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Teaser e Trailer de “Run Girl Run”.
Prólogo
00:53 da madrugada — 17 de outubro de 2017
Aeroporto Internacional Pearson de Toronto, Toronto, Canadá
Estava maravilhada com a pouca beleza que havia visto. null estava apenas no aeroporto, mas podia alegar que já havia amado a cidade. Sua alegria era contagiante, isso era certo. A garota olhava maravilhada para todos que passavam por ela, todos eram diferentes de onde ela vinha. Toronto era diferente de null, não poderia negar. Esperava na porta do local o seu carro por aplicativo, com a sua mala branca cheia de adesivos. Bom, era isso que acontecia quando você pegava uma mala emprestada por não ter uma.
Após um tempo esperando, null finalmente avistou o carro prata se aproximando dela. Entrou no veículo, colocando sua mala deitada ao seu lado. Informava o endereço enquanto colocava o seu cinto de segurança. Sentia o seu coração bater mais rápido cada vez que o carro andava um centímetro. A garota não podia conter a sua felicidade em finalmente estar onde ela sempre deveria. null se sentia finalmente em um lar. Em casa.
05:40 da manhã — 17 de outubro de 2017
Casa 505, Toronto, Canadá
A casa estava vazia, como sempre, bem, estaria vazia se o garoto não estivesse vagando por ela. Seus cabelos null estavam extremamente bagunçados, a bolsa debaixo dos seus olhos predominava ainda mais que o normal. null tentava colocar todas as suas tristezas para fora, apenas com uma xícara de café. Tentava se sentir minimamente bem para ir até a RR Academy. O garoto não se sentia bem nem para se levantar da cama, como se sentiria bem o suficiente para dançar? null nunca havia se sentido daquele jeito, mas via sentido para estar assim.
07:20 da manhã — 17 de outubro de 2017
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null se observava no espelho. A garota nunca se sentiu tão feliz ao se ver em uma roupa de treino. Vestia um collant vermelho e uma calça preta de moletom por cima. Seu cabelo estava preso em um coque baixo, como de costume. A garota usava um par de sandálias para usar as sapatilhas assim que chegasse ao local. Levava uma bolsa consigo, uma daquelas grandes e de um lado só, que parecia mais um cilindro. null havia tentado encontrar o prédio mais próximo possível da RR Academy, então poderia facilmente ir andando até lá.
A garota trancou o apartamento assim que saiu do local. Enquanto caminhava, olhava para todos os lados, como de costume. Poderia estar em outro país, mas nunca conseguiria deixar seus costumes de lado. Principalmente quando esse tipo de coisa poderia prevenir coisas extremamente desagradáveis para si mesma.
Aeroporto Internacional Pearson de Toronto, Toronto, Canadá
Estava maravilhada com a pouca beleza que havia visto. null estava apenas no aeroporto, mas podia alegar que já havia amado a cidade. Sua alegria era contagiante, isso era certo. A garota olhava maravilhada para todos que passavam por ela, todos eram diferentes de onde ela vinha. Toronto era diferente de null, não poderia negar. Esperava na porta do local o seu carro por aplicativo, com a sua mala branca cheia de adesivos. Bom, era isso que acontecia quando você pegava uma mala emprestada por não ter uma.
Após um tempo esperando, null finalmente avistou o carro prata se aproximando dela. Entrou no veículo, colocando sua mala deitada ao seu lado. Informava o endereço enquanto colocava o seu cinto de segurança. Sentia o seu coração bater mais rápido cada vez que o carro andava um centímetro. A garota não podia conter a sua felicidade em finalmente estar onde ela sempre deveria. null se sentia finalmente em um lar. Em casa.
05:40 da manhã — 17 de outubro de 2017
Casa 505, Toronto, Canadá
A casa estava vazia, como sempre, bem, estaria vazia se o garoto não estivesse vagando por ela. Seus cabelos null estavam extremamente bagunçados, a bolsa debaixo dos seus olhos predominava ainda mais que o normal. null tentava colocar todas as suas tristezas para fora, apenas com uma xícara de café. Tentava se sentir minimamente bem para ir até a RR Academy. O garoto não se sentia bem nem para se levantar da cama, como se sentiria bem o suficiente para dançar? null nunca havia se sentido daquele jeito, mas via sentido para estar assim.
07:20 da manhã — 17 de outubro de 2017
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null se observava no espelho. A garota nunca se sentiu tão feliz ao se ver em uma roupa de treino. Vestia um collant vermelho e uma calça preta de moletom por cima. Seu cabelo estava preso em um coque baixo, como de costume. A garota usava um par de sandálias para usar as sapatilhas assim que chegasse ao local. Levava uma bolsa consigo, uma daquelas grandes e de um lado só, que parecia mais um cilindro. null havia tentado encontrar o prédio mais próximo possível da RR Academy, então poderia facilmente ir andando até lá.
A garota trancou o apartamento assim que saiu do local. Enquanto caminhava, olhava para todos os lados, como de costume. Poderia estar em outro país, mas nunca conseguiria deixar seus costumes de lado. Principalmente quando esse tipo de coisa poderia prevenir coisas extremamente desagradáveis para si mesma.
Capítulo 1
07:30 da manhã — 17 de outubro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
Todos os alunos já estavam no estúdio. Alguns em grupinhos, onde conversavam entre si. Outros se alongavam, espalhados pela sala. Alguns apenas ficavam observando tudo que acontecia. Pelo menos era o que null gostava de fazer no tempo livre da aula. Seu maior alvo sempre foi null. A garota estranhamente se sentia atraída pelo garoto, mas também sentia medo dele. Enquanto null se aprofundava em seus pensamentos, null chegava ao local, mais admirada do que horas atrás. Rapidamente chama a atenção de todos, ela sabia o motivo, ela sabia os dois motivos. Era uma aluna nova e que havia chegado depois de todos, como não chamar atenção?
— Oi, novata! — Rapidamente, a atenção de null foi para o garoto que havia gritado seu "apelido" e que vinha em sua direção. — Prazer, null null! Pode me chamar de null.
A garota olhava um pouco atordoada para null, mas voltou para o mundo real quando avistou outro garoto rindo no fundo da sala.
— null null, prazer — a garota dizia, mostrando um sorriso ao outro. — Pode ser só null mesmo.
— Nome bonito — o garoto dizia, retribuindo o sorriso.
Os dois ficam alguns minutos em silêncio, apenas encarando um ao outro. A sala já havia voltado ao normal assim que null havia falado seu nome, então, para eles, o mundo todo estava em silêncio.
— Quem é aquele? — null perguntou, apontando discretamente para o garoto no fundo da sala, fazendo null se virar para vê-lo.
— Aquele? — O garoto olhou novamente para null. — null null. — null revirava os olhos. — Nunca entendi esse cara. Ele nunca fala muito sobre ele. Ninguém sabe muita coisa dele, mas ele sabe tudo sobre todos. A única coisa que eu sei, é que ele é mexicano, ou só de algum país latino por aí, mas os pais não. Parece que ele nasceu no meio de uma viagem, algo assim.
— Legal — a garota dizia distraída.
null havia ignorado todo o resto que veio após "null", ela não precisava de informações sobre ninguém, ela não queria. Aliás, quanto menos contato, menos apego. A garota não ficaria muito tempo ali, pretendia não ficar.
— Essa é a null null. — null foi tirada de seus pensamentos pela voz do garoto. — E aquele sentado no fundo é o null. Na verdade, null. null é apenas seu sobrenome.
— Bem-vinda, null. — null sorria simpática para a garota. — Ouvi falar bastante sobre você.
— Uau, então quer dizer que sou famosa? — null perguntou, em um tom brincalhão.
— Quase isso! — null riu, fazendo null rir junto a ela. — Pode me chamar de null, null!
— Já tenho até apelido, gostei — a menina dizia, em meio aos risos dos novos conhecidos.
— E um grupo — null acrescentou. — Hanna e null, dá para virem aqui um pouco?
Os dois que foram chamados começam a caminhar até as três pessoas. null analisava null e null, enquanto ambos vinham até ela.
— Sim? — null perguntou, assim que ele e null chegaram lá.
— Essa é null null, e bom, já te apresentei o null — o garoto disse.
Repararam na chegada de uma mulher alta e loira, um pouco grisalha também. Ela estava inteiramente vestida de branco e levava consigo uma expressão séria no rosto. null havia ficado totalmente impressionada com os cabelos brancos da mulher, já que sua face era inteiramente jovem. Quem deveria ser? Era a pergunta que estava dominando a cabeça da garota.
— Senhora Donovan, uma grande pé no saco da gente e paga-pau do null — null sussurrou no ouvido de null, como se estivesse lendo sua mente, fazendo a garota rir por conta da descrição. — Se acostume com o seu mau-humor todo minuto, hora, dia, semana, mês e ano.
— Irei me acostumar. — null, ainda rindo, direcionou o seu olhar para null.
O garoto se despediu de null assim que percebeu o olhar da senhora Donovan diante deles. Todos os alunos entraram em posição ao perceber a chegada da mulher, até null, que não fazia a mínima ideia do que estava fazendo.
— Bom dia, alunos. — Senhora Donovan era seca como uma boca cheia de sal. — Novata.
— Senhora Donovan. — null se curvava levemente diante a mulher.
— Parece que já me conhece, senhorita null. — A mulher deixou escapar um sorriso de canto.
— Posso dizer que já conheço uma boa parte daqui.
Mesmo com um tom brincalhão na voz de null, a professora fechou a sua cara, como se alguém a tivesse contado sobre a morte de alguém querido. Sem graça, a garota reprimiu o corpo enquanto olhava sem graça para o seu próprio reflexo.
— Estarei ocupada por um tempo, então não poderei ficar aqui com vocês — a mulher dizia, se apoiando em uma mesa. — Porém eu não poderia deixá-los sem recurso de aulas, então preciso que se ajudem e treinem por conta própria hoje. Conseguem fazer isso?
A sala toda concordou, como se fosse um coral. null apenas concordou junto à sala, porém um pouco confusa. null, como sempre, estava no fundo da sala, evitando contato com aqueles que apenas o queriam observar.
— null, pode ajudar a senhorita null? — O garoto concordou com o pedido da professora. — Bom, já irei para o meu compromisso, boa sorte!
Assim que a professora saiu, o garoto de cabelos null se aproximou da novata. O garoto relaxou ainda mais a sua expressão, em uma demonstração de tédio ao chegar perto da garota.
— Pronta para ensaiar uma repaginação de A Bela Adormecida, novata? — o garoto perguntou, encarando-a de uma forma tediosa, assim como havia feito enquanto chegava perto dela.
— Pode me chamar de null, cansei de novata. — A garota expressava um sorriso sarcástico no rosto. — null, não é?
— Por favor, não me chame de null, null. — A voz do garoto continha um tom seco. — null é menos íntimo.
A menina soltou um sorriso envergonhado, seguindo o garoto que caminhava pela sala sem chamá-la. null estava nervosa por já começar a ensaiar no primeiro dia, principalmente por ser lecionada por um aluno, não por um professor. Não que achasse isso ruim, mas não fazia a mínima ideia de como era o modo de ensino de null, o medo era um sentimento normal de se sentir nesse momento. null queria ter sucesso na aula para conquistar ainda mais o respeito de sua professora, já null, queria ter sucesso na aula para conquistar o respeito e a fama na RR Academy. Poderiam ter objetivos um pouco diferentes, mas as suas mentes pensaram na mesma coisa. Como seria o caos com duas percepções diferentes?
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
Todos os alunos já estavam no estúdio. Alguns em grupinhos, onde conversavam entre si. Outros se alongavam, espalhados pela sala. Alguns apenas ficavam observando tudo que acontecia. Pelo menos era o que null gostava de fazer no tempo livre da aula. Seu maior alvo sempre foi null. A garota estranhamente se sentia atraída pelo garoto, mas também sentia medo dele. Enquanto null se aprofundava em seus pensamentos, null chegava ao local, mais admirada do que horas atrás. Rapidamente chama a atenção de todos, ela sabia o motivo, ela sabia os dois motivos. Era uma aluna nova e que havia chegado depois de todos, como não chamar atenção?
— Oi, novata! — Rapidamente, a atenção de null foi para o garoto que havia gritado seu "apelido" e que vinha em sua direção. — Prazer, null null! Pode me chamar de null.
A garota olhava um pouco atordoada para null, mas voltou para o mundo real quando avistou outro garoto rindo no fundo da sala.
— null null, prazer — a garota dizia, mostrando um sorriso ao outro. — Pode ser só null mesmo.
— Nome bonito — o garoto dizia, retribuindo o sorriso.
Os dois ficam alguns minutos em silêncio, apenas encarando um ao outro. A sala já havia voltado ao normal assim que null havia falado seu nome, então, para eles, o mundo todo estava em silêncio.
— Quem é aquele? — null perguntou, apontando discretamente para o garoto no fundo da sala, fazendo null se virar para vê-lo.
— Aquele? — O garoto olhou novamente para null. — null null. — null revirava os olhos. — Nunca entendi esse cara. Ele nunca fala muito sobre ele. Ninguém sabe muita coisa dele, mas ele sabe tudo sobre todos. A única coisa que eu sei, é que ele é mexicano, ou só de algum país latino por aí, mas os pais não. Parece que ele nasceu no meio de uma viagem, algo assim.
— Legal — a garota dizia distraída.
null havia ignorado todo o resto que veio após "null", ela não precisava de informações sobre ninguém, ela não queria. Aliás, quanto menos contato, menos apego. A garota não ficaria muito tempo ali, pretendia não ficar.
— Essa é a null null. — null foi tirada de seus pensamentos pela voz do garoto. — E aquele sentado no fundo é o null. Na verdade, null. null é apenas seu sobrenome.
— Bem-vinda, null. — null sorria simpática para a garota. — Ouvi falar bastante sobre você.
— Uau, então quer dizer que sou famosa? — null perguntou, em um tom brincalhão.
— Quase isso! — null riu, fazendo null rir junto a ela. — Pode me chamar de null, null!
— Já tenho até apelido, gostei — a menina dizia, em meio aos risos dos novos conhecidos.
— E um grupo — null acrescentou. — Hanna e null, dá para virem aqui um pouco?
Os dois que foram chamados começam a caminhar até as três pessoas. null analisava null e null, enquanto ambos vinham até ela.
— Sim? — null perguntou, assim que ele e null chegaram lá.
— Essa é null null, e bom, já te apresentei o null — o garoto disse.
Repararam na chegada de uma mulher alta e loira, um pouco grisalha também. Ela estava inteiramente vestida de branco e levava consigo uma expressão séria no rosto. null havia ficado totalmente impressionada com os cabelos brancos da mulher, já que sua face era inteiramente jovem. Quem deveria ser? Era a pergunta que estava dominando a cabeça da garota.
— Senhora Donovan, uma grande pé no saco da gente e paga-pau do null — null sussurrou no ouvido de null, como se estivesse lendo sua mente, fazendo a garota rir por conta da descrição. — Se acostume com o seu mau-humor todo minuto, hora, dia, semana, mês e ano.
— Irei me acostumar. — null, ainda rindo, direcionou o seu olhar para null.
O garoto se despediu de null assim que percebeu o olhar da senhora Donovan diante deles. Todos os alunos entraram em posição ao perceber a chegada da mulher, até null, que não fazia a mínima ideia do que estava fazendo.
— Bom dia, alunos. — Senhora Donovan era seca como uma boca cheia de sal. — Novata.
— Senhora Donovan. — null se curvava levemente diante a mulher.
— Parece que já me conhece, senhorita null. — A mulher deixou escapar um sorriso de canto.
— Posso dizer que já conheço uma boa parte daqui.
Mesmo com um tom brincalhão na voz de null, a professora fechou a sua cara, como se alguém a tivesse contado sobre a morte de alguém querido. Sem graça, a garota reprimiu o corpo enquanto olhava sem graça para o seu próprio reflexo.
— Estarei ocupada por um tempo, então não poderei ficar aqui com vocês — a mulher dizia, se apoiando em uma mesa. — Porém eu não poderia deixá-los sem recurso de aulas, então preciso que se ajudem e treinem por conta própria hoje. Conseguem fazer isso?
A sala toda concordou, como se fosse um coral. null apenas concordou junto à sala, porém um pouco confusa. null, como sempre, estava no fundo da sala, evitando contato com aqueles que apenas o queriam observar.
— null, pode ajudar a senhorita null? — O garoto concordou com o pedido da professora. — Bom, já irei para o meu compromisso, boa sorte!
Assim que a professora saiu, o garoto de cabelos null se aproximou da novata. O garoto relaxou ainda mais a sua expressão, em uma demonstração de tédio ao chegar perto da garota.
— Pronta para ensaiar uma repaginação de A Bela Adormecida, novata? — o garoto perguntou, encarando-a de uma forma tediosa, assim como havia feito enquanto chegava perto dela.
— Pode me chamar de null, cansei de novata. — A garota expressava um sorriso sarcástico no rosto. — null, não é?
— Por favor, não me chame de null, null. — A voz do garoto continha um tom seco. — null é menos íntimo.
A menina soltou um sorriso envergonhado, seguindo o garoto que caminhava pela sala sem chamá-la. null estava nervosa por já começar a ensaiar no primeiro dia, principalmente por ser lecionada por um aluno, não por um professor. Não que achasse isso ruim, mas não fazia a mínima ideia de como era o modo de ensino de null, o medo era um sentimento normal de se sentir nesse momento. null queria ter sucesso na aula para conquistar ainda mais o respeito de sua professora, já null, queria ter sucesso na aula para conquistar o respeito e a fama na RR Academy. Poderiam ter objetivos um pouco diferentes, mas as suas mentes pensaram na mesma coisa. Como seria o caos com duas percepções diferentes?
Capítulo 2
21:19 da noite — 17 de outubro de 2017
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null estava em frente ao espelho, repetindo todos os passos que null havia ensinado. Estava orgulhosa por ter conseguido gravar a coreografia em apenas uma aula. Isso havia lhe dado uma garantia de que poderia se encaixar na academia. Poderia se encaixar como sempre sonhou.
"— Até que a novata sabe dançar! — o garoto de cabelos null elogiava-a sem perceber.
— Acredite em mim, null, eu posso ser surpreendente, até quando menos imaginar — null dizia, sorrindo. — Então, em que papel estou, ou vou ser uma daquelas figurantes?
— Te ensaiei pra ser a principal. — O garoto tentava manter seu tom neutro. — Ainda não fizemos o teste, quis te ajudar. Vejo potencial em você.
— Vê? — a garota perguntou, tentando confirmar que aquilo não havia vindo da sua cabeça ou algo assim.
— Nunca repito o que digo, guarda isso, novata. — null estava com um tom seco, assim como antes. — Não irei repetir."
Um sorriso bobo aparecia no rosto de null assim que se lembrava de horas atrás. Amava o fato de que alguém fora de sua família via potencial nela, isso era importante. Ainda mais sendo o possível protegido da professora. Normalmente os protegidos eram os melhores, a garota pensava.
Tentou ignorar o momento dos flashbacks e começou a focar em seus pequenos ensaios na frente do espelho.
02:27 da manhã — 18 de outubro de 2017
Casa 505, Toronto, Canadá
null derramava lágrimas em sua cama. O garoto quase sempre acordava na madrugada por conta dos pesadelos recorrentes. Ele obviamente odiava tudo isso. Afinal, quem gostaria de algo assim? Talvez alguém que gostasse de colocar tudo o que sentia para fora, mas esse não era o caso de null. Mesmo estando sozinho, se sentia desconfortável por estar tão fraco como estava agora. Ele se sentia fraco pela demonstração, algo bobo o consumia. Pelo menos essa era a visão que o garoto tinha de si mesmo.
Analisou a casa, vazia como sempre. Era incrível como seus pais nunca quiseram estar por perto, mesmo tendo tempo disponível para isso. Para onde havia ido o amor que sentiam pelo garoto quando era mais novo? Havia sumido junto à sua infância? Um adulto poderia não ligar para a demonstração de afeto vinda de pessoas como seus pais, mas null ligava. Ele ligava porque o seu adolescente interior gritava que ligava. O mesmo adolescente que se aposentou nos braços de outra mulher, apenas para ter um pouco de atenção. Um pouco da figura maternal. Mas os pesadelos não aconteciam por conta dos seus pais, as suas lágrimas não derramavam por causa de seus pais. Não mais.
08:43 da manhã — 18 de outubro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
O garoto entrou na sala envergonhado pelo atraso. Nunca esteve tão atrasado na vida, era algo vergonhoso para o seu nome, ele pensava.
— Senhor null, pensei que não viria — a mulher loira dizia sarcástica, assim que percebeu a chegada do garoto.
— Me desculpe, senhora Donovan. — null abaixava sua cabeça. — Não irá acontecer outra vez, prometo.
— Apenas vá para o seu lugar, null. — A mulher aparentava estar irritada.
O garoto caminhou até o lugar que sempre ficava, o lado esquerdo do fundo. Bom, para ele era o esquerdo, mas, para outras vistas, acabava virando o direito. Mas isso não importava, o que importava para null agora era a vontade de agradecer ao garoto pelo que não havia agradecido antes.
— Obrigada, null! — O sussurro da garota sorridente entrava na cabeça de null.
— Já falei, me chama de null. — O garoto dos cabelos null olhava sério para ela.
— Gosto de null, que tal? — O sorriso de null estava menos "extravagante", como dizem. — É o seu sobrenome e fica formal, não ultrapassa seus limites.
— Estamos em um ambiente de trabalho, não em uma brincadeirinha de Barbie. — O tom seco de null continuava.
— Nunca brinquei de Barbie, não tinha amigos na época e não queria brincar sozinha, então não sei como funciona. Essa é a parte ruim de ter morado no meio do nada e ter tido aulas particulares — null respondia, agora encarando o garoto com uma expressão séria. — E estou te respeitando, visconde.
— Teve aulas particulares? É por isso que não sabe conviver entre as pessoas? — null perguntou sarcástico.
— Vamos recomeçar a conversa. — null encarou o espelho. — Obrigada, null!
O garoto olhou confuso para ela, como se acabasse de ver alguém que havia escapado de um bar por dever muito.
— Por nada — null dizia seco, enquanto encarava o mesmo lugar que null.
A garota deixou escapar um leve sorriso de canto, como sinal de vitória. null a olhou de canto, expressando a sua raiva em relação a ela.
13:10 da tarde — 18 de outubro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
O treino de hoje havia terminado. null calçava os seus tênis, pronta para ir para casa e fazer seu esperado almoço. null se aproximava da garota, com o sorriso de sempre no rosto.
— null! — O garoto se agachou próximo a ela. — Que bom te ver aqui.
— Oi, null! — null acabou de amarrar o cadarço do último tênis. — Acho que é meio óbvio que nos veríamos aqui, afinal, o treino acabou agora.
— Só ignora isso. — Os dois riram em sincronia. — Olha, a gente vai sair pra comer, quer ir junto? — null sorriu surpresa com o pedido.
— Claro! — A garota se levantava empolgada. — Para onde iremos?
— É quase aqui na frente. — null invadia a conversa. — Que bom que vai conosco, null!
— Acho que null preferia ir com outra pessoa — null sussurrava para as duas garotas.
Os três começaram a rir baixo. Então se encontraram com os outros dois, que estavam esperando na porta principal.
17:04 da tarde — 18 de outubro de 2017
Daisy’s Restaurant, Toronto, Canadá
Por incrível que pareça, null havia acabado de arrumar as suas coisas para sair do restaurante. Mesmo a saída dos amigos tendo sido há alguns minutos, o garoto decidiu que seria uma boa ideia ficar mais um pouco no local.
null caminhava pelas ruas da cidade, não muito concentrado, mas o bastante para avistar null do outro lado da rua. Estava conversando com uma garota que caminhava junto a ele, mas nada daquilo aparentava ser amigável. A garota gritava com null, enquanto o garoto continuava com a expressão imóvel. null queria descobrir se era por indecisão de null ou se ele queria apenas testar a paciência da garota, mas null não sentia a mínima liberdade para ir até o outro lado da rua e perseguir eles discretamente. Um pouco específico, mas é assim que deveria ser.
O garoto continuou caminhando pelas ruas da cidade, tentando ignorar o fato de que havia acabado de ver uma briga entre duas pessoas minimamente conhecidas, sem ao menos tentar descobrir o que havia acontecido. Seu corpo corria pela resposta, mas já era tarde demais para voltar atrás.
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null estava em frente ao espelho, repetindo todos os passos que null havia ensinado. Estava orgulhosa por ter conseguido gravar a coreografia em apenas uma aula. Isso havia lhe dado uma garantia de que poderia se encaixar na academia. Poderia se encaixar como sempre sonhou.
"— Até que a novata sabe dançar! — o garoto de cabelos null elogiava-a sem perceber.
— Acredite em mim, null, eu posso ser surpreendente, até quando menos imaginar — null dizia, sorrindo. — Então, em que papel estou, ou vou ser uma daquelas figurantes?
— Te ensaiei pra ser a principal. — O garoto tentava manter seu tom neutro. — Ainda não fizemos o teste, quis te ajudar. Vejo potencial em você.
— Vê? — a garota perguntou, tentando confirmar que aquilo não havia vindo da sua cabeça ou algo assim.
— Nunca repito o que digo, guarda isso, novata. — null estava com um tom seco, assim como antes. — Não irei repetir."
Um sorriso bobo aparecia no rosto de null assim que se lembrava de horas atrás. Amava o fato de que alguém fora de sua família via potencial nela, isso era importante. Ainda mais sendo o possível protegido da professora. Normalmente os protegidos eram os melhores, a garota pensava.
Tentou ignorar o momento dos flashbacks e começou a focar em seus pequenos ensaios na frente do espelho.
02:27 da manhã — 18 de outubro de 2017
Casa 505, Toronto, Canadá
null derramava lágrimas em sua cama. O garoto quase sempre acordava na madrugada por conta dos pesadelos recorrentes. Ele obviamente odiava tudo isso. Afinal, quem gostaria de algo assim? Talvez alguém que gostasse de colocar tudo o que sentia para fora, mas esse não era o caso de null. Mesmo estando sozinho, se sentia desconfortável por estar tão fraco como estava agora. Ele se sentia fraco pela demonstração, algo bobo o consumia. Pelo menos essa era a visão que o garoto tinha de si mesmo.
