Capítulo 26 - Laços.
Ela expirou, ainda submersa, soltando bolhas e então levantou, puxando o ar com força para os pulmões. Você sabia que havia riscos, a maldita vozinha em sua cabeça falava. Se pudesse socar seu subconsciente, provavelmente faria isso agora. Claro que sabia, tinha consciência de que muitas coisas poderiam dar errado nessa viagem, mas isso não fazia mais leve o fardo de seis policiais acabarem mortos por sua “equipe”. Não os conhecia, mas eram de certa forma seus colegas.
– Merda – ela murmurou ao sair da banheira.
Colocou uma toalha no cabelo e vestiu o roupão tentando fugir do espelho. Não estava pronta para ver o próprio reflexo.
Ela saiu do banheiro e se assustou ao ver sentado em sua cama.
– Você demorou, pensei que tivesse decido pelo ralo.
Ele sorria, mas ao ver a expressão da parceira, ficou preocupado.
– Ei, , o que foi?
se levantou para segurá-la pelos ombros e assim que sentiu o toque do parceiro, as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de . Ela o abraçou como se sua vida dependesse disso. Não conseguia dizer exatamente porque aquilo lhe pesava tanto a mente, mas então a vozinha de sua cabeça gritou um nome: John. Seu melhor amigo e ex-parceiro no FBI que morreu bem na sua frente durante um tiroteio.
– , o que aconteceu lá? – falou acariciando suas costas, tentando acalmá-la.
Ela sabia o quando devia estar preocupado, pois a única vez que ele havia a visto chorando, tinha sido justamente no enterro de seu amigo.
respirou fundo e controlou as lágrimas. Então limpou o rosto e olhou para o parceiro.
– Eu explico no relatório. Vou só me vestir.
Ele assentiu e foi em direção à porta, para dar espaço a ela.
– .
Ele parou e a olhou.
– Obrigada por estar comigo. Você... é muito importante para mim, espero que saiba disso.
sorriu e voltou até ela, então lhe deu um beijo na testa.
– E você é importante para mim, . Se veste que eu vou preparar algo para comermos.
sorriu de volta e o assistiu saindo do quarto.
Ao terminar de ler o relatório, entendeu o momento de fraqueza da parceira. Assim que começaram a trabalhar juntos, após o tiroteio que tirou a vida de John, notou que ela ainda não estava bem para missões de campo, porém jamais admitiria e quis continuar. Em uma delas, houve uma cena parecida de tiroteio e a agente simplesmente congelou, como se seu cérebro tivesse desligado o corpo. foi quem a salvou de levar um tiro que provavelmente a mataria. Nessa época eles não se davam exatamente bem, mas o agradeceu apesar de não falarem sobre isso desde então. Nem precisava, sentia o quanto aquilo a afetara e que situações que remetiam ao acontecimento, remexiam o mesmo sentimento da época. Ele não queria tocar na ferida, mas ao vê-la daquela forma, sentiu que devia.
– ... não sei como dizer isso, acho que não tem um jeito fácil. Olha, sei que agora você vai olhar tanto para quanto para o resto da equipe de uma forma diferente, pelo menos até conseguir superar o que aconteceu. Mas isso pode comprometer a missão e se começarem a desconfiar de sua lealdade, poderá ser um problema.
Ela suspirou.
– Eu sei, mas tem uma coisa que eu não coloquei no relatório. Uma cena de ciúme do . – explicou como aconteceu e ouviu calado. – Então, se eu me manter distante dele por um tempo, eu meio que terei um motivo.
– Ele pode receber massagem de uma garota de programa, mas você não pode conversar com um cara. Tsc, tsc, tsc, esses homens.
riu da revirada de olhos de . Mal conseguia acreditar que a mania de levar tudo na brincadeira, que antigamente tanto odiava, havia se tornado uma das características que mais admirava no parceiro. Não importa o quanto a situação esteja ruim, sabia como animá-la.
– Eu vou ficar bem. A missão vem em primeiro lugar.
– Eu sei que vai, passou muito tempo me jogando na cara a ótima agente que é para deixar tudo para trás agora.
Ela riu novamente e deu um empurrãozinho nele.
– Idiota.
odiava ter que deixar sozinha sem ter certeza de que ela estava bem, mas tinha que encontrar com Patrick para tratar da construção dos túneis. Ele seguiu até o “quartel general” dos Collins, ou seja, os cômodos acima da boate Paradise.
Hannah e Lizzie discutiam sobre algo quando ele chegou.
– Calma, meninas, não precisam mais brigar, tem para todo mundo.
– Desculpe, amigo. Essa eu deixo para a ruivinha – Lizzie disse sorrindo.
Ele e Hannah trocaram um olhar significativo, mas atuavam bem demais para alguém notar algo diferente ali.
– Ele está se fazendo de difícil – a ruiva falou.
– difícil? Conta outra.
– Uau, fiquei ofendido.
– Se ofenda outra hora, Knight – Patrick disse aparecendo nas escadas. – Temos que sair.
– Até mais ver, senhoritas. – tocou a posta dos dedos na testa e as afastou em um cumprimento.
Ele seguiu Patrick porta afora e entrou no carro dele, uma pick-up Ford Ranger preta.
– Para onde vamos? – perguntou.
– Aos túneis. Conseguiremos abrir uma porta no outro lado da fronteira e então fecharemos negócio com o cartel. Vamos dar uma analisada lá para ver a melhor forma de transporte das cargas.
– Isso é coisa grande, cara. Vamos precisar de velocidade...
– De um automóvel com espaço para transporte...
– E um motorista habilidoso. O que acha de recrutar alguns corredores durante a corrida?
– Vamos levar isso à Nat.
Eles chegaram ao pátio das docas, onde estava a entrada oficial dos túneis: um cilindro de concreto semienterrado no chão com duas enormes portas de aço na parte plana mais alta. Atualmente era apenas um monumento histórico da cidade, ou pelo menos a maioria achava ser.
Luke os esperava de braços cruzados ao lado de alguns homens à serviço dos Collins. Os dois recém-chegados saíram do carro já cumprimentando os colegas
– E aí, caras – Luke disse dando um “abraço de brother” em cada um.
– E aí, parceiro, como estão as coisas aí? – Patrick perguntou apontando para a entrada do túnel.
– Meio bagunçado por causa das obras, tem material de construção espalhado por quase todo o túnel.
– Não tem problema. Caso a polícia apareça, teremos como esconder a mercadoria junto com os materiais. Não que isso vá acontecer, é claro. – Patrick riu, sendo acompanhado por Luke.
– Bem, vou ficar de olho aqui fora. Esse é o mapa que vocês devem seguir para não se perderem. Lembrem-se que o sinal lá embaixo é horrível, então caso se percam, vão ter que se virar para voltar. Dan está esperando vocês na nossa ponta mexicana.
pegou o mapa e sorriu.
– Sou um navegador nato, meu chapa. Voltaremos antes que você perceba.
– É bom ser mesmo, Knight, ou te deixo lá para voltar a pé – Patrick falou, fazendo-os rir. – Vamos nessa, até daqui a pouco, Luke.
Os dois voltaram para o carro enquanto Luke pegava o controle para abrir os portões de aço, antes mesmo de se abrirem completamente, eles atravessaram.
havia estado ali há alguns meses com , para investigar, mas tiveram que entrar pelas escadas de emergência do prédio administrativo e depois por uma das portas de pedestre ao lado das maiores. Reconheceu a descida levemente inclinada que os levavam cada vez mais abaixo da cidade de O’Village.
Era um labirinto de túneis que quanto mais se distanciavam, menos pavimentados ficavam. O intervalo entre as luzes do teto se tornava cada vez maior até que elas acabaram de vez, deixando o lugar com um ar macabro. Apesar das docas não serem muito longes da fronteira, foram longos os minutos por caminhos que se tornavam cada vez mais complicados entre blocos de tijolos, pedaços de metais, pilhas de areia e cimento, e máquinas de obra paradas.
– Segundo meus cálculos... acabamos de atravessar – falou.
Mais algum tempo depois e uma luz à frente apareceu, na frente, a silhueta de seis homens. e Patrick desceram da pick-up levando a mão aos olhos para proteger da luz.
– Foi mal – alguém gritou e então o farol da outra caminhonete se apagou, deixando apenas as luzes que pareciam ter sido recém-instaladas na parede. – Finalmente chegaram! – Dan abriu os braços e cumprimentou os dois. – Bem-vindos ao México, mis amigos.
– Então realmente conseguimos atravessar – Patrick falou, olhando para cima como se desse para ver algo além do teto do túnel.
– Provavelmente bem no meio da cidade, meu brother.
– Vamos deixar um localizador aqui e procurar lá por cima para saber onde vocês conseguiram chegar – um dos homens falou com um sotaque bastante carregado, se aproximando. – Marcus, gerente do cartel de Sinaloa.
O homem apertou a mão dos dois chegados.
– Ele é Knight e eu sou Patrick Hart. Responsáveis pelos túneis.
– Então é com vocês que vou planejar o transporte.
– Isso mesmo – falou –, mas eu sugeriria que primeiro abríssemos a porta do túnel.
– Vamos precisar de um elevador de carga aqui – Patrick ponderou.
– Mas para isso seria necessária a reforma de qualquer prédio que esteja aqui em cima, para encobrir.
– Isso eu posso conseguir – Marcus falou.
– Infelizmente não temos muito para fazer aqui hoje – Patrick disse. –, vocês deixam o sinalizador e nós cuidamos da liberação mais fácil do caminho. Quando a obra começar lá em cima, nós nos responsabilizamos pelo elevador aqui embaixo.
– Algum prazo?
– Isso depende de vocês – respondeu. – Assim que derem sinal verde, nós começamos aqui.
Marcus se juntou aos seus homens que discutiram brevemente até ele voltar, com o braço já estendido. Patrick sorriu e apertou sua mão.
– Entrarei em contato com vocês para dar informação mapeada de onde vocês conseguiram chegar. Logo teremos uma estrutura em andamento aqui.
– Muito bom fazer negócios com você, amigo. A família Collins ficará muito feliz com essa aliança.
– Nós de Sinaloa contamos com isso.
esperava a pipoca terminar de estourar quando o interfone tocou.
– Alô?
– Boa tarde, senhorita – o porteiro falou. – O senhor Walker está aqui, pode deixar subir?
Ela tampou o fone e soltou um palavrão em voz baixa, depois voltou a aproximar do rosto.
– Tudo bem, George. Pode deixar subir.
desligou e saiu correndo pela casa, procurando qualquer coisa que pudesse levantar suspeita, mas estava tudo no quarto secreto, onde ela deixou um bilhete para :
Ela pegou o controle da TV, que servia também para o espelho que cobria a passagem para o quarto, e colocou a senha de bloqueio para ter certeza que não veria, também aproveitou para ajeitar o cabelo.
Poucos minutos depois e a campainha tocou. fechou os olhos e puxou o ar com força, soltando lentamente por entre os lábios, então abriu a porta.
Foi só vê-lo e o coração de falhou uma batida, maldito efeito que aqueles olhos tão penetrantes tinha nela.
– Eu pensei em ligar, mas fiquei com medo de você não me atender – ele disse enfim.
deu de ombros e acenou para que ele entrasse.
– Não posso negar que pensaria um pouco antes de aceitar a ligação.
Na cozinha, o micro-ondas apitou.
– Fique à vontade, vou pegar minha pipoca.
Ela aproveitou o tempinho para respirar fundo mais algumas vezes. Por que estava tão nervosa? Pensou em enrolar um pouco, mas logo estava na sala trazendo o balde de pipoca que colocou sobre a mesinha de centro.
estava sentado despojadamente, mas sua expressão não era tão calma. se sentou no braço do sofá e pegou algumas pipocas. O silêncio começava a ficar incomodo quando ele finalmente se levantou e ficou de frente com ela.
– Você perguntou ao Travis porque eu te dei isso – disse olhando o anel de falange no dedo dela.
– E ele disse que era melhor você responder. O que não aconteceu.
– , você sabe que não é minha primeira namorada. Já tive outros casos sérios e perdi as contas de quantas mulheres eu já tive na vida. Nem sempre fui o melhor dos namorados em questão de fidelidade e sei disso, mas... não sei aceitar uma traição.
riu sem humor, desacreditando no que ouvia.
– Você quer dizer o quê? Que você tem o direito de pegar quem quiser, mas eu não posso falar com um cara que você vai dar showzinho?
– Não foi isso que eu disse.
– , responde logo para que merda você me deu isso se não confia em mim? – Ela se levantou, levando a mão com o anel a altura do olhar deles. – Aliás, se não confia nem em si mesmo já que está deixando claro sua tendência à traição.
– Não era em você que eu não estava confiando, era naquele mexicano!
Os dois acabaram aumentando o tom de voz.
– Ah, , corta essa! Não importa as intenções do outro, se um não quer dois não brigam. Eu vi a raiva nos seus olhos quando me olhou.
– Você some por sei lá quanto tempo com um cara e quer que eu pense o quê, ?!
– Ah, pelo amor de Deus! Viu só o que eu falei? Não confia em mim! E você pelo menos tem noção do que você fez lá?! Tem noção que todos nós poderíamos tem morrido por sua crise de ciúmes?!
– Acha que eu me arrependo? Eu faria tudo de novo se necessário porque sei quando um homem está interessado em alguém.
revirou os olhos e puxou o anel do dedo.
– Quer saber, ? Vá se foder! Entregue essa porcaria para uma das suas outras mulheres e me poupe dessa conversa.
Ela colocou a joia na mão dele e ia se afastar, mas ele a segurou pela cintura.
– Me solta – disse entredentes.
Mas ele não o fez. Os dois ficaram se encarando intensamente, tão perto que sentiam a respiração exaltada um do outro. pegou a mão dela e colocou o anel de volta.
– Nenhuma delas jamais significou para mim metade do que você significa – ele disse tentando controlar a voz sem sucesso – Sei que exagerei, mas não consigo lidar com a ideia de te ver com outro. Sempre vou proteger o que é meu, , e você faz parte disso.
– E quanto a você, ? Você é meu também ou é de todas?
– Não tem outra pessoa no mundo que eu queira estar, . Eu sou todo seu.
Aquilo foi a agulha que estourou toda a tensão entre eles. se lançou contra ele, colando seus lábios de forma quase selvagem. As mãos delas o agarraram na nuca como se para juntar ainda mais seus corpos, ao passo que as mãos de a seguravam pela cintura como se tentasse evitar sua fuga. Mas então elas começaram a deslizar para mais abaixo, apalparam a bunda de , deixando claro o desejo entre os dois, então pararam na altura das coxas. Com um puxão, se posicionou em seu colo, cruzando as pernas ao redor da cintura dele.
Por dentro era como se ambos fossem vulcões em estado de erupção, queimava, parecia prestes a explodir, mas para isso eles precisavam desesperadamente de mais contato.
quebrou o beijo apenar para conseguir tirar a larga camiseta, deixando seus seios à mostra, onde o olhar de pousou transbordando de luxuria. Ela segurou a cabeça dele e aproximou seu rosto do espaço entre os seios, onde inspirou profundamente, fazendo-a se arrepiar por completo.
– Vamos para o quarto – ela sussurrou no ouvido dele sem ter certeza que ele ouvira, já que estava ocupado deslizando o nariz pela pele dela até alcançar pescoço, onde deixou um chupão. gemeu involuntariamente.
– Vamos aonde você quiser.
Sem tirá-la do colo, caminhou até o pequeno quarto de e a colocou delicadamente sobre a cama. Ele ajoelhou entre as pernas dela e em desabotoou a camiseta lento demais para o gosto dela. Ele a olhava como se para memorizar cada centímetro de seu corpo e sentia algo formigar dentro de si apenas em assisti-lo fazendo isso. Apesar de estarem brigados há aproximadamente um dia, era óbvio a saudade e o desejo brigando entre os dois, além de algo a mais que ela ainda lutava para não nomear.
Ele se levantou para tirar a calça, que saiu com mais facilidade, então voltou para a posição anterior. se inclinou sobre ela, apoiando a mão ao lado do corpo dela, enquanto a outra começou a brincar com um de seus seios, depois escorre pela curva da cintura e pela barriga dela até chegar à barra do short. se abaixou ainda mais para dar-lhe outro beijo no pescoço. Sua boca foi descendo, deixando uma trilha de beijos provocantes pelo pescoço, depois seios, passando pela barriga e então chegando ao ventre de . Ela apertou as mãos contra o lençol já antecipando o que viria. Delicadamente ele puxou a peça jeans junto com a calcinha de e quase de imediato ela sentiu a língua dele tocar seu ponto mais sensível em um ritmo perfeito para leva-la à loucura.
Ela o segurou pelo cabelo enquanto sentia a língua dele se movimentando com uma perícia inacreditável. De repente ele introduziu um dedo, acelerando levemente o ritmo dos movimentos. À medida que os gemidos dela saiam com maior frequência, ele colocou outro. O corpo de se arqueava, reagindo ao toque dele, que aumentou a intensidade. Não demorou muito para o corpo dela se contorcer em espasmos e nesse instante ele a sentiu se derramar por seus dedos, provando o gosto do prazer dela.
se deitou ao lado dela, deslizando a mão por quadril até a parte de trás da sua coxa, então a levantou, se posicionando com uma perna entre as duas dela.
– Esse é meu modo de pedir desculpas – ele murmurou ao ouvido dela, então a penetrou de uma vez, sem nenhum aviso prévio.
Ele foi aumentando o ritmo das estocadas, foram aumentando e se inclinou cada vez mais a cima de , que mantinha uma perna erguida entre os dois. Mas ela queria mais contato, então se separou dele e o empurrou contra a cama, sentando sobre seu quadril agora. Ela levou a boca até o ouvido dele e mordeu de leve o lóbulo de sua orelha, então sussurrou com a voz mais rouca possível:
– E esse é meu jeito de aceitar.
Ela se posicionou e lentamente sentou sobre o pênis dele, então foi acelerando mais e mais. apertou com força sua bunda, ajudando no movimento, então começou a olhá-la lentamente, desde o ponto em que seus corpos se encontravam até seu rosto perdido no próprio prazer. Os olhos dela nem sequer conseguiam se manterem abertos, seus seios pulando na medida que ela quicava.
Aquela era simplesmente a cena mais linda que já havia visto. Como todo homem, amava sexo, mas transar com ela era espetacular.
levantou o tronco e encaixou o rosto na curva do pescoço dela na maneira que conseguiu. O cheiro dela exalando pelo suor, o corpo se esfregando e encaixando perfeitamente no seu. Ele sentia que seu vulcão interno estava à beira da erupção.
As mãos dela lhe agarraram os ombros e ele sentiu o orgasmo chegando. Não que fosse possível, mas precisava mais de em sim. Ele a segurou com força pela curva do quadril com a cintura, fazendo as estocadas ficarem mais fortes. Ela gemia no mesmo ritmo, mas quando ela realmente gemeu a plenos pulmões, não aguentou. A puxou mais uma vez com força contra o seu membro e sentiu-se explodir dentro dela.
Ficaram assim por um tempo, sem se separarem, apenas apreciando o prazer de ambos, quando por sua mente, de repente, passou a imagem de um menininho com os olhos dele e a boca de . Uma mistura perfeita dos dois.
Seus olhos se abriram rapidamente para afastar a ideia e ele encontrou uma ainda em seu momento de devaneio, até que ela de repente abriu os olhos, de um jeito comicamente assustado, e então o olhou.
Pela expressão de ambos, os dois haviam tido um pensamento semelhante. Eles começaram a rir meio nervosos.
– Você...
– Estou tomando remédio – ela completou.
– Ufa!
Os dois agora riram de verdade. Ela o acariciou os cabelos e aproximou o rosto do pescoço dele e inspirou com força, soltando o ar pela boca, o que fez com que se arrepiasse e sentisse um formigamento interno novamente.
– Todo meu, uh? – ela disse sorrindo.
– E quanto a você?
o beijou nos lábios delicadamente e voltou a sorrir, então sussurrou:
– Toda sua.
Mas então a maldita vozinha de sua cabeça também sussurrou algo: .
Capítulo 27 - Rivalidades
– ?
Ele girou e lhe sorriu maliciosamente.
– O que foi, ? Por que a surpresa de me ver?
andou até ela lentamente, colocando-a entre ele a porta. O cheiro amadeirado dele lhe invadiu assim como o calor de seu corpo.
– Não devia me provocar assim, .
– E se eu provocar, vai fazer o quê?
Ele deu o último passo que ainda os separava e falou mais uma vez:
– Anda, fala o que vai fazer. – O sorrisinho torto dele tirou o resto de força que restava nela.
se lançou contra ele, beijando-o quase ferozmente. As mãos dele em sua nuca a fez arrepiar. Ele se afastou, provocando-a. Mas quando ela abriu os olhos para protestar, não era quem estava ali, e sim, . Sorrindo com a mesma malicia. Ela se assustou, se afastando o pouco que conseguiu.
– O que foi, ? Está com medo de mim? – disse.
– Não... é que...
– Shhh... – Ele a beijou. – Caladinha, quero ver o quanto você aguenta.
Ele a pegou no colo e a deitou na cama. Sua boca ocupada no pescoço dela enquanto a outra lhe acariciava o pé da barriga, arrepiando-a. Então ela notou que não era uma mão, e sim outra boca. abriu os olhos e encontrou beijando-a, enquanto ainda estava ocupado na parte de cima do seu corpo. Ela deveria estar surtando, pois assim que eles abrissem os olhos, veriam um ao outro e se matariam, mas vê-los ali tão dedicados no prazer dela... Tinha atingido um nível de tesão que nem sequer sabia que era existente.
Os beijos de começaram a subir enquanto os de desciam e cada um se ocupou em um seio. lutava para manter os olhos abertos, não podia perder aquela cena mesmo que em delírio. De repente um deles já estava entre suas pernas, , penetrando-a selvagemente enquanto a segurava por trás. O cheiro dos dois se misturando ao ar estava a enlouquecendo. Uma piscada e de repente as posições tinham sido trocadas. acariciava seus seios enquanto entrava e saia de dentro dela.
Se um dia conseguisse chegar ao paraíso, tinha certeza que era algo próximo daquilo. E assim continuou, cada vez que piscava eles trocavam de lugar. Estava tão perto... tão perto...
O despertador tocou, tirando-a de seu momento de completa luxuria para a realidade. Ela passou a mão na testa e notou que estava suada, não que estivesse quente, já que estavam no outono. Seu corpo ainda respondia a seu sonho e cogitou bater na porta de . Mas depois balançou a cabeça e se levantou para afastar a ideia.
– Era só o que me faltava ir bater na porta dos outros procurando “alívio-pós-sonho”. Vou precisar de um psicólogo quando essa missão terminar, isso sim – ela murmurou consigo mesma e foi em direção ao banheiro. Hora perfeita para um banho frio.
Era dia de corrida, então se apressou para chegar mais cedo à oficina, onde M.J., como sempre, já a esperava sorrindo.
– Que demora! Esqueceu do despertador, é?
– Não preciso de despertador, geralmente acordo bem cedo.
– Eu sei, . Estava brincando. – Ele revirou os olhos. – Enquanto você não chegava, eu dei uma conferida no seu carro e tudo parece perfeito. Quer fazer um último teste?
– Agora mesmo!
Durante as duas semanas após a rápida viagem ao México, toda a equipe virou seu foco para as melhorias dos carros participariam da corrida, com isso, descobriu como uma parte do dinheiro ganhado com as drogas era lavado. O Mustang Shelby GT500 Super Snake que ganhou no racha contra Hannah e que deu para , foi um dos totalmente modificados.
Os dois seguiram para a entrada G da oficina onde o Mustang aguardava coberto. Quando chegou o carro era vermelho e com poucas modificações além das do motor, mas havia mexido em absolutamente tudo. Não queria nada que remetesse àquela ruiva nojenta, o carro tinha que ficar com a sua cara.
Ela puxou a capa que o cobria e se viu admirando sua obra. O preto fosco de sua nova pintura dava destaque à listra roxa ia de um para-choque ao outro, o cromado de suas rodas aro 22 brilhavam quase a ponto de cegar. M.J. correu para ligar o carro e o neon roxo se acendeu sob o carro. Por dentro seguia o mesmo padrão de cores, preto com detalhes roxos. Estava perfeito, era como se tivesse vendo seu próprio filho.
– Se abrir mais a boca, a baba vai escorrer, Denver – disse abraçando-a por trás.
– Duvido que não olhe assim para seu Skyline. – Ela girou entre os braços dele e o beijou. – Vai correr hoje ou ninguém teve coragem de desafiar o rei?
– Houveram boatos de um corredor novo por aí, mas vamos esperar. E você, ansiosa para correr contra a Hannah?
– Ansiosa não é bem a palavra, mas vai ser legal fazer aquela água de salsicha comer fumaça.
M.J. pigarreou.
– Galera, temos um carro para testar.
– M.J. tem razão, e já que você falou do meu Skyline, vai correr contra mim. – sorriu.
– Você sabe que uma hora eu vou acabar ganhando, não sabe? Estou observando seu jeito de pilotar, vou achar um ponto fraco.
– Não se eu não tiver um. – Ele deu um sorrisinho torto, fazendo erguer uma sobrancelha.
M.J. pigarreou mais uma vez e os dois se separaram. entrou no carro e acenou para o mais novo entrar também enquanto ia até o Skyline azul do lado de fora. Eles levaram os carros até a largada da pista improvisada no fundo da propriedade.
M.J. desceu do Mustang e correu para a frente dos dois carros.
– Pilotos prontos?
Os dois motores roncaram.
– Preparar... Já!
A pista não era longa, o que fez a corrida durar de breves segundos, mas como o esperado, atravessou a linha de chegada primeiro, um segundo antes de . Os dois frearam, levantando poeira e saíram dos carros.
– Muito bom, fez um bom trabalho no carro. Acho que tem uma boa chance – disse analisando o carro roxo.
– Eu sei que tenho. Fui eu quem o equipou.
– Se colocar vocês dois em uma sala fechada, vão morrer sufocados em tanto ego – M.J. comentou.
– Você tem que aprender uma coisa, M.J., quanto mais confiança você demonstra, mais os outros te temem – falou, passando um braço ao redor do pescoço dele. – Bom você ir aprendendo tudo o que digo, é meu primeiro herdeiro.
Os olhos do garoto brilharam.
– É sério?
– Claro! Quem mais seria? Você me ajuda nessa oficina desde que nasceu. Por isso é bom você tirar boas notas na escola, moleque. Tem que ser inteligente para comandar um império.
– Valeu, cara! Apesar de que já consigo imaginar o filho de vocês me odiando por isso. – Ele riu.
e trocaram olhares de uma forma cômica, mas não falaram nada. O Walker passou a mão na cabeça do garoto e se afastou.
– Vou mandar o resto da equipe começar os testes nos carros deles também.
– Vou conferir se tem alguém precisando de alguma ajuda – disse.
– E eu vou procurar um salgadinho para comer – M.J. falou sorrindo. – Vejo vocês por aí.
Assim que anoiteceu todos os carros estavam prontos e a equipe voltou para casa para se arrumar. Por volta das onze horas se encontraram na oficina de novo então saíram em comboio para o lugar que seria a corrida: uma cidade vizinha cujo pequeno deserto fazia fronteira com O’Village.
Era mais de meia-noite quando chegaram, a festa já estava lotada e, como de costume, a música alta preenchia o ambiente. Eles estavam no bairro industrial da cidade, então não corriam tanto risco de algum morador ligar para a polícia.
A equipe estacionou lado-a-lado nas vagas já destinada a eles, de frente à pista da corrida. Da esquerda para a direita: Andrew, Max, , , Travis, Crash, Oliver e Drake. Do outro lado da pista, em frente a eles, a equipe dos Collins já estava com seus carros posicionados, e no meio deles havia um Porsche 911 Turbo S Exclusive Series dourado cuja dona só poderia ser a mulher que os olhava com seu habitual ar se superioridade: Natasha.
passou os olhos por cada membro da equipe rival, se demorando um pouco em Hannah, que também a encarava, então encontrou ao lado dela, imitando a mesma postura desafiadora dos outros.
– Me surpreende o Ben estar entre eles depois de ter vindo até nós – Travis comentou baixo com .
– Só o novato sabe que ele fez isso. Provavelmente está tentando evitar confusão com a irmã ou estava fazendo um jogo com a gente. Melhor mantermos os olhos bem abertos, pois eu não duvido de nenhuma das opções.
Eles encerraram o assunto assim que um cara negro de trancinhas no cabelo se aproximou sorrindo.
– E aí, galera! – Ele abriu os braços.
– Jax, parceiro! – o imitou e os dois deram um abraço.
O locutor das corridas cumprimentou de um por um, depois se voltou para todos:
– Finalmente vocês chegaram. A galera já estava ficando ansiosa.
– Podia ter começado com as corridas menores – o líder da equipe falou.
– Até podia, mas sabe como é, todos esperam por vocês.
sorriu, ele sabia do respeito que todos ali tinham por ele e por sua equipe, até mesmo seus inimigos. Era visível o orgulho por ter conquistado isso.
– Bem, estamos aqui. Que os jogos comecem!
Os dois trocaram um soquinho e Jax saiu, já puxando seu marcante megafone do cinto.
– Boa noite, sul da Califórnia! – ele disse pelo aparelho. – Vamos começar as corridas em poucos minutos. Quem ainda não se inscreveu, ainda dá tempo. Só ir naquela mesa onde as duas gatas estão esperando com o preço da inscrição. Lana, meu bem, me traga a lista com a tabela e os nomes dos primeiros corredores, por favor.
Enquanto Jax lia a tabela, percebeu que as melhores posições eram quase todas ocupadas por membros das equipes das famílias do sul, provavelmente ganharam lugar nelas devido às suas posições lá. Mas essa era a tabela regional e não a da Califórnia toda.
– Tenho que ir em uma corrida do estado – comentou com .
– Um dia iremos, mas sabe que ainda não pode correr nela, né?
assentiu. Ainda estava muito embaixo na tabela regional, mas isso era devido a sua chegada recente. Era questão de tempo até alcançar uma posição melhor.
– Quer saber? Me põe para correr com algum desses babacas antes de ir contra a ruivinha. Vamos assustar ela um pouquinho.
sorriu para ela e chamou M.J. que em instantes estava ao lado de Jax, passando as ordens do chefe. O locutor deve ter gostado da ideia, pois puxou a caneta e anotou algo em seu caderno. Quando começou a ler o nome dos primeiros corredores, estava no segundo grupo a correr.
Do outro lado da pista, Hannah entendeu a ideia e riu, então foi pessoalmente até Jax, provavelmente para fazer o mesmo.
Enquanto os quatro primeiros carros se posicionavam na linha de largada, as pessoas se amontoavam nas calçadas e aproveitou o momento para ir ao bar. Assim que chegou ao balcão, pediu duas cervejas, então ouviu alguém falar ao seu lado:
– Julieta, é você?
Ela olhou por cima do ombro e encontrou Lizzie ao lado de Hannah e . A loira sorriu debochada e continuou ao não ter uma resposta:
– Não te incomoda ver seu ex-crush pegando sua atual rival? Se bem que você parece ter seguido em frente. Deve estar se divertindo à beça com a marcha do Walker.
girou para encarar a outra. Hannah lançou um olhar para que foi retribuído, como se houvesse uma conversa ali, mas a loira não notou.
– É engraçado como vocês se encontraram e desencontraram. O’Village é mesmo um lugar mágico, não é?
deu seu melhor sorriso.
– Cuidado, ruivinha. Essa daí parece estar doida para pegar seu namoradinho.
Hannah passou a mão ao redor da cintura de .
– Não preciso ter medo, confio no meu taco. E ele é meu.
– E ele não faz meu tipo, de qualquer forma – Lizzie completou. – Mas pareceu bastante o seu naquele dia.
A loira passou a mão pelos cabelos de e ela teve que se segurar para não cortá-la fora.
– Isso é ciúmes, loirinha? Eu bem que percebi certo interesse vindo de você naquele dia. Tudo bem, eu entendo, sou difícil de resistir, mas só uma coisinha... – se aproximou ameaçadoramente, deixando o tom de voz no mesmo nível. – Se você encostar um dedo em mim de novo, eu vou acabar com você.
Hannah se pôs do lado da amiga e respondeu:
– Como é, Denver?!
– Minha conversa contigo será na pista, eu estou falando com ela.
– Mas eu estou falando com você.
finalmente se mexeu, colocando-se entre as duas.
– Dá para vocês se controlarem? Já tem uma galera olhando. Aqui não é lugar para isso.
– Ele tem razão, Han, não vamos fazer um escândalo – Lizzie falou sorridente. – Deixemos o melhor para o final.
semicerrou os olhos, desconfiada, e assistiu Lizzie saindo na frente, seguida por que puxava Hannah, as duas se encarando fatalmente. Quando eles sumiram de vista, ela pegou as cervejas e saiu pisando firme. Não sabia qual das duas sentia mais vontade de socar, de Lizzie arrancaria a maldita língua, mas daquela ruiva ela arrancaria os dois braços na primeira chance que tivesse. Seu? Haha, só se for por cima do meu cadáver, vadia! Ela pensou.
Ao se juntar ao resto da equipe, ela entregou uma das garrafas ao que estava sentado no capô de seu Skyline.
