Prólogo
Estou imersa em meus afazeres tentando ignorar o enorme aperto no peito que sinto, quando ouço o telefone tocar. Percebo como é incrível o fato de que algumas palavras são capazes de destruir tudo aquilo que eu sempre acreditei.
Ainda tentando absorver o choque causado pela notícia que recebi e sem saber ao certo o que fazer, me vejo sentada em um barzinho. Eu nunca bebi antes, mas quando me dou conta, já misturei diferentes tipos de bebidas alcoólicas, excedendo todos os limites imagináveis.
— Você está bem? — ouço uma voz masculina se dirigir a mim. Automaticamente reviro os olhos, sem a mínima paciência para qualquer homem que for, mesmo que ele seja um velho amigo.
— Não enche, Yago! — resmungo, mas as palavras saem mais enroladas do que eu gostaria.
— Você veio para cá sozinha? — ele insiste, agora se sentando ao meu lado.
— Você está vendo mais alguém por aqui? — lhe lanço um olhar intimidador. — Estou sozinha e continuarei assim, se é isso que você quer saber.
— , o que você tem? — Yago parece realmente preocupado, mas certamente está exagerando.
Homens!
— Não há nada. Estou ótima! — levo o copo de bebida até os lábios e ouço alguém bufando ao meu lado.
— Agora chega, está bem?! — o copo que antes estava em minha frente some e Yago envolve meu corpo com o braço, muito provavelmente com o objetivo de me tirar daqui.
— Fica longe de mim. — rosno, tentando me desvencilhar.
O simples toque de um homem parece me sufocar, por isso, luto para me soltar, mas a cada instante meu corpo parece enfraquecer um pouco mais. Meu subconsciente ainda registra quando viro apenas um peso morto nos braços de um homem que é forte demais para se importar com o esforço que está fazendo.
E então, tudo que vejo não passa de escuridão.
Ainda tentando absorver o choque causado pela notícia que recebi e sem saber ao certo o que fazer, me vejo sentada em um barzinho. Eu nunca bebi antes, mas quando me dou conta, já misturei diferentes tipos de bebidas alcoólicas, excedendo todos os limites imagináveis.
— Você está bem? — ouço uma voz masculina se dirigir a mim. Automaticamente reviro os olhos, sem a mínima paciência para qualquer homem que for, mesmo que ele seja um velho amigo.
— Não enche, Yago! — resmungo, mas as palavras saem mais enroladas do que eu gostaria.
— Você veio para cá sozinha? — ele insiste, agora se sentando ao meu lado.
— Você está vendo mais alguém por aqui? — lhe lanço um olhar intimidador. — Estou sozinha e continuarei assim, se é isso que você quer saber.
— , o que você tem? — Yago parece realmente preocupado, mas certamente está exagerando.
Homens!
— Não há nada. Estou ótima! — levo o copo de bebida até os lábios e ouço alguém bufando ao meu lado.
— Agora chega, está bem?! — o copo que antes estava em minha frente some e Yago envolve meu corpo com o braço, muito provavelmente com o objetivo de me tirar daqui.
— Fica longe de mim. — rosno, tentando me desvencilhar.
O simples toque de um homem parece me sufocar, por isso, luto para me soltar, mas a cada instante meu corpo parece enfraquecer um pouco mais. Meu subconsciente ainda registra quando viro apenas um peso morto nos braços de um homem que é forte demais para se importar com o esforço que está fazendo.
E então, tudo que vejo não passa de escuridão.
Capítulo 1
"E você, tornou-se o adulto que sonhou ser quando criança?"
Jogo a revista sobre a mesa de centro da sala e solto um longo suspiro, incapaz de continuar lendo mais uma linha sequer sobre a vida perfeita, de pessoas perfeitas. Não sei ao menos porque me dei ao capricho de folhear uma revista tão previsível como essa.
Me pego pensando então, em como a vida de alguns parece tão certa, enquanto a de outros não passa de uma grande e inacabável confusão.
Você está pensando demais.
Ouço uma voz dentro de mim sussurrar e mesmo sabendo que pode ser perigoso, já é tarde demais: estou me lembrando de quem eu costumava ser. A garota doce, de futuro promissor, que ainda sonhava, que ainda acreditava...
Você era assim no passado, mas já não é mais!
Obrigo-me a concordar com o meu eu interior. Situações duras fazem as pessoas mudarem e, automaticamente, as tornam duras também. Foi isso que me tornei. Apenas uma pessoa fria, incapaz de sentir certas coisas.
Acredito que seja por isso que é tão difícil de deixar o passado para trás, se consideramos que o presente foge completamente do que foi planejado.
— ? — levo um susto ao perceber que não estou mais só.
— Que bom que você voltou! — abraço o único homem que permito continuar na minha vida. — Como estão os negócios?
Sentamos no sofá e Yago me conta sobre umas das filiais de sua casa de show, localizada no Rio de Janeiro. Deixo com que ele fale, apenas fazendo pequenas interrupções quando julgo conveniente. Decididamente prefiro pensar nos problemas dos outros ao invés dos meus.
— Você sabe que dia é hoje, não? — por fim ele pergunta, depois que nossa conversa sobre à casa de shows se encerra.
— Claro. — respondo contra a vontade. Eu esperava que ele tocasse no assunto, mas isso não significa que eu esteja pronta para falar sobre ele.
— Dois anos que você veio morar aqui. Passou rápido...
Uma das descobertas que fiz nesses últimos anos é que tempo não é capaz de resolver problemas ou curar todas as feridas. Existem coisas, que passe o tempo que for, continuarão presentes na sua memória, por mais que você deseje esquecê-las. Há feridas que não cicatrizam e ponto final.
— Já está tarde, acho que vou me deitar. — tento dar a Yago um sorriso convincente, porque no fundo só quero ficar sozinha. Estou exausta demais para continuar conversando sobre o passado.
No entanto, quando me deito, parece ainda mais difícil de evitar que os pensamentos tomem um rumo indesejável.
Automaticamente volto para quando eu tinha 19 anos. Yago sempre fora meu amigo, mas se mostrou um verdadeiro irmão quando mais precisei. Desde aquela noite, há dois anos, quando ele me encontrou completamente bêbeda em um barzinho, ele vem cuidando de mim.
Admiro muito a pessoa que ele é. Em como sente empatia pelos outros e que apesar das constantes viagens devido aos negócios, sempre encontra um tempinho para mim, sem nunca pedir nada em troca.
Viro-me para o lado, sentindo que não vai demorar muito para meu corpo ceder ao cansaço. Já sei exatamente o que me espera, então apenas fecho os olhos, esperando que os pesadelos comecem.
Quando desperto, o sol já nasceu lá fora. Meus olhos estão inchados, como se eu tivesse passado a noite inteira em claro. No início, era mais difícil para mim. Passava o dia todo bocejando, com o corpo cansado e com os pensamentos lentos. Mas agora, depois de tanto tempo, já me acostumei com a consequência das noites mal dormidas.
Sabendo que não há muito que se fazer, tomo um banho e vou para a cozinha em busca de um café forte o suficiente para me ajudar a acordar. Uma sensação de culpa se apodera de mim, assim que vejo Yago sentado à mesa.
— Sinto muito. — murmuro, desabando na cadeira ao lado dele.
— Pelo quê? — franze a testa, fitando-me.
— Você sabe... Os pesadelos... Os gritos...
— Deixe disso! Já lhe falei que não me incomodo.
Sei que ele diz isso apenas para me confortar. Nas primeiras semanas em que estávamos morando juntos, era comum ele adentrar meu quarto no meio da noite, com medo de que algo estivesse acontecendo, devido aos meus gritos — mais uma das consequências dos malditos pesadelos.
— Tenho uma coisa muito importante para lhe contar.
Analiso Yago com atenção. Ele parece tenso, certamente está com medo da minha reação em relação ao que vai me dizer.
— Estou ouvindo. — o encorajo, frente a seu silêncio.
— Estou apaixonado. — ele diz depressa, como os olhos fixos na xícara de café que está em sua frente.
— Lhe encontro no fundo do poço! — sorrio na tentativa de deixá-lo mais calmo.
— Estou falando sério, . — ele ralha comigo, mas agora seus lábios formam um discreto sorriso.
— Pois bem, eu também estou.
— Se não estou muito enganado, isso se chama ciúmes. — diz ele, claramente querendo me provocar.
— Ah, francamente! — reviro os olhos, sem querer dar o braço a torcer. — E quem é a sortuda? — indago, porque curiosidade sempre fez parte das minhas características.
— O nome dela é Luiza . Irmã do meu sócio, . — ele comenta, e vasculho minha memória em busca de alguma lembrança relacionada a ela.
— Acho que a conheço de vista. Ela é bonita, não posso negar.
— Amanhã vamos jantar na casa dela, para de certo modo "oficializar o namoro". — Yago faz uma careta, provavelmente percebendo quão antiquadas as últimas palavras soam.
— Eu realmente preciso ir? — pergunto, sem demonstrar muita disposição.
— Você sabe que não posso contar com meus pais. Eu ficaria feliz se minha única irmã pudesse ir comigo. — ele me fita com expectativa e consigo compreender o que ele sente. Os pais de Yago moram no Rio Grande do Sul e detestam viajar. A perspectiva de encarar a família da namorada sozinho deve ser apavorante.
— Tudo bem. — aceito por fim. — Mas vamos sair hoje a noite para uma espécie de despedida de solteiro, está bem? — proponho, e ele aceita sem qualquer reclamação.
Jogo a revista sobre a mesa de centro da sala e solto um longo suspiro, incapaz de continuar lendo mais uma linha sequer sobre a vida perfeita, de pessoas perfeitas. Não sei ao menos porque me dei ao capricho de folhear uma revista tão previsível como essa.
Me pego pensando então, em como a vida de alguns parece tão certa, enquanto a de outros não passa de uma grande e inacabável confusão.
Você está pensando demais.
Ouço uma voz dentro de mim sussurrar e mesmo sabendo que pode ser perigoso, já é tarde demais: estou me lembrando de quem eu costumava ser. A garota doce, de futuro promissor, que ainda sonhava, que ainda acreditava...
Você era assim no passado, mas já não é mais!
Obrigo-me a concordar com o meu eu interior. Situações duras fazem as pessoas mudarem e, automaticamente, as tornam duras também. Foi isso que me tornei. Apenas uma pessoa fria, incapaz de sentir certas coisas.
Acredito que seja por isso que é tão difícil de deixar o passado para trás, se consideramos que o presente foge completamente do que foi planejado.
— ? — levo um susto ao perceber que não estou mais só.
— Que bom que você voltou! — abraço o único homem que permito continuar na minha vida. — Como estão os negócios?
Sentamos no sofá e Yago me conta sobre umas das filiais de sua casa de show, localizada no Rio de Janeiro. Deixo com que ele fale, apenas fazendo pequenas interrupções quando julgo conveniente. Decididamente prefiro pensar nos problemas dos outros ao invés dos meus.
— Você sabe que dia é hoje, não? — por fim ele pergunta, depois que nossa conversa sobre à casa de shows se encerra.
— Claro. — respondo contra a vontade. Eu esperava que ele tocasse no assunto, mas isso não significa que eu esteja pronta para falar sobre ele.
— Dois anos que você veio morar aqui. Passou rápido...
Uma das descobertas que fiz nesses últimos anos é que tempo não é capaz de resolver problemas ou curar todas as feridas. Existem coisas, que passe o tempo que for, continuarão presentes na sua memória, por mais que você deseje esquecê-las. Há feridas que não cicatrizam e ponto final.
— Já está tarde, acho que vou me deitar. — tento dar a Yago um sorriso convincente, porque no fundo só quero ficar sozinha. Estou exausta demais para continuar conversando sobre o passado.
No entanto, quando me deito, parece ainda mais difícil de evitar que os pensamentos tomem um rumo indesejável.
Automaticamente volto para quando eu tinha 19 anos. Yago sempre fora meu amigo, mas se mostrou um verdadeiro irmão quando mais precisei. Desde aquela noite, há dois anos, quando ele me encontrou completamente bêbeda em um barzinho, ele vem cuidando de mim.
Admiro muito a pessoa que ele é. Em como sente empatia pelos outros e que apesar das constantes viagens devido aos negócios, sempre encontra um tempinho para mim, sem nunca pedir nada em troca.
Viro-me para o lado, sentindo que não vai demorar muito para meu corpo ceder ao cansaço. Já sei exatamente o que me espera, então apenas fecho os olhos, esperando que os pesadelos comecem.
Quando desperto, o sol já nasceu lá fora. Meus olhos estão inchados, como se eu tivesse passado a noite inteira em claro. No início, era mais difícil para mim. Passava o dia todo bocejando, com o corpo cansado e com os pensamentos lentos. Mas agora, depois de tanto tempo, já me acostumei com a consequência das noites mal dormidas.
Sabendo que não há muito que se fazer, tomo um banho e vou para a cozinha em busca de um café forte o suficiente para me ajudar a acordar. Uma sensação de culpa se apodera de mim, assim que vejo Yago sentado à mesa.
— Sinto muito. — murmuro, desabando na cadeira ao lado dele.
— Pelo quê? — franze a testa, fitando-me.
— Você sabe... Os pesadelos... Os gritos...
— Deixe disso! Já lhe falei que não me incomodo.
Sei que ele diz isso apenas para me confortar. Nas primeiras semanas em que estávamos morando juntos, era comum ele adentrar meu quarto no meio da noite, com medo de que algo estivesse acontecendo, devido aos meus gritos — mais uma das consequências dos malditos pesadelos.
— Tenho uma coisa muito importante para lhe contar.
Analiso Yago com atenção. Ele parece tenso, certamente está com medo da minha reação em relação ao que vai me dizer.
— Estou ouvindo. — o encorajo, frente a seu silêncio.
— Estou apaixonado. — ele diz depressa, como os olhos fixos na xícara de café que está em sua frente.
— Lhe encontro no fundo do poço! — sorrio na tentativa de deixá-lo mais calmo.
— Estou falando sério, . — ele ralha comigo, mas agora seus lábios formam um discreto sorriso.
— Pois bem, eu também estou.
— Se não estou muito enganado, isso se chama ciúmes. — diz ele, claramente querendo me provocar.
— Ah, francamente! — reviro os olhos, sem querer dar o braço a torcer. — E quem é a sortuda? — indago, porque curiosidade sempre fez parte das minhas características.
— O nome dela é Luiza . Irmã do meu sócio, . — ele comenta, e vasculho minha memória em busca de alguma lembrança relacionada a ela.
— Acho que a conheço de vista. Ela é bonita, não posso negar.
— Amanhã vamos jantar na casa dela, para de certo modo "oficializar o namoro". — Yago faz uma careta, provavelmente percebendo quão antiquadas as últimas palavras soam.
— Eu realmente preciso ir? — pergunto, sem demonstrar muita disposição.
— Você sabe que não posso contar com meus pais. Eu ficaria feliz se minha única irmã pudesse ir comigo. — ele me fita com expectativa e consigo compreender o que ele sente. Os pais de Yago moram no Rio Grande do Sul e detestam viajar. A perspectiva de encarar a família da namorada sozinho deve ser apavorante.
— Tudo bem. — aceito por fim. — Mas vamos sair hoje a noite para uma espécie de despedida de solteiro, está bem? — proponho, e ele aceita sem qualquer reclamação.
Capítulo 2
Quando estou na companhia de Yago, as horas passam sem que ao menos eu me de conta. Já anoiteceu e estamos no sofá, assistindo um episódio da nossa série favorita.
— Se realmente vamos sair, precisamos nos arrumar. — comento, assim que o episódio termina.
— Claro que vamos. — ele confirma já se levantando. — Em 20 minutos, aqui na sala?
— Nenhum minuto a mais, nenhum minuto a menos. — concordo, mas sei que isso dificilmente acontecerá.
Yago é a pessoa mais vaidosa que já conheci. Sou muito prática quando o assunto é me arrumar, fazendo isso em pouquíssimo tempo. Ao contrário do meu irmão, que nesse quesito deveria ser considerado a mulher da casa.
— 20 minutos, não é mesmo? — provoco Yago assim que ele finalmente aparece, com um atraso de mais de meia hora.
— Você precisa começar a considerar uma margem de erro. — ele ri, animado como sempre e só então seguimos para nosso destino.
Sair com Yago, diga-se de passagem, sempre foi sinônimo de diversão. Passamos boa parte do tempo juntos, mas como ele é o proprietário da casa de shows onde estamos, em determinado momento da noite, ele precisou me deixar para lidar com alguns pequenos contratempos.
Já percebi, depois de todo esse tempo, que dificilmente um homem se aproxima de mim enquanto Yago está por perto. Certamente imaginando que ele é meu namorado e não meu irmão. Hoje, não foi diferente.
A primeira regra que criei em relação a qualquer homem, é: nunca, em hipótese alguma, passe seu número. Costumo sair à noite única e exclusivamente para curtir, definitivamente não tenho paciência para lidar com um cara pós-balada.
— Está na minha hora. — sussurro, quando os lábios de um moreno, bastante interessante, se afastam dos meus.
— Posso te acompanhar? — ele pergunta, deixando um beijo em meu pescoço.
— Eu adoraria, mas vim com meu irmão. Ele já deve estar me esperando. — uso a desculpa de sempre e me despeço, deixando para trás um cara com um número de telefone que não é meu e com esperanças de que realmente estou interessada.
Consigo encontrar Yago em um dos camarotes, conversando com outro homem. Encaro-o a distância por alguns instantes e só então o reconheço. . Apesar de sócio e melhor amigo do meu irmão, é a primeira vez que o vejo pessoalmente.
— Olá. — cumprimento os dois ao me aproximar.
— Oi. — responde com um belo sorriso no rosto.
— Vamos embora, Yago? — pergunto, porque de alguma maneira, a companhia de me deixa desconfortável.
— Vamos sim. — ele concorda e em seguida estende a mão para o amigo. — Resolvemos isso amanhã, pode ser?
— Claro. — retribui o gesto e em seguida desvia sua atenção para mim. — Até mais.
— Até. — respondo de forma automática e respiro aliviada quando Yago pousa o braço em meu ombro e me guia rumo ao estacionamento. — O cara que estava com você é seu sócio, certo? — questiono assim que entramos no carro.
— Certo.
— E por que eu nunca o vi aqui antes?
— Porque ele estava morando no Rio de Janeiro. Foi para lá na época em que iriamos inaugurar mais uma de nossas filiais e acabou ficando.
— Então ele está só de passagem? — pergunto, mas intimamente estou tentando entender qual foi o problema que vi em e que me causou esse repentino interesse.
— Na verdade não. A família dele mora aqui e por isso ele resolveu voltar. Chegou ontem à noite, junto comigo. — Yago esclarece, mas em seguida sinto um ar tenso se apoderar do ambiente. — Sem querer ser chato, mas tem namorada. — completa, cheio de cautela.
— Não! — exclamo, ao perceber o que se passa na cabeça do meu irmão. — Não estou interessada nele, pelo contrário. Só lhe perguntei por curiosidade.
— Fico aliviado em ouvir isso. já é meu sócio, melhor amigo, cunhado... Namorado da minha irmã seria demais para mim!
— Credo, Yago! Não há a menor possibilidade de isso acontecer! — afirmo convicta.
— E o cara que estava com você hoje à noite? — questiona, lançando-me um olhar de canto.
— Advinha?
— Você não deu seu número para ele...
— Exatamente!
— Quantos homens você já iludiu?
— Essa é uma conta difícil de fazer. — respondo e tanto eu quanto Yago acabamos rindo.
— Eu ainda espero pelo dia que você vai passar o número certo para um cara.
— Espere sentando, porque isso definitivamente não acontecerá.
— Já parou para pensar que talvez você só esteja magoada demais pelo o que aconteceu? Não acho justo você eliminar todas as opções de uma única vez. — ele argumenta, enquanto guarda o carro na garagem de nossa casa.
— Eu prefiro continuar assim, porque, com todo o respeito, homens não prestam.
— Assim você me ofende.
— Você sabe que é minha única exceção.
— Talvez possa existir outra.
— Talvez nós devêssemos ir dormir e esquecer essa conversa. — sugiro assim que chegamos à sala.
— Tudo bem. — ele suspira derrotado. — Mas não se esqueça do jantar na casa da Luiza.
— Não esquecerei. — afirmo e Yago deposita um beijo no topo da minha cabeça. — Boa noite.
— Boa noite e obrigado por não me deixar sozinho.
Quando me deito na cama, me pego pensando instantaneamente no moreno que conheci essa noite. Apesar de ser absolutamente bonito e o mais importante, ser um cara interessante em uma conversa, torço para não encontrá-lo novamente. Ou se caso isso venha acontecer, que ele simplesmente me ignore e não venha pedir explicações a respeito do número que passei errado.
Infelizmente isso já me aconteceu algumas vezes. Poucas, na verdade, mas que ocasionaram situações absolutamente chatas. Alguns homens simplesmente não aceitam o fato de serem dispensados por uma mulher. Voltam com aquele ar de "acho que você se enganou" ou "devo ter entendido errado".
Não seria muito mais fácil se eles apenas aceitassem a derrota e seguissem em frente?
Decido esquecer esse assunto por hora, para me concentrar em algo que agora é muito mais importante: Yago está namorando. Até que ponto isso irá interferir ou modificar nossas vidas? Eu não faço a menor ideia. Sei apenas que meu irmão merece mais do que ninguém ser feliz. E se a felicidade dele está relacionada à Luiza, o mínimo que posso fazer, é apoiá-lo.
— Se realmente vamos sair, precisamos nos arrumar. — comento, assim que o episódio termina.
— Claro que vamos. — ele confirma já se levantando. — Em 20 minutos, aqui na sala?
— Nenhum minuto a mais, nenhum minuto a menos. — concordo, mas sei que isso dificilmente acontecerá.
Yago é a pessoa mais vaidosa que já conheci. Sou muito prática quando o assunto é me arrumar, fazendo isso em pouquíssimo tempo. Ao contrário do meu irmão, que nesse quesito deveria ser considerado a mulher da casa.
— 20 minutos, não é mesmo? — provoco Yago assim que ele finalmente aparece, com um atraso de mais de meia hora.
— Você precisa começar a considerar uma margem de erro. — ele ri, animado como sempre e só então seguimos para nosso destino.
Sair com Yago, diga-se de passagem, sempre foi sinônimo de diversão. Passamos boa parte do tempo juntos, mas como ele é o proprietário da casa de shows onde estamos, em determinado momento da noite, ele precisou me deixar para lidar com alguns pequenos contratempos.
Já percebi, depois de todo esse tempo, que dificilmente um homem se aproxima de mim enquanto Yago está por perto. Certamente imaginando que ele é meu namorado e não meu irmão. Hoje, não foi diferente.
A primeira regra que criei em relação a qualquer homem, é: nunca, em hipótese alguma, passe seu número. Costumo sair à noite única e exclusivamente para curtir, definitivamente não tenho paciência para lidar com um cara pós-balada.
— Está na minha hora. — sussurro, quando os lábios de um moreno, bastante interessante, se afastam dos meus.
— Posso te acompanhar? — ele pergunta, deixando um beijo em meu pescoço.
— Eu adoraria, mas vim com meu irmão. Ele já deve estar me esperando. — uso a desculpa de sempre e me despeço, deixando para trás um cara com um número de telefone que não é meu e com esperanças de que realmente estou interessada.
Consigo encontrar Yago em um dos camarotes, conversando com outro homem. Encaro-o a distância por alguns instantes e só então o reconheço. . Apesar de sócio e melhor amigo do meu irmão, é a primeira vez que o vejo pessoalmente.
— Olá. — cumprimento os dois ao me aproximar.
— Oi. — responde com um belo sorriso no rosto.
— Vamos embora, Yago? — pergunto, porque de alguma maneira, a companhia de me deixa desconfortável.
— Vamos sim. — ele concorda e em seguida estende a mão para o amigo. — Resolvemos isso amanhã, pode ser?
— Claro. — retribui o gesto e em seguida desvia sua atenção para mim. — Até mais.
— Até. — respondo de forma automática e respiro aliviada quando Yago pousa o braço em meu ombro e me guia rumo ao estacionamento. — O cara que estava com você é seu sócio, certo? — questiono assim que entramos no carro.
— Certo.
— E por que eu nunca o vi aqui antes?
— Porque ele estava morando no Rio de Janeiro. Foi para lá na época em que iriamos inaugurar mais uma de nossas filiais e acabou ficando.
— Então ele está só de passagem? — pergunto, mas intimamente estou tentando entender qual foi o problema que vi em e que me causou esse repentino interesse.
— Na verdade não. A família dele mora aqui e por isso ele resolveu voltar. Chegou ontem à noite, junto comigo. — Yago esclarece, mas em seguida sinto um ar tenso se apoderar do ambiente. — Sem querer ser chato, mas tem namorada. — completa, cheio de cautela.
— Não! — exclamo, ao perceber o que se passa na cabeça do meu irmão. — Não estou interessada nele, pelo contrário. Só lhe perguntei por curiosidade.
— Fico aliviado em ouvir isso. já é meu sócio, melhor amigo, cunhado... Namorado da minha irmã seria demais para mim!
— Credo, Yago! Não há a menor possibilidade de isso acontecer! — afirmo convicta.
— E o cara que estava com você hoje à noite? — questiona, lançando-me um olhar de canto.
— Advinha?
— Você não deu seu número para ele...
— Exatamente!
— Quantos homens você já iludiu?
— Essa é uma conta difícil de fazer. — respondo e tanto eu quanto Yago acabamos rindo.
— Eu ainda espero pelo dia que você vai passar o número certo para um cara.
— Espere sentando, porque isso definitivamente não acontecerá.
— Já parou para pensar que talvez você só esteja magoada demais pelo o que aconteceu? Não acho justo você eliminar todas as opções de uma única vez. — ele argumenta, enquanto guarda o carro na garagem de nossa casa.
— Eu prefiro continuar assim, porque, com todo o respeito, homens não prestam.
— Assim você me ofende.
— Você sabe que é minha única exceção.
— Talvez possa existir outra.
— Talvez nós devêssemos ir dormir e esquecer essa conversa. — sugiro assim que chegamos à sala.
— Tudo bem. — ele suspira derrotado. — Mas não se esqueça do jantar na casa da Luiza.
— Não esquecerei. — afirmo e Yago deposita um beijo no topo da minha cabeça. — Boa noite.
— Boa noite e obrigado por não me deixar sozinho.
Quando me deito na cama, me pego pensando instantaneamente no moreno que conheci essa noite. Apesar de ser absolutamente bonito e o mais importante, ser um cara interessante em uma conversa, torço para não encontrá-lo novamente. Ou se caso isso venha acontecer, que ele simplesmente me ignore e não venha pedir explicações a respeito do número que passei errado.
Infelizmente isso já me aconteceu algumas vezes. Poucas, na verdade, mas que ocasionaram situações absolutamente chatas. Alguns homens simplesmente não aceitam o fato de serem dispensados por uma mulher. Voltam com aquele ar de "acho que você se enganou" ou "devo ter entendido errado".
Não seria muito mais fácil se eles apenas aceitassem a derrota e seguissem em frente?
Decido esquecer esse assunto por hora, para me concentrar em algo que agora é muito mais importante: Yago está namorando. Até que ponto isso irá interferir ou modificar nossas vidas? Eu não faço a menor ideia. Sei apenas que meu irmão merece mais do que ninguém ser feliz. E se a felicidade dele está relacionada à Luiza, o mínimo que posso fazer, é apoiá-lo.
Capítulo 3
Estou na cozinha, comendo um sanduíche, tendo em vista que acordei depois do almoço, quando Yago aparece visivelmente nervoso.
— Você precisa escolher alguma coisa para eu vestir hoje à noite.
— Você sempre fez isso sozinho.
— Mas agora é diferente.
— Você já foi a inúmeros jantares e nunca precisou de mim. Sendo franca, sempre achei que você tem um excelente senso de estilo.
— Esse jantar é mais importante do que os outros.
— Tudo bem! Depois dou uma olhada no seu closet e separo algo.
— Obrigado. — ele murmura e por um instante, tenho a sensação de que ele está perdido no "fantástico mundo de Yago". — Sei que estou parecendo patético, mas é realmente importante para mim.
— Eu entendo. — digo para tentar confortá-lo, mas a verdade é que por mais que eu tente, simplesmente não consigo me ver na situação que ele está vivendo. — Mas eu tenho certeza que vai dar tudo certo. Não tem porque não dar.
— Você tem razão. — ele concorda, balançando discretamente a cabeça, como se quisesse se livrar de alguns pensamentos.
— Eu sempre tenho razão! — brinco enquanto me levanto para lavar a louça.
Yago mantem-se visivelmente distraído o restante da tarde. Concluo que ele está com a cabeça cheia de ideias, planejando o que acontecerá a noite. Por fim, acabo desistindo de tentar conversar com ele, depois de ter que repetir várias vezes algumas coisas, sem obter realmente sua atenção.
Como prometi, fui até o closet dele e deixei sobre a cama o que considero apropriado para a ocasião. Satisfeita com minha escolha, vou para meu quarto decidida a ficar pronta mais cedo, porque caso haja algum imprevisto que me faça atrasar, certamente eu perderei o irmão.
— Acho que já podemos ir, não é? — Yago aparece em meu quarto, mais cedo do que o combinado, aparentemente nervoso. Concordo sem levantar qualquer objeção, considerando que já estou pronta. — Você está linda! — ele comenta enquanto seguimos para a casa de Luiza.
— Obrigada. Meu grande objetivo dessa noite é não fazer você passar vergonha. — digo e enfim vejo-o sorrindo.
— Tenho certeza que não vai, caso contrário, você corre o risco de ficar desabrigada. — ele brinca e me sinto satisfeita por ao menos ser útil para deixá-lo um pouco mais relaxado.
De certa forma, fico aliviada ao perceber que não demoramos muito para chegarmos ao nosso destino. "Quanto antes isso começar, mais cedo terminará", penso assim que Yago toca a campainha.
Somos recebidos por , que cumprimenta seu amigo com o mesmo sorriso que me deu na noite passada, quando nos conhecemos. Porém, seu sorriso se desfaz assim que seus olhos recaem sobre mim.
Isso não é um bom sinal!
— Você foi embora com ela ontem a noite, não foi? — fita Yago, como se estivesse exigindo explicações.
— Sim. — meu irmão responde de sobrancelhas franzidas.
— Então por que diabos ela está aqui? — o outro retruca, com a voz áspera.
— Parece bastante óbvio. — me intrometo na conversa, porque uma pequena desconfiança começa a crescer dentro de mim.
— Não parece não! — ele responde dirigindo a mim um olhar de desaprovação. — Isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto. — resmunga, mais para si mesmo do que para nós.
Percebo então duas figuras se aproximarem. Reconheço a namorada de Yago sem muito esforço e deduzo que a outra seja a namorada de no instante em que eles entrelaçam as mãos.
Sinto uma raiva enorme se apoderar de mim.
— O que está acontecendo aqui? — Luiza pergunta, possivelmente sentindo o clima tenso que nos envolve.
— É o que eu estou tentando descobrir. — responde visivelmente incomodado com minha presença.
— Não é nada, Luiza. — esclareço, tentando ao máximo controlar o tom da minha voz. Ela não tem culpa de ter um irmão tão idiota. — Só fico me perguntando por que as pessoas não conseguem ver a mim e Yago como irmãos e começam a nos julgar tão ridiculamente.
— Como é? — indaga, agora espantando.
— Essa é a , minha irmã, . — Yago explica e tenho certeza que ele entendeu tão bem quanto eu o que vinha pensando de nós.
— Eu não acredito que ele fez isso! — Luiza esconde o rosto entre as mãos e parece impossível decidir quem está mais constrangido.
— Tudo bem, só não tem mais clima para mim.
— , por favor. — Yago pede, mas dessa vez terei que desapontá-lo.
— Vai ser ainda pior se eu ficar. — digo a ele, que acaba concordando, já que me conhece há tanto tempo.
— Eu sinto muito, de verdade. — Luiza lamenta, sem ter coragem suficiente para me encarar.
— Não se preocupe. Nós conversamos outra hora, está bem? — tento ser educada e recebo um sorriso aliviado em troca. Mas aí, meus olhos encontram o cara que estragou completamente à noite. Respiro fundo, mas não consigo evitar, quando me dou conta, as palavras já estão saindo da minha boca.
— Yago não é como você que não fica satisfeito com apenas uma mulher.
Confesso que eu não sei se se envolve com outras mulheres ou não, mas depois do que ele insinuou, seria completamente injusto eu deixar barato. Apanhei demais da vida, mas agora eu aprendi a bater também.
O ato de pegar um táxi e ir parar em casa pareceu bastante inconsciente para mim. Há muitas perguntas sem respostas zanzando em minha mente. O que aconteceu essa noite poderia ter sido algo absolutamente normal se viesse de um estranho qualquer, mas se tratando do melhor amigo do meu irmão é completamente estranho e sem sentido.
Esforço-me para imaginar alguma justificativa plausível, mas parece impossível entender sozinha o que aconteceu. Deito-me no sofá já conformada com o fato de que terei que esperar Yago chegar, para talvez, conseguir algumas respostas.
Me pego pensando então, em como o clima deve ter ficado pesado depois que fui embora. Começo a torcer para que meu irmão seja um pouco compressivo e não queira me matar pelo que fiz essa noite.
Mas, afinal de contas, por que é que o irmão de Luiza tem que ser tão babaca assim? Por que não posso ter um momento de sossego em minha vida e fazer com que pelo menos as coisas possam dar certo para Yago?
São apenas mais perguntas, que não possuem repostas.
— Você precisa escolher alguma coisa para eu vestir hoje à noite.
— Você sempre fez isso sozinho.
— Mas agora é diferente.
— Você já foi a inúmeros jantares e nunca precisou de mim. Sendo franca, sempre achei que você tem um excelente senso de estilo.
— Esse jantar é mais importante do que os outros.
— Tudo bem! Depois dou uma olhada no seu closet e separo algo.
— Obrigado. — ele murmura e por um instante, tenho a sensação de que ele está perdido no "fantástico mundo de Yago". — Sei que estou parecendo patético, mas é realmente importante para mim.
— Eu entendo. — digo para tentar confortá-lo, mas a verdade é que por mais que eu tente, simplesmente não consigo me ver na situação que ele está vivendo. — Mas eu tenho certeza que vai dar tudo certo. Não tem porque não dar.
— Você tem razão. — ele concorda, balançando discretamente a cabeça, como se quisesse se livrar de alguns pensamentos.
— Eu sempre tenho razão! — brinco enquanto me levanto para lavar a louça.
Yago mantem-se visivelmente distraído o restante da tarde. Concluo que ele está com a cabeça cheia de ideias, planejando o que acontecerá a noite. Por fim, acabo desistindo de tentar conversar com ele, depois de ter que repetir várias vezes algumas coisas, sem obter realmente sua atenção.
Como prometi, fui até o closet dele e deixei sobre a cama o que considero apropriado para a ocasião. Satisfeita com minha escolha, vou para meu quarto decidida a ficar pronta mais cedo, porque caso haja algum imprevisto que me faça atrasar, certamente eu perderei o irmão.
— Acho que já podemos ir, não é? — Yago aparece em meu quarto, mais cedo do que o combinado, aparentemente nervoso. Concordo sem levantar qualquer objeção, considerando que já estou pronta. — Você está linda! — ele comenta enquanto seguimos para a casa de Luiza.
— Obrigada. Meu grande objetivo dessa noite é não fazer você passar vergonha. — digo e enfim vejo-o sorrindo.
— Tenho certeza que não vai, caso contrário, você corre o risco de ficar desabrigada. — ele brinca e me sinto satisfeita por ao menos ser útil para deixá-lo um pouco mais relaxado.
De certa forma, fico aliviada ao perceber que não demoramos muito para chegarmos ao nosso destino. "Quanto antes isso começar, mais cedo terminará", penso assim que Yago toca a campainha.
Somos recebidos por , que cumprimenta seu amigo com o mesmo sorriso que me deu na noite passada, quando nos conhecemos. Porém, seu sorriso se desfaz assim que seus olhos recaem sobre mim.
Isso não é um bom sinal!
— Você foi embora com ela ontem a noite, não foi? — fita Yago, como se estivesse exigindo explicações.
— Sim. — meu irmão responde de sobrancelhas franzidas.
— Então por que diabos ela está aqui? — o outro retruca, com a voz áspera.
— Parece bastante óbvio. — me intrometo na conversa, porque uma pequena desconfiança começa a crescer dentro de mim.
— Não parece não! — ele responde dirigindo a mim um olhar de desaprovação. — Isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto. — resmunga, mais para si mesmo do que para nós.
Percebo então duas figuras se aproximarem. Reconheço a namorada de Yago sem muito esforço e deduzo que a outra seja a namorada de no instante em que eles entrelaçam as mãos.
Sinto uma raiva enorme se apoderar de mim.
— O que está acontecendo aqui? — Luiza pergunta, possivelmente sentindo o clima tenso que nos envolve.
— É o que eu estou tentando descobrir. — responde visivelmente incomodado com minha presença.
— Não é nada, Luiza. — esclareço, tentando ao máximo controlar o tom da minha voz. Ela não tem culpa de ter um irmão tão idiota. — Só fico me perguntando por que as pessoas não conseguem ver a mim e Yago como irmãos e começam a nos julgar tão ridiculamente.
— Como é? — indaga, agora espantando.
— Essa é a , minha irmã, . — Yago explica e tenho certeza que ele entendeu tão bem quanto eu o que vinha pensando de nós.
— Eu não acredito que ele fez isso! — Luiza esconde o rosto entre as mãos e parece impossível decidir quem está mais constrangido.
— Tudo bem, só não tem mais clima para mim.
— , por favor. — Yago pede, mas dessa vez terei que desapontá-lo.
— Vai ser ainda pior se eu ficar. — digo a ele, que acaba concordando, já que me conhece há tanto tempo.
— Eu sinto muito, de verdade. — Luiza lamenta, sem ter coragem suficiente para me encarar.
— Não se preocupe. Nós conversamos outra hora, está bem? — tento ser educada e recebo um sorriso aliviado em troca. Mas aí, meus olhos encontram o cara que estragou completamente à noite. Respiro fundo, mas não consigo evitar, quando me dou conta, as palavras já estão saindo da minha boca.
— Yago não é como você que não fica satisfeito com apenas uma mulher.
Confesso que eu não sei se se envolve com outras mulheres ou não, mas depois do que ele insinuou, seria completamente injusto eu deixar barato. Apanhei demais da vida, mas agora eu aprendi a bater também.
O ato de pegar um táxi e ir parar em casa pareceu bastante inconsciente para mim. Há muitas perguntas sem respostas zanzando em minha mente. O que aconteceu essa noite poderia ter sido algo absolutamente normal se viesse de um estranho qualquer, mas se tratando do melhor amigo do meu irmão é completamente estranho e sem sentido.
Esforço-me para imaginar alguma justificativa plausível, mas parece impossível entender sozinha o que aconteceu. Deito-me no sofá já conformada com o fato de que terei que esperar Yago chegar, para talvez, conseguir algumas respostas.
Me pego pensando então, em como o clima deve ter ficado pesado depois que fui embora. Começo a torcer para que meu irmão seja um pouco compressivo e não queira me matar pelo que fiz essa noite.
Mas, afinal de contas, por que é que o irmão de Luiza tem que ser tão babaca assim? Por que não posso ter um momento de sossego em minha vida e fazer com que pelo menos as coisas possam dar certo para Yago?
São apenas mais perguntas, que não possuem repostas.
Capítulo 4
— ?
Abro os olhos assustada, deixando para trás um mundo de pesadelos. Porém, assim que vejo Yago me fitando tenho a sensação de que talvez o pesadelo ainda não tenha de fato chegado ao fim.
— Sinto muito por ter estragado seu jantar. — me apresso em dizer, sentando-me em seguida.
— Foi uma situação chata. Você tinha razão em ter ficado brava. — ele responde enquanto se senta ao meu lado. Sua expressão ainda não me deixa claro o que ele está sentindo.
— Devo procurar um lugar novo para morar? — questiono, lembrando-me do que ele havia me dito pouco antes de chegarmos à casa de Luiza.
— Não seja boba! — ele revira os olhos, mas agora percebo que ele está se segurando para não rir.
— Como as coisas ficaram depois que eu fui embora? — peço, com uma ponta de culpa.
— Acho que você arrumou uma boa encrenca para o . A namorada dele não ficou nada satisfeita com o seu comentário.
— Bem feito para ele! — dou de ombros, sem sentir um pingo de remorso por ter dito o que disse para o amigo do meu irmão.
— Aquilo não era verdade, ou era? — Yago me lança um olhar sério e sei que a resposta para isso pode fazer toda a diferença em relação à amizade dele com .
— Claro que não. Não sei nada a respeito da vida dele e nem faço a menor questão de saber.
— Você sabe como animar um jantar! — meu irmão sorri, parecendo mais a vontade.
— Posso te perguntar uma coisa? — indago, depois de alguns instantes de silêncio.
— Pode sim.
— é seu sócio e seu melhor amigo. Como ele não sabia que eu sou sua irmã?
Yago solta um longo suspiro antes de responder.
— Você sabe como sou discreto em relação a minha vida pessoal. É claro que tanto o quanto alguns outros amigos meus sabem que eu tenho uma irmã, mas pense comigo: até dois anos atrás eu era filho único e de repente surge uma irmã do nada. Acho que é difícil para eles associarem você a uma mulher de 21 anos.
"Talvez pensem que meus pais adotaram uma garota mais nova... Enfim, eu nunca fiz questão de ficar explicando porque isso levantaria a curiosidade de muitos. E falar sobre você pode significar falar sobre o seu passado. E esse é um assunto apenas nosso e de mais ninguém. Você entende?" — ele me fita com expectativa, como se estivesse tentando me explicar algo realmente complexo.
— Claro que entendo. — afirmo, porque sua justificativa faz todo o sentindo para mim. — Mas o que você vai dizer para o agora?
— Andei pensando nisso já. Ele não precisa saber dos detalhes, então vou dizer que você sempre foi minha melhor amiga e que acabou ficando sem um lugar para morar e por isso veio para cá.
— Obrigada por cuidar de mim dessa maneira. É muito mais difícil para você do que eu poderia imaginar.
— Faço tudo que posso para proteger você, .
— Você é realmente incrível. O melhor irmão que eu poderia ter encontrado e sinto muito por não corresponder à altura ás vezes. Eu sabia que essa noite era importante para você, deveria ter me controlado. Você tem todo o direito de ficar irritado comigo.
— Vou esquecer o que aconteceu hoje com uma condição. — estreito os olhos para Yago que agora está sorrindo. — Eu e a Luisa marcamos de sair amanhã à noite, porém acabou se convidando para ir também.
— Céus! Ele é tão lerdo assim? — questiono fazendo Yago rir. — Você quer que eu vá também, estou certa?
— Está. Não estou pedindo para que você se torne a melhor amiga dele, só quero ter um trunfo na manga caso ele não deixe eu e a Isa em paz.
— E como você sabe que eu vou conseguir mantê-lo longe de vocês?
— Acredite em mim, se tem alguém que pode fazer isso, esse alguém só pode ser você.
Tudo bem! Não posso negar que Yago tem um pouco de razão. Digamos que eu levo jeito para enrolar os homens. Mas quando acordo na manhã seguinte, percebo que terei que me preparar psicologicamente para, muito provavelmente, ter que aturar durante a noite toda. Mesmo odiando com todas as forças a ideia, é o mínimo que posso fazer por meu irmão.
Tento manter meus pensamentos focados em outros assuntos durante o dia, mas a noite chega e eu não posso mais evitar o bendito encontro. Arrumo-me e espero por Yago na sala.
— Qual o motivo desse desânimo? — meu irmão questiona assim que me vê.
— Você ainda pergunta?
— Ele não é tão ruim assim, garanto a você.
— Não dizem que a primeira impressão é a que fica?
— Acho que ainda está para nascer alguém mais complicada que você. — acabo sorrindo. Ele está coberto de razão. — Vamos indo, antes que você desista.
Não fico nada surpresa ao perceber que estamos indo em direção a Estação 296, a casa de shows que pertence a Yago e .
Luiza já está com o irmão em um dos camarotes. Ela me cumprimenta de forma bastante gentil, enquanto mal dirige o olhar para mim. Não me incomodo nenhum pouco com sua atitude e fico bastante aliviada ao perceber que ele se afasta poucos minutos depois da nossa chegada.
Deixo Luiza e Yago sozinhos e me dirijo para uma mesa próxima ao bar. Peço uma bebida e fico sentada sozinha por um bom tempo, observando as pessoas se divertirem, até que noto alguém se sentando ao meu lado.
Reviro os olhos.
— Ela pediu um tempo depois daquilo que você disse. — obviamente se refere à namorada.
— Você não deveria estar em casa pensando nela? — peço, enquanto giro despreocupadamente meu copo de bebida que está sobre a mesa.
— Eu não vou ficar com outra mulher. — ele afirma, com um tom de voz bastante decidido.
— Eu não falei isso.
— Mas insinuou.
— Acho que você está imaginando coisas. Mas de qualquer modo, é bastante provável que você não resista. Afinal, os homens simplesmente não prestam.
Deixo falando sozinho, porque nada do que ele possa dizer fará com que eu mude de opinião.
Abro os olhos assustada, deixando para trás um mundo de pesadelos. Porém, assim que vejo Yago me fitando tenho a sensação de que talvez o pesadelo ainda não tenha de fato chegado ao fim.
— Sinto muito por ter estragado seu jantar. — me apresso em dizer, sentando-me em seguida.
— Foi uma situação chata. Você tinha razão em ter ficado brava. — ele responde enquanto se senta ao meu lado. Sua expressão ainda não me deixa claro o que ele está sentindo.
— Devo procurar um lugar novo para morar? — questiono, lembrando-me do que ele havia me dito pouco antes de chegarmos à casa de Luiza.
— Não seja boba! — ele revira os olhos, mas agora percebo que ele está se segurando para não rir.
— Como as coisas ficaram depois que eu fui embora? — peço, com uma ponta de culpa.
— Acho que você arrumou uma boa encrenca para o . A namorada dele não ficou nada satisfeita com o seu comentário.
— Bem feito para ele! — dou de ombros, sem sentir um pingo de remorso por ter dito o que disse para o amigo do meu irmão.
— Aquilo não era verdade, ou era? — Yago me lança um olhar sério e sei que a resposta para isso pode fazer toda a diferença em relação à amizade dele com .
— Claro que não. Não sei nada a respeito da vida dele e nem faço a menor questão de saber.
— Você sabe como animar um jantar! — meu irmão sorri, parecendo mais a vontade.
— Posso te perguntar uma coisa? — indago, depois de alguns instantes de silêncio.
— Pode sim.
— é seu sócio e seu melhor amigo. Como ele não sabia que eu sou sua irmã?
Yago solta um longo suspiro antes de responder.
— Você sabe como sou discreto em relação a minha vida pessoal. É claro que tanto o quanto alguns outros amigos meus sabem que eu tenho uma irmã, mas pense comigo: até dois anos atrás eu era filho único e de repente surge uma irmã do nada. Acho que é difícil para eles associarem você a uma mulher de 21 anos.
"Talvez pensem que meus pais adotaram uma garota mais nova... Enfim, eu nunca fiz questão de ficar explicando porque isso levantaria a curiosidade de muitos. E falar sobre você pode significar falar sobre o seu passado. E esse é um assunto apenas nosso e de mais ninguém. Você entende?" — ele me fita com expectativa, como se estivesse tentando me explicar algo realmente complexo.
— Claro que entendo. — afirmo, porque sua justificativa faz todo o sentindo para mim. — Mas o que você vai dizer para o agora?
— Andei pensando nisso já. Ele não precisa saber dos detalhes, então vou dizer que você sempre foi minha melhor amiga e que acabou ficando sem um lugar para morar e por isso veio para cá.
— Obrigada por cuidar de mim dessa maneira. É muito mais difícil para você do que eu poderia imaginar.
— Faço tudo que posso para proteger você, .
— Você é realmente incrível. O melhor irmão que eu poderia ter encontrado e sinto muito por não corresponder à altura ás vezes. Eu sabia que essa noite era importante para você, deveria ter me controlado. Você tem todo o direito de ficar irritado comigo.
— Vou esquecer o que aconteceu hoje com uma condição. — estreito os olhos para Yago que agora está sorrindo. — Eu e a Luisa marcamos de sair amanhã à noite, porém acabou se convidando para ir também.
— Céus! Ele é tão lerdo assim? — questiono fazendo Yago rir. — Você quer que eu vá também, estou certa?
— Está. Não estou pedindo para que você se torne a melhor amiga dele, só quero ter um trunfo na manga caso ele não deixe eu e a Isa em paz.
— E como você sabe que eu vou conseguir mantê-lo longe de vocês?
— Acredite em mim, se tem alguém que pode fazer isso, esse alguém só pode ser você.
Tudo bem! Não posso negar que Yago tem um pouco de razão. Digamos que eu levo jeito para enrolar os homens. Mas quando acordo na manhã seguinte, percebo que terei que me preparar psicologicamente para, muito provavelmente, ter que aturar durante a noite toda. Mesmo odiando com todas as forças a ideia, é o mínimo que posso fazer por meu irmão.
Tento manter meus pensamentos focados em outros assuntos durante o dia, mas a noite chega e eu não posso mais evitar o bendito encontro. Arrumo-me e espero por Yago na sala.
— Qual o motivo desse desânimo? — meu irmão questiona assim que me vê.
— Você ainda pergunta?
— Ele não é tão ruim assim, garanto a você.
— Não dizem que a primeira impressão é a que fica?
— Acho que ainda está para nascer alguém mais complicada que você. — acabo sorrindo. Ele está coberto de razão. — Vamos indo, antes que você desista.
Não fico nada surpresa ao perceber que estamos indo em direção a Estação 296, a casa de shows que pertence a Yago e .
Luiza já está com o irmão em um dos camarotes. Ela me cumprimenta de forma bastante gentil, enquanto mal dirige o olhar para mim. Não me incomodo nenhum pouco com sua atitude e fico bastante aliviada ao perceber que ele se afasta poucos minutos depois da nossa chegada.
Deixo Luiza e Yago sozinhos e me dirijo para uma mesa próxima ao bar. Peço uma bebida e fico sentada sozinha por um bom tempo, observando as pessoas se divertirem, até que noto alguém se sentando ao meu lado.
Reviro os olhos.
— Ela pediu um tempo depois daquilo que você disse. — obviamente se refere à namorada.
— Você não deveria estar em casa pensando nela? — peço, enquanto giro despreocupadamente meu copo de bebida que está sobre a mesa.
— Eu não vou ficar com outra mulher. — ele afirma, com um tom de voz bastante decidido.
— Eu não falei isso.
— Mas insinuou.
— Acho que você está imaginando coisas. Mas de qualquer modo, é bastante provável que você não resista. Afinal, os homens simplesmente não prestam.
Deixo falando sozinho, porque nada do que ele possa dizer fará com que eu mude de opinião.
Capítulo 5
Consciente de que mexi em uma ferida ainda muito recente, tomo o cuidado de manter uma distância segura entre mim e , mas sem perdê-lo do meu campo de visão, afinal, não quero que ele desconte sua frustração em Yago e Luiza. No entanto, algo me diz que é exatamente isso que vai acontecer.
Dito e feito!
Não demora muito para que ele siga em direção ao casal e eu faço o mesmo, disposta a não deixar nada e nem ninguém estragar com a noite do meu irmão.
— Vamos dançar! — puxo pelo braço, que meio confuso me segue até a pista de dança.
Percebo imediatamente que deve existir alguém conspirando contra mim, quando uma música lenta ecoa pelo espaço, substituindo a anterior que era bem mais agitada.
Um constrangido se aproxima de mim e leva uma de suas mãos até minhas costas. Sem muitas opções, sou obrigada a fazer o mesmo. Nossa proximidade faz com que eu perceba duas coisas: ele é muito mais forte do que eu julgava que fosse e seu perfume é definitivamente um dos melhores que já senti.
Quando me dou conta a respeito do que estou pensando, procuro de forma quase involuntária os olhos de . Praticamente paramos no meio da pista e o inesperado acontece: ele me beija.
Confesso que poucos caras beijam dessa forma. No entanto, não é só o beijo em si que é surpreendente. é intenso e sabe o que fazer exatamente na hora certa. Ele conseguiria facilmente me fazer perder a cabeça, caso eu tivesse me esquecido da nossa conversa de mais cedo.
Mas eu não esqueci.
Quando sinto os lábios dele se afastarem dos meus, sussurro algumas palavras:
— Eu disse que você não resistiria, não disse?
se mantem completamente imóvel, possivelmente assimilando o significado do que acabou de acontecer. Sorrindo, eu ainda mordo levemente o lábio inferior dele e só então vou embora, triunfante.
Opto por voltar para casa de táxi e mando uma mensagem para Yago avisando-o para não se preocupar comigo. Torço para que ele não tenha me visto com , porque se ele viu, estou certa de que não terei mais um minuto de paz.
Somente quando deito na cama é que começo relembrar de fato os acontecimentos da noite e inevitavelmente me vejo pensando em . Concluo que se não fosse por mim, ele não teria ficado com nenhuma outra mulher, como havia dito que faria.
— Acorda, ! — quando abro os olhos, tenho a sensação de que não faz cinco minutos que me deitei, mas pela claridade que entra pela janela já deve ter amanhecido faz tempo.
— O que você quer? — peço para Yago, cobrindo minha cabeça com a coberta.
— Só vim avisar que vou sair um pouquinho. — jogo um travesseiro em meu irmão e o fuzilo com os olhos.
— Dá próxima vez deixe um bilhete na cozinha.
— Que mau humor!
— Não sei se você percebeu, mas não tive uma noite tão boa quanto sua.
— Pensei que você tivesse, pelo menos, dormido bem.
— Como assim? — pergunto, sem entender a razão do seu comentário.
— Você não gritou essa noite.
— Tem certeza?
— Tenho sim. — ele responde bastante convicto, já caminhando em direção à porta. — Acredito que a explicação para isso é aquele beijo de ontem. — e antes mesmo de eu poder brigar, ele some porta a fora, me deixando sozinha.
Decido que não é muito seguro ficar pensando nas suposições de Yago e desço até a cozinha para tomar café. Assim que termino de guardar a louça, ouço a campainha tocar. Abro a porta e sou surpreendida por . Ele avança para dentro e me encurrala contra uma parede.
— Você conseguiu o que queria! — ele rosna e seus olhos parecem soltar fagulhas de raiva.
— A única coisa que quero de você é distância, mas infelizmente ainda não consegui isso. — rebato, na vã tentativa de me defender.
— Você acabou com meu namoro!
— Ah, francamente! Estou pouco me lixando para você e seus problemas com sua namorada.
— Se você não tivesse me beijado ontem, isso não estaria acontecendo.
— É claro! A culpa é toda minha agora. Você não tem a mínima responsabilidade sobre o que aconteceu. — retruco e apresar de toda minha irritação, eu sinto um desconforto enorme tendo em vista que o rosto de está a poucos centímetros de distância do meu.
— Se um não quer dois não beijam.
— Não sei se você se deu conta, mas isso significa que se você não quisesse, o beijo não teria acontecido. — as palavras saem da minha boca como um jorro.
me fita por um instante parecendo completamente perdido e finalmente vai embora, sem dizer mais nada. Rezo para que eu tenha conseguido me livrar dele de uma vez por todas.
Mal tenho tempo de me sentar no sofá e ouço a porta da frente se abrindo. Em um momento de delírio penso que pode ser novamente, mas logo me lembro de que tranquei a porta depois que ele saiu.
— Oi, pensei que você ainda estivesse dormindo. — Yago sorri, se jogando no sofá. — Você está bem? Parece que viu um fantasma.
— Vi sim. — murmuro e deito minha cabeça sobre as penas dele.
— Eu desconfiei, porque vi um saindo daqui. — conta, acariciando meus cabelos. — parecia bastante perturbado.
— Ele veio aqui para me culpar pelo fim do namoro, acredita? — questiono incrédula.
— Convenhamos que você não é totalmente inocente da acusação.
— Você está defendendo ele, é isso mesmo?
— A questão não é essa. Mas pense comigo: você colocou uma pulga atrás da orelha da Keila quando deixou a entender que se envolvia com outras mulheres.
— Eu só falei aquilo porque estava irritada.
— Eu sei disso. Mas depois do que aconteceu ontem, fica difícil para o encontrar um argumento. — Yago observa. — Pelo que Luiza me disse, uma amiga de Keila contou para ela que viu vocês dois juntos.
— Vai me culpar pelo beijo também? — pergunto completamente aborrecida.
— Claro que não. Mas o fato é que o beijo aconteceu e isso colocou em uma situação bastante complicada.
— Você pode fazer um favor para mim?
— Claro. O que você quer?
— Quero que você nunca mais me peça para ir a algum lugar onde possa estar, ok?
— Mas, ... — Yago tenta argumentar, porém eu o interrompo.
— Já está decidido. Posso conviver tranquilamente com Luiza, mas não me peça para aturar aquele idiota de novo!
— Ok. — ele concorda, mas noto que faz isso contra a vontade. — Vou viajar hoje à tarde. — para meu alívio, ele decide mudar de assunto.
— Para onde?
— Rio Grande do Sul.
— Mande um abraço para seus pais.
— Pode deixar. — ele concorda, sorrindo. — Eu devo estar de volta no final de semana, você vai ficar bem até lá?
— Vou sim. Não se preocupe comigo.
As frequentes viagens são possivelmente a parte que Yago mais gosta do seu trabalho. No entanto, para mim elas não possuem um significado tão atrativo. Significam apenas que mais uma vez, estou sozinha.
Dito e feito!
Não demora muito para que ele siga em direção ao casal e eu faço o mesmo, disposta a não deixar nada e nem ninguém estragar com a noite do meu irmão.
— Vamos dançar! — puxo pelo braço, que meio confuso me segue até a pista de dança.
Percebo imediatamente que deve existir alguém conspirando contra mim, quando uma música lenta ecoa pelo espaço, substituindo a anterior que era bem mais agitada.
Um constrangido se aproxima de mim e leva uma de suas mãos até minhas costas. Sem muitas opções, sou obrigada a fazer o mesmo. Nossa proximidade faz com que eu perceba duas coisas: ele é muito mais forte do que eu julgava que fosse e seu perfume é definitivamente um dos melhores que já senti.
Quando me dou conta a respeito do que estou pensando, procuro de forma quase involuntária os olhos de . Praticamente paramos no meio da pista e o inesperado acontece: ele me beija.
Confesso que poucos caras beijam dessa forma. No entanto, não é só o beijo em si que é surpreendente. é intenso e sabe o que fazer exatamente na hora certa. Ele conseguiria facilmente me fazer perder a cabeça, caso eu tivesse me esquecido da nossa conversa de mais cedo.
Mas eu não esqueci.
Quando sinto os lábios dele se afastarem dos meus, sussurro algumas palavras:
— Eu disse que você não resistiria, não disse?
se mantem completamente imóvel, possivelmente assimilando o significado do que acabou de acontecer. Sorrindo, eu ainda mordo levemente o lábio inferior dele e só então vou embora, triunfante.
Opto por voltar para casa de táxi e mando uma mensagem para Yago avisando-o para não se preocupar comigo. Torço para que ele não tenha me visto com , porque se ele viu, estou certa de que não terei mais um minuto de paz.
Somente quando deito na cama é que começo relembrar de fato os acontecimentos da noite e inevitavelmente me vejo pensando em . Concluo que se não fosse por mim, ele não teria ficado com nenhuma outra mulher, como havia dito que faria.
— Acorda, ! — quando abro os olhos, tenho a sensação de que não faz cinco minutos que me deitei, mas pela claridade que entra pela janela já deve ter amanhecido faz tempo.
— O que você quer? — peço para Yago, cobrindo minha cabeça com a coberta.
— Só vim avisar que vou sair um pouquinho. — jogo um travesseiro em meu irmão e o fuzilo com os olhos.
— Dá próxima vez deixe um bilhete na cozinha.
— Que mau humor!
— Não sei se você percebeu, mas não tive uma noite tão boa quanto sua.
— Pensei que você tivesse, pelo menos, dormido bem.
— Como assim? — pergunto, sem entender a razão do seu comentário.
— Você não gritou essa noite.
— Tem certeza?
— Tenho sim. — ele responde bastante convicto, já caminhando em direção à porta. — Acredito que a explicação para isso é aquele beijo de ontem. — e antes mesmo de eu poder brigar, ele some porta a fora, me deixando sozinha.
Decido que não é muito seguro ficar pensando nas suposições de Yago e desço até a cozinha para tomar café. Assim que termino de guardar a louça, ouço a campainha tocar. Abro a porta e sou surpreendida por . Ele avança para dentro e me encurrala contra uma parede.
— Você conseguiu o que queria! — ele rosna e seus olhos parecem soltar fagulhas de raiva.
— A única coisa que quero de você é distância, mas infelizmente ainda não consegui isso. — rebato, na vã tentativa de me defender.
— Você acabou com meu namoro!
— Ah, francamente! Estou pouco me lixando para você e seus problemas com sua namorada.
— Se você não tivesse me beijado ontem, isso não estaria acontecendo.
— É claro! A culpa é toda minha agora. Você não tem a mínima responsabilidade sobre o que aconteceu. — retruco e apresar de toda minha irritação, eu sinto um desconforto enorme tendo em vista que o rosto de está a poucos centímetros de distância do meu.
— Se um não quer dois não beijam.
