Última atualização: 10/01/2019

Capítulo Único

1. Primeira Estrofe

"Eu vi você em uma cafeteria em um domingo
E foi só você olhar na minha direção
Que meu coração começou a acelerar
E minhas mãos começaram a tremer, sim..."

O professor Price chamou o meu nome. Era a minha vez de apresentar meu trabalho de conclusão de curso. Disse a mim mesmo que estava tudo bem. Planejei o projeto desde o início da faculdade, já tinha tudo em mente.
Peguei o pendrive no bolso da minha calça e caminhei na direção onde ficava o notebook conectado ao slide, no palanque. Não consegui chegar, minha vista começou a escurecer e eu ouvi o toque do meu telefone. Acordei com o barulho do meu corpo caindo da cama, enquanto meu celular continuava a dar um escândalo, insistindo em ser atendido. Atendi.
— Oi, Hugo.
Falei ainda sonolento.
— Argh, você esqueceu não foi?
— De? — Hoje é domingo. Dia de confraternização da faculdade, vamos tomar café no Bunker.
— AHHHHH!
— Você foi dormir tarde trabalhando no projeto, não foi?
Chequei a cama. Notebook, papéis, cadernos jogados.
— Precisa relaxar, cara. Se arrume, passo aí em cinco minutos.
Ele não me deu tempo. Desligou. Tomei banho nas pressas, quase derrubei as coisas da prateleira do boxe. Sempre que eu tentava fazer as coisas com pressa, era um desastre. Quando terminei de me trocar ouvi o som da buzina do carro de Hugo.
Cumprimentei Hugo e Alice, sua namorada, enquanto entrava no carro. Eles dois começaram a rir e eu fiquei sem entender.
— Sua camisa está abotoada errada.
Alice disse apontando para os botões.
— Argh! — disse olhando para a camisa toda torta. — Obrigada Alice.
— Por nada.
Chequei algumas mensagens no celular, estava tão louco com o trabalho da faculdade que às vezes até esquecia.
Quase toda a turma já estava no Bunker Coffe quando chegamos. Estava uma agitação, todo mundo em pé se cumprimentando, as garçonetes correndo de um lado para o outro para pegar os pedidos. Reparei em alguns rostos desconhecidos e só então lembrei que ficou aberto para quem quisesse levar um convidado. Lembrei de Alice, que não era da nossa turma, provavelmente a convidada de Hugo. Droga, esqueci completamente de convidar alguém.
Alguns colegas chegaram para me cumprimentar e puxar assunto. Perdi a atenção da conversa completamente quando vi um silhueta feminina saindo do corredor onde ficavam os banheiros. Ela sorria de alguma coisa que Stephanie, minha colega de classe, havia dito. O sorriso dela me deixou paralisado, fiquei mais paralisado ainda quando ela percebeu que eu estava a observando e me olhou de volta. Meu coração estranhamente começou a bater mais forte. Minhas mãos tremiam ou era só coisa da minha cabeça?
Ela tinha os cabelos longos, castanhos escuros? Eu não entendia muito sobre cabelos, mas sabia que aquela franja que caía sobre seus olhos só faziam com que eu não conseguissem parar de olhá-los.
Não sei quanto tempo passamos nos encarando, queria que tivesse durado uma eternidade. Stephanie puxou a garota pelo braço para que ela a acompanhasse para cumprimentar outras pessoas. E então elas saíram da minha vista.

2. Segunda Estrofe

"...Ouvi dizer que você perguntou de mim para um amigo
E minha adrenalina aumentou
Porque eu tenho perguntado sobre você também
E agora estamos aqui nesta sala..."

Depois do café fomos para um almoço em uma casa que alugamos. Típica das festas de universidade. Enorme, três andares, diversos corredores que abrigava os trilhões de quartos, uma sala de estar enorme (a qual nos aconchegamos lá após o almoço) e para mim, o melhor: uma piscina. Eu poderia ficar perdido naquela casa.
Eu conversava com alguns amigos, sentado em um dos sofás enormes e brancos. A garota que eu ainda não sabia o nome conversava e sorria no meio de um grupo de pessoas perto da mesa, enquanto bebiam vinho. Stephanie continuava perto dela. Procurei saber sobre a garota e Hugo disse que Stephanie que havia a convidado. Outros colegas meus que estavam por perto na hora disseram que ela havia se mudado há pouco tempo para cidade e que foi transferida para nossa universidade. Fiquei observando ela sorrir e dar goles lentos em sua taça de vinho. Hugo percebeu que eu estava a observando.
— Cara, você tem que falar com ela.
— Com ela quem?
Alice perguntou chegando de surpresa e agarrando o braço de Hugo. Ele olhou em direção onde a garota estava junto com Stephanie e outras pessoas.
— Ah, Giovanna! Stephanie trouxe ela e...
— Ah, obrigada! Do resto eu já sei, só faltava o nome dela e...
Parei de falar, Alice fez um olhar maliciosa e eu tentei decifrar o que significava. Ela chegou mais perto de mim e de Hugo como se não quisesse que os outros ouvissem.
— Eu ouvi ela perguntando sobre você. Sorte a sua que todos enaltecem suas qualidades sempre... Ela deu uma gargalhada baixinha, deu um beijo em Hugo e saiu em busca de outra taça de vinho. E eu permaneci ali, com o sangue fervendo e a adrenalina em meu corpo aumentando. "Então, ela também estava perguntando sobre mim", eu pensava. Quanto mais eu pensava, mais ficava nervoso. Eu tinha que falar com ela. Ela me olhou de volta no Bunker Coffe, perguntou sobre mim, agora estamos na mesma sala, preciso tomar uma iniciativa.

