"You're bad for me, I clearly get it.
I don't see how something good could come from loving you."
Poison - Beyoncé

's POV
Andava em passos largos e apressados na expectativa de chegar a tempo ao meu ponto de encontro favorito.
De um tempo pra cá essa havia se tornado a minha rotina e seria pura calunia se eu dissesse que não gostava disso.
Assim que cheguei cumprimentei Wilson, o porteiro, e ele me correspondeu com um largo sorriso, de fato ele já está acostumado com as minhas visitas.
"230". Observei bem os números da porta do apartamento enquanto esperava que ele a abrisse e neste meio tempo, pensei nas diversas vezes que já tinha feito isto só este ano, e realmente foram muitas.
- Achei que você não viria - se declinou sobre o batente da porta assim que a abriu e tratou de abrir um largo sorriso.
- Você sabe que eu sempre venho - Sorri fraco - Vai me deixar entrar ou não? Esses saltos estão me matando - Resmunguei levantado o pé para que ele pudesse ver.
- - Riu baixinho enquanto negava com a cabeça - Se acalma - Passou seu olhar por todo o meu corpo - Trouxe alguma outra roupa? - Perguntou com o cenho franzido.
- Eu sempre trago - Dei de ombros como se aquilo fosse óbvio - Gosto de tomar banho depois de tudo - Senti minhas bochechas queimarem. Até temos uma certa intimidade, mas mesmo assim sempre que resolvo tocar no assunto me sinto insegura.
- Eu quis dizer roupa que de pra sair, - Soltou uma risada maliciosa seguido de um rolar de olho tedioso.
- Não - Respondi confusa e tenho certeza que um bico se formou em meus lábios - Você não me disse nada - Inclinei a cabeça de lado enquanto o observava atenta.
- Tanto faz - deu de ombros - Você pega um vestido qualquer da minha mulher - Me puxou pelo braço apartamento adentro.
- Como assim? - Ri - Para onde nós vamos? Não vamos fazer o mesmo de sempre? - Questionei confusa.
- Não - Ele negou caminhando até a estante e ficou de costas por lá, encarando algo e eu aproveite para encará-lo. Ele não usava nada além de uma calça sem sinto, ou seja, ela estava caída e isso me dava a visão perfeita de sua boxer vermelha. - Vai ficar me secando assim? - se virou para me encarar e eu tenho certeza de que um sorriso malicioso estava estampado em meu rosto.
Se eu pudesse ficaria.
- Eu só quero saber o que vamos fazer. - Tentei disfarçar enquanto arrancava de meus pés os saltos que tanto me incomodava.
- É surpresa - Sorriu simpático e me estendeu a mão - Vem, vamos escolher o seu vestido.
- Eu não acho que vá ser uma boa ideia eu sair desfilando com os vestidos da sua mulher - Indaguei um tanto agoniada com a ideia do garoto.
- Ninguém vai se importar. - Me empurrou para dentro do quarto - Temos reservas para às nove, então, por favor, se arruma logo – Bufou, se jogando na cama.
- Espera - Me virei ficando de frente a ele - Você vai ficar ai? - Ergui uma de minhas sobrancelhas achando aquilo um absurdo.
- Vou - Disse como se não fosse nada demais - Qual o problema nisso? - Questionou se deitando.
- Nenhum - Resolvi não iniciar uma briga tosca.
Por mais que e eu sempre tivéssemos o nosso momento, me sentia estranha tendo de ficar nua na sua frente sem que nós dois fossemos fazer nada e para piorar, essa ideia de sair com ele por ai me assustava mais ainda.
- Ela foi para Boston dessa vez - Ele disse após um certo tempo.
- O que ela faz mesmo? - Perguntei enquanto descia a alça de meu vestido.
- Ela é empresária - Murmurou um tanto baixo.
- Deve ser horrível ter de ficar tanto tempo longe da pessoa que você ama - Desci por completo a peça que usava e parei, a espera de sua resposta.
