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Rainha do Mar






Capítulo 1


– Cara, você tem que provar isso. – fala enquanto bebe seu drink. Ele já deve estar no 12° drink em menos de uma hora. Digamos que ele estava... Alegrinho.
– Foi mal, dude, mas não vai rolar. – dou dois tapinhas em suas costas e me preparo para sair de perto.
, esquece essa mulher, você nem gostava dela. – fala e dança na batida da música.
– Ele está assim, porque levou um pé na bunda e ele não está acostumado com a sensação. – Tony me olha e dá risada, coloca as suas mãos em volta do meu ombro, mas eu retiro logo em seguida. Ele está bem suado. – Supera, dude.
Reviro os olhos e saio de perto daqueles babacas, mais conhecidos como: meus amigos.
Estamos em uma Rave na praia, é o segundo dia, e eu já não aguento mais. Eles acham que é por causa da minha ex, Savannah, que não estou curtindo. Savannah terminou comigo há um mês, mas não era o motivo de eu não estar curtindo. Eu ficava com a Savannah por questão de status, por formarmos um casal rico e bonito, nada além disso.
Eu nem pensava mais naquela maluca.
Saio de perto e vou andando em direção ao mar, querendo esvaziar minha mente.
Vou andando e chutando a água, sinto a brisa passar pelos meus cabelos e vejo todos dançando. A música continua bem alta, costumava me sentir tão vivo, hoje já não sinto nada.
Tudo parece morto. E não me venha com essa de que estou com depressão. A realidade é outra. Estamos todos mortos, de um jeito ou de outro. Continuo andando até chegar ao final da praia, ainda posso ouvir a música, um pouco mais fraca.
Decido voltar, antes, dou uma última olhada na água batendo nas rochas, até que vejo longos cabelos negros voando e um corpo pequeno sentado em uma das rochas. Decido me aproximar, normalmente eu tenho muita vergonha, mas de alguma forma, eu sinto que PRECISO me aproximar dela, tocar ela.
Me aproximo, mas ela está tão concentrada que nem percebe minha presença.
A pele dela é cheia de tatuagens, cada uma mais linda que a outra.
– Ah-ram. – pigarreio e a moça se assusta. – Não queria te assustar. Posso sentar aqui?
– É público, por mais que eu não deixasse, você ainda poderia se sentar. – ela me olha e dá risada.
O rosto dela é lindo, a maquiagem é perfeita e o batom dela seria capaz de matar qualquer um.
– Sabe como é, né? Educação é a chave. – dou risada e sento ao meu lado.
Tudo fica calmo, as águas estão batendo nas rochas com graça e leveza. O tempo para quando estou perto dela.
– Meu nome é ! – falo, enquanto balanço a perna igual a uma criancinha.
– Legal. – ela fala e olha para o mar, na mesma posição de antes.
Fico em silêncio, será que ela quer falar comigo? Acho que estou interrompendo. Ela estava tão bonita, enquanto olhava para o mar, não queria interromper, mas algo me diz para ficar aqui. Ficar com ela.
Vai , fala alguma coisa. Cara, eu sou tão trouxa.
– Então, você é daqui?
– Não. Você é? – Ela finalmente me olha e posso ver seus olhos. Os olhos dela são verdes, posso ver o caos misturado com os segredos que esconde.
– Não.
– Legal. – ela sorri ao perceber que falou muito essa palavra.
Olho para o lado e sorrio um pouco de lado, ela é difícil. Quem é ela?
– Então, o que está fazendo aqui? – ela me olha e revira os olhos, acho graça do gesto infantil, em partes por ser engraçado e em outra por ser uma gracinha.
– Você é persistente, né?
– Você não imagina o quanto. – sorrio pra ela e olho para o céu. – Não me respondeu ainda.
– Eu amo viajar. Vim para relaxar, mas está meio complicado. – ela sorri e posso sentir a ironia de longe.
– Tudo bem, já entendi. Vou te deixar em paz, até mais, moça misteriosa. – levanto e limpo a areia da minha bermuda.
– Esse é seu apelido para mim? Então tá, né. – ela revira os olhos. – Até.
Caminho até a areia de novo e me viro para olhar a moça que tanto me encantou. Seus olhos estão vidrados em mim, aceno com a cabeça e me viro.
