We made a star. Be it a false one, I know. Baby, I don't want to feel alone


Estou assando alguns biscoitos, minha avó fazia isso quando eu era criança e decidi fazer também para os meus netos. Eles não costumavam me visitar, minha filha era um Ser amargurado e não deixava que eles viessem me visitar com frequência.
Não entendo porque ela me culpa de seu marido ser um mentido nojento, que só pensa em si mesmo. Falei tudo isso e mais na cara dele e eles ficaram meio rancorosos. Fazer o que se a verdade dói?
- Vovó! Vovó! Vovó! - Grita Eliza, entrando correndo na cozinha e deixando um rastro de pegadas de lama por onde passa.
- O que foi, querida? - Pergunto calmamente.
- O Jordan disse que gente velha não ama. Fala pra ele que é mentira, vovó! - Pede ela, ofegante.
Eliza é como minha mãe, para ela todos devem se apaixonar independente da idade. Ela só tem oito anos é já é uma romântica.
- E por que ele disse isso? - Pergunto divertida, colocando os biscoitos na bancada.
- Por que ele é um ogro! - Diz furiosa.
Jordan entra na cozinha tão sujo quanto a irmã e tão irritado quanto.
- Mentirosa! Você disse que não ia contar! - Acusa ele.
- Acalmem-se! - Digo sorrindo. – Jordan, por que você acha que eu nunca me apaixonei?
- Ué, porque você é velha. - Simplesmente diz, me fazendo rir.
- Mas eu nem sempre fui velha, Jordan. – Explico ainda rindo.
- Eu falei. - Se vangloria Eliza.
- Eu pensei que gente velha já nascia velha. - Diz contrariado.
- Eu já tive sua idade e foi nesta época que me apaixonei pela primeira vez. - Explico.
- Deve ter sido lindo, desde menina já amava o vovô. - Cometa Eliza com um olhar sonhador.
- Não foi bem seu avô e eu não sabia que estava apaixonada. – Esclareço, ainda sorrindo.
- Não? - Ela parece não acreditar no que ouviu. - Como assim? Mais você está casada com o vovô.
- Eu posso até contar para vocês como, mas terão que prometer não contar para sua mãe que contei a vocês. Ela não gosta dessa história. – Digo, deixando-os curiosos.
- Eu prometo! – Jordan é o primeiro a concordar, me surpreendendo.
- Eu também prometo, vovó. – Eliza promete após pensar com cuidado.
- Então vão lavar as mãos que estarei esperando lá na sala para lhes contar. – Digo, observando suas mãos imundas de sujeira.
Eles saem em disparada para o banheiro, aumentando o rastro de sujeira pela casa. Reviro os olhos e pego uma vassoura para limpar ao menos a cozinha.
Eles voltam poucos minutos depois, parecendo menos sujos que antes. Sentamo-nos no sofá e eu sirvo uma xícara de chocolate quente para comerem com os biscoitos.
- Agora conta, vovó, como você se apaixonou? Você sentiu um friozinho na barriga? Quando você beijou ele levantou uma das pernas? Quem disse primeiro que estava apaixonado? – Eliza me solta uma saraivada de perguntas, me fazendo rir.
- Calma querida, deixe-me contar do começo. – Falo, deixando-a ainda mais ansiosa, – Deveria ser 2003 ou 2004, não me lembro da série, mas ainda desenhávamos com o dedo e algumas crianças ainda comiam meleca...


So kiss me where I lay down. My hands pressed through your cheeks. A long way from the playground


