Já ouviu aquela frase "sonhos só se parecem verdade quando a gente se esquece de acordar"? Então, é ela que me representa hoje e começou a representar a partir do momento em que o conheci. E, se tudo isso for um sonho, por favor, não me acorde nunca...
Entrei na livraria à procura do box de livros que eu tanto queria: a série Fallen. Muitas pessoas acham que a saga é horrível, pois dizem que é a mesma conversinha de Crepúsculo, só que invés de vampiros são anjos, a personagem principal é muito sem sal e blablablá. O engraçado é que todas as críticas negativas são as mesmas coisas e isso não vai mudar minha opinião. Eu amo a saga.
Fui direto na prateleira em que ficavam os livros da categoria Romance/Ficção e, depois de muito procurar, achei o box. Acabei dando uma olhada em outros livros que me interessassem, mesmo sabendo que não poderia comprá-los. No meio de alguns livros desinteressantes por mim, achei o famoso A Culpa É Das Estrelas. Eu já havia o lido uma vez e realmente estava louca para poder ter um para poder chamar de meu, então o peguei também.
Fui ao balcão para pagá-los.
"Boa tarde!", o rapaz atrás do balcão me cumprimentou educadamente.
"Boa tarde", respondi, tirando meu olho do livro e o encarando com um sorriso no rosto que foi retribuído por ele.
Ele era uma graça... Sabe quando você vai a algum lugar, vê um menino gatinho e fica chateada por saber que nunca mais vai vê-lo novamente? Então, esse era meu momento.
Entreguei o livro que eu escolhera para ele, a fim de que cobrasse o preço. O rapaz pegou e o cobrou. Enquanto eu pegava o cartão de crédito em minha bolsa, ele comentou:
"Então quer dizer que você gosta de romance... Esses livros são mesmo legais."
Parei de mexer em minha bolsa e levantei meus olhos para olhá-lo, um pouco surpresa pelo comentário.
"O que foi?", perguntou ele divertido. "Só porque sou homem quer dizer que não posso ler livros como esses?"
Entreguei o cartão a ele rindo. É engraçado ver um menino lendo romances.
"Não sei se devo ficar envergonhado por isso", ele disse em tom de brincadeira, passando o cartão na maquininha.
"Se fosse eu, não ficaria. É legal ver um menino que curte romances e... Anjos", eu ri. "Só é engraçado."
"Obrigado, eu acho", o rapaz olhou para mim. "E me desculpe, mas seu cartão recusou o segundo livro."
"O quê? Você está brincando?!", eu disse com os olhos arregalados. Meu saldo não podia acabar. Pelo menos não agora.
"Não estou, não."
"Ah, droga. Se eu pelo menos tivesse dinheiro aqui comigo...", coloquei as mãos na cintura, pensando. "Pelo menos passou um. E qual foi?"
"O box Fallen."
"Isso é muito bom..."
"Não estava a fim de levar A Culpa É Das Estrelas também?"
"Claro que estava, mas felizmente eu já o li. Só queria ter posse dele, apenas."
"Entendi", ele sorriu. "Aqui está então 'apenas' o seu box", entregou-me a sacola e o cartão. "Sinto muito pela falta de posse."
Eu ri. "Um completo azar", revirei os olhos. "Obrigada."
"De nada. Boa leitura."
"Obrigada de novo..."
Depois de ler o box inteiro da série Fallen, voltei à livraria. Pois é, o vício por leitura é tanto que consegui ler seis livros em menos de dois meses.
Ao entrar no local e sentir o vento do ar condicionado mais os cheiros dos livros novos, já é totalmente reconfortante e cem por cento maravilhoso. Se eu pudesse, armava uma barraca ali mesmo e morava pelo resto da minha vida. Exagerada? Sim, obrigada.
Dessa vez, eu não sabia qual livro comprar, então resolvi olhar em todas prateleiras até achar um que me agradasse. Até porque esse é meu problema: paixão e grande interesse por livros que se manifesta como mania de comprar e acumular livros, ou melhor dizendo, bibliomania. Engraçado, não?
Por fim achei. A Menina Que Não Sabia Ler de John Harding, só por eu ter me identificado com a pequena Florence, e, OH, MEU DEUS! Como Eu Era Antes De Você, com Louisa e Will, awn. Eu estou doida para ler esse livro. Ainda mais porque o filme vai ser estreado esse ano e a história é um pouco parecida com Intocáveis – um pouquinho apenas. Ok, agora estou em dúvida: a pequena Florence ou o casal Louisa e Will? Florence ou Louisa e Will... Ok, casal, fico com vocês.
