Tudo o que você sempre acreditou e idealizou ficam a prova quando você se vê completamente apaixonada por sua melhor amiga, mas além de tudo isso também estava perdidamente encantada pelo misterioso rapaz que é a solução para os seus problemas. Seu objetivo sempre fora ganhar o concurso e você faria tudo o que estivesse ao seu alcance para isso, perder não era opção.
Eu cometi alguns dos 7 pecados capitais e, como todas as nossas ações tem consequências, eu paguei um preço alto por esses pecados. Se eu não tivesse visto apenas o dinheiro e o sobrenome das pessoas, não levado meu perfeccionismo ao extremo, acho que tudo teria sido diferente. No final disso tudo, do que adiantou ser Whinstler?
Quando olho para o passado, vejo apenas uma garota fútil cuja única preocupação era ter dinheiro, poder, status e as melhores roupas, como se estas coisas realmente importassem.
Claro, minha criação não fora exatamente um exemplo, mas isso não me tira a culpa, afinal fui eu que aceitei as determinações e os ensinamentos da mamãe, aceitei seu preconceito e sua visão completamente distorcida do mundo, a tal ponto que cheguei a acreditar em tudo o que ela dizia; e acabei me tornando o que hoje considero um pesadelo: uma pessoa descontrolada que não mede esforços para conseguir o que quer.
E é nesse momento em que eu paro e reflito, até que ponto a ambição pode levar as pessoas, ou melhor, até que ponto a ambição e o dinheiro as cega. As torna seres humanos horríveis.
Eu estava cega, cheia de ódio, rancor e soberba. Precisava ganhar aquele prêmio e não mediria esforços para tal, não mediria esforços para entrar em Yale e foi ai que tudo piorou as mentiras, as trapaças, e tudo mudou tão rapidamente, indo para um caminho sem volta.
E, como tudo na vida, isto também chegou ao limite. Sabe quando? Quando percebi o quão perdidamente eu sempre estive apaixonada. Eu perdi a já pouca razão que existia em minha cabeça, até mesmo a ponto de ir contra as determinações e ensinamentos da mamãe, aquela que prometi colocar acima de tudo. Céus, a que ponto cheguei...
Mas isso foi apenas o início da história e, para compreendê-la, é preciso voltar a alguns anos antes...
Não sei ao certo como tudo começou, ou como as coisas tomaram esse rumo, mas me lembro de quando ela chegou: aquela garota miúda de cabelos escuros, pele morena e boca incrivelmente carnuda e avermelhada. Nunca havia visto tamanha beleza em alguma pessoa. Naquela época papai acabara de fechar um contrato multimilionário com uma nova empresa e, para o bem dos negócios, eu deveria me tornar amiga daquela garota que tanto me intrigava. Pincherle não era apenas bonita ao todo, mas também conseguia ser melhor que eu em tudo. Ninguém nunca havia me superado e foi nesse momento que eu me tornei tão obcecada em vencê-la, apenas para permanecer perto dela. Nossos pais sempre exigiram de nós sermos as primeiras em qualquer coisa e é por isso que sempre tivemos a melhor educação, sendo fluentes em diversos idiomas. Estávamos sendo treinadas para herdar tudo aquilo, como filhas únicas das caprichosas famílias Pincherle e Whinstler, e fora aí em que eu me tornara extremamente competitiva, afinal perder não era exatamente uma opção. Eu já não era mais a única a me destacar nas notas, nos esportes e até mesmo na maneira de me vestir, e de certa forma aquilo tudo preenchia o vazio que sentia dentro de mim, mas foi naquele momento em que lentamente começamos a competir pelas coisas quem tinha o melhor brinquedo, as melhores notas e mais tarde até por garotos. Mas além de tudo aquilo existia a óbvia atração uma pela outra, eu a amava e ela claramente me amava e desde bem novas mantínhamos escondido de tudo e todos uma espécie de amizade colorida, com o tempo percebemos que as coisas iam além de tudo aquilo o ciúmes, o carinho, a ansiedade, as borboletas no estômago tudo aquilo indicava o sentimento que creio sempre estar presente. Eu a amava, amava como ninguém e aquele era o problema de tudo isso era errado na visão de nossas famílias, era proibido e aquilo estragaria tudo, os negócios, nossos esforços e nossa herança tudo estava a prova por apenas um amor.