Minha mãe adorava fazer maria-chiquinha no meu cabelo, ela dizia que me deixava menos durona já que eu não era uma criança que sorria o tempo todo. Eu detestava esse penteado porque a garota mais legal da minha sala usava rabo-de-cavalo e eu queria ser legal como ela.
- Niall, você não pode cheirar cola, minha mãe disse que só drogados ficam cheirando cola. – Falou , autoritária.
- Você não manda em mim! – Respondeu Niall. A maneira como ele falou me fez rir.
- Professora, o Niall está cheirando cola. – Dedurou ela. – Fala pra ele que eu gosto muito dele pra ele se tornar um drogado! – Disse, cruzando os braços.
- Niall! Não cheire cola! – Repreendeu a professora. – Muito obrigado, , por me informar.
- Niall e debaixo de uma árvore, eles estão beijando na boca. – Cantarolou Harry, fazendo todos rirem.
Na época eu não entendi, mas senti algo novo quando Harry insinuou isso e não gostei do que ele disse.
- Isso não tem graça. – Falei alto, porém prestando atenção na porção de glitter grudado nos meus dedos.
- Hum, hey, Niall, com quem você está namorando? Com a ou com a ? – Perguntou Harry, fazendo todos rirem novamente. Ele era tipo o palhaço da turma.
- Turma, silêncio! Harry, mais uma e ficará sem recreio. – Repreendeu a professora.
- Eu não gosto de meninos, eles são nojentos! – Declarei e a maior parte das garotas concordaram.
- Eles podem ser uns amores se você souber ensinar eles que não se deve cutucar o nariz em público. – Defendeu .
- Eu não cutuco meu nariz em público, garotas bonitas podem ver. – Confessa Liam. Ele era o único garoto naquela época que tratava bem as garotas.
- Te chamou de feia, . – Implicou Niall.
- Mentira, você é linda. – Disse cortejador, lhe lançando uma piscadela no final. – Nesta sala só há meninas bonitas.
- Vamos ser namorados quando ficarmos mais velhos. – Falou a Liam.
- Não mesmo. – Niall cruzou os braços com raiva.
- Vamos sim, ele é um fofo. – Provocou . Eu também não gostei do que ela disse.
- Vocês são novos de mais para pensar nisso. – Interrompeu a professora. – Agora terminem seus desenhos para podermos ir para o recreio.
- Nunca se é novo demais para amar. – falou baixinho, voltando a recortar sua estrela.
Assim como ela, eu fiz uma estrela, porque ela fez uma estrela e eu queria ser como ela. Mas diferente da estrela dela a minha estava torta, muito torta, porque fala sério, você tem que fazer muitas estrelas até sair uma descente.
- A minha estrela vai iluminar o céu à noite. – Falou ela sonhadora enquanto dava os últimos retoques com glitter dourado.
- O meu carro vai usá-la como estrela guia. – Disse Liam da maneira mais fofa.
- Não se o meu dragão puder impedir. – Niall implica.
- Seu dragão não consegue ser mais rápido do que o meu carro!
- O meu dragão voa!
- Meninos, todos podem usar minha estrela como guia. – Havia uma disputa pela atenção de ao menos cinco vezes por dia. Havia disputa até quando ela faltava.
Após ver a estrela linda que ela fez fiquei chateada pela minha ter ficado tão feia e amassei-a logo depois de ver o dragão maneiro que o Niall tinha feito. O dragão dele iria fugir da minha estrela e não ir em direção a ela.
- Por que fez isso, ? – Perguntou , incrédula.
- Porque a minha estrela não parecia uma estrela. – Falei chateada.
- Professora, a jogou fora a estrela dela, e agora? – Ela realmente estava chateada.
- Por que jogou sua estrela fora, ? – Perguntou a professora.
- Porque não parecia uma estrela. – Expliquei, mas agora estava com vontade de chorar.
- Me dê um papel, professora, a precisa de uma estrela. – Disse ela apressada.
- Eu não quero mais fazer estrela.
- Eu te ajudo! A sua estrela vai ser mais linda que a minha. – Incentivou-me.
- Eu também te ajudo, o meu dragão já está pronto. – Niall também parecia determinado a me ajudar a fazer uma estrela.
A professora me deu outro papel em branco, mas agora fazia o molde da estrela bem grande no papel. E para uma criança, até que ficou muito certinha. Eu e Niall escolhemos a cor prateada para a estrela e eu a pintei toda de cinza antes dele jogar cola por cima e eu e jogarmos o glitter prateado. Niall foi quem a recortou enquanto eu ajudava a colocar o glitter prateado no potinho.
- Agora a sua estrela também é bonita. – Falou ele animado. Sorri largamente vendo o quão bonita ficou minha estrela.
- Viu! Agora a sua estrela pode brilhar ao lado da minha. – Foi a coisa mais linda que alguém disse para mim naquela época.
- Vocês agora são meus melhores amigos. – Eu disse, ainda admirando a nossa estrela.
- Podem ir para o intervalo, crianças, quando voltarem vamos pendurar seus desenhos no mural. – Avisou a professora.
Nós fomos para o refeitório e fizemos piquenique com nossos lanches. Depois obrigamos o Niall a nos empurrar no balanço. Ele ficou de um lado para o outro nos empurrando e nós rimos muito disso.
- Niall, senta aqui. – Eu disse. – Agora eu que vou te empurrar!
Ele se sentou no balanço e não demorou até me ajudar a empurrá-lo. Nós olhamos uma para a cara da outra cúmplices e o empurramos bem forte. Depois que cansamos, fomos brincar de pique pega com os meninos.
- Está com o Louis! – Anuncia Niall bem alto. Ele correu bem rápido atrás de e a colou e eu corri rápido para longe dela porque estávamos perto uma da outra.
- Colei ela! Agora ninguém mais me cola. – Afirmou Louis correndo para longe.
- Nem vou tentar! – Falou , correndo em direção a Liam.
- Olha eu aqui! – Implicou Niall, correndo em sua direção e desviando por pouco. – Olé!
Ri divertida ao vê-lo escapar por pouco e corri mais para longe quando ela começou a seguir Louis que vinha em minha direção. Eu não prestei muita atenção para onde eu estava indo e acabei tropeçando na caixa de areia tão rápido que mal deu tempo de eu colocar a mão em frente ao rosto antes de ir de encontro ao chão. Obviamente, todos pararam de correr para ir ver se eu estava bem. O que me surpreendeu foi que ninguém riu.
- Chama a professora Liam. – Pediu Niall, me ajudando a levantar. – Você está bem?
Segurando o choro, eu afirmei com um aceno de cabeça.
- , você se machucou! – Falou preocupada. Olhei para os meus braços e estavam bastante arranhados, eu iria levar um esporro bonito quando minha mãe visse aquilo.
- Não chora, a professora tá vindo. – Disse Louis, se ajoelhando a minha frente. Algumas lágrimas estavam descendo pelo meu rosto e algumas crianças pararam de brincar pra me ver chorar.
- Não precisa chorar, seus amigos estão aqui. – Disse Niall querendo me reconfortar. Ele se aproximou e me deu um beijo na bochecha. o que me reconfortou. também se aproximou e beijou a palma de minha mão, depois me deu um abraço.
- Agora vai sarar! – Falou e eu acreditei em sua palavra.
- , você está bem? – Perguntou a professora. Niall passou o braço por baixo do meu e me ajudou a levantar. Parecia desnecessário, e era já que eu não tinha machucado as pernas, mas me senti menos estúpida por ter tropeçado e começado a chorar. – olhe seus braços. Venha! Vamos lavar isso e fazer um curativo. Crianças, voltem para a sala para finalizarem seus desenhos!
Olhei para eles e parecia até que eu iria passar por uma cirurgia. Eu sorri para dizer que estava melhor e continuei caminhando com a professora ao meu lado.

My mother told me I should go and get some therapy. I asked the doctor can you find out what is wrong with me. I don't know why I wanna be with every girl I meet


Eliza parece ansiosa para o final da história, os seus pezinhos não param de balançar para frente e para trás, já Jordan está mais entretido com os biscoitos do que com a história.
- Mas de quem você gostava? Do fofo do Liam ou do implicante do Niall? - Pergunta ela ansiosa.
- Claro que do Niall, ele era o mais descolado de todos. - Opina Jordan, entretido com as gotas de chocolate. Eu rio de suas especulações, eles estão muito ansiosos.
- Eu era menina, nesta época nem eu sabia. - Explico sorrindo. - Como eu disse, eu, Niall e nos tornamos muito próximos, mas isso só durou até o sétimo ano quando conheceu um casal de amigos gays que faziam a maioria das aulas que ela também fazia. Um se chamava Clark e a outra se chamava Miah, ela parecia viver no mundo das flores e arco-íris, adorava pessoas otimistas e ela era mais otimista que eu e Niall juntos, não dava para competir. Mesmo assim ainda nos falávamos, mas não com a mesma frequência de antes.
- Que pena vovó, deve ser difícil perder uma amiga. - O comentário de Eliza me surpreende a principio, mas logo sorrio.
- Aprendemos a superar com o tempo. – Digo, mantendo um meio sorriso. - Mas no meu último ano voltamos a nos falar como antes, querida. - Conto de uma vez. - Pois bem, como vocês já devem estar cansados de saber, sua bisavó era obcecada por romance e quando eu fiz dezesseis anos e não lhe apresentei um namorado, ela decidiu que o problema de eu não ter me apaixonado era por culpa dela e começamos a fazer terapia juntas. Para mim tudo era questão de tempo, mas para ela era uma doença.

She said, hey, it's alright. Does it make you feel alive?