— Não sei se você se deu conta, mas isso significa que se você não quisesse, o beijo não teria acontecido. — as palavras saem da minha boca como um jorro.
me fita por um instante parecendo completamente perdido e finalmente vai embora, sem dizer mais nada. Rezo para que eu tenha conseguido me livrar dele de uma vez por todas.
Mal tenho tempo de me sentar no sofá e ouço a porta da frente se abrindo. Em um momento de delírio penso que pode ser novamente, mas logo me lembro de que tranquei a porta depois que ele saiu.
— Oi, pensei que você ainda estivesse dormindo. — Yago sorri, se jogando no sofá. — Você está bem? Parece que viu um fantasma.
— Vi sim. — murmuro e deito minha cabeça sobre as penas dele.
— Eu desconfiei, porque vi um saindo daqui. — conta, acariciando meus cabelos. — parecia bastante perturbado.
— Ele veio aqui para me culpar pelo fim do namoro, acredita? — questiono incrédula.
— Convenhamos que você não é totalmente inocente da acusação.
— Você está defendendo ele, é isso mesmo?
— A questão não é essa. Mas pense comigo: você colocou uma pulga atrás da orelha da Keila quando deixou a entender que se envolvia com outras mulheres.
— Eu só falei aquilo porque estava irritada.
— Eu sei disso. Mas depois do que aconteceu ontem, fica difícil para o encontrar um argumento. — Yago observa. — Pelo que Luiza me disse, uma amiga de Keila contou para ela que viu vocês dois juntos.
— Vai me culpar pelo beijo também? — pergunto completamente aborrecida.
— Claro que não. Mas o fato é que o beijo aconteceu e isso colocou em uma situação bastante complicada.
— Você pode fazer um favor para mim?
— Claro. O que você quer?
— Quero que você nunca mais me peça para ir a algum lugar onde possa estar, ok?
— Mas, ... — Yago tenta argumentar, porém eu o interrompo.
— Já está decidido. Posso conviver tranquilamente com Luiza, mas não me peça para aturar aquele idiota de novo!
— Ok. — ele concorda, mas noto que faz isso contra a vontade. — Vou viajar hoje à tarde. — para meu alívio, ele decide mudar de assunto.
— Para onde?
— Rio Grande do Sul.
— Mande um abraço para seus pais.
— Pode deixar. — ele concorda, sorrindo. — Eu devo estar de volta no final de semana, você vai ficar bem até lá?
— Vou sim. Não se preocupe comigo.
As frequentes viagens são possivelmente a parte que Yago mais gosta do seu trabalho. No entanto, para mim elas não possuem um significado tão atrativo. Significam apenas que mais uma vez, estou sozinha.
Capítulo 6
Acordo devido a alguns barulhos que parecem vir do andar de baixo. Contra a vontade, acabo levantando para ver o que está acontecendo. Assim que coloco o pé no primeiro degrau da escada ouço a voz de e paro imediatamente.
Ele está conversando com Yago sobre mim.
— Você não conseguiria suportar ela. — meu irmão afirma.
— Você está duvidando de mim? — questiona em tom desafiador.
— Dois meses namorando ela. Mas namoro sério, com tudo o que tem direito. — ouço Yago propor e arregalo os olhos, sem acreditar que ele esteja de fato fazendo isso comigo.
— Fechado! — responde, deixando-me completamente atordoada.
Não tenho coragem para ouvir mais nada, nem mesmo para saber qual será o prêmio da aposta. Sinto meu corpo ferver de raiva, no entanto, me esforço para manter os pensamentos claros. Preciso decidir o que vou fazer.
Não posso simplesmente dizer a eles que ouvi a conversa. Preciso encontrar uma maneira de me vingar. Deito novamente na cama enquanto analiso cuidadosamente as opções que tenho. Chego à conclusão de que talvez valha a pena entrar no jogo deles. Assim, posso infernizar a vida de e de quebra fazer com que Yago perca a aposta.
Paro de pensar no assunto quando vejo meu irmão entrando em meu quarto.
— Tudo bem? — ele pergunta, como se a conversa que estava tendo a pouco fosse sobre algo sem importância alguma.
— Tudo ótimo! — respondo, aderindo a mesma postura descontraída dele.
— Tem algum problema se a Isa vir jantar aqui hoje?
— Claro que não.
— E por acaso você já tem algum compromisso?
— Não, mas posso sair e deixar a casa livre para vocês. Sem problema algum!
— Na verdade perguntei por que queria que você jantasse com a gente.
— Tem certeza? — peço, sem a mínima vontade para receber visitas na atual circunstância.
— Absoluta.
— Mas depois do jantar eu subo para o quarto, está bem?
— Como preferir. — ele concorda, sorrindo.
— E como foi sua viagem? — indago tentando encontrar um assunto que seja mais seguro de ser abordado.
Yago começa fazer uma descrição detalhada da sua semana, mas não consigo prestar atenção em muita coisa. Fico me perguntando apenas quais devem ser os motivos que levaram a essa aposta idiota.
Depois de contar tudo o que queria, Yago volta a me deixar sozinha e aproveito para fazer algo útil. Decido arrumar meu closet a fim de me manter concentrada em outras coisas.
Levo boa parte da tarde para deixar tudo como queria. Só então me concentro nos preparativos para o jantar. Apesar de ser ideia de Yago, seria um milagre se ele se encarregasse de alguma coisa.
Quando Luiza chega — um pouco mais cedo do que o combinado, já tenho tudo devidamente organizado e por isso, aproveito para conhecê-la melhor. A impressão que tenho, logo de início, é a de que Yago escolheu a pessoa certa. Ao contrário do irmão, a companhia dela é extremamente agradável.
Depois do jantar, Luiza me ajuda com a louça e só então eu me despeço e subo até meu quarto. Pego no sono rapidamente, considerando o dia cansativo que tive.
Desperto com alguém tocando de forma descontrolada a campainha. Com medo de que possa ser algo realmente importante, levanto-me e logo no corredor dou de cara com Luiza.
— Bom dia. — ela sorri, mas posso perceber quão envergonhada ela está.
— Bom dia. — retribuo seu sorriso de forma carinhosa. — Você está esperando alguém?
— Não, mas posso apostar que é o . — ela responde, e o fato de eu não ter perguntado o que ela está fazendo aqui, parece deixá-la mais calma. — Ele vai fazer um escândalo. — comenta, revirando os olhos.
— Deixe ele comigo. Só avise Yago para não descer agora. — aconselho a ela, que concordando entra no quarto do meu irmão.
Sigo em direção à porta de entrada já sabendo o que vou fazer.
— Olá! — dou um grande sorriso para um homem que agora está completamente sem reação.
— Luiza está aqui? — ele pergunta nervoso, depois de parecer ter recuperado os sentidos.
Por uma questão de "isso não é do seu interesse" opto por não responder a pergunta. Isso parece irritar que tenta avançar para dentro da casa. Impeço-o colocando meu corpo em sua frente. Meu gesto nos faz ficar bastante próximos.
Esse homem pode dizer ao mundo inteiro que me odeia, mas seu corpo deixa claro o quanto eu o afeto. Aproveito a oportunidade e coloco minha mão direita no bolso de trás da calça dele. Minha provocação o deixa ainda mais imóvel.
— Qual o motivo do nervosismo? — peço para ele, com a voz sussurrada.
— O que deu em você? — ele usa o mesmo tom, mas posso notar uma ponta de desconfiança em sua voz.
— Absolutamente nada. — respondo, mas ele se afasta abruptamente.
Luiza enfim apareceu na sala.
— Eu sabia que você estava aqui! — ele esbraveja, encarando-a furtivamente.
— Ela está aqui porque eu insisti. Não sabia que estaria causando tanto problema. Realmente sinto muito. — me intrometo, antes que Luiza possa dizer algo.
— Posso saber por que você quis que ela ficasse? — desvia o olhar para mim e vejo um vinco formado em sua testa.
— Eu acabei passando mal depois do jantar e pedi que ela me fizesse companhia.
— E Yago?
— Ela dormiu no meu quarto, se é isso que você quer saber. — rebato sem pestanejar.
— E por que você não atendeu ao celular? — ele se volta novamente para a irmã.
— Porque esqueci o celular aqui na sala. — ela aponta para o sofá, indicando o lugar onde sua bolsa está.
— Qual a parte do "eu passei mal" você ainda não entendeu? — questiono a ele, tentando colocar um fim a discussão.
— Tudo bem. — ele cede, mas pouco convencido. — Agora vamos para casa.
Luiza vem até mim e me abraça, sussurrando um "muito obrigada" em meu ouvido. Assim que ela sai, eu e ficamos sozinhos mais uma vez. Ele me encara por longos segundos, até que decide ir embora.
— Se cuide, meu bem. — falo, antes de ele sair. Tenho a impressão de que ele hesita momentaneamente, mas em seguida, some porta a fora.
Ele está conversando com Yago sobre mim.
— Você não conseguiria suportar ela. — meu irmão afirma.
— Você está duvidando de mim? — questiona em tom desafiador.
— Dois meses namorando ela. Mas namoro sério, com tudo o que tem direito. — ouço Yago propor e arregalo os olhos, sem acreditar que ele esteja de fato fazendo isso comigo.
— Fechado! — responde, deixando-me completamente atordoada.
Não tenho coragem para ouvir mais nada, nem mesmo para saber qual será o prêmio da aposta. Sinto meu corpo ferver de raiva, no entanto, me esforço para manter os pensamentos claros. Preciso decidir o que vou fazer.
Não posso simplesmente dizer a eles que ouvi a conversa. Preciso encontrar uma maneira de me vingar. Deito novamente na cama enquanto analiso cuidadosamente as opções que tenho. Chego à conclusão de que talvez valha a pena entrar no jogo deles. Assim, posso infernizar a vida de e de quebra fazer com que Yago perca a aposta.
Paro de pensar no assunto quando vejo meu irmão entrando em meu quarto.
— Tudo bem? — ele pergunta, como se a conversa que estava tendo a pouco fosse sobre algo sem importância alguma.
— Tudo ótimo! — respondo, aderindo a mesma postura descontraída dele.
— Tem algum problema se a Isa vir jantar aqui hoje?
— Claro que não.
— E por acaso você já tem algum compromisso?
— Não, mas posso sair e deixar a casa livre para vocês. Sem problema algum!
— Na verdade perguntei por que queria que você jantasse com a gente.
— Tem certeza? — peço, sem a mínima vontade para receber visitas na atual circunstância.
— Absoluta.
— Mas depois do jantar eu subo para o quarto, está bem?
— Como preferir. — ele concorda, sorrindo.
— E como foi sua viagem? — indago tentando encontrar um assunto que seja mais seguro de ser abordado.
Yago começa fazer uma descrição detalhada da sua semana, mas não consigo prestar atenção em muita coisa. Fico me perguntando apenas quais devem ser os motivos que levaram a essa aposta idiota.
Depois de contar tudo o que queria, Yago volta a me deixar sozinha e aproveito para fazer algo útil. Decido arrumar meu closet a fim de me manter concentrada em outras coisas.
Levo boa parte da tarde para deixar tudo como queria. Só então me concentro nos preparativos para o jantar. Apesar de ser ideia de Yago, seria um milagre se ele se encarregasse de alguma coisa.
Quando Luiza chega — um pouco mais cedo do que o combinado, já tenho tudo devidamente organizado e por isso, aproveito para conhecê-la melhor. A impressão que tenho, logo de início, é a de que Yago escolheu a pessoa certa. Ao contrário do irmão, a companhia dela é extremamente agradável.
Depois do jantar, Luiza me ajuda com a louça e só então eu me despeço e subo até meu quarto. Pego no sono rapidamente, considerando o dia cansativo que tive.
Desperto com alguém tocando de forma descontrolada a campainha. Com medo de que possa ser algo realmente importante, levanto-me e logo no corredor dou de cara com Luiza.
— Bom dia. — ela sorri, mas posso perceber quão envergonhada ela está.
— Bom dia. — retribuo seu sorriso de forma carinhosa. — Você está esperando alguém?
— Não, mas posso apostar que é o . — ela responde, e o fato de eu não ter perguntado o que ela está fazendo aqui, parece deixá-la mais calma. — Ele vai fazer um escândalo. — comenta, revirando os olhos.
— Deixe ele comigo. Só avise Yago para não descer agora. — aconselho a ela, que concordando entra no quarto do meu irmão.
Sigo em direção à porta de entrada já sabendo o que vou fazer.
— Olá! — dou um grande sorriso para um homem que agora está completamente sem reação.
— Luiza está aqui? — ele pergunta nervoso, depois de parecer ter recuperado os sentidos.
Por uma questão de "isso não é do seu interesse" opto por não responder a pergunta. Isso parece irritar que tenta avançar para dentro da casa. Impeço-o colocando meu corpo em sua frente. Meu gesto nos faz ficar bastante próximos.
Esse homem pode dizer ao mundo inteiro que me odeia, mas seu corpo deixa claro o quanto eu o afeto. Aproveito a oportunidade e coloco minha mão direita no bolso de trás da calça dele. Minha provocação o deixa ainda mais imóvel.
— Qual o motivo do nervosismo? — peço para ele, com a voz sussurrada.
— O que deu em você? — ele usa o mesmo tom, mas posso notar uma ponta de desconfiança em sua voz.
— Absolutamente nada. — respondo, mas ele se afasta abruptamente.
Luiza enfim apareceu na sala.
— Eu sabia que você estava aqui! — ele esbraveja, encarando-a furtivamente.
— Ela está aqui porque eu insisti. Não sabia que estaria causando tanto problema. Realmente sinto muito. — me intrometo, antes que Luiza possa dizer algo.
— Posso saber por que você quis que ela ficasse? — desvia o olhar para mim e vejo um vinco formado em sua testa.
— Eu acabei passando mal depois do jantar e pedi que ela me fizesse companhia.
— E Yago?
— Ela dormiu no meu quarto, se é isso que você quer saber. — rebato sem pestanejar.
— E por que você não atendeu ao celular? — ele se volta novamente para a irmã.
— Porque esqueci o celular aqui na sala. — ela aponta para o sofá, indicando o lugar onde sua bolsa está.
— Qual a parte do "eu passei mal" você ainda não entendeu? — questiono a ele, tentando colocar um fim a discussão.
— Tudo bem. — ele cede, mas pouco convencido. — Agora vamos para casa.
Luiza vem até mim e me abraça, sussurrando um "muito obrigada" em meu ouvido. Assim que ela sai, eu e ficamos sozinhos mais uma vez. Ele me encara por longos segundos, até que decide ir embora.
— Se cuide, meu bem. — falo, antes de ele sair. Tenho a impressão de que ele hesita momentaneamente, mas em seguida, some porta a fora.
Capítulo 7
Eu definitivamente estou entrando no jogo que Yago e decidiram iniciar. O que talvez nenhum deles saiba, é quando entro em algo, entro para ganhar.
— O que aconteceu? — meu irmão está no corredor, visivelmente nervoso.
— Para todos os efeitos, ontem eu passei mal e pedi para a Isa ficar aqui. — explico para não correr o risco de descobrir a mentira que inventei. — E ela dormiu no meu quarto, inclusive. — concluo por precaução.
— Fico te devendo mais uma. — ele diz, enquanto descemos em direção à sala.
— Esteja certo que vou lhe cobrar. Não foi nada fácil convencer seu cunhado. Ele estava bastante irritado.
— Ele está com ciúmes. Se é assim com a irmã, imagina com a namorada?! — Yago se joga no sofá, mais relaxado do que nunca. Tomo consciência de que essa é a primeira vez que o ouço criticando seu melhor amigo.
O que uma aposta não faz!
— Vamos jogar vídeo game? — ele sugere arrancando-me do meu devaneio.
— Vamos!
Quando se convive com um homem, você é praticamente obrigada a aprender a jogar e modéstia parte, depois que peguei o jeito, me tornei uma ótima jogadora.
Passamos a manhã toda em frente à televisão, em meio a provocações e risadas.
— Vou tomar banho que ganho mais! — Yago resmunga, depois de ter sido derrotado novamente por mim.
— E eu vou pedir o almoço.
Depois de ligar para o restaurante, ouço o barulho de um celular tocando. Encontro o aparelho de Yago no sofá e vejo o nome de na tela.
— Alô.
— É quem?
— Nenhuma amante do Yago, isso eu garanto. — respondo ironicamente.
— Ah é você! — ele exclama, parecendo sem jeito. — Yago está?
— Ele está no banho.
— Você pode pedir para ele me ligar depois?
— Posso sim. — concordo, fazendo-me de boa moça. — Mais alguma coisa?
— Tem sim. — ele murmura depois de um instante em silêncio.
— Estou ouvindo.
— Quando você vai esquecer o que aconteceu naquele maldito jantar?
— Talvez quando você se desculpar.
— Eu realmente sinto muito, .
— Vou pensar no seu caso com carinho. — prometo e em seguida encerro a ligação.
As coisas não serão assim tão fáceis para .
— Seu sócio ligou. — informo meu irmão assim que ele dá as caras novamente.
— E você atendeu? — ele pede, parecendo duvidar da ideia.
— Sim. E ele pediu para que você retornasse. — passo o recado enquanto me dirijo para a cozinha. — Mas vamos almoçar primeiro, pode ser?
Ele concorda e me ajuda a pôr os pratos na mesa.
— Nós poderíamos ir pescar hoje à tarde, o que você acha? — ele pergunta já se servindo.
— Quando você diz "nós" se refere a quem exatamente?
— A mim e você.
— Sem incluir a Luiza?
— É melhor deixar o se acalmar um pouco.
— Em resumo, eu virei um quebra galho! — decido fazer um pouco de drama.
— Olha o ciúme! — ele ri e engatamos uma calorosa discussão sobre o assunto.
Somente depois de termos organizado a cozinha e as coisas que vamos precisar é que seguimos para o lugar que mais amo.
A chácara é uma das propriedades da minha família. Ela é meu refúgio. O lugar onde consigo encontrar sossego e posso recordar, sem medo, do passado. Acredito que isso se dê pelo fato dela estar rodeada de lembranças felizes. É o único lugar que não foi contaminado pela dor.
Enquanto Yago organiza os equipamentos de pesca, eu dou uma volta pela casa para ver se está tudo certo. Sou pega de surpresa ao ouvir barulho de carro se aproximando.
Quando chego à varanda dou de cara com .
— O que você está fazendo aqui? — questiono sem esconder o tom de raiva em minha voz.
— Convidei Yago para pescar, mas ele disse que iria sair com você e me convidou para vir também.
— Eu vou matar aquele idiota! — resmungo para mim mesma, sem acreditar no que está acontecendo.
— Acho que eu nunca vou conseguir entender você. — me fita, parecendo desapontando com minha reação.
— Está aí uma coisa em que concordamos.
— Já é um bom começo, pequena. — fico completamente imóvel ao assimilar as palavras de .
— Do que você me chamou? — pergunto ainda mais irritada, sem acreditar no que acabei de ouvir.
— Pequena. — ele responde firme, como se estivesse a fim de me desafiar.
— Vá para o inferno! — rosno e volto para dentro de casa, incapaz de continuar olhando para o cara mais sem noção que já conheci.
Ele mal me conhece! Como pode achar que temos tanta intimidade assim? Só então me lembro da aposta. É imprescindível que eu mantenha a cabeça no lugar, se de fato pretendo acabar com o plano dos dois.
De cabeça fria, saio da casa e procuro por eles. Ambos já estão pescando e por isso decido parar próximo a uma árvore e ficar apenas observando-os. Os dois estão de costas para mim e possuem uma postura bastante descontraída. Confesso que a visão é um tanto quanto interessante.
Só depois de alguns minutos é que crio coragem para me aproximar.
— Pensei que você não viria mais. — Yago comenta e eu apenas sorrio para ele, ainda incomodada com o fato dele ter convidado o amigo sem me consultar.
— Você não vai pescar? — pergunta encarando-me por cima dos óculos escuros.
— Hoje não. — dou de ombros e me sento na grama, tentando lidar com o fato de que ainda terei que aturar por mais algumas horas.
Observo os dois por mais um bom tempo, até que Yago decide ir para o outro lado do lago e acaba desistindo de pescar, vindo se sentar ao meu lado.
— Yago disse que você pesca bem. — ele comenta, tirando os óculos e passando despreocupadamente a mão pelos cabelos.
— Exagero dele. Só tenho um pouco de prática.
— Você deveria ensinar seu irmão a ser modesto assim. Ele costuma ser bem convencido. — ele sorri.
— Acho que já faz parte da natureza dele ser assim.
— Você tem razão. — concorda e seus olhos se desviam para o lago. Ele parece estar tão perdido em seus pensamentos, que não tenho coragem de interrompê-lo. — Yago sempre foi muito cauteloso em relação a você. A impressão que tenho é que ele quer te preservar do máximo de coisas possíveis. — a repentina mudança de assunto me pega de surpresa.
— Tanto que só fui conhecer você pessoalmente agora. Mesmo você sendo melhor amigo e sócio dele.
— Pois é. Acho que boa parte disso se deve ao fato de eu ter morado no Rio e, boa parte pelo fato de Yago sempre ter evitado me encontrar na casa de vocês.
— Acho que ele sabia que eu não iria gostar de receber visitas.
— Talvez, mas agora que ele começou a namorar a Isa, tornou-se bem mais flexível quanto a isso. — recebo a notícia com menos entusiasmo do que demonstro.
— Vou precisar ir embora. — Yago nos interrompe, parecendo bastante apressado.
— Por quê? — questiono, querendo saber o motivo para ele estar retornando tão cedo.
— Um dos fornecedores de bebida está me esperando, para negociarmos.
— Ainda bem que você cuida dessa parte. Odeio negociações! — exclama.
— Eu cuido dessa parte, mas vou precisar que você leve a para casa. Alguém precisa organizar a bagunça que fizemos aqui e se eu ficar vou acabar chegando muito tarde.
— Vá para a reunião que eu e a ficamos para organizar e depois eu a deixo em casa. — rapidamente adere à sugestão do meu irmão.
— Será que vocês podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? — indago irritada, mas Yago me ignora completamente e segue a passos largos em direção ao seu carro.
Sem ter outra opção e me corroendo de vontade de dar uns belos tapas em meu irmão, arrumo tudo em completo silêncio, tentando esquecer que minha única companhia se resume ao cara mais importuno que já conheci.
— , me ajuda aqui! — tenho que ceder ao perceber que a porta está emperrada e que não consigo de forma alguma fechá-la.
— Você está me pedindo ajuda, é isso mesmo?
Sinto uma vontade avassaladora de mandar para o quinto dos infernos, mas como sei que será praticamente impossível encontrar outra carona para ir para casa, acabo ficando quieta.
O desgraçado ainda me deixa sofrer por alguns momentos e só então decide vir me ajudar. De forma absolutamente desnecessária ele me abraça por trás e com uma facilidade irritante ele puxa a porta, fechando-a.
Fico encurralada entre a porta e . Consigo sentir o calor que seu corpo emana e sua respiração extremamente próxima a meu ouvido.
— Pronto, minha pequena. — ele sussurra, fazendo-me estremecer involuntariamente.
— Eu não sou sua! — rosno entre dentes, virando-me para encará-lo.
— Por enquanto. — ele retruca e sorrindo segue até o carro.
Fico calada durante todo o percurso de volta, sem acreditar que em menos de três dias depois de ter feito a aposta com Yago, já está me considerando um objeto seu.
Babaca!
Quando chegamos à frente da minha casa, também desce e se apoia distraidamente no capô do carro.
— Obrigada pela carona. — falo, tentando ao menos manter o tom de voz educado.
— De nada, pequena.
Passo o restante da tarde nutrindo meu ódio por . Decido esperar Yago chegar para tomar satisfação com ele, mas assim que ele se aproxima de mim e sinto o cheiro de um perfume doce (exatamente igual ao de Luiza), me calo.
A única pergunta que realmente começa a ter importância para mim é por que Yago se deu ao trabalho de inventar uma desculpa para me deixar sozinha com , se isso poderia fazê-lo perder a aposta?
— O que aconteceu? — meu irmão está no corredor, visivelmente nervoso.
— Para todos os efeitos, ontem eu passei mal e pedi para a Isa ficar aqui. — explico para não correr o risco de descobrir a mentira que inventei. — E ela dormiu no meu quarto, inclusive. — concluo por precaução.
— Fico te devendo mais uma. — ele diz, enquanto descemos em direção à sala.
— Esteja certo que vou lhe cobrar. Não foi nada fácil convencer seu cunhado. Ele estava bastante irritado.
— Ele está com ciúmes. Se é assim com a irmã, imagina com a namorada?! — Yago se joga no sofá, mais relaxado do que nunca. Tomo consciência de que essa é a primeira vez que o ouço criticando seu melhor amigo.
O que uma aposta não faz!
— Vamos jogar vídeo game? — ele sugere arrancando-me do meu devaneio.
— Vamos!
Quando se convive com um homem, você é praticamente obrigada a aprender a jogar e modéstia parte, depois que peguei o jeito, me tornei uma ótima jogadora.
Passamos a manhã toda em frente à televisão, em meio a provocações e risadas.
— Vou tomar banho que ganho mais! — Yago resmunga, depois de ter sido derrotado novamente por mim.
— E eu vou pedir o almoço.
Depois de ligar para o restaurante, ouço o barulho de um celular tocando. Encontro o aparelho de Yago no sofá e vejo o nome de na tela.
— Alô.
— É quem?
— Nenhuma amante do Yago, isso eu garanto. — respondo ironicamente.
— Ah é você! — ele exclama, parecendo sem jeito. — Yago está?
— Ele está no banho.
— Você pode pedir para ele me ligar depois?
— Posso sim. — concordo, fazendo-me de boa moça. — Mais alguma coisa?
— Tem sim. — ele murmura depois de um instante em silêncio.
— Estou ouvindo.
— Quando você vai esquecer o que aconteceu naquele maldito jantar?
— Talvez quando você se desculpar.
— Eu realmente sinto muito, .
— Vou pensar no seu caso com carinho. — prometo e em seguida encerro a ligação.
As coisas não serão assim tão fáceis para .
— Seu sócio ligou. — informo meu irmão assim que ele dá as caras novamente.
— E você atendeu? — ele pede, parecendo duvidar da ideia.
— Sim. E ele pediu para que você retornasse. — passo o recado enquanto me dirijo para a cozinha. — Mas vamos almoçar primeiro, pode ser?
Ele concorda e me ajuda a pôr os pratos na mesa.
— Nós poderíamos ir pescar hoje à tarde, o que você acha? — ele pergunta já se servindo.
— Quando você diz "nós" se refere a quem exatamente?
— A mim e você.
— Sem incluir a Luiza?
— É melhor deixar o se acalmar um pouco.
— Em resumo, eu virei um quebra galho! — decido fazer um pouco de drama.
— Olha o ciúme! — ele ri e engatamos uma calorosa discussão sobre o assunto.
Somente depois de termos organizado a cozinha e as coisas que vamos precisar é que seguimos para o lugar que mais amo.
A chácara é uma das propriedades da minha família. Ela é meu refúgio. O lugar onde consigo encontrar sossego e posso recordar, sem medo, do passado. Acredito que isso se dê pelo fato dela estar rodeada de lembranças felizes. É o único lugar que não foi contaminado pela dor.
Enquanto Yago organiza os equipamentos de pesca, eu dou uma volta pela casa para ver se está tudo certo. Sou pega de surpresa ao ouvir barulho de carro se aproximando.
Quando chego à varanda dou de cara com .
— O que você está fazendo aqui? — questiono sem esconder o tom de raiva em minha voz.
— Convidei Yago para pescar, mas ele disse que iria sair com você e me convidou para vir também.
— Eu vou matar aquele idiota! — resmungo para mim mesma, sem acreditar no que está acontecendo.
— Acho que eu nunca vou conseguir entender você. — me fita, parecendo desapontando com minha reação.
— Está aí uma coisa em que concordamos.
— Já é um bom começo, pequena. — fico completamente imóvel ao assimilar as palavras de .
— Do que você me chamou? — pergunto ainda mais irritada, sem acreditar no que acabei de ouvir.
— Pequena. — ele responde firme, como se estivesse a fim de me desafiar.
— Vá para o inferno! — rosno e volto para dentro de casa, incapaz de continuar olhando para o cara mais sem noção que já conheci.
Ele mal me conhece! Como pode achar que temos tanta intimidade assim? Só então me lembro da aposta. É imprescindível que eu mantenha a cabeça no lugar, se de fato pretendo acabar com o plano dos dois.
De cabeça fria, saio da casa e procuro por eles. Ambos já estão pescando e por isso decido parar próximo a uma árvore e ficar apenas observando-os. Os dois estão de costas para mim e possuem uma postura bastante descontraída. Confesso que a visão é um tanto quanto interessante.
Só depois de alguns minutos é que crio coragem para me aproximar.
— Pensei que você não viria mais. — Yago comenta e eu apenas sorrio para ele, ainda incomodada com o fato dele ter convidado o amigo sem me consultar.
— Você não vai pescar? — pergunta encarando-me por cima dos óculos escuros.
— Hoje não. — dou de ombros e me sento na grama, tentando lidar com o fato de que ainda terei que aturar por mais algumas horas.
Observo os dois por mais um bom tempo, até que Yago decide ir para o outro lado do lago e acaba desistindo de pescar, vindo se sentar ao meu lado.
— Yago disse que você pesca bem. — ele comenta, tirando os óculos e passando despreocupadamente a mão pelos cabelos.
— Exagero dele. Só tenho um pouco de prática.
— Você deveria ensinar seu irmão a ser modesto assim. Ele costuma ser bem convencido. — ele sorri.
— Acho que já faz parte da natureza dele ser assim.
— Você tem razão. — concorda e seus olhos se desviam para o lago. Ele parece estar tão perdido em seus pensamentos, que não tenho coragem de interrompê-lo. — Yago sempre foi muito cauteloso em relação a você. A impressão que tenho é que ele quer te preservar do máximo de coisas possíveis. — a repentina mudança de assunto me pega de surpresa.
— Tanto que só fui conhecer você pessoalmente agora. Mesmo você sendo melhor amigo e sócio dele.
— Pois é. Acho que boa parte disso se deve ao fato de eu ter morado no Rio e, boa parte pelo fato de Yago sempre ter evitado me encontrar na casa de vocês.
— Acho que ele sabia que eu não iria gostar de receber visitas.
— Talvez, mas agora que ele começou a namorar a Isa, tornou-se bem mais flexível quanto a isso. — recebo a notícia com menos entusiasmo do que demonstro.
— Vou precisar ir embora. — Yago nos interrompe, parecendo bastante apressado.
— Por quê? — questiono, querendo saber o motivo para ele estar retornando tão cedo.
— Um dos fornecedores de bebida está me esperando, para negociarmos.
— Ainda bem que você cuida dessa parte. Odeio negociações! — exclama.
— Eu cuido dessa parte, mas vou precisar que você leve a para casa. Alguém precisa organizar a bagunça que fizemos aqui e se eu ficar vou acabar chegando muito tarde.
— Vá para a reunião que eu e a ficamos para organizar e depois eu a deixo em casa. — rapidamente adere à sugestão do meu irmão.
— Será que vocês podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? — indago irritada, mas Yago me ignora completamente e segue a passos largos em direção ao seu carro.
Sem ter outra opção e me corroendo de vontade de dar uns belos tapas em meu irmão, arrumo tudo em completo silêncio, tentando esquecer que minha única companhia se resume ao cara mais importuno que já conheci.
— , me ajuda aqui! — tenho que ceder ao perceber que a porta está emperrada e que não consigo de forma alguma fechá-la.
— Você está me pedindo ajuda, é isso mesmo?
Sinto uma vontade avassaladora de mandar para o quinto dos infernos, mas como sei que será praticamente impossível encontrar outra carona para ir para casa, acabo ficando quieta.
O desgraçado ainda me deixa sofrer por alguns momentos e só então decide vir me ajudar. De forma absolutamente desnecessária ele me abraça por trás e com uma facilidade irritante ele puxa a porta, fechando-a.
Fico encurralada entre a porta e . Consigo sentir o calor que seu corpo emana e sua respiração extremamente próxima a meu ouvido.
— Pronto, minha pequena. — ele sussurra, fazendo-me estremecer involuntariamente.
— Eu não sou sua! — rosno entre dentes, virando-me para encará-lo.
— Por enquanto. — ele retruca e sorrindo segue até o carro.
Fico calada durante todo o percurso de volta, sem acreditar que em menos de três dias depois de ter feito a aposta com Yago, já está me considerando um objeto seu.
Babaca!
Quando chegamos à frente da minha casa, também desce e se apoia distraidamente no capô do carro.
— Obrigada pela carona. — falo, tentando ao menos manter o tom de voz educado.
— De nada, pequena.
Passo o restante da tarde nutrindo meu ódio por . Decido esperar Yago chegar para tomar satisfação com ele, mas assim que ele se aproxima de mim e sinto o cheiro de um perfume doce (exatamente igual ao de Luiza), me calo.
A única pergunta que realmente começa a ter importância para mim é por que Yago se deu ao trabalho de inventar uma desculpa para me deixar sozinha com , se isso poderia fazê-lo perder a aposta?
Capítulo 8
As três semanas seguintes passaram rapidamente e vi começar a entrar em minha vida aos poucos. Nesse meio tempo, chego à conclusão de que ele consegue ser extremamente chato quando quer, mas também sabe ser gentil em determinadas situações.
No entanto, mesmo nos dias em que sua companhia não é tão terrível assim, quando olho para ele, lembro-me apenas da aposta e em como nós dois estamos fingindo para conseguir o que queremos.
— Oi, ! — Luiza abre um enorme sorriso assim que abro a porta para ela. — Pronta para o show? — pergunta visivelmente animada.
— Prontíssima! — afirmo enquanto a acompanho até a sala. — E ? — peço, porque a ideia de sairmos hoje a noite partiu dele.
— Ficou esperando no carro.
— Vou avisar a ele que você e Yago ainda vão demorar um pouquinho. — aviso ao ver meu irmão descendo as escadas, sorridente.
Deixo os dois sozinhos e saio de casa decidida a fazer com que as coisas entre mim e evoluam. Já estou cansada dessa história de sermos apenas amigos.
Meu futuro namorado está apoiado em seu carro, com sua postura descontraída de sempre, mas essa noite em especial, ele está de tirar o fôlego.
— Oi. — ele me recebe com um sorriso sedutor e eu me aproximo para abraçá-lo.
— Oi. — sussurro em seu ouvido e fico absolutamente satisfeita quando ele leva as mãos até minha cintura, puxando-me para ainda mais perto do seu corpo.
— Yago e Luiza? — ele questiona, sem desviar os olhos dos meus.
— Ainda vão demorar.
— O que significa que teremos um tempo só para nós.
— Exatamente! — concordo ao perceber certa malícia surgir em seus olhos. — Acho que é nossa obrigação aproveitar esse tempo da melhor maneira possível.
Entrelaço minhas mãos em volta do pescoço de e assim que seus lábios tocam os meus, percebo que talvez eu não tenha sido a única a sair de casa decidida a fazer nosso relacionamento engrenar.
— Você está linda! — ele sussurra quando nosso beijo é interrompido devido à escassez de ar. Ainda estou com os olhos fechados, mas posso sentir o nariz dele roçando o meu de leve.
— Você também está. — respondo e abro os olhos somente porque sei que vou ver um radiante em minha frente.
Acho que esse foi o primeiro elogio que ele recebeu de mim.
Por mais durona que eu seja não posso simplesmente negar o que é óbvio. está realmente bonito, mesmo vestindo uma camiseta totalmente branca e uma calça jeans preta, há algo diferente nele.
Gostaria de, pelo menos por mais uma vez, me sentir tão feliz como ele parece estar se sentindo agora.
— Você está triste. — ouço dizer e solto um longo suspiro, incomodada com o fato de deixar meus pensamentos transparecerem tão facilmente.
— Não é nada. — tento fazer com que minha voz soe convincente e aproveito nossa proximidade para abraçá-lo novamente. Tanto para esconder meu rosto, tanto para poder encontrar a fonte de seu perfume, que agora se tornou oficialmente o melhor que já senti.
aceita sem relutância meu abraço e não faz qualquer menção de encerrá-lo mesmo depois de longos minutos.
Nos afastamos somente quando Yago e Luiza aparecem, nenhum deles parecendo surpreso com o fato de eu e estarmos juntos e, para meu alívio, acabo não ouvindo qualquer comentário sobre o assunto.
De certo modo, acho engraçada a forma como se dispõem em segurar minha mão e em se manter ao meu lado durante o restante da noite. Aventuro-me a dizer que grande parte das mulheres se apaixonaria facilmente por ele, no entanto, estou convicta de que não pertenço a esse grupo.
Não nego que com o passar dos dias o fato de eu estar com por conta de uma aposta, começa a me incomodar. Porém, isso parece tão natural para ele que me obrigo a deixar a culpa de lado.
Você não é a única que está mentindo aqui!
Meu eu interior alega, quando penso que estou agindo de forma totalmente inescrupulosa.
Tentando criar argumentos inquestionáveis para seguir em frente com tal loucura, vejo o mês passar com uma rapidez absurda. Imagino que isso se deva porque agora também começou a fazer parte dos meus dias e requerer minha atenção.
O grande problema nisso tudo, é que ainda não estamos namorando.
Deixo em nosso camarote da Estação 296 para ir até o banheiro, tentando fingir que esse pequeno detalhe (mas de uma importância inegável) em nossa relação não me incomoda.
Sou pega completamente de surpresa quando uma mão segura meu braço, fazendo com que o lugar que sela nosso contato doa instantaneamente.
— Ei, me larga! — falo para o cara que me segura, tentando me desvencilhar.
— Vem comigo. — ele ordena e para minha aflição noto que ele está completamente bêbado.
— Me solta! — grito quando ele começa a me puxar em direção à saída e só então tomo consciência da gravidade da situação.
As lágrimas começam a se acumular em meus olhos e mesmo estando rodeada de pessoas ninguém parece perceber meu desespero. Todos estão concentrados demais na atração que está tocando no palco ou simplesmente não se importam.
Esforço-me para pensar no que fazer e só percebo que não há mais pressão alguma em meu braço quando vejo o homem que estava a causando cair no chão.
As lágrimas tornam-se ainda mais intensas quando encontro e percebo que foi ele quem me salvou.
— Está tudo bem agora. — ele sussurra para mim, envolvendo meu corpo em um abraço. — Cara, eu só não bato mais em você porque você está bêbado, mas nunca mais se meta com a namorada dos outros! — a voz de soa ameaçadora e o homem que agora está sendo levantado por dois seguranças parece atordoado.
Fico absolutamente grata quando percebo que estou sendo tirada do meio da aglomeração sufocante de pessoas e sendo levada até o lugar onde mais cedo deixamos o carro.
— Obrigada! — tento expressar toda a gratidão que estou sentindo, mas minha voz sai entrecortada.
— Não precisa agradecer. — me fita com atenção e posso ver em seus olhos, que no fundo, ele está tão assustado quanto eu. — Ele te machucou?
— Não. Mas se você não tivesse visto... — começo, mas sou calada por um beijo.
— Sempre estarei por perto para te proteger. — ele promete acariciando meu rosto com uma das mãos.
Sua promessa e seu gesto afetuoso fazem com que eu me acalme.
— Posso te perguntar uma coisa? — sou vencida pela curiosidade, certa de que não vou conseguir deixar escapar a oportunidade que surgiu, mesmo em um momento tão impróprio.
— Claro. — ele responde prontamente, talvez até imaginando o que vai acontecer.
— Que história foi aquela de "não se meta com a namorada dos outros"? — ergo as sobrancelhas e vejo um sorriso encantador se formar no rosto de .
Eu já notei como o sorriso dele é bonito?
— Me dê um segundo. — ele pede, destravando as portas do carro e procurando por algo lá dentro. — O que você acha de me levar um pouco mais a sério?
— Não seja dramático! — o advirto, mas a sensação que tenho é de nada seria capaz de fazer o sorriso dele desaparecer.
— É simples. Igual ao que eu já uso. — ele avisa, estendendo uma pequena caixa para mim, cujo conteúdo é um anel. — Você quer namorar comigo? — pergunta, com os olhos brilhando de expectativa.
— É claro que quero. — respondo e então ele coloca o anel em meu dedo.
Só mais dois meses.
E tudo volta a ser como era.
No entanto, mesmo nos dias em que sua companhia não é tão terrível assim, quando olho para ele, lembro-me apenas da aposta e em como nós dois estamos fingindo para conseguir o que queremos.
— Oi, ! — Luiza abre um enorme sorriso assim que abro a porta para ela. — Pronta para o show? — pergunta visivelmente animada.
— Prontíssima! — afirmo enquanto a acompanho até a sala. — E ? — peço, porque a ideia de sairmos hoje a noite partiu dele.
— Ficou esperando no carro.
— Vou avisar a ele que você e Yago ainda vão demorar um pouquinho. — aviso ao ver meu irmão descendo as escadas, sorridente.
Deixo os dois sozinhos e saio de casa decidida a fazer com que as coisas entre mim e evoluam. Já estou cansada dessa história de sermos apenas amigos.
Meu futuro namorado está apoiado em seu carro, com sua postura descontraída de sempre, mas essa noite em especial, ele está de tirar o fôlego.
— Oi. — ele me recebe com um sorriso sedutor e eu me aproximo para abraçá-lo.
— Oi. — sussurro em seu ouvido e fico absolutamente satisfeita quando ele leva as mãos até minha cintura, puxando-me para ainda mais perto do seu corpo.
— Yago e Luiza? — ele questiona, sem desviar os olhos dos meus.
— Ainda vão demorar.
— O que significa que teremos um tempo só para nós.
— Exatamente! — concordo ao perceber certa malícia surgir em seus olhos. — Acho que é nossa obrigação aproveitar esse tempo da melhor maneira possível.
Entrelaço minhas mãos em volta do pescoço de e assim que seus lábios tocam os meus, percebo que talvez eu não tenha sido a única a sair de casa decidida a fazer nosso relacionamento engrenar.
— Você está linda! — ele sussurra quando nosso beijo é interrompido devido à escassez de ar. Ainda estou com os olhos fechados, mas posso sentir o nariz dele roçando o meu de leve.
— Você também está. — respondo e abro os olhos somente porque sei que vou ver um radiante em minha frente.
Acho que esse foi o primeiro elogio que ele recebeu de mim.
Por mais durona que eu seja não posso simplesmente negar o que é óbvio. está realmente bonito, mesmo vestindo uma camiseta totalmente branca e uma calça jeans preta, há algo diferente nele.
Gostaria de, pelo menos por mais uma vez, me sentir tão feliz como ele parece estar se sentindo agora.
— Você está triste. — ouço dizer e solto um longo suspiro, incomodada com o fato de deixar meus pensamentos transparecerem tão facilmente.
— Não é nada. — tento fazer com que minha voz soe convincente e aproveito nossa proximidade para abraçá-lo novamente. Tanto para esconder meu rosto, tanto para poder encontrar a fonte de seu perfume, que agora se tornou oficialmente o melhor que já senti.
aceita sem relutância meu abraço e não faz qualquer menção de encerrá-lo mesmo depois de longos minutos.
Nos afastamos somente quando Yago e Luiza aparecem, nenhum deles parecendo surpreso com o fato de eu e estarmos juntos e, para meu alívio, acabo não ouvindo qualquer comentário sobre o assunto.
De certo modo, acho engraçada a forma como se dispõem em segurar minha mão e em se manter ao meu lado durante o restante da noite. Aventuro-me a dizer que grande parte das mulheres se apaixonaria facilmente por ele, no entanto, estou convicta de que não pertenço a esse grupo.
Não nego que com o passar dos dias o fato de eu estar com por conta de uma aposta, começa a me incomodar. Porém, isso parece tão natural para ele que me obrigo a deixar a culpa de lado.
Você não é a única que está mentindo aqui!
Meu eu interior alega, quando penso que estou agindo de forma totalmente inescrupulosa.
Tentando criar argumentos inquestionáveis para seguir em frente com tal loucura, vejo o mês passar com uma rapidez absurda. Imagino que isso se deva porque agora também começou a fazer parte dos meus dias e requerer minha atenção.
O grande problema nisso tudo, é que ainda não estamos namorando.
Deixo em nosso camarote da Estação 296 para ir até o banheiro, tentando fingir que esse pequeno detalhe (mas de uma importância inegável) em nossa relação não me incomoda.
Sou pega completamente de surpresa quando uma mão segura meu braço, fazendo com que o lugar que sela nosso contato doa instantaneamente.
— Ei, me larga! — falo para o cara que me segura, tentando me desvencilhar.
— Vem comigo. — ele ordena e para minha aflição noto que ele está completamente bêbado.
— Me solta! — grito quando ele começa a me puxar em direção à saída e só então tomo consciência da gravidade da situação.
As lágrimas começam a se acumular em meus olhos e mesmo estando rodeada de pessoas ninguém parece perceber meu desespero. Todos estão concentrados demais na atração que está tocando no palco ou simplesmente não se importam.
Esforço-me para pensar no que fazer e só percebo que não há mais pressão alguma em meu braço quando vejo o homem que estava a causando cair no chão.
As lágrimas tornam-se ainda mais intensas quando encontro e percebo que foi ele quem me salvou.
— Está tudo bem agora. — ele sussurra para mim, envolvendo meu corpo em um abraço. — Cara, eu só não bato mais em você porque você está bêbado, mas nunca mais se meta com a namorada dos outros! — a voz de soa ameaçadora e o homem que agora está sendo levantado por dois seguranças parece atordoado.
Fico absolutamente grata quando percebo que estou sendo tirada do meio da aglomeração sufocante de pessoas e sendo levada até o lugar onde mais cedo deixamos o carro.
— Obrigada! — tento expressar toda a gratidão que estou sentindo, mas minha voz sai entrecortada.
— Não precisa agradecer. — me fita com atenção e posso ver em seus olhos, que no fundo, ele está tão assustado quanto eu. — Ele te machucou?
— Não. Mas se você não tivesse visto... — começo, mas sou calada por um beijo.
— Sempre estarei por perto para te proteger. — ele promete acariciando meu rosto com uma das mãos.
Sua promessa e seu gesto afetuoso fazem com que eu me acalme.
— Posso te perguntar uma coisa? — sou vencida pela curiosidade, certa de que não vou conseguir deixar escapar a oportunidade que surgiu, mesmo em um momento tão impróprio.
— Claro. — ele responde prontamente, talvez até imaginando o que vai acontecer.
— Que história foi aquela de "não se meta com a namorada dos outros"? — ergo as sobrancelhas e vejo um sorriso encantador se formar no rosto de .
Eu já notei como o sorriso dele é bonito?
— Me dê um segundo. — ele pede, destravando as portas do carro e procurando por algo lá dentro. — O que você acha de me levar um pouco mais a sério?
— Não seja dramático! — o advirto, mas a sensação que tenho é de nada seria capaz de fazer o sorriso dele desaparecer.
— É simples. Igual ao que eu já uso. — ele avisa, estendendo uma pequena caixa para mim, cujo conteúdo é um anel. — Você quer namorar comigo? — pergunta, com os olhos brilhando de expectativa.
— É claro que quero. — respondo e então ele coloca o anel em meu dedo.
Só mais dois meses.
E tudo volta a ser como era.
Capítulo 9
— me contou o que aconteceu ontem. — ouço Yago dizer e sou obrigada a desviar minha atenção da TV. Ele está deitado em meu colo e agora me observa atentamente.
— Contou? — indago, querendo saber até que ponto meu namorado se vangloriou, considerando que aceitei seu pedido.
— Sim. Vou aumentar a segurança da Estação. Não admito que o que aconteceu com você volte a acontecer. Quero que as pessoas possam se divertir e não sejam assediadas da maneira que você foi. — ele diz e posso ver em sua expressão o quanto à situação o incomoda. — Acho que você deveria prestar queixa.
— Eu sei que deveria. Mas já estive em uma delegacia uma vez e não pretendo voltar lá nunca mais. — respondo e fico aliviada ao perceber que meu irmão não insiste no assunto. Provavelmente recordando quão devastada eu estava quando fui intimada para prestar esclarecimentos. E de como eu fiquei, após tê-los feito.
Outra coisa que me deixa surpresa é o fato de Yago não comentar nada a respeito da mudança em meu status de relacionamento. Porque pelo que conheço de , posso apostar que ele correu contar para o amigo a novidade.
De qualquer modo, prefiro deixar tudo como está.
Talvez se eu já tivesse enfrentado um relacionamento sério estaria menos decepcionada ao perceber que depois de apenas dois dias do início do namoro, minha vida se tornou um inferno. Quando eu e ficávamos, não nos encontrávamos com tanta frequência, ao contrário de agora.
E com a convivência, vieram as brigas.
— Eu não quero sair hoje! — bate o pé, decidido.
— Então fique em casa sozinho. — retruco, sem ter mais paciência.
Saio e por incrível que pareça, ele não vem atrás de mim.
No entanto, nossa briga, faz com que eu perca toda a vontade de ir para a balada. Mas como não posso dar o braço a torcer e voltar, decido ir até a casa de uma amiga.
Fico fora o tempo que julgo suficiente para ter ido embora, porém, quando entro na sala, o encontro dormindo no sofá. A vontade que tenho é esmurrá-lo até que ele acorde.
— ? — chamo-o, mas não obtenho resposta. — Hey! — tento novamente, dessa vez mais alto.
— Que horas são? — ele indaga, com a voz sonolenta.
— Meia noite e meia.
— Voltou cedo.
— A balada estava sem graça. — dou de ombros e vejo seus olhos escuros recaírem sobre mim.
— É claro, eu não estava lá. — ele se gaba, sorrindo. — Posso dormir com você?
Reviro os olhos ao ouvir sua pergunta.
— Vai sonhando, . Vai sonhando!
Subo para meu quarto e decido tomar um banho gelado para me acalmar. Entretanto, quando saio do banheiro percebo que isso não será tão fácil. está deitado confortavelmente em minha cama. Ainda tento acordá-lo, mas de duas uma: ou ele está dormindo muito profundamente ou está fingindo não me ouvir.
Aposto na última opção.
Sem muito que fazer, eu acabo me deitando ao seu lado e adormeço.
— Bom dia! — uma voz bastante conhecida sussurra próximo ao meu ouvido.
— Péssimo dia! — resmungo, ainda de olhos fechados e então sinto lábios tocarem meu maxilar e descerem até meu pescoço.
— Tem certeza? — ele questiona e posso sentir seu hálito soprado em minha pele.
— Está na hora de levantar, não está? — mudo o rumo da conversa, porque tudo que mais quero agora é longe do meu quarto.
— Está. — ele concorda, parecendo um pouco resignado.
Ele realmente acha que as coisas serão fáceis?
Levanto-me e vou até o banheiro, ignorando o formigamento em determinados pontos do meu pescoço. Exatamente onde há pouco instantes foram depositados alguns beijos.
Ciente de que Yago está em casa, convido para tomar café, apenas com a finalidade de colocar os dois frente a frente e poder analisar as possíveis reações.
— Já que a Isa não pode dormir aqui, eu deveria proibir você também, . — Yago comenta, assim que nos vê entrando na cozinha.
Estranho ao perceber que ele não parece nenhum pouco chateado ou irritado, pelo contrário, está visivelmente animado, mesmo com as circunstâncias indicando que ele poderá perder a aposta.
— Você não acha que é um pouco cedo para termos uma conversa dessas? — se senta ao lado do amigo e logo os dois engrenam uma conversa séria sobre os negócios. Alheios ao fato de que nada disso estaria acontecendo caso ambos não fossem tão egoístas.
Me pego pensando se por algum momento algum deles foi capaz de pensar em como eu me sentiria usada, caso descobrisse sobre a aposta ridícula que ambos tinham feito.
Tento compreender como Yago foi capaz de propor tamanha idiotice, mesmo depois de ter acompanhado todos os momentos difíceis pelos quais passei. Será que para ele essa história toda possui um objetivo maior ou tudo não passa de uma grande brincadeira?
Assim que os dois terminam o café e saem para trabalhar, me deito no sofá e começo a revisar determinadas atitudes de . Não consigo encontrar significado em algumas de suas palavras. Não consigo entender porque ele aparenta se preocupar tanto comigo e porque prometeu estar sempre por perto para me proteger, mesmo estando ciente de que nosso namoro tem um prazo de validade estipulado.
Como se todas essas dúvidas não bastassem, ainda tento compreender a razão pela qual parei de ter pesadelos desde o dia em que nos beijamos pela primeira vez. E porque, mesmo estando nutrindo uma raiva diária por , meu corpo ainda reage positivamente a seus toques.
E por fim há mais uma questão que me intriga: a aceitação de Yago. Se eu estivesse no lugar dele, tentaria fazer o possível e o impossível para dar um fim em meu namoro com . Usaria de todos os meios que estivessem ao meu alcance para poder ganhar a aposta ao invés de simplesmente fingir que não me importo, como ele vem fazendo.
Céus! A que ponto eu deixei minha vida chegar?
Se pudesse voltar no tempo, mandaria os dois à merda e seguiria minha vida tranquilamente, tomando cuidado para manter distante... Mas agora parece ser um pouco tarde demais para isso.
— Contou? — indago, querendo saber até que ponto meu namorado se vangloriou, considerando que aceitei seu pedido.
— Sim. Vou aumentar a segurança da Estação. Não admito que o que aconteceu com você volte a acontecer. Quero que as pessoas possam se divertir e não sejam assediadas da maneira que você foi. — ele diz e posso ver em sua expressão o quanto à situação o incomoda. — Acho que você deveria prestar queixa.
— Eu sei que deveria. Mas já estive em uma delegacia uma vez e não pretendo voltar lá nunca mais. — respondo e fico aliviada ao perceber que meu irmão não insiste no assunto. Provavelmente recordando quão devastada eu estava quando fui intimada para prestar esclarecimentos. E de como eu fiquei, após tê-los feito.
Outra coisa que me deixa surpresa é o fato de Yago não comentar nada a respeito da mudança em meu status de relacionamento. Porque pelo que conheço de , posso apostar que ele correu contar para o amigo a novidade.
De qualquer modo, prefiro deixar tudo como está.
Talvez se eu já tivesse enfrentado um relacionamento sério estaria menos decepcionada ao perceber que depois de apenas dois dias do início do namoro, minha vida se tornou um inferno. Quando eu e ficávamos, não nos encontrávamos com tanta frequência, ao contrário de agora.
E com a convivência, vieram as brigas.
— Eu não quero sair hoje! — bate o pé, decidido.
— Então fique em casa sozinho. — retruco, sem ter mais paciência.
Saio e por incrível que pareça, ele não vem atrás de mim.
No entanto, nossa briga, faz com que eu perca toda a vontade de ir para a balada. Mas como não posso dar o braço a torcer e voltar, decido ir até a casa de uma amiga.
Fico fora o tempo que julgo suficiente para ter ido embora, porém, quando entro na sala, o encontro dormindo no sofá. A vontade que tenho é esmurrá-lo até que ele acorde.
— ? — chamo-o, mas não obtenho resposta. — Hey! — tento novamente, dessa vez mais alto.
— Que horas são? — ele indaga, com a voz sonolenta.
— Meia noite e meia.
— Voltou cedo.
— A balada estava sem graça. — dou de ombros e vejo seus olhos escuros recaírem sobre mim.
— É claro, eu não estava lá. — ele se gaba, sorrindo. — Posso dormir com você?
Reviro os olhos ao ouvir sua pergunta.
— Vai sonhando, . Vai sonhando!
Subo para meu quarto e decido tomar um banho gelado para me acalmar. Entretanto, quando saio do banheiro percebo que isso não será tão fácil. está deitado confortavelmente em minha cama. Ainda tento acordá-lo, mas de duas uma: ou ele está dormindo muito profundamente ou está fingindo não me ouvir.
Aposto na última opção.
Sem muito que fazer, eu acabo me deitando ao seu lado e adormeço.
— Bom dia! — uma voz bastante conhecida sussurra próximo ao meu ouvido.
— Péssimo dia! — resmungo, ainda de olhos fechados e então sinto lábios tocarem meu maxilar e descerem até meu pescoço.
— Tem certeza? — ele questiona e posso sentir seu hálito soprado em minha pele.
— Está na hora de levantar, não está? — mudo o rumo da conversa, porque tudo que mais quero agora é longe do meu quarto.
— Está. — ele concorda, parecendo um pouco resignado.
Ele realmente acha que as coisas serão fáceis?
Levanto-me e vou até o banheiro, ignorando o formigamento em determinados pontos do meu pescoço. Exatamente onde há pouco instantes foram depositados alguns beijos.
Ciente de que Yago está em casa, convido para tomar café, apenas com a finalidade de colocar os dois frente a frente e poder analisar as possíveis reações.
— Já que a Isa não pode dormir aqui, eu deveria proibir você também, . — Yago comenta, assim que nos vê entrando na cozinha.
Estranho ao perceber que ele não parece nenhum pouco chateado ou irritado, pelo contrário, está visivelmente animado, mesmo com as circunstâncias indicando que ele poderá perder a aposta.
— Você não acha que é um pouco cedo para termos uma conversa dessas? — se senta ao lado do amigo e logo os dois engrenam uma conversa séria sobre os negócios. Alheios ao fato de que nada disso estaria acontecendo caso ambos não fossem tão egoístas.
Me pego pensando se por algum momento algum deles foi capaz de pensar em como eu me sentiria usada, caso descobrisse sobre a aposta ridícula que ambos tinham feito.
Tento compreender como Yago foi capaz de propor tamanha idiotice, mesmo depois de ter acompanhado todos os momentos difíceis pelos quais passei. Será que para ele essa história toda possui um objetivo maior ou tudo não passa de uma grande brincadeira?
Assim que os dois terminam o café e saem para trabalhar, me deito no sofá e começo a revisar determinadas atitudes de . Não consigo encontrar significado em algumas de suas palavras. Não consigo entender porque ele aparenta se preocupar tanto comigo e porque prometeu estar sempre por perto para me proteger, mesmo estando ciente de que nosso namoro tem um prazo de validade estipulado.
Como se todas essas dúvidas não bastassem, ainda tento compreender a razão pela qual parei de ter pesadelos desde o dia em que nos beijamos pela primeira vez. E porque, mesmo estando nutrindo uma raiva diária por , meu corpo ainda reage positivamente a seus toques.
E por fim há mais uma questão que me intriga: a aceitação de Yago. Se eu estivesse no lugar dele, tentaria fazer o possível e o impossível para dar um fim em meu namoro com . Usaria de todos os meios que estivessem ao meu alcance para poder ganhar a aposta ao invés de simplesmente fingir que não me importo, como ele vem fazendo.
Céus! A que ponto eu deixei minha vida chegar?
Se pudesse voltar no tempo, mandaria os dois à merda e seguiria minha vida tranquilamente, tomando cuidado para manter distante... Mas agora parece ser um pouco tarde demais para isso.
Capítulo 10
Yago acabou viajando em boa hora. Mais do que nunca preciso ficar sozinha para tentar analisar a situação de um ângulo diferente, mesmo sabendo que ele possivelmente não existe.
Sou tirada do meu devaneio pelo toque do celular.
— Oi, . — atendo, mas sem conseguir demonstrar muita animação.
— Tudo bem?
— Tudo sim.
— Vamos sair hoje à noite? — ele propõe e percebo que sua voz possui um tom inegável de empolgação.
— Desculpe, mas não tenho vontade.
— Podemos assistir a um filme.
— Ou podemos deixar isso para amanhã.
— Nem pensar! Quero te ver hoje.
— Você não deveria estar viajando com o Yago? — deixo escapar, já começando a perder a paciência.
— Deveria, caso não estivesse de férias. — me mantenho muda, o destino só pode estar tentando brincar com a minha cara. — Daqui a pouco eu chego aí, está bem?
Não respondo, apenas repasso a informação mais uma vez, sem ainda acreditar.
De férias!
Era só o que me faltava.
Como o prometido, não demora para que chegue trazendo algumas opções de filmes. Deixo com que ele escolha o que iremos assistir, e assim que uma comédia começa a passar pela TV, fecho os olhos e acabo adormecendo no sofá.
Acordo quando percebo que meu namorado está se mexendo.
— ? — indago ainda sonolenta.
— Estou aqui. — ele responde, segurando-me no colo. — Vou levar você para o quarto.
Fecho os olhos novamente rumo a mais uma noite tranquila de sono.
Os dias que se seguem, acabam passando com certa lentidão e sempre pontuados por alguma discussão entre mim e .
— Você me ama? — estamos deitados no sofá, assistindo a um talk show, quando sou pega de surpresa por sua pergunta.
— Eu não acredito nisso. — acabo optando por ser sincera.
— Então por que você está comigo?
— Atração. — uso a primeira desculpa que encontro e decido virar o jogo. — E você, me ama? — minha pergunta não recebe nenhuma resposta. — Está vendo! Você tem seus motivos para estar comigo, assim como eu tenho os meus.
— Gostaria de entender por que você não acredita no amor.
— É uma longa história.
— Tenho tempo. — ele insiste e eu acabo me zangando.
— Não gosto de falar sobre isso.
— Mas... — ele tenta argumentar, porém o interrompo.
— Por favor, !
— Tudo bem. — ele cede, silenciando-se por alguns momentos. — E quando vou conhecer seus pais?
Santo Deus!
— Nunca! — respondo com a voz ríspida, duvidando que exista no mundo alguém que consiga me tirar do sério em tão pouco tempo como ele.
— Por quê?
— Se eu disse que você não vai conhecê-los, você não vai e pronto. Pare de ficar me questionando! — retruco já me levantando.
— Para onde você vai? — ele faz o mesmo, colocando-se em minha frente.
— Para o meu quarto.
— Vou com você.
— Eu quero ficar sozinha.
— Prometo que não vou falar mais nada.
