Capítulo Único
Levantei da poltrona em que estava, coloquei minha xícara de chá em cima da mesinha e fechei o livro com todo cuidado e cautela pra não desmarcar a página. Esfreguei os olhos e suspirei, cansada. Tudo isso porque estavam a ponto de quebrar o vidro da minha janela com pedrinhas, ou bolinhas de gude, ou talvez fossem moedas. Mas que louco jogaria moedas na janela de alguém? Bom, o que eu sei, é que estavam me importunando e atrapalhando minha leitura.
estava atrapalhando a minha leitura. Que tipo de pessoa fica jogando coisa na janela de outra?
Andei vagarosamente na direção da minha janela, se o conheço bem, ele já estava bem irritado. Muito irritado. A ponto de me gritar. Ri com aquilo, eu adorava irritar o , era incrível. Cheguei perto do vidro da janela e ele já estava impaciente com a minha demora. O cabelo bagunçado – como sempre, mas eu amava os topetes –, ainda de barba e com cara de quem não tinha dormido. Ele parecia mais irritado que o normal. Olhou pro chão agoniado, depois coçou a cabeça. Pegou algo no bolso, olhou pra cima e se preparou pra jogar, mas recuou quando me viu. Abri a janela de vidro.
- Finalmente, , já estava ficando sem moedas. – ele disse e colocou a mão no bolso novamente.
- O QUÊ? Você é louco? – falei espantada. Ele me soltou um sorriso debochado. De todos, esse era o que eu mais gostava. Porque sim, não tinha bem um porque, eu só gostava. – Quem em sã consciência joga moedas na janela dos outros?
- Eu não tive opção, então não reclame. – ele disse abrindo os braços. – Posso entrar? – ele me pediu e até seus olhos denunciavam isso. Respirei fundo.
- Infelizmente não. – não era boa ideia ele entrar, não era mesmo.
- Era o que eu temia. Para de ser assim, abre o coração, eu abri o meu.
- Você me deixou confusa, , mais do que o que eu já sou. Isso sim.
You've gotta help me, I'm losing my mind
Keep getting the feeling you want to leave this all behind
Thought we were going strong
I thought we were holding on
Aren't we?
- Eu acho que minha cabeça está virando. – disse assim que atendi ao telefone, sem nem me deixar saudá-lo antes.
- Oi pra você também, coração. Tudo bem, ? Tudo, . E com você? Mais ou menos. Nossa! O que houve? Conte-me o que te aflige. – falei rindo. Ele suspirou. Ok, era coisa séria.
- É sério, . Eu não estou pra brincadeira, hoje.
- O que houve, ?
- Eu não sei, minha cabeça parece que não tá boa. – ele suspirou e parecia frustrado.
- Sua cabeça não é boa. – soltei uma risada anasalada.
- Vou desligar, quando você parar com esse seu humor piadista, me ligue. – eu odiava quando ele estava com esse humor de foça, ou sério demais. Era simplesmente desanimador. Concordem comigo, só funciona com ele de bem com a vida, se está triste, tá quebrado.
- EI! – gritei. – Rir um pouco faz bem. – falei, sabendo que ele tinha rolado os olhos impaciente.
- Posso falar? – ele perguntou, impaciente.
- Deve.
- Acho que me apaixonei por você. – ele jogou na minha cara, falando com uma seriedade fora do comum. Mas eu não ia aceitar aquilo.
- E eu sou a rainha da Inglaterra. Conta outra. – falei rindo e levando na brincadeira, mas ele não riu.
COMO ASSIM ELE NÃO RIU? NÃO RIU. NÓS SEMPRE RIAMOS DESSAS COISAS. POR QUE ELE NÃO RIU?
- ?
- O quê?
- Você não vai rir? – perguntei, desesperada e apavorada. – Você tem que rir. Nós vamos rir disso juntos e depois você me conta o que houve de verdade. Vamos, ria junto comigo.
- Eu não vou rir. Eu falei a verdade. – ele não podia ter falado a verdade. Não mesmo.
Aquele sentimento tinha sido guardado há muito tempo, pelo menos quando se tratava de mim, ele estava trancafiado e não ia ser solto. Sofrer por melhor amigo não é muito interessante. Então você está terminantemente proibido de voltar com isso agora, .
No, they don't teach you this in school
Now my heart's breaking and I don't know what to do
Thought we were going strong
Thought we were holding on
Aren't we?
