - fala quando a porta do elevador se fecha.
- Eu não to te ignorando, só não estou a fim de falar agora. - olho pro espelho ao meu lado vendo a minha expressão de cansada.
- Eu precisava tocar no assunto, nós precisamos falar sobre isso. - ele me olha pelo reflexo do espelho.
- Nós não precisamos. - me viro pra ele - Ir embora foi escolha sua. - coloco o dedo no peito dele - Então não vem com essa história de que nós precisamos conversar.
- Você nunca vai me perdoar, né? - ele olha nos meus olhos, já que eu já estava sem os óculos e ele também.
- Te perdoar? - solto uma risada sem humor - Sim, eu te perdoo. - sustento o olhar dele encarando aquele belo par de olhos - Mas te perdoar não vai mudar nada, não vai colar os pedaços que você deixou aqui. - coloco a mão no peito do lado esquerdo - Depois de você, eu nunca mais fui capaz de amar alguém. Eu nunca mais fui capaz de me prender a um relacionamento. - minha voz já começava a falhar - Eu demorei quase dois anos pra superar o que você fez, e quando eu achava que já podia seguir minha vida, você meio que cai de paraquedas na minha frente. - rio pelo nariz - Não tá sendo fácil essa viagem, acredite. Mas eu não quero perder meu emprego então eu só te peço isso... - algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto - Para. De. Tocar. Nesse. Assunto. - falo pausadamente.
Ele não disse nada, apenas me encarou por alguns segundos e abaixou a cabeça logo em seguida.
- Sabe o mais engraçado disso tudo? - solto uma risada sem nem um pingo de humor e ele volta a me olhar - Tirando a , eu me recuso a chorar na frente de qualquer pessoa. - passo as mãos pelo rosto secando as lágrimas - Mas agora eu estou aqui chorando na sua frente. Justo na sua frente. - balanço a cabeça negativamente e a porta do elevador se abre no nosso andar.
Saímos do elevador e vamos andando pelo corredor. Paramos nos nossos quartos que ficavam frente a frente e eu abri a porta.
- Amanhã temos que sair às 10h00min AM, por favor, não se atrase. - falo sem nem ao menos olhá-lo - Boa noite. - entro no quarto e fecho a porta sem dar a ele a oportunidade de responder.
Tranquei a porta deixando a mala em qualquer canto e me joguei na cama enfiando a cara em um dos travesseiros.
Às lágrimas desciam sem parar pelo meu rosto. Era um assunto que sempre me machucou e nunca me faria bem, mas às vezes eu tenho a leve impressão de que a vida adora jogar isso na minha cara.
Depois que o foi embora, eu nunca mais consegui amar ninguém. Eu tentei namorar várias vezes durante esses sete anos, mas eu tinha medo de me prender a um relacionamento e no final me machucar. E outra, pra ter um namoro é preciso de amor, e eu nunca seria capaz de sentir isso outra vez.
Porém, a vida veio com toda ironia que existe e o colocou de volta no meu caminho. E o pior de tudo, prestes a se casar com a megera da minha chefe. Pior ainda, EU sou obrigada a passar uma semana inteira sozinha com ELE em outra cidade.
Tudo estava contra mim.
O toque do meu celular ecoou pelo quarto, mas eu o ignorei. A pessoa do outro lado queria mesmo falar comigo, pois ela insistiu.
Peguei o celular no bolso de trás da calça e o olhei vendo o nome da única pessoa que eu queria comigo no momento. Deslizei o botão verde pela tela e levei o celular ao ouvido.

~Ligação on~

Eu: . - falo com a voz chorosa. Era ela, eu não precisava fingir nada.
: Você tá chorando? - fala preocupada - O que aconteceu? - antes que eu conseguisse falar ela já respondeu - O tocou no assunto, não foi? - eu só respondi com um "aham" que saiu mais como um soluço - Eu não devia ter insistido pra você ir a essa merda de viagem. Nós procurávamos outro emprego pra você depois. - eu podia imaginar que ela estava agora andando de um lado pro outro no meio do quarto - É tudo culpa minha, eu não devia ter insistido. - fala culpada.
Eu: . - a chamo secando as lágrimas e me sentando na cama - A culpa não é sua. - falo entre soluços - A culpa é do . - fecho os olhos sentindo mais lágrimas se formarem - Ele que causou tudo isso.
: , você não precisa ficar. - ela fala um pouco mais calma - Volta pra casa, e larga tudo aí. Se aquela víbora quiser, ela que vá organizar tudo com o noivo babaca dela. - odiava o pelo que ele havia feito. Ela sempre dizia que nunca iria entender o motivo dele ter feito isso.
Eu: Não. - falo decidida - Eu não vou fugir dele. Eu não vou deixar essa merda de passado interferir na minha vida de novo. - me levanto e vou em direção ao banheiro - Eu vim aqui pra organizar a merda de um casamento, então é isso que eu vou fazer. - paro em frente ao espelho - Ou eu não me chamo . - falo com toda firmeza na voz.
: Às vezes eu queria ter um pouquinho dessa sua firmeza. - solto uma risada baixa - Mas você tem certeza? - só respondo com "aham" - Você vai ficar bem?
Eu: Eu vou ficar bem, , não se preocupa. - olho o meu reflexo no espelho e o rímel escorria pelo meu rosto traçando o mesmo caminho antes feito pelas lágrimas.
: Qualquer coisa me liga que eu vou até aí estrangular esse idiota.
Eu: Ah, é claro. - rio - Bom, aproveita sua noite sem se preocupar comigo. - olho em volta do banheiro avistando uma banheira no canto oposto que eu estava - Eu sei que o tá aí, e se você ficar pensando em como eu estarei vocês nem vão se divertir. - era o namorado da . Eles já estavam juntos há mais ou menos quatro meses, e faziam um belo casal - Se eu precisar, eu te ligo. - vou até a banheira e ligo a torneira a deixando encher - Boa noite.
: Boa noite, sis. - "sis" abreviação de "Sister" era o jeito que sempre nos chamávamos - Eu amo você.
Eu: Eu também amo você. - sorrio e ela desliga logo em seguida

~Ligação off~

Volto pro quarto tirando as sapatilhas e a calça jeans. Peguei o roupão que estava sobre a cama desde que eu cheguei e voltei pro banheiro. Coloquei alguns sais de banho na água, tirei a minha blusa e deixei que a banheira acabasse de encher.
Desliguei a torneira, fiz um coque nos cabelos, tirei a lingerie e entrei naquela água morna que enchia a banheira. Sentei-me ficando encostada na borda, deitei a cabeça um pouco pra trás e fechei os olhos tentando ao máximo relaxar.

~Flashback on~

- Às vezes eu me pergunto como eu consegui te conquistar. - ele ri pelo nariz ficando de frente pra mim na cama.
- Nem eu sei como você fez isso, . - rio.
- Lembra como tudo começou? - dá um meio sorriso enquanto acaricia minha cintura.
- Como esquecer? - sorrio - Quando você entrou no colégio, todas as meninas se jogaram pra cima de você. - reviro os olhos.
- Quase todas. - ri - E qual delas eu queria? Justamente a única que não se jogou pra cima de mim. - balança a cabeça negativamente e eu rio - Eu te chamei pra sair três vezes e você recusou. - fala incrédulo - Quando eu te beijei a força no banheiro feminino você quase me privou de ter filhos. - faz uma careta de dor e eu gargalho - Graças a um trabalho de química, que por sorte você era minha dupla eu consegui me aproximar. - fecha os olhos e sorri por alguns minutos - Antes desse bendito trabalho eu só queria te levar pra cama como todas as outras garotas... - eu faço uma cara incrédula - Mas a cada dia que passávamos juntos eu me sentia um idiota por prestar tanta atenção nos seus olhos, por ficar bobo olhando seu sorriso, por não conseguir prestar atenção no que você falava só porque eu queria decorar cada traço do seu rosto. - leva a mão até o meu rosto passando o polegar em todas as partes possíveis - E quando finalmente nós nos beijamos eu percebi que estava apaixonado, que eu queria ter você só pra mim, não por uma noite, mas pelo resto da minha vida. - fala olhando nos meus olhos e eu sorrio - Você conseguiu conquistar o coração que eu nem fazia ideia que tinha. - aproxima o rosto do meu - E eu sou muito grato por isso. - passa seu nariz no meu - Eu amo você. - me dá um selinho - Pra sempre. - sorri.
- Eu também amo você. - dou outro selinho - Pra sempre. - seguro seu rosto entre as mãos e o beijo calmamente.
- Quero confessar uma coisa. - corta o beijo - Não foi sorte o trabalho de química. - eu o olho com a sobrancelha arqueada - Eu pedi para o professor pra me colocar com você. - eu rio e lhe dou vários selinhos

~Flashback off~

Abri meus olhos deixando que as lágrimas voltassem a cair. Por mais que eu não quisesse aquilo iria me infernizar pro resto da semana, se não pelo resto da vida.
Naquela época nem se passava pela minha cabeça que ele iria embora do nada. Que ele falaria aquelas coisas através de uma carta.
Lavei o rosto tirando todo rímel borrado, e deixando com que às lágrimas ainda caíssem. Saí da banheira, vesti o roupão e voltei pro quarto. Vesti a lingerie e um dos pijamas que havia levado e me deito na cama.
Era difícil controlar o choro, ainda mais depois dele abrir de volta a ferida que eu havia fechado com muita dificuldade.
Eu só queria acordar amanhã e já não sentir mais nada, mas eu sabia que isso não era possível.
Fui até a minha mala e peguei a pequena agenda que eu usava pra anotar as coisas que eu precisava resolver para . Abri a mesma uma fileira de fotos, daquelas tiradas nas cabines. Todas estavam eu e o .
Na primeira nós dois fazíamos careta pra câmera. Na segunda eu mordia a bochecha dele e ele fazia uma cara de dor. Na terceira nós nos olhávamos nos olhos enquanto sorriamos. E na última nós nos beijávamos.
Por mais que aquilo me doesse não conseguia me livrar daquelas fotos. Às vezes eu conseguia até sorrir as olhando.
Deitei-me ainda com as fotos na mão e as lágrimas tomavam conta do meu rosto. Eu já não conseguia distinguir se era tristeza pelo que aconteceu, ou saudade por algo que me fez tão feliz no passado.
Eu parecia uma adolescente sofrendo pelo término do primeiro namoro. Era quase isso, a única diferença era que eu não era uma adolescente, eu já era uma mulher de 23 anos que agora chorava por reencontrar o primeiro e o único amor.
Só consegui pegar no sono quando o sol começou a clarear o quarto.

Primeiro dia...

O despertador do meu celular tocou exatamente as 09h00min AM. Abri os olhos devagar e desliguei o despertador. Olhei para as fotos que ainda estavam na minha mão e respirei fundo pensando no que viria pela frente.
Levantei-me da cama e fui até o banheiro. Olhei-me no espelho e minhas olheiras estavam bem visíveis. Escovei os dentes, fiz minha higiene matinal e tomei um banho rápido e voltei pro quarto enrolada na toalha.
Vesti a lingerie, um short jeans e uma regata, já que o sol lá fora denunciava o calor que estava fazendo. Calcei meu all star, arrumei o cabelo, fazendo um coque e passei creme e perfume. Olhei no celular e já eram 09h30min AM. Peguei meus óculos de sol e o coloquei no rosto, já que se eu não saísse agora me atrasaria então não dava tempo de passar maquiagem, nem para cobrir essas malditas olheiras. Peguei o celular e abri a porta do quarto dando de cara com o .
- Bom dia. - me encara com aqueles olhos , que o maldito não havia os coberto com os óculos.
- Bom dia. - falei ríspida trancando a porta do quarto.
- Eu posso esperar você tomar café pra nós sairmos. - continua encostado na parede atrás de mim.
- Não precisa, eu não estou com fome. - saio em direção ao elevador - E não podemos nos atrasar, se essa merda de casamento der errado a culpa vai ser minha. - paro em frente ao elevador apertando o botão pra descer e ele para ao meu lado.
- Merda de casamento? - fala me olhando - Você tem noção de que eu é que sou o noivo? - ri pelo nariz.
- Isso só o deixa pior do que já é. - rio de escárnio - Nem sou eu que vou me casar, mas eu é que tenho que fazer tudo desse casamento. - a porta do elevador se abre e nós entramos - E enquanto eu estou aqui pra fazer o casamento mais perfeito aos olhos da sua noiva, ela está em um SPA na Itália. - aperto o botão do térreo.
- Do que você tá falando? - me olha confuso.
- Você não sabia? - me viro pra ele que faz que não com a cabeça - Ela não foi a nenhuma viagem de negócios, ela foi pra um SPA na Itália.
- Mas ela disse que queria poder estar aqui comigo, mas o trabalho não permitiria. - fala sem tirar os olhos de mim.
- Bom, pra mim ela falou que não deixaria de ir para Itália por uma coisa boba como essa aqui. - balanço a cabeça negativamente.
-Você não acha que isso é infantilidade da sua parte? - eu o olho - Você tá fazendo isso pra acabar com o meu casamento, porque você não quer que eu me case. - cruza os braços e encosta-se a um dos lados do elevador - Você quer destruir a minha vida, como acha que eu fiz com a sua. - rio sem humor balançando a cabeça negativamente.
- Pelo amor de Deus, . - a porta do elevador se abre e nós saímos - Você não pode tá falando sério. - vamos andando até a saída do hotel - Você acha mesmo que eu seria capaz de destruir um casamento? - saímos do hotel e o carro dele estava do outro lado da rua.
- E não seria? - fala irônico - Não é qualquer casamento, é o meu casamento. - atravessamos a rua.
- E você acha que eu seria capaz de destruir o seu casamento? - paro na frente dele - Eu posso ter te odiado pelo que você fez, mas nunca seria capaz de destruir a felicidade de alguém por mágoa. - ele me olha com o cenho franzido - Eu não seria capaz de destruir a sua felicidade. - tiro os óculos olhando pro lado - Tudo o que eu falei sobre a é a verdade, uma hora dessas ela tá no SPA lá na Itália, e ela disse que não deixaria de ir até lá por causa de uma coisa boba. E eu sei disso, por que... - volto a olhá-lo - Porque fui eu que reservei tudo o que ela precisava da viagem. - ele balança a cabeça negativamente - Mas tudo bem se você não acredita em mim. - dou ombros - Só que eu preciso acabar o que eu vim fazer aqui, e não vai ser você que vai mudar isso. - coloco os óculos de volta e vou em direção ao banco do passageiro.
Ele entra no carro logo depois de mim e dá a partida em silêncio.
O primeiro lugar que iríamos era a igreja. Precisávamos marcar uma data, e eu precisava ter uma noção da decoração. E como não era longe de onde estávamos chegamos dentro de 20 minutos.
Descemos do carro e entramos na igreja. Por ser manhã de segunda feira não havia ninguém ali, só o padre que arrumava algo sobre o altar.
- Bom dia. - fala simpático nos olhando adentrar a igreja.
- Bom dia. - respondo simpática indo até ele.
- Bom dia. - fala vindo atrás de mim.
- Suponho que vieram marcar o casamento, acertei? - fala sorridente e eu faço que sim com a cabeça - É bom ver um casal tão jovem como vocês prestes a se casar. - intercala o olhar entre mim e o .
- Mas eu não sou a noiva. - rio fraco e o padre arqueia a sobrancelha - Ele é o noivo, mas não é comigo que vai se casar. - ele arregala os olhos provavelmente achando que eu devia ser algum tipo de amante - Na verdade, a noiva dele precisou viajar para Itália, e eu sou a secretária dela e vim ajudá-lo com os preparativos. - rio fraco e ele assente.
- Então vamos escolher uma data? - fala e eu o olho - O mais rápido que for possível. - o padre ri.
- Vamos lá, meu rapaz. - coloca a mão no ombro dele e eles vão até atrás da mesa do altar.
Fico olhando em volta e anotando no bloco de notas do celular as ideias que eu tinha para decoração da igreja. Em questão de minutos o parou ao meu lado sozinho, e eu olhei em volta a procura do padre, mas ele já não estava mais lá.
- Podemos ir? - me olha e eu faço que sim com a cabeça.
Saímos da igreja e entramos no carro.