3. Refrão

..."Eu fico um pouco nervoso perto de você
Fico um pouco tenso
Quando eu penso em você
Fico um pouco animado
Querida, quando eu penso em você, sim

Eu falo um pouco demais perto de você (eu falo um pouco demais)
Fico um pouco neurado comigo mesmo (eu fico um pouco neurado comigo)
Quando eu penso em você
Fico um pouco animado (eu fico um pouco animado)
Querida, quando eu penso em você
É, quando eu penso em você, amor..."

Já havia estado com outras garotas antes. "Adam, tome jeito", dizia a mim mesmo. Não é como se você não estivesse com outra garota antes. Mas essa era diferente. Talvez fosse isso. Talvez fosse como Hugo se sentia em relação à Alice, mesmo que ele tenha conhecido outras garotas antes dela. Quando eles começaram a namorar, ele dizia: "Ela é a certa."
Mas, não importava o quanto eu tentasse ver como algo natural o ato de falar com uma garota... Continuava nervoso enquanto pensava nela. Andei em direção à mesa que ela estava. Mas, antes de chegar dei meia volta e fui em direção ao banheiro. Você só pode estar de brincadeira, Adam.
O casarão era climatizado, mas pequenas gotas de suor desciam pelo meu rosto, minhas mãos e todo o resto do meu corpo suava. Dei uma leve abanada na camisa e lavei o rosto. Saí do banheiro e agradeci a Deus por todos estarem empolgados demais em suas conversas e não perceberem quando peguei o controle na mesa e diminui a temperatura do ar-condicionado. Pronto. Agora vai.
Resolvi ir falar com Stephanie para dar a oportunidade dela me apresentar à Giovanna. Comecei a puxar assunto com Stephanie, conversamos sobre nossos projetos, sobre qual área queríamos seguir após o término da faculdade, o que queríamos fazer nas férias. Falei um pouco demais, animado demais. Eu estava perto dela, não consegui evitar. Ela estava de costas, apoiada no balcão, distraída com sua bebida.
— Ei, amiga, vire-se, quero te apresentar alguém.
Giovanna virou de frente para nós e passou as mãos para endireitar sua franja. Engoli em seco. Fiquei mais desesperado ainda quando Stephanie, sem dar aviso, saiu de perto, deixando para nós a responsabilidade da apresentação.
— Giovanna, muito prazer.
Ela disse sorridente e estendendo a mão para que eu a apertasse. Foi engraçado, por que ao mesmo tempo eu não resisti ao impulso de cumprimentá-la com um beijo na bochecha. Fomos e voltamos duas vezes. Até caímos na gargalhadas e ela decidiu apertar minha mão e depois esticar o pescoço para nos cumprimentarmos com um beijo também. Eu estava nervoso demais para pensar em algum assunto. Por sorte, ela fez questão de dar a iniciativa.
— Então, — ela começou, voltando a se encostar no balcão, de um jeito descontraído. — ouvi dizer que seu projeto é o mais esperado, hein?
Meu corpo estremeceu de novo, ela estava ouvindo falar sobre mim, ou estava perguntando sobre mim? Limpei a garganta antes de responder e passei rapidamente as próximas palavras na minha mente para garantir que não diria nenhuma bobagem.
— Ah sim, não quero que coloquem muita expectativa, sabe? Todos nós podemos falhar.
— Você não tem cara de quem costuma falhar.
Ela disse me encarando e dando mais um gole em sua bebida. Aquele olhar me congelou por dentro. Eu estava começando a questionar se eu possuía algum tipo de habilidade especial de não transparecer nervosismo. Caso contrário, aquele momento estaria sendo catastrófico.
— Vou me lembrar disso na terça-feira.
— A apresentação é na terça-feira?
— Sim. Pela manhã.
— Deixe- me adivinhar. Você tem dormido com a cabeça no notebook dando os últimos retoques no slide do projeto?
— Hmm, acho que algo bem pior.
— Papéis, latas de energético amassadas, cadernos e pastas jogados pelo quarto?
Ela disse como se tivesse conseguido adivinhar. E riu, eu também, mas esperei que ela não notasse que era de nervoso. Ela suspirou.
— Eu adoro essa correria de faculdade, parece louco?
— Pareceria louco se eu dissesse que também gosto?
— Temos mais algo em comum, então. Ela se desencostou do balcão e se levantou, ficando mais próxima de mim. Se desse para ouvir meu coração quase pulando para fora, seria um pouco constrangedor.
— Mais algo? E o que temos em comum que você já percebeu? — perguntei.
Mesmo com toda aquela excitação e a sua aproximação que fez com que eu sentisse seu perfume doce, consegui manter meu olhar e minha voz firme.
— Você vai descobrir. Ela piscou e antes que eu parecesse um completo bobo com aquele gesto, perguntei:
— Quer mais bebida?