"Desculpe-me, Florence... Eu juro que volto para buscá-la um outro dia", sussurrei. Eu poderia levar os dois... Sim, eu poderia, mas só estava com o dinheiro para um. Droga de realidade. Odeio ter pouco dinheiro.
"Ah, então quer dizer que você sussurra isso toda vez que tem que deixar um livro para trás?", ouvi alguém dizer ao meu lado. Olhei em sua direção. Era o menino que me atendeu atrás do balcão da outra vez que vim.
"Tipo isso", respondi. "Sabe como é, né?!"
"Sei, mas o bom é que trabalhar aqui às vezes tem suas vantagens."
"Você poderia ceder seu lugar para mim, né? Assim eu também poderia levar os livros que quiser para casa e não sofrer por ter que deixar um", brinquei.
Ele riu. "Vou pensar nisso". Em seguida, começou a arrumar os livros daquela prateleira e eu continuei o olhando. "Você conferiu antes se o cartão está com saldo? Vai que dessa vez nenhum passa", brincou.
"Ah, não. Dessa vez estou sem o cartão. O dinheiro está contado, então por isso só posso levar um", ele voltou a me olhar. "E eu sei. É uma pena."
"Sim, é", o rapaz cruzou os braços. "É impressão minha ou você é fissurada por livros?"
"Nunca vou parar de comprar livros, nunca vou ler todos que tenho para ler, nunca terei dinheiro... Mas sempre terei livros. Então, sim, sou."
"Aprecio sua admiração. E, por falar nisso, sou ", ele sorriu.
"Sou ", sorri.
Aqui estou eu em mais um dia na livraria. Não me julgue se esse é meu segundo lugar favorito depois da minha casa, ok?
Dessa vez, vim buscar a pequena Florence. Espero que ela ainda esteja me esperando, que ninguém tenha a levado.
Fui à prateleira onde eu a vi da última vez que estive aqui, procurei e nada. Fui em outra prateleira, procurei e nada também. Fui em outra e outra... Nada. Mas não é possível! Não é mesmo. Eu sou a única na face da Terra que super se identificou com Florence. É isso que quero pensar.
"Por favor, Florence. Não brinque de esconde-esconde comigo. Não estou gostando disso", pensei comigo mesma. Mas, como a livraria é enorme e é óbvio que não vou achar esse livro facilmente, resolvi ir atrás de um dos atendentes e pelo menos perguntar se tinha alguma possibilidade de ter mais um desse livro por aqui.
A atendente olhou desanimada para mim e pediu perdão, pois não havia mais nenhum livro desse por ali e o último que havia foi comprado semana passada. Inclusive esse último foi o que eu tinha deixado, então não era justo eu não poder levá-lo. Eu poderia ir a outra livraria atrás do A Menina Que Não Sabia Ler e parar de vez com esse drama todo, mas as outras livrarias ficavam muito mais longe da minha casa do que esta aqui.
Tudo bem, . Você perdeu e pare de drama, até porque tem muitos livros aqui, não é? Isso mesmo. Então vou atrás de outro livro.
"Se eu acreditasse em destino, diria que ele estaria aprontando de novo para que nos encontrássemos outra vez", ouvi a voz que eu já escutara antes atrás de mim.
Sorri e me virei. "O destino realmente me surpreende e me deixa chateada ao mesmo tempo."
"Eu sou uma péssima surpresa?", ele disse, fingindo indignação.
"Não, claro que não. Acontece que levaram a Florence embora. Lembra-se dela?"
"Aquele livro que você deixou da última vez que veio aqui? Impossível esquecer. Você chorou por ter que deixá-la."
"Não é verdade. Foi quase...", brinquei.
Ele sorriu e colocou a mão dentro do grande bolso do avental de seu uniforme de trabalho, tirando dele um livro e o estendendo a mim. Era o livro da Florence.