Minha mãe a arrogante e malvada Courtney Sawyer , anos antes participava de concursos de beleza chegando a ser Miss América. Mas então engravidou do rico publicitário que patrocinava o concurso, fora um escândalo e todos contestavam as suas verdadeiras intenções ao ter um caso com meu pai, até eu mesma as vezes penso a respeito. Ainda nova e com o sonho arruinado ela se tornou uma pessoa frustrada perdendo toda a simpatia que tinha, seu novo objetivo era me tornar aquilo que ela não conseguira ser desde nova a melhor na escola, com destaque nos esportes e até mesmo participar de uma das famosas faculdades da Ivy league mas o seu principal objetivo sempre fora eu terminar aquilo que ela havia começado.... Me tornar Miss Universo, eu me via deslumbrada com aquele mundo, vestidos, glamour, maquiagens e a atenção.... Aquela doce e especial atenção que todos ao meu redor me davam, me bajulando e elogiando a cada concurso que eu ganhara, mas, acima de tudo, aquilo eu precisava da aprovação da mamãe, ela nunca fora muito amorosa ou carinhosa e eu acreditava fielmente que depois de alcançar todas essas coisas ela teria orgulho de mim e eu não media esforços para tal finalidade.
E foi naquele momento em que ele apareceu, conseguiu complicar ainda mais tudo aquilo. Eu precisava dele, afinal sua mãe era ninguém menos e ninguém mais que a melhor treinadora de concursos. Seu pai? Reitor de Harvard. Aquela era a minha chance.
Ainda era nova e estava passando pelo concurso Miss Teen Universe, era quase impossível tudo aquilo e daquela vez meu status ou dinheiro não conseguia troféu algum, eu teria que superar inúmeras candidatas melhores do que eu e as coisas não dependiam apenas da influencia dos meus pais mas também do talento em que eu tinha. Mas a questão era, 'e se' todos esses anos de treinos, dietas e aulas não bastassem?
Eu me sentia a cada vez mais desafiada e pressionada com tudo aquilo, precisava de , mas eu amava e cada dia mais me encontrava pressionada e em um beco sem saída, precisava fazer a minha escolha logo.
Jogar uma vida toda fora ou seguir em frente com o amor da minha vida, recomeçando do zero uma vida honesta e com meus próprios sonhos, objetivos.
Porém perder como sempre não era uma opção e eu faria de tudo para ganhar aquela competição eu precisava mais do que nunca daquele garoto.
. era de longe uma das pessoas mais confusas e diferentes que eu conhecera, era difícil saber quem realmente ele era e foi ai em que me vi perdidamente apaixonada pelos dois. Vivia uma vida dupla, eles traziam o melhor em mim .trazia o meu lado sonhador e alegre, eu sentia que com ele me tornava uma pessoa melhor e conseguia me distrair de tudo aquilo em que a minha vida havia se tornado mas também havia a doce e bela ..... Ah, ! Ela despertava sentimentos tão contraditórios em mim misturados com o medo de perde-la e a alegria de tê-la, com ela eu era apenas eu, não precisava de todas aquelas roupas caras, palavras educadas era como se todo aquele status e pressão não existissem, eu poderia passar horas com ela sem me sentir angustiada. Sem dúvidas alguma ela me completava e com ela eu me sentia capaz de enfrentar qualquer coisa pela frente.
E foi ali em que tudo se desabou, quando um descobriu do outro. é claro que sempre soube de , mas ela sequer imaginava a que ponto as coisas chegaram ou o quão envolvida eu estava com tudo aquilo, fora um choque para ambas as partes e no início consegui manter os dois do meu lado tudo ficou mais fácil e parecia estar se solucionando.