- Não acredito que finalmente encontrou o amor. - Disse minha mãe, ajeitando a gola do meu vestido. Ele era preto rendado e amostrava um pouco de mais as minhas pernas, mas minha mãe dizia que eu tinha pernas perfeitas e o mundo precisava vê-las.
Estávamos em meu quarto e Harry esperava na sala a mais de dez minutos, pois minha mãe cismou de última hora que eu não sairia de casa usando jeans.
- Mãe, o Harry não é meu namorado. - Eu explicava pela milésima vez. - Ele é muito lindo, um fofo, engraçado e sabe usar as palavras, mas não estamos namorando...
- Você descreve as qualidades dele tão facilmente. – Ela comentou, ignorando o que eu havia dito depois disso. - Não se preocupe querida, depois de hoje vocês logo serão um casal oficial.
Desisti de convencê-la do contrário e comecei a matutar o que ela estava dizendo. Ele realmente era a perfeição em pessoa, me tratava tão bem, eu sentia que podia confiar meu coração a ele e sabia que ele sentia algo mais que simples amizade por mim, até o Niall havia dito que ele parecia realmente gostar de mim.
- A senhora está me deixando nervosa. – Disse, por que eu estava começando a achar que ele iria se declarar para mim naquela noite e mesmo o achando perfeito para namorar eu ainda estava confusa sobre a que nível eu queria subir com ele.
Ouvi duas batidas na porta e fiquei torcendo para ele não ter ouvido minha mãe fazer essas especulações.
- Entra. - Falei e ele abriu lentamente a porta do meu quarto, espiou para ter certeza e só depois entrou. - Desculpa te fazer esperar, minha mãe acha que vou para uma festa de gala. – Expliquei, o fazendo sorrir.
- Eu não podia deixá-la sair daquele jeito. - Esclareceu mamãe, o fazendo rir.
- Ela estava linda antes, agora está ainda mais linda. - Comentou Harry, sorrindo abertamente. Desviei os olhos para a janela antes de ficar parecendo um pimentão vermelho.
Minha mãe me deu uma cutucada de ombro como se dissesse "ele está na tua", não aguentei e comecei a rir. Olhei para Harry e ele observava um quadro acima da minha cama segurando um riso, fingindo não ter entendido o que ela insinuou.
- Vamos, antes que minha mãe me envergonhe mais. – Falei, indo em sua direção e o puxando pelo braço.
Descemos as escadas bem rápido, mas quando chegou na base ele me impediu de prosseguir. Em um rápido movimento seu ficamos frente a frente. Eu não sabia se olhava em seus olhos ou para a sua boca rosada ou mesmo para o colo dele que estava muito exposto graças a gola em V.
- Nem deu tempo de dizer oi. – Disse, ficando mais próximo. Sua voz estava um pouco rouca, eu adorava quando ela ficava assim.
- Minha mãe costuma ser grudenta. - Disse meio nervosa. Havíamos nos beijado apenas uma vez no nosso baile de formatura, que aconteceu uma semana antes e mesmo assim eu ainda ficava nervosa quando ele chegava tão perto. - A gente diz oi lá no carro. – Falei apresada, afastando-me dele e seguindo para a porta da frente. Nem olhei para ver a cara que ele fez, pois sabia que não era a das mais satisfeitas.
- Divirtam-se. – Gritou minha mãe da janela do meu quarto enquanto eu contornava o carro. - E usem camisinha! - corei bruscamente ao ouvir aquilo e quando entrei no carro, Harry estava tão vermelho quanto eu. Quando ele também notou minha cara vermelha começamos a rir.
- Sua mãe é uma figura! – Comentou, saindo com o carro.
O clima ficou esquisito depois do que minha mãe disse então nenhum de nós tentou dizer “oi”. O caminho até a casa de Liam foi um completo silêncio, mas não estávamos incomodados com isso, preferíamos o silêncio ao em vez de uma tentativa mal sucedida de conversa.
Quando chegamos não foi difícil notar a música alta e a aglomeração de pessoas dentro da casa. Todos pareciam querer aproveitar ao máximo a última festa do colegial, com os antigos amigos e antigos amores, deixando as diferenças de lado por uma noite e no clima de “último dia do último ano”, todos estavam se falando como se ninguém nunca tivesse praticado bullying contra o outro no decorrer de todo o ano.
- O casal do ano chego-ou! – Gritou da varanda ao nos ver subir as escadas de mãos dadas. Ela estava felizinha e ainda era 23h00min, mesmo com aquela cara de “estou começando a ficar bêbada”, ela ainda estava linda, usava uma maquiagem básica, saia de cós alto verde água, um cropped rendado branco e claro, sua marca registrada de pés descalços.
- Disse um bêbado descalço. – Narrei, fazendo algumas pessoas rirem. Ela pôs a mão no meu ombro e ficou olhando da minha cara para a de Harry, com um sorriso besta no rosto.
- Vocês são cute. – Disse, fazendo beicinho.
- Quando não é a sua mãe é a sua melhor amiga querendo me deixar vermelho. – Brincou Harry, me fazendo rir discreta.
- Já estão namorando? – Perguntou Niall, surgindo do nada e me abraçando por trás. – Porque eu quero roubar a sua garota!
- Não mesmo, man. – Disse Harry, como um péssimo ator dramático me puxando para perto dele e me dando um beijo... Na têmpora.
Ele passou as mãos por meu quadril, me abraçando por trás me deixando bem longe de Niall, que o encarava com falsa incredulidade.
- Oh! , fique comigo e eu lhe darei um beijo de verdade! - Brincou Niall dramatizando. Nem mesmo Harry conseguiu conter a risada.
- Ok, ok. Ok. Chega disso que eu morro de vergonha, – Falei, ainda rindo.
- Ouviu, Styles! – Niall falava repreensivo com as duas mãos na cintura e um pezinho batendo. – Está a envergonhando. Hum!
Era difícil se manter no sério quando esses garotos se reuniam.
- Dada! – Disse Clarck para . Ele saía de dentro da casa segurando uma garrafa de vodca. – Você está aqui e não me chamou!
- Xiu, rodada, tô no meio de uns machos. – Respondeu . Eu nunca iria entender a graça em um ofender o outro. – Falar em macho, cadê a Miah? Se perdeu?
- Aqui jaz a inocência de Miah. – Falou Clarck fazendo drama. – Se ela continuar nesses pegas com aquela garota no sofá!
- Lésbicas se pegando no sofá? – Perguntou Niall. – Tenho que ver isso! – Ele poderia ir ver sozinho, mas puxou Harry com ele tão de presa que nem deu tempo de impedir.
- Acabou a graça aqui. Os boys delicias foram então vou também! – Clark saiu rebolando para dentro de casa.
- Vem, ! – Me puxou ela para dentro da casa.
A música estava mais alta dentro da casa, as pessoas estavam dançando de qualquer jeito e com certeza deviam achar que estavam arrasando, mas eu ainda estava sóbria então qualquer coisa que eles fizerem não iria parecer grande coisa para mim a menos que eu também ficasse bêbada. E foi o que fiz. Bebi um, dois, três copos e já estava ficando meio alta. Sete copos depois e eu dançava louca no meio da sala me sentindo tão arrasante quanto às outras pessoas.
Já deviam passar das duas da manhã quando eu finalmente sentei. Meus pés estavam doendo e eu já tinha adquirido a marca registrada de , pés descalços. A mesma ainda tinha energia de sobra e agitava a festa. Provavelmente quando ela apagasse a festa iria acabar.
- Harry! Você tem que cuidar bem dela porque eu não vou estar lá para cuidar dela, mas você tem que cuidar dela porque você vai tá lá pra cuidar dela. – Frase de uma bêbada. estava literalmente pendurada no pescoço de Harry, tentando convencê-lo a cuidar de mim na faculdade. Nós iriamos para a mesma faculdade, já ela iria para outra então estava tendo umas nostalgias brabas.
- Eu vou cuidar dela, eu a amo. – Falou calmamente para . Assim como eu, ela ficou perplexa ao ouvir aquilo. Não era mentira, afinal ele estava bêbado.
- Vocês são tão cute juntos. – Falou ela antes de apagar. Harry a segurou bem a tempo, pois ela iria cair feio no chão, mas o mesmo estava tão bêbado que mal aguentava seu próprio peso, quem dirá agora o de .
O que uma bêbada faz quando a amiga apaga? Ela ri, ri até começar a tossir. E foi o que eu fiz, ri até perder o fôlego.
- Ela fica tão bonitinha dormindo. – Falei, fazendo beicinho.
Harry a havia jogado no sofá, consequentemente no meu colo e ela realmente ficava linda dormindo. Sim, era sono, verificamos, demos alguns tapas na sua cara até ela acordar.
- Você fica linda acordada. – Comentou Harry sério, depois caiu na gargalhada junto comigo. – Mas falando sério. – Começou depois de controlarmos a risada. – Você é linda, . Você me faz querer envelhecer e isso é bom, muito bom, porque eu quero envelhecer ao seu lado.
Fiquei um bom tempo analisando suas palavras até entender o que aquilo significava. Eu não consegui responder com palavras, sabia que se as usasse estragaria tudo então o beijei, segurei seu rosto, brinquei com seu cabelo, o puxei para mais perto e só então percebi que ainda estava ali, deitada no meu colo. Paramos de nos beijar, mas não nos afastamos.
- Aqui tá cheio, né? – Falou, me fazendo sorrir. Com cuidado, levantei a cabeça de e consegui me levantar. Harry me deu um beijo rápido antes começar a me guiar em meio a multidão.
Infelizmente, Liam e Niall acharam que estávamos indo dançar e Niall me puxou pela mão, já me girando e Liam pulou nas costas dele.
- ESSA É A MINHA FESTA! – Gritou Liam, rodando a blusa na mão. Eu e Harry nos entreolhamos e depois demos de ombros. Depois desse grito, acordou e já saiu dançando do sofá.
Ao que tudo indicava, aquela noite seria apenas para ficar de porre e curtir os últimos dias com os amigos.