- Eu não tenho culpa, . Eu te conheço há tanto tempo que foi inevitável. – ele falava me olhando. Aquilo começava a virar espetáculo, pessoas se juntavam aos poucos pra ver o que acontecia. Fora os dois brutamontes de preto, em pé atrás do .
- Eu não disse que você tem culpa. Mas, , não dá certo, você sabe que não. – falei movimentando os braços.
- Você não pode fazer isso. E como eu fico? – ele abriu os braços. E mais gente ia se juntando ao redor dele. Claro, berrando embaixo de uma janela, era melhor que freak show.
- , vai pra casa e me liga. Acho melhor.
- Não! Se eu fizer isso, você vai me enrolar. Não que você não esteja fazendo isso agora, mas pelo menos aqui eu falo o que eu quero. – ele andava de um lado pro outro. Apertei os olhos fechados. – Eu achei que estivéssemos persistindo e insistindo.
- Você insiste pra que dê certo. Mas não dá. – falei. Ele me olhou e juntou as mãos, mexendo nos dedos. Mania antiga.
- Me diz o porquê então, me fala porque não dá certo. Uma frase que me convença e eu esqueço isso. – ele me olhou e levantou o indicador. Olhei tediosa pra ele e fiz um bico de insatisfação. – Exatamente, você não tem um argumento que me faça esquecer. – ele cruzou os braços, deixando escapar aquele sorriso irritante.
You and me got a whole lot of history
We could be the greatest thing that the world has ever seen
You and me got a whole lot of history
So don't let it go, we can make some more, we can live forever
- Por que você tem que ser tão irritante? – apoiei o cotovelo na janela. Agora eu estava irritada. Por que ele não podia esquecer isso de vez?
- Porque você não tem um porquê. – ele me olhou vitorioso e riu.
- Então me diga você, . Me convença. Por que você acha que dá certo? – cruzei os braços e olhei pra ele com a sobrancelha arqueada. Ele abriu um sorriso maior do que a cara. Naquela cabeça tinha ideias mirabolantes. Quanto a isso, ele era pior que o Cebolinha e seus planos infalíveis.
- Ordem alfabética ou cronológica? – filho da mãe. Fechei a cara pra ele. – Qual é, , nós temos uma história, das grandes e daquelas cheias de coisas, tanto legais, quanto um pouco... – ele mordeu a boca, parecia pensativo. – Você lembra-se de todas elas, não acho que precise falar aqui.
- Acho melhor não. – sacudi a cabeça. riu e passou a mão no queixo.
- Eu te conheço há tanto tempo, que nem lembro como foi isso.
- Você não lembra porque estava bêbado. Isso sim. – falei rindo.
- Ei! Nós tínhamos sete anos e você era a garota chata que não largava o balanço do parquinho. – ele disse e sorriu debochado. Aquela praga de sorriso que eu tanto amava e acabei tendo que rir junto. Era inevitável não sorrir quando estava sorrindo, era tão lindo.
Nós vivíamos brigando por causa de um balanço, chegando a um ponto de eu bater nele uma vez por causa disso – coisa de criança –. Era uma guerra no meio da rua perto do parquinho, mas quando íamos pra casa, tudo ficava as mil maravilhas, como se o balanço não existisse. Como se fosse só eu, e nosso sorvete de chocolate. Havia dias em que comprávamos dois, mas também acontecia de um, ser o suficiente pra bagunça de sempre, até porque ele fazia questão de me sujar antes de chegar em casa.
E essa rotina se seguiu durante onze anos, o parquinho deu lugar ao colégio, o balanço já não fazia mais tanta diferença, mas ainda procurávamos motivos idiotas pra brigar e continuamos assim por todo o colegial, mesmo que o sorvete fosse misto, porque o Mr. não curtia mais chocolate como antes. Mas o sorvete tinha ficado, o importante era a simbologia dele e não o sabor. Até que em um momento, não estava mais lá. Ele seguiu com a música e eu com a faculdade. Mas nós sempre, SEMPRE nos falávamos e era como se nada tivesse mudado, na verdade não tinha. As verdadeiras amizades têm disso, não mudam tão facilmente.