Mas aí você fica pensando consigo: Está vendo? Fanfics são todas iguais. Aparece o carinha perfeito que toda menina sempre sonhou, ele faz tudo perfeito de acordo com o que a personagem quer, pensa, fala e blablablá... Mas vamos reforçar uma coisa: lembra-se da frase que eu disse lá no começo da história? Sonhos só parecem verdade quando a gente se esquece de acordar. SONHOS podem se tornar verdade. Esse era o meu sonho, essa é minha realidade, essa é minha história e foi realmente isso o que aconteceu. Para mim, esse menino começou a ser perfeito começando por ali. Voltando à cena, olhei para ele e não pude segurar a risada sarcástica que saiu da minha boca.
"Você não vai pegar?", ele perguntou.
"Eu fui atrás da atendente e ela me confirmou que não havia mais esse livro por aqui."
"Eu o peguei. Sabia que você viria aqui novamente. Quer dizer, eu não tinha certeza, mas peguei e o guardei."
"Fale-me que você é um sonho, porque não pode ser verdade."
"Eu sou um sonho, porque não posso ser verdade."
"Seu bobo", peguei o livro e o abracei. Não pude evitar. "Muito obrigada, de verdade", afastei-me dele com um grande suspiro de felicidade.
Ele sorriu. Toda vez que nos falamos, ele sorri. Ah, pare. Isso é lindo. "Já que eu o guardei especialmente para você, deve-me uma, não é mesmo?"
"Concordo. Qual o livro que você quer ou gosta? Pode ser o mais caro, mas eu compro sem reclamar."
"Livro?", ele riu. "Eu não quero livro. Quero um outro encontro."
"Outro encontro?"
"Sim. Só que, dessa vez, um encontro de verdade, tipo eu a chamando pra sair. Topa?"
"Eu... Não sei..."
"Você me deve, ", fingiu estar bravo.
"Sabe, tenho uma maratona de séries para fazer."
Ele riu sarcástico. "Ah, pare..."
"Estou brincando", interrompi-o. "Eu topo."
"Legal", ele sorriu.
"Então quer dizer que você é mesmo viciada em livros?", ele quebrou o silêncio que insistia em ficar entre nós. Assenti com a cabeça.
marcou esse “encontro de verdade” no dia seguinte, depois do seu horário de trabalho, em uma cafeteria muito conhecida por Starbucks Coffee.
O legal foi que conversamos um pouco. Nesse pouco que conversamos, descobrimos que tínhamos algumas coisas em comum, como: gostar de ler livros (mas ele não lê muito nem é viciado. Apenas lia os livros que lhe convinham, por exemplo: Game of Thrones é o melhor de todos para ele. Eu nunca gostei), gostar de séries (mas o rapaz só gosta de The Flash, The Big Bang Theory e algumas vezes já assistiu a alguns capítulos de Supernatural. Gosto de todos esses e um pouco mais), de filmes (porém para ele os únicos filmes bons de verdade são Piratas do Caribe, Velozes e Furiosos, Transformers e Star Wars. Esses dois últimos nunca foram interessantes, na minha opinião). E, por fim, algo que eu não curto muito e ele ama são games. Sim, acabei de descrever um completo nerd.
Eu sempre achei alguns nerds interessantes pelos gostos, que por sinal são muito bons, e outros pela aparência que super me agrada por serem bonitinhos... era a mistura dos dois e um pouco mais.
Às vezes batia o momento constrangedor entre nós e o silêncio reinava. Nem eu, nem ele tínhamos o que falar. O rapaz às vezes ficava olhando para mim, esperando algo de minha parte. Eu ficava envergonhada e tentava o mínimo possível manter contato visual com ele. Depois o garoto ria disso (acho que devia me achar uma completa bobona).
"Sua risada é muito agradável", eu disse por fim. "Gostaria de ouvi-la mais vezes."
"Ah, é?", ele sorriu. Eu já disse que o sorriso dele é uma coisa surreal? "Isso é um convite para outro encontro?"
"Interprete como quiser", arqueei as sobrancelhas. Nossa, olhe como ela está ousada.
"Então é um outro convite", ele também arqueou as sobrancelhas. "Até porque eu sei que obviamente iremos nos encontrar outras vezes na livraria, então ficará mais fácil."
Sorri e não duvido de que esse sorriso foi o mais bobo que já dei em toda minha vida. Se eu estava apaixonada? Eu não sei. Talvez. Já, ? Meio rápido, não? Pois é, eu sei. Mas o que posso fazer se me apaixono rápido demais por meninos que me dão atenção, têm os mesmos gostos que eu, são bonitos, fofos... E depois me deixam com um pé na bunda. Já aconteceu isso comigo uma vez e Deus me livre se acontecer novamente. Eu não tinha a certeza de que seria mais um desses, mas deveria saber instintivamente que ele não era assim. Não tinha certeza absoluta, é claro, porém apostava que não era.
