Capítulo Único
Quão insuportavelmente pode ser o amor? A superestimação desse sentimento me enojava. Ao meu redor, esse era o sentimento que mais tratavam. Músicas, filmes, dramas... Minha vida baseava-se na comercialização de uma mentira. Oferecer ao público o que ele desejava... AMOR. Quão burra era a humanidade para cair nessa mentira deslavada? Psicologicamente tratando: o ser humano nasce com duas necessidades primordiais: AMAR e SER AMADO. Todavia, eu realmente duvidava dessa análise. A realidade, de fato, era uma merda! As pessoas buscavam consumir conteúdos que a acalentassem, saciasse o vazio de suas vidas vãs.
Enquanto divagava a respeito do meu desprezo quanto ao amor, posava ao lado da minha co-estrela. Havíamos encerrado todas as gravações, agora estava apenas promovendo o meu último trabalho. Os orbes vazios dos fotógrafos causavam-me náuseas; eram abutres. Meu sorriso não vacilou por um instante, com elegância conduzia minha parceira de cena até a entrada do salão. Naquele lugar, estava toda a equipe bem vestida, com suas faces repletas de maquiagens para esconder quem de fato eram. Não que desprezasse o uso de maquiagens, no entanto detestava o uso excessivo. A sociedade era cruel demais para admitir imperfeições em seu meio. Cordialmente cumprimentei todos, o evento de promoção duraria por horas a fio, ao final dele sobraria apenas bêbados e corações partidos...
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O sol se despedia no horizonte rosa, a brisa fria do mar islandês fazia com que me sentisse bem. Fazia apenas três dias que estava na Islândia, mas aparentava estar um mês mediante a paz que sentia. Era revigorante me ausentar de meu país, das câmeras e holofotes. A areia negra dava um toque mágico na paisagem. Estar de férias era um luxo que poucas vezes experimentava. O conjunto de moletom que usava me fazia sentir bem aquecido, embora a temperatura começasse a cair. Após me perder em pensamentos, resolvi retornar ao hotel. O guia local me aguardava pacientemente dentro do carro. Havíamos debatido algumas ideias quanto ao país, suas paisagens e sua sustentabilidade. A Islândia era de fato um país cativante.
Quando retornei ao hotel, resolvi experimentar as águas termais do mesmo, a piscina natural estava vazia naquele instante. Mergulhei e nadei por longos minutos antes de retornar à borda; quando fiz isso, encontrei uma bela mulher ocupada com um caderno e carvão. Seus olhos desviavam-se do que fazia por milésimos de segundos, antes de fixarem-se novamente no que quer que fosse o que ela executava. Seus olhos possuíam uma vivacidade até então nunca vista, sua animação era palpável mesmo estando a metros de distância dela. Ela vestia um maiô borgonha, em sua cintura estava amarrada uma toalha. Seus pés e panturrilhas estavam mergulhados na água enquanto ela apoiava o caderno em seu colo o segurando de modo firme para deslizar o carvão sobre a folha. Além do som da água, fruto de seus movimentos com o pé, o deslizar do carvão sobre a folha compunha o ambiente. A boca dela estava em uma linha apertada demonstrando sua concentração. As pontas de seus dedos estavam manchadas pela tonalidade escura do carvão. Meus olhos pareciam incapazes de desviar da figura intrigante, incapaz de conter minha curiosidade nadei até ela. Aquelas poucas braçadas dadas até o outro lado pareciam estarem em câmera lenta. Meu movimento a assustou a levando se levantar repentinamente e então cair na água. Sua agitação e a ausência do retorno à superfície, me levou a concluir que a mesma não sabia nadar. Mais que rapidamente a resgatei, colocando-a cuidadosamente sobre o piso e a virando de lado evitando que aspirasse mais água do que havia ingerido em seu desespero.
— Você está louco? — Ela gritou exasperada assim que se recuperou do ocorrido.