Shake off the weight of the world from your shoulders. We got nothing to prove


– Acabou que eu e Harry não fomos falar palavras bonitas, pois os nossos amigos nos puxaram para dançar, eu com Harry e com Liam. Eu não conseguia vê-los juntos porque doía então tomei coragem e beijei ...
Os olhos das crianças se arregalam. Eles devem estar pensando em como isso pôde acontecer.
- Mas, mas... – Eliza não parece estar entendendo.
- foi meu primeiro e único amor verdadeiro. Eu precisei estar fora do meu normal para perceber isso. – Falo, tentando fazê-los entender. – Eu a beijei e no exato momento em que nossos lábios se tocaram eu percebi que o que eu sentia não era admiração. Quer dizer, não só isso, pois ela continua sendo até hoje minha inspiração de vida. Forte, inteligente, amiga, destemida. Ela era o tipo de pessoa que você quer ter por perto e mesmo tudo aquilo sendo novo para mim, eu nunca me senti tão certa quando disse que a amava.
- E o que ela respondeu? – Pergunta Jordan, roendo a unha do dedão.
- “Tudo bem se é isso que te faz viva”.

Don't look back. Live your life. Even if it's only for tonight


Dormimos no quarto do Liam e ela até pegou uma blusa dele emprestado, pois a dela estava vomitada. Enquanto escolhia eu parei ao seu lado e sem muito pensar falei quase sem pausa: - Eu estava muito bêbada ontem e acabei te beijando, eu queria esclarecer porque não sei se você lembra, mas eu lembro e precisava dizer. Eu também devo ter falado algumas coisas, mas elas não têm importância, pois como disse, eu estava bêbada.
Ela ficou encarando as roupas na gaveta em silêncio. Devia estar processando o que eu disse e não parecia saber como responder. Ela parecia estar decepcionada com o que eu fiz. O silêncio entre nós se tornou ensurdecedor e eu começava a me arrepender de ter contado. Eu deveria ter ficado quieta e fingido que não me lembrava, mas eu me lembrava e queria que ela se lembrasse, porque eu queria que ela me correspondesse, mesmo sabendo que era loucura, já que até algumas horas atrás eu pensava que era hétero.
- Como não tem importância? – Perguntou ela, incrédula.
Eu abri e fechei a boca algumas vezes, porém não saíram palavras, apenas sopros. Elas estavam presas em minha garganta, formando um nó. E eu só conseguia pensar na maior besteira que eu fiz em toda minha vida, pois eu preferia tê-la apenas como amiga, do que tê-la como passado.
- Eu não sei reagir com isso, porque eu realmente não esperava que você fosse me dizer isso assim. – Começou ela, sem me encarar. – Eu me lembro desse momento, me lembro perfeitamente desse momento e eu ia perguntar se você lembrava, mas ai você vem aqui e me diz tudo primeiro desse jeito.
- eu sint...
- Você acabou de me dizer que não tem importância. – Ela me encarou, mantendo contato visual. Seus olhos visivelmente chateados, os meus visivelmente arrependidos. Nós, nada dizemos por alguns segundos que pareciam milênios. – Eu me importo...
Uma confusão inundou minha cabeça, mas logo se esvaiu quanto nossos lábios se encontraram. Era um beijo tímido como se ela não tivesse certeza do que estava fazendo. A sensação era melhor do que ganhar um presente inesperado, porém desejado de aniversário.
- E agora? O que somos? – Não sei por que perguntei, mas eu precisei perguntar. Ela estava com as mãos em minha cintura e eu com as minhas em seus ombros.
Em um dia amigas, no outro o que?
- O que você sente? – Perguntou.
- Me sinto viva.

I wanna be with you. I wanna feel your love. I wanna lay beside you. I can not hide this even though I try