Dias depois, continuei indo à livraria, dessa vez todos os dias só para poder ver . Ele já sabia disso, apesar das desculpas que eu usava que minha nova meta era comprar um livro por dia.
"Isso não cola comigo, ", ele disse depois da terceira tentativa da minha desculpa, mas eu não vou admitir assim tão fácil.
Durante esses sete dias, nós íamos ao Starbucks passar a última hora do trabalho dele lá, já que sua casa era longe daqui e as nossas casas também eram longe uma da outra.
"Por que pessoas incríveis têm que morar longe?", o rapaz perguntou, fazendo um pequeno biquinho.
"Essa é uma pergunta que me assombra sempre", respondi sorrindo. "Mas olhe pelo lado bom: podemos ter a desculpa de nos ver e vir tomar um Expresso juntos todos os dias."
"Podemos ter a desculpa? Não. A desculpa é sua para poder me ver todos os dias", brincou.
Eu ri envergonhada. "Concorde comigo, por favor."
Ele sorriu e apoiou o braço na mesa, observando-me.
"Por que você está olhando para mim desse jeito?", perguntei, sentindo-me mais envergonhada ainda.
Ele continuou com o sorriso no rosto. "Porque você é bonita."
AI, CARAMBA! Eu posso agarrá-lo já? Agora só falta ele completar a frase da mesma forma que o Gus, do filme A Culpa É Das Estrelas, disse à Hazel: 'Eu gosto de olhar para pessoas bonitas e faz algum tempo que resolvi não me negar os prazeres mais simples da existência humana'.
"?", ele me chamou e eu pisquei, percebendo que acabara de entrar em um pequeno transe de pensamentos. Sua bobona. "Paralisou, foi? No que estava pensando?"
"Nada", sorri. Agora estava mais que confirmado: estou mesmo apaixonada por . 'Apaixonei-me do mesmo jeito que alguém cai no sono: gradativamente e de repente, de uma hora para outra', como dizia a Hazel Grace. Ah, , por que você fica tão boba quando está apaixonada?
Senti colocar sua mão em uma das minhas. "Sabe, eu queria fazer uma coisa de uns dias para cá."
"O quê?", já imagino o que seja.
"Isso", ele me beijou sem demora e direto ao ponto, ou melhor, ao beijo.
Ontem à noite, pela internet, vi a resenha do Diário de Anne Frank. O livro realmente é bom, pois é um diário – realmente verdadeiro – de uma garota de treze anos que viveu uma história difícil acontecida na humanidade: a Segunda Guerra Mundial. Ela narra a rotina do período em que permanecia refugiada para não ser capturada pelos nazistas alemães. Anne tem a ideia de escrever um diário que pudesse realmente ser publicado após ouvir uma transmissão radiofônica que incentivava as pessoas a documentarem os eventos ligados à guerra, pois este material teria, futuramente, um alto significado. O que mais me chama a atenção nisso tudo é que este poderia ser um diário escrito por qualquer garota de treze anos nos tempos atuais, com todas as inquietudes e preocupações de uma jovem... Lendo o livro, é como se você fosse a própria Anne Frank.
Então lá vou eu à procura do livro. Enquanto eu o procurava, ninguém mais e ninguém menos que sussurra em meu ouvido:
"Em cada estante, um livro. Em cada livro, um porquê. Em cada porquê, uma resposta. Em cada resposta, você!"
Virei-me para ele sorrindo. "Nossa, como ele está um poeta hoje. Que ousadia é essa que eu ainda não lhe dei?", brinquei.
"Está achando estranho o meu bom humor? Seria mais estranho se você fosse uma completa desconhecida", ele franziu a testa e pequenas linhas apareceram nela.
"Foi estranho porque não somos namorados..."
", isso não foi uma cantada. É apenas uma frase. Relaxe."
Esse é um dom que eu tenho: estragar climas. Nossa, , você não poderia ter calado a boca para não estragar isso? Pois é, eu poderia.
"Eu estava brincando, ", falei mais baixo que o normal por estar constrangida e me virei, de volta à procura do livro.