— Perdão? Mas eu acabei de resgatá-la! — Rebati sentido a irritação pouco a pouco tomar-me.
— Eu não teria caído na água se você não tivesse se aproximado tão repentinamente! — Suas palavras soaram displicentes e um pouco furiosa até.
— Havia como eu saber que iria se assustar de tal modo? — Devolvi no mesmo tom.
— É muito comum as pessoas se aproximarem repentinamente uma das outras. — Ela então revirou seus olhos ao concluir sua fala, a obviedade em suas palavras me provocava reações desconhecidas até então.
— Reconheço que fora minha culpa, porém não teria me aproximado caso tivesse revelado o que estava fazendo. — A respondi sentindo-me intimidado por aquelas orbes intensas.
— Não existia qualquer motivo para que eu fizesse isso. — Ela se levantou juntando o caderno e o carvão. — De todo modo o desenho está arruinado.
Sem me dar qualquer chance de respondê-la, ela partiu em passos firmes, determinada a abandonar o local o mais rápido possível. A confusão era exibida pela minha expressão. Como poderia uma mulher causar tantas emoções efusivas e deixar-me sem saber ao menos seu nome?
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Haviam-se passado alguns dias desde o ocorrido, no entanto aquela mulher não saia de meus pensamentos. Como o hotel era imenso e possuía uma política rígida quanto a preservação da identidade de seus hóspedes, não havia conseguido descobrir nada a respeito daquela mulher.
Era uma tarde agradável, o salão de refeições encontrava repleto de hóspedes, no entanto minha mente tentava assimilar o que havia ocorrido naquela noite, quando de repente esbarrei em alguém. O líquido quente que a pessoa segurava derramou-se por completo em meu suéter. Mordi minha língua segurando os xingamentos que escapariam caso abrisse a boca.
— Me perdoe, eu não tinha qualquer intenção... — Então a voz esmoreceu e calou-se por completo.
Meus olhos, que até então estavam fixos no dano causado à peça de roupa, ergueram-se surpreso até encontrar a face da desconhecida daquela noite. Minha boca conteve um sorriso sarcástico destinado à expressão desgostosa dela.
— Seria vingança pelo ocorrido daquela noite? — Arqueei uma sobrancelha em questionamento.
— Não perderia meu tempo com você . — A voz dela era semelhante a uma tempestade, furiosa e destrutiva.
— Estranho, para alguém que sabe meu nome é contraditório usar uma frase como essa de modo tão efusiva. — Comentei me divertindo com a revelação.
— Não havia intenção alguma de cruzar novamente com você, no entanto tenho apenas de me desculpar quanto ao seu suéter. — E da mesma forma como naquela noite ela me deixou sem que a respondesse.
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E estranhamente, a cada novo dia, nos esbarrávamos pelos corredores e áreas comuns daquele imenso hotel. As discussões entre nós tomavam proporções assustadoras.
Não era do meu feitio estar envolvido em brigas, ainda mais em viagens de férias. Era um homem calmo, controlado e realmente desfrutava de momentos sozinhos para relaxar; no entanto, aquela viagem estava me causando conflitos com uma desconhecida.
Nossos diálogos eram sempre retaliativos; para duas pessoas civilizadas, estávamos agindo como loucos! Eu até tentava entender o que estava acontecendo, porém quanto mais pensava sobre o assunto mais irritado e confuso ficava.
Faltavam exatos sete dias para que eu retornasse para a Coreia e iniciasse a maratona de gravações, agora para um longa metragem. Minhas férias foram ainda mais estressantes do que minha vida cotidiana, no entanto havia realizados tours pelos pontos turísticos, havia conhecido lugares incríveis e exercido o meu hobbie que era fotografar momentos únicos.