Porem o inevitável aconteceu quando fui para Londres. Eu morando em Londres, ele morando em Londres. Passamos mais de dois anos sem nos ver e quando conseguimos morar na mesma cidade, me dava mais atenção que o esperado, mesmo com a correria dos shows, da vida de músico, de estar em vários lugares ao mesmo tempo, eu não fui esquecida. E sabe o que aconteceu? A trouxa se apaixonou pelo melhor amigo. Pois é, essas coisas não se escolhem, acontecem. O pior de tudo era estar em completa friendzone e ele não perceber isso. Juro que fiz de tudo pra mostrar o que sentia, mas o retardado, ou fingia não ver, ou realmente não via. Então o melhor a fazer no momento, era guardar e tentar esquecer. E foi o que eu fiz. Melhorando bastante a minha vida, sem essa paixãozinha me circundando, pude aproveitar melhor a vida ao lado dele, de todas as maneiras possíveis.
- Que bom que você lembra. – ele sorriu largamente, aposto que deduziu pelas minhas expressões, era bom nisso. – Nós podemos mostrar pra todo mundo como é que se faz.
- ... – mordi a boca.
- Vamos, junto comigo, nossas histórias são separadas, mas interligadas. Eu quero juntar as duas, vamos viver mais coisas juntos. Eu sei que você também quer. – ele tinha razão. – , minha mãe gosta mais de você do que de mim. Quer motivo maior? – acabei rindo alto.
- Também não é assim, , você tem o amor incondicional da minha, estamos quites.
- Mais um ótimo motivo. Você sabe todos os meus argumentos. Você conhece minha cabeça como ninguém. E eu posso dizer com segurança que conheço a sua, por que não cede logo? – vamos, , pense. Qual o próximo motivo para fazê-lo desistir dessa loucura? Algo grande, algo bem maior. Mordi a boca. Brigas! Vocês brigam demais.
All of the rumours, all of the fights
But we always find a way to make it out alive
Thought we were going strong
Thought we were holding on
Aren't we?
- Não. – ele riu – Você quem briga comigo, você já me bateu no meio da rua.
- QUE CALÚNIA, ! – coloquei a mão no peito e ele gargalhou.
- Mas o melhor de tudo é que eu não consigo ficar com raiva de você, nem você de mim. Isso é uma das coisas mais incríveis entre nós. O que só causa bons retornos, nós sempre ficamos de bem. É isso que mostra que estamos tentando, certo? – àquela altura, a rua já estava cheia. Muita gente olhando e ele não ligava pra nada. SIMPLESMENTE NADA.
Eu me encontrava mais pra lá do que pra cá. Mais team do que qualquer outra coisa na vida. Esse poder eu não sabia que ele tinha. E o filho de uma mãe estava conseguindo desenterrar essa loucura dentro de mim. Paixões mal resolvidas tendem a voltar piores do que o que costumavam serem, mais fortes, intensas, insanas, avassaladoras e destrutivas. Ah, mas se acontecesse isso, ia se ver comigo.
- ... Acho melhor você entrar. – creio que esse tipo de coisa, era pra ser resolvida dentro de casa e não aos gritos no meio da rua.
- Agora eu também não quero mais. E você vai ficar aí pra me ouvir, não ouse me deixar só, . – ele disse e passou a mão no cabelo. – Tem alguma coisa que você nunca me disse e não quer me dizer, mas eu sei que tem. Eu queria entrar na sua cabeça e descobrir o que é.
- Não tem, não, por favor, entra. Quero conversar com você aqui dentro. – apontei pra dentro de casa.
- Eu não quero, quero conversar com você aqui fora. – ele disse sério, mas não era a expressão séria de dar raiva. Essa seriedade dele me causava outra coisa bem diferente. Respirei fundo, tentando manter meu emocional estável e não pular daquela janela em cima dele.
Minibars, expensive cars, hotel rooms, and new tattoos, good champagne and private planes
But we don't need anything
Cause' the truth is out, I realize that without you here life is just a lie
This is not the end
This is not the end
We can make it you know it, you know
- Já passamos por tantas, . – balancei a cabeça afirmando. – Eu tenho tudo, caramba, mas sem você, nada faz sentido. NADA. Sem você pra que eu possa contar de todas as maneiras possíveis, não vale a pena. – meu queixo tremia. – Olha pras suas tatuagens. – ele apontou pra mim. Meus olhos começavam a piscar involuntariamente, eu sabia bem o que vinha depois daquilo. Choro. Olhei pro meu braço direito, avistei todas e lembro bem a história de cada uma delas. Meu medo de fazer a primeira, o insistindo, dizendo que seria a primeira de muitas, que nós iríamos ficar que nem gibis. Comecei a rir lembrando e minha respiração estava falhada. – A maioria delas nós fizemos juntos. Algumas até se completam. – encarei aqueles olhos maravilhosamente azuis. – Nossa história se completa, mas eu quero completar a minha com a sua da maneira certa. – respirei fundo e senti a respiração entrecortada.
