Capítulo Único
Friday night, 03 de março - North e South.
Em outros lugares do mundo, as pessoas viviam ansiosas, repletas de expectativas pela tão esperada noite de sexta-feira, mas os habitantes de Riverdale eram exceção. Consideravam normais os dias da semana, sem qualquer expectativa. O lado norte da cidade costumava ser mais calmo, pacato, ao contrário do Sul que possuía seus bares. E esses lugares costumavam ser evitados pelos moradores do Norte, pois consideravam um lugar perigoso por causa da gangue dos Serpentes do Sul.
E, graças a esse motivo, lá estava Betty Cooper em seu quarto.
A jovem estava estudando as suas anotações da semana, mas não passava de apenas tentativa. Seus pensamentos estavam conectados em uma pessoa: Jughead Jones.
Após a decisão de se juntar aos Serpentes, ele fez as malas e partiu. O término do relacionamento foi bem doloroso para ela. Era impossível descrever como se sentiu. Foi diferente de tudo e, até mesmo, de quando sofreu pelo Archie. Tornou-se insuportável estar longe dele, sem qualquer notícia. Sentiu falta dos seus comentários sarcásticos, seus beijos e sua parceria, pois o instinto investigativo de ambos se encaixava perfeitamente. Eles eram como a luz e a escuridão. Totalmente opostos, mas que se completavam e necessitavam um do outro.
Longe de Jughead Jones, sentia-se incompleta.
Uma parte de si havia partido.
Ela o amava com todas as suas forças.
Foram semanas sem qualquer notícia, até que resolveu se arriscar e ir até o lado Sul. Sabia que havia agido por impulso, mas não conseguia aceitar que o tinha perdido de vez. Não podia abandoná-lo num momento tão difícil. Na verdade, não queria e não poderia abandoná-lo. Uma noite chuvosa, e eles reataram. Algumas vezes na semana, eles se encontravam.
O som de uma batida na porta, despertou-a de seus pensamentos.
- Boa noite, querida! - Falou Alice, mãe de Betty, que vestia seu pijama azul bebê coberto por um robe rosa. Seus cabelos loiros estavam presos no topo da cabeça. Continuou: - Não estude até tarde! - Recomendou séria, dando um beijo na testa da filha e se afastando em seguida, parando em pé com a mão na maçaneta da porta.
Betty confirmou com um gesto de cabeça.
- Boa noite! – Desejou, sorrindo sem mostrar os dentes.
Sua mãe sorriu satisfeita, fechando a porta em seguida.
Betty suspirou tristemente, largando o lápis e abaixando a cabeça, descansando-a em cima do caderno. Fechou os olhos, tentando relaxar por alguns minutos.
Abriu os olhos repentinamente ao ouvir o seu celular vibrar diversas vezes. Levantou a cabeça, pegando o aparelho que estava em cima da escrivaninha. Desbloqueou a tela, leu a mensagem de Verônica e, enquanto respondia a mensagem, ouviu um barulho vindo da sua janela.
Seu coração se acelerou pelo susto. Largou o aparelho na escrivaninha, levantando da cadeira. Seguiu silenciosamente até a sua janela que estava fechada.
Outro estalo contra o vidro.
Aproximou-se afastando a cortina rosa que combinava com o quarto. Quando tentou verificar o que estava acontecendo, afastou-se novamente. As batidas do seu coração se aceleraram, após uma pedrinha atingir o vidro. Novamente tentou enxergar algo, mas aquela parte do quintal era pouco iluminada. Avistou apenas a sombra de uma pessoa embaixo da árvore que ficava ao lado da sua janela. Quando o estranho foi atirar outra pedrinha, conseguiu enxergar seu rosto.
Jughead.
Seu coração voltou a bater mais rápido, mas não por medo e sim surpresa. Não esperava que ele fosse aparecer naquela noite. Sentia-se agitada.
Ele estava lindo com seu ar de badboy. Seu cabelo preto estava bagunçado, vestia uma calça jeans escura, uma camisa cinza e, por cima, a sua jaqueta de couro preta que tinha o emblema dos Serpentes do Sul costurada atrás.