Estava novamente no mesmo local que gerara o conflito com a hóspede, meu corpo estava completo imerso na água. Em certo ponto, admitia que desejava encontrá-la, desvendar os segredos daqueles olhos ... Diante de tal pensamento me icei para fora da água, me sentei na borda da piscina e fechei os olhos por breves segundos, aquele turbilhão de sentimentos eram confusos e diferentes... Meu impulso toda vez que a via era de tomar aquela boca provocante, desvendar os segredos de seu corpo e alma. Algo completamente diferente do que sentia comumente.
— Quando te encontrei aquele dia não imaginava o quão insuportável podia ser. — A maldita voz soou próxima demais causando arrepios pelo meu corpo.
— A primeira impressão que tiram sobre você não é capaz de mostrar sua verdadeira natureza. — A respondi ao abrir meus olhos, ela estava ajoelhada ao meu lado e sorria de canto numa provocação muda.
— Terminei corretamente o desenho dessa vez. — Ela então me entregou seu caderno, de fato era uma cópia perfeita minha, mas a expressão desenhada em minha face demonstrava paz. A imagem capturada era de mim sentado com os olhos fechados e uma expressão serena em minha face.
— Então era isso que estava desenhando aquela noite?! — Pensei em voz alta.
— Exatamente, no entanto acabou me derrubando na água. — Ela tirou o caderno de minhas mãos, o fechando e o deixando ao seu lado.
— Eu já me desculpei por isso. — Levantei uma sobrancelha em afirmação. — E eu ainda continuo sem saber seu nome.
— Por que deseja tanto descobrir isso, ? — Ela indagou sem desviar os olhos dos meus.
— Eu não sei. Apenas desejo saber algo concreto sobre você. — Soltei a sentença emitindo exatamente o que pensava.
— Eu amo pintar, porém prefiro desenhar pessoas distraídas. É como fotografar, a diferença está que capturo a imagem no papel. — Ela deu de ombros antes de deitar sobre o chão, essa noite ela vestia um biquíni ao invés de um maiô.
— Estou em desvantagem já que sabe quem eu sou. — Me deitei ao lado dela, mas apoiando minha cabeça em minha mão para observá-la melhor.
— Eu sei o seu nome, apenas isso e não quem de fato é. — Ela me respondeu de modo irônico, seus olhos exibiam que ela estava se divertindo as minhas custas. — Me chamo .
— Concordo com o seu ponto de vista... — Pausei a fala deixando minha voz esmorecer ao capturar o olhar dela sobre meus lábios. — E não fora tão ruim revelar sua identidade, não é mesmo? — A provoquei deixando nossas faces mais próximas.
— Para um homem com reputação de cavalheiro está revelando-se um verdadeiro pé no saco. — Ela sorriu ao concluir a frase. No entanto as palavras eram repletas de humor.
— E você uma mentirosa. — Após concluir a frase deixei meus lábios tomarem os dela.
enroscou seus dedos entre os fios de meu cabelo, ela suspirava de encontro aos meus lábios. Seus olhos estavam fechados e sua boca aveludada respondia na mesma intensidade os meus estímulos. Ela não se importava se podíamos ser interrompidos a qualquer momento, e bem... Quem eu queria enganar? Estava pouco me importando com a possibilidade de alguém nos encontrar daquela forma! Tudo o que importava era que enfim a tinha em meus braços.
Respirar logo se tornou prioridade e então, resignado, separei meus lábios dos dela, mantive minha testa colada a dela enquanto recuperava o fôlego. Sentia o coração dela bater de forma irregular, espelhando a forma como o meu estava.
— Não seria uma boa ideia sermos pegos dessa maneira aqui. — sorriu de modo divertido, suas mãos dedilhavam meu abdômen em uma leve carícia.
— Não, não seria nada agradável sermos flagrados desse modo. — Sorri antes de me sentar.
Me levantei e estendi uma mão para ela, a auxiliando se levantar. pegou seu caderno e me guiou para fora dali. Passos apressados, corações quase taquicardíacos, respirações ofegantes... Aquela noite se encerrou um conflito e iniciou-se uma nova história...
