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Capítulo I - A Explosão


Terra. Mundo tão exuberante, de perto, de longe. De onde o vejo, tem o tamanho do olho humano, mas segue lindo. Esse, foi o mais perto que consegui passar da Terra, para transmitir esse comunicado aos Autobots que ainda vivem. Encontrei nossos criadores. São ruins, macabros, violentos. Cybertron não tinha desaparecido como imaginamos. Continuava obscuro e destruído, mas fora levado para outra galáxia por um buraco negro, criado quando derrubamos os pilares em Chicago. A tristeza com que falo isso me consome, e... Me enfurece. Pois Cybertron não tinha sido destruído naquele dia, agora sim. Atrás de mim, pedaços de nosso planeta voam pelo Universo, provavelmente cairão na Terra também. Estou... abdicando de nossa guerra.
Não quero ver o que farão com um povo tão novo, tão promissor, caso encontrem o planeta azul. Lutei muito por eles, mas... Não consigo mais. Se voltarão contra nós por mais uma vez.
Se não morrermos nas mãos de cientistas humanos, traremos a guerra e morte por mais uma vez. Saíam desse planeta, se escondam nas sombras dos planetas ao longe do Sol, para que os Criadores não lancem sua fúria contra os humanos. Se retirem da Terra. Eles ficarão mais seguros sem nós. Meu nome é Optimus Prime, e deixo esse recado para todos os Autobots que possam me ouvir.
Levem o vento da morte transportado pelos Criadores para longe da Terra.
Já era tarde demais. Bumblebee só tinha escutado a mensagem dois dias depois do envio. Tinha um buraco perto da cabeça, afetando suas comunicações. Dois dias. Tinha sido o necessário.
O garoto, o conhecido, o importante, chamado de "garoto de recados", - mas não era. - Tinha as mãos trêmulas enquanto pulava de canal em canal da TV.

CNN

"A base militar de Diego Garcia dentre outras, foram completamente destruídas. Equipes enviadas não encontraram sobreviventes..."

NBC

"...o mundo pede Socorro. Muitos já nomeiam os acontecimentos como o início do Apocalipse. Se o fato bíblico é a razão é difícil dizer, mas que a raça humana está em perigo, isso está."

Al Jazeera

"...há dois dias ataques coordenados dos Transformers destruíram uma porcentagem gigantesca do planeta. A ONU já estima um bilhão de mortos e a contagem não para. Isso deixa os acontecimentos em Chicago há anos atrás e na China como pequenos "acidentes" se comparados ao o que está acontecendo. Ataques em escala global. Testemunhas afirmam que um pequeno grupo de Autobots ainda tenta resistir, já especialistas do Governo dizem que a divisão política dos Transformers não existe e os ataques partem dos chamados Autobots e Decepticons."

FOX News

"...Meu Deus! Eu não sei como dar essa notícia ao povo americano. A Casa Branca foi atingida pelos destroços metálicos de origem desconhecida que continuam caindo do céu. O presidente e o vice-presidente estão mortos. Repetindo para nossos telespectadores, o presidente está morto."

Globo News

"...avisamos ao público que continuaremos no ar enquanto for possível. As ondas de rádio, sinais telefônicos e de internet não existem em quase todo o planeta. Estamos fazendo o possível para mantermos o nosso sinal analógico para que estejamos dentro da sua casa, atualizando cada situação do que pode ser, o período mais difícil da história da humanidade. Que Deus esteja conosco."

Samuel Witwicky desliga a TV. A mão continuava trêmula e atrás dele os dois choravam, a linda mulher de olhos claros e o novo aspirante ao mundo sofrido.


Major Lennox
8358 metros de altura à bordo de um C-130.
Local: Washington D. C.


- Todos atentos, vamos pular agora. Chequem suas armas e paraquedas. Equipe Alfa coletem uma fração do material que está caindo do céu. Equipe Delta, retirem todos que estejam no Capitólio.
Equipe Fox comigo, escutem todos. - Ele engatilha sua M4, nas costas um lançador automático de granadas, por baixo do paraquedas. - NÃO SABEMOS SE VIVEREMOS O AMANHÃ. NÃO POSSO DIZER HÁ VOCÊS QUE VOLTAMOS PARA NOSSAS ESPOSAS E FILHOS HOJE. MAS DEIXO UMA ORDEM. SE EXISTE UM CÉU E UM ANDAR INFERIOR E VEREMOS JESUS HOJE, ENVIEM OS DECEPTICONS AO INFERNO. ENTENDIDO!
- SIM, SENHOR. - Fora a resposta de todos. A saída para um mundo em chamas se abria. O desespero estava no rosto de cada um. No caminhar, no pulo, no voo. No chão tinha chamas, no céu também.
Pedaços de tamanhos variados, tamanhos de bolas de basquete, de carros populares e de jatos comerciais. Era o tamanho dos pedaços lotados de metal flamejante que cortava a atmosfera em fogo vermelho e amarelo até explodir no solo frio ou no mar sombrio. Poucos dos militares chegaram ao solo. Os Decepticons tinham melhorado suas estratégias. Lotaram o mundo de robôs pequenos, um metro e sessenta aproximadamente, e de estatura humana. Enquanto os grandes ficavam com as tropas que ainda resistiam, os pequenos matavam os civis e os que voavam limpavam o céu.
Não era uma operação para a escravizarem os humanos como o planejado em Chicago ou a aliança humana com Lockdown e o Vento de Cemitério, três anos depois. A ação era simples. Limpar o planeta.
Não estavam atrás de escravos ou súditos. Apenas concorriam qual grupo seria o maior genocida. Era uma simples vingança. Matavam o que viam pela frente. E ainda tinha uma chuva de pedaços de metal pegando fogo. Era o fim. Lennox pensou na sua filha e pequena dama, na esposa. Pensou em Optimus. Tinham lutado juntos na Equipe N.E.S.T e perdido sangue e metal. Tudo se tratava de uma missão suicida, independente do lugar que fossem jogados. Os pequenos Decepticons demoravam para morrer, três militares para matar um deles e descarregando os pentes. Eles evitavam manter naves em certos locais, pelas quedas das placas ardentes. Os tiros não cessavam, os Decepticons pequenos também atiravam, se transformavam em motos de corrida e desapareciam quando estavam cercados por algum grupo de soldados. Os maiores não se preocupavam, humanos seriam insetos para eles, suas preocupações eram os tanques blindados e um pequeno amontoado de caças que ainda passava acima.
Lennox não viu nenhum Autobot.
- Major, - tentou dizer enquanto atirava, um sargento, protegido atrás de um carro. Os comunicadores não funcionavam. - são muitos.
Outro chega perto do Major.
- Major, Equipe Alfa coletou o material estão se retirando ao norte, em três Black Hawks, precisamos sair daqui.
- E a Equipe Delta, chegou ao Capitólio?
Perguntou Lennox ao soldado. Que não respondeu. Lennox não sabia o que fazer, gritou por todos, tinham que se direcionarem aos helicópteros para saírem daquele lugar. Aquele barulho de metal se transformando, as balas e explosões tão perto da cabeça, passando zunindo como abelhas. Então a explosão. O carro, aquele era realmente um simples carro estacionado, voou por cima de Lennox sem atingi-lo, mas o poder da explosão tinha o acertado. Soldados feridos, alguns mortos ou desacordados, Lennox ainda viu alguns metros depois da zona de combate mais cruel. Escutou seu nome sendo gritado e com imagens embaçadas viu soldados segurando soldados, homens que queriam resgatá-lo e outros não deixaram. Lennox entendia, não estava sendo deixado para trás, porém, segundos perdidos e os helicópteros seriam derrubados ou nem sairiam do chão. Levantou com a M4 em punho, lançada para frente, onde um mar de pequenos se formava.
- Desgraçados!
Atirou nos olhos do primeiro. A M4 sem munição o fez tirar a bandoleira e bater na cabeça do que estava à sua esquerda. Retirou uma granada do colete, seu grampo e lançou, bem aos pés de um grupo atrás dele. Correram gritando. Lennox se atraca com outro que tentava cortar seu rosto, Lennox também tinha uma faca na coxa. O major enfia a faca abaixo do que seria um queixo, talvez, gira a cabeça do Decepticon ao avesso e arranca do corpo. A granada explodia alvejando Lennox com pedras e asfalto. Restos de metal. Escutou um estrondo e poeira sendo levantada quando sacava a pistola da outra coxa. Mais um pedaço daquele metal tinha caído há duzentos metros dele, talvez menos. Acertou mais três dos pequenos com tiros de pistola, eles sentiram, entretanto não caíram.
Se viu fechado por um círculo grosso de metal que andava, grunhia algo indeterminado, e, matava. Lennox ajeitou o corpo, jogou a pistola no chão e teve medo. Não dos pequenos. Do grande que viu.
Tudo que envolvia o planeta nas quarenta e oito horas que tinham passado, levava Lennox para um reencontro com Megatron, agora, Galvatron. Era difícil acostumar-se com o novo nome. Tinha visto os acontecimentos da China pelo noticiário e se viu com as mãos coçando, queria ter ajudado. Então, por que no momento ele se achava tão pouco? Tão dispensável? O grande se aproximava dele e era maior que Prime, maior que os Dinobots que viu pela TV, que estavam soltos pela China desde então e não tinham ajudado em nada no novo, e quem sabe último, acontecimento de guerra. Lutou com Bee por poucas vezes, foi salvo pelas espadas gritantes de Drift por outras. Viu a chegada de reforço Autobot em outras operações, dos que permaneciam escondidos, ainda com medo de serem caçados por humanos novamente.
Realmente, a vida passava como um filme para Lennox, até que o último passo do grandalhão, estremece o chão, pior do que na queda do último pedaço do céu. E não era Galvatron.
- Meu pescoço vai ficar doendo, acho que não vou olhar para você. - Disse Lennox.
O riso parecia um trovão, quando uma voz grave e duplicada surgia de dentro daquela boca estranha e sem metal, que olhava para baixo, vendo Lennox como uma barata aos seus pés.
- O que acha das mudanças que estou fazendo no seu planeta?
- Como eu vou morrer mesmo, queria perguntar, o motivo.
Não era um Decepticon. Não era um Transformer. Era novo para Lennox, poderia ter vindo da chuva de meteoros da primeira hora de ataque. Bolas de metal. Decepticons. Depois vieram as naves pequenas.
E esqueceram histórias de pilares, AllSpark ou Sementes. Escolheram pelo eficiente e velho trabalho manual. Ceifando tudo que viam. Aquela coisa, carregava um manto nas costas na cor verde, nunca tinha visto os Decepticons de capa. O rosto lembrava muito ao de um faraó, de milhares de anos. Dentes entrelaçados, desenhados de forma rude em um rosto azul cobalto. Olhos fundos e negros.
Não havia metal nele, coisas se movimentavam em seu extenso corpo como transformações normais de Autobots e Decepticons, contudo, tratava-se de algo diferente. Ele parecia conter um organismo biológico maleável. Braços esqueléticos, de material duvidoso e nojento, de um azul gritante aos olhos. Os Decepticons o serviam, abaixo de suas ordens, mas Lennox não sabia dizer o que era aquele monstro.
- O motivo, pequeno verme, não te importa.
- Quem é você, afinal?
Questiona Lennox.
- Eu? Eu sou muitos e um só. Eu sou tudo. Eu sou Death.
- Nome sugestivo. - Retruca o major.
- Principalmente no seu caso, soldado. - Menciona Death. - Esses pedaços que caem como chuva é a história, é Cybertron.
Lennox é chutado e golpeado pelos furiosos pequenos, os malditos Decepticons que o rodeavam. Mesmo assim, conseguia tentar entender.
- Eu não sei se é o fuso planetário, mas Cybertron foi destruído há anos, na batalha de Chicago.
- Não foi, não. Tinha apenas desaparecido de nosso conhecimento, numa galáxia diferente. Então o explodimos para algo novo, realmente grandioso. Como eu mereço. - Lennox olhou para o lado e viu os pedaços de metal se dissolvendo, pareciam entrar na terra, fincar como raízes vermelhas que pulsavam um tom escarlate como sangue. - Logo, humano, seu planeta terá que mudar de nome, pois não terá mais um pedaço de terra. Isso não é uma retomada, um conflito tolo, tentar ser o rei de uma raça tão inferior. Isso é um despejo de sua raça infame e fraca. Eu sou um deus.
Lennox devolve palavras ácidas.
- Pra mim, é só mais um miserável que será derrotado por Optimus.
- Prime está escondido nas estrelas com medo de nós, soldado. - Disse Death apontando para as estrelas. Nós quem? - Aqui não existe batalha ou missão, é apenas o inevitável. Afinal, eu sou um dos Criadores. - Um dos Criadores? A notícia estremeceu o corpo do major. - E nossa breve conversa... acabou.
Lennox não teve tempo de nada. Death ergueu o pé e pisou na terra, oferecendo um choque que Lennox percebeu levar e doía muito, como retirar cada osso do corpo pela carne e pele, sendo arrancados por um alicate. Só Lennox era nocauteado pelo choque que atravessava todo o seu corpo. Viu os pequenos Decepticons, viu Death e os helicópteros acima, batendo em retirada. Levou um chute de Death e voou, por metros e metros e as pancadas contra o chão em velocidade que nunca terminava. Lennox rolou e sentiu cada osso quebrando, até bater na parede de uma casa, que caiu depois de se manter de pé durante os tiros e explosões tão de perto. Lennox viu Death trocando de forma, mas permanecia do mesmo tamanho, mas sua cabeça havia mudado. Ou seria uma alucinação? Viu sua mão sangrenta e com dedos de formas estranhas, estavam quebrados. Viu mais pedaços caindo e os Decepticons se retirando de um lugar já morto. Viu Galvatron pousando perto de Death e olhando para Lennox.
Ele sorriu. Lennox fechou os olhos e nunca pensou que seria tão doloroso, respirar. Serrou os olhos ao máximo, tentou os abrir novamente e não conseguiu. Então, não sentia mais dor, nem lágrimas, nem visões e nem sons. Parecia flutuar

Capítulo II - Override


Os Yeager, pai e filha, permaneciam no Texas na segurança de um Bee ferido. O namorado dela, Shane, o piloto de rally, não tinha mais um rally para correr em um mundo que respirava areia e pingava sangue. Cade Yeager tinha disposto de toda sua aprendizagem na mecânica para consertar a parte de comunicação de Bumblebee, fora somente nesse momento que Bee ouviu a mensagem deixada por Prime. Depois, Cade e Shane tentavam devolver as peças certas para a cabeça de Bee.
- Me passa a chave grande, do seu lado.
Pediu para Shane. Ele passa.
- Posso te perguntar uma coisa, Cade?
- Fala.
- A Tessa não está nada bem. O que ela tem?
Shane se preocupava com a situação de Tessa. Mas o pai dela, Cade, já tinha percebido há tempos.
- Vou te falar uma coisa, Shane. Terminei Bee. - Bumblebee se levanta, mas se mantém por perto. - Depois do que passamos na China, a Tessa acordou durante trinta e quatro dias durante a noite, gritando e desesperada. Então agora, um ano depois, tudo volta ainda pior. Todos estamos com medo de morrer, Shane. Não sabemos... até onde vamos suportar.
Shane fica quieto. Bee se comunica com eles, como sempre, através das palavras do rádio. Ele gravou em seu sistema as milhares de palavras e frases montadas que podia, antes do rádio ser algo do passado.
- Eu tenho uma notícia de última hora.
E então solta o áudio enviado por Prime. Logo depois, Drift, o Autobot samurai entra no galpão. Cade questiona.
- Então, Optimus, não sabe o que está acontecendo aqui na Terra! Precisamos falar com ele.
- Já tentamos. - Menciona Drift. - Ele está fora de alcance.
Crosshairs chega ao galpão ainda como um corvette verde. Depois se transforma.
- Estamos perdidos, estamos perdidos.
Shane debate.
- Como chegou a essa conclusão, verdinho?
- Eu não sei, mas estamos perdidos. É uma voz dentro da minha cabeça que me diz isso o tempo todo.
Bee rebate.
- Para de palhaçada, homem.
Drift forma uma conversa mais construtiva.
- Chamem o Hound, onde ele esteja lutando, chame-o de volta. - Bee tenta comunicar-se com ele, já que suas frequências de comunicação eram diferentes da dos humanos. Drift continua falando. - O presidente morreu, as tropas humanas reduzidas a pó. Autobots que podem ser contados nos dedos. Prime fora de combate. Precisamos parar de combater e começar... a fugir.
- Fugir pra onde? - Diz Shane. - Só se vocês conseguirem nos levar para Marte. Fora isso, não temos opções. - Shane cai em si. - O presidente morreu?
Cade Yeager mantém as mãos na cintura, a blusa suja de graxa e fluídos de Bumblebee. A respiração ofegante e olhos no chão sujo de fuligem.
- Bee, Crosshairs, Drift. - Todos oferecem a atenção para Cade. - Vocês devem sair daqui. Foram as instruções de Prime.
- Eu concordo com ele. - Diz Crosshairs. Drift, não.
- Negativo. Prime estaria aqui conosco se soubesse da guerra.
- Será mesmo, Drift? - Pergunta Cade para o Autobot. - Ele disse que não consegue mais lutar, que não pode mais. Ele se retirou para viver. Vocês devem fazer o mesmo ou serão aniquilados.
Bee salvou uma frase do rádio que combinava com o momento.
- Então seremos resgatados pelo Senhor, Aleluia.
Não adiantava. Eles estariam até o fim ao lado de Yeager. Mas o que Prime tinha presenciado para fugir da guerra, algo que jamais teria feito?
Então todos escutam os gritos de Tessa, entrando no galpão e chamando pelo pai. Brains acelera com suas mais novas rodas traseiras, o pequeno Autobot que solta fumaça da cabeça entre os fios de cor azul.
- O bicho tá pegando, gente. - Grita o pequeno Brains.
- PAI, TEM TRANSFORMERS AÍ FORA. - Gritou Tessa.
Drift retirou suas espadas ruidosamente. Crosshairs, suas armas de fogo. Bee arma seu canhão, protegendo o rosto com as lâminas de proteção. Cade sentiu-se culpado em não guardar a arma alienígena que tinha em mãos da última batalha. O grande portão prata é aberto de forma ruidosa por uma grande mão metálica. Brains se escondeu atrás da perna de Tessa, ele não chegava nem ao joelho dela. O pai dela e seu namorado, Shane, são protegidos por Bee, que reconhece um dos grandes que entrou. Um Transformer azul, segurando outro em vermelho e branco, bem danificado.
Eles ficam paralisados, todos. Bee se aproxima para ajudar. Um deles era um velho amigo. Jolt. O Autobot ferido era uma lenda e velho amigo de Prime, Bee o conhecia. Se chamava Override.