"Ei, desculpe-me. Eu também estava. Não quis ser estúpido", segurou levemente em meu braço.
"Tudo bem", sorri fraco e virei minha cabeça para olhá-lo. Percebi que ele não estava com o uniforme da livraria e, sim, com um moletom de... "Assassin's Creed? Sério? Cadê o uniforme?"
"Sim. No frio, é liberado usar o que quiser. E Assassin's Creed é o melhor game de todos os tempos". Franzi a testa confusa. Eu não conhecia. percebeu e continuou. "Então, é um jogo que se passa em 1191 nas terras sagradas de Jerusalém. Altair é um assassino que faz parte do mundo oculto. É a figura chave da trama e...,". Franzi a testa novamente e ele parou de falar. "Ativei o modo nerd, né?!", perguntou.
"Completamente", confirmei.
"Foi mal", respirou fundo. "Qual livro está procurando dessa vez?"
"O Diário de Anne...", olhei para a prateleira, dessa vez achando o livro, e o peguei. "Achei."
"O Diário de Anne Achei? Esse é o nome do livro?", ele coçou a cabeça e depois riu.
"Não, seu bobo. O nome é Anne Frank."
"Eu sei...", pegou o livro da minha mão para vê-lo melhor.
"Sabe o que cairia bem? O preço dos livros", eu disse ao notar o preço.
"Mas esse é apenas R$ 50,30. É capa dura e está com 20% de desconto."
"Apenas? Muito barato, não é mesmo?", ironizei. "Isso porque tem desconto."
Ele sorriu da maneira mais linda possível. "Livro é uma coisa tão boa que poderia ser um elogio...", aproximou-se de mim. "Nossa, você está tão livro hoje."
"Posso lhe contar um segredo?", cochichei e ele assentiu. "Você é péssimo com piadas."
Ele riu e o acompanhei. "Concordo, mas tem uma coisa em que eu sou muito bom”, puxou-me pela cintura, encostou sua boca à minha e iniciamos um beijo que fez me apaixonar ainda mais.
Uma semana depois, eu apareci na livraria, mas não para comprar outro livro e, sim, para ver . Durante uma semana, fiquei doente e não pude aparecer aqui, e agora teria que pedir mil desculpas.
Olhei em todos os lados e cantos da livraria e não o achei. É até estranho, pois é nesse horário que ele costuma arrumar os livros da prateleira.
Aproximei-me do balcão e nada. Atrás dele, encontrava-se uma moça de cabelo preto e olhos azuis – muito bonita por sinal. Resolvi perguntar a ela sobre o paradeiro de .
"Oi...", ela me olhou e sorriu. "Você poderia me dizer se o veio trabalhar hoje?"
"Ah, então você que é a ?"
"Sim... Sou eu."
"Sinto muito informá-la, mas ele foi transferido para outra biblioteca."
"Ah, sério?", senti minha voz falhar. Isso não poderia ter acontecido. Ele nem me avisou pelo menos. Aliás, como iria me avisar se eu não apareço aqui há dias?
"É, mas ele pediu para lhe entregar isso, caso você aparecesse aqui", ela me entregou um embrulho de presente.
"Obrigada", sorri fraco e o peguei, afastando-me do balcão.
Saí da livraria e fui à cafeteria que ficava ali por perto. Sentei-me a uma das mesas e abri o embrulho de . Ao abrir o presente, sorri ao ver que era um livro, é claro. Melhor presente sempre, um conselho.
O livro era Diário De Um Anjo e em sua contracapa havia uma dedicatória:
",
Como eu sei que gosta de romances entre anjos, espero que curta a história de Elizabeth e Luke!
Obrigado pelas companhias agradáveis e pelos beijos também! Haha. Que os anjos iluminem seu caminho – eu sei que sou fofo!
Um beijão de seu amigo,
, 02/04/2015”
"Gostou?", assustei-me ao ouvir alguém cochichar em meu ouvido. Acertou quem apostou em . Irônico esse destino, não?
"Nunca mais faça isso", pedi.
"O quê? Dedicatória ou dar livro como presente?"
"Assustar-me... Você entendeu", ele se sentou à minha frente. "Como sabia que eu estava aqui?"
"Você está aqui quase sempre, mas especificamente pedi para a Débora me avisar no mesmo instante que você aparecesse."