– Obrigada. – Ele a puxou para se sentar no seu colo. – Vi a ruiva com uma loira e o novato saindo de perto de você. Aconteceu alguma coisa?
abriu sua garrafa e tomou um longo gole.
– Aquelas vacas só estavam tentando me desestabilizar, mas não vou dar esse gostinho a elas. Essa corrida já é minha.
sorriu e a beijou.
– É assim que uma rainha fala. Vamos pôr esses Collins no lugar deles.
Por cima do ombro, ela deu uma olhada no trio que ainda conversava juntos. Por um segundo quase se esqueceu de quem era, ele parecia perfeitamente à vontade entre as duas cobras, então se perguntou se ele também a via assim ao lado de .
A noite foi rolando e as corridas acontecendo. ganhou as três corridas que participou, empatando com Hannah que também havia participado de outras. Até que começaram as baterias 1x1, também conhecidas como mata-mata, ou seja, os desafios diretos.
Ninguém sabia quem correria até Jax chamar o nome, mas para desafiar alguém especificamente, tinha que pagar uma boa nota.
A única corrida que todos já esperavam foi a primeira a ser anunciada.
– Aí, galera! – Jax falou pelo megafone. – Nosso primeiro mata-mata da noite é uma corrida bastante esperada desde o último racha. Duas gatas, uma da equipe Walker e outra equipe Collins. Denver contra Hannah!
Como se holofotes tivessem sido acendidos sobre as duas, todos os pares de olhares se dividiam entre elas. ergueu o queixo e uma sobrancelha, desafiando a ruiva que lhe lançou um sorriso cínico.
– Podem levar seus carros para a largada, garotas. E vocês, façam suas apostas!
puxou pela cintura, para que ela o olhasse.
– Você sabe que pode ganhar, faça o que for preciso para isso. Qualquer coisa.
Ela assentiu e pegou a chave do Mustang. Enquanto andava para seu carro, acompanhava com os olhos a ruiva indo até o Camaro branco, encarando-a na mesma intensidade.
Os carros se posicionaram no ponto de partida e as duas foram até Jax, cada uma com um bolo de dinheiro na mão. A festa inteira havia parado para assistir, gritavam palavras de apoio e provocação para ambas, mas nenhuma parecia capaz de ouvir nada, seus olhos se encaravam como dois tigres prontos para brigar.
– Vão para seus carros, gatas. Hora de começar essa corrida – Jax disse, então pegou o megafone. – Ligar os motores!
Os dois carros se acenderam. O preto com seu neon roxo e branco com o seu vermelho.
– Corredoras prontas? – ele disse apontando para cada uma e tendo em resposta o ronco dos motores.
Jax ergueu uma mão.
– Preparar...
E então a abaixou.
– JÁ!
As duas arrancaram de uma vez.
O trajeto era simples, com algumas curvas dentro das ruas apertadas da cidadezinha. Não importava muito o caminho que pegavam dentro dela, a parte onde a disputa realmente ficava séria era a partir da rua principal quando sairiam para o deserto e dariam a volta por fora da cidade, entrando depois pelo lado norte até pegar a reta que chegaria na largada.
Pelas ruas haviam câmeras estrategicamente posicionadas para a plateia acompanhar nos telões instalados na festa, mas na parte desértica era impossível de se rastrear.
começou levando vantagem, mas ao pegar uma rua esburacada, Hannah assumiu a liderança.
– Droga!
Ela entrou na curva um metro atrás da ruiva e acelerou. Seu carro levava vantagem nas retas, mas o Camaro parecia mais estável nas curvas e recuperava tempo ali, o problema é que dentro da cidade as curvar eram fechadas demais. Teria que alcançá-la na autoestrada do deserto.
As duas entraram na principal e finalmente se aproximou, apesar de ainda estar para trás. Metros depois e estavam no deserto, à pista já não era tão boa, mas tinha uma boa reta onde colou no carro branco. As duas ficaram o trajeto todos disputando por centímetros de diferença, mas a entrada da cidade estava próxima e era uma maldita rotatória. não podia deixar a ruiva levar vantagem ali.
– Desculpa, meu carrinho, mas vou ter que fazer isso.
deixou que Hannah passasse na frente e apertou o botão que acionava o nitro, então em uma manobra bastante arriscada, bateu na traseira do Camaro bem no exato momento em que ele entraria na curva. O Mustang desestabilizou e a agente teve que segurar o volante com toda sua força para não perder o controle, entrou na curva derrapando, quase pegando o meio-fio. Um belo drift, ela diria. Já Hannah não teve tanta sorte e passou reto, tendo que frear e girar o carro para conseguir pegar a pista de entrada. Isso garantiu a uns bons metros de distância.
O carro preto voou pela linha de chegada e freou novamente derrapando, levando a multidão à loucura. Segundos depois Hannah chegou, parando perto de sua equipe sem chamar atenção.
saiu do carro e ergueu os braços, comemorando a vitória.
– Uma corrida quentíssima, pessoal, e quem levou a melhor foi ela: Denver! – Jax anunciou. – Essa garota do Walker é um perigo, rapaziada. Vocês que se cuidem.
Ele foi até ela e lhe deu um abraço, aproveitando para entregar seu prêmio.
– Arrasou, gata! Vinte por cento para casa.
sorriu e piscou para ele. Quando a multidão que a cercava abriu um corredor, ela já esperou por que a puxou dando-lhe um beijão.
– Essa é minha garota!
assistiu o Mustang de atravessar como um borrão a linha de chegada e teve que se segurar para não comemorar. Não era à toa que sua parceira se gabava tanto, era realmente boa nisso.
Enquanto uma multidão a cercava, Hannah levou seu carro para a área dos Collins, sendo recebida por Natasha.
– Não fique assim, querida.
– Não ficar assim?! Aquela vadia bateu com tudo no meu carro, ela me fez perder o controle porque sabia que não ia conseguir ganhar justamente! – a ruiva explodiu. – Eu vou acabar com ela.
Mas Natasha a segurou.
– Você não vai a lugar nenhum. Deixe os Walker comemorarem, não será por muito tempo. , pegue sua namorada e a leve para beber um drink.
– Sim, Nat. – Ele passou o braço pela cintura dela. – Vem, Hannah.
Os dois sentaram no bar e o garçom já lhes serviu dois whiskies.
– Ei, se isso te fizer sentir melhor, eu apostei em você – o barman disse.
– Bem, então somos dois que perdemos dinheiro, não é?
Ele riu e saiu, deixando os dois sozinhos. Hannah tomou metade de seu copo em uma golada.
– Melhor? – perguntou.
– Não exatamente.
Hannah ficou o encarando, como se tentasse ler sua mente.
– O que foi? – ele perguntou.
– É ela, não é?
– Ela quem?
– Denver. Ela é a agente infiltrada nos Walker. – Não era uma pergunta.
– Não, Hannah, não é ela.
– Você sabe que eu vou acabar descobrindo. Se souber que está mentindo para mim, vou correndo ter uma conversa com o Walker sobre a namoradinha dele.
se curvou para ela, olhando-a friamente.
– Se você ameaçar a segurança de qualquer pessoa, sendo civil ou das gangues dessas famílias, eu rasgo aquele acordo e te exponho não só para a polícia, mas também para todo bandido existente na Costa Oeste e, seja lá quem for que estiver te procurando, vai te achar – ele disse entredentes.
Hannah riu sem humor e bebeu o resto de seu copo.
– Alguém assumiu o papel de policial mau. Tudo bem, . O segredinho de vocês está a salvo comigo, pelo menos enquanto eu estiver segura.
– Você mantém sua parte e eu mantenho a minha. Só mais uma coisa, na próxima vez que você inventar de falar sobre isso em público, vou enfiar o copo na sua boca para te calar. Agora sorria enquanto eu acaricio seu cabelo porque o Patrick está vindo.
assistia a corrida distraidamente sentada no capô, quando notou M.J. com a câmera do celular apontada para ela. A foto acabou saindo com ela lhe mostrando o dedo do meio.
– Até que ficou legal, apesar da sua grosseria – ele disse.
Ela revirou os olhos. Alguém de uma das famílias do sul havia desafiado um dos Collins. O Collins levou a melhor.
– A equipe deles está correndo muito bem. Temos que descobrir o que fizeram nos carros – M.J. falou. – Podíamos invadir a garagem deles, dar uma olhada nos motores e hackear uns computadores.
olhou para ele cética.
– O quê? Eu estou falando sério. Vou dar essa ideia para a galera.
– M.J., se mantenha longe de problemas até ser maior de idade, por favor. Sei que adorou isso de ser o herdeiro do , mas não é esse caminho que você deve querer herdar.
– Ah, , qual é? Não tem como ser parte dessa família sem estar no meio de tudo. Simon só se mantem de fora porque assumiu a parte pesada, mas o tio Joseph nunca teve isso. Se o realmente me quer herdando seu legado, vou levar ele todo.
Ela suspirou.
– Você só tem 14, M.J. Ainda não está na hora de se meter nisso, ou acha que o seu tio Joseph já deixava o carregar uma pistola por aí nessa idade?
– Deixar ele não deixava, mas não duvido de e olha só onde ele chegou. Ele é respeitado, . Sempre cercado do melhor e das melhores, e ainda conseguiu uma garota como você. Acha que eu vou ter isso sendo só um ajudante de mecânico?
olhou para o garoto e não soube o que dizer. Era tão errado ele estar ali, vendo aquela vida que provavelmente só o meteria em problemas no futuro, mas isso era motivo de orgulho para ele, era tudo o que conhecia. Se viu pensando em um modo de tirar M.J. do meio daquilo, sem ter muito sucesso.
– Você sabe de tudo o que o faz, M.J.?
– Bom... eu sei que ele não tem só a oficina, sei que essas corridas são ilegais e que ele tem algum negócio que funciona por trás dos panos, mas sei também que ele não está diretamente ligado, quer dizer...
Ela o puxou para perto e abaixou a voz.
– transporta drogas para um cartel, M.J. Ele multiplica e distribui para vendedores menores. Se a polícia pegar, não vai ser ele quem vai rodar, e sim aqueles que só pegam uma porcentagem do dinheiro, enquanto ele e o cartel recebem lucros milionários. Mas se você acha que é fácil chegar ao topo da “cadeira alimentar”, está muito enganado. Não é porque você é um herdeiro que não vai ter que ralar. E em qualquer erro, você pode acabar no mínimo com uns três anos nas costas. É isso que você quer?
Agora foi o garoto quem ficou mudo.
– Aquilo que os garotos usam na escola... é por causa de ?
– Não sei, não sei de quem eles compram e não sei para quem distribui.
– Mas isso sempre existiu.
– Sim. A guerra entre as famílias, se lembra? Luta por território de venda.
M.J. olhou para que ria e bebia com Travis a alguns metros.
– Por que você está me contando isso? Se você está com eles, então é tão errada quanto.
– Eu sei. Sempre soube onde estava me metendo e dos riscos que corro. Mas você não, você nasceu no meio disso e eu gosto muito de você para te ver perdido aqui.
Ele engoliu a seco e assentiu, ainda diferindo o que havia acabado de ouvir.
De longe Jax anunciou que a próxima corrida estava para começar: Travis contra um desafiador de fora.
– Acho que é melhor eu ir para casa – M.J. disse.
– Eu te levo, espera só eu avisar ao .
Ele assentiu de novo.
se levantou e estava indo em direção a , seus olhos acompanhando a partida dos dois carros, mas parou ao ver algo que lhe chamou atenção. Na rua ao lado duas motos arrancaram assim que os corredores saíram e seu instinto policial apitou de imediato.
correu até a primeira moto que encontrou, puxando a chave do bolso do dono.
– Vou precisar disso aqui.
O cara estava prestes a protestar, mas ao ver quem era, só esticou a mão com o capacete. o colocou e deu partida na moto, seguindo o caminho da corrida.
Ela acompanhou de longe os dois carros, sem conseguir ver os motoqueiros. Eles cortaram a cidade dividindo pista quase se batendo, então entraram na pista do deserto.
Foi aí que aconteceu.
A primeira moto apareceu, atirando nos pneus do Lancer verde. Travis tentou, mas não conseguiu manter o controle e o carro girou até bater em uma pedra maior e começar a capotar. O outro corredor seguiu sem sequer olhar para trás.
Quando o carro parou de girar, com as quatro rodas para cima, o segundo motoqueiro apareceu. Ele desceu da moto e sacou uma arma. freou, derrapando de lado na areia, fazendo uma nuvem de poeira subir em um barulho estrondoso. Ela pulou da moto já sacando sua pistola e ouviu barulho da primeira moto arrancando.
Seu plano era correr para trás do carro, mas a poeira abaixou e o motociclista que havia ficado, a apontou a arma. Por instinto de sobrevivência, ela fez a única coisa que podia: apertou o gatilho. O homem caiu morto com três buracos no peito.
continuou na mesma posição, mas ao ver que o homem não reagiria mais, correu até o carro e abaixou para olhar pela janela.
– Travis! Travis me responde!
Ele estava desacordado e havia muito sangue no seu rosto. Provavelmente havia rodado o carro todo, pois não estava preso no banco.
– Droga, Travis.
Ela se levantou e puxou o celular, ligando para a emergência. Assim que desligou, ela digitou o número de .
– Ei, , o que foi?
– Travis foi atacado. O carro capotou e ele está preso nas ferragens... , ele não está respondendo.
Capítulo 28 - Extremos
– Seja muito bem-vindo, querido! – Natasha lhe cumprimentou, oferecendo uma taça de champanhe.
No breve momento em que conseguiram se esbarrar em casa, havia lhe contato o que acontecera com o melhor amigo do Walker, então não se surpreendia com a festinha matinal.
– O que comemoramos? – ele perguntou mesmo assim.
– A desestabilização dos Walker – ela respondeu sorrindo largamente. – Apesar do nosso elevador não estar nem perto de ficar pronto, conseguimos trazer a primeira remeça e já temos compradores prontos para distribuir. E o melhor é: o pequeno príncipe estará tão ocupado com o amiguinho semimorto que nem verá a gente chegando. – Ela deu uma risada, deixando a cabeça tombar para trás. – Momento mais que perfeito!
sorriu como se se divertisse com a alegria de sua chefe, então ergueu a taça.
– Saúde a isso, então!
– Você não podia ter escolhido lado melhor nessa guerra, meu querido. – Ela disse erguendo a taça e virou para olhar para todos. – Vamos tomar nossa cidade de volta!
Toda a equipe ali presente levantou suas taças e comemorou.
Hannah se aproximou dos dois sorrindo e disse:
– Minhas pessoas favoritas comemorando nossa primeira vitória. Podia tirar uma foto disso.
– Foto nesse chiqueiro? – Nat riu. – Nem pensar. Aliás, temos que encontrar um novo quartel general. Vou mandar Lizzie providenciar isso.
– Eu acho uma ótima ideia.
Natasha piscou para a ruiva e sorriu.
– Bem, três é demais. Vou deixar meu casalzinho a sós. – Ela abraçou aos dois e deu um selinho em cada.
Assim que a abelha rainha se afastou, Hannah abraçou , interpretando seu papel, e aproximou os lábios do ouvido dele.
– Preciso falar com você a sós.
virou o champanhe em um gole e a colocou sobre a mesa de bilhar, então deixou que Hannah o puxasse escada acima, recebendo algumas piscadinhas de seus colegas. Quando eles chegaram ao quarto, a ruiva trancou a porta se virou séria para ele.
– O acidente do McCoy não foi um acidente.
Apesar de já saber, se fez de confuso.
– Como assim?
– Natasha mandou Joe contratar dois assassinos de aluguel e um corredor. O plano nunca foi ganhar. A princípio, era para emboscar o Walker, mas então acharam que a melhor jogada seria ir contra o Travis McCoy. Acontece que a droga do corredor se apavorou e literalmente sumiu, ou seja, logo ela vai nos mandar ir atrás dele para calá-lo, tenho certeza disso. O outro assassino disse que uma garota chegou quando eles iam terminar o trabalho e atirou contra o parceiro dele. Ele fugiu porque pensou que o McCoy não sobreviveria.
– Mas sobreviveu.
– Exatamente. E Natasha pagou pelo serviço completo, então ele vai tentar terminar o que começou, o que significa que ela não vai mandar ninguém atrás dele até o Travis estar morto, já que ninguém envolvido com os Collins pode fazer isso.
“O problema é que o Walker provavelmente vai deixar alguém protegendo o amigo 24 horas por dia e se o tal assassino contratado tentar aparecer, a pode reconhecê-lo. E eu tenho absoluta certeza que eles têm formas de arrancar a verdade dele”.
– O que resultaria em vingança por parte deles e, consequentemente, o início de uma guerra.
– Exatamente.
– A essa altura, eles já devem estar procurando por quem fez isso – ponderou, passando a mão no cabelo.
– Isso é muito provável já que o corpo do segundo assassino e a moto dele sumiram do local do acidente.
– Não temos opção, vamos ter que calar esses caras para evitar a guerra.
– , não seja ingênuo. Essa guerra vai estourar mais cedo ou mais tarde, mas, estrategicamente falando, Natasha precisa de tempo para se estabilizar na cidade.
– Então vamos ganhar esse tempo e fazer com que ele seja o suficiente para a FBI fazer a abordagem antes da guerra vir à tona.
Já era meio-dia quando chegou na sala de espera com uma marmita nas mãos. Max esperava do lado de fora da porta e apenas a abraçou, seu rosto claramente abatido.
– Como ele está? – ela perguntou.
– A cirurgia está quase acabando, logo vamos saber o que houve.
Pela janela da porta, Meg viu sentado, cotovelos apoiados nas pernas e o queixo sobre as mãos cruzadas. Seus olhos pareciam perdidos.
– Passei na oficina e eles estão com a moto lá – ela disse. – Verificaram o corpo também, mas estava sem documentos, então vão tentar rastrear a placa.
– Eu vou passar em casa, tomar um banho e depois desço para lá.
– Não, Max. Vai para casa e descanse. Amanhã nós resolvemos isso, falei para eles descansarem também.
– não vai aceitar que descansemos.
– Ele não precisa saber agora. Isso foi um choque para todo mundo, precisamos pensar antes de agir.
Max suspirou, mas assentiu.
– Está bem. Eu vou nessa então.
– Vai lá. Vou ficar cuidando dele, ver se o faço comer. – Ela levantou a marmita.
– Okay.
Ele a abraçou novamente e saiu. então entrou na sala, onde sequer se moveu. Ele se recusou a sair do hospital desde o momento que chegou, então a equipe resolveu se dividir em turnos para acompanhá-lo.
– Eu trouxe para você. – lhe ofereceu a marmita. – Você tem que comer algo.
– Obrigado, mas não estou com fome.
Ela quis insistir, mas não sentiu que teria êxito, então colocou o pacote no banco ao lado. Os dois ficaram ali, sentados em silêncio e as cenas da madrugava vieram na mente de .
Ela estava em pé, arma em mãos e os olhos atentos para todos os lados quando sua equipe chegou. foi o primeiro a sair do carro indo direto para o Lancer capotado e teve que segurá-lo para não tentar tirar Travis de dentro das ferragens. O desespero nele a deixou angustiada de uma forma que ela não sentia há muito tempo. Os outros se aproximaram, tão chocados que mal pareciam acreditar. então explicou o que havia acontecido. Crash, Andrew e Drake se apressaram para enrolar o corpo em uma lona e o colocaram no porta-malas de um dos carros enquanto Max ligava para alguém para buscar a moto que Oliver levava para dentro do deserto, a fim de escondê-la.
Pouco depois a ambulância chegou. A cena de Travis saindo do carro, coberto de sangue, sendo levado em uma maca, havia trazido flashbacks bastante dolorosos para , que teve que se concentrar para não se deixar levar por mais um de seus blackouts que há muito tempo não a incomodava mais.
A equipe então se dividiu. Enquanto , Andrew e Max seguiam a ambulância, Crash e Drake ficaram esperando o funcionário que viria buscar e junto ao Drake voltaram para a festa.
Lá todos estavam confusos, ninguém entendia o porque da equipe inteira sair de uma vez e quando eles voltaram com a notícia do acidente, causou comoção. Travis era bastante querido. O outro corredor não havia sequer aparecido de volta.
devolvera a moto, prometendo restaurar a pintura arranhada, então pegou seu carro e foi deixar M.J. em casa
O sol já começava a aparecer quando toda a equipe conseguiu se juntar no hospital, então se dividiram em turnos que se negou a acatar.
– ... você bebeu ontem, nem sei se jantou. Precisa comer alguma coisa.
– Comer como, ?! – ele explodiu, se levantando. – Meu melhor amigo está com a vida por um fio naquela sala de cirurgia e eu não posso fazer nada. Não pude fazer nada! Ele pode morrer a qualquer momento e eu não posso fazer nada!
sentiu um gosto amargo na garganta e seus olhos arderam. Ela sabia exatamente o que ele estava sentido, já havia passado por isso. Mais uma vez teve que se concentrar muito para sua mente não trazer de volta as imagens de seu ex-parceiro sendo baleado bem na sua frente. Aquela cena ainda lhe atormentava mesmo depois de tanto tempo. A única diferença entre as situações é que ela teve certeza imediata da morte do seu amigo e ainda tinha um fio de esperança. O que podia fazer as coisas ainda mais dolorosas.
– Eu não posso fazer nada – ele repetiu, destroçado.
Nesse momento se pôs de pé e o abraçou, então não conseguiu mais segurar e seu choro se tornou audível.
Ele nunca foi do tipo de pessoa que demonstra fraqueza, na verdade, era até conhecido por sua frieza, pois jamais mostrava qualquer resquício de sentimento, mas naquele momento isso não importava. Era seu amigo que estava entre a vida e a morte, seu melhor amigo, maior parceiro e praticamente um irmão. Travis foi a pessoa que mais o ajudou a se erguer e nunca saiu do seu lado na vida. Não ia abandoná-lo logo agora, ficaria naquele hospital até ele se recuperar. E ele iria sair dessa.
Quando finalmente conseguiu se recompor, limpou as lágrimas e segurou a mão de .
– Obrigado por ter ido atrás dele. Se não fosse por você, não teríamos nem sequer a chance de salvá-lo.
– Você teria que me agradecer se eu tivesse impedido o acidente. Eu só o protegi, era o mínimo que eu podia fazer.
Apesar de não estar mais chorando, a expressão de deixava claro o quanto aquela situação estava o afetando e sentia que, de alguma forma, conseguia sentir cada pedaço da dor dele. Aquilo a estava partindo seu coração.
Queria prometer que ele ficaria bem e logo estaria de volta, mas não sabia. Não tinha como saber e não prometeria algo que não estava ao seu alcance, então falou a única coisa que podia fazer:
– Nós vamos encontrar esses caras. Vamos até o inferno se for preciso, mas nós vamos achá-los e acabar com eles.
Ele a olhou profundamente nos olhos e assentiu.
– Vocês descobrem quem eles são, mas quem vai lidar com eles sou eu.
A porta fez barulho e os dois viraram o rosto ao mesmo tempo, encontrando Kate, vestida em suas roupas do hospital e com um sorriso complacente no rosto.
– Com licença, gente. Se vocês puderem sentar.
– Não enrole, Kate. Apenas fale logo! – disse sem soltar a mão de , ela conseguia sentir por ali o quanto seu coração estava acelerado.
– O Travis sofreu um traumatismo craniano muito grave, uma parte do crânio dele literalmente afundou. Fizemos todo o procedimento necessário para limpar os ferimentos e cuidar das fraturas, mas será necessário fazer um implante de placa de metal.
– Mas como ele está? Posso vê-lo?
– A cirurgia ocorreu bem, mas ainda precisamos esperar o cérebro desinchar para colocar a placa, então ele está em coma induzido. Só poderemos lhe dar uma resposta concreta após esse procedimento.
passou a mão pelo rosto e se sentou.
– Diga a verdade, Kate. Ele vai sobreviver?
A loira andou até e se agachou em frente a ele.
– Tudo que atinge o cérebro é delicado, as chances não são boas, mas se você acredita em milagres, nada é impossível.
Ele assentiu, mas não se animou com a resposta. Kate lhe deu um beijo na testa e se levantou, então foi até .
– O Simon está a caminho. – Kate abaixou a voz para que apenas ouvisse. – Preciso que fique de olho nele, . Se o Travis não resistir... isso vai destruí-lo. Não sei o que ele será capaz de fazer.
assentiu, concordando. Kate a abraçou e de repente ela sentiu suas lágrimas rolarem bochecha a baixo. Dessa vez não era a dor de que ela sentia, também não era a dor da lembrança de seu amigo John morto. realmente se sentia mal por Travis e o abraço de Kate parecia ter tirado algo de sua garganta, deixando o ar entrar, mas abrindo espaço para sua tristeza sair.
Ela se sentou e bem na hora a porta se abriu mais uma vez. Era a namorada de Travis, Sharon.
– Onde ele está?! – ela disse aos prantos. – , onde ele está?! , o que aconteceu com ele?
Os dois se abraçaram. Ele agora se mantinha firme, apoiado a garota que soluçava desesperadamente.
– Diz que ele vai sobreviver, . Não deixa meu Travis morrer, por favor, não deixa!
Capítulo 29 - Servindo à Rainha
Max encarava as duas cadeiras vazias, a de na ponta e a primeira do lado direito que pertencia a Travis. Então começou a falar:
– Ninguém está com a cabeça focada, eu sei disso. Pensei em fazer um discurso ou sei lá... mas percebi que não vai adiantar de nada. Não sabemos o que vai acontecer com o Travis, mas independente disso, sabemos que o , quando sair desse momento, vai querer vingança. Temos que estar com a arma engatilhada e com o alvo pronto quando isso acontecer.
“Ainda não temos informação sobre os motoqueiros porque, além de , ninguém chegou a vê-los, mas já pegamos o nome do corredor e tem gente em todo o sul da Califórnia procurando por ele. Uma hora iremos achar.
“O corpo do cara que atirou foi enterrado e a moto está escondida lá nos Químicos, o que me leva ao próximo assunto. Temos carregamento chegando e precisamos ir atrás dos nossos distribuidores. Os Collins estão voltando a todo vapor e não podemos deixá-los ganhar território. Então vamos nos dividir em equipes. Uma parte cuida do rastreamento daqueles bastardos enquanto o resto de nós segue com os nossos negócios. Alguém tem algo contra isso?”
Ninguém na mesa se manifestou, aquilo parecia o mais lógico para todos.
– Muito bem então. , Crash e Andrew, quero vocês escoltando nossa mercadoria até os Químicos hoje e marquem a entrega com os distribuidores dentro e fora da cidade. Oliver e Drake, vocês continuam buscando por informações. Se todos concordarem, ficarei supervisionando e de olho em , porque sei que não teremos tempo integral para ficar ao lado dele. Posso atualizá-lo também.
– Max, se você não se importar, gostaria que eu fosse a pessoa a atualizar ele – falou. – Sei que vou estar ocupada, mas não quero ficar longe.
Ele assentiu e lhe deu um sorriso. Apesar de não ter dito nada, conseguiu ver que ele gostava de tê-la ao lado de .
– Bem, vamos ao trabalho.
A equipe se levantou, cada um seguindo seu rumo.
Já era tarde da noite. assistia Crash, Andrew e outros homens do Walker transferirem os toneis que supostamente estavam cheios de óleo mineral – mas que na verdade estavam abarrotados de pasta base – para o caminhão. Todos estavam preocupados, não por medo da polícia local aparecer, já que eles eram bem pagos para manter distância. A causa vinha tanto de seu amigo em coma, quanto da resposta negativa de alguns distribuidores das cidades vizinhas.
Aparentemente alguém havia os abastecido, o que deixaria a equipe com um estoque cheio até a próxima demanda. Isso não era bom. Dentro da cidade, seus negócios continuavam normais e na noite seguinte já haveria a entrega.
Com os dois caminhões devidamente abastecidos, cada um foi para seu carro. Novamente usava o Dodge alterado para não ser identificado. Eles escoltaram a mercadoria tranquilamente até o prédio onde os trigêmeos de cachos loiros, conhecidos como Os Químicos, trabalhavam.
Enquanto os homens descarregavam, a única garota entre três foi até .
– Sinto muito pelo Travis – ela disse.
– Eu também.
– Se ele não voltar, é você quem vai assumir aqui?
a encarou, pronta para retrucá-la de uma forma não muito educada, mas a garota parecia ter falado na inocência.
– Isso ainda não foi definido – ela respondeu.
– Seria bom ter outra garota por aqui. Vivo cercada por homens. Você deve saber como é, às vezes me tratam como se fosse uma criança.
Então ela percebeu que nunca havia parado para pensar nisso, mas a loirinha tinha razão. Tanto na FBI quanto em sua nova vida, era o tempo todo cercada por homens.
– Qual é o seu nome mesmo?
– Zoey.
– Bem, Zoey, acontece que a sociedade define papéis para homens e para mulheres, acham que somos obrigadas a respeitar isso sempre. Só que existem pessoas como nós, que não seguem esse padrão. Porém isso também nos faz cruzar com os mesmos clichês de anos atrás e nos obriga a provar diariamente nossa capacidade de estar aonde quisermos estar. Por isso essa necessidade de proteção dos homens.
Ela refletiu por um tempo.
– Acho que você tem razão. Mas nós não precisamos ser protegidas. Isso nos torna especiais?
– Toda mulher é especial, Zoey. Isso só nos torna um pouquinho mais insistentes.
A garota riu e voltou a assistir os homens. Ela parecia tão nova, mas não era possível que fosse tão jovem quanto aparentava, afinal, ela tinha um conhecimento químico de dar inveja.
– Quantos anos você tem? – perguntou.
– Vinte e oito – a garota respondeu, causando espanto na outra. Ela apenas riu. – Todo mundo me olha assim quando eu digo isso. Não me sinto com vinte e oito, mas é a idade que tenho.
– Também não parece ter.
– É, eu sei. Mas para ser doutora em Química, é necessário ter alguma idade.
– Você podia estar dando aula ou, sei lá, criando remédios. Por que trabalha nesse buraco?
Zoey deu de ombros.
– Ganho um bom dinheiro aqui, tenho uma sala completa com os melhores jogos existentes lá em cima, posso ficar com meus irmãos, não preciso enfrentar a sociedade que você disse, etc. Todo mundo me olha estranho lá fora.
– O ser humano é incrivelmente horrível, acho que não posso te culpar por preferir se manter aqui.
A loira sorriu.
– Obrigada. Você é a primeira garota que eu converso e não me julga.
olhou a garota-adulta e sorriu. Sempre fora um imã para as pessoas excluídas por serem fora dos padrões, talvez porque não julgava ninguém pelo que parecia ser e sim por quem era de verdade. Se meteu em algumas brigas defendendo nerds dos valentões durante a escola, pode ter sido isso que despertou seu interesse pela polícia. Queria defender quem não conseguia sozinho e aqueles três garotos pareciam se encaixar no seu padrão, apesar de fazerem coisas realmente erradas ali.
– Quero que saiba que vocês podem confiar em mim – falou. – Vou fazer o possível para assumir essa área e ter mais contato com vocês. Vão ficar bem.
A loira sorriu e assentiu.
– Confio em você. – Ela olhou para os irmãos, que a chamavam. – Agora tenho que ir, espero vê-la logo.
A garota saiu, seus cachos pulando junto com seu passo acelerado.
zapeava os canais da TV sem realmente prestar atenção na programação, tinha um pressentimento ruim que não lhe deixava nem por um segundo. Para melhorar seu humor, também não via desde o acidente com Travis McCoy.
Ele desistiu de encontrar algum programa e desligou a televisão, então se levantou para procurar algo para comer. Sua geladeira não lhe agradou com as opções. Ele atravessou o quarto secreto e foi procurar na cozinha da parceira, bem na hora ouviu barulho na porta, então correu para se esconder atrás do balcão, mas apenas um par de pés entrou. Ele se levantou, assustando-a.
– Que droga, ! Toda vez isso!
– Foi mal, vim procurar comida e ouvi barulho na porta, vai que você estava acompanhada.
revirou os olhos e entrou na cozinha, pegando um copo d’água e virando de uma vez.
– Como ele está? – perguntou.
– Difícil dizer, ainda está voltando da sedação.
– Você acha que ele vai sobreviver?
Ela encostou as costas no balcão da cozinha e respirou fundo. Não precisou dizer nada para ver que sua esperança não era muito grande. Ele se aproximou dela e segurou sua mão.
– , essa foi a vida que ele escolheu. Nem era para você estar lá para tentar salvá-lo. Não é culpa sua.
– Eu sei que não é, só que... – Ela suspirou. – está desolado.
A expressão de não foi muito boa com a citação do Walker na conversa e percebeu, então se apressou em explicar:
– Eu olho para ele e me vejo quando perdi o John. Ver um amigo, aliás, o melhor amigo morrer não é algo fácil de lidar, não importa quem você seja.
– Mas assim como o McCoy, Walker também escolheu esse caminho, devia estar preparado para a possibilidade de acontecer isso.
olhou para o parceiro incrédula e cruzou os braços.
– Então eu deveria estar preparada para isso também? Afinal sou uma policial, tem tanta possibilidade de isso acontecer que aconteceu.
– , você sabe que não foi isso que eu quis dizer.
– Foi exatamente isso o que você disse, .
– A diferença é que nós trabalhamos para o bem da população, nós fazemos o bem enquanto eles só estão preocupados em ganhar mais dinheiro atropelando quem for que estiver pela frente. Isso só aconteceu por causa de poder.