Sam ouvia explosões ao longe. Ele, Carly e o pequeno. O pequeno Mike. Michael Witwicky. Um menino forte, com os olhos lindos da mãe, um bebê de dez meses. Carly demorou até cessar as brigas com
Sam, por causa do nome que ele tanto quis. Para Carly, uma menção, quem sabe até uma homenagem, para Mikaela. A primeira namorada de Sam. Toda uma bobagem regada pelo ciúme e a competição, que tinha ficado para trás junto com a falsa paz que sempre rodeava o mundo. Uma paz nem tão verdadeira, - correto - mas nada que se comparasse com a violência desordenada com milhares de mortes por segundo, em escala global. Sam sofria. Não tinha notícias de Bee, mantinha sonhos com suas peças sendo arrancadas por um grupo negro de Decepticons e um ser que não era de metal, gigante, o mais maldoso. Acordava assustado com as explosões no meio da madrugada, ataques efetuados por pequenos grupos de caças da força aérea que ainda resistiam. Não eram vistos Decepticons maiores, como os mortos Shockwave e Lockdown. Nem naves gigantescas trazidas por Sentinel e seus pilares. Naves pequenas, Decepticons de tamanho normal e os menores, os pequenos, que faziam um estrago terrível, esse era o contingente. Carly e Sam enchiam mochilas com mantimentos e roupas e tentavam manter Mike calado para que os pequenos Decepticons que passavam pela rua abaixo, não subissem aquele prédio. O barulho de hélices era constante, de helicópteros que subiam em um céu de esperanças engolidas pelas certezas óbvias. E de helicópteros que continuavam batendo suas asas giratórias enquanto caiam em chamas.
- Anda, Carly, precisamos sair daqui.
- Estou fechando a última bolsa. - Disse Carly para Sam. Ele retruca.
- Estamos fugindo em pleno fim do mundo, não precisa de tanta coisa.
Três batidas na porta. Sam mira a pistola prateada na direção da porta. Uma arma que ele tinha pego de uma loja de armas que era saqueada simultaneamente ao supermercado ao lado. Sam tinha ido pegar comida, a proximidade ajudou, levou uma coisa e outra. Carly sussurrou.
- Quem é, Sam?
Sam não respondeu, mas desejou muito que fossem seus pais, que não tinha uma notícia sequer desde o início de toda baderna que engolia a civilização. Ele se aproximou da porta e tinha duas opções.
Atirar contra a porta ou abri-la. Decepticons não bateriam na porta, o que criou outra opção.
- QUEM É? TEM TRÊS SEGUNDOS ANTES QUE EU DESCARREGUE MINHA ARMA NA PORTA.
Uma voz masculina extremamente conhecida respondeu do externo.
- Largue a arma, garoto. Deixe isso para os profissionais.
- Simmons? - Disse Sam para ele mesmo. Carly também fala.
- Simmons? Aquele ex-agente retardado?
- Eu estou escutando! - Disse ele do lado de fora.
Por um único momento naquele pandemônio, Sam teve esperança. Ele entendia o que seus pais faziam por ele. Sua vida não era tão importante, ele pensava em Carly e no pequeno Mike.
Olhou para Carly e sorriu, enquanto ela segurava o pequeno no colo com uma manta no tom azul bebê. Foi abrir a porta e viu Simmons e seu "pastor alemão", Dutch, o loiro de passado incerto como Simmons, com ligações entrelaçadas apenas no extinto Setor 7. Mas a figura atrás, a pessoa que ali aparecia cegou Sam. Carly surgiu na porta sorrindo para Simmons e Dutch que perceberam a situação delicada, e logo após, o sorriso dela sumiu. Atrás deles estava Mikaela Banes, com seus cabelos longos e negros e rosto sofrido. Um minuto de silêncio se completou, como se os mortos estivessem sendo respeitados.


Capítulo III - As Ferramentas de Ener


Mesmo em uma Guerra Mundial, os ânimos femininos ficavam alterados freneticamente. Carly não sentia-se bem tendo Mikaela sentada em seu sofá.
- Então, deixa eu ver se entendi. - Menciona Carly.
- Calminha, amor. - Diz Sam. Todos estavam na sala, enquanto explosões eram ouvidas do lado de fora. Carly segue.
- Você falou com um Autobot morto?
Sam acaba concordando com Carly. Nada melhor do que isso, concordar com a mulher que está ao seu lado, principalmente quando na outra ponta da discussão está a ex.
- Realmente tenho que concordar com a Carly, Mikaela. Quando conversei pela última vez com o Lennox ele me disse que Ratchet tinha sido morto por um tal de Lockdown.
Mikaela responde.
- Olha Sam, procurei o Simmons, pois não tinha mais o seu contato. Também não consegui encontrar seus pais. Por algum motivo Ratchet ligou para mim e pediu para que eu o procurasse.
SE NÃO TE INTERESSA, ENTÃO MORRA SEM SABER, COMO TODOS MORREREMOS.
Mikaela se exalta e levanta do sofá. Abre a porta e sai.
- Um mulher muito nervoso! - O sotaque e a mistura das línguas do alemão Dutch dificultava sua pronuncia como sempre.
A complicação era a história. Com pouquíssimos telefones em uso nos Estados Unidos, e somente Deus sabia como estava o mundo, Ratchet tinha ligado para o telefone da casa de Mikaela, por não saber onde estava Sam e por algum motivo, não conseguir se comunicar com os Autobots.
- Mikaela. MIKAELA!
Gritou Sam. Ele correu atrás dela, mesmo temendo o olhar de Carly. Sam ainda escuta um pensamento falado de Simmons, antes de passar pela porta aberta.
- Mulheres. Acabando com o homem, até no fim do mundo.
Dutch riu.
- Muito bem, chefe. - Disse o alemão. Do lado de fora, Sam puxou o braço de Mikaela.
- O que foi? Não acreditou em mim mesmo. Estou indo embora.
- Espera Mikaela. - Disse Sam. - Eu acredito. - Mesmo que não acreditasse. - Então me diga, o que realmente Ratchet quer.
Mikaela suspirou. E seguiu.
- Ele dizia tudo muito rápido, disse que os Decepticons estão no controle de tudo e que tinha que falar rápido para não ser encontrado. Depois, informou tudo de forma muito rápida.
Pediu para que ficássemos juntos, encontrássemos Bee e os outros, que só assim poderíamos sobreviver. Também disse que recebeu uma mensagem de Optimus, que Bumblebee nos informaria o conteúdo.
Pediu que fizéssemos de tudo para informar Prime que ele está com as Ferramentas de Ener.
Sam fechou o semblante.
- Que diabos é isso?
- Se eu soubesse, diria.
Sam pergunta depois.
- E ele disse como reviveu?
- Não. - Disse Mikaela. Carly se aproximava da porta, Sam conseguiu ver pela visão periférica. - Disse apenas que todos ficassem no mesmo lugar, na minha casa, para que ele entrasse em contato.
Sam tinha medo. Não acreditava na ressurreição de Ratchet. Viu com os próprios olhos e levado pelas suas mãos a ressurreição de Prime com a Matriz da Liderança, entretanto, ainda assim, incrédulo naquilo permanecia. Poderia ser algum plano dos Decepticons. As tais Ferramentas de Ener, seria mais um enigma e Sam não tinha certeza se gostaria de correr o risco por mais um mistério, provavelmente, destrutivo. Por outro lado, ver Bee novamente seria algo bom. Carly se aproxima. Ela fala para os dois.
- Confia nela?
Questiona como se Mikaela não estivesse presente. Simmons e Dutch continuavam na sala, enquanto o barulho de metal sendo roído no asfalto abaixo ficava ainda mais alto, juntamente com tiros e gritos. Sam responde.
- Nela sim. Talvez não nas informações que ela trouxe.
Mikaela balança a cabeça. Carly não diz nada. Retorna para dentro, sai com bolsas e puxando malas, Simmons também ajudava, principalmente segurando o pequeno Mike que dormia em seu colo.
Dutch fecha a porta. Simmons diz.
- Meu carro de luxo está lá embaixo, se AQUELES ROBÔS DESGRAÇADOS, não colocaram fogo nele. - Disse tudo entre os dentes serrados. Carly havia concordado. Iriam para a casa de Mikaela esperar por instruções de Ratchet ou sabe Deus quem. E por mais que Sam ouvisse tudo que Mikaela dizia e redizia sobre a ligação de Ratchet e não acreditasse, sua imaginação e ligação com o mundo dos
Autobots o enviava para a pergunta interna que mais o intrigava. O que eram as Ferramentas de Ener?


Override estava muito ferido, Cade Yeager teve que trabalhar por toda a noite. Shane não havia suportado o sono e dormiu abraçado com Tessa, por mais que aquilo irritasse Cade, muitos outros problemas pairavam sobre sua cabeça. Jolt usava uma manta elétrica que parecia manter o robô vermelho e branco em repouso. Ele não se movia. Drift e Crosshairs montavam guarda do lado de fora, enquanto o grandalhão gorducho, Hound, não tinha respondido ao chamado, muito menos, retornado. Bee pergunta.
- Ela vai ficar bem?
- Acho que sim, Bee. - Diz Cade. - Espere aí, como assim, "ela"? - Perguntou para o Autobot Jolt, já que Bee parecia preocupado.
- É uma longa história, humano. Em Cybertron, ela era "ele". Um líder tinhoso, com temperamento forte e por vezes até hostil. Até que descobriram que ela não tinha nada de um macho.
Override mentiu sobre o gênero para que sua liderança fosse melhor aceita. Na época, antes da descoberta, brigou com muitos amigos e irmãos que duvidavam de seu gênero e ligavam seu nome ao lado feminino. Mas independentemente de suas escolhas, é uma das melhores guerreiras que já vi.
Bee completa.
- É protegida do chefe.
Cade sorri.
- Ah, quer dizer que Prime tem um paixão!
Jolt o corrige.
- Não. Ela é como uma filha para ele. E ela faz toda questão de ser a filha rebelde.
Cade pergunta para Jolt o que tinha acontecido com Override. Que responde.
- Ela foi alvejada por pequenas naves e Decepticons maiores enquanto tentava salvar alguns humanos dos Decepticons pequenos. Fora atingida e... - Jolt parou de falar. Cade Yeager remexia nos fios internos da cabeça de Override quando percebeu a parada na fala e olhou para Jolt. Cade questionou o motivo do repentino cessar. Jolt segue. - ... e começou a falar algumas coisas estranhas.
Olhou para mim e perguntou o motivo de eu ter a voz de Megatron enquanto perguntava para ela se estava tudo bem. Depois ela tentou resistir enquanto eu tentava salvá-la e disse ter vozes na cabeça dela.
Cade se viu olhando para Bee de forma duvidosa. E perguntou para quem respondesse primeiro.
- Vocês têm alucinações, essas coisas que os humanos têm?
Bumblebee responde.
- Nunca vi nada assim. - Abrindo os braços. Mas Cade se ergue, põe as mãos na boca e se lembra de algo que compartilha com os dois.
- Espere aí. O Crosshairs, hoje de manhã, disse ter vozes na cabeça dele, dizendo que estávamos perdidos. Pensei que fosse uma brincadeira, mas...
Jolt se ergue.
- Onde quer chegar, Sr. Yeager?
Nem mesmo Cade sabia. Só sabia, que estava certo, quando um Transformer verde arrebenta a entrada do galpão com um golpe de corpo, como se fosse uma criança demolindo um castelo de cartas de baralho. Vultos verdes e azuis se duelando, enquanto sua filha, Tessa, e seu genro, Shane, se levantavam correndo para a retaguarda de um Bee armado e de rosto protegido por sua máscara de aço.
Crosshairs tentava chegar perto deles, rangendo seus dentes de ferro, enquanto Drift tentava segurá-lo. Jolt toma a frente.
- O QUE ESTÁ ACONTECENDO, DRIFT?
- EU NÃO SEI. - Respondeu o samurai. - ELE ESTÁ DESCONTROLADO.
Jolt se aproximou e eletrificou as pernas de Crosshairs antes que o mesmo pegasse suas armas de fogo. Crosshairs apagou demolindo ao chão com seu peso e Jolt assumiu a liderança de um grupo que não tinha ninguém como ponta de lâmina.
- Sr. Cade, acho que suas suposições estavam certas.
- É. Acho que sim. - Responde Cade Yeager. Jolt continua.
- Cade, verifique Crosshairs por inteiro, precisamos saber o que está acontecendo antes que sejamos destruídos. Isso tem tudo para saltar de uma alucinação de algo irreal, para uma estratégia bem montada dos Decepticons. Se de algum modo, encontraram uma forma de nos controlar...
É Tessa que prossegue a fala.
- Então estaremos mortos.
Todos ficam em silêncio, até a chegada de Hound, o gorduchão, segurando sua metralhadora gigante, chacoalhando de munição até granadas na sua pança imensa, com sua barba grande e charuto flamejante na boca.
- Mas que zoeira é essa aqui?


30 Horas antes. - Centro de Denver - Colorado
5ª Divisão do Corpo de Fuzileiros Navais


Os homens estavam perdidos na guerra, o que já é praticamente ver a sombra do ceifador de perto. Grupos de combate que viam seus líderes serem arremessados pelos ares e outros atingidos por canhões e tiros. Um grupo de paraquedistas e um amontoado de caças F-22 que voavam pelo centro de Denver, minaram a grande maioria das naves pequenas. Outros, como A-10 Thunderbolt's e B-1, procuravam ajudar as tropas em terra. A 5ª e a 6ª Divisão dos Fuzileiros tinha sido extinta desde a II Grande Guerra. Base renascida para que essa não fosse a última guerra. Homens valentes corriam com crianças e mulheres feridas nos braços e colocavam todos em uma revoada de helicópteros que saíam da cidade como um enxame. A frota marítima dos Estados Unidos se mantinha no seu lar, em alto mar, um dos poucos lugares ainda seguros. Milhares de homens armados de forma inferior, sem comunicações, vendo seus DRONE's caindo como mosquitos esmagados e Transformers que apareciam do nada bem ao lado de cada um, com aquele barulho horrendo de metal em carne. Algumas operações davam certo, outras, nem tanto. Um grupo de fuzileiros permanecia no alto de um prédio, trocando informações com um coronel que se mantinha em um Black Hawk acima da destruição. Um dos sargentos havia conseguido um sinal de celular, algo que ainda permanecia sendo a última esperança na comunicação militar.
- Me diga o que está vendo, sargento. - Disse o coronel.
- Estamos no décimo andar senhor. Abaixo vemos dois Decepticons, um deles é Galvatron, o antigo Megatron, senhor.
O medo tremulava os lábios do sargento. Que continuou.
- Também vemos um punhado de Decepticons pequenos, muitos civis no entorno e deitado no asfalto um robô quase totalmente destruído.
Até a cabeça dele está fora do lugar e parece... derretida. É verde.
- Estarei com visão do seu local em alguns segundos, aguarde.
Quando o helicóptero do coronel assume a posição para ter visual, o coronel fala com seu sargento.
- Sargento, esse é o oficial médico Ratchet. Um Autobot. Está morto desde os tempos das operações de Vento de Cemitério. Por que os Decepticons estariam com sua carcaça aí?
- Era essa pergunta que pensei que o senhor me responderia, senhor! Espere um pouco. - Disse o sargento, depois de verificar e olhar para todos os integrantes de sua equipe com espanto, disse ao coronel. - Senhor, outros três Decepticons estão chegando, um deles gravemente ferido, acho que o senhor está vendo. Os outros estão se preparando para arrancar o que ainda resta do
Autobot morto. Trouxeram ele para uma liquidação de peças.
O coronel rompe o silêncio ao telefone.
- Meu Deus. Ratchet merecia mais que isso. MAS O QUE É ISSO!
Gritou o coronel ao telefone. O sargento e os homens só tiveram tempo de pular para trás, ainda mais para dentro do apartamento enquanto o prédio era rasgado por um pedaço imenso de metal.
O coronel viu, mas não era nada parecido com aqueles pedaços de algo que aparentava ter sido explodido em um milhão de pedaços. Parecia uma maleta de tamanho exagerado. Do tamanho de um grande caminhão, talvez maior. O sargento e os seus homens começaram a descer o prédio, pelas escadas. A grande caixa tinha letras em escrita alienígena. E caiu e caiu, até causar uma grande explosão no chão. Sem fogo, sem cinzas, mas com grande poder. Decepticons foram lançados por centenas de metros, humanos apenas se assustaram e quase todos correram com pequenos ferimentos. Os pequenos
Decepticons foram dizimados. Contudo, Ratchet seguiu imóvel, sem perdas mais. Mas o coronel viu a caixa o cobrindo completamente, um brilho forte rompendo as cinzas que acobertavam o solo, dela era expelida. Até que o piloto avisou ao coronel, que já tinha visto, mas havia retirado o binóculo do rosto.
- A mão do Autobot morto se moveu, coronel! - É. Eu vi.<