4. Terceira Estrofe

"...Nós andamos na chuva
Alguns quarteirões até seu apartamento
Você me convidou para entrar
Me pegou olhando em seus olhos
E eu normalmente não sou assim
Mas eu gosto do que você está fazendo comigo
Ah, o que você está fazendo comigo
..."

Anoiteceu e todos nós nos trocamos, vestimos roupas mais formais. Luzes especiais se acenderam na piscina, mesas foram colocadas no jardim e uma música animada tocava.
Conversei com outras pessoas durante a festa, mas não conseguia parar de pensar em Giovanna. Depois de nos auto apresentarmos um para o outro, ela havia sido completamente descontraída, simpática e espontânea. O que me ajudou a esquecer um pouco o nervosismo. Por mais que a conversa com os meus colegas da faculdade parecesse me interessar, nada estava tão mais interessante que ter Giovanna ao meu lado.
Observei quando ela começou a se aproximar, estonteante. Ela havia prendido os cabelos e vestia uma espécie de macacão preto brilhante com um pequeno decote e também calçou salto altos. Sempre achei as garotas bonitas de qualquer jeito, mas toda aquela produção me deixou mais louco ainda, e aquela maquiagem escura que me forçava a não tirar os meus olhos dos dela.
Fiquei meio tonto. E não fiz questão de disfarçar meu olhar de admiração. Fiquei feliz por mais uma vez ela ter tomado a iniciativa.
— Olá! — ela disse levantando sua taça, animada e movimentando o corpo no ritmo da música que tocava. — Eu estou feliz por ter sido convidada, olhe para este lugar! — ela apontou para o espaço, — Vocês escolheram bem, ein?
— Na verdade, a indicação foi de sua amiga. — respondi, ainda não conseguindo tirar os olhos de seu rosto atraente.
— Ah! Stephanie maravilhosa como sempre.
Giovanna me convidou para sentarmos em alguma mesa. Ela contou como era a sua cidade, o porquê de ter se mudado. O quanto falavam bem da minha faculdade, o que a fez querer se transferir para lá. Experimentamos tudo que havia na mesa de petiscos. Ela falou sobre seus sonhos, sobre os filmes e cantores que gostava.
De vez em quando eu gaguejava, ela como sempre sorria e retomava o rumo da conversa. Não era constrangedor, era divertido. Giovanna era divertida. As horas foram se passando, mas o pessoal continuava animado e eu mais encantado com a garota que estava bem na minha frente.
Algumas horas depois começou a chover. A pista de dança continuou recebendo algumas pessoas que não se importaram com a chuva, outras entraram para dentro da casa, outras continuaram em suas mesas. Como foi o meu caso e o de Giovanna. Ela olhava para o céu maravilhada e nem um pouco preocupada com a sua maquiagem.
Ela suspirou. Disse que precisava ir para casa porque tinha assuntos pendentes da mudança para resolver logo cedo, e eu, sem hesitar, me ofereci para acompanhá-la. Ela falou que seu apartamento não ficava muito longe, apenas alguns quarteirões. Sugeri um táxi, mas ela disse que preferia caminhar.
Caminhei ao seu lado com as mãos no bolso, me prevenindo para esconder possíveis tremores. Quando chegamos em frente ao seu apartamento, ela me convidou para entrar.
— Eu adoraria, mas... — esqueci completamente o que iria dizer, meus olhos se encontraram com os dela novamente. Ela percebeu e sorriu. Tocou de leve minha nuca e aproximou seu rosto do meu e sussurrou no meu ouvido:
— Você adoraria, maaas??
Perdi os sentidos, noção de espaço, esqueci meu nome, tudo. Ela afastou um pouco seu rosto do meu, mas sem soltar minha nuca. Me lançou um olhar confuso. Soltei o ar que antes eu mal sabia que estava prendendo.
— Eu normalmente não sou assim, mas eu gosto do que você está fazendo comigo.

5. Ponte

"...Você me fez agir como se eu nunca tivesse feito isso antes
Eu prometo que estarei pronto quando eu passar pela porta
E eu não sei porque
Não, eu não sei porque, sim..."

— Você me faz agir como se eu nunca tivesse feito isso antes, e eu não sei porque...
Diminui o restante do pequeno espaço que ainda havia entre nós e a puxei pela cintura.
— É?
— Mas. — afastei seu cabelo e beijei seu pescoço. — Prometo que quando eu passar pela aquela porta, estarei pronto. — ela soltou uma risada baixinha perto do meu ouvido, meu corpo vibrou, ansioso.
— Ainda acredito que você não costuma falhar, Adam.
E assim entramos e passamos a primeira noite juntos. A primeira, mas não a única.


Fim.



Nota da autora: Espero que tenham gostado, foi a primeira songfic que escrevi, me digam o que acharam, indiquem pros migos e migas e obrigada por lerem 💕



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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