Ela refletiu por um tempo e se arrependeu de sua escolha de palavras, a expressão dela deixava claro seu cérebro maquinando alguma coisa e sua frase em seguida, confirmou isso.
– , eu preciso saber o nome do motorista e dos motoqueiros contratados pelos Collins.
– Eu não sei.
– !
– É sério, eu nem sequer sabia que eles iam fazer isso. Hannah que me contou depois que você me disse o que houve.
– Você precisa descobrir isso para mim.
– Para você ir correndo contar para o Walker e finalmente dar o motivo para essa guerra estourar?
– Ele tem o direito de saber e é melhor que saiba enquanto Travis ainda está vivo.
– Ou eu posso descobrir e levar eles dois presos, mantendo bem longe de ambas as famílias até essa missão terminar. Nosso combinado era intervir antes da guerra começar, lembra?
– Ainda temos que conseguir mostrar a ligação das famílias vizinhas com isso e você precisa de provas concretas da ligação dos Collins com o Cartel de Juárez.
– Mas você já tem acesso a todo o esquema de tráfico dos Walker.
– Eles não são os únicos errados aqui. Não vou sair e deixar meu trabalho pela metade.
a encarou e suspirou. Queria com todas as suas forças acreditar que ela estava prolongando essa missão apenas para cumprir seu dever da melhor forma possível, mas algo lhe dizia que não era só por isso.
Mais uma vez o pressentimento ruim.
– Vou pedir alguma coisa para comer – disse se afastando.
– – o chamou.
Ele parou e girou para olhá-la.
– Você é a pessoa que eu mais confio nesse mundo, espero que confie em mim.
– Eu espero poder confiar em você também.
Ele então saiu, deixando-a só.
Duas semanas se passaram e se via dividido entre as tarefas na logística do transporte das drogas que estava para começar, já que o elevador finalmente ficou pronto, e a procura pelo corredor e o motoqueiro envolvidos no acidente de Travis. O homem que competiu estava desaparecido, o que era a coisa mais esperta a se fazer já que tanto os Collins quanto os Walker estavam o procurando. Já um dos assassinos, apenas Natasha sabia de sua localização e estava na espera que ele concluísse o trabalho para eliminá-lo. Pelo visto não há confiança entre bandido, pensou.
Ele se afastou do computador e fechou os olhos, respirando fundo.
– Algum problema, querido?
se virou de uma vez e encontrou Natasha na porta da sala.
– Não, Nat. – Ele sorriu. – Muito tempo na frente de uma tela, estou com uma dor de cabeça chata.
Ela sorriu. Droga, aquela mulher era realmente estonteante. Ela usava um vestido que parecia uma blusa de basquete estilizada, longas botas pretas e seus cachos estavam presos em um coque alto.
Natasha andou até ele e encostou na mesa em frente a .
– O que acha de uma massagem para relaxar?
Ele ergueu uma sobrancelha e olhou para a porta ainda aberta.
– Bem, acho que ficarão com ciúmes em ver a rainha fazendo a massagem em um simples plebeu.
Ela riu e se levantou, fechando e depois trancando a porta. Quando voltou se sentou no colo de e cruzou as pernas.
– Tudo o que eu falo vira lei por aqui, as pessoas me obedecem sem jamais questionar, me olham como se vissem uma deusa... e eu amo isso. Adoro ser mimada por todos, respeitada, temida. Mas você não tem medo de mim.
passou a língua nos lábios e sorriu de lado.
– Ainda não vi porque temê-la, quer dizer, tirando o dia que te vi discutindo com Ben.
Ela sorriu e passou a mão nos cabelos dele.
– Ben sempre teve inveja de mim. Eu era a filha favorita, o orgulho da família em tudo e sempre fui melhor nos negócios. Ele diz que sou temperamental e ajo sem pensar nas consequências.
– Me perdoe o abuso, Nat, mas você é meio temperamental mesmo.
Natasha ergueu uma sobrancelha, então passou a perna pela frente de , dando uma ampla visão de um local que ele lutou para não olhar.
– Gosto de você, sabia? Esperto, não bajulador, sarcástico... – Ela aproximou o rosto do pescoço dele, puxando o ar com força e soltando lentamente pela boca. – Além de ser extremamente charmoso.
tentou se controlar, mas se Natasha fosse um pouco mais para frente, sentiria algo mais ereto que o normal.
– Olha, pela primeira vez me senti verdadeiramente lisonjeado com um elogio e olha que eu já recebi muitos na vida.
Ela riu e o olhou nos olhos.
– Hoje à noite darei uma festinha lá em casa, espero te encontrar lá.
– Hannah vai?
Natasha ergueu uma sobrancelha e deu um longo selinho nos lábios de .
– Se ela for, a festa vai perder uma parte da graça.
Novamente ele passou a língua pelos lábios e sorriu.
– Quero você lá e isso é uma ordem.
Ela piscou e levantou, então saiu da sala.
Quando ouviu a porta bater, olhou para seu membro ainda animado e riu.
– Faz parte da missão ser um capanga obediente, né não, amigão?
estava pegando as cartas na caixa de correio quando o porteiro apareceu com uma caixa nas mãos.
– Seu , chegou essa caixa aqui para você.
Ele pegou o a caixa vermelha com um laço dourado e agradeceu, então subiu para seu apartamento carregando elas e a única carta que havia chegado. Assim que entrou colocou o pacote sobre a mesa e abriu, encontrando uma muda de roupa esporte fino e um cartão da cor do laço. Ele abriu e leu:
– Para usar hoje à noite, 22h não se atrase. Assinado: Natasha Collins.
Ele riu e balançou a cabeça, puxando as peças de uma por uma para analisar. Camisa social preta, calça e cinto da mesma cor, sapatos cinza e um blazer branco. Pelo símbolo nas etiquetas, supôs que só aquelas roupas deviam custar seu salário do ano.
As poucas horas se passaram rápido, então ele foi se arrumar. Depois de um longo e necessário banho, ele arrumou o cabelo, aparou a barba e se vestiu. Bastante perfume e um relógio prateado completou o traje. Quando saiu para a sala, estava sentada em seu sofá.
Ela o olhou dos pés à cabeça lentamente e assobiou.
– Está todo vestido assim para mim?
– Você não está merecedora de tudo isso ultimamente.
levantou fazendo uma falsa cara de inocência e se aproximou do parceiro.
– Eu estou sendo uma menina má, daddy?
Ele sorriu torto e mordeu os lábios.
– Não me provoque, . Agora não posso.
– Tudo bem então! – Ela levantou as mãos em rendição e voltou ao sofá. – Vou fingir que não fui dispensada. Vai pelo menos me dizer aonde vai?
– Uma festinha privada com minha amiga Natasha Collins.
ergueu uma sobrancelha e semicerrou os olhos.
– Ela te deu isso? – apontou para as roupas.
– Pois é. E ainda deu em cima de mim hoje.
– Você já pensou que pode ser um teste, afinal você está pegando a ruivinha, não é?
– Quando as mulheres estão fazendo joguinhos comigo, geralmente eu percebo logo de cara. Não acho que seja isso.
Ela deu de ombros.
– Pelo visto hoje ficarei sozinha então.
– O Walker perdeu a graça para você? – provocou.
– Infelizmente o acidente de Travis tirou toda a vontade dele de curtir o fim de semana. Nem sequer o vi hoje.
– Que pena, enquanto você vai ficar em casa assistindo filme, eu estarei tomando do melhor champanhe do país.
se preparou para empurrá-lo, mas foi mais rápido e a puxou, dando um selinho em sua boca.
– Me deseje sorte com a rainha.
– Vá se foder.
Ele riu e saiu.
decidiu pegar um táxi, então só foi necessário dizer “Mansão Collins” e em alguns minutos estava lá. O porteiro do lugar autorizou a entrada quando identificou o convidado. A casa era incrível, uma piscina enorme na sua frente e atrás altas paredes em tons pastéis. A estrutura da cara era toda quadrada, bastante moderna e tinha várias paredes de vidro, dando boa visão para alguns cômodos.
Assim que contornou a piscina e chegou à porta, Natasha o recebeu. A festa estava cheia de pessoas com joias caras e cara de esnobe, ninguém que conhecia.
– Finalmente você chegou.
Ela passou o braço pelo dele e saiu o puxando. foi apresentado para diversas pessoas e não decorou nenhum nome, mas se tinha uma coisa ele tinha, era lábia, então logo havia um grupo ao seu redor ouvindo uma história qualquer que ele havia inventado.
– ...e foi assim que tirei o melhor jogador rival do time. Sem nenhuma penalidade ainda.
– O cara é bom – um deles comentou.
– Devíamos ter feito isso naquele jogo em Riverside – o outro disse.
Natasha voltou então com duas taças na mão.
– Com licença, meus amigos. Vou levar esse garoto por um tempinho.
– Mas não demore, quero ouvir mais histórias – uma garota asiática disse.
– Voltarei em breve – piscou e saiu com Natasha. – Algum problema, Nat?
– Nenhum. Sabia que você se sairia bem nesse papel, mas não tanto.
ergueu uma sobrancelha.
– Acho que não entendi.
– Meus amigos me cobraram essa festa desde que voltei de viagem, mas eu soltei que estava saindo com alguém e eles não pararam de me perturbar para apresentá-los.
– Espere, eu estou aqui como seu namorado e nem sequer sabia?
– Entre todos da equipe, você é o mais bonito, querido.
Ele deu um passo se aproximando dela.
– Então já que estou de namorado de aluguel, posso cobrar alguns direitos.
Natasha ergueu uma sobrancelha.
– Pensei que estivesse com Hannah.
Ele ergueu as mãos e deu de ombros.
– Não vejo nenhum anel aqui. – Ele olhou para as mãos dela cheias de joias. – Mas já as suas...
Ela riu e puxou ele pelo queixo.
– Ninguém precisa saber, certo?
Os dois tocaram os lábios em um beijo que começou curiosos, se adaptando, mas em pouco tempo se tornou mais feroz e sedento. Natasha se separou, então pegou a mão dele.
– Vem!
Eles seguiram escada acima até um quarto maior que seu apartamento atual junto com seu apartamento de verdade. A decoração toda em branco e dourado, mas não teve muito tempo para analisar, pois logo estava sendo jogado na cama com dossel.
Ele tirou o blazer e Natasha se pôs de quatro sobre ele, então foi lentamente desabotoando a camisa, dando beijos molhados em cada parte de pele que aparecia. Quando terminou na camisa, tirou o sinto e abriu a calça.
Ela sentou sobre o colo dele, de costas para seu rosto e fez sinal para que ele abrisse o zíper de seu vestido. prontamente obedeceu, imitando-a ao depositar beijos em suas costas à medida que abria. Natasha tirou completamente a peça, ficando apenas em seu lingerie de renda preta.
girou os dois corpos, ficando por cima agora. Ele beijava o pescoço dela enquanto suas mãos tiravam delicadamente se sutiã, quando a peça voou para algum canto do quarto, ele começou a acariciá-la e levou a boca até aquele ponto. Enquanto sua boca deixava beijos e chupões ali, sua mão escorregou ainda mais, encontrando o ponto mais sensível de qualquer mulher.
Natasha gemeu e segurou os cabelos dele com força.
– Desce! – ela mandou.
foi descendo seus beijos pela barriga dela, até chegar em seu ventre. Devagar, ele foi puxando a última peça que lhe cobria e apreciou a visão por um instante. Natasha realmente era o tipo de mulher de deixar qualquer um babando. A intimidade de então, implorava por mais contato. Mas ele pacientemente apenas se inclinou sobre ela e começou a dar leves beijos em sua virilha, ele deslizava a língua entre os lábios lentamente, mas fazendo pressão no ponto exato com uma perícia chocante.
À medida que ele foi aumentando a intensidade, Natasha fincou as longas unhas negras nos lençóis, deixando gemidos altos escaparem sem se importar. O corpo dela responde em espasmos e logo ela chegou ao orgasmo. levantou sorrindo, desfrutando da imagem de entorpecimento da mulher.
Ela abriu os olhos e sorriu.
– Você acaba de ganhar uma promoção.
Natasha ergueu o tronco e o beijou.
– E vai receber agora um bônus extra.
Ela o empurrou na cama e começou a tirar o resto da roupa dele, que a assistia trabalhar sem atrapalhar. Os lábios dela então tocaram delicadamente a cabeça de seu membro e sentiu aquela ansiedade no pé de sua barriga. Sem jamais tirar os olhos dele, Natasha passou a língua em todo o comprimento do membro de , então começou a sugá-lo enquanto sua mão subia e descia.
mordeu o lábio e levou uma das mãos aos cabelos da morena, não que ele precisasse conduzir o ritmo, Natasha parecia saber exatamente quando acelerar e parar. Ele tentou manter o contato visual, mas não conseguiu se concentrar o suficiente. Não demorou pra ele derramar todo seu prazer na boca de Natasha, que sugou tudo sem reclamar.
Ela levantou, nua como estava, e foi até o criado mudo, então voltou com um pacote de preservativos na mão, já abrindo o primeiro. Depois de cuidadosamente vesti-lo, Natasha se pôs de costa para ele e sentou sobre o membro. Ela ditava o ritmo e podia jurar que Natasha lia mentes, pois quando pensava que não podia melhorar, ela melhorava. A visão dela quicando de costas também era algo que ajudava até demais.
Mas ele queria mais.
a puxou, fazendo-a girar para ficar de frente com ele, então a deitou, assumindo o controle dessa vez. Começou a movimentar-se dentro dela, acelerando gradativamente. As unhas pontudas de Natasha se cravaram às costas de , arranhando-o cada vez mais. Seus gemidos se tornaram mais altos, seu corpo começava a se contorcer sobre ele até que ela atingisse seu ápice mais uma vez.
Ele não parou, mas estava perto. Até que atingiu o próprio orgasmo.
Capítulo 30 - Vingança
– O que você está fazendo na minha casa? – ele disse enrolado.
– Essa é a minha casa, .
Ele olhou ao redor e só então percebeu que havia entrado na porta errada.
– Você está bêbado? – ela perguntou.
– Claro que não.
levantou rindo e se aproximou dele, o nariz um pouco mais a frente, farejando.
– Você está só o cheiro de álcool, shampoo e... perfume feminino.
riu mais do que o necessário.
– Na verdade é um negócio para fazer bolhas na hidromassagem.
– Hidromassagem?
Ela semicerrou os olhos, já entendendo a situação e abriu os braços, se dando por vencido.
– Transei com a Natasha. – Ele riu. – No quarto e no banheiro. A hidro dela é do tamanho de uma piscina!
Ele cambaleou e teve que se segurar na parede.
revirou os olhos e comentou:
– Eu realmente não estou interessada nos detalhes.
– Mas deveria estar, a casa dos Collins é quase um palácio e o quarto dela com certeza é os aposentos da rainha.
respirou fundo para não o empurrar, já que bater em bêbado era golpe baixo.
– , você não estava pegando a ruivinha?
– Não só estava, como ainda estou.
– Não acha que isso pode ter sido um teste da Collins para ver se você é confiável?
– Ou simplesmente ela me achou extremamente atraente, o que é bem mais plaus... plaus... possível.
– Ah claro, . Claro – ela ironizou.
– Ninguém resiste ao aqui, gata. Você sabe bem disso.
revirou os olhos dando as costas para ele.
– Me poupe, !
– Está desdenhando, ? Você conhece o ditado, quem desdenha...
Ela se irritou e virou de uma vez, cortando-o.
– Quem desdenha vai te dar um soco se não sair do meu apartamento e levar esse fedor de álcool e perfume barato com você.
riu muito, quase perdendo o fôlego.
– Qual é a graça, ?
– Se de uma coisa eu tenho certeza, é o que perfume dela não é barato.
teve certeza que fumaças sairiam do nariz dela, como um touro bravo, naquele exato momento.
– Sai da minha casa, – disse entredentes.
– Você está com ciúme! – Ele riu ainda mais. – Não consegue nem disfarçar.
– SAI!
Ela saiu o empurrando pelo corredor até a porta, então o jogou um que ainda ria desesperadamente.
– Ciúme porque ficou sozinha ontem enquanto eu estava com a rainha de O’Village.
A última coisa que viu foi a porta sendo batida tão forte que ele desequilibrou.
– Grossa! – ele gritou e foi para seu apartamento ainda rindo. Talvez tivesse exagerado um pouquinho no álcool.
Apesar do ser um babaca, após almoçar, fez um prato para ele e deixou em sua geladeira, depois passou no quarto só para vê-lo desmaiado de bruços na cama, vestindo apenas uma cueca branca. Sua boca semiaberta a fez rir. Ele parecia tão inocente dormindo assim, devia ser isso que encantava as centenas de garotas que ele dizia que procuraria depois, mas que nunca ligava. Parecia inocente, mas com toda certeza não era.
Mais uma vez se viu questionando como conseguiu chegar a esse ponto de confiança e intimidade com o parceiro, quem os via hoje, mal podia imaginar o quanto se detestavam na academia e quando entraram juntos para a FBI.
Ela sorriu e foi até a cama, afastando os fios da testa dele.
– Não sei o que seria da minha vida sem você, mas jamais admitirei isso quando você estiver consciente.
então se pôs de pé e foi até o armário, onde pegou um cobertor para cobri-lo. Silenciosamente ela saiu do quarto e voltou para a sala secreta.
Após fechar a porta, ela parou em pé de frente à parede cheia de fotos, linhas interligando pessoas e anotações sobre os investigados. Aquilo tinha triplicado de tamanho desde que chegaram, haviam descoberto muitas coisas que colocava ambas as famílias em uma posição bem difícil de ser defendida. Quer dizer, parte das famílias. Os patriarcas continuavam sumidos e, apesar dos negócios ilegítimos serem claramente herança, não havia provas concretas contra eles, além disso, também havia Simon, o irmão de , que comandava a empresa de minérios da família e se mantinha bem longe da sujeira que o caçula controlava.
suspirou e pegou a pistola que ganhou do Walker, o dragão dourado ainda refletia no cabo da arma. Acabou lembrando dele a ensinando a montar e desmontá-la, e depois a atirar. Coisa que ela fez em bem menos tempo que ele em seguida. Com a memória, acabou rindo.
O tempo deles ali em O’Village estava se esgotando e ela sentia aquela mesma sensação de quando você está prestes a se formar na escola. Há ansiedade pelo fim misturada à ligação que você cria com essa época da vida.
– Que final mais dramático – ela murmurou consigo mesma se lembrando de Travis no hospital.
A agente fechou voltou para o apartamento e fechou a porta, bem na hora que seu celular começou a tocar. Era .
– Alô?
– Você está aonde? – perguntou parecendo tenso.
– Em casa, por quê?
– Se arruma e desce que eu estou passando aí em cinco minutos.
– Como assim? O que aconteceu?
– Nós encontramos o cara que correu contra o Travis.
, com sua roupa usual: regata branca, jeans preto rasgado, uma botinha da mesma cor e a jaqueta de couro também preta, apareceu na porta do seu prédio no exato momento em que o Dodge Challenger preto fosco parava ao lado da calçada. Ela logo reconheceu e já foi direto para o banco do passageiro. Os dois se cumprimentaram com um beijo rápido e logo saiu arrancando.
– Onde ele está? – perguntou.
– Lakeside.
– Como descobriram?
– Vários parceiros nossos estavam de olho, quando viram o cara, já garantiram que era ele mesmo.
– Cadê o resto da equipe?
– Estão ocupados. Só Max, Crash e Drake estão livres e a caminho para não deixá-lo fugir.
Os olhos de estavam focados na estrada como uma cobra analisando a presa. Sentiu um arrepio percorrer sua coluna. Já tinha visto aquele mesmo olhar nela mesma, em um passado que ela lutava para esquecer...
Foram longos três meses afastada do trabalho depois da morte de John, mas com certeza não foram de descanso. Durante todos os minutos que conseguia se manter acordada, estava a procurar pelos nomes da gangue que tirara a vida de seu parceiro.
Ela se lembrava perfeitamente daquele dia. Uma equipe estava infiltrada e acionou o resto dos agentes para darem o bote, e John faziam parte da assistência da missão. Os membros da gangue já estavam cercados, mas conseguiram fechar o prédio e mantiveram uma refém, a filha do prefeito que infelizmente passava por ali. John se ofereceu para ficar no lugar dela enquanto eles negociavam, os bandidos aceitaram e ele liberou a garota. Então a invasão começou.
John se protegeu enquanto todos os outros agentes entravam com tudo. O hall de entrada virou zona de guerra. se aproximou de John atrás de um dos sofás e lhe entregou seu colete.
– O prédio está trancado, mas eles podem tentar sair pelo terraço – John falou.
– Vamos ter que ir lá então! – respondeu.
Um cobrindo o outro, conseguiram chegar às escadas de emergência com mais quatro agentes os seguindo. Olharam de porta em porta no primeiro e segundo andar para ter certeza que não havia ninguém, mas foi no terceiro e último que acharam o chefe da gangue com a mala que precisavam e sete de seus homens. Havia várias mesas e cadeiras enfileiradas, parecia um telemarketing, o que serviu de proteção quando o tiroteio começou. pediu reforços pelo fone e John virou para ela:
– Eles estão perto da escada e com a mala, podem acabar fugindo. Distrai eles que eu vou pegar.
– Você é louco? Estamos em desvantagem, não tem como você chegar perto sem ser visto!
– A gente tem que pegar a mala, . Me cobre!
Ele não esperou uma resposta, enquanto os agentes atiravam, ele rastejava pelo chão, se escondendo entre as mesas e colunas do prédio. John chegou ao primeiro capanga por baixo e usou a própria arma dele para acertá-lo na testa, usando ela também para atirar em mais dois que estavam próximos. O chefe, vendo que não tinha muito que fazer, ordenou para seus homens saírem, mas John correu e se jogou contra ele. Os dois caíram e começaram uma luta, mas o agente conseguiu pegar a mala e a deslizou pelo chão o mais longe que conseguiu, nisso levou um chute do chefe que na hora puxou a pistola. De longe gritou e tentou acertar o homem, mas acabou pegando em outro de seus comparsas ao mesmo tempo que a bala atravessava a garganta de John.
correu para ajudá-lo enquanto o chefe e mais três de seus homens fugiam, mas quando chegou até ele, seu parceiro já estava sem vida.
A missão fora bem-sucedida pela mala recuperada e por causa da prisão da maior parte da gangue, mas o mais importante havia sido tirado de . Ela havia perdido um irmão.
Após o enterro, seu chefe lhe dera um mês de afastamento, mais uma assistência psicológica que ela sempre faltava, juntando com alguma folgas e férias acumuladas, ficara longe do trabalho por pouco mais de três meses.
Três meses falando com pessoas das mais barras pesadas, três meses indo a lugares que nunca havia se imaginado dentro, três meses caçando incansavelmente... três meses matando de um por um cada um dos fugitivos. O último, por coincidência ou talvez por planejamento de seu subconsciente, foi o chefe.
Ela chutou a porta velha do apartamento, abrindo-a com força.
– SMITH! – cantarolou o nome dele. – Não adianta se esconder, eu sei que você está por aqui!
Com passos lentos e silenciosos, entrou, procurando em cada canto dos cômodos mal iluminados. Ele sabia que ela chegaria, tinha deixado pistas propositais, ela queria que ele soubesse quem o mataria.
Um leve rangido na madeira de dentro do quarto e ela sorriu.
– Achei você.
abriu a porta e bem na hora o homem se jogou contra ela.
– SUA VADIA SÁDICA, ACHA QUE VOU DEIXAR VOCÊ ME MATAR?!
Ele a empurrou de cabeça contra a cômoda, fazendo-a cambalear para o lado, mas antes que ele pudesse correr para a porta, atirou em sua canela. Smith caiu gritando, mas continuava se arrastando para longe dela.
– Que bonitinho, ele quer viver – disse sorrindo.
Ela pisou exatamente no lugar onde a bala havia acertado, fazendo-o gritar ainda mais. Smith tentou pegar algo para acerta nela, mas pisou em sua mão. Ela o soltou e puxou pelo ombro, fazendo ele ficar de frente para ela, então abaixou sobre o homem.
– Dói perder um amigo, não é? Imagine vê-lo engasgar no próprio sangue como ele fez? – disse, assistindo o homem tremer. – Tinha algumas ideias para você, mas sinceramente, eu me cansei desse joguinho. Com você será enterrada a vingança pela morte do John.
Ela se levantou e apontou a arma com o silenciador na porta em direção a ele. Em sua mente as cenas de John morrendo e dos outros quatro homens que ela matara. O barulho silencioso dos tiros que ela deu comparados aos ensurdecedores das metralhadoras no dia da morte de seu parceiro.
– Boa estadia no inferno.
Então puxou o gatilho.
Sangue espirrado pelos lados.
E um silêncio sepulcral.
se afastou do corpo, ainda o olhando no chão. Tinha acabado, finalmente, seu amigo havia sido vingado. Ela saiu do quarto, mas parou no corredor ao dar de cara com um par de olhos vazios e frios sobre olheiras profundas. Era seu próprio reflexo no espelho.
Ela fechou os olhos com força e voltou ao presente. Seu coração acelerado pela lembrança do segredo mais macabro que jurara guardar para si até o dia de sua morte, mas que vez ou outra voltava a lhe assombrar. Nem sabia disso, apesar ajudá-la sempre que sua ansiedade atacava, achando que era apenas a cena da morte do John.
percebeu sua inquietação e olhou preocupado.
– Me desculpe.
o olhou sem entender.
– Estive tão preocupado com o Travis que fui egoísta, não pensei no que você deve estar passando. Sei que gostava dele e foi você quem o salvou afinal.
– Não tenho como te culpar. Nem se compara o que eu sinto com o que você deve estar sentido agora. Ele é como um irmão para você.
Os olhos de se entristeceram e ele suspirou, então estendeu a mão para ele.
– Ei! Você não está sozinho nisso, entendeu? Nós estamos aqui com você. Eu estou com você!
Ele a olhou e teve certeza que ele a beijaria naquele exato momento se não estivesse dirigindo, mas pelo menos segurou a mão dela, circulando o polegar pelo seu dedo.
– Não sei o que seria de mim sem você agora. Você é a melhor coisa que já me aconteceu.
Ela sorriu para ele, apertando de leve sua mão.
– Você foi com certeza um marco histórico na minha vida. – Os dois riram. – Mas vamos deixar essa melação para outro momento. Agora precisamos nos focar.
assentiu e voltou a olhar para a estrada.
– Vamos acabar com aquele desgraçado!
Antes de fechar os trinta minutos, o Dodge preto parou a alguns metros da casinha de paredes brancas no meio da pacata cidade. Max desceu do carro estacionado em frente e foi recebê-los.
– E aí, gente!
– Max! – cumprimentou. – Qual a situação?
– Ele está sozinho lá dentro. Crash está nos fundos da casa e Drake está de olho nas laterais e frente.
– Então é ele mesmo?
– Confirmado, é ele. O que quer fazer, chefe?
passou a língua nos lábios e deu um sorriso macabro.
– Vamos levá-lo à cabana.
Com uma pesada na porta, Drake abriu passagem para entrar, seguido por Max e . O homem dentro da casa acabava de sair do banheiro, mas ao ver os três, saiu correndo aos tropeços para a porta dos fundos, só não contava com um Crash o pegando pelo pescoço antes de conseguir passar.
– Por que tanta pressa, jovem? – Os músculos dele saltavam enquanto levantava o corredor do chão.
– Você está muito assustado, garoto – disse se aproximando dele. – Relaxa, nós só vamos dar uma voltinha.
Os seis saíram da casa, olhando ao para ver se haviam testemunhas, mas a rua estava silenciosa. Crash jogou o homem no banco de trás do carro de Drake e sentou ao lado. e foram para o Dodge e seguiram na frente, Max ficou responsável pela escolta atrás.
O pequeno comboio seguiu por caminhos que ela não conhecia até entrar na zona rural, pegando uma estrada de terra. Alguns minutos depois, no meio do verde, se encontrava uma cabana simples de madeiras azul-clara. Não parecia haver vizinhos além de uns patos que nadavam no pequeno açude ao lado da casinha. Por dentro a decoração era bem caipira e parecia estar desabitada há alguns anos. Os poucos móveis estavam cobertos por lençóis e a luz amarelada da sala estava com mau contato.
Drake descobriu uma das cadeiras e colocou no meio do cômodo, onde Crash amarrou o homem. Ele olhava para todos os lados, o rosto molhado de suor pelo nervosismo.
– Seja bem-vindo as nossas acomodações – disse sorrindo friamente, enquanto tirava sua jaqueta. – Por gentileza confirme seu nome.
– Meu nome é Paul... – Ele foi interrompido por um tapa de .
– Resposta errada. Não pode mentir.
O homem passou a língua pelo lábio cortado e respondeu:
– Samuel... Clifford.
Max então entrou na sala, trazendo consigo uma caixa de ferramentas. Os olhos do homem amarrado quase saltaram das órbitas e sua respiração acelerou.
– E-eu... o que está acontecendo? Eu não fiz nada – ele perguntou nervoso.
– Então, Sammy – debochou –, houve uma corrida numa cidadezinha aos arredores de O’Village recentemente. Você estava lá, desafiou, até desafiou alguém.
– Eu, eu... – Samuel se interrompeu. – Vocês disseram que eu só precisaria desafiar e depois sumir do mapa, que me pagariam adiantado e nunca mais queriam me ver. Eu estava escondido! Não vou falar com ninguém eu juro.
semicerrou os olhos e olhou para os outros em pé ali.
– Nós quem? – perguntou.
– Vocês me contrataram, me pagaram... – Ele se interrompeu mais uma vez, entendendo a situação. Seus olhos esbugalharam ainda mais. – Ai meu Deus! Gente e-e-eu juro que não sabia de nada! Me contrataram apenas para correr, eu sequer sabia quem era o cara até a hora da corrida.
se inclinou sobre o cara.
– Para quem não ia falar com ninguém, até que você abriu a boca bem rápido. Quem te contratou?!
Samuel balançou a cabeça, já sem conseguir segurar as lágrimas.
– Eles vão me matam se eu falar.
se adiantou e aproximou-se do homem.
– Ele vai te matar agora se você não disser e provavelmente será bem mais doloroso.
O celular de tocou, ele olhou para a tela e se afastou para atender.
– Vocês vão me matar de qualquer jeito – Samuel disse chorando.
Ela o olhou nos olhos e falou mais baixo, para que os outros não ouvissem.
– Eu já sei quem te contratou, mas preciso que você diga para os outros “descobrirem” também. Eu sou a única pessoa que pode falar ao seu favor aqui, então se você realmente quer sair daqui com vida, é melhor falar a verdade logo antes que percam a paciência.
ouviu os passos de atrás de si, então ergueu o corpo e se afastou um passo, mas quando o olhou, viu que não havia muito o que fazer por Samuel. estava transtornado, ele tremia e sua respiração estava acelerada.
– Quem te contratou? – ele cuspiu as palavras.
Samuel olhou para , mas abaixou a cabeça balançando a cabeça mais uma vez. então pegou a primeira coisa que encontrou na caixa de ferramentas, um canivete, e enfiou com tudo na coxa do homem que gritou.
– QUEM TE CONTRATOU?!
– Você disse que ia me fazer sair vivo – Samuel chorou em direção à .
– Neste exato momento você só tem duas opções: falar a verdade e morrer rapidamente ou continuar calado e ver seus dedos sendo cortados de um por um até você dizer quem te contratou e depois ser deixado para sangrar até a morte – rosnou. – Sugiro que escolha rápido.
Ele puxou o canivete e acertou na outra coxa do homem. teve que virar o rosto, ouvindo apenas o grito do homem.
– Foi um cara chamado Joe! Eu só sei isso, ele era gordo, tinha cabelos grisalhos e uma cicatriz que cortava da testa à bochecha. Só sei disso, cara. Por favor, não me mate! – Samuel chorou.
se ergueu e olhou para sua equipe. , assim como os outros ali na sala, reconheceram a descrição, era um dos capangas mais antigos dos Collins.
– Eu já disse tudo, por favor, não me mate, eu prometo que vou sumir.
– Você parece ser um homem que cumpre suas promessas, Sammy – disse. – Acontece que eu também sou.
Ele puxou a arma e atirou no meio da testa de Samuel.
– Uma morte rápida.
deu as costas para o corpo e se encostou no braço do sofá, seus ombros caíram e sua expressão estava abalada.
foi até ele e segurou seu rosto, sendo seguida pelos outros homens.
– , o que houve?
– Era Kate no telefone. Ela disse que um homem entrou no quarto do Travis, depois saiu apressado e montou em uma moto. Não conseguiu ver quem ele era, mas... – A voz dele falhou e ele teve que puxar o ar com força para continuar. – Ele foi para terminar o serviço.
Parecia que a temperatura da sala havia diminuído uns dez graus. Eles se entreolharam, ainda digerindo as palavras de , que levantou e disse:
– Max, prepare as coisas para o funeral, ligue para familiares e ofereça todo o suporte que precisarem. Drake, marque uma reunião com toda a equipe depois do enterro e reúna todos os homens que tivermos. – Ele levantou a cabeça, o rosto sendo marcado pelas sombras da má iluminação, deixando-o ainda mais sinistro. – Nós vamos acabar com os Collins!