Capítulo IV - Ratchet V2


Algumas horas se passaram depois do surto de Crosshairs. Cade ainda tentava verificar o que havia de errado neles, dois Autobots em repouso, Override e Crosshairs eram uma incógnita.
- Nós precisamos sair daqui. - Diz Bumblebee.
- É, precisamos sim, Bee. - Mencionou Cade. - Mas vai ser difícil carregar esses grandões apagados.
Todos se reuniam ao redor como numa oração. Tessa apertava o braço direito de Shane, todo o seu pesadelo retornava com força. Cade sentia-se mal por não descobrir o que tinha de errado com eles.
Hound se mantinha neutro na questão do sofrimento, permanecia na frente do grande buraco feito no galpão por Crosshairs. Mantinha guarda para ser mais rápido com suas armas do que qualquer aproximação. Mas os gritos de Crosshairs cortam o ar, e despertam, o vermelho e branco da garota, Override. Cade viu quando ela abriu os olhos e sua centelha disparou em um azul brilhante.
- ARRANQUEM MINHA CENTELHA, POR FAVOR.
Berrava pelo galpão, Crosshairs. Segurando suas armas de fogo mirando em tudo e em nada. Até o paraquedas havia sido aberto, sem uso algum no momento, o que identificava o descontrole de Crosshairs sobre si. Bee saltou para três metros atrás, rolando e sugando sua mão, expondo o canhão direito. Drift não sacou as espadas. Tessa se desespera.
- Até quando vamos ficar tomando susto atrás de susto desses bichos?
- Calma Tessa. - Pede seu pai. Então Crosshairs não tinha mais um semblante assustado. Ele sorria, de modo diabólico, as armas tinham alvo certo e se ergueu, finalmente Drift percebeu o perigo, sacando uma espada.
- Bichos? Não. Somos deuses, vocês que são os vermes.
A voz saia da boca de Crosshairs, contudo não o pertencia. A voz que trazia a imagem da guerra, o poder do mal. Que em um passado nada distante, nomeava-se, Megatron.
- É a voz de Galvatron. - Disse Drift. Galvatron segue.
- Isso mesmo seu verme. - Cade viu Crosshairs olhando para as próprias mãos, na verdade, Galvatron fitando um corpo que ele controlava. - Como isso é maravilhoso, controlar um Autobot.
Bee responde.
- Sabemos que sempre sonhou ser um de nós.
- Cale a boca, seu Autobot nojento. É hilário controlar um de vocês assim, pois posso matá-los tão facilmente.
Mirou as armas de Crosshairs para sua própria cabeça. O Autobot verde corria riscos sem saber o que acontecia. Cade estava certo em suas teorias. As confusões mentais de Crosshairs e Override, nada mais do que uma tomada Decepticon. Bee discute.
- Como conseguiu isso?
- Não lhe interessa. Na verdade... Vou sanar sua pequena dúvida, seu fraco. Isso é o poder dos Criadores. Vocês estão perdidos.
Aquela voz rouca e áspera gelava a espinha de Cade Yeager. Um murmúrio assumiu o local, Drift disse a pequena frase; "Não, os Criadores, não!" por milhares de vezes. A última mensagem de Prime havia sido bem específica, os Criadores poderiam estar a caminho. Todos os Autobots desconfiavam disso na invasão, que tinha também fortes evidências de ser mais um plano bem sucedido de Galvatron. Não havia pegadas dos Criadores, muitos Autobots nem conseguiriam saber, mesmo que vissem, o que eram os Criadores. E tudo ficava ainda pior, os Criadores não manipulavam os Decepticons, não gastavam energia com isso. Tinham aliados. Crosshairs em seu verde brilhante volta a mirar em todos presentes no galpão. Hound estava pronto para enviar todos pelos ares em pequenos pedaços de metal e carne. Cade precisava pensar. Então viu. No metal que formava a perna esquerda de Crosshairs, um buraco, um ferimento que ele já tinha olhado e percebido, mas não havia investigado como deveria. Pequenas luzes, como vagalumes com luzes roxas, piscavam em um pulsar tranquilo, contínuo e uniforme. Cade andou vagarosamente, até ver o interior do crânio de cor chumbo de Override, que ele ainda consertava. Lá dentro, as mesmas luzes. Ele já havia consertado Bee, Drift, Prime na época que Cade ainda tinha sua humilde casa, - com a hipoteca atrasada. - no Texas. Nunca tinha visto aquilo. Então tudo parece piorar quando Override ergue o corpo até sentar-se. Cade dá duas batidas na perna de Drift, o barulho é baixo e Drift lhe dá a atenção necessária, olhando para o solo. O tempo fora insuficiente. Os tiros de Crosshairs começaram, com os risos de Galvatron ao longe, como um fundo musical. Override, ainda fraca, se levanta lentamente, ainda sem perceber o que se desenrolava a sua volta. Cade não sabia se ela estava perdida no que acontecia, ou, também estava no momento de descontrole, ou, de controle Decepticon.
- TIRA A TESSA DAQUI, GAROTO.
Gritou Cade Yeager. Eles correm para o fundo. Cade grita para Drift.
- A PERNA DELE, DRIFT. - Enquanto Drift usava as espadas de modo rápido para se defender dos tiros de Crosshairs, ele olha para Cade. - ARRANCA A PERNA DELE.
Diz Cade, Drift rola para frente, como um verdadeiro ninja. A espada da direita decepa a perna de Crosshairs por inteiro. O metal cai no chão e um mix da voz de Galvatron e Crosshairs produzem um uivo de dor. O Autobot tomado cai deixando as armas caírem, Hound e Bee se aproximavam com cautela enquanto, finalmente, Crosshairs retornava.
- QUEM TIROU MINHA PERNA? ISSO É DESUMANO.
Bee alfineta.
- Você não é humano, maluco.
- Ah é. Estou tanto tempo com eles, que esqueci. Vamos até morrer juntos.
Depois da piada e da volta de Crosshairs, Override não se mantém por muito tempo de pé. Cade diz, ao fim do barulho da queda.
- Bee, vai atrás de Shane e da Tessa, devem estar nos fundos.
- Deixa comigo. - Diz o amarelo.
Cade segue.
- Tinham coisas brilhantes dentro da perna do Crosshairs e também na cabeça de Override. Os Autobots que foram atingidos por algum tipo de arma deles, estão sendo controlado pelos seus Criadores.
Drift esfrega o rosto de puro metal brilhante.
- É a pior coisa que poderia acontecer. Uma aliança entre os Criadores e os Decepticons. Eles vão acabar conosco.
- Não vão, não!
Uma voz grossa e firme surge da entrada do galpão. Crosshairs e Drift disseram juntos o nome do Autobot que ali aparecia, que Yeager não se lembrava. Mas depois lembrou.
- RATCHET?
O Autobot se mantinha mais que vivo, mudava sua cor principal para branco, sua cabeça não estava derretida como Cade tinha visto, não faltavam pedaços dele. No chão, as marcas de uma espécie de arca que ele puxava pelo solo, de tamanho extra grande. O médico Autobot apenas esboçou um sorriso metálico. Tinha chego no momento certo, Crosshairs gemia sem a perna, Cade não tinha certeza se poderia salvar Override e na falta de Prime e imaturidade de Bee, Ratchet era o líder que faltava. Como ele tinha voltado da morte, saberiam depois, isso não era o mais importante.


Bee voltara com Tessa e Shane, o Autobot eufórico pulou em Ratchet, quase esmagando Cade, abaixo. Ratchet perguntou para Bee como havia se comportado, pelo que havia passado. Fora respondido com uma canção.
- Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!
Enquanto Cade, a filha e o genro comiam alguns sanduíches de pasta de amendoim que já começavam a ter um cheiro estranho, os Autobots permaneciam numa roda dentro do galpão. Override, mesmo que ainda zonza e com a centelha acelerada, se mantinha bem. Ratchet havia retirado os pequenos pontos brilhantes dela, devolvido a perna para Crosshairs, e a sanidade para a Autobot.
- Obrigada, Ratchet. É um prazer vê-lo.
Disse Override. Ratchet agradece e depois ouve a pergunta de Cade.
- O que tem na grande caixa?
Apontava para o que Ratchet tinha levado, arrastado por quilômetros. Ratchet responde.
- Ali está minha renascença. Ali dentro estão as Ferramentas de Ener.
Os Autobots ficam alvoroçados, Drift até se levanta.
- Do que está falando, Ratchet? Isso é apenas um lenda. A nossa história.
- A nossa história real. - Diz Ratchet. - Todos vocês conhecem.
- Eu não. - Diz Cade Yeager, abraçado com a loira, a filha, que para ele ainda parecia apenas uma menina. Ratchet conta.
- Essa história de termos, "Criadores", não é nova, só não acreditávamos que era verdade. Já a história que vou lhe contar, Prime sempre sonhou que aconteceria. Os Criadores criaram os
Primeiros, e não foram os bárbaros, os Dinobots. Em Cybertron, Ener e Gon, um casal de Transformers que tinha como missão, criar e desenvolver um planeta ainda no estado bruto. Ener possuía as ferramentas, Gon mantinha a força e a energia, a alma.
Tessa corta as palavras.
- Por isso, o que parece ser o coração de vocês, é nomeado de Energon?
- Exato, nossa energia, nossa vida. A junção dos nomes dos Primeiros. Gon se tornou insaciável com o poder dado pelos Criadores a ele, enquanto Ener se mantinha incorruptível. Então Ener escondeu as ferramentas, quando Gon deu a entender que poderia roubar os instrumentos dela, e assim, se tornar mais forte. Desde então, a caixa com as ferramentas nunca tinha sido encontrada, e assim, se tornado mais uma lenda do que real. Agora, sabemos que não é uma lenda, a explosão de Cybertron a retirou de sua cela.
Crosshairs comenta.
- História interessante. Mas ainda não entendi como isso pode nos ajudar.
- Precisamos unir todos, principalmente Optimus. Precisamos encontrá-lo, conseguir uma comunicação. Só um Prime pode decifrar o poder que a caixa tem, ela me fez ressurgir de fiapos de metal, do nada, unir um corpo a uma cabeça arrancada e me tornar mais forte. E só ele pode abri-la e só ele deve saber como usar. Somente Prime deve saber o que tem dentro dessa caixa. Também chamei pessoas que estiveram do nosso lado em outras guerras. Você verá o Sam de novo, Bee.
- O garoto? Eu não acredito.
Bee se levantou e começou a dar socos no ar, como se aquecesse os motores para a chegada de um velho amigo. Cade fala para Ratchet.
- Pelo que entendi, é um material importante. Mas... Pensei que fosse nos ajudar de forma mais direta. Não tenho certeza que conseguiremos contato com Optimus Prime.
Override fala antes de Ratchet.
- Não importa, homem, o quanto essas ferramentas sejam poderosas. Sem Prime, não temos nada.
Shane fala, finalmente. Na situação do mundo, até o falador estava sem palavras.
- Então, continuaremos sem nada.
Tinha sido a frase mais impactante para todos os presentes. Nada que abalasse por muito tempo, a felicidade de Bumblebee.

Capítulo V - Chuva de Metal


Todos sentiam os primeiros raios calorosos e amarelos enquanto sombras surgiam num horizonte próximo. O barulho das bombas estavam mais próximos. Bee se manteve como um Camaro veloz, para chegar mais rápido até o velho amigo, enquanto os gritos de Sam chamando o nome dele ecoavam pelo local sem edificações. Cade fala com Jolt, que se encontrava fora do galpão no momento da confusão com Crosshairs. Jolt rodeava pela área, ter Decepticons por perto, no número e poder que tinham, seria a morte. Todos foram devidamente apresentados. O ex-agente Simmons se aproxima de Cade.
- Sr. Cade, o senhor foi de grande ajuda na batalha da China. Pelo que tive conhecimento.
- Ajudei em uma batalha, mas vocês ajudaram durante toda a guerra.
Apertaram as mãos.
- Isso é uma verdade. - Disse Dutch. O pequeno Brains, com seus cabelos azuis saindo fumaça, foi logo se engraçando para a velha companheira. Mikaela.
- "Mikalinda", - disse o pequeno Autobot. - senti saudades.
Mikaela respondeu.
- Não posso dizer o mesmo. - Ele olhou para cima, para o rosto dela, abismado. - A fumaça que sai de sua cabeça sempre impregnava meus cabelos. - A morena pausou por um segundo, e depois riu e abraçou o pequeno que só faltou chorar, se possível. Bee pergunta para o amigo Sam, quem era o intruso pequeno, embrulhado em um pano nos braços de Carly e dormindo um sono que poucos em um mundo devastado tinham a sorte de ter. Sam responde.
- É meu filho, Bee. Pode ser considerado seu irmão.
Bee revira os olhos. E leva uma bronca de Samuel.
- Sem implicar com meu filho, você já está bem grandinho pra ter ciúmes.
Bee soltou uma música e fingiu não ouvir. Todos se unem novamente no interior do galpão com uma porcentagem destruída. O pó do solo subia e causava gosto na boca e solidez na saliva. Simmons fala.
- Sam, isso é especialmente pra você.
- O que é?
Pergunta Samuel. Seymour Simmons pausa seus dizeres. Mas segue.
- Dutch ainda administra algumas comunicações confidenciais. Algumas redes internas que os militares mantêm mesmo com a queda e praticamente a extinção completa dos meios de comunicação.
E... Encontramos... Na verdade, tivemos notícias de Lennox.
Sam paralisou com o assunto fora de pauta, levado à tona por Simmons. O ex-agente seguiu falando.
- O status dele no sistema dos militares é nomeado como K.I.A.
- E... O que isso quer dizer? - Perguntou Sam. Cade sabia o significado. Tanto que disse.
- “Morto em ação”.
Todos ficaram atônitos. Sam, Carly e Mikaela foram os mais atingidos por uma emoção avassaladora. Todos os citados conheciam a bravura do homem que fora um dos primeiros humanos a enfrentar os Decepticons. E nunca tinha fugido da luta, como militar, um dos comandantes da extinta N.E.S.T, e principalmente, como um cidadão protetor do mundo. Um patriota acima de tudo. Simmons continuou falando.
- Também lemos alguns documentos secretos sobre o assunto. Homens que estavam em aviões e helicópteros próximos, viram o Major ser chutado violentamente por um... "ser", foi assim que eles nomearam a criatura que golpeou Lennox, e, não como um Transformer. Indicaram que o indivíduo não continha metal no corpo, o tal do Transfórmio, o que me deixa intrigado. O corpo de Lennox não foi retirado do campo de batalha e nem encontrado no dia seguinte, nas buscas aéreas, mas foi considerado morto em combate.
Dutch segue, enquanto os Autobots também estavam tristes com a notícia.
- O maior exército do planeta está sendo dizimado. Os russos estão virando pó e a Europa está tomada.
Shane discute sua opinião.
- Não temos salvação. Estamos perdidos.
Cade responde.
- Obrigado, Shane, por deixar minha Tessa mais tranquila.
Sam tentava se recuperar, trocando de assunto. Lennox era um bom amigo.
- Gostei da cor, Ratchet. Mas e essa mala Grande, o que é? - Apontava para os fundos do galpão.
- Isso pode ser uma arma para nós, somente ainda não sei como.
Jolt discute o plano que precisavam seguir. Iriam para o Centro de Nova Jersey, um local ainda menos destruído e um "lar" para algumas poucas tropas militares. O ponto de encontro com outros Autobots da resistência. Ratchet, no comando, concordava. Se os Decepticons e o "Ser" informado pelos militares, que provavelmente era um dos Criadores, encontrassem a equipe de Ratchet, estariam mortos. Jolt e Ratchet, Hound, Drift e Crosshairs novo em folha. Override se recuperando e um Bumblebee atento. Humanos para defender e o pequeno Brains, que não ajudaria em nada em uma batalha.
Se os maus viessem, seria ruim.


Galvatron estava furioso, estapeava os grandes e pisoteava os Decepticons pequenos, haviam milhares de outros para agir, alguns esmagados não fariam falta.
- Vocês são um bando de imbecis. Me expliquem como perdemos o sinal de infecção dos Autobots. EU TENHO QUE CONTROLÁ-LOS.
Ninguém respondeu. Outro Decepticon se aproxima.
- Lorde Galvatron.
- Diga, idiota.
O Decepticon, continua.
- Tivemos baixas de Decepticons no Centro da cidade. O problema...
Galvatron soca o rosto do comandado, que cai ao chão e é pisado pelo líder.
- Pronuncie-se, Backcom. Dependendo do que me dirá, o futuro de sua centelha está embaixo dos meus pés.
- Lorde Galvatron, uma caixa caiu do céu... Bem... Bem encima de Ratchet.
- Dos restos daquele verme, você quer dizer.
Disse Galvatron, seu comandado segue.
- Não meu senhor. Ratchet simplesmente saiu andando logo após, matando todos os Decepticons que passavam perto dele, carregando a caixa com símbolos cybertronianos.
- O quê? - Mencionou Galvatron, desentendido.
- Alguns Decepticons que se esconderam, ouviram Ratchet dizer que estava invencível, pois tinha as Ferramentas de Ener em seu poder.
Galvatron ficou calado, assustado. A voz que surgiu atrás dele fez todos se virarem e se ajoelharem na presença do mesmo, até Galvatron se ajoelhou ao chão.
- O que disse Backcom? – Perguntou o ser de tremendo poder.
O Decepticon ainda olhou para Galvatron antes de responder.
- Nosso Criador... Eu disse que Ratchet tem em seu poder as Ferramentas de Ener. Mas eu nem sei o que é.
O ser encerra dando as ordens.
- Saberá agora. Ele está com o que pode ser um problema para nós, e a morte de vocês, Decepticons. Galvatron, a missão é sua vida. Encontrem os Autobots resistentes e Ratchet, destruam a Caixa.
Ou eu destruo você.
Galvatron se levanta.
- Decepticons, atrás da Caixa. Ratchet deve estar com os outros Autobots vivos. Achem eles.
E todos partiram na missão de caçada.