Sabendo que tentar impedi-lo só causaria mais uma discussão, sigo para meu quarto sem dizer mais nada.
Deito-me em minha cama e pouco depois sinto os braços de envolverem meu corpo. Ficamos ali, juntos, em completo silêncio por um bom tempo, até eu pegar no sono.
???
Estou sozinha em um lugar desconhecido. De um momento para o outro, avisto duas pessoas caminhando em minha direção. As lágrimas se acumulam em meus olhos quando percebo que eles são meus pais.
— Mãe? Pai? — os chamo, mas é como se nenhum deles pudessem me ouvir. Fico aliviada ao perceber que ao menos, eles estão felizes.
Subitamente uma luz forte surge e acabo fechando os olhos, sem conseguir encarar a claridade. Quando os abro novamente, percebo que voltei a ficar sozinha em meio a um lugar totalmente escuro. A temperatura parece cair bruscamente e sinto pequenos calafrios percorrerem meu corpo.
Encaro a escuridão atentamente e então percebo uma silhueta conhecida se formar. Tão subitamente quanto antes, uma nova luz aparece e vislumbro um carro vindo em alta velocidade, pronto para atingir tudo o que está em seu caminho, inclusive ele.
Tomada pelo desespero, consigo apenas gritar por seu nome.
???
— Hey, pequena. Eu estou aqui.
Abro meus olhos e sinto o alívio tomar conta do meu corpo ao perceber que estou no meu quarto e que está abraçando-me, enquanto algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto.
— Foi só um pesadelo. — ele afaga meus cabelos e tento fazer com que minha pulsação volte ao normal.
— Promete para mim que vai se cuidar? — as palavras saem da minha boca de forma automática.
— Eu prometo. — ele diz, afastando-se o suficiente para poder ver meu rosto. — Mas você precisa se acalmar agora. — pede, secando minhas lágrimas com uma das mãos. E apesar de tentar se manter firme, posso ver em seus olhos que ele está assustado também.
— Sinto muito por isso. Sei que é só um pesadelo.
— Não precisa se desculpar. — ele afirma, voltando a se acomodar. Faço o mesmo, mas dessa vez, ao invés de deitar-me de costas, prefiro ficar frente a frente. — Yago me contou sobre seus pesadelos. — comenta, enquanto seus dedos percorrem distraidamente a pele do meu braço.
— Na verdade é sempre o mesmo pesadelo, exceto essa noite. — me pego contando, sem saber exatamente por quê.
— Se lhe faz mal, você não precisa falar sobre isso.
— É tão complicado! — aperto os olhos, sentindo-me momentaneamente fraca.
— Está tudo bem! — sussurra de forma absolutamente doce, depositando um beijo em minha têmpora.
— Você não precisa aturar isso. — digo a ele, apontando para minhas lágrimas. — Apenas vá para casa e descanse.
— A questão não é se eu preciso ou não aturar, . A questão é que eu quero. — sua revelação me pega de surpresa.
— Por quê? — murmuro, tentando compreendê-lo.
Ele solta um longo suspiro, como se a resposta pudesse lhe causar dor. Vejo seus olhos se afastarem dos meus, na tentativa de evitar que eu veja o misto de sentimentos que lhe ocorrem.
Mas eu vejo.
Quando seus olhos recaem novamente sobre mim, agora mais tranquilos, ele responde:
— Não posso te deixar sozinha.
Repentinamente ele parece exausto. Como se houvesse um peso enorme sobre seus ombros e não houvesse maneira alguma de poder se livrar. Sei que há algo o incomodando. Pergunto-me se ele está se sentindo culpado pela aposta e se talvez esteja cogitando me contar à verdade.
— Você está bem? — indago, incomodada com o repentino silêncio que se fez entre nós.
— Sim. — afirma, mas sua voz parece vacilante. — Apenas durma agora, pequena. — ele pede e eu o faço.
Sou tirada do meu devaneio pelo toque do celular.
— Oi, . — atendo, mas sem conseguir demonstrar muita animação.
— Tudo bem?
— Tudo sim.
— Vamos sair hoje à noite? — ele propõe e percebo que sua voz possui um tom inegável de empolgação.
— Desculpe, mas não tenho vontade.
— Podemos assistir a um filme.
— Ou podemos deixar isso para amanhã.
— Nem pensar! Quero te ver hoje.
— Você não deveria estar viajando com o Yago? — deixo escapar, já começando a perder a paciência.
— Deveria, caso não estivesse de férias. — me mantenho muda, o destino só pode estar tentando brincar com a minha cara. — Daqui a pouco eu chego aí, está bem?
Não respondo, apenas repasso a informação mais uma vez, sem ainda acreditar.
De férias!
Era só o que me faltava.
Como o prometido, não demora para que chegue trazendo algumas opções de filmes. Deixo com que ele escolha o que iremos assistir, e assim que uma comédia começa a passar pela TV, fecho os olhos e acabo adormecendo no sofá.
Acordo quando percebo que meu namorado está se mexendo.
— ? — indago ainda sonolenta.
— Estou aqui. — ele responde, segurando-me no colo. — Vou levar você para o quarto.
Fecho os olhos novamente rumo a mais uma noite tranquila de sono.
Os dias que se seguem, acabam passando com certa lentidão e sempre pontuados por alguma discussão entre mim e .
— Você me ama? — estamos deitados no sofá, assistindo a um talk show, quando sou pega de surpresa por sua pergunta.
— Eu não acredito nisso. — acabo optando por ser sincera.
— Então por que você está comigo?
— Atração. — uso a primeira desculpa que encontro e decido virar o jogo. — E você, me ama? — minha pergunta não recebe nenhuma resposta. — Está vendo! Você tem seus motivos para estar comigo, assim como eu tenho os meus.
— Gostaria de entender por que você não acredita no amor.
— É uma longa história.
— Tenho tempo. — ele insiste e eu acabo me zangando.
— Não gosto de falar sobre isso.
— Mas... — ele tenta argumentar, porém o interrompo.
— Por favor, !
— Tudo bem. — ele cede, silenciando-se por alguns momentos. — E quando vou conhecer seus pais?
Santo Deus!
— Nunca! — respondo com a voz ríspida, duvidando que exista no mundo alguém que consiga me tirar do sério em tão pouco tempo como ele.
— Por quê?
— Se eu disse que você não vai conhecê-los, você não vai e pronto. Pare de ficar me questionando! — retruco já me levantando.
— Para onde você vai? — ele faz o mesmo, colocando-se em minha frente.
— Para o meu quarto.
— Vou com você.
— Eu quero ficar sozinha.
— Prometo que não vou falar mais nada.
Sabendo que tentar impedi-lo só causaria mais uma discussão, sigo para meu quarto sem dizer mais nada.
Deito-me em minha cama e pouco depois sinto os braços de envolverem meu corpo. Ficamos ali, juntos, em completo silêncio por um bom tempo, até eu pegar no sono.
— Mãe? Pai? — os chamo, mas é como se nenhum deles pudessem me ouvir. Fico aliviada ao perceber que ao menos, eles estão felizes.
Subitamente uma luz forte surge e acabo fechando os olhos, sem conseguir encarar a claridade. Quando os abro novamente, percebo que voltei a ficar sozinha em meio a um lugar totalmente escuro. A temperatura parece cair bruscamente e sinto pequenos calafrios percorrerem meu corpo.
Encaro a escuridão atentamente e então percebo uma silhueta conhecida se formar. Tão subitamente quanto antes, uma nova luz aparece e vislumbro um carro vindo em alta velocidade, pronto para atingir tudo o que está em seu caminho, inclusive ele.
Tomada pelo desespero, consigo apenas gritar por seu nome.
— Hey, pequena. Eu estou aqui.
Abro meus olhos e sinto o alívio tomar conta do meu corpo ao perceber que estou no meu quarto e que está abraçando-me, enquanto algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto.
— Foi só um pesadelo. — ele afaga meus cabelos e tento fazer com que minha pulsação volte ao normal.
— Promete para mim que vai se cuidar? — as palavras saem da minha boca de forma automática.
— Eu prometo. — ele diz, afastando-se o suficiente para poder ver meu rosto. — Mas você precisa se acalmar agora. — pede, secando minhas lágrimas com uma das mãos. E apesar de tentar se manter firme, posso ver em seus olhos que ele está assustado também.
— Sinto muito por isso. Sei que é só um pesadelo.
— Não precisa se desculpar. — ele afirma, voltando a se acomodar. Faço o mesmo, mas dessa vez, ao invés de deitar-me de costas, prefiro ficar frente a frente. — Yago me contou sobre seus pesadelos. — comenta, enquanto seus dedos percorrem distraidamente a pele do meu braço.
— Na verdade é sempre o mesmo pesadelo, exceto essa noite. — me pego contando, sem saber exatamente por quê.
— Se lhe faz mal, você não precisa falar sobre isso.
— É tão complicado! — aperto os olhos, sentindo-me momentaneamente fraca.
— Está tudo bem! — sussurra de forma absolutamente doce, depositando um beijo em minha têmpora.
— Você não precisa aturar isso. — digo a ele, apontando para minhas lágrimas. — Apenas vá para casa e descanse.
— A questão não é se eu preciso ou não aturar, . A questão é que eu quero. — sua revelação me pega de surpresa.
— Por quê? — murmuro, tentando compreendê-lo.
Ele solta um longo suspiro, como se a resposta pudesse lhe causar dor. Vejo seus olhos se afastarem dos meus, na tentativa de evitar que eu veja o misto de sentimentos que lhe ocorrem.
Mas eu vejo.
Quando seus olhos recaem novamente sobre mim, agora mais tranquilos, ele responde:
— Não posso te deixar sozinha.
Repentinamente ele parece exausto. Como se houvesse um peso enorme sobre seus ombros e não houvesse maneira alguma de poder se livrar. Sei que há algo o incomodando. Pergunto-me se ele está se sentindo culpado pela aposta e se talvez esteja cogitando me contar à verdade.
— Você está bem? — indago, incomodada com o repentino silêncio que se fez entre nós.
— Sim. — afirma, mas sua voz parece vacilante. — Apenas durma agora, pequena. — ele pede e eu o faço.
Capítulo 11
Apoiada no batente da porta do banheiro, me pego observando dormir. Em algum momento da noite ele decidiu tirar sua camisa e vejo seu peito despido subindo e descendo, no ritmo da sua respiração.
Ele é bonito.
Mesmo agora, de olhos fechados, como o cabelo completamente bagunçado, perdido em seu mundo de sonhos... ele é inquestionavelmente bonito.
Deixo-o dormindo e desço para a cozinha repreendendo-me pelo rumo que meus pensamentos tomaram. Fico aliviada ao perceber que não terei que lidar mais com eles por enquanto, no instante que vejo que o cômodo não está vazio.
Bela, nossa diarista, está bastante ocupada lavando algumas louças. Ela tem um pouco mais de 50 anos e vem em nossa casa duas vezes por semana. Ela é um dos seres mais adoráveis que já conheci e com a passar do tempo, comecei a considerá-la como uma segunda mãe.
O fato dela nunca ter se intrometido em minha vida, só faz com que minha simpatia por ela aumente. E sempre que eu preciso de um conselho, basta me sentar na cozinha e falar.
— Olá, Bela. — a cumprimento, sentando-me a mesa.
— Olá, querida. Dormiu bem?
— Sim. — digo a ela, tentando reprimir as lembranças do pesadelo da noite passada.
— Bom dia! — ouço uma voz masculina chegar até mim e me viro para encontrar .
Eu e Bela lhe respondemos em uníssono, enquanto o observo vir até onde estou. Seus lábios tocam os meus com leveza, mas posso sentir que ele ainda está preocupado.
— Você está bem? — indaga, colocando alguns fios soltos do meu cabelo atrás da minha orelha.
— Estou sim. — afirmo, da forma mais convicta que sou capaz.
— Eu realmente preciso ir para casa, mas não quero te deixar sozinha. — ele murmura e noto o quanto a indecisão lhe incomoda.
— Bela irá passar o dia todo aqui, não se preocupe.
— Você tem certeza?
— Claro. Pode ir tranquilo.
— Se precisar de qualquer coisa me ligue, certo? — balanço a cabeça positivamente e recebo um novo beijo.
— Cuide-se. — peço a ele, com os lábios ainda próximos dos seus.
— Cuide-se também. — ele sussurra para mim e em seguida se afasta. — Tchau, Bela.
— Tchau. — ela responde, sorridente como sempre e então estamos sós.
— conhece você? — acabo perguntando, quanto tomo ciência de que ele a chamou pelo nome, sem que eu os tenha apresentado.
— É claro! Trabalho na casa dele também.
Meu queixo cai com a novidade. Por essa eu definitivamente não esperava. Começo a me mexer desconfortavelmente na cadeira, sabendo que isso é uma espécie de aviso para Bela. Ela sabe que tenho algo a dizer, mas não possuo coragem suficiente para tocar no assunto.
— Parece que Yago não é o único nessa casa que está namorando. — ela comenta, lançando-me um olhar de soslaio.
— Tecnicamente. — mordo o lábio, insegura. Bela parece entender que a situação requer sua atenção e deixa o que está fazendo de lado, para me fitar, de sobrancelhas arqueadas, esperando que eu lhe dê algumas explicações. — Estou com ele por conta de uma aposta. — confesso e agora é a vez do queixo dela cair.
— Céus! — ela exclama completamente incrédula.
— Não me olhe dessa forma. A culpa disso tudo é dele e de Yago. Foram eles que apostaram e não eu. — sinto a necessidade de me defender.
— E como você sabe sobre a aposta?
— Acabei escutando a conversa dos dois, sem querer.
— No entanto, eles não sabem que você o fez.
— Definitivamente não.
— O que exatamente eles apostaram?
— Que namoraria comigo por dois meses.
— E você decidiu embarcar nessa loucura, apenas para se vingar dos dois?! — ela me repreende, ainda parecendo chocada com minha história.
— Basicamente.
— Mas pela sua cara, há algo dando errado.
— Yago não parece nem um pouco incomodado com o fato de que vai perder a aposta, pelo contrário, às vezes eu tenho a sensação de que ele aprova meu namoro. E , por sua vez, me diz algumas coisas que acabam sendo incoerentes, se analisado o conjunto todo.
— Você realmente acha que está com você apenas pela aposta?
— É claro que sim! — afirmo, afinal, por que mais ele estaria?
— E você, o que sente por ele?
— Nada. — respondo em meio a um longo suspiro. — Talvez ódio ou raiva.
— Mas você não é do tipo de pessoa que acredita em amor, não é mesmo? — observo Bela com expectativa, sem conseguir entender o que ela está tentando explicar. — Para mim, ódio é um sentimento oposto ao amor, então se você consegue odiar alguém, consequentemente acredita que o amor existe.
— Acho que entendo seu ponto de vista. — confesso ao mesmo tempo em que uma confusão de pensamentos começa surgir em minha cabeça.
— Eu conheço tão bem quanto conheço você. Não acredito que ele esteja com você apenas pela aposta, principalmente depois do que eu acabei de ver agora a pouco.
— Então por que ele está comigo?
— Ele está apaixonado, . Se não estivesse, não estaria tão preocupado com você da forma que estava.
Apaixonado?
As palavras de Bela soam de forma completamente inacreditável para mim. Tento empurrar para o fundo da minha mente o pensamento de que ela raramente se engana sobre algo.
Enquanto a mulher que acabou de me dar mais informações para analisar tenta dar um jeito na casa, deito-me no sofá e começo a passar distraidamente pelos canais da TV, sem de fato encontrar algo interessante para me distrair.
Sem ter no que desviar minha atenção, eu começo a pensar em meu namorado e em nossas constantes brigas. Considero que se talvez eu for um pouco menos implicante, nossa relação poderia deixar de ser tão turbulenta.
Decido arriscar. Não somente porque estou farta das nossas discussões, como também por ser obrigada a confessar que eu gosto da maneira como ele se preocupa comigo, quando estamos com a bandeira da paz levantada.
Já está escurecendo quando decido mandar uma mensagem para perguntando se ele está ocupado. Poucos instantes depois meu celular começa tocar e preciso lidar com um homem preocupado, achando que o fato de eu ter entrado em contato significava que eu não estava bem. Explico-lhe então que apenas quero saber se ele gostaria de vir até aqui em casa.
O motivo que me fez chamá-lo gira em torno do fato de Yago estar viajando e de que eu definitivamente não quero ficar sozinha com meus pensamentos, por mais tempo do que o necessário.
Fico completamente relaxada ao lado de , me esforçando para evitar qualquer assunto que possa ocasionar alguma discórdia entre nós. Já é tarde da noite, quando não resisto e acabo soltando:
— E se um dia eu for embora?
— Se você não voltar de jeito nenhum, vou ir atrás de você. — ele responde prontamente. — Mas e se eu for embora?
Penso no que irei dizer com bastante cuidado enquanto sinto me analisar atentamente. Mordo minha bochecha internamente, tentando não rir e me levanto calmamente do sofá.
— A primeira coisa que irei fazer será chorar, — o encaro tentando decidir se devo ou não completar a frase. Tomo minha decisão assim que ele abre um sorriso presunçoso. — mas certamente serão lágrimas de crocodilo.
franze a testa, inicialmente zangado, mas então vejo um brilho em seus olhos que indicam claramente "encrenca".
— É melhor você correr. — avisa apenas e eu disparo para fora de casa.
Assim que chego ao quintal e percebo que não sou rápida o suficiente para mantê-lo afastado, me jogo na piscina.
— Peguei você! — ouço sua voz rouca um momento antes de sentir suas mãos em minha cintura.
Estremeço. E juro que não é por conta da água fria que nos envolve.
— O que você vai fazer comigo? — questiono e mesmo querendo fazer minha voz soar plana, há expectativa escondida nela.
percebe.
Sua boca reivindica a minha com veemência. Levo minhas mãos até sua nunca, querendo-o mais perto. Ele não se opõe. Sinto todas as partes dos nossos corpos se tocarem. Pela primeira vez, sinto por ele algo parecido com desejo.
— O que deu em você, ? — ele sussurra, como os lábios ainda sobre os meus. Não lhe digo nada, porque agora que consegui recuperar o fôlego perdido, apenas quero beijá-lo novamente.
Sinto o corpo de reagir, o que me faz soltar um pequeno ruído em resposta. Enterro minhas mãos em seus cabelos, descobrindo o quão macio eles conseguem ser mesmo estando completamente molhados.
— ?! — ele segura meu rosto entre suas mãos e seus olhos me dizem que ele está se esforçando para ser racional. — Precisamos sair daqui. Não quero que você fique doente.
Concordo. Primeiro porque ele está certo e segundo porque não quero acabar nossa noite com um desentendimento por uma coisa absolutamente sem importância.
— Vou pegar uma roupa do Yago para você. — comento, assim que nos aproximamos da porta de entrada da casa.
— Não precisa. — ele informa e segurando-me pela mão, me faz parar de caminhar, girando meu corpo para ficar de frente com o seu. — Já estou indo para casa.
— Você não pode ir desse jeito. — tento convencê-lo, mas posso ver em seu rosto que ele já está decidido a respeito do que irá fazer.
— Eu vou para casa e você vai se livrar da sua roupa molhada, está bem?
— Mas, ... — tento argumentar, mas sou interrompida por um beijo calmo, completamente diferente daquele que trocamos ainda na piscina.
— Até amanhã, pequena. — ele murmura e vai embora.
Enquanto tomo banho, percebo que todas as brigas que tivemos até agora se deram apenas pelo fato de ser extremamente teimoso, exatamente como eu. Ou seja, nenhum de nós, dá o braço a torcer.
Percebo também, que o fato de ele me chamar de "pequena" já não me incomoda mais. Acho que estou começando a gostar disso, bem como estou adorando ser tratada com carinho e zelo por alguém que não seja Yago.
Prometo para mim mesma, que nunca vou deixar saber disso.
Ele é bonito.
Mesmo agora, de olhos fechados, como o cabelo completamente bagunçado, perdido em seu mundo de sonhos... ele é inquestionavelmente bonito.
Deixo-o dormindo e desço para a cozinha repreendendo-me pelo rumo que meus pensamentos tomaram. Fico aliviada ao perceber que não terei que lidar mais com eles por enquanto, no instante que vejo que o cômodo não está vazio.
Bela, nossa diarista, está bastante ocupada lavando algumas louças. Ela tem um pouco mais de 50 anos e vem em nossa casa duas vezes por semana. Ela é um dos seres mais adoráveis que já conheci e com a passar do tempo, comecei a considerá-la como uma segunda mãe.
O fato dela nunca ter se intrometido em minha vida, só faz com que minha simpatia por ela aumente. E sempre que eu preciso de um conselho, basta me sentar na cozinha e falar.
— Olá, Bela. — a cumprimento, sentando-me a mesa.
— Olá, querida. Dormiu bem?
— Sim. — digo a ela, tentando reprimir as lembranças do pesadelo da noite passada.
— Bom dia! — ouço uma voz masculina chegar até mim e me viro para encontrar .
Eu e Bela lhe respondemos em uníssono, enquanto o observo vir até onde estou. Seus lábios tocam os meus com leveza, mas posso sentir que ele ainda está preocupado.
— Você está bem? — indaga, colocando alguns fios soltos do meu cabelo atrás da minha orelha.
— Estou sim. — afirmo, da forma mais convicta que sou capaz.
— Eu realmente preciso ir para casa, mas não quero te deixar sozinha. — ele murmura e noto o quanto a indecisão lhe incomoda.
— Bela irá passar o dia todo aqui, não se preocupe.
— Você tem certeza?
— Claro. Pode ir tranquilo.
— Se precisar de qualquer coisa me ligue, certo? — balanço a cabeça positivamente e recebo um novo beijo.
— Cuide-se. — peço a ele, com os lábios ainda próximos dos seus.
— Cuide-se também. — ele sussurra para mim e em seguida se afasta. — Tchau, Bela.
— Tchau. — ela responde, sorridente como sempre e então estamos sós.
— conhece você? — acabo perguntando, quanto tomo ciência de que ele a chamou pelo nome, sem que eu os tenha apresentado.
— É claro! Trabalho na casa dele também.
Meu queixo cai com a novidade. Por essa eu definitivamente não esperava. Começo a me mexer desconfortavelmente na cadeira, sabendo que isso é uma espécie de aviso para Bela. Ela sabe que tenho algo a dizer, mas não possuo coragem suficiente para tocar no assunto.
— Parece que Yago não é o único nessa casa que está namorando. — ela comenta, lançando-me um olhar de soslaio.
— Tecnicamente. — mordo o lábio, insegura. Bela parece entender que a situação requer sua atenção e deixa o que está fazendo de lado, para me fitar, de sobrancelhas arqueadas, esperando que eu lhe dê algumas explicações. — Estou com ele por conta de uma aposta. — confesso e agora é a vez do queixo dela cair.
— Céus! — ela exclama completamente incrédula.
— Não me olhe dessa forma. A culpa disso tudo é dele e de Yago. Foram eles que apostaram e não eu. — sinto a necessidade de me defender.
— E como você sabe sobre a aposta?
— Acabei escutando a conversa dos dois, sem querer.
— No entanto, eles não sabem que você o fez.
— Definitivamente não.
— O que exatamente eles apostaram?
— Que namoraria comigo por dois meses.
— E você decidiu embarcar nessa loucura, apenas para se vingar dos dois?! — ela me repreende, ainda parecendo chocada com minha história.
— Basicamente.
— Mas pela sua cara, há algo dando errado.
— Yago não parece nem um pouco incomodado com o fato de que vai perder a aposta, pelo contrário, às vezes eu tenho a sensação de que ele aprova meu namoro. E , por sua vez, me diz algumas coisas que acabam sendo incoerentes, se analisado o conjunto todo.
— Você realmente acha que está com você apenas pela aposta?
— É claro que sim! — afirmo, afinal, por que mais ele estaria?
— E você, o que sente por ele?
— Nada. — respondo em meio a um longo suspiro. — Talvez ódio ou raiva.
— Mas você não é do tipo de pessoa que acredita em amor, não é mesmo? — observo Bela com expectativa, sem conseguir entender o que ela está tentando explicar. — Para mim, ódio é um sentimento oposto ao amor, então se você consegue odiar alguém, consequentemente acredita que o amor existe.
— Acho que entendo seu ponto de vista. — confesso ao mesmo tempo em que uma confusão de pensamentos começa surgir em minha cabeça.
— Eu conheço tão bem quanto conheço você. Não acredito que ele esteja com você apenas pela aposta, principalmente depois do que eu acabei de ver agora a pouco.
— Então por que ele está comigo?
— Ele está apaixonado, . Se não estivesse, não estaria tão preocupado com você da forma que estava.
Apaixonado?
As palavras de Bela soam de forma completamente inacreditável para mim. Tento empurrar para o fundo da minha mente o pensamento de que ela raramente se engana sobre algo.
Enquanto a mulher que acabou de me dar mais informações para analisar tenta dar um jeito na casa, deito-me no sofá e começo a passar distraidamente pelos canais da TV, sem de fato encontrar algo interessante para me distrair.
Sem ter no que desviar minha atenção, eu começo a pensar em meu namorado e em nossas constantes brigas. Considero que se talvez eu for um pouco menos implicante, nossa relação poderia deixar de ser tão turbulenta.
Decido arriscar. Não somente porque estou farta das nossas discussões, como também por ser obrigada a confessar que eu gosto da maneira como ele se preocupa comigo, quando estamos com a bandeira da paz levantada.
Já está escurecendo quando decido mandar uma mensagem para perguntando se ele está ocupado. Poucos instantes depois meu celular começa tocar e preciso lidar com um homem preocupado, achando que o fato de eu ter entrado em contato significava que eu não estava bem. Explico-lhe então que apenas quero saber se ele gostaria de vir até aqui em casa.
O motivo que me fez chamá-lo gira em torno do fato de Yago estar viajando e de que eu definitivamente não quero ficar sozinha com meus pensamentos, por mais tempo do que o necessário.
Fico completamente relaxada ao lado de , me esforçando para evitar qualquer assunto que possa ocasionar alguma discórdia entre nós. Já é tarde da noite, quando não resisto e acabo soltando:
— E se um dia eu for embora?
— Se você não voltar de jeito nenhum, vou ir atrás de você. — ele responde prontamente. — Mas e se eu for embora?
Penso no que irei dizer com bastante cuidado enquanto sinto me analisar atentamente. Mordo minha bochecha internamente, tentando não rir e me levanto calmamente do sofá.
— A primeira coisa que irei fazer será chorar, — o encaro tentando decidir se devo ou não completar a frase. Tomo minha decisão assim que ele abre um sorriso presunçoso. — mas certamente serão lágrimas de crocodilo.
franze a testa, inicialmente zangado, mas então vejo um brilho em seus olhos que indicam claramente "encrenca".
— É melhor você correr. — avisa apenas e eu disparo para fora de casa.
Assim que chego ao quintal e percebo que não sou rápida o suficiente para mantê-lo afastado, me jogo na piscina.
— Peguei você! — ouço sua voz rouca um momento antes de sentir suas mãos em minha cintura.
Estremeço. E juro que não é por conta da água fria que nos envolve.
— O que você vai fazer comigo? — questiono e mesmo querendo fazer minha voz soar plana, há expectativa escondida nela.
percebe.
Sua boca reivindica a minha com veemência. Levo minhas mãos até sua nunca, querendo-o mais perto. Ele não se opõe. Sinto todas as partes dos nossos corpos se tocarem. Pela primeira vez, sinto por ele algo parecido com desejo.
— O que deu em você, ? — ele sussurra, como os lábios ainda sobre os meus. Não lhe digo nada, porque agora que consegui recuperar o fôlego perdido, apenas quero beijá-lo novamente.
Sinto o corpo de reagir, o que me faz soltar um pequeno ruído em resposta. Enterro minhas mãos em seus cabelos, descobrindo o quão macio eles conseguem ser mesmo estando completamente molhados.
— ?! — ele segura meu rosto entre suas mãos e seus olhos me dizem que ele está se esforçando para ser racional. — Precisamos sair daqui. Não quero que você fique doente.
Concordo. Primeiro porque ele está certo e segundo porque não quero acabar nossa noite com um desentendimento por uma coisa absolutamente sem importância.
— Vou pegar uma roupa do Yago para você. — comento, assim que nos aproximamos da porta de entrada da casa.
— Não precisa. — ele informa e segurando-me pela mão, me faz parar de caminhar, girando meu corpo para ficar de frente com o seu. — Já estou indo para casa.
— Você não pode ir desse jeito. — tento convencê-lo, mas posso ver em seu rosto que ele já está decidido a respeito do que irá fazer.
— Eu vou para casa e você vai se livrar da sua roupa molhada, está bem?
— Mas, ... — tento argumentar, mas sou interrompida por um beijo calmo, completamente diferente daquele que trocamos ainda na piscina.
— Até amanhã, pequena. — ele murmura e vai embora.
Enquanto tomo banho, percebo que todas as brigas que tivemos até agora se deram apenas pelo fato de ser extremamente teimoso, exatamente como eu. Ou seja, nenhum de nós, dá o braço a torcer.
Percebo também, que o fato de ele me chamar de "pequena" já não me incomoda mais. Acho que estou começando a gostar disso, bem como estou adorando ser tratada com carinho e zelo por alguém que não seja Yago.
Prometo para mim mesma, que nunca vou deixar saber disso.
Capítulo 12
Ter aprendido a lidar com a teimosia de fez com que nossos desentendimentos diminuíssem consideravelmente. No entanto, existem situações em que simplesmente é impossível conseguir aturá-lo.
— Você pode ficar se quiser. Não me importo nem um pouco em ir sozinha. — informo a ele, que acabou de recusar meu convite para sairmos.
— Quero que você fique comigo. — ele responde de forma bastante tranquila, enquanto deita-se confortavelmente em minha cama.
— Isso já aconteceu uma vez e você deve lembrar perfeitamente bem em como a noite terminou. — dou meu último aviso, referindo-me ao dia em que ele não quis me acompanhar e eu acabei saindo sozinha.
— É claro que me lembro! — ele sorri diabolicamente para mim. — A noite terminou com nós deitados na sua cama. Acho que esse vai ser um bom desfecho para hoje também.
Reviro os olhos e vou até o closet trocar de roupa, inconformada com o fato de que quase sempre sou obrigada a aderir aos programas que sugere para nós, enquanto ele simplesmente ignora a maioria dos meus.
Assim que fico pronta volto para o quarto e noto que meu namorado está em pé próximo à porta, segurando uma chave na mão.
— Bonito vestido. — ele comenta visivelmente descontraído. — Pena que ninguém, além de mim, irá vê-lo.
Ele dá alguns passos em minha direção e vejo quão determinado ele está em me manter aqui. Respiro fundo, absolutamente certa de que está para nascer um homem que consiga tirar minha liberdade.
— Por favor, me devolve a chave. — peço da maneira mais educada que consigo.
— Detesto lhe dizer não, mas agora vou ter que fazê-lo. — dá de ombros e não tenho dúvidas de que ele está absolutamente feliz em me frustrar.
Termino com a distância que nos separa e o fuzilo com o olhar.
— Essa é minha casa, . Faço o que eu bem entender aqui dentro. Então faça a gentileza de me dar à chave e me deixar sair daqui. — minha voz sussurrada soa tão fria quanto eu gostaria.
— Sinto muito. — ele nega novamente, fazendo-me perder completamente a paciência.
— Eu odeio você! — rosno e assim que vejo seu rosto se contorcer, arrependo-me do que disse.
Prendo a respiração assim que ele puxa meu corpo para junto do seu. Fecho os olhos, sem conseguir encontrar coragem para encará-lo. Sei que agora ele deve estar furioso comigo. Espero por alguma reação que demostre isso, mas sou pega de surpresa ao me dar conta que o único movimento feito por ele, tem como finalidade me deitar na cama.
Abro os olhos quando sinto os lençóis tocarem minhas costas e assisto se posicionar em cima de mim, prendendo minha cintura entre seus joelhos e segurando meus braços acima de minha cabeça.
— Eu sei disso! — enfim ouço sua voz e um pequeno gemido me escapa, ao perceber quão sedenta ela está.
Minha reação abre precedente para que os lábios de toquem os meus de uma maneira completamente urgente. Meu corpo reage positivamente, mas por um pequeno instante ouço meu inconsciente e tento me soltar. Meu esforço faz com que o beijo se encerre.
— Deus! O que você quer de mim? — pergunta, com a testa junto a minha. Por trás de todo o desejo, vejo uma profunda tristeza em seus olhos, possivelmente causada por minhas atitudes.
Começo a odiar a mim mesma por estar fazendo com que ele se sinta assim. Apesar do seu jeito torto, ele sempre me tratou tão bem, apesar de muitas vezes eu não merecer. Além disso, sei que mesmo não gostando de admitir, tenho culpa pelo fim do namoro dele.
Talvez, se naquela noite eu não tivesse aberto a boca, ainda estaria namorando com Keila e a aposta que nos uniu nunca teria existido. Provavelmente ele estaria feliz ao lado dela e não sofrendo por minha causa.
— Quero que você tire minha roupa. — lhe respondo, porque já não quero mais ter aguentar meus pensamentos incômodos.
Quero apenas que me olhe da maneira que está fazendo exatamente agora, como se eu fosse a única coisa que de fato tem importância no mundo.
Ergo minha cabeça para poder sentir seus lábios novamente. Sabendo que não irá encontrar mais resistência, ele solta meus braços e escorrego minhas mãos entre seus cabelos, querendo-o mais perto, sem me lembrar de que até poucos instantes atrás tudo o que eu queria era uma chave, e que de posse dela, eu estaria apenas aumentando a distância entre nós.
Na ânsia de atender meu pedido, parece alheio ao fato do vestido que estou usando possuir zíper e acabo ouvindo somente o barulho de tecido sendo rasgando. Não me importo. Quero apenas eliminar tudo que possa separar nossas peles.
Meu coração parece bater de forma descontrolada, quando faz uma pequena pausa para tirar sua camisa. Tenho a sensação de que nunca desejei um homem, como o desejo agora.
Mas pudera, duvido ter encontrado alguém tão belo. Seus cabelos escuros combinam perfeitamente com a cor de seus olhos, que agora parecem arder de desejo. Sua pele, assim como sua boca, possui uma maciez inexplicável.
Posso sentir suas mãos percorrendo meu corpo de forma absolutamente leve, como se ele quisesse apenas me provocar. Solto uma pequena lamúria. Ele está conseguindo! E assim que seus lábios se deslocam para meu pescoço, sei que não há mais volta.
Cravo minhas unhas em suas costas despidas, deixando claro que o desejo. Não sou capaz de ver seu rosto, mas tenho certeza de que ele está sorrindo sobre minha pele. Lembro-me então, de como seu sorriso é encantador e começo a me perguntar se existe alguma coisa em sua aparência que esteja fora do lugar.
Não existe.
Cada pequeno traço de seu corpo é perfeito.
Amaldiçoo o destino por não ter encontrado com em outra época da minha vida. Em uma época onde tudo seria mais fácil para nós, onde nossa relação poderia ter sido verdadeira, onde eu realmente poderia ter sido capaz de me apaixonar.
— Você pode ficar se quiser. Não me importo nem um pouco em ir sozinha. — informo a ele, que acabou de recusar meu convite para sairmos.
— Quero que você fique comigo. — ele responde de forma bastante tranquila, enquanto deita-se confortavelmente em minha cama.
— Isso já aconteceu uma vez e você deve lembrar perfeitamente bem em como a noite terminou. — dou meu último aviso, referindo-me ao dia em que ele não quis me acompanhar e eu acabei saindo sozinha.
— É claro que me lembro! — ele sorri diabolicamente para mim. — A noite terminou com nós deitados na sua cama. Acho que esse vai ser um bom desfecho para hoje também.
Reviro os olhos e vou até o closet trocar de roupa, inconformada com o fato de que quase sempre sou obrigada a aderir aos programas que sugere para nós, enquanto ele simplesmente ignora a maioria dos meus.
Assim que fico pronta volto para o quarto e noto que meu namorado está em pé próximo à porta, segurando uma chave na mão.
— Bonito vestido. — ele comenta visivelmente descontraído. — Pena que ninguém, além de mim, irá vê-lo.
Ele dá alguns passos em minha direção e vejo quão determinado ele está em me manter aqui. Respiro fundo, absolutamente certa de que está para nascer um homem que consiga tirar minha liberdade.
— Por favor, me devolve a chave. — peço da maneira mais educada que consigo.
— Detesto lhe dizer não, mas agora vou ter que fazê-lo. — dá de ombros e não tenho dúvidas de que ele está absolutamente feliz em me frustrar.
Termino com a distância que nos separa e o fuzilo com o olhar.
— Essa é minha casa, . Faço o que eu bem entender aqui dentro. Então faça a gentileza de me dar à chave e me deixar sair daqui. — minha voz sussurrada soa tão fria quanto eu gostaria.
— Sinto muito. — ele nega novamente, fazendo-me perder completamente a paciência.
— Eu odeio você! — rosno e assim que vejo seu rosto se contorcer, arrependo-me do que disse.
Prendo a respiração assim que ele puxa meu corpo para junto do seu. Fecho os olhos, sem conseguir encontrar coragem para encará-lo. Sei que agora ele deve estar furioso comigo. Espero por alguma reação que demostre isso, mas sou pega de surpresa ao me dar conta que o único movimento feito por ele, tem como finalidade me deitar na cama.
Abro os olhos quando sinto os lençóis tocarem minhas costas e assisto se posicionar em cima de mim, prendendo minha cintura entre seus joelhos e segurando meus braços acima de minha cabeça.
— Eu sei disso! — enfim ouço sua voz e um pequeno gemido me escapa, ao perceber quão sedenta ela está.
Minha reação abre precedente para que os lábios de toquem os meus de uma maneira completamente urgente. Meu corpo reage positivamente, mas por um pequeno instante ouço meu inconsciente e tento me soltar. Meu esforço faz com que o beijo se encerre.
— Deus! O que você quer de mim? — pergunta, com a testa junto a minha. Por trás de todo o desejo, vejo uma profunda tristeza em seus olhos, possivelmente causada por minhas atitudes.
Começo a odiar a mim mesma por estar fazendo com que ele se sinta assim. Apesar do seu jeito torto, ele sempre me tratou tão bem, apesar de muitas vezes eu não merecer. Além disso, sei que mesmo não gostando de admitir, tenho culpa pelo fim do namoro dele.
Talvez, se naquela noite eu não tivesse aberto a boca, ainda estaria namorando com Keila e a aposta que nos uniu nunca teria existido. Provavelmente ele estaria feliz ao lado dela e não sofrendo por minha causa.
— Quero que você tire minha roupa. — lhe respondo, porque já não quero mais ter aguentar meus pensamentos incômodos.
Quero apenas que me olhe da maneira que está fazendo exatamente agora, como se eu fosse a única coisa que de fato tem importância no mundo.
Ergo minha cabeça para poder sentir seus lábios novamente. Sabendo que não irá encontrar mais resistência, ele solta meus braços e escorrego minhas mãos entre seus cabelos, querendo-o mais perto, sem me lembrar de que até poucos instantes atrás tudo o que eu queria era uma chave, e que de posse dela, eu estaria apenas aumentando a distância entre nós.
Na ânsia de atender meu pedido, parece alheio ao fato do vestido que estou usando possuir zíper e acabo ouvindo somente o barulho de tecido sendo rasgando. Não me importo. Quero apenas eliminar tudo que possa separar nossas peles.
Meu coração parece bater de forma descontrolada, quando faz uma pequena pausa para tirar sua camisa. Tenho a sensação de que nunca desejei um homem, como o desejo agora.
Mas pudera, duvido ter encontrado alguém tão belo. Seus cabelos escuros combinam perfeitamente com a cor de seus olhos, que agora parecem arder de desejo. Sua pele, assim como sua boca, possui uma maciez inexplicável.
Posso sentir suas mãos percorrendo meu corpo de forma absolutamente leve, como se ele quisesse apenas me provocar. Solto uma pequena lamúria. Ele está conseguindo! E assim que seus lábios se deslocam para meu pescoço, sei que não há mais volta.
Cravo minhas unhas em suas costas despidas, deixando claro que o desejo. Não sou capaz de ver seu rosto, mas tenho certeza de que ele está sorrindo sobre minha pele. Lembro-me então, de como seu sorriso é encantador e começo a me perguntar se existe alguma coisa em sua aparência que esteja fora do lugar.
Não existe.
Cada pequeno traço de seu corpo é perfeito.
Amaldiçoo o destino por não ter encontrado com em outra época da minha vida. Em uma época onde tudo seria mais fácil para nós, onde nossa relação poderia ter sido verdadeira, onde eu realmente poderia ter sido capaz de me apaixonar.
Capítulo 13
Com o corpo coberto apenas por um lençol, relembro os momentos vividos na noite passada. Não me arrependo do que aconteceu. Tanto eu quanto queríamos e no fundo estávamos cientes de que isso não demoraria a acontecer.
Ergo o olhar, tomada pela sensação de que estou sendo observada.
— O que foi? — pergunto a ele, ao notar sua atenção totalmente voltada a mim.
— Você é incrível! — afirma, enquanto seus dedos acariciam meu rosto.
— Já estamos na cama, você pode pular essa parte de tentar me ganhar com seus elogios. — sorrio, torcendo para que ele não perceba que estou um pouco constrangida.
— Eu sempre elogiei você. As coisas não irão mudar.
— Você é um pedaço de mau caminho. — confesso, depositando um beijo em sua clavícula.
— Só um pedaço? — ele ergue as sobrancelhas, convencido como sempre.
— Você é o mau caminho em pessoa, confesso!
Ele solta um gargalhada contagiante e em seguida sinto seus lábios sobre os meus.
— Posso lhe contar uma coisa? — ele sussurra agora sério, segurando meu rosto entre suas mãos.
— Se você quiser. — respondo usando o mesmo tom baixo de voz.
— Nunca desejei uma mulher, como desejo você.
Sem saber o que lhe dizer, elimino a distância entre nossas bocas. Sinto-me exatamente como ele. Desejando loucamente alguém que terei apenas por dois meses junto a mim.
— Já está na hora de levantarmos. — aviso, quando sinto nossa respiração vacilar.
— Já? Poderia ficar aqui o dia inteiro!
— Eu tenho certeza que sim. — concordo depois de ter recebido mais um beijo breve. — Mas Yago já deve ter chegado da viagem. Estou com saudade dele. — falo, enquanto me levanto da cama.
— Viagem longa essa, não? — questiona, ainda deitado, me observando.
— Luiza estava com ele. Era bastante previsível que a viagem se estenderia por uns dias a mais, não? — respondo, terminando de me vestir.
— Nós dois deveríamos viajar também, já que estou de férias. — propõe visivelmente animado.
— Você deveria parar de enrolar e levantar dessa cama agora!
— Tudo bem! — ele concorda enfim e o vejo sair de baixo do lençol.
O corpo de é definitivamente algo interessante de ser observado. Gosto de saber, que mesmo sendo teoricamente, está ao meu dispor. A ideia de ter um namorando não deve ser tão ruim assim, quando se sabe escolher a pessoa certa.
— ? — o chamo, no momento em que percebo uma das consequências da noite que passamos juntos. — Acho que você não deveria andar sem camisa pelos próximos dias. — alerto, sem conseguir esconder o sorriso em meu rosto.
— Por quê? — deixo de ter a visão das suas costas, no instante em que ele se vira para me encarar.
— Eu deixei algumas marcas sugestivas em você.
— Não acredito que você fez isso! — ele exclama, procurando pelo espelho, na tentativa de ver os arranhões que minhas unhas provocaram em sua pele.
— Sinto muito. — me desculpo, mordendo o lábio para segurar o riso.
— Sente mesmo? — ele me lança um olhar desafiador e dá alguns passos em minha direção.
— O que você vai fazer? — pergunto cautelosamente, ao ver sua expressão ganhar linhas suspeitas.
— Apenas me vingar. — ele sorri e imediatamente tento aumentar a distância entre nós.
Percebo que fracassei ao sentir o braço dele envolver a minha cintura e em seguida seu corpo pressionando minhas costas. Sinto sua respiração em meu pescoço e estremeço, sem saber o que me aguarda.
— , por favor. — peço, desejando que meu tom de arrependimento o faça mudar de ideia.
— Sinto muito.
Ele afasta minha blusa e sinto seus lábios tocarem minha pele na altura do ombro. Ao invés de depositar um beijo no local, sinto-o sugar o ar. Fecho os olhos, sabendo exatamente qual será a consequência do seu ato.
— Você é completamente maluco! — exclamo, quando ele finalmente me solta.
— Você tem toda a razão. — responde, fazendo com meu corpo fique de frente com o seu. — Sou completamente maluco por você.
Nem mesmo seu lábios sedentos sobre os meus são capaz de dissipar minha irritação. Não consigo compreender como alguém consegue ser tão egocêntrico.
— Você consegue ser bastante idiota, ás vezes. — resmungo quando ele se afasta.
— E você, como sempre, só consegue apontar meus defeitos. — ele reclama e toda a sombra de sorriso que havia em seu rosto desaparece.
— Estou sem paciência para drama!
— E eu estou tentando entender porque não conseguimos ficar um dia se quer sem discutir. E porque nossas discussões se iniciam sempre por motivos tão ridículos, como o de hoje. — o tom acusatório vai além do empregado em sua voz, está bastante explicito em sua expressão também.
— Talvez o fato de termos começado da maneira errada, influencie nisso.
— O que você está sugerindo? — ele indaga, parecendo confuso.
Sua falsa ignorância faz com que eu tenha vontade de gritar aos quatro cantos que sei sobre a aposta. Não me conformo com o fato do meu corpo desejar alguém que age de maneira tão desleal comigo.
— Esquece isso. Falei sem pensar. — controlo-me, sabendo que de certa maneira, estou tão errada quanto ele.
— Você não está pensando em desistir de nós, não é?
Vendo seus olhos assustados fixos em mim, entrelaço minhas mãos em volta do seu pescoço e o beijo, sabendo que está é a única maneira de fazer com que as perguntas sejam interrompidas.
— Sinto muito pelo que disse. Fui grosseiro com você. — sussurra, abraçando-me apertado.
— Está tudo bem. A culpa não foi sua. — respondo, inalando profundamente seu perfume. — Podemos ir tomar café agora?
Ele concorda e veste sua camisa.
— Suas costas estão doendo? — pergunto, sentindo-me um pouco culpada.
— Não. Estou bem. — ele sorri, estendendo a mão para mim.
Como eu esperava, encontramos Yago na cozinha, já terminando de tomar café. Apesar de cansado, ele está visivelmente feliz.
— Como foi à viagem? — pergunto, depois de abraçá-lo.
— Ótima! Mesmo tendo que resolver os problemas da Estação à distância, já que meu sócio está de férias, eu e Luiza conseguimos aproveitar bastante. — ele sorri, não conseguindo perder a oportunidade de provocar .
Deixo os dois conversando enquanto preparo o café. Aprecio a forma como eles se entendem tão facilmente. Gostaria que eu e tivéssemos essa mesma sintonia de vez em quando.
Ergo o olhar, tomada pela sensação de que estou sendo observada.
— O que foi? — pergunto a ele, ao notar sua atenção totalmente voltada a mim.
— Você é incrível! — afirma, enquanto seus dedos acariciam meu rosto.
— Já estamos na cama, você pode pular essa parte de tentar me ganhar com seus elogios. — sorrio, torcendo para que ele não perceba que estou um pouco constrangida.
— Eu sempre elogiei você. As coisas não irão mudar.
— Você é um pedaço de mau caminho. — confesso, depositando um beijo em sua clavícula.
— Só um pedaço? — ele ergue as sobrancelhas, convencido como sempre.
— Você é o mau caminho em pessoa, confesso!
Ele solta um gargalhada contagiante e em seguida sinto seus lábios sobre os meus.
— Posso lhe contar uma coisa? — ele sussurra agora sério, segurando meu rosto entre suas mãos.
— Se você quiser. — respondo usando o mesmo tom baixo de voz.
— Nunca desejei uma mulher, como desejo você.
Sem saber o que lhe dizer, elimino a distância entre nossas bocas. Sinto-me exatamente como ele. Desejando loucamente alguém que terei apenas por dois meses junto a mim.
— Já está na hora de levantarmos. — aviso, quando sinto nossa respiração vacilar.
— Já? Poderia ficar aqui o dia inteiro!
— Eu tenho certeza que sim. — concordo depois de ter recebido mais um beijo breve. — Mas Yago já deve ter chegado da viagem. Estou com saudade dele. — falo, enquanto me levanto da cama.
— Viagem longa essa, não? — questiona, ainda deitado, me observando.
— Luiza estava com ele. Era bastante previsível que a viagem se estenderia por uns dias a mais, não? — respondo, terminando de me vestir.
— Nós dois deveríamos viajar também, já que estou de férias. — propõe visivelmente animado.
— Você deveria parar de enrolar e levantar dessa cama agora!
— Tudo bem! — ele concorda enfim e o vejo sair de baixo do lençol.
O corpo de é definitivamente algo interessante de ser observado. Gosto de saber, que mesmo sendo teoricamente, está ao meu dispor. A ideia de ter um namorando não deve ser tão ruim assim, quando se sabe escolher a pessoa certa.
— ? — o chamo, no momento em que percebo uma das consequências da noite que passamos juntos. — Acho que você não deveria andar sem camisa pelos próximos dias. — alerto, sem conseguir esconder o sorriso em meu rosto.
— Por quê? — deixo de ter a visão das suas costas, no instante em que ele se vira para me encarar.
— Eu deixei algumas marcas sugestivas em você.
— Não acredito que você fez isso! — ele exclama, procurando pelo espelho, na tentativa de ver os arranhões que minhas unhas provocaram em sua pele.
— Sinto muito. — me desculpo, mordendo o lábio para segurar o riso.
— Sente mesmo? — ele me lança um olhar desafiador e dá alguns passos em minha direção.
— O que você vai fazer? — pergunto cautelosamente, ao ver sua expressão ganhar linhas suspeitas.
— Apenas me vingar. — ele sorri e imediatamente tento aumentar a distância entre nós.
Percebo que fracassei ao sentir o braço dele envolver a minha cintura e em seguida seu corpo pressionando minhas costas. Sinto sua respiração em meu pescoço e estremeço, sem saber o que me aguarda.
— , por favor. — peço, desejando que meu tom de arrependimento o faça mudar de ideia.
— Sinto muito.
Ele afasta minha blusa e sinto seus lábios tocarem minha pele na altura do ombro. Ao invés de depositar um beijo no local, sinto-o sugar o ar. Fecho os olhos, sabendo exatamente qual será a consequência do seu ato.
— Você é completamente maluco! — exclamo, quando ele finalmente me solta.
— Você tem toda a razão. — responde, fazendo com meu corpo fique de frente com o seu. — Sou completamente maluco por você.
Nem mesmo seu lábios sedentos sobre os meus são capaz de dissipar minha irritação. Não consigo compreender como alguém consegue ser tão egocêntrico.
— Você consegue ser bastante idiota, ás vezes. — resmungo quando ele se afasta.
— E você, como sempre, só consegue apontar meus defeitos. — ele reclama e toda a sombra de sorriso que havia em seu rosto desaparece.
— Estou sem paciência para drama!
— E eu estou tentando entender porque não conseguimos ficar um dia se quer sem discutir. E porque nossas discussões se iniciam sempre por motivos tão ridículos, como o de hoje. — o tom acusatório vai além do empregado em sua voz, está bastante explicito em sua expressão também.
— Talvez o fato de termos começado da maneira errada, influencie nisso.
— O que você está sugerindo? — ele indaga, parecendo confuso.
Sua falsa ignorância faz com que eu tenha vontade de gritar aos quatro cantos que sei sobre a aposta. Não me conformo com o fato do meu corpo desejar alguém que age de maneira tão desleal comigo.
— Esquece isso. Falei sem pensar. — controlo-me, sabendo que de certa maneira, estou tão errada quanto ele.
— Você não está pensando em desistir de nós, não é?
Vendo seus olhos assustados fixos em mim, entrelaço minhas mãos em volta do seu pescoço e o beijo, sabendo que está é a única maneira de fazer com que as perguntas sejam interrompidas.
— Sinto muito pelo que disse. Fui grosseiro com você. — sussurra, abraçando-me apertado.
— Está tudo bem. A culpa não foi sua. — respondo, inalando profundamente seu perfume. — Podemos ir tomar café agora?
Ele concorda e veste sua camisa.
— Suas costas estão doendo? — pergunto, sentindo-me um pouco culpada.
— Não. Estou bem. — ele sorri, estendendo a mão para mim.
Como eu esperava, encontramos Yago na cozinha, já terminando de tomar café. Apesar de cansado, ele está visivelmente feliz.
— Como foi à viagem? — pergunto, depois de abraçá-lo.
— Ótima! Mesmo tendo que resolver os problemas da Estação à distância, já que meu sócio está de férias, eu e Luiza conseguimos aproveitar bastante. — ele sorri, não conseguindo perder a oportunidade de provocar .
Deixo os dois conversando enquanto preparo o café. Aprecio a forma como eles se entendem tão facilmente. Gostaria que eu e tivéssemos essa mesma sintonia de vez em quando.
Capítulo 14
A conversa de e Yago é interrompida apenas quando entrego a meu namorado uma xícara de café e me sento ao seu lado. Somente agora tomo ciência de quão faminta estou.
— Achei uma serventia para você. O café está bom! — ouço exclamar e me viro para encará-lo.
— Que bom que tenho alguma serventia para você, porque você não tem nenhuma para mim. — retruco e Yago começa a rir.
— Vou deixar vocês discutirem a relação em paz. — disse, levantando-se.
Meu comentário faz meu namorado ficar emburrado durante o restante do café. Assim que se dá por satisfeito ele deixa a mesa e vai se sentar na sala. Deixo-o alimentando sua raiva por mim e vou lavar a louça. Sei que não vai demorar para ele voltar a estar na palma de minha mão.
Somente quando termino meus afazeres é que vou até ele. Ignoro seu jeito rígido de sentar e seus braços cruzados, que demonstram claramente sua irritação. Sento-me em seu colo, de frente para ele e entrelaço minhas pernas em volta de sua cintura.
— Oi. — sussurro, meu nariz roçando o dele.
— Não me provoque, .
— E por que eu não deveria?
— Porque não tenho nenhuma serventia para você, lembra?
— Eu andei pensando a respeito. Conclui que você tem bastante serventia para mim quando está no meu quarto, deitado na cama... — faço uma pausa, fazendo minha boca chegar até o ouvido dele. — Sem roupa!
— Você é muito sem vergonha, sabia?
— Claro que sou! Mas convenhamos que exatamente por isso que você gosta de mim.
— Gosto até mais do que deveria. — ele solta um longo suspiro e deixo meus lábios tocarem os dele, selando nossa reconciliação. — Quero lhe pedir uma coisa.
— Estou ouvindo.
— Quero que você vá jantar hoje lá em casa.
— Não tenho boas lembranças de jantares em família. — respondo, fazendo uma careta.
— Eu muito menos. Mas quero que você conheça meus pais.
— Mesmo? — indago, sem entender porque ele deseja isso, já que sabe melhor do que ninguém que nosso namoro irá durar apenas dois meses.
— Claro! Vou convidar o Yago também, assim você não se sente tão perdida...
— Obrigada! — sorrio ao perceber que ele continua se preocupando comigo.
— Preciso ir para casa agora. Mais tarde ligo para o Yago, está bem?
— Claro. — concordo, levantando-me.
Acompanho até a porta e volto para o sofá, sem querer incomodar Yago que possivelmente está descansando em seu quarto. Me pego pensando no jantar que terei que participar essa noite. Inconscientemente volto no tempo, para ser mais exata, no dia em que ouvi Yago dizer a seguinte frase:
“Dois meses namorando ela. Mas namoro sério, com tudo o que tem direito”.
Aí está o motivo pelo qual quer que eu conheça seus pais. Tudo está incluso no maldito pacote que adquiri chamado aposta.
Já está anoitecendo quando sigo para meu closet com a finalidade de me arrumar. Vasculho o lugar tentando encontrar algo apropriado para vestir. As opções que tenho parecem não me satisfazer. Só depois do que parece uma eternidade me deparo com um vestido que tinha ganhado de minha mãe.
Mesmo estando guardado há anos, sua beleza continua a mesma. Não sou capaz ao menos de me lembrar da última vez em que o usei. Ele já não combina mais comigo, é extremamente delicado, algo que já não sou mais. Ainda assim, por impulso, acabo vestindo-o.
Quando termino de me arrumar, saio do quarto e encontro com Yago no corredor.
— Meu. Deus! — ele exclama pausadamente. — Você está incrível!
— Obrigada. — agradeço, sentindo minhas bochechas corarem.
— Eu sinto falta de você assim. Sendo apenas a garota que eu conheci e não essa mulher que criou um punhado de meios para se defender.
— Eu sei. Ás vezes até eu sinto falta... Mas não quero falar sobre isso agora. Temos que ir.
Yago concorda e para meu grande alívio não toca mais no assunto enquanto seguimos rumo a nosso jantar. A sensação de percorrer esse caminho novamente é estranha para mim. Fico aliviada em saber que dessa vez, sei o que me espera.
Como da última vez, atende a porta e seu olhar sobre mim é de espanto.
— Você não vai me expulsar daqui, vai? — indago, ao vê-lo completamente sem reação.
— Não... Deus!... Você está linda! — ele gagueja e volto a me sentir envergonhada.
O jantar acaba sendo um dos melhores da minha vida. Mariana e Evandro, os pais de são exatamente como Luísa: extremamente queridos e gentis. Tenho a sensação de que eles gostaram de mim.
— Quero que você conheça meu quarto. — avisa, assim que seus pais vão dormir.
O espaço tem a cara do dono. Definitivamente não esperaria por outra coisa. A única coisa que realmente chama minha atenção é a foto de uma mulher sobre o criado mudo. Sem conseguir evitar, me aproximo e só então percebo que a mulher sou eu.
— Você tem uma foto minha? — pergunto surpresa, segurando o porta-retratos na mão.
— Vi no seu Instagram.
— É tão antiga... — comento, devolvendo o objeto ao seu lugar.
— Eu sei. Mas gosto dela. Vejo uma menina diferente da mulher que eu conheci.
— Eu acabei mudando muito com o tempo.
— Talvez. Mas hoje você está parecendo à garota da foto. — ele comenta visivelmente satisfeito, puxando-me pela cintura. — Você está incrivelmente perfeita!
Deixo que seus lábios toquem os meus. Há muito tempo eu não me sentia tão bem quanto agora. Por um instante, desejo que tudo o que está acontecendo seja mesmo real. Ainda custo acreditar que os beijos tão sedentos de , sejam falsos.
— Aqui não! — advirto meu namorado, quando percebo suas segundas intenções.
— Por que não?
— Seus pais estão dormindo aqui do lado...
— Você não vai dormir comigo? — ele indaga um pouco desapontado.
— Hoje não. Inclusive, já está na hora de ir para casa.
— Quero que você fique. — ele diz, acariciando minha bochecha.
— Eu não posso. — afirmo, deixando uma leve mordida em seu lábio.
— Não me provoque, pequena. — me alerta, encarando-me furtivamente. — Fique, por favor.
Puxo para fora do quarto, sabendo que se eu ficasse mais alguns minutos com ele, acabaria cedendo. Percebo que existem coisas que são difíceis de controlar e estou redescobrindo algumas delas ao lado dele.
Como Yago e Luiza saíram, ele acaba me levando até em casa. Percebo os verdadeiros objetivos dele logo que o carro é estacionado e ele desce. Faço o mesmo e fico observando-o iniciar a caminhada em direção à porta de entrada.
— Ei! — o chamo, recostada no veículo. — O que você está fazendo?
— Indo para sua casa. — ele se vira para mim, parecendo confuso. — Vou dormir com você.
— Sinto em desapontá-lo.
— Por quê? — ele indaga, voltando até onde estou.
— Você já dormiu aqui ontem. E sua mãe reclamou que você está um pouco ausente ultimamente.
— Isso é realmente sério? — pediu, descontente.
— Muito. — sorrio, dando a ele um beijo breve. — Boa noite.
— Boa noite. — ele murmura visivelmente decepcionado. — ? — ouço meu nome, quando já estou na metade do caminho e me viro para fita-lo. — Você está parecendo uma menina hoje. Eu prefiro você assim.
— Achei uma serventia para você. O café está bom! — ouço exclamar e me viro para encará-lo.
— Que bom que tenho alguma serventia para você, porque você não tem nenhuma para mim. — retruco e Yago começa a rir.
— Vou deixar vocês discutirem a relação em paz. — disse, levantando-se.
Meu comentário faz meu namorado ficar emburrado durante o restante do café. Assim que se dá por satisfeito ele deixa a mesa e vai se sentar na sala. Deixo-o alimentando sua raiva por mim e vou lavar a louça. Sei que não vai demorar para ele voltar a estar na palma de minha mão.
Somente quando termino meus afazeres é que vou até ele. Ignoro seu jeito rígido de sentar e seus braços cruzados, que demonstram claramente sua irritação. Sento-me em seu colo, de frente para ele e entrelaço minhas pernas em volta de sua cintura.
— Oi. — sussurro, meu nariz roçando o dele.
— Não me provoque, .
— E por que eu não deveria?
— Porque não tenho nenhuma serventia para você, lembra?
— Eu andei pensando a respeito. Conclui que você tem bastante serventia para mim quando está no meu quarto, deitado na cama... — faço uma pausa, fazendo minha boca chegar até o ouvido dele. — Sem roupa!
— Você é muito sem vergonha, sabia?
— Claro que sou! Mas convenhamos que exatamente por isso que você gosta de mim.