Capítulo 31 - Enterros
Enquanto se arrumava para sair, ele deve ter olhado umas mil vezes para o celular, mas se negou a ligar, estava cansado de tentar cobrar algum sinal de vida e ela ignorá-lo, então decidiu apenas esperar pela atitude dela.
Como de costume, chegou ao trabalho cumprimentando a todos e foi até Hannah, dando-lhe um beijo digno de Hollywood enquanto os dois encenavam ser um casal. Por um momento se perguntou se deveria se sentir mal por ter dormido com Natasha enquanto eles supostamente namoravam, mas sua consciência dizia “naaaaaah”.
– Você está se empolgando demais nos beijos, acho que está gostando de ser meu namoradinho – a ruiva falou baixo.
a prendeu contra o balcão do bar, dando seu melhor sorrisinho torto.
– Ou talvez eu esteja apenas te usando para conseguir algumas informações extras. Sabe como é, fazer se apaixonar e tal.
– Você realmente se acha, não é, ? – Ela sorriu e o empurrou. – Ainda bem que eu adoro homem egocêntrico.
– Bem que você queria mais, não é? – ele murmurou.
Ele beijou lentamente os lábios dela, provocando, então sorriu.
– Pena que vai ficar só na vontade.
Alguém se aproximou deles por trás, então disse:
– Vocês são tão melosos que me dá diabetes.
riu e girou, encontrando Lizzie olhando-os com cara de nojo.
– Quando você se apaixonar, vai entender isso como funciona.
– Ou posso continuar solteira e pegando todas. Prefiro assim.
Hannah revirou os olhos.
– Continue brincando que tem 19 anos, Lizzie – ela disse. – Só não esqueça que essa vida leva a fins rápidos, não vá se arrepender de não ter tido uma parceira certa depois. Não haverá pessoas no seu velório.
A ruiva passou esbarrando por ela. havia notado que as duas não se davam exatamente bem, apenas conviviam da melhor forma possível para não irritar Natasha, que já tivera que gritar para calar uma discussão entre as duas. Lizzie se aproveitava da amizade com para provocar Hannah, que tinha que fazer seu papel de ciúmes, ao passo que a ruiva usava toda oportunidade que tinha para dar o troco.
A porta da frente abriu e Natasha entrou, acompanhada de Joe e dois de seus seguranças.
– Quero todos na mesa de reunião, agora. Quem não estiver presente, liguem para se apressar.
Foram poucos minutos até estarem todos em torno da mesa redonda, esperando Natasha começar a falar.
– Travis McCoy está morto e segundo minhas fontes, o Walker e sua gangue já sabem disso, porém, o nosso “benfeitor” entrou no hospital em plena luz do dia, o que significa que ele pode ter sido visto e seria facilmente rastreável. Hoje à noite ele vai contatar a Joe para receber a segunda parte do pagamento, quero uma equipe com ele para garantir o seu silêncio.
– Você quer escolher o time ou eu escolho, Nat? – Joe perguntou.
– Eu escolherei. Lizzie, quero você, Hannah e dando cobertura ao Joe.
e Hannah trocaram um breve olhar e voltaram para Natasha.
– Algum problema para vocês? – a líder perguntou.
– Creio que não precisaremos da Lizzie, Nat – Hannah falou.
– Não vejo porque não levá-la.
olhou para Natasha e entendeu na hora o jogo dela. Estava tentando causar uma briga entre elas ou entre Hannah e ele. A Collins não era tão amável, afinal.
– Bem, como quiser – a ruiva disse.
– Ótimo! O resto de vocês, continuem procurando pelo Samuel. Precisamos ter certeza que ele realmente sumiu de vez.
– Não temos notícias dele desde a corrida, Nat – Patrick respondeu. – Ele com certeza cumpriu sua parte e se me mandou. Temos mais com o que nos preocupar, como o novo carregamento chegando. Precisamos distribuir dentro da cidade.
– Você tem razão. Então vamos atrás de aliados. Lizzie, consiga uma reunião com os chefes para hoje, Dan e Gabriel, peguem algumas amostras para levarmos. Quem não for com Joe, irá comigo. Estão dispensados.
Depois de passar a noite com , voltou em casa para se arrumar para o funeral. Apesar do sol brilhar no céu, o vento forte deixava a temperatura fria, então ela decidiu usar um vestido de mangas cumpridas, uma meia-calça fina e scarpins. Era 17h quando ela desceu para a garagem e saiu com seu carro em direção ao cemitério da cidade.
Ela foi uma das últimas a chegar à capela onde o velório acontecia. Alguns familiares de Travis, os amigos e toda a equipe estavam lá. Sharon, a namorada dele, estava ao lado do caixão, tocando sua mão e com o rosto inchado de chorar. foi até ela e tocou suas costas em apoio.
– Eu sinto muito – ela disse.
– disse que você foi a primeira a chegar no lugar do acidente – Sharon disse baixo.
– Sim. Eu chamei a ambulância de imediato, ele estava preso nas ferragens, não pude tirá-lo de lá. Queria ter feito algo a mais.
Sharon assentiu e as lágrimas voltaram a escorrer de seus olhos.
– Nós estávamos planejando morar juntos, sabia? Estávamos comprando as coisas para não faltar nada quando nos mudássemos. O que eu vou fazer com tudo agora?
a abraçou, sentindo a moça apoiar-se nela. Nesse momento ela deve um déjà-vu do velório de seu ex-parceiro. Já tinha passado por aquilo, mas na época era com um rapaz com quem John namorava. Ela suspirou.
Sharon se afastou, desculpando-se.
– Não tem que se desculpar – respondeu. – Sei que agora não vai adiantar de muita coisa, mas se precisar de qualquer coisa, nós todos estamos aqui, ok?
A moça assentiu e se afastou, deixando-a ali. Foi passando entre os familiares e amigos de Travis, sem realmente reconhecer ninguém, até a mãe dele aparecer em sua frente.
– Eu sempre avisei meu filho sobre essa vida.
– Senhora McCoy, sinto muito pelo seu filho.
– Eu também sinto, querida. Mas essa foi a vida que ele escolheu, não é? Sei que esse acidente deve ter acontecido com ele correndo nessas corridas ilegais, mas é claro que não diriam isso para os médicos. Eu o avisei tanto...
A senhora suspirou e olhou para Sharon.
– Eu gostava dessa moça, tinha esperanças que ela conseguisse colocar algum juízo na cabeça dele, mas a verdade é que ele apenas a levou na lábia também. Não sei como essas garotas têm coragem de se envolver com pessoas desse mundo. Eu sou a mãe dele, tenho que estar ao seu lado em todos os momentos, mas quando você não tem laço de sangue, por que fazer isso? O final para essa vida nunca é feliz.
abaixou a cabeça e bem na hora apareceu, abraçando-a por trás.
– Que bom que você chegou – ele disse baixo.
olhou para ele e depois para a senhora McCoy, que viu os dois e lançou um olhar piedoso e significativo para a mais nova, então balançou a cabeça e saiu.
– O que houve? – ele perguntou.
– Nada. – Ela se pôs de frente para ele. – Como você está?
– Acho que a ficha ainda não caiu. O vejo naquele caixão, mas não parece real.
– Eu entendo. Vou pegar café, você quer alguma coisa?
– Pode ser um café também.
assentiu e ia saindo, mas ele a puxou levemente de volta.
– Obrigado por estar aqui. Se não fosse você, acho que não aguentaria tudo isso.
Ela o beijou e acariciou seu rosto.
– Sempre que precisar.
Foram mais alguns minutos de despedida até levarem o caixão para o túmulo. Um padre leu algumas palavras que não prestou muito atenção. Houveram flores jogadas, choro de familiares e amigos, Sharon passou mal e não conseguiu assistir ao final do enterro, e então finalmente chegou ao fim. O túmulo foi fechado e aos poucos a pequena multidão se dispersou. deixou que tivesse seu momento a sós no túmulo do amigo e esperou em seu carro.
Ela encontrou no porta-luvas uma carteira de cigarro pela metade, junto ao isqueiro de que sequer lembrava que guardara ali, então se sentou no capô do Mustang e acendeu um.
– Pensei que não fumasse – disse, aparecendo finalmente.
soltou a fumaça e ofereceu a carteira para ele.
– Não fumo, esse é uma exceção.
acendeu um para ele e se encostou ao lado dela. O sol se pondo sob o mar à distância, só era possível vê-lo porque o cemitério estava em um dos pontos mais altos da cidade.
– Sinto como se todos que eu amo uma hora me abandonassem – ele disse após um longo silêncio, fazendo olhá-lo piedosamente.
– Isso não é verdade.
Ele soltou um riso sem humor.
– Meus pais simplesmente desapareceram, meu melhor amigo acaba de ser enterrado, Simon me julga sempre por não abandonar os negócios ilegítimos da família e se juntar a ele na empresa. Acho que está desistindo de mim... Não me restou muito.
queria responder que estaria sempre com ele, mas as palavras simplesmente travaram na garganta porque ela sabia que era mentira. Não podia ficar com ele, seria mais uma que o abandonaria. Ela respirou fundo e jogou o resto do cigarro no chão, pisando para apagá-lo, então se levantou e ficou de frente com ele.
– O Travis não tem culpa, mas o resto, se te deixaram, é porque não te merecem. Mas você não pode se deixar abater agora porque é exatamente isso que a Collins quer. Se você não se reerguer, ela terá vencido e a morte de Travis terá sido em vão.
Ela segurou o queixo dele, fazendo-o olhar diretamente para ela.
– Amanhã você terá sua reunião com seus aliados. Seja o líder que eles esperam que você seja e mostre para todos que Walker ainda está no controle de O’Village.
pegou a mão dela e entrelaçou os seus dedos, então se levantou, olhando-a profundamente nos olhos.
– Nós estamos no controle de O’Village.
Joe e Lizzie iam no carro da frente enquanto Hannah e seguiam atrás. tamborilava os dedos na porta enquanto a ruiva dirigia.
– Será que você pode parar de fazer isso? Está me dando nos nervos!
– Faço isso quando estou pensando.
– Pois pense apenas com o cérebro e não com os dedos. O que está planejando?
– Precisamos que eles nos deixem cuidar do motoqueiro. Ele é uma testemunha contra Natasha.
– Você sabe que isso não vai acontecer, não é? Joe até podia deixar, mas Lizzie ficará desconfiada.
– Então é melhor pensarmos em alguma coisa, porque ele quer ir preso.
Eles chegaram ao ponto de encontro no limite da cidade e esperaram a uma distância segura. Lizzie se manteve dentro do carro enquanto Joe esperava do lado de fora. Alguns minutos depois e um farou iluminou a pista, era ele, fazendo sinal para que o seguisse.
Joe entrou no carro e seguiu, Lizzie esperou ele conseguir certa distância e foi atrás. Eles pararam em uma pracinha na cidade vizinha, onde estava cheia de gente. O cara era esperto, sabia que não podiam atirar nele em público. O telefone de tocou, era Lizzie.
– Fala – ele atendeu na viva voz.
– Vamos ter que mudar o plano. Joe está indo até ele no meio da praça com a mala de dinheiro. Ele só vai sair quando vê que Joe se afastou, então vão ter que segui-lo. O sumiço dele fica a cargo de vocês, não falhem!
A loira desligou e os dois se olharam.
– Parece que você conseguiu a oportunidade que queria – Hannah disse.
assentiu, discando outro número.
– Fica de olho neles, tenho que resolver uma coisa.
Ele pôs o celular no ouvido.
– Aqui é o agente especial , preciso de uma pequena equipe para pegar uma testemunha, onde podemos fazer a troca? – Ele ouviu as coordenadas com atenção. – Certo. Chego em cerca de quarenta minutos. Preciso do contrato que havia solicitado também, sim, com urgência. Obrigado. Ah, só mais uma coisa, vou precisar de um dedo humano.
desligou, recebendo um olhar desconfiado de Hannah.
– Vou ter que assinar mais papéis? – ela perguntou. – Você já garantiu minha cooperação em troca de abrigo fora do país.
– Esses não são para você, são para ele. Pode ser que consigamos mais do que um assassinato mandado.
– E quanto a esse dedo?
– Precisamos de uma prova que terminamos o serviço.
O celular dele tocou de novo.
– Joe está voltando, agora é com vocês – Lizzie disse e desligou.
O motoqueiro de fato esperou até o carro de Joe desaparecer da vista até ir para a sua moto e seguir em um caminho contrário. e Hannah então começaram a segui-lo, foram alguns quilômetros até o homem para em um hotelzinho de beira de estrada.
Os dois esperaram alguns minutos e entraram. A atendente sequer levantou o olhar da revista.
– Estamos procurando por um cara que acabou de chegar aqui. Cabelo preto, jaqueta de couro – disse.
– Não faço ideia de quem seja – a mulher disse.
Hannah o olhou e suspirou.
– Vou ser mais clara – ela disse então puxou a revista da mulher. – Ou você diz onde ele está, ou vou enfiar esta revista tão fundo que você cagar papel por um mês.
A mulher arregalou os olhos, mas respondeu:
– Quarto B-23.
– Imagino que você tenha uma chave extra.
Ela levantou e buscou a chave. puxou o distintivo e mostrou para a mulher.
– Sugiro que não chame a polícia local ou estará atrapalhando uma investigação federal – ele disse sorrindo. – Vamos! Tenha uma boa noite.
Os dois subiram até o segundo andar e seguiram para o fim do corredor, então abriram a porta lentamente. O chuveiro estava ligado e o homem cantava alguma coisa. Eles trancaram a porta e sacaram as armas. O barulho parou e depois de alguns minutos o homem saiu levando um susto ao encontrá-los.
– Tem duas armas apontadas para você, melhor nem tentar nada – disse.
– Collins filha da puta. Vocês acham que eu sou o quê? Sou profissional, não precisam me apagar porque eles não vão me achar.
– Você está entendendo errado, meu caro. – mais uma vez mostrou o distintivo. – FBI, você está preso.
O homem se vestiu e foi levado algemado pelos dois até o carro de Hannah. Eles o jogaram no porta-malas e deixaram o hotel. Dessa vez dirigia.
– Aonde é esse ponto de encontro? – Hannah perguntou.
a olhou, erguendo uma sobrancelha.
– Você acha mesmo que eu vou te falar?
– Você está me levanto lá, idiota.
sorriu e puxou um lenço do bolso.
– Está brincando, não é? – ela disse.
– Não. Pode ir vendando os olhos.
Hannah bufou e pegou o lenço preto, amarrando-o ao redor da cabeça.
– Eu odeio policiais – ela resmungou.
– Ninguém mandou se apaixonar por um.
– Menos, . Bem menos!
Ele riu.
Alguns minutos depois e chegaram nas coordenadas. Era uma casa comum. Uma mulher negra de coque que esperava na porta, se aproximou do carro assim que estacionou.
– É ela? – a mulher perguntou.
– Não, essa é informante e minha ajudante honoraria.
saiu do carro e cumprimentou a outra agente.
– Ele está no porta-malas.
adiantou a história para ela e explicou para que pediu o documento.
– Finalmente algum retorno físico dessa missão de vocês, hein, – a mulher disse.
– Quando fecharmos o caso, verá que o retorno será bem maior, Reyna.
Ela riu.
– E a , onde está?
– Provavelmente com a equipe dela, como sabe, nós estamos em lados diferentes desta vez.
– Fiquei sabendo que ela está bancando a primeira-dama dos rachas. Ela deve estar adorando isso.
revirou os olhos.
– Você nem faz ideia. Tinha que vê-la chegando toda cheia de graxa, a única coisa que brilha é o sorriso no rosto.
– sendo . Bem, aqui está seu dedo. – Reyna lhe entregou uma caixinha. – Acho que está na hora de nos despedirmos.
Outros dois agentes pegaram o homem no porta-malas e o levou para dentro da casa.
– Foi bom te ver, Reyna.
– Mande um abraço para , quando vocês voltarem para Nova York, eu pago uma rodada.
– Vou me lembrar disso!
acenou e entrou no carro.
– Pensei que ia me deixar aqui mais um milênio – Hannah, ainda vendada, reclamou.
– Relaxa, logo, logo estamos em casa, só precisamos passar em algum barro para parecer que desovamos um corpo. Ah, segura essa caixinha aqui.
Ele jogou o objeto no colo dela e deu partida no carro.
– Deixa eu adivinhar, esse aqui é o dedo que pediu?
– Muito bem, ganhou um doce.
– Argh, que nojo! Vamos logo entregar isso de uma vez.
Capítulo 32 - 3, 2, 1...
Ela pegou uma jaqueta jeans apesar do clima quente, afinal, a tendência era ficar até tarde na oficina. Deu uma última checada e então foi para a sala, encontrando preparando o café.
– E aí, sumida – ele a cumprimentou.
– Ei! Desculpe, tem sido uma loucura desde que foi confirmada a morte do Travis.
o abraçou por trás.
– Ok, agora eu fiquei assustado.
– Não posso demonstrar carinho? – Ela ergueu uma sobrancelha.
– Poder pode, mas você geralmente não demonstra.
Ela revirou os olhos e se sentou no balcão.
– Acho que estou um pouco sentimental. Tudo isso que aconteceu me traz algumas lembranças não muito boas.
terminou de passar o café e foi até ela, se posicionando entre suas pernas. o observou e arrumou um único fiozinho que estava fora do lugar no cabelo perfeitamente arrumado de seu parceiro. Fazia um certo tempo que eles não ficavam realmente tão próximos assim sem alguma implicância. Percebeu que sentia falta dele.
– Você tem que chegar cedo lá hoje? – perguntou. – Podíamos pegar uma praia.
– Dever eu deveria, mas um dia chegando atrasada não deve fazer mal, não é? – Ela sorriu, passando a mão pela barba bem-feita dele.
– Vou pegar minha sunguinha branca.
riu e piscou um olho.
– Sexy! – Ela desceu da bancada. – Vou por meu biquíni.
Alguns minutos depois e os dois estavam prontos, procuraram por uma praia que não ficasse em O’Village, mas que não fosse longe demais para voltarem. Para não terem problemas, cada um foi em seu carro e seguiram a certa distância até alcançarem a autoestrada.
Depois de um tempo, emparelhou seu Mustang ao Corola de e abriu a janela.
– Vamos apostar uma corrida? – ela gritou para ele.
– Até parece! Seu carro está todo turbinado.
– Ah, qual é? Vamos, vai ser divertido.
suspirou e revirou os olhos, então acenou para que eles encostassem. Ele parou primeiro o acostamento e alguns metros adiante, ambos desceram e se encontraram no meio do caminho entre os carros.
– Está bem, , vamos correr, mas vai ter que seguir algumas regras.
Ela sorriu e assentiu.
– Sem cortar caminho, tem que seguir o GPS, sem usar nitro e não vale jogar o carro em cima do coleguinha – ditou.
– Sim, senhor! Uma corrida limpa e justa.
– Se aparecer polícia, diminui, . Sem perseguições por hoje, por favor.
– Tá bom! Podemos ir agora?
– Só mais uma coisa, os dois partem juntos ao meu sinal.
– Ok, ok! Vamos?
– Vamos.
Os dois voltaram aos carros e esperaram a pista ficar livre para irem para seu ponto de partida improvisado. ergueu a mão esticada e começou a contagem. Cinco, 4, 3, 2, 1...
– VAI!
Os dois arrancaram, como de costume saindo na frente. Em diversos momentos do trajeto ela teve que diminuir para alcançá-la ou o perderia de vista, mas assim que a praia apareceu no horizonte, ela pisou levemente no freio, deixando-o ultrapassá-la e ganhar sua pequena corrida.
estacionou e saiu do carro rindo extasiado, parou logo ao lado um segundo depois.
– Você viu isso?! Eu ganhei de você! Caramba eu sou muito bom!
riu e o aplaudiu.
– Parabéns, você me venceu – ela disse.
– Devia ter apostado alguma coisa.
– Verdade, mas agora já era!
– Ah, droga!
Ela riu novamente e começou a tirar a blusa e o short, depois os sapatos e a meia, então calçou sandálias.
– Vai tirar a roupa ou quer entrar assim no mar? – ela perguntou quando pegou parado olhando-a se despir.
– Ah é! Fiquei cego pela minha vitória.
– Pela sua vitória né? Sei.
ergueu uma sobrancelha e agora foi sua vez de assisti-lo tirar a camisa e desabotoar a calça jeans. Infelizmente ele não usava a sunga branca que comentou, e sim uma bermuda de praia, coincidentemente no mesmo tom de azul escuro do biquíni dela.
– A baba está escorrendo aí no cantinho da boca, – ele zoou.
– Você não é tudo isso que pensa, .
Os dois trancaram os carros e deixaram as chaves escondidas na roda, afinal, não dava para entrar na água com elas. Eles então desceram pelas escadas de pedras até a areia. O lugar estava praticamente vazio, apenas algumas pessoas de idade fazendo exercícios em grupo. Talvez porque fosse uma manhã de terça-feira.
Os dois agentes deixaram os chinelos na areia, próximos à água, mas sem o risco da maré levá-las.
– Quem chegar por último faz a janta – disse e saiu correndo.
– Ei, isso não vale, sua perna é mais comprida!
Ele chegou primeiro à água, mas foi logo atrás chutando-a nele.
– Nem pensar que vou fazer a janta.
– Ah, vai sim! – disse chutando de volta.
Os dois começaram uma batalha de água até pegá-la pela cintura e jogá-la no ombro, levando-a mais para fundo.
– Me põe no chão, ! – batia as pernas, mas ria.
– Então tá bom.
a soltou de imediato, no mesmo momento que uma onda atingiu aos dois. Como ele estava preparado, mergulhou por baixo, mas foi empurrada e acabou rodando algumas vezes até conseguir se levantar, o cabelo todo no rosto, o biquíni torto, quase mostrando demais, e cuspindo água.
Ela jogou o cabelo para trás, encontrando um quase chorando de rir.
– Eu vou te matar, !
começou a correr atrás dele, mas se adiantou e conseguiu tomar distância, com a resistência do mar ela parou e espalmou as mãos em rendição.
– Eu desisto. Paz!
sorriu e voltou. Os dois então começaram a conversar sobre coisas aleatórias enquanto mergulhavam sob as ondas. sabia o quanto ele gostava de mar, inclusive já o vira surfando uma vez.
– Podia ter trazido uma prancha – disse, como se lesse os pensamentos dela.
– Mas as ondas aqui nem estão muito altas.
– Ainda assim ia ser divertido. Faz algum tempo que não surfo e olha que nasci fazendo isso.
– Tradição de família?
– Pode-se dizer que sim. Meu pai ainda faz bem o estilo de coroa bronzeado que vive na praia. – Ele riu. – É um velhinho bonitão.
– E sua mãe?
– Uma hippie.
– Você tá brincando.
– Queria dizer que sim, mas não estou. Sou de uma família nem um pouco normal.
riu.
– Isso explica algumas coisas.
revirou os olhos.
– Agora que percebi que nunca falamos de nossas famílias. E seus pais o que fazem?
O sorriso dela murchou um pouco.
– Infelizmente minha família é bastante tradicional, meu pai é corretor e minha mãe uma dona de casa. Não falo muito porque a gente é meio distante.
– Por quê?
– Porque apesar de eles me colocarem em um colégio militar, não aprovaram minha escolha de profissão. Segundo eles é “muito perigoso para uma mulher”. – revirou os olhos.
– Mal sabem eles que o perigo é você.
lhe deu um tapinha, mas riu. Adorava o jeito de sempre contornar os climas pesados com alguma piadinha na hora certa. Então pulou nas costas dele.
– Vamos, escravo. Me leve até a areia.
– Mas você é folgada, hein?
Apesar da brincadeira, ele começou a andar, levando-a sem dificuldade. Os dois se sentaram na areia, perto de seus chinelos e ficaram observando o mar a sua frente. Uma nuvem tampava o sol, lhes dando uma sombrinha.
– Não vejo a hora dessa missão terminar – falou do nada. – Só estou esperando a oportunidade perfeita para pegar algum deles em flagrante e finalmente estaremos livres.
– Realmente parece que uma eternidade desde que chegamos. Nove meses até agora.
– Tempo demais.
– Na verdade estamos na média para uma missão de infiltração, podia ser bem mais se não tivéssemos ingressado nas famílias tão rapidamente.
– Sei disso, mas acho que estou com saudade de missões mais comuns, de estar na base e sair para a ação. Outros tipos de investigação, sabe?
se levantou e estendeu a mão para ela. Os dois então começaram a caminhar em direção aos carros.
– Eu gosto de ser infiltrada – disse. – É como ser uma atriz, a gente vive outra pessoa por determinado tempo.
– É, igualzinho ser uma atriz, tirando a parte de que se eles descobrirem quem você é, pode acabar morta – ironizou.
Ela revirou os olhos. Os dois abriram os carros e pegaram suas roupas e toalhas, então foram para as cabines para banho e trocaram de roupa.
– Vai dizer que não curte essa adrenalina? – Ela perguntou. – Ter que fingir ser outra pessoa 24 horas por dia sem abrir brecha para erros.
– É minha primeira missão do tipo, lembra?
– E não vai querer de novo?
– Não sei, ainda não decidi se valeu a pena.
sorriu e entrou na cabine. Enquanto lavava o cabelo, se pegou pensando no quanto estaria se divertindo se fosse ele em uma investigação ao lado dela. Ambos dividiam esse vício pela adrenalina e fortes emoções enquanto era adepto da segurança. Ela riu, revirando os olhos. Tão diferentes, mas ainda assim cada um com suas qualidades.
Alguém bateu na porta e respondeu:
– Tem gente.
– Sou eu, , abre aí rapidinho – disse do outro lado.
Ela se escondeu atrás da porta e abriu uma brechinha, mas foi o suficiente para se enfiar na pequena construção de madeira, enrolado em uma toalha e com as roupas nas mãos.
– ! – ela repreendeu.
– Foi mal, mas não consigo mais segurar.
a puxou pela cintura e colou seus lábios. não resistiu, apenas levou as mãos para a nuca dele, puxando-o para mais perto. Ele apenas se separou dela para pendurar no gancho livre suas roupas e toalha, então voltou a concentrar-se na parceira.
Lentamente os dois foram para baixo do chuveiro. deslizou as mãos pelas costas de , alcançando seus glúteos e dando uma apertadinha. Ela, por sua vez viu aquilo como incentivo e tomou impulso para ir para seu colo, cruzando as pernas ao redor dele.
O agente a encostou contra a parede, segurando-a pelo quadril, então se ajeitou para começar a penetrá-la lentamente. roçou os lábios pela clavícula dele, então começou a deslizar a língua por seu pescoço, sentindo o sal do mar ainda presente ali. Isso fez se arrepiar e começou a aumentar a intensidade. Os gemidos de começaram a sair mais altos e por um segundo ela lembrou dos velhinhos se exercitando na areia, mas isso não a fez se controlar.
Quando viu que estava começando a perder a força, desceu de seu colo e se pôs de costas para ele, apoiando-se na parede para empinar o quadril o máximo que conseguia. aproveitou para simplesmente apreciar sua parceira completamente molhada e naquela posição. Ele passou a língua nos lábios lentamente, então colou seu corpo no dela. Era sua vez de beijá-la lentamente pelo pescoço enquanto sua mão a segurava na base dele, mas não forte o suficiente para sufocá-la.
voltou a penetrá-la, agora podendo usar toda sua força nisso. Por mais que estivesse tentando abafar seus gemidos, não conseguia se controlar e isso o deixava ainda mais louco. De todos os agentes do país, ele tinha que ter como parceira logo aquela que mais o enlouquecia.
O corpo de se arqueou e ela estremeceu, o orgasmo dela foi o suficiente para ele atingir o próprio antes de conseguir se retirar de dentro dela. Oh-ow, ele pensou. Mas não quis estragar o momento. Viu girar para ficar de frente a ele e os dois se beijaram.
– Acho que vamos ser despedidos – ela brincou, fazendo-o rir.
– Se for por mais momentos desse, eu nem ligo.
Os dois se olharam sorrindo, mas decidiram não enrolar mais. Logo terminaram seu banho e saíram já estavam vestidos, secando os cabelos com a toalha.
– Hora de levar bronca do chefe, mas foi bom enquanto durou – disse.
Ela suspirou e assentiu, pegando a mão dele para irem de volta ao carro.
– Já pensou em qual vai ser a sua desculpa? – perguntou.
sorriu e passou o braço pelos ombros dela.
– Não faço ideia ainda, mas invento alguma coisa na hora.
***
Os dois carros seguiram juntos por um longo tempo, mas quando saíram da autoestrada, cada um pegou um caminho. Enquanto esperava no sinal, prendeu o cabelo em um rabo-de-cavalo, já que este insistia em ficar armado. Quando chegou na oficina, os primeiros mecânicos já se preparavam para almoçar.
Ela entrou cumprimentando quem passava e encontrou descendo as escadas.
– Olha quem resolveu aparecer – ele disse sorrindo. – Te liguei a manhã toda, aconteceu alguma coisa?
Quando chegou ao primeiro andar, foi até ela e lhe deu um beijo.
– Acordei meio enjoada, demorei um pouco para me sentir bem o suficiente para vim. Fui pegar o celular só na hora que saí.
estreitou os olhos, um sorrisinho aparecendo nos lábios.
– O que foi? – ela perguntou.
Ele continuou sorrindo, deixando-a ainda mais confusa.
– , você por acaso pensou em fazer um teste de gravidez?
Os olhos dela se abriram e só então ela pegou a ideia dele. Droga, deveria ter pensado em uma desculpa melhor, ela pensou. Mas ao contrário da reação que esperava dele, parecia bastante esperançoso pela resposta. Não demorou pra perceber que essa era a “luz no fim do túnel” para ele.
– Não, não pensei... Espere um minutinho, Walker está querendo ter um herdeiro?
O Walker a abraçou pela cintura.
– Você me fez começar a pensar nisso, sabe? Sobre ter uma família e essas coisas. O que acha?
riu um pouco nervosa, deslizando as mãos pelos braços descobertos dele.
– Nunca tinha pensado nisso. Nunca me imaginei sendo mãe.
– Acha que não está pronta?
– Eu realmente não sei. Na verdade, acho que está meio cedo para falarmos disso, a morte do Travis ainda está muito recente.
O sorriso de murchou um pouco, apesar de ele tentar disfarçar.
– Isso foi um dos motivos para me fazer pensar na possibilidade. Travis estava se preparando para começar uma vida com a Sharon, mas não teve tempo. Eu quero viver minha vida com você, . Não precisamos ter um filho agora, só quero te ter ao meu lado para quem sabe um dia... – Ele deu de ombros. – Não quero acabar sem essa parte da minha vida como Travis.
– Ei! – segurou o rosto dele entre as mãos. – Nem pense nisso, está me ouvindo? Terá tempo para tudo isso, para ter herdeiros, para criá-los e vê-los crescer como todo mundo. Eles terão orgulho do pai deles.
Eles se olharam intensamente. conseguia ver por ali o quanto se apegava às suas palavras e, por alguma razão, aquilo estava fazendo seu coração bater de forma estranha. Uma parte dela compartilhava aquela esperança de vê-lo realizando esse desejo, mas a outra se sentia culpada porque seria o motivo disso não ser algo para um futuro próximo... ou talvez porque ela não seria parte desse destino.
sorriu sem deixar suas emoções transparecerem, se equilibrou nas pontas dos pés e o beijou lenta e apaixonadamente.
De uns tempos para cá seus beijos perderam um pouco daquele fogo que sempre tinham para dar lugar a um sentimentalismo mais forte, não que eles não tivessem mais desejo um pelo outro, bem pelo contrário, mas sentia que não se tratava mais apenas de atração física. Por mais que tentasse negar para si mesma, por mais que nunca tivesse falado abertamente para ele, não conseguia mais mentir que sentia algo por , algo que com toda certeza não deveria sentir.
Sua mente fazia comparações entre isso e o que sentia quando estava com . Os dois conseguiam acendê-la de forma inexplicável apenas com um toque ou um olhar, os dois eram extremamente atraentes para ela e com ambos ela sentia aquela confiança mútua, onde um entraria vendado no meio de um tiroteio pelo outro sem nem pensar duas vezes. Era semelhante, mas também tão diferente. Enquanto em ela via toda a calma, leveza e segurança que procurou por toda a vida; em ela encontrava a emoção e adrenalina que sempre buscou. era o fogo, a lareira e a gasolina.
Dois homens que eram completamente opostos, mas que ainda assim pareciam se encaixar perfeitamente nela. Ironias da vida.
Quando o beijo foi se separando, deixou de lado os pensamentos. Tinha prometido a si mesma não ficar mais se lamentando nessa sua própria confusão e não iria. Não dava para controlar o que se sentia e não podia simplesmente ir embora agora, então que escolha tinha a não ser viver mais um pouco aquilo tudo enquanto podia?
Ela abriu os olhos e sorriu para ele.
– Vou comprar um teste hoje – disse. – Não sei se quero uma criança agora, mas se tiver uma aqui... – Ela deu de ombros. – Porém não crie muitas esperanças, ok? Não quero te ver decepcionado se der negativo.
Como irá, ela pensou.
sorriu, os olhos esperançosos indo para a barriga dela.
– Vamos ver no que dá. Se tiver um mini ou uma mini aí vai ser ótimo, mas se não, a gente deixa para o futuro. Pode ser assim?
– Um futuro ainda distante, viu, Sr. Walker?
– Ok!