Analisou a casa, vazia como sempre. Era incrível como seus pais nunca quiseram estar por perto, mesmo tendo tempo disponível para isso. Para onde havia ido o amor que sentiam pelo garoto quando era mais novo? Havia sumido junto à sua infância? Um adulto poderia não ligar para a demonstração de afeto vinda de pessoas como seus pais, mas null ligava. Ele ligava porque o seu adolescente interior gritava que ligava. O mesmo adolescente que se aposentou nos braços de outra mulher, apenas para ter um pouco de atenção. Um pouco da figura maternal. Mas os pesadelos não aconteciam por conta dos seus pais, as suas lágrimas não derramavam por causa de seus pais. Não mais.
08:43 da manhã — 18 de outubro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
O garoto entrou na sala envergonhado pelo atraso. Nunca esteve tão atrasado na vida, era algo vergonhoso para o seu nome, ele pensava.
— Senhor null, pensei que não viria — a mulher loira dizia sarcástica, assim que percebeu a chegada do garoto.
— Me desculpe, senhora Donovan. — null abaixava sua cabeça. — Não irá acontecer outra vez, prometo.
— Apenas vá para o seu lugar, null. — A mulher aparentava estar irritada.
O garoto caminhou até o lugar que sempre ficava, o lado esquerdo do fundo. Bom, para ele era o esquerdo, mas, para outras vistas, acabava virando o direito. Mas isso não importava, o que importava para null agora era a vontade de agradecer ao garoto pelo que não havia agradecido antes.
— Obrigada, null! — O sussurro da garota sorridente entrava na cabeça de null.
— Já falei, me chama de null. — O garoto dos cabelos null olhava sério para ela.
— Gosto de null, que tal? — O sorriso de null estava menos "extravagante", como dizem. — É o seu sobrenome e fica formal, não ultrapassa seus limites.
— Estamos em um ambiente de trabalho, não em uma brincadeirinha de Barbie. — O tom seco de null continuava.
— Nunca brinquei de Barbie, não tinha amigos na época e não queria brincar sozinha, então não sei como funciona. Essa é a parte ruim de ter morado no meio do nada e ter tido aulas particulares — null respondia, agora encarando o garoto com uma expressão séria. — E estou te respeitando, visconde.
— Teve aulas particulares? É por isso que não sabe conviver entre as pessoas? — null perguntou sarcástico.
— Vamos recomeçar a conversa. — null encarou o espelho. — Obrigada, null!
O garoto olhou confuso para ela, como se acabasse de ver alguém que havia escapado de um bar por dever muito.
— Por nada — null dizia seco, enquanto encarava o mesmo lugar que null.
A garota deixou escapar um leve sorriso de canto, como sinal de vitória. null a olhou de canto, expressando a sua raiva em relação a ela.
13:10 da tarde — 18 de outubro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
O treino de hoje havia terminado. null calçava os seus tênis, pronta para ir para casa e fazer seu esperado almoço. null se aproximava da garota, com o sorriso de sempre no rosto.
— null! — O garoto se agachou próximo a ela. — Que bom te ver aqui.
— Oi, null! — null acabou de amarrar o cadarço do último tênis. — Acho que é meio óbvio que nos veríamos aqui, afinal, o treino acabou agora.
— Só ignora isso. — Os dois riram em sincronia. — Olha, a gente vai sair pra comer, quer ir junto? — null sorriu surpresa com o pedido.
— Claro! — A garota se levantava empolgada. — Para onde iremos?
— É quase aqui na frente. — null invadia a conversa. — Que bom que vai conosco, null!
— Acho que null preferia ir com outra pessoa — null sussurrava para as duas garotas.
Os três começaram a rir baixo. Então se encontraram com os outros dois, que estavam esperando na porta principal.
17:04 da tarde — 18 de outubro de 2017
Daisy’s Restaurant, Toronto, Canadá
Por incrível que pareça, null havia acabado de arrumar as suas coisas para sair do restaurante. Mesmo a saída dos amigos tendo sido há alguns minutos, o garoto decidiu que seria uma boa ideia ficar mais um pouco no local.
null caminhava pelas ruas da cidade, não muito concentrado, mas o bastante para avistar null do outro lado da rua. Estava conversando com uma garota que caminhava junto a ele, mas nada daquilo aparentava ser amigável. A garota gritava com null, enquanto o garoto continuava com a expressão imóvel. null queria descobrir se era por indecisão de null ou se ele queria apenas testar a paciência da garota, mas null não sentia a mínima liberdade para ir até o outro lado da rua e perseguir eles discretamente. Um pouco específico, mas é assim que deveria ser.
O garoto continuou caminhando pelas ruas da cidade, tentando ignorar o fato de que havia acabado de ver uma briga entre duas pessoas minimamente conhecidas, sem ao menos tentar descobrir o que havia acontecido. Seu corpo corria pela resposta, mas já era tarde demais para voltar atrás.
Capítulo 3
23:18 da noite — 18 de outubro de 2017
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null estava tão vidrada na tevê, que nem havia tentado dormir, ou pelo menos ver o horário em que se encontrava acordada. Ela sabia que teria que acordar cedo no dia seguinte, mas aparentava não estar preocupada com isso, afinal, ainda se enchia com sorvete enquanto via o jornal, como se fosse uma manhã de um domingo chuvoso e triste.
A garota se levantou, indo até a cozinha e jogando a colher que lambia na pia. Guardava o resto do sorvete no congelador minúsculo da sua pequena geladeira. Tudo naquele apartamento parecia pequeno, era como se fosse uma casa de brinquedo para crianças, mas pelo menos era um bom local.
— Ok, null — a garota chamava a sua própria atenção. — Hora de ir dormir.
null dizia para si mesma, na tentativa de conseguir mandar em um lado que não obedecia ao seu próprio corpo. Desligou a tevê e foi até onde sua cama ficava. Não podia chamar aquilo de quarto, já que tecnicamente ainda era a sua sala de estar, mas a sua cama estava lá, não poderia negar.
A garota ficou alguns minutos se remexendo na cama, até que finalmente caiu nos seus sonhos mais lindos, profundos e às vezes estranhos.
10:50 da manhã — 19 de outubro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
A turma havia sido liberada mais cedo, bem mais cedo. Alguns suspeitavam disso e se perguntavam qual seria o motivo, já outros, bom, os outros já sabiam muito bem do que se tratava isso. Talvez até os que não sabiam e os que se perguntavam, na verdade podiam ter uma noção de qual seria o verdadeiro motivo para isso. Quase toda a sala aparentava estar mais calada, mais distraída. E apenas uma pessoa não estava presente. Lindy.
— Já ficou sabendo, null? — null se aproximava da garota, sussurrando no seu ouvido. — Lindy foi encontrada morta.
null sentiu seu corpo gelar. Como assim, morta? Tão repentino? Não conhecia a tal de Lindy, mas sentiu um aperto por saber daquilo.
— Bala na cabeça — null continuou falando. — Várias pessoas daqui da RR já foram selecionadas como suspeitas.
Mais uma vez, null sentiu seu corpo como de um cadáver. Não sabia como reagir a isso. null estava contando apenas para contar ou conhecia a garota? Deveria prestar os seus pêsames?
— Como? — null disse, virando o seu olhar para o garoto. — Quando?
— Foi encontrada ontem pela noite — null voltou a falar. — Em torno das sete, sete e dez da noite. O corpo ainda aparentava fresco.
— Fresco?
— Provavelmente não havia tido muito tempo desde o crime, ou estava em ótimo estado após horas. — null consertou a sua postura, ainda sentado perto da garota.
— Uau — null disse chocada. — Isso é bem.
— Bizarro?
18:01 da tarde — 18 de outubro de 2017
St Clair Ave W, Toronto, Canadá
A garota sentiu o gelado da arma no meio da sua cabeça. Chorava por misericórdia, mesmo sabendo que ninguém viria buscá-la. Não havia por quem chamasse, a pessoa não viria. Se sentia mal por não ser como uma fanfic onde ela gritaria por seu amor e ele viria. Era o seu fim.
Lindy encarava o olhar penetrante do seu assassino. Seus olhos e sua arma eram uma dupla aterrorizante, que podiam causar a certeza de morte para qualquer um.
Em apenas um movimento, a bala foi ativada e a cabeça de Lindy foi perfurada por tal objeto. Não havia mais jeito, o sangue já escorria por toda a sua roupa branca. A simbolização de vida e paz indo embora, juntamente à sua alma. Esse era o momento de paz de Lindy. Havia conquistado o que tanto queria, ser uma grande estrela. Agora ela brilharia em outro lugar.
Em poucos segundos, a garota já estava morta.
Com a confirmação de sua morte, o assassino escapou da sua mais nova cena do crime. Havia conferido antes, não queria ser pego. Não era tão burro para ser pego.
10:55 da manhã — 19 de outubro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
— Agora ela é o que sempre sonhou, uma estrela — null acrescentava.
— Realmente — null disse, ainda chocada.
— Ouvi dizer que null estava com ela, poucos minutos antes da sua morte. — null direcionou o seu olhar para null, que estava à frente dos dois, do outro lado da sala.
— Você acha que ele? — null disse, sem querer continuar a sua palavra.
— Acho, você não?
— Não sei o que pensar dele. — E aí foi iniciado o pequeno silêncio.
Os dois começaram a acompanhar cada passo de null null. null estava realmente interessado em saber o que havia acontecido naquela noite. Já null, queria saber o quão estranho null poderia ter sido, ao ponto de ter tantos olhares de negação.
Desde que chegou, a garota não havia escutado sequer uma boa palavra sobre null. Sempre falavam como eles o achavam suspeito, estranho, ou apenas coisas do tipo. Não sabia por qual motivo null tinha essa fama, mas estava disposta a ouvir alguém explicando para ela.
— Você é legal, null. — null quebrou o silêncio, enquanto mudava de assunto. — Ninguém tinha esperança em você aqui, tanto como pessoa, quanto como profissional. — null deu uma pausa. — Ainda não tem muito como profissional, mas algumas pessoas já têm esperança em você como pessoa. Pelo menos alguém melhor que muitos aqui.
null apenas deixou escapar um sorriso de canto, tentando não aparentar ser convencida. Havia acabado de escutar como haviam colocado expectativa nela como pessoa, não poderia deixar seu lado "mesquinho" aparecer.
— O enterro da Lindy é hoje às seis. — O garoto direcionou o seu olhar para null. — Quero muito ir, mas é horrível ir sozinho, quer ir comigo? Antes que ache estranho, esse não é o meu lugar de encontros — null disse, fazendo a garota rir.
— Adoraria ir ao seu encontro, null — null respondeu em um tom minimamente engraçado. — Deveria colocar o meu vestido vermelho decotado?
Os dois caíram na risada. Sabiam que esse não era um bom momento para ficar rindo à toa, principalmente quando haviam usado um enterro como iniciador das risadas, mas precisavam ao mínimo de um pouco de felicidade. Eram jovens, poderiam tentar rir ao invés de ficar chorando por algo que não estava na vida deles. Eles podiam fazer isso. Eles podem fazer isso.
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null estava tão vidrada na tevê, que nem havia tentado dormir, ou pelo menos ver o horário em que se encontrava acordada. Ela sabia que teria que acordar cedo no dia seguinte, mas aparentava não estar preocupada com isso, afinal, ainda se enchia com sorvete enquanto via o jornal, como se fosse uma manhã de um domingo chuvoso e triste.
A garota se levantou, indo até a cozinha e jogando a colher que lambia na pia. Guardava o resto do sorvete no congelador minúsculo da sua pequena geladeira. Tudo naquele apartamento parecia pequeno, era como se fosse uma casa de brinquedo para crianças, mas pelo menos era um bom local.
— Ok, null — a garota chamava a sua própria atenção. — Hora de ir dormir.
null dizia para si mesma, na tentativa de conseguir mandar em um lado que não obedecia ao seu próprio corpo. Desligou a tevê e foi até onde sua cama ficava. Não podia chamar aquilo de quarto, já que tecnicamente ainda era a sua sala de estar, mas a sua cama estava lá, não poderia negar.
A garota ficou alguns minutos se remexendo na cama, até que finalmente caiu nos seus sonhos mais lindos, profundos e às vezes estranhos.
10:50 da manhã — 19 de outubro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
A turma havia sido liberada mais cedo, bem mais cedo. Alguns suspeitavam disso e se perguntavam qual seria o motivo, já outros, bom, os outros já sabiam muito bem do que se tratava isso. Talvez até os que não sabiam e os que se perguntavam, na verdade podiam ter uma noção de qual seria o verdadeiro motivo para isso. Quase toda a sala aparentava estar mais calada, mais distraída. E apenas uma pessoa não estava presente. Lindy.
— Já ficou sabendo, null? — null se aproximava da garota, sussurrando no seu ouvido. — Lindy foi encontrada morta.
null sentiu seu corpo gelar. Como assim, morta? Tão repentino? Não conhecia a tal de Lindy, mas sentiu um aperto por saber daquilo.
— Bala na cabeça — null continuou falando. — Várias pessoas daqui da RR já foram selecionadas como suspeitas.
Mais uma vez, null sentiu seu corpo como de um cadáver. Não sabia como reagir a isso. null estava contando apenas para contar ou conhecia a garota? Deveria prestar os seus pêsames?
— Como? — null disse, virando o seu olhar para o garoto. — Quando?
— Foi encontrada ontem pela noite — null voltou a falar. — Em torno das sete, sete e dez da noite. O corpo ainda aparentava fresco.
— Fresco?
— Provavelmente não havia tido muito tempo desde o crime, ou estava em ótimo estado após horas. — null consertou a sua postura, ainda sentado perto da garota.
— Uau — null disse chocada. — Isso é bem.
— Bizarro?
18:01 da tarde — 18 de outubro de 2017
St Clair Ave W, Toronto, Canadá
A garota sentiu o gelado da arma no meio da sua cabeça. Chorava por misericórdia, mesmo sabendo que ninguém viria buscá-la. Não havia por quem chamasse, a pessoa não viria. Se sentia mal por não ser como uma fanfic onde ela gritaria por seu amor e ele viria. Era o seu fim.
Lindy encarava o olhar penetrante do seu assassino. Seus olhos e sua arma eram uma dupla aterrorizante, que podiam causar a certeza de morte para qualquer um.
Em apenas um movimento, a bala foi ativada e a cabeça de Lindy foi perfurada por tal objeto. Não havia mais jeito, o sangue já escorria por toda a sua roupa branca. A simbolização de vida e paz indo embora, juntamente à sua alma. Esse era o momento de paz de Lindy. Havia conquistado o que tanto queria, ser uma grande estrela. Agora ela brilharia em outro lugar.
Em poucos segundos, a garota já estava morta.
Com a confirmação de sua morte, o assassino escapou da sua mais nova cena do crime. Havia conferido antes, não queria ser pego. Não era tão burro para ser pego.
10:55 da manhã — 19 de outubro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
— Agora ela é o que sempre sonhou, uma estrela — null acrescentava.
— Realmente — null disse, ainda chocada.
— Ouvi dizer que null estava com ela, poucos minutos antes da sua morte. — null direcionou o seu olhar para null, que estava à frente dos dois, do outro lado da sala.
— Você acha que ele? — null disse, sem querer continuar a sua palavra.
— Acho, você não?
— Não sei o que pensar dele. — E aí foi iniciado o pequeno silêncio.
Os dois começaram a acompanhar cada passo de null null. null estava realmente interessado em saber o que havia acontecido naquela noite. Já null, queria saber o quão estranho null poderia ter sido, ao ponto de ter tantos olhares de negação.
Desde que chegou, a garota não havia escutado sequer uma boa palavra sobre null. Sempre falavam como eles o achavam suspeito, estranho, ou apenas coisas do tipo. Não sabia por qual motivo null tinha essa fama, mas estava disposta a ouvir alguém explicando para ela.
— Você é legal, null. — null quebrou o silêncio, enquanto mudava de assunto. — Ninguém tinha esperança em você aqui, tanto como pessoa, quanto como profissional. — null deu uma pausa. — Ainda não tem muito como profissional, mas algumas pessoas já têm esperança em você como pessoa. Pelo menos alguém melhor que muitos aqui.
null apenas deixou escapar um sorriso de canto, tentando não aparentar ser convencida. Havia acabado de escutar como haviam colocado expectativa nela como pessoa, não poderia deixar seu lado "mesquinho" aparecer.
— O enterro da Lindy é hoje às seis. — O garoto direcionou o seu olhar para null. — Quero muito ir, mas é horrível ir sozinho, quer ir comigo? Antes que ache estranho, esse não é o meu lugar de encontros — null disse, fazendo a garota rir.
— Adoraria ir ao seu encontro, null — null respondeu em um tom minimamente engraçado. — Deveria colocar o meu vestido vermelho decotado?
Os dois caíram na risada. Sabiam que esse não era um bom momento para ficar rindo à toa, principalmente quando haviam usado um enterro como iniciador das risadas, mas precisavam ao mínimo de um pouco de felicidade. Eram jovens, poderiam tentar rir ao invés de ficar chorando por algo que não estava na vida deles. Eles podiam fazer isso. Eles podem fazer isso.
Capítulo 4
19:10 da noite — 19 de outubro de 2017
383 Huron Street, Toronto, Canadá
Todo o enterro religioso havia acabado, agora só havia pessoas observando o caixão da garota sendo enterrado. null observava tudo de longe, achava que havia causado muita raiva naquele dia. Pela primeira vez em décadas, o nome null havia estado em meio a algo sombrio e polêmico. Assim como o avô, null estava com o seu nome em meio a um assassinato. Assim como o avô, null era um dos suspeitos pelo assassinato. O garoto dos cabelos null provavelmente estava em meio a comparações com o velho. Dois garotos que nasceram em países diferentes dos pais, que estudam ou estudaram na RR Academy, que foram ou são suspeitas de assassinato e que surpreendente são parentes. Uau.
— Como está? — Uma voz rouca se aproximou de null, fazendo o garoto virar a sua cabeça para checar quem era o dono da voz.
null sabia que suas suspeitas em null eram gigantes, mas não poderia agir como se o garoto não fosse seu colega de trabalho. null sempre tentava ser gentil com todos que participavam da sua vida, com null não era diferente.
— Oi, null. — O garoto se questionou com a presença da garota no local. — Oi, null.
A garota tinha uma aparência chorosa, assim como null. Sua cabeça estava apoiada no ombro do garoto, por cima das suas mãos, que também estavam no ombro do garoto. null vestia uma blusa justa de manga longa preta, que estava por dentro de sua calça de couro falso.
— Oi. — A garota aparentava estar focada em outra coisa quando respondeu null.
— Eu estou bem, null — null respondia à pergunta anterior do garoto. — Um pouco em choque, mas bem.
— Que bom. — null colocou as mãos nos bolsos da sua calça. — A gente já vai indo, se precisar de algo, pode contar comigo.
null dá uns tapinhas no ombro do garoto e sai junto a null. null ficou observando os dois irem embora, até que ambos sumiram da sua vista.
null não tinha um relacionamento muito aprofundado com Lindy, mas já era o bastante para ter derramado algumas lágrimas por ela no início de seu funeral. Se sentia culpado por não ter ficado tempo suficiente. Se sentia culpado por tudo.
21:00 da noite — 19 de outubro de 2017
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null estava cansada demais para raciocinar o mínimo. Jogada em sua cama, a garota tentava pensar sobre o recente assassinato de Lindy. Quem havia sido? Será que realmente havia sido null? Ela havia tentado ser amigável com um recém assassino?
Do seu lado havia o pote de sorvete que havia guardado na noite passada. Agora o pote estava totalmente vazio. null viu uma brecha para se deixar terminar com o pote de sorvete que teria que durar um mês inteiro. Mas ela poderia comprar outro, só não poderia passar vontade. Imagine se aquela fosse a sua última refeição, seria um real arrependimento se ela não tivesse comido aquilo.
— Pare de imaginar besteira, idiota! — null se auto repreendia.
Jogou o pote vazio de sorvete para longe e pegou no sono com a mesma roupa do enterro.
07:02 da manhã — 20 de outubro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
null e Jolie haviam sido as primeiras a chegarem ao local. O estabelecimento estaria totalmente vazio se não fosse pelo porteiro e pelo zelador, que já haviam deixado todas as salas abertas. As duas garotas caminhavam até a sua sala, até chegarem e perceberem uma tintura no espelho.
"I'll be the next Jack The Ripper and you'll be my whores" estava escrito em vermelho por todos os espelhos da sala. Perto das palavras, havia fotos de Lindy, ainda viva. Mas não eram fotos tiradas com a sua consciencialização, estavam mais para fotos tiradas por um stalker. Assim como as fotos de todas as outras alunas, que estavam na parede ao lado. A única que não tinha uma foto tirada por um suposto stalker era null. Sua foto provavelmente havia sido tirada de alguma rede social. Podia morar perto da escola, mas ninguém fazia ideia de onde morava. E provavelmente o stalker também não sabia.
null estava ficando totalmente pálida, como se seu sangue estivesse simplesmente parando de circular. Já Jolie, estava apenas enjoada, imaginando o que o assassino deveria ter feito com sua amiga. As duas garotas não aguentavam ficar na sala, imaginando qual seria o próximo passo do assassino, então ambas saíram e ficaram perto da porta, esperando os outros alunos ou alguém se posicionar.
[...]
Havia se passado alguns minutos desde a chegada de null e Jolie, cerca de 18 minutos. Todos já estavam lá, ou estavam chegando lá. Jolie havia caído no choro há minutos, mas não conseguia parar. Imaginava o que haviam feito com a amiga, e obviamente estava sofrendo com aquilo. null consolava a garota, mesmo não sendo por livre e espontânea vontade, continuava sendo um bom consolo. null andava por todos os lados da sala, tentando raciocinar o que estava acontecendo. Mal havia chegado ao país e já estava nos pensamentos de um assassino?
— Oi, cheguei o mais rápido possível. — null ouviu a voz de null se aproximando dela, então se virou e recebeu o garoto com um pequeno sorriso e um abraço. — null e null também não estão nada bem. — null sussurrou, no ouvido de null, ainda envolvido em seus braços. — null pelo menos consegue ficar aqui na sala, null está lá fora e não entra aqui, nem arrastada. Pelo menos foi o que o null me falou.
— Imagino quanto deve ser difícil — null disse, finalizando o abraço e ficando de frente para o garoto. — Para mim só está sendo confuso. Eu mal cheguei e ele ou ela já quer algo comigo?
— A pessoa não se importa com a vítima, está focada em apenas matar — null sugeriu. — Isso é bizarro.
— Bem bizarro.
Os dois ficaram encarando a parede de espelhos que estava "contaminada", até que um dos zeladores do prédio chegou à sala e a evacuou, para finalmente limpar tudo aquilo.
383 Huron Street, Toronto, Canadá
Todo o enterro religioso havia acabado, agora só havia pessoas observando o caixão da garota sendo enterrado. null observava tudo de longe, achava que havia causado muita raiva naquele dia. Pela primeira vez em décadas, o nome null havia estado em meio a algo sombrio e polêmico. Assim como o avô, null estava com o seu nome em meio a um assassinato. Assim como o avô, null era um dos suspeitos pelo assassinato. O garoto dos cabelos null provavelmente estava em meio a comparações com o velho. Dois garotos que nasceram em países diferentes dos pais, que estudam ou estudaram na RR Academy, que foram ou são suspeitas de assassinato e que surpreendente são parentes. Uau.
— Como está? — Uma voz rouca se aproximou de null, fazendo o garoto virar a sua cabeça para checar quem era o dono da voz.
null sabia que suas suspeitas em null eram gigantes, mas não poderia agir como se o garoto não fosse seu colega de trabalho. null sempre tentava ser gentil com todos que participavam da sua vida, com null não era diferente.
— Oi, null. — O garoto se questionou com a presença da garota no local. — Oi, null.
A garota tinha uma aparência chorosa, assim como null. Sua cabeça estava apoiada no ombro do garoto, por cima das suas mãos, que também estavam no ombro do garoto. null vestia uma blusa justa de manga longa preta, que estava por dentro de sua calça de couro falso.
— Oi. — A garota aparentava estar focada em outra coisa quando respondeu null.
— Eu estou bem, null — null respondia à pergunta anterior do garoto. — Um pouco em choque, mas bem.
— Que bom. — null colocou as mãos nos bolsos da sua calça. — A gente já vai indo, se precisar de algo, pode contar comigo.
null dá uns tapinhas no ombro do garoto e sai junto a null. null ficou observando os dois irem embora, até que ambos sumiram da sua vista.
null não tinha um relacionamento muito aprofundado com Lindy, mas já era o bastante para ter derramado algumas lágrimas por ela no início de seu funeral. Se sentia culpado por não ter ficado tempo suficiente. Se sentia culpado por tudo.
21:00 da noite — 19 de outubro de 2017
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null estava cansada demais para raciocinar o mínimo. Jogada em sua cama, a garota tentava pensar sobre o recente assassinato de Lindy. Quem havia sido? Será que realmente havia sido null? Ela havia tentado ser amigável com um recém assassino?
Do seu lado havia o pote de sorvete que havia guardado na noite passada. Agora o pote estava totalmente vazio. null viu uma brecha para se deixar terminar com o pote de sorvete que teria que durar um mês inteiro. Mas ela poderia comprar outro, só não poderia passar vontade. Imagine se aquela fosse a sua última refeição, seria um real arrependimento se ela não tivesse comido aquilo.
— Pare de imaginar besteira, idiota! — null se auto repreendia.
Jogou o pote vazio de sorvete para longe e pegou no sono com a mesma roupa do enterro.
07:02 da manhã — 20 de outubro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
null e Jolie haviam sido as primeiras a chegarem ao local. O estabelecimento estaria totalmente vazio se não fosse pelo porteiro e pelo zelador, que já haviam deixado todas as salas abertas. As duas garotas caminhavam até a sua sala, até chegarem e perceberem uma tintura no espelho.