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O amor... Eu o julgava, eu odiava somente a menção à palavra! O sentimento que nunca experimentara, a emoção que superestimava; no entanto a experimentara ao conhecer . Pintora, desenhista, empreendedora, empresária, mulher da minha vida! Uma semana não fora o suficiente para mim, estar ao lado dela era como voltar a respirar após subir à superfície depois de um longo tempo debaixo da água.
Entre as gravações do filme viajava até a Austrália, local em que ela residia. Sua natureza tempestiva persistiu e por meses conseguimos esconder nosso relacionamento. Até é claro sermos descobertos. Mas nada disso importava! Após longos debates, dores de cabeças e saudade, consegui fazer com que fôssemos morar juntos.
Naquele instante, eu a fotografava enquanto se debruçava sobre o cavalete, seus dedos e antebraços estavam manchados de tinta, seu corpo estava envolvido apenas pelo cobertor esmeralda, seus cabelos emolduravam sua face concentrada, Seul era o plano de fundo para a obra de arte que era .
— Depois quero ver como ficaram as fotos. — murmurou sem desviar os olhos do que pintava.
— Eu te amo...
As palavras escaparam de meus lábios antes que eu conseguisse freá-las, deixou o pincel cair de sua mão e seu olhar encontrou o meu.
— Eu sei que apressei as coisas ao pedir para morar comigo, porém não consegui evitar em amá-la. — Justifiquei me embaralhando nas palavras.
— Por que está se desculpando pelo o que disse? — Ela indagou se aproximando com o cenho franzido.
— Eu... Não sei? — Acabei soltando a frase como um questionamento ao invés de uma afirmação.
— Você é um idiota, . — Ela acabou rindo e então ficou na ponta de seus pés para olhar dentro dos meus olhos. — O meu idiota. — E então ela me beijou silenciando qualquer bobagem que sairia de meus lábios.
Daquele modo incomum, porém ao estilo de , ela me mostrou que sentia o mesmo. Teríamos muitos desafios pela frente, mas o mais importante já possuíamos: um ao outro!
Enquanto divagava a respeito do meu desprezo quanto ao amor, posava ao lado da minha co-estrela. Havíamos encerrado todas as gravações, agora estava apenas promovendo o meu último trabalho. Os orbes vazios dos fotógrafos causavam-me náuseas; eram abutres. Meu sorriso não vacilou por um instante, com elegância conduzia minha parceira de cena até a entrada do salão. Naquele lugar, estava toda a equipe bem vestida, com suas faces repletas de maquiagens para esconder quem de fato eram. Não que desprezasse o uso de maquiagens, no entanto detestava o uso excessivo. A sociedade era cruel demais para admitir imperfeições em seu meio. Cordialmente cumprimentei todos, o evento de promoção duraria por horas a fio, ao final dele sobraria apenas bêbados e corações partidos...
O sol se despedia no horizonte rosa, a brisa fria do mar islandês fazia com que me sentisse bem. Fazia apenas três dias que estava na Islândia, mas aparentava estar um mês mediante a paz que sentia. Era revigorante me ausentar de meu país, das câmeras e holofotes. A areia negra dava um toque mágico na paisagem. Estar de férias era um luxo que poucas vezes experimentava. O conjunto de moletom que usava me fazia sentir bem aquecido, embora a temperatura começasse a cair. Após me perder em pensamentos, resolvi retornar ao hotel. O guia local me aguardava pacientemente dentro do carro. Havíamos debatido algumas ideias quanto ao país, suas paisagens e sua sustentabilidade. A Islândia era de fato um país cativante.