O comboio partia como veículos, Drift no seu modo aéreo, um helicóptero que patrulhava e mantinha as informações do alto. Ratchet e os outros já não tinham mais formas para se comunicarem com
Optimus, todos já tinham tentado, todos já tinham falhado. A entrada de Nova Jersey parecia uma Síria atacada. Uma cidade fantasma com restos de prédios por todos os lados. Os edifícios mais altos caíam por cima e tombavam sobre os outros, enquanto uma poluição negra de fumaça de incêndio e poeira de bombardeios sufocava o ar. Todos assumiram o modo de combate, Autobots atentos e armados, Drift partia dentre os últimos andares dos prédios que haviam resistido. Sam tenta entender toda a situação, com Ratchet.
- Você, tem alguma ideia do motivo por Prime ter nos abandonado?
Ratchet responde.
- Ele não sabe o que acontece, enviou sua última mensagem antes de se refugiar em alguma estrela distante o suficiente de tudo, de todos. Prime jamais deixaria o povo da Terra desamparado.
Mas... O que viu, mexeu muito com ele. Só não sei o que foi.
- E esses "Criadores", pensei que estivessem do nosso lado, do lado da boa criação.
- Talvez não seja tão simples assim.
Um grito vinha do alto.
- DECEPTICONS.
Todos se alvoroçaram. Que diga, Simmons.
- O QUE, DECEPTICONS? ESTOU VELHO DEMAIS PARA LUTAR, JOVEM DEMAIS PARA MORRER.
É pego pela gola do terno por Cade.
- É melhor se controlar velhote, não disse que era agente? Um homem treinado?
- É... É... Bem, é... Quer dizer, sou. Mas faz muito tempo.
Sam dá as coordenadas.
- Bee, entra em algum prédio, proteja todos.
Crosshairs se intromete.
- Não, deixa o Bee conosco, ele é meio descontrolado e desastrado, mas mata Decepticons como ninguém.
Ratchet põe fim ao impasse.
- Crosshairs tem razão, Override, entre no prédio azul à esquerda e proteja os humanos.
Override contraria a decisão.
- Eu estou bem, posso lutar com vocês.
Simmons perde a paciência.
- SERÁ QUE VOCÊS, - ele abaixa o tom depois que Cade Yeager o olhou bem seriamente. - não compreenderam a mensagem que há Decepticons vindo. Dá pra liberar alguém para nossa segurança. E logo.
Ratchet dá a ordem direta para Override, que esmigalha toda a fachada do prédio indicado, diz para que os humanos entrem, - sendo que Simmons havia sido o primeiro, em disparada. - e Override se mantém na entrada. O corpo dela protegia seus protegidos de destroços e ela podia auxiliar no combate. Ratchet dá as últimas instruções, Drift estremece o chão ao pular de um prédio até embaixo, já com as espadas em punho. Ele se comunica exclusivamente com Ratchet.
- Ratchet, estamos encurralados, estão vindo das quatro ruas que cortam nossa posição. São doze ou mais.
Jolt avisa.
- Decepticons, na retaguarda.
Eram exatamente doze, como Drift tinha contado. Além de alguns pequenos. Um deles se aproxima.
- Olá a todos. Meu nome é Backcom. Trago um recado de Lorde Galvatron.
- Manda, mocinha. - Disse Bumblebee. O Decepticon fala.
- Na verdade é mais um ato do que um texto, lembrem-se disso quando sentirem seus pedaços sendo arrancados. - O inimigo olhou para a retaguarda da equipe Autobot. No meio da rua, protegida por uma roda de Autobots, e pelos canhões de Override, a grande Caixa. Ele continuou. - Mas tudo pode ser evitado, se entregarem, a Caixa.
Drift olha para ambos os lados e não vê saída. Fala para o Decepticon.
- E qual o interesse na Caixa?
- Para ser sincero, não tenho ideia do que essas "Ferramentas de alguém" podem fazer, mas se ressuscitaram um robô despedaçado e enferrujado, devem ser poderosas.
Ratchet dá a sentença.
- Então, terá que nos matar, para conseguir a Caixa.
Crosshairs discorda.
- Será que não dá para negociar, Ratchet?
Bee quase mata Crosshairs antes de atacar a tropa Decepticon. Todos estavam em suas posições. Backcom tinha dito que seria um prazer matá-los. Ratchet olha para o céu, mas não procura refúgio, ou carinho divino. Vê um ponto brilhante de esperança. Backcom, diz.
- Decepticons. Ataquem.
Ratchet foi rápido nos dizeres.
- Seja bem-vindo, meu amigo.
Do lado de dentro, metal cortando metal fora ouvido por Sam e os outros. Explosões e rugidos. Mas do lado de fora, os Autobots estavam parados, vendo a espada do grande vermelho e azul cortando Decepticons tão ágil como um Autobot jovem. A espada flamejante e a cabeça de Backcom estavam nas mãos dele, que ilustrava como seria fácil matar os outros. Todos os Decepticons, lentamente, recuavam. Recuavam na presença de Optimus Prime.

Capítulo VI - Os feridos


O que mais o incomodava era a vermelhidão nas costas. Uma queimadura de primeiro grau, depois que conseguiu fugir da morte - pela terceira vez. - no centro da cidade.
Seu nome é Glen William. O enfermeiro que não sabia mais o que fazer. Pais morando na Bélgica, sem notícias, uma ex-namorada no Alaska e um cachorro desaparecido. O que possuía? Somente seus conhecimentos para ajudar. Não conseguia ser crente, acreditar numa retomada histórica. Todos diziam que os tais Autobots estavam juntos com os Decepticons. O bom mesmo era quando o mundo apenas cogitava a ideia de que existia vida fora da Terra. Pois quando as ideias e especulações se tornaram certeza, tudo deixou de ser, assim, tão interessante. O telefone toca, e as costas incomodavam muito.
- Sim.
- Oi, Glen. Sou eu, Cassy. Como você está?
Cassy era uma amiga. Uma colega de trabalho quando o hospital da região ainda estava de pé. Uma aliada nas campanhas de ajuda aos feridos quando o mundo ruiu.
- Estou bem, fala logo antes que a ligação caia, não sei como você ainda consegue ligar. Eu nunca consigo.
- Estou indo pra sua casa, preciso te mostrar uma coisa.
- Não, Cassy, é muito perigoso... CASSY?
Ou a ligação havia caído ou ela não queria perder tempo pedindo permissão. Ela era assim, impulsiva e decidida. Glen foi ao espelho olhar, por mais uma vez, as costas. A vermelhidão piorava e deixava de aparentar uma simples queimadura. Pegou vários sacos de gelo - já derretendo, caminhavam para o segundo dia sem luz em toda a cidade. - e os descansou entre as costas e o sofá. Glen queria se enganar que o alívio havia chego com aquilo. Mentira. Arremessou os sacos de gelo pra longe dois minutos depois. Quando Cassy chegou, ela puxava da perna direita e entrou rapidamente.
- Você é muito teimosa, Meu Deus.
- Precisamos descobrir o que está acontecendo comigo.
- Como assim?
Ela retirou a calça cinza que vestia. Impossível que seus olhos não saltassem para as coxas da loira e o pequeno short roxo que ela vestia por baixo. Qualquer visão prazerosa fora extirpada.
Na sua coxa esquerda, uma grande área vermelha, se mantinha, como as costas de Glen. Mas havia uma diferença. Algo escuro surgia por baixo da pele, mas ainda não havia perfurado a derme.
- Eu estou desesperada, Glen. - O choro chegou junto com as palavras. - Essa coisa cresce e arde cada vez mais, eu estou com febre e minha cabeça dói. O que é isso, Glen?
Antes de responder, levou sua mão ao próprio pescoço e sentiu-se quente, batendo os cem graus, em Fahreinheit, com toda certeza. Eles se sentaram, e ele foi até a cozinha, pegar algo para a amiga em prantos. Antes de abrir a geladeira se viu escondendo o rosto com as mãos. Lembrando-se do retorno do trabalho de auxílio aos feridos no centro, escoltados por uma equipe da Marinha.
Então surgiram Transformers de todos os lados, uma caçamba velha com restos de outro robô e aqueles pequenos malditos que soltam barulhos estranhos e metalizados e parecem sempre nervosos.
Soldados mortos, pessoas feridas, colocados em fila para a execução. Até que uma coisa veio rasgando o céu e o prédio ao lado, uma chuva de vidro vindo. Todos correram e conseguiram se salvar.
E quando o objeto caiu, tudo que Glen sentiu foi um empurrão nas costas, o poder da queda daquele artefato o lançando para longe. Ele caiu, sentiu as costas queimarem e correu na direção de Cassy, que apertava a coxa. Tudo que Glen podia pensar, foi o que se falou na TV antes que a mesma não existisse mais. "Os pedaços podem ser radioativos, não toquem nos objetos caídos."
- Estamos morrendo. - Disse para ele mesmo. - Droga, estamos morrendo pela radiação.
- GLEN!
Ele saiu da cozinha, chegou esbaforido na sala, onde Cassy segurava a perna estendida, com o pé tocando na mesa de centro. Explosões ao longe eram ouvidas lá fora, mas nada que retirasse a atenção dos dois. O negro que se encontrava abaixo da pele branca, saiu. Nada gosmento, pele morta, nada disso. Para entender, Cassy pegou uma moeda encima daquela mesma mesa de centro e bateu contra um ovo cinzento escuro que saia de sua coxa, e continuava grudado a sua carne. O barulho foi estridente. Ela tocou, com dedos leves e lentos. Glen também, com certo receio.
- Glen...
- Oi.
Palavras soltas, como se estivessem embriagados.
- Me diz que isso que sai de mim, não é... Isso é metal?
Glen não respondeu. Apenas se ergueu com certa velocidade e arrancou a camisa do corpo. De frente para o espelho no seu quarto, as costas seguiam vermelhas, como uma queimadura de primeiro grau.
Mas também não se tratava de uma contaminação por radiação. Os mesmos metais brilhantes e cinzas surgiam de vários locais, quase que uma parte de um exoesqueleto protegendo suas costas, como um quebra-cabeça montado de dentro pra fora.
- Que diabos é isso?


Hospital Militar de Campanha
Deserto de Amargosa - Oeste de Nevada
Última sobrevivência armada das três forças.


O que chegou primeiro, na sua mente mergulhada num escuro fluído e sufocante, foi a foto da família. A que ficava acima da TV da sala. Ele, a esposa, e aquele que sempre seria seu bebê. O grito baixo, depois, não foi dele, sabia disso. Porém, só entendeu quando abriu os olhos.
- Seria ótimo se mantivesse meus dedos intactos.
Uma bonita médica de jaleco amarelado - ou enfermeira, como ele podia saber? - de cabelos avermelhados e um curativo na testa, junto a sobrancelha do lado esquerdo que quase escondeu a visão de seu olho.
- Me desculpe, não sabia que apertava sua mão.
- Ergueu a mão com os olhos fechados, pensei que precisasse de um afago. Então lhe dei a minha mão... bom, sem saber que você quase quebraria meus dedos.
Ele não viu seu sorriso, não era sua prioridade.
- Onde estou?
Sabia que numa base militar, escutava os Humvees acelerando e helicópteros passando acima daquela barraca verde.
- Se encontra em um hospital de campanha no deserto de Amargosa, Sr. Lennox.
Vivo. Isso que ele queria saber. Não tinha espelho no local, pensou em muitas coisas. Alucinações, sonhos antes de chegar ao céu. Voltar no corpo de outro alguém, como ele poderia saber? Mas seguia sendo Lennox, com o corpo triturado, podia sentir, com um gosto amargo na boca como se tivesse bebido da água do rio que passava perto daquele deserto.
- Ainda estou tentando entender como estou vivo. É... a senhora é médica?
- Sou sim.
- Então... Me explique, doutora, por favor. Ainda é um pouco difícil de acreditar.
- Você recebeu uma pancada daquelas. Teve uma concussão, cinco costelas quebradas, o nariz fora de lugar e uma perna inchada. Fora isso, está tudo bem. Foi encontrado pela sua equipe, que retornou pra ver se te encontravam. E bingo. - Ela não estava nada bem. - Tens uma equipe e tanto, major. Te acharam.
Sua voz embriagada tinha algo estranho, suas mãos tremiam de modo irregular, um suor anormal. Mulher de olhar misterioso e isento, de tudo, de nada.
- Eu diria que a senhora não se encontra sóbria.
Foi o único momento que seu sorriso se apagou.
- Se visse o que vi no hospital que trabalhava, passasse quinze horas soterrada, depois que o mesmo foi bombardeado pelos Transformers e ajudasse nesse hospital... Provavelmente o senhor também não gostaria de se manter sóbrio, major. - O silêncio o fez imaginar as imagens. - Ah, sua família está aqui.
A doutora disse de forma tão rápida que ele demorou a entender. A lentidão de processamento deveria ser por causa dos medicamentos, e fortes, pois ele sentia poucas dores. Mulher e filha entraram quando seu choro contido também surgiu. Logo depois, os homens de sua equipe, aqueles que voltaram em suas aves voadoras para resgatá-lo. Lennox puxou o pescoço de cada um, para que suas testas encostassem. Tinha visto sua filha de novo por causa deles. Seus braços, nucas e rostos ainda pretos de fuligem, fedendo a suor e a pólvora. O cheiro de soldado.
- Me digam homens, por que estamos no deserto? Está tão ruim assim?
- Senhor, não prefere curtir sua família? Estamos cuidando de tudo.
A esposa de Lennox riu.
- Acreditem, é assim que ele cuida de nós, se afundando no trabalho.
- Andem, me digam.
Eles se entreolharam.
- Bom... As cidades estão acabando. A cada hora uma cai. Estamos no deserto pois temos uma penca de navios com seus canhões apontados pra cá, senhor. Temos uma base montada ao sul e outra ao norte e mais um hospital como esse. Se algo se mover rápido demais, a marinha abre fogo. Só... - bufou, exausto. Mente e corpo. - só não sabemos até quando teremos essa cobertura, major. - Lennox repousou a cabeça no travesseiro. - Mas, o senhor ganhou dias de folga, estamos com energia e força total, senhor. Não precisa se preocupar.
Um soldado, um garoto, que fez Lennox lembrar da primeira vez que viu o jovem Sam, entrou cortando a entrada da cabana. Esbarrando no primeiro homem fortemente armado, da equipe do major.
- Me desculpem, me perdoem...
- Calma, recruta. - Disse um dos soldados de Lennox. - respira e fala, calmamente.
- Optimus voltou!
Falou e deu uma risada. Lennox sentiu dor, como uma injeção fazendo-o sentir a vida através do estímulo que o fez cerrar os punhos e erguer o corpo da maca.
- Como é?
- É isso, OPTIMUS VOLTOU!
Gritou o rapaz, repreendido por uma enfermeira que cuidava de outros dois homens feridos e dormindo logo no fundo da barraca. Lennox pensou pouco, agiu rápido. Levantando da maca e pedindo roupas e equipamento. Foi chamado de maluco pela maioria de sua equipe e sua esposa surgiu do nada, na sua frente.
- Por favor, o que está fazendo? Está todo quebrado, suas costelas quase perfuraram seus pulmões, a doutora me contou.
- Não acredita no que ela fala, está chapada.
- Lennox...
Ele apenas passou a mão no rosto daquela mulher que já chorava, e sabia, que nada dito o faria voltar para aquela maca.
- ... Vê se não quebra mais nada.
- Sim, senhora. - A beijou, com lábios mornos e ágeis. - Vamos, temos um trabalho pela frente, e um aliado pra encontrar.


Prime juntou todos no maior prédio que viu, em um onde o hall de entrada coube cada um deles, até as dúvidas sumirem, para que pudessem sair dali. E Disse Ratchet.
- E é isso, meu amigo. Os Criadores estão aqui, para exterminar tudo e todos.
E Prime disse, sua força interior não vista, se encontrava cada vez mais invisível.
- Precisamos contra-atacar e pelo que sei, temos uma coisa que pode nos ajudar.
Escutar a voz de Prime afagava cada alma presente. Mesmo que sua voz estivesse tão estranha. Cade foi o primeiro a perceber, e a questionar.
- Vamos lá, Optimus. Não consigo acreditar numa retomada, se nem você acredita.
- Cade, me escondi durante os dias mais terríveis, muitos morreram. Desconectei toda a minha comunicação por vergonha. E quando a religuei, recebi todas as transmissões. Os pedidos de socorro.
Não estou pessimista, só estou com... ódio. Talvez.
Simmons repassou o desejo do grupo.
- E todos estamos com você, Optimus. Mas se puder abrir logo essa Caixa das Ferramentas de Enéias...
- Ener, senhor. - Corrigiu Dutch.
- Isso, as ferramentas desse aí. Precisamos saber se ainda temos chance, Prime.
Optimus Prime olhou para cada um. Sem a confiança no olhar azulado em neon.
- Tudo bem. Vamos ver no que ela pode nos ajudar.
Prime tombou a grande caixa e respirou fundo, antes de pressionar a caixa com suas duas mãos e uma luz branca, forte e brilhante, cortar seus dedos e inundar o local. Seus gigantescos encaixes cederam, ruíram. Reclamaram a abertura. A caixa da esperança estava aberta.

