Última atualização: 08/11/2017

Prólogo

Não sei se está carta chegará um dia as mãos de alguém, não sei se meus pais ainda procuram por mim. Pelas minhas contas já se passaram 6 anos, seis anos que não vejo a luz do sol;
2190 dias trancada como um pássaro em uma gaiola. Ele me roubou tudo, tudo o que considerava ser parte de mim, hoje já não sei mais quem eu sou, ou quem eu era.
Não sou mais aquela garotinha de 12 anos que caminhava todos os dias há caminho da escola.
Não sou mais aquela que ficava até tarde brincando na areia da praia até o anoitecer. E eu sinto muito por isso, por não poder voltar no tempo e mudar esses seis anos de tortura.
Se alguém estiver lendo isso, por favor comuniquem minha família. Meu nome é e eu sou uma sobrevivente...



Capítulo 1.

Cartagena. 6 anos atrás.
Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente. William Shakespeare.
abriu os olhos assim que ouviu o estridente som do despertador. Virou-se de um lado para o outro na cama se recusando a levantar, sabia que não se passavam das 06h00min; confirmou sua teoria assim que sua mãe adentrou o quarto gritando pra que se apressasse.
- Vamos, , saia já dessa cama, estamos atrasadas. - disse depositando uma xícara de chá no criado-mudo ao lado da cama.
Um pequeno garotinho de seis anos olhava curioso ao lado da porta.
- está cansada, mamãe, papai a trouxe tarde da noite.
- Não me diga que ele a levou naquele bar outra vez? - disse a mãe tentando não transparecer qualquer tipo de emoção.
- Não se preocupem, eu estou bem. Papai precisava pegar uma encomenda, foi apenas isso. - pegou a xícara do criado-mudo e bebericou um gole de seu chá.
- Mesmo assim terei uma conversa séria com seu pai mais tarde, te espero na cozinha em 10 minutos, .
- Não quer mesmo me contar o que houve? - perguntou o irmão mais novo.
- Estou bem, , não se preocupe. – ela repetiu.
- Agora vamos antes que a mamãe fique ainda mais zangada. - disse puxando o mais novo enquanto descia as escadas.

***


Assim que desceram as escadas encontraram a mãe ao telefone, parecia preocupada enquanto pegava sua bolsa e jogava chaves e documentos dentro dela.
- O que houve, mamãe? - perguntou .
- Não posso levá-los pra escola hoje. , pode deixar seu irmão na escola hoje?
Sua mãe parecia cansada, mais que o normal naquela manhã. Provavelmente se tratava de algum problema no trabalho.
- Claro, vamos, , estamos atrasados. - disse após depositar a xícara na pia e dar um beijo em sua mãe.
- Até mais tarde.
Enquanto faziam o trajeto para escola, sentia o vento gelado bater em seu rosto. Apesar de estarem no começo do outono, a brisa gélida fez com que abotoasse seu casaco; provavelmente chegaria atrasada para a primeira aula já que levaria a escola primeiro. Mal deu as caras no portão central da entrada e já avistou o rosto conhecido de Daylen, melhor amigo de seu irmão.
- Bom, você fica aqui, , venho te buscar mais tarde, tudo bem? – perguntou, beijando-lhe a bochecha.
- Você se preocupa demais, , até mais tarde.
Assim que deixou o pequeno acelerou os passos, as ruas estavam vazias. Nem mesmo os carros passavam ao redor. Enquanto corria passou ao lado de alguns carros estacionados porém nada que lhe chamasse a atenção.
Foi quando sentiu um puxão em sua nuca e mãos tamparam-lhe a boca, tentou se debater e gritar, mas aquele homem era mais forte e logo tudo escureceu.



Capítulo 2.

Há mais perigo em teus olhos do que em vinte espadas! William Shakespeare.
sentia seu corpo inteiro formigar, ao tentar abrir os olhos sentiu uma dor aguda no olho esquerdo, e ao tocá-lo sentiu o inchaço no local. Não fazia ideia de que lugar era aquele, não existiam janelas e a iluminação era precária; a sensação de sufocamento era inevitável. O calor daquele pequeno cômodo a fazia suar, suas mãos tremiam e sua garganta estava seca.
Contudo, um barulho no que aparentava ser uma porta lhe chamou atenção. Um homem de cabelos castanhos e estatura mediana adentrou o quarto, sua expressão era séria, seus olhos não transmitiam nada.
- Ora, ora, parece que a princesinha acordou. - declarou o homem enquanto depositava um pequeno colchão ao lado da porta.
- Quem é você? - perguntou assustada. - Por que me prendeu aqui?
- Esta é sua nova casa. Basta você me obedecer e talvez nada de ruim lhe aconteça. - respondeu simplesmente.
- Meus pais devem estar preocupados comigo, por favor me deixe ir! - implorou com os olhos marejados.
- Seus pais não se importam com você, ninguém se importa! - exclamou irritado.
- Isso não é verdade!
- Oh, é mesmo? Então por que eles não pagaram o resgate? - perguntou irônico.
se calou, estava assustada, tremendo e temendo as intenções daquele estranho homem. Queria ir pra casa, rever sua mãe e seu irmão, mas nada daquilo fazia sentido pra ela. Sabia que seus pais não teriam dinheiro para o resgate e isso a apavorava ainda mais.
E se eles não a encontrassem? Não fazia ideia de onde estava, não conseguia ouvir o barulho dos pássaros ou a luz do sol. Há quanto estava ali de fato ela não sabia, só o que podia contar era com a água da pequena pia se encontrava no canto do pequeno cômodo além do vaso sanitário e o simples colchão.

***


Não sabia ao certo quantos dias ou horas se passaram, mas ao que parecia, no final de todas as tardes aquele homem de cabelos castanhos lhe alimentava. No começo como uma boa criança rebelde tentou fazer greve de fome. O que só lhe rendiam bons tapas e puxões de cabelo além de deixar o homem extremamente irritado deixando-a muitas vezes sem comer há vários dias.
Suas roupas estavam sujas, seu cabelo cheio de nós, além do calor insuportável que só aumentava a medida que o verão se aproximava. A única forma de manter a higiene e se refrescar era tomar banho ali mesmo naquela pequena pia.
- Eu escrevi uma carta para os meus pais. Será que você poderia entregar à eles? - perguntou assim que o homem abrira a porta.
- Que tipo de carta?
- Não é nada demais, só não quero que fiquem ainda mais preocupados. - deu de ombros.
- Tudo bem, eu entregarei.
Raramente trocava palavras com seu sequestrador, na maior parte do tempo passava encolhida em um canto do pequeno cômodo chorando pela falta da sua família ou pelos ferimentos que se tornavam cada vez mais frequentes.
As antigas roupas foram substituídas por velhas camisetas que pareciam pertencer a ele. As horas se passavam lentamente, não havia distinção entre dia e noite tudo era uma repleta escuridão.
Aquela aparência saudável desaparecia pouco a pouco, os cabelos castanhos sempre cheios de brilho estavam opacos e sem vida, assim como seus olhos verdes. Seu corpo estava em completa fadiga pela péssima alimentação. Estava se tornando cada vez mais insuportável, mais do que qualquer ser humano poderia aguentar.





Continua...



Nota da autora: Sem nota.



Nota da beta: Nossa, pobrezinha que horror, chocada!

Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
Para saber quando essa fic vai atualizar, acompanhe aqui.


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