— Gosto até mais do que deveria. — ele solta um longo suspiro e deixo meus lábios tocarem os dele, selando nossa reconciliação. — Quero lhe pedir uma coisa.
— Estou ouvindo.
— Quero que você vá jantar hoje lá em casa.
— Não tenho boas lembranças de jantares em família. — respondo, fazendo uma careta.
— Eu muito menos. Mas quero que você conheça meus pais.
— Mesmo? — indago, sem entender porque ele deseja isso, já que sabe melhor do que ninguém que nosso namoro irá durar apenas dois meses.
— Claro! Vou convidar o Yago também, assim você não se sente tão perdida...
— Obrigada! — sorrio ao perceber que ele continua se preocupando comigo.
— Preciso ir para casa agora. Mais tarde ligo para o Yago, está bem?
— Claro. — concordo, levantando-me.
Acompanho até a porta e volto para o sofá, sem querer incomodar Yago que possivelmente está descansando em seu quarto. Me pego pensando no jantar que terei que participar essa noite. Inconscientemente volto no tempo, para ser mais exata, no dia em que ouvi Yago dizer a seguinte frase:
“Dois meses namorando ela. Mas namoro sério, com tudo o que tem direito”.
Aí está o motivo pelo qual quer que eu conheça seus pais. Tudo está incluso no maldito pacote que adquiri chamado aposta.
Já está anoitecendo quando sigo para meu closet com a finalidade de me arrumar. Vasculho o lugar tentando encontrar algo apropriado para vestir. As opções que tenho parecem não me satisfazer. Só depois do que parece uma eternidade me deparo com um vestido que tinha ganhado de minha mãe.
Mesmo estando guardado há anos, sua beleza continua a mesma. Não sou capaz ao menos de me lembrar da última vez em que o usei. Ele já não combina mais comigo, é extremamente delicado, algo que já não sou mais. Ainda assim, por impulso, acabo vestindo-o.
Quando termino de me arrumar, saio do quarto e encontro com Yago no corredor.
— Meu. Deus! — ele exclama pausadamente. — Você está incrível!
— Obrigada. — agradeço, sentindo minhas bochechas corarem.
— Eu sinto falta de você assim. Sendo apenas a garota que eu conheci e não essa mulher que criou um punhado de meios para se defender.
— Eu sei. Ás vezes até eu sinto falta... Mas não quero falar sobre isso agora. Temos que ir.
Yago concorda e para meu grande alívio não toca mais no assunto enquanto seguimos rumo a nosso jantar. A sensação de percorrer esse caminho novamente é estranha para mim. Fico aliviada em saber que dessa vez, sei o que me espera.
Como da última vez, atende a porta e seu olhar sobre mim é de espanto.
— Você não vai me expulsar daqui, vai? — indago, ao vê-lo completamente sem reação.
— Não... Deus!... Você está linda! — ele gagueja e volto a me sentir envergonhada.
O jantar acaba sendo um dos melhores da minha vida. Mariana e Evandro, os pais de são exatamente como Luísa: extremamente queridos e gentis. Tenho a sensação de que eles gostaram de mim.
— Quero que você conheça meu quarto. — avisa, assim que seus pais vão dormir.
O espaço tem a cara do dono. Definitivamente não esperaria por outra coisa. A única coisa que realmente chama minha atenção é a foto de uma mulher sobre o criado mudo. Sem conseguir evitar, me aproximo e só então percebo que a mulher sou eu.
— Você tem uma foto minha? — pergunto surpresa, segurando o porta-retratos na mão.
— Vi no seu Instagram.
— É tão antiga... — comento, devolvendo o objeto ao seu lugar.
— Eu sei. Mas gosto dela. Vejo uma menina diferente da mulher que eu conheci.
— Eu acabei mudando muito com o tempo.
— Talvez. Mas hoje você está parecendo à garota da foto. — ele comenta visivelmente satisfeito, puxando-me pela cintura. — Você está incrivelmente perfeita!
Deixo que seus lábios toquem os meus. Há muito tempo eu não me sentia tão bem quanto agora. Por um instante, desejo que tudo o que está acontecendo seja mesmo real. Ainda custo acreditar que os beijos tão sedentos de , sejam falsos.
— Aqui não! — advirto meu namorado, quando percebo suas segundas intenções.
— Por que não?
— Seus pais estão dormindo aqui do lado...
— Você não vai dormir comigo? — ele indaga um pouco desapontado.
— Hoje não. Inclusive, já está na hora de ir para casa.
— Quero que você fique. — ele diz, acariciando minha bochecha.
— Eu não posso. — afirmo, deixando uma leve mordida em seu lábio.
— Não me provoque, pequena. — me alerta, encarando-me furtivamente. — Fique, por favor.
Puxo para fora do quarto, sabendo que se eu ficasse mais alguns minutos com ele, acabaria cedendo. Percebo que existem coisas que são difíceis de controlar e estou redescobrindo algumas delas ao lado dele.
Como Yago e Luiza saíram, ele acaba me levando até em casa. Percebo os verdadeiros objetivos dele logo que o carro é estacionado e ele desce. Faço o mesmo e fico observando-o iniciar a caminhada em direção à porta de entrada.
— Ei! — o chamo, recostada no veículo. — O que você está fazendo?
— Indo para sua casa. — ele se vira para mim, parecendo confuso. — Vou dormir com você.
— Sinto em desapontá-lo.
— Por quê? — ele indaga, voltando até onde estou.
— Você já dormiu aqui ontem. E sua mãe reclamou que você está um pouco ausente ultimamente.
— Isso é realmente sério? — pediu, descontente.
— Muito. — sorrio, dando a ele um beijo breve. — Boa noite.
— Boa noite. — ele murmura visivelmente decepcionado. — ? — ouço meu nome, quando já estou na metade do caminho e me viro para fita-lo. — Você está parecendo uma menina hoje. Eu prefiro você assim.
Capítulo 15
Deito-me na cama depois de um demorado banho. Por mais cansada que eu esteja não consigo adormecer. Minha insônia tem nome e sobrenome. Fico pensando em como tem se esforçado para vencer a disputa que travou com Yago. O prêmio para o vencedor deve ser algo realmente interessante. Só isso pode justificar tamanha determinação.
Acordo mais tarde do que o costume. Lavo meu rosto com água corrente tentando afastar o sono que ainda possuo. Voltar a dormir está fora de cogitação, porque sei que apenas vou ficar me virando de um lado para o outro, com pensamentos nebulosos me importunando.
Sigo até a sala e encontro Luiza. A cumprimento e me sento ao seu lado no sofá.
— E Yago? — pergunto percebendo a ausência do meu irmão.
— Foi se arrumar para sairmos. — ela responde e, pela sua cara, tenho a impressão de que ele fez isso há um bom tempo.
— Ele é terrivelmente vaidoso. Definitivamente um caso a parte.
— Estou começando a perceber isso.
— Você vai ter vontade de esganá-lo, ás vezes. Mas na maior parte do tempo, vai se sentir grata por tê-lo.
— Acho que posso dizer o mesmo de . — ela diz, sorrindo.
— Isso tudo é meio estranho, não é? — pontuo, perguntando-me se em uma situação normal, tudo isso estaria acontecendo.
Provavelmente não.
— Muito! — ela concorda, fitando-me atentamente. — Depois do que aconteceu com Keila, imaginei que não se envolveria com alguém tão cedo.
— E ele foi se envolver justamente comigo. A grande culpada pelo fim do seu namoro.
— Confesso que no começo achei que ele havia enlouquecido ou que estava apenas querendo se vingar. Mas agora é bastante fácil de perceber que ele está realmente apaixonado.
Meu queixo cai. Encaro Luiza tentando encontrar algum vestígio de que ela está apenas brincando ou algo que indique que ela sabe sobre a aposta. Não há nada. Apenas sinceridade.
— Estou pronto! — Yago comunica, aparecendo repentinamente no cômodo.
— Até que enfim! — a garota ao meu lado exclama, levantando-se.
Agradeço mentalmente pelo foco da conversa ter se desviado de mim.
— Vamos almoçar fora. Quer ir conosco? — meu irmão indaga depois de trocar algumas palavras com sua namorada.
— Obrigada pelo convite. Mas prefiro ficar em casa. — digo, torcendo para que minha confusão de sentimentos não transpareça.
— Não fique sem se alimentar, está bem? — ele me alerta, com seu olhar preocupado sobre mim.
— Pode deixar! Irei cozinhar hoje.
— É melhor a gente ir.
Segurando a mão de Luiza, Yago a guia em direção à porta, como se a possibilidade de depender das minhas habilidades gastronômicas fosse algo terrível.
Talvez seja.
Sigo para a cozinha com um sorriso nos lábios, decidida a esquecer momentaneamente a conversa que tive com minha cunhada, até porque tenho certeza que não está apaixonado por mim.
Reviro os olhos ao perceber que meu irmão não se deu ao trabalho de ao menos lavar a louça que usou no café. Concentro-me em meus afazeres, mas não demora para que eu sinta um corpo musculoso tocar minhas costas enquanto minha cintura é envolvida por um braço.
— Como você conseguiu entrar? — indago, reconhecendo instantaneamente o perfume inconfundível do meu namorado.
— A porta estava destrancada. — ele responde depois que seus lábios tocaram gentilmente meu pescoço.
— Yago é um grande cabeça de vento! — reclamo, contudo, toda minha racionalidade vai por água a baixo quando sinto o hálito quente de próximo a meu ouvido.
Viro-me para ficar de frente com ele e a primeira coisa que encontro é um par de olhos atraentes.
Maldito seja!
— O que você está fazendo aqui? — peço, depois de beijá-lo suavemente.
— Vim almoçar com você.
— Vou fazer o almoço. Tem certeza que quer ficar? — levanto as sobrancelhas de forma sugestiva, esperando que ele perceba que realmente não levo muito jeito para isso.
— Não perderia por nada a oportunidade de provar seu tempero! — ele exclama, dirigindo a mim seu maior sorriso diabólico.
— Pois bem, trate de se sentar e não me atrapalhar. — ordeno e de bom grado ele se dirige até a mesa, sentando-se junto a ela.
Como eu e Yago temos o costume de comer fora ou de simplesmente pedir algo para as refeições, o estoque na geladeira não conta com muitas opções. Separo alguns ingredientes e percebo que tenho tudo o que preciso para fazer um risoto.
— Queria lhe pedir uma coisa, mas não acho que você vai gostar. — ouço meu namorado contar e noto certo tom de cautela em sua voz.
— Se eu não gostar, simplesmente não vou respondê-la. — dou de ombros, deixando que minha curiosidade vença meu receio.
— Tudo bem. — ele concorda, tomando uma lufada de ar. — Você não trabalha?
Deixo um sorriso escapar ao perceber que está preocupado com minha reação frente a algo tão simples. Mas pudera, já iniciamos discussões por bem menos do que isso.
— Minha família é dona de um empreendimento bastante rentável. Tenho participação na lucratividade, o que me permite pagar facilmente todas as minhas despesas. — explico da forma mais sucinta e segura que consigo.
— Tirando a questão monetária, você não fica entediada sem ter o que fazer durante todo o dia? — ele pergunta, ainda usando seu tom cuidadoso, provavelmente não querendo que seu interrogatório soe de forma ofensiva.
— É claro que fico. — confesso enquanto lavo os temperos que vou utilizar. — Ás vezes penso em fazer alguma coisa útil da minha vida, mas nunca consigo imaginar o quê gostaria de fazer.
— Deve existir algo que você realmente goste.
— Provavelmente. Mas acho que podemos eliminar “cozinhar” da lista. — faço uma careta, enquanto tiro as sementes do tomate.
— Qual o seu problema com as sementes? — questiona, agora sorrindo abertamente.
— Só não gosto de encontrá-las no meio da comida.
— Suas manias são bem interessantes. — ele comenta distraidamente.
Enquanto termino de preparar o almoço, fico imaginando se de fato tem reparado em mim a ponto de conhecer minhas manias. Enterro o pensamento no fundo da minha mente e sento-me ao lado dele, disposta a desfrutar de uma refeição tranquila.
Não acho que minha comida seja uma verdadeira maravilha, mas acaba afirmando de forma tão veemente que o risoto está saboroso que acabo por acreditar no que ele diz. Admiro cada vez mais sua capacidade de fazer com que eu me sinta bem.
Acordo mais tarde do que o costume. Lavo meu rosto com água corrente tentando afastar o sono que ainda possuo. Voltar a dormir está fora de cogitação, porque sei que apenas vou ficar me virando de um lado para o outro, com pensamentos nebulosos me importunando.
Sigo até a sala e encontro Luiza. A cumprimento e me sento ao seu lado no sofá.
— E Yago? — pergunto percebendo a ausência do meu irmão.
— Foi se arrumar para sairmos. — ela responde e, pela sua cara, tenho a impressão de que ele fez isso há um bom tempo.
— Ele é terrivelmente vaidoso. Definitivamente um caso a parte.
— Estou começando a perceber isso.
— Você vai ter vontade de esganá-lo, ás vezes. Mas na maior parte do tempo, vai se sentir grata por tê-lo.
— Acho que posso dizer o mesmo de . — ela diz, sorrindo.
— Isso tudo é meio estranho, não é? — pontuo, perguntando-me se em uma situação normal, tudo isso estaria acontecendo.
Provavelmente não.
— Muito! — ela concorda, fitando-me atentamente. — Depois do que aconteceu com Keila, imaginei que não se envolveria com alguém tão cedo.
— E ele foi se envolver justamente comigo. A grande culpada pelo fim do seu namoro.
— Confesso que no começo achei que ele havia enlouquecido ou que estava apenas querendo se vingar. Mas agora é bastante fácil de perceber que ele está realmente apaixonado.
Meu queixo cai. Encaro Luiza tentando encontrar algum vestígio de que ela está apenas brincando ou algo que indique que ela sabe sobre a aposta. Não há nada. Apenas sinceridade.
— Estou pronto! — Yago comunica, aparecendo repentinamente no cômodo.
— Até que enfim! — a garota ao meu lado exclama, levantando-se.
Agradeço mentalmente pelo foco da conversa ter se desviado de mim.
— Vamos almoçar fora. Quer ir conosco? — meu irmão indaga depois de trocar algumas palavras com sua namorada.
— Obrigada pelo convite. Mas prefiro ficar em casa. — digo, torcendo para que minha confusão de sentimentos não transpareça.
— Não fique sem se alimentar, está bem? — ele me alerta, com seu olhar preocupado sobre mim.
— Pode deixar! Irei cozinhar hoje.
— É melhor a gente ir.
Segurando a mão de Luiza, Yago a guia em direção à porta, como se a possibilidade de depender das minhas habilidades gastronômicas fosse algo terrível.
Talvez seja.
Sigo para a cozinha com um sorriso nos lábios, decidida a esquecer momentaneamente a conversa que tive com minha cunhada, até porque tenho certeza que não está apaixonado por mim.
Reviro os olhos ao perceber que meu irmão não se deu ao trabalho de ao menos lavar a louça que usou no café. Concentro-me em meus afazeres, mas não demora para que eu sinta um corpo musculoso tocar minhas costas enquanto minha cintura é envolvida por um braço.
— Como você conseguiu entrar? — indago, reconhecendo instantaneamente o perfume inconfundível do meu namorado.
— A porta estava destrancada. — ele responde depois que seus lábios tocaram gentilmente meu pescoço.
— Yago é um grande cabeça de vento! — reclamo, contudo, toda minha racionalidade vai por água a baixo quando sinto o hálito quente de próximo a meu ouvido.
Viro-me para ficar de frente com ele e a primeira coisa que encontro é um par de olhos atraentes.
Maldito seja!
— O que você está fazendo aqui? — peço, depois de beijá-lo suavemente.
— Vim almoçar com você.
— Vou fazer o almoço. Tem certeza que quer ficar? — levanto as sobrancelhas de forma sugestiva, esperando que ele perceba que realmente não levo muito jeito para isso.
— Não perderia por nada a oportunidade de provar seu tempero! — ele exclama, dirigindo a mim seu maior sorriso diabólico.
— Pois bem, trate de se sentar e não me atrapalhar. — ordeno e de bom grado ele se dirige até a mesa, sentando-se junto a ela.
Como eu e Yago temos o costume de comer fora ou de simplesmente pedir algo para as refeições, o estoque na geladeira não conta com muitas opções. Separo alguns ingredientes e percebo que tenho tudo o que preciso para fazer um risoto.
— Queria lhe pedir uma coisa, mas não acho que você vai gostar. — ouço meu namorado contar e noto certo tom de cautela em sua voz.
— Se eu não gostar, simplesmente não vou respondê-la. — dou de ombros, deixando que minha curiosidade vença meu receio.
— Tudo bem. — ele concorda, tomando uma lufada de ar. — Você não trabalha?
Deixo um sorriso escapar ao perceber que está preocupado com minha reação frente a algo tão simples. Mas pudera, já iniciamos discussões por bem menos do que isso.
— Minha família é dona de um empreendimento bastante rentável. Tenho participação na lucratividade, o que me permite pagar facilmente todas as minhas despesas. — explico da forma mais sucinta e segura que consigo.
— Tirando a questão monetária, você não fica entediada sem ter o que fazer durante todo o dia? — ele pergunta, ainda usando seu tom cuidadoso, provavelmente não querendo que seu interrogatório soe de forma ofensiva.
— É claro que fico. — confesso enquanto lavo os temperos que vou utilizar. — Ás vezes penso em fazer alguma coisa útil da minha vida, mas nunca consigo imaginar o quê gostaria de fazer.
— Deve existir algo que você realmente goste.
— Provavelmente. Mas acho que podemos eliminar “cozinhar” da lista. — faço uma careta, enquanto tiro as sementes do tomate.
— Qual o seu problema com as sementes? — questiona, agora sorrindo abertamente.
— Só não gosto de encontrá-las no meio da comida.
— Suas manias são bem interessantes. — ele comenta distraidamente.
Enquanto termino de preparar o almoço, fico imaginando se de fato tem reparado em mim a ponto de conhecer minhas manias. Enterro o pensamento no fundo da minha mente e sento-me ao lado dele, disposta a desfrutar de uma refeição tranquila.
Não acho que minha comida seja uma verdadeira maravilha, mas acaba afirmando de forma tão veemente que o risoto está saboroso que acabo por acreditar no que ele diz. Admiro cada vez mais sua capacidade de fazer com que eu me sinta bem.
Capítulo 16
Bela sempre foi minha maior fonte de conselhos, mas depois do início do meu namoro, venho recorrendo a ela, com mais frequência do que gostaria. Existem muitas questões que me incomodam e por vezes me pergunto onde foi parar a mulher forte e decidida que eu era.
— Parece que eu encontrei uma aliada. — ouço a mulher dizer, depois de eu ter contado a ela sobre a conversa que tive com Luiza, onde ela afirmou que está apaixonado por mim.
— Eu acho que vocês estão completamente malucas!
— Tenho uma maneira de provar que não estamos.
— E qual é?
— No que ou em quem você pensa antes de dormir?
— Vamos mesmo ter essa conversa? — indago, sem querer responder os questionamentos que me estão sendo feitos.
— Estou tentando lhe provar uma coisa. Agora apenas responda minhas perguntas. — ela diz soando autoritariamente. — No que ou em quem você pensa antes de dormir? — insiste e por algum motivo, me vejo lhe dizendo a verdade.
— Em , ou em algo relacionado a ele.
— E quando você acorda?
— Em , ou em algo relacionado a ele. — repito, soltando um longo suspiro.
— Bem, parece que ele não é o único que está apaixonado.
— Acabei de ter a prova a que você está realmente maluca, Bela.
— Não seja teimosa, menina. — ela me adverte, fitando-me firmemente. — Ao menos aceite que ele está lhe fazendo bem.
— Isso não tem muita importância.
— Você está enganada. Fiquei sabendo que você não vem tendo mais pesadelos. Isso tem muita importância!
— Mas não tem nada a ver com ele. — reluto, mesmo sabendo que meus argumentos não convenceriam nem mesmo uma mosca.
— Você sabe que tem. Sabe que tudo isso parou depois que você o conheceu.
— Do que adianta? Ele está comigo por conta de uma aposta!
— E quem garante que é só pela aposta?
— Não o defenda, Bela!
— Não estou fazendo isso, só quero saber se você cogitou a possibilidade dele ter desistido da aposta porque no meio do caminho, acabou se apaixonando.
— Ele não está apaixonado por mim, bem como eu não estou por ele. — declaro, cansada de falar sobre algo que parece me machucar tanto.
— Eu só espero que você perceba o que sente por ele antes que seja tarde demais. — ela murmura antes de me deixar sozinha na sala.
Logo percebo que ficar na companhia do meu eu interior é ainda pior do que ouvir as palavras convictas que Bela tem a me dizer. Estou cansada. Cansada de ter tantas perguntas sem respostas. Cansada de fingir que está tudo bem, enquanto não tenho o menor controle sobre minha vida. Estou cansada de minhas coisas, exceto de .
Ele está em pé, a poucos centímetros de mim. Está me fitando de forma avaliativa e eu simplesmente não consigo desviar minha atenção dele. Yago parece estar resmungando alguma coisa ao fundo, mas não estou nada interessada em saber o que é.
— Senti sua falta. — sussurra, quando a voz do meu irmão cessa. Aparentemente Luiza teve a excelente ideia de tirá-lo da sala.
— Nos vimos ontem. — falo usando o mesmo tom de voz que ele.
— Para mim, parece uma eternidade. — ele confessa e finalmente sinto seus lábios sobre os meus.
Enterro minha mão em seu cabelo macio e solto um pequeno gemido quando sua língua reivindica seu espaço em minha boca. Nenhum cara beija como ele. Nenhum cara conseguiu me fazer perder o fôlego tão rapidamente como ele faz.
— Já chega, por enquanto! — a voz zangada de Yago interrompe nosso momento e sorrindo, meu namorado encerra nosso beijo.
— Por enquanto! — ele sopra em meu ouvido, em tom de promessa.
Estremeço em seus braços.
Eu não deveria ceder tão facilmente.
— Será que podemos ir agora? — meu irmão se dirige a , impaciente.
Luiza lhe dá uma cotovelada nas costelas e o encarra com uma expressão séria no rosto. Yago revira os olhos e ambos trocam algumas palavras, mas não sou capaz de ouvi-los.
— Vocês vão sair? — me volto ao homem que está me abraçando e encontro seus olhos sobre mim.
— Marcamos de encontrar alguns amigos. — ele explica, enquanto seus dedos deslizam pelo meu maxilar. — Mas posso ficar em casa, se você preferir.
— Tudo bem. Pode ir. — digo, estranhando o fato de que ele está realmente preocupado se vou aprovar ou não seu compromisso.
Yago e saem deixando-me na companhia de uma Luiza desanimada.
— Não acredito que eles foram sem nós! — ela reclama, desabando no sofá.
— Pelo menos foram juntos. não vai deixar que Yago saia um centímetro fora da linha e vice-versa. — comento, sentando-me ao seu lado.
— Você está certa!
— Bem como estou certa em afirmar que não vamos ficar a tarde toda em casa.
— No que você está pensando? — ela indaga, seus os olhos atentos direcionados a mim.
— Shopping. O que você acha?
— Acho fantástico! — ela exclama de forma absolutamente animada.
Pego as chaves do meu carro, que costuma mais ocupar espaço na garagem do que de fato me ser útil. Ainda o mantenho apenas porque gosto de tê-lo a disposição em situações como a de hoje.
O humor de Luiza muda completamente e passamos uma tarde bastante agradável em meio a idas e vindas nas lojas preferidas da garota. Ela definitivamente tem muita disposição para sair às compras.
— Estou morta! — ela anuncia quando nos sentamos para fazer um lanche.
— Você não é a única.
— Mas estou bastante satisfeita com nossas aquisições. — ela declara, com um sorriso enorme no rosto. Somente agora me dou conta de algumas semelhanças entre ela e seu irmão.
— Que não foram poucas, diga-se de passagem. — comento, encarando as sacolas que estão organizadas ao meu lado.
— Vou lhe contar um segredo! — Luiza informa, assim que o garçom deixa nossos pedidos sobre a mesa.
— Estou ouvindo.
— Você é a primeira namorado do meu irmão que eu realmente aprovo.
— Jura? — questiono, um pouco surpresa com sua revelação.
— Sim. — ela reafirma, tomando um gole do seu suco logo em seguida. — Vocês dois tem uma sintonia fascinante. Não é difícil perceber que estão apaixonados um pelo outro.
— Você está exagerando. — balbucio, sem saber exatamente o que dizer.
— Pode apostar que não estou. — ela sorri e talvez percebendo meu constrangimento, decide mudar de assunto. — Vou tomar a liberdade de lhe pedir uma coisa, mas se você não se sentir a vontade, não precisa falar nada a respeito.
— Claro, pode pedir.
— Você nunca falou sobre seu passado. Confesso que já perguntei a Yago uma vez, mas ele foi bastante evasivo a respeito do assunto.
— Eu adoraria poder falar abertamente sobre isso, mas ainda é algo que me machuca muito. Não é uma história bonita para ser contada.
Solto um longo suspiro ao perceber que não só o que aconteceu lá atrás, mas tudo o que vem acontecendo atualmente em minha vida, está longe de ser uma história bonita para ser contada.
— Parece que eu encontrei uma aliada. — ouço a mulher dizer, depois de eu ter contado a ela sobre a conversa que tive com Luiza, onde ela afirmou que está apaixonado por mim.
— Eu acho que vocês estão completamente malucas!
— Tenho uma maneira de provar que não estamos.
— E qual é?
— No que ou em quem você pensa antes de dormir?
— Vamos mesmo ter essa conversa? — indago, sem querer responder os questionamentos que me estão sendo feitos.
— Estou tentando lhe provar uma coisa. Agora apenas responda minhas perguntas. — ela diz soando autoritariamente. — No que ou em quem você pensa antes de dormir? — insiste e por algum motivo, me vejo lhe dizendo a verdade.
— Em , ou em algo relacionado a ele.
— E quando você acorda?
— Em , ou em algo relacionado a ele. — repito, soltando um longo suspiro.
— Bem, parece que ele não é o único que está apaixonado.
— Acabei de ter a prova a que você está realmente maluca, Bela.
— Não seja teimosa, menina. — ela me adverte, fitando-me firmemente. — Ao menos aceite que ele está lhe fazendo bem.
— Isso não tem muita importância.
— Você está enganada. Fiquei sabendo que você não vem tendo mais pesadelos. Isso tem muita importância!
— Mas não tem nada a ver com ele. — reluto, mesmo sabendo que meus argumentos não convenceriam nem mesmo uma mosca.
— Você sabe que tem. Sabe que tudo isso parou depois que você o conheceu.
— Do que adianta? Ele está comigo por conta de uma aposta!
— E quem garante que é só pela aposta?
— Não o defenda, Bela!
— Não estou fazendo isso, só quero saber se você cogitou a possibilidade dele ter desistido da aposta porque no meio do caminho, acabou se apaixonando.
— Ele não está apaixonado por mim, bem como eu não estou por ele. — declaro, cansada de falar sobre algo que parece me machucar tanto.
— Eu só espero que você perceba o que sente por ele antes que seja tarde demais. — ela murmura antes de me deixar sozinha na sala.
Logo percebo que ficar na companhia do meu eu interior é ainda pior do que ouvir as palavras convictas que Bela tem a me dizer. Estou cansada. Cansada de ter tantas perguntas sem respostas. Cansada de fingir que está tudo bem, enquanto não tenho o menor controle sobre minha vida. Estou cansada de minhas coisas, exceto de .
Ele está em pé, a poucos centímetros de mim. Está me fitando de forma avaliativa e eu simplesmente não consigo desviar minha atenção dele. Yago parece estar resmungando alguma coisa ao fundo, mas não estou nada interessada em saber o que é.
— Senti sua falta. — sussurra, quando a voz do meu irmão cessa. Aparentemente Luiza teve a excelente ideia de tirá-lo da sala.
— Nos vimos ontem. — falo usando o mesmo tom de voz que ele.
— Para mim, parece uma eternidade. — ele confessa e finalmente sinto seus lábios sobre os meus.
Enterro minha mão em seu cabelo macio e solto um pequeno gemido quando sua língua reivindica seu espaço em minha boca. Nenhum cara beija como ele. Nenhum cara conseguiu me fazer perder o fôlego tão rapidamente como ele faz.
— Já chega, por enquanto! — a voz zangada de Yago interrompe nosso momento e sorrindo, meu namorado encerra nosso beijo.
— Por enquanto! — ele sopra em meu ouvido, em tom de promessa.
Estremeço em seus braços.
Eu não deveria ceder tão facilmente.
— Será que podemos ir agora? — meu irmão se dirige a , impaciente.
Luiza lhe dá uma cotovelada nas costelas e o encarra com uma expressão séria no rosto. Yago revira os olhos e ambos trocam algumas palavras, mas não sou capaz de ouvi-los.
— Vocês vão sair? — me volto ao homem que está me abraçando e encontro seus olhos sobre mim.
— Marcamos de encontrar alguns amigos. — ele explica, enquanto seus dedos deslizam pelo meu maxilar. — Mas posso ficar em casa, se você preferir.
— Tudo bem. Pode ir. — digo, estranhando o fato de que ele está realmente preocupado se vou aprovar ou não seu compromisso.
Yago e saem deixando-me na companhia de uma Luiza desanimada.
— Não acredito que eles foram sem nós! — ela reclama, desabando no sofá.
— Pelo menos foram juntos. não vai deixar que Yago saia um centímetro fora da linha e vice-versa. — comento, sentando-me ao seu lado.
— Você está certa!
— Bem como estou certa em afirmar que não vamos ficar a tarde toda em casa.
— No que você está pensando? — ela indaga, seus os olhos atentos direcionados a mim.
— Shopping. O que você acha?
— Acho fantástico! — ela exclama de forma absolutamente animada.
Pego as chaves do meu carro, que costuma mais ocupar espaço na garagem do que de fato me ser útil. Ainda o mantenho apenas porque gosto de tê-lo a disposição em situações como a de hoje.
O humor de Luiza muda completamente e passamos uma tarde bastante agradável em meio a idas e vindas nas lojas preferidas da garota. Ela definitivamente tem muita disposição para sair às compras.
— Estou morta! — ela anuncia quando nos sentamos para fazer um lanche.
— Você não é a única.
— Mas estou bastante satisfeita com nossas aquisições. — ela declara, com um sorriso enorme no rosto. Somente agora me dou conta de algumas semelhanças entre ela e seu irmão.
— Que não foram poucas, diga-se de passagem. — comento, encarando as sacolas que estão organizadas ao meu lado.
— Vou lhe contar um segredo! — Luiza informa, assim que o garçom deixa nossos pedidos sobre a mesa.
— Estou ouvindo.
— Você é a primeira namorado do meu irmão que eu realmente aprovo.
— Jura? — questiono, um pouco surpresa com sua revelação.
— Sim. — ela reafirma, tomando um gole do seu suco logo em seguida. — Vocês dois tem uma sintonia fascinante. Não é difícil perceber que estão apaixonados um pelo outro.
— Você está exagerando. — balbucio, sem saber exatamente o que dizer.
— Pode apostar que não estou. — ela sorri e talvez percebendo meu constrangimento, decide mudar de assunto. — Vou tomar a liberdade de lhe pedir uma coisa, mas se você não se sentir a vontade, não precisa falar nada a respeito.
— Claro, pode pedir.
— Você nunca falou sobre seu passado. Confesso que já perguntei a Yago uma vez, mas ele foi bastante evasivo a respeito do assunto.
— Eu adoraria poder falar abertamente sobre isso, mas ainda é algo que me machuca muito. Não é uma história bonita para ser contada.
Solto um longo suspiro ao perceber que não só o que aconteceu lá atrás, mas tudo o que vem acontecendo atualmente em minha vida, está longe de ser uma história bonita para ser contada.
Capítulo 17
— Você saiu hoje? — meu namorado pergunta, enquanto acaricia distraidamente meus cabelos.
Estamos deitados no sofá, assistindo TV.
— Sim.
— Sozinha?
— Faria alguma diferença?
— Não. Só estou perguntando por curiosidade. — ele responde, mas posso detectar uma ponta de ciúmes em sua voz.
— Eu e Luiza fomos ao shopping, apenas isso. — conto a ele a verdade. — E como foi sua tarde?
— Divertida.
— Mulheres?
— Não havia nenhuma.
— Ótimo! Caso contrário você dormiria sofá hoje. — afirmo de forma absolutamente descontraída.
— Você não faria isso comigo! — ele declara, posicionando seu corpo sobre o meu. Percebo um brilho maroto em seus olhos.
— Se eu fosse você, não pagaria para ver.
— Você fica linda quanto está com ciúmes. — ele declara e vejo seus lábios se aproximarem dos meus.
— Não estou com ciúmes.
— Ah, pequena! — ele sussurra pouco antes de me beijar.
Tomo consciência do seu corpo definido pressionando o meu. Gosto da sensação. Gosto de saber quão rápido sou capaz de fazê-lo ceder a mim. Gosto de saber o que sou capaz de causar nele.
— Vai com calma! — murmuro ofegante, quando sinto sua mão chegar ao cós da minha calça. — Yago está em casa.
— Sendo assim, vamos para cima. — ele sorri, pegando-me no colo.
— Parece que tem alguém animado hoje. — observo, assim que ele me coloca no chão, já na segurança do meu quarto.
— Se você soubesse o efeito que causa em mim, entenderia. — ele afirma, mal desconfiando que eu o entendo perfeitamente bem.
Posso perceber a necessidade que ele tem de estar comigo a cada novo toque. Tento mostrar a ele que também sinto. Que também o quero. Tenho a impressão que nossos corpos estão tentando aproveitar ao máximo o tempo que ainda nos resta juntos. Consigo sentir agora, com bastante nitidez, que o que sentimos um pelo outro é algo intenso, desconhecido e, até certo ponto, irracional.
Adormeço ao lado de depois de ouvi-lo dizer o quanto precisa de mim. Não sou capaz de dizer o mesmo a ele e sei que isso acaba o machucando. Mesmo que ele não demostre.
Desperto no meio da noite e me dou o prazer de apenas ouvir sua respiração tranquila. Sinto uma nuvem de tristeza me envolver, por não saber quantas vezes a mais o terei ao meu lado. Mesmo não sendo capaz de falar, sei que preciso dele tanto quanto ele precisa de mim.
Silenciosamente me levanto e visto minhas peças íntimas, bem como a camisa de . Dirijo-me até a cozinha e agradeço mentalmente a Bela por ter deixando um sedutor bolo de chocolate sobre a mesa.
Sirvo um pedaço para mim e deixo que meus pensamentos flutuem.
— Pensei que você tinha me abandonado. — meu namorado murmura sonolento ao entrar na cozinha.
— Só lhe troquei por um pouco de doce. — dou a ele um sorriso, aproveitando para analisar seu tronco despido.
— Ao menos é chocolate. — ele pontua e o observo ir até a gaveta dos talheres e pegar um garfo.
Ele se senta ao meu lado e sem qualquer cerimônia se serve do meu pedaço de bolo. Ele ignora totalmente meu olhar zangado e acabo por não levantar nenhuma objeção, a fim de evitar uma discussão.
— Essa é uma boa hora para um beijo. — ouço-o dizer, depois que termino de guardar os utensílios que usamos.
— Céus! — exclamo revirando os olhos, mas não parece se importar com meu comportamento.
Sou encurralada contra a bancada da cozinha e sinto os lábios dele tocarem os meus. Dessa vez, nosso beijo é doce e juro que não é por causa do bolo que devoramos há pouco. Uma sensação diferente percorre meu corpo e sou tomada por uma confusão de sentimentos.
é completamente diferente do que eu imaginei. Mesmo sendo irritante, cheio de si, teimoso e, em certos momentos até mesmo feroz, ele sabe ser engraçado, atencioso e encantador quando quer. Ele é o homem mais sedutor e surpreendente que já conheci.
Já eu, não faço a menor ideia do que está acontecendo comigo.
— Bom dia! — desperto com uma voz sussurrada em meu ouvido.
— Oi. — respondo, depois de ganhar um beijo carinhoso. — Dormiu bem?
— E tem como não dormir bem ao seu lado?
— Você sabe como iludir uma mulher!
— Não estou iludindo você. — ele garante, fitando-me de forma atenta. — Vou voltar a trabalhar amanhã. — conta em meio a um grande suspiro.
— Com quem irei brigar agora? — indago sem saber por que estou me sentindo tão decepcionada com a notícia.
— Também vou sentir sua falta, pequena. — ele diz e decido eliminar com a distância que separa nossas bocas.
— Está na hora de levantarmos. — informo, assim que percebo a urgência de seus lábios.
— Vou precisar da minha camisa. — ele observa, inspirando profundamente.
Tiro a camisa que havia roubado na noite anterior e devolvo a ele. Vestida apenas com minhas roupas íntimas sigo até o banheiro para fazer minha higiene. Com a finalidade de me vestir, vou em direção ao closet, no entanto, sou detida no meio do caminho.
— Você não deveria me provocar desse modo. — meu namorado me alerta, enquanto seus olhos percorrem meu corpo de cima em baixo.
— Juro que essa não era minha intenção. — me defendo, mas sem conseguir esconder o sorriso de meu rosto.
— Não sei o que vou fazer quando você não estiver por perto.
— Haverá outras mulheres para suprir minha falta. — acabo falando, sem entender por que de fato me importo com isso.
— Eu não quero nenhuma outra, que não seja você. — ele afirma com tanta convicção que acabo por acreditar. — Agora vá se vestir, antes que eu perca o controle.
— Eu realmente gosto quando você faz isso. — revelo, afastando-me depressa dele, sabendo que minhas provocações dificilmente são ignoradas.
acaba indo embora, sem ao menos tomar café, afirmando que prometeu para sua mãe que faria isso em casa. Depois de me despedir dele, sigo para cozinha em busca da minha dose diária de cafeína. Não demora para que eu perceba que não estou mais só.
— dormiu aqui novamente? — Yago pergunta, sem se dar ao trabalho de me dar um simples bom dia.
— Algum problema? — indago, tentando compreender o motivo do seu tom de desaprovação.
— Eu não consigo entender você.
— Não me enrole. Vá direito ao ponto. — exijo, detestando a forma como ele está se dirigindo a mim.
— está apaixonado por você! Mas eu sei que você não acredita nessas coisas. Até mesmo você já perdeu as contas de quantos homens já iludiu.
— Aonde você pretende chegar com essa conversa?
— Você é minha irmã, porém, é meu melhor amigo. Não posso deixar que você o use dessa forma. — as palavras do meu irmão acabam me irritando.
— Não estou fazendo isso! — afirmo entre dentes. — sabe que não acredito no amor. Está comigo por que quer. Não estou obrigando-o a nada.
— Ele sabe? — Yago questiona, visivelmente surpreso. — E ainda assim continua com você. Eu não imaginava que ele estivesse tão apaixonado assim.
— Falando desse jeito, até parece que se apaixonar por mim é a pior coisa do mundo.
— Se apaixonar por alguém que não é capaz de corresponder verdadeiramente, é.
Tão rápido como chegou, ele vai embora. Fito por longos minutos o lugar onde Yago estava a pouco e recapitulo a conversa que tivemos, sem acreditar que ela realmente aconteceu. Sinto um enorme peso recair sobre meus ombros e quando dou por mim, meus olhos já estão salpicados por lágrimas.
Estamos deitados no sofá, assistindo TV.
— Sim.
— Sozinha?
— Faria alguma diferença?
— Não. Só estou perguntando por curiosidade. — ele responde, mas posso detectar uma ponta de ciúmes em sua voz.
— Eu e Luiza fomos ao shopping, apenas isso. — conto a ele a verdade. — E como foi sua tarde?
— Divertida.
— Mulheres?
— Não havia nenhuma.
— Ótimo! Caso contrário você dormiria sofá hoje. — afirmo de forma absolutamente descontraída.
— Você não faria isso comigo! — ele declara, posicionando seu corpo sobre o meu. Percebo um brilho maroto em seus olhos.
— Se eu fosse você, não pagaria para ver.
— Você fica linda quanto está com ciúmes. — ele declara e vejo seus lábios se aproximarem dos meus.
— Não estou com ciúmes.
— Ah, pequena! — ele sussurra pouco antes de me beijar.
Tomo consciência do seu corpo definido pressionando o meu. Gosto da sensação. Gosto de saber quão rápido sou capaz de fazê-lo ceder a mim. Gosto de saber o que sou capaz de causar nele.
— Vai com calma! — murmuro ofegante, quando sinto sua mão chegar ao cós da minha calça. — Yago está em casa.
— Sendo assim, vamos para cima. — ele sorri, pegando-me no colo.
— Parece que tem alguém animado hoje. — observo, assim que ele me coloca no chão, já na segurança do meu quarto.
— Se você soubesse o efeito que causa em mim, entenderia. — ele afirma, mal desconfiando que eu o entendo perfeitamente bem.
Posso perceber a necessidade que ele tem de estar comigo a cada novo toque. Tento mostrar a ele que também sinto. Que também o quero. Tenho a impressão que nossos corpos estão tentando aproveitar ao máximo o tempo que ainda nos resta juntos. Consigo sentir agora, com bastante nitidez, que o que sentimos um pelo outro é algo intenso, desconhecido e, até certo ponto, irracional.
Adormeço ao lado de depois de ouvi-lo dizer o quanto precisa de mim. Não sou capaz de dizer o mesmo a ele e sei que isso acaba o machucando. Mesmo que ele não demostre.
Desperto no meio da noite e me dou o prazer de apenas ouvir sua respiração tranquila. Sinto uma nuvem de tristeza me envolver, por não saber quantas vezes a mais o terei ao meu lado. Mesmo não sendo capaz de falar, sei que preciso dele tanto quanto ele precisa de mim.
Silenciosamente me levanto e visto minhas peças íntimas, bem como a camisa de . Dirijo-me até a cozinha e agradeço mentalmente a Bela por ter deixando um sedutor bolo de chocolate sobre a mesa.
Sirvo um pedaço para mim e deixo que meus pensamentos flutuem.
— Pensei que você tinha me abandonado. — meu namorado murmura sonolento ao entrar na cozinha.
— Só lhe troquei por um pouco de doce. — dou a ele um sorriso, aproveitando para analisar seu tronco despido.
— Ao menos é chocolate. — ele pontua e o observo ir até a gaveta dos talheres e pegar um garfo.
Ele se senta ao meu lado e sem qualquer cerimônia se serve do meu pedaço de bolo. Ele ignora totalmente meu olhar zangado e acabo por não levantar nenhuma objeção, a fim de evitar uma discussão.
— Essa é uma boa hora para um beijo. — ouço-o dizer, depois que termino de guardar os utensílios que usamos.
— Céus! — exclamo revirando os olhos, mas não parece se importar com meu comportamento.
Sou encurralada contra a bancada da cozinha e sinto os lábios dele tocarem os meus. Dessa vez, nosso beijo é doce e juro que não é por causa do bolo que devoramos há pouco. Uma sensação diferente percorre meu corpo e sou tomada por uma confusão de sentimentos.
é completamente diferente do que eu imaginei. Mesmo sendo irritante, cheio de si, teimoso e, em certos momentos até mesmo feroz, ele sabe ser engraçado, atencioso e encantador quando quer. Ele é o homem mais sedutor e surpreendente que já conheci.
Já eu, não faço a menor ideia do que está acontecendo comigo.
— Bom dia! — desperto com uma voz sussurrada em meu ouvido.
— Oi. — respondo, depois de ganhar um beijo carinhoso. — Dormiu bem?
— E tem como não dormir bem ao seu lado?
— Você sabe como iludir uma mulher!
— Não estou iludindo você. — ele garante, fitando-me de forma atenta. — Vou voltar a trabalhar amanhã. — conta em meio a um grande suspiro.
— Com quem irei brigar agora? — indago sem saber por que estou me sentindo tão decepcionada com a notícia.
— Também vou sentir sua falta, pequena. — ele diz e decido eliminar com a distância que separa nossas bocas.
— Está na hora de levantarmos. — informo, assim que percebo a urgência de seus lábios.
— Vou precisar da minha camisa. — ele observa, inspirando profundamente.
Tiro a camisa que havia roubado na noite anterior e devolvo a ele. Vestida apenas com minhas roupas íntimas sigo até o banheiro para fazer minha higiene. Com a finalidade de me vestir, vou em direção ao closet, no entanto, sou detida no meio do caminho.
— Você não deveria me provocar desse modo. — meu namorado me alerta, enquanto seus olhos percorrem meu corpo de cima em baixo.
— Juro que essa não era minha intenção. — me defendo, mas sem conseguir esconder o sorriso de meu rosto.
— Não sei o que vou fazer quando você não estiver por perto.
— Haverá outras mulheres para suprir minha falta. — acabo falando, sem entender por que de fato me importo com isso.
— Eu não quero nenhuma outra, que não seja você. — ele afirma com tanta convicção que acabo por acreditar. — Agora vá se vestir, antes que eu perca o controle.
— Eu realmente gosto quando você faz isso. — revelo, afastando-me depressa dele, sabendo que minhas provocações dificilmente são ignoradas.
acaba indo embora, sem ao menos tomar café, afirmando que prometeu para sua mãe que faria isso em casa. Depois de me despedir dele, sigo para cozinha em busca da minha dose diária de cafeína. Não demora para que eu perceba que não estou mais só.
— dormiu aqui novamente? — Yago pergunta, sem se dar ao trabalho de me dar um simples bom dia.
— Algum problema? — indago, tentando compreender o motivo do seu tom de desaprovação.
— Eu não consigo entender você.
— Não me enrole. Vá direito ao ponto. — exijo, detestando a forma como ele está se dirigindo a mim.
— está apaixonado por você! Mas eu sei que você não acredita nessas coisas. Até mesmo você já perdeu as contas de quantos homens já iludiu.
— Aonde você pretende chegar com essa conversa?
— Você é minha irmã, porém, é meu melhor amigo. Não posso deixar que você o use dessa forma. — as palavras do meu irmão acabam me irritando.
— Não estou fazendo isso! — afirmo entre dentes. — sabe que não acredito no amor. Está comigo por que quer. Não estou obrigando-o a nada.
— Ele sabe? — Yago questiona, visivelmente surpreso. — E ainda assim continua com você. Eu não imaginava que ele estivesse tão apaixonado assim.
— Falando desse jeito, até parece que se apaixonar por mim é a pior coisa do mundo.
— Se apaixonar por alguém que não é capaz de corresponder verdadeiramente, é.
Tão rápido como chegou, ele vai embora. Fito por longos minutos o lugar onde Yago estava a pouco e recapitulo a conversa que tivemos, sem acreditar que ela realmente aconteceu. Sinto um enorme peso recair sobre meus ombros e quando dou por mim, meus olhos já estão salpicados por lágrimas.
Capítulo 18
— Boa viagem. — murmuro para meu namorado, enquanto ele me abraça.
— Obrigado. — ele responde, inalando o perfume do meu pescoço. — Se cuide, está bem?
— Ok. — falo e, com a desculpa de me despedir do meu irmão, me afasto.
Espero os dois saírem e volto para meu quarto, grata por ter alguns dias sozinha para pensar. Essa é a primeira viagem que está fazendo depois que suas férias terminaram. Não sei qual a necessidade dele e Yago fazerem isso juntos, mas pela primeira vez, estar sozinha não me incomoda.
Ainda estou confusa em relação à conversa que eu e Yago tivemos. Não consegui concluir se ele disse aquilo apenas porque quer que meu namoro termine ou porque realmente está preocupado comigo. Ele nunca foi do tipo de pessoa que fica fazendo joguinhos, pelo menos não, até o dia que teve a brilhante ideia de me envolver em uma aposta.
Os dias seguintes passaram mais rápidos do que eu gostaria. Contudo, somente agora, na última manhã que me resta sozinha, é que consigo tomar uma decisão. Estou desistindo. Desistindo da aposta. Desistindo de magoar ainda mais. Desistindo das nossas brigas. E desistindo da única coisa que até hoje foi capaz de me fazer feliz.
Usarei o primeiro desentendimento que tiver com , para terminar com nosso namoro.
— Pequena! — ele abre um sorriso enorme, assim que seus olhos esbarram nos meus.
— ! — sussurro seu nome e sinto uma sensação incômoda em meu peito. Aparentemente, há uma parte de mim que não quer que siga sua vida sem que eu esteja por perto.
Assim que sinto seus lábios junto aos meus, percebo que essa parte é muito maior do que eu imaginei. Cedo demais, ele tente se afastar, mas eu não o deixo. O beijo de forma ainda mais intensa do que antes.
— Aconteceu alguma coisa? — ele pergunta ofegante, quando finalmente o libero.
— Só estava com saudade. — minto, dando a ele um sorriso forçado.
— É que isso mais pareceu uma despedida. — ele brinca, mas sem desconfiar que de certo modo, é.
Esse pode ser nosso último beijo!
Deixo o pensamento de lado para cumprimentar Luiza e Yago que haviam chegando junto com meu namorado. Todos estão visivelmente animados, exceto eu, cujos sentimentos parecem estar me sufocando.
— Preciso de um banho. — aviso, depois que o filme que estávamos assistindo acaba.
— E alguém precisa fazer o jantar. — Luiza observa. — Se não me engano, você disse que iria fazer peixe hoje à noite. — ela comenta, lançando a Yago um olhar sugestivo.
— Não sei por que fui abrir a boca. — ouço meu irmão reclamar, assim que chego às escadas.
Somente quando chego a meu quarto, percebo que fui seguida.
— Podemos conversar? — indaga, apoiado no batente da porta.
— Claro. — respondo, sentindo um calafrio percorrer minha espinha.
— Você tem certeza que está tudo bem?
— Por que não estaria?
— Você está diferente, . Antes mesmo de eu ter ido viajar as coisas já tinham mudado entre nós. — ele lamenta e entendo perfeitamente bem o que ele quer dizer.
Depois do que Yago me disse, voltei a tratar com um pouco de frieza e com menos tolerância. A consequência disso? Nossas discussões aumentaram consideravelmente.
— É impressão sua. — desconverso e ao invés de aproveitar a oportunidade para acabar de uma vez com tudo isso, acabo puxando-o para um beijo.
— Vou ajudar Yago com o jantar. — ele avisa, entre um selinho e outro.
Enquanto a água morna cai sobre meu corpo, percebo que terminar com será muito mais difícil do que eu pensei. Teoricamente tudo é muito fácil. No entanto, na prática, com um par de olhos penetrantes em sua frente, as coisas se tornam muito mais complicadas.
Volto para sala tomada por uma sensação de desânimo e assim que sinto o cheiro forte e desagradável de fritura oriunda da cozinha, percebo que hoje definitivamente não é um bom dia. Sinto meu estômago embrulhar e preciso correr até o banheiro social.
segura meu cabelo preso enquanto coloco o pouco que comi no almoço para fora. Somente depois de estar completamente segura que o mal estar passou é que me levanto para escovar os dentes, a fim de me livrar do gosto horrível que estou sentindo devido ao vômito.
— O que foi que aconteceu? — pergunta. Sua preocupação tornando-se algo praticamente palpável.
— O cheiro de fritura. — respondo, depois de enxaguar a boca.
— Vou levar você para o quarto.
— Posso ir caminhando. — informo, assim que ele passa os braços pelas minhas costas e pernas, erguendo-me.
— Fique quieta. — ele contrapõe apenas.
Concentro-me em seu perfume enquanto passamos novamente pela sala. não parece estar fazendo esforço algum para me carregar e rapidamente chegamos até meu quarto. Ele me deita na cama e se ajoelha em meu lado.
— É a primeira vez que você tem enjoos? — pergunta, fitando-me atentamente.
— Sim.
— E tem sentido alguma outra coisa?
— Eu não estou grávida, ! — declaro ao entender onde ele está tentando chegar.
— Como você pode ter tanta certeza?
— Preservativos e pílula. Dizem que funciona... — retruco de forma irônica, detestando o rumo que nossa conversa tomou.
— Sim! Mas você acabou de passar mal.
— Você deveria tirar isso da cabeça.
— Só estou preocupado, . Fiquei poucos dias fora e quando volto lhe encontro nesse estado. — ele aperta os olhos e posso sentir quão inseguro ele está com tudo isso.
— Você não vai conseguir esquecer, não é?
— Não sem você fazer um teste.
— Tudo bem. — concordo por fim, sabendo que por mais que eu insistisse, essa seria uma causa perdida para mim.
parece bastante satisfeito com minha resposta. Primeiro o ouço ligar para a farmácia e pedir para que entreguem o teste e um remédio para enjoos. Em seguida, ele liga para Luísa.
— Encomendei algumas coisas na farmácia. Quando chegar você pode trazer até aqui? — ele pergunta e faz uma pausa em seguida. — Ela está bem. Diga para Yago ficar tranquilo.
— Luiza está há um lance de escadas de distância. — digo a ele, quando percebo que a ligação é encerrada. — Você poderia ter ido falar com ela.
— Não vou deixar você sozinha. — ele diz, deitando-se ao meu lado.
Talvez seja loucura minha, mas tenho a impressão que suas palavras soam como uma ameaça. Como se ele soubesse o que estou prestes a fazer e estivesse me avisando para recuar, porque pretendia continuar ao meu lado.
Estremeço com a ideia.
— Você está com frio?
“Estou com medo”, meu subconsciente responde, mas não tenho coragem suficiente para dizer isso em voz alta. Por isso, apenas balanço a cabeça positivamente e sinto os braços dele envolverem meu corpo.
Ficamos em silêncio por longos minutos, até que ouvimos alguém bater na porta.
— Pode entrar. — avisa, levantando-se do meu lado.
A falta de calor oriundo do seu corpo me incomoda.
— O pedido da farmácia. — Luiza diz, entregando a ele uma pequena sacola. — Tudo bem, ?
— Tudo sim. Não precisa se preocupar. — sorrio para ela, me esforçando para parecer convincente.
Assim que ela deixa o cômodo, me fita inquieto. Respirando fundo, levanto da cama e com o teste em mãos sigo até o banheiro.
— Obrigado. — ele responde, inalando o perfume do meu pescoço. — Se cuide, está bem?
— Ok. — falo e, com a desculpa de me despedir do meu irmão, me afasto.
Espero os dois saírem e volto para meu quarto, grata por ter alguns dias sozinha para pensar. Essa é a primeira viagem que está fazendo depois que suas férias terminaram. Não sei qual a necessidade dele e Yago fazerem isso juntos, mas pela primeira vez, estar sozinha não me incomoda.
Ainda estou confusa em relação à conversa que eu e Yago tivemos. Não consegui concluir se ele disse aquilo apenas porque quer que meu namoro termine ou porque realmente está preocupado comigo. Ele nunca foi do tipo de pessoa que fica fazendo joguinhos, pelo menos não, até o dia que teve a brilhante ideia de me envolver em uma aposta.
Os dias seguintes passaram mais rápidos do que eu gostaria. Contudo, somente agora, na última manhã que me resta sozinha, é que consigo tomar uma decisão. Estou desistindo. Desistindo da aposta. Desistindo de magoar ainda mais. Desistindo das nossas brigas. E desistindo da única coisa que até hoje foi capaz de me fazer feliz.
Usarei o primeiro desentendimento que tiver com , para terminar com nosso namoro.
— Pequena! — ele abre um sorriso enorme, assim que seus olhos esbarram nos meus.
— ! — sussurro seu nome e sinto uma sensação incômoda em meu peito. Aparentemente, há uma parte de mim que não quer que siga sua vida sem que eu esteja por perto.
Assim que sinto seus lábios junto aos meus, percebo que essa parte é muito maior do que eu imaginei. Cedo demais, ele tente se afastar, mas eu não o deixo. O beijo de forma ainda mais intensa do que antes.
— Aconteceu alguma coisa? — ele pergunta ofegante, quando finalmente o libero.
— Só estava com saudade. — minto, dando a ele um sorriso forçado.
— É que isso mais pareceu uma despedida. — ele brinca, mas sem desconfiar que de certo modo, é.
Esse pode ser nosso último beijo!
Deixo o pensamento de lado para cumprimentar Luiza e Yago que haviam chegando junto com meu namorado. Todos estão visivelmente animados, exceto eu, cujos sentimentos parecem estar me sufocando.
— Preciso de um banho. — aviso, depois que o filme que estávamos assistindo acaba.
— E alguém precisa fazer o jantar. — Luiza observa. — Se não me engano, você disse que iria fazer peixe hoje à noite. — ela comenta, lançando a Yago um olhar sugestivo.
— Não sei por que fui abrir a boca. — ouço meu irmão reclamar, assim que chego às escadas.
Somente quando chego a meu quarto, percebo que fui seguida.
— Podemos conversar? — indaga, apoiado no batente da porta.
— Claro. — respondo, sentindo um calafrio percorrer minha espinha.
— Você tem certeza que está tudo bem?
— Por que não estaria?
— Você está diferente, . Antes mesmo de eu ter ido viajar as coisas já tinham mudado entre nós. — ele lamenta e entendo perfeitamente bem o que ele quer dizer.
Depois do que Yago me disse, voltei a tratar com um pouco de frieza e com menos tolerância. A consequência disso? Nossas discussões aumentaram consideravelmente.
— É impressão sua. — desconverso e ao invés de aproveitar a oportunidade para acabar de uma vez com tudo isso, acabo puxando-o para um beijo.
— Vou ajudar Yago com o jantar. — ele avisa, entre um selinho e outro.
Enquanto a água morna cai sobre meu corpo, percebo que terminar com será muito mais difícil do que eu pensei. Teoricamente tudo é muito fácil. No entanto, na prática, com um par de olhos penetrantes em sua frente, as coisas se tornam muito mais complicadas.
Volto para sala tomada por uma sensação de desânimo e assim que sinto o cheiro forte e desagradável de fritura oriunda da cozinha, percebo que hoje definitivamente não é um bom dia. Sinto meu estômago embrulhar e preciso correr até o banheiro social.
segura meu cabelo preso enquanto coloco o pouco que comi no almoço para fora. Somente depois de estar completamente segura que o mal estar passou é que me levanto para escovar os dentes, a fim de me livrar do gosto horrível que estou sentindo devido ao vômito.
— O que foi que aconteceu? — pergunta. Sua preocupação tornando-se algo praticamente palpável.
— O cheiro de fritura. — respondo, depois de enxaguar a boca.
— Vou levar você para o quarto.
— Posso ir caminhando. — informo, assim que ele passa os braços pelas minhas costas e pernas, erguendo-me.
— Fique quieta. — ele contrapõe apenas.
Concentro-me em seu perfume enquanto passamos novamente pela sala. não parece estar fazendo esforço algum para me carregar e rapidamente chegamos até meu quarto. Ele me deita na cama e se ajoelha em meu lado.
— É a primeira vez que você tem enjoos? — pergunta, fitando-me atentamente.
— Sim.
— E tem sentido alguma outra coisa?
— Eu não estou grávida, ! — declaro ao entender onde ele está tentando chegar.
— Como você pode ter tanta certeza?
— Preservativos e pílula. Dizem que funciona... — retruco de forma irônica, detestando o rumo que nossa conversa tomou.
— Sim! Mas você acabou de passar mal.
— Você deveria tirar isso da cabeça.
— Só estou preocupado, . Fiquei poucos dias fora e quando volto lhe encontro nesse estado. — ele aperta os olhos e posso sentir quão inseguro ele está com tudo isso.
— Você não vai conseguir esquecer, não é?
— Não sem você fazer um teste.
— Tudo bem. — concordo por fim, sabendo que por mais que eu insistisse, essa seria uma causa perdida para mim.
parece bastante satisfeito com minha resposta. Primeiro o ouço ligar para a farmácia e pedir para que entreguem o teste e um remédio para enjoos. Em seguida, ele liga para Luísa.
— Encomendei algumas coisas na farmácia. Quando chegar você pode trazer até aqui? — ele pergunta e faz uma pausa em seguida. — Ela está bem. Diga para Yago ficar tranquilo.
— Luiza está há um lance de escadas de distância. — digo a ele, quando percebo que a ligação é encerrada. — Você poderia ter ido falar com ela.
— Não vou deixar você sozinha. — ele diz, deitando-se ao meu lado.
Talvez seja loucura minha, mas tenho a impressão que suas palavras soam como uma ameaça. Como se ele soubesse o que estou prestes a fazer e estivesse me avisando para recuar, porque pretendia continuar ao meu lado.
Estremeço com a ideia.
— Você está com frio?
“Estou com medo”, meu subconsciente responde, mas não tenho coragem suficiente para dizer isso em voz alta. Por isso, apenas balanço a cabeça positivamente e sinto os braços dele envolverem meu corpo.
Ficamos em silêncio por longos minutos, até que ouvimos alguém bater na porta.
— Pode entrar. — avisa, levantando-se do meu lado.
A falta de calor oriundo do seu corpo me incomoda.
— O pedido da farmácia. — Luiza diz, entregando a ele uma pequena sacola. — Tudo bem, ?
— Tudo sim. Não precisa se preocupar. — sorrio para ela, me esforçando para parecer convincente.
Assim que ela deixa o cômodo, me fita inquieto. Respirando fundo, levanto da cama e com o teste em mãos sigo até o banheiro.
Capítulo 19
— E então? — pergunta, com um olhar ansioso sobre mim.
— Deu negativo. — respondo e por incrível que pareça, vejo uma linha de desapontamento se formar em seu rosto. — Você queria que desse positivo? — indago ao perceber sua reação inesperada.
— Não acho que faça diferença. — ele fala, e noto um sorriso forçado em seus lábios. — Vou falar com Yago. Volto logo!