Capítulo VII - Os últimos



O clima se encontrava estranho. Como em toda manhã, bebeu de um copo, onde dentro se encontravam cinco claras de ovos. Gemas no lixo. Instantâneo. O líquido mal passou da garganta e jorrou na pia. Nada descia, uma impressão de magreza rápida e falta de ar. Desidratação? Talvez. Mas o motivo não era encontrado na mente. O forte negro, que chamava a atenção de algumas mulheres pelo corpo, rosto bonito e olhos verdes, não tinha um mundo aos seus pés. Eram só restos de um planeta. Mas já podiam estar acostumados. As diferenças entre um mundo doente e um mundo moribundo não são muitas. Há quantas décadas este mundo estava doente? Sendo desenganado e esquecido pelos "médicos"? Respirando poeira, vendo sua pele atmosférica rachada, seu corpo aquecendo, e levou pancadas atômicas e homens tiraram dela todos os seus nutrientes. E ainda reclamavam quando ela se movia, causando tremores. Droga, ela só queria avisar que se encontrava cansada. Os humanos se tornaram verminoses nocivas, em vez de habitarem com parcimônia. E então, todos viram o planeta ser tomado. Bem diferente do que todos esperavam, como o fim do planeta pelo fogo; pela água; asteroides; essas coisas; os Transformers chegaram como juízes e executores, onde essa grande baboseira de "Optimus Prime está do nosso lado." o irritava. Sherman não conseguia enxergar um bom final, tirando dele as opções. Passava mal, com dores internas e calores por horas, dando apenas alguns minutos de descanso, agradecendo aos céus quando a dor cessava. Os hospitais serviam para feridos de uma guerra sem trégua, um mal estar destes não seria visto. Queria remédios que não tinha, isso poderia ajudar Sherman. Aos quinze anos os remédios tratavam de uma problemática complexa dentro dele. Só queria alguns remédios para dor, ele não iria extrapolar. Um ou dois, só. Ele prometia. Pra quem já havia ingerido vinte e três comprimidos de um medicamento (Pro que ele servia mesmo?) e tido paralisia nos rins, somente dois seria como mastigar balinhas de framboesa. Sem malefícios. Deitou-se, na burra busca por alívio. Os olhos fechados viram imagens distorcidas onde metais se enfrentavam, mas não era ali, na Terra. O estranho foi que ele fechou os olhos no Sol ardente, deitado no seu sofá, por cinco minutos. E quando abriu os olhos a escuridão da noite profunda se encontrava num mundo sem energia. Sorriu, por estranheza. Pelo alívio que buscava. A dor se foi, mas outra coisa ele ganhou. Olhos esbugalhados viram metais saindo de sua pele, do braço direito. Sentia a movimentação interna.
- O que é isso, meu Deus?
Do ombro aos dedos, uma camada metálica surgiu. Fechava a mão, sentindo a pele repuxar, como elásticos formando um duro ciclo nervoso. De algumas partes, linhas pintadas em verde grama surgiam. Um metal brotando, partes pintadas numa clara e resistente tinta. E tudo que ele pensava era no motivo de ter ido ao centro, auxiliar na doação de alimentos e medicamentos aos feridos, nas áreas de resistência. Se ele não tivesse ido, se não tivesse ficado perto da área onde caiu aquela peça gigante de só Deus sabe o quê, Sherman não estaria com dores pelo corpo, febre, e provavelmente, sem aquele treco grudado a própria carne e com quase toda a certeza, o levaria até o abismo incerto da morte. Ele riu, sentado e sozinho, com ódio de si. Naquele dia, poderia ter ficado em casa.


Reza Slimamudi. Um cara de muitas histórias e poucas palavras. No momento, preocupava-se mesmo com Selena, a pessoa que o ensinou a ter esperança. Reza fugiu da Arábia Saudita dois dias antes da queda absoluta das forças do governo. As energias do EI foram mais incisivas e a estratégia de atacante, melhores orquestradas pelo grupo terrorista. Perdera nove parentes, incontáveis amigos e vizinhos. Ruas invadidas e surradas como as da Síria, no auge daquela guerra civil infame. Os sauditas passaram de espectadores para vítimas, quando suas fronteiras caíram como uma casa de cartas. Riade se tornara um grande cemitério de prédios caídos e pessoas tombadas. A União Europeia e os EUA preparavam uma ajuda armada, quando os pedaços começaram a cair do céu e o nome dos Transformers voltaram a mídia. Reza já havia desembarcado em território americano quando isso aconteceu. Uma semana antes, para ser mais preciso. Tão rápido e tão devagar. A fuga fora fácil. Já havia estudado na Flórida, quando jovem, e viajado outras vezes para as cidades americanas. Um visto não seria problema, mesmo que as autoridades estivessem em cólicas sobre algum terrorista vir no mesmo avião que alguns refugiados. A população não podia ver ninguém de barba, fazendo suas orações, ou algum nome que levasse a mente do ouvinte ao Oriente Médio. Duas noites dormindo nas ruas. Essas passaram devagar. Dez minutos dormindo, três horas em vigília. Haviam relatos de mortes nas ruas, árabes de todas as idades sendo espancados por "patriotas" que deixaram a humanidade e a real bandeira americana para trás, abaixo dos seus pés sujos de sangue inocente. Então, conheceu Selena. Uma bonita ruiva de rosto jovem - uns oito anos menos. - que perambulava cheia de vida pela rua lotada com dois copos de café na plataforma de papelão e um saquinho com algo salgado que cheirava bem. Não comia por trinta horas, Reza poderia sentir o cheiro bom metros atrás. Porém, ele não pediu. Duas horas antes ele havia apenas estendido as mãos para um homem de terno e celular pressionado entre a orelha e o ombro, ele contava algumas moedas, e tudo que recebeu fora um chute nas costelas esquerdas. Ele não pediu. Mas não precisava. Selena o olhou e pareceu ler o que seus olhos pediam sem voz. Quando a jovem mulher se abaixou, apoiando-se nos calcanhares, o homem de rosto sujo pela poeira fétida daquela grande cidade, quase entrou em uma parede maciça de concreto. Tudo que ela fez, fora acalmar os próprios braços e seus movimentos. Ela queria ajudar. "Fala minha língua?"
Essa foi a primeira pergunta dela. E era bom, pois ele sabia responder. No primeiro dia, poucas palavras. Nomes trocados, idades ditas e um adeus, Selena iria ao trabalho e não levaria o desjejum dela e da amiga. Deixara tudo com ele. No outro dia ela chegou com três copos e um saquinho mais, - com deliciosos pães recheados com linguiça e queijo. - para presentear o novo amigo. Trocaram mais palavras e só decidiu não se apaixonar pelo sorriso dela pois na mão direita, Selena levava uma aliança de ouro. Reza começou a pedir, depois que Selena ia embora, por trabalho. Nos comércios e restaurantes perto da rua que chamou de casa. Algo que ele pudesse fazer para conseguir as outras refeições do resto do dia. Limpou carros por um dia e conseguira um jantar e um banho numa pequena lanchonete. No outro dia, Selena mantinha olhos vermelhos, dedo sem aliança e pouca conversa. Mas logo ela desabou e conversou com o mais novo amigo. Porém a ideia da paixão havia passado. Selena tinha se tornado uma boa amiga. No dia posterior ela melhorou seu humor. Não chorava mais e levou Reza para tomar outro banho, antes de pagar um almoço para o homem. O árabe também recebeu dinheiro, - mesmo que ele quase fugisse correndo para não aceitar. - para comprar seu jantar. E em outro dia, ele não viu a amiga. Os humanos estavam pequenos. Caíam coisas do céu e tudo que ele conseguira pensar, era que o El tinha novas armas e atacava o povo americano. Como atirar pedras pequenas numa casa de formigas. As formigas eram os humanos, pisoteados como vermes. Viu muitas mortes, correria, explosões e perguntou-se o motivo de ver tanto terror. Fugir, e ver ainda mais.
Numa dessas corridas pela vida, esbarrou em Selena, que riu, chorou, abraçou e o puxou. Reza aparentava ser o amigo mais próximo. Talvez, literalmente sim. Correram de mãos dadas pelas ruas onde máquinas matadoras e pedaços reluzentes seguiam aniquilando muitos. Dias se passaram e viveram pelas sombras. Apartamentos abandonados, lojas vazias, ruas sem energia. Dormiram abraçados como a segurança restante um do outro e ele não sentia mais vergonha. O cheiro de ambos era igual. O cheiro da boca também, na pele dos braços. Mas dela, Reza sentia pena, pois a jovem mulher não merecia. Aquele homem de terno sim, e outros, sujos e largados como Reza já esteve. Talvez, mortos. Mas Selena não merecia, ela, devia estar cheirosa e bem vestida como sempre, com um copo de café fumegante nas mãos de unhas perfeitas. Se viram amigos para toda hora, e, quando foram auxiliar alguns médicos e soldados numa zona de confronto, perto de onde tinham se escondido na noite anterior, algo gigante caiu do céu. Uma explosão de energia, não de chamas, ele sentiu. Foi jogado contra uma pilastra dois metros do ponto inicial e levou a mão ao peito quente, queimado pelo impacto. Selena havia sumido, na correria afoita dos sobreviventes. O que Reza podia fazer? Fugiu e se escondeu, perdendo-se de Selena, sua grande amiga. E Reza voltou a dormir pelas ruas escuras, tentando sobreviver aos Transformers e esbarrar em Selena por mais uma vez. Pois a guerra contra aqueles bichos metálicos estava perdida cada vez mais e se fosse para morrer, que fosse perto da última pessoa que tinha um certo carinho, e a única que havia sobrado. Pois tudo contradizia o hino de seu país, que pedia longa vida ao rei, à bandeira e ao país. Os países eram terras mortas, as bandeiras não tremulavam em lugar algum e a longa vida não pertencia mais a ninguém. Reza se encolheu no calor de sua febre e tentou dormir, com o som das bombas ao longe.


Esses eram os nomes de Ener e Gon. Os escolhidos dentre bilhões, - ou, depois das mortes, apenas milhões. - para auxiliar a resistência. É como se eles, os Iniciadores, o casal do início, sempre soubesse. Glen, Cassy, Sherman, Reza e Selena. Optimus já podia sentir a presença de cada um como um reforço para a vitória. Mas agora, Prime teria que convencer, um por um, que eles eram capazes disso. Pois com a abertura da Caixa, as Ferramentas encontravam-se nas mãos do líder. E todo o grupo liderado por Optimus, humanos e Autobots, partiram atrás da equipe que lutaria por todos e ainda não sabiam. Desconheciam a vital importância de suas próprias forças.

Capítulo VIII - A cavalaria


Todo o grupo seguia até a entrada sudoeste da cidade. Prime podia sentir. Crosshairs não sentia nada.
- Chefe, desculpe me intrometer...
- Crosshairs... - Prime disse o nome do amigo em modo de alerta.
- Mas eu nem disse nada ainda?
Essa era a preocupação. Override se mantinha do outro lado.
- Então diga, Cross.
- Bom... o negócio é o seguinte. Os humanos não vencem guerras nem quando são travadas entre eles. Esses caras não tem chance contra os Decepticons, ainda mais com os Criadores. E você quer me dizer que cinco pessoas salvarão o mundo?
Prime seguiu olhando tranquilamente para os prédios ao fundo do horizonte e sua aura de fumaça.
- Não Crosshairs. Quero dizer que essas cinco pessoas podem nos auxiliar muito, salvar o planeta é uma questão bem mais complexa.
Ratchet interrompe a conversa.
- Senhor, acabei de receber informações via rádio. O major Lennox está vivo. - O alvoroço foi grande, entres aqueles que conheciam o militar. Sam fora, de longe, o mais feliz com a notícia. - Enviei nossas coordenadas futuras para ele.
- Ótimo Ratchet, Lennox é um guerreiro valente e nos dará a ajuda necessária. - Optimus vira para todo o seu grande grupo, mais humanos do que aliados Autobots. Com as mãos na cintura, tudo que saia de sua boca metálica, jorrava um recheio de segurança no que seria feito. - Amigos, aliados. Todos aqui já passaram por muitas batalhas. Heróis de várias épocas. - Seu braço apontou ao noroeste. - Daquele lado, estará a segurança. Cade e Sam seguem conosco, os outros, serão guardados por Override.
Enquanto Cade Yeager e Sam se preparavam, todos os outros reclamavam, Override parecia não acreditar.
- Eu não sei o que está fazendo Prime, mas eu não vim para ser uma torre de segurança.
- Você veio para salvar os humanos, em qualquer missão.
- Sim, vim para lutar por eles. Não para me esconder numa cidade devastada. Escolha outro, Optimus, eu vou contra os Decepticons, ensinar aos Criadores o quanto eles estão errados e você não vai tirar isso de mim. Por maior preocupação que o abata.
Prime chamou o nome de Crosshairs, que aceitou na hora. Ratchet, Hound e Bee preparavam as armas. Drift recebeu a ordem de procurar sinais dos Dinobots, e assim o samurai azul saiu, em forma de helicóptero. A despedida foi o mais difícil, para ambos os grupos. Simmons tentou explicar o sentimento.
- Estou me sentindo um covarde. Mas no fundo... considero que muita gente pode atrapalhar.
Ratchet concorda.
- Esse é o pensamento, Sr. Simmons. Mulheres e um bebê. O senhor, Dutch e Shane devem proteger esse grupo, com o auxílio de Crosshairs.
Shane brincou com Crosshairs, perguntou se ele não piraria mais uma vez. Cade se despedia da filha, e Sam, da linda loira e do pequeno bebê. Prime seguia explicando suas motivações.
- Enfrentaremos uma guerra, humanos. Que pode ser a última, ou a primeira de uma nova era. Tudo depende de nós e dos novos aliados. Procuraremos por eles nessa cidade e vocês devem estar seguros. Podemos precisar de ajuda humana, e Cade e Sam estarão preparados. Estaremos de frente com os Criadores, os Quintessons. Precisaremos de toda a ajuda necessária, e que as distrações, estejam em segurança.
Os últimos abraços surgiram, mesmo que Sam não abraçasse Mikaela, - por motivos óbvios. - ele recebeu um voto de boa sorte.
E o grupo de combate e o protegido se distanciaram. Cade e Sam protegidos por uma cadeia de Autobots. Override atenta, levando a Caixa novamente fechada, porém, não mais lacrada. O sinal do primeiro estava forte para Prime. Eles o encontrariam logo. Seriam nesses resgates que Cade, Sam e Lennox ajudariam.


Todos os Decepticons evitavam olhar em seus olhos. Galvatron chegou e se curvou diante dos Quintessons.
- Meus líderes, estou aqui para servir.
- É claro, Galvatron. Nasceste para isso, nos servir.
O punho de metal de Galvatron serrou junto ao asfalto esmigalhado. Levantou-se. Galvatron falava com a face de Wisdom.
- Devemos sair dessa cidade, meu senhor. Está completamente destruída, os poucos sobreviventes serão aniquilados pelos pequenos. Temos um mundo maior do que essa cidade para destruir.
O rosto mudou, todo o corpo se modificou. Eram cinco em apenas um. Wisdom tinha um rosto duro, olhos cerrados, o mais velho. Tornou-se Wrath, aquele com menor paciência, de aparência mais assustadora. Os chifres e o rosto num vermelho escarlate, manteve Galvatron no seu devido lugar. Os Quintessons, todos em apenas um, levantou-se do seu trono - um prédio de três andares, caído. - e os pequenos em volta se alvoroçaram. Alguns Decepticons ao longe trucidavam os humanos que encontravam. Wrath foi incisivo no seu discurso.
- Sinto Optimus. Eles estão vindo. Aqui o matarei e farei dele adubo para a nova terra. Pois essas placas que caem, é o planeta puro, é Cybertron reiniciada. Quero esse planeta limpo para que nossos metais possam comer essa terra doente e que Cybertron tenha um novo lar.
- Sim, mestre, esse é o nosso desejo.
- Traga todas as tropas para cá, para essa cidade. Quero brincar um pouco com eles. Depois que Prime, Bee e os outros morrerem, tudo será fácil demais. Quero um pouco de graça.
E numa explosão biológica rápida, o corpo não se alterou, mas se dividiu. Wrath, War, Death, Wisdom e Judgement. Os cinco Criadores, os Quintessons prontos para criarem um novo mundo, adoecendo a terra com o metal caído.
- É claro meus senhores, como desejam.
Galvatron saiu para espalhar a notícia. Milhares de pequenos, centenas de Decepticons. Eles não tinham chance. Do seu voo alto, viu os Quintessons se unirem e sentarem no trono como um só, como War. Leve e vitorioso. E Galvatron sentiu ódio. Aquele trono de prédio, era para ser dele.