– Ótimo! Agora acho que devíamos aproveitar a hora e ir almoçar, já que cheguei atrasada mesmo.
riu e estendeu o braço para ela como um cavalheiro. ergueu uma sobrancelha, estranhando o ato, revirou os olhos e se encaixou, sorrindo por fim.
– O que está a fim de comer? – perguntou.
– Um hambúrguer enorme!
Ele a olhou da mesma forma de antes.
– , para com isso. Se eu não estiver grávida você vai acabar chateado.
– Bom que tenho uma desculpa para a gente treinar mais. – Ele deu um sorrisinho malicioso, fazendo-a revirar os olhos mais uma vez.
– Idiota.
***
– Está atrasado, Knight! – Patrick reclamou ao ver o colega entrando na sala.
– Tive problemas com meu carro, mas agora estou aqui. O que precisa?
– Conseguimos um novo cliente para a próxima remeça, mas não vai ter produto suficiente. Vamos ter que dividir entre dois clientes menores para conseguir.
– Quem é o cliente?
se sentou à mesa, pegando alguns dos papeis para ver.
– Mais um parceiro de dentro da cidade. Estamos conquistando território, maninho! O resto ainda está meio apreensivo de virar as costas para o Walker, eles têm medo de retaliação. – Patrick riu debochado. – Como se ele fosse fazer alguma coisa, deve estar preocupado demais chorando a morte do namoradinho.
– Olha, sei que não estou aqui há muito tempo, mas sei lá... se o Walker está há tanto tempo no comando, não deve ser à toa.
– Você viu alguma reação dele sobre a volta da Nat? Não! Porque ele sabe o poder que ela tem e que se bater de frente, vai ter problemas. O Walker é só um playboyzinho bancando o chefão e o Ben era covarde demais para fazer alguma coisa sobre isso. A Natasha tem coragem e força para tirar esse babaca do pedestal que ele se colocou. Apenas questão de tempo até nós reagruparmos aliados o suficiente para partir para o ataque direto.
riu.
– Quero só ver quando esse momento chegar, vai ser uma luta e tanto, e realmente esse Walker não tem muita cara de quem põe a cara à tapa, deve mandar só os capangas fazer o trabalho sujo.
– Acho que descobriremos em breve. – Patrick sorriu.
Os dois se focaram então no trabalho e planejaram uma estratégia para fazer a entrega ao novo cliente. pensou em como eles não estavam trabalhando a multiplicação da droga, ela poderia ser bem mais aproveitada, mas não daria ideia aos bandidos. Patrick saiu da sala para tentar contatar o distribuidor do Cartel de Juárez e conseguir uma remeça de urgência mesmo que com pagamento adiantado. Momentos depois, Lizzie entrou na sala.
– Ei, boy.
– Lizzie – ele cumprimentou sem dar muita atenção.
– Posso falar com você um momento?
suspirou e fechou o notebook, então olhou para ela.
– Nos afastamos tanto desde que você chegou aqui. Sabe, eu gostava de conversar com você.
– Olha, loira. Não sou de guardar mágoas nem essas besteiras todas, mas você se aproximou de mim na empresa dos Collins já com o propósito de me analisar como um possível candidato para cá. Meio difícil de acreditar que possamos trocar pulseirinhas da amizade.
Ela bufou e sentou na cadeira ao lado dele.
– Me aproximei de você porque era um bom candidato, sim. Mas realmente gosto da sua companhia, sinto falta disso. Pena que sua namorada não curta isso.
– Olha, Lizzie, você foi o mais próximo de amiga que consegui nessa cidade, o resto é só colegas, mas quando você mostrou não ser o que dizia ser, Hannah foi a única que pareceu confiável. Eu gosto dela, Lizzie, não quero estragar as coisas.
– Eu entendo e apoio, juro. Não quero estragar nada entre vocês, mas também quero meu amigo de volta.
Os dois ficaram em silêncio por um tempo, então ele revirou os olhos.
– Podemos ir lanchar naquele lugar do hot-dog enorme depois do expediente, pode ser?
Lizzie sorriu, criando ruguinhas nos cantos dos olhos.
– Ótimo, preciso te contar sobre uma garota que conheci. Acho que agora vai.
gargalhou.
– Aposto uma cerveja que não.
– Fechado, Knight. Você vai pagá-la na minha despedida de solteira.
Ela lhe deu um tapinha e saiu da sala.
Já tarde da noite, e Lizzie chegaram à pequena lanchonete de decoração minimalista e fizeram seus pedidos, depois se sentaram em uma das mesinhas para esperar. Apesar da aparência “loja de Instagram”, os preços ali eram ótimos assim como a comida, quando ambos trabalhavam na Collins, costumavam comer ali com frequência.
– Sabe quando você tem aquela sensação ruim, como se algo fosse acontecer? – a loira disse.
– Mau presságio?
– Sim, deve ser esse o nome.
– Acha que alguma coisa negativa vai vir?
– Talvez seja coisa da minha cabeça, mas gosto de confiar nos meus instintos.
– Será que tem alguma coisa a ver com as negociações que estamos fazendo com esses novos clientes?
– Não sei... na verdade sinto como se tivéssemos no limite, sabe? Como uma bomba relógio prestes a explodir.
passou a mão no cabelo e assentiu. Também sentia aquilo e sabia que tinha algo a ver com a péssima ideia de Natasha de atacar o melhor amigo do Walker, se não fosse por , chamaria reforços e fecharia o caso de uma vez, mas ela tinha razão sobre não deixar brechas, fazer isso agora poderia acabar deixando muita gente culpada ficando impune.
– Vamos só torcer para que seja um pressentimento errado então – ele disse.
A conversa se encerrou quando o lanche chegou à mesa e os dois comeram falando de aleatoriedades até dar a hora de voltar para a boate Paradise, que já estava funcionando. Os dois passaram pelos diversos clientes, entre as garçonetes de pouca roupa e as dançarinas de pole dance, e subiram pelas escadas no fundo do estabelecimento. Após atravessar o corredor, entraram na sala de reunião onde a maioria da equipe já estava.
Cada um se sentou em sua cadeira e logo as duas últimas pessoas chegaram, Natasha e Hannah.
– Boa noite, queridos. – Nat disse, se sentando em sua cadeira. – Patrick e , vocês solicitaram a reunião, o que conseguiram?
Patrick se endireitou e começou a falar:
– Após várias negociações, conseguimos uma remeça duas vezes maior do que a encomenda anterior, ainda para hoje. Vai sair caro, mas isso trouxe uma boa resposta de nossos clientes.
– Eles gostaram dessa entrega relâmpago em grande quantidade – continuou. – Viram isso como um ato de confiança e estão dispostos a receber, já estão preparando os locais de troca.
– Só precisamos montar a equipe e ir buscar.
– Ótimo, meninos! Estou orgulhosa de vocês – Natasha disse sorrindo. – Já o resto de vocês, estejam disponíveis para as ordens. Tenho um compromisso amanhã cedo então estou saindo da cidade daqui a pouco. Joe estará como supervisor, Patrick e estão no comando. Não quero ouvir problemas quando eu voltar, fui clara?
Natasha falava como uma professora que teria que deixar seus pequenos alunos sozinhos por um instante, mas ainda assim todos concordaram de prontidão.
– Nos vemos em breve, meus queridos.
Ela sorriu e se levantou, saindo da sala com seus saltos finos fazendo barulho no chão. Quando a porta bateu, todos voltaram a respirar e Patrick já começou a dar as ordens:
– Preparem os caminhões. Dan, Gabriel, Luke e Hannah farão o transporte; contatem nossos clientes e perguntem aonde querem fazer a troca. Eu e iremos aos túneis receber os mexicanos. Lizzie prepare o armazém para fazermos a divisão da mercadoria e leve nossos homens das drogas para lá. Preciso de tudo pronto para ontem. Alguma pergunta?
Ninguém disse nada.
– Perfeito. Ao trabalho!
Toda a equipe se levantou, prontos para fazer o que lhes foram mandados. e Patrick seguiram até a Ranger preta dele que estava do lado de fora, mais três soldados dos Collins os seguiram, todos armados. Levou alguns minutos até chegarem à praça das docas onde o monumento e entrada dos túneis aguardava. Por ser longe da área residencial, não havia ninguém além dos seguranças das docas que sequer passavam perto da praça durante a noite.
Patrick ligou para os mexicanos e confirmou a chegada.
– Eles estão chegando – ele disse. –, vamos botar trenós para andar.
Apesar do pouco tempo de e Patrick trabalhando juntos nos túneis, os dois conseguiram construir, além do elevador, trilhos que ligavam a entrada nas docas à entrada no lado mexicano. Nos túneis haviam quatro carrinhos para ir e vir sem a necessidade de outro automóvel entrar para transportar as mercadorias. Uma quantidade absurda de dinheiro estava sendo gasta ali, mas tinha certeza que o retorno que as drogas trariam seria três vezes maior.
Os homens que vieram junto com e Patrick desceram do carro e entraram pela passagem de pedestre no túnel. Os dois chefes honorários acompanharam e ligaram os carrinhos. Os soldados subiram em um eles e foram em direção à outra extremidade, onde colocariam as drogas nos carrinhos que as trariam para o lado de cá.
Enquanto esperavam a primeira remeça, Lizzie chegou em um caminhão com mais homens para fazer o transporte. Demorou mais alguns minutos para as mercadorias começarem a chegar e logo havia gente de um lado para o outro levando caixas fechadas cheias de drogas para o caminhão.
Ele saiu, mas logo voltou com Lizzie novamente nele. Mas assim que ela desembarcou do veículo, algo começou. Várias motos apareceram em alta velocidade, fechando um círculo ao redor da equipe, foi então que começaram os disparos.
– É TIRO! – alguém gritou.
Todos abaixaram, sacando suas armas e procurando abrigo, mas tudo aconteceu rápido demais. correu para trás de uma das portas de aço dos túneis e viu alguns homens de sua equipe sendo atingidos. Ele pegou a pistola e atirou em alguns dos motoqueiros, sem muito sucesso, e voltou a se proteger, foi quando viu Lizzie atrás de um dos caminhões. Uma das motos fazia a volta para continuar atirando e iria passar bem ao lado dela, mas devido à sua posição, ela não conseguiria ver.
– LIZZIE, SAI DAÍ! – gritou.
Ela o ouviu e acabou virando para ele, mas não parecia ter entendido. acenou para ela ir até ele e só então a loira compreendeu, mas quando começou a se mover já era tarte. A moto passou com o seu garupa atirando, Lizzie tentou se proteger, mas teve o corpo alvejado por balas e caiu com tudo no chão.
As motos começaram a se afastar, mas a última delas voltou, acelerando para passar bem em frente à entrada do túnel. Uma pequena bola escura foi arremessada pelo garupa da moto e voou entre as enormes portas de metal. Mais uma vez gritou:
– GRANADA!
Capítulo 33 - BOOM!
entrou na sala, a postura de chefe 100% presente fazia qualquer um ali obedecê-lo de imediato. assistia seu caminhar segurando a vontade de morder o lábio. Ele era extremamente atraente quando estava no “modo alfa”. Maldito Walker.
Ele parou atrás de sua cadeira na ponta da mesa, analisando cada um dos rostos ali com seriedade.
– Creio que não preciso fazer um discurso, cada um de vocês aqui sabem exatamente o que aconteceu nos últimos dias e o porquê dessa reunião. Fomos atrás do corredor que desafiou Travis e ele deixou claro que foi contratado por um dos homens dos Collins.
– Mas isso não é prova que foi a mando deles que Travis foi assassinado, chefe – um dos homens falou.
– O homem foi pago para correr contra ele e depois sumir do mapa, Bill. Você acha que foi coincidência? Desde que voltou para O’Village, Natasha está demonstrando seu desejo de assumir o controle. Ela anda negociando com nossos parceiros nas cidades vizinhas e ganhou território, é só questão de tempo até ela reunir aliados para tentar tomar a cidade.
“Outra informação que consegui é que ela está trabalhando com o Cartel de Juárez, o maior inimigo dos nossos parceiros mexicanos. Teremos o apoio de De La Garza para qualquer coisa que precisarmos, inclusive um carregamento de armas que alguns de vocês receberam hoje”.
cruzou os dedos sobre o encosto da cadeira.
– Os Collins cruzaram uma linha que não há como voltar atrás. Eles tiraram a vida do meu melhor amigo e foram tão covardes que sequer tiveram a decência de assumir a responsabilidade, preferiram fazer às escuras. Eles não querem a cidade de volta? Terão que passar por cima de nós primeiro. Hoje, oficialmente, os Walker declaram guerra aos Collins! O’Village vai queimar.
Passo a passo ditou o plano a ser seguido. Toda a equipe desceu para um dos galpões e começaram a se armar. Coletes a prova de bala, máscaras e várias armas de todos os tipos, AKs, KGs, Glocks... vários tipos de armamento pesado.
passou lentamente pelas mesas, olhando atentamente cada arma ali. Talvez ela parecesse um pouco sádica, mas aquilo aos seus olhos era lindo. Ela pegou uma MP5 nas mãos e foi analisando os detalhes dela.
– Uma garota que gosta e entende de armas, você é boa demais para ser real – disse por trás dela.
sorriu e se virou.
– Talvez não tão boa assim – ela falou.
revirou os olhos.
– Já disse que não fiquei chateado por ter dado negativo, . Relaxa!
– Eu sei, estou só te zoando. – Ela sorriu, mas então voltou a ficar séria. – , me deixe ir na sede.
– Já discutimos isso.
– Você está falando isso como meu namorado e não como meu chefe. Posso entrar e sair de lá antes mesmo que percebam que há alguém.
– Eu já passei o plano e não vou mudá-lo porque você quer estar no meio do tiroteio.
– É uma invasão, ! Vai ser moleza, não quero só ficar esperando no carro.
suspirou e então revirou os olhos.
– Você é extremamente teimosa.
– E você adora isso. Vai me deixar entrar ou não?
Ele apertou dorso do nariz entre os olhos, então respondeu:
– Vai, , vai!
Ela sorriu e o beijou.
– Não vai se decepcionar, chefe.
riu, balançando a cabeça e se afastou. Quando chegou ao meio da sala, assoviou chamando atenção de todos ali.
– Está na hora!
A equipe inteira começou a fechar os coletes e pôr suas máscaras. se juntou a Max, Drake e Crash e os quatro saíram de carro levando apenas suas pistolas.
Eles estacionaram a alguns metros da boate Paradise, onde o movimento não estava muito grande. Foi quase uma hora até a primeira pessoa dos Collins sair: Natasha. Minutos depois e então toda a equipe começou a sair. viu entrar em uma caminhonete preta com outro homem.
– É agora! – ela disse.
Eles deram a volta na rua e pararam na parte de trás da boate, Drake ficou no volante enquanto os outros três saíram.
– Vinte minutos! – Drake disse.
Crash foi na frente e entrou na cozinha, onde estava o caixa de energia do lugar, como era o padrão nas casas dali, e desligou tudo. e Max correram para as escadas e subiram para o segundo andar. Por causa das informações que conseguiu com , sabia exatamente onde achar a sala de reunião, mas fingiu procurar pelas outras até chegar à última porta do corredor. Ela assoviou, chamando Max.
Os dois entraram e fecharam a porta, então começaram a pegar os documentos e olhar o mais rápido possível com ajuda de lanternas.
– Eles estão trabalhando nos túneis! – Max disse surpreso.
– Como assim?! – fingiu surpresa e se aproximou para olhar as plantas atualizadas dos tuneis sob O’Village.
– Filhos da puta.
Ele pegou as plantas e enfiou em alguns bolsos.
Os dois continuaram vasculhando até conseguirem algumas agendas com nomes e valores, entre outros papeis. Só tinha mais uma coisa a ser feita. Max foi até o interruptor e o desencaixou da parede. Ele tirou do bolso um pequeno dispositivo prateado que daria um curto na rede do lugar, causando uma explosão no momento que ligassem os disjuntores. Respirando fundo para não tremer, Max instalou a caixinha e metal e colocou o interruptor no lugar.
– Vamos embora!
Por causa da escuridão, eles sequer se deram o trabalho de sair pelos fundos, apenas correram para a rua e entraram no carro.
– Liga para o ! – ordenou assim que entraram.
O carro arrancou enquanto os dois no banco de trás analisavam as agendas.
– Achei! – disse, mostrando a página. – Temos um alvo. Avisa a equipe.
Ela olhou os papeis onde estava marcado a busca de drogas na entrada do túnel e os clientes que receberiam. Então, já à distância, ouviram a explosão.
Ao chegaram à oficina, o resto da equipe já estava presente. A boate Paradise não foi o único estabelecimento sob a proteção dos Collins que fora “acidentalmente” incendiado nessa noite, mas ninguém da equipe deles estava presente nos locais.
então olhou os papeis trazidos por e sorriu ao ver o endereço marcado para uma entrega ainda nesta noite. O chefe se virou para sua equipe e disse:
– Temos mais um alvo.
Ele repassou o plano e enquanto isso, se afastou do grupo, discando o número de rapidamente.
– Atende, atende, atende! – ela murmurou com o aparelho no ouvido, mas acabou caindo na caixa postal. – Se ouvir esse recado, vai para casa e não saia de lá, está me entendendo? Vá para casa!
Ela desligou e ainda digitou uma mensagem, mas antes de conseguir enviar, Andrew foi chamá-la:
– Vamos, !
travou a tela de imediato e o seguiu porta a fora. As motos esportivas todas pretas estavam no pátio já a espera deles. foi até uma delas e montou, Andrew se posicionou atrás dela na garupa.
– Hora da revanche – ele disse sorrindo, então fechou o visor do capacete.
respirou fundo e colocou o dela, então ligou a moto. O ronco do motor fez o coração dela acelerar, mas diferente da excitação que costumava sentir, aquela vez era sinais de ansiedade, em sua mente apenas uma coisa passava: , pelo amor de Deus, escuta minha mensagem!
Com liderando, um comboio de motos saiu arrancando oficina afora, cada uma seguindo um lado da rua e depois se separando por outras. Cada um tinha sua rota, mas o ponto de encontro era o mesmo: as docas.
e Andrew foram os últimos a chegarem e quando fizeram, o resto da equipe já tinha a confirmação das pessoas no local.
– Fizeram a primeira entrega – Crash, do outro lado do pátio das docas, disse pelo rádio na mão de . – Natasha não está aí, mas tem vários homens dos mais próximos a ela. Realmente tem droga saindo de dentro do túnel, eles devem ter aberto uma porta do outro lado da fronteira.
O barulho de caminhão se aproximando os fez calar.
– Ouviram? – Crash perguntou.
– Ouvimos – respondeu. – Fique preparado, se junte a nós no sinal.
– Entendido.
O chefe então guardou o rádio e sorriu parra sua equipe.
– Hora de atacar!
Ele subiu na moto e colocou o capacete, todos os outros ao redor o imitaram e então saíram em fila.
acelerou, o vento uivando ao seu redor. A entrada dos túneis se aproximava, assim como o caminhão parado perto das portas. Era agora.
As motos aceleraram e se dividiram em duas fileiras, então, ao se aproximarem dos outros homens ali, começaram a serpentear pelas laterais do grupo. Max se equilibrou, então sacou a arma atrás dela. Só foi necessário um primeiro tiro ser lançado para todos os outros começarem. Os dois grupos de motos pareciam dançar em uma sincronia tão perfeita que seria impossível atirar uns nos outros por acidente.
Enquanto metade de se concentrava em manter a velocidade e o equilibro, a outra procurava entre os rostos ali, mas não o viu. Entretanto, vários dos homens que tentavam atirar contra eles em devesa, caiam atingidos.
abriu mais durante dessa vez, para passar pela traseira do caminhão quando fizesse a volta. Quando se aproximou do veículo, uma loira saiu correndo de trás da porta do caminhão. Max ergueu a arma e assim que passaram por ela, atirou sem dó na mulher que caiu sangrando.
– Vamos, vamos! – ele gritou.
acelerou e seguiu os outros que começavam a sair, então só escutou a explosão na porta do túnel que a fez segurar firme o guidão da moto para não perder o controle com a vibração.
Eles se separaram, as motos iriam ser deixadas em casas de civis que não faziam ideia do que estava acontecendo. parou na casa de uma senhora de seus setenta anos, o dinheiro já havia sido entregue para ela e o seu filho levou a moto para o fundo da casa. De lá, ela e Max pediram um carro por aplicativo.
Após deixá-lo em casa, ela seguiu para o prédio de . O porteiro a deixou subir de imediato. Assim que as portas do elevador fecharam, soltou o ar com força. Seu coração estava muito acelerado e suas mãos tremiam feito loucas. Parecia uma onda elétrica circulava seu corpo, mantendo-a extremamente acordada, se sentia tão... viva.
[Sugestão da autora: musiquinha para dar o clima https://youtu.be/DvbYf4eyGFI?t=35s]
Quando as portas do elevador se abriram, ela já estava no apartamento que bem conhecia, mas ao abrir a última porta que ainda os separava, a única coisa que viu foi um sorridente a recebendo sem camisa.
não pensou em nada, seu corpo se mexeu puramente no automático, correndo até o homem ali e pulando em seu colo, colando suas bocas com uma urgência quase louca. a segurou pelo quadril, sentindo as pernas dela se cruzarem ao seu redor enquanto seus sapatos caiam pelo chão. Ele girou sobre os calcanhares e foi andando em direção ao sofá, enquanto os separava para poder tirar a própria blusa.
a pôs sentada sobre o encosto do sofá e começou a beijá-la lentamente no pescoço, enquanto isso, suas mãos buscavam o fecho do sutiã que em segundos foi jogado para algum canto. , por sua vez, acariciava o abdômen definido dele, até alcançar o botão do jeans e abri-lo apesar das mãos ainda tremulas. Então fez o mesmo com a própria calça. Ela passou as pernas pelo encosto para ficar em pé no sofá, então foi lentamente tirando a peça enquanto assistia àquilo se deliciando.
Ele tirou a sua calça, então saltou para a frente do sofá, puxando para a posição que estavam anteriormente, com suas pernas em volta dele. a deitou sobre o sofá e voltou sua atenção para os seios dela, ele tentou controlar a intensidade que a beijava e chupava, mas em alguns momentos sabia que ali ficariam algumas marcas. Então puxou a última peça de renda vermelha que ainda a cobria, deixando a parte que mais desejava exposta.
puxou a perna dela delicadamente para cima, dando beijos molhados na parte interna de sua coxa, a esse ponto já sentia seu corpo reagir involuntariamente. A boca dele foi se aproximando lentamente até finalmente chegar em sua virilha, causando um gemido ofegante nela. A língua de começou a brincar ali, subindo e descendo entre beijos e circuladas. Enquanto uma mão de se apoiava no sofá, a outra acariciava o cabelo de , incentivando-o a intensificar as caricias.
se pegou gemendo cada vez mais até atingir o primeiro orgasmo. a sugou mais uma vez, depois deslizou a língua até a barriga dela.
– Vira – ele mandou, fazendo-a girar de prontidão.
a posicionou de quatro, apoiando-se no encosto do sofá, então tirou sua cueca que ainda permanecia vestida e colocou a ponta de seu membro raspando pela entrada dela.
– – ela gemeu em reclamação.
Ela a puxou delicadamente pelo pescoço, colando seus corpos para murmurar em seu ouvido:
– Não sabe o quanto eu amo escutar você gemendo meu nome.
– Posso imaginar pela frequência que me faz fazer isso.
Ele riu e a voltou para a posição anterior, então entrou nela de uma vez, saiu e entrou novamente. Nisso começou um vai e vem que se acelerava e intensificava. Os quadris dela se chocando contra os dele. As mãos dela apertando com força o sofá enquanto as dele a seguravam pelo quadril e pelo cabelo.
Para , vê-la daquele jeito era enlouquecedor. Seu coração estava acelerado de uma forma quase preocupante, a voz dela gemendo cada vez mais alto o excitava imensamente e seus corpos se movimentando em perfeita sincronia era a cena do próprio paraíso para ele. Momentos depois e já estava em outra posição. se sentou no sofá enquanto o “cavalgava”. Seus olhos fechados, perdidos na própria luxuria, seus seios pulando no ritmo que se movimentava... apertou mais sua cintura, controlando-a dessa vez. Ela pulava sobre ele com mais intensidade até que em mais uma, ele sentiu-se explodir dentro ela. Porém não parou até sentir o mesmo nível de prazer.
Os dois deixaram seus corpos caírem sobre o sofá e se aninharam, suados e ofegantes. Então olharam um para o outro e começaram a rir, não por haver graça, mas simplesmente porque sentiam vontade.
– Olha o que você me faz fazer – ela disse, sorrindo. – Acho que sou tão louca quanto você.
– Isso faz de mim o homem mais sortudo do mundo, então.
Seus lábios se encontraram em um beijo lento, mas sensual.
– Eu amo você, Denver.
Ela abriu os olhos e o olhou na mesma intensidade que era olhada.
– Eu amo você, Walker.
Capítulo 34 - Revelações.
– É isso mesmo, Bethany. Seis estabelecimentos de diferentes setores e a antiga entrada dos túneis de O’Village foram atacados por uma suposta gangue de motociclistas durante a madrugada. Estamos aqui com o chefe de polícia, xerife Robert Carter, que nos dará mais informações. Xerife, o que a polícia sabe até agora?
A câmera fechou no policial.
– Até o momento não temos a identificação dos suspeitos. Só sabemos que era uma gangue de motoqueiros por causa das câmeras de segurança, mas todos usavam capacetes e as motos estavam sem placa, então não é possível saber quem eram ainda. Mas a polícia fará de tudo para descobrir quem são esses terroristas.
– O que a polícia acha que motivou esse grupo a atacar o monumento da cidade?
– Acreditamos que esses terroristas estejam querendo passar alguma mensagem. Quando tivermos mais informações sobre o caso, faremos uma nota para a imprensa.
– Muito obrigada, xerife. Bethany, é com você.
Com o braço que não estava enfaixado, desligou a televisão e voltou a deitar na maca. A noite anterior lhe resultara um corte profundo do ombro à metade do braço esquerdo, os dois pontos na testa e alguns arranhões. Não aconteceu algo pior na explosão porque ele foi rápido o suficiente para correr, mas infelizmente ele foi dos poucos sortudos.
O corpo de Lizzie no momento devia estar na autopsia, Patrick teve 30% do corpo queimado e vários outros homens dos Collins haviam morrido tanto na explosão quanto nos tiros. A polícia sabia muito bem que aquilo tinha sido um ataque direto ao grupo, mas a imprensa saber disso traria foco demais aonde eles não queriam. Natasha os pagou bem para se calarem também sobre o resto das drogas encontradas lá, juntas a trilhos e carrinhos para carregar.
Corruptos de merda, pensou.
O médico entrou no quarto e foi até a maca dele sorrindo.
– Boas notícias para você, senhor Knight. Já pode ir para casa.
assentiu e se levantou. Depois de assinar alguns papeis, estava fora do hospital, onde Ben o esperava. Ele entrou no carro sem questionar.
– Hannah está te esperando lá em casa – ele disse.
apenas assentiu novamente. A imagem de Lizzie no chão não saia de sua cabeça, sabia que ela não era exatamente uma pessoa boa, mas não merecia morrer daquela forma. Ele olhou pela janela e viu que o sol já estava quase se ponto. Havia passado o dia todo sobcuidados médicos.
Não demoraram muito para chegarem à mansão. seguiu o Collins pelos corredores até um escritório. Hannah correu até ele e o abraçou com cuidado, analisando o dano sofrido.
– Eu sinto muito – ela disse e pareceu sincera, mas não ligava.
Mais uma vez assentiu.
Ele se sentou em uma das cadeiras e assistiu Natasha olhar algo em seu celular, só então percebendo o quanto ela parecia abalada.
– Acho que não precisamos investigar quem fez isso, não é? – ela disse, finalmente levantando o olhar para quem sobrou de sua equipe.
Joe, também machucado, se mexeu na cadeira e falou:
– Isso merece uma retaliação à altura. Eles não só destruíram nossos estabelecimentos, como também nossa entrada de mercadoria, custando à vida de nossos homens!
– A questão de hoje não é essa – Natasha falou. – Eles sabiam aonde aconteceria à entrega.
– Você acha que há um espião entre nós? – Hannah perguntou.
– Como eles chegariam lá no momento exato? Sabiam que a droga e que vocês estariam lá.
– Pode ser qualquer um, como pretende descobrir quem é? – Ben disse.
– Não sei, mas vou. – Natasha se levantou. – E já que ele pode estar nesta sala, vou ser bem clara: É melhor você, seja lá quem for, preparar suas malinhas e sumir do mapa, porque quando eu te pegar... vai implorar pela morte.
Todos na sala se olharam desconfiados.
– Até segunda ordem, suspenderemos as operações. Falarei com nossos parceiros pessoalmente. Estão dispensados.
Natasha foi a primeira a sair da sala, em seguida foram saindo de um por um, mas antes que pudesse, Hannah o puxou.
– Você não falou uma palavra até agora – ela disse.
– O que quer que eu diga?
– Não sei, . Mas não é normal você ficar calado.
Ele deu uma risada fria.
– Como se você ligasse.
Ele tentou sair, mas Hannah o puxou.
– Posso não ser nada sua, mas ainda estamos juntos nisso aqui. Se precisar desabafar, vou te ajudar. Vem, eu te levo em casa. – Ela esticou a mão.
suspirou, mas segurou a mão dela. Os dois saíram da mansão até o Camaro branco. Minutos depois e eles estavam no prédio dele.
– Quer subir? – perguntou, fazendo Hannah se surpreender. – Relaxa, é só para comer alguma coisa.
Ela riu.
– Por que não?
A ruiva estacionou o carro e os dois foram andando até a entrada do prédio. então parou no porteiro.
– Boa noite, saberia me dizer se minha vizinha está em casa?
– Não, senhor, ela não apareceu por aqui hoje.
– Está bem, obrigado. – se voltou para a ruiva. – Minha vizinha pegou minha panela especial emprestada, acho que vou ter que preparar outra coisa para a gente comer.
Hannah sorriu.
– Você cozinha?
– Um verdadeiro chef!
Os dois subiram para o apartamento de , enquanto ele disfarçadamente digitou no controle o código que bloqueava a porta para a sala secreta. Eles foram para a cozinha e enquanto pegava as coisas para preparar a comida, Hannah o assistia.
– Acho que a Natasha vai deixar todo mundo de molho até descobrir quem é o espião – ela disse. – Foi você quem passou as informações para o agente infiltrado do outro lado, não foi?
Ele olhou para ela com uma sobrancelha erguida.
– Mesmo que fosse, como você acha que o tal agente iria falar isso para o Walker? “Oi, tenho informações confidenciais sobre os Collins que consegui com um amigo que trabalha para seus rivais”?
Hannah revirou os olhos.
– Não, não fui eu. Ou realmente há um espião, ou eles encontraram outra forma de conseguir as informações. Talvez os incêndios tenham sido para encobrir isso.
– Faz sentido. Mas se formos falar isso para Natasha agora, seremos os principais suspeitos. Ela é desconfiada.
– Exatamente.
foi pegar o pote de sal com a mão esquerda, mas parou ao esticar o braço e senti-lo doer.
– Deixa eu te ajudar, você é o incapacitado aqui – Hannah disse rindo.
– Incapacitado? Até parece.
Os dois começaram a preparar um risoto e depois de algum tempo, estavam jantando.
– Quem você realmente é, Hannah?
– Se eu te disser, você me conta mais sobre você?
– Talvez, se conseguir me convencer.
Ela sorriu.
– Meus pais morreram quando eu ainda era um bebê, fui criada por uma cozinheira de um mafioso, acredite você ou não. Desde pequena ouvi e vi de tudo o que possa imaginar. O filho desse mafioso foi meu primeiro amiguinho. Quando crescemos, virei parte da gangue que ele lideraria um dia. Acontece que sempre fui muito boa de lábia e por causa dos contatos dele, fui conhecendo outras pessoas. Sabe como é essa vida das ruas, uma gangue cai e outra reina no lugar, sempre me adaptei para estar no time vitorioso e assim um dia cheguei a O’Village.
“Conheci Walker e a gente meio que teve um affaire, ele me usou como espiã nos Collins, mas nunca quis nada sério. Só me usou. Tive sorte que Natasha me perdoou e deu uma nova chance, devo minha vida a ela por isso, mas não estou a fim de pagar de verdade, então me juntei a um policial infiltrado para livrar minha barra quando eles caírem”.
– Então aquele papo de ter gente grande atrás de você era mentira.
– Não totalmente, nessa vida a gente acaba fazendo alguns inimigos, mas nenhum deles gastariam esforços para ir atrás de mim. Contanto que eu não apareça nos domínios deles, acredito estar salva.
– Por que fez todo aquele drama então?
– Precisava que você confiasse em mim. Agora sabe que não vou te entregar, mesmo que minha história não seja totalmente verdadeira, então espero continuar nosso trato.
riu.
– Uma sobrevivente, é isso o que eu sou.
Depois do jantar, Hannah lavou as louças enquanto esperava encostado no balcão.
– Bem, a comida estava ótima, mas acho que já fiz tudo o que deveria aqui – ela disse.
– Não precisa ir embora agora se não quiser.
Ela sorriu.
– Isso é um convite?
deu de ombros.
– Só se você aceitar.
Hannah se aproximou e espalmou as mãos sobre o peito dele.
– E como que vou negar uma coisa dessas?