Não havia um dia se quer que em que eu não estivesse com , nós fazíamos praticamente tudo juntas, queríamos nos aproveitar ao máximo então decidimos não sair naquele verão – não para longe, não sem a outra – pois cada minuto contava para nós e mesmo assim não éramos um casal chiclete, só queríamos estar no mesmo lugar ao mesmo tempo não necessariamente agarradas, por isso ainda parecíamos apenas amigas pelos olhos dos outros.
Bem, depois que contamos que estávamos tendo algo foi um choque para uns; pais, avós, Liam e Harry, e uma surpresa boa para outros. Mesmo parecendo óbvio, ainda não tínhamos dado um nome a nossa relação, só definimos ela depois de irmos para a faculdade – cada uma para a sua. Conversávamos todos os dias por Skype por no mínimo uma hora, sempre às seis da tarde e às vezes ficávamos com o nosso antigo grupo nesse mesmo horário.
A parte engraçada é que sabia que eu gostava dela, bom, ela não tinha certeza, mas apenas estava esperando a confirmação e quando ela veio ela não hesitou, não hesitou nem quando eu tentei novamente me enganar, mas ela estava sendo apenas uma boa amiga, ela não era gay, mas sabia que o que eu sentia por ela era real e por isso quis tentar. A partir daí, eu tentava conquistá-la todos os dias, até ela se apaixonar verdadeiramente por mim. E meu esforço valeu apena. Bem, apenas por um ano, sim, nós namoramos por um ano via redes sociais, estávamos até planejando comprar um apartamento no subúrbio quando terminássemos a faculdade.
Eu me sentia completa. Mesmo nós mal nos vendo pessoalmente, estávamos indo bem, estávamos felizes e quase nunca brigávamos. Era perfeito, estava tudo perfeito. Mas a perfeição não existe.
Ela se queixava de dor todos os dias, se queixava de estar cansada sempre e suas notas estavam apenas caindo. Depois de um tempo começamos uma briga rotineira sobre sua alimentação. Ela só comia quando eu implorava. Eu sempre pedia para ela ir ao médico, mas ela dizia que era apenas estresse e que logo passaria.
- Feche a porta, quero lhe pedir um favor – Falou ela e eu obedeci, naquela altura eu faria tudo por ela. Eu queria agradá-la até o último segundo de sua vida, assim eu não iria ter o que lamentar depois de sua morte.
O ambiente rotineiro era o hospital. Minha garganta se fecha só de lembrar. Eu ia para lá todos os dias, mesmo ela dizendo que o que eu estava fazendo era loucura, que eu estava apenas atrasando minha vida, mas ela era a minha vida e tudo o que eu queria era estar com ela. Eu queria aproveitar minha vida ao máximo, por isso tranquei minha matricula na faculdade.
Então estávamos lá, com passar de oito meses naquele hospital nojento. Nojento não por ser sujo – ele era um dos melhores do estado – mas nojento por parecer estar suprindo sua vida aos poucos, a tirando de mim sem meu consentimento.
- O Louis vem? – Perguntou ela, a voz fraca.
- Deve chegar em alguns minutos, ele havia parado para “descarregar o tanque”. – Falei, a fazendo rir.
Louis havia se tornado uma figura importante em nossas vidas, ele estava lá conosco quase todos os dias, nos entretendo e nem sabíamos o porquê já que nunca fomos tão próximas dele, mas ele estava lá nos segurando quando desabávamos.
Seus olhos ganharam destaque depois que seu cabelo caiu graças à quimioterapia. Mesmo com uma carinha de acabada ela continuava linda e eu sempre me pegava olhando-a boba.
- Para de me encarar, sabe que não gosto que me veja neste estado. – Reclamou, se cobrindo até a cabeça.
- Não é minha culpa se você persiste em ser linda. – Papariquei, me sentando em uma cadeira a seu lado. Ela sorriu, eu sorri e por breves segundos me esqueci do ambiente onde estávamos. Me esqueci de toda a dor que sentíamos – Eu queria te beijar.
- Eu queria ser beijada. – Um momento de silêncio passou até ela me encarar novamente com arrependimento nos olhos. – Desculpa por estar te fazendo sofrer, se eu soubesse, nunca teria...
- Nem se você soubesse. – Falei, interrompendo sua frase. – Eu estaria aqui mesmo se eu não soubesse o que todo esse sentimento por você significa porque eu quero te fazer feliz até você poder fazer isso por conta própria.
- Eu estou cansada de ficar aqui. – Declarou, segundos antes de a enfermeira entrar para verificar como ela estava.
- Não faz essa cara, , a pior parte já foi. – Tentou incentivar a enfermeira.
Ela havia passado por três cirurgias nos últimos oito meses, porém mesmo fazendo várias cessões de quimioterapia ela parecia ainda estar lutando diretamente contra o câncer de fígado.
- Eu estou bem em termos. Não preciso fazer xixi. – Ela falou, cruzando os braços.
- Eu preciso, você me ajuda? – Brincou Louis, perguntando a enfermeira.
- Só ajudo pacientes. – Falou ela, fingindo descaso. Depois saiu do quarto sorrindo.
- Foi fazer o que no banheiro? – Perguntei.
- Não fui defecar. – Falou, fingindo timidez. – Sua mãe ligou e disse que estava vindo, queria saber se você precisava de algo então falei que não e que era pra ela dormir um pouco, pois cuidaríamos de você durante toda a luz do dia. – Falou para , sentando-se na cadeira ao lado da minha.
- E o que ela disse?
- Disse que ia aproveitar para arrumar a casa. – Breves segundos de silêncio se passaram então caímos na gargalhada.
- Só minha mãe mesmo... – Então ela puxou todo o ar para parar de rir e continuou sorrindo. – Quero pedir um favor a vocês. Vai parecer loucura, mas é a última loucura que vou pedir, prometo.
- Por que isso me cheira a encrenca? – Perguntei a Louis.
- Deve ser porque começou com loucura. – Respondeu.
- Eu to pirando, preciso sair desse lugar. Está me fazendo mal, eu quero respirar sem ter um enfermeiro atrás de mim! – Falou em súplica. Ela parecia mesmo estar farta daquele ambiente, mas quem não ficaria?
- Não mesmo, sua mãe nos mata se te tirarmos daqui sem alta. – Falou Louis.
- Por favor, vai ser só dessa vez, prometo. – Entrelaçou os dedos para enfatizar seu desespero. – Por favor, eu não aguento mais ficar aqui, só preciso tomar um ar e depois voltamos... – Sua voz foi ficando baixa. - Só dessa vez... Eu não saio desde que fui diagnosticada com câncer...
Eu e Louis paramos para refletir sobre o assunto, era arriscado, poderia nos por na cadeia, afinal, a mãe dela podia dizer que ela não estava em condições de pensar por si só, sem contar que as chances de não podermos mais por os pés naquele hospital eram grandes. Mesmo assim, ela parecia abatida de tanto ficar naquele ambiente, talvez fizesse bem a ela respirar um ar diferente.
- Você não está considerando isso, está? – Perguntou Louis, me encarando com negação.
- Realmente parece que ela virou refém desse lugar. – Falei insegura.
- Isso não vai acabar bem!
- Nós saímos rápido, fazemos um piquenique perto daquele penhasco na praia...
- O que tem aquela vista linda para o mar? – Perguntei, recordando as inúmeras vezes que fomos lá em nossa última férias de verão.
- Esse mesmo, eu amo aquele lugar.
- Eu também. Já deve ter uns dois anos que não vamos.
- Dois anos e três meses para ser mais exata.
- Ai meu Deus! Estão levando isso a sério? Será que só eu penso nas consequências? – Perguntou Louis, mas já era tarde. Eu havia decidido fazê-la feliz até ela poder fazer isso por si só então na manhã seguinte voltei ao hospital, eu e os pais dela fazíamos uma espécie de plantão sem acordo verbal. Eu chegava, eles iam embora, eles chegavam, eu ia embora, às vezes ela até pedia para ficar alguns minutos sozinha, pois sempre tinha alguém por perto. Eu nunca me chateei por isso, sabia que ela queria apenas refletir sem ter alguém a encarando ou dando ordens.
Lembro-me deste dia perfeitamente, era o segundo domingo de abril, dia 08, o céu estava limpo, mas ainda corria um certo frio gelado. Lembro-me de ter feito alguns sanduíches mal temperados e algumas garrafas de suco natural, comprado bastante frutas frescas e comido sorvete antes de ir buscá-la, também coloquei algumas peças de roupa no carro porque sabia que ela não iria querer ficar mostrando o bumbum por aí.
havia premeditado tudo, os horários de almoço dos médicos, as rondas dos enfermeiros, a posição das câmeras de segurança, o melhor jeito de levar uma parte do equipamento consigo sem levantar suspeitas. Tudo e até a nossa função.
Levei um sobretudo para ela, um chapéu e uma mala de viagem vazia. Antes de a enfermeira ir para o almoço eu coloquei os pés do equipamento dentro da mala. Quando ela passou pelo quarto por uma última vez, nós dissemos que estava tudo bem e ela nem se quer foi checar os aparelhos. Assim que ela saiu, seguimos o plano. Ela colocou o sobretudo e chapéu, eu a ajudei com a mala onde estava toda a parafernália que a mantinha respirando e passamos bem agarradinhas e rindo pelos corredores como se nós duas fossemos visitantes. Louis ficou distraindo as recepcionistas contando suas historias engraçadas até conseguirmos passar sem problema algum. E conseguimos. Foi tão fácil que eu até fiquei me perguntando se não poderíamos fazer um laudo para fingir que estávamos em outro lugar no hospital, já que o mesmo era imenso. Ela colocou um vestido rendado simples e sapatilha vermelha, antes que Louis chegasse perto do carro.
- Foi tão fácil. – Falei pela milésima vez, sorrindo.
- Falei que não teríamos problemas. – Disse , parecendo impressionada com a vista que passava voando pela janela do carro.
- O problema não é sair, o problema é explicar a situação quando voltarmos. – Apesar de Louis ter nos ajudado ele continuava a achar que tudo de pior iria acontecer quando retornássemos.
- Cara, acabamos de “sequestrar” uma paciente com câncer de um hospital super renomado, dá pra parar de pensar nas consequências só por algumas horas? – Devo ter sido meio áspera com Louis, mas funcionou já que ele parou de reclamar.
A vista daquele penhasco era deslumbrante nem parecia um lugar na Terra, alguns rochedos se erguiam em frente ao penhasco e o oceano completava o restante da paisagem com a água cristalizada pelo sol, o cheiro do mar a brisa refrescante, a água se chocando com as pedras... Os olhos de ao reverem o mar, distantes, impressionados, maravilhados. Lembro-me até da maneira como ela arfou ao chegar perto da beira e conseguir ver melhor a imensidão a sua frente.