Absolutamente surpresa, o observo deixar o quarto. Balanço a cabeça bruscamente para garantir que o que acabou de acontecer foi realmente de verdade e não apenas um delírio meu.
Ele esperava que eu estivesse grávida!
Solto o ar pesadamente, ainda incrédula. Preciso conversar com alguém e tentar compreender o que está acontecendo. Procuro por meu celular, sabendo que há uma única pessoa capaz de me ajudar.
— Bela! — exclamo aliviada quando ela finalmente atende.
— Está tudo bem, querida?
— Não! Você tem cinco minutos para me ouvir?
— É claro que sim. — ela responde prontamente e lhe conto a respeito do que acabou de ocorrer. — Agora você acredita que ele está apaixonado, não é mesmo? — ela comenta, assim que termino.
— Eu preciso terminar, mas não sou capaz.
— Porque sente o mesmo por ele.
— Ele quer mais, porém não sou capaz de dar isso a ele.
— E por que não? — ela insiste, possivelmente tentando me compreender.
— Ele quer um filho... Uma família... Não consigo! Não depois do que aconteceu comigo.
— Talvez ele possa ajudá-la a superar o passado.
— Com uma aposta nos unindo? Duvido muito. — murmuro, odiando o fato de ter perdido o controle da minha vida.
— Vocês precisam conversar sobre isso.
— E o que você espera que eu diga? — questiono, sem conseguir ver uma solução para meu problema. — Que estou com ele por conta da aposta, mas quero recomeçar porque sei que ele está apaixonado por mim?!
— Seria um bom começo!
— Você enlouqueceu de vez! — falo, revirando os olhos.
— Só estou tentando lhe dizer que se vocês não conversarem, não conseguirão se entender. — ouço sua voz paciente chiar.
— Não há como nos entendermos. Preciso terminar.
— Faça apenas o que seu coração mandar.
— Esse é o problema. Não sei o que ele quer.
Despeço-me de Bela e tento colocar meus pensamentos em ordem. Preciso digerir os novos acontecimentos, mas sei que não terei tempo para isso. Bem como sei, que não faço a menor ideia do que vai acontecer de agora em diante.
— Está melhor? — a voz de me faz sair do meu pequeno devaneio.
— Sim. — afirmo, com um sorriso falso nos lábios.
— Trouxe comida. — ele sorri em resposta, deixando a bandeja com um sanduíche e um copo de suco ao meu lado.
— Obrigada, mas estou sem fome.
— Você precisa comer.
— Talvez mais tarde.
— ?! — ele pronuncia meu nome em tom de ameaça. — Agora!
Reviro os olhos e acabo fazendo o que ele quer. Para minha sorte, o lanche está saboroso e não tenho muita dificuldade para conseguir devorá-lo. Já estou quase terminado quando o celular de anuncia a chegada de uma nova mensagem. Ele a lê e franze a testa, pensativo.
— Quem é? — acabo por perguntar, sem conseguir me conter.
— Um amigo. Está nos convidado para ir até a chácara dele amanhã à noite... — comenta, como se não fosse algo realmente importante.
— Diga a ele que vamos.
— Oh, não! — ele contrapõe imediatamente. — Você não está bem.
— Foi só um enjoo e já passou. Eu já estou ótima! — afirmo de forma insistente.
— Se você realmente estiver melhor, podemos ir. Mas se passar mal novamente vou levá-la ao médico, está bem?
Acabo por concordar com sua condição e depois de terminar meu lanche sugiro assistirmos a um filme. faz questão de escolhê-lo e ineditamente estranho a opção selecionada por ele: uma comédia romântica.
Tudo o que menos preciso agora é ver casais felizes em minha frente. Ainda assim, tento me concentrar na história e deixar meus pensamentos tortuosos de lado. Porém, percebo que é praticamente impossível esquecer-me que preciso terminar o namoro com o homem que agora está deitado ao meu lado, me abraçando protetoramente.
Confesso que essa é a primeira vez, depois de muito tempo, que me sinto segura novamente. Nunca pude imaginar que fosse capaz de confiar em outro homem, mas inexplicavelmente, confio em . Mesmo sabendo que estamos juntos por causa de uma aposta.
Começo a achar que talvez as teorias de Bela estejam realmente certas. Quem sabe tenha se apaixonado por mim e isso o tenha feito desistir da aposta... Mas agora é tarde para recuar. Minha decisão já foi tomada.
Mesmo sabendo o quão bem sua presença faz para mim, em como mudei no pouco tempo que passamos juntos, em como deixei de ser uma mulher fria, em como parei de sair... Preciso levar meu plano à diante.
Tento ignorar tudo isso.
Mas é difícil ignorar o fato de ele estar me ajudando a fechar as feridas que foram abertas em meu passado, assim como, ignorar que graças a os pesadelos que tanto me atormentavam não existirem mais.
Sinto as lágrimas chegarem a minha face.
— Hey, o que foi? — meu namorado, que possivelmente não estava prestando atenção no filme, mas sim em mim, questiona enquanto seus dedos secam minha pele.
— Não é nada. — sorrio, afastando meus pensamentos para longe. — Só uma garota idiota, assistindo a um filme idiota.
— Você não é idiota! Você é a garota mais incrível que conheci.
— Não exagere.
— Não estou, pequena. — ele sussurra, beijando-me em seguida. Deixo-me levar pelo momento. Preciso de pelo menos mais uma noite a sós com ele antes de colocar um fim nisso tudo. Algo me diz que depois que eu fizer isso, não irei vê-lo tão cedo. E quando ver, não haverá mais nenhum brilho de desejo em seus olhos como agora.
Sei que estou prestes a machucá-lo profundamente. Independente da aposta, não posso negar que ele realmente gosta de mim e conhecendo-o da forma que eu acho que conheço, sei que o término não será bem aceito para ele. A única coisa que eu espero é que não torne as coisas ainda mais piores do que já estão sendo para mim.
— Deu negativo. — respondo e por incrível que pareça, vejo uma linha de desapontamento se formar em seu rosto. — Você queria que desse positivo? — indago ao perceber sua reação inesperada.
— Não acho que faça diferença. — ele fala, e noto um sorriso forçado em seus lábios. — Vou falar com Yago. Volto logo!
Absolutamente surpresa, o observo deixar o quarto. Balanço a cabeça bruscamente para garantir que o que acabou de acontecer foi realmente de verdade e não apenas um delírio meu.
Ele esperava que eu estivesse grávida!
Solto o ar pesadamente, ainda incrédula. Preciso conversar com alguém e tentar compreender o que está acontecendo. Procuro por meu celular, sabendo que há uma única pessoa capaz de me ajudar.
— Bela! — exclamo aliviada quando ela finalmente atende.
— Está tudo bem, querida?
— Não! Você tem cinco minutos para me ouvir?
— É claro que sim. — ela responde prontamente e lhe conto a respeito do que acabou de ocorrer. — Agora você acredita que ele está apaixonado, não é mesmo? — ela comenta, assim que termino.
— Eu preciso terminar, mas não sou capaz.
— Porque sente o mesmo por ele.
— Ele quer mais, porém não sou capaz de dar isso a ele.
— E por que não? — ela insiste, possivelmente tentando me compreender.
— Ele quer um filho... Uma família... Não consigo! Não depois do que aconteceu comigo.
— Talvez ele possa ajudá-la a superar o passado.
— Com uma aposta nos unindo? Duvido muito. — murmuro, odiando o fato de ter perdido o controle da minha vida.
— Vocês precisam conversar sobre isso.
— E o que você espera que eu diga? — questiono, sem conseguir ver uma solução para meu problema. — Que estou com ele por conta da aposta, mas quero recomeçar porque sei que ele está apaixonado por mim?!
— Seria um bom começo!
— Você enlouqueceu de vez! — falo, revirando os olhos.
— Só estou tentando lhe dizer que se vocês não conversarem, não conseguirão se entender. — ouço sua voz paciente chiar.
— Não há como nos entendermos. Preciso terminar.
— Faça apenas o que seu coração mandar.
— Esse é o problema. Não sei o que ele quer.
Despeço-me de Bela e tento colocar meus pensamentos em ordem. Preciso digerir os novos acontecimentos, mas sei que não terei tempo para isso. Bem como sei, que não faço a menor ideia do que vai acontecer de agora em diante.
— Está melhor? — a voz de me faz sair do meu pequeno devaneio.
— Sim. — afirmo, com um sorriso falso nos lábios.
— Trouxe comida. — ele sorri em resposta, deixando a bandeja com um sanduíche e um copo de suco ao meu lado.
— Obrigada, mas estou sem fome.
— Você precisa comer.
— Talvez mais tarde.
— ?! — ele pronuncia meu nome em tom de ameaça. — Agora!
Reviro os olhos e acabo fazendo o que ele quer. Para minha sorte, o lanche está saboroso e não tenho muita dificuldade para conseguir devorá-lo. Já estou quase terminado quando o celular de anuncia a chegada de uma nova mensagem. Ele a lê e franze a testa, pensativo.
— Quem é? — acabo por perguntar, sem conseguir me conter.
— Um amigo. Está nos convidado para ir até a chácara dele amanhã à noite... — comenta, como se não fosse algo realmente importante.
— Diga a ele que vamos.
— Oh, não! — ele contrapõe imediatamente. — Você não está bem.
— Foi só um enjoo e já passou. Eu já estou ótima! — afirmo de forma insistente.
— Se você realmente estiver melhor, podemos ir. Mas se passar mal novamente vou levá-la ao médico, está bem?
Acabo por concordar com sua condição e depois de terminar meu lanche sugiro assistirmos a um filme. faz questão de escolhê-lo e ineditamente estranho a opção selecionada por ele: uma comédia romântica.
Tudo o que menos preciso agora é ver casais felizes em minha frente. Ainda assim, tento me concentrar na história e deixar meus pensamentos tortuosos de lado. Porém, percebo que é praticamente impossível esquecer-me que preciso terminar o namoro com o homem que agora está deitado ao meu lado, me abraçando protetoramente.
Confesso que essa é a primeira vez, depois de muito tempo, que me sinto segura novamente. Nunca pude imaginar que fosse capaz de confiar em outro homem, mas inexplicavelmente, confio em . Mesmo sabendo que estamos juntos por causa de uma aposta.
Começo a achar que talvez as teorias de Bela estejam realmente certas. Quem sabe tenha se apaixonado por mim e isso o tenha feito desistir da aposta... Mas agora é tarde para recuar. Minha decisão já foi tomada.
Mesmo sabendo o quão bem sua presença faz para mim, em como mudei no pouco tempo que passamos juntos, em como deixei de ser uma mulher fria, em como parei de sair... Preciso levar meu plano à diante.
Tento ignorar tudo isso.
Mas é difícil ignorar o fato de ele estar me ajudando a fechar as feridas que foram abertas em meu passado, assim como, ignorar que graças a os pesadelos que tanto me atormentavam não existirem mais.
Sinto as lágrimas chegarem a minha face.
— Hey, o que foi? — meu namorado, que possivelmente não estava prestando atenção no filme, mas sim em mim, questiona enquanto seus dedos secam minha pele.
— Não é nada. — sorrio, afastando meus pensamentos para longe. — Só uma garota idiota, assistindo a um filme idiota.
— Você não é idiota! Você é a garota mais incrível que conheci.
— Não exagere.
— Não estou, pequena. — ele sussurra, beijando-me em seguida. Deixo-me levar pelo momento. Preciso de pelo menos mais uma noite a sós com ele antes de colocar um fim nisso tudo. Algo me diz que depois que eu fizer isso, não irei vê-lo tão cedo. E quando ver, não haverá mais nenhum brilho de desejo em seus olhos como agora.
Sei que estou prestes a machucá-lo profundamente. Independente da aposta, não posso negar que ele realmente gosta de mim e conhecendo-o da forma que eu acho que conheço, sei que o término não será bem aceito para ele. A única coisa que eu espero é que não torne as coisas ainda mais piores do que já estão sendo para mim.
Capítulo 20
Estou em uma chácara, na companhia de alguns amigos de e Yago. Estamos sentados em círculo e há uma fogueira acesa no meio, aquecendo-nos. Volto minha atenção ao fogo. As chamas não trazem boas lembranças, pelo contrário, fazem com que eu volte para o passado e me pego revivendo os momentos difíceis pelos quais passei.
Deixo as lembranças para trás, quando surge com um violão. Ele entrega a um de seus amigos e acaba se sentando do lado oposto ao meu. Ele está no centro do meu campo de visão e sorri alegremente para mim. Retribuo seu sorriso, mas assim que ouço as primeiras notas de uma música tranquila começar, sinto uma onda de tristeza me invadir.
Me vejo relembrando da época, não tão distante assim, em que meus sentimentos eram escassos. Eu odiava o mundo por ter me obrigado a passar pelas coisas que passei, sendo assim, a única coisa que eu realmente era capaz de sentir, era raiva.
Desvio minha atenção para e encontro seus olhos atentos procurando pelos meus. Graças a ele me tornei uma pessoa melhor. Mas ainda assim, eu preciso deixá-lo ir. Sinto minha visão se embaraçar.
Não posso chorar aqui.
Levanto-me e discretamente me afasto de todos.
A lua cheia ilumina o céu deixando tudo mais belo. A brisa faz com que meus cabelos sejam jogados para trás e fecho os olhos, deixando que as lágrimas caíssem livremente.
Quero ficar sozinha, porém não demora para eu sentir um casaco sendo posto em meus ombros e depois, meu corpo é envolvido em um abraço. Solto um suspiro satisfeito ao sentir o perfume de .
— Estou aqui. — ele sopra em meu ouvido. — E não pretendo ir a lugar algum. Você pode contar sempre comigo, está bem?
Suas palavras fazem com o que resta do meu mundo desmoronar. está apaixonado por mim e começo a desconfiar que sinto o mesmo por ele. Uma paixão completamente intensa, voraz e insana.
Me viro para poder encontrar seu rosto. Deslizo minhas mãos entre seus cabelos e o puxo para junto de mim. Nossos lábios se tocam de forma urgente e tudo o que mais desejo nesse momento é a oportunidade de voltar no tempo e fazer com que tudo seja diferente.
Mas ninguém é capaz disso.
Sendo assim, preciso encerrar minha relação com antes que ele acabe se machucando ainda mais.
O pensamento faz com que eu me afaste e vire de costas para ele novamente. Sou capaz de sentir seu hálito frio em meu pescoço e por algum motivo sei que nunca me esquecerei dos pequenos detalhes que envolvem esse homem.
— Eu sei que nós temos nossas diferenças, . — ele diz, e começo a me perguntar por que justamente agora ele decidiu falar tanto sobre nós. — Acho que ainda não aprendi totalmente a conviver com você, mas venho me esforçando para isso. Posso cometer erros às vezes, mas sempre irei tentar corrigi-los porque não gosto da ideia de ficar sem você. Não estou disposto a perdê-la e farei tudo o que puder para isso nunca acontecer.
O que foi que eu fiz?
Sinto que sou o pior ser humano da face da Terra. Não consigo ao menos imaginar o tamanho do estrago que irei causar na vida de .
— Podemos ir para casa? — murmuro, secando as novas lágrimas que se acumularam em meus olhos.
— Você está bem? — ele questiona, talvez percebendo meu tom de voz triste.
— Sim. Com sono apenas. — conto mais uma mentira e volto a me virar para fitá-lo.
— Ok. — ele concorda, mas posso ver que meu argumento não o convenceu inteiramente. Contudo, para meu alívio, ele não faz nenhum comentário a mais.
Passo a noite toda acordada. De certo modo isso me faz bem, já que a claridade que entra pela janela me permite ficar olhando o homem que está deitado em minha cama. Analiso cada característica sua, certa de que vou sentir saudades de cada pequena parte dele.
Quando o relógio aponta para seis e meia da manhã, acabo levantando. Silenciosamente sigo até a sala e ligo a TV na esperança de me distrair. Estou decidida a terminar o namoro assim que acordar. Fecho os olhos e visto minha armadura. Não posso deixá-lo me fazer mudar de ideia em hipótese alguma.
— Bom dia, pequena. — depois do que parece uma eternidade sozinha, a voz dele chega até mim.
— Precisamos conversar.
— O que foi? — ele questiona, visivelmente preocupado.
— Quero terminar. — respondo, mantendo minha voz firme.
— Como é?
— Quero terminar. — repito, dessa vez de forma mais enfática.
— Posso saber por quê?
— Porque cansei.
— Ninguém se cansa assim, de uma hora para outra.
— Pois eu cansei!
— Diga a verdade! — ele exige, agora parecendo irritado.
— É o que estou fazendo.
— , fale logo!
— Você está nervoso assim por que vai perder a aposta? — indago, sem pensar nas consequências que minhas palavras podem ter.
— Do que é que você está falando?! — ele retruca e sua expressão me diz que ele está confuso.
— Não se faça de desentendido!
— Que porra, ! Fale o que tem para me falar de uma vez por todas! — ele ordena, com o tom de voz um pouco mais elevado.
— Não fale comigo dessa forma! — retruco entre dentes. — Como você acha que me senti quando ouvi você e Yago falando de mim como se eu fosse um mero objeto?!
— Você ouviu nossa conversa? — ele questiona de olhos arregalados.
— Parece que enfim sua memória está voltando. — ignoro sua indagação e deixo que um sorriso irônico surja em meus lábios.
— Eu desisti dessa aposta! Pelo amor de Deus! Você realmente acredita que estou com você por causa dela?
— Qual era o prêmio?
— Não tem merda de aposta nenhuma! — ele afirma, fuzilando-me com os olhos. — Eu desisti logo no começo, porque queria ficar com você de verdade e não por conta de uma porcaria de aposta.
Fico sem reação por alguns instantes. Observo se sentar no sofá e passar nervosamente as mãos pelos cabelos. Quando seus olhos se erguem novamente, em direção aos meus, sinto um arrepio de medo percorrer meu corpo. Ele acaba de vestir sua armadura. Vejo apenas uma fagulha de raiva em seu rosto.
— Você ficou ao meu lado durante todo esse tempo por causa da aposta? — ele pergunta enquanto se levanta. — Você estava fingindo! — ele me acusa, mas não me defendo, porque no fundo sei que não tenho argumentos suficientes para isso. — Quando lhe perguntei se você me amava, percebi quão surpresa você ficou. Agora entendo por que.
— Bem como eu entendo porque não tive nenhuma resposta quando fiz a mesma pergunta a você.
— Não! Você definitivamente não entende! — ele declara com convicção. — Fiquei em silêncio porque você havia dito que não acreditava no amor. — ele encara o chão e tenho a impressão de ver lágrimas se acumularem em seus olhos. — Eu te amo, mas você não sabe o que isso significa.
Deixo as lembranças para trás, quando surge com um violão. Ele entrega a um de seus amigos e acaba se sentando do lado oposto ao meu. Ele está no centro do meu campo de visão e sorri alegremente para mim. Retribuo seu sorriso, mas assim que ouço as primeiras notas de uma música tranquila começar, sinto uma onda de tristeza me invadir.
Me vejo relembrando da época, não tão distante assim, em que meus sentimentos eram escassos. Eu odiava o mundo por ter me obrigado a passar pelas coisas que passei, sendo assim, a única coisa que eu realmente era capaz de sentir, era raiva.
Desvio minha atenção para e encontro seus olhos atentos procurando pelos meus. Graças a ele me tornei uma pessoa melhor. Mas ainda assim, eu preciso deixá-lo ir. Sinto minha visão se embaraçar.
Não posso chorar aqui.
Levanto-me e discretamente me afasto de todos.
A lua cheia ilumina o céu deixando tudo mais belo. A brisa faz com que meus cabelos sejam jogados para trás e fecho os olhos, deixando que as lágrimas caíssem livremente.
Quero ficar sozinha, porém não demora para eu sentir um casaco sendo posto em meus ombros e depois, meu corpo é envolvido em um abraço. Solto um suspiro satisfeito ao sentir o perfume de .
— Estou aqui. — ele sopra em meu ouvido. — E não pretendo ir a lugar algum. Você pode contar sempre comigo, está bem?
Suas palavras fazem com o que resta do meu mundo desmoronar. está apaixonado por mim e começo a desconfiar que sinto o mesmo por ele. Uma paixão completamente intensa, voraz e insana.
Me viro para poder encontrar seu rosto. Deslizo minhas mãos entre seus cabelos e o puxo para junto de mim. Nossos lábios se tocam de forma urgente e tudo o que mais desejo nesse momento é a oportunidade de voltar no tempo e fazer com que tudo seja diferente.
Mas ninguém é capaz disso.
Sendo assim, preciso encerrar minha relação com antes que ele acabe se machucando ainda mais.
O pensamento faz com que eu me afaste e vire de costas para ele novamente. Sou capaz de sentir seu hálito frio em meu pescoço e por algum motivo sei que nunca me esquecerei dos pequenos detalhes que envolvem esse homem.
— Eu sei que nós temos nossas diferenças, . — ele diz, e começo a me perguntar por que justamente agora ele decidiu falar tanto sobre nós. — Acho que ainda não aprendi totalmente a conviver com você, mas venho me esforçando para isso. Posso cometer erros às vezes, mas sempre irei tentar corrigi-los porque não gosto da ideia de ficar sem você. Não estou disposto a perdê-la e farei tudo o que puder para isso nunca acontecer.
O que foi que eu fiz?
Sinto que sou o pior ser humano da face da Terra. Não consigo ao menos imaginar o tamanho do estrago que irei causar na vida de .
— Podemos ir para casa? — murmuro, secando as novas lágrimas que se acumularam em meus olhos.
— Você está bem? — ele questiona, talvez percebendo meu tom de voz triste.
— Sim. Com sono apenas. — conto mais uma mentira e volto a me virar para fitá-lo.
— Ok. — ele concorda, mas posso ver que meu argumento não o convenceu inteiramente. Contudo, para meu alívio, ele não faz nenhum comentário a mais.
Passo a noite toda acordada. De certo modo isso me faz bem, já que a claridade que entra pela janela me permite ficar olhando o homem que está deitado em minha cama. Analiso cada característica sua, certa de que vou sentir saudades de cada pequena parte dele.
Quando o relógio aponta para seis e meia da manhã, acabo levantando. Silenciosamente sigo até a sala e ligo a TV na esperança de me distrair. Estou decidida a terminar o namoro assim que acordar. Fecho os olhos e visto minha armadura. Não posso deixá-lo me fazer mudar de ideia em hipótese alguma.
— Bom dia, pequena. — depois do que parece uma eternidade sozinha, a voz dele chega até mim.
— Precisamos conversar.
— O que foi? — ele questiona, visivelmente preocupado.
— Quero terminar. — respondo, mantendo minha voz firme.
— Como é?
— Quero terminar. — repito, dessa vez de forma mais enfática.
— Posso saber por quê?
— Porque cansei.
— Ninguém se cansa assim, de uma hora para outra.
— Pois eu cansei!
— Diga a verdade! — ele exige, agora parecendo irritado.
— É o que estou fazendo.
— , fale logo!
— Você está nervoso assim por que vai perder a aposta? — indago, sem pensar nas consequências que minhas palavras podem ter.
— Do que é que você está falando?! — ele retruca e sua expressão me diz que ele está confuso.
— Não se faça de desentendido!
— Que porra, ! Fale o que tem para me falar de uma vez por todas! — ele ordena, com o tom de voz um pouco mais elevado.
— Não fale comigo dessa forma! — retruco entre dentes. — Como você acha que me senti quando ouvi você e Yago falando de mim como se eu fosse um mero objeto?!
— Você ouviu nossa conversa? — ele questiona de olhos arregalados.
— Parece que enfim sua memória está voltando. — ignoro sua indagação e deixo que um sorriso irônico surja em meus lábios.
— Eu desisti dessa aposta! Pelo amor de Deus! Você realmente acredita que estou com você por causa dela?
— Qual era o prêmio?
— Não tem merda de aposta nenhuma! — ele afirma, fuzilando-me com os olhos. — Eu desisti logo no começo, porque queria ficar com você de verdade e não por conta de uma porcaria de aposta.
Fico sem reação por alguns instantes. Observo se sentar no sofá e passar nervosamente as mãos pelos cabelos. Quando seus olhos se erguem novamente, em direção aos meus, sinto um arrepio de medo percorrer meu corpo. Ele acaba de vestir sua armadura. Vejo apenas uma fagulha de raiva em seu rosto.
— Você ficou ao meu lado durante todo esse tempo por causa da aposta? — ele pergunta enquanto se levanta. — Você estava fingindo! — ele me acusa, mas não me defendo, porque no fundo sei que não tenho argumentos suficientes para isso. — Quando lhe perguntei se você me amava, percebi quão surpresa você ficou. Agora entendo por que.
— Bem como eu entendo porque não tive nenhuma resposta quando fiz a mesma pergunta a você.
— Não! Você definitivamente não entende! — ele declara com convicção. — Fiquei em silêncio porque você havia dito que não acreditava no amor. — ele encara o chão e tenho a impressão de ver lágrimas se acumularem em seus olhos. — Eu te amo, mas você não sabe o que isso significa.
Capítulo 21
Puta merda!
Ele me ama!
— ? — ouço meu irmão chamar pelo meu nome e logo em seguida algumas batidas desesperadas na porta do meu quarto.
— Estou indo. — respondo já me levantando.
Assim que vejo Yago parado em minha frente, com a expressão preocupada no rosto, descubro que minha fonte de lágrimas está longe de secar. Sem dizer nada, ele passa os braços em volta do meu corpo e me abraça. Sinto que é disso que preciso. De alguém que cuide de mim, que me proteja e me dê carinho, da forma que fazia.
Depois de longos instantes, Yago se afasta alguns centímetros e me guia até a cama. Nos sentamos com as costas apoiadas na cabeceira.
— Sinto muito. — ele sussurra finalmente, parecendo culpado.
— Pelo quê? — indago, ainda perdida em meu próprio mundo.
— Pela aposta. — ele solta um longo suspiro e seu braço se aperta em volta do meu ombro.
— Você me deixou confusa. No começo até encontrou desculpas para me deixar sozinha com ele, mas então, tivemos aquela conversa estranha na cozinha. Não sabia de que lado você estava.
— Eu realmente queria que vocês ficassem juntos. Achei que ele poderia fazer com que você mudasse de ideia, mas com o tempo eu acabei percebendo que ele havia se envolvido demais, enquanto você continuava acreditando nas mesmas coisas. Sei que meti os pés pelas mãos. E realmente sinto muito por ter proposto a aposta. Eu não deveria. Mas algo me dizia que iria lhe fazer bem. E essa foi a única forma que encontrei de aproximá-lo de você.
— Não adiantou, no final das contas. Ele se foi. — murmuro, lembrando-me do que eu tinha feito.
— Mas ele pode voltar!
— Não vai. Não depois do que eu fiz. — afirmo, porque essa é uma das únicas certezas que tenho. — Ele está muito magoado.
— Ele ama você.
— Amor é sinônimo de tragédia para mim. Você sabe disso melhor do que ninguém. — digo, recordando dos meus pais e sentindo algumas velhas feridas sendo reabertas.
— Você precisa deixar o passado para trás. As coisas são diferentes agora. — ele afirma como se isso fosse realmente fácil.
— Ele disse que a amava, mas se fosse verdade não teria feito o que fez.
— Você nunca vai conseguir enxergar as coisas de outro ponto de vista, não é?
— Provavelmente não. Até porque, disse que me ama e agora deve estar destruído. — comento, encolhendo-me ainda mais nos braços do meu irmão.
— Você realmente estava com ele por conta da aposta? — Yago pergunta e acabo sentindo-me ainda pior.
Até mesmo meu irmão dúvida de mim!
— Eu o odiava no início. Mas ele fez com que eu mudasse de ideia. — declaro e depois de tomar uma lufada de ar, digo algumas palavras que nunca imaginei que pudessem sair da minha boca. — Eu gosto dele, Yago.
— Você está apaixonada? — meu irmão questiona visivelmente surpreso.
— Acho que sim. — revelo e as lágrimas voltam a brotar em meus olhos. — Nunca senti nada parecido.
— Vai dar tudo certo, . — ele diz, mas não consigo acreditar em sua afirmação.
— Finais felizes não existem! — exclamo em meio a um soluço.
— Você precisa se acalmar. Vou buscar um remédio para você. Volto em um segundo.
E cá estou eu, sozinha novamente. Ou melhor, na companhia da minha aflição. Entretanto, se há algo que aprendi, é que preciso arcar com as consequências dos meus atos.
Yago não demora para retornar e somente depois de ele garantir que não sairá do meu lado é que me deu ao luxo de fechar os olhos e tentar dormir.
•••
A escuridão me cerca por todos os lados. Estou completamente sozinha, sentada em um chão frio. Depois de longos momentos, vejo um feixe de luz e percebo que estou em uma sala revestida por espelhos.
Meu reflexo é algo assustador até mesmo para mim. Estou pálida, com os cabelos desgrenhados e minha pele é marcada por olheiras profundas. Fecho os olhos tentando fugir da imagem. Quando crio coragem para abri-los novamente, encontro me encarando.
— Você se tornou um monstro. — ele diz e noto que sua expressão está marcada por um único sentimento. Raiva.
— Não me deixe sozinha! — peço assim que o vejo seguir em direção à única saída que a sala parece ter. — Por favor, . — imploro por uma última vez, quando percebo que ele está realmente indo embora.
•••
— ?! — ouço uma voz distante e tento me concentrar nela. — Acorda!
Deixo e a sala de espelhos para trás, mas ainda assim, não consigo me livrar da sensação de pavor causado pelo pesadelo. Yago está me abraçando e tento me concentrar em sua respiração com o intuito de acalmar a minha, porém, parece impossível.
— Está tudo bem agora. — meu irmão sussurra, acariciando gentilmente meus cabelos.
— Já não chega os antigos, agora tenho novos pesadelos. — lamento, secando as lágrimas que ao menos me lembro de ter deixado cair.
— Acalma teu coração, . — ele aconselha e é o que tento fazer. Volto a me deitar e acabo adormecendo mais uma vez. Dessa vez, não tenho qualquer tipo de sonho.
Quando acordo, noto que Yago não está no quarto. Para não ficar sozinha, acabo me levantando e como não o encontro em nenhum cômodo do andar superior, acabo descendo.
Assim que vejo Luiza na sala, tento recuar, mas a garota acaba tomando consciência da minha presença e me chama.
— Como você está? — ela pergunta, quando me sento ao seu lado no sofá.
— Ainda não sei. — respondo, sentindo-me completamente envergonhada. — Eu sinto muito. Fui horrível com ele.
— Você não deveria ter terminado. Vocês teriam se entendido se tivessem conversado a respeito.
— Só fiz o que achei melhor para ele.
— Talvez você seja o melhor para ele.
— Não sou. — garanto de forma sincera. — Não posso corresponder ao que ele sente por mim.
— O que você quer dizer com isso? — ela indaga, aparentemente confusa.
— Eu não acredito no amor, Luiza.
— Não?!
— Não! — dou a ela um sorriso tímido, não me importando com sua expressão surpresa. — O que sinto por seu irmão é uma daquelas paixões avassaladoras, mas não acho que sou capaz de amá-lo.
— ? — ouço Yago e agradeço mentalmente por sua aparição. — Você está bem?
— Na medida do possível. — respondo já me levantando.
— Para onde você vai? — pergunta, e detecto o tom de preocupação em sua voz.
— Para o quarto. — digo, tentando parecer confiante. Em seguida, me volto para Luiza. — Obrigada por tudo!
— Não agradeça. Apenas dê um pouco mais de tempo a ele. — recomenda e nesse instante uma ideia ilumina minha mente.
— Cuide deles por mim. — sussurro, abraçando-a.
Já no meu closet, jogo algumas peças de roupas dentro de uma mala. Já liguei para a companhia aérea e para minha sorte, consegui reservar uma passagem para Londres para dentro de algumas horas.
— Você enlouqueceu? — a voz do meu irmão chega a mim, antes mesmo de eu perceber sua presença.
— Ainda não. Mas vou enlouquecer se continuar aqui. — me justifico, já sabendo que essa não será uma conversa tão fácil.
— Para onde você vai?
— Londres.
— Qual a necessidade de ir para tão longe?
— Yago. — solto um longo suspiro e me dirijo até ele, segurando seu rosto entre minhas mãos. — Me sinto um monstro! Preciso me afastar. Só assim conseguirei repensar sobre minha vida. Entenda, por favor.
— Será que ao menos posso te levar ao aeroporto? — ele finalmente cede, mas percebo que ainda há certa relutância no fundo dos seus olhos.
— É claro que pode. — sorrio, tentando tranquilizá-lo.
Yago me dá espaço para que eu possa terminar de arrumar minhas malas e durante esse tempo me esforço para manter meus pensamentos afastados de . Pouco antes da hora de partir, tomo um banho rápido e quando termino de arrumar pego meu óculos escuro, porque sei que somente ele poderá esconder meus olhos inchados.
— Está na hora. — aviso a Yago.
Prontamente ele me ajuda com as malas e seguimos até o aeroporto rodeados por um silêncio desconfortável. Tudo o que menos quero é magoar meu irmão também. Gostaria que houvesse outra maneira de resolver isso tudo.
Mas não há.
— Se cuida, está bem? — ele pede, enquanto me dá um abraço de despedida.
— Você também. — digo, deitando minha cabeça em seu ombro por um instante. — Vou sentir sua falta.
— Eu também vou. — ele responde, acariciando meu cabelo. — Me avise quando chegar.
— Claro. — prometo e no momento seguinte escutamos a chamada para meu voo. — Diga a Bela que mandei um abraço.
Ele assente e em seguida deposita um beijo em minha testa.
— Amo você. — sussurra e vai embora logo em seguida.
Depois de passar por todos os procedimentos obrigatórios, me dirijo até o avião com a sensação de que de certo modo estou deixando a mulher que sou para trás. Quando eu voltar, talvez esteja ainda pior ou quem sabe, enfim vou me tornar aquela menina que tanto gostava.
Balanço bruscamente a cabeça quando seu nome surge em minha mente.
Será que um dia serei capaz de esquecê-lo?
Entro no avião com a pergunta martelando em meu subconsciente. Sento em minha poltrona e tento reprimir as lágrimas que agora insistem em cair. Logo todos os lugares são ocupados e sem querer, minha atenção acaba se prendendo a um casal de idosos que está sentado próximo a mim.
Ela está visivelmente preocupada.
Ele, segura a mão da sua companheira com delicadeza.
— Não precisa ficar com medo. — sou capaz de ouvi-lo dizer e vejo a mulher lhe dar um sorriso agradecido em seguida.
Meu coração se aperta quando a realidade surge em minha frente. Nunca terei alguém ao meu lado disposto a segurar minha mão quando eu estiver com medo. Não haverá ninguém para cuidar de mim. Me tornarei apenas uma mulher solitária.
Ele me ama!
— ? — ouço meu irmão chamar pelo meu nome e logo em seguida algumas batidas desesperadas na porta do meu quarto.
— Estou indo. — respondo já me levantando.
Assim que vejo Yago parado em minha frente, com a expressão preocupada no rosto, descubro que minha fonte de lágrimas está longe de secar. Sem dizer nada, ele passa os braços em volta do meu corpo e me abraça. Sinto que é disso que preciso. De alguém que cuide de mim, que me proteja e me dê carinho, da forma que fazia.
Depois de longos instantes, Yago se afasta alguns centímetros e me guia até a cama. Nos sentamos com as costas apoiadas na cabeceira.
— Sinto muito. — ele sussurra finalmente, parecendo culpado.
— Pelo quê? — indago, ainda perdida em meu próprio mundo.
— Pela aposta. — ele solta um longo suspiro e seu braço se aperta em volta do meu ombro.
— Você me deixou confusa. No começo até encontrou desculpas para me deixar sozinha com ele, mas então, tivemos aquela conversa estranha na cozinha. Não sabia de que lado você estava.
— Eu realmente queria que vocês ficassem juntos. Achei que ele poderia fazer com que você mudasse de ideia, mas com o tempo eu acabei percebendo que ele havia se envolvido demais, enquanto você continuava acreditando nas mesmas coisas. Sei que meti os pés pelas mãos. E realmente sinto muito por ter proposto a aposta. Eu não deveria. Mas algo me dizia que iria lhe fazer bem. E essa foi a única forma que encontrei de aproximá-lo de você.
— Não adiantou, no final das contas. Ele se foi. — murmuro, lembrando-me do que eu tinha feito.
— Mas ele pode voltar!
— Não vai. Não depois do que eu fiz. — afirmo, porque essa é uma das únicas certezas que tenho. — Ele está muito magoado.
— Ele ama você.
— Amor é sinônimo de tragédia para mim. Você sabe disso melhor do que ninguém. — digo, recordando dos meus pais e sentindo algumas velhas feridas sendo reabertas.
— Você precisa deixar o passado para trás. As coisas são diferentes agora. — ele afirma como se isso fosse realmente fácil.
— Ele disse que a amava, mas se fosse verdade não teria feito o que fez.
— Você nunca vai conseguir enxergar as coisas de outro ponto de vista, não é?
— Provavelmente não. Até porque, disse que me ama e agora deve estar destruído. — comento, encolhendo-me ainda mais nos braços do meu irmão.
— Você realmente estava com ele por conta da aposta? — Yago pergunta e acabo sentindo-me ainda pior.
Até mesmo meu irmão dúvida de mim!
— Eu o odiava no início. Mas ele fez com que eu mudasse de ideia. — declaro e depois de tomar uma lufada de ar, digo algumas palavras que nunca imaginei que pudessem sair da minha boca. — Eu gosto dele, Yago.
— Você está apaixonada? — meu irmão questiona visivelmente surpreso.
— Acho que sim. — revelo e as lágrimas voltam a brotar em meus olhos. — Nunca senti nada parecido.
— Vai dar tudo certo, . — ele diz, mas não consigo acreditar em sua afirmação.
— Finais felizes não existem! — exclamo em meio a um soluço.
— Você precisa se acalmar. Vou buscar um remédio para você. Volto em um segundo.
E cá estou eu, sozinha novamente. Ou melhor, na companhia da minha aflição. Entretanto, se há algo que aprendi, é que preciso arcar com as consequências dos meus atos.
Yago não demora para retornar e somente depois de ele garantir que não sairá do meu lado é que me deu ao luxo de fechar os olhos e tentar dormir.
A escuridão me cerca por todos os lados. Estou completamente sozinha, sentada em um chão frio. Depois de longos momentos, vejo um feixe de luz e percebo que estou em uma sala revestida por espelhos.
Meu reflexo é algo assustador até mesmo para mim. Estou pálida, com os cabelos desgrenhados e minha pele é marcada por olheiras profundas. Fecho os olhos tentando fugir da imagem. Quando crio coragem para abri-los novamente, encontro me encarando.
— Você se tornou um monstro. — ele diz e noto que sua expressão está marcada por um único sentimento. Raiva.
— Não me deixe sozinha! — peço assim que o vejo seguir em direção à única saída que a sala parece ter. — Por favor, . — imploro por uma última vez, quando percebo que ele está realmente indo embora.
— ?! — ouço uma voz distante e tento me concentrar nela. — Acorda!
Deixo e a sala de espelhos para trás, mas ainda assim, não consigo me livrar da sensação de pavor causado pelo pesadelo. Yago está me abraçando e tento me concentrar em sua respiração com o intuito de acalmar a minha, porém, parece impossível.
— Está tudo bem agora. — meu irmão sussurra, acariciando gentilmente meus cabelos.
— Já não chega os antigos, agora tenho novos pesadelos. — lamento, secando as lágrimas que ao menos me lembro de ter deixado cair.
— Acalma teu coração, . — ele aconselha e é o que tento fazer. Volto a me deitar e acabo adormecendo mais uma vez. Dessa vez, não tenho qualquer tipo de sonho.
Quando acordo, noto que Yago não está no quarto. Para não ficar sozinha, acabo me levantando e como não o encontro em nenhum cômodo do andar superior, acabo descendo.
Assim que vejo Luiza na sala, tento recuar, mas a garota acaba tomando consciência da minha presença e me chama.
— Como você está? — ela pergunta, quando me sento ao seu lado no sofá.
— Ainda não sei. — respondo, sentindo-me completamente envergonhada. — Eu sinto muito. Fui horrível com ele.
— Você não deveria ter terminado. Vocês teriam se entendido se tivessem conversado a respeito.
— Só fiz o que achei melhor para ele.
— Talvez você seja o melhor para ele.
— Não sou. — garanto de forma sincera. — Não posso corresponder ao que ele sente por mim.
— O que você quer dizer com isso? — ela indaga, aparentemente confusa.
— Eu não acredito no amor, Luiza.
— Não?!
— Não! — dou a ela um sorriso tímido, não me importando com sua expressão surpresa. — O que sinto por seu irmão é uma daquelas paixões avassaladoras, mas não acho que sou capaz de amá-lo.
— ? — ouço Yago e agradeço mentalmente por sua aparição. — Você está bem?
— Na medida do possível. — respondo já me levantando.
— Para onde você vai? — pergunta, e detecto o tom de preocupação em sua voz.
— Para o quarto. — digo, tentando parecer confiante. Em seguida, me volto para Luiza. — Obrigada por tudo!
— Não agradeça. Apenas dê um pouco mais de tempo a ele. — recomenda e nesse instante uma ideia ilumina minha mente.
— Cuide deles por mim. — sussurro, abraçando-a.
Já no meu closet, jogo algumas peças de roupas dentro de uma mala. Já liguei para a companhia aérea e para minha sorte, consegui reservar uma passagem para Londres para dentro de algumas horas.
— Você enlouqueceu? — a voz do meu irmão chega a mim, antes mesmo de eu perceber sua presença.
— Ainda não. Mas vou enlouquecer se continuar aqui. — me justifico, já sabendo que essa não será uma conversa tão fácil.
— Para onde você vai?
— Londres.
— Qual a necessidade de ir para tão longe?
— Yago. — solto um longo suspiro e me dirijo até ele, segurando seu rosto entre minhas mãos. — Me sinto um monstro! Preciso me afastar. Só assim conseguirei repensar sobre minha vida. Entenda, por favor.
— Será que ao menos posso te levar ao aeroporto? — ele finalmente cede, mas percebo que ainda há certa relutância no fundo dos seus olhos.
— É claro que pode. — sorrio, tentando tranquilizá-lo.
Yago me dá espaço para que eu possa terminar de arrumar minhas malas e durante esse tempo me esforço para manter meus pensamentos afastados de . Pouco antes da hora de partir, tomo um banho rápido e quando termino de arrumar pego meu óculos escuro, porque sei que somente ele poderá esconder meus olhos inchados.
— Está na hora. — aviso a Yago.
Prontamente ele me ajuda com as malas e seguimos até o aeroporto rodeados por um silêncio desconfortável. Tudo o que menos quero é magoar meu irmão também. Gostaria que houvesse outra maneira de resolver isso tudo.
Mas não há.
— Se cuida, está bem? — ele pede, enquanto me dá um abraço de despedida.
— Você também. — digo, deitando minha cabeça em seu ombro por um instante. — Vou sentir sua falta.
— Eu também vou. — ele responde, acariciando meu cabelo. — Me avise quando chegar.
— Claro. — prometo e no momento seguinte escutamos a chamada para meu voo. — Diga a Bela que mandei um abraço.
Ele assente e em seguida deposita um beijo em minha testa.
— Amo você. — sussurra e vai embora logo em seguida.
Depois de passar por todos os procedimentos obrigatórios, me dirijo até o avião com a sensação de que de certo modo estou deixando a mulher que sou para trás. Quando eu voltar, talvez esteja ainda pior ou quem sabe, enfim vou me tornar aquela menina que tanto gostava.
Balanço bruscamente a cabeça quando seu nome surge em minha mente.
Será que um dia serei capaz de esquecê-lo?
Entro no avião com a pergunta martelando em meu subconsciente. Sento em minha poltrona e tento reprimir as lágrimas que agora insistem em cair. Logo todos os lugares são ocupados e sem querer, minha atenção acaba se prendendo a um casal de idosos que está sentado próximo a mim.
Ela está visivelmente preocupada.
Ele, segura a mão da sua companheira com delicadeza.
— Não precisa ficar com medo. — sou capaz de ouvi-lo dizer e vejo a mulher lhe dar um sorriso agradecido em seguida.
Meu coração se aperta quando a realidade surge em minha frente. Nunca terei alguém ao meu lado disposto a segurar minha mão quando eu estiver com medo. Não haverá ninguém para cuidar de mim. Me tornarei apenas uma mulher solitária.
Capítulo 22
— Já estava preocupado! — a voz de Yago chia do outro lado da linha.
— Acabei de chegar. Fique tranquilo.
— Você tem certeza que essa é a melhor opção? — ele pergunta e posso perceber como minha partida não o agrada.
— Por enquanto acredito que sim.
— Você faz falta aqui. É estranho estar em casa e saber que não vou topar com você pelos corredores.
— Eu sei. Também sinto falta.
— Você deveria estar aqui lutando por ele. — muda de assunto e noto certo tom de apelo em sua voz.
— As coisas entre nós terminaram da pior maneira possível. Acho melhor deixar tudo como está. — afirmo tentando não demonstrar qualquer tipo de emoção. — Eu me acostumei com a ausência dos meus pais, vou me acostumar com a dele também.
— Eu daria qualquer coisa para poder voltar no tempo e consertar isso tudo. — ele comenta e sei que uma parte de meu irmão se culpa pelo que aconteceu.
— Hey, você não tem culpa nisso. Fui eu quem estragou tudo. Fui eu e a minha incapacidade de amar.
Depois de encerar a ligação, vou até a janela do meu apartamento e observo Londres em toda a sua beleza. A visão que tenho seria capaz de tirar o fôlego de qualquer um. Até mesmo de mim, se minha vida não estivesse tão bagunçada.
Sinto falta de , como nunca imaginei que sentiria. Não pensei que ficar longe dele doeria tanto como está doendo. É como se a maioria das coisas simplesmente se tornassem sem sentido.
As noites agora possuem um significado diferente para mim. Antes, eu sabia que havia alguém ao meu lado que me mantinha em segurança. Agora, tudo o que tenho é a certeza de que quando meus olhos se fecharem, estarei fadada ao mundo dos pesadelos.
No começo do meu relacionamento, dois meses pareciam para um mim uma grande eternidade. Porém, nada se compara a lentidão que os dias de hoje tem demorado a passar. É como se cada dia fosse uma grande e interminável eternidade.
Meu contato com o Brasil se resume as ligações rápidas que faço para Yago. Em todas elas, meu irmão toma o devido cuidado para não mencionar nada que possa ser relacionado a seu melhor amigo. Admiro sua tentativa de me proteger. Contudo, quando estou na solidão de meu quarto, de forma quase inconsciente, acabo trazendo para mais perto.
Acabo revivendo o primeiro dia em que vi seus olhos atentos recaindo sobre mim. Da nossa primeira discussão e em como eu costumava a alimentar minha raiva por ele. Quando viajo para a noite do nosso primeiro beijo, sinto as lágrimas transbordarem dos meus olhos. Consigo lembrar-me claramente da música ecoando e de como os lábios dele chegaram até os meus. Depois, veio à aposta. A maldita aposta que me trouxe até Londres e me fez perdê-lo.
Fecho os olhos e ouço a voz de ecoando em minha mente. "Pequena", o ouço dizer tão nitidamente que por um instante acho que ele está do meu lado. Idiotice a minha. Ele está tão longe, quanto é possível.
A ideia faz com que meu estômago doa. Mas infelizmente sei que a única maneira de mantê-lo por perto é visitando o passado. E é exatamente isso que faço pelos dias que se seguem.
Relembro do momento em que começamos a ficar. Ele estava incrivelmente bonito naquela noite e se manteve junto a mim o tempo todo. Demorou alguns dias, mas enfim começamos a namorar. Lembro-me de que quando fui agarrada por um homem bêbado, pensei que a noite terminaria da pior forma possível. No entanto, não deixou que isso acontecesse. Ele estava lá para me salvar. Para me pedir em namoro e me prometer que sempre estaria por perto para me proteger.
Gostaria que ele pudesse cumprir com o que disse. Mas meu subconsciente me diz que no momento que decidi terminar nosso namoro, estava libertando-o da sua promessa.
Em resumo, a culpa é toda minha.
Solto um longo suspiro ao constatar essa verdade. Vou até a sacada do meu quarto e me pego analisando as estrelas. Os pequenos pontos luminosos me trazer uma nova lembrança. Dessa vez, da época em que tinha apenas cinco anos.
•••
Minha mãe estava me colocando para dormir, depois de termos voltado do enterro de minha avó.
— Boa noite, pequena. — ela disse, depositando um beijo no topo da minha cabeça.
— Posso lhe fazer uma pergunta? — indaguei antes que ela deixasse o quarto.
— É claro que sim. — respondeu de imediato, sentando-se ao meu lado na cama.
— Eu nunca mais verei a vovó? — perguntei em toda a inocência de uma criança.
— A vovó está em um lugar muito melhor do aqui, querida. — afirmou enquanto acariciava meus cabelos.
— Vou sentir falta dela.
— Eu também. Mas ela sempre está aqui. — disse, colocando a mão sobre meu coração.
— E se um dia eu me esquecer dela? — insisti e minha mãe precisou de alguns momentos para pensar na resposta.
— Venha cá! — disse, pegando-me no colo e me levando até a janela do meu quarto. — Está vendo quantas estrelas tem lá em cima? — questionou e nossos olhares se dirigiram para o céu.
— Sim.
— Vovó se tornou uma delas. — explicou-me carinhosamente.
— Sempre quando ver uma estrela me lembrarei dela. — declarei, de forma astuta.
— Exatamente. — ela afirmou sorrindo. — Mas agora você precisa voltar para a cama.
— Amo você mamãe. — falei, quando já estava deitada.
— Amo você também, pequena.
•••
A recordação me emociona. Pela primeira vez, percebo que a forma carinhosa escolhida por para se referir a mim, era a mesma usada por minha mãe durante minha infância. Tomar consciência disso faz com que a dor piore, justamente porque sei que não terei nenhum dos dois de volta.
— Acabei de chegar. Fique tranquilo.
— Você tem certeza que essa é a melhor opção? — ele pergunta e posso perceber como minha partida não o agrada.
— Por enquanto acredito que sim.
— Você faz falta aqui. É estranho estar em casa e saber que não vou topar com você pelos corredores.
— Eu sei. Também sinto falta.
— Você deveria estar aqui lutando por ele. — muda de assunto e noto certo tom de apelo em sua voz.
— As coisas entre nós terminaram da pior maneira possível. Acho melhor deixar tudo como está. — afirmo tentando não demonstrar qualquer tipo de emoção. — Eu me acostumei com a ausência dos meus pais, vou me acostumar com a dele também.
— Eu daria qualquer coisa para poder voltar no tempo e consertar isso tudo. — ele comenta e sei que uma parte de meu irmão se culpa pelo que aconteceu.
— Hey, você não tem culpa nisso. Fui eu quem estragou tudo. Fui eu e a minha incapacidade de amar.
Depois de encerar a ligação, vou até a janela do meu apartamento e observo Londres em toda a sua beleza. A visão que tenho seria capaz de tirar o fôlego de qualquer um. Até mesmo de mim, se minha vida não estivesse tão bagunçada.
Sinto falta de , como nunca imaginei que sentiria. Não pensei que ficar longe dele doeria tanto como está doendo. É como se a maioria das coisas simplesmente se tornassem sem sentido.
As noites agora possuem um significado diferente para mim. Antes, eu sabia que havia alguém ao meu lado que me mantinha em segurança. Agora, tudo o que tenho é a certeza de que quando meus olhos se fecharem, estarei fadada ao mundo dos pesadelos.
No começo do meu relacionamento, dois meses pareciam para um mim uma grande eternidade. Porém, nada se compara a lentidão que os dias de hoje tem demorado a passar. É como se cada dia fosse uma grande e interminável eternidade.
Meu contato com o Brasil se resume as ligações rápidas que faço para Yago. Em todas elas, meu irmão toma o devido cuidado para não mencionar nada que possa ser relacionado a seu melhor amigo. Admiro sua tentativa de me proteger. Contudo, quando estou na solidão de meu quarto, de forma quase inconsciente, acabo trazendo para mais perto.
Acabo revivendo o primeiro dia em que vi seus olhos atentos recaindo sobre mim. Da nossa primeira discussão e em como eu costumava a alimentar minha raiva por ele. Quando viajo para a noite do nosso primeiro beijo, sinto as lágrimas transbordarem dos meus olhos. Consigo lembrar-me claramente da música ecoando e de como os lábios dele chegaram até os meus. Depois, veio à aposta. A maldita aposta que me trouxe até Londres e me fez perdê-lo.
Fecho os olhos e ouço a voz de ecoando em minha mente. "Pequena", o ouço dizer tão nitidamente que por um instante acho que ele está do meu lado. Idiotice a minha. Ele está tão longe, quanto é possível.
A ideia faz com que meu estômago doa. Mas infelizmente sei que a única maneira de mantê-lo por perto é visitando o passado. E é exatamente isso que faço pelos dias que se seguem.
Relembro do momento em que começamos a ficar. Ele estava incrivelmente bonito naquela noite e se manteve junto a mim o tempo todo. Demorou alguns dias, mas enfim começamos a namorar. Lembro-me de que quando fui agarrada por um homem bêbado, pensei que a noite terminaria da pior forma possível. No entanto, não deixou que isso acontecesse. Ele estava lá para me salvar. Para me pedir em namoro e me prometer que sempre estaria por perto para me proteger.
Gostaria que ele pudesse cumprir com o que disse. Mas meu subconsciente me diz que no momento que decidi terminar nosso namoro, estava libertando-o da sua promessa.
Em resumo, a culpa é toda minha.
Solto um longo suspiro ao constatar essa verdade. Vou até a sacada do meu quarto e me pego analisando as estrelas. Os pequenos pontos luminosos me trazer uma nova lembrança. Dessa vez, da época em que tinha apenas cinco anos.
Minha mãe estava me colocando para dormir, depois de termos voltado do enterro de minha avó.
— Boa noite, pequena. — ela disse, depositando um beijo no topo da minha cabeça.
— Posso lhe fazer uma pergunta? — indaguei antes que ela deixasse o quarto.
— É claro que sim. — respondeu de imediato, sentando-se ao meu lado na cama.
— Eu nunca mais verei a vovó? — perguntei em toda a inocência de uma criança.
— A vovó está em um lugar muito melhor do aqui, querida. — afirmou enquanto acariciava meus cabelos.
— Vou sentir falta dela.
— Eu também. Mas ela sempre está aqui. — disse, colocando a mão sobre meu coração.
— E se um dia eu me esquecer dela? — insisti e minha mãe precisou de alguns momentos para pensar na resposta.
— Venha cá! — disse, pegando-me no colo e me levando até a janela do meu quarto. — Está vendo quantas estrelas tem lá em cima? — questionou e nossos olhares se dirigiram para o céu.
— Sim.
— Vovó se tornou uma delas. — explicou-me carinhosamente.
— Sempre quando ver uma estrela me lembrarei dela. — declarei, de forma astuta.
— Exatamente. — ela afirmou sorrindo. — Mas agora você precisa voltar para a cama.
— Amo você mamãe. — falei, quando já estava deitada.
— Amo você também, pequena.
A recordação me emociona. Pela primeira vez, percebo que a forma carinhosa escolhida por para se referir a mim, era a mesma usada por minha mãe durante minha infância. Tomar consciência disso faz com que a dor piore, justamente porque sei que não terei nenhum dos dois de volta.
Capítulo 23
— Eu preciso esquecê-la. — ele afirma, em meio a uma conversa com seu melhor amigo, cujo assunto é a mulher que esteve ao seu lado nas últimas semanas.
— Não é tão simples assim. Você sabe disso. — o outro declara.
— Tem que ter um jeito.
— Você a ama.
— Mas ela não sente nada por mim, Yago.
— Você não sabe o que diz. — garante em meio a um longo suspiro. — Eu conversei com ela depois que vocês terminaram e ela disse que gostava de você.
— Gostar não é suficiente.
— Eu sei. E por isso perguntei se ela estava apaixonada.
— O que ela respondeu? — indaga depressa, com um brilho de esperança nos olhos.
— Ela disse que achava que sim, porque nunca tinha sentido nada parecido.
— Estou cansado de achismos. — retruca, desapontado.
— Você precisa ter um pouco mais de paciência com ela. Você não imagina pelas coisas que ela passou antes de vir morar comigo. está mais perdida do que nunca. Para ela, a forma como a história de vocês foi interrompida, só confirma ainda mais sua teoria de que o amor não existe.
— Ela nunca falou sobre o passado comigo.
— É algo difícil para ela.
— Você sabe o que aconteceu, não sabe?
— Sei, mas apenas por uma coincidência. Se eu não tivesse encontrado por acaso com ela, provavelmente nunca saberia de nada. E o que sei, não foi ela quem contou. — ele faz questão de enfatizar.
— Por que você simplesmente não me conta ao invés de me deixar às cegas?
— Prometi a ela que não contaria para ninguém.
— Sendo assim, não há nada que eu possa fazer para ajudá-la.
— É claro que há! Você é esperto, . Garanto que se procurar um pouco irá descobrir o que tanto quer saber.
— De qualquer modo, não sei se quero ver novamente.
— Você sabe que quer. Não dê uma de orgulhoso para cima de mim.
— Estou decidido. Farei tudo o que puder para esquecê-la. — informou aparentemente convicto da sua decisão.
— Ela não sairá da sua cabeça e muito menos do seu coração.
— Ela tem que sair!
— Sinto muito. Mas essas coisas fogem do nosso controle.
— Ela destruiu uma parte de mim.
— E ela sabe disso. Por isso foi para Londres. — contou, tentando encontrar qualquer argumento que fizesse o amigo mudar de ideia. — Ela saiu daqui dizendo que era um monstro.
— Poderia dar quase qualquer coisa em troca da oportunidade de tê-la conhecido em uma época diferente.
— Quando ela se mudou para cá, era apenas uma menina assustada. Mas o tempo foi fazendo com que ela endurecesse. Ela criou seus próprios meios para se defender.
— Gostaria que ela fosse apenas aquela menina doce que foi lá em casa jantar com meus pais.
— Ela era assim na época em que nos conhecemos. Mas a vida fez com que ela virasse uma mulher fria. — disse e em seguida lançou ao amigo um olhar de súplica. — Você é o único que pode fazê-la voltar a ser como era antes.
Capítulo 24
Continuo me sentindo completamente perdida. Nem mesmo o tempo parece ser capaz de solucionar meus problemas. Para ser sincera, o tempo faz apenas com que minha vontade de retornar ao Brasil aumente, porém, ainda me falta coragem para tanto.
Cansada de ficar sozinha, acabo ligando para casa.
— Alô. — ouço uma voz feminina e meu coração imediatamente se aquece.
— Bela! — exclamo, tentando manter as lágrimas longe dos meus olhos.
— Deus!... !... — ela balbucia, parecendo não acreditar que está falando comigo.
— Sinto tanto a sua falta!
— Eu também, querida. Você não deveria ter viajado. — me repreende em tom carinhoso.
— Ainda dói muito. — confesso em um murmúrio.
— Eu sei. E infelizmente não vai passar tão cedo.
— Deveria haver um jeito mais fácil de lidar com a saudade. Detesto ter que passar por tudo isso.
— Suas escolhas a levaram até aí. Você precisa aprender a lidar com elas.
— Juro que estou tentando. — afirmo e acabo não conseguindo controlar a curiosidade. — Como ele está?
— Tentando te esquecer. — responde e percebo certo tom de cautela em sua voz.
Bela está escondendo algo.
— Existe alguma coisa que não sei, mas que deveria saber? — questiono sem esconder minha desconfiança.
— Não. — ela afirma depois de alguns instantes. — Só acho que ficar aí não vai adiantar em nada.
— Sei que tem algo acontecendo. — digo, agora ainda mais convicta. — Me conte o que é.
— Não é nada. — garante com sua voz pacata de sempre. — Só estamos preocupados com você.
Sabendo que Bela não dará o braço a torcer, decido mudar de assunto.
— E Yago?
— Está viajando, mas quando fica em casa só sabe falar em você. — conta, parecendo mais animada. — Ele e Luiza se dão muito bem... Finalmente alguém para colocar juízo na cabeça do seu irmão.
Pela primeira vez desde que parti do Brasil, um sorriso verdadeiro se forma em meu rosto.
— Vou voltar para casa! — declaro e não sei se estou fazendo isso porque estou morrendo de saudades ou se porque sinto que há algo errado acontecendo.
Talvez as duas coisas.
— Vai mesmo? — ela indaga, um misto de desconfiança e euforia em sua voz.
— Sim. Mas, por favor, não conte nada a ninguém.
— Por que não?
— Quero fazer uma surpresa, apenas isso.
— Tem certeza que não vai aprontar nada? — exige saber, ainda em dúvida.
— Absoluta. Confie em mim.
— Quando você chega?
— O mais breve possível.
— Tudo bem. Vá arrumar suas malas e até a volta.
Encerro a ligação e em seguida faço uma nova, dessa vez para a companhia aérea. Reservo minha passagem para o primeiro avião que está partindo para o Brasil.
Rezo para não me arrepender da minha decisão.
Capítulo 25
Procuro pela minha chave na bolsa. Não imaginava que me sentiria tão aliviada em estar de volta. A viagem foi realmente cansativa e tudo o que mais quero é o aconchego de minha cama.
Chego à sala de estar e vejo uma cena que faz com que as palavras de Bela ganhem total sentido. está, literalmente, tentando me esquecer.
Yago e Luiza me encaram com um misto de alegria e apreensão. A expressão de revela uma mistura de sentimentos que simplesmente não consigo decifrar. Já sua ex-namorada, ou melhor, atual namorada, tem um sorriso debochado nos lábios.