A manhã toda foi baseada em preparar a decoração da igreja. Na hora do almoço foi para um restaurante almoçar, ele até me chamou pra ir com ele, mas passar menos tempo com ele era a melhor coisa que eu fazia.
Fiquei andando pela cidade até mais ou menos 03h00min PM e depois voltei de táxi para o hotel. Não encontrei mais com o o resto da tarde. Tranquei-me no quarto e tentei me distrair com um livro que havia levado.
Ouvi batidas na porta e me levantei pra abrir sentindo uma forte tonteira. Escorei-me na poltrona por alguns minutos e as batidas na porta continuaram. Fui andando devagar até a porta e o estava com um dos braços encostado no batente da porta. Seus cabelos estavam meio bagunçados. Ele usava uma camisa branca que destacava seus belos músculos e uma bermuda bege.
- Você tá bem? - me olha com a sobrancelha arqueada.
- Por que não estaria? - forço um sorriso - O que você quer aqui?
- Eu vim te chamar pra jantar, é que você não comeu nada. - coça a nuca - E não vai te fazer bem ficar sem comer.
- , eu sei me cuidar. - reviro os olhos.
- Por que você só me chama de ? - ri pelo nariz.
- É o seu nome, não é? - falo irônica.
- Mas você sempre me chamou de . -tira o braço do batente da porta.
- No passado. - respiro fundo sentindo a tonteira novamente - Você não é mais o que eu conhecia, pra falar a verdade eu acho que ele nunca existiu. - fecho os olhos por alguns minutos.
- Me deixa te explicar o motivo de tudo? - sinto ele se aproximar de mim.
- Eu não quero saber. - balanço a cabeça negativamente - Eu já disse que o passado não me importa mais.
- Se não importa, por que você ainda me odeia? - se aproxima ainda mais.
- Mas eu não... - sinto tudo escurecer, e os braços fortes dele me segurar.

Abro os olhos devagar olhando em volta do quarto. Eu queria estar acordando de um sonho. Queria que essa viagem, o , queria que tudo fosse um sonho. Avistei aqueles olhos me encarando e tive certeza de que não era um pesadelo do qual eu havia acordado.
- Você tá bem? - me olha preocupado.
- Acho que sim. - me sento na cama - Eu só to me sentindo um pouco fraca.
- É claro que tá, você passou o dia todo sem comer. - se levanta da cama - Por isso, eu pedi serviço de quarto pra gente enquanto você não acordava. - pega uma bandeja que estava na mesa de cabeceira e coloca no meu colo, logo em seguida pega a outra que estava na cadeira e volta a se sentar ao meu lado - E eu só saio daqui depois que você comer tudo. - me olha.
- Hambúrguer com batata-frita? - rio - Você ainda me conhece bem. - eu o olho.
- Nunca vou esquecer nada sobre você. - continua me olhando e eu olho pro prato.
- Isso ta bom. - falo enquanto mordia o hambúrguer.
- Por que você foge do assunto? - ri pelo nariz.
- Por que você insiste em falar nele? - coloco o hambúrguer de volta no prato.
Ele não responde e nós comemos em silêncio. Não demorou muito pra que eu devorasse todo o hambúrguer e toda a batata-frita, já que eu estava morrendo de fome. também não demorou muito a acabar de comer e levar as bandejas pra fora do quarto, onde os funcionários costumavam pegar.
- Obrigada. - o olho assim que ele entra de volta no quarto.
- Não precisa agradecer. - coloca as mãos no bolso da bermuda - Você não pode ficar sem comer, e dormir por minha causa. - fala sério e eu abaixo a cabeça - E eu sei que não dormiu, porque eu reparei bem nas suas olheiras mais cedo quando você tirou os óculos.
- Dá pra você parar de achar que tudo o que eu faço tem haver com você? - me levanto da cama - Meu mundo não gira em torno de você, eu tenho outros problemas na vida.
- Quais? - dá um sorriso irônico sem tirar os olhos de mim.
- Não te interessa. - falo seca - Eu não te devo satisfações da minha vida. - ando até ele - Você não é nada meu.
- Você não era assim. - fala incrédulo - A que eu era apaixonado não falava assim com ninguém.
- A que você conheceu morreu no dia em que você resolveu mudar de país e só deixar uma carta. - falo já ficando irritada.
- Você não me deixa explicar o motivo. - tira as mãos do bolso e as coloca no cabelo.
- É PORQUE EU NÃO QUERO SABER. - grito - O motivo já não me interessa mais. - vou até a porta do quarto e a abro - Você morreu pra mim, . - olho pra fora do quarto - Agora sai daqui, vai pro seu quarto e me deixa em paz. - continuo olhando pro corredor - Não torna isso pra mim mais difícil do que já é. - ele vem andando em direção à porta - A verdade é que eu nem sei o que você veio fazer nessa merda de quarto, não sei nem o que está fazendo aqui ainda.
- Você é mal agradecida. - para na minha frente - Eu vim porque me preocupei com você, porque estava sem comer. - fala sem tirar os olhos de mim - Eu podia ter deixado pra lá e ido jantar sozinho, mas eu não queria que você passasse mal por ficar sem comer. E se eu não tivesse vindo aqui, agora você podia estar desmaiada em qualquer lugar desse quarto e ninguém saberia. - abre os braços mostrando em volta do quarto - Mas pra você só importa o que aconteceu no passado, você não se importa com o motivo e muito menos com o meu perdão. - ri fraco - Você não consegue mais amar ninguém, porque aqui... - coloca o indicador no meu peito esquerdo - Aqui não tem mais um coração. - sai do quarto e logo o estrondo da porta do seu próprio quarto ecoa pelo corredor.
Fecho a porta me encostando à mesma e deixando as lágrimas caírem. Ele estava certo, eu não tinha mais um coração. Eu estava sendo mal agradecida, eu fui uma idiota com ele. Por mais que ele tenha feito o que fez, ele ficou aqui preocupado comigo e tudo o que eu fiz foi brigar com ele.
Andei até a minha cama e me deitei na mesma pegando a foto debaixo do travesseiro. Pra minha felicidade ele não havia visto, pelo menos eu acho que não. Levei a foto ao peito e a "abracei" enquanto ainda chorava.
Depois de tanto tempo, e só hoje eu consegui perceber a verdade...
Ele é a parte que vai sempre faltar em mim.

Segundo dia...

O sol já nascia do lado de fora do hotel e eu não havia pegado no sono. Eu não consegui dormir sabendo as coisas que eu havia falado para o .
Levantei-me da cama e fui até o banheiro, me olhei no espelho e estava com uma expressão mais cansada que o normal. Coloquei a banheira pra encher e comecei a me despir no banheiro mesmo.
Quando a banheira encheu coloquei alguns sais de banho, fiz um coque pra não molhar o cabelo e entrei na mesma me encostando a sua borda.
Fiquei ali na água pensando na vida por quase uma hora, só saí quando já estava me sentindo uma uva passa.
Enrolei-me na toalha e fui em direção ao espelho. Escovei os dentes e saí do banheiro. Vesti a lingerie e passei creme. Optei por vestir um vestido. Calcei minha rasteirinha e penteei o cabelo o deixando solto. Fiz uma maquiagem bem leve só pra cobrir a minha cara de quem não dorme há dias, e que chorou a noite toda.
Sentei-me na cama e olhei as horas no celular, ainda eram 07h00min AM. O que eu faria até à hora de encontrar com o pra resolvermos mais coisa desse casamento? Bom, eu não faço ideia.
Eu tentei ler, tentei ver TV, andei pelo quarto e tentei até jogar um joguinho bobo no celular, mas nada fazia o tempo passar mais rápido.
Eram 08h45min quando eu ouvi o barulho de porta se abrindo. Pela altura que eu ouvia só podia ser o . Levantei-me da cama em um pulo e abri a minha porta com certa pressa.
- ?! - ele estava de costas pra mim trancando o quarto. Olhou por cima do ombro e não falou nada - Você não vai nem olhar pra mim? - falo incrédula.
- Pra quê? Eu tentei te ajudar e você só soube gritar comigo. - tranca o quarto e se vira pra mim.
- Me desculpa. - falo baixo olhando pras minhas unhas.
- Você tá... - eu o interrompo.
- Olha, desculpa tá? - o olho - Eu não devia ter falado daquele jeito com você, mas é que tá sendo difícil ficar perto de você. - respiro fundo.
- Eu sei que é difícil. - passa as mãos no cabelo - Pra mim também é. - suspira e se aproxima de mim ficando a poucos centímetros de distância.
- Eu fui uma idiota com você, nada justifica o que eu te disse. - balanço a cabeça negativamente - Eu não sou assim com ninguém, e não é com você que isso vai mudar. - olho nos olhos dele - Quando você falou que eu não tenho mais um coração, você estava certo. - mantenho meus olhos fixos nos dele - Porque eu não sei se você se lembra de quando eu disse que meu coração era seu, então você levou embora quando se foi e agora não pode mais devolver. - mordo o lábio e olho pro chão.
Alguns segundos se passam e ele não fala nada. Sinto sua mão segurar na minha cintura e volto a olhá-lo com a sobrancelha arqueada. Ele segura meu rosto e aproxima seus lábios do meu sem quebrar o contato visual.
Sinto sua respiração bater no meu rosto e logo nossos lábios encostam-se em um selinho demorado. Eu estava sem reação, mas logo que sinto a língua dele passando pelos meus lábios eu cedo completamente. Levo minhas mãos aos seus ombros e as mantenho ali.
Eu voltei ao meu estado de razão, quando caí em mim e lembrei de que isso era errado. O empurrei pelos ombros sentindo a minha respiração ofegante chocando com a dele que não estava diferente.
- Nós não podemos. - fecho os olhos pra não encará-lo - Por mais que a seja uma megera comigo, ela não merece isso. - abro os olhos e ele olhava um ponto fixo na parede atrás de mim.
- Eu não sei o que me deu. - fecha os olhos por alguns segundo e me encara em seguida - Me desculpa. - balança a cabeça negativamente - Eu acho melhor nós descermos pra tomar café. - fala ainda segurando a minha cintura e a poucos centímetros de distância.
- Pra isso você precisa me soltar. - olho pro braço dele e ele o tira rapidamente se virando de costas e passando a mão pelos cabelos.
- Vamos descer. - sai andando na frente e eu o olho com a sobrancelha arqueada segurando uma risada.
Ele ainda ficava sem jeito perto de mim.
Fui atrás dele e nós entramos no elevador. Ele coloca as mãos no bolso e fica olhando pra baixo.
- Jura que vai fazer isso?- cruzo os braços e o olho - , não é a primeira vez que nós nos beijamos. - rio fraco.
- Mas agora eu sou noivo. - fala ainda sem me encarar.
- E? - continuo o encarando.
- Você continua chata como antes, pelo amor de Deus. - tira as mãos do bolso e eu dou uma gargalhada.
- Você continua o menino reclamão de antes. - falo entre risadas e ele me olha com a cara fechada.
- Eu não sou reclamão. - cruza os braços e sai do elevador que já estava no térreo.
- E continua com essa mania de cruzar os braços e sair andando na frente? - continuo rindo enquanto ia atrás dele.
- E você continua com essa mania de implicar comigo. - continua andando na minha frente indo em direção ao restaurante do hotel.
- Tudo bem, Bebezão, eu paro com isso. - respiro fundo pra segurar a risada que queria sair.
- Bebezão? - se vira pra mim - Você não esqueceu isso até hoje? - eu solto uma gargalhada balançando a cabeça negativamente e ele ri junto comigo - Tudo bem então, garotinha. - era o apelido que o meu pai me chamava quando eu era mais nova, e o ouviu uma vez e sempre me zoava por isso.
- Não me chama assim. - faço cara de brava - Eu odeio esse apelido. - cruzo os braços.
- Eu sei. - ri - Mas eu adorava ver a sua cara de brava, e esse biquinho que você faz quando eu te chamo assim. - aperta minhas bochechas.
- Me erra, . - reviro os olhos e passo na frente dele entrando no restaurante, escutando sua risada atrás de mim.
Sentei-me em uma das mesas segurando o cardápio e logo em seguida sentou-se a minha frente. Acenei com a mão pro garçom que logo veio a nossa mesa e nós fizemos os pedidos, e o mesmo anotou e saiu.
- Onde temos que ir hoje? - me olha.
- Hoje precisamos ir à confeitaria escolher o bolo e os doces. - me escoro na mesa com o cotovelo e apoio meu queixo na mão – Por que casar em San Francisco? Seattle é um lugar incrível.
- A que inventou essa história alguns dias atrás. - ri pelo nariz - Nós já estávamos com tudo pronto em Seattle e ela resolveu mudar tudo do nada. - eu arqueio a sobrancelha.
- Ela muda tanto de ideia quanto muda de roupa. - bocejo - San Francisco é lindo, mas sair de Seattle e viajar por horas só por causa de um casamento é cansativo. - ele concorda com a cabeça e eu bocejo outra vez.
- Falar da é tão chato assim? - o garçom volta com os nossos pedidos - Porque você está até ficando com sono. - ri fraco.
- Na verdade falar dela é insuportável, a não ser quando eu estou com a , porque falar mal dela é divertido. - dou ombros e bebo um pouco do suco - Mas meu sono é porque eu não dormi nem um segundo essa noite. - parto a panqueca que eu havia pedido com Nutella e morango - A verdade, é que desde que nós chegamos eu não consegui dormir direito. - coloco um pedaço na boca.
- Você tá odiando ter que aguentar essa viagem comigo, não é? - come um pedaço de bacon.
- Não é você. - olho pro prato - Mas eu acho que a vida me odeia, sabe? - dou um sorriso triste.
- Mas por que você acha isso? - ele me encarava, eu sabia disso.
- Eu não era a menina mais bonita, ou popular do colégio, mas ainda sim o novato lindo que era desejado por todas as meninas correu atrás de mim. E conseguiu me conquistar. - não evitei um sorriso - E depois de quase um ano e meio juntos ele resolveu se mudar de país de uma hora pra outra sem se despedir e só deixar uma carta. - olho pra janela ao meu lado - E sete anos depois ele apareceu do nada na minha vida, como noivo da minha chefe que só sabe me humilhar e pra melhorar tudo nós dois temos que passar uma semana juntos em outra cidade pra eu ajudar com o casamento dele. - rio sem humor negando com a cabeça - Tá vendo a ironia disso?
- Pra mim você sempre foi a mais bonita da escola, mas eu não quis você por isso, eu queria porque você era diferente de todas as outras, a única que não me deu bola quando eu cheguei. - dava pra perceber que ele sorria - Ir embora não foi difícil só pra você, foi difícil pra mim também tomar essa decisão. - suspira - Mas eu voltei e conheci a , me apaixonei e você pode fazer o mesmo ainda com alguém.
- Você não entende. - o olho - Mas tudo bem. - coloco outro pedaço de panqueca na boca - Não vamos falar disso. - ele me arqueia a sobrancelha - E para de me olhar assim. - ele ri.
Comemos enquanto conversávamos sobre as coisas do casamento. Assim que acabamos, ele pagou a conta do restaurante e nós saímos do hotel indo em direção ao carro dele.
- Posso dirigir? - o olho quando chegamos ao lado do carro.
- Meu carro? - me olho e eu faço que sim com a cabeça - Nem a eu deixo dirigir. - ele merecia um soco na cara por ter falado isso.
- Mas eu não sou a . - sorrio cínica - Até porque eu sou muito melhor. - pego a chave na mão dele e vou em direção ao lado do motorista - Agora entra no carro que não podemos nos atrasar. - ele entra no carro com a cara fechada, e eu rio arrancando com o carro.
- Se você bater meu carro, eu juro que te mato. - ele fala ainda emburrado.
- , eu tenho carteira de motorista desde os 17 anos, e nunca bati o carro. - presto atenção na rua.
- Mas você só tirou carteira de motorista, porque eu te ensinei a dirigir. - fala convencido.
- Por isso mesmo não devia duvidar sobre eu dirigir, porque se foi você que me ensinou eu dirijo muito bem. - o olho com um sorriso vitorioso.
- É claro, mas eu te ensinei a dirigir numa estrada vazia, aqui tem carro saindo até do bueiro se deixar. - e era verdade, tinha carro até falar que chega nas ruas de San Francisco e o trânsito não era dos melhores.
- Mas eu moro em Seattle há exatamente três anos, e morei quatro em New York. - paro o carro no sinal - E pode ter certeza o trânsito de lá, é bem pior do que aqui.
- Você morou em New York? - se vira pra mim.
- Por quatro anos. - o olho e volto a dirigir - Eu fiz faculdade na NYU. - rio pelo nariz.
- Eu achei que você ia aceitar a bolsa da faculdade de Cambridge. - continua me olhando. E como ele sabia disso? Eu nunca havia contado.
- Como você sabe de Cambridge? - faço a pergunta que eu me fiz mentalmente - Eu nem cheguei a te contar.
- Eu ouvi você falando com a um dia. - dá ombros – Por que foi pra NYU?
- Porque eu nunca quebro as minhas promessas. - estaciono o carro.
- Você foi mesmo depois que eu fui pro Canadá? - tira o cinto ainda me olhando.
- A gente prometeu quando nos inscrevemos pras faculdades, que se tudo desse certo iríamos morar juntos em New York. - tiro o meu cinto e olho pra ele - E sinceramente, eu não quebraria essa promessa por nada desse mundo. - desço do carro.
Tranco o carro com o alarme depois que ele desce e jogo a chave pra ele andando na frente. Entro na confeitaria e ele entra logo em seguida.