Ela me olhou com os olhos sorridentes marejados. Senti uma imensa vontade de pausar aquele momento, voltar e vê-lo mais uma vez.
Eu queria poder controlar o tempo.
Passamos a tarde comendo frutas e brincado de cabra sega, recordando momentos, rindo uns dos outros. Parecia que já estávamos velhos o suficiente para termos tanta história para contar, mas não éramos. Éramos apenas a parte jovem da vida adulta, mesmo assim tudo soava como um adeus, como se nunca mais criaríamos tais lembranças, porque em algum lugar dentro de mim sabia que o tempo de vida dela na Terra estava se esgotando e por isso, e apenas por isso, eu aceitei a sua loucura de sair daquele quarto frio, porque eu queria ter mais coisas para me recordar dela, queria poder dizer a mim mesma no fim de sua vida que valeu apena enquanto estávamos juntas, valeu a pena ser a pessoa que lhe permitiu uma ultima lembrança feliz.
- , vem cá. – Falou, me puxando para mais perto e conectando nossos lábios. Recordo-me perfeitamente da última vez que provei seus lábios, lábios rachados, boca com sabor de frutas tropicais... Seu toque gélido... Ombros ossudos... Minha mão deslizando por suas costas, sentindo cada osso de seu corpo... As dela brincando com meu cabelo, o bagunçando. – Eu te amo. – Foi quase como um sussurro. Seus olhos estavam marejados e seus lábios tremiam.
- Eu também te amo. – Falei a abraçando, me segurando para não chorar. – Se eu pudesse dividir minha vida com você, saiba que eu dividiria...
Estávamos sentadas em uma toalha perto da beira, Louis estava ao pé de uma árvore um pouco distante. Aquele era o nosso momento, só nosso e ele sabia disso, por isso nos deixou vivenciá-lo antes de voltarmos para o hospital e ter que encarar as consequências do nosso momento memorável.
Em nosso último verão ficamos sentadas literalmente na beirada, com os pés pendendo para frente e para trás, mas daquela vez – por estar fraca – preferimos não arriscar e apenas nos aproximamos o máximo da beira sem encostá-la. Adorávamos a sensação de liberdade e medo que aquilo nos causava.
- Eu não devia ter te beijado, pode te fazer mal. – Falei, sorrindo triste. Uma das muitas contraindicações dos médicos era o contato humano durante os primeiros meses de quimioterapia, nós burlamos essa regra três vezes. Aquela era a terceira.
- Fico pior quando você não me beija ou não me abraça. – Disse, sorrido.
- Temos que ir, daqui a pouco o sol se põe. – Falei após beijar sua testa.
- Lembra-se de quando fizemos uma estrela juntas? – Perguntou e eu assenti. – Aquela é a minha melhor lembrança sua. – Sorrimos juntas com ela me fazendo voltar a mais de uma década antes. – Seu cabelo estava todo frisadinho. E aquelas Marias-Chiquinhas? – Rimos. – Você era a única em toda a sala que não usava rabo-de-cavalo. Eu adorava isso em você, parecia que era a única a ter identidade própria...
- É porque você não conhece o outro lado da história. – Falei sorrindo. - Eu queria fazer rabo-de-cavalo, mas minha mãe não deixava. Ela sempre dizia que eu ficava com uma testa enorme de rabo-de-cavalo... Ela tinha razão. – Então rimos.
- Você era tão inocente e eu tão autoritária, mandona. – Ela encostou sua cabeça em meu ombro e ficamos observando o horizonte por algum tempo antes dela voltar a falar. – Eu te idolatrava por ter tanta identidade ainda tão pequena...
- Melhor irmos, provavelmente já chamaram a polícia. – Falou Louis, se aproximando. Por mais que nós não quiséssemos ir embora, ele tinha razão.
Levantamo-nos e ela abraçou Louis, mesmo sem entender o porquê do afeto sem motivo, ele retribuiu o abraço.
- Obrigado por me trazer aqui mesmo contra sua vontade, você é um grande amigo por isso. – Falou ao se afastar do abraço.
- Eu te levaria até para um tour se me pedisse, mas claro, eu iria reclamando daqui até o final da viagem. – Brincou Louis.
- Quero agradecer de novo por também fazer parte disso. – Falou ela, se referindo a mim. Abraçou-me forte e depois selou calmamente seus lábios nos meus, em um beijo calmo, sem pressa, não tínhamos pressa, por que teríamos? Estávamos juntas e era a única coisa que importava. – Eu amo tanto você. – Disse, deixando escapar uma lágrima. Eu sequei essa lágrima sorrindo, para dizer que tudo iria dar certo, e a abracei.
Eu não queria soltá-la, mas foi preciso, tínhamos que ir.
- Pode me deixar sozinha por alguns minutos, só quero sentir tudo isso por uma última vez. – Pediu e eu concedi.
Ajudei Louis a levar as coisas para o carro e depois voltaria para ajudá-la a caminhar de volta.
- Estamos ferrados, mesmo assim, sinto que valeu a pena arriscar. – Disse Louis, batendo o porta-malas do carro. – Já faz muito tempo que não nos divertimos assim... – Concordei com um sorriso e um aceno de cabeça, depois eu caminhei em direção a ela.
Parei na metade do caminho, ela estava em seu mundinho, os olhos fechados, braços abertos, cabeça inclinada para o céu, estava sentindo o vento. Sentindo por uma última vez. Parecia feliz, e eu sorri ao notar isso, pois há tempos que ela não sorria por estar feliz de verdade.
Ela se virou para mim e sorriu. Eu sorri de volta e uma lágrima escorreu pelo seu rosto antes dela escorrer da minha vida. Em um instante, me olhava sorrindo e no outro desaparecia diante de meus olhos.
Minha respiração cortou e foi como se o tempo demorasse a passar. Eu a vendo cair diante e meus olhos, só consegui correr em sua direção, só conseguia pensar em chegar a tempo e segurá-la. Meu rosto esquentava, as lágrimas desciam e o ar me faltava. Eu só conseguia pensar em segurá-la.
Gritei, gritei alto, gritei cada vez mais alto enquanto me aproximava da beira daquele penhasco, enquanto eu ia me sentindo impotente. Me joguei no chão sem desacelerar, ficando bem na beira. Olhei para baixo, eu não conseguia a ver. Ela não estava lá. Eu a procurei desesperadamente com os olhos, procurei perto das pedras, mas ela não estava lá. Antes que eu pudesse ir ao seu encontro Louis me segurou forte pela cintura, me tirando da ponta.
- ME SOLTA! ME SOLTA! – Eu gritava desesperada. – Eu preciso achá-la Lou! Eu preciso achá-la! Ela precisa de mim! Eu preciso achá-la!
- ! ! – Ele tentava me chamar para si, mas eu apenas repetia a mesma frase.
- Eu preciso achá-la! Eu preciso achá-la!
- Não dá mais, NÃO DÁ MAIS! ! – Eu apenas me debatia em seus braços, me debati até conseguir me soltar.
- ... – Chamei seu nome baixo e as lágrimas desceram ainda mais abundantes. Comprimi meus dedos levando os próximos a minha boca. Eu estava de joelhos, desesperada. Gritando desesperada.
- Por favor, não me deixe também. – Pediu Louis e só então notei que ele chorava tanto quanto eu. Estava devastado. Soluçava.
- O que eu faço? Eu preciso dela, Lou. Eu não sei o que fazer... – Confessei em desespero.
- Eu vou ligar para a policia ou algo do tipo. – Avisou sem ter certeza. Caçou desesperadamente o celular e começou a discar. – Alô, a minha amiga se jogou de um penhasco, eu não sei o que fazer, por favor, mande alguém, eu...
Sua voz ia ficando mais distante a cada segundo que se passava em minha mente que eu tinha que fazer algo. Me levantei do chão e senti minhas pernas arderem. Estavam com grandes arranhões, mas eu não me importava, eu apenas caminhei em direção a um declive enquanto Louis pedia socorro ao telefone. Desci, me segurando nas pedras, deslizando, mas não parei por isso. Parei quando senti a mão de Louis em minha blusa, me segurando firme, me impedindo de continuar.
- Me solta! – Gritei com ele.
- NÃO FAZ ISSO, CARAMBA ! PENSA UM POUCO! PARA DE SER TÃO EGOISTA! – Gritou, me puxando forte e mesmo assim eu só conseguia pensar que talvez ela ainda estivesse viva só me esperando chegar e encontrá-la.
Parei de lutar contra quando ele se desequilibrou e quase nos derrubou de lá de cima. - Eu não consigo, Louis, ela é tudo o que tenho. – Falei, sentindo meus olhos arderem, minha voz embargar e o ar voltar a me faltar.
- Ela se foi. – Ele falou, quase em um sussurro como se não quisesse tornar aquilo real.
Era real, ele estava certo, mesmo assim eu não queria acreditar. Então, devagar, voltamos a subir e ele voltou a falar com o atendente no telefone.
Eu me joguei no chão, olhei para os meus braços e lembrei-me de nós, tudo o que fizemos tudo o que sentimos. Eu ainda a sentia viva, sentia que ela estava lá me esperando ir buscá-la, mas eu não fui... Não podia ir. Eu não podia ir, pois tinha que me certificar de mantê-la viva todos os dias pelo resto de minha vida. Eu tinha que impedir as pessoas de deixá-la cair no esquecimento.
- ...Está me vendo agora? ... – Uma voz distante começou a me trazer de volta a realidade e consigo trazia uma forte luz branca. Uma luz cegante que me fez piscar seguidas vezes antes de comprimir os olhos. – Se chama ?
Focalizei na figura a minha frente e notei que era um médico. Já havia escurecido, eu estava sentada em uma maca perto de uma ambulância, minha mãe estava ao meu lado e em todos os lados haviam carros de polícia com as luzes piscando.
Então era real. Eu facilitei a morte da pessoa que eu mais amava e todos iriam me culpar pelo resto de minha vida fútil e teriam razão. Se eu tivesse dito não, eu a teria por mais tempo, criaríamos mais memórias e eu viveria sem arrependimentos, pois saberia que a fiz feliz até seu ultimo suspiro de vida, mas agora... Agora eu teria que pagar por minha imprudência.
Louis estava visivelmente abatido enquanto prestava depoimento a um policial. Pensei em ir lá, mas isso só iria piorar as coisas. – se é que podia piorar.
- Já encontraram o seu... – Me calei. Eu não podia chamá-la assim, eu não podia acreditar nisso. Ela estava viva. Eu queria me agarrar a isso até me confirmarem o contrário.
- Ainda não, querida... – Falou minha mãe, me abraçando. Eu me sentia culpada por receber seu carinho, pois ela ainda me tinha como filha, e eu não merecia...
Na tarde seguinte veio à confirmação. Encontraram-na à uns cinco quilômetros da praia. Quando eu recebi a notícia vomitei. Era apenas água em meu estômago, eu não comi nada até esse dia e mesmo assim, eu vomitei.