— Acho que não cheguei em boa hora. — comento, satisfeita por conseguir manter minha voz plana.
— Chegou sim! — meu irmão afirma, vindo até mim para me abraçar.
— Como você está? — Luiza indaga, se aproximando também.
— Tudo ótimo! — minto de forma convincente. — Mas se vocês me dão licença, preciso descansar.
Somente quando já estou em meu quarto é que me permito sentir raiva. Minha vontade é voltar para a sala e estapear até minhas forças terminarem. Ele fez com que eu me sentisse um monstro. Passei vários dias me repreendendo por acreditar que tinha destruído uma parte dele, porém, ele está melhor do que nunca. Inclusive, muito melhor do que eu.
Por um instante, me pergunto se as coisas que me disse são realmente verdadeiras. E se ele não tivesse desistido da aposta de fato? E se sua paixão por mim fosse fingimento?
Só me dou conta que não estou mais só, quando Yago se senta na beirada da minha cama.
— Sinto muito. — ele diz, soltando um longo suspiro frustrado. — Eu o convidei para vir até aqui e não ela.
— Não lamente. Está tudo bem. — declaro, sentando-me ao seu lado. — Só fiquei surpresa em ver o quão bem ele está.
— Nem tudo é o que parece. — meu irmão dá de ombros, um pouco desanimado. — Você sabe melhor do que ninguém como é fácil fingir estar bem mesmo estando destruído por dentro.
— Ele me substituiu rápido demais. — aponto, detestando toda a situação. — Ele realmente desistiu da aposta? — acabo perguntando, porque sei que não suportaria ficar com essa dúvida martelando em minha mente.
— Logo no começo. Ele estava se sentindo culpado e queria ficar com você de verdade.
— Pena que deu tudo errado. — faço uma careta, repousando minha cabeça em seu ombro. — A única coisa que me resta agora, é esquecê-lo.
— Ele não sairá da sua cabeça e muito menos do seu coração. — fala com um ar presunçoso.
— Se é que existe algo parecido com um coração aqui dentro.
— É claro que existe. Só está um pouco machucado, mas está aí dentro.
— Deus! Estou mesmo no fundo do poço... Recebendo conselhos de você! — exclamo, dando a ele um sorriso de canto.
— Só estou tentando ser útil. — responde, sorrindo também. — Fiquei completamente perdido sem você aqui. Nunca mais faça isso, está bem?
— Prometo que vou tentar.
— Espero que você não se importe em me prometer mais uma coisa. — ele diz, lançando-me um olhar apreensivo. — Não quero que você volte a ser a mulher que era antes de conhecer .
— Tudo bem. — concordo, sabendo que dificilmente voltarei a ser o que era. O homem que agora está com outra, me ajudou a aprender a viver e não apenas sobreviver.
Assim que Yago sai rumo a uma reunião, me pego pensando no que vou fazer. Minha atenção acaba se prendendo em minhas malas que ainda estão esquecidas em um canto do quarto.
Sigo até meu closet e analiso as opções de roupas que há nele. A grande maioria parece pertencer a uma mulher forte, sexy e autossuficiente — tudo o que não sou mais.
— O que você está fazendo? — levo um susto ao ouvir a voz de Bela.
Estou sentada no chão, separando minhas roupas.
— Preciso me desfazer de algumas coisas.
— E por que isso agora?
— Há mais de dois anos minha vida foi interrompida. Pretendo retomá-la de onde parei.
— Fico feliz em ouvir isso. — ela comenta, fitando-me com atenção. — Mas você não pode simplesmente ignorar o que aconteceu nos últimos meses.
— Ele está fazendo isso. Tenho o mesmo direito. — afirmo, mas decido mudar rapidamente de assunto já que não é aconselhável discutir com Bela, considerando que ela normalmente está certa. — Vou precisar de alguma coisa para colocar todas essas roupas.
— Posso lhe ajudar nisso. — ela se oferece, com um sorriso terno nos lábios. — Mas o que você pretende fazer com tudo isso?
— Vou doá-las. — revelo, sentindo-me um pouco mais leve. — Não quero mais ser aquela mulher sem sentimentos.
— Garanto que não vai.
Agarrando-me a possibilidade de me tornar alguém melhor, concentro toda minha disposição em organizar meu closet. Talvez iniciar uma mudança por fora, ajude-me a mudar por dentro.
— Acho que vou precisar de algumas peças novas. — comento ao observar o espaço praticamente vazio.
— Luiza pode te ajudar. — Bela responde e em seguida se retira do cômodo.
Sem pensar muito nas consequências que um encontro com minha cunhada pode ocasionar, acabo ligando para ela. Explico minha situação atual e a garota aceita prontamente meu convite para uma tarde no shopping.
A empolgação de Luiza com questões relacionadas ao mundo da moda faz com que meus olhos se voltem para uma cômoda. Vou até ela e começo a procurar por uma coisa bastante específica. Quando encontro o que quero, deixo um sincero sorriso escapar de meus lábios.
Estou disposta a recomeçar novamente.
Sou surpreendida pelo retorno de Yago.
— A reunião já acabou? — pergunto, porque acabei perdendo a noção do tempo.
— Graças a Deus! — ele exclama, animado. — O que é isso? — ele indaga com os olhos postos na pasta que tenho em mãos.
Sento-me na cama e espalho sobre ela meus antigos desenhos, finalmente sentindo orgulho de algo que fiz.
— Eu fiz um curso de moda e comecei a criar algumas coisas. — revelo, percebendo um leve traço de surpresa na feição do meu irmão. — Diziam que eu seria uma profissional promissora, sabia?!
— Você realmente é. — garante sem tirar os olhos dos meus croquis.
— Estou pensando em fazer uma coisa. — mordo o lábio, imaginando se realmente essa é uma boa ideia.
— Posso saber o que é?
— Não. — respondo, guardando meus desenhos novamente. — Somente depois que eu conversar com Luiza.
— Que absurdo! — reclama, estreitando os olhos e acabo sorrindo ainda mais abertamente.
Chego à sala de estar e vejo uma cena que faz com que as palavras de Bela ganhem total sentido. está, literalmente, tentando me esquecer.
Yago e Luiza me encaram com um misto de alegria e apreensão. A expressão de revela uma mistura de sentimentos que simplesmente não consigo decifrar. Já sua ex-namorada, ou melhor, atual namorada, tem um sorriso debochado nos lábios.
— Acho que não cheguei em boa hora. — comento, satisfeita por conseguir manter minha voz plana.
— Chegou sim! — meu irmão afirma, vindo até mim para me abraçar.
— Como você está? — Luiza indaga, se aproximando também.
— Tudo ótimo! — minto de forma convincente. — Mas se vocês me dão licença, preciso descansar.
Somente quando já estou em meu quarto é que me permito sentir raiva. Minha vontade é voltar para a sala e estapear até minhas forças terminarem. Ele fez com que eu me sentisse um monstro. Passei vários dias me repreendendo por acreditar que tinha destruído uma parte dele, porém, ele está melhor do que nunca. Inclusive, muito melhor do que eu.
Por um instante, me pergunto se as coisas que me disse são realmente verdadeiras. E se ele não tivesse desistido da aposta de fato? E se sua paixão por mim fosse fingimento?
Só me dou conta que não estou mais só, quando Yago se senta na beirada da minha cama.
— Sinto muito. — ele diz, soltando um longo suspiro frustrado. — Eu o convidei para vir até aqui e não ela.
— Não lamente. Está tudo bem. — declaro, sentando-me ao seu lado. — Só fiquei surpresa em ver o quão bem ele está.
— Nem tudo é o que parece. — meu irmão dá de ombros, um pouco desanimado. — Você sabe melhor do que ninguém como é fácil fingir estar bem mesmo estando destruído por dentro.
— Ele me substituiu rápido demais. — aponto, detestando toda a situação. — Ele realmente desistiu da aposta? — acabo perguntando, porque sei que não suportaria ficar com essa dúvida martelando em minha mente.
— Logo no começo. Ele estava se sentindo culpado e queria ficar com você de verdade.
— Pena que deu tudo errado. — faço uma careta, repousando minha cabeça em seu ombro. — A única coisa que me resta agora, é esquecê-lo.
— Ele não sairá da sua cabeça e muito menos do seu coração. — fala com um ar presunçoso.
— Se é que existe algo parecido com um coração aqui dentro.
— É claro que existe. Só está um pouco machucado, mas está aí dentro.
— Deus! Estou mesmo no fundo do poço... Recebendo conselhos de você! — exclamo, dando a ele um sorriso de canto.
— Só estou tentando ser útil. — responde, sorrindo também. — Fiquei completamente perdido sem você aqui. Nunca mais faça isso, está bem?
— Prometo que vou tentar.
— Espero que você não se importe em me prometer mais uma coisa. — ele diz, lançando-me um olhar apreensivo. — Não quero que você volte a ser a mulher que era antes de conhecer .
— Tudo bem. — concordo, sabendo que dificilmente voltarei a ser o que era. O homem que agora está com outra, me ajudou a aprender a viver e não apenas sobreviver.
Assim que Yago sai rumo a uma reunião, me pego pensando no que vou fazer. Minha atenção acaba se prendendo em minhas malas que ainda estão esquecidas em um canto do quarto.
Sigo até meu closet e analiso as opções de roupas que há nele. A grande maioria parece pertencer a uma mulher forte, sexy e autossuficiente — tudo o que não sou mais.
— O que você está fazendo? — levo um susto ao ouvir a voz de Bela.
Estou sentada no chão, separando minhas roupas.
— Preciso me desfazer de algumas coisas.
— E por que isso agora?
— Há mais de dois anos minha vida foi interrompida. Pretendo retomá-la de onde parei.
— Fico feliz em ouvir isso. — ela comenta, fitando-me com atenção. — Mas você não pode simplesmente ignorar o que aconteceu nos últimos meses.
— Ele está fazendo isso. Tenho o mesmo direito. — afirmo, mas decido mudar rapidamente de assunto já que não é aconselhável discutir com Bela, considerando que ela normalmente está certa. — Vou precisar de alguma coisa para colocar todas essas roupas.
— Posso lhe ajudar nisso. — ela se oferece, com um sorriso terno nos lábios. — Mas o que você pretende fazer com tudo isso?
— Vou doá-las. — revelo, sentindo-me um pouco mais leve. — Não quero mais ser aquela mulher sem sentimentos.
— Garanto que não vai.
Agarrando-me a possibilidade de me tornar alguém melhor, concentro toda minha disposição em organizar meu closet. Talvez iniciar uma mudança por fora, ajude-me a mudar por dentro.
— Acho que vou precisar de algumas peças novas. — comento ao observar o espaço praticamente vazio.
— Luiza pode te ajudar. — Bela responde e em seguida se retira do cômodo.
Sem pensar muito nas consequências que um encontro com minha cunhada pode ocasionar, acabo ligando para ela. Explico minha situação atual e a garota aceita prontamente meu convite para uma tarde no shopping.
A empolgação de Luiza com questões relacionadas ao mundo da moda faz com que meus olhos se voltem para uma cômoda. Vou até ela e começo a procurar por uma coisa bastante específica. Quando encontro o que quero, deixo um sincero sorriso escapar de meus lábios.
Estou disposta a recomeçar novamente.
Sou surpreendida pelo retorno de Yago.
— A reunião já acabou? — pergunto, porque acabei perdendo a noção do tempo.
— Graças a Deus! — ele exclama, animado. — O que é isso? — ele indaga com os olhos postos na pasta que tenho em mãos.
Sento-me na cama e espalho sobre ela meus antigos desenhos, finalmente sentindo orgulho de algo que fiz.
— Eu fiz um curso de moda e comecei a criar algumas coisas. — revelo, percebendo um leve traço de surpresa na feição do meu irmão. — Diziam que eu seria uma profissional promissora, sabia?!
— Você realmente é. — garante sem tirar os olhos dos meus croquis.
— Estou pensando em fazer uma coisa. — mordo o lábio, imaginando se realmente essa é uma boa ideia.
— Posso saber o que é?
— Não. — respondo, guardando meus desenhos novamente. — Somente depois que eu conversar com Luiza.
— Que absurdo! — reclama, estreitando os olhos e acabo sorrindo ainda mais abertamente.
Capítulo 26
Assim que Luiza chega, expulso um Yago indignado do meu quarto. Quero saber primeiramente o que ela acha da ideia que tive, antes de sair contando-a para todos.
— O que me diz? — pergunto, sem conseguir esconder a ansiedade em minha voz.
— É tudo perfeito! — ela exclama, estudando meus croquis com atenção. — Você quem fez?
— Sim.
— Deveria investir nisso. Você leva muito jeito!
— Sobre isso que quero conversar.
— Estou ouvindo. — ela diz, encarando-me com curiosidade.
— Estou pensando em abrir uma boutique. Quero um espaço onde eu possa criar, produzir e vender minhas próprias peças. — conto e mordo o lábio esperando por sua opinião.
— Como a boutique que há aqui perto?!
— Na verdade, pensei em comprar justamente ela.
— Céus! Isso seria incrível. — ela declara em tom de empolgação. — Mas não sabia que ela estava à venda.
— Bem, não está. Mas posso fazer a eles uma proposta bastante irrecusável.
— Isso vai custar uma pequena fortuna!
— Tenho participação nos negócios da minha família. Posso pedir a eles para investirem na boutique. Caso a ideia seja recusada, vendo minha parte da empresa para meu tio e assim teremos recursos suficientes para abrir nosso próprio negócio.
— Você realmente está disposta a arriscar?
— Sim, mas só vou fazer isso se você aceitar ser meu braço direito.
— É claro que aceito! Vou ajudar você no que for preciso! — ela promete e pelo brilho nos seus olhos sei que terei todo o apoio que preciso.
— Por hora, preciso apenas de roupas novas para meu closet. — respondo, lembrando-me do motivo inicial que fez a garota vir até minha casa.
— O que aconteceu com as que você tinha?
— Decidi doá-las.
— Por quê?
— Quero deixar o passado para trás.
— Você não pode fazer isso. — ela balança negativamente a cabeça, aborrecida.
— Eu devo fazer.
— Não e sabe por quê? Porque vocês se amam!
— Ele está com outra, Luiza. — murmuro, sem ainda ter conseguido digerir tal informação. — Sou passado para ele.
— Eu sei que meu irmão é um grande idiota. Quis matá-lo quando descobri que ele estava novamente com Keila. — revelou rolando os olhos. — A questão é que precisamos tentar entender o lado dele também. só está tentando te esquecer a todo custo. Mas ele sente sua falta. Digo isso, porque fiquei ao lado dele quando vocês terminaram.
— Eu gostaria que as coisas tivessem seguido um rumo diferente. — é a única frase que consigo formular depois de tudo que acabei de ouvir.
— A história de vocês ainda não chegou ao fim.
Esforço-me para não ficar pensando na afirmação de Luiza. Falsas esperanças são tudo o que menos preciso agora. E para minha sorte não tocamos mais no nome de durante o restante do dia.
Estou realmente cansada, não só pela viagem, mas por todo o trabalho de organizar meu closet novamente. Contudo, nem mesmo a exaustão é capaz me livrar dos recorrentes pesadelos.
Sou acordada por leves batidas na porta do meu quarto. Respiro fundo, precisando de um instante para decifrar o que é real e o que não passa de uma criação da minha mente.
— Pode entrar. — respondo finalmente, lembrando-me que deixei a porta apenas encostada.
— Acordei você? — meu irmão questiona, dirigindo-se até onde estou deitada.
— Não. Está tudo bem.
— Fiquei sabendo da sua ideia. — ele comenta e faço uma careta, esperando que ele não fique chateado por não ter dito nada antes.
— Eu pretendia contar ontem mesmo, mas quando terminei de arrumar minhas coisas estava tão cansada que acabei me jogando na cama.
— Não há problema. — ele sorri, não parecendo magoado. — Na verdade, fico feliz em vê-la animada novamente.
— Vai ser bom ocupar meu tempo.
— Você tem razão. — concorda e vejo um novo brilho surgir em seus olhos. — Mudando de assunto, deveríamos sair hoje à noite para comemorar seu retorno.
— Ah não! Estou sem nenhuma vontade.
— Desde quando você não tem vontade para sair? — me provoca, possivelmente tentando me animar.
— Eu estou realmente cansada.
— Por favor, . — implora, fazendo sua melhor cara de menino dengoso.
— Está bem. Mas vou com o meu carro, porque não pretendo ficar de vela.
Yago deixa meu quarto mais do que satisfeito. Esforço-me para manter minha cabeça ocupada durante o dia. Faço uma breve ligação para meu tio e para meu contentamento ele promete analisar a possibilidade da empresa fazer um novo investimento. Há algo em seu tom de voz que me enche de esperanças.
Minha relação com ele nunca foi muito próxima, mas acredito que ter passado pelo o que passei, fez com que surgisse uma enorme empatia dele em relação aos assuntos que se referem a mim.
Não deixo de ser grata por isso.
Já está escuro lá fora quando sigo para meu closet e separo a roupa que vou usar essa noite. Em seguida, sigo para o banheiro e somente quando estou embaixo da ducha quente é que uma possibilidade me surge.
E se também estiver lá?
Inferno!
Eu realmente deveria ter conversado com Yago sobre esse grande detalhe. Solto um longo suspiro ao perceber que preciso encarar a realidade. Cedo ou tarde irei encontrar com novamente e consequentemente, com sua nova namorada. Preciso me acostumar com a ideia.
Decido manter o assunto somente para mim porque não quero que meu irmão pense que sou fraca. Mas no fundo, acredito que sou, já que assim que estaciono meu carro e minha atenção se volta para o lugar que está localizado a Estação 296 as únicas lembranças que meu inconsciente é capaz de resgatar são aquelas que envolveram meu ex-namorado.
Reprimo o passado e sigo para dentro da casa de shows na companhia de Luiza e Yago. No entanto, logo na primeira meia hora eu começo a me arrepender de ter saído de casa. Minha companhia decidiu ir para a pista de dança, deixando-me completamente sozinha.
Vou até o bar e peço uma bebida. Enquanto aguardo por ela ouço uma voz inconfundível se dirigindo a mim.
— . — ele pronuncia apenas e me viro imediatamente para a direção em que sei que ele está.
Eu e ficamos parados encarando um ao outro. Somente agora percebo o quanto ele mudou. Parece abatido e no fundo dos seus olhos posso discernir que existe mágoa. Mágoa essa, que está unicamente relacionada a mim.
— . — consigo sussurrar enfim.
Continuamos a nos fitar silenciosamente. Tenho a impressão de que todas as palavras me fugiram e que somente meus olhos são capazes de dizer a ele o quanto sinto muito.
Somos arrancados do nosso pequeno mundo particular por Keila. Ela cochicha algo no ouvido dele, puxando-o em direção à pista de dança e tendo a delicadeza de me lançar um olhar zangado entre meio aos acontecimentos.
— Tudo bem? — levo um susto quando sinto a mão de Yago pousar em meu ombro.
— Tudo ótimo! — murmuro, virando-me para o bar novamente em busca da minha bebida.
— Por favor, não faça nenhuma besteira. — pede, dessa vez um pouco mais preocupado do que de costume.
— Me deixa. — resmungo ignorando-o.
Tudo o que mais quero é esquecer o que vem acontecendo na minha vida nos últimos meses e, para minha sorte, sei exatamente como fazê-lo. Esvazio meu copo em um gole só.
— O que me diz? — pergunto, sem conseguir esconder a ansiedade em minha voz.
— É tudo perfeito! — ela exclama, estudando meus croquis com atenção. — Você quem fez?
— Sim.
— Deveria investir nisso. Você leva muito jeito!
— Sobre isso que quero conversar.
— Estou ouvindo. — ela diz, encarando-me com curiosidade.
— Estou pensando em abrir uma boutique. Quero um espaço onde eu possa criar, produzir e vender minhas próprias peças. — conto e mordo o lábio esperando por sua opinião.
— Como a boutique que há aqui perto?!
— Na verdade, pensei em comprar justamente ela.
— Céus! Isso seria incrível. — ela declara em tom de empolgação. — Mas não sabia que ela estava à venda.
— Bem, não está. Mas posso fazer a eles uma proposta bastante irrecusável.
— Isso vai custar uma pequena fortuna!
— Tenho participação nos negócios da minha família. Posso pedir a eles para investirem na boutique. Caso a ideia seja recusada, vendo minha parte da empresa para meu tio e assim teremos recursos suficientes para abrir nosso próprio negócio.
— Você realmente está disposta a arriscar?
— Sim, mas só vou fazer isso se você aceitar ser meu braço direito.
— É claro que aceito! Vou ajudar você no que for preciso! — ela promete e pelo brilho nos seus olhos sei que terei todo o apoio que preciso.
— Por hora, preciso apenas de roupas novas para meu closet. — respondo, lembrando-me do motivo inicial que fez a garota vir até minha casa.
— O que aconteceu com as que você tinha?
— Decidi doá-las.
— Por quê?
— Quero deixar o passado para trás.
— Você não pode fazer isso. — ela balança negativamente a cabeça, aborrecida.
— Eu devo fazer.
— Não e sabe por quê? Porque vocês se amam!
— Ele está com outra, Luiza. — murmuro, sem ainda ter conseguido digerir tal informação. — Sou passado para ele.
— Eu sei que meu irmão é um grande idiota. Quis matá-lo quando descobri que ele estava novamente com Keila. — revelou rolando os olhos. — A questão é que precisamos tentar entender o lado dele também. só está tentando te esquecer a todo custo. Mas ele sente sua falta. Digo isso, porque fiquei ao lado dele quando vocês terminaram.
— Eu gostaria que as coisas tivessem seguido um rumo diferente. — é a única frase que consigo formular depois de tudo que acabei de ouvir.
— A história de vocês ainda não chegou ao fim.
Esforço-me para não ficar pensando na afirmação de Luiza. Falsas esperanças são tudo o que menos preciso agora. E para minha sorte não tocamos mais no nome de durante o restante do dia.
Estou realmente cansada, não só pela viagem, mas por todo o trabalho de organizar meu closet novamente. Contudo, nem mesmo a exaustão é capaz me livrar dos recorrentes pesadelos.
Sou acordada por leves batidas na porta do meu quarto. Respiro fundo, precisando de um instante para decifrar o que é real e o que não passa de uma criação da minha mente.
— Pode entrar. — respondo finalmente, lembrando-me que deixei a porta apenas encostada.
— Acordei você? — meu irmão questiona, dirigindo-se até onde estou deitada.
— Não. Está tudo bem.
— Fiquei sabendo da sua ideia. — ele comenta e faço uma careta, esperando que ele não fique chateado por não ter dito nada antes.
— Eu pretendia contar ontem mesmo, mas quando terminei de arrumar minhas coisas estava tão cansada que acabei me jogando na cama.
— Não há problema. — ele sorri, não parecendo magoado. — Na verdade, fico feliz em vê-la animada novamente.
— Vai ser bom ocupar meu tempo.
— Você tem razão. — concorda e vejo um novo brilho surgir em seus olhos. — Mudando de assunto, deveríamos sair hoje à noite para comemorar seu retorno.
— Ah não! Estou sem nenhuma vontade.
— Desde quando você não tem vontade para sair? — me provoca, possivelmente tentando me animar.
— Eu estou realmente cansada.
— Por favor, . — implora, fazendo sua melhor cara de menino dengoso.
— Está bem. Mas vou com o meu carro, porque não pretendo ficar de vela.
Yago deixa meu quarto mais do que satisfeito. Esforço-me para manter minha cabeça ocupada durante o dia. Faço uma breve ligação para meu tio e para meu contentamento ele promete analisar a possibilidade da empresa fazer um novo investimento. Há algo em seu tom de voz que me enche de esperanças.
Minha relação com ele nunca foi muito próxima, mas acredito que ter passado pelo o que passei, fez com que surgisse uma enorme empatia dele em relação aos assuntos que se referem a mim.
Não deixo de ser grata por isso.
Já está escuro lá fora quando sigo para meu closet e separo a roupa que vou usar essa noite. Em seguida, sigo para o banheiro e somente quando estou embaixo da ducha quente é que uma possibilidade me surge.
E se também estiver lá?
Inferno!
Eu realmente deveria ter conversado com Yago sobre esse grande detalhe. Solto um longo suspiro ao perceber que preciso encarar a realidade. Cedo ou tarde irei encontrar com novamente e consequentemente, com sua nova namorada. Preciso me acostumar com a ideia.
Decido manter o assunto somente para mim porque não quero que meu irmão pense que sou fraca. Mas no fundo, acredito que sou, já que assim que estaciono meu carro e minha atenção se volta para o lugar que está localizado a Estação 296 as únicas lembranças que meu inconsciente é capaz de resgatar são aquelas que envolveram meu ex-namorado.
Reprimo o passado e sigo para dentro da casa de shows na companhia de Luiza e Yago. No entanto, logo na primeira meia hora eu começo a me arrepender de ter saído de casa. Minha companhia decidiu ir para a pista de dança, deixando-me completamente sozinha.
Vou até o bar e peço uma bebida. Enquanto aguardo por ela ouço uma voz inconfundível se dirigindo a mim.
— . — ele pronuncia apenas e me viro imediatamente para a direção em que sei que ele está.
Eu e ficamos parados encarando um ao outro. Somente agora percebo o quanto ele mudou. Parece abatido e no fundo dos seus olhos posso discernir que existe mágoa. Mágoa essa, que está unicamente relacionada a mim.
— . — consigo sussurrar enfim.
Continuamos a nos fitar silenciosamente. Tenho a impressão de que todas as palavras me fugiram e que somente meus olhos são capazes de dizer a ele o quanto sinto muito.
Somos arrancados do nosso pequeno mundo particular por Keila. Ela cochicha algo no ouvido dele, puxando-o em direção à pista de dança e tendo a delicadeza de me lançar um olhar zangado entre meio aos acontecimentos.
— Tudo bem? — levo um susto quando sinto a mão de Yago pousar em meu ombro.
— Tudo ótimo! — murmuro, virando-me para o bar novamente em busca da minha bebida.
— Por favor, não faça nenhuma besteira. — pede, dessa vez um pouco mais preocupado do que de costume.
— Me deixa. — resmungo ignorando-o.
Tudo o que mais quero é esquecer o que vem acontecendo na minha vida nos últimos meses e, para minha sorte, sei exatamente como fazê-lo. Esvazio meu copo em um gole só.
Capítulo 27
Yago mantém seu olhar preocupado sobre mim enquanto observo e sua namorada na pista de dança. Keila parece querer meu provocar e preciso me conter para permanecer no lugar que estou.
— , não é melhor voltarmos para casa? — Luiza indaga, sentando-se ao meu lado na mesa que ocupo.
— Não vou fazer nada idiota. — declaro, começando a me irritar com tantos palpites sobre o que devo fazer.
— Eu sei, mas você já bebeu o suficiente por uma noite. É melhor parar agora.
— Só estou tentando esquecê-lo.
— Você sabe que não é assim que funciona. Todos esses drinks só vão piorar as coisas.
— Eu já estava em Londres quando eles reataram? — pergunto, decidida a ignorar seu comentário.
— Sim, eles voltaram pouco antes de você chegar de viagem.
— Quando ele estava comigo, costumava se encontrar com ela? — questiono e só a possibilidade já faz com que meu estômago embrulhe.
— É claro que não! — a garota responde, como se isso fosse algo absurdo. — Ele ama você. Só está com ela porque acha que o que sente não é correspondido.
— Acho estranha a forma de ele resolver as coisas. — murmuro já me levantando. — Vou ao banheiro. — aviso e caminho em direção a ele não por necessidade, mas apenas porque não quero continuar com a conversa que estamos tendo.
Ainda assim, aproveito para lavar meus pulsos com água corrente na tola tentativa de me acalmar. Talvez eu realmente deva ouvir o conselho de Luiza e ir para casa. Continuar aqui, não me ajudará em nada.
— E aí está ela! — ouço uma voz feminina se dirigir a mim e fecho minhas mãos em punho ao notar quem é.
— Você pode me dar licença? — peço a Keila, assim que percebo que ela está bloqueando a saída.
— Ah não! — ela responde e sua voz possui um tom inconfundível de desdém. — Antes preciso saber como você se sente agora que é a outra.
— Bem, se existe alguma outra aqui posso lhe garantir que não sou eu. — retruco e arco as sobrancelhas de forma sugestiva.
— Fique longe dele! — ela ordena, em tom de ameaça.
— Não posso fazer nada se você não é capaz de controlá-lo. — dou de ombros e lanço a ela um olhar entediado.
— Você vai se arrepender se tentar se aproximar dele novamente! — ela afirma, elevando a voz.
— Ah me poupe! — reviro os olhos já sem paciência. — é bem grandinho. Aposto que sabe decidir sozinho o que quer. E, além disso, trate de ser menos estúpida e concentre-se nele ao invés de mim. — disparo e vejo sua expressão confiante vacilar.
Aproveito a brecha e deixo o lugar. Saber que não estou mais na companhia de Keila já é suficiente para me deixar mais calma. Contudo, o fato de eu estar distraída com meus pensamentos me faz esbarrar em alguém. me tem em seus braços e depois de tanto tempo, volto a sentir seu cheiro embriagador.
— Você está bem? — ele indaga, parecendo um pouco aflito.
— Vá para o inferno! — rosno desvencilhando-me dele.
As lágrimas salpicam meus olhos e não sei se isso está acontecendo porque estou com raiva ou saudade. Ignoro a confusão de sentimentos e decido que já passou da hora de ir embora.
Enquanto caminho até o estacionamento da casa de shows, deixo finalmente as lágrimas rolarem livremente e acabo me sentindo um pouco melhor.
Avisto meu carro e começo a procurar pelas chaves em minha bolsa. Nesse instante, sinto alguém segurar meu braço.
— Eu não vou deixar você dirigir desse jeito! — profere em voz baixa e entre dentes.
— Me deixe em paz! — balbucio um pouco intimidada pela sua expressão feroz.
— O que você tem na cabeça? — ele indaga e pelo que me lembre, nunca o vi tão irritado. — Você bebeu à noite inteira!
— Você deveria se preocupar com sua namorada e não comigo. — retruco, soltando meu braço de entre sua mão.
— Se você for eu vou junto.
— Ótimo! — respondo de forma irônica. — Vou adorar sua companhia.
— Você está fazendo o mesmo que seu pai. — ele praticamente sussurra e sinto os músculos do meu corpo se enrijecerem.
— Como você descobriu? — indago com a voz pulsando de raiva.
— Na internet. Sua família é conhecida. Não foi tão difícil... — conta, assumindo uma posição de cautela.
De todo modo, eu não consigo me conter. Reúno toda a força que me resta e começo a socar descontroladamente seu peito.
— Eu odeio você! — praticamente grito em meio às lágrimas.
por sua vez, apenas segura meus pulsos e puxa meu corpo em direção ao seu, abraçando-me.
— Você já me disse isso.
O calor de seus braços faz com que minha ira comece a se dissipar. Ele afaga termalmente meus cabelos enquanto aguarda, em toda sua paciência, eu me acalmar completamente.
— Você quer ouvir minha versão da história? — pergunto em um murmúrio, ainda com a cabeça deitada em seu ombro.
— Não. — ele afirma com convicção. — Não quero que você sofra relembrando o passado.
— Acho que devo isso a você.
— Tem certeza? — pede ainda receoso.
Balanço a cabeça positivamente e me segurando pela mão, ele me guia até um parque completamente vazio. Sentamos lado a lado na grama, apoiando nossas costas no tronco de uma árvore robusta.
Respiro fundo, tentando encontrar coragem para falar daquilo que tanto me machuca.
— Você pode duvidar, mas nem sempre fui essa mulher complicada que sou agora. — começo, tomando o devido cuidado de manter meus olhos distantes dos dele. — Houve uma época em que eu era uma menina doce e bastante sonhadora. Eu tinha um belo exemplo de companheirismo dentro de casa e acreditava que um dia amaria alguém da mesma forma que meus pais se amavam.
— O que fez você mudar de ideia? — questiona e percebo um tom de apreensão em sua voz.
— Quando eu tinha uns 16 anos a empresa da família começou a apresentar alguns problemas e meu pai acabou se desesperando por conta deles. — a recordação faz com que eu me encolha e acaba passando seu braço sobre meus ombros, trazendo-me para mais perto de si. — Ele perdeu o controle da sua vida. Começou a jogar e, o pior de tudo, começou a beber exageradamente.
— Você não precisa continuar. — ele informa e posso sentir quão preocupado ele está.
— Ninguém ouviu a história pela minha boca. Nem mesmo Yago. Ele ficou sabendo pelo meu tio. — confesso, afastando as novas lágrimas que se acumulam em meus olhos. — Só tenho coragem para falar disso com você.
— Tudo bem. — ele cede, soltando um suspiro nervoso. — Mas você pode parar quando quiser.
Concordo com sua condição e prossigo com minhas revelações.
— Meu pai começou a chegar em casa completamente bêbado. Ele nunca chegou a levantar um dedo para mim ou para minha mãe, mas eu a peguei chorando diversas vezes, inconformada com o que ele vinha fazendo consigo mesmo.
— Vocês tentaram ajudá-lo?
— De todas as maneiras possíveis. Mas assim como eu, meu pai era muito teimoso. — digo, dando um sorriso triste. — Lembro-me de uma vez que nós dois discutimos e dele me pedindo um voto de confiança. Eu fiz isso, mas ele não aproveitou sua chance. Então prometi a mim mesma que nunca mais confiaria em um homem. No entanto, você e Yago apareceram e me fizeram queimar a língua.
— Você confia em mim? — ele indaga enquanto seus dedos deslizam suavemente por meu braço.
— Sim. Tanto quanto confio em Yago. — declaro da forma mais sincera que consigo.
— Gosto de saber disso.
— Mas não acho que você vai gostar do fim dessa história. — aponto, sabendo que o pior ainda está por vir.
— Você quer mesmo continuar? — ele indaga novamente, talvez querendo garantir que não vou me arrepender mais tarde.
Apenas assinto e prossigo.
— Acho que nunca me esquecerei do dia que tudo aconteceu. Nós tínhamos recebido um convite para um almoço em uma cidade vizinha. Minha mãe insistiu para que eu fosse junto, mas na época eu estava fazendo um curso e tinha um trabalho para terminar, por isso acabei ficando em casa. Já estava anoitecendo e eu não havia recebido qualquer notícia deles. Já estava desesperada quando recebi uma ligação.
"Ouvi apenas algumas palavras, mas elas foram suficientes para destruírem com tudo o que eu acreditava. A pessoa do outro lado da linha era um socorrista e me comunicou sobre o acidente envolvendo meus pais. Como você deve ter visto, o carro em que eles estavam pegou fogo depois de uma grave batida e ninguém sobreviveu."
"Sem saber direito o que estava fazendo, sai de casa e fui parar em um barzinho. Eu nunca tinha bebido, mas naquela noite, eu misturei todos os tipos de bebida alcoólica que você possa imaginar. Não sei o que seria de mim se Yago não tivesse aparecido. Ele ficou ao meu lado no momento mais difícil da minha vida. Tenho uma dívida de gratidão para com ele."
— Meu Deus! — sussurra, parecendo atormentado pelas coisas que acabei de lhe dizer.
— Me arrependo até hoje por não ter ido com eles.
— Não quero ouvir você falando isso nunca mais.
— Ele estava dirigindo bêbado! — afirmo apertando os olhos, indignada. — Ele matou a mulher que dizia amar.
— No entanto, seu pai não teve culpa no acidente. As matérias que li, afirmavam que foi um caminhoneiro que causou o acidente já que estava ultrapassando em local proibido. — ele comenta, saindo do meu lado e sentando-se sobre os joelhos em frente a mim.
— Mas ele assumiu o risco quando bebeu. — murmuro, sem esconder o rancor em minha voz. — É por isso que não acredito no amor.
— O que aconteceu com eles foi um caso isolado. Você não pode presumir que isso vá acontecer com você também.
— Já aconteceu. — lembro a ele, soltando o ar pesadamente. — Você disse que me amava e eu só fui capaz de machucá-lo.
— E apesar disso, eu continuo sentindo o mesmo por você. Isso sim é amor, . — diz, fitando-me com ternura.
Entro em um estado de anestesia. Não só pelo que contei, mas também pelo que acabei de ouvir. A única coisa que preciso agora é de um tempo para digerir isso tudo e quem sabe um dia, ser capaz de concordar com .
— Me leva para casa? — peço, sem saber exatamente o que dizer.
Ele assente e dessa vez não reclamo quando ele tira as chaves da minha mão e assume a direção. Meus olhos estão pesados demais para que faça algo que requer tanta atenção.
Desperto em um sobressalto.
— Está tudo bem! Você só cochilou no caminho. — sussurra e sem muito esforço, acaba me pegando no colo.
Encosto minha cabeça em seu peito e fecho os olhos novamente. A sensação de poder sentir seu perfume é indescritível. Enfim, posso afirmar que estou em segurança novamente.
— Você vai embora? — pergunto enquanto ele me coloca sobre a cama.
— Sim.
— Voltei a ter pesadelos. Só que agora, você também faz parte deles.
— Sinto muito. — murmura e me surpreendo quando o vejo se inclinando em minha direção para me abraçar. — Eu não queria que as coisas tivessem tomado esse rumo.
— Nem eu. — concordo e sinto enterrar seu nariz em meus cabelos e inspirar profundamente o ar. — Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida e fui uma idiota por tê-lo deixando ir.
— É melhor você dormir agora. — ele desconversa, encerrando com nosso contato físico.
— E você precisa ir atrás da sua namorada. — falo, sem conseguir esconder o quanto odeio a situação.
— Vou ficar aqui até você dormir.
— Ela não vai gostar.
— Problema dela.
— Ela me mandou ficar longe de você.
— Sou bem grandinho. Posso decidir sozinho o que quero.
— Eu sei disso, mas parece que ela não. — dou de ombros.
— Quando vocês conversaram?
— No banheiro da Estação.
— Por isso você saiu de lá nervosa? — indaga e detecto certo tom de divertimento em sua voz.
— Ela é muito irritante.
— Você também é.
— Mas ela me supera nesse quesito.
— Talvez só nesse. — responde com um sorriso discreto nos lábios. — Agora durma!
— Pare de mandar em mim.
— Não estou mandando. Estou cuidando, é diferente.
— Gosto quando você cuida de mim.
— Gosto quando você me obedece.
— O que significa que você vive me dando ordens.
— Céus! Você é muito mais irritante que ela.
— Mas ainda assim, você continua aqui.
— Talvez eu devesse ir.
— Não! Prometo que vou dormir agora.
— Boa noite, .
— Boa noite, . — sussurro já fechando os olhos.
É incrível como a bebida é capaz de nos fazer dizer coisas que nunca imaginamos quando sóbrios.
— , não é melhor voltarmos para casa? — Luiza indaga, sentando-se ao meu lado na mesa que ocupo.
— Não vou fazer nada idiota. — declaro, começando a me irritar com tantos palpites sobre o que devo fazer.
— Eu sei, mas você já bebeu o suficiente por uma noite. É melhor parar agora.
— Só estou tentando esquecê-lo.
— Você sabe que não é assim que funciona. Todos esses drinks só vão piorar as coisas.
— Eu já estava em Londres quando eles reataram? — pergunto, decidida a ignorar seu comentário.
— Sim, eles voltaram pouco antes de você chegar de viagem.
— Quando ele estava comigo, costumava se encontrar com ela? — questiono e só a possibilidade já faz com que meu estômago embrulhe.
— É claro que não! — a garota responde, como se isso fosse algo absurdo. — Ele ama você. Só está com ela porque acha que o que sente não é correspondido.
— Acho estranha a forma de ele resolver as coisas. — murmuro já me levantando. — Vou ao banheiro. — aviso e caminho em direção a ele não por necessidade, mas apenas porque não quero continuar com a conversa que estamos tendo.
Ainda assim, aproveito para lavar meus pulsos com água corrente na tola tentativa de me acalmar. Talvez eu realmente deva ouvir o conselho de Luiza e ir para casa. Continuar aqui, não me ajudará em nada.
— E aí está ela! — ouço uma voz feminina se dirigir a mim e fecho minhas mãos em punho ao notar quem é.
— Você pode me dar licença? — peço a Keila, assim que percebo que ela está bloqueando a saída.
— Ah não! — ela responde e sua voz possui um tom inconfundível de desdém. — Antes preciso saber como você se sente agora que é a outra.
— Bem, se existe alguma outra aqui posso lhe garantir que não sou eu. — retruco e arco as sobrancelhas de forma sugestiva.
— Fique longe dele! — ela ordena, em tom de ameaça.
— Não posso fazer nada se você não é capaz de controlá-lo. — dou de ombros e lanço a ela um olhar entediado.
— Você vai se arrepender se tentar se aproximar dele novamente! — ela afirma, elevando a voz.
— Ah me poupe! — reviro os olhos já sem paciência. — é bem grandinho. Aposto que sabe decidir sozinho o que quer. E, além disso, trate de ser menos estúpida e concentre-se nele ao invés de mim. — disparo e vejo sua expressão confiante vacilar.
Aproveito a brecha e deixo o lugar. Saber que não estou mais na companhia de Keila já é suficiente para me deixar mais calma. Contudo, o fato de eu estar distraída com meus pensamentos me faz esbarrar em alguém. me tem em seus braços e depois de tanto tempo, volto a sentir seu cheiro embriagador.
— Você está bem? — ele indaga, parecendo um pouco aflito.
— Vá para o inferno! — rosno desvencilhando-me dele.
As lágrimas salpicam meus olhos e não sei se isso está acontecendo porque estou com raiva ou saudade. Ignoro a confusão de sentimentos e decido que já passou da hora de ir embora.
Enquanto caminho até o estacionamento da casa de shows, deixo finalmente as lágrimas rolarem livremente e acabo me sentindo um pouco melhor.
Avisto meu carro e começo a procurar pelas chaves em minha bolsa. Nesse instante, sinto alguém segurar meu braço.
— Eu não vou deixar você dirigir desse jeito! — profere em voz baixa e entre dentes.
— Me deixe em paz! — balbucio um pouco intimidada pela sua expressão feroz.
— O que você tem na cabeça? — ele indaga e pelo que me lembre, nunca o vi tão irritado. — Você bebeu à noite inteira!
— Você deveria se preocupar com sua namorada e não comigo. — retruco, soltando meu braço de entre sua mão.
— Se você for eu vou junto.
— Ótimo! — respondo de forma irônica. — Vou adorar sua companhia.
— Você está fazendo o mesmo que seu pai. — ele praticamente sussurra e sinto os músculos do meu corpo se enrijecerem.
— Como você descobriu? — indago com a voz pulsando de raiva.
— Na internet. Sua família é conhecida. Não foi tão difícil... — conta, assumindo uma posição de cautela.
De todo modo, eu não consigo me conter. Reúno toda a força que me resta e começo a socar descontroladamente seu peito.
— Eu odeio você! — praticamente grito em meio às lágrimas.
por sua vez, apenas segura meus pulsos e puxa meu corpo em direção ao seu, abraçando-me.
— Você já me disse isso.
O calor de seus braços faz com que minha ira comece a se dissipar. Ele afaga termalmente meus cabelos enquanto aguarda, em toda sua paciência, eu me acalmar completamente.
— Você quer ouvir minha versão da história? — pergunto em um murmúrio, ainda com a cabeça deitada em seu ombro.
— Não. — ele afirma com convicção. — Não quero que você sofra relembrando o passado.
— Acho que devo isso a você.
— Tem certeza? — pede ainda receoso.
Balanço a cabeça positivamente e me segurando pela mão, ele me guia até um parque completamente vazio. Sentamos lado a lado na grama, apoiando nossas costas no tronco de uma árvore robusta.
Respiro fundo, tentando encontrar coragem para falar daquilo que tanto me machuca.
— Você pode duvidar, mas nem sempre fui essa mulher complicada que sou agora. — começo, tomando o devido cuidado de manter meus olhos distantes dos dele. — Houve uma época em que eu era uma menina doce e bastante sonhadora. Eu tinha um belo exemplo de companheirismo dentro de casa e acreditava que um dia amaria alguém da mesma forma que meus pais se amavam.
— O que fez você mudar de ideia? — questiona e percebo um tom de apreensão em sua voz.
— Quando eu tinha uns 16 anos a empresa da família começou a apresentar alguns problemas e meu pai acabou se desesperando por conta deles. — a recordação faz com que eu me encolha e acaba passando seu braço sobre meus ombros, trazendo-me para mais perto de si. — Ele perdeu o controle da sua vida. Começou a jogar e, o pior de tudo, começou a beber exageradamente.
— Você não precisa continuar. — ele informa e posso sentir quão preocupado ele está.
— Ninguém ouviu a história pela minha boca. Nem mesmo Yago. Ele ficou sabendo pelo meu tio. — confesso, afastando as novas lágrimas que se acumulam em meus olhos. — Só tenho coragem para falar disso com você.
— Tudo bem. — ele cede, soltando um suspiro nervoso. — Mas você pode parar quando quiser.
Concordo com sua condição e prossigo com minhas revelações.
— Meu pai começou a chegar em casa completamente bêbado. Ele nunca chegou a levantar um dedo para mim ou para minha mãe, mas eu a peguei chorando diversas vezes, inconformada com o que ele vinha fazendo consigo mesmo.
— Vocês tentaram ajudá-lo?
— De todas as maneiras possíveis. Mas assim como eu, meu pai era muito teimoso. — digo, dando um sorriso triste. — Lembro-me de uma vez que nós dois discutimos e dele me pedindo um voto de confiança. Eu fiz isso, mas ele não aproveitou sua chance. Então prometi a mim mesma que nunca mais confiaria em um homem. No entanto, você e Yago apareceram e me fizeram queimar a língua.
— Você confia em mim? — ele indaga enquanto seus dedos deslizam suavemente por meu braço.
— Sim. Tanto quanto confio em Yago. — declaro da forma mais sincera que consigo.
— Gosto de saber disso.
— Mas não acho que você vai gostar do fim dessa história. — aponto, sabendo que o pior ainda está por vir.
— Você quer mesmo continuar? — ele indaga novamente, talvez querendo garantir que não vou me arrepender mais tarde.
Apenas assinto e prossigo.
— Acho que nunca me esquecerei do dia que tudo aconteceu. Nós tínhamos recebido um convite para um almoço em uma cidade vizinha. Minha mãe insistiu para que eu fosse junto, mas na época eu estava fazendo um curso e tinha um trabalho para terminar, por isso acabei ficando em casa. Já estava anoitecendo e eu não havia recebido qualquer notícia deles. Já estava desesperada quando recebi uma ligação.
"Ouvi apenas algumas palavras, mas elas foram suficientes para destruírem com tudo o que eu acreditava. A pessoa do outro lado da linha era um socorrista e me comunicou sobre o acidente envolvendo meus pais. Como você deve ter visto, o carro em que eles estavam pegou fogo depois de uma grave batida e ninguém sobreviveu."
"Sem saber direito o que estava fazendo, sai de casa e fui parar em um barzinho. Eu nunca tinha bebido, mas naquela noite, eu misturei todos os tipos de bebida alcoólica que você possa imaginar. Não sei o que seria de mim se Yago não tivesse aparecido. Ele ficou ao meu lado no momento mais difícil da minha vida. Tenho uma dívida de gratidão para com ele."
— Meu Deus! — sussurra, parecendo atormentado pelas coisas que acabei de lhe dizer.
— Me arrependo até hoje por não ter ido com eles.
— Não quero ouvir você falando isso nunca mais.
— Ele estava dirigindo bêbado! — afirmo apertando os olhos, indignada. — Ele matou a mulher que dizia amar.
— No entanto, seu pai não teve culpa no acidente. As matérias que li, afirmavam que foi um caminhoneiro que causou o acidente já que estava ultrapassando em local proibido. — ele comenta, saindo do meu lado e sentando-se sobre os joelhos em frente a mim.
— Mas ele assumiu o risco quando bebeu. — murmuro, sem esconder o rancor em minha voz. — É por isso que não acredito no amor.
— O que aconteceu com eles foi um caso isolado. Você não pode presumir que isso vá acontecer com você também.
— Já aconteceu. — lembro a ele, soltando o ar pesadamente. — Você disse que me amava e eu só fui capaz de machucá-lo.
— E apesar disso, eu continuo sentindo o mesmo por você. Isso sim é amor, . — diz, fitando-me com ternura.
Entro em um estado de anestesia. Não só pelo que contei, mas também pelo que acabei de ouvir. A única coisa que preciso agora é de um tempo para digerir isso tudo e quem sabe um dia, ser capaz de concordar com .
— Me leva para casa? — peço, sem saber exatamente o que dizer.
Ele assente e dessa vez não reclamo quando ele tira as chaves da minha mão e assume a direção. Meus olhos estão pesados demais para que faça algo que requer tanta atenção.
Desperto em um sobressalto.
— Está tudo bem! Você só cochilou no caminho. — sussurra e sem muito esforço, acaba me pegando no colo.
Encosto minha cabeça em seu peito e fecho os olhos novamente. A sensação de poder sentir seu perfume é indescritível. Enfim, posso afirmar que estou em segurança novamente.
— Você vai embora? — pergunto enquanto ele me coloca sobre a cama.
— Sim.
— Voltei a ter pesadelos. Só que agora, você também faz parte deles.
— Sinto muito. — murmura e me surpreendo quando o vejo se inclinando em minha direção para me abraçar. — Eu não queria que as coisas tivessem tomado esse rumo.
— Nem eu. — concordo e sinto enterrar seu nariz em meus cabelos e inspirar profundamente o ar. — Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida e fui uma idiota por tê-lo deixando ir.
— É melhor você dormir agora. — ele desconversa, encerrando com nosso contato físico.
— E você precisa ir atrás da sua namorada. — falo, sem conseguir esconder o quanto odeio a situação.
— Vou ficar aqui até você dormir.
— Ela não vai gostar.
— Problema dela.
— Ela me mandou ficar longe de você.
— Sou bem grandinho. Posso decidir sozinho o que quero.
— Eu sei disso, mas parece que ela não. — dou de ombros.
— Quando vocês conversaram?
— No banheiro da Estação.
— Por isso você saiu de lá nervosa? — indaga e detecto certo tom de divertimento em sua voz.
— Ela é muito irritante.
— Você também é.
— Mas ela me supera nesse quesito.
— Talvez só nesse. — responde com um sorriso discreto nos lábios. — Agora durma!
— Pare de mandar em mim.
— Não estou mandando. Estou cuidando, é diferente.
— Gosto quando você cuida de mim.
— Gosto quando você me obedece.
— O que significa que você vive me dando ordens.
— Céus! Você é muito mais irritante que ela.
— Mas ainda assim, você continua aqui.
— Talvez eu devesse ir.
— Não! Prometo que vou dormir agora.
— Boa noite, .
— Boa noite, . — sussurro já fechando os olhos.
É incrível como a bebida é capaz de nos fazer dizer coisas que nunca imaginamos quando sóbrios.
Capítulo 28
Quase três meses já se passaram depois de todas as revelações que fiz para . Naquela noite ele ficou ao meu lado até que eu dormisse. Entretanto, quando acordei senti apenas o cheiro de seu perfume em meu quarto.
Lembro-me perfeitamente bem de quão mal eu estava, justamente por isso, prometi a mim mesma que nunca mais colocaria uma gota de álcool na boca.
Nesse meio tempo vi Yago e Luiza cada vez mais apaixonados. Presenciei também a inauguração de minha boutique, que até agora está indo muito bem, obrigada. , por sua vez, continua namorando a Keila e quanto a mim... Bom, continuo sozinha.
Criei uma rotina que se baseia em ir de casa para o trabalho e vice-versa. Passo a maior parte do meu tempo imersa em minhas novas criações. Mas a maior novidade de todas é que eu e , ironicamente, nos tornamos amigos. Parte de mim acreditava que depois de tudo o que eu contei nunca mais o veria. No entanto, ele não me abandonou.
— ? — sou arrancada do meu mundo particular quando meu irmão aparece no meu quarto.
— Sim?!
— O que você acha de cozinhar hoje à noite? — franzo as sobrancelhas estranhando sua proposta. — Eu convidei Luiza e um amigo para o jantar.
— Você convidou Luiza e para o jantar, não é mesmo? — indago, sabendo exatamente onde essa história de amigo vai dar.
— Parece que minha irmã tem uma bola de cristal. — ele ri animadamente.
— Você deveria fazer o jantar, já que os convidados são seus.
— Eu pensei em fazer, mas como você é a pessoa mais gentil que conheço, achei que não se importaria em assumir essa responsabilidade.
— Talvez eu deva colocar um pouco de veneno no seu prato. — comento em um tom divertido.
— Eu não duvido que você o faça. — ele diz fazendo uma careta. — Bem, preciso sair agora. Volto mais tarde.
— O que devo preparar para o jantar? — indago, antes que ele deixe o cômodo.
— O que você preferir. — responde já próximo a porta. — Confio em você.
Eu definitivamente odeio ficar só. São nesses momentos que algumas lembranças do passado dominam minha mente. A boutique vem sendo uma ótima distração, mas ainda assim não parece ser suficiente.
Já no fim da tarde a possibilidade tão iminente de ver faz com que eu estremeça. Acho que nunca estarei preparada para tê-lo tão próximo e ainda assim não poder tocá-lo como gostaria.
Quando a campainha toca, a primeira possibilidade que me vem em mente é a de que meu irmão esqueceu a chave de casa. Entretanto, quando abro a porta sou surpreendida.
— Oi. — me cumprimenta, parecendo um pouco sem graça.
— Oi. — sorrio, tentando fazê-lo se sentir mais à vontade.
— Yago e Luiza estão?
— Ainda não chegaram. — respondo, percebendo que mesmo depois de termos virados amigos, não conseguimos agir de forma natural quando estamos sós. — Entre. Eles não devem demorar. — digo, dando a ele passagem.
Não me recordo de ter visto tão constrangido em alguma ocasião como ele está agora. A sensação que tenho é que ele simplesmente não sabe como agir. A ideia de que ainda sou capaz de causar algum efeito nele, me agrada.
— Como você está? — pergunto com a finalidade de diminuir o muro que pareceu se formar entre nós.
— Eu não sei ao certo. — confessa, de forma bastante sincera. — É tudo meio estranho.
— Eu entendo.
— Você não usa mais o anel que te dei? — questiona, mudando o assunto.
— Não faz mais sentido usá-lo aqui. — afirmo, mostrando a ele minha mão. — Uso-o como uma espécie de pingente agora. — confesso tirando o colar debaixo da minha camiseta para que ele possa vê-lo.
— Gosto dele assim.
— Sua namorada também tem um? — indago sem que ao menos me dê conta.
— Não. — ele responde, fitando o chão. — Você continua chateada comigo por ter voltado com ela, não é?
— Você teve bons motivos para fazer isso.
— Só estava tentando te esquecer.
— Não quero que você me esqueça. — sussurro, porque a ideia me machuca.
— Eu duvido que vou conseguir, mas preciso tentar.
— Não entendo porque você continua perto de mim mesmo depois de tudo o que aconteceu.
— Eu lhe fiz uma promessa. Pretendo cumpri-la.
— Acho que você foi liberado dela quando terminei com você.
— Esse é apenas um detalhe. Eu disse que estaria sempre por perto para protegê-la e é isso que farei.
— Mesmo que isso nos machuque?
— Longe ou perto iremos nos machucar. Sendo assim, prefiro que seja perto, pequena. — ele argumenta e instantaneamente um sorriso se forma em meus lábios.
É como se algo que estivesse adormecido dentro de mim, voltasse à vida.
— Minha mãe costumava me chamar assim quando eu era criança. — conto e me sinto uma tola ao perceber que as lágrimas chegaram aos meus olhos.
— Hey, não quero ver você chorando. — ele fala, colocando uma mecha solta do meu cabelo atrás da minha orelha.
— Sinto tanta falta deles.
— Não posso imaginar pelo que você passou, mas posso parar de te chamar de pequena se isso te incomoda de algum modo.
— Não me incomoda. Pelo contrário, adoro quando você me chama assim. — afirmo e vejo uma expressão satisfeita ganhar forma no rosto de .
— No começo você detestava.
— Em minha defesa, eu era uma verdadeira idiota naquela época.
— Já falamos sobre isso e minha opinião continua a mesma. — ele ergue as sobrancelhas de forma sugestiva. — Você não é idiota. É a garota mais incrível que já conheci.
— Mesmo com todos os meus traumas.
— Mesmo com eles. — sorrindo acaba me abraçando.
Desfruto do momento. Eu realmente estou com saudade de tê-lo tão próximo. Mas ainda assim, acabo me afastando. Um pouco tarde, percebo que não me distanciei o suficiente.
Nossas bocas estão apenas a centímetros uma da outra. Nossos olhares estão grudados. Nossas respirações entram em sincronia em questões de segundos. É como se cada pequena parte de nós estivesse implorando pelo toque das peles.
Percebo que o que sentíamos um pelo outro ainda continua presente, mas de uma forma mais intensa e devastadora.
— Preciso fazer o jantar. — balbucio, não querendo me deixar levar pelo momento.
Já fiz muita besteira em minha vida, não pretendo fazer mais uma.
Lembro-me perfeitamente bem de quão mal eu estava, justamente por isso, prometi a mim mesma que nunca mais colocaria uma gota de álcool na boca.
Nesse meio tempo vi Yago e Luiza cada vez mais apaixonados. Presenciei também a inauguração de minha boutique, que até agora está indo muito bem, obrigada. , por sua vez, continua namorando a Keila e quanto a mim... Bom, continuo sozinha.
Criei uma rotina que se baseia em ir de casa para o trabalho e vice-versa. Passo a maior parte do meu tempo imersa em minhas novas criações. Mas a maior novidade de todas é que eu e , ironicamente, nos tornamos amigos. Parte de mim acreditava que depois de tudo o que eu contei nunca mais o veria. No entanto, ele não me abandonou.
— ? — sou arrancada do meu mundo particular quando meu irmão aparece no meu quarto.
— Sim?!
— O que você acha de cozinhar hoje à noite? — franzo as sobrancelhas estranhando sua proposta. — Eu convidei Luiza e um amigo para o jantar.
— Você convidou Luiza e para o jantar, não é mesmo? — indago, sabendo exatamente onde essa história de amigo vai dar.
— Parece que minha irmã tem uma bola de cristal. — ele ri animadamente.
— Você deveria fazer o jantar, já que os convidados são seus.
— Eu pensei em fazer, mas como você é a pessoa mais gentil que conheço, achei que não se importaria em assumir essa responsabilidade.
— Talvez eu deva colocar um pouco de veneno no seu prato. — comento em um tom divertido.
— Eu não duvido que você o faça. — ele diz fazendo uma careta. — Bem, preciso sair agora. Volto mais tarde.
— O que devo preparar para o jantar? — indago, antes que ele deixe o cômodo.
— O que você preferir. — responde já próximo a porta. — Confio em você.
Eu definitivamente odeio ficar só. São nesses momentos que algumas lembranças do passado dominam minha mente. A boutique vem sendo uma ótima distração, mas ainda assim não parece ser suficiente.
Já no fim da tarde a possibilidade tão iminente de ver faz com que eu estremeça. Acho que nunca estarei preparada para tê-lo tão próximo e ainda assim não poder tocá-lo como gostaria.
Quando a campainha toca, a primeira possibilidade que me vem em mente é a de que meu irmão esqueceu a chave de casa. Entretanto, quando abro a porta sou surpreendida.
— Oi. — me cumprimenta, parecendo um pouco sem graça.
— Oi. — sorrio, tentando fazê-lo se sentir mais à vontade.
— Yago e Luiza estão?
— Ainda não chegaram. — respondo, percebendo que mesmo depois de termos virados amigos, não conseguimos agir de forma natural quando estamos sós. — Entre. Eles não devem demorar. — digo, dando a ele passagem.
Não me recordo de ter visto tão constrangido em alguma ocasião como ele está agora. A sensação que tenho é que ele simplesmente não sabe como agir. A ideia de que ainda sou capaz de causar algum efeito nele, me agrada.
— Como você está? — pergunto com a finalidade de diminuir o muro que pareceu se formar entre nós.
— Eu não sei ao certo. — confessa, de forma bastante sincera. — É tudo meio estranho.
— Eu entendo.
— Você não usa mais o anel que te dei? — questiona, mudando o assunto.
— Não faz mais sentido usá-lo aqui. — afirmo, mostrando a ele minha mão. — Uso-o como uma espécie de pingente agora. — confesso tirando o colar debaixo da minha camiseta para que ele possa vê-lo.
— Gosto dele assim.
— Sua namorada também tem um? — indago sem que ao menos me dê conta.
— Não. — ele responde, fitando o chão. — Você continua chateada comigo por ter voltado com ela, não é?
— Você teve bons motivos para fazer isso.
— Só estava tentando te esquecer.
— Não quero que você me esqueça. — sussurro, porque a ideia me machuca.
— Eu duvido que vou conseguir, mas preciso tentar.
— Não entendo porque você continua perto de mim mesmo depois de tudo o que aconteceu.
— Eu lhe fiz uma promessa. Pretendo cumpri-la.
— Acho que você foi liberado dela quando terminei com você.
— Esse é apenas um detalhe. Eu disse que estaria sempre por perto para protegê-la e é isso que farei.
— Mesmo que isso nos machuque?
— Longe ou perto iremos nos machucar. Sendo assim, prefiro que seja perto, pequena. — ele argumenta e instantaneamente um sorriso se forma em meus lábios.
É como se algo que estivesse adormecido dentro de mim, voltasse à vida.
— Minha mãe costumava me chamar assim quando eu era criança. — conto e me sinto uma tola ao perceber que as lágrimas chegaram aos meus olhos.