Ela se equilibrou na ponta dos pés e o beijou. levou as mãos até a cintura dela e a puxou levemente para mais perto. Aquele era o primeiro beijo real entre os dois e ambos estavam gostando. Uma das mãos da ruiva foi cuidadosamente até o pescoço de , enquanto a outra foi escorregando até a barra da blusa e começou a entrar ali, tocando sua pele.
sorriu.
– Apressadinha você.
– Você não me chamou para ficar só para te ver dormindo, não é?
Ele deu de ombros.
– Eu sou bem fofo dormindo.
Os dois riram e voltaram a se beijar. quebrou o beijo para guiá-la até o quarto e assim que a porta se fechou atrás deles, as bocas deles voltaram a se encontrar, agora com mais desejo.
Hannah delicadamente foi tirando a blusa dele, como se qualquer movimento errado pudesse machucá-lo. Quando a peça voou para algum canto, ela começou a beijá-lo pelo queixo, descendo pelo pescoço, peito e barriga, então desabotoou lentamente a calça dele.
apenas sorriu, assistindo a moça conduzir o ritmo. Quando o jeans foi ao chão, Hannah acariciou o membro dele ainda sob a cueca cinza, então a abaixou, deixando-o livre. Os lábios dela encontraram a cabeça de , que sentiu-se arrepiar, então ela começou a beijar e lamber, logo depois estava em um movimento de vai e vem.
A mão direita de se entrelaçou entre os cabelos alaranjados de Hannah, apenas acompanhando o ritmo perfeito que ela fazia. Ele estava muito excitado, mas queria mais. deslizou a mão pelo braço dela e a puxou para cima, colando seus corpos novamente. Foi sua vez de despi-la, tão rápido quando seu braço permitia. Assim que a blusa dela saiu de seu corpo, seus perfeitos seios já ficaram à mostra. Hannah o puxou até a cama e o empurrou para que sentasse, então se apoiou sobre os joelhos, um de cada lado dele, deixando os seios a altura de seu rosto.
os tocou, apalpando com vontade, mas não o suficiente para machucar. Sua língua começou a brincar entre os dois, em longos beijos. Então sua boca se concentrou em um dos mamilos, sugando e chupando enquanto sua mão trabalhava no outro.
Hannah então se afastou, empurrando-o levemente. Ela deu as costas para ele e lentamente deslizou a calça pelas pernas, empinando-se na direção dele. passou a língua pelos lábios, sentindo certa parte de seu corpo pulsar em reação à cena. Ainda mais devagar, a ruiva tirou sua calcinha branca, jogando-a em , que sorriu.
Finalmente ela veio em sua direção, deixando a vista o que tanto desejava. Ela pegou algo no bolso da calça, um preservativo, e se ajoelhou de frente a ele, então o vestiu delicadamente, terminando de ajeitar com a própria boca. Hannah voltou para sua posição anterior na cama, mas com a mão conduziu a deitar. Ela se posicionou sobre ele, introduzindo-o dentro de si e começou a subir e descer, rebolando levemente. A ruiva pegou a mão direita dele e levou aos próprios seios, então começou a acelerar.
Ela quicava e rebolava. a segurou com força pela cintura, enquanto as mãos da ruiva se apoiavam na cama para manter o ritmo. O corpo dela começou a tremer e os gemidos que até então eram contidos, começaram a sair mais saltos. Ela começou a sentar com mais força, enquanto sua mão a estimulava mais. Não demorou muito para senti-la se derramar sobre ele, isso foi o suficiente para ele gozar também.
Hannah deixou seu corpo se apoiar sobre o dele, mas conteve seu peso pelos cotovelos. sorriu e acariciou os cabelos dela mais uma vez.
– Tudo bem, pode deitar.
Ela o olhou e se aconchegou no peito dele. Os dois caíram no sono assim.
Um dia se passou desde o ataque bem-sucedido aos estabelecimentos dos Collins. Depois de uma longa comemoração, finalmente voltava para casa.
parou o Skyline na frente do prédio, já tarde da noite, e se inclinou para beijá-la.
– Acho que vou deixar um lugarzinho no meu closet para você, melhor que ter que passar em casa toda vez que for trocar de roupa – ele disse sorrindo.
– Me parece uma boa ideia, considerando que seu closet é do tamanho do meu apartamento.
Os dois riram.
– Passo para te buscar amanhã? – Ele olhou para o relógio dourado no pulso. – Quer dizer, mais tarde.
– Amanhã tenho umas coisas para resolver no banco, depois que eu ver isso, vou na sua casa, pode ser?
– Okay.
Eles sorriram e se beijaram de novo. teve que obrigar a si mesma a separar-se dele e sair do carro. Em pé na calçada, ela assistiu o Skyline azul fazer a volta e se afastar até sumir na esquina. Ela suspirou e entrou no prédio. Foi acompanhando a pequena tela do elevador passar de número por número até chegar ao 10. Sua cabeça parecia tão distante e ao ver seu reflexo, notou que um sorrisinho não sumia de seus lábios. Que droga eu estou fazendo com a minha vida? Ela pensou.
As portas se abriram e andou até a porta de seu apartamento, mas antes de entrar, decidiu dar uma conferida . Talvez ele tivesse com os Collins após saber dos ataques, mas ela quis ver.
A porta do apartamento dele estava apenas encostada, então ela abriu devagar, olhando a bagunça que estava a sala.
– ?!
Ela entrou e acabou esbarrando em uma muda de roupa dele pelo chão.
– Lavar roupa de vez em quando é bom, !
ouviu a porta do quarto abrir e foi para o corredor naquela direção.
– , para de se fazer de mudo e me resp... – Ela se interrompeu imediatamente quando de repente se viu de cara com outra mulher.
Hannah a olhou tão surpresa quanto , mas aos poucos seus olhos foram se iluminando e um sorriso surgiu em seu rosto, então ela falou:
– Você é a outra agente!
sacou a arma e apontou para Hannah, que espalmou as mãos em frente ao corpo.
– Calminha, garota! – a ruiva falou. – Eu já sei sobre o , assinei um trato com o FBI para cooperar em troca de imunidade. Estou ajudando ele no caso de vocês.
– Onde está o ? E o que você sabe?
– Ele está no banheiro e eu sei que ele é um agente infiltrado. Sabia que tinha outro agente na equipe do Walker, mas não fazia ideia de quem era... até agora. – Ela sorriu.
finalmente apareceu na porta do quarto, apenas uma toalha enrolando seu corpo e deixando o tórax ainda úmido à mostra.
– Você gastou metade do meu shampoo, ruivi... ?! Ai, droga!
– Dá para você me explicar que merda é essa, ?! – explodiu.
– Primeiro guarda essa arma, . Ela não é o inimigo!
– Desculpe, é o quê?!
– Eu tentei explicar para ela, mas não quis acreditar – Hannah falou dando de ombros.
– Abaixa a arma e eu conto tudo, mas primeiro, guarda isso! – disse tentando acalmá-la.
respirou fundo, mas abaixou a arma e guardou no cós da calça.
– Fala! – ela cuspiu.
então contou de como Hannah descobriu e foi até ele pedindo imunidade em troca de ajuda no caso, além de manter o segredo. Ele falou com seu chefe Charlie e arranjou o trato para ela assinar, desde então ela estava sendo uma parceira para ele dentro dos Collins.
– E você não me disse nada?! – exclamou.
– Porque sabia que você agiria desse jeito! – se defendeu. – Inventamos esse relacionamento para que eles não desconfiassem de nossa proximidade... e nem você.
– Inventaram? – a agente disse olhando a toalha dele, o cabelo molhado dela e as peças de roupa no chão.
– Só você pode se divertir dormindo com o inimigo, ? – Hannah provocou.
a fuzilou com o olhar e teve certeza que ela acertaria um soco na ruiva se ele não intervisse.
– Chega, vocês duas! – ele se apressou. – Hannah, acho melhor você ir. A gente conversa depois.
Hannah ergueu uma sobrancelha e sorriu.
– Pode pelo menos me levar no elevador?
olhou rapidamente para , que parecia estar fazendo seu melhor para não avançar na outra mulher, mas assentiu só para evitar o pior. Do jeito que estava mesmo, ele a acompanhou pelo corredor.
Quando foi apertar o botão do elevador, Hannah segurou sua mão.
– O que está rolando entre vocês dois? – ela perguntou.
– Entre e eu? Nada. Aliás, isso não é da sua conta.
– Tem razão, não é. Mas eu percebi que aquilo não foi raiva porque você escondeu o trato comigo. Ela está explodindo de ciúmes.
As sobrancelhas de se arquearam, só então pensando na possibilidade e ele sorriu.
– Você gosta dela?
a olhou como se repudiasse a intromissão, mas suspirou e respondeu:
– Nós temos uma consideração muito grande um pelo outro.
– Não respondeu minha pergunta.
– Isso não vem ao caso. Melhor você ir logo.
Hannah riu, balançando a cabeça.
– No dia que o Walker descobrir isso, vai caçar vocês até no inferno.
– Não vai não, ele estará preso! E de qualquer forma, entre nós dois não há nada, somos apenas parceiros de trabalho.
– Não é o que a linguagem corporal de vocês diz. Aliás, ela acabou de espiar ali pela porta.
olhou por cima do ombro, mas não viu nada apesar da porta estar aberta. Hannah riu de novo.
– Melhor deixar o casal ter sua D.R. Uma pena, gostei da nossa noite juntos. Caso vocês não deem certo, ou se ela mudar de time, podemos tentar de novo qualquer dia.
Ele a olhou incrédulo, mas Hannah apenas o mandou um beijo e entrou no elevador que ele sequer havia notado que tinha chegado.
respirou muito fundo e expirou devagar, então voltou para o apartamento onde o aguardava de braços cruzados e uma expressão nada amigável.
– Então ela é sua fonte? – disse com o pé batendo sem parar no chão.
O agente fechou a porta e se aproximou, deixando uma distância segura entre os dois.
– Hannah trabalhou com um hacker que tinha informações sobre vários agentes e outros mafiosos, infelizmente eu estava entre os dados. Ela me reconheceu e veio falar comigo, pedindo imunidade em troca do silêncio e da ajuda dela. Não vi opção melhor.
– E preferiu esconder isso de mim do que dizer a verdade.
– Sabia que você não tinha muita simpatia pela pessoa dela, só quis evitar todo esse drama.
– Parabéns, você fez um ótimo trabalho – ela ironizou, batendo palmas. – Eu não só descobri como peguei os dois praticamente na cama!
– Então esse é o problema, eu ter dormido com ela?
– O problema é ela não ser confiável e você estar trazendo para dentro da sua casa, onde também é nossa base provisória.
– Como se você não tivesse feito o mesmo com o Walker, não é, ?! Acho incrível como com você é tudo “parte do trabalho” – Ele fez aspas com os dedos. –, mas quando se trata de mim...
– Eu posso ter transado com o Walker, mas ele não faz ideia da minha identidade! Ela sabe quem você é e pode muito bem ter trazido qualquer dispositivo para ter acesso aos computadores daqui.
– Isso é a vida real, , não um filme de 007! Ela está monitorada por nosso sistema agora, acha mesmo que ela arriscaria nos trair?!
– Engraçado como você confia tanto em uma total desconhecida.
– Tanto quanto você parece confiar no Walker e sua nova equipe!
– Faz parte da droga do meu trabalho ser a porra de um membro daquela equipe, será que é tão difícil assim entender?!
– Não é não, mas você está passando um pouquinho da parte de trabalho, não acha? Está adorando fazer o que está fazendo com eles!
– Está questionando minha fidelidade ao FBI?!
– Quer saber? Estou sim! Simplesmente porque já temos provas o suficiente para encerrar o caso e você prefere enrolar.
– Nós temos a chance de pegar bem mais gente errada tendo um pouco mais de paciência!
– Estamos gastando verbas do governo, ! Nossos alvos aqui são os Collins e os Walkers, encerrando esse caso podemos abrir outros para pegar os que restarem, mas não é nossa prioridade agora!
– Ou pegamos todos de uma vez e economizamos bem mais verbas!
– Pelo amor Deus! Está vendo? Você está procrastinando! Está gostando dessa vidinha de fora da lei, gostando de correr e depois ir parar na cama do Walker. Enquanto isso sou eu quem tá servido de tiro ao alvo dessa tal gangue de motoqueiros. – apontou para o braço enfaixado e só então pareceu notar.
A raiva aos poucos foi deixando sua expressão para dar lugar a um leve choque. Ela se aproximou, reparando pela primeira vez nos pontos na testa dele também.
– Escapei por pouco da explosão na entrada dos túneis.
– Você estava lá? , eu te mandei mensagem avisando para ir para casa, até te liguei...
– Espera aí, você sabia que eles iriam fazer isso?
engoliu a seco.
– Eu sabia, mas tentei te avisar...
– , VOCÊ SABIA DISSO?! – Ele ergueu os braços em irritação, sentindo o braço reclamar pelo gesto brusco. Ele segurou a parte enfaixada e olhou para ela. – Você tem noção da quantidade de pessoas que ficaram machucadas nisso?!
– Bandidos e capangas dos Collins?
– Não, ! Civis também foram atingidos pelas explosões! E mesmo os capangas dos Collins deveriam receber um julgamento e não serem mortos em uma estúpida guerra de gangues!
Ele começou a andar de um lado para o outro.
– Você tem noção do que você deixou acontecer, ?! Você não está só procrastinando, está ganhando tempo para ele!
a olhou irritado, apenas olhava para baixo, sem parecer escutar direito. Ele passou a mão no cabelo, controlando a voz.
– Chega, ! Não sei nem se posso confiar mais em você! Vou ligar para o Charles ao amanhecer e vou chamar a equipe para preparar o bote neles. Espero vê-la do lado certo quando isso acontecer.
levantou a cabeça, seu rosto inexpressivo, apesar do olhar vazio.
– Faça a porcaria que quiser – ela disse olhando-o nos olhos, então deu as costas para ele e saiu, batendo a porta atrás de si.
deu um passo, mas controlou a vontade de ir atrás dela e conferir qual caminho ela seguiria. Não adiantava mais, se realmente fosse atrás do Walker, isso faria dela tão culpada quanto ele.
Capítulo 35 - A Reta Final (Parte I).
Ele tomou o café da manhã no balcão da cozinha, lavou as louças e foi para o banho. Depois de escolher uma camiseta verde escura e jeans pretos, finalmente não havia mais o que fazer para enrolar. Atravessou a sala e pegou o controle da TV, onde digitou o código que abria a porta para a sala secreta. Nada parecia diferente, estava exatamente como da última vez que ele havia estado ali.
– Por favor, esteja em casa – ele sussurrou para si mesmo. Então respirou fundo e abriu a porta que dava acesso ao apartamento de .
Ele passou pela sala perfeitamente organizada, olhando por cima do balcão que separava o cômodo da cozinha, a pia brilhava intocada assim como o fogão. Mais algumas respirações e finalmente abriu a porta do quarto, dando de cara com a cama tão arrumada quanto o resto da casa, como se ninguém tivesse dormindo por ali.
Seus pés agora aceleraram, ele olhou no banheiro depois voltou ao quarto para abrir o guarda-roupa. As coisas de permaneciam intocadas ali.
Ela definitivamente não passara a noite ali e isso o fez sentir falta de ar.
voltou para casa apressadamente e pegou o celular, discando o número dela em milésimos de segundo. Uma voz eletrônica avisou que o aparelho estava desligado. Ele encerrou a chamada e jogou, irritado, o celular sobre a cama.
O agente voltou para o cômodo entre os apartamentos e ligou seu notebook. Seus dedos digitavam em frações de segundo e logo um programa de rastreamento estava rodando, refazendo os últimos passos de . tamborilou os dedos sobre a mesa, impaciente demais para a lerdeza da máquina, até que finalmente um pontinho verde foi marcado no mapa, sobre um posto de gasolina.
diminuiu o zoom e então percebeu que o ponto estava a meio quilometro da oficina do Walker. O último registro estava marcando 3:07 da madrugada.
Seu corpo pareceu pesar sobre a cadeira e deixou-se amolecer para trás. Não queria acreditar, tentava pensar em qualquer explicação plausível, mas não tinha. havia escolhido a ele.
Ele sentiu os olhos arderem, ameaçando se encher de água, mas se negou a deixá-las escorrer. Seus dedos voltaram a tamborilar, mas dessa vez por um tipo diferente de ansiedade.
se levantou da cadeira e bateu a tampa do notebook com força. Chega, não tinha mais o que fazer ali. Ele não cobriria isso para ela. queria estar ao lado de ? Ótimo, então teria o mesmo destino que ele.
O agente voltou para seu apartamento e foi direto para o quarto, os olhos procurando sobre a cama pelo aparelho prateado, até achá-lo quase caindo na cabeceira. Então o pegou e discou um número, colocando o celular na orelha em seguida.
– Aqui quem fala é o agente especial . Me passe para o diretor-assistente Charles Hoffman.
A atendente obedeceu de imediato e em segundos a voz grave do superior atendeu do outro lado da linha:
– Hoffman.
– Agente falando da missão O’Village, senhor. Peço permissão para as equipes prepararem o ataque. Se possível ainda hoje. Juntarei todas as informações e levarei para o ponto de encontro.
– Certo, agente . A agente está de acordo? Houve atraso nos relatórios dela.
engoliu a seco.
– A agente especial pode ter sido... corrompida. Não tenho resposta dela deste ontem à noite e sua última localização rastreada foi de madrugada em um posto próximo à oficina de Walker.
Do outro lado da linha, Charlie respirou fundo. o entendia, Charles fora um de seus mentores na academia do FBI e tanto ele quanto gostavam de tê-lo como chefe, da mesma forma que ele sempre se orgulhou de ver os dois se tornando agentes.
– Muito bem, agente . Nos encontre na casa segura do deserto em uma hora, contatarei as equipes de suporte e faremos o plano de ataque.
desligou o telefone e voltou para a sala secreta, então começou a empacotar tudo o que haviam acumulado sobre as famílias desde que chegaram em O’Village. Depois de guardar os documentos, foi a vez de pôr os notebooks e outros acessórios em uma mochila. Ele pegou sua pistola e munição extra. Considerando a possibilidade de ter falado toda a verdade ao Walker e ter sobrevivido a isso – a chance de isso não ter acontecido fez estremecer –, eles poderiam aparecer aqui e tentar impedi-lo de chamar reforços.
– Agora não! – ele rosnou para si mesmo e saiu do cômodo.
O agente atravessou a sala e abriu a porta para o corredor como pôde, sem ter como conferir se havia alguém por ali, ele foi direto para o elevador, soltando as caixas no chão para chamá-lo. O corte em seu braço começou a queimar e só então percebeu que a bandagem branca estava enrubescendo.
– Droga!
se apressou para voltar ao seu apartamento, procurando pelos armários uma maleta de primeiros socorros. Assim que achou, ele amarrou a alça dela na da mochila e saiu novamente, trancando a porta atrás de si.
– Acidente na mudança – disse, forçando um sorriso.
riu.
– Tenho muito respeito pelos veteranos.
O senhor o olhou e sorriu.
– E nós temos orgulho da nossa nova geração.
As portas do elevador se abriram no térreo e ele deu uma piscadela antes de sair. o assistiu se afastar o quanto pode, confuso pela reação do velhinho, mas deixou isso de lado ao chegar no subsolo.
– Vamos lá!
acelerou e saiu da garagem.
– Poderia me dar uma mãozinha com as caixas?
Charles chamou alguém e dois agentes saíram para buscar os pacotes. os seguiu para dentro da casa, encontrando uma decoração velha e caipira que não combinava em nada com as dezenas de agentes ao redor de uma mesa longa de ferro.
– Agente !
Eles trocaram um abraço meio desajeitado.
– Não sabia que você viria.
Ela sorriu.
– E a ? – Ela o olhou ansiosa.
O sorriso de foi murchando e a loira percebeu. Ele e haviam conhecido Abigail Bentley, ou Abby, como ela era conhecida, na academia quando eles voltaram lá para dar umas aulas já que se formaram com mérito, era uma das poucas mulheres da classe e quando soube de , acabou a tomou como inspiração. Quando entrou na FBI se mostrou uma agente exemplar e também conhecia muito de computação, foi assim que eles dois acabaram construindo uma amizade.
– Eu vou explicar tudo quando nos reunirmos.
Abby assentiu e abriu espaço para que passasse.
– A agente estava com o Walker e sabia do ataque, ela disse que tentou me avisar, mas meu celular estava descarregado, porém em nenhum momento considerou chamar a intervenção para impedir de acontecer. – Ele suspirou. – Tivemos uma discussão noite passada, eu a acusei de estar se envolvendo pessoalmente com seus investigados e está procrastinando o fim da missão. Ela alegou que queria alcançar não somente as famílias de O’Village como também as das cidades vizinhas que estão envolvidas.
virou o notebook para os outros ali presentes.
– Como podem ver, essa foi a última localização marcada pelo celular dela, um posto de gasolina a quadras da oficina de Walker. Não consegui contatá-la, então não posso dizer com certeza absoluta que ela foi corrompida, mas...
Os dois trocaram um olhar compreensivo e ao mesmo tempo triste.
– Considerando que a agente tenha mudado de lado, temos que fazer a intervenção o mais rápido possível ou eles poderão atravessar a fronteira – Charlie disse.
engoliu a seco, sentindo um arrepio negativo percorrer seu corpo. Mas não queria e nem podia pensar sobre isso.
– Agente , você comanda as equipes e determina os locais de ataque – Charlie mandou.
Ele assentiu para o diretor e olhou para o mapa, fazendo esforço para se concentrar.
– Bem, esses são os possíveis locais em que os Collins estarão...
– Fale rápido, Hannah! – ele atendeu.
As palavras da ruiva foram entrando na mente de lentamente enquanto ele escutava tudo atentamente.
– Aonde? – ele perguntou. – Espere eu vou anotar.
correu para a mesa e pegou uma caneta, anotando o endereço na primeira folha que encontrou, atraindo olhares dos agentes ao redor.
– Que horas vai ser isso?
Hannah respondeu do outro lado da linha.
– Você tem certeza disso? Certo, certo! Espere na sua casa e não saia de lá, agentes vão buscar você... E obrigado, Hannah!
desligou, vendo que todos ali o observavam curiosos.
– Mudança de planos! – ele falou alto para todos ouvirem, inclusive o diretor do outro lado da sala. – Recebi novidades da minha informante dentro dos Collins. Todas as famílias da região farão uma reunião emergencial ainda hoje. Aparentemente também estará lá.
suspirou e abaixou a máscara. Hora de dar um fim a essa missão.
– Você tem certeza do corrompimento da agente, ?
Ele guardou a arma no cós da calça, colocou o celular no bolso, a mochila nas costas e equilibrou as duas caixas cheias nos braços, sentindo o ombro esquerdo fraquejar com a força.
Ele apertou o botão ao lado das portas de ferro e esperou. Não era o mais inteligente descer pelo elevador, já que seria o primeiro lugar que usariam para subir, mas não estava em condições físicas de descer duas caixas lotadas por dez andares de escada.
As portas se abriram e havia apenas um senhor, morador do andar de cima. empurrou com os pés os papeis para dentro e apertou no botão da garagem.
O velhinho o olhou desconfiado, observando a bandagem sangrenta.
– Tenho uma cicatriz no mesmo lugar, acidente de guerra. – O senhor sorriu.
fez esforço e puxou as caixas para seu colo. Mais uma vez seu machucado protestou, mas ele ignorou a dor até chegar ao Corola prata. De frente a ele, uma vaga vazia onde o Mustang de deveria estar. O agente balançou a cabeça e voltou sua atenção para o que estava fazendo. Abriu o porta-malas e colocou as caixas lá dentro, sentindo o braço latejar do ombro ao cotovelo.
Quando entrou no carro, teve que respirar fundo algumas vezes antes de tirar a bandagem toda ensanguentada. Alguns pontos haviam se aberto com o esforço que fez, mas poderia arrumar isso quando chegasse à casa de segurança. Ele jogou as bandagens usadas em um saco plástico sobre o banco do passageiro e voltou a enfaixar o braço com bandagens novas, então procurou por analgésicos na maleta, pegando o primeiro que encontrou e engolindo sem água mesmo.
O Corola prata era a única coisa que brilhava no meio da estrada alaranjada pela poeira da paisagem desértica. pegou a curva à direita, entrando em uma estrada de terra que dava em uma casa pequena de madeira, rodeada por uma cerca de arame farpado.
Assim que estacionou em frente a porteira, Charles apareceu na porta sob um crânio de gado. desceu do carro e acenou para o diretor.
No meio deles, saiu uma loira de cabelo ondulado e olhos claros, muito pequena em comparação a maioria ali. Ela se aproximou de com um sorriso tímido aparecendo em seus lábios.
– Agente Abby! – Ele sorriu.
– Estava em missão em Los Angeles, quase indo embora, mas quando o diretor pediu reforços, resolvi me voluntariar.
– Fico feliz que esteja aqui.
Assim que os documentos foram espalhados em cima de mesa, fez um resumo dos últimos meses, mostrou nos mapas todos os pontos que pertenciam às famílias, onde os membros de suas gangues costumavam se concentrar e suas casas, apresentou fotos e fichas de um por um e explicou o ataque orquestrado pelos Walker como vingança pelo assassinado de Travis McCoy.
“Falei que não daria mais esse tempo ou a guerra chegaria a níveis muito maiores e civis seriam atingidos. A agente saiu do meu apartamento e desde então não deu mais nenhum sinal. Eu evitei de pôr isso nos relatórios, mas como eu disse, notei envolvimento além do profissional dela com sua suposta equipe”.
– Mas todos os sinais apontam para isso – Abby completou, seu rosto claramente desapontado.
– Isso se já não tiverem atravessado – um outro agente comentou.
– E quanto a ela? – mais um perguntou.
– é uma agente de alto nível e com grande conhecimento sobre a agência – o diretor falou. – Se ela realmente está com eles, pode ser categorizada como ameaça. Se for confirmado que ela foi corrompida, a ordem principal é prendê-la, mas tenham cuidado porque estamos falando de uma agente altamente treinada. Caso haja resistência... vocês têm permissão para atirar.
Após o plano de ataque ser definido e repetido diversas vezes, todas as equipes ali presentes começaram a se preparar. Quarenta agentes com grossas roupas pretas, coletes, capacetes e máscaras, todos muito bem armados.
Quarenta agentes indo atrás de dois grupos também armados.
Quarenta agentes indo atrás de .
Quarenta agentes prontos para atirar caso ela reagisse.
colocou a máscara na cabeça, controlando a respiração para tentar acalmar seus batimentos cardíacos. Lutava contra sua mente que insistia em criar imagens de do lado inimigo. Por mais que quisesse negar, algo em seu interior tinha certeza de que ela não poderia mais ser salva, tinha escolhido .
Ele sentiu uma irritação profunda crescer por dentro dele, tanto pela escolha dela quanto por ele ainda se importar com ela mesmo após sua traição. Mas ele não negou o sentimento, pelo contrário, se apegou a isso para não hesitar quando a hora chegasse. Não importava o que sentia por , não importava a relação que tiveram, não importava mais nada. Se ela estava do lado errado, teria que sofrer as consequências por sua escolha. Enquanto para , só restava torcer que ela aceitasse a prisão sem resistência para evitar o pior.
Uma última vez o agente respirou fundo, então abaixou a máscara, ajeitando-a no rosto, e pegou o capacete que usaria, mas antes de botá-lo na cabeça, ouviu seu celular tocar. Instintivamente o puxou do bolso, sentindo o coração disparar em uma última fagulha de esperança, mas o nome na tela era de outra mulher.
– Isso pode ser uma emboscada – um dos agentes falou.
– Pode sim, mas é a melhor chance que temos – Charles disse. – Vamos nos concentrar no lugar da reunião. Nos dividiremos em duas equipes, se for emboscada, o reforço aparece.
Capítulo 36 - A Reta Final (Parte II).
se olhou no espelho, notando que mesmo com a morte recente de seu melhor amigo, seus olhos pareciam felizes e ele sabia que o motivo daquilo era ela.
– Quem diria, hein, ? Você completamente louco por uma mulher.
Mas ele sabia que não era só uma mulher, era a mulher! se encaixava tão perfeitamente nele que ele sentia que ambos tinham nascidos para se encontrarem. Ele não era do tipo que acreditava nessa bobagem de destino, almas gêmeas e coisas do tipo, mas sempre que estava com , quando a via sorrir, quando se pegava observando ela adormecida a seu lado, entre outras várias ocasiões, sentia como se tivesse encontrado aquilo que mais procurava na vida sem sequer saber que estava procurando.
Ele se olhou mais uma vez no espelho e naquele instante decidiu. Não queria esperar mais, queria ao seu lado por toda a vida com sua esposa. Ele a pediria em casamento.
se apressou em secar o cabelo, vestiu jeans pretos que tinha rasgos nos joelhos, um tênis vermelho e uma camisa longa cinza com uma caveira preta desenhada. Como estava quente, não se importou em pegar casaco, apenas botou um de seus Rolex no pulso e saiu.
Ele pegou a chave do Skyline R35, o vermelho perolado, e desceu para a garagem do seu prédio. Demorou apenas alguns minutos para chegar à joalheria mais cara da região. Assim que entrou, a atendente, uma velha conhecida de , já se colocou de prontidão.
– Senhor Walker! – ela o recebeu com um largo sorriso.
– Olá, Margarett, como vai?
Uma atendente próxima a eles virou de uma vez ao escutar a voz do homem, mas ele não demonstrou que havia notado.
– Muito bem, obrigada. E o senhor? A que devo sua presença?
– Bem, estou procurando por uma aliança de noivado.
A atendente que ouvia a conversa dos dois logo murchou, fazendo segurar o riso. Não era novidade para ele o quanto era cobiçado pelas moças de O’Village, sabia que essa expressão se repetiria quando seu casamento fosse anunciado.
– Por favor, venha comigo – Margarett disse. – E, Amber, querida, falaremos depois que eu atender o senhor Walker.
A atendente enrubesceu, sentindo a bronca que viria futuramente.
a seguiu para dentro da loja, uma área privada para os clientes, onde lhe foi oferecido champanhe, que ele negou, entre outras bebidas e guloseimas. Mas não estava interessado, apenas se sentou no sofá de camurça branco e esperou Margarett voltar com as joias.
– Aqui estão, senhor Walker. As mais finas e valiosas joias para a moça sortuda que conquistou seu coração.
Ele riu e se inclinou sobre a mesinha de centro, onde os anéis foram colocados. Foi quando viu um em particular que chamou sua atenção.
– Pode pegar – a atendente incentivou.
segurou a joia fina entre os dedos. Todo o anel era circulado por pequenos diamantes, em cima havia dois arcos, também com diamantes, que se encontravam na base e se abriam em cima para segurar a linda pedra de safira entre eles.
– É este aqui.
– Uma escolha maravilhosa, se me permite dizer. Vou buscar a caixinha dele.
O coração de acelerou em imaginar a pequena peça no dedo de , sua mente já a imaginando toda suja de graxa e recebendo a joia tão delicada. Para muitos isso seria uma cena totalmente contraditória, mas para ele parecia tudo perfeito.
Após ter pagado um preço assustadoramente alto pelo anel, saiu da loja com a pequena caixinha azul guardada em uma sacola com o nome da joalheria. Ele entrou no carro e pôs o presente no porta-luvas. Sentia uma ansiedade incontrolável crescendo dentro de si, mas sabia que tinha compromissos, assim como ele, então só se veriam mais tarde.
Ele então ligou o som bem alto e tentou esquecer da joia para focar em outras coisas, no momento, seus negócios.
desceu para a cidade vizinha, onde teria uma reunião. Tinha encontrado um potencial novo cliente, mas para isso o transporte passaria por áreas dominadas pela família Van Der Lan, então marcou com o chefe da cidade para chegarem a um acordo.
Ao chegar no lugar, parou em frente ao café de paredes verde-água. entrou, já encontrando Adam, único herdeiro e novo responsável pelos negócios da família.
– Quer dizer que você está representando os Van Der Lan agora? – disse ao se aproximar da mesa dele.
Adam riu e levantou para dar um abraço em .
– Meu pai finalmente está tendo confiança em mim. Acho que ele gostou da forma que lidei com nosso desentendimento do passado.
riu com a lembrança. Na primeira corrida de em O’Village ela havia ganhado do corredor de Adam, o cara acabou beijando um poste e o Van Der Lan decidiu cobrar dela. , é claro, se pôs no meio e os dois andaram se estranhando por um tempo, mas nada que uma conversa não resolvesse. Quando Adam começou a ganhar mais espaço no poder de sua família, os dois acabaram se encontrando com mais frequência e o acordo de paz entre os dois se tornou uma espécie de camaradagem.
Os dois se sentaram na mesa. A garçonete ofereceu o cardápio, dando uma olhada nem um pouco discreta para Adam. Pelo visto ele era o cobiçado da região. Depois de fazerem seus pedidos, a moça se afastou.
– E então, parceiro. Para que pediu essa reunião? – o loiro perguntou.
– Tenho um cara interessado na minha mercadoria, tem uma reputação ótima nos negócios e vai me render uma boa quantia, mas a melhor rota para o transporte passa no meio de Crest Hills.
– Entendi. Veio negociar.
– Exatamente.
– Você sabe como meu pai é com essas coisas, . Ele vai pedir uma quantia alta por isso, talvez uma porcentagem do material.