"Ah... A garota bonita atrás do balcão...", ele assentiu. "Fiquei chateada ao saber que você havia sido transferido de biblioteca", abaixei a cabeça, olhando para o livro.
"E eu fiquei chateado por você não ter aparecido por quase duas semanas", bateu levemente os dedos na mesa. "O legal é que a biblioteca onde estou agora fica a três quadras daqui mais ou menos...", soltou uma risada. "Isso explica o porquê eu cheguei tão rápido aqui."
"E eu estava doente...", continuei a olhar para o livro.
"E agora está melhor?"
"Ótima", sorri e o olhei.
"Que bom", ele sorriu de lado. "Foi estranho não vê-la entrando aqui nesses dias. Eu meio que senti sua falta."
"Meio?"
"Completamente", ele disse rapidamente. "Eu não sei o que você fez comigo, mas anseio todos os dias para ver você."
Eu sorri abertamente e senti meu coração acelerar. "Eu também meio que senti sua falta", ele sorriu. "E amei o presente. Tenho certeza de que vou curtir a história de Elizabeth e Luke."
"Ah, que bom, porque eu senti que fui péssimo na escolha", fez uma careta.
'Eu meio que senti sua falta. Completamente. Eu não sei o que você fez comigo, mas anseio todos os dias par ver você'. Tem noção do quanto essas palavras me tocaram? Tem noção do que eu estou sentindo? era um simples garoto que trabalhava em uma livraria e que me conquistou pelo seu simples jeito de ser, me conquistou por simplesmente ser quem é. Gosto de pessoas simples que falam pouco e acabam dizendo tudo.
'Até um idiota teria percebido que eu estava perdidamente apaixonada.' (Morro Dos Ventos Uivantes)
No dia seguinte, combinamos de nos encontrar novamente, no Starbucks como era de costume. Dessa vez, tínhamos assuntos para dar e vender. Ficamos ali conversando por um bom tempo.
"Já leu um livro chamado: Você É Muito Bonita?", ele perguntou.
Mexi no bolo de morango que eu estava comendo e entortei meus lábios, tentando me lembrar desse livro, o que não era tão estranho para mim. Eu conhecia o escritor desse livro. Só não lembrava o nome. Antes que eu respondesse, ele riu e continuou:
"É dos mesmos autores de: você é tão bobinha que nem se deu conta de que isso foi um elogio."
Abaixei a cabeça completamente e ri envergonhada por isso. Eu posso ser boba, mas tinha quase certeza de que já vi esse título em algum livro. Juro.
"Ei", chamou ele de forma carinhosa. "Olhe para mim..."
Olhei-o, ainda sentindo minhas bochechas queimarem.
"Não precisa ficar envergonhada, apesar de que isso também é bonitinho em você", sorriu. "Você me empresta uma caneta?"
"Para quê?", perguntei.
"Para começar a escrever nossa história..."
"Quê?", eu ri.
"Empreste-me", insistiu. Eu peguei a caneta em minha bolsa e lhe entreguei.
Ele a pegou, pegou um guardanapo em cima da mesa e começou a escrever: "O Nerd e a Bibliófila..." "Isso é ridículo", eu ri. "Bibliófila, em si, já é um nome ridículo."
"O Nerd e a Viciada em Livros?", franziu a testa. "Esse também não é legal."
"Pare com isso. Você é péssimo para escolher nomes... Coitados dos seus filhos."
"Lógico que não. Se for uma menina, vai ter o mesmo nome que a mãe, e é lindo. Ou vai me dizer que é um péssimo nome para a nossa filha?"
Oi? O que exatamente está querendo dizer com isso? Porque acho que não estou entendendo. Imediatamente, senti minhas bochechas esquentarem e um nó se fez em minha garganta. Eu não sabia o que pensar exatamente e ele não poderia estar falando sério. Nem somos namorados... Mas a ideia não é ruim.
soltou uma risada de leve. "Ok, vou tomar mais cuidado com as coisas que eu falo. Você está parecendo um pimentão, ."
"Cale a boca", respondi, afundando meu rosto em minhas mãos. "Você adora me deixar constrangida."
"Mas eu já disse que isso é bonitinho em você", ele pousou uma de suas mãos em meu braço e começou a acariciá-lo. "Então, continuando ao assunto anterior, você também acha a ideia da história péssima?"
"Horrível", menti, ainda com o rosto afundado nas mãos. "Não completamente."