— Hey, não quero ver você chorando. — ele fala, colocando uma mecha solta do meu cabelo atrás da minha orelha.
— Sinto tanta falta deles.
— Não posso imaginar pelo que você passou, mas posso parar de te chamar de pequena se isso te incomoda de algum modo.
— Não me incomoda. Pelo contrário, adoro quando você me chama assim. — afirmo e vejo uma expressão satisfeita ganhar forma no rosto de .
— No começo você detestava.
— Em minha defesa, eu era uma verdadeira idiota naquela época.
— Já falamos sobre isso e minha opinião continua a mesma. — ele ergue as sobrancelhas de forma sugestiva. — Você não é idiota. É a garota mais incrível que já conheci.
— Mesmo com todos os meus traumas.
— Mesmo com eles. — sorrindo acaba me abraçando.
Desfruto do momento. Eu realmente estou com saudade de tê-lo tão próximo. Mas ainda assim, acabo me afastando. Um pouco tarde, percebo que não me distanciei o suficiente.
Nossas bocas estão apenas a centímetros uma da outra. Nossos olhares estão grudados. Nossas respirações entram em sincronia em questões de segundos. É como se cada pequena parte de nós estivesse implorando pelo toque das peles.
Percebo que o que sentíamos um pelo outro ainda continua presente, mas de uma forma mais intensa e devastadora.
— Preciso fazer o jantar. — balbucio, não querendo me deixar levar pelo momento.
Já fiz muita besteira em minha vida, não pretendo fazer mais uma.
Capítulo 29
Caminho em direção à cozinha e percebo que me segue.
— Já decidiu o que vai fazer? — ele pergunta curioso.
— Ainda não.
— Que tal bife acebolado e arroz?
— Algo me diz que essa é sua comida preferida.
— Exatamente. — ele sorri, empolgado. — Posso lhe ajudar se você quiser.
— Sendo assim, você pode cortar os temperos.
Entrego a ele os utensílios e fico observando-o por alguns instantes. Parece que não sou a única que não leva muito jeito na cozinha.
— Você ainda tem a mania de tirar a semente dos tomates? — ele indaga como se estivesse proferindo um pensamento aleatório qualquer.
— Sim. — respondo, mal sendo capaz de conter um sorriso. — Você ainda lembra?!
— É claro que sim. — ele afirma e noto certo tom de orgulho em sua voz. — Lembro-me de todas suas manias, .
No exato instante em que meus olhos procuram por os de , o vejo largar bruscamente a faca e começar a sacudir uma de suas mãos no ar.
— O que foi? — questiono, começando a ficar preocupada.
— Cortei o dedo.
— Deixe-me ver. — peço aproximando-me.
Fazendo uma careta, possivelmente de dor, ele estende sua mão em minha direção e percebo que seu polegar está sangrando.
— Lave com água corrente. Vou buscar algumas coisas para fazer um curativo.
Ele apenas assente e sigo até o banheiro em busca de uma pequena caixa que contém alguns itens básicos de primeiros socorros. Quando retorno encontro sentando sobre o mármore da cozinha, segurando um guardanapo em volta de seu dedo.
— Deixe-me cuidar disso. — falo e ele volta a estender sua mão para mim.
Com cuidado, pressiono o local do corte com uma gaze até que o sangramento seja detido. Em seguida, coloco um band-aid no local.
— Obrigado. — sorri quando se dá conta que terminei.
— Não por isso. Só tente ser um pouco mais cuidadoso da próxima vez. — o alerto e quando tento me afastar sinto as pernas dele se entrelaçarem em volta do meu quadril.
Lanço a ele um olhar intrigado, mas sou ignorada. Seus dedos deslizam delicadamente pela pele do meu rosto e acabo fechando os olhos querendo apenas degustar a sensação.
— ?! — o advirto, porque sei que a possibilidade disso acabar mal é considerável.
— Eu sinto tanto sua falta, pequena. — ele sussurra e percebo uma nota de tristeza em sua voz.
Sou tomada por uma vontade absurda de dizer que sinto o mesmo, mas antes que eu possa fazê-lo, Yago e Luiza entram na cozinha.
— Pelo visto a comida vai demorar a sair. — meu irmão comenta, um tanto quanto malicioso.
Afasto-me de rapidamente, mas não consigo prestar atenção na resposta que ele dá a Yago. Estou absorta demais em meus pensamentos para conseguir me concentrar em outra coisa.
Gostaria de entender apenas que sentimento é esse que faz meu coração praticamente sair pela boca quando estou próxima a . Não entendo como alguém pode fazer tanta falta a ponto de você duvidar que seja capaz de seguir em frente sem a sua companhia.
A única certeza que tenho é a de que nunca senti nada parecido. E que existe algo dentro de mim afirmando com convicção que nunca sentirei a mesma coisa por qualquer outra pessoa que não seja .
O que foi que esse homem fez comigo?
Termino de preparar o jantar sem muita animação. Vejo todos se servirem e engatarem uma conversa animada, mas a única coisa que consigo fazer é remexer na comida que está em meu prato.
— Está maravilhoso! Você já pode casar, . — minha cunhada comenta e pelo seu tom de voz, parece estar sendo sincera.
— Obrigada! — agradeço, com um sorriso tímido nos lábios.
— Acho que devo me candidatar a marido. — declara, fitando-me com atenção.
Sinto minhas bochechas corarem.
— Pare de dar em cima da minha irmã! — Yago retruca visivelmente animado.
— Não estou me sentindo bem. Se vocês não se importarem vou subir para meu quarto. — comunico em um murmúrio.
— Você ao menos tocou na comida. — meu aspirante a marido observa, encarando-me pouco satisfeito.
— Estou sem fome. Mais tarde faço um lanche. — sorrio tentando parecer convincente e me retiro da cozinha antes que mais alguém faça uma reclamação.
Deito em minha cama e acabo me recordando de uma parte da conversa que eu e tivemos na noite em que lhe contei sobre meu passado.
"Você disse que me amava e eu só fui capaz de machucá-lo", eu tinha dito a ele.
"E apesar disso, eu continuo sentindo o mesmo por você. Isso sim é amor, ", ele me respondeu de forma bastante convicta.
Será que o que estou sentindo por ele é amor?
Balanço a cabeça bruscamente querendo afastar o pensamento intruso.
É claro que não!
— ? — levo um pequeno susto quando vejo apoiado no batente da porta do meu quarto.
— Pode entrar. — falo enquanto me sento na cama.
Ele vem até mim e se acomoda ao meu lado.
— Está tudo bem?
— Sim. — acabo mentindo. — Só estou com um pouco de dor de cabeça.
— Quer que eu traga um remédio?
— Não precisa. Logo vai passar. — respondo, dando a ele um sorriso de canto. — Você continua se preocupando comigo da mesma maneira que antigamente.
— E sempre vou me preocupar.
— Gosto de saber disso.
— Não quero que nada aconteça a você.
— Por quê?
— Porque você é importante para mim. — ele diz, fitando-me com ternura. — Você tem algum compromisso para amanhã?
— Acredito que não. — dou de ombros, estranhando a repentina mudança de assunto.
— Quero te levar a um lugar.
— Posso saber em que lugar?
— Não.
— , por favor. — peço, mal conseguindo esconder a curiosidade.
— Considere isso como uma surpresa.
— Pois bem, não posso aceitar seu convite sem saber para onde vamos.
— ?! — ele me repreende, com um sorriso discreto nos lábios. — Você vem comigo ou não?
— Vou. — acabo cedendo, desejando aproveitar qualquer momento a mais ao lado dele. — Mas eu realmente acho que você deveria me contar para onde vamos.
— Você irá descobrir amanhã.
— Isso é completamente injusto!
— Eu sei. — ele ri, esbarrando levemente seu ombro no meu. — Passo bem cedinho para te pegar.
— Conte-me, por favor. — insisto uma última vez.
finge não ouvir meu apelo. Apenas deposita um beijo entre meus cabelos e se levanta.
— Até amanhã, .
— Até amanhã, . — suspiro, derrotada.
— Já decidiu o que vai fazer? — ele pergunta curioso.
— Ainda não.
— Que tal bife acebolado e arroz?
— Algo me diz que essa é sua comida preferida.
— Exatamente. — ele sorri, empolgado. — Posso lhe ajudar se você quiser.
— Sendo assim, você pode cortar os temperos.
Entrego a ele os utensílios e fico observando-o por alguns instantes. Parece que não sou a única que não leva muito jeito na cozinha.
— Você ainda tem a mania de tirar a semente dos tomates? — ele indaga como se estivesse proferindo um pensamento aleatório qualquer.
— Sim. — respondo, mal sendo capaz de conter um sorriso. — Você ainda lembra?!
— É claro que sim. — ele afirma e noto certo tom de orgulho em sua voz. — Lembro-me de todas suas manias, .
No exato instante em que meus olhos procuram por os de , o vejo largar bruscamente a faca e começar a sacudir uma de suas mãos no ar.
— O que foi? — questiono, começando a ficar preocupada.
— Cortei o dedo.
— Deixe-me ver. — peço aproximando-me.
Fazendo uma careta, possivelmente de dor, ele estende sua mão em minha direção e percebo que seu polegar está sangrando.
— Lave com água corrente. Vou buscar algumas coisas para fazer um curativo.
Ele apenas assente e sigo até o banheiro em busca de uma pequena caixa que contém alguns itens básicos de primeiros socorros. Quando retorno encontro sentando sobre o mármore da cozinha, segurando um guardanapo em volta de seu dedo.
— Deixe-me cuidar disso. — falo e ele volta a estender sua mão para mim.
Com cuidado, pressiono o local do corte com uma gaze até que o sangramento seja detido. Em seguida, coloco um band-aid no local.
— Obrigado. — sorri quando se dá conta que terminei.
— Não por isso. Só tente ser um pouco mais cuidadoso da próxima vez. — o alerto e quando tento me afastar sinto as pernas dele se entrelaçarem em volta do meu quadril.
Lanço a ele um olhar intrigado, mas sou ignorada. Seus dedos deslizam delicadamente pela pele do meu rosto e acabo fechando os olhos querendo apenas degustar a sensação.
— ?! — o advirto, porque sei que a possibilidade disso acabar mal é considerável.
— Eu sinto tanto sua falta, pequena. — ele sussurra e percebo uma nota de tristeza em sua voz.
Sou tomada por uma vontade absurda de dizer que sinto o mesmo, mas antes que eu possa fazê-lo, Yago e Luiza entram na cozinha.
— Pelo visto a comida vai demorar a sair. — meu irmão comenta, um tanto quanto malicioso.
Afasto-me de rapidamente, mas não consigo prestar atenção na resposta que ele dá a Yago. Estou absorta demais em meus pensamentos para conseguir me concentrar em outra coisa.
Gostaria de entender apenas que sentimento é esse que faz meu coração praticamente sair pela boca quando estou próxima a . Não entendo como alguém pode fazer tanta falta a ponto de você duvidar que seja capaz de seguir em frente sem a sua companhia.
A única certeza que tenho é a de que nunca senti nada parecido. E que existe algo dentro de mim afirmando com convicção que nunca sentirei a mesma coisa por qualquer outra pessoa que não seja .
O que foi que esse homem fez comigo?
Termino de preparar o jantar sem muita animação. Vejo todos se servirem e engatarem uma conversa animada, mas a única coisa que consigo fazer é remexer na comida que está em meu prato.
— Está maravilhoso! Você já pode casar, . — minha cunhada comenta e pelo seu tom de voz, parece estar sendo sincera.
— Obrigada! — agradeço, com um sorriso tímido nos lábios.
— Acho que devo me candidatar a marido. — declara, fitando-me com atenção.
Sinto minhas bochechas corarem.
— Pare de dar em cima da minha irmã! — Yago retruca visivelmente animado.
— Não estou me sentindo bem. Se vocês não se importarem vou subir para meu quarto. — comunico em um murmúrio.
— Você ao menos tocou na comida. — meu aspirante a marido observa, encarando-me pouco satisfeito.
— Estou sem fome. Mais tarde faço um lanche. — sorrio tentando parecer convincente e me retiro da cozinha antes que mais alguém faça uma reclamação.
Deito em minha cama e acabo me recordando de uma parte da conversa que eu e tivemos na noite em que lhe contei sobre meu passado.
"Você disse que me amava e eu só fui capaz de machucá-lo", eu tinha dito a ele.
"E apesar disso, eu continuo sentindo o mesmo por você. Isso sim é amor, ", ele me respondeu de forma bastante convicta.
Será que o que estou sentindo por ele é amor?
Balanço a cabeça bruscamente querendo afastar o pensamento intruso.
É claro que não!
— ? — levo um pequeno susto quando vejo apoiado no batente da porta do meu quarto.
— Pode entrar. — falo enquanto me sento na cama.
Ele vem até mim e se acomoda ao meu lado.
— Está tudo bem?
— Sim. — acabo mentindo. — Só estou com um pouco de dor de cabeça.
— Quer que eu traga um remédio?
— Não precisa. Logo vai passar. — respondo, dando a ele um sorriso de canto. — Você continua se preocupando comigo da mesma maneira que antigamente.
— E sempre vou me preocupar.
— Gosto de saber disso.
— Não quero que nada aconteça a você.
— Por quê?
— Porque você é importante para mim. — ele diz, fitando-me com ternura. — Você tem algum compromisso para amanhã?
— Acredito que não. — dou de ombros, estranhando a repentina mudança de assunto.
— Quero te levar a um lugar.
— Posso saber em que lugar?
— Não.
— , por favor. — peço, mal conseguindo esconder a curiosidade.
— Considere isso como uma surpresa.
— Pois bem, não posso aceitar seu convite sem saber para onde vamos.
— ?! — ele me repreende, com um sorriso discreto nos lábios. — Você vem comigo ou não?
— Vou. — acabo cedendo, desejando aproveitar qualquer momento a mais ao lado dele. — Mas eu realmente acho que você deveria me contar para onde vamos.
— Você irá descobrir amanhã.
— Isso é completamente injusto!
— Eu sei. — ele ri, esbarrando levemente seu ombro no meu. — Passo bem cedinho para te pegar.
— Conte-me, por favor. — insisto uma última vez.
finge não ouvir meu apelo. Apenas deposita um beijo entre meus cabelos e se levanta.
— Até amanhã, .
— Até amanhã, . — suspiro, derrotada.
Capítulo 30
Não é de se estranhar que passei a noite praticamente em claro. A curiosidade unida a algumas perguntas sem respostas rodeiam minha cabeça de forma persistente.
O sol mal desponta e eu acabo levantando. Arrumo-me e sigo para a sala. Ligo a TV e me pego assistindo a um programa qualquer. A impressão que tenho é a de que os ponteiros do relógio decidiram parar.
Depois do que parece um século ouço a campainha tocar. Praticamente corro até a porta.
— Bom dia! — o homem mais incrível desse mundo abre um sorriso caloroso e por um instante minha respiração falha.
— Bom dia. — respondo e espero que minha cara de idiota não me denuncie.
Como alguém consegue ser tão bonito às sete e meia da manhã?
— Você já está pronta? — ele indaga e apenas assinto incapaz de esconder minha curiosidade.
Entramos no carro e depois de pouco mais de dez minutos paramos em frente a um lugar que faz apenas com que minha confusão aumente.
— Um hospital? — sussurro, sem conseguir entender o que estamos prestes a fazer.
não fala nada, apenas desce do carro e quando me dou conta, ele já abriu a porta para mim.
— Você vem comigo? — ele pergunta, estendo sua mão em minha direção. — Confie em mim. — diz, possivelmente percebendo minha hesitação.
Solto um longo suspiro, mas acabo entrelaçando meus dedos aos dele. Contudo, o fato de eu estar caminhando em direção a algo que desconheço, me deixa nervosa.
— O que você pretende com isso? — disparo, parando abruptamente.
— Eu preciso arriscar, . — ele praticamente sussurra, apertando ainda mais minha mão, na tentativa de me acalmar.
— Arriscar?!
— Exatamente. — confirma, com os olhos atentos aos meus. — Um dia Yago me disse que eu sou o único capaz de ajudá-la. Não me peça porque, sei apenas que preciso tentar. Você não é um caso perdido para mim. Eu não consigo acreditar que aquela garota que foi jantar lá em casa, desapareceu. Nosso namoro pode ter começado pelo motivo errado, mas os momentos que compartilhamos foram verdadeiros. Mesmo que você negue, eu senti paixão em seus beijos.
— Diga-me o que você quer. — falo, percebendo certa tristeza no fundo dos seus olhos.
— Quero que você confie em mim. — clama novamente e percebo o quanto isso é importante para ele.
— Eu confio. — sussurro da forma mais sincera que consigo.
Isso parece suficiente para ele.
Deixo-me levar, literalmente. me guia pelas alas do hospital, mas mal consigo prestar atenção para onde estamos indo. Seguro sua mão e o observo conversar com cada pessoa que nos aborda. Ao que parece não é a primeira visita que ele está fazendo ao lugar.
não desistiu de mim.
O pensamento me dá novo ânimo. Estou aliviada por saber que ele ainda deseja que eu volte a ser sua pequena. Quero desesperadamente atender a esse desejo dele.
— Já estamos chegando. — ele avisa, percebido minha ansiedade.
— Estou curiosa.
— Quero que você conheça algumas pessoas. — comunica, assim que paramos em frente a uma enorme porta de correr. — Esses são meus pequenos anjos.
A porta se abre e por uma fração de segundos meu mundo parece congelar. Algumas crianças caminham em nossa direção e abraçam animadamente . Solto sua mão e o vejo retribuir o carinho com o sorriso mais sincero que já vi em seus lábios.
Não demora a que a atenção de todos se voltem para mim e só então percebo que ainda estou parada em meu lugar, feito uma estátua.
— Oi. — dou um aceno com a mão e os pequenos abrem um sorriso caloroso para mim.
— Ela é sua namorada? — uma garotinha pergunta a , lançando em minha direção um olhar desconfiado.
— Sou apenas uma amiga. — respondo, percebendo que parece não saber o que dizer.
— O nome dela é . — acrescenta, aproveitando a oportunidade. — E estava ansiosa para conhecer vocês.
Sou recebida de forma calorosa. Em meio às crianças o tempo torna-se apenas um detalhe insignificante e todos, absolutamente, todos meus problemas parecem desaparecer. tem razão em chamá-los de anjos, porque é exatamente isso que eles são.
Depois de participar de algumas brincadeiras, sento-me no chão e aproveito o momento para observar as crianças em minha volta com atenção.
— Posso sentar no seu colo? — um pequeno, cujo nome é Gabriel pergunta, um pouco sem jeito.
— É claro que sim. — sorrio estendendo meus braços em sua direção.
— Você e tio não são apenas amigos. — ele afirma convicto, depois de se acomodar em meu colo.
— Somos sim, Gabi. — respondo, sentindo-me um pouco constrangida com a situação.
Agradeço mentalmente por não estar na sala agora. Não sei o que faria se ele estivesse escutando a conversa.
— Você não deveria mentir. — ele me adverte, como se eu fosse à criança e ele o adulto.
— Por que você acha isso? — questiono, querendo entender os motivos que levaram Gabriel a chegar a tal conclusão.
— Não sei. Apenas consigo ver o quanto vocês se amam. — ele responde, como se a questão toda não passasse de algo muito simples.
Nunca imaginei que alguém tão pequeno e frágil conseguiria me deixar sem palavras e responder todas as perguntas que antes eu julgava impossível de solucionar.
Não sou capaz de precisar quanto tempo se passou desde que Gabriel adormeceu em meu colo. Sei apenas, que foi tempo suficiente para a sala se esvaziar. Aproveito para observar essa pequena criatura deitada em meus braços, com os olhos fechados, respirando calmamente e possivelmente perdido em seu mundo de sonhos.
Desde minha chegada venho segurando as lágrimas, mas agora parece impossível de controlá-las. O silêncio persistente que envolve a sala é interrompido apenas pelos meus soluços desolados.
— ! — meu nome é sussurrado pela pessoa que me trouxe aqui.
Deixo pegar Gabriel e colocá-lo, ainda adormecido, em uma cama. Em seguida, ele volta até mim e me ajuda a levantar do chão.
— Elas são apenas crianças! — soluço, sentindo minhas forças se esvaírem.
— Crianças que apesar de terem uma das piores doenças estão sempre com um sorriso no rosto. — ele me fita e vejo certa apreensão em seus olhos antes dele continuar. — Elas têm câncer e não culpam ninguém por isso. Elas deveriam estar revoltadas com o mundo, mas ao invés disso, estão lutando dia pós dia. E é exatamente isso que quero que você faça. — ele afirma, secando minhas lágrimas com o polegar. — Lute contra o passado!
— Você não concorda com o fato de eu culpar meu pai, não é?
— Seu pai assumiu o risco quando decidiu beber naquela noite. No entanto, se aquele caminhoneiro não tivesse sido imprudente, seus pais teriam chegado em casa. — ele argumenta, decidido a mostrar seu ponto de vista. — Seu pai não tinha a intenção de matar sua mãe. Ele a amava e esse sentimento era recíproco.
— Você não os conheceu. Não pode afirmar isso. — rebato, apertando os olhos. — Só eu vi o quanto minha mãe sofreu por causa dele.
— E mesmo que isso a machucasse, ela se manteve ao lado do seu pai. Na alegria e na tristeza. — conclui e só agora consigo perceber que no fundo ele está certo.
— Assim como você está fazendo. — murmuro, quando mais essa verdade surge em minha frente.
— Não se abandona o que se ama.
Simples assim.
Como pude ser ingênua durante tanto tempo?
É claro que o amor existe e, por mais que algumas pessoas não acreditem nele, ele sempre estará por aí, para fazer essas mesmas pessoas iguais a mim, quebrarem a cara quando perceberem que perderam aquilo que mais amaram na vida.
O sol mal desponta e eu acabo levantando. Arrumo-me e sigo para a sala. Ligo a TV e me pego assistindo a um programa qualquer. A impressão que tenho é a de que os ponteiros do relógio decidiram parar.
Depois do que parece um século ouço a campainha tocar. Praticamente corro até a porta.
— Bom dia! — o homem mais incrível desse mundo abre um sorriso caloroso e por um instante minha respiração falha.
— Bom dia. — respondo e espero que minha cara de idiota não me denuncie.
Como alguém consegue ser tão bonito às sete e meia da manhã?
— Você já está pronta? — ele indaga e apenas assinto incapaz de esconder minha curiosidade.
Entramos no carro e depois de pouco mais de dez minutos paramos em frente a um lugar que faz apenas com que minha confusão aumente.
— Um hospital? — sussurro, sem conseguir entender o que estamos prestes a fazer.
não fala nada, apenas desce do carro e quando me dou conta, ele já abriu a porta para mim.
— Você vem comigo? — ele pergunta, estendo sua mão em minha direção. — Confie em mim. — diz, possivelmente percebendo minha hesitação.
Solto um longo suspiro, mas acabo entrelaçando meus dedos aos dele. Contudo, o fato de eu estar caminhando em direção a algo que desconheço, me deixa nervosa.
— O que você pretende com isso? — disparo, parando abruptamente.
— Eu preciso arriscar, . — ele praticamente sussurra, apertando ainda mais minha mão, na tentativa de me acalmar.
— Arriscar?!
— Exatamente. — confirma, com os olhos atentos aos meus. — Um dia Yago me disse que eu sou o único capaz de ajudá-la. Não me peça porque, sei apenas que preciso tentar. Você não é um caso perdido para mim. Eu não consigo acreditar que aquela garota que foi jantar lá em casa, desapareceu. Nosso namoro pode ter começado pelo motivo errado, mas os momentos que compartilhamos foram verdadeiros. Mesmo que você negue, eu senti paixão em seus beijos.
— Diga-me o que você quer. — falo, percebendo certa tristeza no fundo dos seus olhos.
— Quero que você confie em mim. — clama novamente e percebo o quanto isso é importante para ele.
— Eu confio. — sussurro da forma mais sincera que consigo.
Isso parece suficiente para ele.
Deixo-me levar, literalmente. me guia pelas alas do hospital, mas mal consigo prestar atenção para onde estamos indo. Seguro sua mão e o observo conversar com cada pessoa que nos aborda. Ao que parece não é a primeira visita que ele está fazendo ao lugar.
não desistiu de mim.
O pensamento me dá novo ânimo. Estou aliviada por saber que ele ainda deseja que eu volte a ser sua pequena. Quero desesperadamente atender a esse desejo dele.
— Já estamos chegando. — ele avisa, percebido minha ansiedade.
— Estou curiosa.
— Quero que você conheça algumas pessoas. — comunica, assim que paramos em frente a uma enorme porta de correr. — Esses são meus pequenos anjos.
A porta se abre e por uma fração de segundos meu mundo parece congelar. Algumas crianças caminham em nossa direção e abraçam animadamente . Solto sua mão e o vejo retribuir o carinho com o sorriso mais sincero que já vi em seus lábios.
Não demora a que a atenção de todos se voltem para mim e só então percebo que ainda estou parada em meu lugar, feito uma estátua.
— Oi. — dou um aceno com a mão e os pequenos abrem um sorriso caloroso para mim.
— Ela é sua namorada? — uma garotinha pergunta a , lançando em minha direção um olhar desconfiado.
— Sou apenas uma amiga. — respondo, percebendo que parece não saber o que dizer.
— O nome dela é . — acrescenta, aproveitando a oportunidade. — E estava ansiosa para conhecer vocês.
Sou recebida de forma calorosa. Em meio às crianças o tempo torna-se apenas um detalhe insignificante e todos, absolutamente, todos meus problemas parecem desaparecer. tem razão em chamá-los de anjos, porque é exatamente isso que eles são.
Depois de participar de algumas brincadeiras, sento-me no chão e aproveito o momento para observar as crianças em minha volta com atenção.
— Posso sentar no seu colo? — um pequeno, cujo nome é Gabriel pergunta, um pouco sem jeito.
— É claro que sim. — sorrio estendendo meus braços em sua direção.
— Você e tio não são apenas amigos. — ele afirma convicto, depois de se acomodar em meu colo.
— Somos sim, Gabi. — respondo, sentindo-me um pouco constrangida com a situação.
Agradeço mentalmente por não estar na sala agora. Não sei o que faria se ele estivesse escutando a conversa.
— Você não deveria mentir. — ele me adverte, como se eu fosse à criança e ele o adulto.
— Por que você acha isso? — questiono, querendo entender os motivos que levaram Gabriel a chegar a tal conclusão.
— Não sei. Apenas consigo ver o quanto vocês se amam. — ele responde, como se a questão toda não passasse de algo muito simples.
Nunca imaginei que alguém tão pequeno e frágil conseguiria me deixar sem palavras e responder todas as perguntas que antes eu julgava impossível de solucionar.
Não sou capaz de precisar quanto tempo se passou desde que Gabriel adormeceu em meu colo. Sei apenas, que foi tempo suficiente para a sala se esvaziar. Aproveito para observar essa pequena criatura deitada em meus braços, com os olhos fechados, respirando calmamente e possivelmente perdido em seu mundo de sonhos.
Desde minha chegada venho segurando as lágrimas, mas agora parece impossível de controlá-las. O silêncio persistente que envolve a sala é interrompido apenas pelos meus soluços desolados.
— ! — meu nome é sussurrado pela pessoa que me trouxe aqui.
Deixo pegar Gabriel e colocá-lo, ainda adormecido, em uma cama. Em seguida, ele volta até mim e me ajuda a levantar do chão.
— Elas são apenas crianças! — soluço, sentindo minhas forças se esvaírem.
— Crianças que apesar de terem uma das piores doenças estão sempre com um sorriso no rosto. — ele me fita e vejo certa apreensão em seus olhos antes dele continuar. — Elas têm câncer e não culpam ninguém por isso. Elas deveriam estar revoltadas com o mundo, mas ao invés disso, estão lutando dia pós dia. E é exatamente isso que quero que você faça. — ele afirma, secando minhas lágrimas com o polegar. — Lute contra o passado!
— Você não concorda com o fato de eu culpar meu pai, não é?
— Seu pai assumiu o risco quando decidiu beber naquela noite. No entanto, se aquele caminhoneiro não tivesse sido imprudente, seus pais teriam chegado em casa. — ele argumenta, decidido a mostrar seu ponto de vista. — Seu pai não tinha a intenção de matar sua mãe. Ele a amava e esse sentimento era recíproco.
— Você não os conheceu. Não pode afirmar isso. — rebato, apertando os olhos. — Só eu vi o quanto minha mãe sofreu por causa dele.
— E mesmo que isso a machucasse, ela se manteve ao lado do seu pai. Na alegria e na tristeza. — conclui e só agora consigo perceber que no fundo ele está certo.
— Assim como você está fazendo. — murmuro, quando mais essa verdade surge em minha frente.
— Não se abandona o que se ama.
Simples assim.
Como pude ser ingênua durante tanto tempo?
É claro que o amor existe e, por mais que algumas pessoas não acreditem nele, ele sempre estará por aí, para fazer essas mesmas pessoas iguais a mim, quebrarem a cara quando perceberem que perderam aquilo que mais amaram na vida.
Capítulo 31
— Ele me levou até um hospital. — conto a Bela, enquanto a ajudo organizar a cozinha.
— Até as crianças, aposto.
— Como você sabe? — indago surpresa.
— Ele costuma visitá-las com frequência. Já comentou a respeito.
— Ele vem me surpreendendo a cada dia.
— é dono de um coração puro e gentil.
— Ao contrário de mim.
— São as diferenças que nos completam. — ela afirma, parecendo animada como há tempos não a via. — Ainda acho que vocês serão muito felizes juntos. — me mantenho em silêncio, talvez por desejar secretamente que isso realmente aconteça.
A visita que fizemos e as palavras que ouvi naquela ocasião estão mudando minha perspectiva em relação a algumas coisas. Estou inclinada a concordar com a respeito de meu pai.
Não deveria culpá-lo. E acho que somente o fiz, porque estava destruída e precisava canalizar minha raiva em alguém. Naquela circunstância, ele foi à escolha.
— Gostaria de fazer uma coisa, mas não sei se consigo sozinha. — revelo para Bela, assim que termino de secar a louça.
— Eu adoraria lhe ajudar, mas tenho uma casa inteira para limpar. — ele faz uma careta, um pouco exagerada. — Por que você não liga para ? — sugere em tom inocente.
Semicerro os olhos sabendo exatamente aonde ela quer chegar. A mulher não se importa, apenas sorri e me deixa sozinha.
Encaro o celular, tentado definir se devo ou não fazer a ligação. Concluo que se realmente vou fazer o que estou prestes a fazer, preciso de ao meu lado.
— ?! — a voz do outro lado da linha se revela um misto de surpresa e apreensão.
— Atrapalho? — pergunto um pouco insegura.
— É claro que não!
— Ah bem... É que pensei em ir a um lugar, mas não acho que tenho coragem suficiente para ir sozinha. — falo e sei que minha voz possui um tom de hesitação.
— Posso ir com você. — ele se oferece e acabo sorrindo, grata por sua disponibilidade. — Para onde você quer ir?
— Por ora, isso é segredo.
— Você vai mesmo fazer isso comigo? — ele questiona e apesar de tentar esconder noto uma ponta de diversão em sua voz.
— Vou. — afirmo, lembrando-me que ele também já fez isso comigo.
— Já tinha me esquecido quão vingativa você é.
— Não exagere.
— Eu deveria me recusar a acompanhá-la.
— Eu sei. Mas você não vai fazê-lo, não é?
— Não. — ele solta o ar. — Daqui a meia hora estou aí.
— Obrigada!
Depois de avisar a Bela que irei sair, vou para meu quarto e me arrumo apressadamente. Estou nervosa. Por isso, acabo esperando por no quintal.
— Deveríamos ir com o meu carro. — informo, assim que ele chega.
— Por quê?
— Porque você não sabe para onde estamos indo. Sendo assim, eu preciso ir dirigindo. — explico e sou surpreendida quando percebo que ele está estendo a chave do seu carro para mim.
— Você pode dirigir o meu.
— Tem certeza? — indago, porque sei bem como os homens são em relação a seus carros.
— Claro. — ele dá de ombros, encaminhando-se para a porta do carroneiro.
O percurso que faço não é tão distante e assim que chego a meu destino, sinto a tensão tomar conta do ar. Encaro e percebo uma mistura de confusão e nervosismo em sua expressão.
— Você tem razão. — falo com o objetivo de explicar porque estamos aqui. — Meu pai não teve culpa. Eu sei que é um pouco tarde para isso, mas acho que devo me desculpar por ter jogado essa responsabilidade sobre ele.
não diz nada, apenas desafivela nossos cintos e me abraça. Acho que finalmente estou fazendo algo certo e ele parece se orgulhar disso.
Entramos no cemitério de mãos dadas. ainda está namorando, mas parece cada vez mais difícil esconder o que sentimos um pelo outro. Ao contrário de antes, já não estou mais tão magoada pelo fato de ele estar com outra. É claro que eu queria que ele estivesse comigo, no entanto, antes de tentarmos novamente, eu preciso mudar.
— Sinto tanta saudade deles. — murmuro entre lágrimas.
Estamos parados em frente às lápides dos túmulos de meus pais. está ao meu lado, com a mão repousando em minha cintura.
— Eu sei. — ele sussurra, apertando ainda mais o braço em volta de mim, tentando me confortar.
Ficamos conversando por mais alguns minutos. Acabo descrevendo meus pais para e contando algumas das lembranças felizes que tenho do passado. Ele parece não se importar com o fato de eu estar falando descontroladamente. Pelo contrário, presta atenção em cada palavra que sai da minha boca.
— Já podemos voltar para casa. — digo, sentindo-me psicologicamente cansada.
— Claro.
— E agora você já pode se apossar do volante novamente.
— Tem certeza? — ele pergunta relutante. — Descobri que observar você dirigindo é algo fascinante.
— Você já teve a oportunidade de me admirar, agora é minha vez. — brinco, esbarrando levemente meu ombro no dele.
— Faz sentindo. — ele sorri, aceitando a chave do seu carro de volta.
— Obrigada por me acompanhar. — agradeço, assim que paramos em frente à minha casa.
— Você sabe que sempre pode contar comigo. — afirma, enfático.
— Sempre! — repito com um sorriso grato nos lábios.
Despeço-me, mas antes de deixar o quintal, espero o carro de ele desaparecer pela rua. Parte de mim deseja loucamente que nosso próximo encontro não demore a acontecer.
— E essa cara de felicidade? — Luiza questiona, assim que me vê entrando na sala.
— Não é nada. — desconverso, sentando-me junto a ela no sofá.
— Você e estão se aventurando muito ultimamente. — comenta como quem não quer nada.
— Ele tem namorada, caso você tenha esquecido. — pontuo, mas sem conseguir tirar o sorriso de meu rosto.
— Aquilo está longe de ser um namoro. — ela declara com veemência. — Eles mal se encontram e quando isso acontece, passam o tempo todo discutindo.
— Eu e também discutíamos com frequência quando estávamos juntos.
— Mas se suportavam, porque amavam um ao outro. — ela contrapõe. — Não duvido que Keila goste de , mas certamente não é algo recíproco.
— Devo ficar feliz com a notícia, afinal.
— Certamente. — ela sorri e noto que está debatendo internamente se deve ou não fazer algo. — Que mal lhe pergunte, mas posso saber para onde você e foram?
— Para o lugar menos provável de todos.
— Como assim?
— Fomos visitar o lugar que meus pais estão. Yago pode lhe contar o que aconteceu com eles. — falo, assim que percebo a presença do meu irmão.
— Você está certa disso? — ele questiona, possivelmente tendo ouvido parte da minha conversa com sua namorada.
— Sim. — afirmo com a voz confiante e em seguida, sigo para meu quarto.
— Até as crianças, aposto.
— Como você sabe? — indago surpresa.
— Ele costuma visitá-las com frequência. Já comentou a respeito.
— Ele vem me surpreendendo a cada dia.
— é dono de um coração puro e gentil.
— Ao contrário de mim.
— São as diferenças que nos completam. — ela afirma, parecendo animada como há tempos não a via. — Ainda acho que vocês serão muito felizes juntos. — me mantenho em silêncio, talvez por desejar secretamente que isso realmente aconteça.
A visita que fizemos e as palavras que ouvi naquela ocasião estão mudando minha perspectiva em relação a algumas coisas. Estou inclinada a concordar com a respeito de meu pai.
Não deveria culpá-lo. E acho que somente o fiz, porque estava destruída e precisava canalizar minha raiva em alguém. Naquela circunstância, ele foi à escolha.
— Gostaria de fazer uma coisa, mas não sei se consigo sozinha. — revelo para Bela, assim que termino de secar a louça.
— Eu adoraria lhe ajudar, mas tenho uma casa inteira para limpar. — ele faz uma careta, um pouco exagerada. — Por que você não liga para ? — sugere em tom inocente.
Semicerro os olhos sabendo exatamente aonde ela quer chegar. A mulher não se importa, apenas sorri e me deixa sozinha.
Encaro o celular, tentado definir se devo ou não fazer a ligação. Concluo que se realmente vou fazer o que estou prestes a fazer, preciso de ao meu lado.
— ?! — a voz do outro lado da linha se revela um misto de surpresa e apreensão.
— Atrapalho? — pergunto um pouco insegura.
— É claro que não!
— Ah bem... É que pensei em ir a um lugar, mas não acho que tenho coragem suficiente para ir sozinha. — falo e sei que minha voz possui um tom de hesitação.
— Posso ir com você. — ele se oferece e acabo sorrindo, grata por sua disponibilidade. — Para onde você quer ir?
— Por ora, isso é segredo.
— Você vai mesmo fazer isso comigo? — ele questiona e apesar de tentar esconder noto uma ponta de diversão em sua voz.
— Vou. — afirmo, lembrando-me que ele também já fez isso comigo.
— Já tinha me esquecido quão vingativa você é.
— Não exagere.
— Eu deveria me recusar a acompanhá-la.
— Eu sei. Mas você não vai fazê-lo, não é?
— Não. — ele solta o ar. — Daqui a meia hora estou aí.
— Obrigada!
Depois de avisar a Bela que irei sair, vou para meu quarto e me arrumo apressadamente. Estou nervosa. Por isso, acabo esperando por no quintal.
— Deveríamos ir com o meu carro. — informo, assim que ele chega.
— Por quê?
— Porque você não sabe para onde estamos indo. Sendo assim, eu preciso ir dirigindo. — explico e sou surpreendida quando percebo que ele está estendo a chave do seu carro para mim.
— Você pode dirigir o meu.
— Tem certeza? — indago, porque sei bem como os homens são em relação a seus carros.
— Claro. — ele dá de ombros, encaminhando-se para a porta do carroneiro.
O percurso que faço não é tão distante e assim que chego a meu destino, sinto a tensão tomar conta do ar. Encaro e percebo uma mistura de confusão e nervosismo em sua expressão.
— Você tem razão. — falo com o objetivo de explicar porque estamos aqui. — Meu pai não teve culpa. Eu sei que é um pouco tarde para isso, mas acho que devo me desculpar por ter jogado essa responsabilidade sobre ele.
não diz nada, apenas desafivela nossos cintos e me abraça. Acho que finalmente estou fazendo algo certo e ele parece se orgulhar disso.
Entramos no cemitério de mãos dadas. ainda está namorando, mas parece cada vez mais difícil esconder o que sentimos um pelo outro. Ao contrário de antes, já não estou mais tão magoada pelo fato de ele estar com outra. É claro que eu queria que ele estivesse comigo, no entanto, antes de tentarmos novamente, eu preciso mudar.
— Sinto tanta saudade deles. — murmuro entre lágrimas.
Estamos parados em frente às lápides dos túmulos de meus pais. está ao meu lado, com a mão repousando em minha cintura.
— Eu sei. — ele sussurra, apertando ainda mais o braço em volta de mim, tentando me confortar.
Ficamos conversando por mais alguns minutos. Acabo descrevendo meus pais para e contando algumas das lembranças felizes que tenho do passado. Ele parece não se importar com o fato de eu estar falando descontroladamente. Pelo contrário, presta atenção em cada palavra que sai da minha boca.
— Já podemos voltar para casa. — digo, sentindo-me psicologicamente cansada.
— Claro.
— E agora você já pode se apossar do volante novamente.
— Tem certeza? — ele pergunta relutante. — Descobri que observar você dirigindo é algo fascinante.
— Você já teve a oportunidade de me admirar, agora é minha vez. — brinco, esbarrando levemente meu ombro no dele.
— Faz sentindo. — ele sorri, aceitando a chave do seu carro de volta.
— Obrigada por me acompanhar. — agradeço, assim que paramos em frente à minha casa.
— Você sabe que sempre pode contar comigo. — afirma, enfático.
— Sempre! — repito com um sorriso grato nos lábios.
Despeço-me, mas antes de deixar o quintal, espero o carro de ele desaparecer pela rua. Parte de mim deseja loucamente que nosso próximo encontro não demore a acontecer.
— E essa cara de felicidade? — Luiza questiona, assim que me vê entrando na sala.
— Não é nada. — desconverso, sentando-me junto a ela no sofá.
— Você e estão se aventurando muito ultimamente. — comenta como quem não quer nada.
— Ele tem namorada, caso você tenha esquecido. — pontuo, mas sem conseguir tirar o sorriso de meu rosto.
— Aquilo está longe de ser um namoro. — ela declara com veemência. — Eles mal se encontram e quando isso acontece, passam o tempo todo discutindo.
— Eu e também discutíamos com frequência quando estávamos juntos.
— Mas se suportavam, porque amavam um ao outro. — ela contrapõe. — Não duvido que Keila goste de , mas certamente não é algo recíproco.
— Devo ficar feliz com a notícia, afinal.
— Certamente. — ela sorri e noto que está debatendo internamente se deve ou não fazer algo. — Que mal lhe pergunte, mas posso saber para onde você e foram?
— Para o lugar menos provável de todos.
— Como assim?
— Fomos visitar o lugar que meus pais estão. Yago pode lhe contar o que aconteceu com eles. — falo, assim que percebo a presença do meu irmão.
— Você está certa disso? — ele questiona, possivelmente tendo ouvido parte da minha conversa com sua namorada.
— Sim. — afirmo com a voz confiante e em seguida, sigo para meu quarto.
Capítulo 32
Eu estou tentando lutar contra o passado, mas ás vezes tenho a impressão que é impossível. Se durante o dia consigo esquecê-lo, a noite ele volta ainda mais intenso e real.
Mais uma vez desperto aos gritos e com os olhos cheios de lágrimas.
— Hey. — vejo uma silhueta conhecida se aproximar de mim e agradeço quando sinto seus braços envolverem meu corpo.
— Não suporto mais. — sussurro, mal conseguindo respirar.
— Foi só um pesadelo, pequena.
— Foi mais um pesadelo. Eles vêm todas as noites. Um carro, fogo, minha mãe gritando por ajuda e mais fogo. — aperto os olhos tentando afastar as malditas imagens que se formam em minha mente. — Só queria que isso parasse.
— Quando namorávamos você dificilmente tinha pesadelos. — ele observa, fitando-me. — Se você quiser, posso voltar a dormir com você.
— Engraçadinho! — reviro os olhos, mas não posso negar que no fundo a ideia me agrada. Sinto falta da época em que dormia sentindo o cheiro do perfume dele. — O que você estava fazendo no meu quarto?
— Estava indo ao banheiro e escutei seus gritos. — ele responde, mas sei que essa é apenas uma desculpa.
— Você estava me observando!
— É claro que não.
— ?! — o repreendo e percebo que ele está um tanto quanto sem jeito.
— Ok, eu estava! — ele confessa finalmente. — Você fica linda quando está dormindo, principalmente porque não fala tanto.
— Engoliu um palhaço no café, foi? — indago, sem esconder o tom de diversão em minha voz.
— Bem, eu só queria te convidar para sair.
— Não posso. — murmuro, afinal, mesmo gostando da companhia dele, há um detalhe que não posso esquecer.
— Por quê?
— Você tem namorada. Ela não deve estar muito feliz com nossos encontros. — falo, não porque me preocupo com ela, mas sim porque a presença de me causa alguns efeitos e na maioria das vezes é bastante difícil de controlá-los.
— Eu me entendo com ela. — resmunga parecendo zangado com o fato de eu ter tocado no assunto. — Espero você hoje à noite lá em casa.
— ... — tento argumentar, mas sou interrompida.
— Se você não aparecer, virei te buscar. — ele avisa já se retirando do cômodo.
Acabo me levantando e depois de organizar meu quarto, sigo até a sala. Encontro Yago deitado no sofá, assistindo TV.
— Bom dia! — ele sorri assim que nota minha presença.
Cumprimento-o e me sento próximo a ele.
— Recebendo visitas logo cedo...
— E o motivo desse seu tom irritado é qual mesmo? — indago, estranhando sua atitude.
— Não gosto do fato dele ainda estar namorando.
— Ainda assim ele está me ajudando. É isso que importa, Yago. — argumento enquanto acaricio os cabelos do meu irmão. — Ele me fez acreditar no amor.
— Você está falando sério? — ele questiona, lançando-me um olhar espantando.
— Sim. Talvez seja um pouco tarde para admitir, mas eu o amo.
— O que faz você achar que seja tarde?
— Eu não sei ao certo. Antes o que eu sentia era um desejo incontrolável enquanto ele me amava. Talvez a situação tenha se invertido agora.
— Não acho que esse seja o caso.
— Acho que só o tempo será capaz de dizer quem está certo.
— Não quero ver você sofrendo.
— Eu não tenho mais motivos para isso. — afirmo, com um sorriso confiante no rosto. — Mas você não me contou como foi sua conversa com Luiza.
— Não é um assunto fácil de abordar. Ela ficou em choque. Não imaginava que você tivesse passado por tantas coisas.
— Obrigada por fazer mais isso por mim.
— É para isso que servem os irmãos.
Passo o restante do dia na companhia de Yago. Já fazia um bom tempo que não ficávamos juntos, jogando conversa fora. Eu realmente estava com saudades disso. A companhia dele é capaz de me fazer voltar no tempo, para a época em que tinha meus pais ao meu lado e que minha vida era bem menos complicada.
Já começa a anoitecer quando vou para meu quarto me arrumar. Não sei explicar por que, mas enquanto dirijo até a casa de , sou tomada por uma sensação de que algo irá acontecer essa noite. Só não sei precisar se será algo bom ou ruim.
Toco a campainha e dessa vez quem atende é Mariana, a mãe de . Ela parece feliz em me ver e depois de comentar que o filho ainda não terminou de se arrumar, sugere que eu vá até o quarto dele.
Paro em frente a uma porta que conheço bem e algo dentro de mim avisa que eu não deveria estar aqui. Convenço-me de que essa será a última vez que iremos sair juntos e só então crio coragem para bater.
— Pode entrar. — ouço a voz de vindo de dentro do cômodo.
Faço o que me é dito e encontro sentado na cama, colocando seu calçado. A parte superior de seu corpo ainda está despida me proporcionando uma visão de tirar o fôlego. Só depois de alguns instantes é que tomo ciência de um detalhe.
— Você não vai sair com essa calça. — informo, antes mesmo de cumprimentá-lo.
— Por que não? — indaga e depois de se levantar, ele olha para a peça de roupa como se estivesse tentando encontrar algum defeito nela.
— Você já chama atenção suficiente quando está vestido normalmente. — argumento, tentando imaginar como as demais mulheres reagiram ao ver esse pedaço de mau caminho embrulhado em uma calça de couro justíssima.
— Não vejo problema algum no que estou usando. — ele declara, provando que continua a ser o cara mais teimoso do mundo.
Não estou disposta a perder essa batalha, contudo.
Aproximo-me de e deixo minhas mãos deslizaram sobre a pele macia do seu tronco. Fico satisfeita somente quando encontro o cós da calça que ele veste. Para resolver o problema de uma vez por todas, puxo o tecido com firmeza até ouvir o pequeno barulho de um botão caindo no chão.
— Sua namorada pode me agradecer depois. — dou de ombros ao notar seus olhos arregalados me encarando.
— Se quer me ver sem roupa, basta falar. — ele responde com um sorriso malicioso nos lábios.
— Você sabe que eu quero. — sussurro, fitando-o com firmeza. — Mas você me ensinou que nem sempre posso ter tudo o que desejo.
Deixo o quarto sentindo um enorme aperto no peito, causado pela possibilidade de que eu nunca volte a ter novamente. Eu definitivamente não sei o que será de mim se isso de fato acontecer.
— Ele ainda não está pronto? — Mariana pergunta, assim que chego à sala.
— Não. Mas já está quase. — respondo, decidida a manter o incidente com a calça em segredo.
Agradeço mentalmente quando ela inicia uma conversa cujo assunto principal é boutique e não . Entretanto, nossa conversa não se alonga, pois somos interrompidas pelo toque da companhia.
E cá estou eu, frente a meu maior problema.
— Não acredito que você está aqui! — a namorada de ruge, visivelmente nervosa.
— Keila, por favor. — Mariana intervém, parecendo constrangida.
— Eu avisei para você ficar longe dele! — a outra exclama, ignorando por completo os bons modos.
— Não vamos ter essa conversa novamente. — retruco, desejando apenas poder evitar uma confusão.
— Ele quer te esquecer. Você não percebe o quanto o machucou? Tome vergonha na cara e se afaste dele. — ela diz e acabo congelando onde estou.
Por mais egoísta que eu seja, preciso admitir que ela tem razão.
— Hey, chega disso! — a voz de chega até mim e logo em seguida sinto sua presença ao meu lado.
— Você vai ficar ao lado da mulher que te machucou ao invés de ficar ao lado da que te ama? — ela praticamente grita, zangada.
— Basta! — pronuncia, em tom ameaçador.
— Ela tem razão. — digo por fim, encarando o chão. — O único “porém” é que talvez ela não seja a única a te amar.
Saio praticamente correndo em direção ao meu carro. Ouço me chamando repetidamente, mas certamente sua namorada deve tê-lo impedido de vir atrás de mim. Pela primeira e única vez, sou grata por algo vindo dela.
Mais uma vez desperto aos gritos e com os olhos cheios de lágrimas.
— Hey. — vejo uma silhueta conhecida se aproximar de mim e agradeço quando sinto seus braços envolverem meu corpo.
— Não suporto mais. — sussurro, mal conseguindo respirar.
— Foi só um pesadelo, pequena.
— Foi mais um pesadelo. Eles vêm todas as noites. Um carro, fogo, minha mãe gritando por ajuda e mais fogo. — aperto os olhos tentando afastar as malditas imagens que se formam em minha mente. — Só queria que isso parasse.
— Quando namorávamos você dificilmente tinha pesadelos. — ele observa, fitando-me. — Se você quiser, posso voltar a dormir com você.
— Engraçadinho! — reviro os olhos, mas não posso negar que no fundo a ideia me agrada. Sinto falta da época em que dormia sentindo o cheiro do perfume dele. — O que você estava fazendo no meu quarto?
— Estava indo ao banheiro e escutei seus gritos. — ele responde, mas sei que essa é apenas uma desculpa.
— Você estava me observando!
— É claro que não.
— ?! — o repreendo e percebo que ele está um tanto quanto sem jeito.
— Ok, eu estava! — ele confessa finalmente. — Você fica linda quando está dormindo, principalmente porque não fala tanto.
— Engoliu um palhaço no café, foi? — indago, sem esconder o tom de diversão em minha voz.
— Bem, eu só queria te convidar para sair.
— Não posso. — murmuro, afinal, mesmo gostando da companhia dele, há um detalhe que não posso esquecer.
— Por quê?
— Você tem namorada. Ela não deve estar muito feliz com nossos encontros. — falo, não porque me preocupo com ela, mas sim porque a presença de me causa alguns efeitos e na maioria das vezes é bastante difícil de controlá-los.
— Eu me entendo com ela. — resmunga parecendo zangado com o fato de eu ter tocado no assunto. — Espero você hoje à noite lá em casa.
— ... — tento argumentar, mas sou interrompida.
— Se você não aparecer, virei te buscar. — ele avisa já se retirando do cômodo.
Acabo me levantando e depois de organizar meu quarto, sigo até a sala. Encontro Yago deitado no sofá, assistindo TV.
— Bom dia! — ele sorri assim que nota minha presença.
Cumprimento-o e me sento próximo a ele.
— Recebendo visitas logo cedo...
— E o motivo desse seu tom irritado é qual mesmo? — indago, estranhando sua atitude.
— Não gosto do fato dele ainda estar namorando.
— Ainda assim ele está me ajudando. É isso que importa, Yago. — argumento enquanto acaricio os cabelos do meu irmão. — Ele me fez acreditar no amor.
— Você está falando sério? — ele questiona, lançando-me um olhar espantando.
— Sim. Talvez seja um pouco tarde para admitir, mas eu o amo.
— O que faz você achar que seja tarde?
— Eu não sei ao certo. Antes o que eu sentia era um desejo incontrolável enquanto ele me amava. Talvez a situação tenha se invertido agora.
— Não acho que esse seja o caso.
— Acho que só o tempo será capaz de dizer quem está certo.
— Não quero ver você sofrendo.
— Eu não tenho mais motivos para isso. — afirmo, com um sorriso confiante no rosto. — Mas você não me contou como foi sua conversa com Luiza.
— Não é um assunto fácil de abordar. Ela ficou em choque. Não imaginava que você tivesse passado por tantas coisas.
— Obrigada por fazer mais isso por mim.
— É para isso que servem os irmãos.
Passo o restante do dia na companhia de Yago. Já fazia um bom tempo que não ficávamos juntos, jogando conversa fora. Eu realmente estava com saudades disso. A companhia dele é capaz de me fazer voltar no tempo, para a época em que tinha meus pais ao meu lado e que minha vida era bem menos complicada.
Já começa a anoitecer quando vou para meu quarto me arrumar. Não sei explicar por que, mas enquanto dirijo até a casa de , sou tomada por uma sensação de que algo irá acontecer essa noite. Só não sei precisar se será algo bom ou ruim.
Toco a campainha e dessa vez quem atende é Mariana, a mãe de . Ela parece feliz em me ver e depois de comentar que o filho ainda não terminou de se arrumar, sugere que eu vá até o quarto dele.
Paro em frente a uma porta que conheço bem e algo dentro de mim avisa que eu não deveria estar aqui. Convenço-me de que essa será a última vez que iremos sair juntos e só então crio coragem para bater.
— Pode entrar. — ouço a voz de vindo de dentro do cômodo.
Faço o que me é dito e encontro sentado na cama, colocando seu calçado. A parte superior de seu corpo ainda está despida me proporcionando uma visão de tirar o fôlego. Só depois de alguns instantes é que tomo ciência de um detalhe.
— Você não vai sair com essa calça. — informo, antes mesmo de cumprimentá-lo.
— Por que não? — indaga e depois de se levantar, ele olha para a peça de roupa como se estivesse tentando encontrar algum defeito nela.
— Você já chama atenção suficiente quando está vestido normalmente. — argumento, tentando imaginar como as demais mulheres reagiram ao ver esse pedaço de mau caminho embrulhado em uma calça de couro justíssima.
— Não vejo problema algum no que estou usando. — ele declara, provando que continua a ser o cara mais teimoso do mundo.
Não estou disposta a perder essa batalha, contudo.
Aproximo-me de e deixo minhas mãos deslizaram sobre a pele macia do seu tronco. Fico satisfeita somente quando encontro o cós da calça que ele veste. Para resolver o problema de uma vez por todas, puxo o tecido com firmeza até ouvir o pequeno barulho de um botão caindo no chão.
— Sua namorada pode me agradecer depois. — dou de ombros ao notar seus olhos arregalados me encarando.
— Se quer me ver sem roupa, basta falar. — ele responde com um sorriso malicioso nos lábios.
— Você sabe que eu quero. — sussurro, fitando-o com firmeza. — Mas você me ensinou que nem sempre posso ter tudo o que desejo.
Deixo o quarto sentindo um enorme aperto no peito, causado pela possibilidade de que eu nunca volte a ter novamente. Eu definitivamente não sei o que será de mim se isso de fato acontecer.
— Ele ainda não está pronto? — Mariana pergunta, assim que chego à sala.
— Não. Mas já está quase. — respondo, decidida a manter o incidente com a calça em segredo.
Agradeço mentalmente quando ela inicia uma conversa cujo assunto principal é boutique e não . Entretanto, nossa conversa não se alonga, pois somos interrompidas pelo toque da companhia.
E cá estou eu, frente a meu maior problema.
— Não acredito que você está aqui! — a namorada de ruge, visivelmente nervosa.
— Keila, por favor. — Mariana intervém, parecendo constrangida.
— Eu avisei para você ficar longe dele! — a outra exclama, ignorando por completo os bons modos.
— Não vamos ter essa conversa novamente. — retruco, desejando apenas poder evitar uma confusão.
— Ele quer te esquecer. Você não percebe o quanto o machucou? Tome vergonha na cara e se afaste dele. — ela diz e acabo congelando onde estou.
Por mais egoísta que eu seja, preciso admitir que ela tem razão.
— Hey, chega disso! — a voz de chega até mim e logo em seguida sinto sua presença ao meu lado.
— Você vai ficar ao lado da mulher que te machucou ao invés de ficar ao lado da que te ama? — ela praticamente grita, zangada.
— Basta! — pronuncia, em tom ameaçador.
— Ela tem razão. — digo por fim, encarando o chão. — O único “porém” é que talvez ela não seja a única a te amar.
Saio praticamente correndo em direção ao meu carro. Ouço me chamando repetidamente, mas certamente sua namorada deve tê-lo impedido de vir atrás de mim. Pela primeira e única vez, sou grata por algo vindo dela.
Capítulo 33
Imersa em lágrimas, saio sem direção. Para onde ir quando tudo parece perdido? Será possível encontrar algum espaço que não esteja contaminado pela dor e tristeza? Então me lembro de um único lugar e é para lá que vou.
A chácara continua do mesmo jeito. Antes mesmo de entrar na casa, recordo-me de que foi aqui que me chamou de pequena pela primeira vez.
Será que nunca vou esquecê-lo?
O interior do lugar está frio, por isso, a primeira coisa que faço é acender a lareira. Quando a lenha começa a chamuscar, deito-me no sofá e permito que as lágrimas caiam livremente. Essa será a última vez que choro por amor.
Fico quieta por um longo tempo, me dando uma última oportunidade de me lembrar de , até que ouço o barulho de cascalho sendo amassado indicando que um carro está chegando. Vou até a varanda e não demora para a silhueta de ganhar forma em meio à escuridão.
— Finalmente te encontrei! — ele para em minha frente e seus olhos revelam enorme irritação.
— Não deveria ao menos ter procurado. — dou as costas para ele e volto para dentro de casa.
— Você não deveria ter sumido desse jeito! — ele me repreende, seguindo-me de perto.
— Vá embora, por gentileza. — falo, desejando mentalmente conseguir vestir novamente a armadura que usei no dia em que terminamos o namoro.
— Não antes de conversarmos. — ele parece decidido e no fundo sei que ele só irá depois que fizer tudo o que veio fazer.
— Conversar sobre o quê? — disparo, querendo que nossa discussão seja a mais breve possível. — Que a sua namorada tem razão? Que nós estamos sendo dois idiotas ficando um ao lado do outro? Que estou fazendo você sofrer?
— Que tal conversarmos sobre o fato de você me amar também, pequena. — sussurra e a rouquidão de sua voz faz com que meu corpo se inunde de desejo.
— Não me chame mais assim. — resmungo indo contra os sinais que meu corpo está dando.
— É um pouco tarde para me pedir isso. — ele declara e acaba dando um novo passo em minha direção.
Desnorteada, recuo um passo também.
— Pare! Pelo amor de Deus! — imploro, porque a cada segundo que passa fica mais difícil me manter longe dele.
— Não antes de você admitir que me ama.
— E o que vai adiantar?! — falo e só então percebo que estou gritando. — Você está namorando outra porque quer me esquecer. E sinceramente, acho que você deveria.
— Em primeiro lugar, não estou mais namorando. Em segundo, fui um idiota por achar que seria capaz de apagar você da minha vida. E por fim, pare de gritar comigo. — diz, levantando as sobrancelhas de forma sugestiva.
— Não minta para mim.
— Não estou mentindo, . É você quem eu quero. O que preciso fazer para colocar isso em sua cabeça?
— E o que eu tenho que fazer para você me esquecer? — pergunto, mas cada palavra que sai da minha boca parece me corroer por dentro.
— Você sabe que isso é impossível. — retruca, aparentemente aborrecido com minha persistência.
— Agora que já conversamos, você pode ir embora?
— Ainda não terminei.
— Que inferno! — aperto os olhos, começando a me cansar disso tudo. — Me deixe em paz.
— Tem certeza que é isso que você quer?
Para cada passo que dá em minha direção, eu recuo um para trás. No entanto, ele continua a avançar e já sinto a parede gelada tocando minhas costas. Agora, já não tenho mais para onde fugir.
A grande questão é que eu e estamos finalmente discutindo. Desde o dia que voltei de Londres estou esperando por esse momento, já que sei exatamente qual é o desfecho que nossas brigas costumam ter.
— Você ainda não respondeu minha pergunta. — ele observa e só agora tomo consciência de que há apenas uma pequena faixa de ar separando meu corpo do dele.
— Não faça isso comigo, . — arfo sentindo a eletricidade vinda dele percorrendo minha pele.
— Você é minha! Desde o primeiro desentendimento, do primeiro beijo, da primeira noite de amor. — sussurra e então sinto seu corpo tocar o meu.
— As coisas não são tão simples assim.
— Elas têm de ser. — o nariz dele roça o meu e noto que sua respiração está ofegante. — Podemos ter feito tudo errado no começo, mas eu amo você. E sei que você sente o mesmo por mim.