Eu conseguira a treinadora, a vaga em Harvard e estava junto das pessoas em que amava nada poderia estar melhor mas então as cobranças, o ciúmes e tudo isso surgiu. Valentina jogava duro, ela conseguia ser mais baixa que eu, às vezes, e foi o que ela fez. Fora o mais baixo que eu jamais imaginei que poderia ser. Ela me desmascarou minutos antes do concurso mais importante da minha vida na frente de todos... Mamãe, papai, e até mesmo de seus pais.
Eu acabara de perder tudo, naquele instante. Eu estava derrotada, mas então, por puro orgulho, eu fingi que nada daquilo me abalara, eu fingi nunca ter amado nenhum dos dois, disse as palavras mais cruéis de toda a minha vida e segui em frente com a cabeça erguida e um falso sorriso, mas por dentro eu me encontrava em pedaços, o caos tomava conta de todo o meu ser.
Todos os dias da minha vida eu me lembro dos seus olhos pretos e expressivos, sem brilho algum, vazios. Ela saíra derrotada do concurso naquele dia, eu estava arrasada e, pela primeira vez, me culpava por levar tão longe os meus caprichos.
Se eu soubesse antes o que viria logo após, eu teria saído daquele palco, eu teria feito tudo diferente. Se eu soubesse que naquele dia eu pagaria o preço por todas as minhas ações e perderia as duas pessoas que significavam tanto pra mim, por culpa dos meus atos egoístas e palavras arrogantes, que não tinha como as mudar...
Vários e vários ' e se' rondam a minha mente.
Eu ganhara o concurso, mas aquele troféu não era meu eu não o merecia.
E foi ali, no final daquele concurso, onde minha mãe me olhava com orgulho e as pessoas aplaudiam minha vitória, que eu fiquei sabendo daquela terrível noticia que mudou toda a minha vida. Eu havia perdido os dois para sempre. E fora naquele momento em que eu percebi o quão vazia a minha vida era, eu tinha tudo e ao mesmo tempo nada.
Mas eu aprendi minha lição. Aprendi com tudo aquilo em que dinheiro algum ou status valem de algo se você for uma pessoa vazia e sem ninguém ao seu redor que realmente a ame, as pessoas não irão te valorizar ou gostar de você por causa do seu corpo ou beleza. Aprendi o valor de um abraço verdadeiro, palavras amigas, o bom dia do dia-a-dia coisas simples que fazem falta e a diferença, do como é muito melhor ter alguém para ficar ao seu lado em todos os momentos. Percebi que inúmeras pessoas irão passar na minha vida, mas pouquíssimas delas irão permanecer ali ao meu lado e que se algum dia ela não fazer mais parte dela e eu sofrer por aquilo significa que ela me marcou de alguma forma, que tudo aquilo fora real. Aprendi também que não adianta de nada viver em um mundo ilusório, onde me concentro em ser aquilo que eu não sou, tentando a cada dia mais e mais viver uma vida de falsa 'perfeição', pois mais cedo ou mais tarde ali estará a vida real, com problemas, obstáculos e angústias prontos para quebrar a minha cara.
Mas aprendi principalmente que de cada ato colhemos o que cultivamos e, como todos nessa vida, eu colhi frutos doces e amargos de tudo o que plantei, e eu aprendi a minha lição com tudo isso.
Deixei o buquê de rosas brancas sobre a lápide lendo a frase de sua despedida
Pincherle
10/07/1998 ✙ 5/11/2015
" Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez" e me levantei, passando a mão pelas calças para tirar a terra.
Valentina havia morrido há 5 anos. Um trágico acidente de carro aconteceu quando ela estava saindo do concurso para ir para o hotel. Chovia muito e então um carro sem controle bateu em seu carro. Ela morrera na hora, despedaçando a minha vida. Eu nunca me recuperaria de sua morte.
— Eu sinto sua falta — despedi-me, segurando-me para não chorar. — Obrigada por me ouvir.
E virei de costas, começando a caminhar rapidamente para fora do cemitério, assim como dos fantasmas revividos de meu passado imperfeito.
Fim
Nota da autora: Obrigada por lerem essa one-shot, espero que tenham gostado e não esqueçam de deixarem algum comentário isso é muito importante pra mim.