Quando avistou a jovem na janela, sorriu de lado para ela e fez um gesto com uma das mãos, chamando-a. Apontou em direção a sua moto que estava na calçada. Betty gesticulou, pedindo para que ele esperasse.
Ela se afastou da janela, caminhando sem fazer barulho até sua porta. Abriu e observou o corredor escuro, que estava silencioso. Fechou-a, trancando. Caminhou até sua cama, vestindo seu sobretudo cinza com botões pretos, que cobriu o seu suéter de lã lilás. Calçou seu tênis branco que estava jogado próximo a escrivaninha e colocou seu celular dentro do bolso do jeans. Tirou a colcha da cama, pegou seus dois travesseiros. Arrumou-os de uma forma que parecesse estar dormindo e cobriu novamente. Se afastou para analisar a cena. Ajeitou algumas vezes até ficar satisfeita.
Abriu sua janela com cuidado, evitando fazer qualquer barulho. Sentou no beiral, passando uma perna de cada vez. Pisou cuidadosamente no telhado. Quando saiu totalmente do quarto, sentiu o vento gelado do inverno lhe atingir em cheio. Seu corpo se arrepiou por inteiro pelo choque térmico. Respirou fundo, tentando se acalmar.
A adrenalina corria por suas veias. Não costumava agir dessa forma, mas estava gostando de se arriscar. Momentos assim que tornavam a sua vida menos rotineira. No fundo, Betty Cooper sabia que não era uma jovem certinha.
Ela sabia que dentro de si existia algo sombrio.
Será que algum dia seria capaz de aceitar isso?
Fechou a janela atrás de si, seguindo até um dos galhos da árvore. Ouviu um barulho estranho, congelando no lugar. Seu coração se acelerou de medo, acreditava que poderia ter sido pega.
- Betty!!! - Chamou uma voz conhecida num murmúrio esquisito, mas não alto o suficiente para que acordasse seus pais ou a vizinhança. Olhou ao redor, encontrando o dono da voz.
Archie Andrews estava inclinado em sua janela que ficava de frente para a de Betty. Sua expressão era de confusão enquanto a observava em pé no telhado. Estava sem camisa com os cabelos ruivos bagunçados. E era uma baita de uma visão.
- Shhhhh!!! - Pediu silêncio enquanto fazia o gesto com o indicador na frente dos lábios. Revirou os olhos irritada com a atitude do seu amigo.
Ele continuou chamando-a. Ignorou-o e seguiu seu destino até os braços do seu amado Jughead Jones.
Desceu pela arvore sem dificuldade. Quando chegou ao chão foi amparada pelos braços do seu amado. Envolveram-se num abraço apertado, enquanto sentia o perfume dele tão gostoso e que acalmava o seu coração. Se afastaram o suficiente para grudarem os seus lábios num beijo calmo.
- Precisamos sair daqui – Falou Jug segurando umas das mãos macias da menina, puxando-a em direção a sua moto que estava estacionada ali perto.
Soltou a mão dela, segurou no guidão da moto e levantou o descanso. Empurrou a moto até se afastarem o suficiente para que fosse seguro ligar a moto sem acordar os pais de Betty.
Subiu na moto, ligou o motor e a jovem acomodou-se atrás dele. Envolveu sua cintura com força e descansou a cabeça em suas costas. Se afastaram dali absortos na sensação de estarem juntos e livres por algumas horas da realidade que os envolviam.
Quando estavam juntos se sentiam livres dos problemas. Toneladas abandonavam seus ombros. Esqueciam sobre a prisão do pai, os assassinatos na cidade.
Tudo era perfeito quando estavam juntos.
Não existia Norte nem Sul.
Minutos depois, eles chegaram na casa de Jughead. Ele desligou o motor e desceram. Uniram seus lábios mais uma vez em um beijo apaixonado. Se afastaram novamente, sorrindo um para o outro.
- Feche os olhos. - Pediu Jug misteriosamente, enquanto a jovem obedecia com um sorriso ansioso no rosto. Segurou as mãos dela, guiando-a até a porta e entraram na casa.
- Pode abrir. - Autorizou com o coração acelerado pela expectativa de que a namorada iria gostar da surpresa.