- Você acaba se acostumando - Fez uma pausa - Vamos esquecer isso, okay? - Perguntou - Tenho tantas surpresas para hoje - se levantou e caminhou vagarosamente até mim. Pelo fato dele ser bem maior do que eu, era super fácil para ele me abraçar e ao mesmo tempo me envolver.
- Se você começar agora eu juro que não vou conseguir parar - Resmunguei me afastando dele.
me tinha nas mãos e ele sabia que eu faria tudo o que ele quisesse.
- Eu sou ia te dizer - Ele se aproximou e colou os lábios em meu ouvido - Que o vestido preto com lantejoulas fica super sexy em você - Sussurrou e se afastou.
- Não é só você que tem surpresas para hoje - Disse quando ele já estava prestes a sair do cômodo.
- Surpresa? - Parou ainda de costas - , que surpresa?
- Vai ter que esperar para descobrir - Dei o meu melhor sorriso sacana e ele bufou, se retirando.

Fiquei realmente espantada ao ver o grande letreiro na frente do restaurante
La Plata, de fato deveria ser um lugar grã-fino.
- Meu Deus - Coloquei a mão sobre a boca na tentativa de demonstrar espanto - Isso deve custar uma fortuna.
- Nada que não valha uma boa surpresa - Sorriu entrelaçando nossas mãos.
Foi algo rápido e simples e pelo jeito que o trataram eu deduzi que ele deveria frequentar aquele lugar com frequência. Com simples e curtas palavras fomos direcionados a nossa mesa, ela ficava ao lado da fonte principal do salão. Era um belo lugar para se ter um belo jantar.
- Vai me dizer enfim o porquê de estarmos aqui? - Perguntei assim que nos sentamos.
Nunca fui do tipo que ama segredos ou surpresa.
- Nós nunca paramos um minuto sequer pra conversar - Ele se ajeitou, me encarando - É sempre sexo e nada, além disso, e , eu quero ter ao menos uma conversa decente com você.
- Você me trouxe aqui - Joguei minha bolsa sobre a mesa - Nesse lugar que custa uma fortuna, só pra conversar? - Questionei em um tom risonho - Poxa , nós podíamos fazer isto em casa - Disse como se fosse obvio.
- Tenho outra coisa pra fazer também - Sorriu de canto - Mas o melhor a gente deixa para o final.
"Os senhores escolheram o que vão querer comer? " — O Garçom perguntou antes que eu pudesse expressar alguma uma reação.
- O de sempre - Ele deu um sorriso amigável ao garçom, que assentiu se retirando.
- Então você vem sempre aqui? - Me apoiei sobre um braço esperando ansiosa por sua resposta.
- Na maioria das vezes sim - Ele puxou o celular do bolso e começou a 'fuçar' algo no mesmo - É meu lugar de comemorações - Parecia não ter se importado com a minha pergunta.
- Então quer dizer que você já trouxe a sua mulher aqui? - Perguntei um pouco receosa com a resposta que ele me daria.
Talvez se envolver com um homem casado não fosse a coisa mais linda do mundo, mas o que eu poderia fazer se o estúpido do meu coração se nega a acabar com isto?
- Não - negou com a cabeça - Raramente ela tem um tempo pra mim e quando tem ela prefere ficar em casa descansando - Fez uma pausa - Como foi a sua semana? - Perguntou mudando totalmente o rumo que aquela conversa poderia tomar.
- O que? - Ri baixinho - Você nunca se importa comigo ou com a minha semana - Disse com certo pesar, não porque aquilo fosse uma brincadeira e sim por ele realmente não se importar com a minha semana.
- Eu me importo sim - Colocou o celular sobre a mesa e me encarou em repreensão - Eu gosto de você, - Esticou sua mão até a minha e iniciou um carinho no local.
