CAPÍTULOS: [Prólogo] [01]





20:45



Prólogo


Quem sabe ele não tá por aí, andando por essas avenidas movimentadas e querendo se esconder nessas esquinas sem graça, cheio de feridas e de tentativas de romances mal sucedidos, igualzinho você, só esperando por mais uma chance de tentar ser feliz. Quem sabe vocês não viram numa dessas esquinas ao mesmo tempo e se acham. Pode ser amanhã ou depois ou no mês que vem. Pode ser que seja no meio de uma festa lotada ou em um corredor vazio. Pode ser que já seja, vocês só não saibam ainda. Mas vai ter alguma coisa ali, no modo como tudo parece se encaixar quando vocês tão juntos e na maneira como o beijo de vocês combinam. Vai ter alguma coisa que vai fazer você entender o porquê dele ter demorado tanto. E talvez demore um pouco mais, ainda, mas não importa, ele vem, pode deixar, dia desses ele chega, muda tudo do lugar, ajeitar sua vida na dele e faz o resto todo fazer sentido.


Capítulo 01


O Destino dando as caras.


Trânsito
Buzinas
Gritaria
Chuva
Merda de dia, depois de sair do trabalho e estar parada na Avenida Amazonas, em uma sexta feira à noite, não era pra mim. Desistindo do trânsito caótico do centro de Belo Horizonte, estacionei o carro na cafeteria ali perto e desci do carro. Uma gritaria na calçada me chamou atenção, dois homens gritavam bastante, mas eu ignorei a discussão entrando na cafeteria e alguns minutos depois, um dos homens da briga entrou no bar. Me sentei numa mesa no canto da cafeteria e pedi um Expresso. Eu precisava disso. Vi um par de olhos pousarem em mim, e levantei a cabeça para encarar quem quer que fosse. Parecia que eu já tinha o visto em algum lugar. Eu encarava ele olhava pro copo de café em sua frente e o mini caderno que tinha ali.
Ele me encarava, eu olhava pro copo de café expresso e limpava meu óculos que tinha ficado embaçado pela fumaça de vapor do café, e quando nós não desviamos o olhar e ele sorriu, eu não consegui evitar de sorrir também. Ele se levantou sentando na cadeira a minha frente e deu uma risada baixa.
- Vai continuar fingindo que está limpando o óculos até que horas?
- Até a hora que você ficar fingindo que está anotando algo no seu mini caderno.
- Ei! Eu não estava fingindo.
- E nem eu.
- Estranha.
- Doido.
- Você vem sempre aqui?
- Sim, mas essa cantada não funciona.
- E quem disse que essa é uma cantada?
- Ela já é manjada demais. - Ele gargalhou e que gargalhada gostosa! Os olhos quase se fecharam e eu achei a coisa mais fofa do mundo. Então não consegui evitar de acompanhá-lo. Ele era contagiante.
- Eu não quis ser fútil, mas é que não é sempre que eu encontro alguém assim aqui.
- Não foi fútil, as melhores coisas acontecem sem planejar.
- Eu discordo! - Ele cruzou os braços e se encostou na cadeira.
- E por que discorda, doido?
-Para tudo tem a hora, o dia e o lugar certo.
- Não sei, eu simplesmente saí de um dia chuvoso de serviço, com um frio que não é normal em Belo Horizonte e decidi parar pra tomar um café pra me acalmar.
- E me encontrou.
- Isso é anormal por quê?
- Eu acordei atrasado, cheguei tarde no trabalho. Tive que parar pra cortar o cabelo no almoço e eu nem sou vaidoso assim. No almoço a vendedora atrasou meu troco e eu briguei com um louco na calçada. E decidi vir tomar um café pra me acalmar. Destino.
- Você é definitivamente doido.
- E você é bonita. - Eu ergui a sobrancelha e o encarei. - Sim, agora foi uma cantada.
- Você não é de se jogar fora.
- Isso foi um elogio.?
- Eu preciso ir.
- Eu também vou indo.
- Então adeus.
- É, adeus. Mas eu tenho certeza que ainda vamos nos ver.
- De onde tirou isso?
- Acredito em destino.
- Você é algum tipo de louco?
- Sou um amador a escritor, serve? - Eu sorri e coloquei o dinheiro na mesa, acenando para ele que entendeu como um Adeus. Então eu segui para o carro e sorri. Eu não sabia por que, nunca tinha acreditado naquilo, mas com ele parecia diferente. Balancei a cabeça desviando meus pensamentos idiotas e liguei o carro indo para o apartamento. Nada como um banho quente e cama depois disso.


É o destino, eu disse.


Estacionei o carro e corri para elevador. Quando ele ia se fechar, escutei alguém gritando espera.
- Você?
- Ah! Eu sabia! - O escritor louco da cafeteria sorria.
- Sabia de quê? Você tá me seguindo? Pelo amor de Deus, eu vou gritar.
- Não, louca! Eu moro aqui.
- Em que andar?
- Quarto.
- Qual apartamento?
- Quer ir me visitar?
- Não, louco. Eu moro no quinto andar.
- Ah, eu sabia mesmo!
- Diabos, sabia do que homem?
- É o destino. Eu disse.
- É coincidência.
- Não é não!
- Você sabe a hora que chegou a cafeteria?
- 20:45
- Anote isso na sua agenda. 19 de janeiro, Avenida Amazonas, 20:45 PM.
- E por que eu faria isso?
- Você acabou de conhecer o amor da sua vida.
- Você saiu de uma clínica psiquiátrica?
- Sai dos seus sonhos.
- Blefe, eu vou pro meu apartamento.
- Não fuja do destino.
- Tô fugindo de nada, duvido que seja verdade isso ai.
- Vou te provar que é. - Então eu sorri, neguei com a cabeça e caminhei até meu apartamento. Quanta loucura para um dia só.