Passamos o resto do dia escolhendo algumas coisas do casamento. Depois nós fomos comer alguma coisa no shopping e eu aproveitei pra fazer umas comprinhas.
- Não consigo entender essa mania que vocês mulheres têm de comprar tanta roupa e sapato. - ele fala olhando pro banco de trás onde estavam as sacolas.
- Porque roupas e sapatos precisam se renovadas sempre. - faço um coque nos cabelos.
- A única coisa necessária que você comprou foi lingerie. - dá um sorriso malicioso sem me olhar.
- Os caras das baladas concordam com você. - olho pra janela - Apesar de que eles preferem sem elas. - ele freia o carro de uma vez e se não fosse o cinto eu teria batido a testa no para-brisa. - VOCÊ TÁ LOUCO, ? - grito olhando pra ele enquanto passava a mão no pescoço que estava dolorido.
- Você que deve está louca. - me olha - Como assim "os caras das baladas"? - fala sério - Você fica com um cara diferente a cada balada que vai? - faz uma cara incrédula.
- Eu não sou comprometida. - dou ombros - Não é porque eu não consigo ter relacionamentos, não consigo amar ninguém que eu vou virar puritana. - rio pelo nariz.
- Por que você tá fazendo isso? - balança a cabeça negativamente - Você é uma mulher incrível, pode ter o homem que quiser pro resto da vida... - faz uma pausa - Mas prefere dormir com qualquer um por uma única noite?
- Esse é o problema, . - me ajeito na cadeira - O único homem que eu sempre quis, eu não posso mais ter. - olho pra frente deitando a cabeça no banco. Ele não falou nada, apenas ficou me encarando. Logo começam a buzinar loucamente atrás de nós e eu olho pra trás e havia uma fila de carro. - , arranca com esse carro antes que eles resolvam passar por cima da gente. - aponto pra trás e ele olha arrancando com o carro logo em seguida.
O resto do caminho até o hotel foi completamente silencioso. Eu não me importei, eu realmente achei melhor que fosse assim do que ele me questionando pelo que eu havia falado.
Entramos no hotel e logo subimos para o nosso andar. Eu carregando todas as sacolas e ele com as mãos nos bolsos.
- Agora eu só quero um banho, me jogar na cama e dormir até amanhã. - falo saindo do elevador.
- Mas são só 07h00min PM. - sai logo atrás de mim.
- Eu sei. - dou ombros - Pra quem não dorme há dois dias, pode ser que nem seja tempo suficiente. - abro a porta do quarto - Nos vemos amanhã. - o olho - Boa noite.
- Boa noite. - sorri e por um momento era como se estivéssemos no colégio ainda. Eu senti as famosas borboletas no estômago, coisa que eu só senti com ele.
Eu não conseguia parar de olhar o sorriso dele. Era o mesmo de antes. O mesmo sorriso pelo qual eu me derretia o tempo todo. Pra falar a verdade, ele continuava o mesmo de antes, só um pouco mais alto e mais forte. Os cabelos bagunçados como ele gostava. E aqueles olhos que pareciam duas esmeraldas enfeitando seu rosto.
- ? - sua voz grave me tirou do meu pequeno transe.
- O-oi? - gaguejei um pouco pra responder e ele riu.
- Está tudo bem com você? - arqueia a sobrancelha.
- Está sim. - balanço a cabeça positivamente - Eu só estava lembrando de uma coisa. - coço a nuca.
- E "essa coisa" tem haver comigo? - um sorriso brincava em seus lábios e eu cerro os olhos na direção dele.
- Boa noite, . - entro no quarto ouvindo sua risada e fecho a porta me encostando à mesma e segurando um sorriso.
Balancei a cabeça negativamente enquanto sorria e me jogava na cama. Ele ainda mexe muito comigo, e essa era uma coisa que eu não podia negar. Porém, eu não podia deixar que isso ficasse mais forte, porque no final de tudo ele vai se casar e eu vou ter aberto de vez uma cicatriz que nunca mais vai se fechar.

Terceiro dia...

Eu sabia que essa viagem não seria nada boa quando a ameaçou tirar meu emprego. Só piorou quando eu descobri que o noivo era meu ex-namorado. E justo agora, no terceiro dia quando íamos olhar o salão onde seria a festa do casamento, tá acontecendo um dilúvio la fora.
Ouvi batidas na porta e fui abrir a mesma sem me preocupar com a roupa que eu usava. Era um short de pijama um pouco curto e uma blusa de moletom, já que o tempo havia esfriado, deveria ser o serviço de quarto que eu pedi agora pouco.
- Bom dia. - fala assim que eu abro a porta - Aliás, ótimo dia. - me olha do pé a cabeça.
- Olha, , eu não to de bom humor hoje, então fala o que você quer e vai pro seu quarto, por favor. - me encosto à porta o olhando. Ele estava com uma calça de moletom cinza, uma blusa de moletom preta.
- O que aconteceu dessa vez? - respira fundo - Eu fiz alguma coisa errada? - eu rio fraco.
- Não é sua culpa. - ele suspira aliviado me arrancando uma risadinha - É culpa da chuva. - aponto pra janela.
- E o que a chuva fez pra você? - fala divertido enquanto cruzava os braços.
- Hoje nós íamos olhar o salão de festas, mas com essa chuva eles cancelaram. - bufo - E se eu não conseguiR esse salão é capaz da me matar.
- , calma. - ele havia mesmo me chamado de ? - Você não causou essa chuva. - ri pelo nariz - Se não conseguirmos esse salão, nós achamos outro. - eu balanço a cabeça negativamente - A não vai fazer nada com você. - me segura pelos ombros - Eu prometo. - eu sorrio fraco.
- Mas então, , o que te traz ao meu quarto? - encosto a cabeça na porta.
- Eu vim te chamar pra tomarmos café da manhã. - bagunça os cabelos.
- Chegou tarde, já pedi meu café no quarto. - mordo o lábio rindo em seguida.
- Sem problemas, peço o meu aqui também. - entra sem ao menos pedir licença e pega o telefone do quarto. - Vai ficar aí na porta me olhando? - me olha e eu rio fechando a porta logo em seguida.
- Enquanto você faz esse pedido, eu vou tomar banho e trocar essa roupa. - aponto pra roupa e ele segue meu dedo com o olhar.
- Por mim você pode ficar com essa roupa. - dá ombros - Ela fica bem em você. - dá uma piscadela e eu reviro os olhos indo pro banheiro.
Tomo um banho rápido usando só o chuveiro, e visto o roupão. Volto pro quarto secando o cabelo com a toalha e estava jogado na minha cama.
- Espero que tenha algo por baixo desse roupão. - me olha.
- Eu acabei de tomar banho, e não levei nada pro banheiro. - vou até a mala.
- Vou fingir que você não insinuou que está até sem lingerie debaixo desse roupão. - balança a cabeça negativamente.
- Eu não insinuei, eu realmente estou só com o roupão. - pego uma lingerie e levanto a lingerie mostrando pra ele.
- Você ainda continua com essa mania de me provocar. - ri pelo nariz.
- E você continua adorando minhas provocações. - pego a roupa e volto pro banheiro.
Fecho a porta, visto a lingerie, uma calça de moletom, uma regata e uma blusa de mangas por cima. Penteio o cabelo o deixando solto pra secar e volto pro quarto. estava na porta pegando nosso café da manhã.
Começamos a comer vendo um episódio de Bob esponja na TV.
- Eu dormi tanto ontem à noite, que estou com tanta fome. - como um pouco do ovo mexido.
- Você realmente dormiu quando chegou? - me olha bebendo o suco.
- Eu tomei banho, e dormi em seguida. - rio.
- Você realmente estava com sono. - ri e eu concordo com a cabeça - Eu ainda liguei pra , depois vi algumas séries, pedi meu jantar no quarto, tomei banho e fui dormi 12h00min AM. -meu celular toca na mesinha ao meu lado.
- Por falar em . - olho pro celular vendo que era ela.

~Ligação on~

Eu: Alô? - atendo.
: Que demora pra atender. - eu reviro os olhos e me levanto da cama.
Eu: Eu posso ajudar em alguma coisa? - ignoro o que ela havia falado e continuava a comer enquanto via TV.
: Eu quero saber como estão indo as coisas.
Eu: Quase tudo deu certo até agora. - falo com receio já sabendo que ela daria uma crise.
: Por que "quase tudo"?
Eu: Porque hoje iríamos olhar o salão de festas, mas acabaram cancelando porque está chovendo muito aqui.
: EU NÃO QUERO SABER DE CHUVA, . - afasto o celular um pouco do ouvido fechando os olhos - EU QUERO ESSE SALÃO TÁ ME OUVINDO? SE NÃO CONSEGUIR JÁ SABE.
Eu: Se eu não conseguir, estou demitida, é você já falou isso. - falo com a voz cansada deitando a cabeça no encosto da poltrona - Mas tem um probleminha, já cancelaram comigo e eu não posso parar a chuva. - me olha.
: SE VIRA. - continua a gritar.
Eu: Mais alguma coisa? Porque sinceramente, eu ainda tenho muito que fazer. - eu já estava a ponto de mandá-la pro inferno.
: Não, era só isso mesmo. - desliga o telefone.

~Ligaçao off~

- Vadia. - falo olhando o celular e ainda me olhava - Desculpa. - forço um sorriso e ele ri.
- Me surpreende você aguentar ela gritando assim com você o tempo todo. - bebe um pouco do suco.
- Sabe que até eu me surpreendo? - me levanto jogando o celular na poltrona - Eu me pergunto por que eu aguento isso há três meses. - volto pra cama me sentando ao lado dele.
- Você não fez faculdade de moda? - eu faço que sim com a cabeça - Então porque não investe nisso?
- Eu já tentei, mas ninguém gosta do meu trabalho. - rio pelo nariz - Acho que nasci pra ser secretária.
- Se antes de fazer a faculdade você desenhava umas roupas incríveis, imagino que agora deva ser muito melhor. - eu bebo o suco.
- Só você, a , o e a minha família que pensam assim. - o olho - Eu já mostrei a e ela disse que eram ruins, que ninguém se interessaria.
- Sinceramente? - eu balanço a cabeça pra ele continuar - Você não deveria escutar o que a fala, porque ela queria saber desenhar pra poder ser uma grande estilista, mas ela não tem esse talento. E por isso ela abriu aquela fábrica, pra suprir o desejo dela por querer saber desenhar. - coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha ainda o olhando - Porque assim, ela pode se sentir bem brigando com as pessoas.
- As pessoas que trabalham com ela são muito talentosas. - ele concorda com a cabeça - Tem duas opções pra ela me recusar, a primeira porque eu não tenho talento algum. - conto no dedo - E a segunda, que por algum motivo ela me odeia. - ele ri.
- Procura alguém dessa área, porque você tem um grande futuro. - fala e eu sorrio.
- Obrigada. - ele sorri de volta - E você? Formou-se mesmo em arquitetura?
- Claro que sim. - sorri orgulhoso - Enquanto você desenha roupas, eu desenho casas. - eu rio.
- O engraçado é que até nossas escolhas profissionais tem algo em comum. - ele concorda.
- Eu lembro que você falava que quando a gente se casasse iria fazer o seu próprio vestido. - fala sorrindo.
- E você falava que quando fôssemos nos casar, você faria a nossa casa. - sorrio de volta - Mas vamos cair na real, nós éramos adolescentes nosso namoro não tinha futuro. - me levanto me lembrando do que ele havia escrito na carta.
Ele não fala nada e se levanta logo em seguida. Juntamos as coisas do café da manhã e colocamos do lado de fora do quarto pra que alguém pegasse.