"I'll be the next Jack The Ripper and you'll be my whores" estava escrito em vermelho por todos os espelhos da sala. Perto das palavras, havia fotos de Lindy, ainda viva. Mas não eram fotos tiradas com a sua consciencialização, estavam mais para fotos tiradas por um stalker. Assim como as fotos de todas as outras alunas, que estavam na parede ao lado. A única que não tinha uma foto tirada por um suposto stalker era null. Sua foto provavelmente havia sido tirada de alguma rede social. Podia morar perto da escola, mas ninguém fazia ideia de onde morava. E provavelmente o stalker também não sabia.
null estava ficando totalmente pálida, como se seu sangue estivesse simplesmente parando de circular. Já Jolie, estava apenas enjoada, imaginando o que o assassino deveria ter feito com sua amiga. As duas garotas não aguentavam ficar na sala, imaginando qual seria o próximo passo do assassino, então ambas saíram e ficaram perto da porta, esperando os outros alunos ou alguém se posicionar.
Havia se passado alguns minutos desde a chegada de null e Jolie, cerca de 18 minutos. Todos já estavam lá, ou estavam chegando lá. Jolie havia caído no choro há minutos, mas não conseguia parar. Imaginava o que haviam feito com a amiga, e obviamente estava sofrendo com aquilo. null consolava a garota, mesmo não sendo por livre e espontânea vontade, continuava sendo um bom consolo. null andava por todos os lados da sala, tentando raciocinar o que estava acontecendo. Mal havia chegado ao país e já estava nos pensamentos de um assassino?
— Oi, cheguei o mais rápido possível. — null ouviu a voz de null se aproximando dela, então se virou e recebeu o garoto com um pequeno sorriso e um abraço. — null e null também não estão nada bem. — null sussurrou, no ouvido de null, ainda envolvido em seus braços. — null pelo menos consegue ficar aqui na sala, null está lá fora e não entra aqui, nem arrastada. Pelo menos foi o que o null me falou.
— Imagino quanto deve ser difícil — null disse, finalizando o abraço e ficando de frente para o garoto. — Para mim só está sendo confuso. Eu mal cheguei e ele ou ela já quer algo comigo?
— A pessoa não se importa com a vítima, está focada em apenas matar — null sugeriu. — Isso é bizarro.
— Bem bizarro.
Os dois ficaram encarando a parede de espelhos que estava "contaminada", até que um dos zeladores do prédio chegou à sala e a evacuou, para finalmente limpar tudo aquilo.
Capítulo 5
11:00 da manhã — 21 de outubro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
Haviam escolhido o lugar mais abafado na escola. Era incrível como eles queriam arrancar coisas dos alunos, mesmo se fossem mentiras. null estava quase cego com uma luminária apontada para o seu rosto. A luz era extremamente branca, estava configurada no brilho máximo. Eles queriam fazer um interrogatório ou queriam deixar o garoto cego?
— O que querem de mim? — null perguntava irritado, enquanto tentava deixar os olhos abertos. — Eu já falei tudo na noite em que encontraram o corpo dela.
— Parece que não falou tudo, rapazinho — o policial dizia, colocando algumas fotos na mesa. — Falou que havia se despedido dela antes de chegarem à rua onde ela foi assassinada, mas nessas fotos retiradas de uma câmera de segurança, podemos ver vocês dois juntos, minutos antes da morte de Lindy.
O corpo de null gelou naquele momento. O que ele falaria agora? Tinha várias formas de se defender, mas não podia usá-las, então teria que inventar uma.
— Ok, me pegou, eu menti. — null levantou as suas mãos em sinal de rendição. — Mas eu não fui mais longe que isso, ok? Ela tinha medo de andar sozinha naquela rua, então deixei ela perto da casa de uma amiga, explicado?
O policial olhou confuso para o garoto por alguns segundos, até que se jogou para trás, insinuando que ainda havia coisas para serem ditas.
— Sabe, garoto, quando eu tinha a sua idade, eu me metia em muita encrenca — o policial começou a dizer, mas foi interrompido por null.
— Faz muito tempo, não é mesmo? — null se jogou para frente. — Eu era vivo, policial?
— Mas eu nunca fui idiota o bastante para virar suspeito de um assassinato. — O policial chegou perto do garoto e continuou a falar, ignorando as palavras do garoto. — Agora me diz, senhor null, onde estava e o que fez durante as horas em que o assassinato pode ter sido feito?
— Eu já disse, seu estúpido. — null cuspia as palavras. — Eu a deixei na casa de uma amiga e vazei de lá.
— Sabe que poderá ficar detido de 6 meses até 2 anos, ou ter uma aplicação de multa por desacato a autoridade, não sabe, senhor null? — o policial perguntou, com um sorriso de canto no rosto.
— O que está esperando para me soltar daqui? Sabe que meus papais não ficariam nem um pouco felizes de ver um idiota como você me fazendo perder tempo e sujando o nome da família injustamente, não sabe? — A voz do garoto tinha um tom provocativo. — Como vai ser, autoridade?
null poderia estar agindo como um idiota, mas era isso que a sua família havia o ensinado. O seu sobrenome tinha mais poder do que toda aquela escola junta, ele poderia usá-lo como bem entender, afinal, era um null. nulls tem duas opções: ou são temidos pelo poder, ou são temidos pelo passado. No caso de null, agora ele estava sendo temido por ambos.
O garoto de cabelos null saiu da sala com um ar vitorioso percorrendo o seu interior. Ele odiava a sua família, mas amava perceber o que aquele maldito sobrenome o proporcionava. Não importava o que ele fizesse, sempre sofreria menos. Mesmo se tivesse matado a garota, todos sabiam que ele não teria as mesmas consequências. Se pegasse pena, seria entre 6 a 15 anos, não 12 a 30 anos. Todos sabiam dessa merda. Odiavam como a sua vida funcionava, mas se eles tivessem o mesmo poder que o garoto tinha, eles também o usariam da mesma forma.
— null? — Uma voz ecoou por trás do garoto. — É a null, deve se lembrar de mim.
— Como esquecer da minha primeira aluna? — null tentava usar um tom descontraído, mas desistiu após ver a expressão preocupada no rosto de null. — Posso te ajudar em algo?
— Você sabe se eles vão me procurar? — null se aproximou um pouco da parede próxima aos dois. — Sabe, é que eu fiquei meio nervosa pensando nisso, eu nem sei o nome das pessoas direito, imagine sobre isso.
null sentia um pouco de vontade de rir da preocupação da garota, mas devido às circunstâncias, decidiu guardar a vontade para si próprio.
— Não acho que vão te contatar. — null tentava acalmar a garota. — Você mal chegou aqui, não conhecia a Lindy, o que vão querer de você?
null suspirou aliviada, fazendo null soltar a risada que estava segurando.
— Me desculpe, é só que. — null tentava falar, mas sua risada atrapalhava tudo.
— Não precisa se preocupar, eu também riria da minha cara — a garota dizia, com risadas fracas. — Eu vou ali, até mais.
null se despediu com um sinal de tchau e deixou null sozinho perto do corredor principal. O garoto deu um longo suspiro, sentindo toda a sua preocupação ir embora, ou pelo menos sentir que ia embora. null odiava tudo aquilo, ele estava sofrendo assim como os outros, precisava de um momento de descanso, eles não podiam fazer isso?
null era o próximo a ser entrevistado. O garoto foi tratado com mais sutileza ao chegar à sala. Ele tinha um álibi e aparentemente não tinha nada que pudesse ligá-lo à cena do crime.
— Então? — O garoto se sentava na cadeira à frente do detetive ou policial, tanto faz, o garoto não se importava. — O que posso fazer para ajudá-lo hoje?
— Conhecia a vítima? — O policial era direto, null percebeu isso.
— Não muito — null respondeu, cruzando os braços. — Uma vez a ajudei com um machucado que fez durante a aula, só isso.
— Bom, segundo o depoimento de uns dos alunos, você e a senhorita Hosterman já foram vistos no banheiro fazendo coisas inapropriadas. — O policial aparentemente estava nervoso ao dizer aquilo.
— Sexo? — null perguntou sorridente. — Essa era a forma que a Lindy usava para agradecer pelas coisas que fazíamos por ela.
— Vocês tinham isso como algo diário? — O policial agora anotava as coisas que null falava.
— Não, a Lindy não era alguém para manter uma relação. — null se jogava para trás.
— Por qual motivo diz isso? — Ele continuava anotando.
— Lindy não gostava de agir como alguém fiel — null tentava explicar. — Ela sempre queria abundância. Talvez tenha morrido por causa disso.
— O que você quis dizer com isso? — O policial teve a sua atenção conquistada.
— Ouvi alguns boatos de que o último cara com quem Lindy se relacionou era extremamente ciumento — null começou a falar. — Não tinham um relacionamento sério, mas ele queria isso. Então ela se relacionou com outro homem e pam!
— Consegue me dizer quem eram ou relacionados? — O policial levantava seu bloquinho de notas novamente.
— O ciumento eu não sei, não sei ao menos se é daqui — null respondeu. — Mas o outro, se eu não me engano, é o null null.
— Então você não tem certeza? — O homem demonstrava um pouco de raiva.
— Não, mas tenho quase certeza de que a null null sabe — null afirmou. — Pode ir procurar ela.
O policial dispensou null com um movimento na cabeça, fazendo o garoto sair da sala.
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
Haviam escolhido o lugar mais abafado na escola. Era incrível como eles queriam arrancar coisas dos alunos, mesmo se fossem mentiras. null estava quase cego com uma luminária apontada para o seu rosto. A luz era extremamente branca, estava configurada no brilho máximo. Eles queriam fazer um interrogatório ou queriam deixar o garoto cego?
— O que querem de mim? — null perguntava irritado, enquanto tentava deixar os olhos abertos. — Eu já falei tudo na noite em que encontraram o corpo dela.
— Parece que não falou tudo, rapazinho — o policial dizia, colocando algumas fotos na mesa. — Falou que havia se despedido dela antes de chegarem à rua onde ela foi assassinada, mas nessas fotos retiradas de uma câmera de segurança, podemos ver vocês dois juntos, minutos antes da morte de Lindy.
O corpo de null gelou naquele momento. O que ele falaria agora? Tinha várias formas de se defender, mas não podia usá-las, então teria que inventar uma.
— Ok, me pegou, eu menti. — null levantou as suas mãos em sinal de rendição. — Mas eu não fui mais longe que isso, ok? Ela tinha medo de andar sozinha naquela rua, então deixei ela perto da casa de uma amiga, explicado?
O policial olhou confuso para o garoto por alguns segundos, até que se jogou para trás, insinuando que ainda havia coisas para serem ditas.
— Sabe, garoto, quando eu tinha a sua idade, eu me metia em muita encrenca — o policial começou a dizer, mas foi interrompido por null.
— Faz muito tempo, não é mesmo? — null se jogou para frente. — Eu era vivo, policial?
— Mas eu nunca fui idiota o bastante para virar suspeito de um assassinato. — O policial chegou perto do garoto e continuou a falar, ignorando as palavras do garoto. — Agora me diz, senhor null, onde estava e o que fez durante as horas em que o assassinato pode ter sido feito?
— Eu já disse, seu estúpido. — null cuspia as palavras. — Eu a deixei na casa de uma amiga e vazei de lá.
— Sabe que poderá ficar detido de 6 meses até 2 anos, ou ter uma aplicação de multa por desacato a autoridade, não sabe, senhor null? — o policial perguntou, com um sorriso de canto no rosto.
— O que está esperando para me soltar daqui? Sabe que meus papais não ficariam nem um pouco felizes de ver um idiota como você me fazendo perder tempo e sujando o nome da família injustamente, não sabe? — A voz do garoto tinha um tom provocativo. — Como vai ser, autoridade?
null poderia estar agindo como um idiota, mas era isso que a sua família havia o ensinado. O seu sobrenome tinha mais poder do que toda aquela escola junta, ele poderia usá-lo como bem entender, afinal, era um null. nulls tem duas opções: ou são temidos pelo poder, ou são temidos pelo passado. No caso de null, agora ele estava sendo temido por ambos.
O garoto de cabelos null saiu da sala com um ar vitorioso percorrendo o seu interior. Ele odiava a sua família, mas amava perceber o que aquele maldito sobrenome o proporcionava. Não importava o que ele fizesse, sempre sofreria menos. Mesmo se tivesse matado a garota, todos sabiam que ele não teria as mesmas consequências. Se pegasse pena, seria entre 6 a 15 anos, não 12 a 30 anos. Todos sabiam dessa merda. Odiavam como a sua vida funcionava, mas se eles tivessem o mesmo poder que o garoto tinha, eles também o usariam da mesma forma.
— null? — Uma voz ecoou por trás do garoto. — É a null, deve se lembrar de mim.
— Como esquecer da minha primeira aluna? — null tentava usar um tom descontraído, mas desistiu após ver a expressão preocupada no rosto de null. — Posso te ajudar em algo?
— Você sabe se eles vão me procurar? — null se aproximou um pouco da parede próxima aos dois. — Sabe, é que eu fiquei meio nervosa pensando nisso, eu nem sei o nome das pessoas direito, imagine sobre isso.
null sentia um pouco de vontade de rir da preocupação da garota, mas devido às circunstâncias, decidiu guardar a vontade para si próprio.
— Não acho que vão te contatar. — null tentava acalmar a garota. — Você mal chegou aqui, não conhecia a Lindy, o que vão querer de você?
null suspirou aliviada, fazendo null soltar a risada que estava segurando.
— Me desculpe, é só que. — null tentava falar, mas sua risada atrapalhava tudo.
— Não precisa se preocupar, eu também riria da minha cara — a garota dizia, com risadas fracas. — Eu vou ali, até mais.
null se despediu com um sinal de tchau e deixou null sozinho perto do corredor principal. O garoto deu um longo suspiro, sentindo toda a sua preocupação ir embora, ou pelo menos sentir que ia embora. null odiava tudo aquilo, ele estava sofrendo assim como os outros, precisava de um momento de descanso, eles não podiam fazer isso?
null era o próximo a ser entrevistado. O garoto foi tratado com mais sutileza ao chegar à sala. Ele tinha um álibi e aparentemente não tinha nada que pudesse ligá-lo à cena do crime.
— Então? — O garoto se sentava na cadeira à frente do detetive ou policial, tanto faz, o garoto não se importava. — O que posso fazer para ajudá-lo hoje?
— Conhecia a vítima? — O policial era direto, null percebeu isso.
— Não muito — null respondeu, cruzando os braços. — Uma vez a ajudei com um machucado que fez durante a aula, só isso.
— Bom, segundo o depoimento de uns dos alunos, você e a senhorita Hosterman já foram vistos no banheiro fazendo coisas inapropriadas. — O policial aparentemente estava nervoso ao dizer aquilo.
— Sexo? — null perguntou sorridente. — Essa era a forma que a Lindy usava para agradecer pelas coisas que fazíamos por ela.
— Vocês tinham isso como algo diário? — O policial agora anotava as coisas que null falava.
— Não, a Lindy não era alguém para manter uma relação. — null se jogava para trás.
— Por qual motivo diz isso? — Ele continuava anotando.
— Lindy não gostava de agir como alguém fiel — null tentava explicar. — Ela sempre queria abundância. Talvez tenha morrido por causa disso.
— O que você quis dizer com isso? — O policial teve a sua atenção conquistada.
— Ouvi alguns boatos de que o último cara com quem Lindy se relacionou era extremamente ciumento — null começou a falar. — Não tinham um relacionamento sério, mas ele queria isso. Então ela se relacionou com outro homem e pam!
— Consegue me dizer quem eram ou relacionados? — O policial levantava seu bloquinho de notas novamente.
— O ciumento eu não sei, não sei ao menos se é daqui — null respondeu. — Mas o outro, se eu não me engano, é o null null.
— Então você não tem certeza? — O homem demonstrava um pouco de raiva.
— Não, mas tenho quase certeza de que a null null sabe — null afirmou. — Pode ir procurar ela.
O policial dispensou null com um movimento na cabeça, fazendo o garoto sair da sala.
Capítulo 6
13:10 da tarde — 23 de outubro de 2017
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null agora andava junto a null. Os amigos não gostavam de pensar no outro andando sozinho em uma época dessas, principalmente as garotas, então decidiram que iriam andar em conjunto. null acabou indo com null e null, por ambos morarem na mesma direção. Já null, resolveu acompanhar null até a sua casa e depois ir de táxi, já que a garota era a única do grupo que morava naquela direção.
— Não precisava fazer isso, null — null dizia, abrindo a porta do seu apartamento. — É muito trabalho para você, eu sei me cuidar sozinha.
— Sabe se cuidar sozinha, mas não é bom você ficar sozinha — null acrescentava. — Nunca é bom ficar sozinho, até na morte.
null olhou confusa para o garoto. O que ele queria dizer com aquilo? Então, no mesmo momento, a garota associou null com o caso de Lindy. Será que ele era o garoto ciumento misterioso? Será que ele pensava em fazer algo para ficar perto da garota?
— Você não está pensando em fazer nada com ninguém, está? — null perguntou, sem pensar no que estava saindo dos seus lábios.
— O que você quer dizer com isso? — null agora estava mais confuso do que a garota. — Acha que eu posso machucar alguém?
— Do jeito que você falou, parece que quer machucar a si mesmo.
— Não precisa se preocupar, estou bem. — null forçou um sorriso. — Foi só um modo de falar.
A garota retribuiu o sorriso forçado e viu null se distanciar sem uma despedida. null entrou em seu apartamento e se jogou na cama. Estava muito cansada pelos ensaios carregados e pelo que estava acontecendo. Pedia apenas um minuto de misericórdia. Pegou o seu celular e colocou um cronômetro de cinco minutos. Era mais do que precisava e talvez do que podia, mas queria aquele momento para descansar. Assim que os cinco minutos se passaram, o seu despertador tocou juntamente à sua campainha. null se levantou enquanto se lamentava pelo tempo ter passado rápido. Abriu a porta e viu apenas uma polaroid jogada no chão. Era sua. Era ela no dia anterior, apenas de roupa íntima.
A garota sentiu todo o sangue do seu corpo indo embora. Era ela, exatamente há um dia. Uma foto sua enquanto trocava de roupa, como era possível? Mas ela sabia a resposta. Só poderia ser o assassino de Lindy.
null olhou para todos os lados, mas não achou uma alma viva, então entrou em seu apartamento novamente. Ainda não conseguia associar as coisas. A garota virou a foto e se deparou com um recado escrito no mesmo tom de vermelho do recado do espelho.
"Achei o repouso da minha bela Aurora."
A peça que iriam apresentar, era isso. Ele poderia fazer algo na peça. Ela poderia ser a vítima dele. null rapidamente soltou a foto. Queria aproveitar que havia tocado em apenas uma parte dela e checar se havia alguma digital. Aquilo poderia ser uma prova. Era óbvio que null não achava que o assassino era tão burro assim, mas não poderia deixar isso passar em branco.
— É incrível como a sua letra é idêntica à letra de cartas antigas — null dizia para si mesma. — Eu me cansava de ver aquilo nos meus livros de história.
16:12 da tarde — 23 de outubro de 2017
Casa 505, Toronto, Canadá
null analisava todas as fotos que haviam sido tiradas. Era um pouco errado ele ter pegado fotos que haviam sido espalhadas por um assassino, ainda mais por serem fotos tiradas na visão de um stalker, ele parecia um pervertido. Bom, menos uma. Ele se perguntava como alguém conseguia saber o endereço de todas as alunas, mas não conseguia saber de uma delas. Tudo bem que a null era novata, mas se o assassino era tão esperto assim, conseguiria roubar essa informação no banco de dados dela. Era tão simples.
null guardou as fotos e se levantou novamente para encher a sua quinta xícara de café. A polícia estava em sua cola, ele sabia disso, mas saber não era suficiente para se abalar com aquilo. null tinha coisas mais importantes com isso. Era só olhar aquele estúpido resultado, então, todos saberiam que ele tinha algo mais importante.
Mas null não gostava de pensar naquilo, era o seu destino, não podia negá-lo. Ele tinha que seguir o seu caminho.
null havia largado toda a sua vida por causa daquilo. Havia perdido os seus amigos, havia perdido quem ele mais amava, não podia perder o que ele mais amava.
06:10 da manhã — 24 de outubro de 2017
Apartamento 313, Toronto, Canadá
Por algum motivo desconhecido, a aula do dia havia sido cancelada. Para a felicidade de null, ela finalmente podia tomar sua vitamina em paz. Bom, se em paz queria dizer tomar a vitamina pensando em um assassino, então sim, ela tomaria a sua vitamina em paz.
null havia feito algumas anotações no bloquinho. Queria se garantir de que se lembraria das suas teorias malucas no dia seguinte.
Suspeitas:
null me ensaiou para a peça, talvez ele possa ter colocado aquela mensagem como alguma referência. Às vezes assassinos querem ser achados, certo? Porém null é a minha última suspeita.
Tem um garoto na classe, ele parece um tarado. Hector, Harry, Hamil? Não sei, mas preciso investigar um pouco sobre ele.
J
Merda, a página estava rasgada, só havia sobrado o J. null se lembrava de ter escrito em toda a página, mas agora ela estava rasgada por mais da metade. E bem mal rasgada. Será que ontem ela havia ficado bêbada o suficiente para rasgar algo assim?
Não sabia, mas sabia que estava com raiva por causa daquilo. Puta merda, como havia sido tão estúpida ao ponto de fazer aquilo? Será que poderia ter servido de algo?
Em um surto interno, null acabou percebendo que a outra página também estava rasgada. O mesmo rasgo, porém em direção diferente, poderia até formar um X.
Não fazer
E pronto, era a única coisa que ainda havia restado daquela página. Poderia ser algo importante, já que estava escrito em vermelho e com uma letra enorme, mas a garota preferiu ignorar, pensava que assim seria melhor.
Pobre null.
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null agora andava junto a null. Os amigos não gostavam de pensar no outro andando sozinho em uma época dessas, principalmente as garotas, então decidiram que iriam andar em conjunto. null acabou indo com null e null, por ambos morarem na mesma direção. Já null, resolveu acompanhar null até a sua casa e depois ir de táxi, já que a garota era a única do grupo que morava naquela direção.
— Não precisava fazer isso, null — null dizia, abrindo a porta do seu apartamento. — É muito trabalho para você, eu sei me cuidar sozinha.
— Sabe se cuidar sozinha, mas não é bom você ficar sozinha — null acrescentava. — Nunca é bom ficar sozinho, até na morte.
null olhou confusa para o garoto. O que ele queria dizer com aquilo? Então, no mesmo momento, a garota associou null com o caso de Lindy. Será que ele era o garoto ciumento misterioso? Será que ele pensava em fazer algo para ficar perto da garota?
— Você não está pensando em fazer nada com ninguém, está? — null perguntou, sem pensar no que estava saindo dos seus lábios.
— O que você quer dizer com isso? — null agora estava mais confuso do que a garota. — Acha que eu posso machucar alguém?
— Do jeito que você falou, parece que quer machucar a si mesmo.
— Não precisa se preocupar, estou bem. — null forçou um sorriso. — Foi só um modo de falar.
A garota retribuiu o sorriso forçado e viu null se distanciar sem uma despedida. null entrou em seu apartamento e se jogou na cama. Estava muito cansada pelos ensaios carregados e pelo que estava acontecendo. Pedia apenas um minuto de misericórdia. Pegou o seu celular e colocou um cronômetro de cinco minutos. Era mais do que precisava e talvez do que podia, mas queria aquele momento para descansar. Assim que os cinco minutos se passaram, o seu despertador tocou juntamente à sua campainha. null se levantou enquanto se lamentava pelo tempo ter passado rápido. Abriu a porta e viu apenas uma polaroid jogada no chão. Era sua. Era ela no dia anterior, apenas de roupa íntima.
A garota sentiu todo o sangue do seu corpo indo embora. Era ela, exatamente há um dia. Uma foto sua enquanto trocava de roupa, como era possível? Mas ela sabia a resposta. Só poderia ser o assassino de Lindy.
null olhou para todos os lados, mas não achou uma alma viva, então entrou em seu apartamento novamente. Ainda não conseguia associar as coisas. A garota virou a foto e se deparou com um recado escrito no mesmo tom de vermelho do recado do espelho.
"Achei o repouso da minha bela Aurora."
A peça que iriam apresentar, era isso. Ele poderia fazer algo na peça. Ela poderia ser a vítima dele. null rapidamente soltou a foto. Queria aproveitar que havia tocado em apenas uma parte dela e checar se havia alguma digital. Aquilo poderia ser uma prova. Era óbvio que null não achava que o assassino era tão burro assim, mas não poderia deixar isso passar em branco.
— É incrível como a sua letra é idêntica à letra de cartas antigas — null dizia para si mesma. — Eu me cansava de ver aquilo nos meus livros de história.
16:12 da tarde — 23 de outubro de 2017
Casa 505, Toronto, Canadá
null analisava todas as fotos que haviam sido tiradas. Era um pouco errado ele ter pegado fotos que haviam sido espalhadas por um assassino, ainda mais por serem fotos tiradas na visão de um stalker, ele parecia um pervertido. Bom, menos uma. Ele se perguntava como alguém conseguia saber o endereço de todas as alunas, mas não conseguia saber de uma delas. Tudo bem que a null era novata, mas se o assassino era tão esperto assim, conseguiria roubar essa informação no banco de dados dela. Era tão simples.
null guardou as fotos e se levantou novamente para encher a sua quinta xícara de café. A polícia estava em sua cola, ele sabia disso, mas saber não era suficiente para se abalar com aquilo. null tinha coisas mais importantes com isso. Era só olhar aquele estúpido resultado, então, todos saberiam que ele tinha algo mais importante.
Mas null não gostava de pensar naquilo, era o seu destino, não podia negá-lo. Ele tinha que seguir o seu caminho.
null havia largado toda a sua vida por causa daquilo. Havia perdido os seus amigos, havia perdido quem ele mais amava, não podia perder o que ele mais amava.
06:10 da manhã — 24 de outubro de 2017
Apartamento 313, Toronto, Canadá
Por algum motivo desconhecido, a aula do dia havia sido cancelada. Para a felicidade de null, ela finalmente podia tomar sua vitamina em paz. Bom, se em paz queria dizer tomar a vitamina pensando em um assassino, então sim, ela tomaria a sua vitamina em paz.
null havia feito algumas anotações no bloquinho. Queria se garantir de que se lembraria das suas teorias malucas no dia seguinte.
Suspeitas:
null me ensaiou para a peça, talvez ele possa ter colocado aquela mensagem como alguma referência. Às vezes assassinos querem ser achados, certo? Porém null é a minha última suspeita.