– Espera... – ouço ela me chamar e pegadas atrás de mim. – !
Me viro e consigo vê-la correr até mim, ela não é baixa e nem alta, poderia dizer que é a medida certa. Usa um short branco e uma regata azul escuro com hamsás desenhados na frente.
– Hm... Sei que fui grossa, mas... Hm, queria que ficasse. – ela olha para todos os lados menos para mim, sinto que está com vergonha e acho engraçado. Naquela hora, percebo que mesmo que eu quisesse, seria impossível dizer: Não.
Balanço a cabeça e olho para o mar, sento na areia e espero ela se sentar ao meu lado. Ela logo percebe e assim o faz. Seu perfume é doce, mas não enjoativo. O que será que ela está pensando? Por que pediu para que eu ficasse?
– E você? – ela pergunta e faço cara de quem não entendeu. Ela ri. – Por que está aqui?
– É... hmm. – coço a cabeça e penso na resposta. – Me mudei pra cá ano passado, vim com meus amigos para uma rave.
Ela me olha e parece curiosa.
– E por que não está na rave com seus amigos agora?
– É complicado, na verdade, nem eu sei motivo. – falo distraído com algumas linhas soltas da minha bermuda. – Eles me irritam, na verdade, eu ando me irritando com tudo.
Me assusto com a naturalidade de conversar com ela, eu me abri sem nenhuma cerimonia.
– Ah sim, entendi, você está ranzinza... Já pensou que pode estar ficando velho demais? Quer dizer... É algo natural, as pessoas ficam velhas e param de se divertir, né. – olho para ela perplexo por estar me chamando de vovô, mas vejo que ela está brincando, ela está se divertindo as minhas custas.
– Tá me chamando de vovô? – olho para ela de rabo de olho e a vejo sorrir.
– Não, estou falando que entendo que esteja cansado, a idade chega, né?
– Eu não sou velho, eu sei me divertir.
– Sei... – ela está duvidando de mim? Não acredito que alguém esteja duvidando de mim.
– Estou falando sério.
Ela me olha com um olhar divertido e brinca com um sorriso nos lábios.
– Então prova.
Dou um sorriso e a puxo pela mão, ela se assusta no inicio, mas relaxa depois de um tempo e começa a achar graça da situação.
– Tá me levando aonde? Acabei de conhecer você. Meus pais ficariam decepcionados se soubessem que acabei de conhecer alguém e já estou indo com você a algum lugar desconhecido. – ela para e dá risada.
– Para de ser chorona e vem logo. – a puxo enquanto planejo onde vou levá-la.
Começo a correr para a calçada e procuro por um mercado. Pego uma garrafa de vodka e vejo ela me olhar confusa e divertida.
– Que foi? – pergunto, colocando a garrafa no caixa.
– Você que me embebedar?
Ela lança um sorriso malicioso e prende os lábios entre os dentes. Céus, ela fica tão sexy.
– Não. – fecho a cara. – Tenho outros planos.
Dou risada da cara que ela faz. Saio do mercado depois de pagar, a puxo com uma mão e seguro a garrafa com a outra. Começo a andar em direção a um pier na praia, longe o suficiente para só conseguir ver a sombra. Quinze minutos depois andando e ainda estamos um pouco longe. Continuo andando, mas ela para de repente, ofegante.
– Para! Não aguento mais. – ela coloca a mão no peito como se fosse morrer. – Falta muito?
– Não, burro! – dou risada da careta que ela faz e continuo andando. Ela me segue como se estivesse a ponto de um desmaio e sinto que ela não é tão atleta como parecia...
Continuo andando e sinto a brisa no meu cabelo, ouço buzinas dos carros e vejo pessoas rindo, bebendo em bares. É um dia normal para qualquer outro.
Ela está lá, no meio de toda a confusão, entre carros indo e vindo, entre pessoas gritando e rindo, entre a música da rave e o som das ondas do mar. Ela está lá.
Chegamos ao pier e nos damos de frente a uma grade. O pier é um pequeno parque de diversões, ele tem coisas pequenas, jogos de todos os tipos, um barco vicki e a única coisa que não é pequena: uma roda gigante que te dá à vista para a cidade e para o mar.
– Vem.