— Eu não serei suficiente para você. — revelo meu maior medo com lágrimas nos olhos.
— Eu preciso desesperadamente de você e isso já basta. — afirmou, depositando um beijo em minha têmpora, fazendo com que eu me acalme.
— Eu amo você mais do que qualquer outra coisa no mundo e isso me assusta. — ele fecha os olhos, como se estivesse desfrutando a sensação de me ouvir dizer tais palavras.
— Eu amo você da mesma forma, pequena.
E depois de meses, meus lábios voltaram a tocar os dele. Nosso beijo é urgente, repleto de uma mistura de amor, saudade e desejo.
— Senti tanto sua falta. — ele fala, abraçando-me apertado.
— Sinto muito pelo que fiz com você. — murmuro ainda em seus braços.
— Vamos esquecer o passado e recomeçar. — propõe, agora com os lábios novamente próximos aos meus.
— Recomeçar é tudo que quero. — respondo em meio a um sorriso. — Mas agora venha comigo.
Entrelaço meus dedos nos dele e o guio até o quarto mais próximo.
— Tudo isso é saudade? — ele pergunta enquanto fecho a porta atrás de mim.
— Você não imagina o quanto.
Volto a beijá-lo de forma intensa. Minhas mãos descansam em volta do seu pescoço e sinto as dele chegarem a minha cintura. Mal posso acreditar que o tenho novamente. Sinto meu corpo responder aos toques de de uma forma muito mais rápida do que o normal.
Observo o homem mais incrível que conheci tirar sua camisa. Meu sorriso se alarga já que enfim poderei sentir sua pele deslizando entre meus dedos, sem me sentir culpada por isso. Eu o tenho. E agora não por conta de uma aposta qualquer, mas sim, porque ele me deseja tão loucamente quanto eu o desejo.
Não demora para que nossas roupas estejam amontadas no chão enquanto nós estamos na cama, matando a saudade devastadora que vínhamos sentindo. A pele sensível a cada toque, as respirações fora do compasso e os beijos ardentes deixam claro que dessa vez tudo é verdadeiro.
— Minha pequena. — ele sussurra, já exausto.
Estou deitada sobre seu corpo prestes a fechar os olhos para dormir.
— Sim... Sua. — ainda sou capaz de dizer, antes de adormecer.
Eu acordo satisfeita ao perceber que essa foi uma noite tranquila, sem qualquer pesadelo para me atormentar. E sei exatamente porque isso aconteceu. Na verdade, o grande motivo disso, está deitado ao meu lado, com o braço estendido sobre meu quadril e as pernas entrelaçadas nas minhas.
Tomando cuidado para não acordá-lo, me desvencilho e visto a camisa de que estava jogada no chão. Em seguida, vou até a sacada e observo o belo dia que está fazendo. Fecho os olhos e deixo o sol aquecer minha pele. Acho que nunca me senti tão feliz em toda minha vida.
— Bom dia. — sinto os braços de envolvendo meu corpo e seus lábios quentes em meu pescoço.
— Bom dia. — me viro, a fim de poder fitá-lo.
Percebo que ele está vestindo sua calça jeans então aproveito para colocar minha mão no bolso de trás da peça, exatamente como fiz em um de nossos primeiros encontros.
Pelo sorriso de , sei que ele lembrou-se da ocasião.
— Dormiu bem? — indago, sem querer trazer o passado à tona novamente.
— E tem como não dormir bem ao seu lado? — ele arca as sobrancelhas e vejo um brilho de malícia em seus olhos.
— Não acho que você conseguirá sair desse quarto tão cedo. — informo, novamente tomada pelo desejo.
não parece ter nenhuma objeção a respeito. Seus lábios chegam aos meus e solto um gemido quando sua língua reivindica por espaço em minha boca.
Não sei o que acontecerá daqui em diante, sei apenas que se esse homem estiver ao meu lado, serei capaz de enfrentar qualquer coisa. Estou apostando todas as minhas fichas em nós dois.
A chácara continua do mesmo jeito. Antes mesmo de entrar na casa, recordo-me de que foi aqui que me chamou de pequena pela primeira vez.
Será que nunca vou esquecê-lo?
O interior do lugar está frio, por isso, a primeira coisa que faço é acender a lareira. Quando a lenha começa a chamuscar, deito-me no sofá e permito que as lágrimas caiam livremente. Essa será a última vez que choro por amor.
Fico quieta por um longo tempo, me dando uma última oportunidade de me lembrar de , até que ouço o barulho de cascalho sendo amassado indicando que um carro está chegando. Vou até a varanda e não demora para a silhueta de ganhar forma em meio à escuridão.
— Finalmente te encontrei! — ele para em minha frente e seus olhos revelam enorme irritação.
— Não deveria ao menos ter procurado. — dou as costas para ele e volto para dentro de casa.
— Você não deveria ter sumido desse jeito! — ele me repreende, seguindo-me de perto.
— Vá embora, por gentileza. — falo, desejando mentalmente conseguir vestir novamente a armadura que usei no dia em que terminamos o namoro.
— Não antes de conversarmos. — ele parece decidido e no fundo sei que ele só irá depois que fizer tudo o que veio fazer.
— Conversar sobre o quê? — disparo, querendo que nossa discussão seja a mais breve possível. — Que a sua namorada tem razão? Que nós estamos sendo dois idiotas ficando um ao lado do outro? Que estou fazendo você sofrer?
— Que tal conversarmos sobre o fato de você me amar também, pequena. — sussurra e a rouquidão de sua voz faz com que meu corpo se inunde de desejo.
— Não me chame mais assim. — resmungo indo contra os sinais que meu corpo está dando.
— É um pouco tarde para me pedir isso. — ele declara e acaba dando um novo passo em minha direção.
Desnorteada, recuo um passo também.
— Pare! Pelo amor de Deus! — imploro, porque a cada segundo que passa fica mais difícil me manter longe dele.
— Não antes de você admitir que me ama.
— E o que vai adiantar?! — falo e só então percebo que estou gritando. — Você está namorando outra porque quer me esquecer. E sinceramente, acho que você deveria.
— Em primeiro lugar, não estou mais namorando. Em segundo, fui um idiota por achar que seria capaz de apagar você da minha vida. E por fim, pare de gritar comigo. — diz, levantando as sobrancelhas de forma sugestiva.
— Não minta para mim.
— Não estou mentindo, . É você quem eu quero. O que preciso fazer para colocar isso em sua cabeça?
— E o que eu tenho que fazer para você me esquecer? — pergunto, mas cada palavra que sai da minha boca parece me corroer por dentro.
— Você sabe que isso é impossível. — retruca, aparentemente aborrecido com minha persistência.
— Agora que já conversamos, você pode ir embora?
— Ainda não terminei.
— Que inferno! — aperto os olhos, começando a me cansar disso tudo. — Me deixe em paz.
— Tem certeza que é isso que você quer?
Para cada passo que dá em minha direção, eu recuo um para trás. No entanto, ele continua a avançar e já sinto a parede gelada tocando minhas costas. Agora, já não tenho mais para onde fugir.
A grande questão é que eu e estamos finalmente discutindo. Desde o dia que voltei de Londres estou esperando por esse momento, já que sei exatamente qual é o desfecho que nossas brigas costumam ter.
— Você ainda não respondeu minha pergunta. — ele observa e só agora tomo consciência de que há apenas uma pequena faixa de ar separando meu corpo do dele.
— Não faça isso comigo, . — arfo sentindo a eletricidade vinda dele percorrendo minha pele.
— Você é minha! Desde o primeiro desentendimento, do primeiro beijo, da primeira noite de amor. — sussurra e então sinto seu corpo tocar o meu.
— As coisas não são tão simples assim.
— Elas têm de ser. — o nariz dele roça o meu e noto que sua respiração está ofegante. — Podemos ter feito tudo errado no começo, mas eu amo você. E sei que você sente o mesmo por mim.
— Eu não serei suficiente para você. — revelo meu maior medo com lágrimas nos olhos.
— Eu preciso desesperadamente de você e isso já basta. — afirmou, depositando um beijo em minha têmpora, fazendo com que eu me acalme.
— Eu amo você mais do que qualquer outra coisa no mundo e isso me assusta. — ele fecha os olhos, como se estivesse desfrutando a sensação de me ouvir dizer tais palavras.
— Eu amo você da mesma forma, pequena.
E depois de meses, meus lábios voltaram a tocar os dele. Nosso beijo é urgente, repleto de uma mistura de amor, saudade e desejo.
— Senti tanto sua falta. — ele fala, abraçando-me apertado.
— Sinto muito pelo que fiz com você. — murmuro ainda em seus braços.
— Vamos esquecer o passado e recomeçar. — propõe, agora com os lábios novamente próximos aos meus.
— Recomeçar é tudo que quero. — respondo em meio a um sorriso. — Mas agora venha comigo.
Entrelaço meus dedos nos dele e o guio até o quarto mais próximo.
— Tudo isso é saudade? — ele pergunta enquanto fecho a porta atrás de mim.
— Você não imagina o quanto.
Volto a beijá-lo de forma intensa. Minhas mãos descansam em volta do seu pescoço e sinto as dele chegarem a minha cintura. Mal posso acreditar que o tenho novamente. Sinto meu corpo responder aos toques de de uma forma muito mais rápida do que o normal.
Observo o homem mais incrível que conheci tirar sua camisa. Meu sorriso se alarga já que enfim poderei sentir sua pele deslizando entre meus dedos, sem me sentir culpada por isso. Eu o tenho. E agora não por conta de uma aposta qualquer, mas sim, porque ele me deseja tão loucamente quanto eu o desejo.
Não demora para que nossas roupas estejam amontadas no chão enquanto nós estamos na cama, matando a saudade devastadora que vínhamos sentindo. A pele sensível a cada toque, as respirações fora do compasso e os beijos ardentes deixam claro que dessa vez tudo é verdadeiro.
— Minha pequena. — ele sussurra, já exausto.
Estou deitada sobre seu corpo prestes a fechar os olhos para dormir.
— Sim... Sua. — ainda sou capaz de dizer, antes de adormecer.
Eu acordo satisfeita ao perceber que essa foi uma noite tranquila, sem qualquer pesadelo para me atormentar. E sei exatamente porque isso aconteceu. Na verdade, o grande motivo disso, está deitado ao meu lado, com o braço estendido sobre meu quadril e as pernas entrelaçadas nas minhas.
Tomando cuidado para não acordá-lo, me desvencilho e visto a camisa de que estava jogada no chão. Em seguida, vou até a sacada e observo o belo dia que está fazendo. Fecho os olhos e deixo o sol aquecer minha pele. Acho que nunca me senti tão feliz em toda minha vida.
— Bom dia. — sinto os braços de envolvendo meu corpo e seus lábios quentes em meu pescoço.
— Bom dia. — me viro, a fim de poder fitá-lo.
Percebo que ele está vestindo sua calça jeans então aproveito para colocar minha mão no bolso de trás da peça, exatamente como fiz em um de nossos primeiros encontros.
Pelo sorriso de , sei que ele lembrou-se da ocasião.
— Dormiu bem? — indago, sem querer trazer o passado à tona novamente.
— E tem como não dormir bem ao seu lado? — ele arca as sobrancelhas e vejo um brilho de malícia em seus olhos.
— Não acho que você conseguirá sair desse quarto tão cedo. — informo, novamente tomada pelo desejo.
não parece ter nenhuma objeção a respeito. Seus lábios chegam aos meus e solto um gemido quando sua língua reivindica por espaço em minha boca.
Não sei o que acontecerá daqui em diante, sei apenas que se esse homem estiver ao meu lado, serei capaz de enfrentar qualquer coisa. Estou apostando todas as minhas fichas em nós dois.
Capítulo 34
Quinze dias se passaram desde a noite inesquecível que eu e tivemos na chácara. Nós estamos juntos, mas não confirmamos claramente quando as pessoas perguntam se estamos namorando. Contudo, o anel que antes estava em meu pescoço, voltou para meu dedo.
— Vamos sair hoje à noite? — pergunta, quando o apresentador do programa que estamos assistindo chama o intervalo.
— Tem certeza? — faço uma careta, preferindo a comodidade do meu quarto a uma casa de shows lotada.
— Só hoje. — ele pede, um tanto quanto dengoso.
— Tudo bem. — acabo cedendo e em contrapartida sinto os lábios dele chegarem ao meu pescoço.
— Obrigado! — ele sussurra e posso sentir seu sorriso sobre minha pele.
— Vamos para a Estação?
— Sim. Tenho algumas boas lembranças envolvendo você e aquele lugar.
— Pode apostar que você não é o único. — afirmo, recordando-me da noite em que trocamos nosso primeiro beijo.
— Sendo assim, vou para casa me arrumar e depois eu volto, está bem?
— Você deveria deixar algumas peças de roupas aqui, para ocasiões como essa. — sugiro tentando evitar futuras idas e vindas.
— Não acho que seu irmão vá aprovar a ideia.
— Meu closet, minhas regras. — declaro, sabendo que dificilmente algum dia Yago se dará ao trabalho de notar que existem roupas masculinas entre as minhas.
— Sendo assim...
Despeço-me de e sigo para meu quarto a fim de me arrumar. Dessa vez, capricho um pouco mais porque quero estar à altura do homem estonteante que tenho.
— Ainda não consegui me acostumar com a sua beleza. — a voz de chega até mim enquanto ainda estou terminando de fazer minha maquiagem.
Pelo espelho, o vejo recostado de forma bastante relaxada no batente da porta. Ele definitivamente deve ser alguém fora de série.
— Acho que posso dizer o mesmo de você.
— Um elogio vindo de você é algo a se considerar.
— Convenhamos que estou sendo bem mais bondosa ultimamente.
— Sim, não posso negar.
— Você trouxe suas coisas? — indago quando percebo que há a alça de uma mochila pendurada em seu ombro.
— Como você sugeriu.
— Vou tentar encontrar um espaço para elas amanhã. — dou a ele uma piscadela e volto minha atenção para o que estava fazendo antes da sua chegada.
Levo menos de dez minutos para ficar pronta e só então seguimos para nosso destino.
A Estação está realmente lotada nessa noite e apesar de se esforçar para ficar ao meu lado pelo máximo de tempo possível, volte e meia acaba sendo obrigado a me deixar para ajudar Yago a resolver pequenos contratempos.
Não me importo com isso, já que sei que esse é o seu trabalho.
Estou sozinha, sentada em uma mesa próxima ao bar, mesa essa que por coincidência é a mesma que ouvi me contar a respeito dos problemas que lhe causei com a namorada. A impressão que tenho é que isso aconteceu há pelo menos uma década atrás e não somente há alguns meses.
Deixo as lembranças para trás quando noto um moreno, que não parece ser tão estranho, lançando olhares persistentes em minha direção. Quando o vejo se dirigir até minha mesa, sou tomada pela certeza de que isso não vai acabar bem.
— Olá. — ele me cumprimenta, sentando-se na cadeira ao lado.
Apenas lhe dou um sorriso forçado, rezando mentalmente para que demore mais um pouco para retornar.
— Você se lembra de mim?
— Deveria? — pergunto, odiando logo de cara o rumo que nossa conversa está tendo.
— Bem, da última vez que nos encontramos aqui, tivemos uma noite bastante agradável. — comenta, com um toque sugestivo na voz.
Inferno!
Quase digo a ele que não tenho obrigação alguma de me lembrar da fisionomia de cada cara que beijei (que não devem ter sido poucos, diga-se de passagem), mas me contenho quando lembro que também dei a ele o número errado do meu telefone.
Por que os homens têm tanta dificuldade em aceitar um fora?
— ? — meu nome sendo pronunciado em tom interrogativo, pela única pessoa no mundo que tem razões para não querer me ver na companhia de outra pessoa, só pode indicar uma coisa: problemas. — Não vai me apresentar seu amigo?
— Ele não é meu amigo. — respondo, mas pela maneira com que o rosto de se contorce, sei que fiz besteira.
— Não?! — ele diz, empregando uma nota de surpresa em sua voz. — Então o que é?
— Ela não precisa ficar lhe dando satisfações. — o homem ao meu lado se pronuncia pela primeira vez.
— Ah sim! Parece que ele é seu defensor. — retruca e vejo um vinco se firmar em sua testa quando o moreno intrometido se levanta, parecendo disposto a resolver as coisas de uma forma pouco civilizada.
Por uma questão de segurança, levanto-me também e me coloco entre os dois. Encaro em um pedido silencioso para que ele não haja de forma impulsiva. Tenho uma explicação para isso, só preciso de uma oportunidade para fazê-la.
solta um longo suspiro e percebo aliviada que ele entendeu meu recado.
— Estou indo para casa. Você vem comigo? — ele questiona, estendendo sua mão para mim.
— Claro. — respondo prontamente, entrelaçando meus dedos aos dele.
Antes de seguir até o estacionamento ainda noto lançado um olhar zangado para seu oponente e acabo puxando-o mais depressa em direção à saída, sabendo que terei um mal entendido enorme para resolver.
O homem que se senta ao meu lado no carro não parece estar nenhum pouco aberto para o diálogo. Sei que a situação o deixou nervoso, mas sei também que logo ele irá se acalmar. Por isso, opto por me manter em silêncio.
Assim que saímos da casa de show, nos deparamos com uma blitz. O policial faz sinal para pararmos e ainda ouço resmungar um "Droga de dia!", antes de baixar o vidro.
— Seus documentos e os documentos do carro, por favor. — o policial pede em tom sério.
— Os documentos do carro estão no porta-luvas, você pode me alcançar? — se dirige a mim enquanto tira sua carteira do bolso da calça jeans.
Encontro a case onde estão os documentos e entrego a ele, no entanto, meus olhos acabam se prendendo a uma pequena caixa, praticamente escondida no fundo do pequeno espaço.
— Você não deveria ficar mexendo nas minhas coisas. — sou repreendida ao ser pega em flagrante.
Não notei que havíamos sido liberados e como minha curiosidade costuma ser maior do que meu controle eu acabei pegando a pequena caixa para verificar o que havia dentro.
— Tecnicamente isso não é para ser só seu. — aponto, com os olhos vidrados nas duas alianças de compromisso.
Mal consigo conter a felicidade.
— Eu teria lhe pedido em namoro hoje, se a noite não tivesse tomando o rumo que tomou. — ele confessa e ainda consigo sentir o tom de decepção em sua voz.
— Eu fiquei com aquele cara na noite em que vi você pela primeira vez. — decido usar a oportunidade para me explicar. — Na época eu não achava que seria capaz de suportar um homem por mais de uma noite, então, quando eles pediam meu número, eu sempre passava um errado. Foi uma regra que criei.
— Você fez isso com ele também?
— Sim. Ele não foi o primeiro homem que eu reencontrei e que se recusou a aceitar o fato de ter levado um fora. Se você não tivesse chegado, garanto que ele tocaria no assunto em um tom que iria sugerir que tudo não passou de um grande engano. — conto relembrando das outras vezes que isso aconteceu, o que me faz revirar os olhos.
Homens!
— Ele estava praticamente lhe devorando com os olhos. — diz e noto que ele está segurando o volante com mais força do que seria necessário.
— Estou bastante satisfeita com o namorado que tenho. — respondo, colocando minha mão sobre sua coxa.
— Eu ainda não fiz o pedido. — ele murmura, mas posso ver a sombra de um sorriso em seu rosto.
— É uma pena, porque eu já aceitei.
— Você costumava ser um pouco mais modesta antigamente. — ele afirma, pegando a pequena caixa que até então estava esquecida em meu colo e a guardado no compartimento que fica na porta do carro.
Finjo não me importar com sua atitude, mas tudo o que desejo é poder lhe dar uns bons tapas e ensiná-lo a não ser tão orgulhoso, para variar.
Quando ele estaciona em frente à minha casa, desço e caminho em direção à entrada sem ao menos esperá-lo. Sim! Estou me sentindo frustrada.
— ? — dessa vez meu nome é pronunciado em meio a um tom de divertimento.
Viro-me e encontro apoiado ao capô do carro, com um sorriso perfeito nos lábios e segurando algo na mão. Rolo os olhos ao notar que até mesmo em um momento desse ele consegue ser petulante.
— Você continua sendo o mesmo convencido de sempre! — faço questão de deixar claro, assim que me aproximo novamente dele.
— Pois bem, você deveria ter analisado os prós e os contras antes de aceitar a namorar comigo.
— Pelo que eu bem me lembre, você ainda não fez nenhum pedido.
— Quero começar do modo certo dessa vez. Pequena... — ele começa, entrelaçando sua mão na minha. — Quero namorar você porque a amo. Porque minha vida ganhou um novo sentindo ao seu lado e porque quero fazer de você à mulher mais feliz desse mundo. Mas para isso, preciso saber se você aceita namorar comigo?
— Estou certa que você já sabe a resposta, mas em todo o caso, ela continua sendo sim. — declaro encerrando com a distância que separa nossas bocas.
— Vamos sair hoje à noite? — pergunta, quando o apresentador do programa que estamos assistindo chama o intervalo.
— Tem certeza? — faço uma careta, preferindo a comodidade do meu quarto a uma casa de shows lotada.
— Só hoje. — ele pede, um tanto quanto dengoso.
— Tudo bem. — acabo cedendo e em contrapartida sinto os lábios dele chegarem ao meu pescoço.
— Obrigado! — ele sussurra e posso sentir seu sorriso sobre minha pele.
— Vamos para a Estação?
— Sim. Tenho algumas boas lembranças envolvendo você e aquele lugar.
— Pode apostar que você não é o único. — afirmo, recordando-me da noite em que trocamos nosso primeiro beijo.
— Sendo assim, vou para casa me arrumar e depois eu volto, está bem?
— Você deveria deixar algumas peças de roupas aqui, para ocasiões como essa. — sugiro tentando evitar futuras idas e vindas.
— Não acho que seu irmão vá aprovar a ideia.
— Meu closet, minhas regras. — declaro, sabendo que dificilmente algum dia Yago se dará ao trabalho de notar que existem roupas masculinas entre as minhas.
— Sendo assim...
Despeço-me de e sigo para meu quarto a fim de me arrumar. Dessa vez, capricho um pouco mais porque quero estar à altura do homem estonteante que tenho.
— Ainda não consegui me acostumar com a sua beleza. — a voz de chega até mim enquanto ainda estou terminando de fazer minha maquiagem.
Pelo espelho, o vejo recostado de forma bastante relaxada no batente da porta. Ele definitivamente deve ser alguém fora de série.
— Acho que posso dizer o mesmo de você.
— Um elogio vindo de você é algo a se considerar.
— Convenhamos que estou sendo bem mais bondosa ultimamente.
— Sim, não posso negar.
— Você trouxe suas coisas? — indago quando percebo que há a alça de uma mochila pendurada em seu ombro.
— Como você sugeriu.
— Vou tentar encontrar um espaço para elas amanhã. — dou a ele uma piscadela e volto minha atenção para o que estava fazendo antes da sua chegada.
Levo menos de dez minutos para ficar pronta e só então seguimos para nosso destino.
A Estação está realmente lotada nessa noite e apesar de se esforçar para ficar ao meu lado pelo máximo de tempo possível, volte e meia acaba sendo obrigado a me deixar para ajudar Yago a resolver pequenos contratempos.
Não me importo com isso, já que sei que esse é o seu trabalho.
Estou sozinha, sentada em uma mesa próxima ao bar, mesa essa que por coincidência é a mesma que ouvi me contar a respeito dos problemas que lhe causei com a namorada. A impressão que tenho é que isso aconteceu há pelo menos uma década atrás e não somente há alguns meses.
Deixo as lembranças para trás quando noto um moreno, que não parece ser tão estranho, lançando olhares persistentes em minha direção. Quando o vejo se dirigir até minha mesa, sou tomada pela certeza de que isso não vai acabar bem.
— Olá. — ele me cumprimenta, sentando-se na cadeira ao lado.
Apenas lhe dou um sorriso forçado, rezando mentalmente para que demore mais um pouco para retornar.
— Você se lembra de mim?
— Deveria? — pergunto, odiando logo de cara o rumo que nossa conversa está tendo.
— Bem, da última vez que nos encontramos aqui, tivemos uma noite bastante agradável. — comenta, com um toque sugestivo na voz.
Inferno!
Quase digo a ele que não tenho obrigação alguma de me lembrar da fisionomia de cada cara que beijei (que não devem ter sido poucos, diga-se de passagem), mas me contenho quando lembro que também dei a ele o número errado do meu telefone.
Por que os homens têm tanta dificuldade em aceitar um fora?
— ? — meu nome sendo pronunciado em tom interrogativo, pela única pessoa no mundo que tem razões para não querer me ver na companhia de outra pessoa, só pode indicar uma coisa: problemas. — Não vai me apresentar seu amigo?
— Ele não é meu amigo. — respondo, mas pela maneira com que o rosto de se contorce, sei que fiz besteira.
— Não?! — ele diz, empregando uma nota de surpresa em sua voz. — Então o que é?
— Ela não precisa ficar lhe dando satisfações. — o homem ao meu lado se pronuncia pela primeira vez.
— Ah sim! Parece que ele é seu defensor. — retruca e vejo um vinco se firmar em sua testa quando o moreno intrometido se levanta, parecendo disposto a resolver as coisas de uma forma pouco civilizada.
Por uma questão de segurança, levanto-me também e me coloco entre os dois. Encaro em um pedido silencioso para que ele não haja de forma impulsiva. Tenho uma explicação para isso, só preciso de uma oportunidade para fazê-la.
solta um longo suspiro e percebo aliviada que ele entendeu meu recado.
— Estou indo para casa. Você vem comigo? — ele questiona, estendendo sua mão para mim.
— Claro. — respondo prontamente, entrelaçando meus dedos aos dele.
Antes de seguir até o estacionamento ainda noto lançado um olhar zangado para seu oponente e acabo puxando-o mais depressa em direção à saída, sabendo que terei um mal entendido enorme para resolver.
O homem que se senta ao meu lado no carro não parece estar nenhum pouco aberto para o diálogo. Sei que a situação o deixou nervoso, mas sei também que logo ele irá se acalmar. Por isso, opto por me manter em silêncio.
Assim que saímos da casa de show, nos deparamos com uma blitz. O policial faz sinal para pararmos e ainda ouço resmungar um "Droga de dia!", antes de baixar o vidro.
— Seus documentos e os documentos do carro, por favor. — o policial pede em tom sério.
— Os documentos do carro estão no porta-luvas, você pode me alcançar? — se dirige a mim enquanto tira sua carteira do bolso da calça jeans.
Encontro a case onde estão os documentos e entrego a ele, no entanto, meus olhos acabam se prendendo a uma pequena caixa, praticamente escondida no fundo do pequeno espaço.
— Você não deveria ficar mexendo nas minhas coisas. — sou repreendida ao ser pega em flagrante.
Não notei que havíamos sido liberados e como minha curiosidade costuma ser maior do que meu controle eu acabei pegando a pequena caixa para verificar o que havia dentro.
— Tecnicamente isso não é para ser só seu. — aponto, com os olhos vidrados nas duas alianças de compromisso.
Mal consigo conter a felicidade.
— Eu teria lhe pedido em namoro hoje, se a noite não tivesse tomando o rumo que tomou. — ele confessa e ainda consigo sentir o tom de decepção em sua voz.
— Eu fiquei com aquele cara na noite em que vi você pela primeira vez. — decido usar a oportunidade para me explicar. — Na época eu não achava que seria capaz de suportar um homem por mais de uma noite, então, quando eles pediam meu número, eu sempre passava um errado. Foi uma regra que criei.
— Você fez isso com ele também?
— Sim. Ele não foi o primeiro homem que eu reencontrei e que se recusou a aceitar o fato de ter levado um fora. Se você não tivesse chegado, garanto que ele tocaria no assunto em um tom que iria sugerir que tudo não passou de um grande engano. — conto relembrando das outras vezes que isso aconteceu, o que me faz revirar os olhos.
Homens!
— Ele estava praticamente lhe devorando com os olhos. — diz e noto que ele está segurando o volante com mais força do que seria necessário.
— Estou bastante satisfeita com o namorado que tenho. — respondo, colocando minha mão sobre sua coxa.
— Eu ainda não fiz o pedido. — ele murmura, mas posso ver a sombra de um sorriso em seu rosto.
— É uma pena, porque eu já aceitei.
— Você costumava ser um pouco mais modesta antigamente. — ele afirma, pegando a pequena caixa que até então estava esquecida em meu colo e a guardado no compartimento que fica na porta do carro.
Finjo não me importar com sua atitude, mas tudo o que desejo é poder lhe dar uns bons tapas e ensiná-lo a não ser tão orgulhoso, para variar.
Quando ele estaciona em frente à minha casa, desço e caminho em direção à entrada sem ao menos esperá-lo. Sim! Estou me sentindo frustrada.
— ? — dessa vez meu nome é pronunciado em meio a um tom de divertimento.
Viro-me e encontro apoiado ao capô do carro, com um sorriso perfeito nos lábios e segurando algo na mão. Rolo os olhos ao notar que até mesmo em um momento desse ele consegue ser petulante.
— Você continua sendo o mesmo convencido de sempre! — faço questão de deixar claro, assim que me aproximo novamente dele.
— Pois bem, você deveria ter analisado os prós e os contras antes de aceitar a namorar comigo.
— Pelo que eu bem me lembre, você ainda não fez nenhum pedido.
— Quero começar do modo certo dessa vez. Pequena... — ele começa, entrelaçando sua mão na minha. — Quero namorar você porque a amo. Porque minha vida ganhou um novo sentindo ao seu lado e porque quero fazer de você à mulher mais feliz desse mundo. Mas para isso, preciso saber se você aceita namorar comigo?
— Estou certa que você já sabe a resposta, mas em todo o caso, ela continua sendo sim. — declaro encerrando com a distância que separa nossas bocas.
Capítulo 35
— o que é isso no seu dedo? — meu irmão pergunta curioso enquanto arrumo o café.
— Uma aliança, besta! — meu namorado responde, antes que eu o faça.
Observo os dois sentados à mesa com um sorriso nos lábios. Tê-los juntos novamente, conversando de forma animada, faz com que eu me sinta completa.
— Eu sei que é uma aliança. — Yago retruca, parecendo um pouco aborrecido. — Quero saber o que ela significa.
— É apenas de compromisso. Fique tranquilo. — falo, colocando o bule de café em frente a eles.
— Sócio, melhor amigo, cunhado e namorado da minha irmã...
— É desesperador, não é? — ri e acabo me lembrando de um dia em que afirmei que não haveria a menor possibilidade de eu me envolver com ele.
Tolice da minha parte, eu sei.
Na verdade, acho que se eu não tivesse sido tão cética, teria evitado grande parte do sofrimento que causei. Bela sempre tem razão, afinal de contas. Deveria ter dado ouvidos à mulher, quando lhe contei a respeito da aposta. Ela afirmou logo de início que estava apaixonado por mim, mas o que eu fiz? Simplesmente a ignorei. E a ignorei novamente quando ela me deu motivos para acreditar que eu também estava apaixonada.
E por que fiz isso?
Não sei. Talvez eu estivesse com medo. No fundo, ainda acho que estou. Estou descobrindo um mundo novo. Estar com sem nenhum motivo oculto é completamente diferente. Antes, quando ficava irritada com ele, lembrava-me que não podia desistir da aposta e deixava o momento passar. Agora, quando isso acontece, preciso lembrar-me de todas as razões que me fizeram aceitar estar ao lado dele, de como o amo e de como a vida é difícil quando ele não está por perto.
Em resumo, as coisas não são tão fáceis, mas elas definitivamente valem a pena.
— Você acabou encontrando algo que realmente goste de fazer. — comenta enquanto gira distraidamente na cadeira que está em frente à minha mesa de trabalho na boutique.
— Você me ajudou, mesmo que indiretamente, nisso. Devo lhe agradecer. — afirmo, deixando o desenho novo que estou fazendo de lado.
— Estou aqui para isso. — ele sorri abertamente. — É bom saber que fiz algo útil por você.
— Você fez muitas coisas por mim, . Provavelmente muito mais do que imagina. — afirmo no momento em que alguém bate na porta do meu escritório.
Levanto-me e vou ver quem é. Encontro um rapaz, um pouco mais jovem do que eu, com uma pasta de documentos em mãos.
— Os relatórios financeiros. — ele fala, dirigindo-me um sorriso um tanto quanto exagerado.
— Obrigada. — agradeço, pegando a pasta e dando a ele um sorriso educado.
— Não me diga que você ficou com ele também?! — meu namorado balança a cabeça negativamente quando voltamos a estar sozinhos.
— Claro que não. Ele trabalha aqui, apenas isso.
— Por acaso você participou do recrutamento?
— Não. Inicialmente quando decidi abrir meu próprio empreendimento, achei que teria de vender a parte que tenho na empresa da minha família. No entanto, quando falei da ideia para meu tio, ele se dispôs a investir aqui. Sendo assim, toda essa parte burocrática ficou por conta deles. — explico de forma rápida.
— De todo modo, acho que posso adicionar aquele cara na lista de concorrentes. — diz, semicerrando os olhos.
— Existe uma lista então? — indago, sem esconder o tom divertido em minha voz.
se dirige até onde estou e com um brilho um tanto quanto sedento nos olhos me prensa contra uma parede. Arfo com o contato físico tão explícito.
Deus! Como eu amo esse homem!
— Pequena... — ele sussurra, com os lábios mal tocando os meus. — É tão difícil manter o controle quando se trata de você.
— Não estou pedindo que você o faça. — replico juntando nossas bocas em seguida.
Minhas mãos escorregam para debaixo da sua camisa e acabo deslizando delicadamente minhas unhas sobre sua pele macia. A resposta a minha provocação vem em forma de um gemido abafado.
— Não podemos fazer isso aqui. — balbucio quando sinto o quadril dele pressionar ainda mais o meu.
— Céus! Por que não? — ele pergunta parecendo desapontado, enquanto seus lábios envolvem o lóbulo da minha orelha.
— Esse é meu local de trabalho. — argumento, tentando me apegar ao pouco de racionalidade que ainda me resta.
— Eu vou viajar daqui a pouco, só estou tentado me despedir decentemente. — esclarece e volta a me beijar de forma urgente.
Somos interrompidos por batidas constantes na porta. parece não se importar, mas acabo me desvencilhando para ver quem é.
— Parece que estou atrapalhando o casal. — Luiza sorri timidamente, quando percebe que tenho companhia.
— Está mesmo. — o irmão dela responde, revirando os olhos.
— Exagero dele. já está quase de saída, inclusive. — intervenho, puxando a garota para dentro da sala.
— Estou? — ele pede, parecendo um pouco frustrado.
— Se não me engano, você tem uma viagem para fazer. — lembro a , porque sei que se voltarmos a ficar só, dificilmente manteremos a cabeça no lugar.
— Droga! Você tem razão! — derrotado, ele vem até mim e me dá um beijo de despedida. — Cuide-se, pequena.
— Cuide-se também e juízo. — respondo e instantaneamente vejo um sorriso diabólico surgir em seus lábios.
— Só perco o juízo quando estou com você. — sopra ao meu ouvido, aproveitando a oportunidade para me abraçar.
— Ainda estou aqui! — Luiza pigarreia, provavelmente percebendo a demora de nossa despedida.
— É uma pena que esteja. — o homem que ainda me abraça revida, mas posso apostar que ele está sorrindo.
— ?! — o repreendo mesmo assim.
— Tudo bem! — ele se afasta, erguendo os braços em sinal de redenção. — Estou indo.
Ele vai e confesso que a ideia não me agrada. Mesmo sabendo que logo o terei novamente, sua ausência faz com que eu me sinta meio perdida. Empurro o pensamento para o fundo da minha mente e me concentro no que Luiza está dizendo.
— Ele é meio insuportável às vezes. — ela comenta, mas posso notar que sua voz é carregada de afeto.
— Ainda não consegui decidir quem é mais convencido, ele ou Yago.
— É uma disputa e tanto! — ela exclama rindo.
— Resta a nós duas suportá-los.
— Não é uma missão fácil. — afirma, sentando-se na cadeira que até minutos atrás era ocupada por . — Vocês dois ficam tão bem juntos... Achei linda a aliança de compromisso que ele te deu. — comenta em tom sonhador.
Faço um lembrete mental para conversar com Yago a respeito disso.
— Ele não pediu sua ajuda quando foi comprá-las? — pergunto sem esconder a curiosidade.
— Não. Fiquei sabendo só quando vi a aliança no dedo dele.
Sorrio satisfeita.
é definitivamente uma caixinha de surpresas.
— Uma aliança, besta! — meu namorado responde, antes que eu o faça.
Observo os dois sentados à mesa com um sorriso nos lábios. Tê-los juntos novamente, conversando de forma animada, faz com que eu me sinta completa.
— Eu sei que é uma aliança. — Yago retruca, parecendo um pouco aborrecido. — Quero saber o que ela significa.
— É apenas de compromisso. Fique tranquilo. — falo, colocando o bule de café em frente a eles.
— Sócio, melhor amigo, cunhado e namorado da minha irmã...
— É desesperador, não é? — ri e acabo me lembrando de um dia em que afirmei que não haveria a menor possibilidade de eu me envolver com ele.
Tolice da minha parte, eu sei.
Na verdade, acho que se eu não tivesse sido tão cética, teria evitado grande parte do sofrimento que causei. Bela sempre tem razão, afinal de contas. Deveria ter dado ouvidos à mulher, quando lhe contei a respeito da aposta. Ela afirmou logo de início que estava apaixonado por mim, mas o que eu fiz? Simplesmente a ignorei. E a ignorei novamente quando ela me deu motivos para acreditar que eu também estava apaixonada.
E por que fiz isso?
Não sei. Talvez eu estivesse com medo. No fundo, ainda acho que estou. Estou descobrindo um mundo novo. Estar com sem nenhum motivo oculto é completamente diferente. Antes, quando ficava irritada com ele, lembrava-me que não podia desistir da aposta e deixava o momento passar. Agora, quando isso acontece, preciso lembrar-me de todas as razões que me fizeram aceitar estar ao lado dele, de como o amo e de como a vida é difícil quando ele não está por perto.
Em resumo, as coisas não são tão fáceis, mas elas definitivamente valem a pena.
— Você acabou encontrando algo que realmente goste de fazer. — comenta enquanto gira distraidamente na cadeira que está em frente à minha mesa de trabalho na boutique.
— Você me ajudou, mesmo que indiretamente, nisso. Devo lhe agradecer. — afirmo, deixando o desenho novo que estou fazendo de lado.
— Estou aqui para isso. — ele sorri abertamente. — É bom saber que fiz algo útil por você.
— Você fez muitas coisas por mim, . Provavelmente muito mais do que imagina. — afirmo no momento em que alguém bate na porta do meu escritório.
Levanto-me e vou ver quem é. Encontro um rapaz, um pouco mais jovem do que eu, com uma pasta de documentos em mãos.
— Os relatórios financeiros. — ele fala, dirigindo-me um sorriso um tanto quanto exagerado.
— Obrigada. — agradeço, pegando a pasta e dando a ele um sorriso educado.
— Não me diga que você ficou com ele também?! — meu namorado balança a cabeça negativamente quando voltamos a estar sozinhos.
— Claro que não. Ele trabalha aqui, apenas isso.
— Por acaso você participou do recrutamento?
— Não. Inicialmente quando decidi abrir meu próprio empreendimento, achei que teria de vender a parte que tenho na empresa da minha família. No entanto, quando falei da ideia para meu tio, ele se dispôs a investir aqui. Sendo assim, toda essa parte burocrática ficou por conta deles. — explico de forma rápida.
— De todo modo, acho que posso adicionar aquele cara na lista de concorrentes. — diz, semicerrando os olhos.
— Existe uma lista então? — indago, sem esconder o tom divertido em minha voz.
se dirige até onde estou e com um brilho um tanto quanto sedento nos olhos me prensa contra uma parede. Arfo com o contato físico tão explícito.
Deus! Como eu amo esse homem!
— Pequena... — ele sussurra, com os lábios mal tocando os meus. — É tão difícil manter o controle quando se trata de você.
— Não estou pedindo que você o faça. — replico juntando nossas bocas em seguida.
Minhas mãos escorregam para debaixo da sua camisa e acabo deslizando delicadamente minhas unhas sobre sua pele macia. A resposta a minha provocação vem em forma de um gemido abafado.
— Não podemos fazer isso aqui. — balbucio quando sinto o quadril dele pressionar ainda mais o meu.
— Céus! Por que não? — ele pergunta parecendo desapontado, enquanto seus lábios envolvem o lóbulo da minha orelha.
— Esse é meu local de trabalho. — argumento, tentando me apegar ao pouco de racionalidade que ainda me resta.
— Eu vou viajar daqui a pouco, só estou tentado me despedir decentemente. — esclarece e volta a me beijar de forma urgente.
Somos interrompidos por batidas constantes na porta. parece não se importar, mas acabo me desvencilhando para ver quem é.
— Parece que estou atrapalhando o casal. — Luiza sorri timidamente, quando percebe que tenho companhia.
— Está mesmo. — o irmão dela responde, revirando os olhos.
— Exagero dele. já está quase de saída, inclusive. — intervenho, puxando a garota para dentro da sala.
— Estou? — ele pede, parecendo um pouco frustrado.
— Se não me engano, você tem uma viagem para fazer. — lembro a , porque sei que se voltarmos a ficar só, dificilmente manteremos a cabeça no lugar.
— Droga! Você tem razão! — derrotado, ele vem até mim e me dá um beijo de despedida. — Cuide-se, pequena.
— Cuide-se também e juízo. — respondo e instantaneamente vejo um sorriso diabólico surgir em seus lábios.
— Só perco o juízo quando estou com você. — sopra ao meu ouvido, aproveitando a oportunidade para me abraçar.
— Ainda estou aqui! — Luiza pigarreia, provavelmente percebendo a demora de nossa despedida.
— É uma pena que esteja. — o homem que ainda me abraça revida, mas posso apostar que ele está sorrindo.
— ?! — o repreendo mesmo assim.
— Tudo bem! — ele se afasta, erguendo os braços em sinal de redenção. — Estou indo.
Ele vai e confesso que a ideia não me agrada. Mesmo sabendo que logo o terei novamente, sua ausência faz com que eu me sinta meio perdida. Empurro o pensamento para o fundo da minha mente e me concentro no que Luiza está dizendo.
— Ele é meio insuportável às vezes. — ela comenta, mas posso notar que sua voz é carregada de afeto.
— Ainda não consegui decidir quem é mais convencido, ele ou Yago.
— É uma disputa e tanto! — ela exclama rindo.
— Resta a nós duas suportá-los.
— Não é uma missão fácil. — afirma, sentando-se na cadeira que até minutos atrás era ocupada por . — Vocês dois ficam tão bem juntos... Achei linda a aliança de compromisso que ele te deu. — comenta em tom sonhador.
Faço um lembrete mental para conversar com Yago a respeito disso.
— Ele não pediu sua ajuda quando foi comprá-las? — pergunto sem esconder a curiosidade.
— Não. Fiquei sabendo só quando vi a aliança no dedo dele.
Sorrio satisfeita.
é definitivamente uma caixinha de surpresas.
Capítulo 26
Sou acordada pelo toque insistente do meu celular. Estou cansada, afinal, venho trabalhando exaustivamente para compensar a ausência do meu namorado.
Contra a vontade acabo atendendo.
— Alô. — murmuro sonolenta, sem ao menos me dar o trabalho de verificar a quem pertence o número que está me ligando.
— Oi, pequena. — ouço a voz empolgada no outro lado da linha. — Estou com saudades.
— Também estou. — respondo, enterrando-me ainda mais no meio dos lençóis.
— Qual o motivo desse desânimo?
— Você sabe que horas são? — indago, lutando para me manter acordada.
— Acho que quase duas da madrugada. — ele responde, parecendo não entender o motivo da minha pergunta.
— Pois bem, eu estou tentando dormir.
— Você não quer falar comigo? — questiona usando seu tom dengoso que bem conheço.
— A questão não é essa. Só estou trabalhando feito uma louca para aliviar a falta que você está fazendo... Estou realmente cansada.
— Faço falta mesmo?
— É claro que sim. Não muita, mas faz.
— Tinha esquecido quão insuportável você é quando está com sono. — informa e minha intuição diz que ele está sorrindo.
— Já que você sabe disso, que tal me deixar voltar a dormir? — sugiro com os lábios curvados.
— Você prefere dormir ao conversar comigo?
— Tem certeza que quer saber a resposta?
— Deus! — exclama e é como se ele estivesse na minha frente, rolando os olhos. — Ao menos sonhe comigo.
— Pode deixar. — falo e para garantir que meu namorado não se sinta rejeitado, pronuncio duas palavras cujo poder é enorme. — Amo você.
— Eu também, pequena. — sussurra e sinto o quanto minha declaração o satisfaz.
A ligação no meio da noite faz com que eu acorde um pouco mais tarde do que gostaria. Tomo um banho rápido e decido seguir direto para a boutique, planejando comprar meu café no caminho.
Contudo, quando chego à sala e encontro meu irmão, lembro-me que tenho um assunto importante para tratar com ele.
— Estou atrasada, mas preciso conversar com você. — informo, sem nem me sentar ao sofá.
— Estou ouvindo. — afirma e vejo uma expressão intrigada se formar em seu rosto.
— Você deveria "oficializar" seu namoro com Luiza. — digo, tentado ignorar a forma antiquada que as palavras têm.
— Já fiz isso. — assegura, franzindo as sobrancelhas. — No jantar que você acabou discutindo com .
— Prefiro não me lembrar desse dia. — faço uma careta, tentando reprimir algumas lembranças. — Mas de qualquer modo, estou falando disso.
Ergo minha mão e os olhos de Yago recaem sobre minha aliança de compromisso. Por um momento, tenho a sensação de que ele está profundamente perdido em seu mundo particular.
— Será? — ele questiona por fim, encarando-me com expectativa.
— Aposto que ela irá adorar. — pisco para ele, sabendo que uma das minhas missões foi cumprida.
Agora só me resta seguir até o trabalho e rezar para que não pire quando descobrir que Yago e Luiza estão seguindo os mesmos passos que nós. Afinal, os dois também se amam e cedo ou tarde meu namorado terá que se acostumar com a ideia de que irá existir outro homem na vida da sua irmã.
Opto por não mencionar nada para , considerando que dar a notícia a ele por telefone não seria uma boa ideia. Porém, a viagem dele se encerrou e finalmente o tenho de volta.
Estamos deitados no sofá, sendo aquecidos por uma coberta, já que a temperatura caiu consideravelmente. Interiormente, me pergunto se devo ou não falar com ele a respeito da relação de Yago e Luiza. Parte de mim acha que é uma boa ideia avisá-lo sobre o que irá acontecer, mas por outro lado, não vejo como.
Meu debate interior é interrompido pela chegada do meu irmão. Logo de cara meus olhos recaem para a aliança de compromisso em seu dedo. Parece que ele decidiu presentear à namorada justamente hoje.
— Yago o que é isso no seu dedo? — pergunta, indicando que não fui a única a perceber a novidade.
— Uma aliança, besta! — o outro responde, rindo alegremente e acabo associando o momento de agora ao que aconteceu há alguns dias atrás na cozinha, quando meu irmão notou o anel em minha mão.
— Nem pense em querer casar com minha irmã! — o homem ao meu lado afirma, em toda sua masculinidade.
Reviro os olhos.
— Por enquanto não estamos pensando nisso. Mas aposto que vamos nos casar antes de vocês.
Meu cérebro processa rapidamente a informação que acabei de receber. Antigamente eu detestaria ouvir a palavra aposta em qualquer circunstância, mas agora ela parece tão chamativa...
— Yago está maluco. — meu namorado resmunga, assim que voltamos a ficar sozinhos na sala.
— Deixe de ser machista e ciumento! Luiza pode muito bem fazer suas escolhas sozinha.
— Eu sei. Mas ela é tão nova ainda... — ele suspira tentando encontrar uma justificativa para sua atitude.
— Ela tem praticamente a mesma idade que eu. — pontuo, fitando-o de sobrancelhas arqueadas.
— Parece que você realmente torce para eles se casarem.
— É claro que sim. Bem como torço para que você se case comigo. — falo rapidamente, escondendo meu rosto embaixo da coberta logo em seguida.
— ?! — ele me chama, descobrindo-me.
— O que foi? — murmuro, sentido meu rosto corar.
— Você está me pedindo em casamento? — pede e tomo coragem para erguer meus olhos.
Encontro o sorriso mais radiante de todos.
— Meu irmão acabou de apostar que casaria antes de nós. Venhamos e convenhamos que eu e você somos bons em apostar.
— Tem certeza que é isso que você quer? — questiona enquanto seus dedos deslizam gentilmente pelo meu maxilar.
— Eu sei que amo você e que quero passar o resto da minha vida ao seu lado.
— Acho que isso é bastante suficiente para darmos um passo a mais na nossa relação. — ele sorri com ternura.
— Mas não quero que você se sinta pressionado a fazer isso, está bem? — digo, fitando-o atentamente. — Não faz diferença para mim se estamos namorando ou se somos casados. Quero apenas que você fique comigo.
— Eu vou ficar, pequena. Por enquanto como seu namorado, mas logo como seu marido. — declara>, beijando-me levemente. — Você é a mulher da minha vida. Quero que seja minha para sempre.
— Isso não será nada difícil. Sou sua desde sempre e continuarei sendo para sempre.
— Sendo assim, você aceita se casar comigo?
Contra a vontade acabo atendendo.
— Alô. — murmuro sonolenta, sem ao menos me dar o trabalho de verificar a quem pertence o número que está me ligando.
— Oi, pequena. — ouço a voz empolgada no outro lado da linha. — Estou com saudades.
— Também estou. — respondo, enterrando-me ainda mais no meio dos lençóis.
— Qual o motivo desse desânimo?
— Você sabe que horas são? — indago, lutando para me manter acordada.
— Acho que quase duas da madrugada. — ele responde, parecendo não entender o motivo da minha pergunta.
— Pois bem, eu estou tentando dormir.
— Você não quer falar comigo? — questiona usando seu tom dengoso que bem conheço.
— A questão não é essa. Só estou trabalhando feito uma louca para aliviar a falta que você está fazendo... Estou realmente cansada.
— Faço falta mesmo?
— É claro que sim. Não muita, mas faz.
— Tinha esquecido quão insuportável você é quando está com sono. — informa e minha intuição diz que ele está sorrindo.
— Já que você sabe disso, que tal me deixar voltar a dormir? — sugiro com os lábios curvados.
— Você prefere dormir ao conversar comigo?
— Tem certeza que quer saber a resposta?
— Deus! — exclama e é como se ele estivesse na minha frente, rolando os olhos. — Ao menos sonhe comigo.
— Pode deixar. — falo e para garantir que meu namorado não se sinta rejeitado, pronuncio duas palavras cujo poder é enorme. — Amo você.
— Eu também, pequena. — sussurra e sinto o quanto minha declaração o satisfaz.
A ligação no meio da noite faz com que eu acorde um pouco mais tarde do que gostaria. Tomo um banho rápido e decido seguir direto para a boutique, planejando comprar meu café no caminho.
Contudo, quando chego à sala e encontro meu irmão, lembro-me que tenho um assunto importante para tratar com ele.
— Estou atrasada, mas preciso conversar com você. — informo, sem nem me sentar ao sofá.
— Estou ouvindo. — afirma e vejo uma expressão intrigada se formar em seu rosto.
— Você deveria "oficializar" seu namoro com Luiza. — digo, tentado ignorar a forma antiquada que as palavras têm.
— Já fiz isso. — assegura, franzindo as sobrancelhas. — No jantar que você acabou discutindo com .
— Prefiro não me lembrar desse dia. — faço uma careta, tentando reprimir algumas lembranças. — Mas de qualquer modo, estou falando disso.
Ergo minha mão e os olhos de Yago recaem sobre minha aliança de compromisso. Por um momento, tenho a sensação de que ele está profundamente perdido em seu mundo particular.
— Será? — ele questiona por fim, encarando-me com expectativa.
— Aposto que ela irá adorar. — pisco para ele, sabendo que uma das minhas missões foi cumprida.
Agora só me resta seguir até o trabalho e rezar para que não pire quando descobrir que Yago e Luiza estão seguindo os mesmos passos que nós. Afinal, os dois também se amam e cedo ou tarde meu namorado terá que se acostumar com a ideia de que irá existir outro homem na vida da sua irmã.
Opto por não mencionar nada para , considerando que dar a notícia a ele por telefone não seria uma boa ideia. Porém, a viagem dele se encerrou e finalmente o tenho de volta.
Estamos deitados no sofá, sendo aquecidos por uma coberta, já que a temperatura caiu consideravelmente. Interiormente, me pergunto se devo ou não falar com ele a respeito da relação de Yago e Luiza. Parte de mim acha que é uma boa ideia avisá-lo sobre o que irá acontecer, mas por outro lado, não vejo como.
Meu debate interior é interrompido pela chegada do meu irmão. Logo de cara meus olhos recaem para a aliança de compromisso em seu dedo. Parece que ele decidiu presentear à namorada justamente hoje.
— Yago o que é isso no seu dedo? — pergunta, indicando que não fui a única a perceber a novidade.
— Uma aliança, besta! — o outro responde, rindo alegremente e acabo associando o momento de agora ao que aconteceu há alguns dias atrás na cozinha, quando meu irmão notou o anel em minha mão.
— Nem pense em querer casar com minha irmã! — o homem ao meu lado afirma, em toda sua masculinidade.
Reviro os olhos.
— Por enquanto não estamos pensando nisso. Mas aposto que vamos nos casar antes de vocês.
Meu cérebro processa rapidamente a informação que acabei de receber. Antigamente eu detestaria ouvir a palavra aposta em qualquer circunstância, mas agora ela parece tão chamativa...
— Yago está maluco. — meu namorado resmunga, assim que voltamos a ficar sozinhos na sala.
— Deixe de ser machista e ciumento! Luiza pode muito bem fazer suas escolhas sozinha.
— Eu sei. Mas ela é tão nova ainda... — ele suspira tentando encontrar uma justificativa para sua atitude.
— Ela tem praticamente a mesma idade que eu. — pontuo, fitando-o de sobrancelhas arqueadas.
— Parece que você realmente torce para eles se casarem.
— É claro que sim. Bem como torço para que você se case comigo. — falo rapidamente, escondendo meu rosto embaixo da coberta logo em seguida.
— ?! — ele me chama, descobrindo-me.
— O que foi? — murmuro, sentido meu rosto corar.
— Você está me pedindo em casamento? — pede e tomo coragem para erguer meus olhos.
Encontro o sorriso mais radiante de todos.
— Meu irmão acabou de apostar que casaria antes de nós. Venhamos e convenhamos que eu e você somos bons em apostar.
— Tem certeza que é isso que você quer? — questiona enquanto seus dedos deslizam gentilmente pelo meu maxilar.
— Eu sei que amo você e que quero passar o resto da minha vida ao seu lado.
— Acho que isso é bastante suficiente para darmos um passo a mais na nossa relação. — ele sorri com ternura.
— Mas não quero que você se sinta pressionado a fazer isso, está bem? — digo, fitando-o atentamente. — Não faz diferença para mim se estamos namorando ou se somos casados. Quero apenas que você fique comigo.
— Eu vou ficar, pequena. Por enquanto como seu namorado, mas logo como seu marido. — declara>, beijando-me levemente. — Você é a mulher da minha vida. Quero que seja minha para sempre.
— Isso não será nada difícil. Sou sua desde sempre e continuarei sendo para sempre.
— Sendo assim, você aceita se casar comigo?
EPÍLOGO
O sol aquece meu corpo de forma agradável. Estou deitada em uma espreguiçadeira na área da piscina da chácara. Lugar que me trouxe tantas felicidades, que foi e ainda é palco da minha história de amor.
Fecho os olhos e aproveito o momento de sossego para desfrutar das lembranças mais belas da minha vida.
— Se você casar de vestido curto, eu irei de terno preto! — fazia birra.
— Não seja idiota! — Luiza exclamou, intercedendo por mim. — estará incrível de vestido curto.
— Bem como eu estarei de terno preto. — meu noivo fazia chantagem justamente porque desde o dia que havíamos decidido casar eu havia deixado claro que não queria vê-lo no altar vestindo preto. Poderia ser paranoia minha, mas eu também sabia ser teimosa quando queria.
— Já escolhi meu vestido. — afirmei de forma bastante convicta. — E não irei trocá-lo.
— Se você aparecer na chácara de vestido curto, não vou casar. — ameaçou, lançando-me um olhar zangado.
Casar na chácara havia sido uma das poucas coisas que conseguimos decidir por unanimidade, sem qualquer desentendimento.
— E se você aparecer de preto, quem não casa sou eu! — garanti, dando as costas para ele e me dirigindo para meu quarto.
— Você não teria coragem de fazer isso. — praticamente gritou, para que eu pudesse ouvi-lo.
— Quer apostar? — gritei de volta, sentindo meus nervos à flor da pele.
Não demorou para o dia do casamento chegar. Obviamente eu e Luiza mantivemos a decisão em relação à escolha do vestido. Optamos por um sapato de salto vermelho e para completar, um arranjo de rosas da mesma cor.
— Você está deslumbrante! — Luiza exclamou assim que terminei de me arrumar. Seus olhos me indicavam que ela também estava emocionada com o momento.
— Obrigada! — agradeci, com um enorme sorriso. — Não só por me ajudar com o casamento, mas por todo o resto.
— Não me faça chorar. — a garota brincou, mas sem esconder o tom embargado de sua voz.
Luiza me acompanhou até a varanda da casa onde nos encontramos com Yago. Ele vestia um smoking e estava mais belo do que nunca.
— Deus! — ele sussurrou, assim que me viu. — ... Você está incrível!
— Você é incrível! Você fez tanto por mim... Não sei o que teria feito sem o seu apoio.
— Você teria feito o mesmo por mim. — falou, segurando minha mão de forma terna. — Espero que você seja absurdamente feliz!
— Está na hora de vocês entrarem. — fomos informados pela mulher que estava organizando a cerimônia.
Tomei uma longa lufada de ar e entrelacei meu braço no de Yago. Uma onda de emoções chegou a mim quando vi Bela e seu marido ao lado do altar. Ela estava visivelmente emocionada e naquele momento agradeci ao destino por ter me dado a oportunidade de ter junto a mim uma figura materna novamente.
Do lado oposto do altar estava Luiza, esperando por Yago. Minha cunhada e melhor amiga possuía um sorriso largo nos lábios e algo me dizia que não iria demorar para ela estar em meu lugar.
Por fim, me permiti olhar para meu futuro marido. estava usando um terno cinza escuro, seu sorriso era contagiante e seus olhos brilhavam de uma forma que eu nunca tinha visto antes.
— Trate-a com amor. — meu irmão disse a ele, quando nos aproximamos.
— Não se preocupe quanto a isso. — respondeu, mas toda sua atenção estava voltada para mim.
— Vai desistir de casar comigo? — perguntei, lembrando-me de sua ameaça.
— Não. Mas apenas porque você está encantadora com esse vestido.
— ? — ouço meu nome sendo chamado e só então volto a abrir os olhos, deixando as recordações para trás.
— Sim. — sento-me na espreguiçadeira e observo meu marido se acomodar ao meu lado.
— No que você estava pensando? — indaga, descansando o braço em meus ombros.
— Apenas relembrando o dia do nosso casamento. — conto e o vejo sorrir.
A impressão que tenho é que a cada dia que passa acaba ficando mais bonito. As linhas do seu corpo continuam tão bem conservadas quanto eram antes e o sorriso parece ainda mais fascinante.
— Eu estava certo que você apareceria de vestido curto.
— E eu estava certa que você não desistiria de se casar comigo quando me visse com ele.
— Não se esqueça de que foi você quem me pediu em casamento. — diz e acabo lhe dando uma leve cotovelada nas costelas.
— Apenas dei a sugestão. — corrijo-o em seguida.
— Casar com você foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado. — revela e colo meus lábios aos dele, deixando claro que essa foi a minha melhor decisão também.
Com a mão em minhas costas ele me guia para que eu volte a deitar. Quando o faço, sinto seu corpo pressionar o meu. Sorrio, crente que não há no mundo sensação melhor do que estar nos braços de quem se ama.
Fim!
Nota da autora: E assim a história chega ao fim! Estou completamente feliz por ter tido a oportunidade de compartilhá-la com vocês, mas não posso me esquecer de que isso só foi possível graças ao apoio e ajuda da melhor beta de todas, a linda Nataly. Quero aproveitar para agradecer também a todos (as) que acompanharam o desenrolar de Revelações e ainda tiraram um tempinho para deixar palavras tão carinhosas e incríveis nos comentários. Foi uma honra estar com vocês durante esse tempo e caso vocês queiram conversar, saber a respeito das histórias que estão por vir ou simplesmente não abandonar essa escritora que vos escreve, aqui estarão as redes sociais aonde vocês poderão me encontrar. Um beijo de gratidão e até logo! <3
Outras Fanfics:
You’re my girl [Shortfic/Outros]
Nota da beta: AAAAA que dor no peito ver uma fanfic maravilhosa dessas se encerrar. Ameei o amadurecimento da pp, o jeito como ela conseguiu dar a volta por cima... Bom, o pp é adorável, impossível não se apaixonar por ele, me dá um desses? Vou sentir falta das briguinhas bobas e fofas que só ele tinham. Enfim, meus singelos parabéns, e não pare nunca de escrever. Ah, e não precisa agradecer. <3
Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
Para saber quando essa fic vai atualizar, acompanhe aqui.
Outras Fanfics:
You’re my girl [Shortfic/Outros]
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