Já era fim de tarde quando estávamos acabando de assistir o quarto filme do dia. Nós passamos o dia assim, assistindo filmes como dois grandes amigos, e por incrível que pareça estava sendo uma coisa boa.
- Eu disse que era ela a assassina. - falo quando o filme acaba.
- Você já deve ter assistido a esse filme. - se ajeita na cama.
- Eu juro que essa foi à primeira vez. - olho pra ele - Mas eu cansei de ver filme. - desligo a TV.
- Eu também. - se joga novamente ao meu lado.
- Já sei. - me levanto em um pulo indo até a mala e pegando a bolsa de maquiagem - Vamos jogar pôquer? - pego o baralho e levanto mostrando pra ele.
- Tive uma ideia melhor. - se senta colocando uma almofada no colo - Vamos jogar strip pôquer. - eu cerro os olhos ma direção dele.
- Tem certeza de que você vai se casar? - vou até a cama - Porque homens comprometidos, não propõe jogar strip pôquer com outra mulher, ainda mais quando ela é sua ex-namorada. - me sento de frente pra ele.
- Ah, , não é nada demais isso. - dá ombros.
- Eu não vou jogar strip pôquer com você. - balanço a cabeça negativamente - Sem chances.
- Tá com medo, não é mesmo? - fala debochado - Porque sabe que eu vou ganhar.
- Tudo bem, . - coloco um travesseiro no colo - Vou te mostrar como se joga pôquer. - ele ri e começa a embaralhar.
Depois que ele dá as cartas, nós começamos a nos encarar seriamente, como se estivesse valendo dinheiro. Depois de alguns minutos jogando ele estava tão concentrado nas cartas da mesa que nem me olhava mais.
- Ora, ora, ora. - coloca as cartas na cama e havia uma trinca de Às. - Parece que alguém vai ter que tirar a primeira peça de roupa. - me olha com um sorriso maroto e eu tiro a blusa de mangas ficando só de regata.
- O jogo só começou lindinho. - falo sarcástica e embaralho as cartas começando outra rodada.
- Eu sei, Lindinha. - imita a minha voz e eu reviro os olhos.
- Fullhouse, baby. - minutos depois coloco as cartas na cama.
- Essa rodada não durou nem cinco minutos, como pode? - arqueia a sobrancelha.
- Eu disse que ia te mostrar como se joga pôquer. - dou uma piscadela e ele tira as meias - Ah eu devia ter colocado meias. - ele ri.
- Agora é tarde. - joga as meias pelo chão - Mais uma rodada.
Jogamos mais algumas partidas, até que eu ainda estava com a regata e a calça, já ele estava só com a calça de moletom mostrando aquele abdômen definido.
- Se continuar babando em mim, nós nunca vamos acabar essa rodada. - ele fala e eu mostro a língua pra ele. - Você é mesmo boa nisso. - eu o olho.
- É eu sei. - falo convencida - , como estão seus pais? - intercalo meu olhar entre ele e as cartas na minha mão.
- Você me chamou de ? - fala sorrindo e só aí eu percebo que havia o chamado pelo apelido - Eu pensei que não ouviria isso.
- E eu tinha certeza que não falaria. - rio pelo nariz - Mas a gente passou o dia todo juntos hoje, e estamos nos divertindo tanto que eu me esqueci de tudo por um momento.
- Isso é uma coisa boa. - sorri - E meus pais, eles estão muito bem. - responde a minha pergunta - Meses depois que eu me mudei, eles também foram pro Canadá e estão lá até hoje.
- Eu fiquei sabendo quando eles foram. - olho pras cartas - Sua irmã e sua mãe até tentaram falar comigo, mas eu não quis falar com ninguém.
- Elas me falaram. - continua me olhando - Eu te machuquei demais, e ainda me culpo por isso.
- Bom, mas é passado, vamos voltar ao jogo. - ele assente.
- Straight flush. - coloca as cartas na cama.
- Parece que estamos empatados. - tiro a regata - Rodada decisiva. - ele começa a dar cartas pra última rodada.
- Está pronta pra perder? - me olha sorrindo maldoso.
- Eu é que te pergunto. - devolvo o sorriso - Essa rodada já é minha.
- É o que nós vamos ver. - olha pras cartas.
Ficamos alguns minutos com as cartas na mão e eu fiz uma trinca, mas ele havia feito um fullhouse então ele havia ganhado.
- Você é boa, mas nem tanto como eu. - fala convencido e eu me levanto tirando a calça de moletom - Bela tatuagem. - olha a tatuagem abaixo do meu seio - Só tem ela?
- Tenho mais duas. - coloco um dos pés na cama- Essa daqui. - mostro a que era duas cerejas no tornozelo - E essa. - mostro uma âncora que eu tinha atrás da orelha.
- "We all have a story to tell" - lê a frase da tatuagem quando eu me sento - É realmente nós temos. - me olha nos olhos e eu deito na cama desviando o olhar.
Ele se deita ao meu lado e nós ficamos em silêncio os dois olhando pro teto. Minutos se passaram e nenhum de nós falávamos nada.
- Eu senti a sua falta. - ele fala baixo e com a voz um pouco rouca quebrando o silêncio, e o meu coração ficou mais acelerado.
- Por que você foi embora? - meus pés se esfregavam nervosamente um no outro - Num dia estava tudo bem, no outro você muda de país. - ele não fala nada e o quarto volta a ficar em silêncio, a única coisa que podíamos ouvir eram as nossas respirações.
- Lembra que eu comentei ontem sobre ter ouvido uma conversa sua com a sobre Cambridge? - eu falo um "aham" quase inaudível sem olhá-lo - Então eu já tinha recebido a carta da faculdade do Canadá nesse dia e estava indo te contar, mas quando eu cheguei ouvi você falar com a que era uma ótima oportunidade pra você, mas não podia aceitar por minha causa. - ele para por alguns segundos - E aí eu resolvi aceitar a bolsa no Canadá pra que você não perdesse essa oportunidade por minha causa. - lágrimas já estavam se formando nos meus olhos. Ele fez isso por mim? Pelo meu futuro? - Foi difícil pra eu ir embora, seria ainda mais despedir de você. Por isso eu só deixei aquela carta. - limpa a garganta. Ele estava segurando o choro? - Eu precisava falar que não teríamos futuro, mas isso não era verdade. Porque eu sempre quis me casar com você, ter uma família com você. E acredite, falar aquilo doeu muito em mim. - fecho os olhos pra evitar que as lágrimas caíssem - Eu entrei naquele avião mais acabado do que você pode imaginar, primeiro porque eu tive que te deixar seguir a vida, e segundo porque eu sabia que aquelas palavras iriam te machucar, mas era o único jeito de você não ir atrás de mim, porque pelo que eu te conheço você iria. - meu coração já estava quase saltando pela boca, e as lágrimas dominavam meu rosto - Ficar sem você foi horrível, é uma dor que nunca foi curada. E eu sabia que você estava me odiando depois daquela carta, mas era o melhor a se fazer. - ele não fala mais nada, e eu continuo em silêncio.
Às lágrimas já haviam dominado o meu rosto. Eu não conseguia falar, não conseguia olhá-lo, eu só conseguia chorar. Eu havia o odiado por todos esses anos, e tudo o que ele fez foi pelo meu futuro.
- Você... - falo com a voz embargada, passando a mão pelo rosto secando as lágrimas - Você realmente fez aquilo por mim? - consigo completar a frase, mas algumas lágrimas ainda caíam pelo meu rosto.
- Eu nunca tive motivos pra ir embora, . - fala com a voz rouca, ele também chorava, não tanto quanto eu, mas chorava.
- Depois que você foi... - engulo o choro - Eu tinha resolvido ir pra Cambridge, mas eu recebi a carta da NYU e era a o que eu estava esperando. - encaro o teto, evitando que as lágrimas voltassem a cair - Por mais que eu falasse com todas as letras que te odiava, lá no fundo algo me dizia que isso era da boca pra fora. - rio pelo nariz - E ir pra New York era uma coisa que me lembrava de você. - não evito um sorriso.
- Há um ano eu voltei pro Kansas, e o primeiro lugar que eu fui foi até a sua casa. - e pela primeira vez eu o olho - A sua mãe me disse que você morava em Seattle, mas disse que não me daria seu endereço, que ela já estava fazendo errado por me falar onde estava, porque ela não queria te ver sofrer mais. - ele me olha e seus olhos estavam vermelhos - Eu fui pra Seattle e te procurei, mas parece que a vida não queria que eu te encontrasse. - ri pelo nariz olhando de volta pro teto - E depois de te procurar por dois meses, eu desisti e fui pra uma balada encher a cara e foi aí que eu conheci a .
- A minha mãe nunca me contou sobre isso. - falo olhando pro teto de volta - Eu nem imaginava que você estava nos Estados Unidos.
- A verdade é que eu nunca te esqueci. - ele se apóia em um braço sobre a cama ficando de frente pra mim - Eu nunca deixei de te amar. - ele coloca a outra mão na minha barriga.
Mantenho meus olhos conectados aos olhos dele e ele sorri acariciando minha barriga. Seu rosto se aproxima do meu e ele logo sela meus lábios devagar.
Levo uma das minhas mãos até a nuca dele e sinto sua língua passeando pelos meus lábios e eu logo dou passagem.
Beijávamos-nos calmamente, numa mistura de desejo e saudade. Diferente do beijo de ontem, nesse nós estávamos completamente sincronizados. Nossas línguas dançavam uma com a outra numa sincronia incrível.
Ele corta o beijo com selinhos e volta me encarar. Levanto-me um pouco colando nossos lábios novamente e voltando a beijá-lo, mas dessa vez com mais pressa.
A mão dele percorria todas as curvas possíveis do meu corpo e a minha não era diferente e percorria todo seu abdômen. Logo desci a mão até a barra da sua calça e fiquei brincando com a mesma enquanto ele desabotoava meu sutiã com uma facilidade típica de .
Porém, minha consciência e a razão falaram mais alto que o desejo e eu cortei o beijo.
- A gente não pode. - falo ofegante - Você é noivo. - fecho os olhos ainda acariciando seus cabelos.
- Você tá certa. - ele também estava ofegante - Nós não podemos. - se levanta da cama, vestindo de volta sua camisa - É melhor eu ir pro meu quarto, ficar aqui com você vai me fazer perder a cabeça. - ri pelo nariz - Foi bom nos termos tido essa conversa. - sorri - Eu já não aguentava mais, você me odiando e eu não falar a verdade. - vai em direção à porta e abre a mesma.
- ? - ele me olha - Obrigada... - faço uma pausa - Por tudo. - me sento na cama arrumando meu sutiã que ainda estava desabotoado - Mesmo que tenha machucado muito, você só pensou no meu futuro. - sorrio - E isso, foi o gesto mais bonito que fizeram por mim na vida. - ele sorri.
- Só de poder ver esse sorriso já é satisfatório pra mim. - fala sorrindo - Boa noite.
- Boa noite. - ele sai do quarto e fecha a porta enquanto eu sorria feito uma boba.
Enfiei a mão debaixo do travesseiro e peguei a foto que estava ficando sempre lá. Sorri me jogando na cama e sentindo o perfume dele impregnado no travesseiro. Eu sei que eu não deveria ficar assim, ainda mais sabendo que ele vai se casar, mas saber que ele fez tudo aquilo por mim me deixava mais encantada do que eu já era por ele.
Eu pensei em ligar pra e contar tudo, mas pelo que eu a conheço ela me daria um sermão por estar deixando o sentimento voltar a tomar conta de mim, então era melhor deixar tudo assim mesmo.

Quarto dia...

Eu já havia acordado há mais ou menos umas duas horas, havia tomado banho e me arrumado, mas nada do . Eu já estava achando aquilo estranho, então me levantei da poltrona onde estava sentada, peguei meu celular e saí do meu quarto indo até o dele.
Bati na porta uma vez e nada. Duas, nada de novo. Na terceira vez ele abriu com os olhos entreabertos, o rosto ameaçado e os cabelos bem bagunçados. Ele estava sem a camisa e com a calça de moletom. O seu jeito me fez sorrir relembrando o passado.
- Bom dia. - sorrio.
- Bom dia. - fala bocejando - Estamos atrasados?
- Só um pouquinho. - rio - Vai tomar um banho e se arrumar, temos tempo ainda.
- Entra. - dá passagem, mas eu não entro - Me espera aqui dentro. - aponta pro quarto.
- Não. - ele me olha - É melhor eu te esperar lá em baixo.
- Tá com medo de ficar no meu quarto? - ri.
- Tenho medo do que pode acontecer se eu ficar aí. - mordo o lábio olhando pro corredor - Te espero no saguão do hotel. - não dou tempo de ele responder e vou em direção ao elevador.
Desço até o térreo e vou em direção ao restaurante. Sento-me em uma mesa perto da janela e peço o meu café e o do .
- ? - uma voz masculina me chama, mas não era o . Procuro em volta e logo encontro o dono daquela voz - Lembra-se de mim? - ele vem até a minha direção.
- Tyler. - sorrio me levantando - Não faz tanto tempo assim, não dá pra esquecer. - o abraço.
- Depois de três anos você ainda continua linda. - desfaz o abraço e me olha.
- E você continua mentiroso. - rio e ele balança a cabeça negativamente.
- O que faz em San Francisco? Você se mudou? - coloca as mãos nos bolsos da calça.
- Não, eu ainda moro em Seattle. - rio - Estou aqui a trabalho, mas e você?
- Eu vim pra uma conferência médica. - sorri.
Tyler fez faculdade comigo na NYU, ele cursou medicina e nós dois nos divertíamos muito juntos.
- ? - a voz do ecoa atrás de mim me fazendo levar um pequeno susto.
- Que susto, . - coloco a mão no peito me virando pra ele.
- Quem é ele? - olha pro Tyler com a sobrancelha arqueada.
- Tyler Miller. - ele fala estendendo a mão para .
- . - aperta a mão dele e me olha.
- O Tyler fez faculdade na NYU também, foi lá que nos conhecemos. - olho pro Tyler e sorrio - E o ... - ele me interrompe.
- Eu sou o noivo. - sorri falsamente.
- Eu não sabia que você ia se casar. - Tyler me olha.
- E não vou. - rio pelo nariz - Como eu disse, estou aqui a trabalho que é ajudar o com o casamento dele.
- Já que não vai se casar, me passa seu número? - fala sorrindo e me entregando o celular.
- Claro. - pego o celular e salvo meu número.
- Preciso ir agora. - beija minha bochecha - Foi um prazer te rever.
- Digo o mesmo. - sorrio.
- Tchau, . - acena com a cabeça e Tyler some da nossa vista.
Tomamos café em silêncio e assim que acabamos eu me ofereci pra pagar, e depois de uma pequena discussão sobre quem pagaria, eu acabei o convencendo a me deixar pagar.
Saímos do hotel e entramos no carro, ele logo deu a partida e ligou o rádio onde passava uma música qualquer.
- Hoje nós só temos que olhar seu terno, então o resto do dia é livre. - o olho.
- Isso é bom. - fala olhando a rua e eu concordo.
Alguns minutos depois ele estaciona em frente à loja de ternos e nós descemos.
- Bom dia, eu posso ajudar? - uma senhora mais velha e simpática nos atende.
- Bom dia. - vamos até ela - Nós viemos olhar ternos para noivo.
- Venham comigo. - nós a seguimos até uma parte da loja e ela mostra vários ternos diferentes.
- Qual você acha? - me olha.
- Esse daqui. - pego um terno preto, com uma camisa branca, um colete preto e uma gravata prateada - Você sempre ficou muito bem de preto. - sorrio o entregando o terno.
- Obrigado. - sorri e vai pro provador.
- Vocês formam um belo casal. - a senhora fala e eu a olho - O jeito que vocês se olham dá pra ver o quanto são apaixonados.
- Nós não somos um casal - rio fraco - Na verdade, eu sou só a secretária da noiva que veio fazer o que ela não pôde.
- Mas pelo que eu to vendo, vocês dois já tiveram um caso. - ela aponta pro provador com a cabeça.
- Nós já tivemos uma história pra ser sincera. - me sento em um dos puff's - Éramos namorados na adolescência.
- Tá explicado. - sorri - E por que não estão mais juntos?
- É uma longa história, e agora ele vai se casar. - rio pelo nariz.
- Como minha mãe sempre me dizia, o que tiver que acontecer vai acontecer. - sorri e o sai do provador mexendo na gravata.
- Eu nunca sei fazer isso. - para na frente do espelho.
- Deixa eu te ajudar. - vou até ele e fico em sua frente - Não acredito que não aprendeu até hoje como dar nó em gravata. - rio fazendo um nó na gravata.
- Sinceramente? Nem vou aprender. - ri - Lembra-se do baile de formatura? - me olha.
- Claro que eu lembro. - sorrio - Você chegou lá em casa sem a gravata, e se não fosse eu pra dar o nó você iria sem ela. - rio.
- Foi à primeira vez que eu vesti terno, e não tinha ninguém na minha casa pra me ajudar com a gravata. - eu acabo de dar o nó, mas continuo na frente dele.
- Você estava lindo naquele dia. - saio da frente o olhando pelo reflexo do espelho - E está lindo agora também. - sorrio o olhando mexer no cabelo enquanto se olhava no espelho.
- Será que a se importaria se eu usasse o cabelo bagunçado? - fala ainda mexendo no cabelo. E aquilo foi como tomar um soco no estômago.
- Eu não sei. - me viro de costas pra ele - Vou te esperar lá fora, preciso ligar pra . - a senhora me olhava com um olhar piedoso. Passo por ela dando um sorriso fraco e saindo da loja.
Para de ser idiota , ele vai se casar. Tudo o que vocês tiveram é passado, não vai mais acontecer.
Minha consciência falava comigo, e um nó se formava na minha garganta, mas eu não ia chorar.
Eu não ia chorar mais uma vez por causa dele.
- Podemos ir. - sai da loja e eu assenti indo pro lado do passageiro.
Ele entra no carro, coloca o terno no banco de trás e dá a partida. Olho pra janela ao meu lado encarando os carros que passavam pela rua.
Pegamos um pouco de trânsito, mas logo voltamos pro hotel. Nós descemos do carro, entramos no hotel e fomos direto pro elevador.
- Tá tudo bem com você? - ele aperta o botão do nosso andar - Você tá calada desde que saímos da loja.
- Eu só estou com um pouco de cólica. - falo sem olhá-lo.
- Quer que eu compre algum remédio pra você? - saímos do elevador.
- Não precisa, eu tenho na mala. - vou em direção ao meu quarto.
- Se quiser podemos assistir algum filme. - paramos na frente dos nossos quartos.
- Não, obrigada. - destranco o quarto.
- , olha pra mim. - segura meu braço me virando pra ele - Tem certeza que e só isso? - fala preocupado.
- Tenho, . - solto meu braço da mão dele.
- Quer que eu te faça companhia? Assim você pode esquecer a dor e ela passar mais rápido. - coça a nuca.
- , para. - falo séria - Eu só quero entrar no meu quarto e ficar sozinha, ok? - ele assente.
- Se precisar me chama. - eu falo um "Ok" quase sem som e entro no quarto.
Fecho a porta do quarto e me encosto à porta escorregando até o chão.
Eu já havia sofrido muitos anos por ele, e quando eu descubro toda a verdade eu sofro ainda mais. E agora eu tenho mais certeza do quão irônico à vida é.
Levanto-me indo até a cama e me deitando de bruços na mesma. Abraço o travesseiro que ainda estava com o perfume dele e fecho os olhos.