- E eu também quero. – falei e olhei pros lados, procurando uma maneira de sair daquela casa. Passei a mão no cabelo, depois em baixo dos olhos. Olhei pro e ele parecia esperar alguma resposta.
Corri até a porta, com o corpo inteiro tremendo feito vara verde. Eu sabia que tinha que fazer algo, mas o nervosismo era tanto que quase não consegui abrir o trinco do quarto. E depois de uma luta infinita quando ela realmente abriu, corri pelas escadas abaixo o mais rápido que pude, meus pés escorregavam a quase cada passo que eu dava, fazendo com que eu me segurasse nas paredes, porque eu estava de meia. Na verdade, eu estava de pijama. O que não era importante, o que importava é que eu precisava chegar do lado de fora, o mais rápido possível, eu precisava beijar o e dizer a ele que também queria que nossa história se completasse e que descobri bem antes dele. Mas quem se importa? Aquela paixão reprimida estava voltando com tudo, ela já tinha voltado, desde aquele telefonema de ontem e vinha me afetando aos poucos, pedaço, por pedaço.
Quando cheguei à sala, foi outra luta pra abrir a porta da casa. Minhas mãos tremiam e suavam e eu temia que ele já tivesse ido embora. O que não ia impedir de eu aparecer na casa dele, mas o calor do momento me deixava mais desesperada e eufórica. Eu precisava abrir aquela merda de porta e quando consegui, ele estava terminando de entrar no carro preto.
- ! – gritei desesperada e ele me olhou assustado, depois saiu do carro o mais rápido que pode. – Eu também quero! – falei ofegante pela corrida desesperada. – Quero muito. – eu respirava pela boca. – E eu acho que eu vou morrer. – me apoiei nos joelhos, andava na minha direção.
Ele sorriu, um sorriso tão grande e maravilhoso, um sorriso que eu só tinha visto por um motivo na vida. Aquele sorriso que ele dava depois que ganhava um prêmio mais do que foda pelo trabalho que tinha feito. O mesmo sorriso que aparecia quando as fãs faziam algo esplendido nos shows. Era um sorriso tão precioso que eu não sabia se merecia.
- Não sorri assim pra mim que eu dou um treco. – falei me recuperando e ele riu.
Em seguida me abraçou forte pela cintura, coloquei meus braços ao redor do pescoço dele e encostei nosso nariz. Fechei os olhos e me beijou como nunca tinha beijado antes – pra falar a verdade, nós nunca tínhamos nos beijado, não que eu me lembre -. Segurei o rosto dele com as duas mãos e tirei os pés do chão, ouvindo gritos e palmas em seguida. É talvez a plateia tenha sido uma boa ideia.
So don't let me go
So don't let me go
We can live forever
Baby don't you know
Baby don't you know
We can live forever.
estava atrapalhando a minha leitura. Que tipo de pessoa fica jogando coisa na janela de outra?
Andei vagarosamente na direção da minha janela, se o conheço bem, ele já estava bem irritado. Muito irritado. A ponto de me gritar. Ri com aquilo, eu adorava irritar o , era incrível. Cheguei perto do vidro da janela e ele já estava impaciente com a minha demora. O cabelo bagunçado – como sempre, mas eu amava os topetes –, ainda de barba e com cara de quem não tinha dormido. Ele parecia mais irritado que o normal. Olhou pro chão agoniado, depois coçou a cabeça. Pegou algo no bolso, olhou pra cima e se preparou pra jogar, mas recuou quando me viu. Abri a janela de vidro.
- Finalmente, , já estava ficando sem moedas. – ele disse e colocou a mão no bolso novamente.
- O QUÊ? Você é louco? – falei espantada. Ele me soltou um sorriso debochado. De todos, esse era o que eu mais gostava. Porque sim, não tinha bem um porque, eu só gostava. – Quem em sã consciência joga moedas na janela dos outros?
- Eu não tive opção, então não reclame. – ele disse abrindo os braços. – Posso entrar? – ele me pediu e até seus olhos denunciavam isso. Respirei fundo.