– Ah, qual é? Já ofereço a melhor mercadoria em um preço justo para vocês. Nenhuma cidade do Sul da Califórnia recebe o que vocês têm.
– A não ser O’Village.
– Sabe que tenho uma guerra civil pronta para explodir a qualquer momento, não posso vacilar na minha área.
– Não adianta fingir que ainda está tudo em paz, Walker. Passou nos noticiários os ataques a estabelecimentos e até ao monumento da cidade... coincidentemente dias após à morte de seu amigo.
ficou o olhando, seu rosto inexpressível. Adam suspirou e riu.
– Imaginei que não fosse me contar – ele disse.
– São assuntos internos, não interferem e nem dizem respeito aos meus sócios.
– Deveria ser mais gentil se está querendo tanto a rota em minha cidade.
– Você sabe como são essas coisas, Adam. Se a gente abre espaço, logo tem pessoas demais se metendo em nossos negócios. Só lembre que eu te entreguei de bandeja o X-9 drogado que estava me devendo.
– Mas eu paguei a dívida dele.
– Sabe que não fiz aquilo por dinheiro. É tudo questão de parceria. Fiz um favor a você, ajudei que fizesse bonito em frente ao seu pai, mostrando que tinha controle sobre seus subordinados. Não acha que vale à pena conceder um favor em troca?
Adam balançou a cabeça e sorriu.
– Você vai me jogar na cara tudo o que encontrar até eu ajudar, não é?
– Não é à toa que cheguei onde estou hoje, tenho habilidades de persuasão.
A garçonete chegou com os cafés pedidos por eles, deixou a pastinha com a conta e saiu novamente.
– Está bem, Walker. Vou falar com o velho, mas não posso prometer nada.
– Tudo bem, só em ter você falando em meu lado, já é de grande ajuda. Vou até pagar seu café por isso.
Os dois riram.
– Você é um babaca, Walker.
– Continue trabalhando assim que, quem sabe um dia, você chega aos pés do babaca aqui.
Assim que se despediu de Adam, ligou para seu futuro comprador, organizando uma reunião entre eles e o Sr. Van Der Lan, o dia ficaria em aberto até Adam dar um feedback. Mesmo que a resposta fosse negativa, confiava em sua lábia para falar diretamente com o patriarca de Crest Hills e conseguir a rota, mesmo que isso lhe custasse um pouco mais do que o pretendido.
Ele voltou para O’Village, tinha um fornecedor de peças automotivas na cidade esperando por ele na Mansão Walker. estava interessado em comprar algumas para fazer melhorias em seus carros, outras colocaria à venda em sua oficina, mas as que realmente queria eram as que serviriam para montar um carro com M.J., carro esse que ele daria de presente ao garoto quando completasse 16 anos, após tirar a habilitação. Nada mais gratificante do que dirigir o carro que foi montado por suas próprias mãos e sabia o quando M.J. ansiava por isso.
Assim que chegou na entrada, o segurança o reconheceu e de imediato o portão branco com um W dourado foi aberto. Ele pegou o caminho lateral que levava a rampa que ia até o subsolo, onde estava sua garagem de luxo. Ele estacionou o Skyline na vaga já destinada a ele e pegou o pequeno elevador até o primeiro andar. Assim que chegou à sala de estar, encontrou um homem de cabelos grisalhos tomando um chá, sentado em um dos sofás.
– Perdão pela demora, Willian.
– ! – O homem se pós de pé, deixando a xicara na mesinha ao lado do sofá. – Que prazer revê-lo.
Os dois se cumprimentaram com um aperto de mão.
– Pode sentar, termine seu chá.
– Já era minha segunda xícara, estou satisfeito.
– Bem, então vamos ao que interessa.
se sentou ao lado dele e William começou a mostrá-lo sobre as peças. Após algumas horas de demonstrações e apresentações sobre as mais diversas partes de um carro, selecionou as que mais lhe agradaram e fez a encomenda do que precisava.
– Vou providenciar o mais rápido possível.
– Sei que vai, confio em você. Albert vai levá-lo até seu carro. – apontou para o mordomo que aguardava no canto.
cumprimentou o homem e o assistiu se retirar antes de voltar para a garagem. Ele andou direto para o Skyline, mas então lembrou que hoje seria um dia especial, então pedia um carro especial também.
Depois de pegar o pacote dentro do carro, ele voltou até o início da garagem e parou em frente ao painel de vidro que guardava as chaves dos carros. Ele digitou a senha no teclado e assim que o vidro deslizou para o lado, pegou a chave de uma das máquinas e deixou a do Skyline no lugar.
então foi até a Lamborghini Gallardo LP 570-4 Squadra Corse prateada. Assim que entrou, guardou a joia no porta-luvas e ligou o carro. Um sorrisinho surgiu ao imaginar nele. Ainda não tinha tido a oportunidade de lhe apresentar realmente todos seus carros, talvez fizesse isso ainda durante a semana.
Ele acelerou, escutando seu ronco delicioso em resposta. Definitivamente não existia barulho melhor que aquele e se sentia um cara de sorte por ser um dos poucos com o privilégio de dirigir máquinas como essa.
A Lamborghini subiu tranquilamente pela rampa e aproveitou o curto espaço até o portão para dar uma aceleradinha. Sabia que acabaria com umas multas a mais hoje.
Depois que atravessou o portão da Mansão Walker, lembrou que sequer havia procurado pelo irmão, mas duvidou que ele estaria em casa a essa hora. Fazia algum tempo que não via Simon, acabaram se afastando um pouco após o ataque a Travis. Ele tentou, mais uma vez, convencer a largar a vida fora da lei e afastar de vez a família desse submundo de O’Village, mas sabia que isso era impossível, fazia parte do que eles eram e do que seu pai havia lhes deixado, não podia simplesmente deixar tudo para trás. Nesse dia os dois acabaram discutindo e não haviam se falado direito desde então.
Bem, eu ligo para ele quando for dar a notícia, pensou olhando para o porta-luvas que guardava a joia.
O dia havia passado rápido demais e quando olhou no relógio já era hora do almoço, então passou em um drive-in e comprou um lanche antes de seguir para a oficina. Assim que estacionou, M.J. o recebeu como de costume.
– Veio de Lamborghini? Qual é a ocasião? – o garoto disse assim que desceu do carro.
– Você saberá em breve.
– Está bem. É bom que, pelo menos, tenha me trazido batata frita – ele disse olhando o saco de papel nas mãos do mais velho.
– Como se você fosse me deixar em paz se eu esquecesse, né? – riu, entregando para ele o saco.
Os dois entraram na oficina, cumprimentando os companheiros que encontravam. entrou em seu escritório, também conhecido como a sala de reunião e M.J. o seguiu.
– E as peças? – ele perguntou.
– Deixei o catálogo no carro, depois você pega lá para ver as que escolhi. Aproveite e veja se gosta de alguma para a gente montar um carro.
– Nós vamos montar um carro?!
– Sim, projeto pessoal.
– A pode ajudar?
riu e revirou os olhos.
– Pensei que ia ser uma coisa entre homens, mas devia saber que você iria chamar ela.
– Não posso deixar minha parceira de lado, sabe como é, ela pode ficar chateada.
O mais velho riu de novo. Era engraçado o apego que M.J. tinha com e ela com ele. O garoto era bastante talentoso e ao lado de uma mecânica tão boa quanto , os dois faziam obras de arte juntos. Claro que pagava a ele pelo tempo que ele gastava na oficina, eles chamavam de estágio, mas a verdade é que M.J. ficaria ali mesmo sem receber um centavo, gostava de ajudar simplesmente para poder estar no meio dos carros.
– Escute, M.J., falando nela... preciso que você me ajude com uma coisa.
– Claro, pode falar.
– Ainda não pensei direito em como fazer isso, então...
Mas antes que pudesse falar sobre o pedido de noivado, Crash bateu na porta. O chefe acenou que ele entrasse.
– Chefe, tem um garoto com uma encomenda para você.
– Recebe para mim, por favor.
– Ele disse que só pode deixar nas suas mãos.
bufou e levantou da cadeira, então desceu para o térreo com M.J. e Crash em seus flancos. Um garoto de cabelos claros e sardinhas no rosto esperava do lado de fora, segurando a bicicleta azul com uma mão e uma caixa vermelha, fechada por um laço branco, na outra.
– Senhor Walker, mandaram te entregar.
– Quem?
– Só disseram que é de uma amiga de longa data.
Ele pegou a caixa e deu uma nota de cinco dólares para o menino, que subiu em sua bicicleta e saiu. O resto da equipe, curiosa, se aproximou de , que pôs o pacote em cima do capô de um carro dali. Ele desamarrou o laço e tirou a tampa, encontrando um tablet dentro. Sobre a tela havia um bilhete escrito “ASSISTA O VIDEO” e nas costas tinha um endereço, abaixo estava escrito um horário “MEIA-NOITE”.
ligou o aparelho e entrou nas pastas, só tinha um único arquivo ali, então ele deu play. A gravação começava escura, então uma luz se acendeu. Havia uma mulher amarrada a uma cadeira, ela estava encolhida para frente, fazendo o cabelo tampar seu rosto. Uma segunda pessoa entrou em cena, mas só era possível dizer que era um homem, já que o enquadramento da câmera só o pegava dos ombros para baixo. Ele se parou ao lado da mulher e puxou sua cabeça para trás, deixando-a a vista.
A respiração de falhou.
Era .
com o rosto machucado e sangrando.
– ! – M.J. arfou.
No vídeo, olhou irritada para algo atrás da câmera e respirou fundo, então se voltou para algo atrás da câmera, mas em um ângulo diferente.
– Você irá abrir mão de todo o seu território em O’Village – ela disse entredentes, seus olhos focados como se estivessem lendo. – Fará uma reunião com os chefes das famílias do Sul da Califórnia ainda hoje e dirá que está abandonando a chefia. Vai sair da cidade e nunca mais vai voltar, deixando todos os seus contratos para uma outra pessoa que estará presente. Você já deve saber quem. A negociação deve ser feita nesta madrugada às três horas em um celeiro ao limite da cidade. O endereço está no cartão dentro da caixa. Se não estiverem todos lá na hora marcada... – engoliu a seco. – O próximo pacote estará com a cabeça da sua namorada.
O vídeo acabou e sentiu como se não houvesse ar o suficiente para seus pulmões. M.J. ao seu lado começou a chorar, sendo consolado por Max.
Natasha tinha passado de todos os limites, todos! Ele sentiu que poderia cortá-la em milhões de pedaços apenas para ouvi-la gritar de dor. Sentia tanto ódio que seu corpo todo tremia. Em uma explosão de fúria, ele jogou o tablet contra uma parede, o aparelho se despedaçou com o impacto.
começou a andar de um lado para o outro, sentindo o olhar dos outros sobre ele.
– Eu vou matar aquela vagabunda, vou matar o viadinho do irmão dela e todos que carreguem a porra do sobrenome Collins! – Ele bateu a mão na caixa, fazendo-a voar também.
M.J. foi o único que teve coragem de se aproximar, segurando o braço do chefe, o que o fez parar por um segundo.
– ... – M.J. soluçou. – Se os atacarmos agora... e-eles vão matar ela, .
Ele olhou para o garoto com o rosto já todo molhado de lágrimas e sentiu o ódio dar espaço para uma dor mil vezes mais forte. M.J. tinha razão e só em pensar na possibilidade deles machucando , seu corpo pareceu enfraquecer.
respirou fundo, tentando pensar claramente, mas só sentindo um nó na garganta se apertar a cada segundo mais. Seus olhos ameaçaram lacrimejar, mas ele se segurou.
– Você está certo. – O chefe passou a mão no rosto e deixou seus ombros caírem. – Liguem para os chefes das famílias do Sul imediatamente, marquem uma reunião de emergência e falem o endereço.
– Mas, , você vai abrir mão de tudo? – Andrew disse.
– É A VIDA DA MULHER QUE EU AMO QUE ESTÁ EM JOGO! – ele gritou. – Nem que eu tenha que reconstruir tudo do zero, eu vou salvar a ! Não importa o quanto custe.
Max foi quem se manifestou primeiro, dando as ordens para os outros que ainda estavam em choque:
– Andem! Fechem a oficina e liguem para as famílias. Se preciso paguem a passagem de todos eles, desde que estejam em O’Village na hora marcada. A faria o mesmo por qualquer um de nós, então iremos fazer por ela!
A equipe então começou a se movimentar, se apressando para fazer o que foi mandado. Max se aproximou de e pôs uma mão em seu ombro.
– Nós vamos salvar ela, chefe!
assentiu desanimado, então Max saiu para resolver as coisas, deixando-o apenas com M.J. ali.
– Eles machucaram ela – o garoto falou.
o puxou, abraçando-o.
– Eles vão pagar por isso, M.J. Mas agora precisamos focar em tirá-la de lá. A vai voltar a salvo para nós!
Capítulo 37 - A Reta Final (Parte III).
As portas se abriram e estava na garagem, pelo menos ali ela sabia para onde ir, o Shelby Mustang GT500 1967 preto a esperava tão acolhedor quanto um abraço de mãe deveria ser. Ela entrou no carro e deu partida, saindo do prédio como se aquele lugar a sufocasse.
Ela começou a dirigir sem saber ao certo a direção que estava tomando, só queria sentir o ar gelado bater em seu rosto naquela noite ridiculamente abafada.
Não soube ao certo quanto tempo rodou pela cidade até se perceber parando em frente a uma distribuidora 24h. Desligou o carro e ficou ali por um momento, decidindo se devia ou não comprar algo. Sua cabeça continuava turbulenta demais para ela analisar qualquer coisa, então por impulso abriu a porta e saiu, entrando na distribuidora em busca de alguma coisa.
olhou uma garrafa de whisky e decidiu levá-la, com certeza não era sua bebida favorita, mas no momento não estava interessada em degustação, apenas queria acalmar a gritaria em seu cérebro. Ela levou a bebida até o balcão e puxou o cartão do bolso.
Depois de pagar, o atendente embrulhou a garrafa em uma sacola de papel e já saiu do estabelecimento abrindo a tampa. Ela tomou um longo gole antes mesmo de entrar no carro, sentindo a garganta queimar de imediato.
Ao entrar no carro, sua racionalidade apareceu por um segundo, alertando-a que aquilo era errado, mas ela respondeu em voz alta para si mesma:
– Quer saber? Que se foda! O que eu ando fazendo de certo ultimamente mesmo?
Ela tomou mais dois longos goles e ligou o carro. Para onde iria? Nem ela sabia dizer, mas naquele momento decidiu apenas se deixar levar no modo automático, seria como entregar sua vida ao destino, aonde ela parasse, seria onde ela iria ficar.
– Cadê você vozinha da minha mente? Não deveria estar me mandando escolher agora?
arrancou, saindo dali antes que o atendente fosse atrás dela achando que ela era uma louca falando sozinha.
Mais alguns quilômetros rodados e metade da garrafa se foi, o suficiente para deixá-la além do estágio “tonta”. Uma luzinha no painel chamou sua atenção, avisando que o carro estava entrando na reserva.
– Desculpe, bebê. Esqueci que você também precisa de álcool para continuar.
Ela riu como se tivesse o carro a entendesse.
Algumas ruas a frente e finalmente ela encontrou um posto de gasolina. Depois de estacionar o Mustang ao lado da bomba, ela saiu, tropeçando nos próprios pés e por pouco não caindo.
olhou ao redor, não havia nenhum movimento por ali. O silêncio da noite, que geralmente era reconfortante para ela, agora começou a incomodá-la. Era só sair do carro que a confusão em sua mente voltava com força total.
Por que não havia alguma voz ali? Por que ninguém lhe dava uma solução onde tudo ficaria bem?
Finalmente a vozinha de sua consciência se pronunciou, dando uma resposta que ela não queria ouvir: não há uma solução onde tudo fique bem.
Ela respirou fundo e digitou dez litros no teclado da bomba de combustível, passando o cartão para pagar em seguida, então pegou o bico de abastecimento e se aproximou do tanque do Mustang.
De repente um carro apareceu em alta velocidade vindo de uma das ruas próximas e freou cantando pneu próximo ao Mustang. Quatro homens mascarados desceram ao mesmo tempo, indo em direção à . Imediatamente a embriagues do álcool nela deu lugar a seus instintos e treinamentos.
O primeiro homem se aproximou pela esquerda, apertou o gatilho do bico de abastecimento jogando gasolina contra o rosto dele. O segundo tentou pegá-la por trás, ela se inclinou para frente, com o impulso acertou o cotovelo nas costelas do homem e quando consegui espaço entre os braços dele, girou acertando o bico em sua têmpora. Ela largou o objeto para, no mesmo giro, acertar o terceiro que já vinha. puxou a arma que mantinha na cintura, mas o quarto homem acertou sua mão com cassetete e a pistola caiu. Com a mão esquerda, ela puxou a arma branca do agressor enquanto a direita voltava em punho contra o rosto do homem, que cambaleou para o lado.
tentou correr para pegar a arma no chão, mas um dos mascarados se jogou contra suas pernas, levando os dois para o chão. Ela acertou com tudo o cassetete na cabeça dele e se ergueu, tomando impulso em direção da arma, mas antes que conseguisse alcançá-la sentiu uma fisgada em suas costelas e um choque elétrico paralisou seu corpo, fazendo-a cair endurecida. Logo em seguida um dos homens levou um pano contra seu rosto e antes mesmo que pudesse se lembrar de segurar a respiração, sentiu a vista escurecer e apagou por completo.
acordou no susto, puxando o ar como se ele não entrasse em seus pulmões há algum tempo. Ela tentou se mexer, mas sentiu seus pulsos amarrados atrás da cadeira em que estava sentada, e seus tornozelos presos nos pés dela. Seus olhos vasculharam a pequena sala ao redor, mas não reconheceu onde estava. Seu corpo todo estava dolorido e sua cabeça pulsava como se houvesse uma batedeira em seu cérebro.
Aos poucos, suas últimas memórias foram voltando. Estava em um posto de gasolina, chegou um carro e quatro caras a atacaram. Isso era claramente um sequestro.
Meu carro! Ela pensou. Se aqueles filhos da puta tiverem tocado no meu carro, eu vou esfolá-los vivos!
aumentou a atenção, tentando analisar cada ponto daquele minúsculo quarto, mas não tinha nada além de uma luz amarelada e a cadeira que ela estava presa. Do outro lado da porta fechada não havia barulho, então era a chance dela de se livrar dali.
Isso vai doer.
Ela começou a se balançar na cadeira, precisava de um impulso forte ou apenas se estabacaria no chão. Se colocasse força suficiente, quebraria a cadeira de madeira e talvez um osso do braço. Nada mortal.
Quando ela viu que se inclinou o bastante para frente, com a ponta dos pés impulsionou para cima, jogando-se de costas de uma vez contra o chão. Como esperado, as costas da cadeira se desprenderam do assento e ela sentiu uma pontada no punho esquerdo, havia deslocado o polegar. Aproveitou isso para puxar o braço da amarra, mordendo o lábio para não gritar. O laço da outra mão se afrouxou, então ela o puxou. Ainda deitava sobre a madeira quebrada, respirou fundo e voltou o dedo para o lugar.
– Puta que pariu – ela murmurou, sentindo a dor.
Com a mão que não doía, soltou os pés. Assim que se pôs em pé, ela pegou a corda que prendia seu tornozelo e enrolou no dedo, pulso e punho, fazendo uma espécie de tala.
De repente, ouviu passos se aproximando do lado de fora. Rapidamente ela pegou uma perna quebrada da cadeira e a corda que segurava seus braços, então correu para a parte de trás da porta. Assim que ela abriu, o primeiro homem entrou, encontrou o lugar vazio.
– Que porra é es...
Antes mesmo de ele completar, acertou o pedaço de madeira com toda a sua força contra a cabeça do homem que caiu desmaiado. Quando o segundo apareceu, ela jogou a corda sobre a cabeça dele até a altura do pescoço, então e girou para ficar atrás de suas costas e puxou o máximo que conseguiu, enforcando-o. Ele tentou afastar a corda do pescoço ou acertar a ela, mas foi perdendo as forças até cair desmaiado.
bateu nos bolsos de ambos até achar uma pistola e um revolver, além de um molho de chaves. Ela saiu do quarto, trancando a porta atrás de si e dando de cara com uma escada. Estava presa em um porão.
Ela subiu, abrindo a porta de cima cautelosamente. O corredor era escuro e estava vazio, com caminho para os dois lados, o que a deixou perdida. Vamos pela direita, ela pensou. seguiu pelo corredor até se ver em uma encruzilhada, então escutou um assobio vindo do lado direito do corredor.
encostou as costas na parede e puxou a pistola. Quando a pessoa se aproximou, ela bateu com o cabo da arma contra a cabeça dela. Era um homem de sua altura. O cara cambaleou para trás e levou uma rasteira da agente, que lhe deu mais uma coronhada na testa, apagando-o.
Espero que esses babacas sejam os mesmos que me atacaram, porque aí só sobra um, ela pensou.
continuou no corredor, pelo caminho que o homem veio, até achar uma porta dupla bastante antiga. Que seja o hall de entrada, ela torceu. Mas ao abrir a porta, deu de cara com um brutamonte.
O gigante se virou e tentou lhe acertar um soco, mas o centímetro que o rosto dele girou, voltou a olhá-la com ódio.
– Se eu pedir desculpa você me deixa ir?
O homem bufou.
– É, achei que não.
Ele se jogou contra a agente que abaixou, desviando pela esquerda. Aquilo realmente parecia ser uma sala de estar não usada há anos pela quantidade de pó. pegou um jarro com flores mortas e jogou contra o rosto do brutamontes, mas ele desviou e lhe deu um soco sobre os peitos.
cambaleou para trás, batendo em uma mesinha atrás do sofá enquanto sentia a circulação de ar ser interrompida momentaneamente. Ela tossiu e se jogou para a direita, para fugir de um segundo soco. O cara era grande, porém lento.
Ela puxou a pistola e tentou atirar contra ele, mas a arma estava descarrega. Ela então a jogou contra o rosto dele e tentou correr, mas logo os braços musculosos dele estavam a tirando do chão.
– ME SOLTA!
puxou o revolver com a mão machucada, mas o homem a girou com força e ela largou. De repente a agente estava sendo jogada sob a mesinha de centro, que cedeu sob seu peso. Em segundo vários homens começaram a entrar na sala, todos com pistolas em mãos.
– Droga!
A agente ergueu as mãos em rendição enquanto se levantava lentamente.
Dois dos homens ali abriram espaço e uma mulher com enormes botas negras e um vestido curto prateado entrou na sala. Em seus lábios vermelho um sorriso maldoso.
– Acho que ainda não fomos formalmente apresentadas. Sou Natasha Collins.
– Tenho certeza de que sabe quem eu sou – respondeu, dando um sorriso claramente forçado.
– Sim, eu sei muito bem.
A chefe se aproximou alguns dela, mas manteve uma distância segura.
– Você é muito boa. Boa demais para uma capangazinha qualquer ou uma mulher de bandido.
– Talvez porque eu não sou.
– Então o que você é?
ergueu uma sobrancelha e sorriu.
– Alguém que você desejaria muito ser.
Natasha riu e se aproximou o espaço que restava entre as duas.
– Você é corajosa, garotinha. – Ela lhe acertou um tapa com as costas da mão, fazendo um corte no lábio de com o anel. – Vamos ver quanto tempo isso vai durar.
A agente levantou o rosto rindo, o sangue sujando sua boca.
– É fácil me tocar quando tem todo esse exército para te defender, não é? – zombou. – Não vou lhe chamar para um mano-a-mano porque sei que não é mulher o suficiente para isso. Mas aguarde, rainha. O que é seu está guardado.
Natasha riu com zombaria.
– Prendam ela lá em cima.
Dois homens a seguraram pelo braço, enquanto continuava sorrindo sinistramente para Natasha.
– Você não perde por esperar, perua.
foi arrastada escada acima até um cômodo vazio. Sentindo o cano gelado de uma arma em suas costas enquanto um dos capangas de Natasha trazia uma cadeira, dessa vez de ferro.
Enquanto os três homens a seguravam, sentando-a na cadeira, o quarto amarrava seus braços para trás. Quando ele veio para frente, amarrar seus pés, chutou com tudo o ponto exato entre as pernas do cara, que caiu gritando. Ela já aproveitou para se erguer pelos pés e acertar os pés da cadeira em dois de trás, soltando-se do móvel mesmo que com as mãos ainda amarradas.
O quarto homem tentou segurá-la por trás, mas a agente lhe deu um pisão no pé e bateu a cabeça fortemente contra o nariz dele. Porém mais homens apareceram armados na sala, fazendo-a parar. Natasha entrou em seguida, olhando a cena, irritada.
– Juro que se não precisasse de você, te mataria agora, sua verme! – ela disse.
– Você pode tentar se quiser.
– Apaguem ela!
Outros quatro homens foram contra ela e mais uma vez um pano com clorofórmio foi empurrado em suas vias respiratórias. se debateu e prendeu a respiração o quanto pode, mas logo apagou novamente.
mais uma vez acordou atordoada, a cabeça latejando ainda mais, encontrando Natasha em pé em sua frente.
– Isso não é legal para se fazer com uma convidada – disse, sentindo a garganta seca arder.
Natasha apenas ergueu o queixo e lhe acertou outro tapa no rosto. Então a segurou pela mandíbula, encravando as enormes unhas em sua bochecha.
– Você vai ler um recadinho para seu namorado e talvez eu a deixe sair viva.
Apesar da boca seca, juntou o pouco de saliva que conseguiu e cuspiu contra Natasha. A Collins a soltou, enojada. Então fechou o punho e a socou no olho. A cabeça de tombou para trás na intensidade que ela sentiu o mundo girar. Mas ela não deixaria se abater. Quando levantou o rosto, começou a rir vendo Natasha se limpar.
– Você claramente nunca deu um soco na vida.
– Não preciso saber socar quando pago alguém para fazer isso para mim. – Ela estalou o dedo e então um dos brutamontes apareceu em frente a . – Vamos dar motivos para acelerar um pouco.
Foram três socos no rosto. sentiu um dente se voltar e o cuspiu no chão. O sangue escorrendo de sua boca assim como em um corte acima de sua sobrancelha.
Natasha a puxou pelo cabelo, fazendo-a levantar o rosto.
– Você vai ler exatamente o que está naquele cartaz para aquela câmera. – Ela apontou para um tablet na mão de um dos capangas. – Ou vou deixar o Lineker se divertir mais um pouquinho com sua bela carinha. Quem sabe o quanto uma cirurgia plástica pode resgatar de um rosto destruído, não é?
Ela a soltou de uma vez e foi para o lado do homem com o aparelho.
– Luz, câmera e ação! – Natasha falou.
permaneceu de cabeça baixa, então um dos capangas foi até ela e puxou seu cabelo, fazendo-a olhar para a câmera. Ela lançou um olhar mortal para Natasha, naquele momento sua mente trabalhava em mil formas de matar uma mulher com seus próprios saltos.
Ela respirou fundo, olhando para a câmera. Então tentou focar no cartaz segurado por outro capanga. Se não fossem as letras grandes, sua tontura não permitiria que ela lesse.
– Você irá abrir mão de todo o seu território em O’Village – ela disse entredentes. – Fará uma reunião com os chefes das famílias do Sul da Califórnia ainda hoje e dirá que está abandonando a chefia. Vai sair da cidade e nunca mais vai voltar, deixando todos os seus contratos para uma outra pessoa que estará presente. Você já deve saber quem. A negociação deve ser feita nesta madrugada às três horas em um celeiro ao limite da cidade. O endereço está no cartão dentro da caixa. Se não estiverem todos lá na hora marcada... – engoliu a seco. – O próximo pacote estará com a cabeça da sua namorada.
O homem tocou na tela do tablet e então entregou a Natasha.
– Muito bem, garota. Digna de um Oscar! – ela zombou. – Entreguem isso na oficina do Walker.
A chefe andou até .
– Tomara que você valha mesmo algo para seu namoradinho, querida. Ou será só mais um cadáver desovado no deserto.
Ela saiu da sala, seguida pelos outros homens. Apenas um ficou parado ao lado da porta, fazendo segurança. suspirou, derrotada. Era questão de tempo até Natasha se cansar disso e se livrar dela, jamais abriria mão de tudo o que havia conquistado por uma garota. Sua única esperança seria fazer contato com , mas como nenhum dos capangas mais conhecidos estavam por ali, deduziu que ela não havia compartilhado seu plano com ninguém além do seu exército particular.
Seu estômago se agitou e uma mistura de sangue com resto de whisky saíram por sua boca, queimando ainda mais a garganta. Ela tossiu e puxou o ar com força. Seu corpo todo começava a tremer.
riu, atraindo a atenção do capanga que a olhou como se fosse louca. Que jeito mais deplorável de morrer, hein? Ela pensou.
Capítulo 38 - Fim da Linha.
conduziu o Corola lentamente pela estrada de terra até parar perto da entrada.
– Tem certeza que é aqui? – ele perguntou.
Dois homens apareceram da curva do celeiro, ambos com uma submetralhadora MP5 nas mãos.
– Isso responde sua pergunta? – Hannah disse sorrindo.
deu de ombros e pegou uma mochila que guardava atrás de seu banco.
– Vamos lá!
Os dois desceram do carro, atraindo a atenção dos homens na guarda do lugar.
– Natasha nos mandou aqui – Hannah disse antes mesmo de chegarem perto dos homens, o que foi inteligente considerando as armas nas mãos deles. – Pediu que checássemos o lugar enquanto vocês tiram uma hora de descanso.
– Não nos disseram que viria alguém aqui – o homem ruivo falou.
– Talvez porque a Nat não fale com subordinados menores. Sabe quem eu sou, não sabe?
O ruivo assentiu.
– Então faça o que lhe foi mandado!
O homem negro encostou a arma na parede do celeiro e tocou o ombro do companheiro.
– Vamos, cara. Hora do almoço para nós.
O ruivo imitou o amigo e foram buscar suas motos. e Hannah pegaram as armas e assumiram a posição deles até ver os dois se afastarem o bastante para não serem mais vistos.
Hannah foi a primeira a entrar no lugar. No fundo do celeiro havia vários fardos de feno empilhados. Próximo à parede à direita estava uma carroça que parecia inutilizada há algum tempo. No centro estava uma extensa mesa de madeira rodeada por cadeiras do mesmo material. Essa parecia ter sido colocada recentemente ali.
– Sabe implantar uma escuta? – perguntou.
– Na verdade, eu sei sim.
– Ótimo! – Ele tirou a mochila dos ombros e entregou uma caixinha preta. – Aí dentro tem a escuta e fones para você testar. Coloque-a embaixo da mesa onde fique parecendo um prego ou qualquer coisa bem escondida.
– Sim, senhor!
Enquanto Hannah ia fazer o que lhe foi mandado, seguiu até a carroça, encontrando um lugar para instalar uma micro câmera de alta resolução. Adorava ver aquela pequena caixinha preta que capitava imagens com ótima qualidade.
O agente encaixou o aparelho no centro da roda da carroça e a ligou, em seguida pegou um tablet em sua mochila para ajustá-la o suficiente para pegar imagens de qualquer um na mesa. Mas ela não seria o suficiente, precisaria de outro ângulo para conseguir capturar todos que estivessem ali.
olhou ao redor, procurando outro ponto estratégico e decidiu tentar entre os fenos. Ele colocou a câmera entre os fardos e tentou escondê-la da melhor forma, depois repetiu o teste com o tablet. Estava tudo certo.
– Pronto – Hannah disse, indo até ele. – O som está saindo perfeitamente e não tem risco da escuta cair.
suspirou e assentiu.
– Tudo preparado para pegar aqueles vagabundos então.
– E agora?
– Agora voltamos para a casa de segurança, você vai esperar lá enquanto nós fazemos o bote.
– O quê? Por que não posso assistir daqui?
– Porque no momento que um bandido te ver dando ajuda à polícia, será conhecida como X-9 e isso pode trazer sérios riscos a você. Pensei que soubesse como é essa vida no crime.
Hannah revirou os olhos.
– Eu sei tudo isso, Sr. Óbvio! Mas queria assistir, sei lá, de uma van aqui perto.
– Sem chances, ruivinha. Você estará bem longe daqui. Agora vamos fingir que estamos fazendo a proteção lá fora até os dois capangas chegarem para podermos ir embora.
sabia que devia estar deixando M.J. tonto a esse momento, mas não conseguia parar de andar de um lado para o outro. Sua equipe já havia preparado tudo. Todos os chefes de famílias parceiros dos Walker estariam nessa reunião, todos bastante curiosos para entender o porquê de tanta urgência, mas não estava nos planos dele falar a verdade.
Seu celular tocou e na tela não era possível identificar o número. Ele de imediato atendeu.
– Alô?
– Imagino que esteja com saudades do mozão – uma voz feminina falou do outro lado da linha. Era Natasha.
– Natasha, eu juro por Deus que se você tocar mais um dedo nela...
– Sua princesa está perfeitamente bem... com alguns arranhões. Ela vai se recuperar, isso é claro, se você cumprir sua parte do trato.
– O que você está me pedindo é um absurdo e sabe disso.
– A escolha é sua, Walker. Vou tomar a cidade de um jeito ou de outro, resta a você decidir se nossa querida estará viva para assistir isso.
praguejou silenciosamente e respirou fundo.
– Já falei com todo mundo. Eles estarão no maldito endereço.