Tem um garoto na classe, ele parece um tarado. Hector, Harry, Hamil? Não sei, mas preciso investigar um pouco sobre ele.
J
Merda, a página estava rasgada, só havia sobrado o J. null se lembrava de ter escrito em toda a página, mas agora ela estava rasgada por mais da metade. E bem mal rasgada. Será que ontem ela havia ficado bêbada o suficiente para rasgar algo assim?
Não sabia, mas sabia que estava com raiva por causa daquilo. Puta merda, como havia sido tão estúpida ao ponto de fazer aquilo? Será que poderia ter servido de algo?
Em um surto interno, null acabou percebendo que a outra página também estava rasgada. O mesmo rasgo, porém em direção diferente, poderia até formar um X.
Não fazer
E pronto, era a única coisa que ainda havia restado daquela página. Poderia ser algo importante, já que estava escrito em vermelho e com uma letra enorme, mas a garota preferiu ignorar, pensava que assim seria melhor.
Pobre null.
Capítulo 7
07:00 da manhã — 24 de outubro de 2017
Casa 505, Toronto, Canadá
O despertador de null tocou pela décima vez, fazendo o garoto se jogar da cama enfurecido. O garoto de cabelos null odiava acordar cedo, principalmente quando não tinha compromissos, isso era fato. Analisou as suas pernas, ainda vestia a calça de moletom preta da tarde passada. Sentia o suor descendo por sua pele, como sempre. Não importava o quão frio estivesse, o garoto sempre iria acordar com algumas gotas de suor. Às vezes eram lágrimas escorrendo pelo seu rosto, mas null preferia continuar com a desculpa do suor. Ambos eram causados pelos pesadelos, qual diferença faria?
Se levantou do chão e começou a olhar para o seu quarto, tentando raciocinar tudo. null era um perigo quando acabava de acordar, pensava e falava coisas que assustariam qualquer um de tanta coisa sem sentido.
07:20 da manhã — 24 de outubro de 2017
Casa 607, Toronto, Canadá
null encarava seu próprio reflexo no espelho, sua expressão de cansaço causada pela falta de sono. Não era fácil ter tido apenas duas horas de sono durante uma semana inteira, principalmente quando você está acostumado a dormir durante nove ou oito horas. O garoto lavou o seu resto com água fria, para pelo menos aparentar estar acordado. Saiu do banheiro e encheu uma caneca com a água que havia esquentado. null despejou uma colher de sopa da mistura para capuccino na caneca e misturou o líquido com o pó. O garoto deu um grande gole no líquido já misturado e sentiu sua língua queimar.
— Droga, null! — gritou consigo mesmo. — Seja mais inteligente da próxima vez, até parece um idiota desse jeito.
Enquanto brigava consigo mesmo, null ouviu o som da campainha tocar e foi até a porta de entrada para atendê-la. Se deparou com null, com os cabelos bagunçados e os olhos vermelhos. Seu olhar de preocupação era inevitável.
— É o meu fim, null! — null invadia a casa sem esperar pela fala de null.
— Bom dia também, null — o garoto caçoava do amigo. — O que está acontecendo agora, meu caro amigo?
— Então, eu tava criando coragem para chamar uma garota para sair... — null tentou continuar, mas foi interrompido pelo amigo.
— Quem seria a coitada? — null ria fraco, mas parou assim que percebeu que a expressão do garoto havia mudado. — Continua.
— E aí eu percebi que no dia que a Lindy foi assassinada, eu mandei mensagem para essa garota — null confirmou que estava escutando com um "hum". — E na mensagem dá para ver claramente que eu havia encontrado Lindy alguns minutos antes dela ser morta.
— Mas você não a matou, matou? — null fechou a porta e apontou para o sofá com a cabeça.
— Acha mesmo que se eu tivesse matado ela, eu viria me confessar para um idiota como você? — null exclamou irritado, enquanto se jogava no sofá do amigo. — Mas eu tenho medo da polícia descobrir e me colocar na lista de suspeitos.
null se sentou no outro lado do sofá e ficou encarando null. Os dois pensavam no que dizer naquele momento, uma coisinha errada e estragariam a confiança um do outro.
— Quem era a garota com quem estava conversando? Ela pode ser um álibi que saiu de lá antes mesmo do assassinato.
— null. — null bagunçava os cabelos após responder o amigo. — Eu mandei uma mensagem para ela falando que já estava em casa, alguns minutos depois.
— Então você quer sair com a novata brasileira? — null se ajeitava no sofá enquanto sorria de um canto ao outro. — O que a girl from null fez para meu amiguinho ficar assim?
— Não sei. — null soltava algumas risadas sem graça. — Eu realmente não sei, mas desde que a vi, senti algo diferente, sabe?
— Uau, mas então, já chamou ela para sair? — null aparentava estar mais animado do que o próprio amigo.
— Ainda não — o garoto respondeu. — Vim direto para cá, então vou mandar agora.
null pegou o celular e começou a digitar rapidamente, sempre apagando e reescrevendo, até que finalmente aliviou null e a si mesmo, finalmente mandando uma das milhares de mensagens que havia escrito. Segundos após a mensagem ser enviada, null se animou um pouco quando percebeu o amigo sorrindo para o celular.
— Aceitou? — o garoto perguntou, se arrastando para perto do amigo.
— Aceitou! — null sacudiu o amigo, animado pela resposta. — Tenho um encontro hoje às sete.
— Meu garoto! — null gritava, dando uns tapinhas na nuca de null.
null brincava com uma bolinha, sacando-a na parede, pegando e sacando novamente. Enquanto isso, seu fiel escudeiro, null, tentava reservar um lugar de última hora em um de seus restaurantes favoritos. Queria impressionar a garota e se queria impressioná-la e fazê-la o ver como algo a mais do que só um amigo que trabalha com ela, teria que conquistar o seu apetite primeiro.
Casa 505, Toronto, Canadá
O despertador de null tocou pela décima vez, fazendo o garoto se jogar da cama enfurecido. O garoto de cabelos null odiava acordar cedo, principalmente quando não tinha compromissos, isso era fato. Analisou as suas pernas, ainda vestia a calça de moletom preta da tarde passada. Sentia o suor descendo por sua pele, como sempre. Não importava o quão frio estivesse, o garoto sempre iria acordar com algumas gotas de suor. Às vezes eram lágrimas escorrendo pelo seu rosto, mas null preferia continuar com a desculpa do suor. Ambos eram causados pelos pesadelos, qual diferença faria?
Se levantou do chão e começou a olhar para o seu quarto, tentando raciocinar tudo. null era um perigo quando acabava de acordar, pensava e falava coisas que assustariam qualquer um de tanta coisa sem sentido.
07:20 da manhã — 24 de outubro de 2017
Casa 607, Toronto, Canadá
null encarava seu próprio reflexo no espelho, sua expressão de cansaço causada pela falta de sono. Não era fácil ter tido apenas duas horas de sono durante uma semana inteira, principalmente quando você está acostumado a dormir durante nove ou oito horas. O garoto lavou o seu resto com água fria, para pelo menos aparentar estar acordado. Saiu do banheiro e encheu uma caneca com a água que havia esquentado. null despejou uma colher de sopa da mistura para capuccino na caneca e misturou o líquido com o pó. O garoto deu um grande gole no líquido já misturado e sentiu sua língua queimar.
— Droga, null! — gritou consigo mesmo. — Seja mais inteligente da próxima vez, até parece um idiota desse jeito.
Enquanto brigava consigo mesmo, null ouviu o som da campainha tocar e foi até a porta de entrada para atendê-la. Se deparou com null, com os cabelos bagunçados e os olhos vermelhos. Seu olhar de preocupação era inevitável.
— É o meu fim, null! — null invadia a casa sem esperar pela fala de null.
— Bom dia também, null — o garoto caçoava do amigo. — O que está acontecendo agora, meu caro amigo?
— Então, eu tava criando coragem para chamar uma garota para sair... — null tentou continuar, mas foi interrompido pelo amigo.
— Quem seria a coitada? — null ria fraco, mas parou assim que percebeu que a expressão do garoto havia mudado. — Continua.
— E aí eu percebi que no dia que a Lindy foi assassinada, eu mandei mensagem para essa garota — null confirmou que estava escutando com um "hum". — E na mensagem dá para ver claramente que eu havia encontrado Lindy alguns minutos antes dela ser morta.
— Mas você não a matou, matou? — null fechou a porta e apontou para o sofá com a cabeça.
— Acha mesmo que se eu tivesse matado ela, eu viria me confessar para um idiota como você? — null exclamou irritado, enquanto se jogava no sofá do amigo. — Mas eu tenho medo da polícia descobrir e me colocar na lista de suspeitos.
null se sentou no outro lado do sofá e ficou encarando null. Os dois pensavam no que dizer naquele momento, uma coisinha errada e estragariam a confiança um do outro.
— Quem era a garota com quem estava conversando? Ela pode ser um álibi que saiu de lá antes mesmo do assassinato.
— null. — null bagunçava os cabelos após responder o amigo. — Eu mandei uma mensagem para ela falando que já estava em casa, alguns minutos depois.
— Então você quer sair com a novata brasileira? — null se ajeitava no sofá enquanto sorria de um canto ao outro. — O que a girl from null fez para meu amiguinho ficar assim?
— Não sei. — null soltava algumas risadas sem graça. — Eu realmente não sei, mas desde que a vi, senti algo diferente, sabe?
— Uau, mas então, já chamou ela para sair? — null aparentava estar mais animado do que o próprio amigo.
— Ainda não — o garoto respondeu. — Vim direto para cá, então vou mandar agora.
null pegou o celular e começou a digitar rapidamente, sempre apagando e reescrevendo, até que finalmente aliviou null e a si mesmo, finalmente mandando uma das milhares de mensagens que havia escrito. Segundos após a mensagem ser enviada, null se animou um pouco quando percebeu o amigo sorrindo para o celular.
— Aceitou? — o garoto perguntou, se arrastando para perto do amigo.
— Aceitou! — null sacudiu o amigo, animado pela resposta. — Tenho um encontro hoje às sete.
— Meu garoto! — null gritava, dando uns tapinhas na nuca de null.
null brincava com uma bolinha, sacando-a na parede, pegando e sacando novamente. Enquanto isso, seu fiel escudeiro, null, tentava reservar um lugar de última hora em um de seus restaurantes favoritos. Queria impressionar a garota e se queria impressioná-la e fazê-la o ver como algo a mais do que só um amigo que trabalha com ela, teria que conquistar o seu apetite primeiro.
Capítulo 8
18:55 da noite — 24 de outubro de 2017
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null se admirava em seu vestido curto de cetim bege. Não havia exagerado na maquiagem, afinal, era apenas um jantar, não precisava de toda a preparação do mundo. Usava um batom rosado, com um gloss neutro por cima. Também havia feito um delineado reto e usava um pouco de rímel nos olhos e blush nas bochechas. Não era a maquiagem que mais agradava a garota, mas era a que mais agradava-a naquele momento. Podia gostar de maquiagem, mas também gostava de usá-la de modo consciente à ocasião.
Em seus pés havia um salto quase do mesmo tom do vestido. Seu cabelo estava solto e usava brincos simples e um colar — ambos em dourado — como acessórios.
A garota se animou assim que ouviu a campainha de seu apartamento tocar a melodia. null sabia que null já havia chegado para buscá-la, ela sabia que era ele. Caminhou até a porta com um sorriso estampado no rosto, que aumentou assim que viu o garoto com um pequeno buquê de margaridas na mão. null usava uma calça jeans preta e um blazer da mesma cor. Por baixo do blazer havia uma camisa branca. Seus cabelos estavam surpreendentemente arrumados, seus olhos brilhavam mais que o normal, já o seu rosto estava composto por um sorriso que conseguia ser mais feliz e verdadeiro do que o de null.
— Pronta, null? — Os olhos de null se arregalaram assim que conseguiu olhar para como null estava. — Está linda! — o garoto dizia, após um grande suspiro de surpresa.
— Obrigada! — Seu sorriso agora estava tímido, suas bochechas mais rosadas ainda. — Hoje poderei dizer o mesmo, null.
— Então não pode dizer isso em outros dias? — null perguntava irônico.
— Nem todos os dias, null. — null retribuiu no mesmo tom, fazendo o garoto rir.
— Aqui, são para você. — null entregava o buquê para a garota. — Eu não sabia quais eram as flores que você gostava, então escolhi uma que eu achei bonita.
— Fez uma boa escolha, são lindas! — null pegou as flores e colocou em uma bancada próxima a eles. — Vamos?
— Vamos.
null segurou a sua mão, deixando a garota totalmente surpresa. null poderia suspeitar de todos da Red Royalty, mas null nunca seria um deles. Ele nunca seria um deles. null se sentia segura com ele, sabia que poderia confiar nele. Talvez não de olhos fechados, mas poderia confiar mais nele do que na maioria da Red Royalty.
Os dois entraram no carro de null, um Renault Duster 2015 preto. null obviamente se sentou no banco de motorista e null no banco de passageiro ao seu lado.
— Gosta de comida italiana? — null perguntou, enquanto ligava o seu carro.
null assentiu com a cabeça, fazendo o garoto mudar a direção do seu olhar para a estrada e soltar um sorriso involuntário em seu rosto. null ainda se perguntava em qual momento ele se atraiu pela menina. Foi tão mágico que não percebeu?
19:12 da noite — 24 de outubro de 2017
Estacionamento 67, Toronto, Canadá
Jolie já havia parado de tentar gritar por ajuda, suas forças já haviam ido embora, não restava mais nada para fazê-la gritar.
Em seu moletom vermelho havia um buraco localizado em seu abdômen, onde a bala havia acertado. A cor do seu sangue se misturava ao moletom, mas fazia um grande destaque em sua calça branca. Então era isso? Acabou tudo? Tudo isso por causa de um filho da puta que fazia o que dava na telha? Lágrimas escorriam no rosto de Jolie, mas não por tristeza e sim por raiva. Odiava saber quem era o idiota que estava fazendo toda aquela merda e não poder gritar para todos quem era. Em alguns segundos, um longo suspiro acabou virando o último sinal de vida de Jolie. Toda a sua curta vida havia chegado ao fim. Fique em paz, Jolie.
19:27 da noite — 24 de outubro de 2017
Joe’s Restaurant, Toronto, Canadá
— Me desculpe, o banheiro estava com uma fila enorme. — null se explicava, enquanto se sentava na cadeira em frente a de null. — O que aconteceu? Ouvi um barulho vindo daqui.
— Foi no estacionamento ao lado, alguém deve ter derrubado algo. — A garota guardava o seu celular. — Já pedi as nossas comidas, já que você avisou o que queria.
— Tudo bem, melhor assim.
Uma longa conversa foi iniciada durante os minutos em que ambos esperavam suas comidas. null tentava desviar de qualquer coisa que citasse o recente acidente da Red Royalty, assim como null. Nenhum dos dois queria estragar um encontro entre amigos por causa disso. Afinal, essa era a pergunta que reinava na cabeça de null. Aquilo era apenas um encontro entre amigos?
Em alguns minutos de conversa jogada fora e sorrisos escapados, a comida finalmente chegou. null havia pedido um ravioli vegetariano, já null, havia pedido um risoto. Ambos com uma taça de vinho seco ao seu lado.
— null — null chamou o garoto, fazendo-o olhar para ela enquanto comia um pouco do seu pedido. — Vai parecer um pouco inconveniente eu te perguntar isso, mas você e a null tem um caso?
— Oi? — null perguntava espantado, enquanto tentava não se engasgar com a comida. — Pode me explicar?
— É que eu sempre achei vocês próximos demais, queria saber se tinha algo entre vocês. — null deu de ombros, enquanto tomava um gole do seu vinho.
Antes de conseguir responder algo, null teve a sua atenção tomada pelo barulho de notificação do seu celular. Pegou o aparelho e olhou a notificação, ficando cada vez mais preocupado, fazendo null ficar também por conta de sua expressão.
— null, aconteceu algo? — a garota perguntou preocupada.
— Precisamos ir, null — null respondeu. — O null precisa de ajuda, eu te deixo em casa e vou me encontrar com ele.
null concordou com a cabeça e em alguns minutos os dois já estavam a caminho da casa da garota. null dirigia o mais rápido, enquanto não trocava uma palavra com null. Em mais alguns minutos, o carro chegou ao prédio de null, então ambos desceram do carro e null foii ao encontro dela.
— Me desculpa por ter que acabar isso mais cedo, null estava surtando.
— Tudo bem, null — null dizia, com um sorriso fraco no rosto. — É seu amigo, podemos marcar outro dia, se quiser.
— Claro que vou querer. — O garoto retribuiu o sorriso.
A rua ficou em silêncio juntamente aos dois, que ficaram em silêncio enquanto encaravam um ao outro. Até que null sentiu as mãos de null em seu rosto, enquanto seus lábios se juntaram aos dela. As mãos de null pararam nos quadris da garota, enquanto as mãos de null pararam em sua nuca, acariciando os seus cabelos. Em um pequeno espaço de tempo, o beijo delicado se finalizou quando null se afastou de null.
— Me desculpa — a garota dizia, enquanto corria para dentro do prédio.
Agora era a sua cabeça que estava a mil. O que null havia feito e por qual motivo ela havia aceitado? Bom, era óbvio que havia aceitado pelo mesmo motivo pelo qual null havia a beijado, mas não. null não havia sentido nada que achou que sentiria, apenas se sentiu culpada. Ela sabia que havia beijado a pessoa errada. Ela tinha certeza de que havia saído com a pessoa errada.
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null se admirava em seu vestido curto de cetim bege. Não havia exagerado na maquiagem, afinal, era apenas um jantar, não precisava de toda a preparação do mundo. Usava um batom rosado, com um gloss neutro por cima. Também havia feito um delineado reto e usava um pouco de rímel nos olhos e blush nas bochechas. Não era a maquiagem que mais agradava a garota, mas era a que mais agradava-a naquele momento. Podia gostar de maquiagem, mas também gostava de usá-la de modo consciente à ocasião.
Em seus pés havia um salto quase do mesmo tom do vestido. Seu cabelo estava solto e usava brincos simples e um colar — ambos em dourado — como acessórios.
A garota se animou assim que ouviu a campainha de seu apartamento tocar a melodia. null sabia que null já havia chegado para buscá-la, ela sabia que era ele. Caminhou até a porta com um sorriso estampado no rosto, que aumentou assim que viu o garoto com um pequeno buquê de margaridas na mão. null usava uma calça jeans preta e um blazer da mesma cor. Por baixo do blazer havia uma camisa branca. Seus cabelos estavam surpreendentemente arrumados, seus olhos brilhavam mais que o normal, já o seu rosto estava composto por um sorriso que conseguia ser mais feliz e verdadeiro do que o de null.
— Pronta, null? — Os olhos de null se arregalaram assim que conseguiu olhar para como null estava. — Está linda! — o garoto dizia, após um grande suspiro de surpresa.
— Obrigada! — Seu sorriso agora estava tímido, suas bochechas mais rosadas ainda. — Hoje poderei dizer o mesmo, null.
— Então não pode dizer isso em outros dias? — null perguntava irônico.
— Nem todos os dias, null. — null retribuiu no mesmo tom, fazendo o garoto rir.
— Aqui, são para você. — null entregava o buquê para a garota. — Eu não sabia quais eram as flores que você gostava, então escolhi uma que eu achei bonita.
— Fez uma boa escolha, são lindas! — null pegou as flores e colocou em uma bancada próxima a eles. — Vamos?
— Vamos.
null segurou a sua mão, deixando a garota totalmente surpresa. null poderia suspeitar de todos da Red Royalty, mas null nunca seria um deles. Ele nunca seria um deles. null se sentia segura com ele, sabia que poderia confiar nele. Talvez não de olhos fechados, mas poderia confiar mais nele do que na maioria da Red Royalty.
Os dois entraram no carro de null, um Renault Duster 2015 preto. null obviamente se sentou no banco de motorista e null no banco de passageiro ao seu lado.
— Gosta de comida italiana? — null perguntou, enquanto ligava o seu carro.
null assentiu com a cabeça, fazendo o garoto mudar a direção do seu olhar para a estrada e soltar um sorriso involuntário em seu rosto. null ainda se perguntava em qual momento ele se atraiu pela menina. Foi tão mágico que não percebeu?
19:12 da noite — 24 de outubro de 2017
Estacionamento 67, Toronto, Canadá
Jolie já havia parado de tentar gritar por ajuda, suas forças já haviam ido embora, não restava mais nada para fazê-la gritar.
Em seu moletom vermelho havia um buraco localizado em seu abdômen, onde a bala havia acertado. A cor do seu sangue se misturava ao moletom, mas fazia um grande destaque em sua calça branca. Então era isso? Acabou tudo? Tudo isso por causa de um filho da puta que fazia o que dava na telha? Lágrimas escorriam no rosto de Jolie, mas não por tristeza e sim por raiva. Odiava saber quem era o idiota que estava fazendo toda aquela merda e não poder gritar para todos quem era. Em alguns segundos, um longo suspiro acabou virando o último sinal de vida de Jolie. Toda a sua curta vida havia chegado ao fim. Fique em paz, Jolie.
19:27 da noite — 24 de outubro de 2017
Joe’s Restaurant, Toronto, Canadá
— Me desculpe, o banheiro estava com uma fila enorme. — null se explicava, enquanto se sentava na cadeira em frente a de null. — O que aconteceu? Ouvi um barulho vindo daqui.
— Foi no estacionamento ao lado, alguém deve ter derrubado algo. — A garota guardava o seu celular. — Já pedi as nossas comidas, já que você avisou o que queria.
— Tudo bem, melhor assim.
Uma longa conversa foi iniciada durante os minutos em que ambos esperavam suas comidas. null tentava desviar de qualquer coisa que citasse o recente acidente da Red Royalty, assim como null. Nenhum dos dois queria estragar um encontro entre amigos por causa disso. Afinal, essa era a pergunta que reinava na cabeça de null. Aquilo era apenas um encontro entre amigos?
Em alguns minutos de conversa jogada fora e sorrisos escapados, a comida finalmente chegou. null havia pedido um ravioli vegetariano, já null, havia pedido um risoto. Ambos com uma taça de vinho seco ao seu lado.
— null — null chamou o garoto, fazendo-o olhar para ela enquanto comia um pouco do seu pedido. — Vai parecer um pouco inconveniente eu te perguntar isso, mas você e a null tem um caso?
— Oi? — null perguntava espantado, enquanto tentava não se engasgar com a comida. — Pode me explicar?
— É que eu sempre achei vocês próximos demais, queria saber se tinha algo entre vocês. — null deu de ombros, enquanto tomava um gole do seu vinho.
Antes de conseguir responder algo, null teve a sua atenção tomada pelo barulho de notificação do seu celular. Pegou o aparelho e olhou a notificação, ficando cada vez mais preocupado, fazendo null ficar também por conta de sua expressão.
— null, aconteceu algo? — a garota perguntou preocupada.
— Precisamos ir, null — null respondeu. — O null precisa de ajuda, eu te deixo em casa e vou me encontrar com ele.
null concordou com a cabeça e em alguns minutos os dois já estavam a caminho da casa da garota. null dirigia o mais rápido, enquanto não trocava uma palavra com null. Em mais alguns minutos, o carro chegou ao prédio de null, então ambos desceram do carro e null foii ao encontro dela.
— Me desculpa por ter que acabar isso mais cedo, null estava surtando.
— Tudo bem, null — null dizia, com um sorriso fraco no rosto. — É seu amigo, podemos marcar outro dia, se quiser.
— Claro que vou querer. — O garoto retribuiu o sorriso.
A rua ficou em silêncio juntamente aos dois, que ficaram em silêncio enquanto encaravam um ao outro. Até que null sentiu as mãos de null em seu rosto, enquanto seus lábios se juntaram aos dela. As mãos de null pararam nos quadris da garota, enquanto as mãos de null pararam em sua nuca, acariciando os seus cabelos. Em um pequeno espaço de tempo, o beijo delicado se finalizou quando null se afastou de null.
— Me desculpa — a garota dizia, enquanto corria para dentro do prédio.
Agora era a sua cabeça que estava a mil. O que null havia feito e por qual motivo ela havia aceitado? Bom, era óbvio que havia aceitado pelo mesmo motivo pelo qual null havia a beijado, mas não. null não havia sentido nada que achou que sentiria, apenas se sentiu culpada. Ela sabia que havia beijado a pessoa errada. Ela tinha certeza de que havia saído com a pessoa errada.
Capítulo 9
21:50 da noite — 03 de novembro de 2017
Casa 505, Toronto, Canadá
Todo o resto de outubro havia sido cansativo. A morte de Jolie — trazendo junto o seu funeral — e os testes para a nova peça do ano. null estava mais nervoso do que o normal. Sempre gostava de ser o centro das atenções e odiaria se agora fosse diferente. O garoto sempre tivera confiança em si próprio, mas não poderia negar que sentia medo nessa peça. Finalmente null se sentia ameaçado em algum lugar. Um null finalmente tinha competidores à sua altura.
Sentindo a pílula descer pela sua garganta juntamente com a água, null soltou um pigarreio causado pelo incômodo. Mas remédios eram o único jeito que null via para conseguir dormir.
Durante esses dias, desde o comunicado da morte de Jolie, obviamente algumas coisas haviam mudado. Como sempre, o garoto havia observado qualquer movimento em sua classe. Com isso, null havia percebido o quanto null havia se aproximado de null e null, e como null ficava estranho perto dela. Já o outro do bondinho, null, continuava normal, sem acrescentar ou retirar nada de sua vida. Mas de todas as coisas estranhas que havia acontecido durante esse tempo, com toda a certeza a mais estranha para null era o fato de a novata ter se aproximado tão de repente. null agia como se fosse sua amiga, se bem que ela não estava tão longe de ser uma.
Depois de quase uma hora assistindo tevê, null acabou adormecendo por causa do remédio que havia tomado.
07:10 da manhã — 03 de novembro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
null sentiu um sorriso se formar no seu rosto assim que avistou null vindo em sua direção sorridente.
— null, não vai acreditar! — a garota dizia animada, enquanto o acompanhava pelo corredor.
— Já falei para não me chamar de null, senhorita null. — null tentava conter o outro sorriso que se formava.