Quando retornei ao hotel, resolvi experimentar as águas termais do mesmo, a piscina natural estava vazia naquele instante. Mergulhei e nadei por longos minutos antes de retornar à borda; quando fiz isso, encontrei uma bela mulher ocupada com um caderno e carvão. Seus olhos desviavam-se do que fazia por milésimos de segundos, antes de fixarem-se novamente no que quer que fosse o que ela executava. Seus olhos possuíam uma vivacidade até então nunca vista, sua animação era palpável mesmo estando a metros de distância dela. Ela vestia um maiô borgonha, em sua cintura estava amarrada uma toalha. Seus pés e panturrilhas estavam mergulhados na água enquanto ela apoiava o caderno em seu colo o segurando de modo firme para deslizar o carvão sobre a folha. Além do som da água, fruto de seus movimentos com o pé, o deslizar do carvão sobre a folha compunha o ambiente. A boca dela estava em uma linha apertada demonstrando sua concentração. As pontas de seus dedos estavam manchadas pela tonalidade escura do carvão. Meus olhos pareciam incapazes de desviar da figura intrigante, incapaz de conter minha curiosidade nadei até ela. Aquelas poucas braçadas dadas até o outro lado pareciam estarem em câmera lenta. Meu movimento a assustou a levando se levantar repentinamente e então cair na água. Sua agitação e a ausência do retorno à superfície, me levou a concluir que a mesma não sabia nadar. Mais que rapidamente a resgatei, colocando-a cuidadosamente sobre o piso e a virando de lado evitando que aspirasse mais água do que havia ingerido em seu desespero.
— Você está louco? — Ela gritou exasperada assim que se recuperou do ocorrido.
— Perdão? Mas eu acabei de resgatá-la! — Rebati sentido a irritação pouco a pouco tomar-me.
— Eu não teria caído na água se você não tivesse se aproximado tão repentinamente! — Suas palavras soaram displicentes e um pouco furiosa até.
— Havia como eu saber que iria se assustar de tal modo? — Devolvi no mesmo tom.
— É muito comum as pessoas se aproximarem repentinamente uma das outras. — Ela então revirou seus olhos ao concluir sua fala, a obviedade em suas palavras me provocava reações desconhecidas até então.
— Reconheço que fora minha culpa, porém não teria me aproximado caso tivesse revelado o que estava fazendo. — A respondi sentindo-me intimidado por aquelas orbes intensas.
— Não existia qualquer motivo para que eu fizesse isso. — Ela se levantou juntando o caderno e o carvão. — De todo modo o desenho está arruinado.
Sem me dar qualquer chance de respondê-la, ela partiu em passos firmes, determinada a abandonar o local o mais rápido possível. A confusão era exibida pela minha expressão. Como poderia uma mulher causar tantas emoções efusivas e deixar-me sem saber ao menos seu nome?
Haviam-se passado alguns dias desde o ocorrido, no entanto aquela mulher não saia de meus pensamentos. Como o hotel era imenso e possuía uma política rígida quanto a preservação da identidade de seus hóspedes, não havia conseguido descobrir nada a respeito daquela mulher.
Era uma tarde agradável, o salão de refeições encontrava repleto de hóspedes, no entanto minha mente tentava assimilar o que havia ocorrido naquela noite, quando de repente esbarrei em alguém. O líquido quente que a pessoa segurava derramou-se por completo em meu suéter. Mordi minha língua segurando os xingamentos que escapariam caso abrisse a boca.
— Me perdoe, eu não tinha qualquer intenção... — Então a voz esmoreceu e calou-se por completo.
Meus olhos, que até então estavam fixos no dano causado à peça de roupa, ergueram-se surpreso até encontrar a face da desconhecida daquela noite. Minha boca conteve um sorriso sarcástico destinado à expressão desgostosa dela.
— Seria vingança pelo ocorrido daquela noite? — Arqueei uma sobrancelha em questionamento.
— Não perderia meu tempo com você . — A voz dela era semelhante a uma tempestade, furiosa e destrutiva.
— Estranho, para alguém que sabe meu nome é contraditório usar uma frase como essa de modo tão efusiva. — Comentei me divertindo com a revelação.