– Muito bem, querido. Agora vamos aos detalhes.
– Só vou abrir mão quando estiver comigo.
– Hm... Não! Direi o que vai acontecer. Vamos chegar, você vai ver a mocinha que estará em uma van dentro do celeiro, garantindo que ela não sairá de lá, com dois dos meus homens na porta. Depois da reunião, as famílias vão embora com seu novo contrato e você tem sua garota de volta. Ah, lá dentro apenas os chefes e no máximo um homem. Nada de gracinhas, Walker, ou ela morre.
respirou fundo mais uma vez.
– Entendido. Mas agora preciso falar com ela, tenho que ter certeza que ela está bem.
– Claro!
Uns chiados no telefone e então silêncio.
– ?
– ?
– Sinto muito por isso, meu amor. Eu já falei com os chefes, juro que vou tirar você daí, está bem? Não vou deixar que eles toquem mais um dedo em você.
– Não pode fazer isso, ! Você tem que achar outro jeit...
O telefone fez barulho e a voz de Natasha assumiu o lugar.
– Pronto, já viu que ela está bem. Muito bom fazer negócios com você, Walker. Até mais tarde!
Ela desligou e teve que se controlar para não jogar o celular contra a parede como havia feito com o tablet.
M.J. o olhava atentamente, os olhos ainda inchados de chorar.
– está bem – respondeu à pergunta silenciosa dele. – Mas ela tem razão, eu posso achar outro jeito.
discou rapidamente o número de Adam Van Der Lan.
– E aí, parceiro, ligou para falar da reunião? – o loiro atendeu.
– E aí, cara. Vou precisar fazer uma reunião antes da reunião principal. Posso contar com você? É extremamente urgente.
– Pela sua voz, realmente parece ser. Pode sim cara, só dizer aonde.
– Anote o endereço.
Após passar as coordenadas para Adam, ligou para os outros três chefes das famílias do Sul, marcando no mesmo lugar.
– , me deixe ir com você – M.J. pediu.
– Não. Não quero você metido nessas coisas ainda.
– , é da que estamos falando. Não pode me afastar disso também! Eu preciso ir!
O chefe o olhou e suspirou. M.J. era muito determinado, se não o levasse, ele daria outro jeito de ir.
– Está bem. Chame Drake e diga que vamos sair.
M.J. assentiu e correu escada abaixo, quase trombando de frente com Max que subia.
– Está tudo pronto, chefe.
– Não, não está. Vou me reunir com os chefes e falar a verdade. Não posso deixar Natasha levar minha cidade depois de matar meu melhor amigo e machucar a minha mulher.
– Você tem certeza disso? Alguns podem mudar de lado vendo a vantagem dela.
– Terei que confiar que nossa antiga parceria está acima de uma possível traição. Preciso salvar a vida dela, mas não posso deixar todos vocês obrigados a sair da cidade por causa disso. Vamos pegar a e acabar com os Collins definitivamente.... Melhor procurar um lugar bem grande para desovar os corpos.
Max riu
– Podemos colocar fogo no lugar.
deu de ombros.
– Levem bombas então.
Eram oito da noite quando estacionou o Audi A5 Sportback preto em frente a um prédio comercial no noroeste da cidade, Drake e M.J. junto a ele. A rua estava vazia com exceção de outros quatro carros estacionados por ela.
Os três entraram pela porta que dava diretamente às escadas e subiram até o segundo andar. Uma moça de cabelo escuro os esperava lá.
– Sr. Walker. – Ela se curvou em reverência. – Te aguardam no final do corredor.
– Obrigada, Daisy.
Ele andou até a última porta, com seus amigos em seus flancos, e entrou sem avisar chegada. Lá dentro já estavam sentados nas poltronas: Adam Van Der Lan, chefe de Crest Hills; Phillip Manson, de Brawley; Lance Paseneli, de Winterhaven; e Albert Mills, de Santa Ysabel. Todos acompanhados de seus respectivos primeiros homens de confiança.
– M.J., espere lá fora – ordenou, deixando claro que não toleraria protestos.
O garoto assentiu e saiu da sala, fechando a porta atrás de si.
se sentou em uma das poltronas de couro marrom. Apenas uma pequena mesinha de centro o separava dos outros ali.
– Boa noite, cavalheiros. Agradeço sua vinda de última até aqui.
– Duas reuniões de emergência em um único dia, Walker. Está achando que nosso tempo é assim tão desperdiçável? – Lance Paseneli, o italiano de meia-idade, falou com arrogância.
– Sei que não é, mas se não fosse caso de extrema urgência, não faria isso.
– Então conte logo o que é – Adam se apressou.
suspirou, dando uma breve olhada para Drake e recebendo um aceno de apoio em resposta.
– Como vocês devem saber, desde a volta de Natasha Collins a O’Village as coisas andam meio agitadas por aqui. Acontece que agora ela passou dos limites e está pedindo algo muito alto em troca de uma coisa que eu jamais poderia abandonar.
– Deixe de charadas, garoto. Diga de uma vez – Phillip Manson disse.
– Natasha sequestrou minha noiva . Pede que deixe a cidade e passe para ela todo o poder que tenho aqui, inclusive as parcerias com vocês.
Os chefes, assim como seus homens, trocaram olhares intensos entre si.
– A princípio pensei em acatar sem questionar, mas ao falar com ela pelo telefone, depois de pensar bastante, percebi que não posso deixar aquela mulher tomar minha área. Então vim falar com vocês, em nome dos anos de nossa parceria bem-sucedida, pedindo apoio no que farei.
– Então você tem um plano – Adam falou.
– Eu tenho. Mas preciso saber se estão dispostos a me ajudar.
Albert Mills, o mais velho deles ali, sorriu e se levantou da poltrona em que estava. Apesar de suas diversas rugas que lhe davam uma aparência de velhinho simpático, Mills comandou sua cidade com mãos de ferro desde jovem. Ficou conhecido por ser brutal com seus inimigos. Foi um dos primeiros que fez questão de firmar parceria.
– Você me lembra muito a mim mesmo, garoto – o velho disse. – Determinado, ambicioso... Natasha Collins tem talento, mas não tem conhecimento dos limites saudáveis para uma boa relação, apenas tem desejo de crescimento e uma ganancia exacerbada. Você tem o meu apoio, jovem Walker.
– O meu também, parceiro – Adam continuou.
– Você tem se mostrado um bom líder, rapaz. Irei te ajudar também – Phillip falou.
Paseneli bufou e revirou os olhos, então se manifestou:
– Um bom líder resolveria isso por suas próprias mãos, sem ajudas externas. – Ele se levantou. – Não estou interessado na guerrinha dos pirralhos de O’Village, também não irei a reunião de hoje à noite. Quando criar bolas o suficiente, filho, voltaremos a fazer negócios.
O italiano deixou a sala, seguido pelo seu guarda. Assim que a porta bateu novamente, sorriu.
– Três de quatro não é ruim – ele disse. – Agradeço pelo apoio, e irei recompensá-los por isso.
– Espero que lembre disso da próxima vez que o italiano rabugento tentar entrar na minha cidade – Mills disse com um sorriso que enrugava ainda mais seu rosto.
– Poderá contar comigo, Albert. É só chamar!
– Sei que posso, garoto. Agora fale logo seu plano, estou ficando com fome.
– Preciso que finjam concordar com Natasha e que me emprestem seus homens para emboscar os dela.
***
O relógio marcava 11:50 da noite enquanto os carros voavam pelas estradas até o endereço marcado. Estava perto de recuperar a garota que amava, mas sabia que tudo poderia dar terrivelmente errado apesar do planejamento.
Em seu celular chegou à mensagem de M.J.: “Traz ela de volta, ”.
Ele respirou fundo e sequer respondeu. Não tinha cabeça para isso.
O pequeno comboio de três carros entrou na breve estrada de terra e pouco à frente de uma construção de madeira, foram barrados pelos homens da Collins, que delimitaram o limite de onde seus homens poderiam ir. Tinha pelo menos o triplo de inimigos ali, mas estava confiante.
– Só o Walker e um homem – um dos capangas rivais falou.
com um aceno de cabeça chamou Crash. Nada melhor que um cara de dois metros de altura, que sabia como ninguém usar uma arma, como seu escudeiro. Os dois atravessaram a barreira de carros e foram em direção ao celeiro, mas não entraram.
– Cadê a Natasha? – disse para um dos subordinados dela.
– Aqui! – ela mesma respondeu aparecendo na porta. Roupas comuns demais para o padrão dela.
– Onde está ? – ele falou entredentes.
– Entre, vou mostrá-la a você.
– E quem me garante que não há uma arma esperando para explodir minha cabeça assim que eu passar por essa porta?
Natasha riu.
– Bonitinho, mas paranoico. Sem problemas. Tragam a garota!
deu um passo para o lado, podendo ver através da porta o interior da construção de madeira. Então ela apareceu, sendo segurada e guiada por dois homens enquanto seus pulsos se mantinham presos pra trás. Limparam seu rosto, o que deixou mais visível o corte sobre a sobrancelha, seu olho também estava arroxeado e a pele muito pálida de uma maneira não saudável. Podia dizer que ela havia perdido peso no pouco tempo que se mantiveram separados.
estava bastante debilitada, mas quando levantou o rosto e o viu, conseguiu sorrir.
– Viu? Está viva! – Natasha falou. – Levem-na de volta para van!
– Não – disse, mas antes que pudesse fazer algo, a porta do celeiro foi fechada e ele a perdeu novamente.
Teve que respirar fundo para não pular no pescoço de Natasha naquele exato momento. Tinha que manter o foco no plano. Ele voltou para o lado de Crash e esperou ali fora, à vista de sua equipe, até os outros chefes chegarem.
Quando todos estavam ali, menos o italiano. Natasha não pareceu notar isso e sorriu.
– É um prazer recebê-los aqui – ela disse. – Gostaria que fosse em um lugar mais apropriado, mas por questões de necessidade não pude providenciar isso.
– Do que se trata isso, Walker? – o velho Albert Mills disse.
– Como vocês devem saber, essa é Natasha – riu sem humor. –, herdeira da família Collins. Organizamos essa reunião porque haverá uma mudança no controle de O’Village e quis me certificar que vocês não perderiam com isso.
– Bem, vamos ouvir então – Adam falou.
– Por favor, entrem – Natasha disse, apontando o caminho da porta, novamente aberta.
Eles seguiram até uma mesa no centro do celeiro. Os chefes se sentaram na cadeira em volta dela enquanto seus guardas se mantinham em pé, um metro atrás deles.
Natasha foi a primeira a falar:
– Tanto os Collins quando os Walker buscam a paz em nossa cidade há anos. Houvera vários desentendimentos, todos sabem disso, mas acho que finalmente colocaremos um ponto final nessa história. veio até mim dizer que estava largando os negócios para viver uma vida normal fora de O’Village, como o irmão mais velho dele sempre se mostrou contra essa parte dos negócios, decidimos que eu seria a melhor pessoa a manter o controle do submundo. Estou nisso há anos e creio ser o momento perfeito para acertarmos nossa trégua.
“Mas, para não haver problemas com gangues menores, com vocês ou até com nossos consumidores, decidimos fazer essa reunião e deixar tudo acertado. Repassar valores e tudo mais”.
– Isso é verdade, Walker? – Manson perguntou.
olhou para a van estacionada próxima à parede e suspirou.
– É sim, Phillip. Estou disposto a sair dessa vida e recomeçar algo novo.
Os chefes trocaram um olhar desconfiado, mas se viraram para Natasha.
– Nossa negociação com o Walker era exclusivamente entre nós – Phillip continuou. – Diga sua proposta e então veremos nossos números com você.
Assim as negociações começaram e os minutos se arrastaram. mal ouvia o que diziam, apenas concordava quando necessário enquanto seus olhos estavam focados na van preta a alguns metros de distância, onde era mantida sob guarda de dois homens.
Maldita Natasha, ele pensou.
– Walker! – Albert falou, chamando sua atenção. – Podemos fechar assim, então?
– Claro, vocês façam o acerto que achar melhor. Meu carregamento já encomendado irá para Natasha e ela irá distribuí-lo, ainda na taxa antiga.
– Ótimo, será um prazer trabalhar com a senhorita, bela Collins.
Phillip se levantou, estendendo a mão para Natasha.
– O prazer será todo meu.
olhou para o relógio, era mais de três da manhã. O restante dos homens se despediram de Natasha e saíram, parecendo animados com as propostas. Por um segundo considerou se a oferta não havia realmente os interessado.
Ficaram apenas ele, Crash, Natasha e os dois homens em frente a porta da van onde estava. Todos em silêncio até ouvirem os carros dos chefes se afastarem.
– Você conseguiu o que queria, Natasha – disse. – Tem o controle de O’Village. Agora, liberte-a! Sairemos da cidade o mais rápido possível.
Natasha ergueu o queixo e sorriu.
– Eu poderia muito bem matar os dois agora mesmo, mas você cumpriu sua parte, afinal. E eu também sou uma mulher de palavra.
Ela olhou para os guardas e assentiu. Um deles deslizou a porta do veículo e pegou que estava deitava no chão da van. Ela tropeçou para sair, olhando nada amigável para o outro homem. Ele pegou uma chave no bolso e soltou seus braços, então a empurrou em direção ao centro do celeiro. Ela andava com certa dificuldade, claramente enfraquecida. não aguentou vê-la daquele jeito e correu para encontrá-la no meio do caminho, abraçando-a com força.
– Pronto, meu amor. Eu te peguei, estou com você! – ele falou no ouvido dela.
levantou o rosto, seus olhos lacrimejando encontraram os dele.
– Você veio mesmo.
– É claro que vim! Agora preciso que você fique calma, ok? Não se assuste.
Ela assentiu e ele pegou o rosto seu entre as mãos, dando um leve selinho em seus lábios cortados.
– Nós vamos sair daqui – ele continuou, então falou mais alto. – Quanto a você, Natasha... – Ele puxou a pistola, apontando para um dos capangas. – nunca mexa com a família de um homem!
atirou em um, logo em seguida o outro caiu, atingido por Crash. Do lado de fora, tiros começaram a rolar, pareciam vir de todos os lados.
Natasha entendeu o ataque de imediato, então se lançou contra a porta do celeiro.
– Crash, pegue-a! – ordenou.
– Não! – disse, desvencilhando-se do abraço de . – Ela é minha.
começou a correr usando o que lhe restava de força. No momento que Natasha atravessou a porta, se jogou contra ela, jogando as duas contra a terra no chão. A chefe tentou se livrar, mas apesar da fraqueza, a agente tinha técnica de luta. Depois de alguns giros, ela prendeu Natasha no chão, sentando-se sobre seu tronco com os braços presos ao corpo.
– Agora você vai sentir o que é apanhar de verdade! – rosnou, acertando o primeiro soco contra ela. – Você me atacou – Soco de esquerda. –, me eletrocutou – Soco de direita. –, me apagou – Esquerda. – e ainda me bateu. – Direita. – Mas esqueceu que meu gancho é bem mais forte que o seu.
Dessa vez usou toda sua força, acertando um último golpe que fez a cabeça de Natasha tombar, respingando sangue pelo chão. se levantou, apenas para acertar mais um chute nas costelas dela, então pegou o que lhe sobrava de saliva e cuspiu na mulher no chão.
– Sua verme!
De repente um helicóptero planou sobre eles, lançando um canhão de luz sobre o terreno.
– FBI, TODOS PARADOS! – alguém disse em um megafone.
Várias lanternas começaram a surgir por entre o mato ao redor do celeiro. Os homens das famílias então começaram a contra-atacar e o barulho da troca de tiros se misturou a gritos de ordem e dor.
tentou correr para dentro da construção, mas os agentes chegaram nela primeiro, gritando para ela deitar no chão, o que ela fez sem resistência. Mais uma vez sentiu seus braços sendo presos para trás do corpo e ela foi puxada para se pôr de pé.
Homens caiam de todos os lados. Havia dezenas de corpos ensanguentados no chão, outras dezenas de homens sendo presos pelos agentes e ainda havia tiros. Não estavam apenas às equipes dos Walker e Collins ali, tinha pelo menos cem pessoas só dos vilões.
foi empurrada, sendo afastada da confusão, mas sequer prestava atenção para onde ia, seus olhos procuravam conhecidos em meio à confusão, até encontrar algemado sendo levado para o lado contrário e tão atento quanto ela. Seus olhos se encontraram por um breve segundo até ela ser empurrada para dentro de um dos carros de transporte de presidiários.
Ela sentou no banco do veículo enquanto o agente fechava a porta, deixando-os a sós. Ele então tirou o capacete e em seguida a máscara.
– !
– E aí, miss simpatia! – Ele sorriu e se apressou em soltá-la.
Os dois agentes se abraçaram e nesse momento não conseguiu mais segurar as lágrimas, seu choro se tornou cada vez audível a medida que ela apertava com mais força.
– Tudo bem, tudo bem – ele tentou acalmá-la, acariciando suas costas. – Não sabia que tinha sido sequestrada, . Sinto muito por não tê-la achado antes, mas você está a salvo agora.
Ela se afastou, tentando olhá-lo nos olhos, mas mal conseguia enxergá-lo em meio às lágrimas... então apagou.
Capítulo 39 - O Ponto Final.
Por que estava em um hospital?
– Você estava desidratada e bastante machucada quando te achei – uma voz respondeu ao seu lado, como se lesse seus pensamentos.
olhou sobre o braço da maca, mas facilitou se ponto de pé ao seu lado.
– Como está se sentindo? – Ele sorriu.
– Definitivamente melhor que antes. Quanto tempo eu dormi?
olhou em seu relógio, então fez uma conta com os dedos.
– Treze horas.
– Uau, bati meu recorde.
Os dois riram, mas se interrompeu, sentindo o rosto doer.
– Ai! – ela reclamou.
então pôs a mão sobre a dela e logo a girou para fechar os dedos entre os dele.
– Me desculpe por não ter te achado antes. Natasha não avisou para nenhum de nós sobre essa ideia mirabolante. Estava desconfiada.
– Tudo bem, não devia nem se desculpar.
– O que importa é que está aqui agora.
assentiu, então suspirou.
– Por um momento pensei que morreria. Não havia jeito de te contatar.
– Eu podia dizer que cheguei bem em tempo, mas a verdade é que ele chegou primeiro.
A memória de a abraçando quando ela saiu da van criou um nó em sua garganta.
– Onde ele está?
– Por enquanto, no Departamento de Polícia da cidade, vai ser transferido para o presídio estadual de madrugada. Vai ficar preso lá até o julgamento.
respirou fundo, apesar de seu rosto estar inexpressível, sentiu que algo a incomodava, então tentou distraí-la.
– Não imaginei que te encontraria daquele jeito.
– Pensou que eu estaria do outro lado segurando uma bazuca contra “os cana”, não é?
riu sem graça, mas não respondeu. Na verdade, nem precisava, sabia que ele havia pensado nisso.
– Me desculpe pelo que disse naquela hora – disse. – Estava de cabeça quente.
– Tudo bem, você tinha toda razão. Enrolei demais para tentar pegar um alvo maior. Imagino ter um processo me esperando quando voltarmos à Nova York.
– Realmente tem, mas você também tinha razão. Com as gravações de ontem à noite, temos provas para uma prisão preventiva de todos os chefes das famílias do sul. Isso é uma grande coisa.
– Prenderam a eles também?
– Sim. Tentaram fugir, mas sabe como é, os mocinhos sempre vencem.
sorriu, fazendo uma careta em seguida pelo desconforto.
– Sinto muito pelo lance do ataque, devia ter te chamado reforços e intervindo naquele momento.
– E eu sinto muito por ter realmente pensado que você tinha trocado de lado.
Ela fez menção a rir, mas se conteve.
– Não vai conseguir se livrar de mim tão fácil, .
– Vou tentar não reclamar disso. – Ele sorriu. – Quer comer alguma coisa?
– Quero é receber alta! Ninguém merece comida de hospital.
– Vou procurar o médico para ver se podemos agilizar isso, ok? Mas vou trazer uma comidinha para você e terá que comer tudo antes de sairmos.
revirou os olhos.
– Está bem, pai! – Os olhos dela se arregalaram. – Você não falou nada disso para os meus pais não, né?
riu.
– Não, , relaxa! Quando chegarmos em Nova York e pegarmos nossas férias, você fala pessoalmente para eles.
– Ou finjo que isso nunca aconteceu.
Ele deu de ombros.
– Cada um sabe como lidar com seus pais.
Os dois riram.
– Vou atrás do médico. Descanse!
assentiu e deixou-se amolecer sobre a maca, fechando os olhos. Mas sua mente não lhe deixou dormir, cenas da madrugada começaram a passar em sua mente. Ela vendo através da porta, depois finalmente podendo abraçá-lo... e então ele saindo algemado, procurando por ela no meio de todo aquele caus.
Ela abriu os olhos, ouvindo os bipes da máquina ligada ao seu coração acelerarem. Com medo de sua própria mente, decidiu se manter acordada até o médico aparecer para examiná-la junto a com uma tigela de sopa duvidosa.
Enquanto empurrava o alimento na boca de , o médico parecia preocupado, esperando ela terminar de comer.
– Me contaram que você foi sequestrada.
– Pois é – respondeu. – Mas já estou me sentindo bem.
– Bom, seus exames mostraram que você não teve nenhum ferimento interno e após uma medicação e soro, sua desidratação já foi tratada.
– Porém o senhor continua com essa cara de preocupado.
O médico a olhou, então suspirou.
– Bom, devido a toda essa situação que a senhorita passou, eu marquei um ultrassom para ter certeza que sua gravidez não foi interrompida.
– GRAVIDEZ?! – e exclamaram ao mesmo tempo.
O médico olhou de um para outro analisando a expressão de ambos.
– Acho que não sabiam.
– Mas eu fiz o teste há poucos dias. Tinha dado negativo.
– Há possibilidade de dar erro no teste de farmácia quando feito precocemente, a produção de hCG pode não ter sido suficientemente relevante para o hormônio ter sido detectado. Mas o exame de sangue é bastante preciso.
sentiu o mundo girar de repente. Em sua cabeça mil e um pensamentos ao mesmo tempo.
– Eu sinto muito ter que descobrir desse jeito. Os enfermeiros vão lhe conduzir até a sala de ultrassom.
Ela assentiu, ainda se sentindo tonta.
– Eu vou deixá-los a sós por um momento.
O médico saiu, deixando os dois agentes em choque para trás. Eles trocaram um olhar significativo, lembravam muito bem de sua aventura na praia. Porém no mesmo dia havia estado com .
– ... qual é a chance desse filho ser meu? – ele disse baixo.
– Cinquenta por cento – ela admitiu.
Os dois suspiraram ao mesmo tempo, mas antes de puderem falar algo a mais, uma enfermeira entrou no quarto. a seguiu até a sala onde faria o exame e a acompanhou em silêncio. Ela se deitou na cama puramente em automático e deixou a barriga à mostra para começar o exame. O médico passou o gel frio em sua pele e começou a circular o aparelho por ali.
Tanto quanto olhavam atentamente às formas sem sentido no monitor, mas não conseguiam entender o que de fato significavam.
O médico suspirou e afastou o aparelho, dando papeis para ela se limpar.
– E então, doutor? – perguntou.
Ele a olhou intensamente, então sorriu.
– Seu bebê continua aqui.
ofegou, sem saber ao certo o que pensar ou fazer.
– Parabéns, Srta. , você é mamãe.
Ela olhou para , que foi até ela e sorriu, segurando sua mão.
– Eu vou ser mãe – ela arfou. – Ai meu Deus!
– Quando chegar em casa, cuide de seu pré-natal, certo? – o médico disse. – Pode ir tomar um banho e aguardar no quarto, logo irei te dar alta.
passou o braço pelo de e os dois saíram da sala ainda atônitos. Eles entraram no quarto e finalmente olharam um para o outro.
– Como você está? – ele perguntou.
– Apavorada – respondeu rindo. – Eu não sei nada de criança.
– Eu sei que não, mas tenho certeza que será uma ótima mãe.
– Pois eu não tenho essa certeza.
riu.
– Relaxa, eu estarei com você.
– Mas e se for dele, ? O que eu vou fazer?
O agente engoliu a seco, mas pegou a mão dela que estava sem a tala.
– Eu vou estar com você, não importa o que aconteça.
sentiu as lágrimas encherem seus olhos e abraçou o parceiro.
– Não sei o que seria de mim sem você. Obrigada.
passou a mão nos cabelos dela e lhe deu um beijo na testa.
– É o que parceiros fazem, não é?
Depois de alguns minutos digerindo tudo o que havia acontecido, tomou banho e colocou roupas limpas, então amarrou o cabelo em rabo-de-cavalo. Logo em seguida recebeu alta.
foi até ela e lhe entregou seu distintivo.
– Hora de voltar a ser – ele disse.
assentiu e prendeu o distintivo no cós da calça, aproveitando para dar uma olhadinha na barriga que ainda continuava normal. Então os dois agentes seguiram até o estacionamento onde o Corola prata de estava. Foi então que lembrou de seu carro.
– Onde está meu Mustang?
A expressão de não a agradou.
– O carro era emprestado do governo mesmo, você ia ter que devolver.
– Onde ele está?
– Jogaram no rio.
soltou uma lista de palavrão, xingando até a décima geração dos Collins.
– Relaxa aí, veloz e furiosa. Vamos conseguir um bônus com essa missão e você compra o seu.
– A questão é eles estragarem o carro que eu modifiquei inteiramente! E esse bônus agora vai ter outro destino.
sorriu e abriu a porta do passageiro para ela, olhou o pulso e decidiu não protestar.
Os dois seguiram pelas ruas da cidade, em direção ao condomínio que lhes serviu de lar nos últimos nove meses. Até que de repente viu um garoto sentado nas escadarias de um prédio. Uma flecha de luz atravessando as sombras dos edifícios e o iluminando.
– , pare aqui um segundo.
Ele a escutou e estacionou nas vagas em frente a uma pequena praça.
– Eu já volto.
desceu do carro e atravessou a rua, indo em direção ao menino que ergueu a cabeça e teve o rosto iluminado assim que a viu.
– !
O garoto correu até ela, abraçando-a com força. Seu rosto coberto de lágrimas.
– , você está bem... – Ele soluçou. – Ninguém me dava notícias suas.
– Ei, M.J, estou bem. me tirou de lá.
– Eles prenderam o , . Prenderam todo mundo!
– Eu sei, eu sei. Fique calmo, está bem? Você não deveria estar aqui.
– Onde mais eu iria estar? Não posso abandonar a ele agora.
se abaixou para seus olhos ficarem da altura dos do garoto.
– M.J., me escute com muita atenção. Você não pode ficar perto de agora, entendeu? Ele está sendo investigado e se surgir qualquer suspeita de você estar metido nos negócios dele, irão atrás de você e culpar a ele por corrupção de menores. Só complicará o caso. Precisa se afastar.
– Mas, ...
– Me escute, por favor! Ele não iria querer isso para você. Você vai continuar estudando e ficar bem longe de qualquer coisa ligada ao até a poeira abaixar. Não me perdoaria se levassem você também.
Ele não parecia satisfeito, mas assentiu.
– Como não te pegaram, ?
A agente abriu a boca, mas sua voz ficou presa na garganta. M.J. já estava desolado pela prisão de , não podia receber outro baque agora, então respirou fundo e decidiu mentir.
– Fui considerada apenas uma vítima de sequestro. Vou testemunhar contra os Collins e fazer o possível a favor de , mas também terei que sumir por um tempo.
– Você vai abandonar a ele? A mim?
sentiu seus olhos começarem a humedecer.
– Não vou te abandonar nunca, ok? Mas preciso que confie em mim e faça o que estou te pedindo. Precisamos ficar fora do radar até tudo se acalmar, um dia nos encontraremos de novo.
– Um dia... – Ele soluçou. – Não vamos mais no ver, não é?
Ela tentou segurar, mas uma lágrima insistiu em escorrer de seu olho. M.J. nunca a perdoaria quando descobrisse a verdade e ela sabia que um dia ele descobriria, porém não precisava ser agora.
– Vá para casa, M.J. Seja alguém na vida! E muito obrigada por tudo, você é o melhor parceiro que eu já tive.
O menino a abraçou com força, sendo abraçado na mesma intensidade.
– Vou sentir saudades, !
– Também vou sentir saudade de você.
Os dois se separam, ambos enxugando as lágrimas, então ela o assistiu descer as escadas e montar em sua bicicleta.
– Adeus, M.J. – ela disse baixo, preparando-se para sair, mas antes resolveu dar uma olhada no prédio atrás dela e viu as letras douradas sobre a porta: DEPARTAMENTO DE POLÍCIA DA CIDADE DE O’VILLAGE.
O ar de repente pareceu mais denso e difícil de respirar. ergueu a mão direita e olhou em seu dedo anelar o pequeno anel de falange dourado. O anel que ele havia lhe dado. Ela puxou o ar com força e decidiu entrar, mesmo sabendo que não concordaria com isso.
As coisas estavam bastante corrida por ali, talvez porque os maiores nomes da cidade estivessem presos ali dentro, mas não ligou, parou o primeiro policial que cruzou com ela e mostrou o distintivo.
– Estou procurando Walker.
O policial olhou para ela, provavelmente a reconhecendo e seus olhos quase saltaram das orbitas.
– Fale para alguém e terá sérios problemas – ela ameaçou.
– Me siga.
Ela seguiu o guarda, colocando o capuz sobre a cabeça para evitar atenção indesejada. Atravessou as primeiras celas até uma mais reservada. O policial abriu a primeira grade e fez menção em abrir a segunda, que a separava do preso, mas negou com a cabeça. Ele então se afastou.
estava sentado sobre a cama de concreto, com as pernas esticadas sobre ela. A cabeça pendia na parede e seus olhos estavam fechados, como se estivesse cochilando.
deu um passo para dentro do lugar e isso o despertou. Ele abriu os olhos e assim que notou quem chegou, se levantou de imediato, colando na grade, com os braços atravessando-a como se quisesse tocá-la. Porém não conseguiu se mexer.
Ela sentiu a trança de ouro em seu dedo queimar, como se tivesse sendo esquentada por um maçarico, mas não tinha forças para tirá-la também.
olhou cada detalhe no corpo dela, como se para ter certeza que ela estava bem.
– , como entrou aqui?! O que está fazendo aqui? Eu vi eles te prendendo.
A agente sentiu seus olhos arderem, seu coração estava tão acelerado que podia jurar que o ouvia bater. Em sua mente a lembrança de seu último abraço nele se misturando às palavras do médico sobre sua gravidez. Tanta coisa para digerir em tão poucas horas. Mas não podia deixar aquilo transparecer, então respirou fundo e apagou toda expressão de seu rosto.
– Eu... – ela se forçou a falar. – Eu só vim agradecer por ter salvado a minha vida.
a olhou confuso.
– O quê? Como assim? , eu jamais te deixaria nas mãos da Natasha! Não tem porque agradecer.
respirou fundo mais uma vez, engolindo a seco, então ergueu a blusa, deixando à mostra o distintivo do FBI preso ao cós da calça.
olhou aquilo, sua mente processando lentamente o que via. Seus olhos subiram do acessório dourado para os olhos de , tão em choque que ele sequer conseguiu disfarçar. Ele deu um passo para trás, suas mãos tremiam visivelmente.
– Você... – ele não parecia achar as palavras certas. – Você... me traiu... – A respiração de começou a acelerar e seu rosto foi passando de choque para raiva. Ele então lançou seu corpo contra a grade agressivamente, os braços tentando alcançar uma ainda estática que se mantinha inexpressiva. – COMO PODE FAZER ISSO COMIGO, ?! COMO VOCÊ PODE?!
– Tente manter M.J. longe de você, ele não merece esse destino.
– NÃO OUSE CHEGAR PERTO DE M.J., SUA DESGRAÇADA! EU VOU ACABAR COM VOCÊ SE CHEGAR PERTO DELE, !
Ela suspirou, olhando gritar com a expressão louca de ódio. Naquele momento, sentiu-se mais sufocada do que nunca, como se o oxigênio se negasse a entrar em seus pulmões, mas por fora seu queixo se mantinha erguido, segurando-se ao seu orgulho.
– Boa sorte, . Você vai precisar.
Ela se virou, saindo lentamente.
– EU VOU TE ENCONTRAR, ! VOU TE ACHAR NEM QUE SEJA NO INFERNO! EU VOU ACABAR COM VOCÊ!
saiu da delegacia, encontrando com na porta. Ele na hora notou que ela não estava bem.
– O que você foi fazer lá, ?!
Ela respirou fundo e olhou nos olhos.
– Eu fui por um ponto final na minha história em O’Village. Está feito! Podemos ir embora.
estendeu a mão para . Ele, apesar de confuso, achou melhor perguntar sobre isso depois, então entrelaçou os dedos nos dela.
Juntos, os dois fizeram o caminho de volta para o carro que finalmente os levaria para casa.
Fim
Segundamente, há planos para uma continuação, mas não há previsão de quando (vida de adulto toma muito do nosso tempo), porém estou trabalhando para ela sair. Quando estiver pronta para postar, avisarei no grupo da fic no Facebook.
Bem, é isto. MUITO OBRIGADA mais uma vez e espero que Ride Or Die tenha proporcionado momentos tão bons a vocês como proporcionou a mim.
BEIJOS E A GENTE AINDA SE VÊ <3
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