- Infelizmente não. – não era boa ideia ele entrar, não era mesmo.
- Era o que eu temia. Para de ser assim, abre o coração, eu abri o meu.
- Você me deixou confusa, , mais do que o que eu já sou. Isso sim.
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Aren't we?
- Oi pra você também, coração. Tudo bem, ? Tudo, . E com você? Mais ou menos. Nossa! O que houve? Conte-me o que te aflige. – falei rindo. Ele suspirou. Ok, era coisa séria.
- É sério, . Eu não estou pra brincadeira, hoje.
- O que houve, ?
- Eu não sei, minha cabeça parece que não tá boa. – ele suspirou e parecia frustrado.
- Sua cabeça não é boa. – soltei uma risada anasalada.
- Vou desligar, quando você parar com esse seu humor piadista, me ligue. – eu odiava quando ele estava com esse humor de foça, ou sério demais. Era simplesmente desanimador. Concordem comigo, só funciona com ele de bem com a vida, se está triste, tá quebrado.
- EI! – gritei. – Rir um pouco faz bem. – falei, sabendo que ele tinha rolado os olhos impaciente.
- Posso falar? – ele perguntou, impaciente.
- Deve.
- Acho que me apaixonei por você. – ele jogou na minha cara, falando com uma seriedade fora do comum. Mas eu não ia aceitar aquilo.
- E eu sou a rainha da Inglaterra. Conta outra. – falei rindo e levando na brincadeira, mas ele não riu.
COMO ASSIM ELE NÃO RIU? NÃO RIU. NÓS SEMPRE RIAMOS DESSAS COISAS. POR QUE ELE NÃO RIU?
- ?
- O quê?
- Você não vai rir? – perguntei, desesperada e apavorada. – Você tem que rir. Nós vamos rir disso juntos e depois você me conta o que houve de verdade. Vamos, ria junto comigo.
- Eu não vou rir. Eu falei a verdade. – ele não podia ter falado a verdade. Não mesmo.
Aquele sentimento tinha sido guardado há muito tempo, pelo menos quando se tratava de mim, ele estava trancafiado e não ia ser solto. Sofrer por melhor amigo não é muito interessante. Então você está terminantemente proibido de voltar com isso agora, .
Now my heart's breaking and I don't know what to do
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Aren't we?
- Eu não disse que você tem culpa. Mas, , não dá certo, você sabe que não. – falei movimentando os braços.
- Você não pode fazer isso. E como eu fico? – ele abriu os braços. E mais gente ia se juntando ao redor dele. Claro, berrando embaixo de uma janela, era melhor que freak show.
- , vai pra casa e me liga. Acho melhor.
- Não! Se eu fizer isso, você vai me enrolar. Não que você não esteja fazendo isso agora, mas pelo menos aqui eu falo o que eu quero. – ele andava de um lado pro outro. Apertei os olhos fechados. – Eu achei que estivéssemos persistindo e insistindo.
- Você insiste pra que dê certo. Mas não dá. – falei. Ele me olhou e juntou as mãos, mexendo nos dedos. Mania antiga.
- Me diz o porquê então, me fala porque não dá certo. Uma frase que me convença e eu esqueço isso. – ele me olhou e levantou o indicador. Olhei tediosa pra ele e fiz um bico de insatisfação. – Exatamente, você não tem um argumento que me faça esquecer. – ele cruzou os braços, deixando escapar aquele sorriso irritante.
We could be the greatest thing that the world has ever seen
You and me got a whole lot of history
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- Porque você não tem um porquê. – ele me olhou vitorioso e riu.
- Então me diga você, . Me convença. Por que você acha que dá certo? – cruzei os braços e olhei pra ele com a sobrancelha arqueada. Ele abriu um sorriso maior do que a cara. Naquela cabeça tinha ideias mirabolantes. Quanto a isso, ele era pior que o Cebolinha e seus planos infalíveis.
- Ordem alfabética ou cronológica? – filho da mãe. Fechei a cara pra ele. – Qual é, , nós temos uma história, das grandes e daquelas cheias de coisas, tanto legais, quanto um pouco... – ele mordeu a boca, parecia pensativo. – Você lembra-se de todas elas, não acho que precise falar aqui.
- Acho melhor não. – sacudi a cabeça. riu e passou a mão no queixo.
- Eu te conheço há tanto tempo, que nem lembro como foi isso.