Betty piscou algumas vezes, acostumando-se com a escuridão na casa. Deu alguns passos até a pequena cozinha e parou abruptamente. Jug estava em pé atrás de si, os braços envolvendo sua cintura.
- Gostou? - Ele perguntou em um sussurro próximo a sua orelha, depositando um beijo no seu pescoço.
Ela observou o balcão da cozinha iluminado por duas velas, dois copos de milk-shake de morango e dois hambúrgueres. Uma surpresa tão simples, mas que era tão especial.
- Jug... – Suspirou, emocionada com as lágrimas querendo escapar dos seus olhos. Se lançou sobre ele, beijando seus lábios em agradecimento.
Ele sorriu sem graça, dando de ombros. Ambos tiraram a jaqueta e o sobretudo, seguindo para os banquinhos que lhes aguardavam lado a lado no balcão. Sentaram e respiraram fundo, relaxando.
Jughead não perdeu tempo e já foi logo dando uma mordida enorme em seu hambúrguer. Betty apenas saboreava o milk-shake.
- Já pensou como seria nossa vida longe de Riverdale? - Perguntou Betty, virando para o lado, se permitindo observar o jovem devorando o lanche.
Ele mordeu mais uma vez, mastigando pensativamente. Quando engoliu, disse:
- Sim, um escritor misterioso que lança livros sobre os mistérios envolvendo assassinatos de herdeiros de cidadezinhas pequenas. - Riu, revirando os olhos e dando outra mordida.
Betty riu.
- E mais o quê? -
- Casado com uma grande jornalista investigativa, dona de seu próprio jornal. – Falou, sorrindo, antes de encher novamente a boca de comida.
Ela deu mais uns goles no milk-shake e apoiou o cotovelo no balcão, descansando o rosto na mão. Sorria sonhadoramente.
Tudo seria tão mais fácil se pudessem mudar a realidade deles.
- E você? - Ele questionou, curioso, enquanto dava a última mordida, devorando o lanche.
- Teríamos dois filhos e um cachorro. - Suspirou sonhadoramente.
- Vai comer? - Perguntou com um sorriso bonitinho de canto, apontando para o hambúrguer dela que continuava intacto no prato.
Ela negou com um gesto de cabeça. Ele pegou o hambúrguer e continuou comendo.
- Queria que tudo fosse diferente... - Confessou tristemente, observando-o devorar rapidamente o lanche.
Às vezes não entendia como o garoto conseguia comer tão rapidamente. Parecia que não tinha estômago.
- Bom, se você achar um gênio na lâmpada e tiver direito a fazer um pedido... - Zombou Jug, dando de ombros. Tomou alguns goles do milk-shake que estava ficando quente.
- Em Riverdale tudo é possível... - Comentou pensativamente enquanto dava mais um gole em sua bebida.
Ambos ficaram em silêncio por alguns minutos.
- Eu te amo, Betty Cooper. -
Aquelas palavras somadas ao sorriso tímido que Jug tinha em seu rosto, mexeram com seu coração. Lançou-se sobre ele, segurando o rosto dele entre suas mãos e unindo seus lábios em um beijo apaixonado.
O beijo tinha uma mistura de sabores: milk-shake de morango, hambúrguer e amor. Naquele momento, ela fez uma descoberta: Elizabeth Cooper o amava de corpo, alma e coração. Precisava dele de uma forma inexplicável.
Ambos se levantaram, ofegantes. Respiraram fundo enquanto se afastavam da cozinha e seguiam para a sala.
- Eu te amo – Confessou Betty baixinho enquanto se aproximava dele novamente. Eles estavam em pé, próximo ao sofá. Sorriram apaixonados um para o outro. Ela distribuiu beijos carinhosos pelo rosto, pescoço dele. Arrancando suspiros.
Eles afastaram alguns poucos centímetros, olhavam-se diretamente em silêncio e demonstrando tudo o que sentiam apenas pelo olhar. Lentamente, ele esticou uma de suas mãos em direção ao cabelo dela que estava preso em seu rabo de cavalo. A sua marca registrada. Sorrindo sedutoramente e com cuidado, soltou as madeixas dela. Observou as mechas loiras e macias caírem tranquilamente nos ombros.