Lennox ainda fraco, Prime via isso. Mas aquele guerreiro sem armadura reluzente, apenas um colete suado e pesado, não ruía por pouca coisa. Mesmo que levar um chute de um Quintesson Criador e arrastar-se por quinze metros antes de bater numa parede não fosse necessariamente, "pouca coisa". Equipes de soldados chegaram com dois, Cade segurando uma pistola com outro. Aproveitaram a entrada de um grande hotel em ruínas para a reunião. Logo Sam chegou com o último, todos com os rostos tampados, tecidos pretos tirando a luz, a visão, e quem sabe a esperança. Lennox não sabia o que dizer, tocando no ombro de uma mulher que encolheu o corpo com medo do toque, e, de quem tocava. O major tentou tranquiliza-la. Ninguém parecia entender aquelas placas grudadas aos indivíduos, Prime sim. Ele ajoelhou-se, para melhorar o olhar dos humanos quando vissem um grande Transformer na frente deles. E disse Prime.
- Major, lhes devolva a visão.
Todos piscaram os olhos com dor. Os homens estavam sem as blusas, mulheres, somente de sutiã. O metal os cobria.
- Retire as algemas também, major.
- Tem certeza, Prime.
Optimus apenas ratificou, com o movimento de cabeça. Os olhos deles já se encontravam bem abertos. Tinham medo. Tinham raiva. Mas nenhuma palavra. Foram soltos e um deles, o árabe, tentou algo, mesmo que nem ele soubesse o quê. Correr, arrancar a arma de um soldado, enfim, atos deliberados de uma pessoa em fúria e em descontrole. Os soldados de Lennox cuidaram da situação. O homem gritava, mas foi contido.
- Por favor. - Pedia Prime. - Por favor, preciso que me escutem.
- O que é isso em nós? Por que nos pegaram?
Questionou uma mulher de cabelos avermelhados. Bee tenta colocar uma certa ordem, do seu jeito.
- Aí, cambada. Vamos ficar quietinhos. O líder está tentando explicar e ele fará, se as perguntas pararem e... se a mocinha parar de esbravejar.
Olhou para o árabe, que ainda se debatia nos braços de quatro soldados. Aos poucos, com segundos de respiração, os ânimos se acalmaram. Override deixou a Caixa aos pés de Prime e voltou para fora, a segurança, os olhos para um retirada rápida. Lennox e os soldados logo atrás, Cade e Sam abaixaram as armas. Uma fila de cinco pessoas separadas por uma grande Caixa, e logo depois, a figura de um Transformer. Um cara, cujos metais que saíam dele - principalmente das costas. - levavam finas linhas pintadas em vermelho, fora o primeiro a romper o brando silêncio.
- Se querem nos matar, - uma das mulheres olhava, sem interrupções, para a Caixa. - retirar esse... sei lá o que é isso que sai de nós. Se isso vai ajuda-los a acabar mais rápido com a Terra, então façam logo. Vamos morrer de qualquer jeito. - Encerrou abrindo os braços e sorrindo nas últimas palavras. - Só não compreendo como humanos, se posso chamá-los de humanos, ajudam no extermínio do próprio planeta.
Optimus fala.
- Somos Autobots, meu caro, os que sempre lutaram pela raça humana.
- Por favor. Todos sabemos quem são, sabemos seus nomes. Só trouxeram problemas, mortes. Não tem mais um planeta e agora querem o nosso, é simples.
- Quem dera se fosse. - Disse Lennox, atrás deles. E a mulher, que carregava as finas linhas pintadas em rosa nos metais que brotavam da carne e pele, e seguia olhando para a Caixa, disse, sem pensar muito.
- É a Caixa. - Apontou, poucos entenderam. Ela apontava e seus lábios tremiam, até que ela deu dois passos atrás e falou por mais três vezes que era a Caixa. Demorou até conseguir explicar. - A Caixa... a explosão. Que nos deu as queimaduras.
Todos deram um ou dois passos atrás. Um negro forte começou a falar.
- Isso é radioativo. Se querem salvar a vida de vocês e não se tornarem condenados como nós, sugiro que os humanos saíam.
Prime riu.
- Vocês sempre encontram a verdade que suas mentes criam, nunca tentam escutar quem conhece mais. Fiquem tranquilos, isso não é típico dos humanos, só consigo ver um espelho entre vocês e como já fomos. Éramos assim, cada um tinha a sua razão, e isso nos levou ao fim. - Prime se ergue, quase todos respiraram fundo. - O que vou explicar para vocês agora, é muito complexo, espero que prestem a digna atenção.
Optimus Prime abriu a Caixa. Dela, retirou dois instrumentos grandes, do tamanho da espada do líder. Um machado de dois gumes e um martelo. Um em cada mão, e abaixo, uma bolsa amarelada, com o interior apenas um pouco visível, dentro, um líquido endurecido escondia algo. Bee retirou a Caixa vazia, lançada num canto. Prime segue.
- Essas, são duas das Ferramentas de Ener, elas... construíram nosso mundo. Outras Caixas com outros itens foram destruídos com o tempo, ou, com a explosão de Cybertron, mas essa, a mais poderosa, resistiu. Na queda, ela escolheu os salvadores. - O grupo de cinco humanos se entreolharam. - Ener e Gon foram heróis, mesmo que o poder levasse a dupla a ruína, porém, sempre serão valentes ídolos. De alguma forma, tenho certeza que eles sabiam disso, tantos séculos atrás. Na queda, numa guerra travada pelos Decepticons, Ener e Gon, escolheram aqueles que nos ajudarão. - Apontou para eles com as Ferramentas. - Vocês.
Aquele de linhas vermelhas, bateu palmas. Puro deboche.
- Bela apresentação. Belíssima. Só... não entendi nada, para falar a verdade.
Prime respirou fundo e bateu com os cabos do machado e do martelo no chão do hotel, que rachou para note, sul, leste e oeste. Aquelas bolsas amareladas, se romperam como vidro e delas saíram metais que se transformaram em armas, como eles em carros. As cores, batiam.
- Eu sou Optimus Prime - Ajoelhou-se novamente. - e digo que encontrei o grupo escolhido.
Algo inesperado aconteceu quando Prime gritou.
- VERMELHO.
O item no chão que se transformara numa espada com o cabo vermelho, voou até a mão de Glen, o vermelho. Quando ele pegou no cabo da espada, ele caiu, uivando de dor. O metal que se mantinha só nas costas, brotou de algumas partes, envolvendo-o como um poder absoluto, como um exoesqueleto militar. As linhas finas engrossaram mais um pouco, provando a cor. Uma linha de metal subiu por trás dos cabelos, uma haste que envolvia o ouvido esquerdo, uma pequena tela surgindo na frente do olho do mesmo lado.
- AZUL.
Uma lança de duas pontas, item azulado como as linhas no corpo de Reza, que passou pela mesma dor.
- VERDE.
Do chão decolou um machado de apenas um gume, em verde, para a mão de Sherman.
- ROSA.
Dois bastões pequenos foram voando até o encontro de Cassy, que saiu correndo na direção contrária. Como numa eletricidade de aproximação, eles grudaram nas mãos dela de qualquer jeito, e mesmo que mais longe, ela caiu do mesmo modo, o tilintar do metal subindo pela coxa.
- AMARELO.
A última. Selena. Que ficara o tempo todo - da explicação de Prime. - de mãos dadas com Reza, com medo. Na cor amarela, uma roda de cinco lâminas, que encaixava perfeitamente na mão, e quando lançada, fazia sua missão e retornava para o dono. Selena não correu quando viu o objeto vindo na sua direção. Ela sorriu, falando.
- Que maneiro!
Todos ficaram contorcidos, dois ou três vomitaram. Uma dor que foi passando. Prime observou que muito colocavam as mãos na pele. A febre havia sumido de vez. E todos de pé, lado a lado. Surgia uma equipe.
- O que é isso?
Disse Reza, um pouco desesperado.
Optimus sentiu-se revigorado, todos sentiram. Lennox e a equipe ainda boquiabertos. Cade e Sam, completamente calados. Prime uniu os cabos do machado e do martelo, e girou, transformando-os numa só grande arma, e a apoiou no ombro.
- A equipe está formada. Pela primeira vez, nós seremos a ajuda, e vocês, os heróis primordiais.
Glen, anteriormente o mais desesperado, encaixou a espada nas costas, afiando a lâmina ainda mais. Mesmo sem muitas forças para tentar entender o que acontecia, tentou ser ácido, por mais uma vez.
- O que quer dizer Optimus, que somos Power Rangers?
Ele contava que alguém fosse rir. Nada feito. Prime respondeu.
- Não. Vocês são guerreiros que carregam as cinco cores predominantes de Ener e Gon. Vocês montaram uma equipe para salvar o planeta de vocês, mesmo que isso não estivessem em seus planos. Não são um grupo de ficção. Vocês fazem parte de uma profecia que se cumpre. Sejam bem vindos a guerra... Cavaleiros de Metal.



Capítulo IX - A Primeira batalha


Aquilo foi um pouco demais para todos eles. Sem discussões, deboches, indagações. Quem tirou alguns sorrisos foi Sam, quando disse que tudo aquilo se tratava de uma grande palhaçada. Ele foi o primeiro humano ajudando a causa Autobot, ele queria uma armadura maneira daquela. No corpo de cada um, um botão do tamanho de uma tampa de garrafa, na sua cor predominante. E ela se encontrava no local primário da queimadura. Nas costas de Glen; na coxa de Cassy; no braço de Sherman; nas costelas de Selena; no peito de Reza. Antes de quase sessenta por cento do corpo ter uma camada de metal. Aos poucos, com muita cautela, saíram do centro. Do lado sul, onde muitos prédios ainda seguiam de pé e não haviam sinais de pequenos. Em outro saguão de tamanho ideal, montaram guarda e local de descanso. Optimus, sentado sozinho numa parede depois de algumas pilastras dilaceradas, examinava suas ferramentas, duas que viraram uma. Glen se aproximou dele, de uma forma bem mais amigável.
- Posso... me sentar com você.
Olhar para aqueles grandes olhos azuis, trazia uma singela esperança. Bem diferente das opiniões sobressaltadas sobre quaisquer Transformers.
- Difícil de acreditar, não é?
Mordeu o lábio inferior. Era a frase que se repetia na cabeça de Glen.
- Muito. Surreal, pra dizer a verdade.
- Todos temos um chamado, Glen. Sam teve o dele, Cade Yeager e os outros. Fomos escolhidos quando a guerra assolou Cybertron. O poder foi até vocês pois ele sabe que são capazes.
Glen fechou os olhos na iniciação de sua descrença.
- Capazes? Me desculpe, Optimus. Posso ter sido preconceituoso ao pensar que todos vocês estavam do mesmo lado nessa guerra, tinha ódio de todo ser de metal que necessariamente não foi construído por nós. E lhe peço perdão por isso... quer mesmo nos ajudar contra esses... Quintessons, sei disso agora. Mas... - bufou, antes de seguir com as palavras. - somos pessoas normais, Optimus, não temos treinamento de luta corporal, não somos militares como o major. Recebemos armas que nem sabemos manusear.
- Não precisam.
- Mas que porcaria de resposta é essa? Quer dizer que esse metal que sai de nossa carne nos controla agora? Ele fará tudo por nós?
Prime olhou diretamente para Glen, o que lhe secou a garganta.
- No momento certo, verá do quanto é capaz, Glen. Está com o poder na sua unidade mais física possível, é só aceitá-lo de verdade, e de dois, serão apenas um.
- Está bem. E... o que fazemos agora?
Barulhos foram escutados, cimento sendo pisoteado e ruivos metálicos corroendo o ar, sendo levados como pólen pelo vento. Prime pausou, olhando para o teto.
- Agora? - Fitou Glen. - Contra-atacamos. - Prime ficou de pé, falando baixo. - Cavaleiros e Autobots, esse é o momento. Precisamos retomar esta cidade, pois aqui, estão os Quintessons. Esse é o marco da guerra, aqui perderemos ou sentiremos a vitória. Se eles caírem, cada Decepticon ao redor do mundo cairá. Os Criadores são prepotentes, trarão para cá todo o exército que possuem, desejando nossas mortes somente depois de nossa vergonha, e por isso, digo. Os que quiserem sair, estão livres. Cavaleiros, os botões que possuem é a escolha de vocês, o poder da Caixa não lhes impede de nada. No momento que precisarem, apertem este botão e essa armadura os deixará, sem volta e sem remorso. Assim estarão livres, quando quiserem.
Reza observava suas mãos.
- Eu não quero! - Disse ele. Todos o fitaram, um pouco de raiva e admiração. Só depois viera o entendimento. - Eu não quero perder algo que pode ser importante. Eu sempre quis fazer a diferença, agora... eu tenho a oportunidade.
- Assim que se fala, meu mano.
Mandou Bee. Prime dá as instruções. Lennox e a equipe precisavam conseguir algum apoio militar, - depois de conseguirem retomar as comunicações. - tudo deveria ser direcionado ao centro. Sam e Cade seriam os observadores do alto, dariam todos os sinais para a equipe de soldados do major. Lennox os presenteou com rádios comunicadores que ainda funcionavam, chiando bastante, mas funcionavam em pouca distância. Os Cavaleiros, trêmulos e incertos, sacaram suas armas com dificuldade, reclamando do peso, completamente sem intimidade. E Glen, aquele sempre ao meio do grupo, liderando sem saber, invocou o que faltava. Soltando antes, um riso engasgado.
- Vocês acreditam? - Virou-se, com a espada em mãos. - Acreditam que podemos? - Cassy e seus bastões elétricos, Selena - a amarela. - e a lâmina circular. Sherman e sua lança azulada, além de Reza com o machado. Todos olhando fixamente, o líder vermelho. - Estranhamente eu tenho que dizer a vocês... que acredito. Em cada palavra dita por Optimus, em cada fato. Estávamos numa explosão que muitos atingiu. E estamos aqui, com certos poderes que não conseguimos entender. Porém, temos que guerrear se ainda queremos um mundo. Devemos parar esses Criadores, e se pudermos ajudar, faremos.
Os rostos aparentavam medo e surpresa. Menos o de Sherman, não se tratava de indiferença, era algo mais perto de incredulidade.
- Não somos dignos, Glen. Não somos.
Disse o azul. Sem filtrar uma culpa que o carregava, mais do que aquela armadura de metal. O que era? Não importava.
- Então seremos, Sherman. Eu juro, que se sair daqui e conseguir acertar uns dois daqueles trecos de metal que irritam com aqueles barulhos, se eu conseguir manusear isto... - levantou a espada. - então não duvidarei de mais nada. Eu vou sair, só quero saber se vocês também vão.
Todos sacaram suas armas com fervor, Sherman, um pouco mais contido. O medo era inevitável, talvez isso ainda os mantivessem vivos. Prime dá as ordens enquanto o barulho do lado de fora aumenta.
- Autobots, literalmente, procurem uma briga com Decepticons do nosso tamanho, os Cavaleiros cuidarão dos pequenos. Sherman, - Ele o olhou. - Você tem um diferencial, além de sua arma, seu corpo é um condutor. Soque o chão com o punho cerrado e uma descarga elétrica forte o bastante para fritar pequenos Decepticons num quadrante de dez metros será liberada. Mas use com inteligência, a recarga demora.
Sherman nem respondeu, automaticamente olhou para a mão e seu braço com uma manta de metal por cima, quase que desdenhando do poder atribuído.
Os que estavam lá fora, as tropas de apoio dos Quintessons, bom, os que estavam perto das paredes do esconderijo de Prime nem souberem o que tinha acontecido. Hound saiu explodindo tudo, com Bee ao lado. A tropa humana de Lennox montou um perímetro para auxiliar os Cavaleiros com os desgarrados. Os Cavaleiros. Glen correu na frente, como o líder citado. Espada em punho, cortando a cabeça de um pequeno, girando o corpo e enfiando a espada até o limite no corpo de outro. Os dois que o fizeram acreditar. Eram tantos. Selena e Cassy ajudaram, faixas pretas de uma arte marcial que nunca lutaram. O suficiente para que Sherman e Reza também acreditassem num poder absoluto, dado aos cavaleiros, por merecimento. Tiros, metal mais forte cortando o mais fraco, Decepticons engolindo a área.
- Chefe, SÃO MUITOS.
Disse o gordão. Bee, seguia matando o que podia. Mãos e canhões nos grandes, pés pisoteando pequenos como baratas. Prime seguiu na frente da sua grande tropa, um passo para frente, sempre mais rápido, sempre em escala maior. Na retaguarda, apenas um rio brilhoso de metal retorcido e imóvel, enquanto Glen seguia um padrão, em cortes retos sua espada decepava três, com sorte, quatro. Sherman socou o chão e os pequenos por perto fritaram como eles, os cavaleiros, ao receberem suas armas. Mas os pequenos, esses morreram, soltando fumaça. Mas todos ficaram preocupados quando Bee e Ratchet pararam de atirar e brigar. Os cavaleiros, ofegantes, não tinham mais pequenos por perto e Lennox gritava logo atrás.
- PRIME, O CADE PEDIU...
- Já vimos, Lennox. Já vimos.
Disse Prime. No alto de um prédio, Galvatron. Nas ruas, da frente, laterais, de trás, de todo canto saíam pequenos e mais alguns Decepticons. Um coração, sendo irrigado por sangue de todas as veias ligadas a ele. O centro, os Autobots, Prime e os humanos aliados estavam bem no coração, e o sangue chegava sem pressa. Os gritos de Galvatron - aquela voz de Megatron, o morto reencarnado. - rugiram do alto.
- EU NÃO SEI O QUE PENSA QUE CONSEGUIRÁ, PRIME, LUTANDO AO LADO DE HUMANOS COM ARMADURAS GROTESCAS. - Sorriu, veementemente. - PODEM MATAR QUANTOS QUISEREM, IRÃO CANSAR, COMO JÁ ESTÃO, E RUIRÃO COMO ESSE PLANETA PODRE. NÃO PODE CONTRA MIM, PRIME.
- Sempre poderei contra ti, Galvatron. Sempre.
Prime retirou das costas, as Ferramentas unidas, conectadas. Galvatron mudou seu semblante, qualquer um podia ver. Os dois gumes do machado para cima, o martelo, para baixo. De uma forma ágil, os Decepticons e os pequenos começaram a correr na direção do grande líder. Prime, apenas sereno. Glen, nem tanto.
- O que fazemos Prime? São muitos.
Optimus Prime fechou os olhos.
- Não precisam fazer nada.
Num grito afoito, onde nada de dor ecoava, apenas a vitória levada por um sopro contendo cor e brilho, as Ferramentas se ergueram junto com os braços de Optimus, que bateu com o martelo no chão. Glen, Reza e os outros sentiram uma onda passando bem debaixo dos pés. Um vento de poder quase que incontrolável, bagunçando os cabelos femininos e erguendo o pó. Algo quase que prazeroso. Um estrondo como um raio que caiu ao lado. Nenhum júbilo para o mar de metal que se fechava contra eles. A onda em todas as direções sanou o problema, estilhaçou cada um, Transformers quase que transformados em vidro, atingidos por pedras. Os grandes, os pequenos, Galvatron foi lançado para a parte traseira do prédio que se equilibrava. Uma onda de poder que ceifou qualquer Transformer mal intencionado, explodiu as janelas ainda intactas, varreu os maus das ruas e quarteirões próximos. Apenas o vento falava sua língua. Selena ainda tentava entender, quando o barulho dos Decepticons mortos caindo nas ruas adjacentes ainda a assustava.
- O que foi isso, Prime? Enfim, faça de novo.
- Não posso. - Disse ele, colocando de volta as Ferramentas nas costas. - Esse é um golpe único, que matou milhares de Decepticons e deixou outros tantos fora de combate. Também é uma fonte de energia. Lennox...
- Sim, Prime.
- Tente enviar nossas coordenadas para as autoridades que ainda restam, vamos precisar de apoio militar. Se conseguir contato, mandem tudo que tiverem para cá. Os Decepticons de outras partes do mundo virão, a luta estará aqui, precisamos vencer antes que todos cheguem e...
- CUIDADO.
Gritou Override. Prime tirou sua grande espada e se defendeu do ataque. Galvatron, ao fundo, corria da situação depois do tiro covarde.
- Covarde, como sempre.
Override chegou mais perto do líder.
- Foi ferido, Prime.
Sua mão fora atingida, nada grave.
- Já sofri perdas maiores, precisamos continuar. O que me diz, Glen?
O homem da cor vermelha guardou sua espada, assim como os outros. Os rostos mudaram, os olhos mudaram. Nada de medo. Nenhum ingrediente fresco como a esperança. Estavam confiantes, impossibilitados de explicarem seus poderes, seus golpes, suas forças.
- O que digo? - Pausa. - Como diria um amigo meu, eles se meteram com a chapa mais quente de Nova York. Vamos expulsá-los da nossa casa.
Prime se reergueu.
- Tropas de Lennox, cavaleiros, Autobots. Vamos rodar.