- Você não lembra porque estava bêbado. Isso sim. – falei rindo.
- Ei! Nós tínhamos sete anos e você era a garota chata que não largava o balanço do parquinho. – ele disse e sorriu debochado. Aquela praga de sorriso que eu tanto amava e acabei tendo que rir junto. Era inevitável não sorrir quando estava sorrindo, era tão lindo.
Nós vivíamos brigando por causa de um balanço, chegando a um ponto de eu bater nele uma vez por causa disso – coisa de criança –. Era uma guerra no meio da rua perto do parquinho, mas quando íamos pra casa, tudo ficava as mil maravilhas, como se o balanço não existisse. Como se fosse só eu, e nosso sorvete de chocolate. Havia dias em que comprávamos dois, mas também acontecia de um, ser o suficiente pra bagunça de sempre, até porque ele fazia questão de me sujar antes de chegar em casa.
E essa rotina se seguiu durante onze anos, o parquinho deu lugar ao colégio, o balanço já não fazia mais tanta diferença, mas ainda procurávamos motivos idiotas pra brigar e continuamos assim por todo o colegial, mesmo que o sorvete fosse misto, porque o Mr. não curtia mais chocolate como antes. Mas o sorvete tinha ficado, o importante era a simbologia dele e não o sabor. Até que em um momento, não estava mais lá. Ele seguiu com a música e eu com a faculdade. Mas nós sempre, SEMPRE nos falávamos e era como se nada tivesse mudado, na verdade não tinha. As verdadeiras amizades têm disso, não mudam tão facilmente.
Porem o inevitável aconteceu quando fui para Londres. Eu morando em Londres, ele morando em Londres. Passamos mais de dois anos sem nos ver e quando conseguimos morar na mesma cidade, me dava mais atenção que o esperado, mesmo com a correria dos shows, da vida de músico, de estar em vários lugares ao mesmo tempo, eu não fui esquecida. E sabe o que aconteceu? A trouxa se apaixonou pelo melhor amigo. Pois é, essas coisas não se escolhem, acontecem. O pior de tudo era estar em completa friendzone e ele não perceber isso. Juro que fiz de tudo pra mostrar o que sentia, mas o retardado, ou fingia não ver, ou realmente não via. Então o melhor a fazer no momento, era guardar e tentar esquecer. E foi o que eu fiz. Melhorando bastante a minha vida, sem essa paixãozinha me circundando, pude aproveitar melhor a vida ao lado dele, de todas as maneiras possíveis.
- Que bom que você lembra. – ele sorriu largamente, aposto que deduziu pelas minhas expressões, era bom nisso. – Nós podemos mostrar pra todo mundo como é que se faz.
- ... – mordi a boca.
- Vamos, junto comigo, nossas histórias são separadas, mas interligadas. Eu quero juntar as duas, vamos viver mais coisas juntos. Eu sei que você também quer. – ele tinha razão. – , minha mãe gosta mais de você do que de mim. Quer motivo maior? – acabei rindo alto.
- Também não é assim, , você tem o amor incondicional da minha, estamos quites.
- Mais um ótimo motivo. Você sabe todos os meus argumentos. Você conhece minha cabeça como ninguém. E eu posso dizer com segurança que conheço a sua, por que não cede logo? – vamos, , pense. Qual o próximo motivo para fazê-lo desistir dessa loucura? Algo grande, algo bem maior. Mordi a boca. Brigas! Vocês brigam demais.
But we always find a way to make it out alive
Thought we were going strong
Thought we were holding on
Aren't we?
- QUE CALÚNIA, ! – coloquei a mão no peito e ele gargalhou.
- Mas o melhor de tudo é que eu não consigo ficar com raiva de você, nem você de mim. Isso é uma das coisas mais incríveis entre nós. O que só causa bons retornos, nós sempre ficamos de bem. É isso que mostra que estamos tentando, certo? – àquela altura, a rua já estava cheia. Muita gente olhando e ele não ligava pra nada. SIMPLESMENTE NADA.
Eu me encontrava mais pra lá do que pra cá. Mais team do que qualquer outra coisa na vida. Esse poder eu não sabia que ele tinha. E o filho de uma mãe estava conseguindo desenterrar essa loucura dentro de mim. Paixões mal resolvidas tendem a voltar piores do que o que costumavam serem, mais fortes, intensas, insanas, avassaladoras e destrutivas. Ah, mas se acontecesse isso, ia se ver comigo.