~Flashback on~

Era noite do baile de formatura e eu estava bastante animada. Acabo de me maquiar passando um gloss bem clarinho nos lábios.
Meu vestido era todo colado ao corpo do busto até a cintura e o resto era todo rodado batendo um pouco acima dos joelhos e na cor lilás. Meu scarpin nude combinava perfeitamente com a bolsa de mão também nude. Meu cabelo estava todo pra um lado só com vários cachos. E a maquiagem com os olhos bem marcados finalizava meu look.
Ouvi a campainha tocar no andar de baixo e já sabia que era o . Desci as escadas devagar e ele estava de costas pra escada conversando com o meu pai. Meu pai acena pra mim com a cabeça fazendo se virar e me olhar de cima abaixo sorrindo.
- Você está linda. - me olha nos olhos e sorri.
- Você está... - o olho percebendo que faltava algo ali - Sem a gravata? - vou até ele.
- É que eu não sei fazer esse bendito nó. - tira a gravata do bolso e eu rio - E não tinha ninguém na minha casa pra me ajudar.
- Vem aqui. - ele dá dois passos na minha direção e eu pego a gravata em sua mão - Eu te ajudo. - coloco a gravata no pescoço dele e começo a fazer o nó.
- O que eu faria da minha vida sem você? - segura na minha cintura.
- Provavelmente iria ao baile com alguma vadia da escola. - ele ri.
- Ou nem iria ao baile. - eu acabo de fazer o nó e seguro nos ombros dele - Onde você aprendeu a fazer isso?
- Eu sempre vi a minha mãe ajudando o meu pai, aí eu aprendi. - dou ombros.
- Então vamos? - me dá um selinho.
- Antes eu quero uma foto. - minha mãe entra na sala segurando a câmera - Não vão sair sem tirar algumas fotos. - eu e o rimos.
Depois de tirarmos várias fotos, minha mãe deixou que nós saíssemos. Entramos no carro do e ele logo deu a partida.
- A propósito... - o olho - você está lindo. - sorrio e ele retribui o sorriso.

~Flashback off~

Já era fim de tarde quando eu acordei. Peguei meu celular e vi que tinha uma mensagem do Tyler me chamando pra jantar com ele, depois de pensar por alguns minutos resolvi aceitar, afinal, eu não tinha nada que me impedia.
Depois de responder a mensagem falando que encontrava com ele as 08h00min PM no restaurante, me levantei indo até o banheiro. Enchi a banheira enquanto voltava no quarto pra escolher uma roupa. Optei por um vestido preto que havia comprado no outro dia, e um peep toe também preto também comprado no mesmo dia. Deixei tudo sobre a cama e voltei pro banheiro me despindo.
Entrei na banheira e me encostei à borda enquanto cantarolava "Halo - Beyoncé".
Fiquei um tempo dentro da banheira e saí indo até o espelho. Olhei meu reflexo ali e fui pro quarto. Sentei-me na cama e comecei a me maquiar da maneira mais natural possível.
Depois de me maquiar arrumei o cabelo em um rabo de cavalo e passei creme pelo corpo. Vesti o vestido e calcei os sapatos. Passei perfume e coloquei um par de brincos. Ouvi alguém bater na porta e achei estranho.
Será que ele perguntou o numero do meu quarto na recepção?
Perguntei-me mentalmente enquanto ia abrir a porta. Abri a porta dando de cara com o .
- . - o olho e ele estava com uma regata cinza e uma bermuda preta, nó pé estava de chinelos. - Tá tudo bem?
- Eu vim ver como você está. - me olha de cima a baixo - Você vai sair?
- Sim, eu vou jantar com o Tyler. - volto pra cama e ele entra fechando a porta.
- Você vai jantar com aquele cara? - encosta-se à porta.
- Vou. - dou ombros - Por quê? - o olho.
- Você disse que estava com cólica e queria ficar sozinha. - cerra os olhos na minha direção.
- E eu estava. - pego meu celular - Mas já estou me sentindo melhor. - olho as horas.
- Você não vai jantar com ele. - continua encostado na porta e cruza os braços.
- Quero ver quem vai me impedir. - paro na frente dele.
- Eu não quero você com esse cara. - fala sério - Você é minha. - olha nos meus olhos - MINHA. - grita e eu dou uma risada debochada.
- Você só pode tá ficando louco. - balanço a cabeça negativamente. - Sai da minha frente, .
- Não. - dá um sorriso cínico.
- , que merda, sai logo. - seguro no braço dele tentando puxá-lo, mas obviamente deu errado. - Qual é seu problema, em?
- Meu problema é você. - me puxa pela cintura colando meu corpo - Eu não quero você com ele. - aperta meu corpo ainda mais contra o dele - Eu quero você comigo.
- Você vai se casar. - tento me soltar - Você gosta da . - rio pelo nariz.
- Foda-se meu casamento. - olha nos meus olhos - Foda-se a . - aproxima seu rosto do meu - Foda-se o futuro, vamos viver o presente. - desce uma das mãos pra minha coxa - Você mesmo sempre disse pra não pensarmos no futuro e nem relembrar o passado, que o presente é importante. - enfia a mão por debaixo do vestido acariciando minha coxa.
- Mas nesses últimos anos eu relembrei muito o passado, e esqueci de viver meu presente. - seguro nos ombros dele ainda tentando me soltar.
- Então viva agora. - aproxima seu rosto do meu e me beija de uma vez.
Bati em seus ombros algumas vezes para que ele me soltasse, mas ele parecia não sentir nada. Não retribuí o beijo no começo, mas logo minhas mãos foram para seu cabelo e eu cedi completamente.
Ele morde meu lábio inferior o puxando de leve e volta a me beijar logo em seguida com certa pressa. Sua mão que estava na minha cintura se mantinha firme enquanto a outra era levada até o meu cabelo o puxando de leve. Corto o beijo mantendo nossos rostos colados e nossas respirações ofegavam.
- ... - abro os olhos encarando os dele e ele encosta a cabeça na porta como se já soubesse o que eu ia falar.
- Não fala que nós não... - eu o interrompo.
- Tranca essa porta. - mordo o lábio inferior e ele dá um sorriso.
- Achei que mandaria parar. - tranca a porta e eu tiro os brincos os jogando pelo chão mesmo.
- Eu cansei de resistir. - envolvo os braços no pescoço dele e ele envolve os braços na minha cintura.
- Que bom, porque eu também cansei. - segura na minha nuca e me beija apressado.
Levo minhas mãos até a barra de sua camisa a puxando pra cima e separando nossos lábios para tirá-la. Espalmei minha mão em seu abdômen passando de leve as unhas nele o sentindo arrepiar.
Ele não querendo ficar pra trás, segurou na barra do meu vestido o puxando pra cima e me deixando apenas de lingerie. Ele olhava meu corpo com luxúria, diferente de ontem enquanto jogávamos.
Seu braço segurou firme na minha cintura e com um impulso eu envolvi as pernas em seu quadril o fazendo se afastar da porta. Ele beija meu ombro, fazendo uma trilha até o meu pescoço dando leves mordidas e chupões. Seguro em seu cabelo e solto um gemido em seu ouvido.
Mordo o lóbulo da orelha dele e sinto sua mão espalmar a minha bunda. Solto um grunhido de aprovação e ele dá uma risadinha.
- Não sabia que gostava de coisas mais selvagens. - sussurra em meu ouvido me virando e me prensando contra a porta.
- Você nem imagina o quanto. - sussurro de volta e ele dá um chupão forte no meu pescoço e eu solto um gemido.
Desço os meus beijos até o pescoço dele dando uma mordida forte ali o fazendo soltar um gemido baixo em meu ouvido. Sua mão vai até o meu sutiã desabotoando o mesmo e o tirando com pressa.
Ele me prende entre a porta e seu corpo segurando as minhas mãos no alto da cabeça. Minhas pernas estavam firmes em sua cintura, então eu não corria o risco de cair dali. Ele posiciona o outro braço debaixo das minhas pernas me fazendo ficar um pouco mais alta que ele, deixando meus seios perto do seu rosto.
Um sorriso malicioso surge em seus lábios e ele abocanha um dos meus seios. Ele o chupava com vontade, de vez em quando mordendo meu mamilo e passando a língua no mesmo. Ele faz o mesmo com o outro seio me deixando ainda mais excitada.
O encaro com a respiração ofegante e o puxo pra um beijo afobado. Ele brinca com a barra da minha calcinha e eu mordo seu lábio o puxando nem tão de leve.
Ele solta as minhas mãos e eu volto a segurar em seu cabelo com uma das mãos e arranhar seu ombro com a outra. Sinto seu membro já bem animado e começo a fazer movimentos de vai e vem no colo dele o fazendo gemer em meus lábios.
Ele anda comigo em seu colo até a cama e se senta na ponta da mesma. Continuo a me mover em seu colo rebolando algumas vezes. O empurro na cama, o fazendo deitar e fico por cima.
Beijo sua orelha mordendo a pontinha da mesma, desço para sua bochecha, lábios, pescoço, peitoral, abdômen e logo chego à barra de sua calça. A tiro rapidamente o deixando só com um boxe branca. Mordi o lábio vendo o quão excitado ele estava e passei a mão sobre seu membro ainda coberto. O aperto um pouco ainda com a cueca e me abaixo dando beijinhos no mesmo.
- ... - fala rouco - Não me provoca assim. - eu o olho e dou um sorriso malicioso.
- Você vai receber um tratamento especial hoje. - mordo sua barriga e me aproximo do seu rosto - Que ninguém, nunca teve o prazer de receber. - sussurro o sentindo estremecer - Você vai ser o primeiro... - mordo seu lábio o puxando sem nenhuma dó.
Desço os beijos de volta até a sua cueca e tiro a mesma a jogando em qualquer canto encarando seu membro já bem ereto. Seguro em seu membro fazendo movimentos de sobe e desce com as mãos. O olho e ele estava com os olhos entreabertos me encarando enquanto soltava alguns gemidos.
Beijo sua glande e passo a língua pela mesma. Coloco parte do seu membro na boca e começo a chupá-lo ainda movimentando a mão na parte que não cabia na minha boca.
Ele soltava gemidos roucos e tentava manter os olhos abertos encarando os meus. Com a outra mão massageio seus testículos sem parar os movimentos. O tiro da boca o lambendo por inteiro. O coloco de volta na boca aumentando a velocidade dos movimentos, enquanto ele gemia palavras desconexas.
- Eu... - fala com a respiração acelerada - Não vou... Aguentar. - solta um gemido estridente.
Senti o pré-gozo e aumentei ainda mais a velocidade. Não demorou muito pra ele soltar um gemido alto e gozar na minha boca. Levantei a cabeça limpando em volta da minha boca enquanto o encarava. Eu nunca havia feito sexo oral em nenhum homem, mas já havia lido sobre o assunto. E pela cara do , eu diria que fui muito bem pra minha primeira vez.
- Agora é minha vez. - segura nos meus cabelos me puxando com certa força até ele e me dando um selinho antes de me deitar na cama e ficar por cima.
- Espera. - me levanto rápido da cama e vou até a mala pegando uma bolsinha onde eu guardava absorvente. Tirei de lá uma fileira de camisinhas e voltei pra cama as jogando pra ele.
Ele volta a me beijar enquanto levava sua mão até meu seio e apertava o mesmo. Solto um gemido em seus lábios quando sinto sua mão invadir minha calcinha.
Ele afasta um pouco nossos lábios mantendo seu rosto perto do meu e logo me penetra com um dedo. Ele morde meu lábio o puxando de leve e penetrando outro dedo. Fecho os olhos quando sinto ele aumentar a velocidade dos dedos.
- ... - falo seu nome entre gemidos e aperto o lençol.
Ele não fala nada e desce os beijos pro meu pescoço enquanto ainda movia os dedos. Ele dá mordidinhas no meu pescoço e eu arfo apertando os olhos. Sinto os movimentos pararem e solto um grunhido de desaprovação.
- Calma... - sussurra - Eu só estou começando... - sinto um arrepio percorrer pelo meu corpo e ele dá uma risadinha.
Ele desce os beijos pela minha barriga e logo chega à minha intimidade. Tira a minha calcinha com certa rapidez a jogando pelo quarto.
Beija a parte de dentro da minha coxa mordendo logo em seguida. Pressiona meu clitóris com o polegar estimulando o mesmo. Logo sinto sua respiração batendo contra a minha intimidade e solto um gemido estridente. Ele estimula meu clitóris com a língua sugando o mesmo e me fazendo apertar o lençol com ainda mais força.
Ele fazia movimentos circulares com a língua e apertava a minha coxa com força. Os movimentos se alternavam, ora rápidos, ora lentos, ora circulares.
Eu já não ia aguentar por muito tempo, eu estava em êxtase. Solto um gemido ainda mais alto e estava próximo ao meu orgasmo, ele percebeu isso e parou os movimentos.
Minha respiração ofegava e eu apenas olhei pra ele com a sobrancelha arqueada e ele deu um sorriso malicioso rasgando um pacote de camisinha com a boca. Depois de se proteger ele abriu um pouco minhas pernas e me penetrou de uma vez me fazendo gritar.
Envolvo uma das pernas em seu quadril e o puxo pra mim lhe dando um beijo afobado. Ele se movia cada vez mais rápido e eu parava o beijo a todos os segundos para recuperar o fôlego. Soltávamos vários gemidos no lábio do outro e eu arranhava suas costas sem nenhuma dó.
Depois de um tempo naquela posição ele se virou me deixando por cima. Sentei-me em seu colo e comecei a me movimentar rapidamente. Apoiei as mãos em seu abdômen enquanto "cavalgava" em seu membro.
Nós não quebrávamos o contato visual por nenhum segundo sequer. Os únicos barulhos que ouvíamos no quarto, era dos nossos gemidos e dos nossos corpos se chocando. Já estávamos completamente suados e a essa altura meu cabelo já estava solto e completamente bagunçado. Ele levou uma das mãos até um dos meus seios e o massageava, enquanto apertava forte a minha coxa com a outra mão.
Minhas pernas já estavam bambas, mas eu não queria que aquilo acabasse nunca, e sabia que ele também não. Alguns minutos entre gritos e gemidos chego ao meu ápice ainda me movendo rapidamente. Ele segura na minha cintura me impulsionando a ir ainda mais rápido. Não demora muito ele chega ao seu ápice também e eu deixo meu peso cair sobre ele.
Rolo para seu lado na cama mantendo meus olhos fechados enquanto respirava ofegante e tentava recuperar o fôlego. Ficamos em um completo silêncio no quarto, apenas ouvindo nossas respirações normalizarem. Eu não sabia o motivo, mas aquele silêncio me incomodava.
Sinto sua mão se entrelaçar com a minha que estava ao lado do meu corpo e dou um meio sorriso me sentindo mais confortável. Ele sabia tanto quanto eu que qualquer palavra errada poderia estragar todo o momento.
Ficamos deitados com as mãos entrelaçadas sem falar nenhuma palavra, apenas ouvindo nossas respirações se normalizarem. Ele logo se levanta, pega minha calcinha e sua camisa e joga pra mim na cama. Pega sua cueca e vai pro banheiro.
Depois de me vestir me deito de bruços sentindo o cheiro dele no travesseiro. Fecho os olhos e fico ali deitada. Logo sinto um movimento na cama e sua mão tocar as minhas costas.
- Você vai ficar aqui? - falo mantendo os olhos fechados.
- Só se você quiser. - acaricia as minhas costas e eu abro o olho o encarando.
- Então eu não preciso responder. - sorrio e ele retribui o sorriso.
Ele se deita ao meu lado me abraçando pela cintura e me puxando pra mais perto. Coloco o rosto na curva do pescoço dele e respiro fundo pra conseguir seu cheiro ainda mais de perto. Era incrível como até nisso ele continuava igual.
Porém, nada pode ser bom para sempre e uma pontada de culpa me atingiu.
- A gente não podia ter feito isso. - mantenho o rosto no pescoço dele.
- Mas agora já fizemos. - acaricia minhas costas - Olha pra mim. - eu levanto a cabeça para olhá-lo - Você se arrependeu?
- Claro que não. - dou um sorriso - E você? - balança a cabeça negativamente.
- Esse foi o melhor erro que eu cometi na minha vida. - dá um sorriso maroto e eu lhe dou um selinho - E quanto à ... - segura meu rosto entre as mãos - Não se preocupa com isso, ela é problema meu. - eu assinto com a cabeça e lhe dou outro selinho - E tem a frase daquele filme... - faz uma cara pensativa - O que acontece em San Francisco, fica em San Francisco. - eu arqueio a sobrancelha.
- É Casa Blanca. - ele assente - E não é San Francisco, é Paris. - rio e ele dá ombros.
- Mas a nossa história é muito melhor que a do filme. - cola nossos lábios - Então, vamos esquecer a existência de todo mundo o resto da viagem, pode ser? - eu sussurro um "aham" em seus lábios.
- , eu... - eu não podia falar aquilo. Ele me encarava com apreensão sabendo o que eu queria falar, mas como se tivesse tanto medo quanto eu. - Eu gostei muito de ter vindo nessa viagem com você. - pude senti-lo respirar normalmente de novo - Mesmo sabendo que no final dela tudo isso vai acabar. - fecho os olhos.
- Eu também gostei muito. - acaricia minha bochecha com o polegar - Essa viagem vai ser sempre lembrada por mim. - eu abro os olhos e ele sorria.
Deito a cabeça de volta em seu peito fazendo desenhos imaginários em seu abdômen.
Eu sabia que no final de tudo isso quem ficaria com a dor seria eu. Porque por mais que isso tenha sido real, ele ainda vai se casar com outra. Eu estava sendo apenas a última lembrança do passado.
- Boa noite. - ele fala beijando minha cabeça.
- Boa noite. - sussurro.
Um cansaço repetindo invadiu meu corpo fazendo com que meus olhos pesassem. Fechei os olhos me aconchegando contra o corpo do e logo peguei no sono.