— E eu já falei para não me chamar de senhorita, mas você faz isso? Não! — null dizia, olhando-o com um olhar de reprovação. — É muito formal, null.
— Ok, eu paro, null. — O garoto se rendia, fazendo null sorrir. — Agora me diz no que eu não irei acreditar.
null não queria formar laços com alguém dali, mas era inevitável negar null. Ela tentava tanto agradar as pessoas que ela queria se enturmar, que ele acabava cedendo a conversar minimamente com a garota.
— Somos os principais! — a garota dizia animada, fazendo o garoto sentir o mesmo sentimento e abraçá-la involuntariamente. — Uau, primeira demonstração de afeto, gostei.
— Ah, me desculpe — null dizia envergonhado, enquanto soltava null. — Fiquei muito animado, agi sem pensar.
— Para, null. — null franzia o cenho. — Você se desculpa por qualquer ação em que você não aja como um robô, chega a irritar.
— Me desculpe, senhora humana. — null imitava um robô, fazendo a garota ao seu lado retirar a expressão irritada do rosto e começar a rir. — Eu não te conheço direito, null. Obviamente não irei gostar de demonstrar algo tão cedo.
— Entendo.
Os dois caminharam até a sala em completo silêncio. null, como sempre, se isolou em um espaço, assim poderia se alongar sozinho. Já null, caminhou até a amiga null para poder consolá-la, já que a garota ainda se encontrava abalada pelo assassinato da amiga Jolie. null não via problema em consolar null todos os dias. Sabia como era perder alguém, não queria que null soubesse como era perder alguém e não ter um apoio.
— Sabia que eu fiquei com a bailarina número dois? — Copper dizia, assim que sentiu a amiga a abraçando. — A Jolie queria esse papel, então sinto que devo me esforçar ainda mais.
— Ela ficaria orgulhosa de você. — null acariciava as mãos da amiga.
As garotas ficaram em silêncio, apenas consolando null. O assassino ainda estava à solta e todos sabiam que ele já tinha uma próxima vítima, todos sabiam que ele estava planejando o ataque à outra vítima, mas uma coisa que ninguém sabia era onde e quando seria o seu próximo ataque.
— Já viram as atualizações do caso? — null quebrava o silêncio entre as amigas.
— Quais? — null levantou a sua cabeça do ombro de null.
— Estão começando a suspeitar que o assassino pode ser uma das ex-alunas daqui — null respondia a null. — Sabe, aquelas.
— Ex-alunas? — null perguntava confusa.
— Duas garotas foram expulsas daqui no meio do ano passado — null explicou para a amiga. — Sina e Janet.
— Elas quebraram algumas regras daqui — null continuava. — Elas usavam os antigos dormitórios daqui, mas eles foram descartados um pouco depois delas saírem.
— E por qual motivo acham que pode ter sido uma das duas? — null continuava com as perguntas.
— Ambas estavam com Jolie minutos antes do seu assassinato, só não sabem quem saiu primeiro ou se as duas saíram juntas após matá-la.
— Eu acho esse negócio de estava com a vítima minutos antes uma grande besteira — null murmurava. — null estava com Lindy antes do seu assassinato, vocês realmente acham que ele mataria alguém? Bom, eu não.
— Você só diz isso por gostar dele! — null confrontava a amiga. — Ela é apaixonada por ele desde nova — a garota sussurrava indiscretamente para null.
— Que mentira! — null quase gritava. — Eu já gostei dele, mas isso faz tempo, não acredite nela, null!
null apenas conseguia rir da briguinha das duas. Mesmo vendo a amiga rindo, null e null continuavam brigando, tudo aquilo para saber quem ganharia na discussão de se null ainda gostava de null ou não. Por falar no null, lá estava ele. O garoto encarava null de longe e sorriu envergonhado assim que percebeu que a garota havia notado. null acabou retribuindo o sorriso enquanto continuava rindo das amigas, então null desviou seu olhar para a janela e voltou a se alongar. null acabou abaixando o tom de sua risada para pensar por qual motivo o garoto estava a encarando enquanto se alongava. Será que ele havia escutado a briga das amigas de null e acabou percebendo a presença da garota no meio delas?
Mas null ainda não conseguia entender qual seria o motivo para null olhar exatamente para ela. Será que ele tinha algo para dizer à garota?
— null? — null chamava a atenção da amiga novamente. — O que você acha?
— Tem muitos argumentos contra você, null — a garota respondia.
— Pensei que tinha alguém ao meu lado, mas todas são traidoras! — null fazia biquinho, tentando aparentar emburrada, mas só conseguiu fazer com que as amigas começassem a rir ainda mais.
null e null ficaram conversando até que null sentisse vontade de parar com a encenação de raiva, até que a amiga finalmente cedeu e entrou na conversa. As garotas ficaram um tempo jogando conversa fora, até que sentiram os outros amigos se aproximarem cada vez mais delas.
— null, preciso conversar com você. — null atrapalhava a conversa das amigas. — A sós.
null, null e null se entreolharam, enquanto null mantinha o olhar fixo em null, que fazia a mesma coisa com a garota.
null apenas se levantou e seguiu null até o lado de fora da sala. Ainda sem entender nada, a garota continuava em silêncio, encarando o amigo e esperando-o falar algo para começar a conversa que ele havia solicitado.
Casa 505, Toronto, Canadá
Todo o resto de outubro havia sido cansativo. A morte de Jolie — trazendo junto o seu funeral — e os testes para a nova peça do ano. null estava mais nervoso do que o normal. Sempre gostava de ser o centro das atenções e odiaria se agora fosse diferente. O garoto sempre tivera confiança em si próprio, mas não poderia negar que sentia medo nessa peça. Finalmente null se sentia ameaçado em algum lugar. Um null finalmente tinha competidores à sua altura.
Sentindo a pílula descer pela sua garganta juntamente com a água, null soltou um pigarreio causado pelo incômodo. Mas remédios eram o único jeito que null via para conseguir dormir.
Durante esses dias, desde o comunicado da morte de Jolie, obviamente algumas coisas haviam mudado. Como sempre, o garoto havia observado qualquer movimento em sua classe. Com isso, null havia percebido o quanto null havia se aproximado de null e null, e como null ficava estranho perto dela. Já o outro do bondinho, null, continuava normal, sem acrescentar ou retirar nada de sua vida. Mas de todas as coisas estranhas que havia acontecido durante esse tempo, com toda a certeza a mais estranha para null era o fato de a novata ter se aproximado tão de repente. null agia como se fosse sua amiga, se bem que ela não estava tão longe de ser uma.
Depois de quase uma hora assistindo tevê, null acabou adormecendo por causa do remédio que havia tomado.
07:10 da manhã — 03 de novembro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
null sentiu um sorriso se formar no seu rosto assim que avistou null vindo em sua direção sorridente.
— null, não vai acreditar! — a garota dizia animada, enquanto o acompanhava pelo corredor.
— Já falei para não me chamar de null, senhorita null. — null tentava conter o outro sorriso que se formava.
— E eu já falei para não me chamar de senhorita, mas você faz isso? Não! — null dizia, olhando-o com um olhar de reprovação. — É muito formal, null.
— Ok, eu paro, null. — O garoto se rendia, fazendo null sorrir. — Agora me diz no que eu não irei acreditar.
null não queria formar laços com alguém dali, mas era inevitável negar null. Ela tentava tanto agradar as pessoas que ela queria se enturmar, que ele acabava cedendo a conversar minimamente com a garota.
— Somos os principais! — a garota dizia animada, fazendo o garoto sentir o mesmo sentimento e abraçá-la involuntariamente. — Uau, primeira demonstração de afeto, gostei.
— Ah, me desculpe — null dizia envergonhado, enquanto soltava null. — Fiquei muito animado, agi sem pensar.
— Para, null. — null franzia o cenho. — Você se desculpa por qualquer ação em que você não aja como um robô, chega a irritar.
— Me desculpe, senhora humana. — null imitava um robô, fazendo a garota ao seu lado retirar a expressão irritada do rosto e começar a rir. — Eu não te conheço direito, null. Obviamente não irei gostar de demonstrar algo tão cedo.
— Entendo.
Os dois caminharam até a sala em completo silêncio. null, como sempre, se isolou em um espaço, assim poderia se alongar sozinho. Já null, caminhou até a amiga null para poder consolá-la, já que a garota ainda se encontrava abalada pelo assassinato da amiga Jolie. null não via problema em consolar null todos os dias. Sabia como era perder alguém, não queria que null soubesse como era perder alguém e não ter um apoio.
— Sabia que eu fiquei com a bailarina número dois? — Copper dizia, assim que sentiu a amiga a abraçando. — A Jolie queria esse papel, então sinto que devo me esforçar ainda mais.
— Ela ficaria orgulhosa de você. — null acariciava as mãos da amiga.
As garotas ficaram em silêncio, apenas consolando null. O assassino ainda estava à solta e todos sabiam que ele já tinha uma próxima vítima, todos sabiam que ele estava planejando o ataque à outra vítima, mas uma coisa que ninguém sabia era onde e quando seria o seu próximo ataque.
— Já viram as atualizações do caso? — null quebrava o silêncio entre as amigas.
— Quais? — null levantou a sua cabeça do ombro de null.
— Estão começando a suspeitar que o assassino pode ser uma das ex-alunas daqui — null respondia a null. — Sabe, aquelas.
— Ex-alunas? — null perguntava confusa.
— Duas garotas foram expulsas daqui no meio do ano passado — null explicou para a amiga. — Sina e Janet.
— Elas quebraram algumas regras daqui — null continuava. — Elas usavam os antigos dormitórios daqui, mas eles foram descartados um pouco depois delas saírem.
— E por qual motivo acham que pode ter sido uma das duas? — null continuava com as perguntas.
— Ambas estavam com Jolie minutos antes do seu assassinato, só não sabem quem saiu primeiro ou se as duas saíram juntas após matá-la.
— Eu acho esse negócio de estava com a vítima minutos antes uma grande besteira — null murmurava. — null estava com Lindy antes do seu assassinato, vocês realmente acham que ele mataria alguém? Bom, eu não.
— Você só diz isso por gostar dele! — null confrontava a amiga. — Ela é apaixonada por ele desde nova — a garota sussurrava indiscretamente para null.
— Que mentira! — null quase gritava. — Eu já gostei dele, mas isso faz tempo, não acredite nela, null!
null apenas conseguia rir da briguinha das duas. Mesmo vendo a amiga rindo, null e null continuavam brigando, tudo aquilo para saber quem ganharia na discussão de se null ainda gostava de null ou não. Por falar no null, lá estava ele. O garoto encarava null de longe e sorriu envergonhado assim que percebeu que a garota havia notado. null acabou retribuindo o sorriso enquanto continuava rindo das amigas, então null desviou seu olhar para a janela e voltou a se alongar. null acabou abaixando o tom de sua risada para pensar por qual motivo o garoto estava a encarando enquanto se alongava. Será que ele havia escutado a briga das amigas de null e acabou percebendo a presença da garota no meio delas?
Mas null ainda não conseguia entender qual seria o motivo para null olhar exatamente para ela. Será que ele tinha algo para dizer à garota?
— null? — null chamava a atenção da amiga novamente. — O que você acha?
— Tem muitos argumentos contra você, null — a garota respondia.
— Pensei que tinha alguém ao meu lado, mas todas são traidoras! — null fazia biquinho, tentando aparentar emburrada, mas só conseguiu fazer com que as amigas começassem a rir ainda mais.
null e null ficaram conversando até que null sentisse vontade de parar com a encenação de raiva, até que a amiga finalmente cedeu e entrou na conversa. As garotas ficaram um tempo jogando conversa fora, até que sentiram os outros amigos se aproximarem cada vez mais delas.
— null, preciso conversar com você. — null atrapalhava a conversa das amigas. — A sós.
null, null e null se entreolharam, enquanto null mantinha o olhar fixo em null, que fazia a mesma coisa com a garota.
null apenas se levantou e seguiu null até o lado de fora da sala. Ainda sem entender nada, a garota continuava em silêncio, encarando o amigo e esperando-o falar algo para começar a conversa que ele havia solicitado.
Capítulo 10
07:21 da manhã — 03 de novembro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
— Então? — null estava cansada de esperar pela resposta do garoto.
— Eu vi que você se aproximou bastante do null — null falava sem graça.
— É sobre isso que quer falar? — A garota aparentava estar ficando irritada. — Olha, null, não sei o que diabos deu em você, mas você está muito estranho ultimamente. Tipo, muito mesmo!
— Estranho? Como assim?
— Você simplesmente começou a agir como um obcecado. — null tentava controlar a sua raiva. — Você virou um idiota, não quer mais ficar próximo a mim, mas também não quer que eu me aproxime de alguém. Já veio me avisar de todos desse lugar, falando que todos são os maiores suspeitos, mas e você? Está fazendo isso por ciúmes ou por ser o assassino?
— Você está escutando as merdas que está falando? — Agora era o garoto quem estava ficando irritado. — Acha mesmo que se eu fosse o assassino, já não teria te matado em vez de ter tanto trabalho assim? O null estava certo, ninguém aqui consegue ver a verdade.
Antes que null pudesse falar qualquer coisa para null, ambos foram surpreendidos pela presença repentina de null no cômodo.
— Está tudo bem? — null chegava ao local. — Ouvi alguns gritos, vim checar como estavam.
— Quando ele atirar contra a sua cabeça, não diga que eu não tentei avisar — null sussurrava no ouvido de null, saindo logo após, se esbarrando em null.
— Está tudo bem, null? — Era a primeira vez que a garota ouvia seu apelido sendo falado por null. — Você parece meio mal, está sentindo algo?
— Eu tô bem, é só um mal-estar, mas já vai passar. — null se apoiava no batente da porta.
— Certeza? — null se aproximava da garota. — Posso levá-la para casa, se quiser.
— Senhor null se preocupando com alguém que mal conhece? — A garota esboçava um sorriso.
— Não tem como negar ajuda a alguém que aparenta estar prestes a desmaiar, senhorita null. — null retribuía o sorriso.
— Mas eu estou bem, null. — null esperou alguns segundos para esperar a reclamação de null, mas ficou surpresa pelo garoto apenas continuar olhando-a enquanto sorria. — Eu só vou tomar um ar e já volto.
null concordou com a cabeça, enquanto diminuía a intensidade do seu sorriso. O garoto deu um suspiro pesado antes de continuar a falar.
— Qualquer coisa, chama alguém.
Agora foi a vez de null concordar com movimentos da cabeça. A garota saiu para o lado de fora, enquanto null voltava para a sala com a expressão neutra como sempre. null se sentou em frente ao prédio, inspirando e expirando lentamente, enquanto sentia o seu corpo voltar ao normal. Era normal que seu corpo não reagisse de boa forma após ouvir o que null havia falado de null. Ainda mais quando null estava à sua frente. Não que null achasse que null era o culpado. null sabia que null nunca faria algo como aquilo. null tinha certeza de que null não seria o real assassino, mesmo que ele tentasse parecer culpado.
null entrava novamente na sala, sentindo alguns olhares vindo em sua direção. Sussurros também eram um acompanhamento, fazendo o garoto apenas ficar furioso e não desconfortável, como alguns julgavam. null cerrava os punhos em uma tentativa de não explodir com toda aquela atenção negativa, mas assim que ouviu um dos rapazes na sala sussurrar "melhor todos ficarem longe do psicopata", o garoto sentiu toda a sua fúria chegando ao topo de sua cabeça. Fúria essa que nunca seria contida com apenas um cerrar de punhos.
— Ouçam, seus filhos da puta! — null gritava, enquanto começava a explodir. — Não sei quem foi o idiota que inventou que eu poderia ser o assassino, mas saibam que eu sei que, entre todos aqui, eu sou o único que não tem um motivo para sequer encostar um dedo em alguém.
Todos encaravam null com os olhos arregalados, mas o garoto apenas conseguia sentir mais e mais fúria dentro de si.
— Que tal começarmos a suspeitar do Dilan, já que ele tinha um caso secreto com Jolie. — null já não sentia mais a sua alma dentro do corpo, então começou a falar tudo que vinha em mente. — Ou talvez o Gilliard, que era obcecado por Lindy, mas nunca conseguia uma chance com ela, por ser um tarado do caralho que já se masturbou com a foto da metade das garotas daqui. Também temos o null, que cultivou um ódio enorme pelas coisas que Lindy fazia com ele, não é mesmo, null?
Os olhares e sussurros sobre null continuavam, porém agora eram apenas as pessoas perguntando entre si se estava tudo bem com o garoto, mas null apenas conseguia rir da expressão no rosto de todos.
— Que tal o cara que mais me incrimina? — null caminhou até null e se ajoelhou em frente ao garoto que estava sentado. — null, null — null cantarolava o seu nome. — Não foi você que explodiu de raiva quando Lindy falou que não queria nada com você? Afinal, você é o mesmo cara que ficou minutos conversando com o amiguinho, todo enfurecido, mas, por quê? Porque a novata não quis que você a comesse! Não foi assim que você falou?
null riu ainda mais enquanto o rosto de null se contaminava pela vergonha.
— Agora que ela está se aproximando de outras pessoas, você tenta incriminar elas, não é mesmo, null?
Toda a sala parou e direcionou o seu olhar para a porta, fazendo null se virar para olhar. Para a infelicidade de null, era null, que estava encostada no batente da porta.
— Você é nojento, null! — A garota se virou e voltou lentamente para o lado de fora da sala.
null havia se levantado para ir atrás da amiga, enquanto null tentava raciocinar o que estava acontecendo, mas ambas foram paradas por null.
— Eu fiz a merda, eu vou — o garoto de cabelos null ordenava.
null se sentou novamente, agora era a vez de null se levantar e ir em direção à garota. Caminhando um pouco, o garoto encontrou null sentada ao lado da porta principal, com a cabeça entre os joelhos, mas deixando alguns barulhos, causados por conta do seu choro, escaparem.
— Não queria que escutasse aquilo.
null se aproximava da garota enquanto esperava uma resposta de null, mas não havia sequer uma palavra vindo dela.
— Me desculpe — o garoto sussurrava, enquanto se sentava ao lado de null.
Se null pudesse definir aquele momento em uma dor, ele diria que seria o aperto no coração, já que era a única coisa que o garoto sentia. null sabia que deveria ficar calado, ele tinha total consciência disso, mas preferiu deixar a raiva tomar conta de si. Viu apenas uma opção para aquela situação, confortá-la. Entrelaçou seu braço direito ao redor da garota, enquanto sentia null levantar a cabeça e apoiá-la no seu ombro. Após alguns minutos sem ambos moverem um dedo, null levantou a sua cabeça, ajeitou a sua postura e entrelaçou os seus dedos nos dedos da mão do braço direito de null.
— Pensei que não gostasse disso. — A voz da garota soou fraca e chorosa, mas, mesmo assim, null limpava as suas lágrimas enquanto esboçava um sorriso doce.
— Não gosto. — null arqueava as sobrancelhas enquanto retribuía o sorriso.
— Você é um hipócrita.
— Por qual motivo eu seria um hipócrita?
— Eu não te conheço direito, null. Obviamente não irei gostar de demonstrar algo tão cedo. — A garota imita uma voz robótica, fazendo null rir, mas continuar olhando-a. — Mas eu não quero estragar o momento, então vou ficar calada.
— Eu até gosto da sua voz, caso queira continuar falando.
null sorriu sem graça enquanto sentia suas bochechas corarem. null percebeu o que havia falado e retirou o braço em volta da garota, já consumido pela vergonha.
— Não precisa agir como se isso fosse uma atrocidade, null — null dizia, enquanto entrelaçava a sua mão na dele novamente.
null ainda não conseguia dizer uma palavra, apenas sentia o seu rosto queimar mais e mais. null soltava pequenas risadas ao perceber o estado do garoto ao seu lado, mas também se sentia minimamente assim. As lágrimas já haviam sumido do rosto de null, juntamente aos seus olhos marejados. Diferente de alguns minutos atrás, seus olhos agora não brilhavam mais por conta da água acumulada neles, era por outro motivo e ela sabia qual era esse motivo.
— Me desculpe, null — null dizia, após alguns minutos de silêncio, deixando null extremamente confuso.
Antes que pudesse falar qualquer coisa, null sentiu a mão de null pousar em sua bochecha, puxando o rosto do garoto e selando os seus lábios em um beijo. null ficou sem reação por um momento, mas assim que recuperou o equilíbrio de tudo, pôs as suas mãos por volta da cintura da garota, puxando-a para mais perto dele. null se afastou do garoto segundos depois, quebrando todas as expectativas de um beijo longo que null havia colocado.
— Me desculpe novamente, null.
null se levantou e caminhou até um corredor do prédio, provavelmente indo até o banheiro. null apenas ficou parado, jogado no chão, tentando saber o que havia acontecido para que null agisse de tal maneira. Ele havia feito algo de errado?
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
— Então? — null estava cansada de esperar pela resposta do garoto.
— Eu vi que você se aproximou bastante do null — null falava sem graça.
— É sobre isso que quer falar? — A garota aparentava estar ficando irritada. — Olha, null, não sei o que diabos deu em você, mas você está muito estranho ultimamente. Tipo, muito mesmo!
— Estranho? Como assim?
— Você simplesmente começou a agir como um obcecado. — null tentava controlar a sua raiva. — Você virou um idiota, não quer mais ficar próximo a mim, mas também não quer que eu me aproxime de alguém. Já veio me avisar de todos desse lugar, falando que todos são os maiores suspeitos, mas e você? Está fazendo isso por ciúmes ou por ser o assassino?
— Você está escutando as merdas que está falando? — Agora era o garoto quem estava ficando irritado. — Acha mesmo que se eu fosse o assassino, já não teria te matado em vez de ter tanto trabalho assim? O null estava certo, ninguém aqui consegue ver a verdade.
Antes que null pudesse falar qualquer coisa para null, ambos foram surpreendidos pela presença repentina de null no cômodo.
— Está tudo bem? — null chegava ao local. — Ouvi alguns gritos, vim checar como estavam.
— Quando ele atirar contra a sua cabeça, não diga que eu não tentei avisar — null sussurrava no ouvido de null, saindo logo após, se esbarrando em null.
— Está tudo bem, null? — Era a primeira vez que a garota ouvia seu apelido sendo falado por null. — Você parece meio mal, está sentindo algo?
— Eu tô bem, é só um mal-estar, mas já vai passar. — null se apoiava no batente da porta.
— Certeza? — null se aproximava da garota. — Posso levá-la para casa, se quiser.
— Senhor null se preocupando com alguém que mal conhece? — A garota esboçava um sorriso.
— Não tem como negar ajuda a alguém que aparenta estar prestes a desmaiar, senhorita null. — null retribuía o sorriso.
— Mas eu estou bem, null. — null esperou alguns segundos para esperar a reclamação de null, mas ficou surpresa pelo garoto apenas continuar olhando-a enquanto sorria. — Eu só vou tomar um ar e já volto.
null concordou com a cabeça, enquanto diminuía a intensidade do seu sorriso. O garoto deu um suspiro pesado antes de continuar a falar.
— Qualquer coisa, chama alguém.
Agora foi a vez de null concordar com movimentos da cabeça. A garota saiu para o lado de fora, enquanto null voltava para a sala com a expressão neutra como sempre. null se sentou em frente ao prédio, inspirando e expirando lentamente, enquanto sentia o seu corpo voltar ao normal. Era normal que seu corpo não reagisse de boa forma após ouvir o que null havia falado de null. Ainda mais quando null estava à sua frente. Não que null achasse que null era o culpado. null sabia que null nunca faria algo como aquilo. null tinha certeza de que null não seria o real assassino, mesmo que ele tentasse parecer culpado.
null entrava novamente na sala, sentindo alguns olhares vindo em sua direção. Sussurros também eram um acompanhamento, fazendo o garoto apenas ficar furioso e não desconfortável, como alguns julgavam. null cerrava os punhos em uma tentativa de não explodir com toda aquela atenção negativa, mas assim que ouviu um dos rapazes na sala sussurrar "melhor todos ficarem longe do psicopata", o garoto sentiu toda a sua fúria chegando ao topo de sua cabeça. Fúria essa que nunca seria contida com apenas um cerrar de punhos.
— Ouçam, seus filhos da puta! — null gritava, enquanto começava a explodir. — Não sei quem foi o idiota que inventou que eu poderia ser o assassino, mas saibam que eu sei que, entre todos aqui, eu sou o único que não tem um motivo para sequer encostar um dedo em alguém.
Todos encaravam null com os olhos arregalados, mas o garoto apenas conseguia sentir mais e mais fúria dentro de si.
— Que tal começarmos a suspeitar do Dilan, já que ele tinha um caso secreto com Jolie. — null já não sentia mais a sua alma dentro do corpo, então começou a falar tudo que vinha em mente. — Ou talvez o Gilliard, que era obcecado por Lindy, mas nunca conseguia uma chance com ela, por ser um tarado do caralho que já se masturbou com a foto da metade das garotas daqui. Também temos o null, que cultivou um ódio enorme pelas coisas que Lindy fazia com ele, não é mesmo, null?
Os olhares e sussurros sobre null continuavam, porém agora eram apenas as pessoas perguntando entre si se estava tudo bem com o garoto, mas null apenas conseguia rir da expressão no rosto de todos.
— Que tal o cara que mais me incrimina? — null caminhou até null e se ajoelhou em frente ao garoto que estava sentado. — null, null — null cantarolava o seu nome. — Não foi você que explodiu de raiva quando Lindy falou que não queria nada com você? Afinal, você é o mesmo cara que ficou minutos conversando com o amiguinho, todo enfurecido, mas, por quê? Porque a novata não quis que você a comesse! Não foi assim que você falou?
null riu ainda mais enquanto o rosto de null se contaminava pela vergonha.
— Agora que ela está se aproximando de outras pessoas, você tenta incriminar elas, não é mesmo, null?
Toda a sala parou e direcionou o seu olhar para a porta, fazendo null se virar para olhar. Para a infelicidade de null, era null, que estava encostada no batente da porta.
— Você é nojento, null! — A garota se virou e voltou lentamente para o lado de fora da sala.
null havia se levantado para ir atrás da amiga, enquanto null tentava raciocinar o que estava acontecendo, mas ambas foram paradas por null.