You know I'll be your life, your voice your reason to be.My love, my heart is breathing for this moment in time. I'll find the words to say before you leave me today

Um longo silêncio se forma entre nós. Percebo que relembrar tudo isso ainda machuca, por outro lado me faz bem saber que ainda me lembro dela, a pessoa que mais me fez sentir.
- Eu contei está parte da história crianças – Começo quebrando o silêncio – Não porque quero deixa-los triste ou fazê-los nunca querer se apaixonar por medo de perder, mas sim porque foi a partir dai que a minha vida começou, depois desse incidente eu comecei a valorizar todos à minha volta. Claro, que não foi de imediato eu estava em choque, mas parei de correr contra o tempo, comecei a caminhar junto a ele e desde então só me restam boas memórias.
Eles nada dizem só me encaram com os olhinhos transbordando de lágrimas. Eu sorrio, me levanto e caminho para o corredor. Faço um sinal com uma das mãos e eles vêm até mim.
- Também fiquei arrasada quando me chegou a confirmação, chorei, vomitei e voltei a chorar e agradeci por ter meus pais por perto para me confortar, mesmo assim a sensação de que algo fora arrancado era imensa, achei até que nunca superaria. – Falo, revirando a gaveta a procura de minha agenda. – Ou que era um daqueles sonhos lúcidos. O que me ajudou a seguir em frente foi uma coisa deixada para mim por ela. Na mesma noite em que recebi a notícia de seu óbito, tive que ir ao hospital pegar suas coisas, pois a mãe dela não conseguia fazer aquilo sozinha e o marido teve que ir reconhecer o... Teve que confirmar se era mesmo quem haviam encontrado. E lá recolhendo os presentes, estourando os balões, jogando a água das flores no ralo eu não chorava mais, havia entrado em estado de negação, mas sua mãe vira e mexe tinha que parar para respirar. Ela não apontou o dedo uma vez se quer para mim, não me acusou de assassina e nem me encarou como se eu fosse uma, mas eu me sentia uma assassina. Me senti assim até pegar seu travesseiro e encontrar debaixo um papel meio amassado. Era para mim e eu o li em voz alta, ri, chorei e depois decidi não parar no tempo. Ela sabia que eu faria isso e me deixou aquela carta para que eu não parasse no tempo.
Reviro algumas paginas em minha agenda e encontro o papel amarelado com o tempo.
- Continuei a ir a sua casa até voltar para a faculdade e após alguns anos a sensação de vazio foi preenchida quando me apaixonei por seu avô. O engraçado é que ela foi a única mulher por quem me apaixonei, a única por quem eu senti atração. – Falo, sorrindo ao me lembrar. – Li a carta dela em seu funeral, aliás! Foi o funeral mais colorido que já fui, havia balões para todos os lados e pessoas com roupas alegres. Uns sorriam, outros tentavam. Ela adorava balões e otimismo...
- Queria tê-la conhecido. – Diz Jordan, meio baixo. – Ela parecia especial.
- Ela era... – Sorrio e eles também sorriem com os rostinhos ainda sentidos.