Quinto dia...

Acordo com o sol entrando pela janela. Eu devia me lembrar de fechar essas cortinas à noite. Olhei pro meu lado e ainda dormia tranquilamente. Sorri e me levantei da cama.
Fui até o banheiro escovei os dentes, fiz minha higiene matinal e tomei um banho rápido. Saí do banheiro vestida com o roupão e nem se mexia.
Fui até a cama e me sentei do seu lado. Abaixei-me perto do rosto dele e dei um beijo em sua bochecha.
- . - sussurro - Acorda. - acaricio seu cabelo - Precisamos sair.
- Eu não quero ir. - fala com a voz sonolenta - Você me deixou muito cansado. - eu ri.
- Tudo bem . - lhe dou um selinho - Eu vou sozinha então. - me levanto da cama e vou até a mala.
Pego um short jeans e uma regata. Visto a lingerie, e a roupa em seguida. Calço meu all star, passo creme e vou até o banheiro me maquiar. Olho no espelho e vejo uma marca roxa no meu pescoço, cubro com a maquiagem e volto pro quarto.
- Passa no meu quarto e pega a chave do carro. - joga a chave do quarto pra mim.
- Até mais tarde. - pego meu celular e saio do quarto.
Entro no quarto dele e pego a chave do carro. Saio trancando a porta e vou em direção ao elevador. Desço até o térreo e entro no carro e logo dou a partida.

Passei a manhã toda resolvendo as coisas sobre o salão de festa. E sinceramente, eu tava achando melhor fazer tudo sem o . Porque sem ele já é difícil, com ele ainda é pior. Voltei pro hotel já era um pouco mais de meio-dia. Entrei no quarto e estava deitado na cama com algo nas mãos.
- Voltei. - fecho a porta e tiro o tênis.
- Você demorou. - me olha.
- É, tive que olhar tudo e anotar cada detalhe pra decoração. - me sento na ponta da cama - O que é isso na sua... - cerro os olhos ao perceber o que era - , por que você mexeu nas minhas coisas? - pego a foto da sua mão.
- Eu só fui arrumar a cama. - se senta de frente pra mim - E achei debaixo do travesseiro.
Não falo nada, só me levanto e vou até a mala guardando a foto de volta na agenda.
- Você guardou essa foto por todo esse tempo? - fala sorrindo - E ainda dorme com ela debaixo do travesseiro.
- Eu não durmo com ela debaixo do travesseiro. - volto pra cama - Só estava aí porque essa semana estava sendo muito difícil pra mim. - me sento na ponta ficando de costas pra ele.
- E não está mais? - senta atrás de mim colocando uma perna de cada lado do meu corpo e me abraça. Faço que não com a cabeça e ele beija meu ombro - Bom saber disso, garotinha. - fala sussurrando.
- Eu não sou mais garotinha, idiota. - dou um tapa na perna dele e ele ri.
- Mas fica emburrada como uma. - faz cócegas na minha barriga.
- Para... Com... Isso... ... - falo entre risadas me debatendo em seus braços.
- Não paro, não. - continua fazendo cócegas e rindo junto comigo.
- ... - falo com a voz manhosa ainda rindo.
- Só se eu for ganhar um beijo. - eu faço que sim com a cabeça e na hora ele para. Viro-me de frente pra ele e colo nossos lábios o beijando calmamente. - Você realmente não é mais uma garotinha. - sussurra entre o beijo - Agora é um mulherão. - morde meu lábio e o puxa de leve.
- E você continua o mesmo idiota de sempre. - corto o beijo e me levanto.
- Aonde você vai? - me olha.
- Encher a banheira, pra eu tomar banho. - entro no banheiro e coloco a banheira pra encher.
Começo a me despir ficando só de lingerie, e logo sinto os braços do rodearem a minha cintura.
- Não vai me convidar pra esse banho? - fala sussurrado.
- Você tem que parar de ficar sussurrando assim perto de mim. - ele ri apertando meu corpo contra o seu.
- Você não consegue resistir, não é? - continua sussurrando - Eu sei que não, nunca conseguiu.
- Para, . - chuto sua canela com meu calcanhar e ele me solta.
- Que violência. - faz uma careta de dor e eu dou ombros tirando o sutiã. - Você tá brincando comigo, né?
- O que eu to fazendo, garoto? - coloco alguns sais de banho na água.
- Ficando nua na minha frente. - ele analisava minhas costas por inteiro.
- Você entrou no banheiro porque quis. - dou ombros e tiro a calcinha entrando na banheira.
- Você deixou a porta aberta. - continua me olhando.
- Porta aberta não significa "entre e observe meu corpo" - falo divertida - Mas já que você tá aqui... - faço uma pausa brincando com a água - Eu preciso de ajuda pra lavar as costas. - dou um sorriso malicioso.
- Não precisa nem pedir duas vezes. - tira a roupa com tanta pressa, quase caindo pelo banheiro me fazendo gargalhar.
Ele entra na banheira do lado oposto ao meu e fica de frente pra mim. Ele brincava com meu pé e eu apenas o olhava.
- O que foi? - ri pelo nariz.
- Nada. - dou ombros.

Ficamos dentro da banheira por um bom tempo conversando - e nos agarrando - e depois resolvemos sair pra almoçar e arrumar os últimos detalhes desse infeliz casamento.
Ele já estava vestido, sentado na cama vendo TV enquanto eu acabava de me maquiar. Depois que acabei de me maquiar, calcei a sapatilha, peguei meu celular e fui até ele desligando a TV.
- Podemos ir. - ele se levanta, pega a chave do carro e nós saímos do quarto.
Descemos de elevador até o térreo, rindo de alguma bobagem que ele havia falado e saímos do hotel indo até o carro. Entramos e ele logo deu a partida.
- Ultimo dia de viagem. - deito a cabeça no banco - Não sei se agradeço, ou reclamo por isso. - rio pelo nariz.
- Podemos ficar mais um dia e ir embora no domingo. - me olha rapidamente.
- Ah, claro, e a não vai perceber que nós ficamos um dia mais aqui. - falo irônica - É melhor não.
- Tem razão. - bufa - Mas e se o carro estragar na estrada e precisarmos ficar em um hotel? - dá um sorriso maroto.
- Essa é uma possibilidade. - faço uma cara pensativa e rio.
Fomos até um restaurante um pouco afastado do hotel pra que pudéssemos almoçar. Nós ríamos o tempo todo contando um pro outro nossas "aventuras" durante esses sete anos em que estivemos separados.
Passamos quase uma hora e meia no restaurante, depois que ele pagou a conta nos saímos e entramos de volta no carro.
Chegamos ao local por volta de alguns minutos depois e descemos do carro. Entramos e eu comecei a escolher tudo pra decoração do salão.
Eu e o nos tratávamos como noivo e secretária da noiva, apenas isso, ali era um relacionamento profissional.

Já estava começando a escurecer quando voltamos pro hotel. Subimos direto pro quarto e pediríamos nosso jantar lá mesmo. Entramos no quarto, eu tirei os sapatos e me joguei na cama.
- Por que você não trouxe suas coisas pra cá? - o olho - Seria bem mais fácil pra você. - ele se deita ao meu lado.
- Seria. - me abraça pela cintura - Mas agora não tem mais necessidade disso. - beija minha bochecha.
- Realmente não. - rio pelo nariz - Então vamos pedir a comida? Eu estou morrendo de fome.
- O que vai querer? - me olha se sentando na cama e pegando o telefone.
- Pizza de calabresa. - ele ri e concorda com a cabeça.
- Tudo bem, gordinha. - dá um tapa de leve na minha barriga e eu lhe dou um chute na perna. - Você é agressiva. - faz uma careta e caímos na risada logo em seguida.
Ele pede a comida e se deita novamente ao meu lado. Ficamos os dois olhando pro teto sem falar nada. Minutos depois eu começo a rir me lembrando de uma coisa.
- Tá louca? - me olha rindo e eu faço que não com a cabeça - Tá rindo do quê então?
- Lembra quando eu fiquei com ciúmes daquela sua "amiguinha" e joguei o milk shake na cabeça dela? - continuo rindo e ele ri junto.
- Você ficou muito brava naquele dia. - fala entre risos - E eu nem tinha feito nada.
- Mas ela estava dando em cima de você na maior cara de pau. - falo controlando a risada - Eu fiquei irritada e joguei o milk shake na cabeça dela. - dou ombros.
- Ela nunca mais tentou nem falar comigo. - ele ri.
- Sorte a sua, porque se tivesse uma segunda vez quem sofreria era você. - o olho e ele ri.
- Ainda bem que não teve. - eu rio.
Deito a cabeça no peito dele voltando a ficar em silêncio.
Tudo isso acabaria amanhã, e depois ele iria se casar. Ele nunca mais voltaria a ser meu como no passado. Essa semana foi apenas uma recaída.
Sinto um nó na garganta, e algumas lágrimas se formarem nos meus olhos. Levanto-me rapidamente e vou pro banheiro trancando a porta e me encostando à mesma.
- , o que aconteceu? - bate na porta.
- Não é nada. - falo com a voz trêmula tentando segurar o choro.
- Abre a porta. - para de bater - Por favor.
- Me deixa sozinha por dez minutos. - fecho os olhos - Eu já vou sair.
- Tudo bem. - fala baixo.
Encosto a cabeça na porta e deixo as lágrimas caírem silenciosamente, sem fazer nenhum barulhinho sequer.
Uns dez minutos depois eu resolvi sair do banheiro, antes que ele voltasse a insistir. Lavei o rosto e respirei fundo abrindo a porta logo em seguida. Ele que estava sentado na cama, apenas me olhou pedindo uma resposta.
- Não me pergunta nada, por favor. - vou até ele me sentando em sua frente.
- Vem aqui. - me puxa pra mais perto e me envolve com seus braços em um abraço reconfortante.
Ficamos ali abraçados e em silêncio até ouvirmos bater na porta e nos levantarmos pra abrir já sabendo que era nossa comida. Sentamos-nos na cama e começamos a comer enquanto víamos TV.
- Isso ta bom. - ele fala e eu respondo apenas um "aham" - Você tá bem mesmo? - mais uma vez só respondo "aham" - Tem certeza que não quer me falar nada? - e pela terceira vez consecutiva só mais um "aham".
Ele bufa e volta a olhar pra TV desistindo de falar comigo. O que era bom, porque eu não queria falar sobre aquilo.

Já eram quase 12h00min AM e nós estávamos deitados na cama vendo um filme de comédia que passava na TV. O parecia chateado com algo, e eu tinha quase certeza que o motivo era meu silêncio durante toda a noite.
- Aonde você vai? - falo o vendo se levantar da cama.
- Vou pro meu quarto. - dá ombros calçando o chinelo - Não tem muita diferença lá ou aqui, já que o silêncio é o mesmo. - vai até a porta.
- , não vai. - me sento na cama - Por favor, fica comigo? - passo a mão no cabelo - Eu sei que esse meu silêncio, mas não me faz lhe contar o que ta acontecendo. Porque a verdade, é que nem eu sei explicar. - bufo.
- E como eu posso te ajudar sem saber de nada? - me olha.
- Só não vai embora. - vou até ele - Fica essa noite comigo, essa é a nossa ultima noite juntos. - seguro no rosto dele - E eu não quero passar ela longe de você.
Ele não fala nada, apenas segura na minha cintura e me beija calmamente. Ele vai me empurrando até a cama me deitando calmamente na mesma e ficando por cima.
- Eu sei o que está te incomodando. - corta o beijo e me encara - Acredite, isso me incomoda também. - acaricia minha bochecha com o polegar - Mas não pensa nisso agora, não vamos estragar o tempo que nos resta pensando nisso. - eu concordo com a cabeça - O importante é aqui e agora. - olha nos meus olhos - O que importa somos nós, apenas eu e você. - cola seus lábios novamente aos meus.
Eu não sabia explicar, mas toda a minha preocupação havia sumido com esse discurso dele. Eu sabia que isso acabaria amanhã, mas ainda sim eu me entreguei, mais uma vez, de corpo e alma para ele.