"Não é horrível. É fofo."
"E muito gay vindo de sua parte."
"Sua egoísta", ele afetou a voz. "Imagine que louco se alguém um dia abrisse um livro para ler o nosso romance..."
"Que romance?", interrompi-o. "Nem namorados somos..."
" ," disse ele rapidamente. "Eu amo você. Eu quero amar, cuidar e protegê-la pelo resto da minha vida. Seja minha. Para sempre. Partilhe a sua vida comigo..."
"Pare de brincadeira. Você está citando 50 Tons de Cinza para mim."
"Isso não é romântico o suficiente? Então quer que eu de uma de Christian Grey? Posso tentar."
", pare", eu ri. "É sério."
"Eu também estou falando sério, . Tenho certeza de que amo você. Desde aquele dia em que a atendi na livraria pela primeira vez, já sentia que você seria mais que uma simples cliente para mim... Quando nos conhecemos melhor, quando soube que você era de certa forma parecida com a garota que eu sempre quis, tive certeza de que é você quem eu quero para estar ao meu lado. Quer namorar comigo?"
O que eu posso falar depois disso? Ajudem-me porque não sei. Eu não sei nem descrever o que estou sentindo agora... Eu quero gritar para todo mundo ouvir que gosto de um menino que não pode ser real. Quero gritar que eu aceito, sim, namorar com ele, quero gritar que eu amo de várias maneiras possíveis...
"Eu não posso estar sonhando...", falei com a voz falha.
"Tenho quase certeza de que não está", respondeu e se levantou, estendo a mão para mim.
Peguei na mão dele, levantando-me também. "Eu aceito... Aceito, sim, ser sua namorada", ri abobada.
"Oficialmente, A Bela e o Nerd", ele me abraçou forte e eu pude sentir a magia ao nosso redor. E soube, naquele momento, que poderíamos ser felizes para sempre... Do jeito que eu sempre sonhei.
Já faz exatamente três meses que eu e estamos juntos. É pouco tempo, mas significa muito para mim. Por que eu me lembrei disso? Porque, ao acordar logo pela manhã, recebi uma linda mensagem dele pelo celular... E, como sou boba, chorei ao ler:
"Esses dias eu fui a uma livraria. Vi um casal de idosos discutindo sobre qual livro levar. Eu lembro bem quando ela dizia: “Mas, querido, eu quero ler esse”. E ele respondia: “Você está tão velha que mal consegue ler, amor”. Eu meio que sorri. Fiquei imaginando você, eu e nossas discussões bobas. Escolhi um livro e fui para a fila do caixa. Logo em seguida, eles ficaram atrás de mim e eu o ouvi dizer: “Tudo bem. Vamos levar esse livro. Eu o leio para você”. E ela disse: “Obrigada, querido. Você é um anjo”. Senti-me indignado. Hoje em dia, qualquer casalzinho que jura amor não leria um artigo para o outro e logo veio um recalque desse casal de idosos, e você não tem ideia do quanto eu desejo ser igual a eles... Quando eu não conseguir ler, leia para mim. Quando você não conseguir me escutar, não falarei. Simplesmente demonstrarei. Quero que você dependa de mim da mesma forma que quero depender de você. Quero ser apenas um com você. Eu amo você."
Não sou nada especial. Disso estou certa, mas, ao ler a mensagem dele naquele momento, me senti mais do que isso. Sou uma menina comum, com pensamentos comuns, e vivo uma vida comum, mas por estar ao lado dele o pensamento de ser uma menina comum é substituído pelo de que sou a mais sortuda do universo. Não há monumentos dedicados a mim e o meu nome, em breve, será esquecido, mas vou amar uma pessoa com toda alma e coração e, para mim, isso já basta.
...x...
( Você me fez tão clichê, Arthur Félix.)
Fim
Nota da autora: Oi, meninas.
Essa é uma pequena história que eu realmente pensei em vivenciar com aquele garoto lindo que já vi na rua. Na verdade não só um, mas com todos em quem esbarro por aí. Acredito que não sou a única a pensar dessa forma, não é?!
Espero que tenham gostado e, mais uma vez, agradeço por estarem aqui.
Ah, se vocês gostam de The Vampire Diaries, deem uma olhada na minha outra fic sobre a série: /fobs/t/thevampirespierce.html .
Um grande beijo. <3