(...)



Segunda feira, Avenida Amazonas, 9:34.

Chegar atrasada do trabalho era um dom meu. Mas algum milagre me fez acordar cedo aquele dia e tomar um café antes de chegar. Entrei procurando um lugar pra sentar e o máximo que encontrei foi o Escritor metido a vidente sorrindo pra mim descaradamente. Caminhei até uma mesa do outro lado sem entender, ele tinha me seguido. Não era possível.
Peguei o jornal que tinha comprado e cheguei tentando me tapar o mais rápido possível. Ouvi a movimentação da cadeira e tentei ignorar.
- O que tá fazendo aqui?
- Tentando falar com meu destino.
- Tá, tudo bem. E se for destino?
- Eu vou te chamar pra ir ao cinema comigo essa noite.
- Então chame.
- Acha que é destino?
- Quero descobrir. Mas ante,s me fale mais de você, mal sei seu nome
- . Nascido e criado em Belo Horizonte, sou 'pai' de um cachorro. Solteiro, 26 anos.
- Hum...
- E você quem é, destino?
- Meu nome é , nascida e criada em Belo Horizonte também, moro sozinha, solteira, e 24 anos.
- Gostei de você, destino.
- Meu nome não é destino.
- Mas você é o meu.
- Eu já disse que te acho louco?
- Sim, mas eu disse que não sou.
- Vou ver se consigo acreditar
- Saí comigo?
- Hoje?
- Qualquer dia, quero te levar pra um cinema.
- Isso me parece um encontro.
- Talvez seja.
- Preciso ir pro trabalho. Tchau .
- Tchau destino. – Ele sorriu e piscou pra mim e eu sai dali para o trabalho. Completamente feliz, sem saber o exato motivo de tal felicidade

(...)



Primeiro de muitos.


- Este filme foi muito foda!
- Eu concordo, achei que seria uma coisinha de adolescente. Mas adorei!
- Obrigada pela noite, .
- Que nada, destino. Foi ótimo. - Ele se virou e sorriu. - Vou pra casa agora, posso te ver depois?
- Você não quer entrar... pra é... pra tomar um café?
- Não vai ser incomodo?
- Não. - Eu entrei em casa e tirei algumas roupas do sofá. Eu não era lá das mais organizadas, ele gargalhou quando eu quase caí em algum sapato que estava no chão. Eu fui até a cozinha e notei ele me seguindo.
... Preparei o café entre conversas com , nós falamos sobre a vida e ele foi embora. Se despedindo antes de subir o lance de escada.
- Sabe, . Esse é o primeiro de muitos encontros. - E eu sorri e assenti. Eu sabia que ele tinha razão ao menos esperava que tivesse..


Gran Finalle


Eu estava jogada no sofá e ouvi o som da campainha. Saltei do sofá prendendo o cabelo.
- Oi, !
- Trouxe mais um trecho do meu livro pra você dar sua opinião.
- Deve estar ótimo!
- Não vai me convidar pra um café?
- Ah, não sei não... Será? - Eu gargalhei e ele me abraçou pela cintura dando um beijo na minha bochecha, em seguida, depositou um selinho terno nos meus lábios. Nós estávamos ficando desde o segundo encontro. Estava tudo maravilhoso, ele era um amor, mas não tínhamos assumido um namoro. Eu não sabia o porquê, mas estávamos indo bem até agora.

(...)



19 de março, Avenida Amazonas, 20:40

- Fala sério, . Tá com essa cara de tacho por quê?
- Estou nervoso.
- Por qual motivo, louco?
- Não sou louco. Você que é curiosa.
- Você tá batendo os dedos igual um estranho nessa mesa, não encostou no café que pediu. É o seu preferido.
- 20:44..
- EU NÃO PEDI AS HORAS, !
- Até que enfim! - Ele se levantou e eu o encarei assustada.
- O que significa isso, maluco?
- Sabe, nesse café há dois meses atrás, nesse mesmo horário, eu encontrei alguém. Uma mulher que fez eu me apaixonar e meu coração parar mesmo diante um dia cheio de confusões. Eu disse pra ela que destino existe e ela me chamou de louco. Eu a ensinei que destino era real e ela aprendeu. Nossos cafés se tornaram almoços, e jantares que retrocederam outros cafés. Eu me apaixonei, e disse pra ela numa noite que ela precisava guardar "19 de janeiro, Avenida Amazonas, 20:45”. E sabe, eu estou aqui hoje, depois de um dia cansativo de trabalho para provar que o amor aparece sim em alguma esquina, mas que tem tudo escrito no caderno do destino. Você aceita ser minha namorada, destino?
- Claro que aceito, !
E na mesma cafeteria em que eu o conheci há dois meses, eu tive a certeza que quando é pra acontecer...

"Tem dia, lugar e tem hora..."




Fim...



Nota da autora: Sem Nota.




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