Último dia...
- Eu chego hoje à noite mesmo, amor. – acordo com a voz do ecoando no quarto – Assim que eu chegar eu vou pra sua casa. – encaro suas costas nuas já que ele estava apenas de bermuda – Eu te amo, nunca se esqueça disso. – e aquilo foi como uma facada no meu peito.
Eu não consegui prestar atenção em mais nada que ele falava. Era como se o meu mundo tivesse parado. Um aperto invadiu meu peito e era como se eu estivesse me sufocando com o meu próprio ar.
Eu sabia que isso ia acontecer no final de tudo. Eu sabia que não era comigo que ele se casaria. Não serei eu a mulher que dormirá com ele todas as noites. Aquela que poderá tocá-lo sempre. Aquela que será a mãe dos filhos deles. Eu agora só seria a ex-namorada que teve um caso com ele durante uma viagem para San Francisco. Eu não seria mais do que isso.
Percebi ele desligar o celular e fechei os olhos fingindo estar dormindo. Senti a cama afundar ao meu lado e me mexi um pouco abrindo os olhos devagar como quem estava acabando de acordar e ele me olhava sorrindo.
- Bom dia. – acaricia meu rosto.
- Bom dia. – falo baixo pra dá impressão de uma voz sonolenta. – Tá acordado há muito tempo? – o olho.
- Não, acordei agora também. – se deita ao meu lado, mas eu sabia que ele estava mentindo – Vou ao meu quarto arrumar minhas coisas pra tomarmos café e pegarmos a estrada, ok? – eu faço que sim com a cabeça e ele me dá um selinho.
- Vou tomar um banho e arrumar as minhas também. – me sento segurando o lençol que era a única coisa que cobria meu corpo.
- Passo aqui quando eu acabar. – veste a camisa e sai do quarto.
Assim que ele sai, eu passo as mãos no rosto deixando as lágrimas que antes eu segurava caíssem sem parar. Eu sabia que não devia ter começado com essa história, mas eu me deixei levar pelos meus sentimentos e a verdade na qual ele havia me contado. E agora era tarde demais pra voltar atrás.
Levantei-me indo até o banheiro, liguei o chuveiro e entrei debaixo daquela água quente que escorria pelo meu corpo junto com as lágrimas. Eu já não sabia mais o que era água e o que era lágrima. Fiquei ali por quase meia hora e depois desliguei o chuveiro. Escovei os dentes e voltei pro quarto.
Arrumei-me, vestindo uma calça jeans e uma regata, e fazendo uma make bem leve, só pra cobrir meus olhos inchados por ter chorado. No cabelo eu resolvi fazer um coque mesmo. Arrumei toda a minha mala guardando junto às coisas que eu havia comprado e me sentei na cama pra calçar o tênis.
Eu não podia voltar com o . Eu não suportaria 12 horas de viagem no mesmo carro só eu e ele. Ainda mais com essa ideia maluca de mentir sobre o carro estragar pra termos que passar a noite na estrada. Peguei meu celular e entrei em um site de passagens aéreas comprando uma passagem de volta para Seattle.
Ouvi alguém bater na porta, e já sabia que era o . Levantei-me puxando a mala comigo até a porta e mantendo o celular na minha mão. Abri a porta dando de cara com o , ele vestia uma camisa branca e uma calça jeans. O cabelo bagunçado como de costume, nos pés ele estava com um tênis e o perfume maravilhoso que ele sempre usava.
- Está pronta? – me olha de cima a baixo e eu faço que sim com a cabeça. – Então vamos descer para tomar café da manhã, e depois pegamos a estrada.
- Ok. – saio do quarto junto com a mala e fecho a porta do mesmo. Como ele já havia saído com a mala dele pro corredor, e a porta do seu quarto já estava fechada fomos direto pro elevador. – , eu... – faço uma pausa – Eu não vou voltar com você. – ele me olha confuso – Eu vou voltar de avião.
- Mas por que, ? Aconteceu alguma coisa? – fala preocupado.
- Não, eu só prefiro voltar de avião. – entramos no elevador – É melhor pra todo mundo assim. – olho pro chão.
- Eu não entendo. – aperta o botão do térreo – Por que você mudou de ideia? – me olha, mas eu mantinha meu olhar no chão.
- Eu não sei. – minto – Mas acredite, vai ser melhor pra nós dois se eu voltar de avião.
- Eu sabia que tinha algo de muito errado com você ontem. – ri pelo nariz – Mas a escolha é sua. – sai do elevador na minha frente.
- Não dificulta as coisas, por favor. – vou atrás dele – Você sabe que quem mais vai sofrer nessa história toda sou eu, e eu só estou tentando deixar menos doloroso. – saímos do hotel indo em direção ao carro.
- Você não é a única que vai sofrer com isso. – para na minha frente se virando pra mim – Eu também to sofrendo de ter que fazer isso com você, e com a .
- Então você não precisa se preocupar com isso, porque a nunca vai saber do que aconteceu aqui, e quanto a mim... – faço uma pausa – Quanto a mim você não precisa se preocupar, eu passei esses sete anos convivendo com a dor de ter sido deixada, agora eu posso passar o resto da minha vida com a dor de saber a verdade e mesmo assim não poder ser a única. – rio pelo nariz balançando a cabeça negativamente. – Eu desejo de verdade que você seja muito feliz com a , que ela te faça feliz. – dou um sorriso triste e dou sinal pro táxi.
- Nos vemos no casamento então? – o táxi para na minha frente e o motorista desce pra colocar minha mala no porta malas. – É bem provável que a te faça ir.
- Isso não vai acontecer. – rio pelo nariz – Mesmo que custe o meu emprego eu não vou a esse casamento. – abro a porta do carro – Eu prefiro perder o meu emprego a ter que ver o único homem que eu sempre vou amar, se casar com outra. – fecho os olhos rapidamente sentindo um nó na garganta – Nos encontramos depois de sete anos, quem sabe não nos encontramos de novo por ai. – uma lágrima escorre pelo meu rosto e eu sorrio – Tchau, . – entro no táxi e fecho a porta.
O olho pela janela do táxi e ele me olhava sem se mexer. Abaixo a cabeça olhando pras minhas unhas e o motorista logo dá a partida.

Algumas horas depois...

As horas passaram tão devagar que parecia uma eternidade. Eu já estava em Seattle, dentro de um táxi indo pra casa. Meus olhos estavam vermelhos e inchados por ter chorado durante todo o voo, mas eu não estava me importando, nada que acontecia a minha volta poderia mudar a dor que eu estava sentindo.
- Senhorita? – o motorista fala me tirando dos meus pensamentos – Chegamos. – olho pela janela avistando meu prédio ali em frente.
- Pode ficar com o troco. – o entrego o dinheiro e desço do carro.
Depois que ele tira minha mala do porta malas eu entro no prédio cumprimentando o porteiro com um sorriso fraco. Entrei no elevador apertando o botão do meu andar. Encosto-me na parede do elevador e fecho os olhos. Eu me sentia um pouco zonza, talvez por ter ficado sem comer, ou por tudo que havia me acontecido, mas a única coisa que eu queria era ficar na minha cama chorando até essa dor passar.
O elevador parou no meu andar e eu saí indo até o meu apartamento. Procurei a chave dentro da mala e logo a achei. Abri a porta encontrando e na sala vendo algo na TV.
- Oi. – falo sem nenhuma animação e os dois me olham.
- Eu achei que você só chegaria à noite. – me olha com a sobrancelha arqueada.
- Se eu tivesse voltado de carro com o sim, mas eu vim de avião. – tranco a porta e me sento no sofá – Eu não aguentaria mais doze horas com ele. – rio pelo nariz.
- Você estava chorando? – sai do outro sofá vindo até mim e se senta ao meu lado – Vocês brigaram tanto essa semana, a ponto de você não querer voltar com ele? – coloca a mão nas minhas costas acariciando a mesma.
- Antes tivesse sido isso. – passo as mãos pelo rosto – Mas o problema é que a gente ficou muito bem, até demais eu acho. – ela me olha confusa.
- , como assim? – ela coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e só nos observava.
Comecei a contar toda a história desde o começo pra ela entre sorrisos e lágrimas. Contei cada palavra de exatamente como ele havia falado. Ela e o prestavam atenção fazendo caras e bocas, que eu riria se não estivesse tão mal.
- Então ele só foi embora pra não te prender a ele? – fala surpresa e eu faço que sim com a cabeça – Caramba, e eu o odiei por todos esses anos? – eu faço que sim novamente.
- Nem me fala, . – passo a mão no rosto tentando secar as lágrimas, mas outras começavam a cair – E com toda essa verdade eu me deixei levar.
- Você não podia, . – fala em tom de repreensão.
- Eu sei que não, ele vai se casar. – apoio o cotovelo nos joelhos e o rosto nas mãos – A não merecia isso, por mais megera que ela seja.
- Eu não to nem ai se a merecia isso ou não. – ela dá ombros – Você não devia ter feito isso, porque a única pessoa que vai sofrer com tudo isso é você, . – ela afaga meus cabelos – Você já sofreu muito por todos esses anos, e agora vai sofrer mais pelo que aconteceu ter sido só um momento. – eu já nem conseguia controlar as minhas lágrimas.
- Eu só pensei nos meus sentimentos na hora. – se levanta indo até a cozinha.
- Você sempre faz isso, , você sempre deixa se levar pela emoção ao invés da razão. – ela balança a cabeça negativamente – E isso não é certo, porque no final sempre machuca. – volta com um copo de água me entregando e eu sussurro um “obrigada”.
- , dá pra você parar com isso? – falo já ficando irritada com ela – Eu sei que eu agi errado, que eu não devia agir pela emoção, mas agora tudo o que eu menos preciso é de sermão. – bebo a água – Eu só preciso da minha amiga agora, de um abraço e de ouvir um “vai ficar tudo bem”. – a olho.
- Desculpa. – ela fala arrependida e me abraça – Eu só me preocupo muito com você a acabo agindo como sua mãe. – ela afaga minhas costas – Você é a mais velha e tá sempre cuidando de mim, mas quando acontecem essas coisas eu me sinto na obrigação de fazer o papel da mais velha. – ri pelo nariz – Mas eu só faço isso pelo seu bem, eu juro.
- Eu sei, , eu sei. – sussurro encostando a teste no ombro dela – Obrigada por tudo, tá? – a aperto no abraço – Eu te amo muito.
- Eu também te amo muito, sis. – se afasta um pouco e me olha – Você pode sempre contar comigo, sempre mesmo. – seca minhas lágrimas com as costas da mão – Eu vou sempre estar aqui com você. – eu sorrio.
- Posso dizer o mesmo. – ela sorri e me abraça de novo.
E mais uma vez eu estava ali chorando nos braços da minha melhor amiga, e no momento só ela podia me consolar.

(...)


O final de semana passou tão rápido que eu mal tive tempo de pensar em como seria trabalhar com a depois dessa viagem. Passei o tempo todo dentro do apartamento junto com a enfiando a cara no sorvete, brigadeiro e filmes de romance. A verdade é que parecia que tudo estava acontecendo de novo, era como se eu tivesse 17 anos mais uma vez.
Eu tinha acabado de voltar do almoço e estava na minha mesa arrumando algumas coisas do trabalho. A ainda não havia chegado, o que era estranho porque ela sempre chegava cedo todos os dias, mas era um alivio porque estava tudo calmo por aqui.
- , que bom te ver. – e aquela voz irritante ecoa nos meus ouvidos. – Quero você na minha sala em dez minutos. – eu sabia que estava bom demais pra ser verdade.
Ela passa por mim rapidamente e entra em sua sala batendo a porta. Como era de se imaginar, ela não estava em um bom dia, a verdade é que ela nunca estava em um bom dia. Levantei-me arrumando o cabelo e indo até a sala dela e batendo na porta. Como ela não respondeu, eu apenas abri a porta devagar e entrei.
- Do que a senhora precisa? - paro em frente à mesa dela.
- Quero falar sobre o casamento. – olha a pasta que eu já havia deixado na mesa dela mais cedo.
- Eu escolhi tudo que eu achei que você iria gostar. – coloco as mãos atrás do corpo segurando o pulso com uma das mãos. – E nessa pasta está ai cada detalhe de tudo que eu escolhi. – ela folheava a pasta.
- Olha, você realmente me surpreendeu. – fala sem tirar os olhos da pasta. – Isso aqui está uma porcaria. – joga a pasta na mesa – Eu nem gosto de lírios. – me olha.
- Mas o disse que era sua flor preferida. – eu já começava a estalar os dedos pra tentar manter a calma – Você não me deu nenhuma lista com o seu tipo de flor preferido, e eu achei que lírios combinavam com você. – ela se levanta apoiando as mãos na mesa.
- Você não tinha que achar nada. – ela se curva um pouco pra frente ficando frente a frente pra mim – Você está demitida.
- O quê? – tiro os braços de trás do corpo os movimentando nervosamente – Eu fiz tudo o que você pediu, eu fui nessa viagem enquanto você aproveitava um SPA na Itália, porque acha isso mais importante do que a merda do seu casamento. – balanço a cabeça negativamente – E quando eu chego aqui você simplesmente me coloca na rua? – eu estava indignada.
- Você não fez o que eu pedi, , na verdade, eu acho que você só foi a essa viagem por causa do meu noivo. – sorri cinicamente.
- Você não sabe o que você está falando, . – rio de escárnio.
- Ah, eu sei muito bem. – sai de trás da mesa – Você nem faz ideia de como veio trabalhar comigo, não é mesmo? – senta na ponta da mesa e me encara – Há um pouco mais de quatro meses atrás eu encontrei uma caixa debaixo da cama do , e nessa caixa havia fotos dele com uma menina e pelos olhares nas fotos eu deduzi que eram namorados. – eu a olhava sem entender onde ela queria chegar com toda essa história – E junto com as fotos eu achei várias cartas, e em uma das cartas essa menina narrava a primeira vez que ele falou com ela, perguntando se ela era . – ela pega uma caneta na mesa e fica brincando com ela entre os dedos olhando pro movimento que ela fazia – Foi ai que eu contratei alguém pra procurar por essa garota, que pelo tempo já era uma mulher. Quando você foi encontrada você estava desempregada, havia acabado de perder o emprego e foi à oportunidade perfeita pra mim. – me olha com um sorriso maldoso nos lábios – Eu entrei em contato com você, e você veio até aqui fazer uma entrevista e sinceramente? Eu nunca consegui entender o motivo de você ser tão gentil, tão amável com todo mundo, mesmo todas as vezes que eu te humilhei você nunca sequer levantou a voz pra me responder, e eu sei que não por medo de perder o emprego, mas porque não faz seu estilo. – balança a cabeça negativamente – Um pouco mais de duas semanas atrás eu ouvi uma conversa do com a irmã ao telefone, onde ele dizia que havia te procurado, mas não conseguiu te encontrar, e depois me conheceu. Que mesmo ele estando prestes a se casar comigo ele nunca se esqueceria de você. – ela ri fraco e eu coloco a mão na boca já começando a entender tudo – E foi ai que eu inventei essa história de me casar em San Francisco, mas na verdade era só um teste que eu queria fazer, meu casamento vai ser aqui mesmo em Seattle e já está sendo organizado por uma profissional. – dá ombros.
- Você é louca. – rio sem nenhum humor – Como você pôde ter a coragem de brincar com as pessoas assim? De brincar com o seu noivo? – a olho incrédula.
- Eu só queria ver como você reagiria sabendo que seu ex-namorado estava prestes a se casar COMIGO. – dá ênfase em “comigo” soltando uma risadinha no final – E olha pelo que eu estou vendo você ficou bem abalada com isso, tanto que nem quis voltar no carro com ele, veio de avião pra passar menos tempo ao lado do seu grande amor. – sorri vitoriosa.
Eu estava com raiva, muita raiva. Eu queria chorar. Eu tinha esse problema, quando eu ficava com raiva eu chorava. Porém, eu não daria esse gostinho pra ela, um dos meus piores defeitos é o orgulho e ele se manifestava fortemente agora.
- Sabe, eu sempre achei que você era uma vadia. – ando pela sala e me viro pra ela – Mas agora eu vejo que estava errada, porque você não é uma vadia qualquer você é uma vadia sem coração.
- Você deve está se doendo toda agora, não é mesmo? – dá uma risadinha – Porque o homem que você ama vai se casar comigo, e mesmo depois de uma semana ao seu lado ele não ficou nem comovido ao te encontrar. – me olha com um sorriso debochado no rosto – E daqui a duas semanas ele será oficialmente meu, e não há nada que você possa fazer.
- Você vai ficar com ele sim... – faço uma pausa – Mas junto vai levar um belo par de chifres. – dou um sorriso vitorioso – Antes eu me sentia até culpada por isso, mas agora eu vejo que você não merecia apenas esse chifre, você nem merecia o noivo que tem. – balanço a cabeça negativamente – Essa viagem pra San Francisco realmente valeu muito a pena.
- Você realmente acha que isso vai me atingir? – ri balançando a cabeça negativamente – Você não passou de uma despedida de solteiro pra ele, de uma vagabunda que ele levou pra cama, mas eu serei a oficial daqui uns dias. – se levanta da mesa andando na minha direção e para a poucos centímetros de distância de mim – Você foi só mais uma na vida dele, uma vagabunda qualquer. – não pude controlar os impulsos, quando eu percebi meu punho já havia ido a encontro com o nariz dela.
- Sabe o que eu acho? – ela coloca a mão no nariz que sangrava um pouco – Que tudo isso que você fez foi por inveja. – ando até a porta – Porque você sabe que ele ainda tem sentimentos em relação a mim, e também porque eu tenho uma coisa que você nunca vai ter... – abro a porta e me viro pra ela – um coração. – sorrio vitoriosa e saio da sala dela indo até a minha mesa e pegando minha bolsa.
- Do que adianta ele ter sentimentos por você, se é comigo que ele vai se casar? - ela vem atrás de mim e eu me viro de frente pra ela – Aceita, , ele nunca mais vai voltar pra você. – ela estava com a mão no nariz tentando parar o sangue.
- Pior do que isso, é ter que passar o resto da vida ao lado de um homem que ainda ama a primeira namorada. – ela cerra os olhos na minha direção e eu saio andando de costas enquanto todo mundo que estava ali nos olhava – Ah, e é bom colocar gelo nesse nariz. – sorrio cínica e entro no elevador.
Desço de elevador até o estacionamento e vou em direção ao meu carro. Minha mão doía um pouco devido ao soco que eu havia dado no nariz da , mas eu não estava me importando porque já não era de hoje que eu queria fazer aquilo, e hoje eu cheguei ao meu limite com ela.
Entrei no carro e dei partida indo direto pra casa. Eu ainda não conseguia digerir tudo o que ela havia acabado de me falar. Eu não conseguia acreditar que ela havia feito tudo isso pra me deixar abalada. E o pior de tudo isso, ela havia conseguido e ainda sim vai se casar com o .
Não demorei muito a chegar em casa, já que não era tão longe. Deixei o carro no estacionamento e subi até o meu andar massageando a mão que ainda doía. Abri a porta do apartamento encontrado a deitada no sofá, ela não havia ido trabalhar, pois estava com muita cólica.
- O que aconteceu pra você chegar em casa tão cedo numa segunda-feira? – ela me olha enquanto eu fechava a porta.
- A me demitiu. – bufo e jogo a bolsa no sofá oposto ao que ela estava sentada e me sento logo em seguida.
- Mas você não fez tudo o que ela pediu? – ela me olha confusa e eu faço que sim com a cabeça – Então porque diabos essa mulher te demitiu?
Conto toda a história pra ela, e ela ficava incrédula a cada parte que eu contava. E repetir tudo o que eu ouvi, só estava me causando mais repulsa da .
- Não acredito que você deu um soco nela. – ela me olha incrédula – E eu não estava lá pra ver isso. – eu rio.
- Minha mão está dolorida agora, mas valeu a pena. – olho pra minha mão.
- Essa mulher é mais louca do que eu imaginava. – ela balança a cabeça negativamente.
- Sabe o pior de tudo isso? – ela me olha a espera de uma resposta – É que ela ainda vai se casar com ele. – meus olhos já se enchiam de lágrimas – Eu perdi o pra sempre, e pra uma mulher como ela. – ela se levanta e se senta ao meu lado.
- Eles nem se casaram ainda, você pode contar tudo isso pra ele. – ela coloca uma mão no ombro – E tenho certeza que ele largaria ela na mesma hora.
- , eu não quero ser a pessoa que estraga o relacionamento de alguém – olho pra ela – Eu não quero que ele fique comigo só porque descobriu o que a noiva dele aprontou. – deito a cabeça no ombro dela – Eu quero que ele fique comigo por amor. Por conta própria. – ela me abraça.
- É, você está certa. – afaga meus cabelos. – Sabe o que eu acho? – eu a olho – Que nós devíamos ir pro Kansas visitar nossos pais. – fala animada – E assim eu levo o pra conhecer meus pais. – eu rio pelo nariz – E fazemos essa viagem um dia antes desse maldito casamento. – eu concordo com a cabeça.
- Então, eu acho que vamos pro Kansas. – falo e ela levanta os braços dando um gritinho me fazendo rir.