Capítulo X - A Primeira parte do "Vento Ardente"


O Central Park estava cinza. Uma cor fúnebre que arrepia, até cada nervo transmitir ao corpo completo o que a mente já criou imagens e desfechos. Nada esbranquiçado como em dezembro, como se nuvens descessem dos céus até o firmamento abaixo deles e se solidificassem. Ou tudo nu, como noutra estação. Apenas cinzas, fuligem e morte. O lago não possuía aquele verde com vida, apenas um negro poluído com corpos flutuando. Prédios cortados ao meio, fumaça no lugar das nuvens, acobertando a Terra, tirando qualquer raio de vida ao encontro do solo. As placas pararam de cair do céu, apenas seguiam fincadas onde tinham caído, pretas, com furos, e ainda soltando fumaça quando cada uma rasgou a atmosfera como se fosse uma mera bolha de sabão. Optimus e os Autobots seguiram pelas ruas, no centro do centro. Lennox, equipe, Sam e Cade, arrastando os ombros pelas paredes laterais, fajutas fachadas e restos de escombros. Prime arfava estranhamente, - ele respirava, afinal? - o que levava certo nervosismo aos homens da tropa de Lennox. Até o major perguntar.
- Está tudo bem, Prime?
- Claro, está... sim! - Pausou. Quase uma falha nos pensamentos. - Melhor impossível.
Todos seguiram, mesmo que Lennox ainda estivesse encucado com os modos de Optimus. Ele havia perdido o senso estratégico.
- Sam! Sam. - Sussurrou para o profundo conhecedor dos Autobots. O garoto chegou perto. - O Prime está andando de um modo anormal. - O major não conseguia explicar, mas a concordância de Sam o acalmou, por sentir que não era apenas ele que via algo esquisito. Pernas eretas, armas guardadas, olhos estáticos.
- E o que fazemos? - Perguntou Sam. - Ele disse que está tudo bem.
- PAREM. - Gritou Override. Lennox quase teve uma ataque cardíaco. Virou-se tão rapidamente que as costelas pareciam sair pela carne, ser expelida, levando dor intensa ao seu corpo. Logo depois, ela se direcionou ao amigo Jolt.
- Retire as Ferramentas de Prime.
Cade perguntou o que estava acontecendo, Bee abriu os grandes braços amarelos, e, um baque. Uma espada flamejante cortando cada pedaço de asfalto, soltando faíscas. Um grito que chamaria os guardas de Galvatron, os súditos dos Quintessons. Os soldados de Lennox pularam para longe, alguns estilhaçaram vidraças de lojas abandonadas para se protegerem, logo apontando suas armas de fogo para o líder Autobot. Ferramentas atrás do corpo, espada na mão. Diferentes olhos.
- O próximo que chegar perto de mim, não terá a mesma sorte.
Ele ditava sobre Jolt, que deu um mortal para trás antes de ser atingido pela lâmina.
- O que está fazendo, chefe?
Questionava um Bee atordoado, mirando o seu canhão para Prime, sem saber se era certo ou errado, o que fazia.
- Estou cansado de todos vocês. Matarei cada um de vocês.
Cade não conseguia acreditar.
- O que está acontecendo com você, Optimus?
Hound, o mais lento, saca a jogada.
- Não é Optimus. Quando aconteceu comigo ninguém percebeu porque eu sou maluco, mudo de opinião o tempo todo. Mas... Optimus não. Ele está tomado.
Realmente, A mão ferida de Prime tinha pontos luminosos. Prime estava fora de controle, cedido suas forças pelo ataque interno de Galvatron.
- Que pena! Queria ser tão dissimulado a ponto de conseguir enganá-los. Ah, não consigo ser tão pacato e desprezível como Optimus Prime. - Seu tom se alterou. Numa mão, a espada, na outra a ferramenta conectada. Propulsores em aproximação trouxeram Galvatron, pousando logo atrás. A coisa ficava feia. E pior, quanto mais perto do centro, mais sobreviventes e feridos eram vistos. Uma guerra, uma evacuação, um Prime sequestrado no seu próprio corpo. Nada andava bem. Os dois abriam a boca para uma voz dupla penetrar no ar. - Vocês, vermes infames, não conseguirão nem passar por mim. Jamais chegarão aos Quintessons.
Enquanto os Autobots miravam, sem atirar, Lennox puxou Sam pela blusa, quase o enforcando. Cade também foi chamado. Entraram no que parecia ser uma cafeteria, pelo cheiro.
- Estamos perdidos.
- Calma Lennox. Você é o militar, não pode se desesperar.
- Posso sim, quase morri e agora não vamos ficar só no quase. - Bufou, passando a mão no rosto, antes de seguir. - Enfim, conseguimos um pouco de sinal, preciso que vocês subam no prédio ao lado, e vão até o topo, correndo como loucos. Precisamos de apoio aéreo e precisamos agora.
Cade fala.
- Se o prédio que diz é do lado direito... - com um pouco mais de fervor. - ele deve ter uns trinta andares, major. Não é mais fácil enviar um Autobot voando até lá com a sua antena.
Lennox entrega a mochila com os transmissores para Sam e uma pistola, mais um rádio de curto alcance, para Cade.
- Não posso ficar sem um Autobot aqui embaixo. Vão ou não?
No momento de sair, Sam implora ao major.
- Tente não machucar o Prime.
- Talvez, não conseguiremos nem se quisermos. Agora vão. Vão!
Lennox saiu e a briga seguia apenas numa discussão acalorada por Galvatron.
- Acho que já chega, Autobots. Matarei cada um de vocês, com as minhas mãos ou com a espada de Prime, não fará diferença.
Um Prime controlado por Galvatron e o próprio, correram na direção deles. Galvatron fazendo de Prime um escudo, ninguém queria atirar nele. Jolt foi o primeiro atingido pelo canhão de Galvatron, caindo perto de soldados de Lennox. Abriram fogo contra ele e Prime bateu com o martelo no chão. A terra tremeu e a mira dos militares fugiu. O machado encontrou as costas de Override, que rugiu, ferida. Um chute na perna fez Override ceder ao chão de joelhos e quase ter a cabeça decepada se Hound não pulasse para tirá-la dali. O gordão fora rápido. Atirou e lançou bombas que atordoaram Galvatron, que sentiu-se tranquilo para recuar trinta metros e apenas controlar o inimigo a fazer o que ele desejasse. Era tudo um sonho para Galvatron, um pesadelo acordado para Prime. Override rendida, Bee voou para cima de Prime. Levou alguns tiros, se embolaram levando os primeiros andares de dois prédios as ruínas e um golpe fez Bee se lançado contra um carro - o que era um carro. - ter o peito pisado por um Prime com um ódio que não era dele. Ferramentas nas costas, espada segura pelas duas mãos, no alto, pronta para descer.
- PRIME, NÃO FAÇA ISSO.
Gritou Lennox. Outros também. Hound apontou para ele. Override, auxiliada por Jolt. Hound, ainda em choque. Os homens de Lennox, perdidos e ofegantes, miravam suas pequenas armas. O que podiam fazer? Hound engatilhou uma grande arma que carregava.
- NÃO ATIRE!
Gritou Bee.
- Preciso arrancar a mão dele, Bee, para que ele pare de ser controlado. Se for necessário, PRECISO ARRANCAR A CABEÇA.
- Não o mate. - Bee levanta as proteções amarelas do rosto. - Se for assim, que me aniquile. Tentem outras formas.
Galvatron permanecia em transe de alegria.
- Muito bonito. Mate-o, Optimus Prime. É a ordem de seu dono.
Prime o ergueu, jogou Bee contra a parede. O segurou pelo pescoço com a mão ferida, com aqueles bichos metálicos voando por dentro, a espada pronta na outra. Lennox recebe notícias pelo rádio. Cade.
- Major, estamos no alto, tente contato com quem precisa, tem Decepticons vindo pra cá.
- Sim.
Ele não conseguia responder direito, apenas deu a ordem ao seu comandado, e seguiu olhando, meio perdido, para a tragédia que aconteceria. Hound seguia desesperado.
- EU PRECISO, BEE.
O amarelo não respondeu. Lennox agradeceu por Sam não estar ali.
- Faça.
Disse Bee ao chefe. A mesma palavra, disse Galvatron, para aquele que controlava.
- FAÇA.
Gritou, sorrindo.
Prime balançou a cabeça duas vezes, depois outra, e olhou para Bee com outros olhos. Dizendo, entredentes.
- Galvatron... você não é meu dono.
A espada iluminou-se no movimento. Bee fechou os olhos e escutou o barulho. E quando uma peça caiu ao chão, todos viram que se tratava da mão de Prime. Virando-se para um Galvatron descrente no que via, Prime foi enfático.
- É melhor correr para os Quintessons, Galvatron.
Ele e os outros Decepticons que se aproximavam, retornaram. Bee gritou e soltou a música alegre de Pharell Williams, abraçando o chefe azul e vermelho, que riu.
- Desculpe Bee. ME PERDOEM, É O QUE PEÇO.
Lennox gritou, engatilhando sua arma.
- NÃO FOI CULPA SUA, PRIME. VOCÊ NÃO FEZ NADA. MAS VAI FAZER AGORA, NÃO VAI?
Override, ainda contorcida, com certa dor, preparava sua marcha.
- Nos deve isso, Prime.
Na rua da frente, rugidos bárbaros surgiram. Drift e os Dinobots. Prime sacudiu o braço que faltava uma mão, trocou o manejo da espada pelas Ferramentas. Logo atrás, sem perceberem a "festa" que tinha acontecido, os cavaleiros de metal chegam, depois de enfrentarem pequenos desgarrados pelo caminho. Todos juntos, pela última guerra.
- PEGUEM SUAS ARMAS, SOLDADOS DE CARNE OU DE METAL. - Olhou para o alvo, a parte da cidade que o núcleo de tudo aquilo se encontrava. - Acabem com tudo de metal que não atenda se for chamado de Autobot. Essa, é a minha ordem.


METLIFE STADIUM
Regimento de tropas remanescentes
13:38PM


- General.
- Sim.
- Precisa ouvir os áudios que estamos recebendo.
Começaram a andar até as tendas de comunicação.
- É uma equipe que está pedindo apoio aéreo no centro... na verdade, aqui perto, senhor.
- Me deixe falar com eles.
Pegou o fone do seu comandado e sentou-se na cadeira, tentando melhorar a audição de uma comunicação ruim, com as duas mãos forçando os fones contra os ouvidos.
- Atenção, quem estiver na escuta, aqui é o General Hams, com quem falo?
- General, aqui é o major Lennox.
O rosto de espanto do general foi instantâneo.
- Oh, por Deus. Como você está vivo, filho?
- General, não dá pra explicar agora. Precisamos de apoio aéreo, o que tiver de bombas e o que tiver que possa lançá-las, precisamos delas nas coordenadas que vou enviar. Pode fazer isso?
- Temos tropas americanas que nos restam, alguns aviões italianos e um bom número de F-22 franceses. Estamos aos pedaços, filho, poucos pilotos, poucos...
- GENERAL, NÃO SOU DA CORTE, NÃO TENHO TEMPO PARA ENTENDER SEUS PROBLEMAS, ENVIE O QUE TIVER. AGORA.
O rosto do general mudou de novo. Nada tão amigável.
- Por que grita comigo, major?
- GRITO PORQUE O SENHOR ESTÁ CERCADO DE SOLDADOS ENQUANTO OS MEUS NÃO SABEM SE VOLTAM PRAS FAMÍLIAS. DEIXE DE USAR OS CAÇAS COMO PROTEÇÃO PARTICULAR E OS ENVIE, GENERAL. - Pode-se ouvir a respiração de Lennox, profunda e cansada. - Ou não terá um mundo para ser um general dele, senhor. A escolha é sua.
Trinta segundos de silêncio. Dois segundos para a resposta e para o fim da comunicação. Em outros quarenta e três segundos, todos os pilotos que ainda podiam andar, se dirigiam aos seus aviões. Se iniciava a Operação Vento Ardente.


CONTINUA...


Capítulo XI - A Segunda parte do "Vento Ardente"