- Que seja - Dei de ombros puxando minha mão da sua. Qualquer tipo de demonstração de afeto de sua parte me assustava um pouco. nunca fora muito romântico comigo - Foi comum como todas as outras e a sua? - Perguntei tentando não parecer estranha.
- Idêntica a todas as outras - Ele sorriu sem mostrar os dentes - Senti sua falta durante ela, - Me lançou um olhar piedoso. Um olhar que me quebrava em mil pedacinhos.
Comemos, conversamos e rimos, fizemos aquilo que eu nunca imaginei que faríamos. Ele se mostrou uma pessoa totalmente diferente, inocente, amável e acima de tudo, demonstrou pela primeira vez um interesse real por mim e a certa altura do campeonato eu já estava derretida por ele, mas sempre que o olhava com outros olhos me lembrava da nossa promessa. “Isto é apenas sexo, sexo sem compromisso algum. "
Saímos do restaurante conversando e rindo bastante, descobri tanto sobre ele, tanto sobre a vida dele e eu estava adorando tudo aquilo. Caminhamos em passos lentos até uma praça que tinha por perto e a mesma se encontrava vazia, já que se passavam das onze da noite. Sentamos em um daqueles bancos e ele enfim anunciou que iria revelar a sua última surpresa.
- Hoje foi incrível - Sorri sincera - Eu não conhecia o doce - Lhe empurrei com o quadril.
- Poucas pessoas tem essa chance de conhecer que eu realmente sou - Deu uma gargalhada gostosa.
- Devo me sentir lisonjeada por ser uma dessas sortudas? - Perguntei risonha.
- Com certeza - Assentiu enquanto enfiava a mão no bolso de seu paletó.
- É a minha última surpresa, certo? - Questionei observando a mão que ele acabará de colocar dentro do bolso.
- Ah sim - Retirou uma pequena caixa do bolso e ao vê-la senti meu coração disparar. Era pequena, mas não tão pequena, tinha a superfície aveludada e a sua tonalidade era azul. Como um impulso minha mente sugeriu diversas coisas e eu já não estava mais aguentando toda aquela emoção.
- O... O que é isso? - Perguntei em meio ao nervosismo e só depois fui notar que minha voz havia falhado e foi meio que impossível não me sentir estúpida por isto.
- Quero que você sempre se lembre de mim - Ele sorriu e abriu a caixinha.
Decepção era pouca coisa para deduzir o que eu sentia naquele momento, pois dentro da pequena caixa tinha apenas um pequeno colar com um pingente de cupcake.
- Essa é a surpresa? - Observei com desdém o objeto.
- Pra falar a verdade, não - Negou - Eu vou embora - Sorriu sem mostrar os dentes - conseguiu uma vaga como administradora, mas a sede fica em Boston - Fez uma pausa e me encarou. Estava prestes a chorar, mas tentei me segurar com todas as minhas forças possíveis - É a minha chance de ter uma vida decente com ela.
- Eu nem sei o que dizer - Sorri falsamente - Parabéns - O abracei com força e acho que isso só piorou as coisas. Sentir seus enormes braços me envolverem só me fez querer chorar mais. Eu não queria me conformar que ele iria me deixar, talvez eu tivesse levado tudo isso um pouco a sério demais.
- Obrigado - Me acariciou - Vou sentir sua falta, .
- Eu acho que também vou sentir um pouco de saudades de você - Ri falsamente - , espero que você seja feliz.
- O mesmo pra você - Sussurrou em meu ouvido - Preciso ir - Se levantou e me observou mais uma vez - Adeus - E caminhou em direção ao outro do lado do parque como se tudo aquilo não fosse nada demais.
E juntamente com ele se foi uma parte do meu coração.
era como um veneno se movendo em meu sistema, com o tempo acabando com todas as minhas defesas.
Como algo tão mortal poderia ser tão certo?
Talvez minha morte fosse sua missão, porque com cada abraço e beijo ele roubava um pedaço de mim.

Nota da autora: (16/01/2017) Que tal uma long dessa fic?