If we could only have this life for one more day. If we could only turn back time


De:
Para: Chorosa_97

Está carta é para a então se você não é ela pare de ler porque isso é violação de privacidade. Feche e entregue a ela, se ela quiser ler para você tudo bem, mas não leia se ela não quiser.
, se está lendo essa carta eu quero dizer que sinto muito por ter arrancado o seu coração e dado aos lobos, mas foi preciso, eu estava morrendo e não importaria quantas cirurgias e quimioterapias eu fizesse, eu já estava condenada e sabia disso por isso encurtei nosso sofrimento. Nosso porque eu sofria ao ver todos a minha volta sofrendo por minha causa, minha mãe dizia todos os dias que tudo ficaria bem, mas seus olhos a denunciavam, eu sabia que ela chorava a noite culpando Deus pelo que aconteceu comigo, mas ele não me deixou doente, eu fiz isso comigo mesma ao chegar bêbada rotineiramente em casa e paguei um preço alto por essa decisão, mas se eu soubesse que iria morrer, pode ter certeza que eu nunca teria te envolvido nessa história. Tá, tudo bem, eu sei que você iria ficar comigo mesmo sendo apenas minha amiga, mas pelo menos não teria um fardo de namorada para se recordar quando ficar velha e contar aos netos as loucuras da sua vida, e você fazia muitas coisas loucas. Quero pedir como último pedido – se é que ainda posso lhe pedir algo – que continue a ser assim, não deixe sua chama se apagar só porque a minha virou cinzas, mas, por favor, faça isso sem usar drogas, beber ou fumar, já basta eu para traumatizar nossos amigos. Pelo menos eu sei que sou a sua maior loucura de vida, afinal, não é todo dia que alguém tem sua primeira relação lésbica com uma namorada suicida com câncer.
Também queria lhe pedir desculpas por ter mentido, seja lá o que eu tenha dito para você ter me deixado sozinha na beira daquele penhasco. Eu sinto muito, apenas te usei para conseguir um propósito egoísta, mas que encurtou o sofrimento de todos. Saiba que eu não pularia se não me sentisse completa, pulei porque me senti completa. Eu não queria encerrar essa vida em uma cama fria de um hospital qualquer tão fraca a ponto de nem conseguir dizer minhas últimas palavras. Eu queria encerrar minha vida no meu lugar preferido tendo ao meu lado o máximo de pessoas que arriscariam tudo só para me arrancar um sorriso e você arriscou, me levou até lá com alguém ou sozinha – não sei quantas pessoas eu consegui convencer – me levou lá e tivemos ótimos momentos, sei que tivemos, pois qual seria o propósito de sair desse lugar apenas para sofrer em outro? E se fosse ruim eu não pularia, eu apenas voltaria e arranjaria outra maneira de encerrar com estilo minha vida.
Deixando de lado esse melodrama, tenho que dizer para não parar de ir ver meus pais só porque eu não poderei mais ser usada como desculpa para você ir a minha casa, quero que vá, eles gostam de você e neste momento iram precisar da pessoa que mais tem memórias minhas para dividir com as que eles tem. Quero que vá para a faculdade e que se forme, seja alguém na vida, se apaixone, se case e tenha lindas criancinhas como sempre fora nosso plano original. E por favor, não coloque meu nome na criança, não quero uma homenagem dessas. Diga a Liam que eu o amo – não mais que você, claro – e que me casaria com ele se já não estivesse comprometida. Diga a Harry para cortar o cabelo se não daqui a pouco ele vai começar a te dar dicas de “como deixar o cabelo macio e cheiroso”, fala para ele que eu beijei sua boca em uma foto de nós naquela pizzaria quando tínhamos 13 anos, eu levei a foto da polaroide para casa beije-a. Depois me senti ridícula por ter feito aquilo, mas voltei a beijar. Diga ao Niall para se vigiar com a comida, ele não vai ser novinho para sempre e uma hora o corpo dele vai desistir de segurar tudo e vai soltar, e quando soltar vai ser barriga pra tudo quanto é lado. Aproveitando o bonde de recados, beije o Louis, mas não por mim, eu sempre o vi como um amigo para todos os momentos, mas sim por ele. Ele realmente gosta de você, dava para ver pelo jeito que ele te olhava e como o olhar dele mudava quando olhava para as outras pessoas. Dê uma chance para ele quando a poeira abaixar, vocês ficam bem juntos e eu sei que fui apenas um caso especial. Nunca te vi falando da bunda das garotas, você sempre falava dos corpos esculturais dos garotos e quando estudávamos, você só aparecia no final do jogo de futebol em dias quentes para ver eles tirarem a camisa e se refrescarem – ainda lembro disso, danadinha. Ainda não terminei de me despedir, diga a mamãe e papai que eu ainda sou o bebê deles, mas que não é para eles fazerem tanto drama, pois eu ia morrer e a diferença é que morri do jeito que eu queria e não do jeito que os médicos receitaram. Eu os amo, mas tudo que eu quero é que sejam felizes. Quero que todos sejam felizes e não quero ninguém de preto no meu funeral, quero roupas bonitas, quero músicas alegres e pessoas contando as melhores histórias que tiveram comigo, porque será o dia em que seguiremos nossos caminhos.
De todo o meu coração, te amo!



Hands are silent. Voices numb. Try to scream out my lungs. But it makes this harder. And the tears stream down my face





Fim.



Fanfic enviada dia 25/01/2016




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