O surgimento dos Autobots, de supetão, numa das esquinas que cheirava a carne queimada, assustou alguns pequenos e Decepticons líderes. Algumas dezenas de civis, ajoelhados como prisioneiros de uma guerra perdida, olharam para Prime com esperança, alegria. Um sentimento único para quem sentia e era sentido. Os tiros e explosões logo vieram, e a centelha de Optimus direcionou sua visão. Os Quintessons na face de War, sentado num prédio - que para o mesmo servia de trono. - e sorrindo maleficamente. Galvatron ao lado. Os cavaleiros seguiam matando os que podiam, um enxame pontiagudo, que feria sem pensar. A espada de Glen, o machado de Reza, as meninas se empenhando como lutadoras de um mundo com fim marcado. Nas laterais, alguns prédios caíram com a quantidade de pequenos que chegavam. Dava coceira, nervoso aos olhos. Um monte de robozinhos reluzentes ao Sol que chegavam como se uma barreira de contenção tivesse rompido, e os pequenos Decepticons viessem sem rumo, com o poder de destruição maximizado.
- SÃO MUITOS, PRIME. PRECISAMOS DE IDEIAS.
Falou Sherman, enfrentando três dos pequenos.
- Não precisamos de ideias, apenas de uma missão cumprida. Se ficarmos encarando as tropas, elas nunca cessarão. Precisamos destruir os Quintessons antes.
Glen se ajoelhou entre pequenos dilacerados, a espada como um cajado para mantê-lo, ao menos, de joelhos.
- Então pegue o major e os Autobots e vão, seguramos esses caras.
- Não. É perigoso demais, eu vou sozinho.
Dissera Prime.
- Não vai, não. - Retrucou de forma nervosa, Lennox. - Temos apoio como pediu. Apenas um golpe, apenas uma chance. O canalha ainda continua sentado, mesmo nos vendo aqui, vamos pegá-lo de uma vez, Optimus.
- Esse é o problema, major. Ele tem certeza que irá vencer, não precisa se preocupar.
- Então vamos surpreendê-lo. Como planejamos, tirar dele essa segurança. Mas antes... você tem que resgatar a sua esperança Prime.
Todos se olharam, fazendo Reza perder a paciência.
- Enquanto vocês... - matou mais um. - discutem... estamos nos cansando AQUI. Dá pra matarem logo esses desgraçados.
Prime encarou o inimigo na distância, que se ergueu, sorriso ainda no rosto estranho e feioso.
- Apenas os Autobots irão. Lennox, arme Cade e Sam para auxilia-los junto aos cavaleiros. - Pausou. - É a última batalha da última guerra.
Prime fitou todos, como se fosse um olhar pessoal e exclusivo.
- Façam valer a pena.
Numa mão, a espada, noutra as ferramentas. Jolt, Override e os outros, transformando-se em carros, alta velocidade. Uns quinze Decepticons em primeira fila, Galvatron logo atrás. Nada bom. Na linha de retaguarda, Lennox atirava em quem podia e ordenou que Cade e Sam retirassem os civis sobreviventes da área de conflito. Uma mulher com um bebê o fez lembrar da família. As ferramentas nas mãos dos cavaleiros cortaram os maus presentes, ao longe - não tão longe assim. - vinham mais. Dos grandes, dos pequenos. A batida dos carros nos Decepticons fora um abalo tremendo, Optimus pulou por cima do muro de metal atingido, o pé no peito de Galvatron. Nem conseguiu atacar seus Criadores, eles foram mais rápidos. Não se transformavam no outro, simplesmente os Quintessons se soltaram numa química quase inexplicável, de um, cinco elementos. Os cinco Criadores, os Quintessons separados. Lennox paralisou, até as informações por rádio chegarem.
- Major Lennox?
Afoito, falou sem apertar o comunicador, gritou aos ouvidos de alguém.
- SIM, SIM, SOU EU.
- Temos cinco ondas de aviões na Operação Vento Ardente, senhor. Thunderbirds, caças e bombardeiros. Chegada ao alvo em dois minutos. Quais as ordens?
- As ordens? - Eram simples. - Lancem o que tiverem, até o motor, na cabeça desses infelizes. Eles estarão marcados com laser. Entendido?
- Entendido, vamos fritar os desgraçados.
Optimus, de frente com os Quintessons.
- Optimus Prime. É uma honra para nós, termos sua presença. - Prime e os outros viram, por trás dos ombros dos Quintessons e de Galvatron, uma revoada de caças se aproximando. - É muito importante que esteja presente no dia que a Terra não existirá mais. Você deu mais importância para ela do que para Cybertron.
- Não desejo discussões desnecessárias, apenas a morte de vocês.
- Morte? - Os cinco riram em diferentes alturas. - Está de frente para os seus Criadores, mais respeito, Prime.
- Criadores? Não, são apenas juízes fora da lei.
- Cybertron foi nosso legado, Prime. E agora, será reconstruído.
Os Quintessons ergueram suas mãos e a terra tremeu, levemente.
- O que foi isso?
Questionou Lennox, que marcava os alvos como os membros de sua equipe. Os cavaleiros, se aproximavam do centro de um confronto eminente entre gigantes. As placas, mortas e cinzentas, as que caíram do céu, se tornaram vermelhas, ardentes como metal derretido em altas temperaturas.
- É isso, Prime. As placas de Cybertron inundarão a terra com nutrientes metálicos, o planeta de metal estará de volta. E a Terra, inabitável para esses... humanos.
As placas viravam líquido, entravam ainda mais na terra. Contaminariam tudo em pouco tempo. Um dos Quintessons, Judgement, disse.
- O fato só cessa, se nós morrermos.
Prime ajeitou sua postura. Cinco segundos para os aviões e suas missões.
- Então, sinto dizer... mas teremos que matar cada um.
As bombas chegaram.
Tantas, muitas. Nenhuma obsoleta, todas atingiam onde precisavam. Galvatron e os cinco Criadores atingidos. Cinquenta pequenos transformados em trezentos pedaços, fora a poeira. Bee pulou encima de War, Override pegou outros dois com Hound, Drift e dois Dinobots. O Dinobot Grimlock arrancou a cabeça de Wrath com os dentes. O machado, a ferramenta, cortou Wisdom ao meio. Bee estourou a cabeça de War depois de levar uma leve surra, foi muito auxiliado pelos mísseis certeiros dos pilotos da Forca Aérea. A queda de quatro Quintessons, corpos com fluídos, moles e mortos. Galvatron ferido; pequenos sendo trucidados pelos cavaleiros. Lennox atingindo com balas, bem nos olhos daqueles desgraçados. Ondas quentes do vento com asas retornavam, era quase possível se ouvir os sorrisos dos pilotos. E Death, ferido e saindo fumaça levantou-se. Cercado pelos Autobots, por soldados de Lennox que chegavam com suas miras travadas naquele ser. Estranha face, sorriso no rosto faraônico, um sangue azulado saia de seus braços, escorrendo pela sua mão azul em neon do lado direito.
- Ah, Prime, não sabe como foi terrível conviver com os irmãos durante todos esses anos. Matando-os, me deu a força que mereço.
Death, o único que sobrou, ergueu a mão azul e a fechou. Algo instantâneo, como o amor de uma mãe, aflorado por ver a face do pequeno que sente o mundo pela primeira vez. Lennox e seus homens ruíram, os Autobots enlouqueceram, os aviões, esses deslizaram como moscas atingidas por inseticida. Lennox escutou, com o chiado ao fundo, o desespero dos pilotos.
- TOCA DO LOBO, AQUI É Rap-23, ESTAMOS CAINDO, OS INTRUMENTOS PARARAM COMPLETAMENTE...
Death seguia com a mão fechada, para cima, indicando seu poder. Lennox gritou para que seus soldados retirassem dos ouvidos, os comunicadores. E assim, o efeito para eles se encerrou. Mas os Autobots e os cavaleiros, esses sentiam uma dor que não podia ser descrita. Prime, de joelhos.
- Veja Prime, como são minhas criaturas. Devem respeito diante de mim. Assim como você, indicando como é mais fraco do que eu.
- Por favor... pare com... pare com isso!
Optimus se desesperou ao ver Bee quase que desistindo por causa da dor. Era como se a ferrugem tivesse dentes e mordesse tudo, com voracidade, de dentro pra fora. Para Glen, é como se aquela armadura quisesse sair, voar, levando cada órgão dele.
- Não entendi seu sussurro, Optimus. Não consigo entender - pisou nas costas dele. - quem está abaixo de mim.
Os aviões caiam como um sereno da morte. Os caças, esses batiam no chão sem vidas, todos ejetaram. Mas e os outros? Os bombardeiros, aviões sem essa - literalmente - válvula de escape? Bom, não era necessária uma explicação completa. Saiu de cima dele, dando dois passos para trás.
- Vou te dar alguns minutos de descanso, Prime. Vocês são muitos e eu não sou covarde. Quero que morram lutando. Reorganizarei meus Decepticons, os pequenos, e voltaremos, em alguns instantes.
Ele sumiu, como se fosse apenas uma frequência, tão rápido como mudar um canal de TV. Galvatron voou para noroeste, provavelmente a localização para onde Death tinha ido, remodelar o grupo de ataque. Os pequenos, encima dos prédios e chegando mais. Decepticons maiores, eles só conseguiam ver os mortos. Todos se levantaram com dificuldade. Lennox ajudou os cavaleiros.
- Está bem, Reza? Dá pra continuar?
- Tem que dar, major. - Depois se levantar, voltou com as mãos nos joelhos, sugando o ar como o primeiro gole de água de um sobrevivente do deserto. - TODOS DE PÉ!
- É isso aí, garoto. - Glen, forçando a voz, a dor ainda parecia que consumiria seu interior. - vamos até o fim.
Sherman não tinha tanta confiança. Bom, não tinha desde o começo.
- Será que só eu percebi que esse fim já chegou? Somos mortos lutando pela vida.
Optimus Prime se reergueu, fitando o horizonte, somente com uma mão, alisando o peito. Quem sabe, pela última vez.
- Estamos mortos quando entramos no campo de batalha, sempre. Quando lutamos numa guerra, a nossa vida não está em jogo, não está na mesa. Lutamos para que outros tenham paz, em nossa guerra. Que tenham tranquilidade, em nossa angústia. Que tenham vida, em nossa morte. E hoje... Não será diferente. SE PREPAREM, ELES ESTÃO VOLTANDO.
Puxaram suas armas com as últimas energias. Por mais uma vez.


Somente três quilômetros os separavam. Os líderes dos pequenos, dos Decepticons e Galvatron, logo atrás. Death, se examinava.
- Aqueles vermes tocaram em mim, tocaram em um deus. Não tem respeito. Minha vontade, é o ato certo. EU, comando este jogo. - Levantou as mãos. - Esse... é meu tabuleiro.
Galvatron se aproxima.
- Eles foram mortos tão facilmente, meu senhor.
- Sim. Somente eu sou um deus.
- Creio que isso seja mais um desejo do que verdade.
Disse Galvatron.
- O quê? - Death virou-se. - Como ousa...
Ousar. A especialidade de Galvatron. Uma lâmina cortando a face, um tiro no peito, um giro de golpe certeiro na mão, a azul neon, que saltou para o chão. Os dentes grandes, o rosto fino. Death sentia o próprio nome. Galvatron se aproxima, mirando na testa do último criador.
- Tentei matar Optimus Prime diversas vezes e em lutas bem mais complicadas. Talvez, eu e ele sejamos deuses. Você era apenas um frasco contendo um poder que não sabe usar.
- Não, Galvatron. Tínhamos um poder que era nosso por direito. Você não é nada. É um pecado horrendo nos matar, Galvatron, nós lhe demos a vida.
- E eu... lhe dei um tiro. - Espatifou a cabeça dele. Os Quintessons não eram fracos, mas eram criadores de um elemento que sabiam manusear seu molde, somente. Criaram guerreiros e os treinadores desses guerreiros. Na sua mão potente, poderia ter matado todos. Na sua prepotência de anos-luz, perdeu a cabeça. Galvatron transformou o punho num recebedor de membro, encaixou a mão que ainda se mexia ao chão, e sentiu-se mais completo. Rios azuis correram pelo seu corpo, ele sentia-se mais forte, terrivelmente mais poderoso. Um pequeno aproximou-se, cabeça baixa.
- Nosso lorde, quem devemos seguir?
Galvatron, direcionou a mão azulada, que agora fazia parte de seu corpo metálico, para o pequeno Decepticon. Se retorceu, com a abertura dos dedos, o pequeno se despedaçou sem vida. Galvatron soltou um sorriso estrondoso.
- Tenham respeito por mim, sigam minhas ordens. Pois eu sou um deus. - Olhou para a fumaça, não tão longe. - ATACAREI COM FORÇA TOTAL, DECEPTICONS. FECHAREI MINHA MÃO E ELES CUSPIRÃO A VIDA PARA O SOLO. LOGO A TERRA ESTARÁ CONTAMINADA E NOSSA CASA RESTAURADA. CHUTAREI OS ROSTOS DELES NO PÓ, POIS NÃO SEREI TOLO COMO DEATH. OS MATAREI QUANDO ESTIVEREM DE JOELHOS DIANTE MIM. QUE SE DANE A LUTA, os esmagarei como sempre esperei. - Todo o corpo dele estalou, sentindo o próprio poder. - APENAS ME APOIEM, NÃO ATAQUEM... eles são meus! E aquelas Ferramentas também.

Capítulo XII - FINAL – Metal Líquido


O ataque, certeiro e em massa. Tiros de som áspero, rombos no metal, Lennox e seus homens se escondendo atrás de restos queimados de carros e seus pentes vazios. Dois homens da confiança do major, abatidos. Num golpe mutilador com a espada, Prime matava quarenta pequenos. Glen sangrava no braço direito, a mulher de metais em rosa desmaiada ao solo sujo de sangue e pedaços de tudo que antes era físico e inteiro, caída depois de uma violenta pancada na cabeça. Selena e Reza a ajudaram até que seus olhos se abrissem novamente. Sentiam-se sozinhos, cada um deles, com a angústia de uma derrota perambulando corações e centelhas. Até o fechamento da nova mão de Galvatron. Aquela mão. A de poder viajante, pertencente a Criadores sem dons, sem princípios. Talvez por isso fossem tão fracos. Tudo que aquela mão trazia, a dor, ruiu. Optimus aos pés do Megatron renascido. Ali, com a única mão que lhe sobrou encostado ao solo, ele sentiu a quentura que pulsava na terra. Em toda a Terra.
- Eu cansei, velho Prime. - Mencionou Galvatron. - Lutamos em tantas batalhas, em Cybertron, aqui, neste planeta infame, que não consigo me recordar de todas. Perdi muitos aliados e até... minha própria vida. E agora, Optimus Prime... - se abaixou, com a mão do Quintesson líder como sua, ainda cerrada, mantendo todos no controle. Pegou as Ferramentas unidas, girando-a, admirando o artefato. - tenho tudo que preciso para reiniciar este lixo, transformá-lo em minha casa. O chão se amorna, os metais se alinham. Em breve tudo será metal e a primeira chuva de prata cairá, matando tudo que ainda respira sem a minha ordem.
Prime, de joelhos, diante o inimigo.
- Você não dá ordens... - pausou, sugando mais energia. - para ninguém. Nunca terá poder para isso, Galvatron.
- E tu és um líder, não é mesmo Prime? Somente sua liderança é válida? Estou diante de um verme, que finalmente matarei. Estamos empatados Prime. Te matei uma vez, a Matriz da Liderança lhe trouxe de volta. Na minha morte, a burrice humana me trouxe de volta.
- Não aprendeu, Galvatron, nem mesmo com duas vidas, que a liderança é um prêmio, não uma conquista autoritária.
Ele riu, um ato de loucura. Chutou Prime, que caiu, olhos para o céu.
- Será um prazer matar você, Optimus.
- Está na hora.
Uma frase sussurrada. O sorriso estranho de Galvatron se apagou.
- Que hora?
Prime o observou, a dor não passava.
- Daquele que está protegido abaixo do asfalto... surgir.
O solo tremeu e logo cuspiu um Autobot, as mãos dele lançaram Galvatron para cima, largando a Ferramenta, abrindo a mão azul. Ratchet o golpeou de surpresa. A dor sumiu, Optimus Prime protegeu a boca com um metal mais duro, que fez barulho ao fechar como se uma lâmina entrasse na bainha. Num grito, a espada fincou nas costas do Decepticon. Bee salvou do chão quente, as Ferramentas. Girou duas vezes e decepou a mão poderosa de Galvatron com o machado. Machado preso na cintura do grande robô, espada fincada nas costas, fluídos saindo por todo canto. Ratchet feliz com o feito.
- Não me viu chegando, Galvatron?
- Seu verme... asqueroso.
A mão azulada e decepada, mexia momentaneamente no asfalto. Ela só era poderosa, quando podia “ver” seu alvo, e Optimus sabia disso. Ratchet envolto nos canos construídos pelos humanos, uma toca útil quando se precisou. Prime e Galvatron tinham uma mão a menos, os robôs e os pequenos assustados, recuaram um pouco. Os Cavaleiros de pé, armas em mãos.
- Ordens?
Perguntou Reza. Optimus Prime ajeitou-se, se aprumou como o líder que era.
- Tenho uma ordem. Acabem com ele.
- Com todo prazer. - Disse Lennox. - ATIREM.
Granadas, tiros, os Autobots em ação. Sherman socou o solo que se rachou, abrindo um espaço de poucos metros quadrados numa piscina de metal incandescente e líquido. A mulher de amarelo, ajoelhou, a de rosa, de pé logo mais na frente. Glen, numa corrida franca, pisou nas costas das duas, pegando um impulso necessário, corpo arcado, espada segura com as duas mãos acima da cabeça. O braço de Galvatron já se movia para atingir Glen. Jolt e Override o seguraram, impedindo a defesa. Glen lançou a espada dentro daquele buraco no peito de Galvatron. E ele foi solto.
- Burros, IDIOTAS. - Mencionou ele. - Prime já tentou me matar com a sua espada no mesmo local. Acha que me matará com essa simplória arma, humano?
Glen sorriu, Reza e os outros ao lado dele.
- Ela não é uma arma. É um instrumento mais poderoso do que imagina.
- Mas agora essa Ferramenta foi dilacerada pelo meu peito. Onde está o poder dela?
Os cavaleiros se uniram, Glen o olhou, a vitória no brilho da alma.
- Mostrarei.
Glen estendeu o braço, abriu a mão, ordenando que a espada retornasse para a mão do seu comandante. Galvatron se retorceu, caiu de joelhos, gritou por ser cortado por dentro, a espada fazendo curvas dentro de seu corpo de metal, de uma ponta até a outra. Quando todas as juntas explodiram. A espada saiu pelo rosto, retornando para o vermelho. Eles eram os cavaleiros, por merecimento. Prime chutou a sua espada, fincada nas costas do mau, que entrou ainda mais. O cortou ao meio, braços arrancados por Jolt e Override. Hound sorriu com o seu charuto de metais entre os dentes.
- Não está mais tão bravinho agora, não é, garoto.
Restos jogados no metal incandescente que resfriava rapidamente, tornando-se metal endurecido, sem vida, sem poder de reinício. Os inimigos, esses fugiram, alguns outros se aproximaram sem temer. Só conseguiam enxergar o privilégio se conseguissem recuperar a mão do Quintesson, ainda ao chão. Bee a pegou com certo nojo, tacou nos destroços de um prédio em chamas.
- Pronto, acabou a palhaçada.
Disse ele.
Prime olhou para os quatro cantos, para o céu que perdia a cor. Um céu que não bombardeava mais. Os cavaleiros e Lennox, sugavam o que podiam de ar e energia.
- Até que foi fácil, Prime.
Cassy teve coragem de dizer isso, ainda amparada por Reza. Optimus fala, com seu grupo logo atrás. Ao fundo, Crosshairs aparecia, com o grupo humano que tanto havia ajudado.
- Agora, será nosso maior trabalho, cavaleiros. Teremos que reerguer esse planeta. Estão preparados para isso?
Glen, Cassy, Selena e Reza sorriram, uns para os outros, dando um passo para frente, se apresentando diante o chefe. Sherman não fez isso. E Prime percebeu.
- Não se sinta obrigado, Sherman. Se tornou um guerreiro, mas não precisa continuar com isso. – Sherman levou a mão até o botão azul. O símbolo da desistência. – Mas... lembre-se. Não terá volta.
Ele estava certo disso. Apertou o botão. Caiu com os dentes apertando as fileiras opostas, os nervos aparentavam fugir do local habitual, as veias saltaram. Aquele metal se transformou numa caixa, uma maleta talvez, arrancando a pele e a energia de Sherman, que cedeu, caindo ao chão. Subiu com pequenas turbinas, até que desapareceu como um pequeno foguete da NASA.
- O que vai acontecer com a armadura, Prime?
Questionou Glen.
- Ela encontrará um novo amigo. E não se preocupem com Sherman, - fora erguido e examinado pela equipe médica de Lennox. – ele logo ficará bem. Quanto a vocês... muito obrigado.
Reza entrou na conversa entre líderes.
- Acho que nós que devemos agradecer, afinal... o planeta é nosso.
Hound ergueu sua grande arma, colocando-a no ombro.
- Vamos nessa galera, temos que reconstruir essa bagaça.

E assim se encerrou mais uma luta. Mais uma batalha. Enquanto o Sol se escondia, com a certeza que brilharia no dia seguinte, as forças de Galvatron eram incineradas pelo seu próprio desejo, pelo material que desejava. Os cavaleiros reconstruirão este mundo, e nós, ajudaremos. Muitos dos maus ainda soltos, serão caçados e encontrados. Esse mundo já viu guerras de mais, e quase acabou como Cybertron. Não há Criadores, Galvatron ou Megatron, Sentinel e substitutos. Mas aprendemos na guerra de nosso planeta que inimigos brotam como estrelas novas. Não estamos preparados. Os humanos estão cansados, mesmo que a alegria esteja nos rostos de Sam, Cade e suas famílias, o medo prevalece. Mas uma coisa, eu digo, estaremos prontos. Pois enfrentamos os Criadores, e vencemos. Eu sou Optimus Prime e gravo esta mensagem para quaisquer inimigos que queiram visitar a Terra. Não se aproximem. Posso não saber bem o significado da frase, mas aprendi na prática a entende-la. Pois como diz um amigo meu, entrará na chapa mais quente que já viu. Mas se quiser conquistar um novo planeta, podem vir. Esmagar metal inútil virou nossa principal especialidade. Estaremos esperando.


FIM



Nota do autor: (12/04/2016) Sem nota.




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