- ... Acho melhor você entrar. – creio que esse tipo de coisa, era pra ser resolvida dentro de casa e não aos gritos no meio da rua.
- Agora eu também não quero mais. E você vai ficar aí pra me ouvir, não ouse me deixar só, . – ele disse e passou a mão no cabelo. – Tem alguma coisa que você nunca me disse e não quer me dizer, mas eu sei que tem. Eu queria entrar na sua cabeça e descobrir o que é.
- Não tem, não, por favor, entra. Quero conversar com você aqui dentro. – apontei pra dentro de casa.
- Eu não quero, quero conversar com você aqui fora. – ele disse sério, mas não era a expressão séria de dar raiva. Essa seriedade dele me causava outra coisa bem diferente. Respirei fundo, tentando manter meu emocional estável e não pular daquela janela em cima dele.
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- E eu também quero. – falei e olhei pros lados, procurando uma maneira de sair daquela casa. Passei a mão no cabelo, depois em baixo dos olhos. Olhei pro e ele parecia esperar alguma resposta.
Corri até a porta, com o corpo inteiro tremendo feito vara verde. Eu sabia que tinha que fazer algo, mas o nervosismo era tanto que quase não consegui abrir o trinco do quarto. E depois de uma luta infinita quando ela realmente abriu, corri pelas escadas abaixo o mais rápido que pude, meus pés escorregavam a quase cada passo que eu dava, fazendo com que eu me segurasse nas paredes, porque eu estava de meia. Na verdade, eu estava de pijama. O que não era importante, o que importava é que eu precisava chegar do lado de fora, o mais rápido possível, eu precisava beijar o e dizer a ele que também queria que nossa história se completasse e que descobri bem antes dele. Mas quem se importa? Aquela paixão reprimida estava voltando com tudo, ela já tinha voltado, desde aquele telefonema de ontem e vinha me afetando aos poucos, pedaço, por pedaço.
Quando cheguei à sala, foi outra luta pra abrir a porta da casa. Minhas mãos tremiam e suavam e eu temia que ele já tivesse ido embora. O que não ia impedir de eu aparecer na casa dele, mas o calor do momento me deixava mais desesperada e eufórica. Eu precisava abrir aquela merda de porta e quando consegui, ele estava terminando de entrar no carro preto.
- ! – gritei desesperada e ele me olhou assustado, depois saiu do carro o mais rápido que pode. – Eu também quero! – falei ofegante pela corrida desesperada. – Quero muito. – eu respirava pela boca. – E eu acho que eu vou morrer. – me apoiei nos joelhos, andava na minha direção.
Ele sorriu, um sorriso tão grande e maravilhoso, um sorriso que eu só tinha visto por um motivo na vida. Aquele sorriso que ele dava depois que ganhava um prêmio mais do que foda pelo trabalho que tinha feito. O mesmo sorriso que aparecia quando as fãs faziam algo esplendido nos shows. Era um sorriso tão precioso que eu não sabia se merecia.
- Não sorri assim pra mim que eu dou um treco. – falei me recuperando e ele riu.
Em seguida me abraçou forte pela cintura, coloquei meus braços ao redor do pescoço dele e encostei nosso nariz. Fechei os olhos e me beijou como nunca tinha beijado antes – pra falar a verdade, nós nunca tínhamos nos beijado, não que eu me lembre -. Segurei o rosto dele com as duas mãos e tirei os pés do chão, ouvindo gritos e palmas em seguida. É talvez a plateia tenha sido uma boa ideia.
So don't let me go
We can live forever
Baby don't you know
Baby don't you know
We can live forever.
The End!
Nota da autora: Hello meninaaaas!
Trouxe mais uma shortfic bem short mesmo, essa é uma das primeiras que eu me atrevi a escrever! kkkkk E adoro a história dela porque eles são melhores amigos!
Espero que curtam! 😘😘
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Nota da beta: Sabe aquela história que te deixa com um gostinho de quero mais? Pois é, essa me deixou assim. Sou super suspeita para falar, porque eu amo histórias de melhores amigos e amo tudo o que você escreve, né? Parabéns! Maravilhosa! <3
Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
Trouxe mais uma shortfic bem short mesmo, essa é uma das primeiras que eu me atrevi a escrever! kkkkk E adoro a história dela porque eles são melhores amigos!
Espero que curtam! 😘😘
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Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.