— Eu fiz a merda, eu vou — o garoto de cabelos null ordenava.
null se sentou novamente, agora era a vez de null se levantar e ir em direção à garota. Caminhando um pouco, o garoto encontrou null sentada ao lado da porta principal, com a cabeça entre os joelhos, mas deixando alguns barulhos, causados por conta do seu choro, escaparem.
— Não queria que escutasse aquilo.
null se aproximava da garota enquanto esperava uma resposta de null, mas não havia sequer uma palavra vindo dela.
— Me desculpe — o garoto sussurrava, enquanto se sentava ao lado de null.
Se null pudesse definir aquele momento em uma dor, ele diria que seria o aperto no coração, já que era a única coisa que o garoto sentia. null sabia que deveria ficar calado, ele tinha total consciência disso, mas preferiu deixar a raiva tomar conta de si. Viu apenas uma opção para aquela situação, confortá-la. Entrelaçou seu braço direito ao redor da garota, enquanto sentia null levantar a cabeça e apoiá-la no seu ombro. Após alguns minutos sem ambos moverem um dedo, null levantou a sua cabeça, ajeitou a sua postura e entrelaçou os seus dedos nos dedos da mão do braço direito de null.
— Pensei que não gostasse disso. — A voz da garota soou fraca e chorosa, mas, mesmo assim, null limpava as suas lágrimas enquanto esboçava um sorriso doce.
— Não gosto. — null arqueava as sobrancelhas enquanto retribuía o sorriso.
— Você é um hipócrita.
— Por qual motivo eu seria um hipócrita?
— Eu não te conheço direito, null. Obviamente não irei gostar de demonstrar algo tão cedo. — A garota imita uma voz robótica, fazendo null rir, mas continuar olhando-a. — Mas eu não quero estragar o momento, então vou ficar calada.
— Eu até gosto da sua voz, caso queira continuar falando.
null sorriu sem graça enquanto sentia suas bochechas corarem. null percebeu o que havia falado e retirou o braço em volta da garota, já consumido pela vergonha.
— Não precisa agir como se isso fosse uma atrocidade, null — null dizia, enquanto entrelaçava a sua mão na dele novamente.
null ainda não conseguia dizer uma palavra, apenas sentia o seu rosto queimar mais e mais. null soltava pequenas risadas ao perceber o estado do garoto ao seu lado, mas também se sentia minimamente assim. As lágrimas já haviam sumido do rosto de null, juntamente aos seus olhos marejados. Diferente de alguns minutos atrás, seus olhos agora não brilhavam mais por conta da água acumulada neles, era por outro motivo e ela sabia qual era esse motivo.
— Me desculpe, null — null dizia, após alguns minutos de silêncio, deixando null extremamente confuso.
Antes que pudesse falar qualquer coisa, null sentiu a mão de null pousar em sua bochecha, puxando o rosto do garoto e selando os seus lábios em um beijo. null ficou sem reação por um momento, mas assim que recuperou o equilíbrio de tudo, pôs as suas mãos por volta da cintura da garota, puxando-a para mais perto dele. null se afastou do garoto segundos depois, quebrando todas as expectativas de um beijo longo que null havia colocado.
— Me desculpe novamente, null.
null se levantou e caminhou até um corredor do prédio, provavelmente indo até o banheiro. null apenas ficou parado, jogado no chão, tentando saber o que havia acontecido para que null agisse de tal maneira. Ele havia feito algo de errado?
Capítulo 11
06:59 da manhã — 04 de novembro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
null treinava em frente ao espelho, tentando repassar todos os passos da sua aparição final. Enquanto treinava, viu o garoto de cabelos null entrando na sala.
— Pensei que estaria sozinho — null se explicou, assim que percebeu a presença da garota. — Se preparando sozinha para a apresentação, null?
— Eu só queria um tempo longe da bagunça de vocês — null respondeu, parando de dançar. — Olha, null, me desculpa mesmo pelo acontecimento de ontem, eu não quis…
— Tudo bem, null. — null jogou a sua mochila no chão. — Pensando pelo lado bom, você não beija mal — o garoto dizia, fazendo a garota dar uma risada envergonhada.
— Você também não é nada mal, null. — A garota o olhou ironicamente.
— null, por favor, madame. — O garoto fez uma referência enquanto ambos caíram na gargalhada. — Agora o melhor professor particular irá te ajudar.
— Está de bom humor hoje?
— Por que a pergunta, madame?
— Não sei, se soltou tão de repente — null dizia, enquanto null se aproximava dela.
— Sei lá, estou apenas feliz. — O garoto deu de ombros. — Não posso estar mais feliz, null?
— Eu não falei nada disso. — A garota ajustou a sua postura. — Mas até o seu jeito de falar está estranho.
— Você só nunca me viu feliz, é isso. — null guiava os passos da garota. — Sabe, não sei o que o null te falou, mas espero que não se afaste de mim por isso.
— Você é legal, null. — null sorriu fraco. — E eu não sou algo fácil de se livrar — a garota disse, fazendo null rir de leve. — Eu espero que a merda que fiz ontem não te faça se afastar de mim. Sabe, o draminha depois o beijo.
— Foi um acerto para mim.
null parou de repassar os passos e começou a encarar null pelo espelho.
— Falei algo errado? — o garoto perguntou, se afastando de null.
— Não, não, é que eu só fiquei um pouco… surpresa, digamos assim — a garota relaxou a postura.
— Surpresa por eu não ter odiado o seu beijo? — null a olhava confuso.
— Você sempre foi muito fechado, null — null começou a se explicar. — Na verdade, não sei nem em que momento a gente conversar virou algo aceitável para você. É estranho não ouvir você reclamando sobre isso, falando que eu não deveria ter feito algo como isso. Coisas assim, entendeu?
— Eu entendo, às vezes sou um pouco reservado demais. — null tentava evitar qualquer tipo de contato. — Então é só a gente esquecer tudo e voltar ao nosso objetivo, o motivo pelo qual começamos a se aproximar, os seus treinos.
O garoto começou a se aproximar lentamente de null, para voltar a guiar os seus passos. A garota deu um suspiro pesado e se virou para null.
— null, você é horrível para lutar por quem quer.
Antes que null deixasse o garoto falar qualquer coisa, ela o puxou, selando seus lábios mornos e iniciando um beijo. Após alguns sem reação, null depositou sua mão no rosto de null e, com a outra mão livre, agarrou sua cintura e a puxou para mais perto dele. null retirou as suas mãos geladas do rosto do garoto e pousou uma delas no ombro de null. Em poucos segundos, o que era um beijo delicado, se transformava lentamente em um beijo voraz.
— null, acho que não deveríamos… — null disse, interrompendo o beijo.
— Fique calma por pelo menos um segundo, não quero estragar isso novamente — o garoto suplicava. — Me diga apenas se não quiser isso.
— Eu quero, talvez mais do que possa imaginar, mas e se alguém chegar?
— Acredite, eles já viram coisas piores por aqui. — null soltou um sorriso bobo. — Agora cale a boca e me beije novamente.
null sorriu antes de juntar os seus lábios com os do garoto novamente. Antes que o beijo pudesse voltar a se intensificar, os dois se afastaram rapidamente por escutarem passos vindos do corredor.
— Que tal sairmos para comer algo mais tarde? — null sussurrou, antes de se separar totalmente da garota.
— Me pegue às três, senhor null — null sussurrou de volta, fazendo o garoto sair rindo.
Assim que null se distanciou o bastante, a garota viu null e null entrarem na sala e irem diretamente em sua direção. Ao ver as garotas andando até ela, null sentiu o seu corpo gelar totalmente assim que se lembrou de null. Será que a amiga realmente gostava de null? Se perguntava null.
— Adivinha quem ficou esperando o estranhão entrar para vir depois? — null sussurrou, assim que chegou perto o bastante de null. — Acredite em mim, null. null está ficando obcecada nele, chega até me assustar. — null começou a aumentar um pouco o tom de voz, mas não o bastante para null ouvir. — Está virando uma stalker. null null, uma stalker!
— Cale a boca, null! — null dava um tapinha de leve na amiga. — Foi só uma coincidência, eu não gosto do null, ele não é meu tipo!
— Aham, sei. — null revirou os olhos.
— Preciso ir ao banheiro, me esperem! — null disse rapidamente e começou a correr para fora da sala.
O celular da garota começou a tocar no meio do caminho, fazendo a garota olhá-lo durante o percurso. Para a sua surpresa, era null. A garota nem se lembrava de ter dado o seu número em algum momento para o garoto.
— Encontro? — null repetiu baixinho.
A garota esperava por tudo, menos que null iria chegar a considerar aquilo um encontro. Em que momento null começou a enxergar ela daquele jeito? Por que ela nunca havia percebido aquilo? Ou ela havia percebido e tentou ignorar?
Tantas perguntas surgiram na cabeça de null, que poderia até se considerar uma leitora de mistério quando alguém totalmente — mas nem tanto — inesperado é o assassino. A garota apenas guardou o seu celular novamente e entrou no banheiro.
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
null treinava em frente ao espelho, tentando repassar todos os passos da sua aparição final. Enquanto treinava, viu o garoto de cabelos null entrando na sala.
— Pensei que estaria sozinho — null se explicou, assim que percebeu a presença da garota. — Se preparando sozinha para a apresentação, null?
— Eu só queria um tempo longe da bagunça de vocês — null respondeu, parando de dançar. — Olha, null, me desculpa mesmo pelo acontecimento de ontem, eu não quis…
— Tudo bem, null. — null jogou a sua mochila no chão. — Pensando pelo lado bom, você não beija mal — o garoto dizia, fazendo a garota dar uma risada envergonhada.
— Você também não é nada mal, null. — A garota o olhou ironicamente.
— null, por favor, madame. — O garoto fez uma referência enquanto ambos caíram na gargalhada. — Agora o melhor professor particular irá te ajudar.
— Está de bom humor hoje?
— Por que a pergunta, madame?
— Não sei, se soltou tão de repente — null dizia, enquanto null se aproximava dela.
— Sei lá, estou apenas feliz. — O garoto deu de ombros. — Não posso estar mais feliz, null?
— Eu não falei nada disso. — A garota ajustou a sua postura. — Mas até o seu jeito de falar está estranho.
— Você só nunca me viu feliz, é isso. — null guiava os passos da garota. — Sabe, não sei o que o null te falou, mas espero que não se afaste de mim por isso.
— Você é legal, null. — null sorriu fraco. — E eu não sou algo fácil de se livrar — a garota disse, fazendo null rir de leve. — Eu espero que a merda que fiz ontem não te faça se afastar de mim. Sabe, o draminha depois o beijo.
— Foi um acerto para mim.
null parou de repassar os passos e começou a encarar null pelo espelho.
— Falei algo errado? — o garoto perguntou, se afastando de null.
— Não, não, é que eu só fiquei um pouco… surpresa, digamos assim — a garota relaxou a postura.
— Surpresa por eu não ter odiado o seu beijo? — null a olhava confuso.
— Você sempre foi muito fechado, null — null começou a se explicar. — Na verdade, não sei nem em que momento a gente conversar virou algo aceitável para você. É estranho não ouvir você reclamando sobre isso, falando que eu não deveria ter feito algo como isso. Coisas assim, entendeu?
— Eu entendo, às vezes sou um pouco reservado demais. — null tentava evitar qualquer tipo de contato. — Então é só a gente esquecer tudo e voltar ao nosso objetivo, o motivo pelo qual começamos a se aproximar, os seus treinos.
O garoto começou a se aproximar lentamente de null, para voltar a guiar os seus passos. A garota deu um suspiro pesado e se virou para null.
— null, você é horrível para lutar por quem quer.
Antes que null deixasse o garoto falar qualquer coisa, ela o puxou, selando seus lábios mornos e iniciando um beijo. Após alguns sem reação, null depositou sua mão no rosto de null e, com a outra mão livre, agarrou sua cintura e a puxou para mais perto dele. null retirou as suas mãos geladas do rosto do garoto e pousou uma delas no ombro de null. Em poucos segundos, o que era um beijo delicado, se transformava lentamente em um beijo voraz.
— null, acho que não deveríamos… — null disse, interrompendo o beijo.
— Fique calma por pelo menos um segundo, não quero estragar isso novamente — o garoto suplicava. — Me diga apenas se não quiser isso.
— Eu quero, talvez mais do que possa imaginar, mas e se alguém chegar?
— Acredite, eles já viram coisas piores por aqui. — null soltou um sorriso bobo. — Agora cale a boca e me beije novamente.
null sorriu antes de juntar os seus lábios com os do garoto novamente. Antes que o beijo pudesse voltar a se intensificar, os dois se afastaram rapidamente por escutarem passos vindos do corredor.
— Que tal sairmos para comer algo mais tarde? — null sussurrou, antes de se separar totalmente da garota.
— Me pegue às três, senhor null — null sussurrou de volta, fazendo o garoto sair rindo.
Assim que null se distanciou o bastante, a garota viu null e null entrarem na sala e irem diretamente em sua direção. Ao ver as garotas andando até ela, null sentiu o seu corpo gelar totalmente assim que se lembrou de null. Será que a amiga realmente gostava de null? Se perguntava null.
— Adivinha quem ficou esperando o estranhão entrar para vir depois? — null sussurrou, assim que chegou perto o bastante de null. — Acredite em mim, null. null está ficando obcecada nele, chega até me assustar. — null começou a aumentar um pouco o tom de voz, mas não o bastante para null ouvir. — Está virando uma stalker. null null, uma stalker!
— Cale a boca, null! — null dava um tapinha de leve na amiga. — Foi só uma coincidência, eu não gosto do null, ele não é meu tipo!
— Aham, sei. — null revirou os olhos.
— Preciso ir ao banheiro, me esperem! — null disse rapidamente e começou a correr para fora da sala.
O celular da garota começou a tocar no meio do caminho, fazendo a garota olhá-lo durante o percurso. Para a sua surpresa, era null. A garota nem se lembrava de ter dado o seu número em algum momento para o garoto.
null null
online
online
As suas amigas parecem doidas, legal.
Espero que não tenham visto nada, não é mesmo, madame?
Pare de fazer piadinhas irônicas com isso, seu idiota.
Quanto grosseria para uma madame.
De onde tirou o madame?
Não sei, mas sabe de algo que eu sei?
Que teremos um encontro às 3.
Te vejo lá!
Na sua casa, pfv, não se confunda.
— Encontro? — null repetiu baixinho.
A garota esperava por tudo, menos que null iria chegar a considerar aquilo um encontro. Em que momento null começou a enxergar ela daquele jeito? Por que ela nunca havia percebido aquilo? Ou ela havia percebido e tentou ignorar?
Tantas perguntas surgiram na cabeça de null, que poderia até se considerar uma leitora de mistério quando alguém totalmente — mas nem tanto — inesperado é o assassino. A garota apenas guardou o seu celular novamente e entrou no banheiro.
Capítulo 12
15:02 da tarde — 04 de novembro de 2017
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null vestia uma jardineira em um tom de jeans claro, com um top amarelo mostarda justo, de manga longa por baixo. Seu cabelo estava solto e em seus pés havia um vans preto. Havia passado apenas um gloss, já que null havia avisado que iriam em um local simples.
Em minutos, a garota escutou a campainha tocar e saltou do sofá para ir atender. Acabou se deparando com o garoto com as mãos por dentro da calça. Vestia uma calça cargo cáqui com uma jaqueta de couro. Por baixo da jaqueta, havia uma blusa da mesma cor da jaqueta, preta. Os seus cabelos estavam levemente molhados, talvez de um recém banho. Em seus pés, havia um par de tênis pretos, de marca não reconhecível para a garota.
— Não sei se estudantes de moda irão aprovar isso, mas era o que estava limpo. — null fazia poses, fazendo null rir. — Está linda, então não vão reparar em mim, assim eu espero.
— Só vou pegar minhas chaves. Se quiser, pode me esperar lá fora — null dizia, indo até a cozinha para pegar as chaves.
— Não, eu posso esperar aqui — o garoto dizia, se apoiando no batente da porta.
null ficou esperando por um tempo, até que a garota apareceu com um pequeno molho de chaves na mão. null fechou a porta e a trancou, então se virou para null.
— Podemos ir, null! — a garota dizia animada.
— Olha, não vamos para nada extravagante — o garoto dizia, entrelaçando os seus dedos com os de null. — São apenas três da tarde e é a primeira vez que saio com uma garota, então quero tentar algo mais… normal.
— Calma, é a primeira vez que sai com uma garota? — null perguntou surpresa.
— Tecnicamente, sim. — null estava com uma expressão confusa. — Bom, a primeira vez em que eu convidei uma garota e não a encontrei acidentalmente e então um encontro se originou.
— Estou até me sentindo especial — a garota dizia irônica.
— Gosta de torta? — null perguntou, mudando de assunto.
— Gosto.
— Então menos uma preocupação para mim. — O garoto abria a porta do passageiro. — Madame.
— Obrigada, null.
null se acomodou no banco e colocou o seu cinto de segurança enquanto esperava null entrar no outro lado. O garoto se jogou no banco do motorista, ligou o carro e colocou o cinto de segurança.
— Espero que não dirija como um louco — null disse, quebrando o pequeno silêncio que havia se instalado.
— Tenho cara de louco? — null lançou um olhar irônico para null.
— Bom, dependendo do ponto de vista.
— Me desculpe, não escutei a atrocidade que acabou de falar — null disse, dando partida.
null riu um pouco enquanto o garoto começava a dirigir, mas parou de rir alguns segundos depois. Como sempre, a garota ficou apenas admirando as ruas da cidade, sem fazer muita questão de conversar com quem estava dirigindo. Mesmo com os pensamentos a mil por conta de null, null ainda conseguia se encantar com cada pedaço do seu trajeto, esquecendo metade das coisas que estava se perguntando por conta do garoto. Em alguns minutos, null avisou para a garota ao seu lado que haviam finalmente chegado. O lugar era um pouco longe de onde null morava e até aparentava ser uma cabana de férias, mas trazia uma sensação de conforto em ambos.
— Quando venho aqui, até sinto que tirei férias da vida — null dizia, trancando o carro. — A aparência de cabana te dá uma sensação agradável.
— Também sinto isso. — null sorria, enquanto examinava o local.
— Vem, nossa mesa está esperando — o garoto dizia, segurando a mão de null novamente.
Assim que percebeu o movimento de null, a garota sentiu suas bochechas corarem um pouco, mas ignorou esse sentimento quando os dois entraram dentro do estabelecimento. Antes que null pudesse falar algo sobre o local, null a puxou para uma mesa perto da janela. O lugar tinha uma decoração rústica — o que já era de se imaginar — e todo o jeito no qual era preparado fazia a pessoa se sentir na casa da avó mais amorosa possível. Rapidamente, uma senhora baixa e de cabelos grisalhos, vestida com o uniforme do local, se aproximou da mesa dos dois.
— Boa tarde, null, vi que trouxe uma amiga. — A senhora colocou um sorriso simpático no rosto. — Bom, se não for só uma amiga, me desculpe, querida.
— Só sou uma colega, senhora, sem desculpas por aqui — null dizia, rindo um pouco envergonhada. — null null, prazer.
— Sou a Laisa, prazer, querida. — Laisa continuava a sorrir. — Bom, para o null te trazer até aqui, não acho que deve ser só uma colega.
Os dois jovens caíram na risada, apenas para esconder a vergonha. null ainda tentava manter contato visual com Laisa, já null, tentava ao máximo esconder o seu rosto.
— Já entendemos, Laisa — o garoto dizia extremamente simpático, mas ainda rindo de vergonha.
— Me desculpe, querido, não sabia que a moça ficaria envergonhada. — Laisa mudou seu olhar de null para null. — Então, o que vão querer?
— O de sempre, por favor, Laisa — null dizia, tentando olhar para a mulher, ainda envergonhado.
— Se tiverem torta de maçã, vou querer uma fatia — null disse, ainda rindo um pouco.
— Ok, então uma fatia de torta de abóbora com chantilly e outra fatia de torta de maçã. — Laisa anotava na mente. — Já irei trazer!
— Obrigado, Laisa. — Os dois jovens disseram ao mesmo tempo.
— Então, null, tenho algumas perguntas para você — null disse, assim que Laisa se afastou o bastante. — Seja sincera.
— Sou toda ouvidos. — null se apoiou para frente, enquanto null se jogou para trás.
— Por que me beijou? — null foi direto, sem tentar esconder nada.
— Não sei? — a garota respondeu confusa. — Por que você aceitou os dois beijos e ainda me chamou para sair e rotulou como um encontro?
— Quem faz as perguntas sou eu.
— Responda, agora!
— Não sei, talvez eu goste de você? — o garoto respondeu um pouco confuso e irritado, até parecendo estar em um interrogatório.
— Ei, se acalma, não perguntei se matou alguém — null disse, rindo. — Mas desde quando talvez gosta de mim? Isso é confuso.
— Também ficou confuso quando me beijou. — null desviou o olhar para baixo. — Pensei um pouco ontem de noite, encaixei as peças.
A garota ficou um tempo olhando para null, tentando raciocinar tudo o que havia escutado. O garoto que ao menos a abraçava dias atrás agora estava provavelmente gostando dela? O que estava acontecendo?
— E você? — O garoto se inclinou para ficar um pouco mais próximo de null. — O que você sente, null?
— E se eu gostar do null? — A garota achava que havia falado apenas para si mesma, mas percebeu que o tom de voz usado havia sido mais alto do que pensava.
— E se você gostar de mim? — null quase repetiu as palavras da garota, com um sorriso no rosto.
— Isso pode ser um risco.
— Descobrir pode ser um risco, null. — null segurou as duas mãos da garota. — Mas pense comigo: E se?
— E se… — null esperou uma resposta do garoto.
— E se der certo? E se realmente gostamos um do outro? — null dizia, com um sorriso se alargando em seu rosto. — E se, e se?
— E se fizermos isso? — a garota dizia, abrindo um sorriso.
— Chega de e se. — O garoto se aproximou mais. — Vamos fazer isso ou não?
— Vamos! — null respondeu entusiasmada.
Os dois se afastaram assim que perceberam que as fatias de tortas haviam chegado. Diferente do que null pensava, os pratos foram levados por uma garota jovem, que se parecia muito com Laisa, então consequentemente deveria ser alguma parente da senhora. null cortou um pedaço de sua fatia com o garfo e comeu, sentindo uma explosão de sabores na primeira mordida.
— Ok, podemos falar como isso é surpreendentemente bom? — a garota disse, se jogando para trás após engolir o pedaço de torta que havia em sua boca.
— Eu nunca decepciono quando o assunto é escolher comida!
Os dois ficaram conversando enquanto comiam as sobremesas. null sabia que o relacionamento com null havia sido a coisa mais rápida que tivera. Mal havia conhecido o garoto e já iria tentar algo com ele por supostamente ambos sentirem algo pelo outro? Isso era loucura! Mas null também sabia disso. Ele sabia e gostava disso. Era como viver como se o seu tempo restante aqui fosse curto. É viver sabendo que o seu tempo aqui será curto. Esse era null null.
Apartamento 313, Toronto, Canadá
null vestia uma jardineira em um tom de jeans claro, com um top amarelo mostarda justo, de manga longa por baixo. Seu cabelo estava solto e em seus pés havia um vans preto. Havia passado apenas um gloss, já que null havia avisado que iriam em um local simples.
Em minutos, a garota escutou a campainha tocar e saltou do sofá para ir atender. Acabou se deparando com o garoto com as mãos por dentro da calça. Vestia uma calça cargo cáqui com uma jaqueta de couro. Por baixo da jaqueta, havia uma blusa da mesma cor da jaqueta, preta. Os seus cabelos estavam levemente molhados, talvez de um recém banho. Em seus pés, havia um par de tênis pretos, de marca não reconhecível para a garota.
— Não sei se estudantes de moda irão aprovar isso, mas era o que estava limpo. — null fazia poses, fazendo null rir. — Está linda, então não vão reparar em mim, assim eu espero.
— Só vou pegar minhas chaves. Se quiser, pode me esperar lá fora — null dizia, indo até a cozinha para pegar as chaves.
— Não, eu posso esperar aqui — o garoto dizia, se apoiando no batente da porta.
null ficou esperando por um tempo, até que a garota apareceu com um pequeno molho de chaves na mão. null fechou a porta e a trancou, então se virou para null.
— Podemos ir, null! — a garota dizia animada.
— Olha, não vamos para nada extravagante — o garoto dizia, entrelaçando os seus dedos com os de null. — São apenas três da tarde e é a primeira vez que saio com uma garota, então quero tentar algo mais… normal.
— Calma, é a primeira vez que sai com uma garota? — null perguntou surpresa.
— Tecnicamente, sim. — null estava com uma expressão confusa. — Bom, a primeira vez em que eu convidei uma garota e não a encontrei acidentalmente e então um encontro se originou.
— Estou até me sentindo especial — a garota dizia irônica.
— Gosta de torta? — null perguntou, mudando de assunto.
— Gosto.
— Então menos uma preocupação para mim. — O garoto abria a porta do passageiro. — Madame.
— Obrigada, null.
null se acomodou no banco e colocou o seu cinto de segurança enquanto esperava null entrar no outro lado. O garoto se jogou no banco do motorista, ligou o carro e colocou o cinto de segurança.
— Espero que não dirija como um louco — null disse, quebrando o pequeno silêncio que havia se instalado.
— Tenho cara de louco? — null lançou um olhar irônico para null.
— Bom, dependendo do ponto de vista.
— Me desculpe, não escutei a atrocidade que acabou de falar — null disse, dando partida.
null riu um pouco enquanto o garoto começava a dirigir, mas parou de rir alguns segundos depois. Como sempre, a garota ficou apenas admirando as ruas da cidade, sem fazer muita questão de conversar com quem estava dirigindo. Mesmo com os pensamentos a mil por conta de null, null ainda conseguia se encantar com cada pedaço do seu trajeto, esquecendo metade das coisas que estava se perguntando por conta do garoto. Em alguns minutos, null avisou para a garota ao seu lado que haviam finalmente chegado. O lugar era um pouco longe de onde null morava e até aparentava ser uma cabana de férias, mas trazia uma sensação de conforto em ambos.
— Quando venho aqui, até sinto que tirei férias da vida — null dizia, trancando o carro. — A aparência de cabana te dá uma sensação agradável.
— Também sinto isso. — null sorria, enquanto examinava o local.