— Não havia intenção alguma de cruzar novamente com você, no entanto tenho apenas de me desculpar quanto ao seu suéter. — E da mesma forma como naquela noite ela me deixou sem que a respondesse.
E estranhamente, a cada novo dia, nos esbarrávamos pelos corredores e áreas comuns daquele imenso hotel. As discussões entre nós tomavam proporções assustadoras.
Não era do meu feitio estar envolvido em brigas, ainda mais em viagens de férias. Era um homem calmo, controlado e realmente desfrutava de momentos sozinhos para relaxar; no entanto, aquela viagem estava me causando conflitos com uma desconhecida.
Nossos diálogos eram sempre retaliativos; para duas pessoas civilizadas, estávamos agindo como loucos! Eu até tentava entender o que estava acontecendo, porém quanto mais pensava sobre o assunto mais irritado e confuso ficava.
Faltavam exatos sete dias para que eu retornasse para a Coreia e iniciasse a maratona de gravações, agora para um longa metragem. Minhas férias foram ainda mais estressantes do que minha vida cotidiana, no entanto havia realizados tours pelos pontos turísticos, havia conhecido lugares incríveis e exercido o meu hobbie que era fotografar momentos únicos.
Estava novamente no mesmo local que gerara o conflito com a hóspede, meu corpo estava completo imerso na água. Em certo ponto, admitia que desejava encontrá-la, desvendar os segredos daqueles olhos ... Diante de tal pensamento me icei para fora da água, me sentei na borda da piscina e fechei os olhos por breves segundos, aquele turbilhão de sentimentos eram confusos e diferentes... Meu impulso toda vez que a via era de tomar aquela boca provocante, desvendar os segredos de seu corpo e alma. Algo completamente diferente do que sentia comumente.
— Quando te encontrei aquele dia não imaginava o quão insuportável podia ser. — A maldita voz soou próxima demais causando arrepios pelo meu corpo.
— A primeira impressão que tiram sobre você não é capaz de mostrar sua verdadeira natureza. — A respondi ao abrir meus olhos, ela estava ajoelhada ao meu lado e sorria de canto numa provocação muda.
— Terminei corretamente o desenho dessa vez. — Ela então me entregou seu caderno, de fato era uma cópia perfeita minha, mas a expressão desenhada em minha face demonstrava paz. A imagem capturada era de mim sentado com os olhos fechados e uma expressão serena em minha face.
— Então era isso que estava desenhando aquela noite?! — Pensei em voz alta.
— Exatamente, no entanto acabou me derrubando na água. — Ela tirou o caderno de minhas mãos, o fechando e o deixando ao seu lado.
— Eu já me desculpei por isso. — Levantei uma sobrancelha em afirmação. — E eu ainda continuo sem saber seu nome.
— Por que deseja tanto descobrir isso, ? — Ela indagou sem desviar os olhos dos meus.
— Eu não sei. Apenas desejo saber algo concreto sobre você. — Soltei a sentença emitindo exatamente o que pensava.
— Eu amo pintar, porém prefiro desenhar pessoas distraídas. É como fotografar, a diferença está que capturo a imagem no papel. — Ela deu de ombros antes de deitar sobre o chão, essa noite ela vestia um biquíni ao invés de um maiô.
— Estou em desvantagem já que sabe quem eu sou. — Me deitei ao lado dela, mas apoiando minha cabeça em minha mão para observá-la melhor.
— Eu sei o seu nome, apenas isso e não quem de fato é. — Ela me respondeu de modo irônico, seus olhos exibiam que ela estava se divertindo as minhas custas. — Me chamo .
— Concordo com o seu ponto de vista... — Pausei a fala deixando minha voz esmorecer ao capturar o olhar dela sobre meus lábios. — E não fora tão ruim revelar sua identidade, não é mesmo? — A provoquei deixando nossas faces mais próximas.