Os lábios dela se entreabriram em expectativa, desejando poder beijá-lo novamente. Ele acariciou os lábios com o polegar, calmamente. Jughead Jones parecia calmo e apaixonado, enquanto Betty estava ansiosa por mais. Ela fechou os olhos, desfrutando da leve carícia.
Ambos sentiam calor, a pequena sala parecia abafada mesmo que lá fora estivesse muito frio. Os únicos sons naquele ambiente eram das respirações aceleradas e as batidas dos corações de ambos. Uma áurea de paixão e tensão sexual os envolvia. Tinham consciência do que estava prestes a acontecer naquela noite.
Voltaram a se beijar num ritmo de desespero. Jug agarrou os cabelos da nuca da jovem com força, enquanto sua língua explorava a boca dela. Ela o acariciava, arranhava-o por baixo da camisa. Ele deu alguns passos para trás, caindo sentado no sofá. Subiu em seu colo, deixando as pernas em cada lado do corpo dele. Ela suspirava de prazer enquanto sentia os beijos molhados em seu pescoço. Olhos fechados e a cabeça tombada para trás.
A cada carícia era como se seu corpo implorasse por mais. Sentia as mãos quentes dele passearem por baixo de seu suéter. Acariciando-a com cuidado, como se fosse algo frágil.
Até que uma voz foi capaz de quebrar o clima em que estavam.
- Jug?! Betty?! - Chamou Archie, surpreso ao abrir a porta da casa e se deparar com a cena dos amigos na sala. Sentiu-se envergonhado por ter interrompido o momento de ambos.
Betty praticamente pulou do colo de Jughead, ajeitando seus cabelos e passando a língua pelos lábios, que provavelmente estariam vermelhos. Seu coração ainda batia acelerado pelas sensações que lhe invadiram momentos antes. Não sabia se sentia mais constrangimento ou raiva pelo momento interrompido.
Jughead revirou os olhos, irritado.
- O que faz aqui, Archie? – Perguntou, impaciente, enquanto passava uma mão por seu cabelo, tentando diminuir a bagunça que provavelmente estava. Olhou preocupado para Betty, que parecia extremamente envergonhada com a situação.
- Seus pais estão te procurando. - Falou para a jovem, ignorando o amigo.
Jughead e Archie estavam brigados desde o dia do término do namoro com Betty e quando resolveu aceitar a proposta dos Serpentes do Sul. Ambos sentiam falta um do outro, mas o orgulho os impedia de fazer as pazes.
- E você contou que estava aqui? - Perguntou ela, desesperada, enquanto vestia seu sobretudo que estava jogado aos seus pés.
- Vim te buscar. -
- Eu vou levá-la. - Retrucou Jug seriamente enquanto se levantava do sofá e seguia até a namorada.
- E as coisas piorarem para a Betty? Não mesmo! - Falou Archie seriamente enquanto cruzava os braços na frente do corpo, encarando o amigo.
- Archie, tem razão. Não podemos piorar a situação, Jug! – Concordou, sorrindo tristemente, olhando rapidamente para Archie e concordando com um gesto de cabeça.
Jughead suspirou, frustrado. Ele não sabia até quando suportaria ter que esconder o relacionamento dos dois.
- Precisamos ir logo, Betty – Chamou Archie enquanto seguia em direção a porta.
Betty concordou e se aproximou do namorado, depositando um selinho nos lábios do mesmo. Sorriu e olhou dentro dos olhos dele.
- Obrigada pela surpresa – Sussurrou docemente para que o outro não ouvisse.
- Eu te amo, Betty Cooper. - Ele sussurrou com um sorriso no rosto.
A jovem virou-se rapidamente, seguindo Archie até o carro. E enquanto se acomodava no carro e o via dar a partida, só conseguiu observar Jughead solitário em pé na porta de casa.
Jurou para si mesma que nem o Norte e nem o Sul seriam capazes de separá-los.
Fim
Nota da autora: Oi, jovem! Espero que tenha gostado. Eu sou totalmente apaixonada por Bughead. <3 e adorei escrever sobre eles. Até a próxima!!!
Outras Fanfics:
05. Jet Black Heart. - Ficstape/Finalizada
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03. Hands - Ficstape/Finalizada
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