— Vem, nossa mesa está esperando — o garoto dizia, segurando a mão de null novamente.
Assim que percebeu o movimento de null, a garota sentiu suas bochechas corarem um pouco, mas ignorou esse sentimento quando os dois entraram dentro do estabelecimento. Antes que null pudesse falar algo sobre o local, null a puxou para uma mesa perto da janela. O lugar tinha uma decoração rústica — o que já era de se imaginar — e todo o jeito no qual era preparado fazia a pessoa se sentir na casa da avó mais amorosa possível. Rapidamente, uma senhora baixa e de cabelos grisalhos, vestida com o uniforme do local, se aproximou da mesa dos dois.
— Boa tarde, null, vi que trouxe uma amiga. — A senhora colocou um sorriso simpático no rosto. — Bom, se não for só uma amiga, me desculpe, querida.
— Só sou uma colega, senhora, sem desculpas por aqui — null dizia, rindo um pouco envergonhada. — null null, prazer.
— Sou a Laisa, prazer, querida. — Laisa continuava a sorrir. — Bom, para o null te trazer até aqui, não acho que deve ser só uma colega.
Os dois jovens caíram na risada, apenas para esconder a vergonha. null ainda tentava manter contato visual com Laisa, já null, tentava ao máximo esconder o seu rosto.
— Já entendemos, Laisa — o garoto dizia extremamente simpático, mas ainda rindo de vergonha.
— Me desculpe, querido, não sabia que a moça ficaria envergonhada. — Laisa mudou seu olhar de null para null. — Então, o que vão querer?
— O de sempre, por favor, Laisa — null dizia, tentando olhar para a mulher, ainda envergonhado.
— Se tiverem torta de maçã, vou querer uma fatia — null disse, ainda rindo um pouco.
— Ok, então uma fatia de torta de abóbora com chantilly e outra fatia de torta de maçã. — Laisa anotava na mente. — Já irei trazer!
— Obrigado, Laisa. — Os dois jovens disseram ao mesmo tempo.
— Então, null, tenho algumas perguntas para você — null disse, assim que Laisa se afastou o bastante. — Seja sincera.
— Sou toda ouvidos. — null se apoiou para frente, enquanto null se jogou para trás.
— Por que me beijou? — null foi direto, sem tentar esconder nada.
— Não sei? — a garota respondeu confusa. — Por que você aceitou os dois beijos e ainda me chamou para sair e rotulou como um encontro?
— Quem faz as perguntas sou eu.
— Responda, agora!
— Não sei, talvez eu goste de você? — o garoto respondeu um pouco confuso e irritado, até parecendo estar em um interrogatório.
— Ei, se acalma, não perguntei se matou alguém — null disse, rindo. — Mas desde quando talvez gosta de mim? Isso é confuso.
— Também ficou confuso quando me beijou. — null desviou o olhar para baixo. — Pensei um pouco ontem de noite, encaixei as peças.
A garota ficou um tempo olhando para null, tentando raciocinar tudo o que havia escutado. O garoto que ao menos a abraçava dias atrás agora estava provavelmente gostando dela? O que estava acontecendo?
— E você? — O garoto se inclinou para ficar um pouco mais próximo de null. — O que você sente, null?
— E se eu gostar do null? — A garota achava que havia falado apenas para si mesma, mas percebeu que o tom de voz usado havia sido mais alto do que pensava.
— E se você gostar de mim? — null quase repetiu as palavras da garota, com um sorriso no rosto.
— Isso pode ser um risco.
— Descobrir pode ser um risco, null. — null segurou as duas mãos da garota. — Mas pense comigo: E se?
— E se… — null esperou uma resposta do garoto.
— E se der certo? E se realmente gostamos um do outro? — null dizia, com um sorriso se alargando em seu rosto. — E se, e se?
— E se fizermos isso? — a garota dizia, abrindo um sorriso.
— Chega de e se. — O garoto se aproximou mais. — Vamos fazer isso ou não?
— Vamos! — null respondeu entusiasmada.
Os dois se afastaram assim que perceberam que as fatias de tortas haviam chegado. Diferente do que null pensava, os pratos foram levados por uma garota jovem, que se parecia muito com Laisa, então consequentemente deveria ser alguma parente da senhora. null cortou um pedaço de sua fatia com o garfo e comeu, sentindo uma explosão de sabores na primeira mordida.
— Ok, podemos falar como isso é surpreendentemente bom? — a garota disse, se jogando para trás após engolir o pedaço de torta que havia em sua boca.
— Eu nunca decepciono quando o assunto é escolher comida!
Os dois ficaram conversando enquanto comiam as sobremesas. null sabia que o relacionamento com null havia sido a coisa mais rápida que tivera. Mal havia conhecido o garoto e já iria tentar algo com ele por supostamente ambos sentirem algo pelo outro? Isso era loucura! Mas null também sabia disso. Ele sabia e gostava disso. Era como viver como se o seu tempo restante aqui fosse curto. É viver sabendo que o seu tempo aqui será curto. Esse era null null.
Capítulo 13
10:59 da manhã — 21 de novembro de 2017
Apartamento 313, Toronto, Canadá
Se null e null pudessem resumir esses dias em uma palavra, eles provavelmente escolheriam a palavra maravilhosos. Ambos haviam esquecido de todas as preocupações, menos uma, o grande espetáculo que iria acontecer daqui uns dias. Seria a primeira apresentação de null representando a RR Academy, era um grande passo para ela e um pequeno para null, que já estava acostumado com tal atenção. O último ensaio antes do grande dia havia sido adiado para o período da tarde, já que seria mais prático para a maioria dos bailarinos. null tocou a campainha da garota, estava nervoso e quase não conseguia segurar a caixa de chocolates que havia levado. Em alguns segundos, a garota o atendeu com o cabelo preso em um coque alto e com um pijama verde.
— null, que bom te ver! — a garota disse surpresa, abrindo espaço para o garoto entrar.
— Bom dia — null disse, entrando e depositando um selinho em null. — Resolvi visitar a Bela Adormecida em seus aposentos. — Ambos riram.
— Realmente Bela Adormecida, acordei há poucos minutos. — null fechava a porta.
— Aqui, para você! — null disse, entregando a caixa de chocolates para a garota. — Não sabia qual eram os seus favoritos, então trouxe um que eu gosto.
— Nunca comi, parecem bons — null disse, sorrindo para o garoto. — Obrigada. Quer café?
— Aham.
null começou a seguir null enquanto ela se deslocava para a pequena cozinha do apartamento. O garoto se sentou em um dos bancos da mesinha no canto do cômodo, enquanto assistia null colocar uma xícara de café para ambos. A garota entregou a xícara para null e se sentou na frente do garoto.
— Sabe, estive pensando em você passar lá hoje à noite — null disse, soprando o café. — Podemos assistir algum filme depois do ensaio, quem sabe ficamos menos nervosos com a… apresentação.
— Passar onde? — a garota perguntou e tomou um gole de sua bebida.
— Na minha casa.
null tomou mais um gole do café, tentando disfarçar a surpresa. O garoto, que antes era mais reservado que a sala inteira, estava a convidando para a casa dele antes mesmo do primeiro mês? Isso sim era um enorme passo.
— Pode ser, eu só não sei o endereço da sua casa — null dizia, colocando sua xícara na mesa novamente.
— A gente vai direto do treino. — null bebia um pouco do café. — Eu te levo, se quiser, pode levar uma roupa e tomar banho lá.
null assentiu com a cabeça e apenas voltou a beber o seu café. Após ambos beberem as suas bebidas, começaram a jogar conversa fora. Conversas sobre os treinos, a apresentação e, principalmente, sobre eles. O que fariam após aquilo. Mesmo null estando confusa sobre o que aconteceria depois, null sabia exatamente o que iria fazer. Mesmo estando presos na conversa, null se levantou assim que seu celular tocou.
— Já são onze e meia, preciso ir, tenho uma consulta — null disse, guardando o celular enquanto null se levantava. — É só um exame de rotina, mas prefiro não faltar, sabe?
— Entendi — a garota disse, enquanto acompanhava null até a porta.
— Te vejo mais tarde no ensaio? — null perguntou, enquanto null abria a porta.
— Claro!
null agarrou null pela cintura e a puxou, colando seus lábios e iniciando um beijo. Antes que a garota conseguisse ter alguma reação, o garoto afastou a cabeça da sua e sorriu bobo para null.
— Até mais tarde, madame. — null saiu de lá até o elevador.
null ficou um tempo acompanhando o garoto com o olhar, tentando raciocinar tudo que havia acabado de acontecer. Achava que nunca havia tido um beijo tão rápido e repentino quanto esse, mas havia gostado da nova sensação. A garota entrou dentro da casa novamente e fechou a porta, se jogando no sofá e ligando a tevê em um canal qualquer.
20:52 da noite — 21 de novembro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
O último ensaio havia finalmente acabado. Todos estavam cansados, mas não era para menos, já que o ensaio havia começado a uma e meia da tarde e já eram quase nove da noite. Realmente, todos lá estavam se esforçando ao máximo para a apresentação sair perfeita. null arrumava as suas coisas para ir se encontrar com null no carro, até que sentiu uma sombra crescendo perto dela.
— null? — null se virou assim que ouviu a voz de null.
— Oi, null! — a garota dizia, fechando a bolsa. — Quanto tempo.
— É, a última vez que a gente se falou, foi antes do incidente com o null. — null coçava a nuca. — Não o julgo, estávamos colocando toda a culpa nele, sem provas concretas.
— Sim. — null se levantava. — Fiquei sabendo que bateu em alguém, é verdade?
— Sim, mas não é o que pensa. Não fui o vilão de tudo isso. — null tentava se defender. — Eu só gosto de fazer as pessoas pagarem pela merda que fizeram com o mundo ou com alguém.
null fingiu concordar com a cabeça enquanto olhava confusa para o garoto.
— Sabe, ver o sofrimento de pessoas más faz tudo valer a pena.
A garota agora tentava raciocinar o que null estava falando. Tudo valer a pena? Mas que merda era aquela?
— Bom, eu vou indo. — null começou a andar. — Tenho que me encontrar com um amigo, até mais, null!
null saiu do estabelecimento, dando de cara com null apoiado no carro, esperando por ela.
— Demorou, madame. — O garoto se aproximou para beijá-la, mas foi interrompido por sua mão afastando os dois. — Entendi, sem beijos por aqui até você resolver tudo.
— Obrigada — a garota sussurrou. — null me parou para dar um oi, foi coisa rápida, nem demorei tanto assim, dramático — null disse, entrando de um lado do carro, enquanto null entrava do outro. — Ele estava um pouco estranho.
— É o null, ele sempre é estranho.
Os dois colocaram o cinto de segurança e null começou a dirigir pelas ruas de Toronto, em direção à sua casa.
Apartamento 313, Toronto, Canadá
Se null e null pudessem resumir esses dias em uma palavra, eles provavelmente escolheriam a palavra maravilhosos. Ambos haviam esquecido de todas as preocupações, menos uma, o grande espetáculo que iria acontecer daqui uns dias. Seria a primeira apresentação de null representando a RR Academy, era um grande passo para ela e um pequeno para null, que já estava acostumado com tal atenção. O último ensaio antes do grande dia havia sido adiado para o período da tarde, já que seria mais prático para a maioria dos bailarinos. null tocou a campainha da garota, estava nervoso e quase não conseguia segurar a caixa de chocolates que havia levado. Em alguns segundos, a garota o atendeu com o cabelo preso em um coque alto e com um pijama verde.
— null, que bom te ver! — a garota disse surpresa, abrindo espaço para o garoto entrar.
— Bom dia — null disse, entrando e depositando um selinho em null. — Resolvi visitar a Bela Adormecida em seus aposentos. — Ambos riram.
— Realmente Bela Adormecida, acordei há poucos minutos. — null fechava a porta.
— Aqui, para você! — null disse, entregando a caixa de chocolates para a garota. — Não sabia qual eram os seus favoritos, então trouxe um que eu gosto.
— Nunca comi, parecem bons — null disse, sorrindo para o garoto. — Obrigada. Quer café?
— Aham.
null começou a seguir null enquanto ela se deslocava para a pequena cozinha do apartamento. O garoto se sentou em um dos bancos da mesinha no canto do cômodo, enquanto assistia null colocar uma xícara de café para ambos. A garota entregou a xícara para null e se sentou na frente do garoto.
— Sabe, estive pensando em você passar lá hoje à noite — null disse, soprando o café. — Podemos assistir algum filme depois do ensaio, quem sabe ficamos menos nervosos com a… apresentação.
— Passar onde? — a garota perguntou e tomou um gole de sua bebida.
— Na minha casa.
null tomou mais um gole do café, tentando disfarçar a surpresa. O garoto, que antes era mais reservado que a sala inteira, estava a convidando para a casa dele antes mesmo do primeiro mês? Isso sim era um enorme passo.
— Pode ser, eu só não sei o endereço da sua casa — null dizia, colocando sua xícara na mesa novamente.
— A gente vai direto do treino. — null bebia um pouco do café. — Eu te levo, se quiser, pode levar uma roupa e tomar banho lá.
null assentiu com a cabeça e apenas voltou a beber o seu café. Após ambos beberem as suas bebidas, começaram a jogar conversa fora. Conversas sobre os treinos, a apresentação e, principalmente, sobre eles. O que fariam após aquilo. Mesmo null estando confusa sobre o que aconteceria depois, null sabia exatamente o que iria fazer. Mesmo estando presos na conversa, null se levantou assim que seu celular tocou.
— Já são onze e meia, preciso ir, tenho uma consulta — null disse, guardando o celular enquanto null se levantava. — É só um exame de rotina, mas prefiro não faltar, sabe?
— Entendi — a garota disse, enquanto acompanhava null até a porta.
— Te vejo mais tarde no ensaio? — null perguntou, enquanto null abria a porta.
— Claro!
null agarrou null pela cintura e a puxou, colando seus lábios e iniciando um beijo. Antes que a garota conseguisse ter alguma reação, o garoto afastou a cabeça da sua e sorriu bobo para null.
— Até mais tarde, madame. — null saiu de lá até o elevador.
null ficou um tempo acompanhando o garoto com o olhar, tentando raciocinar tudo que havia acabado de acontecer. Achava que nunca havia tido um beijo tão rápido e repentino quanto esse, mas havia gostado da nova sensação. A garota entrou dentro da casa novamente e fechou a porta, se jogando no sofá e ligando a tevê em um canal qualquer.
20:52 da noite — 21 de novembro de 2017
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
O último ensaio havia finalmente acabado. Todos estavam cansados, mas não era para menos, já que o ensaio havia começado a uma e meia da tarde e já eram quase nove da noite. Realmente, todos lá estavam se esforçando ao máximo para a apresentação sair perfeita. null arrumava as suas coisas para ir se encontrar com null no carro, até que sentiu uma sombra crescendo perto dela.
— null? — null se virou assim que ouviu a voz de null.
— Oi, null! — a garota dizia, fechando a bolsa. — Quanto tempo.
— É, a última vez que a gente se falou, foi antes do incidente com o null. — null coçava a nuca. — Não o julgo, estávamos colocando toda a culpa nele, sem provas concretas.
— Sim. — null se levantava. — Fiquei sabendo que bateu em alguém, é verdade?
— Sim, mas não é o que pensa. Não fui o vilão de tudo isso. — null tentava se defender. — Eu só gosto de fazer as pessoas pagarem pela merda que fizeram com o mundo ou com alguém.
null fingiu concordar com a cabeça enquanto olhava confusa para o garoto.
— Sabe, ver o sofrimento de pessoas más faz tudo valer a pena.
A garota agora tentava raciocinar o que null estava falando. Tudo valer a pena? Mas que merda era aquela?
— Bom, eu vou indo. — null começou a andar. — Tenho que me encontrar com um amigo, até mais, null!
null saiu do estabelecimento, dando de cara com null apoiado no carro, esperando por ela.
— Demorou, madame. — O garoto se aproximou para beijá-la, mas foi interrompido por sua mão afastando os dois. — Entendi, sem beijos por aqui até você resolver tudo.
— Obrigada — a garota sussurrou. — null me parou para dar um oi, foi coisa rápida, nem demorei tanto assim, dramático — null disse, entrando de um lado do carro, enquanto null entrava do outro. — Ele estava um pouco estranho.
— É o null, ele sempre é estranho.
Os dois colocaram o cinto de segurança e null começou a dirigir pelas ruas de Toronto, em direção à sua casa.
Capítulo 14
21:23 da noite — 21 de novembro de 2017
Casa 505, Toronto, Canadá
null tentava se decidir entre as centenas de filmes que null tinha. A maioria dos filmes eram dos anos noventa ou dos anos dois mil, então quase não havia filmes da década recente.
— Já escolheu? — null abraçava a garota por trás, sussurrando em seu ouvido.
— Ainda não. — null continuava a olhar pensativa para a estante. — Fico chocada que ainda use DVDs.
— Não é a coisa mais antiquada do mundo, é normal as pessoas ainda usarem. — null deu uma risada fraca, ainda sendo abraçada pelo garoto.
— Não vejo um desse desde, não sei, dois mil e doze? — null arqueiou as sobrancelhas.
— Por acaso você vive em uma caverna? Isso é um pedido de ajuda? — null disse, fazendo a garota rir. — Eu vou pegar algumas coisas para a gente. Caso escolha um filme antes de eu chegar, deve saber colocá-lo no aparelho.
— Não me subestime, null.
— Gosta de vinho? — null soltou a garota.
— Gosto. — null continuava focada na estante.
— Já volto. — O garoto saiu do quarto, deixando null sozinha.
Assim que null saiu do quarto, null avistou o DVD do filme Pânico. Pegou o objeto e foi até a tevê, se abaixando para alcançar o aparelho na bancada. Assim que ligou o aparelho, null percebeu uma pasta colorida embaixo do que estava usando. Não gostava de bancar a curiosa, mas assim que percebeu o nome de um dos hospitais mais famosos gravado no centro da pasta, acabou se deixando levar pela curiosidade. Será que havia acontecido algo com alguém da família de null? Será que havia acontecido algo com null? Assim que largou o DVD e abriu a pasta, null começou a analisar o conteúdo dentro dela. Algumas unidades de Raio-X, papéis e mais papéis com várias informações. null sabia que ali não havia papéis de apenas uma consulta, era uma quantidade enorme, então não podiam ser de null. A garota havia ignorado tudo, apenas passando rápido para checar o que havia dentro, mas voltou para analisar tudo novamente assim que viu o nome do garoto nos exames. Não podiam ser apenas exames de rotina, eram muitos para apenas dois anos, como os documentos informaram em forma cronológica. Assim que analisou tudo novamente, com mais cuidado, null finalmente percebeu tudo o que estava acontecendo. Realmente não eram apenas exames de rotina.
— Câncer de pulmão — null sussurrou, em um suspiro.
— Então, null, eu não sabia qual você gostava, então trouxe vinho tinto e branco — null dizia, entrando no quarto, mas parou de andar assim que viu a garota com os papéis espalhados no chão. — null, o que está acontecendo?
— Eu que pergunto para você, null — a garota dizia, levantando alguns dos papéis. — O que está acontecendo?
— Merda. — O garoto colocou as duas garrafas na cômoda mais próxima. — Olha, null, vamos apenas esquecer disso.
— Esquecer? — null se levantou em um pulo. — Vamos esquecer do seu câncer encontrado em estágio dois há dois anos? — a garota perguntou irritada. — Em que momento pensou em me contar isso? Em que momento pensou em se cuidar, null? — null começava a gritar, enquanto lágrimas começavam a escorrer pelo seu rosto. — Você ao menos pensou em fazer um tratamento, a cada vez vai piorando.
— null. — null caminhava triste até ela. — Me desculpe, eu não te falei nada por medo.
— Medo? — A garota ficava mais irritada a cada palavra que era falada. — Medo do quê, null?
— De te perder. — O garoto parou em frente a ela. — Se você pudesse ver quão irritada está agora. Eu sabia que iria reagir assim. — null a abraçou, escondendo o rosto da garota no seu ombro.
— Por que você não começou o tratamento? — null perguntava, molhando a camisa do garoto com lágrimas.
— Não tinha mais jeito no meu estado. — null apertava-a com mais força. — A médica me falou que só iria prolongar as coisas. Eu até comecei o tratamento, assim eu morreria mais devagar, mas eu percebi que era um gasto de tempo e dinheiro.
A garota conseguia controlar as lágrimas, mas, mesmo assim, havia parado de falar totalmente. Achava que não tinha forças para sequer olhar para null. Apenas pensava no que poderia acontecer daquele dia em diante.
— Esse vai ser o meu último espetáculo — o garoto dizia, quebrando o silêncio. — O câncer começou a atingir algumas partes um pouco mais sensíveis, talvez eu não consiga mais dançar.
null finalmente conseguia olhar nos olhos do garoto. Não havia mais lágrimas escorrendo, mas os olhos da garota ainda estavam cheios de água. null pôs as mãos no rosto do garoto, enquanto null a segurava pela cintura.
— null… — null queria continuar falando, mas não encontrava forças para tal ato.
— Sei que é algo assustador, mas eu só quero ter uma noite normal — null começava a suplicar. — Por favor, eu te imploro, null. Vamos apenas assistir ao filme e ter uma noite normal, como namorados.
— Namorados? — null perguntou, abrindo um sorriso.
— Foi um modo de falar. — null arqueou as sobrancelhas, tentando conter a risada.
Não era como se null não quisesse finalmente tê-la como namorada, mas não podia estragar o que estava preparando.
— Então vamos assistir Pânico, senhor null. — A garota se soltou de null e se agachou para colocar o DVD.
— Com vinho e chocolate, madame. — null foi até a cômoda para pegar as coisas.
— Estranhamente tentador. — null riu, pegando o controle e começando o filme.
Os dois se jogaram na cama, um do lado do outro, começando a falar sobre o filme antes de começar. Assim que null sugeriu o vinho, ambos se sentaram enquanto o garoto se estendia para pegar as taças no chão, servindo as bebidas logo após.
Casa 505, Toronto, Canadá
null tentava se decidir entre as centenas de filmes que null tinha. A maioria dos filmes eram dos anos noventa ou dos anos dois mil, então quase não havia filmes da década recente.
— Já escolheu? — null abraçava a garota por trás, sussurrando em seu ouvido.
— Ainda não. — null continuava a olhar pensativa para a estante. — Fico chocada que ainda use DVDs.
— Não é a coisa mais antiquada do mundo, é normal as pessoas ainda usarem. — null deu uma risada fraca, ainda sendo abraçada pelo garoto.
— Não vejo um desse desde, não sei, dois mil e doze? — null arqueiou as sobrancelhas.
— Por acaso você vive em uma caverna? Isso é um pedido de ajuda? — null disse, fazendo a garota rir. — Eu vou pegar algumas coisas para a gente. Caso escolha um filme antes de eu chegar, deve saber colocá-lo no aparelho.
— Não me subestime, null.
— Gosta de vinho? — null soltou a garota.
— Gosto. — null continuava focada na estante.
— Já volto. — O garoto saiu do quarto, deixando null sozinha.
Assim que null saiu do quarto, null avistou o DVD do filme Pânico. Pegou o objeto e foi até a tevê, se abaixando para alcançar o aparelho na bancada. Assim que ligou o aparelho, null percebeu uma pasta colorida embaixo do que estava usando. Não gostava de bancar a curiosa, mas assim que percebeu o nome de um dos hospitais mais famosos gravado no centro da pasta, acabou se deixando levar pela curiosidade. Será que havia acontecido algo com alguém da família de null? Será que havia acontecido algo com null? Assim que largou o DVD e abriu a pasta, null começou a analisar o conteúdo dentro dela. Algumas unidades de Raio-X, papéis e mais papéis com várias informações. null sabia que ali não havia papéis de apenas uma consulta, era uma quantidade enorme, então não podiam ser de null. A garota havia ignorado tudo, apenas passando rápido para checar o que havia dentro, mas voltou para analisar tudo novamente assim que viu o nome do garoto nos exames. Não podiam ser apenas exames de rotina, eram muitos para apenas dois anos, como os documentos informaram em forma cronológica. Assim que analisou tudo novamente, com mais cuidado, null finalmente percebeu tudo o que estava acontecendo. Realmente não eram apenas exames de rotina.
— Câncer de pulmão — null sussurrou, em um suspiro.
— Então, null, eu não sabia qual você gostava, então trouxe vinho tinto e branco — null dizia, entrando no quarto, mas parou de andar assim que viu a garota com os papéis espalhados no chão. — null, o que está acontecendo?
— Eu que pergunto para você, null — a garota dizia, levantando alguns dos papéis. — O que está acontecendo?
— Merda. — O garoto colocou as duas garrafas na cômoda mais próxima. — Olha, null, vamos apenas esquecer disso.
— Esquecer? — null se levantou em um pulo. — Vamos esquecer do seu câncer encontrado em estágio dois há dois anos? — a garota perguntou irritada. — Em que momento pensou em me contar isso? Em que momento pensou em se cuidar, null? — null começava a gritar, enquanto lágrimas começavam a escorrer pelo seu rosto. — Você ao menos pensou em fazer um tratamento, a cada vez vai piorando.
— null. — null caminhava triste até ela. — Me desculpe, eu não te falei nada por medo.
— Medo? — A garota ficava mais irritada a cada palavra que era falada. — Medo do quê, null?
— De te perder. — O garoto parou em frente a ela. — Se você pudesse ver quão irritada está agora. Eu sabia que iria reagir assim. — null a abraçou, escondendo o rosto da garota no seu ombro.
— Por que você não começou o tratamento? — null perguntava, molhando a camisa do garoto com lágrimas.
— Não tinha mais jeito no meu estado. — null apertava-a com mais força. — A médica me falou que só iria prolongar as coisas. Eu até comecei o tratamento, assim eu morreria mais devagar, mas eu percebi que era um gasto de tempo e dinheiro.
A garota conseguia controlar as lágrimas, mas, mesmo assim, havia parado de falar totalmente. Achava que não tinha forças para sequer olhar para null. Apenas pensava no que poderia acontecer daquele dia em diante.