?


As duas semanas haviam se passado, e nós agora estávamos no Kansas. A e o estavam na casa dos pais dela, e eu estava na dos meus pais onde era o meu antigo quarto. Eu não fiquei sabendo mais nada sobre a , ou o , eu só não tinha certeza se isso era uma coisa boa ou uma coisa ruim.
Ouço alguém bater na porta, e falo um “entra” alto pra que a pessoa pudesse ouvir. Logo minha mãe entra com uma caixa de madeira nas mãos.
- Trouxe isso pra você. – ela vem até mim na cama e eu me sento.
- O que é isso? – ela se senta na minha frente colocando a caixa entre a gente, e só ai eu percebo o que era. – Por que você estava com isso? – a olho.
- Você havia pedido pra que eu jogasse fora na mesma semana que o foi embora, mas eu não joguei, eu sabia que um dia você poderia se arrepender. – eu abro a caixa devagar olhando as fotos que estavam dentro.
Tinha várias fotos, desde quando eu e ele nos conhecemos até um pouco antes dele ir embora. Tinha vários bilhetinhos que ele me mandava durante as aulas, e também estava ali à carta de despedida dele. Eu a peguei e a abri devagar lendo e relendo várias vezes.
- Por que você não me disse que ele havia voltado e me procurado? – falo sem tirar os olhos da carta.
- Eu sabia o quanto você ainda estava magoada demais, e eu achei que se ele te encontrasse vocês poderiam se acertar. – ela coloca a mão no meu joelho.
- A gente se encontrou da maneira mais inesperada que eu podia imaginar. – rio pelo nariz.
- A me contou tudo. – coloco a carta de volta na caixa pegando um foto onde nós dois fazíamos caretas – Eu sinto muito por tudo. – eu a olho.
- Quando eu descobri toda a verdade já era tarde, agora ele vai se casar com outra. – olho de volta pra foto – E as únicas coisas que me restaram foram às lembranças. – dou um sorriso triste.
- Você ainda vai ser muito feliz, filha, eu tenho certeza disso. – passa a mão no meu rosto.
Ficamos em silencio enquanto eu olhava tudo dentro da caixa, eu sorria relembrando cada momento daquelas fotos.
- A quer a gente no jantar na casa dela hoje. – ela quebra o silêncio – Ela quer que nós conheçamos o namorado dela.
- Mãe, eu já o conheço. – ela ri e eu não evito acompanhar – Mas tudo bem, eu vou porque é importante pra . – ela sorri e se levanta
- Então vai se arrumar, porque nós vamos sair daqui a pouco. – beija a minha testa e sai do quarto.
Fecho a caixa a deixando sobre a cama. Levanto-me indo pro banheiro. Tomo um banho rápido já escovando os dentes debaixo do chuveiro. Saio enrolada na toalha, e me sento na penteadeira pra me maquiar. Faço um make bem básico, com um batom vermelho. No cabelo, eu fiz uma trança lateral. Levanto-me indo até o guarda-roupa visto uma lingerie e escolho uma saia florida de cintura alta e uma cropped preta. Calço uma sapatilha também preta e pego apenas meu celular indo pra sala, já encontrando meus pais prontos.
- Podemos ir. – paro ao lado do sofá e eles me olham.
- Eu ainda não consigo acreditar que você não é mais a minha garotinha. – meu pai se levanta e me abraça pelo ombro enquanto saíamos de casa.
- Já faz tempo isso, pai. – rio e nós vamos andando pra casa dos pais da , já que não era longe.
- Mas parece que foi ontem que você nasceu. – ele ri e minha mãe fica do meu outro lado.
- Mas isso já faz 23 anos, pai. – ele concorda com a cabeça.
Fomos o caminho todo conversando e rindo, não demoramos nem dez minutos para chegar. Logo que chegamos à mãe da nos cumprimentou gentilmente, e me abraçou por pelo menos uns dois minutos.
- Que bom que você chegou. – fala vindo até mim – A tá se arrumando e o pai dela não para de me fazer perguntas. – ele sussurra e eu gargalho.
- Ele quis deixar as perguntas pra quando a não estivesse perto. – rio indo até o pai da – Oi, tio. – o abraço.
- Menina, como você está bonita. – ele aperta a minha bochecha e eu sorrio – , vem aqui ainda temos muito o conversar. – segurei a risada da cara de pânico do .
- Tio, deixa essa conversa pra depois? – o olho – Eu preciso da ajuda do com uma coisa. – olho pro que respirava aliviado.
- Mas só porque você pediu, em. – ele dá um beijo na minha bochecha e vai até o meu pai.
- Eu te amo, sabia? – segura meu rosto e beija a minha testa.
- Sai, , você não faz meu tipo. – o empurro devagar enquanto rio – Por que você acha que eu te apresentei pra ?
- A é melhor que você mesmo. – dá ombros e eu lhe dou um tapa leve no braço e nos dois caímos na risada.
A não demorou muito a descer, e logo estávamos todos rindo de alguma besteira que o , eu ou a falávamos.

O jantar foi super agradável. Eu e a riamos da cara do quando meu pai resolveu se juntar ao pai da pra lhe interrogar. Eles estavam deixando ele assustado, mas era muito engraçado. Entre várias conversas, sobre relacionamentos, eu comecei a me sentir deslocada ali no meio, afinal eu era a única solteira no meio de três casais. Puxei a até a sala e o acabou indo atrás pra escapar das perguntas do meu pai e do pai da .
- , eu vou sair pra dar uma volta e depois vou pra casa. – a olho – Eu to precisando ficar um pouco sozinha, e andar pela cidade vai me fazer bem.
- Você tem certeza? – ela me olha preocupada.
- Tenho sim. – faço que sim com a cabeça – Eu venho amanhã passar o dia com vocês antes de vocês voltarem pra Seattle.
- Você não vai voltar com a gente? – pergunta confuso.
- Não. – rio pelo nariz – Vou ficar aqui mais uns dias, já que eu não tenho mais um emprego, ficar com meus pais uns dias vai ser bom.
- Me liga quando chegar em casa, ok? – a me olha e eu faço que sim com a cabeça.
Despeço-me deles e saio da casa da . Vou andando sem nem me preocupar pra onde estava indo. Eu conhecia tudo ali, não tinha nada com o que me preocupar.
Logo cheguei a uma praça que eu conhecia muito bem. Era a praça onde o havia me pedido em namoro. Eu nem imaginava como havia chegado ali, parecia que tudo sempre me levava a ele.
Sentei-me em um dos bancos olhando em volta. Era incrível como nada ali havia mudado. Os brinquedos onde sempre havia crianças se divertindo haviam sido reformados, mas o resto continuava igual.
A praça estava vazia, só havia um casal de adolescentes do lado oposto onde eu estava. Eu ri sem nenhum humor com a ironia que tudo aquilo era. Enquanto eu estava no local onde fui pedida em namoro pelo , ele estava agora casado com outra. Aquilo seria até engraçado se não fosse trágico.
Senti pingos d’água caindo nos meus braços e olhei pra cima vendo os primeiros pingos de chuva cair. Continuei sentada no banco, vendo o casal do outro lado se levantar e saírem abraçados fugindo da chuva.
- Você não devia esperar que a chuva caía pra voltar pra casa. – uma voz muito conhecida por mim ecoa pelos meus ouvidos me fazendo olhar pra trás.
- O que você está fazendo aqui? – me levanto ainda o olhando – Era pra você estar no seu casamento. – rio pelo nariz o olhando vestido naquele terno que eu havia escolhido pra ele.
- Eu vim atrás de você. – ele se aproxima parando na minha frente – Eu não podia me casar com a , não depois de passar duas semanas pensando em você 24 horas por dia. – ele coloca as mãos no bolso da calça – Depois que você foi pro aeroporto aquele dia em San Francisco, eu entendi o que você sempre dizia com o quão irônica a vida é. – ri pelo nariz – Porque eu passei seis anos em outro país, e há um ano quando eu resolvi voltar e te procurar eu conheci a e me apaixonei. Eu tive a certeza que já havia te superado quando resolvi pedir a em casamento, mas ai você apareceu e foi que eu percebi que não havia superado nada, só havia descoberto uma forma de dar um tempo pras lembranças. – a chuva começava a aumentar um pouco, mas nem eu e nem ele estávamos nos importando – E durante essas duas semanas eu não parei de pensar na gente um minuto sequer, só ai eu percebi que eu nunca vou ser capaz de superar o que eu sinto por você. – ele me olhava nos olhos e algumas lágrimas já haviam resolvido descer pelo meu rosto – E hoje, um pouco antes da hora do casamento eu recebi uma ligação da ... – eu o olho confusa – Ela me contou tudo o que aconteceu depois que nós voltamos de San Francisco, tudo o que a te falou. – ele tira uma das mãos do bolso e passa no cabelo que já estava completamente molhado – E dias antes, a havia me falado que você pediu demissão, e que não sabia o motivo. – balança a cabeça negativamente – Depois da ligação da , eu fui atrás da perguntar se isso era verdade. É claro que ela deu um chilique por eu ter a visto com o vestido faltando tão pouco pro casamento. – ele revira os olhos – E depois de muitos gritos da parte dela, e da minha também ela acabou me confirmando a história toda. – ele ri sem humor – Eu não consegui acreditar no quão ridícula ela foi por ter feito tudo aquilo com alguém, só pra saber o quanto à pessoa sofreria com isso. – as gotas de chuva estavam ainda mais fortes, nós já estávamos completamente molhados – Eu não pensei duas vezes antes de deixá-la e vir atrás de você. Afinal, eu me casaria com ela por estar apaixonado, mas paixão não é pra sempre como o amor, e você é a única mulher que eu sou capaz de amar nesse mundo. – eu já não conseguia diferenciar as lágrimas da água da chuva – Provavelmente se a não tivesse me ligado, eu estaria casado agora aguentando uma festa chata com centenas de convidados que eu não faria a ideia de quem eram, mas eu levei três horas dentro de um avião pra vir até aqui só te falar uma única coisa... – ele segura meu rosto entre as mãos – Se passaram sete anos desde que namorávamos, pode se passar mais dez, vinte, trinta anos e eu NUNCA, vou deixar de te amar. – fala olhando nos meus olhos - Eu te amo, , e é com você que eu quero viver o resto da minha vida, seja aqui no Kansas, seja em Seattle, no Canadá, ou até mesmo em outro planeta, não há mulher nenhuma capaz de te substituir. – meu coração estava completamente acelerado, minhas pernas bambeavam como no dia em que ele havia me pedido em namoro.
- Eu também te amo, . – um sorriso se abre em seus lábios e ele aproxima seus lábios do meu.
Beijávamos-nos calmamente, e apaixonadamente ali onde havíamos começado o nosso namoro. E pra deixar tudo aquilo ainda mais romântico, nos beijávamos na chuva.
Eu o amava e nada seria capaz de mudar aquilo. Talvez não fossemos ficarmos juntos pra sempre, mas de uma coisa eu tinha certeza, nós dois seríamos muito felizes durante todo o tempo que passássemos juntos, e ninguém no mundo poderia tirar isso de nós.
Amor não se conjuga no passado, e se mesmo depois de anos ele ainda continua vivo é porque ele nunca será capaz de terminar.



Fim



Nota da autora: (23.07.2016) Hello baby's!!! Eu espero de verdade que vocês tenham gostado da história, porque deu realmente muito trabalho pra escrever. E como a ultima que eu escrevi essa também foi com o Chris Evans (me julguem, sou apaixonada por ele). Comentem o que acharam, indiquem pras amigas, inimigas, pai, mãe, avós, tios, tias, primos, pra todo mundo que vocês quiserem. E eu estava pensando em uma segunda parte pra história, mas isso vai depender de vocês, porque se gostarem e quiserem uma segunda parte eu farei com o maior prazer, senão eu desisto.
Se quiserem ler outras histórias minhas, procurem por She changed my life, e The son of my stepfather no obsession e vocês vão achar. Se caso quiserem falar comigo, me procurem no twitter @cloudstagnoli, podem falar o que quiserem comigo. Eu sou legal haha...
Beijos baby's!!



Nota da beta: Nessa fanfic tive diversas emoções, e me fez lembrar de um momento no qual passei em minha vida, queria ter um final feliz também, mas não rolou... Enfim, amei tudo, Debs! Parabéns e apoio uma continuação! <3




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