— Para um homem com reputação de cavalheiro está revelando-se um verdadeiro pé no saco. — Ela sorriu ao concluir a frase. No entanto as palavras eram repletas de humor.
— E você uma mentirosa. — Após concluir a frase deixei meus lábios tomarem os dela.
enroscou seus dedos entre os fios de meu cabelo, ela suspirava de encontro aos meus lábios. Seus olhos estavam fechados e sua boca aveludada respondia na mesma intensidade os meus estímulos. Ela não se importava se podíamos ser interrompidos a qualquer momento, e bem... Quem eu queria enganar? Estava pouco me importando com a possibilidade de alguém nos encontrar daquela forma! Tudo o que importava era que enfim a tinha em meus braços.
Respirar logo se tornou prioridade e então, resignado, separei meus lábios dos dela, mantive minha testa colada a dela enquanto recuperava o fôlego. Sentia o coração dela bater de forma irregular, espelhando a forma como o meu estava.
— Não seria uma boa ideia sermos pegos dessa maneira aqui. — sorriu de modo divertido, suas mãos dedilhavam meu abdômen em uma leve carícia.
— Não, não seria nada agradável sermos flagrados desse modo. — Sorri antes de me sentar.
Me levantei e estendi uma mão para ela, a auxiliando se levantar. pegou seu caderno e me guiou para fora dali. Passos apressados, corações quase taquicardíacos, respirações ofegantes... Aquela noite se encerrou um conflito e iniciou-se uma nova história...
O amor... Eu o julgava, eu odiava somente a menção à palavra! O sentimento que nunca experimentara, a emoção que superestimava; no entanto a experimentara ao conhecer . Pintora, desenhista, empreendedora, empresária, mulher da minha vida! Uma semana não fora o suficiente para mim, estar ao lado dela era como voltar a respirar após subir à superfície depois de um longo tempo debaixo da água.
Entre as gravações do filme viajava até a Austrália, local em que ela residia. Sua natureza tempestiva persistiu e por meses conseguimos esconder nosso relacionamento. Até é claro sermos descobertos. Mas nada disso importava! Após longos debates, dores de cabeças e saudade, consegui fazer com que fôssemos morar juntos.
Naquele instante, eu a fotografava enquanto se debruçava sobre o cavalete, seus dedos e antebraços estavam manchados de tinta, seu corpo estava envolvido apenas pelo cobertor esmeralda, seus cabelos emolduravam sua face concentrada, Seul era o plano de fundo para a obra de arte que era .
— Depois quero ver como ficaram as fotos. — murmurou sem desviar os olhos do que pintava.
— Eu te amo...
As palavras escaparam de meus lábios antes que eu conseguisse freá-las, deixou o pincel cair de sua mão e seu olhar encontrou o meu.
— Eu sei que apressei as coisas ao pedir para morar comigo, porém não consegui evitar em amá-la. — Justifiquei me embaralhando nas palavras.
— Por que está se desculpando pelo o que disse? — Ela indagou se aproximando com o cenho franzido.
— Eu... Não sei? — Acabei soltando a frase como um questionamento ao invés de uma afirmação.
— Você é um idiota, . — Ela acabou rindo e então ficou na ponta de seus pés para olhar dentro dos meus olhos. — O meu idiota. — E então ela me beijou silenciando qualquer bobagem que sairia de meus lábios.
Daquele modo incomum, porém ao estilo de , ela me mostrou que sentia o mesmo. Teríamos muitos desafios pela frente, mas o mais importante já possuíamos: um ao outro!
FIM
Nota da autora: Foi a oneshot mais rápida e mais complicada de escrever por um motivo: Gong Yoo. Antes que me batam (metaforicamente falando), pretendo escrever uma long retratando a viagem, as brigas do nosso casal. A oneshot é só para dar um gostinho do que vem pela frente!
Obrigada por lerem! Adoraria saber o que acharam do “prelúdio”.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.