— Esse vai ser o meu último espetáculo — o garoto dizia, quebrando o silêncio. — O câncer começou a atingir algumas partes um pouco mais sensíveis, talvez eu não consiga mais dançar.
null finalmente conseguia olhar nos olhos do garoto. Não havia mais lágrimas escorrendo, mas os olhos da garota ainda estavam cheios de água. null pôs as mãos no rosto do garoto, enquanto null a segurava pela cintura.
— null… — null queria continuar falando, mas não encontrava forças para tal ato.
— Sei que é algo assustador, mas eu só quero ter uma noite normal — null começava a suplicar. — Por favor, eu te imploro, null. Vamos apenas assistir ao filme e ter uma noite normal, como namorados.
— Namorados? — null perguntou, abrindo um sorriso.
— Foi um modo de falar. — null arqueou as sobrancelhas, tentando conter a risada.
Não era como se null não quisesse finalmente tê-la como namorada, mas não podia estragar o que estava preparando.
— Então vamos assistir Pânico, senhor null. — A garota se soltou de null e se agachou para colocar o DVD.
— Com vinho e chocolate, madame. — null foi até a cômoda para pegar as coisas.
— Estranhamente tentador. — null riu, pegando o controle e começando o filme.
Os dois se jogaram na cama, um do lado do outro, começando a falar sobre o filme antes de começar. Assim que null sugeriu o vinho, ambos se sentaram enquanto o garoto se estendia para pegar as taças no chão, servindo as bebidas logo após.
Capítulo 15
19:10 da noite — 22 de novembro de 2017
Red Royalty Theatre, Toronto, Canadá
null se admirava no espelho, se achando a pessoa mais sortuda do mundo. Vestia o seu figurino com o tule gigante. A roupa era toda em um tom de rosa extremamente fraco, tão fraco que muita iluminação o faria ficar quase um branco. A roupa contava com detalhes em dourado e alguns detalhes feitos de organza branca, como as mangas que mostravam os ombros da garota e o interior do seu tule. Suas sapatilhas eram do mesmo tom de rosa da sua roupa, já a sua meia calça, era branca. Eram totalmente diferentes do que null usava — sapatilhas vermelhas e meia-calça preta —, mas isso apenas a fazia se sentir mais orgulhosa de si mesma. Seu cabelo — preso em um coque — estava enfeitado com pequenas flores rosas e brancas por volta de todo o cabelo. Sua maquiagem era leve, mas isso não era um motivo para fazê-la ser estranha, feia ou algo do tipo. null só usaria suas sapatilhas na hora do espetáculo, mas mesmo estando usando apenas pantufas por agora, não parava de encarar os sapatos que usaria em breve. null ouviu uma melodia tocar e soube no momento que era seu celular. A garota foi até a penteadeira e pegou o telefone, se deparando com uma ligação sendo feita por null.
— Alô? — null atendeu, fingindo que não sabia o que estava acontecendo.
— Madame, aqui é o prestador de serviços de um homem extremamente charmoso. — A garota riu assim que ouviu a voz de null. — O seu amado, null null, solicitou que eu avisasse que, daqui a uns minutos, ele espera encontrar a senhorita no terraço.
— Pode avisar ao meu amado que estarei lá. — null ria fraco. — Até breve.
A garota desligou o telefone e o deixou na penteadeira. Tentou sair do camarim para ir até o terraço, mas foi parada por null.
— Amiga, preciso falar com você rapidinho. — null bloqueava a porta.
— Pode falar — null disse confusa.
— É verdade que está saindo com o null? — null recuava um pouco. — Antes que ache estranho, foi null que me falou. Não falou que estava tendo algo com ele, mas que viu vocês saindo juntos ontem depois do ensaio.
null queria contar. Uma das coisas que null mais queria fazer agora era contar detalhe por detalhe para a amiga, demonstrando o quanto estava feliz com aquela decisão que havia tomado. Mas então se lembrou de que null poderia não ficar confortável em uma situação e, o pior, se lembrou de como seria uma péssima amiga se null realmente gostasse do garoto. Merda, como havia esquecido esse detalhe?
— Não, ele só me ajudou a comprar uma sapatilha nova. — null tentou mentir. — A loja era longe e estava quase fechando, então ele me deu uma carona para que eu pudesse chegar lá a tempo. Só isso.
— Que bom saber. — null sorria aliviada. — Sabe, por precaução, por conta de null.
— Ah, sim, claro. — null ria de nervosismo. — Bom, se me permitir, preciso ir ali.
— Oh, claro. — null recuou mais um pouco. — Até mais, estrela mais brilhante da noite!
null sorriu com a brincadeirinha da amiga, mas já estava correndo antes que conseguisse responder a garota. Talvez null fosse uma péssima amiga por causa do que estava fazendo com null, ou até pior por esquecer que null podia gostar dele, mas agora não era o melhor momento para pensar nisso. null null teria a melhor noite de sua vida, finalmente se sentiria no topo. Ela poderia focar um pouco em si mesma durante essa noite, não poderia? null sentia o vento bater no seu rosto assim que chegava ao terraço, não poderia estar se sentindo melhor. A garota se sentou um pouco próximo da borda — mas não tanto —, cruzando as pernas em formato borboleta. Ficou se imaginando na peça, pensando o quão espetacular ela seria. Torcia para que ouvisse elogios depois da sua apresentação, torcia para que as pessoas a olhassem com orgulho, com admiração. A garota ficou aproveitando mais um pouco o silêncio do local, até que ouviu a porta se abrir e se fechar, então se levantou para receber o garoto.
— null, achei que não viria mais!
null se virou com um sorriso no rosto, mas o seu sorriso sumiu assim que percebeu que era apenas mais um dos dançarinos de fundo, porém com um moletom cobrindo a sua camisa e o capuz cobrindo seu rosto.
— Em que posso ajudar? — null perguntou confusa.
— Cale a boca, agora! — O assassino corria até ela, sacando uma arma de dentro do moletom. — Se falar um piu, são dois tiros na cabeça, você morre agorinha!
null não sabia o que falar, afinal, ela não podia falar. Só sentia a sua visão embaçar mais e mais por conta das lágrimas se formando. No começo, não conseguia adivinhar quem estava por baixo do capuz, mas assim que uma luz passou rapidamente por ambos, null rapidamente conseguiu decifrar quem era. Perceber quem era o assassino só a fez entrar em mais desespero ainda. Esteve ao lado de um ser como aquele durante todo esse tempo? Ela confiou naquela pessoa durante todo esse tempo?
— Olha, eu não sei com quem caralhos você veio se encontrar, mas sei que tenho que terminar isso antes da pessoa chegar — a pessoa encapuzada continuava a falar. — E com tempo de eu me esconder, obviamente.
null tentava segurar os soluços formados pelo choro, que agora fazia água escorrer pelo rosto da garota.
— Pensei em ser original dessa vez. — O assassino escondeu a arma. — Que tal fazer parecer ser um suicídio? Você vira uma estrela nos jornais e eu fico com pouca suspeita para o meu lado.
— Por favor, não — null sussurrava, enquanto começava a chorar mais.
A garota entrou em total desespero ao se ver perto da borda. Havia sido uma idiota de entregar tudo aquilo de bandeja. Se preocupava com o fato de ter chances de null chegar e vê-la naquele estado, mas nada ocuparia mais a sua mente do que a vontade que tinha de continuar viva naquele momento.
— Você é uma péssima amiga, null null — o assassino encapuzado dizia, a segurando perto de onde a causaria uma queda mortal. — Ou será que devo te chamar de null?
A garota tentava respirar, mas fechou os seus olhos assim que sentiu que a morte não era uma opção, era a coisa que lhe restava. O assassino a segurava forte, por um momento null teve a esperança de ter sua vida poupada, mas sabia que aquele pensamento era apenas uma ilusão criada por sua cabeça.
— Sem mais um passo! — a pessoa que segurava null gritava.
Assim que null abriu os olhos para checar o que estava acontecendo, se deparou com o assassino apontando uma arma para quem ela menos desejava estar ali agora, null.
— Espera… podemos conversar com calma. — null andava delicadamente até a pessoa. — Posso te oferecer uma grande quantia e uma identidade falsa. Você some daqui, não falamos nada e pronto!
Assim que null viu um sorriso se formar no rosto do assassino, se encheu um pouco de esperança, achando que havia conquistado o maldito. Antes que pudesse tentar segurar o sorriso causado pela possível vitória, null viu o assassino soltar a única mão que estava segurando a garota.
— Ops, escorregou! — a pessoa disse, alargando o sorriso. — Se acalme, null, não irei te matar, só dar um jeitinho em você.
null havia corrido para tentar ter tempo de segurar a amada, mas já não havia mais jeito. null já estava sentindo a gravidade puxando-a para baixo, apenas fazendo o seu trabalho. As lágrimas da garota escorriam rápido como a sua vida iria assim que a queda fosse finalizada. E então, em questão de segundos, null viu a única pessoa que ele se permitiu amar depois desses dois anos cair em queda livre, diretamente na calçada à frente de onde seu futuro seria feito. E então, null null se permitiu chorar. Ele se permitiu chorar o bastante, ele permitiu que o seu coração doesse o bastante, ele permitiu sentir tudo o que deveria ser sentido, porque quem ele amava não estaria lá dali a alguns minutos. E ele não estaria lá dali a alguns meses, então não precisaria fazer nada, porque a única coisa que seria o bastante para fazê-lo parar de sentir a dor que sentia seria a morte. Tudo estaria bem quando ele estivesse lá, perto da sua amada. null apertou a caixinha com o anel dentro, o anel que ficaria no dedo da garota se ela aceitasse o seu pedido. O anel que ficaria no dedo da sua amada se ele ao menos chegasse a tempo de salvá-la e fazer o pedido.
— Os dois, parados! — null ouviu outro soar de arma e se deparou com null segurando uma arma na direção dele e do assassino. — Tenho motivo para matar os dois, acreditem em mim, nenhum tem mais chances de ser salvo do que o outro.
— Eu não ligo para o que vai fazer, null — null gritava, com lágrimas escorrendo por todo o rosto. — No tanto que esse filha da puta morra!
null começava a chegar mais perto do assassino, com fúria nos olhos. null e a outra pessoa sabiam que null null queria bater nele, então ambos apontaram sua arma em direção ao garoto.
— Você para ou eu te mato! — null gritou, ainda na porta de acesso.
— Então atire! — null gritou, se aproximando extremamente da borda. — Atire e então viverei em paz!
— Seu filho da puta, não sabe o que está falando!
— null, melhor parar — a pessoa dizia trêmula.
— O que está esperando, null? — null provocava o garoto. — É tão inútil ao ponto de não conseguir me matar?
— Desgraçado!
Enquanto null ria da fúria em null, o garoto irritado atirava duas vezes contra a cabeça do garoto de cabelos null. Em questão de segundos, null caiu em queda livre, sangrando rapidamente, porém morrendo aos poucos. Todos que passavam pela frente do teatro único da prezada academia de dança, Red Royalty Academy, poderiam ver os corpos dos amados, um ao lado do outro, ambos já sem vida.
A Bela Adormecida e o seu príncipe haviam sido atingidos pelo feitiço que se chamava crueldade e haviam caído em um sono eterno. Por um único momento da vida, eles souberam que iriam passar o resto da eternidade com a última pessoa que eles haviam amado no mundo real. Mas será que realmente havia uma eternidade em que pessoas que amam poderiam viver em paz?
08:30 da manhã — 12 de fevereiro de 2018
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
Havia se passado alguns meses desde a famosa tragédia da Aurora. A Red Royalty Academy nunca mais havia sido a mesma, em questão de respeito, já que haviam voltado com todos os ensaios normais em menos de uma semana.
null null havia sido enterrada com as sapatilhas que tanto desejava usar naquela trágica noite. Já null null, havia sido enterrado ao lado de sua última amada, sem algum bem presente em sua vida. O funeral havia sido triste, mais triste do que imaginariam durante a vida. null e null eram as que mais sofriam, principalmente por conta da recém-amiga. null null e null null eram jovens demais para tudo, mas nada disso importava para os assassinos.
Em uma das pausas concedidas pela senhora Donovan, todos os alunos pararam para notar a presença dos policiais, assim que três deles entraram na sala sem falar uma palavra, até dois deles sacarem algemas.
— null null, está preso pelo assassinato das alunas Lindy Hosterman, Jolie Bull e null null. Também está sendo incriminado pela cumplicidade no assassinato do aluno null null — o primeiro policial dizia, algemando o garoto. — Tem o direito de permanecer calado.
— null null, está sendo preso pela cumplicidade no assassinato de Jolie Bull e null null, e pelo assassinato de null null — o segundo policial dizia, também algemando o outro garoto. — Tem o direito de permanecer calado.
Os dois policiais levaram os meninos algemados para fora da sala, com a outra policial atrás deles. Todos da sala ficaram em completo estado de choque, tentando raciocinar a cena.
null e null sendo presos. null era o assassino. Como tudo isso havia acontecido? Mas então lembraram do que realmente importava, o descanso eterno da vida para todas as vítimas. Mas poderia aquilo ser um fim?
Red Royalty Theatre, Toronto, Canadá
null se admirava no espelho, se achando a pessoa mais sortuda do mundo. Vestia o seu figurino com o tule gigante. A roupa era toda em um tom de rosa extremamente fraco, tão fraco que muita iluminação o faria ficar quase um branco. A roupa contava com detalhes em dourado e alguns detalhes feitos de organza branca, como as mangas que mostravam os ombros da garota e o interior do seu tule. Suas sapatilhas eram do mesmo tom de rosa da sua roupa, já a sua meia calça, era branca. Eram totalmente diferentes do que null usava — sapatilhas vermelhas e meia-calça preta —, mas isso apenas a fazia se sentir mais orgulhosa de si mesma. Seu cabelo — preso em um coque — estava enfeitado com pequenas flores rosas e brancas por volta de todo o cabelo. Sua maquiagem era leve, mas isso não era um motivo para fazê-la ser estranha, feia ou algo do tipo. null só usaria suas sapatilhas na hora do espetáculo, mas mesmo estando usando apenas pantufas por agora, não parava de encarar os sapatos que usaria em breve. null ouviu uma melodia tocar e soube no momento que era seu celular. A garota foi até a penteadeira e pegou o telefone, se deparando com uma ligação sendo feita por null.
— Alô? — null atendeu, fingindo que não sabia o que estava acontecendo.
— Madame, aqui é o prestador de serviços de um homem extremamente charmoso. — A garota riu assim que ouviu a voz de null. — O seu amado, null null, solicitou que eu avisasse que, daqui a uns minutos, ele espera encontrar a senhorita no terraço.
— Pode avisar ao meu amado que estarei lá. — null ria fraco. — Até breve.
A garota desligou o telefone e o deixou na penteadeira. Tentou sair do camarim para ir até o terraço, mas foi parada por null.
— Amiga, preciso falar com você rapidinho. — null bloqueava a porta.
— Pode falar — null disse confusa.
— É verdade que está saindo com o null? — null recuava um pouco. — Antes que ache estranho, foi null que me falou. Não falou que estava tendo algo com ele, mas que viu vocês saindo juntos ontem depois do ensaio.
null queria contar. Uma das coisas que null mais queria fazer agora era contar detalhe por detalhe para a amiga, demonstrando o quanto estava feliz com aquela decisão que havia tomado. Mas então se lembrou de que null poderia não ficar confortável em uma situação e, o pior, se lembrou de como seria uma péssima amiga se null realmente gostasse do garoto. Merda, como havia esquecido esse detalhe?
— Não, ele só me ajudou a comprar uma sapatilha nova. — null tentou mentir. — A loja era longe e estava quase fechando, então ele me deu uma carona para que eu pudesse chegar lá a tempo. Só isso.
— Que bom saber. — null sorria aliviada. — Sabe, por precaução, por conta de null.
— Ah, sim, claro. — null ria de nervosismo. — Bom, se me permitir, preciso ir ali.
— Oh, claro. — null recuou mais um pouco. — Até mais, estrela mais brilhante da noite!
null sorriu com a brincadeirinha da amiga, mas já estava correndo antes que conseguisse responder a garota. Talvez null fosse uma péssima amiga por causa do que estava fazendo com null, ou até pior por esquecer que null podia gostar dele, mas agora não era o melhor momento para pensar nisso. null null teria a melhor noite de sua vida, finalmente se sentiria no topo. Ela poderia focar um pouco em si mesma durante essa noite, não poderia? null sentia o vento bater no seu rosto assim que chegava ao terraço, não poderia estar se sentindo melhor. A garota se sentou um pouco próximo da borda — mas não tanto —, cruzando as pernas em formato borboleta. Ficou se imaginando na peça, pensando o quão espetacular ela seria. Torcia para que ouvisse elogios depois da sua apresentação, torcia para que as pessoas a olhassem com orgulho, com admiração. A garota ficou aproveitando mais um pouco o silêncio do local, até que ouviu a porta se abrir e se fechar, então se levantou para receber o garoto.
— null, achei que não viria mais!
null se virou com um sorriso no rosto, mas o seu sorriso sumiu assim que percebeu que era apenas mais um dos dançarinos de fundo, porém com um moletom cobrindo a sua camisa e o capuz cobrindo seu rosto.
— Em que posso ajudar? — null perguntou confusa.
— Cale a boca, agora! — O assassino corria até ela, sacando uma arma de dentro do moletom. — Se falar um piu, são dois tiros na cabeça, você morre agorinha!
null não sabia o que falar, afinal, ela não podia falar. Só sentia a sua visão embaçar mais e mais por conta das lágrimas se formando. No começo, não conseguia adivinhar quem estava por baixo do capuz, mas assim que uma luz passou rapidamente por ambos, null rapidamente conseguiu decifrar quem era. Perceber quem era o assassino só a fez entrar em mais desespero ainda. Esteve ao lado de um ser como aquele durante todo esse tempo? Ela confiou naquela pessoa durante todo esse tempo?
— Olha, eu não sei com quem caralhos você veio se encontrar, mas sei que tenho que terminar isso antes da pessoa chegar — a pessoa encapuzada continuava a falar. — E com tempo de eu me esconder, obviamente.
null tentava segurar os soluços formados pelo choro, que agora fazia água escorrer pelo rosto da garota.
— Pensei em ser original dessa vez. — O assassino escondeu a arma. — Que tal fazer parecer ser um suicídio? Você vira uma estrela nos jornais e eu fico com pouca suspeita para o meu lado.
— Por favor, não — null sussurrava, enquanto começava a chorar mais.
A garota entrou em total desespero ao se ver perto da borda. Havia sido uma idiota de entregar tudo aquilo de bandeja. Se preocupava com o fato de ter chances de null chegar e vê-la naquele estado, mas nada ocuparia mais a sua mente do que a vontade que tinha de continuar viva naquele momento.
— Você é uma péssima amiga, null null — o assassino encapuzado dizia, a segurando perto de onde a causaria uma queda mortal. — Ou será que devo te chamar de null?
A garota tentava respirar, mas fechou os seus olhos assim que sentiu que a morte não era uma opção, era a coisa que lhe restava. O assassino a segurava forte, por um momento null teve a esperança de ter sua vida poupada, mas sabia que aquele pensamento era apenas uma ilusão criada por sua cabeça.
— Sem mais um passo! — a pessoa que segurava null gritava.
Assim que null abriu os olhos para checar o que estava acontecendo, se deparou com o assassino apontando uma arma para quem ela menos desejava estar ali agora, null.
— Espera… podemos conversar com calma. — null andava delicadamente até a pessoa. — Posso te oferecer uma grande quantia e uma identidade falsa. Você some daqui, não falamos nada e pronto!
Assim que null viu um sorriso se formar no rosto do assassino, se encheu um pouco de esperança, achando que havia conquistado o maldito. Antes que pudesse tentar segurar o sorriso causado pela possível vitória, null viu o assassino soltar a única mão que estava segurando a garota.
— Ops, escorregou! — a pessoa disse, alargando o sorriso. — Se acalme, null, não irei te matar, só dar um jeitinho em você.
null havia corrido para tentar ter tempo de segurar a amada, mas já não havia mais jeito. null já estava sentindo a gravidade puxando-a para baixo, apenas fazendo o seu trabalho. As lágrimas da garota escorriam rápido como a sua vida iria assim que a queda fosse finalizada. E então, em questão de segundos, null viu a única pessoa que ele se permitiu amar depois desses dois anos cair em queda livre, diretamente na calçada à frente de onde seu futuro seria feito. E então, null null se permitiu chorar. Ele se permitiu chorar o bastante, ele permitiu que o seu coração doesse o bastante, ele permitiu sentir tudo o que deveria ser sentido, porque quem ele amava não estaria lá dali a alguns minutos. E ele não estaria lá dali a alguns meses, então não precisaria fazer nada, porque a única coisa que seria o bastante para fazê-lo parar de sentir a dor que sentia seria a morte. Tudo estaria bem quando ele estivesse lá, perto da sua amada. null apertou a caixinha com o anel dentro, o anel que ficaria no dedo da garota se ela aceitasse o seu pedido. O anel que ficaria no dedo da sua amada se ele ao menos chegasse a tempo de salvá-la e fazer o pedido.
— Os dois, parados! — null ouviu outro soar de arma e se deparou com null segurando uma arma na direção dele e do assassino. — Tenho motivo para matar os dois, acreditem em mim, nenhum tem mais chances de ser salvo do que o outro.
— Eu não ligo para o que vai fazer, null — null gritava, com lágrimas escorrendo por todo o rosto. — No tanto que esse filha da puta morra!
null começava a chegar mais perto do assassino, com fúria nos olhos. null e a outra pessoa sabiam que null null queria bater nele, então ambos apontaram sua arma em direção ao garoto.
— Você para ou eu te mato! — null gritou, ainda na porta de acesso.
— Então atire! — null gritou, se aproximando extremamente da borda. — Atire e então viverei em paz!
— Seu filho da puta, não sabe o que está falando!
— null, melhor parar — a pessoa dizia trêmula.
— O que está esperando, null? — null provocava o garoto. — É tão inútil ao ponto de não conseguir me matar?
— Desgraçado!
Enquanto null ria da fúria em null, o garoto irritado atirava duas vezes contra a cabeça do garoto de cabelos null. Em questão de segundos, null caiu em queda livre, sangrando rapidamente, porém morrendo aos poucos. Todos que passavam pela frente do teatro único da prezada academia de dança, Red Royalty Academy, poderiam ver os corpos dos amados, um ao lado do outro, ambos já sem vida.
A Bela Adormecida e o seu príncipe haviam sido atingidos pelo feitiço que se chamava crueldade e haviam caído em um sono eterno. Por um único momento da vida, eles souberam que iriam passar o resto da eternidade com a última pessoa que eles haviam amado no mundo real. Mas será que realmente havia uma eternidade em que pessoas que amam poderiam viver em paz?
08:30 da manhã — 12 de fevereiro de 2018
Red Royalty Academy, Toronto, Canadá
Havia se passado alguns meses desde a famosa tragédia da Aurora. A Red Royalty Academy nunca mais havia sido a mesma, em questão de respeito, já que haviam voltado com todos os ensaios normais em menos de uma semana.
null null havia sido enterrada com as sapatilhas que tanto desejava usar naquela trágica noite. Já null null, havia sido enterrado ao lado de sua última amada, sem algum bem presente em sua vida. O funeral havia sido triste, mais triste do que imaginariam durante a vida. null e null eram as que mais sofriam, principalmente por conta da recém-amiga. null null e null null eram jovens demais para tudo, mas nada disso importava para os assassinos.
Em uma das pausas concedidas pela senhora Donovan, todos os alunos pararam para notar a presença dos policiais, assim que três deles entraram na sala sem falar uma palavra, até dois deles sacarem algemas.
— null null, está preso pelo assassinato das alunas Lindy Hosterman, Jolie Bull e null null. Também está sendo incriminado pela cumplicidade no assassinato do aluno null null — o primeiro policial dizia, algemando o garoto. — Tem o direito de permanecer calado.
— null null, está sendo preso pela cumplicidade no assassinato de Jolie Bull e null null, e pelo assassinato de null null — o segundo policial dizia, também algemando o outro garoto. — Tem o direito de permanecer calado.
Os dois policiais levaram os meninos algemados para fora da sala, com a outra policial atrás deles. Todos da sala ficaram em completo estado de choque, tentando raciocinar a cena.
null e null sendo presos. null era o assassino. Como tudo isso havia acontecido? Mas então lembraram do que realmente importava, o descanso eterno da vida para todas as vítimas. Mas poderia aquilo ser um fim?
FIM
Nota da autora: É tão bom estar finalizando outra história, que mal consigo pensar no que falar aqui. Foi a minha primeira história escrita para o FFOBS, então foi uma experiência totalmente nova para mim. Decidi escolher o FFOBS para postar “Run Girl Run”, por conta de uma nova experiência que havia tido.
Run Girl Run foi a junção de várias coisas que fizeram parte da minha vida. A primeira coisa — e a principal delas — foi uma história chamada “Trainee”, que eu comecei entre o final de 2021 e o começo de 2022. Infelizmente, nunca levei essa história para frente, então resolvi adaptar a ideia para RGR. Sem contar as outras, que, juntando, dariam uma lista enorme.
Sou grata por ter escrito essa história e espero que tenham gostado tanto de ler ela, quanto eu gostei de escrevê-la.
Aqui está meu WATTPAD (única outra rede que tenho disponível por agora, sem ser o YouTube).
Essa história foi iniciada no dia 30/12/2022 exatamente às 23:34 da noite e foi finalizada no dia 04/02/2023 exatamente às 00:04 da madrugada.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Para saber quando essa fanfic vai atualizar, acompanhe aqui.
Run Girl Run foi a junção de várias coisas que fizeram parte da minha vida. A primeira coisa — e a principal delas — foi uma história chamada “Trainee”, que eu comecei entre o final de 2021 e o começo de 2022. Infelizmente, nunca levei essa história para frente, então resolvi adaptar a ideia para RGR. Sem contar as outras, que, juntando, dariam uma lista enorme.
Sou grata por ter escrito essa história e espero que tenham gostado tanto de ler ela, quanto eu gostei de escrevê-la.
Aqui está meu WATTPAD (única outra rede que tenho disponível por agora, sem ser o YouTube).
Essa história foi iniciada no dia 30/12/2022 exatamente às 23:34 da noite e foi finalizada no dia 04/02/2023 exatamente às 00:04 da madrugada.


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Para saber quando essa fanfic vai atualizar, acompanhe aqui.