Capítulo 2


aquiComecei a escalar a grade do lugar e ela ficou receosa, mas me seguiu. Pulamos para dentro do lugar e senti minhas mãos formigarem de animação, meu coração acelerou. Continuei andando. O parque estava todo apagado, tinha ursos de pelúcias nas barracas e logo a frente estava o mar, com ondas batendo e aquela brisa maravilhosa. - A gente pulou o portão pra ficar observando? Olho para ela e percebo que está me desafiando, sinto tudo explodir. Quem é essa garota? - Não. Me segue. Começo a subir nas escadinhas da roda gigante, olho para baixo e vejo que ela está me seguindo. Quando estamos a uma distancia considerável do chão, decido parar e pular para uma das cabines, ela faz o mesmo e rimos da cena. - Você tá querendo me matar ou me fazer ir presa?
- Os dois. - dou risada e sento no banco. Ela senta na minha frente e por um minuto ficamos em silêncio, aproveitando a boa companhia e a bela vista.
- Tudo bem, malandrinho. O que planeja?- ela remexe no cabelo e ajeita o shorts. Não tinha um plano ainda, então vou improvisar.
- Vamos fazer um joguinho. - ela me encara e sorri, concordando com a cabeça. - Um fala uma palavra e o outro canta uma canção que tenha essa palavra. Quem não souber, toma um gole da bebida.
- Nossa, tem certeza?- ela me observa dando risada, eu concordo com a cabeça. - Tá legal. Você começa.
- Não! Por que eu tenho que começar?
- A ideia foi sua, gênio.
- Touché. A sua palavra é... Holofotes.
Ela arregala os olhos e começa a pensar.
- Ahhhhh. Já sei. Holofotes fortes, purpurina. E os sorrisos dessas "mina" só me lembram cocaína. - ela me olha enquanto canta o rap. - Em cinco abrem-se cortinas. Estáticas retinas brilham, garoa fina. Que fita. Meus poema me trouxe, onde eles não habita. - olho para ela pasmo. Achei que ela fosse cantar uma musica pop, futil, sei lá. - A fama irrita, grana dita, cê desacredita. Fantoches, pique Celso Pitta mente. "Mortos tipo meu pai, nem eu me sinto presente. É rima que cês qué? Toma duas, três. Farta pra infartar cada um de vocês. Num abismo sem volta, de festa, ladainha. Minha alma afunda igual minha família em casa sozinha."
Ela termina e me encara, fico chocado e logo em seguida bato palmas para a menina que me impressiona cada vez mais.
- Nossa, uau.
Ela dá risada e eu tomo um gole da bebida.
- Sua vez. Sua palavra é: mar.
- Mar? Sério?
Olho para ela e tento pensar.
- Eu amo o mar. É uma parte de mim.
Tomo um gole da bebida e sorrio.
- Não faço ideia. Qual musica você pensou? Eu suspiro com o fim da música, sinto a magia acabar, mas só por essa noite quero que a magia não acabe nunca.
- Continua, por favor.
Ela concorda com a cabeça e olha em direção ao mar.
- Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida. Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida. De uma américa a outra eu consigo passar num segundo, giro um simples compasso e num circulo eu faço o mundo.
" Um menino caminha e caminhando chega no muro. E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está. O futuro é uma astro-nave que tentamos pilotar, não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar. Sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar. "
Meus olhos estão vidrados naquela mulher, cujo a voz é a mais perfeita que podia ouvir. Ela está de olhos fechados e sem me olhar já sabe que deve continuar.
- Nessa vida não nos cabe conhecer ou ver o que virá. O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar. Vamos todos numa linda passarela, de uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá.
Ela abre os olhos e sorri, sorrio de volta encantado com tanto amor e melancolia misturado na sua voz.


Continua...



Nota da autora: (11.08.16) Sem nota.






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